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TALENTOS
O muro das Voltar lamentações a casa
REUTERS
AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006
QUARTEL DOS MOUROS
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frases sobre a China 10 Na língua COMUNICAÇÃO
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JULIE O’YANG
PARTE 3
de Camões Afinar acasos h PÁGINA 9
Sala de pânico ATENTADO JUNTO AO MANCHESTER ARENA FEZ 22 MORTOS E 59 FERIDOS. ENTRE AS VÍTIMAS MORTAIS ESTÃO VÁRIAS CRIANÇAS.
GRANDE PLANO PUB
MOP$10
QUARTA-FEIRA 24 DE MAIO DE 2017 • ANO XVI • Nº 3818
DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ
JOÃO PAULO COTRIM
2 GRANDE PLANO
TERRORISMO ATENTADO EM INGLATERRA TIRA A VIDA A 22 PESSOAS. CAMPANHA ELEITOR
JOEL GOODMAN/ZUMA WIRE
Na noite de segunda-feira, um bombista suicida voltou a espalhar o terror numa cidade britânica, desta vez em Manchester, resultando em 22 mortos e 59 feridos. O atentado aconteceu perto da Manchester Arena onde Ariana Grande acabara de dar um concerto para um público maioritariamente juvenil. A campanha para as eleições antecipadas de 8 de Junho foi suspensa
“Quando me levantei vi o chão coberto com corpos e o meu primeiro pensamento foi correr para a Arena para tentar encontrar a minha família.” ANDY HOLEY À BBC voaram na sequência da explosão, assim como o pânico e a confusão que dominou quem saía do concerto de Ariana Grande. O impacto da detonação do engenho foi sentido por Andy Holey, que se tinha deslocado à Manchester Arena para ir buscar
a mulher e a filha. Em declarações à BBC, contou que a explosão o arremessou mais de nove metros. Quando se ergueu, viu um cenário de horror em seu redor. “Quando me levantei, vi o chão coberto com corpos e o meu primeiro pensamento foi correr para a Arena para tentar encontrar a minha família.”
MUNDO UNIDO
Há quase três anos que o nível de alerta dos serviços secretos britânicos se mantém muito elevado, o que significa que a ocorrência de um ataque é muito provável. Apesar dos momentos que Manchester vive actualmente, nos últimos meses as detenções por suspeitas de actividades terroristas têm sido um acontecimento diário. Aliás, os serviços de segurança alertaram a população de que futuros atentados seriam quase
JOEL GOODMAN/ZUMA WIRE
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RAM 22h33 de segunda-feira em Manchester, em Macau a terça-feira já contava com cinco horas e 33 minutos, quando um bombista se fez explodir nas imediações de um recinto de espectáculos. Na Manchester Arena, um concerto de Ariana Grande tinha chegado ao fim, levando uma legião de fãs, maioritariamente novos, para a saída do recinto. A explosão ceifou a vida a 22 pessoas, havendo crianças entre as vítimas mortais, e fez 59 feridos que estão repartidos por oito hospitais da cidade. Este ataque, reivindicado pelo Estado Islâmico, foi o maior em solo britânico desde os atentados de Londres em 2005. A polícia e as autoridades de segurança apuraram que o atentado foi levado a cabo por um homem, que já identificaram e que morreu no ataque. Até ao fecho da edição ainda não tinha sido revelado o nome do atacante. Para já, os serviços de segurança estão a investigar se o atentado foi executado por um “lobo solitário” ou se fazia parte de uma célula terrorista. Theresa May suspendeu as acções de campanha para as eleições que estão previstas para o dia 8 de Junho e viajou para Manchester, não sem antes reunir o Governo com o Comité Cobra, que trata das situações de crise relacionadas com ataques terroristas. Em declarações à comunicação social, Ian Hopkins, chefe da polícia da cidade, descreveu o atentado como “o mais horrível acontecimento que Manchester enfrentou até hoje”. Testemunhas que estavam no local viram pedaços de metal e parafusos entre os estilhaços que
PANIC ˆ
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AL SUSPENSA
O EM MANCHESTER
É necessário que a Europa esteja “unida no combate ao terrorismo e à defesa constante e permanente dos valores da democracia, da promoção da paz e do respeito pelos direitos humanos.” MARCELO REBELO DE SOUSA PRESIDENTE DA REPÚBLICA
iniciado o mecanismo de ligação urgente, ou seja, entrou em contacto com os pais de 14 alunos que estudam na cidade inglesa e confirmou que estão livres de perigo. Os serviços educativos lançaram um alerta aos estudantes para que evitem deslocar-se para locais com grande afluência de pessoas. Além disso, os serviços facultaram aos alunos os contactos de emergência do Consulado Geral da China em Manchester e do Gabinete de Gestão de Crises do Turismo de Macau.
SEQUELAS POLÍTICAS
Numa altura em que a Inglaterra se vê a braços com uma crise de segurança, a campanha eleitoral para as eleições do próximo dia 8 de Junho foi suspensa. O líder dos liberais democratas, Tim Farron, declarou que “o país está unido e devastado com o ataque terrorista, portanto, os políticos devem-se unir em solidariedade e respeito pelos inocentes vitimados por este ataque vil”. Muito ao seu estilo, Donald Trump condenou o ataque que abalou Manchester comentando que foi perpetrado por “otários malvados”. Em declarações feitas em Belém, o Presidente norte-americano comentou que por detrás do atentado está uma “ideologia diabólica”, indo além das informações prestadas pelas autoridades britânicas na atribuição de culpas pelo atentado. Com uma vantagem confortável nas sondagens, Theresa May
A Direcção dos Serviços de Educação e Juventude disse ter iniciado o mecanismo de ligação urgente, ou seja, entrou em contacto com os pais de 14 alunos que estudam na cidade inglesa e confirmou que estão livres de perigo JOEL GOODMAN/ZUMA WIRE
inevitáveis, após o ataque à faca de Khalid Masood em Março em Westminster, no centro de Londres. Porém, foi avançado que as probabilidades de o terror voltar às ruas britânicas seriam maiores para investidas com armas brancas ou veículos, como se verificou em França e na Alemanha. A detonação de um engenho explosivo é um motivo extra de preocupação para as forças de contraterrorismo britânicas. “Estamos a trabalhar para estabelecer todos os detalhes do que está a ser tratado pela polícia como um terrível atentado terrorista”, disse May logo após o atentado, manifestando o seu pesar às famílias das vítimas. Também o líder dos Trabalhistas enviou uma mensagem de solidariedade. “Terrível incidente em Manchester. Os meus pensa-
mentos estão com todos os afectados e com os nossos magníficos serviços de emergência”, afirmou Jeremy Corbyn. Em comunicado oficial, o Presidente da República portuguesa disse “estar a acompanhar com grande consternação o bárbaro atentado”. Marcelo Rebelo de Sousa sublinhou a importância de uma “Europa unida no combate ao terrorismo e à defesa constante e permanente dos valores da democracia, da promoção da paz e do respeito pelos direitos humanos”. Por cá, o Gabinete de Gestão de Crises do Turismo disse em comunicado que está a acompanhar a situação em Manchester, revelando que, até ao momento, “não há indicações de que grupos de excursão de Macau tenham sido afectados”. Os serviços adiantam que não receberam qualquer pedido de informação, ou assistência. Também através de comunicado, a Direcção dos Serviços de Educação e Juventude disse ter
ANDREW YATES/REUTERS
O Presidente norte-americano, Donald Trump, comentou que por detrás do atentado está uma “ideologia diabólica”
tem em perspectiva a renovação do seu mandato em Downing Street. Uma vez que o Estado Islâmico assumiu a autoria do atentando de Manchester, a mensagem política de forças mais conservadoras ganha força, criando oportunidade para relegar questões sociais para segundo plano, enquanto o foco se vira mais para a segurança. Aliás, o ataque na Arena de Manchester pode reerguer um UKIP que se tem desfeito progressivamente depois do Brexit. O partido agora liderado por Paul Nuttall, depois da debandada de Nigel Farage, pode retirar alguns votos aos conservadores moderados na sequência do atentado. É muito provável que a retórica de defesa da política de fronteiras fechadas volte à ordem do dia, assim como o controlo com punho de aço sobre bairros problemáticos de maioria muçulmana. O Reino Unido, que foi assolado por uma onda de terrorismo nos anos 70 e 80, vê-se a braços, como os seus congéneres europeus, com uma nova vaga de terror. Se anteriormente havia um comunicado carregado de chavões políticos, um alvo específico e um objectivo de ferir politicamente, hoje em dia o fanatismo religioso traz o caos da imprevisibilidade. Importa salientar que, na Europa, praticamente não havia terrorismo islâmico antes das invasões do Iraque e Afeganistão, com excepção para o atentado de Madrid de 1985, que fez 18 mortos. Entre as vítimas mortais contavam-se 11 militares norte-americanos. O facto é que a Europa se vê a braços com uma crise de segurança para a qual não encontra remédio, desunida politicamente, sem uma estratégia conjunta, vulnerável em todos os sentidos. O medo encontra eco quase somente nas mensagens perigosas da extrema-direita, na retaliação cega, na segregação e no isolacionismo. Pelo meio ficam as vítimas, muitas delas crianças, em Inglaterra, no Iémen, em França, na Síria, em todo o lado onde a razão dá lugar à barbárie. João Luz
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O presidente da 2.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa promete que as propostas de lei que tem em mãos vão regressar ao plenário ainda esta legislatura. Ultimam-se os derradeiros detalhes para dar andamento aos quatro diplomas
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O final da reunião de ontem da 2ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL) sobre o regime jurídico da administração de partes comuns dos condomínios, foi projectado um objectivo com um deadline que se aproxima. Chan Chak Mo, presidente da comissão, afirmou que quer que todas as propostas que tem em mãos regressem ao plenário para apreciação ainda esta legislatura. “Antes do fim desta sessão legislativa, a 15 de Agosto, queremos assinar as quatro propostas para voltarem ao plenário para aprovação”, revelou o deputado. Os quatro diplomas em questão são o regime do ensino superior, a alteração à lei de prevenção e controlo do tabagismo, a lei do enquadramento orçamental e o regime jurídico da administração das partes comuns dos condomínios. Este último encontra-se na fase final de apreciação da comissão permanente. Aliás, ontem realizou-se, provavelmente, “a última reunião para este assunto”, revelou Chan Chak Mo, antes de o Executivo voltar à AL para discutir os pontos que faltam acertar. A assinatura do parecer deve estar, no entanto, para breve.
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deputada Wong Kit Cheng defende que é necessário melhorar as condições de acesso ao emprego para portadores de deficiências. De acordo com Wong Kit Cheng, “muitos deficientes e as suas famílias deparam-se com diferentes dificuldades de vida”, nomeadamente, obstáculos diários no que respeita ao emprego. A razão, aponta a deputada, está ligada à escassez de oportunidades e de opções. De acordo com Wong Kit Cheng, “os deficientes com
AL DIPLOMAS DA 2ª COMISSÃO PARA SEREM VOTADOS NESTA LEGISLATURA
A caminho do sprint final Além da alteração de títulos de artigos, a 2.ª Comissão Permanente trabalhou nalguns detalhes que faltam apurar na lei que rege a administração de condomínios.
