Hoje Macau 21 JAN 2020 # 4453

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DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ

MOP$10

TERÇA-FEIRA 21 DE JANEIRO DE 2020 • ANO XIX • Nº 4453

hojemacau

LEUNG KAY YIN

BALANÇOS E PREVISÕES ENTREVISTA

APELOS E TEMORES PÁGINAS 7, 9 E 12

Segredos e afrontas

CASA GARDEN

O SENTIDO DO MUNDO EVENTOS

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VÍRUS DE WUHAN

A lei da PJ, que viabiliza a contratação de agentes sem necessidade de divulgar a sua identidade, foi ontem aprovada na AL. A sessão ficou marcada por uma acesa discussão entre Wong Sio Chak e Sulu Sou, com o pró-democrata a apresentar fotografias da Gestapo, do KGB e da PIDE e o secretário para a Segurança a acusá-lo de possuir demónios.

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PÁGINAS 4 A 6

NOITE SATURNINA AMÉLIA VIEIRA

DRAMA DE LER PAULO JOSÉ MIRANDA

DEBUSSY E MICHELANGELI MICHEL REIS


2 ENTREVISTA

LEUNG KAY YIN PROFESSOR DO INSTITUTO POLITÉCNICO DE MACAU

“Jovens irão para a rua daqui a cinco ou dez anos” A equipa de Ho Iat Seng tomou posse a 20 de Dezembro e, desde então, já houve visitas surpresa a serviços públicos, inúmeras avarias no Metro Ligeiro e um recado deixado a Alexis Tam sobre o despesismo. Leung Kay Yin, professor do Instituto Politécnico de Macau, diz que a maioria dos residentes gosta do novo Governo. A educação nacional e maior controlo secretário são as apostas do Executivo de Ho Iat Seng, diz o professor universitário, que se queixa de alguma pressão para não falar do que se passa em Hong Kong no IPM

Que balanço faz do primeiro mês do novo Governo? O público em geral aceita o novo Governo, mas algumas pessoas receiam que Ho Iat Seng venha a pôr termo ao programa de comparticipação pecuniária ou reduzir os valores dos cheques. No que diz respeito ao Metro Ligeiro, a maior parte dos passageiros vem de Hong Kong ou da China, e muitas pessoas em Macau sente que este não é um transporte público para eles, porque o facto de funcionar apenas na Taipa não é muito conveniente. Ainda sobre o Metro Ligeiro, tem faltado um bom mecanismo para informar o público. Ho Iat Seng fez declarações sobre o despesismo na tutela de Alexis Tam, quando era secretário para os Assuntos Sociais e Cultura. Tem havido enormes gastos em todas as tutelas, sobretudo ao nível das Obras Públicas. Pensa tratar-se de uma espécie de jogo político do Chefe do Executivo face a Alexis Tam? De facto o último Governo gastou muito dinheiro, incluindo na área da segurança social. Ho Iat Seng quer reduzir os gastos mas ainda não compreendemos bem onde quer exactamente cortar. Talvez se saibam novas informações de como se podem reduzir os gastos do Governo após o Ano Novo Chinês ou depois de Março. Mas deixe-me dizer-lhe que Ho Iat Seng parece ter deixado claro que não será feita uma reforma democrática nos próximos anos. Em que sentido? Penso que ele não tem quaisquer intenções de fazer isso. Comparando com Hong Kong, a Lei Básica de Macau não tem qualquer promessa de que o sistema político seja mais democrático, então os empresários olham para a situação em Hong Kong e pensam que os jovens vão despertar e tentar lutar pelos seus direitos, e isso é algo que os deixa preocupados. Então acha que Ho Iat Seng não está de facto a promover a reforma do sistema democrático.

Não há intenção de fazer isso, não há uma força que o faça fazer isso. Mesmo que os jovens peçam uma reforma política apenas uma minoria o fará, e a maior parte das pessoas de Macau gostam do seu país e da estabilidade. Não vão exigir qualquer reforma nos próximos anos, não será gasto muito tempo nisso. No que diz respeito aos protestos em Hong Kong, como é que o Governo de Macau vai continuar a reagir? O Governo de Macau está muito alerta e a prestar muita atenção à juventude de Macau, face à possibilidade de estes aprenderem algo com a situação de Hong Kong. Mesmo que sejam pequenas acções, vão tentar reduzir o raio de acção. Em Agosto, algumas pessoas tentaram organizar uma vigília no Leal Senado, mas a polícia tentou travar o acontecimento, o que significa que o Governo está

“Às vezes sinto uma certa pressão, porque a direcção do IPM pode ter receio de cortes orçamentais ou que haja um limite ao desenvolvimento do IPM devido a discursos públicos dos professores.”

a prestar cada vez mais atenção ao fenómeno e pensa que em Hong Kong se tente ensinar algo aos jovens de Macau. A nova geração está mais consciente dos seus direitos e daqui a cinco ou dez anos irá lutar por eles na rua. Por outro lado, falou-se na aposta na educação nacional e isso é eco da situação que se vive em Hong Kong, porque pensam que em Hong Kong deveria haver uma maior aposta na educação nacional. Serão gastos mais recursos para que os jovens aprendam mais sobre a China e para que amem o seu país, para que não vão para as ruas. Os jovens de Macau podem ir para as ruas se o Governo não resolver o problema da habitação? Daqui a cinco anos os jovens podem exigir uma maior democracia, porque aqueles que nasceram em Macau têm um maior sentido de pertença ao território do que os seus pais, então vão tentar lutar pelos seus direitos. Muitos académicos dizem que hoje é Hong Kong, amanhã vai ser Macau. As novas gerações têm um nível educacional mais elevado e um grande sentido de pertença a Macau. Ho Iat Seng fez visitas surpresa a vários serviços públicos. Qual a mensagem que ele quer passar? Talvez algum aviso e alerta por parte do Governo para que haja uma maior eficiência, para mostrar quem está no poder. É um estilo muito usado pelos empresários, que querem mostrar quem manda e que os empregados não devem mostrar que não trabalham. Não diria que tem a ver com corrupção, mas é para mostrar que as direcções de serviços têm de trabalhar melhor e cumprir prazos, chegar ao local de trabalho a tempo (risos). Na área da economia e finanças, o secretário Lei Wai Nong já reuniu com algumas associações tradicionais do território. É uma boa estratégia para começar o mandato?

Reunir com diferentes associações é muito comum. Nesta fase o Governo com a situação de redução dos impostos sobre o jogo quer mesmo apostar na diversificação económica e isso é mesmo um requisito do Governo Central. Quando o Presidente Xi Jinping esteve em Macau também exigiu que Macau tenha uma economia mais diversificada. Penso que o secretário quer reunir com vários empresários para saber como pode chegar a uma solução nesse sentido nos próximos anos. O Governo Central vem exigindo há muitos anos a diversificação da economia, mas até agora não vimos muitas acções, e penso que Ho Iat Seng quer mesmo avançar com alguma acção para concretizar esse desígnio.

“Os jovens estão à espera de mais oportunidades [para protestar]. Caso o Governo faça erros então irão para a rua.” Podemos esperar novas medidas de combate à corrupção nas próximas Linhas de Acção Governativa? Muitas pessoas em Macau pensam que se gasta demasiado no sector das obras públicas. No que diz respeito ao Comissariado contra a Corrupção (CCAC), deveriam ser feitos mais relatórios sobre os grandes projectos, para que se possa compreender porque é que as obras demoram tanto tempo e custam tanto dinheiro. Este é um factor crucial para construir um Governo credível nos próximos anos porque o Governo de Macau tem sido afectado por muitos casos de corrupção, alguns deles nas obras públicas. O CCAC deve prestar mais atenção a estas investigações. Sobre o trabalho da secretária Ao Ieong U [Assuntos Sociais e Cultura], o que tem a dizer?


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Não a conheço, mas dos discursos públicos que fez penso que vai prestar muita atenção à área da educação e dos gastos públicos. Sempre se frisou a necessidade de apostar na educação nacional e este será um ponto no qual ela vai focar a sua atenção. No futuro vai promover mais programas de educação nacional para os mais jovens. O grande foco será sem dúvida a educação. Acredita então que este Governo vai apostar cada vez mais na educação nacional e em mais medidas securitárias? Eles querem monitorizar as pessoas e manter a segurança a um

nível elevado. Mesmo para aqueles que façam pequenas acções, tal já constitui um perigo para o Governo, como é o caso da Associação Novo Macau (ANM). O trabalho da ANM vai ser cada vez mais difícil? Sim, porque o Governo não aceita que uma situação como a de Hong Kong aconteça em Macau.

“O Governo não aceita que uma situação como a de Hong Kong aconteça em Macau.”

A ANM deveria mudar de estratégia? Não vão fazer isso, porque são claros sobre a sua posição, que é a de desempenhar um papel radical. Alguns jovens e radicais da classe média são seus amigos e eles [ANM] querem consolidar esses apoiantes. No que diz respeito ao movimento pró-democrata, foram desaparecendo os protestos nas ruas em datas importantes, como o Dia do Trabalhador, por exemplo. Os jovens estão à espera de mais oportunidades [para protestar]. Caso o Governo faça erros então irão para a rua. Hoje em dia a

maior parte das pessoas aceita o novo Governo, mas os jovens vão lutar por mais, pelos seus direitos e uma maior participação no sistema político. É professor no Instituto Politécnico de Macau (IPM). Sente alguma pressão para não falar de política no geral ou apenas sobre a crise em Hong Kong? Talvez (risos). Às vezes sinto uma certa pressão, porque a direcção do IPM pode ter receio de cortes orçamentais ou que haja um limite ao desenvolvimento do IPM devido a discursos públicos dos professores. Em português ou inglês é sempre melhor do

que em chinês, porque sentem que em português ou inglês há sempre menos pessoas a ler as coisas. Mas em chinês pensa-se que se pode influenciar a opinião pública e que isso cause insatisfação no Governo. Há linhas orientadoras no IPM para não se falar de HK? Não. Pedem-nos apenas que façamos promoção ao IPM quando falamos aos media. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo


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21.1.2020 terça-feira

Demónios à solta SEGURANÇA

GCS

LEI DOS “AGENTES SECRETOS” FOI APROVADA, MAS WONG SIO CHAK “PICOU-SE” COM SULU SOU


assembleia legislativa 5

terça-feira 21.1.2020

TIAGO ALCÂNTARA

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Assembleia Legislativa (AL) aprovou ontem as alterações à Lei da Polícia Judiciária (PJ), que vai permitir a contratação de agentes sem revelar a identidade dos mesmos. O secretário da Segurança somou uma vitória, mas contou com votos contra de Sulu Sou, Ng Kuok Cheong e Au Kam San e ainda foi confrontado com fotografias de polícias políticas de regimes repressivos, nomeadamente da Gestapo, KGB e da Polícia Internacional de Defesa do Estado (PIDE). A questão que levantou mais polémica foi a contratação de agentes sem a obrigatoriedade de divulgar os resultados dos concursos públicos. A medida depende de autorização do Chefe do Executivo: “Em relação aos agentes secretos… Tenho aqui fotos. Sabe que unidade é esta? É a polícia política Nazi, a Gestapo. As pessoas também não sabiam a identidade destes agentes. […] Tenho outra foto, na União Soviética. É o KGB e também não precisava de publicar a identidade dos agentes. E em Portugal, mais uma fotografia, Salazar também criou uma polícia política […] que perseguia políticos. Foi extinta após a revolução”, afirmou Sulu Sou, para Wong Sio Chak, enquanto ia mostrando as fotografias. Mas o democrata foi mais longe. Na intervenção acusou ainda o secretário de, à imagem do que tinha acontecido com a Lei de Protecção Civil, fazer a comparação dos documentos que propõe com leis de outros países que já não estão em vigor. O exemplo dado foi a lei Portuguesa de 2018 de contratação de agentes para a Polícia Judiciária e para as “secretas” portuguesas. A resposta às perguntas de Sulu Sou só vieram depois de um intervalo e da intervenção de outros deputados. No regresso, o democrata chegou atrasado e o secretário para a Segurança não perdoou: “Vejo que houve deputados que fizeram perguntas e que saíram. Dizem coisas que parecem que são como dizem, mas não é assim”, começou por disparar. Enquanto Sulu Sou não regressava, Wong Sio Chak respondeu a questões de outros deputados. Foi já com o democrata no hemiciclo que voltou à carga: “Somos comparáveis ao KGB? Não, estamos a trabalhar tudo de acordo com a lei. Não estamos a fazer nenhuma

RÓMULO SANTOS

Wong Sio Chak viu aprovada as alterações à lei da PJ, mas antes teve de olhar para as imagens da Gestapo, KGB e PIDE e foi acusado de voltar a argumentar com leis que já não estavam em vigor em outros países. O secretário recusou as críticas e acusou Sulu Sou de possuir “demónios”

