Hoje Macau 29 JUN 2017 #3842

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DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ PUB

Uma compra apressada

hojemacau

MOP$10 GONÇALO LOBO PINHEIRO

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

PALÁCIO SOMMER

QUINTA-FEIRA 29 DE JUNHO DE 2017 • ANO XVI • Nº 3843

PÁGINA 8

TRÁFICO HUMANO

www.hojemacau.com.mo•facebook/hojemacau•twitter/hojemacau

RAEM criticada PÁGINA 4

NOVA ERA ATÉ 2018

Empresa com sorte PÁGINA 9

BO XILAI LIBERTADO PÁGINA 12

GOVERNO DEU ORDEM À UNIVERSIDADE DE MACAU PARA CONTROLAR IDAS DE PROFESSORES A TAIWAN

Liberdade por um canudo

MELINDA CHAN

Habitação ou pesadelo PÁGINA 6

Professores e funcionários da Universidade de Macau têm de participar à escola cada vez que se deslocarem a Taiwan e fazer um relatório no regresso. Uma

medida imposta pelo Governo da RAEM. Há quem fale num ataque cerrado ao segundo sistema. Sem ser claro onde realmente se quer chegar.

PÁGINA 5


2 GRANDE PLANO

O

assunto não é novo, mas tem muitos contornos políticos, principalmente em Hong Kong. À medida que a construção da maior ponte do mundo chega ao fim, os receios trazidos pela inevitável integração lançam gasolina na fogueira das relações já tensas entre o território e Pequim. Com a celebração dos 20 anos da transferência de soberania de Hong Kong, e a visita de Xi Jinping ao território, as velhas preocupações do Governo colonial britânico são hoje evocadas pelas forças pró-democratas da região, que temem que o projecto da ponte ponha em causa a política “Um país, dois sistemas”. “Dentro de 10 a 15 anos, quando estas infra-estruturas estiverem concluídas, Hong Kong será visto apenas como parte da China devido à ausência de uma fronteira clara.” As palavras são de Kwok Ka-ki, deputado pró-democrata de Hong Kong, em declarações à agência Reuters. O tribuno alarga a sua desconfiança também à ligação ferroviária com o Interior da China. Por cá, Au Kam San considera que “a ponte não causa uma grande influência em Macau”. “Não penso que as fronteiras entre as três regiões fiquem menos visíveis”, declara. O deputado à Assembleia Legislativa (AL) não considera que a infra-estrutura coloque em causa a política “Um país, dois sistemas”. O pró-democrata local recorda que a ponte da Baía de Shenzhen, que causou muitos protestos do outro lado do Delta, pode levantar problemas mais complicados em termos políticos. Com o arranque desse transporte público prevê-se que polícias do Interior da China possam exercer acções de fiscalização junto dos passageiros oriundos de Shenzhen em território de Hong Kong. Uma questão diferente, que foi considerada na outra região de administração especial como o aperto de controlo de Pequim. Em Macau, Au Kam San entende que, como já existe a Ponte Flor de Lótus, com ligação à ilha de Hengqin, que não prejudicou o princípio “Um país, dois sistemas”, acrescentando que não será

PONTE EM Y PREOCUPAÇÕES DE HONG KONG NÃO SÃO PARTILHADAS POR MACAU

A NOVA PEROLA ´

A ligação entre Hong Kong-Zhuhai-Macau está quase completa, criando receios na outra região de administração especial, em particular entre os movimentos pró-democratas. Por cá, a questão é vista mais da perspectiva económica

a nova ponte a causar erosão à política estatuída nas declarações conjuntas.

MARGENS HISTÓRICAS

Aponte é um projecto que tem sido discutido há décadas. Em 1983, o histórico empresário de Hong Kong Gordon Wu lançou a ideia para a construção da infra-estrutura. Esta seria a resposta rodoviária ao crescendo de trocas comerciais entre a antiga colónia britânica e a cidade de Shenzhen, bem antes da transferência de soberania. Albano Martins entende os receios de integração por parte de um sector de Hong Kong mais activo politicamente, “porque os sistemas são, de facto, muito diferentes”. Porém, o economista entende que “a China irá cumprir com o acordo firmado na assinatura da Declaração Conjunta e terá de manter o segundo sistema a funcionar até se esgotarem os 50 anos”. O analista vê com naturalidade os desejos de aceleração nas forças mais agressivamente pró-Pequim, a fim que a integração se faça progressivamente. Por exemplo, os casos de políticos pró-democratas a serem barrados nas fronteiras de Macau e Hong Kong são, na óptica de Albano Martins, “uma violação ao segundo sistema”. Ou seja, uma aproximação à forma como se faz política no Interior da China. Porém, o economista não considera que a ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau possa, por si só, ser tão preponderante do ponto de vista da integração política. O membro do Partido Comunista Chinês e director da Autoridade da Ponte, Wei Dongqing, encara o projecto como uma forma de ligação para promover a unidade, tanto física, como mental. “É uma ligação psicológica, ainda assim estamos confiantes num futuro com um mercado único, um povo único. Esse é o sonho”, disse o alto funcionário à Reuters. É precisamente este sonho que é visto como um pesadelo para os pró-democratas de Hong Kong que encaram a construção como uma aproximação do território à China comunista.

TRAVESSIA FINANCEIRA

“Acho que facilitará, em muito, o fluxo de mercado-


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“A ponte não causa uma grande influência em Macau, não penso que as fronteiras entre as três regiões fiquem menos visíveis.”

envolta em grandes dúvidas, uma vez que os três territórios têm jurisdições e culturas políticas bem distintas. O economista não duvida de que “a integração não se vai fazer sem alguns danos colaterais para as populações”. O grau desses danos está por apurar, assim como a direcção das influências culturais num sentido bilateral. Para que o futuro se clarifique “é preciso ver o que acontece com a renovação de gerações”. Um dos desafios é saber como a liberdade de expressão será tratada, feita a total integração política, assim como o respeito pelos direitos humanos. Mas também do lado de Pequim, até que ponto as novas gerações, com maior fluidez de movimentos e possibilidades económicas, irão encarar e construir o futuro da China.

AU KAM SAN DEPUTADO

“Macau e Hong Kong não podem passar ao lado da possibilidade de se conectarem com uma região e mercado maiores.” WANG JIANWEI PROFESSOR DA UNIVERSIDADE DE MACAU

“Com a aproximação ao segundo sistema do ponto de vista da adesão à economia de mercado, houve quem ficasse com a ideia de que o primeiro sistema poderia ser absorvido pelo segundo.” ALBANO MARTINS ECONOMISTA rias e serviços entre os três sítios que já têm uma enorme tendência de integração económica”, comenta Wang Jianwei, académico da Universidade de Macau, especialista em política externa chinesa. O professor da Faculdade de Ciências Sociais olha para a situação como uma questão de inevitabilidade económica. “Macau e Hong Kong não podem passar ao lado da possibilidade de se conectarem com uma região e mercado maiores”, comenta. Wang Jianwei vê a integração como uma hipótese de desenvolvimento económico com grande potencial

para a criação de emprego. Ficar de fora do projecto de construção que está em curso seria uma decisão com consequências maiores do que o preço político a pagar. Porém, o académico não acha que “o Governo Central veja a construção da ponte como uma forma de se imiscuir politicamente em Hong Kong e Macau”. Por outro lado, Albano Martins considera que houve uma ilusão criada pela forma como a China se abriu economicamente. “Com a aproximação ao segundo sistema do ponto de vista da adesão à economia de mercado, houve quem ficasse com a ideia de que o primeiro sistema poderia ser absorvido pelo segundo”, comenta. Porém, essa situação é contrária à “própria dinâmica de manutenção do sistema de partido único”. O economista entende as preocupações da população de Hong Kong, sobretudo das famílias que “viveram os dramas do êxodo de Xangai depois da conquista do poder pelo Partido Comunista Chinês”. Albano Martins acrescenta ainda que este será um problema que terá sempre de ser enfrentado pelos descendentes de uma “elite empreendedora de Xangai, que ajudou muito à criação do tecido económico de Hong Kong e que tem um

trauma com a aproximação de Pequim”.

REVERSO DA MOEDA

No meio de tanta celeuma, o facto é que o controlo fronteiriço se mantém. Além disso, há uma realidade que parece estar a escapar aos activistas pró-democratas de Hong Kong: a ponte também vai para Zhuhai. “A aproximação entre as três cidades incrementa as comunicações e os transportes, mas também a compreensão entre as três regiões”, projecta Wang Jianwei. O professor da Universidade de Macau espera que a ponte encoraje ainda mais o incremento do turismo do Continente nas regiões administrativas especiais. Wang Jianwei vê a infra-estrutura como a forma de implementar o ciclo de vida de um dia, em que “uma pessoa possa viver em Zhuhai, trabalhar em Hong Kong e regressar no mesmo dia”. O académico espera ainda que a ponte contribua para “reduzir as suspeitas e mau ambiente entre as pessoas”. Como Macau e Hong Kong têm um estilo de vida e cultura diferentes do Interior da China, isso também será um “desafio para os ‘mainlanders’ que serão sujeitos a um espírito mais liberal”. O facto é que, economicamente, ambas as regiões administrativas especiais

dependem da China, a segunda maior economia mundial, como seria inevitável. Nesse aspecto, Albano PUB

Martins explica que “o cerco económico está feito”. A restante integração política é a grande questão, ainda

João Luz (com Vítor Ng) info@hojemacau.com.mo


4 POLÍTICA

M

ACAU continua a ter vítimas de tráfico humano, que vivem em pensões e casas de massagens, têm os seus passaportes confiscados e que estão sob vigilância apertada dos seus traficantes. As autoridades continuam a não condenar ninguém pelo crime de tráfico humano, o que leva o departamento de Estado norte-americano a considerar que Macau está no nível dois de vigilância. “O Governo de Macau não preenche os requisitos mínimos para a eliminação do tráfico humano”, lê-se no relatório ontem divulgado, que faz referência aos poucos casos de investigação e à inexistência de números sobre os verdadeiros culpados. “Não houve condenações em 2015 e o Governo identificou apenas seis vítimas de tráfico. Após ter investigado os três casos de suspeita de trabalhos forçados, o Governo concluiu que não eram vítimas de tráfico.” Ainda assim, os números continuaram “em queda em relação aos 38 casos detectados em 2013”. Das seis vítimas, “quatro eram menores, cinco da China e uma da América do Sul”. Apesar disso, o relatório dá conta das patacas que têm sido investidas não só na protecção de vítimas, como no processo de investigação. “O Governo estabeleceu um mecanismo de comunicação com os hotéis para que estes reportem potenciais situações de tráfico directamente à polícia. Foram investidos 3,2 milhões de patacas para a prevenção”, sendo que a Polícia Judiciária “implementou um grupo de trabalho dentro da divisão de crime organizado”. No caso da protecção das vítimas, o Instituto de Acção Social (IAS) gastou 1,5 milhões de patacas na atribuição de alojamento e outras medidas, sempre em parceria com associações locais.

PRESAS E FORÇADAS

Sem registos da existência de vítimas masculinas de tráfico humano, o relatório descreve aquilo que se passa em Macau, cujos culpados as autoridades não conseguem identificar e prender. É referido que o território continua a ser um destino

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Tráfico humano MACAU LEVA MAIS UM CHUMBO DOS ESTADOS UNIDOS

Sem requisitos mínimos O relatório sobre tráfico humano do departamento de Estado norte-americano coloca Macau no nível dois de vigilância. Tal significa que o território continua a não cumprir os requisitos mínimos. Houve campanhas de sensibilização e foram feitos investimentos, mas faltam condenações

ou um ponto de passagem para muitas mulheres vindas da China. Não são apenas chinesas, mas também africanas, russas ou sul-americanas. São “mulheres e crianças destinadas ao tráfico sexual e trabalhos forçados”. “As vítimas do tráfico humano vêm da China, muitas oriundas do interior da China e viajam para Guangdong à procura de melhores oportunidades de emprego”, lê-se no documento. Em Macau, conhecem uma espécie de inferno. “Muitas das vítimas respondem a falsos anúncios de trabalho, incluindo em casinos, mas à chegada ao território são forçadas a prostituírem-se.” “Os traficantes deixam muitas vezes as vítimas confinadas às casas de massagens e pensões ilegais, onde estão monitorizadas e onde são tratadas com violência. São forçadas a trabalhar longas horas e têm os seus documentos de identificação confiscados”, aponta o relatório.

“O Governo de Macau não preenche os requisitos mínimos para a eliminação do tráfico humano.” RELATÓRIO DO DEPARTAMENTO DE ESTADO NORTE-AMERICANO

SALÁRIO MÍNIMO É NECESSÁRIO

OS DESAFIOS E AS DIFICULDADES

ma das recomendações que o relatório do Departamento de Estado norte-americano faz é a criação de um salário mínimo universal que inclua os trabalhadores não residentes. O Executivo deve “instituir um salário mínimo para trabalhadores domésticos estrangeiros”, além de “aumentar os esforços na investigação, captura e condenação dos traficantes”. O relatório defende ainda que as autoridades devem continuar “a melhorar os métodos de identificação de potenciais vítimas, sobretudo entre os grupos da população mais vulneráveis, como trabalhadores migrantes e crianças exploradas sexualmente para fins comerciais”.

pesar de não haver condenações, o relatório considera que existem vários desafios no combate ao tráfico humano. “A existência da pequena população de Macau, por comparação com o facto de receber 30 milhões de visitantes por ano, leva a constrangimentos na capacidade de reforço da acção legislativa e judicial. Tal continua a representar grandes desafios na resolução dos crimes de tráfico.” Além disso, “foi referida a existência de dificuldades para fazer com que as vítimas colaborem com as investigações”.

U

A

GOVERNO NEGA TUDO À

semelhança dos anos anteriores, o Executivo voltou a negar todas as conclusões deste relatório, afirmando que as estatísticas demonstram “uma diminuição constante” de casos, o que “demonstra o efeito positivo dos referidos trabalhos realizados”. Para o Governo, “o relatório dos EUA continua a ignorar os factos objectivos da situação de Macau”, fazendo “uma má interpretação e retirando “conclusões não verdadeiras, bem como alegações infundadas”. “Perante a constatação de tanta injustiça, as autoridades de segurança não aceitam o relatório e opõem-lhe a sua forte indignação”, lê-se. O Executivo afirma que têm vindo a ser realizadas investigações criminais “eficazes” com a parceria dos órgãos judiciais.

Muitos casos têm uma forte ligação ao mundo do jogo. “Há relatos de crianças que estão sujeitas ao tráfico em ligação com o jogo e com a indústria de entretenimento em Macau.” Há ainda casos que podem não ser sinónimo de prostituição. “Alguns junkets que trazem homens e mulheres estrangeiros para Macau, para renovarem os seus vistos de trabalho para outros países, acabam por restringir os movimentos destes trabalhadores, mantendo os seus passaportes e com condições que indicam servidão para pagamento de uma dívida ou trabalhos forçados.” Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo


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POLÍTICA

Viagens a Taiwan ORDEM PARA CONTROLO DOS PROFESSORES VEIO DO GOVERNO

“Isto já não é o segundo sistema” On, do seu gabinete, de mais alto via Chefe do Executivo, ou se alguma Secretaria do Governo de Macau está preocupada com eventuais actividades subversivas dos professores da UM ao ponto de lhes querer controlar a vida privada, no caso de entenderem deslocar-se a Taiwan.