COMPRADOR PREVENIDO
Uma das questões discutidas foi a situação que se vive quando um edifício é construído. Quando as
fracções ainda não estão vendidas, normalmente o empreiteiro contrata uma empresa que gere o edifício. A questão é como se faz a transferência desta prestação de serviços de administração para uma entidade escolhida pelos condóminos. Assim sendo, a nova proposta do Governo prevê a passagem
para a nova gestora dos condomínios. À luz da nova versão, os membros da administração eleitos pela assembleia geral de condóminos, ou nomeados pelo tribunal, bem como a sociedade comercial, ou empresário individual contratado pela Assembleia para prestar serviços de administração substituem a entidade que
GONÇALO LOBO PINHEIRO
POLÍTICA
o promotor do empreendimento tenha escolhido para administrar inicialmente. A partir do momento em que a assembleia de condóminos escolhe novo administrador ou empresa para o efeito, o contrato celebrado pelo empreiteiro deixa de ter validade. Caso resulte prejuízo para a empresa que abandona a administração do prédio em resultado da cessação do contrato, apenas o promotor do empreendimento é responsável por este encargo. Em caso de fim de contrato com a empresa de administração, a assembleia geral tem de comunicar a cessação com três meses de antecedência. Já se for a empresa a querer terminar o fim do contrato, terá de avisar os condóminos com seis meses de antecedência. Estes prazos foram escolhidos de forma a serem coordenados com a proposta de lei da actividade comercial. Outra questão foi que regra a seguir quando há uma transferência de propriedade com o vendedor com dívidas ao condomínio. A nova versão da lei prevê uma responsabilidade solidária até um máximo de dois anos de encargos. Porém, o comprador pode recorrer à justiça e interpor uma acção judicial contra o vendedor. Na opinião de Chan Chak Mo, o comprador tem a responsabilidade, o ónus, de se dirigir à empresa que administra o condomínio a fim de se inteirar se a fracção que pretende comprar tem dívidas, ou não. Apesar de ainda levantar algumas dúvidas, de acordo com Chan Chak Mo, “agora as regras estão mais claras, o que tem de fazer o comprador e o vendedor.
• Chan Chak Mo presidente da 2.ª Comissão Permanente da AL “Antes do fim desta sessão legislativa, a 15 de Agosto, queremos assinar as quatro propostas para voltarem ao plenário para aprovação.”
Uma experiência não basta Wong Kit Cheng pede mais condições para portadores de deficiências
mais capacidades querem trabalhar para assegurar o reconhecimento pessoal e contribuir para a sociedade, bem como para aumentar os rendimentos familiares”. No entanto, o subsídio que recebem durante o período de formação não basta, diz, sendo necessário manter um apoio até que exista auto-suficiência.
Por outro lado, os apoios dados às associações que prestam formação profissional a portadores de deficiência não são suficientes. Ao problema acresce a falta de profissionais. “É grave a perda de terapeutas ocupacionais responsáveis pela formação técnica das pessoas com deficiência, são insuficientes os locais para formação, os instrumentos
de apoio, etc.”, lê-se na interpelação escrita dirigida ao Executivo.
INICIATIVAS GORADAS
Wong Kit Cheng recorda ainda a iniciativa do Governo com o Plano Financeiro para a Promoção do Emprego das Pessoas com Deficiência, que visava a sua integração no mercado
de trabalho. Considera que, devido à falta de medidas complementares, apenas duas associações solicitaram a ajuda do Governo. O objectivo era dar apoio a cinco associações de serviço social sem fins lucrativos para a criação de empresas sociais. Wong Kit Cheng pede assim ao Executivo que tome medidas concretas e sugere que comece por mais uma alteração legislativa. Para a deputada, é necessário que, além de alargar o âmbito da pensão de invalidez, para
João Luz
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abranger os portadores de deficiência congénita, permita que o subsídio continue a ser distribuído até uma plena integração profissional. A razão, aponta, é “no sentido de lhes conceder tempo para se adaptarem às mudanças da vida e conseguirem, por fim, viver à custa do seu trabalho”. Por outro lado, a deputada apela a um maior apoio às associações que trabalham com a população portadora de deficiência. Sofia Margarida Mota
sofiamota.hojemacau@gmail.com
5 POLÍTICA
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TIAGO ALCÂNTARA
Casas sociais podem esperar Instituto de Habitação só abre concursos depois de alterar a lei
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Código Penal COMISSÃO PEDE REFORÇO DA EDUCAÇÃO SEXUAL
De olhos bem abertos Está concluída a análise à proposta de lei que altera o Código Penal e inclui a introdução de três novos crimes de natureza sexual. A comissão da Assembleia Legislativa entende que o Governo deve reforçar a educação sexual como disciplina
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STÁ pronta para votação na especialidade a proposta de lei que vem agravar as penas para o crime de violação e alargar a sua abrangência, bem como estabelecer três novos crimes de natureza sexual: pornografia infantil, importunação sexual e recurso à prostituição de menores. No parecer da 3.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL), ontem assinado, é feita uma sugestão ao Governo quanto à necessidade de melhorar a educação sexual que é dada aos menores. “A comissão apela a um aprofundamento da educação sexual, desejando que ela seja capaz de promover o respeito pela liberdade, autodeterminação, diversidade e igualdade de género”, pode ler-se. Os deputados alertam ainda para o facto de que a “exposição sexual deve ser gradual e acompanhada, sendo de extrema importância o papel
a desempenhar pelos educadores, tanto no seio familiar, como escolar”. De acordo com Cheang Chi Keong, presidente da comissão, as alterações que constam da proposta actual “são de extrema importância”. O deputado salientou os avanços que foram
“A comissão apela a um aprofundamento da educação sexual, desejando que ela seja capaz de promover o respeito pela liberdade, autodeterminação, diversidade e igualdade de género.” PARECER DA 2.A COMISSÃO PERMANENTE DA AL
feitos durante a apreciação na especialidade na revisão do crime de violação. Este “foi o crime que sofreu mais alterações nomeadamente ao nível das condutas típicas e dos sujeitos activos e passivos”, disse Cheang Chi Keong. Se até agora a violação era apenas considerada prática em casais heterossexuais, a nova proposta de lei abrange também os casais do mesmo sexo. Está prevista a prática de sexo anal, a inclusão dos homens como vítimas e das mulheres como violadoras. É ainda proposto que o coito oral seja considerado violação. A comissão apoiou esta decisão. “A liberdade sexual da vítima pode ser afectada com um grau de danosidade equiparável aos demais actos sexuais previstos no respectivo tipo penal”, lê-se no documento. O mesmo se aplica à penetração com recurso a objectos. “O crime de violação passa assim a ter como critério delimitador o facto de
existir uma qualquer forma de penetração.”
TODOS IGUAIS
Ainda no que respeita à violação, a liberdade de género passa a ser tida em consideração. Pretendeu-se acabar com uma solução penal “restritiva quanto ao objecto do crime de violação, ignorando a protecção dos indivíduos do sexo masculino, nomeadamente em relação à sua liberdade e auto determinação sexuais, e quanto ao sujeito do crime, negligenciando a punição respectiva quando este é do sexo feminino”. A revisão do Código Penal prevê assim que ambos os sexos possam ser considerados, “isto porque a liberdade sexual assume-se como um direito fundamental humano, pelo facto de cada pessoa, homem ou mulher, ter o direito e a liberdade de aceitar ou rejeitar a prática de actos sexuais com outrem”, refere o parecer. Sofia Margarida Mota (com A.S.S.) Info@hojemacau.com.mo
LLA Lei está descontente com a resposta do Instituto de Habitação (IH) ao pedido de abertura de mais concursos para a atribuição de casas sociais. O IH promete mudar o sistema, mas só depois de estar aprovada a nova versão da lei de habitação económica, actualmente em processo de revisão. Numa resposta à interpelação escrita de Ella Lei, Arnaldo Santos, presidente do IH, admite que a intenção do instituto é introduzir um modelo permanente de concursos para a atribuição de fracções. Com a alteração à proposta de lei sobre o regime jurídico da habitação social, o Executivo “pretende introduzir o concurso permanente” para este tipo de fracções, lê-se na resposta do IH. A medida passa pela criação de “uma nova forma de candidatura” à habitação social. No entanto, sublinha o IH, “é necessário esperar pela conclusão do trabalho legislativo para que haja condições para a abertura de novo concurso”. O Governo não deixa de referir que, em casos de urgência, já dispõe de um mecanismo de apoio. “Os indivíduos ou agregados familiares que se encontrem em situação de perigo social, físico ou moral, ou quando se mostre urgente o realojamento, em casos de calamidade, podem candidatar-se, nestes casos excepcionais, à habitação social”, lê-se.
PRETEXTOS INFUNDADOS
Ella Lei considera que, de acordo com a actual lei da habitação social, o Governo tem o direito de decidir quando se organiza um novo pedido abertura de candidaturas. Ella Lei recorda que o mais recente concurso para a atribuição de casas sociais data de 2013. A deputada apresentou, no mês passado, um pedido de discussão na Assembleia Legislativa para a criação de um mecanismo regular de candidatura à habitação social. Recordando que, neste âmbito, “as solicitações da sociedade são muitas”, defendeu que o Governo deve fazer tudo o que for possível para disponibilizar fracções públicas em número suficiente. Para evitar demoras na avaliação das candidaturas – que são muitas e causam problemas ao IH –, Ella Lei propôs a criação de um mecanismo regular que evite congestionamentos na apreciação dos pedidos submetidos. A deputada considera ainda que o Governo deve proceder a uma estimativa concreta das necessidades e dos recursos existentes em termos de habitação pública. Sofia Margarida Mota com Victor Ng info@hojemacau.com.mo
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7 SAÚDE ALEXIS TAM PEDE COOPERAÇÃO
POLÍTICA
XINHUA NEWS AGENCY
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secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, considera que Macau pode ser parte integrante dos trabalhos da política “Uma Faixa, Uma Rota” na área da saúde. A ideia consta de um comunicado oficial ontem divulgado sobre a participação de uma delegação de Macau na 70.ª Assembleia Mundial de Saúde que arrancou esta segunda-feira em Genebra, na Suíça, e que vai servir, entre outros assuntos, para eleger o novo director da Organização Mundial de Saúde (OMS). Segundo o comunicado, a ideia de cooperação de Macau na política “Uma Faixa, Uma Rota” no âmbito da saúde surgiu depois de um encontro entre Alexis Tam e o director de Segurança e Inovação da OMS, Edward Kelley. Segundo Kelley, a iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota” traz “novas e mais oportunidades para o programa da OMS”. Foi sugerida a ligação “dos hospitais de Macau com os dos países que integram esta iniciativa, de modo a aumentar o nível dos serviços de saúde prestados nas partes envolvidas”. O governante da RAEM referiu que o território “reúne as condições necessárias para aprofundar a cooperação na área de saúde com os países de língua portuguesa, para aumentar a qualidade dos serviços de saúde prestados naqueles países”. O secretário lembrou a recente acreditação do Centro Hospitalar Conde de São Januário obtida junto de uma entidade australiana, tendo adiantado que o hospital público “estabeleceu um mecanismo para o melhoramento contínuo da qualidade”. “Por conseguinte, as experiências de gestão do hospital de Macau podem ajudar as instituições hospitalares das outras regiões a aperfeiçoar a sua qualidade e sistema de cuidados de saúde”, refere o comunicado. A 70.ª Assembleia Mundial de Saúde decorre nos próximos dez dias.
O Governo quer, a curto prazo, fazer regressar os residentes de Macau que vivem no estrangeiro, para que possam ser um contributo para a política “Uma Faixa, Uma Rota”. Já há um diálogo para que a RAEM possa fazer parte de outros fundos de investimento neste âmbito
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MA semana depois da participação da RAEM na primeira edição do Fórum “Uma Faixa, Uma Rota”, que se realizou em Pequim, o Governo já tem algumas medidas de curto prazo para responder a esta política criada pelo Governo Central. Numa resposta enviada ao HM, o gabinete do Chefe do Executivo afirma que uma dessas medidas passa por fazer regressar todos os naturais de Macau que se encontrem a viver no estrangeiro. O Governo pretende “fazer bom uso das possibilidades oferecidas pela numerosa diáspora macaense do exterior e os seus
“Uma Faixa, Uma Rota” GOVERNO
QUER REGRESSO DOS LOCAIS
Lar doce lar
descendentes”. Para isso, “estimulará esse grupo de pessoas, particularmente os profissionais especializados, a exercerem um papel de destaque na iniciativa e, com isso, progredirem nas suas carreiras”. No âmbito da criação de bolsas de estudo financiadas pela Fundação Macau, que serão uma realidade ainda este ano, o Governo quer criar “um programa de parcerias com associações jovens, denominado ‘Construindo o futuro de mãos dadas’”. Há ainda a ideia de organizar o “Intercâmbio Uma Faixa, Uma Rota”, que será destinado aos alunos do ensino secundário. Pretende-se, com esta medida, “estimular a cooperação entre a juventude local e a dos países abrangidos pela iniciativa ‘Uma Faixa, Uma Rota’, especialmente no campo da cultura e formação de recursos humanos”, aponta o Executivo.
