Hoje Macau 29 ABR 2011 #2359

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Agência Comercial Pico • 28721006

hojemacau Mop$10

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Director carlos morais josé • sexta-feira 29 de ABRIL de 2011 • ANO X • Nº 2359

tempo muito nublado min 22 max 27 humidade 60-95% • câmbios euro 11.8 baht 0.26 yuan 1.23

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Pink Floyd O poeta chinês que inspirou a parede

1° de Maio promete confusão

A avenida da desarmonia

Os organizadores das manifestações garantem que vão tentar conter os manifestantes dentro dos espaços definidos pelo governo. Mas não prometem sucesso. Uma vez mais, há quem tenha reivindicado a passagem pela Avenida Almeida Ribeiro. Uma vez mais, o governo recusou. O ano passado foi a desgraça de que todos se lembram, sobretudo para a fotógrafa Carmo Correia que ficou ferida e com o material estragado durante a carga policial. > Página 4

População não pára de crescer Ele é política de filho único, aborto legal e etc.. Contudo, a população chinesa não pára de aumentar e a olhos vistos. A questão demográfica preocupa o governo que sabe muito bem que este país deixou, há algum tempo, de ser para velhos. A solução não está à vista. >Página 3

Ao ataque, meus piratas! E eles atacaram. E logo esse supernavio que é a Playstation da Sony. Resmas de dados individuais foram, simplesmente, gamados, dando a ver que os sistemas de segurança, mesmo das grandes multinacionais, estão à mercê dos hackers. Pirates rule! >Página 6

opinião Paul Chan Wai Chi

taiwan para inspirar macau • página 19

Carlos Morais José

Uma semana aborrecida à brava • página 17


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China “é um mistério” com um modelo de desenvolvimento “inexportável” e que está agora “ameaçado” pela inflação e “uma bolha especulativa”, afirmou o professor Jorge Braga de Macedo em entrevista à agência Lusa, em Pequim. O antigo ministro português da Finanças, formado na Universidade de Yale, Estados Unidos, considerou “fascinante” tentar “perceber a diversidade da China”, mas realçou que “há um grande desconhecimento sobre os dados concretos e o pulsar da economia” chinesa. “Os dados ainda são muito misteriosos. A Goldman Sachs, por exemplo, tem centenas de economistas a analisar a economia chinesa. Há uma indústria inteira a inferir a situação económica dos dados, como havia antes para a União Soviética”, disse. Jorge Braga de Macedo fez esta semana duas palestras em Pequim, uma das quais na UIBE (Universidade de Economia e Comércio Internacional), onde está patente uma exposição sobre a ‘A aventura das plantas’ durante a “primeira globalização económica do mundo”, proporcionada pelos Descobrimentos Portugueses. Pelas estatísticas oficiais, o Produto Interno Bruto (PIB) chinês cresceu em média 10% ao ano durante as últimas três décadas e em 2010 tornou-se o segundo maior do mundo, ultrapassando o Japão. Questionado se a China foi mesmo a primeira grande economia do mundo a sair da crise, como afirmam muitos analistas

actual Antigo ministro das Finanças português fala do sistema único chinês

Esse não dá para copiar

e governantes ocidentais, Braga de Macedo diz que “a questão” é saber se “foi a primeira a sair” ou se “ainda não entrou”. “Neste momento, a ameaça para a China é a inflação e uma bolha especulativa exactamente

como os Estados Unidos tinham há 15 anos e que foi depois atenuado pela bolha das empresas informáticas, as chamadas ‘dotcom’, no virar do século”, acrescentou. No primeiro trimestre de 2011

a inflação na China foi de 5% (um ponto acima do teto preconizado pelo Governo) e deverá manterse ao mesmo nível no segundo trimestre. Braga de Macedo sustenta que a China “não é uma economia de mercado nos

Roubo de segredos da Ford dá seis anos de prisão a chinês

Espionagem desvendada A

Justiça dos EUA condenou o engenheiro chinês Xiang Dong Yu a quase seis anos de prisão por ter roubado segredos industriais da Ford e repassado a uma con-

corrente chinesa. Também conhecido como Mike Yu, o profissional foi considerado culpado das duas acusações de roubo de informações confidenciais e ainda terá de

pagar uma multa de 12,5 mil dólares americanos. O chinês foi preso em 2009 no aeroporto de Chicago quando regressava da China, sob acusação de roubo de pub

Restaurante Fernando

A comemorar os nossos 25 anos de sobrevivência, vimos assim informar que (Estaremos fechados, como nos 25 anos anteriores, dia 1 de Maio!). Reabrimos dia dois. PS.: Paz a essas barrigas!

segredos industriais sobre design da Ford, estimados em milhões de dólares. O executivo trabalhou na companhia de 1997 a 2007. Antes de comunicar a empresa que trocaria de trabalho, Yu copiou cerca de 4 mil documentos com detalhes do design do sistema de transmissão e sistemas eléctricos. Depois de ter copiado os dados, o engenheiro enviou um e-mail à Ford para comunicar que se desligaria da empresa. Em seguida, começou a trabalhar na montadora Beijing Automotive Industry Corp.

mesmos termos que os Estados Unidos ou os países europeus”, mas “está inserida na economia mundial” e “tem uma ligação umbilical com os Estados Unidos através do regime cambial”. E acrescenta: “É um país onde a poupança é enorme e a eficiência das exportações também é muito considerável, mas ainda não sabemos como vai jogar o seu papel na economia mundial”. Braga de Macedo alertou também que “a maneira como os direitos humanos são administrados na China é completamente única e não se sabe a sua durabilidade”. Quanto à ideologia oficial, observou: “A China ainda se reclama de uma ideologia comunista, mas é o país mais capitalista que se pode imaginar e onde a desigualdade é gritante”. Actual presidente do Instituto de Investigação Científica Tropical (IICT), Braga de Macedo salientou ainda que há “diversas Chinas”: uma no litoral, que “é uma plataforma de exportação altamente eficiente”, e outra “profundamente subdesenvolvida” no interior rural. “O chamado modelo chinês é muito interessante de estudar, mas duvido que alguém o possa copiar”, concluiu.


Pouco se passa assim nesta fabulosa e efabulada realidade, onde os animais não apenas falam, como vivem e se vestem a preceito e a quem se dão os biliões que a noblesse oblige e o dever manda. Viva o panda. Viva a ternura da compostura e do silêncio sem preço. Eu agradeço o dinheiro filial. Fica bem no meu bornal. Carlos Morais José, P.17

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China | Aumenta número de habitantes mas política de “um só filho” preocupa

Joana Freitas

joana.freitas@hojemacau.com.mo

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sexta-feira 29.4.2011

á era considerado o país mais povoado do planeta, mas o número de habitantes na China continua a aumentar, segundo dados do Gabinete Nacional de Estatística chinês. No fim do ano passado, o gigante asiático contava com 1,339 mil milhões de habitantes, um aumento de 73,9 milhões desde 2000. Os dados mostram um crescimento populacional médio anual de 0,57% nos últimos dez anos, ficando aquém da taxa de crescimento de 1,07% que se fez sentir de 1990 a 2000. Do total da população no continente, os homens responderam por 51,27%, mais do que os 48,73% das mulheres. Já no meio urbano foram contabilizados 665,57 milhões, 49,68% do total e um aumento de 13,46, enquanto que a população classificada como população rural era de 674,15 milhões, adiantou o GNE. A taxa de crescimento envelhecimento da população no continente chinês aumentou, com

Gigante asiático em todos os sentidos os idosos de 60 anos ou mais a representarem 13,26% do total da população. Esta é uma contagem que preocupa os demográficos do país. Recorde-se que a China aplica desde os anos 80 uma política rigorosa de filho único, excepto para certos grupos ou minorias étnicas, e assegura que esta medida lhe permitiu evitar cerca de 400 milhões de nascimentos. Hu Jintao, presidente chinês, que esta medida deveria ser mantida para assegurar o crescimento económico, segundo a Agência Xinhua. Os demográficos do país acreditam que esta limitação pode levar a que não só a China se torne um “país de velhos” como também fique sem jovens para cuidar dos idosos. Para agravar a situação, não haverá jovens que possam trabalhar para manter

a China como segunda maior economia mundial, lugar que assumiu recentemente à frente do Japão. “A China está a tornar-se um veículo demográfico veloz

em termos de baixa fertilidade e envelhecimento rápido. Continuar com a politica de um só filho vai fazer com que esse veículo acelere. Não faz sentido”, disse

Wang Feng, director do Centro de Políticas Públicas de Tsinghua à Associated Press. A idade média na China é de 34 anos, mas em 2050 metade da população pode ter 50 ou mais anos. Os dados do censo mostram ainda que a taxa de analfabetismo no Continente diminuiu para 4,08% em 2010. Guangdong, Shandong, Henan, Sichuan e Jiangsu foram registadas como as cinco maiores regiões povoadas do continente chinês. Hong Kong, Macau e Taiwan, as regiões com administração especial mas pertencentes à China contribuíram para estes números com um total de mais de 30 mil milhões de habitantes. O aumento registado de 2000 a 2010 é equivalente à população da Turquia e superior às da França ou Reino Unido, segundo a Agência Lusa.

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NOTIFICAÇÃO EDITAL N.º117/2011 (Solicitação de Comparência do Trabalhador)

Nos termos das alíneas b) e c) do n.º 1 do artigo 6.º do Regulamento da Inspecção do Trabalho, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 60/89/M, de 18 de Setembro, conjugado com o artigo 58.º e n.º 2 do artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, notifica-se o residente Sr. LO CHON IN, ex-trabalhador do Estabelecimento de Comidas Japonesa “IENG”, para no prazo de 15 (quinze) dias, a contar do primeiro dia útil seguinte à da publicação do presente édito, comparecer no Departamento de Inspecção do Trabalho, sita na Avenida do Dr. Francisco Vieira Machado, n.os 221-279, Edifício “Advance Plaza”, 1.º andar, Macau, a fim de prestar declarações no processo n.º 1854/2010, proveniente do acidente de trabalho em que o notificado foi vítima. Mais se comunica que nos termos da alínea a) do n.º 2 do artigo 103.º do aludido Código, o procedimento é extinto quando por causa imputável ao notificado este esteja parado por mais de seis meses. Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais – Departamento de Inspecção do Trabalho, aos 25 de Abril de 2011. O Chefe do Departamento Substº, João Paulo Sou

A ATFPM SAÚDA O

1º DE MAIO

DIA DOS TRABALHADORES


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política

Mais de dez grupos participam nos protestos do Dia do Trabalhador

Onde é que vais estar no 1º. de Maio? virginia.leung@hojemacau.com.mo sarih.leng@hojemacau.com.mo

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omo acontece todos os anos, as associações sindicais vão aproveitar o 1º. de Maio para irem para a rua protestar e exigir ao Governo uma série de medidas para melhorar a sua situação. Este ano, as reivindicações incluem o melhoramento das políticas de habitação e a permissão para que os filhos adultos de residentes permanentes oriundos da China Continental possam se estabelecer em Macau, informou o presidente da União do Poder dos Trabalhadores, Lei Sio Kuan. Mais de dez associações de defesa dos operários irão participar nas manifestações. O presidente da associação dos fixadores de aço, Wong Wai Man, apontou como uma dos motivos da luta deste ano a insatisfação com a distribuição adicional de 3000 patacas para cada residente, que o Chefe do Executivo, Fernando Chui Sai On, anunciou na semana passada. Em conversa ontem com o Hoje Macau, Wong disse considerar que o montante era “insuficiente” e “irrazoável”. “Vamos sair à rua para pedir mais”, apontou, insatisfeito com o anúncio da semana passada por parte do Chefe do executivo. Entre as mais de dez associações públicas que se espera venham a tomar parte nos protestos deste fim-de-semana, estarão, além das já referidas, a Associação de Mútuo Auxílio dos Operários de Macau, o

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notícia veio de Hong Kong e assentou mau entre a comunidade chinesa de Macau. A empresa Shun Tak estaria a preparar a abertura de 40 mil lugares no Cemitério de Pac On, cada um a custar entre 38 mil e 400 mil patacas. Os residentes da zona, na Taipa, estão preocupados que este investimento vá fazer subir os preços dos columbários em Macau. O Governo já prometeu estudar a criação de uma lei para regular o sector. Um agente funerário ou-

do protesto nas zonas designadas pelas autoridades.

Kahon Chan

Virginia Leung e Sarih Leng

Há um ano...

Grupo de Energia Adolescente, a Associação de Mútuo Auxílio dos Jovens, as associações da União dos Trabalhadores de Macau, a Associação da Liga Revolucionária Popular de Macau, entre outras. Os diversos grupos irão juntar as suas vozes em protesto no domingo. Cheong Wing Fat, presidente da Associação de Mútuo Auxílio dos Operários, mencionou que mais de 500 membros se tinham registado para participar no protesto. Dois itinerários para a marcha do 1º. de Maio foram traçados pela organização do protesto, com um deles a partir da praça em frente ao Mercado de Iao Hon, terminando em frente à Sede do Governo perto do Lago Nam Van, passando pela Avenida de Almeida Ribeiro,

Dois itinerários para a marcha do 1º. de Maio foram traçados pela organização do protesto, com um deles a partir da praça em frente ao Mercado de Iao Hon, terminando em frente à Casa do Governo perto do Lago Nam Van, passando pela Avenida de Almeida Ribeiro, enquanto o outro passará pela Avenida de Horta e Costa enquanto o outro passará pela Avenida de Horta e Costa. No entanto, nos termos do artigo 2/93/M da Lei Básica de Macau, o Governo já tinha aprovado uma rota a ser seguida pelos manifestantes: começando na Areia Preta, prosseguindo pela Avenida do Coronel Mesquita, para terminar em frente à Casa do Governo na

Praia Grande. Os manifestantes foram advertidos de que outros itinerários utilizados pela marcha serão considerados ilegais. Os protestos irão começar logo a seguir ao almoço e devem prolongar-se até ao início da noite. As associações contactadas pelo Hoje Macau prometem que tudo irão fazer para manter as rédeas

O último Dia do Trabalhador ficou marcado por confusões, detenções e uma fotojornalista gravemente ferida em confrontos com a polícia. Outras oito pessoas ficaram feridas e tiveram de receber assistência hospitalar. Amanifestação do 1.º de Maio de 2010, que como é habitual começou no Jardim Triangular, na zona norte da cidade, reuniu cerca de 1500 pessoas, mas pouco depois do seu início dividiu-se em dois protestos, um dos quais tentou dirigir-se ao centro da cidade através da Avenida Almeida Ribeiro, que atravessa o coração turístico local, percurso proibido pela polícia. Se a primeira metade da manifestação - que integrava um grupo de cerca de 300 jovens que se manifestaram pela primeira vez - seguiu o seu percurso até ao Palácio do Governo sem qualquer incidente, já a segunda metade, que pretendia seguir pela avenida Almeida Ribeiro, viu o percurso interrompido - na zona do Porto Interior - pelo Corpo de Intervenção policial, barreira metálicas, carros de bombeiros e da polícia com canhões de água. Os confrontos desencadearamse quando os manifestantes, mobilizados por várias associações de operários locais, conseguiram empurrar os agentes e começar a furar o cordão policial e foram afastados com recurso a gás lacrimogéneo.

