DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ
PLANO PERFEITO SUPLEMENTO
De olho em Macau PÁGINA 5
OPINIÃO
SOLIDÁRIO JOÃO ROMÃO
PONTE HKZM
O expresso do aeroporto PÁGINA 8
COLAPSOS E ACIDENTES VALÉRIO ROMÃO
h
SOPRO DE MALDIÇÃO JOSÉ NAVARRO DE ANDRADE
MEDALHAS
A hora das distinções PUB
PÁGINA 6
Rota da loucura
A reacção da China à aprovação pelo Congresso Americano de uma lei de apoio à democracia em Hong Kong chegou pela voz do ministro dos Negócios Estrangeiros, que classificou o acto como ‘‘um
incentivo a criminosos violentos’’ e cujo objectivo é ‘‘causar estragos ou até destruir Hong Kong’’. Wang Yi acusou ainda os EUA de terem optado por atacar a China a um nível próximo da ‘‘loucura’’.
PÁGINA 15
ENCONTRO DE MACAENSES | OLHAR PARA A FRENTE GRANDE PLANO
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PORTUGAL
PARA O BICHO
MOP$10
hojemacau
MIFF
GONÇALO M. TAVARES
SEXTA-FEIRA 22 DE NOVEMBRO DE 2019 • ANO XIX • Nº 4418
2 grande plano
COMUNIDADES MACAENSES
22.11.2019 sexta-feira
ALEM DO SAUDOSISMO ´
ENCONTRO É O MAIOR DE SEMPRE E OLHA PARA A GRANDE BAÍA
A celebração dos 20 anos do estabelecimento da RAEM pode ter feito da edição deste ano do Encontro das Comunidades Macaenses o maior de sempre, uma vez que são esperadas cerca de mil pessoas oriundas de Macau e da diáspora macaense. A agenda inclui conversas sobre cultura e gastronomia, sem esquecer a reunião do Conselho Geral do Conselho das Comunidades Macaenses. A ideia é ir além do saudosismo e olhar para o futuro, que passa pelo projecto da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau
A
cada três anos o mês de Novembro transforma-se no mais importante para a comunidade macaense a viver dentro e fora de Macau. Este sábado arranca mais uma edição do Encontro das Comunidades Macaenses, organizado pelo Conselho das Comunidades Macaenses (CCM). Esperam-se cerca de mil pessoas distribuídas pela diáspora macaense, pelas várias casas de Macau, e também aqueles que residem em Macau. O cartaz é composto por eventos de ordem cultural, incluindo a apresentação de estudos e debates em torno da gastronomia macaense. Está também prevista uma viagem a Foshan, na China, no âmbito do projecto da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau. “Temos uma sessão cultural no Centro de Ciência de Macau, em que a parte da manhã é da responsabilidade do Instituto Internacional de Macau (IIM) e a parte da tarde é da nossa responsabilidade, do CCM. Essa parte é dedicada à gastronomia macaense, pelo valor intrínseco que tem, com características muito especiais, e que é reconhecido em Macau como património imaterial, mas também outros aspectos ligados ao substracto cultural da gastronomia macaense, as influências que teve ou deixou de ter”, contou José Sales Marques, presidente
da Comissão Organizadora, ao HM. Nesse debate haverá três intervenções. Uma delas de Anabela Jackson, jornalista e investigadora, que apresenta um projecto financiado pelo Instituto de Estudos Europeus de Macau (IEEM) que se traduz num livro onde são abordadas “as mais profundas das influências culturais da gastronomia macaense”. Rodrigues Simões irá apresentar “uma visão muito interessante da história da gastronomia macaense, e que vai trazer ao debate uma visão muito própria da origem do minchi”. Maria João Ferreira, doutorada em Turismo, irá apresentar o seu livro “Turismo Cultural e Gastronomia Macaense”. A autora vai também falar sobre as origens do peixe salgado. “Trata-se de uma questão interessante e que está ligada às suas investigações”, acrescentou Sales Marques. Nos dias 27 e 28 acontece uma visita a Foshan, uma espécie de “visita de estudo sobre a área da Grande Baía”. Foshan é, de acordo com Sales Marques, “considerada quase como um pólo da cultura desta área, com uma grande influência sobre aquela parte cultural de origem cantonense que todo o macaense tem”. “Vai ser uma descoberta importante do ponto de vista cultural e também do ponto de vista de que essa cidade constitui um
grande plano 3
sexta-feira 22.11.2019
OLHAR OS JOVENS
O Encontro das Comunidades Macaenses fica também marcado pela realização da reunião do Conselho-geral do CCM, que acontece a cada três anos. Fátima dos Santos Ferreira é vice-presidente e diz esperar que se olhe cada vez mais para os jovens. “Deve haver mais hipóteses para os jovens participarem porque temos de começar a preparar os jovens para passar o testemunho. Acho que é importante haver jovens intervenientes neste processo senão a comunidade desaparece.” Sobre o Encontro, Fátima dos Santos Ferreira assume que tem “a maior participação de sempre”. “As expectativas são sempre grandes, porque há mais pessoas a participar. Este ano registou-se o maior número de inscrições. Não sei se é por causa dos 20 anos de transferência de soberania, pode haver pessoas que há muito tempo não vêm a Macau. Mas não tenho dados”, frisou. Miguel de Senna Fernandes, presidente da Associação Promotora da Instrução dos Macaenses (APIM), assegura que “as expectativas são sempre boas”. “Estamos em plena RAEM, que faz 20 anos, e a RAEM continua a apoiar este Encontro, que é muito importante para a afirmação da comunidade local e da diáspora. Julgo que o Encontro deste ano tem muito significado, pois é importante que os macaenses que estão na diáspora saibam que em Macau a comunidade continua viva e a ser uma referência”.
PROBLEMAS DO COSTUME
Sobre a reunião do Conselho-geral do CCM, Miguel
“Deve haver mais hipóteses para os jovens participarem porque temos de começar a preparar os jovens para passar o testemunho. Acho que é importante haver jovens intervenientes neste processo senão a comunidade desaparece.”
PROGRAMA PROVISÓRIO
HOJE MACAU
eixo de grande relevância com a cidade de Cantão. É um dos pólos importantes da Grande Baía”, acrescentou. A edição deste ano custa entre cinco a seis milhões de patacas, dinheiro obtido graças a apoios públicos e privados, da parte da Fundação Macau, Sociedade de Jogos de Macau ou do próprio Banco Nacional Ultramarino. Sales Marques assegura que a verdadeira importância destes encontros é a parte efectiva com uma terra de muitos e “a oportunidade que se cria de juntar em Macau pessoas de várias gerações”.
23/11/2019 (Sábado) Boas Vindas aos participantes no Jardim de Infância D. José da Costa Nunes 10h00
• Secção Cultural promovida pelo Instituto Internacional de Macau (IIM), no Centro de Ciência de Macau
14h30
• Conferência sobre gastronomia no Centro de Ciência de Macau
16h00
• Lançamento do Livro “Macau: Cultural Tourism and Macanese Gastronomy” de Maria João Salvador dos Santos Ferreira no Centro de Ciência de Macau
19h00
• Sessão Solene de Abertura no Kashgar Ballroom, Hotel Sheraton Grand Macao - Cotai Central
FÁTIMA DOS SANTOS FERREIRA VICE-PRESIDENTE
“Vai ser uma descoberta importante do ponto de vista cultural e também do ponto de vista de que essa cidade [Foshan] constitui um eixo de grande relevância com a cidade de Cantão. É um dos pólos importantes da Grande Baía.” JOSÉ SALES MARQUES PRESIDENTE DA COMISSÃO ORGANIZADORA
“Devemos aproveitar esta ocasião para apresentar Macau numa perspectiva mais global, para que os encontros deixem de ser meramente saudosistas. Há outras coisas que têm de ser abordadas, a nova Macau.” MIGUEL DE SENNA FERNANDES PRESIDENTE DA APIM
25/11/2019 (2ª Feira)
de Senna Fernandes falou das necessidades das casas de Macau receberem mais apoios da RAEM. “Sabemos das limitações existentes, e é importante reconhecê-las, mas há uma vontade de que as coisas funcionem. As casas de Macau têm perfeita noção das dificuldades existentes.” “Em Macau as associações de matriz portuguesa têm acesso a um ou outro subsídio, mas noutras casas as condições são completamente diferentes. Há boa vontade, mas falta a parte financeira e isso dificulta muito a realização dos seus fins. Nem todas as casas de Macau têm a mesma flexibilidade”, acrescentou Miguel de Senna Fernandes. A título de exemplo, o advogado destaca o Clube Lusitano da Califórnia como um dos mais activos. “Era bom que a RAEM pudesse dar uma mão para que estas casas pudessem no mínimo ter acesso a algum apoio financeiro para a realização dos seus fins. Compreendo as suas dificuldades.” O responsável pede também uma flexibilização dos estatutos do CCM. “Devemos flexibilizar a maneira como vamos reunir, ainda mais por causa do número de participantes. Talvez isto pudesse ser discutido. Devemos tornar as reuniões o mais flexíveis possível no aspecto decisório, que é fundamental. Precisamos reunir o consenso de todos, se não fosse por
causa do encontro, alguma questão que se coloque antes ou depois do encontro, como vai ser? Como se processa a deliberação?”, questionou Miguel de Senna Fernandes.
09h00
• Concurso de Cozinha Macaense no Centro de Actividades Educativas da Taipa sita na Rua de Bragança, Nova Taipa Garden, Lotes 24-26, Taipa
09h30
• Reunião do Conselho Geral na sede do CCM
18h00
• Recepção na residência do Cônsul Geral de Portugal na RAEM para as delegações das Casas de Macau e da Comissão Organizadora
CONTRA O SAUDOSISMO
Muitos participam em todos os Encontros das Comunidades Macaenses com uma perspectiva saudosista, em busca de conhecer melhor a terra dos seus pais ou dos seus avós, ou para recordar tempos que não voltam. Mas Miguel de Senna Fernandes pede que se olhe para o futuro. “Devemos aproveitar esta ocasião para apresentar Macau numa perspectiva mais global, para que os encontros deixem de ser meramente saudosistas. Há outras coisas que têm de ser abordadas, a nova Macau. Muitos têm saudades de uma Macau que infelizmente já não existe. As novas gerações que não têm nada a ver com a Macau do passado podem ver as oportunidades que esta nova Macau pode trazer.” A visita a Foshan é, na visão do presidente da APIM, um exemplo disso. “As autoridades chinesas sabem da existência do Encontro e dão-lhe importância. O Encontro é uma oportunidade para mostrar as grandes potencialidades que a China pode oferecer”, concluiu. Andreia Sofia Silva e João Luz info@hojemacau.com.mo
26/11/2019 (3ª Feira)
10h00
• Cerimónia junto ao Monumento de Homenagem à Diáspora Macaense: (Apenas para dirigentes das Casas. • Para os restantes participantes: Visita guiada por especialistas do Instituto Cultural de Macau a locais de interesse histórico)
11h30
• Visita ao Gabinete de Ligação do Governo Central da China em Macau: (Somente para dirigentes das Casas) (a confirmar)
15h00
• Secção fotográfica junto às Ruinas de São Paulo
18h00
• Missa e Te-Deum na Sé Catedral
27 e 28/ 11 (Quarta e Quinta-feira)
08h00
• Passeio Turístico à Grande Baía (Fat San) com o apoio do Gabinete de Ligação do Governo Central da China em Macau
29/11/2019 (6ª Feira)
19h30
• Festa de encerramento no Grand Hall, 4º. Andar da Torre de Macau, em moldes que permitam o convívio dos participantes ao Encontro com familiares e amigos
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P
“
ORexemplo, uma escola que pretenda ensinar a constituição dos Estados Unidos da América. Isto, a meu ver, não tem nada a ver com o interesse público. Nesse caso parecia-me mais adequado ensinar a constituição da República Popular da China”. Foi assim que Chan Chak Mo, deputado que preside à 2.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL) explicou o requisito de respeito ao “interesse público” para a criação de novas escolas privadas de ensino não superior. A exigência legal faz parte do actual texto de trabalho da Proposta de Lei do Estatuto das Escolas Particulares do Ensino Não Superior, que terminou ontem a discussão na especialidade, e que incluí uma alínea que prevê o “interesse público” como condição para a criação de novas escolas. O diploma sobre o Estatuto das Escolas Particulares do Ensino Não Superior vai incluir medidas para regular as condições de criação de novas escolas. De acordo com Chan Chak Mo, as condições prendem-se com a necessidade de “articular a necessidade de criar uma nova instituição com a situação actual da sociedade” e responder, acima de tudo, “ao interesse publico”.
22.11.2019 sexta-feira
ENSINO NOVAS ESCOLAS PRIVADAS TÊM DE RESPEITAR “INTERESSE PÚBLICO”
À vontade do Chefe
A lei que vai regular as instituições particulares de ensino não superior dá poderes ao Governo para recusar a criação de novas escolas se estas não respeitarem o “interesse público”. Alguns deputados acharam que o termo é vago e pode dar poder indiscriminado ao Executivo
Alguns deputados mostraram opiniões contrárias em relação ao termo “interesse público”, que consideram vago o suficiente, algo que pode resultar em “poder discricionário” do Governo O próximo passo até à votação na especialidade serão as reuniões técnicas entre as assessorias Direcção dos Serviços de Edução e Juventude e da Direcção dos Serviços de Assuntos de Justiça, antes do diploma descer a plenário.