FUNDOS EM ESTUDO
O HM questionou o Governo sobre a possibilidade de criação de um fundo de investimento para o apoio de empresas neste âmbito, à semelhança do que foi feito em Hong Kong. Do gabinete do Chefe do Executivo chegou apenas a ga-
rantia de que já estão a ser feitos contactos nesse sentido. “A Comissão de Trabalho para a Construção de ‘Uma Faixa, Uma Rota’ está a mobilizar os departamentos envolvidos, mantendo contactos estreitos com o Banco Asiático de Infra-estruturas, o Fundo para ‘Uma Faixa, Uma Rota’ ou o Fundo de Desenvolvimento China-África, entre outros, com o fim de determinar qual o tipo de participação adequado para Macau. Novas informações serão divulgadas logo que estejam disponíveis”, aponta a resposta enviada ao HM. Referindo-se à aposta nas áreas da cultura e do turismo, entre outras, o Chefe do Executivo lembra a futura construção da sede do
Há ainda a ideia de organizar o “Intercâmbio Uma Faixa, Uma Rota”, que será destinado aos alunos do ensino secundário
Fórum Macau como um exemplo de promoção das trocas comerciais e económicas com países de língua portuguesa. A este nível, pretende-se “a incubação de um sector financeiro com características locais”, refere a mesma resposta. É objectivo que várias instituições possam prestar “serviços em áreas como a contabilidade, design, direito, consultoria, entre outros”. O sector de convenções e exposições também será tido em conta. “O Governo tenciona promover eventos temáticos sobre a iniciativa e convidará ainda mais representantes dos países ou regiões envolvidos para que se façam presentes. Confiando-se na força dos eventos MICE de Macau, tenciona-se oferecer oportunidades de negócios para o desenvolvimento das Pequenas e Médias Empresas locais.”
EXPOSIÇÃO A CAMINHO
O Governo vai também realizar uma exposição fotográfica itinerante sobre a política “Uma Faixa, Uma Rota”, com o objectivo de “consciencializar a população local acerca da importância de compreender e participar da iniciativa em questão.” “Pretende-se apoiar os actores económicos, associações civis e think-tanks de Macau, para que aproveitem os seus recursos e organizem workshops internacionais, fomentando a investigação académica a respeito desta política, criando-se, assim, novas oportunidades de cooperação”, remata o Executivo. Andreia Sofia Silva
andreia.silva@hojemacau.com.mo
8 hoje macau quarta-feira 24.5.2017
ECONOMIA INFLAÇÃO VAI EM 1,51 POR CENTO
A
taxa de inflação em Macau fixou-se em 1,51 por cento nos 12 meses terminados em Abril em relação aos 12 meses imediatamente anteriores, indicam dados oficiais ontem divulgados. De acordo com os Serviços de Estatística e Censos (DSEC), o Índice de Preços no Consumidor (IPC) subiu sobretudo por aumentos nas secções de bebidas alcoólicas e tabaco (mais 12,65 por cento), da educação (mais 7,87 por cento) e dos transportes (mais 6,58 por cento). Só em Abril, o IPC geral médio aumentou 0,8 por cento em termos anuais homólogos, devido principalmente ao aumento dos preços das refeições adquiridas fora de casa, das propinas escolares, da gasolina e das consultas externas, segundo a DSEC.
Em relação a Março, o IPC geral, que permite conhecer a influência da variação de preços na generalidade das famílias de Macau, cresceu 0,10 por cento. Em 2016, a taxa de inflação de Macau foi de 2,37% por cento, a mais baixa desde 2009, ano em que se fixou em 1,17 por cento. As projecções do Fundo Monetário Internacional (FMI), divulgadas no mês passado, apontam para uma taxa de inflação de Macau de dois por cento este ano, 2,2 por cento no próximo e de três por cento em 2022.
SEGURANÇA NUCLEAR AINDA NÃO HÁ ACORDO COM GUANGDONG
O secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, referiu ontem, citado por um comunicado oficial, “que os trabalhos relacionados com o acordo de cooperação no âmbito de segurança nuclear encontram-se a decorrer” com as autoridades da província de Guangdong. Ainda não há, portanto, um calendário para a assinatura do acordo. “Assim que a proposta for finalizada, bem como o processo de notificação ao Governo Central, ambos [os territórios] poderão determinar a data de assinatura do respectivo acordo”, é referido. O acordo visa a criação de um mecanismo de permuta de informações no âmbito da segurança nuclear. O acordo diz respeito à central nuclear de Taishan, na província de Guangdong, sendo que Wong Sio Chak acredita que a infra-estrutura “irá entrar em funcionamento com o melhor sistema de segurança”, estando a ser pensado “o devido plano de contingência para situações imprevistas”. O secretário falou à margem da cerimónia de inauguração do novo Centro de Operações de Protecção Civil.
Património DESTRUÍDA PARTE DO MURO JUNTO AO QUARTEL DOS MOUROS
Mudanças na calçada
Parte do muro junto ao Quartel dos Mouros foi destruída devido aos trabalhos de deslocação de árvores, uma intervenção que foi autorizada pelo Instituto Cultural. Alguns moradores e o deputado José Pereira Coutinho questionam essa alteração
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O chão crava-se, há séculos, uma âncora que nos remete para as antigas rotas marítimas traçadas entre Portugal e Macau, incluindo Goa. Ao lado, há um muro amarelo e branco. Estes elementos pertencem ao Quartel dos Mouros, imóvel classificado como património pelo Instituto Cultural (IC). O muro foi parcialmente destruído no âmbito dos trabalhos de deslocação de árvores na zona e, segundo o HM comprovou no local, não é claro se a âncora ficará protegida. O IC deu autorização para a realização dos trabalhos em causa, pelo facto de o local onde se localiza o muro não estar classificado. “O lote das obras respectivas não é bem imóvel classificado, mas integra-se no âmbito da zona de protecção”, começa por explicar o instituto. “O IC recebeu uma auscultação do parecer sobre o planeamento deste lote em 2015. Este planeamento tem o objectivo de satisfazer a necessidade da entrada e saída dos carros de bombeiros, sendo necessário modificar e ajustar uma parte da posição PUB
ANÚNCIO CONCURSO PÚBLICO N.o 17/P/17 Faz-se público que, por despacho do Ex.mo Senhor Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, de 5 de Maio de 2017, se encontra aberto o Concurso Público para «Fornecimento e Instalação de um Sistema de Endoscopia aos Serviços de Saúde», cujo Programa do Concurso e o Caderno de Encargos se encontram à disposição dos interessados desde o dia 24 de Maio de 2017, todos os dias úteis, das 9,00 às 13,00 horas e das 14,30 às 17,30 horas, na Divisão de Aprovisionamento e Economato destes Serviços, sita no 1. º andar, da Estrada de S. Francisco, n.º 5, Macau, onde serão prestados esclarecimentos relativos ao concurso, estando os interessados sujeitos ao pagamento de MOP43,00 (quarenta e três patacas), a título de custo das respectivas fotocópias (local de pagamento: Secção de Tesouraria dos Serviços de Saúde) ou ainda mediante a transferência gratuita de ficheiros pela internet no website dos S.S. (www.ssm.gov.mo ). As propostas serão entregues na Secção de Expediente Geral destes Serviços, situada no r/c do Centro Hospitalar Conde de São Januário e o respectivo prazo de entrega termina às 17,30 horas do dia 23 de Junho de 2017. O acto público deste concurso terá lugar no dia 26 de Junho de 2017, pelas 10,00 horas, na “Sala Multifuncional”, sita no r/c da Estrada de S. Francisco, n.º 5, Macau. A admissão a concurso depende da prestação de uma caução provisória no valor de MOP52.000,00 (cinquenta e duas mil patacas) a favor dos Serviços de Saúde, mediante depósito, em numerário ou em cheque, na Secção de Tesouraria destes Serviços ou através da Garantia Bancária/SeguroCaução de valor equivalente. Serviços de Saúde, aos 18 de Maio de 2017 O Director dos Serviços Lei Chin Ion
HOJE MACAU
SOCIEDADE
das vedações e passeio”, afirma ainda. Considerou-se, assim, que não havia perigo de danificação do Quartel dos Mouros. “Após a análise, o IC considerou que este ajustamento tem efeitos positivos para a segurança contra incêndios do Quartel dos Mouros e não traz impacto a este bem imóvel, portanto, emitiu o parecer da aprovação sobre este planeamento das obras.” Já o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) apenas autorizou a deslocação das árvores. “Trata-se de trabalhos de optimização do espaço [desenvolvidos] pela Direcção dos Serviços para os Assuntos Marítimos e da Água”, explicou a porta-voz do IACM ao HM. “As árvores estão numa área de acesso reservado a bombeiros. A empresa que está a tratar das obras pediu autorização ao IACM para tirar dali as árvores e transferi-las para outra zona. Esse pedido foi autorizado e as árvores serão colocadas numa zona ali perto”, acrescentou. A situação não agradou a alguns moradores, sendo
que três deles fizeram queixa ao deputado José Pereira Coutinho, que promete agora enviar uma carta às entidades responsáveis.
MINHA QUERIDA ÂNCORA
Ao HM, o deputado mostra-se preocupado com a destruição parcial do muro e com a possibilidade de a âncora vir a ser arrancada do chão. Há também preocupações sobre a remoção das árvores. “As árvores foram plantadas há alguns anos e são tradicionais chinesas que exalam um cheiro característico. Sem qualquer aviso
O muro foi parcialmente destruído no âmbito dos trabalhos de deslocação de árvores e não é claro se a âncora ficará protegida
ou audição dos moradores, decidiram cortá-las. Não temos muitos espaços verdes em Macau, é uma pena.” No local, são poucos os moradores que se mostraram preocupados com a remoção das árvores. Só Wong Tak Seng, um dos residentes daquela zona, levantou a questão da âncora. “Não sei se a obra vai afectar aquela âncora. Mas se afectar tenho pena, porque tem muita história”, disse ao HM. “As obras em si não causam incómodo aos moradores porque servem para alargar os acessos”, acrescentou. Lei, que trabalha como porteiro de um prédio mesmo em frente ao Quartel dos Mouros, também garantiu que os trabalhos naquela rua não têm causado constrangimentos a quem lá vive. “Não tem importância”, apontou. “O Governo vai passar as árvores para outro local e os residentes compreendem a situação. Os serviços públicos têm uma boa relação com os residentes daqui”, rematou. Andreia Sofia Silva (com V.N)
andreia.silva@hojemacau.com.mo
9 hoje macau quarta-feira 24.5.2017
É
OLHAR LOCAL
Da recta final antes da transferência – período que deverá ser hoje recordado numa palestra organizada pela Associação de Imprensa em Português e Inglês de Macau (AIPIM) –, Afonso Camões recorda o “muro” que tinha pela
Comunicação AFONSO CAMÕES, DIRECTOR DO JN, FALA HOJE NO CLUBE MILITAR
O que veio além do muro
Esteve em Macau nos anos da contagem decrescente para 1999. Afonso Camões foi director do Gabinete de Comunicação Social, regressou a Portugal com a transferência de administração e é hoje o director do Jornal de Notícias. Nunca deixou de vir a Macau. Hoje, ao final da tarde, fala do passado e do presente do jornalismo local DR
um nome incontornável da comunicação social dos tempos pré-RAEM. Entre 1991 e 1999, Afonso Camões esteve à frente do Gabinete de Comunicação Social (GCS) da então Administração portuguesa. Veio para Macau trabalhar para o gabinete do último Governador do território, Rocha Vieira. Pouco tempo depois, foi nomeado director do GCS e administrador da TDM. “A Administração portuguesa tinha a responsabilidade de fazer as três localizações – da língua, dos quadros e das leis – e isso aplicava-se a toda a Administração Pública”, contextualiza. “No meu caso, foi um período muito complicado, mas muito exaltante também. Na área da comunicação, tratava-se de deixar quadros, mas também um quadro legal.” Foi durante o período em que Afonso Camões liderou o GCS que se desenhou – e se fez aprovar – a Lei de Imprensa que ainda hoje está em vigor em Macau. “Deu-nos imenso trabalho. O quadro legal que hoje temos é do nosso tempo”, sublinha. “Nunca conseguimos fazer passar o Estatuto do Jornalista, nem o Conselho de Imprensa, porque tínhamos, por um lado, a resistência dos locais, e à nossa volta tínhamos a China e Hong Kong.” As práticas profissionais da vizinhança também não ajudaram à implementação da carteira de jornalista, título de credibilização profissional. “Os jornalistas em Hong Kong não tinham carteira profissional, não tinham Estatuto de Jornalista, não tinham Lei de Imprensa.” Apesar do que não conseguiu fazer, o enquadramento que ficou do trabalho desenvolvido até 1999 continua a ser significativo nos dias que correm. “Hoje, é uma felicidade, quando as pessoas perguntam se em Macau é tudo China, dizer que não, que há imprensa em língua portuguesa, há rádio e televisão em língua portuguesa”, destaca. “O quadro legal que aqui ficou permite-nos trabalhar com um grau de liberdade que não é possível encontrar muito à nossa volta”, acrescenta.
