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Agência Comercial Pico • 28721006
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Director carlos morais josé • quinta-feira 3 de março de 2011 • ANO X • Nº 2321
tempo com abertas min 14 max 21 humidade 55-75% • câmbios euro 11.08 baht 0.26 yuan 1.23
Sands acusada de “tráfico de influências”
Comadre zangada • Página 7
Hong Kong
Depois de haver tsang governo dá dinheiro • página 4
Motoristas a nove mil É o salário que a Reolian se propõe oferecer a cada motorista. Isto quando as outras parece que oferecem dez mil. Um deputado afirma que a nova empresa poderia esforçar-se um pouco mais. >Página 6
MTCC todos para Cantão • página 12
Chui Sai On em Pequim
Este Delta do meu coração O Chefe do Executivo está em Pequim onde vai assinar o Acordo de Cooperação com a província de Guangdong, para a integração no Delta do Rio das Pérolas. De tanto se integrar, há quem pense que Macau poderá perder as suas características próprias. > Página 5
vida CEM
A sustentável verdura do ser • centrais
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actual
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China inicia presidência do Conselho de Segurança
China e Brasil
Um momento difícil
Abrir caminho para Dilma
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China recebeu na terçafeira, das mãos do Brasil, a presidência do Conselho de Segurança das Nações Unidas, no momento de várias crises internacionais agudas e a sombra de uma provável intervenção militar na Líbia. pub
Durante o mês de Fevereiro, o órgão de 15 membros foi liderado pela embaixadora brasileira, Maria Luiza Ribeiro Viotti, que teve que lidar com os conflitos na Costa do Marfim, na Tunísia, no Egipto, na Líbia, entre
Tailândia e Camboja e, como sempre, de Israel contra a Palestina. O trabalho do Conselho durante Fevereiro encerrou-se no último sábado com uma “sessãomaratona”, que acertou a aplicação de sanções contra a Líbia, país do norte da África imerso em uma grave crise derivada de manifestações contra o governo do líder Líbio, Muamar Kadafi. Depois de quase nove horas de discussões, foi adoptada uma resolução que exigiu o fim imediato da violência na Líbia, o progresso rumo a uma solução das exigências do povo e que decretou uma série de sanções ao país árabe.
Maria João Belchior info@hojemacau.com.mo
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a primeira visita desde que Dilma Rousseff assumiu a presidência, o ministro dos Negócios Estrangeiros do Brasil, António Patriota, chegou ontem à noite a Pequim, oficialmente convidado pelo seu homólogo chinês, Yang Jiechi. Uma visita de três dias, de 2 a 4 de Março, e que pretende preparar a agenda de Dilma Rousseff que em Abril visita a China para encontros bilaterais, além da presença no encontro dos países BRIC que vão passar a incluir a África do Sul. O ministro Patriota encontra-se durante a manhã de hoje com Yang Jiechi e à tarde é recebido por Xi
Jinping no Palácio do Povo. Para sexta-feira está ainda agendado um encontro com o ministro do Comércio, Chen Deming. Além de António Patriota, o governo Brasileiro tem uma visita paralela do ministro do Desenvolvimento Fernando Pimentel. Com questões comerciais da pasta que representa, Fernando Pimentel estará apenas um dia em Pequim, antes de seguir para Xangai. Na capital,
o ministro vai encontrarse com representantes do Banco de Desenvolvimento da China e visitar depois o parque tecnológico de Zhongguancun. Durante a presidência de Lula da Silva, a China e o Brasil estabeleceram um plano de Acção Conjunta para 2010-2014. As áreas com acordos entre os dois países passam pelo comércio, investimentos, tecnologia, e agricultura. A maior economia da América Latina, o Brasil tem beneficiado nos últimos anos de ter como maior investidor a República Popular da China. Além da riqueza em recursos naturais, o Brasil é um mercado em crescimento e que cativa empresas chinesas focadas na exportação dos seus produtos.
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4 O governo de Hong Kong passa a dar dinheiro aos cidadãos todos os anos, como Macau já faz
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secretário das Finanças de Hong Kong, John Tsang, anunciou ontem alterações radicais à proposta de orçamento para 2011 em resposta à pressão de que tem sido alvo para reforçar o apoio às classes desfavorecidas. O executivo tinha inicialmente projectado injectar 6000 dólares de Hong Kong nas contas dos trabalhadores no Fundo de Previdência Obrigatório, mas decidiu agora distribuir o montante a cada residente permanente a partir dos 18 anos, montante que poderá ser levantado de imediato, como Macau já fez. John Tsang anunciou também descontos nos impostos para os contribuintes de 75% ou 6000 dólares. As novas medidas deverão custar aos cofres públicos cerca de 40 mil milhões de dólares e vai ainda ser reservado um determinado montante, que não especificou, para investir em medidas que têm como alvo os residentes que não estão abrangidos por nenhum daqueles benefícios. O objectivo é aliviar os efeitos da inflação que,
política HK | Orçamento muda após agressão a Chefe do Executivo
Não vai a bem, vai a mal segundo os especialistas, deverá atingir os 4,5% este ano, quase o dobro do que se sentiu em 2010. Estas alterações chegam depois do incidente que feriu sem gravidade Donald Tsang, líder do governo de Hong Kong, na terça-feira. O Secretário das Finanças de Hong Kong já tinha dito no mesmo dia que a administração iria introduzir alterações à proposta de orçamento para 2011 de modo a beneficiar os funcionários públicos, a classe média e as famílias mais pobres. Donald Tsang, ficou ferido sem gravidade no peito, depois de ter sido empurrado por um manifestante aquando de uma cerimónia pública no Museu de História da antiga colónia britânica. Oito membros da Liga Social Democrata decidiram aproveitar a ocasião para protestarem contra a proposta de orçamento para 2011, apresentada recentemente pelo Governo da região. Os homens consideram que o plano orçamental não prevê medidas para aliviar a pressão da inflação sobre a vida das famílias mais pobres. Um dos manifestantes, de 25 anos,
empurrou Donald Tsang e outros interromperam a cerimónia, gritando “devolva a riqueza ao povo. Há 1,23 milhões de pobres!” O líder do governo disse aos jornalistas que sentiu dores no peito depois de ter sido empurrado quando já se encontrava em casa na noite de terça-feira, tendo decidido dirigir-se ao hospital, de onde saiu umas horas depois, para uma avaliação do seu estado de saúde. O médico que examinou o governante explicou que Tsang apresenta apenas uma ferida superficial no peito, sem gravidade, apesar de ter dores numa área do peito onde “deverá ter sido atingido com um objecto duro”. Donald Tsang sublinhou depois do sucedido ser importante que todas as manifestações se realizem de “forma pacífica e legal” e considerou que a violência é inaceitável numa sociedade “civilizada” como a de Hong Kong. “Hong Kong é também uma sociedade livre e qualquer pessoa que queira expressar as suas opiniões – mesmo através de protestos
– poderá fazê-lo de forma legal”, disse ainda o líder. A polícia da antiga colónia britânica deteve o manifestante no mesmo dia, apesar de este já ter sido libertado sob fiança. Um porta-voz da polícia de Hong Kong realçou que a “protecção da segurança pessoal do chefe do Executivo vai ser reforçada depois do incidente violento de terça-feira”. A Liga Social Democrata di-
milhares de cidadãos de Macau podem receber cheques em Hong Kong
O vício do dinheiro fácil Kahon Chan
kahon.chan@hojemacau.com.mo
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m grande número de cidadãos de Macau – provavelmente centenas de milhares – deverá beneficiar da distribuição de dinheiro pelo Governo de Hong Kong, que visa pôr um fim às ferozes críticas que têm sido dirigidas ao Plano Orçamental. Mas, com base na experiência de Macau, académicos locais têm advertido que a expectativa criada fará com que seja muito difícil pôr fim mais tarde a essa medida. O Governo de Macau, prevêem os especialistas, deverá sentir grande pressão para distribuir dinheiro novamente este ano. John Tsang, secretário para as Finanças de Hong Kong, anunciou uma inédi-
ta reviravolta no seu Plano Orçamental e a distribuição de um cheque de seis mil dólares de Hong Kong (6180 patacas) para cada residente permanente de Hong Kong maior de 18 anos, após uma reunião com legisladores pró-Pequim, que se alinharam por trás do secretário com incontidos sorrisos. O custo desta acção única de “compra” de contentamento dos cidadãos vai ascender aos 36 mil milhões de dólares de Hong Kong e um grande número de residentes oriundos de Macau irá receber a sua fatia. De acordo com a Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), há 78 753 cidadãos de Macau com bilhete de identidade de Hong Kong e idade superior a 18 anos. Mas o número verdadeiro de pessoas de
Macau elegíveis para receber os cheques de ajuda pecuniária deverá ascender a centenas de milhares. Os apelos à distribuição de cheques têm sido persistentes em Hong Kong desde que o antigo Chefe do Executivo de Macau, Edmund Ho, introduziu a primeira “partilha” de dinheiro em 2007, com o povo de Macau ainda atordoado com as repercussões do caso de corrupção de Ao Man Long. John Tsang propôs no último Plano Orçamental, revelado na semana passada, o depósito de seis mil dólares de Hong Kong nas contas do fundo de previdência obrigatório (MPF) dos residentes, mas os críticos dizem que esse dinheiro acabaria por ser absorvido pelas “taxas de manutenção” impostas pe-
los bancos de investimento. Tsang, que antes defendia que a distribuição de dinheiro a toda a gente iria contribuir para agravar a inflação, disse ontem à imprensa que mudou de ideias para ir ao encontro das expectativas do povo. Os partidos pró-Pequim em Hong Kong estão a colher os louros pela iniciativa, preparando-se já para as Eleições Distritais do final deste ano, enquanto os democratas insistem em organizar uma manifestação no próximo domingo para exigir medidas que possam resolver os “profundos” problemas de pobreza e das casas demasiado caras. Margaret Ng, do Partido Cívico acredita que o protesto tem exercido pressão sobre Donald Tsang, antes da via-
vulgou um comunicado após o incidente em que defende que Donald Tsang “abusou do seu poder ao dirigir-se ao hospital” e apelou para uma investigação, tendo ameaçado organizar mais ondas de “revolução” que têm como alvos Donald Tsang e os membros do seu Governo se não houver da sua parte uma mudança de política O pacote orçamental do Governo também mereceu críticas tanto da bancada da oposição como dos partidos pró-Governo, que reivindicaram mais medidas para apoiar a classe média e as famílias mais pobres perante os 93,8 mil milhões de dólares de saldos positivos que a região acumula. Vinte e dois deputados pró-democratas ameaçaram mesmo votar contra a proposta, em Abril, e organizar no domingo um protesto em frente à sede do Governo se este decidisse não ceder. Para Ronny Tong, do Partido Cívico, a atribuição dos 6000 dólares a cada residente permanente “não é mais do que uma tentativa de o Governo controlar a revolta popular sobre a proposta orçamental”.
