Hoje Macau 28 AGO 2020 #4600

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MOP$10

SEXTA-FEIRA 28 DE AGOSTO DE 2020 • ANO XIX • Nº4600

SOFIA MARGARIDA MOTA

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DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ

ADMINISTRAÇÃO

SEM MÃOS A MEDIR

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LGBTQ | D2

PARA MAIORES DE TRÊS ANOS

NOITE DE POSES

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EVENTOS

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Não somos perfeitos

hojemacau

HOJE MACAU

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INFANTÁRIOS

A In Limitada, nova responsável pela programação da Cinemateca Paixão, deu finalmente a cara, através da sua gestora de operações. Jenny Ip admite que a empresa está sob muita pressão, face ao tempo e às comparações com a CUT, mas que isso só dá mais força à equipa. Apesar das imperfeições, diz-se disposta a conquistar a confiança dos produtores locais e a ouvir todas as críticas que ajudem a fazer da cinemateca um dos “locais mais importantes de Macau.”

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ENTREVISTA

ANEL DE GIGES ANTÓNIO DE CASTRO CAEIRO

EVOLUÇÃO VALÉRIO ROMÃO

INFÂNCIA SARA F. COSTA

MEDO

GONÇALO M. TAVARES


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JENNY IP GESTORA DE OPERAÇÕES DA IN LIMITADA, RESPONSÁVEL PELA GESTÃO DA CINEMATECA PAIXÃO

“A pressão funciona como fonte de motivação” Ao fim de dois meses, a nova gestora da Cinemateca Paixão quebrou o silêncio. Jenny Ip, a gestora de operações da Companhia de Produção de Entretenimento e Cultura In Limitada conta como os principais inimigos da perfeição têm sido o tempo e as comparações com a CUT. Manter a confidencialidade dos clientes é a razão apresentada para que não se saiba mais sobre o passado da empresa Como está a ser o processo de reabertura da Cinemateca tendo em conta a continuidade do trabalho que tem vindo a ser feito? Estaria a mentir se dissesse que não estamos a sentir a pressão do público mas, somos uma equipa nova de jovens que tem, na capacidade de ouvir, a sua maior força. Talvez seja verdade que não temos toda a experiência da equipa responsável pelo que foi construído ou feito aqui, mas somos uma equipa com paixão que quer fazer melhor. Por isso, estamos a fazer todos os possíveis e tudo o que está ao nosso alcance para ouvir o feedback e os conselhos do público, de forma a aplicar mudanças imediatas e promover bons programas nos próximos anos, ao mesmo tempo que asseguramos serviços de qualidade e procuramos corresponder às expectativas do público. Temos enfrentado muitas dificuldades, sobretudo porque somos constantemente comparados com a antiga gestora [CUT]. Pessoalmente, sempre fui fã da Cinemateca Paixão, sempre vim cá ver filmes. Por isso, na verdade, este tipo de pressão funciona como fonte de motivação e isso faz-nos lutar para estar ao nível das expectativas do público. Mas provavelmente o nosso maior desafio tem sido o tempo, porque desde que nos comprometemos

com este projecto, não tivemos muito tempo para nos prepararmos, especialmente quando começámos a abordar os distribuidores de filmes. A nossa programação de Setembro é composta essencialmente por clássicos, honestamente, tem sido difícil encontrar distribuidores disponíveis durante o Verão. Tem sido muito desafiante, mas somos persistentes. Porquê a decisão de focar a programação de Setembro nos clássicos? A ideia passa por compreender o impacto que a pandemia teve em cada um de nós e na indústria do cinema, que compete hoje com uma miríade de plataformas online em crescimento. Perante isto perguntámo-nos qual será o futuro do cinema, as alterações que a indústria está a enfrentar e como é que a cultura cinematográfica está a evoluir em termos de visionamento. Por isso, nesta reabertura queremos prestar tributo ao cinema com o programa "Uma carta de amor ao cinema: Produção cinematográfica nos grandes ecrãs". Nesta programação seleccionámos nove trabalhos de diferentes territórios que estão relacionados com o cinema. Em termos de bilheteira, os números têm sido animadores e considero que tem sido um bom começo. Queremos convidar o público a vir e entrar nas mentes destes realizadores para ver

filmes que falam de filmes. Por isso é como se estivéssemos a escrever cartas de amor ao cinema e a partilhar esse amor com o público. Muitos produtores locais estão desiludidos com a ausência do cinema independente e de produções locais. Que comentário faz? À parte deste festival com um tema definido, temos também aquilo a que chamamos a "Selecção de Setembro", onde temos quatro filmes artísticos, que nunca passaram em Macau. Ao nível das produções locais, um dos principais objectivos passa por garantir que são exibidas na Cinemateca, porque em Macau não existem muitos cinemas interessados em passar filmes locais, optando antes por filmes mais comerciais. Acreditamos que temos um papel importante em assegurar que as produções locais são vistas.Ao longo do ano vamos exibir filmes locais e já iniciámos contactos com alguns realizadores e produtores de Macau. O que é que a In está a fazer para reconquistar a confiança dos produtores locais? Em Outubro, haverá outro festival, onde vão ser exibidos filmes de Macau e de territórios vizinhos, como a China, Taiwan e Hong Kong. Vamos continuar a contactar produtores locais, este é um passo muito importante. Claro que não os conhecemos a todos, mas queremos mostrar que estamos aqui para ajudar. Não queremos excluir ninguém. Queremos ter uma relação próxima porque, pessoalmente, dou muito valor ao trabalho dos produtores de Macau. A sua persistência é inegável quanto a perseguir os seus sonhos e concluir projectos, mesmo com recursos limitados. Achamos também que as oportunidades que existem actualmente para que sejam vistos, não são suficientes e que, apesar de a Cinemateca desempenhar um papel importante, continua a ser um sítio pequeno. Temos de os tornar visíveis nas regiões vizinhas e no resto do mundo. Esta é a visão que queremos alcançar nos próximos três anos, ou seja, explorar o maior número de oportunidades e colaborações com outras regiões. Por exemplo, em Taiwan ou na China há vários cinemas

ligados a produções artísticas com os quais já estamos em contacto para trazer alguns filmes independentes e vice-versa. Além disso, vamos promover encontros mensais com produtores das regiões vizinhas para partilhar ideias. Acredito que este tipo de eventos vai contribuir para o desenvolvimento do cinema de Macau e para recuperar a confiança dos produtores locais. Porque se queremos que os produtores locais confiem em nós não basta dizer para o fazerem, é preciso mostrar que os podemos ajudar a explorar mais oportunidades e recursos. O que tem a dizer ao grupo “Macau Cinematheque Matters” que tem sido bastante crítico quanto à nova gestão? Claro que compreendemos as preocupações que têm vindo a mostrar porque não têm certezas sobre a nossa experiência. Isto é perfeitamente compreensível e agradecemos todo o feedback que nos possam dar. Claro que não somos perfeitos, somos uma equipa jovem, mas temos vontade de ouvir, ajustar e fazer mudanças. Esperamos que durante estes três anos possamos provar que partilhamos um objectivo comum, que é fazer deste lugar um dos mais importantes de Macau.

“Se queremos que os produtores locais confiem em nós não basta dizer para o fazerem, é preciso mostrar que os podemos ajudar a explorar mais oportunidades e recursos.”

Desde que o novo website da Cinemateca foi lançado, surgiram reacções negativas sobre falta de informação, a impossibilidade de comprar bilhetes online e a inexistência de versões em chinês simplificado e português. Porque é que estas funcionalidades não foram implementadas? O que podemos assegurar é que no dia 1 de Setembro tudo estará a funcionar correctamente, incluindo as versões em chinês simplificado e português e a bilheteira online. Claro que lamentamos qualquer inconveniente causado, mas estamos a trabalhar para que no primeiro dia, quando as portas abrirem ao público, esteja tudo de acordo com o caderno de encargos do concurso público. Mas o problema foi a falta de tempo? Sabíamos o que tínhamos de fazer e inicialmente a ideia era apenas deixar tudo pronto no dia 1 de Setembro. Mas também percebemos que o público queria saber mais sobre os filmes e comprar os bilhetes com antecedência e, por isso, preparámos tudo para começar a funcionar uma semana antes. Durante esta semana estamos a testar intensamente o sistema de venda de bilhetes online para garantir que não há erros e que tudo está pronto antes do lançamento. Claro que tenho de admitir que o tempo, desde o momento em que agarramos o projecto até agora, é muito curto tendo em conta o trabalho que há para fazer. Estavam à espera de receber a advertência escrita por parte do Instituto Cultural (IC)? Como tem sido essa relação? Na verdade, temos estado em constante conversação com o IC. Temos um grupo de Whatsapp onde comunicamos praticamente todos os dias e reunimos todas as semanas para garantir que estamos a remar para o mesmo lado. Não estávamos à espera da advertência do IC, mas aceitamo-la, porque compreendemos que temos muito espaço para melhorar. Na verdade, até acaba por ser mais um factor de motivação. Porque é que até hoje a In Limitada não foi capaz de apresentar

HOJE MACAU

ENTREVISTA


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exemplos da sua experiência na área do cinema? Acredito que este projecto da Cinemateca Paixão é um dos maiores actualmente em curso na empresa e já lançámos, entretanto, o nosso próprio website onde revelamos algumas das nossas experiências passadas. Compreendemos as preocupações do público mas, na verdade, após comunicarmos internamente, a razão pelo qual não podemos revelar muito prende-se com questões de confidencialidade dos nossos clientes. Até porque temos recebido muita atenção por parte do público. Por isso, o feedback que recebemos dos clientes não tem sido positivo em relação a revelarmos a sua identidade. A forma como estamos a lidar com o assunto passa por tentar manter a confidencialidade dos clientes. Adoraria revelar mais, mas não posso. Mas assim não parece que estão a esconder alguma coisa? Sim, nós compreendemos, mas é difícil fazer essa gestão. Por um lado, queremos revelar mais mas, ao mesmo tempo, temos de proteger os clientes, evitando que se transformem em focos de atenção. Por isso, estamos concentrados em dar a conhecer a nossa equipa, porque

“Se não estivermos a fazer um bom trabalho, por favor, digam-nos e nós vamos mudar.” agora somos nós que estamos ao leme deste projecto, não é a antiga gestora. Queremos muito que as pessoas conheçam a nossa equipa e quem somos, em vez de se focarem naqueles sobre quem não podemos falar. Mesmo sem revelar clientes, qual a experiência da equipa na área do cinema? A nossa directora de operações Tung Mei Yi tem experiência na gestão de cinemas em Hong Kong e juntamente com a June Wu, tem ajudado muito a levar o projecto para a frente. Eu e algum do staff recém recrutado, participámos em trabalhos relacionados com o cinema e a produção cinematográfica nos últimos anos. Por isso, apesar poucas pessoas nos conhecerem, temos experiência. Acreditamos que, apesar de as pessoas não estarem muito confiantes que somos capazes de fazer este trabalho, nos próximos meses, com a programação e a estratégia que vamos apresentar, vão ver o esforço que estamos a fazer. Se não estiver-

mos a fazer um bom trabalho, por favor, digam-nos e nós vamos mudar. Então porquê manter o silêncio ao longo de tanto tempo? Não considera que isso contribuiu para danificar uma relação já de si complicada? Compreendemos e lamentamos que tenha sido assim. Tínhamos muita coisa na cabeça no início do projecto e não era o momento apropriado para desvendar as nossas ideias porque tínhamos acabado de vencer o concurso público e era necessário construir a equipa. Tudo leva tempo. Compreendemos que as pessoas possam pensar "será que nos estão a esconder alguma coisa?", mas garanto que não. Apenas estamos a preparar tudo antes de aparecermos com uma postura forte sobre o que queremos fazer e os nossos objectivos. Pode partilhar mais acerca do proprietário da empresa? O proprietário é o senhor Leong Chan Weng e foi ele que construiu a equipa quando foi anunciado que a empresa venceu o concurso público. Está à frente da In desde a sua fundação e partilha connosco o objectivo de querer fazer parte da indústria cinematográfica, pela qual tem uma grande paixão. Não sei como descrevê-lo, mas é, simultaneamente,

um apaixonado pelo cinema e um homem de negócios que nos uniu nesta missão e que quer muito que o projecto vá para a frente. Consegue esclarecer a relação que existe entre a In e a Associação de Cultura e Produções de Filmes e Televisão de Macau (MFTP), presidida por Alvin Chau, e que organiza o Festival Internacional de Cinema (IFFAM)? Tanto quanto sei, não existe qualquer ligação com essa empresa. Mas a nossa equipa já participou nalguns trabalhos do IFFAM e outros festivais. Como equipa, não temos qualquer ligação com a MFTPA.