CRÍTICAS, MAS PASSA
No entanto, Chan Chak Mo disse que alguns deputados mostraram opiniões contrárias em relação ao termo “interesse público”, que consideram vago o suficiente, algo que pode resultar em “poder discricionário” do Governo para impedir a criação de
Pedro Arede
info@hojemacau.com.mo
HENGQIN EDMUND HO ALERTA PARA FRACA DIVERSIFICAÇÃO ECONÓMICA
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DMUND Ho, primeiro Chefe do Executivo da era RAEM e vice-presidente da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês disse, no âmbito da reunião do terceiro conselho consultivo para o desenvolvimento da nova zona da Ilha de Hengqin, realizada ontem, que os projectos de investimento de Macau na ilha de Hengqin não promovem ainda o desen-
novas instituições de ensino. Chan Chak Mo não foi um desses legisladores. “Entendemos que é correcto ter esta nova alínea, mas alguns deputados questionaram se o poder do Governo é demasiado elevado ou não”, apontou. Outro exemplo dado para esclarecer o ponto que mais dúvidas suscitou foi o número de universidades no território. “Por exemplo para criar uma universidade. Já temos o quê 5, 7? Não, desculpem, 11. Se alguém pede para criar uma nova instituição superior, o Governo tem de avaliar se vai ao encontro ou não do interesse público. Ou se a universidade vai ter cursos que não tem. Terrenos? Docentes? Se afecta alunos de outras universidades?”
volvimento da diversificação económica no território. Nesse sentido, Edmund Ho disse esperar que Macau e Hengqin apostem no conceito de “construção e de utilização conjunta”, a fim de se implementarem medidas de apoio ao desenvolvimento de Macau. O ex-governante da RAEM defende que os dois territórios devem estudar e formular polí-
ticas de apoio ao investimento e desenvolvimento social, bem como acelerar a circulação de pessoas e bens entre as duas zonas para que a diversificação económica de Macau ganhe um novo caminho, noticiou o canal chinês da Rádio Macau. Na mesma reunião, o governador do município de Zhuhai, Yao Yisheng, referiu que Hengqin vai continuar a cooperar
em prol do desenvolvimento da diversificação económica de Macau e do apoio activo às políticas desenvolvidas pelo Governo da RAEM. Yao Yisheng disse ainda que na próxima reunião será discutida a cooperação ao nível dos portos e terminais marítimos, tendo sido recomendada a criação de uma equipa de estudo para este dossier.
AL Projecto do novo hospital discutido na próxima semana
Na próxima sexta-feira, dia 29, membros do Governo irão à Assembleia Legislativa prestar esclarecimentos sobre a situação das obras do Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas, o novo hospital público que está a ser projectado para a zona do Cotai há mais de dez anos. O assunto será analisado no seio da Comissão de Acompanhamento para os Assuntos de Terras e Concessões Públicas, presidida pela deputada Ella Lei.
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sexta-feira 22.11.2019
FRONTEIRAS POSTO DE QINGMAO COM CANAL EXCLUSIVO PARA VISITANTES
A
Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) garantiu à deputada Song Pek Kei que o novo posto fronteiriço de Qingmao, ainda em construção, vai ter um canal de passagem apenas para residentes. “A Polícia de Segurança Pública (PSP) frisa que, com a construção em curso do Posto de Migração do Novo Acesso Fronteiriço Guangdong-Macau (Posto Fronteiriço Qingmao) será adoptada uma passagem fechada e exclusiva a visitantes, sendo que as instalações do referido novo acesso se destinam a visitantes e a residentes de Macau nas suas deslocações entre Macau e o Interior da China através do sistema ferroviário urbano Cantão-Zhuhai.” Desta forma, “pretende-se disponibilizar uma nova instalação que visa aliviar a pressão do fluxo de pessoas do posto fronteiriço das Portas do Cerco”, acrescenta Lam Hin San, director da DSAT. No que diz respeito à fronteira das Portas do Cerco, é proibido diariamente “o transporte de passageiros pelos autocarros de turismo entre as 14h00 e as 20h00 nesta fronteira, permitindo apenas durante esse período a utilização do posto fronteiriço da Ponte HKZM ou outros postos fronteiriços de Macau para o efeito”.
Augusto Santos Silva, ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros “[Em Macau] estão a ser cumpridas todas as regras constantes da Lei Básica e, portanto, as condições em que foi acertada a transição da administração de Macau de Portugal para a República Popular da China.”
MNE PORTUGAL ACOMPANHA COM “CUIDADO E ATENÇÃO” SITUAÇÃO EM MACAU
Brasil Conselho de Consumidores assina acordo
O Conselho de Consumidores de Macau assinou um acordo de cooperação com a congénere Proteste – Associação Brasileira de Defesa do Consumidor com o objectivo de aprofundar os conhecimentos mútuos na área dos direitos do consumidor. Segundo a vogal da Comissão Executiva do Conselho de Consumidores, Chan Hon Sang, o organismo de Macau está empenhado em celebrar protocolos de cooperação com mais organizações de consumidores dos Países de Língua Portuguesa, tal como assinou recentemente um protocolo com a DECO – Associação Portuguesa Para a Defesa do Consumidor. Na cerimónia estiveram presentes la presidente do Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM), Irene Va Kuan Lau, pelo presidente da Associação dos Advogados de Macau, Jorge Neto Valente, e pela secretária-geral do Centro de Arbitragem do Centro de Comércio Mundial de Macau, Rosita Vong Sok Hei.
Tão perto e tão longe
O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, disse que Portugal está a acompanhar com “cuidado e atenção” a evolução da situação em Macau, no seguimento da onda de protestos violentos em Hong Kong
O
Governo português está a seguir o que se passa nas regiões administrativas especiais, em especial em Macau na sequência da turbulência vivida em Hong Kong. “Acompanhamos ainda com mais cuidado e atenção a evolução da situação em Macau, que continua calma, estável e tranquila”, afirmou o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, aos jornalistas portugueses, em Bruxelas, quando abordado sobre a situação registada há meses em Hong Kong.
Falando no final de uma reunião da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO, na sigla em inglês), o governante indicou que, em Macau, “estão a ser cumpridas todas as regras constantes da lei básica e, portanto, as condições em que foi acertada a transição da administração de Macau de Portugal para a República Popular da China”. De acordo com o ministro, Portugal monitoriza, também diariamente, a situação em Hong Kong. “Não se passa dois ou três dias sem que eu fale directamente com o cônsul de Portugal em Hong Kong, que é o cônsul em Macau,
e diariamente o meu gabinete está em contacto com o consulado”, referiu Santos Silva aos jornalistas. O ministro precisou que, “a esta hora”, o Governo português não tem “nenhuma notícia de portugueses envolvidos ou que tenham sido prejudicados pelos acontecimentos, infelizmente, bastante graves que têm ocorrido nessa região em especial”.
CONTACTO PRÓXIMO
“O consulado, em devido tempo, contactou as pessoas para que os portugueses que residem em Hong Kong nos fornecessem todos os elementos
de identificação e de localização para que, se for necessário ajudá-los, a ajuda seja rápida e eficiente”, adiantou Augusto Santos Silva. Segundo números do Governo, existem em Hong Kong perto de 20 mil residentes com nacionalidade portuguesa e chinesa, além de cerca de mil emigrantes. “Não temos, felizmente, até hoje notícia que algum deles tenha sido de algum modo prejudicado por estes acontecimentos, para além evidentemente do prejuízo geral, que resulta do que tem acontecido em Hong Kong”, adiantou Santos Silva.
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22.11.2019 sexta-feira
Rui Amaral
U
M sentimento de grande orgulho é comum aos funcionários públicos Rui Amaral, António Pereira e Chan Kin Kuong, que esta tarde vão receber a Medalha de Dedicação das mãos de Chui Sai On. Os três estiveram ontem reunidos com a comunicação social para partilharem e explicarem um pouco das suas carreiras, que lhes valeram a distinção. “Sinto-me naturalmente bastante orgulhoso e responsabilizado na medida em que quero corresponder aos objectivos e às iniciativas por parte do Governo e cumpri-las da melhor forma. Nesse sentido há um sentimento de responsabilidade muito grande e, ao mesmo tempo, de uma honra e um agradecimento muito especial”, afirmou Rui Amaral, jurista nos Serviços de Saúde, sobre a distinção. O jurista nasceu em Angola, tem nacionalidade portuguesa, e anteriormente desempenhava funções nos Serviços de Finanças. Ao longo dos anos, trabalhou em alterações a várias leis, como a Lei de Prevenção e Controlo do Tabagismo ou a Lei do Erro Médico ou mais recentemente a Lei da Qualificação e Inscrição para Profissionais de Saúde. “Sinto que fui distinguido pelo meu Governo, porque não me sinto um português que vive em Macau. Sinto-me um cidadão de Macau”, partilhou. “Vim para Macau com 25 anos e vivo aqui há 26 anos. Macau deu-me a minha mulher, os meus filhos, a minha profissão e a minha formação. Eu sou de Macau e não
António Pereira
Chan Kin Kuong
MÉRITO ORGULHO E HONRA AO RECEBER DISTINÇÕES DO GOVERNO
Vidas de serviço
Rui Amaral, António Pereira e Chan Kin Kuong são os três funcionários públicos que vão receber esta tarde a Medalha de Dedicação e ontem partilharam as respectivas experiências a trabalhar para o Governo tenho outro entendimento”, explicou sobre a forma como encara a distinção. Após ser público que vai ser distinguido, Rui Amaral revelou que houve uma grande felicidade em casa, no seio da família, mas que o objectivo passa por contribuir para o desenvolvimento da RAEM.
CASO DE POLÍCIA
Desde 1988 na Polícia Judiciária (PJ), António Pereira é actualmente o responsável pela Secção de Investigação e Combate ao Roubo do Departamento de Investigação Criminal.
“Há um sentimento de responsabilidade muito grande e, ao mesmo tempo, de uma honra e um agradecimento muito especial.” RUI AMARAL
CPSP Autoridades apanharam 67 trabalhadores ilegais em Outubro
De acordo com dados divulgados ontem, o Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) e elementos da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) apanharam durante o mês de Outubro 67 trabalhadores suspeitos de desempenharem funções ilegalmente. Os casos foram detectados na sequência de 195 fiscalizações a locais de trabalho.
Ao longo dos anos, e devido à “capacidade e profissionalismo” amealhou várias distinções, nomeadamente a Menção de Mérito Excepcional, atribuída pelo Secretário para a Segurança de 2011 a 2013 e 2019, três louvores individuais e vinte e um louvores colectivos. No meio de tanta distinção, a Medalha de Dedicação é uma estreia, para um homem que se dedica quase exclusivamente à segurança da RAEM. “Estou muito honrado com a distinção, mas vou continuar a dedicar-me e a dar o meu máximo para melhorar os resultados das nossas investigações”, disse António Pereira, quando questionado sobre a distinção. O membro da PJ abordou igualmente a experiência na área da segurança desde 1988 e apontou dois casos como grandes desafios, que lhe permitiram aprender muito: “Houve casos que nos permitiram aprender muito, como o do rapto do Dr. Neto Valente [em 2001] e
também o caso da explosão [em Setembro de 1998 que feriu dois polícias]”, contou. Por outro lado, no ano passado houve um caso de assalto a uma ourivesaria, atrás do Hotel Lisboa, em que todos os bens foram recuperados. Segundo António Pereira, este caso é emblemático pelos resultados alcançados. O profissional da PJ partilhou igualmente uma visão sobre os diferentes tempos ao nível da segurança no território: “Nos anos 80, Macau era um lugar muito tranquilo e pacífico. Depois, na década de 90, houve alturas com violência. Mas felizmente depois da transição a situação voltou a melhorar”, considerou. António Pereira destacou igualmente o papel da tecnologia na investigação, como o sistema de videovigilância Olhos no Céu, que apontou ser uma grande ajuda.
O ELECTRICISTA
O outro distinguido é Chan Kin Kuong que trabalha no Instituto
Solidariedade Marcha de Caridade angaria 5 milhões
A 36ª Edição da “Marcha de Caridade para Um Milhão”, que se realiza a 8 de Dezembro, deu origem à habitual recolha de donativos destinados a associações de caridade. Até quarta-feira, os fundos angariados totalizavam 5,121 milhões de patacas, segundo o jornal Ou Mun. A marcha é organizada todos os anos pelo Fundo de Beneficência dos Leitores do Jornal Ou Mun.
para os Assuntos Municipais (IAM) como responsável pela inspecção à segurança de quadros eléctricos, manutenção dos aparelhos eléctricos e electrónicos, bem como do controlo dos aparelhos áudio. Quando ingressou no Leal Senado, ainda antes de 1990, era responsável pela manutenção dos equipamentos eléctricos do escoamento de águas pluviais. Para Chan a distinção foi um enorme orgulho: “Gostava de agradecer ao Governo da RAEM por esta grande honra. O mais importante é o reconhecimento da nossa chefia e do Governo pelo trabalho prestado ao longo dos anos. Não é uma distinção só pessoal, também é um reconhecimento para o IAM. Trabalho nesta casa há 29 anos”, contou sobre o prémio. Depois de ter sido tornado público que ia receber uma distinção, Chan admite que a mulher e os filhos ficaram muito felizes com a notícia. O trabalhador do IAM destacou igualmente a curiosidade de normalmente afixar cartazes e outras informações no âmbito dos programas de sensibilização do IAM. Porém, após a notícia, foi a vez de afixar uma informação com a sua fotografia. “Foi engraçado porque temos um programa itinerante de sensibilização pública, em que temos de afixar cartazes. Desta vez um dos cartazes que foi afixado no Iao Hon tinha a minha fotografia”, contou.
