LEGISLATIVAS
CADERNO DE INTENÇÕES
ELEIÇÕES
PS QUEIXA-SE DA ATFPM PÁGINA 6
ÚLTIMA INSTÂNCIA
CRÍTICA DA RAZÃO PÁGINA 5
OPINIÃO
O PODER DA METEOROLOGIA OLAVO RASQUINHO
hojemacau
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CAMPUS TV
PÁGINA 7
MOP$10
QUINTA-FEIRA 3 DE OUTUBRO DE 2019 • ANO XIX • Nº4384
DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ
Primeiro tiro Jovem de 18 anos antigido por fogo real estável após cirurgia. Protestos contra a polícia voltaram às ruas.
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GRANDE PLANO
EU SOU ELA GISELA CASIMIRO
GRETA
ANTÓNIO CABRITA
COMPUTAÇÃO QUÂNTICA LUÍS CARMELO
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3.10.2019 quinta-feira
HONG KONG
À QUEIMA-ROUPA JOVEM ALVEJADO “ESTÁ ESTÁVEL”, CENTENAS DE ESTUDANTES EM GREVE
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A semana passada, Carrie Lam, Chefe do Executivo de Hong Kong, disse que era “notável” que em três meses de protestos violentos ninguém perdeu a vida. Em pleno dia de celebração dos 70 anos da fundação da República Popular da China, um jovem de 18 anos quase foi morto depois de ter sido alvejado por um polícia em Tsuen Wan. Ontem ficou-se a saber também que uma jornalista indonésia ficou cega de um olho depois de ser alvejada na cara com uma bala borracha disparada pela polícia no passado domingo. Entretanto, centenas de estudantes entraram em greve para condenar a violência da polícia e o primeiro disparo de uma munição real contra os manifestantes em quase quatro meses de protestos na região administrativa especial chinesa, de acordo com a agência de notícias Associated Press. No dia em que se assinalavam os 70 anos da fundação da República Popular da China, Hong Kong foi palco de uma tarde de caos e violência que culminou em meia centena de feridos e mais de 100 detidos. A polícia, com mais de seis mil efectivos nas ruas, reagiu com gás lacrimogéneo e canhões de água,
formando linhas defensivas em diversos bairros. Pela primeira vez desde o início da contestação, as forças de segurança dispararam balas reais contra os manifestantes, tendo atingido um jovem no peito. Responsáveis da polícia de Hong Kong, citados pelo jornal South China Morning Post, afirmaram que o uso de balas reais foi proporcional ao nível de agressão registado em várias ruas da cidade e aconteceu em autodefesa. A agência estatal Xinhua segue a mesma linha, em defesa da actuação das autoridades que considera “totalmente legal e apropriada”. “O ‘terror negro’, que dura há mais de três meses, é uma loucura. Para
“O ‘terror negro’, que dura há mais de três meses, é uma loucura. Para parar a violência e conter a desordem, é preciso sublinhar o poder para impor a lei, cortar o tumor da violência e julgar os amotinados...” XINHUA
parar a violência e conter a desordem, é preciso sublinhar o poder para impor a lei, cortar o tumor da violência e julgar os amotinados, o mais depressa possível, de acordo com a lei”, refere a agência.
BATALHA CAMPAL
As autoridades de Hong Kong reconheceram estar perante um nível de violência muito elevado por parte dos manifestantes, para justificar a sua reacção de força, usando balas reais, segundo a Imprensa. Ao longo do dia, os manifestantes antigovernamentais bloquearam estradas, incendiaram veículos, vandalizaram lojas, destruíram escritórios governamentais e arremessaram bombas de fogo e pedras contra a polícia, que reagiu com uma atitude de firmeza, em confrontos que provocaram dezenas de feridos e centenas de detenções. "A resposta da polícia foi proporcional ao nível de agressão usado pelos manifestantes", disse uma fonte policial citada pelo jornal South China Morning Post. A mesma fonte disse que os polícias apenas recorreram a balas reais, quando a integridade física das autoridades ou dos cidadãos estava em risco. Segundo o jornal, a superintendente Yolanda Yu Hoi-kwan usou a sua conta pessoal da rede social Facebook para explicar que a polícia apenas usou violência por razões de segurança. “Por volta das 16h, um grande grupo de manifestantes atacou polícias perto da estrada Tai Ho e prosseguiram com o ataque até as autoridades os avisarem para parar. Como um dos polícias sentiu que a sua vida estava sob séria ameaça, ele disparou contra o agressor para salvar a sua própria vida e a vida dos seus colegas", disse a superintendente, numa declaração citada pelo jornal. A última vez que as manifestações tinham atingido um grau semelhante de violência foi em 5 de Agosto, quando as autoridades reconheceram ter utilizado gás lacrimogéneo e balas de borracha, anunciando, no final, a detenção de 149 pessoas. Ontem, para protestar contra o tiro que atingiu um adolescente no peito, várias centenas de pessoas
marcharam a partir de Chater Garden, em Central, entoando slogans como “A polícia de Hong Kong comete homicídio intencionalmente” e “Dissolução das forças policiais, já!” Partes da Connaught Road foram brevemente ocupadas por manifestantes, muitos deles vestidos com fatos, aparentando terem saído de escritórios para demonstrar desagrado perante a actuação das autoridades.
“À luz da violência e da turbulência que se vive em Hong Kong, a União Europeia continua a vincar que o diálogo, contenção e inversão da escalada de violência apontam o caminho a seguir.” MAJA KOCIJANCIC PORTA-VOZ DA UNIÃO EUROPEIA
Por volta das 15h, alguns manifestantes juntaram-se em Tamar Park, perto dos edifícios do Governo, enquanto outros se ficaram pela Millenium Plaza em Sheung Wan, a cinco minutos a pé do terminal dos ferries. Registaram-se também protestos num centro comercial e Sha Tin e em Kowloon Tong.
VISTO DE FORA
O Governo britânico considera “desproporcionado” o uso de balas reais pela polícia de Hong Kong, pedindo restrição a ambas as partes. “Embora não haja desculpa para a violência, o uso de munições reais é desproporcional e apenas pode agravar a situação”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, Dominic Raab, num comunicado, reagindo aos acontecimentos. O chefe da diplomacia do Reino Unido pediu “diálogo construtivo” e “contenção” quer da parte dos manifestantes quer da parte das autoridades da antiga colónia britânica. A União Europeia também reagiu ao episódio apelando à contenção e à inversão da escalada de violência. “À luz da violência
e da turbulência que se vive em Hong Kong, a União Europeia continua a vincar que o diálogo, contenção e inversão da escalada de violência apontam o caminho a seguir”, comentou a porta-voz da União Europeia, Maja Kocijancic. Apesar dos “passos positivos que indicam o início do diálogo entre o público e vários sectores da sociedade, são necessários mais esforços para restaurar a confiança”, acrescentou. Maja Kocijancic destacou ainda que “passados mais de três meses do início dos protestos, o direito de assembleia e de protestar pacificamente devem continuar a ser salvaguardados, de acordo com a Lei Básica de Hong Kong e os compromissos internacionais assumidos”.
REPÓRTERES DE GUERRA
Pelo menos quatro jornalistas ficaram feridos nos últimos dias de protestos em Hong Kong, um cenário que levou a emissora pública RTHK a retirar todos os repórteres que estavam a fazer a cobertura no terreno. A decisão da Rádio Televisão Hong Kong foi tomada após um dos seus jornalistas ter ficado ferido num olho num dos confrontos entre manifestantes e a polícia em Sham Shui Po. Contudo, a ordem para os jornalistas regressarem às redacções teve em conta outro caso em que dois jornalistas de uma televisão foram atingidos por um líquido corrosivo nas mãos e na cara. A primeira informação surgiu através da polícia, que acusou os manifestantes de usarem líquido corrosivo que queimou a pele de agentes e jornalistas, com as forças de segurança a apresentarem várias imagens do corpo dos agentes, nas quais é possível ver queimaduras de pele e uniformes que foram atingidos.
A Associação de Jornalistas de Hong Kong lamentou “o uso e a ameaça de violência contra jornalistas que cobrem eventos” no território
KIN CHEUNG/ASSOCIATED PRESS
O jovem manifestante alvejado na terça-feira pela polícia de Hong Kong, durante mais um dia de violência, “está estável” após cirurgia. As autoridades da região vizinha declaram que a actuação da polícia foi justificada e legal. Como forma de condenar a violência policial, estudantes entram em greve e uma manifestação paralisou o centro da ilha de Hong Kong ontem à tarde
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quinta-feira 3.10.2019
ANTHONY KWAN/GETTY IMAGES
Outro episódio, no sábado, envolveu uma jornalista indonésia que, à semelhança do da RTHK foi atingida num dos olhos. Na véspera dos protestos de terça-feira, a Associação de Jornalistas de Hong Kong lamentou “o uso e a ameaça de violência contra jornalistas que cobrem eventos”
no território. Além dos jornalistas, vários elementos da polícia ficaram também feridos, com os casos mais mediáticos até agora a serem ligados ao arremesso do tal líquido corrosivo. Apesar da proibição policial de se realizarem manifestações no dia nacional da China, os apelos
para que a população de Hong Kong saísse de novo à rua para exigir reformas democráticas no território multiplicaram-se. O Governo de Hong Kong retirou já formalmente a polémica proposta de emendas à lei da extradição, na base da contestação social desde o início de Junho.
Contudo, os manifestantes continuam a exigir que o Governo responda a quatro outras reivindicações: a libertação dos manifestantes detidos, que as acções dos protestos não sejam identificadas como motins, um inquérito independente à violência policial e, finalmente, a demissão
da Chefe de Governo e consequente eleição por sufrágio universal para este cargo e para o Conselho Legislativo. João Luz
com agências
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3.10.2019 quinta-feira
HONG KONG DENISE HO TRISTE COM A PROIBIÇÃO DE VIGÍLIA NA PRAÇA DO LEAL SENADO EM MACAU
A activista e cantora Denise Ho ficou triste por as autoridades de Macau terem travado a manifestação contra a violência policial em Hong Kong. Em entrevista à Lusa, a pródemocrata confessa que todos os dias enfrenta o pesadelo de ser presa devido à posição política que assumiu
AFP
Pesadelos em noites cinzentas
A
activista pró-democracia Denise Ho disse, em entrevista à agência Lusa, que “é muito triste” que as autoridades de Macau tenham travado uma manifestação sobre os protestos em Hong Kong. “Sei que algumas pessoas em Macau quiseram fazer uma manifestação ou uma marcha, mas foram travadas”, o que “é muito triste”, afirmou a cantora que, nos últimos três meses, discursou na ONU e no Congresso norte-americano, em defesa do movimento pró-democracia. Em entrevista à Lusa, na véspera da celebração dos 70 anos da fundação da República Popular da China que se assinalaram terça-feira, defendeu que “as pessoas têm de acreditar no poder da solidariedade” e que “muitas coisas podem ser feitas de uma forma relativamente segura”. Contudo, ressalvou, “isso exige que as pessoas usem a sua criatividade e imaginação como a população de Hong Kong mostrou ao mundo”, para insistir numa prioridade: “a segurança está em primeiro lugar”. A 3 de Setembro, o Governo negou qualquer acção de censura política no território a acções de apoio aos protestos em Hong Kong, garantindo que se mantém salvaguardado o direito à manifestação e liberdade de expressão. “Não é censura política”, a actuação da polícia “baseou-se sempre em factos objectivos”,
defendeu então o secretário para a Segurança, Wong Sio Chak. Em causa estão pelo menos três episódios, em Agosto. Primeiro, a proibição de uma manifestação e posterior actuação policial no dia e no local para onde estava convocada o protesto contra a brutalidade em Hong Kong. Depois, a deslocação da polícia ao Instituto de Formação Turística (IFT) porque dois estudantes em-
“É uma ameaça muito real. E por ter falado nas Nações Unidas e (…) no Congresso dos EUA estou ciente de estar no topo das pessoas que são um alvo”, mas “como figura pública (…) tenho uma responsabilidade.” DENISE HO ACTIVISTA E CANTORA
punhavam cartazes de apoio às reivindicações pró-democracia na região vizinha. Outro, no mesmo contexto dos protestos de Hong Kong, diz respeito a quatro pessoas que foram abordadas pela polícia porque se encontravam a fazer colagens no espaço público, sem que tenham ficado detidos, afiançou o secretário para a Segurança.
PROBLEMA DE MENSAGEM
O caso mais mediático ocorreu em 19 de Agosto, já depois do Corpo da Polícia de Segurança Pública ter proibido naquele dia um protesto pacífico silencioso, no centro de Macau, contra o uso excessivo de força por parte das forças de segurança de Hong Kong sobre os manifestantes pró-democracia. Em 15 de Agosto, a polícia alegou que não podia autorizar uma iniciativa de apoio ao que considerou serem "actos ilegais" cometidos pelos manifestantes em Hong Kong e que tal "poderia enviar uma mensagem errada à sociedade de Macau". Quatro dias depois, montou uma operação no local durante a
qual 600 pessoas foram abordadas para identificação, sete das quais foram levadas para interrogatório, com as forças de segurança a sublinharem que não houve lugar a qualquer detenção.
TORMENTO DIÁRIO
A cantora e activista disse ainda que pensa “quase todas as semanas, se não todos os dias” que pode ser a próxima a ser detida por apoiar os protestos em Hong Kong. “É uma ameaça que existe desde o início de Junho [quando a contestação começou], mas tento que isso não seja algo que me trave”, afirmou no dia em que vários outros activistas foram detidos pela polícia. “Estamos numa situação cada vez mais difícil”, com “quase duas mil detenções” durante estas 17 semanas consecutivas de protesto, lamentou a cantora. A artista, cujo activismo político a deixou fora do gigantesco circuito comercial chinês, mas conseguiu transformá-la numa das vozes mais importantes ligadas aos protestos pró-democracia
sustentou que “as autoridades estão a utilizar este tipo de tácticas para oprimir e intimidar as pessoas. [E isso demonstra] que o Governo de Pequim tem medo das pessoas (…) e do movimento”. No domingo foi alvo de um ataque por dois homens em Taiwan quando se preparava para participar numa acção de apoio aos protestos em Hong Kong, tendo sido atingida com tinta vermelha na cabeça. Um acto cometido por dois membros de um partido pró-Pequim, acusou, e que já foram identificados, assinalou. Denise Ho disse que tem sido alvo de “ameaças indirectas junto de amigos, (…) pela máquina de propaganda [comunista] e de ataques verbais ‘online’”. “É uma ameaça muito real. E por ter falado nas Nações Unidas e (…) no Congresso dos EUA estou ciente de estar no topo das pessoas que são um alvo”, mas “como figura pública (…) tenho uma responsabilidade”, frisou.
política 5
quinta-feira 3.10.2019
TUI PROIBIDA MANIFESTAÇÃO QUE VISAVA POLÍCIA DE HONG KONG
do que a crítica. “A crítica tem que basear-se em factos objectivos, isto é, tem que dirigir-se a factos efectivamente ocorridos, fazendo-se comentários e críticas sobre os mesmos. No entanto, tal como se referiu, até ao presente momento, nenhum órgão de poder ou de supervisão da RAEHK qualificou as acções da polícia de Hong Kong como uso excessivo da força, ou até como submissão dos manifestantes à tortura e tratamentos cruéis, desumanos”, é sustentado.
