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Agência Comercial Pico • 28721006
hojemacau Mop$10
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Director carlos morais josé • sexta-feira 18 de março de 2011 • ANO X • Nº 2332
tempo muito nublado min 14 max 17 humidade 75-95% • câmbios euro 11.3 baht 0.26 yuan 1.23
Paul Chan Wai Chi
macau vai desaparecer
opinião
• página 22
José Pereira Coutinho
melhor no futuro • página 23
Consulado de Portugal
almoço mais produtivo • Página 8
Filas, confusão e jogo do empurra para comprar sal no território
Salgar a vida para travar radioactividade É necessário consumir cinco quilos de sal por dia para que o iodo possa ter algum efeito na prevenção da radioactividade. Nem esse alerta médico impediu que milhares de residentes de Macau corressem ontem aos supermercados para esgotar os estoques de sal, molho de soja e caldo de galinha. Até o açúcar desapareceu na onda de pânico. > Páginas 6 e 7 pub
AL teve ontem um dia animado
muitas perguntas, as mesmas respostas • Páginas 4 e 5
Cantar o fado nas cordas de um violino A polaca Natalia Juskiewicz deixou-se levar pela alma do fado e deu-lhe um novo registo ao interprertar o estilo de Portugal nas cordas do seu violino. Em entrevista ao Hoje Macau, a violinista fala de como entender a emoção universal que o fado transmite. > Páginas 18 e 19
sexta-feira 18.3.2011 www.hojemacau.com.mo
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sismo no japão
Canhões de água substituem helicópteros no arrefecimento dos reactores
Níveis de radioactividade estão a aumentar
J
Depois de dois helicópteros terem feito quatro lançamentos de água do mar sobre os reactores 3 e 4, a missão de arrefecer as piscinas de combustível usado está agora a cargo de seis camiões de combate a incêndios com canhões de água. Segundo as primeiras informações, os níveis de radioactividade estão a aumentar.
á era noite em Fukushima mas as operações para tentar arrefecer os reactores continuavam. Seis camiões-cisterna das Forças de Autodefesa (as Forças Armadas do Japão) usados no combate a incêndios estavam a lançar água sobre os reactores, avança a agência de notícias japonesa Kyodo. Pouco antes, um camião da polícia nacional, com um canhão de água, ainda tentou arrefecer o reactor 3 mas a operação não teve sucesso, informou a estação de televisão NHK. Os jactos de água, com alta pressão, não conseguiram atingir o reactor por que os agentes da polícia não puderam aproximar-se o suficiente, devido à radiação elevada. Por isso, a equipa policial foi retirada para uma zona de segurança. Segundo explica a AFP, ao contrário do que acontece com os camiões da polícia, os camiões das Forças de Autodefesa podem lançar água sobre o alvo pretendido sem que os soldados tenham de sair do veículo. Ao mesmo tempo, os engenheiros trabalham contra-relógio para tentar restaurar a electricidade na central nuclear, para que o sistema
A
tragédia que se abateu sobre o Japão, primeiro com um sismo e dois tsunamis, e agora com uma crescente crise nuclear, pode sair cara à economia japonesa. Os economistas ouvidos pela Reuters, que fizeram as contas aos estragos nos edifícios, produção e consumo, estimam um impacto de 15.800 milhões de patacas ( para a terceira maior economia do mundo (ultrapassada pela China na segunda metade de 2010), mas o impacto geral continua incerto. A tragédia penalizará fortemente a produção nos próximos meses, resultando numa contracção da economia no segundo trimestre, mas espera-se uma forte
tiveram sucesso. “Analisaremos com atenção a evolução dos acontecimentos”, indicou apenas o portavoz do Governo, Yukio Edano. Ontem, o Instituto francês de segurança nuclear (IRSN) considerou que as próximas 48 horas serão cruciais.
Níveis de radiação aumentaram
de arrefecimento de Fukushima 1 - parado desde sexta-feira - possa recomeçar a funcionar. Na manhã de ontem, dois helicópteros CH-47 lançaram toneladas de água do mar sobre os reactores 3 e 4, depois de um outro helicóptero ter medido os níveis de radiação na atmosfera. Um helicóptero não tinha conseguido
lançar água sobre o reactor 3, devido aos níveis de radioactividade sobre a central. Os sistemas de arrefecimento de ambos os reactores não estão a funcionar, temendo-se que possa ser lançado material radioactivo em grandes quantidades para a atmosfera. As autoridades ainda não conseguiram saber se as operações
O nível de radiação aumentou no exterior do complexo da central de Fukushima 1 depois de os camiõescisterna das Forças de Autodefesa terem começado a lançar água sobre o reactor 3, informou a empresa Tokyo Electric Power (Tepco), em comunicado. “Medimos os materiais radioactivos no perímetro da área da central nuclear, no exterior, e confirmámos que os níveis de radioactividade desses materiais está a aumentar mais do que o normal”, escreve a empresa. O nível de radiação na central aumentou de 3,700 para 4,000 microsievert por hora. Dentro do edifício à prova de sismo onde se encontram os funcionários da central pode ter subido para os 3,000 microsievert por hora. Por comparação pode-se dizer que 1,000
microsievert, ou 1 milisievert, é o nível de radiação a que as pessoas podem ser expostas, em segurança, num ano. Segundo as Forças de Autodefesa, os dez agentes que seguiram nos helicópteros que lançaram a água sobre os reactores não sofreram problemas de saúde, com menos de 60 milisievert de radiação depois da descontaminação. Numa missão de emergência podem ser expostos a 100 milisievert. Segundo a AFP, dez mil pessoas da província de Fukushima serão submetidas a testes de radioactividade, por precaução, em 26 centros. A crise nuclear no Japão é seguida com ansiedade pelos sobreviventes do sismo e tsunami que abalaram a região Nordeste do país na sexta-feira. De momento, a polícia já confirmou a morte de 5198 pessoas. As operações de resgate tentam encontrar 9429. Além dos riscos de contaminação por radioactividade, os problemas na central de Fukushima significam a falta de electricidade. Esta manhã, o Governo alertou que a procura já quase igualava a oferta.
Economistas fazem conta pós-sismo
Tragédia pode custar 15 mil milhões recuperação na segunda metade do ano, com o investimento na reconstrução a ajudar a essa retoma. Os economistas avisam que o impacto da catástrofe pode ser mais negativo e prolongado no tempo se as falhas no abastecimento de energia forem significativas em vez de passageiras. “O impacto económico da tragédia será elevado”, disseram os economistas do JP Morgan, acrescentando que “houve perda significativa de recursos económicos
e a actividade económica será travada por danos nas infra-estruturas nas semanas ou meses que se seguirão”. O Barclays Capital estima que os eventos de segunda-feira custarão cerca de 3% do Produto Interno Bruto (PIB) do país.
Bolsa em montanha-russa
A bolsa japonesa registou a maior queda desde 1987, tendo perdido 626 mil milhões de dólares nas duas primeiras sessões da sema-
na, ainda que ontem tenha recuperado 5,7%. Os operadores de mercado estão atentos aos desenvolvimentos na central nuclear de Fukushima e a sinais de que as empresas e seguradoras japonesas possam vender activos de dimensão considerável para repatriarem capital e assim cobrir os custos da crise nuclear, do sismo e dos tsunamis. Se isso acontecer, os analistas apontam as obrigações de yields mais elevadas e os títulos de dívida dos EUA
como os activos mais vulneráveis e temem os efeitos colaterais potencialmente perigosos, como uma subida do iene. A moeda japonesa atingiu um máximo histórico face ao dólar depois do terramoto de Kobe em 1995, à medida que as empresas japonesas traziam o seu capital de volta a casa. Agora, o dólar já caiu 3% face ao iene e está próximo do mínimo atingido após o episódio de Kobe. A subida da divisa pode ter um impacto grave nos
fabricantes de automóveis como a Toyota, Nissan ou a Honda, que produzem entre 22 e 38% dos seus carros no país.
Fukushima decisiva
O economista chefe do HSBC, Stephen King, diz que ainda é cedo para calcular o custo da tragédia, uma vez que a sua dimensão ainda não esta apurada. A área afectada pelo tsunami é responsável por apenas 4,1% do PIB nipónico, o que permite calcular que os efeitos de primeira ronda serão limitados. Nesta altura, é o risco de um acidente nuclear na central de Fukushima que pode ditar um cenário mais negro.
Não mais se poderá tolerar que os mesmos de sempre continuem a manipular em seu benefício próprio e saiam beneficiados no âmbito deste acordo. Mais do que nunca, exige-se rigor, promoção da concorrência leal e total transparência no acesso a esta plataforma de cooperação. José Pereira Coutinho, P. 23
Em Tóquio, onde a terra voltou a tremer, vive-se como se fosse domingo. Como se fosse todos os dias domingo. À superfície, a cidade está calma. Mas “as pessoas estão com medo”
O
pior é não saber a verdade, dizem os habitantes de Tóquio que, uma semana depois do sismo e do maremoto que criaram uma emergência nuclear, não têm dados suficientes para tomar decisões. Ainda ontem o ministro do Comércio, Banri Kaieda, anunciou que deveria ocorrer um grande apagão no país e sobretudo em Tóquio. Horas depois, um porta-voz do Governo vinha desmentir e desdramatizar: são poucas as probabilidades de tal apagão acontecer. Perante as incertezas, os que podem continuam a sair do país. As agências noticiosas dão conta de filas no centro de passaportes da
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uando o telefone tocou nos escritórios da Tepco (Tokyo Electric Power Company), no dia 4 de Julho de 2000, os dirigentes da empresa nem imaginavam o que estava para acontecer. Do outro lado da linha, um responsável do então Ministério do Comércio Internacional e Indústria do Japão solicitava informações sobre problemas encontrados numa inspecção de rotina ao reactor 1 da central de Fukushima-Daiichi, a mesma que agora está no centro da crise nuclear do Japão. O pedido foi formalizado por carta cinco meses depois, em Dezembro. E, nessa altura, o Governo queria que a Tepco verificasse também denúncias de irregularidades feitas por um técnico da General Electric (GE). Tanto a Tepco como o Governo iniciaram inquéritos. No final de Agosto de 2002, a agência japonesa de segurança nuclear concluiu que, desde os anos 1980, havia uma prática sistemática de ocultar problemas detecta-
Crise de nervos em Tóquio perante a incerteza
Uma calma cínica cidade. “Subitamente começámos a ter mais pedidos, 1,5 vezes mais do que o habitual”, disse à Reuters um funcionário, Shigeaki Ohashi. E há quem chegue ao aeroporto sem reserva ou destino escolhido, optando pelo que houver para se afastar da cidade e do país até estar resolvida a crise nuclear nas centrais danificadas pela catástrofe natural – sobretudo Fukushima –, que fizeram subir os níveis de radiação na capital japonesa até três vezes mais do que o considerado normal.
Medo
Um português acabado de chegar a Osaka ido de Tóquio, que fez chegar o seu depoimento ao jornal Público, confirma os cortes de luz na capital do Japão e que as ruas estão vazias. “As pessoas estão com medo. Os estrangeiros estão apavorados e a tentar sair de Tóquio, muitos deles em direcção a Osaka”. França e Reino Unidos anunciaram um plano de voos
para retirar os seus cidadãos e os Estados Unidos aconselharam os seus a sair do país. Apesar do desmentido do Governo, os apagões já acontecem. A capacidade da companhia de electricidade foi seriamente afectado com os danos nas centrais nucleares, explicou o ministro Banri Kaieda e ainda há 850 mil de habitações sem electricidade e um milhão e meio não tem água potável. A população, incitada a
poupar o mais que puder, está perante um dilema: as temperaturas estão a descer abaixo de zero. Como medida preventiva, as luzes públicas foram apagadas, transformando a paisagem de Tóquio, que está irreconhecível sem os seus néons. E a energia está a ser racionada, com interrupções de fornecimento rotativas nas províncias que compõem a cidade de 36 milhões de habitantes – a cidade esvaziou, em relação à movimenta-
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3 ção habitual constante de milhares de pessoas, pois muitas famílias optam por abastecer-se do máximo de alimentos e ficar em casa; as empresas também permitiram que parte dos seus funcionários trabalhem a partir de casa. O número de comboios foi reduzido. Muitas escolas foram fechadas e muitas lojas encerraram por estarem sem produtos para vender. Porém, ainda se verifica normalidade, como mostra um vídeo realizado por um espanhol que se identificou nas redes sociais como Marc e que partiu de Tóquio para Osaka por insistência da família. Diz ele que está tudo “normal” e Tóquio e o vídeo mostra uma mercearia com frutas e vegetais à venda, um homem que passa de bicicleta, crianças a caminho de uma escola em funcionamento, uma mulher a passear um cão. Marc mostra ainda a estação de comboios onde compra um bilhete sem filas e viaja num comboio que tem muitos lugares vazios. Pelo caminho, lê a revista que comprou no quiosque da estação e liga o computador. “É como se fosse domingo”, como disse o taxista Kazushi Arisawa, de 62 anos. Um domingo permanente numa cidade onde, ontem, a terra voltou a tremer e os nervos aumentam.
Vários casos de falsificação de documentos da central de Fukushima
Escândalos e dúvidas dos nas inspecções à central de Fukushima - incluindo fissuras nas estruturas dos reactores. Os problemas, segundo o Governo, não punham directamente em causa a segurança da central. Mas a falsificação dos documentos e a ocultação de dados eram suficientemente graves. A Tepco admitiu tudo e desculpou-se publicamente, apenas para descobrir, um mês mais tarde, mais oito casos de omissão de infor-
mação sobre problemas nos tubos de circulação primária da central de Fukushima. Os efeitos para a Tepco foram arrasadores. Dias depois da divulgação do resultado do inquérito, a empresa anunciou a demissão dos seus dirigentes de topo, incluindo o seu chairman e o seu presidente. Outros 35 directores, superintendentes e técnicos foram afastados dos seus cargos ou sofreram cortes nos salários.
Todos os 17 reactores nucleares da Tepco - não apenas os seis de Fukushima-Daiichi - foram encerrados para inspecções de segurança, que se estenderam até Abril de 2003. Cerca de 3000 residentes à volta de Fukushima processaram a empresa, por ter mentido. Os problemas da Tepco não ficaram por aí. Em 2006, a empresa encontrou dados falsificados sobre a temperatura da água de refrigeração de Fukushima-Daiichi em 1985 e 1988. E em 2007, um sismo de magnitude 6,8 provocou um incêndio noutra central nuclear - Kashiwazaki Kariwa, a maior do mundo. Embora o acidente não tenha tido grandes consequências, o Governo admitiu que não tinha avaliado bem o risco sísmico antes da aprovar a construção da central, confiando em dados da própria Tepco,
de 1970 - segundo a agência noticiosa Bloomberg.
Tecnologia em causa
As explosões e as fugas radioactivas de agora em Fukushima são mais um episódio a somar no histórico da Tepco - uma das maiores empresas mundiais do sector eléctrico. A causa foi externa e brutal: um sismo de magnitude 9,0 e um avassalador tsunami. Mas a própria tecnologia utilizada nos reactores de Fukushima é agora colocada em xeque. Os reactores da central foram construídos pela GE, que os desenvolveu na década de 1960. Documentos citados ontem pelo New York Times reveleam que, nas décadas de 1970 e 1980, membros da agência regulatória da energia atómica nos Estados Unidos manifestaram preocupação
quanto ao equipamento da GE, alegando maior risco de provocar explosões em caso de sobreaquecimento do combustível nuclear. Um porta-voz da GE citado pelo New York Times disse que a tecnologia tem “um registo de mais de 40 anos de segurança e fiabilidade”. Independentemente da sua responsabilidade, a Tepco já está a enfrentar os efeitos dos problemas agora verificados em Fukushima. Em dois dias, as acções da empresa caíram 42%. A empresa não está livre de pagar indemnizações pelos efeitos do acidente. E o próprio primeiro-ministro japonês, Naoto Kan, está furioso por não ter sido informado, durante uma hora, do que se passava na central, depois da explosão hoje do reactor 2. Inaugurados entre 1970 e 1979, os reactores de Fukushima estão entre as 174 unidades atómicas com mais de 30 anos que existem no mundo. Muitas empresas querem prolongar a vida útil das suas centrais. Neste caso, é o ponto final.
