Hoje Macau 25 MAI 2017 #3819

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MOP$10

QUINTA-FEIRA 25 DE MAIO DE 2017 • ANO XVI • Nº 3819

GONÇALO LOBO PINHEIRO

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ

JUNHO, MÊS DE PORTUGAL AFIRMAÇÃO LUSITANA EVENTOS

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PÁGINA 7

PARQUÍMETROS

AS DUAS FACES DA MOEDA GRANDE PLANO

RECEITAS PÚBLICAS

O copo mais cheio PÁGINA 6

Aragens & Divergências PUB

h ANTÓNIO CABRITA

LEI ELEITORAL TRADUÇÃO GERA CONFUSÃO

Descubra as diferencas

As discrepâncias entre as versões portuguesa e chinesa da lei eleitoral vieram a lume a partir dos casos de assinaturas repetidas em várias proposituras de candidatura, detectados na

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Sinais positivos

semana passada. A Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa reconhece agora as diferenças, mas o diploma só poderá ser alterado após as eleições.

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HOSPITAIS

hojemacau


2 GRANDE PLANO

PARQUÍMETROS AS DÚVIDAS E RECEIOS SOBRE OS AUMENTOS

MAIS MOEDA É já a partir do dia 17 de Junho que os condutores vão passar a pagar mais para terem os carros estacionados na rua. O economista Albano Martins entende que a medida é inevitável para travar a circulação de veículos e não prevê consequências negativas ao nível dos preços da compra e arrendamento de lugares de estacionamento. Duas associações, contudo, não pensam da mesma forma

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STACIONAR na rua vai passar a ser mais caro. É a mais recente medida da Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) para controlar o número de carros que diariamente circulam nas ruas e que tem também o objectivo de libertar mais lugares de estacionamento nas vias públicas.

Na prática, os veículos passam a pagar mais e a estacionar por menos horas. Um veículo pesado passa a pagar dez patacas por hora a partir do dia 17 de Junho, quando actualmente paga apenas cinco patacas. Para os veículos ligeiros, o valor máximo chega às dez patacas, começando nas três patacas. Já os motociclos podem estacionar

por um máximo de quatro horas, pagando uma ou duas patacas por hora. Contudo, nem todos aplaudem as novas medidas. Concordam com a iniciativa de controlar o número de veículos nas ruas, mas consideram que os aumentos poderão levar a consequências negativas ao nível do imobiliário. É o que defende Tong Ka Io, presidente da Associação Iniciativa de Desenvolvimento Comunitário de Macau. “Naturalmente que os preços das fracções nos parques de estacionamento vão aumentar. E não há lugares para todos. As pessoas vão começar a pagar mais para estacionar o carro e também pagam mais multas, mas continuam a não ter um lugar para parar o carro”, disse ao HM. Tong Ka Io lamenta o facto de os aumentos irem parar aos bolsos da empresa concessionária, responsável pela gestão dos parquímetros, e não aos cofres públicos. “É bom ver que o Governo está a tentar fazer algo para controlar o aumento do número de veículos, mas achamos que é estranha esta medida. O aumento das tarifas dos parquímetros não irá para o Governo, mas sim para as empresas que gerem os parquímetros”, reforça. Para o responsável, a Administração já deveria ter apresentado medidas mais consistentes para melhorar o serviço de transportes públicos.

“É bom ver que o Governo está a tentar fazer algo para controlar o aumento do número de veículos, mas achamos que é estranha esta medida. O aumento das tarifas dos parquímetros (...) vai para as empresas concessionárias.” TONG KA IO PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO INICIATIVA DE DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO

“Achamos que a melhoria do sistema de transportes em Macau deve ser feita dando prioridade ao transporte público, incluindo as medidas para o controlo dos carros privados como uma forma de coordenação. Actualmente, o Governo não está a fazer isso e apenas implementa políticas que impliquem o aumento dos preços, mas todo o dinheiro vai para as empresas”, referiu. Lam U Tou, director da Associação da Sinergia de Macau, não está contra a ideia de aumento das tarifas, mas considera que o Governo tomou medidas demasiado fortes, que são inaceitáveis para os residentes. O dirigente associativo entende que a utilização de veículos é muito elevada e fala das queixas na sociedade em relação ao trânsito. No entanto, é do entendimento de que o Governo não fez esforços suficientes para melhorar a situação do tráfego. Lam frisa que o aumento das tarifas cobradas nos parquímetros não só não é suficiente para atingir os objectivos do Governo, como poderá trazer um impacto negativo a quem conduz diariamente.

EFEITOS NOS AUTO-SILOS PÚBLICOS

Lam U Tou acredita que o aumento das tarifas pode deixar mais lugares livres nas ruas, mas argumenta que, após a implementação da medida, os utentes dos parquímetros vão acabar por utilizar os serviços dos auto-silos, pelo que os par-


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S PARA QUÊ? ques de estacionamento públicos vão acabar por ter menos lugares disponíveis. Outro efeito negativo apontado por Lam U Tou prende-se com a insuficiência em termos de transportes públicos, tal como defendeu Tong Ka Io. O responsável diz que os cidadãos continuam a queixar-se da insuficiência dos serviços de transportes públicos, pelo que existe uma grande necessidade de utilização de automóveis. O director da Associação da Sinergia de Macau considera ainda que o aumento dos preços não só não vai diminuir o número dos veículos em circulação, como vai elevar o custo de vida dos cidadãos. Lam U Tou defende também que todos os condutores devem ter acesso ao passe mensal para estacionamento, por ser um meio importante para garantir um melhor fluxo de carros nos auto-silos públicos.

SEM EFEITOS NA ESPECULAÇÃO

Se existem receios de um aumento dos preços no arrendamento e compra de lugares de estacionamento, Albano Martins, economista, refuta por completo essa ideia. “Quem quiser comprar um parque de estacionamento paga quase um milhão de patacas, ou mais. Antes custava 50 mil patacas. Esta medida vem mais no sentido de racionalizar a utilização dos parquímetros, para as pessoas não pararem o carro lá e ficarem

O director da Associação da Sinergia de Macau considera que o aumento dos preços não só não vai diminuir o número dos veículos em circulação, como vai elevar o custo de vida dos cidadãos

o dia todo a ocupar um espaço que poderia ser ocupado por outras pessoas”, observa. “A curto prazo não vejo consequências no mercado imobiliário, só me parece que vai disciplinar a utilização” dos lugares disponíveis na via pública. O economista recorda que o aumento dos preços dos parquímetros é uma medida que se verifica em vários países e é, talvez, a mais eficaz para controlar o fluxo de veículos nas grandes cidades. Albano Martins deu o exemplo de Singapura. “Manter preços baixos significa que toda a gente leva o carro, por tudo e por nada, para todos os locais da cidade. Tem de se aumentar os preços, não vejo outra solução. Quando se entrava na zona central de Singapura, as pessoas tinham d e pagar um preço especial para terem acesso com os carros, para que o acesso fosse reduzido”, exemplificou. Albano Martins dá, por isso, os parabéns ao Executivo. “As pessoas podem deixar o carro no seu edifício e apanhar um autocarro, por exemplo. A medida é de saudar. Em toda a parte do mundo, quando se quer retirar os carros das ruas, a melhor maneira é subir os preços.” Há, contudo, consequências para quem não tem salários mais elevados, assume. “Quem não tem muito dinheiro fica de lado,

mas este tipo de política não se faz em função dos rendimentos das pessoas. É como o imposto indirecto, quando calha, calha a todos, e aqui é a mesma coisa. É um imposto altamente regressivo, como se diz em finanças públicas, mas é uma medida que o Governo dificilmente poderia contornar.”

MAIS REGRAS PARA CONCESSIONÁRIAS

Apesar de sugerir que as pessoas deixem os seus veículos em casa e apanhem um autocarro, Albano Martins também remete para a necessidade de melhorar o sistema de transportes públicos. O economista vai mais longe e defende mesmo que as concessionárias sejam obrigadas, aquando da revisão dos contratos, a terem uma frota amiga do ambiente. “As pessoas têm de se habituar a andar nos autocarros e a deixar o automóvel em casa. É preciso melhorar os autocarros públicos e acabar com os carros a gasolina ou a gasóleo, e introduzir nas estradas carros amigos do ambiente. A emissão de um autocarro é muito superior à de um automóvel, o Governo tem de ter coragem de impor às concessionárias, aquando da revisão dos contratos, a obrigatoriedade de adquisição de autocarros amigos do ambiente”, concluiu. Na conferência de imprensa de apresentação dos novos aumentos, Lam Hin San, o responsável máximo pela DSAT, lembrou que os

“A curto prazo não vejo consequências no mercado imobiliário, só me parece que vai disciplinar a utilização.” ALBANO MARTINS ECONOMISTA valores não foram actualizados nas últimas três décadas. “Pretendemos um aumento gradual para que fosse recebido pelos residentes com mais facilidade. Durante 30 anos o valor dos parquímetros não foi actualizado.” Os lugares de estacionamento na zona da Sé serão os primeiros a receber os novos valores. O novo tarifário estará em vigor em todas as zonas do território no dia 3 de Junho. Andreia Sofia Silva (com Vítor Ng) info@hojemacau.com.mo


4 POLÍTICA

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Para a próxima vai ser melhor

AL RESPONSABILIZAÇÃO DE CHEFIAS LEVA EXECUTIVO AO PLENÁRIO

O

É

Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) emitiu ontem um comunicado em reacção ao mais recente relatório do Comissariado da Auditoria (CA) sobre as falhas na fiscalização e coordenação das obras viárias. No documento é afirmado que “o IACM tenciona rever o mecanismo de controlo da execução das obras, uniformizar e optimizar os procedimentos, as normas de fiscalização (...) e o método de contagem do prazo de execução das obras”. Uma das alterações passa pela informatização dos serviços. “Para colmatar as insuficiências no tratamento de licenças de obras viárias, foi já levada cabo a implementação do sistema informático de coordenação e gestão de obras viárias.” Uma das críticas feitas pelo CA tinha que ver precisamente com o facto de este sistema não estar a ser devidamente actualizado. O IACM acredita que, com a inserção dos dados no sistema, irá conseguir aperfeiçoar a coordenação e gestão das obras viárias. Antes da realização de uma obra, o IACM irá pedir um parecer à Direcção dos Serviços dos Assuntos de Tráfego (DSAT). Caberá a este organismo “instruir os documentos relativos ao pedido de licença de obra,

com vista a melhor identificar a área de influência e seus reflexos no prazo de execução da obra”. O relatório do CA faz referência à falta de registo de muitas das fiscalizações. O IACM reconhece que, à data dos factos, não foi possível registar de forma manual todos os trabalhos realizados, mas que actualmente tudo é feito de forma informatizada. Além disso, “nos anos de 2014 e 2015, registaram-se 189 casos de atraso na execução de obras, representando uma taxa de atraso de 5,47 por cento”, frisa o IACM.

