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TERÇA-FEIRA 23 DE JUNHO DE 2020 • ANO XIX • Nº4553
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GCS
DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ
ORÇAMENTO 2021
CARTÕES DE CONSUMO
PÁGINA 5
VIVA MACAU
A CORTAR NAS DESPESAS
GRANDE PLANO
EMPREGO
O REINO DAS AGÊNCIAS PÁGINA 7
hojemacau
Faca-se luz `
A charada em torno da Companhia In Limitada, vencedora do concurso para gerir a Cinemateca Paixão nos próximos três anos, vai ganhando novos contornos. Sabe-se agora que Lei Cheok Kuan, proprietário da fracção que serve de sede à empresa foi, pelo menos até 2018, membro dos órgãos sociais da Associação de Produção de Filmes e Televisão de Macau, presidida por Alvin Chau. O também vice-presidente dos Kaifong nega, no entanto, conhecer a In Limitada, justificando o arrendamento do espaço no Pátio da Fortuna com o envolvimento de um amigo.
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PÁGINA 9
DO VALE ANABELA CANAS
FRONTEIRA PAULO JOSÉ MIRANDA
EMPÉDOCLES AMÉLIA VIEIRA
ABERTURA 1812 MICHEL REIS
2 grande plano
23.6.2020 terça-feira
PALMADAS NAS PLANO LANÇOU 1,46 MIL MILHÕES DE PATACAS NA ECONOMIA
O Executivo apresentou ontem um relatório intercalar sobre o Plano de Subsídio ao Consumo e congratulou-se com os resultados obtidos. A restauração foi o sector que mais ganhou, seguida pelos supermercados
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O primeiro mês e meio, o Cartão de Consumo injectou 1,46 mil milhões de patacas na economia e gerou 15,64 milhões de transacções comerciais. Os números de Maio a 15 de Junho foram divulgados ontem por Tai Kin Ip, director dos Serviços de Economia, na apresentação do relatório intercalar sobre o Plano de Subsídio ao Consumo. “Em mês e meio conseguimos através do plano colocar mais 1,46 mil milhões de patacas na economia, beneficiando muitas instituições e contribuindo para o bem-estar da população. Conseguimos ajudar as empresas e garantir o ganha-pão dos trabalhadores,” afirmou Tai Kin Ip no balanço intercalar. Lançado em Maio, o cartão permite aos residentes gastarem três mil patacas até Agosto em estabelecimentos de comércio numa medida que se espera injecte até 2,4 mil milhões de patacas na economia. A política levantou algumas dúvidas devido ao possível aumento da inflação, mas segundo os dados apresentados ontem tal não se verificou. “Os preços dos bens estão estáveis
e, de uma maneira geral, conseguimos alcançar os nossos objectivos iniciais, que são garantir empregos, proteger empresas e garantir o bem-estar da população, o consumo interno e estabilizar a economia”, anunciou o director dos Serviços de Economia. O Índice de Preços no Consumidor, utilizado para medir a inflação, aumentou 1,67 por cento em Maio, quando no mesmo período do ano passado tinha crescido 2,69 por cento. Ainda de acordo com os dados elaborados, com a ajuda do Instituto de Formação Turística, os 1,46 mil milhões de patacas resultaram numa média de 93 patacas por transacção e numa média de 2.481 patacas gastos por residente. Segundo os dados disponibilizados, 600.171 residentes levantaram o cartão, o que reflecte 90 por cento de todos os que podiam utilizar este recurso. Ainda de acordo com Tai Kin Ip, Macau conseguiu estabilizar o número de empresas, apesar de reconhecer que o desemprego aumentou, mas que tem sido combatido pelo Executivo. “Desde Janeiro até Junho houve
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CARTÃO DE CONSUMO
Tai Kin Ip director dos Serviços da Economia “Conseguimos alcançar os nossos objectivos iniciais, que são garantir empregos, proteger empresas e garantir o bem-est
estabilidade no número das empresas por isso não podemos dizer que houve um grande problema. Os dados obtidos [sobre o desemprego] mostram que a situação é muito estável,” frisou. “Com as novas medidas, como o plano de subsídio ao consumo, ou as formações pagas, esperamos ajudar o regresso da população ao mercado do trabalho”, sublinhou.
Segundo os dados da Direcção de Serviços de Estatística e Censos (DSEC), nos primeiros quatro meses do ano foram criadas 1.453 empresas e destituídas 204.
RESTAURAÇÃO NA FRENTE
Em relação ao montante gasto, o sector da restauração foi o mais beneficiado com um volume de 353,3 milhões de patacas, ou seja 24,3 por cento do montante total. Seguem-
65 por cento dos consumidores consideraram o montante de 3 mil patacas adequado, enquanto 63 por cento se mostraram satisfeitos com o limite diário de 300 patacas
-se os supermercados com 335,8 milhões de patacas, o correspondente a uma fatia de 23 por cento do bolo de 1,46 mil milhões de patacas. No terceiro lugar do consumo por sector de actividade encontram-se os “produtos farmacêuticos, de ervas ginseng e do mar”, com um gasto de 96,4 milhões, ou seja 6,6 por cento. Em relação aos números de transacções, dos 15,64
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COSTAS
No entanto, segundo os mesmos dados, apesar do aumento no volume de negócios trazido pelos cartões, 51 por cento dos inquiridos no sector da venda a retalho apontaram uma descida nas receitas, em relação ao período homólogo, enquanto 31 disseram que o montante se manteve e 18 por cento deram conta de um aumento. Na restauração, 39 por cento admitiram terem visto as receitas diminuir face ao período homólogo, 38 por cento notaram num montante semelhante e, finalmente, 23 por cento indicaram um aumento de receitas.
MEDIDA APROVADA
tar da população, o consumo interno e estabilizar a economia.”
mil milhões, 24,5 por cento, ou seja 3,83 milhões, foram feitas nos restaurantes e 62,7 por cento (9,8 milhões de transacções) nas vendas a retalho. Os outros serviços registaram 12,8 por cento das transacções, ou seja, 2 milhões. Sobre o montante de 1,46 mil milhões de patacas as conclusões do Governo apontam que mais de 60 por cento foi para pequenas
e médias empresas (PME) locais.
ELOGIOS AO CARTÃO
O relatório apresentado ontem pelo Executivo contou também com um estudo do IFT que questionou os consumidores e as empresas sobre os efeitos da medida. No total houve 445 inquéritos a comerciantes e 248 a consumidores. Entre os comerciantes inquiridos, 70
por cento colocaram o cartão de consumo como a maior ajuda para reduzir os efeitos económicos da epidemia. Os mesmos dados mostram ainda que 60 por cento dos inquiridos no sector da restauração e 40 por cento no sector do retalho apontaram que mais de 50 por cento do seu actual volume de negócios é proveniente dos clientes que utilizam cartão de consumo.
No que diz respeito à opinião dos consumidores, a medida teve o apoio de 97 por cento dos 248 inquiridos, enquanto 96 se mostraram satisfeitos com os procedimentos de levantamento do meio electrónico de pagamento. No entanto, o montante disponível, assim como os limites diários acabam por não ser tão consensuais. Entre os 248 consumidores, 65 por cento consideraram o montante de 3 mil patacas adequado, enquanto 63 por cento se mostraram satisfeitos com o limite diário de 300 patacas. Já o prazo de 3 meses é mais consensual, com 80 por cento a dizerem que é considerado adequado, assim como o âmbito de utilização do cartão, ou seja, os espaços e as actividades para o qual pode ser usado. Recorde-se que o mesmo não permite pagamentos em serviços públicos nem serve para jogar nos casinos. Ainda em relação à utilização do cartão houve um total de 50 queixas, que, segundo Tai Kin Ip, foram resolvidas na maior parte das situações com recurso à acção do Conselho de Consumidores. O prazo para a utilização das 3 mil patacas expira no final do próximo mês, e o director dos Serviços de Economia apelou aos residentes para que não se esqueçam de gastar o montante todo. A partir de Agosto começa a segunda fase do cartão de consumo, que se prolonga até ao final do ano, e que terá valor de mais de 5 mil patacas. João Santos Filipe
joaof@hojemacau.com.mo
A parada vai subir Governo prepara alterações para segunda fase do plano de apoio
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UANDO arrancar a segunda fase do cartão de consumo, em Agosto, os residentes podem ter um aumento do limite diário, que actualmente é de 300 patacas. O cenário foi ontem admitido por Tai Kin Ip, director dos Serviços de Economia. O objectivo do incremento é permitir outros tipos de consumo e a canalização os fundos para outras indústrias. “Queremos definir um limite máximo que possa beneficiar mais empresas. Esse objectivo está traçado, porque queremos que o cartão possa ser usado com mais sectores”, respondeu Tai Kin Ip, após ser questionado sobre a hipótese de haver um aumento do valor. Antes do arranque, os consumidores vão ter de recarregar os actuais cartões. Os detalhes da operação ainda não são conhecidos, mas os recarregamentos deverão ser feitos ao longo do mês de Julho. “Vamos continuar com os 115 postos para carregar esses cartões e vamos convidar vários serviços públicos a disponibilizarem nos locais terminais para carregarem os cartões”, indicou o director dos Serviços de Economia.
BILHETE DOURADO
Quem poderá ver os ganhos aumentar com a segunda fase desta operação é a
Macau Pass. Actualmente, a empresa cobra comissões aos comerciantes pelo serviço, mas estas são devolvidas. Na segunda fase, a empresa quer reter o montante, e o Executivo está inclinado para autorizar que tal aconteça. “As comissões [da Macau Pass] são devolvidas aos comerciantes. Este é o modelo para a primeira fase. Em relação à segunda fase, ainda estamos a preparar os trabalhos. Vamos comunicar com a companhia Macau Pass e, em tempo oportuno, divulgaremos os detalhes”, afirmou Tai Kin Ip. A cobrança das comissões não afecta directamente os consumidores, mas poderá levar os comerciantes a optarem por aumentar os preços, para compensar a descida de receitas. Também ontem, o dirigente dos Serviços de Economia sublinhou o compromisso do Executivo na luta contra os impactos da crise e prometeu medidas para responder a imprevistos. “O Governo está a tomar as decisões conforme o contexto real, fazendo as adaptações necessárias. Também temos novas medidas para ajudar a promover o turismo, com as excursões locais”, indicou. J.S.F.
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A viver no limbo
Governo promete apoio a grávidas blue card com visto de turista
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AGAR a totalidade ou o dobro das taxas moderadoras no Centro Hospitalar Conde de São Januário? Esta é a questão que se coloca para algumas trabalhadoras não residentes grávidas que viram o seu blue card expirar e se encontram no território com visto de turista, sem possibilidades de viajar para o país de origem. No entanto, estas mulheres têm necessitado de cuidados médicos. Ieong Iek Hou, coordenadora do Centro de Coordenação e Contingência do Novo Tipo de Coronavírus assegurou que estas mulheres podem requerer apoio junto dos Serviços de Saúde de Macau (SSM). “Sobre as mulheres grávidas que não podem apanhar o transporte neste âmbito [usando o corredor especial entre Macau e o Aeroporto Internacional de Hong Kong], penso que o
Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) pode fazer uma apreciação ou autorização para que possam permanecer em Macau por mais tempo. Caso seja necessário terem consultas de parto podem ter alguns benefícios e podem pedir apoio junto dos SSM para obterem ajudas”, frisou. Relativamente aos pedidos de isenção de quarentena em Zhuhai, a mesma res-
“Caso seja necessário terem consultas de parto podem ter alguns benefícios e podem pedir apoio junto dos SSM para terem ajudas.” IEONG IEK HOU CENTRO DE COORDENAÇÃO E CONTINGÊNCIA DO NOVO TIPO DE CORONAVÍRUS
ponsável esclareceu que aqueles que têm consultas médicas marcadas do outro lado da fronteira estão automaticamente isentos da realização da quarentena, bem como pais que acompanham os seus filhos que estudam em Macau ou condutores de veículos transfronteiriços. Ieong Iek Hou garantiu que o alargamento da isenção de quarentena será feito de forma gradual. “A pouco e pouco vamos negociando com as autoridades de Zhuhai para ver se podemos alargar o número de vagas. Em relação aos trabalhadores não residentes (TNR), antes tinham de ter cartão de residente, agora basta terem uma residência habitual [para não fazerem a quarentena]. Cada vez se alargam mais esses requisitos”, frisou. O relaxamento de medidas está relacionado com a evolução do número de
casos de infecção na China, numa altura em que Pequim sofre um novo surto, apontou Ieong Iek Hou.
ISENÇÃO SEM EFEITO
Lei Tak Fai, agente do CPSP, afirmou que o alargamento do universo de TNR isentos de realizar quarentena não
trouxe um grande aumento do fluxo de pessoas. “Na última sexta-feira o número de entradas foi de 13.315 pessoas e até hoje [segunda-feira], [das 6h] até ao meio dia, entraram 13.868 TNR, um aumento de apenas 4,5 por cento. A maior parte são TNR do
Interior da China. Diria que não é um aumento significativo”, frisou. Relativamente às negociações para a reabertura da fronteira entre Macau e Hong Kong, continua sem haver há novidades.