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Ilegais da Galaxy e Recursos Humanos discutidos em plenário
Joana Freitas
O
joana.freitas@hojemacau.com.mo
s deputados questionaram ontem o Governo sobre a existência de trabalhadores ilegais no Galaxy Macau, no Cotai. Para os membros da Assembleia Legislativa (AL), o facto de ser permitida a importação de mão-de-obra estrangeira faz diminuir as vagas para os trabalhadores do território. O Governo diz ter sido “autorizada” a contratação de 2000 trabalhadores não residentes, desde que estejam “4000 locais” a trabalhar no resort antes. A Adminis-
política Uma carga de trabalhos
tração assegura que, no caso de incumprimento destes requisitos, é cancelada essa permissão. A Lei da RAEM permite que na falta de trabalhadores suficientes para preencher as vagas nas empresas sejam contratados funcionários de fora. No entanto, e de acordo com notícias da imprensa local, existem mais dos que os 2000
trabalhadores não residentes nos estaleiros do Galaxy. Paul Chan Wai Chi perguntou directamente aos representantes do Governo se poderia “ser assegurado que o novo resort tivesse de facto procedido ao recrutamento de 4000 trabalhadores locais”, número que permite a quota de 2000 trabalhadores de fora.
Os deputados pretendem que a Administração garanta o princípio de que a importação de mão-de-obra seja somente para colmatar a insuficiência local e Ng Kuok Cheong afirma que “o Governo tem de intervir no processo de recrutamento do Galaxy para salvaguardar os locais.” Lam Heong Sam, por
sua vez, questionou o Governo sobre qual “o acompanhamento dado no pósautorização de mão-de-obra importada” e pede dados estatísticos da contratação dos trabalhadores do novo resort do Cotai, dados que, segundo a Administração, não podem ser ainda fornecidos. Os representantes do Governo admitem a existên-
O
processo das interpelações foi outro dos temas que liderou a sessão plenária de ontem. De acordo com a Lei Básica, os deputados à Assembleia Legislativa (AL) têm direito a fazer interpelações sobre as acções do Governo, tendo este, definidos por lei, 30 dias para responder às questões dos deputados. A razão do desagrado dos membros da AL prende-se com o facto de as interpelações não serem respondidas atempada ou totalmente, sem aparente justificação, e por não existir entidade fiscalizadora para punir as demoras. Os deputados acusam ainda a Administração de “evitar responder às questões” e “divagarem por assuntos alheios aos temas às perguntas formuladas.” José Pereira Coutinho, deputado e presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM), relembrou a promessa de Florinda Chan, secretária para a Administração e Justiça, nas LAG para 2010, onde a responsável disse que iria ser intensificada a coordenação da elaboração das respostas para que estas fossem feitas de forma mais rápida e séria. Pereira Coutinho pega ainda na Lei Básica para referir a impossibilidade de repetir as mesmas questões “quando estas forem respondidas”, salientando, contudo, a quinta interpelação que enviou ao Governo exactamente com a mesma temática. Em resposta às críticas dos deputados, José Chu, director dos Serviços de Administração da Função Pública (SAFP), salienta o aumento não só no número de interpelações como também no seu grau de complexidade, “desde o
Deputados questionam funcionamento das interpelações
Quando não há tempo oportuno estabelecimento da RAEM”, para justificar a falta de tempo oportuno em responder às questões. O director fala em 51 interpelações entregues em 2000, para as 491 dez anos depois. Este ano, até Março, já foram entregues 91 interpelações. O Governo afirma, por isso, a necessidade de conhecer, estudar e analisar a melhor forma de tratar a matéria referida nas interpelações. O prazo de 30 dias, estipulado por lei, “não é suficiente”, alega a Administração, já que “para que as respostas sejam dadas o Governo têm de ser estudadas com prudência”. José Chu salienta ainda que “mesmo fora do prazo,
a maioria das interpelações foi respondida.” Mak Soi Kun, deputado, aceita que haja dificuldade, mas diz não compreender o porquê de não existir um diálogo transparente e chega mesmo a acusar o Governo de estar a mentir no que diz respeito à percentagem de respostas dadas atempadamente. “Porque é que não diz a verdade? Fala em 84,2% de taxa de resposta, quando a realidade é de 13,33%, porque não confessa que não consegue fazer cumprir a lei?”, indaga o deputado, acrescentando que se existe a necessidade de recrutar mais funcionários, se deverá fazê-lo.
O deputado diz ainda que “quando os residentes querem resolver problemas não conseguem”, o que impede que haja confiança em quem governa o território. “Os deputados servem como elo de ligação entre a população e Governo, nós também assumimos compromissos”, salienta Mak Soi Kun. Contudo, segundo o Governo, “pela atitude empenhada e séria” que tem sido colocada pela Administração, tem “havido um aumento nas respostas dadas”. Da parte do Governo, as respostas mantêm-se as mesmas, e focam-se nas medidas tomadas em Abril
cia de eventuais contratações fraudulentas mas acreditam que “não são muitos os casos dada a honestidade dos trabalhadores.” Os trabalhadores nãoresidentes têm um período experimental de três meses, “muito curto” na opinião dos deputados, antes de serem admitidos ou despedidos. Os membros da AL
do ano passado para “envidar esforços” no cumprimento desta obrigação. “Foram tomadas medidas para melhorar estes incumprimentos, como por exemplo, a instalação de uma base de dados destinada a fornecer as respostas às questões colocadas e aumento de funcionários”, explica José Chu. O director dos SAFP afirma que as regulamentações neste sentido vão continuar a “sofrer melhorias.” Para o deputado Ng Kuok Cheong, outro problema reside na “má qualidade das respostas”, que devem ser dadas tendo em conta a hierarquia e que “quando provêm de subunidades, sem nível [qualitativo] das respostas”. Paul Chan Wai Chi e Pereira Coutinho acusam a Administração de “dar sempre as mesmas respostas”, que “nem são respostas”, salientam. Os deputados consideram que as interpelações são claras e que não necessitam de tanta demora nas respostas. “Não acredito que sejam tão complexas que demorem mais de dois e três anos”, considera Paul Chan Wai Chi. De acordo com dados mencionados pelo deputado, três interpelações de deputados, entregues em 2007, foram só respondidas em Dezembro de 2010. Os legisladores querem que sejam exigidas responsabilidades disciplinares aos Serviços Públicos responsáveis por responderem às interpelações. Pereira Coutinho ironizou ainda a questão da viagem a Pequim de Florinda Chan. “Eu pergunto à senhora secretária [de Administração e Justiça] se é mais importante acompanhar o Chefe do Executivo a Pequim do que responder às perguntas dos deputados.” - J.F.
Dalai Lama rejeita renunciar à decisão de abandonar política
O Dalai Lama rejeitou ontem os apelos do parlamento tibetano no exílio para que reconsidere a decisão de abandonar a função de líder político dos tibetanos exilados. Questionado sobre uma eventual mudança de posição, o prémio Nobel da Paz declarou num encontro com jornalistas: “Não [vou reconsiderar a minha decisão]. Pensei durante vários anos (...), a minha decisão é, a longo prazo, a melhor”. O Dalai Lama, anunciou na semana passada a intenção de renunciar ao papel político de chefe do movimento dos tibetanos no exílio e transmitir as suas responsabilidades oficiais a um novo primeiro-ministro. Para validar a decisão é necessário aprovar uma alteração à Constituição mas, na terça-feira, a maioria da assembleia votou contra, por considerar que a sua luta ficaria fragilizada.
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querem ver garantidos os direitos dos locais e interpelaram a Administração sobre um possível agravamento das penas para a contratação fraudulenta. Paul Chan Wai Chi disse ainda ser “lamentável” que “mesmo com o desenvolvimento económico permitido pelo jogo se deixe o problema do desemprego por resolver”. A taxa de desemprego situa-se nos 2,7%, com o número de desemprego dos trabalhadores locais localizado a uma taxa de 3,3%.
Recursos humanos estudam-se
Depois da criação do Gabinete dos Recursos Humanos, em 2007, os deputados pedem agora a construção de uma base de dados completa sobre os recursos humanos de Macau, de acordo com a situação demográfica do território, ou seja incluindo os trabalhadores não residentes. pub
Os representantes do Governo disseram ter procedido já à instalação de um novo sistema informático, a funcionar em meados do ano, que vai providenciar “mais dados, verificar quais as vagas com locais preen-
chidas e saber também se os dados correspondem à realidade.” Ainda de acordo com a lei de contratação de não residentes, o Gabinete diz que vai avaliar os pedidos de autorização e “colaborar
com a Direcção para os Assuntos Laborais (DSAL) para verificar o número de trabalhadores existentes, necessários e os níveis de salário.” AAdministração assegura que haverá uma “fiscaliza-
ção rigorosa”, com os casos ilegais a serem reportados aos órgãos judiciais. Segundo um artigo publicado ontem pelo Hoje Macau, uma feira de emprego realizada na Universidade de Ciência e Tecnologia
de Macau (MUST) indicou mais de 3700 vagas na industria de jogo no ano passado. Estudos apresentados no evento indicam estagnação no mercado de trabalho e escassez de recursos humanos.
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6 Kahon Chan Virginia Leung
kahon.chan@hojemacau.com.mo virginia.leung@hojemacau.com.mo
O
s grossistas e retalhistas em Macau, China e Hong Kong fizeram a festa ontem quando milhares de donas de casa invadiram as lojas numa busca desesperada por sal ou qualquer outro tempero salgado. Oportunidade para os comerciantes acrescentarem mais um zero ao preço normal dos produtos. Como as principais fontes de bens de consumo e componentes electrónicos no Japão foram detidas pelo terramoto e pelos subsequentes cortes de energia, os retalhistas estão preocupados com uma possível escalada de preços e escassez nos próximos meses. O sal tornou-se um bem escasso num país que produz dez vezes mais sal do que o que consome nos últimos dias quando as pessoas se convenceram de que o sal iodado podia ser uma espécie de antídoto para a exposição às radiações, enquanto outras foram informadas de que as reservas de sal podiam ser contaminadas por material radioactivo na fonte. Centenas de donas de casa e reformados fizeram fila em frente a um comerciante de sal em Macau e, quando o dono da loja tentou fechar o portão na cara de alguns furafilas, os idosos e mulheres forçaram a entrada na loja empurrando o portão. O dono do estabelecimento mostrou-se frustrado e impotente perante a multidão descontrolada. “Nós chineses somos piores do que os japoneses. Não houve desordem no Japão, onde eles realmente sofreram, mas um rumor basta para pôr-vos a fazer isto”, protestou, desconsolado. Muitas donas de casa em Macau e Hong Kong entrevistadas pelos canais de televisão admitiram que estavam apenas a seguir o que viam as outras fazerem. Um homem disse que temia que o sal pudesse estar contaminado no futuro, enquanto uma idosa apareceu estarrecida: “Como vou cozinhar sem sal?” Uma dona de casa ouvida ontem pelo Hoje Macau disse ter saído de casa a correr para ir ao supermercado depois de ter ouvido notícias de que o sal estava esgotado. Mas nem sabia muito bem o porquê. “Soube que toda a gente está a comprar. Decidi fazer o mesmo.” Ainda assim, conseguiu garantir cinco quilos logo ao início da tarde. Supermercados e mercearias em geral viram o sal e molho de soja esgotarem das suas prateleiras e estoques ontem à tarde e, enquanto
sociedade Mentalidade de rebanho gera produtos a desaparecer das prateleiras
Sal vê-se quem puder
os preços não foram aumentados nas grandes redes de supermercados, nas mercearias dispararam perante a procura desenfreada para até dez vezes o preço normal. Numa mercearia, embalagens de 500 gramas de sal desapareceram em uma hora, enquanto um supermercado Park’n’Shop na Areia Preta declarou num anúncio que só iria recorrer ao novo estoque no sábado. Estranhamente, também os estoques de açúcar nos supermercados do território começaram a esgotar no início da noite de ontem. O arroz também tem sido bastante procurado – a população teme não poder sair a rua a médio prazo devido a uma possível nuvem radioactiva e está a preparar-se para dias de isolamento.
A semente do pânico
Mas de onde surgiu o mito? O iodo é utilizado em profissionais de alto risco em zonas contaminadas: consumido oralmente, minimiza a
absorção de isótopos radioactivos de iodo. Ou seja, a alta concentração de “iodo bom” na glândula tiróide diminui as hipóteses de absorção do “iodo mau”. Daí a alguém se lembrar que o sal iodado podia ser considerado uma fonte alternativa, foi um instante. Mas o subsecretário para a alimentação e saúde de Hong Kong e ex-assessor da Organização Mundial de Saúde (OMS) para a saúde pública, Gabriel M. Leung, esclareceu que o sal disponível no mercado em Hong Kong não era iodado e que, mesmo que o fosse, uma pessoa teria de consumir mais de cinco quilos de sal de uma só vez para uma dose equivalente à contida em cada comprimido de iodo. O Governo chinês solicitou um inquérito a possíveis comportamentos especulativos no fornecimento de sal, enquanto dos Governos de Macau e Hong Kong desmentiram rumores para assegurarem às pessoas que as
reservas de sal iriam continuar abundantes. Especialistas médicos apelaram ao público para que apenas consumisse comprimidos de iodo quando a ameaça fosse iminente, uma vez que estes têm efeitos colaterais.
Escassez
Preocupações mais realistas quanto a uma escassez de produtos na sequência do terramoto no Japão foi a manifestada pela indústria electrónica. Quase 60% das “bolachas” de cristal de silício, um componente-chave de chips semicondutores essencial nos computadores pessoais, são fabricados no Japão pela Shinetsu e SUMCO, e a principal fábrica da Shinetsu em Fukushima não deverá retomar as operações num futuro próximo, embora esteja a tentar aumentar a produção noutros lugares para compensar o défice. A Reuters avançou com uma actualização sobre a situação nos
principais fabricantes electrónicos do Japão: a Sony manteve fechadas sete fábricas que produzem discos blu-ray e baterias de lítio; a Nikon anunciou que a saída de câmaras fotográficas dificilmente seria afectada, uma vez que a montagem é toda feita na Tailândia; a Toshiba prevê passar um mês a reparar os estragos numa fábrica de pequenos ecrãs de cristais líquidos para “smartphones”; enquanto a Canon espera reabrir hoje uma fábrica importante em Oita com dificuldades para garantir o fornecimento de peças. Mesmo as empresas menos azaradas como a Panasonic, que afirmou que nenhuma das suas instalações no Norte do Japão ficou seriamente danificada, admitem que os danos nas infra-estruturas irão abrandar o retomar das operações. A Fujitsu referiu que os cortes rotativos planeados na electricidade têm afectado a sua produção na região de Kanto.