SULU SOU PARA WONG SIO CHAK “Em relação aos agentes secretos... Tenho aqui fotos. Sabe que unidade é esta? É a polícia política Nazi, a Gestapo. As pessoas também não sabiam a identidade destes agentes.”

coisa fora da Lei. A situação do KGB da União Soviética era em tudo diferente”, sublinhou. “Tudo o que fazemos tem fiscalização do Ministério Público, não decidimos tudo. Se não cumprirmos a lei, não podemos utilizar as provas, não podem ser apresentadas em tribu-

ARMAS SÃO “BAGATELA”

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deputado e presidente do Hotel Pousada Marina Infante considerou que as armas em Macau são uma “bagatela” e admitiu ter tido uma, que posteriormente entregou às autoridades. Foi quando se falava no facto dos agentes que investigam tríades serem obrigados a entregar as armas que Vitor Cheung fez a revelação, para desvalorizar o assunto: “Mas estamos a falar de armas? São uma bagatela. Eu também tinha uma que depois entreguei à polícia”, confessou. Na mesma intervenção Vitor Cheung disse ainda estar cansado do debate sobre as alterações à Lei da Polícia Judiciária.

nal. Comparar a PJ com o KGB é injusto”, acrescentou. O secretário queixou-se também de Sulu Sou o ter acusado de utilizar uma lei de Portugal que foi revogada, sem ter dito que havia uma nova “mais rigorosa”. “Falou que a lei foi revogada, mas não disse que foi substituída pelo decreto-lei 138/2019, que entrou em vigor em Setembro. Quando esta proposta de lei foi apresentada ao Conselho Executivo a lei portuguesa ainda não tinha sido revogada. Porque é que o deputado não disse isso?”, questionou, Wong. “A nova lei de Portugal até é mais rigorosa”, vincou. Apesar das intervenções de Wong Sio Chak terem sido muito focaas nas críticas de Sulu Sou, houve outros deputados a mostrarem-se preocupados com o assunto, como os democratas Au Kam San, Ng Kuok Cheong, Ella Lei, dos Operários, Mak Soi Kun, ligado à comunidade de Jiangmen, e Agnes Lam.

ARTIGO 23…

Um dos documentos mais mencionados ontem foi a Lei de Salvaguarda do Estado, ou seja, o documento que concretizou o Artigo 23 da Lei Básica, da protecção nacional. Há cerca de duas semanas surgiram relatos online de que agentes da

WONG SIO CHAK PARA SULU SOU “Porque é que liga sempre os seus actos com a segurança do Estado? Acho que é o demónio dentro de uma pessoa.”

polícia tinham evocado esta lei para impedir que residentes tirassem fotografias, mesmo a partir da rua, das instalações da DSAMA. Embora não tenha mencionado directamente o caso, Sulu Sou apontou que é cada vez mais frequente o medo desta lei. O deputado revelou mesmo que foi abordado por um homem, numa acção de campanha, que lhe pediu cuidado para evitar acusações contra a segurança nacional. “Parece que esta lei já ultrapassou os limites da sua aplicação e que se está a criar um clima de Terror Branco”, atirou. Na resposta, Wong Sio Chak falou de “demónios” e disse a Sulu Sou para ir ler a Lei da Salvaguarda do Estado, para conseguir perceber

“Quando esta proposta de lei foi apresentada ao Conselho Executivo a lei portuguesa ainda não tinha sido revogada. Porque é que o deputado não disse isso?” WONG SIO CHAK SECRETÁRIO PARA A SEGURANÇA

a aplicação da mesma. “Porque é que liga sempre os seus actos com a segurança do Estado? Acho que é o demónio dentro de uma pessoa”, apontou. “Mas pode ler novamente o documento, até porque não tem muitas normas, e vai poder entender o conteúdo”, convidou. Outra das perguntas prendeu-se com eventuais abusos das autoridades. A deputada Agnes Lam focou este assunto numa das suas intervenções, mas também Au Kam San e Ng Kuok Cheong. No entanto, Wong Sio Chak considerou que as polícias já “têm supervisão suficiente”. Vários deputados questionaram igualmente a necessidade de se criar departamentos para a recolha de informação sobre a Segurança Nacional, quando nunca houve uma única acusação na RAEM. A esta pergunta, a resposta veio de Iau Teng Pio, deputado nomeado pelo Chefe do Executivo, que defendeu que a prevenção é essencial para garantir a segurança, ainda antes de serem cometidos os crimes. A resposta de Iau teve a concordância de Wong Sio Chak. Ainda em relação à PJ, foi aprovado na generalidade, o novo estatuto de carreira, com votos contra de Sulu Sou e uma abstenção de José Pereira Coutinho. João Santos Filipe

joaof@hojemacau.com.mo


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GCS

21.1.2020 terça-feira

Iluminação Mak Soi Kun critica orçamento de 7,7milhões

O legislador Mak Soi Kun atacou ontem o aumento de 24 por cento no preço na iluminação de Ano Novo Chinês, que vai custar aos cofres da RAEM 7,7 milhões de patacas. Apesar de o deputado ter elogiado a iluminação, não deixou de criticar o planeamento tardio do processo que terá feito disparar os preços e defendeu ainda que o dinheiro seria melhor gasto se fosse focado na recolha do lixo que se acumula nas ruas e no tratamrnto das águas residuais que se acumulam, principalmente na área do Iao Hon.

Cantão Explosão leva a pedidos de mais segurança em Macau

Os deputados Ho Ion Sang, ligado aos Moradores de Macau, e Si Ka Lon, da comunidade de Fujian, apelaram ao Governo para legislar rapidamente a lei do armazenamento das substâncias perigosas, tal como o secretário da Segurança, Wong Sio Chak, havia feito na semana passada. Ambos os legisladores recordaram a explosão na fábrica de Gaolan, em Zhuhai, e apelaram ao Executivo para que trate rapidamente o assunto, para evitar sustos, numa cidade com um elevado nível de concentração populacional.

Despesa Leong Sun Iok aponta gastos sem controlo de 15 mil milhões

Segundo as contas do deputado Leong Sun Iok, ligado aos Operáios de Macau, a RAEM transferiu até 2020 quase 15 mil milhões de patacas para empresas com capitais públicos, que não estão sujeitas a medidas de transparência e supervisão. “Existem em Macau 23 empresas de capitais públicos, e cada uma delas tem sucursais e filiais. Até 2020, o valor envolvido nas injecções de capital e nos orçamentos soma quase 15 mil milhões de patacas”, apontou. “O público nada sabe sobre a exploração e funcionamento dessas empresas e fundos, nem se os mesmos conseguem alcançar os benefícios socioeconómicos previstos”, frisou. Por este motivo, Leong Sun Iok apelou ao Governo de Ho Iat Seng para que legisle o mais depressa possível as leis para que estas empresas sejam obrigadas a apresentar dados que permitam à população perceber os gastos públicos.

André Cheong, secretário para a Administração e Justiça

Cheque em branco Deputados aprovam arrendamento de espaço em Hengqin sem saberem valor da renda

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S deputados aprovaram ontem na generalidade a lei que vai permitir que Macau arrende mais um espaço na Ilha da Montanha, onde vai construir uma ponte, uma nova fronteira, assim como ligações ferroviárias ao Interior. No entanto, e apesar de a lei ainda ter de ser votada mais uma última vez na especialidade, os membros da Assembleia Legislativa não sabem quanto é que a RAEM vai ter de pagar pelo arrendamento, nem o espaço que vai ser ocupado. A questão do montante que terá de ser pago pelos cofres

da RAEM foi levantada pela deputada Song Pek Kei, eleita com o apoio do empresário Chan Meng Kam. A legisladora recordou que no caso da “cedência” do Campus da Universidade de Macau há um pagamento anual de 100 milhões de patacas e quis saber como seria agora. No entanto, o secretário para a Administração e Justiça, André Cheong, admitiu que o valor ainda não está definido e que muitas das respostas às perguntas dos deputados só vão ser respondidas ao longo do período da construção. Cheong fez também o contraste com o caso da UMAC, uma vez

que, quando se fez a lei para a ocupação do espaço na Ilha da Montanha todas as condições de arrendamento, área ocupada e data do início do pagamento estavam definidas. Contudo, no caso da nova fronteira e da nova ponte o cenário é diferente. “O local que Macau vai arrendar está definido, é uma área de 16 mil metros e é o local que o Chefe do Executivo já visitou. Mas o projecto envolve uma ponte que vai ser construída por fases, não é como a Universidade de Macau em que tudo estava construído”, reconhece o secretário. “Ainda estamos à espera que os pormenores sejam revelados pelos serviços compe-

tentes.Após termos a divulgação da informação vamos proceder à publicação no Boletim Oficial”, acrescentou.

POR PARTES

André Cheong explicou depois que a ponte vai ser construída por fases e que o início do pagamento e o valor da renda vão depender do andamento dos trabalhos e da conclusão das diferentes fases. Apesar da ausência de informação, proposta que surge após uma deliberação da Assembleia Popular Nacional, o arrendamento foi aprovado por unanimidade, com 30 votos a favor. J.S.F.

Educação Chan Hong defende ensino da “História correcta”

É preciso seguir os ensinamentos do Presidente Xi Jinping e ensinar aos alunos a versão correcta da História do País de forma a promover o Amor pela Pátria. A tese foi defendida ontem pela deputada Chan Hong, na Assembleia Legislativa, que é vice-directora da Escola Secundária Hou Kong e presidente da Associação de Educação de Macau. “O Presidente salientou que o patriotismo é a base sólida política e social para a concretização com sucesso do princípio “Um País, Dois Sistemas”, sendo necessário conhecer bem a história... para aprender conhecimentos históricos exactos e completos, estabelecendo uma visão correcta da História”, sublinhou. “Esta é a responsabilidade que tem de ser assumida pelos nossos serviços de educação e pelas escolas. […] Em pleno cumprimento das orientações do Presidente, terá de haver empenho no ensino da história, na transmissão da herança e na divulgação da excelente cultura tradicional chinesa, para o espírito de amor pela Pátria e por Macau passar de geração em geração”, acrescentou.


política 7

terça-feira 21.1.2020

VÍRUS DE WUHAN WONG KIT CHENG APELA A REFORÇO DE MEDIDAS DE PREVENÇÃO

Ano novo, velhos sustos

No dia em que se registou a terceira vítima mortal no Interior da China, a deputada ligada à Associação das Mulheres admitiu temer o agravamento da epidemia e apelou a que se reforce a supervisão nas fronteiras. Pede ainda ao Executivo que “lide” com os rumores que podem gerar “pânico social”

N

O dia em que as autoridades do Interior da China revelaram mais uma morte relacionada com a pneumonia de Wuhan, que aumenta o número de vítimas fatais para três, a deputada Wong Kit Cheng apelou ao Governo para que se prepare para o Ano Novo Chinês. Entre as 22 intervenções antes da ordem do dia, a legisladora ligada à Associação Geral das Mulheres foi a única que fez da epidemia o assunto principal. Ontem, ficou igualmente a saber-se que o número de infectados subiu para 190 no Interior do país. “Neste momento, não se registou em Macau nenhum caso confirmado de pneumonia de Wuhan, e todos os 13 casos suspeitos são infecções por vírus de gripe ou constipação. A pneumonia de Wuhan e a gripe são doenças respiratórias transmissíveis com características semelhantes, que não podem ser subestimadas”, alertou. Por isso, Wong avisa que numa altura em que se espera que mais de um milhão de turistas visite Macau, devido às celebrações do Ano Novo Chinês que “os trabalhos de prevenção e tratamento de doenças transmissíveis do Governo e dos cidadãos não podem ser relaxados”. Neste contexto, a deputada, que é enfermeira de formação, deixou

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Gabinete de Protecção de Dados Pessoais (GPDP) emitiu ontem uma nota explicativa sobre a garantia do cumprimento da lei no que diz respeito à instalação do reconhecimento facial no sistema de videovigilância. No mesmo comunicado, é referido que o GPDP não está, para já, preparado para rever a lei de protecção dos dados pessoais com base na entrada em vigor, em 2018, na União Europeia (UE), do Regulamento Geral sobre a Protecção de Dados. “Não se sabe se Macau vai adoptar esse método, isso necessita do consenso social.

