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Director carlos morais josé • sexta-feira 25 de março de 2011 • ANO X • Nº 2337
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Polémica envolve São Januário
Nova acusação de negligência Uma britânica veio a Macau formalizar uma queixa de negligência médica contra o Centro Hospitalar Conde de São Januário, porque um médico supostamente disse que o seu tio era velho demais para ser tratado. O homem morreu e Chui Sai On recebeu ontem uma cartinha. > Página 6
agarrar os cérebros de fora • página 4
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Susana Chou
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Crise pode minar estabilidade financeira europeia
Um perigo para a Zona Euro A
crise política portuguesa pode minar a estabilidade financeira não só de Portugal mas de toda a Zona Euro, admitiu à Lusa em Bruxelas fonte da Comissão Europeia. Na cimeira europeia de dois dias que se iniciou ontem em Bruxelas, os 27 esperam que o primeiro-ministro, José Sócrates, “clarifique os próximos passos” que Portugal vai dar para sossegar os parceiros europeus e sobretudo os mercados financeiros, segundo a mesma fonte. O problema principal é que Sócrates apresentou um pacote de medidas adicionais que “hoje já
gonçalo lobo pinheiro
demissão
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não existe”, por ter sido recusado pelo Parlamento, na quarta-feira, levando o primeiro-ministro a pedir a demissão. Segundo esta fonte da Comissão Europeia, que preferiu não ser identificada, “há muitas incertezas” relativamente à forma como Portugal vai corrigir a situação. Fontes diplomáticas europeias manifestaram, na quintafeira, a “esperança” de que os principais partidos da oposição portuguesa, uma referência a pensar no PSD, confirmem a sua disposição em cumprir os objectivos orçamentais já assumidos pelo Governo até 2013.
Medidas para 2011 podem entrar em vigor
PEC alastra-se A
s medidas previstas no PEC para 2011 podem ser colocadas em vigor mesmo com um Governo de gestão, e tanto o orçamento como o Programa de Financiamento do Estado não são imediatamente afectados pelo pedido de demissão de José Sócrates. Apesar da demissão do primeiro-ministro, o Governo pode aplicar as medidas que estão previstas para este ano. Como explicou o ex-ministro das Finanças, Bagão Félix, à Agência Lusa, o Governo pode “gerir e administrar correntemente o aparelho do Estado”, sem qualquer limitação neste ponto, e “tomar as medidas que se revelem de imperiosa necessidade”, como por exemplo as relacionadas com as questões do financiamento para República. Prejudicadas ficam no entanto decisões que envolvam aumentos de impostos, cortes em determinados apoios sociais, que necessitam de apoio do Parlamento, ou decisões de investimento a mais longo prazo e concursos públicos, uma vez que o Governo já enfrenta outro tipo de restrições. O Orçamento do Estado para 2011 já aprovado e publicado, assim como as normas que regem a sua execução (a principal através
do decreto-lei de execução orçamental), não ficam assim postos em causa, sendo necessário uma maioria parlamentar para a sua alteração, sendo necessário um novo Governo para que possa ser proposto num novo orçamento. À semelhança do orçamento, o financiamento do Estado também poderá seguir como planeado, uma vez que o Instituto de Gestão da Tesouraria e do Crédito Público (IGCP) já viu a sua proposta de Programa de Financiamento da República Portuguesa aprovada pelo Governo e publicada em Diário da República. O IGCP pode assim continuar a fazer as operações de financiamento necessárias à actividade do Estado, maioritariamente através da emissão de Bilhetes do Tesouro (BT) e Obrigações de Tesouro (OT), incluindo a recompra das duas linhas de Obrigações do Tesouro que vencem em Abril e em Junho deste ano, com montantes a amortizar superiores a 4 mil milhões de euros, por cada linha. Um Governo de gestão pode ainda aplicar medidas de redução de despesa, como a contenção de gastos nos serviços integrados e nos serviços com autonomia financeira, como por exemplo os gastos com consumos intermédios.
Sócrates anuncia demissão, mas não larga o osso
Quer e vai a eleições “C O primeiro-ministro português, José Sócrates, apresentou na noite de quarta-feira (madrugada de quarta para quinta-feira em Macau) a demissão ao presidente da República, uns minutos depois do debate na Assembleia da República em que foi chumbado o programa de Estabilidade e Crescimento (PEC)
om a determinação de sempre irei submeter-me a essa decisão.” Na mesma declaração ao país em que anunciava a sua demissão, José Sócrates prometia não desistir da luta pelo poder. O primeiro-ministro foi peremptório ao afirmar que a crise política provocada pelo chumbo do PEC IV obrigaria à “decisão soberana” dos portugueses através de eleições antecipadas. Classificando a crise como “desnecessária, evitável e inoportuna”, no pior momento para o país, culpou
Essa “muralha da harmonia” existe por toda a função pública, pelos cantos mais esconsos da administração, no próprio seio do governo. Criada, talvez inconscientemente, foi cuidadosamente alimentada, nutrida, educada. É ela que, supostamente, protege o executivo dos “ataques” exteriores — pensamento paranóico e infantil —, é ela que protege cada um dos assentos conseguidos. É, portanto, nessa maravilhosa pasta que todo este inefável sistema se banha. Carlos Morais José, P.22
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Queda do Governo português abre caminho para o FMI
Resgate a um passo O
resgate de Portugal está mais próximo depois da demissão de José Sócrates do cargo de primeiro-ministro, segundo a imprensa internacional de referência, que deu ontem ampla cobertura à crise política em Portugal. O Financial Times (FT) volta a abrir a sua edição da Europa com a situação em Portugal, afirmando que “a crise política aumenta a possibilidade de um resgate” internacional, criando um potencial “vácuo político que complicaria as negociações sobre o pacote de apoio”. O jornal cita vários analistas que consideram inevitável o resgate que pode surgir já “nos próximos dias”. Independentemente da crise, escreve o FT, esperanças de uma solução abrangente para a crise da dívida na zona euro estava já “a desaparecer” antes da cimeira europeia de hoje, com falta de acordo na ampliação do fundo de resgate. O diário The Guardian remete o assunto para as páginas de economia, referindo que o resgate “está mais próximo depois de José Sócrates perder voto crucial” na Assembleia da República, com “o limbo político a pôr pressão sobre os títulos portugueses”.
Num artigo assinado pelo correspondente em Madrid, o jornal britânico recorda que a demissão de Sócrates coincidiu com as notícias de Bruxelas de que a ampliação do fundo de resgate europeu continua sem acordo. O jornal cita um analista do RBS que dá conta do eventual impacto de um período eleitoral na situação económica geral do país, incluindo a dívida soberana. “Parece cada vez mais provável que Portugal precisará de algum tipo de ajuda”, refere um analista do Lloyds Bank citado pelo jornal. A crise em Portugal tem chamada à primeira página no jornal The Times, como fazem outros periódicos do Reino Unido ou dos Estados Unidos, em muitos casos utilizando notícias das agências internacionais. Do outro lado do Atlântico, o Los Angeles Times considera que “Portugal pode precisar de um resgate”, por não conseguir aprovar o plano de austeridade, com a crise portuguesa a fazer sentir-se no euro, que “caiu depois de ter chegado ao nível mais elevado do ano na segunda-feira”. “A crise poderá elevar ainda mais o custo dos empréstimos do país,
já em níveis elevados. Isso poderá significar que Portugal não terá opção mas virar-se para o fundo de resgate da UE”, refere. A revista The Economist titula “A morte de Sócrates”, referindo que a crise política torna quase inevitável um resgate económico do país. “Na Irlanda, o resgate ajudou a forçar o Governo a convocar eleições antecipadas. Em Portugal, eleições antecipadas podem forçar o Governo a aceitar um resgate. A questão é, que Governo?”, escreve a revista na sua edição online. “Poucos duvidam que Portugal está próximo do momento em que não tem mais alternativa que solicitar assistência do fundo de resgate europeu”, sublinha. O assunto suscitou até a atenção no Canadá, com um articulista do Globe and Mail a referir que “a temperatura de crise também está a aumentar na Europa”, um tema que raramente encontra espaço “perante as crises na Líbia ou no Japão”. BBC, CNN, Forbes, Business Week, The Australian e The Sydney Morning Herald foram outros dos órgãos de informação de referência que deram destaque à crise em Portugal.
Pequim elogia empenho de Sócrates
Crise não atrapalha cooperação os cinco partidos da oposição que apelidou de “coligação negativa”. E lamentou que nenhuma força política tenha estado disponível para a negociação do PEC, acusando-as de nunca terem querido comprometerse com a governação. Sócrates, que revelou a sua decisão ao país depois dela já ser conhecida graças a uma nota do Presidente da República, visou ainda directamente o principal partido da oposição, o PSD, que foi declarado culpado de “sofreguidão e impaciência pelo poder”. “Hoje o país perdeu, não ganhou”, continuou, antes de concluir que “a situação da economia e das famílias ficou refém do calculismo político mais imediato”. O demissionário primeiroministro repetiu ainda várias vezes ao longo da intervenção de cerca oito minutos, que o seu principal combate estes meses foi sempre
A chanceler alemã, Angela Merkel, disse que está “grata” ao primeiro-ministro português pelo trabalho feito na consolidação das contas públicas e lamentou que as novas medidas de austeridade não tenham sido viabilizadas pelo Parlamento “pelo interesse nacional, protegendo o país de um programa de ajuda externa”. E acrescentou que o FMI “propõe medidas muito mais duras de austeridade” do que aquelas que o PEC IV previa para o país. Sócrates aproveitou para relembrar que contava com o apoio do BCE e da UE para o plano de austeridade que desejava ver aprovado.
A
China manifestou-se disposta a “continuar a aprofundar a parceria estratégica” com Portugal e elogiou o empenho do primeiro-ministro português demissionário na “melhoria das relações bilaterais” com o país. “O primeiroministro [José] Sócrates atribuiu grande importância às relações com a China e esforçou-se activamente para melhorar as relações. Congratulamo-nos com isso”, afirmou a porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Jiang Yu. Questionada pela agência Lusa sobre a crise política em Portugal, a porta-voz disse também que “ultimamente, China e Portugal têm mantido um boa cooperação” e que o governo chinês deseja “continuar
a aprofundar a parceria estratégica global entre os dois países e alargar a cooperação”. Nos últimos seis anos, José Sócrates encontrou-se várias vezes com líderes chineses, nomeadamente o primeiro-ministro, Wen Jiabao, com quem assinou um “Acordo de Parceria Estratégica Global”, em Dezembro de 2005. Em Novembro passado, em Macau, o primeiro-ministro português disse que a melhoria das relações políticas com Pequim “abre novas oportunidades às empresas portuguesas”, salientando que “nas economias desenvolvidas há um indicador importante, que é o número de empresas que exportam para a China e estão presentes na China”. Ontem, a agência noticiosa oficial chinesa Nova China (Xinhua)
considerou que “a crise política” em Portugal colocou o país “à beira” de recorrer ao fundo de resgate europeu. “O parlamento português votou contra as últimas medidas de austeridade do governo, o que levou o primeiro-ministro, José Sócrates, a demitir-se. A crise política colocou o país à beira de pedir um resgate”, diz a Nova China numa cronologia da crise da dívida soberana na zona euro desde a intervenção da União Europeia e do FMI na Grécia, há um ano.
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Susana Chou sugere oportunidade de trabalho a estudantes de fora
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usanaChou viu-se no meio do um dilema da escassez de recursos humanos em Macau depois de apresentar a proposta de permitir que estudantes de fora excepcionais permanecessem em Macau para trabalhar. Uma leitora do blog da antiga presidente da Assembleia Legislativa (AL) alertoua para o ricochete da proposta, lembrando que a mão-de-obra era essencial para o território alcançar uma economia diversificada com a Ilha da Montanha. A proposta foi feita por Susana Chou numa reunião de membros da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CCPPC) de Macau, a 6 de Março, quando defendeu que Macau segurasse os estudantes vindos fora que se destacassem, como uma das soluções para a falta de trabalhadores especializados no território, que ameaça o desenvolvimento a longo prazo. Uma vez publicada no jornal “Ou Mun”, o que teve lugar no dia a seguir à reunião, uma jovem leitora do blog da ex-parlamentar mandou-lhe um email a expressar preocupação com a ideia, uma vez que o recrutamento local era por vezes encarado como uma forma encapotada de conseguir trabalhadores migrantes a custos mais reduzidos. A juventude local pode sentir-se assim ressentida se estudantes da China Continental pudessem ficar de forma que baixasse a fasquia salarial dos empregos. Susana Chou depressa percebeu que a sua opinião podia causar controvérsia entre a juventude local. Mas respondeu reiterando que os estudantes de fora que sejam acima
Gonçalo Lobo Pinheiro glp@hojemacau.com.mo
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iferentes formas de consulta política e agregação de peritos e académicos para realizarem estudos. Ontem, a 7.ª Reunião do Conselho Consultivo para a Reforma da Administração Pública (CCRAP) discutiu que se tem de discutir mais. O Conselho Executivo está dividido em dois grupos especializados: políticas e avaliação e políticas e interacção. Nesse sentido, o dia de ontem foi reservado ao estudo do relatório dos trabalhos feitos no ano passado e à apresentação dos trabalhos para este ano. O
Segurem os estrangeiros da média deveriam ter a hipótese de permanecer e trabalhar em Macau, porque o território tem falta de pessoal especializado e sem eles era difícil manter um desenvolvimento sustentável. Só que acrescentou que as regras para prevenir os abusos eram uma premissa decisiva. Duas semanas depois, Chou recebeu um convite de um estudante chinês em Macau que lhe pedia para que fosse falar num seminário sobre o tema, explicando que os estudantes continentais em Macau tinham ficado entusiasmados quando leram a sua opinião. Uma nota, no entanto, deixou Susana Chou preocupada: os estudantes da China Continental agradeciam-lhe o apoio. Tendo sido estudante em França, Susana Chou mostrou-se compreensiva para com os estudantes que não podem permanecer num local ao qual acabam por ficar emocionalmente ligados, mas lembrou-se a si própria de que em nome da harmonia em Macau e das políticas governamentais, devia manter as suas emoções pessoais separadas do pensamento racional. A antiga presidente da AL recusou então o convite, esclarecendo que não estava na verdade a apoiar os estudantes do continente, sublinhando: “[Os meus princípios] não me podem permitir formar qualquer grupo de pressão para coagir o Governo com resultados desfavoráveis em termos de im-
pacte social”. Chou disse ainda aos estudantes que eles deveriam saber que as hipóteses de permanecerem empregados em Macau eram escassas desde o início. Mas, na verdade, Susana Chou não se sentiu descansada depois de recusar o convite. Na verdade, admitiu que mesmo não querendo ser vista como apoiante dos estudantes da China Continental perante forte oposição da comunidade local, não conseguia evitar o problema da falta de mão-de-obra especializada, que podia pôr em causa a oportunidade de Macau na Ilha da Montanha e do novo acordo de cooperação com Guangdong. “No passado, dizíamos que não tínhamos como crescer porque tínhamos falta de mão-deobra, terra ou dinheiro. Mas tendo a oportunidade, o dinheiro e também a terra abertas para Macau, como podemos crescer sem a mão-deobra?”, questionou. “Um amigo de Hong Kong disse-me recentemente que Macau não tinha nada a não ser dinheiro. Foi desconfortável e triste para mim ouvir aquilo, mas fiquei realmente sem palavras.” Susana Chou espera que os governantes adoptem políticas laborais tendo como referência as dos Estados Unidos ou de Singapura, de forma a reter trabalhadores especializados e qualificados, ou irão deixar passar a oportunidade oferecida pelo Governo Central e frustrar as expectativas do povo de Macau.
kahon chan
Kahon Chan
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política
Reforma da Administração Pública sem avanços
À sétima vez é para... estudar resultado foi uma reunião de balanços e de promessas de mais estudos e auscultações. “Fizemos o balanço dos trabalhos de 2010. Queremos conhecer as opiniões e sugestões e depois é que vamos aprofundar a matéria. Depois de dez anos do estabelecimento da RAEM, é necessário entender o que era antes e foi depois dessa data”, referiu Sio Chi Wai, coordenador do grupo de estudo de políticas e avaliação.