GONÇALO LOBO PINHEIRO

Na Universidade Macau, também os funcionários têm de participar eventuais idas a Taiwan. E, tal como os docentes, apresentar um relatório na vinda. A ordem para estas medidas, que estão a pôr muitos a duvidar do segundo sistema, veio do Governo da RAEM.

ISTO NÃO É O SEGUNDO SISTEMA

O

S professores e os funcionários da Universidade de Macau (UM) que se queiram deslocar, em viagem particular, a Taiwan são obrigados a participar e justificar o facto à direcção da UM. Mas as novas regras não se ficam por aqui: no regresso, os responsáveis pela escola esperam do “atrevido” viajante a apresentação de um relatório que detalhe as suas actividades na ilha. Com quem falou e sobre o quê, que livrarias frequentou e que livros

leu, com quem jantou e porquê, eventualmente, o que petiscou. Contudo, estas regras não foram inventadas pela reitoria da UM, nem por nenhum conselho

DADOS PESSOAIS SAI FONG, SOBE YANG CHONGWEI

Y

ANG Chongwei é o novo coordenador do Gabinete para a Protecção de Dados Pessoais (GPDP). A nomeação do substituto de Vasco Fong, por despacho do Chefe do Executivo, foi publicada ontem em Boletim Oficial (BO). O até agora coordenador-adjunto assume funções no próximo dia 1, sendo que estará no cargo até 12 de Março do próximo ano. Yang Chongwei é licenciado em Ciências Sociais pela Universidade de Macau e fez o mestrado em Serviço Social na Universidade de Hong Kong. É doutorando em Relações Internacionais na Universidade de Ciência

e Tecnologia de Macau. Integrou aAdministração Pública em Setembro de 1999, como técnico superior do Instituto de Acção Social, local onde permaneceu até 2004. Em 2007 passou para o GPDP. Em Julho de 2010 foi nomeado coordenador-adjunto. Numa declaração do Conselho dos Magistrados Judiciais, também ontem publicada em BO, o presidente Sam Hou Fai informa que Vasco Fong, juiz do Tribunal de Segunda Instância, cessa a comissão de serviço como coordenador do GPDP, a partir de 1 de Julho, “ficando na situação de disponibilidade no TSI, a partir desta data”.

da universidade ou sequer numa eventual reunião “patriótica” de professores. O Hoje Macau sabe que se tratou de uma imposição do Governo da RAEM ao estabe-

lecimento de ensino público, de uma ordem cuja origem está num departamento governamental. Resta agora saber se a ordem partiu directamente de Chui Sai

O caso está a provocar uma forte celeuma entre os professores. “Quando se metem na vida privada de cada um, incluindo pessoas que não desenvolvem qualquer acção política, então isto já não é o segundo sistema. Há algo de muito errado nisto tudo”, disse um docente ao HM, que pediu o anonimato. O caso foi levantado numa entrevista concedida no domingo ao canal em inglês da TDM pelo professor Hao Zhidong, que o HM seguiu na sua edição de segunda-feira. Ontem o jornal Ponto Final falava com o professor Rui Martins, da direcção da UM, que garantia por ali existir total liberdade para investigar. Quanto às viagens a Taiwan, Rui Martins delegou a resposta no Gabinete de Comunicação da UM. Na impossibilidade de chegar directamente à fala com o referido gabinete, o HM enviou o habitual email ao estabelecimento de ensino, não obtendo resposta até ao fecho desta edição.

CASO IPM SAFP GARANTE QUE GOVERNO CUMPRE LEI DA CONTRATAÇÃO

E

M resposta à polémica gerada pela informação de que uma aluna oriunda do Interior da China terá sido contratada por um canal de recrutamento especial, Eddie Kou, director dos Serviços da Administração e Função Pública (SAFP), diz não conhecer o caso. Ouvido à saída de uma reunião da Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa, o dirigente afirmou que os serviços ainda estão a recolher informação sobre o sucedido. “Os SAFP não receberam ainda qualquer informação sobre o recrutamento desta aluna”, comentou, acrescentando que por esse motivo não

poderia atestar da veracidade do caso. Na eventualidade de a estudante ter celebrado contrato individual de trabalho, a lei dita que, além da aprovação da entidade empregadora, a admissão deve ser aprovada pelos SAFP de forma a validar o respectivo recrutamento. De acordo com Eddie Kou, os serviços que dirige não chegaram ao contacto com a aluna, mas do Instituto Politécnico de Macau (IPM) veio a informação de que não terá sido feito qualquer tipo de recomendação para admissão na Função Pública. Neste sentido, Eddie Kou garante que o Governo

cumpre a lei “para proceder ao respectivo recrutamento e selecção” de pessoal. O dirigente dos SAFP esclareceu que, além do regime

geral, que tem um concurso uniformizado, os serviços públicos podem ainda admitir pessoal através de regimes complementares. “Se não contratamos pessoas suficientes ou adequadas, podemos recorrer ao regime suplementar de recrutamento”, frisa. O dirigente explica que as contratações de não locais, apesar de escassas, podem ocorrer, desde que de acordo com a lei. Eddie Kou explicou ainda que de um universo que excede os 30 mil funcionários públicos, apenas cinco mil estão vinculados através de contrato individual de trabalho, e que destes 20 por cento não são locais. João Luz


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RAEHK CHUI SAI ON PRESENTE NAS CERIMÓNIAS DOS 20 ANOS

O Chefe do Executivo, Chui Sai On, vai estar presentes nas actividades comemorativas dos 20 anos de transferência de soberania de Hong Kong. Um comunicado oficial indica que Chui Sai On “estará presente no jantar de boas-vindas ao Presidente Xi Jinping, oferecido pelo Governo da RAEHK, e no sarau literário e artístico sobre os 20 anos do regresso à pátria de Hong Kong”. Além disso, o líder do Governo de Macau vai estar presente na cerimónia de comemoração dos 20 anos e de tomada de posse do V Governo de Hong Kong. Chui Sai On far-se-á acompanhar por Sónia Chan, secretária para a Administração e Justiça, e Lionel Leong, secretário para a Economia e Finanças. Fung Sio Weng, coordenador do Gabinete de Protocolo, Relações Públicas e Assuntos Exteriores, também estará presente, entre outras individualidades.

GRANDE BAÍA AS IDEIAS DE ZHENG ANTING

O deputado Zheng Anting entregou opiniões junto do Gabinete de Estudo de Políticas sobre o futuro projecto da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau, juntamente com outras associações. Segundo um comunicado, o deputado “considerou de grande importância as questões do desenvolvimento económico de Macau e de toda a região da Grande Baía, a convergência das populações e a protecção dos direitos”. Após ter reunido com “profissionais de diversos sectores”, Zheng Anting defendeu junto do think tank do Governo que “a região económica da RAEM e da Grande Baía devem, em conjunto, construir uma comunidade com qualidade de vida”, sem esquecer a cooperação para a criação de parques industriais e instituições financeiras. O deputado considera ainda importante a criação de uma “plataforma para trocas de produtos entre a China e os países de língua portuguesa”.

Um pesadelo chamado habitação Melinda Chan diz que políticas do Governo não são suficientes

A

deputada Melinda Chan apresentou ontem um inquérito realizado pela Associação de Beneficência Sin Meng que revela que os residentes, sobretudo os jovens, continuam a não estar satisfeitos com as políticas criadas pelo Governo para o mercado imobiliário. Dos mil entrevistados pela associação, 75,8 por cento afirmam que “as actuais políticas habitacionais não facilitam o processo para a aquisição de casa”, sendo que 61,1 por cento dos inquiridos “não têm qualquer intenção de comprar uma casa”. As razões prendem-se, em primeiro lugar, com a falta de capacidade financeira para o fazer (72,6 por cento), incluindo a “falta de capital” e os “elevados preços das habitações”.

TIAGO ALCÂNTARA

POLÍTICA

Segundo um comunicado, “o inquérito prova que, para os jovens de Macau, comprar uma casa não é mais do que um sonho”. Os entrevistados acreditam que são necessários mais de sete anos para juntar cerca de dois milhões de patacas, valor que pode ajudar na entrada para a compra de uma habitação. As dificuldades na compra de uma casa própria acabam por afectar o planeamento familiar, ideia defendida por 51 por cento das pessoas, enquanto

43 por cento acreditam que as relações sociais também ficam afectadas.

QUEDA DOS RÁCIOS NÃO AJUDOU

Melinda Chan, candidata às legislativas de Setembro, lembrou que a recente medida implementada pelo Executivo, que diz respeito à quebra dos rácios bancários para a compra de uma segunda habitação, em nada veio ajudar os locais que querem comprar casa. “A nova medida não tem em conta a difícil situação

enfrentada por aqueles que potencialmente vão comprar uma casa pela primeira vez, tendo em conta os elevados valores das habitações e os baixos aumentos de salário”, lê-se no comunicado. Melinda Chan deixa ainda uma mensagem ao Chefe do Executivo. “Chui Sai On disse que, apesar dos actuais preços do mercado imobiliário permanecerem elevados, os cidadãos locais ainda têm algum poder de compra e capital suficiente. Contudo, proponho ao Governo que tenha em consideração as políticas de habitação para as novas gerações.” Para a deputada, que este ano te na sua lista o empresário macaense Jorge Valente, “é óbvio que os locais pensam que a oferta de habitação pública não é adequada e que os preços das habitações privadas são demasiado elevados”. Melinda Chan acredita que o Executivo deveria implementar medidas para facilitar a compra de uma primeira habitação, com a reserva de alguns terrenos a ser destinada para este tipo de casas. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

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ANÚNCIO DO CONCURSO DIRECÇÃO DOS SERVIÇOS DE TURISMO ANÚNCIO A Região Administrativa Especial de Macau, através da Direcção dos Serviços de Turismo, faz público que, de acordo com o Despacho do Ex.mo Senhor Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, de 19 de Junho de 2017, se encontra aberto concurso público para adjudicação do “Serviço de aluguer de barcos de lançamento pirotécnico e barcos de apoio destinados ao 29.o Concurso Internacional de Fogo-de-Artifício de Macau”. 1.

Entidade que põe a prestação de serviços a concurso: Direcção dos Serviços de Turismo.

2.

Modalidade do concurso: Concurso público.

3.

Objecto dos serviços: aluguer de barcos de lançamento pirotécnico e barcos de apoio destinados ao 29.o Concurso Internacional de Fogo-de-Artifício de Macau.

4.

Prazo de execução: Obedecer às datas constantes no Caderno de Encargos.

5.

Prazo de validade das propostas: O prazo de validade das propostas é de noventa dias, a contar da data do encerramento do acto público do concurso.

6.

Caução provisória: MOP120.000,00 (cento e vinte mil patacas), a prestar mediante garantia bancária ou depósito em numerário, em ordem de caixa ou cheque visado, emitido à ordem do “Fundo de Turismo”, efectuado directamente na Divisão Financeira da Direcção dos Serviços de Turismo ou no Banco Nacional Ultramarino de Macau, através de depósito à ordem do Fundo de Turismo, na conta número:「8003911119」devendo ser especificado o fim a que se destina.

7.

Caução definitiva: 4% do preço total da adjudicação.

8.

Preço base: Não há.

9.

Local, dia e hora limite para entrega das propostas: Balcão de Atendimento da Direcção dos Serviços de Turismo, sita em Macau, na Alameda Dr. Carlos d’ Assumpção, n.os 335-341, Edifício Hotline, 12.º andar até às 17H45 horas do dia 24 de Julho de 2017.

10.

Sessão de esclarecimento: Os interessados podem assistir à sessão de esclarecimento deste concurso público que terá lugar 15:00 horas do dia 4 de Julho de 2017, no Auditório da Direcção dos Serviços de Turismo, sito em Macau, na Alameda Dr. Carlos d´Assumpção, n.os 335-341, Edifício “Hotline”, 14.º Andar, Macau.

11.

Local, dia e hora do acto de abertura das propostas: pelas 10:00 horas do dia 25 de Julho de 2017 no Auditório da Direcção dos Serviços de Turismo, sito em Macau, na Alameda Dr. Carlos d´Assumpção, n.os 335-341, Edifício “Hotline”, 14.º Andar, Macau. Os concorrentes ou os seus representantes legais deverão estar presentes no acto público de abertura das propostas para os efeitos de apresentação de eventuais reclamações e/ou para esclarecimento de eventuais dúvidas dos documentos apresentados a concurso, nos termos do artigo 27.° do Decreto-Lei n.° 63/85/M, de 6 de Julho. Os concorrentes ou os seus representantes legais poderão fazer-se representar por procurador devendo, neste caso, apresentar procuração notarial conferindo-lhe poderes para o acto de abertura das propostas.

12.

Adiamento: Em caso de encerramento dos serviços públicos por motivo de força maior, o termo do prazo de entrega das propostas, a data e a hora de abertura de propostas serão adiados para o primeiro dia útil imediatamente seguinte, à mesma hora.

13.

Critérios de apreciação das propostas: Critérios de adjudicação Preço Fornecimento data da fabricação do barcos mais recente Experiência do concorrente Fornecimento do processo da descrição do trabalho e maior garantia de segurança e eficiência e maior flexibilidade dos prazos na prestação do serviço

14.

Factores de ponderação 40% 30% 10% 20%

Local, dias, horário para a obtenção da cópia e exame do processo do concurso: Local: Balcão de Atendimento da Direcção dos Serviços de Turismo, sita em Macau, na Alameda Dr. Carlos d’ Assumpção, n.os 335-341, Edifício Hotline, 12.º andar, além disso ainda se encontra igualmente patente no website da Direcção dos Serviços de Turismo (http://industry.macaotourism.gov.mo), podendo os concorrentes fazer “download” do mesmo. Dias e horário: Dias úteis, desde a data da publicação do respectivo anúncio até ao dia e hora limite para entrega das proposta e durante o horário normal de expediente.

Direcção dos Serviços de Turismo, aos 22 de Junho de 2017. A Directora dos Serviços Maria Helena de Senna Fernandes


7 POLÍTICA

hoje macau quinta-feira 29.6.2017

Eleições CAEAL DETECTOU CASO DE ALEGADAS INFORMAÇÕES FALSAS NUMA CANDIDATURA

GCS

O (mesmo) filme das assinaturas

A

de prisão”, afirmou o presidente da CAEAL, Tong Hio Fong, garantindo tratar-se apenas de um caso. Por motivos de investigação, Tong não avançou qualquer outra informação acerca da lista ou da infração, que foi detectada no âmbito do caso das subscrições múltiplas. Na véspera do fim do prazo para a validação das candidaturas às eleições de 17 de Setembro, estão identificados 118 casos de eleitores que subscreveram, em simultâneo, mais do que uma comissão de candidatura, o que viola a lei.

