Hoje Macau 26 MAR 2020 # 4495

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DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ

MOP$10

QUINTA-FEIRA 26 DE MARÇO DE 2020 • ANO XIX • Nº 4495

SOFIA MARGARIDA MOTA

hojemacau

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Daqui não saio

METRO LIGEIRO

COMBOIO FANTASMA

Apesar do retorno a Macau de centenas de jovens a estudar no estrangeiro, há quem prefira ficar onde está e não

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regressar à RAEM. Histórias dos que optam por manter a vida em cidades como Londres, Berlim ou Taipé.

DANIEL LOVEDAY

TIAGO ALCÂNTARA

PÁGINAS 2-3

COVID-19

UM TURISTA EM COLOANE PÁGINA 4

EXECUÇÃO ORÇAMENTAL

PRESTAR CONTAS PÁGINA 5

OPINIÃO

ANTROPECENO E GLOBALIZAÇÃO JORGE RODRIGUES SIMÃO

h

DIA 15 DA QUARENTENA ANTÓNIO CABRITA

FASSBINDER SIGHT & SOUND

SEM TELHADOS DE VIDRO LUÍS CARMELO


2 coronavírus

COVID-19

26.3.2020 quinta-feira

DAQUI NINGUÉM OS ESTUDANTES DA RAEM QUE PREFEREM NÃO REGRESSAR AO TERRITÓRIO

Jason Chao, activista ligado à Associação Novo Macau, decidiu mudar-se para Londres, para fazer o doutoramento, e não vê motivos para regressar. Cheong Kin Man vive em Berlim desde 2013 e, apesar de estar chocado com os alemães por não usarem máscaras, não quer deixar a vida que tem. Jeffrey Ho está em Taiwan e mostra plena confiança na forma como a Presidente Tsai ing-wen tem lidado com a pandemia

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ACAU tem recebido, por estes dias, centenas de estudantes que escapam ao caos gerado pela pandemia de covid-19, com particular incidência na Europa. Muitos regressam de Portugal ou Reino Unido, onde frequentam cursos superiores, e procuram refúgio num território que soube controlar a crise e que tem 31 pessoas infectadas (à hora do fecho da edição), depois de 40 dias sem novas infecções. As autoridades de Macau esperam receber, até final do mês, um total de 1.674 residentes, com base na inscrição feita junto do Gabinete de Gestão de Crises de Turismo para o transporte especial do aeroporto inter-

nacional de Hong Kong para Macau. Desses, 860 são estudantes, segundo números anunciados esta terça-feira. Mas no meio desta vaga de idas e regressos há estu-

“Os países estrangeiros, a Organização Mundial de Saúde [OMS] e outras organizações internacionais têm sido injustas por não olharem para o exemplo de Taiwan.” JEFFREY HO ESTUDANTE EM TAIWAN

dantes que optam por ficar. É o caso de Jason Chao, activista ligado à Associação Novo Macau e que está em Londres a fazer o doutoramento. No passado dia 16, Chao partilhou no Facebook uma imagem da sua secretária de trabalho, em casa, com a seguinte mensagem: “trabalho a maior parte das vezes a partir de casa, em Londres. Vou manter-me na Europa, independentemente do que venha a acontecer”. À conversa com o HM, Jason Chao assegurou que não vai mudar de ideias. “Em primeiro lugar, a decisão de não voltar para Macau deve-se ao facto de ter decidido mudar-me para a Europa. Também tenho confiança na forma como o Governo britânico está a lidar com esta crise. Claro que também me preocupo com a minha segurança. Mudei-me para a Europa, é agora a minha casa. Não há razões para sair”, completa. Em Inglaterra, o primeiro-ministro Boris Johnson causou polémica por não ter tomado, numa primeira fase, quaisquer medidas para controlar a covid-19, numa altura em que países como Itália ou Espanha já se defrontavam com centenas de mortes por dia. Agora o cenário mudou de figura. Esta segunda-feira, Johnson decretou o confinamento domiciliário obrigatório, de onde só poderão sair para fazer compras de bens essenciais. Foram também encerradas lojas que não vendem bens essenciais, como roupa ou produtos electrónicos, bibliotecas, parques infantis, locais de culto e ginásios ao ar-livre e cancelados eventos, como casamentos e baptizados. “Os parques vão continuar a estar abertos para exercício, mas os ajuntamentos serão dispersos”, vincou. O primeiro-ministro

lamentou ter de tomar estas medidas, mas admitiu que “não existem opções fáceis” e que o caminho pela frente “é difícil e muitas vidas ainda vão ser perdidas”. Jason Chao explicou que os britânicos estão a

cumprir as regras que lhes foram impostas. “Há muitas pessoas a seguir as medidas do Governo para ficarem em casa. Há uma semana havia algumas críticas face à inacção, mas podemos ver que universidades e empresas

seguiram as instruções do Governo. Todos os teatros fecharam depois do anúncio oficial, alguns jovens que andam por aí, ficam no parque. Também observei que alguns supermercados estão a esvaziar e pode ser


coronavírus 3

quinta-feira 26.3.2020

ME TIRA

difícil comprar alguns vegetais, mas a situação está controlada.” A rotina de doutorando de Jason Chao prossegue sem grandes alterações. Faz investigação em casa e apenas se viu obrigado a

cancelar algumas conferências. “A minha rotina não foi severamente afectada. Sem a crise do coronavírus estaria a viajar dentro de meses, mas nesta fase todas as conferências foram canceladas.”

Questionado sobre as recentes restrições fronteiriças decretadas pelo Executivo de Macau, o activista do campo pró-democracia lamenta que tais medidas sejam discriminatórias.

“O Governo de Macau tem recursos suficientes para colocar os estudantes em hotéis, não é uma má política, mas estou preocupado com o tratamento discriminatório em relação aos portadores de blue card e também para quem não tem a residência de Hong Kong. É injusto para aqueles que têm de trabalhar.” Apesar de concordar com as “medidas draconianas que estão a ser tomadas numa altura de crise”, Jason Chao alerta para o facto de “a discriminação com base na cidadania poder ser dificilmente justificável”.

discriminação nos países ocidentais que podem ter levado muita gente a voltar à terra natal. “Não quero julgar porque a decisão de voltar deve ser muito pessoal, mas às vezes penso que existe um tipo de conflito cultural. Ouvi falar de casos de racismo, em que pessoas asiáticas, inclusivamente de Macau, se depararam com situações racistas. Não sei se é uma questão política ou cultural, mas a maioria das pessoas não quer usar máscaras. Eu próprio não tenho máscaras, é difícil”, contou.

A VIDA EM BERLIM

O EXEMPLO DE TAIWAN

É em Berlim, capital da Alemanha, que o doutorando Cheong Kin Man vive desde 2013. Na cidade fez o mestrado e acabou por casar. Depois de uma breve viagem à China e a Macau, quando a pandemia da covid-19 não tinha ainda começado, regressou à Alemanha, apesar do medo que sente devido à pouca frequência com que vê alguém usar máscara na rua. “Tenho a minha vida cá. Cada país e a região têm as suas estratégias para enfrentar este problema, e na Alemanha as pessoas não usam máscaras. Isto é muito estranho e assustador para os meus amigos e família em Macau.” A fazer isolamento social voluntário, Cheong Kin Man começa a ter sentimentos negativos. “Fico em casa a maior parte do tempo a escrever, mas é muito stressante. Fico deprimido. Há muito menos pessoas nas ruas, mas parece tudo mais ou menos normal.” Esta terça-feira, a Alemanha atingiu a fasquia de 172 mortos, tendo registados 34.009 casos de covid-19. A Alemanha continua a registar uma taxa de mortalidade baixa em relação a países como Itália, Espanha ou França. Cheong Kin Man acha “surpreendente” que não haja isolamento obrigatório das populações. “Angela Merkel [chanceler] diz que a Alemanha é uma democracia e não quer obrigar as pessoas a ficar em casa. Respeito esta decisão, mas às vezes é difícil porque as pessoas comparam com outros lugares do mundo, como Macau, por exemplo.” Sobre o facto de centenas de estudantes do ensino superior estarem a regressar à RAEM, Cheong Kin Man diz “não querer julgar”, mas relata vários episódios de

Além de Macau, outro bom exemplo no combate à pandemia da covid-19 é Taiwan, que desde cedo colocou restrições à entrada de turistas. A Ilha Formosa reportava ontem 19 casos de novas infecções, num total de 235. Jeffrey Ho, estudante de Macau a frequentar estudos em literatura estrangeira, ainda ponderou viajar para a terra natal para renovar o bilhete de identidade de residente, mas mudou de ideias devido à pandemia. Em Taiwan sente-se seguro. “Penso que a situação aqui é mais segura do que em Macau porque Taiwan fechou as fronteiras com todos os países. Penso que essa é uma medida correcta, sobretudo fechar a fronteira com a China, onde o vírus teve origem.”

“A minha rotina não foi severamente afectada. Sem a crise do coronavírus estaria a viajar dentro de meses, mas nesta fase todas as conferências foram canceladas.” JASON CHAO ALUNO DE DOUTORAMENTO EM LONDRES

“Tenho a minha vida cá. Cada país e a região têm as suas estratégias para enfrentar este problema, e na Alemanha as pessoas não usam máscaras. Isto é muito estranho e assustador para os meus amigos e família em Macau.” CHEONG KIN MAN ALUNO DE DOUTORAMENTO EM BERLIM

De frisar que, esta semana, o Chefe do Executivo da RAEM, Ho Iat Seng, alargou as proibições de entrada a residentes da China continental, Hong Kong e Taiwan que tenham estado em países estrangeiros nos 14 dias anteriores à viagem. Ho diz que o Executivo de Macau tem tomado “boas” medidas, mas lamenta que a comunidade internacional não coloque os olhos na actuação do Governo de Tsai ing-wen. “Os países estrangeiros, a Organização Mundial de Saúde [OMS] e outras organizações internacionais têm sido injustas por não olharem para o exemplo de Taiwan. Quando a crise surgiu, todos sabíamos que tinha sido feito um trabalho bom e honesto.” O estudante critica o facto de as autoridades chinesas terem escondido factos relacionados com a covid-19 no início da pandemia. “A China sempre fez um bom trabalho de propaganda, mas o sistema de saúde na China não é bom. Confio no sistema de saúde em Taiwan e, pelo menos, não estão a tentar esconder nenhuns dados da população, mas a OMS e a China fazem o oposto”, rematou. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo


4 coronavírus

26.3.2020 quinta-feira

Quarentena Mais duas pessoas furaram obrigação Um residente e um trabalhador não-residente do Nepal estão a ser acusados de terem furado a quarentena a que estavam obrigados. No caso do residente, trata-se de um homem que terá saído de casa, onde estava isolado, e ido a Zhuhai. Já o nepalês declarou uma residência falsa na

Hong Kong e Taiwan Quebra de entradas superior a 90% Após a entrada em vigor das restrições para os visitantes vindos de Hong Kong e Taiwan, o número de entradas de pessoas destas regiões registou uma quebra superior a

90 por cento. Entre a meia-noite e as 14h00 de ontem, as pessoas de Hong Kong que entrarem em Macau foram 72, quando no dia anterior tinha sido de 1964, o que equivale a

Passear na praia...

em comum terem viajado do Reino Unido. O 26.º é uma estudante local de 17 anos, que estava em quarentena desde 23 de Março. Como antes da entrada já tinha avisado as autoridades para eventuais sintomas, teve direito a um transporte especial. Os 27.º, 28.º e 29 casos, são dois homens, com 28 e 18 anos, que estavam em quarentena, e uma jovem com 15 anos, que foi diagnosticada logo à entrada.

O

número de casos registados em Macau subiu para 31 com o anúncio de mais cinco casos desde a noite de terça-feira. Antes do caso anunciado esta madrugada, (ver caixa), o último a ser revelado envolve um turista australiano que conseguiu ficar vários dias no território, antes de ser diagnosticado. O homem entrou na RAEM, vindo de Londres, a 16 de Março e permaneceu no território até dia 20. Ficou hospedado na Pousada

31º CASO

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á na madrugada de hoje, o Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus anunciou o31º caso de infecção pela covid-19. Trata-se de doente do sexo masculino, 27 anos de idade, residente de Macau, que veio num voo da Cathay Pacific Airways dos Estados Unidos (Nova Iorque), e chegou ao Aeroporto de Hong Kong no dia 25 de Março. Devido à apresentação de sintomas – febre – foi imediatamente encaminhado à Emergência especial do Centro Hospitalar Conde de São Januário para realização de zaragatoa nasofaríngea. Esta quinta-feira, o resultado da amostra revelou positivo para o novo tipo de coronavírus e foi confirmada como pneumonia causada pelo novo tipo de coronavírus.

uma redução de 96,3 por cento. Já as pessoas de Taiwan a entrarem ontem foram 8, face às 106 que tinham entrado no dia anterior, uma redução de 92,5 por cento.

COVID-19 TURISTA IMPEDIDO DE ENTRAR EM HONG KONG É O 30.º INFECTADO

TIAGO ALCÂNTARA

O aumento dos casos importados levou a que o Alto de Coloane passasse também a receber pessoas infectadas desde ontem. Macau tem 72 ventiladores para o território

declaração de saúde. Ambas as situações foram detectadas pelo Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) quando fez as habituais inspecções. Os casos foram entregues ao Ministério Público e os dois arriscam uma pena que pode chegar a 1 ano de prisão ou 120 dias de multa.

MUDANÇAS NOS HOSPITAIS

de Coloane, onde esteve a maior parte do tempo, além de uma deslocação, no dia 19, ao Venetian, onde não conseguiu entrar no casino por falta de passaporte. Nessa noite, depois de apanhar o autocarro 26A, jantou ainda no restaurante La Gondola, na praia de Cheoc Van. Finalmente, no dia 20 tentou seguir para a Austrália, através de Hong Kong, mas foi impedido de entrar no território vizinho. Por este motivo, teve de voltar para Macau e acabou a cumprir quarentena no Grande Coloane, onde foi diagnosticado com o novo coronavírus. Ontem, na conferência de imprensa, Leong Iek Hou, coordenadora do Núcleo de Prevenção e Doenças Infecciosas e Vigilância da

Doença, apontou que ao fim de tantos dias o risco de contágio deve ser mais reduzido. Porém, alertou para que quem tenha frequentado esses locais nos dias em questão que se apresentasse no hospital, em caso de apresentar sintomas. “Como é estrangeiro gosta muito de ar-livre e passeou muito tempo na praia, além das refeições no hotel. [...] Esteve principalmente ao ar-livre, onde o risco de contaminação é muito baixo, e utilizou quase sempre máscara”, explicou Leong Iek Hou.

