Hoje Macau 3 JUN 2020 # 4539

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GONÇALO LOBO PINHEIRO

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ

PETER STILWELL

DEVER CUMPRIDO ENTREVISTA

HENGQIN

Pré-fabricar na Montanha PÁGINA 4

QUARTA-FEIRA 3 DE JUNHO DE 2020 • ANO XIX • Nº 4539

hojemacau

Regiões unidas www.hojemacau.com.mo•facebook/hojemacau•twitter/hojemacau

OPINIÃO

SEXO E APOCALIPSE TÂNIA DOS SANTOS

SEGURANÇA NACIONAL

Os pedidos de Jason PÁGINA 8

AUTOMOBILISMO

Souza olha para a Guia PÁGINA 17

h

CONTRA OS 12 MESTRES XUNZI

LINHAS CRUZADAS JOÃO PAULO COTRIM

DA ORFANDADE

Prevenir riscos de interferência externa e de influências negativas, e impedir actos que ponham em causa a segurança nacional, são alguns dos pontos destacados por Ho Iat Seng que fazem parte de um novo mecanismo que o Governo vai integrar em conjunto com as regiões vizinhas. O anúncio foi feito pelo Chefe do Executivo na segunda-feira após um encontro com o Gabinete de Ligação do Governo Central.

NUNO MIGUEL GUEDES

PÁGINA 7 PUB

MOP$10


2 ENTREVISTA

PETER STILWELL EX-REITOR DA UNIVERSIDADE DE SÃO JOSÉ

Peter Stilwell deixa a reitoria da Universidade de São José com a sensação de dever cumprido, esperando novos desenvolvimentos para o departamento de português. O ex-reitor, substituído por Stephen Morgan, defende que a pandemia da covid-19 pode levar os alunos de Macau a olhar mais para as instituições de ensino superior locais. Por outro lado, a instabilidade social e política em Hong Kong obriga estudantes a ver Macau como opção

Quando assumiu o cargo de reitor encontrou uma universidade a precisar de reestruturação. Quais eram os principais problemas de gestão da Universidade de São José (USJ)? Havia três ou quatro pontos prioritários. O primeiro tinha a ver com as finanças, pois o dinheiro que havia na altura esgotava-se no final do mês de Maio e já havia problemas com o pagamento de salários de Junho. Depois, era necessária organização académica. Havia uma multiplicidade de cursos, muitos deles criados para viver à base de sinergias com outros cursos. Isso significou um trabalho de análise aos cursos que existiam, reduzi-los a uma dúzia, eliminando cursos de ultra especialização. Penso que fechei 30 cursos na altura. Ao mesmo tempo era preciso olhar para o quadro docente. Havia professores que estavam subaproveitados, porque não havia trabalho suficiente para todos. Um terço dos professores que estavam no quadro foram despedidos. Isso teve de ser feito em três meses antes de começar um novo ano lectivo. Depois, a entidade titular da universidade, a Fundação Católica para o Ensino Superior, não era convocada há bastante tempo e isso criou uma situação delicada ao nível das relações com a Fundação Macau. Isto porque o financiamento para o campus e projectos submetidos deveriam passar pela entidade titular, e com uma entidade dispersa isso não funcionaria. Convocou-se uma reunião dois dias depois de ter chegado e tudo começou a funcionar regularmente. Não havia então comunicação entre a Fundação Católica e a reitoria da universidade. Essa foi uma das razões pelas quais fui chamado a reorganizar a universidade. A reitoria achou que poderia funcionar de forma autónoma sem passar pela entidade titular, e criou-se um problema juridicamente complicado. Havia a questão do campus, tinha-se feito a colocação das estacas no terreno e o concurso, mas ficou tudo em suspenso, sem decisão. O concurso terminava em Junho e era necessário decidir que empresa iria construir o campus. Foi a Fundação Católica que tomou a decisão. A USJ apostou no ensino da língua portuguesa. Com essa aposta, a USJ chegou a outro patamar?