PENAS 40 por cento das escolas primárias e menos de 50 por cento dos estabelecimentos do ensino secundário admitem o ensino integrado. Os números são de Pereira Coutinho que, numa interpelação escrita enviada ao Executivo, lamenta a situação actual de Macau no que diz respeito a crianças que necessitam de cuidados especiais. Dando conta de queixas que recebeu por parte de encarregados de educação de alunos que precisam deste tipo de apoio, o deputado explica que o facto de não existirem vagas para todas as crianças e jovens faz com que muitos deles “não possam receber uma educação suficiente”. Na rede escolar do território, continua o tribuno, existem apenas 32 escolas primárias e 20 secundárias que disponibilizam ensino integrado, em que as crianças com necessidades especiais partilham a sala com alunos

“Na última semana tivemos encontros com algumas pessoas de subscrição múltipla e descobrimos que, por exemplo, durante a angariação de assinaturas tentaram (…) fornecer informações falsas, com artifícios fraudulentos tentaram angariar assinaturas”, disse o presidente da CAEAL, indicando que este caso diz respeito a uma candidatura. O procedimento a adoptar relativamente à subscrição múltipla tem sido o de contactar os eleitores, no sentido de apurar as circunstâncias

e a intenção com que o fizeram, após a descoberta dos primeiros casos ter exposto diferenças entre a versão chinesa e a portuguesa num artigo da lei eleitoral, que só pode ser resolvido depois do escrutínio. Dos 118 eleitores identificados nesta situação, apenas 33 foram contactados, com o juiz a indicar que a comissão vai “tentar acelerar o processo de encontro”.

Os excluídos do sistema Pereira Coutinho preocupado com falhas do ensino integrado

sem quaisquer dificuldades, tendo, no entanto, um apoio específico. “Devido ao facto de algumas dessas crianças não conseguirem receber a educação na qualidade de alunos integrados, têm de encobrir a especialidade inerente às suas próprias necessidades, para conseguirem, em contrapartida, uma oportunidade de receberem educação”, aponta Coutinho. “E, caso isto seja descoberto, provavelmente vão ser convencidas a mudar de escola”, denuncia. Além de serem poucos os estabelecimentos de ensino que acolhem crianças com necessidades especiais, aqueles que optam pela integração revelam várias falhas. “Há escolas em que se verificam insuficiências em vários aspectos – conhecimento,

pessoal docente, programa curricular, e instalações e equipamentos.” Desde 2005 que o Governo disponibiliza um subsídio para o ensino integrado. O deputado entende que chegou a hora de se produzirem “instruções concretas” e apostar na fiscalização. A rematar a missiva, Pereira Coutinho pergunta ao Executivo se vai trabalhar no sentido de convencer mais escolas a aderirem aos subsídios para o ensino integrado, de modo a haver um aumento de vagas. O deputado pretende também saber se o Governo tem planos para aumentar os recursos dedicados a este tipo de ensino e se foi feita alguma avaliação ao programa de subsídios, em vigor há mais de uma década. I.C.

TIAGO ALCÂNTARA

A

Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL) anunciou ontem que encaminhou para a polícia um caso de alegado fornecimento de informações falsas na angariação de assinaturas para a constituição de comissões de candidatura. “Depois da investigação é que vamos saber se a candidatura é válida ou não. Se verificarmos que é verdade, então é considerado um crime que será punido com um a cinco anos de pena

TUDO EM ORDEM

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té agora foram validados 31 pedidos de reconhecimento de comissões de candidatura, 25 dos quais para o sufrágio directo e os restantes para o indirecto. Na última reunião da CAEAL, na semana passada, Tong Hio Fong tinha informado que quatro pedidos de comissão de candidatura (todas do sufrágio directo) apresentavam insuficiências. Ontem, o responsável indicou que os problemas foram ultrapassados e todas foram validadas.


8 SOCIEDADE

hoje macau quinta-feira 29.6.2017

Palácio Sommer LIU TINHA SIDO MANDATADO PELA FUNDAÇÃO MACAU

Senso e celeridade CAPITAIS TRANSACÇÕES SUSPEITAS AUMENTARAM EM 2016

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S autoridades de Macau registaram, no ano passado, 2321 participações de transacções suspeitas de branqueamento de capitais e/ou financiamento de terrorismo, traduzindo um aumento de 28,4 por cento face a 2015. Dados publicados pelo Gabinete de Informação Financeira (GIF) indicam que, do universo de 2321 participações – mais 514 do que em 2015 –, 240 foram enviadas para o Ministério Público para investigação. A indústria do jogo manteve-se como a actividade que deu origem ao maior número de transacções suspeitas reportadas (1546 ou 66,6 por cento), seguindo-se o sector financeiro, que inclui banca e seguradoras, (696 ou 30 por cento) e outras instituições (79 ou 3,4 por cento). Os sectores referenciados, como os casinos, são obrigados a comunicar às autoridades qualquer transacção igual ou superior a 500 mil patacas. O Departamento de Estado norte-americano tem vindo a propor, em

relatórios sobre Macau, uma diminuição do valor mínimo que os casinos são obrigados a reportar para três mil dólares, um valor 20 vezes inferior ao aplicado actualmente, para ir ao encontro dos padrões internacionais. Foi nomeadamente para atender a padrões internacionais que o Governo de Macau decidiu avançar com a revisão da lei contra o branqueamento de capitais e com a referente à prevenção e repressão dos crimes de terrorismo (ambas de 2006), cujas alterações entraram em vigor em 23 de Maio último. Além da revisão legislativa, o Governo avançou com outras medidas no ano passado, tendo criado um regime de execução de congelamento de bens, que entrou em vigor em Agosto, que surgiu com o reconhecimento da “insuficiência” de um mecanismo que permitisse uma execução eficaz do congelamento de bens decretado pelo Conselho de Segurança da ONU.

Liu Chak Wan foi incumbido pela Fundação Macau para acompanhar a compra do Palácio Sommer em Portugal. O empresário adquiriu o imóvel, em nome próprio, que depois foi revendido à entidade que o tinha mandatado. A instituição de Wu Zhiliang não vê qualquer problema, mas gastou mais sete milhões

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S esclarecimentos da Fundação Macau (FM) surgem um dia depois de se ter ficado a saber, pela Rádio Macau, que a entidade comprou um palácio em Portugal a Liu Chak Wan, membro do conselho de curadores da instituição. A aquisição foi feita no início de 2015, mas o negócio ficou no segredo dos deuses. Até agora. Em comunicado, a entidade liderada por Wu Zhilliang tenta afastar um eventual conflito de interesses, apesar de explicar que Liu Chak Wan foi mandatado para os investimentos que a FM decidiu fazer em Lisboa. A instituição dá a entender que não houve qualquer irregularidade no processo. De acordo com as explicações da fundação, o conselho de curadores decidiu criar um grupo consultivo de investimento, estrutura formalmente aprovada em 2014. No mesmo ano, em Março, a FM pediu à Delegação Económica e Comercial da RAEM em Lisboa um parecer sobre projectos de investimento imobiliário. A instituição pretendia “aproPUB

fiscais, a fim de garantir os interesses da fundação”. De acordo com a FM, “o grupo propôs ao Conselho de Curadores que o Sr. Liu transferisse o imóvel para a fundação pelo valor original da transacção, caso o Conselho de Curadores entendesse viável esse investimento da fundação”.

MAIS SETE MILHÕES

veitar a crise imobiliária que se verificava na altura no mercado português (...) e aproveitar o imóvel a adquirir para instalar a delegação, atribuindo-lhe instalações condignas”. Foi a Delegação Económica e Comercial que propôs o Palácio Sommer. Depois de ter visto dois imóveis, entendeu que era “o mais adequado para ser a nova sede da delegação”. Localizado no centro de Lisboa, trata-se de um complexo de património cultural composto por três andares (e mais dois pisos subterrâneos) e um jardim independente, com uma área de 2634 metros quadrados, descreve a Fundação Macau.

ANTES ELE QUE OUTROS

Uns meses depois, em Julho, o grupo consultivo de investimento da FM discutiu a proposta da delegação de Lisboa, tendo resolvido mandatar Liu Chak Wan – membro desse grupo – para acompanhar o projecto. O empresário tratou do assunto rapidamente: pegou no livro

de cheques e afastou a concorrência. “Como surgiram na altura outros potenciais compradores, o Sr. Liu resolveu comprar em Outubro de 2014, em nome próprio, o referido imóvel por um valor de 6,3 milhões de euros (que equivalia a 64,946.839 patacas à taxa cambial do dia da transacção), tendo informado o grupo [consultivo de investimento] em 9 de Outubro de 2014 da dita aquisição”, explica a FM. Exactamente no mesmo dia em que Liu Chak Wan contou que tinha comprado o Palácio Sommer, o grupo consultivo de investimento discutiu a viabilidade da aquisição do imóvel por parte da Fundação Macau. Por essa altura, o empresário tinha alegado impedimento para participar no debate. A FM “entendeu que seria um bom investimento, salvaguardando, no entanto, a obtenção prévia de alguns pareceres técnicos, tais como uma avaliação rigorosa do imóvel e dos encargos

Em Dezembro de 2014, a FM recebeu o relatório do estudo de avaliação elaborado por “uma outra agência imobiliária portuguesa”, que avaliava o imóvel em 9018.060 euros (equivalente a 88,933.402 patacas). Nessa data, recebeu também o parecer jurídico sobre a tributação. A proposta do grupo consultivo de investimentos para a aquisição foi aprovada pelo Conselho de Curadores em Janeiro de 2015. Cumpridas as formalidades legais, o imóvel passou para as mãos da FM em Setembro do mesmo ano. Apesar de ter adquirido o palácio pelo mesmo preço que tinha custado a Liu Chak Wan, a Fundação Macau ainda teve de desembolsar quase mais sete milhões de patacas. A entidade justifica o valor com “impostos, despesas com investigação, despesas com avaliação de imóvel, taxas de registo, honorários, custos de remessa bancária e custos com segurança, água e electricidade”. Feitas as contas, o valor total do investimento foi de 71,896.688 patacas. Dois anos depois, a Fundação Macau “está a proceder a estudos com vista à remodelação do imóvel”. O Palácio Sommers será disponibilizado à Delegação da RAEM em Lisboa. Fica por explicar a razão pela qual a compra não foi tornada pública. I.C.


9 hoje macau quinta-feira 29.6.2017

COOPERAÇÃO ELECTRICIDADE IMPORTADA MAIS LIMPA

O Gabinete para o Desenvolvimento do Sector Energético (GDSE) e a China Southern Power Grid Corporation estiveram reunidos esta semana para assinarem o suplemento ao protocolo de cooperação no âmbito da electricidade, relativo aos anos 2010-2020. Em comunicado, o GDSE refere que “foi reforçada, de forma mais sólida, a garantia de fiabilidade e a capacidade de ver assegurado o fornecimento de electricidade para Macau, e dada uma maior garantia para o desenvolvimento mais estreito e cooperação sustentável entre as duas regiões, na área da electricidade”. Além disso, foi planeada a proporção de energia eléctrica limpa a importar pela RAEM, que passa a ser de mais de 40 por cento. A China Southern Power Grid produz electricidade através de energia hídrica, nuclear, eólica e solar. Este aumento permite ao Governo da RAEM “assumir o compromisso de combate às alterações climáticas”, destaca o GDSE.

ESTUDO GAES TRAÇA PERCURSO DE RECÉM-LICENCIADOS

O Gabinete de Apoio ao Ensino Superior (GAES) lançou ontem um inquérito destinado aos jovens que concluíram os cursos nas universidades e politécnicos no ano passado. Com o estudo, que se realiza pelo quarto ano consecutivo, o Governo pretende ficar a conhecer a situação de emprego dos antigos alunos. Os estudantes alvo deste inquérito vão ser contactados pelo GAES e têm até ao dia 11 de Agosto para preencherem um inquérito online. São colocadas questões como a actual situação de emprego, o sector profissional, o cargo, o rendimento médio mensal, o local de trabalho e a intenção de prosseguimento dos estudos, entre outras.

DENGUE MACAU REGISTA CASO VINDO DA TAILÂNDIA

Os Serviços de Saúde de Macau registaram esta semana o quarto caso de dengue importado, detectado numa mulher de 32 anos que tinha viajado para Banguecoque, na Tailândia. Após o regresso, a mulher começou a manifestar sintomas como febre, dor de cabeça, dores musculares, fadiga, que escalaram na terça-feira para erupções cutâneas nos braços e pernas. A doente recorreu ao Centro Hospitalar Conde de São Januário e ao Kiang Wu. O Laboratório de Saúde Pública confirmou o resultado positivo do teste ao vírus da febre de dengue. O estado clínico da mulher é considerado estável e nenhum dos familiares com quem reside apresentou sintomas semelhantes.

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ASCIDA de um percalço chamado Reolian, a concessionária de autocarros públicos Nova Era acaba de ver o seu contrato com o Governo renovado até 31 de Julho de 2018, data em que os contratos das outras duas operadoras também chegam ao fim. A manutenção das mesmas datas contratuais visa “uniformizar o sistema de exploração e assegurar a continuidade do serviço público de autocarros”. Tal vai também permitir “um melhor planeamento do futuro serviço de autocarros”. Segundo um comunicado, o contrato da Nova Era, que será de 13 meses, expirava amanhã. Mantêm-se, no entanto, os actuais valores que têm vindo a ser praticados em termos de serviços da empresa e de bilheteira. “Durante o período de prolongamento, a Nova Era não ajusta os valores dos serviços e o estimado valor das receitas das tarifas de bilhetes. Uma vez que o risco de mudanças nos custos das operações e nas receitas das tarifas de bilhetes corre por conta da operadora, não será aplicado o limite máximo da assistência financeira, nem a avaliação dos custos regulamentares”, explica o Executivo em comunicado. Ainda nesta área, o Governo afirma que se mantêm vigentes “a fiscalização relacionada com a

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ACAU ocupa o oitavo lugar, na competitividade geral, de entre quase 300 cidades chinesas. A conclusão consta do relatório apresentado ontem na Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (UCTM) pelas instituições envolvidas na pesquisa, referente a 2016. O território subiu um lugar relativamente a 2015 e os itens referentes à sustentabilidade encontram-se na mesma posição. Já quando se fala de condições de vida, Macau soma pontos e é a quarta cidade do ranking. O professor associado do Departamento de Contabilidade e Finanças

SOCIEDADE

Nova Era GOVERNO RENOVA CONTRATO ATÉ 2018

Tudo sobre rodas Raimundo do Rosário renovou o contrato com a operadora de autocarros Nova Era, que ganha a mesma data limite que as restantes concessionárias: 31 de Julho de 2018. A empresa não sofre ajustamentos nos valores do serviço, nem nas receitas dos bilhetes concessão de serviços públicos e a ligação da assistência financeira ao regime de avaliação dos serviços, durante o prolongamento do contrato”.