Segundo os dados revelados pelas autoridades, há três vítimas mortais entre os 190 casos identificados no Interior da China, um número que cresceu em 136 ocorrências só no dia de ontem

várias sugestões ao Governo que espera ver cumpridas. Para evitar a importação do vírus, Wong sugere um “reforço da monitorização da

temperatura corporal e da divulgação sobre a prevenção da epidemia nos postos fronteiriços”, porém vai mais longe. Segundo a legisladora

chimento de impressos de saúde pelos visitantes”, a “divulgação de informações sobre a prevenção nos postos fronteiriços de Macau”, “a elaboração de orientações de saúde para os turistas” e ainda a disponibilização de máscaras.

CAÇA AO RUMOR

Situada no espectro político mais tradicional, Wong Kit Cheng mostra-se ainda preocupada com os rumores que podem conduzir ao “pânico social”. Neste sentido, apelou ao Governo para “reforçar a divulgação imediata de informações” de forma a “prevenir rumores que podem provocar pânico”. A deputada recorda também ao Executivo que deve lidar “com os rumores falsos que circulam na sociedade”. Além da deputada, apenas Mak Soi Kun mencionou o assunto com duas frases na sua intervenção. Segundo o deputado ligado à comunidade de Jiangmen, “os cidadãos estão preocupados”, mas a “responsável pelos Assuntos Sociais e Cultura tomou a iniciativa de enfrentar a situação, realizando várias reuniões e lançando medidas detalhadas de protecção, o que merece elogio!”. Porém, Mak Soi Kun avisou que o problema sanitário de acumulação do lixo nas ruas pode contribuir negativamente, no caso da situação se agravar. A Pneumonia de Wuhan surgiu em Dezembro e suspeita-se que a origem tenha estado num mercado de marisco. Segundo os dados revelados pelas autoridades, há três vítimas mortais entre os 190 casos identificados no Interior da China, um número que cresceu em 136 ocorrências só no dia de ontem. Segundo o South China Morning Post, há inclusive casos em Xangai e Shenzhen, além de no Japão, Tailândia e na Coreia do Sul.

é igualmente necessário, caso haja um agravar da situação, tomar medidas mais drásticas como o reforço da “monitorização”, “o preen-

Videovigilância à lupa

GPDP”, acrescenta o mesmo comunicado.

Actualmente, o GPDP está atento à tendência internacional [e] não está preparado para a revisão da LPDP [lei de protecção de dados pessoais], por isso a realização de tratamento de dados pessoais pela entidade da execução de lei ainda está sujeita rigorosamente à LPDP”, adianta o organismo. O GPDP recorda ainda que a lei em causa é afecta às normais que vigoram na UE, não existindo violação da lei no que diz respeito ao

O GPDP responde também, na mesma nota, às alegadas diferenças de actuação entre o organismo e a tutela para a Segurança. “Relativamente ao facto de que há quem considere que os termos ou a forma de explicação do GPDP não são idênticos aos dos Serviços de Segurança, e que os termos ou a forma de explicação poderão contradizer-se, o GPDP reitera que não existe a questão de contradição, visto que o

Gabinete de Dados Pessoais diz “não estar pronto” para revisão da lei uso do sistema de reconhecimento facial nas câmaras de videovigilância. “Na verdade, essa aplicação da tecnologia de reconhecimento facial tem de estar sujeita ao Regime Jurídico da Videovigilância em espaços públicos e à Lei da Protecção de Dados Pessoais. As câmaras seleccionadas podem ser instaladas depois de se ouvir a opinião vinculativa do GPDP e de se obter de novo uma autorização adequada.”

Nesse sentido, o organismo “entende que a aplicação adicional referida no plano experimental (o termo dos Serviços de Segurança é ‘modo background’) não está envolvida no assunto alusivo à instalação do equipamento que se estipula no segundo capítulo da “lei de Olhos no Céu”, não é necessário pedir uma autorização para tal efeito nos termos dessa lei, pelo que não é preciso ouvir a opinião vinculativa do

CONTRADIÇÕES QUE NÃO EXISTEM

João Santos Filipe

joaof@hojemacau.com.mo

papel de ambas as partes é totalmente diferente.” Isto porque o GPDP é autónomo em relação à tutela do Chefe do Executivo e pode apenas emitir pareceres não vinculativos sobre estas matérias, “não participando activamente no planeamento, organização e implementação do plano relevante em concreto, não podendo [também] dar explicações em nome do responsável”. A mesma entidade explica que, “quanto à matéria em causa já utiliza um meio de supervisão que é frequentemente utilizado pelas autoridades supervisoras de dados pessoais dos diversos países”. A.S.S.


8 sociedade

21.1.2020 terça-feira

CRIME ATAQUE COM FACA PROVOCA UMA MORTE E DOIS FERIDOS NA AREIA PRETA

Quando a morte bate à porta

Por volta das 19h, num prédio na Areia Preta, uma mulher entrou num apartamento empunhando uma faca. Até à chegada das autoridades, os ferimentos que infligiu resultaram numa morte, numa mulher ferida com gravidade e em múltiplos cortes numa criança de cinco anos

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RAM cerca de 19h de domingo, quando uma mulher bateu à porta de um apartamento num prédio situado na Rua do Padre Eugénio Taverna, na Areia Preta. A mulher, oriunda do Interior da China, procurava um homem que, segundo, quem a atendeu, não estaria em casa. Os momentos seguintes foram dignos de um pesadelo para os ocupantes da fracção - a mãe e esposa do homem “procurado”, e dois filhos.

De acordo com informação prestada pela Polícia Judiciária (PJ), a mulher terá forçado a entrada no apartamento de faca na mão, atacando a mãe, a esposa do homem que procurava e um rapaz de cinco anos. Durante o ataque, a menina que estava dentro de casa conseguiu sair e avisar o porteiro do que estava a acontecer, que de pronto chamou a polícia. Assim que as autoridades policiais chegaram ao local dominaram e detiveram a suspeita. Como estava transtor-

nada e se queixava de náuseas, a suspeita foi transportada para o Centro Hospitalar Conde de São Januário (CHCSJ), juntamente com as vítimas do ataque. A mulher, de 30 anos, “foi sujeita a avaliação mental e devolvida à PJ, mas não sabemos se tem algum problema mental”, referiu ontem Lei Wai Seng, médico adjunto da direcção do CHCSJ. À chegada ao hospital, a mulher de 32 anos não resistiu ao golpe profundo que sofreu no pescoço e foi declarado o

óbito, menos de duas horas depois do ataque.Avítima mais idosa, com 62 anos de idade, foi ferida no abdómen e encontra-se internada em estado grave. O menino de cinco anos sofreu ferimentos no rosto, peito e costas e continua internado na ala de pediatria no CHCSJ com um quadro clínico estável e está fora de perigo.

APOIOS EM ACÇÃO

O Instituto de Acção Social (IAS) reagiu à tragédia de domingo, em comunicado citado

pelo canal chinês da TDM – Rádio Macau, declarando preocupação e afirmando que desde que os serviços foram notificados da ocorrência, de imediato intervieram junto dos familiares com o intuito de disponibilizar os apropriados serviços de apoio. Além disso, o IAS apresentou condolências pelo falecimento e colocou em acção o mecanismo de gestão de crises 24 horas, em colaboração com os assistentes sociais da Polícia de Segurança Pública,

da Direcção dos Serviços de Educação e Juventude e do CHCSJ para prestar apoio emocional e terapia. Além disso, o IAS disponibilizou-se também para ajudar a pagar o funeral e apoiar em termos de habitação. O HM contactou o Ministério Público para saber se a suspeita já teria sido presente a juiz, com acusações e medida de coacção aplicada, mas até ao fecho da edição, não recebemos resposta. João Luz com Pedro Arede info@hojemacau.com.mo

JOGO ILEGAL MARCA “GRAND LISBOA MACAU” USADA POR REDE CRIMINOSA EM FRAUDE NO VIETNAME

DST MAIS DUAS PENSÕES ILEGAIS DESMANTELADAS NO FIM-DE-SEMANA

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UMA operação conjunta forças policiais chinesas e vietnamitas detiveram um grupo de 395 pessoas suspeitas de pertenceram a uma rede que operava jogo online ilegal, a partir do Vietname, que usava a marca “Grand Lisboa Macau”. De acordo com a agência Xinhua, as autoridades vietnamitas trabalharam em parceria com o Ministério da Segurança Pública chinês e a polícia de Zhuhai para desmantelar a operação avaliada em 3 mil milhões de renminbis.

Os suspeitos foram detidos na cidade de Hai Phong City, perto de Hanói, onde se suspeita que 21 grupos de crime organizado se tenham juntado para, a partir de mais de uma dezena de apartamentos, montar e gerir 187 portais de internet dedicados a jogo ilegal. O domínio de internet, onde estavam alojadas as páginas, usava o nome “Grand Lisboa Macau” e, de acordo com informação avançada pela Xinhua, os oitos sites independentes alojados nesse domínio eram os que conseguiam atrair maiores somas de dinheiro.

De acordo com o Inside Asian Gaming, a operação terá começado com um restrito grupo de cinco indivíduos em Shenzhen e Huizhou em 2017, e depois migrou para o Vietname em 2018 com um plano de expansão. Para a abertura da “sucursal” vietnamita foi contratado um grupo grande de residentes em Hai Phong City. De acordo com as autoridades, na semana passada foram congeladas 1.279 contas de Alipay de contas bancárias com montantes totais de 2,54 milhões de renminbis. J.L.

O domingo, entre as 12h e as 22h, a Polícia Judiciária (PJ) destacou 16 inspectores para a Taipa para averiguar apartamentos suspeitos de servirem para alojamento ilegal. A equipa da PJ detectou uma pensão ilegal num prédio sito na Rua Seng Tou, na Taipa, onde foram detidas 23 pessoas oriundas do Interior da China (12 homens e 11 mulheres). As 23 pessoas foram levadas para a esquadra, mas após investigação e identificação, foram libertadas por não haver suspeita da prática de qualquer crime, de acordo com informação prestada pela PJ.

O apartamento, que foi selado pela Direcção dos Serviços de Turismo, tinha 19 beliches. De acordo com declarações das pessoas encontradas no interior, e que terão sido solicitadas no Cotai, o preço dos quartos andaria por 100 yuan por dia, 500 yuan por semana e 1.500 yuan por mês. Também na Areia Preta, o Corpo de Polícia de Segurança Pública encontrou um caso suspeito de pensão ilegal. No apartamento em causa, sito na Rua Central da Areia Preta, foram encontradas seis pessoas, entre as quais uma mulher suspeita de prestação ilegal de alojamento. J.L.


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terça-feira 21.1.2020

WUHAN TRÊS CASOS DE PNEUMONIA VIRAL CONFIRMADOS EM ZHUHAI

AUTOCARROS APLICAÇÃO QUE AVALIA VOLUME DE PASSAGEIROS EM VIGOR

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OMEÇA hoje a funcionar a aplicação móvel que permite calcular o volume de passageiros nos autocarros. De acordo com um comunicado da Direcção dos Serviços para osAssuntos de Tráfego (DSAT), o sistema irá ser desenvolvido em três fases.Aideia é que os passageiros possam “informar-se através da aplicação móvel ‘localização dos autocarros’ sobre o volume de passageiros dos autocarros em que o sistema está instalado, por forma a pensar melhor no seu plano de utilização de autocarros ou roteiro de viagem”. Assim sendo, “a DSAT espera que, através da aplicação de trânsito inteligente, as deslocações dos cidadãos sejam mais fáceis”. O sistema cobre, para já, 20 carreiras de autocarros, sendo elas a 1, 1A, 3, 3A, 5, 7, 8, 10, 12, 22, 23, 25, 25B, 26A, 33, 34, 101X, 102X, AP1 e MT4. Estas carreiras ocupam 40 por cento da totalidade da frota de autocarros em circulação. A partir de hoje o sistema funciona em 100 autocarros das carreiras 1, 10, 33 e 101X, sendo que até finais de Fevereiro a aplicação deverá funcionar com 200 autocarros. Até finais de Março está prevista a visualização do volume de passageiros dos restantes 157 autocarros.