Acesso restrito
Para os dois juízes do Tribunal de Última Instância, Sam Hou Fai e Song Man Lei, um grupo de manifestantes em Macau não pode criticar as acções na RAEHK até haver uma decisão de um órgão de poder. Viriato Lima votou vencido
O
Tribunal de Última Instância (TUI) proibiu uma manifestação organizada pelos activistas Jason Chao e Man Tou que tinha como objectivo exortar os “órgãos policiais das diversas regiões (sobretudo os de Hong Kong)” a respeitarem a Convenção contra a Tortura. Numa decisão tomada por Sam Hou Fai e Song Man Lei, com o voto contra do juiz Viriato Lima, na sexta-feira, o TUI considerou que os manifestantes tinham como verdadeira intenção “acusar e condenar a Polícia de Hong Kong de ter usado, de forma generalizada, a tortura e tratamentos cruéis, desumanos contra os manifestantes”.
“Com a realização da reunião, os recorrentes pretendem condenar publicamente a actuação da polícia de Hong Kong, o que excede largamente os limites da mera crítica.” TUI
a Polícia de Macau permitisse a realização da reunião, seria muito provável que a sua decisão fosse interpretada no sentido de que concordou com a imputação feita pelos recorrentes em relação à Polícia de Hong Kong”, é defendido. “Ademais, haveria ainda o risco de dar a entender que ela interferiu, de forma dissimulada, na qualificação das actuações e reacções do órgão policial da RAEHK às manifestações violentas, tarefa essa que compete na realidade aos órgãos judiciais e de supervisão policial da RAEHK”, é acrescentado. O TUI recusa a manifestação porque diz não se tratar de um “mero exercício do direito à crítica”, porque a condenação de uma actuação é mais
Poder de censura Jason Chao diz que decisão do TUI coloca Macau mais longe do mundo civilizado
decisão garante de forma efectiva poderes sem qualquer restrição à polícia de Macau para TATIANA LAGES
O
activista Jason Chao considera que a decisão do Tribunal de Última Instância (TUI) coloca o sistema jurídico da RAEM mais longe do mundo civilizado e atribui poderes à polícia para censurar o direito à manifestação e de expressão. Foi desta forma que o pró-democrata reagiu à proibição do TUI face ao seu pedido de manifestação que tinha como objectivo “exortar os órgãos policiais (sobretudo de Hong Kong)” a respeitarem a Convenção contra a Tortura. “A parte mais perigosa do acórdão é que o TUI tornou as decisões oficiais [de instituições públicas] um pré-requisito para as pessoas poderem exercer o direito à manifestação”, escreveu Jason Chao, sobre o facto do TUI exigir que para poder haver críticas à actuação da polícia da RAEHK é necessária uma decisão nesse sentido dos órgãos de poder e soberania. “Esta
Segundo o TUI, a manifestação não é aceitável por ser uma possível plataforma para a interferência nos assuntos de Hong Kong, o que contraria as leis da RAEM. “Se
VIRIATO VOTOU VENCIDO
exercer censura com bases nos temas das manifestações e reuniões, de uma forma [...] que
A argumentação de Sam Hou Fai e de Song Man Lei não convenceu Viriato Lima, o outro juiz dos três que constituem a última instância de Macau. O magistrado votou vencido e apontou que mesmo que a manifestação criticasse a actuação das autoridades de Hong Kong, tal não viola a lei de reunião e manifestação. “Mesmo que se entenda que a manifestação teria por finalidade a crítica à actuação recente das autoridades policiais de Hong Kong, afigura-se-me não constituir tal objecto fim contrário à lei”, escreveu Viriato Lima. Man Tou e Jason Chao tinham avisado o Corpo de Polícia de Segurança Pública que desejavam realizar manifestações a 18 e 27 de Setembro e ainda a 4 de Outubro. Porém, o recurso apenas visou a
A CRÍTICA DE PAULO CARDINAL
O
jurista Paulo Cardinal criticou a fundamentação do Tribunal de Última Instância (TUI), em declarações à Rádio Macau, na decisão em que se proibiu a manifestação que visava a polícia de Hong Kong. Segundo Cardinal, a fundamentação “é pobre” e “nada digna de um alto tribunal e portador das interrogações quanto ao papel do judicial no sistema político na RAEM”. O jurista considerou ainda que o dia da decisão sinalizou “um dia triste e preocupante para os valores e princípios estruturais que devem guiar o poder judicial em Macau”. Cardinal apontou igualmente que “qualquer jurista competente e isento só pode discordar” do acórdão e “aderir, naturalmente, ao voto de vencido”.
última acção porque os activistas abdicaram das outras duas datas. O protesto de 4 de Outubro estava agendado para a Praça da Amizade, entre as 18h30 e as 18h50, e contava ter cerca de 15 participantes. Os materiais utilizados seriam cartazes. João Santos Filipe
joaof@hojemacau.com.mo
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pode ser considerada ‘contra a própria lei’”, acrescentou.
PARA A HISTÓRIA
O ex-membro da Associação Novo Macau vai ainda mais longe: “Esta é uma decisão que se afasta da juris-
prudência relacionada com a liberdade de expressão, liberdade de reunião e manifestação e proibição de tortura dos tribunais altamente respeitados a nível internacional e regional”, indica. “O Tribunal de Última Instância (TUI) coloca o sistema jurídico de Macau mais longe dos sistemas do mundo civilizado. A violação flagrante dos direitos fundamentais faz de Macau um exemplo cada vez menos convincente do princípio ‘um país, dois sistemas’”, sublinhou. Por outro lado, Jason Chao recusou a ideia da condenação da tortura ser uma questão de “orientação política”, mas que é antes “uma questão de consciência”. Finalmente, o activista agradece ao juiz Viriato Lima “pelo profissionalismo” e diz acreditar que “a História vai apreciar o valor desta opinião dissidente”. J.S.F.
ANÚNCIO CONCURSO PÚBLICO N.o 43/P/19 Faz-se público que, por deliberação do Conselho Administrativo, de 11 de Setembro de 2019, se encontra aberto o Concurso Público para «Fornecimento e Instalação de Um Sistema de Formação e Avaliação Multi-articulação Tridimensional dos Membros Superiores com os respectivos acessórios aos Serviços de Saúde», cujo Programa do Concurso e o Caderno de Encargos se encontram à disposição dos interessados desde o dia 3 de Outubro de 2019, todos os dias úteis, das 9,00 às 13,00 horas e das 14,30 às 17,30 horas, na Divisão de Aprovisionamento e Economato destes Serviços, sita na Rua do Campo, n.º 258, Edifício Broadway Center, 3.º andar C, Macau, onde serão prestados esclarecimentos relativos ao concurso, estando os interessados sujeitos ao pagamento de MOP41,00 (quarenta e uma patacas), a título de custo das respectivas fotocópias (local de pagamento: Secção de Tesouraria dos Serviços de Saúde) ou ainda mediante a transferência gratuita de ficheiros pela internet na página electrónica dos S.S. (www.ssm.gov.mo ). As propostas serão entregues na Secção de Expediente Geral destes Serviços, situada no r/c do Centro Hospitalar Conde de São Januário e o respectivo prazo de entrega termina às 17,45 horas do dia 5 de Novembro de 2019. O acto público deste concurso terá lugar no dia 6 de Novembro de 2019, pelas 10,00 horas, na “Sala de Reunião”, sita na Rua do Campo, n.º 258, Edifício Broadway Center, 3.º andar C, Macau. A admissão a concurso depende da prestação de uma caução provisória no valor de MOP17.000,00 (dezassete mil patacas) a favor dos Serviços de Saúde, mediante depósito, em numerário ou em cheque, na Secção de Tesouraria destes Serviços ou através da Garantia Bancária/Seguro-Caução de valor equivalente. Serviços de Saúde, aos 25 de Setembro de 2019 O Director dos Serviços Lei Chin Ion
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3.10.2019 quinta-feira
LEGISLATIVAS PARTIDO SOCIALISTA PARTICIPA DE ATFPM À COMISSÃO NACIONAL DE ELEIÇÕES
Ponha aqui o seu votinho O Partido Socialista apresentou uma queixa contra a Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau à Comissão Nacional de Eleições e pediu a abertura de um inquérito relativo a alegadas “situações anómalas”. Os socialistas queixam-se de telefonemas da associação presidida por Pereira Coutinho para ajudar na votação por correspondência
O
Partido Socialista (PS) apresentou uma participação contra aAssociação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM) por alegadas “situações anómalas” relacionadas com o envio dos votos por correspondência para as legislativas de Outubro. A participação, assinada pelo mandatário pelo círculo eleitoral Fora da Europa, Paulo Pisco, foi enviada na
segunda-feira à Comissão Nacional de Eleições e pede “a abertura de inquérito para apurar os factos”. De acordo com a carta, a que a agência Lusa teve acesso, o PS em Macau tomou conhecimento de que “a ATFPM está a contactar, pelo telemóvel, potenciais votantes nas eleições legislativas portuguesas (...) para ajudar no processo e encaminhar os votos pelo correio para Portugal”.
COLISÃO A ORIENTE
Paulo Pisco, PS “A secção local do PS foi abordada por várias pessoas que disseram ter recebido chamadas e a quem interlocutores, afirmando que falam pela ATFPM, terão dito que podiam trazer as cartas com os boletins de voto à sede da ATFPM, que eles tratavam de tudo.”
Autocarros Pedida transparência nas negociações das concessões O deputado Ng Kuok Cheong entende que o Governo deve “explicar ao público a direcção dos novos contratos” e assumir o compromisso de “não desperdiçar” fundos públicos nas concessões para os serviços de autocarros públicos. Em interpelação escrita, o pró-democrata dá, parcialmente, razão a Lam Hin San, director dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) quando este referiu não ser conveniente divulgar os detalhes das negociações
“A secção local do PS foi abordada por várias pessoas que disseram ter recebido chamadas e a quem interlocutores, afirmando que falam pela ATFPM, terão dito que podiam trazer as cartas com os boletins de voto à sede da ATFPM, que eles tratavam de tudo, o que, evidentemente, poderá pôr em causa a confidencialidade e a pessoalidade do voto”, indicou.
para as novas concessões. Ainda assim, Ng Kuok Cheong é da opinião de que a renovação das concessões é um assunto que deve ser explicado à sociedade o mais rapidamente possível, de forma a garantir o apoio público. O deputado refere ainda que a transparência é sempre preferível à opacidade e que Macau ficaria a ganhar se os contratos tivessem uma duração mais alargada do que os últimos celebrados. PUB
Paulo Pisco acrescentou que em alguns casos “as chamadas telefónicas terão sido realizadas em língua chinesa, o que indiciará uma tentativa de se aproveitar da boa fé dos que, sendo portadores da cidadania portuguesa, já perderam, porém, o vínculo linguístico com Portugal”. O mandatário da lista, encabeçada pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, lembrou ainda que a ATFPM “recebe subsídios do Governo da RAEM” [Região Administrativa Especial de Macau], e os “presidentes daAssembleia Geral e da Direcção-Geral são também Conselheiros das Comunidades Portuguesas em Macau», numa referência a Rita Santos e José Pereira Coutinho, respectivamente. A Lusa tentou contactar sem êxito os dois dirigentes da ATFPM.
RPC / 70 ANOS CHUI SAI ON EMOCIONADO COM DISCURSO DE PRESIDENTE XI JINPING
O
Chefe do Executivo regressou ontem a Macau depois de ter assistido em Pequim às comemorações do 70º aniversário da implantação da República Popular da China. Ainda na capital chinesa, Chui Sai On revelou “a emoção que sentiu ao ouvir o discurso do Presidente Xi Jinping, para além de testemunhar a união e solidariedade de todos os grupos étnicos chineses do País”. De acordo com um comunicado do gabinete do porta-voz do Governo, Chui Sai On mostrou-se emocionado e “muito feliz por testemunhar o desenvolvimento do País, erguido, enriquecido e fortalecido ao longo
dos anos, e manifestou o seu desejo de ver a Pátria alcançar muito mais sucesso no futuro”. O Chefe do Executivo referiu que Macau tem uma gloriosa tradição de patriotismo e amor à pátria e que desempenhou, ao longo de várias etapas, um papel no desenvolvimento da China Moderna. Particularmente depois da transferência de soberania, Macau tem acompanhado o desenvolvimento nacional e tem sido testemunha e beneficiário da prosperidade e desenvolvimento da China. O deputado Ho Ion Sang integrou a comitiva encabeçada por Chui Sai On e salientou a emoção de assistir pela primeira vez à marcha militar enquanto membro do Comité Nacional da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CCPPC). O legislador ligado aos Kaifong destacou o contributo histórico da CCPPC como uma base essencial para o progresso da China, que entende ter eliminado completamente o “século de humilhação nacional”. Além disso, Ho Ion Sang referiu, de acordo com o Jornal do Cidadão, que as celebrações mostraram ao mundo que as grandes conquistas e o fortalecimento das forças militares são resultado do crescimento nacional, a materialização do sonho chinês e a revitalização da nação.
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quinta-feira 3.10.2019
A
SSUME que o programa político do Partido Socialista (PS) para as eleições legislativas para a Assembleia da República (AR) portuguesa, que decorrem este domingo, não versa sobre questões específicas relacionadas com a Escola Portuguesa de Macau (EPM) ou sobre assuntos relacionados com a classe jurídica de Macau ou o Direito local. Ainda assim, Ana Soares, advogada que integra a lista pelo Círculo Fora da Europa liderada por Augusto Santos Silva, que tem desempenhado as funções de ministro dos Negócios Estrangeiros, defende, em entrevista ao HM, que a expansão da EPM nos novos aterros “representará a criação de mais e melhores condições de expansão do projecto educativo da EPM e a consolidação da língua portuguesa como língua oficial da RAEM”. Questionada sobre a necessidade de se prestar mais atenção sobre a manutenção do Direito de Macau ou a celebração de acordos entre Macau e Portugal, tal como o acordo de extradição de infractores em fuga, Ana Soares assegurou que, mesmo sem especificidades no programa eleitoral, há um papel a desempenhar pelos deputados. “A AR e, em especial, os deputados eleitos pela emigração terão, no âmbito da sua função de fiscalização das leis e dos tratados, na execução daqueles acordos e de outros acordos internacionais que venham a ser celebrados, o poder de sindicar o cumprimento escrupuloso da Constituição e dos princípios de Direito Penal vigentes em Portugal, pois tais acordos só podem ser aplicados no
Deve ser estabelecida também uma “estreita ligação com as associações de matriz portuguesas que trabalham no terreno, para que a Declaração Conjunta e a Lei Básica de Macau sejam escrupulosamente cumpridas”
LEGISLATIVAS ANA SOARES, CANDIDATA PELO PS PELO CÍRCULO FORA DA EUROPA
“Comunidade lusa tem sido respeitada” A advogada Ana Soares, residente em Macau, integra a lista encabeçada por Augusto Santos Silva pelo Partido Socialista para as eleições legislativas pelo Círculo Fora da Europa. Ana Soares diz que o novo polo da Escola Portuguesa de Macau vai ajudar a dinamizar o projecto educativo em causa e recorda que é necessário um estreito acompanhamento por parte das autoridades portuguesas do que se passa em Macau dentro do quadro da Lei Básica estreito cumprimento dos princípios do Direito Penal e da Constituição portuguesa.” Apesar de ser um território que sempre conheceu uma elevada abstenção, Macau pode registar “uma melhoria qualitativa assinalável nestas eleições” ao nível da “intervenção cívica, do sentido de pertença e da participação na vida política dos emigrantes portugueses nos quatro cantos do mundo”. Ana Soares recorda a importância do recenseamento automático para todos os portadores do cartão de cidadão. Tal fez com que o universo de eleitores na Europa e fora dela passasse dos 300 mil para 1 milhão e 400 mil.