SOCIEDADE
frente: 19 de Dezembro de 1999. “Era impossível decidir o que quer que fosse sem pensar que ou fazíamos até 19 de Dezembro ou não faríamos mais.” Hoje, o facto de a comunicação social em português continuar viva em Macau dá-lhe uma especial satisfação. “Temos imprensa em língua portuguesa. Isso era essencial para nós”, conta. Quanto ao panorama que encontra neste regresso, realça desde logo o facto de ser “intemporal”. “Depois, sinto que a comunicação que temos cá hoje é mais localizada, no sentido em que a que tínhamos antes vivia muito em função dos impulsos e da influência política de Lisboa. Havia muito tráfico de informação e de
influências entre Macau e Lisboa”, explica. “O poder político em Lisboa influenciava muito Macau, havia um corrupio de informação que não era necessariamente bom para Macau – normalmente não era. Hoje a comunicação social está mais centrada na realidade local e regional, o que é bom.”
MAIS GEOGRAFIAS
O director do JN veio a Macau para se juntar ao terceiro aniversário do Plataforma Macau, semanário bilingue com o qual o Jornal de Notícias e o Diário de Notícias mantêm uma parceria. Para Afonso Camões, a existência de um projecto em português e chinês é importante para o território, mas ultrapassa a dimensão da região.
“Hoje, é uma felicidade, quando as pessoas perguntam se em Macau é tudo China, dizer que não, que há imprensa em língua portuguesa.”
“Em toda a história da imprensa em Macau houve tentativas de projectos bilingues”, recorda, dando destaque a um deles, que “teve uma influência histórica muito importante”. “No início do século XX, houve um projecto em que o director era o Francisco Hermenegildo Fernandes – era obrigatório que o director fosse português e licenciado – e o responsável pela edição chinesa era Sun Yat-sen, que estava exilado em Macau e era médico.” Em 2014, surgiu o Plataforma que, analisa Afonso Camões, “encarna bem a visão estratégica do final da Administração portuguesa e o entendimento que a China tem da função de Macau na articulação com a geografia da língua portuguesa”. “No final dos anos 90, dizíamos que Macau só sobreviveria com autonomia no longo futuro se se afirmasse cada vez mais como placa giratória – era essa a expressão que se usava na altura – na relação da China com o mundo lusófono.” A
“plataforma” veio depois, desígnio de Pequim para o território, com o estabelecimento do Fórum Macau. Afonso Camões subscreve a opinião daqueles que entendem que Portugal passou vários anos “sem dar grande importância ao Fórum Macau”, mas acredita que “finalmente há uma visão sobre a importância que pode ter na ligação da China com o mundo de língua portuguesa”. O projecto dirigido pelo jornalista Paulo Rego enquadra-se neste contexto, porque “entende esta função”. “É um projecto que nós, em Portugal, vemos com bons olhos, é uma experiência muito interessante. Estamos a aprender com esta parceria”, afirma, acreditando que será possível replicá-la noutras geografias. Neste momento, o JN e o DN publicam uma vez por mês o Plataforma Macau, em suplemento bilingue, com conteúdos exclusivamente sobre Macau e China. “São conteúdos que nos interessam. Acrescentam-nos geografia, dão-nos escala e permitem-nos um contacto mais interessante com as comunidades de língua chinesa em Portugal.” Afonso Camões é o moderador do debate que assinala o aniversário do semanário. “Plataforma, Criação de Redes”, conta com a participação do advogado Pedro Cortés, o responsável pelo BNU em Macau, Pedro Cardoso, e Ding Tiang, secretário-geral adjunto do secretariado permanente do Fórum Macau. Tem início agendado para as 18h, na Galeria da Fundação Rui Cunha. Já hoje, pelas 18h30, o director do JN fala no Clube Militar, quando forem 18h30, uma iniciativa da AIPIM que conta com o apoio do Clube Militar de Macau e do semanário Plataforma.
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hoje macau quarta-feira 24.5.2017
RELATÓRIO DOS AUDITORES EXTERNOS SOBRE AS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS RESUMIDAS BANK OF COMMUNICATIONS CO., LTD. – SUCURSAL DE MACAU As demonstrações financeiras resumidas anexas do Bank of Communications Co., Ltd. - Sucursal de Macau (a Sucursal) referentes ao exercício findo em 31 de Dezembro de 2016 resultam das demonstrações financeiras auditadas e dos registos contabilísticos da Sucursal referentes ao exercício findo naquela data. Estas demonstrações financeiras resumidas, as quais compreendem o balanço em 31 de Dezembro de 2016 e a demonstração dos resultados do exercício findo naquela data, são da responsabilidade da Gerência da Sucursal. A nossa responsabilidade consiste em expressar uma opinião, unicamente dirigida a V. Exas. enquanto Gerência, sobre se as demonstrações financeiras resumidas são consistentes, em todos os aspectos materiais, com as demonstrações financeiras auditadas e com os registos contabilísticos da Sucursal, e sem qualquer outra finalidade. Não assumimos responsabilidade nem aceitamos obrigações perante terceiros pelo conteúdo deste relatório. Auditámos as demonstrações financeiras da Sucursal referentes ao exercício findo em 31 de Dezembro de 2016 de acordo com as Normas de Auditoria e Normas Técnicas de Auditoria emitidas pelo Governo da Região Administrativa Especial de Macau, e expressámos a nossa opinião sem reservas sobre estas demonstrações financeiras, no relatório de 24 de Março de 2017. As demonstrações financeiras auditadas compreendem o balanço em 31 de Dezembro de 2016, a demonstração dos resultados, a demonstração de alterações nas reservas e a demonstração dos fluxos de caixa do exercício findo naquela data, e um resumo das principais políticas contabilísticas e outras notas explicativas. Em nossa opinião, as demonstrações financeiras resumidas são consistentes, em todos os aspectos materiais, com as demonstrações financeiras auditadas e com os registos contabilísticos da Sucursal. Para uma melhor compreensão da posição financeira da Sucursal, dos resultados das suas operações e do âmbito da nossa auditoria, as demonstrações financeiras resumidas em anexo devem ser lidas em conjunto com as demonstrações financeiras auditadas e com o respectivo relatório do auditor independente. Cheung Pui Peng Auditor de contas PricewaterhouseCoopers Macau, 11 de Abril de 2017 RESUMO DO RELATÓRIO DO EXERCÍCIO Em 2016, o Bank of Communications Co., Ltd, Macau Branch, tendo enfrentado o ataque bidirecional da constante desaceleração macroeconómica e a contracção da procura para negócios transfronteiriços insistiu na ideia de “prestar igual atenção ao desenvolvimento e à gestão, e manter equilíbrio entre desenvolvimento e riscos”. Reforçando o nível de controlo de risco, consolidando a sua carteira de clientes e promovendo a transformação do negócio, a sucursal alcançou máximos históricos em todas as áreas de negócio e logrou uma economia de escala mais eficiente, com esforço conjunto dos seus trabalhadores e o significativo apoio de vários sectores da RAEM. O total dos activos no final do ano foi de MOP58,793,000,000.00 e o lucro livre de impostos foi de MOP 232,350,000.00. A qualidade do património é excelente, mantendo-se em zero o património inadimplente. Com o objectivo de “se integrar em Macau e servir Macau”, a sucursal ajustou o desenvolvimento do seu negócio para “prestar um bom serviço a todos os Clientes do grupo do banco, fortalecer as transacções internas e externas, apoiar activamente as empresas de Macau e proporcionar uma excelente gestão de património”. Em relação à consolidação da carteira de clientes, a sucursal, manteve a sua estabilidade graças ao árduo trabalho desenvolvido junto do mercado local e aos negócios transfronteiriços, de modo a sobreviver perante o rápido crescimento económico que se faz sentir. Quanto às condições para um crescimento inovador a nível local, a sucursal respondeu activamente através da mudança e procurou aumentar a procura com base na mudança e na inovação, incrementando ou expandindo determinados negócios e produtos, designadamente, investimento em títulos, colocação de activos de clientes locais no estrangeiro, fundos, etc. e procurando melhorar os serviços de gestão do património. Numa adequada gestão do controle de risco, a sucursal reforçou a sua metodologia de gestão, adoptando a máxima “Gestão Adequada e Crescimento Saudável”, tendo cumprido escrupulosamente os requisitos legais e gerindo meticulosamente os seus activos. Paralelamente ao negócio bancário, a sucursal de Macau tem procurado reforçar os seus vínculos com a comunidade local, participando activamente em eventos de caridade e comprometendo-se com as suas responsabilidades sociais. Em 2017, o Bank of Communications Co., Ltd., Macau Branch vai continuar a expandir o seu negócio de forma estável e a aumentar a qualidade dos serviços bancários que presta, em agradecimento ao apoio da comunidade local e em cumprimento com as políticas do Governo da Região Administrativa Especial de Macau para promover negócios financeiros específicos e implementar projectos relacionados a Macau, de modo a contribuir para o desenvolvimento, a diversificação e a prosperidade económicas de Macau. O Gerente-Geral, Wu Ye 11 de Abril de 2017
11 hoje macau quarta-feira 24.5.2017
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12 EVENTOS
Fotografia TANG KUOK HOU E AS PAISAGENS ARTIFICIAIS
A SOCIOLOGIA DA
A obra de Tang Kuok Hou não é novidade nos meandros artísticos de Macau, onde já participou em diversas exposições. O fotógrafo trabalha essencialmente com paisagens artificiais, que visam revelar um significado que a realidade não mostra. Em Setembro, vai expor no café do Instituto de Formação Turística, junto ao lago Nam Van
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A
RTIFICIALISMO, imaginação, sentimentos. Todas estas palavras cabem nas fotografias de Tang Kuok Hou. O fotógrafo tem neste momento algumas imagens expostas no café Terra, mas já está a preparar uma nova exposição para Setembro, que estará patente no café do Instituto de Formação Turística, localizado junto ao lago Nam Van. Ao HM, o fotógrafo levanta a ponta do véu daquilo que o público poderá ver. “Será uma exposição que varia entre a arquitectura e a fotografia a preto e branco”, apontou. Não sendo um fotógrafo que retrata a crueza do dia-a-dia, o trabalho de Tang Kuok Hou não deixa de mostrar a realidade que nos rodeia, mas de uma outra forma. “O trabalho que faço em fotografia é difícil de descrever”, assume. “Sou licenciado em Sociologia e o meu trabalho tem em conta o que sinto em relação às circunstâncias sociais. O meu projecto principal é acerca das paisagens artificiais.” O artista entende que as suas fotografias capturam, essencialmente, “a relação entre objectos e a paisagem”, embora considere que o que realmente fazem é “a procura da relação entre a sociedade e o ser humano”. “Como é que as pessoas criam os edifícios, os espaços. Como é que isto é feito de forma artificial e não de uma forma natural. Ou seja, a conexão entre os humanos e a natureza”, acrescenta.
