DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ
MOP$10
SEGUNDA-FEIRA 26 DE JUNHO DE 2017 • ANO XV • Nº 3840
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AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006
hojemacau UM acusada de limitar liberdade académica Um professor da Universidade de Macau revelou que os docentes são interrogados sobre viagens particulares. Quando se deslocam a Taiwan. PÁGINA 8
Jorge Valente defende importação de mão de obra mais flexível O candidato apresenta-se como paladino das PMEs e adopta uma postura radical quanto às questões ambientais, afirmando não compreender como os transportes públicos não são verdes. PÁGINA 7
TRAGÉDIA EM SICHUAN
Agnes Lam
“Por mais que o Governo Central elogie, as pessoas não estão contentes” Lei do Hino será aplicada em Macau
Um deslizamento de terras sobre uma aldeia de Sichuan deixou mais de 120 pessoas soterradas. As equipas de salvamento estão no terreno. Macau já apresentou condolências. GRANDE PLANO
afinado OCoro homem que ´ subiu ao ceu A China está a preparar uma lei que poderá obrigar as crianças a aprender e cantar o hino nacional desde o infantário. Ontem, Sónia Chan garantiu que, caso o diploma seja promulgado, será estendido a Macau. PÁGINA 7 www.hojemacau.com.mo•facebook/hojemacau•twitter/hojemacau
HOJE MACAU
ENTREVISTA
2 GRANDE PLANO
Depois de chuvas intensas, a aldeia de Xinmo, situada no norte da província de Sichuan, foi inundada por terra e pedras. A derrocada engoliu 62 casas particulares e um hotel, deixando mais de uma centena de pessoas desaparecidas. Até ao fecho da edição o número de mortos encontrados era de X
Xi Jinping emitiu um comunicado compelindo as equipas de salvamento a “fazerem o máximo esforço para minimizar casualidades”.
TRAGÉDIA EM SICHUAN DESLIZAMENTO DE TERRAS FAZ MAIS DE 120 DESAPARECIDOS
A montanha foi Antes
E
NQUANTO a chuva intensa continua a provocar danos nas províncias de Hunan e Hubei, em Sichuan a calamidade acrescentou terra e pedras à forte precipitação. Na madrugada de sábado, às 05:45 da manhã, a aldeia de Xinmo, em Sichuan, foi atingida por um deslizamento de terras que cobriu a localidade de terra e pedregulhos. O local sinistrado fica a 170 quilómetros a norte de Chengdu, a capital da província e é habitado, sobretudo, por uma vasta comunidade de tibetanos e famílias da etnia Qiang. Até ao fecho desta edição o número de vítimas mortais situava-se nos 15, com mais de 110 pessoas desaparecidas. A localidade, situada no sopé de uma montanha, faz fronteira com o Tibete. Ao local acorreram cerca de 3 mil operacionais munidos de aparelhos de detecção e equipas cinotécnicas em busca de sobreviventes debaixo dos escombros. As equipas de salvamento focam os seus esforços na área mais afectada, onde 62 casas e um hotel foram totalmente arrasados pelo poder das terras. Numa altura em que já se procediam a Depois
salvamentos, em plena luz do dia, uma segunda derrocada que fez rolar sobre a fustigada aldeia pedras de grandes dimensões. O segundo deslize dificultou as manobras de máquinas de grandes dimensões nos esforços de salvamento, além de ter perpetuado o pânico. É de salientar que as chuvadas e consequentes deslizes de terras são frequentes nesta zona da China, sendo que desta vez a aldeia de Xinmo foi varrida por uma parcela do topo de uma montanha da província de Aba no Tibete. Caíram sobre a população do pequeno povoado cerca de 18 milhões de metros cúbicos de terra e rocha, de acordo com informação veiculada pela agência Xinhua. A chuva de pedras abrangeu uma área de três quilómetros de diâmetro, enterrou 1,6 quilómetros de estrada e bloqueou dois quilómetros do leito de um rio.
TERRA TREMIDA
A região havia sido fustigada por um enorme terramoto a 12 de Maio de 2008, que vitimou mais de 87 mil pessoas, e que foi sentido em Macau três minutos depois de tremor original. Passados seis meses da calamidade que entrou directamente para o pódio dos terramotos mais mortíferos do século XXI, o Governo chinês anunciou o investimento de 1 bilião de renminbis, parte do programa de estímulo económico chinês, para reconstruir a zona afectada. Ouvido pela televisão estatal chinesa, Tian Yanshan, geólogo especializado em respostas urgentes do Ministério da Terra e Recursos, afirma que as montanhas da região se encontram numa situação de instabilidade desde o forte abalo de 2008. “A razão para o deslizamento de terras é complicada. Chuva forte e uma estrutura montanhosa instável contribuíram para o desastre”, concluiu o geólogo à CCTV. O especialista acrescentou ainda à lista de possíveis explicações a intervenção humana na zona, em particular actividades ligadas à indústria da mineração. De acordo com os serviços meteorológicos, as fortes chuvadas vão-se manter. Como tal, as províncias de Hunan, Hubei, Guizhou
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milhões de metros cúbicos de terra e pedras desabaram sobre Xinmo. e Anhui continuam com alertas de emergência de forma a dar resposta a possíveis focos de inundação. Foi também lançado um alerta de
deslize de terras para a cidade de Jin, em Hunan. Neste aspecto é de salientar que nas províncias de Hunan e Hubei, no centro da China, as inundações provocadas pelas chuvas registadas nos últimos dias afectaram cerca de 466.500 pessoas e causaram pelo menos dois mortos, informou a agência noticiosa estatal Xinhua. As cheias provocaram danos patrimoniais ainda por apurar, sendo
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466500
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pessoas foram afectadas em Hunan e Hubei. 9 mil ficaram sem casa.
ao homem
BEBÉ SALVA A FAMÍLIA
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o meio da destruição, há também algumas histórias com final feliz. Qiao Dashuai, a mulher e o filho de apenas um mês conseguiram escapar, muito graças ao bebé. Foi o choro da criança que acordou o casal: “Ouvimos um barulho estranho nas traseiras de casa, muito forte. O vento começou a soprar para dentro do quarto, queria fechar a porta. Quando saímos, a água levou-nos imediatamente”, conta o pai. O casal e o bebé foram levados para o hospital. Nenhum dos três corre perigo de vida.
“De toda a aldeia só consegui ver uma casa de pé, o resto está enterrado debaixo das rochas” LI YUANJUN OFICIAL LOCAL
António Guterres deixou as condolências para o povo e Governo da República Popular da China, e “desejos de melhoras rápidas” para os feridos.
120
pessoas desaparecidas. que meia centena de casas ruiu e mais de 9 mil pessoas tiveram de ser retiradas das suas moradias. Depois da deslize de terras, ocorreram a Xinmo mais de um milhar de bombeiros, pessoal de
assistência médica e polícias. A logística deslocada para a remota zona do noroeste da província de Sichuan inclui um veículo com equipamento satélite e drones. O Departamento dos Assuntos Civis da Prefeitura Autónoma do Aba Tibetano e Qiang montou na zona do desastre um acampamento com 20 tendas e dois geradores eléctricos. Foram também enviados para o Xinmo cerca de 400 mantas e
mudas de roupa para servir de apoio logístico aos sinistrados.
RESPOSTA DE PEQUIM
Os votos de solidariedade não se fizeram esperar, um pouco por todo o mundo. O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, manifestou no sábado tristeza pela perda de vidas humanas e devastação causada pelo deslizamento de terras. Guterres acrescentou ainda
que as Nações Unidas disponibilizam a Pequim todo o apoio que Pequim necessitar. De resto, o português deixou as condolências para o povo e Governo da República Popular da China, e “desejos de melhoras rápidas” para os feridos. Assim que foi dada notícia da calamidade em Xinmo, o Presidente Xi Jinping, assim como o
1,6
quilometros de estrada cortada pelo desabamento, que bloqueou dois quilómetros do leito de um rio.
CHUI SAI ON ENVIA CONDOLÊNCIAS
O Chefe do Executivo, Chui Sai On, enviou uma carta de condolências à província de Sichuan, nomeadamente ao Secretário do Partido Comunista da China (PCC), Wang Dongming e ao Governador, Yin Li. Em causa estão as vítimas do deslizamento de terras ocorrido, no sábado, na localidade de Xinmo. De acordo com o comunicado enviado à comunicação social, Chui Sai On não deixou de sublinhar a solidariedade local. “O povo de Macau dedica sua estreita atenção a essas ocorrências”, lê-se no documento. “Neste sentido, ao representar o Governo da RAEM e toda a população local, ofereço as mais sentidas condolências à Comissão do PCC e ao Governo da província de Sichuan, bem como ao povo da prefeitura de Aba e, particularmente, às pessoas afectadas pela catástrofe, aos compatriotas feridos!”, diz Chui Sai On. O Chefe do Executivo não deixou de sublinhar a importância das equipas de salvamento e dos profissionais, nomeadamente médicos, que têm estado no terreno.
Primeiro-Ministro Li Keqiang, emitiram um comunicado compelindo as equipas de salvamento a “fazerem o máximo esforço para minimizar casualidades”. Xi Jinping acrescentou ainda que será prestado o cuidado apropriado a familiares de vitimas e a quem teve prejuízo com o desastre. Um oficial local, Li Yuanjun, relatou ao Sichuan Daily que ao chegar à zona afectada deparou-se com um cenário de total devastação. “De toda a aldeia só consegui ver uma casa de pé, o resto está enterrado debaixo das rochas”, contou. João Luz
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AGNES LAM CANDIDATA À ASSEMBLEIA LEGISLATIVA
As patacas não compram tudo e é por isso que Macau se depara hoje com mais problemas do que nas últimas legislativas. Agnes Lam, investigadora e docente, volta a liderar o Observatório Cívico nas eleições de Setembro. O resultado de 2013 ajudou-a a perceber que não pode ter apenas como alvo o eleitorado da classe média, uma fatia de eleitores demasiado pequena. Defensora de mudanças no método de conversão de votos em mandatos, entende que a sua grande vantagem é conseguir analisar a sociedade em que vivemos “Não tenho a certeza de que possamos ter outro com tantas capacidades como Leonel Alves.”
“O Governo é muito bom a gastar dinheiro” Candidata-se pela terceira vez este ano. Depois do resultado de 2013, aquém do que estaria à espera, o que a leva a tentar mais uma vez? Sinto que tenho de voltar a fazê-lo. Da última vez, apesar de sentir que trabalhei muito, tomei a decisão demasiado tarde. Não planeei muito bem. O resultado foi bom, mas claro que se esperava mais. Quando olho para trás, percebo que não tive tempo para fazer uma série de coisas que queria fazer, para falar com as pessoas. Tenho de fazer isto como julgo que deve ser feito. Da primeira vez que me candidatei, achei que devia seguir por um caminho, mas acabei por escolher uma forma que não era aquela em que acreditava. Depois das eleições, a lista fez um grande trabalho de avaliação à nossa participação. Tivemos reuniões muito duras, criticámos o que fizemos mal e também tivemos sessões muito calmas, em que olhámos para os resultados das eleições, analisámos os votos que tivemos em cada mesa, analisámos todos esses detalhes, para percebermos quais são foram as grandes diferenças entre 2009 e 2013. E que diferenças foram essas? A principal diferença é que conseguimos melhores resultados junto das zonas onde vota a classe média. Tivemos mais votos na Taipa, na Praia Grande, no Tap Seac. Mas tivemos uma prestação pior na zona norte, não fizemos o suficiente nesta área da cidade. Mais tarde percebemos que, mesmo que quiséssemos representar a classe média ou os eleitores com mais formação, tínhamos de fazer mais em simultâneo, porque não tivemos votos suficientes. Não há apenas uma lista que representa este tipo de pessoas, há mais a fazê-lo. Desta vez, parti do princípio de que tenho de olhar para o panorama em geral. Aquele conjunto de pessoas era demasiado pequeno.
O trabalho que fez nestes últimos quatro anos foi suficiente para que as pessoas fora do grupo da classe média tenham ficado a perceber quem é Agnes Lam? Acho que fiz melhor. Não consigo fazer uma sondagem acerca de mim própria, mas tenho os dados da minha presença nas redes sociais e parece que a minha popularidade é maior agora do que era há quatro anos. Quanto a estarmos a fazer o suficiente para o público em geral, lidei com alguns casos, como a da menina cega, em que ajudei à recolha de fundos para que fosse operada. Tive vários casos desse género, em que ajudei minorias e pessoas que precisam de ajuda sistemática ou de apoio urgente. De alguma forma, isso talvez tenha ajudado. E espero poder ajudar mais e melhor. Mas este envolvimento terá contribuído para chegar a um público mais abrangente.
“Por mais que o Governo Central nos elogie, as pessoas não estão contentes. (...) Porquê? Por que nos dão nove mil patacas? Não é sequer um Panadol.” Em termos eleitorais, a competição é grande na zona norte de Macau. Em 2013 já era difícil mas, este ano, a equipa de Chan Meng Kam partiu-se em duas e há mais uma lista oriunda de Fujian. Há várias listas que se dividiram, por causa do sistema de contagem de votos. Macau deve reconsiderar a forma como os votos são convertidos em mandatos? Sim, acho que o método que utilizamos é errado. Um cenário seria
aquele que se utiliza em Hong Kong, com a representação por distritos, mas as três freguesias da zona norte representam 70 por cento dos votos. É impossível desistirmos daquela área, onde não vivem apenas as classes mais baixas – também há pessoas da classe média, estudantes universitários, professores... Não posso pensar que não tenho de trabalhar naquela zona. Tenho, isso sim, de ter uma estratégia melhor. Ainda estou a trabalhar nela. Mas chegou a altura de repensarmos todo o sistema político para as eleições por via directa. Porque é que utilizamos estas listas? No boletim de voto, o eleitor poderia votar em 14 candidatos, o número de assentos. Na China Continental está a fazer-se isto. Se optássemos por este método, dávamos aos eleitores a possibilidade de decidirem como é que a Assembleia Legislativa (AL) deveria ser constituída. Por exemplo, se eu quiser que a sociedade seja mais estável, dou dez votos a candidatos mais tradicionais, mas como também quero alguma inovação, escolho dois com essas características, e como também quero alguma oposição para contrabalançar, escolho outros dois dessa ala. Neste momento, não é possível fazer essa escolha. No dia em que formalizou a comissão de candidatura, fez referência ao facto de hoje termos problemas diferentes daqueles que existiam em 2013. O que é que a preocupa? O Governo é muito bom a gastar dinheiro para resolver os problemas. A maioria das questões que podiam ser resolvidas através de dinheiro está solucionada. Agora temos muitos mais problemas que o dinheiro não pode resolver. Temos tanto dinheiro, mas por que é que temos tanto trânsito? Os transportes não são bons. O mesmo acontece com a habitação: está toda a gente descontente. Quem arrenda casas tem de pagar um custo muito elevado,
SOFIA MARGARIDA MOTA
ENTREVISTA
quem quer comprar não tem perspectivas de quando é que vai poder fazê-lo. Depois, há questões sociais emocionais. Ganhamos mais, viajamos mais – muitas pessoas vão com frequência a Taiwan, ao Japão. E quando voltam sentem-se insatisfeitas com a cidade. Por mais que o Governo Central nos elogie, as pessoas não estão contentes, temos uma carga negativa grande na sociedade. Por quê? Porque nos dão nove mil patacas? Não é sequer um Panadol. No início era uma espécie de analgésico, agora já nem sequer isso é. Sente que a cidade piorou desde 2013? Em termos gerais, as emoções estão em baixo. Temos mais problemas, quando devíamos ter muitas hi-
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“O fenómeno das listas regionais irá desaparecer” Há quem entenda que as eleições de Setembro poderão ficar fortemente marcadas pelas chamadas listas regionais. Quais são as suas expectativas? Se olharmos para a AL como um todo – incluindo os sete deputados nomeados e os dez eleitos pela via indirecta – a fatia para estas listas regionais vai ser maior, vão conseguir mais assentos. Fujian tem três listas este ano: a equipa de Chan Meng Kam dividiu-se e há mais uma da mesma província. Que consequências terá para Macau? Haverá uma ligação maior às políticas do Continente. Se as pessoas utilizam a influência do Continente para conquistarem assentos, então precisam de devolver algo. No grupo de deputados eleitos por via directa, acredito que consigam mais um lugar. Este fenómeno será uma tendência no futuro? Julgo que não, porque as pessoas vão mudando. Se olharmos de uma perspectiva histórica, a comunidade de Fujian chegou a Macau sobretudo nos anos 1980, pelo que são pessoas entre os 40 e os 50 anos. A próxima geração sentir-se-á mais enraizada. Os jovens não irão votar como os pais. Este fenómeno irá desaparecer. Na passada semana ficámos a saber que vários deputados
póteses. Temos a política “Uma Faixa, Uma Rota”, devíamos estar à espera de podermos abraçar essas novas possibilidades. Mas depois não vemos ninguém que consiga comunicar de forma clara com o público em geral. O que é que está a acontecer? Sentimos que há qualquer coisa especial, parece que há muitas oportunidades para os países lusófonos, mas quais são as verdadeiras possibilidades para as pessoas de Macau? Há demasiados chavões e slogans na política local, em comparação com o que existe na realidade? Sim. A propósito da Grande Baía Guandong-Hong Kong-Macau, fui a uma palestra em que nos perguntaram o que podemos nós fazer. Houve uma pessoa que sugeriu
que deveria existir uma espécie de gabinete de ligação para ajudar as pessoas jovens a poderem entrar nesta grande área e encontrarem oportunidades. Fiquei a pensar sobre que oportunidades são essas e cheguei à conclusão de que não sei. Talvez consigam os investidores, os profissionais liberais que possam ar-
ranjar emprego na sua área, aqueles que estão a fazer negócios. Parece que temos um enorme potencial, mas ninguém sabe o que fazer com ele. Talvez demore algum tempo a perceber. Mas, a partir do momento em que tivermos essa política a funcionar, espero que haja ideias concretas. Não me parece que haja suficiente informação.