“Queremos muito que as pessoas conheçam a nossa equipa e quem somos, em vez de se focarem naqueles sobre quem não podemos falar.” Sente que existe liberdade na escolha dos conteúdos a exibir? Sim, sem dúvida. Mas sob a monitorização atenta do IC. A minha

única preocupação é que seja bom para o público e que vão ao encontro da expectativas e exigências do IC. Que comentário tem a fazer sobre o orçamento da In e o apresentado pela CUT, que era mais do dobro? Acho que a melhor forma de mostrar ao público a nossa qualidade é através da programação porque, por exemplo, a obtenção dos direitos para a exibição dos clássicos em Setembro é bastante rara e não é propriamente barata. Desde o dia em que começámos a preparar a participação no concurso, não sabíamos como é que os outros candidatos iriam calcular os gastos mas, até agora, não estamos em qualquer risco de défice e o orçamento está sob controlo. Não podemos comentar como é que os outros calculam os gastos. De que forma a Cinemateca Paixão irá participar no Festival Internacional de Cinema? Até agora ainda não fomos contactados por ninguém em relação ao IFFAM. Pedro Arede

pedro.arede.hojemacau@gmail.com


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28.8.2020 sexta-feira

FINANÇAS GOVERNO QUER MAIS PRODUTOS DE INVESTIMENTO E TRANSACÇÕES EM RENMIMBI

disponibilização das obrigações emitidas em Macau aos investidores internacionais, bem como o alargamento da margem de mercado para as instituições do Interior da China e dos países de língua portuguesa realizarem directamente financiamentos em Macau”.

Chan Sau San, director da Autoridade Monetária e Cambial de Macau, garantiu ao deputado Leong Sun Iok que o desenvolvimento do sector financeiro passa por cinco áreas, como a aposta em mais produtos de investimento e transacções em renmimbi. Na calha, está também a criação de uma “Central de Depósitos de Títulos” com ligação ao mercado financeiro internacional

APOSTA NO RMB

Nova ordem financeira

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Governo pretende diversificar o sector financeiro de Macau e captar novos produtos de investimento. Esta é a garantia deixada por Chan Sau San, director da Autoridade Monetária e Cambial de Macau (AMCM), numa resposta a uma interpelação escrita do deputado Leong Sun Iok. Para atingir esse objectivo, foi anunciado, em Junho, o projecto “Gestão Financeira Transfronteiriça”, em parceria com o Banco Popular da China e Autoridade Monetária de Hong Kong. Tal vai permitir “o alargamento do leque dos clientes interessados em produtos de financiamento emitidos pelas instituições do interior da China e dos países de língua portuguesa”, explicou o responsável máximo da AMCM. A ideia é que “empresas e instituições de boa qualidade do Interior da China e dos países de língua portuguesa sejam atraídas para emitirem obrigações em Macau, incentivando a participação

Fidelidade Detectado falso website da seguradora

pró-activa dos países de língua portuguesa no desenvolvimento das operações de investimento e financiamento em renmimbi em Macau”, acrescenta a mesma resposta. A AMCM assume que “o mercado financeiro local tem vindo a ser dominado pelas actividades de depósitos e empréstimos, com ausência de produtos de investimento e financiamento diversificados”.

A Autoridade Monetária e Cambial de Macau (AMCM) detectou a existência de um website falso da seguradora Fidelidade. “O domínio com a designação de “www.fidelidade-trader. com” é suspeito a falsificar as páginas electrónicas de duas seguradoras autorizadas a exercer a sua actividade na RAEM, designadamente a “Fidelidade Macau- Companhia de Seguros, S.A.” e a “Fidelidade Macau Vida - Companhia de Seguros, S.A.”, aponta a AMCM, em comunicado ontem divulgado. Ambas as seguradoras Fidelidade “confirmaram que não têm qualquer relação com o supracitado domínio, tendo esclarecido que não proporcionam quaisquer actividades de gestão e custódia de fundos, bem como de transacções de títulos no Interior da China”.

A AMCM assume que “o mercado financeiro local tem vindo a ser dominado pelas actividades de depósitos e empréstimos, com ausência de produtos de investimento e financiamento diversificados”

No total, são cinco as acções a desenvolver para diversificar o sector financeiro. Outro dos projectos a desenvolver pela AMCM passa pela criação de uma “Cen-

tral de Depósito de Títulos” com ligação ao mercado financeiro internacional. Segundo Chan Sau San, esta central de depósitos “possibilita a

Outro dos passos a adoptar para a diversificação do sector financeiro para por uma maior aposta em acções financeiras em renmimbi. AAMCM pretende realizar uma “optimização” das actuais infra-estruturas em prol de uma regularização, uma vez que funciona, desde 2016, o “sistema de liquidação imediata em tempo real em renmimbi de Macau”. Por sua vez, em 2018, foi autorizado o funcionamento, por parte das autoridades chinesas, do Banco de Compensação de RMB de Macau. O objectivo, aponta Chan Sau San, é que Macau “seja um centro de liquidação em RMB para os países de língua portuguesa” e também uma “plataforma de serviços financeiros” entre a China e os países falantes de português. Na área offshore a AMCM quer estabelecer “regras de liquidez em RMB”. No final de 2019, foi celebrado o “Acordo Swap” de Moedas com o Banco Popular da China, com um valor superior a 30 mil milhões de RMB. No primeiro trimestre deste ano arrancaram as transacções da conversão de patacas em RMB e operações relativas aos contratos de “Swaps”. Segundo a AMCM, estas acções permitem disponibilizar liquidez em RMB no mercado monetário local, o que “motiva o desenvolvimento estável das operações em RMB em Macau”. Ao nível dos recursos humanos, a AMCM quer desenvolver programas de cursos e estágios coordenados pelo Instituto de Formação Financeira, em parceria com instituições do ensino superior. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

FUNÇÃO PÚBLICA EXECUTIVO PONDERA AJUSTAR CONTAS DO TEMPO DE SERVIÇO

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Governo considera que “é necessário ponderar melhor” a possibilidade de incluir a contagem do tempo de serviço dos trabalhadores dos serviços públicos que exerceram funções em regime de contrato de assalariamento ou individual, para efeitos de aposentação. A posição consta da resposta a uma interpelação escrita enviada à Direcção dos Serviços de Administração e Fun-

ção Pública (SAFP) em meados de Julho, por Lei Chan U. De acordo com o deputado, em causa, está o facto de os funcionários enquadrados neste regime, mesmo que já tenham “mais de 30 anos de serviço”, não poderem optar pela aposentação voluntária, pois o tempo de serviço é contado a partir da data de entrada nos quadros da função pública e não quando começam a exercer funções.

Na resposta, Kou Peng Kuan, Director dos SAFP, justifica que o regime ficará, para já inalterado, pois qualquer mudança “contraria a intenção legislativa do Regime de Previdência”, criado para permitir aos

trabalhadores mudar de regime para proceder ao plano de aposentação e incluir a contagem do tempo em regime de contrato de assalariamento ou individual. Segundo Kou Peng Kuan é ainda necessário considerar “a apresentação de requerimento ou declaração da aposentação antecipada de um certo número de trabalhadores efectivos do Regime de Aposentação”, pois afectaria o planeamento

geral dos trabalhadores da função pública. Sobre a devolução dos montantes descontados pelos contribuintes que não completaram 15 anos de tempo de contribuições por motivo de falecimento, os SAFP esclareceram que, caso a morte venha na sequência de doença ou acidente em serviço “os familiares têm direito à devolução em dobro dos montantes descontados para efeitos da pensão de sobrevivência”. P.A.


política 5

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agenda de Vong Hin Fai deve ser um pesadelo organizacional. Entre o trabalho como advogado e de deputado eleito pela via indirecta pelo sector profissional, Vong desdobra-se em múltiplas funções consultivas e de gestão em organismos públicos, além de presidir à 3ª Comissão Permanente e de ocupar o cargo de secretário na Comissão de Re-

ADMINISTRAÇÃO VONG HIN FAI ACUMULA FUNÇÕES EM MÚLTIPLOS CONSELHOS CONSULTIVOS

O homem dos mil ofícios gimento e Mandatos da Assembleia Legislativa. Antes de mais, importa referir que Vong Hin Fai é membro do Comité Nacional da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês e da Comissão Política e Consultiva da Cidade de Tianjin da República Popular da China. Na passada quarta-feira, o deputado foi nomeado por despacho assinado pelo Chefe do Executivo para a conselho de administração da TDM, área na qual tem experiência uma vez que também preside ao Conselho de Administração da Canais de Televisão Básicos de Macau, S.A. Um dos cargos de maior destaque no vasto currículo do deputado é o de presidente do Conselho Fiscal da Fundação Macau, posição que ocupa desde 2016, nomeado por Chui Sai On. No campo da segurança, Vong Hin Fai coloca a sua experiência à disposição do Conselho Geral da Escola Superior das Forças de Segurança de Macau, enquanto membro da categoria de “Personalidades de prestígio”, e da Comissão de Fiscalização da Disciplina das Forças e Serviços de Segurança de Macau.

SAÚDE E SORTE

No final de Julho último, Vong Hin Fai foi nomeado membro do Conselho da Universidade de Macau até Julho de 2023. A instituição, alma mater do deputado, onde se licenciou em Direito, contou ainda com os préstimos do antigo aluno no grupo de trabalho para a revisão dos Estatutos da Universidade de Macau. Ainda no sector do ensino, importa referir que o deputado é membro

SOFIA MARGARIDA MOTA

Nomeado esta semana para o Conselho Administrativo da TDM, Vong Hin Fai não tem mãos a medir só em cargos de administração e consulta. Além de presidir ao Conselho Fiscal da Fundação Macau, o deputado acumula ainda funções no Conselho da Universidade de Macau, na presidência da Administração da Canais de Televisão Básicos de Macau e noutros organismos, com destaque para as áreas da segurança e saúde

do Conselho Fiscal da Fundação da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau. Recorde-se que no final de Julho foram divulgados os apoios da Fundação Macau, que atribuiu à Fundação da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau 42

Um dos cargos de maior destaque no vasto currículo de Vong Hin Fai é o de presidente do Conselho Fiscal da Fundação Macau, posição que ocupa desde 2016, por nomeação de Chui Sai On

milhões de patacas para o ano lectivo de 2020/2021 e o Hospital Universitário. O deputado está no conselho fiscal de ambas as instituições. Além do ensino, o advogado também desempenha papéis de relevo em diversas entidades dedicadas à saúde pública. Por exemplo, é membro da Comissão de Ética para as Ciências da Vida desde 2014. Esta não é a única entidade do sector da saúde pública onde Vong Hin Fai participa, acumulando funções como membro (Figura Pública) do Conselho para os Assuntos Médicos, desde 10 de Julho deste ano. Além disso, o deputado figura como vogal na Comissão para os Assuntos do Cidadão Sénior, uma entidade subordinada ao Instituto de Acção Social. No plano das políticas de fundo, destaque para o papel como

coordenador do grupo de consulta sobre as políticas e interacção do Conselho Consultivo para a Reforma da Administração Pública. O organismo tem como missão ajudar o Governo em políticas de gestão da máquina pública como o governo electrónico, formação dos trabalhadores dos serviços públicos, gestão do desempenho, reforma do regime jurídico da função pública e gestão de arquivo. Na área das políticas de justiça, destaque para a posição como membro da Conselho Consultivo da Reforma Jurídica e presidente da direcção da Associação de Agentes da Área Jurídica de Macau. João Luz