CONSULADOS REFORÇADOS
Apesar de se manterem as filas no consulado-geral de Portugal em Macau e Hong Kong, Ana Soares assegura que um dos objectivos do PS é continuar a reforçar essa rede consular. Do programa eleitoral, a candidata destaca a intenção de “reestruturação global da rede consular e serviços consulares e a implementação de um novo modelo de gestão consular para a melhoria do tempo de resposta dos utentes”. São também objectivos “o apoio ao movimento associativo e de preservação do património cultural da diáspora, a renovação e modernização das redes do ensino português no estrangeiro e ainda o programa Regressar, de apoio a todos os emigrantes que pretendam de novo residir e fixar-se em Portugal”. Face à presença da língua portuguesa em Macau,
A estratégia do PS é dar “apoio a este contexto diversificado do ensino do português na RAEM e na RPC”
Ana Soares lembrou que “o uso do idioma não passa exclusivamente pela EPM, mas também pelo ensino do português como língua curricular nos vários graus de ensino da RAEM”, sem esquecer as instituições do ensino superior e o Instituto Português do Oriente (IPOR). Lembrando o projecto de expansão do IPOR para Pe-
quim, além de outras apostas nesta área que acontecem na China, Ana Soares aponta que a língua portuguesa continua a ser bastante procurada em alguns sectores económicos de Macau. “Outra vertente é o ensino do português direccionado para sectores específicos de actividade, sendo grande a procura, por entidades públicas e privadas da RAEM,
desses cursos para fins específicos na área da linguagem em áreas como economia, saúde ou direito.” A candidata pelo PS recorda ainda que “para os alunos de português como língua estrangeira é de importância crucial a possibilidade de poderem aceder à certificação internacional”. Neste sentido, a estratégia do PS para o Círculo Fora da Europa, e especificamente
para Macau, é dar “apoio a este contexto diversificado do ensino do português na RAEM e na RPC, conjugado com incentivos à produção e intercâmbio cultural com agentes locais e na preservação do património cultural da diáspora portuguesa”.
OLHAR MACAU
No ano em que se celebra o 20.º aniversário de transferência de soberania de Macau para a China, Ana Soares frisa que “a comunidade portuguesa em Macau tem sido em geral respeitada e considerada uma mais valia pelo Governo da RAEM, até porque é uma comunidade que pela sua formação seria uma mais valia em qualquer país ou região”. Ainda assim, “não quer isto dizer que no dia a dia não existam situações que não conseguimos explicar à luz das declarações públicas, nomeadamente do Chefe do Executivo, sobre o grande contributo que tem sido dado à RAEM pela comunidade portuguesa nos últimos 20 anos”. Perante estes casos específicos, “a intervenção do Governo português tem de ser feita pelos canais próprios, manifestando às autoridades da RAEM os pontos de preocupação e concertando as soluções de correcção necessárias na defesa dos interesses da comunidade portuguesa em Macau”, frisou. Para que se efectue essa monitorização, à luz do cumprimento da política ‘Um País, Dois Sistemas’, deve ser estabelecida também uma “estreita ligação com as associações de matriz portuguesas que trabalham no terreno, para que a Declaração Conjunta e a Lei Básica de Macau sejam escrupulosamente cumpridas, e os direitos dos portugueses e lusodescendentes e o seu específico modo de vida preservados. Esse é o compromisso solene expresso pelo cabeça de lista do PS pelo Círculo Fora da Europa”, rematou. Esta semana, Ana Soares reuniu com a Associação dos Jovens Macaenses e Associação dos Aposentados, Reformados e Pensionistas de Macau (APOMAC), com o objectivo de “recolher sugestões e ouvir as suas preocupações e assim estabelecer pontes com o Governo Português”. Andreia Sofia Silva
andreia.silva@hojemacau.com.mo
8 sociedade
MEDALHAS DISTINGUIDOS DESTACAM FOCO DADO À LÍNGUA PORTUGUESA
Méritos lusitanos
GONÇALO LOBO PINHEIRO
3.10.2019 quinta-feira
A meses de deixar o Governo, Chui Sai On decidiu atribuir medalhas a membros do Conselho Executivo, mas também a figuras fortemente ligadas ao ensino do português em Macau, como é o caso de Carlos André e Manuel Machado. O presidente da Escola Portuguesa de Macau assegura que esta distinção é também um reconhecimento do trabalho desenvolvido pela própria escola
M
ANUEL Machado, presidente da Escola Portuguesa de Macau (EPM), foi distinguido pelo Governo da RAEM com a medalha de mérito educativo, sendo uma das inúmeras personalidades distinguidas por Chui Sai On antes de deixar o cargo de Chefe do Executivo. A cerimónia de atribuição de medalhas acontece em Novembro.
Ao HM, o presidente da EPM disse que esta distinção visa também o trabalho que a escola tem vindo a desenvolver. “Sinto-me honrado e orgulhoso pelo facto do Governo da RAEM me ter atribuído esta medalha, que considero ser o reconhecimento de uma carreira, que já tem mais de 40 anos, dedicada à educação e passada maioritariamente em Macau.” Além disso, “esta medalha é também a forma
de o Governo da RAEM, mais uma vez, reconhecer a importância que a EPM tem no contexto do sistema educativo da RAEM também pela importância que tem na difusão da língua e cultura portuguesa”, frisou Manuel Machado. Outra personalidade ligada ao ensino do português foi Carlos André, ex-coordenador do Centro Pedagógico e Científico de Língua Portuguesa do Instituto Politécnico de PUB
Macau (IPM), que viu ser-lhe atribuída a medalha de mérito cultural. “Fiquei satisfeito e orgulhoso porque é o reconhecimento pelo trabalho realizado nos últimos seis anos a favor da língua portuguesa, um trabalho de estreitamento de laços entre Macau, China e Portugal, e que se passou muito no interior da China”, contou Carlos André ao HM. Actualmente a residir em Portugal, Carlos André destaca que esta medalha se deve também a um intenso trabalho de equipa. “Esta medalha estende-se a muita gente, pois nada disto seria possível sem o IPM, que me convidou para exercer estas funções, e toda a equipa
“Fiquei satisfeito e orgulhoso porque é o reconhecimento pelo trabalho realizado nos últimos seis anos a favor da língua portuguesa.” CARLOS ANDRÉ EX-COORDENADOR DO CENTRO PEDAGÓGICO E CIENTÍFICO DE LÍNGUA PORTUGUESA DO IPM
Carlos André, ex-coordenador do Centro Pedagógico e Científico de Língua Portuguesa do Instituto Politécnico de Macau
que trabalhou comigo. É um orgulho que tenho, mas que partilho. Já não estou em Macau há um ano e fico surpreendido”, adiantou.
CONSELHO DISTINGUIDO
Chui Sai On distinguiu ainda dois empresários e membros do Conselho Executivo com o Lótus de Ouro. Liu Chak Wan e Ma Iao Lai vão ser distinguidos com o Lótus de Ouro, de acordo com a lista de 44 personalidades e entidades que vão receber, em Novembro, medalhas e títulos honoríficos. Membro do Comité Permanente da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês, o empresário Liu Chak Wan preside ao Banco de Desenvolvimento de Macau, sendo também presidente da Associação Comercial de Macau. As seis medalhas de prata vão ser entregues ao advogado macaense Leonel Alves, que esteve 33 anos na Assembleia Legislativa, ao ex-deputado Cheang Chi Keong, à política Ho Sut Heng, ao arquitecto Wong Eddie Yue Kai, ao actual deputado Chan Chak Mo e ainda à Nam Kwong
DSAT Taxista perdeu licença devido a infracções
União Comercial e Industrial, Limitada.Ao HM, Chan Chak Mo disse que esta medalha pode ser o resultado de um trabalho desenvolvido como político e empresário. “Foi algo inesperado. Sinto-me honrado, claro. Talvez seja uma combinação do trabalho que tenho vindo a desenvolver como empresário e político, talvez a minha contribuição para a AL e também para o Conselho Executivo, e para a indústria de comidas e bebidas.” A empresária Pansy Ho, filha do magnata do jogo Stanley Ho, será distinguida com a medalha de mérito turístico. Desde 2018, Ho é embaixadora da Organização Mundial do Turismo, agência especializada da ONU. Dentro da comunidade portuguesa, António Manuel Pereira e Rui Peres do Amaral foram distinguidos com a medalha de dedicação. A ANIMA – Sociedade Protectora dos Animais de Macau, presidida por Albano Martins, ganhou a medalha de mérito altruístico.
O primeiro caso em Macau de um taxista a perder a licença devido à prática de quatro infracções em cinco anos foi confirmado pela Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT), na segunda-feira. Esta é a primeira vez que acontece esta situação, que foi criada em Junho deste ano, com a nova lei para os táxis. “À luz da nova lei dos táxis, quando o condutor cometer num período de cinco anos quatro das infracções administrativas tipificadas, o seu cartão de identificação será cancelado”, explicou a DSAT em comunicado. O homem só poderá voltar a conduzir um táxi ao fim de três anos e quando necessitar de uma nova licença. No entanto, a DSAT não revelou o tipo de infracções cometidas pelo extaxista, nem a data da ocorrência das mesmas.
Andreia Sofia Silva
andreia.silva@hojemacau.com.mo
sociedade 9
quinta-feira 3.10.2019
As mensagens dos dois jovens de 20 anos visavam também o sistema de videovigilância “Olhos no Céu”. A Polícia está a investigá-los pelo crime de dano e pede aos cidadãos que exprimam opiniões de forma legal
PANFLETOS DETIDOS POR AFIXAREM MENSAGENS PRÓ-MANIFESTANTES
O novo normal
Até às 21h do primeiro dia da semana dourada (01), mais de 415 mil pessoas passaram pelos postos fronteiriços de Macau (entradas e saídas), de acordo com dados divulgados pela Polícia de Segurança Pública. Entre eles, cerca de 300 mil atravessaram o Posto Fronteiriço das Portas do Cerco e, cerca de 24 mil através da Ponte HKZM. Ontem, até às 17h, mais de 365 mil indivíduos passaram pelos postos fronteiriços, dos quais 271 mil pelas Portas do Cerco, e cerca de 20 mil pela ponte HKZM. Um visitante entrevistado ontem de manhã pelo canal chinês da Rádio Macau, disse que a passagem fronteiriça de Zhuhai para Macau foi fluente, organizada, e que apenas demorou meia-hora.
O
Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) deteve dois homens com cerca de 20 anos que afixavam panfletos pró-manifestantes de Hong Kong, na Taipa, durante o dia do estabelecimento da República Popular da China. O caso foi revelado pelas autoridades que estão a investigar os jovens por alegadamente terem violado o “Regulamento Geral dos Espaços Públicos” e ainda devido à prática do crime de “dano”. Segundo o CPSP, o caso aconteceu quando, durante a tarde de ontem, os agentes encontraram os dois jovens a afixarem em paredes e postes de iluminação folhas A4 com mensagens de apoio aos manifestantes de Hong Kong. Entre as mensagens, havia igualmente papéis contra o sistema “Olhos no Céu”, ou seja, o sistema de videovigilância posto em prática pelas autoridades. Nos papéis podia ler-se, em inglês e chinês, as mensagens “apoiem-se mutuamente Hong Kong e Macau” ou ainda “rejeitemos o sistema de videovigilância na cidade”. Na altura da detenção os homens tinham igualmente com eles vários papéis, como revelado pelo CPSP, e as imagens dos cartazes afixados foram horas mais tardes reveladas pela página do facebook “macau.standwithHK”. Ainda de acordo com o portal All About Macau, depois das detenções a polícia avisou os residentes que têm de exprimir as suas opiniões de forma legal.
PSP Mais de 365 mil pessoas entraram ontem no território
Casinos Receitas brutas cresceram 0,6%
Depois de dois meses de quebras nos saldos comerciais, os casinos de Macau regressaram a terreno positivo em Setembro com as receitas brutas a registaram um crescimento de 0,6 por cento em relação ao mesmo mês de 2018. Durante os primeiros nove meses do ano, as operadoras tiveram resultados acumulados na ordem dos 220 mil milhões de patacas, o que representa uma quebra de 1,7 por cento em relação ao período homólogo do ano passado. De acordo com dados divulgados pela Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos, Setembro registou a subida de receitas brutas mais ténue de 2019, com os casinos a arrecadarem pouco mais de 22 mil milhões de patacas.
O regulamento geral dos espaços públicos não prevê penas de prisão, e as multas variam entre as 300 patacas, nas infracções comuns, e as 5 mil patacas, para casos muito graves. Já o crime de dano pode resultar numa pena até 3 anos de prisão, mas implica danos parciais ou destruição total dos objectos em causa. É igualmente necessário que o proprietário dos objectos visados apresente queixa. Ainda este ano, Mario Ho, filho de Stanley Ho, chegou a estar indiciado pela prática deste crime devido a um grafite de pedido de casamento na Rua da Paixão. O filho da deputada Agnes Lam conseguiu evitar o julgamento, uma vez que o
proprietário não terá querido apresentar queixa do dano.
TOLERÂNCIA ZERO
As autoridades locais têm adoptado uma política de tolerância zero face a mensagens de apoio aos manifestantes de Hong Kong. Em Agosto, quatro estudantes foram interrogados nos Lagos Nam Van por terem criado um Lennon Wall, ou seja colocado post-its na parede. Além disso, havia post its para quem quisesse deixar uma mensagem. Após as autoridades terem ido ao local, a Lennon Wall acabou por ser removida, sem que houvessem danos visíveis na parede. Também emAgosto sete pessoas foram detidas na Praça do Senado, por estarem no local onde tinha sido
proibida pelo CPSP uma manifestação para condenar as acções da polícia de Hong Kong. Os detidos “para interrogatório” tinham na sua posse cartazes papéis com mensagens de apoio aos manifestantes. As autoridades foram igualmente chamadas a intervir já em Setembro, quando dois alunos surgiram no Instituto de Formação Turística (IFT) com cartazes de apoio aos manifestantes. Sobre esta situação, o secretário para a Segurança, Wong Sio Chak , acusou os alunos de terem cometido o crime de manifestação ilegal, mas disse que a polícia não ia levá-los a tribunal. João Santos Filipe
joaof@hojemacau.com.mo
Nam Van Grupo pró-manifestantes perseguido
Alguns membros do grupo de Telegram que criou o Lennon Wall em Nam Van foram perseguidos por homens vestidos com camisolas brancas na noite de 1 de Outubro, quando assistiam ao Festival de Fogode-Artifício, no Lago de Nam Van. O caso foi revelado pelo jornal All About Macau, que avança que os homens de branco estiveram constantemente a fotografar as pessoas envolvidas, o que fez com que os visados tivessem de fugir do local. Como consequência deste episódio, o grupo decidiu cessar o seu funcionamento no Telegram por temer pela segurança dos envolvidos, que são apoiantes dos manifestantes de Hong Kong.
