Hoje Macau 29 SET 2020 #4621

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VITOR MARREIROS

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ

TERÇA-FEIRA 29 DE SETEMBRO DE 2020 • ANO XX • Nº 4622

CLUBE MILITAR

DIVERSIDADE LUSÓFONA

MOP$10

hojemacau

EVENTOS

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E depois do adeus Ng Kuok Cheong e Au Kam San preparam-se para abandonar a luta política. Pelo menos, enquanto figuras de topo nas listas para as próximas eleições, daqui a cerca de um ano. Se Ng Kuok Cheong afirma que uma candidatura depende do seu estado de saúde,

Au Kam San diz mesmo que não pretende candidatar-se. Ambos afirmam querer encorajar os jovens a assumirem posições políticas, e embora digam existir candidatos potenciais para os seus lugares, não avançam, para já, com qualquer nome.

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PÁGINA 5

MINISTÉRIO PÚBLICO

LIVRO

FARPAS MACAENSES

SULU SOU SEM CASOS PÁGINA 7

GRANDE PLANO

BÉLA BARTÓK

MICHEL REIS

SUICÍDIOS I

PAULO JOSÉ MIRANDA

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2 grande plano

LIVRO

BRACO DE FERRO ´ “The Macanese Chronicles: A History of Luso-Asians in a Global Economy” é o título do mais recente livro de Roy Eric Xavier, académico da Universidade de Berkeley. Roy Eric Xavier defende que as associações macaenses não estão a desenvolver devidamente o seu papel de ligação entre a diáspora e as oportunidades económicas da Grande Baía e da China, mas Miguel de Senna Fernandes e Jorge Valente contestam: não só o interesse da diáspora é pouco como as associações não têm meios para fazerem esse trabalho

O

mais recente livro de Roy Eric Xavier, macaense e académico da Universidade de Berkeley, Califórnia, traça o retrato das comunidades luso-asiáticas ao longo dos séculos e o seu papel na construção da primeira economia a ligar a Europa à Ásia. Publicado pelo jornal Ponto Final e pela Far East Currents Publishing, e distribuído pela Amazon, a obra “The Macanese Chronicles: A History of Luso-Asians in a Global Economy” traça também o retrato da comunidade macaense desde os seus primórdios, sobretudo o seu papel económico. Mas Roy Eric Xavier não deixa de lançar algumas críticas sobre a actuação das associações de matriz macaense

quanto ao fraco aproveitamento das oportunidades económicas lançadas pela China nos dias de hoje, nomeadamente no que diz respeito ao projecto da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau. “Os líderes macaenses em Macau têm tido dificuldades em definir o seu próprio legado histórico enquanto tentam definir o papel da comunidade na agenda geopolítica da China”, lê-se nas conclusões do livro. O autor fala de falhas na comunicação entre associações e membros da comunidade macaense na diáspora que “procuram informação sobre oportunidades regionais de comércio e de negócios”. Há uma “apatia” e uma “falta de ligação com as empresas”, aponta Roy Eric Xavier.

“A falta de capacidade dos líderes macaenses de incluir empresários e profissionais de turismo” em actividades como os Encontros da Comunidade Macaense pode ter efeitos negativos, aponta o livro. “A indiferença em relação a novos negócios em Macau pode minar a relação dos macaenses com a China em geral”, lê-se. Ao HM, o autor defendeu que “as oportunidades que os líderes macaenses obtiveram da China desde a transição não foram utilizadas plenamente”. E dá exemplos. “O fundo recebido nos últimos 20 anos pelo Conselho das Comunidades Macaenses (CCM) foi dado para encorajar as trocas culturais, de turismo e empresariais com a diáspora macaense, mas o CCM não conseguiu atrair as gerações mais jovens.” Roy Eric Xavier alerta ainda para o decréscimo crescente da participação dos mais jovens nos Encontros, “na maioria devido ao facto de o CCM não envolver os macaenses jovens que querem trazer novas oportunidades de negócio para Macau”. “O CCM evita questões durante os Encontros sobre visitas a zonas tecnológicas em Shenzhen. Isto poderia ser apenas uma de muitas oportunidades para desenvolver parcerias, e para ajudar a diversificar a economia de Macau através do turismo cultural. Mas estas oportunidades não foram aproveitadas”, acrescentou.

OBJECTIVOS DISTINTOS

Roy Eric Xavier disse também ao HM que reuniu e comunicou com os líderes do CCM várias vezes, mas que teve sempre não como resposta às suas sugestões. “Disseram-me sempre que o seu interesse não passa pelo envolvimento nos negócios. Além disso, comunicaram com os líderes das casas de Macau na diáspora para não darem crédito à minha investigação ou a outras tentativas de envolvimento. Mas eu não vou desistir”, confessou. Para o autor, “é importante que a China reconheça os macaenses a nível internacional, especialmente os que residem nos EUA, Europa e Austrália, e que estão dispostos a ultrapassar as actuais tensões entre a China e os EUA ao trabalhar com a China, desenvolvendo parcerias

SOFIA MARGARIDA MOTA

LÍDERES DE ASSOCIAÇÕES CONTESTAM CONCLUSÕES DE NOVO LIVRO DE ROY ERIC XAVIER

“As oportunidades da Grande Baía estão a ser mal aproveitadas não apenas pelos macaenses, mas por Macau inteiro.” JORGE VALENTE PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO DE JOVENS MACAENSES

empresariais e culturais”. “O CCM e outros líderes macaenses em Macau que desperdiçam esta oportunidade não representam toda a comunidade”, frisou Roy Eric Xavier. Em relação ao projecto da Grande Baía, “alguns líderes macaenses em Macau simplesmente não vêem como o turismo cultural pode trazer novos visitantes às oportunidades de negócio”. “Muitos macaenses da diáspora estão envolvidos nas áreas da tecnologia e indústrias que o projecto da Grande Baía espera atingir. Não tem havido o encorajamento ou convites por parte do CCM ou de outras associações de macaenses para se envolverem”, aponta. Contactado pelo HM, Miguel de Senna Fernandes, presidente da Associação Promotora da Instrução dos Macaenses (APIM), disse que as associações locais não têm recursos financeiros e humanos para levar para a frente a tarefa que Roy Eric Xavier propõe. “Ele tem uma perspectiva que não é a nossa, a de aproveitar a comunidade para os negócios”, frisou. “Os Encontros não são para fazer negócios, mas se nascerem daí, tudo bem. As pessoas com quem contactamos não têm nada a ver com o mundo dos negócios, para começar. Sabemos as nossas limitações e as nossas associações não estão vocacionadas para isso”, disse Miguel de Senna Fernandes.

O presidente da APIM destaca também o facto de serem escassos os pedidos de informações por parte da diáspora macaense para o investimento. “A comunidade macaense que está na diáspora luta pela sobrevivência nos locais onde se encontram e trabalham, e a maioria deles não pensa na Grande Baía. Se é uma pena, claro que sim. Não recebemos pedidos de informações, que eu saiba. Ninguém da diáspora manifestou interesse em desenvolver algum projecto económico aqui.”

ACRESCENTAR E NÃO MUDAR

Miguel de Senna Fernandes não tem dúvidas de que, com mais recursos, até se poderia pensar em criar uma plataforma exclusivamente destinada aos negócios, à semelhança de uma câmara de comércio. Mas, para já, é impossível. Quanto a uma possibilidade de mudança na forma de actuação, o presidente da APIM diz que “não vamos mudar, mas podemos acrescentar”. “Há sempre horizontes para mais, desde que haja

“Muitos macaenses da diáspora estão envolvidos nas áreas da tecnologia e indústrias que o projecto da Grande Baía espera atingir. Não tem havido o encorajamento ou convites por parte do CCM ou de outras associações de macaenses para se envolverem.” ROY ERIC XAVIER

RÓMULO SANTOS

29.9.2020 terça-feira


grande plano 3

TIAGO ALCÂNTARA

terça-feira 29.9.2020

“Os Encontros não são para fazer negócios, mas se nascerem daí, tudo bem. (...) Sabemos as nossas limitações e as nossas associações não estão vocacionadas para isso.” MIGUEL DE SENNA FERNANDES PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO PROMOTORA DA INSTRUÇÃO DOS MACAENSES

até ao fecho desta edição não foi possível estabelecer contacto.

COMUNIDADES ESQUECIDAS

condições. Mas fora deste âmbito não é fácil ter esse tipo de ambição porque não temos meios. Caso contrário a própria comunidade portuguesa teria outra dinâmica. Mas com uma câmara de comércio não seria apenas para a comunidade, teríamos inevitavelmente de incluir membros que não têm nada a ver com a comunidade macaense. E assim seria apenas mais uma organização.” Jorge Valente, presidente da Associação de Jovens Macaenses, fala também de escassos pedidos de informação por parte da diáspora, uma média de dois por ano, um número que considera muito baixo. “As oportunidades da Grande Baía estão a ser mal aproveitadas não apenas pelos macaenses, mas por Macau inteiro. Até agora não houve o devido aproveitamento, mas com esta crise da covid-19 penso que as pessoas estão seriamente a querer aproveitar essas

oportunidades”, declarou ao HM. Quanto ao papel dos Encontros da comunidade macaense, “sempre foi uma decisão dos líderes de que não serviria apenas para reviver o passado ou como um espaço de convívio, mas para que tivesse também uma componente comercial de forma duradoura”. “Foi uma pena que isso não tenha acontecido, mas

“Os líderes macaenses em Macau têm tido dificuldades em definir o seu próprio legado histórico enquanto tentam definir o papel da comunidade na agenda geopolítica da China.” CONCLUSÃO DO LIVRO

é algo que não podemos forçar e que os participantes também têm de desenvolver”, acrescentou. Os programas dos Encontros da comunidade macaense passaram a incluir algumas visitas ao Interior da China e a Hengqin nos últimos anos, com a economia à espreita, mas a verdade é que é difícil contabilizar os resultados práticos.