Governo promete legislação para regular os columbários

Pôr um ponto final nas irregularidades vido ontem pelo jornal “Ou Mun” tentou acalmar os ânimos, a frisar que o número de columbários no território é alto e que não foram dadas garantias de construção de novos espaços nos próximos anos. “Não é preciso preocupação. Não me parece que, a ser verdade a notícia, os preços irão disparar”, apontou o agente.

O Executivo liderado por Fernando Chui Sai On admite que é necessário melhorar toda a logística dos columbários e promete fortalecer a gestão e a transparência nos cemitérios municipais. Com isso, é intuito das autoridades reduzir os mal-entendidos e especulações. O jornal “Ou Mun” refere que o Governo

precisa tomar a iniciativa de esclarecer a questão de uma forma atempada e estabelecer políticas relevantes para a regulação da criação de columbários privados. Entretanto, o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) já veio dizer que os restos mortais têm neste momento dispo-

níveis mais de 900 espaços que estão totalmente desocupados. Apenas 400 caixas estão a ser utilizadas a cada ano, garantiu o organismo ontem. O IACM salientou ainda que irá aumentar em cerca de 2000 o número de columbários nos cemitérios municipais para atender a futura necessidade. Além disso, o IACM vai analisar a criação de uma legislação específica para o sector dos columbários. A ideia inicial é proibir os columbários privados e afins instalações. - V.L.


Metro Ligeiro avaliado por entidade independente

sexta-feira 29.4.2011

O Gabinete para as Infra-estruturas de Transportes (GIT) vai introduzir no processo de construção do sistema de Metro Ligeiro uma entidade independente para examinar matérias de segurança do novo meio de transporte. Tomando como referência a experiência das regiões com o mesmo sistema de transporte, os responsáveis do território vão introduzir uma entidade independente para examinação de forma a ajudar o Governo a assegurar a segurança do Sistema de Metro Ligeiro. Resposta a desastres e prevenção contra incêndios são alguns dos pontos a estar em análise. Este mês, o GIT lançou concurso para o fornecedor do serviço de examinação independente. São cinco as empresas candidatas.

Virginia Leung

Virginia.leung@hojemacau.com.mo

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indústria da construção tem de caminhar de braço dado com a lei, afirmou ontem Mak Soi Kun, deputado da Assembleia Legislativa (AL) eleito por sufrágio directo, no âmbito de uma conferência organizada com o intuito de consciencializar a indústria da construção para a importância do cumprimento da legislação, em especial nas obras públicas. “O sector da construção precisa acreditar na necessidade e na importância do respeito pela lei. É importante estabelecer a política, mas é mais importante reforçar o trabalho de direito comum e implementá-lo na hora certa”, defendeu Mak Soi Kun, na conferência “Desenvolvimento Contínuo da Indústria da Construção de Macau – Desafios Legais dos Empreiteiros em Obras Públicas”, organizada pela pub

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Deputado defende que a lei impere no futuro da construção

Mais consciência nas obras públicas Associação de Engenharia e Construção de Macau e pela firma de advogados MdME, e em que participaram vários advogados profissionais e empreiteiros de sucesso. Lau Si Io, secretário para os Transportes e Obras Públicas; Cheong Weng Chon, chefe da Direcção dos Serviços de

Assuntos de Justiça (DSAJ); e Chan Wing Tat, director do Departamento de Desenvolvimento das Actividades Económicas da Direcção dos Serviços de Economia (DSE) foram algumas das principais figuras do painel. Gonçalo Mendes da Maia, advogado da MdME,

abordou a questão dos concursos durante o seu discurso, assinalando que a lei não era suficientemente clara em Macau. Por exemplo, observou que os documentos dos concursos não forneciam pormenores em determinadas questões como os efeitos de alterações aos contratos

Pré-venda sob olho

de consórcios durante o decorrer dos concursos e implementação dos projectos. Além disso, não há disposições relativamente à avaliação das propostas, do tipo “como funciona?” e “quantos membros há?”. O advogado também lembrou que a lei de Obras Públicas não

Cheong Weng Chon, director da DSAJ, respondeu aos média sobre questões relacionadas com a prévenda de habitação. “O período de inquérito sobre a lei de pré-venda terminou a 25 de Abril deste ano, depois de dois meses a ouvir a opinião pública. Para concluir, tanto o sector da indústria como as comunidades estão a mostrar um acordo total para implementar a política de venda antecipada”, afirmou. O grupo de trabalho, assinalou, está a analisar as opiniões das pessoas e a informação sobre a pré-venda, e deverá apresentar um relatório do inquérito antes de Junho. As propostas em causa serão então apresentadas ao conselho para deliberação. Embora seja comummente aceite que a pré-venda é a venda de imóveis cuja construção não está ainda concluída, Cheong Weng Chon observa: “Não há uma definição específica para pré-venda de habitação na lei de Macau”. Segundo o responsável, a lei de pré-venda de habitação irá definir o conceito com clareza no futuro e estabelecer os direitos e obrigações de ambas as partes nos contratos. Os promotores, defende, terão de satisfazer uma série de condições de forma a poderem praticar a pré-venda.

tinha referência esquemas de pontuação. Assim sendo, afirmou haver a necessidade de aumentar a transparência. “É necessário divulgar os nomes dos membros dos comités [de avaliação dos concursos], que devem ser compostos pelos funcionários mais velhos e experientes”, defendeu Mendes da Maia. “Também é necessário ter consultores especialistas à parte para aconselhamento do comité”, acrescentou, de forma a aumentar a precisão e transparência durante o processo de concurso. Mak Soi Kun considera importante que o Governo organizasse mais acções de promoção da lei junto dos empresários da construção para reforçar a eficiência. “Se toda a gente não tiver muito conhecimento sobre a lei, como pode acreditar nela?”, questionou, defendendo ser necessário que o futuro da indústria da construção seja protegido pela lei.


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Nove milhões de afectados na Ásia por causa da PlayStation

Gonçalo Lobo Pinheiro

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SOCIEDADE

glp@hojemacau.com.mo

inda estão por contabilizar quantas pessoas em Macau saíram prejudicadas pelo caso do hacker que roubou dados pessoais, incluindo números de cartões de crédito, de 77 milhões de utilizadores da PlayStation Network. Yang Chongwei, porta-voz do Gabinete para a Protecção de Dados Pessoais (GPDP), disse ao Hoje Macau que até ao momento ainda não houve qualquer tipo de queixa por parte dos utilizadores, tal como sucedeu em Hong Kong. “Vamos manter os olhos abertos no desenvolvimento desse caso e, se necessário, trabalharemos em conjunto com as autoridades vizinhas.” Como o roubo se deu fora do território, o porta-voz referiu que haverá pouco a fazer por cá. No entanto, o GPDP promete apoio aos afectados, que segundo a Sony, proprietária da marca PlayStation, terá afectado cerca de 9 milhões de pessoas na Ásia. “Por um lado, essa questão está fora da jurisdição de Macau, já que é um problema global. Ainda assim, um cidadão que tenha sido lesado em qualquer aspecto pode apresentar uma queixa ao GPDP para receber aconselhamento e apoio nas questões jurídicas”, explicou Yang. No território vizinho, o Comissariado para a Privacidade de Dados Pessoais está a investigar as consequências do acto de pirataria que ocorreu na plataforma PlayStation Network. A Sony Computer Entertainment já

Cuidado com os piratas informou as autoridades que suspendeu a plataforma e o gabinete do Comissariado já fez saber que irá analisar “profundamente” a questão. Questionada pelo Hoje Macau, a Sony de Hong Kong disse não conseguir precisar ainda quantas pessoas em Macau tiveram os seus dados roubados pelo hacker. “Todos os utilizadores da

PlayStation Network foram notificados do problema. Caso notem qualquer utilização indevida da sua informação pessoal, devem contactar a nossa empresa”, apontou a porta-voz. Na semana passada, a Sony detectou uma “intrusão exterior” na PlayStation Network que a levou a encerrar tanto esta plata-

forma como o serviço Qriocity - a versão Sony do iTunes -, sem ter dado, até ao momento, qualquer indicação de quando podem voltar a estar operacionais. No entanto, a explicação para o encerramento repentino só foi anunciado há dois dias. O fecho da rede afecta mais de 70 milhões de pessoas que deixam, assim, de poder jogar em

Um roubo histórico

Novos casinos-resort podem atrair mais consumidores para o Cotai

Comerciantes optimistas Virginia Leung

virginia.leung@hojemacau.com.mo

O

s consumidores da RAEM estão muito concentrados na parte central de Macau, mas a abertura de três complexos integrados (casino-resort) no Cotai pode reforçar o consumo, com um maior afluxo de pessoas incentivado pelo turismo e entretenimento naquela zona, acreditam os comerciantes locais. Após vários anos de desenvolvimentos no Cotai a popularidade daquela parte do território aumentou, mas os hábitos dos consumidores podem levar mais tempo a mudar. Leong, gerente de uma loja de “souvenirs”, considera que a abertura do Galaxy fará, antes de mais, aumentar o número de visitantes em Macau. No entanto, mesmo

rede, mas, pior ainda, os seus dados mais sensíveis, como os números de cartão de crédito associados às contas, podem também ter sido “roubados” pelos piratas responsáveis pelo ataque. Entretanto, as autoridades dos Estados Unidos e da Europa prometeram colocar a Sony a responder em tribunal pelo ataque sofrido.

com o aumento de turistas, a verdade é que o centro nevrálgico do consumo ainda é a zona do Senado e Ruínas de São Paulo, conforme indicam as vendas das lojas. Existe um grande afluxo de visitantes perto da fronteira, mas a atmosfera de consumo fica aquém da do centro de Macau. A seguir ao Senado e às Ruínas de São Paulo, aparece a Rua do Cunha, na Taipa, e as lojas dos casinos, mas com atmosferas de consumo claramente inferiores. A zona das Ruínas de São Paulo é um ponto de vendas ideal, já que se mantém muito movimentada mesmo durante os feriados. Embora o número de lojas de lembrança seja elevado e a concorrência grande, as receitas que conseguem realizar são ainda assim muito satisfatórias. Embora os casinos tragam muitos turistas a Macau, o

impacte do desenvolvimento de resorts nas zonas circundantes é relativo. Mas os comerciantes pensam que, como os preços praticados pelas lojas dos casinos são mais elevados, os visitantes possam preferir fazer as suas compras no exterior, com a Rua do Cunha a aparecer como uma boa opção. No entanto, os turistas estão habituados a fazer compras em Macau, mas não no Cotai, observou Terry Siu, presidente do grupo Rainbow. Os consumidores precisam de algum tempo para mudar os seus hábitos de compras, mas, na opinião da responsável, o Cotai irá assumirse como “o maior foco de desenvolvimento para o sector do retalho”, devido às limitações de área e número de lojas em Macau. O Cotai poderá vir a ser o futuro centro do consumo da região, considera a Terry Siu.

Alan Paller, director de pesquisas do Instituto SANS, uma escola de treino de segurança cibernética, afirmou que esta violação pode ficar na história como o maior roubo de informações pessoais de sempre. Outro especialista, Michael Pachter, da Wedbush Securities, afinou pelo mesmo diapasão. “Isto é uma enorme violação de dados.” A Sony estimou que gera cerca de quatro biliões de patacas em receita anual com o seu serviço de jogos online. Patcher disse: “O maior problema para a Sony neste momento tem a ver como é que o hacker vai usar a informação que foi obtida ilegalmente.” David Li, de Hong Kong, usou o seu cartão de crédito para comprar jogos na loja online da Sony. Ao South China Morning Post disse que estava preocupado com os seus dados pessoais. “A rede foi cortada há uma semana, mas a Sony apenas o anunciou agora. É inaceitável. Uma semana é suficiente para hackers fazerem muitas coisas com dados pessoais”, disse. Li, que possui duas consolas PlayStation 3, afirmou que se vai manter atento às transacções do seu cartão de crédito mas que até ao momento nada de anormal ocorreu. Por outro lado, Terry Fung King-hei, um estudante que comprou uma consola de PlayStation 3 há um ano, mostrou-se menos preocupado. Segundo o jornal de Hong Kong, Terry afirmou que não tinha usado o seu cartão de crédito na rede. No território vizinho, centenas de utilizadores da PlayStation 3 já expressaram o seu desagrado com a situação. No fórum discuss.com. hk pediram o boicote aos produtos da Sony. Entretanto, a Sony já prometeu que poderia restaurar alguns dos serviços da rede dentro de uma semana.


Página na internet dedicada ao patuá apela a colaborações

Está em http://www.lusofonias.net/patu%C3%A1.htm e é uma página dedicada exclusivamente ao patuá de Macau e Malaca. Fundada pela Associação Internacional dos Colóquios da Lusofonia (AICL), que recentemente organizou o 15º. Colóquio com o mesmo nome no território, a página da internet pretende ver reunidos textos e documentos relacionados com o crioulo de Macau. Actualmente pode ser encontrado apenas o texto “O soldado Serafim”, escrito por Fausto Manhão, e cerca de meia dúzia de ligações a outras páginas de internet que lutam pelo mesmo objectivo: a preservação do patuá.

