Hoje Macau 15 JAN 2020 # 4449

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˜ DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ

QUARTA-FEIRA 15 DE JANEIRO DE 2020 • ANO XIX • Nº 4449

CLÍNICAS PRIVADAS

CONSUMO DE ÁGUA

Maiores e vacinadas

Barragens alargadas

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ECONOMIA

Recessão continua PÁGINA 8

MOP$10

ZHUHAI

Explosão no porto ÚLTIMA

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A luta é a vida A proposta da Shun Tak de redução de salários entre 8 e 12 por cento deixou os trabalhadores entre a espada e a parede. A Federação dos Sindicatos de Hong Kong exige a suspensão dos cortes, revela que vai reunir com a direcção da empresa de Pansy Ho e que mais tarde pode expor a posição dos trabalhadores ao Governo de Macau. Uma advogada disse ao HM que se a empresa comunicou a medida à DSAL, sem ter a sua oposição, a redução salarial pode estar dentro dos limites da lei. PÁGINA 9

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CULTIVO DE SI XUNZI

DO RECOMEÇO NUNO MIGUEL GUEDES

DA VIDA DOS MUNDOS JOÃO PAULO COTRIM


2 ENTREVISTA

MANUEL LOPES PORTO ACADÉMICO

Macau celebrou recentemente o 20º aniversário da RAEM. Como vê Macau nos dias de hoje? É, claramente, e sem exagero, uma história de sucesso. Por circunstâncias da vida e por já ter uns anos, acontece ter acompanhado este processo desde há bastante tempo. Estive no Parlamento Europeu 10 anos (1989-1999), era membro de diferentes comissões e delegações com países fora da Europa e, por coincidência, fui sempre membro da delegação oficial para a China. Fui a Pequim três vezes oficialmente e cheguei a estar no gabinete do senhor Lu Ping, que foi negociador da integração de Hong Kong e Macau na China. Portanto, foi um processo que foi feito com calma e bem. Houve, desde logo, uma coisa curiosa no começo: quando foi o 25 de Abril a ideia era que todos os territórios portugueses do Ultramar tivessem independência ou fossem integrados. É também interessante recordar que, na altura, ainda era Chefe de Estado aqui na China, o Sr. Mao Zedong.

“Democracia, o sistema Não era o Deng Xiaoping nem nada desses "liberalões". Era ele. E ele fez saber que Macau só passava para China quando houvesse, calmamente, um bom acordo. E a pergunta que eu ponho sempre é, “teria sido melhor para a China, logo em 1975, Macau ser integrado na China?” A resposta é que isso não adiantava nada. Era mais um bocado de terreno em que se teria perdido, talvez, possibilidades relacionadas, não só com o jogo, mas também de negócio. Portanto, foi um processo feito com vagar, durante 25 anos (74-99), em que a integração foi feita de forma bem ponderada e os resultados estão à vista. Macau tem dos maiores PIBs per capita do mundo, é uma terra onde se vive com calma e em segurança. Claramente, Macau é um caso de sucesso. Portugal continua a ser importante para a China? Temos de ter a noção da nossa dimensão e da nossa economia. Portugal tem 10 milhões e a Europa 500 milhões de habitantes e depois há a Alemanha, Itália, França e tudo isso. Não digo a principal, mas Portugal é uma porta de entrada na Europa e é importante haver esta ligação que tem circunstâncias curiosas. Uma delas, estou à vontade para dizê-lo, é a questão do Direito. O Direito praticamente é o mesmo que é aqui aplicado desde o tempo do Código Civil, de modo que é curioso que haja aqui um Direito Continental que tem vantagens sobre o direito do Case law dos países anglo-saxónicos, que não sei se são melhores. Portanto, aqui, num país como a China, ou num território da China como é Macau, o Direito Continental com influência alemã, italiana, francesa, etc, é um Direito codificado que dá outra segurança aos negócios. Às vezes perguntam-me aqui se não é melhor irmos para o sistema anglo-saxónico e eu não sei. Para mim, basta comparar o superavit da Alemanha com o deficit do Reino Unido ou dos Estados Unidos. São casos delicados de referir, mas é verdade, é o que está na estatística. Portanto, é um Direito que dá grande segurança e é também uma ligação muito estreita. Eu tenho grandes ligações à Índia e este é outro caso onde há ligações do Direito muito curiosas. O Código Civil ainda hoje aplicado em Goa, Damão e Diu é o Código Civil do Seabra de 1867. Por isso,

SOFIA MARGARIDA MOTA

O especialista em assuntos europeus e antigo eurodeputado Manuel Lopes Porto condena o proteccionismo de Trump e acredita que é possível competir a nível mundial com o modelo europeu. Ao HM, contou que a democracia continua a ser para si o melhor sistema político e que Portugal tem ainda um papel a desempenhar na China

o Direito é uma via de comunicação curiosa. Já para não falar no Brasil, porque eles querem ter uma ligação enorme connosco como é sabido. Só em Coimbra há mais de dois mil estudantes brasileiros e, portanto, há uma enorme ligação entre os dois países ao nível do Direito. Portanto, em Macau o Direito é um elo de ligação que, de facto, se mantém e penso ser frutuoso e útil para ambas as partes. E quanto à língua portuguesa? Esse é que é o problema. É muito curioso, pois é difícil manter a língua portuguesa em regiões que não sejam o Brasil e os países africanos de língua portuguesa. Não nos consola, mas a questão é que nenhuma língua europeia se manteve, fora o inglês. No Vietnam, onde estive na minha última missão do Parlamento Europeu há 20 anos, quase ninguém fala francês, nas Filipinas quase ninguém fala espa-

nhol, na Malásia e Indonésia, quase ninguém fala holandês. De facto, as línguas europeias não conseguiram manter-se nos territórios da Ásia com a mesma prevalência do inglês.

“Foi um processo feito com vagar, durante 25 anos (74-99), em que a integração foi feita de forma bem ponderada. Macau tem dos maiores PIBs per capita do mundo, é uma terra onde se vive com calma e em segurança. Claramente, Macau é um caso de sucesso.”

É claro que eu preferia que fosse o português, mas ser o inglês não é mau de todo porque é uma língua que todos temos e que nos dá vantagem. Mas na China há 33 locais onde se aprende português. O português é a língua mais falada do hemisfério sul e a quarta ou quinta mais falada do mundo. Com uma vantagem, que já me tem ajudado a convencer pessoas a ir para Portugal estudar, pois quem sabe português percebe espanhol, sem aprender, e até o próprio italiano. Já o contrário não é verdadeiro. Os espanhóis não percebem português e os italianos nem pouco mais ou menos percebem o português. Portanto, a língua portuguesa dá-nos também acesso aos países de língua espanhola e língua italiana. Uma vez mais, o relatório do congresso norte-americano lamenta a ausência de sufrágio universal em Macau e o Governo


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menos mau de todos” É extraordinário como é que o Sr. Trump me presta a mim um bom serviço porque dá actualidade às minhas teses desde há quarenta e tal anos. A minha tese em Oxford em 1976 já falava a favor do livre cambismo, depois trabalhei para o Banco Mundial num grande projecto que comparava a liberalização do comércio com o proteccionismo e claramente também aí saiu melhor o livre-cambismo. Aliás, sempre que houve livre-cambismo o mundo assistiu a tempos de crescimento e menos desemprego comparando com as fases onde existiu proteccionismo. E o Sr. Trump vem agora com esta história das tarifas defender-se, o que é sinal de fraqueza de um país que não consegue ter um superavit na balança de pagamentos, mas que não leva a nada. Quando colocam uma taxa de 20 por cento sobre o México há quem fique prejudicado, e essa gente são os consumidores. O proteccionismo protege, mas à custa de quem? Ou é com impostos alfandegários ou taxações de importações, o que em qualquer caso diminui a oferta. E quem são principais prejudicados, são os milionários ou os pobres? São os pobres. Acho que os EUA têm de se responsabilizar e competir. Devem assumir-se responsabilidades para competir por esforço próprio, como é o caso da Alemanha e da Holanda, que trabalham muito e trabalham bem.

de Macau acusou em resposta os EUA de “cegueira selectiva” e de interferência externa. Que comentário merece esta situação que vem sendo habitual? Não tenho dúvida que qualquer democracia, como dizia Churchill, é um sistema mau, mas é o menos mau de todos. É, claramente, o melhor e vê-se em termos de dados internacionais. Um exemplo que eu cito muito é o caso da Alemanha, que tem salários altos, uma democracia política, alternância no poder, direito à greve, modelo social europeu e tem, de longe, o melhor superavit do mundo. Portanto, é possível. A grande questão que se pode colocar, e que é importante para alguns países da Ásia e da América do Sul, é saber se é possível competir no mundo global do século XXI com democracia. Na minha opinião sim, porque a Alemanha dá esse exemplo e com-

pete a nível mundial. É um caso fantástico, comparando até com o Reino Unido que não tem razões de queixa. Tem a sua língua falada em todo o mundo, tem moeda própria e não o horrível Euro e, todavia, tem o segundo maior deficit do mundo. Portanto, é possível, com modelo europeu, competir a nível mundial e a Europa tem uma grande responsabilidade perante o mundo e presta um grande serviço, pois mostra que com fronteiras abertas,

“É extraordinário como é que o Sr. Trump me presta a mim um bom serviço porque dá actualidade às minhas teses desde há quarenta e tal anos.”

normas aproximadas e uma moeda única é possível competir. Como vê a actual ordem mundial onde novas forças, como a China ou Índia se mostram determinadas a ocupar um papel preponderante a nível mundial? É interessantíssimo ver a evolução do mundo. Em 1500 a maior economia do mundo era a indiana e depois a chinesa. Em 1820, há 200 anos atrás, portanto, a China e a Índia tinham 42,7 por cento do PIB mundial e o conjunto da França e da União Soviética, 5,5 por cento, Alemanha 2,3 por cento e os EUA 1,8 por cento. Sim, custa a acreditar. Em 2004, a China e a Índia tinham 6 por cento do PIB mundial. Actualmente, estes são os países mais populosos do mundo e estão a crescer como nunca se viu Como vê a actual conflito económico entre os EUA e a China?

Como tem visto a actuação da administração Trump nesse sentido? Os EUA deviam fazer o que faz a Europa, ou seja, ser competitivos. No seu todo, a zona Euro tem um superavit brutal de mais de 400 mil milhões. Já um país como os EUA tem um deficit enorme e isso é que é o problema. Outra coisa que me choca é que as melhores universidades do mundo são todas americanas e inglesas, não há uma única alemã. Os prémios nobel são todos, se não nacionais, radicados nos EUA ou em Inglaterra. Não existe correspondência entre os rankings das universidades e os prémios Nobel com a eficácia dos países. Ou seja, os alemães são assim os laparotos para produzir carros e companhia. Mas não é bem assim, a indústria faz falta. Aquela ideia de que a indústria é para os laparotos, os labregos, que fazem produtos, e que o que dá são as tecnologias e a praça financeira de Londres, não sei se chega. O Reino Unido agora só exporta 10 por cento. Quando foi o referendo de 1975 eu

vivia numa casa ao lado da British Legend que fazia carros. Hoje em dia, vamos a uma rua e não vemos um carro inglês. É impressionante como estes países não se adaptam aos tempos modernos. E se vimos bem, apesar de dizermos mal da Europa, onde é que a China e companhia estão a investir? Na Europa. E os chineses não estão mal informados nem são incautos.

“Aquela ideia de que a indústria é para os laparotos, os labregos, que fazem produtos, e que o que dá são as tecnologias e a praça financeira de Londres, não sei se chega. O Reino Unido agora só exporta 10 por cento.” E no meio de tudo isto temos uma Europa confrontada com a realidade do brexit e atentar manter-se firme na era do populismo... Eu sou comunista, como já terá percebido, e choca-me como é possível que países que fizeram o "homem novo" como a Húngria, a Polónia e companhia, hoje em dia são os mais xenófobos. Portugal é um país com uma sorte fantástica ou mérito. Não tem populismos, nada, nada, tirando o Chega agora, mas trata-se apenas de um caso isolado. Nesse aspecto, nem sabemos a sorte que temos. Mas também eu sou um bocado optimista, dorme-se melhor à noite. A Europa tem de ser complacente. Não pode um país sair e ter a vantagem de ter desvantagens. Um dos argumentos invocados é não pagar por orçamento 9 mil milhões e euros. Com o Brexit vão deixar de pagar, mas deixam também de ter ajuda da agricultura e o que interessa, por exemplo, à Alemanha não é o dinheiro que tem do orçamento, mas sim as oportunidades de mercado que tem com o mercado único europeu. Um país com visão como o Reino Unido devia ter essas oportunidades em vista e não a questão do que paga pelo orçamento e do seu retorno. Pedro Arede

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Nem tudo é VACINAS GOVERNO RECUSA COLOCAR INTERESSES PRIVADOS ACIMA DA “SAÚDE PÚBLICA”

GCS

Song Pek Kei e Chan Iek Lap pretendiam que as clínicas privadas fossem autorizadas a armazenar vacinas para gerar mais receitas, como acontece em Hong Kong. Ao Ieong U veio preparada para a estreia na AL, que acabou por ser “quente”, e afirmou que não vai correr riscos em matérias de saúde pública

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A estreia na Assembleia Legislativa como secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Ao Ieong U recusou a possibilidade de as clínicas privadas serem autorizadas a armazenar vacinas. A questão havia sido colocada pela deputada Song Pek Kei, ligada à comunidade de Fujian, e contou com o apoio de Chan Iek Lap, representante pela via indirecta do sector da saúde. Após o tema ter sido abordado a primeira vez por Song Pek Kei, Ao Ieong U recusou a hipótese e justificou: “A natureza das vacinas e dos medicamentos, que podem ser armazenados nas clínicas, é diferente. Os efeitos de medicamentos em más condições ou adulterados podem ser facilmente descobertos. O mesmo não acontece com as vacinas, cujos efeitos de produtos adulterados só são encontrados anos depois e podem ser uma ameaça para a saúde pública”, clarificou.