“Quando vamos a Hengqin e quando visitamos empresas na China ou em Macau isso faz parte da componente empresarial, mas não dizemos que esta pessoa vai assinar um contrato com aquela empresa, por exemplo. Para isso acontecer teria de estar tudo bem negociado, os Encontros servem mais como um primeiro passo para esse contacto.” Jorge Valente não concorda que as associações mudem a sua matriz em função da vertente económica. “As pessoas têm é de saber os objectivos de cada associação e contactarem a associação certa para fazer as perguntas certas. Há perguntas que nos fazem e transmitimos essas questões a outras associações que têm a informação mais completa, ou dizemos para se deslocarem ao IPIM”, por exemplo. O HM tentou chegar à fala com Leonel Alves, presidente do CCM, mas

Este livro nasceu de alguns artigos já publicados no blogue Far East Currents, mas é sobretudo um retrato “das migrações [dos macaenses] e o desenvolvimento da sua cultura até ao presente”. “Queria destacar a grande comunidade macaense de Hong Kong, onde nasci. A segunda parte do livro conta-nos várias histórias de individualidades e eventos que, em conjunto, mostram a deterioração gradual das relações dos macaenses da segunda geração com o Governo colonial britânico. Esta é uma história que não está devidamente explorada e escrevi o livro também para encorajar mais investigações e bolsas para esta área”, defendeu ao HM. Mas o livro é também o retrato do desenvolvimento de várias comunidades luso-asiáticas em locais como Goa e Malaca. Comunidades essas que têm sido destinadas ao esquecimento, defende Roy Eric Xavier. “Os Governos e instituições de todo o mundo deveriam reconhecer e celebrar as contribuições destas comunidades para a cultura de cada país. Há muitas influências que não são reconhecidas, incluindo a língua, arte e diferentes gastronomias. O facto de muitas destas comunidades terem mantido estas tradições desde o século XVI sugere a longevidade e a força destas culturas, bem como as contribuições que os portugueses trouxeram a diferentes culturas no mundo”, rematou. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo


4 política

29.9.2020 terça-feira

ANÁLISE PAULO CARDINAL ACHA QUE MACAU CAMINHA PARA UM ESTADO POLICIAL

Teoria da inevitabilidade

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AULO Cardinal entende que Macau e Hong Kong estão a caminhar, percorrendo estradas diferentes, em direcção de um estado policial moderno. A consideração do jurista e ex-assessor da Assembleia Legislativa foi feita num seminário online organizado pela Faculdade de Direito da Universidade de Hong Kong. “Infelizmente, depois da entrada em vigor da Lei de Segurança em Hong Kong e dos desenvolvimentos em Hong Kong e Macau, vemos claramente que estamos a evoluir para um novo tipo de estado de polícia, para um certo tipo de reincarnação de estado policial”, afirmou Paulo Cardinal, durante o seminário, citado pela TDM - Rádio Macau. De acordo com o orador, a evolução política passa muito pela necessidade de os dirigentes das regiões administrativas especiais agradarem ao Governo Central, mesmo recorrendo a justificações ilegais: “há uma certa vontade, cada vez mais visível dos dirigentes em agradar, de justificar tudo, mesmo quando as coisas não são justificáveis nos termos da lei. E nós, juristas ou advogados, temos de procurar justificações que são legais, não só justificações que são meramente políticas ou ilegais”, considerou. Segundo Paulo Cardinal a deriva política face aos propósitos legais foi exemplificada numa entrevista de Sam Hou Fai, presidente do Tribunal de Última Instância de Macau, em que relegou a justiça

O

presidente da Associação de Estudos Sintético Social de Macau e ex-candidato às eleições legislativas, Nelson Kot, considera que deve existir uma cláusula que obrigue os casinos a dar 10 por cento das receitas para aliviar as despesas do Governo com o Metro Ligeiro. “Antes do concurso das novas licenças de jogo, deve ser criada uma cláusula que obrigue os casinos a pagar 10 por cento da sua receita anual para investir no nosso Metro Ligeiro. Como os casinos estão numa posição privilegiada, devem

SOFIA MARGARIDA MOTA

O jurista defendeu ontem que Hong Kong e Macau vão ter destinos iguais, apesar dos caminhos diferentes. Paulo Cardinal recordou que o presidente do TUI, Sam Hou Fai, declarou que mais do que fazer justiça, a prioridade dos tribunais é manter a estabilidade

semana passada, onde defendeu o papel dos tribunais em termos de aplicação da lei. Podemos ver as diferenças nestes exemplos. Em Macau, o que é suposto acontecer vai acontecer de forma suave e energética, mas em Hong Kong encontra resistência”, observou. Porém, para o jurista, uma postura diferente em Hong Kong vai acabar com o mesmo resultado. “No final de contas, a política e os resultados, mais ou menos dolorosos, vão ser os mesmos”, acrescentou. Paulo Cardinal deixou ainda críticas à forma como a Lei de Segurança Nacional de Hong Kong foi apresentada, nomeadamente com o facto de alguns governantes da região vizinha, como a Chefe do Executivo, Carrie Lam, terem

“O presidente promoveu o papel do TUI como um guardião da estabilidade, que existe para defender a estabilidade da região de Macau, de Hong Kong e da China, e não para aplicar a lei e fazer justiça.” PAULO CARDINAL JURISTA

para segundo lugar no âmbito das suas funções. “O presidente promoveu o papel do TUI como um guardião da estabilidade, que existe para defender a estabilidade da região de Macau, de Hong Kong

e da China, e não para aplicar a lei e fazer justiça”, atirou.

CAMINHOS DIFERENTES

Por contraste, o ex-jurista da Assembleia Legislativa indicou

Custódia partilhada Ex-candidato à AL sugere que casinos subsidiem o Metro Ligeiro com 10% das receitas

investir no Metro Ligeiro, aliviando o encargo do Governo e da população”, afirmou ontem Nelson Kot, por ocasião de um fórum de debate sobre a linha leste do Metro Ligeiro organizado pela Aliança de Povo de Instituição de Macau. Sobre a nova linha anunciada no Plano Director e que prevê a ligação das Portas do Cerco à

Taipa, o responsável criticou a falta de pormenores relativamente ao número estimado de passageiros a transportar e ao custo-eficácia da obra. Já Ron Lam, presidente da Associação de Sinergia de Macau, defendeu na mesma ocasião, que o Metro Ligeiro devia estar ligado ao futuro posto fronteiriço de Qing

que em Hong Kong há maior resistência ao caminho para o estado policial. “Em comparação, Geoffrey Ma [presidente do Tribunal de Último Recurso de Hong Kong] fez uma comunicação na

Mao, dado que será expectável que venha a ter uma elevada taxa de utilização ao longo do tempo, devido à proximidade com a estação de alta velocidade de Zhuhai.

MAIOR PARTICIPAÇÃO

No mesmo evento organizado pela Aliança do Povo, o coordenador do programa de planeamento urbanístico e design da Universidade da Cidade de Macau, Li Chaosu, indicou que a ligação entre a comunidade e a linha leste do Metro Ligeiro é “fraca” por deixar de fora os residentes da península. Para o

dito que a legislação só afectaria algumas pessoas. “Isto não é verdade. É sempre suposto que as leis se apliquem a uma pequena minoria, violações homicídios, etc.. Ninguém acredita numa população em que todos sejam assassinos. Mas esta lei não afecta apenas um pequeno número de pessoas, há regras que se aplicam a todas as escolas, e não a uma, regras que se aplicam a todas as universidades, a todos os jornalismos e adiante...”, justificou. João Santos Filipe

joaof@hojemacau.com.mo

responsável, deveria estar contemplada no Plano Director, a criação de uma interface que incluísse, não só uma estação, mas também outros transportes públicos, acessível à população da península. Li Chaosu considera que o Governo deve também apostar na criação de um plano específico de prevenção de desastres dedicado ao Metro Ligeiro, acrescentando que a população deve ser consultada durante a formulação dos projectos de planeamento urbanístico e não apenas no final, quando já está tudo decidido. N.W. e P.A.


política 5

A

cerca de um ano das próximas eleições da Assembleia Legislativa (AL), Au Kam San declarou não pretender voltar a candidatar-se, enquanto a decisão de Ng Kuok Cheong está pendente do seu estado de saúde. Mas numa coisa são assertivos: a candidatarem-se, não serão cabeças de lista. A informação foi avançada no canal chinês da TDM - Rádio Macau, noticiou ontem a Macau Concealers, explicando que pretendem encorajar mais jovens a participar na política. “Em princípio, não me vou candidatar nas eleições legislativas”, disse Au Kam San ao HM, acrescentando que ainda não pensou numa pessoa para ocupar a liderança da lista, nem está a ser organizada uma equipa para o próximo sufrágio. Por sua vez, Ng Kuok Cheong reiterou que a sua candidatura está dependente do estado de saúde. “No entanto, se me candidatar, não vou ocupar o primeiro lugar da lista, para apoiar as pessoas a participarem”, explicou o pró-democrata ao HM. Sem avançar nomes, o deputado afirmou existirem candidatos potenciais, mas que ainda não há consenso.

VONTADE DE VOLTAR

ANTÓNIO FALCÃO

terça-feira 29.9.2020

Au Kam San, deputado “Em princípio, não me vou candidatar nas eleições legislativas.”

ELEIÇÕES NG KUOK CHEONG E AU KAM SAN NÃO DEVERÃO SER CABEÇAS DE LISTA

Passar o testemunho

Caso concorra às eleições do próximo ano para a Assembleia Legislativa, Ng Kuok Cheong não ambiciona ocupar a posição de topo das listas. O seu companheiro de bancada, Au Kam San, explica que não pretende sequer recandidatar-se

Por outro lado, vários deputados eleitos por sufrágio directo manifestaram a intenção de concorrer às eleições. Zheng Anting descreveu a importância da fiscalização dos deputados para uma boa governação e que espera continuar a servir o público, avançando que vai recandidatar-se. Sobre os tempos mais próximos, prevê que em Outubro a Assembleia Legislativa tenha de fazer horas extra para permitir que as propostas de lei

que afectam a vida das pessoas sejam aprovadas atempadamente. O deputado também criticou a lentidão dos procedimentos administrativos do Governo em alguns casos de recuperação de terrenos, esperando que a legislação futura seja melhor. De acordo com a Macau Concealers, Angela Leong descreveu

Saúde Subsídio para seguro na China aumenta 30 patacas

O

O valor do subsídio para os residentes que vivem em algumas zonas do Interior da China e aderiram ao Seguro Básico de Saúde aumentou. A actualização foi publicada ontem em Boletim Oficial através de despachado assinado pelo Chefe do Executivo. No caso de portadores de deficiência e idosos, o montante subiu de 490 para 520 patacas, enquanto para crianças até 10 anos e alunos do ensino primário e secundário se fixou em 250 patacas, mais 30 patacas.

deputado Leong Sun Iok quer saber se em caso de morte a legislação de Macau garante aos herdeiros o direito de sucesso sobre contas online e bens virtuais, assim como acesso a ficheiros e fotografias. A preocupação de deputado decorre das mudanças nos padrões de consumo, já que cada vez mais empresas proporcionam versões digitais de música, livros, filmes e jogos, através de plataformas online. Estes bens são pagos com dinheiro real, mas não são físicos. “O desenvolvimento da tecnologia da informação trouxe conveniência e transformou o estilo de vida da humanidade”, observou em interpelação escrita. A melhoria do desempenho da internet móvel,

que os três anos desta legislatura “passaram muito depressa”. Para além de instar o Governo a concluir a lei do jogo antes da revisão das concessões, comprometeu-se em ajudar as comunidades desfavorecidas e o desenvolvimento industrial durante a epidemia. Sobre a possibilidade de se candidatar para um quinto mandato na Assembleia

Legislativa, disse que depende da aceitação da sociedade do seu trabalho passado, mas que está disposta a concorrer novamente. De entre os membros das associações tradicionais, Leong Sun Iok disse que participar nos trabalhos legislativos é um grande desafio, e que está disposto a continuar a servir a sociedade indepen-

Legado digital Leong Sun Iok quer garantias legais para herança de bens virtuais

a redução de tarifas e o desenvolvimento dos smartphones, são factores que, na óptica de Leong, levaram a opção por serviços de nuvem para armazenar ficheiros e fotografias. À semelhança de itens em jogos online, estes bens existem “em formato de dados” e não precisam de ser transportados em discos rígidos ou cartões de memória, mas Leong Sun Iok realça o seu valor económico e emocional. “À medida que as pessoas acumulam cada vez mais itens virtuais online, têm preocupação crescente

com direitos e interesses relacionados com as contas e os seus itens”, declarou o deputado. De acordo com Leong Sun Iok, as disputas sobre a herança e o acesso aos bens, emails, ficheiros e fotografias guardados através de computação em nuvem estão a tornar-se mais comuns a nível mundial. Assim, quer saber que protecção existe, além da lei de combate à criminalidade informática.