Às portas de casa

No mesmo dia em que as autoridades chinesas confirmaram o terceiro caso mortal e mais de 130 novos casos derivados da pneumonia viral de Wuhan, os Serviços de Saúde (SS) afirmaram que Macau vai manter, por enquanto, o nível três de alerta. Ao final do dia de ontem, já depois do anúncio em Macau, as autoridades de Guangdong confirmaram a existência de três casos em Zhuhai

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E acordo com informações divulgadas ontem ao final do dia e citadas pelo canal chinês da Rádio Macau, as Autoridades de Guangdong confirmaram 14 novos casos de pneumonia viral, três dos quais detectados na cidade vizinha de Zhuhai. Antes ainda do anúncio das Autoridades de Guangdong, os Serviços de Saúde (SS) de Macau já tinham admitido a possibilidade de vir a aumentar o nível de alerta de emergência devido à aproximação das celebrações do Ano Novo Lunar, altura em que se verificam grandes movimentações de pessoas em toda a China. “Estamos a observar a situação epidémica em todo o

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ADOS divulgados ontem pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) relativos a um inquérito feito a profissionais da restauração e do retalho revelam uma quebra no negócio dos restaurantes nos últimos meses do ano passado. De acordo com um comunicado oficial, os proprietários de restaurantes afirmaram que, relativamente a Novembro, “o desempenho dos negócios do ramo da restauração continuou a enfraquecer”, uma vez que “47 por cento dos entrevistados da restauração declararam diminuições homólogas no

mundo, incluindo Shenzhen, Zhuhai e Hong Kong para fazer um resumo da situação. É possível que o grau de risco seja aumentado. O surto da epidemia deve manter-se, especialmente durante a Festa da Primavera e podem surgir casos suspeitos importados”, afirmou Lam Chong, director

do Centro de Prevenção e Controlo de Doença. Para já, segundo os SS, mantém-se assim o nível três de alerta de emergência, considerado de risco médio (Grave), em vigor desde o passado dia 5 de Janeiro. A legislação de Macau define cinco níveis de alerta, sendo

o nível seguinte de gravidade (nível dois) considerado “Muito Grave” e o nível máximo (nível um) “especialmente grave”. As declarações foram feitas por ocasião de uma conferência de imprensa convocada no mesmo dia em que a Coreia do Sul informou

Laivos de pessimismo

Retalho e restauração com quebras no negócio no final de 2019

volume de negócios, tendo esta proporção ascendido a quatro pontos percentuais relativamente a Outubro”. Pelo contrário, “30 por cento dos proprietários entrevistados da restauração declararam acréscimos homólogos no volume de negócios, tendo esta proporção diminuído dois pontos percentuais, relativamente a Outubro”, explicou a DSEC. Relativamente ao mês de Dezembro, os proprie-

tários de restaurantes “não previram nenhuma melhoria significativa no desempenho dos negócios”. Um total de “52 por cento dos proprietários entrevistados anteviram aumentos homólogos ou estabilizações homólogas no volume de negócios, tendo esta proporção diminuído dois pontos percentuais relativamente a Novembro”. Ainda na área da restauração, “48 por cento dos

proprietários anteviram diminuições homólogas no volume de negócios para Dezembro, tendo esta proporção aumentado dois pontos percentuais relativamente a Novembro”. No que diz respeito ao retalho, “o desempenho dos negócios foi satisfatório”, uma vez que “53 por cento dos retalhistas entrevistados declararam aumentos homólogos no volume de negócios em Novembro de 2019,

ter detectado o primeiro caso no país e depois de a China ter relatado um terceiro caso mortal e um aumento acentuado no número de infectados com este novo tipo de pneumonia. Até à hora do anúncio existiam assim, excluindo os novos casos reportados pelas Autoridades de Guangdong, 136 novos casos, elevando o número total de infectados com a nova pneumonia viral para mais de 190.

SOB CONTROLO

Em relação à situação da doença em Macau, os SS confirmaram que não foi detectado qualquer caso, registando-se até à tarde de ontem 13 casos suspeitos que estão a ser monitorizados. Os serviços de saúde garantiram ainda que o hospital e centros de saúde estão preparados para lidar com a pneunomia viral e que existem na região medicamentos suficientes para combater a doença. Quanto a medidas de prevenção para fazer face à disseminação da doença, os SS afirmaram que todos os turistas que chegam de Wuhan estão a ser verificados individualmente através de uma declaração de saúde que têm forçosamente de preencher à entrada de Macau e através do controlo de temperatura, quer o acesso seja feito por via terrestre, marítima ou aérea. Pedro Arede com Lusa info@hojemacau.com.mo

tendo esta proporção subido 13 pontos percentuais face a Outubro”. “Simultaneamente, 31 por cento dos retalhistas entrevistados manifestaram decréscimos homólogos no volume de negócios tendo esta proporção descido nove pontos percentuais face a Outubro”, acrescenta a DSEC. Um total de 68 por cento dos retalhistas do ramo do comércio “previram que o comportamento do mercado enfraquecesse para o mês de Dezembro de 2019”. A.S.S.


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“Eksploring of Identity, between Imagination and Reality” é a exposição do artista balinense, I Nyoman Suarnata, que abre ao público a partir de amanhã na Casa Garden. Desde super-heróis às alterações climáticas, passando pelas influências de Basquiat, o HM procurou compreender o que está na génese de uma obra, no mínimo, peculiar

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arte pode ser quase um sonho onde o passado e o presente convivem com a imaginação e a realidade numa sinergia que tenta encontrar explicações para o mundo que nos rodeia. É desta forma que I Nyoman Suarnata resume em traços gerais a constante busca por aquilo que considera ser a sua identidade artística, onde residem, não poucas vezes, a renovação hinduísta através da reencarnação, memórias de infância, a exploração animal e a esperança na construção de um mundo melhor. Natural de Tampaksiring, na região de Ubud, na indonésia, o artista de 39 anos de sorriso fácil, que vai ver a sua

21.1.2020 terça-feira

A sustentável pro I NYOMAN SUARNATA PINTOR

obra exposta na galeria principal da Casa Garden até ao próximo dia 23 de Fevereiro, contou ao HM como gosta de incluir nos seus trabalhos, mensagens que pretendem ser críticas sociais do mundo à sua volta. Materializando a sua criativade espontânea na pintura de figuras humanas inseridas em vastas multidões e animais “prontos a consumir”, o artista formado pelo Indonesia Institute of Arts combina a técnica mista de pintura a óleo, acrílico, recortes de papel e escritos, para dar vida aos seus trabalhos. Esporadicamente, confidencia, conta até com a ajuda do sobrinho para embelezar alguns trabalhos.

Como descreve a sua obra à luz do que resulta do encontro entre a imaginação e a realidade? A imaginação e a realidade são o ponto de encontro da exploração da minha técnica nas obras que faço. Através da pintura pretendo transmitir mensagens ao público. A imaginação surge para dar vida a imagens abstractas que também pretendem ser mensagens para o público, como por exemplo, o tema da exploração animal que pode ser vista, por exemplo, no quadro onde represento uma galinha a ser transformada numa salsicha pronta para ser consumida. Da imaginação, faz parte tudo o que está dentro da minha cabeça e as obras, são a materialização disso mesmo. Do lado da realidade procuro usar no meu trabalho o que vejo à minha volta e os problemas que existem no sítio onde vivo. Estando atento à realidade consigo transmitir mensagens ao público através das minhas obras, procurando fazer com que o público entenda o meu passado e presente. Que mensagem pretende passar com os seus trabalhos? Existem muitas mensagens diferentes nas minhas obras e tento pensar de forma global, ao invés de tentar focar-me num único problema, conceito ou tema, pois não gosto disso. Nas minhas obras abordo,

por exemplo, o tema da exploração animal intensiva ou outras situações culturais, sociais ou políticas. Quanto às alterações climáticas que têm resultado ultimamente nalgumas tragédias, penso que existe um problema global que tem de ser resolvido por todos e não apenas em Jacarta [no caso das cheias] ou

“A imaginação e a realidade são o ponto de encontro da exploração da minha técnica nas obras que faço.”

[dos incêndios] na Austrália. Acho que a humanidade e o estilo de vida das pessoas têm contribuído drasticamente para o aparecimento deste tipo de problemas. Já o tema da exploração animal que tento transmitir através da minha obra, aborda a superioridade humana sobre os animais, que acaba por legitimar a possibi-

lidade de fazer tudo. Tenho pena que se tenha de matar animais atrás de animais para servir de alimento. Gostava que homens e animais vivessem de forma harmoniosa e convivessem, sem interesses. Qual o papel que a arte pode desempenhar na resolução de problemas sociais?


eventos 11

terça-feira 21.1.2020

HOJE MACAU

ocura do ser

fluenciado por muitas culturas fortes e pela filosofia própria da região, aprendi que o trabalho deve ser levado muito a sério e vem do coração, vem de deus. O trabalho em Bali é uma das muitas formas do Taksu, um conceito que significa "carisma" ou "vida" das artes retidas pelos olhos, mentes ou corações, tanto humanos como divinos. Quais são as suas principais referências artísticas? Tenho muitas referências, mas sublinho em primeiro lugar a influência de Basquiat. Entre artistas indonésios tenho de citar Made djirna, um artista de Bali de que gosto muito. Os filmes e os desenhos-animados que via quando era pequeno na televisão também foram uma influência forte, como é possível ver nalgumas obras onde retrato esse imaginário. Por vezes uso estes super-heróis nas minhas obras de forma distorcida e crítica, como por exemplo na obra do rei falso, que conta a história de uma eleição de fachada para um cargo político, onde o ex-dirigente que abandona

mensagens que queremos transmitir. É preciso continuar a tentar.

Acho que cada artista tem o seu próprio estilo, alguns mais interessados em pintar paisagens, outros mais virados para a crítica social e penso que não há problema nenhum nessa variedade. Mas penso ser importante que possa haver crítica através da arte para tentarmos mudar o mundo através das

Uma "ideia" recorrente nesta exposição diz respeito à busca feita por uma multidão que tenta ir para um novo planeta. Porque acha que a humanidade precisa de encontrar uma nova casa? Por um lado, resulta da minha própria experiência de vida em Bali onde as multidões e a falta de espaço são uma constante. Por outro, acho que o planeta Terra tem demasiadas pessoas e que está a chegar ao limite para acolher tanta gente. O que tento representar é que, como não há espaço para todos, existe a missão de encontrar um novo planeta, uma nova casa para as pessoas que vivem na Terra. Existe esperança, mas, nestas obras, desenho sempre as nuvens carregadas e com cores escuras também por que penso que existe demasiada poluição e isso faz com que as pessoas queiram procurar uma nova casa. Quais os principais desafios que encontra no processo de produção das suas obras? Não tenho encontrado dificuldades a nível técnico. A maior dificuldade que en-

“Existem muitas mensagens diferentes nas minhas obras e tento pensar de forma global, ao invés de tentar focar-me num único problema, conceito ou tema, pois não gosto disso. Nas minhas obras abordo, por exemplo, o tema da exploração animal intensiva ou outras situações culturais, sociais ou políticas.” contro passa sobretudo por arranjar ideias para as minhas obras, de forma a que público possa compreender as mensagens subjacentes ao meu trabalho. Esse é o meu maior problema e é muito difícil para mim passar a mensagem. Por exemplo, ao ver o trabalho não deve ser preciso perguntar sobre o tema que retrata, deve ser

compreensível por si só e por toda a gente. As ideias surgem normalmente, através da minha imaginação, através de livros ou jornais que leio ou através do contacto com situações do dia a dia. Por outro lado, às vezes fico cansado ou aborrecido de pintar e preciso de parar por exemplo três meses até encontrar novamente a disposição certa para voltar ao trabalho. Quando deixo de ter ideias páro outra vez. Além disso, não trabalho todos os dias. Tenho a sorte de poder parar quando quero e recomeçar quando sinto que é o momento certo. Como é que decidiu enveredar por uma carreira no meio artístico? Desde pequeno, sempre gostei de desenhar e todos os dias desenhava, mesmo mais tarde durante a adolescência. A zona onde eu vivo, em Tampaksiring, Ubud, é uma zona culturalmente forte em Bali e onde estão os artistas todos. Originalmente queria ser arquitecto, mas não fui bem sucedido nos exames de admissão à universidade e acabei por ingressar o Indonesian Institute of the Arts, em Denpasar e fiz aí a minha formação. Por outro lado, por ter crescido em Bali, in-

o cargo é representado com uma capa vermelha e super-poderes. Além disso, o Hinduísmo está também presente no meu trabalho. A religião hindu é como uma confidente com quem podemos falar e que tem subjacente a ideia da reencarnação. Eu acredito que nós morremos e nascemos como se fosse um rolo de renovação contínua e por isso mesmo é que abordei esse tema da morte como um novo recomeço em algumas das minhas obras. É verdade que o seu sobrinho de seis anos deu o seu contributo nalgumas obras? Sim, às vezes encontro-me com o meu sobrinho para colaborarmos porque ele diz que gosta muito de desenhar, como eu. É um processo totalmente espontâneo, em que ele aparece e desenha se tiver vontade. Para mim não há problema nenhum que ele desenhe nos meus quadros, até gosto disso. Pedro Arede

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PUB

Notificação Por deliberação do Conselho de Administração da Fundação Macau de 8 de Janeiro de 2020, devido ao facto de “Merszei, Joseph Rosa” não ter cumprido na íntegra com todas as obrigações inerentes à aceitação do apoio financeiro concedido para a sua participação nas corridas do exterior durante o ano 2013, foi decidido incluir o seu nome na lista dos incumpridores, aplicando-se-lhe as medidas restritivas resultantes do incumprimento, nomeadamente a rejeição de novos pedidos de apoio financeiro que o interessado venha a formular no prazo de dois anos a contar a partir do dia de cessação do apoio financeiro concedido. Na impossibilidade de notificar o interessado pessoalmente, por ofício, por telefone ou ainda por outras formas de notificação pessoal nos termos do n.º 1 do artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, notifica-se o interessado para, no prazo de dez dias a contar do dia seguinte à data de publicação da presente notificação edital, deduzir, por escrito, a sua defesa, nos termos do n.º 2 do artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo. O interessado pode consultar o processo, na Avenida Almeida Ribeiro, n.ºs 61-75, Circle Square, 7.º andar, em Macau, durante o horário de expediente. Fundação Macau, aos 21 de Janeiro de 2020 O Presidente do Conselho de Administração, Wu Zhiliang.