gem a Pequim do Chefe do Executivo de Hong Kong, no fim-de-semana. Ivan Choy, académico da Universidade Chinesa de Hong Kong, disse à RTHK que, embora a distribuição de ajuda pecuniária possa justificar o apoio dos deputados pró-Pequim, o povo iria perder o respeito e confiança num Governo que cede à pressão. A lição de Macau pode revelar mais sobre as complicações da distribuição de dinheiro. Larry So, comentador de assuntos da actualidade, disse que a distribuição era um alívio instantâneo de pressão política como as vividas em Macau e Hong Kong, mas advertiu que a expectativa e a pressão para novas acções de distribuição de cheques iria aumentar ano após ano. “Quando se dá pela segunda vez, as pessoas ficam à espera da terceira e um mero corte no montante dado em Macau já estimulou uma grande onda de descontentamento”, lembrou.
Pequim defende acção legal contra atacante de Tsang
O Gabinete de Ligação em Hong Kong e o Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e Macau no Conselho de Estado manifestaram preocupação com o invulgar caso do ataque a Donald Tsang. O porta-voz do Chefe do Executivo disse que este foi “eleito” e nomeado pelo Governo Central, pelo que merece respeito, pelo que o gabinete “pensa” que são essenciais consequências legais neste caso. Apesar de a agressão ter sido filmada pelos próprios manifestantes, Wong Chon-kit, manifestante da Liga dos Sociais Democratas (LSD), defendeu que não havia a intenção de atacar o Chefe do Executivo quando correu em direcção a Tsang para gritar uma frase de ordem, apesar de Leung Kwok Hung, deputado da LSD, ter admitido que houve a intenção de “violar a sua dignidade”. Donald Tsang, que regressou ontem ao seu gabinete, disse que ainda tinha dores no peito, um dia depois de ter sido agredido por um manifestante irado.
Timor | Natércia Gusmão no Supremo Tribunal de Justiça
Maria Natércia Gusmão foi escolhida pelo Parlamento Nacional para integrar o Supremo Tribunal de Justiça, previsto na Constituição como órgão máximo na hierarquia dos tribunais judiciais timorenses, anunciou hoje fonte parlamentar. Nos termos constitucionais, cabe ao Parlamento indicar um dos juízes do Supremo Tribunal de Justiça, sendo os restantes obrigatoriamente escolhidos entre os membros do Conselho Superior de Magistratura. Natércia Gusmão e Duarte Tilman Soares foram os dois nomes submetidos à escolha parlamentar, que recaiu sobre a primeira, com 41 votos, recebendo o nome de Tilman Soares 13 votos.
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chefe do Executivo de Macau vai deslocar-se hoje a Pequim para participar na abertura da Assembleia Nacional Popular e assinar no domingo um Acordo Quadro de Cooperação com a província chinesa de Guangdong. Segundo um comunicado divulgado pelo Gabinete de Comunicação Social do Executivo de Macau, o líder do Governo, Fernando Chui Sai On, vai deslocarse na quinta-feira a Pequim para assistir, no sábado, à abertura da quarta sessão da 11.ª Assembleia Nacional Popular (ANP), considerada o maior acontecimento da agenda política da China, depois dos congressos quinquenais do Partido Comunista. Chui Sai On tem na agenda da sua deslocação à capital chinesa a assinatura, no domingo, do Acordo Quadro para a Cooperação com a província de Guangdong, no sul da China, cerimónia que contará com a presença de “um dirigente do país”, acrescenta a nota, sem especificar. A elaboração deste acordo foi uma decisão que saiu há um ano de pub
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Chefe do Executivo assina Acordo Quadro de Cooperação com Guangdong
Uniformização do delta em processo
um encontro em Pequim, à margem da ANP, entre Fernando Chui Sai On e o Secretário do Comité do Partido Comunista da Província de Guangdong, Wang Yang, e que esteve a cargo nos últimos 12 meses de um grupo de trabalho e de oito grupos especializados criados para o efeito.
A meta é “tornar a região do Delta do Rio das Pérolas numa zona metropolitana de maior vitalidade e competitividade a nível internacional”, promover a diversificação económica de Macau, reforçar a integração económica e o desenvolvimento das duas regiões e impulsionar
a cooperação em diversos sectores, afirmou, em Março de 2010, o chefe do gabinete do líder do Governo de Macau e porta-voz do Executivo, Alexis Tam. A cooperação turística ao nível dos incentivos, convenções e exposições, através da organização conjunta de eventos e participação em certames para atraírem mais visitantes internacionais, e a construção conjunta de infraestruturas de transportes transfronteiriças são algumas das medidas previstas no Acordo Quadro, a par do reforço da cooperação com Taiwan. Cultura, educação, saúde, conservação de energia, segurança alimentar, abastecimento de água, serviços sociais, cooperação industrial, jurídica, económica e comercial, com base no Acordo de Estreitamento das Relações
Económicas e Comerciais entre o continente chinês e Macau (vulgo CEPA), que liberaliza mais de 40 setores, são outras áreas-chave da cooperação bilateral. Mas a construção de um parque industrial e de tecnologia de medicina tradicional chinesa na Ilha da Montanha, em Guangdong e adjacente a Macau, foi o projecto considerado “prioritário” por Chui Sai On em Maio de 2010 para o desenvolvimento das relações com a província vizinha. Pequim quer transformar a Ilha da Montanha, cuja área é três vezes superior à de Macau mas com apenas 4.000 habitantes, num destino turístico internacional e um centro de tecnologia, estando ali já a ser construído o novo ‘campus’ da Universidade de Macau, ligado por túnel à região, que deverá estar concluído em três anos.
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6 Kahon Chan
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kahon.chan@hojemacau.com.mo
m salário mensal deapenasnovemil patacas é quanto o novo operador de autocarros públicos Reolian está a oferecer aos motoristas recém-contratados, foi o que apurou Lam Heong Sang. O deputado da Assembleia Legislativa (AL) e director-geral interino da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) exigiu ao Governo que divulgasse os salários prometidos aos condutores pelos três operadores, no âmbito dos novos contratos de concessão. Mas o Executivo recusa-se a revelar e a Reolian prepara-se para se defender numa conferência de imprensa hoje. Dada a escassez de motoristas, a procura por trabalhadores “temporários” imigrantes disparou esta semana quando a Reolian pub
sociedade Federação de associações denuncia salários baixos da Reolian
Motoristas vão passar FAOM fez um grande apelo no jornal “Ou Mun” e Francis Tam, secretário para a Economia e Finanças, admitiu existir uma lacuna entre procura e oferta e não afastou a hipótese da importação de motoristas. Lam Heong Sang convocou uma conferência de imprensa ontem para dar a sua dura opinião contra a empresa francesa. “Vamos esclarecer porque é que estão aos berros por trabalho não-local. Parece que eles querem tudo menos a despesa com salários.” De acordo com o que Lam terá apurado, os candidatos às vagas de motorista entrevistados pela Reolian receberam a
proposta de vencimento de nove mil patacas por mês – comparativamente às 10 mil patacas oferecidas aos motoristas que passem todo o processo de selecção da TransMac ou da TCM. A oferta da Reolian parece pouco atractiva na opinião de Lam, que soube que os casinos ofereciam entre 12 e 14 mil patacas para os condutores dos seus autocarros “shuttle”, enquanto os motoristas de autocarros turísticos podiam ganhar à volta de 400 patacas por dia. Lam também soube que a Reolian rejeitou as candidaturas de residentes com mais de 50 anos. O deputado também pôs em causa o argumento
da Reolian de que o seu orçamento mais baixo não lhe permitia competir com os salários oferecidos pelos casinos. “Ninguém forçou ninguém. Foi um concurso aberto. Porque é que não fazem algo para competir com eles? Não sejam ridículos. Se acham que as despesas vão muito além do previsto, podem sempre desistir com um aviso prévio”, afirmou, reiterando a posição da federação contra a importação de motoristas e de que, se se provar a falta de mão-de-obra, a Reolian deveria pagar salários mais altos aos imigrantes e mandá-los embora após um determinado período, quando a oferta de mãode-obra melhorasse. Para fazer pressão, Lam exigiu que o Governo revelasse os salários prometidos pelos três operadores, conforme lhes foi pedido no concurso. No entanto, o porta-voz da Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) recusou-se a avançar essa informação ao Hoje Macau, por considerar as despesas com salários esboçadas nos documentos de candidatura ao concurso informação sensível, cuja divulgação poderia prejudicar a concorrência – a DSAT comprometeu-se, contudo, a assegurar que os operadores cumprissem as promessas das candidaturas. Stephen Chok, um dos directores da Reolian que representa o grupo HN, disse que a empresa apenas iria responder hoje, em conferência de imprensa, às questões levantadas por Lam. Responsável pela operação de serviços de autocarros por todo o mundo, a Veolia (um dos parceiros da “joint-venture” Reolian) está habituada a este tipo de negociações. No mês passado, deparou-se com uma greve de motoristas de autocarros nos arredores de Toronto (Canadá). Face a
uma outra greve que teve lugar no condado de Prince George, em Washington DC, onde o serviço de autocarros é pago pelo Governo, como em Macau, a Veolia
comprometeu-se a “gastar racionalmente” os dólares dos contribuintes, tendo-se recusado a substituir aumentos salariais com planos de saúde.
empréstimos concedidos e não-pagos às PME’s aumentam
Segundo a Autoridade Monetária de Macau (AMM), o crédito aprovado às pequenas e médias empresas (PME’s) diminui durante os meses de Abril a Junho do ano passado, descendo 17,5% comparativamente ao primeiro semestre de 2010. Já no final do ano, o valor utilizado do total dos empréstimos concedidos às mesmas empresas subiu 11,1%, atingindo 24,9 mil milhões de patacas, com os restaurantes e hotéis na frente da lista de empréstimos concedidos e os transportes e comunicações a diminuírem face a Junho de 2010. Nos últimos seis meses do ano passado verificou-se ainda um aumento de 8,9% de empréstimos não pagos, para 526,3 milhões de patacas, mais 3,2% do que no ano anterior.