SEM CONTROLO

O legislador reconhece que a situação varia consoante os fornecedores de serviços.Alguns permitem a passagem

dentemente da sua posição. Wong Kit Cheng, da Associação Geral das Mulheres, expressou apenas ter esperança de que as eleitoras ganhem mais voz na Assembleia, enquanto Ho Ion Sang relevou simplesmente que vai concorrer às eleições.

da conta para os herdeiros mediante certificação, outros referem expressamente a ausência de direito de sucessão. Nesses casos, quando um utilizador morre a conta é encerrada e o conteúdo apagado. “Esses termos estão no contrato produzido pelos fornecedores, e os residentes não têm margem para negociação”, lamentou Leong Sun Iok, acrescentando que a menos que as pessoas não usem os serviços, a opção que resta é aceitarem os termos. O que acontece aos perfis das redes sociais em caso de falecimento tem sido tema de debate nos últimos anos. As instruções do Facebook, por exemplo, explicam que um utilizador pode definir que em caso

Salomé Fernandes e Nunu Wu info@hojemacau.com.mo

de falecimento a conta é permanentemente eliminada, ou nomear uma pessoa para tratar da conta depois de esta ser transformada em memorial. Esse contacto não pode iniciar sessão na conta nem ler mensagens, mas pode pedir a remoção da conta, escrever uma publicação ou actualizar a fotografia de perfil. As orientações mudam no Twitter, que em caso de morte do utilizador pode trabalhar com uma pessoa autorizada ou com parente próximo para desactivar a conta. Não é dado acesso à conta. Por outro, os termos de utilização do WeChat não especificam o que acontece em caso de morte. S.F.


6 sociedade

TIAGO ALCÂNTARA

Num inquérito feito a 107 turistas, apenas 16,8 por cento admitiu ter vindo a Macau para jogar. Mais de metade justificou a deslocação ao território com a vontade de fazer compras

29.9.2020 terça-feira

C

OMPRAS e férias. Foram estes os principais motivos que levaram os turistas de Zhuhai e Cantão a visitarem Macau entre 12 e 26 de Agosto, de acordo com um inquérito feito pelo Centro de Pesquisa de Macau. Entre os 107 turistas inquiridos numa fase em que apenas estavam a ser emitidos vistos de visita individual às pessoas da província de Cantão, mais de 51,4 por cento apontou que veio a Macau para fazer compras. A segunda razão mais mencionada foi passar férias, com uma proporção de 21,5 por cento, seguida pela

TURISMO VISITANTES ATRAÍDOS POR COMPRAS E FÉRIAS

Viva os saldos justificação “jogar”, com uma proporção de 16,8 por cento. Em relação ao consumo, os turistas deixam uma média de 9.018 patacas em Macau, sendo que 5.713 patacas, ou seja 63,3 por cento, tem como destino as compras. Já o montante gasto com comida nos restaurantes locais é de cerca de 1.830 patacas, ou seja 20,3 por cento. A nota sobre o inquérito do Centro

de Pesquisa de Macau não indica os montantes gastos nas mesas de jogo. Quanto à estadia em Macau, o estudo indica que mais de metade dos turistas entra e sai do território no mesmo dia, numa proporção de 51,4 por cento, sendo que a média de permanência é de 1,9 dias. Ainda em relação aos visitantes pós emissão de vistos de turismo individual, para a

esmagadora maioria, ou seja 92,5 por cento, esta é uma viagem repetida. Por outro lado, 7,5 por cento dos 107 inquiridos estava em Macau pela primeira vez.

MAIS DE 200 MIL VISITANTES

Segundo os dados disponibilizados pela Direcção de Serviços de Censos e Estatística (DSEC), em Agosto entraram em Macau 227.113 visitantes,

o que significa praticamente o triplo das 74.006 visitas à RAEM, registadas em Julho. Entre os motivos que levaram estas pessoas a escolherem Macau, nesta altura, o principal motivo foi a segurança na RAEM e as medidas implementadas nesta matéria. Esta foi a justificação de 36 por cento dos inquiridos. Por outro lado, 28 por cento respondeu que veio a Macau por gostar dos produtos aqui podem comprar e 11 por cento afirmou que as visitas se devem ao facto de os preços serem agora mais baratos, do que em alturas anteriores. Sobre a satisfação da viagem, os inquiridos deram uma nota de 7,9 pontos a

Em relação ao consumo, os turistas deixam uma média de 9.018 patacas em Macau, sendo que 63,3 %, tem como destino as compras Macau, numa escala que tinha como nota máxima 10. Por outro lado, 25,2 por cento considerou que a viagem para Macau é actualmente mais confortável porque há menos pessoas. João Santos Filipe

joaof@hojemacau.com.mo

SEMANA DOURADA CONSUMIDORES CHINESES DIZEM PREFERIR MACAU E HAINÃO COMO DESTINOS

AGÊNCIAS DE VIAGENS QUEBRA DE RECEITAS DE 9,5 POR CENTO

STE ano, a velha Europa vai dar lugar a Macau e Hainão como mercados preferenciais para os consumidores chineses fazerem compras de produtos e actividades de luxo durante a Semana Dourada. Especialistas citados pela Vogue Business acreditam que, o facto de o Centro Chinês de Controlo e Prevenção de Doenças ter desaconselhado a população a fazer viagens transfronteiriças desnecessários e a retoma dos voos domésticos no território para níveis anteriores à pandemia, podem reverter a favor do mercado doméstico. “Em vez de viajarem para Paris ou Tóquio, os consumidores de bens de luxo deverão dirigir-se para Macau e Hainão. Muitas pessoas continuam a comprar bilhetes para destinos

S agências de viagens registaram, o ano passado, receitas de 8,29 mil milhões de patacas, uma queda de 9,5 por cento, informou ontem a Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC). Também as despesas das agências registaram uma quebra de 11 por cento, atingindo um valor de 7,79 milhões de patacas. O ano passado operavam em Macau 218 agências de viagens, menos três do que em 2018, tendo-se registado um aumento de 131 trabalhadores, o que culminou num total de 4.614 funcionários. Segundo a DSEC, este aumento deveu-se ao facto de

E

de compras”, afirmou Marie Tulloch da Emerging Communications. “As marcas têm aqui uma grande oportunidade de capitalizar”, acrescentou. De acordo com o analista da Deloite, Zhang Tianbing, Macau irá ser um dos principais beneficiados com a mudança do fluxo do mercado de luxo já que, além da retoma na emissão de vistos turísticos em vigor desde a passada quarta-feira, os descontos e ofertas especiais que as concessionárias e o Governo

têm vindo a promover, podem surtir um efeito muito positivo. Além disso, o analista lembra que estão em marcha promoções de bilhetes de avião “leve dois, pague um” com destino a Macau e que existem já hotéis como o Ritz Carlton e o Morpheus, cuja taxa de ocupação já se encontra lotada para o período da Semana Dourada. Outro dos destinos que deve capitalizar com a aposta doméstica do turismo de luxo é a ilha de Hainão. Segundo o analista ligado ao sector das viagens, Olivier Ponti, as reservas para [a cidade de] Sanya “já estão acima dos valores do ano passado em 25,5 por cento”. No ano passado, os gastos domésticos durante a Semana Dourada, atingiram 650 mil milhões de yuan. P.A.

A

que “algumas agências de viagens recrutaram mais motoristas em virtude do aumento da procura de aluguer de automóveis de turismo com motorista”. Relativamente às receitas provenientes dos serviços de reservas de quartos (2,59 mil milhões de patacas), das excursões (2,17 mil milhões de patacas) e dos bilhetes de transporte de passageiros (1,51 mil milhões de patacas) desceram 11,2, 12,6 e 14,7 por cento, respectivamente, uma vez que “o número de visitantes em excursões diminuiu e os residentes viajaram para o exterior recorrendo menos aos serviços

das agências”. Pelo contrário, as receitas oriundas do aluguer de automóveis de turismo com motorista foram de 1,34 mil milhões de patacas, ou seja, mais 10,8 por cento. O valor acrescentado bruto, que reflecte o contributo económico do sector, foi de 1,37 mil milhões de patacas, mais 10,6 por cento, relativamente a 2018, uma vez que “as despesas das agências de viagens realizadas em compras de bens e serviços, assim como comissões, desceram de forma acentuada, apesar de as receitas terem diminuído”, esclarece a DSEC.


sociedade 7

terça-feira 29.9.2020

COVID-19 TRIBUNAIS RECEBEM 23 CASOS LIGADOS À EPIDEMIA

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STE ano, o Tribunal Judicial de Base admitiu 23 casos relacionados com a epidemia pelo novo tipo de coronavírus, comunicou o gabinete do presidente do Tribunal de Última Instância. Dos 18 casos que recaíram sob a alçada dos juízos criminais, já foi conhecida a sentença de 12, enquanto os restantes aguardam julgamento. A maioria dos casos é relacionada com infracções de medidas sanitárias preventivas, como submeter dados falsos na declaração de saúde, saída do local de quarentena e não obedecer a instruções para fazer teste de ácido nucleico. No entanto, houve ainda três casos de uso de documento de identificação de terceiros para compra de máscaras, dois de falsa venda destes bens através da internet e um outro de sujar máscaras que estavam para venda. Relativamente aos casos por suspeita de infracção da medida sanitária preventiva, seis arguidos foram condenados a pena suspensa de prisão

de um a três meses e um outro arguido a pena suspensa de três meses de prisão, com a condição de pagar 80 mil patacas ao “Desafio Jovem” para reparar o mal do crime. Note-se que outros dois arguidos foram condenados a prisão efectiva, com penas entre três meses e um ano e dois meses de prisão, sendo que um deles recorreu da decisão para o Tribunal de Segunda Instância.