Especialista chinês defende cooperação Hong Kong-Macau-Guangdong

Prevenir crise nuclear

Sarih Leng

sarih.leng@hojemacau.com.mo

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acau, Hong Kong e a província chinesa de Guangdong devem colaborar para criar um mecanismo conjunto para actuar em caso de crise nuclear, defendeu um especialista da Academia Chinesa de Ciências (CAS). Mais especialistas são necessários para monitorar os níveis de radiação e o ambiente, acrescentou. Na sequência da crise nuclear no Japão, muitas dúvidas têm sido levantadas sobre energia nuclear e segurança. Os habitantes esperam que o Governo elabore um plano de contingência para o caso de haver também aqui um problema do género. No entanto, Chai Zhi Fong, professor da CAS, postula que a melhor maneira de lidar com a situação é reforçar a cooperação entre as regiões vizinhas. “Quanto a medidas de

Chai recomendou que o Governo de Macau investisse em dispositivos avançados de detecção, tais como contadores Geiger, e designasse especialistas para levar a cabo testes ambientais para garantir o bem-estar dos cidadãos. Por outro lado, apesar do apelo

contingência, sendo Macau pequena e com uma população que também não é grande, penso que será difícil configurar um sistema. Eles [os responsáveis de Macau] podem realizar alguns testes, mas Macau deveria colaborar com Guangdong e Hong Kong”, explicou.

para substituir a energia nuclear por fontes alternativas renováveis de energia, Chai explicou que fontes de energia como a eólica ou solar não eram ainda suficientemente estáveis para responder ao grande consumo de electricidade. O monopólio fornecedor de energia da cidade – Companhia de Electricidade de Macau (CEM) – depende actualmente de gás natural e óleo diesel como fontes de energia para as suas centrais eléctricas, bem como da importação de energia da China Continental. Chai observou ainda que a China, na sequência dos vazamentos nucleares na central nuclear japonesa de Fukushima, tem alterado a sua postura quanto ao desenvolvimento da energia nuclear e centrado mais a sua atenção na segurança das centrais nucleares actualmente a operar em todo o país.

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7 Mais um estudante do secundário detido por tráfico de droga Um estudante de 19 anos, que frequentava o ensino secundário no território, foi detido por tráfico de droga. Fok estava a sair da escola quando foi detido pelas autoridades que, mais tarde, encontraram na sua residência 15 sacos de quetamina com 27,9 gramas e três comprimidos de eramin5. O suspeito confessou estar a traficar estupefacientes há mais de um mês, com estupefacientes provenientes da China. A quantidade da droga apreendida atingiu um nível que requer punição, salientou o comunicado enviado pelo Ministério Público, pelo que o jovem se encontra detido em prisão preventiva no Estabelecimento Prisional de Macau, onde aguarda julgamento. Este é o segundo caso de tráfico de droga levado a cabo por estudantes em dois. O MP acredita que estes são casos raros em Macau, mas apela para que a sociedade tenha este problema em atenção.

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AVISO Faz-se público que as Piscinas, sob a dependência do IACM, estarão abertas ao público durante a época balnear de 2011 entre 1 de Maio e 31 de Outubro, com o seguinte horário de funcionamento e tabela de preços: Piscina Dr. Sun Iat Sen

Piscinas de Hac-Sá e de Cheoc Van

Aberta entre 1 de Maio e 31 de Outubro 2a feira: das 13:00 – 20:00 3a feira a Domingo: das 7:00 – 12:00 e das 13:00 – 20:00

Aberta entre 1 de Maio e 31 de Outubro 2a feira: das 13:00 – 21:00 3a feira a Domingo: das 08:00 – 12:00 e das 13:00 – 21:00

* Às segundas-feiras, as piscinas permanecerão encerradas durante o período da manhã para efeitos de limpeza e manutenção periódica, reabrindo às 13:00 horas. Caso uma segunda-feira coincida com um feriado, a piscina permanecerá aberta e o encerramento e a devida limpeza passarão para o período da manhã de terça-feira. Preços, em patacas, dos Bilhetes de Ingresso e Passes da Piscina Dr. Sun Iat Sen Tipo

Bilhetes Simples

Passe Mensal

Passe Trimestral

Passe por época balnear

Adultos Portadores de cartão de estudante Crianças com idade inferior a 12 anos Senióres com idade superior a 65 anos

15.00 7.00 5.00 7.00

260.00 150.00 90.00 150.00

610.00 440.00 210.00 440.00

1,230.00 880.00 440.00 880.00

Preços, em patacas, dos Bilhetes de Ingresso e Passes da Piscina Hac-Sá e Piscina Cheoc Van Tipo

Adultos Portadores de cartão de estudante Crianças com idade inferior a 12 anos Senióres com idade superior a 65 anos

Bilhetes Simples 15.00 7.00 5.00 7.00

Passe Mensal 180.00 75.00 75.00 90.00

* A aquisição de passes é efectuada na bilheteira das piscinas, mediante a apresentação de 2 (duas) fotografias de 1.5” (uma polegada e meia) e uma fotocópia do documento de identificação válido. Macau, aos 25 de Março de 2011. O Presidente do Conselho de Administração Tam Vai Man www. iacm.gov.mo

O IACM SAÚDA O

1º DE MAIO

DIA DOS TRABALHADORES


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Entrevista | Álvaro Barbosa, designer de som

Gonçalo Lobo Pinheiro

“T glp@hojemacau.com.mo

“Alguns ensaios de música remota Álvaro Barbosa é docente da Universidade Católica do Porto e um especialista em som. Veio a Macau para, durante um mês, explicar aos alunos da Universidade de São José como se pode fazer música através da Internet e toda a complexidade que isso acarreta. Regressa a Portugal com o intuito de que, proximamente, entre os dois territórios haverá experiências musicais um país ou um continente. A nível inter-continental, mesmo que possamos ter velocidades de propagação à da luz, vamos sempre ter distâncias que obrigam a uma latência de 90 a 100 milissegundos. Quando é que isso poderá ser possível de fazer? A velocidade da luz é a máxima que as leis da Física permitem na transferência de dados. Se um dia existir uma ligação de fibra óptica entre os EUA e a Rússia, alcançaremos os 90 milissegundos de latência. Se o limite máximo que toleramos são os 40 milissegundos, isso é um

Gonçalo lobo pinheiro

(h)ree” é um projecto musical feito à distância, através da Internet, com sucessivas trocas de ficheiros de gravações até ao resultado final, entre Macau, Portugal e Hong Kong. O seu trabalho tem alguma coisa de semelhante? Esse projecto é talvez uma experiência pioneira de criar música de forma colaborativa entre pessoas de vários países, mas não tirava partido da tecnologia da Internet no sentido de permitir que as pessoas colaborassem em tempo real. Basicamente era algo assíncrono, em que cada um contribui com uma parte para a música. O trabalho que eu faço, juntamente com um grupo de pessoas a nível internacional, tem a ver com outro aspecto, que é a ideia de poder fazer performance musical ao vivo, em directo, na Internet. Como funciona esse processo? Utilizamos a rede para sessões colaborativas em tempo real. Podemos fazer uma teleconferência com Skype e tentamos transpor essa mesma ideia para a área da música. Tocar música em tempo real e em diversos pontos do planeta. A Internet tem qualidade para se fazer isso? A questão não se coloca tanto ao nível da qualidade do áudio. Tem mais a ver com aquilo que se chama de latência, isto é, o tempo que demora um determinado dado a chegar de um ponto a outro da ligação. Essa latência é um impedimento para que as pessoas consigam sincronizar em tempo real. Se as pessoas tentarem tocar uma música através no Skype não vão conseguir, porque as latências deste programa são acima dos 500 milissegundos, o que para uma conversa entre pessoas não tem problema nenhum mas para fazer

cultura de ver isto desta forma. Ainda agora no início de Abril ocorreu um evento de sincronização entre Berlim e Hong Kong. A distância é enorme e as latências são na ordem dos 200 milissegundos. E há uma coisa a ter em conta, é que a latência é variável não é fixa. Tocaram peças de música experimental propositadamente para este efeito, cujas estruturas rítmicas são variáveis no tempo. A estética da música não depende do sincronismo rítmico. Por exemplo, a música funk seria muito difícil de tocar online. E pode-se cantar?

“Macau, apesar de tudo, tem uma boa infraestrutura tecnológica de largura de banda em alguns pontos da cidade. É possível, agora é uma questão de logisticamente nos organizarmos com os colectivos de música do território. Vamos fazer alguns ensaios de música remota entre Portugal e Macau”

música torna-se muito complicado. Na música não pode ser assim. Para o sincronismo em tempo real, sobretudo se estivermos a improvisar, é necessário mesmo acesso a latências muito baixas na ordem dos 40

milissegundos, que é o máximo que se consegue tolerar. E como chegaram até aí? Nos estudos que temos feito vão nesse sentido e a Internet não permite, neste momento, ordens de latências tão baixas.

Porventura, com a instalação de estruturas de fibra óptica, o que em alguns países já está a acontecer, pode conseguirse latências muito mais baixas que os 40 milissegundos, mas apenas numa zona restrita como

constrangimento da Física. Havendo sempre latência qual é a solução? O que está a acontecer neste momento é que estão a desenvolver-se estilos musicais que não são tão centrados nas estruturas rítmicas. Uma música mais experimental baseada em texturas sonoras. Uma música mais ambiental, se quisermos. Essa música é muito mais tolerante à latência, porque se tivermos duas pessoas a desenhar uma textura sonora em cada ponto a diferença de milissegundos não vai fazer grande diferença do ponto de vista da percepção global. Cada vez mais temos

É igual. O processamento de dados para transporte de voz é semelhante ao processamento de qualquer instrumento. O que diz um purista em relação a estas novas tecnologias da música? Não é preciso ser um purista. Possivelmente as pessoas com uma bagagem cultural maior acharão que a música que se consegue fazer por esta forma não estará de acordo com aquilo que consideram uma música mais tradicional. No entanto, acho que cada vez mais começa a haver grupos de pessoas que têm determinados gostos estéticos e se interessam


IPOR CELEBRA DIA MUNDIAL DA DANÇA

O Instituto Português do Oriente (IPOR) celebra hoje o Dia Mundial da Dança com a exposição “Uma Carta Coreográfica”. “O corpo como adivinha” e “A dança como fábula” são as duas estações da exibição que podem ser encontradas no IPOR e que mostram o corpo e o movimento do corpo. A iniciativa estende-se também aos mais novos com uma “Pequena Carta Coreográfica”, um desdobrável informativo que lhes permite brincar com o movimento da dança. Um “Jogo de 52 Cartas Coreográficas” também complementa a exposição, possibilitando cinco jogos diferentes a pessoas de todas as idades.

entre Portugal e Macau”

por aquilo que nasce deste processo. Há sempre pessoas que têm interesse por isto e que pode ser crescente ao longo do tempo. O que é veio a Macau fazer? A Universidade de São José faz parte de um consórcio de Universidades Católicas nas quais está inserida a Escola das Artes da Universidade Católica do Porto, onde sou professor e investigador. Em Macau estão a lançar com muito sucesso uma nova área de comunicação e multimédia e fui convidado para vir leccionar na minha área de especialização, que é o design de som, pósprodução de áudio. Estive aqui durante um mês e meio a dar aulas aos alunos de Macau, o que foi uma experiência muito interessante. Deu um colóquio esta semana sobre estas temáticas. Como é que as suas ideias foram recebidas? Eu coloquei à Universidade de São José a possibilidade de apresentar três temas diferentes sobre os quais eu costumo trabalhar. Eles optaram por este que é a minha área de especialização

“Tentei mostrar os desafios e as limitações deste meio (...) A audiência estava bastante completa e foi interessante alertar as pessoas para uma série de questões relacionados com algo de novo e diferente. Estou muito contente com os alunos que encontrei aqui” e sobre o qual fiz um doutoramento. Nesse sentido a conferência foi sobre fazer música na Internet. Claro que é sempre um tema difícil, porque para explicar bem toda a problemática à volta destas questões é preciso entrar em algum detalhe técnico. Tentei fazer uma apresentação em que não tivesse de maçar as pessoas porque isto não é propriamente uma escola de engenharia. Tentei mostrar os desafios e as limitações deste meio com alguns exemplos que se tornam interessantes, explicando um pouco por alto a tecnologia. A audiência estava bastante completa e foi interessante alertar as pessoas para uma série de questões relacionados com algo de novo e diferente. Estou muito contente com os alunos que encontrei aqui. Quais são as plataformas para fazer música colaborativa?

Existem vários sistemas de comunicação online. Há sistemas que ainda não estão a ser comercializados pois estão em fase de desenvolvimento e investigações universitárias. Um deles é desenvolvido pela Universidade de Stanford, nos EUA, e chama-se Sound Wired. É um sistema experimental que está disponível como versão beta para investigadores e para músicos. Permite melhorar estas dificuldades relacionadas com a latência utilizando uma série de mecanismos. Existe ainda uma aplicação alemã que se chama Sound Jack e que permite ligar diversos softwares de áudio. Essa música é feita por instrumentos tradicionais ou por sintetizadores? Pode ser feita das duas formas embora a música feita com base em instrumentos virtuais possa ser mais adequada

a este meio, porque o interface e a fonte sonora são automatizáveis e configuráveis de uma forma que não é possível para um instrumento tradicional. Pode haver uma correlação entre os mecanismos de comunicação e a própria ferramenta de software. Quando estamos a falar da utilização de instrumentos tradicionais, que não foram concebidos nem pensados para serem utilizados sob condições de latência extrema, torna-se muito mais complicado, embora interessante, e complexo do ponto de vista de minimizar pub

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9 o efeito da latência. Os instrumentos tradicionais foram pensados para serem tocados no espaço físico e não na rede. Que projectos musicais existem baseados neste tipo de conceito? Existem apenas alguns. Não há ainda nenhuma banda conhecida a tirar partido desta tecnologia. Que eu saiba não existe nenhuma banda famosa no domínio comercial que esteja a tirar partido das tecnologias online. No âmbito da música experimental há experiências com agrupamentos colectivos de música online como, por exemplo, o Atau Tanaka que está em Inglaterra. Desde os anos 80 que ele faz tele-concertos com um grupo que ele tinha chamado Sensorband. E Macau. Para quando fazer algo entre o

território e outra região qualquer? Estamos a ponderar essa hipótese. Acho que será possível proximamente. Temos quase tudo reunido. Macau, apesar de tudo, tem uma boa infra-estrutura tecnológica de largura de banda em alguns pontos da cidade. É possível, agora é uma questão de logisticamente nos organizarmos com os colectivos de música do território. Vamos fazer alguns ensaios de música remota entre Portugal e Macau. Existe por aqui uma dinâmica muito forte na área das indústrias criativas e essa é uma das bandeiras da cidade. Há afinidades que podem ser exploradas e, em particular, na área da música. Tenho a perspectiva de potenciar o mais que puder esta minha visita aqui a Macau.