10 eventos
F
OI apresentado esta segunda-feira, na cidade do Porto, em Portugal, o livro “Macau: Diálogos sobre Arquitectura e Sociedade”, editado pela Circo das Ideias e coordenado pelos fundadores da plataforma cultural BABEL, o arquitecto Tiago Quadros e a curadora Margarida Saraiva. A obra reúne entrevistas realizadas a Nuno Cera, que realizou uma residência artística na Casa Garden com o apoio da Fundação Oriente, e outros nomes fortemente ligados à realidade urbana do território, como é o caso de Hendrik Tieben, Thomas Daniell, Mário Duque, Wang Weijen, Diogo Burnay, Jianfei Zhu, Jorge Figueira, Werner Breitung e Pedro Campos Costa. Ao HM, Tiago Quadros contou mais detalhes de um projecto que começou a ser pensado em 2013. “Havia a noção de que muito do conhecimento produzido sobre Macau, ao nível da arquitectura e estudos urbanos, estavam extremamente disseminados nos países de origem dos autores. Quisemos com isto reunir os autores desses estudos e tentar fixar esse conhecimento no mesmo livro.” A obra faz-se não apenas do contributo de arquitectos mas também de urbanistas e académicos. O contributo do artista Nuno Cera acabou por surgir de forma espontânea depois da sua presença em Macau, recorda Tiago Quadros. “A dada altura as coisas começaram a acontecer de modo natural e pensámos que seria interessante que parte do trabalho do Nuno fosse incluído quase como um ensaio natural mas existindo como um corpo próprio, e não apenas como ilustração das entrevistas.” Na apresentação do livro estiveram presentes o fotógrafo José Maçãs de Carvalho, que tem vindo a desenvolver inúmeros projectos em Macau e Hong Kong, e o arquitecto Bernardo Amaral, que viveu no território.
3.10.2019 quinta-feira
Olhar para de ARQUITECTURA E URBANISMO NOVO LIVRO SOBRE MACAU APRESENTADO EM PORTUGAL
“Macau: Diálogos sobre Arquitectura e Sociedade” é o resultado de uma e entrevistas sobre várias questões que habitam o mundo do urbanismo contemporânea. O livro, editado pela Circo de Ideias, do Porto, foi coo da BABEL, Tiago Quadros e Margarida Saraiva
AS PROBLEMÁTICAS
Em “Macau: Diálogos sobre Arquitectura e Sociedade” é contada a história do desenvolvimento urbano do território nos últimos anos. “O livro procura ter uma abordagem retrospectiva das últimas décadas, e consegue fazer isso com as intervenções do Diogo Burnay, que fala
A obra reúne entrevistas realizadas a Nuno Cera, que realizou uma residência artística na Casa Garden com o apoio da Fundação Oriente, e outros nomes fortemente ligados à realidade urbana do território, como é o caso de Hendrik Tieben, Thomas Daniell, Mário Duque, Wang Weijen, Diogo Burnay, Jianfei Zhu, Jorge Figueira, Werner Breitung e Pedro Campos Costa
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quinta-feira 3.10.2019
entro
a união de estudos dispersos e da arquitectura da Macau ordenado pelos fundadores
muito dos anos 60 e 70. Mas depois procura também ter uma abordagem prospectiva em relação aquilo que vai acontecer no futuro próximo e quais serão as expectativas.” Neste campo, entram problemáticas como o espaço público e “a importância que tem e deveria ter numa cidade como Macau, onde a cultura local está muito orientada para o usufruto da população desse mesmo espaço publico, que é muito desqualificado”, apontou Tiago Quadros. Jorge Figueira apresenta ainda uma “abordagem mais contemporânea sobre a produção teórica que fez sobre Macau nos últimos anos, cruzando várias questões como a arquitectura e filosofia, muito sobre a produção caleidoscópica produzida pelos casinos em Macau.” O livro aborda ainda a problemática da habitação, como aponta Tiago Quadros, que dá como exemplo o desenvolvimento na zona do COTAI. “O plano do COTAI incluía a criação de áreas de habitação pública, que depois foi colocada em zonas mais periféricas como Seac Pai Van. Tem havido uma pressão muito grande por parte da população e o Governo assume que quer fazer, mas na verdade muito poucas soluções têm sido avançadas.” São também abordadas questões como a preservação do património e a arquitectura dos casinos, que “têm um efeito natural na vida do seu público”. Tiago Quadros assume que esta é uma obra que dá respostas a quem não faz parte desta área. “Macau está muito bem representada neste livro. Há um conjunto de pessoas entrevistadas que tem um trabalho muito relevante na área da arquitectura e estudos urbanistas e que ganham voz nesta publicação. Qualquer pessoa que procure ou queira fazer um trabalho de investigação sobre Macau nestas áreas tem neste livro muitas fontes e pistas e um suporte importante para desenvolver esse trabalho.” Acima de tudo, a obra contém “visões e abordagens muito distintas sobre temas diferentes”, sendo uma das qualidades do livro, defende Tiago Quadros. Andreia Sofia Silva
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HOJE NA CHÁVENA Paula Bicho
Naturopata e Fitoterapeuta • obichodabotica@gmail.com
Espinheiro-Alvar Nome botânico: Crataegus monogyna Jacq., Crataegus laevigata DC. e seus híbridos Sinonímia científica: C. laevigata DC.: Crataegus oxyacantha L. Família: Rosaceae. Nomes populares: Abronceiro; Cambroeira; Escalheiro; Escambrulheiro; Espinha-branca; Espinheiro-branco; Espinheiroordinário; Estrepeiro; Pilriteiro; Pirliteiro. Nativo da Europa, o Espinheiro-alvar cresce em estado selvagem nos matos, sebes e junto dos cursos de água, sendo também cultivado nos jardins como planta ornamental. Trata-se de um arbusto espinhoso, de crescimento lento, que pode alcançar 2 a 4 metros de altura e viver, por vezes, até aos 500 anos; apresenta folhas caducas, divididas em vários lóbulos, e flores brancas ou rosadas agrupadas em corimbos; os frutos, comummente designados por pirlitos, são bagas de cor vermelha. O seu nome de género, Crataegus, provém do grego, krátaigos, que significa forte, robusto, numa alusão à sua madeira, de grande dureza e muito resistente à fricção, usada no fabrico de armas. Conhecido desde tempos ancestrais, como o comprovam os vestígios de caroços encontrados em ruínas do Neolítico, o Espinheiro-alvar sempre foi um remédio muito apreciado. No século I, Dioscórides indicava-o o para fortalecer o organismo e, na Idade Média, era símbolo de esperança e recomendado no tratamento de diversas doenças. Os herbários de Gerard, Culpeper e K’Eogh, dos séculos XVI e XVIII, referem o seu uso como diurético e no tratamento de cálculos renais e da bexiga. Foi ainda venerado como planta mágica, considerado sagrado e celebrado por poetas e romancistas. A sua investigação teve início no século XIX, sendo actualmente uma prestigiada planta medicinal. Em fitoterapia são usadas as flores e folhas, ou as bagas. Composição Flavonóides (apigenina, hiperósido, luteolina, quercetina, rutina, vitexina), diversas aminas (colina, feniletilamina, histamina, tiramina), ácidos fenólicos, cumarinas, proantocianidinas oligoméricas, derivados triterpénicos, fitosteróis, glicósidos cianogénicos e vitamina C. Aroma pouco intenso, sabor doce. Acção terapêutica Considerado por alguns terapeutas como “alimento para o coração”, o Espinheiro-alvar relaxa e dilata as artérias, sobretudo
as coronárias, aumentando a irrigação sanguínea e a nutrição do miocárdio, sendo também antiespasmódico. Por outro lado, aumenta a força contráctil do coração e regulariza o seu ritmo. Devido a estas propriedades, é uma planta de eleição no tratamento de alterações da função cardíaca e circulatória, como a insuficiência cardíaca, coração senil, arritmias, doença coronária, angina de peito, enfarte do miocárdio e espasmos vasculares (sob prescrição de um profissional). Na insuficiência cardíaca leve, observou-se uma boa tolerância, com ausência de efeitos adversos e uma melhoria na qualidade de vida, especialmente uma sensação subjectiva de bem-estar. O Espinheiro-alvar tem ainda actividade antioxidante, evitando a degenerescência das artérias provocada pela arteriosclerose. É diurético e regulariza a pressão arterial, sendo útil tanto em caso de hipertensão, como de hipotensão. Outras propriedades Sedativo sobre o sistema nervoso simpático, o Espinheiro-alvar tem uma acção compensadora dos desequilíbrios neurovegetativos, sendo igualmente uma das plantas ansiolíticas conhecidas mais eficazes. É muito recomendado no tratamento da ansiedade, nervosismo e insónia, e transtornos neurovegetativos do coração (sensação de opressão no peito, taquicardia, hipertensão). Também é usado para melhorar a memória, por estimular a circulação sanguínea e aumentar a oxigenação no cérebro. Como tomar Uso interno: Infusão das folhas e flores: 1 colher de sobremesa por chávena de água fervente, 5 a 10 minutos de infusão. Tomar 3 chávenas por dia. Também em ampolas, vinho medicinal, xarope (para crianças), tintura, cápsulas e comprimidos, em simples ou fórmulas. Precauções Contra-indicado durante a gravidez e lactação. Embora raramente, pode ocasionar fadiga, náuseas e rash cutâneo, que desaparecem com a suspensão da medicação. Em doses não terapêuticas pode produzir bradicardia (batimento cardíaco lento) e depressão respiratória. Respeitar as posologias e não fazer tratamentos prolongados. Em caso de hipertensão, fazer o controlo da pressão arterial devido à possibilidade de surgirem descompensações. Não tomar em concomitância com heterósidos cardiotónicos, beta-bloqueantes, hipotensores ou benzodiazepinas. Em caso de dúvida, consulte o seu profissional de saúde.
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3.10.2019 quinta-feira
Notificação n.o 00091/NOEP/DJN/2019 Considerando que não se revela possível notificar os interessados, pessoalmente, por ofício, telefone, ou outra forma, para o efeito do regime procedimental nos respectivos processos administrativos sancionatórios, nos termos do artigo 14.º do Decreto-Lei n.º 52/99/M, de 4 de Outubro, e do artigo 68.º e n.º 1 do artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, o signatário notifica, pela presente, ao abrigo do n.º 2 do artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo, no uso das competências conferidas pelo Conselho de Administração para os Assuntos Municipais e constantes da Deliberação n.º 01/CA/2019, de 1 de Janeiro, publicada na Série II do Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau, n.º 2, de 9 de Janeiro de 2019, e ainda nos termos das competências definidas no n.o 4 do artigo 4.º e na alínea 6) do n.º 1 do artigo 5.º do Regulamento Administrativo n.o 25/2018, os infractores, constantes das tabelas anexas a esta notificação, do conteúdo das respectivas decisões sancionatórias: Nos termos do n.º 4 do artigo 36.º, n.º 1 do artigo 37.º, artigo 38.º e artigo 39.º do Regulamento Geral dos Espaços Públicos, aprovado pelo Regulamento Administrativo n.º 28/2004, o Presidente do Conselho de Administração para os Assuntos Municipais ou seus substitutos exararam despachos nas respectivas informações, tendo em consideração as infracções administrativas comprovadas e a existência de culpa confirmada. Assim: 1.
Foram aplicadas aos infractores constantes das Tabelas I a VI as multas previstas no n.º 2 do artigo 45.º do Regulamento Geral dos Espaços Públicos e no artigo 2.º do Catálogo das Infracções, no valor de MOP 600,00 (cada infracção): Os factos ilícitos exarados nas acusações, provados testemunhalmente, constituem infracções administrativas ao disposto na alínea 1) do n.º 1 do artigo 2.º do Regulamento Geral dos Espaços Públicos e previstos no n.º 13 do artigo 2.º do Catálogo das Infracções, aprovado pelo Despacho do Chefe do Executivo n.º 106/2005, porquanto resultam da prática de actos de “cuspir ou lançar muco nasal para qualquer superfície do espaço público, de instalações públicas ou de equipamento público”, tendo sido os infractores notificados do conteúdo das acusações. (cfr.: Tabela I) Os factos ilícitos exarados nas acusações, provados testemunhalmente, constituem infracções administrativas ao disposto no n.º 1 do artigo 13.º do Regulamento Geral dos Espaços Públicos e previstos no n.º 7 do artigo 2.º do Catálogo das Infracções, aprovado pelo Despacho do Chefe do Executivo n.º 106/2005, porquanto resultam da prática de actos de “nos espaços públicos, abandonar resíduos sólidos fora dos locais e recipientes especificamente destinados à sua deposição”, tendo sido os infractores notificados do conteúdo das acusações. (cfr.: Tabela II) Os factos ilícitos exarados nas acusações, provados testemunhalmente, constituem infracções administrativas ao disposto na alínea 1) do n.º 1 do artigo 14.º do Regulamento Geral dos Espaços Públicos e previstos no n.º 3 do artigo 2.º do Catálogo das Infracções, aprovado pelo Despacho do Chefe do Executivo n.º 106/2005, porquanto resultam da prática de actos de “despejar, derramar ou deixar correr líquidos poluentes, nomeadamente águas poluídas, tintas ou óleos em espaços públicos”, tendo sido os infractores notificados do conteúdo das acusações. (cfr.: Tabela III) Os factos ilícitos exarados nas acusações, provados testemunhalmente, constituem infracções administrativas ao disposto no n.º 1 do artigo 4.º do Regulamento Geral dos Espaços Públicos e previstos no n.º 23 do artigo 2.º do Catálogo das Infracções, aprovado pelo Despacho do Chefe do Executivo n.º 106/2005, porquanto resultam da prática de actos de “colocar ou abandonar no espaço público quaisquer materiais ou objectos”, tendo sido as infractoras notificadas do conteúdo das acusações. (cfr.: Tabela IV) Os factos ilícitos exarados nas acusações, provados testemunhalmente, constituem infracções administrativas ao disposto na alínea 1) do n.º 1 artigo 14.º do Regulamento Geral dos Espaços Públicos e previstos no n.º 6 do artigo 2.º do Catálogo das Infracções, aprovado pelo Despacho do Chefe do Executivo n.º 106/2005, porquanto resultam da prática de actos de “não cumprir as recomendações técnicas para evitar a queda de pingos de água provenientes de aparelho de ar condicionado, após o decurso do prazo fixado pelo Instituto para o efeito de acordo com as circunstâncias do caso concreto”, tendo sido os infractores notificados do conteúdo das acusações. (cfr.: Tabela V) O facto ilícito exarado na acusação, provado testemunhalmente, constitui infracção administrativa ao disposto no n.º 1 do artigo 11.º do Regulamento Geral dos Espaços Públicos e previsto no n.º 9 do artigo 2.º do Catálogo das Infracções, aprovado pelo Despacho do Chefe do Executivo n.º 106/2005, porquanto resulta da prática do acto de “utilizar contentores ou outros recipientes destinados aos resíduos sólidos domésticos ou aos públicos para colocação de resíduos de outro tipo, nomeadamente resíduos sólidos industriais, comerciais ou especiais”, tendo sido o infractor notificado do conteúdo da acusação. (cfr.: Tabela VI)
2.