MP CASO DE DESOBEDIÊNCIA AGRAVADA DE SULU SOU ARQUIVADO

A cruz que carrega

O último caso na justiça que pendia sobre Sulu Sou foi arquivado pelo Ministério Público e já não vai a julgamento. A investigação referia-se a uma acção de campanha em que um voluntário afixou uma bandeira fora do local permitido. O caso, que também arrastou Paul Chan Wai Chi, demorou mais de 1000 dias a ser investigado

Um dos arguidos que usou documentos alheios para comprar máscaras foi absolvido, e o outro condenado a pena suspensa de seis meses de prisão. Já o individuo julgado por sujar com saliva as máscaras postas à venda foi condenado a pena suspensa de dez meses de prisão. S.F.

Falsificações Mais de 17 mil máscaras apreendidas

As alfândegas de Guangdong, Hong Kong e Macau apreenderam mais de 2.57 milhões de produtos falsificados, incluindo máscaras, auscultadores, sapatos, relógios e vestuário, noticiou o canal chinês da TDM Rádio Macau. Entre os bens encontrados estavam 17.520 máscaras N95 com o logótipo “3M”, num valor de 175 mil yuan. De acordo com a filial de Guangdong da Administração Geral das Alfândegas, a operação decorreu entre 24 de Agosto e 13 de Setembro, e fez parte da operação nacional especial de protecção de propriedade intelectual.

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ESTE momento, Sulu Sou não é suspeito de nenhum crime, nem está a ser julgado num processo criminal. Uma situação inédita em muitos anos. Segundo uma declaração publicada ontem no Facebook, o deputado pró-democracia foi notificado de que o caso em que era suspeito do crime de desobediência qualificada foi arquivado. “Já passaram três anos. Recentemente, recebi uma notificação do Ministério Público. Devido à falta de provas para demonstrar que o meu comportamento constituiu a alegada desobediência agravada, decidiram não me acusar. O que significa que me tornei, temporariamente, uma pessoa sem casos”, escreveu Sulu Sou. A notificação dizia respeito a uma acção de campanha da lista encabeçada por Sulu Sou às eleições legislativas de 2017, quando um voluntário terá afixado uma bandeira num local que não estava designado

pela Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa. Além da razão que motivou a investigação, com versões contraditórias entre as autoridades e os candidatos e apoiantes da campanha, Sulu Sou questiona a morosidade da investigação de um caso nascido de um acto aparentemente tão elementar como a afixação de bandeiras. “Demoraram mais de 1000 dias com um simples caso de colocação de bandeiras na rua, da denúncia à investigação, até ao arquivamento. Qual foi o efeito social alcançado com este processo?”, questionou o deputado.

A BRAÇOS COM A JUSTIÇA

Os processos judiciais têm sido uma constante na curta

vida política de Sulu Sou, cujo mandato enquanto deputado foi suspenso para ser julgado também por um crime de desobediência agravada, abrindo um capítulo na história da Assembleia Legislativa que nunca tinha sido vivido até então. O caso em que foi julgado ao lado de Scott Chiang, devido a manifestação, alegadamente, não autorizada, culminou com aviões de papel a serem atirados para dentro da Sede do Governo. No decorrer do processo judicial, o deputado acabou por ser condenado a pena de multa de 120 dias pelo crime de manifestação e reunião ilegal. “Para ser claro, até ao fim, enfrentei este caso com indiferença. É preciso estar preparado para suportar todo o tipo de acusações infundadas

“Fiquei com registo criminal na sequência do caso do avião de papel na Colina da Penha. Mais casos podem surgir no futuro e posso, até, vir a ser preso.” SULU SOU DEPUTADO

de crimes quando se escolhe correr nesta maratona para promover o progresso social”, escreveu o deputado. “Fiquei com registo criminal na sequência do caso do avião de papel na Colina da Penha. Mais casos podem surgir no futuro e posso, até, vir a ser preso”, acrescentou. Na mesma publicação, o deputado revela como começou o dia depois da noite das eleições que o conduziram ao hemiciclo. “Acho que nenhum de vocês sabe que a primeira coisa que fiz depois de acordar no dia depois das eleições não foi agradecer aos eleitores, mas foi dirigir-me para a esquadra da polícia para ser interrogado. Todos os actos de assédio, calúnias e acusações persistiram durante um longo período de tempo. Durante este período, entrei e saí da esquadra da polícia cinco vezes”. João Luz

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29.9.2020 terça-feira

IC MORTE DE XIAN XINGHAI ASSINALADA COM FILMES E WORKSHOPS

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M comemoração do 75.º aniversário da morte do músico e compositor de Macau Xian Xinghai, o Instituto Cultural (IC) vai organizar sessões de cinema e workshops de ukulele entre Outubro e Novembro, no Museu Memorial de Xian Xinghai. As sessões de exibição do filme “O Compositor”, filme inspirado em Xian Xinghai, decorrerão nos dias 26, 30 e 31 de Outubro, entre as 15h00 e as 17h00 horas. Já para “permitir ao público apreciar as composições musicais de Xian Xinghai fora das salas de concerto”, serão realizadas seis sessões para famílias e seis sessões abertas do workshop de criação artesanal de ukulele entre Outubro e Novembro. Ao longo dos workshops os participantes terão ainda oportunidade de aprender a tocar canções para a infância da autoria de Xian Xinghai. Além destas duas actividades, o Museu Memorial Xian Xinghai irá oferecer visitas guiadas adicionais entre Outubro e Dezembro, incluindo visitas todos os sábados, entre as 15h00 e as 16h00 horas, e no dia 30 de Outubro. Segundo o IC os eventos comemorativos de Xian Xinghai têm como objectivo “aprofundar o conhecimento do público sobre a vida, o percurso artístico e o espírito patriótico deste músico, bem como promover a educação patriótica junto da comunidade”. P.A.

Cristiano Mangovo

“É

uma mostra diversificada que nos obrigou a um esforço complementar para tentar que, no conjunto, pareça uma salada bem composta e não um ajuntamento de obras”. É desta forma que José Duarte, curador da exposição de Pintura Lusófona que arranca amanhã no Clube Militar de Macau, descreve o facto de não existir um tema subjacente ao evento. Como em anos anteriores, o objectivo passa celebrar as relações com os países Lusófonos através da mostra do trabalho de artistas plásticos contemporâneos de cada um dos países de língua portuguesa, ou seja, Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe, Timor e ainda de Macau. No total, vão estar expostos entre 30 de Setembro a 2 de Novembro, 27 trabalhos originais, três de cada um dos nove artistas convidados. “A exposição não tem um tema comum para além da Lusofonia e, por isso,

Vitor Marreiros

Preciosa dive PINTURA ARTE LUSÓFONA NO CLUBE MILITAR A PARTIR DE AMANHÃ

A exposição de Pintura Lusófona regressa amanhã ao Clube Militar, onde poderá ser vista até 2 de Novembro. Ao todo, são nove os artistas oriundos dos países de língua portuguesa que vão expor 27 obras originais. A mostra, que não tem tema, obrigou a curadoria a partir em busca de “alguma harmonia” procurámos que fosse uma exposição diversificada, que mostre diferentes abordagens, sensibilidade e técnicas. É uma mostra da diversidade das artes plásticas no mundo Lusófono, em que os curadores procuraram, como é natural, que nessa diversidade haja, apesar de tudo, alguma harmonia”, explicou José Duarte ao HM.

Apesar dos contrangimentos provocados pela pandemia terem levado a organização a “repetir artistas” de anos anteriores “dadas as dificuldades de comunicação”, o curador sublinha que existem vários pontos de interesse na edição deste ano, tendo destacado o artista angolano Cristiano Mangovo, que nunca expôs em Macau, e o artista local

Vitor Marreiros. “O Cristiano Mangovo, de Angola é provavelmente a maior novidade. É um artista em ascensão que nunca expôs em Macau e cuja obra é para acompanhar. O Vitor Marreiros, é um conhecido artista e designer local que tem um estilo muito característico e algumas das suas obras têm características mais impres-

sionistas na forma de pintar, ou até abstractas”, partilhou o curador. Para além dos dois artistas, a exposição de Pintura Lusófona vai ainda acolher os trabalhos originais de Jayr Peny (Brasil), Tutu Sousa (Cabo Verde), Sidney Cerqueira (Guiné-Bissau), Suzy Bila (Moçambique), Fernando Direito (Portugal), Eva


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terça-feira 29.9.2020

HOJE TERAPIA Paula Bicho

Naturopata e Fitoterapeuta • obichodabotica@gmail.com

Ansiedade parte II e nervosismo • DESCRIÇÃO Diversas plantas actuam sobre o sistema nervoso através dos seus constituintes químicos, acalmando a mente e relaxando o corpo. Vamos conhecer Hoje algumas delas:

Ashwagandha, Withania somniferum, raiz e fruto: Usada na medicina ayurvédica há mais de 4000 anos, a Ashwagandha é uma planta adaptogénica com acção sedativa. Muito recomendada para acalmar o stress, a ansiedade e a hiperactividade, é um excelente tónico e reconstituinte para situações de exaustão, fraqueza crónica e debilidade nervosa, bem como para anémicos, convalescentes e idosos. Tem também sido usada na demência senil. Pode ser tomada em comprimidos, tintura ou decocção. Para melhores resultados, o tratamento deve ser prolongado (vários meses).

ersidade Tomé (São Tomé e Príncipe) e Dulce Martins (Timor-Leste).

DESAFIOS E INCERTEZAS

Depois da exposição prevista para Junho, também ela integrada no ciclo “Pontes de Encontro” do Clube Militar e dedicada à pintura portuguesa, ter sido cancelada, a organização da Pintura Lusófona “confrontou-se com muitas dificuldades” e custos adicionais resultantes das restrições de comunicação e transportes, impostas pela covid-19. “Uma exposição deste tipo envolve, da nossa parte, contactos com os artistas e os seus atelier. Tudo isso foi limitado e executado por teletrabalho. Os custos de transportes

foram elevadíssimos para garantir que as obras estavam cá em tempo útil”, partilhou José Duarte.