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Andreia Sofia Silva
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política 5
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terça-feira 23.6.2020
EMPRESAS PÚBLICAS REVELADAS NOVAS INSTRUÇÕES PARA DIVULGAR DADOS
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ORAM publicadas ontem em Boletim Oficial (BO), as orientações para a divulgação de dados das empresas de capitais públicos. As instruções detalhadas no despacho assinado pelo Chefe do Executivo aplicam-se às empresas e filiais detidas em mais de 50 por cento pelo Governo da RAEM, devendo as informações ser comunicadas obrigatoriamente através da plataforma da página electrónica do Gabinete para o Planeamento da Supervisão dos Activos Públicos da RAEM (GPSAP). De acordo com a nota, a partir de amanhã, as empresas de capitais públicos abrangidas, terão de partilhar com o organismo os detalhes referentes a sete pontos, que incluem informações básicas como a denominação comercial, objecto social e estatutos, informações sobre os accionistas, estrutura orgânica, contas, aquisições, garantias e ainda “outras informações essenciais” como incidentes que “possam trazer impactos significativos ao exercício da empresa”. Desta feita, serão públicos dados como a lista de accionistas e o valor de participação e das acções detidas por cada um deles, os nomes e a duração dos mandatos dos titulares dos órgãos administrativos e ainda, a demonstração financeira e o relatório anual de actividades, a contar a partir de 2019. Sobre as aquisições, o despacho do Chefe do Executivo detalha que deve ser divulgada uma “descrição sintética” das aquisições de bens e serviços superiores a 4,5 milhões de patacas ou 15 milhões de patacas, sempre que se trate “de realização de obras”. Existem, contudo, excepções, podendo as informações não ser reveladas quando a divulgação de informações for proibida por lei, as informações estejam enquadradas no âmbito do segredo comercial ou sujeitas ao acordo de confidencialidade. P.A.
IAS Presidente e vice-presidente tomaram posse ontem
Hon Wai tomou ontem posse como presidente do Instituto de Acção Social (IAS), juntamente com Tang Yuk Wa, que vai ocupar o lugar de vice-presidente. Segundo um comunicado, Hon Wai afirmou no seu discurso que “irá contribuir com o seu melhor para manter unidos todos os colegas do IAS, concretizar os trabalhos da área de acção social e promover o melhoramento contínuo da qualidade dos serviços sociais, em prol do bem-estar da população”. Além disso, Hon Wai prometeu ter sempre em mente “a prática da justiça, compaixão e humildade, bem como agir com integridade e imparcialidade”.
ORÇAMENTO DESPESAS CORRENTES DE 2021 CORTADAS EM 10 POR CENTO
Como o nome indica
Os serviços públicos vão sofrer um corte de 10 por cento nas despesas correntes de 2021. O Orçamento da RAEM para o próximo ano foi ontem publicado e indica aos serviços e organismos públicos para terem em conta a evolução da conjuntura económica e avaliarem as despesas com prudência
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IGOR, prudência, celeridade e bom-senso face à conjuntura económica que Macau e o mundo atravessam neste momento. Estas são as tónicas do Orçamento da RAEM para o ano 2021 publicado ontem em Boletim Oficial, que inclui o Plano de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração (PIDDA). No documento, Ho Iat Seng pede aos serviços e organismos públicos que adoptam o regime de contabilidade de caixa, que o valor orçamentado não exceda o de 2020 “e deduzido de 10 por cento das despesas correntes”. Quanto aos serviços e organismos públicos com regime de contabilidade de acréscimo, também é aplicável a dedução de 10 por cento das despesas correntes, excepto “despesas com provisões para riscos diversos, depreciações e amortizações, despesas financeiras, bem como custos de venda de bens e de prestação de serviços”.
Além do pedido para contenção nos montantes orçamentados, é também requerido aos serviços e organismos públicos que avaliem as diversas despesas com prudência, “tendo em conta a evolução da conjuntura económica”. No despacho assinado por Ho Iat Seng é destacada a “necessidade de adoptar medidas que permitam o conhecimento, de forma clara, da totalidade das receitas e das despesas do sector público administrativo”.
CONTAS NO ÁBACO
Na gestão de recursos humanos, Ho Iat Seng apela a que as estimativas de despesas com pessoal tenham por base o índice salarial dos trabalhadores da Administração Pública em vigor.
Quanto à dimensão dos quadros e recrutamentos, o despacho refere que o número de trabalhadores não deve ultrapassar o padrão autorizado e os funcionários contratados não devem exceder a “quota de trabalhadores disponíveis das entidades tutelares”. Também as dotações orçamentais necessárias para projectos do PIDDA, na eventualidade de precisarem de parecer técnico, as dotações só podem ser inscritas no orçamento “desde que tenha sido confirmada a coordenação de execução desses serviços”. O despacho estabelece que apenas em situações “devidamente justificadas”, podem ser previstas dotações previstas no orçamento do PIDDA para aquisição de bens imóveis.
O Orçamento para 2021 refere que o número de trabalhadores não deve ultrapassar o padrão autorizado e os funcionários contratados não devem exceder a “quota de trabalhadores disponíveis das entidades tutelares”
Outra conclusão que se retira do Orçamento para 2021, é que Ho Iat Seng estabelece até 30 de Outubro para ter todos os orçamentos de serviços e organismos públicos, com diversos deadlines ao longo do ano. Ontem, à margem de uma reunião de comissão da Assembleia Legislativa, Joey Lao categorizou o Orçamento da RAEM para 2021 como “razoável e prudente”. O deputado nomeado entende que, face à situação económica global, um corte de 10 por cento nas despesas correntes não tem grande impacto na operacionalidade do Governo. Aliás, destaca que grande parte das despesas orçamentadas deixam de ser despendidas, exemplificando com viagens de trabalho, lembranças e hotelaria, tanto em deslocações ao exterior, como na recepção de visitas. Lao entende que a sobriedade financeira é a tendência do momento das organizações públicas pelo mundo fora. Hoje Macau
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23.6.2020 terça-feira
COMISSÃO DE REGISTO DOS AUDITORES E DOS CONTABILISTAS
Aviso
IRMANDADE DA SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE MACAU SUBSÍDIO DE PROPINAS Prosseguindo o apoio às famílias de menores recursos financeiros, vem a Irmandade tornar público que a partir do próximo dia 1 de Julho poderão ser levantados nos Serviços Administrativos os boletins de candidatura ao subsídio de propinas a alunos da Escola Portuguesa de Macau, para o ano lectivo de 2020/2021. Os boletins devidamente preenchidos devem ser devolvidos nos Serviços Administrativos da Irmandade, sitos na Travessa da Misericórdia, no. 7, impreterivelmente, até ao dia 15 de Agosto do corrente ano. Irmandade da Santa Casa da Misericórdia de Macau, aos 19 de Junho de 2020. O Provedor, António José de Freitas
Faz-se público, em conformidade com deliberação da Comissão de Registo dos Auditores e dos Contabilistas, de 28 de Maio de 2020, e nos termos do disposto no nº 1 do artigo 18º do Estatuto dos Auditores de Contas, aprovado pelo Decreto-Lei nº 71/99/M, de 1 de Novembro, no nº 1 do artigo 13º do Estatuto dos Contabilistas Registados, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 72/99/M, de 1 de Novembro, bem como do disposto no ponto 3) do artigo 1º do Regulamento da Comissão de Registo dos Auditores e dos Contabilistas, aprovado pelo Despacho do Chefe do Executivo n.º 2/2005, de 17 de Janeiro, que nos dias 24, 31 de Outubro e 7 de Novembro do corrente ano, irá realizar-se a prestação de provas para inscrição inicial e revalidação de registo como auditor de contas, contabilista registado e técnico de contas. 1. Prazo, local e horário de inscrição Prazo de inscrição: De 23 de Junho a 7 de Julho de 2020 Local de inscrição: Instalações da Comissão de Registo dos Auditores e dos Contabilistas, no 1º andar do “Centro de Recursos da Direcção dos Serviços de Finanças”, sito na Rua da Sé, n.º 30, em Macau. Horário de inscrição: De 2ª a 5ª feira: das 09h00 às 13h00; das 14h30 às 17h45 6ª feira: das 09h00 às 13h00; das 14h30 às 17h30 2. Condições de candidatura Auditores de contas: Podem candidatar-se todas as pessoas maiores, residentes ou portadoras de qualquer título válido de permanência na Região Administrativa Especial de Macau, que reúnam os requisitos gerais para registo como Auditores de Contas nos termos do artigo 4º do Estatuto dos Auditores de Contas, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 71/99/M, de 1 de Novembro, e que, no caso de revalidação de registo, tenham cumprido o disposto no artigo 10º do mesmo Estatuto. Contabilista registado e técnico de contas: Podem candidatar-se todas as pessoas maiores, residentes ou portadoras de qualquer título válido de permanência na Região Administrativa Especial de Macau, que reúnam os requisitos gerais para registo como contabilistas registados ou técnicos de contas nos termos do artigo 4º do Estatuto dos Contabilistas, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 72/99/M, de 1 de Novembro, e que, no caso de revalidação de registo, tenham cumprido com o disposto no artigo 10º do mesmo Estatuto. 3. Local de levantamento do boletim de inscrição O boletim de inscrição, os esclarecimentos relativos à prestação de provas, o regulamento das provas e as regras da prestação de provas relativas aos candidatos e conteúdo das provas podem ser obtidos no sítio da internet da Direcção dos Serviços de Finanças, no local relativo à CRAC (www.dsf.gov.mo) ou levantados nos seguintes locais: 1) Instalações da Comissão de Registo dos Auditores e dos Contabilistas, no 1º andar do “Centro de Recursos da Direcção dos Serviços de Finanças”, sito na Rua da Sé, n.º 30, em Macau; 2) Rés-do-chão do Edifício da Direcção dos Serviços de Finanças, sito na Avenida da Praia Grande n.ºs 575, 579 e 585; 3) Centro de Serviços da RAEM, Rua Nova de Areia Preta N.º 52; 4) Centro de Serviços da RAEM das Ilhas, Rua de Coimbra, n.º 225, 3.º andar, Taipa. Em caso de dúvidas, agradecemos o contacto com a CRAC, durante as horas de expediente, através do telefone número 85995344 ou 85995342, ou através do e-mail crac@dsf.gov.mo. Direcção dos Serviços de Finanças, aos 16 de Junho de 2020 O Presidente da CRAC Iong Kong Leong
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terça-feira 23.6.2020
AGÊNCIAS DE EMPREGO MANTIDAS COBRANÇAS ATÉ 50 POR CENTO SOBRE TRABALHADORES
Queixas em saco roto
TUFÕES NOVAS LIGAÇÕES POR PONTES NÃO DIFEREM DAS JÁ EXISTENTES POR TERRA
E
M resposta a uma interpelação escrita enviada pelo deputado Lei Chan U, o Governo apontou que, para efeitos de circulação em caso de tufão, a ligação entre o lado norte da Zona A dos Novos Aterros Urbanos e a Rotunda da Amizade (Pérola do Oriente), entretanto concluída, não difere de outras vias terrestres. Ou seja, que “embora essa ligação seja feita em forma de ponte, não difere das vias elevadas existentes na área terrestre”, consta da resposta. A informação surge na sequência dos pedidos de esclarecimento de Lei Chan U, em que o deputado questiona o Governo se, em caso de tempestade de sinal oito, será possível garantir a circulação de veículos nas três pontes e no túnel subaquático previstos para fazer a travessia entre a Zona A dos Novos Aterros Urbanos e a Península de Macau. Segundo a resposta assinada por Lam Wai Hou, director do gabinete para o desenvolvimento de infra-estruturas, apesar de afirmar que sempre que é içado o sinal oito ou superior durante as tempestades tropicais, são encerradas as pontes entre a Taipa e a Península, o acesso já construído tem ficado aberto à circulação. “Quando é hasteado o sinal de tempestade número oito, são encerradas as pontes que ligam a península de Macau à ilha da Taipa e a ponte que liga o posto fronteiriço do Cotai à ilha de Hengqin. O actual acesso de ligação já construído entre a Zona A dos Novos Aterros Urbanos e a Rotunda da Amizade tem-se mantido aberto durante as tempestades tropicais”, pode ler-se. P.A.
As agências de emprego vão poder cobrar metade do primeiro salário aos trabalhadores que recorram aos seus serviços. O Executivo justifica-se com o facto de a convenção da Organização Internacional do Trabalho sobre as agências de emprego privadas não ser “aplicável em Macau”
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Governo não cedeu. Vai manter-se inalterado o artigo que prevê que as agências de emprego possam cobrar honorários no valor de 50 por cento do primeiro salário recebido de um trabalhador que recorra aos seus serviços. A posição do Executivo foi revelada ontem no final de uma reunião da 3ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL), que se encontra a analisar a proposta de lei sobre a actividade das agências de emprego. “O montante total dos honorários a cobrar aos trabalhadores não pode exceder 50 por cento da remuneração de base do primeiro mês. O Governo vai manter esta posição”, começou por dizer Vong Hin Fai, que preside à Comissão. Recorde-se que a proposta de lei, que já se encontra a ser analisada desde 2018, tem vindo a levantar questões, nomeadamente sobre o caso dos trabalhadores não residentes (TNR), tendo a Comissão admitido rever os honorários a pagar pelos trabalhadores, por ter considerado a proporção demasiado elevada. Além disso, um grupo de associações que representam TNR, entre os quais a Greens Philippines Migrant Workers Union e o Grupo de Concernente Trabalhadores Migrante Indonésios Peduli, entregaram uma petição e reuniram com a AL no final, para exigir o fim das cauções, argumentando com as convenções da Organização Mundial do Trabalho (OIT) sobre as agências de emprego privadas e a discriminação.
onde as agências de emprego recebem honorários dos trabalhadores”, como o Interior da China, Singapura e Taiwan. Também quanto à cobrança de honorários aos empregadores, fica tudo na mesma. Ou seja, continua sem haver um limite máximo.