CHAMEM O CCAC

Na reacção ao relatório do CA consta ainda a informação de que o IACM “já procedeu à transferência dos respectivos trabalhadores para outros serviços, procedendo ainda à instauração de processos disciplinares”. Em declarações ao Jornal do Cidadão, o deputado Ho Ion Sang disse não estar satisfeito com o Grupo de Coordenação de Obras Viárias, igualmente visado na Auditoria, alertando para a falta de transparência do seu funcionamento. Ho Ion Sang fala ainda da possibilidade de terem sido praticados actos de corrupção no contexto das obras viárias, pedindo a actuação do Comissariado contra a Corrupção. A.S.S./V.N

E depois dos relatórios? uma realidade de Macau: o Comissariado contra a Corrupção (CCAC) e o Comissariado da Auditoria (CA) investigam serviços públicos, detectam irregularidades, os relatórios são publicados e, durante algumas semanas, o assunto é notícia. Os visados pelas críticas fazem mea culpa e o tema passa ao esquecimento. O caso do Instituto Cultural (IC) parece ter vindo alterar a tendência: não só não caiu no esquecimento, como o secretário para os Assuntos Sociais e Cultura anunciou a realização de um procedimento disciplinar que visa aqueles que chefiavam a estrutura à data dos factos. Ainda assim, a contratação irregular de várias dezenas de funcionários pelo IC continua a dar que falar e serve de ponto de partida para algumas das interpelações orais do plenário desta tarde. Ng Kuok Cheong é um dos deputados que leva à Assembleia Legislativa a questão da (não) responsabilização das chefias. Na missiva escrita ao Governo, começa por recordar que o estatuto dos titulares dos principais cargos da RAEM “prevê, claramente, que devem assegurar a direcção, superintendência ou tutela dos serviços ou entidades subordinados, para evitar a ocorrência nos mesmos de quaisquer infracções ou si-

GCS

IACM vai mudar procedimentos sobre obras

tuações de abuso de poder”. A lei relativa ao pessoal de chefia vai no mesmo sentido, acrescenta. Fazendo referência então aos relatórios do CCAC e do CA, o deputado afirma que “nem o Chefe do Executivo, nem os titulares dos principais cargos foram alvo de responsabilização, o que leva alguns cidadãos a afirmarem que cada caso é como fogo-de-artifício, que queimou e acabou, e nenhum dirigente é alvo de responsabilização”. Numa pergunta cuja resposta já é conhecida, o pró-democrata pretende saber se foram imputadas responsabilidades aos dirigentes envolvidos em três casos: as contratações do IC, o desperdício de erário público na gestão do sistema WiFi GO e na fábrica de panchões, em que houve “troca de um terreno pequeno por um grande”. Também Ella Lei apela à responsabilização dos dirigentes, dando precisamente o caso do IC como exemplo

das “irregularidades que já não são novidade”. “Quando são divulgadas”, lamenta a deputada, “os serviços públicos, no meio da chuva de críticas da sociedade, dizem que vão rever a situação”. No entanto, “poucos são os dirigentes que são responsabilizados”.

OS PIORES SÃO PARA ABATER

A intervenção de Si Ka Lon vai no mesmo sentido, sendo que acrescenta às críticas dos colegas a questão da avaliação dos dirigentes, implementado há quatro anos. “Quais foram os resultados?”, pergunta, solicitando um relatório que “inclua especialmente os serviços públicos onde existem problemas”, de acordo com o que o CCAC tem vindo a apurar. O deputado deixa ainda uma proposta inspirada no outro lado da fronteira: “Muitas regiões da China criaram o regime de ‘abate dos piores dirigentes’, com vista a excluir os que têm

sempre más avaliações”. Si La Lon gostaria de ver este modelo aplicado em Macau. Num plenário com 16 interpelações orais – que deverá continuar amanhã – vai estar também em foco o polémico projecto de habitação pública para a Avenida Wai Long, nos terrenos para onde estava pensado o empreendimento de luxo La Scala, constante do processo de corrupção do antigo secretário Ao Man Long. Leong Veng Chai defende que o Governo deve prestar esclarecimentos sobre o que está a pensar fazer, quantas fracções económicas e sociais vão ser construídas, e que tipo de instalações comunitárias terá a futura urbanização. Depois, o braço direito de Pereira Coutinho quer saber quais as medidas para reduzir a poluição ambiental e sonora, pretensão partilhada por Au Kam San. “Os terrenos ficam perto da Central de Incineração e da Estação de Tratamento de Resíduos Especiais e perigoso, e a principal forma de tratamento dos resíduos é a incineração”, sublinha o pró-democrata. “Estas instalações e os terrenos estão separados por uma montanha e a distância ente eles é de apenas centenas de metros em linha recta. O Governo já fez algum teste ao ar?”, pergunta Au Kam San. Isabel Castro

isabelcorreiadecastro@gmail.com

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Notificação edital (20/FGCL/2017)

Notificação edital (21/FGCL/2017)

Nos de pedido: 000024/2016, 000013/2016, 000011/2016, 000010/2016, 000009/2016, 000007/2016, 000002/2016

Nos termos da alínea 1) do n.o 1 do artigo 9.o da Lei n.o 10/2015 (Regime de garantia de créditos laborais), conjugado com o n.o 2 do artigo 72.o do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.o 57/99/M, de 11 de Outubro, vem o Conselho Administrativo deste Fundo notificar o devedor dos números de pedido acima referidos, “Grupo de Entretenimento Mitologia Grega (Macau) S.A.”, com sede na Avenida Padre Tomás Pereira nº 889, Taipa, Macau, o seguinte: Relativamente aos 7 ex-trabalhadores do devedor (Chang Fong Wan , Sou Peng, Chang Sut Fan, Cheong Chu, Lo Im Fong, Hun Tak Ieng, Yuen Pui Fun), no que diz respeito ao requerimento junto deste Fundo de pagamento dos créditos emergentes das relações de trabalho, o Conselho Administrativo deste Fundo, em 28 de Abril de 2017, deliberou, nos termos do artigo 6.o da Lei n.º 10/2015 (Regime de garantia de créditos laborais), efectuar o pagamento dos créditos em causa para os ex-trabalhadores acima referidos, no valor total de $1 080 851,41(Um milhão, oitenta mil, oitocentas e cinquenta e uma patacas e quarenta e um avos). Mais se informa o devedor que este Fundo irá efectuar o pagamento dos créditos para aqueles ex-trabalhadores, oito dias após a data da publicação da presente notificação. De acordo com o artigo 8.o da referida Lei, após efectuado o pagamento dos créditos, este Fundo fica sub-rogado naqueles créditos. O devedor pode, durante as horas de expediente, deslocar-se à sede da DSAL, sita na Avenida do Dr. Francisco Vieira Machado nos 221 a 279, Edifício Advance Plaza, Macau, para consultar os referidos processos. 23 de Maio de 2017 O Presidente do Conselho Administrativo do Fundo de Garantia de Créditos Laborais, Wong Chi Hong

Nos de pedido: 000379/2016, 000383/2016, 000005/2017, 000007/2017

Nos termos da alínea 1) do n.o 1 do artigo 9.o da Lei n.o 10/2015 (Regime de garantia de créditos laborais), conjugado com o n.o 2 do artigo 72.o do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.o 57/99/M, de 11 de Outubro, vem o Conselho Administrativo deste Fundo notificar o devedor dos números de pedido acima referidos, “Promoção de Jogos Cidade Fénix, Sociedade Unipessoal Limitada”, com sede na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção 160 – 206, Tong Nam Ah Central Comércio, 20 andar O, Macau, o seguinte: Relativamente aos 4 ex-trabalhadores do devedor (Chao Wai Kuan, Lo Sio Fan, Wong Tan, Ian Chi Kin), no que diz respeito ao requerimento junto deste Fundo de pagamento dos créditos emergentes das relações de trabalho, o Conselho Administrativo deste Fundo, em 28 de Abril de 2017, deliberou, nos termos do artigo 6.o da Lei n.º 10/2015 (Regime de garantia de créditos laborais), efectuar o pagamento dos créditos em causa para os ex-trabalhadores acima referidos, no valor total de $83 304,30(Oitenta e três mil, trezentas e quatro patacas e trinta avos). Mais se informa o devedor que este Fundo irá efectuar o pagamento dos créditos para aqueles ex-trabalhadores, oito dias após a data da publicação da presente notificação. De acordo com o artigo 8.o da referida Lei, após efectuado o pagamento dos créditos, este Fundo fica sub-rogado naqueles créditos. O devedor pode, durante as horas de expediente, deslocar-se à sede da DSAL, sita na Avenida do Dr. Francisco Vieira Machado nos 221 a 279, Edifício Advance Plaza, Macau, para consultar os referidos processos. 23 de Maio de 2017 O Presidente do Conselho Administrativo do Fundo de Garantia de Créditos Laborais, Wong Chi Hong


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N

A semana passada, a Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL) deu notícia de dois casos de eleitores que assinaram duas proposituras de candidatura, tendo sido considerado como actos ilícitos. Como tal, os casos foram remetidos para a PSP, mas após ter corrido alguma tinta sobre o assunto, a comissão entendeu que devia rever os incidentes. Em causa esteve uma noticiada divergência entre a lei eleitoral na versão portuguesa e a traduzida para chinês, nomeadamente no Artigo 150.o. Mesmo que a letra da lei contemple a figura do dolo, o presidente da CAEAL, Tong Hio Fong, acha que é algo a ter em consideração. “Apesar de na lei eleitoral não estar expressamente escrito