“Procurámos que fosse uma exposição diversificada, que mostre diferentes abordagens, sensibilidade e técnicas. É uma mostra da diversidade das artes plásticas no mundo Lusófono.” JOSÉ DUARTE CURADOR

Quanto ao número de visitantes esperados, o curador assume estar preparado para a ideia de haver “alguma perda em relação ao que é normal”, embora o impacto da Semana Dourara continue a ser “uma grande incógnita”. “Existe muita incerteza quanto aos fluxos turísticos da cidade, cujas visitas são uma componente importante do público das exposições do Clube Militar”, acrescentou. A exposição estará patente no Clube Militar de Macau entre 30 de Setembro e 2 de Novembro, entre as 12h00 e as 19h00. Pedro Arede

pedro.arede.hojemacau@gmail.com

Aveia, Avena sativa, sementes e partes aéreas: Muito conhecida como cereal, a Aveia é um excelente alimento e planta medicinal para o sistema nervoso. Constitui uma boa fonte de vitamina B, sendo nutritiva, tónica e antidepressiva. Melhora a resistência nervosa, combatendo a falta de ânimo associada à ansiedade e melhorando o sono agitado devido ao cansaço. Está indicada na fragilidade nervosa, estados depressivos, stress e esgotamento nervoso, especialmente na menopausa. É ainda benéfica na desabituação do tabaco ou de drogas. Pode ser tomada como alimento, em tintura ou cápsulas. Camomila, Chamomilla recutita (sin. Matricaria recutita), flor e óleo essencial: Existente no estado selvagem na Europa e Ásia temperada, a Camomila já era conhecida como remédio na Antiguidade, sendo actualmente uma das plantas medicinais europeias mais usadas. Tem propriedades sedativas, relaxantes suaves e antiespasmódicas, sendo excelente para os bebés e crianças. Nas dosagens adequadas, a infusão pode ser administrada a bebés a partir dos seis meses de idade. A Camomila atenua a tensão nervosa dos adultos e acalma

os bebés rabugentos e cansados, promovendo o relaxamento e favorecendo uma boa noite de sono. Também é útil no tratamento das perturbações digestivas provocadas pela ansiedade e pelo stress, como por exemplo a síndrome do cólon irritável, e na tensão muscular resultante da sobrecarga emocional ou física. Pode ser tomada em infusão ou tintura. Para melhores resultados, deve ser usada planta de boa qualidade. Escutelária-da-Virgínia, Scutellaria lateriflora, partes aéreas: Nativa dos EUAe Canadá, a Escutelária-da-Virgínia apresenta umas características flores de cor rosa-azulada. Além de ser sedativa, é um tónico nervoso e um fortificante de eleição, sendo considerada um “alimento” para o sistema nevoso.Assim, é muito indicada no tratamento da ansiedade, insónia e esgotamento devido a stress prolongado, insónias ou dores crónicas, promovendo a calma e o relaxamento, e combatendo a tristeza e o sono agitado. Pela actividade antiespasmódica pode ser benéfica no alívio da tensão muscular, dores de cabeça de tensão e enxaquecas, que tantas vezes acompanham a ansiedade e a preocupação. Pode ainda ser útil em algumas perturbações neurológicas, como tonturas, zumbidos nos ouvidos e fadiga crónica. Pode ser tomada em tintura, cápsulas ou comprimidos. Verbena, Verbena officinalis, partes aéreas: Usada tradicionalmente quer no Ocidente quer na China, a Verbena é um tónico nervoso, relaxante e antidepressivo suave. Melhora a vitalidade nervosa, sendo benéfica quando o stress e as preocupações prolongadas conduzem a um esgotamento nervoso, sendo igualmente útil em caso de enxaquecas e dores de cabeça provocadas pelo stress. Pode ser tomada em infusão ou tintura. Para melhores resultados, fazer o tratamento durante algumas semanas.

ADVERTÊNCIAS: Este artigo tem como objectivo apenas a divulgação e não deve substituir a consulta de um profissional de saúde, nem promover a auto-prescrição. Além disso, algumas plantas têm contra-indicações, efeitos adversos ou interacções com medicamentos.


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29.9.2020 terça-feira

Recrutamento de Vice-Reitor (Assuntos Administrativos) (Ref. No.: VRA/09/2020) A Universidade de Macau (UM) é a única universidade pública em Macau, posição esta que lhe confere uma vantagem singular no desenvolvimento de uma universidade de prestígio mundial, com características regionais. Nos últimos anos, a UM tem vindo a conhecer enormes progressos, assim como um prestígio internacional crescente pelo seu ensino, investigação e serviço à comunidade. A instituição conta com o maior sistema de colégios residenciais na Ásia e um modelo pedagógico singular, composto por quatro componentes (educação especializada, educação holística, educação através da investigação e de estágio e educação comunitária). Todos estes elementos proporcionam uma educação conducente ao desenvolvimento integral dos estudantes. Além disso, a UM recruta, internacionalmente, académicos de excelência, a fim de criar um ambiente de aprendizagem multilíngue e multicultural para os estudantes. Com o desenvolvimento da área da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau e as iniciativas recentes da UM, destinadas à promoção da investigação de ponta e dos cursos interdisciplinares, a instituição enfrenta oportunidades sem precedentes e oferece excelentes perspectivas de desenvolvimento profissional em diversas áreas. A UM está a realizar um concurso internacional para recrutamento do cargo de vice-reitor responsável pelos assuntos administrativos. Este vice-reitor coadjuvará o reitor em dirigir e supervisionar a administração da Universidade, e outras funções especificadas, incluindo as finanças, os recursos humanos, a gestão e desenvolvimento do campus e as tecnologias de informação e comunicação, facilitando assim a prossecução das missões da Universidade. O candidato seleccionado deverá iniciar as funções em 2021. O candidato seleccionado deve possuir as seguintes qualificações: 1. Grau académico em gestão ou em outras áreas relevantes; um grau académico de pós-graduação será uma vantagem; 2. Um mínimo de dez anos de experiência no exercício de funções de gestão, preferencialmente em instituições de ensino superior; 3. Notável capacidade no planeamento estratégico, na gestão operacional, na gestão financeira e orçamental, na resolução de problemas e na gestão de crises; 4. Bom conhecimento das legislações e políticas relevantes de Macau; 5. Experiência abundante em lidar com um ambiente complexo e dinâmico, em particular no tratamento de relações entre governos e instituições; 6. Domínio da língua inglesa, que é a língua de trabalho, sendo uma vantagem o conhecimento do chinês ou português. Remuneração Será oferecida uma remuneração competitiva de acordo com as qualificações e experiência profissional relevante do candidato seleccionado. Em Macau, actualmente a taxa máxima do imposto sobre o rendimento é de 12%, mas a taxa efectiva situa-se entre os 5% e 7% após várias isenções discricionárias. Além de uma remuneração competitiva, a UM oferece ainda uma série de benefícios, incluindo seguro de saúde, Fundo de Previdência, alojamento/subsídio de residência e outros subsídios. Para mais detalhes sobre as regalias para os funcionários, é favor visitar https://www. um.edu.mo/admo/vacancy_faq/. Procedimento de Candidatura As informações detalhadas sobre este cargo estão disponíveis em https://career.admo.um.edu.mo/. Encarregada pela UM, a empresa Perrett Laver prestará serviços de consultoria para o presente recrutamento. Os candidatos podem enviar uma carta de candidatura, um curriculum vitae detalhado em inglês e outros materiais relacionados com a candidatura para o seguinte endereço, com a indicação do número de referência VRA/09/2020. 1901 Wilson House, 19-27 Wyndham Street, Central, Hong Kong Email: jesse.sloane@perrettlaver.com Tel: +852 36198214 A selecção de candidatos começará de imediato e decorrerá até que a vaga seja preenchida. É favor entregar os materiais de candidatura ou de recomendação de candidatos até 28 de Outubro de 2020. Após a submissão da candidatura, os candidatos que não sejam convidados para entrevista dentro de 3 meses, podem considerar a respectiva candidatura não aceite. Para mais informações, é favor contactar o Dr. Jesse Sloane (Tel: +852 36198214). ***Os dados individuais proporcionados pelos candidatos serão mantidos confidenciais e utilizados apenas para fins de recrutamento*** ***Sob a mesma condição de qualificações e experiência, a prioridade será dada aos residentes permanentes de Macau***


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terça-feira 29.9.2020

UE ALEMANHA DEFENDE QUE EUROPA E EUA DEVEM CRIAR UMA FRENTE COMUM

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responsável alemão para as relações transatlânticas, Peter Beyer, defendeu ontem que a Europa e os EUA devem constituir uma frente comum face “à nova guerra fria com a China”, independentemente do resultado das presidenciais norte-americanas. Em entrevista à agência France-Presse quando faltam cerca de cinco semanas para as presidenciais norte-americanas, o coordenador alemão para as relações com os Estados Unidos e o Canadá frisou que os dois aliados, União Europeia (UE) e EUA, têm mais interesses em comum do que divergências. “A Europa e os EUA devem unir esforços para enfrentar o enorme desafio que constitui a China”, disse Beyer. “A nova guerra fria entre os Estados Unidos e a China já começou e vai moldar este século”, considerou. Depois de quatro anos de fricções recorrentes entre o Presidente norte-americano, Donald Trump, e a chanceler alemã, Angela Merkel, em ‘dossiers’ como o Irão, a NATO,

o comércio mundial ou o combate às alterações climáticas, Peter Beyer admitiu que seria mais fácil para a Alemanha trabalhar com o candidato democrata à Casa Branca, Joe Biden, se fosse eleito em Novembro. “Não terei certamente a ingenuidade de dizer que ‘se Biden vencer, tudo será excelente, será o início de uma idade de ouro’. As questões litigiosas não iam desaparecer de um dia para o outro, mas com Biden a amizade transatlântica voltaria a ser mais razoável, previsível e fiável”, disse. Peter Beyer considerou que, em questões como a China ou o Irão, norte-americanos e europeus “têm interesses semelhantes, por vezes idênticos”. “É por isso que me sinto frustrado por não conseguirmos chegar a um denominador comum, neste momento”, sobre questões como o apoio à Organização Mundial de Saúde (OMS) face à pandemia do novo coronavírus, a luta contra as alterações climáticas e o controlo das ambições nucleares do Irão, disse.

HRW CHINA PRESSIONADA A RESPEITAR DIREITOS DE ACTIVISTAS DETIDOS

Isolamento de grupo

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organização não-governamental Human Rights Watch (HRW) instou ontem a China a respeitar os direitos dos 12 activistas pró-democracia de Hong Kong detidos desde Agosto naquele país, que incluem um jovem com passaporte português. Em comunicado, a ONG apelou às autoridades chinesas para que permitam o acesso dos detidos "a membros da família e aos seus próprios advogados e médicos", recordando que o grupo, que inclui um menor e um jovem com dupla nacionalidade portuguesa e chinesa, está sem poder contactar familiares nem representantes legais mandatados pelos familiares desde a detenção, em 23 de Agosto. "O Governo chinês parece determinado em tratar os manifestantes de Hong Kong detidos tão mal como trata há muito os activistas do continente [na China]", criticou a ONG.