ARTIFICIALISMO LOCAL
Questionado sobre as paisagens artificiais que povoam territórios como Macau ou Hong Kong, Tang Kuok Hou fala da forma como esse artificialismo afecta as populações. “Os espaços artificiais são um dos principais indicadores de como vivemos na nossa sociedade e de como orientamos o desenvolvimento de uma geração futura. A questão dos espaços artificiais levanta também o problema de como preparamos as próximas gerações.”
Em Macau, o fotógrafo considera que “existe um padrão entre paisagens artificiais e naturais”. “Não podemos estabelecer estas duas áreas como se fossem a preto e branco ou estanques e separadas, nem podemos pensar nesta dicotomia como uma divisão entre o que é bom e o que não é. Num espaço natural, por exemplo,
não vamos encontrar forma desenvolver uma sociedade considerou. “No entanto, quando falam de espaços artificiais, podem ter mais elementos para dar sociedade e que alimentam seu desenvolvimento. Acaba por ser ligar à nossa vida. equilíbrio entre elementos na rais e artificiais tem sido o fo
13
IMAGEM
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Taiwan. Estou também interessado no Japão. Penso que neste país há cidades com formas interessantes de se protegerem. Conseguem o seu desenvolvimento de uma forma original. Macau é muito pequeno e por isso penso que devo ir para outros lados para desenvolver os meus projectos”, diz.
DE TAIWAN PARA MACAU
“Sou licenciado em Sociologia e o meu trabalho tem em conta o que sinto em relação às circunstâncias sociais.” TANG KUOK HOU FOTÓGRAFO
de muitos dos meus projectos”, referiu o artista. Se até agora Tang Kuok Hou tem focado o seu trabalho em Macau, o artista começa a sentir que está na hora de sair. “No passado estava mais concentrado na sociedade local, mas agora estou virado para um contexto mais asiático, especialmente para Hong Kong e
Tang Kuok Hou chegou a estudar Design de Arquitectura em Taiwan durante dois anos, mas não foi esse o caminho que seguiu. De regresso à sua terra natal, o fotógrafo optou por se licenciar em Sociologia. A escolha do curso acabou por influenciar a obra que tem hoje. “Consegui juntar diferentes pontos de vista e formular diferentes opiniões que aparecem agora no meu trabalho.” Apesar das várias exposições que já teve, Tang Kuok Hou fala das dificuldades de fazer fotografia a tempo inteiro. “Actualmente, o Governo não tem uma política de apoio aos jovens artistas para poderem desenvolver os seus projectos. Acabamos por ter de encontrar outros empregos e fontes de rendimento para podermos fazer os nossos projectos pessoais. Não acontece só na fotografia, mas sim um pouco em todas as áreas artísticas. Aqui é muito difícil tornarmo-nos artistas profissionais”, remata. Andreia Sofia Silva
andreia.silva@hojemacau.com.mo
hoje macau quarta-feira 24.5.2017 PUB
EVENTOS
14 CHINA
hoje macau quarta-feira 24.5.2017
POLÍCIA DE HONG KONG DETÉM 21 MOTORISTAS DA UBER
Rodas baixas
A
polícia de Hong Kong lançou ontem uma nova operação contra a Uber, que resultou na detenção de 21 motoristas suspeitos de trabalharem no transporte de passageiros em veículos descaracterizados naquela cidade asiática. Os motoristas foram detidos sob suspeita de fazerem negócio sem terem licença e seguro contra terceiros. O inspector chefe Edwin Lau, da unidade de trânsito de West Kowloon, disse que 20 homens e uma mulher com idades entre 21 e 59 anos foram detidos e os seus veículos apreendidos. “Quero sublinhar que a polícia continua em acção e que não posso excluir a possibilidade de mais condutores serem detidos”, disse aos jornalistas, sem referir o nome da Uber.
A polícia disse que os 21 detidos – que trabalhavam para a Uber há apenas dias ou há anos – cobravam entre 50 e 150 dólares de Hong Kong por trajecto. Lau disse que os suspeitos têm de fornecer documentos válidos à polícia no prazo de três dias para provar que são inocentes. Agentes agiram à paisana e depois de recolherem
provas revelaram a operação. Lau disse que as forças de segurança tinham provas suficientes para sustentar que os motoristas estavam a usar os veículos sem terem licença adequada.
COM HISTÓRIA
Em Março, um tribunal de West Kowloon multou cinco motoristas da Uber em 10.000 dólares de Hong PUB
Kong depois de terem sido considerados culpados por conduzirem veículos para alugar sem autorizações e seguro contra terceiros. Os cinco motoristas foram detidos numa série de operações da polícia em 2015. Dois outros motoristas da Uber, que se declararam culpados dos mesmos crimes, receberam uma multa de 7.000 dólares de Hong Kong cada. “Estamos extremamente decepcionados com a acção policial hoje (ontem), estamos [solidários] com os 21 parceiros condutores”, disse a Uber em comunicado, acrescentando que irá ajudá-los e dar apoio jurídico. A empresa, sediada em São Francisco, informou que tem uma apólice de seguro compartilhado, a qual está em conformidade com os requisitos legais de Hong Kong e cobre até 100 milhões de dólares de Hong Kong. “O transporte partilhado não devia ser crime. Hong Kong é uma cidade internacional conhecida pela sua aceitação das tendências económicas globais e novas tecnologias, mas os regulamentos de transporte actuais não conseguiram acompanhar a inovação”, disse a Uber. Em 2015, a polícia fez rusgas aos escritórios de Hong Kong da Uber e confiscou computadores e documentos.
REDE DE VENDA DE PLACENTAS HUMANAS INVESTIGADA
A
S autoridades chinesas lançaram uma investigação a vários serviços obstétricos e de maternidade de Pequim, acusados numa reportagem do jornal Beijing News de participar numa rede ilegal de venda de placentas humanas, informou a imprensa local. A Comissão de Saúde e Planeamento Familiar de Pequim pretende averiguar se a informação avançada este domingo pelo Beijing News está correcta. Segundo o jornal, os traficantes podem obter uma placenta por 400 yuan no Hospital Obstétrico e Ginecológico de Pequim e duplicar o seu valor ao processar o órgão. Uma vendedora, identificada como Li Ping, assegurou ao Beijing News que podia conseguir duas ou três placentas por dia - e a partir de cada uma fabricar 112 comprimidos
-, ganhando até 100.000 yuan por mês. Cada comprimido custa 10 yuan. A direcção do centro hospital desmentiu que haja envolvimento do seu pessoal na operação e disse estar a cooperar com a polícia para resolver a situação. A placenta humana só pode ser entregue à mulher que deu à luz e, caso esta prescinda da mesma, é da responsabilidade do hospital conservá-la e assegurar-se que não é vendida, segundo uma regulação aprovada pelas autoridades sanitárias, em 2005. Entre os problemas que podem derivar da ingestão de placenta de origem desconhecida está o risco de contaminação por hepatite B, sida ou sífilis. Comer a própria placenta após dar à luz é uma tradição com mais de 2.000 anos na China, onde se crê que esta contém propriedades curativas e previne o envelhecimento. A medicina tradicional chinesa excluiu-a, no entanto, em 2015, apesar de medicina feita com placenta continuar a ser vendida nas farmácias do país.
COMPUTADOR DERROTA CAMPEÃO CHINÊS DE GO
U
M computador derrotou ontem o campeão chinês de go, jogo de tabuleiro oriundo da China, num teste que visou apurar a capacidade da inteligência artificial em dominar um jogo baseado na intuição. A partida entre Ke Jie e o AlphaGo, sistema criado pela Google, é a primeira de uma série de três que decorre
em Wuzhen, costa leste da China, parte de um evento que coloca computadores a competir contra os melhores jogadores chineses. Desde há alguns anos que os computadores dominam o xadrez e outros jogos, nas devido à intuição necessária para jogar go, os jogadores esperavam que fosse preciso mais uma década até que os sistemas de inteligência artificial conseguissem disputá-lo. Em 2015, no entanto, o AlphaGo surpreendeu ao derrotar o campeão europeu. No ano passado, venceu um dos melhores jogadores sul-coreanos. O Alpha Go derrotou Ke por meio ponto, a “menor margem possível”, segundo Demis Hassabis, fundador da DeepMind, a subsidiária da Google que desenvolveu o computador.
O Go, designado na China por weiqi, é considerado mais difícil do que o xadrez, devido ao número quase infinito de possíveis posições que as pedras pretas e brancas vão alternadamente ocupando. O AlphaGo foi projetado para simular intuição na resolução de problemas complexos. Funcionários do Google dizem que querem aplicar aquela tecnologia em áreas como assistência para smartphones e na resolução de problemas do mundo-real. O go é muito popular na Ásia, com dezenas de milhões de jogadores na China, Japão e nas coreias. Os jogadores consideram que o AlphaGo tem algumas vantagens na disputa do jogo, visto que não fica cansado ou nervoso, dois aspectos cruciais para os jogadores.
15 hoje macau quarta-feira 24.5.2017
U
M líder chinês pediu ontem um “equilíbrio adequado” entre a protecção do ambiente e os interesses económicos na Antártida, numa altura de crescente preocupação quanto ao impacto das alterações climáticas na região polar. “É necessário um equilíbrio adequado entre a protecção e a utilização da Antártida, para conseguir um desenvolvimento sustentável e verde do continente e libertar o seu potencial e valor na promoção do progresso científico, crescimento económico e sustentabilidade cultural da humanidade”, afirmou durante o 40.º encontro do Tratado da Antártida. Pequim acolhe até 1 de Junho um encontro entre os países que supervisionam a Antártida, ilustrando a vontade da China em desempenhar um papel maior no futuro daquela zona do globo. Cerca de 400 representantes, oriundos de 42 países e dez organizações internacionais, participam no 40.º encontro do Tratado da Antártida. O vice-primeiro-ministro chinês, Zhang Gaoli, disse aos participantes que a sobrevivência humana dependerá do futuro do frágil ambiente antártico. “Na exploração e utilização da Antártida, devemos procurar me-
Harmonia sobre o gelo Pequim pede “equilíbrio adequado” entre ambiente e economia na Antártida
• Zhang Gaoli, vice-primeiro-ministro chinês “É necessário um equilíbrio adequado entre a protecção e a utilização da Antártida, para conseguir um desenvolvimento sustentável e verde do continente.”
didas apropriadas e coordenadas para gerir os problemas”, afirmou Zhang.
A DIVIDIR
Sete países reivindicam território na Antártida. Os Estados Unidos e a Rússia afirmaram que não reconhecem as reivindicações,
mas reservaram para si o direito de reclamarem partes do território. A pesquisa científica no continente, coberto de gelo, é feita de acordo com um tratado datado de 1959, que designa a Antártida como uma reserva natural, onde é proibida a extracção de recursos para fins comerciais.