Além disso, os infractores podem ainda apresentar reclamação contra os actos sancionatórios para o autor do acto, no prazo de 15 (quinze) dias, a contar da data da publicação da notificação, nos termos dos artigos 145.º, 148.º e 149.º do Código do Procedimento Administrativo, sem prejuízo da aplicação do disposto no artigo 123.º do referido Código.
Tabela I Nome 謝潤興 CHE, ION HENG 陳德安 CHAN TAK ON
Sexo
Tipo e N.º do documento de identificação
4.
5.
Quanto aos actos sancionatórios, os infractores podem apresentar recurso contencioso no prazo estipulado nos artigos 25.º e 26.º do Código de Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 110/99/M, de 13 de Dezembro, para o Tribunal Administrativo da Região Administrativa Especial de Macau. Sem prejuízo da aplicação do disposto no artigo 75.º do Código do Procedimento Administrativo, para efeitos do disposto no n.º 4 do artigo 55.º do Regulamento Geral dos Espaços Públicos, os infractores deverão efectuar o pagamento das multas aplicadas, dentro do prazo de 30 (trinta) dias, a partir da data da publicação da presente notificação, na Divisão Jurídica e de Notariado do IAM (Núcleo Operativo do IAM para a Execução do Regulamento Geral dos Espaços Públicos), sita na Rua do Dr. Soares, n.º 6, Edifício Soares (Casa Amarela), Macau, ou efectuar a liquidação do valor total da multa através do acesso ao endereço electrónico (https://app.iam.gov.mo/rgepwebpay). Caso contrário, o IAM submeterá os processos à Repartição das Execuções Fiscais da Direcção dos Serviços de Finanças, para a cobrança coerciva, nos termos do artigo 17.º do Decreto-Lei n.º 52/99/M e do artigo 29.º do Decreto-Lei n.o 30/99/M. Não é de atender a esta notificação, caso os infractores constantes das tabelas anexas tenham já saldado, aquando da presente publicação, as respectivas multas, resultantes da acusação. Para informações mais pormenorizadas, os interessados poderão ligar para o telefone n.º 8399 3248 ou dirigir-se pessoalmente ao referido Núcleo Operativo deste Instituto. Aos 11 de Setembro de 2019. O Presidente do Conselho de Administração para os Assuntos Municipais José Tavares
Data em que foi exarado Data da infracção o despacho de aplicação da multa
M
(*1)
7401***(*)
2-000156TU/2019
2019-03-11
2019-04-30
M
(*1)
5021***(*)
2-000069TF/2019
2019-02-14
2019-04-30
Tabela II 王麗娜 WONG LAI NA 梁文偉 LEONG MAN WAI 易啓華 IEK KAI WA 黃振陞 WONG CHAN SENG 郭淳康 KOK SON HONG 馮金允 FONG KAM WAN 蘇華成 SOU WA SENG 賴健金 LAI JIANJIN 范兆鵬 FAN SIO PANG 譚巨兒 TAM KOI I 葉培育 IP PUI IOK 徐雙珠 CHOI SEONG CHU 梁俊賢 LEONG CHON IN 伍時岳 NG, SI NGOK 李潤威 LEI ION WAI 吳群英 NG KUAN IENG 張焯祺 CHEONG CHEOK KEI 容國俊 IONG KUOK CHON 郭浩文 KUOK HOU MAN 鄧富新 TANG FU SAN 潘振輝 PUN CHAN FAI 梁玉勝 LEUNG YUK SING 林源 LAM UN 雷路敏 LOI LOU MAN 盧國豪 LOU KUOK HOU 歐細胡 AO SAI WU 林志為 LAM CHI WAI 任永生 IAM WENG SANG 陳梓健 CHAN CHI KIN
F
(*1)
1458***(*)
2-000221TD/2019
2019-03-11
2019-05-03
M
(*1)
5186***(*)
2-000229SH/2019
2019-02-25
2019-05-03
M
(*1)
5150***(*)
2-000084TW/2019
2019-02-25
2019-05-03
M
(*1)
5170***(*)
2-000086RY/2019
2019-02-25
2019-05-03
M
(*1)
1334***(*)
2-000085TH/2019
2019-02-25
2019-04-29
M
(*1)
5071***(*)
2-000041TG/2019
2019-02-22
2019-04-30
M
(*1)
5199***(*)
2-000183TD/2019
2019-02-22
2019-04-30
M
(*1)
1506***(*)
A003761/2019
2019-02-22
2019-04-30
M
(*1)
7375***(*)
2-000118TE/2019
2019-02-22
2019-04-30
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(*1)
1523***(*)
2-000109UC/2019
2019-02-21
2019-04-30
M
(*1)
1516***(*)
2-000165SK/2019
2019-02-21
2019-04-30
F
(*1)
1414***(*)
2-000079TP/2019
2019-02-18
2019-04-29
M
(*1)
5152***(*)
2-000102UC/2019
2019-02-16
2019-04-30
M
(*1)
1668***(*)
2-000046SL/2019
2019-02-15
2019-04-30
M
(*1)
1332***(*)
2-000093UC/2019
2019-02-14
2019-04-29
F
(*1)
5135***(*)
2-000071TW/2019
2019-02-14
2019-04-29
M
(*1)
5059***(*)
2-000145TS/2019
2019-02-13
2019-04-30
M
(*1)
1291***(*)
2-000048TW/2019
2019-02-12
2019-04-29
M
(*1)
1221***(*)
2-000072TH/2019
2019-02-11
2019-04-29
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(*1)
5172***(*)
2-000395TM/2018
2018-12-14
2019-02-27
M
(*1)
5151***(*)
2-000688TD/2018
2018-12-07
2019-02-27
M
(*1)
5133***(*)
2-000490TL/2018
2018-12-06
2019-02-27
M
(*1)
7402***(*)
2-000743SH/2018
2018-12-02
2019-01-15
M
(*1)
1306***(*)
2-000467TL/2018
2018-11-16
2019-01-15
M
(*1)
5170***(*)
2-000181TS/2018
2018-11-14
2019-02-08
M
(*1)
7379***(*)
2-000452SE/2018
2018-11-06
2019-02-08
M
(*2)
230***
2-000093UD/2018
2018-05-02
2019-08-01
M
(*1)
7425***(*)
2-00512WB/2018
2018-04-04
2019-01-18
M
(*1)
5203***(*)
2-000365SO/2017
2017-05-08
2019-05-03
Para efeitos do disposto no n.º 2 do artigo 150.º do mesmo Código, a reclamação não tem efeito suspensivo sobre o acto. 3.
N.º da acusação
Tabela III 黃洪渭 WONG, HONG WAI HOI HANG I 桂偉清 GUI WEIQING
M
(*1)
7406***(*)
2-000100UC/2019
2019-02-16
2019-04-30
F
(*1)
5177***(*)
2-02154WB/2018
2018-10-22
2019-02-08
F
(*1)
1445***(*)
2-01446WB/2018
2018-07-11
2019-01-04
Tabela IV 張成 CHEONG SENG 許金華 HOI KAM WA
M
(*1)
7243***(*)
2-000076TH/2019
2019-02-13
2019-04-30
F
(*1)
1273***(*)
A095754/2018
2018-11-14
2019-02-08
楊美玲 蔡樹聰 CHOI SU CHONG
F
(*1)
1558***(*)
2-01422WB/2018
2018-07-13
2019-01-04
M
(*1)
7376***(*)
2-01434WB/2018
2018-07-24
2019-01-04
2018-05-01
2019-08-01
Tabela V
Tabela VI 陳盛威 CHAN SENG WAI
M
(*2)
255***
Nota: (*1) Bilhete de Identidade de Residente de Macau (*2) Carta de condução de Macau
www. iam.gov.mo
2-000277TQ/2018
china 13
quinta-feira 3.10.2019
O
Presidente chinês, Xi Jinping, destacou terça-feira a unidade, desenvolvimento e força da China, no 70.º aniversário da República Popular, que culminou numa parada militar destinada a mostrar a ascensão do país como potência mundial. “Não há força que possa abalar os alicerces desta grande nação”, afirmou Xi Jinping, no topo da Praça Tiananmen, onde há precisamente setenta anos Mao Zedong proclamou a fundação da República Popular da China. Perante milhares de chineses, seleccionados a partir de empresas estatais, universidades ou órgãos governamentais, e que aplaudiram enquanto agitavam bandeiras do país, Xi declarou: “Hoje, uma China socialista ergue-se de frente para o mundo”. O discurso do também secretário-geral do Partido Comunista seguiu a narrativa oficial do regime, que se autoproclama responsável por erguer a China do “século de humilhação”, durante a dinastia Qing, face à invasão por potências coloniais como o Reino Unido e o Japão. Xi seguiu depois numa limusine com capota aberta, passando revista às tropas e a dezenas de mísseis, veículos blindados e outros equipamentos militares. Soldados envergando capacete e equipamento de combate gritavam em uníssono “Viva, líder” e “Servir o povo”. Xi respondia com a saudação “Olá, camaradas”.
70 ANOS XI JINPING DESTACA “ALICERCES FORTES” EM DEMONSTRAÇÃO DE CAPACIDADE MILITAR
“De frente para o mundo”
do analistas, o que o torna o míssil com maior alcance no mundo. Analistas dizem que é capaz de carregar até 10 ogivas e atingir alvos separados. A ênfase de Pequim em desenvolver mísseis e outras armas de longo alcance reflectem o seu desejo de
OUTRAS CONQUISTAS
PODER DE FOGO
O exército da China, o maior do mundo, com dois milhões de homens e mulheres nas suas unidades de combate, está a desenvolver aviões de combate, o primeiro porta-aviões construído na China e uma nova geração de submarinos movidos a energia nuclear. Uma das armas mais observadas terça-feira por analistas foi o Dongfeng-17, o primeiro míssil capaz de transportar um veículo hipersónico, que pode ser equipado com armas convencionais ou nucleares, sendo capaz de ultrapassar sistemas antimísseis. O míssil balístico intercontinental Dongfeng-41 tem um alcance de até 15.000 quilómetros, segun-
destronar os Estados Unidos como força dominante na Ásia Oriental, e pressionar Taiwan no sentido da reunificação. A China tem o segundo maior orçamento militar do mundo, estimado em 250 mil milhões de dólares, segundo o Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo. Os Estados Unidos, com um exército de 1,3 milhões de pessoas, têm o maior orçamento militar do mundo - 650 mil milhões de dólares.
O exército da China, o maior do mundo, com dois milhões de homens e mulheres nas suas unidades de combate, está a desenvolver aviões de combate, o primeiro portaaviões construído na China e uma nova geração de submarinos movidos a energia nuclear
A parada militar incluiu ainda exibições e carros alegóricos que destacaram a enorme transformação da China, desde uma nação pobre e devastada pela ocupação japonesa e subsequente guerra civil, até se converter na segunda maior economia do mundo. Desastres ocorridos durante a governação de Mao Zedong, como a campanha de colectivização dos meios de produção e industrialização o “Grande Salto em Frente”, que causou cerca de trinta milhões de mortes, ou a Revolução Cultural, que mergulhou o país no caos e isolamento, foram omitidos. Para o final ficaram as referências à “nova era”, anunciada por Xi, e que visa o “grande rejuvenescimento da nação chinesa”, um termo com significado económico
e territorial. Segundo os objectivos traçados por Xi, em meados deste século, a China será um país “totalmente desenvolvido”, superando
os EUA como a principal economia do mundo. Territorialmente, terá completado o processo de reunificação com Taiwan, a
ilha onde se refugiou o antigo Governo nacionalista e que actua como uma entidade política soberana, apesar das ameaças de Pequim.