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GCS

PJ PEREIRA COUTINHO QUER QUADRO LEGAL UNIFICADO PARA ACÇÕES DOS AGENTES INFILTRADOS

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deputado José Pereira Coutinho pretende que o Governo reveja as leis que regulamentam as acções dos agentes secretos da Polícia Judiciária (PJ). "O Governo pondera rever o actual regime disperso das acções infiltradas reforçando as garantias dos direitos fundamentais dos cidadãos contra as eventuais práticas abusivas? No caso afirmativo, qual a sua calendarização para a sua apresentação?”, questiona na sua interpelação escrita. O deputado

quer também que sejam revistos os “mecanismos de fiscalização periódicos das acções infiltradas”, como “os mecanismos processuais da competência das autoridades judiciárias, de forma a proteger os direitos fundamentais dos cidadãos”. Além disso, o deputado pretende saber, caso venha a ser implementado um novo regime jurídico, "como serão garantidos os anonimatos dos agentes infiltrados em sede de audiência de

discussão e julgamento, sem prejudicar a observância do princípio do contraditório”. As alterações ao estatuto da PJ foram aprovadas recentemente na Assembleia Legislativa. José Pereira Coutinho recorda que não existe em Macau “um regime unificado regulamentador das acções infiltradas, o que pode colocar em causa os direitos fundamentais dos cidadãos, nomeadamente o direito à privacidade e a segurança quanto a detenções ilegais e arbitrárias”.


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sexta-feira 28.8.2020

Máscaras Nova ronda começa no domingo

Quarentena Primeira isenção requer residência frequente na RAEM

A 21ª ronda do plano de fornecimento de máscaras do Governo arranca no domingo. Cada pessoa pode comprar 30 máscaras por 24 patacas, nos postos de venda habituais, segundo revelou o médico Alvis Lo. Na 20ª ronda foram vendidas cerca de 16 milhões, contribuindo para um total de 116 milhões vendidas. No âmbito das medidas de prevenção contra a covid-19, o médico avançou que já foram concluídos os testes de ácido nucleico aos trabalhadores da linha da frente das seis operadoras de jogo. Até dia 26, foram testadas 53.025 pessoas.

A

EM CIMA DA HORA

O responsável da DSEJ frisou que o organismo tem feito “uma avaliação constante” à situação epidémica e que a necessidade de aguardar por orientações levou a decisões

autoridades locais, internamento hospitalar, por missão oficial, ou se forem trabalhadores a prestar serviço fora de Macau para empregadores inscritos no Fundo de Segurança Social. A DST deixou ainda a ressalva de que apesar de o custo actual ser 5.600 patacas, o valor pode ser ajustado no futuro, de acordo com as ofertas dos hotéis. Ontem 1252 pessoas cumpriam quarentena nos hotéis designados, das quais 497 residentes.

COVID-19 CRIANÇAS COM MENOS DE TRÊS ANOS EXCLUÍDAS DE INFANTÁRIOS

Pequenos e graúdos

A DSEJ decidiu que os infantários só podem ser frequentados por crianças com mais de três anos de idade, a idade mínima recomendada para usar máscara. A novidade significa que as creches subsidiadas só vão funcionar para as medidas de cortesia TIAGO ALCÂNTARA

S crianças com menos de três anos não vão poder frequentar o infantário, anunciou ontem Kong Chi Meng, subdirector dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ). O responsável indicou que cerca de mil crianças não poderão frequentar o infantário por não terem a idade mínima. A medida foi justificada por não ser recomendado o uso de máscara por crianças até essa idade. “As crianças vão entrar no infantário quando perfizerem os três anos de idade. Assim, os alunos vão começar as aulas em datas diferentes. Vamos pedir às escolas para serem flexíveis no que toca ao início das aulas destes alunos”, disse Kong Chi Meng. O médico Alvis Lo frisou que uma criança com menos de três anos pode não saber usar ou ter o cuidado necessário com a máscara. E reiterou que, apesar de a situação em Macau ser moderada, as medidas de flexibilidade das fronteiras não podem ser esquecidas: “poderemos ainda contar com um possível risco de contaminação ou infecção”. Por outro lado, o subdirector da DSEJ também explicou que os estudantes transfronteiriços podem fazer o teste de ácido nucleico a partir de amanhã e que o processo de reembolso vai ser simplificado. “Os encarregados de educação (...) não têm de trazer o talão comprovativo do pagamento para obter o reembolso do montante pago. Apenas têm de fazer o registo, levar a criança para o teste e depois iremos tratar do pagamento junto das instituições”, referiu.

A partir de Setembro, a isenção da cobrança da despesa da primeira quarentena é para os residentes que “residem frequentemente em Macau”, ou seja, quem estiveram no território pelo menos 183 dias nos 365 dias antes de entrar na fronteira. A informação foi dada por Lau Fong Chi, da Direcção de Serviços de Turismo (DST). Os residentes que não cumpram o requisito podem requerer isenção se estiverem a estudar com reconhecimento das

“muito em cima da hora”. Tranquilizou também preocupações com o aproveitamento dos alunos e explicou que o programa curricular vai sofrer ajustes para permitir às escolas adaptarem-se à nova situação. De acordo com o canal chinês da TDM - Rádio Macau, o director da Escola Choi Nong Chi Tai, Vong Kuoc Ieng, disse que a DSEJ devia ter anunciado a medida mais cedo. Ainda assim, considera que, no

contexto da pandemia, a medida é compreensível. Por sua vez, o subdirector da Escola Secundária Pui

Ching, mostrou-se surpreendido. Kuok Keng Man explicou que no novo ano lectivo a escola tem mais de 160 alunos no

“As crianças vão entrar no infantário quando perfizerem os três anos de idade. Assim, os alunos vão começar as aulas em datas diferentes. Vamos pedir às escolas para serem flexíveis no que toca ao início das aulas.” KONG CHI MENG SUBDIRECTOR DA DSEJ

nível infantil, e que um quarto não atinge três anos quando começar as aulas. Dada a proximidade da abertura das aulas, o responsável considera que esta política vai causar incómodo aos familiares e aumentar o volume de trabalhos dos professores.

IMPACTO NAS CRECHES

A decisão também tem impacto no funcionamento das creches, que vão manter apenas as medidas de cortesia. Choi Sio Un, do Instituto de

MANTER DISTÂNCIA

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maioria dos 178 estudantes inscritos no ensino superior em Portugal não pretende regressar para continuar os estudos, disse ontem Vong Iut Peng, da DSES. Em causa está a situação epidemiológica no país e medidas de prevenção, além da dificuldade em arranjar transporte para Portugal. Alguns destes estudantes beneficiam de bolsa da Fundação Macau e da DSES. Caso suspendam a matrícula têm de comunicar às instituições. A DSES contactou o Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas e o Conselho Coordenador dos Institutos Superior Politécnicos, que indicaram que “a maior parte das instituições de ensino superior vão iniciar as aulas do ano lectivo 2020/2021 de forma presencial”. Já os não residentes com visto para estudar em Macau, continuam sem poder voltar ao território, e vão assistir a aulas online. Quinze professores universitários, que são trabalhadores não residentes, também não conseguem voltar a Macau.

Acção Social (IAS), explicou que as medidas de cortesia vão continuar para os casos de crianças que não têm quem tome conta delas, e que os pais podem apresentar o pedido nas creches subsidiadas. Apresentado o pedido, são as creches a avaliar os destinatários do apoio, de acordo com a circunstância de cada agregado familiar. Previa-se que sete mil crianças fossem este ano às creches subsidiadas, das quais cerca de 1.400 podem aproveitar a medida de cortesia. No entanto, a capacidade permite apenas cerca de mil crianças por dia nas creches subsidiadas. Salomé Fernandes e N.W.

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28.8.2020 sexta-feira

DSEC DESEMPREGO AUMENTA PARA 2,7% ENTRE MAIO E JULHO

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taxa de desemprego fixou-se em 2,7 por cento entre Maio e Julho, de acordo com dados divulgados ontem pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC). O registo representa uma subida de 0,2 por cento comparado com o período entre Abril e Junho deste ano. A taxa de desemprego dos residentes situou-se nos 3,8 por cento, mais 0,3 pontos percentuais, em relação ao mesmo período comparado. No geral, a população desempregada era composta por 11.100 pessoas nestes três meses, mais mil face ao período anterior. Do universo total de desempregados, 9,2 por cento procuraram o primeiro trabalho, ou seja, mais 3,7 pontos percentuais, subida justificada pela DSEC com a entrada no mercado

de trabalho de novos graduados no ensino superior. Entre os desempregados à procura de novo emprego, o número dos que trabalharam anteriormente no sector do jogo foi o que mais aumentou. No período em análise, 395.400 pessoas tinham emprego, menos 6.500 trabalhadores face aos meses de Abril a Junho, “devido principalmente ao número de trabalhadores não residentes que viviam em Macau ter descido”, explica a DSEC. O número de residentes empregados também sofreu um corte de 1.600 pessoas, para um total de 277.700 pessoas. A DSEC conclui ainda que apesar da diminuição de residentes empregados na indústria do jogo, o sector da construção registou um aumento de trabalhadores locais.

Economia Câmara de Comércio Luso-Chinesa reúne com Lei Wai Nong e Cônsul de Portugal

Representantes da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Chinesa (CCILC) reuniram “recentemente” com o secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong, e com o cônsul-geral de Portugal em Macau e Hong Kong, Paulo Cunha Alves. Segundo um comunicado divulgado ontem, o objectivo do encontro foi a troca de “impressões sobre as relações económicas e comerciais entre a China e Portugal durante a epidemia, o desenvolvimento da Zona da Grande Baía e a recuperação económica pós-epidemia”. O secretário disse que “o lançamento de medidas de apoio ajudou a recuperar a economia de Macau de forma ordenada, permitindo à cidade reactivar a economia o mais rapidamente possível”. Lei Wai Nong pretende ainda “fortalecer o intercâmbio com as diferentes câmaras de comércio no futuro”. Bernie Leong, presidente da direcção da CCILC-Macau, disse que a entidade pretende reforçar a cooperação com o Governo de Macau, servindo “como uma plataforma no futuro, especialmente no desenvolvimento da zona da Grande Baía”.

A CCCC compromete-se a subscrever uma participação “relevante” num aumento de capital até 100 milhões de novas acções

CONSTRUÇÃO CIVIL CHINESA CCCC COMPRA 30 POR CENTO DA CONSTRUCTORA MOTA-ENGIL

Pontos nos is

A constructora portuguesa Mota-Engil anunciou ontem a venda de 30 por cento do grupo a um “novo parceiro”, que a imprensa portuguesa diz tratar-se da empresa pública chinesa CCCC. O negócio estava a ser preparado desde Dezembro e levou à valorização da companhia

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m a i s uma entrada de capital chinês na economia portuguesa. O grupo Mota-Engil, ligado ao sector da construção civil, anunciou ontem a venda de 30 por cento das acções a um “novo parceiro” de renome mundial, que os jornais portugueses Observador e Jornal de Negócios confirmaram tratar-se da CCCC, empresa pública chinesa.