“Se as pessoas utilizam a influência do Continente para conquistarem assentos, então precisam de devolver algo.”
Vem da área da Comunicação. Tem muito trabalho de pesquisa social feito. Se for eleita, qual pode ser a grande diferença em relação a outros deputados? Em que medida pode a AL mudar se estiver lá? Um dos aspectos tem que ver com a capacidade de ver questões que não são abordadas, estudadas ou defendidas por outras pessoas.
Fomos a primeira – e única – lista a defender os direitos dos animais em 2009. Nesse ano, quando organizámos actividades na Taipa com cães e gatos, houve pessoas que gozaram connosco nas redes sociais. Diziam que a lista não ia a lado algum, que não sabíamos o que estávamos a fazer. Mas a verdade é que foi feita legislação nessa área. Vimos que havia essa necessidade, Macau estava a mudar muito. Também fomos dos poucos a defender que a violência doméstica deveria ser considerada crime público. Fomos a primeira lista a defender políticas que protejam as famílias. Percebemos essas necessidades e acho que isso se deve ao facto de ser investigadora, fui capaz de observar a sociedade como um sistema e perceber que
não se recandidatam, entre eles Leonel Alves, o deputado com mais experiência na AL. Como é que vê estas saídas? É o deputado com mais experiência e exerce o cargo com muito profissionalismo. É muito importante para a AL. Por um lado, é advogado, pelo que utiliza as leis; por outro, é deputado há muitos anos. Conhece o jogo, sabe que problemas poderão ser levantados, o que deve ser feito quando se está a desenhar uma lei. Por isso, considero que se trata de um membro da AL muito importante. Não tenho a certeza de que possamos ter outro com tantas capacidades, com tanta diplomacia, com tanto profissionalismo como ele. Olhando para todas as listas, pelos membros que conheço, não vejo ninguém com qualificações que fiquem perto das dele. Ao mesmo tempo, tem todo o direito de afastar-se. O facto de não termos mais ninguém como ele também me leva a pensar que temos de ter alguém que cresça como ele. É uma pena não contarmos com ele desta vez, mas espero que possa ajudar a AL de outra forma: como uma espécie de consultor, por exemplo, não sei se tal será possível. Seria muito importante se pudesse escrever sobre a sua experiência, se escrevesse um livro sobre todos estes anos na AL.
há aspectos que não funcionam. Se for eleita, farei pressão em relação a mudanças no sistema. Também propusemos regulamentação acerca das finanças públicas. Quando o fizemos éramos os únicos e o Governo avançou agora nesse sentido. Independentemente da sua candidatura, o que gostaria de ver acontecer no dia 17 de Setembro? Uma mudança positiva. Tivemos uma mudança nos últimos anos, mas não foi muito positiva. Desta vez, espero que possa ser diferente. É muito importante para a AL e para Macau, para toda a estrutura e vida política, para o poder e o equilíbrio. Isabel Castro
isabelcorreiadecastro@gmail.com
6 POLÍTICA
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deputado nomeado pelo Executivo, Vong Hin Fai, vai candidatar-se ao lugar até agora ocupado por Leonel Alves, pela via indirecta, na próxima composição da Assembleia Legislativa (AL). O advogado, que fundou recentemente a Associação dos Agentes Jurídicos de Macau, será o número dois da lista liderada por Chui Sai Cheong. Vong Hin Fai é considerado próximo do Chefe do Executivo; aliás, chegou mesmo a ser mandatário de Fernando Chui Sai On na corrida a líder do Governo. A vaga surge no seguimento da anunciada não recandidatura de Leonel Alves ao cargo de deputado.
O analista político Larry So considera que esta é uma forma de assegurar uma posição de domínio no hemiciclo, que “não deve ter resultado de muita escolha”. No entanto, aponta os conhecimentos técnico-jurídicos de Vong Hin Fai como factores determinantes para que seja uma alternativa óbvia, uma vez que é possuidor de vasta experiência no que toca aos trabalhos legislativos. Apesar de ser uma pessoa apropriada ao cargo, Larry So considera que este tipo de nomeações “bloqueia o acesso ao poder de pessoas de uma nova geração, que tragam novas ideias e experiências à AL”. J.L.
TURISMO ANGELA QUER WIFI GO NAS ZONAS HISTÓRICAS
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deputada Angela Leong não desiste do serviço gratuito de acesso à internet “WiFi GO”, tendo revelado, em comunicado, que ainda há espaço para melhorar apesar das muitas críticas provenientes tanto de residentes, como de turistas. A tribuna salienta a aptidão turística de Macau como um dos factores que levam à extrema necessidade de um serviço de internet de qualidade. Como tal, Angela Leong considera que o Governo deve impulsionar, progressivamente, a instalação de mais pontos de ligação ao “WiFi GO” em todo o território de forma a aumentar
A
União de Estudiosos de Macau realizou este fim-de-semana um colóquio com o objectivo de fazer um balanço da implementação da política “Um País, Dois Sistemas”. O evento analisou a forma como o princípio teve impacto em Hong Kong e como este impacto pode ser uma inspiração para Macau. O coordenador do Centro de Estudos “Um País, Dois Sistemas” do Instituto Politécnico de Macau (IPM) não tem dúvidas em ilustrar o caso da região vizinha como um sucesso. Leng Tie Xun não vê grandes brechas na solidez do projecto unificador que nasceu durante o consulado de Deng Xiaoping.
mente penas, para quem “maliciosamente modificar as letras ou tocar/cantar o hino nacional de forma distorcida ou desrespeitosa”, que poderão ir até 15 dias de detenção. Sun Zhijun, também do Comité Permanente, sugeriu que em certos casos se possa responsabilizar criminalmente o prevaricador, tal como acontece no caso de ofensas à bandeira e ao escudo nacionais, reporta a Xinhua. Sobre se a lei do hino nacional obrigará a rever a Lei Básica, Sónia Chan apontou que “a revisão da Lei Básica compete à Assembleia Popular Nacional”.
GCS
VONG HIN FAI APONTADO COMO SUCESSOR DE LEONEL ALVES
a segurança e estabilidade da rede em Macau. Um dos pontos de destaque do comunicado da deputada prende-se com o facto de o serviço apenas estar disponível em departamentos e instalações públicas e pontos turísticos famosos. Como tal, Angela Leong aponta a falta de pontos de “WiFi GO” nos bairros históricos da cidade, algo que poderia potenciar as zonas como apetecíveis para os turistas.Adeputada acrescentou ainda que o Governo deve meter em acção um mecanismo de fiscalização e acompanhamento que garanta a qualidade do serviço. V.N. com J.L.
SÓNIA CHAN ESCLARECE DÚVIDAS
Lei do Hino vigorará na RAEM
A
“
Lei da Bandeira Nacional da República Popular da China representa uma das legislações nacionais vigentes na RAEM, enquanto que a bandeira, o emblema e o hino nacional representam a dignidade do País, e caso,
no futuro, a lei seja promulgada, esta deverá também ser vigente na RAEM”, disse ontem a Secretária para a Administração e Justiça, quando interrogada pela imprensa sobre a aplicação a Macau de uma lei sobre o hino nacional que, segundo a Xinhua, está a ser preparada em Pequim.
Uma estranha inspiração Colóquio faz balanço da política “Um País, Dois Sistemas”
O académico considera que os movimentos pró-democracia de Hong Kong apenas chegam a uma facção minoritária da população que “não tem uma compreensão correcta da política”. Aliás, o
coordenador é da opinião de que a região do outro lado do Delta do Rio das Pérolas pode servir inspiração para Macau. Por seu lado, o presidente da União de Estudiosos de Macau, Yang Yun
Dizem que Macau tem muito a aprender com Hong Kong, no que toca ao princípio “Um País, dois Sistemas”. Sem especificar, basicamente explicou-se que a larga maioria da população não usa guarda-chuva amarelo.
Zhong, disse no colóquio que “quaisquer actos que desafiam o direito de soberania integral devem ser suspendidos”. O líder associativo referia-se em particular ao movimento dos guarda-chuvas amarelos de Hong Kong e aos potenciais problemas da importação do fenómeno para a RAEM. O representante dos académicos acredita que para assegurar que “Macau é governado por gentes de Macau” é necessário “subir a rampa, contribuir e manter a ideologia correcta”.
Segundo a agência noticiosa oficial, a nova lei estenderá a audição do hino a cerimónias que até agora o dispensaram. Uma proposta de Zheng Gongcheng, um membro do Comité Permanente da Assembleia Nacional Popular, tendo como objectivo explícito o reforço do patriotismo, determina que o hino será tocado em todas as escolas nas cerimónias de abertura do ano e de graduação. Além disso, a canção deverá ser incluída nos livros de música e ensinada aos alunos na primária. Contudo, há quem pretenda ir ainda mais longe. Para Su Hui, outro membro do Comité Permanente, o hino, além de outras motivações patrióticas, deve ser parte fundamental da educação nos jardins de infância. Anova lei, que ainda não foi promulgada, prevê igual-
Cheang Kok Keong, vice-presidente da União dos Estudiosos de Macau referiu que apesar de não haver registo histórico de uma política de integração que tenha uma praxis semelhante, o princípio “Um País, Dois Sistemas” tem sido um grande sucesso. No entanto, o académico considera que a política enfrentará grandes desafios no futuro, nomeadamente
RECRUTAMENTO ASSOMBRADO
A Secretária comentou ainda a questão do recrutamento de pessoal, afirmando que “o Governo da RAEM não dispõe de uma via específica no recrutamento de pessoal.” Sónia Chan esclareceu que, actualmente, “não existe qualquer informação sobre o caso da estudante graduada, da China interior, que afirma ter sido recrutada por uma via específica para ingressar na função pública”. A Secretária salientou que o serviço de tradução da sua tutela utiliza sobretudo o recrutamento local e só em situações urgentes, adopta o regime de recrutamento ao exterior. “O regime em causa já existe desde o ano 1989 e, além de ser rigorosamente fiscalizado, contesta a existência de qualquer via específica”, concluiu.
por causa de circunstâncias trazidas pela ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau. Ainda acerca da construção do projecto da Grande Baía, Cheang Kok Keong apontou para a necessidade de haver uma acção coordenada por entidades das três regiões para patrulhar os mares que encerram o território em questão. O professor Iao Teng Pio, da Faculdade de Direito da Universidade de Macau, acha que as políticas de integração devem ser um dos pontos chave na perspectivação do desenvolvimento económico de Macau a longo prazo. Vítor Ng (com J.L.)
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POLÍTICA
SOFIA MARGARIDA MOTA
Baía com todos
Pedido reforço do mandarim e um novo regime jurídico
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JORGE VALENTE DEFENDE “FLEXIBILIZAÇÃO” DA IMPORTAÇÃO DE MÃO-DE-OBRA
Chefe do Executivo deve ter “experiência empresarial”
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O contrário do que é opinião corrente e declamada entre muitos políticos da RAEM, nomeadamente “tradicionais” e “democratas”, Jorge Valente defendeu este fim de semana a “flexibilização” da importação de mão-de-obra. Isto porque a considera essencial para as pequenas e médias empresas “sobreviverem e crescerem”, defendeu, em entrevista à Rádio Macau, conduzida por Gilberto Lopes e Hugo Pinto. O candidato às eleições legislativas, que será o número três da lista de Melinda Chan, define os problemas e as preocupações das pequenas e médias empresas como um dos seus vectores de orientação política. Assim, considerou que a lei que regula a importação de mão-de-obra não defende as pequenas e médias empresas e argumentou que a
questão principal não passa por autorizar mais trabalhadores estrangeiros, mas sim “flexibilizar” a sua contratação.
O INCOMPREENSÍVEL ESTADO DO SÍTIO
Outra área que Jorge Valente sublinhou é o trânsito. O candidato quer uma melhor rede de transportes públicos e que se aposte nos autocarros amigos do ambiente: “Só devíamos usar autocarros a gás ou eléctricos. As três companhias de autocarros públicos deviam ser proibidas de usar autocarros a gasolina ou a gasóleo. Também ainda não percebi como não é possível ter ciclomotores eléctricos”. No que diz respeito às concessionárias de transportes, Jorge Valente também defende uma nova política de subsídios, afirmando que devem ser calculados com base no número de utilizadores
da rede, em vez de se privilegiar os percursos. Sobre a habitação, outro tema no centro das preocupações da população, Valente afirma que o Governo deve disponibilizar anualmente um número de casas económicas e sociais e, nos terrenos que foram recuperados, devem ser construídas fracções que só possam ser adquiridas por quem está a comprar a primeira casa.
POR UM CHEFE “EMPRESÁRIO”
Nas questões económicas, o candidato diz que o salário mínimo não é importante no actual momento, uma vez que não deve “trazer nada de valor acrescentado à população de Macau”. Avaliando a acção governativa, Valente acusa o Executivo de ser “muito passivo” e “muito reactivo”, e aponta a experiência empresarial como um requisito para o futuro Chefe do Executivo, que deve ser “uma pessoa decisiva”.
O candidato defendeu ainda o ensino do português e do chinês em todas as escolas de Macau, a partir do ensino infantil. Na entrevista, Jorge Valente desvalorizou a polémica em torno do jantar no Gabinete de Ligação do Governo Central em Macau, no qual discursou, e que foi alvo de críticas por parte do deputado José Pereira Coutinho, que acusou Pequim de interferência nas eleições. Valente garante que tem discursado em vários eventos nas últimas semanas, e que não tem oferecido jantares a ninguém. Com o cargo de presidente da Associação dos Jovens Macaenses suspenso por causa da corrida à Assembleia Legislativa, Jorge Valente reconhece que será difícil ser eleito, mas não impossível. O candidato observa que “um bom resultado é entrarem dois” e “óptimo é entrarem três”.