PROVAS DE IDONEIDADE
Contudo, no novo texto de trabalho entregue pelo Governo a 12 de Junho e que inclui respostas por escrito às questões apresentadas pelos deputados sobre a proposta de lei, o Executivo justifica a decisão de manter o pagamento de honorários com o facto de as convenções não se aplicarem em Macau.
“O Governo entende que o facto de as agências de emprego cobrarem honorários aos trabalhadores, não constitui uma discriminação.” VONG HIN FAI DEPUTADO
“Durante a apreciação desta proposta de lei já várias associações de TNR apresentaram opiniões, afirmando que, de acordo com as convenções, as agências se emprego não devem cobrar honorários. O Governo respondeu que sobre a convenção [da OIT] relativa às agências de emprego privadas, esta não se aplica a Macau. Outra convenção é sobre discriminação em matéria de emprego e ocupação que, embora seja aplicável à RAEM, o Governo entende que o facto de as agências de emprego cobrarem honorários aos trabalhadores, não constitui uma discriminação”, explicou Vong Hin Fai. Ainda sobre a possibilidade de a lei ser discriminatória, Vong Hin Fai referiu que o Governo avançou “exemplos de regiões vizinhas
IPM PEREIRA COUTINHO ACUSA MARCUS IM DE RESPOSTAS EVASIVAS
A
questão do curso de Licenciatura em Ensino da Língua Chinesa como Língua Estrangeira, ramo falantes não nativos de Chinês, do Instituto Politécnico de Macau (IPM), volta à agenda política de Pereira Coutinho, com a interpelação
divulgada ontem. O deputado pergunta quantos alunos se matricularam no ano lectivo 2016/2017 e 2017/2018, não obstante o número de candidatos locais terem sido de apenas 4 e 3, respectivamente. Em 2018/2019, os candidatos foram também três. Face
a este cenário, o deputado questiona que entidade aprovou a revisão do plano de estudos do curso, mencionada pelo Presidente do IPM, que justificou a interrupção do curso no ano lectivo 2018/2019. Marcus Im Sio Kei, na óptica de Coutinho,
respondeu à primeira interpelação de “forma evasiva” ou com “não resposta”, o que levou o deputado a insistir. Finalmente, Pereira Coutinho pergunta qual o número de candidaturas apresentadas em 2007 e 2008 pelo IPM
ao financiamento especial do, à altura, GAES, para a produção de materiais pedagógicos, o valor dos financiamentos concedidos nesses anos e as razões para apenas três projectos terem sido financiados em 2019. J.L.
Segundo o novo texto de trabalho, os sócios das agências de emprego que detenham uma participação de 10 ou mais por cento do capital social vão passar a ser obrigados a fazer prova da sua idoneidade. “Com este novo texto de trabalho, os accionistas das agências de emprego têm de ter idoneidade, porque as sociedades anónimas podem ter muitos sócios. De acordo com o código comercial, os accionistas titulares com 10 ou mais por cento do capital social estão sujeitos a verificação da idoneidade moral adequada”, referiu Vong Hin Fai. Em linha com a proposta de alteração da lei da contratação de TNR, o Governo esclareceu ainda à Comissão que “as agências de emprego não podem prestar serviço a turistas”. “Para os TNR que estão em Macau, as agências de emprego não podem prestar serviços. Se fosse permitido ia causar instabilidade no mercado de trabalho. Portanto o Governo vai manter as normas vigentes”, partilhou Vong Hin Fai. Pedro Arede
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8 sociedade
CASO IPIM MIGUEL IAN NEGA ILEGALIDADES ENQUANTO ERA DIRECTOR-ADJUNTO
Para sua informação
HOJE MACAU
23.6.2020 terça-feira
O Ministério Público argumenta que Miguel Ian deu instruções a um empresário sobre um processo de residência quando ainda trabalhava no Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau. No entanto, o arguido negou em tribunal ter prestado tais informações
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ex-director-adjunto do Departamento Jurídico e de Fixação de Residência por Investimento do Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM), Miguel Ian, teve contacto com o empresário Ng Kuok Sao enquanto ainda lá trabalhava no organismo que foi alvo do escrutínio do Comissariado contra a Corrupção. No entanto, Miguel Ian recusa ter revelado informações que fossem segredo. O Ministério Público (MP) indicou ontem que Miguel Ian interferiu num processo de fixação de residência temporária, por fornecer instruções a Ng Kuok Sao para aumentar o salário no processo de candidatura. Segundo a acusação, depois de conversarem ao telefone, o requerente apresentou um novo contrato ao IPIM, no qual o valor do que auferia aumentou para 45 mil patacas. A situação terá aconte-
cido em 2011, sendo que o arguido deixou de trabalhar no IPIM em 2012. O ex-director-adjunto defendeu-se referindo já se terem passado nove anos, apontando para a possibilidade de os telefonemas se tratarem de “conversas banais”. Sobre a frequência de apresentação de contratos com valores mais altos, explicou que quando há mudanças de empresa por parte do requerente, essa informação deve ser actualizada. Durante a sessão foi esclarecido que apesar da ligação descrita pelo MP, Miguel Ian não está acusado da prática de
violação de segredo. Aliás, o caso foi arquivado porque o crime prescreveu. Garantindo não ter dado informações do IPIM, o ex-director-adjunto frisou que apesar de o vencimento ser na altura uma das exigências em consideração na obtenção de residência, desde que estivesse acima da média, o valor em concreto não afectava a pontuação. Para além disso, descreveu que caso tivesse existido intervenção sua no processo, não teria sugerido pagar contribuições ao Fundo de Segurança Social, já que na altura “não havia essa exigência”.
GLÓRIA BATALHA AUSENTE
O
julgamento do caso do Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM) vai decorrer sem Glória Batalha em algumas sessões. A ex-vogal da comissão executiva do IPIM requereu que lhe fosse permitida a ausência para ficar em casa a descansar,
por ter sido operada a uma perna. A arguida deverá marcar presença quando forem analisados factos sobre o seu caso. Por norma, é obrigatória a presença dos arguidos na audiência, mas o Código de Processo Penal permite a ausência em casos especiais, como por doença.
“Se tivesse dado instruções não teriam faltado tantos documentos”, completou o arguido.
EM SILÊNCIO
A arguida Wu Shu Hua – esposa de Ng Kuok Sao – acabou por “optar pelo silêncio” depois do intervalo da sessão. Ao longo da sessão tinha já respondido a questões sobre uma empresa de fachada alegadamente constituída para que um outro arguido pedisse residência enquanto técnico especializado. Recorde-se que o Ministério Público acredita que Ng Kuok Sao e Wu Shu Hua criaram um esquema para facilitar autorizações de residência em Macau, com o auxílio de Jackson Chang. Hoje começa a ser ouvida em tribunal uma testemunha do Comissariado Contra a Corrupção. Salomé Fernandes
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Miguel Ian não está acusado da prática de violação de segredo. O caso foi arquivado porque o crime prescreveu.
HENGQIN GUANGDONG GARANTE QUE MINISTÉRIO PÚBLICO DO INTERIOR SERVE MACAU
TUI ALERTA PARA NECESSIDADE DE USAR MEIOS DE DEFESA A TEMPO
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procuradoria de Guangdong garante que o Ministério Público na zona nova da Ilha da Montanha vai defender as empresas de Macau, apoiando a diversidade económica da RAEM, noticiou o Ou Mun. Com o aumento do número de empresas de Macau registadas em Hengqin nos últimos anos, em Novembro do ano passado, o Ministério Público (MP) da Ilha da Montanha organizou um dia aberto para aprofundar o entendimento dos empresários de Macau sobre o sistema judiciário da China Continental. Também no final de 2019, o MP lançou medidas para o desenvolvi-
mento das empresas de Macau em Hengqin, estabelecendo uma equipa para os casos que as envolvem. Para além disso, criou um mecanismo de notificação com a segurança pública para os casos que envolvem empresas de Macau, bem como um mecanismo para as empresas da RAEM apresentarem queixas: há um “canal verde” para pedir recursos e foi implementado um sistema para os empresários de Macau se reunirem com o procurador através de uma linha aberta especial. As cartas são respondidas no prazo de cinco dias, e os resultados são conhecidos dentro de 60 dias.
De forma a proteger os direitos das empresas da RAEM, o MP de Hengqin também contratou especialistas, académicos e comerciantes de Macau, para trabalharem como consultores e darem apoio intelectual a organismos que desenvolvem actividades de procuradoria. Um dos objectivos do MP passa por proteger a construção da Grande Baía. Numa próxima fase, o organismo vai desenvolver trabalhos para a comunicação entre a China e os Países de Língua Portuguesa, continuando a reforçar a cooperação com os órgãos judiciais de Macau. N.M.
Tribunal de Última Instância (TUI) alertou para as consequências que resultam da “negligência ou inépcia das partes”, quando não fazem uso atempado dos mecanismos legais de que dispõem. Em causa está uma acção interposta no Tribunal Judicial de Base, em que um pedido de pagamento de 16,74 milhões de patacas foi indeferido por prescrição do direito reclamado. O agente da acção recorreu para a Segunda Instância (TSI), que manteve o resultado, e de seguida
para a Última Instância, explica um comunicado do gabinete do TUI. O colectivo do TUI entendeu que a liberdade de alegar e dar início a um processo implica também comportamentos necessários ao exercício de um direito, descritos como “ónus processuais”. “As partes têm de deduzir e fazer valer os meios de ataque e de defesa que lhes correspondam, suportando uma decisão adversa, caso omitam algum”, indica a nota. E deu a entender que não pode
ser o juiz a remediar o prejuízo que resulte da negligência das partes envolvidas. O TUI deixou outra mensagem: o recurso serve para uma decisão ser novamente ponderada, não um mecanismo para apresentar “questões novas” que não tivessem sido submetidas à apreciação da instância anterior. Assim, o TUI manteve a decisão do TSI, por entender que o recorrente não explicou as causas que podiam ser impeditivas da prescrição. S.F.
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terça-feira 23.6.2020
CINEMATECA DONO DE SEDE DA IN FAZ PARTE DA ASSOCIAÇÃO PRESIDIDA POR ALVIN CHAU
DST DEFENDIDA FLEXIBILIDADE DE ROTEIROS DE TURISMO LOCAL
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vice-presidente da Direcção da Associação dos Profissionais da Indústria de Viagens e Turismo de Macau quer que o Governo resolva de forma prudente a parceria que algumas agências de viagem têm com associações, atraindo membros para excursões em nome da associação, noticiou o Cidadão. Em causa está o projecto “Vamos! Macau!” lançado pelo Governo e associações de turismo. Ferreira Manuel Iok Pui quer ainda que os roteiros criados pela Direcção dos Serviços de Turismo (DST) para fomentar o turismo interno sejam mais flexíveis. O objectivo é elevar a participação das agências de viagem, já que algumas, que se dedicam a aprofundar o conhecimento local, apesar de quererem oferecer o serviço foram excluídas do projecto porque o seu roteiro não é abrangido pelos criados para o programa de apoio ao sector. O responsável afirmou que o Governo não consultou suficientemente o sector durante a preparação do projecto, e espera que na próxima fase sejam os profissionais a planear os roteiros. Ainda assim reconheceu o esforço e boa intenção original na criação dos 15 roteiros, que pretendem garantir a subsistência de guias turísticos e motoristas de autocarro turístico, e cuja distribuição de cartões MacauPass de 100 patacas em alguns percursos pode beneficiar o sector de restauração e venda a retalho nas zonas turísticas.
As peças do puzzle
Lei Cheok Kuan é o proprietário do imóvel onde fica a nova sede da Companhia de Produção e Entretenimento e Cultura In Limitada. Além disso,pelo menos até 2018, fez parte dos órgãos sociais da Associação de Cultura e Produções de Filmes e Televisão de Macau, liderada por Alvin Chau
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nova sede da Companhia de Produção e Entretenimento e Cultura In Limitada, que vai gerir a Cinemateca Paixão a partir de Agosto deste ano, pertence a uma pessoa com ligações à Associação de Cultura e Produções de Filmes e Televisão de Macau (MFTPA, em inglês), presidida por Alvin Chau. Lei Cheok Kuan e a esposa, Hun Lai Chan, são os proprietários da fracção situada no rés-do-chão do Edifício Kai Fu, no Pátio da Fortuna. Apesar de os órgãos sociais da MFTPA não serem divulgados no portal da associação, várias notícias online mostram que Lei Cheok Kuan ocupou o cargo de presidente do Conselho Fiscal da associação, pelo menos até 2018. Durante essa altura, Alvin Chau, principal proprietário do grupo Suncity, já era o presidente da associação que faz parte da organização do Festival Internacional de Cinema de macau. Os dois foram fotografados juntos, em várias ocasiões no âmbito das actividades da MFTPA. O HM contactou Lei Cheok Kuan ainda antes de conhecer as ligações com Alvin Chau. Na altura, Lei, que é também vice-presidente da União Geral das Associações de Moradores (Kaifong), afirmou desconhecer a empresa In Limitada. “Não conheço a empresa com o nome Companhia de Produção de Entretenimento e Cultura
contactados na quarta-feira passada em relação a eventuais ligações entre o grupo ou o proprietário com a empresa In Limitada, mas, até ontem, o HM ficou sem resposta. O vice-presidente dos Kaifong é o proprietário da fracção que serve de sede da Companhia de Produção e Entretenimento e Cultura In Limitada desde Fevereiro de 2013. A compra foi feita em regime de comunhão de bens adquiridos, facto que leva a que a esposa Hun Lai Chan seja igualmente proprietária do imóvel.