Este grupo procura agregar peritos e académicos de diferentes áreas e, atendendo às questões que preocupam a sociedade, proceder a estudos e análises, apresentando sugestões viáveis; em estreita colaboração com o grupo de consulta sobre as políticas e interacção, combinando a análise das teorias científicas e proceder à avaliação das políticas, com base nas opiniões e sugestões recolhidas junto da sociedade, de modo a estabelecer os alicerces
para melhorar as políticas governativas. “É muito importante avaliar as políticas públicas da RAEM e nesse sentido vamos convidar pessoas fora do território para fazer intercâmbio de ideias”, assegurou o também presidente do Conselho Executivo do Centro de Pesquisa Estratégica para o Desenvolvimento de Macau. Por outros lado, Leong Heng Kao, coordenador do grupo de consulta sobre as políticas e interacção,
indicou que já se iniciou “o estudo entre o relacionamento dos cidadãos e a polícia e que o grupo está a acompanhar a legislação do trânsito para verificar se é preciso efectuar alguma alteração de legislação”. O vice-presidente da União Geral das Associações dos Moradores de Macau acredita que tudo passa e passará sempre pelas opiniões e sugestões dos cidadãos do território. “O trabalho vai prosseguir e esperamos que se possa concluir logo depois
de 2011. É importante fazer o trabalho de forma faseada”, disse Leong. O grupo de consulta sobre as políticas e interacção procede à integração das diferentes formas de consulta de políticas, e cria mecanismos eficazes de consulta, tendo em conta as questões que actualmente mais preocupam a sociedade. Com isso incentiva a comunicação e a interacção entre o Governo, as associações e a população em geral e recolhe, sistematicamente, a opinião dos diversos sectores sociais, de modo a elevar a eficácia da consulta de políticas, que constituem as bases de referência das políticas governativas.
Semana de Macau em Nanjing com memorandos de entendimento
De 18 a 20 de Março realiza-se, em Nanjing, a “Semana de Macau em Jiangsu e a Exposição de Promoção Dinâmica de Macau”. As principais actividades abrangem a cerimónia de assinatura de um Memorando de Entendimento entre Jiangsu e Macau, no âmbito da cooperação turística, e o “Fórum de Cooperação no sector Turístico, Económico e Comercial entre Jiangsu e Macau”. Este é o primeiro evento promocional que pretende demonstrar as características de Macau como “centro global de turismo e lazer” e como plataforma de serviços para o intercâmbio de comércio e negócio. O evento é organizado pela Direcção dos Serviços de Turismo e pela Direcção dos Serviços de Economia e a Associação de Convenções e Exposições de Macau.
Kahon Chan
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a onda dos ataques a taxistas e a guias turísticos, o deputado Au Kam San quer que o Executivo faça uma revisão na legislação actual para poder punir os turistas estrangeiros que cometem crimes no território e partem sem deixar margem de manobra. O democrata considera que o sistema está a ser demasiado suave com os visitantes e demonstra que a Justiça não é para todos. O próprio fez uma interpretação dos diplomas em vigor e acredita que quando se tratam de crimes de agressão há espaço para agir. Ontem, Au Kam San escreveu à imprensa, para que se preste uma maior atenção aos casos de agressões – tanto verbais como físicas – a taxistas e guias turísticos por parte dos visitantes. O democrata frisa que os infractores são detidos e interrogados por algumas horas, mas são libertados sem nenhum tipo de punição. pub
Au Kam San pede punho firme contra turistas
Quem vai à guerra dá e leva Como turismo é a peça vital de Macau, o legislador acredita que é necessário encontrar uma maneira de se aplicar processos aos turistas criminosos. Para crimes como agressões, Au compreende que marcar um julgamento pode levar anos e não inibe o criminoso de deixar o território. Mas cá vir, fazer o que bem entender e deixar as vítimas desamparadas é também injusto, aponta o deputado. Quando se trata de um turista, o crime acaba por cair num saco sem fundo, sem nenhum tipo de compensação para a vítima. Essas evidências fazem o democrata pensar que a legislação está feita para proteger os estrangeiros, em vez de o fazer em relação aos residentes. Sem ameaça de punição, Au acredita que há ainda mais incentivo para pequenos crimes.
Numa revisão subjectiva, Au Kam San chegou à conclusão que um processo sumario pode ser aplicado em processos penais.
Segundo o artigo 362.º do Código de Processo Penal, “são julgados em processo sumário os detidos em flagrante delito por crime
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5 punível com pena de prisão de limite máximo não superior a três anos, ainda que com pena de multa, quando à detenção tiver procedido qualquer autoridade judiciária ou entidade policial e a audiência se iniciar no máximo de 48 horas.” Com base na sua descoberta, o deputado aponta que a Polícia Judiciária (PJ) deve enviar o suspeito a tribunal mesmo sem uma acusação formal e o crime pode ser determinado imediatamente, juntamente com a pena aplicada. Assim sendo, Au Kam San considera que o turista chinês que espancou um taxista no Venetian deveria ser qualificado para um processo, ainda mais tendo sido apanhado em flagrante por um agente da PSP. O deputado espera que tanto o Ministério Público como as forças de segurança adoptem o quanto antes as formalidades mais correctas e justa, para persuadir os turistas mal-intencionados de cometerem crimes já a saber à partida que não serão punidos.
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sociedade
São Januário acusado em mais um caso de negligência por morte de idoso
Vinte minutos velho demais para o médico atribuir responsabilidades porque precisamos primeiro investigar mais a fundo o caso”.
Virginia Leung
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virginia.leung@hojemacau.com.mo
uando Paul Shih foi enviado ao Centro Hospitalar Conde de São Januário por estar doente não pensou que aquela seria a decisão menos acertada (e também a última) da sua vida. A resposta tardia dos médicos no atendimento terá deixado o paciente demasiado fraco e debilitado, denunciou a sobrinha, que acusa o hospital público de negligência. Depois de levar 20 minutos para responder ao chamado e acudir ao doente, o médico alegou que Paul era demasiado velho para sobreviver. E deixou-o morrer. Paul Shih – ou Si Chi Chio, de seu nome chinês – era um reformado, depois de ter trabalhado 13 anos como funcionário da Direcção dos Serviços de Assuntos de Justiça (DSAJ), e o único parente vivo de Diana Cooke, cidadã britânica, que responsabiliza os médicos do Centro Hospitalar Conde de São Januário (CHCSJ) pela sua perda. Más condições de higiene e a tardia resposta dos profissionais chegam para considerar que o tio não teve um atendimento de urgência como era devido. Entretanto, Diana Cooke também sofreu a perda das cinzas e todos os pertences do tio, que terão sido levados pela sua empregada. Quando Diana Cooke chegou a Macau no dia 15 deste mês, o tio, que se tinha sentido doente, já se havia internado no CHCSJ. Ao visitá-lo, reparou que a comida fornecida no hospital a Paul Shih, que era alimentado através de sonda, estava em más condições de higiene: uma lata de leite havia sido deixada aberta durante pelo menos um dia, ficando exposta a bactérias. Na noite de 16 de Março, Diana Cooke foi informada de que o tio se encontrava em estado grave, e precipitou-se para o CHCSJ para descobrir que não havia médicos disponíveis. Uma enfermeira tratou de fazer uma chamada de urgência e um médico chegou finalmente, passados 20 minutos, tendo permanecido apenas outros cinco minutos, o suficiente para dizer a Diana Cooke que não podia fazer nada pelo tio por este ser “demasiado velho”. No dia seguinte, o estado do tio agravou-se e Diana
Mistério
Diana Cooke entregou ontem uma queixa no Palácio do Governo
voltou a pedir a vinda urgente de um médico. O mesmo médico apareceu. Aborrecida com a aparente falta de iniciativa do clínico, Diana sugeriu o uso do estimulador cardíaco. O médico não aceitou a sugestão e retirou-se. Desesperada, Diana viu-se obrigada a fazer ela própria uma massagem cardíaca no tio. Sem resultados. “Não há limite de idade para o uso do estimulador cardíaco”, admitiu Lei Man Sang, médico especialista do CHCSJ. “Uma vez recebida uma chamada de urgên-
cia, devemos acorrer ao paciente imediatamente”, acrescentou Lei On Teng, outro especialista do mesmo centro. “Imediatamente”, no caso de Paul Shih, foram 20 minutos.
Queixa a Chui
Diana Cooke, que nunca chegou a ser informada da identidade do médico que atendeu o tio, diz que acompanha à distância as notícias de Macau, através da Internet, e frequentemente vê o Governo dizer que devemos respeitar e
cuidar dos cidadãos idosos, o que não terá sido bem o que aconteceu ao tio, ao ser atendido pelos médicos do hospital público. A britânica apresentou queixa ao CHCSJ na segunda-feira mas não obteve ainda qualquer resposta. Ontem, dirigiu-se ao Gabinete do Chefe do Executivo e apresentou uma carta a Chui Sai On relatando o caso. “O incidente de Paul Shih está a ser investigado”, garantiu o porta-voz dos Serviços de Saúde (SS), Ieong Iat Fo. “Mas até ao momento não podemos ainda
Entretanto, as dores de cabeça de Diana Cooke continuam: desta vez foram as cinzas do tio que desapareceram. Impossibilitada de mudar a data da passagem para vir para Macau quando soube que o tio se encontrava doente, viu o familiar ter de recorrer aos serviços de uma empregada, que se terá apoderado de todos os bens de Paul Shih após a sua morte, não deixando para trás sequer as suas cinzas, recibos do funeral ou a caderneta bancária. Herdeira oficial de Paul Shih, Diana procurou ajuda junto do Instituto de Acção Social (IAS), que se mostrou disposto a ajudá-la a entrar em contacto com a empregada, mas aconselhou-a a pôr em acção os seus advogados. A luta de Diana Cooke – que se mostrou disposta a doar todas as roupas e mobílias do tio à Caritas – está longe de terminar. E tudo o que quer são as cinzas do tio de volta, juntamente com a certidão de óbito, o despedimento do médico que se recusou a salvar o tio e um pedido de desculpas por parte do CHCSJ.
Repetição
Há uma semana, o Hoje Macau avançou com um caso agora julgado e sentenciado de negligência médica também no hospital público. Uma médica ginecologista perfurou o útero e o intestino de uma paciente durante a retirada de um dispositivo intra-uterino (DIU). A mulher, de 49 anos, levou o caso, que remonta a 2006, ao tribunal e foi-lhe dada razão. Os Serviços de Saúde foram condenados a pagar uma indemnização de 200 mil patacas para cobrir os gastos do “conserto” no Kiang Wu. Tanto a defesa da vítima, como do hospital recorreram da decisão do Tribunal Administrativo. A mulher quer mais de 2 milhões de compensação e os Serviços de Saúde não se consideram culpados. Enquanto o processo não conhece o seu fim, a ginecologista do São Januário, a quem pesa outra acusação de negligência médica e mais umas quantas queixas, continua a trabalhar.
Macau promovido em Guangzhou
Arrancou ontem a Feira Internacional de Turismo de Guangzhou, um dos maiores certames internacionais do sector no Interior da China e da Ásia. Macau marca presença através da Direcção dos Serviços de Turismo (DST), com 30 representantes e um expositor à entrada do pavilhão da feira com o centro histórico da RAEM de fundo. O tema do stand é “Sentir Macau” e o objectivo é que sirva como plataforma de contactos entre operadores turísticos de Macau e potenciais parceiros, bem como promover o território como centro mundial de turismo e lazer. O certame decorre até amanhã. No ano passado, a feira atraiu mais de 500 expositores, oriundos de cerca de 40 países e territórios, e 60 mil participantes.
Filipa Queiroz
filipa.queiroz@hojemacau.com.mo
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epois de dois meses de disputa familiar sobre o controle da fortuna de Stanley Ho, e duas semanas depois de a família hastear publicamente a bandeira branca, o entendimento foi finalmente traduzido em números. Através de um comunicado divulgado ontem pela Bolsa de Valores de Hong Kong, a SJM Holding Limited anunciou que Angela Leong passa a deter 6% da Sociedade de Turismo e Diversões de Macau (STDM), ou seja, 11% da Sociedade de Jogos de Macau (SJM) Holdings. A quarta mulher do magnata do jogo detinha apenas 0,235% da participação na Lanceford, a maior accionista individual da STDM que esteve o centro da disputa e detém 31,6% do capital. Dessa fatia, Stanley Ho fica
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Angela Leong fica com 6% da participação na STDM
Riqueza distribuída Títulos da Lanceford já foram redistribuídos. A quarta mulher de Stanley Ho fica com a maior fatia. Resta saber se vão haver mudanças na direcção da maior operadora de casinos da Ásia com 0,117% e os restantes 25,538% serão repartidos entre outros membros da família, que não são nomeados no comunicado. Angela Leong aumenta assim em 3% a sua participação na SJM Holdings, passando a controlar 11% da operadora que por usa vez detém 89,9% da SJM SA, empresa que administra. No passado dia 10, uma declaração conjunta da família Ho anunciou o “cessar fogo”, que implicou que o oc-
togenário retirasse as acções judiciais interpostas a duas das filhas, Pansy e Daisy Ho, acusadas de “transferência ilegal” da sua participação pessoal de 4,8% na STDM para a Lanceford. O outro processo foi interposto às empresas que alegadamente teriam passado a controlar a mesma companhia, nomeadamente a Action Winner, detida pela terceira mulher do magnata, Ina Chan Un-chan, e a Ranillo Investments, dos cinco filhos
da segunda companheira, Lucina Laam King-ying – Pansy, Daisy, Maisy, Josie e Lawrence. Stanley Ho reclamava a devolução das acções e da participação que detinha na Lanceford que foi, no final de 2010, reduzida de 100% para 0,02%. A STDM detém 55,69% da SJM, fazendo com que os actuais 31,7% da Lanceford valham pelo menos 12,7 mil milhões de dólares de Hong Kong. Os membros da família Ho
disseram que iam “trabalhar em conjunto e desempenhar os seus deveres para desenvolver o negócio da STDM e da SJM Holdings tendo em perspectiva dar uma contribuição maior para a prosperidade e estabilidade de Macau, Hong Kong e China”. Só não se sabe ainda se para isso vão
haver mudanças na direcção e direcção estratégica da SJM Holdings. A companhia garante que não. Resta esperar pelo próximo episódio: a assembleia geral anual da maior operadora de casinos da Ásia, agendada para o próximo dia 29 de Abril, em Hong Kong.
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Fundo De Previdência Do Pessoal Da AMCM Anúncio Nº 001/2011 Ficam por este meio notificados a ex-trabalhadora da Autoridade Monetária de Macau (AMCM), Sra. Leong Iok Ieng e eventuais interessados, em cumprimento do disposto na alínea c) do artigo 68.º e do n.º 2 do artigo 72.º ambos do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, que o crédito da referida trabalhadora junto do Fundo de Previdência do Pessoal da AMCM, no montante de MOP 40.859,20 (quarenta mil, oitocentas e cinquenta e nove patacas e vinte avos), prescreve no próximo dia 19 de Maio de 2011. Macau, aos 10 de Março de 2011 Pel’O Conselho Administrativo
ANSELMO TENG Presidente
ANTÓNIO JOSÉ FÉLIX PONTES Administrador
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sociedade
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Luz verde para novo hotel no NAPE
Depois de uma consulta pública e vários pareceres técnicos, o Governo autorizou a construção de um hotel de quatro estrelas no Lote 6 “A2L”, no NAPE. O empreendimento será erguido num terreno concedido em 1996, inicialmente para comércio e habitação que, “por razões que se prendem com a grave crise económica” e o respectivo “abrandamento do sector imobiliário”, acabou por não ser devidamente aproveitado. A Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transporte (DSSOPT) diz que o Governo assegura que a obra cumpre todas as disposições legais, inclusive a uniformização da altura do prédio. A acção envolveu o pagamento de um prémio de 192 milhões de patacas e um prémio adicional de quase 92 milhões à concessionária.