O negócio estaria a ser discutido e ultimado desde Dezembro, conforme noticiou a agência Bloomberg. O Observador escreve que o acordo valoriza a Mota-Engil a um preço muito acima do actual valor da empresa no mercado. A avaliação base aponta para 750 milhões de euros, estando previsto “um acordo de parceria e investimento com o grupo português para desenvolver um conjunto

de oportunidades comerciais”. Por sua vez, a CCCC compromete-se a subscrever uma participação “relevante” num aumento de capital até 100 milhões de novas acções. Com este acordo, a Mota-Engil participações, que actualmente é o maior accionista do grupo, passa a deter apenas 40 por cento da estrutura accionista. Num comunicado citado pelo Observador, a Mota-Engil diz que a manutenção dos 40 por cento sinalizam o “total empenho e alinhamento com a sua posição histórica no grupo, apesar de representar a perda da maioria do capital”. Cotada em bolsa, a Mota-Engil viu ontem as suas acções valorizarem mais de 12 por cento.

INFRA-ESTRUTURAS EM CRISE

A entrada da CCCC na estrutura accionista da Mota-Engil surge numa altura em que o sector das infra-estruturas em Portugal atravessa uma crise, culminando em vários negócios. Foi o caso da Ascendi, concessionária de autoestradas, que foi alienada aos franceses da Ardian. Por sua vez, as operações portuárias, que incluem a Liscont, foram vendidas à Yilport, da Turquia. Também o grupo José de Mello vendeu a Brisa, a maior concessionária de autoestradas do país, a vários fundos internacionais. Andreia Sofia Silva

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CONTRABANDO ASSOCIAÇÃO GERAL DAS MULHERES PEDE REFORÇO DE COMBATE

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HAU Wai I, vice-presidente da direcção da Associação Geral das Mulheres, disse, segundo o jornal ou Mun, que as medidas de combate ao crime de contrabando devem ser reforçadas através do aumento das penalizações, incentivos às denúncias e limitações à imigração. A responsável afirmou que as penalizações para este tipo de crime são baixas, uma vez que, segundo a lei do comércio externo, a multa mais alta é de 50 mil patacas. Chau Wai I pede mais acções educativas junto dos trabalhadores não residentes, a fim de evitar que estes cometam o crime de contrabando, além de defender mudanças na lei de contratação dos trabalhadores não residentes. Para a responsável, o diploma deve prever este tipo de crimes cometidos pelos trabalhadores migrantes e não só a revogação do blue card como limitar a frequência de entradas destes trabalhadores no território, conforme o grau de severidade dos casos. A vice-presidente disse ainda que, mesmo com o trabalho desenvolvido pelos Serviços de Alfândega, a situação do contrabando é ainda crítica junto à fronteira das Portas do Cerco. Há residentes que se queixam de que apartamentos na zona são usados como armazém de mercadorias, o que resulta em problemas de falta de higiene e de segurança, aponta Chau Wai I.

Tríades Desconhecida entrega do líder da Gasosa a Zhuhai

O gabinete do secretário para a Segurança adiantou ao HM não ter recebido qualquer informação sobre a entrega do líder da Gasosa, Lai Tong Sang, à justiça de Zhuhai pelas entidades congéneres do Camboja, nem sobre se está pendente alguma investigação ligada a um terreno em Macau. Lai Tong Sang é suspeito de ter cometido dois homicídios em Macau e vários outros crimes ligados à aquisição ilegal de terrenos.

Union Gaming Securities LLC “Ao mesmo tempo que a lista negra exclui Macau, enquanto região administrativa especial da China, a potencial disrupção do mercado de junkets poderá prejudicar a recuperação do jogo VIP a curto-prazo.”

CASINOS CHINA CRIA ‘LISTA NEGRA’ DE DESTINOS DE JOGO NO ESTRANGEIRO

Travar a sangria

Pequim anunciou na quarta-feira a criação de uma ‘lista negra’ de destinos turísticos de jogo por perturbarem a “ordem comercial do mercado de turismo no estrangeiro da China”. Apesar de ainda não se conhecerem os países abrangidos, analistas do sector entendem que a medida pretende controlar apostas online e a actividade dos junkets no Sudeste Asiático

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ACAU não é considerado estrangeiro”, disse à Lusa o analista da consultora de jogo IGamix Ben Lee, numa alusão ao comunicado das autoridades chinesas. A China não identificou os países incluídos nesta ‘lista negra’, contudo, Ben Lee disse acreditar que as Filipinas e o Camboja poderão estar abrangidos devido ao jogo online, que as autoridades chinesas têm tentando combater. Lee considerou que a ideia das autoridades chinesas é estancar as apostas online que “estão totalmente descontroladas”, um desejo há muito almejado por Pequim e que tem sido motivo para pressão diplomática. Recorde-se que no ano passado, as entidades cambojanas comprometeram-se em deixar de emitir autorizações para serviços

de apostas online, prática que demonstraram querer diminuir progressivamente até expirarem as licenças em vigor. O Governo chinês tentou também interceder junto das autoridades das Filipinas, nomeadamente para controlar o jogo transmitido por vídeo e as apostas online, pedido que não foi bem-recebido com o governo de Duterte a sublinhar que essa seria uma decisão soberana que apenas caberia às Filipinas.

ORDEM PERTURBADA

De acordo com o comunicado do Ministério da Cultura e do Turismo chinês, “algumas cidades estrangeiras abriram casinos para atrair turistas chineses, perturbando a ordem comercial do mercado de turismo da China no estrangeiro e pondo em perigo a segurança pessoal e patrimonial dos cidadãos chineses”. Por essa razão, foi estabelecida uma ‘lista negra’ de destinos tu-

rísticos transfronteiriços de jogo, e serão tomadas “medidas restritivas de viagem contra cidadãos chineses que viajam para cidades estrangeiras e locais” na referida lista, justificaram as autoridades chinesas. Em declarações ao jornal de Macau Exmoo, o membro da Associação de Mediadores de Jogos e Entretenimento de Macau Lam Kai Kong considerou que esta medida das autoridades chinesas está de acordo com a política do país e “destina-se a desencorajar a saída excessiva de capital”. Ao mesmo jornal, o professor associado do Instituto Politécnico de Macau Loi Hoi Ngan afirmou que esta “política não é dirigida a Macau” “Se o Continente quer regular Macau, há muitas formas de o fazer, e não há necessidade de recorrer a um método tão criterioso como a ‘lista negra’, que se acredita ser

OPINIÃO DE LEONG

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eong Sun Iok acha que Macau, como única região da China onde o jogo é legal, não será incluído na lista negra, de acordo com declarações prestadas ao jornal Ou Mun. Com o mercado dos casinos a acumular anos sucessivos de ganhos milionários, o deputado entende a criação de inúmeros casinos em países vizinhas da China, porque a maioria dos clientes são chineses. Porém, sublinhar ao Ou Mun que o jogo transfronteiriço é um fenómeno gerador de crimes como de burla, de branqueamento de capitais, de sequestro, de organização criminosa e de agiotagem. O legislador entende que a medida tomada pelo Governo Central vai beneficiar o desenvolvimento saudável do sector do jogo de Macau.

dirigida a regiões estrangeiras com casinos”, observou. Uma nota da JP Morgan, citada pelo portal GGRAsia, avança na mesma direcção. “Macau não é considerado um mercado de jogo no estrangeiro pelo Governo Central. Macau faz parte da China e o jogo é perfeitamente legal na região.” Citada pela a mesma fonte, a consultora Union Gaming Securities LLC foi mais longe, em termos de repercussão da medida no mercado local. “Ao mesmo tempo que a lista negra exclui Macau, enquanto região administrativa especial da China, a potencial disrupção do mercado de junkets poderá prejudicar a recuperação do jogo VIP a curto-prazo. Muitos junkets operam em Macau e em jurisdições estrangeiras”.


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Um porto s LGBTQ+ “POSE” CONVIDA AO DESFILE EM ESTILO DOS ANOS 70 E 80

Cinema CUT lança sessão com filme e música

A CUT volta ao activo, desta vez com um convite aos cinéfilos locais para se encontrarem no domingo para uma tarde de filmes e música. O evento intitula-se “Keep Roll with CUT Film Day”, e arranca às 17h00 na Casa Garden. Às 19h30 tem lugar um espectáculo ao vivo de música feita para filmes de Macau. Entre as 21h30 e as 22h00, é “This is not the end” que dá vida ao ecrã. A curta metragem do realizador Chan Kam-hei, conta a história de um jovem de 16 anos que enfrenta desafios a seguir pela profissionalização no desporto. Foi galardoada com o melhor roteiro na 14ª edição do “Fresh Wave International Short Film Festival”. “Como todos nos conhecemos através de filme, esperamos que aqueles que já nos conheciam – e até novos amigos – possam conectar-se e continuar com esta jornada cinematográfica”, pode ler-se na descrição do evento. A entrada é livre.

Palestra Meditação para atletas de mergulho

A diferença mental entre mergulho e mergulho livre, como melhorar o desempenho de quem pratica mergulho livre e meditação destinada a atletas. São estes os principais temas a abordar numa discussão sobre técnicas de meditação que decorre no domingo entre as 13h30 e as 15h00 na Island Park Club House. A sessão abrange prática meditativa de pranayama e frequências de taças tibetanas. A participação tem um custo de 400 patacas.

Urban Tribe Felicia Keys actua esta sexta-feira

Hoje à noite o Urban Tribe acolhe um espetáculo drag, com a actuação de Felicia Keys. O evento decorre entre as 18h00 e as 22h00, e também inclui bingo. O cartaz do evento destaca ainda a presença do DJ Stephen.

Casas Museu Música e dança ao ar livre

As Casas Museu da Taipa voltam a receber actuações durante o fim de semana. Entre os artistas convidados, os Concrete Lotus sobem a palco amanhã às 16h. Noutro registo, Victor Kumar e o grupo Bollywood Dreams Group actuam no domingo entre as 17h30 e as 18h30. O programa é de entrada gratuita.

O grupo Macau LGBTQ+ Social Club apresenta esta noite um evento no espaço D2 com base no estilo “voguing” e que conta com um concurso de poses. Um dos objectivos dos eventos organizados pelo grupo é permitir um melhor entendimento da comunidade LGBTQ

O

estilo “voguing” dos salões de dança de Harlem Nova Iorque dos anos 70 e 80 serve de inspiração ao evento “Pose”, que decorre esta noite no Clube D2. Canalizar a supermodelo interior de cada um – é o desafio proposto pelo Macau LGBTQ+ Social Club. O evento começa às 22h00 e conta com um concurso em três categorias: “supermodelo lendário”, “diva com atitude” e “hot wet & saucy glamour”. A entrada tem um custo de 130 patacas. O Macau LGBTQ+ Social Club foi criado por Jimmy Chung entre o final de Dezembro e início de Janeiro, altura em que se mudou para Macau e se apercebeu de que não havia clubes LGBTQ+ ou bares gay. “Achei que seria bom começar algo para retribuir à comunidade”, disse ao HM. Lançou primeiro o grupo na plataforma “meetup”, levando mais estrangeiros a residir em Macau a juntarem-se. “No primeiro evento houve 38 pessoas, e a cada evento foi crescendo até 168 pessoas”, descreveu. Quando começou a abordar locais em Macau onde realizar os eventos, as reacções nem sempre foram positivas quando informava que eram LGBTQ. Encontrou pretextos e sugestões para arranjar sítios mais privados. “Alguns locais em Macau ainda são assim”, disse, explicando que nalguns locais a mensagem não é transmitida directamente, mas percebe-se nas entrelinhas que é melhor procurar outro espaço. A noite de hoje arranca com uma apresentação de Jimmy Chung e três co-apresentadores, num visual de alta-costura e andrógeno, semi-drag, a lançar o tema do evento. Vai ter também um sorteio de dinheiro, em que o montante ganho com a venda de rifas é dividido em duas partes, uma para o vencedor do público e outra para angariar fundos para ajudar a cobrir

as despesas das actividades do grupo organizador.