UM CONCURSO, MUITAS DÚVIDAS
In Limitada”, limitou-se a afirmar. Em relação ao arrendamento da fracção, admitiu que foi um negócio tratado recentemente, com o envolvimento de um amigo e apelou ao direito à privacidade para não fornecer mais informações sobre o assunto. Momentos depois, o HM voltou a tentar contactar o
vice-presidente dos Kaifong para esclarecer a relação com o empresário Alvin Chau, mas após o primeiro telefonema, e apesar das vá-
rias tentativas, Lei recusou as chamadas e nunca mais atendeu o telemóvel. Por sua vez, os representantes do grupo Suncity foram
“Não conheço a empresa com o nome Companhia de Produção de Entretenimento e Cultura In Limitada.” LEI CHEOK KUAN PROPRIETÁRIO DA SEDE DA IN
Na semana passada, a In Limitada foi escolhida como vencedora do concurso para assumir a gestão da Cinemateca Paixão a partir de Agosto até 2023. Com uma proposta de 15,4 milhões de patacas, a empresa bateu a Cut Limitada, que geriu até ao final do ano passado a Cinemateca Paixão e que tinha uma proposta de 34,8 milhões de patacas. No entanto, e apesar de ter vencido o concurso público, a informação sobre a In Limitada é limitada, sabe-se que tem como accionistas Ieong Chan Veng, em regime de bens adquiridos com a esposa Ho Sio Chan, e Tung Wing Ha. Também o Instituto Cultural (IC) não se mostrou disponível para fazer uma apresentação da empresa, remetendo qualquer questão para uma alegada funcionária, que até ontem ainda não tinha respondido às questões enviadas pelo HM. Até 8 de Junho a morada da empresa era no edifício Tong Nam Ah, na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção. No entanto, segundo a actualização do registo comercial, divulgada ontem pelo Ponto Final, foi alterada para o Pátio da Fortuna. João Santos Filipe com N.W.
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23.6.2020 terça-feira
“Receio a censura por parte da nova empresa” V VINCENT HOI CINEASTA E SIGNATÁRIO DA PETIÇÃO SOBRE NOVA GESTÃO DA CINEMATECA PAIXÃO
A decisão do Instituto Cultural de atribuir a gestão da Cinemateca Paixão a uma nova empresa, da qual pouco se sabe, fez o cineasta Vincent Hoi assinar uma petição contra a mudança. Ao HM, diz que “há 95 por cento de certezas” da empresa estar ligada ao empresário Alvin Chau e receia mais censura, na Cinemateca, a filmes feitos em Taiwan
INCENT Hoi, um dos principais nomes do cinema de Macau, está preocupado com uma das casas onde se projectam as suas obras. A mudança de gestão da Cinemateca Paixão está envolta em mistério, defende, e o futuro é, para já, uma incógnita. Num recente concurso público, o Instituto Cultural (IC) decidiu atribuir, por um período de três anos, a gestão da Cinemateca Paixão à Companhia de Produção de Entretenimento e Cultura In Limitada, da qual pouco se sabe. De cena sai a Associação Audiovisual CUT, que nos últimos três anos presenteou os amantes de cinema com as melhores produções independentes ou mais comerciais da Ásia e Europa.
Vincent Hoi foi um dos signatários da petição entregue ao IC que questiona esta adjudicação e tem acompanhado as tentativas de contacto feitas por jornalistas. “Parece que há 95 por cento de certeza de que essa empresa está ligada a Alvin Chau e ao Festival Internacional de Cinema de Macau (IFFAM, na sigla inglesa), embora a empresa não tenha qualquer informação pública sobre isso”, disse ao HM.
“Não é razoável dar o projecto da Cinemateca a esta empresa por estar relacionada com o festival de cinema.”
O cineasta lamenta o secretismo da parte do IC, que não divulgou informações sobre a nova empresa gestora. “Como é possível ser um segredo? Não deveria ser porque [a gestão da Cinemateca] se relaciona com todas as pessoas de Macau, não só o público, mas com a indústria do cinema.” “Não é razoável dar o projecto da Cinemateca a esta empresa por estar relacionada com o festival de cinema”, acrescentou. Vincent Hoi denuncia o “mau trabalho” que tem sido feito com a exibição dos filmes no festival “nos últimos dois ou três anos”. “Se queremos comprar um bilhete para ir ver um filme, ou se queremos saber mais sobre ele, muitas vezes é difícil obter a informação,
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do dia 3, quando entrou em vigor o novo regulamento dos táxis que pode restringir os taxistas de cobrar mais aos passageiros”, contou ao HM. Desta forma, Vincent Hoi quer colocar nas telas do cinema um problema que afecta todas as pessoas de Macau. “A minha história será sobre um taxista que cobra mais aos passageiros na noite anterior à entrada em vigor do novo regulamento dos táxis.” Vincent Hoi assegura que continua a ser difícil realizar filmes no território, uma situação que se agravou ainda mais com a pandemia da covid-19. “Desde há algum tempo que fazer filmes em Macau é difícil, e o coronavírus tornou a situação ainda mais difícil. No entanto, a crise trouxe-me novas ideias para a escrita de um guião, e esta nova ideia pode estar relacionada com pessoas que são forçadas ao isolamento nas suas casas ou hotéis durante 14 dias, e de como enfrentaram essa situação”, descreveu ao HM.
IIM CONCURSO DE FOTOGRAFIAS ACEITA CANDIDATURAS ATÉ 28 DE AGOSTO
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Instituto Internacional de Macau (IIM) está a promover uma nova edição do concurso e fotografia “A Macau que eu mais amo!”, aceitando candidaturas de fotografias até ao dia 28 de Agosto. Trata-se de uma iniciativa conjunta do IIM com a Associação de Fotografia Digital de Macau, Clube de Leo Macau Central e Associação dos Embaixadores do Património de Macau (MHAA), com o patrocínio da Fundação Macau. O objectivo principal do concurso é “estimular o conhecimento da população, especialmente os mais jovens, das riquezas patrimoniais e das tradições que enformam a cultura de Macau”. Assim, o concurso contém duas categorias, destinadas aos estudantes do ensino primário até ao ensino superior, e também para os residentes, quer sejam permanentes ou não permanentes. As fotografias devem captar as diversas manifestações culturais e históricas, como monumentos, edifícios, hábitos, costumes e crenças,
ou esta nem sequer está correcta. E quando vou ver um filme há sempre vários membros do público que se sentam à minha frente a jogar no telemóvel o tempo todo. Pode ser porque os bilhetes são gratuitos, mas penso que ver um filme é, para eles, um trabalho. A entidade que organiza o festival pode recear que ninguém vá ver o filme e contrata algumas pessoas para assistirem à sessão.” Neste sentido, Vincent Hoi assume não ter “qualquer confiança na nova empresa que vai gerir a Cinemateca”, mas espera que se aposte “nos mesmos conteúdos que a CUT exibiu nos últimos três anos, com uma boa selecção de filmes”, e que o façam “de forma apaixonada”. O cineasta diz estar “com receio de censura por parte da nova empresa” quanto aos filmes que serão exibidos nos próximos três anos. Como exemplo, recorda o facto de a edição de 2019 do IFFAM não ter contado com produções de Taiwan no cartaz. “Talvez se possa argumentar de que não se fizeram bons filmes em Taiwan para serem exibidos no festival, mas na verdade foram feitos muito bons filmes.” Assim sendo, “se a nova empresa está mesmo relacionada com Alvin Chau ou com as pessoas que fazem o festival penso que pode haver mais censura nos filmes exibidos, talvez não apenas
Vincent Hoi diz “não concordar com a cooperação com a China”, uma vez que “a China pode impor muitas restrições no guião ou nas ideias do filme” sobre a China, mas sobre alguns temas sensíveis”, frisou.
O NOVO PROJECTO
Apesar de estar envolvido nesta iniciativa pública, Vincent Hoi não deixa o cinema de lado e está neste momento a trabalhar num novo filme que só deverá ser lançado em 2022. Ainda não tem, sequer, um nome. “A história começou a ser pensada o ano passado, entre a noite de 2 de Junho e a manhã
“Desde há algum tempo que fazer filmes em Macau é difícil, e o coronavírus tornou a situação ainda mais difícil. No entanto, a crise trouxe-me novas ideias”
Quanto ao desenvolvimento da indústria do cinema, e apesar do financiamento público e das apostas na Cinemateca Paixão e no IFFAM, há ainda muito a fazer para desenvolver este sector, assegura o cineasta. “O desenvolvimento da indústria de cinema de Macau não é muito bom, e talvez possamos dizer que a ‘indústria do cinema’ não existe ainda por completo. Não temos talentos suficientes, realizadores, produtores, engenheiros de som… Não temos apoio financeiro suficiente embora Macau seja uma cidade muito ‘rica’.” Para ultrapassar estes obstáculos, os realizadores de Macau poderiam cooperar com Hong Kong e Taiwan, defende Vincent Hoi, uma vez que a cultura cinematográfica de Macau é semelhante às de Hong Kong e Taiwan. Por outro lado, o realizador diz “não concordar com a cooperação com a China”, uma vez que “a China pode impor muitas restrições no guião ou nas ideias do filme”. “Há muitas coisas que não se podem colocar num filme, especialmente relacionadas com política, violência, fantasmas e espíritos, e se Macau cooperar com a China pode perder as características locais, tal como acontece com os filmes feitos em Hong Kong actualmente”, frisou. Apontando que o financiamento público está longe de ser suficiente para fazer filmes, o cineasta acredita que a aposta deveria ser feita na inclusão de mais aspectos comerciais nas histórias ou incluir mais actores de renome, “a fim de atrair mais investimentos por parte de empresas de produção privadas”. Mas, para isso acontecer, “seria importante cooperar com Hong Kong e Taiwan, uma vez que em Macau é difícil encontrar investidores”. Andreia Sofia Silva
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TIAGO ALCÂNTARA
FALHAS DE UM SECTOR
ou eventos turísticos e festividades populares, tradicionais e de cariz religioso. Os trabalhos terão de ser originais, podendo-se enquadrar no período entre Outubro de 2019 e Agosto de 2020. Os prémios monetários variam entre as 2,000 e 5,000 patacas, além de serem atribuídas 500 patacas para as menções honrosas. Há ainda um Prémio Especial para o melhor trabalho apresentado por um sócio da Associação de Fotografia Digital de Macau, de 1,000 patacas. Após a avaliação pelo júri do concurso, haverá uma mostra dos trabalhos em exposição prevista para o final do corrente ano.
IC LOCAIS DE ESPECTÁCULO ABREM AO PÚBLICO NA SEXTA-FEIRA
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ÁRIOS locais de espectáculo, como o Centro Centro Cultural de Macau, o Teatro Dom Pedro V, o Teatro Caixa Preta no Edifício do Antigo Tribunal, o Centro de Arte Contemporânea Oficinas Navais Nº 2 e o Auditório do Conservatório de Macau, vão abrir ao público esta sexta-feira, 26, anunciou ontem o Instituto Cultural (IC). Numa nota, o IC aponta que teve em conta “as opiniões dos Serviços de Saúde e formulou directrizes anti-epidémicas relevantes, realizando um exercício de simulação, bem como a limpeza e desinfecção completa dos locais”. A abertura destes espaços será, no entanto, feita com regras, uma vez que, para evitar a concentração de um grande número de pessoas, o “número de participantes será rigo-
rosamente controlado em todos os locais de actuação, correspondendo a uma metade do número total”. Além disso, será “implementado um limite de capacidade máxima nas instalações auxiliares dos locais, como salas de prática, salas de ensaios e salas de descanso”, enquanto que as actuações serão agendadas de forma alterada, caso haja dois espectáculos marcados para o mesmo local. As pessoas devem manter uma distância de dois metros entre os assentos da plateia e a borda do palco, enquanto que a limpeza e a desinfecção serão reforçadas em todos os locais de actuação, explica o IC. É obrigatório o uso de máscara, sendo também verificada a temperatura corporal de todos os espectadores.