Gabinete de Estudo de Políticas (GEP) esteve reunido com várias associações para a recolha de opiniões para o projecto da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau. Segundo um comunicado oficial, houve algumas opiniões que defendem que o Governo “deve dar maior importância à divulgação e utilização do mandarim”. Contudo, esta ideia não parece estar nos planos do Executivo. Isto porque Alexis Tam, secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, disse, à margem de um evento público ocorrido durante o fim-de-semana, que as escolas não serão obrigadas a ensinar a língua oficial do país. O secretário “realçou que o Governo da RAEM não vai impor às escolas a utilização do mandarim como língua veicular nas aulas de língua chinesa e que a aprendizagem do mesmo não irá criar muito stress nos estudantes”, aponta um comunicado. Nos encontros com o GEP, foram ainda apresentadas opiniões no sentido de “estudar a elaboração e pôr em prática um regime jurídico que possa ser aplicado nas três regiões”. As reuniões, que decorreram com representantes dos sectores financeiro e educativo, entre outros, serviram também para expressar a ideia de que deve ser feita uma maior integração de Macau na futura Grande Baía, sendo que território deve “possuir um sistema inovador de passagem fronteiriça”, bem como “facilitar mais o fluxo de pessoas, de logística e de capitais”. Nesse sentido, foi também pedido que “mais carros com a matrícula de Macau possam deslocar-se à ilha de Hengqin”, sem esquecer a necessidade dos residentes terem “no Interior da China um tratamento igual”, através da promoção do “mútuo reconhecimento de qualificações profissionais”.
APOSTAR NO CONSUMO
Segundo o jornal Ou Mun, as autoridades da província de Guangdong avançaram com uma proposta de fomento do consumo em áreas tão díspares como o turismo, cultura, desporto, saúde e educação.Aideia é criar uma parceria entre universidades da província chinesa, de Macau e de Hong Kong, para facilitar o intercâmbio e a troca de conhecimentos entre professores e alunos. As autoridades chinesas desejam ainda desenvolver o sector do turismo de cruzeiros, existindo a ideia de fomentar o turismo individual de cruzeiros entres os três territórios.
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OCIÓLOGO, com estudos virados para a sociedade e sistema político de Macau, Hao Zhidong vai deixar a Universidade de Macau (UM) este verão, por motivos de aposentação. Mas, antes disso, deixou um alerta. Numa entrevista concedida ao canal inglês da TDM, Hao Zhidong disse que a liberdade académica está a diminuir no seio da universidade. “Penso que a liberdade académica está a diminuir, tendo em conta alguns indicadores, como o despedimento ou a não continuação do contrato de Bill Chou”, apontou o docente, que fez a sua formação académica em Tianjin, Xangai e Nova Iorque. O académico revelou que tem sido exigido aos membros da faculdade informações caso realizem viagens a Taiwan. “Há outros indicadores ou indicações que desencorajam a realização de debates políticos controversos ou discussões no campus da universidade. Uma das indicações mais recentes é o pedido que é feito aos membros da faculdade sobre o facto de terem conhecido pessoas de Taiwan ou se vão visitar Taiwan, o que vão lá fazer e com quem se vão encontrar. Temos de reportar tudo isso para algo que não é oficial ou para um trabalho de pesquisa ou investigação. E a questão é: “por quê”?”, questionou na entrevista. Hao Zhidong falou ainda do caso de Michael Hsiao, um académico de Taiwan que chegou a desenvolver um projecto em conjunto com outros investigadores de Macau e de Hong Kong. Michael Hsiao é ainda autor de um livro que analisa a classe média dos três territórios. Segundo Hao Zhidong, Michael Hsiao será próximo da corrente política da actual presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, líder do Partido Democrático
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hoje macau segunda-feira 26.6.2017
GONÇALO LOBO PINHEIRO
SOCIEDADE
LIBERDADE ACADÉMICA ESTÁ A DIMINUIR NA UNIVERSIDADE DE MACAU
O que vais fazer a Taiwan? Um professor da Universidade de Macau disse ao canal inglês da TDM que há sinais de que a liberdade académica está a diminuir no seio da instituição pública de ensino, ao ponto dos docentes terem de reportar sobre viagens particulares a Taiwan. Progressista, que defende a independência da Ilha Formosa. “Foi negada a sua entrada em Macau no aeroporto. Isso não faz qualquer sentido. O projecto a que estava ligado teve apoio do Governo de Hong Kong e contou com a participação de académicos de Macau, Taiwan e Hong Kong”, lembrou. Para Hao Zhidong, “existe [na UM] um ambiente de conformismo em vez de um ambiente que incita ao debate de questões políticas e de ideias, que é o que uma
desenvolvimento sustentável das empresas locais deve ser uma prioridade. Foi esta a ideia defendida no Fórum Internacional do Desenvolvimento Sustentável 2017, no passado sábado. A iniciativa, levada a cabo pela Associação Geral Internacional de Jovens Empresários de Macau, teve como mote dar a
universidade deveria ser. Não é esse o caso”, frisou.
UM VELHO LÁPIS AZUL
Esta não é a primeira vez que a UM se vê confrontada com acusações desta natureza. Ao canal inglês da TDM, a universidade não deu explicações, nem respondeu às questões do HM até ao fecho da edição. Contudo, o HM sabe que há várias vozes que falam de um ambiente académico onde o diálogo e o espírito crítico não são bem-vindos. Bill Chou, actualmente a dar aulas em Hong Kong,
recorda que, no tempo em que esteve na UM, não eram exigidas informações sobre idas a Taiwan, mas havia outro tipo de restrições. “Uma vez a direcção da faculdade obrigou-me
a cancelar um convidado de Xinjiang, por se tratar de um tema sensível. Depois de fazer críticas ao Governo de Macau nas minhas aulas, fui alertado para ter uma postura mais
“Existe [na UM] um ambiente de conformismo em vez de um ambiente que incita ao debate de questões políticas e de ideias, que é o que uma universidade deveria ser. Não é esse o caso” HAO ZHIDONG PROFESSOR DA UNIVERSIDADE DE MACAU
AMBIENTE EMPRESAS DEVEM SER SUSTENTÁVEIS conhecer aos vários sectores económicos do território “a tendência e a perspectiva do desenvolvimento sustentável das maiores empresas mundiais”, lê-se no Jornal Cidadão. O objectivo é dar o exemplo de modo
a que as empresas locais possam, com o contacto com as experiencias de outras, “absorver conhecimentos e introduzirem, no seu funcionamento, mecanismos que promovam a sua sustentabilidade”. O Fórum teve cer-
ca de 150 participantes e, de acordo com o responsável pela associação Chan Iok Fan, “Macau precisa de prestar atenção à mudanças na qualidade do ambiente causadas pelo rápido desenvolvimento do
equilibrada”, adiantou. O docente na área da ciência política recorda que nem sequer conseguiu levar Jason Chao para dar uma palestra na universidade, numa altura em que o activista ainda pertencia à Associação Novo Macau. “Fui alertado para não participar em organizações políticas, tal como o activismo social, e que não deveria convidar Jason Chao para uma palestra no campus, devido ao seu posicionamento político”, referiu. A.S.S.
território”. Participou também na iniciativa, o subdirector para os assuntos permanentes da Associação para a Protecção Ambiental Industrial de Macau, Lei Man San, que sublinhou a importância da reciclagem, sendo que, considera, “a responsabilidade sobre esta matéria deve ser assumida, em primeiro lugar, pelo Executivo”.
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SOCIEDADE
Apesar de Macau ter um aeroporto, a maioria dos voos é de curta ou média duração, com os passageiros a deslocarem-se a Hong Kong para voos de longo curso. Questionado sobre se este acordo pode ser fechado até ao início das operações do voo da Beijing Capital Airlines para Lisboa, Ma disse: “Sim, porque não? Definitivamente. Olhamos para a [Beijing] Capital Airlines como uma parceira, não como concorrência. Se mais pessoas apanharem o voo para transferirem para Lisboa pela [Beijing] Capital Airlines, nós vamos gerar mais receitas nos nossos voos para Pequim, é uma situação em que todos ganham”. Winston Ma esclareceu que não serão adicionados novos voos Macau-Pequim nem feitos ajustes aos horários. Tanto para esta futura parceria, como para a actual com a Air China, os bilhetes só podem, numa fase inicial, ser comprados
através de agências de viagens. No caso da parceria com a Air China – que permite a passageiros que embarquem em Macau chegarem a 31 destinos na Europa e América – será possível comprar o bilhete ‘online’ no último trimestre do ano. A ligação aérea directa entre a China e Portugal arranca a 26 de Julho. O voo terá três frequências por semana - quarta-feira, sexta-feira e domingo - entre a cidade de Hangzhou, na costa leste da China, e Lisboa, com paragem em Pequim. O voo entre a China e Portugal será feito pelo modelo 330-200 da Airbus, uma das maiores aeronaves comerciais de passageiros da construtora europeia, com capacidade para 475 passageiros. A Beijing Capital Airlines é uma das subsidiárias do grupo chinês HNA, accionista da TAP através do consórcio Atlantic Gateway e da companhia brasileira Azul.
CONGRESSO NETO VALENTE DEFENDEU USO DA ARBITRAGEM EM MACAU
O presidente da Associação dos Advogados de Macau (AAM), Jorge Neto Valente, defendeu, num congresso realizado no Porto, Portugal, “as vantagens da arbitragem relativo ao recurso aos tribunais judiciais na resolução de litígios que possam surgir no desenvolvimento das relações económicas e sociais da China com outros países da Rota da Seda, nomeadamente os países lusófonos”. Neto Valente chamou ainda a atenção para “as imensas oportunidades de negócios que irão surgindo nos caminhos da Rota”. “Entre os muitos profissionais que serão procurados, contam-se os advogados, não só para auxiliarem as partes dos contratos nas negociações dos mesmos, como também para intervir na resolução de conflitos, quer como árbitros quer como advogados das partes litigantes”, referiu. O presidente da AAM falou na sexta-feira no congresso “Cooperação/Justiça e Economia”. O seu discurso teve como título “A Advocacia de negócios e o papel de Macau na resolução de litígios”.
RITA SANTOS REUNIU COM REITORA DA UNIVERSIDADE CATÓLICA
Rita Santos, presidente do Conselho Regional e da Oceânia do Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP), reuniu com Isabel Capeloa Gil, reitora da Universidade Católica Portuguesa. Segundo um comunicado, o encontro serviu para discutir a “possibilidade de cooperação na formação dos alunos chineses e professores”. A reunião foi feita com base em pedidos de “algumas universidades e escolas das províncias de Guangdong e Hunan”. Isabel Capeloa Gil referiu que “tem uma sensibilidade acrescida sobre a importância da cooperação com Macau”, tendo em conta a sua experiência pessoal, uma vez que estudou e viveu no território.
AIR MACAU PRESTES A FECHAR ACORDO PARA LIGAÇÃO MACAU-PEQUIM-LISBOA
Ligação directa e sem espinhas A Air Macau está a negociar uma ligação directa a Lisboa através de Pequim. E pode começar já em Julho.
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Air Macau está prestes a assinar um acordo com a Beijing Capital Airlines que permite simplificar as ligações entre os voos das duas companhias, incluindo aquela que, a partir de 26 de Julho, liga Pequim e Lisboa. “Estamos a assinar um acordo, estamos a negociar, faltam as assinaturas da administração e depois
tudo pode começar. Eles [Beijing Capital Airlines] lançam [a ligação a Lisboa] em Julho, por isso ainda temos tempo”, explicou Winston Ma, gerente-geral da Air Macau para o sul da China. Este tipo de acordo para transporte “em trânsito” será semelhante ao que a companhia de bandeira de Macau tem com a Air China, através dos aeroportos de Pequim,
Xangai e, a partir de Julho, Chengdu. “Os passageiros fazem o ‘check-in’ no aeroporto de Macau, onde podem obter um cartão de embarque até ao destino final, e a sua bagagem também segue para o destino final. Do ponto de vista do cidadão de Macau, de alguém que viva aqui, é mais conveniente, mais eficiente partir de Macau, do que viajar de ferry para Hong Kong”, explicou.
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Miguel de Senna Fernandes, da comissão organizadora do arraial de São João, quer colocar o evento no calendário oficial da Direcção dos Serviços de Turismo. Este ano houve mais artesanato e comes e bebes, que resultaram em mais cinco tendas face ao ano passado
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localização gerou discussão, mas tudo acabou por correr como nos outros anos. O arraial de São João chegou ontem ao fim e os números não falham: mais cinco tendas que no ano passado, num total de 35, mais artesanato e comes, mais bebes e mais pessoas.
Dá cá um balão Organizadores querem arraial no calendário oficial
HOJE MACAU
SOCIEDADE
A possibilidade do arraial poder sair do bairro de São Lázaro parece estar, para já, posta de parte, mas a comissão organizadora não sabe o que pode acontecer no próximo ano. “Não sabemos. Todos os anos temos sempre um problema. Desta vez foi mais grave, mas ficamos à espera de novas surpresas. [As autoridades] não querem estorvar, mas na prática acabam por se tornar um estorvo, com aquilo que querem implementar”, explicou.
O CONVITE AOS KAIFONG
Quem passou pelas ruas do bairro de São Lázaro não encontrou as típicas cerejas do Fundão, mas descobriu novos produtos de artesanato e decoração que não estavam lá o ano passado. Para Miguel de Senna Fernandes, presidente da Associação dos Macaenses (ADM) e membro da comissão organizadora do arraial de São João, quer chegar às 40 tendas no próximo ano e colocar este evento no calendário oficial da
Direcção dos Serviços de Turismo (DST). “Espero que as autoridades compreendam que esta é uma festa para ficar.Andamos sempre a namorar a DST para que esta festa esteja no calendário dos acontecimentos turísticos. A ideia com que fiquei, através da visita do subdirector, é que este ano o evento não foi incluído porque não sabiam a data certa. Mas vamos já marcar a data para o próximo ano”, contou ao HM.