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sexta-feira 22.11.2019
A Moody’s prevê uma recessão de 2 por cento este ano, alertando que o risco de o abrandamento económico previsto na China pode levar à diminuição do número de turistas. Já a Standard & Poor’s reviu em baixa a previsão de receitas brutas do jogo este ano para entre -2 e 2 por cento, esperando uma recuperação para até 5 por cento em 2020
“E
SPERAMOS que o PIB real de Macau contraia 2 por cento em 2019, recuperando para um crescimento de 3 por cento em 2020, já que o efeito negativo da redução do investimento público se irá desvanecer no próximo ano", escrevem os analistas da Moody's numa referência a 2020. Numa nota enviada aos clientes, e a que a Lusa teve acesso, a Moody's aponta que "os riscos desta previsão são negativos, já que os turistas da China representam cerca de dois terços de todas as chegadas de visitantes, e o abrandamento no crescimento económico da China para além das nossas estimativas vai influenciar o número de turistas e as receitas do jogo e exportações de serviços, no geral". Na primeira metade deste ano a economia de Macau enfrentou uma recessão de 2,5 por cento, que se seguiu a um crescimento de 2 por cento nos primeiros seis meses de 2018 face ao período homólogo, devido "à redução do investimento público e privado e à descida das receitas do jogo VIP, motivados pela redução do crescimento da economia chinesa". A conclusão da ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau levou a uma queda abrupta dos níveis de investimento, "e os operadores de jogo parecem estar a cortar nos investimentos já que as licenças expiram em 2022", acrescenta a Moody's. Apesar disto, as exportações de serviços e o consumo privado
ECONOMIA AGÊNCIAS ESTIMAM RECUPERAÇÃO ECONÓMICA EM 2020
Bom ano novo continuaram a expandir-se e a chegada de turistas manteve-se robusta, "apesar dos protestos em Hong Kong, possivelmente porque a ponte liga directamente o aeroporto de Hong Kong a Macau, permitindo aos visitantes da China chegarem directamente a Macau através de Zhuhai".
A ESTABILIDADE
Na análise à economia de Macau, a Moody's, que atribui uma nota de A3 com Perspectiva de Evolução Estável, diz que o perfil de crédito do território é sustentado pela ausência de dívida pública e por grandes almofadas fiscais que dão a esta região uma "significativa capacidade" de contrariar choques futuros. "Sendo uma economia pequena e concentrada, o crescimento do PIB de Macau permanece volátil", mas os analistas notam, ainda assim, que "havendo mais progressos na diversificação para actividades não relacionadas com o jogo isso vai, com o tempo, sustentar um crescimento do PIB mais estável". A indústria do jogo é responsável por mais de 80 por cento das receitas do Governo, que deverá terminar o
ano com um excedente orçamental de 12,5 por cento, e com reservas suficientes para sustentar sete anos de despesa pública. O novo chefe do Governo, Ho Iat Seng, deverá "manter as principais opções políticas e continuar a focar-se na diversificação económica a longo prazo, para além do jogo VIP, promovendo o jogo de massas e o turismo não relacionado com esta actividade", concluem os analistas.
PADRÃO DE RIQUEZA
A agência de notação financeira Standard & Poor's reviu ontem em baixa a previsão de receitas brutas
“Também acreditamos que a vontade do Governo chinês de limitar a saída de fundos para o jogo em Macau pode igualmente prejudicar o crescimento.” STANDARD & POOR’S
do jogo em Macau este ano para entre -2 e 2 por cento, esperando uma recuperação até 5 por cento em 2020. "Prevemos que as receitas brutas do jogo em Macau vão recuperar ligeiramente em 2020 para um crescimento entre 0 e 5 por cento, de um patamar que vai dos -2 a 2 por cento este ano, abaixo das nossas estimativas anteriores, que apontavam para um crescimento entre 0 e 4 por cento em 2019", escrevem os analistas da S&P. Numa nota enviada aos clientes sobre a evolução do jogo a nível mundial, e a que a Lusa teve acesso, explica-se que esta previsão de crescimento para 2020 é alicerçada no jogo do segmento médio e baixo, "que pode compensar a contínua fraqueza e volatilidade dos jogadores de alto nível", ou jogadores VIP, como são normalmente designados. "Também acreditamos que a vontade do Governo chinês de limitar a saída de fundos para o jogo em Macau pode igualmente prejudicar o crescimento", acrescentam. Na nota, os analistas escrevem que Macau não deverá ser negativamente influenciada
pela onda de violência que se vive em Hong Kong. "Não esperamos que os protestos em Hong Kong tenham um impacto significativo nas receitas brutas do jogo, uma vez que Macau atrai apenas um número limitado de clientes de Hong Kong e assenta principalmente em visitantes da China continental", argumentam os analistas. Nas previsões para 2020, a S&P estima que o crescimento das receitas do jogo VIP fique num intervalo entre os -5 e os 5 por cento: "Ao contrário dos jogadores em massa, os clientes VIP são mais afectados pelo sentimento macroeconómico na China e, até certo ponto, pela competição na Ásia". Por outro lado, concluem, o jogo mais popular "assenta na classe média crescente chinesa, e em melhoramentos nos transportes e nas infra-estruturas que melhoram a acessibilidade de Macau para os chineses", e daí a previsão de um abrandamento para um crescimento entre 4 e 6 por cento, que compara com a expansão de 15 a 20 por cento que se deve registar este ano.
DEPENDÊNCIA DO NORTE
A agência de notação financeira Fitch Ratings considera que o turismo de jogo em Macau está a passar por um forte abrandamento, mas isso não afecta o perfil de crédito do território, o único sem dívida pública. "O sector do jogo está a passar por um suave abrandamento, apesar de o número de turistas ser ainda robusto; as receitas do jogo até Julho caíram cerca de 1 por cento face aos primeiros sete meses de 2018, o que compara com um crescimento de 14 por cento no total do ano passado", lê-se na mais recente análise da agência de 'rating' ao território. No relatório, os analistas escrevem que o 'rating' de Macau, avaliado em duplo A, bem confortável na escala de investimento, "está sedeado nas finanças públicas e externas excepcionalmente fortes e no compromisso com a prudência orçamental em tempos de abrandamento das receitas do jogo e de choques negativos nas receitas". Entre os factores que mais afectam a avaliação da qualidade do crédito de Macau está a China, não só pela exposição dos bancos ao país, mas também devido á dependência da volatilidade da evolução do PIB, à concentração da economia no setor do jogo e turismo vindos do gigante asiático. "Qualquer mudança inesperada que limite a capacidade de os turistas do continente viajarem para Macau ou que termine o monopólio do jogo na China pode ser negativo para o perfil de crédito do território, alerta a Fitch.
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22.11.2019 sexta-feira
Cabem todos
Macau pode ultrapassar os 40 milhões de visitantes este ano
A Lam Hin San, director da DSAT “No futuro vamos fomentar vários trabalhos para melhorar o funcionamento da ponte. Vamos coordenar e comunicar com a Autoridade de Aviação Civil de Hong Kong para que haja autocarros de ligação ao aeroporto o mais cedo possível” -
PONTE HKZM DSAT QUER AUTOCARRO DIRECTO PARA O AEROPORTO DE HONG KONG
Uma prenda de Natal
Lam Hin San, director dos Serviços para os Assuntos de Tráfego, disse ontem que as autoridades desejam um autocarro directo de Macau para o Aeroporto Internacional de Hong Kong a circular na ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau. Quanto ao número de passageiros nos autocarros do território, registaram-se números recordes este ano
O
Governo está a discutir com a Autoridade de Aviação Civil de Hong Kong a possibilidade de vir a ser criado uma carreira directa para o Aeroporto Internacional de Hong Kong. A ideia foi avançada ontem por Lam Hin San, director dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT), à margem de uma reunião do Conselho para os Assuntos de trânsito. “No futuro vamos fomentar vários trabalhos para melhorar o funcionamento da ponte. Vamos coordenar e comunicar com a Autoridade de Aviação Civil de Hong Kong para que haja autocarros de ligação ao aeroporto o mais cedo possível. Actualmente
os autocarros param na saída, já na zona de Hong Kong, e os passageiros precisam de apanhar outro autocarro para chegar ao aeroporto. Queremos ter uma carreira directa de Macau para o aeroporto.” Além disso, Lam Hin San frisou que, no âmbito da ponte HKZM, as autoridades desejam “aumentar a taxa de utilização do auto-silo leste em Macau” reduzindo, para isso, o prazo de reserva de um lugar de estacionamento. “A taxa de utilização está cada vez mais alta. Para reservar um lugar neste auto-silo é necessário fazer a reserva seis horas antes, mas queremos reduzir esse prazo até uma hora”, adiantou o director da DSAT. Lam Hin San adiantou
que este serviço poderá ser providenciado a partir de meados de Dezembro, e que apenas uma empresa venceu o concurso para a operacionalização desta rota. “A empresa vai ter de disponibilizar o serviço de bagagem e vamos ver que tipo de serviço irão providenciar, pois inclui a passagem nos Serviços de Alfândega e de Emigração.”
NÚMEROS INÉDITOS
Lam Hin San falou também de números recorde no que diz respeito à taxa de utilização de autocarros no território no ano que está prestes a terminar. ‘‘Actualmente, por dia, transportamos 220 mil pessoas, o que é um recorde histórico.” O director da DSAT aprontou ainda a re-
dução do número de acidentes nas estradas, bem como o aumento de velocidade de circulação em zonas críticas para o trânsito, tal como na Areia Preta. “Temos uma média de 1,5 acidentes por cada 100 mil quilómetros, numa redução de quatro para três acidentes mensais. Conseguimos evitar muitos erros que tínhamos no passado, vamos introduzir mais mecanismos electrónicos para melhorar o serviço de autocarros públicos.” “Neste ano, na zona da Bacia do Norte do Patane, houve um aumento da velocidade em 40 por cento. Na avenida Venceslau de Morais a velocidade aumentou 60 por cento. Na última semana, como se realizou o Grande Prémio de Macau, a situação não era
a ideal, mas aumentou bastante a velocidade se compararmos com a mesma época do último ano”, adiantou Lam Hin San. O director da DSAT fala também de uma boa taxa de utilização dos transportes públicos. “34 a 40 por cento das pessoas usam os autocarros para a sua deslocação, mas no futuro gostaríamos de aumentar essa taxa de utilização.” No que diz respeito à circulação, Lam Hin San denota que hoje, em média, um veículo particular demora 27 minutos a chegar ao seu destino, motociclos demoram 23 minutos e autocarros 38 minutos. Andreia Sofia Silva e Pedro Arede
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responsável pelo turismo de Macau disse ontem que o número de visitantes pode ascender aos 40 milhões em 2019, apesar da diminuição dos turistas internacionais devido à grave crise social e política da cidade vizinha de Hong Kong. “Este ano o número vai ser próximo dos 40 milhões, senão maior que 40 milhões”, disse a directora dos Serviços de Turismo de Macau, Maria Helena de Senna Fernandes, à margem da conferência de apresentação do Festival de Luz de Macau 2019. As afirmações da responsável pelo turismo de Macau foram feitas horas antes do Governo ter anunciado que mais de 33,4 milhões de pessoas visitaram Macau nos primeiros 10 meses do ano, um aumento de 15,3 por cento face a igual período do ano passado. Depois do número recorde em 2018 (35,8 milhões de turistas), Macau prepara-se para atingir a marca ‘redonda’ dos 40 milhões, seis anos antes das previsões governamentais de 2017, patentes no Plano Geral de Desenvolvimento da Indústria do Turismo. “Estamos muito contentes com o facto de termos muitos visitantes”, reforçou Maria Helena de Senna Fernandes, admitindo que o foco agora é aumentar o número de visitantes internacionais e garantir que o período de permanência dos turistas aumente. Em Macau, o período médio de permanência dos visitantes é de 1,2 dias e até ao final de Outubro mais de 23,7 milhões, dos mais de 33,4 milhões de turistas que visitaram o terri-
tório nos 10 primeiros meses do ano, foram provenientes da China continental.
MENOS INTERNACIONAIS
Apesar das previsões que dão o número recorde de 40 milhões de visitantes até ao fim do ano, a responsável pelo turismo de Macau admitiu que os turistas internacionais têm diminuído por causa das manifestações pró-democracia em Hong Kong. “Este ano diminuímos os visitantes internacionais por causa dos recentes acontecimentos perto de nós”, afirmou. Para o ano, para combater esta diminuição de turistas internacionais, o objectivo passa por trabalhar com as cidades vizinhas e desenvolver novos produtos turísticos, de forma a atenuar “a dependência dos turistas da China continental e de Hong Kong”, adiantou. Quanto à possibilidade de uma taxa turística no território, Maria Helena de Senna Fernandes disse que o relatório, a ser apresentado ao Governo, “está quase completo”. “Temos feito muitas comparações com o que as outras cidades estão a fazer para atacar o problema da gestão do excesso de turistas”, salientou, acrescentando que as autoridades estão atentas às indicações da Organização Mundial do Turismo (OMT) sobre esta matéria. “Vamos apresentar o relatório ao Governo para decidirem”, concluiu.
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sexta-feira 22.11.2019
Um nascimento frio
Crime Detido por lavagem de dinheiro
Mulher birmanesa condenada a 2 anos e meio por abandonar bebé
O
Tribunal Judicial de Base (TJB) condenou a empregada doméstica, de nacionalidade birmanesa, que abandonou a filha recém-nascida a pena de prisão de dois anos e meio. A mulher, de apelido Lalawn, foi condenada pelo crime de exposição e abandono, delito que se for “praticado por ascendente, descendente, adoptante ou adoptado da vítima”, pode resultar em pena de prisão de 2 a 5 anos. Segundo informação veiculada pelo jornal Ou Mun, a arguida foi absolvida do crime de tentativa de homicídio. O caso remonta a 13 de Dezembro do ano passado, quando a empregada jantava em casa dos empregadores, um casal. Durante a refeição, a arguida queixou-se de dores de barriga e foi à casa-de-banho. Passados cerca de dez minutos, a patroa preocupada com o estado de saúde da PUB
empregada, dirigiu-se à casa-de-banho onde a encontrou a limpar sangue do chão.Adescoberta levou o casal a alertar as autoridades policiais, que chegaram a casa dos empregadores acompanhados por um médico. De acordo com o jornal Ou Mun, o médico confirmou que a empregada acabara de dar à luz, mas como a polícia não encontrou o bebé não deteve a arguida. Só na madrugada do dia
A recém-nascida foi resgatada no parapeito entre a janela e o arcondicionado em estado de hipotermia, apesar de estar embrulhada numa toalha
seguinte, quando a patroa limpava a casa-de-banho, o choro da criança alertou para o seu paradeiro. A recém-nascida foi resgatada no parapeito entre a janela e o ar-condicionado em estado de hipotermia, apesar de estar embrulhada numa toalha. Depois de uma noite ao relento, sujeita a uma temperatura na ordem dos 11 graus, a recém-nascida foi transportada prontamente para Centro Hospitalar Conde de São Januário e acabou por sobreviver. Amãe foi detida e acusada pelos crimes de tentativa de homicídio e exposição ou abandono, depois do teste ADN ter provado a maternidade.