FUGA AO ESTEREÓTIPO

O objectivo passa por aproximar a comunidade dos residentes locais, criando um espaço seguro para as pessoas se juntarem e conhecerem pessoas interessantes de diferentes contextos. “Para um melhor entendimento do que a comunidade LGBTQ+ significa, sem


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seguro Mas que cria também espaço para pessoas que não são da comunidade LGBTQ apesar de a apoiarem, ou que têm curiosidade, explorarem esse lado e verem que “não é o típico ambiente estereotipado que se vê nos filmes e nos programas televisivos”.

“Estamos só a tentar [transmitir] que somos como qualquer outra pessoa, não somos diferentes de ninguém na comunidade de Macau. A única diferença é que não estamos aqui para promover ou julgar o ponto de vista de ninguém.” JIMMY CHUNG CRIADOR DO MACAU LGBTQ+ SOCIAL CLUB

o estigma, a conotação negativa e o estereótipo da comunidade”, lançou. Uma abertura que Jimmy Chung considera ser possível promover sem passar uma mensagem política. “Estamos só a tentar [transmitir] que somos como qualquer outra pessoa, não somos diferentes de ninguém na comunidade de Macau. A única diferença é que não estamos aqui para

promover ou julgar o ponto de vista de ninguém, quer da comunidade LGBTQ+ ou da chamada comunidade hetero”. Encara o grupo e os eventos como “um lugar seguro” para as pessoas que questionam a sua própria sexualidade fazerem perguntas, amigos, e um dia terem coragem de se assumirem “quando perceberem o que é certo, ou errado e o que realmente querem”.

Jimmy nasceu em Hong Kong, de onde saiu quando ainda era criança. Cresceu no Canadá, e não esteve isento de dificuldades. “Qualquer pessoa a crescer como uma pessoa LGBTQ+, em qualquer comunidade, vai experienciar algum racismo, [reacções negativas], discriminação e ameaças”, descreveu, apontando que ao longo dos anos notou menos discriminação e pessoas a compreenderem melhor a comunidade. Já passou por França e novamente por Hong Kong, mas acabou por decidir mudar-se para a RAEM. “Apaixonei-me por Macau, pela cultura, o ambiente, as pessoas, o riso e a amabilidade das pessoas aqui é incrível”, descreveu. Salomé Fernandes

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ÓBITO MORREU O PINTOR PORTUGUÊS NIKIAS SKAPINAKIS

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pintor e artista plástico português Nikias Skapinakis, morreu nesta quarta-feira, aos 89 anos. A notícia foi avançada pelo jornal ‘Público’, que adianta que o artista morreu no Hospital dos Lusíadas, em Lisboa. A informação foi confirmada ao jornal pelo galerista Fernando Santos, que trabalhava com o Skapinakis nos últimos anos, e que adiantou a notícia nas redes sociais. De ascendência grega, Nikias Skapinakis nasceu em Lisboa, em 1931, frequentou o curso de arquitectura, que abandonaria para se dedicar totalmente à pintura. Além da pintura a óleo, como actividade dominante, dedicou-se à litografia, serigrafia e ilustração de livros. Entre outras obras, ilustrou PUB

“Quando os Lobos Uivam”, de Aquilino Ribeiro (Livraria Bertrand, 1958), e “Andamento Holandês”, de Vitorino Nemésio (Imprensa Nacional, 1983). É autor de um dos painéis concebidos para o café “A Brasileira do Chiado” (1971), em Lisboa. Para a estação de Arroios, do metro de Lisboa, que se mantém em obras de ampliação, concebeu em 2005 o painel “Cortina Mirabolante”. Em 2012, o Museu Coleção Berardo apresentou a exposição antológica “Presente e Passado, 2012-1950” dedicada ao artista, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa. Em 2013, foi-lhe atribuído pela Sociedade Portuguesa de Autores o Prémio de Artes Visuais.

Em 2014, apresentou na Casa Fernando Pessoa a série de guaches Lago de Cobre e a série de desenhos Estudos de Intenção Transcendente. Ilustrou ainda a revista Colóquio Letras dedicada a Almada Negreiros. Em 2017, apresentou no Museu Arpad Szenes-Vieira da Silva a série desenvolvida a partir de 2014, “Paisagens Ocultas - Apologia da Pintura Pura”. No passado mês de Julho, a Galeria Fernando Santos, no Porto, inaugurou uma exposição de obras inéditas de Nikias Skapinakis, sobre o tema da paisagem, com o lançamento do livro “Nikias Skapinakis - paisagens [landscapes]”, de Bernardo Pinto de Almeida, numa edição conjunta com a Documenta.


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Governo chinês acusou ontem Washington de violar a lei internacional ao impor sanções a autoridades e empresas envolvidas na construção de ilhas artificiais no Mar do Sul da China, cuja soberania é reivindicada por Pequim. Washington rejeita as reivindicações territoriais chinesas no Mar do Sul da China - um de vários pontos de tensão nas relações entre as duas maiores economias do mundo. Em Julho passado, o Governo de Donald Trump elevou a disputa para um novo nível ao declarar ilegítimas quase todas as reivindicações marítimas da China, numa declaração que favorece as Filipinas, Vietname, Taiwan e Brunei. “As acções dos EUA interferem grosseiramente nos assuntos internos da China, violam o direito internacional e as normas internacionais relevantes”, disse o porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Zhao Lijian. O Departamento de Comércio anunciou na quarta-feira sanções contra um número não especificado de funcionários chineses e 24 empresas, devido ao seu papel na construção de ilhas artificiais que avançam com a estratégia de Pequim no Mar do Sul.

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MAR DO SUL CONDENADAS SANÇÕES DOS EUA CONTRA CONSTRUCTORAS

Em seara alheia

As empresas foram adicionadas a uma “lista de entidades” que têm acesso limitado às exportações norte-americanas. “A China tomará medidas firmes para salvaguardar resolutamente os direitos e interesses legítimos das suas empresas e cidadãos”, disse Zhao.

COM HISTÓRIA

As autoridades chinesas fizeram comentários semelhantes em disputas anteriores, embora muitas vezes não sejam seguidas por nenhuma acção oficial. O Departamento de Comércio disse que as empresas foram visadas pelo seu papel na construção de ilhas artificiais, através de operações de dragagem e outras actividades que causaram danos ambientais e infringiram as reivindicações de outras nações. “A construção relevante que a China realizou no seu próprio território insere-se inteiramente na sua soberania e não tem nada a ver com militarização”, disse Zhao. “Não há razão para os EUA imporem sanções ilegais a empresas e indivíduos chineses por causa da sua participação em construções domésticas relevantes”, acusou. Zhao Lijian “As acções dos EUA interferem nos assuntos internos da China, violam o direito internacional e as normas internacionais relevantes.” PUB

Palau Mark Esper visita arquipélago em competição com a China MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 614/AI/2020

MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 642/AI/2020

-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se a infractora MO XIAOLIAN, portadora do Salvo Conduto para Deslocação a Hong Kong e Macau da RPC n.° C07843xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 166/DI-AI/2018 levantado pela DST a 30.08.2018, e por despacho da signatária de 12.08.2020, exarado no Relatório n.° 640/DI/2020, de 03.08.2020, nos termos do n.° 1 do artigo 10.° e do n.° 1 do artigo 15.°, ambos da Lei n.° 3/2010, lhe foi determinada a aplicação de uma multa de $200.000,00 (duzentas mil patacas) por controlar a fracção autónoma situada na Rua Cidade de Santarém n.° 423, Praça Wong Chio, 9.° andar X, Macau onde se prestava alojamento ilegal.------------------------------------------------------------------------O pagamento voluntário da multa deve ser efectuado no Departamento de Licenciamento e Inspecção destes Serviços, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, de acordo com o disposto no n.° 1 do artigo 16.° da Lei n.° 3/2010, findo o qual será cobrada coercivamente através da Repartição de Execuções Fiscais, nos termos do n.° 2 do artigo 16.° do mesmo diploma.-----------------------------------------Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo conforme o disposto no artigo 20.° da Lei n.° 3/2010, a interpor no prazo de 60 dias, conforme o disposto na alínea b) do n.° 2 do artigo 25.° do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 110/99/M, de 13 de Dezembro.---------------------Desta decisão pode a infractora, querendo, reclamar para o autor do acto, no prazo de 15 dias, sem efeito suspensivo, conforme o disposto no n.° 1 do artigo 148.°, artigo 149.° e n.° 2 do artigo 150.°, todos do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 57/99/M, de 11 de Outubro.------------------------------------------------------------Há lugar à execução imediata da decisão caso esta não seja impugnada.-----------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício ‘‘Centro Hotline’’, 18.° andar, Macau.----------------------------------Direcção dos Serviços de Turismo, aos 12 de Agosto de 2020. A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes

-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se o infractor LONG JIANG, portador do Salvo Conduto para Deslocação a Hong Kong e Macau da RPC n.° C71726xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 282.1/DI-AI/2017 levantado pela DST a 14.12.2017, e por despacho da signatária de 28.04.2020, exarado no Relatório n.° 73/DI/2020, de 02.03.2020, nos termos do n.° 1 do artigo 10.° e do n.° 1 do artigo 15.°, ambos da Lei n.° 3/2010, lhe foi determinada a aplicação de uma multa de $200.000,00 (duzentas mil patacas) por prestação de alojamento ilegal na fracção autónoma situada na Rua Um Bairro Iao Hon n.° 12, Edf. Man Sau, 2.° andar L (E236), Macau.---------------------------O pagamento voluntário da multa deve ser efectuado no Departamento de Licenciamento e Inspecção destes Serviços, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, de acordo com o disposto no n.° 1 do artigo 16.° da Lei n.° 3/2010, findo o qual será cobrada coercivamente através da Repartição de Execuções Fiscais, nos termos do n.° 2 do artigo 16.° do mesmo diploma.-----------------------------------------Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo conforme o disposto no artigo 20.° da Lei n.° 3/2010, a interpor no prazo de 60 dias, conforme o disposto na alínea b) do n.° 2 do artigo 25.° do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 110/99/M, de 13 de Dezembro.---------------------Desta decisão pode o infractor, querendo, reclamar para o autor do acto, no prazo de 15 dias, sem efeito suspensivo, conforme o disposto no n.° 1 do artigo 148.°, artigo 149.° e n.° 2 do artigo 150.°, todos do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 57/99/M, de 11 de Outubro.------------------------------------------------------------Há lugar à execução imediata da decisão caso esta não seja impugnada.-----------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício ‘‘Centro Hotline’’, 18.° andar, Macau.----------------------------------Direcção dos Serviços de Turismo, aos 21 de Agosto de 2020. A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes

O secretário da Defesa norte-americano, Mark Esper, realizou ontem uma visita inédita ao Palau, arquipélago com 20.000 habitantes, ilustrando a importância de todas as peças na disputa entre China e Estados Unidos pelo domínio do Pacífico. Esper voou esta semana meio mundo para visitar Palau, a sudeste das Filipinas. Não há sinais de uma ameaça militar chinesa directa ao Palau, mas o país insular constitui um exemplo de como mesmo as mais pequenas peças assumem relevo

no xadrez geo-político disputado entre China e Estados Unidos pela posição de “grande potência”. A luta pelo poder está a intensificar-se em várias frentes e é vista por alguns analistas como uma nova Guerra Fria, semelhante ao conflito entre os Estados Unidos e a antiga União Soviética, até ao colapso do comunismo na Rússia, em 1991. O minúsculo Palau assume uma postura pró-americana, sendo um dos 15 Estados no mundo que mantém relações diplomáticas oficiais com Taiwan.