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23.6.2020 terça-feira
DIPLOMACIA WASHINGTON PEDE “LIBERTAÇÃO IMEDIATA” DE CANADIANOS
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S Estados Unidos apelaram ontem à “libertação imediata” de dois canadianos acusados de espionagem na China, denunciando uma acusação “política e sem qualquer fundamento”. Washington está “extremamente preocupado com a decisão da República Popular da China de acusar formalmente os cidadãos canadianos Michael Kovrig e Michael Spavor”, indicou num comunicado o chefe da diplomacia norte-americana, Mike Pompeo. “Os Estados Unidos estão ao lado do Canadá para pedir a Pequim que liberte imediatamente os dois homens e rejeitam a utilização da sua detenção injustificada para intimidar o Canadá”, adiantou, pedindo ainda que as autoridades consulares canadianas possam ter acesso aos dois detidos. O Ministério Público chinês anunciou na sexta-feira a acusação por “espionagem” e divulgação de “segredos de Estado” de Michael Kovrig, antigo diplomata que esteve colocado em Pequim, e do consultor e empresário Michael Spavor. Os dois homens foram detidos em Dezembro de 2018, alguns dias depois da detenção no Canadá, a pedido da justiça norte-americana, da directora financeira do gigante chinês das telecomunicações Huawei, Meng Wanzhou. PUB
EDITAL Edital n.º Processo n.º Assunto Local
: 38 /E-BC/2020 : 142/BC/2020/F : Início da audiência pela infracção às disposições do Regulamento de Segurança Contra Incêndios (RSCI) : Beco do Gonçalo n.º 1, EDF. Long Sou Kai, parte do terraço sobrejacente à fracção 3.º andar A e escada comum entre os 3.º e 4.º andares, Macau
Lai Weng Leong, Subdirector da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), no uso das competências delegadas pelo Despacho n.º 06/SOTDIR/2020, publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) n.º 11, II Série, de 11 de Março de 2020, faz saber que ficam notificados os donos das obras e os proprietários dos locais acima indicados, cujas identidades se desconhecem, do seguinte: 1. Na sequência da fiscalização realizada pela DSSOPT, apurou-se que nos locais acima indicados realizaram-se as seguintes obras não autorizadas: Infracção ao RSCI e motivo da demolição 1.1 Construção de um compartimento com Infracção ao n.º 4 do artigo janelas de vidro, pala metálica, cobertura 10.º, obstrução do caminho em betão e portão metálico na parte do de evacuação. terraço sobrejacente à fracção 3.º andar A. 1.2 Instalação de um portão metálico na esca- Infracção ao n.º 4 do artigo da comum entre os 3.º e 4.º andares. 10.º, obstrução do caminho de evacuação. Sendo as escadas, corredores comuns e terraço do edifício considerados caminhos de evacuação, devem os mesmos conservar-se permanentemente desobstruídos e desimpedidos, de acordo com o disposto no n.º 4 do artigo 10.º do RSCI, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 24/95/M de 9 de Junho. As alterações introduzidas pelos infractores nos referidos espaços, descritas no ponto 1 do presente edital, contrariam a função desses espaços enquanto caminhos de evacuação e comprometem a segurança de pessoas e bens em caso de incêndio. Assim, as obras executadas não são susceptíveis de legalização pelo que a DSSOPT terá necessariamente de determinar a sua demolição a fim de ser reintegrada a legalidade urbanística violada. Nos termos do n.º 3 do artigo 87.º do RSCI, a infracção ao disposto no n.º 4 do artigo 10.º é sancionável com multa de $4 000,00 a $40 000,00 patacas. Além disso, de acordo com o n.º 4 do mesmo artigo, em caso de pejamento dos caminhos de evacuação, será solidariamente responsável a entidade que presta os serviços de administração ou de segurança do edifício. Considerando a matéria referida nos pontos 2 e 3 do presente edital, podem os interessados, querendo, pronunciar-se por escrito sobre a mesma e demais questões objecto do procedimento, no prazo de 5 (cinco) dias contados a partir da data da publicação do presente edital, assim como requerer diligências complementares e oferecer os respectivos meios de prova, em conformidade com o disposto no n.º 1 do artigo 95.º do RSCI. O processo pode ser consultado durante as horas de expediente nas instalações da Divisão de Fiscalização do Departamento de Urbanização desta DSSOPT, situadas na Estrada de D. Maria II, n.º 33, 15.º andar, em Macau (telefones n.os 85977154 e 85977227). Obra
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RAEM, 16 de Junho de 2020 Pela Directora de Serviços O Subdirector Lai Weng Leong
INVESTIMENTO UE E CHINA ALIVIAM TENSÕES E DEBATEM ACORDO DE PROTECÇÃO
Água nas fervuras
Altos responsáveis da China e da União Europeia trocaram impressões por videoconferência, numa tentativa de amenizar o clima de tensão entre os dois os lados e preparar um encontro que viabilize um acordo de protecção do investimento europeu da Indústria, Thierry Breton, no domingo. Washington vê a cimeira com desconfiança. "O Partido Comunista Chinês quer forçar a UE a escolher" entre os Estados Unidos e a China, alertou o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo.
“A China atribui grande importância a esta reunião e está pronta para trabalhar com a UE para alcançar resultados positivos.” MNE CHINÊS
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S principais autoridades da União Europeia (UE) e da China realizaram ontem uma cimeira 'online', visando preparar uma reunião extraordinária cujo objectivo principal é a assinatura de um acordo de protecção do investimento. O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o chefe da política externa do bloco, Josep Borrell, realizaram duas videoconferências, primeiro com o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, e depois com o Presidente, Xi Jinping. A UE define a China como um "rival sistémico" que oferece, em simultâneo, grandes oportunidades e desafios. A pandemia do novo coronavírus criou obstáculos, com
Bruxelas a acusar publicamente o regime chinês de lançar uma campanha de desinformação para desacreditar as instituições europeias. "A China atribui grande importância a esta reunião e está pronta para trabalhar com a UE para alcançar resultados positivos", disse o porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Zhao Lijian no lançamento da videoconferência. Os europeus estão ainda preocupados com o crescente domínio político de Pequim sobre Hong Kong, que coloca em causa a autonomia e liberdades fundamentais no território. A UE exigiu a libertação de vários activistas dos direitos humanos na sexta-feira e transmitiu as suas preocupações com campanhas de desinformação lançadas por Pequim, durante uma conversa entre Josep Borrell
e o ministro chinês dos Negócios Estrangeiros, Wang Yi. O Parlamento Europeu adoptou na sexta-feira uma resolução de apoio a Hong Kong. As autoridades europeias pediram sanções contra líderes culpados por actos repressivos, caso a nova lei de segurança nacional elaborada por Pequim seja aplicada no território.
RELAÇÕES COMPLEXAS
Os chineses, por sua vez, estão preocupados com a nova legislação europeia sobre investimento estrangeiro e o distanciamento da UE em relação a Pequim. Numa altura em que enfrenta uma guerra comercial e tecnológica com os Estados Unidos, a China procura aliados, mas os europeus recusam envolver-se nas disputas entre as duas potências. "A Europa não será o campo de batalha dos Estados Unidos e da China", afirmou o comissário
Covid-19 Pequim eleva capacidade e já pode realizar um milhão de testes por dia Pequim continuou nos últimos dias a aumentar a sua capacidade de execução de testes para conter o surto do novo coronavírus na cidade, capital da China, para um total de um milhão de amostras por dia. A capacidade de testar a população da
capital chinesa duplicou nos últimos dias com a chegada a Pequim de profissionais de saúde e laboratórios móveis de outras províncias, que podem analisar até 230.000 amostras diariamente. Ao realizar testes em grupo, que incorporam
cinco amostras numa única análise, Pequim pode testar até um milhão de pessoas num único dia. Se o resultado do grupo for negativo, não há perigo. Se um teste com cinco amostras der positivo, as cinco pessoas desse grupo voltam a ser testadas
Josep Borrell lembrou que, "apesar das muitas diferenças com aAdministração norte-americana, a parceria transatlântica continua a ser a relação mais importante para a UE". A China, porém, "é um parceiro necessário", ressalvou. As trocas comerciais ascenderam a 1,5 mil milhões de euros por dia, em 2019, segundo dados da Comissão. "O relacionamento com a China é e vai continuar a ser complexo", disse Borrell. A relação deve ser "baseada na confiança, transparência e reciprocidade", apontou. Pequim respondeu com um aviso implícito. "A China espera que a UE crie um ambiente justo, imparcial e não discriminatório" para o investimento, defendeu o embaixador chinês na UE, Zang Ming. "O capital é muito sensível e volátil. Em caso de uma mudança de vento, poderá desaparecer", alertou.
outra vez para determinar qual delas está infetada. O número de centros de teste aumentou de 98 para 124 nos últimos dias e, entre 11 e 20 de Junho, 2,3 milhões de pessoas foram testadas, ou cerca de 10 por cento da população da cidade.
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terça-feira 23.6.2020
GT CONSTRUTORES APOIAM O GP MACAU A Federação Internacional do Automóvel (FIA) abdicou da organização da Taça do Mundo de GT BMW, Mercedes AMG e Porsche à crise do novo coronavírus. Se que, na sua maioria, mantêm-se houver uma corrida no circuito da FIA este ano, no -interessados. citadino da Guia e os clientes da O evento do Circuito da Guia Audi Sport quiserem participar, entanto, a maioria de ser apenas um marco nós iremos apoiar como é hábito, dos construtores que deixou importante para as corridas de mo- como parte do apoio da Audi Sport e de carros de Turismo, customer racing Asia”, asseverou dariam corpo a este nologares como era até há uma década, mas Reinke. troféu pretende estar também já se tornou numa paragem para os grandes inter- EM SINTONIA representada no 67º obrigatória venientes das corridas de Grande Tal como a Audi, a Porsche tem vinTurismo, como a Audi. A marca do a construir uma forte clientela Grande Prémio de de Ingolstadt venceu esta corrida na região e não foi por acaso que Macau, se tiverem por quatro ocasiões, com Edoardo em 2017 abriu um quartel general Mortara a triunfar três vezes con- só para a competição automóvel uma oportunidade secutivas na Taça GT Macau, de em Xangai. Como tal, a marca de 2011 a 2013, e Laurens Vanthoor Weissach espera estar representapara o fazer vencer na atribulada segunda edi- da numa corrida que venceu uma
Estamos On
O
programa do maior evento desportivo de caracter anual do território ainda não é do domínio público, no entanto, a realização da Taça GT Macau, uma corrida que foi introduzida no evento em 2008, não deverá ficar comprometida pela ausência de um título mundial a atribuir, visto ao interesse na corrida de várias equipas do continente asiático e não só. Por outro lado, esta era uma corrida que já tinha corrida quatro construtores confirmados - Audi,
ção da Taça do Mundo, em 2016. Ao HM, Chris Reinke, o responsável máximo pela Audi Sport customer racing, deixou claro que a visita anual a Macau faz parte dos planos da marca através das equipas que defendem as cores da marca dos anéis que estão baseadas no continente asiático: “Para a Audi Sport customer racing, a Taça do Mundo em Macau é parte integral do nosso programa e única para nós, como evento. Gostaríamos de ter ‘começado’ em 2020, mas a tradicional Taça do Mundo de GT não terá lugar este ano devido
única vez, logo na prova de de estreia em 2008. “O Grande Prémio de Macau é uma corrida icónica na região e a Porsche Motorsport Asia Pacific tem tido enorme prazer em apoiar os seus clientes na disputa deste evento emblemático nos últimos anos. Olhando em frente, o nosso compromisso em apoiar os nossos clientes continua inalterado”, esclareceu Alex Gibot, o responsável máximo pela Porsche Motorsport Asia Pacific, ao HM. Na edição passada da prova, num esforço de quatro Porsche
911 GT3-R e que se saldou em dois pódios, a Porsche Motorsport Asia Pacific esteve ao lado da alemã ROWE Racing e da chinesa Absolute Racing. A equipa que tem bases em Xangai e Zhuhai tem vindo a representar a Porsche no campeonato GT World Challenge Asia e pontualmente no Intercontinental GT Challenge, sendo uma potencial candidata a defender as cores da marca em Novembro.