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LasVegasSandsanunciou que está a ser investigada pelas autoridades norteamericanas por alegadas suspeitas de tráfico de influências junto do Governo de Macau, onde tem uma subconcessão de jogo. No relatório dos resultados obtidos em 2010, a operadora de jogo refere ter sido citada pela “Securities and Exchange Commission” dos Estados Unidos para apresentar documentos relativos ao cumprimento da lei norte-americana sobre Práticas de Corrupção no Estrangeiro. O relatório refere ainda que o departamento de Justiça norteamericano “está a conduzir uma investigação semelhante”. A lei relativa a Práticas de Corrupção no Estrangeiro proíbe as empresas norte-americanas de efectuarem pagamentos a membros de Governos estrangeiros para conseguirem ou manterem negócios. A empresa disse acreditar que as investigações decorrem das alegações do ex-presidente executivo da Sands China, subsidiária da Las Vegas Vegas Sands com uma subconcessão de jogo em Macau -, Steve Jacobs, demitido no Verão de 2010. Em Outubro do ano passado, Steve Jacobs interpôs uma acção judicial no Nevada contra a operadora por considerar ter sido demitido “indevidamente”, depois de, alegadamente, se ter recusado a cumprir “ordens ilegais”
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Las Vegas Sands investigada por tráfico de influências
Areias na engrenagem
do presidente do grupo, Sheldon Adelson. Jacobs acusa Adelson de tentativas de tráfico de influências junto do Governo de Macau, que passavam por “investigações secretas” sobre membros do Executivo de Macau para que qualquer informação negativa pudesse ser usada para contrariar iniciativas
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ou políticas que chocassem com interesses da operadora na região administrativa especial chinesa. Jacobs alega que lhe foi também pedido para ameaçar suspender negócios com grandes bancos chineses em troca de “usarem a sua influência junto do novo Governo de Macau para conseguirem um tratamento
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EDITAL Prédio em mau estado de conservação Etidal n.º : 35/E/2011 Processo n.º : 2/AR/2011/F Local : Avenida da Praia Grande n.º 387, Edf. Wa Nam, Macau. Chan Pou Ha, subdirectora da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes, em uso das competências delegadas pelo n.º 8 do artigo 1.º do Despacho n.º 09/ SOTDIR/2009, publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) n.º 16, II Série, de 22 de Abril de 2009, faz saber por este meio aos condóminos, inquilinos ou demais ocupantes do prédio acima indicado, que os elementos na fachada do mesmo se encontram em mau estado de reparação e conservação, conforme o parecer da Comissão de Vistoria constante do processo em curso nesta Direcção de Serviços, pelo que, nos termos do artigo 54.º do Decreto-Lei n.º 79/85/M de 21 de Agosto e por meu despacho de 25/02/2011, no prazo de 30 dias contados a partir da data de publicação do presente edital devem proceder à obra seguinte : 1. Os condóminos devem proceder à reparação e conservação de cada canteiro de flores em frente da varanda da fracção, a fim de manter as boas condições de segurança e utilização; 2. Os condóminos da fracção 6.º andar A devem proceder àreparação e conservação da corrimão da varanda, a fim de manter as boas condições de segurança e utilização. Para o efeito, deverão apresentar previamente nestes Serviços o projecto de obra respactivo, de acordo com o Decreto-Lei n.º 79/85/M de 21 de Agosto. Caso não seja dado cumprimento ao teor do presente edital, esta Direcção de Serviços, sem prejuízo da aplicação da multa estabelecida no artigo 67.º do citado diploma legal, executará, nos termos do disposto no artigo 56.º, a demolição dos trabalhos acima mencionados a partir do termo do prazo atrás referido, a expensas dos seus condóminos. Na falta de pagamento voluntário da despesa, proceder-se-á à cobrança coerciva da quantia em dívida pela Repartição das Execuções Fiscais da Direcção dos Serviços de Finanças. Da minha decisão cabe recurso hierárquico para o Chefe do Executivo, a interpor no prazo de 15 dias contados a partir da data de publicação do presente edital, nos termos do artigo 59.º do referido diploma legal. RAEM, aos 25 de Fevereiro de 2011. A Subdirectora dos Serviços Chan Pou Ha
Companhia de Serviços de Carga Mascargo, (Macau) S.A.R.L. Convocatória Nos termos e para os efeitos do disposto no art.º 10 dos Estatutos é convocada a Assembleia Geral Ordinária da Companhia de Serviços de Carga Mascargo, (Macau) S.A.R.L., para reunir no dia 25 de Março de 2011, pelas 16:00 horas, na Alameda Dr. Carlos D’ Assumpção No. 398, Edf. CNAC 9 Andar B, com a seguinte ordem de trabalhos: 1. Discussão e aprovação do Relatório, Balanço e Contas do Conselho de Administração e Parecer do Conselho Fiscal relativo ao exercício de 2010 2. Aprovação do orçamento do ano 2011 apresentado pelo Conselho de Administração 3. Eleição dos membros dos orgãos sociais 4. Alteração dos estatutos sociais 5. Outros assuntos de interesse para a sociedade Macau, aos 3 de Março de 2011.
Presidente da Mesa da Assembleia Geral Sr. Li Jinlin
favorável quanto a quotas de contratação de trabalhadores e limites de mesas de jogo” e que a operadora transferiu um volume substancial de capital de Macau para Las Vegas. Já a empresa disse que Jacobs foi demitido por abuso de autoridade, tendo em Janeiro interposto uma acção na justiça de Macau contra Steve Jacobs por difamação. A Las Vegas Sands registou receitas de mais de 6,85 mil milhões de dólares, das quais cerca de 80 por cento foram angariadas em Macau e Singapura, e mais do que triplicou os seus lucros na região chinesa para 666,5 milhões de dólares. No entanto, estas investigações podem vir a ter um “impacto negativo” e na terça-feira as acções da Sands já desvalorizaram 6,3% na bolsa pub
de Nova Iorque e cerca de 7% na sessão de ontem da bolsa de Hong Kong.
Governo espera relatório
O governo de Macau, entretanto, já comentou estes acontecimentos. O secreteario Francis Tam, em Pequim, disse aos jornalistas que o executivo da RAEM está “preocupado” e que, por isso, pediu à concessionária um relatoria sobre a questão. Baseado na “informação disponível”, Francis Tam declarou que acredita que o problema foi causado pela disputa entre “um empregado e o seu empregador”, nada tendo a ver com as operações da Sands em Macau. Francis Tam acrescentou ainda que ficará à espera do relatório da empresa para tomar uma posição.