MAIORES E MAIS LIMPOS

Na área da protecção ambiental, a Nova Era vai passar a ter em circulação nas estradas autocarros de porte extralongo, bem como autocarros movidos a gás natural. Tudo para “estudar a eventual introdução de veículos com maior capacidade de transporte e mais ecológicos”. A partir de sábado, todos os autocarros adquiridos pela Nova Era devem corresponder ao padrão Euro V em termos de emissões de escape. No mesmo documento, a Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego garante que “permanecerá atenta aos serviços

da operadora após a renovação do contrato de concessão, estando neste momento a acelerar os preparativos necessários à

implementação da futura política do serviço de autocarros, para melhor responder à procura da sociedade pelo mesmo”. A.S.S.

Quase no pódio Macau entre as cidades mais competitivas da China

da UCTM Liu Chengkun, fez notar, na apresentação de ontem, que a competitividade económica geral do território, apesar de uma aparente estagnação, acabou por não influenciar a competitividade geral do território, mantendo-se bem posicionado no universo das 294 cidades envolvidas. O investigador principal e também coordenador do Centro de Estudo sobre Cidades e Competitividade, Ni Pengfei, destacou que se trata de “um documento

que pretende avaliar o índice de competitividade geral económica, o índice de competitividade nas condições de vida e da competitividade sustentável”.

BARREIRAS IMOBILIÁRIAS

De acordo com o mesmo relatório, os preços elevados do sector imobiliário têm representado uma barreira ao desenvolvimento local. Os académicos sugerem ainda que, no contexto da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-

-Macau, o território deve aproveitar as oportunidades que surgirem do projecto de integração. Em causa estão, apontaram, situações de cooperação em que Macau tem a possibilidade de se concretizar enquanto plataforma de comércio entre a China e os países de língua portuguesa. A ideia é dar também protagonismo ao papel do território no âmbito da política “Uma Faixa, Uma Rota”. Foram ainda dados alguns recados nomea-

damente no que respeita à muito falada diversificação da economia local. Os académicos consideram que é necessário o crescimento das indústrias que não estejam ligadas ao jogo. Participar de forma activa na cooperação regional, impulsionar a construção da cidade inteligente, fomentar os passos de inovação tecnológica, continuar a alargar apoio nos estudos tecnológicos e investir nos recursos humanos são as áreas que, na opinião de Liu Chengkun, podem elevar o nível da competitividade sustentável de Macau. V.N. com S.M.M.

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10 ROAD HOUSE MÚSICA E LEILÃO SOLIDÁRIOS

HOJE MACAU

EVENTOS de certa forma. O Jorge Luís Borges falava das cidades onde as ideias e as pessoas se encontravam. A maioria das invenções nasceu nas cidades.”

LÁ LONGE, NA RODÉSIA

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ÃO é a primeira, mas é a maior. A angariação de fundos vai acontecer no próximo sábado no Road House e o dinheiro conseguido será tripartido pelas vítimas do incêndio de Pedrógão Grande em Portugal, do edifício consumido pelas chamas em Londres e para a localidade de Mao, na província de Sichuan, que sofreu, no passado fim-de-semana, um deslizamento de terras. Apesar de a iniciativa ter sido posta de pé com muita rapidez, o curto espaço de tempo não impediu uma adesão significativa de Macau. “A resposta das comunidades locais foi enorme para que esta iniciativa pudesse acontecer”, disse ao HM Tess Carruthers, responsável pelo bar. No sábado, o serão no Road House vai ter música, rifas e leilões icónicos. Todas as receitas revertem para os três pontos do globo que foram severamente afectados nas últimas semanas. O bar contribui com 25 por cento das receitas feitas nessa noite. Tratando-se de uma casa de rock, o leilão não podia ser mais adequado. As licitações podem ser feitas para a aquisição de uma jaqueta de couro comemorativa de Jimi Hendrix comissionada pela família; uma edição limitada e autografada da autobiografia de Jimmy Page (o número 698 das 2500 cópias) e uma fotografia do mesmo músico datada de 24 de Março de 1975. Os artistas de Macau não ficaram de fora e estarão também a leilão obras de Alexandre Marreiros, Rui Rasquinho, José Drummond e Joaquim Franco. A música vai ocupar a noite e a prata da casa não hesitou em querer participar do evento. Além da banda residente e de um grupo convidado das Filipinas, vão estar em palco os Concrete Lotus e os The Bridge. S.M.M.

Poesia PROFESSOR DO IPOR LANÇA LIVRO NO PRÓXIMO SÁBADO

Palavras de uma vida “Pedaços de Espelho e Anubis” é uma edição de autor de Carlos Santos, docente do Instituto Português do Oriente. Alguns dos poemas começaram a ser escritos ainda na adolescência e atravessam várias fases da sua vida

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ARLOS Santos, docente de Português do Instituto Português do Oriente (IPOR), lança este sábado o seu primeiro livro de poesia, intitulado “Pedaços de Espelho e de Anubis”. Trata-se de uma edição de autor, com apenas 150 exemplares, que será lançada na galeria Casa do Povo, em Coloane. O livro contém poemas que Carlos Santos tem escrito ao longo da sua vida. O incentivo de amigos e da

esposa fez com que tivesse decidido reuni-los numa só obra. “Comecei a escrever este livro há muitos anos. Quando o comecei a escrever ainda não era um livro. Depois fui juntando os poemas e no fim pensei que tinha um livro, e determinei que acabava naquele período. Chegou uma altura e disse: ‘Isto está pronto’”, contou ao HM. “Pedaços de Espelho e Anubis” contém poemas que “podem reflectir aspectos pessoais, mas muitos dos

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA

assuntos reflectem temas com os quais me preocupei sempre ou pelos quais sempre tive interesse”. “O que pode mudar é a forma como isso se expressa. Há temas que sempre me interessaram”, disse. O ser humano e o seu poder de concretização e realização é um deles. “A guerra, as cidades, são resultado da actividade do ser humano, a própria noção de ecologia vem do ser humano. Isso interessa-me. As cidades são onde tudo isto nasce,

Nascido em Moçambique, Carlos Santos começou a escrever muito cedo, ainda na adolescência, embora não se recorde do primeiro poema. “Se há um momento de origem, começou em miúdo. Até aos dez anos vivi na antiga Rodésia, que é hoje o Zimbabwe. Andava na escola inglesa e houve um concurso, escrevi um conto e recebi uma menção honrosa. Esse momento ficou. Sempre tive alguma apetência para as palavras. Depois começou o hábito da leitura que, para mim, era quase como beber água.” O livro que se prepara para lançar contém poemas desse período, embora muitos tenham sido revistos e trabalhados novamente. Quando fala do ser humano e das cidades, Carlos Santos fala do escritor argentino Jorge Luis Borges, embora as suas obras não sejam uma influência directa. “As influências muitas vezes não são explícitas”, assume. “Jorge Luis Borges não é uma influência explícita, porque é outra dimensão, mas influenciou-me através de textos que ele escreveu, a forma como ele vê certas ideias, o que se retira daí é que me influencia. Eu penso desta forma porque foi ele que despoletou a minha forma de pensar”, apontou. Carlos Santos ainda não se assume inteiramente como poeta, apesar de escrever desde que se lembra. Afirma ter de se habituar à ideia. A ideia é continuar a escrever versos e a publicá-los. Primeiro em Macau, se vender todos os exemplares, e depois em Portugal, sem esquecer a possibilidade de fazer uma versão online. O docente do IPOR nunca quis escrever apenas para si, deixar as poesias eternamente na gaveta. “Tenho uma ideia, quem quiser ler, muito obrigado”, afirma, sem mais pretensões. Para ele a sua poesia é, acima de tudo, algo directo. “Quero que a minha poesia seja seca, no sentido em que as palavras que lá estão têm uma função e importância, e não porque fiquem bem lá. É como ter uma bala numa pistola e ter de acertar”, conclui. Andreia Sofia Silva

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A RAPARIGA DE PAPEL • Guillaume Musso

PODERES INVISÍVEIS • José Mattoso

Há apenas alguns meses, Tom Boyd era um escritor famoso em Los Angeles, apaixonado por uma célebre pianista. Mas na sequência de uma separação demasiado pública, fechou-se em casa, sofrendo de bloqueio artístico e tendo como única companhia o álcool e as drogas. Certa noite, uma desconhecida aparece em sua casa, uma mulher linda e completamente nua. Diz ser Billie, uma personagem dos romances dele, que veio parar ao mundo real devido a um erro de impressão do seu livro mais recente.

«As crenças acerca dos seres invisíveis que povoam o Céu, o Inferno e os outros lugares do Além suscitaram algumas das práticas mais arreigadas, mais complexas, mais perturbadoras e mais criativas de novas práticas e novos rituais.
Em certos casos inspiraram sistemas coerentes; noutros aparecem como elementos contraditórios ou até absurdos de uma visão do mundo. Este conjunto de investigações representa o meu contributo pessoal para o conhecimento de um dos capítulos mais fascinantes do período medieval.»


11 hoje macau quinta-feira 29.6.2017

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artista português Alexandre Farto, que assina como Vhils, inaugura amanhã “Imprint”, a sua primeira exposição individual em Pequim, composta por cerca de 70 retratos esculpidos em baixo relevo. “Imprint” é constituída inteiramente por trabalhos novos, que espelham “a reflexão contínua do artista sobre a relação entre as cidades contemporâneas e os seus habitantes”, lê-se no texto de apresentação da exposição. No Cafa Art Museum estarão expostos cerca de 70 retratos, “cada um esculpido num bloco independente”. Embora tenha Pequim como ponto de partida, a exposição “pretende ser simbolicamente representativa dos processos de trabalho numa outra qualquer cidade em qualquer parte do mundo”. “Enquanto cada retrato fala de individualidade e singularidade, os materiais nos quais são esculpidos falam significativamente de uniformidade e homogeneização, uma vez que estes blocos produzidos em massa podem facilmente ser encontrados em estaleiros de obra e edifícios em todo o mundo”, refere.

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EVENTOS

Primeiro Macau, depois a capital Vhils inaugura amanhã primeira exposição individual em Pequim

Apesar de “Imprint”, que estará patente entre sexta-feira e 23 de Julho, ser a primeira exposição individual de Vhils em Pequim, não é a primeira na China. Em Maio, Vhils inaugurou a primeira exposição individual em Macau, acompanhada

de uma série de murais, um trabalho em que o artista português afirma ter saído da zona de conforto. A mostra em Macau seguiu as linhas da primeira exposição individual em Hong Kong, no ano passado, igualmente designada “Debris”, e que foi fruto de um trabalho de quase dois anos de preparação no âmbito de uma residência artística que Vhils realizou na antiga colónia britânica. Nascido em 1987, Alexandre Farto cresceu no Seixal, onde começou por pintar paredes e comboios com graffiti, aos 13 anos, antes de rumar a Londres, para estudar Belas Artes, na Central Saint Martins. Captou a atenção a ‘escavar’ muros com retratos, um trabalho que tem sido reconhecido ao nível nacional e internacional e que já levou o artista a vários cantos do mundo. Além de várias criações em Portugal, Alexandre Farto tem trabalhos em países e territórios como a Tailândia, Malásia, Hong Kong, Itália, Estados Unidos, Ucrânia, Brasil.

Em 2014, inaugurou a sua primeira grande exposição numa instituição nacional, o Museu da Electricidade, em Lisboa: “Dissecação/Dissection” atraiu mais de 65 mil visitantes em três meses. Esse ano ficaria também marcado pela colaboração com a banda irlandesa U2, para quem criou um vídeo incluído no projecto visual “Films of Innocence”, editado em Dezembro de 2014, e é um complemento do álbum “Songs of Innocence”. Em 2015, o trabalho de Vhils também chegou ao espaço, através da Estação Espacial Internacional, no âmbito do filme “O Sentido da Vida”, do realizador Miguel Gonçalves Mendes. Paralelamente ao desenvolvimento da sua carreira criou, com a francesa Pauline Foessel, a plataforma Underdogs, projecto cultural que se divide entre arte pública, com pinturas nas paredes da cidade, e exposições dentro de portas, em Lisboa.

ART BLANC EXPOSIÇÃO DE ARTISTA DE MARROCOS A PARTIR DE AMANHÃ

Os trabalhos de Omar Saadoune vêm de Marrocos para integrar a exposição “Human” na galeria Art Blanc. A inauguração está marcada para amanhã, pelas 18h. De acordo com a organização do evento, “o artista desafia o limite da arte visual tradicional através da pintura, do trabalho multimédia, do cinema e da performance ao vivo”. Por detrás da obra estará sempre a intenção de “alertar para as urgências da sociedade, para uma humanidade oprimida para os conflitos e futuros incertos”. A Art Blanc caracteriza cada obra de Omar Saadoune como uma imagem viva, “com uma voz despretensiosa e profunda”.


12 CHINA

hoje macau quinta-feira 29.6.2017

BO XILAI SAI DA PRISÃO PARA TRATAR DE CANCRO

EMBAIXADOR AMERICANO QUER LIU XIAOBO TRATADO NO ESTRANGEIRO

O direito do doente à liberdade

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novo embaixador dos Estados Unidos na China reiterou nesta quarta-feira o “desejo” de que Liu Xiaobo, vencedor do Nobel da Paz em 2010, recentemente libertado, possa viajar ao exterior para receber tratamento médico. O embaixadorTerry Branstad, que conhece o presidente chinês Xi Jinping, chegou a Pequim um dia depois da libertação de Liu Xiaobo, vítima de um cancro no fígado em fase terminal. “Os nossos pensamentos estão com ele e a sua mulher e estamos dispostos a fazer o que pode ser feito para ver se é possível”, afirmou o diplomata americano a respeito de uma viagem ao exterior. “Como americanos gostaríamos que ele tivesse a oportunidade de receber tratamento em outro lugar, caso isto o ajude”, completou. Liu Xiaobo foi condenado em 2009 a 11 anos de prisão por “subversão” depois de assinar a Carta 8, que defendia uma democracia pluralista na China. O advogado do dissidente, Mo Shaoping, afirmou à AFP que, em tese, as pessoas em liberdade condicional não podem viajar ao exterior. Mas explicou que a possibilidade existe se, como prevê a lei chinesa, Liu for considerado um “caso especial”. O jornal Global Times, ligado ao governo, considerou nesta quarta-feira que um exílio do dissidente poderia “estimular ainda mais os ataques da opinião pública ocidental contra a China”. “Mas, por outro lado, o Ocidente teria menos interesse nele se deixasse a China”, completa o jornal. Terry Branstad, 70 anos, ex-governador do estado de Iowa, conhece o presidente chinês desde 1985, quando Xi Jinping, na época um jovem dirigente, fez uma viagem de estudos aos Estados Unidos.