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PÓS o estabelecimento da RAEM, o Governo criou vários departamentos e aumentou o número de pessoal que trabalha na função pública. De acordo com o deputado Chan Meng Kam, enquanto as estruturas administrativas foram alargadas, a qualidade e a eficiência dos serviços públicos não acompanharam esse crescimento do número de pessoal. Na opinião do tribuno, a população de Macau quer a construção de uma grande sociedade, com um Governo pequeno. Nesse sentido, o Executivo encetou um processo de reorganização da

Eleições DIVERGÊNCIA ENTRE LEI EM PORTUGUÊS E VERSÃO CHINESA GERA CONFUSÃO

Tradução estava errada

dolo, temos de seguir os princípios gerais constantes no Código Penal”, explica. “Se houver erro, isso está previsto no Artigo 16.o do Código Penal, portanto, deve excluir-se o dolo do agente”, acrescenta o presidente da comissão. Como tal, em ambos os casos de repetição de assinaturas em diferentes proposituras de candidatura, a comissão irá contactar as pessoas em questão para esclarecer se, no momento do preenchimento dos formulários, tinham noção do acto que estavam a praticar. “Penso que na próxima semana faremos o contacto”, esclarece Tong Hio Fong, que acrescentou que esta “é a forma mais justa de resolver estes casos em concreto”. A ideia é perceber se os eleitores agiram de forma dolosa. O presidente da CAEAL apelou a que os eleitores tenham em consideração que “assinar uma propositura de candidatura é um acto solene e que, portanto, não podem limitar-se a assinar sem terem noção do que estão a fazer, das consequências que podem surtir da assinatura”.

‘LAI SI’ ELEITORAL

Acerca da divergência entre a lei eleitoral em português e em chinês, Tong Hio Fong não tem dúvidas de

GCS

A CAEAL reconhece diferenças entre as versões portuguesa e chinesa da lei eleitoral. As discrepâncias foram encontradas na sequência de notícias escritas acerca dos casos de assinaturas repetidas em diversas proposituras de candidatura. A revisão do diploma só poderá ser feita depois das eleições

POLÍTICA

que “a versão portuguesa da lei é a mais correcta”. De forma a colmatar este problema, a CAEAL vai elaborar um relatório final em relação aos casos detectados de divergências legais “para serem tomados em consideração no futuro”. Este relatório será feito depois das eleições, sendo que na eventualidade de se alterar a lei, a revisão só avançará na próxima legislatura.

“Assinar uma propositura de candidatura é um acto solene e, portanto, [o eleitor] não pode limitar-se a assinar sem ter noção do que está a fazer, das consequências que podem surtir da assinatura.” TONG HIO FONG PRESIDENTE DA CAEAL

Outro dos assuntos comentados por Tong Hio Fong à saída da reunião da CAEAL foi o caso de potenciais candidatos que terão, alegadamente, usado a plataforma WeChat para enviar envelopes vermelhos, ‘lai si’, não se tendo alargado muito sobre o assunto. O presidente da comissão apenas revelou que são “casos suspeitos de corrupção eleitoral” e que a entidade a que preside entrou em contacto com o Comissariado contra a Corrupção (CCAC) para que a situação seja acompanhada. Para já, a investigação prossegue com a recolha de provas. Neste capítulo, Tong Hio Fong lançou um alerta aos eleitores para que tenham em atenção que receber uma contrapartida para assinar, ou apoiar, uma propositura de can-

didatura é um acto ilegal. Quem oferece compensação incorre num crime com uma moldura penal até cinco anos de prisão; quem recebe pode habilitar-se a uma pena máxima de três anos de prisão. Até ao momento, a CAEAL recebeu quatro pedidos de constituição de comissão de candidatura, sendo que quem quer concorrer às eleições tem até ao dia 20 de Junho para formalizar a candidatura. Noutro capítulo, Tong Hio Fong confirmou que o orçamento da comissão eleitoral para estas eleições é de 55 milhões de patacas.

Revolução administrativa em curso Chan Meng Kam pede redução e simplificação da Função Pública

Administração Pública com o objectivo de encurtar processos administrativos e recursos públicos, além de ter firmado o compromisso de não criar mais departamentos. Chan Meng Kam dá o exemplo da área da cultura para ilustrar a reorganização que visa resolver situações de sobreposição de funções de diversos departamentos. O Fundo das Indústrias Culturais, o Conselho para as Indústrias Culturais e o Instituto Cultural são três

instituições visadas na interpelação do deputado. Dessa forma, pergunta ao Governo porque não funde as três entidades. Chan Meng Kam considera que faria sentido juntar os departamentos ao abrigo da primeira fase de reorganização das estruturas da Administração Pública. Na primeira fase deu-se a fusão da Direcção dos Serviços de Correios e da Direcção dos Serviços de Regulação de Telecomunicações. A Comissão de Segurança dos Com-

bustíveis juntou-se ao Corpo de Bombeiros. O Gabinete para os Recursos Humanos fundiu-se com os Serviços para os Assuntos Laborais. A Direcção dos Serviços da Reforma Jurídica e do Direito Internacional e a Direcção dos Serviços de Assuntos de Justiça também se juntaram. Finalmente, a Comissão do Grande Prémio de Macau e o Gabinete Coordenador de Segurança foram extintos. O deputado acrescenta que, segundo as Linhas de

Acção Governativas deste ano, o Governo deve criar um plano para os trabalhos da segunda fase de reorganização, que vai envolver 13 departamentos de áreas diferentes, num reajuste administrativo que tem como data limite o ano de 2019. Chan Meng Kam questiona o Governo no sentido de serem reveladas quais as entidades incluídas na segunda fase de reorganização administrativa, e se existe já

João Luz

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um calendário para o início dos trabalhos. Finalmente, o deputado interrogou o Executivo acerca de várias entidades como o Fundo de Desenvolvimento Educativo, o Fundo de Protecção Ambiental, o Fundo de Cultura, o Fundo de Desenvolvimento Industrial e de Comercialização e o Fundo de Turismo. No entendimento de Chan Meng Kam, apesar de incidirem sobre áreas diferentes, o objectivo dos vários fundos é a atribuição de apoio financeiro. Como tal, o deputado sugeriu a fusão destas entidades. Vítor Ng e João Luz

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6 SOCIEDADE

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NEGÓCIOS MOTOCICLOS, ALÉM DAS JÓIAS E RELÓGIOS

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volume de negócios dos estabelecimentos do comércio a retalho referente ao primeiro trimestre de 2017 cifrou-se em 16,59 mil milhões de patacas, tendo aumentado 12 por cento em termos anuais e 4,3 por cento em relação ao quarto trimestre de 2016. Os negócios em relógios e joalharia continuam a ter grande peso, tendo representado 23,2 por cento do total. Seguiram-se os sectores de mercadorias de armazéns e quinquilharias, vestuário para adultos, artigos de couro e mercadorias de supermercado. Segundo os Serviços de Estatística e Censos, entre Ja-

neiro e Março registaram-se “acréscimos significativos” no volume de negócios dos relógios e joalharia, produtos cosméticos e de higiene, e artigos de couro. Também o negócio de motociclos subiu notavelmente – 49,6 por cento –, devido ao plano de apoio financeiro para o abate de veículos com motor a dois tempos. Quanto ao volume de vendas do comércio a retalho, depois de eliminados os factores que influenciam os preços, cresceu 11,5 por cento em termos anuais. De novo destaque para os mo-

tociclos, artigos de couro, e produtos cosméticos e de higiene. Em sentido contrário, registou-se uma “diminuição notável” no volume de vendas de automóveis, com menos 12,3 por cento. Quanto às expectativas dos responsáveis pelos estabelecimentos do comércio a retalho para o segundo trimestre deste ano, 47,5 por cento dos retalhistas prevêem a estabilização do volume de vendas, em termos anuais, 46,9 por cento estão pessimistas e 5,6 por cento acreditam num aumento.

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E acordo com dados provisórios publicados no portal da Direcção dos Serviços de Finanças, a Administração fechou os primeiros quatro meses do ano com receitas totais de 35,902 mil milhões de patacas, valor que traduz uma execução de 39,5 por cento. Os impostos directos sobre o jogo – 35 por cento sobre as receitas brutas dos casinos – foram de 29,920 mil milhões de patacas, reflectindo um aumento de 11,5 por cento face ao mesmo período do ano passado e uma execução de 41,6 por cento em relação ao Orçamento autorizado para 2017. A importância do jogo reflecte-se no peso que detém no orçamento: 83,3 por cento nas receitas totais, 83,6 por cento nas correntes e 94,8 por cento nas derivadas dos impostos directos. Já as despesas diminuíram 4,7 por cento comparativamente aos primeiros quatro meses de 2016, para 16,283 mil milhões de patacas, estando cumpridas em 19,7 por cento. Dentro desta rubrica destacam-se os gastos ao abrigo do Plano de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração (PIDDA) que quase triplicaram, com uma subida de 180,9 por cento em termos anuais homólogos, para 1521 milhões de patacas, estando executados em dez por cento.

MAIS DO QUE O ANO TODO

Entre receitas e despesas, a Administração de Macau acumulou um saldo positivo de 19,078 mil milhões de patacas. A “almofada” financeira aumentou 28,8 por cento em termos anuais homólogos para um valor que excede, até ao quarto mês, o previsto para todo o ano, dado que a taxa de execução corresponde a 342,7 por cento do orçamentado. O desempenho das receitas públicas, que voltaram a crescer em Janeiro após meses de quedas homólogas, acompanhou o desempenho da indústria de jogo, que tem mostrado

S Economia RECEITAS PÚBLICAS SUBIRAM 10,6 POR CENTO

Sempre a encher As receitas públicas de Macau aumentaram 10,6 por cento até ao mês passado, em termos anuais homólogos. Os números estão em linha com o aumento da verba arrecadada com os impostos directos cobrados sobre a indústria do jogo sinais de recuperação desde a segunda metade do ano passado. As receitas dos casinos iniciaram em Junho de 2014 uma curva descendente, que terminou em Agosto último, após 26 meses consecutivos de quedas anuais homólogas.