HK GUARDA COSTEIRA CHINESA INTERCEPTA LANCHA COM ACTIVISTAS RUMO A TAIWAN

A

S autoridades da China detiveram ontem pelo menos 10 pessoas, incluindo um activista pró-democracia de Hong Kong, depois de a guarda costeira chinesa ter interceptado uma lancha que alegadamente ia para Taiwan. Segundo a informação avançada pela imprensa local, que cita fontes não identificadas, o activista Andy Li está entre os detidos. Li foi preso no início deste mês, com outras nove pessoas, acusado de conluio com forças estrangeiras, ao abrigo da controversa lei de segurança nacional imposta

por Pequim em Hong Kong. O activista estava em liberdade sob fiança. Uma mensagem difundida nas redes sociais pela guarda costeira da China

detalhou que as detenções ocorreram no domingo, quando o barco foi interceptado na costa da província de Guangdong. Duas pessoas identificadas pelos sobrenomes Li e

Tang estão entre os detidos, segundo a guarda costeira. Não é claro quais são as acusações que enfrentam. “Estamos cientes destas informações. Por enquanto, não temos nenhuma informação das autoridades relevantes do continente”, disse ontem o comissário da polícia de Hong Kong, Chris Tang, em conferência de imprensa. As pessoas a bordo estariam em fuga para Taiwan, e pelo menos uma outra pessoa já esteve presa por acusações relacionadas aos protestos antigovernamentais do ano passado, informou o South China Morning Post.


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sexta-feira 28.8.2020

Futebol Disputa no Camões

Instituto do Desporto Festival competitivo no centro olímpico

O campo da Sam Yuk Middle School na Taipa recebe amanhã o segundo jogo da equipa ÁKISÁ FC contra a equipa da Casa do FC Porto de Macau. O jogo começa às 12h35 e está inserido no torneio de futebol “Camões”.

I

NICIALMENTE agendados para o Circuito International de Zhuzhou, na província de Hunan, os dois Festivais de Corridas de Macau, mas agora numa versão aligeirada, serão pelo terceiro ano consecutivo realizados no Circuito Internacional de Guangdong (GIC, na sigla inglesa), nos arredores da cidade continental chinesa de Zhaoqing. A primeira prova está agendada para este fim-de-semana, enquanto que o segundo confronto está marcado para o fim-de-semana de 12 e 13 de Setembro. Visto que estes dois eventos não contam com uma representação significativa de pilotos de Hong Kong, a AAMC terá achado por bem que estas duas provas não deveriam servir de apuramento para as corridas de apoio da 67ª edição do Grande Prémio. Assim, os pilotos de Macau que se apuraram para a 66ª edição do Grande Prémio terão “entrada directa” na edição de 2020, existindo a possibilidade que outros pilotos da RAEM possam também participar no evento, ocupando vagas que o ano passado foram preenchidas por pilotos da região vizinha ou por pilotos estrangeiros. Estes dois eventos para os pilotos de carros de Turismo terão corridas separadas para três categorias diferentes. A categoria para viaturas com motores 1600cc de cilindrada turbo, será também aberta a concorrentes com carros até 1600cc mas sem turbo, o que abre a porta a vários modelos como o Honda Fit ou o Toyota Yaris que frequentemente competem nas provas amadoras na China Interior. Por seu turno, a categoria “1950cc e Superior”, que no Grande Prémio de Macau se junta à “1600cc Turbo” para dar corpo à Corrida de Carros de Turismo de Macau, irá continuar a albergar os carros da defunta Road Sport Challenge, assim como os carros de Turismo da classe internacional TCR. A estes estarão autorizados a juntar-se os carros das categorias N2000 e S2000, viaturas que já não podem disputar o Grande Prémio, mas que ainda são vistos a correr em provas regionais de menor dimensão um pouco por todo sudeste asiático. Por fim, a exemplo de 2019, haverá uma categoria destinada a carros de Grande Turismo, numa mistura de carros da categoria GT4 e viaturas provenientes da extinta Taça Lotus, e que foram vistos pela primeira vez a competir o ano passado no Circuito da Guia na “Taça GT - Corrida da Grande Baía”.

No domingo, pelas 15h00, o Campo de Hóquei do Centro Desportivo Olímpico acolhe o Festival Competitivo de Verão 2020. Organizado pelo Instituto do Desporto (ID), vai ter equipas mistas de cinco participantes a competir em várias fases. A equipa que ultrapassar todos os obstáculos e cortar a meta

em menos tempo vai vencer. No dia do evento, os participantes podem treinar no campo das 09h00 às 11h00 horas. O ID descreve que a actividade se destina a “promover o aproveitamento dos tempos livres pelos jovens para a prática do desporto e ajudá-los a criarem estilos de vida saudáveis”.

AUTOMOBILISMO FESTIVAIS DE CORRIDAS DE MACAU ESTE FIM-DE-SEMANA EM ZHAOQING

Motores voltam a roncar

Apesar de todas as restrições e obstáculos criados pela pandemia mundial da covid-19, a Associação Geral Automóvel de Macau-China (AAMC) vai avançar com dois eventos para os pilotos da RAEM. No entanto, desta vez, quebrando uma tradição de quase duas épocas, os dois eventos que serão realizados do outro lado das Portas do Cerco, não irão ser de apuramento para o Grande Prémio de Macau

Todas estas categorias terão que realizar duas corridas por fim-de-semana. Como estas corridas são geralmente inscritas no calendário internacional da FIA, a participação nestas provas permitirá aos pilotos do território manter as licenças desportivas internacionais de nível “C” no ano seguinte, documento

necessário para competirem no Grande Prémio e muito importante para todos aqueles que ambicionem realizar provas noutros países e de campeonatos internacionais.

VÁRIOS PORTUGUESES

Das três classes, aquela que reúne mais inscritos para o próximo fim-

Visto que estes dois eventos não contam com uma representação significativa de pilotos de Hong Kong, a AAMC terá achado por bem que estas duas provas não deveriam servir de apuramento para as corridas de apoio da 67ª edição do Grande Prémio

-de-semana é a “1950cc e Superior”, com dezassete concorrentes à partida e várias caras conhecidas do automobilismo local. Jerónimo Badaraco vai conduzir um Mitsubishi EVO9, enquanto Luciano Castilho Lameiras, que terminou no pódio desta classe no pretérito Grande Prémio de Macau, irá alinhar com o seu Mitsubishi EVO10. Igualmente presente estará Delfim Mendonça Choi, com o Mitsubishi EVO7 preparado pela SLM Racing Team, cujos resultados a temporada passada foram bastante animadores. O vencedor da classe na Taça de Carros de Turismo em 2019, Filipe Souza, também estará presente, mas

não com oAudi RS3 LMS TCR, mas sim com um Volkswagen Golf GTI da equipa T.A. Motorsport, dado “que o Audi não está ainda pronto”. O facto dos Honda Integra DC5, um carro com uma longa história no automobilismo do território, ser aceite nestas corridas, permitirá que Rui Valente recorra ao seu exemplar, que tantas alegrias lhe tem dado no GIC Challenge, a competição organizada pelo circuito de Guangdong em que habitualmente participa. O piloto português prevê correr na classe “1600cc Turbo” no Grande Prémio, mas o seu Mini Cooper S está a ser poupado para a prova mais importante da temporada. “O Mini vou prepará-lo melhor para Macau e depois faço duas simulações de corrida para ver, sempre melhor assim do que estar a desgastá-lo”, explicou Rui Valente ao HM. Célio Alves Dias e Eurico de Jesus, dois nomes incontornáveis do automobilismo do território, irão igualmente retirar das garagens os “velhinhos” Honda DC5 para estas corridas que, acima de tudo, servem para muitos dos pilotos voltarem a ganhar ritmo após nove meses sem qualquer actividade neste desporto. Entre os onze carros inscritos na classe “1600cc Turbo”, destaque para a presença de Sabino Osório Lei, que irá conduzir um dos Ford Fiesta da SLM Racing Team, enquanto não define com que carro irá competir na grande prova do mês de Novembro. Por fim, há oito inscritos na classe de GT: um BMW M4 GT4, três Ginetta G50 GT4, um Audi R8 LMS e três Lotus Exige. Sérgio Fonseca

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tonalidades António de Castro Caeiro

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28.8.2020 sexta-feira

Quem não me deu Amor não me deu nada

O Anel de Giges

ONTA Platão que um certo Giges tinha um anel com poderes extraordinários. Quando punha o anel ficava invisível. Se o tirava, podia ficar à vista de toda a gente. A experiência do pensamento leva Platão a considerar que se um justo pudesse usar esse anel, agiria de forma injusta. Tirava sem pagar o que lhe apetecesse, entrava na casa de quem quer que fosse e deitar-se-ia na cama de quem desejasse, as ruas estariam cheias de cadáveres das pessoas assassinadas por esse justo e as mulheres grávidas dele. Ele libertaria os seus amigos e meteria na prisão os seus inimigos. O justo não poderia ser já considerado justo. Nem sequer poderia usar o nome “justo”. Todas as suas acções seriam injustas. Não esperaria pela calada da noite para praticar os seus actos. De dia ficava invisível. Não tinha de prestar contas a ninguém. Obteria sempre tudo o que lhe apetecesse ter. Não tinha de responder perante ninguém. De manhã à noite o sentido da sua vida seria o dos seus desejos e caprichos, imporia sempre a sua vontade, sem respeito por ninguém e ninguém saberia pôr-se

no seu caminho. É uma tese de Sócrates que Platão quer ilustrar. Ser injusto é fazer triunfar a sua opinião de alguém sobre outrem, esteja ela ou não fundamentada. Ser injusto é fazer o que nos apetece, como se isso fosse ter muito poder. Ser injusto é usar o outro como objecto de desejo e das nossas vontades. Ao impor-se o injusto não apenas neutraliza o outro, subjuga-o, submete-o, sujeita-o, violenta-o. Mas será que Giges ou quem tiver o anel fica invisível a si mesmo? Não se apercebe das suas acções? Não compreenderá o que é agir injustamente ou ser, mesmo que uma única vez, injusto? O pensamento na sua experiência tem de projectar a consequência possível de alguém ser injusto e fruir de todas as suas injustiças, mesmo quando achar que se sacrifica por um bem maior. Pode não ser sádico e sentir prazer sempre em ser injusto, mas nunca transformará a culpa que sente em remorso. Há-de repetir sempre o mal que faz. Nunca ser arrependerá ao ponto de arrepiar caminho. Há-de continuar a dizer o que lhe apetece, a impor a sua vontade, a fazer o que lhe apetece, a

É que mais vale sofrer a injustiça do que cometê-la. Ao sofrer-se, dói. Mas ao ser-se injusto, perde-se a humanidade. Convidamos a grande besta!

exercer a violência da mínima à máxima, física à psicológica. E servir-se-á, abusando dos outros todos ou só usando alguns. Sob a capa do anonimato, torna-se invisível para todos os outros, para aqueles sobre quem exerce violência e aos eus próprios olhos não aparecerá como injusto, mas como alguém que forte, audaz, para quem os outros não são vítimas mas fracos. Se não for ele, serão outros a fazer o que ele tem de fazer. Continuará a tomar o que é seu sem qualquer direito a tomá-lo. Não lhe chamará roubo. Será reclamação do direito. Continuará a entrar na casa de quem lhe apetecer e não será arrombamento mas outra coisa. Deitar-se-á com mulheres e homens porque lhe apetecerá e não será violação mas outra coisa. Matará e será execução. Meterá na prisão em nome de uma qualquer justiça. Soltará criminosos e não é por serem amigos, mas para se fazer justiça. No exercício da violência, na expressão da vontade de poder, está a pequenez que Platão identifica. Fazer vingar a opinião não é saber. É fazer vingar a superstição pelo medo ou pelo terror ou por um qualquer sentimento a que se chamará amor mas não é amor a qualquer coisa que se chamará pátria mas não é pátria e concidadãos mas serão apenas parceiros de crime. E todos os que forem executados, todas mulheres e filhas violadas serão em nome do que é guerra, mas é outra coisa e se for guerra é em nome apenas de si, da afirmação de si, do próprio. O injusto há-de prevalecer na sua opinião, condenando e absolvendo os seus, há-de extorquir, expulsar da cidade e matar, há-de violar, há-de fazer o que lhe apetecer. O injusto será finalmente reduzido ao que é, um odre cheio de buracos, uma pipa gigantesca furada, sem nunca ficar cheia e quando fica cheia sem conseguir reter o que quer que seja. Todas as suas vontades são de tudo e nada. De manhã à noite, será escravo de si próprio e o próprio o que é: esse mesmo odre do tamanho do universo, um buraco negro, que aspira tudo, tudo traga e de nada se enche para todo o sempre. Não sabemos se Giges, rei da Lídia terá tido esse anel. Se terá havido um único ou dois não pode ser a nossa dúvida. Enquanto eu for injusto- perdoe-me o leitor falar eu agora na primeira pessoa do singular- ninguém há-se saber, no pensamento, mais do que em acto, quando em acto, é na realidade, a injustiça é bem escondida. Ou assim, acho. Mas não nos enganemos. O anel cai-nos do dedo, mesmo quando em nome da transparência defende o inominável, a injustiça. É que mais vale sofrer a injustiça do que cometê-la. Ao sofrer-se, dói. Mas ao ser-se injusto, perde-se a humanidade. Convidamos a grande besta!