Em interpelação, Song argumentou com a necessidade de “apoiar o sector privado” de saúde. Porém, Ao justificou que o sistema de vales de saúde existe para esse

propósito e que até Novembro do ano passado cada médico havia recebido uma média de 230 mil patacas, no âmbito do programa iniciado em 2018. A secretária

VACINAS PARA CIDADÃOS DO INTERIOR

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principal motor do mercado privado de vacinas são os cidadãos do Interior da China. A revelação foi feita Lei Chin Ion, ontem, na Assembleia Legislativa. De acordo com o director dos Serviços de Saúde em 2019 as oito farmácias que disponibilizam vacinas venderam um total de 43.480 produtos. A informação foi depois complementada por um assistente que apontou

que em cada 1000 vacinas vendidas localmente, apenas 5 foram compradas por residentes, as restantes por turistas, o que presenta uma taxa de 0,5 por cento. Feitas as contas, 43.263 vacinas foram para turistas e 217 para residentes, só no ano passado. “É um valor muito elevado e a maioria são adquiridas pelos residentes do Interior da China”, afirmou Lei Chin Ion.

argumentou ainda que “as clínicas privadas são o principal prestador de serviços de saúde primários”, ou seja, dos cuidados mais simples. A secretaria frisou também que o sistema que impede o armazenamento de vacinas por parte das clínicas privadas, que precisam de recorrer às farmácias, permite uma dupla fiscalização no sector e segue as práticas internacionais.

NÚMEROS CONTESTADOS

Apesar de a secretária ter dito que os cuidados primários de saúde estavam essencialmente concentrados nas clínicas privadas, Song Pek Kei recusou essa conclusão: “Respondeu que o sector privado

já tem um desenvolvimento e que é responsável pela maior parte dos cuidados primários, com um peso muito elevado no mercado. Mas se fizer as contas não é assim”, atirou a Ao Ieong U. “O que está a dizer não corresponde à verdade e espero que dialogue mais com a sociedade”, acrescentou. A deputada ligada à comunidade de Fujian apontou ainda que não faz sentido que as farmácias possam armazenar as vacinas, mas as clínicas não. No entanto, perante a secretária sublinhou que as condições de armazenamento não podem ser facilmente cumpridas, nomeadamente ao nível dos equipamentos especiais, a


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dinheiro Portuguesa, cada médico podia armazenar vacinas. Anualmente, administravam mais de 20 vacinas”, recordou. Porém, o exemplo de Hong Kong foi prontamente recusado: “Foi feita a sugestão para haver uma troca de experiências com as congéneres de Hong Kong. Não precisamos dessa experiência de Hong Kong, consideramos que as nossas medidas são mais adequadas e rigorosas. Não precisamos de ter Hong Kong como referência”, apontou. O ponto de vista do argumento foi igualmente complementado por Lei Chin Ion, director dos Serviços de Saúde (SS). “Não podemos apenas pensar no desenvolvimento do sector privado. A vacinação é um método que exige uma fiscalização muito rigorosa, como a que temos”, afirmou. “Em muitas regiões já há opiniões contra vacinação, que leva a epidemias como a do sarampo. Macau tem tido resultados de vacinação muito eficazes, mais do que em Hong Kong. Mas se acontecerem casos de vacinas adulteradas ou falsas nas clínicas, isso pode fazer com que surja um movimento anti-vacinação em Macau. A região ficará assim mais exposta”, indicou.

O drama, a tragédia, o horror Mak Soi Kun avisa que infiltrações causam cancro e prejudicam saúde dos bebés

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S deputados voltaram a debater ontem os problemas de infiltrações na Assembleia Legislativa, devido a interpelações orais de Mak Soi Kun e Agnes Lam, com o vencedor das legislativas de 2017 a deixar um alerta: as infiltrações e a acumulação de água nas habitações causam bolor e outros problemas responsáveis por desenvolvimento de cancros e afectar a saúde de bebés. “Se uma pessoa não se conforma com a situação, mas mesmo assim tem a casa cheia de água, bolor e outros problemas devido a infiltrações, isso pode levar a cancro e afectar os bebés”, afirmou

Mak Soi Kun, a determinada altura do debate. “Em 100 habitações há 15 casos em que não se consegue resolver o problema por falta de colaboração. O Governo tem de pensar mais nos residentes!”, acrescentou. Na primeira vez que esteve no hemiciclo como secretário para a Administração e Justiça, André Cheong afastou a possibilidade de serem criados mandatos judiciais que permitam às autoridades entrar em casas que se suspeite estarem na origem das infiltrações. “Como não temos um regime [de mandatos judiciais] com a finalidade das infiltrações e, tendo em conta que tem a ver com a protecção da privacidade dos residentes, o Governo ainda tem de encontrar estudos para a resolução específica do problema”, apontou. Apesar de afastar a possibilidade, André Cheong admitiu que no passado também ele se viu a par com infiltrações, quando respondeu a Mak Soi Kun. “Posso dizer-lhe, francamente, que passei por esse problema e não foi possível encontrar a origem da infiltração. Quem vive em Macau há um longo período também já deve ter vivenciado experiências como esta”, confessou. Outro assunto na ordem do dia foi a questão dos “arrendatários trapaceiros”, ou seja, os que não pagam as rendas ou que recusam entregar as fracções. Sobre esta questão, André Cheong admitiu que o Governo vai estudar a hipótese de criar um sistema para que a não existência de recibos de transferências bancárias do pagamento de rendas possa ser utilizado como prova nos tribunais. Contudo, sublinhou a necessidade estudar mais aprofundadamente o tema.

CLÍNICAS EM DIFICULDADES

existência de uma fonte de energia alternativa e na contratação de especialistas. Por sua vez, Chan Iek Lap, médico e representante do sector da saúde, exigiu que a legislação de Macau acompanhe o que acontece em Hong Kong, onde as clínicas privadas são autorizadas a armazenar a vacinação. “Temos de alterar a lei em conformidade com a realidade local, com as realidades de Macau, Hong Kong e do Interior. Qual é o fundamento para que os médicos privados não possam fornecer ou armazenar vacinas? Eu não consigo explica-lo”, disse. “Há 20 ou 30 anos, na altura da Administração

“Foi feita a sugestão para haver uma troca de experiências com as congéneres de Hong Kong. Não precisamos dessa experiência de Hong Kong, consideramos que as nossas medidas são mais adequadas e rigorosas.” AO IEONG U SECRETÁRIA PARA OS ASSUNTOS SOCIAIS E CULTURA

As dificuldades financeiras das clínicas de vários médicos, principalmente os mais jovens, foi outro dos problemas apontados. De acordo com os números apresentados por Chan Iek Lap, os médicos mais novos têm salários inferiores a 18 mil patacas por mês. Mesmo no que diz respeito aos vales de saúde, estes profissionais não conseguem receber mais que 10 mil patacas por mês, o que impossibilita que possam ter as suas clínicas, também devido ao montante das rendas. Chan Iek Lap questionou o Governo se havia a possibilidade de ser arrendado um espaço para que alguns profissionais desenvolvessem as suas actividades. No entanto, o Executivo não se comprometeu com nenhuma das medidas, apenas mostrou disponibilidade para arranjar mecanismos para criar mais formações para os profissionais de saúde. João Santos Filipe joaof@hojemacau.com

IAS Leong avisa para salários de portadores de deficiência próximos do subsídio de invalidez O deputado Leong Sun Iok, ligado aos Operários, defendeu ontem na Assembleia Legislativa um aumento salarial para as pessoas portadoras de deficiência. Segundo o legislador as remunerações praticadas no mercado são demasiado próximas do subsídio de invalidez, o que acaba por fazer com que muitas vezes não haja motivação

financeira por parte dessas pessoas para trabalhar. Na resposta à sugestão, o presidente substituto do Instituto de Acção Social, Hon Wai, reconhece que está ciente desta questão e que o deputado não é o primeiro a falar-lhe da proximidade entre os dois valores. No entanto, não foi avançada uma solução.

Serviços de Turismo Governo contrata guias turísticos

Com a diminuição das excursões a Macau, a directora dos Serviços de Turismo (DST), Maria Helena de Senna Fernandes, reconheceu que há guias turísticos a serem contratados para levar visitantes a outras zonas na cidade. De acordo com o panorama pintado pela directora, esta hipótese era impossível de realizar anteriormente devido à elevada carga dos turistas, porém

com a instabilidade social vivida em Hong Kong houve uma redução neste tipo de viagens a Macau. Assim, há recursos para que os profissionais do sector possam desempenhar funções. Em relação a outros apoios ao sector, os Serviços de Turismo dizem ir manter-se em comunicação, mas não anunciaram qualquer tipo de apoio financeiro directo.


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15.1.2020 quarta-feira

ANÚNCIO “Aquisição, pelo IAM, de cinco veículos de passageiros (VAN)” Concurso Público n° 002/DGF/2020

ANÚNCIO “Aquisição, pelo IAM, de quatro viaturas pesadas com caixa basculante” Concurso Público n° 003/DGF/2020

Faz-se público que, por deliberação do Conselho de Administração para os Assuntos Municipais do IAM, a 3 de Janeiro de 2020, se acha aberto concurso público para a “Aquisição, pelo IAM, de cinco veículos de passageiros (VAN)”.

Faz-se público que, por deliberação do Conselho de Administração para os Assuntos Municipais do IAM, a 3 de Janeiro de 2020, se acha aberto concurso público para a “Aquisição, pelo IAM, de quatro viaturas pesadas com caixa basculante”.

O programa de concurso e o caderno de encargos podem ser obtidos, todos os dias úteis e dentro do horário normal de expediente, no Núcleo de Expediente e Arquivo do Instituto para os Assuntos Municipais (IAM), sito na Avenida de Almeida Ribeiro nº 163, r/c, Macau ou descarregados de forma gratuita através da página electrónica deste Instituto (http://www.iam.gov.mo). Se os concorrentes quiserem descarregar os documentos acima referidos, sendo também da sua responsabilidade a consulta de actualizações e alterações das informações na nossa página electrónica durante o período de entrega das propostas.

O programa de concurso e o caderno de encargos podem ser obtidos, todos os dias úteis e dentro do horário normal de expediente, no Núcleo de Expediente e Arquivo do Instituto para os Assuntos Municipais (IAM), sito na Avenida de Almeida Ribeiro nº 163, r/c, Macau ou descarregados de forma gratuita através da página electrónica deste Instituto (http://www.iam.gov.mo). Se os concorrentes quiserem descarregar os documentos acima referidos, sendo também da sua responsabilidade a consulta de actualizações e alterações das informações na nossa página electrónica durante o período de entrega das propostas.

O prazo para a entrega das propostas termina às 17:00 horas do dia 18 de Fevereiro de 2020. Os concorrentes ou seus representantes devem entregar as propostas e os documentos no Núcleo de Expediente e Arquivo do IAM e prestar uma caução provisória no valor de MOP26.000,00 (vinte e seis mil patacas). A caução provisória pode ser efectuada na Tesouraria da Divisão de Assuntos Financeiros do IAM, sita na Avenida de Almeida Ribeiro n° 163, r/c, por depósito em dinheiro, cheque, garantia bancária ou seguro-caução, em nome do Instituto para os Assuntos Municipais. O acto público de abertura das propostas realizar-se-á no Centro de Formação do IAM, sito na Avenida da Praia Grande, n.° 804, Edf. China Plaza 6.° andar, pelas 10:00 horas do dia 19 de Fevereiro de 2020. Macau, aos 6 de Janeiro de 2020.

O prazo para a entrega das propostas termina às 17:00 horas do dia 18 de Fevereiro de 2020. Os concorrentes ou seus representantes devem entregar as propostas e os documentos no Núcleo de Expediente e Arquivo do IAM e prestar uma caução provisória no valor de MOP47.000,00 (quarenta e sete mil patacas). A caução provisória pode ser efectuada na Tesouraria da Divisão de Assuntos Financeiros do IAM, sita na Avenida de Almeida Ribeiro n° 163, r/c, por depósito em dinheiro, cheque, garantia bancária ou seguro-caução, em nome do Instituto para os Assuntos Municipais. O acto público de abertura das propostas realizar-se-á no Centro de Formação do IAM, sito na Avenida da Praia Grande, n.° 804, Edf. China Plaza 6.° andar, pelas 15:00 horas do dia 19 de Fevereiro de 2020. Macau, aos 6 de Janeiro de 2020.