A Administração encerrou 2016 com receitas de 102,412 mil milhões de patacas, uma diminuição de 6,7 por cento, naquele que foi o segundo ano consecutivo de queda em pelo menos cinco anos, depois do “tombo” de 29,7 por cento em 2015.


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SOCIEDADE

Saúde NÚMERO DE CAMAS DE INTERNAMENTO AUMENTOU HOMICÍDIO SUSPEITOS DETIDOS 11 ANOS DEPOIS DO CRIME

A Polícia Judiciária (PJ) e as autoridades do interior da China cooperaram na detenção de dois homens suspeitos do homicídio de uma aluna do Instituto Politécnico de Macau (IPM). O caso estava a ser investigado pelas autoridades policiais desde 2006. Segundo o canal chinês da Rádio Macau, a vítima era da província de Zhejiang, na China, tinha 23 anos e foi descoberta já sem vida na sua residência, tendo sido também alvo de roubo. A PJ acredita que os dois suspeitos eram imigrantes ilegais, tendo entrado na residência da vítima a partir de uma casa vazia, localizada ao lado do apartamento. A vítima foi estrangulada, sendo que tinha as mãos e os pés atados. A PJ divulgou ontem os detalhes do caso, numa conferência que contou com a presença de três familiares da vítima.

DENGUE DETECTADO CASO IMPORTADO EM MULHER DE 47 ANOS

Os Serviços de Saúde de Macau (SSM) deram ontem conta da existência de um caso de febre de dengue importado. Segundo um comunicado oficial, a doente é uma mulher de 47 anos, residente na zona norte da cidade. Fez uma viagem às Filipinas entre os dias 4 e 16 deste mês, para visitar a família. Os sintomas de febre e fadiga começaram a manifestarse no passado dia 19. A doente dirigiu-se, em primeiro lugar, ao hospital Kiang Wu. Na passada segunda-feira, a mulher acabou por se dirigir ao Posto de Urgência das Ilhas, já com erupções cutâneas. Os SSM afirmam que “as viagens realizadas, a data de apresentação de sintomas e o resultado do teste laboratorial levaram a que o caso fosse classificado como sendo o segundo caso de dengue importado registado na RAEM desde o início do ano”. Ontem, a paciente tinha febre baixa, sendo que o seu estado clínico é considerado estável.

Hospitais menos cheios Entre 2015 e 2016, as unidades hospitalares de Macau ganharam quase uma centena de camas. O número de médicos e enfermeiros nas unidades de saúde do território também cresceu

O

S cinco hospitais de Macau disponibilizavam, no ano passado, 1591 camas de internamento. O número é da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), que ontem deu a conhecer os mais recentes dados sobre o sector da saúde. Em relação a 2015, foram acrescentadas 97 camas de internamento. Estiveram internados 58 mil doentes, o que representa um aumento de 6,1 por cento em termos anuais, mas registou-se uma ligeira diminuição no número médio de dias de internamento, que se fixou em 7,1. O acréscimo das camas de internamento e a descida do número médio de dias de internamento dos doentes fizeram com que a taxa de utilização das camas de internamento descesse pela primeira vez desde que estas contas são feitas. Ainda assim, a taxa está em 72 por cento. Desde 2013 que se verificavam aumentos consecutivos. Quanto às consultas externas, nos hospitais foram atendidos 1,633 milhões de indivíduos, uma subida de 0,4 por cento em termos anuais. O serviço de medicina interna é o mais procurado, com um registo de 280 mil utentes. Seguem-se a medicina física e de reabilitação, com 216 mil pessoas,

e a medicina tradicional chinesa, requisitada por 180 mil pacientes. Nos serviços de urgência, foram recebidos 477 mil utentes, correspondendo a uma subida ligeira de 0,5 por cento em termos anuais. Os serviços da península de Macau atenderam 369 mil pessoas, sendo que houve uma quebra de 4,3 por cento nos utentes das urgências da Taipa, por onde passaram 109 mil indivíduos. Desde 2014 que cada vez menos pessoas vão às unidades das ilhas em situações de emergência. A DSEC aponta ainda que, em 2016, o número de tratamentos de diálise continuou a crescer, atingindo 91 mil, ou seja, mais 9,9 por cento face ao ano anterior.

MAIS DADORES DE SANGUE

As estatísticas dizem ainda que, no ano passado, Macau tinha 719 estabelecimentos de cuidados de

saúde primários (incluindo os centros de saúde e consultórios particulares), ou seja, mais 11 estabelecimentos em termos anuais. Realizaram-se 3,975 milhões de consultas, o que mostra uma descida ligeira homóloga de 0,2 por cento. Nas consultas de clínica geral registaram-se 1,186 milhões de atendimentos (mais 6,6 por cento), nas consultas de medicina tradicional chinesa efectuaram-se 1,129 milhões, (menos 0,6 por cento) e as consultas de serviços de rotina – que abrangem a saúde

1726

médicos estavam a trabalhar em Macau em 2016

para adultos e a saúde infantil – tiveram 847 mil utentes (mais 0,5 por cento). No que diz respeito à vacinação, administraram-se 308 mil vacinas nos hospitais e estabelecimentos de cuidados de saúde primários, o que equivale a uma descida de 0,8 por cento. Do total, 99 mil doses eram de vacinas contra a gripe. O número de dadores de sangue cresceu significativamente – eram 10.748, mais 5,8 por cento do que em 2015. Doaram sangue pela primeira vez 3238 indivíduos. Em 2016, existiam em Macau 1726 médicos e 2342 enfermeiros, tendo-se observado crescimentos anuais de 3,1 por cento e 2,8 por cento, respectivamente. Havia 2,7 médicos e 3,6 enfermeiros por mil habitantes, registando ambos aumentos de 0,1 em relação a 2015.


8 Cultura PROGRAMA DE “JUNHO, MÊS DE PORTUGAL” ESTÁ COMPLETO

EVENTOS

UMA EXPERIENC ˆ

Verão já mexe com InspirARTE Cartaz deste ano com mais de 350 eventos

Alexandre Farto

Filipe Miguel das Dores

F

OI ontem apresentado o programa completo de “Junho, Mês de Portugal”, que decorre entre o próximo dia 31 de Maio e 2 de Julho. A iniciativa, que teve início no ano passado, parece ter vindo para ficar. O cônsul-geral de Portugal, Vítor Sereno, foi claro: “Se no ano passado foi uma tentativa, uma espécie de experimentação, este ano é a afirmação”. De acordo com o diplomata, o evento que dedica um mês a Portugal vai muito além das celebrações do 10 de Junho, sendo que a ideia

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA AVÓDEZANOVE E O SEGREDO DO SOVIÉTICO • Ondjaki

Rodrigo de Matos

TKHUNT

uma atmosfera calma e hipnótica através da performance de dois actores acompanhados por uma violoncelista. Além da parte de actuação, os espectadores são imersos numa instalação que cria um mundo mágico para bebés. “Chuva” estará em cena entre 28 de Junho e 2 de Julho. Outro dos destaques do cartaz é a performance da companhia Bunk Puppets, que leva ao palco do CCM “Galáxia Veloz”. O espectáculo gira em torno de um artista a solo que pega em objectos como velhas caixas, palhinhas, bolas de ténis ou raquetes de ping pong e lhes dá outra vida. A performance segue as aventuras dos irmãos Sam e Junior numa viagem interestelar através do teatro de sombras. O espectáculo estará em cena entre 28 e 31 de Julho. Também vai haver lugar para a sétima arte no cartaz do InspirArte deste ano, com particular destaque para uma série de oito filmes internacionais escolhidos a dedo para o público mais jovem. Os bilhetes para todos os espectáculos do “InspirARTE no Verão” vão ser postos à venda a partir de amanhã nas bilheteiras do CCM e nos balcões da Rede Bilheteira de Macau. J.L.

REVISTA MACAU

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OM o Verão à porta chega mais um InspirARTE, que começa no final de Junho e decorre até Agosto. O evento organizado pelo Centro Cultural de Macau (CCM), sob a égide do Instituto Cultural, tem este ano mais de 350 eventos para incutir o gosto pelas artes em bebés, miúdos e adultos. O festival, pensado para toda a família, oferece um cartaz com espectáculos, projecções e workshops, estando nas previsões do CCM uma afluência superior a 15 mil espectadores. O InspirARTE tem uma programação com artistas vindos dos quatro cantos do mundo, com o propósito de estimular a criatividade de pequenos e graúdos. Haverá cinema de animação, marionetas, palhaços, pintura facial, expressão corporal, aulas de canto, sessões de fotografia teatral. Os workshops são outro lado forte da programação, com particular realce para as aulas técnicas de artes performativas, fotografia teatral e construção de adereços. Um dos destaques do cartaz é o espectáculo “Chuva”, da companhia australiana Drop Bear Theatre, concebido para bebés. O espectáculo tem como objectivo introduzir

As obras do Mausoléu que irá albergar os restos mortais do presidente da República estão quase a terminar. Os habitantes do bairro vizinho descobrem que as suas casas serão destruídas porque o espaço circundante ao monumento será requalificado. Duas crianças decidem explodir o Mausoléu e assim poupar o bairro onde sempre viveram. Entretanto o responsável pela obra, um soviético, apaixona-se pela avó de uma das crianças. Entretanto essa avó tem de ser operada para lhe amputarem um dedo do pé. Entretanto existe uma outra avó que aparece muito mas não existe. Entretanto o plano das crianças falha, mas o Mausoléu é destruído…

é “reforçar os contributos de matriz portuguesa para a afirmação de Macau como um centro irradiador de cultura em plena consonância com os objectivos locais”, referiu.