Rede de hotéis de HK sai do Cotai e é substituída por britânica Intercontinental
Shangri-La vai ela para outro lado
administrar os restantes dois hotéis, sob as marcas Sheraton e St. Regis. A porta-voz da Sands China disse estar informada de que existiam os trabalhadores necessários para realizar as obras no local.
Kahon Chan
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Sands China rompeu com a rede de gestão hoteleira Shangri-La, de Hong Kong, rescindindo o acordo mútuo de concessão de um dos três hotéis das parcelas 5 e 6 do Cotai. Ao que tudo indica, será a o grupo britânico InterContinental a ocupar o lugar deixado vago, para abocanhar uma fatia do lucrativo mercado de Macau. No comunicado emitido pela Sands China na Bolsa de Valores de Hong Kong ontem, o grupo de casinos informou ter rescindindo o acordo de gestão com a Shangri-La International Hotel Management para um dos três edifícios de hotéis nas parcelas 5 e 6 do Cotai, o que foi mutuamente acordado por ambas as empresas, com a questão a ser resolvida de “maneira amigável”. As razões para a decisão não foram reveladas no comunicado, nem pelo porta-voz do grupo Sands em Macau, que apenas disse que a decisão tinha sido tomada a partir da sede do grupo em Las Vegas. Do outro lado do contrato, no entanto, atribuíram as razões ao “estado actual de evolução do hotel”, o que foi admitido ser “lento” no consentimento mútuo de rescisão do contrato na terça-feira. A directora de comunicação corporativa da Shangri-La, Maria Kuhn, disse ontem ao Hoje Macau que a equipa de desenvolvimento do projecto e o director-executivo do
A Sands China quer uma marca de hotéis de renome internacional com “vendas, rede de marketing e base de clientes comparáveis” e estava em negociações para preencher a vaga
grupo hoteleiro começaram por ser abordados pela Sands China para uma renegociação do contrato de gestão, mas quis revelar os motivos por trás da decisão do operador de casinos. O contrato original para os hotéis, que seriam operados sob as marcas da Shangri-La e Traders, foi assinado no final de 2005, conforme recordou Maria Kuhn. Uma pessoa próxima do processo, citada pelo “Wall Street Journal”, conta que a Shangri-La não era favorável ao plano da Sands China para abrir os
quartos dos hotéis por fases, preocupada que estava com o prejuízo para a reputação da marca no caso de os hóspedes serem recebidos com ruídos de trabalhos de acabamentos e com a disponibilidade apenas parcial das instalações. O grupo hoteleiro já removeu Macau da lista de futuros desenvolvimentos no seu site oficial na Internet. A Sands China quer uma marca de hotéis de renome internacional com “vendas, rede de marketing e base de clientes comparáveis” e estava em negociações para
AGRADECIMENTO
Luíza Amélia Canavarro Marques
A família enlutada de Luíza Amélia Canavarro Marques agradece a todas as pessoas amigas que tiveram a gentileza de acompanhar a saudosa extinta até a sua última morada oferecendo coroas de flores, missas, orações pelo eterno descanso da sua alma e endereçaram condolências, participaram nas missas de corpo presente na Capela da Casa Mortuária Diocesana e na Capela do Cemitério de S. Miguel Arcanjo. A todos se confessa muito agradecida e reconhecida.
preencher a vaga. O “Wall Street Journal” citou uma “pessoa familiarizada com a situação” que garantia tratar-se do grupo InterContinental, embora o artigo não identifique que marcas de hotéis do grupo estariam envolvidas e se o actual contrato da InterContinental com a parcela 3 seria consequentemente afectado. A Sands planeia começar
os trabalhos na parcela 3 apenas após a conclusão das parcelas 5 e 6. O comunicado da Sands reiterou o compromisso de inaugurar as parcelas 5 e 6 no final deste ano, afirmando que a equipa de desenvolvimento também estava mentalizada nesse sentido, sendo que a norteamericana Starwood se iria manter no conselho para
Depois que o tecto do número de mesas de jogo foi fixado em Macau, restam apenas pouco mais de 600 mesas para atribuir até 2013, sendo que tanto a Galaxy Macau como as parcelas 5 e 6 estão projectadas para acomodar 600 mesas. A Galaxy já confirmou anteriormente que iria abrir com apenas 450 mesas, sendo que uma parte não confirmada dessas mesas seria trazida de outras instalações da rede, deixando espaço à Sands China para expandir um pouco nas parcelas 5 e 6 quando o projecto abrisse antes de 2013.
“Boom” hoteleiro ainda ressoa A partida da Shangri-La de Macau levanta questões. As últimas estatísticas da Associação de Hotéis de Macau publicadas na semana passada mostraram que a tarifa média para todo o ano de 2010, fixada em 1187 patacas, era 14,9% mais alta do que a do ano anterior, com uma ocupação de 84%. Com uma média de 1432 patacas, a tarifa para os quartos de hotéis de cinco estrelas não é tão impressionante, apesar de a ocupação ter também atingido os 83,4% ao longo do ano. As tarifas para Fevereiro de 2011 em hotéis de cinco estrelas foram em média 1536 patacas, 10,9% mais do que no mesmo mês do ano passado. A pesquisa de preços da Hotels.com revela que
os visitantes de Hong Kong gastaram mais 20% em acomodação. Pagando uma média de 1472 dólares de Hong Kong por noite em 2010, um aumento de 19% comparativamente aos 1338 dólares de 2009, os visitantes de Hong Kong tiveram em Macau o seu quinto destino mais caro em termos de despesas com hotéis, tendo em conta as reservas efectuadas através do site. O estudo revelou também que os visitantes de Hong Kong gastavam mais em hotéis em Nova Iorque, Singapura e Paris, enquanto os hotéis em Pequim e Banguecoque eram os cinco-estrelas de luxo mais em conta, podendo ser reservados com diárias inferiores a mil dólares de Hong Kong.
Estabelecimento Prisional recebe 72 novos guardas
sexta-feira 25.3.2011
Na tarde de ontem, um grupo de 72 guardas prisionais tomaram posse no Estabelecimento Prisional de Macau, com o objectivo de “garantir a paz social e a segurança da população”, refere o organismo em comunicado. Dos novatos, 35 são locais e 37 são oriundos do Vietname, incluindo 13 mulheres, e terão todos contratos de assalariamento. O curso de formação iniciou-se no ano passado e envolveu três fases, com um estágio no fim. Ainda assim, o EPM necessita de mais guardas e afirma que irá acelerar o recrutamento.
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acau e Hong Kong suspenderam a importação de produtos alimentares de cinco prefeituras do Japão e de outras regiões daquele país afectadas pela fuga de radioactividade da central nuclear de Fukushima, no nordeste do Japão. A decisão dos Governos abrange as prefeituras de Chiba, Tochigi, Ibaraki, Gunma e Fukushima decorre do facto de terem sido detectados em Hong Kong níveis de radioactividade até dez vezes superiores ao normal em vegetais importados de algumas daquelas regiões. Hong Kong também suspendeu a importação de lacticínios, à semelhança dos Estados Unidos, e fruta daquelas regiões próximas da central nuclear de Fukushima, enquanto que a importação de carne e marisco está sujeita a certificação pelas autoridades japonesas. O Executivo da antiga colónia britânica avisou que quem não cumprir aquelas regras está sujeito a uma pena de um ano de
sociedade
Produtos nipónicos proibidos
prisão e a uma multa até 100 mil dólares de Hong Kong. Com o receio crescente de contaminação, os supermercados de ambas os territórios estão a
vender cada vez menos produtos japoneses, já que os consumidores evitam adquiri-los e os restaurantes japoneses têm registado uma menor afluência. As autoridades de Macau e Hong Kong têm procedido à inspecção permanente de produtos importados do Japão para detectarem eventuais contaminações e o Grupo de Coordenação de Segurança dos Produtos Alimentares de Macau apelou aos serviços alfandegários para intensificarem a inspecção de passageiros de voos de regresso do Japão. Os Serviços Meteorológicos e Geofísicos de Macau têm medido diariamente a dose de raios gama absorvidos pela sua central que têm estado “muito abaixo do nível de alerta” e os Serviços de
Lar doce lar lei deixou de ser válida em Abril de 2007, mas ainda assim há 4000 pedidos para autorização de residência por aquisição de um imóvel no território. Segundo informações ontem divulgadas pelo Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM), todos os pedidos foram formalizados antes da revogação da lei e estão a ser analisados pouco
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Macau e Hong Kong suspendem importação de alimentos do Japão
4000 pedidos de residência por compra de imóvel
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a pouco. No último trimestre de 2010, contudo, ninguém arriscou submeter um pedido a alegar compra de casa no território. Durante todo o ano passado, o IPIM recebeu 578 pedidos de fixação de residência temporária. Desse total, 542 (93,7%) foram submetidos por quadros dirigentes e técnicos especializados, representando uma redução de 211 pedidos
em comparação com 2009. Outros 36 pedidos dizem respeito a investimentos e projectos relevantes – mais cinco do que no ano anterior. Quanto aos aprovados, 538 foram diferidos para dirigentes e técnicos (-11) e 22 para investimentos (+5). No entanto, 173 solicitações por compra de imóvel respeitantes a antes de Abril de 2007 conseguiram luz verde. – V.A.
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AVISO (Nº165/2011) Avisam-se os arrendatários e seus herdeiros abaixo mencionados que os objectos existentes nas fracções abaixo mencionadas foram, temporáriamente, guardados pelo Instituto de Habitação: Pang Iao Meng – 2ºandar sala A, do Bloco 2, do Edifício May Fair Garden, sito na Travessa Norte do Patane, em Macau; Sou Pio – 2ºandar sala X, do Edifício Lok Fu Garden, sito na Rua da Tribuna, em Macau; Lei Sin I – 18ºandar sala N, do Bloco 17, do Edifício San Seng Si Fa Un, sito na Avenida Artur Tamagnini Barbosa, em Macau.
Caso queiram reclamar os referidos objectos, deverão dirigir-se à Divisão de Fiscalização Habitacional do IH, sita no nº 102 da Travessa Norte do Patane, no prazo de 30 dias, a contar da publicação do presente aviso. Se não reclamarem os objectos acima mencionados dentro do prazo estabelecido, o IH tratará, como melhor entender, os mesmos. Macau, aos 22 de Março de 2011
O Presidente,
Tam Kuong Man
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Saúde explicaram aos residentes, através de anúncios na imprensa, que a possibilidade de a região ser contaminada é “extremamente reduzida, não existindo razão para temor por parte dos cidadãos”. Alguns deputados à Assembleia Legislativa elogiaram o civismo dos japoneses na forma como têm lidado com o sismo, tsunami e a crise nuclear e defenderam a necessidade de Macau investir em formação cívica e em simulacros para preparar os residentes para catástrofes, salientando como “mau exemplo” a corrida ao sal que se verificou no território. Os Serviços de Turismo não sabem, exactamente, quantos residentes de Macau regressaram do Japão desde o dia 11, nem
quantos ainda permanecem naquele país e apenas avançaram à agência Lusa que receberam 310 chamadas telefónicas desde o sismo, nenhuma nos últimos dois dias e que não há excursões turísticas para o Japão até ao final do mês. O chefe do Executivo, Fernando Chui Sai On, cancelou uma deslocação ao interior da China prevista para este fim-de-semana para acompanhar a situação no Japão, depois de ter cumprido a que estava prevista para os dias 17 e 18. Questionado pela Lusa sobre as diligências que obrigaram a esta situação, o gabinete do portavoz do Executivo apenas referiu que foi uma “decisão tomada tendo em conta as prioridades”.
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desporto
Entrevista | Manuel Sérgio, professor da Faculdade de Motricidade Humana de Lisboa
“Discordo do desporto só para dar lucro” Gonçalo Lobo Pinheiro
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rofessor catedrático da Faculdade de Motricidade Humana de Lisboa, Manuel Sérgio está em Macau para dar cor a um ciclo de conferências intitulado “A Filosofia do Futebol”, a ter lugar nos dias 28, 29 e 30 de Março [ver caixa]. O Hoje Macau esteve à conversa com o filósofo que na sua tese de doutoramento, intitulada “Para uma Epistemologia da Motricidade Humana”, defende a existência da ciência da motricidade humana, de que a educação física é a pré-ciência. Notabilizou-se como ensaísta do fenómeno desportivo e filósofo da motricidade. José Mourinho já disse que “Manuel Sérgio, sempre que fala de futebol, pede desculpa por saber tão pouco. É a humildade dos sábios”. Macau agradece tamanha sabedoria. Porquê a escolha de Macau para vir falar da filosofia do futebol? Porque o doutor Fernando Vinhais Guedes, que já foi responsável pelo desporto de Macau, me convidou e sugeriu ao Banco Nacional Ultramarino que subsidiasse a minha vinda. Com apoio do doutor Rui Cunha, cá estou bem amparado para falar sobre a filosofia aplicada ao futebol. É a primeira vez que vem a Macau? Sim. As pessoas que estou a conhecer têm uma vida muito mais livre do que na Europa onde está tudo em crise. Parece-me que viver agora em Macau vale a pena. A primeira impressão é esta. Nós que deixámos a família lá temos de regressar, agora não há dúvida que dá a sensação que se pode viver muito bem aqui. Gosto muito da cidade. Tenho um cicerone [Fernando Vinhais Guedes] que sabe disto como ninguém. Em relação ao ciclo de conferências. Afinal o que é a filosofia do futebol?
Na filosofia do futebol vamos estudar o ser e o valer das coisas. No ser vou defender que o desporto é uma nova ciência humana. Tentarei provar que, de facto, o futebol só à luz das ciências humanas se deve estudar e ao nível do valer procurarei fazer do desporto um espaço promotor de determinados valores sobre os quais seria impossível viver humanamente. É claro que isto parece uma coisa muito seca. Os indivíduos fanáticos da bola perguntam: mas isso para marcar golos serve de alguma coisa? Até conta. O que é preciso é marcá-los de alguma maneira. Claro que conta. É uma teoria que tem de influenciar a prática. Quem é que pode passar aos jogadores essa teoria: os treinadores ou o professor? São os treinadores claro está. Sou amigo de treinadores que falam comigo. Repare, a passagem do físico ao ser humano supõe que a metodologia é diferente. O facto de dizermos que se trata de uma ciência humana também pesa. Um treino a um ser humano não é um treino a um cavalo. Há uma série de coisas que eu irei abordar nas conferências, dentro dos meus limites. Acha que os clubes portugueses seguem esse tipo de metodologia? Há indivíduos que nem me conhecem. No estrangeiro já há gente a seguir a minha teoria. Há duas pessoas que asseguram seguir os meus métodos, como é o caso do José Mourinho. O treinador do FC Porto, André Vilas
Boas, mal chegou a Portugal entrou logo em contacto comigo, embora ele me diga que é diferente do Mourinho. Ele diz que aprendeu com o Mourinho, mas que é muito diferente dele. Eu acho, sinceramente, que é diferente ao nível do comportamento e da maneira de ser. Esse seu método também pode ser aplicado a outras modalidades desportivas? Pode sim senhor. Pode porque é o homem que se é, que triunfa no treinador que se pode ser, ou seja, com determinadas qualidades humanas um individuo é melhor treinador. Não é só por saber. O Mário Moniz Pereira é o maior nome do atletismo mundial. Não há memória de um treinador ter estado tanto tempo ligado aos atletas e ter treinado tantos atletas. No outro dia, perguntei ao Carlos Lopes qual era o segredo do Moniz Pereira.