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A

in Folha de São Paulo

guerra na Líbia faz parte de uma nova corrida imperialista que vai se aprofundar, diz José Luís Fiori. Para ele, as potências disputam recursos estratégicos em África, mas os conflitos não têm a ver apenas com o petróleo. Nesta entrevista, Fiori fala também sobre o poder dos EUA, que entende estarem a viver uma crise de crescimento. Como analisa a guerra na Líbia? José Luís Fiori - É evidente que não se trata de uma discussão sobre o direito à vida dos líbios, ou sobre os chamados direitos humanos, e menos ainda, sobre democracia. Nesta, como em todas as demais intervenções deste tipo, de europeus e dos EUA, feitas neste último século, jamais se esclarece a questão central de quem tem o direito de julgar e arbitrar a existência ou não de desrespeito aos direitos humanos em algum país em particular, e quem determina o lugar em que a “comunidade internacional” deve ou não intervir para defender vidas e direitos. Com relação a quem arbitra, são sempre os mesmos países que Samuel Huntington chamou de “directório militar” do mundo, ou seja, EUA, Inglaterra e França. E, com relação aos critérios da arbitragem, é óbvio que este directório jamais intervém contra um país, ou contra um governante aliado, por mais autoritário e anti-democrático que ele seja, e por mais que ele desrespeite os direitos defendidos pelos europeus e pelos norte-americanos. Independentemente do que se pense sobre o fundamento e a universalidade dos direitos humanos, não há a menor dúvida que, do ponto de vista das relações entre os Estados dentro do sistema mundial, são sempre esgrimidos e utilizados como instrumento de legitimação das decisões geopolíticas e geo-económicas das grandes potências. Por isto, as decisões sobre este assunto nos foros internacionais são sempre políticas e instrumentais e variam segundo a vontade e segundo os interesses estratégicos destas grandes potências. A guerra é sobre o petróleo? O que está em jogo na Líbia não é apenas petróleo. Nem tudo no mundo da geopolítica e da luta de poder entre as grandes e médias potências tem a ver com energia, ou mesmo, com a economia. Neste caso, está em jogo o controlo de uma região fronteiriça da Europa, parte importante do Império Romano, e território privilegiado do alterego civilizacional da “cristandade”. Foi por onde começou o colonialismo europeu, no século XV e depois, de novo, no século XIX. Acho que já estamos a assistir uma nova corrida imperialista em África, e que não é impossível que se volte a cogitar de alguma forma renovada de colonialismo. Como será essa corrida imperialista?

entrevista José Luís Fiori, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro

“Guerra em África é nova corrida im O que vai acontecer? As revoltas árabes em curso terão algum impacto no poder dos Estados Unidos na região e no mundo? Durante a década de 90, generalizouse a convicção de que a África seria um continente inviável e marginal dentro do processo vitorioso da globalização económica. Tratava-se de um continente que não interessaria às grandes potências nem às suas corporações e bancos privados. Mas a África não é tão simples nem homogénea, com seus 53 Estados, cinco grandes regiões e os seus quase 800 milhões de habitantes. Um mosaico gigantesco e fragmentado de Estados, onde não existe um verdadeiro sistema estatal competitivo, nem tampouco se pode falar de uma economia regional integrada De facto, o actual sistema estatal africano foi criado pelas potências coloniais europeias e só se manteve integrado, até 1991, graças à guerra fria e à sua disputa bipolar. Depois da guerra fria e do fracasso da intervenção dos Estados Unidos na Somália, em 1993, os EUA redefiniram sua estratégia para o continente negro: propondo, como objectivo central, o crescimento económico, através dos mercados, da globalização e da democracia. Mas de facto, a preocupação dos Estados Unidos com África restringiu-se até o fim do século XX, quase exclusivamente, à disputa das regiões petrolíferas e ao controlo e repressão das forças islâmicas e dos grupos terroristas do Corno de África. Mas deverá ocorrer uma mudança radical, nas próximas duas décadas, do comportamento norte-americano e dos europeus, graças à invasão económica da China, da Rússia, da Índia e, inclusive, do Brasil. A África será de novo um ponto central da nova corrida imperialista que já está em curso e que deverá se aprofundar ainda mais na próxima década. Neste período, não é improvável, inclusive, que as velhas e novas potências do sistema mundial, envolvidas na disputa pelos recursos estratégicos da África, voltem a pensar na possibilidade de conquista e dominação colonial de alguns dos actuais países africanos que foram criados pelos próprios colonialistas europeus. E é nesta perspectiva que acho que deve reflectir sobre a reacção europeia e norte-americana face às revoltas árabes. E, em particular, no caso da intervenção militar na Líbia, comandada pela Otan e liderada pelos EUA, Inglaterra e França. Os EUA estão em risco de perder poder no Médio Oriente? Sempre existe o risco de perda do controlo que já tinham conquistado na

situação anterior à rebelião. Mas, neste caso, não vejo este risco. Pelo contrário, acho que são os mesmos de sempre que estão redistribuindo as cartas e manipulando as divisões internas dentro dos governos e dos envolvidos nas rebeliões. Quando houver risco real, reprimirão como fizeram no Bahrein. Sempre que possível através das mãos de terceiros. Para si não há perda da hegemonia norte-americana? Os EUA estão a enfrentar neste momento os problemas, contradições e incertezas produzidas pela sua mudança de status - da condição de “potência hegemónica” do mundo capitalista, até à década de 1980, para a condição de “potência imperial”, assumida progressivamente depois de 1991. Poderia até se chamar de uma “crise de crescimento”, e não uma “crise terminal”. E o seu “declínio relativo”, de que tanto se fala na imprensa, com relação à expansão asiática e à sua provável ultrapassagem económica pela China, não atingirá a posição dos EUA, como pivot do sistema mundial, nas próximas duas décadas, pelo menos. Este novo estatuto imperial dos EUA deve fazer com que mude a sua forma de administrar o seu poder global. Esta mudança será lenta e complicada, dentro e fora dos EUA. Muitos analistas confundem a trepidação própria deste processo de mudança com uma “crise terminal” do poder americano no mundo. A partir de agora, e cada vez mais, os EUA deverão adoptar uma posição mais distante e arbitral com relação às lutas de poder em todos os tabuleiros geopolíticos do mundo. Só intervindo em última instância e, de preferência, através das mãos de terceiros países. E deverão promover activamente todo tipo de divisões internas, dentro e fora dos principais países dentro de cada um destes tabuleiros. Seguindo o modelo clássico da administração imperial da Grã-Bretanha, durante o século XIX. Isso não acontecerá sem conflitos. Mas este será o jogo que estará a ser jogado nas próximas duas décadas: de um lado, os EUA actuando como cabeça de império, se distanciando, e só intervindo em última instância, e, do outro, as demais potências regionais tentando escapar do cerco americano, através de coligações de poder que neutralizem o divisionismo estimulado pelos EUA. Quais as diferenças em relação ao império britânico? Trata-se de um sistema imperial muito mais complexo e instável do que foi o império britânico, porque é supra-nacional sem ser colonial. E

envolve, potencialmente, 195 Estados e economias nacionais, que são ou se consideram soberanos. As fronteiras deste império não são fixas nem territoriais e podem ser redefinidas a cada momento pelo poder global militar e financeiro dos EUA. E, dentro deste sistema, a expansão contínua do poder e da riqueza americana promovem e fortalecem algumas novas potências emergentes que deverão competir com os EUA, nas próximas décadas, pelas hegemonias regionais do mundo. É importante sublinhar que este novo tipo de império não exclui a possibilidade de derrotas ou fracassos militares localizados dos EUA. Pelo contrário: é a própria expansão vitoriosa dos EUA - e não o seu declínio - que vai promovendo os conflitos e as guerras. E, do ponto de vista estritamente militar, o essencial para o novo poder imperial americano é impedir que alguma potência regional ameace a sua supremacia naval em qualquer região do mundo. E, é óbvio, impedir que ocorra uma guerra hegemónica capaz de atingir a sua supremacia militar global. Não há limites para este poder? É óbvio que este novo poder imperial não é absoluto nem será eterno. Como já foi dito, sua expansão contínua cria e fortalece poderes concorrentes. E desestabiliza e destrói os equilíbrios e as instituições, criadas pelos próprios EUA, estimulando a formação de coligações de poder regionais que acabarão por desmembrar aos poucos o seu poder imperial, como aconteceu com o império romano. Por outro lado, a nova engenharia económica mundial deslocou o centro da acumulação capitalista e transformou a China numa economia com poder de gravitação quase equivalente ao dos Estados Unidos. Esta nova geoeconomia internacional intensifica a competição capitalista e já deu início à uma “corrida imperialista”, cada vez intensa na África e na América do Sul, aumentando a possibilidade e o número dos conflitos localizados entre as grandes potências. Além disso, o poder imperial norte-americano deverá enfrentar uma perda de legitimidade crónica dentro dos EUA, porque a diversidade e a complexidade nacional, étnica e civilizacional do seu império é absolutamente incompatível com a defesa e a preservação de qualquer tipo ou sistema de valores universais, como pretendem os norte-americanos. Daí o aumento das divisões, cada vez mais profundas, dentro do establishment da política externa dos EUA, e também dentro da sociedade americana, com aumento da radicalização das posições

e conflitos, como no caso do Tea Party, e das manifestações Madison, Wisconsin etc. De qualquer forma, é possível dizer, em relação ao futuro, que não existe nenhuma lei que defina a sucessão obrigatória e a data do fim da supremacia americana. Mas é absolutamente certo que a simples ultrapassagem económica dos EUA não transformará automaticamente a China numa potência global nem, muito menos, no líder do sistema mundial. Além disso, é possível afirmar que terminou definitivamente o tempo dos pequenos países conquistadores. O futuro do sistema mundial envolverá, daqui para frente, uma espécie de guerra de posições permanente entre grandes países continentais, como é o caso pioneiro dos EUA, e agora é também o caso da China, Rússia, Índia e Brasil. O dinamismo da China não trará necessariamente consequências geopolíticas? Não deverá abandonar paulatinamente a sua posição de fragilidade diplomática por uma acção mais enfática na diplomacia mundial? É possível imaginar a China como potência hegemónica mundial? Hoje não há duvida que a grande novidade dentro do sistema mundial é a expansão económica da China, e a sua disposição crescente de lutar pela hegemonia política e militar regional, na Ásia e no Pacífico Sul. Mas do ponto de vista geopolítico, o mais provável - nas próximas duas décadas pelo menos - é que a China se restrinja a esta luta pela hegemonia regional, mantendo-se fiel à sua estratégia actual de não provocar nem aceitar nenhum tipo de confronto fora dessa sua zona de influência. Mas se a China seguir o caminho de todas as grandes potências do sistema inter-estatal capitalista, em algum momento futuro, terá que combinar a sua nova centralidade económica mundial com algum tipo de projecção do seu poder político e militar para fora da sua própria região imediata. Mas há que ter em conta que a China tem uma posição geopolítica desfavorável, com um território interior amplo e cercado e uma fronteira marítima muito extensa, não contando ainda com um poder naval capaz de se impor ao controle norte-americano do Pacífico Sul. Sem poder naval, a China não irá muito longe. E passarão muitos anos ainda até que a China venha a ter uma capacidade naval capaz de ameaçar o controlo marítimo global da marinha norte-americana. O próprio Japão tem uma capacidade naval maior do que a China. E, com certeza, os EUA deverão incentivar o aumento do poder militar do Japão e da Coreia, com vistas


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mperialista” a um equilíbrio de poder regional, que contenha a China dentro de sua própria região. Como observa a posição europeia nesse jogo de poder? Depois de 1991, aumentou o número de membros da União Europeia e a extensão territorial coberta pela Otan. Mas a União Europeia está cada vez mais fraca, dividida e desorientada sobre como conduzir seus assuntos internos e sobre como se reinserir no novo sistema internacional, depois do fim da guerra fria e da reunificação da Alemanha. Está a ficar cada vez mais claro qual a verdadeira causa desta perda de rumo: a União Europeia não dispõe de um poder central unificado e homogéneo, capaz de definir e impor objectivos e prioridades estratégicas, ao conjunto dos seus membros. Além

ofusca o papel da França e desafia o americanismo da Grã Bretanha. Nos próximos anos, não é impossível que Alemanha e Rússia procurem uma aproximação mais estreita, uma vez que a Rússia é a maior fornecedora de energia da Alemanha e de toda a Europa, além de ser a segunda maior potência atómica do mundo. E a Alemanha tem condições de fornecer à Rússia a tecnologia e os capitais de que necessita para recuperar o dinamismo económico indispensável a uma grande potência. Esta aproximação afectará radicalmente o futuro da União Europeia e das suas relações com os Estados Unidos. Não é improvável que traga de volta a competição geopolítica dos Estados europeus que foram os fundadores do actual sistema mundial. E a actual crise económica na Europa?

disto, está cada vez mais dividida entre os diferentes projectos para a Europa: da França, Grã-Bretanha e Alemanha, que são seus Estados líderes e que têm entre si divergências estratégicas seculares. Divergências que ficaram adormecidas até o fim da Guerra Fria, mas que reapareceram depois com a reunificação da Alemanha e o ressurgimento da velha Rússia dentro do cenário geopolítico europeu. Com a sua reunificação, a Alemanha transformou-se na maior potência demográfica e económica do continente e passou a ter uma política externa mais autónoma, centrada nos seus próprios interesses nacionais. E, nesta linha, vem-se envolvendo cada vez mais com a hegemonia da Europa Central. Ao mesmo tempo, vem estabelecendo laços cada vez mais extensos com a Rússia. Uma estratégia que recoloca a Alemanha no epicentro da luta pela hegemonia dentro de toda a Europa,

Acha que o euro sobreviverá? A actual crise económica europeia não é apenas financeira nem se restringe à insolvência de alguns Estados de menor importância económica dentro da comunidade. Do meu ponto de vista, se trata de uma crise monetária e de insolvência do próprio euro, uma moeda que é emitida por um Banco Central metafísico, que não pertence a nenhum Estado nem está associado a nenhum Tesouro Central. O novo sistema monetário europeu começou a ser construído com o Tratado de Maastricht, em 1992, e culminou com a criação do Euro, em 2002. Baseado na suposição dos dirigentes europeus de que esta nova moeda global conduziria à criação de um poder central capaz de geri-la. Mas até hoje o euro funcionou como uma espécie peculiar de moeda semi-privada e inconclusiva, sendo aceite com base na crença privada e na certeza pública de que o BCE e a