ESPADA E PAREDE
O caso revelou as dificuldades por que passam as trabalhadoras não residentes grávidas, que não podem legalizar os filhos no território.
Aliás, este passou a ser um dos desafios do Centro Bom Pastor. Em declarações ao HM em Abril, a directora da instituição, Juliana Devoy, comentou este caso específico e alertou para a encruzilhada que estas mulheres enfrentam. “Do que tem sido a nossa ex-
periência, se a mãe não for residente tem de levar o bebé para o seu país de origem. Parece tão injusto. Em Hong Kong, por exemplo, podem dar o bebé para adopção se assim o entenderem”, realçou Juliana Devoy. In Nam Ng com J.L.
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A troco de 9.500 dólares de Hong Kong, um homem oriundo de Hong Kong, de 56 anos, veio a Macau lavar dinheiro para uma associação criminosa. A informação foi avançada pelo canal chinês da Rádio Macau, que referiu que a Polícia Judiciária (PJ) não apanhou o cabecilha da associação, que se estima ter “lavado” perto de 14 milhões de dólares de Hong Kong em Macau. A operação passava por abrir empresas fantasmas e contas bancárias em Macau, e foi revelada depois de uma investigação sobre comércio suspeito de lavagens de dinheiro realizados entre Dezembro de 2016 e Julho de 2017. Entre Setembro de 2017 e Maio de 2019, a PJ apanhou três membros da mesma associação criminosa acabando por prender este último suspeito na quarta-feira, na Ponte HKZM.
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MIFF
LUZ câmar
O ESPECTÁCULO DO CINEMA ESTÁ A CHEGAR
A edição deste ano do Festival Internacional de Cinema de Macau (IFFAM, na sigla inglesa) acontece entre 5 e 10 de Dezembro e abraça um cartaz com cerca de 50 filmes. Numa edição que pretende celebrar os 20 anos da RAEM, o destaque vai para o cinema local. No entanto, há também ilustres filmes do novo cinema chinês e claro as películas integradas na competição internacional Pedro Arede
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APRESENTAÇÕES ESPECIAIS PARA O 20.º ANIVERSÁRIO DA RAEM INA AND THE BLUE TIGER SAUNA
Ina and the Blue Tiger Sauna é um thriller acerca da face obscura de Macau, onde o crime e a prostituição se cruzam na noite. Ina tem 19 anos quando regressa a Macau para morar com o pai, Loong. Longe de casa, enquanto vai dividindo os dias junto do namorado Chong e a orquestra onde toca violino, não imagina que um plano para assassinar o pai, está a ser preparado pelos seus rivais. Daí até descobrir que o pai era proprietário de uma das mais bem sucedidas saunas de Macau é um ápice, que ganha contornos rocambolesco quando Ina se vê envolvida numa disputa perigosa pela compra do espaço da sauna (Blue Tiger Sauna) contra o maior concorrente do seu pai. A actriz de Macau Eliz Lao é Ina e Blue Tiger Sauna conta com a realização de Bernardo Rao and Antonio Caetano De Faria.
LET’S SING
Let’s sing é um filme luminoso e bem-disposto que coloca Fong, uma adolescente que sonha ser cantora, no palco de um conturbado percurso rumo ao sonho de singrar no mundo da música. Tudo começa quando Fong ameaça o talentoso professor Cheong Chi Ian para o convencer a dar aulas. Daí nasce uma química, no mínimo, especial entre os dois, que leva a que Fong cante uma canção pouco adequada para a sua própria escola. O incidente, que leva inclusivamente que Cheong Chi Ian seja dispensado e que Ina abandone a escola, acaba estranhamente por dar visibilidade à jovem cantora, colocando-a no palco de uma grande competição musical. No entanto, há uma condição: Ina tem de actuar com a mesma canção com que cantou na escola. Os dilemas são mais que muitos e nem a família, nem Cheong Chi Ian aprovam que Fong repita a actuação na competição. No entanto, Fong tem um sonho e não desiste dele.
PATIO OF ILLUSION
Patio of Illusion acompanha as mudanças na vida e na relação de um jovem casal de Macau após 1999, ano que marcou a transferência da soberania de Macau de Portugal para a China. Ao longo de mais de 20 anos, o filme realizado por Shangshi Chen acompanha a transformação de Macau desde então, cruzando-a com o desenrolar da vida do casal ao longo das várias etapas marcantes da sua vida. A vida do casal, que entretanto enfrenta o desafio da paternidade e de uma socialização massiva, vai reflectindo os altos e baixos de uma região enquanto se transforma numa capital do jogo com a proliferação de inúmeros casinos, mas sem esquecer a crise financeira de 2008 ou outros desastres que Macau teve de enfrentar. Patio of Illusion conta no elenco com as participações de Eugene Tang, Kary Tang, Machi Chon, Bonnie Lei, Elvis Chao. Hedy Kou e Lok Cheong.
NOVO CINEMA CHINÊS
OVER THE SEA
O som de uma canção embala a cumplicidade entre uma criança de 11 anos e a sua prima. Xiaojie é uma criança selvagem que foi deixada para trás, crescendo sem referências, entre as memórias dos pais e o mar no horizonte. Os pais, imigrantes que partiram para trabalhar, não regressam há muitos anos e Xiaojie apega-se à prima, para si único símbolo de amor e de esperança. Com as cores do entardecer como pano de fundo, Over the sea chama para a ribalta o fenómeno das crianças abandonadas na China, de um ponto de vista íntimo e emocional, em vez de focar estatísticas alarmantes e os flagelos sociais. Over the sea conta com a realização de Sun Aoqian e no elenco com Yu Kunjie, Li Reb, Sun Xinfu.
DWELLING IN THE FUCHUN MOUNTAINS
No dia da comemoração dos 70 anos, a matriarca da família Gu sofre um derrame cerebral, precipitando a sua demência. Sem palavras. Os seus quatro filhos enfrentam mudanças profundas no relacionamento entre si, enquanto lidam com os seus próprios problemas familiares. O destino das suas vidas, ligadas pelo amor e desafiadas por perguntas e dilemas, desenrolam-se ao longo das quatro estações do ano, tal qual uma antiga pintura chinesa: Dwelling in the Fuchun Mountains, do pintor Huang Gongwang. Dwelling in the Fuchun Mountains conta com a realização e autoria de Xiaogang Gu e no elenco, com as participações de Youfa Qian, Fengjuan Wang, Zhangjian Sun.
WET SEASON
Singapura. A chuva cai intensamente. Estamos na época das monções na cidade, quando Ling uma professora de chinês vê o seu casamento e a sua vida escolar desmoronar, por não ser capaz de ter filhos. No entanto, uma improvável relação com um aluno seu acaba por devolver a confiança perdida e ajudá-la a reafirmar a sua identidade. Em Wet Season, o realizador Anthony Chen explora a condição feminina, sem puxar pelo drama, mas permitindo que o público se envolva delicadamente com o complexo quotidiano de Singapura. A não perder no cartaz do IFFAM, Wet Season conta no elenco com Yeo Yann Yann, Christopher Lee, Koh Jia Ler e Yang Shi Bin.
ZES ra Macau COMPETIÇÃO INTERNACIONAL
HOMECOMING
Tentando encontrar soluções para os conflitos do seu casamento, Aida faz uma viagem com o marido de volta a casa. Durante a viagem envolvem-se num acidente de viação e, involuntariamente, acabam por matar um homem. Um homem que era marido de alguém. Após o sucedido, o casal faz um desvio para a aldeia de onde é originário o homem, para prestar homenagem à viúva. É aqui que tudo acontece, numa jornada inesperada de busca por respostas às grandes questões da sua vida e pela inevitabilidade de enfrentar um futuro diferente, este é um regresso a casa que acaba também por ser uma metamorfose em todos os sentidos da palavra. Homecoming conta com a realização de Adriyanto Dewo e conta no elenco com Putri Ayudya Asmara Abigail, Ibnu Jamil e Yoga Pratama nos papéis principais deste filme 100 por cento indonésio.
TWO OF US
Nina e Madeleine são duas mulheres reformadas e secretamente apaixonadas há várias décadas. À vista de todos, incluindo a família de Madeleine, são pura e simplesmente vizinhas que vivem no último andar do mesmo prédio. No entanto, longe dos olhares indiscretos, as duas mulheres vão e vêm, alternando espaços entre os seus dois apartamentos que acabam por ser lugares de partilha dos prazeres e da vida que levam em conjunto. Naturalmente que depois a relação acaba por ficar virada do avesso quando um acontecimento inesperado, que coloca mesmo as suas vidas em risco, revela involuntariamente, toda a verdade da sua relação. Two of us é uma co-produção francesa, belga, holandesa e luxemburguesa e conta com a realizaçao do italiano Filippo Meneghetti. Martine Chevallier é Madeleine e Barbara Sukowa é Nina e neste filme falado em francês.
BELLBIRD
Do neo-zelandês Hamish Bennett, Bellbird conta a história de Ross, um agricultor parco em palavras, a partir do momento em que este parece perder o rumo da sua vida, quando a sua mulher, Beth, morre inesperadamente. Sem ninguém por perto interessado em ajudar nos trabalhos diários da quinta, nem mesmo o seu filho Bruce, surge Marley uma jovem disposta a apoiar e a mudar o rumo da vida do ainda mais mal-humorado Ross. Ross dispensa a ajuda de Marley mas Marley lá vai aparecendo e ajudando na ordenha, enquanto ignora a má disposição do velho Ross, até que, quase um ano após a morte de Beth, a questão se torna incontornável e a necessidade de encontrar o seu lugar no mundo tende a vir ao de cima. Belbird é um filme falado em inglês e conta no elenco com Marshall Napier, Cohen Holloway, Rachel House, Kahukura Retimana, Stephen Tamarapa e Annie Whittle.
sexta-feira 22.11.2019
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PROGRAMA 5 DE DEZEMBRO
8 DE DEZEMBRO
LITTLE JOE 19:15 Cinematheque Passion
TOKYO STORY 15:00 Cinematheque Passion
THE PRESENT 20:30 Macao Tower Convention and Entertainment Centre
A SHAUN THE SHEEP MOVIE FARMAGEDDON 15:00 Macao Cultural Centre – Small Auditorium
JOJO RABBIT 20:30 Macao Cultural Centre – G.A. BETTER DAYS 20:45 Macao Old Court Building DANCE WITH ME 21:00 Macao Cultural Centre – Small Auditorium
BOMBAY ROSE 15:30 Macao Cultural Centre – Small Auditorium PATIO OF ILLUSION 16:30 Macao Tower Convention and Entertainment Centre
MY ZOE 21:30 Cinematheque Passion
JUDY 18:00 Macao Cultural Centre – Small Auditorium
6 DE DEZEMBRO
THE 400 BLOWS 18:00 Cinematheque Passion
LUCKY GRANDMA 18:45 Macao Old Court Building
WET SEASON 18:15 Macao Old Court Building
INA AND THE BLUE TIGER SAUNA 19:15 Macao Tower Convention and Entertainment Centre
STRINGS OF SORROW 19:00 Macao Tower Convention and Entertainment Centre
GOLDIE 19:30 Macao Cultural Centre – Small Auditorium
GIVE ME LIBERTY 19:15 Macao Cultural Centre – Small Auditorium
PROXIMA 19:30 Cinematheque Passion
THE INVISIBLE LIFE OF EURÍDICE GUSMÃO 20:30 Cinematheque Passion
THE PLATFORM 21:30 Cinematheque Passion THE LIGHTHOUSE 21:30 Macao Tower Convention and Entertainment Centre LYNN+LUCY 21:45 Macao Cultural Centre – Small Auditorium
7 DE DEZEMBRO
TO LIVE TO SING 20:45 Macao Old Court Building DARK WATERS 21:30 Macao Tower Convention and Entertainment Centre BUOYANCY 21:45 Macao Cultural Centre – Small Auditorium
9 DE DEZEMBRO
DWELLING IN THE FUCHUN MOUNTAINS 15:30 Macao Old Court Building
A CITY CALLED MACAO 19:00 Macao Old Court Building
THE LONG WALK 16:15 Cinematheque Passion
BLOW-UP 19:15 Cinematheque Passion
LET’S SING 16:30 Macao Tower Convention and Entertainment Centre
HOMECOMING 19:15 Macao Cultural Centre – Small Auditorium
BELLBIRD 17:00 Macao Cultural Centre – Small Auditorium
THE TRUTH 19:30 Macao Tower Convention and Entertainment Centre
WISDOM TOOTH 18:45 Macao Old Court Building
TWO OF US 21:30 Macao Cultural Centre – Small Auditorium
FAMILY MEMBERS 19:00 Macao Cultural Centre – Small Auditorium
THE WILD GOOSE LAKE 21:45 Macao Old Court Building
BALLOON 19:00 Cinematheque Passion
Red Amnesia 21:45 Cinematheque Passion
YEARS OF MACAU 19:15 Macao Tower Convention and Entertainment Centre
10 DE DEZEMBRO
FIRST LOVE 21:00 Macao Cultural Centre – G.A.