BMW DO CONTRA
Durante décadas o Circuito da Guia foi um poço de alegrias para a BMW, aliás o Grande Prémio de Macau ajudou a construir o nome da marca da Baviera nesta parte do globo. Com algumas excepções, como as participações
“Para a Audi Sport customer racing, a Taça do Mundo em Macau é parte integral do nosso programa e única para nós, como evento. (...) Se houver uma corrida no circuito citadino da Guia e os clientes da Audi Sport quiserem participar, nós iremos apoiar.” CHRIS REINKE RESPONSÁVEL MÁXIMO PELA AUDI SPORT
de Augusto Farfus, vencedor da Taça do Mundo de GT em 2018, infelizmente, nas duas últimas décadas a BMW tem se afastado da prova, como também tem perdido protagonismo para as suas rivais na região. Portanto, não é de estranhar que seja a única marca a admitir publicamente que retirou o Grande Prémio do seu calendário desportivo. “Como a Taça do Mundo foi cancelada pela FIA, não haverá participação da BMW Motorsport”, explicou um porta-voz da BMW Motorsport, acrescentando que “as nossas equipas clientes são independentes e, como tal, podem decidir em que competições querem tomar parte”. O HM tentou obter uma reacção da Mercedes-AMG, mas à data desta publicação, o construtor de Estugarda não respondeu à nossa solicitação. Contudo, o HM sabe que duas das equipas que utilizam os carros da marca da estrelinha terão mostrado interesse em regressar à RAEM este ano. O programa e o formato das corridas do Grande Prémio de 2020 ainda não são do conhecimento público, mas o Coordenador da Comissão Organizadora, Pun Weng Kun, em declarações à imprensa na passada quinta-feira, pediu à população de Macau para continuar a apoiar o evento e afirmou que a organização tem várias opções à mão para a prova que está agendada de 19 a 22 de Novembro. Sérgio Fonseca
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Cartografias Anabela Canas
23.6.2020 terça-feira
Fogem-te, por entre os dedos, os instantes
O canto do vale
A
TRAVESSO nele um olhar, de passagem por aquele seu estar sem tempo, nem mesmo realmente, lugar. Vindo, simplesmente, e tornando a vir em cada olhar. De vez em quando, preciso de ouvir esse canto do vale. E de cada vez que o poiso no chão, ecoam sinos. Com a oxidação da distância que já tinha em si, e do tempo que acrescentou. Cada vez mais escuro. Da idade, do metal e do ar. Só das vozes que depois lhe povoam o vazio interior, nada diz. Objecto discreto e sóbrio, apagado como o são os que escondem um segredo. Que se escondem ou atraem um olhar e escolhem. Há um brilho secreto e metálico, escondido nas terrosas oxidações antigas, relações criadas entre elementos e siglas misteriosas na tabela periódica. Como na vida, mas mais definidas em cor e saturação. Uma luz abafada por uma capa de silêncio. Mas que esconde uma voz. Uma sonoridade estranha no chão da casa onde chegou há muitos anos. O canto do vale, um ecoar de longitude. Como um búzio enorme que se cala. E como a um búzio, objecto-lugar, encosto-lhe o ouvido. Penso porque anseiam as palavras ir longe. Porque queremos trazer o longe perto, fazer o perto longínquo, o que existe habitar o que não existe e o que não existe alargar paisagem no que existe. Horizonte tão impermanente como tudo e tão relativo como mais nada. O fugidio e adaptável horizonte. Linha que se recompõe em cada passo dado. Que se afasta na mesma proporção em que é perseguida. Ouve-se nos búzios o mar pela recordação. Um resto de mar que ecoa para sempre de uma saudade. Ou seria um ruído cósmico talvez mais abstracto e amplo. O desconhecido muito, que nos cerca. Um cântaro de Bhaktapur. Ali na penumbra ao virar, num canto da cozinha, olho-o e não acendo a luz para não perturbar as vozes. Objecto aprisionado. De outro tempo, de um lugar distante e de uma praça onde me sentei. Ao dobrar uma outra esquina, a sombra recortada como filigrana enegrecida, da torre de madeira ao sol inclemente. Como o negativo de uma jóia. Ele, de cobre escurecido pelo tempo e beleza soturna. Algumas cicatrizes de solda em metal alheio, marcas de ferimentos de uma vida real. E sempre um pouco baço de pó. Como uma saudade da água. Essa água e a água sugada a custo de terra ressequida, palmilhados quilómetros em peregrinação, por esses noventa por cento de água, com que saímos do útero materno, mas já não constituem o magro corpo nem do caminhante infantil. Sem filosofia nem escola, em busca
da homeostasia. O utópico equilíbrio da água, corporal, total. A água fala mais alto e de mais longe, do corpo. É disso que me fala. Todos os dias ali, a lembrar caminhadas pela água necessária e limpa. Ou, pelo menos, água. E preciosa.
Casa é onde poisamos o chapéu, penduramos o casaco, gritamos vozes das entranhas. Onde caem as lágrimas de sal ou secam na garganta
Não que Bhaktapur seja em África. Mas o mundo é um só, em caminhos cruzados. Trouxe abraçado, no avião, este objecto cheio de desconhecido e vozes. De entre cobres rosados e reluzentes que não me chamaram, este, um grito de eternidade. Que instinto estranho leva a retirar da sua vida de coisa, uma coisa? Para ficar, às vezes, prostrada de inacção, tristemente muda e quieta num pódio de admiração ou esquecimento. Como uma imagem. A transportar para o infinito território mental, um lugar passado. Uma distância encurtada à força. Um tempo perdido e nunca reencontrado. Que se passará na alma de um objecto, atirado sem querer para a preguiça eterna, é coisa de fantasiar. Como pa-
lavras que se descarnam de uma verdade qualquer para voar, desadequadas à função. Andou aqui, de sítio em sítio sem função. Um dia vi que procurava o seu lugar, talvez eu o meu nele. Mais perto da água, a ansiar servi-la como dantes. E eu, com olhos distraídos da importância de trazê-lo raptado de longe. Do meu longe para o seu longe. Foi isso. Viajar. Tentação de trazer coisas de uma lonjura para outra, a vencer uma, a outra. E a memória. Chamamos recordações. Às coisas que invocam tempo. De viagens reais. Tão irreais já, desalojadas dele. Como reais as que imaginárias são apetecidas e feitas. Transportamos um lugar que procura voltar a ser lugar. Varanda sobre terra estranha. Cadeira estrangeira. Lugar onde se poisa o corpo, os olhos, o tempo. Outro lugar. Estranhamente presente e familiar, como estranho pode ser o lugar de sempre. Plástico mutante. Como se sempre o mesmo lugar de interrogação e procura de pontos cardeais. Porque nunca estamos muito tempo no mesmo lugar, mesmo em anos sem deixar a casa. Ponto de partida e de chegada. Devia regar as plantas com o cântaro bojudo, de interior insondável e vozes. Penso para que veio o regador de plástico vermelho, se havia o cântaro de tantos anos. A pedir água como bicho encalorado e sequioso no seu mundo de coisa. A lembrar as gotas a escorrer-lhe no flanco todos os dias refrescado. E um dia, veio para companhia uma pequena e gigante pedra de sal. Acende como um coração das montanhas. Diz-se dela, que da terra dele. Pedra que chora uma água de sal, nos intervalos de uma luz coralina mas artificial, saída das entranhas rochosas, outrora fundos de mar que se revolveram e elevaram em convulsão. A tocar o céu. Lágrimas de sal gigantescas, guardadas nas rochas e cristalizadas no tempo. Talvez por isso chorem, longe, em determinadas circunstâncias. Iluminadas por dentro dão uma luz que purifica, dizem, mas bastava ser luz. Como um calor no ombro, uma mão na alma. Do outro objecto também. Se as coisas têm alma por companhia. Nela as lágrimas da distância. Nele a secura. Um, conteúdo. Cristalino mas lacrimoso. Outro, continente. Do vazio da água. O cântaro e o sal, eternos opostos, como vísceras da mesma terra. Das montanhas e do vale. Cada um o seu canto. Mas digo-lhes devagarinho: casa é onde poisamos o chapéu, penduramos o casaco, gritamos vozes das entranhas. Onde caem as lágrimas de sal ou secam na garganta. A minha. E a deles, também.
ARTES, LETRAS E IDEIAS 15
terça-feira 23.6.2020
uma asa no além Paulo José Miranda
Na fronteira de nada
A
NDREZA Bach é uma jovem escritora (32 anos) do Rio Grande do Sul, mais precisamente de Jaguarão, pequena cidade que faz fronteira com a cidade uruguaia de Rio Branco e berço de um dos maiores escritores brasileiros, recentemente falecido, Aldyr Garcia Schlee. Escritor com o qual a jovem Bach dialoga num dos capítulos deste seu romance «Duas Horas Por Um Corpo», mais precisamente com o monumental «Don Frutos», cuja acção se passa também em Jaguarão. Mas os livros apesar de mostrarem a solidão humana são diametralmente opostos. O romance de Schlee mostra-nos um território em que a fronteira se esbate. O conceito de fronteira perde o seu significado, assim como as diferenças linguísticas, além de que o romance de Schlee nos remete para um período muito anterior ao dos nossos dias. «Duas Horas Por Corpo» é um romance que nos mostra a impossibilidade de esbater fronteiras, diferenças de língua, e centra a narrativa nos dias de hoje. É preciso fazer aqui uma descrição, ainda que sumária, deste território onde tudo se passa, Jaguarão. É um município brasileiro que faz fronteira com Rio Branco, cidade do Uruguai. Entre estas cidades fronteiriças há uma ponte antiga, de pedra, inaugurada em 1930, à qual por brincadeira muitos chamam ponte romana e que todos atravessam para cá e para lá sem qualquer necessidade de documentos, como se os estrangeiros fossem os melhores vizinhos. Melhores do que os territórios brasileiros mais próximos. Pois é comum os jaguarenses atravessarem a ponte a pé e irem jantar ao Uruguai, ou apenas para fazerem algumas compras, «onde as taxas dos produtos importados não nos arrancam a pele como no lado de cá da ponte», segundo Andreza Bach. Mas o livro da escritora tem como horizonte o indivíduo e não o colectivo. O que subjaz a «Duas Horas Por Um Corpo» é a solidão da jovem mulher Maíra, 30 anos, que trabalha nos correios da cidade e vive sozinha na casa antiga que herdou da avó. O livro começa assim: «Assim que nos afastamos de Jaguarão, na direcção de Pelotas, o horizonte fecha-se completamento no azul suave do céu e no branco macio das nuvens. Conduzir por essa estrada é o modo de Maíra afastar de si a solidão. Contrariamente aos seus conterrâneos, evita atravessar a ponte para o Uruguai, para Rio Branco. Sente que, tal como ela mesma em relação aos outros, Jaguarão faz fronteira com o nada. Não que Rio Branco seja desinteressante, pelo menos não é mais do que Jaguarão ou qualquer ou-
tra terra do interior, mas porque nada muda dentro dela ao atravessar a ponte. E Maíra pensava «ao atravessar-se uma fronteira, o mínimo que se exige é que nos faça sentir outra.”» Ao longo do romance percebemos que Maíra é uma mulher que aos 19 anos teve um aborto espontâneo, de um homem que já havia desaparecido. Percebemos o quanto esse momento foi decisivo na vida dela. Nunca mais se entregou a quem quer que fosse. Escreve, Andreza Bach, pelas palavras de Maíra para uma colega de trabalho, enquanto tomam um chopp depois do trabalho: «Se eu fosse outra pessoa e soubesse de mim o que sei, julgas que confiaria em mim?... Não precisas de responder, eu mesma respondo:
Claro que não! E olha que eu não me considero uma má pessoa. Não achas que isto é argumento suficiente para não confiar em ninguém?» Maíra passava grande parte do seu tempo livre a escutar música. E era das inúmeras canções que escutava, que retirava a matéria com que pensava. Das canções e da sua propensão para reflectir sobre o que via e sentia. Desde muito cedo, aprendeu inglês, e passava grande parte do tempo no youtube descobrindo canções nessa língua muito além do português e do espanhol, com que vivia no dia a dia. Havia uma canção em particular de que gostava muito: «To Be With Others», de uma cantora canadiana, de origem russa, Michelle Gurevich.
Andreza Bach conduz-nos ao longo das quase duzentas páginas por um universo singular, «destruindo as ilusões dela, uma a uma, como se fossem um caminho que era preciso apagar, ao mesmo tempo que iluminava as bermas, o que até ali parecia existir apenas para não se ver ou esquecer.»
Muitas vezes, sozinha na rua, cantava o refrão: «To be with others / The need to be with others / For just a couple of hours / To be with others / Without destroying ours». Escreve Bach: «Sentia nessa música, e na voz da cantora, um conforto existencial que só encontrava paralelo com os momentos de condução na estrada para Pelotas. Mas ao conduzir tinha tudo: o horizonte azul e branco da estrada e a música dentro de si e dentro do carro. Era feliz. Apesar de ver todos os humanos, cada um como fronteira de nada, apaziguava-se com a necessidade de precisarmos de um outro corpo além do nosso, por duas horas. A consciência dessa necessidade era uma libertação. Libertava-nos do amor para sempre. Libertava-nos da mentira.» Andreza Bach conduz-nos ao longo das quase duzentas páginas por um universo singular, «destruindo as ilusões dela, uma a uma, como se fossem um caminho que era preciso apagar, ao mesmo tempo que iluminava as bermas, o que até ali parecia existir apenas para não se ver ou esquecer.» Evidentemente, o caminho que Andreza Bach apaga não é o de Maíra, mas o nosso. Resta-nos a nós esforçarmo-nos por ver a beleza das bermas.