O Administrador do Conselho de Administração para os Assuntos Municipais Mak Kim Meng www. iam.gov.mo

ANÚNCIO “Aquisição, pelo IAM, de 19 (dezanove) viaturas ligeiras hatchback” Concurso Público n° 004/DGF/2020 Faz-se público que, por deliberação do Conselho de Administração para os Assuntos Municipais do IAM, a 3 de Janeiro de 2020, se acha aberto concurso público para a “Aquisição, pelo IAM, de 19 (dezanove) viaturas ligeiras hatchback”. O programa de concurso e o caderno de encargos podem ser obtidos, todos os dias úteis e dentro do horário normal de expediente, no Núcleo de Expediente e Arquivo do Instituto para os Assuntos Municipais (IAM), sito na Avenida de Almeida Ribeiro nº 163, r/c, Macau ou descarregados de forma gratuita através da página electrónica deste Instituto (http://www.iam.gov.mo). Se os concorrentes quiserem descarregar os documentos acima referidos, sendo também da sua responsabilidade a consulta de actualizações e alterações das informações na nossa página electrónica durante o período de entrega das propostas. O prazo para a entrega das propostas termina às 17:00 horas do dia 18 de Fevereiro de 2020. Os concorrentes ou seus representantes devem entregar as propostas e os documentos no Núcleo de Expediente e Arquivo do IAM e prestar uma caução provisória no valor de MOP58.000,00 (cinquenta e oito mil patacas). A caução provisória pode ser efectuada na Tesouraria da Divisão de Assuntos Financeiros do IAM, sita na Avenida de Almeida Ribeiro n° 163, r/c, por depósito em dinheiro, cheque, garantia bancária ou seguro-caução, em nome do Instituto para os Assuntos Municipais. O acto público de abertura das propostas realizar-se-á no Centro de Formação do IAM, sito na Avenida da Praia Grande, n.° 804, Edf. China Plaza 6.° andar, pelas 10:00 horas do dia 20 de Fevereiro de 2020. Macau, aos 6 de Janeiro de 2020. O Administrador do Conselho de Administração para os Assuntos Municipais Mak Kim Meng www. iam.gov.mo

O Administrador do Conselho de Administração para os Assuntos Municipais Mak Kim Meng www. iam.gov.mo


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quarta-feira 15.1.2020

China Casa de Portugal distribui livros de Xi Jinping

A Casa de Portugal começou ontem a distribuir os dois volumes com os discursos e artigos de Xi Jinping. Segundo a TDM - Rádio Macau, os 50 exemplares disponíveis encontram-se na sede da associação, na zona do restaurante, e estão em língua portuguesa. “É o pensamento do presidente da república. Quer se goste ou não, não é um político a falar de política, um político qualquer, um comentador ou um analista. É uma situação um bocadinho diferente. Não vamos fazer uma campanha para o livro, mas que ele esteja à disposição de quem estiver interessado em ler, tudo bem”, disse à TDM - Rádio Macau a presidente da Casa de Portugal, Amélia António, sobre a distribuição.

DSSOPT Chan Pou Ha vai dirigir Obras Públicas

A engenheira Chan Pou Ha vai dirigir a Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), de acordo com a informação avançada ontem pela Rádio Macau. Chan Pou Ha foi subdirectora da DSSOPT durante seis anos (entre 2009 e 2015) e na sequência da saída de Jaime Carion, no final de 2014, exerceu funções como directora substituta da DSSOPT. Manteve-se no cargo até à tomada de posse de Li Canfeng, que agora vai substituir. De acordo com a Rádio Macau, Chan Pou Ha é licenciada em Engenharia Civil pela Universidade de Huaqiao, e entrou para a DSSOPT em 1990. Antes de chegar a subdirectora exerceu funções como chefe de Departamento da Gestão de Solos. A tomada de posse da nova dirigente está marcada para hoje, por volta do meio-dia.

Diplomacia Ho Iat Seng encontrou-se com ministro da Hungria

O Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, esteve ontem reunido em Santa Sancha com o ministro dos Negócios Estrangeiros e do Comércio da Hungria, Péter Szijjártó, a debater o reforço da cooperação entre os dois territórios nas áreas da economia, comércio, cultura, educação e desporto. Em declarações ao portal Hungary Today, Péter Szijjártó afirmou que Ho Iat Seng elogiou a postura do Governo da Hungria por não interferir nos assuntos internos chineses. Por outro lado, o Ho Iat Seng terá mencionado as oportunidades de alargar laços comerciais em produtos alimentícios de alta qualidades, como a carne de vaca, de porco e galinha. Outras possibilidades em cima da mesa são os intercâmbios académicos, com bolsas de estudo, e ainda o convite de artistas do país europeu para actuarem em Macau.

ÁGUA CONSUMO NAS ILHAS LEVA A ALARGAMENTO DE BARRAGENS DE KÁ HÓ E SEAC PAI VAN

As palavras de Rosário

O secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, revelou que é objectivo do Governo aumentar a capacidade da barragem de Ka Hó, em Coloane, tendo em conta a previsão do aumento do consumo de água nas ilhas “dentro de poucos anos”

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Governo tem planos para aumentar a reserva de água nas ilhas tendo em conta o desenvolvimento que se tem vindo a registar na Taipa e Coloane, não apenas em termos habitacionais, mas também no que diz respeito a infra-estruturas públicas e de entretenimento. Na segunda-feira, em declarações ao HM, Raimundo do Rosário, secretário para os Transportes e Obras Públicas, assegurou que o objectivo é aumentar a capacidade das barragens de Ká Hó e Seac Pai Van tendo em vista o crescimento exponencial de consumo de água nos próximos anos. “A barragem de Ká Hó vai ser refeita e a albufeira vai ficar maior. Queremos aumentar a capacidade de armazenamento. Dentro de poucos anos o consumo de água nas ilhas será igual ao consumo de água na península. Como todos sabem, nós na Península temos o

reservatório do Porto Exterior e o reservatório da Guia.” Nesse sentido, o secretário explicou que “nas ilhas não temos reservatórios suficientes, por isso é preciso aumentar a capacidade da barragem de Ká Hó e de Seac Pai Van”. “Chegámos à conclusão que, tal como acontece com a electricidade, precisamos de ter uma certa capacidade para gerar a nossa própria electricidade, e também devemos ter uma capacidade de reserva de água mínima. Queremos ter reservas dos dois lados

porque, até agora, tínhamos um maior consumo em Macau. Mas no futuro, como o consumo vai ficar mais ou menos equilibrado, temos de arranjar reservas equivalentes no lado das ilhas”, adiantou o secretário.

AMPLIAÇÕES EM DOIS ANOS

Em Março do ano passado o Gabinete para o Desenvolvimento de Infra-estruturas (GDI) abriu concurso público para a ampliação da barragem de Ká Hó, obra que, entretanto, foi adjudicada à Sociedade de Investimentos e Fomento

“A barragem de Ká Hó vai ser refeita e a albufeira vai ficar maior. Queremos aumentar a capacidade de armazenamento. Dentro de poucos anos o consumo de água nas ilhas será igual ao consumo de água na península.” RAIMUNDO DO ROSÁRIO SECRETÁRIO PARA OS TRANSPORTES E OBRAS PÚBLICAS

Imobiliário Chon Tit, (Macau), Limitada por um valor superior a 104 milhões de patacas. Aquando da abertura do concurso, o anúncio dava conta que a empreitada deveria ter o prazo máximo de execução de 750 dias, mas a empresa vencedora promete terminar a obra em 643 dias, ou seja, quase dois anos. A obra vai permitir ampliar a capacidade de armazenamento global da barragem de Ká Hó para o dobro, ou seja, dos actuais 340 mil metros cúbicos para 740 mil metros cúbicos, de acordo com o GDI. O projecto encontra-se dividido em duas empreitadas: a da ampliação da barragem propriamente dita e a relativa ao assentamento de tubagem de distribuição de água. Andreia Sofia Silva João Santos Filipe

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15.1.2020 quarta-feira

TURISMO DESCIDA LIGEIRA DE PREÇOS DEVIDO A QUEBRA DA HOTELARIA E RETALHO

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Relatório da UM “O PIB de Macau deverá diminuir 3,7 por cento em 2020, podendo variar entre um cenário mais pessimista de - 12 por cento, e uma previsão optimista de 4,7 por cento.”

ECONOMIA ANALISTAS PREVEEM CONTRACÇÃO DO PIB DE 3,7%

Um pouco deprimente Previsões macroeconómicas divulgadas pela Universidade de Macau (UM) apontam para a continuação da recessão na RAEM em 2020. Segundo o relatório, a queda deve-se ao abrandamento das receitas de jogo, do sector do turismo e ainda fruto da tensão económica entre os EUA e a China

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departamento de economia da Universidade de Macau (UM) divulgou ontem um relatório macroeconónico que prevê que a economia local continue em recessão este ano, antecipando para 2020 uma contracção do Produto Interno Bruto (PIB) de 3,7 por cento. “O PIB de Macau deverá diminuir 3,7 por cento em 2020, podendo variar entre um cenário mais pessimista de - 12 por cento, e uma previsão optimista de 4,7 por cento”, pode ler-se no documento. De acordo com os analistas, a queda resulta de uma acentuada contracção na formação bruta de capital fixo, acentuada pelas tensões

comerciais entre a China e os EUA, que ainda “não estão completamente resolvidas”, mesmo depois da assinatura do acordo comercial de fase 1. “As estatísticas mostram que a economia de Macau continuou a cair em 2019, seguindo o abrandamento económico da China continental. O crescimento negativo foi registado durante três trimestres consecutivos. As taxas de crescimento anuais registaram uma evolução negativa de 3,8 por cento no primeiro trimestre, de 2,2 por cento no segundo e de 4,5 por cento no terceiro trimestre, respectivamente”, pode ler-se no documento. Outro factor que contribui, segundo os analistas da UM, para prejudicar o

desempenho económico de Macau em 2020, prende-se com a desaceleração do sector do turismo, intimamente relacionada com o decréscimo do número de apostadores chineses que visitam Macau. “Com a desaceleração do crescimento económico na China, os gastos dos turistas chineses em Macau, principalmente os gastos com actividades relacionadas com o jogo, diminuíram. As exportações de serviços fixaram-se em 80,4 mil milhões de patacas no terceiro trimestre de 2019, uma redução de 4,7 por cento em relação ao ano anterior. Já as exportações de serviços relacionadas com o jogo (…) foram de 53,7 mil milhões de patacas, uma que-

da de 4,2 por cento”, referem os analistas.

MENOS VISITAS

Detalhando o número de visitantes em ternos anuais, até Dezembro de 2019, chegaram a Macau menos 10,9 por cento de turistas. Os visitantes da China continental diminuíram 10,9 por cento, ao passo que os visitantes provenientes de Hong Kong decresceram 3,4 por cento em relação ao ano anterior. Relativamente às receitas brutas do sector do jogo, os economistas da UM sublinharam que estas se fixaram em 70,8 milhões de patacas, uma queda de 4,1 por cento em relação a 2018. Pedro Arede

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ADOS da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) revelam que o Índice de Preços do Turismo (IPT) situou-se, em média, nos 133,85 em 2019, o que representa uma quebra de 0,37 por cento. De acordo com um comunicado, tal deve-se ao facto de “os preços do alojamento em hotéis terem sido inferiores aos de 2018, assim como à descida de preços das malas e do vestuário para senhoras”. No entanto, aponta a DSEC, “o aumento de preços dos serviços de restauração, bem como dos pastéis e doces contrabalançou parte do decréscimo”. A diferença surge nos números relativos ao quarto trimestre do ano passado, quando o IPT cresceu 7,36 por cento em relação ao trimestre

anterior precisamente devido ao aumento sazonal de preços, na ordem dos 27,71 por cento, “graças ao acréscimo de preços dos quartos de hotéis verificado nos feriados da implantação da República Popular da China, no período em que se realizou o Grande Prémio e nos feriados do Natal”. Além disso, também no mesmo período, “o índice de preços da secção vestuário e calçado subiu 7,84 por cento em termos trimestrais devido ao lançamento do novo vestuário de Inverno”. Em termos anuais, os “índices de preços das secções divertimento e actividades culturais e produtos alimentares, bebidas alcoólicas e tabaco registaram os maiores crescimentos”, acrescenta a DSEC.

IAM DESPESAS COM ANO NOVO CHINÊS AUMENTAM 24 POR CENTO

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orçamento para as actividades do Ano Novo Chinês este ano devem cifrar-se nas 7,7 milhões de patacas, o que constitui um aumento de 24 por cento face ao ano passado. De acordo com a TDM Rádio Macau, o aumento dos valores deve-se à inflação. “No ano passado, havia 77 locais com decorações. Este ano há mais um. O orçamento aumentou porque este ano temos mais um local e porque o Ano Novo Chinês é em Janeiro. Isto tornou os trabalhos mais urgentes, precisámos de mais trabalhadores para fazer o trabalho [das decorações]”, afirmou Ma Kam Keong, presidente do Conselho de Administração do Instituto para os Assuntos Municipais. Dos 78 locais com decorações do Ano Novo Chinês, 55 são na Península, 15 na Taipa e oito em Coloane. “Para satisfazer a

população e os turistas, os locais vão ter vários tipos de decoração: bonecos em forma de rato, lanternas e flores”, adiantou o mesmo responsável. O lançamento de foguetes e panchões continua a ser feito nos dois locais habituais, como o terreno junto à Torre de Macau e em frente ao Hotel Regency, na Taipa. No que diz respeito à poluição causada pela queima de panchões, Ma Kam Keong disse ser “inevitável”, uma vez que se trata de uma tradição. Nos dias em que se celebra a chegada do Ano do Rato, o IAM vai ter a funcionar 132 locais de recolha de lixo de grande dimensão, esperando-se a produção diária de 860 toneladas de resíduos, tal como o ano passado.