FLOWERS OF SHANGHAI 19:00 Cinematheque Passion
OVER THE SEA 21:00 Macao Old Court Building
I’M LIVIN’ IT 21:00 Macao Cultural Centre – Small Auditorium
TWO/ONE 21:30 Macao Cultural Centre – Small Auditorium
SATURDAY FICTION 21:10 Macao Old Court Building
DIRTY GOD 21:30 Cinematheque Passion
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22.11.2019 sexta-feira
É fascinação THIS IS MY CITY SURMA, A MIÚDA DE LEIRIA, VAI À CHINA
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A carreira de Surma aconteceu tudo muito rápido. Tão rápido que a própria ainda acha que é um sonho. Natural de Leiria, cidade do centro de Portugal que tem lançado novos artistas para o panorama musical português, Débora Umbelino, nome verdadeiro de Surma, tem vindo a criar uma carreira consistente com sucesso dentro e fora do país. As suas sonoridades electrónicas têm conquistado o público, tendo-a levado ao concurso Festival Eurovisão da Canção, que não venceu, mas cujo palco partilhou com Conan Osíris. Desta vez os dois artistas voltam a partilhar um palco, mas na China, mais concretamente na cidade de Zhuhai e em Macau, no âmbito do festival This is My City. Débora Umbelino revela ao HM estar muito
empolgada não só com esta viagem, mas também com este reencontro. “Nenhum de nós estava a ver aquilo (Festival Eurovisão da Canção) como uma competição. Já nos conhecíamos há alguns anos, desde o tempo em que o fui ver actuar nas Caldas da Rainha, em 2012 ou 2013. Partilhar o palco com ele é sempre uma alegria e uma festa. Estou ansiosa por voltar a ver o Conan, já não o vejo há algum tempo.” A vinda à China é uma consequência natural da residência artística da banda chinesa Wu Tiao Ren, que estiveram neste Verão em Portugal com concertos no Porto, Coimbra, Lisboa, Leiria e Montemor-o-Novo. Em Leiria, foi a vez da banda chinesa cruzar sonoridades com Surma. “Ao fim de duas semanas de os Wu Tiao Ren terem regressado à China apareceu a aprovação da minha ida e fiquei eufórica, pois a China sempre foi um dos objectivos maiores para ir enquanto Surma, em trabalho. Vai ser genial, estou felicíssima e espero que a China goste”, aponta. Surma irá tocar essencialmente as músicas do seu primeiro álbum, “Antwerpen”, lançado em 2017 pela Omichord Records, editora de Leiria. “Queria ver se tinha algum tempo para tocar uma ou duas músicas novas que já estão quase acabadas, para dar um miminho à China. Vou fazer também uma colaboração com os Wu Tiao Ren ao vivo, o que vai ser muito giro, vamos ter apenas meia hora. Vai ser importante mostrar o que fazemos em Portugal no país deles e mostrar o que fizemos cá, vai ser giro ver ao vivo”, contou. Apesar da batida electrónica, Surma é conhecida por ser uma artista multi-instrumentista, pelo que a viagem à China também lhe poderá abrir portas ao nível de novas sonoridades. "Sempre que toco fora de Portugal fico com a cabeça de uma maneira, nem sei explicar. Sinto muitas as influências quando vou lá fora, e ir à China, que é um país que me diz imenso desde pequena, vai dar-me umas influências do outro mundo e estou muito curiosa para ver o que vou achar disso tudo.” Surma está tão aberta a novas experiências musicais que pondera até assistir a alguns concertos. “Queria ouvir as músicas tradicionais de lá, assistir a uns concertos ao vivo.
Sem dúvida alguma que me vai fazer abrir os horizontes para fazer coisas diferentes, fora da caixa.”
NOVO ÁLBUM A CAMINHO
Depois do bem sucedido “Antwerpen”, Surma encontra-se a trabalhar num segundo álbum, cujo nome ainda não pode revelar, muito menos o nome dos restantes músicos com quem está a trabalhar. Este será, portanto, o seu primeiro álbum colaborativo, e que será também uma homenagem ao músico norte-americano Daniel Johnston, falecido em Setembro deste ano. “A morte de Daniel Johnston foi um choque grande para mim, acho que tive uma epifania quando soube da sua morte. Queria fazer um álbum em sua homenagem e acho que vai ser com a colaboração de vários músicos e géneros, pois o Daniel também tinha essa imagética, a de colaborar com músicos de vários géneros musicais, e este álbum vai ser um bocado isso.” JOAQUIM DÂMASO | GLOBAL IMAGENS
Surma, nome artístico de Débora Umbelino, é o nome integrante do cartaz do novo evento promovido pelo Festival This is My City. Depois de uma residência artística da banda chinesa Wu Tiao Ren em Leiria, cidade natal de Surma, é a vez da cantora multiinstrumentista pisar a China. Ao HM, Débora Umbelino fala do seu novo disco, que sai para o ano e que é uma homenagem a Daniel Johnston
“Queria ouvir as músicas tradicionais de lá (da China), assistir a uns concertos ao vivo. Sem dúvida alguma que me vai fazer abrir os horizontes para fazer coisas diferentes, fora da caixa.” SURMA
O novo trabalho discográfico de Surma deverá misturar sonoridades que vão desde o jazz, noise, electrónica ao rock. “Estou muito curiosa para ver como vai ser o resultado final, tenho estado a trabalhar nas músicas e depois passo-as para os produtores. Acho que vai ser muito fixe, porque não vai ser um álbum só meu, vai ser colaborativo. Um desafio muito novo para mim.”
Antes do novo disco, Surma vai mostrar as primeiras canções que gravou, ainda em 2015 e que ninguém ouviu. “Vai sair um vinil de sete polegadas com músicas do início da Surma, as minhas primeiras músicas que nunca viram a luz do dia. As pessoas que me conhecem agora nunca ouviram essas músicas. Vou lançar isto como uma prenda de natal para elas.” O segundo álbum de originais deverá sair em Setembro de 2020 mas, até lá, Surma quer tocar muito por todo o lado, algo que sempre tem feito desde o início.
CAMINHO ATRIBULADO
Antes de ser Surma, Débora Umbelino quis experimentar uma panóplia de instrumentos e experiências musicais. “O meu caminho na música sempre foi um bocadinho atribulado, com cinco anos disse à minha mãe que queria aprender bateria, mas ela não me deixou. Depois passei para a flauta, depois saí porque não gostava. Entre os dez e os 13 anos andei em guitarra e piano clássico, mas desisti. Com 15 anos recebi um convite de um colega meu para começar uma banda de covers. Até aos 18 anos tivemos a banda, enveredámos pelos originais. Depois fui para Lisboa e saí da banda, e foi aí que a Surma apareceu, com 19 anos.” Desde então que não tem parado, com concertos em Portugal e também na Europa. “Tenho tido muita sorte como Surma, tenho uma equipa muito boa ao meu lado. Tenho tido uma adesão muito positiva por parte de Portugal e depois o álbum foi lançado para a Europa e fiquei com uma reacção muito boa também. Acho que ainda está tudo a ser um sonho constante para mim desde 2017. Não sei muito bem a que se deve este crescimento, tenho tido muito trabalho.” Surma assume que, quando sobe ao palco, já reconhece muitos rostos que a seguem para a ver e ouvir. “Criou-se um misto de amizade muito grande entre mim e as pessoas que vão aos concertos, já se conhecem as caras. Os concertos são familiares.” Na China, Surma poderá criar, assim, uma nova família. Andreia Sofia Silva
andreia.silva@hojemacau.com.mo
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sexta-feira 22.11.2019
HONG KONG TRIBUNAL ADIA A DECISÃO DE MANTER OU SUSPENDER LEI ANTI-MÁSCARA
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Wang Yi, MNE chinês “Lamentamos ver que alguns políticos nos Estados Unidos estão agora a manchar, atacar e difamar a China a um nível próximo da loucura”.
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m i n i s t r o chinês dos Negócios Estrangeiros, Wang Yi, considerou ontem a aprovação pelo Congresso norte-americano de uma lei de apoio à democracia e aos direitos humanos em Hong Kong como um “incentivo a criminosos violentos”. O objectivo deste texto é “causar estragos ou até destruir Hong Kong”, acusou Wang Yi, num comunicado divulgado pelo seu ministério. O ministro do Exterior da China, Wang Yi, descreveu a aprovação pelo Congresso da legislação dos EUA visando a China como “loucura” que prejudicará o relacionamento entre os dois países. Em reunião com o ex-secretário de defesa dos EUA William Cohen em Pequim na quinta-feira, Wang disse que essa legislação abalou a confiança mútua entre as duas nações. “No momento, o relacionamento China-EUA atingiu uma encruzilhada crítica”, disse Wang. “Mas lamentamos ver que alguns políticos nos Estados Unidos estão agora a manchar, atacar e difamar a China a um nível próximo da loucura”. Wang mencionou que a aprovação da legislação enviou um “sinal errado aos criminosos violentos de Hong Kong” e que vai causar danos à cidade. Além desta legislação, existem dezenas de projectos de lei norte-americanos pendentes que visam combater a China em várias frentes. “O Congresso dos Estados Unidos promulgou várias leis para interferir nos assuntos internos da China, violando as normas básicas das relações internacionais”,
MNE APOIO DOS EUA AOS PROTESTOS É “INCENTIVO A CRIMINOSOS”
A via da loucura
O MNE chinês Wang Yi considerou que objectivo da legislação aprovada pelos EUA é “causar estragos ou até destruir Hong Kong”. “O Congresso dos Estados Unidos promulgou várias leis para interferir nos assuntos internos da China, violando as normas básicas das relações internacionais. Esta é mais uma”, concluiu Wang continuou Wang. “Essas práticas envenenaram seriamente a atmosfera das relações sino-americanas e destruíram a confiança mútua que construímos ao longo dos anos”, concluiu.
TRUMP PODE VETAR
Também o porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros afirmou ontem que a China está
pronta a “reagir com determinação” e exigiu ao Presidente norte-americano, Donald Trump, que vete a legislação. “Nós condenamos e opomo-nos veementemente” a esta iniciativa, que “mina os interesses da China e dos EUA”, na região semiautónoma chinesa, disse Geng Shuang. “Se os EUA continuarem a tomar medidas erradas,
O TEXTO AMERICANO
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Congresso norte-americano aprovou na quarta-feira uma resolução que apoia os “direitos humanos e a democracia” em Hong Kong e ameaça suspender o estatuto económico especial concedido por Washington à antiga colónia britânica, que é há quase seis meses palco de manifestações antigovernamentais, cada vez mais violentas. O texto, que põe em causa o estatuto comercial de que beneficia actualmente a região administrativa especial chinesa, ainda não foi assinado pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, mas a Casa Branca não ameaçou vetar. A votação surge numa altura em que as duas maiores potências mundiais negoceiam uma saída para a guerra comercial. “Os Estados Unidos estão convosco e sempre vos apoiarão”, disse Michael McCaul, membro eleito da minoria republicana na Câmara dos Representantes, denunciando “a brutalidade” da China.
a China de certeza tomará fortes contramedidas”, avisou Geng. Questionado sobre o risco de aquela votação prejudicar as negociações, o porta-voz chinês disse esperar que Washington “trabalhe com o lado chinês para encontrar soluções”. “Ninguém deve subestimar a determinação da China em salvaguardar a sua soberania nacional, segurança e interesses de desenvolvimento”, apontou Geng. O Congresso aprovou a resolução com 417 votos a favor e um contra, após a adoção unânime pelo Senado, na terça-feira passada. A votação levou a China a ameaçar com retaliação. As duas câmaras do Congresso também aprovaram uma medida que prevê a proibição da venda de granadas de gás lacrimogéneo, balas de borracha e outros equipamentos antimotim utilizados pela polícia de Hong Kong para reprimir manifestações.
M tribunal de Hong Kong decidirá mais tarde se suspenderá a sua decisão de declarar inconstitucional a lei anti-máscara do governo após a solicitação da Secretaria de Justiça que argumentou a necessidade de conter a agitação na quinta-feira. Os juízes do Tribunal de Primeira Instância,Anderson Chow Ka-ming e Godfrey Lam Wan-ho, disseram que tomariam sua decisão - vista como altamente carregada politicamente após a decisão anterior ter fomentado a ira de Pequim - posteriormente, isto depois do Governo tentar manter lei em vigor por enquanto, justificando que está a dar resultados. A Secretaria de Justiça revelou que o departamento resolveu interpor um recurso mal o tribunal tomou sua decisão sobre a suspensão da lei. Por vezes os tribunais de Hong Kong revêem as suas decisões imediatamente após ouvir os argumentos das partes, mas os dois juízes decidiram levar um tempo para deliberar antes de proferirem a tão esperada decisão. O acordo para que dois juízes presidam ao caso - em oposição a apenas um, como é habitual também destaca a importância do assunto em questão. Os dois juízes disseram que informariam o governo, os 25 parlamentares pró-democracia e o activista “Long Hair” Leung Kwok-hung, que apresentou o caso, quando tiverem decidido. Na segunda-feira, os dois juízes decidiram que a lei anti-máscara do governo, implementada em outubro pela líder de Hong Kong, Carrie Lam Cheng Yuet-ngor, havia ido além do necessário para alcançar o objectivo das autoridades de impedir que as pessoas participassem da crescente violentos protestos contra o governo. Os juízes também determinaram que o uso, por parte de Lam, de uma Portaria de Regulamentação de Emergência da era colonial, invocada por motivos de perigo público, para promulgar a proibição de máscara, inconstitucional.
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Quer nada: serás livre.
entre oriente e ocidente
FICÇÃO, ENSAIO, POESIA, FRAGMENTO, DIÁRIO
Gonçalo M. Tavares
POEMAS DO ORIENTE
Habitar
Passa suavemente de um compartimento a outro. Dizem que não se movimenta, ausenta-se, marca presença. Como se não existisse espaço no meio. Ela estava ali, agora aqui. Como se chama esta forma de andar, apenas com destino e dois verbos: desaparecer, aparecer? Não caminha, chega.
Os colapsos, os acidentes Pensar numa fábrica que produz acidentes intencionalmente; que planeia acidentes, constrói acidentes como alguns constroem um edifício. Parece absurdo? Paul Virilio fala da “ industrialização do acidente”: os testes aos carros - tendo por base o crash e a capacidade de resistência a esse choque e impacto - são disso bom exemplo. Um bom carro é o que resiste ao impacto violento que, em princípio, poderá até nunca suceder. A partir daqui podemos pensar numa comunidade que acredite que a sociedade avança devido aos acidentes e não ao progresso contínuo. Trata-se de acreditar no avanço por saltos, mas não saltos sobre o solo firme e controlado, avanço, sim, por quedas: o mundo avança de queda em queda, de acidente em acidente, de colapso em colapso. A sociedade mais atrasada seria, nesse sentido, a que tivesse tido menos acidentes, menos colapsos. A mais estável seria a mais atrasada.