Macau desaconselha viagens para o Japão
O Gabinete de Gestão de Crises do Turismo de Macau desaconselhou as viagens para o Japão. De acordo com um comunicado oficial, foram activados os números de emergência do turismo no Japão, mantendo-se ainda os números de telefone de apoio em Macau. Os dados disponíveis indicam que cerca de 80 turistas de Macau continuam em terras japonesas e de acordo com as informações obtidas encontram-se bem e fora da zona de influência directa das radiações emitidas pela central de Fukushima. O alerta das autoridades de Macau segue-se a outro emitido pelo Governo de Hong Kong, que terá na sexta-feira cerca de 10 autocarros junto a uma unidade hoteleira da capital nipónica para transportar turistas da antiga colónia britânica para o aeroporto de Narita e, daí, para Hong Kong através de um voo da Cathay Pacific.
Kahon Chan
kahon.chan@hojemacau.com.mo
O
Governo de Macau avançou ontem para testes voluntários de partículas radioactivas em passageiros no Aeroporto de Macau e não o fez à toa. Mais de 110 passageiros acabados de chegar de Tóquio quiseram fazer as análises, mas até ao momento em nenhum o alerta soou. No entanto, em Taiwan o cenário é outro: 32 pessoas chegaram do Japão à ilha contaminadas. Ainda antes do avião aterrar em Macau, os comissários de bordo avisam os passageiros do dispositivo armado no aeroporto para aqueles que, voluntariamente, gostassem de tirar a limpo a radioactividade. Um passageiro da província chinesa de Jiangsu disse, à rádio chinesa, que assim que o aviso foi dado no avião, uma série de viajantes decidiu fazer imediatamente o teste como uma forma de salvaguardar a sua saúde. Uma mulher, de apelido Chan, decidiu regressar ao território depois de uma década em Yokohama e descreveu o pânico instalado em terras nipónicas: os estrangeiros pub
Taiwan regista 32 pessoas com elevado índice de radioactividade
Passageiros radioactivos estão apavorados com a hipótese da radioactividade. Hong Kong avançou ontem também para os testes voluntários no aeroporto. Até ao final da tarde de ontem, 324 pessoas passaram pelos detectores, sem que nenhuma tivesse níveis de partículas radioactivas acima do normal na roupa ou na pele. O Governo da região vizinha formalizou o seu pedido para que os residentes deixem o Japão com a maior brevidade possível, até que a calma volte por lá a reinar. Com mais voos do Japão do que as duas regiões administrativas chinesas, Taiwan está a obrigar todos os passageiros a passarem pelos testes á chegada nos seus aeroportos. Até ao fecho desta edição, 32 pessoas acusaram excesso de radioactividade. As calças de ganga de um estudante, por exemplo, tinham quatro vezes o nível normal. O jovem passou a maior parte do seu tempo em Chiba
– uma cidade costeira mais próxima ao aeroporto de Narita do que o de Tóquio e fora da zona isolada pelas autoridades japonesas. Esse é, claramente, um indicativo de que a radioactividade anda à solta pelo arquipélago nipónico. O dobro do nível foi também detectado num engenheiro que estava a mais de 70 quilómetros da central nuclear de Fukushima, mas que passou os últimos seis dias a tentar chegar a Tóquio.
Com as últimas notícias de Taiwan, um especialista em energia nuclear da Universidade da Cidade de Hong Kong recomendou às autoridades de Macau e de Hong Kong que tornem os testes obrigatórios o quanto antes.
Reforço
O Chefe do Executivo, Chui Sai On, determinou ontem que todos os serviços da Administração “têm de envidar os maiores esforços” para
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7 garantir a segurança da população perante a crise nuclear que afecta o Japão. Numa reunião com diversos responsáveis de serviços públicos, Chui Sai On ordenou também que seja activada de imediato a zona de rastreio do Aeroporto Internacional de Macau por equipas do Corpo de Bombeiros e dos Serviços de Saúde. Por outro lado, o líder do Governo garantiu que os serviços tudo farão para que “sejam desenvolvidos os trabalhos necessários de salvaguarda da saúde pública e divulgação de informações com total transparência, apelando à calma da população e que se mantenha atenta às notícias oficiais”. Em nota oficial, o Governo defende que o “incidente nuclear ainda não teve influências directas em Macau, mas estima-se que a situação poderá prolongar-se por algum tempo”. O Governo alerta ainda a população que “toda a informação será divulgada com a maior transparência e atempadamente para evitar ou pôr fim a falsos alarmes” e rumores que vão correndo na cidade.
Acções de promoção sobre trabalho na calha
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A Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) vai organizar no próximo dia 28 de Março uma sessão de esclarecimento sobre os Direitos e Deveres das Relações de Trabalho. Após a vigência da Lei das Relações de Trabalho e da Lei da Contratação de Trabalhadores Não Residentes, a DSAL, com o intuito de divulgar estas leis junto do público, tem vindo a organizar uma série de acções de promoção direccionadas às empresas, aos diversos sectores sociais e aos cidadãos com vista a passarem a compreender os direitos e deveres inerentes às relações de trabalho, daí consciencializando-os no cumprimento da lei, elevando o nível cívico e a sensibilização dos mesmos.
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sociedade
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Conselho das Comunidades Portuguesas faz “balanço positivo” das actividades
Cinco meses depois do previsto o plenário do Conselho das Comunidades Portuguesas reúne no final do mês em Lisboa. Macau leva notas positivas, mas algumas arestas por limar
Filipa Queiroz
Caminho pela lusofonia quase percorrido
Joana Freitas
F
joana.freitas@hojemacau.com.mo
ernando Gomes está quase de malas aviadas para participar no plenário do Conselho das Comunidades Portuguesas em Lisboa, nos dias 29, 30 e 31 deste mês. Com ele irá também Armando Jesus, conselheiro do organismo, que apresentou ontem, juntamente com José Pereira Coutinho, o balanço da actividade daquele gabinete. Referindo-se maioritariamente ao trabalho do
Consulado Geral de Portugal em Macau, Pereira Coutinho disse que aquele tem sido positivo mas que ainda há espaço para melhoras, nomeadamente no que toca à obtenção do cartão do cidadão e passaporte que “demoram muito tempo a chegar”, e ainda as certidões de nascimento. “Há pessoas que desistem de ter passaporte português e ficam apenas com o da RAEM porque é mais fácil e simples a sua aquisição. Esperamos que
Gonçalo Lobo Pinheiro glp@hojemacau.com
A
Associação Ecológica de Macau (AEM) convidou 19 entidades para comporem o seu pavilhão Vida Verde na 4.ª Edição do “Fórum e Exposição Internacional de Cooperação Ambiental 2011 (MIECF, na sigla inglesa). Ho Wai Tim, presidente da AEM, disse ontem que estão confirmadas as presenças de quatro empresas e uma associação da RAEM, sete empresas e uma instituição terciária de Hong Kong, três companhias do Japão, duas de Taiwan e uma da China continental. “Este ano aumentámos o número de empresas que vão estar expostas no nosso pavilhão. São empresas que trazem uma maisvalia em matéria de tecnologia
Consulado aberto à hora do almoço Foi uma das novidades reveladas ontem por José Pereira Coutinho. O conselheiro das Comunidades Portuguesas disse ontem que “a reivindicação de longa data” daquele gabinete irá finalmente ser respondida “a breve trecho”, graças à contratação de seis novos elementos pelo Consulado de Macau. Pereira Coutinho disse que “fazer com que [o consulado] esteja aberto nesse período será importante para os trabalhadores, quer da função pública quer do sector privado, que têm dificuldades em sair no horário de expediente”.
essa situação possa ser resolvida nos próximos tempos”, frisou Pereira Coutinho. O conselheiro adiantou que há vários anos que o gabinete tem ajudado os portugueses em Macau a tratar destes assuntos, mas
que mesmo assim implicam riscos de extravio de documentos e demora excessiva do processo. Coutinho recordou que há 120 mil portadores de passaporte português em Macau e mais alguns milhares em Hong
Kong, daí a urgência de soluções. Estes problemas serão alguns dos abordados no plenário, no fim do mês. Evento que, como notou Fernando Gomes, vai acontecer com cinco meses de atraso.
Dezanove empresas vão compor o Pavilhão da AEM
Vida verde para todos os gostos avançada e amiga do ambiente. Para elas é muito importante virem a Macau, pois o território servirá de plataforma para os países de língua oficial portuguesa”, revelou Ho Wai Tim. O pavilhão da AEM promete proporcionar uma “vida verde” aos cidadãos e este ano está delimitado a uma área de 500 metros quadrados. “Precisamos do MIECF para adoptar novas tecnologias e conhecer as tecnologias por esse mundo fora. O ano passado o nosso pavilhão ganhou um prémio relacionado com o baixo teor de carbono. Como queremos mais e melhor, decidimos
aumentar o tamanho do pavilhão para assim poder albergar as entidades que tínhamos em mente convidar”, disse Ho. A AEM vai também organizar o “Fórum para a Educação Ambiental”, que terá lugar no dia 2 de Abril, bem como uma exposição de 40 fotografias sobre ambiente, em parceria com a Associação Fotográfica de Macau. O Banco Nacional Ultramarino também se associou às iniciativas da AEM e, nesse sentido, vai criar um cartão ATM ecológico. Paralelamente, o presidente da AEM também se mostrou disponí-
vel a falar do estado do ambiente em Macau. Para Ho Wai Tim, o Executivo tem de apostar na adopção das diferentes políticas. “Tem de haver uma aposta muito concreta em matéria de energias verdes. Já temos energia eólica mas acho que se pode apostar em energia solar, energia biológica proveniente do húmus ou do óleo da cana-deaçúcar. As plantas são um óptimo veículo de produção de energia e Macau não é assim tão grande”, constatou Ho. A AEM, por um lado, mostra-se muito preocupada com o estado do meio ambiente da RAEM e, por ou-
O presidente do organismo disse que estava previsto inicialmente que este se realizasse de dois em dois anos mas as “dificuldades financeiras devido à crise” terão atrasado a reunião. “Houve cortes sucessivos de orçamento atribuído ao Conselho das Comunidades, se começámos com 100 agora estamos a funcionar com 25, ou seja, houve um corte de cerca de 75%”, revelou. De acordo com o dirigente, inicialmente o orçamento previsto para 2008 e 2009 era de 500 mil euros anuais, tendo baixado para 300 mil em 2009, pouco mais de 200 mil em 2010 e cerca de 150 a 180 mil este ano “com o eventual reforço de alguns cêntimos”. Fernando Gomes sustentou que, ainda assim, o trabalho tem sido cumprido, em parte devido ao do Governo de Macau que também tem “almofadado essas necessidades sociais”. Entre 2008 e 2010 o gabinete atendeu 10.595 portugueses residentes em Macau, a maioria devido a questões relacionadas com o cartão do cidadão, casamentos e extravio de documentos.
tro, satisfeita por a MIECF deste ano dar atenção a temas tão prementes como o tratamento da água ou os resíduos sólidos/reciclagem. “Em relação às águas, o Governo já deu a conhecer as linhas mestras da sua política e penso que são as correctas. Para os lixos, a MIECF trará ao território empresas que, nessa área, representam tecnologia de ponta em matéria de lixos reciclados. Algumas dessas tecnologias são apropriadas a Macau”, soltou Ho Wai Tim. Organizado pelo Executivo da RAEM, sob a coordenação do Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM) e da Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA), será realizado, nos dias 31 de Março a 2 de Abril do corrente ano, a 4.ª Edição do MIECF.
380 mil já têm vales de saúde
O Programa de Comparticipação nos Cuidados de Saúde de 2010 está a ser implementado há mais de meio ano. De acordo com os dados estatísticos dos Serviços de Saúde (SS), até ao dia 15 deste mês, cerca de 380 mil pessoas imprimiram os Vales de Saúde, tendo sido recolhidas mais de 1 milhão e 500 mil unidades dos Vales de Saúde, sendo a taxa de utilização de 40%, situação semelhante à do ano passado. Para além disso, 638 unidades privadas de saúde aderiram ao referido programa, com 1005 médicos no total, representando 73,73% do número de médicos qualificados.
Universidade de Macau caça talento em Portugal e recebe homenagem em Lisboa
Visita dois em um O
reitor da Universidade de Macau (UMAC), Wei Zhao, é homenageado domingo em Lisboa pelas universidades portugueses que lhe conferem títulos “Honoris Causa” numa cerimónia a decorrer na Academia das Ciências da capital. Durante a visita oficial da UMAC, será ainda dada luz verde para a contratação de um “académico de prestígio” para o departamento de português. Em declarações à agência Lusa, Rui Martins, vice-reitor da Universidade de Macau e que acompanhará o reitor Wei Zhao a Lisboa, considerou a homenagem uma “honra sem precedentes” atribuída pelas Universidades portuguesas a um reitor da Universidade de Macau. “O reitor Wei Zhao vai ser homenageado, nesta cerimónia, por, pelo menos, 12 das 16 universidades públicas e consideramos que essa distinção pub
não só é uma honra pessoal como para Macau e toda a Universidade que ao longo dos anos tem mantido uma estreita colaboração com as universidades portuguesas”, disse Rui Martins. O vice-reitor acrescentou também que a Universidade de Macau, que nos últimos anos “tem desenvolvido a área da investigação científica”, pretende agora alargar também esse caminho à cooperação com as patrocinadores várias entidades públicas e privadas quer de Poruniversidades O peso portuguesas. nos cofres públicos tugal quer de Macau. Rui Martins explicou que a Português reforçado Além da cerimónia de imposi- Universidade de Macau vai conção dos títulos, a delegação da tratar em Portugal um académico Universidade de Macau, que de prestígio para ficar encarregue inclui ainda quatro directores dos programas de mestrado e de faculdade, vai ainda assinar o doutoramento no departamento protocolo final para a criação da de português da Universidade de Cátedra Camões no departamen- Macau no âmbito da licenciatura to de português da Universidade em língua e cultura portuguesa. Durante a estada da delegação de Macau e que conta como
em Portugal, que se prolonga pela próxima semana, participam ainda no centenário da Universidade do Porto e visitam vários complexos universitários como Porto, Aveiro, Coimbra, Técnica de Lisboa, Minho além do Instituto Camões e a delegação Económica e Comercial de Macau em Lisboa. Antes do regresso a Macau, a delegação vai reunir-se com o ministro Mariano Gago, que tutela o ensino superior.
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sociedade
Macau à conquista de Jiangsu Macau inaugura hoje em Nanjing, na província chinesa de Jiangsu, a primeira grande exposição como “centro global de turismo e lazer”, a meta que Pequim estabeleceu ao território em cooperação com Guangdong. A Semana de Macau em Jiangsu e a Exposição de Promoção Dinâmica de Macau, os títulos dados à mega promoção turística, vão decorrer entre 18 e 20 de Março na cidade de Nanjing, no continente chinês, o principal mercado do turismo de Macau que, apesar de ser o mesmo país, está “separado” por fronteira. A promoção de Jiangsu, cuja inauguração será presidida pelo Chefe do Executivo, Chui Sai On, e pelo governador da província de Jiangsu, Li Xueyong, é a primeira depois de assinado o protocolo de cooperação com a província de Guangdong, fronteira a Macau, que estabelece vários objectivos de esforço conjunto entre os quais fomentar o território como destino global de turismo e lazer. Durante as actividades de promoção, Macau e Jiangsu vão assinar um memorando de entendimento para a cooperação turística, mas o conjunto de acções inclui ainda a divulgação de informação económica e feira de produtos, num leque variado de promoção que inclui, por exemplo, o Património Mundial da UNESCO de Macau ou o Grande Prémio, o principal cartaz desportivo e turístico local.
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desporto
Federação | Novo episódio na novela dos estatutos marcado para amanhã
Será desta que a novela chega ao fim?