João Botelho

Além da presença dos nomes já anteriormente divulgados – a exposição do português Alexandre Furtado nos Estaleiros Navais, que abre as hostes deste ano, o

“Junho, Mês de Portugal” pretende reforçar os contributos de matriz portuguesa para a afirmação de Macau como um centro irradiador de cultura em plena consonância com os objectivos locais.” VÍTOR SERENO CÔNSUL-GERAL DE PORTUGAL

músico local João Caetano e a conversa com o jornalista e escritor Joaquim Furtado –, a presidente da Casa de Portugal, Amélia António, salientou o lançamento do CD infantil, “Castelos no Ar”. O evento, que tem lugar no dia 9 do próximo mês no Centro Cultural de Macau, “é um trabalho colectivo feito com os colaboradores da Casa de Portugal”, começou por explicar Amélia António. Trata-se de um CD que inclui textos de poetas portugueses consagrados que se mostraram adequados para uma população mais nova. “Os poemas foram tratados e musicados, e é mais um passo para se levar às gerações mais novas o português e a sua poesia de uma maneira mais fácil e aliciante”, explicou a presidente da Casa de Portugal. A apresentação do disco vai contar com a participação de várias crianças. O teatro também aparece em destaque nesta segunda edição de “Junho, Mês de Portugal”. No entanto, não se tratará de uma peça convencional. O Teatro D. Pedro V vai ter em palco, a 4 de Junho, “No Precipício Era o Verbo”. São quatro pessoas: um actor (André Gago), um músico (Carlos Barreto), um filósofo (António Caeiro) e um poeta (José Anjos). A ideia é apresentar uma troca de pensamentos em público. “Da sua poesia e dos seus pensamentos vai surgir um espectáculo muito particular”, explicou Ana Paula Cleto, da Fundação Oriente.

EXPOSIÇÕES PARA TODOS

As artes plásticas também estão em destaque. A inicia-

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SUBMISSÃO • Michel Houellebecq

Paris, 2022: Às portas das eleições presidenciais, França está dividida. O recém-criado partido da Fraternidade Muçulmana conquista cada vez mais simpatizantes, graças ao seu carismático líder, numa disputa directa com a Frente Nacional. Poucos dias depois do desfecho eleitoral, os franceses descobrem um país que já não reconhecem. É tempo de questionarem-se sobre se devem e podem submeter-se à nova ordem. “Submissão” convida a uma reflexão sobre o convívio e conflito entre culturas e religiões, sobre a relação entre Ocidente e Oriente, sobre a relação entre cidadãos e instituições. Uma fábula política e moral surpreendente, Submissão é o romance mais visionário e simultaneamente mais realista de Michel Houellebecq.


9 hoje macau quinta-feira 25.5.2017

tiva abre com uma exposição individual de Vhils, nome artístico de Alexandre Farto, mas durante o mês serão inauguradas mais quatro mostras. O cartoonista que também trabalha em Macau, Rodrigo de Matos, vai ter as suas críticas desenhadas no Consulado Geral. As aguarelas de Filipe Miguel das Dores formam “Nocturno” e vão estar expostas no Albergue SCM. A galeria principal da Casa Garden acolhe “O Mar”, de Ana Pessanha, e a residência oficial do cônsul-geral de Portugal vai acolher uma exposição colectiva de gravura. No Clube Militar, as paredes vão ser dedicadas aos PUB

artistas portugueses Alfredo Luz, Cruzeiro Seixas e João Paulo. A iniciativa integra ainda um programa paralelo do Clube Militar, o “Pontos de Encontro”. “É um projecto cultural constituído por três exposições que se realizam ao longo do ano. Esta, coincidente com o 10 de Junho, é dedicada aos artistas portugueses”, explicou Manuel Geraldes. Também no Clube Militar, o mês de Junho é o tempo dedicado a mais uma semana gastronómica. Este ano, a iniciativa conta com a presença do chef José Júlio Vintém e de Catarina Álvares, considerados referências da gastronomia alentejana.

São mais de 20 as actividades que marcam a segunda edição de “Junho, mês de Portugal”. O programa composto por teatro, música, exposições, cinema e gastronomia foi ontem apresentado. Pretende-se solidificar a iniciativa que arrancou no ano passado

FACEBOOK

CIA PARA FICAR

João Caetano

Ao “Junho, Mês de Portugal” também se junta, mais uma vez, a Livraria Portuguesa. “A ideia, este ano, é a

EVENTOS

de, em vez de termos alguns livros na cave com descontos especiais, fazermos a festa do livro que vai abranger toda

a livraria, ou seja, todos os produtos vão ter um desconto de 20 por cento”, explicou o responsável pelo espaço, Ricardo Pinto. O cinema não foi esquecido e a Cinemateca Paixão vai, com o apoio do Festival Indie Lisboa, acolher uma série de projecções dedicadas ao cinema português. “O Cinema, Manoel de Oliveira e Eu” de João Botelho, “Macabre” de Jerónimo Rocha e João Miguel Real, e “Pedro” de André Santos e Marco Leão foram alguns dos nomes avançados ontem para o cartaz. Todas as actividades são gratuitas e os bilhetes podem ser levantados a partir de hoje na Casa de Portugal.

O BNU é o patrocinador oficial e, de acordo com Vítor Sereno, contribuiu com cerca de 70 mil patacas para a segunda edição de “Junho, Mês de Portugal”. O orçamento desta segunda edição, tendo em conta o que foi gasto no ano passado, deverá seguir os mesmos valores: um milhão de patacas. Vítor Sereno espera a participação de um total de cinco mil pessoas, incluindo as que se deslocam à recepção oficial que se realiza todos os anos na residência consular. Sofia Margarida Mota

sofiamota.hojemacau@gmail.com


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11 hoje macau quinta-feira 25.5.2017

CHINA

PEQUIM CRITICA MOODY’S POR BAIXAR ‘RATING’ DA DÍVIDA DO PAÍS

A culpa é do sistema

HONG KONG AVIÃO SAI DA PISTA

Um avião saiu ontem da pista ao aterrar no aeroporto de Hong Kong devido à chuva torrencial, o que levou a um encerramento da pista e vários atrasos, anunciaram as autoridades aeroportuárias. O aparelho da China Eastern Airlines, proveniente de Nanjing , com 141 pessoas a bordo, deslizou até a uma zona relvada, quando se dirigia à porta de destino, precisou a autoridade do aeroporto de Hong Kong. Dois passageiros que se sentiram mal foram transportadas para um hospital, acrescentou. A pista, uma das duas do aeroporto, foi temporariamente encerrada, o que levou a atrasos em 109 voos a chegar ou a partir, de acordo com a mesma fonte. Hong Kong, importante centro para os transportes na Ásia, lançou ontem o primeiro “alerta negro” de chuvas torrenciais do ano.

A

China criticou ontem a decisão da Moody’s de baixar a nota da dívida do país e considerou que a agência de notação financeira utilizou um “sistema inapropriado” para analisar a situação na segunda maior economia mundial. A Moody’s baixou a classificação da dívida chinesa a longo prazo de Aa3 para A1, devido às expectativas de que a saúde financeira do país venha a sentir nos próximos anos os efeitos do aumento da dívida. Em comunicado, o Ministério das Finanças chinês assegurou que o endividamento do Governo central vai crescer a um “ritmo

O Supremo Tribunal de Taiwan exigiu ontem que o Governo legalize o casamento entre pessoas do mesmo sexo, numa decisão histórica que faz da ilha o primeiro território asiático a permitir estes matrimónios. O Tribunal Constitucional decidiu que o código civil, mediante o qual um contrato de casamento só pode ser feito entre um homem e uma mulher, viola a Constituição que garante a liberdade de casamento e igualdade de todos os cidadãos. Em conferência de imprensa, o secretário-geral do Tribunal, Lu Tai-lang, disse que o Governo tem um prazo de dois anos para modificar a actual lei.

OUTRAS PERSPECTIVAS

A agência de notação indicou que a importância que Pequim atribui à manutenção de um forte crescimento económico vai traduzir-se

em maiores estímulos, o que vai contribuir para um aumento da dívida. A Moody’s mudou a perspectiva da dívida chinesa de “negativa” para “estável”, já que no nível “A1” os “riscos são equilibrados”, destacando os mecanismos do país para atacar a instabilidade financeira. Pequim garantiu que a tendência da economia é “estável” e expressou confiança na manutenção do actual ritmo de crescimento económico, de 6,7%. As autoridades chinesas acrescentaram que o ‘ratio’ da dívida pública relativamente ao Produto Interno Bruto (PIB) se situou em 36,7%, em 2016, valor “inferior ao limite definido pela União Europeia”.

LUO YUNFEI/CNSPHOTO

TAIWAN EXIGIDA LEGALIZAÇÃO DE CASAMENTOS HOMOSSEXUAIS

adequado” e disse estar confiante de que a crescente dívida dos governos locais e empresas estatais não se acrescentará à dívida soberana. Para as autoridades chinesas, a Moody’s exagerou, “em certo sentido, as dificuldades que a economia chinesa enfrenta” e “subestimou a capacidade do Governo chinês para aprofundar” as reformas económicas, perante o excesso de capacidade de produção no sector secundário.

ENERGIA MINA DE CARVÃO SUBMARINA ENCERRA

A China vai encerrar a sua única mina de carvão submarina, numa altura em que Pequim tenta travar o aumento do uso daquele combustível fóssil e aumentar o consumo de energia limpa. Situada na província de Shandong, nordeste da China, a mina de Beizao será encerrada em Outubro. Os seus 1.580 trabalhadores serão transferidos para outros empregos, segundo o jornal oficial Global Times. A China é o maior produtor de carvão do mundo. A poluição gerada por aquele combustível afecta regularmente as principais cidades do país. Em 2016, o Governo anunciou planos para encerrar 1.000 minas, mas dados oficiais indicam que a produção de carvão registou uma subida homóloga de 9,9%, entre Janeiro e Abril deste ano, para 1,1 mil milhões de toneladas.

INTERNET POLÍCIA REFORÇA VIGILÂNCIA AO “BALEIA AZUL”

A

polícia chinesa reforçou a vigilância das redes de comunicação utilizadas pelos jovens, depois da chegada ao país da “baleia azul”, uma série de desafios feitos pela Internet que induzem à auto-mutilação e ao suicídio. O jornal Shanghai Daily avançou ontem que, nas últimas semanas, foram detectados alguns casos no país, como o desmantelamento de um grupo ‘online’, na

província de Zhejiang, depois de uma mãe o ter denunciado. “Se cravar uma baleia azul no meu braço, fará cicatriz?”, perguntou um jovem à mãe, que contactou as autoridades. No grupo foram encontradas mensagens de um dos fundadores, que distribuía as tarefas. Na cidade de Ningbo, em Zhejiang, foi encontrado outro grupo, fundado por uma menina de 12 anos.