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Anúncio Concurso Público para «Empreitada de Construção do Centro de Formação e Estágio de Atletas» 1. 2. 3. 4. 5.
Entidade que põe a obra a concurso: Gabinete para o Desenvolvimento de Infra-estruturas. Modalidade de concurso: concurso público. Local de execução da obra: parque de estacionamento da Nave Desportiva dos Jogos da Ásia Oriental de Macau junto à Rua de Ténis, Cotai. Objecto da empreitada: construção do centro de formação e estágio de atletas. Prazo máximo de execução: 5.1 O prazo máximo global de execução para pavilhão polidesportivo A é de 626 dias de trabalho: - Primeira (1.ª) meta obrigatória de execução: pavilhão polidesportivo A - o prazo máximo para a conclusão da laje de betão armado do R/C e dos trabalhos de instalação da laje de cobertura é de 300 dias de trabalho; 5.2 O prazo máximo global de execução para pavilhão polidesportivo B e o edifício de residências C é de 520 dias de trabalho: - Segunda (2.ª) meta obrigatória de execução: pavilhão polidesportivo B - o prazo máximo para a conclusão da laje de betão armado do R/C e dos trabalhos de instalação da laje de cobertura é de 200 dias de trabalho; - Terceira (3.ª) meta obrigatória de execução: edifício de residências C - o prazo máximo para a conclusão das lajes de betão armado do R/C até a laje de cobertura é de 200 dias de trabalho. (Indicado pelo concorrente; Deve consultar os pontos 7 e 8 do Preâmbulo do Programa de Concurso). 6. Prazo de validade das propostas: o prazo de validade das propostas é de noventa dias, a contar da data do encerramento do acto público do concurso, prorrogável, nos termos previstos no Programa de Concurso. 7. Tipo de empreitada: a empreitada é por série de preços. 8. Caução provisória: $24 000 000,00 (vinte e quatro milhões de patacas), a prestar mediante depósito em dinheiro, garantia bancária ou segurocaução aprovado nos termos legais. 9. Caução definitiva: 5% do preço total da adjudicação (das importâncias que o empreiteiro tiver a receber, em cada um dos pagamentos parciais são deduzidos 5% para garantia do contrato, para reforço da caução definitiva a prestar). 10. Preço base: não há. 11. Condições de admissão: serão admitidos como concorrentes as entidades inscritas na DSSOPT para execução de obras, bem como as que à data do concurso, tenham requerido ou renovado a sua inscrição, neste último caso a admissão é condicionada ao deferimento do pedido ou da renovação de inscrição. 12. Local, dia e hora limite para entrega das propostas: Local: sede do GDI, sita na Av. do Dr. Rodrigo Rodrigues, Edifício Nam Kwong, 10.º andar; Dia e hora limite: dia 14 de Junho de 2017 (quarta-feira), até às 17:00 horas. 13. Local, dia e hora do acto público do concurso: Local: sede do GDI, sita na Av. do Dr. Rodrigo Rodrigues, Edifício Nam Kwong, 10.º andar, sala de reunião; Dia e hora: dia 15 de Junho de 2017 (quinta-feira), pelas 9:30 horas. Os concorrentes ou seus representantes deverão estar presentes ao acto público do concurso para os efeitos previstos no artigo 80.º do DecretoLei n.º 74/99/M, e para esclarecer as eventuais dúvidas relativas aos documentos apresentados no concurso. 14. Local, hora e preço para obtenção da cópia e exame do processo: Local: sede do GDI, sita na Av. do Dr. Rodrigo Rodrigues, Edifício Nam Kwong, 10.º andar; Hora: horário de expediente; Preço: $20 000,00 (vinte mil patacas). 15. Critérios de apreciação de propostas e respectivos factores de ponderação: - Preço da obra 50%; - Prazo de execução: 10% - Plano de trabalhos: 18%; - Experiência e qualidade em obras: 22%; 16. Junção de esclarecimentos: Os concorrentes poderão comparecer na sede do GDI, sita na Av. do Dr. Rodrigo Rodrigues, Edifício Nam Kwong, 10.º andar, a partir de 7 de Junho de 2017, inclusive, e até à data limite para a entrega das propostas, para tomar conhecimento de eventuais esclarecimentos adicionais. Gabinete para o Desenvolvimento de Infra-estruturas, aos 18 de Maio de 2017. O Coordenador Chau Vai Man
A China assinou o tratado em 1983 e, desde então, já abriu quatro estações de pesquisa permanentes na Antártida. Pequim planeia iniciar a construção de uma pista de aterragem para aviões até ao fim deste ano e de uma quinta estação de pesquisa até 2018.
CHINA
EUA TERRY BRANSTAD CONFIRMADO NOVO EMBAIXADOR NA CHINA
O Senado dos Estados Unidos confirmou, na segunda-feira, Terry Branstad como o próximo embaixador norte-americano na China. A câmara alta confirmou a nomeação de Terry Branstad, com 82 votos a favor e 13 contra. A escolha de Terry Branstad, de 70 anos, para a embaixada dos Estados Unidos na China é tida como um bom sinal para as relações entre as duas potências mundiais, dado os laços de longa data do governador do estado norte-americano do Iowa com Pequim. Durante a audiência de confirmação no cargo, no início do mês, Branstad garantiu que não hesitará em confrontar a China com uma série de questões, incluindo direitos humanos e comércio. Terry Brandstad afirmou que pretende usar a relação de décadas com o Presidente chinês, Xi Jinping, para fazer avançar os interesses norte-americanos e internacionais. Os dois homens conheceram-se em 1985 quando Xi, então um responsável provincial, liderou uma delegação comercial agrícola numa visita ao Iowa.
h ARTES, LETRAS E IDEIAS
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A Poesia Completa de Li He
李憑箜篌引 吳絲蜀桐張高秋,空山凝雲頹不流。 江娥啼竹素女愁,李憑中國彈箜篌。 崑山玉碎鳳凰叫, 芙蓉泣露香蘭笑。 十二門前融冷光,二十三絲動紫皇。 女媧煉石補天處,石破天驚逗秋雨。 夢入神山教神嫗,老魚跳波瘦蛟舞。 吳質不眠倚桂樹,露腳斜飛濕寒兔。
Li Ping na Harpa Vertical Seda de Wu, madeira de Shu, Dedilhada no alto outono, No céu alvo as nuvens geladas Caindo, não flutuando. As Senhoras do Rio choram entre bambus, Está triste a Rapariga Branca Enquanto Li Ping toca sua harpa No centro do Reino. Jade do Monte Kun estilhaça-se, Fénixes guincham, Os lótus choram orvalho, As perfumadas orquídeas sorriem. Ante as doze portas da cidade Derrete a luz fria, As vinte e três cordas comovem O Imperador Púrpura. Aonde Nu Gua fundiu pedras Para soldar o céu, Racham rochedos, o céu se sobressalta, A chuva de outono jorra. Em sonhos vai ele à Montanha do Espírito A ensinar a Estranha Megera, Velhos peixes saltam sobre as ondas, Emaciados dragões dançam. Wu Zhi, sempre insone, Encosta-se à sua árvore de cássia Enquanto, de pés alados, um orvalho oblíquo Encharca a lebre trémula.
Tradução de Rui Cascais • Ilustração de Rui Rasquinho Li He (790 a 816) nasceu em Fu-chang durante a Dinastia Tang, pertencendo a um ramo menor da casa imperial. A sua morte prematura aos vinte e sete anos, a par da escassez de pormenores biográficos, deixam-nos apenas com uma espécie de fantasma literário. A Nova História dos Tang (Xin Tang shu) diz-nos que He “nunca escrevia poemas sobre um tópico específico, forçando os seus versos a conformarem-se ao tema, como era prática de outros poetas [...] Tudo quanto escrevia era inquietantemente extraordinário, quebrando com a tradição literária.” Segundo um crítico da Dinastia Song, o alucinátorio idioma poético de Li He é a “linguagem de um imortal demoníaco.” A versão inglesa de referência aqui usada é a tradução clássica da autoria de J.D. Frodsham, intitulada Goddesses, Ghosts, and Demons, publicada em São Francisco, em 1983, pela North Point Press.
17 hoje macau quarta-feira 24.5.2017
diário de um editor
HORTA SECA, 15 MAIO Há muito que deixei de ser dono da agenda. Fico quedo a mirar o animal indomável, a afastar-se da minha vontade, a rir dos meus desejos, a desprezar as minhas necessidades. Faz-se bruta de granito, mas esperneia como potro, rasga que nem tigre, apaga-se qual camaleão. Em resultado, levo ao limite a paciência de uns e outros, esbanjo oportunidades, falho com estrondo, descumpro, atiro guloseimas ao monstro da ansiedade dos autores e, pior, saboreio talvez menos o âmago do instante. Por acaso, a vida não quer ser arrumada. Por acaso, preciso arrumar a minha vida. HORTA SECA, 16 MAIO Reparem bem: no fundo negro, boiando por entre linhas brancas, estão quatro figuras reduzidas ao mínimo denominador comum de cabeça, par de mãos, dois pés. Por timidez, André [da Loba] não se incluiu na capa deste «No Precipício Era o Verbo», ideia da qual passou a fazer parte ao trazer a ilustração na vez de voz ou instrumento. (Nota a desenvolver no futuro: Da Loba vem compondo, até nos trabalhos que resultam de encomendas, uma gramática sensível de formas e cores, um corpus de formas que vai muito para além da prática sanguínea da ilustração). Acrescentou maravilhoso hibridismo ao projecto de poesia dita em palco, com coreografia de silêncios e afinamentos, sempre com o contrabaixo do Carlos [Barretto] a fazer de cenário, mas que intervém, que comentta, toma corpo de actor. Na preciosa companhia da Dulce [Cruz], André ouviu cada voz, perseguiu o contrabaixo, abriu as entranhas a cada verso, dos densos e dos soltos, navalha e nuvem: «há sangue arterial no abate diário do sol» (ilustração correspondente em grande). Aos momentos, um por um, aplicou cadências, desenvolveu imagens elegantes que prolongam o dito, o sussurrado, o cantado, o gritado. Interpretam e criam. Os quatro ventos confluem e empurram os bailarinos que percorrem as subtilezas da cor, omnipresente em contrabaixo contínuo. Esta sucessão delicada e enérgica de palavras e imagens, antes do cd que acrescenta o som e a voz, não reproduz nem comenta o espectáculo, até agora a forma cabal de sentir a experiência, antes o amplia e reflecte. Bailarinos que dizem e tocam ao espelho. Este livro fez-se tão mais que isso! CONVENTO DA TRINDADE, LISBOA, 17 MAIO Dou uma saltada ao Festival do Clube de Criativos, uma festa do engenho mais ou menos aplicado. Éramos recebidos pelo
João Paulo Cotrim
Afinar os acasos
jornal «Anúncios Classificados», afinal exposição portátil que recolhe «grande seleção de anúncios ilustrados pelos melhores artistas portugueses (1895-1960)», feita pelo Jorge [Silva] a partir da sua inesgotável colecção, e que continuará, em breve e de outros modos, a suscitar exclamações de surpresa ou raiva. Sendo o algoritmo, resulta refrescante este flic-flac à rectaguarda. Mas o assunto era deliciosamente apresentado, não sem nostalgia, na exposição comissariada pelo Ricardo [Henriques], «Os clientes que gostaram deste produto também gostaram de…». Se os «meandros algorítmicos da comunicação estão a transformar os computadores em pequenos ditadores que dizem às marcas como vender e às pessoas como comprar», porque não recuperar a «informatável natureza da criação». E vimos «menos html e mais pincel» no painel de azulejos da Susana [Carvalhinhos] e no jingle do Tiago [Albuquerque]. Até ao terraço dos encontros e das cervejas à borla (ai, Lisboa dos ais), ainda aconteceram experiências do ver com as fotos red&blue do Sal [Nunkachov] ou, na Ilustra33, toda dedicada a cartazes, o do João [Maio Pinto] para o Sabotage, cuja abstração me toca. Aliás, por acaso, o Carlos [Guerreiro] atirou-me aos olhos o mais recente caderninho do exuberante projecto «Chapéu» (www.chapeushamuitos. com), cuja capa luxuriante, orgânica, bar-
roca pertence ao João. It’s Alive. Por vezes, os jardins dão-se onde menos se espera. GUILHERME COSSOUL, LISBOA, 18 MAIO Hesito entre preocupar-me ou celebrar. Tem acontecido muito, por estes dias, o pensamento em voz alta atirar-me para o modo fascínio do espectáculo. Voltou a acontecer no tardio lançamento, acolhido pelo Reverso 3, da tradução do mano António [Castro Caeiro] das «Odes Olímpicas», de Píndaro, com a marcante apresentação de José Pedro Serra, pelo que disse e no como disse. O encontrão começou antes, logo ao jantar, e entrou noite dentro com conversa e poemas ditos, nem sei mesmo se, ali na circunstância, outros nados e logo regados. Riso e comoção dançaram por ali até altas horas. Defendamo-nos: talvez a ventania que perpassa tenha apenas a ver com a Grécia antiga, que o ofício seja de incorpóreas arqueologias, não se aplicando ao que queremos para os nossos dias, quotidiano triste do olhar para tudo sempre da mesma maneira. A ideia de destino, refrão de fado, sulco marcado no para além do tempo e do qual nenhum humano se poderia afastar sem atrair a fúria divina não passa, afinal, de confortável falsidade. Para o grego, uma afinação de acasos pode resultar num destino, naquele destino, um destino só nosso. Precisamos, para tanto, de extrema atenção ao que nos
surja. Ora, a poesia ajuda a ler cada momento, por banal que seja. O poeta tem a festa como dever ético, que a celebração define o perfil do herói, enquanto fornece acessos, vias, escapatórias. Se para tudo se pode encontrar sentido, não há absurdo na Grécia Antiga. Nas ilhas não havia becos sem saída. Se até o mar se faz horizonte... Depois, temos que amar o nosso próprio destino. Por um instante, achei que vivia. HORTA SECA, LISBOA, 19 MAIO Curiosa convenção, esta que manda apagar as editoras nas notas biográficas de um escritor. Não creio que o leitor médio, essa figura mítica, habitante dos lugares comuns e presa dos marqueteiros, mesmo em época de marcas, seja tocado com profundidade pelo nome das casas editoras. Mas não será informação de relevo incluir a singela coordenada? Qual será a razão: cá em casa não se fala dos outros? O leitor confunde-se se souber que há mais do que uma? Será demasiado intelectual? Tem pouca importância quem fez do texto um livro? Perde-se o recado simples ao futuro: este título nasceu ou recolheu-se, inventou-se ou recriou-se no lugar tal feito de papel e letras. Vem isto a propósito de ter tropeçado em outro praticante do apagamento, tão mais estranho por ser revista literária e pertencer a editora de referência: «Granta».