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quarta-feira 15.1.2020

SHUN TAK FEDERAÇÃO DE SINDICATOS DE HONG KONG EXIGE SUSPENSÃO DE CORTES SALARIAIS

Trabalhadores vs Pansy A Federação dos Sindicatos de Hong Kong está contra a proposta de redução salarial apresentada aos trabalhadores pela Shun Tak. Bill Tang, representante do sindicato, disse ao HM que não vai baixar os braços e que a proposta da empresa liderada por Pansy Ho não é razoável

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ODOS os trabalhadores da Shun Tak correm o risco de ver os seus salários reduzidos entre 8 a 12 por cento, mas a Federação dos Sindicatos de Hong Kong (FTU, na sigla inglesa), uma organização pró-Pequim fundada na região vizinha em 1948, não quer que isso aconteça. Em declarações ao HM, Bill Tang, ex-deputado do Conselho Legislativo e representante do FTU, defendeu que a Shun Tak avançou com uma proposta de redução que não é razoável e que deve ser retirada. “Organizámos uma assembleia com os trabalhadores e reunimos as suas propostas e sugestões, que serão apresentadas à Shun Tak. Queremos, em primeiro lugar, que a empresa suspenda esta proposta. Depois do Ano Novo Chinês vamos reunir com eles [Shun Tak] para que se chegue a um acordo que seja mais benéfico para todos”, disse. A Shun Tak, empresa de Hong Kong que opera o serviço de transporte de ferries entre Macau, Hong Kong e Shenzhen, tem como presidente a empresária Pansy Ho. A Shun Tak detém também negócios na área do imobiliário e do turismo e está listada na bolsa de valores de Hong Kong. Em Macau, a empresa detém 11,5 por cento da Sociedade de Turismo e Diversões de Macau (STDM), controlando os hotéis Mandarim Oriental, na Península de Macau, e Grand Coloane Resort, em Coloane. A proposta de redução, apresentada no final da semana passada, abrange todos os trabalhadores, sendo intenção da empresa pô-la em prática já em Fevereiro. Quem recebe um salário entre 10 mil e os 30 mil dólares de Hong Kong vai ter um corte de 8 por cento. No caso dos funcionários que recebem mais de 30 mil dólares de Hong Kong, mas menos de 70 mil

Não há sequer uma promessa de que os salários voltarão aos valores normais. Todos os empregados estão muito revoltados com esta situação.” Bill Tang adiantou também que os primeiros sinais de crise laboral chegaram o ano passado, quando “a empresa já tinha decidido que todos os empregados tinham de tirar férias obrigatórias sem salário durante três dias”. “Mas agora foram divulgadas estas más notícias pouco antes do Ano Novo Chinês. A redução é bastante alta e não é aceitável”, rematou.

TUDO NOS CONFORMES

dólares de Hong Kong, o ordenado será diminuído em 10 por cento. Finalmente, todos os salários superiores a 70 mil dólares de Hong Kong vão ter um corte que chega aos 12 por cento. Os trabalhadores que não aceitem os novos valores correm o risco de ser despedidos. Esta proposta não foi comunicada previamente a qualquer entidade sindical, adiantou Bill Tang. “Esta iniciativa de redução salarial foi feita sem consulta dos sindicatos. Então pedimos à empresa que respeite os empregados e os sindicatos e que suspenda esta proposta.” Para já, a Shun Tak pediu aos trabalhadores para apresentarem uma resposta até esta sexta-feira, 17. “Sei que a empresa está mais flexível, o que significa que estão dispostos a ouvir o sindicato. Se

nos puderem ouvir, exigimos que suspendam esta proposta. Vamos colocar as nossas questões ao Governo de Hong Kong, ainda que, em primeiro lugar, queiramos

comunicar directamente com a empresa. Se for necessário, mais tarde, poderemos comunicar com o Governo de Macau”, acrescentou Bill Tang.

PONTE E PROTESTOS

“Organizámos uma assembleia com os trabalhadores e reunimos as suas propostas e sugestões, que serão apresentadas à Shun Tak. Queremos, em primeiro lugar, que a empresa suspenda esta proposta” BILL TANG REPRESENTANTE DA FEDERAÇÃO DE SINDICATOS DE HONG KONG

Questionado sobre as razões que estão por detrás desta intenção de redução salarial, Bill Tang apresentou várias possibilidades. “Um dos factores pode ser a abertura da nova ponte [Hong Kong-Zhuhai-Macau], mas outro factor é o que se está a passar em Hong Kong, que está a afectar o turismo.” Ainda assim, o representante do FTU diz não perceber esta medida tendo em conta os ganhos do sector do turismo, de transportes e do jogo. “A indústria do jogo e os serviços de ferry tem elevados lucros. Porque é que estamos a sacrificar os benefícios dos trabalhadores?

Isolda Brasil, advogada com bastante experiência na área laboral em Macau, explica que a Shun Tak está a tentar chegar a acordo com os trabalhadores e que, à luz da lei das relações de trabalho, os cortes salariais são legais. Por esclarecer está o facto se a empresa contactou a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) sobre este aspecto, outra condição expressa na lei para que haja a redução do salário base. Os despedimentos, a acontecerem, também serão legais, uma vez que a lei em vigor prevê despedimentos sem justa causa. “Não se pode dizer que isto seja favorável ao trabalhador, mas essas são as vicissitudes do Código do Trabalho de Macau, que não é proteccionista para o trabalhador. Temos a DSAL que tenta contrabalançar isso. Mas Macau é um mercado de pleno emprego, e fazer um despedimento em massa acaba por ser um bocado dar um tiro no pé uma vez que há falta de mão-de-obra”, disse ao HM. Nos primeiros seis meses de 2019, a Shun Tak registou perdas de 70 milhões de dólares de Hong Kong na TurboJet, empresa que que opera os ferries, devido a uma quebra no número de passageiros em 32 por cento. No comunicado de imprensa, a abertura da nova ponte é referida como um dos factores para estes números. Em termos gerais, o grupo Shun Tak obteve lucros de 11,8 mil milhões de dólares de Hong Kong, um crescimento anual de 492 por cento. O HM contactou a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais e a própria Shun Tak no sentido de tentar saber mais detalhes, mas até ao fecho da edição não foi possível obter resposta. Andreia Sofia Silva

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15.1.2020 quarta-feira

Festa na cidade ANO NOVO CHINÊS IC APRESENTA 27 ACTIVIDADES PARA CELEBRAR ANO DO RATO

A fim de celebrar a chegada de um novo ano de acordo com o calendário chinês, o Instituto Cultural programou um total de 27 actividades que decorrem em vários bairros e espaços culturais do território

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NT RE os dias 25 e 27 de Janeiro decorrem as festividades que celebram o Ano do Rato. A pensar nesta importante celebração da comunidade chinesa, o Instituto Cultural (IC) programou um conjunto de actividades para residentes e todos aqueles que queiram celebrar a chegada de um novo ano. De acordo com um comunicado, as “Actividades

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realizador português Pedro Costa é um dos destaques do festival francês Cinema du Réel com a programação especial de quatro das suas principais obras e uma ‘carta-branca’ de nove sessões, anunciou ontem a organização do evento. “O cinema de Pedro Costa tem um efeito avassalador no espectador assim como desafia constantemente a relação entre ficção e documentário”, pode ler-se em comunicado enviado pelo Cinema du Reel às redacções sobre a escolha do realizador português. Este ano, o Cinema du Reel, uma mostra internacional de cinema documental que decorre anualmente

de Ano Novo Chinês 2020” terão lugar nas manhãs dos primeiros três dias do Ano Novo Lunar (de 25 a 27 de Janeiro), no Jardim do Mercado do Iao Hon, na Área de Lazer do Edifício Lok Yeung Fa Yuen no Fai Chi Kei, no Largo do Pagode da Barra, na Rotunda de Carlos da Maia, no Templo de Pak Tai na Taipa e no Jardim de Eduardo Marques em Coloane. Nestas manhãs vão ser apresentadas actuações de

teatro de marionetas, música e dança folclórica pelo Grupo de Artes Performativas de Jiangsu e Grupo de Artes Performativas de Guangxi, “para criar uma atmosfera alegre e animada”. Por volta das 13h30, nos mesmos dias, os espectáculos voltam a acontecer no espaço Anim’Arte NAM VAN, “onde se encontrarão stands expositivos e se realizarão workshops sobre o património cultural

“Um efeito avassalador”

Realizador Pedro Costa é convidado especial de festival de cinema em Paris

em Paris, não vai estar só presente no Centro Pompidou, como já é habitual, mas vai também prolongar-se ao recém-inaugurado Jeu de Paume, um pavilhão no jardim das Tulherias que agora acolhe um museu de fotografia moderna. Pedro Costa estará presente nestes dois polos. Primeiro com sessões especiais durante o festival, onde as obras “No Quarto de Vanda” (2000), “Juventude em Marcha” (2006), “Cavalo Dinheiro” (2014) e “Vitalina Varela”

(2019) vão ser mostradas entre 13 e 22 de Março. Estas sessões vão ser acompanhadas por uma ‘masterclass’ de Pedro Costa, onde o realizador falará da sua obra e também de aspectos técnicos dos seus filmes e ainda uma discussão sobre o filme «No quarto de Vanda». Num segundo tempo, de 24 a 31 de Março, Pedro Costa recebeu ‘carta-branca’ para nove sessões que vão contar com filmes seus como “O Nosso Homem” ou “O

Sangue”, mas também obras de outros realizadores. A ‘carta-branca’ de Pedro Costa vai decorrer no Jeu de Paume.

TODOS OS MILÍMETROS

Nascido em Lisboa, em 1959, Pedro Costa é um cineasta independente, herdeiro das experiências feitas em 16mm no documentário pelos seus pares do chamado Novo Cinema, tendo-se formado na Escola Superior de Teatro e Cinema do Instituto Politécnico de Lisboa.

intangível, permitindo o público experimentar estes ricos costumes folclóricos”, descreve o IC. Nesses mesmos dias, mas às 15h, acontecem os espectáculos “Actuação de Dança do Leão” na Casa de Mandarim e o “Concerto do Ano Novo Chinês” na Casa de Lou Kau.

MÚSICA PARA TODOS

O cartaz pensado pelo IC para celebrar a chegada do Ano do Rato inclui ainda

Iniciou a actividade nos anos 1990, foi assistente de realização de Jorge Silva Melo e de João Botelho, e criou, até hoje, 15 longas e curtas-metragens como “Ne Change Rien” (2009), “Juventude em Marcha” (2006), “Ossos” (1997), “Casa de Lava” (1994) e “O Sangue” (1989). O seu mais recente filme, “Vitalina Varela”, teve estreia mundial em Agosto passado, no Festival de Cinema de Locarno, na Suíça, onde arrecadou os principais prémios do certame: Leopardo de Ouro e Leopardo de melhor interpretação feminina para a protagonista, que dá nome ao filme. Desde aí, tem recebido vários prémios em diversos festivais internacionais de cinema.


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uma série de concertos que decorrem em vários locais do território. A Orquestra Chinesa de Macau irá apresentar o “Concerto de Ano Novo Chinês”, no dia 18 de Janeiro, pelas 15h horas, na Rotunda de Carlos da Maia. Segue-se depois o Concerto de Ano Novo Chinês “Onde Pairam Melodias Chinesas”, integrado no Ciclo “Concertos em Museus” da Orquestra Chinesa de Macau, no dia 22 de Janeiro, pelas 15h e

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pelas 16h30, na Academia Jao Tsung-I. O espaço Anim’Arte Nam Van será o palco escolhido para o Concerto do Ano Novo

O total, o Festival Fringe vai apresentar no próximo fim-de-semana, em Coloane, um total de oito espectáculos diferentes apropriados para toda a família. Integrados no tema “Festival de Teatro de Marionetas e Objectos em Coloane” da série especial “Crème de la Fringe”, os destaques vão para “Caminhada Nocturna: Porquê?”, uma produção de Taiwan, que promete guiar o público ao longo de uma caminhada “destinada a despertar a consciência para o som, a luz e a sombra. Outro destaque é “Mercado de Estórias”, um espectáculo que inclui uma série de caixinhas de

Chinês – “Comemoração do Ano Novo Chinês 2020”, no dia 23 de Janeiro, pelas 18h. Além disso, a Escola de Música do Conservatório de Macau

As “Actividades de Ano Novo Chinês 2020” terão lugar nas manhãs dos primeiros três dias do Ano Novo Lunar (de 25 a 27 de Janeiro), no Jardim do Mercado do Iao Hon, na Área de Lazer do Edifício Lok Yeung Fa Yuen no Fai Chi Kei, no Largo do Pagode da Barra, na Rotunda de Carlos da Maia, no Templo de Pak Tai na Taipa e no Jardim de Eduardo Marques em Coloane

Trilhos e marionetas Fringe apresenta espectáculos para animar Coloane

estórias intrigantes e únicas, com orifícios que permitem ao público espreitar o mundo deslumbrante criado por um marionetista do Rolling Puppet Alternative Theatre. Ambos os espectáculos incluem sessões da manhã e da tarde nos dias 18 e 19 de Janeiro. Já amanhã e na quinta-feira, perto do Museu das Ofertas sobre a Transferência de Soberania de Macau, haverá lugar para o espectáculo “Caleidoscópio em Movimento”, um trabalho interdisciplinar que

irá apresentar o “Concerto de Primavera 2020”, no dia 19 de Janeiro, pelas 15h, no Auditório do Conservatório. As celebrações ficam completas com a realização de uma parada, já anunciada pelo Governo, que se realiza no terceiro e oitavo dia do Ano Novo Lunar (27 de Janeiro e 1 de Fevereiro) e que conta com um total de 34 grupos de animação, desfile de 18 carros alegóricos, concertos e fogo-de-artifício.

caleidoscópio deslumbrante, criando efeitos visuais subtis e estimulando a imaginação desenfreada do público”, pode ler-se na descrição presente no comunicado oficial da organização.