Zhu Wei, da Universidade da China de Ciência Políticas e Direito, explicou ao Global Times que serviu de consultor jurídico para as autoridades e assegurou que se estão a tomar medidas para evitar a difusão do fenómeno “baleia azul”. A polícia está a monitorar qualquer menção ao termo nas redes sociais e fóruns e, uma vez detectadas mensagens ou discussões envolvendo este, são eliminadas imediatamente.

Em Hangzhou, capital da província de Zhejiang, as autoridades apelaram às escolas primárias e secundárias que informem os pais sobre o jogo, avança o Shanghai Daily. O gigante tecnológico Tencent, proprietário de algumas das redes sociais mais populares do país, informou que encontrou pelo menos 12 grupos no seu serviço de mensagens instantâneas QQ relacionados com o jogo e alertou que o número está a aumentar.

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Notificação edital (22/FGCL/2017)

Notificação edital (23/FGCL/2017)

Nos de pedido: 000023/2017, 000024/2017

Nos termos da alínea 1) do n.o 1 do artigo 9.o da Lei n.o 10/2015 (Regime de garantia de créditos laborais), conjugado com o n.o 2 do artigo 72.o do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.o 57/99/M, de 11 de Outubro, vem o Conselho Administrativo deste Fundo notificar o devedor dos números de pedido acima referidos, “Fábrica de Artigos de Vestuário Rank Jeans Macau, Limitada”, com sede na Avenida Leste do Hipódromo 25 – 69, Edifício Industrial Fok Tai, 3 andar AB, Macau, o seguinte: Relativamente aos 2 ex-trabalhadores do devedor (Pang Lai Sim, Chao Sut Fei), no que diz respeito ao requerimento junto deste Fundo de pagamento dos créditos emergentes das relações de trabalho, o Conselho Administrativo deste Fundo, em 28 de Abril de 2017, deliberou, nos termos do artigo 6.o da Lei n.º 10/2015 (Regime de garantia de créditos laborais), efectuar o pagamento dos créditos em causa para os ex-trabalhadores acima referidos, no valor total de $932 575,00 (Novecentas e trinta e duas mil, quinhentas e setenta e cinco patacas). Mais se informa o devedor que este Fundo irá efectuar o pagamento dos créditos para aqueles ex-trabalhadores, oito dias após a data da publicação da presente notificação. De acordo com o artigo 8.o da referida Lei, após efectuado o pagamento dos créditos, este Fundo fica sub-rogado naqueles créditos. O devedor pode, durante as horas de expediente, deslocar-se à sede da DSAL, sita na Avenida do Dr. Francisco Vieira Machado nos 221 a 279, Edifício Advance Plaza, Macau, para consultar os referidos processos. 23 de Maio de 2017

Nos de pedido: 000013/2017, 000015/2017, 000016/2017, 000017/2017, 000018/2017, 000019/2017, 000025/2017

Nos termos da alínea 1) do n.o 1 do artigo 9.o da Lei n.o 10/2015 (Regime de garantia de créditos laborais), conjugado com o n.o 2 do artigo 72.o do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.o 57/99/M, de 11 de Outubro, vem o Conselho Administrativo deste Fundo notificar o devedor dos números de pedido acima referidos, “Cali Promoção de Jogos Sociedade Limitada”, com sede na Avenida do Dr. Rodrigo Rodrigues 600E, Edifício Centro Comercial First Nacional, 12 andar, sala 5, Macau, o seguinte: Relativamente aos 7 ex-trabalhadores do devedor (Wu Xuezhen, Fong Man Cheng, Cheang Kai Wai, Wong Chi San, Leong Man Teng, Ao Cheng Man, Lao Mei Nei), no que diz respeito ao requerimento junto deste Fundo de pagamento dos créditos emergentes das relações de trabalho, o Conselho Administrativo deste Fundo, em 21 e 28 de Abril de 2017, deliberou, nos termos do artigo 6.o da Lei n.º 10/2015 (Regime de garantia de créditos laborais), efectuar o pagamento dos créditos e dos juros de mora em causa para os ex-trabalhadores acima referidos, no valor total de $196 123,70 (Cento e noventa e seis mil, cento e vinte e três patacas e setenta avos). Mais se informa o devedor que este Fundo irá efectuar o pagamento dos créditos para aqueles ex-trabalhadores, oito dias após a data da publicação da presente notificação. De acordo com o artigo 8.o da referida Lei, após efectuado o pagamento dos créditos, este Fundo fica sub-rogado naqueles créditos. O devedor pode, durante as horas de expediente, deslocar-se à sede da DSAL, sita na Avenida do Dr. Francisco Vieira Machado nos 221 a 279, Edifício Advance Plaza, Macau, para consultar os referidos processos. 23 de Maio de 2017

O Presidente do Conselho Administrativo do Fundo de Garantia de Créditos Laborais, Wong Chi Hong

O Presidente do Conselho Administrativo do Fundo de Garantia de Créditos Laborais, Wong Chi Hong


h ARTES, LETRAS E IDEIAS

12

O

S mitos órficos são suficientemente carregados de simbolismo para que se retirem deles ilações e não raro aspectos factuais a um determinado momento da vida colectiva ou individual. Se numas temos a bravura indómita de por amor descer aos Infernos para resgatar o que temos de melhor, noutras tangemos a nossa lira na esperança de não sermos despedaçados pelas feras que tantas vezes se abeiram dos nossos caminhos não raro carregados de mistérios. Por outro lado, é um mito pleno de altruísmo: ajudar os outros mesmo que o próprio seja deficitário ou frágil nessa marcha e com ela as «ménades» que nos dilaceram na jornada. Mas ele dá-nos também aqueles longos planos em que nos debatemos entre andar para o futuro e olhar para trás, em sabermos acreditar numa medida até ela ser cumprida e estarmos fora do espectro e da influência da descrença e da dúvida, que neste mito nos indica o fim do sonho que nos seguia sem vermos. Andar sempre e confiar, o que não sancionará a nossa mortalidade e as grandes coisas que entretanto fomos perdendo como se de

Amélia Vieira

Orpheu e Salvador

sonhos desfeitos se tratassem e no tempo que nos resta também elas ficarem contempladas pelos danos sofridos. Neste surpreendente mês de Maio, Salvador aparece-nos colectivamente como um arauto deste mito, também messiânico, sem dúvida, na aparição de um «desejado», pois que há nele um grande encantador de feras pela forma requintada de acalmar o turbilhão dos sentidos e os movimentos carnais e carnívoros que se dançam na nossa frente sem que reparemos nessa extrema abundância de fluxo. Ele tem nas mãos o tanger da lira, na voz apenas água, e deixa uma proposta de como o amor é bem mais abrangente que a luta de poderes ou uma qualquer bem orquestrada causa-efeito: se quisermos amor transformemo-nos nele! O turbilhão do mundo pára, a humana tempestade amaina, acalma, e entra por esta fina e estreita melodia que em recitativo se perfaz como que encantada e mais macia, uma graça infinda. É talvez destes gestos tangentes às liras, desta compostura ritualística que os próprios deuses nasceram e se no « Cântico do Irmão Sol» Francisco tudo anima de

íntima harmonia é porque estamos face a uma natureza animista e mística que recobre de sentido ontológico todas as formas de manifestação. Salvador também parece levar uma proposta a esta altura e nas suas vestes negras, olhos grandes e gestos de menino, convida-nos aos lagos onde brotam os arquétipos intocáveis da nossa mais funda memória. Um país transfigurado que se desoculta de uma roupagem grosseira onde confiou uma natureza quase

Nas suas vestes negras, olhos grandes e gestos de menino, convida-nos aos lagos onde brotam os arquétipos intocáveis da nossa mais funda memória. Um país transfigurado que se desoculta de uma roupagem grosseira

amortalhada que lhe roubou a identidade mítica e a natureza dos sonhos, um local onde ao olhar para trás, só viu morte, e quando desejou seguir em frente se travestiu de caricata roupagem para neste caso agradar às feras. E eis que, numa manhã ou numa noite sebastiânica, o postigo se abre para deixar passar o que somos de essência peregrina: o romeiro, o asceta e o amante. Orpheu era de uma tribo de marinheiros, os Argonautas, e o seu papel na travessia marítima consistia em desviar os perigos. Era frágil, sem configuração para remador, cantava durante o tempo em que as sereias queriam seduzir os marinheiros, acalmava as tempestades e amainava os mares. Dizem que eram melodias tão suaves que as próprias feras o seguiam e ultrapassava em doçura até as feiticeiras, esconjurando o mal pela sua voz. Foi ele a vela do Argos, o sacerdote ao serviço da missão, e foi a serenidade do canto que o fez líder da jornada, um salvador, um emblema branco e jovem carregado de esperança que em nós se transfigura numa alusão messiânica que por acasos tão súbitos somos levados a reflectir para além da objectividade dos factos. O orfismo era um exercício de aconselhamento mas não creio que se possa aqui aplicar qualquer concelhia. No entanto, talvez a proposta de um paradigma aparentemente tão novo seja o convite a uma tomada de consciência que está perturbada por tanto ruído que certas vibrações são já impenetráveis. Para esses, sem dúvida que será uma perda irreparável não podendo ser reposta pelo cardápio dos sons, mas os que gostaram e também não sabem porquê, talvez haja aqui alguns elementos de elucidação. Simples, para não perturbar a beleza primeira. Mas nós somos Eurídices, a esta hora alguém já olhou para trás para certificar se existimos, e nesse esclarecimento duvidoso, aos poucos desaparecemos, como convém, aliás, a quem está sujeito a escrutínios, mas nem por isso a um momento nos olhámos como se de novo existíssemos no coração de todos e, mais importante ainda, daquele que nos resgatou por instantes aos Infernos por onde sem que o compreendamos andámos tão laboriosamente mergulhadas. E porque estamos em Maio e Orpheu era frágil e foi dilacerado, as musas reuniram os seus pedaços e os enterraram, aí, desde então, as aves cantam mais suavemente do que as outras, e ouvem-no ainda sussurrando à sua amada Eurídice: canta pelos dois. Cantou para a encontrar.