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A 31 de Ma no Sector V verde. Em c serão tamb
Entrevista | CEM já investiu 450 milhões na protecção ambiental
Filipa Queiroz
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filipa.queiroz@hojemacau.com.mo
Uma missão “difícil” mas possível Contribuir para a poluição do território e torná-lo ao mesmo tempo mais “verde”. Contraditório? Sim, mas a Companhia de Electricidade de Macau consegue-o. Fomos conhecer quem está por trás da complicada tarefa da empresa pioneira no investimento ambientalista no território Filipa queiroz
oi criado há nove anos e tem como missão tratar dos assuntos relacionados com a protecção ambiental - o SHEQ - Gabinete de Segurança & Saúde, Ambiente e Qualidade é o motor “amigo do ambiente” por trás da Companhia de Electricidade de Macau (CEM), uma das mais poluentes do território mas ao mesmo tempo pioneira em termos de responsabilidade ambiental. Edmond Etchri dirige o SHEQ desde a sua criação e explicou ao Hoje Macau como é que a empresa, certificada no ano passado pelo europeu Bureau Veritas Quality International pelos seus padrões de qualidade na produção, comercialização e respeito ao meio-ambiente, executa a “difícil” tarefa de tornar Macau “mais verde”. Qual é a missão do SHEQ? O nosso desafio é promover a segurança, qualidade, ambiente e saúde dentro da nossa companhia e não só. A nossa política não se limita a envolver o pessoal da empresa, estende-se à sociedade em geral. E diria quem tem cumprido esse objectivo? Sim, em termos das questões ambientais mantemos a liderança deste tipo de procedimentos em Macau. Os dados falam por si (ver tabela), melhorámos muito o nosso desempenho em termos de redução de emissão de gases poluentes entre 2001 e 2010, por exemplo. Em 10 anos, reduzimos 93% de emissão de óxidos de azoto, 91% de emissão de dióxido de enxofre e 38% de CO2. Claro que conseguir tudo isto não foi fácil, foi preciso encontrar as tecnologias emergentes certas e investir mais de 450 milhões de patacas. Em quê, por exemplo? Em equipar as máquinas das nossas estações de Coloane com um sistema de redução catalítica selectiva, que ajuda a reduzir as emissões durante as operações. Também adicionamos um novo sistema para controlar automaticamente a lubrificação das máquinas, que antes era feito manualmente e levava ao desperdício. Passamos a
“Dia d
dar prioridade às tecnologias “amigas do ambiente”, como o uso de turbinas a gás específicas para operar em ciclo combinado, que emitem menos CO2 (dióxido de carbono). Mas claro que, para isto, tivemos de esperar que o gás natural chegasse a Macau. Também implementámos mecanismos de tratamento da água, já que temos necessariamente de
consumir bastante, sendo que agora ela é tratada antes de ser enviada para o mar. E também têm uma componente social. Sim, também promovemos a responsabilidade ambiental de dentro para fora. Nomeadamente junto aos nossos contratantes e fornecedores, há três anos foram criados dois prémios anuais, o Prémio Excelência na Saúde
e Segurança e o Prémio de Excelência Ambiental, para encorajar aqueles que trabalham para nós a serem “amigos do ambiente”. Para o público, temos as Feiras Recreativas de Energia, onde ensinamos as pessoas a poupar e reduzir o consumo energético; e as Visitas Energéticas, através das quais trazemos as pessoas a visitar as nossas centrais, onde mostramos como tudo funciona. No ano passado tivemos 5358 visitantes. Finalmente, temos iniciativas de plantação de árvores em Coloane. Acha que têm funcionado, que Macau está mais alerta em relação às questões ambientais? As pessoas estão a falar cada vez mais nas alterações climáticas. Em Macau... se quiserem ver o céu azul mais vezes, as pessoas têm mesmo de fazer mais por isso. Nós já fazemos a nossa parte e vamos tentar encon-
trar cada vez mais maneiras de minimizar a nossa contribuição [para a poluição]. Sim, porque no caso da CEM, existe um dilema: é uma empresa que tem necessariamente de poluir mas que quer ser “verde”. É verdade. Enquanto pudermos compensar isso vamos continuar a fazê-lo. Por exemplo, apesar de sermos uma companhia eléctrica, premiamos as companhias que mais poupam energia em Macau, ou seja, que usam menos o nosso
produto. Também vamos às fábricas explicar como o podem fazer. Para nós essa é mesmo uma importante missão a cumprir. Acreditamos que o nosso produto é essencial para desenvolvimento de Macau e que, ao mesmo tempo, o desenvolvimento do território pode ter menos impactos negativos para o ambiente. A maior parte das vezes, quando as pessoas falam de poluição, elas pensam nas centrais eléctricas. E pode ser verdade,
A Conpanhia de Electricidade de Macau • Usa metodologia europeia de monitorização da qualidade do ar, que usa em cooperação com os aparelhos governamentais de forma a controlar a emissão dos gases e respectiva proveniência em Coloane • Usa painéis solares de pequena escala para carregar o carro eléctrico na estação de Coloane • Colabora com a Associação das Energias do Ambiente de Macau (MEPI) e a Associação Ecológica de Macau em várias iniciativas • Promove regularmente campanhas ecológicas como o “E-Bill” (sistema de facturação via e-mail, para poupar papel) • Controla a impressão de documentos na companhia por parte dos funcionários para evitar o desperdício de papel • Pratica separação do lixo • Implementou sistemas de controlo do ruído provocado pelos equipamentos • Implementou recuperação de águas residuais
da Cooperação Empresarial Verde” programado para o final do mês
arço, o casino Venetian festeja o “Dia de Cooperação Empresarial Verde”. No painel temático, os convidados vão poder falar sobre “Exploração das Oportunidades de Mercado Verde” e “Oportunidades nas Indústrias Verdes”, com a presença de representantes de empresas internacionais. O objectivo é incentivar às oportunidades de negócio no sector conformidade com as políticas ambientais é ainda levado a cabo o intercâmbio sobre assuntos ambientais a nível internacional, políticas e medidas de redução de emissões e bém assinados diversos projectos de cooperação ambiental. No mesmo dia é inaugurado o “Fórum e Exposição Internacional de Cooperação Ambiental Macau 2011” (MIECF).
mas no nosso caso trabalhamos para minorar o impacto. O que elas se calhar não vêem é que o problema também está noutro lado: os transportes. Na Europa, os carros privados têm limite de emissão de gases. Os carros novos comprados este ano têm de ser, antes de mais, mais “verdes” do que há 10 anos. Aqui não. Pelo menos os autocarros dos casinos, que funcionam 24 horas por dia, deviam ter controlo. Acha que, no caso de Macau, o alerta já chegou tarde? Nunca é tarde, e as iniciativas já começaram há algum tempo. Há 20 ou 30 anos as pessoas não percebiam a urgência, mas hoje já percebem. Mas ainda há quem não entenda que apagando uma luz ela está a contribuir para alguma coisa, que não é apenas poupar o seu dinheiro, tem um reflexo global. E os casinos, os maiores consumidores de energia da RAEM, acha que têm esse tipo de preocupação? A Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental está a trabalhar nesse sentido. Há meios para os casinos poderem optimizar a energia, só que é preciso haver legislação - sobre a poluição de luz, por exemplo. São esse tipo de linhas condutoras que Macau precisa. E as empresas? Algumas estão a fazer algo nesse sentido, mas ainda não será suficiente. É aí que o Governo pode ser importante, têm de trabalhar juntos nesse sentido, trazendo para Macau novas tecnologias e promovendo localmente as medidas. A aposta nos conceitos “verdes” aumentou exponencialmente na China. Podemos falar em peso na consciência? Sim, há peso na consciência, então estão a tentar fazer mais por mudar. Mas na China têm tudo em termos de legislação, só não é aplicada ao mais alto nível, mas já é bom que exista. Agora quando não há, como em Macau, nunca pode começar a ser utilizada. Mas, olhando para os últimos dez anos Macau saiu-se bem, houve progresso.
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Socióloga explica fenómeno de compra abrupta de carros
Carros atrás de carros Gonçalo Lobo Pinheiro glp@hojemacau.com.mo
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omo o Hoje Macau deu a conhecer há dois dias, as vendas de automóveis na China cresceram de tal forma que já ultrapassaram o mercado norte-americano. “O automóvel é hoje um símbolo de afluência na China, e é como tal que é usado pela classe média em ascensão. É um marcador de prestígio social e reflecte, claro, um maior grau de consumo, que é uma das características da China actual. Serve para posicionar os indivíduos e os grupos no tecido social, mas este fenómeno não se liga em particular à sociedade chinesa, acontece em todas as sociedades que vivem processos de mudança social e económica muito rápidos”, afirmou ao nosso jornal a socióloga da Universidade de São José, Ana Maria Correia.
Os recordes de 2009 cifram-se em 13,6 milhões de unidades vendidas, de acordo com dados divulgados pela Associação Chinesa de Fabricantes de Automóveis. A China torna-se, assim, no maior mercado do mundo para a indústria automobilística ultrapassando a meta colocada previamente para os 10 milhões de veículos. O mais interessante nesta história é o facto de estes
“Hora do Planeta” em Macau
Desligar a luz A
convite da delegação do Fundo Mundial para a Vida Selvagem e Natureza (WWF, na sigla inglesa) de Hong-Kong, o Governo da RAEM volta a aderir este ano à “Hora do Planeta”, desligando as luzes desnecessárias, durante uma hora, a partir das oito e trinta da noite do dia 26 deste mês. O Executivo apela à participação das empresas dos sectores industrial e comercial de Macau, desde os casinos e locais de entretenimento a todos os residentes de Macau, para que desliguem nessa noite todas as luzes dispensáveis, apoiando juntos a campanha mundial de conservação de energia e redução das emissões. Como forma de travar o aquecimento global e as alterações climáticas, para além da realização da actividade de desligar as luzes, durante a “Semana da Conservação Energética” que tem lugar
anualmente em Junho, o Executivo liderado por Chui Sai On participa também em campanhas mundiais pela mesma causa. O Gabinete para o Desenvolvimento do Sector Energético (GDSE) é a entidade responsável pela coordenação e mobilização de todos os serviços públicos para que desliguem as luzes durante uma hora, atendendo às suas condições específicas, na noite do dia 26, entre as 20:30 e as 21:30. A campanha “Hora do Planeta” foi lançada pela primeira vez em Sydney em 2007, tendo-se tornado, nos últimos anos, numa campanha mundial. Em 2010, o número de países participantes ultrapassou os 128, com 4,600 cidades envolvidas. Várias cidades da China, incluindo Hong-Kong e Macau, também participaram na campanha; ao desligarem as luzes demonstram o seu apoio ao Planeta Terra.
quase 14 milhões incluírem igualmente os veículos pesados. Tirando estes – cerca de 650 mil – a China continua à frente dos EUA só com carros de uso privado. “O automóvel funciona como símbolo da mobilidade física, ele permite que as pessoas se desloquem no espaço e isso pode ser visto como uma dimensão nova de liberdade que os chineses estão a conquistar. É uma dupla mobilidade, física e social, no espaço e na pirâmide social. Foi assim com os comboios há muitos anos, também representavam a viagem e a mudança. Hoje o automóvel surge como um artefacto muito apelativo numa sociedade em que até há pouco tempo as pessoas tinham maiores restrições nas pub
suas deslocações”, justificou a socióloga. Uma garantia foi dada pelo Governo Central, apesar de todas as medidas para combater a poluição de carros em cidades como Pequim, o desenvolvimento da indústria automóvel é um dos pilares do desenvolvimento económico, não podendo as autoridades ambientais conter as aspirações de cada vez mais o povo chinês comprar um carro. Apesar disso, a China tem em marcha um plano de subsídio de três mil yuans por carro para compra de alguns modelos de veículos com eficiência energética e já prometeu, durante este ano, reduzir drasticamente o número de novos registos de automóveis, pelo menos na capital Pequim.
A cidade permitirá o registo de apenas 240 mil veículos, cerca de um terço do número de novas licenças emitidas em 2010. O porta-voz do governo local de Pequim, Zhou Zhengyu, disse, no final do ano de 2010, que “88% da quota será destinada a donos de carros de passeio, 2% a veículos comerciais e 10% a empresas”. Com as novas regras, Pequim deve ter no máximo cinco milhões de carros nas ruas durante o corrente ano. Alguns analistas têm defendido que a redução de imposto na compra de carros pequenos e outras políticas de estímulo implementadas pelo Governo Central, durante a crise financeira global, parecem ter impulsionado as vendas até hoje.