A
resistência à adequação dos estatutos da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) ao Regime Jurídico das Federações Desportivas (RJFD) vai ser testada amanhã em nova assembleia-geral (AG) extraordinária. Sob as ameaças de suspensão de FIFA e UEFA e de cancelamento do Estatuto de Utilidade Pública por parte do Governo, os sócios ordinários do organismo voltam a debater e votar a alteração estatutária decorrente do Regime Jurídico das Federações Desportivas (RJFD), que entrou em vigor a 31 de Dezembro de 2008. Desde 27 de Julho de 2009, data
limite para a adequação, os estatutos já foram chumbados em três AG, a última das quais a 29 de Janeiro, com os votos contra das associações de Angra do Heroísmo, Braga, Bragança, Castelo Branco, Coimbra, Évora, Guarda, Horta, Leiria, Portalegre, Porto e Viana do Castelo, bem como dos enfermeiros e massagistas (ANEDMF). Na altura, a proposta submetida pela Liga de Clubes recebeu 70,6% de votos a favor, quando eram necessários 75%, mais um. Desde então, os “irredutíveis” representantes do movimento associativo solicitaram uma reunião com os responsáveis da FIFA e da UEFA, prometendo aprovar os
estatutos desde que fosse atestada a conformidade dos artigos sobre a limitação de mandatos, método de Hondt e representatividade. No entanto, o pedido, que teve o presidente da FPF, Gilberto Madaíl, como interlocutor, foi negado e os organismos europeu e mundial reiteraram, em carta conjunta, que “a actual legislação portuguesa não conflitua com nenhuma das regras ou princípios da UEFA e da FIFA”. Na última reunião do Comité Executivo, a 3 de Março, a FIFA “accionou” o Comité de Emergência para agir quase na hora caso a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) não aprove as alterações estatutá-
rias, amanhã. Hoje as associações distritais e regionais reúnem-se na sede federativa para tentar alinhar, ou clarificar, posições, sendo possível que Portalegre e Castelo Branco, que representam 1,2% por cento dos votos cada, abandonem o grupo de “irredutíveis”, sem que perfaçam a maioria qualificada necessária à aprovação. Sem solução à vista, este impasse ocorre numa altura em que a direcção da FPF está demissionária e nas vésperas de Madaíl enfrentar, como candidato, a eleição para um dos sete lugares disponíveis no Comité Executivo da UEFA, para o período 2011-2015.
Estoril Open está “à rasca”
Crise chega ao ténis O
director do Estoril Open em ténis admitiu ontem que o torneio “está à rasca” e com um dos orçamentos mais baixos de sempre, a rondar os quatro milhões de euros (cerca de 40 milhões de patacas), o que levou a temer pela realização da prova. “Acho que todos estamos um bocadinho à rasca. Reunir aqueles milhões de euros para pôr anualmente este grande evento é sem dúvida uma grande aventura”, comentou João Lagos, na apresentação da 22.ª edição. O Estoril Open custa entre quatro e cinco milhões de euros por edição e neste ano, em plena crise económica, a prova conta com um dos orçamentos mais baixos de sempre, a rondar os quatro milhões. João Lagos considera que apenas a boa vontade dos fornecedores e patrocinadores permitiu a realização da prova, que vai realizarse entre 23 de Abril e 1 de Maio, no Estádio Nacional, em Oeiras. Em relação a apoios do Estado, Lagos admitiu a importância do patrocínio do Turismo de Portugal, mas voltou a estranhar a
falta de investimento do Instituto do Desporto de Portugal (IDP), com que a Lagos Sports tem apenas um protocolo que permite a utilização das instalações do Jamor. “Do IDP nunca chegou dinheiro. Nunca tivemos qualquer apoio monetário”, afirmou. João Lagos formulou também votos para que neste ano se repita a presença de um português na final, tal como sucedeu com Frederico Gil em 2010, e garantiu que, melhor mesmo, “só uma vitória lusa”. Apesar de Gil e Rui Machado estarem actualmente dentro do top-100 mundial, apenas Frederico está a um lugar da entrada directa no quadro principal. O director do torneio confia que as desistências de última hora vão permitir a entrada dos dois portu-
gueses no quadro, mas, mesmo que tal não venha a acontecer, será de esperar que ambos recebam “wildcards” (convites), tal como no caso de Michelle Brito, no quadro feminino. Lagos elogiou a qualidade dos jogadores presentes no quadro masculino, com 450 mil euros em prémios, no qual se destacam o sueco Robin Soderling, o espanhol Fernando Verdasco, o argentino Juan Martin del Potro e o jovem canadiano Milos Raonic. “É um dos quadros mais fortes em 22 anos. É de certa forma uma surpresa ”, sublinhou, garantindo que “é quase um escândalo” conseguir um quadro tão forte num ano tão marcado pela crise económica. Na competição feminina, com 220 mil euros em prémios, destaque para as presenças de três antigas campeãs, a letã Anastasija Sevastova (2010), a húngara Greta Arn (2007) e a chinesa Zheng Jie (2006), além da australiana Jelena Dokic, a antiga número quatro mundial, que deverá arrastar algum público ao Jamor.
suspensão e multa para Alex Ferguson
Língua afiada punida O
treinador do Manchester United, Alex Ferguson, foi castigado em cinco jogos e 30 mil libras (350 mil patacas) de multa pelas declarações após a derrota frente ao Chelsea, por 2-1, em jogo a contar para a Liga inglesa. Ferguson tem 48 horas para recorrer da condenação. A Federação inglesa anunciou ontem o castigo imposto ao técnico dos “red devils”, que entrará em vigor a partir de 22 de Março. O castigo de Alex Ferguson divide-se em três jogos de suspensão por este caso, mais dois de pena suspensa, relacionados com uma acusação anterior por conduta imprópria em Outubro de 2009, que foram agora invocados e adicionados à pena.
Isto implicará que Ferguson falhe os próximos três jogos do Manchester United: recepção ao Bolton, visita ao West Ham e recepção ao Fulham. A isto juntam-se os anteriores dois, que afastarão o técnico na meia-final da Taça de Inglaterra frente ao Manchester City, em Wembley, e da recepção ao Everton. O Manchester United saiu derrotado por 2-1 na visita ao Chelsea, e Alex Ferguson queixou-se da arbitragem de Martin Atkinson antes e após a partida. “Espera-se sempre ter um árbitro muito forte neste tipo de jogos. Era uma grande partida para os dois clubes e quer-se um árbitro justo. Quer-se um árbitro forte, e não o tivemos”, acusou.
Fulham | estátua de Michael Jackson no estádio
O presidente do Fulham, Mohamed Al Fayed, vai inaugurar em Abril uma estátua de Michael Jackson no estádio do clube para prestar homenagem à amizade que o unia ao cantor. A estátua a representar Michael Jackson numa das suas poses mais icónicas ficará nas margens do rio Tamisa, junto às bancadas Riverside e Hammersmith. “O Michael Jackson era uma verdadeira lenda, um termo muito usado neste mundo moderno saturado de hipérboles em torno das celebridades. Ele era meu amigo, um homem com quem partilhei muitos momentos felizes e que morreu de forma trágica e precoce”, disse Mohamed Al Fayed ontem.
C
ansados de tantas derrotas, dois irmãos norte-americanos pediram aos donos de uma equipa de futebol americano o reembolso de todo o dinheiro gasto com bilhetes, viagens e até subscrição de TV paga. Pelos cálculos dos adeptos, os responsáveis pelo Cincinnati Bengals terão de pagar 17.347 dólares (130 mil patacas) de “indemnização”. Na família Fisher, ser “adepto ferrenho” dos Cincinnati Bengals é uma tradição que passa de geração em geração. Jesse e Corey não fugiram à regra. Os dois irmãos são fãs muito dedicados aos Bengals desde criança, apesar da equipa, fundada em 1967, nunca ter vencido um Superbowl, a “mediática” final da NFL, tendo sido derrotada em duas oportunidades pelo San Francisco 49ers. Os dois irmãos são obrigados a viajar mais de seis horas para assistir aos jogos do Cincinnati em casa, hábito que se repetiu regularmente nos últimos cinco anos mas que, ao que parece, irritou estes adeptos. “Somos pub
Adeptos querem reembolso de “equipa que não vence”
Se a moda pega...
muito dedicados aos Cincinnati Bengals, ao ponto de viajarmos mais de seis horas para assistir aos jogos em casa, mas os donos
da equipa não mostram vontade em tentar vencer e isto é muito frustrante”, disse Jesse Fisher à rede de televisão “KLTV”.
Depois de receberem a factura referente à temporada 2011, os irmãos Fisher decidiram que já tinham visto o suficiente e rei-
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11 vindicaram junto da direcção do Cincinnati Bengals a devolução de todo o dinheiro gasto com “uma equipa que não vence nunca”. Os jovens apresentaram uma factura detalhada com todos os gastos de “dois adeptos leais” e chegaram ao valor de 17.343 mil dólares (cerca de 130 mil patacas). Segundos os irmãos, a direcção deve 8900 dólares (63 mil patacas) gastos em bilhetes; 5580 (42 mil patacas) por portagens, estacionamento e “merchandise”; 460 (3300 patacas) por combustível, hotel e viagens; 2398 (17 mil patacas) pela subscrição de um canal de televisão pago ligado aos Bengals; e 9,98 (60 patacas) por comprimidos de dor de cabeça. “Isto é tudo que nós gastamos com a equipa e o que eles fizeram por nós? Chegou a hora de recebermos o reembolso”, disse Fisher. O e-mail com os pormenores de todos os gastos dos irmãos foi enviado para a direcção do Cincinnati Bengals na última segunda-feira, mas ainda não obteve resposta.
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cultura
Livraria portuguesa | poetas a 10 patacas
Ler sem pesar no bolso Vanessa Amaro
vanessa.amaro@hojemacau.com.mo
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partir de hoje e até ao fim do mês, já não haverá desculpas para não mergulhar a fundo na poesia portuguesa. O Instituto Português do Oriente (IPOR) vai comemorar o Dia Mundial da Poesia – assinalado na segundafeira – disponibilizando obras de grandes poetas portugueses a preço simbólico na parte central da Livraria Portuguesa. Segundo o chefe da Biblioteca do IPOR, Manuel Almeida, os valores vão de dez a 80 patacas num leque variado de escritores. São mais de 300 livros assinados por escritores como Fernando Pessoa, Manuel Alegre, Antero de Quental, José Saramago, António Ramos Rosa, Nuno Júdice ou Ana Luísa Amaral sem risco de esgotarem. “Caso haja alguma ruptura de estoque na Livraria, podemos repor os autores em falta rapidamente já que temos uma vasta colecção guardada”, aponta ao Hoje Macau Manuel Almeida. Todos os dias, o IPOR vai passar pela Livraria para averiguar como estão a decorrer as vendas. Se houver algum escritor em falta, no dia seguinte voltará a constar na prateleira. “Pode não haver exactamente o mesmo título, mas estamos bem servidos em termos de escritores”, garante o responsável pela Biblioteca. No mês passado, o organismo também levou a cabo uma pro-
moção a envolver livros de ficção que “correu muito bem”, de acordo com Manuel Almeida. Para Abril, já está pensada mais uma iniciativa para ajudar a escoar os estoques antes da nova concessão. “Vamos assinalar o Dia Internacional do Livro Infantil no dia 2 com uma grande selecção de obras infantis. Precisamos de algum tempo para arrumar o espaço e distribuirmos as mesas e acessórios de forma a que os mais pequenos andem a escolher os seus livros”, explica o responsável. Esvaziar o armazém de livros do IPOR com descontos consideráveis é apenas um dos motivos que tem levado a Livraria Portuguesa a ter, desde o início de ano, acções promocionais. Manuel Almeida frisa que o grande objectivo é voltar a aproximar a comunidade portuguesa, e falante de português, à literatura. “Estamos a dar às pessoas a possibilidade de comprarem obras de muita qualidade a preços irrisórios. É uma ideia para continuar a pôr em prática nos próximos tempos e estamos apostados que iremos retomar antigos leitores e ainda ganhar novos”, defende Almeida. Quando a nova concessão do espaço tiver início – a data deve ser anunciada no próximo mês – o IPOR quer continuar a dinamizar a Livraria com acções do género. Mas tudo dependerá dos termos do acordo com o novo operador, que deve ficar a cargo da Praia Grande Edições, de Ricardo Pinto.
Mais de uma centena de imagens captadas pelos telemóveis de 93 cidadãos comuns retratam a cultura alimentar local com um toque poético à mistura, no Museu de Arte até 15 de Maio Filipa Queiroz
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filipa.queiroz@hojemacau.com.mo
m pequeno ecrã numa sala a meia luz e duas rodelas de sushi de salmão encostadas uma na outra. Segundos depois, a mensagem: “O sushi testemunha o nosso amor. Espero que um dia possamos parecer-nos com o sushi nesta foto, um casal doce e feliz”. Assinado: um cidadão de Macau que pegou no seu telemóvel e num segundo captou a imagem de um prato, que de repente é mais do que um mero pedaço de arroz com peixe cru em cima. Porque a comida pode reflectir uma cultura ao mais pequeno detalhe, desde o acto de comer ao espaço onde é servida, o Museu de Arte de Macau (MAM) resolveu pegar no conceito e transformá-lo num desafio à comunidade. O resultado foi a exposição “FOTOCOMIDA: Fotografias tiradas com telemóveis de Macau”.
Maratona do clique
Noventa e três residentes e turistas de Macau, a maioria com idades entre os 20 e os 30 anos, aderiram à experiência do MAM e do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais enviando cerca de 647 fotografias. O júri que as seleccionou, dois fotógrafos de Hong Kong, ficou surpreendido com “a variedade dos temas e a originalidade dos conceitos”. “Algumas mostram locais como mercados, restaurantes, quiosques de venda de comida; outras mostram pratos desde refeições inteiras a doces e produtos gourmet”, explica Tong Chong, o curador da mostra. Das naturezas mortas ao abstracto, houve quem captasse a realidade nua e crua e quem condimentasse literalmente a sua obra, como uma sequência que mostra uma cara desenhada com pickles e ketchup numa mesa do McDonald’s. “A liberdade foi total e ficámos muito satisfeitos com o resultado”, admite Tong Chong, que confessa que a fotografia favorita é uma que mostra dois turistas a comer “tapao” em pleno largo do Leal Senado. “É uma das poucas que não retrata a
MAM “satisfeito” com primeira expe
Fotografia com sa
Director do Ballet Bolshoi demite-se após escândalo
O director da companhia de ballet do Teatro Bolshoi, em Moscovo, Gennady Yanin, demitiu-se na sequência de um escândalo que o envolve em fotografias eróticas divulgadas na Internet. Um email anónimo enviado durante a semana passada a milhares de destinatários, com um link que direccionava para o site onde as fotografias estariam alojadas esteve na origem da polémica situação. O cargo de director da companhia de ballet já foi preenchido e o nomeado Godovsky Yan, antigo solista do Ballet Bolshoi deve continuar até ao fim da temporada, data em que finda o seu contrato.
eriência de aproximar o público à arte
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Estudo indica novo líder no mercado mundial
Arte é o novo negócio da China
abor a Macau
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comida em si mas a forma como as pessoas vivem o acto de comer.” De acordo com o curador, o próprio júri ficou impressionado com a “considerável técnica fotográfica”, apesar do amadorismo e de as imagens serem captadas com um simples telemóvel. “Hoje em dia cada vez mais gente tem o hábito de tirar fotografias com o telemóvel e podem mesmo reflectir a sua vida através dele”, nota Tong Chong, que justifica a opção pelo formato não só pela popularidade mas também pela capacidade de atrair novos públicos e despertar neles o gosto pela arte de fotografar. Com o telemóvel? “É um meio de comunicação que, graças às novas tecnologias, é também cada vez mais um instrumento de criação”, defende Chong. O curador admite que a questão de ser considerada arte ou não ainda está por definir, mas garante que “para esta mostra os trabalhos foram seleccionados como peças de arte”. Para o efeito ser completo, a exposição é apresentada em pequenos ecrãs que simulam o efeito de mostrar as imagens nos telemóveis, preservando a qualidade das fotos.