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na ordem do dia 热风
Julie O’yang
PARTE 3
Dez frases sobre a essência da China 随时翻翻《红楼梦》(第一部分)
S
ONHO da Câmara Vermelha foi ao longo de todas as épocas um dos livros que mais vendeu. Escrito no séc. XVIII, é considerado uma obra-prima e um dos pontos mais altos da ficção chinesa. A “Vermelhologia” é um campo de estudo dedicado exclusivamente a esta obra. Para dar um exemplo, o Presidente Mao tinha consigo um vermelhologista de renome. No entanto, eu não sou uma vermelhologista, vou apenas desfolhando este clássico só para preservar no meu ADN a marca da língua chinesa, eu que me tornei uma escritora de língua inglesa. Recentemente, coleccionei dez frases para partilhar com os meus leitores. Hoje só me interessa discutir o valor revolucionário da literatura clássica. Sou um homem, meu amor! 抱诚守真 Oh, meu deus! Durante este tempo todo, os especialistas estiveram a ten-
tar convencer-nos de que este clássico da literatura falava do amor platónico entre dois adolescentes, o jovem Baoyu e a sua apaixonada Daiyu. Outra teoria que circulava é que a obra abordava o karma. O karma é a experiência, a experiência cria memórias, as memórias criam imaginação e desejo, e o desejo volta a criar o karma. Digamos assim, se comprar um hamburger, isso é karma. O caro leitor passou a ter uma memória que pode dar-lhe o desejo potencial de comprar um Big Mac e entrar no McDonalds – e como os protagonistas são adolescentes, seria o cenário ideal – e lá vem o karma outra vez. O desejo é o ponto de partida de todas as boas histórias, não é uma virtude, não é um valor, apenas uma nítida pulsão que tudo transcende. E o facto de eu estar a pensar estas coisas é a prova provada de que Sonho da Câmara Vermelha é uma obra-prima totalmente inovadora, que continua a ser apreciada hoje em dia pelos leitores do mundo
inteiro: o autor assumiu que os chineses têm corpo. E como é que estes corpos se apresentam? Pergunta difícil, sem dúvida. Vim a descobrir que todas as personagens femininas têm o peito liso e, quando alguma não tem, o autor evita entrar em pormenores sobre a sua anatomia e prefere dissertar sobre outros atributos – o cabelo, as roupas de seda, o seu aroma ou o gosto refinado – ah, e sobre a sua força interior. É também um segredo de Polichinelo que algumas das partes
O desejo é o ponto de partida de todas as boas histórias, não é uma virtude, não é um valor, apenas uma nítida pulsão que tudo transcende
mais sumarentas foram censuradas da edição oficial. Por exemplo, o escaldante caso amoroso entre Keqin e o sogro foi retirado porque o autor o mostrou a um certo “ancião sábio”. Então, o autor passou a relatar com pormenores romanescos a história da censura da sua história, esperando que os leitores pudessem compreender o seu desgosto. Esta foi a parte que eu achei realmente divertida. A partir daqui o autor aprendeu a lição e nunca mais mostrou os seus escritos a ninguém. E desde então as suas heroínas tornaram-se seres sensuais e memoráveis. E isto porque se assemelhavam a mulheres verdadeiras, apesar da sua aparência permanecer um mistério. Apesar disto, toda a sua chama criativa foi dedicada ao protagonista masculino, Baoyu e à descrição do seu corpo e suas expressões. Acredito que, desta forma acidental, Sonho da Câmara Vermelha libertou as mulheres e os homens chineses.
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É
já no próximo fim-de-semana que o Circuito Internacional de Zhuhai recebe o primeiro dos dois Festivais de Corridas de Macau. O evento que começa sexta-feira com as verificações técnicas e documentais reunirá mais de 80 pilotos de carros de Turismo que tentarão obter um bom resultado que lhes permita sonhar com o apuramento para a Taça de Carros de Turismo de Macau do 64º Grande Prémio de Macau do mês de Novembro. O Campeonato de Carros de Turismo de Macau (MTCS, na sigla inglesa) mudou de moldes, sendo que este ano não só qualifica os pilotos do território para o grande evento de automobilismo da RAEM, mas também os pilotos de fora. A competição organizada pela Associação Geral de Automóvel de Macau-China (AAMC) será novamente dividida em duas classes: “AAMC Challenge 1.6 Turbo” e “AAMC Challenge 1950cc ou Acima” (anteriormente PUB
Festival de corridas Provas de apuramento para o GP arrancam este fim-de-semana
designada como Roadsport Challenge).
MATRIZ LUSA EM FORÇA
Apesar das alterações técnicas radicais introduzidas este ano na classe 1.6 Turbo, onde se destaca o fim do peso mínimo das viaturas, o número de inscritos vai manter-se estável. Ao todo, a classe “AAMC Challenge 1.6 Turbo” reuniu três dezenas de inscrições, sendo que vinte e três participantes
são de Macau, seis de Hong Kong e um de Singapura. O contingente de matriz portuguesa volta a ser numeroso e de grande valor: Rui Valente (MINI Cooper S), Célio Alves Dias (MINI Cooper S), Hélder Rosa (Peugeot RCZ), Jerónimo Badaraco (Chevrolet Cruze), Eurico de Jesus (Ford Fiesta) e o campeão em título Filipe Clemente de Souza (Chevrolet Cruze). As únicas ausências notadas
na lista de inscritos são de Álvaro Mourato, como noticiado no HM anteriormente, e de Patrick Chan, mas a contrapor, há três novos pilotos de Macau a iniciarem-se esta temporada. Apesar dos pilotos de Macau estarem em maior número, o favoritismo irá recair novamente na dupla de Hong Kong, Paul Poon e Samson Fung (Peugeot RCZ), que nos últimos anos têm dominado a “Taça
CTM” do Grande Prémio de Macau.
DIVISÃO NECESSÁRIA
A categoria “AAMC Challenge 1950cc ou Acima” juntará cinquenta e cinco participantes, sendo que vinte e dois são pilotos do território. Entre a “prata da casa” estão os macaenses Hélder Assunção (Mitsubishi EVO9), que regressa este ano ao MTCS, Luciano Castilho Lameiras (Mitsubishi EVO9), Jo Rosa Merszei (Mitsubishi EVO9) e o estreante Delfim Mendonça Choi (Mitsubishi EVO9). Este número elevado de inscritos obrigará à divisão dos concorrentes em dois grupos distintos de número igual. Serão disputadas duas diferentes sessões de qualificação, sendo que a primeira qualifica os vinte mais rápidos de cada grupo para a segunda qualificação e esta, por sua vez, determina a grelha de partida para a corrida. Ambas as categorias vão ter uma corrida de 12 voltas no sábado e outra com o mesmo número de voltas no domingo. Como tal, o procedimento da qualificação
DESPORTO
O Campeonato de Carros de Turismo de Macau (MTCS, na sigla inglesa) mudou de moldes, sendo que este ano não só qualifica os pilotos do território para o grande evento de automobilismo da RAEM, mas também os pilotos de fora para a corrida da categoria “AAMC Challenge 1950cc ou Acima” repete-se nos dois dias. Os vinte e cinco melhores de cada categoria, no somatório dos dois Festivais de Corridas de Macau, serão apurados para o Grande Prémio. Sérgio Fonseca
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FRANCISCO LOUÇÃ in Esquerda.net
ROBERT ZEMECKIS, THE WALK
O biombo moralista
O
que nos disseram é que se votaria em Macron por razões morais ou, para quem não tem o direito de voto em França, que teríamos de apoiar Macron por razões moralistas. Sugiro que paremos um momento para pensar sobre este argumento moral. É que ele é fácil demais. É preguiçoso e é, ao mesmo tempo, arrogante. De facto, o argumento começou mal, oscilou entre a desvalorização do candidato (um dos seus apoiantes veio lembrar a lógica anterior do “ou o fascista ou o escroque”, o que não é elogio que se preze) ao mesmo tempo que se exigia que ele fosse amado, e a lógica aterradora (o voto moral), que também o desvaloriza pintando-o como o mal menor. Talvez por isso, a exigência moralista radicalizou-se num apelo ao apoio a Macron salvador da Europa, ressurreição também ela moralizadora, e é essa factura que vamos pagar. Ora, moral e política são campos distintos da vida humana e é perigoso sobrepô-los na vida pública. De facto, proporem-nos uma posição política sob um argumento moral é uma forma de ditame que exclui a liberdade de decidir numa democracia, entre pessoas com ideias autónomas e diversas. O que esta chantagem oculta é que, sim, há razões morais que determinam as acções
de cada pessoa, mas isso não basta para uma decisão colectiva. Cada um e cada uma tem a sua moral, os seus valores e o seu modo de ver o comportamento desejável, até a forma de valorizar as expressões de sentimentos ou de apreciar a minha vida e a minha vida na comunidade em que vivo e, assim, os outros. Há portanto valores morais contra a injustiça, contra a mentira ou contra o fascismo, ou de defesa do direito dos refugiados, como há outros diversos. Mas a minha moral não é nem pode ser uma política, por que não pode ser imposta aos outros – os meus valores comprometem-me e justificam-me só a mim, não são mensuráveis numa escala em comparação com os dos outros. Não há uma moral pessoal superior a outra, o que podemos avaliar são as ações que se justificam por decisões e nada mais. A política, portanto, é de um domínio distinto do da moral e tem mesmo de se separar dela na sua justificação, não por não haver razões íntimas para cada pessoa esco-
Um dos curiosos e preocupantes argumentos dos que exigiram um voto incondicional em Macron e que nele anteciparam o sinal de uma Europa ressuscitada foi o apelo moralista
lher o seu caminho, mas porque o caminho de toda a gente tem de ser escolhido entre toda a gente. Assim, eu não posso impor a minha moral como fundamento para a acção colectiva; a democracia, pelo contrário, é a forma de escolha cujo único fundamento é a escolha comum. Se uma moral fosse a lei da decisão, então estaríamos num regime autoritário. Só houve democracia quando as repúblicas se emanciparam da moral teocrática e começaram por afirmar a liberdade de crença, é conveniente não esquecer. Sugiro portanto aos defensores moralistas de Macron que aliviem o seu diktat. Até porque este biombo só tem por função ocultar o rápido encarrilar do novo Presidente no hollandismo que seria de esperar e que nada tem de moralista: ele faz a sua viagem inaugural a Berlim, ele quer uma parceria com Merkel, ele sugere rever os tratados europeus, ele rejeita a mutualização das dívidas, tudo já visto. Mas ele quer também governar com a direita em sua casa e, na Europa, quer instalar um ministro das finanças (que manda nos orçamentos nacionais? dispensa os parlamentos?) como os alemães já sugeriram, e quer até “convenções” em todos os países europeus a partir do início de 2018. Razões morais? Tudo esquecido, claro está. Política pura e dura. Macron, ungido pela voz moralista de tantos apoiantes que adivinhavam nele o grande consenso e até mesmo a “esquerda” moderna, livra-se indiscretamente dessa aura de unanimismo e ei-lo a reconstituir a direita europeia para a política europeia que nos ameaça. Afinal, fez o que a sua natureza ditava – seguiu a sua moral.