Ciclo de Conferências • 28 de Março Clube Militar de Macau – “Filosofia do Futebol” • 29 de Março Instituto do Desporto de Macau – “O Treino e a Complexidade Humana” • 30 de Março Escola Portuguesa de Macau – “O Desporto em que Acredito”
“Acredito num desporto que provém do desenvolvimento de um país e portanto brota o atleta como brota o cientista. Numa sociedade democratizada, todos têm espaço para se desenvolver. É neste desporto que eu acredito” Ele respondeu que o treinador os dispunha bem e cantava-lhes fado. Isso é extraordinário. E o Carlos Lopes foi um atleta fabuloso. Eu fiquei a pensar nisto. O Moniz Pereira foi um bom treinador de atletismo porque tem boas qualidades humanas. Mais nada... E há outros? O Jorge Jesus. Ele tem uma frase recorrente: “professor, se você for meu amigo seremos amigos até à morte”. É outro estilo, diferente de José Mourinho, mas igualmente bom condutor de homens. Lê o jogo como poucos. O que interessa são as qualidades humanas. As qualidades que definem o treinador de futebol não é o saber muito de fisiologia, porque o Mourinho diz que nem sabe nada sobre essa matéria. O treinador tem de ser líder, olhar para o jogo e ver o que se está a passar, que é fundamental, e depois saber motivar. Quem não tem estas qualidades, embora saiba muito da teoria da
modalidade, não consegue ser treinador. Não tem alicerces. O segundo dia do ciclo é dedicado ao treino e à complexidade humana. O que vai falar? Vou chamar à atenção de que no treino tem de estar presente a complexidade humana e não as coisas separadas umas das outras. A complexidade humana no seu todo. Eu costumo dizer que o homem é corpo, mente, desejo, natureza e sociedade. Tudo isto tem de estar presente ao mesmo tempo no treino e ser treinado simultaneamente. Para um treinador que conduz entre 20 a 30 homens isso é complicado? Ele tem de saber lidar com os jogadores e os jogadores não são todos iguais. Para um jogador um tipo diz uma asneira para ele jogar mais e para outro já não diz. Há jogadores que são incentivados de uma forma e outros de outra. O objectivo final é o de ganhar, o da vitória.
Isso é fundamental. Quando se está mal mentalmente também se está mal fisicamente. Numa totalidade tudo está em rede. Se uma coisa está mal, o todo também está mal. Há uma coisa muito importante no desporto que é o acreditar. Sabe que a crença gera biologia? No último dia vai falar do desporto que acredita. Mas afinal em que desporto é que acredita? Acredito num desporto em que o homem é o fim e não o meio. Discordo da especialização precoce. Ir buscar garotos de três e quatro anos não pode ser. Os miúdos com essa idade ainda não decidiram e já estão a ser especializados. Isto é como os tipos que são baptizados antes de quererem ser católicos. Discordo de se considerar o desporto mais ou menos importante que as outras disciplinas intelectuais na escola. O desporto é um espaço que proporciona uma formação pedagógica extraordinária. Discordo de um desporto que esteja ao serviço de todos os ideais, que só seja para dar lucro. Como está o futebol português? O futebol português está com três equipas nos quartos-de-final da Liga Europa e já esteve pior. Aparentemente está bem. Claro que há coisas a emendar. O problema da formação, o excesso de estrangeiros... Eu acredito num desporto que provém do desenvolvimento de um país e portanto brota o atleta como brota o cientista. Numa sociedade democratizada, todos têm espaço para se desenvolver. É neste desporto que eu acredito. O Saramago dizia que se desse um chuto na bola caia e foi um Nobel da Literatura. Num país onde só houvesse grandes campeões algo estaria errado, faltaria qualquer coisa.
Guarda-redes Rogério Ceni marcou o 99.º golo
Rogério Ceni, guarda-redes do São Paulo, marcou o golo n.º 99 da sua carreira contra o Paulista. O 100.º pode acontecer no derby de domingo com o Corinthians, que voltou a beneficiar da pontaria de Liedson. O jogador de 38 anos, especialista na cobrança de livres e grandes penalidades, não falhou na conversão de um castigo máximo, que, no entanto, não evitou a derrota do São Paulo, por 3-2. A derrota fez cair o São Paulo de primeiro para terceiro no Campeonato Paulista. O novo líder é o Corinthians, que ganhou 3-0 ao Oeste. Liedson fez o segundo golo.
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arlos Queiroz foi despedido pela Federação Portuguesa de Futebol (FPF) devido a uma entrevista ao semanário Expresso e não na sequência da suspensão aplicada pela Autoridade Antidopagem de Portugal (ADoP). Uma fonte da FPF disse à agência Lusa que o processo da ADoP “é independente e juridicamente irrelevante relativamente à rescisão do contrato de prestação de serviços celebrado com Carlos Queiroz”, cuja “base de fundamento” foi aquela entrevista, na qual o técnico diz que o vice-presidente Amândio de Carvalho “decidiu pôr a sua cara na cabeça do polvo” que o quereria fora da federação. De acordo com a fonte, o despedimento deveu-se à “quebra de relação de confiança” resultante da entrevista, na qual Carlos Queiroz revelou “falta de respeito pela entidade patronal”. O Tribunal Arbitral do Desporto (TAS) deu provimento ao recurso de Queiroz contra a decisão da ADoP, anulando a suspensão de seis meses aplicada ao ex-seleccionador por perturbação de um controlo antidopagem junto da selecção portuguesa, durante o estágio para o Mundial de 2010. O mesmo responsável sublinhou que nenhum órgão da FPF alguma vez con-
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Carlos Queiroz despedido por “falta de respeito pela entidade patronal”
Língua afiada dá em demissão
siderou que Carlos Queiroz tivesse perturbado o controlo antidoping realizado a 16 de Maio na Covilhã, recordando que a suspensão de um mês aplicada pelo Conselho de Disciplina (CD) da FPF, a 19 de Agosto, apenas considerou provada a existência de injúrias à brigada da ADoP. O CD condenou ainda Carlos Queiroz a uma multa de mil euros e arquivou o processo referente à violação da lei antidopagem (27/2009, de 19 de Junho), absolvendo o treinador do ilícito disciplinar por
obstrução à realização do controlo antidoping, motivo que levou a ADoP a avocar o processo e a suspender o técnico por seis meses. Horas depois da decisão do CD, a direcção da FPF instaurou um inquérito disciplinar a Queiroz pelas suas declarações ao Expresso, nas quais dizia que “parecia haver uma acção concertada que começava com o processo” e conduzia ao seu “despedimento”, acrescentando que Amândio de Carvalho “decidiu pôr a sua cara na cabeça do polvo”. A 24 de Agosto, Carlos
Queiroz recorreu da decisão do CD para o Conselho de Justiça (CJ) da FPF, que, 29 dias depois, julgou “extinta a responsabilidade disciplinar” do antigo seleccionador, por considerar que o procedimento prescrevera, com o argumento de que a federação tinha apenas um mês para abrir o inquérito, por se tratar de uma infracção disciplinar leve, e fê-lo mais de dois meses depois da data dos factos.
Sem volta a dar
A decisão do Tribunal Arbitral do Desporto pode
Treinador do Real Madrid pensa renovar, mas tem outros planos
Mourinho quer Inglaterra e Espanha O
treinador português disse ontem que espera contar com Cristiano Ronaldo no confronto contra o Tottenham. “Sinto que estão contentes com o meu trabalho. E sim, depois dos três anos [de contrato] que faltam, se continuar assim, não me importaria de fazer um novo contrato”, disse Mourinho que admitiu, no entanto, que gostava de voltar a Inglaterra. O técnico referiu que nunca “escondeu” que “Inglaterra é um país gostou de trabalhar” e para onde quer voltar “depois de treinar o Real Madrid” onde sente “o carinho dos adeptos, dos jogadores e dos dirigentes”.
José Mourinho mostrou-se também “confiante” na recuperação de Cristiano Ronaldo para os jogos da Liga dos Campeões no início de Abril: “Espero que jogue contra o Tottenham. Pela mentalidade que tem pensamos que vai conseguir.” Sobre a iminente renovação de Pepe pelos madridistas considerou uma boa notícia. “Tanto o Pepe como o clube estavam desejosos [por renovar]. Quando se falou que ia embora, que havia ofertas de outros clubes, eu sempre disse a todos o mesmo, que ele ia ficar. No entanto, ainda não me confirmaram nada, mas sei que estão muito próximos do acordo e que não haverá problemas”, concluiu.
voltar a abrir a polémica com a Federação, mas não influenciará o ambiente em torno da equipa. A garantia foi assumida pelo guardaredes Eduardo. “Não acredito que traga problemas à equipa, que está motivada, concentrada e conhece as suas responsabilidades”, referiu o internacional português, aposta do antecessor de Paulo Bento. Por outro lado, o jogador encara o estágio de Óbidos como um meio de preparar a principal missão do onze das quinas, em Junho, frente à Noruega. “A equipa está a crescer e a mostrar que é forte. Esta concentração serve para
preparar o futuro e culmina com dois jogos em que vencer é importante, pois aumenta a confiança do grupo”, referiu. A ausência de Cristiano Ronaldo, Miguel Veloso e também de Manuel Fernandes, com problemas físicos, é sentida pelo atleta, que enfatiza o problema do jogador do Real Madrid. “São adversidades. Mas, mais importante é que recuperem para que no jogo com a Noruega estejam ao melhor nível. Cristiano Ronaldo acrescenta sempre mais qualquer coisa. É um dos melhores jogadores do Mundo e faz falta a qualquer equipa”, destacou.
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HM-2ª vez 25-03-11 Execução Ordinária n.º
Anúncio CV1-08-0050-CEO
1º Juízo Cível
EXEQUENTE: DBS BANK (HONG KONG) LIMITED [星展銀行(香港)有限公司], com sede na Região Administrativa Especial de Hong Kong e sucursal em Macau, na Rua de Santa Clara, nºs 5 a 7E, Edifício Ribeiro, lojas C e D. EXECUTADO: LAM CHON FONG (林俊逢), solteiro, maior, de nacionalidade chinesa, residente em Macau na Rua Madre Teresinha, nº 15 CD, r/c “J”. *** FAZ-SE SABER que nos autos acima indicados são citados os credores desconhecidos do executado para, no prazo de QUINZE DIAS, finda a dilação de vinte dias, contada a partir da segunda e última publicação do anúncio, reclamar o pagamento dos seus créditos pelo produto do(s) bem(ns) penhorado(s) sobre que tenha(m) garantia(s) real(ais) e que é(são) o(s) seguinte(s): IMÓVEIS • “AR/C” e • “BR/C”, ambas do rés-do-chão “A e B”, ambas para comércio, com coc-chai e entradas respectivamente pelos nº 8-A e 6 da Travessa da Louça, do prédio sito em Macau, com os nºs 6 e 8A da Travessa da Louça, descrito na Conservatória do Registo Predial sob o nº 9017 a fls. 1v, do Livro B-26, inscritas a favor do Executado sob o nº 143813, do Livro G e na matriz predial da freguesia se São Lourenço sob o nº 70837, tendo a sobredita hipoteca sido definitivamente registada a favor do Exequente sob a inscrição nº 73208 do Livro C; • “LR/C” do rés-do-chão “L”, para comércio, com entrada pelos nºs 21-A e 21-C da Rua do Gamboa; • “A1” e • “B1”, ambas do 1º andar “A e B”, para habitação, com entrada pelo nº 21 da Rua do Gamboa, todas do prédio sito em Macau, com os nºs 21 e 21-C da Rua do Gamboa, descrito na Conservatória do Registo Predial sob o nº 13229 a fls. 128v, do Livro B-35, inscritas a favor do Executado sob o nº 143813, do Livro G e na matriz predial da freguesia se São Lourenço sob o nº 22985, tendo a sobredita hipoteca sido definitivamente registada a favor do Exequente sob a inscrição nº 73208 do Livro C; ----- R.A.E.M., 09 de Março de 2011-------------------------------------------------------------***
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cultura
Good Reads, a rede social para quem gosta de ler
Clube para não se perder por entre as letras Aqui não interessa se está num relacionamento ou se anda à procura de trabalho. O que conta é que goste de ler. E nem precisa ser literatura
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m “Anna Karenina”, de Leão Tolstoi, por quem está Anna apaixonada? Quem escreveu “O Fantasma da Ópera”? Quem foi o melhor amigo da escritora Harper Lee, autora de “Por Favor não Matem a Cotovia”? Não vale a pena ficar nervoso. Trata-se de um quiz para entretenimento, não é um teste para entrar num clube restrito onde só se aceitam os melhores. Ou melhor: é um clube, mas não é preciso responder correctamente a perguntas. Também não é preciso pagar para entrar, nem usar gravata e blazer. É uma espécie de Facebook para quem gosta de ler e falar sobre isso. Toda a gente pode fazer parte e todos podem ter uma palavra a dizer sobre qualquer obra escrita que ache por bem partilhar no mural de www. goodreads.com. Bom, se escrever um pequeno
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ensaio sobre “Os Lusíadas” é provável que não tenha muita gente a comentar de volta, mas não há nada como experimentar. Existe, aliás, um grupo português nesta rede: “Uma lista para que a comunidade portuguesa no Goodreads possa adicionar os livros lidos em 2011”, explica a nota introdutória. A lista, que já conta com 88 votantes, apresenta 522 livros, entre os quais o “Livro” de José Luís Peixoto, em 20.º lugar ou “O Anjo Ancorado”, de José Cardoso Pires, em 94.º lugar com apenas três estrelas de pontuação. Nesta rede não só tem hipótese de comentar os livros que lê, bem como dos seus amigos e estranhos, como pode dar estrelas às leituras. Há de tudo, desde as já costumeiras histórias de vampiros, cuja inspiração para as escrever parece não ter fim, a livros de auto-ajuda, passando por clássicos, histórias de vida e produtos da fábrica de lágrimas e amor sofrido de Nicholas Sparks.
Mas e eu?
Ao inscrever-se nesta rede tem a hipótese de fazer uma lista dos seus livros preferidos, daqueles que nunca saem da mesa de cabeceira mesmo que já os tenha lido 32 vezes. Além disso pode e deve indicar que livro está a ler no momento. Assim que escreve o título, fica disponível uma
miniatura da capa do livro. Assim, automaticamente, sem precisar de pesquisar nas imagens do Google. E os quiz? Ah, os quiz. Não só pode testar a sua sabedoria no que toca a citações, títulos e parentescos de personagens de livros, como pode construir o seu próprio questionário.
Mas o que realmente interessa aqui é a biblioteca que pode construir com base nas recomendações, resumos e pontuações dos outros utilizadores das redes. Até pode propor-se ao desafio “Quantos livros vou ler em 2011”, para que fique registado: ou a vitória ou o falhanço redondo. Se for daquelas
pessoas com pouca memória para títulos e que “gostava mesmo de ler aquele livro, aquele, do...” Good Reads pode ser uma óptima ajuda. Escusa de perder horas nas grandes superfícies da cultura à procura de títulos que lhe interessam: faz uma lista em casa e em dez minutos despacha as compras literárias. Vá, em 20 que às vezes as prateleiras das lojas são matreiras. Não terminam aqui as funcionalidades desta rede. Pode fazer listas e grupos do género “Livros que fazem chorar em noites de lua cheia”, por exemplo. Não há limite para a imaginação, afinal, trata-se de literatura. Se quiser mostrar ao mundo o seu potencial enquanto escritor de comédia, ficção científica, cozinha, sangue (sim, é uma das categorias), cristandade, vida e morte - duas categorias bastante populares apenas ultrapassadas pelo humor e o amor - ou qualquer outro tema, também pode. Claro que se sujeita aos comentários dos outros utilizadores, mas já se sabe que sem crítica, não se cresce. Para que não fique sem dormir a pensar nas respostas às questões colocadas no início do texto, aqui vão as soluções. No próximo encontro de Trivial Pursuit já pode fazer um brilharete: Vronsky; Gaston Lerox; Truman Capote.
Pior música de todos os tempos bate recordes
Português emocionado na Orquestra YouTube
Sou ruim mas sou famosa
Um arrepio na espinha
ebecca Black, uma jovem norte-americana com o sonho de se tornar cantora, publicou o vídeo do seu novo tema “Friday” no YouTube, tendo conseguido 29 milhões de reproduções em menos de duas semanas. Os críticos já apelidaram o tema “sensação”
como a pior música de todos os tempos. A canção interpretada por Rebecca, de 13 anos, é já um dos temas mais discutidos no Twitter e também já ganhou espaço nas revistas da especialidade. Os comentários ridicularizam tanto a música - que tem versos como “ontem foi quinta-feira, quinta-feira, hoje é sexta-feira, sexta-feira” - como a própria cantora, pelo facto de a sua voz ter sido claramente alterada por um programa de correcção e afinação de voz. “Friday” foi produzida pela Ark Music Factory, uma empresa de Los Angeles que procura “a próxima grande estrela”. Os custos de produção foram totalmente suportados pelos pais de Rebecca. Esta segunda, o tema de Rebecca já estava em 25.º lugar no top das músicas mais vendidas na loja da Apple, ultrapassando mesmo Never Say Never, interpretada por Justin Bieber.