O tempo passado entre os dias em que esteve na comunidade e o diagnóstico fazem com que seja cada vez menos provável o contágio. “Depois de ter deixado o hotel até ter sido diagnosticado já há uma distância temporal. Mas as pessoas que estiveram no hotel, caso estejam preocupadas, devem medir a temperatura de forma regular e em caso de sentirem qualquer sintoma ir ao hospital”, indicou. Em relação aos restantes quatro casos, tratam-se todos de residentes e têm

“Com o aumento dos casos confirmados vamos ter de usar o Centro Clínico no Alto de Coloane para isolar os casos mais leves.” ALVIS LO IEK LO MÉDICO DO SÃO JANUÁRIO

Entre os 31 casos registados, 10 estão recuperados, mas 21 ainda precisam de tratamento. Este aumento no número levou a alterações no funcionamento do sistema de resposta e a que os casos mais leves de infectados fossem transferidos do Centro Hospitalar Conde de São Januário para o Alto de Coloane. “Antes era um centro clínico para acolher os contactos próximos e aqueles que estão em isolamento e convalescência. Com o aumento dos casos confirmados vamos ter de usar o Centro Clínico no Alto de Coloane para isolar os casos mais leves”, apontou Alvis Lo Iek Lo, médico-adjunto da direcção do Centro Hospitalar Conde de São Januário. Segundo os dados oficiais, neste momento, há 232 camas de enfermaria para isolamento, entre as quais 112 no Centro Hospitalar e 120 no Alto de Coloane. Macau tem ainda 72 ventiladores, alguns dos quais estão a ser utilizados para pessoas com outras necessidades, mas Alvis Lo indicou que existem pulmões artificiais que também podem ser utilizados. João Santos Filipe

joaof@hojemacau.com.mo

IAS DICAS PARA A HARMONIA FAMILIAR

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facto de as famílias passarem muito tempo em casa preocupa o Instituto de Acção Social, que deixou dicas na conferência de ontem para evitar conflitos no seio das famílias. “Nos últimos meses as pessoas estão mais concentradas em casa. Quando se encontram com maior frequência poderão ser gerados conflitos na família. Por isso vale a pena realizar algumas reuniões para pacificar as situações”, afirmou Tang Yuk Wa, vice-presidente substituto do IAS. O responsável sugeriu várias actividades: “Também se pode tentar organizar algumas sessões e passar algum tempinho em família a cozinhar. Reparei que nestes últimos dias há muitas pessoas a cozinharem juntas e a fazerem bolos. Porque não se convoca toda a família e se mete mãos à obra? Ou assistir-se a um filme em conjunto? As famílias também podem organizar actividades para as crianças”, propôs. Porém, realçou que é fundamental que haja tempo para cada pessoa estar sozinha. O discurso sobre a “construção da harmonia familiar” teve por base cerca de 30 telefonas recebidos pela linha de apoio psicológico do IAS sobre conflitos familiares, durante o período da epidemia. “Como os pais passam mais tempo em casa, porque precisam de tomar conta dos filhos, começam a aperceber-se de certos hábitos que antes não reparavam. Isto faz com que haja hábitos diários com que não se concorda e isso pode criar conflitos”, explicou sobre o aumento de distúrbios domésticos. Até ontem todos os conflitos tinham sido considerados “leves”.


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V

ÃO ser chamados representantes de diferentes empresas pela 2ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL) para darem informações sobre a situação financeira e estratégias de investimento que pretendem seguir, no âmbito da apreciação do relatório sobre a Execução do Orçamento de 2018. “Decidimos chamar alguns fundos autónomos cá (...) para prestarem esclarecimentos porque existem diferentes empresas e entidades que contam com participações do Governo. Queremos perguntar sobre a situação financeira dessas empresas”, disse o presidente da Comissão, Chan Chak Mo. Vão ser chamados representantes do Centro de Produtividade e Transferência de Tecnologia de Macau (CPTTM), a Teledifusão de Macau (TDM), a Transferência Eletrónica de Dados - Macau EDI VAN SA, a Canais de Televisão Básicos de Macau SA, a Macau Investimento e Desenvolvimento SA e o Centro Incubador de Tecnologia SA. O presidente da comissão (AL) explicou que os deputados querem perceber as razões dos prejuízos, e nos casos em que não houve lucros, quando se prevê que passem a existir. Mas questionado se nos dados avaliados houve indícios de má gestão por parte das empresas, ou se a comissão considera que as dotações atribuídas pelo Governo são demasiado elevadas, Chan Chak Mo respondeu não ter “qualidade para tecer opiniões”, frisando que “tudo foi apreciado pelo Comissariado da Auditoria”.

PLANOS PARA O FUTURO

Sobre a Transferência Eletrónica de Dados - Macau EDI VAN SA, Chan Chak Mo explicou que 30 por cento das acções são detidas

EXECUÇÃO ORÇAMENTAL COMISSÃO CONVOCA MAIS ENTIDADES PARA ESCLARECIMENTOS

Chamados à pedra Representantes de empresas que contam com participação do Governo vão ser chamados a prestar explicações sobre as suas finanças. A 2ª Comissão Permanente da AL quer perceber quando se altera a situação das empresas que não têm lucros

Presidente da Comissão, Chan Chak Mo

pelo Governo e que, de acordo com a assessoria, as restantes devem pertencer à Fundação Macau. “Também é dinheiro do Governo, por isso queremos

saber que tipo de negócios desenvolve esta sociedade comercial”, notou. No caso da TDM, as informações apontam que no ano passado

“A Comissão quer saber a situação financeira dessas empresas e das suas filiais e quais os planos futuros de desenvolvimento.” CHAN CHAK MO

ESTACIONAMENTO DSAT PROMETE MAIS LUGARES PARA MOTOCICLOS

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E forma a responder ao aumento da procura de lugares de estacionamento para motociclos, o Governo comprometeu-se a aumentar “a proporção de lugares destinados a motociclos e ciclomotores”, aquando do planeamento de novos parques de estacionamento público. A prioridade estende-se também a ajustamentos aos actuais parques de estacionamento públicos. Este é um dos pontos de destaque da resposta da Direcção dos Serviços para os Assuntos do Tráfego (DSAT), divulgada ontem, a uma interpelação assinada por Sulu Sou.

O deputado havia sublinhado que até ao terceiro trimestre de 2019 existiam 49.145 lugares públicos de estacionamento, além das áreas de estacionamento nocturno com capacidade para 17.420 motas, oferta que não é suficiente para as 123.466 motas registadas em Macau. Além da promessa de ter em conta as duas rodas na construção futura de parques de estacionamento, a resposta assinada pelo Director da DSAT, Lam Hin San, refere que o Governo vai encorajar construtoras de

as receitas se situaram em 300 milhões de patacas, conseguindo lucros de quatro milhões. Houve deputados a notar que os custos podem estar relacionados com a compra de direitos de autor ou equipamentos, “mas, seja como for, vamos chamar os representantes dessa sociedade para prestar esclarecimentos”, revelou Chan Chak Mo.

Para além disso, o presidente da comissão referiu que o Governo deu sete mil milhões de patacas à Macau Investimento e Desenvolvimento SA ao longo dos anos. “As receitas desta sociedade e filiais atingem 400 milhões de patacas. E por isso a Comissão quer saber a situação financeira dessas empresas e das suas filiais e quais os planos futuros de desenvolvimento”, referiu. Já a Canais de Televisão Básicos recebeu uma dotação do Governo de nove milhões de patacas, ficando no final com saldo zero. Com o mesmo saldo ficou também o Centro Incubador de Tecnologia. De entre 14 empresas, o Governo facultou dados em relação a 13. Destas, apenas a Transferência Eletrónica de Dados - Macau EDI VAN SA sofreu prejuízos depois de descontada a dotação governamental, disse Chan Chak Mo. Por outro lado, a empresa sob a qual não foram apresentados dados diz respeito à Tai Lei Loi — Sociedade de Fomento Predial, Limitada, que terminou o processo de falência e liquidação, esclareceu o presidente da Comissão, apontando que o Governo conseguiu recuperar cerca de 100 milhões de patacas. Note-se que a Comissão já tinha anunciado que ia chamar entidades públicas para obter esclarecimentos. Salomé Fernandes

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CAM NOMEADOS MEMBROS DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO E CONSELHO FISCAL prédios privados para aumentarem a proporção de lugares de estacionamento destinados a motociclos. A resposta do Governo não especifica através de que meios irá encorajar os privados. Os restantes pedidos de deputado foram rejeitados pela DSAT. Nomeadamente, a instalação de zonas de espera prioritárias para motas nos semáforos, corredores na faixa de rodagem mais à esquerda e a substituição de lugares de estacionamento em paralelo por lugares em espinha. J.L.

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OI ontem publicado em Boletim Oficial um despacho, assinado por Raimundo do Rosário, secretário para os Transportes e Obras Públicas, que nomeia membros do conselho de administração da CAM — Sociedade do Aeroporto Internacional de Macau, S.A.R.L. Ma Iao Hang foi o nome escolhido para o cargo de presidente, enquanto que os administradores Deng Jun, Chu Tan Neng, Kan Cheok Kuan e Lei Si Tai foram nomeados para a comissão executiva da empresa. Lo Keng Chio foi designado como presidente da mesa da assembleia-geral da CAM. No que diz respeito ao conselho fiscal da CAM,

foram nomeados Iong Kong Leong para o cargo de presidente e Vong Man Kit como membro. A semana passada foi divulgado um relatório do Comissariado de Auditoria (CA) que acusou a CAM de má gestão financeira e de ter uma “atitude passiva” perante os problemas detectados. Em causa está um sistema de gestão de bagagens que custou 70 milhões de patacas, mas que nunca foi devidamente implementado, causando graves problemas de segurança. O CA também analisou a construção de um hangar provisório onde foram gastos 240 milhões de patacas para um período de apenas oito anos.


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26.3.2020 quinta-feira

TERRENOS DECLARADAS NULAS DUAS CONCESSÕES

EDUCAÇÃO BASE VOLTADA PARA O PATRIOTISMO ARRANCA NO PRÓXIMO ANO GCS

O amor está no ar

O Governo vai avançar com a criação de uma base para a educação do amor à pátria, dirigida a estudantes e jovens, para entrar em funcionamento no próximo ano. O director dos Serviços de Educação e Juventude indicou que vai aumentar o investimento em recursos neste âmbito

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Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) elaborou uma proposta sobre a “Base da Educação do Amor pela Pátria e por Macau”, e planeia usar instalações já existentes para a acolher. “Actualmente, encontram-se a ser desenvolvidos, ordenadamente, os vários planeamentos e trabalhos de preparação, prevendo-se a sua entrada em funcionamento em 2021”, avançou o director da DSEJ, Lou Pak Sang, em resposta a uma interpelação escrita do deputado Lam Lon Wai. A importância da criação de uma base nesta matéria, destinada a jovens e estudantes, tinha sido destacada em Dezembro pela Secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Ao Ieong U. De acordo com as informações agora divulgadas, prevê-se que o espaço acolha iniciativas como exposições e acções de formação, com vista a que escolas e associações aí desenvolvam “a educação do amor pela Pátria e por Macau”. Na sua interpelação, Lam Lon Wai tinha defendido que “não basta” uma

se o pavilhão deveria ser incluído em construções como o Complexo de Serviços para a Cooperação Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa ou o Terminal Marítimo de Passageiros da Taipa. Relativamente ao pavilhão, quis ainda saber se os recursos que existem vão ser aproveitados, dando exemplos como o Pavilhão do Sentimento de Amor pela Pátria.

AUMENTO DE RECURSOS

aula semanal de educação cívica, lamentando que não existissem planos a longo prazo para um pavilhão que servisse de base à educação

patriótica. E recordando as palavras da secretária para os Assuntos Sociais e Cultura questionou o ponto de situação do projecto, e

“Prevê-se que o espaço acolha iniciativas como exposições e acções de formação, com vista a que escolas e associações aí desenvolvam a educação do amor pela Pátria e por Macau’.” LOU PAK SANG DIRECTOR DA DSEJ PUB

COMISSÃO DE REGISTO DOS AUDITORES E DOS CONTABILISTAS Aviso Torna-se público que já se encontra finalizada a correcção da segunda época de prestação das provas para a inscrição inicial e revalidação de registo como auditor de contas, contabilista registado e técnico de contas, realizadas no ano de 2019 nos termos do disposto na alínea 3) do artigo 1º do Regulamento da Comissão de Registo dos Auditores e dos Contabilistas, pela referida Comissão. Os respectivos resultados serão notificados aos interessados até ao dia 2 de Abril, solicitando-se aos mesmos que contactem com a Sra. Chio, através do nº 85995344, caso não recebam a mencionada notificação.

Lou Pak Sang explicou que a base vai disponibilizar uma “zona especial dedicada à apresentação da história e cultura chinesas de cinco mil anos, do desenvolvimento e dos sucessos da Nova China, bem com a educação do patriotismo em Macau”. Em termos de funcionamento, indicou que vai ser considerada a união dos currículos do ensino primário e secundário. E é descrito na resposta que vão ser usadas fotografias, réplicas e materiais audiovisuais e multimédia para apresentar a história e cultura da China clássica e moderna, para incentivar a uma aprendizagem ao “mostrar, de forma animada, as cenas da história e cultura chinesas”. O objectivo passa por aumentar o “reconhecimento do povo chinês”. Assim, serão ainda desenvolvidas actividades temáticas destinadas aos jovens e alunos, que devem ser interactivas com os recursos já existentes da educação patriótica. Mas não ficará por aí: “aumentar-se-á o investimento em recursos e apoiar-se-á a participação diversificada dos sectores sociais”, respondeu o representante da DSEJ. Salomé Fernandes

Direcção dos Serviços de Finanças, aos 19 de Março de 2020. O Presidente do Júri, Iong Kong Leong

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secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, assinou dois despachos, publicados ontem em Boletim Oficial, que anulam as concessões de dois terrenos. Um dos despachos refere-se a um terreno localizado no ZAPE, cuja primeira concessão data de 2 de Fevereiro de 1940 a favor do residente António Galdino Dias, e que teria como finalidade a construção de uma casa para habitação com jardim. Esta concessão foi depois transmitida a Ao Chio, com um prazo de arrendamento de 50 anos que terminou a 1 de Fevereiro de 1990. Segundo o despacho, “uma vez que não se comprova que o concessionário, antes do fim do prazo da concessão, tenha aproveitado a parcela de terreno remanescente nos termos e condições constantes do contrato, terá de considerar-

-se que a concessão manteve, quanto a esta parcela, o carácter provisório”. Nesse sentido, não é possível renovar uma concessão considerada provisória. Raimundo do Rosário também declarou nula a concessão de um terreno situado na Taipa. O terreno foi concessionado em 1981 a favor do residente Chiu Sin Leok e destinava-se “à construção de um conjunto residencial e comercial”. Com a morte de Chiu Sin Leok, em 1985, os direitos de concessão passaram dos seus herdeiros para a “Sociedade de Fomento Predial Tak Kei, Limitada”. Neste processo, foram revertidas quatro parcelas de terreno concedido e "foram concedidas três outras parcelas”. O terreno em causa seria aproveitado para a construção de um complexo de habitação, comércio, estacionamento e área livre, em regime de propriedade horizontal. No entanto, “o prazo de arrendamento do aludido terreno expirou a26 de Junho de 2006 e este não se mostrava aproveitado”.