ARTES, LETRAS E IDEIAS 15

sexta-feira 28.8.2020

OFício dos ossos

Valério Romão

A evolução às bolinhas

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história da nossa evolução enquanto espécie está fundamentalmente ligada a uma característica específica do humano a que comummente chamamos inteligência. No reino animal a que pertencemos, não somos os mais fortes, os mais altos, os mais velozes ou os mais ágeis. Não temos a visão mais aguda ou a audição mais apurada. Fisicamente e descontando a postura vertical e o polegar oponível, não apresentamos nenhuma característica que nos separe de forma radical dos restantes animais. Pelo contrário. Em termos físicos – e até genéticos – somos muito semelhantes aos chimpanzés, por exemplo. É difícil (e não cabe de todo no espaço de uma crónica) definir inteligência. Como inúmeros conceitos com os quais operamos quotidianamente, o significado de inteligência recai sob o paradoxo agostiniano da definição de tempo: “se ninguém me perguntar o que é, eu sei; se me perguntarem, eu não sei”. A linguagem – porventura a mais emblemática das conquistas da inteligência – não é transparente para si própria. Mas funciona (mais ou menos, mas essa é outra conversa). Tomemos da inteligência apenas um dos seus componentes mais simples: a capacidade de resolver um determinado problema. Este pode ser o acto de abrir um coco (ou um crânio) com recurso a uma pedra ou o de postular a equação pela qual se rege a força da gravidade. A inteligência visa tudo. É uma forma peculiar de desocultamento progressivo da realidade e a pedra basilar do nosso vasto domínio enquanto espécie. É graças a ela que o macaco relativamente imberbe que somos se tornou o predador incontestado de todos os restantes animais, da terra e dos seus recursos (e aqui cabe tanto orgulho quanto vergonha). De um ponto de vista evolutivo, a inteligência é o meio pelo qual acedemos ao trono deste ínfimo recanto do universo, para o qual espreitamos com a curiosidade de um recém-nascido incapaz chegar aos brinquedos pendurados sobre o berço. Estatisticamente, a inteligência (ou pelo menos o QI, a sua medida) tem vindo a aumentar desde que começámos, no Séc. XX, a aferi-la globalmente. Parece haver razões contextuais para isso, nomeadamente o aumento da qualidade de vida por vida da medicina e da nutrição (é sabido que

um estômago vazio pensa pior). Neste momento da nossa história enquanto espécie, há autores que defendem que nos próximos cem anos ela continuará a aumentar de forma continuada e outros que dizem exactamente o contrário, ou seja, que chegámos a um ponto de inflexão e que daqui para diante seremos – como dizer – cada vez mais estúpidos. Isto por que, de um ponto de vista evolutivo, a inteligência deixou de ser o factor capaz de fazer a diferença entre a sobrevivência e o seu oposto.

Resumindo: o macaco imberbe cansou de ser esperto. Se olharmos à nossa volta – e sem necessitarmos de ser excessivamente dramáticos, até porque a maior parte dos indicadores de qualidade de vida nos colocam numa posição mais confortável do que aquela em que estávamos no século passado – não é difícil verificar – e até é relativamente corriqueiro – que esta “capacidade de resolver problemas” não é a principal forma pela qual as pessoas asseguram a sua sobrevivência. A

A sobrevivência parece depender sobretudo do país em que se nasce; da cidade, do bairro, da língua, da cor da pele, da família em que se nasce. Até por que – em havendo dinheiro – a resolução de muitos dos problemas práticos da vida pode ser banalmente adquirida

sobrevivência parece depender sobretudo do país em que se nasce; da cidade, do bairro, da língua, da cor da pele, da família em que se nasce. Até por que – em havendo dinheiro – a resolução de muitos dos problemas práticos da vida pode ser banalmente adquirida. A sobrevivência não depende tanto da capacidade do humano de resolver o mundo em seu redor (até porque este já se encontra a esse nível e na sua maior parte, resolvido) mas das posses que abrem ou fecham as diversas possibilidades que o mundo – como num cardápio – oferece. A possibilidade de um decréscimo global da inteligência coloca outros problemas. Embora sejamos a espécie regente do burgo, a nossa sobrevivência a longo prazo não está de todo assegurada. Talvez o facto de sermos cada vez mais e possivelmente cada vez mais estúpidos não seja uma vantagem. E, na verdade, talvez não haja nada a fazer em relação a isso.


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28.8.2020 sexta-feira

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O paraíso perdido da infância Expectoracão Sara F. Costa

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LHO para o meu filho, ausculto-lhe o nascimento. Nasce-se e nunca se está verdadeiramente pronto para sobreviver, quanto mais para existir. Existir começa com o contacto com o outro. Eu só existo por oposição ao outro. É do contacto com os primeiros cuidadores que o universo inteiro se desembrulha, com todas as assunções subliminares que a nossa micro-relação interpessoal com os nossos guias-protectores no mundo nos incutem para sempre, como uma genética emocional, gravada, perpétua por ser a primeira aprendizagem, a primeira experiência. Os primeiros medos, as primeiras formas de amar, tudo surge dessa cartografia afectiva que nos foi deixando mapas inconscientes aos quais regressamos sempre para explicar um fenómeno ou para reagir a um determinado estímulo.

Este mundo que nos é atirado para as mãos como um presente é um privilégio que vamos ter de justificar, muitas vezes, para nós mesmos, para o resto das nossas vidas. A infância é o laboratório social que nos modela a personalidade e por isso precisamos de voltar a ela. Não é aqui a psicanálise o mesmo que uma teologia da personalidade humana, a criação de uma mitologia pessoal que vamos tentar descortinar, sem qualquer certeza. Foram a secularização e o desenvolvimento da economia e da sociedade burguesa que permitiram esta afirmação sem precendentes do poder do indivíduo como único, quase omnipotente. Podemos verdadeiramente depender desta assunção?

“Dichtung” em alemão significa simultaneamente poesia e verdade, é Goethe quem traz à humanidade esta brilhante ideia de relacionar o passado com o presente, a criança com o adulto, a criança interior que fica para sempre lá dentro, dentro do adulto. Goethe usa o termo “Dichtung” para descrever a sua vida, porque ele a sabe inabitável, uma passagem onde se mantém algumas derrapagens na desarticulação natural da memória. A infância é uma carapaça com língua. A infância é poesia e verdade entre o acontecimento empírico e factual, e a projeção idealizada. É ficção e racionalidade, o lugar de todos os encontros. Saímos dela inconscientes, re-

A infância é uma carapaça com língua. A infância é poesia e verdade entre o acontecimento empírico e factual, e a projeção idealizada. É ficção e racionalidade, o lugar de todos os encontros

gressamos a ela com um espírito científico, analítico, sedento de consciência, sedento de se apropriar do que é inconsciente para o tornar consciente. Primeiro existir, depois criar, primeiro a nossa infância, depois a infância dos nossos filhos. O "confrontamento hermenêutico com o conteúdo vivido" (Jacobs). O sujeito escava-se, encontra material, lê nisso as intervenções mais ou menos intencionais do próprio sujeito para lhe conferir perspectiva e significado. É desta forma que podemos esquematizar o privilégio emocional como soldados intelectuais com ferramentas psicanalíticas, colectar dados, procurar de padrões, tornar a vida em ciência. A poesia em facto. Por isso, a superação anual dos níveis de privilégio emocional entre a população deveria ser estipulada prioridade política. Uma educação para o amor. Amar o ser, ausente de socialização, primitivo, amar a sua existência sem condicionamentos, amar um filho como quem explica o fogo.


ARTES, LETRAS E IDEIAS 17

sexta-feira 28.8.2020

FICÇÃO, ENSAIO, POESIA, FRAGMENTO, DIÁRIO

entre oriente e ocidente Gonçalo M. Tavares

Circunferência e Medo (a meio caminho entre poesia e geometria) 1.

Estamos no mundo, diz Anteu, para baixar a temperatura que apedreja as coisas com a sua irritação. Temperatura desejamos entre corpos que estão demasiado sozinhos e poderiam, quando juntos, ser - ou tornarem-se pelo menos por minutos geógrafos instantâneos que avançam a quatro pés e se orientam pelo dia como se em itinerário na casa comum de infância que nunca tiveram, claro. Uma alegria que ensine a dispersão como se um corpo pudesse ser em mente o que é a forma de explosão de um bando de pássaros assustados em que cada um se atira para um canto diferente do nada que existe acima do solo deixando 360 linhas que saem do centro do medo para um ponto da linha da circunferência onde se sentem seguros.

2.

Um medo que provoque disciplina e linha rectas e não caos e fugas descontrolados na cabeça, pés e trajecto.

3.

Há uma linha invisível no espaço que permite que nele pássaros cansados e acossados possam pôr patas e sossego e ficar ali como se em vez de animais voadores fossem seres com peso capazes de levitar como uma curiosa neblina com fome. Essa neblina faz sons, quem diria; mas dela não vem apenas a melodia e a pequena leveza; há dejectos, excelência, tudo o que canta tem também no mundo outras obrigações impostas pela vida - bem menos belas, senhor, bem menos belas.

4.

Mas se uníssemos a posição final em que o medo colocou cada membro da matilha medrosa, traçaríamos uma absolutamente perfeita circunferência com o compasso óptico, esse modo velho e orgânico de encontrar no mundo as velhas formas de Platão: quadrado, quadrado, triângulo, por vezes; circunferência sempre.

5.

A circunferência, não há forma que mais satisfaça a gula do olho.

ILUSTRAÇÃO ANA JACINTO NUNES


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A FORÇA DO LAURA

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Estados Unidos. Às 01:00, o furacão, que ameaça provocar inundações "catastróficas", de acordo com o NHC, atingiu a costa perto da cidade de Cameron. As autoridades já ordenaram a evacuação da área de Lake Charles na terça-

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-feira, onde vivem cerca de 200 mil pessoas. O Laura, que já matou 21 pessoas no Haiti e outras quatro aquando da passagem pela República Dominicana, ameaça agora o Louisiana e o leste do Texas.