O
trompetista português Pedro Silva, que, domingo participou no concerto inaugural da Orquestra Sinfónica do YouTube 2011, afirma que actuar na Casa da Ópera de Sidney foi “arrepiante” e que o regresso a casa vai ser “nostálgico”. Seleccionado entre cerca de dez candidatos de todo o mundo para ser um dos 101 músicos do colectivo que domingo teve a sua primeira aparição na Austrália, Pedro Silva declarou à Lusa: “A sensação de actuar neste palco é inexplicável, arrepiante até. É tudo enorme, com uma es-
trutura espantosa, e o público ficou bem impressionado”. “O concerto correu muito bem, demos o nosso melhor e tenho a certeza de que fizemos música”, acrescenta o jovem
de 20 anos, a propósito do espectáculo que o maestro Michael Tilson Thomas dedicou domingo, em nome de toda a orquestra, às vítimas de desastres naturais no Japão, na Austrália e na Nova Zelândia. Quanto à semana que precedeu o espectáculo e que permitiu aos 101 músicos de 33 países estabelecerem um primeiro contacto entre si, Pedro Silva adianta que essa foi marcada por “dias muito intensos, com muitos ensaios”, pelo que a iniciativa do YouTube “só podia ter este grande final”.
Incêndio em Paris destrói teatro com 200 anos
Um incêndio destruiu por completo o conhecido teatro Elysee Montmartre, no norte de Paris, onde se acredita ter nascido a dança típica dos cabarets franceses, o ‘can-can’. As chamas começaram no início da manhã de terça-feira no prédio com mais de 200 anos, cujos pilares estruturais internos foram desenhados por Gustave Eiffel. O fogo, que terá deflagrado no segundo andar do edifício devido a uma falha eléctrica, cobriu o bairro de Montmartre, onde também fica o famoso Moulin Rouge, de fumo. Ao local acorreram mais de cem bombeiros.
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Animação 3D da Disney reinventa ‘Romeu e Julieta’
Shakespeare trocado por gnomos de louça Q
uando faltam as ideias, nada como ir aos clássicos literários e dar-lhes a volta: a história de amor trágico de William Shakespeare é talvez das mais adaptadas e refeitas de sempre, não só no teatro como no cinema. Isso não impediu que a animação trocasse o drama de ‘Romeu e Julieta’ por uma aventura protagonizada por gnomos de loiça, com cortadores de relva, sapos e um flamingo de plástico a ditarem o tom, procurando entreter os mais novos com ‘Gnomeu e Julieta’. Depois de ‘Rango’, 2011 conhece mais um título forte no campo dos desenhos animados em 3D e, embora nasça dentro do universo Disney, é independente do domínio da Pixar: ‘Gnomeu e Julieta’ chega agora às salas de cinema com produção da Touchstone Pictures, que revela força de vontade na concepção de um imaginário infantil, muito bem suportado por uma técnica que se aproxima dos melhores.
pub
A dirigir está o realizador Kelly Asbury, responsável por ‘Shrek 2’. O conto de Shakespeare dita as coordenadas, quer pela rivalidade de duas famílias – uma azul e outra vermelha (o que pode lembrar uma certa rivalidade futebolística…) –, quer pelo amor que nasce inesperadamente entre ‘Gnomeu’ (voz de James McAvoy na versão original) e ‘Julieta’ (interpretada por Emily Blunt). No entanto, são muitas as divergências face à obra original, até porque esta longametragem pretende agradar inteiramente às crianças, o que deixa os mais velhos um pouco arredados de uma lógica algo previsível da acção. Apesar disso, as imagens coloridas, o 3D bem trabalhado e um ou outro diálogo mais subtil e irónico garantem boa disposição e uma prova de que a animação está bem e recomenda-se.
O filme envereda por um ou outro número musical não muito impressionantes, mas também aposta, ao nível da banda sonora, nos temas mais famosos de Elton John para embelezar os solavancos da narrativa. Mais: as liberdades criativas permitidas pela construção de um universo assente em gnomos de loiça, que vivem ‘plantados’ num jardim particular, permitem que a obra de Shakespeare ainda consiga surpreender. E que o final seja distorcido, deixando um sorriso nos lábios… ‘Gnomeu e Julieta’ foi bem recebido nas bilheteiras dos EUA, rendendo 90 milhões de dólares (650 milhões de patacas), por se revelar uma aposta certeira no momento de levar os mais pequenos ao cinema. O resultado final pode não deixar grandes ideias para mais tarde recordar, mas oferece uma dose de entretenimento bem trabalhado. Será que viveram felizes para sempre?
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ideias l u z d e i n ver n o Boi Luxo
Wim Wenders
Tokyo-ga, 1985
A recordação dos filmes de Wenders é algo de essencialmente nebuloso. Não a recordação do que lá se passa ou do que lá se vê mas o exercício recordativo que estes suscitam. É uma recordação que obriga a uma divagação semelhante ao passeio a que assistimos em Falsche Bewegung, nem sempre belo, em direcção ao cume de onde se vê o rio e se pressente o desespero
Um olhar de Wim Wenders sobre Tóquio não poderia ser um olhar totalmente diferente do olhar que os anjos nos ofereceram sobre uma outra cidade porventura menos imensa, mas igualmente percorrida por um vento indiscutivelmente pictórico – Berlim. Lembremos, enquanto se não organiza um essencial ciclo de cinema sobre Tóquio, o favor que este mais internacional dos cineastas alemães tem dispensado ao retrato das cidades e das paisagens que a elas vão dar. Lisboa, Berlim, Tóquio, ou até Paris, mas no Texas, fazem parte dos títulos de alguns dos seus filmes e este esforço não esconde uma intenção firme de as fazer participar em todo o filme e em todas considerações, desejos ou rejeições que estes possam suscitar. Estas cidades dos títulos e dos filmes serão, assim, cidades de filmes para aqueles que nem os viram. Serão também cidades de filmes que causarão a inevitável sedução que arrastará o espectador à sala de cinema. Permanecerão igualmente na memória não só como cidades visitadas ou cidades desejadas mas como cidades que vimos através do desejo de outros. A recordação dos filmes de Wenders é algo de essencialmente nebuloso. Não a recordação do que lá se passa ou do que lá se vê mas o exercício recordativo que estes suscitam. É uma recordação que obriga a uma divagação semelhante ao passeio a
que assistimos em Falsche Bewegung, nem sempre belo, em direcção ao cume de onde se vê o rio e se pressente o desespero. Wenders percorre Tóquio em busca de vestígios daquilo que os filmes de Ozu nele haviam imprimido. Talvez pouco se pudesse encontrar numa pequena viagem, ou talvez Wenders não tenha conseguido reconhecer o que desejava. São imagens de uma cidade inundada de imagens e de luzes. Ao chegar a Tóquio aquele parece esbarrar com algo que não estava à espera, mesmo que aquilo que admira em Ozu (e que é o pretexto visível que anima esta viagem) seja a universalidade de um autor que contou, tantas vezes, uma estória que é uma estória japonesa. No entanto, não deixa de se prender (e sobretudo de se deixar enganar) por aquilo que em Tóquio parece ser a prova de que nem tudo é o que parece: a Torre de Tóquio, que parece outra, a comida de cera exibida nas montras dos restaurantes, os estádios onde se pratica um golfe imaginário ou as figuras que ao domingo se juntam no Parque de Yoyogi e que, ao contrário do que Wenders pensa que viu, não querem ser americanos. Na viagem de táxi que faz para o hotel, Wenders, que faz os comentários em voz off, não terá reparado em algo que talvez só um estranho aos dois lugares consiga aperceber: a profunda semelhança que existe entre Tóquio e as imagens que suscita e as cidades
alemães e as imagens que estas provocam. Também aqui (como em muitos outros filmes seus) Wenders parece viver uma nostalgia de estar fora da Alemanha sem se aperceber que, no final, poderá não estar assim tão longe quanto isso. Na sua viagem a Tóquio encontra Chris Marker, autor de um filme com que este tem imensas semelhanças no tom geral e no tom da voz off que lhes confere um ritmo encantatório, hipnótico, até, no filme de Marker. O filme é Sans Soleil e Chris Marker o realizador que consegue o que Wenders não consegue, que é um olhar muito para lá da incompreensão. As imagens de Tokyo-ga que tornam este documentário próprio não são as da cidade que o realizador alemão não entende mas as que são universais na sua melancolia: alguns planos fixos, alguns planos tirados de dentro de carros, em suma, os planos que poderiam ser na Alemanha. Recordo vagamente uma impressão semelhante a propósito do seu filme que tem Lisboa como protagonista, Lisbon Story (nunca vi Stand der Dinge). Tem havido nele uma tricotomia entre a atracção pelos espaços vazios, como os de Paris, Texas, Until the End of the World ou mesmo de Im Lauf der Zeit; os espaços puramente urbanos, como os de Tokyo-ga ou os lugares que filma em Lisboa ou Berlim; e espaços intermédios, cheios de um urba-
nismo difuso, industrial e profundamente nublado (em Falsche Bewegung ou Alice in den Städten). O título da sua última exposição de fotografia, meio em que se tem refugiado em parte para se isolar e escapar ao ruído do cinema, chama-se Places, Strange and Quiet (estreia em Londres no dia 21 de Abril), espelho do privilégio que tem concedido ao retrato do lugar. Mas tem havido também ao longo da sua carreira uma marcada separação entre os seus filmes alemães e os filmes que fez fora da Alemanha. Neste filme, que é outro filme de Wenders sem mulheres, encontramos o desnorte acima referido, um desnorte que pode haver também num filme cujo lugar o realizador amará particularmente (e ele disse que o percorreu só, solto da pressão de ter de ouvir vozes estranhas), o lugar das paisagens solitárias do Novo México, do Arizona e da Califórnia de Paris, Texas. O que porventura ele não viu, ao procurar teimosamente reconhecer no Japão seu contemporâneo o Japão de Ozu, é que, no fundo, por baixo de todas as imagens e de todo o ruído que parecem tê-lo atingido de um modo que lhe impediu os deleites do reconhecimento, o Japão de Ozu não mudou. Estou tentado a afirmar que os seus filmes mais imaculados são aqueles em que este esforço de reconhecimento mais facilmente se recompensa – os filmes alemães.
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15 文子 Wen Zi A COMPREENSÃO DOS MISTÉRIOS
Capítulo 142 Os reis que não emulam as quatro estações são destronados.
Lao Tzu disse: Os imperadores compreendem a unidade absoluta, os reis emulam o yin e yang, os soberanos imitam as quatro estações, os senhores empregam as seis regras. Compreender a unidade absoluta significa entender as condições do céu e da terra e penetrar as normas das virtudes da Via. A inteligência brilha mais do que o sol e a lua, o espírito vital comunica com todos seres, a acção e o repouso estão de acordo com yin e yang, alegria e ira estão em harmonia com as quatro estações, ocultação e revelação estão de acordo com a Via, universal e imparcial. Todas as criaturas vivem dessa virtude, a virtude que flui para além do reino e cujo bom nome é transmitido a gerações futuras. Emular yin e yang significa aderir à harmonia do céu e da terra, com virtudes em comum com o céu e a terra, luz brilhando como o sol e a lua, espírito vital eficaz como o de seres sobrenaturais, correndo com a roda e assente no quadrado, interior e exteriormente simples e directo, capaz de se governar a si próprio e conquistar os corações dos outros, de forma a que toda a terra siga as ordens que forem emitidas. Imitar as quatro estações significa crescer na Primavera, desenvolver-se no Verão, fazer colheita no Outono e armazenar no Inverno, dando e tomando em moderação,
distribuindo e colhendo com medida. Alegria e ira, firmeza e flexibilidade, estão dentro da razão: flexível sem ser fraco, firme sem quebrar, de bom trato sem indulgência, recto sem ser rude, alimentando todos os seres com serena harmonia, tal virtude abrangendo os ignorantes e aberta aos incultos, sem favoritismo pessoal. Empregar as seis regras significa dar vida e dar morte, recompensar e punir, dar e tirar, pois, sem estes, não há Via. Significa destruir a desordem, prevenir a violência, promover os inteligentes e bons, livrar-se dos não meritórios, corrigir os errados, nivelar os desnivelados, endireitar s tortos, compreender o que seguir e o que abandonar, perceber o que abrir e o que fechar, empregando a mente dos homens segundo o tempo e a situação. Os imperadores que não compreendem o yin e o yang são invadidos. Os reis que não emulam as quatro estações são destronados. Os soberanos que não empregam as seis regras caem em desgraça. Os senhores que perdem de vistas as directrizes são rejeitados. Assim, se os pequenos agem de modo grandioso, acabam por chegar a um impasse; se os grandes agem de modo mesquinho, acabam por ser limitados e inflexíveis.
Tradução de Rui Cascais Ilustração de Rui Rasquinho O texto conhecido por Wen Tzu, ou Wen Zi, tem por subtítulo a expressão “A Compreensão dos Mistérios”. Este subtítulo honorífico teve origem na renascença taoista da Dinastia Tang, embora o texto fosse conhecido e estudado desde pelo menos quatro a três séculos antes da era comum. O Wen Tzu terá sido compilado por um discípulo de Lao Tzu, sendo muito do seu conteúdo atribuído ao próprio Lao Tzu. O historiador Su Ma Qian (145-90 a.C.) dá nota destes factos nos seus “Registos do Grande Historiador” compostos durante a predominantemente confucionista Dinastia Han. A obra parece consistir de um destilar do corpus central da sabedoria Taoista constituído pelo Tao Te Qing, pelo Chuang Tzu e pelo Huainan-zi. Para esta versão portuguesa foi utilizada a primeira e, até à data, única tradução inglesa do texto, da autoria do Professor Thomas Cleary, publicada em Taoist Classics, Volume I, Shambala, Boston 2003. Foi ainda utilizada uma versão do texto chinês editada por Shiung Duen Sheng e publicada online.