Em dois dias é o segundo prisioneiro chinês notável que sai em liberdade condicional para tratar de um cancro. Liu Xiaobo, primeiro, agora Bo Xilai.

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O Xilai, ex-dirigente chinês condenado a prisão perpétua por corrupção, foi colocado em liberdade condicional devido a um cancro no fígado, informou ontem a Radio Free Asia. Segundo a emissora, que cita fonte próxima da família, o cancro do ex-membro do Politburo do Partido Comunista Chinês (PCC) estará num estágio inicial e será tratável. Bo Xilai, de 67 anos, foi condenado à prisão perpétua, em 2013, por corrupção, fraude e abuso de poder. Foi considerado culpado de ter aceitado subornos no valor de 20,4 milhões de yuan, incluindo uma vivenda em França, e de se ter apropriado de cinco milhões de yuan de fundos públicos. O abuso de poder que lhe foi imputado está relacionado com a investigação em torno do homicídio de um empresário britânico em Chongqing, em Novembro de 2011, quando Bo Xilai era o líder do PCC na cidade. A mulher, Gu Kailai, foi condenada à morte por esse assassínio, mas a pena acabou por ser comutada para prisão perpétua em 2015. Bo Xilai chegou a ser um dos políticos mais populares da China e um forte candidato ao Comité Permanente do Politburo do PCC, a cúpula do po-

der. Ex-ministro do Comércio e filho de um antigo vice-primeiro-ministro, Bo Xilai assumia-se como uma espécie de líder da chamada “nova esquerda”, promovia o revivalismo em torno da Grande Revolução Cultural Proletária (1966-76) e criticava as crescentes desigualdades sociais.

Ex-ministro do Comércio e filho de um antigo vice-primeiro-ministro, assumia-se como uma espécie de líder da chamada “nova esquerda” Acondenação de Bo Xilai a prisão perpétua foi a mais pesada sentença imposta a um ex-membro do Politburo do PCC em cerca de três décadas e foi considerado uma prova do prometido empenho da nova liderança chinesa em combater a corrupção. Bo Xilai terá sido diagnosticado com cancro na prisão de Qincheng, em Pequim, e transferido para um hospital perto da cidade de Dalian, nordeste da China.

TRÁFICO HUMANO EUA COLOCAM CHINA NA LISTA NEGRA

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S Estados Unidos adicionaram a China a uma lista negra de países que não lutam o suficiente contra o tráfico humano, que integra 23 países, incluindo a Síria, a Coreia do Norte e a Rússia. O relatório anual do Departamento de Estado norte-americano ontem divulga-

do incluiu nomeadamente o tratamento dispensado à minoria uigur, que é alvo de trabalho forçado, e ainda o repatriamento forçado de refugiados norte-coreanos na China. A diplomacia norte-americana acredita que Pequim “não está a fazer esforços

significativos” para resolver esta situação. Pequim “não tomou medidas sérias” para solucionar a questão, declarou o secretário de Estado norte-americanos, Rex Tillerson. “Os consumidores norte-americanos devem reconhecer que poderão ter uma ligação indesejada com o trabalho

forçado” através dos produtos que compram, acrescentou o secretário de Estado. Os países que estão situados no nível três desta lista sobre o tráfico de pessoas, o mais baixo da tabela, podem ser objecto de sanções que vão desde a restrição na assistência

norte-americana ao término de trocas culturais ou educativas com os Estados Unidos. Estas medidas punitivas são deixadas ao critério de apreciação da Casa Branca. A República Democrática do Congo (RDCongo), a República do Congo e o

Mali estão igualmente nesta lista, nomeadamente pela sua permissividade tolerância às crianças-soldados. O Haiti, que havia descido no ano anterior, subiu para o nível dois graças “aos esforços significativos” na luta contra o tráfico de seres humanos, mas continua “sob vigilância”.


13 CHINA

hoje macau quinta-feira 29.6.2017 PUB

Xinmo sobrevive Último balanço de desaparecidos passa para 73

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número de pessoas desaparecidas no deslizamento de terras que atingiu a aldeia Xinmo, sudoeste da China, no sábado passado, passou de 93 para 73 pessoas, anunciaram ontem as autoridades. Mais de 20 pessoas estão “sãs e salvas”, de acordo com as autoridades locais. A nova contagem foi estabelecida pelas autorida-

des depois de visitarem as famílias e pela “verificação do registo civil, assim como das listas recebidas por telefone”, mas não indicaram se algumas pessoas foram retiradas debaixo dos escombros ou se foram dadas como desaparecidas, por engano. Após o desabamento de sábado, a agência de notícias Xinhua informou sobre a ocorrência de um segundo deslizamento de terras que

ocorreu hoje pelas 11:00 e que afectou a mesma aldeia, que fica na província de Sichuan. Os acessos foram cortados por precaução na segunda-feira e as equipas de resgate, que procuram sobreviventes desde domingo, foram evacuadas como medida de prevenção. Não houve vítimas neste segundo deslizamento e o número oficial de mortes continua a ser dez.

IDOSA LANÇA MOEDAS EM MOTOR DE AVIÃO

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M Airbus A380 da companhia aérea China Southern descolou com atraso porque uma passageira idosa lançou algumas moedas num dos motores do avião em sinal de boa sorte para a viagem. Alguns passageiros viram a idosa atirar moedas no motor da escada de acesso à aeronave e avisaram à tripulação, informaram nesta quarta-feira vários meios de comunicação chineses. Técnicos de manutenção revistaram o motor e encontraram nove moedas pequenas no seu interior, que poderiam ter causado problemas, inclusive uma falha completa.

PALITEIRO PERIGOSO

Um novo brinquedo que se tornou mania entre as crianças chinesas está a causar uma grande preocupação entre os pais de todo o país e já foi proibido nalgumas cidades. São pequenas bestas (armas medievais), de aparência inofensiva, que atiram palitos de madeira - que conseguem penetrar papelão, maçãs e até latas de refrigerante. A preocupação de que os brinquedos possam causar ferimentos sérios fez com que cidades como Chengdu, capital da província de Sichuan, Kunming, capital da província de Yunnan e Harbin, capital da província de Heilongjiang, proibissem sua comercialização. Associações de pais em Hong Kong também já expressaram receio de que a invenção coloque crianças - e adultos - em perigo.

O voo, entre as cidades de Xangai e Cantão, sofreu um atraso de mais de cinco horas. A passageira, que estava acompanhada por seu marido e outros familiares, parecia ter mobilidade reduzida e cerca de 80 anos, segundo disseram alguns passageiros. Nos últimos anos, foram registados numerosos incidentes protagonizados por passageiros chineses a bordo de aviões, desde a abertura de portas de emergência com a aeronave em terra até ataques a comissários de bordo durante os voos. Em resposta, o governo chinês criou uma lista negra de pessoas que estão proibidas de viajar em avião.

Concurso Público n.º 8/2017 da Direcção dos Serviços de Administração e Função Pública para a Prestação dos Serviços de Condomínio do Edifício Vicky Plaza

Concurso Público n.º 9/2017 da Direcção dos Serviços de Administração e Função Pública para a Prestação dos Serviços de Segurança do Edifício Vicky Plaza

Nos termos previstos no artigo 13.º do Decreto-Lei n.º 63/85/M, de 6 de Julho, e em conformidade com o despacho da Secretária para a Administração e Justiça, de 16 de Junho de 2017, a Direcção dos Serviços de Administração e Função Pública vem proceder, em representação do adjudicante, à abertura do concurso público para a aquisição dos serviços de condomínio do Edifício Vicky Plaza. A partir da data da publicação do presente anúncio, os interessados poderão dirigir-se ao balcão de atendimento do SAFP, sito na Rua do Campo, n.º 162, Edifício Administração Pública, R/C, nos dias úteis, das 9,00 às 17,30 horas, para a obtenção da cópia do programa do concurso e do caderno de encargos, mediante o pagamento da importância de MOP100,00 (cem patacas) ou ainda mediante a transferência gratuita de ficheiros pela página electrónica do SAFP, em http://www.safp.gov.mo/. A inspecção dos locais de trabalho e sessão de esclarecimento deste concurso terão lugar no próximo dia 14 de Julho de 2017, pelas 11,00 horas, na sala de reuniões, sita na Rua do Campo, n.º 188-198, Edifício Vicky Plaza, 4.º andar, Macau. Caso os interessados tenham dúvidas sobre o programa e o caderno de encargos deste concurso, devem apresentá-las até às 17,30 horas do dia 12 de Julho de 2017, de acordo com a forma estabelecida no respectivo programa do concurso, para que as dúvidas sejam esclarecidas na sessão de esclarecimento. O prazo para a apresentação das propostas termina às 17,30 horas do dia 2 de Agosto de 2017, não sendo aquelas admitidas fora do prazo. Os concorrentes devem apresentar a sua proposta dentro do prazo estabelecido no balcão de atendimento do SAFP, sito na Rua do Campo, n.º 162, Edifício Administração Pública, R/C, entregando uma garantia bancária no valor de MOP100.000,00 (cem mil patacas), a favor da Direcção dos Serviços de Administração e Função Pública ou efectuar um depósito em dinheiro no banco indicado, para efeitos de caução provisória deste concurso. O acto público de abertura das propostas do concurso terá lugar no dia 3 de Agosto de 2017, pelas 10,30 horas, na sala de reuniões, sita na Rua do Campo, n.º 188-198, Edifício Vicky Plaza, 4.º andar, Macau. Direcção dos Serviços de Administração e Função Pública, aos 22 de Junho de 2017.

Nos termos previstos no artigo 13.º do Decreto-Lei n.º 63/85/M, de 6 de Julho, e em conformidade com o despacho da Secretária para a Administração e Justiça, de 16 de Junho de 2017, a Direcção dos Serviços de Administração e Função Pública vem proceder, em representação do adjudicante, à abertura do concurso público para a aquisição dos serviços de segurança do Edifício Vicky Plaza. A partir da data da publicação do presente anúncio, os interessados poderão dirigir-se ao balcão de atendimento do SAFP, sito na Rua do Campo, n.º 162, Edifício Administração Pública, R/C, nos dias úteis, das 9,00 às 17,30 horas, para a obtenção da cópia do programa do concurso e do caderno de encargos, mediante o pagamento da importância de MOP100,00 (cem patacas) ou ainda mediante a transferência gratuita de ficheiros pela página electrónica do SAFP, em http://www.safp.gov.mo/. A inspecção dos locais de trabalho e sessão de esclarecimento deste concurso terão lugar no próximo dia 14 de Julho de 2017, pelas 10,00 horas, na sala de reuniões, sita na Rua do Campo, n.º 188-198, Edifício Vicky Plaza, 4.º andar, Macau. Caso os interessados tenham dúvidas sobre o programa e o caderno de encargos deste concurso, devem apresentá-las até às 17,30 horas do dia 12 de Julho de 2017, de acordo com a forma estabelecida no respectivo programa do concurso, para que as dúvidas sejam esclarecidas na sessão de esclarecimento. O prazo para a apresentação das propostas termina às 17,30 horas do dia 31 de Julho de 2017, não sendo aquelas admitidas fora do prazo. Os concorrentes devem apresentar a sua proposta dentro do prazo estabelecido no balcão de atendimento do SAFP, sito na Rua do Campo, n.º 162, Edifício Administração Pública, R/C, entregando uma garantia bancária no valor de MOP70.000,00 (setenta mil patacas), a favor da Direcção dos Serviços de Administração e Função Pública ou efectuar um depósito em dinheiro no banco indicado, para efeitos de caução provisória deste concurso. O acto público de abertura das propostas do concurso terá lugar no dia 1 de Agosto de 2017, pelas 10,30 horas, na sala de reuniões, sita na Rua do Campo, n.º 188-198, Edifício Vicky Plaza, 4.º andar, Macau. Direcção dos Serviços de Administração e Função Pública, aos 22 de Junho de 2017.

O Director, Kou Peng Kuan

O Director, Kou Peng Kuan

ANÚNCIO CONCURSO PÚBLICO N.o 21/P/17

ANÚNCIO CONCURSO PÚBLICO N.o 22/P/17

Faz-se público que, por despacho do Ex.mo Senhor Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, de 13 de Junho de 2017, se encontra aberto o Concurso Público para «Prestação de Serviços de Pulverização do Óleo Larvicida aos Serviços de Saúde», cujo Programa do Concurso e o Caderno de Encargos se encontram à disposição dos interessados desde o dia 28 de Junho de 2017, todos os dias úteis, das 9,00 às 13,00 horas e das 14,30 às 17,30 horas, na Divisão de Aprovisionamento e Economato destes Serviços, sita no 1. º andar, da Estrada de S. Francisco, n.º 5, Macau, onde serão prestados esclarecimentos relativos ao concurso, estando os interessados sujeitos ao pagamento de MOP36,00 (trinta e seis patacas), a título de custo das respectivas fotocópias (local de pagamento: Secção de Tesouraria dos Serviços de Saúde) ou ainda mediante a transferência gratuita de ficheiros pela internet no website dos S.S. (www.ssm. gov.mo ). As propostas serão entregues na Secção de Expediente Geral destes Serviços, situada no r/c do Centro Hospitalar Conde de São Januário e o respectivo prazo de entrega termina às 17,45 horas do dia 24 de Julho de 2017. O acto público deste concurso terá lugar no dia 25 de Julho de 2017, pelas 10,00 horas, na “Sala Multifuncional”, sita no r/c da Estrada de S. Francisco, n.º 5, Macau. A admissão a concurso depende da prestação de uma caução provisória no valor de MOP55.440,00 (cinquenta e cinco mil, quatrocentas e quarenta patacas) a favor dos Serviços de Saúde, mediante depósito, em numerário ou em cheque, na Secção de Tesouraria destes Serviços ou através da Garantia Bancária/Seguro-Caução de valor equivalente.

Faz-se público que, por despacho de Sua Excelência, o Chefe do Executivo, de 18 de Maio de 2017, se encontra aberto o Concurso Público para «Fornecimento de Medicamentos e Outros Produtos Farmacêuticos para a Convenção das Farmácias», cujo Programa do Concurso e o Caderno de Encargos se encontram à disposição dos interessados desde o dia 28 de Junho de 2017, todos os dias úteis, das 9,00 às 13,00 horas e das 14,30 às 17,30 horas, na Divisão de Aprovisionamento e Economato destes Serviços, sita no 1.º andar, da Estrada de S. Francisco, n.º 5, Macau, onde serão prestados esclarecimentos relativos ao concurso, estando os interessados sujeitos ao pagamento de MOP84,00 (oitenta e quatro patacas), a título de custo das respectivas fotocópias (local de pagamento: Secção de Tesouraria dos Serviços de Saúde) ou ainda mediante a transferência gratuita de ficheiros pela internet no website dos S.S. (www.ssm.gov.mo). Os concorrentes deverão comparecer na “Sala Multifuncional”, sita no r/c da Estrada de S. Francisco, n.º 5, Macau no dia 3 de Julho de 2017 às 16,30 horas para uma reunião de esclarecimentos ou dúvidas referentes ao presente concurso público, nomeadamente sobre o Sistema Electrónico de Convenção de Medicamentos. As propostas serão entregues na Secção de Expediente Geral destes Serviços, situada no r/c do Centro Hospitalar Conde de São Januário e o respectivo prazo de entrega termina às 17,45 horas do dia 14 de Agosto de 2017. O acto público deste concurso terá lugar no dia 15 de Agosto de 2017, pelas 10,00 horas, na “Sala Multifuncional”, sita no r/c da Estrada de S. Francisco, n.º 5, Macau. A admissão a concurso depende da prestação de uma caução provisória no valor de MOP100 000,00 (cem mil patacas) a favor dos Serviços de Saúde, mediante depósito, em numerário ou em cheque, na Secção de Tesouraria destes Serviços ou através da Garantia Bancária/Seguro-Caução de valor equivalente.