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Ex-professor UMAC lança livro sobre presença inglesa em Macau
Joana Freitas
F
cultura
joana.freitas@hojemacau.com.mo
Os ingleses na Macau portuguesa em Macau. “Era quase um fetiche que o livre fosse lançado aqui”. Entre as linhas dos 13 capítulos que compõem a “história descritiva” propositada, como defende o autor, podem sentir-se os conflitos entre ingleses e portugueses, a visão de uma Macau cuja “administração luso-chinesa era mal compreendida pelos estrangeiros”, o novo ciclo nas trocas comerciais e a contribuição dos ingleses na concepção histórica do território. Rogério Puga explica que a escolha do tema surgiu por “não existir uma temática ainda não muito estudada” sobre a terceira maior comunidade estran-
António Falcão | bloomland.cn
oi o romance histórico “City of broken promisses”, o primeiro livro britânico cuja acção se passa em Macau, que despoletou no autor a necessidade de “aprofundar” a presença dos ingleses no território. Rogério Puga, ex-professor da Universidade de Macau, lançou ontem na Casa Garden o livro “A presença inglesa e as relações angloportuguesas em Macau”, uma obra lançada em Portugal em 2009 e que só agora teve oportunidade de ter lugar em Macau. O espaço é “simbólico”, diz o autor, já que “a Casa Garden é um espaço anglófono, que, apesar de pertencer a portugueses, onde pernoitou o primeiro embaixador britânico, Lorde McCartney, quando, em 1685, o seu barco aportou
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geira em Macau. “Sobre a presença portuguesa já se escreveu muito, e achei uma matéria interessante cruzar as fontes portuguesas com as inglesas e fazer um jogo de espelhos, como se percepcionavam uns aos outros”, salienta o professor. “Preencher um vazio na história de Macau” era o objectivo. O autor, que precisou de seis anos para vasculhar arquivos históricos entre a Europa, América e Ásia, descreve na obra o período entre 1635 e 1973. Mas, esta é “a parte chata”, salienta Rogério Puga, e a caneta do agora investigador da Universidade Nova de Lisboa vai retomar o fio da história
e lançar-se na jornada até à Guerra do Ópio. “A parte que está por escrever é mais rica e mais intensa, com muito mais a dizer”, diz o professor, “a partir de 1973 surgem mulheres americanas e inglesas, que vão ao teatro e às óperas”. E surge a Guerra do Ópio e a tentativa de ocupação inglesa em Macau, para declarar guerra à China. Rogério Puga deixou a promessa de que a segunda parte vai ser escrita. Os novos projectos do autor incluem também o lançamento de um primeiro número da Revista Europeia de Estudos sobre Macau, disponível em breve na internet.
Centros de cultura terão coordenação regional
Algum Laborinho... CPM - COMPANHIA DE PARQUES DE MACAU, S.A. Sede: Avenida da Praia Grande nº 693 – Edifício Tai Wah – 14º Andar – Macau Capítal Social: MOP$10,000,000 Matriculada na Conservatória do Registo Comercial de Macau sob o nº 2.146
ASSEMBLEIA GERAL ORDINÁRIA CONVOCATÓRIA Em cumprimento das disposições legais e estatuárias, são convocados os accionistas da sociedade “C.P.M.-Companhia de Parques de Macau, S.A.” para reunirem em Assembleia Geral Ordinária, a realizar na sede social, no próximo dia 22 de Março de 2011, pelas 10:00 horas, com a seguinte ordem de trabalhos; 1º Deliberar sobre o Relatório de Gestão do Conselho de Administração, o Balanço, as Contas e o Parecer do Conselho Fiscal, relativos ao exercício de 2010; 2º Deliberar sobre a proposta de aplicação dos resultados; Nos termos do disposto no nº 2 do Artigo 222º e no Artigo 430º do Código Comercial, desde a data da publicação desta convocatória serão facultados à consulta dos accionistas, na sede social e às horas de serviço, os elementos de informação preparatória previstos nessas normas, designadamente os documentos de prestação de contas e os textos das propostas a apresentar pelo Conselho de Administração. Macau, 11 de Fevereiro de 2011 O PRESIDENTE DA MESA DA ASSEMBLEIA GERAL,
TDO – Sociedade Gestora de Participações Sociais, S.A. representada por Dr. José Pedro Poiares Cobra Ferreira
A
presidente do Instituto Camões (IC), Ana Paula Laborinho, anunciou terça-feira no Parlamento a criação de centros coordenadores regionais de Cultura Portuguesa e a realização, em Maio, de um colóquio sobre o peso económico do espanhol e do português. Ana Paula Laborinho falava na Comissão Parlamentar dos Negócios Estrangeiros e Comunidades, onde foi ouvida a pedido do Partido Social-Democrata. A responsável afirmou que os centros coordenadores regionais de Cultura Portuguesa permitirão uma melhor gestão e terão maior proximidade, definindo estratégias, e citou como exemplo o Instituto Britânico que já trabalha assim. “Não é uma ideia peregrina”, disse Laborinho que garantiu que os Centros Culturais integrarão “a linha da frente da diplomacia cultural e económica” portuguesa. Cá fora, aos jornalistas, a responsável adiantou que Paris será o centro coordenador para a Europa, estando ainda pensar-se para as outras partes do mundo. Relativamente ao colóquio sobre o peso económico das duas línguas ibéricas, “realizar-se-á em finais de Maio, em Lisboa, juntando os mais altos especialistas, e é uma organização conjunta do [Instituto] Camões e do Instituto Cervantes”. Os deputados questionaram Ana Paula Laborinho relativamente ao ensino do Português e à situação dos trabalhadores dos centros culturais portugueses.
Aresponsável afirmou que no primeiro ano à frente do IC “foram alocados todos os meios para o sector do ensino” e que se começa agora a regularizar a questão dos trabalhadores dos centros culturais. Salientou, porém, a dificuldade da questão pois “a contratatualização exige uma articulação com legislações estrangeiras e tal obriga a várias consultas jurídicas. “Nesta altura já estamos na fase de processo dos trabalhadores dos centros culturais” disse Ana Paula Laborinho, que conta avançar com a respectiva avaliação “ainda este ano, sob a forma de ponderação curricular”. Relativamente ao ensino do Português, a responsável reconheceu dificuldades, tendo sido aberto concurso para 45 vagas, nomeadamente para preenchimento de situações de aposentadoria, licença de maternidade e baixa por doença. Ainda nesta área referiu estar o IC a projectar certificar os cursos de Língua Portuguesa ministrados por escolas particulares que serão “centros associados” desde que “cumpram o referencial do IC”, uma prática já levada a cabo pelo Instituto Cervantes, adiantou. Ana Paula Laborinho reconheceu os constrangimentos orçamentais do IC, mas reiterou que o Instituto não deve estar fora do esforço nacional de redução do défice. Para a presidente do IC “há que ter solidariedade nacional” e nesse sentido defende uma racionalização dos custos, criação de sinergias, trabalho em rede e parcerias, como a que recentemente se firmou com o Ministério da Cultura (MC).
My Chemical Romance guardaram material para a despedida
Os My Chemical Romance garantiram que as canções destinadas ao “álbum de despedida” vão acabar por ver a luz do dia. Em Novembro saiu “Danger Days: The True Lives Of The Fabulous Killjoys” mas das mesmas sessões de gravação resultou um outro disco anunciado como o derradeiro. “A uma certa altura, seria bom que visse a luz do dia, mas não há planos para isso neste momento. Neste momento são só para nós, mas eu tive uma ideia enquanto fazia gravava o álbum e disse: “Tive a ideia que devíamos gravar dois álbuns, lançar um e deixar o outro de lado, para que quando acabássemos fosse o último álbum de sempre dos MCR”, revelou o guitarrista em entrevista ao site ‘rockaaa.com’.
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erca de duas dezenas de fotografias e três vídeos, da autoria de José Maçãs de Carvalho, e 11 imagens de José Cepeda vão estar patentes, a partir de sábado, no Centro de Artes Visuais, em Coimbra. Intitulada “arquivo #0” a exposição de José Maçãs de Carvalho está organizada em três núcleos e revela a incursão do autor “nas entranhas do seu próprio corpo de trabalho, que se foi constituindo no decurso dos 20 anos de prática artística”, segundo Albano da Silva Pereira, que assegura a curadoria de ambas as mostras. “’Arquivar’ determina a metodologia adoptada por Maçãs de Carvalho na constituição deste projecto, mas não só. Dá-se uma investigação mais profunda acerca daquilo que se estabelece como arquivo, nas suas contaminações com a memória”, adianta o director do Centro de Artes Visuais, num texto que assina a par com Luísa Seixas. A exposição de André Cepeda, denominada “2011”, apresenta a última série de fotografias, desenvolvida pelo autor no último ano, após a conclusão do projecto “Ontem”.