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21.1.2020 terça-feira

PLÁSTICO SACOS NÃO BIODEGRADÁVEIS VÃO SER PROIBIDOS NAS PRINCIPAIS CIDADES

VÍRUS DE WUHAN XI JINPING PEDE MOBILIZAÇÃO DO PAÍS PARA TRAVAR PROPAGAÇÃO

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Presidente chinês, Xi Jinping, apelou ontem ao país para se mobilizar “com determinação” para travar a propagação de um novo vírus que matou três pessoas desde Dezembro e começou a infectar nações vizinhas. Segundo a televisão nacional CCTV, o chefe de Estado chinês “deu uma importante instrução sobre a epidemia de pneumonia causada por um novo coronavírus (…), para que, com determinação, a propagação da epidemia seja travada”. Numa altura em que milhões de chineses viajam para celebrar o Ano Novo chinês, que se assinala no sábado, Xi Jinping considerou “absolutamente crucial fazer um bom trabalho em termos de prevenção e controlo epidemiológico”. O último relatório chinês da epidemia refere 217 casos, incluindo três fatais e nove casos críticos. Alguns casos também foram relatados no Japão, Coreia do Sul

e Tailândia. Embora a China tenha relatado até sábado apenas cerca de cinquenta casos, os especialistas britânicos estimam que o número real provavelmente já excedesse os mil até 12 de Janeiro apenas na cidade de Wuhan, o centro da epidemia. O líder chinês considerou “necessário divulgar informações no seu devido tempo e fortalecer a cooperação internacional”. “É necessário fortalecer a orientação da opinião pública e a explicação das políticas públicas”, afirmou, pedindo para se “manter a estabilidade da sociedade e garantir que as massas desfrutem” de um Ano Novo (chinês) estável e pacífico. Durante a pandemia da SARS, que matou cerca de 650 pessoas na China continental e Hong Kong em 2002/2003, a Organização Mundial da Saúde (OMS) criticou fortemente Pequim por atrasar o alarme e tentar ocultar a extensão da doença.

Xinjiang Sismo forte sem registo de danos

Um sismo de forte intensidade assolou domingo a região de Xinjiang, oeste da China, adiantou a agência sismológica governamental chinesa, que reportou uma magnitude de 6.4, superior aos 6.0 registados pela agência norte-americana, adiantou a AP. Segundo a agência de notícias norte-americana, não há relatos de feridos ou de danos até ao momento. O centro chinês para sismos registou um tremor de terra de magnitude 6.4 naquela região pelas 21:21 locais, a uma profundidade de 16 quilómetros e com epicentro a 56 quilómetros da região de Peyzawat. O sismo foi sentido nas cidades de Kashgar e Artux, adiantou a agência. Já o centro geológico dos Estados Unidos reportou um sismo de magnitude 6.0 a uma profundidade de 11 quilómetros. A explicação para a discrepância dos registos não é clara, adiantou a AP. Os sismos são frequentes em Xinjiang, na Ásia central.

Luta sem tréguas

A guerra à poluição ambiental conhece novo capítulo com a medida agora anunciada de banir o plástico não biodegradável dos maiores centros populacionais do país. A China usa diariamente mais de 31 milhões de toneladas de plástico

A

S autoridades chinesas vão proibir ainda este ano o uso de sacos não biodegradáveis nas principais cidades, parte de um plano agora aprovado para reduzir o desperdício de plástico descartável. Segundo o documento, publicado no domingo pelo PUB

Direcção dos Serviços de Finanças

Aviso

Torna-se público, nos termos do disposto no número 3) do artigo 85.º do Estatuto dos Auditores de Contas, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 71/99/M, de 1 de Novembro, que Leong Wun Chao, auditora de contas registada sob o número 275, reiniciou o cumprimento da sanção disciplinar de suspensão do exercício da profissão pelo período de 6 meses, aplicada por despacho do Secretário para a Economia e Finanças datado de 20 de Agosto de 2014, exarado na Informação n.º 037/DIR/ AS/2014, de 1 de Agosto, proferido no âmbito do processo disciplinar n.º 001/CF/2014, no dia 14 de Janeiro de 2020, pelo período em falta de 5 meses e 3 dias. Direcção dos Serviços de Finanças, aos 20 de Janeiro de 2020 O Presidente da CRAC, Iong Kong Leong

ministério da Ecologia e do Meio Ambiente e pela Comissão Nacional de Reforma e Desenvolvimento, o órgão máximo chinês de planificação económica, a proibição deve alargar-se a “todas as áreas urbanas acima do nível da prefeitura e a comunidades costeiras bem desenvolvidas”. O mesmo anúncio revela que a produção e a venda de talheres descartáveis fabricados com espuma de plástico - copos de poliéster ou palhinhas, por exemplo - vão ser banidos. As autoridades esperam reduzir o uso de talheres de plástico descartáveis em 30 por cento, até 2025. Os hotéis de categoria superior devem também parar de “fornecer activamente” produtos de plástico de uso único, antes do final de 2022, embora possam vendê-los, numa medida que se alargará a todo o tipo de alojamento, em 2025. Nas principais províncias do país, os serviços de

entrega ao domicílio - um dos sectores que mais utiliza embalagens de plástico, face ao ‘boom’ no comércio electrónico no país -, não poderão usar embalagens de plástico não biodegradáveis ou sacos descartáveis de tecido plástico, a partir de 2022. Três anos depois, os novos regulamentos vão alargar-se a todas as empresas do sector.

NÚMEROS PESADOS

Segundo dados das Nações Unidas, mais de 31 milhões de toneladas de plástico são

Entre os 10 rios que transportam mais de 90 por cento do plástico que acaba nos oceanos, seis correm parcial ou totalmente através do gigante asiático

utilizadas na China todos os dias, entre as quais 74 por cento não são adequadamente processadas: entre os 10 rios que transportam mais de 90 por cento do plástico que acaba nos oceanos, seis correm parcial ou totalmente através do gigante asiático. A China proibiu, em 2018, a importação de resíduos de plástico não-industriais, numa decisão com impacto mundial, já que a China era o principal destino de plástico para reciclar exportado pelos países mais ricos. As importações e exportações globais anuais de resíduos de plástico dispararam em 1993, crescendo 800 por cento até 2016. Segundo dados oficiais, em 1992, a China recebeu cerca de 106 milhões de toneladas de resíduos de plástico, o que representa cerca de metade das importações mundiais.


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terça-feira 21.1.2020

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MAIOR grupo de telecomunicações do Vietname vai implementar este ano o 5G com recurso à sua própria tecnologia, contornando os chineses da Huawei, num sinal das implicações geopolíticas da rede de quinta geração. A empresa estatal vietnamita Viettel, que é operada pelo ministério da Defesa do Vietname, vai começar a instalar a próxima geração de rede móvel a partir de Junho e concluirá a implementação em todo o país no espaço de um ano, segundo o plano anunciado esta semana e citado pela imprensa local. A empresa realizou na sexta-feira o seu primeiro teste com tecnologia 5G, concluindo um trabalho de seis meses desenvolvido pelo seu braço de pesquisa e desenvolvimento, a Viettel High Technology, que desenvolveu o seu próprio hardware e o software para executar a ligação. Poucas empresas desenvolveram com sucesso tecnologia 5G. A Viettel PUB

Operação 5G Vietname contorna Huawei e desenvolve tecnologia própria

tornou-se assim a sexta, depois da Ericsson, Nokia, Huawei, Samsung Electronics e ZTE. A Viettel possui mais de 110 milhões de clientes em 11 países, incluindo no Camboja, Haiti ou Peru. No Vietname, a empresa também excluiu equipamentos da Huawei da rede 4G, actualmente em uso, apesar de recorrer a tecnologia chinesa em alguns dos outros países onde as suas subsidiárias locais fornecem serviços de quarta geração, incluindo no Laos ou Camboja.

FRICÇÕES MARÍTIMAS

A empresa estatal vietnamita Viettel, operada pelo ministério da Defesa do Vietname, vai começar a instalar a próxima geração de rede móvel a partir de Junho e concluirá a implementação em todo o país no espaço de um ano

HM • 2ª VEZ • 21-1-20

HM • 1ª VEZ • 21-1-20

公告 ANÚNCIO

ANÚNCIO

簡易執行裁判案 第 PC1-14-0400-COP-A 號 輕微民事案件法庭 Execução Sumária de Sentença n.º Juízo de Pequenas Causas Cíveis Exequente: BANCO INDUSTRIAL E COMERCIAL DA CHINA (MACAU) S.A., com sede em Macau, na Avenida da Amizade, Nº 555, Macau Landmark, Torre ICBC, 18º andar. Executado: CHEONG MAN WAI, com residência em Macau, na 澳門文第士街 34-36 號益達花園13 樓A座. * Faz-se saber que nos autos acima indicados são citados os credores desconhecidos do executado para, no prazo de quinze dias, que começa a correr depois de finda a dilação de vinte dias, contada da data de publicação, reclamarem o pagamento dos seus créditos pelo produto dos bens penhorados sobre que tenham garantia real e que são os seguintes: Bens penhorados Verba n.º 1 Dinheiro Saldo: MOP$175,81 (Cento e Setenta e Cinco Patacas e Oitenta e Um Avos), que se encontra depositado actualmente no BANCO INDUSTRIAL E COMERCIAL DA CHINA (MACAU) S.A., à ordem dos presentes autos. Verba n.º 2 Comparticipação pecuniária no desenvolvimento económico para o ano de 2016 Saldo: MOP$4.500,00 (Quatro Mil, Quinhentas Patacas), que se encontra depositado actualmente no Banco Nacional Ultramarino, S.A., à ordem dos presentes autos. Verba n.º 3 Comparticipação pecuniária no desenvolvimento económico para o ano de 2017 Saldo: MOP$9.000,00 (nove mil patacas), que se encontra depositado actualmente no Banco Nacional Ultramarino, S.A., à ordem dos presentes autos. Verba n.º 4 Comparticipação pecuniária no desenvolvimento económico para o ano de 2018 Saldo: MOP$9.000,00 (nove mil patacas), que se encontra depositado actualmente no Banco Nacional Ultramarino, S.A., à ordem dos presentes autos. Verba n.º 5 Comparticipação pecuniária no desenvolvimento económico para o ano de 2019 Saldo: MOP$10.000,00 (Dez Mil Patacas), que se encontra depositado actualmente no Banco Nacional Ultramarino, S.A., à ordem dos presentes autos. RAEM, 08 de Janeiro de 2020.