Justiça Wong Wai Man vai recorrer da decisão dos tribunais O presidente da Associação dos Armadores de Ferro e Aço, Wong Wai Man confirmou ontem ao HM que irá recorrer de uma decisão do tribunal, que o condena ao pagamento de uma multa de 10.800 patacas pela prática do crime de violação da liberdade de reunião e manifestação. O caso remonta a 2017, durante o período eleitoral e, segundo a sentença, o tribunal deu como provado que Wong Wai Man utilizou um carrinho-de-mão com um altifalante para gritar que o deputado Sulu

Sou era “um falso democrata” e “homossexual”, numa tentativa de intimidar os membros da lista da Associação Novo Macau. A confirmação do recurso de Wong Wai Man surgiu ontem, no seguimento de uma conferência de imprensa, onde o presidente da Associação dos Armadores de Ferro e Aço lançou um apelo ao Governo para apoiar as Pequenas e Médias Empresas (PME), através da distribuição de vales de consumo de 20 mil patacas em vez dos actuais, no valor de três mil.

IPM Chui Sai Cheong e Mak Soi Kun no conselho geral por três anos Os deputados Chui Sai Cheong e Mak Soi Kun foram nomeados para o Conselho Geral do Instituto Politécnico de Macau (IPM) pelo período de três anos, aponta um despacho ontem publicado em Boletim Oficial (BO) assinado pelo Chefe do Executivo, Ho Iat Seng. Este Conselho Geral é presidido pelo ex-presidente do IPM, Lei Heong Iok, que é

acompanhado por Lok Po. A advogada Paula Ling foi também nomeada para este órgão. O despacho dá conta que o presidente e vice-presidente têm direito a uma remuneração mensal correspondente aos índices 550 e 275 da tabela indiciária da Administração Pública. As nomeações tornam-se efectivas a partir do dia 1 de Abril.


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quinta-feira 26.3.2020

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URANTE o mês de Fevereiro, o metro ligeiro transportou, em média, 1.100 pasageiros por dia. Os dados, divulgados ontem pela Sociedade do Metro Ligeiro de Macau, revelaram ainda que, desde a entrada em funcionamento do metro ligeiro em Dezembro de 2019, o mês passado registou, embora sem surpresas devido à crise provocada pela covid-19, a pior média até à data. Comparativamente com os pouco mais de mil passageiros transportados diariamente em Fevereiro, foram transportados em Janeiro, em média, 16 mil passageiros por dia e em Dezembro, 33 mil passageiros. A redução está naturalmente relacionada com as medidas de prevenção decretadas pelo Governo para combater o novo tipo de coronavírus, a covid-19, entre as quais, o encerramento de todos os casinos de Macau durante duas semanas, a partir do dia 6 de Fevereiro. Além disso, segundo a Sociedade do Metro Ligeiro de Macau, para a diminuição da utilização das suas carruagens contribuiu ainda a redução da frequência do serviço do Metro Ligeiro a partir do

Galaxy Hotel Obras suspensas e sanções após acidente

A Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) emitiu ontem uma ordem para suspender todos os trabalhos em altura, relacionados com a expansão do Cotai Galaxy Resort, na Taipa. Segundo informações avançadas pelo canal chinês da TDM – Rádio Macau, a decisão acontece após o acidente ocorrido na passada terça-feira, que vitimou três trabalhadores e deixou feridos outros quatro, depois da queda de um andaime. De acordo com a mesma fonte, depois de inspeccionar o estaleiro de obras, a DSAL estipulou ainda que vão ser aplicadas sanções às entidades responsáveis pelos andaimes e que os trabalhos só poderão ser reiniciados mediante a apresentação de um relatório detalhado do acidente por parte dos empreiteiros responsáveis pela obra. Segundo o canal chinês da TDM – Rádio Macau, os empreiteiros comprometeram-se a apresentar o relatório o mais rapidamente possível, bem como a prestar assistência adequada aos familiares das vítimas.

METRO LIGEIRO MÉDIA DIÁRIA DE FEVEREIRO FOI DE 1100 PASSAGEIROS

Caminhos desertos

Fevereiro pode ficar na história do metro ligeiro como um dos piores meses de sempre, ao nível do número de passageiros. De acordo com dados oficiais, a média diária de pessoas transportadas foi de 1.100, fazendo com que o acumulado do mês passado, fique mesmo abaixo do registo diário de alguns dias de Dezembro dia 3 de Fevereiro e ainda “o cancelamento de alguns voos neste período de tempo” e a suspensão a partir do dia 4 de Fevereiro do transporte marítimo entre Hong Kong e Macau.

Somada a frequência média dos 29 dias do mês passado, circularam, no total, perto de 32 mil passageiros durante o mês de Fevereiro

“N

Mas nem tudo diz respeito a medidas de prevenção epidémicas, já que a partir do dia 1 de Fevereiro, o serviço de transporte público do metro ligeiro passou também a ser formalmente cobrado. Isto após ter ficado estipulado que as viagens durante o mês de Dezembro seriam gratuitas, medida que seria estendida ao mês de Janeiro, após terem sido registadas avarias durante o primeiro mês de funcionamento, que levaram, inclusivamente, à suspensão do serviço durante três dias.

passado, circularam, no total, perto de 32 mil passageiros durante o mês de Fevereiro, número que fica inclusivamente abaixo de alguns totais diários registados em Dezembro de 2019, como por exemplo o dia 15 de Dezembro, onde foram transportados 46.500 passageiros. De referir ainda que ao final de três meses, e quando se esperava que Fevereiro pudesse ser representativo ao nível da procura real do serviço, a verdadeira utilização do metro ligeiro parece ter sido uma vez mais adiada. Recorde-se que, apesar de não se ter comprometido com um número, Raimundo do Rosário referiu a 10 de Dezembro de 2019, dia de inauguração do serviço, estimar a utilização do metro ligeiro por 20 mil passageiros por dia, “um valor altamente falível, porque tem vindo sucessivamente a ser ajustado”. O projecto do metro ligeiro custou, no total, 10,2 mil milhões de patacas e levou mais de 10 anos a ser concretizado após o seu anúncio. Pedro Arede

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À ESPERA DE SINAIS

Somada a frequência média dos 29 dias do mês

ÃO deram a mínima hipótese às pessoas”, disse ao HM o autor da petição Hélder Beja após entregar ontem uma missiva dirigida ao Chefe do Executivo Ho Iat Seng, contra a medida decretada na semana passada e que proíbe a entrada de trabalhadores não residentes (TNR) em Macau. A petição recolheu 564 assinaturas durante o período de tempo que esteve online e pretende dar voz aos TNR que “não tiveram tempo para reagir a esta decisão do Governo”. “Em menos de 24 horas essa decisão foi tomada e executada”, lembrou Hélder Beja. Embora considere que o Governo está a fazer um bom trabalho ao nível da prevenção do novo tipo de coronavírus, Hélder Beja vê a nova medida como discriminatória, por deixar de fora os TNR que tenham a qualidade de residentes do Interior da China, Hong Kong e Taiwan. “É importante dizer que o Governo de Macau e o Chefe do Executivo têm feito, na minha opinião, um excelente trabalho para proteger a população local (…), no entanto, chegados aqui, acho que cometeram um erro grave (…)

Sem uma hipótese

Hélder Beja entrega petição contra proibição de entrada a TNR

porque pegaram numa franja mais frágil da sociedade, que é muito importante e que contribui tanto ou mais do que uma boa parte dos residentes permanentes de Macau. Por isso é que achei importante fa-

zer chegar esta mensagem ao Chefe do Executivo, independentemente do impacto que possa vir a ter”, explicou Hélder Beja. O peticionário acredita, contudo, que a medida não tenha sido tomada “com uma visão discriminatória”, apesar de ter ficado com essa sensação após a leitura do despacho do Chefe do Executivo. “Mesmo que esqueçamos a discriminação, acho que há aqui uma parte quase cruel na forma como esta medida é tomada porque não se toma uma medida deste género e se aplica em menos de 24 horas.

É preciso dar tempo às pessoas para se organizarem”, apontou Hélder Beja. Acescentou ainda, que no rescaldo da medida, surgiram casos em que famílias ficaram separadas ou em que trabalhadores que ganham muito pouco não conseguem regressar a Macau, após teram sido forçados pelas suas empresas a tirar férias para regressar ao país.

TEMPOS ESPECIAIS

O líder do Governo, Ho Iat Seng também recusou a ideia de que a proibição de entrada de TNR que não sejam chineses possa ser vista como discriminação. “Não digam que é discriminação. São tempos especiais e temos de usar todas as medidas para proteger os residentes”, disse na passada terça-feira. Recorde-se que Ho Iat Seng anunciou entretanto novas restrições de entrada em Macau, que incluem a proibição de entrada dos residentes da China continental, de Hong Kong e de Taiwan que tenham estado em qualquer outro país 14 dias antes. P.A.


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26.3.2020 quinta-feira

ANÚNCIO

ANÚNCIO

【N.º 30/2020】

【N.º 34/2020】

Para os devidos efeitos vimos por este meio notificar os representantes dos agregados familiares da lista de candidatos a habitação social abaixo indicados, nos termos do n.º 2 do artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro:

Para os devidos efeitos vimos por este meio notificar os representantes dos agregados familiares da lista de candidatos a habitação social abaixo indicados, nos termos do n.º 2 do artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro:

Nome N.º do boletim de candidatura Nome MAUNG THAN HLAING OO 31201704290 WONG KAT IAM NGAN CHAN IP 31201706959 CHOI MA LAI

N.º do boletim de candidatura 31201703970 31201707645

Nome NG UN LAM

N.º do boletim de candidatura Nome 31201709380 CHAN KA FAI

Por causa dos representantes dos agregados familiares acima mencionados não apresentarem os documentos mencionados no prazo fixado, pelo que, estes não reúnem os requisitos exigidos para a candidatura, nos termos dos n.º 3 do artigo 9.º do Regulamento de Candidatura para Atribuição de Habitação Social, aprovado pelo Despacho do Chefe do Executivo n.º 296/2009, alterado e republicado pelo Despacho do Chefe do Executivo n.º 376/2017. Tendo este Instituto informou-os por meio de ofícios, com os n. os 1909140043/DHS, datada de 17 de Setembro de 2019 e 1910210134/DHS, datada de 30 de Setembro de 2019, a solicitar aos interessados acima mencionados para apresentarem por escrito as suas contestações pelos factos acima referidos no prazo de 10 (dez) dias a contar da data de recepção dos referidos ofícios, que fizeram as entregas das suas interpretações, mas ainda não entregaram os documentos indicados, por isso as interpretações não foram aceites por este Instituto. De acordo com artigo 5.º, nº. 3 do artigo 9.º, alínea 1) do artigo 11.º do Regulamento de Candidatura para Atribuição de Habitação Social, aprovado pelo Despacho do Chefe do Executivo n.º 296/2009, alterado e republicado pelo Despacho do Chefe do Executivo n.º 376/2017, e em conformidade com os despachos do signatário, exarado nas Propostas n.os 3937/DHP/DHS/2019 e 3323/ DHP/DHS/2019, as respectivas candidaturas foram excluídas da lista geral de espera por IH. Caso queiram contestar a respectiva decisão, nos termos dos artigos 148.º e 149.º e n.º 2) do artigo 150.º do Código do Procedimento Administrativo, podem reclamar da respectiva decisão administrativa, ao Presidente deste Instituto, no prazo de 15 (quinze) dias a contar da data de publicação do presente anúncio, a reclamação não tem efeito suspensivo; ou podem apresentar directamente recurso judicial ao Tribunal Administrativo, no prazo de 30 (trinta) dias a contar da data de publicação do presente anúncio, nos termos do artigo 25.º do Código de Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 110/99/M, de 13 de Dezembro e do artigo 30.º da Lei n.º 9/1999. Instituto de Habitação, aos 20 de Março de 2020.

Por causa dos representantes dos agregados familiares acima mencionados não apresentarem os documentos mencionados no prazo fixado, pelo que, estes não reúnem os requisitos exigidos para a candidatura, nos termos dos n.º 3 do artigo 9.º do Regulamento de Candidatura para Atribuição de Habitação Social, aprovado pelo Despacho do Chefe do Executivo n.º 296/2009, alterado e republicado pelo Despacho do Chefe do Executivo n.º 376/2017. Tendo este Instituto informou-os por meio de ofícios, com os n. os 1909090122/DHS, datada de 12 de Setembro de 2019, 1910150083/DHS e 1910150035/DHS, datada de 15 de Outubro de 2019 e 1910210134/DHS, datada de 22 de Outubro de 2019, a solicitar aos interessados acima mencionados para apresentarem por escrito as suas contestações pelos factos acima referidos no prazo de 10 (dez) dias a contar da data de recepção dos referidos ofícios, mas não fizeram a entrega das suas contestações. De acordo com artigo 5.º, nº. 3 do artigo 9.º, alínea 1) do artigo 11.º do Regulamento de Candidatura para Atribuição de Habitação Social, aprovado pelo Despacho do Chefe do Executivo n.º 296/2009, alterado e republicado pelo Despacho do Chefe do Executivo n.º 376/2017, e em conformidade com os despachos do signatário, exarado nas Propostas n.os 3143/DHP/DHS/2019, 3557/DHP/DHS/2019 ,3565/DHP/ DHS/2019 e 3996/DHP/DHS/2019, as respectivas candidaturas foram excluídas da lista geral de espera por IH. Caso queiram contestar a respectiva decisão, nos termos dos artigos 148.º e 149.º e n.º 2) do artigo 150.º do Código do Procedimento Administrativo, podem reclamar da respectiva decisão administrativa, ao Presidente deste Instituto, no prazo de 15 (quinze) dias a contar da data de publicação do presente anúncio, a reclamação não tem efeito suspensivo; ou podem apresentar directamente recurso judicial ao Tribunal Administrativo, no prazo de 30 (trinta) dias a contar da data de publicação do presente anúncio, nos termos do artigo 25.º do Código de Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 110/99/M, de 13 de Dezembro e do artigo 30.º da Lei n.º 9/1999. Instituto de Habitação, aos 20 de Março de 2020.

O Presidente, Arnaldo Santos

O Presidente, Arnaldo Santos HM • 1ª VEZ • 26-3-20

HM • 1ª VEZ • 26-3-20

ANÚNCIO ACÇÃO DESPEJO nº.