Há ainda a ideia de que o arraial de São João é uma festa de macaenses e de portugueses, mas a comissão organizadora quer quebrar essa barreira. Prova disso é o convite que todos os anos é enviado à União Geral das Associações dos Moradores de Macau (kaifong), que nunca é aceite. “Se alguma associação chinesa quiser entrar, como os kaifong, desde que não seja uma coisa que contrarie o espírito do nosso arraial, pode participar. Todos os anos fazemos o convite aos kaifong para fazer parte. E eles gentilmente não dizem nem sim, nem não. De qualquer maneira, ninguém pode negar que a vontade expressa é que os kaifong também façam parte”,
“Espero que as autoridades compreendam que esta é uma festa para ficar. Andamos sempre a namorar a DST para que esta festa esteja no calendário dos acontecimentos turísticos” MIGUEL DE SENNA FERNANDES MEMBRO DA COMISSÃO ORGANIZADORA acrescentou Miguel de Senna Fernandes. O presidente da ADM lembrou que o arraial, os petiscos e o ambiente de festa serve, sobretudo, para recordar os tempos em que os moradores de um bairro se conheciam e comunicavam. “Há um espírito de bairro que há muito tempo desapareceu de Macau, e é pena”, concluiu Andreia Sofia Silva
andreia.silva@hojemacau.com.mo
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DIRECÇÃO DOS SERVIÇOS DE TURISMO ANÚNCIO A Direcção dos Serviços de Turismo do Governo da Região Administrativa Especial de Macau, faz público que, de acordo com o Despacho de 5 de Junho de 2017 do Ex.mo Senhor Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, se encontra aberto concurso público para adjudicação do serviço de organização do “Festival de Luz de Macau 2017” . Desde a data da publicação do presente anúncio, nos dias úteis e durante o horário normal de expediente, os interessados podem examinar o Processo do Concurso na Direcção dos Serviços de Turismo, sita em Macau, na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção, n.os 335-341, Edifício “Hotline”, 12.o andar, e ser levantadas cópias, incluindo o Programa do Concurso, o Caderno de Encargos e demais documentos suplementares, mediante o pagamento de duzentas patacas (MOP200,00); ou ainda consultar o website da Direcção dos Serviços de Turismo: http://industry.macaotourism.gov.mo , e fazer “download” do mesmo. A Sessão de esclarecimento será realizada no Auditório da Direcção dos Serviços de Turismo, sito em Macau, na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção, n.os 335-341, Edifício “Hotline”, 14.o andar pelas 10:00 horas do dia 26 de Junho de 2017. O limite máximo do valor global da prestação do serviço é de MOP20.000.000,00 (vinte milhões de patacas) Critérios de adjudicação e factores de ponderação: Critérios de adjudicação Preço Criatividade - Descrição: Dos espectáculos de vídeo “Mapping”; Das instalações luminosas; Dos jogos interactivos e da aplicação desenvolvida para “smart phones” . - Utilização de nova tecnologia e equipamentos; - Elementos culturais e criativos locais (incluindo a participação de artistas locais). Maior garantia de segurança e eficiência na prestação do serviço - Informações sobre os equipamentos a serem utilizados; - Plano de controle de ajuntamento de pessoas; - Plano dos recursos humanos e respectiva distribuição dos trabalhos; - Plano de transporte; - Plano de montagem e desmontagem; - Informações técnicas para a realização dos espectáculos; - Planta dos locais. Experiência do concorrente
Factores de ponderação 30% 30%
30%
10%
Os concorrentes deverão apresentar as propostas na Direcção dos Serviços de Turismo, sita em Macau, na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção, n.os 335-341, Edifício “Hotline”, 12.o andar, durante o horário normal de expediente e até às 17:45 horas do dia 20 de Julho de 2017, devendo as mesmas ser redigidas numa das línguas oficiais da RAEM ou, alternativamente, em inglês, prestar a caução provisória de MOP400.000,00 (quatrocentas mil patacas), mediante: 1) depósito em numerário à ordem da Direcção dos Serviços de Turismo no Banco Nacional Ultramarino de Macau 2) garantia bancária 3) depósito nesta Direcção dos Serviços em numerário, em ordem de caixa ou em cheque visado, emitidos à ordem da Direcção dos Serviços de Turismo 4) por transferência bancária na conta do Fundo do Turismo do Banco Nacional Ultramarino de Macau. O acto público do concurso será realizado no Auditório da Direcção dos Serviços de Turismo, sito em Macau, na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção, n.os 335-341, Edifício “Hotline”, 14.o andar pelas 10:00 horas do dia 21 de Julho de 2017. Os representantes legais dos concorrentes deverão estar presentes no acto público de abertura das propostas para efeitos de apresentação de eventuais reclamações e/ou para esclarecimento de eventuais dúvidas dos documentos apresentados a concurso, nos termos do artigo 27.o do Decreto-Lei n.o 63/85/M, de 6 de Julho. Os representantes legais dos concorrentes poderão fazer-se representar por procurador devendo, neste caso, o procurador apresentar procuração notarial conferindolhe poderes para o acto público do concurso. Em caso de encerramento destes Serviços por causa de tempestade ou por motivo de força maior, o termo do prazo de entrega das propostas, a data e hora de sessão de esclarecimento e de abertura das propostas serão adiados para o primeiro dia útil imediatamente seguinte, à mesma hora. Direcção dos Serviços de Turismo, aos 15 de Junho de 2017. A Directora Maria Helena de Senna Fernandes
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AMBIENTE CARROS ELÉCTRICOS EXPLICADOS
Os veículos eléctricos vão ser o tema do seminário da próxima quinta-feira, na Torre de Macau. Em causa está a necessidade de dar a conhecer o desenvolvimento da indústria aos interessados de modo a promover a utilização deste tipo de veículos. A iniciativa vai ser dividida em quatro partes com uma duração total e dez horas. Do programa consta a abordagem da situação geral do uso de carros eléctricos, a utilização dos equipamentos para o carregamento de baterias e esclarecimentos quanto à evolução das tecnologias associadas a estes veículos. Os participantes podem ainda, no final do evento, ter acesso a um certificado de participação.
SAÚDE PIZZA HUT NÃO CUMPRE REGRAS DE SEGURANÇA
Incêndios DIOCESE ORGANIZOU COLECTA
CRIME ATENÇÃO AO WECHAT
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Seis pessoas apresentaram sintomas de diarreia após terem comido na Pizza Hut situada na Avenida Olímpica, na Taipa. Depois de recebida a denuncia, o Centro de Segurança Alimentar procedeu à investigação da situação. Recolhidas as amostras alimentares no estabelecimento em causa, o organismo revela que as condições de armazenamento e conservação dos alimentos não correspondem às requeridas. Em causa estão as temperaturas em que estes processos têm lugar. Por outro lado, com a inspecção promovida pelo Centro de Segurança Alimentar, as condições de higiene deste estabelecimento também não se mostraram satisfatórias. A Pizza Hut foi, assim, instada a fazer as alterações necessárias de modo a fazer cumprir os requisitos em, falta.
Foram mais de dez as queixas recebidas pela Polícia Judiciária (PJ) relativas a roubos de contas da aplicação WeChat. Em causa estava o seu uso para pedir dinheiro aos contactos associados. De acordo com o jornal Ou Mun, as autoridades apelam à população para que ponham em causa as informações que recebem através deste tipo de aplicações e que confirmarem, com os remetentes, a sua veracidade. A mesma fonte refere ainda um dos casos dados a conhecer pela PJ em que uma das vítimas recebeu um pedido de dinheiro do filho falecido há cerca de dois anos.
ALFÂNDEGA MECANISMO DE COMUNICAÇÃO ALARGADO
Os Serviços de Alfândega reuniram, este fim-de-semana, com as associações que representam as mulheres, os operários e os moradores, para dar a conhecer o mecanismo de comunicação comunitária que está em funcionamento há cerca de meio ano. De acordo com o subdirector geral dos Serviços de Alfândega, Ng Kuok Heng, citado pelo Jornal do Cidadão, este é um sistema que permite intervir junto da população e sensibilizar os residentes para o comércio de produtos falsificados. O objectivo é o combate à criminalidade ligada aos serviços alfandegários. Para o responsável, esta é uma medida que vai ajudar os serviços a ter conhecimento sobre os actos ilegais que ocorrem dentro da comunidade. Por outro lado, afirmou, os produtos em causa são muitas vezes de uso quotidiano sendo que é importante o alerta para que a população esteja mais atenta a este tipo de comércio.
IACM PASSEATA POR MACAU
Andar pelas ruas do território para que não seja esquecida a história é o mote da “Passeata por Macau”. A iniciativa, promovida pelo Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), aconteceu no sábado e convidou os residentes a um desfile pelas ruas de modo a redescobrirem a sua história. A pertinência do evento, afirma o Jornal do Cidadão, prende-se com a necessidade de, num ambiente que está em constante desenvolvimento, não deixar esquecer a origem dos seus espaços. O passeio foi acompanhado pelo historiador Chan Su Weng que considera que esta é uma forma de promover o interesse pela história local.
Ajuda oriental Diocese de Macau organizou este domingo uma colecta para apoiar as vítimas do incêndio que começou em Pedrógão Grande e causou a morte de 64 pessoas, deixando mais de 200 feridas. “Nestes dias seguimos com pesar a tragédia em Pedrógão Grande (Portugal), onde um terrível fogo florestal causou um elevado número de vítimas”, indica um comunicado da Diocese.
A nota explica que, “em solidariedade e compaixão cristã para com todos aqueles que foram afectados por esta catástrofe”, o Bispo de Macau decidiu organizar no domingo uma colecta em todas as missas, “como sinal de apoio a todos aqueles afectados pelo incêndio”. O dinheiro será depois enviado para Portugal. No mesmo sentido foi celebrada uma missa na quinta-feira, na Sé Catedral, pelas “vítimas desta tragédia”.
SOCIEDADE
Os incêndios em Portugal têm gerado manifestações de pesar e iniciativas de apoio em Macau. Na quarta-feira, os Conselheiros das Comunidades Portuguesas do círculo China, Macau e Hong Kong enviaram cinco cartas para altos representantes de Portugal, em que expressam as suas condolências pelo incêndio. Em cartas enviadas ao Presidente da República, ao primeiro-ministro, ao presidente da Assembleia, à ministra da Administração Interna e ao secretário de Estado da Administração Interna, os conselheiros manifestaram “enorme dor e pesar às famílias dos sinistrados do recente mega incêndio ocorrido em Pedrógão Grande que dizimou mais de seis dezenas de vidas humanas”. A Santa Casa da Misericórdia de Macau enviou 200 mil euros para a União das Misericórdias Portuguesas, para serem distribuídos no apoio às vítimas, e a Casa de Portugal em Macau abriu uma conta solidária para recolher donativos com o mesmo fim. O Consulado-Geral de Portugal em Macau e Hong Kong teve disponível um livro de condolências para os que quisessem manifestar o seu pesar pelos que perderam a vida e restantes vítimas deste terrível desastre” e, na segunda-feira, o chefe do Executivo, Fernando Chui Sai On, enviou uma carta ao Presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, endereçando condolências pelo devastador incêndio.
PUB HM • 1ª VEZ • 26-6-17
HM • 1ª VEZ • 26-6-16
ANÚNCIO Execução Ordinária n.º
CV1-16-0029-CEO
ANÚNCIO 1º Juízo Cível
Execução por custas (Apenso) n.º
CV2-15-0025-CPE-A
2º Juízo Cível
Exequente: FONG CHI HOU, casado, de nacionalidade chinesa, titular do B.I.R.M., residência em Macau, na Avenida do Conselheiro Ferreira de Almeida, n.º 15. ------Executado: ZENG JIN HONG, casado, de nacionalidade chinesa, titular do B.I.R.M., com última residência conhecida em Macau, “聖德倫街416號獲多利大廈 3樓 AC 座 ”, ora ausente em parte incerta. --------------------------------------------------
Exequente: MINISTÉRIO PÚBLICO (檢察院). Executada: ACADEMIA MACAU TALENTOS LDA (澳門才華學會有限公司), com última sede conhecida em Macau, na Alameda Dr. Carlos D`Assumpção n.ºs 336-342, Edifício Jardim Fu Tat, 14.º andar.
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----FAZ-SE SABER que nos autos acima indicados são citados os credores desconhecidos do Executado para, no prazo de QUINZE DIAS, que começam a correr depois de finda a dilação de vinte dias, contados da data da segunda e última publicação do anúncio, reclamar o pagamento dos seus créditos pelo produto do bem penhorado sobre que tenha garantia real e que é o seguinte:------------------------------Imóvel penhorado ----Denominação: fracção autónoma, “AC3” do 3.º andar “AC”.----------------------------Situação: sito em Macau, n.º 316 a 362 da Avenida Sir Anders Ljungstedt, n.º 396 a 506 da Rua Cidade de Santarém, n.º 3 a 113 da Rua Francisco H. Fernandes e n.º 315 a 363 da Alameda Dr. Carlos D´Assumpção.----------------------------------------------Finalidade: para habitação.--------------------------------------------------------------------Número de matriz: 073073.-------------------------------------------------------------------Número de descrição na Conservatória do Registo Predial: n.º 22223, a fls. 168 do Livro B3K. --------------------------------------------------------------------------------------Número de inscrição da propriedade horizontal: n.º 15188 do Livro F46K. -----------Número de inscrição de proprietário n.º 24276G. --------------------------------------* Na R.A.E.M., 13/06/2017 O JUIZ
Correm éditos de trinta (30) dias, contados da segunda e última publicação do anúncio, notificando a Executada ACADEMIA MACAU TALENTOS LDA, da realização da penhora ordenada pelo Mm.º Juiz deste Tribunal dos seguintes bens: Verba n.º 1 Saldo da conta do Banco Nacional Ultramarino, na quantia de MOP25.000,00. Verba n.º 2 Saldos das contas do Banco Luso Internacional, nas quantias de HKD3.762,18 e MOP1.915,57. As penhoras acima referidas foram realizadas em 07/02/2017 e 20/02/2017 respectivamente. É notificada a Executada para, querendo, no prazo de dez (10) dias, decorrido que seja o dos éditos, pagar ao Exequente a quantia exequenda no montante de MOP18.840,00 e acréscimos legais, ou deduzir embargos de executado ou oposição à penhora, e ainda requerer a substituição dos bens penhorados por outro de valor suficiente, tudo conforme no art.º 820º do C.P.C.M., sob pena de, não o fazendo no referido prazo, seguir o processo os ulteriores termos até final à sua revelia. Os duplicados da petição inicial encontram-se aguardados nesta secretaria do 2º Juízo Cível, poderão ser levantados nas horas normais de expedientes. Macau, aos 19 de Junho de 2017.
12 BOK FESTIVAL VOLTA A TRAZER O TEATRO EXPERIMENTAL AO TERRITÓRIO
EVENTOS
Souto de Moura ganha e segue
Arquitecto português ganha prémio europeu
O
prémio Europeu de Intervenção em Património Arquitectónico 2017 foi atribuído ao arquitecto português Eduardo Souto de Moura, pela intervenção que transformou o Convento das Berardas, em Tavira, num complexo residencial e turístico. O projecto integrava a shortlist dos 18 finalistas na categoria de “Intervenção no Património Construído”. O júri constituído por Inês Vieira da Silva, Ignacio Pedrosa e Marc Aureli Santos, distinguiu ainda, na mesma categoria, o trabalho de restauro da Torre Catalã d’Es Pi, em Formentera, nas Ilhas Baleares, feito por Marià Castellò, com uma menção honrosa. Da lista de finalistas, entre as cerca de 200 propostas candidatas, foi também distinguido outro projecto português na categoria de divulgação. O prémio foi para o curso “Versus – Lições do Património Vernacular à Arquitectura Sustentável”, coordenado por Mariana Correia da Escola Superior Galécia, em Vila Nova de Cerveira, na categoria “Divulgação”. Na categoria “Espaços Exteriores” o vencedor foi o projecto para as hortas de Caramoniña, em Santiago
de Compostela, do atelier Abalo Alonso Architects (Corunha). Já o Plano Especial de Protecção do Património da Antiga Vila de Sant Andreu de Palomar, em Barcelona e da autoria do arquitecto Joan Casadevall Serra, arrecadou o galardão na categoria “Planificação Urbana”. Ainda nesta categoria, o júri atribuiu uma menção honrosa ao Estudo Programático e Urbano para o Edifício Citröen em Bruxelas, do atelier belga MS-A/Wessel De Jonge. Esta foi a terceira edição do Prémio Europeu de Intervenção em Património Arquitectónico, uma organização conjunta daAssociação de Arquitectos para a Defesa e Intervenção no Património Arquitectónico (AADIPA) e do Colégio Oficial de Arquitectos da Catalunha. As distinções têm uma periocidade bienal e, já nas edições anteriores, Portugal teve um lugar de destaque com a premiação dos projectos nacionais relativos à Casa E/C, na Ilha do Pico, Açores, do atelier SAMI dos arquitectos Inês Vieira da Silva e Miguel Vieira e com a publicação que João Campos co-assinou com o espanhol Fernando Cobos sobre as fortificações de Almeida e Cidade Rodrigo.
Começa amanhã e vai até 8 de Julho. É festival BOK que vai ocupar o Edifício do Antigo Tribunal. Este ano o evento não vai para a rua, mas a organização promete, a quem se deslocar aos espectáculos, uma experiência a registar
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OMEÇA amanhã. É o BOK, festival que se dedica à apresentação de espectáculos for do circuito comercial. Nesta quinta edição, a ideia é a interactividade com o público e o factor surpresa domina o programa. Ao contrário das edições anteriores, em que os espectáculos tinham apresentações espalhadas pelo território, este ano a organização optou por uma situação inversa e o programa do festival vai estar concentrado no Edifício do Antigo Tribunal. A ideia, apontou Erick Kuok em entrevista ao HM, tem que ver com a própria temática desta edição. Em causa está a dinâmica capaz de ser criada com o público, sendo que a organização pretende, desta forma, testar as possibilidades do que um espectáculo pode fazer com os espectadores e de que forma os pode integrar no palco. “Se por um lado, nesta edição, temos uma concepção mais formal
À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA GOODBYE, COLUMBUS E CINCO CONTOS • Philip Roth
O primeiro livro de Philip Roth foi premiado e granjeou-lhe imediatamente a reputação de escritor de ironia explosiva, capacidade de observação impiedosa e compaixão pelas suas personagens, mesmo pelas mais desprovidas de sentido da realidade. Goodbye, Columbus é a história de Neil Klugman e da bonita e ousada Brenda Patimkin, ele da pobre Newark, ela do bairro suburbano de Short Hills, que se conhecem numas férias de Verão e mergulham numa relação que diz tanto das classes sociais e da suspeita como do amor. A novela é acompanhada de cinco contos cujo registo vai da iconoclastia à ternura sem reservas.