Associar o progresso, por exemplo, à reacção de uma comunidade depois de uma queda ou colapso. E daqui surge uma definição possível. O que é o progresso de uma comunidade: é o que uma sociedade faz depois da queda. E o que é o progresso individual, o progresso biográfico? É também o que um indivíduo fez depois de uma queda, de um acidente, de um colapso qualquer na sua vida. Progresso: a forma como te levantas e não a forma como andas. Não se trata, pois, de uma questão de velocidade, mas de resistência. Estamos aqui para avançar, não para resistir. Estamos aqui para resistir, não para avançar. Duas opções. Cada colapso obriga a uma mudança de estratégia, a uma mudança de intensidade, direcção e sentido. Caminhas de maneira diferente e para um sítio diferente depois de um simples alvoroço no meio da tua vida.
ILUSTRAÇÕES ANA JACINTO NUNES
ARTES, LETRAS E IDEIAS 17
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OFício dos ossos
Valério Romão
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Á vários tipos de cegueiras e talvez a mais perigosa seja aquela em que não só um sujeito pensa que vê como acredita que está no ponto mais adequado para dar conta do que se passa. Esta é a terrível cegueira que, em graus distintos, nos afecta a todos. Contra mim falo. A internet transformou o mundo assíncrono e exótico do século passado num espectáculo incessante de simultaneidade e uniformidade, de tal modo que tudo quanto nos surge nas mais diversas plataformas onde voluntaria ou involuntariamente somos expostos a informação nos parece mais ou menos compreensível. A globalização e a informação instantânea operaram uma lenta mas inexorável desexotificação do mundo. Tirando locais excepcionalmente remotos – não tanto a nível geográfico, mas sobretudo a nível da presença das múltiplas formas de redes de comunicação imediata – tudo nos parece mais ou menos igual, mais ou menos previsível, mais ou menos compreensível, seja um desastre nuclear no Japão, uma perseguição de cariz étnico em Myanmar ou uma
Pasto para o bicho luta armada na América do Sul. Parece que está tudo aqui ao lado, a decorrer no quintal da nossa vasta argúcia. Temos um ponto de vista essencialmente preguiçoso, como dizia Nietzsche, dado que funciona no modo da abreviatura, focando-se de modo muito mais agudo naquilo que realidades muito diversas têm de comum e sendo bastante mais permissivo em relação às diferenças que apresentam. Dir-se-á que é uma questão de sobrevivência. Somos animais, pelo que o processo de cate-
gorização, por muito atabalhoado que seja, é uma das formas mais eficazes que temos de mapear o nosso millieu e os perigos que nele podem ocorrer. O problema é quando desatentos ao laxismo constitutivo no nosso ponto de vista nos deixamos enredar numa pseudo-compreensão da realidade nas suas múltiplas iterações, tomando as notas comuns pelo essencial e as diferenças pelo acessório. É assim que cresce, obscenamente, o especialista instantâneo que cada um alimenta dentro de si.
O problema é quando desatentos ao laxismo constitutivo no nosso ponto de vista nos deixamos enredar numa pseudo-compreensão da realidade nas suas múltiplas iterações, tomando as notas comuns pelo essencial e as diferenças pelo acessório. É assim que cresce, obscenamente, o especialista instantâneo que cada um alimenta dentro de si
O mais interessante é que esta criatura viciada numa compreensão tão superficial como automática das coisas não perde força quando confrontada com os inúmeros erros de análise que produz. Ela própria acaba por ler esses erros pela óptica do fundamental e do detalhe: enganei-me, sim, mas são erros no âmbito do acessório. O essencial, esse, está perfeitamente dominado. Reconhecem este animal? Das caixas de comentários? Dos artigos de opinião? Das conversas de café? Do espelho? Ele está em todo o lado. Ao invés das beatificadas técnicas de mindfullness e de pensamento positivo, que mais não são do que a inversão do ónus da prova em relação às causas dos nossos destinos tremendamente minúsculos (se não és feliz ou bem-sucedido é porque não estás a querer sê-lo verdadeira ou suficientemente), devíamos ter muito cuidado com o pasto que damos a esta criatura para que não cresça para além da dimensão em que é verdadeiramente útil, sob pena de nos atermos de forma permanente a um modo de pensar rudimentar, infantil e, sobretudo, tremendamente erróneo.
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PLANO DE CORTE José Navarro de Andrade
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STO é matéria propícia à criação de maldições, coisa que rapidamente degenera em lendas e outras mistificações. Pegue-se então nela com pinças e proceda-se com cautela. Em formato digital e à hora que se quiser, de modo tão portátil e propínquo estamos capazes de aceder ao som e à fúria da tragédia que não se faz necessário retrocedermos aos alvores da Guerra de Tróia, aos massacres de Shakespeare ou às exorbitâncias épicas de Wagner para nos entregarmos às volúptias da melancolia oferecidas pelo lamentoso espectáculo da morte dos heróis. Tomem-se por heróis aqueles tais a quem os deuses, depois de lhes infundirem o dom de um talento sobrenatural e de lhes deferirem oportunidade e rasgo para com ele nos extasiarem, prematura e perversamente lhes cortaram o cordão da vida. Sendo assim o jazz é um campo de mártires onde florescem tantas papoilas
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Um sopro de maldição
quantas as que recordam os sucumbidos nas tragédias antigas e delas parece ter assimilado o tipo. E se o observarmos em pormenor, será na fileira dos trompetistas que com mais inclemência enegreceram as sombras do fatalismo. Ascendido hoje à categoria de imortal, Miles Davis teve o privilégio existencial de se confirmar e ainda de se consagrar em vida. Contudo este seu triunfo, que nem uma polegada desmerece do génio, é assombrado pelos fantasmas
de dois contendores, que num período decisivo lhe disputaram a primazia e talvez pudessem ter arrastado consigo a história do jazz por outra vertente. Deles remanesceu uma aura e o vislumbre do que poderiam ter alcançado se tempo lhes fosse dado para singrarem ao longo das cordilheiras donde se avistavam novos horizontes. O mais relembrado destes imagináveis rivais de Miles foi Clifford Brown. Este virtuoso, capaz de fazer do trompete o que
O futuro como se sabe não existe. O que fica dele são as promessas que deixou no passado. Tantas delas não tendo sido cumpridas permitem-nos augurar futuros possíveis e diferentes para os passados que nos chegaram
queria, modulou um estilo que sem apagar as labaredas do bebop dominou-lhe as chamas, de modo a que não soltasse indiscriminadamente chispas em todas as direcções. Virtuoso era também Brown nos costumes: não bebia, menos se drogava, abstinha-se de correr atrás do primeiro rabo de saias. Nada disto o poupou aos azares que infestam o jazz; morreu em 1956 numa noite de chuva na berma da estrada. Tinha 25 anos. Mas outro trompetista, muito menos recordado, um que precedeu Miles e foi mentor de Clifford Brown, tivesse impossivelmente sobrevivido à sua existência kamikase e sabe-se lá que outras constelações não se haveriam desenhado no céu do jazz. Para dar conta dele há que recuar um passo no tempo, porque umas histórias começam sempre dentro e outras. O que em tão pouco tempo e tão jovem Dizzy Gillespie derrubou e ergueu, esse ferocíssimo bebop, de tal modo era inovador e intenso que desde logo deu a impressão de o jazz se ter completado e nada mais ficaria por cantar. Isto nos alvores da década de 40 ao tempo em que as cidades europeias submergiam em fogo e morte. Na cola dele Miles hesitou um bom par de anos quanto ao rumo a tomar, desconfortável com as precipitações e velocidades que Dizzy imprimira e fizera norma, sem vontade de se enredar naquelas brenhas sonoras onde não floresceria mais do que como epígono. Mas era o período que não consentia entretantos e na alcateia do jazz jovens lobos estavam sempre dispostos a pugnar com o alfa. De modo que o próprio Dizzy teve que se haver com o ímpeto de Fats Navarro (nada a ver…) e com a influência que imprimia na promitente geração. Com um pé ainda no swing das big bands e outro na insurreição do bebop Navarro ia deixando pegadas fundas à sua passagem. Foi solista nos melhores momentos das orquestras em que participou; ombreou enquanto parceiro com músicos suficientemente firmes, que não temerem a sua veemência capaz de roubar o protagonismo. Embora não faltem vestígios do seu génio o que Fats Navarro fez muito pouco foi gravar em nome pessoal. Se a sua vida era um turbilhão de ruindades e distúrbios como poderia a sua carreira ter algum norte? Tivesse-o conseguido com duração e consistência e nada do que sucedeu à sua prematura extinção em 1950 aos 26 anos de idade seria como veio a ser. O futuro como se sabe não existe. O que fica dele são as promessas que deixou no passado. Tantas delas não tendo sido cumpridas permitem-nos augurar futuros possíveis e diferentes para os passados que nos chegaram.
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EXPOSIÇÃO | “LÍNGUA FRANCA – 2ª EXPOSIÇÃO ANUAL DE ARTES ENTRE A CHINA E OS PAÍSES DE LÍNGUA PORTUGUESA” Vivendas Verdes e Antigo Estábulo Municipal de Gado Bovino | Até 8 de Dezembro EXPOSIÇÃO | “QUIETUDE E CLARIDADE: OBRAS DE CHEN ZHIFO DA COLECÇÃO DO MUSEU DE NANJING” MAM | Até 17 /11 EXPOSIÇÃO | “WE ART SPACE - DOCUMENTARY EXHIBITION” Armazém do Boi | Até 8/12 EXPOSIÇÃO | “BY THE LIGHT OF THE MOON 7 – WORKS BY HONG WAI” AFA – Art Garden | Até 5/12
7 6 1 4 5 3 2 “DAILY IMPERMANENCE” - FOTOGRAFIAS DE ANTÓNIO LEONG 4do Povo 5 de Coloane 3 6| Até 24/11 2 7 1 Casa 6 1| OBRAS2DE CERÂMICA 3 4E CALIGRAFIA 5 DE7UNG CHOI EXPOSIÇÃO KUN E CHEN PEIJIN Fundação 5 7Rui Cunha 6 2 1 4 3 “WE SPACE” 7 DOCUMENTARY 1・ART 4 5 3EXHIBITION 2 6 Armazém do Boi | Até 8/12 2 3 5 1 7 6 4 3 2 4 C7I 6N 1E 5 Cineteatro M A 9
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J.K. Simmons, Sienna Miller, Taylor Kitsch 14.30, 16.30, 19.30, 21.30 SALA 3
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Uma embarcação com 46 pessoas a bordo localizada a 80 milhas a sul da Gran Canária foi transportada para o porto de Arguineguín, disseram ontem as autoridades de socorro espanholas. De acordo com o Centro de Coordenação de Emergência e Segurança do Governo das Canárias, o número de ocupantes da embarcação - que nas primeiras comunicações se pensava não ser superior a 20 pessoas – atingiu os 46 passageiros.