13 hoje macau quinta-feira 25.5.2017

diários de próspero

António Cabrita

Aragens & Divergências 20/05/2017

Num maravilhoso livro de entrevistas o idoso Marcel Conche, provavelmente o exegeta dos pré-socráticos em França, confessa, aos 80 anos, que o encontro intelectivo com uma jovem mulher aos 78 anos abriu brechas na sua vida de sage. Ela, pouco afeita às venerações académicas, chegara aos pré-socráticos por via do Oriente e procurava relações de parentesco entre os feixes conceptuais da filosofia clássica e os do sufismo e do taoísmo, que conhecia de forma erudita. O abalo foi grande e Marcel Conche, que se pensava jubilado e à beira do elevador que lhe alçaria directamente a alma ao sétimo céu, descobre-se aos 80 anos com faltas de ar e a estudar o sufismo e o taoísmo com o afinco dos vinte, para uma revisão implacável das pautas e do repertório adquiridos por décadas de estudo. Anos depois, após esforçar-se no chinês e no taoísmo, Conche lançaria um livro sobre Lao Tse. Imagine-se a energia que pode ter alguém com o ímpeto para aos 78 anos se lançar na aprendizagem do chinês e surfar entre nuvens no Lao Tse!? E eis uma filosofia à procura de si mesmo, sem parapentes, que não teme lidar com as lacunas e dúvidas em que a despenham as aporias do impasse. Pode a literatura ter menos honestidade? Pedir menos coragem? Vitorino Nemésio, Luis Lezama Lima, Jaroslav Seifert, Ted Hughes, ou Zbigniew Herbert não empalideceram com a idade e escreveram obras notáveis naquele que para muitos é um período de senectude. Há que nos libertarmos do «complexo Rimbaud». O que importa é - cientes de ser a arrogância, como dizia Tchekov, uma qualidade que fica bem aos perus avaliar a parcela de verdade que cada homem aguenta. Quanto menos auto-indulgência mais possibilidades se abrem de tornar-se mais extenso o arco da sua fecundidade poética. Vem isto a propósito de uma figura deste jaez que aterrou aqui em Maputo e que proporcionou um diálogo de alta voltagem sobre “Literatura, Cultura e Identidade”, com um parceiro local e igualmente um excelente escritor, o João Paulo Borges Coelho. Falo de Helder Macedo. O diálogo foi uma aragem que entusiasmou todos os presentes na sala do Instituto Camões. Eloquência, espontaneidade, conhecimento e um elegante curto-circuitar dos estereótipos sobre os temas em presença, precederam a abertura do

Helder Macedo

diálogo ao público, que terminou em contágio e em semi-levitação e até a interrogar aspectos que são tabu para a terra. Helder Macedo demonstrou porque na viragem para os oitenta lançou três dos seus melhores livros – Tão longo amor, tão curta a vida, romance, Romance, poesia, e Camões e outros contemporâneos – e promete não parar na sua “desmedida”. O Borges Coelho, o escritor moçambicano que prefiro, cortês e vivaz, foi um bom parceiro nesta viagem. Este debate, a pretexto da diversidade cultural no centro das convergências linguísticas, foi apoiado pela Gulbenkian - representado pela doutora Helena Borges -, e trouxe igualmente a Maputo outra figura, Elias José Torres Feijó, um filólogo galego, que actualmente é professor titular de Filoloxía Galega e Port uguesa na Universidade de Santiago de Compostela (USC), onde dirige o grupo de investigación GALABRA (que trata dos sistemas culturais galego, luso, brasileiro e africano de língua portuguesa) e preside à Associação Internacional de Lusitanistas, e a cuja palestra infelizmente não pude existir. Mas qual o sentido de falar-vos disto? É que esta mesma equipa, incluindo desta vez na comitiva o Borges Coelho,

deslocar-se-á a Macau, em Julho próximo, para novos actos de prestidigitação e para exercer a inteligência com as suas artes de Cícero. Os macaenses que se previnam!

23/05/2017

Escreveu Andy Warhol, em 1975: “O bom deste país é que a América começou a tradição pela qual os consumidores mais ricos compram essencialmente as mesmas coisas dos pobres. Podes estar a ver televisão e ver a Coca-Cola e podes saber que o Presidente bebe Coca-Cola, Lyz Taylor bebe Coca-Cola, e pensar que tu podes beber Coca-Cola. Uma Coca-Cola é uma Coca-Cola e nenhuma quantidade de dinheiro pode brindar-te uma melhor Coca-Cola do que a que está bebendo o mendigo da esquina. Todas as Coca-Colas são iguais e todas as Coca-Colas são boas”. Suspeito que o inferno climatizado em que, neste momento, se vive nos States começou nesta pequenez (esperemos que ao menos Warhol tenha recebido algum dinheirinho da Coca-Cola para exibir um “raciocínio tão elaborado”), que à altura parecia, paradoxalmente, uma mensagem de verdadeiro afã democrático. Alguma arte começou a baixar os braços com a Pop Art que, apesar da legitimidade dos seus melhores elementos, abriu a caixa de Pandora mediante a qual um vendaval de lixo tonitroante invadiria

o mundo, segregando uma tendência à uniformização e ao homogéneo que fez da universalização do consumo uma celebração sem restrições ao mesmo. O resultado foi a pós-verdade e o botãozinho em que Trump carrega para ver chegar o mordomo com a sua Coca-Cola (gosto que divide com o Red Bull). Como preveniu Adorno, o ganho com a “industrialização da cultura” tem por creme uma trivialização que envenena. Trump é o expoente de uma educação calibrada pelos valores da cultura de massas, reduzida a níveis tão baixos que beber uma Coca-Cola ao meio-dia da tarde representa uma espécie de turismo da “ialma”, sendo o epítome da inconsistência que tem a sua expressão na forma airosamente espectacular como hoje se confunde o público e o privado. Daí que pareça normal ao casal presidencial americano ir a Israel exibir em público as suas desavenças. Até gostei da atitude da Melania quando, vendo que o marido lhe dava a mão só para imitar o outro casal, lha sacudiu, rejeitando a mentira, a hipocrisia. O problema é que aquele cenário não era o do Big Brother. Ou era? Fétido o clima. Parece que a negociata das armas foi boa - mas virá primeiro o impeachment ou o divórcio? Aceitam-se apostas.


14 (F)UTILIDADES TEMPO

MUITO

hoje macau quinta-feira 25.5.2017

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NUBLADO

O QUE FAZER ESTA SEMANA Amanhã

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70-98%

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8.97

BAHT

CONCERTO | O MANIPULADOR Live Music Association | 23h30 FAM | TEATRO “A GAIVOTA” Centro Cultural de Macau | 19h30 FAM | TEATRO ITINERANTE “MACAU REMOTO” Vários locais | 11h30 e 16h30 FAM | DANÇA “DOUBLE BILL”, DE HIROAKI UMEDA Centro Cultural de Macau | 20h00

O CARTOON STEPH DE

SUDOKU

Domingo

JAZZ SUNDAY SESSIONS Live Music Association | A partir das 20h00 FAM | TEATRO “A GAIVOTA” Centro Cultural de Macau | 19h30 FAM | TEATRO ITINERANTE “MACAU REMOTO” Vários locais | 11h30 e 16h30 FAM | TEATRO “A MANO” Auditório do Conservatório | 15h00

Diariamente

FAM – EXPOSIÇÃO “A ARTE DE ZHANG DAQIAN” Museu de Arte de Macau | Até 5/8 SOLUÇÃO DO PROBLEMA 43

EXPOSIÇÃO DE DANIEL VICENTE FLORES Albergue SCM | Até 4/6 EXPOSIÇÃO | “TENTATIVE NOTEBOOK WORKS BY RUI RASQUINHO” Art for All Society, Jardim das Artes | Até 14/06 EXPOSIÇÃO DE AGUARELAS DE CHU JIAN & HERMAN PEKEL Fundação Rui Cunha | Até 25/5 EXPOSIÇÃO “AMOR POR MACAU” DE LEE KUNG KIM Museu de Arte de Macau | Até 9/7

Cineteatro

C I N E M A

1.16

CONDENSAÇÃO

Sábado

FAM | TEATRO “A MANO” Auditório do Conservatório | 11h00 e 17h00

YUAN

AQUI HÁ GATO

FAM | DANÇA “DOUBLE BILL”, DE HIROAKI UMEDA Centro Cultural de Macau | 20h00 FAM | TEATRO “A MANO” Auditório do Conservatório | 20h00

0.23

PROBLEMA 44

UM DISCO HOJE

Céus carregados em cima das nossas cabeças desabam em liquidez e a humidade torna-se noutro bicho, que escorre para as sarjetas. Cães e gatos numa condensação de tormento. A treva cobre a terra e eu fico à janela a ver os humanos serem molhados pela passagem dos carros. Chegam, afagam-me o pêlo e ouço falar de cães e gatos a cair dos céus. As ruas tornam-se todas afluentes de um rio poderoso, imparável, que desagua noutro rio numa profusão fluvial sem fim que ameaça engolir o mundo. Os oceanos reclamam o seu território de volta à cidade que cresce em aterros, querem o que é seu por direito natural, indiferentes a engenharias de usucapião. Ouço falar em aquecimento do globo na minha sala climatizada, na ascensão dos oceanos e pondero se a subida do Delta do Rio das Pérolas chegará ao sexto andar. Só os elementos poderão parar o betão. Projecto atlântidas nestes dias de tempestade, alamedas subaquáticas de prédios cobertos de lismos, com peixes e moluscos ao longo das escadas rolantes dos centros comerciais. Caranguejos a invadir as mesas de bacará e a roleta russa com um enorme polvo em cima. Sonho com marés avassaladoras a substituir o trânsito, como uma corrente a percorrer a San Ma Lou abaixo até ao Porto Interior. Imagino uma cidade finalmente submersa, como sempre foi o seu desejo, uma Atlântida que sumariza o mundo, com torres parisienses, coliseus romanos, canais venezianos e calçada portuguesa sepultada debaixo de água. Pu Yi