Teste aprovado
“Isto foi uma primeira experiência e ficámos muito satisfeitos com o resultado.” O curador do MAM admite que já estão a ser ponderados novos desafios semelhantes ao “FOTOCOMIDA”, juntamente com outras iniciativas como sessões de cinema gratuitas e encontros de moda, tudo incluído na celebração do décimo aniversário do “Clube dos Amigos do Museu”. O objectivo do instituto é permitir ao público uma maior acessibilidade às exposições e actividades desenvolvidas na instituição. Também estão planeadas sessões de cinema e encontros de moda para os sócios. “A ideia é trazer mais vida ao MAM e encurtar a distância entre o público e a arte”, adiantou a promotora Gigi Lo, que promete avançar com mais detalhes brevemente. Entretanto, o “FOTOCOMIDA” está disponível a todos os curiosos no piso térreo do Centro Cultural até ao dia 15 de Maio. A entrada é livre e não se aconselha a visita de estômago vazio.
pesar de os Estados Unidos continuarem em primeiro lugar no mercado da arte, a China ultrapassou pela primeira vez o Reino Unido, estando agora em segundo lugar na lista dos maiores compradores de arte mundiais. Em 2010, os leilões de arte e antiguidades na China renderam cerca de 67 mil milhões de patacas e o país quase duplicou os valores atingidos em 2009, ocupando 23% do mercado mundial. Os Estados Unidos estão à frente com 34% e o Reino Unido – que dentro dos países da União Europeia ainda é quem mais negoceia em arte ficou nos 22%, representando um decréscimo de 5% desde 2006. A França está em segundo lugar no mercado europeu, com 16%, e 6% a nível mundial. Estes são os resultados do estudo “O mercado global da arte em 2010: crise e recuperação” de Clare McAndrew, feito especialmente
para a 24.ª edição da European Fine Art Fair (TEFAF), que começa amanhã em Maastricht, na Holanda. Também de acordo com a autora do livro “The Art Economy: An Investor’s Guide to the Art Market” (Liffey Press), o mercado global de arte e antiguidades recuperou significativamente em 2010, com aumento de 52% em relação ao ano anterior, tendo sido movimentado um total de cerca de 481 mil milhões de patacas. Os países da União Europeia detêm no seu conjunto 37% do mercado de arte, representando, segundo o levantamento de McAndrew, um declínio de 16% desde 2003, quando atingiu o ponto mais alto no sector. Segundo o “The Financial Times” estes números dão razão aos críticos que defendem que as taxas extra impostas por uma directiva comunitária colocam a União Europeia em desvantagem no mercado da arte.
adiado em Tóquio por falta de condições
Japan Fashion Week cancelada D
epois da tragédia que se abateu no Japão a semana passada, várias marcas desistiram de apresentar as suas colecções e outras adiaram as apresentações. A organização da “Japan Fashin Week” afirmou num comunicado não existirem condições para o evento continuar agendado, alegando várias preocupações: segurança, electricidade e transporte. “O nosso pensamento está com todos os que foram atingidos por este desastre, lamentamos muito o que aconteceu. Devido às constantes falhas de electricidade, aos escassos meios de transporte e à preocupação com a segurança em geral, a semana da moda foi cancelada”, pode-se ler no comunicado. O evento programado para esta semana, Tokyo Collection Week, também foi cancelado. Apesar do cancelamento, a organização garantiu que vai trabalhar no sentido
de ajudar os designers japoneses a apresentar as suas colecções em vários e diferentes contextos, para que o mercado da moda não seja prejudicado. “Apesar destes tempos difíceis, faremos o nosso melhor para apresentar as várias colecções”, diz a organização, anunciando que vai disponibilizar as colecções via online.
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ideias l u z d e i n ver n o Boi Luxo
Teshigahara Hiroshi
Basara, a Princesa Goh, 1992
Este é um filme de uma época em que a agitação social, artística e interior se sente por baixo de uma capa de normalidade. Mas é, como fora em Tanin no Kao, ainda um filme de esconderijo, um filme onde as suas figuras se escondem por trás de um sorriso de intenção indecifrável, de um biombo ou de um pormenor de etiqueta de corte
Princesa Goh: “Vejo dentes-de-leão a florescer por toda a parte”. Basara, a Princesa Goh é o último filme de Teshigahara e é precisamente esta circunstância que aqui me traz. Como é o último filme de um realizador que se distinguiu pela ousadia de alguns dos seus primeiros filmes mas que, aparentemente, cobriu os seus últimos projectos de uma cor sedentária e primária ? Atingir-nos-á, este, de um modo diferente de Suna no Onna (1964) ou Tanin no Kao (1966), sem a perturbação juvenil e pioneira que estes nos causam. Mas seria redutor vê-lo de um modo em que o abandono ao seu império da beleza nos impedisse de lhe aperceber outros esplendores. É igualmente o produto de um Japão mais seguro de si, longe da agitação das décadas de brasa, de um tempo em que a propensão anarquista e surrealista se misturava às incertezas do nuclear e de uma nova riqueza. Este é um filme de uma época em que a agitação social, artística e interior se sente por baixo de uma capa de normalidade. Mas é, como fora em Tanin no Kao, ainda um filme de esconderijo, um filme onde as suas figuras se escondem por trás de um sorriso de intenção indecifrável, de um biombo ou de um pormenor de etiqueta de corte. No gesto
balético, impecável e suave, há um imenso medo da exibição, assim como no salto no tempo que o filme opera há uma consciência de que apenas a passagem deste traz uma compreensão do passado. Mas este será um filme velho? Ou um filme de velho? Não me parece que a sua submissão à beleza seja nova (vemos o mesmo em alguns dos seus documentários mais antigos e em alguns filmes de ficção). Nem me parece que as alturas deste filme sejam só as que a sua beleza promove. Não há nele uma submissão à estética que reduza uma fibra incomodativa que o continua a percorrer. Fá-lo-á porventura de modo mais subtil, uma subtileza sedosa e lenta, feita de gestos mais pausados. O amadurecimento não significa aqui uma capitulação (como não aconteceu no caso de um filme em que a tentação do belo japonês tradicional poderia ter esvaziado Oshima do programa que cumpriu durante toda a sua carreira - Gohatto) nem um apodrecimento, apenas uma mudança de aspecto. De qualquer maneira, estas considerações aplicam-se a Teshigahara de um modo sempre muito relativo. Tendo a continuar a olhá-lo menos como um cineasta mas mais como um esteta completíssimo em que o cinema é apenas um dos seus rostos. Esta perspectiva permite-nos olhar os seus filmes de uma outra maneira, como se fossem outra coisa, uma coisa que adquire também,
entre a sua variedade de manifestações, uma floração fílmica. A preocupação com uma arte tradicional japonesa, a cerimónia de preparação do chá, é uma preocupação que anima Teshigahara desde o início da sua carreira como realizador. O seu programa de cinema ultrapassa os limites deste para se proclamar de um complexo estético mais vasto. Apanhado pelo ditadura do experimentalismo que varreu o cinema japonês dos anos 60 e 70, não abandonou a atenção à escultura, à arquitectura ou ao ikebana (entre outros interesses) que a sua muito compreensiva cultura desde cedo revelou. Em Princesa Goh, assim como em Rikyu, o filme que o precede e cuja estória continua, admiramos uma outra característica de Teshigahara que a sua juventude não dispensara – um enorme rigor no modo de mostrar. Um rigor em que cada suspiro tem um peso vital. Nele se retratam de novo o lugar preciso que a sinceridade deve ocupar, ou não, no relacionamento entre o poder e os seus subordinados. Nele se retrata o valor exacto da verdade e da ousadia, a liberdade dos poderosos e o valor da arte. Mesmo que se trate de um filme extenso e sumptuoso, este é talvez o mais íntimo de todos, um filme que se manipula com o cuidado e a reverência com que algumas das suas personagens manuseiam as peças de cerâmica
(outro amor de Teshigahara, indissociado dos outros) cujo aspecto a Princesa Goh finaliza com uma pincelada fina, longa, carregada da marca indelével e pesada da tinta. Mais disperso que Rikyu no modo de contar, mais à vontade com o tempo, esta é uma obra madura mas de maneira nenhuma uma obra de velho. Estas considerações nascem de outras que se têm tecido ultimamente em torno da celebração dos 50 anos da Nouvelle Vague francesa, e nas quais se coloca a questão da continuidade dos temas e da energia que animaram algumas das suas criações mais paradigmáticas. A Nova Vaga japonesa foi, no entanto, um fenómeno menos definido, e muitos dos nomes que a este movimento foram associados são nomes que sempre rejeitaram essa associação. Em Teshigahara permanece, neste seu último filme, sob um disfarce luxuoso, um sopro ainda novo, uma atracção pela novidade e uma atracção pela indefinição do seu valor. Ou estarei profundamente enganado, e os últimos anos deste filme representam uma capitulação ao poder do tempo? No fim há uma imagem de uma lua cheia que faz lembrar que Gohatto, de Oshima, é, todo ele, um filme lunar, e na pontuação stacatta da música dos dois filmes uma suspeita de que ambos aspiram a um lugar onde florescem, viçosos, dentes-de-leão para prazer de princesas, cavaleiros e mestres de chá.
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15 文子 Wen Zi A COMPREENSÃO DOS MISTÉRIOS
A ausência de ardil é a fonte da Via. Capítulo 140 Lao Tzu disse: O fiel é imparcial, por isso pode ser usado numa balança. Uma linha de prumo é imparcial, por isso pode ser usada como referência. A lei de um verdadeiro líder é imparcial, por isso pode ser usada como rumo. Quando não existe favoritismo nem ressentimento escondido, há confiança na Via e acordo com os corações humanos. Por isso, o ardil nada tem a ver com a prática do governo. Quando um barco é desfeito por águas alterosas, ou um eixo partido quando atingido por um galho, a culpa é atribuída ao artesão e não aos próprios elementos, pois estas situações não advêm do seu ardil. Assim, quando há ardil na Via há confusão, quando há intenção na virtude há perigo, quando há olhos na mente há cegueira. A balança, o compasso e a régua são uniformemente fixos e imutáveis, sempre os mesmos e nunca errados, trabalhando correcta e infatigavelmente. Uma vez formados, podem ser passados de mão em mão para sempre e, isso, é uma acção sem ardil. A unidade significa ausência de ardil; centenas de reis a podem usar; miríades de gerações a podem transmitir, pois, imutável, se pode sempre aplicar.
Capítulo 141 Lao Tzu disse: Pode dizer-se que a liderança de um país é imutável, que a sua sociedade, ou modo de vida, são destrutivos. Pode chegar-se a um impasse, mas nada há que a verdade não penetre. Assim, a ausência de ardil é a fonte da Via. Chega à fonte da Via e a poderás usar sem fim. Se não estimares teu rumo por cálculo segundo o padrão da Via, se te concentrares penas nas tuas capacidades, em breve chegarás a um impasse. Um líder que conhece o mundo sem sair de sua porta, discerne as coisas pelas coisas e conhece as pessoas pelas pessoas. Assim, tudo o que é obtido por poder acumulado pode se gerido. Tudo o que é feito por conhecimento colectivo pode ser conseguido. Com um grupo de mil pessoas, nunca faltará comida; com uma massa de mil pessoas, o trabalho nunca é desperdiçado. Quando os artesão têm as mesmas habilidades e os cavaleiros não ocupam múltiplos postos, a seus empregos se atêm e não interferem uns com os outros; as pessoas descobrem o que é correcto para elas, tudo está no seu lugar. Deste modo, as máquinas não causam problemas e os trabalhadores não são negligentes. Quando as dívidas são pequenas, é fácil pagá-las; quando as tarefas são poucas, é fácil de tratar delas; quando as responsabilidades são leves, é fácil cuidar delas. Quando os superiores têm um papel mínimo e os inferiores executam trabalhos que são fáceis de realizar, líderes e súbditos mantêm a sua relação sem se desgastarem mutuamente. Tradução de Rui Cascais Ilustração de Rui Rasquinho
O texto conhecido por Wen Tzu, ou Wen Zi, tem por subtítulo a expressão “A Compreensão dos Mistérios”. Este subtítulo honorífico teve origem na renascença taoista da Dinastia Tang, embora o texto fosse conhecido e estudado desde pelo menos quatro a três séculos antes da era comum. O Wen Tzu terá sido compilado por um discípulo de Lao Tzu, sendo muito do seu conteúdo atribuído ao próprio Lao Tzu. O historiador Su Ma Qian (145-90 a.C.) dá nota destes factos nos seus “Registos do Grande Historiador” compostos durante a predominantemente confucionista Dinastia Han. A obra parece consistir de um destilar do corpus central da sabedoria Taoista constituído pelo Tao Te Qing, pelo Chuang Tzu e pelo Huainan-zi. Para esta versão portuguesa foi utilizada a primeira e, até à data, única tradução inglesa do texto, da autoria do Professor Thomas Cleary, publicada em Taoist Classics, Volume I, Shambala, Boston 2003. Foi ainda utilizada uma versão do texto chinês editada por Shiung Duen Sheng e publicada online.