CV2-19-0051-CPE

ANÚNCIO 2º Juízo Cível

Autores: 1. CHAN IP KEI (陳業基); e sua mulher 2. IEONG KAM SI (楊金絲); ambos residentes em Macau, na Rua da Ribeira do Patane, nºs 23 a 25A, Edifício “Lok Si”, do Rés-do-Chão “C” e “D”. Réu: LEI PENG KEONG (李炳強), de sexo masculino, com última residência conhecida em Macau, na Rua de Brás da Rosa, nº 63, Jardim “Cheong Meng – Kam Seng Kok”, 14º andar I, ora em parte incerta. *** Faz saber que, por este Juízo, correm éditos de 30 (TRINTA) DIAS, contados da segunda e última publicação do anúncio, citando o réu LEI PENG KEONG (李炳強), para no prazo de quinze (15) dias, decorrido que seja o dos éditos, contestar, querendo, o pedido formulado na petição inicial nos mencionados autos, que resumidamente consistem que: 1) ser decretada a cessação por resolução do contrato de arrendamento celebrado com o Réu, com fundamento na falta de pagamento pontual das rendas; b) ser o Réu condenado a entregar imediatamente aos Autores, livre de pessoas e devoluta de bens, a fracção autónoma designada por “A-R/C”, do rés-do-chão “A”, para comércio, do prédio situado em Macau, na Rua da Concórdia, nºs 27 a 55, Rua do Conselheiro Borja, nºs 9 a 15, Rua do General Castelo Branco, nºs 10 a 16, Rua Um, Bairro da Concórdia, nºs 28 a 56, Edifício “Wang Fai”, descrito na Conservatória do Registo Predial de Macau sob o nº 21493, a folhas 102 do Livro B50, inscrita na matriz predial, sob o nº 37612, registada a favor dos Autores sob a inscrição nº 15762G; e c) ser o Réu condenado no pagamento das custas judiciais e em procuradoria, tudo conforme melhor consta do duplicado da petição inicial que neste 2º Juízo Cível se encontra à sua disposição e que poderá ser levantado nesta Secretaria Judicial nas horas normais de expediente. A falta da contestação no dito prazo não implica serem considerados reconhecidos os factos alegados pelos Autores, e o processo segue com os ulteriores termos até final à sua revelia. Na contestação, pode deduzir em reconvenção o seu direito a benfeitorias ou a uma indemnização, e ainda que é obrigatória a constituição de advogado Macau, aos 20 de Março de 2020. ***

N.º do boletim de candidatura 31201707935

Execução Ordinária nº.

CV2-19-0061-CEO

2º Juízo Cível

Exequente: BANCO INDUSTRIAL E COMERCIAL DA CHINA (MACAU) S.A. (中國工商銀行(澳門)股份有限公司), com sede em Macau, na Avenida da Amizade, nº 555, Macau Landmark, Torre ICBC, 18.º andar. Executada: LOI NGA CHENG (呂雅青), feminino, com última residência em Macau, na Avenida de Vale das Borboletas, n.º 141, Edifício “Koi Nga” – Bloco VIII, 25.º andar “BS”, Coloane, ora ausente em parte incerta. *** Correm éditos de trinta (30) dias, a contar da segunda e última publicação do anúncio, citando a executada LOI NGA CHENG, para no prazo de vinte (20 dias), decorrido que seja o dos éditos, pagar ao exequente a quantia de Setecentas e Quinze Mil, Quinhentas e Quarenta e Uma Patacas e Sessenta e Cinco Avos (MOP 715.541,65) e legais acréscimos, ou no mesmo prazo, deduzir oposição por embargos ou nomear bens à penhora, sob pena de, não o fazendo, ser devolvido ao exequente o direito de nomeação de bens à penhora, seguindo o processo os ulteriores termos até final à sua revelia. Tudo conforme melhor consta do duplicado da petição inicial que neste 2º Juízo Cível se encontra à sua disposição e que poderá ser levantado nesta Secretaria Judicial nas horas normais de expediente. Macau, em 20 de Março de 2020. ***

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sociedade 9

quinta-feira 26.3.2020

Condomínios Porteira acusada de desviar 75 mil patacas A Polícia Judiciária (PJ) deteve ontem uma mulher de 61 anos, suspeita de desviar 75 mil patacas da empresa de administração de condomínio para a qual trabalha como porteira. Segundo informação avançada pelo canal chinês da TDM - Rádio Macau, a detenção ocorreu após denúncia

CRIME FECHO DE FRONTEIRAS LEVA À INFLAÇÃO DO PREÇO DA COCAÍNA

feita pela empresa de administração de condomínio. A companhia terá referido às autoridades que as quotas de condomínio entre Janeiro a Março não terão sido remetidas à empresa De acordo com a mesma fonte, a suspeita já terá, entretanto, confessado o crime.

QUARTA LIGAÇÃO EMPRESA CONTESTA CONTRATO DE 5,27 MIL MILHÕES DE PATACAS

Ponte sobre o rio que vai

A

empresa Coneer Engenharia e Administração está a contestar o concurso público que atribuiu a construção da quarta ligação entre Macau e a Taipa ao consórcio China Civil Engineering Construction Corporation, China Railway Construction Bridge Engineering Bureau Group e pela Companhia de Construção e Engenharia. Em causa está um contrato público que vai render 5,27 mil milhões de patacas às empresas envolvidas. A informação consta da decisão divulgada ontem pelos tribunais da RAEM, sobre uma providência cautelar interposta pela Coneer, que pretendia suspender as obras até haver um resultado final sobre a contestação do concurso público. De acordo com a argumentação da Coneer Engenharia e Administração, que concorreu em consórcio com a China Road and Bridge Corporation, o concurso público apresenta “vícios graves que contaminam a sua validade”. Para a empresa, devia ter havido uma audiência com todas as participantes antes da decisão, assim como um relatório em que os decisores explicariam os fundamentos e juízos sobre os “critérios da concepção e da construção da ponte”. Por outro lado, a Coneer defende que o concurso exige que durante 1125 dias seja mantido “um canal de navegação com

TIAGO ALCÂNTARA

A Coneer Engenharia e Administração recorreu aos tribunais para contestar o concurso público para a construção da quarta ponte entre Macau e a Taipa. Porém, viu a providência cautelar que interpôs para suspender as obras ser negada

Este resultado deixa antever o desfecho da acção principal, isto porque na descrição não consta que a parceira do consórcio também esteja a contestar o concurso.

uma largura de 40 metros”, desde a data da consignação da obra. Como a proposta vencedora apenas promete realizar todos os trabalhos em 1098 dias, a Coneer argumenta que este critério não foi respeitado e que devia ser motivo para a exclusão das vencedoras. Os resultados da acção principal ainda não são conhecidos, mas no que diz respeito à pro-

vidência cautelar, que pretendia a suspensão das obras, esta foi recusada pelo Tribunal de Segunda Instância. A decisão foi aceite pela Coneer.

ACÇÃO EM CHEQUE

Porém, os fundamentos do TSI podem colocar em causa toda a acção principal. Na providência cautelar, a Coneer Engenharia e

Administração argumentava que se a obra avançasse ficava impedida de participar num contrato de grande dimensão e que face aos custos de participação nesse concurso que a sua sobrevivência financeira ficava ameaçada. Este aspecto foi apontado como um prejuízo de difícil reparação. No entanto, o tribunal decidiu contra a empresa por considerar que não tem legitimidade para contestar o concurso. Segundo o entendimento do TUI, como a Coneer Engenharia e Administração concorreu em consórcio com a empresa China Road and Bridge Corporation (com uma proposta no valor de 6,28 mil milhões de patacas), a acção nos tribunais tinha de envolver as duas partes. Este resultado deixa antever o desfecho da acção principal, isto porque na descrição não consta que a parceira do consórcio também esteja a contestar o concurso. Caso se confirme que a Coneer Engenharia e Administração está sozinha neste processo, a derrota poderá ser um cenário bem real. A quarta ponte vai ficar localizada no lado leste da Zona A dos Novos Aterros e faz a ligação até à Zona E1, perto do Terminal Marítimo do Pac On. A ligação vai ter um comprimento de cerca de 3,1 quilómetros com oito faixas de rodagem, quatro para cada lado, duas delas exclusivas para ciclomotores e motociclos. João Santos Filipe

joaof@hojemacau.com.mo

T

ENDO em conta as novas restrições fronteiriças impostas pelos governos de Macau e Hong Kong no, a Polícia Judiciária (PJ) de Macau revelou que o volume de droga a entrar no território aumentou antes das novas medidas de combate à propagação covid-19 entrarem em vigor. Contrariando as regras do mercado, não foi só a quantidade que aumentou, mas também o preço, com as autoridades a estimar uma inflação na ordem dos 20 por cento a partir de ontem. As novidades foram dadas ontem, como contexto para mais uma detenção de um suspeito traficante, oriundo de Hong Kong. Na passada terça-feira, a PJ destacou inspectores para as imediações do hotel onde o suspeito estava hospedado. O homem viria a ser avistado na zona da Praça de Ponte e Horta, perto das 22h, onde apanhou um táxi com destino ao Mercado de S. Lourenço. À chegada, o suspeito tinha um homem à espera. Passado pouco tempo, os indivíduos seguiram cada um o seu caminho e foram interceptados. O comprador tinha em sua posse cinco pacotes contendo 2,06 gramas de cocaína. No quarto de hotel do suspeito traficante foram encontrados 156 pacotes de cocaína, com um peso total de 51,49 gramas, um saco com 5,28 gramas de marijuana e sete mil patacas alegadamente apurados na venda de droga. As autoridades estimam o valor dos estupefacientes em 200 mil patacas. De acordo com informação da PJ, o residente de Hong Kong, de 33 anos, terá confessado que foi recrutado pelo grupo criminoso e lhe foi prometido um salário de 2500 HKD por dia, mas um bónus de 4500 HKD para traficar em Macau. O comprador, de 35 anos, é residente de Macau que trabalha para um junket. De acordo com a PJ, o residente confessou ter o hábito de consumir cocaína, razão pela qual comprou droga ao alegado traficante por 4.000 patacas. Ambos foram transferidos ontem para o Ministério Público. J.L.


10 coronavírus

(À HORA DO FECHO DA EDIÇÃO)

TOP 20 DOS PAÍSES

13575 Em estado crítico

446789

112058

Infectados (total cumulativo)

COM MAIS CASOS 81218

Itália

69176

E.U.A.

54981

Espanha

47610

Alemanha

34009

Irão

27017

França

22304

Suiça

10456

Coreia do Sul

9137

Reino Unido

8227

Holanda

5560

Áustria

5516

Bélgica

4937

Portugal

2995

Noruega

2902

Canadá

2792

Austrália

2431

Suécia

2345

Brasil

2271

Israel

2170

Turquia

1872

Curados

Co novel

314923 Infectados

(total cumulativo)

China

26.3.2020 quinta-feira

(casos activos)

22 Curados

43 PORTUGAL

Mortos

PAÍSES LUSÓFONOS (total cumulativo)

Portugal

2995

Brasil

2271

Macau

30

Moçambique

3

países com casos de nCov

Angola

3

Guiné-Bissau

4

países sem casos de nCov

Timor-Leste

1

Cabo Verde

4

São Tomé e Principe

0

PORTUGAL

Infectados (casos activos)

21 MACAU

PAÍSES ASIÁTICOS (total cumulativo)

China

81218

China | Macau

30

China | Hong Kong

410

China | Taiwan

235

Coreia do Sul

9137

Japão

1193

Vietname

141

Laos

3

Cambodja

93

Tailândia

934

Filipinas

636

Myanmar

3

Malásia

1796

Indonésia

790

Singapura

558

Borneo

109

2930

Infectados (casos activos)

10 Curados

HONG KONG

304 Infectados

Macau

(casos activos)

4

HONG KONG

102 Curados

Hong Kong

Mortos


quinta-feira 26.3.2020

ovid-19 l coronavírus

19808

coronavírus 11

16732 Casos suspeitos

Mortos

0 1-9 10-99 100-499 500-999 FONTES:

+1000

• https://gisanddata.maps.arcgis.com/apps/ opsdashboard/index.html#/ • https://www.who.int/emergencies/diseases/ novel-coronavirus-2019/situation-reports bda7594740fd40299423467b48e9ecf6 • https://www.cdc.gov/coronavirus/2019-ncov/ index.html • https://www.ecdc.europa.eu/en/geographical-distribution-2019-ncov-cases • http://www.nhc.gov.cn/yjb/s3578/new_list.shtml • https://ncov.dxy.cn/ncovh5/view/pneumonia

Ocorrências nas áreas afectadas

Dados actualizados até à hora do fecho da edição

Covid-19 vs SARS

CHINA NÚMERO DE INFECTADOS E MORTOS POR REGIÃO

400000 150000 100000 75000 50000 25000 12500 0

20

40

60

dias dias dias Dia em que a OMS recebeu os primeiros avisos do surto

80

dias

100

dias

120

dias

REGIÃO Hubei Guangdong Henan Zhejiang Hunan Anhui Jiangxi Shandong Jiangsu Chongqing Sichuan Heilongjiang Pequim Xangai Hebei Fujian Guangxi

INFECTADOS 67800 1370 1275 1232 1018 990 935 760 631 576 538 480 414 337 318 296 294

MORTOS 2641 7 20 1 4 6 1 6 5 6 3 13 5 3 6 1 2

REGIÃO Shaanxi Yunnan Hainan Guizhou Shanxi Tianjin Liaoning Gansu Jilin Xinjiang Mongólia Interior Ningxia Hong Kong Taiwan Qinghai Macau Tibete

INFECTADOS 245 174 168 146 132 136 121 91 91 76 75 71 162 77 18 13 1

MORTOS 2 2 5 2 0 3 1 2 1 2 0 0 3 1 0 0 0


12 china

26.3.2020 quinta-feira

A

Região ÍNDIA GOVERNO COM DIFICULDADES PARA MANTER 1,3 MILHÕES DE PESSOAS EM CASA

A

S autoridades indianas estão a enfrentar dificuldades para conseguirem manter 1,3 mil milhões de pessoas nas suas casas, como forma de combater a disseminação do novo coronavírus responsável pela pandemia da covid-19. A garantia das autoridades de que os produtos essenciais não acabariam colidiu com o medo das pessoas de que o número de infectados pudesse pio-

rar em breve e levou desde terça-feira ao açambarcamento de alimentos e outros produtos. Outros desafiaram a ordem de confinamento não para fazer compras, mas para orar. Em cinco dias, o número de casos confirmados da covid-19 saltou no país de cerca de 200 para 519 e especialistas dizem que o número real provavelmente será muito maior, nomeada-

mente devido à insuficiência de testes realizados. Na terça-feira, o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, anunciou um confinamento de três semanas em todo o país, cobrindo quase um quinto da população mundial, “para salvar a Índia e os indianos. Ontem foi o início do ano novo hindu, de acordo com um antigo calendário lunar, e o começo de um feriado de nove dias em que os hindus normalmente realizam rituais diários nos templos. A ordem de isolamento, no entanto, proíbe reuniões religiosas e instrui os locais de culto a fecharem. Modi reconheceu numa mensagem no Twitter que “as celebrações não serão como são normalmente, mas fortalecerão a determinação de superar as circunstâncias”. PUB

S receitas do Governo chinês caíram 9,9 por cento, nos dois primeiros meses do ano, em relação ao mesmo período do ano passado, para 3,5 biliões de yuans, a maior queda desde Fevereiro de 2009, segundo dados oficiais ontem divulgados. A receita tributária diminuiu 11,2 por cento, em relação ao mesmo período do ano anterior, para 3,1 biliões de yuans, enquanto a receita não tributária cresceu 1,7 por cento, para 405.700 milhões de yuan, segundo o ministério chinês das Finanças. A despesa pública do governo caiu 2,9 por cento, entre Janeiro e Fevereiro, apesar dos gastos com a saúde pública terem aumentado 22,7 por cento. A revisita chinesa Caixin acrescenta que as medidas de prevenção e controlo para impedir a propagação do novo coronavírus que provoca a covid-19, durante Janeiro e Fevereiro, interromperam a actividade comercial, causando uma diminuição nos impostos cobrados sobre o valor agregado nos bens e serviços, empresas ou na propriedade.