“A MULHER DO FIM DO MUNDO” | ELZA SOARES

Elza Soares é rouca. Não só de voz, mas de tudo. A brasileira canta como se lhe saíssem as palavras das entranhas e “A Mulher do Fim do Mundo” é um disco que mostra a artista no seu melhor.As canções misturam bossa nova e uma panóplia de instrumentos, em melodias que amornam as palavras de uma dor que, nem assim, se consegue esconder. Uma descoberta a aprofundar. Sofia Margarida Mota

ALIEN: COVENANT SALA 1

ALIEN: COVENANT [C] Fime de: Ridley Scott Com: Michael Fassbender, Katherine Waterston 14.30, 16.45, 19.15, 21.30

SALA 3

BAYWATCH [C] Fime de: Seth Gordon Com: Dwayne Johnson, Zac Efron, Alexandra Daddario 14.30, 16.45, 21.30

SALA 2

GET OUT [C]

THE CIRCLE [B]

Fime de: Jordan Peele Com: Daniel Kaluuya, Allison Williams, Bradley Whitford 14.30, 16.30, 19.30, 21.30

Fime de: James Ponsoldt Com: Tom Hanks, Emma Watson, John Boyega 19.30

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Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Isabel Castro; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Sofia Margarida Mota Colaboradores António Cabrita; Anabela Canas; Amélia Vieira; António Falcão; António Graça de Abreu; Gonçalo Lobo Pinheiro; João Paulo Cotrim; João Maria Pegado; José Drummond; José Simões Morais; Julie O’Yang; Manuel Afonso Costa; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Paulo José Miranda; Paulo Maia e Carmo; Rui Cascais; Rui Filipe Torres; Sérgio Fonseca; Valério Romão Colunistas António Conceição Júnior; André Ritchie; David Chan; Fa Seong; Fernando Eloy; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Rui Flores; Tânia dos Santos Cartoonista Steph Grafismo Paulo Borges, Rómulo Santos Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo


15 hoje macau quinta-feira 25.5.2017

OPINIÃO

bairro do oriente

O velho e a escola

JEFF TREMAINE, BAD GRANDPA

LEOCARDO

E

M primeiro lugar gostava de deixar aqui uma palavra de apreço à Escola Portuguesa de Macau (EPM), que continua a dar o brado no ranking de escolas portuguesas no estrangeiro. Mérito daquela instituição de ensino, dos seus docentes e funcionários, e porque não dos próprios alunos e dos seus pais – parabéns a todos. A escola tem tudo para ser, como afirmou há meses o presidente do Conselho de Administração da Fundação da EPM, Roberto Carneiro, “o veículo para levar a Europa para dentro da China”. Feitos os (mais que merecidos) elogios, permitam-me uma pequena dissertação sobre o que a EPM representa para mim, e aquilo que me faz sentir: velho. Tanto eu como o leitor que tem lá as suas crianças a estudar, ora há mais tempo ou recentemente, fica inevitavelmente com aquela sensação de que o tempo vai passando mais para nós do que para os miúdos. Para eles é um desabrochar, para nós são as folhas que vão caindo. O meu filho, por exemplo, já não é aquele pequenote que em tempos eu pegava ao colo com um braço; agora é ele que me levanta! Aquele adolescente agora com 16 anos e a frequentar o 10º ano passou de “meu tesourinho” a “o outro gajo

que vive cá em casa” – isto como figura de retórica, claro. E não é só ele, mas todos os seus coleguinhas, também. Macau é praticamente uma aldeia, e dentro da comunidade portuguesa conhecemo-nos praticamente a todos. Alguns dos colegas do meu filho vêm-no acompanhando desde o jardim de infância, e hoje olhando para o quanto eles cresceram, começo sinceramente a ver a areia da ampulheta do tempo a escoar, e a chegar ao fim. Quem diria que aqueles miúdos que me davam pelo joelho são hoje

Alguns dos colegas do meu filho vêm-no acompanhando desde o jardim de infância, e hoje olhando para o quanto eles cresceram, começo sinceramente a ver a areia da ampulheta do tempo a escoar, e a chegar ao fim. Quem diria que aqueles miúdos que me davam pelo joelho são hoje jovens cavalheiros e senhoritas?

jovens cavalheiros e senhoritas? Os mesmos que quando os vi ainda não assim há tanto tempo quanto isso me mostravam o seu carrinho ou a sua boneca, e hoje ostentam uma espécie de barba, usam “piercings”, e respondem-nos com “iás”, e “tipo...”, quando falamos com eles? Ouvem música de artistas de que nunca ouvimos falar, guardam aqueles silêncios próprios da angústia juvenil, pois “nunca os conseguiríamos entender”. Sei lá, que diabo, a mim às vezes apetece-me sacudi-los, para saber onde anda aquela inocência que nos

dava aquela confortável sensação de superioridade, e que para eles era (e ainda é, de algum modo), de dependência. Não são assim tantas as vezes que preciso de me deslocar à EPM, e quando é mesmo necessário, acaba por ser uma chatice. Mas saio sempre de lá com aquela sensação de que sim, estou a ficar velho, e os miúdos estão aí para tomar o meu lugar. E ainda bem, pois quer dizer que o mundo continua a girar, e vai-se cumprindo o ciclo e a velha máxima do “filho és, pai serás”, etc. “And the cat’s in the cradle and the silver spoon...”.

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ANÚNCIO CONCURSO PÚBLICO N.o 17/P/17 Faz-se público que, por despacho do Ex.mo Senhor Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, de 5 de Maio de 2017, se encontra aberto o Concurso Público para «Fornecimento e Instalação de um Sistema de Endoscopia aos Serviços de Saúde», cujo Programa do Concurso e o Caderno de Encargos se encontram à disposição dos interessados desde o dia 24 de Maio de 2017, todos os dias úteis, das 9,00 às 13,00 horas e das 14,30 às 17,30 horas, na Divisão de Aprovisionamento e Economato destes Serviços, sita no 1. º andar, da Estrada de S. Francisco, n.º 5, Macau, onde serão prestados esclarecimentos relativos ao concurso, estando os interessados sujeitos ao pagamento de MOP43,00 (quarenta e três patacas), a título de custo das respectivas fotocópias (local de pagamento: Secção de Tesouraria dos Serviços de Saúde) ou ainda mediante a transferência gratuita de ficheiros pela internet no website dos S.S. (www.ssm.gov.mo ). As propostas serão entregues na Secção de Expediente Geral destes Serviços, situada no r/c do Centro Hospitalar Conde de São Januário e o respectivo prazo de entrega termina às 17,30 horas do dia 23 de Junho de 2017. O acto público deste concurso terá lugar no dia 26 de Junho de 2017, pelas 10,00 horas, na “Sala Multifuncional”, sita no r/c da Estrada de S. Francisco, n.º 5, Macau. A admissão a concurso depende da prestação de uma caução provisória no valor de MOP52.000,00 (cinquenta e duas mil patacas) a favor dos Serviços de Saúde, mediante depósito, em numerário ou em cheque, na Secção de Tesouraria destes Serviços ou através da Garantia Bancária/SeguroCaução de valor equivalente. Serviços de Saúde, aos 18 de Maio de 2017 O Director dos Serviços Lei Chin Ion


Estas Portas do Cerco/de corpo espesso e rude/São um velho soldado:/O uniforme gasto e medalhado/Cobre-lhe o coração de grandeza e virtude” Camilo Pessanha PUB

Sem tréguas Combatentes islâmicos decapitam polícia nas Filipinas

C

OMBATENTES islâmicos que têm semeado o caos numa cidade do sul das Filipinas decapitaram um chefe da polícia local, afirmou ontem o Presidente filipino, Rodrigo Duterte. “O chefe da polícia de Malabang foi parado quando regressava a casa (…) pelos terroristas e creio que o decapitaram no local”, declarou o Presidente para justificar a lei marcial imposta no sul das Filipinas. Duterte disse que poderá declarar aquele regime de excepção “em todo o país para proteger a população”.

“O chefe da polícia de Malabang foi parado quando regressava a casa (…) pelos terroristas e creio que o decapitaram no local.” RODRIGO DUTERTE PRESIDENTE FILIPINO O Presidente impôs na terça-feira a lei marcial na região de Mindanao, onde vivem cerca de 20 milhões de pessoas, depois de se terem registado violentos confrontos entre as forças armadas filipinas e combatentes com ligações ao grupo extremista Estado Islâmico (EI). A lei marcial, imposta em caso de emergência ou de perigo, implica a submissão total das

autoridades civis aos comandos militares.

A FERRO E FOGO

O arcebispo Socrates Villegas, presidente da Conferência Episcopal das Filipinas, disse ontem que os extremistas islâmicos entraram na catedral de Marawi e sequestraram um padre, 10 fiéis e três trabalhadores. Os combates em Marawi, cidade com 200.000 habitantes de maioria muçulmana, começaram com um assalto das forças de segurança contra uma casa que se pensava ser um esconderijo de Isnilon Hapilon, comandante do grupo extremista Abu Sayyaf e “rosto” do Estado Islâmico nas Filipinas. Os ‘jihadistas’ pediram reforços e uma centena de homens armados de um grupo aliado, o Maute, entraram em Marawi e incendiaram alguns edifícios. Segundo o arcebispo, o grupo Maute é também o responsável pelo sequestro do padre e das restantes pessoas e os combatentes querem que o governo retire as suas forças. “Apelamos ao grupo Maute que diz utilizar as armas em nome de um Deus misericordioso e clemente – o mesmo Deus que nós cristãos veneramos – a honrar verdadeiramente o Deus único pela misericórdia e benevolência”, disse Socrates Villegas. “Na altura da sua captura, o padre Chito exercia as suas funções. Não é um combatente. Não tinha armas. Não ameaçava ninguém. A sua captura e a dos seus companheiros violam todas as normas de um conflito civilizado”, adiantou.

quinta-feira 25.5.2017


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