O
artista plástico António Gonçalves passou 2008 a interpretar em desenho a primeira página de um jornal diário, um projeto de 365 dias que ganha agora nova vida numa exposição que só existe pela caixa do correio. No projeto, sem título, António Gonçalves desafiou-se a desenhar todos os dias, em papel e com tintada-china, aquilo que via na primeira página do jornal que comprava habitualmente num quiosque. A primeira fase do projeto durou de 03 de janeiro de 2008 a 03 de janeiro de 2009, com o artista plástico a forçar-se a uma rotina diária de transpor para o papel, sempre com traços rápidos, quase num esboço, o essencial noticioso de cada dia. Os resultados destes 365 dias estão agora a ser divulgados de forma inédita, pois a sala de exposição é “o território nacional”, explicou António Gonçalves à agência Lusa. Desde 03 de janeiro de 2011, o artista plástico tem estado a enviar todos os dias para a caixa de correio de várias pessoas, mais ou menos desconhecidas, reproduções
José Maçãs de Carvalho expõe em Coimbra
Um arquivo... o que é? Recorrendo ao uso do preto e branco, o artista mostra-nos 11 imagens onde explora, de uma forma mais pessoal do que é habitual no seu trabalho, a relação com o corpo humano e os objectos que com ele coabitam, segundo um texto acerca da mostra. “Ao olhar para estas imagens temos uma incómoda sensação de estar a ver objectos fora do lugar. Suspensos por uma contra-gravidade que em nada se assemelha à leveza, estão presos numa inércia que não promete movimento, mas antes denuncia a sua impossibilidade”, adianta. José Maçãs de Carvalho nasceu em Anadia, em 1960, onde vive e trabalha. Licenciado em Línguas e Literaturas Modernas, com uma pós-graduação em Gestão de Artes, frequenta atualmente o doutoramento em Arte Contemporânea do
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11 Colégio das Artes da Universidade de Coimbra. Em 2005, foi nomeado para o Prémio “BESPhoto” e, em 2008, para a “short list” do Prémio de fotografia “Pictet Prix” (Suíça). O seu trabalho encontra-se representado em várias coleções públicas e privadas. Por outro lado, José Maçãs de Carvalho mantém um projecto artístico em Macau, há mais de uma década. André Cepeda, nascido em Coimbra em 1976, vive e trabalha no Porto. Colaborador dos Encontros de Fotografia no início dos anos 1990, frequentou depois o curso de Fotografia da Escola de artes de Ixelles, Bruxelas. Em 2007, foi selecionado para o Prémio EDP - Novos Artistas e, em 2010, foi nomeado para o Prémio BESPhoto. O seu trabalho encontrase representado em várias coleções públicas e privadas. Integradas na XIII Semana Cultural da Universidade de Coimbra, as exposições são inauguradas no sábado pelas 22:00 e estão patentes até 12 de junho no Centro de Artes Visuais.
Artes | António Gonçalves e a exposição que chega pelo correio
Jornais a tinta da china
em fotografia dos desenhos feitos em 2008. Hoje, 02 de março, cinco pessoas vão receber na caixa do correio uma fotografia, assinada e numerada, com o desenho da primeira página do jornal que António Gonçalves comprou precisamente a 02 de março de 2008.
Assim, cada uma dessas pessoas tem nas mãos uma obra de múltiplas interpretações: o que se passou naquele dia há três anos? O que estava nessa primeira página? Os assuntos eram muito diferentes dos de hoje? “A minha intenção sempre foi perceber a relação que
estabelecemos com o tempo e com a imagem, com a fotografia e como a podemos transformar em desenho”, explicou o autor. “Basicamente os assuntos de hoje são os mesmos de há três anos, é a queda da bolsa, a crise, o petróleo, casos de violência doméstica e
depois aqueles assuntos que têm também a ver com o ciclo das estações. Percebi que o tempo é uma coisa muito importante”, sublinhou. António Gonçalves nunca envia imagens para as mesmas pessoas e tem conseguido as moradas por intermédio “de amigos, de amigos, de amigos”, explicou. Na carta de correio seguem a fotografia, um pequeno texto explicativo do projeto e os seus contactos. António Gonçalves já teve resposta de algumas das pessoas que se viram envolvidas neste projeto. “O escritor Mário Cláudio foi bastante cordial, respondeu-me enviando-me um livro, mas uma instituição de arte disse-me que aquilo não estava dentro dos parâmetros deles”, recorda António Gonçalves. O artista desenhou maioritariamente jornais portugueses, em particular o Público, mas nas ocasiões em que esteve fora do país manteve a mesma rotina,
e por isso há desenhos de primeiras páginas do El Pais ou do Le Monde. “Em França cheguei a fazer 12 quilómetros só para poder comprar o jornal. Tornou-se estranhamente numa rotina e não conseguia acabar o dia sem fazer aquilo. O que saía no momento era o que ficava, não demorava mais do que três, cinco minutos”, explicou. Todo o projeto, que só terminará a 03 de janeiro de 2012, irá custar-lhe cerca de três mil euros, em gastos com revelação, envelopes, selos e despesas de envio, porque não tem qualquer apoio financeiro. Depois de enviado para um total de 1.825 pessoas, o projeto ganhará vida em livro, que reunirá os 365 desenhos e uma exposição num espaço físico, convencional, em local ainda a decidir. António Gonçalves, tem 35 anos, nasceu em Famalicão e vive no Porto. Licenciado em artes plásticas e Prémio Revelação Júlio Resende em 1997, António Gonçalves expõe individualmente desde 2001 e é atualmente o diretor artístico da Fundação Cupertino de Miranda.
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Formação de Pelé estreia-se na III Divisão no final da próxima semana
Marco Carvalho
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formação do Organismo Autónomo Desportivo da Casa de Portugal que a partir da próxima semana se estreia nas andanças do Campeonato de Futebol da III Divisão quer deixar a sua marca no desporto-rei do território e, para tal, aposta foste forte numa preparação o mais profissional possível. A falta de recintos de jogo e de espaços de treino encabeça o rol dos desafios com que se deparam a esmagadora maioria dos clubes do território, mas os responsáveis pelo grupo de trabalho da Casa de Portugal podem muito bem ter encontrado uma solução ideal para contornar o problema. A formação orientada por Pelé chegou a acordo com os responsáveis pelo MGM para a utilização, uma vez por semana, do ginásio e do spa do casino-hotel da operadora norte-americana. A empresa assinou no início da temporada um acordo exclusivo de patrocínio com o Sporting Clube de Macau e o logotipo do grupo vai começar a pontificar nas camisolas dos leões do território já a partir da próxima semana, mas o apoio dado à formação orientada por Agostinho Caetano não in-
Casa de Portugal: o céu é o limite viabilizou que a operadora se associasse também à Casa de Portugal e abraçasse o projecto do grupo de trabalho às ordens de Pelé. O Organismo Autónomo da Casa de Portugal estreiase no próximo dia 12 nas lides do terceiro escalão frente a um adversário de peso, o 48, mas os objectivos dos atletas da formação lusitanista não se cingem à terceira divisão. Com um grupo de trabalho completamente renovado – contam-se pelos dedos das mãos os jogadores da formação que na última temporada disputou a Liga Júnior – Pelé ambiciona colocar o verde, o vermelho e o branco da camisola da Casa de Portugal na primeira divisão o mais rapidamente possível: “O futuro é para os mais jovens e temos de lhes dar condições. Temos este espaço e é importante fazer ginásio para complementar o treino que temos vindo a fazer desde há dois meses a esta parte. A Casa de Portugal e o MGM assinaram um acordo de parceria para que os atletas da equipa possam utilizar as instalações do ginásio e
Sérgio Fonseca info@hojemacau.com.mo
N
desporto
o final de Janeiro, os pilotos tinham escolhido alto e bom som o Circuito Internacional de Zhuhai como o palco exclusivo do Campeonato de Carros de Turismo de Macau (MTCC) em 2011, mas, quando menos se esperava, assistiu-se a um volte-face espectacular, com o rival Circuito Internacional de Guangdong a rapinar as duas jornadas duplas das três categorias do MTCC ñ AAMC Challenge, N2000 e Roadsport. Dos arredores de Cantão chegou uma proposta irrecusável por um preço de inscrição, transporte das viaturas e acomodação de participantes e equipas, três vezes inferior ao que custariam os dois mesmos eventos em Zhuhai. Sem argumentos, o circuito permanente da cidade chinesa adjacente à
do spa ao abrigo do projecto que lhes apresentámos. Este projecto visa criar as condições necessárias para que a Casa de Portugal consiga ascender ao primeiro escalão já dentro de dois anos”, explica o técnico. O objectivo dos responsáveis pela estratégia da Casa de Portugal para o futebol é o de criar condições para que a preparação dos atletas seja o mais profissio-
nal possível. Ao longo dos últimos meses, os pupilos de Pelé têm vindo a treinar três a quatro vezes por semana em elementos o mais diferenciados possível, mas a partir desta semana os atletas do Organismo Autónomo Desportivo contam também com uma sessão semanal de ginásio com o intuito de trabalhar a parte física. Depois de no início do ano ter dado a conhecer
o seu próprio projecto de formação, a Casa de Portugal procura agora lançar os alicerces de um plano ambicioso que passa pela afirmação da equipa não apenas a nível interno, mas também a nível internacional. Para os responsáveis pela equipa, o céu é o limite e Pelé confidencia que gostaria de ver o emblema a representar Macau na Liga dos Campeões Asiáticos: “O
Campeonato de Carros de Turismo de Macau abdica de Zhuhai
Volte face! Todos para Cantão! RAEM abdicou do MTCC, e no passado Sábado ficaram-se a conhecer as datas das provas que servem de apuramento dos concorrentes locais para o Grande Prémio de Macau em Cantão: 27 a 29 de Maio, em conjunto com o campeonato homólogo de Hong Kong, e 10 a 12 de Junho. A pista de Zhaoqing, inaugurada em 2009, é do total desconhecimento da maioria dos pilotos do MTCC, o que é um aliciante suplementar. ìÉ um circuito muito apertado e ziguezagueado, e certamente muito interessante do ponto de vista técnicoî, assim classificou o circuito o piloto de Hong Kong Darryl OíYoung, que aos comandos
primeiro grande objectivo passa por chegar à Liga de Elite com estes rapazes já nos próximos dois anos e depois a nossa ambição passa naturalmente por vencer o Campeonato e representar Macau nas competições continentais, como eu já tive oportunidade de representar por quatro ocasiões. O projecto é um projecto ambicioso, mas com o apoio eventual de algumas empresas do território é perfeitamente concretizável”, equaciona o antigo jogador do Negro Rubro. Com muito terreno ainda para galgar pela frente, o Organismo Autónomo Desportivo da Casa de Portugal em Macau dá o pontapé de saída na ambicionada caminhada rumo às competições continentais asiáticas no final da próxima semana frente ao onze do Grupo Desportivo 48. Para o outro representante da comunidade lusófona no terceiro escalão, a aventura na III Divisão irrompe já no próximo domingo, com o Sporting Clube de Macau a enfrentar o Wing Kei no Campo 28 de Maio a partir das duas horas da tarde.
de um Chevrolet Cruze WTCC tem o recorde da pista. AAssociação Geral de Automóvel de Macau China (AAMC) estará a aceitar inscrições de 11 a 25 de Março pelo preço de 12,400 Patacas. Com um perímetro demasiado pequeno para acolher corridas de Grande Turismo e pouco apelativo para corridas de monolugares, o Circuito Internacional de Guangdong tem apostado fortemente nas corridas de carros de turismo. Depois de no ano passado ter assegurado as quatro corridas do Campeonato de Hong Kong de Carros de Turismo (HTCC), este ano a administração do complexo desportivo de Zhaoqing assegurou duas corridas do campeonato asiático, a finalíssima do campeonato chinês e a corrida chinesa do Campeonato do Mundo FIA de Carros de Turismo (WTCC), duas semanas antes do Grande Prémio de Macau.