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23.6.2020 terça-feira
Amélia Vieira
A morte de Empédocles
S
E dúvidas existem, devemos no entanto considerar envenenados os elementos, e mais que todos, o Ar, essa mistura gasosa que nos cerca, e por que nem sempre o leve se mantém ligeiro, devemos respirar com a parcimónia dos condenados os ares do mundo, que parecem munidos de um salvo- conduto letal para as nossas transfusões vitais. Longe... perto... na rota dos ventos não há distância! Em todo o circuito respirável imbuído que foi de devastações ambientais como aquele de um continente a arder, de camadas de ozono que nem o Diabo poria ali algum mais fresco enxofre, nós, resistimos muito àquela «improvável leveza do ser». Hoje não! E não vale a pena andar-se atrás do rastilho viral que está muito para além daquilo que se busca, e muito ainda aquém da sua trágica eficácia. Este é também o título da bela obra poética dramatúrgica de Holderlin, e toda ela se reveste dos elementos essenciais para produzir entendimento entre as fronteiras da vida e da morte, das funções que equilibram, ajustam, e desequilibram os sistema contendo todo o apreço do autor pela cosmogonia de um homem que tinha a aura dos mitos. Focando-se na tragédia, toda ela é quase infinita e ocupa em nós um estranho oxigénio que deixámos há muito de saber respirar, é uma versão consentida de um círculo incomum fechado aos nossos saberes. Holderlin com esta sua obra transborda para além dos conflitos pessoais com a própria personagem e sustenta-a numa viragem de ciclo histórico, um fim de uma era, uma outra consciência social, neste caso, assente na radical passagem que foi a Revolução Francesa de que sentia espiritualmente próximo, por isso é também uma redefinição de ciclos trazendo para a esfera do seu presente os elementos imutáveis para a continuidade. E ele só se assemelha à tragédia grega enquanto reposição de uma fonte de energia que faz o herói suicidar-se por sacrifício, e não por autoanálise de um mal provocado pelo seu orgulho diante das forças naturais, e é a essa necessidade de repor uma ordem violada pela soberba que está aqui como o suicídio de Empédocles. O diálogo não é com a Cidade, mas com as forças todas da vida - não há ordens dadas - há talvez uma consciência muito poética de que não se pode romper os equilíbrios orquestrados por um todo que nenhum ser por si domina- bem pelo contrário, nele só deve influir para que não se rompa. Este elemento expiatório dá à morte uma noção de qualidade que não herdámos, ela não se encontra separada das suas consequências e porquanto não
houver essa noção de um princípio inefável que penetre a vida, todas as coisas terão sucessivamente de pôr e repor estas passagens. Diante de mudanças com características tamanhas, poder-se-ia pensar que “abrir” será voltar ao mesmo - mas não-! Qualquer abertura que resulte daqui será também o requalificar de muita coisa, pois que nada fica estático no ponto onde foi deixado, e, mais que deixado, amargamente abandonado por um mundo que ainda se crê detentor de algum poder que já não tem. A morte de um taumaturgo que fora o mundo não será de fácil reposição (nem os mais simples cadáveres são despedidos sem lágrimas) mas ao criarmos campos de confinamento involuntário ganhámos um tempo precioso para repor alguns equilíbrios. Os elementos continuam intactos na doutrina de Empédocles, e, não viajamos com eles em esquadrão de mortes anunciadas, e também ele, fez tratados contra graves epidemias, foi médico, homem de muito saber, pois que todos eles no tempo em que o foi eram tão unidos como o primeiro mundo
esquecido onde deixámos a harmonia. Holderlin, por seu lado, foi todo ele um poeta, e foi por o ter sido, que uniu estas difíceis malhas que só os que mergulham fundo nas suas águas sabem como ficam os olhos dos que renascem. Nenhuma consciência será válida sem esta grande limpidez, nem saciadas as sedes dos ódios alheios, nem do amor terreno, pois que são forças que existem para se manterem perto e sequencialmente separadas. Que não transborde nenhuma que o sacrifício de cada um não possa agora sarar, que neste momento, elas perderam o verdugo das suas eloquências debaixo de um trajeto incerto e improcedente perante o destino das coisas. Empédocles escreve em verso «Purificações» que seria um intróito do outro grande verso «Sobre a Natureza» parece dizer-nos purificações naturais, ou tão somente uma forma natural de purificar... e há, como era de esperar uma conduta moral a ser talhada, e quando todos os elementos, incluído o Fogo que nos entrou pelas pupilas adentro nestes últimos anos, e as Águas condessadas em forma de grandes gôndolas escorre-
Diante de mudanças com características tamanhas, poder-se-ia pensar que "abrir" será voltar ao mesmo - mas não-! Qualquer abertura que resulte daqui será também o requalificar de muita coisa, pois que nada fica estático no ponto onde foi deixado
ram para o mar, e a terra em grandes pastagens de gado alimentício feitas paredes sem portas, olhámos para a saída, o Ar penetrou-nos numa síntese grandiosa e invisível reclamando a nossa morte.Que nós, mortos não estamos, pois que escrevemos ainda estas coisas- mas os que escreveram aquelas outras, estão, e os que nada escreveram, também, e os que virão para o fazer, também não deixarão de nascer e provavelmente ainda de morrer. Por nós, o tempo estreito, por eles, que sejam grandes as suas vidas e recolham aos unidos elementos onde segundo alguns o amor nasceu e a Terra não ainda fora sequer sonhada. «O Boi Mudo da Sicília» poderia ser agora Empédocles (ambos sicilianos, São Tomás de Aquino) ou o presente colapso mental falando por nós da paga e da repaga desta conspirativa prática de um viver que nos leva ao desastre- que viver- é o belo desastre que nos sobra, enquanto as malhas das periferias de tal estado não se desboroam... Agora mesmo o sol me diz que a sua luz é inflamatória, e toda esta superfície um buraco gigante que não irá melhorar nos dias próximos. Quem vai melhorar são os nascituros, os neófitos, esses que fabricaram órgãos novos, visões maiores, capacidades acrescidas, depois, colocados que serão num tubo de ensaio, far-se-á uma cobertura em volta do eixo da Terra para um novo começar com o filtro necessário para não deixar passar o que agora aqui se encontra: “bem sei, os homens inflamam-se como a erva seca” «Morte de Empédocles».
ARTES, LETRAS E IDEIAS 17
terça-feira 23.6.2020
Compositores e Intérpretes através dos Tempos Michel Reis
Pyotr Ilyich Tchaikovsky (1770-1827)
A Abertura Solene Pyotr Ilyich Tchaikovsky (1770-1827): Abertura 1812, Op. 49
A
Abertura Solene Para o Ano de 1812 em Mi bemol Maior, Op. 49, conhecida por Abertura 1812, de Tchaikovsky, tornou-se uma das obra mais populares do compositor, em conjunto com os seus ballets O Quebra-nozes, A Bela Adormecida e Lago dos Cisnes. A abertura comemora o fracasso da invasão francesa da Rússia em 1812 e a subsequente devastação do “Grande Armée” de Napoleão. De carácter altamente nacionalista, é também conhecida pela sua sequência de tiros de canhão que é, em alguns concertos ao ar livre, executada com canhões verdadeiros. Foi encomendada a Tchaikovsky pelo director de concertos da Sociedade Imperial Russa e amigo e mentor do compositor, Nicolai Rubinstein, tendo em mente os 25 anos da coroação do Czar Alexandre II, em 1881, e a abertura da Exposição Universal das Artes e Indústrias em Moscovo, em 1882. A abertura da Exposição coincidiria também com a consagração de uma nova catedral cristã ortodoxa, a Catedral de Cristo Salvador, mandada erigir pelo Imperador Alexandre I para comemorar o fracasso da invasão, em honra dos soldados russos mortos, situada a algumas centenas de metros a sul do Kremlin, e que levou mais de 40 anos a construir. A catedral, que ostentava um sino gigante de 24 toneladas, seria apenas inaugurada no dia 26 de Maio de 1883, com a coroação do Imperador Alexandre III, sendo dinamitada em 1931 por ordem de Stalin, por ser um símbolo do Czarismo, para dar lugar ao colossal Palácio dos Sovietes, que iria albergar o Soviete Supremo da URSS, o maior edifício do mundo, mas cuja construção não chegaria a ser concluída, devido à invasão alemã em 1941. A igreja foi reconstruída a seguir à dissolução da União Soviética, entre 1995 e 2000, à semelhança da original. Embora não apreciasse particularmente este tipo de encomenda, como confessou numa carta à sua patrona Nadezhda von Meck, Tchaikovsky aceitou-a e começou a trabalhar no projecto em Outubro de 1890, concluindo-o em seis semanas.
Tchaikovsky em pessoa dirigiu a obra na cerimónia de consagração do Carnegie Hall em Nova Iorque, uma das primeiras vezes que um compositor europeu importante visitou os Estados Unidos. Curiosamente, tornou-se também um acompanhamento frequente de exibições de fogo-de-artifício no Dia da Independência dos Estados Unidos.Na sua forma completa, a peça é executada por coro, orquestra sinfónica e banda militar com o auxílio de peças de artilharia e carrilhão. Em execuções em salas fechadas, costuma-se substituir os canhões por tímpanos (tambores), a fim de se obter um efeito semelhante ao do disparo das peças
Napoleão era um general temido e o exército francês era considerado imbatível. Em 1812, a França invadiu a Rússia na tentativa de forçar Alexandre I a entrar no delicado sistema de alianças de Napoleão e, mais especificamente, aderir ao Bloqueio Continental. Todavia, a Campanha da Rússia terminou na retirada do exército francês. Complicações da campanha, como por exemplo o alongamento das linhas de suprimento e a presença de um exército imperial russo cada vez maior e melhor preparado, resultaram na destruição do exército, que de 600.000 homens, foi reduzido a 40.000. Alguns russos consideraram mesmo que houvera uma ‘intervenção divina’ a favor da Rússia. A Abertura 1812 começa com um coro inspirado no hino Deus ajude o vosso povo, da Igreja Ortodoxa Russa e baseia-se no antagonismo entre a vitória francesa inicial e a posterior revanche russa, contrapondo o hino da Rússia e o hino da França. Este país é musicalmente representado pelo tema de La Marseillaise, hino da Revolução Francesa. A vitória russa posterior, no mês seguinte, é representada por um diminueto do hino czarista Deus Salve o Czar e é seguido pelo sonoro troar de canhões. A obra inclui ainda fragmentos do folclore russo e temas religiosos. Após a Revolução dos sovietes e a consequente extinção do hino czarista, a abertura sofreu modificações, sendo o tema original substituído pelo coro final da ópera Ivan Susanin, de Mikhail Glinka, cujo nome original é “A Vida pelo Czar”, modificação também realizada por ordem do regime soviético. Na sua forma completa, a peça é executada por coro, orquestra sinfónica e banda militar com o auxílio de peças de artilharia e carrilhão. Em execuções em salas fechadas, costuma-se substituir os canhões por tímpanos (tambores), a fim de se obter um efeito semelhante ao do disparo das peças. A abertura foi estreada em Moscovo no dia 20 de Agosto de 1882, dirigida por Ippolit Al’tani debaixo de uma tenda levantada perto da inacabada Catedral de Cristo Salvador.
SUGESTÃO DE AUDIÇÃO: • Pyotr Ilyich Tchaikovsky: 1812 Overture in E-flat minor, Op. 49 • Ochestra of the Mariinsky Theatre, Valery Gergiev – Mariinsky, 2009
18 (f)utilidades TEMPO
MUITO
23.6.2020 terça-feira
NUBLADO
MIN
BRASIL COM MAIS DE 50 MIL MORTOS 20 1 4
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22 Cineteatro SALA 1
3 1 4 5 7 6 2
ONWARD [B]
FALADO EM CANTONÊS Um filme de: Dan Scanlon 14.30, 16.30, 19.30
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FALADO EM JAPONÊS LEGENDADA EM CHINÊS Um filme de: Tomohisa Taguchi 21.30
INHERITANCE [C]
Um filme de: Vaughn Stein Com: Lily Collins, Simon Pegg, Connie Nielsen 14.30, 16.45, 21.30
24
2 1 4 3 7 6 5
6 7 5 2 4 3 1
3 4 1 6 2 5 7
7 0 - 9 5 %´ •
EURO
8.94
brasileiro, há a registar no país um total de 50.617 mortos causados pela doença. No domingo foram ainda registados 17.459 novos casos de covid-19 no Bra-
BAHT
0.25
YUAN
1.12
sil, que chega a um total de 1.085.038 infecções. Segundo as autoridades brasileiras, a letalidade da covid-19 no país é de 4,7%.