PARA TODOS OS GOSTOS

mistura dança, projecção e elementos digitais. “Corpos, tempo e espaços, memórias, luzes e sombras entrelaçam-se, fundindo-se num

O programa do Festival Fringe desta semana inclui ainda, a partir de amanhã e até sábado, no Estaleiro Naval Son Veng, o espectáculo “Break & Break!”, uma exposição ao vivo com actuação de um grupo de dança de Taiwan e, durante o fim de semana, nas Oficinas Navais nº2, “Plutão num Universo Paralelo”, do artista local Kawo, o qual “convida o público a experimentar um mundo mágico

“Ao longo do tempo temos vindo a promover o nível da qualidade da parada de recepção do Novo Ano Lunar, esperando melhorar a organização de cada edição (…), pois queremos com este grande evento do ano, proporcione uma atmosfera festiva e repleta de cultura e tradições chinesas a todos”, disse Cheng Wai Tong, director substituto da Direcção dos Serviços de Turismo, aquando a apresentação do evento.

paralelo”. Também durante o fim-de-semana, mas desta feita na Praça de Lobo de Ávila, será possível assistir à co-produção “Vestindo as Minhas Histórias por Contar”, da autoria da Soda-City Experimental Workshop Arts Association e Associação de Desenvolvimento Comunitário Artistry of Wind Box. “Guia da Propriedade na Casa de Lou Kau”, pelo artista local Jay Lei, “A Dupla Cinematográfica” pelo artista local Chan Si Kei e Co-coism de Taiwan e ainda “LOOK@YOU”, pela Associação de Academia de Talentos de Macau, são outras das performances que constam na programação do festival no decorrer desta semana. P.A.


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S dados divulgados hoje pela Administração Geral das Alfândegas revelam que as exportações cresceram 5 por cento, no ano passado, para 17,23 biliões de yuans, enquanto as importações subiram 1,6 por cento, para 14,31 biliões de yuans. O 'superavit' comercial aumentou 25,4 por cento para 2,92 biliões de yuans. Embora a taxa de crescimento tenha sido menor do que nos dois anos anteriores, o volume total do comércio, incluindo as importações e exportações, registaram números nominais recordes em 2019.

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COMÉRCIO RITMO DE CRESCIMENTO ABRANDA FACE A DISPUTAS COM WASHINGTON

Vertigem da velocidade

O comércio externo chinês aumentou 3,4 por cento, em 2019, para o equivalente a 4,12 biliões de euros, uma desaceleração de 6,3 por cento, face ao ritmo de crescimento homólogo registado no ano anterior, reflectindo o impacto da guerra comercial com Washington Os governos dos dois países impuseram taxas alfandegárias sobre o equivalente a centenas de milhares de milhões de euros de bens importados um do outro, numa guerra comercial que começou no Verão de 2018, mas que se agravou ao longo deste ano. As exportações chinesas para os EUA contraíram 8,7 por cento, para 2,89 biliões de yuans, enquanto as importações chinesas de bens norte-americanos sofreram caíram 17,1 por cento, para os 845.380 milhões de yuans.

Embora a taxa de crescimento tenha sido menor do que nos dois anos anteriores, o volume total do comércio, incluindo as importações e exportações, registaram números nominais recordes em 2019

OUTROS PARCEIROS

Enquanto o comércio com os Estados Unidos diminuiu, a China ampliou as suas trocas com a União Europeia em 8 por cento, especialmente com o Reino Unido (+ 12 por cento), com os países da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), em 14,1 por cento. O país asiático aumentou ainda as trocas com os países da América Latina, em 8 por cento, e com África, em 6,8 por cento.

Mas o abrandamento no ritmo da expansão do comércio chinês reflecte uma prolongada guerra comercial com os Estados Unidos: as trocas entre os dois países caíram 10,7 por cento, para 3,73 biliões de yuans.

ACIDENTE AUTOCARRO ENGOLIDO APÓS ASFALTO CEDER DEIXA SEIS MORTOS

ECONOMIA GRUPO INDUSTRIAL CHINÊS VAI ABRIR BANCO NO BRASIL

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M autocarro de passageiros foi engolido por um buraco que se abriu subitamente numa rua central de uma das maiores cidades do noroeste da China, deixando seis mortos e 10 desaparecidos, informou ontem a imprensa chinesa. O asfalto numa rua movimentada de Xining, a capital da província de Qinghai, cedeu na segunda-feira, por volta das 17h30, engolindo o veículo, detalhou a estação estatal chinesa CCTV. Um vídeo difundido pela agência de notícias China News Service mostra pedestres em pânico, a fugir da cavidade que se formou em frente a uma paragem de autocarros, e o veículo praticamente na vertical dentro do buraco. As operações de resgate prosseguem e foi lançada uma investigação para determinar a origem do acidente, informou a CCTV, acrescentando que

as 16 pessoas feridas se encontram em "condição estável". Fotos divulgadas pela China News Agency mostram a operação de resgate, com retroescavadoras e um guindaste para retirar o autocarro do buraco, formado em frente a um hospital. Não é o primeiro incidente deste tipo na China. Em 2016, vários transeuntes caíram num buraco que se abriu subitamente numa rua na cidade de Zhengzhou, a capital da província de Henan, centro da China. Uma investigação indicou que o colapso foi causado por canos sob a estrada que terão cedido sob a pressão da água da chuva. Em 2013, cinco pessoas morreram quando uma cavidade de 10 metros de profundidade se abriu repentinamente num distrito industrial de Shenzhen, sul do país.

grupo industrial chinês Xuzhou Construction Machinery Group (XCMG) anunciou na segunda-feira que vai abrir um banco no estado brasileiro de Minas Gerais, no primeiro trimestre de 2020. Num comunicado, o XCMG referiu que o Banco XCMG S.A. vai ter sede em Pouso Alegre, no sul de Minas Gerais, município onde o grupo chinês já opera um parque industrial desde 2015, empregando 424 trabalhadores locais. O XCMG é um dos maiores fabricantes mundiais de máquinas para construção civil e desenvolvimento de infra-estruturas. Quase 95 por cento das vendas deste tipo de equipamento no Brasil é feito

através de empréstimos bancários, sublinhou a empresa. O Banco XCMG, a primeiro instituição financeira lançada no estrangeiro por um grupo industrial chinês, vai desenvolver produtos a pensar nos revendedores e compradores de máquinas para construção civil, refere o comunicado. O novo banco vai promover o investimento em infra-estruturas, reforçar a cooperação sino-brasileira e melhorar o ambiente de negócios para as empresas chinesas a operar no Brasil, prometeu o director executivo do XCMG, Wang Min. Em Novembro, o parque industrial do XCMG, em Pouso Alegre, foi escolhido por

Jiangsu como a quarta zona económica e comercial da província chinesa no estrangeiro. O parque tem tido “um papel activo” na promoção do estado de Minas Gerais junto das empresas chinesas, sublinhou o grupo. O governador de Minas Gerais, Romeu Zema Neto, prometeu “apoiar o mais possível” o desenvolvimento a longo prazo do XCMG naquele estado brasileiro, segundo o comunicado. O grupo obteve luz verde do Banco Central do Brasil para criar um banco a 23 de Outubro passado, disse a 6 de Janeiro o presidente do Banco XCMG, Gu Shiying. A decisão deu ao grupo chinês seis meses para lançar operações.


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quarta-feira 15.1.2020

Região FILIPINAS VULCÃO OBRIGA À RETIRADA DE 30 MIL PESSOAS

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S autoridades filipinas mantiveram ontem o estado de alerta devido à iminente erupção explosiva do vulcão Taal, que continuou a expelir lava e fumo durante toda a noite e já forçou à retirada de mais de 30 mil pessoas. O vulcão, em constante erupção nas últimas 24 horas, gerou fontes de lava de 500 metros de altura e colunas de fumo de dois quilómetros, disse o Instituto de Vulcanologia e Sismologia das Filipinas (Phivolcs), no último boletim. O instituto, que no domingo elevou o alerta para o nível 4 numa escala de 5, acrescentou que o vulcão provocou ainda 212 sismos, 81 dos quais foram sentidos, e que as cinzas cobriram vários municípios vizinhos. O nível de alerta 4 indica que uma erupção perigosa está "iminente", bem como o risco de tsunami. O Taal está localizado na ilha de Luzon, nas Filipinas, entre as cidades de Talisay e San

Nicolas, na província de Batangas. Na capital, a cerca de 60 quilómetros a norte do vulcão, muitos serviços retomaram ontem a normalidade, embora as escolas continuem fechadas e vários voos tenham sido cancelados no aeroporto de Manila, que chegou a estar encerrado no domingo. O vulcão, que entrou em erupção 33 vezes desde 1572, causou cerca de 1.300 mortos numa erupção em 1911 e 200 em 1965. Um dos menores vulcões do mundo, o Taal está entre as duas dúzias de vulcões activos no arquipélago das Filipinas, situado ao longo do chamado "Anel de Fogo" do Pacífico, uma região sismicamente activa na qual se registam frequentes terramotos e erupções vulcânicas. Cerca de 20 tufões e outras grandes tempestades também atingem as Filipinas todos os anos, tornando-o num dos países mais propensos a desastres do mundo.

AUSTRÁLIA LU-OLO SENTIDO COM IMPACTO DOS INCÊNDIOS

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Presidente timorense manifestou ontem consternação pelos fogos na Austrália, lamentando a perda de vida, de bens pessoais e a perda de biodiversidade dos incêndios, que continuam em vários pontos do país. Numa mensagem em vídeo à nação, gravada no Palácio Presidencial em Díli, Francisco Guterres Lu-Olo expressou solidariedade com a Austrália em nome de Timor-Leste e dos timorenses. “É com dor que acompanho a tragédia que se abate, uma vez mais, sobre uma parte daAustrália. Das imagens que nos chegam através da comunicação social, vejo pessoas que choram a perda dos seus entes queridos cujas vidas foram ceifadas pelo fogo”, disse Francisco Guterres Lu-Olo, numa mensagem à nação. “Estou com as pessoas que perderam as suas casas e os seus bens, quantas vezes resultantes dos esforços de uma vida de trabalho e

de suor. As suas lágrimas, as suas palavras de dor, os seus rostos crispados pela emoção, tocam-me profundamente”, disse. Lu-Olo lamentou a morte de centenas de milhões de animais, “ameaçando a riquíssima biodiversidade daAustrália” com o impacto de “uma tragédia destas proporções a ter consequências difíceis de serem medidas”.Para o chefe de Estado timorense, os fogos obrigam a “ponderar sobre a gravidade da mudança climática”, desafio de tal dimensão que exige a colaboração de todos. “A catástrofe dá-nos a oportunidade de gerar parcerias novas, entre os saberes tradicionais e os saberes produzidos pela ciência e tecnologia modernas”, acrescentou. Os fogos que duram há várias semanas naAustrália já causaram 27 mortos, destruíram mais de 2.200 casas e queimaram uma área maior que Portugal.

SAÚDE OMS PREPARA HOSPITAIS DE TODO O MUNDO PARA VÍRUS DE WUHAN

A resposta global

A Organização Mundial de Saúde informou ontem que todos os hospitais do mundo estão a ser preparados para um novo grupo de vírus que já provocou pelo menos um morto na China e mais de 40 casos registados tinha viajado para aquela cidade). Ainda assim, a OMS não emitiu nenhum alerta para quem visita a cidade nem estabeleceu qualquer comité de emergência.

CASO TAILANDÊS

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S TA M O S a preparar-nos para a hipótese de contágios em massa, pelo que estão a ser tomadas medidas de prevenção e controlo de infecções para que todos os hospitais do mundo apliquem as precauções habituais”, disse a directora interina do departamento de doenças emergentes da Organização Mundial de Saúde (OMS), Maria Van Kerkhove. A especialista admitiu a possibilidade de haver casos de contágio entre humanos, especialmente entre membros da mesma família (embora a possibilidade não tenha sido ainda testada), e enfatizou que o novo coronavírus [grande família viral que causa infecções respiratórias em seres humanos e em animais] é semelhante a outros que surgiram nos últimos anos, como a síndrome respiratória aguda e grave (SARS) ou a síndrome respiratória do Médio Oriente (MERS). “A experiência com a SARS e a MERS preparou-nos para esta situação, a comunidade global está a tomar medidas preventivas e todos

os sistemas estão preparados para serem activados”, garantiu em conferência de imprensa, ontem realizada. O alerta para o novo vírus, que aparentemente

teve origem num mercado de peixe da cidade chinesa de Wuhan, tornou-se mais grave quando foi conhecido um primeiro caso fora da China (um tailandês que

“A experiência com a SARS e a MERS preparou-nos para esta situação, a comunidade global está a tomar medidas preventivas e todos os sistemas estão preparados para serem activados.” MARIA VAN KERKHOVE ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE (OMS)

Dos 41 casos confirmados na China, seis estão em estado grave, mas outros sete já tiveram alta, disse a porta-voz da OMS, Tarik Jasarevic. A porta-voz explicou que os laboratórios chineses já sequenciaram o genoma do coronavírus e forneceram os dados à comunidade global de saúde para ajudar a diagnosticar possíveis casos fora do país. As autoridades de saúde chinesas também estão a vigiar a saúde de mais de 700 pessoas que podem ter estado em contacto com os doentes registados, incluindo funcionários de hospitais e outros centros de saúde, embora nenhum novo caso tenha sido detectado desde 3 de Janeiro, excepto o diagnosticado na Tailândia. Os sintomas do novo coronavírus são, em muitos casos, semelhantes aos de uma constipação, mas podem ser acompanhados de febre e fadiga, tosse seca e dispneia (falta de ar).