Serviços de Saúde, aos 22 de Junho de 2017 O Director dos Serviços Lei Chin Ion

Serviços de Saúde, aos 22 de Junho de 2017 O Director dos Serviços Lei Chin Ion


h ARTES, LETRAS E IDEIAS

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O Senhor Sete em toda a superfície e mais fundo no chão. O que acontece é que exauridos os laços com a forma e a terra governada sem lembranças, ordenamento e território são funções tão cegas como desordenamento e não espaço. Daí que, não havendo plano, não há leitura. Em boa medida, digamos que, um bom Plano Nacional para a Leitura poderia travar os fogos! Mas um plano que não fosse ele mesmo tão inclinado. — Sim, as gerações descarnadas dos seus autores, neste caso, um republicano, romântico e maçon, também, religiosidade de madrigal, as gerações assim impedidas de aceder a tais riquezas não poderão ir ordenar coisa nenhuma, muito menos um território. — Há caminhos tão fantásticos nestas transmissões que longe andam dos asfaltos de alamedas de árvores sombrias que se deslocam em todas as direcções que vão dar a locais onde nem queríamos passar... caminhos de Santiago, que romar é ir até cumprir o sonho da viagem. Não se pode exigir que sirvam um país quando não lhes servimos a memória e se, como sentinelas os mais frágeis ficam nas terras quais sonhos esquecidos, não saberemos entender as suas lágrimas nem a desolação que se lhes abate de formas surpreendentes quando as duras provas irrompem. Os grandes dons quando não exercitados transferem-se para outros, como os que têm “incendiado” a Nação: a inveja destilada em paranóia, a megalomania demencial, a usura, e assim se avança como nos guindastes até o céu num movimento quase perfeito nos atirar dele abaixo, exactamente no solo que plantámos. « Onde a crónica se cala e a tradição não fala antes quero uma página inteira de pontinhos ou toda branca ou toda preta....do que uma só linha de invenção de croniqueiro....» Garrett Seguramente que este número não é em vão, sete é todo o imaginário, a tradição, a configuração de um tempo interior que nos fala - o número mágico - também há o «Senhor Teste» de Valéry» e os «Sete Cantos Iluminados» de Blake. Uma mistura que daria « Os sete iluminados se-

TRINDADE-COELHO-CENTENÁRIO-DO-NASCIMENTO

É

chegado o momento em que teremos de ir buscar autores por gerações esquecidos, concluída a inércia do fulgor literário a partir de distúrbios disfuncionais da componente da leitura que tem ficado em jazidas, passado o impacto da novidade e, talvez, da deslocação linguística que não ajudou a modelar a capacidade inventiva da língua como uma ferramenta de transformação, tão pouco como código de uma herança vasta e simbólica: esquecidas as fontes, os rios secam. Desarticuladas andam as funções entre leitura e narração, como se houvesse um hiato intransponível entre fenómenos complementares, esquecendo o poder encantatório da linguagem no desenvolvimento de um cérebro saudável. A língua é uma cifra onde todos querem algemar sentimentos e sensações, pequenos conhecimentos na cadeia do aprendido, respostas, e quase nenhuma indagação, nenhuma outra ilusão que a transponha - que sensações e sentimentos não devem interessar a não ser quando produzidos por fértil capacidade de junção das partes dissonantes - ou seja, se dentro de quem sente estiver uma grande capacidade onírica de despertar. Trindade Coelho é o senhor do título acima mencionado. E que título é este? Ele advém de um estudo que o autor se deu a coligir da tradição portuguesa, é uma interpretação da arte contística e fruto do seu estudo etnográfico. Autor do século dezanove abrangido ainda pelo período Romântico é talvez o mais emblemático dos seus representantes, andou pelo país recolhendo dele a lenda e o sonho, amante por esta sua corrente da cultura popular nas suas formas mais remotas que passam necessariamente por poemas, provérbios, rezas, superstições, contos orais; aqui se dignifica a capacidade da linguagem enquanto material que ajuda ao espaço onírico que tanto agora nos falha. Será impossível fazer-se um ordenamento do território, seja ele qual for, se não tivermos presentes certas coisas a ele integrado, como e onde se produziram os sonhos, os mitos, as correntezas que desaguaram naquilo e não noutra coisa; preciso será entender essa linha de terra que nos passa

Amélia Vieira

Será impossível fazer-se um ordenamento do território, seja ele qual for, se não tivermos presentes certas coisas a ele integrado, como e onde se produziram os sonhos, os mitos, as correntezas que desaguaram naquilo e não noutra coisa nhores». Iluminados senhores, nem que seja por um raio, dado que a crescente cavalgada de calor não parece alumiar os cérebros, nem tirar deles a devida claridade para uma coordenada iluminação. Estamos em terreiro sem memória, com sombras escuras e com saudades dos antigos carvalhos por onde nesta noite e neste dia (21 de Junho) algures, cantavam os celtas do território, ainda não ordenado, as suas lendas. E outros! Estamos sem borboletas, e joaninhas, e andorinhas, e raposas, e lebres e linces. Calcinados de vazio. Trindade Coelho escrevia para jornais. A sua imensa dimensão do espaço, onde havia um território ainda em

folha vegetal, exaltava nas mentes desejos verdes, mas verdes na folha de jornais brancos e pretos que não eram menos verdes que as suas terras transmontanas. Foi deliciosamente espirituoso no uso dos dialectos, semeou oráculos e hoje creio que ninguém está apetrechado para uma sinalética que impeça os desastres - nós somos construtores de desastres - que nem disso já tem firme noção: há até frases mágicas exercitadas por mulheres das serranias que possuíam ( imaginem só a força da palavra) o poder de mudar os ventos, amainar tormentas, fecundar os solos. Dito assim é tudo lenda, mas lido de outra maneira é a única forma de voltarmos à terra. Se não quisermos, ela também não há-de querer: nós só queremos a quem nos quer e a terra até ver é de dura cerviz no que respeita à infidelidade dos hóspedes. A mesma negligência dos homens para com as mulheres reflecte-se na terra. E estranho é o uso de contemplação face a duros carrascos de uma mesma natureza. Quase não parece, está tudo muito decorado, muito pleno de coisas artificiais, mas não, não nos deixemos enganar: há dolo e não há «plano» de leitura e de território. Será bom voltar a desocultar o que está oculto e ler o que não foi lido ao invés de plantar desordenadamente o “eucalipto” do intelecto que alastra com a mesma ignição. Deus também será, e é, em última instância tal como foi no princípio. Sempre. « Um fogo devorador». Os contos de tradição oral são aqui os mais relevantes e alguns já tinham sido publicados na Tribuna em 1899 em versão mais arcaica , menos literária, dando assim a entender que compunha os próprios textos para edição final. ..... subir ao sétimo céu é, pois, alçapremar-se uma pessoa num grande gozo, subir lá por essas esferas, até à sétima, que deve corresponder no sistema de Ptolomeu , ao Empíreo, ou ao lugar dos Bem-aventurados! In - O Senhor Sete Melhor é experimentá-lo que julgá-lo, Mas julgue-o quem não pode experimentá-lo! Camões


15 hoje macau quinta-feira 29.6.2017

diários de próspero

António Cabrita

O

coração do canário dá mil batidas por minuto. O do elefante vinte e cinco. As minhas andam pelas setenta, mas a máquina acelera quando deparo com a estultícia que nos afoga. Nestas bandas do Índico o tu cá tu lá com o sobrenatural, com os Espíritos e Antepassados é mato - a quantidade de médiuns e espíritas e de gente que paira acima do terreno é estarrecedor. Têm muito mais dificuldades com a língua, o português. E a minha perplexidade nessa contradição é do mesmo grau da que encontrava Bernardo Soares, em discorrendo sobre o que o separava dos ocultistas: «O que sobretudo me impressiona nestes mestres e sabedores do invisível é que, quando escrevem para contar ou sugerir os seus mistérios, escrevem todos mal. Ofende-me o entendimento de que um homem seja capaz de dominar o Diabo e não seja capaz de dominar a língua portuguesa». Interessam agora as razões para isso? Começou com o “brando” colonialismo português e o racismo – o tal que como Midas corrompe tudo o que toca. E continuou nas políticas pouco ambiciosas com que hoje os líderes moçambicanos - na sua maioria educados na bainha da oralidade – reforçam anualmente o orçamento do Ministério da Defesa (para o exército e a polícia política) em detrimento do da Educação. Acontece-me cogitar nas aulas: Este marmanjo em changana ou macua se calhar é um orador formidável, para quê esquartejá-lo numa língua em que não namora e que aprendeu demasiado tarde? Entretanto, para arredondar as contas faço revisões de livros e de relatórios. O português dos relatórios das ONGs devia dar direito a electrochoques. Ou a prisão perpétua, vá lá com pena suspensa! E quando se quer mostrar que a “pesquisa qualitativa” se apoia em entrevistas à fatia de povo escolhido para “amostra”, a fórmula repete-se e transcrevem-se escrupulosamente as frases dos populares, tal e qual foram ditas e não conforme a intenção do que queriam dizer. Escrupulosamente carregam-se nos erros, nas distorções da língua, até extremos como este: “…a maioria diz que eu não quero fazer planeamento porque vou matar o quê não vou nascer mais é por isso estou a nascer para acabar toda filha, é assim mesmo (risos), não vou fazer planeamento porque não vou nascer mais, vou fechar de vez, é assim (risos)…”. A pobre quer explicar que deixou de fazer planeamento familiar e de tomar a

JOAN MIRO, JARDIN

Os jardins da língua

A criatividade exige que saibamos articular a língua, mesmo que seja para depois a desaprender. Contudo, nada se faz ao contrário. É mentira! pílula ou de usar qualquer contraceptivo por acreditar que tais métodos conduzem à esterilidade. Mas se o que ela quis transmitir foi percebido pelo entrevistador, por que fazê-la passar por inapta? Eu garanto que farei o mesmo papel se me colocam a perguntar por uma farmácia para camaleões em grego, sueco, ou se calhar até mesmo em inglês. Há um escrúpulo “científico” associado ao esforço políticamente correcto de não se corrigir a gramática ou a sintaxe das pessoas e que me cheira a encapotada indiferença. Uma vez pediram-me que redigisse as legendas para um documentário moçambicano. Revi o filme de trás para a frente para entender na perfeição o que as

pessoas queriam dizer e depois enviei as legendas. Recebi um telefonema furioso, tinha colocado as pessoas a falar bem. Então meu animal, reagi eu, afinal para que é que querias as legendas? Queria porque elas falam mal, para se perceber o mínimo. Bravo, querias multiplicar o embaralhamento, os lapsos, os curto-circuitos verbais, duplicando-os por escrito... pois agora, pelo contrário, percebe-se melhor, porque os teus entrevistados, se pudessem, era assim que gostariam de formular as coisas. Nunca transcrevi em dezenas de entrevistas uma calinada de um meu entrevistado, a não ser que isso fizesse parte da sua matéria expressiva ou da sua personalidade. Um erro, uma falha de senti-

do, uma má expressão não desqualifica as pessoas – conheço pessoas de uma sensibilidade de eleição que se debatem com dificuldades em articular. A prosa canhestra de Husserl não o torna mais estúpido do que Heidegger cujo estilo, ao pé da do seu mestre, é a de um sedutor. Diferente será, obrigatoriamente, na ficção onde “escrever bem” pode implicar uma forte dose de agramaticalidade, um reforço da coloquialidade e dos seus desvios e desmandos. Contudo, em todos os outros géneros que mexam com ideias, conceitos, com descrições que peçam detalhe e apuro, não vejo porque não ajudar o outro a traduzir o seu próprio pensamento. A não ser que cretinamente me queira distinguir dele, Reparem na minha excelência e na desarticulação do indígena! O paternalismo de reproduzir as frases desconexas do nosso interlocutor não é uma face perversa, mesmo que ingénua, do mal. Conheço quem borde em torno da grande criatividade das falas e do vernáculo populares, etc. Também eu me pélo se ouço a ameaça, Vou-te aos gorgomilos, meu canguinchas! E fico à espera. Também já aproveitei algumas frases no ar, que incorporei, e até um título. Um dia em Nampula li num pasquim: “os crimes montanhosos que hoje se cometem na cidade”. Recriei logo ali um título que é o de um livro inédito meu: “O Corvo de Colarinho Branco e os Crimes Montanhosos” e estou contentíssimo com a oferta. Porém, sei que aquela aparente riqueza da expressão, naquele redactor que escrevia com os pés botos e emaranhava as frases numa sintaxe de feio empeno, veio-lhe por acaso, soprada por uma falta tremenda de vocabulário - não é fruto de um engenho que ele saiba repetir. É preciso desmistificar: o Hemingway não reproduziu nada as falas do quotidiano da sua época, ele criou apenas um estilo novo de diálogo que depois foi imitado, inclusive na vida. O Guimarães Rosa ou o Mia Couto não ouvem todo o santo dia aqueles neologismos que parecem reproduzir, eles inventam oitenta por cento das cabriolices que fazem com a língua. Se a vida depois lhes imita os livros, melhor. A criatividade exige que saibamos articular a língua, mesmo que seja para depois a desaprender. Contudo, nada se faz ao contrário. É mentira!


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hoje macau quinta-feira 29.6.2017

ANÚNCIO CONCURSO PÚBLICO PARA A “OBRAS DE REORDENAMENTO DO BAIRRO SOCIAL DA TAIPA” [104/2017] 1.

Entidade promotora do concurso: Instituto de Habitação (IH).

2.

Modalidade do concurso: Concurso público.

3.

Local de execução da obra: Bairro Social da Taipa.

4.

Objecto da empreitada: Melhoria das instalações, substituição do revestimento do terraço ajardinado do rés-do-chão do Bairro Social da Taipa, do terraço de cobertura e de algumas partes do revestimento das paredes exteriores do Bairro, bem como renovação das guardas das paredes exteriores e das janelas de alumínio, entre outras.

5.