HTTP://WWW.BOKFESTIVAL.COM/
Surpresa atrás d
de teatro – os espectáculos voltam a ser feitos neste tipo de espaços, ao contrário do ano passado em que andámos em espaços alternativos –, por outro, podemos jogar com isso e dinamizar o interior do próprio teatro e usar o público”, explicou o organizador. O projecto que, pelo segundo ano, está de pé sem apoios do Governo, tem nesta edição os horizontes estendidos. Para o efeito, a organização estabeleceu parcerias com companhias de Taiwan, Coreia e Hong Kong para trazer espectáculos a Macau, mas não só. A pensar nos artistas locais, é intenção do BOK, poder levar com este trabalho os artistas locais ao exterior.
COMEÇAR PELO LOCAL
O festival tem início com as duas secções pensadas para a promoção de artistas locais. “Give it a Shot” é um espaço de trabalho em tempo real em que os projectos de Macau têm, diz Erik Kuok, “um acompanhamento crítico
para que sejam devidamente desenvolvidos”. Este ano, a secção tem lugar nos dias 1 e 2 de Julho
e integra projectos dedicados à dança, música clássica e electrónica independente. Da coreógrafa Chloe Lao, é
RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • MAIL@LIVRARIAPORTUGUESA.NET
PEQUENOS PRAZERES • Arthur de Pins
Arthur é um rapaz um pouco tímido, mas bem-disposto, desportista ocasional, fumador (também) ocasional, amigo do seu amigo, divertido, girinho, segundo as amigas, e completamente obcecado por mulheres. Mas tudo muda no dia em que conhece Clara, uma miúda respondona e muito dona do seu nariz apanhou-o pelo coração, e outros órgãos. Será que eles conseguem prescindir dos prazeres da vida de solteiros? Um comic irresistivelmente divertido e provocador sobre amor, sexo, relacionamentos, sexo, amizades… e sexo.
13 hoje macau segunda-feira 26.6.2017
de surpresa secção “Crossibition” em que a ideia é trazer ao território espectáculos experimentais que demonstrem “maturidade a nível de conteúdo, meios e formas de encarar o público”, aponta a organização. Este ano foram seleccionadas três peças em que “o espaço, os sentidos e a experiência do público fossem testados”. De Hong Kong vem o grupo de teatro “Heteroglossia”, com “Woyzeck” do dramaturgo alemão Georg Büchner. A ideia é a exploração de técnicas narrativas utilizadas em conteúdos de cinema e a sua adaptação para o palco. “Bodies in the Dark” é a peça trazida pela companhia coreana “Elephants Laugh”. O espectáculo é feito num ambiente de escuridão absoluta em que “podendo ser desconfortável, irá testar os limites do público”, lê-se na apresentação facultada pelo BOK. De Taiwan, a companhia “Riverbed Theatre” apresenta “Hypnosis: The Just for you Project”. A companhia de Taipé traz um espectáculo destinado a um público de um elemento em que o objectivo é “criar um ritual de intimidade e ligação e um veículo para o subconsciente”.
ACABAR À CONVERSA
apresentado o espectáculo de dança “Artificial Roses”, baseado no conto homónimo de Gabriel Garcia Marquez. Vão ainda ser mostrados publicamente “E-arrangement of Vivaldi’s Summer”, do quarteto de cordas Opus-A, e “Chemtrails, Morgellons”, de Sonia Ka Ian Lao. A secção “Bok Lab”, é o espaço em que são apresentados os trabalhos desenvolvidos no “Give It a shot” do ano passado. Nesta edição, Miki To vai apresentar “Moderation”. A iniciativa está agendada para os dias 28 e 29
de Junho, às 20h e pretende ser um espaço de reflexão social. De 28 a 30 de Junho, às 21h15, é também o tempo marcado para a apresentação de “Picturesque” pelos Water Singers. De acordo com a organização, trata-se de um espectáculo que convida a “uma viagem na escuridão, sem nada mais a não ser a voz”.
DESAFIAR LIMITES
O final da edição de 2017 do BOK é preenchida por espectáculos internacionais. Entre 4 e 8 de Julho tem lugar a
O festival conta ainda com um espaço dedicado à conversa informal e ao encontro entre artistas e o público. É o “BOK CLUB”. Para Erik Kuok, “o teatro é também um espaço para as pessoas partilharem ideias, para conversarem”. Este ano o espaço de conversa vai ter lugar num bar na zona da Praia Grande onde vão ser apresentados pequenos espectáculos. Ao mesmo tempo, a organização tem na agenda a realização de algumas pop up performances. “Estas apresentações serão sempre uma surpresa porque o público nunca sabe o que vai acontecer. Tem de ir para se surpreender e para ver”, explicou o organizador. Sofia Margarida Mota
sofiamota.hojemacau@gmail.com
EVENTOS
POEMAS DE DU FU E CAMÕES APRESENTADOS EM LISBOA
O Instituto Cultural, em parceria com o Instituto Camões, apresenta amanhã em Lisboa as obras “Poemas de Du Fu” e “Cem sonetos de Luís Vaz de Camões”. Ambos os livros estão integrados na Colecção de Literatura Chinesa e Portuguesa, e serão apresentados ao público na sede do Instituto Camões. Segundo um comunicado do IC, os alunos de todos os institutos Confúcio sediados em Portugal vão recitar, em português e mandarim, alguns poemas contidos nos dois livros. O livro “Poemas de Du Fu” é uma antologia de 180 poemas do poeta chinês, com tradução de António Graça de Abreu. Já os sonetos escritos por Camões tiveram tradução de Zhang Weimin, e foram extraídos do segundo volume da colecção “Obras Completas de Luís Vaz de Camões”, publicado em 1843. “A sua obra poética resistiu ao tempo, transformandose numa jóia rara da literatura portuguesa e na quintessência da língua portuguesa”, consideram os responsáveis do Instituto Cultural.
OBRAS DE SYLVIYE LEI EXPOSTAS NO CENTRO CULTURAL DE BELÉM
O artista local Sylviye Lei, que venceu o prémio Fundação Oriente/Artes Plásticas 2016, vai ter patente, em Lisboa, a exposição “Dimensão Sequencial”. As obras estarão disponíveis na galeria “Arte Periférica” do Centro Cultural de Belém até ao dia 20 de Julho. Segundo um comunicado, “estas peças estabelecem uma relação com o tema realidade virtual, no contexto do que é a sociedade contemporânea”. “Nestes trabalhos atribuo a essa dimensão virtual um ritmo próprio, procurando apoderar-me do que é o espectro artificial. Através de uma abordagem baseada na repetição, aquilo que é (aparentemente) monótono e desprovido de significado torna-se numa obra de arte que qualifica a forma como hoje vivemos”, acrescentou o autor, citado no comunicado. O prémio atribuído a Sylviye Lei incluiu também, além do prémio pecuniário, a realização de uma residência artística em Portugal, com a duração de um mês. PUB
14 CHINA
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COMÉRCIO ELECTRÓNICO CRESCE DESMEDIDAMENTE
A ascensão do mercado virtual
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CHINESA Yao Yao há muito que deixou de fazer a lista de compras, carregar sacos do supermercado ou ter dinheiro na carteira, beneficiando da difusão ímpar do comércio electrónico e carteiras digitais na China. “Quando saio de casa, nem levo carteira. Basta-me o telemóvel”, conta a chinesa natural de Pequim, que diz fazer “entre 70 a 80%” das suas compras na rede. Não é um caso único: cada vez mais chineses recorrem unicamente às ferramentas digitais para chamar um táxi, pagar a conta no restaurante ou até as despesas na farmácia. No ano passado, o comércio ‘online’ na China cresceu 26,2%, em termos homólogos, para 752 mil milhões de dólares - um valor equivalente a quase quatro vezes o Produto Interno Bruto (PIB) português. O país asiático é responsável por cerca de metade do conjunto mundial de vendas pela Internet. Nas ruas de Pequim ou Xangai, o frenesim das motorizadas que fazem entregas rápidas ao domicílio é constante e, ao longo do dia, as encomendas amontoam-se à entrada dos bairros. O fenómeno alastrou-se já às aldeias do país, onde vivem quase metade dos 1.375 milhões de chineses, através de
estações abertas pelo grupo Alibaba, que controla 90% do comércio electrónico na China.
RETALHO A VÊ-LOS PASSAR
Wang Huan’e dirige uma estação aberta pela plataforma Taobao na aldeia de Huangwan, a cerca de três horas de carro de Pequim, onde recebe as encomendas feitas pelos locais e ajuda os mais idosos a fazerem compras ‘online’. “Antes desta estação abrir, os habitantes da aldeia tinham de se deslocar à cidade mais próxima para fazer compras”, recorda à Lusa. “Agora não, basta pegarem
SÃO TOMÉ /CHINA ACORDO NA ÁREA DAS PESCAS
Um acordo na área das pescas foi assinado, em São Tomé e Príncipe, entre o país e a China. É o primeiro acordo na área das pescas entre São Tomé e Príncipe e a China Popular. Foram signatários do acordo: Lian Ching, responsável da província de Fujian, e João Pessoa, director das pescas. Para João Pessoa é o início de uma vasta cooperação que vai reactivar a pesca industrial em São Tomé e Príncipe. Liang Ching, de Fujian, considera que existem enormes potencialidades e oportunidades com São Tomé e Príncipe na área das pescas. O acordo comporta ainda a investigação e a formação. No passado mês de Abril, o primeiro-ministro são-tomense, Patrice Trovoada, efectuou uma visita de trabalho à República Popular da China. Durante a sua visita, tinha assinado vários acordos - um acordo de cooperação geral com a China, e acordos particulares para projectos específicos em sectores específicos.
no telemóvel e podem comprar o que quiserem, seja de manhã, ao acordarem, ou de noite, antes de irem dormir”. A proliferação do comércio electrónico beneficia também os empresários, que conseguem colocar os seus produtos em qualquer ponto da China, sem depender de retalhistas. “É um espaço e mercado totalmente livre”, explica à agência Lusa Li Guocun, cofundador de uma fábrica de produtos para crianças, cujas vendas são feitas exclusivamente através do Taobao. A firma emprega vinte operários numa aldeia da província de Hebei e seis
funcionários num escritório no norte de Pequim, onde é feita a gestão da loja ‘online’ e o apoio ao cliente. Li trata do design dos produtos e das fotos para o catálogo. A extensa rede logística da China encarrega-se do resto.
CONSUMIDOR PERFILADO
Para o empresário, a outra vantagem do comércio ‘online’ reside no ‘Big Data’, a análise dos dados dos consumidores, que permite moldar o produto à procura do mercado. Através dos dados coletados pelo Taobao, “conseguimos ver o perfil do consumidor, a que segmento ele pertence, os seus gostos, hábitos de consumo ou área de residência”, afirma. “Temos uma visão transparente do mercado”. Numa altura em que Pequim anuncia a extinção de quase dois milhões de posto de trabalho na indústria secundária, visando combater o excesso de capacidade de produção, o negócio da Internet pode gerar novas oportunidades. “Toda a gente pode ter uma loja ‘online’, basta ter acesso à rede”, defende Li. “O investimento necessário é baixo, só é preciso ter vontade”. Portugal está atento ao fenómeno.
PORTUGAL NA REDE CHINESA
Procurando pelo termo ‘Putaoya’ (Portugal, em chinês) no Taobao.com, os resultados mostram utensílios de cozinha, mobília, produtos de cortiça, vinho ou azeite português. No mês passado, o secretário de Estado da Internacionalização, Jorge Costa Oliveira, anunciou um acordo para a abertura de uma loja ‘online’ só para produtos portugueses. “Há cinco ou dez anos era impensável para uma pequena ou média empresa de Portugal tentar abrir uma loja ou uma rede de lojas [na China], porque os custos fixos eram enormes e era uma aposta de enormíssimo risco”, afirmou. Hoje, “com a possibilidade de utilizar as plataformas online, a existência de centros de distribuição e logística físicos em partes da China é, obviamente, um complemento extraordinariamente importante”, disse. João Pimenta Agência Lusa
HONG KONG XI JINPING PRESENTE 20 ANOS DEPOIS
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Presidente chinês, Xi Jinping, acompanhado pela sua esposa Peng Liyan, inicia na quinta-feira uma visita de três dias a Hong Kong para participar nas cerimónias do 20.º aniversário da transição para a China, informou a agência de notícias Xinhua. Num breve comunicado, a agência de notícias chinesa refere que Xi vai estar em Hong Kong para “inspeccionar” a Região Administrativa Especial chinesa, sem avançar detalhes. O secretário para a Segurança de Hong Kong, Lai Tung-kwok, apelou à compreensão da população para as necessárias medidas de segurança durante a visita do Presidente chinês à cidade, escreve a Rádio e Televisão Pública de Hong Kong (RTHK). Alguns grupos já anunciaram que organizarão protestos durante a visita de Xi, que será marcada por importantes medidas de segurança. A segurança foi reforçada, comparando com a visita há dez anos do então Presidente Hu Jintao, e a imprensa enfrenta maiores restrições. Os jornalistas têm agora de submeter os seus números de cartão de identificação à polícia antecipadamente para a visita de Xi Jinping, algo que não foi exigido há dez anos, quando do décimo aniversário da transição da antiga colónia britânica para a soberania chinesa, refere a RTHK.
Lai disse que o reforço das medidas de segurança era necessário para que as autoridades possam tratar os pedidos de cobertura de forma suave e eficiente. Questionado sobre se as pessoas teriam de passar por postos de controlo de identificação caso estejam perto das áreas visitadas por Xi Jinping, Lai disse que estas questões eram “muito detalhadas” e que não dispunha de detalhes operacionais sobre a actuação da polícia. Xi Jinping, também secretário-geral do Comité Central do Partido Comunista da China e presidente da Comissão Militar Central, vai igualmente marcar presença na tomada de posse do quinto governo daquela Região Administrativa Especial chinesa, liderado por Carrie Lam. Primeira mulher a desempenhar o cargo, Carrie Lam foi eleita, a 26 de Março, por um comité formado por apenas 1.200 membros de diversos sectores da sociedade. No início de Maio, o jornal South China Morning Post noticiou que dez mil agentes policiais iriam ser mobilizados em Hong Kong para as cerimónias do 20.º aniversário da transferência de soberania do Reino Unido para a China. Mais de um terço de toda a força policial da RAEHK vai garantir a segurança dos líderes, incluindo o Presidente da China, que vão assistir às cerimónias, acrescentou o diário.
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CHINA
ALIBABA E TENCENT LIDERARAM INVESTIMENTO NA CHINA UNICOM
Ressuscitar o gigante
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S gigantes da tecnologia chineses Alibaba e Tencent Holdings estarão entre os novos investidores que vão colocar um total de cerca de 10 mil milhões de dólares na operadora de telefones móveis China Unicom, como parte dos esforços de Pequim para rejuvenescer as gigantes estatais com dinheiro privado. Quatro fontes a par do assunto disseram à Reuters que a Alibaba e a Tencent investirão na unidade listada na bolsa de Xangai do grupo de telecomunicações, a China United Network, como parte do esforço para levantar capital. Uma das fontes disse que Alibaba e Tencent vão liderar o grupo de investidores, enquanto o Baidu, o terceiro da constelação chinesa de gigantes tecnológicos, desistiu. A fonte não comentou o motivo dessa decisão. A China Unicom, formalmente conhecida como China United Network Communications, quer realizar cerca de 70 milhões de yuans através da unidade de Xangai, disseram as fontes. Tal marcaria a maior captação de capital na Ásia desde a oferta inicial de acções da seguradora AIA Group em 2010, de acordo com dados da Thomson Reuters.
Cerca de 50 mil milhões de yuans seriam realizados com a venda de novas acções, enquanto a segunda maior operadora de telecomunicações da China também venderia uma participação na unidade listada em Xangai, disseram duas das fontes, que não podem ser identificadas porque as negociações não são públicas. Outros investidores potenciais abordados pela China
Unicom incluem outras principais empresas de internet do país e algumas instituições com apoio do governo, como a China Life Investment, disse uma das fontes. AAlibaba, a Tencent e outros investidores potenciais ainda não conseguiram concluir os termos de uma compra, disseram as fontes, embora o negócio seja provavelmente fechado ainda no terceiro trimestre.