通常執行案第 CV3-17-0287-CEO PROCESSO: Execução Ordinária

第三民事法庭 3.º Juízo Cível

EXEQUENTE: 中國工商銀行(澳門)股份有限公司 [BANCO INDUSTRIAL E COMERCIAL DA CHINA (MACAU), S.A.], com sede em Macau, na Avenida da Amizade, nº 555-Macau Landmark, Torre ICBC, 18.º andar.-----------------------------------------------------------EXECUTADOS: 關耀富 (KUAN IO FU) e 楊盈盈 (IEONG IENG IENG), ambos residentes em Macau, na Rua dos Mercadores, n.ºs 122-124, Edifício Fai Fu, 2º andar A, Macau.--------*** FAZ-SE SABER que, no próximo dia 24 de Fevereiro de 2020, pelas 10:05 horas, neste Juízo, nos autos acima identificados, vai ser vendido, por meio de propostas em carta fechada, o seguinte bem. -------------------------------------------------------------------------------------IMÓVEL PENHORADO Denominação: Fracção autónoma, designada por “A2”, do 2º andar A. -----------------------Fim: Para Escritório. -----------------------------------------------------------------------------------Situação: Rua dos Mercadores, nºs 122 a 124. -------------------------------------------------------Número de matriz: 022845. --------------------------------------------------------------------------Número de descrição na Conservatória do Registo Predial: 4218, a fls. 144V do Livro B20. Número de inscrição na Conservatória do Registo Predial: 314912G. (registada a favor dos executados).-------------------------------------------------------------------------------------------O Valor base da venda: MOP2,724,480.00 (Dois Milhões, Setecentas e Vinte e Quatro Mil, Quatrocentas e Oitenta Patacas). ---------------------------------------------------------------*** São convidados todos os interessados na compra daquele bem a entregar na Secretaria deste Tribunal, as suas propostas, até ao dia 21 de Fevereiro de 2020, pelas 17:30 horas, sendo que, o preço das propostas deve ser superior ao valor acima indicado devendo, o envelope da proposta conter a indicação de “PROPOSTA EM CARTA FECHADA”, bem como o “NÚMERO DO PROCESSO CV3-17-0287-CEO”. ------------------------------------------------No dia 24 de Fevereiro de 2020, pelas 10:05 horas, no Tribunal Judicial de Base da RAEM, proceder-se-á à abertura das propostas de preço superiores ao valor base de venda, a cujo acto podem os proponentes assistir. -----------------------------------------------------------------------------É fiel depositário/a o/a Sr./a 鍾艷華 (CHONG IM WA), com domicílio profissional em Macau na Av. da Amizade, n.º 555 Edifício Macau Landmark Torre ICBC 18º andar, que está obrigada, durante o prazo dos editais e anúncio, a mostrar o bem a quem pretenda examiná-lo, podendo fixar as horas em que, durante o dia, facultará a inspecção.-------------------------------------------Quaisquer titulares de direito de preferência na alienação do imóvel supra referido, podem, querendo, exercer o seu direito no próprio acto da abertura das propostas, se alguma proposta for aceite.--------------------------------------------------------------------------------------------------------Macau, 31 de Dezembro de 2019

Adecisão de Hanói ilustra as sensibilidades geopolíticas daquele tipo de tecnologia. AAustrália e a Nova Zelândia baniram já as redes 5G da Huawei, por motivos de segurança nacional, após os Estados Unidos e Taiwan, que mantém restrições mais amplas à empresa, terem adoptado a mesma medida. Também o Japão, cuja agência para a segurança no ciberespaço classificou a firma chinesa como de “alto risco”, baniu as com-

pras à Huawei por departamentos governamentais. O Vietname é, tal como a China, um regime comunista, mas Hanói mantém-se apreensivo face ao país vizinho, com quem travou várias guerras ao longo da História. Nos últimos anos, Hanói passou a denunciar de forma mais assertiva as movimentações chinesas no Mar do Sul da China, e tem-se vindo a aproximar dos Estados Unidos. Embarcações vietnamitas e chinesas enfrentaram-se ao longo de mais de três meses, no ano passado. As hostilidades ocorreram depois de Pequim enviar um navio de pesquisa sísmica e navios da guarda costeira para águas territoriais do Vietname, especialmente ricas em óleo e gás, para realizar atividades de prospecção. A China reivindica a quase totalidade do mar do Sul da China, apesar dos protestos dos países vizinhos.

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Amélia Vieira

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ECOLHER no Inverno ao ritmo das sombras e suster a respiração até passar o denso nevoeiro significa uma doce hibernação, um tempo de sonhos e de intimidade. Nos tempos distantes os frios eram maiores, a rude natureza era um festim de augúrios e lendas, a vida uma excepção tão frágil que não se apanhava dela senão o seu secreto esplendor. E foi assim que se viveu no mundo e se deu sentido às histórias onde a imaginação dos homens se forjou. Há porém na longa marcha, o mito de Saturno que na sua época áurea era Cronos, e que representou a «Idade de Ouro» mas este fora a enterrar e ficou representado como a parte escura da matéria, uma fonte para o conhecimento da estrutura pesada, aquilo a que se ousou chamar «inteligência petrificante».

21.1.2020 terça-feira

Afrodite, não chorei quando te descobri?

A noite saturnina

No aquecimento súbito e no lagar destas tempestades vamos esquecendo o fermento da terra onde jaz a putrefação, a noite de chumbo, a dissolução... e ainda hoje a morte pelo chumbo se apelida de saturnismo, e o esquartejamento de Osíris com todas as suas partes encontradas, renovadas, daria um deus mortuário, mas nem por isso esta forma é menos vivificante para a «bílis negra» do melancólico elemento saturnino que propícia profundo conhecimento e transmutação tamanhas! A terra do Inverno é ainda um túmulo onde todas as

odes foram interpretadas, imaginadas e por fim cantadas, e do soberano instante há uma frase que nos indica mais sobre a terra que muitas descrições «visita o interior da terra e através da rectificação descobrirás a pedra oculta» estamos diante do sedimento da construção. Sem pedra não haveria o esqueleto, a linha fixa da separação, e com ela, ainda, metaforicamente, o surgimento das religiões. É de facto um tempo de pedra! Por vezes imóvel, pode ser golpeante nos seus ventos, nas suas agudas angulosidades, mas é sempre estranhamente silen-

Atravessamos um imenso período Saturnino, um ciclo de cinzas, e a Ordem é agora um grande corpo desfeito, mas um novo tempo irromperá do fluido desta matéria

cioso como a morte e suas projeções ilusórias : é um manancial de imaginação e uma fonte de interpretação, plenas, e há que recorrer ao essencial onde dormitam as revelações. Tomamo-nos de noites grandes, e nem sempre a noite é um local de repouso, por vezes avançam os espectros, as finas camadas de subconsciente infinito, custam-nos os dias e suas sombras, temos receio desse sol que não aquece, protegemos o nosso frágil ser em rotinas de solidão e nem a festa lá fora nos desperta de tal pesar. Tem as célebres noites «finas e esguias como catedrais» é certo, talvez ainda um longínquo latido dos lobos das nossas recuadas cercanias, e uma imperturbável luz que nos toma e aquieta, e parar, é ser nele a certeza de alargar um velho instinto de duração. Forjado no aço difícil de transpor, esta é também a ermida do ancião que se enfrenta esperando o seu fim no cimo da montanha. Mas foi Durer quem melhor enalteceu este estado nas suas sumptuosas gravuras e testou «Melancolia» com uma compunção estarrecedora e a perseverança de quem transmutará esse estado de obscura servidão, porque olhando-o longamente, entende-se a reserva de resistência que foi necessária para alcançar a parte de uma luz que lhe está para acontecer. Atravessamos um imenso período Saturnino, um ciclo de cinzas, e a Ordem é agora um grande corpo desfeito, mas um novo tempo irromperá do fluido desta matéria - Capital putrefacto - preparamos neste estado de coisas as bases que darão a nova Pedra, a Filosofal, que por ora, a filosofia confinou-se ao seu grau de quase inexistência e os poetas saboreiam ainda as virtudes de estar sós. Esgotámos o trituramento, estamos na húmida decomposição sem disso nos apercebermos como realidade que a tudo preside. Estamos no tempo do Corvo que voa sem asas nas trevas da noite. Estilizado e destilado, aparecerá outro humano, talvez um novo Céu e uma nova Terra, que não veremos, mas sentimos saudades. Mas não podemos dar saltos no vazio! Este é o tempo que nos foi dado viver com todos os graves desafios, e de nada servirá fugir à metódica condição quase inconsciente do nosso destino comum. Talvez entender que tudo se desfaz por uma lei mais forte que os nossos desejos, sabendo contudo, que continua. Cabe-nos então não açoitar ainda mais os tristes dias de civilizações à deriva, cansadas da queda comum, e os nossos dias não serem desprezados em tarefas vãs. Por mais que se faça brilhar o fantasma do mundo, ele é agora a sombra, a sua composição aflita, tingido de um negrume quase insuportável porque atravessa a sua Noite Saturnina.


ARTES, LETRAS E IDEIAS 15

terça-feira 21.1.2020

uma asa no além Paulo José Miranda

O drama de ler

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OGER Gult escreveu um livro no início dos anos 80 onde mais do que a descrição do acto de ler é um elogio do mesmo. Depois de uma enigmática e provocadora frase, “infelizmente, todos nós temos de viver fora dos livros”, começa por fazer um paralelismo entre o mito de Dionísio e o acto de ler. Dionísio era filho de Zeus e da princesa tebana Sémele. Os ciúmes de Hera, esposa de Zeus, levaram a princesa à morte ainda antes do nascimento de seu filho. Mas Zeus resgatou-o do ventre de Sémele e colocou-o na sua coxa, até que se completasse a sua gestação. Nascido o filho, Zeus confiou-o aos cuidados das Ninfas e dos Sátiros do monte Nisa. Como escreve Gult: “É através do mito do nascimento do deus Dionísio que melhor podemos entender o acto de ler. A acção de ler não é similar ao nascimento de Dionísio ou sequer a ele mesmo enquanto inventor do culto da embriaguez. A acção de ler, esse drama, é a acção de resgate que Zeus faz no ventre morto de Sémele, de modo a fazer com que o seu filho continue a sua gestação, agora na sua própria coxa. A acção de ler, seja que texto literário ou filosófico for, é um gesto de deus pai a resgatar seu filho à beira da morte, na possibilidade eminente da morte. Evitar a morte de um texto é arrancá-lo do ventre inerte da história e trazê-lo até si, para aí viver até que seja capaz de respirar pelos seus próprios pulmões.” Para Gult, não há dois modos de ler. Ler é sempre resgatar um filho ao ventre inerte da mãe e impor-lhe o período gestativo no nosso corpo, até ele ter tempo suficiente para ir à sua própria vida. Ler é isto. Não há ler assim e ler assado. Ler é fazer de Zeus na salvação de um filho seu e de uma mortal. No fim da acção de ler, no fim da gestação, é tempo de esse filho nascer e enfrentar o mundo. Aqui, sim, aqui os filhos distinguem-se uns dos outros. Há filhos e filhos. “Nem todos os filhos que saem de nosso corpo de Zeus são Dionísios! A leitura pode até nem ver a luz do mundo, a leitura pode nascer morta.” Ler não é escolher caminhos, como faz Hermes, esse deus das moradas que se movem, mas retirar um filho quase morto e abrigá-lo na nossa carne até o devolvermos ao mundo. “Ler não é interpretar, mas ressuscitar, dar vida ao que estava condenado a ser morte.” O drama de ler é igual ao drama da possibilidade iminente da morte de um filho. Ao ler ressuscita-se um filho – pois aquele que para viver ou continuar a viver contraria as leis da natureza, ressuscita – e antecipa-se a própria morte, fica-se deposto no sujeito da morte de cada um que lê. Escreve Gult: “Neste

drama de ler, que é o acto de todo aquele que se debruça sobre um livro, transformamo-nos no objecto da nossa morte, passamos a experienciar-nos como morte; o sujeito da minha morte sou eu transformado num objecto perdido de mim mesmo. Isto é aquilo a que chamo o drama de ler: a condição antagónica do esforço de Zeus; a consciência ganha por Zeus de que tudo pode, excepto

repetir o seu prazer já vivido ou o momento inaugural de uma descoberta, embora salve um filho.” Neste esforço, neste cuidado, nesta nossa condição de deuses vislumbramos também a nossa própria morte e confirmamos a nossa impotência. Infelizmente não se pode viver dentro de um livro, como diz Gult logo no início, ou dentro de todos os livros, apenas fazer com que, através de-

O drama de ler é igual ao drama da possibilidade iminente da morte de um filho. Ao ler ressuscita-se um filho – pois aquele que para viver ou continuar a viver contraria as leis da natureza, ressuscita – e antecipa-se a própria morte, fica-se deposto no sujeito da morte de cada um que lê

les, tenhamos em nós os nossos filhos, as nossas leituras. Se vivêssemos dentro de livros não haveria drama. O drama é também a condição do leitor, preso entre a sua leitura à distância intransponível do livro. O seu filho, colocado na sua coxa durante a leitura, deixará também de lhe pertencer. Ao longo das 150 páginas, Gult conduz-nos por este drama com vários exemplos e reflexões, deixando em suspenso uma pergunta à qual responde no fim, colocando também ele mesmo a pergunta: “Todo o acto de ler é um acto heróico, um acto de Zeus, zeusino? Todo o acto de ler é uma imitação de Zeus, que pode ser bem ou mal sucedida, porque ler é criar. Lembrando uma canção tão popular hoje em dia, Heroes, de David Bowie, que diz que nós podemos ser heróis apenas por um dia, nós somos Zeus no tempo de leitura.” É um livro que vale sempre a pena revisitar.