OPINIÃO
22 (F)UTILIDADES TEMPO
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?
AGUACEIROS
O QUE FAZER ESTA SEMANA Hoje
PALESTRA COM AFONSO CAMÕES, DIRECTOR DO JORNAL DE NOTÍCIAS Clube Militar | 18h30
MIN
23
MAX
27
HUM
80-98%
•
EURO
9.00
BAHT
FAM | TEATRO “A MANO” Auditório do Conservatório | 20h00
Sábado
CONCERTO | O MANIPULADOR Live Music Association | 23h30 FAM | TEATRO “A GAIVOTA” Centro Cultural de Macau | 19h30
O CARTOON STEPH
SUDOKU
DE
FAM | DANÇA “DOUBLE BILL”, DE HIROAKI UMEDA Centro Cultural de Macau | 20h00 FAM | TEATRO “A MANO” Auditório do Conservatório | 11h00 e 17h00
Domingo
JAZZ SUNDAY SESSIONS Live Music Association | A partir das 20h00 FAM | TEATRO “A GAIVOTA” Centro Cultural de Macau | 19h30 FAM | TEATRO ITINERANTE “MACAU REMOTO” Vários locais | 11h30 e 16h30 SOLUÇÃO DO PROBLEMA 42
Diariamente
FAM – EXPOSIÇÃO “A ARTE DE ZHANG DAQIAN” Museu de Arte de Macau | Até 5/8 EXPOSIÇÃO DE DANIEL VICENTE FLORES Albergue SCM | Até 4/6 EXPOSIÇÃO | “TENTATIVE NOTEBOOK WORKS BY RUI RASQUINHO” Art for All Society, Jardim das Artes | Até 14/06 EXPOSIÇÃO DE AGUARELAS DE CHU JIAN & HERMAN PEKEL Fundação Rui Cunha | Até 25/5 EXPOSIÇÃO “AMOR POR MACAU” DE LEE KUNG KIM Museu de Arte de Macau | Até 9/7
Cineteatro SALA 1
ALIEN: COVENANT [C] Fime de: Ridley Scott Com: Michael Fassbender, Katherine Waterston 14.30, 16.45, 19.15, 21.30 SALA 2
KING ARTHUR: LEGEND OF THE SWORD [C] Fime de: Guy Ritchie Com: Charlie Hunnam, Jude Law, Berges-Frisbey, Eric Bana 14.30, 16.45, 21.30
GIFTED [B] Fime de: Marc Webb Com: Chris Evans,
1.16
SEMICÍRCULO MÁGICO
FAM | DANÇA “DOUBLE BILL”, DE HIROAKI UMEDA Centro Cultural de Macau | 20h00
FAM | TEATRO “A MANO” Auditório do Conservatório | 15h00
YUAN
AQUI HÁ GATO
Sexta-feira
FAM | TEATRO ITINERANTE “MACAU REMOTO” Vários locais | 11h30 e 16h30
0.23
PROBLEMA 43
UM DISCO HOJE
Sentados numa leia lua, como sacerdotes de Stonehenge, druidas legislativos trocam poções e feitiços de procedimentos, lançam-se barreiras mágicas de retórica mística, conjuram-se dragões de argumentos que cospem decretos em fogo e normas regulamentares de bruxarias. A palavra é dada à vez, cedido o tom da oratória pelo oráculo presidencial, como num jogo de Magic the Gathering. Mana é poder! De um lado o fogo, do outro o gelo que também queima, mostrando que aqui os elementos são os mesmos, independentemente da aparente barreira que os separa. Contam-se os segundos num quadro, tempo que se reveste de autoridade, firmam-se alianças num jogo onde ninguém perde a não ser quem está de fora dele. Aliás, as únicas baixas contadas acontecem por exposição letal a doses elevadas de tédio. A inércia é o elemento onde se movem os jogadores, armados com elaborações de estudos e consultas públicas que ninguém vê. É um espectáculo demasiado parado para um gato. Reitero e atiro a definitiva cartada da argumentação miada: a Assembleia Legislativa devia ser gerida por gatos! Somos os únicos animais a saber ler os mapas dos reinos da magia e da diplomacia, somos donos dos nossos próprios bigodes e sabemos como fomentar a concórdia com um bocejo. Pu Yi
“CIGARETTES AFTER SEX” | GREG GONZALEZ
“Cigarettes After Sex” é a composição do americano Greg Gonzalez que nos dá os temas certos para ouvir nos dias de chuva e com céus cinzentos. Uma voz grave, temas que andam devagar e letras que encaixam em qualquer estado de espírito mais de Outono. “I.” é o LP de estreia, é escuro e bonito. Para ter e usufruir. Sofia Margarida Mota
C I N E M A Octavia Spencer, Mckenna Grace 19.30 SALA 3
THE CIRCLE [B] Fime de: James Ponsoldt Com: Tom Hanks, Emma Watson, John Boyega 14.30, 16.30, 21.30
29+1[B] Fime de: Kearen Pang Com: Chrissie Chau, Joyce Cheng, Ben Yeung, Babyjohn 19.30
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ÓCIOSNEGÓCIOS
DAILY FIT PAVLO LYSENKO, PROPRIETÁRIO
Refeições saudáveis, com os nutrientes necessários e um sabor verdadeiro. É esta a proposta do Daily Fit. Um serviço de take away e entregas ao domicílio que garante um menu criado por um nutricionista, dedicado aos que não têm tempo para uma dieta equilibrada
Menu feito à medida
O
Daily Fit é o mais recente serviço local que se dedica à entrega de refeições saudáveis. Aberto desde 28 de Abril, a ideia de criar um “restaurante ao domicílio” de refeições equilibradas e cheias de sabor resultou de uma constatação básica do proprietário Pavlo Lysenko. “Chegámos à conclusão de que muitas vezes é difícil para as pessoas terem disponibilidade para preparar as suas refeições. As razões são várias, mas uma das mais relevantes é o facto de não terem conhecimentos reais acerca de nutrição e de programas alimentares que incluam uma dieta equilibrada”, conta ao HM. Por outro lado, na generalidade, as “pessoas não sabem como cozinhar refeições completas que as mantenham saudáveis e que preservem o sabor dos alimentos”, defende. O serviço fornecido pelo Daily Fit é também uma forma de dar tranquilidade aos clientes. “Aqui as pessoas não têm de se preocupar com nada e podem estar em qualquer lado, em casa ou a trabalhar, que têm a garantia de uma refeição completa”, diz Pavlo Lysenko. A maior parte das pessoas “não tem de ter tempo para cozinhar e, desta forma, não tem de ir às compras”. O serviço de entrega funciona tanto em Macau, como na Taipa. Para já, o Daily Fit ainda é só um serviço de entrega ao domicílio e take away mas, no futuro, Pavlo Lysenko pretende abrir um pequeno espaço ao público onde as pessoas se possam sentar e comer.
ALIMENTOS NA BALANÇA
A criação dos menus é feita com a supervisão de um nutricionista. É o profissional que prepara as refeições e que escolhe os seus ingredientes. “Cada refeição é
cuidadosamente preparada e são estabelecidas as quantidades mais correctas de ingredientes, de modo a garantir a devida nutrição. Temos o cuidado de estabelecer as quantidades certas de calorias e de proteínas que têm de estar numa refeição completa e saudável”, explica Pavlo Lysenko. Aqueles que pretendem resultados físicos concretos, como a perda de peso, podem contar com um serviço de refeição personalizado, de modo a que consigam o seu objectivo de forma mais eficaz. “Também temos refeições feitas à medida para aqueles que têm algum objectivo concreto e que, para isso, precisam de um menu específico”, diz. Neste sentido, o Daily Fit disponibiliza um menu de dieta que “pode ser de uma semana, duas ou mais”, dependendo do tempo que é pedido e em que ajustam, com o apoio do nutricionista, a quantidade de carboidratos e de gorduras. Actualmente, o menu diário para o público em geral é constituído por nove
refeições. São refeições gerais que podem constituir um almoço ou jantar. De momento, as opções de pequeno-almoço ou lanche ainda não estão disponíveis, mas a ideia é que, num futuro próximo, o serviço inclua todos os momentos diários dedicados à alimentação. Já está disponível uma opção vegetariana e em breve existirá também uma opção vegan. As refeições podem ainda
“Aqui as pessoas não têm de se preocupar com nada e podem estar em qualquer lado, em casa ou a trabalhar, que têm a garantia de uma refeição completa.”
Contacto : 6313 0080 • Facebook: https://www.facebook.com/DailyFitMacau/
ser acompanhadas com molhos que em nada prejudicam a linha, até porque “são feitos com ingredientes naturais e não processados, não é usado nenhum produto instantâneo”. As refeições andam entre as 60 e as 80 patacas e há descontos para quem fizer encomendas especiais. “As pessoas podem, por exemplo podem pedir um quilo de peitos de frango grelhado e armazenar em casa”, explica Pavlo Lysenko. No primeiro mês de trabalho, os clientes que têm recorrido ao Daily Fit são diversificados. “Temos clientes muito diferentes: desde aqueles que são frequentadores assíduos de ginásio e usam as nossas refeições para manter um estilo de vida mais saudável ao que usam os nossos menus como parte do seu plano de dieta. Depois, temos muitas pessoas que trabalham maioritariamente em escritórios do território e que querem apenas ter uma refeição saudável e saborosa, mas não têm tempo para a fazer”, refere. Sofia Margarida Mota
sofiamota.hojemacau@gmail.com
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quarta-feira 24.5.2017