Alemanha cobririam todas as dívidas emitidas pelos 16 Estados membros da eurozona. Como ocorreu até 2008, permitindo que todos estes países praticassem taxas de juros quase iguais às da Alemanha, apesar da sua imensa desigualdade de poder e riqueza. Esta situação mudou depois do colapso financeiro de 2008, quando a primeira-ministra alemã, Angela Merkel, estabeleceu o novo princípio de que cada país europeu teria que ser responsável, a partir daquele momento, pelos seus próprios bancos e pela cobertura de suas dívidas soberanas. A consequência imediata da nova posição alemã foi a crise de insolvência de alguns governos da Europa Central, no ano de 2009, contornada pela intervenção do FMI. No início de 2010, entretanto, a denúncia do novo governo socialista da Grécia, de que o défice grego do ano anterior havia sido maior do que o publicado inicialmente, serviu como rastilho de uma nova crise. Essa crise foi magnificada pelo veto alemão, durante seis meses, a qualquer tipo de ajuda comunitária ao governo grego. Até o momento em que a situação da Grécia ameaçou se estender a outros países endividados e acabou atingindo a própria credibilidade do euro. Isso obrigou a Alemanha a aceitar a aprovação apressada do Fundo Europeu de Estabilização Financeira, com capacidade anual de mobilização de até 750 mil milhões de euros. Valor suficiente para contornar a crise imediata, mas incapaz de reverter a desmoralização do sistema monetário europeu, que foi criado em 2002, sob a tutela alemã. Para corrigir esta “falha de fabricação” do euro, a França propôs a criação de um governo económico europeu, que não foi aceite pela Alemanha. O governo alemão, por sua vez, propõe, sem o apoio francês, a criação de um Fundo Monetário Europeu, para exercer o controlo rigoroso da disciplina fiscal da eurozona, com o poder de expulsão dos faltosos. O impasse permanece, mas, assim mesmo, no curto prazo, impôs-se a posição alemã, favorável a um ajuste fiscal draconiano de todos os países incorporados à zona do euro. Como o ajuste está a ser aplicado em economias que já estão estagnadas e com altas taxas de desemprego, é como colocar gasolina na fogueira e apostar numa profunda e prolongada recessão como fizeram os EUA no início da crise da década de 1930. Mas nada disto resolverá o problema da insolvência do euro, porque a moeda europeia só terá valor efectivo no momento em que for suportada por um poder e por um tesouro central capazes de assumir a responsabilidade

permanente pela sua sustentação, com base na sua capacidade de tributação e endividamento. Se isto não acontecer, e se os pequenos estados europeus não aceitarem a condição de províncias fiscais da Alemanha, o sistema monetário europeu e o próprio euro estão com seus dias contados. Nos momentos de crise forte não faltam os que afirmam vislumbrar a “crise final do capitalismo”. Immanuel Wallerstein, por exemplo, acha que “a civilização capitalista chegou ao Outono de sua existência”. Por que discorda dessa tese? Acho que já expus meu ponto de vista nas respostas anteriores. Mas podemos voltar ao assunto de forma mais directa e clara. É verdade que na crise dos anos 70 do século passado falou-se muito de fim da hegemonia americana e, inclusive, em alguns casos, em crise estrutural ou final do próprio capitalismo. E, no entanto, hoje está claro que a crise dos anos 70 não enfraqueceu o poder americano. Muito pelo contrário, transformou-se no ponto de partida de uma escalada no processo de acumulação vitoriosa do poder e da riqueza dos EUA, em escala planetária. E, agora, de novo, neste início do século 21, voltou-se a falar de uma crise terminal do poder americano e do capitalismo. Mas não existem evidências convincentes de que este colapso esteja ocorrendo ou vá ocorrer nos próximos tempos. A crise hipotecária e financeira americana, de 2007/2008 não se transformou numa crise económica global. E não é provável que possa repetir, a médio prazo, a crise da década de 1930 ou, mesmo, a da década de 1970. O fracasso político norte-americano no Iraque não diminuiu o poder militar dos Estados Unidos, que é muito superior ao de todas as demais potências juntas. A economia norte-americana continua ser a mais poderosa do mundo e mantém a sua capacidade de inovação. Os Estados Unidos continuam a controlar cerca de 70% de toda a informação produzida e distribuída em redor do mundo. A moeda internacional continua a ser o dólar. O défice externo não ameaça os Estados Unidos neste novo padrão monetário internacional dólar-flexível. E os Estados Unidos não parecem estar sem os “os meios e a vontade de continuar conduzindo o sistema de Estados na direcção que seja percebida como expandindo não apenas o seu poder, mas o poder colectivo dos grupos dominantes do sistema”, como pensava Giovanni Arrighi. As dificuldades políticas e económicas dos Estados Unidos, no final da primeira década do século 21, poderão se prolongar e aprofundar. Mas, do nosso ponto de vista, com certeza não se trata do fim do poder americano nem, muito menos, da economia capitalista. De qualquer maneira, o problema de fundo de todas estas profecias terminais não está na sua leitura imediata da

conjuntura internacional deste início do século XXI. O seu ponto fraco está na confusão que fazem entre planos e tempos históricos diferentes. O historiador francês Fernand Braudel falava da existência de pelo menos três tempos históricos diferentes: o tempo breve, da vida política imediata, do tempo cíclico, da vida económica, e da longa duração, das grandes estruturas históricas. Sem distinguir estes planos e estes tempos diferentes pode-se confundir, com facilidade, o fim de um ciclo normal da economia capitalista com uma crise estrutural ou terminal do próprio capitalismo. E pode-se considerar catastrófico um declínio relativo de um país que tenha acumulado uma quantidade excepcional poder, após uma guerra vitoriosa, como foi o caso dos Estados Unidos, depois de 1945, e depois de 1991. A partir deste momento vitorioso, é inevitável que a potência ganhadora perca posições relativas dentro da hierarquia mundial do poder e da riqueza, na medida em que avança a reconstrução dos Estados e das demais economias que foram derrotadas ou foram destruídas pela guerra. Nestes períodos de recuperação, a velocidade da reconstrução física e militar e do crescimento económico dos derrotados ou destruídos tende ser maior do que o da potência líder. O que não se percebe, muitas vezes, é que a reconstrução e aceleração do crescimento destes países é, ao mesmo tempo, indispensável, para a acumulação de poder e riqueza da potência que está em “declínio relativo”. E que esta potência em declínio é indispensável para a ascensão relativa das outras potências que estão se aproximando ou ultrapassando a potência líder. Por isso, se pode falar de um “declínio relativo” do poder americano, com relação à China, como já se falou do declínio do poder econômico norteamericano, com relação ao Japão e à Alemanha, na década de 1970. Mas esse declínio relativo dos Estados Unidos não significa, necessariamente, um colapso do seu poder económico e da sua supremacia mundial. De qualquer maneira, por trás da visão de Wallerstein, como da minha própria, existem teorias diferentes sobre a origem e a dinâmica do sistema mundial. Wallerstein e Arrighi vêem a história mundial como uma sucessão de ciclos hegemônicos ou de acumulação de capital. Enquanto eu vejo este mesmo sistema como um “universo” em expansão contínua. Onde todos os Estados que lutam pelo poder global, em particular as grandes potências, estão sempre a criar, ao mesmo tempo, ordem e desordem, expansão e crise, paz e guerra, sem perder a sua proeminência hierárquica dentro do sistema. A sua visão está mais próxima da biologia e dos seus ciclos vitais. A minha está mais próxima da física termodinâmica e da teoria das estruturas dissipativas.


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NOTIFICAÇÃO EDITAL (Solicitação de Comparência da Empregadora)

N.º 114/2011

Nos termos das alíneas b) e c) do n.º 1 do artigo 6.º do Regulamento da Inspecção do Trabalho, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 60/89/M, de 18 de Setembro, conjugadas com o artigo 58.º e n.º 2 do artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, notifica-se 華瑜國際科 技開發有限公司 (romanizada Wa U Kok Chai Fo Kei Hoi Fat Iao Han Cong Si), sita na Rua da Ribira do Patane, n.º 86-D, 3.º andar, Macau, para no prazo de 10 (dez) dias, a contra do 1.º dia útil seguinte à da publicação dos presentes éditos, comparecer no Departamento de Inspecção do Trabalho, sita na Avenida do Dr. Francisco Vieira Machado, n.os 221-279, Edifício Advance Plaza, 1.º andar, Macau, a fim de prestar declarações no processo n.º 349/2011, proveniente da queixa apresentada nestes Serviços em 14/01/2011, pela ex-trabalhadora Che Keng Io, relativamente à matéria de salário em dívida. Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais – Departamento de Inspecção do Trabalho, aos 21 de Abril de 2011. O Chefe do Departamento, Raimundo Vizeu Bento

NOTIFICAÇÃO EDITAL (Solicitação de Comparência do Trabalhador)

N.º 115/2011

Nos termos das alíneas b) e c) do n.º 1 do artigo 6.º do Regulamento da Inspecção do Trabalho, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 60/89/M, de 18 de Setembro, conjugado com o artigo 58.º e n.º 2 do artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, notifica-se o residente, Sr. CHEONG WENG CHIO, ex-trabalhador da sociedade “COMPANHIA DE CONSTRUÇÃO E ENGENHARIA OMAS, LIMITADA”, para no prazo de 15 (quinze) dias, a contar do primeiro dia útil seguinte à da publicação do presente édito, comparecer no Departamento de Inspecção do Trabalho, sita na Avenida do Dr. Francisco Vieira Machado, n.os 221-279, Edifício “Advance Plaza”, 1.º andar, Macau, a fim de prestar declarações no processo n.º 6222/2009, proveniente do acidente de trabalho em que o notificado foi vítima. Mais se comunica que nos termos da alínea a) do n.º 2 do artigo 103.º do aludido Código, o procedimento é extinto quando por causa imputável ao notificado este esteja parado por mais de seis meses. Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais – Departamento de Inspecção do Trabalho, aos 25 de Abril de 2011. O Chefe do Departamento Substº, João Paulo Sou

O BNU

NOTIFICAÇÃO EDITAL (Solicitação de Comparência do Trabalhador)

N.º 116/2011

Nos termos das alíneas b) e c) do n.º 1 do artigo 6.º do Regulamento da Inspecção do Trabalho, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 60/89/M, de 18 de Setembro, conjugado com artigo 58.º e n.º 2 do artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, notifica-se o não-residente Sr. ZHOU YONG, ex-trabalhador autorizado a prestar trabalho para a sociedade “COMPANHIA DE CONSTRUÇÃO HOBBS, LIMITADA”, para no prazo de 15 (quinze) dias, a contar do primeiro dia útil seguinte à da publicação do presente édito, comparecer no Departamento de Inspecção do Trabalho, sita na Avenida do Dr. Francisco Vieira Machado, n.os 221-279, Edifício “Advance Plaza”, 1.º andar, Macau, a fim de prestar declarações no processo n.º 5931/2009, proveniente do acidente de trabalho ocorrido em que o notificado foi vítima. Mais se comunica que nos termos da alínea a) do n.º 2 do artigo 103.º do aludido Código, o procedimento é extinto quando por causa imputável ao notificado este esteja parado por mais de seis meses. Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais – Departamento de Inspecção do Trabalho, aos 25 de Abril de 2011. O Chefe do Departamento Substº, João Paulo Sou

SAÚDA O

1º DE MAIO

DIA DOS TRABALHADORES


desporto

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Hóquei sobre o gelo | RAEM defronta Hong Kong esta tarde

Marco Carvalho

T

sexta-feira 29.4.2011

info@hojemacau.com.mo

rês encontros, outras tantas derrotas, 24 golos sofridos, seis marcados. O sucesso parece não querer nada com o hóquei do território e uma semana depois da selecção de hóquei em patins de Macau ter somado desaire atrás de desaire na Suíça, agora é a vez da selecção de hóquei no gelo da RAEM enveredar pelo mesmo penoso caminho no Médio Oriente. A cidade do Kuwait acolhe até ao próximo domingo a edição de 2011 da Challenge Cup, um certame que além de Macau e da selecção anfitriã conta também com a participação das selecções da Tailândia, da Índia, de Hong Kong e dos Emirados Árabes Unidos. Há um ano, em Taiwan, o grupo de trabalho do território não conseguiu melhor que a penúltima posição da tabela, num evento ganho pela selecção anfitriã. A prova não conta este ano com a presença das selecções da Malásia, da Formosa, de Singapura e da Mongólia, mas a ausência de

Em maré aziaga algumas das principais formações asiáticas da modalidade em nada tem favorecido a missão do grupo de trabalho orientado por Yan Dong. A selecção do território estreou-se na competição ao início da noite de segunda-feira, com uma derrota por oito golos a três contra a selecção da casa, naquele que foi o primeiro encontro oficial disputado pelo Kuwait perante o seu próprio público. A ausência do seis formosino que há um ano triunfou na edição de 2010 do certame faz com que a selecção dos Emirados Árabes Unidos (segunda há um ano em Taipé) se postule como a principal candidata ao triunfo na prova. A selecção emirenha estreou-se na edição kuwaitiana da Challenge Cup com uma derrota amarga por 5-4 frente a Hong Kong e acabou por ser o grupo de trabalho da

RAEM a pagar a factura. No embate entre a selecção do Lótus e o conjunto do Médio Oriente, os pupilos de Yan Dong não conseguiram mostrar argumentos para evitar novo massacre, tendo somado nova derrota, desta feita por oito tentos sem resposta. Na quarta-feira, foi a vez do seis do território esgrimir argumentos com a Tailândia, num embate que redundou também em derrota, ainda que por um resultado mais moderado. Os atletas da RAEM repetiram o desfecho do encontro inaugural frente ao Kuwait, perdendo novamente por 8-3. A selecção do território regressa ao início da tarde de hoje ao rinque, frente à selecção da vizinha Hong Kong, num embate que não se adivinha fácil para o grupo de trabalho local. A selecção da RAEHK

foi a única que ainda não somou qualquer derrota na competição, ainda que os embates frente aos Emirados Árabes Unidos e frente à Tailândia se tenham pautado pela tónica do equilíbrio. No sábado, a formação orientada por Yan Dong deve enfrentar o seu adversário mais acessível no âmbito da edi-

ção de 2011 da Challenge Cup. A Índia deverá propiciar ao grupo de trabalho do Lótus a sua única oportunidade de brilhar na competição. Nos três jogos que disputou até ao momento no certame, a selecção indiana somou outras tantas derrotas, encaixando 83 golos e marcando apenas dois.