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21.1.2020 terça-feira

EDITAL Edital n.º Processo n.º Assunto Local

: 2/E-BC/2020 : 594 /BC/2017/F e 378/BC/2013/F : Demolição de obras não autorizadas pela infracção às disposições do Regulamento de Segurança Contra Incêndios (RSCI) : Rua de Nossa Senhora do Amparo n.º 1, Edf. Tin Iok, partes do terraço sobrejacentes às fracções 5.º andar A e 5.º andar B, Macau.

Shin Chung Low Kam Hong, Director Substituto da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), faz saber que ficam notificados os donos das obras ou seus mandatários e os utentes dos locais acima indicados, cujas identidades se desconhecem, do seguinte: 1. Na sequência da fiscalização realizada pela DSSOPT, apurou-se que nos locais acima indicados realizaram-se as seguintes obras não autorizadas:

2.

3.

4.

5. 6.

Obra Infracção ao RSCI e motivo da demolição Construção de um compartimento com suporte e cobertura Infracção ao n.º 4 do artigo 10.º, obstrução do 1.1 metálicos na parte do terraço sobrejacente à fracção 5.º andar caminho de evacuação. A. Construção de um compartimento com suporte e cobertura Infracção ao n.º 4 do artigo 10.º, obstrução do 1.2 metálicos na parte do terraço sobrejacente à fracção 5.º andar caminho de evacuação. B. De acordo com o n.º 1 do artigo 95.º do RSCI, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 24/95/M de 9 de Junho, foi realizada, no seguimento de notificação por edital publicado nos jornais em língua chinesa e em língua portuguesa de 11 de Outubro de 2019, a audiência escrita dos interessados, mas estes não apresentaram qualquer resposta no prazo indicado e não foram carreados para o procedimento elementos ou argumentos de facto e de direito que pudessem conduzir à alteração do sentido da decisão de ordenar a demolição das obras não autorizadas acima indicadas. Sendo as escadas, corredores comuns e terraço do edifício considerados caminhos de evacuação, devem os mesmos conservar-se permanentemente desobstruídos e desimpedidos, de acordo com o disposto no n.º 4 do artigo 10.º do RSCI. Assim, nos termos do n.º 1 do artigo 88.º do RSCI e por despacho de 8 de Janeiro de 2020 exarado sobre a informação n.º 10368/DURDEP/2019, ordena aos interessados que procedam, por sua iniciativa, no prazo de 8 dias contados a partir da data de publicação do presente edital, à demolição das obras acima indicadas e à reposição dos locais afectados, bem como à remoção de todos os materiais e equipamentos neles existentes e à respectiva desocupação, devendo, para o efeito e com antecedência, apresentar nesta DSSOPT os pedidos de demolição das obras ilegais, cujos trabalhos só podem ser realizados depois da sua aprovação. A conclusão dos referidos trabalhos deverá ser comunicada à DSSOPT para efeitos de vistoria. Findo o prazo da demolição e da desocupação, não será aceite qualquer pedido de demolição das obras acima mencionadas. De acordo com o n.º 2 do artigo 139.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, notifica-se ainda que nos termos dos n.os 1 e 2 do artigo 89.º do RSCI, findo o prazo referido, a DSSOPT, em conjunto com outros serviços públicos e com a colaboração do Corpo de Polícia de Segurança Pública, procederá à execução dos trabalhos acima referidos, sendo as despesas suportadas pelos infractores. Os trabalhos uma vez iniciados, não podem ser cancelados. Os materiais e equipamentos deixados nos locais acima indicados ficam aí depositados à guarda de um depositário a nomear pela Administração. Findo o prazo de 15 (quinze) dias a contar da data do depósito e caso os bens não tenham sido levantados, consideram-se os mesmos abandonados e perdidos a favor do governo da RAEM, por força da aplicação do artigo 30.º do Decreto-Lei n.º 6/93/M de 15 de Fevereiro. Nos termos do n.º 3 do artigo 87.º do RSCI, a infracção ao disposto no n.º 4 do artigo 10.º é sancionável com multa de $4 000,00 a $40 000,00 patacas. Além disso, de acordo com o n.º 4 do mesmo artigo, em caso de pejamento dos caminhos de evacuação, será solidariamente responsável a entidade que presta os serviços de administração e/ou de segurança do edifício. Nos termos do n.º 1 do artigo 97.º do RSCI, da decisão referida no ponto 3 do presente edital cabe recurso hierárquico necessário para o Secretário para os Transportes e Obras Públicas, a interpor no prazo de 8 (oito) dias contados a partir da data da publicação do presente edital.

RAEM, 8 de Janeiro de 2020 O Director dos Serviços, Subst.º Shin Chung Low Kam Hong

PRECISA-SE Colaborador/a com interesse pelas notícias de Macau e que domine as línguas portuguesa e cantonesa.

POR FAVOR CONTACTAR JORNAL HOJE MACAU

TEL: 2875 2401 • EMAIL: info@hojemacau.com.mo

EDITAL Edital n.º : 5 /E-BC/2020 Processos n.os : 484/BC/2019/F e 1051/BC/2011/F Assunto :Início de audiência pela infracção às disposições do Regulamento de Segurança Contra Incêndios (RSCI) Local : Rua do Templo Lin-Fong n.º 138, Estrada da Areia Preta n.º 7 e Estrada do Arco n.º 124, Edf. Ki Kuan Bairro, bloco 1, parte do terraço sobrejacente à fracção 5.º andar Y e escada comum, Macau. Shin Chung Low Kam Hong, Director Substituto da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes, faz saber que ficam notificados o dono da obra ou seu mandatário e os utentes do local acima indicado, cujas identidades se desconhecem, do seguinte: 1. Processo n.º 484/BC/2019/F. Na sequência da fiscalização realizada pela DSSOPT, apurou-se que na parte do terraço sobrejacente à fracção 5.º andar Y acima indicada realizou-se a seguinte obra não autorizada: Obra 1.1

2.

Infracção ao RSCI e motivo da demolição

Construção de um compartimento com paredes em alvenaria de tijolo e gradeamento Infracção ao n.º 4 do artigo 10.º, obstrução e cobertura metálicos na parte do terraço sobrejacente à fracção 5.º andar Y. do caminho de evacuação.

Processo n.º 1051/BC/2011/F. Na sequência da fiscalização realizada pela DSSOPT, apurou-se que na escada comum acima indicada realizou-se a seguinte obra não autorizada: Obra 2.1

Infracção ao RSCI e motivo da demolição

Instalação de portões metálicos na escada comum entre o 1.º andar e o 2.º andar e Infracção ao n.º 4 do artigo 10.º, obstrução entre o 4.º andar e o 5.º andar do edifício. do caminho de evacuação.

3.

Sendo as escadas, corredores comuns e terraço do edifício considerados caminhos de evacuação, devem os mesmos conservar-se permanentemente desobstruídos e desimpedidos, de acordo com o disposto no n.º 4 do artigo 10.º do RSCI, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 24/95/M de 9 de Junho. As alterações introduzidas pelos infractores nos referidos espaços, descritas nos pontos 1 e 2 do presente edital, contrariam a função desses espaços enquanto caminhos de evacuação e comprometem a segurança de pessoas e bens em caso de incêndio. Assim, as obras executadas não são susceptíveis de legalização pelo que a DSSOPT terá necessariamente de determinar a sua demolição a fim de ser reintegrada a legalidade urbanística violada. 4. Nos termos do n.º 3 do artigo 87.º do RSCI, a infracção ao disposto no n.º 4 do artigo 10.º é sancionável com multa de $4 000,00 a $40 000,00 patacas. Além disso, de acordo com o n.º 4 do mesmo artigo, em caso de pejamento dos caminhos de evacuação, será solidariamente responsável a entidade que presta os serviços de administração e/ou de segurança do edifício. 5. Considerando a matéria referida nos pontos 3 e 4 do presente edital, podem os interessados, querendo, pronunciar-se por escrito sobre a mesma e demais questões objecto do procedimento, no prazo de 5 (cinco) dias contados a partir da data da publicação do presente edital, assim como requerer diligências complementares e oferecer os respectivos meios de prova, em conformidade com o disposto no n.º 1 do artigo 95.º do RSCI. 6. O processo pode ser consultado durante as horas de expediente nas instalações da Divisão de Fiscalização do Departamento de Urbanização desta DSSOPT, situadas na Estrada de D. Maria II, n.º 33, 15.º andar, em Macau (telefones n.os 85977154 e 85977227). RAEM, 8 de Janeiro de 2020 O Director dos Serviços, Subst.º Shin Chung Low Kam Hong


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terça-feira 21.1.2020

Compositores e Intérpretes através dos Tempos Michel Reis

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Arturo Benedetti Michelangeli (1920-1995)

Debussy sublime de Michelangeli

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S gravações do lendário e enigmático pianista italiano Arturo Benedetti Michelangeli (19201995), cujo centenário do nascimento se assinalou no passado dia 5 de Janeiro, dos Préludes pour piano, L. 117 e L. 123 do compositor impressionista francês Claude Debussy para a editora Deutsche Grammophon, realizadas nos anos 70 e 80 do séc. XX e consideradas das mais surpreendentes do pianista, foram aclamadas na época como revolucionárias, magistrais e unicamente emocionantes, tendo-se os encómios repetido em cada relançamento subsequente. O som destas gravações, prístino e cristalino, foi remasterizado com tal fidelidade que o piano parece ser mais real que a maior parte dos pianos reais. O domínio de Michelangeli é completo: cada nuance soa na sua interpretação. As cores são transparentes e brilhantes, mas iridescentes e luminosas. A concepção de Michelangeli possui o alcance e a escala de poesia épica, sendo cada Prelúdio a sua própria ode. A sua execução é superior e, apesar da paixão que confere à sua interpretação, é a música que ressoa no Debussy de Michelangeli. Estas gravações, raramente fora do catálogo desde o seu lançamento em 1978, alcançaram um estatuto de culto. O refinado colorido de teclado e a lucidez textual penetrante de Michelangeli são extraordinários e durante muitos anos, a interpretação de Michelangeli desta música superior foi considerada aquela “au delà de ceci il n’y a aucun autre”. Os dois livros dos Préludes pour piano de Claude Debussy foram compostos entre 1909 e 1913. O primeiro livro, mais concretamente, entre Dezembro de 1909 e Fevereiro de 1910; e o segundo, dos últimos meses de1912 até Abril de 1913. Ambos contêm doze prelúdios cada. Em conjunto com En blanc et noir e com os seus doze Études, todos compostos em 1915, os vinte e quatro Préludes pour piano de Debussy marcaram definitivamente o pensamento pianístico do compositor. Debussy escolheu o nome dos seus prelúdios, composições muito livres, em honra aos Prelúdios de Frédéric Chopin e nunca teve a intenção nem o desejo de reunir todas estas peças numa mesma série, pois considerava cada uma delas como uma obra aparte. Um dos aspectos que os diferenciam dos prelúdios do compositor polaco é que não seguem nenhuma ordem cromática; mais, Debussy nem sequer utilizou cinco tonalidades.

Embora estes Préludes sejam considerados um dos pináculos da música impressionista, devem ser vistos como um convite à viagem e ao sonho mais do que como uma pintura descritiva. Debussy teve o cuidado de indicar os títulos dos seus prelúdios apenas no final de cada peça, entre parêntesis e depois de reti-

Embora estes Préludes sejam considerados um dos pináculos da música impressionista, devem ser vistos como um convite à viagem e ao sonho mais do que como uma pintura descritiva

cências, de maneira a que o intérprete pudesse descobrir as suas próprias impressões sem estar condicionado pelas suas ideias iniciais. Esses títulos foram escolhidos para criar associações de imagens ou de sensações. Alguns, contudo, são bastante ambíguos: Voiles, por exemplo, pode interpretar-se no masculino e no feminino. A atmosfera das peças varia enormemente, desde a profunda calma de La cathédrale engloutie ao virtuosismo sem limites de Ce qu’a vu le vent d’ouest; ou desde a misteriosa Brouillards à explosividade de Feux d’artifice. Os dois prelúdios mais conhecidos destas duas séries pertencem ambos ao primeiro livro: La fille aux cheveux de lin é uma breve mas no entanto harmonica-

mente complexa expressão de beleza. La cathédrale engloutie alude à lenda da cidade submersa de Ys, cuja catedral se elevava por cima da superfície uma vez por dia para recordar a glória da cidade perdida para logo a seguir fundir-se de novo nas águas. Debussy conseguiu um fiel reflexo da história, pois poderia dizer-se que se ouvem os cânticos dos monges e o campanário da catedral. Foram feitas numerosas orquestrações dos vários prelúdios , a maior parte de La fille aux cheveux de lin e La cathédrale engloutie. SUGESTÃO DE AUDIÇÃO: • Arturo Benedettti Michelangeli Plays Debussy • Arturo Benedetti Michelangeli, piano Deutsche Grammophon, 1995


18 (f)utilidades TEMPO

MUITO

21.1.2020 terça-feira

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NUBLADO

O QUE FAZER ESTA SEMANA Diariamente EXPOSIÇÃO “GAME – GIGI LEE’S MULTIMEDIA” Armazém do Boi | Até 16/2

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Um filme de: Sam Mendes Com: George MacKay, Dean-Charles Chapman, Benedict Cumberbatch 14.30, 16.45, 19.15, 21.30

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JUDY [B]

Um filme de: Rupert Goold Com: Renee Zellweger 14.30, 16.45, 19.15

UNDERWATER [B]

Um filme de: William Eubank Com: Kristen Stewart,

Vincent Cassel

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Um filme de: Adil El Arbi, Bilall Fallah Com: Will Smith, Martin Lawrence, Vanessa Hudgens 14.30, 16.45, 19.15, 21.30

1917 [C]

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BAD BOYS FOR LIFE [C]

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LEI DA BALA

Duas pessoas morreram e 15 ficaram feridas na sequência de disparos de uma arma de fogo à porta de um bar em Kansas City, no Estado norte-americano do Missouri, disse ontem a polícia local. Durante uma conferência de imprensa, a polícia de Kansas City disse que as autoridades "encontraram uma cena caótica" quando chegaram ao local.