PARAR PARA VIVER ANÚNCIO 【N.º 29/2020】 Para os devidos efeitos vimos por este meio notificar os representantes dos agregados familiares da lista de candidatos a habitação social abaixo indicados, nos termos do n.º 2 do artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro: N.º do boletim de N.º do boletim de Nome Nome candidatura candidatura CHEONG IO MENG 31201704214 LEI U LOK 31201700933 IEONG TAT WANG 31201709348 SIN TIM HONG 31201703703 Por causa dos representantes dos agregados familiares acima mencionados não apresentarem os documentos mencionados no prazo fixado, pelo que, estes não reúnem os requisitos exigidos para a candidatura, nos termos dos n.º 3 do artigo 9.º do Regulamento de Candidatura para Atribuição de Habitação Social, aprovado pelo Despacho do Chefe do Executivo n.º 296/2009, alterado e republicado pelo Despacho do Chefe do Executivo n.º 376/2017. Tendo este Instituto publicado um anúncio na imprensa de língua chinesa e língua portuguesa, no dia 8 de Outubro de 2019, a solicitar aos interessados acima mencionados para apresentarem por escrito as suas contestações pelos factos acima referido no prazo de 10 (dez) dias a contar da data de publicação do referido anúncio, entretanto não os fizeram. De acordo com artigo 5.º, nº. 3 do artigo 9.º, alínea 1) do artigo 11.º do Regulamento de Candidatura para Atribuição de Habitação Social, aprovado pelo Despacho do Chefe do Executivo n.º 296/2009, alterado e republicado pelo Despacho do Chefe do Executivo n.º 376/2017, e em conformidade com os despachos do signatário, exarado nas Propostas n.os3370/DHP/DHS/2019, 3372/DHP/DHS/2019, 3367/DHP/DHS/2019 e 3369/DHP/DHS/2019, as respectivas candidaturas foram excluídas da lista geral de espera por IH. Caso queiram contestar a respectiva decisão, nos termos dos artigos 148.º e 149.º e n.º 2) do artigo 150.º do Código do Procedimento Administrativo, podem reclamar da respectiva decisão administrativa, ao Presidente deste Instituto, no prazo de 15 (quinze) dias a contar da data de publicação do presente anúncio, a reclamação não tem efeito suspensivo; ou podem apresentar directamente recurso judicial ao Tribunal Administrativo, no prazo de 30 (trinta) dias a contar da data de publicação do presente anúncio, nos termos do artigo 25.º do Código de Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 110/99/M, de 13 de Dezembro e do artigo 30.º da Lei n.º 9/1999. Instituto de Habitação, aos 20 de Março de 2020. O Presidente, Arnaldo Santos

Em Fevereiro, quando a China paralisou devido ao surto, a receita tributária do país caiu 21,4 por cento, em termos homólogos, na maior queda desde que há registo. Os sectores da hotelaria e do turismo foram os mais afectados, segundo a Caixin, uma vez que os seus contributos para o erário caíram para metade, nos dois primeiros meses do ano, em comparação com o ano anterior. Hotéis e restaurantes foram forçados a fechar

ECONOMIA RECEITA PÚBLICA CAI QUASE 10% ENTRE JANEIRO E FEVEREIRO

Por este vírus abaixo durante o mês de Fevereiro para conter a propagação do vírus antes de retomarem gradualmente a actividade. Entre Janeiro e Fevereiro, os únicos sectores que aumentaram a sua contribuição foram os impostos de renda, que cresceram 14,8 por cento, em relação ao ano anterior, e os impostos de selo nas transações de títulos mobiliários, cuja contribuição total aumentou

30,8 por cento. A produção industrial caiu 13,5 por cento, em Janeiro e Fevereiro, em relação ao mesmo período do ano anterior, um número sem precedentes desde 1990. O número de infectados diagnosticados na China continental, que exclui Macau e Hong Kong, desde o início da pandemia, é de 81.218. No total, morreram 3.281 pessoas no país.

ESPANHA CONTRATO NO VALOR DE 450 MILHÕES DE EUROS EM EQUIPAMENTOS MÉDICOS

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Espanha assinou um contrato de 450 milhões de euros com a China para a compra de equipamentos médicos, incluindo 550 milhões de máscaras, 950 respiradores, 5,5 milhões de testes rápidos de coronavírus e 11 milhões de luvas. O ministro da Saúde espanhol, Salvador Illa, fez o anúncio ontem numa conferência de imprensa em que

também sublinhou que “não houve qualquer confiscação ou retenção de materiais, nem haverá”, e que o Governo “continuará a apoiar” todas as acções de compra realizadas pelas várias comunidades autónomas. Salvador Illa respondia assim às críticas à falta de material e atraso na sua distribuição por parte do Governo nacional às comunidades

autónomas, que em Espanha têm autonomia e competências particulares no que diz respeito à política de saúde. O número de mortos em Espanha devido à pandemia de covid-19 ultrapassou ontem o da China continental, com um total de 3.434 vítimas mortais, segundo a actualização diária feita pelas autoridades de saúde do país.


quinta-feira 26.3.2020

e um olhar perdido é tão difícil de encontrar

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Dia quinze da quarentena

a vizinha que adorava hortênsias há vinte dias que não as rega e repete merda para as hortências, merda,

diário de Próspero

António Cabrita

N

e algures a vida tremula distante como um placebo à cata de interruptor: quem por último ficar que apague a luz,

ADA tenho a acrescentar ao que li numa entrevista de Juan Eslava Gálan, ao ABC: «Vivemos hoje uma experiência histórica excepcional. Quando tudo isto passar, o que acontecerá, acho que seria bastante inteligente para a Humanidade – a começar por aqueles que a governam – considerar que nem tudo vale e que talvez a natureza esteja clamando para que mudemos as nossas vidas. Além de mudanças climáticas, existem muitos sinais que nos vão sendo endereçados e há que mudar de comportamentos se pretendemos continuar a ser viáveis como espécie». Escrevo na madrugada de segunda, dia 25, depois de ter sido declarado o primeiro caso de um infectado com corona na favela Cidade de Deus, do Rio. O rasto que esta brasa deixar na favela permitirá adivinhar o que podemos esperar nas periferias de Maputo. Tanto vai depender do comportamento destes barris de pólvora. Como alguns privilegiados, vou “exilar-me” numa península perto do mar e sem vizinhos. É uma ilusão, mas a possível em país com vinte ventiladores hospitalares. Em vez de ouvir falar do corona vírus, ouvir o mar: outra das motivações deste meu refúgio. Mas aqui vos deixo o poema possível, nestes dias do luto:

dirá o último homem, cego ao sem sentido do que diz. Mas as imagens de drone confirmam: nunca o medo teve tanto marketing, nunca o homem foi tão oco. As pessoas relacionam-se como fantasmas com cordilheiras de permeio, desairoso velório dos perfumes. Era tremenda a energia nestas avenidas e agora sorumbáticas desplumam-se em nome duma responsabilidade que antes nunca exibiram. Embora coisas positivas, tremendas, re-activem a esperança: aos canais de Veneza voltaram peixes, há finalmente um sentimento de que as soluções têm de ser globais e de que não há milionário impermeável ao coração da maleita – de má postura no retrato ninguém se livra! Sete da manhã, saio nesta deserta hora para um passeio à Catedral. Ao fim de tantos dias duma seca taciturnidade, desta travessia a vau

DIA QUINZE DA QUARENTENA As imagens de drone confirmam o vírus unhou o silêncio e o riso, nas ruas da cidade

entre os gentios, apetece-me ver vitrais, sentir a sós (porque o templo vai estar vazio de beatas e de inúteis

embutem-se enxames de pálpebras roxas, dolentes, num sonho de corais. Ao décimo quarto dia de quarentena é lícito concluir: és mais difusa do que as estrelas e como o coração se deslassou no skipe, aonde a mentira esquece que caminha sobre andas. Foram os amantes de ocasião os primeiros a ceder neste transe em que o inimigo é o outro. Porfia a beleza, mas quem a admite isolada numa caldeira sem árvores? Depois do século ter emudecido os sinos, assistimos à repentina invisibilidade dos aviões, temerosos que até dos espelhos possamos desertar.

preces) como a colatura daquela luz me banha a pele e me filtra o sigilo. Anima-me estar calado diante

Só os cães abandonados reaprendem a uivar. Chafurdámos até aos bordos na medula do consumo e volvemos retraídos bichos-de-conta em cujas retinas um raio tatuou os caninos da maldita. Como se fora novidade, a morte, como se morrer não fosse restituir um dente à gengiva nua, o reverso da alma que arrogámos imortal. Tudo invenções que urdimos: o amor, a dignidade, o lustroso pêlo da liberdade que com felina

e orgulhosa determinação escovámos

da investidura duma transparência que me tome como cúmplice e não como seu observador acidental.

- e de que agora cogitamos abrir mão, pelo indulto de que o vírus não nos vele o pulmão com o seu kilt.

Há catorze dias que não saio de casa, apetece-me aquele silêncio húmido, penumbroso, uma cunha

Balimos de medo como a virgem arrastada para o negrume da caserna, bloqueados, à mercê. O que me espanta

entre a reverência acéfala e o respeito dos ateus, uma medida sem ruído. Assusta-me mais a tenacidade

nesta crise é a obsessão de imaginar que a nossa morte possa sagrar o fim do mundo, a velocidade

de quem vê que a beleza persiste mas resiste a plantar a semente na caldeira sem árvores.

com que o medo particular se tornou global. Segurança ou morte: o novo mandamento,

Voltemos ao terceto, Dante – afinal, duas rodas de bicicleta e um selim: que triste voltou a ser o nosso tempo.


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26.3.2020 quinta-feira

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Rainer Werner Fassbinder

NESTA ENTREVISTA, GRAVADA EM 1974, FASSBINDER FALA SOBRE A EVOLUÇÃO DO SEU CONCEITO DE

“A minha prioridade é a satisfação E

STA entrevista foi realizada em Frankfurt, num apartamento onde Rainer Werner Fassbinder (RWF) morou durante algum tempo. O realizador tinha chegado recentemente à cidade para assumir a direcção do Theater am Turm – um projecto que chegaria abruptamente ao fim dentro de poucos meses. RWF odiava Frankfurt, em especial os funcionários do Conselho Municipal, e colocou toda a sua raiva numa nova peça intitulada O Lixo, a Cidade e a Morte (Der Müll, die Stadt und der Tod), que o Conselho vetou de imediato. RWF abandonou a direcção do Teatro e, em Dezembro de 1974, a peça foi apresentada durante alguns dias na Sala de Espectáculos da cidade (Schauspielhaus). Posteriormente foi adaptada ao cinema, numa realização (brilhante) de Daniel Schmid. O filme, A Sombra dos Anjos (Schatten der Engel, 1975), contou com a participação de Fassbinder como actor. RWF precisou sempre de ter governanta para tomar conta dele e esse papel em Frankfurt foi desempenhado por Ursula Strätz, a antiga proprietária do Action-Theater de Munique. A relação começou quando RWF assumiu a direcção do Teatro em 1967; Ms Strätz servia chá para acalmar o estômago do director que sofria de dispesia. Ciente de que Fassbinder falava inglês fluentemente, comecei apreensivamente a entrevista em inglês. Mas RWF interropeu-me imediatamente com um “Ich verstehe gar kein Wort” (“Não percebo uma palavra do que estás a dizer”) e continuou em alemão. A tradução é da minha lavra. Rainer Werner Fassbinder

• TONY RAYNSADMIRTAÇ • Quando é que decidiste começar a trabalhar em teatro e em cinema? Muito cedo, por volta dos nove anos. Para mim nunca existiu outra possibilidade. Começaste no teatro? Não, comecei com duas curtas metragens, uma em 1965 e a outra1966. A primeira foi inspirada pelo meu amor por Le Signe du Lion de Rohmer [1959] e a outra era… um pouco ao estilo de Godard. Mas nessa altura qualquer idiota fazia filmes. Comecei a sentir uma grande necessidade de trabalhar com um grupo e como tinha acesso a um pequeno Teatro ‘underground’ em Munique, resolvi experimentar. Fazer cinema foi sempre muito caro… A nossa primeira peça foi Katzelmacher. Só comecei a escrever porque os editores não nos queriam ceder os direitos dos textos; achavam que não iam ganhar dinheiro connosco. Criámos o colectivo ‘anti-teatro’ quando a cidade fechou o espaço. A polícia apareceu. Invocaram vários pretextos, mas a razão principal era fazermos teatro político.