7 2 3 4 5 1 6
C I N E M A
DIGIMON ADVENTURE LAST EVOLUTION KIZUNA [A]
SALA 2
SOLUÇÃO DO PROBLEMA 23
7 1 2 4 3 6 5
6 1 5 3 7 1 4 2 5
HUM
O Brasil ultrapassou a fasquia dos 50 mil mortos devido ao novo coronavírus, indicou ontem o Ministério da Saúde brasileiro. De acordo com o Governo
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PROBLEMA 24
23
3 5 4 2 1 5 6 1
33
1
S 6 U 1 7D2 O5 K 3 4U 24 7 7 4 2 1 6 5 3 6
MAX
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21
2 4 7 3 7 1 4 5
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7 2 6 4 5 3 1
4 7 2 5 2 6 7 1 3 1 5 7 2 4 5 6 3 4 www. hojemacau. 3 6 1 com.mo
5 3 2 6 1 7 4
1 6 3 7 2 4 5
2 4 1 3 6 5 7
MY HERO ACADEMIA: HEROES RISING [B]
FALADO EM JAPONESE LEGENDADA EM CHINÊS E INGLÊS Um filme de: Kenji Nagasaki 19.00 SALA 3
6 5 7 2 4 1 3
UM LIVRO HOJE
UNDERGROUND FRONT | CHRISTINE LOH | 2019
AT THE END OF THE MATINEE [C] FALADO EM JAPONÊS LEGENDADA EM CHINÊS E INGLÊS Um filme de: Hiroshi Nishitani Com: Masaharu Fukuyama, Yuriko Ishida 14.30, 17.00, 19.15
MARY [C]
Um filme de: Michel Goi Com: Gary Oldman, Emily Mortimer, 14.30, 21.15
Sem membros declarados nas instituições, o livro Underground Front: the Chinese Communist Party in Hong Kong explica como é que o partido se movimenta na RAEHK e como influencia a governação, mesmo que não precise de assumi-lo publicamente. Este é um livro que se foca principalmente nas instituições depois da transição de soberania de 1997 e que também ajuda a perceber muitas das actuais preocupações. João Santos Filipe
6 5 1 3 7 4 3 1 THE END OF 4 AT 6 5THE MATINEE 2 3 2 4 6 Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores João Luz; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; João Santos Filipe; Pedro Arede; Salomé Fernandes 1 3 6 7 Colaboradores Anabela Canas; António Cabrita; António de Castro Caeiro; António Falcão; Ana Jacinto Nunes; Amélia Vieira; Duarte Drumond Braga; Emanuel Cameira; Gisela Casimiro; Gonçalo Lobo Pinheiro; Gonçalo M.Tavares; João Paulo Cotrim; José Drummond; José Navarro de Andrade; José Simões Morais; Luis Carmelo; Michel Reis; Nuno Miguel Guedes; Paulo José 2 Paulo 1Maia7e Carmo;5Rita Taborda Duarte; Rosa Coutinho Cabral; Rui Cascais; Rui Filipe Torres; Sérgio Fonseca; Valério Romão Colunistas António Conceição Júnior; David Chan; Miranda; João Romão; Jorge Rodrigues Simão; Olavo Rasquinho; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Tânia dos Santos Grafismo Paulo Borges, Rómulo Santos Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; 5 Lusa;7GCS;Xinhua 2 Secretária 4 deredacçãoePublicidadeMadalenadaSilva(publicidade@hojemacau.com.mo)AssistentedemarketingVincentVongImpressãoTipografiaWelfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo
opinião 19
terça-feira 23.6.2020
macau visto de hong kong
N
Competitividade Global
O passado dia 18, a comunicação social divulgou o relatório do Swiss Lausanne International Management Development Institute (IMD) sobre Competitividade Global em 2020. Nos cinco primeiros lugares encontram-se Singapura, Dinamarca, Suíça, Holanda e Hong Kong. Taiwan surge em 11º lugar e a China em 20º. O IMD foi fundado em 1990. Não é uma Universidade, mas desenvolve cursos que conferem o grau MBA, muito bem cotados a nível internacional. Para elaborar este relatório, o IMD recolhe dados de duas formas diferentes. Primeiro, junto de instituições reconhecidas mundialmente, como o Banco Mundial, a Organização Mundial do Comércio, o Fundo Monetário Internacional, etc. Dois terços dos dados analisados no relatório são recolhidos através destas instituições. Em segundo lugar, as equipas de investigação do IMD enviam todos os anos questionários aos chefes executivos de instituições de renome internacional, e os resultados deste levantamento representam um terço dos dados do documento. O IMD avalia 63 países e regiões e é publicado anualmente no mês de Maio. Este documento é tido em consideração por Governos, empresas internacionais e instituições académicas. O relatório deste ano inclui dois pontos dignos da maior atenção: primeiro, a classificação não reflecte na totalidade o impacto da pandemia nos diferentes países e regiões, o que é compreensível visto a infecção ter surgido em Dezembro de 2019. Nessa altura, já o Relatório estava a ser preparado. O impacto da pandemia deve vir reflectido no Relatório de 2021. Em segundo lugar, os países e regiões que ocupam os cinco primeiros lugares, são pequenos. Devido a este factor, é-lhes mais fácil obter consenso social, o que resultou numa vantagem óbvia quando se tratou de lidar com a epidemia e de contabilizar os riscos globais. A situação de Hong Kong pode ser considerada mista. Hong Kong aparece em quinto lugar, mas é a primeira vez nos últimos cinco anos em que não está entre os três primeiros. O principal motivo prendeu-se com a queda do desempenho económico, que passou de ocupar o 10.º lugar a nível mundial em 2019, para se situar em 28.º em 2020. Os inquiridos também manifestaram alguma preocupação a propósito da revisão da Lei de Extradição. Mas, graças à legislação comercial e à eficácia do Governo, subiu de segundo lugar para primeiro na avaliaçao da moldura administrativa, e de 19.º para 1º, no que respeita à estabilidade cambial. Quanto à eficácia comercial permaneceu em
AUYEUNG NAI-CHIM, HOLLYWOOD ROAD, 1999
DAVID CHAN
segundo. Estes factores positivos estabilizaram a posição de Hong Kong. O relatório tem ainda outra imprecisão, ou seja, não toma em conta a proposta da “Lei de Segurança Nacional – na versão para Hong Kong” aprovada em Maio de 2020. Esta questão só vai ser analisada em detalhe no documento de 2021. A partir destes dados, podemos facilmente chegar à conclusão de que Hong Kong ocupa a quinta posição devido, principalmente, à legislação comercial, à moldura administrativa, à estabilidade cambial e à eficácia do Governo, entre outros factores. É óbvio, que estes factores estão relacionados com o sistema social enquanto um todo. Por outras palavras, o sucesso de Hong Kong depende de uma série de boas práticas que sempre existiram. Desde que estas boas práticas se mantenham
e se optimizem, Hong Kong continuará a subir de posição. A principal razão para a descida de Hong Kong foi o decréscimo económico, o que não é difícil de entender. Seria de estranhar se as manifestações violentas, que continuaram a ocorrer na segunda mentade de 2019, não tivessem um impacto socio-económico. Logo a seguir a todos estes distúrbios surgiu a pandemia, que também afectou grandemente a economia da cidade. Hong Kong foi ainda vítima da guerra comercial entre a China e os Estados Unidos, que apesar de tudo está actualmente amenizada devido ao sucesso das primeiras negociações. Em presença da simultaneidade destes três factores, como é que a economia de Hong Kong não poderia ter sido afectada? Não nos esqueçamos que o relatório não toma em linha de conta a “Lei de Segurança
O relatório dá um alerta à população de Hong Kong Hong, no sentido de reconquistar a estabilidade para que a economia volte a crescer. Hong Kong não pode perder o comboio. Só prosseguindo em frente com determinação, pode voltar a brilhar. E só quando voltar a brilhar, poderá Hong Kong afirmar com orgulho “Sou a Pérola do Oriente”
Nacional – na versão para Hong Kong”. O Congresso Nacional do Povo Chinês vai ajudar em breve Hong Kong a promulgar esta lei. Os conteúdos da lei vão influenciar, não apenas a China mas também Hong Kong. De momento, é difícil avaliar o impacto que vai ter na economia da região. A classificação do documento reflecte a opinião da maioria das pessoas sobre competitividade. Claro que uma boa posição resulta em confiança e a confiança é um indicador de competitividade. É inegável que actualmente Hong Kong atravessa momentos difíceis. A descida de posição é um sinal da queda de competitividade. Se a população não fizer um esforço conjunto para que as condições melhorem, esta posição continuará a cair, o que significa que a competitividade irá diminuindo gradualmente. O desenvolvimento económico requer um ambiente estável. O ambiente estável é criado por todos. O relatório dá um alerta à população de Hong Kong Hong, no sentido de reconquistar a estabilidade para que a economia volte a crescer. Hong Kong não pode perder o comboio. Só prosseguindo em frente com determinação, pode voltar a brilhar. E só quando voltar a brilhar, poderá Hong Kong afirmar com orgulho “Sou a Pérola do Oriente”.
Professor Associado da Escola Superior de Ciências de Gestão/Instituto Politécnico de Macau • Consultor Jurídico da Associação para a Promoção do Jazz em Macau • legalpublicationsreaders@yahoo.com.hk • http://blog.xuite.net/legalpublications/hkblog
A vida seria trágica se não fosse engraçada. PALAVRA DO DIA
Stephen Hawking
terça-feira 23.6.2020
Renovação Urbana Inquérito domiciliário no bairo do Iao Hon
Guerra de propaganda Coreia do Norte pretende enviar milhões de panfletos para a vizinha Coreia do Sul
A
Coreia do Norte planeia enviar para a Coreia do Sul cerca de 12 milhões de panfletos de propaganda, usando balões, em “retaliação” por acções semelhantes realizadas por activistas sul-coreanos, informaram ontem os media oficiais norte-coreanos. O regime norte-coreano, liderado por Kim Jong-un, ameaçou com esta medida depois de anunciar na semana passada que estava a cortar o diálogo com o país vizinho e que iria militarizar novamente a fronteira entre as duas Coreias. Tudo isto devido à distribuição de propaganda do sul para o norte que, segundo Pyongyang, viola o pacto bilateral de 2018. “Os preparativos para a distribuição mais ampla de folhetos estão quase completos”, informou ontem a agência estatal da Coreia
do Norte KCNA numa nota, acrescentando que a iniciativa é uma «retaliação contra aqueles que lançaram um insulto intolerável» contra a Coreia Norte e para «fazê-los pagar pelo crime». Especificamente, o regime de Pyongyang imprimiu cerca de 12 milhões de panfletos que expressam “a raiva e o ódio” do povo norte-coreano e também preparou “vários tipos de equipamentos” que espalharão essa propaganda no território sul-coreano, incluindo cerca de 3.000 balões, de acordo com a KCNA. A agência de notícias oficial norte-coreana não especificou para quando a distribuição dos panfletos está agendada. Esta é a mais recente medida anunciada pela Coreia do Norte contra os sul-coreanos depois que Pyongyang ter destruído o escritório de ligação entre os dois países em 15 de Junho e ter anunciado
o envio de tropas para a fronteira com a Coreia do Sul. O regime liderado por Kim Jong-un também se recusou a manter conversações com a Coreia do Sul e levantou o tom contra o país vizinho.
VOZ GROSSA
A Coreia do Sul respondeu a esta atitude norte-coreana de forma mais severa do que o habitual e com preocupação. Fontes militares sul-coreanas também informaram ontem que o regime norte-coreano está a instalar novamente os altifalantes de propaganda na fronteira, que foram retirados após o acordo alcançado na cimeira bilateral de 2018. Pyongyang desmontou dezenas de altifalantes em cerca de 40 áreas próximas à fronteira sul, mas o exército sul-coreano detectou movimentos neste sentido “em
Portugal Estado de calamidade mantém-se na Amadora e Odivelas
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O estado de calamidade vai manter-se em Odivelas e Amadora, assim como em algumas freguesias dos municípios de Lisboa, Loures e Sintra, independentemente da decisão a tomar para o território nacional, anunciou ontem o primeiro-ministro. Esta posição foi transmitida por António Costa após ter estado reunido com os presidentes dos cinco concelhos actualmente mais atingidos pela pandemia de covid-19: Lisboa, Loures, Odi-
velas, Sintra e Amadora. Perante os jornalistas, o primeiro-ministro referiu que, na quarta-feira, haverá uma nova reunião com epidemiologistas no Infarmed, em Lisboa, com a participação do Presidente da República e dos partidos com representação parlamentar, tendo em vista avaliar a evolução do país no combate à covid-19 e, em função dessa análise, adoptar a decisão relativamente ao conjunto do território nacional.
pelo menos 10 regiões, que foram realizadas simultaneamente” desde domingo, revelou uma autoridade do estado-maior conjunto sul-coreano à agência Yonhap. Em resposta, Seul está a considerar a opção de reinstalar os seus próprios altifalantes, acrescentou a fonte. Analistas acreditam que o regime norte-coreano encontrou no envio de balões de propaganda uma desculpa para endurecer a sua estratégia de pressão contra a Coreia do Sul, que é uma espécie de intermediário nas relações da Coreia do Norte com os Estados Unidos. Esta pressão tem aumentado após a cimeira de desnuclearização falhada que foi realizada entre a Coreia do Norte e os Estados Unidos, em Fevereiro de 2019 em Hanói, na qual Pyongyang aspirava conseguir uma flexibilização das sanções sobre o país.
Entre Junho e Agosto, a Macau Renovação Urbana vai fazer entrevistas cara a cara no Bairro do Iao Hon, para recolher opiniões e sugestões dos proprietários e moradores de sete prédios sobre a reconstrução de zonas antigas. Os dados vão servir de base ao lançamento da renovação urbana, indica a empresa na sua página electrónica. O inquérito domiciliário abrange cerca de 2500 fracções autónomas e lojas em sete prédios do Bairro do Iao Hon, nomeadamente Edifício Hong Tai, Edifício Kat Cheong, Edifício Son Lei, Edifício Heng Long, Edifício Mau Tan, Edifício Man Sau, Edifício Seng Yee. Os membros principais de equipa de estudo incluem o urbanista Lam Iek Chit, o arquitecto Lui Chak Keong, e o antigo docente da área do serviço social, Larry So. Os dados devem ser recolhidos e analisados num prazo de dez meses.
Sichuan Oito crianças morrem afogadas
Oito crianças morreram afogadas num rio, no sudoeste da China, depois de uma delas ter caído e as outras ido em seu socorro, informou ontem a imprensa estatal. As crianças estavam numa praia nas margens do rio Fu, na província de Sichuan, segundo a emissora estatal CCTV. Os corpos foram recuperados na segunda-feira de manhã. Os menores eram originários de Mixin, uma cidade situada nos arredores da metrópole de Chongqing.
Futebol Japão desiste de organizar Mundial feminino 2023
A Federação Japonesa de Futebol vai retirar a candidatura à organização do Campeonato do Mundo feminino de 2023, anunciou ontem o organismo federativo, abrindo caminho à vitória da proposta conjunta de Austrália e Nova Zelândia. “Decidimos retirar a nossa candidatura à organização do Mundial feminino de 2023. Não poderia estar mais desiludido por ter sido forçado a tomar esta difícil decisão”, revelou o presidente da federação nipónica, Kozo Tashima, através de videoconferência. A retirada dos japoneses da corrida deverá facilitar a atribuição da organização do torneio à candidatura conjunta de Austrália e Nova Zelândia. O organismo regulador do futebol mundial vai anunciar na quinta-feira o país organizador do Campeonato do Mundo feminino de 2023, numa altura em que as principais competições desportivas estão a ser fortemente afectadas pela pandemia de covid-19.