Jogos Olímpicos | Procura de bilhetes excede oferta

Londres a triplicar H Barcelona pondera apresentar queixa contra português

Mourinho em maus lençóis O

FC Barcelona pondera se apresenta uma queixa contra José Mourinho na comissão de disciplina da UEFA pelas declarações do técnico português no final do jogo da primeira mão das meias-finais da Liga dos Campeões em futebol. Responsáveis do clube catalão, citados pela agência EFE, confirmaram ter sido marcada para ontem ao final da tarde (madrugada de hoje em Macau) uma reunião com elementos dos serviços jurídicos para analisar o conteúdo da conferência de

imprensa do treinador português e verificar se o mesmo é susceptível de uma queixa à UEFA. Após a derrota em casa por 2-0, Mourinho pôs em causa a Liga dos Campeões conquistada pelo FC Barcelona há dois anos, depois de ter sido beneficiado pela arbitragem que dirigiu a partida com o Chelsea, em Stamford Bridge, e acrescentou que ele, no lugar do treinador Josep Guardiola teria “vergonha de ganhar o troféu” nessas circunstâncias. “Josep Guardiola é um

fantástico treinador de futebol, mas ganhou uma Liga dos Campeões que me envergonharia ganhar com o escândalo de Stamford Bridge. E este ano se a ganhar será com o escândalo do Bernabéu”, disse José Mourinho no final do jogo de hoje com o Barça, no qual o Real Madrid ficou reduzido a dez jogadores na última meia-hora por expulsão de Pepe após uma entrada dura sobre Dani Alves. Na sequência do lance, Mourinho foi expulso do banco por alegados protestos.

ouve 20 milhões de pedidos para os 6,6 milhões de bilhetes disponíveis para os Jogos Olímpicos de Londres, em 2012. O período de reserva de ingressos terminou à meianoite desta quarta-feira. Para a maioria dos 650 eventos – em 27 modalidades – a procura foi superior à oferta e será necessário proceder a um sorteio para atribuir os bilhetes. Aproximadamente 1,8 milhões de pessoas fizeram pedidos de bilhetes durante as seis semanas de venda, quase todas no Reino Unido: 95% dos pedidos foram registados nas ilhas britânicas. O ciclismo de pista, disciplina em que se destacam vários atletas britânicos, assim como as cerimónias de abertura e de encerramento e a maioria dos eventos de natação e ténis – para além da ginástica rítmica, o triatlo, o pentatlo moderno e a equitação – já têm lotação esgotada.

Os candidatos contemplados com bilhetes serão avisados em Junho de que provas poderão assistir. Antes disso, poderão saber do sucesso ou insucesso das suas candidaturas, uma vez que a organização dos Jogos Olímpicos de Londres começará já a partir de 10 de Maio a debitar das contas dos compradores os valores dos bilhetes. “Para certos eventos a procura foi massiva, principalmente para a cerimónia

de abertura, que teve uma procura dez vezes superior à oferta”, disse o presidente do comité organizador, Sebastian Coe. “Haverá seguramente pessoas desapontadas, mas vamos encontrar uma forma de os compensar com outros bilhetes”, acrescentou, explicando que “a maioria dos pedidos contemplavam vários bilhetes para várias modalidades, o que mostra que as famílias querem marcar presença nos Jogos”.


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Nicole Liu Bernardes | Estudante

Sair de Macau, sim. Mas nunca para sempre Joana Freitas

joana.freitas@hojemacau.com.mo

Não se deixem enganar pelos olhos rasgados. A Nicole “é 100% tuga”. Mesmo sendo filha de pai macaense e neta de portugueses. Mesmo que tenha mãe coreana e que viva desde os sete anos com a mãe adoptiva, que é da Colômbia, a Nicole garante, que apesar das misturas, se sente como uma portuguesa. Tem 21 anos e é estudante de gestão na Universidade de São José. Nascida em Macau, nunca saiu daqui sem ser no papel de turista. Da Colômbia a Nova Iorque, passando pela Tailândia, “óbvio” - diz-nos ela -, e Hong Kong, os destinos de férias nunca lhe abriram portas para estudar fora. Portugal está na lista dos visitados, mas apenas nas lembranças de infância, daquelas difusas. “Quero lá voltar para conhecer de novo, porque não me lembro muito bem. Se lá for agora perco-me”, brinca. Mas a família do Cartaxo e do Alentejo pode esperar uma visita para breve. Depois de Las Vegas, que é já este ano. Como quase todos os filhos de portugueses, a Nicole andou na Escola Portuguesa de Macau. Mas foram os dois anos na LusoChinesa que lhe ensinaram o pedacinho da cultura asiática que conhece hoje. E que lhe dão a capacidade de perceber “tudo, tudo, tudo” do que se fala em chinês, mesmo não conseguindo responder na mesma língua. “Sei falar português, espanhol e inglês”, diznos. E é com esta última que vai trabalhar... lá fora. “Ficar em Macau depois de acabar o curso?

Nem pensar!”, assegura de forma assertiva. A ideia é acabar a licenciatura, que está a dois anos de terminar, e estagiar “num lugar onde se fale inglês”. Austrália é uma hipótese, mas a ex-colónia britânica tem outras vantagens: “A minha mãe biológica trabalha numa empresa em Hong Kong. Pode ser trabalho certo”. Mas, apesar de não querer ficar aqui, “este é o lugar onde nasceu” e a família com quem cresceu e vive - o pai, a mãe adoptiva e dois irmãos -, merece que a Nicole volte, “depois de aumentar o CV”. “Deixar completamente Macau não consigo!” Macau é pequenino, explica, é sempre a mesma coisa e a mesma rotina. Mas ela gosta. Mesmo que às vezes “se farte” e que contorne esse quotidiano com viagens, mesmo que não se assuste e que lide bem com a grandeza dos outros países, “o tempo em Macau parece que não passa tão rápido”. Parece mais proveitoso e os caminhos de um sítio para o outro são feitos de percursos curtos. “A pessoa fica com mais preguiça”, ironiza. Mas esse não é um pecado mortal que a Nicole tem. “Adoro desporto”. Acreditamos, só pela expressão que a nossa entrevistada faz. Aos onze anos entrou no atletismo e participou em diversas competições. O percurso foi aparentemente brilhante mas durou pouco. Aos 15 anos e com problemas numa perna, a Nicole teve de abandonar as corridas. Mas ela garante-nos que a palavra “desistir” não faz parte do seu vocabulário. “Não

desisto das coisas. Vou até ao fim. Só quando chego ao ponto de não conseguir mais é que acabo”, mesmo com a imensa paciência que diz ter, há coisas que não se conseguem continuar. Mas há outras que se iniciam. Com 16 anos fazia parte da selecção de vólei da China. “Os treinos eram muito puxados e tinha de ir à China treinar. Era complicado conciliá-los com as aulas. Foi impossível continuar, fiquei exausta.” Durou dois anos até passar da selecção chinesa para a do território. Apesar de ter parado por causa da universidade, promete voltar já em Maio. Enquanto a conversa se desenrola com a Nicole Liu Bernardes, e ela nos afirma vivamente que nada tem a ver com a Luci Liu dos Anjos de Charlie (ponto necessário a esclarecer uma vez que já foi confundida com a actriz), questionamo-la como se cresce na Macau chinesa sem se criar ligações às tradições e às pessoais do país asiático. “Nós crescemos com portugueses e as mentalidades e a cultura macaenses são muito diferentes.” Surgem barreiras devido a essas diferenças, como nos conta a Nicole, e “os costumes tradicionais” dos chineses confundem e fazem quem não pertence à mesma cultura questionar-se “para que servem?”. A língua é mais um muro que se levanta entre os portugueses e chineses de Macau. Pelo corpo atlético e a roupa desportiva que veste, a Nicole é uma estudante comum. Mas os gestos que traz com as palavras

transmitem mais. Conforme nos conta que fugiu à linha hereditária das profissões da família, porque “não queria seguir o mesmo ritmo deles [que era a área do direito] e quis tentar uma coisa nova”, percebemos que está decidida quanto ao seu futuro. Descreve-se como alguém que não desiste de tentar. “É a primeira regra, mesmo que não saibas algo, tens de tentar”, diz-nos. Pedimos que nos diga como é como pessoa, à parte do equilíbrio de balança que vemos que mantém entre a juventude que vive agora e o futuro que a espera. “Tento ser simpática e extrovertida”. Confirmamos, até porque nem a conversa japonesa da mesa ao lado abafa os risos altos da Nicole . “Sou muito faladora, adoro falar”, continua. Confirmamos também. E ainda bem. “Adoro fazer novos amigos. Adoro”, reafirma, “mesmo para desgosto do Mané” (o namorado que sente ciúmes por a Nicole ser tão amigável), rimos. Tenta ser calma na resolução de problemas e aceita quase tudo. Só não suporta que tentem mudar aquilo que é. E, pelo que nos mostra, é decidida. Para já, “ainda é cedo saber o que vai fazer exactamente quando acabar o curso”. Mas as dores físicas que teve aos 15 anos não a vão impedir de continuar a correr. Por isso, vai terminar gestão. Continuar com a loja de roupa “BodyControl”. E com 25 anos, depois de saber como é trabalhar, quer seguir as pisadas do pai e licenciar-se em desporto.


[f]utilidades sexta-feira 29.4.2011 www.hojemacau.com.mo

Cineteatro | PUB

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Sala 1

thor [B] Um filme de: Kenneth Branagh Com: Chris Hemsworth, Natalie Portman, Tom Hiddleston 14.30, 16.45, 19.15, 21.30

[ ] Cinema Beastly [B] Um filme de: Daniel Barnz Com: Vanessa Hudgens, Alex Pettyfer, Mare-Kate Olsen 19.45 SALA 3

Sala 2

the lost bladesman [c]

Um filme de: Catherine Hardwicke Com: Amanda Seyfried, Gary Oldman, Billy Burke 14.30, 16.15, 18.00, 21.30

Falado em mandarim Um filme de: Siu Fai Mak, Felix Chong Com: Donnie Yen, Wen Jiang, Betty Sun 14.30, 16.30, 19.30, 21.30

red riding hood [C]

VERTICAIS: 1-Planta brasileira. Leite coalhado e azedado, muito em uso na Índia. 2-Extremidade de um vestido. Barulho. 3-Buraco na terra. Gálio. Universidade Nova de Lisboa. 4-Primeira pessoa. Doação. 5-Que não intervém a favor nem contra, num pleito ou contenda. Antiga nota musical. 6-Bodum. Casaco pequeno de mulher. 7-Símbolo químico de hâhnio. O que tala. 8-Espécie de punhal indiano. Contracção da preposição a e do artigo o. 9-Título honorífico na Índia. Indicativa de causa. Unidade monetária da África do Sul. 10-Que tem ramos ou ramagens. Preceptor de filhos ricos. 11-Tornar oco. Deixar-se possuir, deixar-se dominar.

Soluções do problema HORIZONTAIS: 1-CAFE. CHORRO. 2-ABOINHA. AAC. 3-NAI. EU. CUMA. 4-I. ADULTO. ER. 5-TL. OTEATEA. 6-OUGAR. LANDE. 7-BARATAR. ON. 8-DA. ILUDIR. T. 9-AMUO. RO. AAR. 10-IBN. UCRANIA. 11-MOLETA. ODOR. VERTICAIS: 1-CANITO. DAIM. 2-ABA. LUBAMBO. 3-FOIA. GA. UNL. 4-EI. DOARIO. E. 5-NEUTRAL. UT. 6-CHULE. TURCA. 7-HA. TALADOR. 8-O. COTARI. AO. 9-RAU. EN. RAND. 10-RAMEADO. AIO. 11-OCAR. ENTRAR.

REGRAS |

Insira algarismos nos quadrados de forma a que cada linha, coluna e caixa de 3X3 contenha os dígitos de 1 a 9 sem repetição

solução do problema do dia anterior

Su doku [ ] Cruzadas

HORIZONTAIS: 1-Estabelecimento em que se toma café e outras bebidas. Jorro. 2-Borboletinha branca. Associação Académica de Coimbra. 3-Instrumento de sopro, muito usado entre os Árabes, Persas e Turcos. A personalidade de quem fala. Árvore apocinácea da Amazónia. 4-Homen que atingiu o seu pleno desenvolvimento. Símbolo químico de érbio. 5-Tálio. Pássaro dentirrostro da África Ocidental. 6-Aguar. Bolota, glande, especialmente bolota de sobreiro, da primeira camada. 7-Desbaratar. Circuito fechado. 8-Leonardo... Vinci, pintor e inventor. Causar ilusão a. 9-Enfado. Nome de uma letra do alfabeto grego. Rio suíço. 10-Filho, em árabe. Rep. independente da ex- U.R.S.S. 11-Utensílio de mármore, em que se pisam o moem tintas. Cheiro.