Prazo máximo de execução: 210 dias úteis (duzentos e dez dias úteis). O prazo de execução declarado pelos concorrentes deve seguir o estipulado no ponto 6 do Programa de concurso e nos pontos 5.1.2 e 5.2.2 das cláusulas gerais do Caderno de Encargos.

6.

Prazo de validade das propostas: O prazo de validade das propostas é de noventa dias, a contar da data do encerramento do acto público do concurso, sendo prorrogável nos termos previstos no Programa de Concurso.

7.

Tipo de empreitada: Empreitada por série de preços.

8.

Caução provisória: $480 000,00 (quatrocentas e oitenta mil patacas), a prestar mediante depósito em dinheiro, garantia bancária legal ou seguro-caução.

9.

Caução definitiva: 5% do preço total da adjudicação (das importâncias que o empreiteiro tiver a receber em cada um dos pagamentos parciais são deduzidos 5% para garantia do contrato, em reforço da caução definitiva prestada).

10.

Preço base: Não há.

11.

Condições de admissão: Serão admitidas como concorrentes as entidades inscritas na Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes para execução de obras, bem como as que à data do acto público do concurso tenham requerido a sua inscrição, sendo neste último caso a admissão condicionada ao deferimento do respectivo pedido de inscrição.

12.

Local, data e hora para entrega das propostas: Local: IH, sito na Travessa Norte do Patane, n.º 102, Ilha Verde, Macau. Data e hora limites: 24 de Julho de 2017 (segunda-feira), às 13H00. Em caso de encerramento deste Instituto na hora limite para a entrega das propostas acima mencionada por motivos de tufão ou de força maior, a data e hora limites estabelecidas para a entrega das propostas serão adiadas para a mesma hora do primeiro dia útil seguinte.

13.

Local, data e hora do acto público do concurso: Local: IH, sito na Travessa Norte do Patane, n.º 102, Ilha Verde, Macau. Data e hora: 25 de Julho de 2017 (terça-feira ), pelas 9H30. Em caso de adiamento da data limite para a entrega das propostas de acordo com o n.º 12 ou de encerramento deste Instituto na hora estabelecida para o acto público do concurso acima mencionada por motivos de tufão ou de força maior, a data e hora estabelecidas para o acto público do concurso serão adiadas para a mesma hora do primeiro dia útil seguinte. Os concorrentes ou seus representantes deverão estar presentes ao acto público do concurso para os efeitos previstos no artigo 80.º do Decreto-Lei n.º 74/99/M e para obterem esclarecimentos de eventuais dúvidas relativas aos documentos apresentados no concurso.

14.

Línguas a utilizar na redacção da proposta: Os documentos que instruem a proposta (com excepção dos catálogos de produtos) são obrigatoriamente redigidos numa das línguas oficiais da RAEM; quando noutra língua, devem ser acompanhados de tradução legalizada, a qual prevalece para todos e quaisquer efeitos.

15.

Local e hora para exame do processo e preço para obtenção de cópia: Local: IH, sito na Travessa Norte do Patane, n.º 102, Ilha Verde, Macau. Hora: Horário de expediente (das 9H00 às 12H45 e das 14H30 às 17H00). Neste Instituto pode ser obtida cópia do processo do concurso público pelo preço de $1 000,00 (mil patacas).

16.

Critérios de apreciação das propostas e respectivos factores de ponderação: critérios de apreciação Parte do preço

- preço proposto

ponderação 12

- prazo de execução 1 Parte técnica

- plano de trabalhos

5

- experiência

2

Classificação final= nota da parte do preço X nota da parte técnica 17.

Junção de esclarecimentos: Os concorrentes poderão dirigir-se ao IH, sito na Travessa Norte do Patane, n.º 102, Ilha Verde, Macau, a partir de 28 de Junho de 2017 e até à data limite para a entrega das propostas, para tomar conhecimento de eventuais esclarecimentos adicionais. Instituto de Habitação, Macau, aos 13 de Junho de 2017. O Presidente, Arnaldo Santos


17 hoje macau quinta-feira 29.6.2017

TEMPO

?

NEBULADO

O QUE FAZER ESTA SEMANA Hoje

MIN

27

MAX

32

HUM

60-90%

EURO

8.79

BAHT

Diariamente

EXPOSIÇÃO “25+10” DE RODRIGO DE MATOS Consulado de Portugal | Até 30/06 EXPOSIÇÃO “COLOUR/SHAPE/LOVE” DE JOAQUIM FRANCO Macau Art Garden | Até 16/07 EXPOSIÇÃO “NOCTURNO” DE FILIPE DORES Albergue SCM | Até 09/07 EXPOSIÇÃO “CONTELLATION” DE NICOLAS DELAROCHE Galeria do Tap Seac | Até 08/10 EXPOSIÇÃO “O MAR” DE ANA MARIA PESSANHA Casa Garden | Até 31/08

O CARTOON STEPH

EXPOSIÇÃO “AS MUDANÇAS DE HENGQIN” Armazém do Boi | Até 16/07

SOLUÇÃO DO PROBLEMA 67

PROBLEMA 68

UM DISCO HOJE C I N E M A

TRANSFORMERS: THE LAST NIGHT SALA 1

Kyle Li, Mary MA

DISPICABLE ME 3 [2D][A]

19.30

Falado em cantonês Fime de: Pierre Coffin, Kyle Balda, Eric Guillon 14.30, 16.15, 19.45, 21.30

SALA 3

DISPICABLE ME 3 [3D][A] Falado em cantonês Fime de: Pierre Coffin, Kyle Balda, Eric Guillon 18.00 SALA 2

TRANSFORMERS: THE LAST NIGHT [2D][B] Fime de: Michael Bay Com: Mark Wahlberg, Laura Haddock Anhtony Hopkings 14.00, 16.45, 21.30

OUR SEVENTEEN [2D][B] Falado em cantonês legendado em chinês e inglês Fime de: Emily Chan Nga Lei Com: Sean Pang, Angela Yuen, King Wu

SUDOKU

DE

EXPOSIÇÃO “DESTROÇOS” DE VHILS Oficinas Navais, nº. 1 | Até 31/11

Cineteatro

YUAN

1.14

ESPERAR PELA MORTE

TEATRO | FESTIVAL BOK “2.0 PICTURESQUE” Edíficio Antigo Tribunal | 20h00 | Até sexta-feira

EXPOSIÇÃO “AMOR POR MACAU” DE LEE KUNG KIM Museu de Arte de Macau | Até 9/7

0.23

AQUI HÁ GATO

TEATRO | FESTIVAL BOK “MODERATION” Edíficio Antigo Tribunal | 20h00 | Até sexta-feira

EXPOSIÇÃO “A ARTE DE ZHANG DAQIAN” Museu de Arte de Macau | Até 5/8

(F)UTILIDADES

Tirar a senha e aguardar, esperar pelo número que representa a vez de fazer a vida avançar. Este é um dos passatempos dos seres humanos, bichos nostálgicos que têm uma relação estranha com a passagem do tempo. Por um lado, esperam grande parte da vida pelo avanço dos ponteiros do relógio, pela caducidade de calendários, pelo amanhã que tarda. Por outro, desejam ardentemente retardar ao máximo o efeito dessa passagem de tempo, querendo sempre aparentar o que eram no passado, infectados por saudade. Como gato com enormes capacidades cognitivas atribuo esta desconformidade temporal à noção da morte, à compreensão inevitável do finito. Por muito que haja compreensão de física quântica, de relatividade, o tempo tem a chatice de vincar o progresso da existência, o que lixa completamente a cabeça dos humanos. Já agora, a relação com o espaço também não é propriamente sã, como se pode aferir pela obsessão umbilical da espécie. Daí achar que existiram seres, quase gatos, que deviam ser celebrados como os mais altos exemplos da humanidade. Euclides, Galileu, Newton, Einstein, Hawking, todos felinos e excepcionais na forma saudável como compreenderam tempo e espaço. Ainda assim, também eles tiveram de esperar e esperar, por vezes desesperar, até alcançarem a imortalidade, transcendência digna dos que merecem sombra no Grande Panteão Universal. Pu Yi

THE BEST OF BILLIE HOLIDAY | BILLIE HOLIDAY

Sendo impossível escolher um álbum de Billie Holiday, fica aqui a sugestão de um disco que reúne 20 dos melhores temas interpretados pela intemporal cantora. São uma viagem no tempo, que cantam dores de amor e de existência, enquanto convidam a dançar. Billie Holiday deveria ser tida com o uma espécie de comprimido diário, a tomar logo pela manhã e antes de deitar para salvaguardar, todos os dias, uns momentos de beleza. Sofia Margarida Mota

THE MUMMY [2D][C] Fime de: Alex Kurtzman Com: Tome Cruise, Sofia Boutella, Annabelle Wallis, Jake Johnson 14.30, 21.45

RESIDENT EVIL: VENDETTA [2D][C] Falado em inglês legendado em chinês Fime de: Takanori Tsujimoto 16.30

TRANSFORMERS: THE LAST NIGHT [2D][B] Fime de: Michael Bay Com: Mark Wahlberg, Laura Haddock Anhtony Hopkings 19.00

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Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Isabel Castro; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Sofia Margarida Mota Colaboradores António Cabrita; Anabela Canas; Amélia Vieira; António Falcão; António Graça de Abreu; Gonçalo Lobo Pinheiro; João Paulo Cotrim; João Maria Pegado; José Drummond; José Simões Morais; Julie O’Yang; Manuel Afonso Costa; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Paulo José Miranda; Paulo Maia e Carmo; Rui Cascais; Rui Filipe Torres; Sérgio Fonseca; Valério Romão Colunistas António Conceição Júnior; André Ritchie; David Chan; Fa Seong; Fernando Eloy; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Rui Flores; Tânia dos Santos Cartoonista Steph Grafismo Paulo Borges, Rómulo Santos Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo


18 OPINIÃO

hoje macau quinta-feira 29.6.2017

ANTÓNIO SARAIVA

CLAUDE MONET, CHEGADA DE UM COMBOIO

O

“efeito de estufa”, uma expressão muito em voga, consiste no aumento, ainda que até à data reduzido - desde 1975 cerca de 0,15 º C por década - da temperatura média da Terra. Tal subida, embora ligeira como dissemos, é inegável, pois resulta da média de milhares de medidas, em variados pontos do globo. Esta subida acompanha a subida constante da percentagem de anidrido carbónico na atmosfera, tendo-se assim relacionado as duas variáveis (há ainda outros gases que provocam o efeito de estufa, nomeadamente o metano (um gás combustível e explosivo, produzido nos campos de arroz, nas vacarias e nos aterros sanitários), os óxidos de azoto (produzidos pelos veículos), e os carbonetos halogenados (CFC e HCFC). Estes gases, juntamente com as poeiras, formam como que um manto que cobre a terra, impedindo a dissipação do calor, e provocando assim o aquecimento da Terra. A subida das temperaturas tem-se traduzido no degelo de gelos polares, o que por sua vez provoca uma subida das águas do mar (10 a 20 cm no século XX); a isto há que somar a expansão das águas devido ao aumento de temperatura, o, que, a continuar, fará com que algumas terras baixas fiquem alagadas; degelo das partes menos frias das montanhas geladas, subindo assim em altitude a zona ocupada pelas árvores; florações mais precoces alguns dias; da mesma forma antecipação das migrações de algumas aves; etc. As subidas de temperatura causarão maior evaporação – assim o ar será mais húmido e haverá maior precipitação (aumento de 7% da precipitação por cada grau Centígrado de aumento da temperatura); embora numas regiões passará a chover menos e noutras mais; e têm sido apontadas como causadoras de um maior número de tufões, tornados e cheias. A nível dos oceanos, haverá mais anidrido carbónico a dissolver-se na água, que ficará mais ácida; esta acidez afecta a fixação de calcário, ou seja, prejudica os corais, os bivalves (como as amêijoas), e os animais de esqueleto externo (lagostas, camarão…). Quanto ao impacto nas plantas poderá ser positivo - pois com mais calor e mais anidrido carbónico as plantas crescerão mais (já se usa a técnica de aumentar a percentagem de anidrido carbónico em estufas) – ou negativo, pois algumas plantas, nomeadamente as de longo ciclo vegetativo (árvores e arbustos) e pouca ”margem de tolerância” quanto à

O efeito de estufa

temperatura (ou também a outros factores, pois, como vimos, haverá alterações na quantidade de chuvas) poder-se-ão ver “fora” do seu clima preferido, e assim definhar, ou mesmo morrer.

desenvolvidos, têm direito a aumentar as suas emissões de anidrido carbónico. Mas quem deseja de boa vontade ver coartados os seus ”direitos”?

O ACORDO DE PARIS

Quando era miúdo, e andava na Escola Primária, escrevíamos numa lousa (pedra negra de xisto) com um lápis também de lousa. Uma verdadeira receita ecológica, pois apagava-se com um pano e voltava-se a escrever na mesma lousa. Havia ainda uns cadernitos, de papel de má qualidade, nos quais se escrevia com uma caneta de aparo, que era preciso molhar na tinta ao fim de cada linha. E havia alguns privilegiados que até tinham um lápis! Já em Macau, no início dos anos 90, as minhas filhas pediram-me lápis. Sabendo que havia muitos lápis em casa dediquei uma hora a junta-los numa gaveta: havia cerca de 30! Trinta lápis! Número ridículo quando comparado com as caixas cheias de lápis, uns ainda por afiar, outros de bico partido, não poucos já secos – que, vinte anos mais tarde, encontrei em caixas no quarto de uma das minhas netas. E assim vai o Mundo. Cada criança (adulto) “rica” tem hoje quilos de lápis, de brinquedos, de sapatos e sapatilhas…de facto calcula-se que hoje cada homem tenha às suas ordens cerca de 100 escravos mecânicos (número que, evidentemente, varia de país para país) …que .nos transportam de Macau para Portugal em 24 horas, nos levam aos ombros quando moramos no 20º andar, nos cozinham a comida sem fazer fumo, nos fazem ter temperaturas agradáveis em casa

Cientes de tais problemas numerosos responsáveis das nações começaram a discutir a melhor forma de o enfrentar - do que resultou, após muitos avanços e recuos (1), o acordo de Paris. Este acordo visa limitar as emissões de anidrido carbónico, de forma a manter o aumento da temperatura média mundial em limites “aceitáveis” - abaixo dos 2 º C (preferivelmente a 1,5 º C) em relação aos valores da época pré-industrial. Embora tal acordo seja mais teórico do que efectivo – os Estados apenas têm que comunicar as suas emissões, não estando previsto qualquer mecanismo de ”punição ” para quem não cumpra, nem de ”recompensa” para os “bons alunos” (2), este acordo tem duas virtudes que importa realçar: em primeiro lugar assume o medo da humanidade face à alteração, por acção humana, de algo muito básico — visto por muitos como pertencendo à esfera do divino, o clima — assim como o medo do fogo. Em segundo lugar, por ter sido um acordo que – num mundo tão dividido –- envolveu praticamente todos os Estados (talvez pelo medo a que acima nos referimos). Em todo o caso esse acordo — e aí a porca começa a “torcer o rabo” — considera que certos países já se desenvolveram o suficiente, tendo que diminuir os seus gastos energéticos, enquanto outros, menos

UM, DEZ, CEM

mesmo no Verão, nos possibilitam ter os tais 100 ou duzentos lápis, etc., etc., etc.. E vejamos: quem está disposto a dispensar o trabalho que todas essas máquinas nos fazem? Vamos por um exemplo caseiro – quem dá o sábado livre às empregadas filipinas que tem em casa? E será que não sabemos o que come essa multidão de escravos mecânicos? Matérias primas arrancadas da Terra e Energia. E dessa Energia 80%, ou mesmo mais, provem de “combustíveis fósseis” (restos de antigas florestas) – ou seja do petróleo, do carvão, e do gás natural. Que ao serem queimados produzem anidrido carbónico – o tal gás que provoca o “efeito de estufa”. E note-se que mesmo energias aparentemente “limpas” como a electricidade, foram geradas muitas vezes pela queima destes combustíveis (3). Quanto a outros gases de efeito de estufa, nomeadamente o metano, o problema é semelhante – se alguns podem dispensar o bife - quem dispensará o arroz? E assim, malgrado as numerosas declarações a favor da ecologia - todos podemos constatar que o tamanho dos automóveis aumentou (tendo não poucos as dimensões dos antigos carros funerários), o nível de iluminação das lojas aumentou, as lojas aboliram as portas para melhor chamarem clientes (aumentando-se assim os gastos energéticos para obter um ambiente fresco)… os prédios frente a Macau, no Zuhai, brilham toda a noite em festivais de cores e de formas… Alargando um pouco a discussão, todos os políticos baseiam o seu discurso em “mais bens, mais progresso”. Os investidores procuram o máximo lucro, os próprios atletas procuram bater records.