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ideias
16 p er sp ect i va s Jorge Rodrigues Simão
Força oposto da justiça “A amplitude dos sobressaltos da sociedade ocidental aproxima-se do limite para lá do qual o sistema perderá o equilíbrio e se desmoronará. A violência, cada vez menos estorvada por restrições impostas por séculos de legalidade, incendeia o mundo inteiro, pouco se preocupando em saber que a história demonstrou o seu carácter estéril. Pior ainda. Não é apenas a força bruta que triunfa exteriormente, mas a sua justificação entusiasta. O mundo é arrastado pela convicção cínica de que a força tudo pode, a justiça nada.” Extracto do discurso que Alexandre Soljenitsyne teria pronunciado se tivesse podido receber o Prémio Nobel da Literatura de 1970
O
mundo é varrido por um furacão de violência. A criminalidade comum, roubos à mão armada, arrombamentos, “hold up”, violações, raptos, prostituição, pedofilia, extorsões, violência doméstica, aumenta a um ritmo de 17 por cento ao ano. As grandes metrópoles urbanas transformaram-se em selvas. Cidades como Nova Iorque, Los Angeles, São Paulo e Cidade do México, os gerentes dos hotéis aconselham os hóspedes a aferrolharem-se nos seus quartos. O terrorismo expande-se alegremente, após os atentados de 11 de Setembro de 2001, sem que as invasões do Afeganistão, lideradas pelos Estados Unidos a 7 de Outubro desse ano, e do Iraque a 20 de Março de 2003, tenham surtido qualquer efeito, antes agravado a situação. Ultrapassa-se o sadismo nos textos de livros, revistas e jornais, televisão e filmes, redes sociais e nos actos quotidianos. Como que atacado por vírus, o mundo cobre-se de manchas de regimes totalitários, agravando as condições socioeconómicas dos respectivos povos, como o da Líbia, governado há 42 anos por um sanguinário psicopata, o coronel Muammar Khadafi, que conta entre as suas actividades, o atentado do avião da “Pan Am”, a 21 de Dezembro de 1988, quando sobrevoava a cidade de “Lockerbie”, na Escócia, tendo morto 270 pessoas, das quais 189 eram americanos, e financiado o grupo terrorista “Setembro Negro”, que assassinou 11 atletas israelitas na Aldeia Olímpica, em Munique, a 5 de Setembro de 1972. Os líbios inspirados pelas revoluções que derrubaram os ditadores na Tunísia e no Egipto tumultuam-se a 15 de Fevereiro na capital, estendendo-se ao Leste do país, e à segunda cidade, Bengasi, que é tomada pela oposição, que constitui o conselho para a transição, reconhecido como governo provisório pela França. Entretanto, o sanguinário coronel indiscriminadamente começa a bombardear o país, tendo provocado mais de 6 mil mortos e 200 mil refugiados. Os Estados
Os regimes totalitários vão assim imolando milhares dos seus cidadãos num interminável holocausto, como uma lepra dos antigos campos de concentração nazi a espalhar-se; os espíritos são decompostos em hospitais psiquiátricos pelo mundo e a maioria vive em tratamento ambulatório com a síndrome do século e milénio, que é a depressão Unidos decretam sanções a 25 de Fevereiro e a ONU suspende o país do Conselho de Direitos Humanos, autorizando o Tribunal Penal Internacional a investigar crimes de guerra cometidos por Khadafi durante a repressão. A União Europeia segue dias depois a decisão americana na tomada de sanções contra a Líbia e a Suíça congela os investimentos da família Khadafi. No dia 4, é emitido pela Interpol um alerta contra o líder líbio e os seus colaboradores mais próximos. No dia 10 os Estados Unidos cortam relações diplomáticas com a Líbia e estacionam navios e aviões no Mar Mediterrâneo. A NATO discute a zona de uma exclusão aérea no país. Muitas são as medidas tomadas, mas na prática os efeitos são nulos. Perante tal impassibilidade da comunidade internacional, e principalmente dos Estados Unidos, sob efeito da designada “doutrina Obama” pelos republicanos, de que mais vale avisar que intervir, Khadafi continua animadamente a bombardear o país, estando prestes a retomar o poder sobre Bengasi. Os regimes totalitários vão assim imolando milhares dos seus cidadãos num interminável holocausto, como uma lepra dos antigos campos de concentração nazi a espalhar-se; os espíritos são decompostos em hospitais psiquiátricos pelo mundo e a maioria vive em tratamento ambulatório com a síndrome do século e milénio, que é a depressão. Seres humanos que querem viver em liberdade são dilacerados pela metralha
de quem tem a obrigação natural de os defender. O terrorismo torna-se global, tendo começado pelo sequestro, a seguir com bombas, empolando-se em motins e massacres. Crianças começaram por servir de reféns, ali, bairros saqueados, noutro local armazéns e escolas incendiadas, seguidos de assassinatos e aviões desviados e que propositadamente colidem contra o coração económico-financeiro dos Estados Unidos, seguido de bombas nos metros de Madrid, a 11 de Março de 2004 e de Londres, a 7 de Julho de 2005. O terrorismo é a invenção mais perniciosa depois da bomba atómica. Aos que se lamentam perante este quadro, alguns espíritos retorquem de que neste mundo nada de novo acontece, que através dos tempos sempre a violência existiu, que é uma emanação inevitável da natureza essencialmente agressiva do homem. E, de facto, não é difícil desfilar os horrores que fazem de toda a história humana um longo caminho de sangue. Os Assírios exilavam povos inteiros para deles fazer escravos e perfuravam os olhos dos seus prisioneiros. Os Romanos esventraram 700 mil Cartagineses, arrasaram a cidade até ao solo, tendo-a de seguida lavrado e salgado. Os Mongóis devastaram tudo e bebiam no crânio das suas vítimas. Os barões, duques e reis das Idade Média passavam a vida a tingir as aldeias e as cidades de sangue derramado pela sua soldadesca guerreando sem parar por um fortim, uma província, uma coroa ou uma sucessão.
Os piratas sarracenos incendiavam, pilhavam e capturavam. Os Cruzados entraram em Jerusalém e massacraram tudo o que mexia. A Inquisição cobriu a terra de braseiros onde uivaram homens. O São Bartolomeu é a noite mais sinistra no topo da mais maldita guerra de religião. Enquanto os conquistadores aplicavam aos Índios as próprias torturas e outros escalpes de pelesvermelhas, deixavam o seu país, a Espanha, coberta de forcas e ninguém aí podia sair à noite sem uma escolta armada. A partir de Setembro de 1793 até Julho de 1794 guilhotinaram-se na doce França 17 mil pessoas a bem da “Liberté, Egalité, Fraternité”, divisa da Revolução Francesa, que se iniciou a 5 de Maio de 1789 e que durou dez anos. Nos Estados Unidos lincharam-se os negros. Nas colónias civilizaram-se povos pelo ferro e pelo fogo. Tudo isto não é senão demasiado verdadeiro. No entanto, esta forma de afogar o peixe diluindo o grave fenómeno actual da década que passou - e desta que se iniciou da violência numa filosofia desiludida da eterna natureza humana - não respeita os factos. Pois, vendo melhor, não é verdade que a história humana mostre um nível de violência constante. Correndo o risco de tudo baralhar para nada compreender, é preciso distinguir a violência civil, que se exerce em tempo de paz no interior dos Estados, de cidadãos contra cidadãos, ou de Estado contra os seus súbditos, ou de súbditos contra o Estado, da violência militar, que traz a guerra entre Estados. No que diz respeito à violência civil, é certo que a sua intensidade média, através de sobressaltos aqui e ali, não deixou de diminuir desde a Antiguidade e com muita força ao longo do século XIX e durante a primeira metade do século XX. Só o plano da violência Estado contra cidadãos conheceu uma súbita labareda com os atrozes massacres políticos ou raciais perpetrados pelos regimes totalitários modernos e pelos Estados que se dizem campeões da liberdade e dos direitos humanos, contradizendo-se através das suas criminosas acções de invasão, destruição, morte, massacre e provocação de guerra civil nos países invadidos. É um grave fenómeno. Mas desde 1920 até 1960 nas sociedades ocidentais em 10 mil pessoas que não procuravam conflitos 0,001 por cento podia viver, sem ter tido que sofrer uma única agressão violenta. No período de 1960 a 2000 a percentagem duplicou e em 2010 triplicou. A segurança das pessoas integrava-se na ordem social quase normalmente. Neste plano civil, a antiga maldição da violência tinha sido finalmente dominada, como fora a antiga maldição do pauperismo. Recrudesce com redobrada violência ambas neste século e milénio para mal dos cidadãos atingidos em particular e do mundo em geral.
Virginia Leung
perfil
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Almond Chan | Proprietária da Meow Space
A maluquinha dos gatos Virginia Leung
virginia.leung@hojemacu.com.mo
Gerir um espaço que é um misto de lar
para gatos abandonados e loja temática pode não ser a coisa mais fácil do mundo. Por muito que se goste dos bichanos, há alturas em que os problemas aparecem. E aí não adianta miar. Mas Almond Chan, proprietária do Meow Space, acredita que “a realização pessoal pode superar as dificuldades”. E é isso que tem em mente sempre que atravessa tempos difíceis, até porque não adianta ficar triste. Mais vale procurar uma saída e seguir lutando. Quanto maior o obstáculo, maior a determinação com que se deixa contaminar esta “felinófila”. Para ela, persistência vale mais do que sete vidas. E salvar a vida dos gatinhos abandonados com as próprias mãos vale tudo. Gostar de gatos é uma coisa. Largar uma carreira no jornalismo em Hong Kong para dedicar a vida a eles é outra completamente diferente. Almond Chan, de 43 anos, veio para Macau em 2004, depois de ter trabalhado em vários jornais e revistas de Hong Kong. A sua sócia, a designer Cora Si, largou o emprego numa altura em que Almond estava um pouco saturada do mundo dos média. Foi então que resolveu convencê-la a abrir um negócio ligado ao
design. Tendo em conta o capital necessário e risco relativamente baixos, Macau apareceu como uma alternativa viável. Mas a verdadeira mudança aconteceria quando resolveu adoptar dois gatos vadios. As duas abriram a sua firma de design em Dezembro de 2004, até que a amiga de Almond recolheu dois gatinhos abandonados e pediu-lhe que os adoptasse. O seu coração budista nem teve dúvidas e os dois felinos ganharam um tecto e muito carinho no próprio escritório. Passado algum tempo, uma outra amiga encontrou mais dois gatos na rua e nem pensou duas vezes: deu-os a Almond que, por essa altura, já tinha criado uma enorme paixão por gatos. As más condições com que os gatos apareciam causavam-lhe tristeza, ao imaginar o sofrimento que tinham passado, e uma voz na alma lhe dizia para salvar aquelas vidas. Mais tarde, um desconhecido apareceu-lhe no escritório e disse que gostaria de adoptar um gato. A história alastrou rapidamente nos círculos dos amantes dos bichanos, com cada vez mais pessoas a aparecerem por ali à procura de gatinhos. Foi então que uma lâmpada se acendeu sobre a cabeça de Almond. “Plim”...
Nos seus sonhos, Almond via-se a montar um estabelecimento em que receberia e tomaria conta de gatos vadios, deixando que as pessoas os adoptassem sem ter de pagar nada. Tratava-se no fundo de um abrigo temporário para os animais até encontrarem um dono a sério. O sonho virou realidade em 2005. E levou o nome de Meow Space. Mas nem sempre as boas intenções são acarinhadas pelo mercado e os primeiros dois anos do negócio deram muito prejuízo e dor de cabeça. Os amigos consideravam que tinha sido uma loucura largar um belo emprego para virar uma escrava dos gatos e aconselhavam a fechar o Meow Space. Almond não queria saber e resolveu continuar a lutar. No terceiro ano, a sorte começou a mudar e a sua persistência, a dar frutos. Os primeiros lucros, embora modestos, foram motivo de orgulho. Mas nada têm a ver com contas e cifrões as melhores memórias que Almond Chan guarda desse trajecto. Para ela, o ponto alto foi quando teve a viver no espaço mais de três dezenas de gatos ao mesmo tempo. Não foi fácil suportar o fardo financeiro de criar mais de 30 gatos, mas a alegria de os ver contentes e a crescer sãos e salvos não a deixava vacilar.
A única coisa que tinha em mente nessa altura era o objectivo de tentar salvar o maior número possível de gatos. Optimista por natureza, sabia que era a única coisa a fazer. Apesar das dificuldades, nunca pensou em pedir o apoio ou patrocínio do Governo. Na sua cabeça, “auto-suficiência infinita”. Abdicar de ajudas oficiais pareceu a opção mais correcta para manter a independência, pelo que o Meow Space prefere continuar a tratar dos gatinhos com as próprias mãos e com os recursos captados com a venda de produtos de design originais e pinturas, tudo à volta do tema dos gatos. Seja como for, Almond Chan é hoje uma mulher satisfeita, com a sua lojinha que vai sobrevivendo com algum lucro da venda dos produtos de design gatícola. No seu horizonte, o sonho de ajudar mais e mais gatinhos e a esperança de poder fazer mais dinheiro para o doar a associações, mesmo as que ajudam cães (porque não?). Pelas suas contas, Almond e a sua paixão por gatos já foram a salvação de mais de 760 felinos. Almond Chan, curiosamente ou não, não tem um bicho de estimação. Talvez porque preencha essa lacuna com uma missão de estimação: salvar gatinhos necessitados.
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entrevista
Natalia Juskiewicz, violinista polaca
U
niversos musicais que se encontram através do fado, o erudito e o folclore urbano lisboeta. Natalia Juskiewicz, violinista formada na Academia de Poznan, na Polónia, encontrou-se com o fado em Lisboa e por ali ficou, apaixonadamente, vai para uma dúzia de anos. Com as cordas de fado dos músicos Paulo Valentim, Bruno Costa e Rodrigo Serrão, veio a Macau dar testemunho, em concerto, desse sentimento. E aqui nesta entrevista. Em primeiro lugar, o seu comentário sobre o concerto com a Orquestra Chinesa de Macau e a reacção do público. Foi uma experiência extraordinária e única. A fusão entre a música tradicional portuguesa, o fado, e a sonoridade típica dos instrumentos chineses conseguiu transportar-nos até um universo musical raro e inesquecível. Guardei também, como essencial, o enorme sentimento comum às duas formas de expressão musical. Quer o fado, quer a música tradicional chinesa têm características e linguagens próprias, mas surpreendentemente com grandes proximidades. Tal como tento que o meu violino, timidamente recém-chegado ao fado, chore a saudade lusitana, o “erhu” geme de forma comovente a nostalgia do Oriente. A excelente reacção do público alegrou-nos muito. Vimos lágrimas nos olhos de algumas pessoas, lágrimas de emoção verdadeira. Desde o sentimento profundo que acompanhou a interpretação de temas como “Segredos”, ou “Com que Voz”, até à vigorosa e espontânea reacção, cheia de alegria, em momentos como “Havemos de ir a Viana”, por exemplo. Felizmente, conseguiuse uma vez mais que o fado, esse sentimento que se vem tornando a cada dia mais universal, tocasse as almas das pessoas. O que a levou a gostar de viver em Portugal? Principalmente a enorme simpatia dos portugueses, um povo caloroso e acolhedor. O clima temperado, as paisagens maravilhosas, a música simples e
Bruno Saavedra
“O fado expressa todos os sentimentos, todas profunda e, sobretudo, o coração aberto das pessoas, ajudaram a que hoje, passados já 11 anos em Portugal, me sinta em casa. Como aconteceu a sua aproximação ao fado? As primeiras vezes que visitei Portugal, assisti, como todos os turistas, a vários espectáculos de fado, principalmente nas casas típicas. Na altura, fiquei verdadeiramente impressionada com as vozes maravilhosas e a interpretação tocante dos fadistas. Apesar de não dominar a língua, foi-me muito fácil captar e sentir o mais importante, a emoção universal que o fado transmite.
“Mesmo sem ter como objectivo uma carreira profissional, está provado que aprender música contribui significativamente para o desenvolvimento da sensibilidade e da criatividade de uma criança” Explique a ideia do seu CD, “Um Violino no Fado”. Uma vez que não sou cantora, um belo dia decidi tentar expressar os sentimentos do fado através das cordas do meu violino e assim nasceu o projecto “Um Violino no Fado”. No essencial, trata-se de “substituir” a voz do fadista pela do violino. Inicialmente, gravei dois temas, fiz algumas actuações e satisfeita com o resultado e com a reacção calorosa das pessoas, resolvi gravar o disco. Entre outros, acompanharam-me nessa aventura os músicos que também viajaram comigo até Macau, que são, na guitarra portuguesa o Paulo Valentim, na viola de fado o Bruno Costa e na viola baixo o Rodrigo Serrão. Tive o privilégio de colaborar com estes excelentes músicos e também, na direcção musical, com o apoio experiente do Carlos Alberto Moniz e do Armindo Neves. Fez estudos clássicos de violino na Academia de Poznan,
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com Helder Fernando
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as razões de nos considerarmos humanos” uma cidade polaca cheia de história, nas margens do Rio Warta. Mas a sua cidade natal é Koszalin, à beira do Báltico. Locais provavelmente muito inspiradores. Que principais razões a influenciaram na sua vida de e para a música? Poznan é, de facto, uma cidade onde em cada rua, em cada edifício, enfim, em todos os lugares, se respira história. Há sempre inúmeros espectáculos e eventos culturais de prestígio e é também nessa cidade onde se organiza um dos mais importantes concursos internacionais de violino do mundo, o Concurso Internacional do Wieniawski. A Academia de Música, de onde sou titular de um mestrado, proporciona aos seus alunos uma sólida formação musical e, aqueles que se dedicarem, um excelente nível de aperfeiçoamento técnico e artístico como violinistas. Já Koszalin é uma cidade muito diferente, é simpática, cheia de verde, situada junto à costa, que ajudou a construir a minha personalidade e enriqueceu o meu interior. Para mim, essa proximidade do mar será sempre a ligação entre a “minha” Polónia e o “meu” Portugal. Nos dois lugares existe saudade, nostalgia e mistério. O violino foi desde o início o seu instrumento preferencial? Sim, comecei a aprender violino com uns seis, sete anos, que é a idade com que, habitualmente, as crianças na Polónia começam a sua educação musical e até hoje o violino faz parte integrante de mim, como se fosse um elo íntimo entre o coração e as mãos. Tem trabalhos na área da composição? É raro mas sim. Em inúmeras ocasiões tenho tido o gosto de criar música para acompanhar as exibições das esculturas da artista plástica Cristina Leiria, autora, por exemplo, da estátua da Kun Iam no Centro Ecuménico em Macau. Mas não tenho nada escrito, prefiro claramente a espontaneidade e inspiração do momento. Voltando às abordagens que faz à música portuguesa. O que lhe transmite o fado?