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Anúncio Faz-se saber que no concurso público n.o 56/P/19 para a execução da «Obra de Renovação de Equipamentos da Sala de Caldeiras do Centro Hospitalar Conde de São Januário», publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau n.º 51, II Série, de 18 de Dezembro de 2019, foram prestados esclarecimentos, nos termos do artigo 2.º do programa do concurso público pela entidade que o realiza e que foram juntos ao respectivo processo. Os referidos esclarecimentos encontram-se disponíveis para consulta durante o horário de expediente na Divisão de Aprovisionamento e Economato dos Serviços de Saúde, sita na Rua do Campo, n.º 258, Edifício Broadway Center, 3.º andar C, Macau. Serviços de Saúde, aos 9 de Janeiro de 2020 O Director dos Serviços Lei Chin Ion


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15.1.2020 quarta-feira

Aviso sobre pedido de junção de restos mortais em sepultura perpétua Notificação Edital (execução coactiva)

N.º 4/2020

Lei Sio Peng, Chefe do Departamento de Inspecção do Trabalho substª, manda que se proceda, nos termos do n.º 3 do artigo 9.º e artigo 11.º do Regulamento Administrativo n.º 26/2008 - “Normas de funcionamento das acções inspectivas do trabalho”, conjugados com o n.º 2 do artigo 72.º e n.º 2 do artigo 136.º do Código de Procedimento Administrativo (CPA), aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, à notificação do transgressor do WONG UN HENG, proprietário de “Lin Iek Engineering Electrical” do Auto de Notícia n.º AT-14/2020/DIT, para no prazo de 15 (quinze) dias, a contar do primeiro dia útil seguinte ao da publicação do presente notificação edital, proceder ao pagamento da multa aplicada no aludido auto, no valor de MOP$30.000,00 (trinta mil patacas), por prática da transgressão nos termos do n.º 4 do artigo 43.º, artigo 60.º conjugado com n.º 2 do artigo 44.º e artigo 77.º da Lei n.º 7/2008 - “Lei das relações de trabalho”, e punida nos termos das alíneas 2) e 5) do n.º 3 do artigo 85.º da Lei n.º 7/2008. Deve o transgressor efectuar ao pagamento da quantia em dívida aos trabalhadores HE JUNXIANG e ZHENG FUZHEN no valor total de Mop$108,334 (cento e oito mil e trezentas e trinta e quatro patacas). Por outro lado, deve o transgressor apresentar ao DIT os comprovativos dos pagamentos acima referidos nos 5 (cinco) dias subsequentes ao do termo do prazo acima referido. O transgressor acima mencionado poderá, dentro das horas normais de expediente, levantar as cópias do Auto, a notificação, o mapa de apuramento da quantia em dívida aos referidos trabalhadores e as guias de depósito, no Departamento de Inspecção do Trabalho, sita na Avenida do Dr. Francisco Vieira Machado, n.ºs 221-279, Edifício “Advance Plaza”, 1.º andar, Macau, sendo-lhe também facultada a consulta do processo n.º 1303/2018, mediante requerimento escrito. Decorridos os prazos acima referidos, a falta de apresentação dos documento comprovativo dos pagamentos efectuados, implica a remessa por este DIT, nos termos legais, os respectivos documentos ao Juízo.

Departamento de Inspecção do Trabalho, aos 10 de Janeiro de 2020. A Chefe de Departamento substª, Lei Sio Peng

Eu, Pun Kuok Kei (潘國基), nos termos da alínea 5) do n.º 1 e dos n.ºs 2 e 3 do artigo 26.º -A do Regulamento Administrativo n.º 37/2003, alterado pelo Regulamento Administrativo n.º 22/2019, apresento o pedido relativo à junção das ossadas de Ho Fun (何寬), que era cônjuge de Pun Seng (潘植成), inumada na sepultura n.º SM-1-0984 do Cemitério São Miguel Arcanjo, nessa sepultura. Venho por este meio informar as pessoas indicadas no n.º 1 do artigo 26.º -A do Regulamento Administrativo acima referido de que podem apresentar objecção por escrito no prazo de 30 dias, contados a partir da data da publicação do aviso, ao IAM. A objecção escrita deve ser entregue no escritório dos assuntos de cemitérios da Divisão de Higiene Ambiental do IAM, sito no 3.º andar do Edifício Comercial Nam Tung, na Avenida da Praia Grande n.º 517. Se o IAM não tiver recebido objecção por escrito dentro do prazo determinado, o pedido de junção pode ser autorizado. Aos 15 de Janeiro de 2020

ANÚNCIO CONCURSO PÚBLICO N.o 1/P/20 Faz-se público que, por despacho do Ex.mo Senhor Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, de 10 de Dezembro de 2019, se encontra aberto o Concurso Público para « Fornecimento de Perfusão Intravenosa aos Serviços de Saúde », cujo Programa do Concurso e o Caderno de Encargos se encontram à disposição dos interessados desde o dia 15 de Janeiro de 2020, todos os dias úteis, das 9,00 às 13,00 horas e das 14,30 às 17,30 horas, na Divisão de Aprovisionamento e Economato destes Serviços, sita na Rua do Campo, n.º 258, Edificio Broadway Center, 3.º Andar C, Macau, onde serão prestados esclarecimentos relativos ao concurso, estando os interessados sujeitos ao pagamento de MOP74,00 (setenta e quatro patacas), a título de custo das respectivas fotocópias (local de pagamento: Secção de Tesouraria dos Serviços de Saúde) ou ainda mediante a transferência gratuita de ficheiros pela internet na página electrónica dos S.S (www.ssm.gov.mo). As propostas serão entregues na Secção de Expediente Geral destes Serviços, situada no r/c do Centro Hospitalar Conde de São Januário e o respectivo prazo de entrega termina às 17,45 horas do dia 17 de Fevereiro de 2020. O acto público deste concurso terá lugar no dia 18 de Fevereiro de 2020, pelas 10,00 horas, na “Sala de Reunião”, sita na Rua do Campo, n.º 258, Edifício Broadway Center, 3.º andar C, Macau. A admissão a concurso depende da prestação de uma caução provisória no valor de MOP100 000,00 (cem mil patacas) a favor dos Serviços de Saúde, mediante depósito, em numerário ou em cheque, na Secção de Tesouraria destes Serviços ou através da Garantia Bancária/Seguro-Caução de valor equivalente. Serviços de Saúde, aos 9 de Janeiro de 2020.

Wong Wing Chan

Assine-o TELEFONE 28752401 | FAX 28752405 E-MAIL info@hojemacau.com.mo

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O Director dos Serviços Lei Chin Ion


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quarta-feira 15.1.2020

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De pulmões às costas, a vida é para sempre tenebrosa

Elementos de ética, visões do Caminho

Xunzi

O Cultivo de Si Próprio

PARTE I Quando observares bondade em alguém, inspeciona-te, desejoso de cultivá-la. Quando observares maldade nos outros, examina-te, temendo descobri-la. Se encontrares bondade na tua pessoa, congratula-te, desejoso de a agarrares com firmeza. Se encontrares maldade na tua pessoa, recrimina-te, considerando-a uma calamidade. Assim, aqueles que nos criticam com razão agem como professores para connosco; aqueles que nos apoiam correctamente agem como nossos amigos; aqueles que nos elogiam e são obsequiosos para connosco agem como vilões. 1 A pessoa exemplar exalta aqueles que agem como professores para consigo e ama aqueles que agem como seus amigos, assim odiando aqueles que agem como vilões para consigo. Ama infatigavelmente a bondade, sendo capaz de ouvir admoestações e segui-las. Mesmo que não desejasse melhorar, como poderia evitá-lo? A pessoa mesquinha é o oposto. Apesar de totalmente desordenada, odeia que os outros a critiquem. É completamente indigna, embora deseje que os outros a considerem digna. O seu coração é como o de um tigre ou lobo e a sua conduta como a das bestas, mas odeia que a considerem um vilão. Àqueles que a elogiam e lhe são obsequiosos faz favores, mantendo à distância quem o possa admoestar. Àqueles que cultivam a correcção considera risíveis e aos que lhe são verdadeiramente

leais considera vilões. Mesmo que desejasse não perecer, como poderia evitá-lo? As Odes dizem: Estes homens conspiram e praticam a calúnia. Isto é motivo para grande desgosto. A qualquer plano que valha a pena Oferecem a mais completa resistência. Aos planos que nada valem Desejam seguir sem reserva. Isto exprime o que quero dizer. A medida da bondade em todas as coisas é esta: Usa-a para controlar o teu qi2 e nutrir a tua vida E viverás mais tempo do que Peng Zu.3 Usa-a para te cultivares e conseguir fama E serás igual a Yao e Yu.4 É apropriada em tempos de prosperidade. É útil para enfrentar a adversidade. – assim é o ritual. Se os teus esforços de sangue, qi, intenção e pensamento estiverem de acordo com o ritual, estes serão ordenados e eficazes. Se não estiverem de acordo com o ritual, serão desordenados e estéreis. Se as tuas refeições, roupas, habitação e actividades estiverem de acordo com o ritual,

serão agradáveis e bem reguladas. Se não estiverem de acordo com o ritual, encontrarás perigos e doenças. Se a tua actividade, postura, movimentos e passo estiverem de acordo com o ritual, serão gráceis. Se não estiverem de acordo com o ritual, serão bárbaras, obtusas, perversas, vulgares e desordenados. Assim, Se suas vidas forem sem ritual, As pessoas não sobreviverão. Se os negócios forem sem ritual, O sucesso não prosperará neles. Se estado e clã forem sem ritual, A paz não virá a eles.

1 - O termo zéi (賊),aqui traduzido por “vilão”, está conotado com acções e pessoas más, tais como ladrões e, nos textos mais antigos, assassinos. 2 - Qì (氣) é uma energia ou força que se pensa circular pelo universo e ser uma componente de todas as coisas materiais. Saúde e doença eram frequentemente explicadas em termo do qì de uma pessoa, cujo estado afectaria também o comportamento moral. 3 - Peng Zu terá vivido até aos setecentos anos de idade. 4 - Yao e Yu foram reis sábios. Yu é tradicionalmente considerado o fundador da dinastia Xia.

Tradução de Rui Cascais Xunzi (荀子, Mestre Xun; de seu nome Xun Kuang, 荀況) viveu no século III Antes da Era Comum (circa 310 ACE - 238 ACE). Filósofo confucionista, é considerado, juntamente com o próprio Confúcio e Mencius, como o terceiro expoente mais importante daquela corrente fundadora do pensamento e ética chineses. Todavia, como vários autores assinalam, Xunzi só muito recentemente obteve o devido reconhecimento no contexto do pensamento chinês, o que talvez se deva à sua rejeição da perspectiva de Mencius relativamente aos ensinamentos e doutrina de Mestre Kong. A versão agora apresentada baseia-se na tradução de Eric L. Hutton publicada pela Princeton University Press em 2016.


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Divina Comédia Nuno Miguel Guedes

15.1.2020 quarta-feira

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Do recomeço Significa que vamos para algo melhor? Não: só um tolo ou um optimista – passe a tautologia – pode pensar assim. Vai-se, com sorte, para outro lugar dos dias, sem garantias de conforto nem reembolso se correr mal. Mas é o momento que conta e o que podemos fazer com ele. O recomeço é traiçoeiro porque traz a armadilha do “agora é que é”. Nada pode ser agora sem o que foi estar resolvido e incorporado como uma lição. Não há tabula rasa da vida, para nada e em nada.

“Experimentem, amigos: no vosso motor de busca preferido insiram a palavra “recomeço” e vejam os resultados. Eu digo, para pouparvos alguns segundos e energia mal gasta: frases “motivacionais” de gente anónima, citações duvidosas e, pior do que tudo isso, Paulo Coelho.”