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DIRECÇÃO DOS SERVIÇOS DE TURISMO Torna-se público que, de acordo com o Despacho do Ex.mo Senhor Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, de 18 de Setembro de 2019, se encontra aberto concurso público para adjudicação de “Prestação dos serviços de acolhimento através de transportes no âmbito do 4º Festival Internacional de Cinema e Cerimónia de Entrega de Prémios‧Macau”. Desde a data da publicação do presente anúncio, nos dias úteis e durante o horário normal de expediente, os interessados podem examinar o Processo do Concurso na Direcção dos Serviços de Turismo, sita em Macau, na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção, n.os 335-341, Edifício “Hotline”, 12.o andar, e ser levantadas cópias, incluindo o Programa do Concurso, o Caderno de Encargos e demais documentos suplementares, mediante o pagamento de MOP200,00 (duzentas patacas); ou ainda consultar o website da Direcção dos Serviços de Turismo: http://industry.macaotourism.gov.mo, e fazer “download” do mesmo. Para quaisquer esclarecimentos, os interessados podem, até às 13:00 horas do dia 11 de Outubro de 2019, apresentar o pedido de esclarecimento por escrito, nos Avisos Públicos da Página Electrónica da Indústria Turística de Macau (http://industry.macaotourism. gov.mo) da Direcção dos Serviços de Turismo, sendo as respostas, também, dadas na mesma. O limite máximo do valor global da prestação do serviço é de MOP1.200.000,00 (um milhão e duzentas mil patacas). Critérios de adjudicação e factores de ponderação: Critérios de adjudicação Experiência do concorrente Preço Introdução da Empresa e currículo da equipa que encarrega o presente projecto Capacidade para acompanhamento e reação às situações do local dos eventos
Factores de ponderação 45% 20% 25% 10%
Os concorrentes deverão apresentar as propostas na Direcção dos Serviços de Turismo, no balcão de atendimento, sito em Macau, na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção, n.os 335-341, Edifício “Hotline”, 12.o andar, durante o horário normal de expediente e até às 13:00 horas do dia 21 de Outubro de 2019, devendo as mesmas ser redigidas numa das línguas oficiais da RAEM ou, alternativamente, em inglês, prestar a caução provisória de MOP24.000,00 (vinte e quatro mil patacas), mediante: 1) depósito em numerário à ordem da Direcção dos Serviços de Turismo no Banco Nacional Ultramarino de Macau, 2) garantia bancária, 3) depósito nesta Direcção dos Serviços em numerário, em ordem de caixa ou em cheque, emitidos à ordem da Direcção dos Serviços de Turismo, ou 4) por transferência bancária na conta do Fundo do Turismo do Banco Nacional Ultramarino de Macau (n.o 8003911119). O acto público do concurso será realizado no Auditório da Direcção dos Serviços de Turismo, sito em Macau, na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção, n.os 335-341, Edifício “Hotline”, 14.o andar pelas 10:00 horas do dia 22 de Outubro de 2019. Os representantes legais dos concorrentes deverão estar presentes no acto público do concurso para efeitos de apresentação de eventuais reclamações e/ou para esclarecimento de eventuais dúvidas dos documentos apresentados a concurso, nos termos do artigo 27.o do Decreto-Lei n.o 63/85/M, de 6 de Julho. Os representantes legais dos concorrentes poderão fazer-se representar por procurador devendo, neste caso, o procurador apresentar procuração notarial conferindo-lhe poderes para o acto público do concurso. Em caso de encerramento destes Serviços por causa da tempestade ou por motivo de força maior, o termo do prazo de entrega das propostas, a data e hora do acto público do concurso serão adiados para o primeiro dia útil imediatamente seguinte, à mesma hora. Direcção dos Serviços de Turismo, aos 26 de Setembro de 2019. A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes
14
h
estendais Gisela Casimiro
3.10.2019 quinta-feira
vou correr à velocidade da minha solidão
Eu sou ela
“and he said: you pretty full of yourself ain’t chu so she replied: show me someone not full of herself and i’ll show you a hungry person” Nikki Giovanni
A
S redes sociais mundiais estão obcecadas com Greta Thunberg e coube às redes sociais portuguesas duas obsessões extra: o último video do rapper Valete e a gaguez de Joacine Katar Moreira. Não sei quase nada sobre Valete, a sua carreira, as suas origens, o seu percurso pessoal e profissional. Ouvi muitas vezes uma canção de há uns anos, em que colabora com Capicua, rapper, feminista e activista extraordinaire. Essa canção, Medusa, é precisamente sobre abusos, igualdade de género, é o denunciar de situações criminosas e misóginas que vemos, ainda, repetirem-se demasiadas vezes. Na semana em que o Theatro Circo de Braga se encontra de luto profundo por um elemento fundamental da sua equipa, Gabriela Monteiro, ter falecido, vítima de violência doméstica, a reflexão e a acção tornam-se mais urgentes ainda. Não entendo o que aconteceu nos últimos anos para que a mensagem de Valete tenha, aparentemente, mudado. Sei que enquanto rappers, feministas, plantas e animais de estimação debatem no twitter e no Youtube, essas mulheres continuam a precisar, elas sim, de atenção, que tem ido para tudo e todos excepto as mesmas. Passamos tristemente do oitenta ao menos oito, quando as argumentações e defesas revisitam os esqueletos no armário de cada um dos envolvidos, abordando situações totalmente alheias a esta. Mediatismo à parte, não é diferente ver o video de Valete (que não aprecio, nem à letra, nem à defesa que dele faz) ou ver videos virais, brasileiros, verdadeiros, de mulheres que maltratam outras mulheres violentamente, em situações de adultério, com armas e cortes de cabelo, exactamente ao nível do que os gangues fazem. E se recordarmos a carreira musical de Rihanna, talvez fiquemos um pouco confusos com Love the way you lie ou Bitch better have my money e a mensagem que passam, depois da sua famigerada relação com Chris Brown, resultante em violência. Apenas me pergunto se não deveríamos, como diz Capicua, colocar a minha ira, a nossa ira, a ira...ao serviço de cada vítima acusada / e transformada em monstro. No cartaz de um evento está a minha foto e a de mais três mulheres, uma delas negra. Por engano, escrevem o meu nome duas vezes: por baixo da minha e da foto de uma delas, a escritora Yara Monteiro, que se apercebe do erro e
pede a correcção. Concordamos, rindo, que é um elogio mútuo, erros à parte. Seria porque ambas temos uma mega cabeleira solta e volumosa, fácil de confundir? Estas coisas acontecem com alguma frequência, seja com nomes, fotos ou até descrições. Por vezes até através do tempo e do espaço, como descreve a Djaimilia Pereira de Almeida em Esse Cabelo, quando se reconhece na mítica foto de Elizabeth Eckford, tirada em 1957. Eu mesma tiro uma foto de rosto encostado à capa deste romance, ao melhor jeito “podia ser eu”. É que podia mesmo. Dias mais tarde, ao jantar numa associação, um jovem dirige-se-nos. Sim, estou agora com essa amiga, já fora do cartaz e com muito menos cabelo do que na foto. O jovem apresenta-se e,
quando dou por mim, está a segurar-me as mãos, embevecido. Pede-me um autocolante, respondo que só tenho um, a minha amiga também, mas cede o seu. Ele continua, embevecido, a segurar-me a mãos e a dizer coisas que não percebo, mas a minha amiga sim, e clarifica: “Ela não é a do autocolante.” É então que eu e o jovem ficamos perplexos, ele por perceber que eu não sou eu ou, pelo menos, aquela que ele julgava que eu era, e eu por perceber finalmente de onde vinha tudo aquilo. Mais um dia na minha vida. A minha amiga continua “Ela está lá fora.” Sei um bocadinho mais sobre ela do que sobre o Valete. Ela, neste caso, também conhecida por aquela com quem eu fui confundida, era Joacine Katar Moreira, a outra mulher do momento. Sim, aquela
É então que eu e o jovem ficamos perplexos, ele por perceber que eu não sou eu ou, pelo menos, aquela que ele julgava que eu era, e eu por perceber finalmente de onde vinha tudo aquilo
que gagueja e depois fecha os olhos e faz sons estranhos e tudo isso. Ocorre-me um trocadilho entre o romance de Yara e a gaguez de Joacine, em vez de Essa dama bate bué, poderia ser Essa dama gagueja bué. Continuaria a ser uma história sobre mulheres e luta. Tento negociar com esta minha nova função de sósia, que representa uma grande vantagem para ela, a da ubiquidade. Mas onde é que ela não está? Outro dia vi tantos dos seus cartazes espalhados, a maioria intactos, um ou outro vandalizados, como todo o bom cartaz, no bairro com maior diversidade cultural de Lisboa. Recordei as suas palavras numa entrevista recente: “Eu sou uma mulher negra para poupar o esforço a muita gente.” Tenho de lhe perguntar, a ela e a todas as mulheres, vítimas ou não de alguma coisa, certamente sobreviventes de muitas mais, se conhecem a poesia de Nikki Giovanni (em cuja foto de cerca de 1980 me espelho, cheia de saudades de ter o cabelo maior) e aqueles seus versos: “I cannot be comprehended / except by my permission.” Urgem a permissão, a compreensão, o respeito e a paz.
ARTES, LETRAS E IDEIAS 15
quinta-feira 3.10.2019
diário de Próspero
António Cabrita
Greta
F
IQUEI espantado com o fácies de Greta Thurnberg no seu discurso na ONU, porém em vez de tirar conclusões precipitadas reflecti. Lembrei-me da primeira vez que fui à televisão, a um programa da Clara Ferreira Alves, e como a minha prestação foi um desastre tão grande que nunca mais me convidaram. De repente pensei, estão quinhentos mil gajos a olhar para mim, e, sendo tímido, entrei em pane e a minha tendência para a hiperidrose disparou, dobrando-me o embaraço; foi um pesadelo estratosférico. Topou-o o Henrique Fialho, que no seu blogue se apiedou da minha triste figurinha. Quem me viu só pôde concluir que eu era um verdadeiro idiota. Foi preciso, dez anos depois, numa entrevista televisiva no Brasil, que um câmara viesse ter comigo e me segredasse estas palavrinhas tranquilizadoras, «Não se esqueça de que atrás da câmara só está um homem!» (que era ele), para a pressão se dissipar e eu hoje encarar as câmaras descontraidamente. Imagino a pressão sobre aquela miúda de dezasseis anos, na ONU ao dar-se conta de que o mundo inteiro, literalmente, olhava para ela. Aí cedeu e, numa fuga para a frente, como ela não transpirava, só fez o que lhe era possível: actuar em overacting. Um outro flagrante das câmaras com Greta ajudou-me a compreender: o momento em que o rosto da jovem se transfigura quando ela vê Trump e o asco transparece nela. Presumo que a síndrome de Asperger a deixe sem filtro e as emoções lhe aflorem ao rosto sem a atenuação de uma máscara conveniente. O que só a torna mais confiável. Depois, vi uma maravilhosa entrevista dela no Intercept que me dissipou todas as dúvidas. Tratava-se menos do que ela dizia, mas do seu modo sereno. Postei-a no fb e houve um amigo meu, um conservador confesso, que lhe chamou todos os nomes e que esgrimiu: «O que se está a passar em relação ao clima é uma histeria. Não há urgência nenhuma.», e adiante, «A Greta Thurnberg daquela entrevista pareceu-me uma miúda frágil a debitar mentiras, o que só confirma a minha opinião: ela não devia estar ali.» Ao contrário do que argumenta o meu amigo, ali Greta não está nada frágil, é o avesso da tensão na ONU. Entretanto, o mundo está povoado de Vascos, que proferem, «Era bem feito que o planeta explodisse e atirasse com a menina Greta para Saturno a ver se ela aprendia a não faltar à escola.» Se o planeta explodisse, também Vasco Pulido Valente seria atirado para o éter, voltava a ser um estudante aplicado e investigaria finalmente sobre a influência da tauromaquia e o alvor cornúpeto no bigode de D. Carlos I. Cuspindo contra o vento, Pulido Valente não
sobrevive ao fulgor da sua elucubração. Há uma espécie de terrorismo suicida nos iluminados de direita, que foram rebeldes e faltaram à escola no seu tempo, para quem o mundo é apenas o palco para a oportunidade de rogarem o direito à eutanásia, que combatem. É um mundo de hipocrisias e contradições.
Verificou-se nestas últimas semanas uma fractura no mundo entre os que aceitam Greta como arauto de uma emergência ecológica e os que colocam em dúvida os dados científicos que ela veicula e lhe condenam o papel de Cassandra; levantando lebres sobre uma suposta manipulação de que a jovem seja alvo.
Estamos do lado de Trump e Bolsonaro ou de Greta. Podem dois vigaristas ter razão científica? É muito difícil escapar à presunção da aparência e estar com eles num aspecto para rejeitar os outros, pois tanto pragmatismo é inconciliável com o mais elementar trajecto ético
Não tenho informações para rebater tais suspeitas, contudo não creio que o assunto deva colocar-se como uma disputa entre crenças. Além disso, numa coincidência danada, deram-se hoje, dia 26 de Setembro, dois acontecimentos funestos que foram noticiados e nos deviam fazer reflectir. O primeiro reporta à foto desta crónica e aos 163 golfinhos que encalharam na terça-feira na ilha da Boa Vista, em Cabo Verde, e morreram na praia. Segundo o ambientalista Samir Martins este será o caso do género mais grave em Cabo Verde desde 2007, quando mais de 200 golfinhos da mesma espécie encalhou na praia de Chaves, também na Boa Vista. Não consta que ao longo dos séculos bandos de golfinhos, periodicamente, resolvam ir suicidar-se a Cabo Verde - só ultimamente é que esta anomalia tem acontecido. Uma explicação mágica seria a de que isto acontece porque Greta não tem ido à escola. A segunda notícia, no mesmo dia, relata que o Monte Branco, a montanha mais alta da Europa, está em risco de desabar e as estradas foram fechadas e as casas evacuadas nesta região dos Alpes italianos. «O glaciar», lê-se, «é o Planpincieux, que fica no lado italiano do Monte Branco, e o iminente colapso tem a ver com o aquecimento global, alertam os especialistas. Os cientistas, que pertencem à Fundação Montanha Segura, adiantam que são cerca de 250 mil metros cúbicos do glaciar que estão em perigo e derretem entre 50 a 60 centímetros de gelo por dia.» Será isto apenas histeria, como diz o meu amigo, ou ele, comporta-se como um negacionista? É tão legítima esta pergunta como o reparo (que ele me faria) sobre o vício de sobrinterpretar as coincidências. Só que me parece tão grave o tique de relacionar demais como o de abstermo-nos de todo de relacionar x com z, quando afinal pertencem ao mesmo sistema alfabético. Em tudo isto impõe-se uma terceira equação, e mais ainda depois de Putin ter aderido ao Acordo de Paris: estamos do lado de Trump e Bolsonaro ou de Greta. Podem dois vigaristas ter razão científica? É muito difícil escapar à presunção da aparência e estar com eles num aspecto para rejeitar os outros, pois tanto pragmatismo é inconciliável com o mais elementar trajecto ético. Não há dicotomia quando um dos lados da polarização joga na mesa, e invariavelmente, toda a sujidade dos seus interesses egoístas (veja-se o caso agora de Trump com o seu homólogo ucraniano), o que torna a diabolização de Greta uma cruzada ainda mais absurda.