Já se ensinava português na USJ, mas era apenas um ano lectivo para todos os alunos da licenciatura. Quando organizámos a minha segunda equipa de vice-reitores convidei a professora MariaAntónio Espadinha, conhecida aqui em Macau por ter experiência na área. Ela ajudou-nos a montar um mestrado na área do português. Queríamos oferecer algo de mais avançado em relação ao que já existia. A primeira edição do mestrado funcionou de forma interessante, mas rapidamente percebemos que havia espaço para tentarmos outra coisa. O Governo aproximou-se de nós e pediu-nos para fazermos o teste dos diplomas de associado, de dois anos, e tentámos abrir um diploma de associado na área da tradução do português-chinês. Foi um sucesso. Isso levou ao pedido para uma licenciatura. E é o que existe neste momento, com algum sucesso, pois todos os anos temos alunos candidatos. Gostaríamos que o departamento de português se fortalecesse. Numa instituição privada como somos, sem grandes recursos financeiros, as coisas são sempre muito lentas, temos sempre de construir à medida daquilo que os alunos procuram. Espero que com a nova direcção o departamento de português ganhe ainda mais fôlego do que tem actualmente. Relativamente ao pedido para alunos da China frequentem a USJ. Deixa o cargo de reitor sem essa autorização. É uma pergunta que também faço e não sei responder. A questão não está do nosso lado. Tudo fizemos, batemos em quase todas as portas, pode ser alguma em que não tenhamos batido. Talvez o meu sucessor consiga descobrir a chave para a questão. O problema não está do lado da Direcção dos Serviços do Ensino Superior, que nos tem apoiado sempre em relação a esta proposta. Em Pequim, fomos aos serviços da

“O que acho que não consegui fazer, e que é importante a universidade conseguir, é estabelecer uma melhor ponte com a comunidade de língua chinesa em Macau.”

GONÇALO LOBO PINHEIRO

“Somos procurados por

tutela do sector religioso, disseram que o problema não era deles. No Ministério da Educação disseram-nos que não havia problema nenhum em a USJ recrutar alunos, e está assim a questão. Não há nenhuma resposta concreta, não há um sim ou um não concreto. Aguarda-se que o tempo apropriado chegue. No entanto, houve um benefício disso. Qual? Quando chegou o novo coronavírus, enquanto outras universidades e institutos tiveram um problema de terem os seus alunos na China, nós pudemos fazer a transformação da nossa universidade numa universidade online no espaço de 10 dias. Ao contrário do que aconteceu com outras instituições, na USJ não houve uma única queixa de alunos, e confirmámos isso com uma sondagem que acabámos de fazer. Temos 800 alunos com aulas regulares, 70 por cento responderam de forma positiva.

Para mim, é uma satisfação ver a universidade trabalhar como equipa. Quem procura a USJ nos dias de hoje? Alunos de Hong Kong, de Macau, de outros países? De Hong Kong começamos a ter procura, o que é curioso. Deve ter a ver com a instabilidade que se vive em Hong Kong, porque normalmente Hong Kong não olhava para Macau neste campo, havia essa questão cultural, de Hong Kong olhar para Macau de cima para baixo. Macau vem-se afirmando gradualmente na área do ensino superior, com grande investimento do Governo, com muito trabalho do GAES e agora da DSES, e as instituições melhoraram em termos de qualidade. Temos recebido alunos estrangeiros, uma parte deles são funcionários locais de empresas que procuram ensino em inglês. E aqui penso nos mestrados que cresceram nos últimos anos. De ano para ano mantemos a proporção


3 quarta-feira 3.6.2020 www.hojemacau.com.mo

r alunos de Hong Kong” conseguir, é estabelecer uma melhor ponte com a comunidade de língua chinesa em Macau. Conseguiu fazer uma ligação às comunidades de língua portuguesa, sentirem que a universidade espelha os interesses e valores que a comunidade macaense tem encarnado ao longo dos séculos, de encontro de culturas e ao nível da espiritualidade. Macau, além do jogo, é um lugar de formação de missionários para todo o sudeste asiático e, neste momento, formamos anualmente 60 alunos que são de todo o sudeste asiático. É algo que remonta aos tempos do Colégio de São Paulo. A área da Teologia tem, portanto, espaço para crescer. Prevêem-se mudanças nessa área? Os cursos vivem da estabilidade. As congregações religiosas apostam em cursos que mostraram ser válidos. O curso tem articulação com a UCP e isso dá alguma estabilidade e segurança a quem queira vir aqui estudar. Mesmo em termos eclesiásticos, a possibilidade de circular depois por outras entidades católicas e faculdades de teologia está garantido. A Santa Sé estabeleceu regras novas para o ensino da teologia e filosofia. Na UCP essas regras estão a ser implementadas, a USJ irá funcionar em articulação com isso.