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C I N E M A

Cineteatro SALA 1

SUMIKKOGURASHI:GOOD TO BE IN12 THE CORNER [A]

LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Um filme de: Chow Kwun-wai Com: Terrance Lau, Cecilia Choi 14.30, 16.45, 19.15, 21.30

6 7 2 8 9 0 DREAMBUILDERS [A] 8 1 3 6FALADO4EM CANTONÊS 2 9 5 LEGENDADO EM CHINÊS 3 DREAM [C] 7Um filme 6 de: Kim Hagen Jensen, Tonni Zinck4 BEYOND THE FALADO EM JAPONÊS 14.30, 16.30, 19.00, 21.15 2 9 3 0 4 8 8 6 2 3 5 0 FALADO EM CANTONÊS LEGENDADO EM CHINÊS Um filme de: Mankyu 14.30, 16.00, 17.30, 19.30, 21.00

SALA 3

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SOLUÇÃO DO PROBLEMA 10

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PROBLEMA 11

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O furacão Laura, de categoria 4, num máximo de 5, atingiu ontem a costa do estado norte-americano do Louisiana, com ventos máximos sustentados até 240 quilómetros por hora, informou o Centro Nacional de Furacões (NHC) dos

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DREAMBUILDERS

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UM DISCO HOJE

STRAIGHT OUTTA COMPTON | N.W.A.

Lançado em 1988, “Straight Outta Compton” é um disco pioneiro em vários aspectos. Não só inaugura o gangsta rap, como deu voz às ruas que explodiam em violência policial e motivou um acérrimo discurso sobre censura na música. “Fuck tha Police” viria mesmo a tornar-se um dos hinos dos motins de LA, que rebentaram depois do caso Rodney King, o motorista afro-americano gratuitamente espancado por polícias que viriam a ser declarados inocentes. “Straight Outta Compton” apresentou também ao mundo os génios Dr Dre e Ice Cube. “You are now about to witness the strength of street knowledge”, é a frase que antecipa a primeira batida. João Luz

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores João Luz; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; João Santos Filipe; Pedro Arede; Salomé Fernandes Colaboradores Anabela Canas; António Cabrita; António de Castro Caeiro; António Falcão; Ana Jacinto Nunes; Amélia Vieira; Duarte Drumond Braga; Emanuel Cameira; Gisela Casimiro; Gonçalo Lobo Pinheiro; Gonçalo M.Tavares; João Paulo Cotrim; José Drummond; José Navarro de Andrade; José Simões Morais; Luis Carmelo; Michel Reis; Nuno Miguel Guedes; Paulo José Miranda; Paulo Maia e Carmo; Rita Taborda Duarte; Rosa Coutinho Cabral; Rui Cascais; Rui Filipe Torres; Sérgio Fonseca; Valério Romão Colunistas António Conceição Júnior; David Chan; João Romão; Jorge Rodrigues Simão; Olavo Rasquinho; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Tânia dos Santos Grafismo Paulo Borges, Rómulo Santos Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo


opinião 19

sexta-feira 28.8.2020

PATRÍCIA REIS

in Sapo.pt

Eventos e espectáculo não temos, ajuda também não

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OMO o mundo parece viver de imagens, fica a pergunta: lembram-se de ver as caixas de equipamento dos técnicos de eventos e espectáculos dispostas com distância recomendada em pleno Terreiro do Paço? Ainda bem que se lembram, esta crónica serve para vos dizer que não pode ser apenas mais uma imagem, com impacto, pois sim, é um assunto sério e que não terminou naquele dia. As horas que os técnicos ali estiveram, em silêncio, olhando para as ditas caixas, quase metaforicamente caixões a lembrar a proximidade da morte, não podem ser notícia por um dia. Este sector, com mais de três mil empregados e dando emprego indirecto a outros tantos, constitui-se numa associação, pondo de lado a ideia de serem concorrentes. A associação tem 170 associados, empresas que fazem,

montam, produzem eventos e espectáculos, as pessoas invisíveis que permitem que se oiça alguém cantar, uma pessoa numa conferência na Web Summit (e estou aqui a lembrar este evento porque quando for hora de o montar vamos precisar deste sector como de pão para a boca e quem sabe se os teremos para contratar? Eu não tenho a certeza). São a malta dos bastidores, os primeiros a chegar, os últimos a sair. São os feiticeiros de Oz que fazem as coisas acontecer. Depois da manifestação silenciosa, a associação reuniu com o governo e ficou com a ideia de que o futuro não lhes pertence. Há uma semana, enviou uma carta ao Presidente da República, como último recurso, pedindo com delicadeza que ajude a que o futuro também possa ser feito por estes profissionais. Explicando que, à conta da pandemia, do confinamento, das regras e tudo o mais que se sabe, perderam-se mais de 80 por cento de actividade no primeiro

semestre deste desgraçado ano de 2020. Os salários, os impostos, os leasings das máquinas compradas e de outro equipamento, as rendas de escritórios e de armazéns correm o risco de não serem cumpridos agora, a partir deste mês de Agosto. Não é uma hipótese teórica, a associação elaborou um inquérito e mais de 56 % dos associados diz que não tem tesouraria. Nada disto é de somenos, não vale a pena dizer que é mais um sector que está em crise. Há vários, sabemos que sim. Todos precisam de apoio e todos precisam de alento, saber que quando isto – seja isto o que for – retomar, o trabalho existirá e será cumprido com o mesmo zelo e profissionalismo de sempre. Não é uma questão cultural, não se foquem na vertente dos espectáculos, por favor, é uma questão económica e, pelos vistos, o governo também não estudou este dossier. Tenhamos esperança num salva-vidas chamado Marcelo? Sim, tenhamos, por favor.

Os salários, os impostos, os leasings das máquinas compradas e de outro equipamento, as rendas de escritórios e de armazéns correm o risco de não serem cumpridos agora, a partir deste mês de Agosto


A alegria evita mil males e prolonga a vida. William Shakespeare

MAR DO SUL CHINA DISPARA MÍSSIL “DESTRUIDOR DE PORTA-AVIÕES”

CINEMA FESTIVAL DE ‘CURTAS’ DE MACAU REGRESSA EM DEZEMBRO

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exército chinês lançou dois mísseis para o Mar do sul da China, incluindo um “destruidor de porta-aviões”, que analistas sugerem ter como alvo as forças norte-americanas na região, informou ontem um jornal de Hong Kong. Os mísseis DF-26B e DF-21D disparados na quarta-feira tiveram como alvo uma área entre a província insular de Hainan e as Ilhas Paracel, avançou o jornal South China Morning Post, que cita fontes não identificadas próximas ao Exército de Libertação Popular, as forças armadas chinesas. Os ministérios da Defesa e dos Negócios Estrangeiros da China não confirmaram ainda aquela informação. As disputas pela soberania do Mar do Sul da China, uma das rotas comerciais mais movimentadas do mundo, são cada vez mais fonte de tensão entre Pequim e Washington e os países do sudeste asiático. Washington rejeitou este ano a maioria das reivindicações de Pequim de soberania sobre a quase totalidade do mar, que é também disputado pelo Vietname, Filipinas ou Malásia. O lançamento dos mísseis na quarta-feira surgiram após reclamações chinesas de que um avião de espionagem dos EUA, o U2, entrou numa “zona de exclusão aérea” declarada por Pequim durante um exercício militar no norte do país. O DF-21 é altamente preciso e foi apelidado de “destruidor de porta-aviões” por analistas militares, que acreditam que foi desenvolvido tendo como alvo os porta-aviões dos EUAque se envolvam num potencial conflito com a China. Pequim tem aumentado consecutivamente o orçamento da Defesa, ao longo das últimas duas décadas, visando desenvolver mísseis, aviões de combate, submarinos nucleares e outras armas que lhe permitam expandir o seu alcance militar para além das regiões costeiras.

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sexta-feira 28.8.2020

PALAVRA DO DIA

Sophie Grig, Survival “As autoridades de Andaman devem agir urgentemente para evitar que o vírus infecte mais grandes andamanenses e evite a contaminação de outras tribos.”

Toca a todos Dez indígenas de tribo remota no Oceano Índico testam positivo à Covid-19

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E Z membros da tribo dos grandes andamanenses, que vivem nas ilhas Andaman (oceano Índico), contraíram o novo coronavírus, anunciaram ontem as autoridades, o que preocupa o futuro da população indígena. A tribo, constituída por apenas cerca de cinquenta pessoas que vivem na pequena Ilha do Estreito, é totalmente dependente do governo indiano para a sua sobrevivência. O território das Ilhas Andaman e Nicobar, que separa a baía de Bengala do mar de Andaman, tem uma população de 400.000 habitantes e conta oficialmente com 2.268 casos de novo coronavírus tendo já sido registadas 37 mortes. As autoridades indianas enviaram uma equipa médica para a Ilha do Estreito no domingo para avaliar a situação depois de seis membros da tribo testarem positivo em Port Blair, a capital do território. Alguns membros

da tribo costumavam viajar para Port Blair, onde trabalhavam no serviço público. “A equipa testou 37 amostras e descobriu que quatro membros da tribo testaram positivo. Foram hospitalizados”, disse à agência AFP Avijit Ray, um oficial indiano. Estima-se que 5.000 grandes andamanenses viviam quando os colonos britânicos chegaram ao arquipélago no final do século XIX, que inclui ainda outras tribos. Centenas de pessoas foram mortas na defesa do seu território e milhares sucumbiram a doenças importadas como gripe e sarampo, segundo a Survival International, organização de defesa dos povos indígenas e com sede em Londres. A preocupação permanece para as tribos de Andaman, devido ao contacto com outras populações.

TERRITÓRIO HOSTIL

Na semana passada, oito pescadores foram presos por entrar

ilegalmente no território jarawa, informaram os meios de comunicação indianos. Em 2018, um missionário norte-americano que queria converter o povo caçador-colector sentinela, estimado em 150 pessoas, foi morto enquanto viajava ilegalmente para a Ilha Sentinela do Norte, à qual o Estado indiano não tem acesso. O corpo do missionário nunca foi recuperado. Nas últimas décadas, as tentativas de contacto do mundo exterior encontraram hostilidade e rejeição violenta dos indígenas. “As autoridades de Andaman devem agir urgentemente para evitar que o vírus infecte mais grandes andamanenses e evite a contaminação de outras tribos”, disse Sophie Grig, da Survival. Com mais de três milhões de casos registados, a Índia é oficialmente o terceiro país mais afectado pelo novo coronavírus, depois dos Estados Unidos e do Brasil. Cerca de 60.000 pessoas morreram de covid-19 na Índia.

11.ª edição do Festival Internacional de Curtas de Macau vai realizar-se em Dezembro, com mais de uma centena de filmes entre os finalistas a concurso, tendo recebido 4.232 submissões, anunciaram ontem os organizadores. Organizado pelo Centro de Indústrias Criativas - Creative Macau e pelo Instituto de Estudos Europeus de Macau, com o apoio do Governo do território, o festival, que vai decorrer de 1 a 8 de Dezembro, promove a competição de profissionais e amadores, com “produções curtas independentes de reduzido orçamento”, segundo o comunicado divulgado ontem. Tal como em anos anteriores, o festival inclui duas competições, “Shorts” (para curtas-metragens) e “Volume” (que premeia vídeos musicais). Das 4.232 submissões recebidas este ano, a maioria veio da Europa (43 por cento), Ásia (32 por cento), América do Norte (11 por cento) e América do Sul (9 por cento), segundo a nota, havendo ainda trabalhos de África (3 por cento), Oceânia (1 por cento) e outras regiões (1 por cento). As curtas-metragens finalistas da selecção oficial, com 124 filmes no total, incluem 68 ficções, 26 documentários e 30 animações de quase 40 países, incluindo Portugal, pode ler-se no comunicado. Nove vídeos musicais vão ainda competir na vertente “Volume”. Os prémios incluem distinções para o melhor filme, ficção, documentário, animação, “identidade cultural de Macau” e prémios do público, entre outros. O júri deste ano é constituído por João Francisco Pinto, jornalista e director do canal de televisão TDM (Teledifusão de Macau), que preside ao painel, pelo realizador belga de curtas-metragens Julien Dykmans e pela realizadora sueca Måns Berthas. Esta 11.ª edição, que se realiza no Teatro Dom Pedro V, inclui 152 filmes e nove vídeos musicais, além de sessões especiais para escolas de cinema, concertos e encontros com o júri e finalistas.


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