16
h
retrovisor Luís Carmelo
3.10.2019 quinta-feira
´
A computação quântica de Séneca
H
OJE em dia idealizamos o passado através do culto do património e removemo-lo através da ostensão da tecnologia. Pelo meio, em jeito de retrovisor avariado, fica a angústia climática. É este o tríptico que nos é dado respirar, espécie de ‘boomerang’ no seio do qual o presente surge, ao mesmo tempo, como divindade e como derradeiro sem-abrigo da história. As recentes referências à computação quântica ilustram estas excitações contemporâneas e confirmam-nos, se ainda fosse preciso confirmar, que a promessa do futuro reside na velocidade e não nos leitosos magmas dos programas de tipo ideológico (ou similares). Uma das directoras de Microsoft, Julie Love, explicou há dias porquê: “Um computador quântico é capaz de fazer em 100 segundos o que o mais potente dos supercomputadores da actualidade faria em mil milhões de anos”. Por outras palavras: num computador tradicional a informação é processada em 0 e 1 (bits), enquanto num computador quântico a informação pode ser 0 e 1 ao mesmo tempo (bits quânticos ou qubits), o que aumenta de forma exponencial a capacidade de processamento. Pode haver melancolia, miséria, degredos, degelos, supressão de direitos, migrações desesperadas, seja o que for, mas a velocidade, essa, conduzir-nos-á inevitavelmente ao trono de deus, tal como já se fazia constar nos rolos do Apocalipse de ‘Baruch’, do ‘Enoch’ Eslavo ou mesmo de Daniel. Por outro lado, o olhar para o passado será cada vez mais o da sobranceria, fazendo contrastar a ‘nossa’ celeridade quântica com o tempo da televisão linear, das cassetes de vídeo e dos jornais em papel. Mas não se pense que esta capacidade de rir do que já foi é um exclusivo das muitas variantes do mundo moderno. Nas ‘Cartas a Lucílio’ de Séneca, mais concretamente na Carta 86, o autor informa o seu interlocutor de que se encontra instalado em vilegiatura na ‘villa’ de Cipião Africano. Para que se contextualize a época, deve referir-se que Séneca está a escrever no início dos anos sessenta da nossa era (séc. I d.C.), enquanto Cipião Africano, o herói da última guerra púnica, viveu entre 236 e 183 a.C. (séculos III e II a.C.). A distância entre ambos é a mesma que vai de 2019 a 1769, vinte anos antes da revolução francesa. A prosa de Séneca sobre o tempo de Cipião é pautada por uma sobranceria idêntica à que recorremos hoje, embora
aliada a uma certa nostalgia que servirá de ponte para denunciar os novo-riquismos do seu tempo. Nada que não nos seja familiar, se pensarmos nas convulsões cinéticas das torres Trump. O filósofo estóico começa por dar conta da “cisterna que daria para dessedentar um exército” e do “pequeno balneário escuro segundo a moda de antigamente”. E continua: “No balneário de Cipião não há propriamente janelas, mas apenas umas fendas estreitas que deixam entrar a luz sem pôr em causa a solidez da construção. Hoje dá-se o nome de banhos para
Percebe-se que, à computação quântica do nosso tempo, correspondia, na época de Séneca, o domínio de uma minuciosa arquitectura da luz, do vidro e do mármore
traças aos balneários cuja construção não permite receber luz durante o dia todo por janelas enormes”. Nos tempos de Cipião, “não havia água corrente como que brotando continuamente de uma fonte quente, nem os antigos do seu tempo se preocupavam com a iluminação do espaço onde iam libertar-se da sujidade” (...) “Lavavam todos os dias as pernas e os braços, mas só tomavam banho de nove em nove dias. Nesta altura haverá certamente quem diga: que porcos eles andavam!” Sobre o seu próprio tempo, escreve depois Séneca: “Abunda hoje quem acuse Cipião de perfeito provinciano por não ter nos seus banhos quentes largas vidraças para deixar entrar o sol, e não se deixar destilar no meio da luz à espera de fazer a digestão. Cipião não se lavava com água filtrada, frequentemente estava turva, suja”. Num passo seguinte, Séneca vai mais longe, questionando: “Quem hoje se resignaria a tomar banho em condições semelhantes? Qualquer um se considera pobre e mesquinho se as suas paredes não resplandecerem com grandes e preciosas incrustações, se os seus mármores de Alexandria não forem decorados com mosaicos da Numídia, trabalhosamente recobertos de verniz como se de pintura se tratasse, se não tiverem uma cúpula recoberta de
vidro, se o mármore de Tasos não revestir as piscinas onde metemos o corpo emaciado pelo banho de vapor, se, enfim, se a água não correr em torneiras de prata...” (...) “Que multidão de estátuas, que sem número de colunas que nada sustentam, apenas decorativa, só para exibição de riqueza! Que abundância de águas caindo ruidosamente em cascatas!”. Percebe-se que, à computação quântica do nosso tempo, correspondia, na época de Séneca, o domínio de uma minuciosa arquitectura da luz, do vidro e do mármore. Percebe-se ainda que os argumentos de fundo que separam as eras são, do lado de Séneca, a higiene e, do lado dos nossos contemporâneos, a velocidade. Em comum, ressalvemos a incapacidade de o olhar flutuar para além das contingências e de se deixar pasmar com as diferenças, apesar da inevitável inquietação existencial suscitada pelo presente. Mas como diria o próprio Séneca, o presente é o território que nos assegura que jamais seremos imortais. Daí ele se nos apresentar, não apenas hoje, quer como a grande divindade (o tempo presente é tudo do que dispomos), quer como o tal derradeiro sem-abrigo - ou “escravo” na linguagem de Séneca - da história.
desporto 17
quinta-feira 3.10.2019
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Banho de realidade
Charles Leong já conduziu o novo F3 para o Grande Prémio de Macau
Anúncio Concurso público nº 02/DSAL/2019 Prestação de serviços de segurança à Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais A Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais, em representação da entidade adjudicante, faz público que, por Despacho do Secretário para a Economia e Finanças de 17 de Setembro de 2019 e nos termos do artigo 13.º do Decreto-Lei n.º 63/85/M, de 6 de Julho, se encontra aberto o concurso público para a “Prestação de serviços de segurança à Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais”. 1. Entidade adjudicante: Secretário para a Economia e Finanças. 2. Serviço por onde corre o processo do concurso: Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais. 3. Duração da prestação de serviços: 1 de Dezembro de 2019 a 30 de Novembro de 2021, um período de 24 meses. 4. Condições gerais dos concorrentes: Podem participar no concurso, empresas que comprovem a satisfação do disposto sobre a titularidade do licenciamento válido para a exploração da actividade de segurança privada, nos termos da Lei n.º 4/2007 (Lei da actividade de segurança privada), bem comocom o registo comercial efectuado na Conservatória dos Registos Comercial e de Bens Móveis da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) e com comprovado cumprimento das suas obrigações fiscais. 5. Local, data e horário para consulta do processo do concurso e obtenção da cópia do processo: • Local: Divisão Administrativa e Financeira da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais, sita na Avenida do Dr. Francisco Vieira Machado, nos 221-279, Edifício “Advance Plaza”, 2º andar. • Data: a partir da data da publicação deste anúncio no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau até à data e hora marcadas para o acto público do concurso. • Horário: Dias úteis (2ª a 6ª feira, das 9:00 horas às 13:00 horas; 2ª a 5ª feira das 14:30 horas às 17:45 horas; 6ª feira das 14:30 horas às 17:30 horas). • Custo de aquisição de cópia do processo do concurso: MOP500,00 (Quinhentas patacas). • Os interessados no concurso também podem descarregar (download) gratuitamente o programa do concurso e o caderno de encargos na página electrónica da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (http://www.dsal.gov.mo). 6. Local, prazo e hora para a apresentação das propostas: • Local: Divisão Administrativa e Financeira da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais, sita na Avenida do Dr. Francisco Vieira Machado, nos 221-279, Edifício “Advance Plaza”, 2º andar. • Prazo e hora: 1 de Novembro de 2019 ( 6 ª feira), até às 17:30 horas (não serão aceites propostas entregues fora do prazo). 7. Caução provisória: MOP160.000,00 (Cento e sessenta mil patacas), que pode ser prestada por garantia bancária ou depósito em numerário em nome da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais da Região Administrativa Especial de Macau. 8. Local, data e hora do acto público do concurso: • Local: Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais, sita na Avenida do Dr. Francisco Vieira Machado, nos 221-279, Edifício “Advance Plaza”, 2º andar, sala de formação 2F-11 . • Data e hora: 5 de Novembro de 2019 ( 3 ª feira), pelas 10:00 horas. Nota: Os concorrentes ou os seus representantes presentes no acto público do concurso que pretendam reclamar e/ou esclarecer dúvidas eventualmente surgidas nos documentos apresentados, deverão mostrar documentos que atestem o seu estatuto. 9. Sessão de esclarecimento e visita às instalações: A sessão de esclarecimento destinada aos concorrentes terá lugar no dia 11 de Outubro de 2019 ( 6 ª feira), pelas 9:30 horas, na Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais, sita na Avenida Dr. Francisco Vieira Machado, nos 221-279, Edifício “Advance Plaza”, 2º andar, sala de formação 2F-09. Após esta sessão será feita uma visita às instalações a que se destina a prestação de serviços deste concurso. 23 de Setembro de 2019. O Director, Wong Chi Hong
C
HARLES Leong Hon Chio já sabe o que o espera em Novembro: um enorme desafio. No passado fim-de-semana, o jovem piloto de Macau esteve no Autódromo de Sochi, na Rússia, para disputar a última prova do Campeonato FIA de Fórmula 3. Esta aparição esporádica serviu para preparar a sua participação no Grande Prémio de Macau de Fórmula 3 – Taça do Mundo de F3 da FIA. Sem qualquer experiência anterior ao volante do novo F3 construído pela Dallara, e depois de seis meses sem qualquer actividade competitiva, Leong teve apenas uma sessão de treinos livres para se habituar a um carro totalmente diferente e a um circuito que desconhecia por completo antes de enfrentar a qualificação. Foi sem espanto que o representante da RAEM foi apenas 29º da sessão, a mais de quatro segundos do pole-position, o russo Robert Shwartzman que viria a sagrar-se campeão mais tarde no fim-de-semana. Na primeira corrida do fim-de-semana, realizada após a qualificação do mundial de Fórmula 1, uma chuva ligeira e traiçoeira fez-se notar e Leong não evitou uma ligeira saída de pista na quarta volta, batendo nas barreiras de protecção. No dia seguinte, na segunda corrida do programa, o sol voltou à pista da estância turística do Mar Negro, e Leong conseguiu completar as 20 voltas ao traçado russo sem problemas de maior, vendo a bandeirada de xadrez no 21º posto. Shwartzman e Juri Vips partilharam os triunfos na prova russa, a derradeira da temporada. Ambos os pilotos são esperados no próximo mês no Circuito
da Guia, onde trinta jovem lobos vão tentar conquistar um dos mais apetecidos troféus a nível mundial nas fórmulas de promoção.
NOVO CENÁRIO
Leong sabia que não iria ter vida fácil em Sochi. Só o facto de nunca ter conduzido este carro tão diferente e ter de enfrentar uma concorrência que está praticamente há um ano a competir com estas máquinas dava-lhe uma desvantagem colossal logo à partida. “Foi um fim-de-semana complicado”, confessou Leong ao HM. Para o piloto de 18 anos este novo carro “em nada se compara ao Fórmula 3 que conduzi em Macau o ano passado. Tenho que adaptar a minha condução para este novo carro. É mais pesado, com maior velocidade de ponta e diferente de conduzir”, afirma. O novo monolugar de Fórmula 3 é mais potente que a versão anterior e ao mesmo tempo também é
Este novo carro “em nada se compara ao Fórmula 3 que conduzi em Macau o ano passado. Tenho que adaptar a minha condução para este novo carro. É mais pesado, com maior velocidade de ponta e diferente de conduzir.” CHARLES LEONG PILOTO
mais pesado. Os pneus Pirelli têm uma degradação propositadamente alta, o que obriga os pilotos a adaptarem-se a uma realidade mais próxima da Fórmula 1. Além disso, estes novos monolugares fabricados em Itália estão equipados com um sistema DRS, semelhante aos Fórmula 1, que reduz a força de arrasto num ponto determinado da pista, assim facilitando as ultrapassagens. Todos estes factores jogam contra qualquer piloto iniciado. “Comparando com os outros pilotos da F3, os meus recursos são limitados. Portanto, vou ter que aproveitar bem o próximo teste para estar melhor preparado para Macau”, diz o piloto de 18 anos. Antes do 66º Grande Prémio de Macau, Leong terá ainda a oportunidade de realizar um teste de três dias em Valência com o monolugar da equipa suíça Jenzer Motorsport. Esta será última oportunidade para se habituar a uma nova realidade antes do muito antecipado fim-de-semana do mês de Novembro. Sérgio Fonseca
info@hojemacau.com.mo
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18 (f)utilidades POUCO
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NUBLADO
O QUE FAZER ESTA SEMANA Diariamente EXPOSIÇÃO 31 | “O VAGABUNDO”
Casas da Taipa – Exterior | Até 6/10
8 0 3 6 9 4 5 1 7 2 4 7 | “JARDIM 9 0DAS5DELÍCIAS 2 TERRENAS” 1 8 3 6 EXPOSIÇÃO Wynn Macau | Até 6/10 2 1 8 7 6 3 9 5 4 0 5 6 | “CONTEMPLAÇÃO 1 4 0 8 7 3 2 9 EXPOSIÇÃO DA BONDADETERNA” Museu 6/10 0 4 6 8 3 de5Arte2de Macau 9 7| Até 1 6 4 7 2 3 0 8 9 1 5 EXPOSIÇÃO | “QUIETUDE E CLARIDADE: OBRAS 8 4 DO 6 MUSEU 3 2 0 1 DE 7 CHEN9 ZHIFO5DA COLECÇÃO DE NANJING” MAM 1| Até817 /11 0 3 2 5 6 7 9 4 9 2 6 1 8 7 4 0 5 3 EXPOSIÇÃO | “HOT FLOWS – PEARL RIVER 0 ARTS 3 RETROSPECTIVE” 4 5 1 9 2 6 8 7 DELTA 8 0 1 7 2 5 6 3 4 9
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Cineteatro 35 1 0 9 2 4 5 6 3 8 7
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C I N E M A
6 7 2 5 3 4 8 9 0 1
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Armazém do Boi | Até 13 de Outubro
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5 4 8 0 1 6 2 7 3 9
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SOLUÇÃO DO PROBLEMA 34
2 5 9 6 7 3 4 0 8 1
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9 5 1 0 3 4 6 4 0 7 6 1 8 2 No Alentejo profundo do século 6 9 XX, 5 4mais7 preci2 3 samente no período da 2 1 do 3 Estado 8 6 Novo, 9 5 ditadura um proprietário de uma 5 6 8 2 9 0 7 herdade luta pela liberdade dentro 7 3 da0sua1 proprieda4 6 9 de, contra as pressões da 1 2 política. 4 7 8Na 3sua0 polícia família, reina 0 4 6 9 o 5caos1de8 um casamento sem amor 8 9 5progressivo 2 7 4 e3o falhanço dos negócios. Com o 25 de Abril de 1974, tudo muda, com o proprietário de uma outrora rica herdade a ponderar o sentido da própria vida. Um excelente filme português a não perder, que é também o retrato de um país. Andreia Sofia Silva
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THE CLIMBERS [B]
Um filme de: Todd Phillips Com: Joaquin Phoenix, Robert de Niro, Zazie Beetz 14.30, 16.45, 19.15, 21.30
FALADO EM PUTONGHUA LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Um filme de: Daniel Lee Com: Jing Wu, Ziyi Zhang, Yi Zhang, Boran Jing, Ge Hu 16.15, 21.00
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AD ASTRA [B]
www. hojemacau. com.mo
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Y 0 U A N 91 . 1 3 7 3
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9 2 0 0 7 2 9 6 7 6 2 1 5 6 4 9 4 6 8 1 7 4 0 8 1 2 1 8 3 0 7 9 9 7 8 5 2 3 4 0 1 9 8
PROBLEMA 35