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exercício é fácil e sinal claríssimo dos tempos que atravessamos. Experimentem, amigos: no vosso motor de busca preferido insiram a palavra “recomeço” e vejam os resultados. Eu digo, para poupar-vos alguns segundos e energia mal gasta: frases “motivacionais” de gente anónima, citações duvidosas e, pior do que tudo isso, Paulo Coelho. Os truísmos pululam como sapos ferozes. Alguns exemplos, ao acaso: «Recomeçar é dar uma nova chance a si mesmo»; «Recomeçar é doloroso»; «O importante é viver e ser feliz mesmo que isso signifique deixar tudo para trás e recomeçar,

pois, na vida e no amor as conquistas são feitas todos os dias.», reflexão que não duvido ser o resultado de anos de meditação; e a minha favorita entre todas: «Nunca é tarde para recomeçar». Tudo isto assinado e escrito com o intuito de ajudar. Pois não ajuda. Se o que foi dito e escrito puder ajudar a entender e a suportar este proverbial tapete que, outra vez, nos é retirado dos nossos pés, iria pela fala de Lady Macbeth com o definitivo “What’s done is done”. Ou a muito pouco motivacional Mary Shelley, que apesar de ter escrito uma das obras negras sobre a natureza humana – Frankenstein – ainda conseguiu lembrar que “The be-

ggining is always today”. Ou finalmente, e porque tudo em quem vos escreve aí sempre desagua, Sinatra a cantar o que viveu em That’s Life, canção de alfaiate para os dias e a vida (e sim, a do The Joker): «I pick myself up and get back in the race». Então afinal que tempo é este, o do recomeço? É o mais delicado de todos porque carrega um passado que terminou e obrigação de inventar outros dias que o possam carregar de forma mais leve. Pode surgir de mil e uma formas – separações, lutos, mudanças profissionais ou de lugares e pessoas – mas mesmo quando é voluntário é incerto e enganador.

Os ciclos e os círculos sucedem-se. Os recomeços são os mais difíceis não porque antes houve uma perda mas porque é preciso gerir da melhor maneira a libertação. Há sempre uma nova pessoa que todos os dias nos implora ao espelho qualquer coisa que não se sabe o que vai ser – apenas que tem de ser feita. É difícil mudar de pele, seja porque motivo for. Mais ainda tentando que a nossa essência sobreviva à mudança. O que normalmente nos protege da violência dos recomeços é o que ficou: valores, lugares familiares, certezas tíbias, pessoas antigas ou recentes que ajudam a mitigar a sensação de deriva. Esta é a grande sorte de quem recomeça: a lealdade de quem há muito está ao nosso lado e, mais extraordinário ainda, aqueles que tantas vezes sem percebermos deixamos entrar no meio do turbilhão e se revelam essenciais. Um recomeço é sempre uma partida, uma navegação que apenas pode contar com um mapa antigo como guia. É necessário, ficaremos mais sábios ou melhores pessoas? Não. Mas tenhamos compaixão ou desconfiança dos que proclamam que nunca na vida passaram por estes dias de chumbo dourado.


ARTES, LETRAS E IDEIAS 17

quarta-feira 15.1.2020

Diário de um editor João Paulo Cotrim FOROS DA FONTE SECA, REDONDO, 3 JANEIRO Não se encontram com facilidade dias de Inverno assim, plenos de uma luz que congela segundos e mundo, espalhando nitidez, tornando a matéria do mais real que se alcança. Pelo olhar, que na mão dói. O Alentejo continua sendo habitat destes seres, mais vivos que a vida. Contenho algo do campo, mas na verdade só experimentei brincando a apanha da azeitona. E como deve doer! Quem teria, no contexto, este luxo de se afastar do inescapável para experimentar a intensidade de estar ali, de ser, tão só? Continua a chover fezes algures, mas o pulmão enchendo de ar frio e sol quase me faz esquecer a insídia. Fui livre por horas, mas regressei aos manuscritos que devia ler com lápis de carpinteiro, rasgos ovais de vermelho entre a vista e o ouvido, no eixo dos sentidos. Lê-se com o corpo todo, estamos fartos de o saber. Até sentados. Não tanto pelo fruto da época ser avaliações, maduras, histórias de adormecer e, portanto, dançar com os medos, mas por estar de futuro na mão, conto até treze os títulos da colecção de novela e romance. (Treze, esse querido doravante maldito número.) Primeira constatação: noto em cada título um esforço de pesquisa, de teste aos limites e convenções do modo de contar. Mas também encontro vontade de estender pano de fundo temático sobre o qual discorrem protagonistas de carne e osso e voz. Sendo que no protagonista se plasma, tantas vezes, o narrador e seus desdobramentos de fantasma. Segunda constatação: os autores da abysmo possuem inclinação para a trilogia, por fazer sentido ou em busca de múltiplos sentidos. A do Paulo [José Miranda] faz-se de mero substantivo, mas os três volumes recolheram-se em apenas um. O Valério [Romão] anunciou logo a abrir que vinha em busca de «Paternidades Falhadas». Sendo que a do Luís [Carmelo] passa despercebida e apenas as ilustrações do Daniel [Lima] lhe conferem unidade. Não havendo duas, sem três, ei-la, a terceira constatação: o pórtico de ilustrações a sugerir ambientes tornou-se marca. E em alguns casos integrou-se que nem fibra na tessitura da obra. A propósito e empurrando o triângulo, segue-se uma trilogia de mera coincidência e autores distintos. O Paulo e o Luís, mas também o recém-chegado Vasco [Gato], prosseguem, cada um a seu modo, investigação sobre a engrenagem da narrativa, interior e exterior, a construção de figuras à escala e para além dela, que incessantemente desenrolam ideias, que pintam sobre o tempo não tanto a paisagem, mas a vida. CCB, LISBOA, 5 JANEIRO O Tejo continuará sempre a discorrer no seu afazer de horizonte, mas deixo de nele me poder fixar durante o «Obra Aberta». Regressámos ao recolhimento da sala Glicínia Quartim logo em edição de convidados abertos ao mundo, confirmando assim que as paredes podem pouco. Não se trata apenas de viagem, que quando acontece jamais se fica pelo apenas, mas de memória e infância. E por estes caminhos se perdem bem, tanto o

Da vida dos mundos Afonso de Melo como o Luís Cardoso, cada um com a sua mundividência. As minhas idas e vindas subterrâneas têm sido, por estes dias, acompanhadas pelo Afonso à força de «O Outro Nome que a Vida Pode Ter…» (querem que vos diga? É desilusão), e mais recentemente, «Chovia Como se o Céu Doesse» (ed. Âncora). São crónicas de largo espectro, com um fôlego que se perdeu na «modernidade» dos nossos jornais, possui um perfume de fado, vejo-lhe as frases a percorrer os lugares. E invejo-lhe o arquivo de detalhes, a agudeza dos nomes, o curto-circuito das experiências e dos lugares. Ao Luís ninguém tira Timor e a sua Kailako está sempre acesa no coração dos romances. No caso, trouxe velha e gasta edição (da Puma) de um romance que se fez mais. «A Redundância da Coragem», de Timothy Mo, contém fragmento da História de um país, com raízes no que fomos enquanto língua e cultura e colonizador e copa nas possibilidades sonhadas dos

As ruínas do Chiado ardido (algures na página) fazem-se metáfora de ferida maior, vencida pelos amores, que desemboca na única imagem a cores, a que propõe um infinito de árvores-nuvens, com a nitidez de um dia frio de invernos

que lutaram pela independência. O Luís abre as primeiras páginas, desenha no ar o devido enquadramento, antes de sublinhar que nelas se encontram pessoas concretas, que conheceu, tendo algumas ganhado aqui um pouco mais de vida, que na real morreram em combate. «Por exemplo, a Rosa, que foi fuzilada pelos indonésios. Aqui vive um pouco mais. A Rosa era minha namorada.» CASA DA CULTURA, SETÚBAL, 10 JANEIRO Em modo trimestral, regressamos à «Filosofia a Pés Juntos», esse momento higiénico de saudável pensamento, a destoar do abundante vómito de imbecilidades que desaguam nas redes, nos jornais, nas televisões. O António [de Castro Caeiro] propôs-se recuar aos anos 1920 para partir o conceito de «umwelt», cunhado pelo homem de ciência, Jakob Johann von Uexküll, e logo aproveitado pela filosofia. Onde aqueles viam meio ambiente, habitat, ecossistema, logo os outros definiam mundividência e cosmovisão. Facilito e abrevio, claro, mas o essencial que guardo da noite está na complexidade com que interpretamos o que nos rodeia. E a variedade de mundos que a vida nos proporciona, a do animal e do humano, mas também a das coisas. Pulsam objectos e sujeitos para onde quer que nos viremos. Sendo que os mundos, como as vidas, são simultâneos. CISTERNA, LISBOA, 11 JANEIRO Ali no passeio da António Maria Cardoso, onde esta tão odiada cultura foi apagando memórias de mundos odiosos, rasgou-se o pano do tempo. Actores maiores das derradeiras décadas do século passado celebravam amores trocados e trocar. Sem ponta de saudosismo, o que pode

ser experimentado com o Álvaro Rosendo de «Aos Meus Amores_2.0» é diário íntimo e dramático: o desenho a luz e objectiva de um «umwelt». O coração está na família e amigos, mas desloca-se por outros cenários em arrasto, essa marca dos corpos no tempo. Álvaro domestica o dramatismo, do tigre faz gato. As ruínas do Chiado ardido (algures na página) fazem-se metáfora de ferida maior, vencida pelos amores, que desemboca na única imagem a cores, a que propõe um infinito de árvores-nuvens, com a nitidez de um dia frio de invernos. Mas tocam-me sobremaneira as sombras, e as passagens pelos bastidores das bandas em acção, em digressão, nas costas do palco. Festas no lombo do gato. Diz o meu querido Luís [Gouveia Monteiro], com as palavras lúcidas com que pendura as centenas de fotos na alma da galeria, que, para o Álvaro, «o grão é a unidade funcional do tempo. Neste projecto artístico, que sempre procurou testar as fronteiras entre o eterno e o transitório, a fotografia – única, em sequência ou integrando o movimento sob a forma de arrastamento ou desfoque – surge como alavanca cravada nas brechas da inflexibilidade física. Porque congela e aprisiona e abate um pedaço de tempo, mas, em simultâneo, liberta-o, dá-lhe vida e preserva-o na cruel permanência das obras que sobrevivem a protagonistas e autores.» LER DEVAGAR, LISBOA, 12 JANEIRO O João [Brazão] possui a chama dos que fazem. Por gosto. Aproximou-se do José [Pinho] e aconteceu, em plena Ler Devagar, um «Beber Devagar», bar de cervejas que promete ser o mais literário da cidade. E inventivo, na relação entre prazeres, no alargamento das experiências. Venha daí malte e lúpulos, mais mundo!


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NUBLADO

O QUE FAZER ESTA SEMANA Hoje

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MAX

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HUM

EXPOSIÇÃO “NO YA ARK: INVISIBLE VOYAGE” Armazém do Boi | Até 2/2

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AQUECIMENTO 39

SOLUÇÃO DO PROBLEMA 39

1917 UNDERWATER [B] Um filme de: William Eubank Com: Kristen Stewart, Vincent Cassell 14.30, 16.30, 19.30, 21.30 SALA 2

1917 [C] Um filme de: Sam Mendes Com: George MacKay, Dean-Charles Chapman, Benedict Cumberbatch 14.30, 16.45, 19.15

ASHFALL [B] FALADO EM COREANO LEGENDADO

EM CHINÊS E INGLÊS Um filme de: Lee Hac-Jun, Kim Byung-Seo Com: Lee Byung-Hun, Ha Jung-Woo, Ma Dong-Seok A.K.A. Don Lee 21.30

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Burroughs é um dos escritores basilares do movimento Beatnik que teve o seu auge com os romances “Naked Lunch” e “Junkie”. Este livro, o primeiro da trilogia “Nova” foi escrito usando a técnica cut-up, em que o autor divide a obra e baralha a sua ordem aleatoriamente. “The Soft Machine” desenrola-se num mundo de pesadelo, em que um agente secreto tem a habilidade para se metamorfosear noutras pessoas. O protagonista constrói uma máquina do tempo para ir ao passado derrotar um gang de padres maias que usam o calendário da civilização antiga para controlar mentes. Um dos livros mais estranhos e experimentais da obra de um vulto incontornável da literatura do século XX. João Luz

SALA 3

LITTLE WOMEN [A] Um filme de: Greta Gerwig Com: Emma Watson, Saoirse Ronan, Florence Pugh, Meryl Streep 14.15, 16.45, 19.15, 21.45

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QUANDO O FRIO DESCE 43

Quando o frio desce, como se viesse de um lugar impossível, e nos envolve num manto de solidão e nos encolhe o corpo e trespassa sem remissão, é como se outro personagem, num repente, emergisse. Chama-se o nosso inverno e obriga-nos ao recolhimento. Não há sentimento que o combata, nem teimosia capaz de o afugentar. Nada existe de enunciável nesse inverno mas uma quietude mortal acima dos dias e das noites. Realço então a chama que insiste em dançar no interior de um bloco de gelo, um resto de pensamento, sóbrio mas reticente, por vezes indecente, na busca do fogo, da fogueira extinta na paisagem. A própria memória parece ter partido, 45 frio omnipresente, caimersa nesse paz de congelar uma alma caso ela se desse ao trabalho de existir. O que fica então dessa miséria a que temos o hábito de chamar eu? Talvez nada, num acesso de lucidez insuportável. É o frio que se afigura eterno e nos desmonta e remonta como se o caos tivesse afinal um sentido. Não tem mas sonho com ele nas margens de uma lareira. À partida derrotado, a deslizar devagar no rio da morte: frio, gélido, inoperante, inconsequente. Mas agora quente, finalmente quente, ainda que exaustivamente só. Como se houvesse verdade e eu estivesse contigo, meu amor. Carlos Morais José

4 7 3 1 6 2 5

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2THE SOFT MACHINE2| WILLIAM 1 S.6BURROUGHS 3 7 1 7 4 3 5 2 3 1 6 5 4 3 7 6 2 1 7 5 4 3 7 2 6 4 5 4 5 7 2 1 6 5 3 4 1 6

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da Parada do Dia da República.