[Tele]visão www.macaucabletv.com TDM 13:00 TDM News - Repetição 13:30 Jornal das 24h 14:30 RTPi DIRECTO 17:35 Liga Europa: FC Porto - Villarreal FC (Repetição) 19:00 Ásia Global (Repetição) 19:30 Ganância 20:25 Acontecimentos Históricos 20:35 Telejornal 21:00 Jornal da Tarde da RTPi 22:00 Viver a Vida 22:58 Acontecimentos Históricos 23:00 TDM News 23:30 Liga Europa: Benfica - Braga (Repetição) 01:00 Telejornal (Repetição) 01:30 RTPi DIRECTO INFORMAÇÃO TDM RTPi 82 14:00 Telejornal Madeira 14:30 Documentário – Chama, chama, chamarrita 15:30 Ir é o Melhor Remédio 16:00 Especial Informação: Casamento Real 17:00 Especial Informação: Kate & William – O Casamento 20:00 Jornal Da Tarde 21:15 O Preço Certo 22:00 A Madeira e a República 22:30 Salvador 22:45 Portugal No Coração TVB PEARL 83 06:00 Bloomberg West 07:00 First Up 07:30 NBC Nightly News 08:00 Putonghua E-News 08:30 ETV 10:30 Inside the Stock Exchange 11:00 Market Update 11:30 Inside the Stock Exchange 11:32 Market Update 12:00 Inside the Stock Exchange 12:02 Market Update 12:30 Inside the Stock Exchange 12:35 Market Update 13:00 CCTV News - LIVE 14:00 Market Update 14:40 Inside the Stock Exchange 14:43 Market Update 15:00 The Royal Wedding (Live) 19:30 News At Seven-Thirty 19:50 Weather Report 19:55 Earth Live 20:00 The Royal Wedding – Cont’d(Live) 20:40 William, Kate, and 8 Royal Weddings 21:50 Friday Hall Of Fame: Notes on a Scandal 22:30 Marketplace 22:35 Friday Hall Of Fame: Notes on a Scandal and The CEO Connection 23:50 World Market Update 23:55 News Roundup 00:10 Earth Live 00:15 Dolce Vita 00:45 America’s Next Top Model 01:35 Green Challenge: Golding World 02:05 Global Football 02:35 European Art at the MET 03:00 Bloomberg Television 05:00 TVBS News 05:30 CCTV News ESPN 30 13:00 15:00 15:30 18:30 19:30 20:00 20:30 21:00 22:00 22:30 23:00 23:30

KIA X Games Asia 2010 Day 3 Planet Speed 2010/11 MLB Regular Season 2011 Chicago White Sox vs. New York Yankees (Delay) Baseball Tonight International 2011 (LIVE) Sportscenter Asia Football Asia 2011/12 Global Football 2011 KIA X Games Asia 2010 - Highlights Show Planet Speed 2010/11 Sportscenter Asia Football Asia 2011/12 Global Football 2011

STAR SPORTS 31 13:00 Fleet Racing Tour 2011

13:30 Total Rugby 2011 14:00 Masters Tournament 2011 Day 4 19:00 Football Asia 2011/12 19:30 FIA Wtcc 2011 - Highlights 20:00 Inside Racing 2011 20:30 (Delay) Score Tonight 21:00 (LIVE) WTA - Barcelona Ladies Open Semifinal 1 22:30 Score Tonight 23:00 (LIVE) WTA - Barcelona Ladies Open Semifinal 2 STAR MOVIES 40 11:55 Signs 13:45 The Replacement Killers 15:15 Slumdog Millionaire 17:20 Alice In Wonderland 19:15 The Rebound 21:00 Brooklyn’S Finest 23:20 Damage HBO 41 13:00 The Scorpion King 14:30 Ice Castles 16:05 Ladybugs 17:30 Anger Management 19:10 The Bounty Hunter 21:00 Observe And Report 22:25 Ghosts Of Girlfriends Past 00:05 Orphan CINEMAX 42 12:00 Hercules And The Circle Of Fire 13:45 Battle Of The Bulge 16:15 Time Trax 18:00 Fahrenheit 451 20:00 Dinocroc Vs Supergator 21:45 Epad On Max 108 22:00 Escape From Alcatraz 23:50 Platoon MGM CHANNEL 43 12:45 Tortilla Soup 14:30 Recipe for Disaster 16:00 Fires Within 17:30 April Morning 19:15 The Mighty Quinn 21:00 Breathless 22:45 Defiance 00:30 Jason’s Lyric

DISCOVERY CHANNEL 50 13:00 Mythbusters - Curving Bullets 14:00 Enigmatic Malaysia - Melakan Portuguese 15:00 Mega Builders - South Africa 16:00 Build It Bigge - Kuwait Towers 17:00 Dirty Jobs 18:00 How It’s Made 18:30 How Do They Do It? 19:00 Construction Intervention 20:00 Tattoo Hunter - Mozambique 21:00 Mythbusters - Bug Special 22:00 I Almost Got Away With It 23:00 Forensics: You Decide 00:00 Mythbusters - Bug Special NATIONAL GEOGRAPHIC CHANNEL 51 12:30 About China - Rivers And Life 13:25 Monster Fish: Sawfish 14:20 iPredator: Great White 15:15 Fight Science: Stealth Fighters 16:10 My Brilliant Brain 17:05 The Secret Heart: Stressed Out 18:00 Extraordinary Dogs 19:00 True Stories 20:00 About China - Rivers And Life 21:00 Beast Hunter - Beas Hunter 22:00 Is It Real? 23:00 Taboo - Sexuality 00:00 Beast Hunter - Beas Hunter ANIMAL PLANET 52 13:00 Crime Scene Wild - Sharks 14:00 Caught In The Moment - Japan 15:00 Wild Hearts: Kingdom Of The Elephants 16:00 Wildest Africa - Lake Turkana 17:00 Animal Cops Miami - Bear Rescue 18:00 Animal Cops South Africa 19:00 The Most Extreme - Awful Ancestors 20:00 Crime Scene Wild - Bushmeat 21:00 Wild Hearts: Wolves At Our Door 22:00 Wildest Africa - Cape Coast 23:00 Animal Cops Miami - Caught In The Act 00:00 Crime Scene Wild - Bushmeat HISTORY CHANNEL 54 13:00 Most Secret Place On Earth 14:00 Modern Marvels Essentials 15:00 Brad Meltzer’s Decoded 16:00 Ancient Aliens 18:00 Pawn Stars 19:00 Surviving History 20:00 The Works 21:00 Third Reich: 23:00 The Making Of Adolf Hitler 00:00 Monsterquest STAR WORLD 63 13:25 DC Cupcakes 13:50 True Beauty 14:45 Gary Unmarried 15:10 How I Met Your Mother 15:35 Desperate Housewives 16:25 Castle 17:10 Glee 18:00 American Idol 19:00 Don’t Stop Believing 20:00 American Idol 20:55 Junior MasterChef Australia 22:45 True Beauty 23:40 American Idol 00:35 Glee

(MCTV 63) Star World 13:25 DC Cupcakes Informação Macau Cable TV


opinião

SEXTa-feira 29.4.2011 www.hojemacau.com.mo

17 ed i t or i a l Carlos Morais José

A região aborrecida Por Macau, uma semana aborrecida. Decisões por tomar, ordens por dar, sentidos por receber. Nesta bolha de inércia generosa, o governo de Macau teima em dormitar à sombra da bananeira do jogo, quando tanto há para fazer, tanta milha, caminhos por percorrer. Compreende-se que, assim de repente, não é fácil passar a medir o mundo em quilómetros, em metros, quiçá em centímetros. Melhor quedar-se pelo antigo sistema: o das onças e dos pés para a alcova. Melhor não... e o facilitismo já tem as suas noites contadas e recontadas como naquela história que durava mil e uma e acabava bem, sem a morte de ninguém.

ca r t o o n por Steff

Pouco se passa assim nesta fabulosa e efabulada realidade, onde os animais não apenas falam, como vivem e se vestem a preceito e a quem se dão os biliões que a noblesse oblige e o dever manda. Viva o panda. Viva a ternura da compostura e do silêncio sem preço. Eu agradeço o dinheiro filial. Fica bem no meu bornal. A felicidade escreve-se à medida que o dinheiro aumenta, essa felicidade que nada sustenta, que se assusta ao primeiro sobressalto. Basta partir um salto, que a rua é inimiga, de mim e de mim prima. E tudo se desengonça, são todos amigos da onça. Uma semana em que o crime sem castigo me deixou aborrecido. Em que o bocejo altaneiro tudo mandou, um a um, ao galheiro e

a paisagem... só fez dormitar. Mas que lugar! Mas que lugar! Deram-me mais dinheiro, sobrou-me o suor inútil. Antes ser fútil, parecem todos gritar. Vou-me atirar ao mar. A este Mar da Solidão, que entre duas cidades, me separa do irmão, que aqui vem gastar milhão, na doçura das vaidades. E que a morte me abençoe, nessa augusta solidão, a do mar e não da gente, que esta passa somente, sem dar pela minha mão. Ó augusta solidão... Virá a ponte colmatar esta distância? A do trajecto de ypsilon que, por ir ali ao lado, nos roubará o bocado que esta terra há-de comer? Deitámos tudo a perder? Ou haverá redenção? Suspira pobre o pinhão em sua casca ocultado. Sou filho de pinheiro dado,

de raiz má de alcatruz. Puz! Puz! Puz! Alcatruz, puz, puz! Não. Não chega esse milhão, nem a ladeira deitada, vida inclinada, ínclita podridão. Não. Quero mais. Sou o Morais, ouvi dizer. Ora idevos benzer, apreciai a igreja, o mosto, quem vos veja, de torcicolo no rosto. É Agosto, neste Maio, e nada me diz: não saio. Pois que saio, sim senhor, queira ou não queira o doutor. Foi uma semana aborrecida, bem mais triste que comprida, pois que o tempo escasseia. Desde que o governo não ceia, por causa da inflação, há uma sombra negra sobre toda a região. Não falta o pão. Não. Falta a semente, sobra o buraco no dente. Vai assim a região, ténue, esmaecida, numa palavra: aborrecida.

casamento real


sexta-feira 29.4.2011 www.hojemacau.com.mo

opinião

18 p er sp ect i va s

Contrato com o planeta “We need to love and respect the Earth with same intensity that we give to our families and our tribe; our contract with Earth is fundamental, for we are apart of it and cannot survive without a healthy planet as our home.” Gaia-A New Look at Life on Earth James Lovelock

Os seres humanos devem viver em união com os outros membros, não explorando nem devastando os seus “habitats”. Ao vermos a penúria que nos autoinfligimos e aos demais seres, somos obrigados a assumir o papel de sindicalistas

É

impossível imaginar ou prever qualquer acontecimento suficientemente empolgante que nos leve a renunciar à poluição, mas é possível ter presente uma história acerca de um problema ambiental que atingiu uma civilização ocidental imaginária há 15 mil anos. Quando os nossos antepassados imediatos apareceram na Terra, há dois milhões e meio de anos, o planeta estava a mudar, passando da fase em que o clima era comparativamente constante para outra, em que o clima alternava periodicamente entre períodos glaciares e interglaciares. As épocas glaciares eram longas; duravam cerca de noventa mil anos. Nos Invernos muito frios, o gelo chegava a 45º do equador. Os períodos quentes, os interglaciares, eram breves, duravam cerca de doze mil anos, e o clima era semelhante ao nosso. Imaginemos que a civilização se industrializou há quinze mil anos. Tal facto exige um aumento de apenas 0,5 por cento no ritmo de evolução da sociedade humana. Imaginemos uma civilização muito parecida com a nossa, mas que existiu há 15 mil anos. Tão desenvolvida e poluída como a actual. A principal diferença consistia no facto de a Terra se encontrar então na fase fria de uma época glaciar. O clima na região correspondente ao Reino Unido seria como o actual clima da Islândia e os habitantes eram escassos. O nível dos oceanos era inferior em cento e vinte metros ao actual. Uma vasta área da Terra, sobretudo junto do equador, que se encontra submersa, era seca e habitada. Imaginemos que a civilização se desenvolveu e industrializou algures na região do Japão e da China. Os invernos frios, que criavam a necessidade de habitação e de aquecimento, estimulavam a invenção. A região também era rica em carvão, petróleo e jazidas de minério. Pouco depois, estes recursos foram explorados e seguiu-se uma rápida escalada através da força da água e do vento para produzir electricidade e energia nuclear, tal como aquela que assistimos apenas há dois séculos. Gases de estufa, dióxido de carbono e metano provenientes da agricultura extensiva começaram a formar-se e pouco depois o clima aqueceu sensivelmente. Uma grande parte do mundo civilizado ficava nas zonas tropicais, e estas estavam a tornar-se

desconfortavelmente quentes para os seus habitantes. Os países do hemisfério norte eram eficientes na produção de bens de consumo. Eram como os ingleses da época vitoriana, ou como os japoneses actuais. As necessidades impulsionam a invenção, e pouco tempo depois os frigoríficos que usavam clorofluorcarboneto (CFCs), saíam das linhas de produção e eram enviados pelo mundo para serem vendidos. Passado algum tempo, os cientistas começaram a perceber que o ambiente global estava a mudar. Alguns constataram que os CFCs que se libertavam dos frigoríficos acumulavam-se no ar sem que fosse possível removê-los. Descobriram então que os CFCs constituíam uma ameaça para a camada de ozono e que, se o seu aumento progredisse, o ozono existente na estratosfera diminuiria de tal modo que muitas pessoas, em especial as de pele clara, corriam o grave risco de contrair cancros de pele devido à exposição aos raios ultravioletas provenientes da luz solar. Houve uma explosão de advertência nos meios de comunicação social quanto a essa ameaça e os subsídios destinados à investigação científica surgiram em abundância nunca vista. Os governos tinham relutância em agir, porque sabiam que os CFCs eram inofensivos dentro de casa e eram os gases refrigerantes mais eficientes que existiam, Além disso, eram o sustentáculo de uma indústria vasta e rentável. Também se mostravam relutantes, porque não havia provas de que os raios ultravioletas tivessem aumentado ao nível do solo; de facto havia mesmo um decréscimo. Portanto, nada foi feito para impedir que os CFCs aumentassem a um ritmo de 10 por cento ao ano. Alguns cientistas sentiram-se frustrados

porque sabiam que a verdadeira ameaça proveniente dos CFCs não era a depleção do ozono, mas a sua capacidade de bloquear a fuga de radiações de calor para o planeta. Os CFCs, tal como os gases de estufa, são dez mil vezes mais potentes do que o dióxido de carbono. O medo do cancro parece sempre transcender outros perigos e, por conseguinte, a depleção do ozono era o tema a que se dava mais atenção. O calor provocado pelo efeito de estufa era conhecido, mas encarado como uma dádiva, porque afinal o mundo era frio. Ninguém sabia então que daí a dois mil anos o planeta estava destinado a dar um dos seus saltos característicos para uma época interglaciar. Na era glaciar as regiões polares eram tão inóspitas que não havia quaisquer elementos retirados das amostras de gelo, como aqueles que possuímos, para nos ajudar a compreender o passado. O aumento da temperatura daí a 2000 anos teria lugar, porque a posição da Terra em relação ao Sol estava a mudar de tal modo, que o calor solar se elevava. Registaram-se pequenos aumentos no calor solar, que, por si sós, não eram suficientes para precipitar um período interglaciar, mas no fim de uma era glaciar, o planeta ficou extremamente sensível a pequenas perturbações. Uma minoria de cientistas defendeu que o calor crescente proveniente da poluição, causada pelos gases de estufa, começaria a derreter as camadas superficiais de gelo e provocaria a inundação de florestas tropicais situadas a baixa altitude. Por sua vez, dessa situação resultaria a libertação de grandes massas de gás metano, à medida que a vegetação fosse apodrecendo debaixo de vários metros de água do mar. O metano agravaria o efeito de estufa e consequentemente aumentaria o aquecimen-