A ONG apelou às autoridades chinesas para que permitam o acesso dos detidos “a membros da família e aos seus próprios advogados e médicos” Os 12 activistas, que incluem o estudante universitário Tsz Lun Kok, com dupla nacionalidade chinesa e portuguesa, foram detidos em 23 de Agosto pela guarda costeira chinesa, por suspeita de "travessia ilegal", quando se dirigiam de barco para Taiwan, onde se pensa que procuravam asilo político. As autoridades do Centro de Detenção Yantian de Shenzhen, onde se encontram detidos, afirmaram que são suspeitos de "atravessar ilegalmente a fronteira", o que implica uma pena de até um ano de prisão, mas uma porta-voz do governo chinês disse que os 12 são "separatistas", "um crime que pode implicar pena de morte", recordou a ONG.

Na nota, a Human Rights Watch acusou as autoridades chinesas de terem ameaçado "os advogados do continente [chinês] contratados pelas famílias dos manifestantes [...} com 'graves consequências para a sua carreira', afirmando que o caso é 'muito sensível', uma vez que envolve a lei da Segurança nacional". Em resultado, "cinco dos advogados abandonaram o caso", tendo as autoridades chinesas nomeado advogaPUB

dos oficiosos, contestados pelas famílias. De acordo com a ONG, "segundo a lei de Processo Penal da China, os suspeitos têm o direito de nomear advogados da sua escolha".

QUEM AJUDA?

Ao abrigo da lei chinesa, a polícia pode prolongar a detenção até 37 dias antes de a procuradoria a validar oficialmente. Por essa razão, "as autoridades terão de anun-

ciar até 1 de Outubro se cada um dos 12 será formalmente detido ou libertado", apontou a ONG. A ONG, que instou igualmente as autoridades de Hong Kong a fornecerem ajuda aos detidos, apelou ainda às autoridades portuguesas para que visitem o detido com passaporte português, recordando que o direito internacional permite essa intervenção. "A Convenção de Viena sobre Relações Consulares permite que funcionários consulares portugueses visitem [o detido] e lhe providenciem representação legal. O consulado português deve imediatamente procurar encontrar-se com Kok, se ainda não o fez", apelou. Tsz Lun Kok, com 19 anos, enfrenta acusações em Hong Kong relacionadas com os protestos pró-democracia do ano passado, tal como os restantes detidos.


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29.9.2020 terça-feira

Eu amo as árvores principalmente

Béla Bartók (1881-1945)

Compositores e Intérpretes através dos Tempos Michel Reis

Quartetos de Cordas 1-6

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Á 75 anos, no dia 27 de Setembro de 1945, menos de três semanas após o dia oficial da rendição formal do Japão, 2 de Setembro, que marcou o final da Segunda Grande Guerra, falecia em Nova Iorque o compositor, pianista, etnomusicólogo, e professor húngaro Béla Bartók, considerado um dos mais notáveis compositores do séc. XX. As suas obras principais têm um sabor notoriamente húngaro e incluem peças orquestrais, quartetos de cordas, peças para piano solo, várias obras para o palco, uma cantata e vários arranjos de canções populares para voz e piano. Béla Bartók, cujo nome na forma húngara é Bartók Béla, nasceu no dia 25 de Março de 1881 em Nagyszentmiklós, na Áustria-Hungria, hoje Sânnicolau Mare, na Roménia. Bartók passou a infância e a juventude em várias cidades do interior da Hungria, estudando piano com a mãe e posteriormente com uma sucessão de professores. Começou a compor pequenas peças de dança aos nove anos, e dois anos depois tocou em público pela primeira vez, incluindo uma composição sua. Seguindo o exemplo de outro eminente compositor húngaro, Ernö Dohnányi, Bartók realizou os seus estudos profissionais em Budapeste, na Academia Real Húngara de Música, em vez de estudar em Viena, o centro musical da Europa por excelência. Desenvolveu-se rapidamente como pianista, embora menos como compositor, mas a descoberta em 1902 da música de Richard Strauss estimulou o seu entusiasmo pela composição. Ao mesmo tempo, um espírito de nacionalismo optimista varria a Hungria, inspirado por Ferenc Kossuth e pelo seu Partido da Independência. Como outros membros da geração de Bartók demonstraram nas ruas, o compositor, então com 22 anos, escreveu um poema sinfónico, Kossuth, retratando num estilo que lembra Strauss, embora com um toque húngaro, a vida do grande patriota Lajos Kossuth, pai de Ferenc, que liderou a revolução de 184849. Apesar do escândalo na primeira apresentação, ocasionado por uma distorção do hino nacional austríaco, a obra foi recebida com entusiasmo. Pouco depois de Bartók terminar os seus estudos em 1903, ele e o também compositor húngaro Zoltán Kodály, com o qual viria a colaborar extensivamente, descobriram que o que conside-

Os impressionantes quartetos de cordas ravam música folclórica húngara e utilizavam para as suas composições era, em vez disso, música cigana. Um vasto repositório de música camponesa húngara autêntica tornou-se posteriormente conhecido pela pesquisa dos dois compositores. A colecção inicial, que os levou aos cantos mais remotos da Hungria, teve início com a intenção de revitalizar a música húngara. Ambos não apenas transcreveram muitas canções folclóricas para piano e outros media, mas também incorporaram na sua música original os elementos melódicos, rítmicos e texturais da música camponesa. Fundamentalmente, o próprio trabalho de Bartók foi inundado pelo espírito popular. Bartók foi nomeado para o corpo docente da Academia Real de Música em 1907 e manteve esse cargo até 1934, quando renunciou para se tornar membro activo da Academia das Ciências. Passava as férias a recolher material folclórico, que depois analisava e classificava, e depressa começou a publicar artigos e monografias. Ao mesmo tempo, expandia o catálogo das suas composições, com muitas obras novas para piano, um número substancial para orquestra e o início de uma série de seis quartetos de cordas que constituiria uma das suas realizações mais impressionantes. O seu primeiro quarteto numerado, Op. 7, composto em 1909, mostra já alguns traços de influência folclórica, mas nos restantes essa influência é totalmente assimilada e omnipresente. Os quartetos põem em paralelo e iluminam o desenvolvimento estilístico de Bartók: no segundo quarteto (1915–17), elementos berberes (Amazigh) reflectem a viagem de recolha do compositor no Norte de África; na terceiro (1927) e no quarto (1928) há um uso mais intensivo da dissonância; e no quinto (1934) e no sexto (1939) há uma reafirmação da tonalidade tradicional.

Ano interessante, 1909, em que o Terceiro Concerto para Piano de Sergei Rachmaninoff, a ópera Elektra dc Richard Strauss, a Nona Sinfonia e Das Lied von der Erde, de Gustav Mahler, Klavierstücke, Op. 11 e a ópera Erwartung de Arnold Schoenberg, e os primeiros quartetos de cordas de Béla Bartók e Zoltán Kodály foram escritos e/ ou estreados. Entre as conclusões que podem ser tiradas deste breve catálogo estão que 1909 foi um ano de começos estilísticos, com a atonalidade de Schoenberg e as inovações folclóricas dos húngaros, e o fim de uma era, misturada com uma forte dose de tradição a ser homenageada, através de Rachma-

O estudioso e biógrafo de Bartók, Halsey Stevens, observa que “a liberdade contrapontística característica do tratamento de Bartók do quarteto de cordas, a extrema plasticidade com que as linhas individuais giram, mudam, combinam e se opõem” já são perceptíveis no Primeiro Quarteto

ninoff. O Bartók de 1909 é recordado pela primeira mulher, nascida Marta Ziegler, com quem era então recém-casado: “Compôs principalmente à noite. Durante o dia, estava ocupado a transcrever e a organizar as suas colecções de canções folclóricas gravadas em cilindros de cera... para publicação ”. Temos também o testemunho de Hugo Leichentritt, que mais tarde viria a ser um académico musical internacionalmente respeitado, que encontrou “Bartók, um jovem compositor e pianista de Budapeste” em Berlim, e que tocou para ele as Bagatelles, Op. 6, compostas em 1908, “um conjunto de peças para piano com as harmonias mais estranhas que já haviam chegado ao seu ouvido. Não davam a impressão de um requinte polido, mas de um sentimento instintivo primitivo, rústico, forte e instintivo... Esse primeiro e breve encontro com a música de Bartók revelou a sua característica nacional básica, originada no seu solo húngaro nativo. Todos naquela época tinham uma noção clara da música húngara, derivada das rapsódias de Liszt e das danças de Brahms. No entanto, a música húngara de Bartók era muito diferente desses modelos bem conhecidos. Diferente porque Bartók cavou muito mais fundo do que o hungarianismo pop e a música cigana para encontrar o elemento nativo. Já em 1904, ele e Kodály, se haviam convencido de que a “verdadeira” música húngara não se encontrava nos cafés ou nas salas de concerto de Budapeste, mas no campo que eles frequentemente visitaram durante os anos seguintes. Recolher, registar, catalogar e, por fim, publicar os sons das pessoas. O estilo húngaro de base popular inicial de Bartók é exemplificado nas Bagatelles, Op. 6 e no Primeiro Quarteto. O estudioso e biógrafo de Bartók, Halsey Stevens, observa que “a liberdade contrapontística característica do tratamento de Bartók do quarteto de cordas, a extrema plasticidade com que as linhas individuais giram, mudam, combinam e se opõem” já são perceptíveis no Primeiro Quarteto. Além disso, “cada jogador é considerado um indivíduo, com o seu próprio fio de tecido; esta autonomia traz uma riqueza textural comparável aos últimos quartetos de Beethoven...” SUGESTÃO DE AUDIÇÃO • Béla Bartók: The String Quartets Guarnieri Quartet – RCA Red Seal, 1995