A China Unicom é uma das três principais estatais de telecomunicações da China, juntamente com a China Mobile e a China Telecom, mas a empresa é amplamente vista como tendo excesso de pessoal e ser ineficiente e lenta a desenvolver tecnologias-chave - levando Pequim a adicioná-la no ano passado ao primeiro lote de empresas públicas que passariam a ter capital misto.
Autoridades apertam vídeos online Bolsas reagem mal, com perdas de 1,3 mil milhões de dólares
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EQUIM fechou os serviços de vídeo de três portais populares da internet chinesa numa acção rápida que levou a uma reacção no mercado bolsista e alertou a indústria de vídeo online do país. As acções de empresas de internet da China caíram depois de notícias sobre o bloqueio, com a Weibo Corp a recuar 6,1 por cento, enquanto a Sina Corp, que tem participação na Weibo, caiu 4,8 por cento. Isto equivale a uma perda de valor de mercado conjunto das duas empresas de 1,3 mil milhões de dólares. O serviço Sina Weibo, similar ao Twitter, o popular site de vídeo online ACFUN e o portal de notícias iFeng. com terão que parar os serviços de transmissão de vídeo que violam os regulamentos do
país, afirmou na quinta-feira o agente regulador de TV e filmes.”Tal proporcionará um espaço de internet limpo e claro para um grande número de utentes online”, afirmou a Administração Estatal de Imprensa, Publicação, Rádio, Cinema e Televisão numa breve declaração no seu portal. Embora o movimento possa assustar a crescente indústria de entretenimento da China, analistas esperam que os provedores de media social do país possam adaptar-se a um ambiente regulador mais rigoroso, mesmo com ofertas de conteúdo mais limitadas. Pequim controla firmemente a internet e proíbe conteúdo que considera ameaçador ou prejudicial para a identidade nacional da China.
DOIS PANDAS CHEGAM A BERLIM
O voo Lufthansa 8415 que aterrou neste sábado em Berlim procedente de Chengdu levava a bordo passageiros muito especiais: dois pandas que terão uma vida de estrelas, mas também de “embaixadores” da China na Alemanha. A fémea Meng Meng, ou “Pequeno Sonho”, e o macho Jiao Qing, “Pequeno Tesouro”, chegaram a Berlim após mais de 12 horas de voo. Os dois pandas gigantes, que completarão quatro e sete anos, foram recebidos com grande pompa: no aeroporto esperavam o prefeito de Berlim, o embaixador da China e um grupo de jornalistas. A primeira saída pública dos dois novos moradores do zoológico de Berlim está prevista para somente daqui a 10 dias, na presença da chanceler Angela Merkel e do presidente chinês, Xi Jinping, antes da abertura da cimeira do G20 em Hamburgo. O zoo de Berlim, que vai pagar cada ano um milhão de dólares pelo aluguer dos pandas por 15 anos, preparou detalhadamente a longa viagem dos mamíferos. Os animais “sentem a pressurização”, explica Andreas Ochs, veterinário-chefe do zoológico, que realizou a viagem. Por isso, pediram aos pilotos para descolarem e aterrarem de forma mais suave do que o costume. No zoo de Berlim, os dois animais terão a sua disposição um “túnel do amor”, distante dos olhares e dos smartphones, para ficarem em paz. Mas terão que se apressar: a fémea panda só é receptiva ao macho de 24 a 48 horas por ano.
GEELY COMPRA LOTUS E PROTON
O proprietário chinês dos automóveis suecos Volvo anunciou ter assinado o contrato final para comprar uma participação no construtor automóvel malaio Proton, obtendo uma plataforma de expansão no Sudeste Asiático. No anúncio, o grupo Geely Holding não acrescentou pormenores financeiros. Em Maio, a companhia tinha chegado a acordo para comprar 49,9% da Proton e 51% da marca britânica de carros desportivos Lotus, propriedade do construtor malaio. A Proton foi fundada em 1983 pelo governo da Malásia para criar uma marca doméstica de veículos e tem uma rede de distribuição em todo o Sudeste Asiático.As vendas diminuíram devido à concorrência crescente e modelos considerados de baixa qualidade.
GEELY COMPRA LOTUS E PROTON
O órgão regulador não refere quanto tempo durará a proibição, mas analistas dizem que é mais do que provável que os serviços sejam reabertos com supervisão reforçada. O fechamento dos serviços de vídeo online acontece depois do polémico encerramento das actividades de 60 contas nas redes sociais de celebridades, pelas autoridades chinesas, que
alegaram que os portais eram de mau gosto e não “propagavam activamente os principais valores socialistas”. Vários portais de vídeo online, incluindo o iFeng, foram repreendidos publicamente nos últimos seis meses pela realização de entrevistas em tempo real e outras actividades de recolha de notícias sem autorização do Estado.
As importações de petróleo da China cresceram ao segundo maior nível já registado em Maio. O esforço de Pequim para aumentar a sua reserva estratégica também contribuiu, segundo analistas. Em Maio, a China importou 37,2 milhões de toneladas de petróleo, um aumento de 15,4% perante igual período do ano passado, segundo dados oficiais desta sexta-feira. A crescente procura da China por petróleo ocorre em num momento de perda de fôlego na produção interna, já que as companhias locais mostram mais ímpeto para comprar no exterior. Em Maio, a produção de petróleo da China recuou 3,7% na comparação anual, para 16,26 milhões de toneladas ao dia, no patamar mais baixo desde que o país começou a publicar o dado, em 2011.
h ARTES, LETRAS E IDEIAS
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Amélia Vieira
O
nosso quotidiano não disfarça ainda a nossa perplexidade perante o efeito do desastre e suas leis que devem ser muito precisas e por isso de infalibilidade revestidas: comovem-nos sempre como se não pertencessem por inerência a todo este propósito. O impacto dele nos é dado nos dias que vivemos e nem por isso nos insensibiliza cada vez que um acontece, como se estivéssemos em pleno cenário de guerra com lesões do funcionamento neuronal. Há gente que cai aleatoriamente enquanto passa por locais onde todos acabámos de passar, mares de azul lindíssimo feitos mortalhas, edifícios em chamas trespassados por máquinas voadoras, sangue em todas as arenas. Noite após dia, dia após noite, olhamos incrédulos, sempre, para o último amontoado de escombros como se um frémito violento nos levantasse das nossas calmas funções. O longo caminho da História deu-nos terreiros e hortos para a compenetração formal da morte que vinha como inimiga a combater: tinha trombetas, frases mágicas, líderes que a encabeçavam, como se de um compromisso se tratasse. Isto embora saibamos que, por onde passassem estes guerreiros, as populações nem sempre estavam a salvo: a guerra obedecia a um plano, havendo mesmo datas combinadas com o inimigo para exercitá-la, mas a nossa realidade, de contingências feitas, não nos dá segurança nenhuma nestas coisas e tudo o que existe à vista é uma guerra contínua e disparatada, feita de picaretas e outros utensílios que nos rebentam nas mãos. Com choques, afrontas, colapsos, amálgamas de cimento e sangue, de luz e treva, que é de arrepiar as nossas reservas de coragem. Nós, cuja liberdade nos fora consagrada como um registo pessoal, temos por isso toda a legitimidade de nos alhearmos e vivermos os dias à nossa maneira, transcritos à nossa realidade. Cada ser pode firmar para si um isolamento saudável como partícula de sobrevivência e, até chegar a esse globalizante desastre, nada entretanto aconteceu. Mas isto, que parece a melhor das aptidões do instante, tira-nos a perspectiva da ocasião e do momento histórico que nos foi dado viver - para viver - por vezes há que desviver devagarinho...
A realidade, essa, será sempre esse ponto de partida por onde nos é dado então regular o que queremos esteja inscrito nos acontecimentos não permitindo o acto invasivo do mundo se aproximar de nós. Ao iniciarmos os dias, não devemos começá-los por notícias e visões esmagadoras: a nossa força vacila e a nossa coragem esmorece, a esperança ofusca-se, o diálogo embarga-se, os olhos ficam grandes de espanto perante imagens tão sobrenaturais... existe um imediato reflexo de insustentável pavor e, até nos colocarmos na marcha da lucidez necessária, temos de ir deixando passar as horas. Nós sofremos quando vimos os outros em dor. Nada daquilo é gratuito e apenas informativo, existirá sempre um fio condutor que nos liga aos outros no instante em que padecem, e tantos, e tão continuamente, gera a mais preocupante prostração. O facto de irmos antecipando a nossa defesa nestas coisas, promove uma vantagem contra o meio ambiente, que é o de haver pessoas saudáveis quando for preciso a sua imediata intervenção. Nota-se muito a desarticulação das fontes de salvamento, o titubear dos que podem e não sabem... da avalanche quase demencial deste cenário. O medo aproxima-se de nós também como um amigo, pois que nos insufla de consciência, mas andar aterrorizado sem saber atrai o caos e a vida começa a ser um jogo diário onde não vemos o propósito maior que é o estar vivo para além dos nossos medos. Claro, esquecemos, temos de ir, de fazer, de continuar dentro de nós; no entanto, não sabemos bem como avançar de forma precisa, a nossa mente está em alerta, o nosso cérebro tem hoje, talvez, possíveis ligamentos em áreas que lhes estavam reservadas para funções que não se parecem com estas. Toda a nossa antecipação na arbitrariedade da vida nos deixa inquietos na busca de a vivermos sem que saibamos dirigir o desígnio do viver. As coisas vão baixando como as pragas e se a economia nos secou a visão onírica, hoje estamos “salpicados” de sangue que nos dias corre no seio da União. Desconfiamos de todos, claro está, quem são os que nos matam? Serão quem se diz? Ou somos já nós a fazer esse projecto para adicionar interes-
LUCIAN FREUD, AUTO-RETRATO
Todos os dias o medo
Nós sofremos quando vimos os outros em dor. Nada daquilo é gratuito e apenas informativo, existirá sempre um fio condutor que nos liga aos outros que no instante padecem ses que fingem ser incólumes? Vamos vendo à medida que os sinais se propagam... vendo coisas novas que não estavam lá, e sabemos do medo imenso que é o da loucura mais grosseira nos ter possuído. De quem, afinal, não devemos ter medo, quando nos dizem para não ter? Que calma querem que tenhamos no meio de tais acontecimentos e quem nos educa para a abulia total de sermos os espectadores de coisas tais? Que confiança, em que liberdade, em que maravilhoso sistema desejam que acreditemos? Desculpar-me-ão mas eu não acredito nele. Pois que tenho medo e sei o que significa chegar aqui de olhos abertos a ver todas estas impensáveis realidades que nem dela fugindo estamos a salvo. Construímos por ócio to-
dos os fantasmas e tecemos a malvadez como um plano bastante inclinado mas deveras excitante, e, enquanto ele vogava na sétima arte, e na ficção, eram nossas todas as perversões da alma, já danada, de tanta felicidade, agora, eles mesmos, os espectros se tornaram tão autónomos como nós, e agora, somos nós e eles, de corpo presente a constatar a nossa mais medonha obra. Concomitante a toda a nossa realidade, seja ela resguardada, ou mantida em dose máxima de informação, há outras realidades que se passeiam, tão reais quanto estas. E dessas não temos memória, e estamos a construir espaço para a podermos abarcar, pois que nem em sonhos e visionarismos se teria previsto tanto! Como não ser a realidade uma esfera à parte, até da nossa capacidade de mediúnicos informadores?! Nestes quotidianos, assim vamos vivendo como se de um cadáver nos estivéssemos alimentando, tornámo-nos necrófilos sociais, para não se desaparecer de vez e nos levarem as doces bactérias que restam à ameaçante guerra de neutrões que nos há-de suportar lavados de dissolventes naturais. E se as bombas não chegarem a Nova Iorque, vão chegar a outro local, que Nova Iorque é agora uma metáfora de Babel . E se os nossos filhos morrerem a percorrer o mundo, que tão generosamente lhes insuflámos na mente como lugar extraordinário, que mesmo assim não tenhamos medo das nossas lágrimas e saibamos com dignidade ir abrindo espaço à gravidade desta situação social. Vivemos ameaçados, com cortes, com despejos, com ofensas, com desconsiderações tais que dava para nos atordoarmos de espanto até ao fim dos nossos dias, e agora mais esta terrível realidade de grupo que queremos contornar com uma compostura mumificante e nos trespassa a noite como um raio impúdico e imprudente. Sair disto sem feridas é impossível, nós estamos mais ou menos já em chaga, mas, talvez ainda se consiga uma certa nobreza que fará sempre parte de uma saudosa Humanidade sonhada. Nós, que inventámos o sonho e fizemos da vida uma obra de Arte ( os que a fizeram), não devemos acabar assim. O mundo é o cenário de um grande dramaturgo poético, um mundo em que o criador está presente em toda a parte, e em toda a parte oculto.
17 hoje macau segunda-feira 26.6.2017
Paulo Maia e Carmo tradução e ilustração
ZHANG GENG 1
«Pushan Lunhua2»
Tratado de Pintura do Junco das Montanhas Introdução. A divisão da pintura numa Escola do Sul e uma Escola do Norte começou na dinastia Tang (618906) mas essa divisão em escolas não corresponde a localizações geográficas. No fim da dinastia Ming (1368-1644) foi introduzido o nome da Escola Zhe. Esta escola começou com Dai Jin e terminou com Lan Ying. Tinha quatro defeitos; era rígida, formal, esquemática e grosseira. A escola de Songjiang começou na presente dinastia; ela segue Dong Qichang e Zhao Zuo3 (Wendu); as pinturas eram feitas de modo difuso e vaporoso e gradualmente foram-se tornando delicadas, macias, doces e fracas. 1 - Na grafia Wade-Giles «Chang Keng», que se chamaria originalmente Zhang Tao, nasceu em Xiushui, Zhejiang e viveu entre 1685 e 1760, durante a última dinastia (Qing, 16441911), a sua biografia foi recolhida na compilação Hualun Congkan (Pequim, 1937) da autoria de Yu Anlan. Erudito literato também foi calígrafo e pintor, tendo, como outros intelectuais da História chinesa, desdenhado as funções oficiais para se dedicar à literatura e às artes. Foi contemporâneo de outros grandes pintores como Shitao (1642-1707) ou Wang Yuanqi (16421715), pintor que exerceu considerável influência sobre todos os pintores do seu tempo e posteriores. Zhang Geng que o considerava seu mestre, afastase dele ao reiterar a importância da criatividade pessoal e do contacto com a natureza. 2 - A obra mais importante de Zhang Geng, recolhida em Hualun Congkan (pp. 269-273) está dividida em nove pequenos capítulos, considerada o
mais completo sumário dos princípios estéticos prevalecentes durante a dinastia Qing. (Ver, Osvald Sirén pp.211-218, em The chinese on the art of painting, Dover Publications, New York, 2005, originalmente Pequim, 1936) Lendo os quatro caracteres do título: Pu – indica uma espécie de caniço ou junco, typha, que se encontra em várias regiões da China, e é usado por exemplo para fazer esteiras, a sua subespécie davidiana cresce em Zhejiang de onde é originário Zhang Geng; shan – montanha; lun – tratado; hua – pintura. 3 - Dong Qichang (1555-1636), alto funcionário, erudito calígrafo elegante e pintor autor de uma ortodoxia que perduraria quanto à pintura dos homens de cultura e a quem são atribuídas três obras influentes e é na verdade o autor da categoria crítica das Escolas do Sul e do Norte; o seu contemporâneo e amigo Zhao Zuo, activo entre 1603-1629, é autor de uma definição de shi, as linhas de força da pintura, coligida na antologia «Huaxue Xinyin».