Para mim, o fado expressa todos os sentimentos, todas as razões pelas quais nos podemos considerar humanos. Desde tristeza, sofrimento, desgosto e paixão, até à alegria, brincadeira, leveza e júbilo mais profundo. No fado, encontrei também um reflexo das minhas vivências, das minhas experiências, no fundo, do percurso da minha vida. Tem algum fado favorito? Não é uma pergunta fácil. Reportando-me apenas aos que seleccionei para o meu disco e aqueles que ouço com mais frequência, a minha escolha é sempre influenciada pelo momento de vida em que me encontro. Alturas há, em que me identifico muito com “Lágrima” ou “Gente da minha terra”; outras, de maior leveza, onde facilmente escolheria a “Casa da Mariquinhas”, por exemplo. Não colocou de lado ser violinista de orquestras ou conjuntos de música clássica? Longe disso. Além deste meu projecto com o fado, continuo a colaborar com várias orquestras portuguesas e também actuo como solista, ou em grupos de música de câmara, em espectáculos que, além de Portugal continental e insular, chegam a vários lugares, tais como Canadá, Polónia e Dinamarca, entre outros. Como é o seu dia-a-dia em Portugal? Além de trabalhar como violinista, com todas as obrigações, ensaios, gravações e concertos que isso implica, tenho oportunidade de desenvolver outras actividades profissionais. Como exemplo, fui professora de Musicologia na universidade americana Maryland, na NATO, em Carcavelos. O conhecimento de várias línguas permiteme também trabalhar como tradutora e locutora. Quando tenho tempo livre, adoro viajar e descobrir novos recantos em Portugal, muitas vezes mesmo sem planear o destino. Gosto muito de passear em Lisboa, descobrir actividades culturais. Recentemente, fiz um workshop de actriz. Também gosto de ir ao teatro e ao cinema. Tenho o privilégio de viver na proximidade do mar, em Cascais,
“Uma vez que não sou cantora, um belo dia decidi tentar expressar os sentimentos do fado através das cordas do meu violino e assim nasceu o projecto “Um Violino no Fado”. No essencial, trata-se de “substituir” a voz do fadista pela do violino” onde faço longas caminhadas ou ando de bicicleta. Os programas de ensino em geral devem reforçar o ensino da música aos alunos desde os primeiros anos? Sim, sem dúvida. Mesmo sem ter como objectivo uma carreira profissional, está provado que aprender música contribui significativamente para o desenvolvimento da sensibilidade e da criatividade de uma criança. Que lugar tem a música na sua vida?
A música ocupa na minha vida um lugar importantíssimo. A música rodeia-me sempre, nos ensaios e nos concertos, obviamente, mas também no contacto diário com a cidade e com a natureza e até nos “silêncios” da vida. E a Macau, gostava de regressar? Sim, muitíssimo! Aliás, confesso que além do enorme prazer que foi a sua descoberta, já sinto até saudades. Graças ao bom acolhimento de amigos dedicados, tive a possibilidade
de visitar vários lugares e de sentir os múltiplos cheiros da cidade, bem como provar a excelente cozinha macaense. Mas ainda ficaram muitos locais em Macau que gostaria de visitar... espero que em breve. O violino fadista Emocionou definitivamente o auditório em Macau quando o seu violino trouxe o fado em estado divino. Momentos de elevação inéditos transmitidos pela violinista polaca Natalia Juskiewicz na companhia do guitarrista Paulo Valentim, do violista Bruno Costa e do viola baixo Rodrigo Serrão, à frente da Orquestra Chinesa de Macau. O clima, as pessoas, as paisagens e a música que foi conhecendo em viagens de férias, aproximaramna apaixonadamente de Portugal. A tal ponto que um dia, logo no início deste século, fez de Portugal a sua segunda casa. De formação musical superior, esta virtuosa violinista mantém concertos nacionais e internacionais com orquestras ou grupos de música de câmara, dá aulas de Musicologia, é tradutora em várias línguas, locutora, faz formação profissional de actriz. Na prática, a bela polaca não pára. Tanto assim que conhecendo o fado por frequentá-lo em tertúlias e por interesse musicólogo, foi vendo nele uma extraordinária reunião de sentimentos “desde tristeza, sofrimento, desgosto e paixão, até à alegria, brincadeira, leveza e júbilo mais profundo”, como declara na entrevista. Com ela nasceu o projecto tornado realidade “Um Violino no Fado”, registo que está prestes a ser apresentado publicamente em CD e concerto. Partilha esta aventura com os músicos portugueses Paulo Valentim, Bruno Costa e Rodrigo Serrão, o trio inesquecível que actuou recentemente no grande auditório do Centro Cultural de Macau. “Cantar o fado com o meu violino”, costuma Natalia dizer quando fala deste inovador e pessoalíssimo projecto agora concretizado e concebido com o maior dos cuidados, de modo a casar universos distintos que aqui se fundem numa obra de inexcedível qualidade.
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Sala 2
the adjustment bureau [b] Preço: Mop50.00 Um filme de: George Wolfi Com: Matt Damon, Emily Blunt 14.30, 16.30, 19.30, 21.30 SALA 3
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Preço: Mop50.00 Um filme de: Jonathan Liebesman Com: Aaron Eckhart, Michelle Rodriguez, Ramon Rodriguez 14.30, 16.30, 19.30, 21.30
the rite [c]
Preço: Mop50.00 Um filme de: Mikael Hafstrom Com: Anthony Hopkins, Colin O’Donoghue, 14.30, 16.30, 19.30, 21.30
VERTICAIS: 1-Expelir saliva, cuspir. Casa antigamente. 2-Género de plantas, da família das compostas. Tempo decorrido entre dois acontecimentos notáveis. 3-Tratamento que se dá na China a certas pessoas. Espécie de bambu, no Brasil. 4-Que anela. Indicativa de tempo. 5-Pequena nota. Que ocupa posição média, entre a classe nobre e a plebia. 6-Nome da letra que, no alfabeto grego, corresponde ao nosso n. Ubi. 7-Animal que vive como parasita de animais ou plantas. Choupana de índios do Brasil. 8-Consciência de si próprio. Enlameado. 9-Oitava. Antiga., isto. 10-Espécie de cadeirinha de mão. Indígenas do Brasil. 11-Símbolo químico do gálio. Pequeno roubo.
Soluções do problema HORIZONTAIS: 1-SOLANEAS. AG. 2-ATINO. CEOTA. 3-LO. ETNARCA. 4-INCLUIR. HUM. 5-VARAL. OLADA. 6-A. UNAU. OVEM. 7-RECT. BODA. P. 8-PIEMICO. CA. 9-COA. EMASSAR. 10-ACNEA. ROTAR. 11-SAAMONA. OSA. VERTICAIS: 1-SALIVAR. CAS. 2-OTONA. EPOCA. 3-LI. CRUCIANA. 4-ANELANTE. EM. 5-NOTULA. MEAO. 6-E. NI. UBIM. N. 7-ACARO. OCARA. 8-SER. LODOSO. 9-OCHAVA. STO. 10-ATAUDE. CAAS. 11-GA. MAMPARRA.
REGRAS |
Insira algarismos nos quadrados de forma a que cada linha, coluna e caixa de 3X3 contenha os dígitos de 1 a 9 sem repetição solução do problema do dia anterior
Su doku [ ] Cruzadas
HORIZONTAIS: 1-Família de plantas que tem por tipo o solano. Símbolo químico de prata. 2-Acto de atinar. Ceote. 3-Espécie de escumilha amarela, que deu o nome ao pãode-... Governador de província, na antiguidade. 4-Fechar, encerrar. Designativa de hesitação, dúvida, impaciência, ect. 5-Grandes varas. Sorte. 6-Mamífero tardígrado da América do Sul. Cada um dos cabos que aguentam os mastros para a borda. 7-Elemento de origem latina que significa recto, directo. Banquete e festa para celebrar casamento. 8-Relativo à piemia. Símbolo químico do cálcio. 9-Tesouro público, erário. Converter em massa, empastar. 10-Afecção da pele. Voar. 11-Árvore americana cujos frutos têm a aparência de ervilhas romanas. Espécie de calçado.
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opinião u m g r i t o n o d eser t o Paul Chan Wai Chi*
Macau vai desaparecer em breve
(Parte 1)
O
Governo Central da China avançou recentemente com uma série de planos para Hong Kong e Macau. Entre eles, algumas pessoas de Hong Kong sentiram que havia dados manipulados no “Estudo sobre o Plano de Acção para Zona da Baía do Estuário do Rio das Pérolas”. Também em Macau, alguns levantaram a questão de ter havido muito pouca consulta pública no estudo. Para manter essas bocas caladas, o Governo da RAEM organizou uma sessão de esclarecimento. Não se ouviram quaisquer outras opiniões a respeito da matéria. Durante a realização dos encontros da Assembleia Popular Nacional (APN) e Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CCPPC), Guangdong e Macau assinaram o “Acordo-quadro de Cooperação”. Macau mostrava-se muito contente com o acordo e muitos residentes locais já iam antecipando quão promissor seria o futuro de Macau, em particular com o desenvolvimento do Novo Distrito da Ilha da Montanha, projecto que prometia trazer infinitas oportunidades de negócio. Mas se dermos uma olhada mais de perto na coisa toda, que planos substanciais tem o Governo da RAEM para o desenvolvimento da Ilha da Montanha? Além disso, quanto ao
ca r t o o n por Steff
chamado Parque de Medicina Tradicional Chinesa (TCM) e à Zona Industrial Cultural e Criativa, o Governo da RAEM não tem sequer um planeamento de como os operar na realidade. Antes da promulgação das regras e regulamentos que regem a gestão do Novo Distrito da Ilha da Montanha, Macau parece demasiado feliz! Não vale a pena teorizar acerca de uma proposta de projecto substancial. Só o Governo Central tem uma ideia clara sobre o modelo de desenvolvimento para o futuro de Macau, porque o Governo da RAEM apenas sabe como sobreviver do jogo e nada mais. Com o reconhecimento das recomendações do “12º. Plano Quinquenal”, Macau e Hong Kong estão explicitamente incluídas no plano de desenvolvimento nacional pela primeira vez desde sempre. O Governo Central posicionou Hong Kong para ser um eixo internacional de comércio, finanças e aviação, enquanto Macau permanece como um centro mundial de viagem e lazer. A inclusão de Hong Kong e Macau no “12.º Plano Quinquenal” significa que o Governo Central já mudou a sua atitude de permitir que estas duas regiões prossigam com os princípios do “Um País, Dois Siste-
Só o Governo Central tem uma ideia clara sobre o modelo de desenvolvimento para o futuro de Macau, porque o Governo da RAEM apenas sabe como sobreviver do jogo e nada mais mas”, para uma situação em que Macau e Hong Kong são conduzidas pelo Governo Central, com os governos locais da província de Guangdong a pegarem no leme e os de Macau e Hong Kong a seguirem a liderança. Essa inversão de atitude é evidente no “Esboço do Plano para Reforma e Desenvolvimento do
Medo nuclear
Delta do Rio das Pérolas”, no “Estudo para o Plano de Acção para a Zona da Baía do Estuário do Rio das Pérolas” e no “Acordoquadro de Cooperação entre Guangdong, Hong Kong e Macau”. A razão subjacente a essa mudança de atitude é que o desempenho de Macau tem sido decepcionante. Ao fim e ao cabo, o princípio de “Um País, Dois Sistemas” é um produto novo. No começo, o Governo Central tinha a esperança de que as pessoas de Hong Kong e Macau fossem capazes de governar a sua própria terra com bons desempenhos, como que para mostrar a Taiwan um bom exemplo de como pôr em prática o “Um País, Dois Sistemas”. No entanto, a administração liderada pelo Chefe do Executivo num ambiente político conservador resultou numa inesperada série de fracassos. Tung Chee-hwa resignou antes de terminar o seu segundo mandato como Chefe do Executivo de Hong Kong, enquanto Macau apareceu com um secretário extremamente corrupto. Se o Governo Central não estivesse tão preocupado em não perder a face, o Chefe do Executivo de Macau tinha acabado também como Tung Chee-hwa. Dentro do campo patriótico, muitos sabem como fazer dinheiro e muito poucos sabem de administração; muitos sabem como ganhar benefícios através da dependência do Governo Central e muito poucos farão um esforço para dar o que podem. Por isso é que, em vez de deixar este grupo de pessoas abandalhar a administração, minando a boa vontade do Governo Central e sacrificando a riqueza de muitos compatriotas na China Continental, é melhor ter o Governo Central a planear e a assumir a liderança na administração e desenvolvimento de Hong Kong e Macau. É quase impossível encontrar gente talentosa num ambiente de endogamia política. É fácil ter pessoas subservientes ao Governo Central por receberem benefícios deste. Com esta mão cheia de planos de estudo e acordos-quadro, o futuro das duas RAE será traçado muito em breve. Percebe-se porque é que o Governo Central chegou a ela, mas a decisão pode não ser muito bem-vinda para as duas RAE. Estou absolutamente de acordo com a transferência de Macau para a China. Mas desde o início, tenho temido que Macau pudesse se tornar demasiado dependente de Pequim e perdesse o seu posicionamento próprio e características urbanas ímpares. Hoje, os meus medos podem transformar-se em realidade. *Deputado e presidente da Associação Novo Macau Democrático
felicidade
Uns acham a em servir o próximo; outros, a infelicidade em querer tudo para si. A que classe pertences tu? Padre Manuel teixeira [1912-2003]
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23 ca u sa s p ú b l i ca s Um olhar atento sobre a actualidade da RAEM
Dois temas cruciais para o futuro de Macau Macau maior: o acordo com Guangdong
N
o passado dia 6 em Pequim, celebrou-se, sob os auspícios do Governo Central, um acordo de cooperação entre a província de Guangdong e a RAEM. Este acordo, que prevê uma cooperação transversal entre as duas regiões ao nível económico, social, cultural e industrial, irá criar uma plataforma para que as Administrações das duas regiões trabalhem em conjunto no desenvolvimento da Ilha da Montanha, com projectos como o novo campus da Universidade de Macau ou o Parque Científico e Industrial de Medicina Tradicional Chinesa, bem como a edificação do maior centro turístico da Ásia, zonas residenciais, industriais e comerciais, vias, estruturas e pontes. A RAEM ganhou acesso a uma plataforma de investimento capaz de gerar riqueza e prosperidade por muitos anos, e a uma área geográfica de influência económica três vezes maior do que a própria área da RAEM. Bem aplicado e bem gerido, este acordo pode ser um dos momentos definidores da história da RAEM e mudar para melhor a região a vários níveis. Todos percebemos o relevo deste acordo, cuja consumação quero aproveitar para realçar novamente. No entanto, é importante que o Governo entenda os desafios e responsabilidades que temos pela frente, designadamente ao nível da transparência e da igualdade de oportunidades para todos os investidores e operadores em Macau. O voto de confiança que a RAEM está a receber da República Popular da China exige que o Governo demonstre que segue o mesmo caminho de progresso e desenvolvimento em que o Governo Central tem conduzido a administração do país. Mais do que nunca, a RAEM tem a oportunidade de projectar a sua capacidade e o seu nome no plano interno e internacional e rectificar a infeliz imagem que tem deixado mercê de escândalos económicos e políticos, de favorecimentos e falta de transparência, que parecem insistir por perdurar. Não mais se poderá tolerar que os mesmos de sempre continuem a manipular em seu benefício próprio e saiam beneficiados no âmbito deste acordo. Mais do que nunca,
exige-se rigor, promoção da concorrência leal e total transparência no acesso a esta plataforma de cooperação. São tempos interessantes e animadores os que se avizinham, tempos em que podemos, em conjunto com a província de Guangdong, criar uma verdadeira região económica com expressão mundial e disso tirar os dividendos económicos, estratégicos e científicos que daí advêm. Desta vez, não pode haver excepções, nem desculpas. A sociedade vai estar atenta e não mais vai perdoar deslizes quer sejam (in)voluntários.