[f]utilidades Cineteatro | PUB
[ ] Cinema
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SALA 2
i am number four [b] Preço: Mop50.00 Um filme de: D.J. Caruso Com: Alex Pettyfer, Timothy Olyphant 14.30, 16.30, 19.30, 21.30 SALA 3
space battleship yamato [B]
Sala 1
Black Swan [c]
Preço: Mop50.00 Um filme de: Darren Aronofsky Com: Natalie Portman, Vincent Cassel, Winona Ryder 14.30, 16.30, 19.30, 21.30
Preço: Mop50.00 (Falado em japonês, legendado em chinês) Um filme de: Takashi Yamazaki Com: Takuya Kimura, Meisa Kuroki, Toshiro Yanagiba 14.15, 16.45, 19.15, 21.45
Soluções do problema HORIZONTAIS: 1-LIO. TUPE. GD. 2-ECOPE. IRARA. 3-IOPE. ATAMAR. 4-T. TORBA. BOI. 5-AGE. IRONE. C. 6- ARAM. OLEO. 7-ENOL. GENER. 8-MD. TAOCA. EP. 9-BELAS. ATOMO. 10-IAO. CEBOBIO. 11-URANATO. AAL. VERTICAIS: 1-LEITA. EMBIU. 2-ICO. GANDEAR. 3-OOPTERO LOA. 4-PEO. ALTA. N. 5-TE. RIM. ASCA. 6-U. AREGO. ET. 7-PITAO. ECANO. 8-ERA. NONATO. 9-IMBELE. OBA. 10-GRAO. EREMIA. 11-DARICO. POOL.
REGRAS |
Insira algarismos nos quadrados de forma a que cada linha, coluna e caixa de 3X3 contenha os dígitos de 1 a 9 sem repetição solução do problema do dia anterior
Su doku [ ] Cruzadas
HORIZONTAIS: 1-Atilho. Esteira grande. Gadolínio. 2-Cirurgia sem perda de substância. Jaguapé. 3-Ramilhete. Evitar. 4-Moega. Espécie de instrumento musical, de origem africana. 5-Modo de agir. Princípio odorífero da violetas e da íris. 6-Loiça de metal amarelo. Líquido semelhante, extraído de outras substâncias vegetais. 7-Vinho, considerado como excipiente medicinal. Encher-se. 8-Mendelévio. Saboroso peixe marítimo. Escola profissional. 9-Maravilhosas. Coisas excessivamente pequena. 10-Átomo electrificado. Habitação de cenobitas. 11-Sal resultante da combinação do óxido urânio com uma base. Associação Académica de Lisboa. VERTICAIS: 1-Ova que, em vez de estrutura granulosa, a tem leitosa e mole. Árvore do Brasil. 2-Planta caparídea do Brasil. Grandaiar. 3-Género de insectos. Prólogo de uma composição dramática. 4-Correia para falcão. Autorização para o doente. 5-Letra T. A parte inferior da região lombar. Coba para suspender as redes da pescada. 6-O lado do sul, nas demarcações antigas. Filme de Spielberg. 7-Espécie de parafuso. Género de insectos. 8-Início de uma nova ordem de coisas. Indivíduo que nasceu por cesariana. 9-Tímido. Cada uma das seis divisões de cada antiga tribo Ateniense. 10-Pequeno corpo arredondado. Género de plantas ericáceas. 11-Antiga moeda persa, que também teve curso entre os hebreus. Acordo entre empresas.
[Tele]visão www.macaucabletv.com
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cr ep ú scu l os d os í d ol os Arnaldo Gonçalves
Revoluções e Novas Democracias You say you want a revolution Well, you know We all want to change the world You tell me that it’s evolution Well, you know We all want to change the world
John Lennon, 1968
P
revalece muitas vezes a falácia retirada das ciências experimentais que as grandes tendências da evolução da sociedade são em si previsíveis e que as mudanças dignas desse nome só têm lugar, verdadeiramente, no longo prazo. Fixados mecanismos de causalidade entre eventos e suas consequências e submetidos estes nexos à lente da comparação histórica é possível, com alguma probabilidade, antecipar o desenvolvimento da história dizem-nos. Esta ideia constitui uma das maiores burlas legadas pela sociologia e pelo cientificismo francês por via de trapaceiros como Lefebre, Althusser ou Bettlheim e caiu no discurso vulgar e na análise de cientistas sociais por automatismo. O vendaval revolucionário que tem varrido o Mundo Árabe nas últimas três semanas era impensável um mês atrás. Depois de levar dois ditadores de rasto e se preparar para levar um terceiro, coloca-nos perante uma evidência: nada será como dantes no mundo como o conhecemos, pelo menos nos últimos nove anos. Os últimos sessenta anos, se quisermos raciocinar numa lógica de ciclos Kondratiev, têm sido marcados por três subciclos. Um subciclo de quarenta anos de normalização internacional na sequência do armistício da Segunda Guerra, marcado pela estabilização do modelo bipolar, pelo cisma ideológico e pela da ordem dos pactos militares. Um segundo subciclo de treze anos que vai da queda do Muro de Berlim aos atentados do 11 de Setembro e que assenta num modelo unipolar, mono-ideológico e de minimização da conflitualidade internacional. Um terceiro subciclo de nove anos que vai dos atentados de Nova Iorque e Washington até às explosões no mundo árabe e é marcado pela deslocação do dínamo da economia internacional para as novas nações emergentes (BRIC) e pelo papel novo do islamismo. Se olharmos retrospectivamente, do fim para o princípio, este último desenvolvimento veio reintroduzir um ponto que era dominante no primeiro subciclo e que nos
parecia exangue: a importância da querela ideológica e das discrepâncias das metanarrativas na formulação de concepções de felicidade e justiça social nas sociedades humanas. Os eventos das últimas semanas alertamnos para que esta última evolução não é necessariamente unicolor, antiocidental e passadista mas apresenta características revolucionárias próximas da Revolução Gloriosa de 1688-1689, da Revolução Americana de 1776 mas apartadas da Revolução Russa de 1917. Dito de outro forma, enquanto esta última se efectuou contra o capitalismo, a revolução em curso no Médio Oriente faz-se contra o socialismo e em particular a versão de socialismo que Gamal Nasser transpôs para o nacionalismo e o antiocidentalismo pan-arábico. O que têm em comum estes novos movimentos sociais que explodiram na Tunísia, no Egipto, na Líbia ou se quisermos olhar um pouco para trás no Irão em 2009? Alguns traços surpreendentes. Desde logo, o seu secularismo, a ausência de um determinismo confessional como lastro da explosão revolucionária. O que vimos na Tunísia, no Egipto e agora na Líbia é a marginalidade do fenómeno religioso que se insistia em colar à realidade árabe. A dimensão do Islão no ethos do homem árabe coloca-se em relação à sociedade e à dignidade do homem comum não muito diferente do que ocorre na civilização cristã. Em segundo lugar, a inexistência de um antiocidentalismo primário que alimentou a revolução de Khomeini de 1979 ou o movimento nacionalista de Nasser duas décadas antes. Se há um traço comum às três revoluções é a sua neutralidade face ao Ocidente e a
As revoluções que atravessaram o mundo árabe têm sido sobretudo revoluções sociais mais do que a expressão da capacidade das oposições em inverter um dado estado de coisas e depor um governo ou autocrata. reivindicação do reconhecimento do mundo árabe não como um bastião de terroristas mas como um interlocutor no repensar do que é a modernidade ou a democracia. Em terceiro, a exigência da reposição da dignidade do cidadão, repositório de direitos primordiais e inalienáveis que devem ser reconhecidos pelo Estado e respeitados pela religião. Igualmente ligado a este ponto a dignidade da condição feminina, a mulher como parte integral do povo e integrante da vanguarda revolucionária. Um dos eventos mais impressivos dos movimentos sociais que passaram nas televisões de todo o mundo foi a presença permanente das mulheres (de todas as idades e condições) lado a lado com os homens na exigência do afastamento dos ditadores. O que coloca a questão muito interessante da dignidade reencontrada pela mulher no Islão. Em quarto lugar, a utilização das novas tecnologias da comunicação e o carácter improvisado da organização das rebeliões. Através da Internet, do Facebook ou do Twitter os jovens contestatários dirigiram-se não só aos seus concidadãos mas também aos cidadãos de um mundo globalizado, numa perspectiva mundial. Tocaram a rebate para
as manifestações mas passaram ao mundo palavra que a revolta era também nossa. O que leva a crer que no futuro as revoluções ainda que motivadas internamente terão um eco multicomunicacional para triunfarem. Finalmente, a exigência de uma justiça social básica, o controlo do preço dos bens essenciais, o emprego, uma casa, uma melhor distribuição da riqueza, o combate à corrupção e o fim dos privilégios das primeiras figuras do Estado, lado a lado com a exigência da liberdade política e da abertura ao multipartidarismo. As revoluções que atravessaram o mundo árabe têm sido sobretudo revoluções sociais mais do que a expressão da capacidade das oposições em inverter um dado estado de coisas e depor um governo ou autocrata. A mobilização social que assistimos revelou-se eficaz na medida em que não teve por detrás uma organização, um líder, uma ideologia ou um programa e nessa medida ela inventou uma nova dinâmica política em que a ordem evolui e se constrói no correr dos acontecimentos. Há se quiser um certo gradualismo imprevisto que foi claro na Revolução Americana. Qual o significado destes processos revolucionários para o mundo? Seguramente que o mundo árabe é parte na solução dos problemas que atingem o mundo em que vivemos e que a condição de dignidade é tão verosímil ali como em Paris, Londres, Lisboa ou Nova Iorque. É uma exigência da nossa natureza de seres humanos. A constatação que o multiculturalismo pós-moderno morreu definitivamente. A ideia que