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hoje macau segunda-feira 26.6.2017
em modo de perguntar
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Paulo José Miranda
Karadeniz
“Saber matar bem tem sempre futuro” PJM: Lá está você a dizer mal do seu filho, Karadeniz! K: É verdade, tens razão!... PJM: O Karadeniz também frequentou a prostituição de elite, porque critica o seu filho? K: É muito diferente, Paulo! Muito diferente. Eu ia algumas vezes a Zurique, mas já foi depois de ter ficado sem a mãe dele, sem quaisquer possibilidades de nos encontrarmos. Quando se ama muito alguém que não se esquece, só se pode ir às putas. Mas para o meu filho, as putas vêm antes do amor. Antes e depois, que ele não conhece outro modo de se relacionar com uma mulher. PJM: Sente culpa em relação ao seu filho? K: Não, não sinto culpa. Tenho pena que nunca nos tenhamos chegado a encontrar, mas não sinto culpa. O amor que sentia pela mãe dele, esse amor sempre desencontrado, não me deixava ver mais nada. PJM: O Karadeniz gostava mais da sua mulher do que do seu filho, não gostava? K: É verdade, Paulo! Não podia fazer nada. PJM: Julga que o seu filho sabia disso, que ele sabe disso? K: Não sei. Eu não sei quase nada do meu filho. O meu verdadeiro filho é as coisas que tenho naquela casa perto de Eminonu. PJM: Não gostava de estar mais com o seu filho, nesta fase da sua vida? K: Antes de morrer, queres tu dizer! Não sei se gosto do meu filho, Paulo! Tenholhe amor, como pai, quero que tudo lhe corra como ele quiser que corra, mas julgo que não gosto da pessoa que ele é. Julgo que ele também não gosta da pessoa que eu sou. Vivi sem hipocrisias e não quero morrer próximo dela. É melhor assim como está, cada um para seu lado. Se pudesse, antes de morrer, gostava era de ver uma vez mais a minha mulher. Ver o amor pela última vez. Mas isso não é possível. PJM: A sua vida parece uma canção de amor e morte, Karadeniz!
K: Não, Paulo, a minha vida é, como já te tinha dito, uma história de amor. Mas não há histórias de amor sem mortes. Aliás, a morte só ganha sentido com o amor. Se não sentíssemos amor à vida, amor a alguém a morte não tinha poder nenhum; a morte não assustava ninguém. A morte é de quem a vê, de quem fica, de quem se sente afectado pelo que vê, afectado por quem acaba de perder. A morte só existe na vida. Não há morte depois da vida. Isto é uma coisa que se aprende na profissão que tive. Por isso é que a morte que fazia acontecer aos outros não era morte. Eu não a via acontecer, eu não perdia ninguém. Eu não era aquele que ficava, era aquele que continuava, que é muito diferente. Saberes da morte de um desconhecido não é saberes a morte, mas saberes da morte de alguém que amas é saber a morte.
PJM: Antes e depois de cada um dos seus trabalhos, costumava pensar acerca da morte ou, pelo contrário, concentrava-se apenas na técnica e na perícia necessária à execução? K: Precisamente, Paulo, antes e depois de fazer acontecer a morte a alguém, a morte é apenas algo a realizar e todos os pensamentos vão nessa direcção: identificação dos problemas possíveis à realização do trabalho e encontrar as soluções para os mesmos; após a realização, faz-se o balanço de tudo. A morte nesses momentos é apenas um objectivo a alcançar, como para o atleta cortar a meta. Só mais tarde, passados uns dias, já no conforto de casa é que a morte se tornava pensamento, uma coisa geral, uma coisa de todos. Quando se está em campo, presos na dualidade de se ser atingido ou preso, ou fazer a morte, a morte não aparece. Ela pode acontecer, mas não aparece. PJM: Julga que também é isso que acontece na guerra, em combate? K: Não, Paulo! Aí a morte dos outros à tua volta pode fazer com que a morte fique à tua frente de um modo que não te deixa ver mais nada. Nesses casos, a morte não te deixa fazer nada. Absolutamente nada. A presença da morte torna-se tão evidente que anula a acção e a vontade. É a cobardia extrema. PJM: Mas essa evidência também pode empurrar o homem para a frente, para
um acto absolutamente temerário, não pode? K: Sim, também pode! A evidência total da morte produz dois efeitos completamente contrários: a inacção e acção total. De qualquer modo, esta acção total é, acima de tudo, uma tentativa de fugir à morte. A morte é tão presente que o homem foge dela, indo na direcção daquele que pode fazer a sua morte acontecer. Repara que a expressão que se usa é a de “fuga para a frente”, de fuga para morte. Fugir da morte na direcção dela, de onde ela vem. No fundo, é um acto religioso, porque quem avança na direcção da morte, acredita que pode assustá-la ou fazê-la parar, só pelo facto de ir enfrentála completamente a descoberto. Acredita que vai ser recompensado. PJM: Mas pode acontecer, ou não? K: Pode! Como também pode acontecer pormos cinco balas no tambor de uma arma de seis tiros, rodá-lo, apontá-lo à cabeça, disparar e ser a vez da câmara vazia. Mas quem é que sensatamente faria essa aposta? PJM: Sim, só no desespero completo alguém faria uma coisa dessas!
K: Precisamente! O desespero completo é ter a morte como evidência total. PJM: Também pode acontecer na vida de cada um, sem ser em combate. K: Acontece sempre. A diferença é que em combate é tudo mais decisivo, é tudo mais apressado, e também tudo muito mais tangível. Em combate a morte sente-se fora de nós e à flor da pele. Se já tiveste a experiência de lutar na rua com desconhecidos, sabes que essa luta é muito mais do que uma luta a treinar. Podes sair magoado de ambas, mas na luta de rua, tudo à tua volta é sentido por ti como possibilidade de dor. Uma garrafa na mão do outro, já não é uma garrafa, é uma possibilidade que pode acabar contigo naquele momento. A grande diferença é que em combate a morte não é pensada, é sentida, na vida a morte é fundamentalmente pensada. Em combate, as coisas estão contra nós, se não estiverem a nosso favor. Na vida, as coisas são as coisas, são neutras, não precisam de ser nem a favor, nem contra. É por isso que em combate a morte se sente mais. PJM: Presumo então que o Karadeniz também esteve em combate! K: Claro! Antes de ser assassino profissional, fui militar. E cheguei a estar em combate. PJM: Aonde é que combateu e quando? K: Fiz o serviço militar nas forças especiais, quando regressei dos EUA, depois do curso de engenharia, e cheguei a combater em operações secretas nas montanhas entre a Turquia, o Irão e o Iraque. PJM: Foi aí que adquiriu a perícia para a sua posterior profissão? K: Uma parte dela, sim. A Turquia tinha, e ainda deve ter, das melhores forças especiais do mundo. A Turquia sempre foi e tem de continuar a ser fortemente militarizada, por causa do lugar onde se encontra. Vivíamos, e ainda vivemos, rodeados de inimigos. PJM: Se, nos dias de hoje, estivesse a começar a sua vida, voltaria a ter a mesma profissão? K: Voltaria. Parece-me uma profissão de futuro. Saber matar bem tem sempre futuro.
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hoje macau segunda-feira 26.6.2017
Requerimento para a emissão do certificado de associação para efeitos das eleições para a Assembleia Legislativa – 2017 Relativamente às eleições para a Assembleia Legislativa – 2017, a Direcção dos Serviços de Identificação (DSI) vem pelo presente informar do seguinte: 1. As associações e as organizações devem requerer à DSI, quanto antes, o certificado comprovativo da lista nominativa dos titulares dos órgãos sociais a ser entregue nos SAFP para reconhecimento da relação dos votantes da pessoa colectiva. Aos requerimentos apresentados e devidamente instruídos no dia 24 de Julho de 2017 ou antes desta data, será garantida a emissão do respectivo certificado antes do dia 3 de Agosto de 2017, data em que termina o prazo de entrega do referido certificado ao SAFP para a incrição da relação dos votantes de pessoa colectiva. 2. Caso tenha sido apresentado, antes de 20 de Junho de 2017, o “Pedido de Reconhecimento de Constituição de Comissão de Candidatura”, já instruído com o certificado da lista nominativa dos titulares dos órgãos sociais, o respectivo certificado pode ser usado também para a instrução do pedido de reconhecimento da relação dos votantes da pessoa colectiva. 3. Para os requerimentos apresentados depois das datas acima indicadas ou com documentação incompleta, a DSI vai acompanhá-los com o maior esforço. 4. Do certificado a emitir constará somente a relação dos titulares dos órgãos sociais em efectividade de funções em 13 de Março de 2017. Caso a acta da reunião apresentada no requerimento do certificado demonstre que os actuais titulares dos órgãos sociais da associação ou organização iniciaram as suas funções depois de 13 de Março de 2017, a respectiva acta será considerada inaplicável. 5. O pedido para emissão do certificado sobredito faz-se mediante: O preenchimento do impresso próprio para “Pedido de Certificado de Associação” fornecido pela DSI (pode ser obtido através do website da DSI : http://www.dsi.gov.mo); O pedido é assinado pelo presidente da assembleia geral ou da direcção da associação requerente ou pelo seu procurador, e aposto o carimbo da associação; O pedido deve ser acompanhado dos seguintes documentos: - Acta da sessão da assembleia geral para eleições dos titulares dos órgãos sociais; - Fotocópias dos documentos de identificação dos titulares dos órgãos sociais; - Procuração, quando o pedido for assinado pelo representante designado pelo presidente da assembleia geral ou da direcção da associação requerente. Não é necessário entregar os documentos acima referidos se tenham efectuado a actualização do registo dos mesmos na DSI, entretanto podem as associações ou organizações requerentes juntá-los novamente ao requerimento para evitar morosidade, caso hajam erros nos documentos anteriormente apresentados. Para mais informações sobre o requerimento do certificado de associação destinado às eleições para a Assembleia Legislativa, podem ligar para o número 8394-0581. Direcção dos Serviços de Identificação, a 16 de Junho de 2017. A Directora, Ao Ieong U
21 hoje macau segunda-feira 26.6.2017
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AGUACEIROS
O QUE FAZER ESTA SEMANA Diariamente
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EXPOSIÇÃO “NOCTURNO” DE FILIPE DORES Albergue SCM | Até 09/07 EXPOSIÇÃO “CONTELLATION” DE NICOLAS DELAROCHE Galeria do Tap Seac | Até 08/10 EXPOSIÇÃO “O MAR” DE ANA MARIA PESSANHA Casa Garden | Até 31/08
O CARTOON STEPH DE
EXPOSIÇÃO “DESTROÇOS” DE VHILS Oficinas Navais, nº. 1 | Até 31/11 EXPOSIÇÃO “AS MUDANÇAS DE HENGQIN” Armazém do Boi | Até 16/07
SOLUÇÃO DO PROBLEMA 64
PROBLEMA 65
UM LIVRO HOJE Cineteatro
C I N E M A
TRANSFORMERS: THE LAST NIGHT SALA 1
Fime de: Pierre Coffin, Kyle Balda, Eric Guillon 16.30
Fime de: Michael Bay Com: Mark Wahlberg, Laura Haddock Anhtony Hopkings 14.00, 16.45, 21.30
TRANSFORMERS: THE LAST NIGHT [3D][B]
TRANSFORMERS: THE LAST NIGHT [2D][B]
THE MUMMY [2D][C] Fime de: Alex Kurtzman Com: Tome Cruise, Sofia Boutella, Annabelle Wallis, Jake Johnson 19.30 SALA 2
RESIDENT EVIL: VENDETTA [C] Falado em inglês legendado em chinês Fime de: Takanori Tsujimoto 14.30, 21.45
DISPICABLE ME 3 [2D][A] Falado em cantonês
Fime de: Michael Bay Com: Mark Wahlberg, Laura Haddock Anhtony Hopkings 19.00
SUDOKU
EXPOSIÇÃO “AMOR POR MACAU” DE LEE KUNG KIM Museu de Arte de Macau | Até 9/7
YUAN
1.14
BRILHAR PARA TODOS
EXPOSIÇÃO “COLOUR/SHAPE/LOVE” DE JOAQUIM FRANCO Macau Art Garden | Até 16/07
EXPOSIÇÃO “A ARTE DE ZHANG DAQIAN” Museu de Arte de Macau | Até 5/8
0.23 AQUI HÁ GATO
CICLO DE CINEMA SOBRE REALIZAÇÃO NO FEMININO Cinemateca Paixão | Até 9/07 EXPOSIÇÃO “25+10” DE RODRIGO DE MATOS Consulado de Portugal | Até 30/06
(F)UTILIDADES
Os conceitos abstractos rebentam com os evoluídos cérebros humanos, são combustível para eternas fogueiras de discórdia e noites em claro a tentar trazer para a lucidez algo que foge. Significados perdem-se, trocam-se, adoptam-se para logo se esgotarem, como fogueira moribunda em terra húmida. A “Justiça” é daqueles conceitos que engrandece os que a procuram e diminui aqueles que lhe fogem. Escapando aos intricados labirintos de lógica, a prática da justiça é o seu aspecto mais visível na vida das pessoas. Cega, com uma espada numa mão e uma balança na outra, a representação da justiça pretende retratar uma das funções principais do Estado que não distingue entre o poderoso e o andrajoso. Sabedoria isenta que nasce da cegueira, armada de poderoso gume. Ora, a falta de visão quando se tem uma espada na mão pode ser meio caminho andado para apresentar entranhas ao mundo, ventres abertos. Por mais democrático e avançado que seja o sistema social, a Justiça tem sempre problemas de miopia selectiva. Alguns pagam muito caro por actos que para outros representam apenas uma leve reprimenda, um afago moral que vem de cima. O acesso a boas desculpas jurídicas paga-se bem, caros álibis de rendilhadas isenções comprados a facilitadores vestidos de Armani, com ligações privilegiadas a quem de direito. Por falar em justiça, não me esqueço de quem me mandou castrar. Não serei cego na retribuição. Pu Yi
TANGÊNCIAS | MIGUELANXO PRADO
“Tangências” não é mais um livro que satiriza a realidade como nos acostumou muita da obra de Miguelanxo Prado. Aqui, o criador galego trata pequenas histórias que, em comum, têm a efemeridade das relações. São situações comuns que destroem aquilo que um dia para muitos, foi julgado como eterno. “Tangências” é um livro que, além das palavras, tem o que melhor o autor sabe fazer: desenhos. São pranchas cuidadas que acompanham as histórias e, por vezes, contam outras. Sofia Margarida Mota
SALA 3
A FAMILY MAN [2D][B] Fime de: Mark Williams Com: Gerard Butler, Gretchen Mol, Williem Dafoe, Allison Brie 14.30, 16.30, 21.30
OUR SEVENTEEN [2D][B] Falado em cantonês legendado em chinês e inglês Fime de: Emily Chan Nga Lei Com: Sean Pang, Angela Yuen, King Wu Kyle Li, Mary MA 19.30
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22 OPINIÃO
hoje macau segunda-feira 26.6.2017
dissonâncias
Da dessacralização do poder
U
M grupo de alunos da Universidade de Macau foi recentemente recebido pelo Presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, no âmbito de uma visita de estudo à Europa, organizada pelo European Union Academic Programme in Macao. O facto de um grupo de alunos de Macau, na sua grande maioria da China continental (integravam também a delegação uma aluna “local”, uma italiana e um butanês), ter sido recebido por um chefe de Estado é, naturalmente, notícia, e diz bem da importância estratégica que Portugal dá à China, particularmente à Região Administrativa Especial. Mas mais do que a mera
nota da visita, o contexto do encontro e a forma como Marcelo recebeu os alunos (sobretudo mulheres, num claro sinal de que o género feminino domina a academia – e isso não acontece apenas na Europa) merecem reflexão. Marcelo é desarmante. Põe todos à vontade. A visita à Europa dos alunos da Universidade de Macau incluiu, entre outras, reuniões na Comissão Europeia e no Serviço de Acção Externa da União Europeia, em Bruxelas, ou encontros na Assembleia da República, com deputados da comissão parlamentar de amizade Portugal-China, e no Ministério dos Negócios Estrangeiros, com a secretária de Estado dos Assuntos Europeus, em Lisboa, ou o presidente da Câmara Municipal do Porto. O encontro menos formal terá sido aquele que decorreu em Belém. Marcelo está na moda. E ele sabe-o bem. Primeiro, arruma com qualquer formalismo (ou esvazia qualquer nervosismo que pudesse afectar a delegação) logo no início do encontro. Cumprimenta todas as mulheres da delegação, e são 13, com um
Marcelo é um homem numa missão. A de por palavras simples, com uma capacidade ímpar de ouvir, mostrar que os assuntos de Estado podem ser conduzidos de uma forma mais aberta, menos dramática, com resultados, porventura, mais eficazes beijo. Na cultura chinesa, o beijo é um contacto físico muito íntimo e por isso apenas reservado aos mais próximos. Não era algo com o qual as alunas estivessem à espera. Sobretudo vindo de um Chefe de Estado. É evidente que após as três ou quatro primeiras alunas terem sido “corridas” com
RUI FLORES
ruiflores.hojemacau@gmail.com
um ósculo presidencial, as seguintes já se preparam para ele de um modo mais natural. (No final, para as selfies da praxe, são elas que vão a correr para ele, de beijo e abraço prontos, para se despedirem, como se tivessem acabado de visitar o avô.) Depois, o discurso. Numa altura em que as universidades chinesas se fecham sobre si próprias – com declarações públicas de altos quadros chineses, inclusive do ministro da Educação, contra os valores ocidentais nas universidades chinesas –, Marcelo fala da importância dos estudos europeus, das instituições europeias, da solidariedade europeia e dos valores europeus no actual contexto internacional de interdependência e globalização. A forma como o faz não poderia ser mais directa, simples. Para que todos o compreendam. Depois de perguntar aos alunos se lhe querem colocar questões, salienta que esteve na região a dar aulas, na mesma Universidade de Macau, no final da década de 1980, e que se recorda bem da qualidade dos alunos. Tudo de um modo informal, sorridente, cheio de apartes. Marcelo é um exímio comunicador. É com essa mesma simplicidade, por exemplo, que pega no telefone, dois dias depois da reunião com os alunos de Macau, em pleno centro de operações da proteçcão civil, para convencer uma velhota de uma aldeia ameaçada por um dos incêndios florestais, que então lavravam na região centro, a abandonar a sua casa. Com a sua presidência dos afectos, Marcelo Rebelo de Sousa tem feito mais pela aproximação dos portugueses das instituições do que qualquer política de inserção social. Marcelo não é apenas um professor culto e experiente, que consegue traduzir conceitos complexos por palavras simples, apreensíveis por quase todos. Ele é também o comentador político, que durante anos partilhou o serão de domingo com as famílias portuguesas, comentando a actualidade, sugerindo caminhos, identificando os bons e os maus, dando notas aos políticos (como se ele próprio estivesse acima disso), e foi aperfeiçoando a sua forma de comunicar aos tempos contemporâneos. Outros políticos, noutros países, tentam transformar a política numa coisa natural; dessacralizá-la. Não é fácil. Muitos acabam por cair na esparrela da contradição ou são vítimas de um mau desempenho de actor medíocre. Marcelo é um homem numa missão. Os alunos de Macau assistiram na primeira fila a essa missão. A de por palavras simples, com uma capacidade ímpar de ouvir, mostrar que os assuntos de Estado podem ser conduzidos de uma forma mais aberta, menos dramática, com resultados, porventura, mais eficazes. Uma espécie de alternativa a que não estamos muito habituados. Algo que os alunos não irão seguramente esquecer.