Sim, em certa medida. Cerca de metade dos meus primeiros filmes eram ‘sobre’ as minhas descobertas no cinema americano; de alguma forma transpunham o espírito do cinema americano para os subúrbios de Munique. Mas os outros nem por isso. Eram “investigações” sobre a realidade alemã: os imigrantes, a opressão de um trabalhador de classe média, a nossa própria situação política enquanto realizadores. Cuidado com essa Puta Sagrada [1970] foca-se particularmente na tentativa de viver e trabalhar em grupo. Achas que eram provocadores? Não eram exactamente provocadores, mas sim concebidos para activar o processo de reflexão. Eu pensava na altura

Como é que voltaste ao cinema? O Amor é mais Frio do que a Morte [1969] foi feito quase sem dinheiro; um colaborador arranjou-nos 10.000 marcos. O filme Katzelmacher foi financiado a crédito. Naquela época não havia mercado para este tipo de cinema, mas conseguimos vender os direitos para televisão. Com esse dinheiro pagámos as dívidas e ainda pudemos fazer Deuses da Praga [1970]. Os filmes que fazíamos nessa altura eram muito teatrais e as peças que produziamos eram muito cinematográficas. Eu acreditava que as coisas que estava a conseguir com os actores no teatro podiam ser experimentadas no cinema; tentava perceber o que podia ir buscar a um dos lados para beneficiar o outro. Mas depressa percebi que estava à procura de uma linguagem filmica mais pura. Os filmes dessa altura foram influenciados pelo cinema americano?

que se confrontassemos as pessoas com a sua própria realidade elas acabariam por se revoltar. Mas já não acredito nisso. Agora penso que a prioridade é satisfazer o público e depois lidar com as questões políticas. Primeiro, temos de fazer filmes sedutores, belos, sobre as emoções ou o que quer que seja… Como Sam Fuller? Por exemplo. Mas continuamos a precisar de saber porque é que estamos a fazer o filme. Por outras palavras, usar as emoções que são criadas para um determinado fim. É um estádio preliminar de uma espécie de declaração política. A coisa mais importante a aprender com o cinema americano é saber ir ao encontro do factor entretenimento, mas é preciso realizar esse encontro a meio do caminho. O ideal é fazer filmes tão belos como os americanos, mas que ao mesmo tempo elevem os conteúdos para outro plano. Eu acho que esse processo começou com os filmes de Douglas Sirk, ou com A Suspeita de Hitchcock que nos faz sair do cinema com a sensação de que o casamento é impossível. É por isso que preferes o melodrama ao realismo? Eu não acho que o melodrama seja ‘irrealista’; toda a gente tem o desejo de dramatizar os acontecimentos à sua volta. Além disso, todos temos um conjunto de pequenas ansiedades que tentamos contornar, para evitar questionarmo-nos; o melodrama é um óptimo antídoto para esses problemas. Por exemplo, no filme de Douglas Sirk Escrito no Vento: o que se passa no ecrã não é algo com que eu me possa directamente relacionar, porque é tudo tão puro, tão irreal. E, mesmo assim, o que vejo, aliado à minha própria realidade, torna-se uma nova realidade.

Rainer Werner Fassbinder

No entanto, os seus filmes são conceptualmente muito diferentes dos de Sirk. Claro, porque não filmámos sob as mesmas

condições. Pelo menos metade dos filmes de Sirk reflectem a naiveté dos seus patrões, os directores dos estúdios; para o melhor e para o pior, nós nunca lidámos com isso. É uma das coisas que torna os filmes americanos tão bons e que quase nunca se encontra nos filmes europeus. Eu anseio por um pouco de naiveté, mas não se encontra em lado nenhum. No entanto, existem diferenças consideráveis entre os meus filmes. O grau de conceptualização aumenta com a artificialidade do tema. Nesse sentido, Effi Briest [1974], é muito mais hermético do que O Medo Devora a Alma [1974], por exemplo. O tema apodera-se da imagem e isso também se reflecte nas personagens. As personagens têm de ter sempre uma atitude consistente com a temática do filme (actualmente tento dar a todos os actores uma motivação evidente, clara e compreensível), mas o que emerge daí depende muito do assunto que o filme aborda. Há mais realizadores alemães com essa perspectiva? Não encontro muito do que estivemos a falar noutros realizadores alemães; são bastante diferentes, com outras possibilidades. Eu tive a oportunidade de aprender muito mais do que a maioria deles. Sinto alguma afinidade com Volker Schlondorff; temos

“No teatro estou mais interessado no trabalho, no processo de criação. No cinema, foco-me mais no resultado. O teatro tem um público diferente, mais pequeno, mais especialista.”


ARTES, LETRAS E IDEIAS 15

quinta-feira 26.3.2020

CINEMA POLÍTICO, DA ALIANÇA QUE CELEBROU ENTRE O REALISMO E A CONCEPTUALIZAÇÃO – E DA ADMIRAÇÃO POR DOUGLAS SIRK.

do público”

Publicado no Inverno de 1974, reimpresso e reeeditado em Maio de 2017 num número especial sobre Fassbinder

TRADUÇÃO VANDA LEITÃO uma atitude muito semelhante em relação ao cinema e também em relação à vida. Mantém um grupo fixo de actores? O grupo está constantemente a renovar-se, mas gosto de trabalhar com as mesmas pessoas porque a possibilidade de entendimento é muito maior. Caso contrário, é preciso estar constantemente a voltar ao princípio. Pretendes torná-los ‘estrelas’? Para mim, eles são estrelas. Também tentas manter os mesmos técnicos? Sim, mas não são tão permanentes como os actores. Fazem muito trabalho para televisão, trabalham com outros realizadores, por isso não é possível manter a mesma continuidade. Mas, por exemplo, até agora só trabalhei com três operadores de câmara e, de qualquer forma, encarrego-me sempre de verificar todos os planos.

“A única verdade que importa é a que o espectador vive dentro da sua cabeça.” Se eu encontrar uma história mais bem articulada do que próprio teria conseguido fazer, uso-a. Fiz Effi Briest porque Fontane tinha uma visão da sua sociedade muito semelhante à minha, eu sou alemão, faço filmes para o público alemão. De qualquer forma, um filme como O Mercador tem uma certa universalidade… Sim, é uma história que quase toda a gente que conheço já viveu. Um homem deseja ter na vida qualquer coisa que nunca teve. A sua educação, o ambiente em que vive, as circunstâncias não permitiram que realizasse o seu sonho. Por outro lado, Petra parece ser mais privado… Ah, mas não é, as pessoas podem identificar-se. Porque mais uma vez, o assunto é o mesmo: todos viveram a dor no amor, e desejaram (naturalmente) um amor maior do que é possível ter… muitas pessoas sofrem porque não conseguem expressar o seu desgosto de forma clara.

Hannah Schygulla e Rainer Werner Fassbinder durante as filmagens de O Amor é Mais Frio do que a Morte (1969)

E também te ocupas da imagem? Na Petra, sim. Quando não me ocupo eu, delego no Kurt Raab, o tipo que fez o papel de Haarmann na Ternura dos Lobos de Ulli Lommel. Digo-lhe do que é que preciso; cada cor é cuidadosamente pensada, cada imagem é muito bem preparada. O papel de um actor num filme está relacionado com o papel que desempenhava no anterior? Durante vários anos tentei criar a maior variedade possível; a diferença entre O Mercador das Quatro Estações [1972] e Petra von Kant [As Lágrimas Amargas de Petra von Kant, 1972] já é muito grande. Nos últimos filmes, tem mudado constantemente: Effi Briest com Hanna Schygulla, Martha com Margit Carstensen, O Medo com Brigitte Mira. Mas, por exemplo, com Hanna S. tentamos sempre explorar os lados que a personagem tem em comum com personagens anteriores e iluminá-los a partir de outro ângulo. Porque é que alguns projectos partem de textos originais e outros de textos pré existentes?

Originalmente era uma peça? Sim, mas não acho que seja um filme particularmente teatral. A questão é que aquela mulher se coloca numa situação bastante teatral. Usámos takes muito longos. O filme está fortemente ligado à acção. Calculámos que diversas secções formariam uma sequência para que a actriz não fosse interrompida e pudesse mover-se em liberdade. Esta foi a primeira ideia que presidiu à estruturação do filme a partir da visão dramática original. Afirmaste que não tinhas visto Tudo o Que o Céu Permite de Sirk quando contaste

DP Michael Balhaus e o realizador Rainer Werner Fassbinder durante as filmagens de Cuidaddo com essa Puta Sagrada (1970)

DP Michael Balhaus e o realizador Rainer Werner Fassbinder durante as filmagens de Martha (1974) com Margit Carstensen e Adrian Hoven

pela primeira vez a história de Medo na banda sonora do Soldado Americano. Ficaste surpreendido quando o descobriste? Não, tenho uma sintonia tão grande com Sirk que nada me surpreende. Sirk contou muitas histórias que eu gostaria de ter contado. [No Medo Devora a Alma] é só uma questão de semelhança entre as histórias; os filmes são produto de circunstâncias diferentes. O filme de Sirk é uma espécie de história de fadas; o meu também, mas uma história de fadas do dia a dia. Sirk teve simplesmente a coragem de contar a história. Eu provavelmente não tive a confiança suficiente para o fazer. Mas esperei anos por essa possibilidade… Não tinha uma actriz até ter encontrado Brigitte Mira e percebido que ela o podia fazer. É a história de duas pessoas que estão numa situação particularmente semelhante, que têm os mesmos motivos para se reprimirem.

Foi muito corajoso. Já tinha trabalhado muitas vezes com Ulli Lommel e é claro que ele absorveu muita dessa experiência. Mas o seu método de trabalho com os actores é muito diferente do meu.

Porque é que optaste por aqueles fadeouts tão veeementes no filme? Porque acho que estão certos, são adequados ao tipo de história do filme. Servem para demarcar acontecimentos e determinam a passagem do tempo. A mesma coisa é levada ao extremo em Effi Briest.

Fox and His Friends/ O Direito do Mais Forte (1975)

O que sentiste ao participar como actor em A Ternura dos Lobos, um filme tão obviamente influenciado pelo teu próprio trabalho?

O que acabaste de filmar fala sobre o quê? Fox [O Direito do Mais Forte, 1975]. É um filme sobre o capitalismo. A história de uma homem que ganhou a lotaria e que acaba por perder o dinheiro.

Esperas voltar a trabalhar em teatro? Sim, estou a experimentar trabalhar com um grupo outra vez. No teatro estou mais interessado no trabalho, no processo de criação. No cinema, foco-me mais no resultado. O teatro tem um público diferente, mais pequeno, mais especialista. E a tua série de televisão [Oito Horas não São um Dia], destina-se a um público oposto? Quanto a isso, digo o que já tinha dito sobre os filmes. Sabes que vais ter 23 milhõers de espectadores e tentas encontrar denominadores comuns para uma audiência tão alargada, a âncora é o contexto político. Voltas a repetir a experiência? Posso voltar.

MeEffi Briest (1974)

O Medo Devora a Alma (1974)

Quer dizer que pura e simplesmente queres tentar outra forma? Não, penso que a televisão é a coisa mais importante que alguém pode fazer.


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retrovisor Luís Carmelo

S

Ó quando, há muitos anos, fui morar para a Holanda é que percebi o que era a confissão. Foi por contraste que lá cheguei, mas não por ter comparado o mundo católico com o calvinista como quem separa o branco e o preto. Ao longo do tempo, verifiquei que as pessoas nos países baixos, na sua larga maioria, não dependiam do facto de terem que estar sempre a ‘contar-se uns aos outros’. Enquanto em Portugal os grupos de pessoas - nas suas mais variadas morfologias - dependiam dos entreactos teatrais que construíam entre si (os ‘desabafos’ em cadeia), na Holanda aquilo que os orientava era uma palavra dificilmente traduzível para Português: “zelfstandigheid” (que significa, mais ou menos, um estado de ser em que se é independente face ao outro). No mundo da cultura latina, a teia criada pelas relações dissolve amiúde a individualidade no meio das declarações, dos envolvimentos e dos afectos; no mundo protestante esse apagamento resiste bastante mais. A confissão, compreendi então, seria muito

26.3.2020 quinta-feira

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Sem telhados de vidro

mais do que a herança de um dever de controlo social; ela poderia definir-se como um acto continuado de dramaturgia em que ‘a minha voz’ e a ‘voz do outro’ se atropelam. Com este tipo de anuência, é evidente que em Portugal

Aquilo que urge guardar-se nada tem que ver com a palavra que mais me irrita neste tema - “spoiler” (detesto quando a ouço soletrar) -, geralmente reservada para partes de uma história (preferencialmente para o fim de uma história)

a eficácia social perde muito terreno e isso acontece em nome, sobretudo, de um ‘pathos’ emotivo (em que o corpo dificilmente consegue sair do seu polvo para se soltar). O universo calvinista, ao invés, segreda a cada ser humano a capacidade de falar com deus, de ser deus, isto é, de ser individualizadamente livre. Os impactos desta diferença são enormes e revelam-se nas mais variadas áreas, hábitos e organizações da sociedade. Vem toda esta memória a propósito do que me acontece quando estou a meio de um romance, ou, com mais razão, se estou a iniciá-lo e ainda não sei bem que livro tenho em mãos. Nessas alturas, há uma grande atracção pelo silêncio que me prende de pés e mãos. Custa bastante, porque a tentação de dizer, de contar ou mesmo de dar a ler é enorme. Delatar é terrível. Levinas esclareceu o que se esconde nesta tentação, ao referir que “o Dizer é uma des-situação do sujeito”. Por outras palavras: ao contar ou ao dizer, o sujeito deixa de ser o que é, expõe-se e com

isso arranca-se a si próprio nessa exposição. Desta forma, dizer ou contar é uma expulsão da ‘minha casa’ a que ‘eu próprio me condeno’. Ao revelar, estou a extraditar-me. Trata-se em suma de uma evasão (de mim mesmo) que deixa de ter qualquer retorno. Ao revelar apago-me e desencanto o mais profundo de mim, arruinando um dos sentidos essenciais da linguagem, enquanto morada do ser. Talvez seja por isso que os místicos e alguns poetas escrevem para atingir o silêncio. Apesar de ser conhecida esta vocação, também é verdade que os humanos - calvinistas ou não - são atravessados pela urgência de dizer. Esse apego (ou apelo) pela proximidade implicará, de qualquer modo, o termo de um lugar próprio e a entrada em cena de um nomadismo que é sempre, ainda que figuradamente, ‘uma expulsão de si’. Mas é justamente isso que um escritor mais necessita: uma habitação secreta em que se saiba posicionar, o que implica que verbalizar significa muitas vezes perder essa conquista íntima (que, no quadro da criação literária, é uma conquista única). O silêncio do escritor (que escreve literatura ou poesia) oscila entre os ímpetos da confissão latina e o sentido da holandesa “zelfstandigheid”. Há, de facto, escritores palavrosos e dados a entrevistas (sempre a postarem e a re-postarem nas redes sociais) e outros que preferem permanecer estoicamente reservados. Mas aquilo que urge guardar-se nada tem que ver com a palavra que mais me irrita neste tema - “spoiler” (detesto quando a ouço soletrar) -, geralmente reservada para partes de uma história (preferencialmente para o fim de uma história). Não, não se trata da história; trata-se dos segredos da construção, daqueles que são quase invisíveis mesmo para quem escreve: o alinhavar das frases, a voz que se domina, a sintaxe dos capítulos, fragmentos súbitos, fórmulas inesperadas, ligações entre personagens e os seus rascunhos, demolição de partes do discurso, cadências, inversões súbitas, partes que se cortam e colocam no início, processos narrativos paródicos, palavras perdidas, ordenações, sonoridades que se repetem, deixas e pontas por pegar, anunciações antes de tempo, cascatas que pareciam planeadas, cortes violentos na caracterização de personagens, músicas de fundo, ratoeiras discretas, prolepses estudadas, truques para enganar o leitor, oficinas de incipits, domínios do tempo, manobras involuntárias, elipses intencionais, manufactura de imagens, nomes que se alteram, paisagens diferidas, diálogos riscados, enfim: uma inconfessável fábrica que precisa de tudo menos de consumir telhas e telhados de vidro.