SOLUÇÃO DO PROBLEMA 43

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UM 1 FILME 2 6 3HOJE 4 7 5 4 7 3 46 5 4 7 11 6 5 2 3

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PROBLEMA 44

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S U D O K U

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UM CASO SÉRIO

EXPOSIÇÃO “NO YA ARK: INVISIBLE VOYAGE” Armazém do Boi | Até 2/2

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YUAN

VIDA DE CÃO

EXPOSIÇÃO “MACAU CANIDROME-POUCHING TSAI SOLO EXHIBITION” Armazém do Boi | Até 11/2

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O triste episódio de violência doméstica de que foi vítima Lao Mong Ieng é exemplo por diversos motivos, bons e maus. Recordo-me dos primeiros tempos em que tornar a violência doméstica num crime público não era, sequer, uma opção considerada pelas autoridades. O trabalho de activistas e da imprensa (mais em português e inglês do que em chinês) ajudaram a transformar as mentalidades em prol de uma evolução. Implementada uma lei melhor, acontece este caso que se tornou um desafio para as autoridades policiais e judiciais. Mas feitas as leis, resta-nos olhar para o lado prático desta questão. O marido decidiu recorrer de uma sentença de 13 anos e não parece estar arrependido do acto horrendo que praticou. Impõe-se, então, uma maior sensibilização e formação sobre a violência de qualquer tipo, mas sobretudo deste. A vítima necessita de apoio do Governo a longo termo e todos os mecanismos podem não estar devidamente criados ou accionados para apoiar um caso inédito na sociedade de Macau. Além disso, resta lembrar que, depois deste processo e das cirurgias feitas, a vítima vai enfrentar um duro processo de divórcio, em que terá de discutir a guarda do filho. De que lado ficará o tribunal, perante a evidência de uma vítima que é mulher, com parcos rendimentos e ainda por cima com mazelas para toda a vida?Aguardemos. Andreia Sofia Silva

INLAND EMPIRE | DAVID LYNCH 2006

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Neste filme David Lynch vai buscar elementos de outros filmes que realizou, sempre com uma boa dose de surrealismo à mistura. Uma actriz consegue o papel num filme que nunca foi concluído devido a uma história trágica e depressa a ficção se mistura com a sua própria realidade. Ao bom estilo de Lynch o47 filme confunde-nos mas prende-nos ao mesmo tempo, para, no fim, terminar em beleza: uma dança de prostitutas ao som de “Sinnerman”, de Nina Simone. Andreia Sofia Silva


opinião 19

terça-feira 21.1.2020

macau visto de hong kong

DAVID CHAN

S

Preconceito

OUBE-SE há pouco tempo, que o ministro do Ambiente japonês, Shinjiro Koizumi, tirou uma licença de paternidade de duas semanas, para ajudar a mulher a tomar do bebé que está prestes a nascer, facto que deu muito que falar na sociedade nipónica. Embora este direito esteja previsto na lei, muito poucos homens recorrem a ele, e a notícia ainda teve mais impacto porque Koizumi é encarado como o futuro primeiro-ministro do país. Mas algumas pessoas apoiaram a decisão de Koizumi, entre elas encontra-se um pai solteiro canadiano, Wood, que vive há 30 anos no Japão. Wood pediu uma licença quando o seu bebé nasceu. A licença foi-lhe concedida e quando acabou voltou ao trabalho. No entanto, no regresso foi discriminado pelos colegas, ofendido pela entidade patronal e finalmente forçado a demitir-se. Posteriormente Wood moveu uma acção num tribunal japonês contra a empresa. Por causa desta atitude discriminatória, é possível que a empresa perca o processo. O principal motivo para as empresas se oporem a estas licenças é o receio de que o trabalho venha a ser prejudicado. No entanto, as licenças de paternidade no Japão não são pagas. Como tal, as empresas não têm nenhum prejuízo financeiro e durante a ausência do funcionário o seu trabalho será certamente executado pelos colegas. Haverá alguma necessidade de discriminar um trabalhador nesta situação, se a empresa não suporta os custos e se, de uma forma ou de outra, o trabalho será feito? É justo que as mulheres suportem sozinhas o fardo de tomar conta de um bebé recém-nascido? No Japão existem muitas empresas familiares. A maioria das pessoas deveria compreender, sejam elas homens ou mulheres, que tomar conta das crianças é uma responsabilidade do casal, que deve ser partilhada. Os homens não devem ser discriminados quando querem tomar conta dos filhos. No Japão, a ideia de que cabe à mulher a responsabilidade de tomar conta das crianças ainda está muito enraizada. Para ultrapassar este preconceito, é necessário educar as pessoas. Mesmo que o Governo nipónico tenha intenção de legislar sobre esta matéria no futuro, penso que a hipótese de mudar mentalidades por processos legais é muito baixa. Hoje em dia, em

Hong Kong e em Macau, as pessoas aceitam a ideia da responsabilidade parental partilhada. Não se vê com maus olhos, como no Japão, que um homem queira

A maioria das pessoas deveria compreender, sejam elas homens ou mulheres, que tomar conta das crianças é uma responsabilidade do casal, que deve ser partilhada. Os homens não devem ser discriminados quando querem tomar conta dos filhos

ajudar a mulher a tomar conta dos filhos. Um homem e uma mulher formam uma família. Após o nascimento dos bebés, a prestação de cuidados é responsabilidade de ambos. Porque criar uma criança é um projecto a longo prazo, o esforço e a dedicação dos pais não podem ser mensuráveis em termos financeiros. Numa família normal existe muito amor entre os pais e os filhos. Os pais não esperam ser remunerados pelos cuidados que prestam à sua descendência. O amor é a única recompensa esperada. Este artigo é o último que escrevo antes dos feriados do Ano Novo chinês. Aproveito a oportunidade para desejar a todos os meus leitores “Feliz ano Novo e que tudo corra pelo melhor”.

Professor Associado do IPM • Consultor Jurídico da Associação para a Promoção do Jazz em Macau • legalpublicationsreaders@yahoo.com.hk • http://blog.xuite.net/legalpublications/hkblog


Fazer poesia é como fazer amor: nunca se saberá se a própria alegria é compartilhada. Cesare Pavese

PALAVRA DO DIA

terça-feira 21.1.2020

TEMPESTADE GLÓRIA FAZ TRÊS MORTOS E DEIXA 200 MIL ALUNOS SEM AULAS

Espanha atormentada

D

UAS novas vítimas na manhã de ontem fazem aumentar para três as pessoas mortas em Espanha até agora devido à tempestade Glória, que deixou mais de 200 mil alunos sem aulas e cortes no tráfego rodoviário e ferroviário. Segundo a agência EFE, as temperaturas frias registadas na Comunidade Valenciana (este de Espanha) causaram ontem a morte de uma mulher de 54 anos que dormia ao ar livre num parque na localidade Gandía. PUB

No domingo, uma outra mulher já tinha morrido nas Astúrias (norte) atropelada, enquanto colocava as correntes no seu veículo.

A terceira vítima conhecida é um homem de 63 anos, que morreu em consequência de um ferimento na cabeça causado por uma telha

que caiu com o vento forte na cidade de Pedro Bernardo, a este de Madrid, comunidade de Castela e Leão. A tempestade mantém quase 40 das 50 províncias espanholas em estado de alerta, em particular nas Ilhas Baleares (Mediterrâneo) e no leste do país. Sete províncias estão em nível vermelho (o mais elevado), devido ao risco extremo de queda de neve pesada em níveis baixos, ondas de sete metros de altura e rajadas de vento de até 130 quilómetros por hora. As previsões de acumulação de neve no leste de Espanha, que forçaram a ativação do aviso vermelho na Comunidade Valenciana, deixaram cerca de 191.000 alunos ontem sem aulas, aos quais se deve acrescentar mais de 3.000 em Castela-Mancha e 462 alunos em Castela e Leão. Na Catalunha, as escolas também foram fechadas, embora em menor grau, devido à neve e ventos fortes.

A tempestade mantém quase 40 das 50 províncias espanholas em estado de alerta, em particular nas Ilhas Baleares (Mediterrâneo) e no leste do país

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O transporte aéreo também foi afectado pelo mau tempo e cerca de 22.000 passageiros de 179 aviões foram afectados pelo cancelamento ou desvio dos seus voos ontem, como resultado do encerramento do aeroporto de Alicante-Elche (Comunidade Valenciana), o quinto maior do país em termos de passageiros.

A empresa responsável pela gestão dos aeroportos espanhóis, a EANA, estendeu o encerramento do tráfego aéreo em Alicante-Elche para todo o dia de segunda-feira.

CIRCULAÇÃO CORTADA

Quanto às comunicações rodoviárias, a queda de neve deixou, desde esta manhã cedo, mais de mil quilómetros com cortes e restrições de tráfego em muitas estradas, principalmente nas regiões orientais e em vários pontos da metade norte do país. A acumulação de neve também dificulta o trânsito em várias auto-estradas na parte oriental da Andaluzia (sul) e na Comunidade Valenciana. Perante esta situação, a Direcção Geral de Viação (DGT) espanhola recomenda que se evite ficar ao volante na situação de "alto risco" de queda de neve, e que nos casos em que a deslocação é essencial deve ser feita a baixa velocidade. Só na Comunidade Valenciana e nas últimas 24 horas a tempestade deixou quase 268 litros de água por metro quadrado em Beniarrés (Alicante), rajadas de vento de 115 quilómetros por hora, em Oliva (Valência), e ondas que ultrapassam os oito metros de altura. O transporte ferroviário também foi afectado pela tempestade na Comunidade Valenciana, com os passageiros obrigados a ser transferidos por estrada. Em Barcelona (Catalunha), todos os parques, o jardim zoológico, as praias e os molhes estão fechados, segundo fontes dos bombeiros citadas pela EFE, e o mau estado do mar forçou o cancelamento dos serviços de transporte por barcos para as Ilhas Baleares.

Coreia do Sul Confirmado primeiro caso de nova pneumonia

A Coreia do Sul confirmou ontem o primeiro caso de um novo tipo de pneumonia viral, que apareceu na China no mês passado e já provocou a morte a três pessoas no país. De acordo com o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da Coreia do Sul, uma mulher chinesa, de 35 anos, que chegou de avião de Wuhan, foi diagnosticada com o vírus. A mulher já tinha ido ao hospital de Wuhan no sábado por se sentir febril. Neste centro hospitalar chinês recebeu tratamento médico. No dia seguinte, apanhou um voo para Incheon, na Coreia do Sul, onde os seus sintomas foram detetados. A mulher chinesa já foi colocada em quarentena.

Sporting Sporar contratado por 7 milhões de euros

O Sporting chegou a acordo com os eslovacos do Slovan Bratislava para a contratação do avançado esloveno Andraz Sporar, disse ontem à Lusa fonte oficial dos ‘leões’. Sporar, de 25 anos, vai assinar um contrato até 30 de Junho de 2024, segunda avança a comunicação social portuguesa, acrescentando que a contratação vai custar aos ‘leões’ cerca de sete milhões de euros. O avançado internacional esloveno joga no actual campeão eslovaco desde 2017/18, ao qual chegou proveniente dos suíços do Basileia, que o emprestaram aos alemães do Armínia Bielefeld. Antes, na Eslovénia, vestiu as camisolas de NK Interblock e Olimpija Ljubljana.


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