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ideias
16 p er sp ect i va s Jorge Rodrigues Simão
Estado terrorista da Líbia “In the early months of 1986, concern over Mideast/ Mediterranean terrorism reached a fever pitch, culminating in the U.S. bombing of Libya in April. The official story is that this courageous action aimed at the leading practitioner of international terrorism achieved its goal. Khadafi and other major criminals are now cowering in their bunkers, tamed by the brave defender of human rights and dignity.” Pirates and Emperors, Old and New – International Terrorism in the Real World Noam Chomsky
p
ouco tempo após ter deposto o antigo Rei Idris, compreendeu-se que o coronel Muammar Khadafi era um psicopata. Mas acreditou-se que a sua loucura só dizia respeito à restauração do Islão na sua pureza medieval, basta ver os seus trajes. No tabuleiro mundial o líder árabe articulou sempre as suas jogadas, de acordo com os interesses da União Soviética, até à sua queda. Em que, por exemplo, restabelecer o Islão no seu rigor doutrinal podia levar a apoiar com armas e dinheiro o terrorismo dos católicos progressistas, contra os protestantes conservadores na Irlanda do Norte, o que nunca ficou esclarecido, mas cujas probabilidades são enormes. Era compreensível o apoio ao terrorismo irlandês porque satisfazia os interesses soviéticos, dado enfraquecer uma das grandes potências ocidentais. Posteriormente, ficou provado que Khadafi caminhou de mãos dadas com o aparelho comunista mundial. E que, sob a sua despótica liderança, a Líbia se tornou um foco mundial, a seguir a Cuba, da subversão violenta. Em Março de 1977, Khadafi tirou a máscara e baptizou oficialmente o regime de democracia popular socialista. A Líbia passou a ser centro de aprendizagem, onde milhares de alunos terroristas de vários países do mundo, agrupados em vários campos gigantescos treinaram-se física, militar e politicamente em todas as formas de violência, desde a pirataria aérea e o terrorismo até à guerrilha de mato e urbana. Os instrutores de subversão formaram uma amostragem igualmente cosmopolita, englobando colombianos, argentinos, cubanos, alemães do leste, japoneses, soviéticos, norte-coreanos, sul iemenitas e uma maioria de líbios e palestinianos. Nessa altura, em moradias de luxo da capital do país, funcionavam e discutiam interminavelmente os estados-maiores das subversões violentas, que figuravam permanentemente na agenda do binómio Muammar Khadafi e Leonid Brejnev - que foi secretário-geral do Partido Comunista da União Soviética de 1964 a 1982 e presidente da república de 1977 a 1982 -, e tinham alcance global. Altura em que tipografias líbias produziam vagas ininterruptas de falsos documentos de identidade de todas as nacionalidades. Poderosas antenas de rádio
irradiaram apelos incendiários, vinte e quatro horas por dia, em direcção a todos os cantos do mundo e em todas as línguas. Uma comissão de especialistas em psicotécnica seleccionava os agentes de subversão com vista às suas missões. O dinheiro ganho facilmente por Khadafi, a um preço exorbitante do petróleo que o Ocidente fez brotar do seu deserto, fluía a rodos para pagar os terroristas, as operações violentas, como o atentado que vitimou onze atletas judeus nos “Jogos Olímpicos de Munique”, as cumplicidades, os meios de comunicação social e as armas. Estas, armazenadas em grandes quantidades, eram encaminhadas em direcção aos locais de conflito por grande número de caravanas terrestres, aéreas ou marítimas. Todos aqueles que, pelo mundo, mataram, saquearam, violaram e raptaram encontraram na Líbia refúgio, ânimo e assistência. A 18 de Agosto de 1976, na Conferência dos países ditos não alinhados, perante a impassibilidade da comunidade internacional e dos Estados Unidos, realizada na capital do Sri Lanka, que foi uma colónia portuguesa de 1518 a 1524 e de 1554 a 1656, o coronel Khadafi afirmou altivamente que apoiava o terrorismo internacional e declarouse orgulhoso de tal acção. Para o demonstrar, seis dias mais tarde organizou o desvio para a Líbia de um avião egípcio.Aoperação falhou. E os membros líbios do comando confessaram que teriam recebido 250 mil dólares cada um se tivessem levado o aparelho até à capital do país. Nessa ocasião, o líder do comando, antigo homem de confiança de Khadafi, zangado com o seu patrão e refugiado no Egipto, declarou que o líder líbio destinava, todos os anos, mais de 600 milhões de dólares para financiar o terrorismo anti-imperialista pelo mundo. Tardiamente, os Estados Unidos aplicaram, em 1982, um embargo à importação de petróleo líbio. Em retaliação, em 1986, numa discoteca de Berlim, os líbios fazem explodir uma bomba onde morreram dois americanos. Os americanos, sem mandato do Conselho de Segurança da ONU, bombardearam a capital e a segunda cidade líbia. Em 21 de Dezembro de 1988, como retaliação, Khadafi patrocinou o atentado de “Lockerbie”, provocando 270 mortos.Acusado pelo atentado, a ONU decreta, em 1992 e 1993, sanções e acusa-o de patrocinar o terrorismo mundial. As sanções e o embargo económico, conjuntamente com a descida do preço do petróleo, fazem deteriorar a economia líbia e levam a tumultos populares, tendo esta sido vítima de um sério atentado. As sanções decretadas pela ONU são levantadas em 1999. A12 de Agosto de 2003, Muammar Khadafi entra num acordo internacional com vista ao levantamento dos embargos, comprometendo-
se a Líbia a pagar as indemnizações às vítimas, a admitir a sua responsabilidade no acto terrorista, a renunciar ao terrorismo e a colaborar em todas as investigações co-relacionadas. Foi acordado ainda, a cessação do programa de armas nucleares e de mísseis de longo alcance líbio, onde se gastaram cerca de 200 milhões de dólares, nunca devolvidos pelos Estados Unidos como contrapartida. A tecnologia nuclear e instruções para a construção de uma bomba líbia, foram transferidas para os Estados Unidos e Reino Unido, tendo os inspectores internacionais em 2004, reconhecido o desmantelamento do programa, que levou o ex-presidente George Bush a abandonar as limitações aos negócios com a Líbia e a elogiar cinicamente Muammar Khadafi. Tal acto possibilitou que os Estados Unidos e o mundo vivessem em maior segurança.
Por outro lado, o eventual derrube do regime líbio pode deixar um perigoso vazio difícil de preencher (...). As crescentes dissidências entre os aliados revelam que as saídas militares são mais fáceis que as políticas, mas que não conduzirão nunca nem à paz nem a um regime democrático, dadas as singularidades do país. Seguidamente, as grandes multinacionais do petróleo dos Estados Unidos e Reino Unido instalaram-se no país em 2005, com relevância para a “Halliburton”, que teve como presidente até 2000, o ex-vice-presidente dos Estados Unidos, Dick Cheney, que em 2004 exerceu o seu poder para a celebração de um fabuloso contrato de serviços petrolíferos e logísticos, relacionados com a reconstrução do Iraque invadido, provocando um sério escândalo. Em 2006 a Líbia é retirada pelos Estados Unidos da sua lista negra, relacionada com o comércio externo. Inimigos mortais transformam-se em amigos por força do petróleo e dos interesses das famílias petrolíferas americanas. Terminada essa era de interesses, e após os tumultos de 15 de Fevereiro e dos bombardeamentos de Khadafi contra a população civil e revoltosos numa chacina, ameaçando tresloucadamente tudo e todos, o Conselho de Segurança da ONU, no passado dia 18, aprovou uma resolução que instaura uma zona de exclusão aérea sobre a Líbia e permite o uso da força militar para impedir que as tropas de Muammar Khadafi ataquem civis.
Patrocinada pela França e Reino Unido, a decisão foi tomada com apoio dos Estados Unidos, tendo o Brasil, China, Rússia, Índia e Alemanha se abstido. O presidente americano, no dia 20, de visita ao Brasil, autorizou o ataque à Líbia com 110 mísseis de cruzeiro “Tomahawk”, lançados de navios e submarinos americanos e ingleses, estacionados no “Mar Mediterrâneo” contra 20 alvos, cujo total vai em 162. A força área líbia está neutralizada e Khadafi, vivo, diz que não se rende. Consolidava-se, dessa forma, a maior intervenção militar no mundo árabe desde a invasão do Iraque, numa coalizão de cinco países. Enquanto se crê que o coronel Khadafi tenha sido morto nos ataques, o seu filho de imediato desmente e a população foge da capital líbia. Mas, novo problema aparece, que é saber qual será o destino da família do ditador e quem o deverá prender. Estas questões levam a uma outra mais delicada, a de saber se será possível ou desejável a sua eliminação física. A ignóbil experiência do ex-presidente George W.Bush com Saddam Hussein aconselha a uma longa meditação, dado que a execução do ditador iraquiano não foi aprovada pela maioria xiitas do Iraque nem teve alguma compreensão no Irão. Pelo contrário, em 1991, o ex-presidente George Bush pai, não usou a operação “Tormenta no Deserto” para derrubar o ditador. Talvez, porque não esquecia um antecedente incómodo: o facto dos Estados Unidos terem apoiado o Iraque com armas e serviços secretos durante a guerra com Teerão, de 1980 a 1988. Antes, de 1975 a 1979, os Estados Unidos tinham suportado os talibãs e a AlQaeda na guerra contra a ocupação soviética do Afeganistão. Os russos retiraram-se, mas os talibãs continuam. A resolução do Conselho de Segurança, além de não mencionar o destino do coronel, nem sequer prevê uma ocupação terrestre. Só é clara a zona de exclusão aérea que passará a mil quilómetros da orla costeira e a protecção a civis em toda a área de exclusão, ou seja, cerca de 70% do território e a faixa marítima imediata. Por outro lado, os países árabes, quiçá, não vejam com bons olhos a prisão do coronel, como também não aprovaram a execução de Hussein. A coligação, tal como na guerra de 2003 no Iraque, e em especial os americanos, pretendiam uma alteração integral do regime. A Líbia é muito diferente. Em primeiro lugar, o Irão era, e é, uma espécie de federação entre árabes xiitas e sunitas e curdos. Se for o caso, os ocupantes em retirada vão ter de se resignar a uma normalização que pode levar anos. Por outro lado, o eventual derrube do regime líbio pode deixar um perigoso vazio difícil de preencher e uma centena de tribos cercando a capital e as principais cidades. As crescentes dissidências entre os aliados revelam que as saídas militares são mais fáceis que as políticas, mas que não conduzirão nunca nem à paz nem a um regime democrático, dadas as singularidades do país.
joana freitas
perfil
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Kent Wong | Guitarrista
O poder infinito da música Joana Freitas
joana.freitas@hojemacu.com.mo
Estava com os auscultadores quando chegámos ao bar para a nossa entrevista. À primeira vista foi fácil encontrá-lo, mesmo de perfil. Ocupava uma mesa alta, deixando apenas uma cadeira vazia. Sentamo-nos para perceber quem é o Kent Wong. O sítio foi escolhido por ele. Um bar de estilo americano, onde se destaca a decoração mais virada para a música e para as grandes bandas de rock de outras épocas. Quadros de AC DC e Rolling Stones, guitarras, alvos de setas e uma bateria criam o ambiente ideal para o nosso tema, mesmo sem sabermos inicialmente qual era. Trazem-nos a lista. Vais beber algum coisa? – perguntamos nós. Ficamo-nos apenas por uma garrafa de água que, além das paragens de que o nosso entrevistado precisa para pensar nas respostas, é a outra única interrupção na nossa conversa. Com a música do bar bem alta, fomos avançando na nossa conversa com o Kent. Nasceu nas ilhas Maurícias, o pai é birmanês e é só da parte da mãe que nos chega a tradição chinesa. Vive em Macau, porque foi aqui que a família escolheu assentar, onde estudou até aos 18 anos, quando deixou a escola. “Não me candidatei à universidade porque não havia nenhum curso de que gostasse”, conta-nos. Explica que o que queria verdadeiramente era enveredar pelo caminho da música, mas que a falta de possibilidades financeiraso levou a preferir abandonar a escola e a lançar-se no mundo do trabalho.
Começou por fazer pequenos biscates, reparações eléctricas. Durante cinco anos trabalhou em hotéis, na área da construção. Agora, é engenheiro electrotécnico. O Kent pára e vai ao bolso. Só quando tira o iPod do casaco e o desliga é que nos damos conta de que os auscultadores pendentes nas orelhas ainda tocavam. E foi para iniciar outro capítulo na nossa conversa que deixou de ouvir música. Para passar a falar dela. “Vamos começar com a minha vida, a música”, diz-nos. Sim, passemos à frente, à parte que realmente interessa. Com 15 anos conheceu um amigo que sabia tocar guitarra. Quando levou a sua para a escola, deixou o Kent surpreendido. Ele solta a palavra “cool” para nos explicar o primeiro contacto com aquele instrumento. Inclinase na cadeira alta, olha para as mãos, como se nelas carregasse uma guitarra. “O Rex tocava bem. Eu pedi-lhe para me ensinar.” Começou do zero, porque pela guitarra só tinha a paixão, não o conhecimento. “Acho mesmo fixe tocar guitarra”, acrescenta. Parou a prática quando tinha 17 anos, porque “eram tempos difíceis”, onde se debatia com outras responsabilidades de adolescente: os estudos. Um ano depois recomeçou e, agora, salta para o momento em que iniciou realmente a carreira de guitarrista. “Em 2004 formei a minha primeira banda, aqui em Macau.” Lançou o “metal hardcore” no território. Sabem, aquele estilo de música onde as batidas da bateria e os sons da guitarra abafam a voz rouca do vocalista? Pois. Era
algo não muito comum em Macau, mas a moda começou a pegar, o público aumentou, começou a gostar e a seguir a banda. Em 2009, integrou o grupo onde está actualmente, constituído por um paquistanês e três outros chineses, dois deles de Hong Kong. Como ensaiam é algo que passa despercebido, porque, pelo que percebemos, é cada um por si e o sucesso sai conjuntamente nos palcos. A King Ly Chee é a banda que leva Kent muito além das Portas do Cerco. Manila, Filipinas. O primeiro concerto. “Pisámos o palco e ficamos assim...” (A cara de Kent é de admirado. Boca aberta, olhos arregalados, tom de espanto). Perante as 1400 pessoas que assistiam, “tu não ficas com medo, ficas excitadíssimo. É difícil de explicar”. Mas ele tenta na mesma. “Num momento estás excitado, no outro muito feliz, depois a tua mente.. boom, explode!” Como nos conta, quando começa a tocar, a multidão enlouquece. O sentimento, diz, é “óptimo”. Sente-se a paixão do público. E depois das Filipinas, a China. Os mesmos palcos gigantes, a mesma loucura. A mesma satisfação. “No mundo real, tu vês as pessoas normais. Ali, no público, tu vês o outro lado, as pessoas soltam-se, sentem a nossa música. E é tão positivo esse sentimento”, salienta. E é isso que a King Ly Chee quer. Espalhar positividade pela Ásia. Com experiências inúmeras, que “servem para engrandecer” o guitarrista. “Eu já estive em muitos lugares”, diz-nos enquanto faz a lista: Zhuhai,
Shenzen, Hong Kong, Cantão, Wuhan, Xangai, Nanjin, Pequim. Apesar de tudo, o Kent afirma ser uma pessoa realista, sem as ilusões de que é fácil fazer carreira. Sabe reconhecer a dificuldade em seguir o caminho da música. Com 25 anos, admite não ter planos traçados, apesar de isso o entristecer, já que “gosta de ter objectivos”. Sem o apoio da família, confessa, a corrida torna-se ainda mais complicada. A dificuldade em definir o futuro passa também pelas mudanças, inatas, do ser humano. “A tua vida pode mudar ao longo do ano. Este ano sou uma pessoa, para o ano outra.” Só agora nos apercebemo-nos da música de fundo do bar. Um disco do Bon Jovi dificulta-nos a conversa, mas esta parte calhou bem. “I’m a devil on the run” e “catch me if you can”, da música “Blaze of Glory”, dão-nos o pano de fundo para o que Kent está a dizer. Por agora, sabemos que “a música é a [sua] vida”. Que é com a música que se desliga dos problemas. Que a música vem do seu coração. Que quando toca música, gosta de “viver o momento” e que quando ela acaba, sabe que há-de voltar. Admite “que não sabe o que é a música, mas que nasceu para ela”. Enquanto nos desenha, em cima da mesa, os contornos invisíveis do oito deitado, o símbolo do infinito, interroga-nos: “A música é infinita, percebes?” Ficamos calados, sem saber bem como responder a isso. Mas podemos deduzir que o futuro do Kent, pelo menos em parte, está nas cordas de uma guitarra.
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H
á pouco mais de um mês que é a Embaixadora de Timor-Leste em Pequim. Corre sangue chinês nas veias de Vicky Tchong - diplomata muito elogiada pela Procuradora-Geral Ana Pessoa, aquando da entrevista que nos deu em Novembro do ano passado, onde a considerou “uma mulher muito empreendedora, dinâmica e conhecedora”. A nova representante diplomática timorense na capital chinesa fez a instrução primária e secundária no seu país, graduando-se posteriormente na Nacional Taiwan Normal University e com pós-graduação em Gerontologia em La Trobe University, em Melbourne, Austrália. Vem a Macau para a XV Reunião de Embaixadores de Língua Portuguesa. Esta diplomata timorense mostrase entusiasmada com o seu trabalho na capital chinesa. É habito ouvir-se que as relações entre Timor-Leste e a China “são excelentes em todos os domínios”. Em que domínios, principalmente, são mais actuantes essas boas relações? Timor-Leste e China têm tido relações produtivas e amigáveis. Durante a luta pela independência do povo timorense, a China, a nível humanitário e diplomático, deu apoio a Timor-Leste. Uma vez restaurada a independência em 2002, os dois países tornaram-se ainda mais próximos com a valiosa assistência ao processo de construção da nação, com destaque nas áreas de infra-estruturas básicas, agricultura, saúde, educação, formação profissional, segurança e assistência material. [Esta é uma] relação bilateral que se aprofunda com frequentes visitas de alto nível, entre ambos os países, o que demonstra força de vontade para promover as necessidades de desenvolvimento comum. O nosso governo vê a China como um parceiro de desenvolvimento estratégico, colocando maior importância nas relações de amizade entre os dois países. O conceito “uma só China”
entrevista Vicky Tchon, embaixadora de Timor-Leste em Pequim
“A grandeza da China é fundamental no desenvolvimento de Timor-Leste”
é inabalável na política externa de Timor-Leste. A China também mostra empatia partilhada devido às experiências comuns dos dois países. Temos relações mais activas, alargando o apoio mútuo. Com cerca de nove anos de independência, muitos aspectos da construção da nação ainda são reduzidos, precisando urgentemente de ser resolvidos, mas certamente beneficiarão com a experiência chinesa. Em 2002 assinámos o Acordo de Cooperação Económica, que deu o quadro para os programas de cooperação bilateral, como a construção do Palácio Presidencial, o prédio de escritórios do Ministério das Relações Exteriores e assim por diante.