(f)utilidades 17

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TEMPO

MUITO

NUBLADO

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INFECÇÃO REAL

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HUM

7 5 - 9 8´%

O príncipe Carlos, de 71 anos e herdeiro da coroa britânica, foi diagnosticado com covid-19, tendo por enquanto apenas apresentado sintomas ligeiros, foi ontem anunciado. Um porta-voz de Clarence House,

EURO

8.64

BAHT

a residência oficial do príncipe, disse que a mulher de Carlos, Camilla, de 72 anos, não foi infectada, mas ambos estão a seguir as recomendações médicas e do governo, isolados na residência da Escócia.

0.24

YUAN

1.13

VIDA DE CÃO

VÍTIMA OLÍMPICA Foi finalmente confirmado o adiamento dos Jogos Olímpicos - Tóquio 2020 “para uma data posterior a 2020, mas o mais tardar no Verão de 2021”. A notícia já era esperada mas não deixa de fazer mossa. Até porque a vítima foi uma vez mais o Japão. Em 1940, Tóquio iria acolher a 12ª olímpiada da chamada Era moderna, quando o início da Guerra Sino-Japonesa em 1937 contribui para precipitar a escalada militar que viria a originar mais tarde a 2ª Grande Guerra Mundial que teve lugar entre 1939 e 1945, que acabou assim acancelar, por completo, a realização do evento. Para além das Olímpiadas de 1940, os Jogos Olímpicos foram também cancelados em 1916 e 1944, também devido às duas Grandes Guerras Mundiais. A relutância do Governo japonês em anunciar o adiamento do evento em 2020 parece só ter sido desbloqueada a partir do momento em que a pressão vinda de fora, nomeadamente com a renúncia da participação da Austrália e do Canadá, se começou a fazer sentir juntamente com o adensar da pandemia do novo tipo de coronavírus. Certamente que talvez o orgulho e alguns fantasmas do passado apareceram para adiar a decisão, mas a verdade é que ela finalmente chegou e é de aplaudir. Com a vantagem acrescida de vir agarrada a uma oportunidade de reedição futura, ao contrário dos três cancelamentos anteriores. Claro que os Jogos de 2021 nunca serão os jogos de 2020, por todas as razões e mais algumas que o período de um ano pode comportar. Novos contextos, novos atletas, esperanças e até novas desilusões virão. Com a certeza apenas que terão Tóquio. Pedro Arede

S U D O K U 5 9

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7 5 2 7 9 2 4 6 3 5 1 9 7 3 4 9 8 2 3 7 4 1 6 8 4 5 5 9 2 3 8 9 7

2 3 9 8 7 5 4 6 1 2 5 6

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C I N E M A

SALA 1

14.30, 19.30

Um filme de: David S. F. Wilson Com: Vin Diesel, Eiza Gonzalez, Sam Heughan, Toby Kebbel, Guy Pearee 15.30, 21.00

THE INVISIBLE MAN [C]

BLOODSHOT [C]

BIRDS OF PREY [C] Um filme de: Cathy Yan Com: Margot Robbie, Mary Elizabeth Winstead, Jurnee Smollet-Bell 18.00 SALA 2

HAPPY OLD YEAR [B]

26 5 1 8 9 3 4 6 7 2 7 9 1 4 6 5 2 8 3 1 5 7 3 www. 4 9 hojemacau. 8com.mo 2 6 28

Um filme de: Leigh Whannell Com: Elisabeth Moss, Adis Hodge, Storm Reid 17.00 SALA 3

THE TURNING [C] Um filme de: Floria Sigismondi Com: Mackenzie Davis, Finn Wolfhard, Brooklynn Prince, Barbara Marten 15.00, 20.15

A BEAUTIFUL DAY IN THE NEIIGHBORHOOD [B]

(FALADO EM THAI LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS) Um filme de: Nawapol Thamrongrattanarit Com: Chutimon Chuengeharoensukying, Sunny Suwanmethanont

SOLUÇÃO DO PROBLEMA 25

25 5 28 8 7 9 6 1 2 4 3

8

PROBLEMA 26

26

Cineteatro

Um filme de: Marielle Heller Com: Tom Hanks, Mattaew Rhys, Chris Cooper 17.45

6 8 4 5 9 7 2 1 3

UM DISCO HOJE

CONSOLERS OF THE LONELY

Fez ontem 12 anos desde que os The Raconteurs lançaram o seu segundo álbum. Mais de uma década depois “Consolers of the Lonely” continua com a mesma patine, muito por ser capaz de cruzar no espaço de segundos (às vezes até dentro da mesma trilha) a sonoridade digna de um spaghetti western, rock progressivo e uma balada country. Tudo isto sempre acompanhado de perto pela inconfundível guitarra de Jack White, ex White Stripes. “Consolers of the Lonely” pode ser uma companhia a considerar em eventuais dias de quarentena. Pedro Arede

31 32 7 9 4 3 2 6 3 7 5 1 9 2 4 8 9 5 3 6 7 8 4 5 2 7 6 1 8 2 4 7 6 3 9 1 5 2 6 7 4 9 1 8 3 1 9 8 5 9 1 5 2 8 4 7 3 6 8 1 4 3 2 5 7 BLOODSHOT 2 8 3 4 6 2 4 8 6 5 1 3 7 9 5 8 2 9 4 3 6 1 3 8 2 7 7 6 9 3 2 8 1 5 4 4 3 6 8 1 7 9 4 6 Fábrica 5 de1Notícias, 9 Lda Director Carlos Morais 1 José 5 Editores 3 João 9 Luz;4José C.7Mendes8Redacção 6 Andreia 2 Sofia Silva; João Santos 1 Filipe; 7 Pedro 9 Arede; 2 Salomé 5 Fernandes 6 3 Propriedade Colaboradores Anabela Canas; António Cabrita; António de Castro Caeiro; António Falcão; Ana Jacinto Nunes; Amélia Vieira; Gisela Casimiro; Gonçalo Lobo Pinheiro; Gonçalo 8 4João6Paulo9Cotrim;3José Drummond; José Navarro 5 7 2 José 1 Simões 9 Morais; 6 Luis 4 Carmelo; 8 3 9Paulo1José 7 6Paulo2Maia5e M.Tavares; de Andrade; Michel Reis; Nuno Miguel3 Guedes; Miranda; Carmo; Rita Taborda Duarte; Rui Cascais; Rui Filipe Torres; Sérgio Fonseca; Valério Romão Colunistas António Conceição Júnior; David Chan; João Romão; Jorge Rodrigues Simão; Olavo 6 5 Paul2Chan7Wai Chi;8Paula Bicho; Tânia dos 3 6 Steph 4 Grafismo 7 2Paulo5Borges,9Rómulo 1Santos Agências Lusa;6Xinhua2Fotografia 8 Hoje 5 Macau; 3 Lusa; 4 GCS;1 Rasquinho; Santos8 Cartoonista Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada 9 7de Santo1Agostinho, 5 n.º419, Centro Comercial Nam 4Yue,96.º andar 1A, Macau 8 Telefone 3 528752401 6 Fax228752405 7 e-mail info@hojemacau.com.mo 7 4 Sítio 5 www.hojemacau.com.mo 1 8 9 2 Calçada 33

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2 3 9 1 5 8 4 7 6

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18 opinião

26.3.2020 quinta-feira

“Thus, unless human energy supplies rapidly become decarbonized, there will over the coming decades and centuries be rises of global temperature and then sea level that will take the Earth system out of Quaternary interglacial norms and into conditions more resembling the pre-Quaternary Cenozoic. The temperature changes in themselves will lead to many extinctions as species are forced out of their habitable ranges. Hence, as regards the global climate and (especially) sea level signal, of the Anthropocene currently remains weak, but will likely increase considerably over future decades and centuries.” The Anthropocene. Jan Zalasiewicz and Colin Water

A

política das alterações climáticas não está funcionar apesar de dezenas de países terem assinado o “Acordo de Paris” há cinco anos para limitar o aquecimento a 2 graus Celsius até ao final do século. Até o momento, os países não conseguiram implementar políticas que se aproximem da consecução desse objectivo. O fracasso em 2020 levará a decisões solidárias abaixo do ideal, interrupções operacionais dos negócios e instabilidade política. O mundo está actualmente no ritmo de um aquecimento de 3,5 graus Célsius. Os maiores emissores do mundo, a China e os Estados Unidos, estão a caminho de um valor superior a 3 graus Célsius e não querem comprometer as ambições do seu crescimento económico à escala necessária. Os Estados Unidos nessa caminhada perto dos 4 graus Célsius encontram dificuldades de reversão, independentemente de quem vencer a eleição presidencial em Novembro de 2020. Tal deixa a Índia como o único país entre os três principais poluidores com um plano nacional consistente de 2 graus Célsius, ainda que o país esteja a postergar os seus objectivos. Mesmo países cujos líderes políticos têm planos climáticos ambiciosos não têm a vida facilitada e alguns enfrentarão uma reacção anti-elite às acções climáticas, como se vê na França e outros esforçar-se-ão para cumprir as metas já existentes, como a Alemanha. Nos Estados Unidos, qualquer democrata que esteja a concorrer à presidência será um ambientalista “verde-escuro” que procura mudanças ambiciosas, mas se um democrata derrotar Trump na eleição presidencial, a acção climática progressiva defrontará altos obstáculos legais, regulatórios e políticos em 2021 e posteriormente. Tal coloca a política em rota de colisão com uma percentagem crescente de investidores, empresas e sociedade em geral, que apresentarão custos mais elevados em 2020. A tomada de decisões corporativas enfrentará uma compressão, pois mais de um terço do capital global possui algum tipo

de mandato de “Governança Ambiental, Social e Corporativa (ESG, na sigla inglesa)”, e triliões de dólares em investimentos excluem empresas e países que não atinjam o limite de 2 graus Célsius. Defronte do activismo dos accionistas e da pressão dos seus trabalhadores, e procurando aproveitar as oportunidades de negócios que surgem ao se tornarem mais sustentáveis, mais de seiscentas empresas globais comprometeram-se a reduzir as suas emissões de forma consistente em 2 graus Célsius. Os gestores ao nível executivo de uma empresa sentirão que precisam de escolher entre mandatos ESG agressivos e os seus resultados. A pressão social criará interrupções operacionais e no fluxo de investimento serão mais caras. A sociedade civil pressionará os investidores e as empresas que acreditam estarem a mover-se muito devagar, particularmente as empresas de petróleo e gás, companhias aéreas, fabricantes e produtores de carne, em uma tendência liderada por crescentes movimentos populares como a “Rebelião da Extinção” que é um movimento ambiental global com o objectivo declarado de usar a desobediência civil não-violência para obrigar as acções do governo a evitar pontos de inflexão no sistema climático, perda de biodiversidade e risco de colapso social e ecológico. A interrupção da cadeia de fornecimentos tornar-se-á um risco significativo. Os investidores, por sua vez, reduzirão as exposições a indústrias intensivas em carbono, incluindo sectores críticos como o aço e cimento, impactando os preços dos activos. A política está em rota de colisão com os investidores e a sociedade em geral. Há também um risco crescente de inquietação pública sobre o clima, com acções cada vez mais perigosas a serem tomadas pelos manifestantes. A oposição a cortes nos subsídios aos combustíveis/preços mais altos terá um impacto directo na política climática e também desencadeará respostas pesadas dos governos que poderiam empurrar os protestos para fora de controlo. Tudo o que está a acontecer com um planeta em aquecimento torna os desastres naturais mais frequentes e mais graves. Pela primeira vez na história, o “Antropeceno” está a criar restrições económicas à globalização. A política dos Estados Unidos para os principais países xiitas no Médio Oriente está a falhar, criando riscos significativos para a estabilidade regional, incluindo um conflito letal com o Irão; pressão ascendente nos preços do petróleo depois de um declínio em conformidade com a evolução do Covid-19; um estado iraquiano que está na órbita do Irão; e uma Síria desonesta, combinada com a Rússia e o Irão. O assassinato do chefe da força Qods, Qassem Suleimani, em 2 de Janeiro de 2020, ordenado pelo presidente Trump, aumentou as tensões significativas entre Estados Unidos e o Irão, tornando-se um crescente risco, por causa das fortes pressões estruturais que poderiam dar origem a uma grande guerra.

DANIEL LOVEDAY

O Antropeceno e

O Irão é um adversário comprometido dos Estados Unidos, mas também tem um entendimento claro do poder militar dos americanos, bem como um melhor senso das linhas vermelhas e da capacidade de dissuasão do presidente Trump. O Irão ainda tem o hábito histórico de recuar diante de uma ameaça militar esmagadora e o presidente Trump ainda procura evitar conflitos militares em larga escala sob o seu comando, especialmente à medida que a campanha eleitoral avança. A relação entre os Estados Unidos e o Irão será mortal e geopoliticamente desestabilizadora. É provável que haja conflitos letais no Iraque entre forças americanas e iranianas. O Irão

continuará a atrapalhar o tráfego de navios-tanque no Golfo. O Irão também tem uma propensão para atingir adversários de forma imprevisível e assimétrica, inclusive por meio das suas robustas capacidades cibernéticas ofensivas e rede de servidores em toda a região, com a habilidade de atingir os cidadãos e activos dos Estados Unidos e dos seus aliados. A possibilidade de um conflito regional entre os Estados Unidos e o Irão mais perigoso e mesmo limitado é menos provável, mas possível. As tensões no Irão e a pandemia do Covid-19 colocarão os preços do petróleo no seu mínimo histórico e aumentarão a volatilidade.


opinião 19

quinta-feira 26.3.2020

perspectivas

JORGE RODRIGUES SIMÃO

a globalização

A política dos Estados Unidos em relação aos principais países xiitas do Médio Oriente está a falhar. Os Estados Unidos no Iraque estão a caminho do estatuto de “persona non grata”, o que deixará mais espaço para um influente Irão. Os bombardeamentos dos Estados Unidos e o assassinato de Suleimani alienaram grande parte da classe política xiita do Iraque. Está a aumentar a oportunidade do governo expulsar as tropas americanas este ano. Enquanto os Estados Unidos estão a perder muito, o Irão é apenas um vencedor relativo, uma vez que os protestos por maus serviços sociais e corrupção também se concentraram na interferência iraniana.