diferentes povos podem coexistir, lado a lado, tranquilamente, com uns vivendo em liberdade, democracia e num Estado de Direito e outros sob o jugo de autocratas sanguinários, predadores, corruptos, porque as tradições, a religião ou as culturas locais favorecem estes últimos regimes e os legitimam. A universalidade do conceito de democracia como regime que tendo várias expressões e modelos se define como a sociedade em que as pessoas elegem livremente os seus governantes, afastam-nos pacificamente quando eles se afastam do pacto que celebraram com o povo e exigem que eles se comportem de acordo com o bem comum e actuem para benefício da sociedade no seu conjunto e não para benefício de uma casta, clan ou facção. Afinal os valores da Magna Carta e da Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editor Vanessa Amaro Redacção António Falcão; Filipa Queiroz; Gonçalo Lobo Pinheiro; Joana Freitas; Kahon Chan; Rodrigo de Matos Colaboradores Carlos Picassinos; José Manuel Simões; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Rui Cascais; Sérgio Fonseca Colunistas Arnaldo Gonçalves; Boi Luxo; Correia Marques; Gilberto Lopes; Hélder Fernando; João Miguel Barros, Jorge Rodrigues Simão; José I. Duarte, José Pereira Coutinho, Luís Sá Cunha, Marinho de Bastos; Paul Chan Wai Chi; Pedro Correia Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia António Falcão, Gonçalo Lobo Pinheiro; António Mil-Homens; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Laurentina Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Av. Dr. Rodrigo Rodrigues nº 600 E, Centro Comercial First Nacional, 14º andar, Sala 1407 – Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo
Ontem a gravata do Jorge Silva era vermelha... ANP debate economia e desigualdades sociais A Assembleia Nacional Popular chinesa inicia a reunião anual no sábado, numa atmosfera marcada pelo bom desempenho económico do país mas também pela persistente inflação e acentuadas desigualdades sociais. Além do relatório da atividade do governo e do orçamento de Estado, os cerca de 3000 deputados vão aprovar o 12.º Plano Quinquenal, que prevê um crescimento económico anual de 7 por cento até 2015.É um abrandamento de quatro pontos em relação à média dos últimos cinco anos, mas difere pouco da meta apontada no Plano anterior (7,5 por cento). Feira de Cantão reforça laços com Portugal A China quer utilizar a Feira de Cantão, a maior feira industrial e comercial do mundo, para intensificar laços com Portugal e os países de língua portuguesa, disse hoje à Lusa a conselheira económica da embaixada chinesa em Lisboa. «Damos as boas-vindas aos países de língua portuguesa e queremos convidar mais empresas para estarem presentes na Feira de Cantão, quer importadores quer exportadores, para ampliar e promover novos negócios e alcançar benefícios mútuos», afirmou He Ding, a conselheira económica e comercial da embaixada, à margem da sessão de apresentação da sessão deste ano, a 109.ª, da Feira de Cantão, que decorre entre 15 abril e 05 de maio. He Ding frisou ainda o interesse da China, a segunda economia do mundo, em diversificar as relações económicas e comerciais, quer pelo lado das importações, quer das exportações, o que passa pelo reforço das relações com Portugal e com os países de língua portuguesa. “Achamos muito importante o estreitar dos laços económicos e comerciais com os países de língua portuguesa”, referiu. Tiroteio no aeroporto de Frankfurt Duas pessoas morreram e uma ficou gravemente ferida num tiroteio no aeroporto de Frankfurt, oeste da Alemanha, disse à agência noticiosa francesa AFP a polícia aeroportuária. O tiroteio terá ocorrido perto de um autocarro militar norte-americano, precisou a polícia sem detalhar o que aconteceu. «O autor dos tiros parece ter sido detido», indicou a mesma fonte que não quis confirmar uma informação divulgada pela agência noticiosa alemã DPA indicando que se tratava de um kosovar de 21 anos.
É pá! Onde já vai o...
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!!!
China reavalia megaprojeto para expansão de TGV
Dívidas até aos cabelos
A
China iniciou a revisão do seu ambicioso projecto de expansão dos comboios de alta velocidade. Entre as preocupações estão o alto endividamento do Ministério dos Caminhos de Ferro, cujo ministro foi afastado por corrupção, e indícios de que o ritmo acelerado das obras tenha comprometido padrões de segurança. O Conselho de Estado, chefiado pelo primeiro-ministro Wen Jiabao, realizou diversas reuniões para avaliar a qualidade da construção e a viabilidade financeira do projecto, revelou a publicação económica “Caixin”, uma das mais indepen-
dentes da China. “Projectos que já tiveram a construção iniciada não serão afectados, mas o restante pode ser adiado”, disse à Caixin Zhu Junfeng, da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma. A dívida do Ministério dos Caminhos de Ferro chegou a 1300 mil milhões de yuans em 2009, dos quais R$ 74 mil milhões em juros, segundo números oficiais. Um estudo da Universidade de Beijing Jiaotong estima que o montante hoje alcance cerca de 2000 mil milhões de yuans, dez vezes mais do que o recém-anunciado corte de gastos no Orçamento pelo Brasil.
No final do ano passado, um relatório do influente centro de estudos estatal Academia Chinesa de Ciências informou que as obras, aceleradas após 2008 para estimular a economia, provocaram níveis insustentáveis de endividamento. Um dos problemas apontados é o baixo número de passageiros devido ao alto preço da passagem. Especialistas também têm demonstrado preocupação com a qualidade. Segundo o jornal “South China Morning Post”, estudos mostram emprego disseminado de um material que, se mal usado, provoca fissuras nos pilares.
Estudos revelam o segredo dos sucessos económicos da China
O
Viva o livrinho amarelo
s sucessos económicos da China nas últimas três décadas devem-se ao seu modelo de socialismo, que, ao contrário do capitalismo, “pode evitar catastróficas crises financeiras”, diz um estudo académico citado hoje na imprensa. Segundo o estudo, “os sucessos alcançados pela China nos últimos 60 anos, e especialmente depôs da Abertura (em 1979) ultrapassaram as realizações da Grã-Bretanha durante a Revolução Industrial e o progresso dos Estados Unidos no século XIX”. “Enquanto persistirmos na via do socialismo com características chinesas, podemos evitar catastróficas crises financeiras e recessões, e ajudar o conjunto da economia mundial”, conclui o Livro Amarelo sobre o Socialismo Mundial, publicado pela Academia Chinesa de Ciências Sociais. A publicação salienta, contudo, que a China “não forçará outros países” a
seguirem o socialismo com características chinesas e reconhece que o seu modelo “não é perfeito e necessita de ser melhorado”. Poluição, agravamento do fosso entre ricos e pobres, corrupção e abusos do poder são alguns dos “problemas” da China identificados pelo estudo. Num outro estudo citado hoje na imprensa, a Academia Chinesa de Ciências Sociais evoca as “lições” do colapso do comunismo na antiga União Soviética, há vinte anos. “A direcção das reformas de Gorbachev estava correcta”, diz o estudo, mas os comunistas soviéticos “não conseguiram manter a estabilidade politica” e “o caos espalhou-se”. “No processo de Reforma e Abertura, a China tem de aprender com as lições da União Soviética e estabelecer um equilíbrio entre estabilidade e desenvolvimento”, afirmou um dos académicos responsáveis pelo estudo.
Kadhafi Milhares poderão morrer O líder líbio Muammar Kadhafi afirmou ontem, num discurso transmitido em directo pela televisão estatal, que poderão existir «milhares de mortos» em caso de uma intervenção militar estrangeira no país. «Milhares de líbios irão morrer caso exista uma intervenção dos Estados Unidos ou da NATO» na Líbia, disse perante uma plateia de apoiantes, reunidos numa cerimónia pública em Tripoli. «Kadhafi não assume uma função oficial para renunciar. Kadhafi é um símbolo», acrescentou o governante na mesma cerimónia, que assinalou o 34.º aniversário da atribuição do «poder às massas» na Líbia. A oposição líbia, que controla uma parte do leste do país, pediu esta quartafeira às Nações Unidas que autorizem bombardeamentos contra os mercenários que combatem nas fileiras do líder líbio Muamar Kadhafi, indicou um porta-voz opositor. futebol David Villa em tribunal Julgado num tribunal de Avilés, num caso em que o seu empresário reclama do jogador do Barcelona uma indemnização de seis milhões, o internacional espanhol David Villa partiu, logo após a audiência, para o aeroporto de Oviedo, onde tinha à espera um avião particular pronto a transportá-lo para Valência. Segundo avança a imprensa espanhola, o avançado deixou o tribunal visivelmente afectado, após uma sessão tensa em que, «quase a chorar», terá inclusivamente pedido ao juiz para abandonar por alguns instantes a sala de audiências. Recorde-se que David Villa é acusado pelo seu ex- empresário, José Luís Tamargo, de ter sido deixado de fora de um negócio que ele próprio preparou e que permitiu ao ex-Valência transferir-se para o colosso Barcelona. Sem que, acrescenta o exrepresentante, lhe tenha sido paga a respectiva comissão pelo negócio.