“O conceito “uma só China” é inabalável na política externa de Timor-Leste. A China também mostra empatia partilhada devido às experiências comuns dos dois países. Temos relações mais activas, alargando o apoio mútuo. Com cerca de nove anos de independência, muitos aspectos da construção da nação ainda são reduzidos, precisando urgentemente de ser resolvidos, mas certamente beneficiarão com a experiência chinesa” O comércio entre os dois países tem vindo a aumentar... Esse comércio bilateral está ainda numa fase incipiente, a China é o quarto maior parceiro comercial de Timor-Leste. O volume de comércio tem-se expandido de 9,5 milhões, em 2007, para 23 milhões em 2010, a maioria destes
no sector de exportação da China para Timor-Leste, principalmente peças de vestuário, bolsas, artigos de uso diário, produtos eléctricos e mecânicos, materiais de construção, etc. Investimentos da China em Timor-Leste vêm sobretudo de empresários em nome individual, incidindo sobre hotéis, postos de
gasolina, supermercados, pesca, restaurantes, bares, fábricas de tijolos, materiais de construção de hardware, etc. Alguns empresários também estão interessados na agricultura e em oportunidades de investimento na indústria mineira. Desde 2008, que o governo já concedeu um contrato a uma empresa chinesa para construir dois barcos a gasolina, e outro a um empreiteiro chinês, para construir as redes de electricidade. Em 2010, o Governo chinês concedeu um tratamento preferencial a mercadorias produzidas originalmente em TimorLeste, no sentido de as exportarmos para a China, o que reforça a capacidade timorense em ter acesso ao enorme mercado chinês. Existe um histórico importante nas relações entre os dois países. Por exemplo, a China foi o primeiro país a estabelecer relações diplomáticas com Timor-Leste. Há outros exemplos... Sim, para além de estabelecer relações diplomáticas formais, há outros factores que contribuem para reforçar as nossas relações. As trocas de visitas a alto nível, a diplomacia das bases, tais como contactos pessoais, cursos de formação, bolsas oferecidas pelo governo chinês.... Por outro lado, tudo o que nos for possível fazer em contrapartida, o faremos, como foi a contribuição do governo timorense para as vítimas do terramoto em Sichuan. Outros exemplo de ajuda da China a Timor-Leste é bem visível na construção do Palácio Presidencial, do Ministério dos Negócios Estrangeiros, da sede do Ministério da Defesa, a habitação para o pessoal
militar, e na assistência técnica ao projecto de arroz híbrido, para desenvolver medidas de segurança alimentar em TimorLeste. O envio da equipa médica e policial para manter a lei e a ordem e desenvolver a capacidade das contrapartidas, poderia contribuir para melhorar uma relação amistosa e produtiva. A nível regional e multilateral, os dois países também se podem apoiar um ao outro sobre questões de interesse comum. É realmente flagrante a importância da China no desenvolvimento económico de Timor-Leste. Sim, Timor-Leste é um país com apenas nove anos, estamos a construir uma nação a partir do zero. Os recursos humanos na administração pública ainda estão por desenvolver. A China, como país líder em desenvolvimento, pode dar forte auxílio para erguermos grandes infraestruturas, como estradas, portos, aeroportos, etc. Pode também ajudar Timor-Leste no sector da pesca e do desenvolvimento agrícola, na substituição de importação, no desenvolvimento da agricultura e na produção de matérias-primas, como coco, flores, legumes orgânicos e frutas, para as indústrias chinesas. A China também pode ajudarnos a formar pequenas empresas na produção de bens e produtos, nas quais Timor-Leste poderia ser competitivo para o enorme mercado chinês. A concessão da “tarifa preferencial” pelo governo chinês ajudaria a promover o comércio entre os dois países. O transporte também é um dos desenvolvimentos chave para o sucesso
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com Helder Fernando económico. Timor-Leste tem abundância de beleza natural, praias praticamente virgens e um dos lugares de mergulho com maior prestígio no mundo. Há mais de 40 milhões de turistas chineses por ano. Muitos poderiam vir a optar por Timor-Leste como destino turístico. O Fórum de Macau é uma instituição que desempenha um papel importante no fortalecimento desses laços bilaterais? O Fórum de Macau, estabelecido em 2003, é uma plataforma de cooperação económica e comercial entre a China e os países que falam português, sendo Timor-Leste um membro activo do Fórum e tendo um representante no seu Secretariado Permanente. O Fórum tem um papel importante para facilitar a entrada dos programas de cooperação e reúne todos os países de língua portuguesa no sentido de promover e defender os seus interesses comuns com a China. Os embaixadores dos
países de língua oficial portuguesa vão agora juntar-se em Macau naquela que será a XV Reunião Oridnária do Fórum. A Senhora Embaixadora estará presente. Que aspectos observa como sendo os mais importantes desta reunião e o que pode sair dela? Esta é uma reunião anual do Fórum onde participarão os embaixadores da CPLP, os funcionários do governo chinês, a Secretaria e as entidades em foco para informar sobre o andamento da execução do programa, tendo em vista o Plano de Acção para 2011. É também um encontro que pode acompanhar e discutir as iniciativas e os resultados da reunião ministerial, realizada a 3 de Novembro de 2010. Outros eventos também serão realizados durante esta reunião, como a inauguração do Centro de Treino de Macau, região que dispõe do curso de formação em Turismo e Hotelaria. Para TimorLeste, é importante ter uma
participação activa nestes cursos, desenvolvendo a capacidade dos nossos recursos humanos. Este programa encaixa-se bem nas nossas prioridades de desenvolvimento nacional. Na Expo 2010, em Xangai, Timor-Leste teve a primeira participação. Nesta altura que balanço é possível fazer dessa participação, tanto ao nível da divulgação das realidades do país, como nas questões de trocas comerciais ou outras? A Expo Xangai 2010 foi o primeiro evento internacional desse tipo em que Timor-Leste participou desde que se tornou um país independente. Eu, pessoalmente, acredito que foi um sucesso e foi uma experiência incrível para nós. Temos aprendido muito através da Expo Xangai, não só na preparação física da nossa participação, mas também por ter sido uma grande oportunidade de colocar Timor-Leste no mapa do mundo, promovendo o país e a sua beleza natural e única. Durante esses meses [de exposição], houve milhares de visitantes e muitos passaram a conhecer Timor-Leste, que era quase desconhecido para muitas pessoas. Outro aspecto importante foi o de alguns jovens timorenses que trabalharam no nosso pavilhão, ganharem a experiência de serem expostos a diferentes culturas, adquirindo
conhecimentos para desenvolverem trabalho na arena internacional. O tema da Expo também estimulou os nossos pensamentos sobre como e qual a direcção em que gostaríamos de avançar na nossa construção enquanto nação. Que relacionamento e cooperação tem TimorLeste com países do universo da língua portuguesa?
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séculos. Timor-Leste tem um considerável número de timorenses com ascendência chinesa. Esse contacto prolongado entre os dois povos permite a compreensão mútua das respectivas culturas e sociedades, o que, espero eu, seja um valor acrescentado, uma boa característica para facilitar o meu trabalho como embaixadora timorense na
“O reforço do nosso desenvolvimento económico, a profícua cooperação com a grandeza da China, irá ajudar a minimizar a carga actual de desemprego, reduzindo a pobreza em Timor-Leste.” Acima de tudo, Timor-Leste tem relações históricas muito fortes com os países de língua portuguesa. Existe ampla cooperação com cada um desses países, em ampla variedade de áreas. Compartilhamos laços de amizade e juntos formamos um grupo. Faz parte do nosso mandato constitucional estabelecer e manter laços especiais com os países da CPLP. Uma percentagem considerável de timorenses também tem ascendência chinesa. Essa realidade natural tem, de alguma forma, influenciado positivamente o seu trabalho como embaixadora timorense na capital chinesa? Sim, o contacto entre os povos de Timor-Leste e da China remonta a
China. Há estudantes timorenses, bolseiros, no continente chinês? Sim, desde 2005, a China oferece anualmente entre seis a oito bolsas de estudo a Timor. Actualmente, existem 26 timorenses a estudar em várias universidades na China. Dois desses alunos serão os primeiros graduados em Julho deste ano, ao abrigo do presente programa de bolsas. Que primeiro balanço faz deste seu primeiro mês como representante diplomática de TimorLeste em Pequim? A China é um país enorme, com milhares de anos de história e civilização. Existem infinitas actividades diplomáticas entre as representações em Pequim. Estamos
participando activamente nestas actividades, para ampliar a nossa rede diplomática. Os meus primeiros contactos com os departamentos governamentais chineses têm sido agradáveis e úteis. As pessoas são amigáveis e eficientes. Existe muita curiosidade sobre Timor-Leste, a maioria dos chineses só sabe “dongdiwen”, que é a maneira chinesa de dizer Timor-Leste, e estão entusiasmados para encontrar oportunidades de investimento no nosso país. Ver as reuniões da Assembleia Nacional Popular, é extraordinário e esclarecedor. A organização dos transportes públicos para mobilizar milhões de pessoas durante o período do Ano Novo Chinês foi um abrir de olhos para mim. Quando tomou posse declarou “procurar contribuir para dar mais força à relação entre a China e Timor-Leste. Além disso iremos procurar estreitar a cooperação para o desenvolvimento da economia e nas áreas da educação e da tecnologia”. Deduzo que são essas as prioridades de Timor-Leste no quadro das relações bilaterais com a China... Sim, ao lado de outras áreas, estas são as prioridades do nosso plano de desenvolvimento estratégico nacional. Como bem sabe, Timor-Leste necessita de reforçar os seus recursos humanos para se equipar melhor, tendo em vista enfrentar os desafios da reconstrução e construção nacional. E sem bons e capacitados recursos humanos, enfrentaríamos um grande obstáculo para alcançar esses nossos objectivos. Também por isso, precisamos de desenvolvimento económico capaz de criar emprego para os nossos jovens, que representam uma percentagem elevada da população. O reforço do nosso desenvolvimento económico, a profícua cooperação com a grandeza da China, irá ajudar a minimizar a carga actual de desemprego, reduzindo a pobreza em Timor-Leste.
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opinião ed i t or i a l Carlos Morais José
A muralha da harmonia e outras fábulas A expressão de Au Kam San ‘’Chefe offshore’’ é, no mínimo, divertida. Lembro-me de algures na década passada ter escrito um editorial em que me queixava da ausência de Edmundo Ho, também ele em constantes viagens fora de Macau. Reencontro pois uma semelhança, em bem diferentes cônsules. É verdade que hoje, tal como ontem, não é agradável à RAEM viver sem a presença do seu Chefe, na medida em que a importância da sua figura usurpa qualquer outra e ninguém cabalmente jamais o substituirá. Numa sociedade anã, é importante para o povo que fisicamente o detentor de poder declare de sua justiça e regularmente esmague as almofadas da cadeira onde esse mesmo povo o pode ver, cumprimentar e mesmo interpelar. Bem sabe Au Kam San que não interpelar o Chefe é interpelar o vazio. E não é agradável interpelar a prorrogação, a dilatação dos prazos, a economia das respostas e a gestão cronométrica dos silêncios. Pior que um vazio, trata-se de uma substância esponjosa, pegajosa, onde ideias e perguntas deslizam com dificuldade, dando a impressão de nunca chegarem a quem verdadeiramente se responsabiliza; quer dizer, o Chefe. Essa “muralha da harmonia” existe por toda a função pública, pelos cantos mais esconsos da administração, no próprio seio do
ca r t o o n por Steff
governo. Criada, talvez inconscientemente, foi cuidadosamente alimentada, nutrida, educada. É ela que, supostamente, protege o executivo dos “ataques’’ exteriores — pensamento paranóico e infantil —, é ela que protege cada um dos assentos conseguidos. É, portanto, nessa maravilhosa pasta que todo este inefável sistema se banha. Por vezes, da cobra. Um Chefe off-shore acentua essa sensação de que é inútil disparar contra o vazio. Quem, afinal, governa Macau? Alguém nos sabe dizer? (Os que levantaram o dedo podem sair da sala. São as bestas que sabem tudo do costume.) Não. Ora quando assim é, quando o poder se oculta por detrás de inúmeras cortinas, quando surge desempenhado por incontáveis actores, manobrado por personagens de existência duvidosa, quem não clamaria pela falta do Chefe? Au Cohen-Bendit San precisa de um Barroso para apontar o dedo e as perguntas, para fazer a sua dança guerreira, mas nesta RAEM ficará órfão. Ou será que o Chefe mora ao lado? * O doutor Alan Baxter vai-se embora. Académico de valor inquestionável, o australiano que dirigiu o Departamento
Morreu elizabeth taylor
de Português da Umac, nos últimos anos, conseguiu resistir à expectável desconfiança com que se olha, à partida, alguém que não é falante materno de uma língua. Baxter não hostilizou ninguém, mas também não conseguiu unir o departamento, nem os docentes de língua portuguesa que por ali leccionam. A verdade — todos a sabem — é que existe na Universidade de Macau uma absurda guerrinha entre portugueses e brasileiros, provavelmente para grande espanto e gáudio dos chineses e dos anglo-saxónicos. Ora Baxter não soube resolver estes problemas, mais digno de meninos de liceu ou adeptos de futebol do que pessoas adultas e com cursos universitários, quiçá doutoramentos. Onde se prova que as academias também têm os seus dias. Por seu lado, a Umac não se resolve, de forma esclarecida e autoritária, a tornar-se numa universidade bilingue portuguêschinês, como exige a Lei Básica e indicam as ordens de Pequim. Pelo contrário, persiste por ali aquela atitude reaccionária, digna do mau maoísmo, caturramente enquistado em ideias arrevesadas às quais não é alheia alguma desatenção ao mundo, nomeadamente ao Norte. Bem sabemos que é por vezes difícil ver dois metros à frente do nariz, sobretudo quando a névoa do dinheiro e da vaidade nos obnubila o real mas, caramba!, era de esperar alguma lucidez, seriedade e até benevolência por parte de uma universidade. Na hora da despedida, desejamos ao doutor Alan Baxter as maiores felicidades, invejando-lhe as muquecas de camarão que, certamente, não deixará de comer em Salvador da Bahia, uma das cidades mais portuguesas do deste mundo e sobretudo do outro. E não podemos deixar de lhe agradecer pelo seu trabalho, pelo interesse que demonstra pela língua portuguesa e pela paciência que abundantemente exibiu na sua passagem por Macau. A ver vamos quem o irá substituir...
de uma reestruturação que passa também pela recuperação da sua muito danificada imagem.
*
*
A Air Macau resolve os seus problemas internos com asa de ferro. Ao que consta, esfumou-se a possibilidade da criação de uma associação de pilotos. Espera-se que a companhia não venha a ser notícia pelos piores motivos. Seja como for, o que não está restabelecida é a confiança dos passageiros, sobretudo enquanto os aviões continuarem a não cumprir os horários. AAir Macau precisa
Hoje Portugal vive sem linha de horizonte. Como se o futuro não fosse possível. Talvez isso seja bom, talvez o fundo do poço seja de lição. Talvez se inicie um novo período, fundado numa tomada de consciência e desenvolvido num projecto comum. Depois acordei no telejornal de Sócrates e Passos Coelho. Peguei num livro e fugi. O meu Portugal não tem lugar no miserando rectângulo.