O descontentamento popular tem uma importância muito grande para a região, pois sobrecarregará as forças do estado iraquiano, o segundo maior produtor de petróleo da OPEP. Os Estados Unidos ainda são importantes se mantiverem tropas no leste do país rico em energia (embora uma retirada das forças americanas do Iraque minaria as cadeias de fornecimentos, inteligência e apoio operacional da América), mas jogaram uma cartada má, pois quer o ex-presidente Obama, quer o presidente Trump tiveram uma política incoerente na Síria. O presidente Putin venceu a guerra com a ajuda do Irão. O resultado levou a um maior prestígio e influência da Rússia, especialmente no Médio Oriente. A influência significativa de um país com um historial pobre de direitos humanos e uma tradição de invadir os negócios de outros países não se está a estabilizar. O interesse do Irão na Síria é acerca de uma ponte terrestre para o Hezbollah, não para melhorar a vida da população. A política imprudente dos Estados Unidos no Irão, Iraque e Síria gerará riscos regionais em 2020, em detrimento da ordem política e económica regional. A raiva pública manterá o risco de instabilidade política em toda a região da América Latina. As queixas dos eleitores incluem o lento crescimento, corrupção e serviços públicos de baixa qualidade e pior ainda para os governos, as classes médias novas e vulneráveis ​​querem mais gastos em serviços sociais, e as sociedades latino-americanas estão profundamente polarizadas. Tal descontentamento reduz a capacidade dos governos de tomar as medidas de austeridade necessárias. O FMI e os investidores pressionarão por prudência fiscal, mas os governos de toda a região responderão sem entusiasmo. As pressões gerarão riscos na América Latina pois protestos ocorrerão, os saldos fiscais deteriorar-se-ão, os resultados das eleições serão menos previsíveis, os políticos populistas e anti ordem ideológica, económica e política ficarão mais fortes e o sentimento piorará. A eleição de presidentes de direita na Argentina (2015), Brasil (2018), Colômbia (2018), Chile (2017) e Equador (2017) provou ser uma reacção contra operadores históricos e instituições políticas em vez de ser um apoio a reformas no mercado, abundando exemplos de descontentamento popular que levam a mudanças políticas negativas no mercado. Na Argentina, o presidente Alberto Fernandez foi eleito pelos eleitores irritados e feridos que fará aumentar a intervenção do Estado e tentará impulsionar o crescimento abandonando a prudência fiscal e monetária. As negociações com credores privados e o FMI serão controversas. O presidente Fernandez tentará minimizar o pagamento da dívida durante o seu mandato, e recusar-se-á a implementar reformas da previdência e laborais. O eleitorado enfurecido no Equador, forçou o presidente Moreno a recuar devido ao aumento dos preços dos combustíveis que negociou com o FMI, deixando-o gra-

vemente enfraquecido e irá lutar para cortar gastos ou aumentar receitas adicionais, pressionando o saldo fiscal e o programa do FMI. Esses desenvolvimentos aumentam a probabilidade de um candidato populista surgir antes das eleições de 2021. O descontentamento reduz a capacidade dos governos de tomar as medidas de austeridade necessárias. O presidente da Colômbia, Ivan Duque, lutará para manter a estabilidade fiscal. O seu índice de popularidade é de apenas 23 por cento e sem maioria no Congresso e enfrentando uma pressão crescente nas ruas, o presidente colombiano falhará na aprovação de reformas estruturais significativas e o descontentamento dos eleitores crescerá.

Mesmo países cujos líderes políticos têm planos climáticos ambiciosos não têm a vida facilitada e alguns enfrentarão uma reacção anti-elite às acções climáticas, como se vê na França e outros esforçar-seão para cumprir as metas já existentes, como a Alemanha A ira e os protestos públicos no Chile forçaram o presidente Pinera a aumentar drasticamente os gastos sociais e a iniciar o processo de alterar a constituição em 2019. A agitação foi resultado de um profundo descontentamento com o “status quo” existente. As mudanças constitucionais prejudicarão a economia, provocando gastos mais altos, maior regulamentação e incerteza persistente sobre a substância das mudanças. O presidente Obrador no México continua com alto índice de popularidade, mas a sua promessa de manter a estabilidade fiscal e aumentar os gastos será difícil de prosseguir, estando comprometido em aumentar os gastos sociais e de infra-estruturas, enquanto enfrenta uma economia em desaceleração e menor produção de petróleo. O presidente mexicano adoptará medidas de austeridade e aumentará os impostos, mas não serão suficientes. As condições de segurança vão piorar. O Brasil é o país economicamente mais promissor na região em 2020. O presidente Jair Bolsonaro, foi eleito como sendo alguém de fora, tendo feito aprovar uma legislação histórica de reforma da previdência e está a realizar outras revisões, inclusive sobre impostos. Os seus índices de popularidade são muito baixos (30 por cento), apesar de ter uma base leal. Mas enquanto a economia brasileira estiver em tendência favorável, a cólera do povo está contida, mas virá rapidamente se as previsões actuais de recuperação despenharem e começaram já com o Covid-19, o que vai limitar a presidente brasileiro de implementar reformas, potencialmente voltando

o seu governo para um nacionalismo mais aberto e/ou ajudando o retorno da oposição em 2022. O presidente da Turquia, Erdogan tem uma longa história de comportamento provocativo em resposta a ameaças, provocando confronto com críticos estrangeiros e nacionais. A sua fraqueza vai levá-lo a atacar, em 2020 e a resposta prejudicará ainda mais a economia da Turquia. É na arena da política externa, especialmente nas relações com os Estados Unidos, que a Turquia cairá para novos mínimos de eficácia. As sanções do Congresso dos Estados Unidos provavelmente entrarão em vigor no primeiro semestre de 2020, minando a reputação e o clima de investimento no país para as empresas e pressionando ainda mais a lira. As medidas incluirão uma redução obrigatória nas vendas militares à Turquia e acções contra algumas autoridades turcas. Além disso, o julgamento do Halkbank no estado de Nova Iorque representará grandes riscos financeiros, podendo resultar em uma multa de milhares de milhões de dólares e quase certamente envolverá a divulgação de detalhes embaraçosos sobre o presidente turco ou os que o rodeiam. A popularidade de Erdogan, em termos políticos está a diminuir, especialmente entre os jovens, e sua aliança governamental é instável. O presidente está a sofrer deserções do “Partido da Justiça e Desenvolvimento”. Os ex-lideres populares do partido estão em processo de estabelecer dois novos movimentos políticos. A parceria com o “Partido do Movimento Nacionalista” pode não durar, dada a saúde precária do seu líder. O presidente Erdogan adoptará posturas difíceis para tentar reforçar o seu apoio político e em termos internacionais irá recusar cooperar com as autoridades americanas se o Halkbank for multado, colocando em risco os activos estatais turcos nos Estados Unidos. O presidente turco poderia aprovar contra-sanções aos Estados Unidos, provocando um ciclo de escaladas e também pode expandir as perfurações no Mediterrâneo oriental, expondo-o ainda a sanções europeias e potencialmente arriscando conflitos militares com a Grécia. A reacção do presidente turco na esfera económica levará a outro conjunto de riscos. À medida que as sanções pressionam ainda mais a economia turca, volta-se para o seu saco de ferramentas económicas pouco ortodoxas e abre um buraco ainda mais profundo, pois usará meios não convencionais para defender a moeda, podendo sair o tiro pela culatra e prejudicar a confiança dos investidores. O presidente turco está inclinado a ordenar que os bancos estatais intervenham no mercado com vendas de moedas estrangeiras, e a Turquia enfrentará um risco significativo de controlo de capital. O presidente Erdogan, manterá altos níveis de repressão para minar a força dos partidos políticos rivais, o que levará a sanções mais duras e maior instabilidade política e económica.


Tudo o que eu sei é uma porta para dentro da escuridão. Seamus Heaney

CTM 600 milhões para 5G

A primeira fase de instalação de equipamentos para a rede 5G da CTM começou em Março, e o vice-presidente dos Serviços de Rede, Declan Leong, estima que termine em Junho. A iniciativa envolveu um investimento de cerca de 600 milhões de patacas. O objectivo é lançar o serviço de 5G este ano. De acordo com o canal chinês da TDM Rádio Macau, Declan Leong apontou para a urgência desta rede, uma vez que durante a epidemia muitas comunicações e aplicações dependem da internet. E acrescentou que depois da doença ser controlada o 5G seria uma “locomotiva”, reforçando o desenvolvimento dos sectores da sociedade. O preço do serviço ainda está em estudo.

PALAVRA DO DIA

DIÁRIO SEM BORDO

Do outro lado da linha

A Universidade de Macau (UM) decidiu lançar uma feira de emprego e estágios profissionais online que disponibiliza um total de 3.500 vagas. De acordo com o canal chinês da Rádio Macau, mais de 100 empresas de diferentes sectores de actividade e instituições colaboram com esta iniciativa. Além disso, estão também disponíveis workshops e serviços de apoio na busca de emprego para recém-licenciados ou para estudantes que queiram realizar estágios de Verão na sua área.

B

OM dia, queria por favor pedir o a o lado do nariz que me dava mais jeito. Acho que seguinte para 4 quartos….”. Não com a amostra foi também um ou dois neurónios. consegui terminar. Do outro lado da Senti um ardor que foi aumentando depois para linha, a voz que atende o número 5 não me fazer esquecer com facilidade o momento. deste telefone já me adiantava a especificação de Os médicos não podiam estar melhor. Trataramcada quarto e acrescentava “e quer água, certo?”. -me como uma criança. Seguraram-me a cabeça Sorri para mim, que não tenho mais ninguém para o durante o processo antevendo o pulito que ia dar fazer. “Sim, é isso mesmo, e hoje também agradecia quando aquilo me trepasse cabeça afora. No final que trouxessem sacos do lixo”. Senti um sorrir do ouvi “bom trabalho”. outro lado da linha. “Quando sair ainda nos conheNão me vieram buscar. Sinal de que estou bem. cemos”, disse. “Espero que sim” responderam-me. Agradeci. Alguns dias depois de muitos telefonemas As missionárias acima e abaixo, as vozes começam a ser familiares. Cinco da tarde. Sei que a Cristina e a Vera estão a Sem rosto começamos a conhecermo-nos aqui den- caminho. Têm agora uma espécie de missão diária tro, a saber dos nossos hábitos e a zelar por eles. que cumprem religiosamente e com todo o apreço. É reconfortante. Parece Vêm entregar-nos os que partilhamos o espaço sacos. Agora, todos os no anonimato. Só porque Os médicos não podiam estar dias, no lusco fusco, resomos pessoas. cebo um saco, com bens melhor. Trataram-me como A Catarina ligou, a miessenciais e muito mais. nha mãe está bem disposta. uma criança. Seguraram-me No outro dia, como surO meu pai também. A Sofia presa, puseram-me uma a cabeça durante o processo gostou de me ler e mandougarrafa do meu néctar -me um beijo de manhã. favorito. Das pequeninas. antevendo o pulito que ia dar Fizeram-me o teste há Ali, encaixada entre o iodois dias. Um par de médi- quando aquilo me trepasse gurte de frutos silvestres, cos bateu à porta. Pareciam cabeça afora. No final ouvi o tortellini de espinafres saídos das equipas especiais e mozzarela, as bananas do Chernobyl. Estava visi- “bom trabalho”. Não me vieram e a aveia. Brilhava. Era velmente nervosa, como buscar. Sinal de que estou bem ouro. À noite brindei com estou sempre quando a a Carla. Até a tampa fez distância de um médico em um “tchim” cristalino. serviço é menor que 500 metros. Quem me conhece Faz hoje oito dias, levantei voo. Daqui a mais sabe que desenvolvo uma espécie de fobia a esta malta oito, levanto outro. da saúde. Não tenho nada contra, mas o meu corpo não reage bem à sua proximidade. Os dentistas assumem Até amanhã o pódio. Têm o primeiro lugar na população de quem fujo a sete pés. Depois vêm os outros. Macau, 25 de Março, de 2020 Enfiaram-me um cotonete gigante pela narina M.M. acima, mas tiveram o cuidado de me perguntar qual

O Instituto Cultural (IC) decidiu cancelar a Feira de Artesanato do Tap Siac que estava agendada para Abril. De acordo com um comunicado, a ideia é “reduzir o risco de propagação da epidemia na comunidade, evitar o contacto e a aglomeração de pessoas e proteger a segurança dos participantes e do público”. Isto porque, nos meses de Abril e Novembro do ano passado esta feira atraiu, respectivamente, 65.265 e 104.493 visitantes. Para dar apoio ao sector, o IC pretende lançar, ainda no primeiro semestre, a actividade “Ensino Online do Artesanato Criativo”, que visa a recolha de “propostas de ensino de artesanato criativo dos profissionais das artes, disponibilizando-as em vídeo nas plataformas online relevantes”.

World Trade Center Chui Sai Cheong presidente do conselho de administração

O secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong, renovou a nomeação do deputado e vice-presidente da Assembleia Legislativa Chui Sai Cheong na presidência do conselho de administração do Centro de Comércio Mundial Macau SA, também conhecido como World Trade Center. De acordo com o despacho ontem publicado em Boletim Oficial, Kou Chin Pang continua a ser o administrador-delegado do conselho de administração e presidente da comissão executiva, enquanto que Tai Kin Ip, director da Direcção dos Serviços de Economia, permanece como membro do conselho de administração. GONÇALO LOBO PINHEIRO

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UM Feira de emprego e estágios online

Tap Siac Feira de Artesanato cancelada

África do Sul Subida para 709 casos positivos de infecção

O número de casos da covid-19 na África do Sul aumentou para 709 casos positivos, anunciou ontem o ministro da Saúde. O agravamento registou-se durante a noite, após análises positivas a 155 novos casos (eram 554 na terça-feira), disse ontem Zweli Mkhize, em declarações ao canal público SABC. O governante sul-africano informou que há agora 64 novos casos na província de Gauteng, epicentro da epidemia no país, envolvente a Joanesburgo e Pretória. O Cabo Ocidental regista 61 novos casos enquanto que nas províncias do KwaZulu-Natal, que faz fronteira com Moçambique e no Free State, centro do país, as autoridades confirmaram 11 e 15 novos casos respectivamente. Mkhize sublinhou que a realização de um encontro religioso internacional, onde foram identificados cinco casos, está na origem do aumento do número de infecções na província do Free State. A África do Sul prepara-se desde segunda-feira para um confinamento obrigatório até às 00:00 de 16 de Abril.

quinta-feira 26.3.2020


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