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PROBLEMA 9
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É verdade que a democracia se conquista e se perde. Aqui em Macau, por exemplo, estamos a perder oportunidades, uma atrás da outra, de alargar o espectro da representação democrática e tudo por causa de Hong Kong. Sim, Hong Kong tem sido o atraso de vida na senda para a democracia. Senão vejamos. Quando as manifestações começaram em 2014, era suposto existir um sufrágio universal em 2017. As manifestações, que na realidade se estenderam até 2016, impediram a sua realização. Onde é que já se viu gente que diz querer democracia impedir um acto eleitoral, ainda que imperfeito? Em Hong Kong, pois claro. Ora se tivesse acontecido em 2017 em HK, provavelmente teríamos votado este ano em Macau. Assim, nada, nicles, niente. Ficámos a ver os barcos a passar, que é como quem diz os tais activistas a remeterem 10 para as calendas quaisquer possibilidades de entendimento que aprofunde a democracia nas duas regiões. Eles perderam e nós também. Como se sabe muito bem nos países onde existem actos eleitorais normais (quais são?), o avanço para a democracia é um processo de sucessivas conquistas, de permanentes novas realizações. Passa também por um melhor acesso à educação, por exemplo. Passa por garantir o voto a todos os cidadãos (os negros só votaram plenamente nos EUA em 1968, por exemplo), passa por muitas outras coisas. É um processo, não um estado. E hoje, no século XXI, usar a violência é claramente um passo atrás nesse processo. E o pior é que a democracia é de tal modo um processo que nos países europeus, onde era suposto estar implantada, assistimos todos os dias à sua decadência. Carlos Morais José
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Lançado logo em 2010, dois anos após a crise financeira que abalou a economia mundial, Charles Ferguson olhou à lupa as razões do desabamento financeiro. Com a voz da Matt Damon, o filme mostra como até as universidades se deixaram corromper para fazerem estudos que beneficiassem a regularização mínima do sector financeiro e fosse permitido que a roleta russa económica com os depósitos dos cidadãos normais se prolongasse durante vários anos. João Santos Filipe
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OS SS E O COMETA HALLEY Ontem o GCS publicou um comunicado dos Serviços de Saúde (SS) às 9h40 sobre dois casos de infecção colectiva de gripe. Foi um dos momentos mais belos a que assisti. Não por ter qualquer predilecção virosa, mas pela raridade do evento. Apanhar um comunicado dos SS a horas decentes num dia normal de expediente jornalístico é um acontecimento que deveria encher os céus de Macau com fogode-artifício, música nas ruas, beijos apaixonados e sorrisos rasgados. Se o caro leitor tiver a felicidade de aceder ao GCS e fizer uma busca por SS desde o início do mês vai reparar num padrão. Dos 30 comunicados lançados este mês (até ontem às 16h40), apenas a gripe das 9h40 de ontem foi publicada de manhã. Se incluirmos este caso no universo de publicações verificamos que dos 30 comunicados, 5 viram a luz do dia até às 19 horas, aliás, depois do sol posto. Depois das 21h foram publicados 15 comunicados. Metade! E depois há aqueles que são lançados depois das 23h. Este mês não é excepção, se fizermos uma busca ao ano inteiro vemos o mesmo padrão. Daí a beleza da manhã de ontem. Ainda me lembro quando vi o Cometa Halley, estávamos no ano de 1986. Primeiro era só um risco sem importância a cruzar os céus, depois um cosmos de magia abriuse quando percebi o significado da raridade a que tinha assistido. Quem nasceu depois de 1986, ou estava a olhar para o chão nesse dia, só pode ver o Halley em 2061. Veremos quanto tempo um comunicado dos SS vai demorar a dar a volta ao GCS até ser avistado de manhã. Não sei quanto tempo será preciso, mas quando acontecer será mágico. João Luz
HO IAT SENG CUSTA A ARRANCAR Ho Iat Seng começa devagar. Tão devagar que estamos em finais de Novembro e ainda não anunciou o nome dos futuros Secretários. Convenhamos que para um homem que sabe que vai ser Chefe do Executivo pelo menos desde o fim do primeiro trimestre deste ano seria expectável que já tivesse a casa (a cabeça) arrumada a ponto de poder anunciar quem o vai ajudar a governar Macau nos próximos tempos. Wong Sio Chak é como certos bancos: parece demasiado importante para cair. A continuidade do homem-forte da Segurança não parece estar em causa. O mesmo se diz de Raimundo do Rosário. No seu caso, parece que as lideranças locais não confiam em mais ninguém para assumir o delicado posto das Obras Públicas e Transportes, por onde passam biliões e o momento não é de riscos, muito menos de aventuras. Quanto ao resto, fala-se de André Cheong para a Administração e Justiça, de Ho Veng
On para a Economia e Finanças e de Ao Ieong U, até agora uma discreta sub-directora dos Serviços de Identificação e a quem se destinará a mega-pasta dos Assuntos Sociais e Cultura. Este último nome é o mais inesperado. Diz-se que se trata de uma pessoa “extremamente competente” mas a verdade é que não tem qualquer peso político-social relevante para lidar com sectores como a Saúde e a Educação, o Turismo e a Cultura. A ver vamos, como dizia o cego. Quanto aos outros dois são nomes bem conhecidos. André Cheong já foi falado no passado para esta pasta, quando era director dos Serviços de Justiça. Neste caso, a questão é saber como será a relação com o actual director da DSJ, já que Cheong conhece a casa por dentro e por fora, ao contrário do que acontecia com Sónia Chan — uma excelente ouvinte —, fazendo prever que Liu Dexue não se mova
A VERDADEIRA INDIGNAÇÃO Disse o deputado Si Ka Lon esta semana na Assembleia Legislativa que os protestos em Hong Kong “indignam muita gente em Macau” e que devem ser reforçadas matérias e mecanismos ao nível da segurança do Estado. Si Ka Lon até pode ter razão, sobretudo se falarmos de gerações mais velhas que não conhecem outras realidades ou que estão habituadas a certos status quo. Mas duvido que os
jovens pensem assim. Aliás, diria mesmo que muitos jovens de Macau querem expressar o seu apoio ao que está a acontecer em Hong Kong, mas não podem. O que verdadeiramente indigna as pessoas, ou pelo menos deveria, é a forma como as autoridades lidam com este assunto. A deter pessoas no Leal Senado sem motivo aparente, só porque vestem umas roupas pretas. A proibir a entrada de jornalistas
que, por acaso, viram a sua acreditação aceite para o Grande Prémio de Macau. A negar a entrada a pessoas no território, incluindo residentes da RAEM, com base em pressupostos que podem não ser verdadeiros. Esta deveria ser a indignação, mas num parlamento amorfo como é o de Macau, pouco se fala disto. Hong Kong é o elefante no meio da sala. Andreia Sofia Silva
com o mesmo à-vontade dos últimos anos. A verdade é que muitos (senão o próprio) viam Liu como o próximo Secretário... Ho Veng On é, será sempre, um homem de confiança, inteligente e discreto, ex-Chefe de Gabinete de Edmund Ho e depois Comissário da Auditoria. Faz sentido ter alguém assim na Economia e Finanças no momento em que vão ser renegociados os contratos do Jogo, só a principal indústria de Macau. No entanto, pouco disto é certo e tudo pode mudar pois o que realmente conta será a palavra já tardia do Chefe do Executivo. Nos serviços públicos aguarda-se. Com nervoso miudinho, mas aguarda-se. Nas ruas a vida continua, impassível, indiferente, alheada, das manobras do poder. E é assim que eles gostam, é assim que acontece. Ou talvez não... Carlos Morais José
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perguntas sem resposta
sexta-feira 22.11.2019
Quando é que os cidadãos de Macau vão poder andar de metro
O CARRASCO INVERTIDO Porquê tapar a cara a alguém? Se quiser, acho que ela própria tratará de o fazer. Não precisa que alguém tenha a bondade de lhe enfiar um saco preto pela cabeça abaixo. Ah bom, mas assim é possível salvaguardar a identidade dos arguídos! Correcto! Mas então será que é preciso montar um espectáculo para as câmaras dos meios de comunicação social de todas as vezes que a PJ promove uma conferência de imprensa para captarem aquele infeliz momento em que os arguídos do caso, tal qual um touro no curral antes de entrar na praça, passam, algemados e empurrados para a frente de objectivas, imaginando onde devem estar a pôr os pés, somente através dos furos feitos no seu traje oficial de carrascos invertidos? Talvez não! Concordo, naturalmente que a justiça seja aplica-
DICA AMOROSA
Uma das mensagens que mais nos sensibilizou esta semana veio do Governo da RAEM que, logo no domingo, nos alertava para a baixa de temperatura, a partir de terça-feira. A temperatura mínima, previa o Executivo, podia descer aos 15 graus. Brrrr... E terminava, carinhosamente, aconselhando o previdente uso de um agasalho.
O REGRESSO DO TROMBONE
da, os casos tratados e os individuos transportados, levados, ouvidos e sujeitos a todos os procedimentos. O que é para mim difícil de perceber é o momento em que, quem enfia o saco na cabeça, parece usar os encapuçados para validar o seu papel de justiceiro.
Devem andar muito nervosos em Pequim com a situação de Hong Kong porque, na avidez de dar uma resposta ao High Court da ex-colónia britânica a propósito da lei anti-máscara nem sequer repararam que o supremo tribunal de HK, afinal, utilizou uma lei aprovada pela Assembleia Nacional Popular para contrariar uma lei de cariz colonial do tempo da outra senhora. Isto além da resposta não ter pernas jurídicas para andar. Eles tão cá cuma raiva... que parece que aí vem outra vez a “política do trombone”, cuja música não ouvíamos desde a partida de Chris Patten, “o democrata da última hora”. Nessa altura, alguns líderes chineses, indignados com o governador inglês, proferiam as mais assombrosas declarações, entre as quais chamar-lhe “criminoso por mil anos” terá sido uma das mais suaves. Pois é... há 150 anos que Hong Kong faz a malta do Norte perder as estribeiras...
Pedro Arede
Carlos Morais José
entrevista a uma fotografia • Onde é que se passa esta cena? À saída da ex-Universidade Politécnica de Hong Kong. • Ex? Por quê ex? Porque foi destruída por manifestantes que lá dentro se barricaram. • E quem são estes na fotografia? De manta são dois manifestantes a abandonar a universidade e os de laranja pessoal médico que os vai examinar. • Parecem novitos os mascarados... A maior parte são crianças. Faz lembrar uma certa cruzada medieval. • Os manifestantes têm o patrocínio da Nike? Ao que sabemos, não. Mas são apaixonados por tudo o que é ocidental, desde que se concorde com eles, não se seja residente da região ou tenha aprendido mandarim. • Concordar em quê? Em tudo, mais alguma coisa e ainda no que não se lembraram. • Em Hong Kong ainda há cabines telefónicas?!!! Hmmm... havia... • E porque é que estão todos de máscara? É porque estão doentes, muito doentes. É uma doença contagiosa. Chamam-lhe “luta pela democracia”. Já muitos morreram por causa dela (não aqui). Noutros casos, como este, a doença mata a própria democracia. E a cura também não há-de trazer nada de bom. • É por isso é que as mantas são vermelhas? Não. Não é por isso.
TIROS NOS PÉS O Grande Prémio de Macau é sem dúvida o evento mais internacional que se realiza no território, mas este ano ficou marcado por um episódio muito negativo, que não se coaduna com a reputação internacional da prova. Começo por apontar a proibição de entrada aos jornalistas do Apple Daily. Neste caso a responsabilidade é totalmente de Wong Sio Chak e a comissão organizadora merece ser ilibada, até porque não controla as entradas. De acordo com os relatos, eram 10 jornalistas do Apple Daily, estavam todos acreditados, com hotéis marcados, com planos de fazer a cobertura, mas foram impedidos de entrar. Como acontece sempre nestas situações a justificação foi a ameaça à segurança. Presunção de inocência?... Não interessa. Proteger a imagem internacional da prova num fim-de-semana especial? Não interessa. Haveria mesmo razões que justificassem a proibição de entrada? Nunca vamos saber. Afinal de contas, até uma criança com um ano pode ser uma ameaça à segurança de Macau, desde que tenha nome de pró-democrata. O que é triste
é o Grande Prémio de Macau ser afectado por este episódio. É o grande evento do território e merece ser protegido. Hoje o vento sopra a favor, mas amanhã não sabemos o que vai acontecer... Uma última nota sobre a confusão da corrida das motos: houve uma falha de comunicação da organização, não vale a pena dourar a pílula porque, infelizmente, foi muto grave, mas ninguém acredita que tenha sido intencional. Deve ser assumida para se seguir em frente. João Santos Filipe
Triste é o Grande Prémio de Macau ser afectado por este episódio
hong kong, 21 de novembro 2019
22 opinião
22.11.2019 sexta-feira
um grito no deserto
Corridas loucas
O
Grande Prémio de Macau é disputado nas ruas da cidade, atingindo os veículos, que se lançam em curvas e contra-curvas através de ruas e vielas, velocidades superiores a 100Km/ hora. Se fizessemos isto no nosso dia a dia, seriamos considerados loucos e causariamos terríveis acidentes. Mas Macau é um local peculiar, onde esta corrida, que faz disparar a adrenalina, se celebrizou e se tornou um acontecimento anual. Devido aos melhoramentos que foram feitos ao longo dos tempos no famoso Circuito da Guia, este ano não se registaram acidentes graves. Muitas das ruas da cidade foram fechadas durante os quatro dias da competição. Com a ajuda da polícia de trânsito e a colaboração dos condutores locais, não houve problemas de tráfego de maior. Ao longo dos anos, as vedações de segurança de bambú deram lugar às vedações de metal e o sistema anti-colisão tornou-se mais sofisticado. Estes melhoramentos trouxeram muito mais segurança aos pilotos e ao público. A corrida de velocidade já não é tão “selvagem”, tornou-se mais “civilizada” e procura atingir níveis de excelência.
Tomemos a “Taça do Mundo de GT da FIA” como exemplo. Quer Laurens Vanthoor, quer Earl Bamber são pilotos da Porsche, pertencem portanto à mesma equipa. Laurens Vanthoor deixou Earl Bamber ultrapassá-lo para apanhar o piloto da Mercedes, Raffaele Marciello. Na última volta, quando estava a chegar à Rua dos Pescadores, Earl Bamber não conseguiu ultrapassar Raffaele Marciell. Bamber, em vez de tentar entalar com o seu carro o da Mercedes, o que poderia ter provocado um acidente grave, manteve-se atrás dele, chegando a abrandar para permitir que Laurens Vanthoor retomasse a 2ª. posição. Com esta postura demonstrou que lutar pela vitória não é apenas lutar pelo 1º lugar, mas sim dar o nosso melhor. O que importa realmente é ter espírito competitivo e respeito pelos outros. Nesse mesmo dia, a polícia e os manifestantes estavam envolvidos em confrontos na Universidade Politécnica de Hong Kong, numa escalada de violência após os acontecimentos na “No.2 Bridge”, que liga a Universidade Chinesa de Hong Kong à zona ribeirinha. Em 1973, no mesmo dia, 17 de Novembro, a Junta Militar grega enviou tanques
de guerra para a Universidade Técnica de Atenas (Metsovian) para esmagar pela força a revolta estudantil. O resultado foi a morte de 23 estudantes. Por causa desta tragédia, foi implementada a “Lei de Asilo Universitário”, destinada a banir a presença da polícia dos campus universitários, mas infelizmente foi abolida em Agosto de 2019. O Grande Prémio de Macau foi-se tornando mais seguro ao longo dos anos e o tráfego da cidade também melhorou, porque o Governo aprendeu a lição com aqueles que o precederam. A corrida decorre num circuito fechado, supervisionada por procedimentos seguros e fiáveis, da responsabilidade da Comissão Organizadora do Grande Prémio de Macau. Os quatro dias deste evento decorreram “sobre rodas” devido à cooperação entre a polícia, o público e as instituições. Em Hong Kong passa-se o contrário. O Governo, em vez de dar atenção às cinco reivindicações dos manifestantes, apenas atendeu a uma delas, a retirada da revisão da lei de extradição, e ignorou as outras quatro. Esta atitude fez com que a intenção de “acabar com a violência e com os distúrbios” se limitasse a ser um simples
A violência não resolver os problemas e quando as pessoas lhe estão expostas durante longos períodos de tempo, acabam por enlouquecer. Uma cidade deve evitar ser arrastada para uma espiral de loucura e aprender a arte da negociação, porque as lutas internas só podem acabar em “destruição mútua” Ex-deputado e antigo membro da Associação Novo Macau Democrático
PAUL CHAN WAI CHI
slogan e o “esforço de cooperação inter-departamental” um projecto sem conteúdo. Depois de ter sido promulgada a “Lei Anti-Máscara”, as manifestações e os distúrbios continuaram a aumentar. Quando o Supremo Tribunal de Hong Kong interditou esta lei anti-constitucional, forçando a polícia a suspender a sua acção, o Governo de Hong Kong apelou. Desde o início do movimento “anti-extradição” até 15 de Novembro, mais de 4.400 pessoas, com idades compreendidas entre os 11 e os 83 anos, foram presas, 521 das quais formam acusadas. Mais de 9.100 bombas de gás lacrimgéneo, 14 projécteis e 4.300 balas de borracha, foram disparados e foram usadas mais de 1000 granadas de fumo. Embora as autoridades policiais tenham afirmado em sessões de esclarecimento que as acções de alguns agentes foram “desadequadas”, até agora nenhum polícia foi acusado. Ao longo dos últimos meses, o Conselho Independente, constituido para receber e avaliar as queixas contra a polícia, não fez absolutamente nada, ao passo que alguns especialistas externos, contratados por este Conselho, declararam não ter poderes para fazer prosseguir a investigação. A violência não resolver os problemas e quando as pessoas lhe estão expostas durante longos períodos de tempo, acabam por enlouquecer. Uma cidade deve evitar ser arrastada para uma espiral de loucura e aprender a arte da negociação, porque as lutas internas só podem acabar em “destruição mútua”.