23 hoje macau segunda-feira 26.6.2017
OPINIÃO
a outra face
A
MIÚDE o exilado se debate com as questões do abandono e da ausência. Situado na posição ambivalente de quem abandonou e se sentiu abandonado, é na experiência da ausência que, finalmente, a sua desterritorialização se constrói e edifica. É à volta desse vazio, tomado quantas vezes por absoluto, que o exilado alicerça novas identidades e se redescobre, enquanto humano e errante. Não se tratará de uma ausência particular mas de um conjunto intrincado, parte inconsciente ou com dificuldade denotado, que constitui uma espécie de vórtice — Maelstrom — em cada singularidade, impregnando-a de um movimento centrípeto, alucinado, mas cujo centro se afasta, ao invés de se aproximar. É por isso que encaramos essa ausência com uma estranha tranquilidade, como se estivéssemos a assistir à nossa morte, no momento em que ela consiste claramente numa metamorfose. Concretamente, não conseguimos deixar de girar em torno dessa ausência, mas ela não exerce uma atracção fatal: pelo contrário, erige-se como um horizonte que contemplamos com uma doçura cada vez mais açucarada, à medida que paulatinamente nos afastamos. Contudo, bem o sabemos, nenhuma distância realmente apagará esse sentimento de ausência que nos assombra. Seja ele fantasmático ou não, faça ele parte de uma qualquer realidade ou meramente se ancore numa imaginação perturbada, a verdade é que esse sentimento resiste ao tempo como se de um mal genético se tratasse. Nunca definitivamente se esvai, nunca de todo se apagará. É mal incurável e bem supremo que singularmente nos distingue. Espécie de maldição irrevogável e bendita, caminho sem retorno para o celeste inferno de uma percepção distanciada do mundo. Procurei sempre esse olhar. Encontrei-o num título de Claude Lévi-
A ausência como centro PABLO PICASSO, AUTO-RETRATO, 1901
CARLOS MORAIS JOSÉ
O exílio é um estranho banho de realidade, na qual todos os dias mergulhamos sem a reconhecermos e dotados de míseras pistas de leitura. É então que se abre o universo e fazem sentido as facetas múltiplas que o compõem. É então que advém um amaciado entendimento, não discursivo, das coisas
-Strauss e nas tropelias poéticas de Rimbaud. Fiz um curso para o compreender. Mas nunca, de facto, em mim o experimentara até me deslocar aos confins da minha civilização e nas suas margens ele em mim se entranhar. Percebi que esse olhar distanciado não se aprende de outra maneira que não seja pelo exercício da ausência, pela intimidade solitária do pensamento, nas volutas espantadas de raciocínios bárbaros, nas delícias de concretos paradoxos, excrescências de logos, numa palavra, no exercício diário do exilado. Porque nunca algo se torna tão presente, tão importante, como quando é marcado pela ausência. Como se esta admitisse a presentificação de forma suave, quase ternurenta, do que mantemos encerrado nas caves desse seu castelo, cedendo-lhe espaço para contemplar, analisar, criticar, julgar; finalmente, capazes de entender e amar. Ele há exilados na distância, na geografia, mas também os há que nunca saíram do mesmo lugar. Eles sabem do que estou a falar. De uma saudade de infinitamente abraçar, de amorosamente compreender. Dessa percepção distanciada do mundo, da certeza de não lhe pertencermos por há muito o termos abandonado. Primeiro, a medo... depois, por força das circunstâncias... doutras vezes, a maior parte delas, por sermos mesmo assim e tal carregarmos como destino ou maldição. O exilado não se contorce, nem desespera: há muito que o desespero é seu fiel companheiro e a angústia noiva eterna, à sua espera num altar. É-lhe ridícula a esperança pois, intimamente, sabe que os outros dias não hão-de voltar. Esses dias que nunca realmente aconteceram, o vinho que nunca foi doce e as raparigas que nunca foram disponíveis e amáveis. O exílio é um estranho banho de realidade, na qual todos os dias mergulhamos sem a reconhecermos e dotados de míseras pistas de leitura. É então que se abre o universo e fazem sentido as facetas múltiplas que o compõem. É então que advém um amaciado entendimento, não discursivo, das coisas. Das que tenuemente existem e das que não existem de todo. E é então que o exílio se transforma numa espécie de cidadania de um mundo belo, cruel e indiferente.
“
“porque nunca gostaste de flores? / Daquelas que te ofereci / Enfeitadas com o luar / E o calor do sol ao mesmo tempo” Gonçalo Lobo Pinheiro
segunda-feira 26.6.2017
Amiga de ex-presidente sul-coreana condenada
Rasputina na prisão
TEMER É O “PIOR” PRESIDENTE EM 28 ANOS
O Governo do Presidente do Brasil, Michel Temer, tem a aprovação de 7% da população do país, sendo o mais impopular dos últimos 28 anos, segundo o inquérito do Instituto DataFolha publicada no jornal Folha de S.Paulo. A avaliação é a pior obtida por um chefe de Estado brasileiro nos últimos 28 anos, destacou o mesmo levantamento. Somente o ex-presidente José Sarney ficou abaixo desse patamar, com 5% de aprovação em setembro de 1989, em plena crise da hiperinflação no Brasil. O DataFolha informou que o Governo de Michel Temer é considerado “ruim ou péssimo” por 69% dos brasileiros e “regular” por 23%. Apenas 1% dos inquiridos disseram não ter opinião.
PYONGYAN MNE LANÇA PORTAL
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O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Coreia do Norte lançou uma página digital para promover as suas políticas e melhorar laços diplomáticos, indicou ontem a agência estatal norte-coreana KCNA. O portal (www.mfa.gov.kp) vai ajudar a “promover um melhor entendimento dos assuntos e das políticas externas” e contribuir para desenvolver as relações de “amizade e cooperação entre a República Popular Democrática da Coreia [nome oficial do país] e outros países”, acrescentou a mesma nota. De acordo com o portal, o ministério está dividido em 11 departamentos, dos quais dois destinados à Ásia (um para a China, Japão e Mongólia e outro para o resto do continente), um para a América do Norte, um para a Rússia e antigas repúblicas soviéticas, um para a Europa, e outro para a América Latina e Médio Oriente. O portal não indica o nome de qualquer responsável dos vários departamentos, nem de quem trabalha directamente com o ministro, Ri Yong-ho. A página, em coreano ou inglês, inclui secções de fotos e de declarações oficiais do ministério ou notícias. Entre estas surgem artigos da KCNA, incluindo um sobre a repatriação do norte-americano Otto Warmbier, que morreu no estado do Ohio esta semana, após 17 meses de detenção na Coreia do Norte por ter alegadamente tentado roubar um cartaz de propaganda durante uma viagem turística.
U
M tribunal sul-coreano condenou a três anos de prisão a amiga da presidente destituída Park Geun-hye, que usou aquela relação para conseguir a admissão ilegal da filha numa universidade do país. O tribunal afirmou que Choi Soon-sil “cometeu várias ilegalidades” para pressionar a universidade Ewha, uma das mais prestigiadas do país, a admitir a filha e a conceder facilidades académicas apesar das poucas qualificações de Chung Yoo-ra. Choi, amiga de longa data de Park e conhecida como a “Rasputina” sul-coreana, está também a ser julgada por ter criado uma rede de tráfico de influências para extorquir cerca de 70 milhões de dólares a grandes empresas. Depois de meses de protestos maciços e de um processo de destituição, Park abandonou formalmente o cargo e detida no âmbito do mesmo escândalo de corrupção. Em Abril, foi acusada de abuso de poder, coação, suborno e divulgação de segredos oficiais. A antiga directora da Ewha Choi Kyung-hee e Namkung
Gon, antigo responsável pelas admissões da universidade, foram também condenados a curtas penas de prisão por terem dado tratamento preferencial a Chung.
ERA HIPISMO
Em Maio, Chung foi extraditada da Dinamarca e está actualmente a ser investigada pelos procuradores sul-coreanos que consideram a filha de “Rasputina” uma figura-chave na rede de subornos entre Park e o gigante das telecomunicações Samsung. Seul acusou a jovem, de 20 anos, de corrupção e de ter recebido tratamento privilegiado na universidade e no bacharelato – título que lhe foi retirado por suspeita de falsifi-
cação de notas e dos registos de presença. As autoridades de Seul acreditam que o grupo Samsung assinou um contrato na ordem dos 22.000 milhões de wons (cerca de 170 milhões de patacas) com uma empresa com sede na Alemanha propriedade de Choi Soon-sil e que deu apoio financeiro para que a jovem Chung Yoo-ra, que pratica hipismo, treinasse no território alemão e comprasse cavalos. A jovem, que justificou estar na Dinamarca por causa de actividades relacionadas com o hipismo, negou todas as acusações, mas admitiu que assinou em várias ocasiões documentos que lhe foram apresentados pela mãe.
AUTOMOBILISMO RODOLFO ÁVILA CONTRA A MARÉ
T
AL como nas duas primeiras provas do Campeonato da China de Carros de Turismo (CTCC), Rodolfo Ávila teve mais uma vez que “remar contra a maré” e aplicar-se a fundo para sair de Guizhou com um resultado satisfatório. Apesar de desconhecer o circuito da cidade Guiyang, Ávila aproveitou o facto da pista estar molhada no início da qualificação, vindo a secar com o progredir da sessão, para obter o quinto lugar. O piloto português da RAEM foi o melhor dos quatro pilotos da SVW333 Racing, conquistando assim o seu primeiro ponto em sessões de qualificação esta temporada.
Contudo, todo o trabalho realizado por Ávila no sábado, acabou por ser em vão, porque o VW Lamando GTS se recusou a colaborar no arranque para a primeira corrida, disputada esta manhã. “Estava já parado na grelha de partida, pronto a arrancar, quando a temperatura do motor atingiu os 100 graus e o carro desligou-se”, explicou o piloto da SVW333 Racing. “Ainda consegui reiniciar o sistema mas o carro voltou a desligar na Curva 1 e depois na Curva 6. Quando finalmente começou a andar normalmente já era tarde de mais para conseguir obter um bom resultado, mas aproveitei a oportunidade para fazer mais quilómetros
com o carro e continuar a minha adaptação.” Apesar de ter que largar da modesta 16ª posição para a segunda corrida, Ávila não “deitou a toalha ao chão”. Fez novamente uma corrida cheia de garra de “trás para a frente”, como o tem caracterizado esta temporada. Após realizar diversas ultrapassagens, algumas de alto nível, Ávila terminou no sexto lugar da geral, sendo, mais uma vez, o melhor representante da SVW333 Racing. A próxima prova do campeonato está marcada para o fim-de-semana de 8 e 9 de Julho no circuito de Xangai Tianma, mais uma pista desconhecida para Ávila. S.F.
PAPA SOLIDÁRIO COM VÍTIMAS DE SICHUAN
O Papa manifestou ontem a sua solidariedade com as vítimas do deslizamento de terras que afectou este sábado a província de Sichuan. “Manifesto a minha proximidade à população da aldeia chinesa de Xinmo, atingida ontem de manhã por uma enxurrada provocada por fortes chuvas”, disse, na Praça de São Pedro, após o tradicional encontro com peregrinos para a recitação do ângelus. Francisco rezou pelas vítimas mortais e os feridos, bem como por todos os que perderam a sua casa. “Que Deus conforte as famílias e sustente quem presta socorro. Estou muito próximo deles”, desejou, antes de recolher-se em silêncio, para um momento de oração.
CHINA ESCOLA DESTRÓI TELEMÓVEIS
Uma escola na cidade de Guiyang, no sudoeste da China, está a causar polémica na internet pela forma como trata a questão dos telemóveis: telefone apanhado é, simplesmente, telefone destruído. Os aparelhos são mergulhados em água e depois esmagados com um martelo, na frente da escola inteira. “É uma regra da escola. Não há autorização para trazer o telefone para a escola. Repetimos isso muitas vezes, e não há nada mais que possamos fazer aos estudantes que tentam esconder os seus telefones, excepto destrui-los na frente deles”, disse um funcionário da escola. Ainda segundo ele, os pais são a favor da medida.
DESPORTO VECTOR DE PAZ
O presidente sul-coreano Moon Jae-in convidou ontem a Coreia do Norte a participar nos Jogos Olímpicos de inverno de Pyeongchang2018, defendendo que o desporto pode ser um vector de paz. “Acredito na força do desporto para ajudar a negociar a paz. Se uma delegação norte-coreana participar nos Jogos Olímpicos de inverno, penso que isso contribuirá largamente para encarnar os valores olímpicos da amizade e da paz”, argumentou, na abertura dos Campeonatos do Mundo de taekwondo, em Muju, na Coreia do Sul. Jang Woong, único membro norte-coreano do Comité Olímpico Internacional (COI), compareceu ontem em Muju. Em Março, Jang declarou que não via qualquer motivo para que a Coreia do Norte fosse excluída dos Jogos Olímpicos de 2018. O presidente sulcoreano sugeriu, a 13 de Junho, uma candidatura comum dos dois países à organização do Mundial de futebol de 2030, conjuntamente com a China e o Japão.