A Umac não se resolve, de forma esclarecida e autoritária, a tornar-se numa universidade bilingue português-chinês, como exige a Lei Básica e indicam as ordens de Pequim. Pelo contrário, persiste por ali aquela atitude reaccionária, digna do mau maoísmo, caturramente enquistado em ideias arrevesadas às quais não é alheia alguma desatenção ao mundo, nomeadamente ao Norte.
Sorri para os teus
inimigos, que são os que mais precisam.
Padre Manuel Teixeira [1912-2003]
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A v ol ta a o d i a em oi t en t a m u n d os
O modelo Continente D
uas campanhas invadem, nestes dias, o espaço público português de modo omnipresente. A primeira, e mais óbvia, diz respeito a uma estratégia de rebranding e fusão comercial de duas marcas das cadeias de supermercados do grupo Sonae. A segunda respeita à operação logística lançada pelo Estado português, para a realização do recenseamento geral da população em 2011. A primeira segue uma estratégia de conquista de mercado, a segunda de mobilização cívica. Ambas são pedestres, mas a segunda é intolerável. A campanha de marketing do grupo Sonae pretende alargar as quotas de mercado dos seus supermercados e recuperar clientes à concorrência, não importa a extracção social, geográfica ou económica da população dos consumidores. Nada de estranho numa lógica de mercado concorrencial, livre e aberto. Tal como não é de estranhar o massivo investimento publicitário do grupo em tudo o que é outdoors, jornais gratuitos e tablóides, rádios e televisões. Em boa verdade, o filme televisivo da campanha é eficaz, embora deslize para a mais banal das estratégias. Concentra na marca um sentimento de adesão nacional, interclassista e intergeracional mostrando multidões em movimento por localizações várias do território nacional num crescendo de euforia e identificação até culminar na frase épica da campanha: “Continente, somos
todos nós”. Podia ser a selecção nacional de futebol, poderia tratar-se da representante portuguesa no eurofestival da canção. No caso, é o supermercado “Continente”. Transforma-se a ideia de país em ideia de mercado, substitui-se os respectivos signos de identidade nacional em marca comercial e materializa-se a ideia de povo nas centenas de figurantes que por ali pululam. A inferência é simples: consumir “Continente” é um acto de patriotismo. Onde se lê país, deve ler-se empresa. Mas, adiante, tratando-se de uma estratégia comercial, sem ser justificável é, apesar de tudo, à luz do lucro, compreensível. Já os contornos da campanha de divulgação do recenseamento do Instituto Nacional de Estatística, pelas semelhanças com a primeira, são bem mais inquietantes. A palavra de ordem da campanha explica que “a missão é mostrar Portugal com rigor e isenção”. Quem “aos Censos está a exercer simultaneamente um direito e um dever de cidadania. Ao responder aos Censos, cada cidadão está a “contar” para a “fotografia” da população e do parque habitacional. Essa fotografia só terá qualidade se reflectir a realidade de todos e de cada um. Ao não responder, estará a impedir a nitidez e o rigor do retrato do país e das medidas que, a partir dele, vierem a ser tomadas”. Ora, e seguindo a metáfora fotográficaestatística, um dos principais problemas que
O ponto é este: nos centros simbólicos de reconhecimento político, sejamos sérios, a exclusão ainda faz a norma. este retrato do país dos censos encontra, logo à cabeça, é mesmo a realidade desse país que pretende retratar, e que não é, nem pouco mais ou menos, nem só branco nem apenas preto, e tão pouco cinzento. Mas os materiais de campanha parecem desdizer esta evidência. Pelo menos, a avaliar pela imagem-pivot que é assim: ao fundo, a Torre de Belém, e em primeiro plano dois indivíduos, um de sexo masculino e outro feminino, na ordem dos trinta anos de idade, com duas crianças às costas, todos de raça branca sorrindo para o espectador ( já, sei, oh antropólogos, que raças não existem e que a categoria é filha da política colonialista de subjugação do indígena, mas aqui se me permitem dá jeito usar o expediente para entender o ponto). De imediato, no plano, se associa o conjunto a uma família urbana mononuclear representativa de uma família portuguesa tradicional. E é aqui que a representação tortura a realidade, acabando por produzir e normalizar essa realidade quando afinal deveria representá-la. Esta distorção do regime político de representação torna-se evidente para quem faça o exercício
Carlos Picassinos
elementar de observar a rua e ver de que maneira esta surge, ou não, plasmada nas instâncias simbólicas e políticas da democracia - onde estão os negros, as mulheres, as identidades religiosas, sexuais, étnicas ou económicas que povoam essa mesma rua? Na televisão, na publicidade, nos media ou no parlamento, a normatividade é sistematica, e predominantemente, branca, de classe média, heterossexual, burguesa, e por aí fora. O ponto é este: nos centros simbólicos de reconhecimento político, sejamos sérios, a exclusão faz a norma. Neste caso particular do INE, a campanha é ainda mais escandalosa quando a ideologia oficial que se deveria pautar pela – pelo menos - neutralidade institucional face à pluralidade social constitutiva de um Estado de direito democrático cede, afinal, a processos de legitimação dessa exclusão. Porque o que ocorre neste caso, como noutros, é a prática reiterada de uma violência simbólica exercida sobre colectivos minoritários excluíndo-os dos processos de representação política. Uma prática cuja denúncia raramente se torna audível pela condição subalterna dos indivíduos excluídos. Acontece que aceitar o limbo dessa invisibilidade significa subscrever a legitimidade dessa exclusão e valorizar uma democracia nestes termos não é valorizar democracia nenhuma.
Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editor Vanessa Amaro Redacção Filipa Queiroz; Gonçalo Lobo Pinheiro; Joana Freitas; Kahon Chan; Rodrigo de Matos; Virginia Leung Colaboradores António Falcão; Carlos Picassinos; José Manuel Simões; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Rui Cascais; Sérgio Fonseca Colunistas Arnaldo Gonçalves; Boi Luxo; Correia Marques; Gilberto Lopes; Hélder Fernando; João Miguel Barros, Jorge Rodrigues Simão; José I. Duarte, José Pereira Coutinho, Luís Sá Cunha, Marinho de Bastos; Paul Chan Wai Chi; Pedro Correia Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia António Falcão, Gonçalo Lobo Pinheiro; António Mil-Homens; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Laurentina Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Av. Dr. Rodrigo Rodrigues nº 600 E, Centro Comercial First Nacional, 14º andar, Sala 1407 – Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo
Vais sair de Macau? Japão Funcionários de Fukushima hospitalizados A Agência japonesa de Segurança Nuclear revela que dois funcionários da central de Fukushima Daiichi foram hospitalizados ontem depois de estarem expostos a radiação elevada no edifício do reactor 3. No local, os trabalhos foram retomados. Os funcionários - na casa dos 20 e 30 anos - estavam num piso térreo parcialmente inundado a trabalhar na ligação de cabos à rede eléctrica no edifício adjacente ao reactor. Os homens estiveram com os pés e parte das pernas dentro de água e expostos a entre 170 e 180 milisieverts de radiação. Um porta-voz da central explicou que apesar de terem fatos de protecção, a água contaminada acabou por entrar em contacto com os pés e pernas, sendo expostos à radiação. A exposição directa à radiação, normalmente, causa inflamação e foi por isso que foram hospitalizados.
Líbia Controlo de Khadafi As forças militares leais ao contestado líder líbio Muammar Khadafi capturaram a zona portuária da cidade de Misurata, último reduto rebelde na Líbia Ocidental, impedindo a saída do país de milhares de imigrantes estrangeiros. Misurata, posição isolada dos rebeldes no oeste da Líbia, a 200 quilómetros de Tripoli, assiste já há semanas de batalha e um cerco irredutível dos tanques de Khadafi, aos quais acrescem nos últimos dias os raides aéreos feitos pelas forças da coligação internacional mandatas pelas Nações Unidas para defender as populações civis dos ataques das tropas do regime contra as cidades “libertadas” pela rebelião. China Explosão em mina mata 17 Uma explosão numa mina de carvão no nordeste da China causou ontem 17 mortos, seis feridos e dois desaparecidos, disse a agência noticiosa oficial chinesa. A explosão ocorreu numa mina da província de Jilin, disse a mesma fonte citando as autoridades locais. A China é o maior produtor e consumidor mundial de carvão. Os acidentes nas minas de carvão chinesas têm diminuído mas ainda matam em média seis trabalhadores por dia.
Vou. A ver se encontro...
... o chefe
!!!
Estudo explica factores que levam a longevidade
Casar prolonga vida
Pesquisa inédita defende que o trabalho não está a roubar anos de vida aos homens e que a fé numa religião prolonga a vida das mulheres. Os investigadores destacam ainda o papel das relações sociais na longevidade de cada um
O
casamento será sinónimo de uma vida longa? Sim, se for homem. Ser religioso pode ajudar? Sim, se for mulher. Investigadores da Universidade da Califórnia garantem ter chegado a novas pistas para ter uma vida longa e prometem destruir alguns mitos. Para isso, a equipa seguiu a vida de 1528 pessoas, inscritas num estudo científico quando tinham cerca de dez anos, em 1921, pelo psicólogo Louis Terman da Universidade de Stanford. Os conselhos podem não garantir uma entrada directa no clube dos centenários, mas relativizam alguns dilemas actuais: uma profissão absorvente, por exemplo, não é na opinião destes especialistas um mau prenúncio. Este e outros resultados foram publicados este mês no livro “The Longevity Project: Surprising Discoveries for Health and Long Life from the Landmark Eight-Decade Study” (14,5 dólares na Amazon). Leslie R. Martin, co-autora do trabalho, explicou ao i que nunca é tarde para se começar algumas mudanças no dia-a-dia. A corrida aos segredos da longevidade não parece estar perto da meta, tendo em conta os sucessivos trabalhos inconclusivos - dos genes certos aos comprimidos mágicos (recorde-se a euforia em torno do resveratrol e da rapamicina), passando pelas apologias do exercício físico, da medicina alternativa ou do treino cerebral. O facto é que a melhoria do acesso a cuidados de saúde tem feito a sua parte, mesmo debaixo da nuvem de novas epidemias como a obesidade ou a diabetes. Segundo as previsões mundiais, a nova geração - como chamou o “The Huffington Post” à cada vez mais populosa faixa etária acima dos 80 - deverá aumentar 233% até 2040, um crescimento sete vezes superior ao previsto para a população em geral. “Quando começámos”, explicam os autores no comunicado que lança o livro, “era claro que algumas pessoas eram mais propensas à doença, demoravam mais
a recuperar, ou morriam mais cedo, enquanto outras da mesma idade conseguiam sobreviver. Foram propostas todo o tipo de explicações - ansiedade, pouco exercício, carreiras stressantes, tendência para correr riscos, pessimismo mas nenhuma tinha sido estudada durante um grande período”. Duas décadas depois, e com registos dos últimos 90 anos, fizeram esse estudo. O follow up da amostra de Terman, previsto para seis meses, acabou por dar pano para mangas: os jovens participantes atravessaram as fases das suas vidas e não foram os mais optimistas a viver mais tempo, nem os que tinham os melhores hábitos. Entre eles estavam, por exemplo, a repórter de guerra Shelley Mydans [1915-2002] ou Norris Bradbury, um dos homens por trás do armamento nuclear norte-americano [1909-1997]. Uma das descobertas mais surpreendentes do estudo foi perceber que as suas personalidades em criança poderiam prever o risco de mortalidade décadas depois, diz Leslie R. Martin. As crianças consideradas mais alegres e bemhumoradas pelos pais e professores “tiveram vidas mais curtas” do que as companheiras mais reservadas e prudentes. Adoptar como máxima pessoal o relaxado “vai correr tudo bem” parece ser prejudicial. Entre os que começaram a escola mais cedo, antes dos seis anos, descobriram também uma longevidade reduzida. Outra surpresa, destaca a investigadora, foi a diferença encontrada entre homens e mulheres para o impacto do casamento. “Depois de um divórcio, para os homens é melhor voltar a casar enquanto para a mulher não importa.” Homens casados vivem para lá dos 70 e menos de um terço dos divorciados apresenta uma probabilidade forte de viver tanto, adiantam. A esta sina escapam apenas os homens que nunca casaram. Já entre as mulheres, quer nunca casem, quer casem, fiquem sozinhas depois do divórcio ou voltem a casar, o nível de longevidade é o mesmo. Uma das precursores mais
consistentes de uma vida longa parece ser a existência de laços interpessoais, de entreajuda. Leslie R. Martin explica que não se trata de começar a procurar amigos novos, ou de obrigar os mais tímidos a sair da casca, mas de haver um esforço para cultivar relações, muitas ou poucas, ou apenas as familiares. Já a entrega ao trabalho - pasmem-se os críticos aos workaholics - não parece ser motivo para grandes receios. Os investigadores descobriram que as pessoas mais comprometidas vivem mais tempo e que o stresse e as preocupações não roubam, na prática, anos de vida. O livro reúne ainda conclusões sobre o papel da fé e o impacto da guerra na esperança de vida, publicadas nos últimos dois anos. Os investigadores descobriram que as mulheres com crenças religiosas vivem mais, um fenómeno que não se verifica nos homens. Aos leitores prometem quizes para avaliarem até quando vão viver com base nos seus comportamentos e personalidade, para saberem o que podem mudar. Leslie R. Martin duvida que alguma vez surja uma prescrição universal para a vida longa, mesmo que deposite as suas convicções nesta. “Muitas das coisas em que as pessoas pensam, como preocuparemse com o rácio de ómega 3 nos alimentos que comem, acabam por ser distracções dos caminhos principais”, conclui.
sexta-feira 25.3.2011 www.hojemacau.com.mo
Pedofilia Bibi paga um cêntimo a pedroso Carlos Silvino diz que antigo inspector da PJ o induziu a dizer que ex-deputado era abusador. “Queria pedir desculpa ao senhor Paulo Pedroso”, disse ontem Carlos Silvino, de pé, defronte a um colectivo de juízes no Campus de Justiça, em Lisboa. “Nunca transportei miúdos da Casa Pia à casa de Elvas e nunca lá vi o doutor Paulo Pedroso”, rematou o principal arguido do processo Casa Pia contrariando tudo o que disse em julgamento e também numa entrevista à TVI em 2006. O pedido de desculpas e face às explicações prestadas levaram a defesa do antigo ministro socialista a reduzir o pedido de indemnização de 150 mil euros para um simbólico cêntimo. Titanic O casal mais romântico de sempre A revista “People” e a cadeia televisiva ABC lançaram uma votação online para descobrir o casal mais romântico da história do cinema. O par Rose e Jack, do filme “Titanic”, foi o escolhido, numa votação que contou com a mais de 500 mil participações. O casal de “Titanic”, interpretado por Kate Winslet e Leonardo DiCaprio, foi eleito o mais romântico da história do cinema, com 23% dos votos, empurrando para segundo lugar o par histórico de “E Tudo o Vento Levou”, com Vivien Leigh a interpretar Scarlett O’Hara e Clark Gable na pele de Rhett Butler. EUA Detido por brincar com Viagra Um jovem de 28 anos foi preso depois de ter ligado três vezes para o serviço de emergência, na Florida, EUA, alegando uma overdose de comprimidos Viagra. Quando a equipa médica chegou ao local apontado pelo jovem não encontrou ninguém no estado descrito. A polícia mostrou as gravações das chamadas ao dono da casa que logo reconheceu a voz: era o namorado da sua filha. De acordo com o jornal ‘Sun Sentinel’, o jovem, Matthew Wade Douglas Jr., acabou por ser preso pela sua brincadeira de mau gosto. Reino Unido Milhares em protesto Dezenas de milhares de pessoas são esperadas nos protestos contra as medidas de austeridade do governo marcados para amanhã em Londres, para os quais a polícia preparou uma nova estratégia de modo a evitar violência e confrontos. A manifestação, organizada pelos sindicatos, está marcada desde Outubro e foi agendada para coincidir com a semana da apresentação do orçamento anual.