EM JEITO DE CONCLUSÃO

O Acordo de Paris é mais um processo de intenções que a solução do problema –embora, como diz a minha mulher, “quem me dá um osso não quer que eu morra”. E somos NÓS que provocamos o efeito de estufa, e não políticos mais ou menos simpáticos. E embora não seja a única ameaça que pesa sobre a Humanidade – entre outras poderemos mencionar a bomba atómica - a solução deste problema - a menos que se descubram novos e revolucionários meios de obter energia, ou de captar o anidrido carbónico - implicará as mais profundas mudanças na vida dos cidadãos. (1) Este Acordo vem no seguimento do Protocolo de Kyoto, negociado em 1997, mas que na prática nunca funcionou. (2) Além de não estar previsto nenhum mecanismo de verificação dos dados enviados por cada país. Isto faz com que, já hoje, a contribuição de cada país para a emissão de anidrido carbónico não seja pacífica. (3) Para não afastar do Acordo a Arábia Saudita os “combustíveis fósseis” nunca são referidos no Acordo.


19 hoje macau quinta-feira 29.6.2017

OPINIÃO

bairro do oriente

Vai p’rá tu’rua

VAN GOGH, ESPLANADA

LEOCARDO

O

S portugueses que chegam agora a Macau - e ainda vão sendo alguns, felizmente - poderão ficar surpreendidos com o nome de alguns dos arruamentos da RAEM. Quem se demora a observar as placas toponímicas do território diverte-se a pensar na origem do baptismo destas ruas, becos, travessas e pátios. Quando cheguei a Macau há vinte anos, ouvi falar de uma tal de “Ilha Verde”. Ilha Verde? - pensei eu - deve ser um sítio bestial, ideal para passar um fim-de-semana, umas férias, ou isso assim. Mas este tal Bairro da Ilha verde, “cheng chau” em chinês, não passa de um amontoado de barracas, habitações sociais e ferro-velho atirado lá para a zona norte da cidade. Tem muito pouco de verde, nada de ilha, e é populado por gente que pendura as cuecas nas janelas que dão para a rua. É um engodo. Mas o que seria de esperar de um sítio que fica perto de um tal Bairro do Fai Chi Kei? (fai chi significa “pau-

zinhos”, daqueles de comer, em chinês). Existe ainda um tal Canal dos Patos, onde não encontramos nenhuma ave daquele tipo – ou outra qualquer, para esse efeito. Outros locais como a Travessa das Janelas Verdes ou o Pátio do Jardim apresentam-se bastante cinzentões, decepcionantes. Existe aqui perto de casa uma tal Rua do Teatro, que além de não ter nenhuma sala de espectáculos visível, tem várias lojas de armazenamento e distribuição de fruta, tornando impossível a circulação de veículos e pessoas, especialmente depois das seis horas da tarde. Devia-se chamar Rua da Fruta. Perto da Igreja de S. Lourenço existe um tal Pátio das Seis Casas. Eu já lá estive e contei pelo menos oito! Existe, contudo, uma Travessa Curta, que faz jus ao nome. Não tem mais de

Existe, contudo, uma Travessa Curta, que faz jus ao nome. Não tem mais de dois metros de comprimento! Isto é que é chamar os bois pelos nomes

dois metros de comprimento! Isto é que é chamar os bois pelos nomes. Existe um Coloane um tal Pátio Pequeno, mas ainda não tive oportunidade de verificar a pequenez do mesmo. Como se sabe, os chineses não são adeptos de dar nomes de rua a personalidades históricas, figuras públicas ou beneméritos. Assim temos nomes muito simplistas, como a Travessa dos Ovos ou o Beco dos Óculos, o Pátio da Cadeira ou o Pátio do Banco. Outros mais românticos ficam sempre bem num cartão postal: a Rua da Esperança, Felicidade, Fortuna, Harmonia, Riqueza, Saúde, Prosperidade, Tranquilidade ou Virtudes, a Travessa da Glória ou da Paixão, o Beco da Sorte, o Pátio da Eterna Felicidade ou da Eterna União. Sempre é menos deprimente do que viver no Beco do Desprezo (em Coloane, e adivinho que será perto do Estabelecimento Prisional de Macau), no Pátio da Ameaça, do Desgosto ou da Indigência. Curiosamante, não existem em Macau arruamentos com os nomes de desgraça, tragédia, miséria ou fome, mas bem podiam existir. Sem dúvida que é muito mais agradável ser abençoado e viver na RuaAlegre ou na Rua daAleluia, do que viver na Rua da Cadeia ou na sua correspondente de calão, a Rua da Cana. Quem é chique sempre pode morar na Travessa do Clube dos Iates, enquanto

os mais pobrezinhos ficam remetidos ao Beco das Barracas ou ao Beco das Barraquinhas. Ou ainda à Travessa do Hospital dos Gatos, onde deve ser impossível dormir devido aos miados de angústia. O evento dos Jogos da Ásia Oriental, realizados na RAEM em 2005, baptizou uma série de arruamentos, incluindo uma Avenida, Travessa e Praça, e exactamente, “dos Jogos da Ásia Oriental”, uma Rua do Desporto, e uma tal Rua da Patinagem, em Coloane. Esta deve ser dedicada aos orçamentos para a realização de certos eventos e projectos na RAEM, que são conhecidos por “patinar” de vez em quando. Disse eu de vez em quando? Queria dizer “sempre”. Ainda em Coloane, existem novos arruamentos com nomes bastante “floridos”: a Rua das Albízias, das Cássias Douradas, das Champacas Brancas, das Bauínias, das Árvores do Pagode, das Canforeiras, das Acácias Rubras, das Lichias, das Schimas, das Margoseiras ou das Mangueiras. Lindo, lindo, um deleite para os adeptos da floricultura e da botânica. Em contraste, existe em Macau um Pátio do Pivete, onde deve ser impossível abrir uma janela. E celebremos com alegria a toponímia de Macau, provavelmente a mais rica do mundo!


“Foste embora, meu amor / pela turva maré fria/ e aqui não passa um dia /que não se turve de dor ” Alice Tazem

ANGOLA EMÉRITO CAIU

A Assembleia Nacional aprovou ontem o Projecto de Lei Orgânica sobre o Regime Jurídico dos Ex-Presidentes e ex-vice-Presidentes da República, que sofreu várias alterações à forma inicial, designadamente a retirada da designação de Presidente Emérito. O diploma foi aprovado com 156 votos a favor, do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), o proponente, da Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE), do Partido de Renovação Social (PRS) e da Frente Nacional para a Libertação de Angola (FNLA), 20 contra, do grupo parlamentar da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), e nenhuma abstenção. Na reformulação fica estabelecido que os antigos Presidentes da República de Angola vão gozar das imunidades conferidas aos deputados da Assembleia Nacional, “nos termos das disposições combinadas do número 1 do artigo 133.º e do número 3 do artigo 135.º da Constituição da República de Angola”. No que se refere à pensão vitalícia dos antigos Presidentes, houve um recuo, passando agora os antigos Presidentes a beneficiar de 80% do salário base do Presidente da República em funções, enquanto anteriormente era estabelecida uma atribuição correspondente a 90%. Igualmente para os cônjuges dos antigos Presidentes da República à data do exercício das suas funções, que têm direito a uma subvenção mensal vitalícia equivalente a 60% do salário base de um ministro.

CÔNSULES PERCORREM VENEZUELA DE LÉS-A-LÉS

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A iniciativa vai levar “cônsules de carreira, cônsules honorários e os dois conselheiros sociais a percorrer mais de nove mil quilómetros até aos pontos mais recônditos da Venezuela”, anunciou ontem o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Luís Carneiro, durante uma audição na comissão parlamentar de Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas. “O agravamento da situação de instabilidade na Venezuela exige, da nossa parte, um acompanhamento periódico da evolução dos fenómenos dramáticos de violência, com profundas implicações humanitárias para a comunidade portuguesa radicada naquele país”, tinha afirmado o CDS no requerimento, propondo a audição, à porta fechada.

quinta-feira 29.6.2017

PORCO EXPORTAÇÃO PARA A CHINA COM LUZ VERDE

As exportações de carne de porco para a China serão oficializadas no próximo dia 5, anunciou ontem o ministro da Agricultura, Luís Capoulas Santos. Na comissão de Agricultura, o governante informou acerca da deslocação de uma delegação chinesa a Portugal para assinar “o contrato de abertura do mercado, numa cerimónia que vai ter lugar no Ministério da Agricultura”, em Lisboa. O ministro referiu que esta oficialização acontece depois de um “esforço muito grande e de muita paciência, porque são negociadores que exigem muita paciência”. “Mas foi possível concluir e as autoridades chinesas dão-me o prazer de vir a Portugal assinar esse acto”, disse.

FMI ACEITA REEMBOLSO ANTECIPADO DE PORTUGAL

Tabaco PARECER ASSINADO NA PRÓXIMA SEMANA

Consenso e discórdia

O

parecer da proposta de alteração ao regime de prevenção e controlo do tabagismo deverá ser assinado em breve. A indicação foi dada ontem pelo presidente da 2.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL), Chan Chak Mo, após a reunião de apreciação na especialidade onde foi lido o parecer. A proposta sofreu alterações de fundo, nomeadamente no que respeita à proibição inicial total de fumo nos casinos, e agora permite a existência de espaços para fumadores. No entanto, o parecer não avançou sem que Ng Kuok Cheong exigisse que a sua posição contra a alteração fosse registada no documento. Com Leong Veng Chai, são os dois deputados que se mantiveram contra a referida alteração. De acordo com Chan Chak Mo, Ng Kuok Cheong “espera que o seu argumento contra as salas de fumo nos casinos conste do parecer, na medida em que considera que não se

justifica que não haja isenção total de fumo”. A razão apontada pelo deputado pró-democrata tem que ver com o facto de as pessoas que frequentam as salas de jogo poderem aceder ao exterior. A justificação foi dada tendo em conta uma comparação com as salas de fumadores existentes nos aeroportos. Para Ng Kuok Cheong, a existência destes espaços nas áreas de embarque é aceitável porque, ao contrário dos casinos, “as pessoas estão ali confinadas e não podem de lá sair”, explicou Chan Chak Mo.

ATENÇÃO AO EXEMPLO

Já Mak Soi Kun não se impôs contra o diploma, mas faz um apelo para que numa próxima revisão, a ser feita daqui a três anos, o Governo pondere a inexistência total de espaços destinados a fumadores nas instituições de ensino superior. Actualmente, nestes estabelecimentos de ensino, e por serem dirigidos a maiores de 18 anos, podem ser delimita-

das áreas exteriores dirigidas aos que fumam. Mak Soi Kun considera que não é um bom exemplo para os jovens estudantes e que pede para que, no futuro, esta permissão seja retirada. “Ao contrário dos estabelecimentos prisionais, onde cabe à direcção a delimitação de um espaço para fumadores, os estabelecimentos de ensino superior devem ser isentos de espaços de fumo”, disse o presidente da comissão, para explicar a posição de Mak Soi Kun. Na actual apreciação, o Governo discutiu a situação dos estabelecimentos de ensino superior e considerou não existirem condições para que avançasse a sugestão de que só se pudesse fumar depois de um raio de um quilómetro. “Se um professor estiver no campus da Universidade de Macau e quiser fumar um cigarro, teria de passar o túnel e deslocar-se à Taipa para o fazer”, explicou Chan Chak Mo. Sofia Margarida Mota

sofiamota.hojemacau@gmail.com

Portugal já tem “luz verde” para avançar com o reembolso antecipado de mais 10 mil milhões de euros ao Fundo Monetário Internacional (FMI). Os restantes Estados-membros, deram o seu aval aos novos pagamentos, sendo que um deles, no valor de mil milhões de euros, deverá ser feito ainda este mês. “Aplaudimos a intenção de Portugal realizar pagamentos antecipados relativos aos empréstimos do FMI e estou satisfeito por anunciar que o Conselho do EFSF decidiu autorizar [esse reembolso] e apoiar este plano”, diz Klaus Regling, presidente do EFSF, em comunicado. “Estes pagamentos antecipados vão baixar o custo da dívida de Portugal [o custo da dívida ao FMI é de 4,6%], melhorar a sustentabilidade da sua dívida e enviar um sinal positivo para os mercados das melhorias das suas finanças”, acrescentou o responsável. A dívida bruta do país está em 247 mil milhões de euros, o equivalente a 130,6% do PIB.

REAL NEGA CHANTAGEM DE CRISTIANO RONALDO

O presidente do Real Madrid, Florentino Perez, disse na terça-feira que se está a especular sobre a alegada vontade de Cristiano Ronaldo em abandonar os ‘merengues’, rejeitando haver intenção do futebolista português em melhorar o seu contrato. “Impossível. Está há oito anos no Real Madrid e nunca utilizou esses métodos para melhorar o seu salário”, assegurou o presidente dos ‘merengues’. Perez não desmentiu o interesse do Real Madrid no jovem avançado francês Kylian Mbappé, embora tenha reconhecido ser complicado contratar a jovem estrela do Mónaco, de 18 anos. “É muito difícil um jogador de 18 anos ter lugar no ‘onze’ titular do Real Madrid.”, disse Florentino.


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