opinião 23
sexta-feira 22.11.2019
confeitaria
JOÃO ROMÃO
N
José Mário Branco, solidário para além da vida
Aúltima vez que o vi, já lá vão mais de 5 anos, ele não estava: foi uma das primeiras apresentações públicas de “Mudar de Vida”, detalhado e preciso documentário sobre a vida e a obra de José Mário Branco, exibido em sessão muito especial da edição de 2014 do festival IndieLisboa, sintomaticamente alojada numa das pequenas salas que resultou do esquartejamento de um dos grandes cinemas do centro de Lisboa, transformado em espaço mais moderno, flexível e multi-qualquer-coisa. Estava cheia, contudo, a pequena sala. Cheia de caras conhecidas, já agora. Assinalavam-se por aqueles dias os 40 anos do 25 de Abril e a exibição do filme era também um tributo à Revolução. Por isso José Mário Branco não quis lá estar: em mensagem gravada pediu desculpas ao público presente e explicou a ausência: não havia nada a celebrar naqueles 40 anos de Abril. Não nos prendamos, portanto, a uma onda qualquer de celebração nostálgica. Eram tempos muito adversos. O país voltava a viver sob sequestro do FMI, desta vez em versão alargada, com a sinistra Troika com que a União Europeia assinalava a sua adesão inequívoca às cartilhas neoliberais dominantes: privatizações em larga escala, renúncia sistemática ao investimento público e empobrecimento generalizado, com os resultados habituais e previsíveis: ainda menos crescimento económico, ainda maior desigualdade, mais miséria e mais milionários, menos esperança e mais desespero, menos justiça e mais evasão fiscal, menos projetos e mais emigração, menos alegria e mais suicídios, menos ideias e mais miséria. Não havia nada a celebrar, de facto, naquele final de Abril que assinalava 40 anos desde que os cravos vermelhos tinham restituído ao país um horizonte de futuro. E de presente, já agora, que nós – como o José Mário Branco – queremos ser felizes agora. Artista de variedades, compositor popular e aprendiz de feiticeiro – nunca José Mário Branco se apresentou ao público como economista. Mas é, ainda assim, exímio analista histórico das nefastas presenças em Portugal do Fundo Monetário Internacional. Pessoalmente, foi um privilégio ter lá por casa o FMI, o disco publicado em 1982 e que me acompanhou a adolescência: também eu tinha visto o meu povo a lutar, durante a infância, e soube bem a companhia para o desalento de quem cresceu assistindo à substituição
progressiva das utopias comunitárias pelo individualismo galopante e as ambições económicas, sociais e políticas que o “progresso” ia trazendo – à esquerda e à direita, já agora. O FMI viria decretar a definitiva inviabilidade de qualquer alternativa de política económica ao neoliberalismo que na altura se começava a afirmar como ideologia e prática globalmente hegemónica. Talvez não fosse assim tão nosso, o Carvalhal. Seria quase dez anos depois do FMI – o disco – que havíamos de nos cruzar com alguma regularidade. Depois de militâncias no PCP (antes do 25 de Abril) e na UDP (desde a sua fundação, em 1974), José
Nós, os que choramos a sua morte, aprendemos com ele que a morte nunca existiu. Sabemos que nos deixou um legado poético, político e humano que o fará continuar mais vivo do que morto por muitos anos. Sabemos que se pode ser solidário para além da vida e que de cada perda se pode fazer uma raiz
Mário Branco havia de regressar à atividade partidária numa campanha eleitoral do PSR, por onde eu andava em 1991: uma minoria absoluta que juntava à agenda social e económica da esquerda temas até então pouco ou nada discutidos (o racismo, o militarismo, a legalização das drogas ou as liberdades sexuais) e que mobilizava um conjunto relativamente alargado de pessoas dos universos laboral, cultural e artístico, sobretudo em meios urbanos. Percorremos o norte de país com comícios em várias cidades e tive essa rara oportunidade de conhecer o José Mário Branco enquanto orador, com a mesma inquietação, o mesmo rigor, a mesma capacidade de captar a atenção de quem o ouve – não para cantar, mas para discutir novas propostas e abrir novos caminhos. Mas mais do que esse orador clarividente e com notável capacidade performativa, descobri como presença do José Mário Branco transmitia fraternidade, cooperação, aprendizagem permanente, sempre novas possibilidades de construção. Aprendia-se muito de utopias com aquele convívio e aquele trabalho conjunto. Valeram então a pena todas as travessias. Não nos encontrámos muito depois disso. Na realidade, ambos tivemos passagens fugazes pelo Bloco de Esquerda – onde PSR e UDP viriam a desaguar – mas só coincidimos na falta de persistência: não
estivemos lá ao mesmo tempo (ele esteve na fundação e quando eu cheguei já o José Mário Branco se tinha sabiamente retirado) e não nos cruzaríamos por ali. Havíamos, no entanto, de nos ir cruzando, mais ou menos ocasionalmente, ao longo da vida que se foi seguindo, que as rotas não têm como divergir assim tanto: eventos culturais, celebrações de Abril ou de Maio, manifestações pontuais, organizações diversas. E sempre encontrei a mesma disposição fraterna e incondicional. Nós, os que choramos a sua morte, aprendemos com ele que a morte nunca existiu. Sabemos que nos deixou um legado poético, político e humano que o fará continuar mais vivo do que morto por muitos anos. Sabemos que se pode ser solidário para além da vida e que de cada perda se pode fazer uma raiz. Sabemos que, apesar de todas as improbabilidades, podemos ser felizes. Mas ainda assim choramos. E sabemos que choramos mais do que a morte do José Mário Branco. Choramos as derrotas. Choramos os barcos que deitámos ao mar e ficaram pelo caminho. Choramos não ter sabido usar como devíamos a sabedoria que nos trouxe no ventre das canções. Choramos por o ter deixado partir num mundo que não fomos capazes de tornar melhor, apesar de tudo o que nos ensinou. Se não o fizemos com o Zé Mário ao nosso lado, como o poderemos fazer sem ele?
Os maiores tiranos da Terra: o acaso e o tempo. Johann Herder
TAILÂNDIA PAPA APELA À PROTECÇÃO DE MULHERES E CRIANÇAS
SEUL KIM JONG UN RECUSA CONVITE PARA VISITAR COREIA DO SUL
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Papa apelou ontem para que as mulheres e crianças sejam protegidas da exploração, abuso e escravatura, no início de dois dias de reuniões na Tailândia, onde o tráfico humano e a prostituição forçada alimentam a indústria de turismo sexual. Francisco pediu acção contra um dos maiores flagelos da região, no início de uma visita de uma semana à Ásia. O Papa elogiou os esforços do governo tailandês para combater o tráfico humano, num discurso proferido no gabinete do primeiro-ministro, Prayuth Chan-ocha, mas apelou para um comprometimento maior da comunidade internacional para proteger as mulheres e crianças que são “violadas e expostas a todas as formas de exploração, escravatura, violência e abuso”. Apelou para formas de “desenraizar este mal e promover formas de restaurar a dignidade”. “O futuro dos nossos povos está ligado, em larga medida, à forma como garantimos um futuro digno às nossas crianças”, afirmou. As Nações Unidas consideram a Tailândia um ponto chave no destino do tráfico e também uma fonte de trabalho forçado e de escravos sexuais, traficados dentro e fora do país. A agência da ONU para a droga e o crime revelou no Verão que o tráfico para exploração sexual representou 79 por cento dos casos de tráfico na Tailândia entre 2014 e 2017. Entre 1.248 vítimas detetadas, 70 por cento eram raparigas menores, de acordo com o documento, que cita dados das autoridades tailandesas.
Queres ser agente secreto? Polícia Judiciária defende necessidade de ocultar identidades em concursos
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Governo quer que a Polícia Judiciária (PJ) tenha a possibilidade de fazer concursos de admissão para agentes secretos, desde que autorizados pelo Chefe do Executivo. A proposta foi apresentada na quarta-feira pelo Conselho Executivo, através do porta-voz Leong Heng Teng, numa sessão em que também esteve presente o director da PJ, Sit Chong Meng. No entanto, a proposta está a gerar controvérsia, principalmente entre a comunidade chinesa, devido aos receios que este sistema seja utilizado para contratar agentes, que depois poderão fugir, sem sofrerem consequências por eventuais abusos. Neste sentido, a PJ emitiu ontem um comunicado a defender que a proposta é aplicada em outros países e que o objectivo passa por proteger os agentes, devido à natureza das
funções. Por outro lado, a força da autoridade aponta que esta necessidade já se sente nos casos de infiltração: “Há uma grande parte de agentes que precisa de ocultar a sua identidade quando fazem acções de vigilância e investigação [...] No regime legal contra a criminalidade organizada, já está previsto que os investigadores da PJ ocultem a sua identidade, para se infiltrarem nas associações ou sociedade secretas”, é explicado.
PELO SEGURO
Esta foi uma das principais considerações para que os concursos de admissão passem a ser secretos, em casos especiais. “A divulgação da identidade do respectivo pessoal pode constituir um risco para a segurança do pessoal, pelo que é necessário tomar medidas de protecção adequadas” é sustentado. A PJ aponta ainda que Portugal segue um regime igual,
em que os concursos podem ser ocultados, caso o ministro da Justiça decida, e que mesmo o Comissariado contra a Corrupção (CCAC) já contrata de acordo com este regime, excepção feita aos casos em que o Chefe do Executivo a pede para divulgação. Ainda de acordo com o documento divulgado, a PJ espera que após a revisão da lei “o pessoal possa ter melhores condições para a execução da lei” e seja garantida “a segurança” dos agentes. O comunicado aponta igualmente que as alterações vão igualmente aumentar a capacidade de prevenir e combater a criminalidade para “manter a estabilidade social”. Na quarta-feira, o director da PJ foi questionado sobre a percentagem de agentes que poderia ser contratada sem divulgação, mas não foi fornecida uma resposta à questão. J.S.F.
líder da Coreia do Norte recusou ontem um convite de Seul para visitar a Coreia do Sul na próxima semana, noticia a agência de notícias norte-coreana. O convite a Kim Jong Un, feito pelo chefe de Estado da Coreia do Sul, Moon Jae-in, tinha como objectivo garantir a presença do líder norte-coreano na cimeira dos países do sudeste asiático, que se realiza na cidade portuária de Busan, Coreia do Sul. De acordo com fontes oficiais citadas pela KCNA, o líder da Coreia do Norte recebeu a carta pessoal do chefe de Estado sul-coreano no dia 5 de Novembro, mas acabou por rejeitar o convite. Na notícia sobre a rejeição do convite, a agência oficial da Coreia do Norte comenta as posições considerando que Seul não está a cumprir os acordos estabelecidos entre os dois Estados e que está a ceder às pressões norte-americanas. O Presidente da Coreia do Sul, que continua a tentar promover mais um encontro ao mais alto nível, já se reuniu três vezes com Kim Jong Un desde 2018, tendo conseguido abrir os canais que permitiram os contactos directos entre o líder norte coreano e o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Nos últimos meses, Pyongyang tem criticado Seul devido à realização de exercícios militares conjuntos entre a Coreia do Sul e os Estados Unidos.
FESTIVAL DE LUZ TRANSFERÊNCIA CELEBRADA COM ‘VÍDEO MAPPING’ PORTUGUÊS
O
Festival de Luz em Macau arranca em Dezembro com instalações luminosas, jogos interactivos e espetáculos de 'vídeo mapping', um deles criado por uma equipa portuguesa, para celebrar o 20.º aniversário do território. A quinta edição do festival, que decorre durante todo o mês de Dezembro, tem como tema “À Descoberta da Luz” e vai realizar-se um pouco por toda a cidade, PUB
sexta-feira 22.11.2019
PALAVRA DO DIA
em 15 locais, afirmou ontem em conferência de imprensa a directora dos Serviços de Turismo (DST), Maria Helena de Senna Fernandes. Além das instalações luminosas, que vão estar patentes em vários pontos da cidade até às 00:10 do dia 1 de janeiro de 2020, seis equipas de Portugal, Espanha, Japão, Shenzhen e ainda duas equipas locais, “vão realizar espetáculos de 'vídeo
mapping', subordinados ao tema de celebração do 20.º aniversário da passagem da administração do território de Portugal para a China, nas Ruínas de São Paulo e na Igreja de Seminário de São José, explicou a responsável. A equipa portuguesa, Ocubo, vai apresentar o seu vídeo mapping “Jornada de Luz de Macau”, entre os dias 1 e 10 de Dezembro, no qual “transportará o público para momentos históricos de
Macau, apresentando a cultura oriental e ocidental da cidade, o património mundial, a gastronomia, festividades e eventos diversificados, entre outros aspectos, através duma demonstração colorida e diversificada”, apontaram as autoridades em comunicado. O orçamento da quinta edição do Festival de Luz em Macau é de 18 milhões de patacas, disse Maria Helena de Senna Fernandes aos jornalistas.