ARTES, LETRAS E IDEIAS 13

terça-feira 29.9.2020

as que dão pássaros

Paulo José Miranda

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escritora alemã Sabine Ulbricht propôs-se investigar a relação entre a literatura e o suicídio no seu ensaio «Abismos», partindo do livro de Thomas Bernhard «O Náufrago» e de «Van Gogh O Suicidado da Sociedade», de Antonin Artaud. Para a autora, «[...] o suicídio é um tema existencial por excelência, que desde a antiga Grécia que aparece na literatura. Mas há suicídios e suicídios. Aqueles que importam aqui ver não são os suicídios que advém de uma contrariedade material, como uma súbita falência, ou uma contrariedade amorosa, como a perda do amado ou amada. O que importa aqui ver é a relação entre a arte, o artista e o suicídio [...]». Em Portugal não parece ser um tema que nos interesse particularmente. Curiosamente, o filósofo espanhol Miguel de Unamuno escreveu um livro chamado «Por Terras de Portugal e Espanha» onde se pode ler um texto – hoje editado separadamente, como um pequenino livro – «Os Portugueses, Um Povo Suicida», em que são abordadas várias figuras da nossa história, com Camilo e Antero representando os suicídios nas letras. A análise do amigo de Pascoaes vai mais longe e analisa o comportamento suicida de «esse povo triste, mesmo quando sorri», nós, portugueses. Apesar da questão do suicídio português, para o autor espanhol, estar mais ligado a uma ausência de futuro, a verdade é que temos vários suicidados: Camilo, Antero, Manuel Laranjeira, Sá-Carneiro, Florbela Espanca. E outros menos reconhecidos, em maior número certamente, que podemos ligar à análise de Sabine Ulbricht acerca do suicídio em «O Náufrago», visto a autora ligar o suicídio de Wertheimer com a frustração artística. «Bernhard faz com que Wertheimer se suicide porque o Glenn Gould existe ou, na tese mais trágica, porque não pode ser o Glenn Gould.» A escritora alemã não esquece o título do livro e as relações com o livro «Naufrágio com Espectador», de Hans Blumenberg, que mostra como a metáfora do naufrágio está amarrada à existência, pelo menos desde Tales de Mileto, esse que é considerado o primeiro filósofo. Diz-nos Blumenberg, que a despeito do humano ser um habitante da terra, a metáfora da existência ligada ao mar e à situação de embarcado surge-nos já na Grécia Antiga e torna-se comum na reflexão filosófica ao longo dos séculos. Contudo, a metáfora que ficou mais conhecida na história do ocidente foi a de Lucrécio em «De Rerum Natura / A Natureza das Coisas». Aqui, Lucrécio traça uma metáfora do naufrágio com espectador, cujos elementos constituintes são o navio, a sua tripulação,

Suicídios MICHAL-BUKOWSK

uma asa no além

o timoneiro e o mar, encontrando-se os navegantes em perigo de vida. A este cenário é acrescentada a figura do espectador que está em terra firme –na praia – e que observa, à distância, a calamidade do naufrágio. Neste sentido, Lucrécio fazia a defesa de um viver em ataraxia, isto é, fazia a apologia de que devíamos viver afastando de nós as afectações, as paixões. Assim, estava bem de ver, que o naufrágio não era a existência, mas um particular modo de a efectivar, que seria o entregar-se aos prazeres desmedidos e às paixões. Não podemos esquecer que Lucrécio era epicurista e defendia que o melhor que se podia alcançar na vida era ser espectador dela. Não devemos esquecer que os epicuristas além de condenarem os excessos condenavam também qualquer actividade política, pública. Devíamos abstermo-nos de participar da vida. A vida foi feita para o espectador. Para aqueles que leram Pitágoras, lembrar-se-ão da poderosa metáfora que usa ao defender a vida contemplativa, ligando isso à filosofia. A fonte é Diógenes Laércio, leia-se: «A vida, dizia Pitágoras, é como um festival; tal como alguns vêm ao festival para competir, outros para fazer o seu negócio, enquanto os melhores vêm como espectadores,

assim os homens servis vão à caça de fama ou de lucro, e os filósofos, da verdade.» Fica aqui, para sempre na história ocidental, a ligação estreita entre procura de conhecimento e verdadeira vida. E esta vida é a do espectador. Isto será recuperado por Epicuro, e será o centro do seu pensamento ético. Embora não fosse neste sentido que Lucrécio usasse a metáfora do espectador, ela foi também usada para defender o ponto de vista de Epicuro; a de uma vida longe da acção. Acção que é a do homem que embarca. Sabine Ulbricht escreve ainda acerca das interpretações de Pascal, de Schopenhauer e de Nietzsche acerca da metáfora do naufrágio, tal como aparece no livro de Blumenberg, para então escrever: «Mas a metáfora da existência em ligação a náufrago, em Bernhard, contrariamente a Nietzsche [para este somos todos náufragos, mas podemos alcançar terra firme tornando-nos naquilo que somos, criando os nossos valores] , não tem terra firme a que se chegue. Não há a possibilidade de transfiguração dos valores, de construir novos valores, porque a existência é assim mesmo e não admite inovações ou transfigurações. Assim, para Bernhard, existir é ser náufrago e sem possibilidade de chegar a

No fundo, segundo Ulbricht, o suicídio acontece por um curto-circuito com o futuro. E nos artistas esse curto-circuito é o rompimento com uma vida para a estética

Primeira de Duas Partes terra firme, a não ser talvez com o génio, como é no livro o caso de Glenn Gould, mas que se estende a Horowitz, a Mozart, a Bach, a Schoenberg, a Berg, a Mahler, a Handel... Mas para além ou aquém do génio, toda a existência é a de um náufrago em alto mar. É assim com o narrador e é assim com o Wertheimer, embora de modos distintos. Ambos são náufragos, mas cada um deles vive a situação à sua maneira. O Wertheimer desiste de continuar a nadar, a manter-se à tona da existência, assim que percebe que não há terra firme a que chegar. O narrador embora saiba que não há terra firme a que chegar não desiste de se manter à tona, pois entende que existir é manter-se à tona, sem a ilusão de uma terra firme a que chegar. É o ponto de vista mais aterrador da existência, a de que existimos para nada, a não ser para as migalhas que o dia traz. Assim, mais do que Nietzsche, é a Schopenhauer que Bernhard e o seu livro mais devem. Em a metáfora do naufrágio, Schopenhauer torna o náufrago espectador de si mesmo.» Adiante no livro, a autora alemã escreve que, «[...] partindo de um ponto de vista estético, Bernhard descreve um profundo drama existencial, o de alguém que nunca esteve bem consigo e com o mundo, que nunca se viu a si mesmo, mas apenas uma projecção que fez de si mesmo. Se isso é suficiente para levar ao suicídio é outra questão. No modo como Bernhard descreve, sim. O náufrago deixa de nadar, por não conseguir ver terra firme a que se possa chegar. O suicídio advém de não se ver futuro. Advém de que a vida é um eterno presente naufragado em alto mar, sem possibilidade de chegar aonde quer que seja, embora este futuro não seja um vínculo temporal com acontecimentos materiais, e sim com uma vontade estética. Não é falta de um futuro concreto, material, mas a perda irremediável – é assim que é sentido – da possibilidade de se viver segundo um sentido estético» No fundo, segundo Ulbricht, o suicídio acontece por um curto-circuito com o futuro. E nos artistas esse curto-circuito é o rompimento com uma vida para a estética. O existente não deixa apenas de se ver no futuro, de não conseguir imaginar-se adiante, não consegue imaginar a sua vida sem uma vivência plena na estética, que julga ter terminado para sempre, seja por que razão for. Literalmente, a vida acabou, deixa de nadar. «Wertheimer mata-se porque vê que a estética deixa de fazer sentido na sua vida. E, sem isso, não vale a pena viver.» Continuaremos na próxima semana a seguir este livro de Sabine Ulbricht.


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I’M LIVING’ IT [B] FALADO EM CANTONÊS LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Um filme de: Wong Hing Fan Com: Aaron Kwok, Miriam Yeung, Alen Man 14.30, 19.00

5 8 0 5 9 7 2 [B]9 6 GREENLAND FATAL VISIT [C] 5 1 3 Um filme de: Ric Roman Waugh FALADO EM CANTONÊS 7 8 LEGENDADO EM0CHINÊS9E INGLÊS Com: Gerard Butler, Morena Baccarin, Um filme de: Calvin Poon Scott Glenn Com:2 Sammi Cheng, Tong 4 9 0 8Dawei,7Charlene Choi 14.30, 16.45, 19.15, 21.30 17.00, 21.15 0 2 6 4 1 3 1 3 9 2 3 5 8 0 2 1 4 3 1 0 9 5 SALA 2

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o Magistrado Carl Nicholas decidiu a favor do TikTok. O juiz federal do Distrito de Columbia deferiu assim o pedido dos advogados da firma chinesa, que pretendia um bloqueio temporário da possível proibição enquanto as duas partes se enfrentam em tribunal.

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Um filme de: Cristopher Nolan Com: John David Washington, Robert Pattinson, Elizabeth Debicki 14.30, 18.00, 21.00

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Um juiz norte-americano decidiu no domingo manter a aplicação TikTok nas plataformas de download de aplicações móveis nos Estados Unidos, suspendendo assim a ordem dada pela administração de Donald Trump. Poucas horas antes da decisão entrar em vigor,

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TENET [B]

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GREENLAND

UM DISCO HOJE

TYPE O NEGATIVE | OCTOBER RUST

Como Outubro está à porta, mais do que castanhas e água pé, chegou a altura para sugerir o “October Rust” dos Type O Negative, a banda liderada por Peter Steele até à sua morte em 2010. Algures entre metal gótico e doom, a sonoridade do quinteto de Brooklyn evoluiu até “Bloody Kisses” e “October Rust” como o pináculo de todos os clichés do imaginário de horror, heresia, sexualidade e niilismo. Com som arrastado pelo baixo e voz cavernosa de Steele, cheio de harmonias simples, orelhudas, “October Rust” é um disco excelente, apesar de ser azeiteiro até à quinta casa. Às vezes, um prato de bifanas é mais apetecível do que um filet mignon. João Luz

4 9 0 5 2 6 9 Propriedade Fábrica de 6 7 0Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores João Luz; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; João Santos Filipe; Pedro Arede; Salomé Fernandes Colaboradores Anabela Canas; António Cabrita; António de Castro Caeiro; António Falcão; Ana Jacinto Nunes; Amélia Vieira; Duarte Drumond Braga; Emanuel Cameira; Gisela Casimiro; 3Gonçalo 1 LoboPinheiro; 9 Gonçalo7M.Tavares;JoãoPauloCotrim;JoséDrummond;JoséNavarrodeAndrade;JoséSimõesMorais;LuisCarmelo;MichelReis;NunoMiguelGuedes;PauloJoséMiranda;

Paulo Maia e Carmo; Rita Taborda Duarte; Rosa Coutinho Cabral; Rui Cascais; Rui Filipe Torres; Sérgio Fonseca; Valério Romão Colunistas António Conceição Júnior; André Namora; David Chan; João Romão; Jorge Rodrigues Simão; Olavo Rasquinho; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Tânia dos Santos Grafismo Paulo Borges, Rómulo Santos Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; GCS; Xinhua 8Morada 4 Lusa; 3SecretáriaderedacçãoePublicidadeMadalenadaSilva(publicidade@hojemacau.com.mo)AssistentedemarketingVincentVongImpressãoTipografiaWelfare Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo

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opinião 15

terça-feira 29.9.2020

macau visto de hong kong

DAVID CHAN

O

Depois da vacina

Governo da RAE de Macau anunciou no passado dia 21 que acabou de celebrar um acordo com a Organização Mundial de Saúde e com a Aliança Global para a Vacinação. Macau vai participar no Plano Global de Aquisição de Vacinas. Como a Aliança Global para a Vacinação vai dar prioridade às zonas de maior risco, Macau irá receber as vacinas numa fase mais tardia. São boas notícias, que revelam que estamos a trabalhar no combate à epidemia. Os resultados deste combate estão à vista e são reconhecidos em todo o mundo. Além de comprar vacinas através do Plano Global de Aquisição, o Governo de Macau irá ainda recorrer aos laboratórios farmacêuticos. De uma forma geral, cada pessoa precisa de duas doses para ficar imunizada. Desta forma, Macau vai precisar de cerca de 1,4 milhões de doses para vacinar toda a população. O Plano Global de Aquisição apenas pode fornecer parte das vacinas necessárias, por isso o Governo da RAEM vai ter de adquirir o resto aos laboratórios farmacêuticos. O Governo da Região Administrativa Especial de Hong Kong tomou uma decisão semelhante. Hong Kong também participou no Plano Global de Aquisição de Vacinas e também não vai conseguir comprar todas as vacinas de que precisa por este meio. À semelhança do Governo de Macau, o Governo de Hong Kong terá de recorrer aos laboratórios farmacêuticos para comprar a quantidade em falta. Leung Zhuowei, Reitor da Faculdade de Medicina da Universidade de Hong Kong, salientou que, nos últimos meses, existe uma corrida às vacinas em todo o mundo. O Governo da RAEHK tem de fazer um enorme esforço para comprar vacinas com poucos efeitos secundários e um elevado grau de eficácia. Liang Zhuowei também indicou os países que já assinaram contratos com laboratórios farmacêuticos, o número estimado de vacinas que podem ser fornecidas, etc. O anúncio destes acordos vai dar paz de espírito à população de Hong Kong. Em relação a este assunto as duas regiões encontram-se em situação idêntica. Macau também terá de se empenhar a fundo para conseguir obter a melhor vacina. Mas será necessário revelar a quantidade de doses que vão ser compradas aos laboratórios? Esta aquisição transcende o problema sanitário, envolve também a aplicação de dinheiros públicos e por isso terá de ser o Governo a decidir se deve ou não revelar estes dados.

Depois de efectuada a compra de vacinas, a questão que se coloca a seguir é saber quais os grupos prioritários para a receberem. A opinião generalizada é que a prioridade deve ser dada aos idosos, aos doentes crónicos e aos trabalhadores da área da saúde. Vacinar os idosos e os doentes crónicos reduz a hipótese de virem a ser infectados; vacinar os trabalhadores de saúde imuniza-os e garante que possam continuar na linha da frente a combater a doença. E depois destes grupos? Aqui a questão já é mais controversa. Uma vez que o Governo de Macau vai comprar vacinas para toda a população, o tempo acabará por solucionar

Depois de efectuada a compra de vacinas, a questão que se coloca a seguir é saber quais os grupos prioritários para a receberem. A opinião generalizada é que a prioridade deve ser dada aos idosos, aos doentes crónicos e aos trabalhadores da área da saúde. (...) E depois destes grupos?

este problema. O slogan “todos saudáveis e livres da infecção” está prestes a tornar-se realidade. As medidas de quarentena para entrar e sair de Macau são outro tema a abordar. Actualmente, muitos emigrantes têm de ter um teste negativo ao novo coronavírus para poderem entrar na cidade. Depois de a vacina estar disponível, quem quiser entrar em Macau e já estiver vacinado deve ser dispensado de fazer o teste? Além disso, a eficácia da vacina tem um prazo. Desta forma, à entrada em Macau, as pessoas devem declarar a data da vacinação, para garantir que não estão infectadas pelo vírus? Até ao momento, ainda não se encontrou uma vacina contra este vírus. Quando se vier a encontrar, como é impossível efectuar uma produção em massa num curto espaço de tempo, o Governo de Macau vai ter de se esforçar arduamente para comprar as doses necessárias. As vacinas impedem as infecções e garantem a saúde. No entanto, devido à diferente incidência do vírus através do planeta, a passagem de fronteiras é uma questão que permanece mesmo depois da vacina. A vacina é uma medida preventiva, não é a cura. Actualmente não existe nenhum medicamento que cure a pneumonia resultante da infecção pelo novo coronavírus. Só quando aparecer um medicamento eficaz e uma vacina, poderemos afirmar que o ser humano venceu a batalha contra este vírus.

Professor Associado da Escola Superior de Ciências de Gestão/ Instituto Politécnico de Macau • Consultor Jurídico da Associação para a Promoção do Jazz em Macau • legalpublicationsreaders@yahoo.com.hk • http://blog.xuite.net/legalpublications/hkblog


A inteligência é a capacidade de adaptação à mudança.

Internet Mais de 500 pontos de Wi-Fi gratuito

CEM Prevista troca de 20 mil contadores este ano

Já há mais de 560 pontos com o serviço “FreeWiFi.MO”, comunicou ontem a Direcção dos Serviços de Correios e Telecomunicações. A iniciativa de cobertura de Wi-Fi gratuito conta com o apoio e a participação de mais de 40 instituições públicas e privadas. Mais recentemente, juntaram-se instituições como o Hospital Kiang Wu e o One Central Macau, e passou a haver acesso ao serviço em 200 veículos da Rádio Táxi.

A

Títulos de viagem Renovação a partir de 10 de Outubro

A Administração Nacional de Imigração anunciou ontem que a partir de 10 de Outubro, os residentes de Macau e Hong Kong poderão renovar ou pedir um novo título de viagem nos serviços administrativos de qualquer cidade do Interior da China. A notícia foi avançada pela China News Service, citando a Macau News Agency. Os títulos de viagem servem como documentos de entrada e saída para os residentes de Hong Kong e Macau poderem viajar de e para o Interior da China, funcionando também como prova de identidade.

Livros Número de editores subiu quase 7%

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No ano passado, o Instituto Cultural (IC) registou 65 novos pedidos de adesão de editores ao sistema ISBN (International Standard Book Number), o sistema internacional de identificação de obras, autores e editores livreiros. As novas adesões contribuíram para um total de 1019 editores registados em Macau, que representou um aumento de 6,8 por cento em relação a 2018. Entre as instituições certificadas para a edição de livros no final do ano passado, “68 eram serviços públicos, 35 escolas, 204 entidades comerciais, 419 associações cívicas, 274 indivíduos e 19 grupos especiais”. Enquanto número representativo da evolução do panorama editorial de Macau, o IC destaca ainda que desde 2000, quando foi criada a Agência do ISBN de Macau, até ao final de 2019, o número de editores cresceu para valores 16,4 superiores aos registados em 2000. O relatório sobre o estado da publicação livreira em Macau (2019) revela que em 2019 foi programada a publicação de 789 livros, mais 188 obras que no ano transacto.

terça-feira 29.9.2020

PALAVRA DO DIA

Stephen Hawking

Exames para todos Semana Dourada leva a aumento de vagas para testes de ácido nucleico

O

n ú mer o de vagas diárias para a realização dos testes de ácido nucleico vai aumentar para 19 mil, de acordo com um anúncio de ontem do médico Alvis Lo. Segundo os cálculos apresentados, as vagas no Fórum Macau e Pac On vão aumentar para 13 mil, enquanto no Kiang Wu e no Hospital da Universidade de Ciência e Tecnologia sobem para 1.500 e 1.000, respectivamente. “Com o Dia Nacional haverá mais turistas, um maior fluxo de visitantes, assim como uma maior procura pelos testes [...] Temos um número suficiente e a população pode ficar descansada”, garantiu o médico-adjunto da direcção do Hospital Conde São Januário. Além disso, Alvis Lo anunciou que passa a ser possível fazer

testes com urgência em que os resultados são obtidos no mesmo dia, mas que esse serviço tem um custo de 500 patacas. Outra das novidades passa pelo alargamento da venda de máscaras disponibilizadas pela RAEM aos alunos não-residentes que frequentem as instituições locais. Esta manhã arranca mais uma fase de venda e as pessoas vão poder adquirir 30 máscaras por 24 patacas até 28 de Outubro. “Além de residentes e trabalhadores não-residentes vamos estender este programa aos estudantes não residentes do ensino superior. Para fazerem a compra têm de exibir o cartão de estudante”, indicou Alvis Lo.

ISENÇÃO DE QUARENTENA

Também na tarde de ontem, Lau Fong Chi, dos Serviços de Turis-

mo, divulgou que foram recebidos 554 pedidos para isenção do pagamento da realização da segunda quarentena. Os residentes passaram a pagar pela segunda quarentena desde 1 de Setembro. Entre os 554 pedidos, 185 foram autorizados, 101 recusados e 268 estão em apreciação. Ainda na conferência de ontem, foi anunciado que o Hotel Regency Art vai deixar de ser um dos espaços designados para a quarentena, ficando livre a 30 de Setembro. “Vai ser esvaziado a 30 de Setembro e os Serviços de Saúde de Macau vão fazer os trabalhos de limpeza. Depois o hotel deixará de ser indicado para o cumprimento de quarentena”, apontou. J.S.F.

CEM vai começar a substituir os contadores inteligentes. Está prevista a troca de cerca de 20 mil aparelhos ainda este ano, noticiou o canal chinês da TDM Rádio Macau. O plano é que todos os cidadãos no território possam usar contadores inteligentes em 2026, e a substituição da leitura manual a longo prazo. Questionada sobre o rigor do cálculo da estimativa das contas de electricidade, a empresa respondeu que há uma média de oito mil agregados familiares por mês envolvidos na tabela estimativa de consumo de electricidade. O presidente da Comissão Consultiva dos consumidores de electricidade declarou que o Governo tem um mecanismo para regular as tarifas de energia, apelando à confiança na empresa. Além disso, frisou também que se um cliente tiver dúvidas a CEM tem a responsabilidade de explicar e agendar uma leitura do contador para confirmar o volume de energia utilizada. O responsável comentou ainda que mais de 130 unidades de transmissão de energia foram melhoradas, assegurando electricidade durante o tufão “Higos”. Os preparativos antes da tempestade incluíram inspecções a sub-estações e o destacamento de pessoal para monitorizar a distribuição da rede durante 24 horas.

EPM Finalistas garantem acesso universitário

De acordo com a TDM-Rádio Macau, todos os 30 alunos da Escola Portuguesa de Macau (EPM) que se candidataram ao ensino superior garantiram entrada na primeira fase. Segundo a mesma fonte, o presidente da EPM, Manuel Machado, fez um balanço positivo dos resultados obtidos, dado que todos os alunos entraram nas suas primeiras opções. “Dos 30 alunos que concluíram o 12º ano, 24 concorreram para universidades portuguesas e entraram na primeira opção. Dos restantes seis, três ficaram em Macau, dois na Universidade de São José, no curso de Business and Communications e um no Instituto de Formação Turística em “Gestão Hoteleira” e dos restantes três, um foi colocado na Alemanha, outro em Itália, e outro no ensino superior privado em Portugal”, disse à TDM-Rádio Macau.


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