Macau melhor: a justiça na contratação pública
ter um tratamento estatístico de todas as propostas patentes a concurso, mas cujo conceito está errado de base e serve apenas para ocultar a tendência de adjudicação ao preço mais baixo. Ora, eu não defendo o despesismo, e compreendo que muitas vezes a obra mais cara pode até nem ser a melhor, mas a tendência preocupante (e crescente) na RAEM parece ser para se desconsiderarem todos os vectores e critérios que devem presidir a uma adjudicação de obra pública, excepto o preço e o tempo. Outra questão crucial é a constante irresponsabilidade das entidades oficiais em
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ucedem-se os casos de estruturas de utilidade pública com enormes problemas de concepção, construção e operação. As ETARs, o Metro Ligeiro, as centrais de incineração, as obras públicas de construção e um sem número de outras estruturas geram quase diariamente dores de cabeça à RAEM, que se vê deparada com equipamentos públicos defeituosos, a funcionarem abaixo das suas capacidades e com despesas adicionais destinadas a corrigirem estas falhas, que muitas vezes apenas se detectam anos depois. Quem sofre com isto são os cidadãos da RAEM, com o impacto ambiental, com as deficientes infra-estruturas e com a qualidade dos serviços que recebem. A causa do problema é já sobejamente conhecida, embora as autoridades adjudicantes destes concursos se mostrem incapazes de perceber e corrigir este erro grosseiro: a persistência em adjudicar todas as obras e operações de equipamentos públicos à proposta com o preço mais baixo. Não interessa se a concorrente carece de experiência ou tem já tem má fama, se os materiais são de qualidade inferior, se a mãode-obra é menos qualificada ou se o preço é irrealmente baixo. As entidades encarregues de assegurar a criação e manutenção de equipamentos públicos (GDI, GIT, DSPA etc) parecem mais preocupadas em afirmar que fizeram um melhor negócio do que adjudicar à melhor proposta técnica, preferindo o depressa e barato – ignorando o adágio popular de que “o barato sai caro”. Para dar um exemplo, o GDI adoptou um critério de “preço razoável” que é obtido por uma fórmula que pretende
Desta vez, não pode haver excepções, nem desculpas. A sociedade vai estar atenta e não mais vai perdoar deslizes quer sejam (in) voluntários. fazerem uma avaliação técnica adequada das propostas. Isso permite-lhes ter um volume de trabalho muito inferior, evitar responsabilidades, dissimular as suas carências de conhecimento técnico e, acima de tudo, lavar as mãos de eventuais problemas que possam ocorrer no futuro. Serão, assim, os números a falar e não o juízo avisado das propostas. O medo gerado pelo escândalo do ex-secretário ainda paira no ar destas entidades, sendo que a melhor defesa tem sido adjudicar o mais barato para não surgirem suspeitas... É sabido que a curto, médio e longo prazo, os equipamentos públicos adjudicados simplesmente pelo preço mais baixo têm invariavelmente causado problemas e causado aumentos de custos desnecessários. Mas esses já não são
José Pereira Coutinho
conhecidos do público, esses ficam enterrados nos serviços das entidades adjudicantes, onde os técnicos e os secretários, obrigados a escolher entre pagarem mais por serviços chamados “adicionais” ou terem que deixar milhões de patacas em investimento ao abandono, abrem os cordões à bolsa, envergonhados por terem sido novamente enganados, mas aparentemente sempre dispostos a serem enganados mais uma vez por empreiteiros e prestadores de serviços que prometem equipamentos topo de gama à velocidade da luz e a preços de saldo. É mais que claro para todos que é isto que acontecerá com o projecto do Metro Ligeiro, recentemente adjudicado à Mitsubishi, que com a Ponte Sai Van, com a manutenção e com tantos outros aspectos que deixou “em aberto”, vai custar muito mais caro. Para o concorrente vencedor o mais importante foi “sacar” o contrato para depois vir pedir mais ao erário público. Em conclusão, a Lei da Contratação Pública está a mudar um pouco por toda a parte e, na União Europeia, por exemplo, a irrealidade dos preços nas propostas a concurso pode levar à sua exclusão e a responsabilização dos contratantes pelos desvios e pelas “derrapagens” financeiras é cada vez maior. Os governos estão a fugir do anterior paradigma de que o que interessa é o preço e a apostar na eficiência económica de equipamentos que, mesmo sendo mais caros no momento, amortizam essa diferença ao cabo de anos de operação sem percalços. Desta perspectiva, gastar bem o dinheiro da RAEM é gastá-lo em estruturas sólidas física e tecnicamente, mesmo que sejam um pouco mais dispendiosos. É urgente renovar mentalidades nos organismos de obras públicas da RAEM, sendo que são ainda muito pequenos os passos de criação de penalizações por infracções criminais e laborais para as empresas que se apresentam a concurso ou a divulgação dos esquemas de pontuação técnica. É urgente remodelar a lei dos concursos públicos e é inequívoco para todos os operadores que está na hora de uma reforma de fundo, que deve ser promovida com uma verdadeira consulta pública, auscultando as sensibilidades dos agentes económicos de Macau, dos profissionais legais e técnicos públicos e privados, por forma a detectar, antecipar e resolver dificuldades e criar regimes de empreitada e prestação de serviços públicos mais actuais e mais vocacionados para o conceito cada vez mais importante de racionalidade económica, que, como a nossa experiência dolorosamente nos tem ensinado, é bem diferente do actual “barato e bom” que a Administração continua a buscar sem sucesso em cada concurso público.
Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editor Vanessa Amaro Redacção Filipa Queiroz; Gonçalo Lobo Pinheiro; Joana Freitas; Kahon Chan; Rodrigo de Matos; Virginia Leung Colaboradores António Falcão; Carlos Picassinos; José Manuel Simões; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Rui Cascais; Sérgio Fonseca Colunistas Arnaldo Gonçalves; Boi Luxo; Correia Marques; Gilberto Lopes; Hélder Fernando; João Miguel Barros, Jorge Rodrigues Simão; José I. Duarte, José Pereira Coutinho, Luís Sá Cunha, Marinho de Bastos; Paul Chan Wai Chi; Pedro Correia Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia António Falcão, Gonçalo Lobo Pinheiro; António Mil-Homens; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Laurentina Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Av. Dr. Rodrigo Rodrigues nº 600 E, Centro Comercial First Nacional, 14º andar, Sala 1407 – Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo
Eles levam tudo e não deixam nada. Portugal Últimos a reformar-se Portugal é o país da Europa onde os homens se reformam mais tarde, aos 67 anos e dois anos depois da idade legal de reforma. Para este cálculo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) utilizou a idade média de reforma efectiva entre 2004 e 2009 dos 30 países que integram a organização. As mulheres portuguesas reformamse aos 63,4 anos, antes da idade legal, próximo da média dos seus parceiros comunitários. Cerca de metade dos países da OCDE já aumentou a idade da reforma ou tenciona fazê-lo num futuro próximo, segundo o relatório.
Bahrein Violência crescente A organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch divulgou um relatório alertando para a escalada de violência por parte das forças de segurança do Bahrein. A organização destacou no documento que o controlo pelo governo de hospitais e centros médicos no país é chocante pela “violação flagrante do direito internacional”. O Bahrein vive uma intensa onda de repressão contra os manifestantes que pedem uma reforma política no reino.
... o meu
jantar
!!!
Projectos para novas centrais nucleares suspensos
China com pé no travão O Governo chinês ordenou ontem a suspensão dos projectos para novas centrais nucleares, depois do acidente na central japonesa de Fukushima 1
Líbia Rebeldes negam derrota As forças leais ao regime líbio estavam ontem às portas de Benghazi, bastião do movimento de revolta, noticiou a televisão estatal depois de ter dado como tomada a cidade de Misurata, informação negada pelos rebeldes. “A cidade de Zuwaytinah está sob controlo das forças armadas, que estão às portas de Benghazi”, a segunda maior cidade do país e bastião da insurreição iniciada há mais de um mês, acrescentou. Zuwaytinah, cidade portuária a cerca de 150 quilómetros a sul de Benghazi, foi escolhida pelos rebeldes para sede do chamado Conselho de Transição líbia.
O
ntem, depois de uma reunião do Conselho Estatal da China – presidido pelo primeiroministro Wen Jiabao -, Pequim ordenou uma inspecção “imediata e completa” à segurança das suas infra-estruturas nucleares e suspendeu, temporariamente, qualquer aprovação de projectos para novas centrais. Além disso, ordenou uma “avaliação exaustiva” dos 27 reactores nucleares
em construção neste momento, que representam 40% do número total de reactores que estão a ser construídos no mundo. Mas o Governo chinês não anunciou o fim da exploração das centrais nem o adiamento dos trabalhos em curso. Segundo a Associação Nuclear Mundial, a China quer construir 110 reactores nucleares nos próximos anos, como parte do seu plano para reduzir a sua dependência dos combustíveis fósseis. No sábado, o vice-ministro da Protecção do Ambiente, Zhang Lijun, garantiu que serão tiradas “lições” da crise nuclear no Japão. “Mas a China não vai alterar a sua determinação e os seus projectos de desenvolvimento de energia nuclear”, acrescentou. Especialistas estrangeiros, como Mark Hibbs – da Fundação Carnagie – já se mostraram receosos com a utilização de materiais contrafeitos – e potencialmente
defeituosos – nas infra-estruturas nucleares chinesas. Chen Hao, director do Instituto de Energia Nuclear de Sichuan – província devastada em 2008 por um sismo que fez dezenas de milhar de mortos – considera que a China deverá “avaliar melhor os impactos das catástrofes naturais”. “Quanto à velocidade de desenvolvimento da energia nuclear chinesa, penso que devemos ser mais prudentes”, acrescentou.
Imolação em sichuan
gonçalo lobo pinheiro
Ciência Lua Cheia imperdível O mundo vai poder observar a maior lua cheia das últimas duas décadas amanhã. Como é véspera de equinócio, quem paga é a Páscoa, que se vê este ano empurrada para mais tarde no calendário. No dia 19 de Março, a lua vai parecer invulgarmente maior, porque vai ficar tão próxima da Terra como não acontecia há 18 anos. O fenómeno de aproximação da lua à Terra é designado perigeu (oposto ao apogeu, quando está mais afastada), explica-se por a órbita deste satélite não ser circular, mas elíptica, e não é invulgar, acontecendo todos os anos.
Tens razão. Eu bem queria temperar...
Atentado ao património de Macau Prédios classificados como Património da Humanidade pela UNESCO são suportes de anúncios de marcas e empresas na Rua de São Domingos, mesmo em frente à Livraria Portuguesa. Pelo vistos, os senhorios desconhecem as regras e a polícia... também.
Um jovem monge tibetano imolou-se ontem pelo fogo em protesto contra o controlo governamental chinês, tendo acabado por morrer, na cidade de Aba, em Sichuan, na China. O acontecimento despoletou protestos de centenas de pessoas, e a polícia chinesa isolou o mosteiro de Kirk, bloqueando os vários acessos. “As pessoas estão autorizadas a entrar mas os monges não estão autorizados a sair. Ontem, as lojas na rua estavam todas fechadas”, declarou um empregado de um hotel em Sichuan à AFP. A imolação acontece no terceiro aniversário dos protestos levados a cabo por monges tibetanos, em Março de 2008 em Lhasa, a capital regional do Tibete. Há três anos atrás as manifestações relembravam o 49.º aniversário do fracassado levantamento tibetano de 1959 contra o domínio chinês. As contestações foram altamente reprimidas por forças de segurança e originaram violentos confrontos que provocaram, pelo menos, 19 mortes. Também nessa altura a província de Sichuan, onde os tibetanos formam a maior minoria étnica, foi palco de protestos. Segundo a polícia chinesa os confrontos fizeram entre 13 e 30 mortos. De acordo com Kate Saunders, da Campanha Internacional pelo Tibete, organização com sede em Londres, o monge “imolou-se em protesto contra a repressão” e, de acordo com outros grupos defensores de direitos dos tibetanos, a polícia agrediu violentamente o monge, depois de ter tentado apagar as chamas. Esta é relatada como a segunda vez que um monge no mosteiro Kirt protesta contra as políticas chinesas através da imolação pelo fogo. Em 2009 um monge fez o mesmo mas conseguiu sobreviver. A maioria dos tibetanos está descontente com aquilo que entende ser uma crescente dominação da maioria chinesa da etnia Han e acusa o Governo de desprezar a sua cultura.
sexta-feira 18.3.2011 www.hojemacau.com.mo
Itália 33 mulheres para Berlusconi O primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, defendeuse das acusações dos procuradores de Milão que concluíram ter havido 33 mulheres incitadas a prostituirse nas festas promovidas pelo chefe de Governo italiano. “Tenho 75 anos e sou travesso, mas 33 mulheres é demasiado”, disse. Berlusconi considerou “alucinantes” as acusações dos procuradores de Milão que estão a investigar o que aconteceu nas festas “bunga-bunga” na casa do primeiro-ministro em Arcore, nos arredores de Milão. Os procuradores concluíram que a marroquina Karima El Mahroug, conhecida por “Ruby”, era a única menor entre as participantes nas festas onde terão estado outras 32 jovens que foram incitadas a prostituir-se. Malásia Lady Gaga censurada ‘Born This Way’, o mais recente single de Lady Gaga, foi censurado na Malásia, por promover a homossexualidade considerada crime no país. Os versos em causa, proibidos na grande maioria dos países muçulmanos, falam sobre orientação sexual: “não importa se és ser gay, hetero, bi, lésbica, transexual”. Em vez destas palavras, ouve-se um texto indecifrável. As estações de rádio que não cumprirem a regra, são punidas com uma multa que pode ultrapassa os 110 mil patacas.
Brasil Invadem motel e assaltam clientes nus Vários casais que estavam na madrugada de ontem num motel na Tijuca, bairro da zona norte da cidade do Rio de Janeiro, nunca mais vão esquecer esse momento. Não pela performance alcançada no estabelecimento hoteleiro destinado a encontros sexuais mas sim por terem sido interrompidos por ladrões armados, que apanharam os casais despidos e não tiveram qualquer dificuldade em consumarem os roubos. O que se sabe é que os assaltantes estavam fortemente armados, invadiram o motel e dominaram sem problemas os funcionários. Com a situação controlada, os marginais foram de quarto em quarto, entrando de rompante e dando um susto indescritível a quem, alheado de tudo o mais, se dedicava a assuntos privados.