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Primeiro, foram dez anos para projectar6um terminal 7 8marítimo 3 4de enormes 2 5 dimensões. O projecto foi feito duas 2 9 6 1 4 vezes e derrapou mais não sei quan1porque primeiro se pensou numa tas, coisa e8 depois chegou-se 9 7à conclusão 2 que era preciso algo diferente. Este 5 sem ligações 7 de terminal nasceu transportes, porque o metro 0 3ligeiro não passava de uma miragem. Cá 6 autocarros 7 e0filas confu- 1 fora, apenas sas3de pessoas a tentarem chegarem ao centro da cidade. Entretanto, a 4 China 1 decidiu 5 fazer 6 a maior 3 grande ponte do mundo. Teve um projecto, 8 0 6 2 3 1 9 reuniu autoridades e desenvolveu o que parecia impossível. Anos depois, o36 secretário para os Transportes e Obras Públicas vem dizer que, afinal, 0 do5 Pac On, e o terminal marítimo também o de Macau, 5 1 3 estão 4 a perder 2 8 passageiros para a ponte. É certo que 6 regional 2 e um 3 vem aí0a integração enorme fluxo 5 de 4 pessoas, 7 2 que 3 já8se sente nas ruas do território. Mas como 2 um 1 terminal 8 que custou5milhões 0 fazer sem 5 pensar 6 que, 2 dali a uns7anitos, 4 uma enorme ponte ia roubar-lhe a 4 6 9 Made 5 freguesia? 0É o1planeamento in Macau. cá esperamos 2 Entretanto, 7 0 5 que o metro ande, pelo menos, até à 4 6 5 1 3 7 cerimónia de transferência de sobera7 afinal, até nia, para Pequim ver2como, sabemos construir. Andreia Sofia Silva
A HERDADE | TIAGO GUEDES (2019)
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PLANEAMENTO MADE IN MACAU
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3.10.2019 quinta-feira
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TEMPO
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Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editor João Luz; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; João Santos Filipe; Juana Ng Cen; Colaboradores Amélia Vieira; António Cabrita; António Castro Caeiro; António Falcão; Gisela Casimiro; Gonçalo Lobo Pinheiro; João Paulo Cotrim; José Drummond; José Navarro de Andrade; José Simões Morais; Luis Carmelo; Michel Reis; Nuno Miguel Guedes; Paulo José Miranda; Paulo Maia e Carmo; Rita Taborda Duarte; Rui Cascais; Rui Filipe Torres; Sérgio Fonseca; Valério Romão Colunistas António Conceição Júnior; David Chan; João Romão; Jorge Rodrigues Simão; Olavo Rasquinho; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Tânia dos Santos Cartoonista Steph Grafismo Paulo Borges, Rómulo Santos Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo
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opinião 19
quinta-feira 3.10.2019
a propósito de
OLAVO RASQUINHO*
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O poder e a meteorologia
ECENTEMENTE foi despoletada uma polémica sobre a interferência do presidente dos EUA na área das previsões meteorológicas, relacionadas com o furacão Dorian. Os meios de comunicação social deram relevo ao tweet que Donald Trump difundiu em 1 de setembro de 2019, em que afirmava que os estados Alabama, Florida, Carolina do Sul, Carolina do Norte e Geórgia “muito provavelmente seriam atingidos com (muito)mais força do que o previsto” (“most likely be hit (much) harder than anticipated”). Cerca de 20 minutos depois, o centro meteorológico de Birmingham, Alabama, emitiu, também via Twitter, um desmentido, afirmando que o furacão não afetaria o Alabama: “O Alabama NÃO sofrerá impactos do Dorian. Repetimos, nenhum impacto do furacão Dorian será sentido no Alabama. O sistema permanecerá muito longe a leste” (“Alabama will NOT see any impacts from Dorian. We repeat, no impacts from Hurricane Dorian will be felt across Alabama. The system will remain too far east.”). No dia 4 de setembro, o presidente Trump, numa conversa com jornalistas na Casa Branca, mostrou uma imagem com o cone de previsão da trajetória provável do furacão Dorian, ao qual fora acrescentado manualmente uma área delimitada a marcador de modo a abranger parte do Alabama. O presidente Trump conversa com os repórteres sobre o furacão Dorian no Salão Oval da Casa Branca, em 4 de setembro de 2019 A polémica provavelmente não teria atingido as proporções alcançadas se, em 6 de setembro, a NOAA (National Oceanic and AtmosphericAdministration), à qual o National Weather Service pertence, não contestasse o tweet do centro meteorológico de Birmingham, pondo-se assim ao lado do presidente, e contra os seus próprios funcionários. Em defesa do centro meteorológico de Birmingham, e contra a direção da agência mãe, o diretor do National Weather Service, Louis Uccellini, afirmou que os meteorologistas tomaram a atitude correta para combater o pânico e os rumores de que o Dorian representava uma ameaça ao Alabama. Numa atitude inédita, a National Weather Association (NWA) e aAmerican Meteorological Society (AMS), associações dentro de certa medida rivais, que desenvolvem atividades na área da meteorologia nos EUA, emitiram um comunicado conjunto em que se afirmava “Os últimos dias não tiveram precedentes para a comunidade meteorológica. Por mais que dediquemos as nossas profissões à resiliência da sociedade, esta semana provámos a nossa própria resiliência” (“The past few days have been unprecedented for the weather communi-
ty. As much as we dedicate our professions to societal resilience, this week we have proven our own resilience.”). Este episódio de imiscuição do poder nas previsões meteorológicas fez-me lembrar o que aconteceu em Macau, ainda sob administração portuguesa, aquando do cancelamento do sinal nº 8 referente ao tufão Victor, que assolou este território nos dias 2 e 3 de agosto de 1997. Perante as informações mais recentes, entre as quais imagens de satélite e de radar, produtos de modelos de previsão numérica e observações de superfície e de altitude, a equipa de turno nos Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) decidiu informar os meios de comunicação social que o sinal 8 seria baixado às 9 horas do dia 3. Previa-se que a partir daquela hora as rajadas, que então ainda sopravam com cerca de 100 km/h, diminuíssem de intensidade e deixassem de constituir perigo para a população, em particular para os motociclistas que atravessavam as pontes entre Macau e a Taipa. Logo após a divulgação pelos meios da comunicação social da hora de passagem do sinal 8 para o sinal 3, foi atendido um telefonema, antes das 8 horas, de um membro do
Fiquei estupefacto. Não era normal um membro do Governo tentar influenciar uma decisão técnica, acusando servidores públicos, alguns dos quais se encontravam a trabalhar há mais de 18 horas, de pretenderem manipular em seu favor a hora do arriar do sinal de tufão
Governo, que pediu para falar com o diretor. Depois do meu interlocutor se ter identificado, travou-se o diálogo que vou tentar reproduzir (as palavras não terão sido exatamente estas, mas o sentido está nelas implícito): – Olhe lá, o tufão está a ir embora e porque é que vocês não mandam baixar o sinal antes das 9 horas? – Senhor Coronel, a equipa de serviço esteve reunida e, perante as últimas observações, considerou que antes das 9 horas seria arriscado arriar o sinal. Ainda vão persistir rajadas fortes perpendiculares às pontes, o que pode ser perigoso para o trânsito de motociclos. – Ouça lá, eu tenho muitos anos de experiência de Macau, e estou a ver que isto já não vai dar nada. Não dá mesmo para descer o sinal antes das 9? – Não senhor Coronel… Não dá mesmo. – Deixe-se dessas histórias, estou mesmo a ver o que é que vocês querem… – Desculpe, senhor coronel, o que pretende dizer com isso? Aresposta não foi imediata. Teceu algumas considerações sobre os anos que estava em Macau, muito mais do que eu, e que conhecia bem o comportamento dos tufões, etc. – Pois é, o que vocês querem é ter mais um feriado… Fiquei estupefacto. Não era normal um membro do Governo tentar influenciar uma decisão técnica, acusando servidores públicos, alguns dos quais se encontravam a trabalhar há mais de 18 horas, de pretenderem manipular em seu favor a hora do arriar do sinal de tufão. Nessa altura era habitual que, se o sinal 8 estivesse ainda içado ás 9 horas, os trabalhadores da função pública não irem trabalhar. Tratava-se de uma prática, mas não de uma regra rígida. O Governo poderia estabelecer a hora a partir da qual os serviços começariam a funcionar. Neste caso foi decidido, e bem,
que se começasse a trabalhar às 10:00 horas. Alguns dias depois, um outro membro do Governo teve uma atitude totalmente contrária à do seu colega. Foi recebida na direção dos SMG uma carta do Secretário Adjunto para os Transportes e Obras Públicas, José Alves de Paula, datada de 5 de agosto de 1997, na qual se enaltecia “a clareza e serenidade com que as informações foram sendo transmitidas à população, permitindo que esta se acautelasse e preparasse para a situação iminente, sem que houvesse lugar para especulações ou boatos que poderiam gerar pânico ou alarme desnecessário.” Um outro exemplo deu-se no princípio da década de 1980 aquando de uma greve da função pública, em Portugal. Independentemente de concordarem ou não com a greve, os elementos da equipa que apresentava em direto o boletim meteorológico na RTP decidiram que não haveria informação meteorológica nesse dia, atendendo a que não tinham dados atualizados para esse efeito. Houve, no entanto, um elemento do grupo que cedeu à pressão exercida pelo presidente do Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica (INMG), e apresentou o referido boletim, embora não estivesse escalado para esse dia, sem informar o público sobre a falta de dados atualizados. Esta atitude despoletou a recusa dos restantes meteorologistas em voltar a colaborar na apresentação televisiva, deixando de se fazer durante alguns anos a apresentação personalizada do boletim meteorológico. O assunto teve grande repercussão nos meios de comunicação social, na medida em que a RTP era a única estação televisiva em Portugal e a informação meteorológica, integrada no telejornal das 20:00 horas, tinha grande audiência. Os agentes do poder não resistem, por vezes, em se imiscuírem em decisões técnicas que nada têm a ver com a política. *O autor escreve segundo o novo acordo ortográfico
Não é a resposta que nos ilumina, mas sim a pergunta. Ionesco
Queda fatal
PALAVRA DO DIA
quinta-feira 3.10.2019
TAIWAN COLAPSO DE PONTE FAZ CINCO MORTOS E UM DESAPARECIDO
A
S equipas de resgate taiwanesas anunciaram ontem que recuperaram cinco corpos e ainda procuram uma pessoa desaparecida das três embarcações de pesca que foram atingidos pelo colapso de uma ponte na terça-feira, 60 quilómetros a sudeste da capital, Taipé. A agência nacional de bombeiros ainda não conseguiu identificar as vítimas mortais, e confirmou somente que dois dos mortos eram de ascendência i ndonésia e filipina, respectivamente. As autoridades suspeitam que as vítimas das embarcações fossem pescadores. O porta-voz dos bombeiros, Su Hong Wei, indicou que a queda de um camião da ponte destruiu três barcos. O exército taiwanês cedeu uma plataforma flutuante para ajudar os trabalha-
dores a remover os destroços e a extrair duas das embarcações debaixo das secções colapsadas da ponte. A terceira embarcação foi resgatada no dia do incidente. A ponte, de 140 metros de comprimento, colapsou na terça-feira, numa baía na costa leste, a cerca de 60 quilómetros do sudeste da capital, Taipé. Ainda não se sabe se o tufão que atingiu a ilha nesse dia teve influência no colapso da ponte, uma vez que aquando do acidente já não se sentiam os efeitos do mau tempo. Doze feridos foram levados para o hospital, incluindo o condutor taiwanês do camião que caiu da ponte e dois guardas costeiros. Nove dos feridos são pescadores de origem filipina e indonésia, sendo que um dos indonésios está em estado crítico, de acordo com a agência central de notícias
de Taiwan que citou fonte da agência que recrutou os pescadores.
OBRA ÚNICA
O ministro do Interior de Taiwan, Hsu Kuo-yung, disse à imprensa que pelo menos cinco pessoas circulavam na ponte, quando esta desabou.Muitos vietnamitas, filipinos e indonésios trabalham nos barcos de pesca registados em Taiwan, onde o salário é mais elevado do que nos seus países. A ponte de 18 metros de altura em Nanfangao, uma pequena, mas lotada vila de pescadores, na costa do Pacífico, inaugurou em 1998 e substituiu uma outra mais baixa que impedia a passagem de grandes embarcações de pesca. A empresa que projectou a obra, a MAA Consultants, afirmou que se trata da única ponte em arco suportada por cabos em Taiwan. Era a segunda ponte de aço em arco existente no mundo.
PJ Detido homem suspeito de roubar 18 milhões a amigo
Um homem oriundo da China é suspeito de roubar 18 milhões de dólares de Hong Kong depois de ter trocado fichas de jogo com o seu amigo. De acordo com informações divulgadas pela Polícia Judiciária (PJ), o suspeito foi detido no Posto Fronteiriço do Cotai no passado dia 26 de Setembro quando regressava ao território. Há provas de que o suspeito, de 40 anos de idade, terá cometido abuso de confiança, estando a PJ em busca do dinheiro. O suspeito começou a colaborar com a vítima em 2010, tendo aberto em conjunto uma conta de troca de fichas na área das apostas VIP. Contudo, como a vítima estava sempre na China, o suspeito passou a ter acesso completo à conta de ambos. A 4 de Janeiro de 2013, a vítima pediu ao suspeito para levantar 18 milhões de dólares de Hong Kong a fim de transferir esse montante para outra conta, mas o suspeito terá desaparecido com o montante. O caso está a ser acompanhado pelo Ministério Público.
Sequestro Seis indivíduos do Interior detidos
Seis pessoas do Continente (5 homens e 1 mulher), com idade entre os 26 e 38 anos de idade, foram detidas na segunda-feira pela alegada prática do crime de sequestro. A vítima é uma mulher do Interior da China que terá estado durante cerca de 40 horas fechada num hotel do Cotai. Segundo a investigação da PJ, a vítima e uma amiga, assim como os detidos, vieram para Macau no dia 27 Setembro. No dia seguinte, um dos detidos perdeu um relógio no valor de 50 mil remninbi que estava num quarto de um hotel na ZAPE. As autoridades foram chamadas ao local, mas depois da saída dos agentes, o homem considerou que a amiga da vítima era responsável pelo roubo. Por isso, pediu à vítima pagasse o montante da perda, não permitindo que ela saísse do quarto, no hotel no Cotai. A mulher alegou que foi agredida durante o sequestro. Os seis detidos foram presentes ao MP por sequestro, e um deles está ainda acusado por ofensa simples à integridade física, segundo informação do jornal Ou Mun.
DSPA Governo vai cobrar taxas sobre resíduos
TÓQUIO SHINZO ABE REPUDIA LANÇAMENTO DE MÍSSEIS DE PYONGYANG
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primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, expressou ontem repúdio ao lançamento de vários mísseis pela Coreia do Norte, um dos quais caiu nas águas da zona económica exclusiva (ZEE) do Japão. De acordo com as autoridades nipónicas, um dos lançamentos atingiu a ZEE japonesa pelas 07:30, a cerca de 350 quilómetros
da prefeitura de Shimane, no sudoeste do país. Até ao momento, as autoridades não deram conta de danos em barcos ou aviões. Os novos ensaios constituem "uma violação das resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas", disse Abe, que convocou uma reunião do Conselho de Segu-
rança Nacional para analisar a situação. "Continuaremos a discutir a situação com os Estados Unidos e a comunidade internacional, e faremos tudo o que pudermos para permanecer vigilantes e proteger as vidas dos japoneses", acrescentou o primeiro-ministro nipónico, em declarações à imprensa. Como resposta aos lançamen-
tos, Abe ordenou a garantia da "segurança de aeronaves, navios e outros bens" na zona afectada e também que sejam tomadas todas as medidas de precaução possíveis, "incluindo a preparação para qualquer contingência".
A Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) garantiu, em resposta a uma interpelação escrita do deputado Sulu Sou, que vai cobrar, de forma experimental, taxas sobre os resíduos domésticos. “A DPSA planeia proceder ao projecto de simulação sobre a cobrança de taxas de resíduos domésticos a título experimental, no sentido de conhecer e analisar todas as situações através de uma operação efectiva, recolhendo dados que servirão como base científica aquando da futura implementação das respectivas políticas.” Depois do processo experimental, a entidade “irá considerar levar a cabo a análise sobre lacunas”. Na resposta ao deputado, a DSPA adianta também que serão implementadas “medidas respeitantes à melhoria da reciclagem de resíduos, reforço da consciência da população relativamente à protecção ambiental e procura de consenso junto da sociedade, com o objectivo de facilitar a implementação de futuras políticas.”