Jorge Rodrigues Simão

to e, pouco depois, devido a um processo positivo de realimentação, o planeta aqueceria e o calor derreteria as vastas camadas de gelo das regiões polares. Esses cientistas alertaram para a hipótese de o nível do mar poder aumentar cento e vinte metros. O suficiente para alagar todas as grandes cidades do mundo. Então, tal como agora, quase todos os centros civilizacionais estavam quase ao nível do mar. Estas afirmações foram recebidas com desprezo. A depleção do ozono e os perigos da energia nuclear constituíam os principais motivos de interesse para os governos e para os ambientalistas. Pouco depois, os CFCs atingiram cinco partes por bilião de ar e os buracos surgiram por cima dos pólos. Por si sós, os buracos de ozono não tiveram consequências, visto que não havia vida nas regiões polares da era glaciar, mas a sua existência foi suficiente para alterar o equilíbrio em proveito da legislação que proibia o uso de CFCs. Infelizmente, era tarde demais, porque o equilíbrio de estufa também se alterara e o planeta assemelhava-se então a um barco que navegava à beira de uma cascata, deslocando-se cada vez mais depressa para o calor da era interglaciar. O gelo polar estava a derreter-se, e daí a alguns séculos toda a civilização da “Atlântida” ficaria submersa. A lenda relativa a um dilúvio e a um grande império submarino perdurou. A função que compete a cada ser humano ao serviço permanente do planeta, deve assemelhar-se à de um orgulhoso sindicalista. Não devemos ser gestores nem donos do planeta, mas apenas sindicalistas; trabalhadores que pela nossa inteligência fomos escolhidos para representarmos outros seres vivos. O nosso sindicato deve representar as bactérias, os fungos, os bolores e os invertebrados, assim como os peixes, as aves, os répteis e os mamíferos e o universo das árvores e das plantas inferiores. Todos os seres vivos são membros do sindicato, e enfurecem-se com as diabólicas liberdades, que nós seres humanos nos permitimos tomar, em relação ao planeta e aos outros seres que nele vivem. Os seres humanos devem viver em união com os outros membros, não explorando nem devastando os seus “habitats”. Ao vermos a penúria que nos auto-infligimos e aos demais seres, somos obrigados a assumir o papel de sindicalistas. Todos os seres vivos tem de ser sensibilizados e educados a viver em parceria com o planeta; de outro modo, o resto da criação, que também faz parte da “Geia”, arrastará inconscientemente o planeta para uma nova fase, na qual os seres humanos deixarão de ser bem-vindos.


todos

Andamos sofrendo o tormento horrível da sede. E procuramos saciá-la nos charcos, nas cisternas rotas, nas criaturas tão sedentas como nós. Padre Manuel Teixeira [1912-2003]

sexta-feira 29.4.2011 www.hojemacau.com.mo

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u m g r i t o n o d eser t o Paul Chan Wai Chi*

Taiwan, um sistema a inspirar Macau D

urante as férias de Páscoa, fui a Taiwan com alguns jovens membros da Associação Novo Macau para visitarmos uma série de associações por lá. Toda a viagem foi planeada e organizada pelos jovens, excepto quando pedi para participar numa intervenção ao ar livre. Antes de ir para Taiwan, obtive a informação através da Internet que o Partido Progressivo Democrático estava a organizar uma intervenção nocturna no distrito de Panchiao, em prol do seu candidato ao Yuan Legislativo, professor Lo Chih Cheng. Aquele seria o primeiro comício do académico e a lista de oradores incluía os mais importantes e prestigiosos membros do Partido Progressivo Democrático. Foi por isso que fiquei interessado em assistir a esta sessão. Em comparação a Hong Kong, a cultura eleitoral de Taiwan tem elementos muito originais e é mais avançada. Na sexta-feira, o tempo em Taipé estava instável, com trovoadas e chuvas. Como a decisão de ir ao comício nocturno foi tomada sem grande planeamento, apenas alguns de nós para lá se dirigiu, enquanto outros foram visitar a imprensa de Taipé como dizia no roteiro. Primeiro jantamos no distrito de Panchiao. Estava a chover quando o comício teve início. Se fosse em Macau, um evento daquele nível debaixo de chuva seria cancelado imediatamente. Mas não em Taiwan. Ao chegar ao local, vi dezenas de filas de cadeiras de plástico completamente molhadas pela chuva. Uma série de pessoas esforçavam-se para enxugar todas as cadeiras à medida que o público chegava. Eram distribuídas capas de chuva aos poucos que lá estavam. Com ou sem gente, com ou sem chuva, o comício iria acontecer e não havia mais volta a dar. A atmosfera do comício era muito agradável com efeitos sonoros, o mestre de cerimónia e todos os artistas eram altamente qualificados e bem preparados. Apesar de se ter prolongado por três horas, várias personalidades conseguiram cativar a audiência ao subir ao palco e a proferir discursos apaixonados sobre o candidato. Cada detalhe do comício foi pensado meticulosamente, o evento acabou de forma certeira na hora anunciada.

Duas apresentações em especial, de Su Tseng-chang e Tsai Ing-wen, completamente diferentes uma da outra em termos de estilo, foram muito bem-sucedidas e convenceram a multidão que depois encheu o recinto. Para ser um líder, é necessário ganhar apoio das pessoas. Comparando com a nossa realidade, os líderes de Macau não têm grande capacidade de lidar e encarar os factos. A razão é simples: eles nunca têm de lidar com mais de 300 pessoas ao mesmo tempo! Durante a nossa estada em Taipé, andamos pela cidade quase sempre de metro. Cada vez que volto à capital de Taiwan noto que o metro tem mais estações nas suas várias linhas, fazendo com que seja um meio de transporte realmente eficiente e acessível aos cidadãos. A multidão nas plataformas está muito longe de ser comparada a de Hong Kong, toda a gente por lá gosta de usar este meio de transporte e é a opção prioritário quando se quer chegar a qualquer

Comparando com a nossa realidade, os líderes de Macau não têm grande capacidade de lidar e encarar os factos. A razão é simples: eles nunca têm de lidar com mais de 300 pessoas ao mesmo tempo! lado de forma cómoda e rápida. O número de motociclos a circular pela cidade caiu drasticamente nos últimos tempos, graças a esta óptima alternativa verde. Ao regressar a Macau, estive a pensar no Metro Ligeiro, que terá a maior parte das suas estações afastadas do centro da cidade. Francamente, na minha opinião, a população de Macau não irá tirar grande partido deste investimento, já que não irá conseguir apanhar o metro para ir para

os pontos mais importantes do território. Como já acontece com os autocarros, é quase impossível conseguir o transporte em horas de ponta. Durante os horários de menor afluência, o tempo de espera pelos autocarros é muito elevado. Como é que a população pode ficar satisfeita com esse sistema de transporte público? Se fizéssemos um trabalho estatístico da quantidade de utilizadores que ligam para a rádio chinesa a queixar-se da má qualidade do serviço, de certeza que a questão estaria entre os três principais problemas de Macau. É melhor ouvir mais do que falar muito. É melhor ver a realidade em vez de só estar a pensar nela. Esta viagem que fiz a Taipé deixou a minha cabeça às voltas. O que dizer dos líderes de Macau? Terão eles as suas cabeças às voltas? *Deputado e presidente da Associação Novo Macau Democrático

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editor Vanessa Amaro Redacção Filipa Queiroz; Gonçalo Lobo Pinheiro; Joana Freitas; Rodrigo de Matos; Sarih Leng; Virginia Leung Colaboradores António Falcão; Carlos Picassinos; José Manuel Simões; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Rui Cascais; Sérgio Fonseca Colunistas Arnaldo Gonçalves; Boi Luxo; Correia Marques; Gilberto Lopes; Hélder Fernando; João Miguel Barros, Jorge Rodrigues Simão; José I. Duarte, José Pereira Coutinho, Luís Sá Cunha, Marinho de Bastos; Paul Chan Wai Chi; Pedro Correia Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia António Falcão, Gonçalo Lobo Pinheiro; António Mil-Homens; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Laurentina Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Av. Dr. Rodrigo Rodrigues nº 600 E, Centro Comercial First Nacional, 14º andar, Sala 1407 – Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo


trabalhas para a Venetian? Portugal Sócrates fala de saudades do PEC O primeiro-ministro português, José Sócrates, afirmou ontem que o pacote de medidas de ajuda a Portugal estará pronto até 16 de Maio, altura em que deverá ser apresentado na reunião do ECOFIN, aos ministros da economia e finanças dos 27. E diz que os portugueses ainda vão ter saudades do PEC face à austeridade que este pacote instaurará. “Vamos ter saudades do PEC”, frisou José Sócrates, culpando o PSD pelo chumbo das medidas do plano nacional de austeridade: “Cometeu-se um erro de irresponsabilidade. Os partidos levantaram-se em conjunto para chumbar o PEC para agora ter um programa pior que o anterior. Isso é que eu não consigo compreender. O PSD actuou por cobiça de poder, achou que esse era o momento para ganhar eleições. Talvez se engane”. Dois mil milhões vêem casamento Terão sido mais do que 750 milhões os espectadores que assistiram ao casamento de Carlos e Diana em 1981. Mas as estimativas do Governo e das emissoras sobre quantos espectadores vão seguir o casamento hoje do filho mais velho de Carlos e Diana, William, com Kate Middleton, não deve chegar aos 2,5 mil milhões que assistiram ao funeral de Diana, em 1997. Estima-se uma cerimónia para 2000 milhões. Mas atenção. O facto de se falar do primeiro casamento real da era 2.0, com transmissão garantida no You Tube, pode trazer surpresas, advertem.

Não. Eles só querem patos...

...

a sério

!!!

Grupo marcha pelo ambiente e lazer de Macau

Um oceano de futuro Joana Freitas

“I

joana.freitas@hojemacau.com.mo

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Acordo Mercosul e UE juntos O Mercado Comum do Sul (Mercosul) e a União Europeia (UE) preparam-se para assinar um acordo de livre comércio em 2012. Segundo a Agência Brasil, a informação foi dada pelo presidente da delegação do Parlamento Europeu para as relações com os países do Mercosul, o deputado espanhol Luis Yáñez, que lidera uma comitiva de 11 deputados europeus que foi ao Brasil com objectivo de discutir os termos do acordo e verificar o ambiente para consolidar as propostas. México Jovem mata 200 A matança de Tamaulipas vai ficar na história como um dos maiores horrores da guerra entre cartéis de droga no México. As autoridades já desenterraram mais de 183 cadáveres, em 20 valas comuns. Um dos detidos por suspeita de envolvimento no massacre é um jovem que não tem mais de duas décadas de vida e já acumula 200 crimes na sua ‘carreira profissional’. O caso deste rapaz está a chocar o México, quer pelo número de crimes que o próprio confessou, quer por colocar em evidência uma prática comum entre os cartéis, “que recrutam meninos, que começam a fazer recados, a trabalhar como ‘falcões’ (informadores) ou a cobrar o dinheiro dos raptos e terminam com uma espingarda nas mãos em pouco tempo”, descreve o El Mundo.

am an Ocean Walker” é o nome do projecto cujo grupo vai marchar no próximo fim-de-semana ao longo da costa do território. O objectivo é perceber a actual situação dos lotes que ainda permanecem vazios e incentivar os residentes de Macau a prestarem mais atenção ao aproveitamento dos terrenos dos novos aterros e ao ambiente. O grupo “We want land for art & culture in old and new areas” foi criado em Junho de 2010 no Facebook e pretende “que as pessoas de Macau cuidem dos ambientes naturais e do planeamento urbano do território, reclamando as terras para áreas de cultura, arte e lazer dos próprios cidadãos”, disse Hope Chiang ao Hoje Macau. pub

sexta-feira 29.4.2011

A organizadora do projecto salientou que desde o anúncio do Governo em reclamar 361,65 hectares de terra, em 2009, e depois de ter sido proposta a auscultação pública, que “não parece ter havido muito interesse da parte dos cidadãos em participar nela”. Hope Chiang espera que com este projecto o Governo e o público pense nas consequências de utilizar terrenos conquistados ao mar. “É realmente uma maneira de os seres humanos lutarem contra a natureza. E se o nível do mar se eleva devido ao aquecimento global e as mudanças climáticas no futuro? Será que a nova área recuperada de Macau vai ser inundada?”, pergunta a responsável dando o exemplo da Holanda, um país onde os terrenos recuperados ao

mar e abaixo do nível do mar estão agora a enfrentar problemas devido às alterações climáticas. Hope Chiang aponta que o grupo não se opõe ao projecto de recuperação, mas que espera que através da marcha mais pessoas de Macau se preocupem com o ambiente. Rachel Tou, voluntária do projecto, acredita que o litoral deve ser reservado para o público e deve incluir estruturas de ócio, que “beneficiem realmente os cidadãos e não prédios e hotéis para atrair turistas”. Até agora, são seis as organizações que garantiram presença no projecto, de diferentes lugares, à semelhança de Hope Chiang, directora artística de Taiwan que vive agora em Macau. Entre os convidados, estão designers gráficos e de moda, músicos, artesões

e funcionários da área da educação. “É claro que nós esperamos que haja tantas pessoas quanto possível a participar, mas esta marcha não é uma actividade festiva, é um evento criativo para todos os residentes de Macau, um dia em família, a lutar por algo”, avançou Rachel Tou. “Será uma grande experiência para entender mais sobre a mudança da nossa cidade, porque quanto mais informações do público, melhor o planeamento que pode ser oferecido ao Governo”. Nada foi deixado ao acaso e a marcha vai ter lugar no dia 8 de Maio, que é o dia da mãe. “Há um ditado que diz que sem o mar não existia a terra, é fonte de vida. O que queremos é que o público perceba a ligação entre o mar e o ser humano”, acrescentou Hope Chiang.

Crise Panasonic despede 40 mil A Panasonic vai levar a cabo um dos maiores planos de reestruturação da história, com o despedimento de 40 mil pessoas em dois anos a nível mundial. O gigante japonês, que emprega 380 mil pessoas, sofreu fortemente com a concorrência chinesa e sul-coreana.O objectivo da multinacional é baixar os custos e continuar a ser competitiva. Só este ano a Panasonic vai gastar 1220 milhões de dólares com a eliminação de postos de trabalho e a reorganização das instalações de produção. EUA Tempestades causam 173 mortos Pelo menos 173 pessoas morreram em violentas tempestades que afectaram o Sul dos Estados Unidos na quarta-feira. O Estado mais atingido foi o Alabama, sudeste dos EUA, onde morreram pelo menos 128 pessoas na sequência das tempestades. Chuvas intensas e tornados provocaram mortes também nos estados do Arkansas, Kentucky, Mississipi, Tennessee, Virgínia e Geórgia. Em todos estes estados, com excepção da Geórgia, foi decretado o estado de emergência.


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