UM LIVRO 2 1 5 4HOJE 3 7 6

5 4 3 1 5 1 36 7 62 4 3 2 6 7 7 27 5 31 3 3 74 3 2 6 36 7 44 5 5 6 1

SALA 1

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3 65 1 7 Cineteatro C I N E M A 42 36 7 4 6 1 34 2 1 5 61 3 5 6 7 2 3 61 7 5 4 16 73 4 54 7 2 5

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7 0 - 9 0´%

VIDA DE CÃO

2 - BEATRIZ BASTO DA SILVA 7 4 1 46 3 5 2 Fundação Rui Cunha | Das 18h30 às 19h30 5 16 33 7 2 4 Diariamente 3 1 2 5 7 6 2 5 EXPOSIÇÃO “GAME – GIGI LEE’S MULTIMEDIA” Armazém do Boi | Até 16/2 7 46 7 4 2 1 3 2 5 76 33 4 1 EXPOSIÇÃO “MACAU CANIDROME-POUCHING TSAI 1 3 7 4 5 2 SOLO EXHIBITION” Armazém do Boi | Até 11/2 4EXERCÍCIOS 2 5 1 6DE7 SESSÃO DE “SERÕES COM HISTÓRIA”

6

MIN

S U D O K U

MUITO

LIU XIAO XINHUA/BARCROFT MEDIA

TEMPO

15.1.2020 quarta-feira

7 6 1 3 4 5 2

47

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores João Luz; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; In Nam Ng; João Santos Filipe; Juana Ng Cen; Pedro Arede Colaboradores Anabela Canas; António Cabrita; António de Castro Caeiro; António Falcão; Ana Jacinto Nunes; Amélia Vieira; Gisela Casimiro; Gonçalo Lobo Pinheiro; Gonçalo M.Tavares; João Paulo Cotrim; José Drummond; José Navarro de Andrade; José Simões Morais; Luis Carmelo; Michel Reis; Nuno Miguel Guedes; Paulo José Miranda; Paulo Maia e Carmo; Rita Taborda Duarte; Rui Cascais; Rui Filipe Torres; Sérgio Fonseca; Valério Romão Colunistas António Conceição Júnior; David Chan; João Romão; Jorge Rodrigues Simão; Olavo Rasquinho; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Tânia dos Santos Cartoonista Steph Grafismo Paulo Borges, Rómulo Santos Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo


opinião 19

quarta-feira 15.1.2020

sexanálise

O

lado inocente e puro desta humanidade mostrou-se não ter espaço para o sexo. O sexo é diabólico e veste-se de vermelho, a cor do pecado, e o inferno está cheio de fornicadores que se regozijam com os corpos nus de prazeres incompreensíveis. A dicotomia do bem e do mal - de uma história já muito antiga - reforça a ligação íntima entre o sexo, o oculto e as suas bruxas diabólicas. Mulheres que sabiam demais para o seu próprio bem - da cura, do cuidado e do prazer. Ainda que a bíblia não fale explicitamente sobre a sexualidade, o sexo ainda perpetua uma rigidez estupidamente simples com anos de tradição religiosa. Foram estas as ideias que levaram a queimar mulheres vivas na fogueira. E o sexo alimentou-se da premissa de que há algo de errado em saber mais sobre sexo. As bruxas mantiveram-se, até de forma bem literal. Em tempos em que o sexo já é mais banal e menos demoníaco, o sexo continua a adorar ultrapassar os limites do razoável – dentro e fora de subjectividades. Há, por exemplo, a ‘magia sexual’ que é a arte de utilizar a energia sexual para lançar feitiços durante a lua cheia, ou noutras luas que achem relevantes. A prática passa por ouvir a música que desperta erotismo necessário, acender uma vela, masturbar com o auxílio de um dildo de cristal (ou qualquer outro dildo), lançar um feitiço com o poder do orgasmo e esperar os resultados. As bruxas contemporâneas são versadas nestas práticas e partilham a sua sabedoria pelos canais de informação comuns - para os curiosos que queiram saber mais sobre sexual magic ou magick. Eu diria até que no lado oculto do sexo explora-se bem mais do que a magia. Vejo-o como a plataforma onde se desafia a vergonha e a humilhação do prazer. Os fetiches, e tantas outras fantasias, vivem do oculto, do desconhecido e do incompreensível. Vão além do sexo heterossexual de fazer bebés (a única forma aceitável de fazer sexo, aos olhos de muitos) e encontram-se na criatividade, no inexplorado. Aliás, não é por acaso que os fetiches e as práticas mais kinky fazem uso de apetrechos que poderiam ser de bruxas ou de agentes do mal. O látex preto, o chicote, as botas altas e os corpetes completam a representação do lado ‘negro’. O sexo adora o imaginário do dominador e do dominado, e para muitos, até da vergonha e da humilhação. Estas dinâmicas existem para contestar quem diz que o sexo deve ser assim ou assado, para contestar os mecanismos de opressão do sexo, fazendo uso deles mesmos.

O sexo gosta do oculto THE INFERNO, GIOVANNI DA MODENA, FRESCO, 1410

TÂNIA DOS SANTOS

O sexo que gosta do oculto poderia ser só mais uma confirmação que que é no oculto que ele deve permanecer. Mas a proposta é de que haja reinterpretação de conceitos e práticas. O sexo no oculto e a magia do sexo

é só mais uma desculpa, como tantas outras, para forçarmo-nos a olhar o sexo dentro e fora das nossas relações, das nossas subjectividades e das nossas expectativas. O voyeur e o exibicionista gozam com a possibilidade de fazer o

O sexo é diabólico e veste-se de vermelho, a cor do pecado, e o inferno está cheio de fornicadores que se regozijam com os corpos nus de prazeres incompreensíveis.

que é errado. O senso comum de que o fruto proibido é o mais apetecido é uma explicação limitada, mas ainda importante, para algum dos padrões do sexo – os limites existem para serem quebrados e contestados. O oculto nasce da forma como se vê o passado e a nossa contemporaneidade e do que, deliberadamente ou não, deixámos por explorar e escondido. Os persistentes tabus do sexo são o combustível para a reinvenção e exploração. Se o sexo gosta do oculto, nós também vamos gostar.


“Não é o medo da loucura que nos forçará a largar a bandeira da imaginação.” PALAVRA DO DIA

André Breton

ÓBITO MORREU EUGÉNIO BARREIROS DOS MINI-POP E JÁFUMEGA

O

músico português Eugénio Barreiros, fundador dos Mini-Pop e dos Jáfumega, morreu na segunda-feira aos 60 anos, em casa no Porto, disse à agência Lusa fonte da família. Eugénio Barreiros, nascido no Porto a 5 de Fevereiro de 1959, começou por fazer parte dos Mini-Pop, grupo que formou ainda na pré-adolescência, em finais dos anos 1960, com os irmãos Pedro Barreiros e Mário Barreiros e com um amigo, Abílio Queirós. Na altura, editaram ‘singles’ e um EP, actuaram no festival de Vilar de Mouros em 1971 no participaram no Festival da Canção dois anos depois. Em 1978, o grupo derivou para os Jáfumega, novamente com os três irmãos Barreiros e com os músicos José Nogueira e Álvaro Marques, aos quais se juntou em 1980 o cantor Luís Portugal. Nos Jáfumega foi cantor, teclista, mas sobretudo compositor das canções, recordou à agência Lusa Isabel Dantas, da empresa de agenciamento Chave de Som. Na biografia oficial lê-se que “numa década de grande efervescência para a música feita em Portugal, a banda do Porto conseguiu, no decurso de apenas três álbuns, inscrever o seu nome no cancioneiro nacional, adoptando e fazendo suas influências muito diversas que iam do jazz-rock à pop, ao funk e ao reggae”. Depois de uma pausa em 1984, numa “passagem breve mas intensa pelo pop-rock português”, os Jáfumega retomaram a actividade quase 30 anos depois, em 2013, com concertos nos coliseus do Porto e de Lisboa.

Mesmo aqui ao lado Fábrica petroquímica explode no porto de Gaolan, Zhuhai, a 40 km de Macau

O

NTEM, por volta das 13h40, houve uma explosão de dimensões consideráveis no porto de Gaolan, em Zhuhai, perto do aeroporto, a 40 quilómetros de Macau, de acordo com o China Daily. Para acorrer ao incidente, foram mobilizados 200 bombeiros e 40 veículos, incluindo forças policiais. Todos os moradores das zonas adjacentes foram evacuados sem problemas. O incêndio acabou por ser controlado ao fim de uma hora, não tendo sido derramados produtos químicos com o incidente, segundo informação veiculada pelo China Daily. As autoridades do Interior afastam, para já, consequências ambientais e estão ainda por apurar as causas para a explosão, que não gerou mortos ou feridos. Também os Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) emitiram ontem um comunicado a afastar quaisquer consequências para o território. “De acordo com observações em tempo real e com a previsão meteorológica, nos próximos dois dias o tempo na região continuará sob a influência de uma corrente do quadrante leste. O vento soprará de leste e prevê-se que o fumo do incidente não afecte directamente Macau, uma vez que, o porto de Gaolan está a cerca de 40 quilómetros a sudoeste do território, estando localizado numa latitude abaixo de Macau.” Tanto os SMG como a Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental prometem “estar atentos à evolução da situação”.

centenas de feridos. Também o ano passado, mas em Julho, uma enorme explosão causou 15 mortes numa central de gás no centro do país. Um dos piores acidentes aconteceu em 2015, quando uma explosão numa fábrica de químicos na cidade de Tianjin causou 173 mortes. O incidente foi causado pelas fracas condições de segurança. A.S.S.

SEM MORTOS OU FERIDOS

De acordo com a CCTV, foi também providenciada assistência de bombeiros oriundos de cidades vizinhas como Cantão, Foshan, Jiangmen e Zhongshan. São comuns incidentes deste género na China. A título de exemplo, em Março do ano passado houve uma explosão numa fábrica de produtos químicos em Jiangsu que provocou a morte de 78 pessoas e causou

quarta-feira 15.1.2020

COMÉRCIO JAPÃO, UNIÃO EUROPEIA E EUA REIVINDICAM MUDANÇAS DA CHINA

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EPRESENTANTES da União Europeia (UE), Japão e Estados Unidos estiveram ontem reunidos, em Washington, para discutir as relações comerciais, tendo reivindicado regras mais apertadas para subsídios industriais e contra a transferência forçada de tecnologia, numa clara alusão à China. Num comunicado divulgado por Bruxelas após o encontro – no qual participaram o comissário europeu para o Comércio, Phil Hogan, o representante dos Estados Unidos para esta área, Robert E. Lighthizer, e ainda o ministro do Comércio do Japão, Hiroshi Kajiyama – lê-se que “representantes da UE, dos Estados Unidos e do Japão chegaram hoje a acordo para reforçar as regras existentes em matéria de subsídios industriais e condenaram as práticas de transferência forçada de tecnologia”, nomeadamente no âmbito da Organização Mundial de Comércio (OMC). Sem nunca mencionar a China – que tem sido acusada de atribuir subsídios industriais a companhias chinesas para favorecer a sua posição noutros mercados e de forçar o acesso a determinadas tecnologias no país – o comunicado dá conta do consenso entre estas potências de que as regras existentes na OMC para limitar estas práticas são “insuficientes para as combater”. De acordo com a nota, os três representantes “concluíram, por isso, que os novos tipos de subsídios incondicionalmente proibidos têm de ser acrescentados ao protocolo da OMC sobre este tipo de apoios e medidas compensatórias”.

IRAQUE FILIPINAS ENVIA DOIS BARCOS PARA REPATRIAR 6.000 FILIPINOS

A

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S Filipinas enviaram ontem dois barcos da Marinha para repatriar cerca de 6.000 trabalhadores filipinos no Iraque, face ao risco de um possível conflito armado naquele território entre os EUA e o Irão. O Presidente filipino, Rodrigo Duterte, participou na cerimónia de partida na baía de Manila em direcção ao Golfo Pérsico dos dois navios,

o BRP Davao del Sur, uma doca da plataforma de desembarque que pode transportar até 500 passageiros e o navio-patrulha BRP Ramón Alcaraz. “A sua principal missão, baseada nas orientações do Presidente, é trazer de volta os filipinos afectados pela situação no Médio Oriente”, salientou o chefe da Marinha, o vice-almirante Robert Empedrad, na cerimónia.

O Governo ordenou na semana passada o repatriamento obrigatório de cerca de 6.000 filipinos no Iraque, depois do ataque aéreo dos Estados Unidos na capital iraquiana, Bagdade, que resultou na morte do general iraniano Qassem Soleimani, comandante da força de elite Al-Quds e do Irão lançar mísseis contra bases iraquianas com tropas norte-americanas como retaliação.

Os navios filipinos têm uma tripulação de 130 pessoas cada um, além de 100 membros de elite da Marinha e equipamentos médicos a bordo. Segundo Robert Empedrad, a “única instrução” do contingente é “a segurança da tripulação”, pelo que ainda não foi definido o local exacto onde os navios atracarão no Golfo Pérsico, onde podem levar a chegar

entre 16 e 22 dias. Empedrad explicou que o Departamento dos Negócios Estrangeiros ainda está a tratar dos trâmites para obter autorização diplomática. Três aviões da Força Aérea das Filipinas estão prontos para voar para o Médio Oriente, quando receberem o sinal, para transportar, via aérea, os filipinos no Iraque até ao respectivo porto.


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