de 70 por cento de alunos locais e 30 por cento de alunos internacionais, de nacionalidades diferentes. É uma coisa a desenvolver, mas a reflexão que faço com os meus colegas nesta altura é que o panorama é capaz de mudar nos próximos dois anos. Em que sentido? As dificuldades nas viagens vão levar a que famílias e alunos de Macau, que antes procuravam ensino superior fora de Macau, comecem a achar que o território é um local mais seguro para estudar. Enquanto o coronavírus não passar, se calhar vêm bater à porta das instituições locais e talvez a beneficiemos disso. Outra grande área do ensino em Macau é o Direito. A USJ parece nunca ter apostado muito nessa área. Deixou bases para esse projecto? Criámos um centro de estudos e lançámos este ano um mestrado na

“As dificuldades nas viagens vão levar a que famílias e alunos de Macau, que antes procuravam ensino superior fora de Macau, comecem a achar que o território é um local mais seguro para estudar.” área do Direito. Decidimos que a melhor aposta seria nos mestrados, pois as licenciaturas são sempre uma coisa pesada. Coloca-nos em concorrência com o ensino do Direito na Universidade de Macau, onde tem estado tradicionalmente colocado. Depois para montar a licenciatura é preciso garantir que funciona quatro anos e ter um corpo

docente especializado. Não é fácil encontrar doutorados em Direito dispostos a vir para uma pequena universidade para algo que pode não vingar. É uma possibilidade trabalharmos com a Universidade Católica Portuguesa (UCP) pois tem uma faculdade de Direito de grande prestígio. Sai da reitoria da USJ com uma questão judicial pendente, o processo colocado por Eric Sautedé. Qual o seu comentário relativamente ao caso? Não há nada a dizer neste momento, porque o processo está na justiça. Mas lamenta deixar o cargo de reitor com estas suspeitas de censura, com acusações de pôr em causa a liberdade académica na USJ? Não me pronuncio. O que espera para a USJ com Stephen Morgan?

Compete-lhe dizer aquilo que pretende fazer na universidade, não me antecipo ao que o meu sucessor fará. A universidade encontra-se num bom momento de desenvolvimento interno, de contexto da relação com Macau em geral. O que acho que não consegui fazer, e que é importante a universidade

“Vou voltar para Portugal. Estou com funções administrativas há 18 anos e é bastante esgotante. Tenho gosto pela parte da escrita, leitura, investigação. Há coisas que gostaria de pôr por escrito. Queria ter um ano sabático.”

A USJ apostou no ensino do patuá. Como está a procura pelo curso? Não temos uma licenciatura, mas temos alguma especialização nessa área que gostaríamos de ver crescer. Falo do desenvolvimento de pós-graduações ou doutoramentos, pessoas que queiram estudar os crioulos portugueses do Oriente. Temos quem tenha capacidade para acompanhar esse tipo de estudo. Depois desta experiência, quais são os seus planos? Vou voltar para Portugal quando os voos regressarem ao normal. Estou em contacto com o bispo, que é o patriarca de Lisboa, e disse que estou disponível para qualquer coisa que ele necessite no próximo ano. Mas pedi-lhe algo mais leve, pois estou com funções administrativas há 18 anos e é bastante esgotante. Tenho gosto pela parte da escrita, leitura, investigação. Há coisas que gostaria de pôr por escrito. Queria ter um ano sabático. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo


4 política

3.6.2020 quarta-feira

No seguimento da reunião de ontem da Comissão de Acompanhamento para os Assuntos de Finanças Públicas ficou-se a saber que o projecto “Novo Bairro de Macau” envolve financiamento do Banco da China em Macau e que a habitação vai ser pré-fabricada

HENGQIN NOVO BAIRRO DE MACAU VAI TER CASAS PRÉ-FABRICADAS

Torres novas

“O banco fez uma avaliação dos riscos com o seu capital, e com base nesse custo de construção do projecto a possibilidade dar prejuízo é reduzida, por isso foi-nos dito que não há necessidade de garantia bancária do Governo.”

O

terreno em Hengqin para o projecto “Novo Bairro de Macau” foi comprado pela Macau Renovação Urbana S.A. com 5,8 mil milhões de renmimbis, financiados pelo Banco da China em Macau, revelou ontem o presidente da Comissão de Acompanhamento para os Assuntos de Finanças Públicas, Mak Soi Kun. No seguimento da reunião na Assembleia Legislativa, foi revelado que as 27 torres residenciais do projecto destinado a residentes da RAEM vão ser construídas através de unidades pré-fabricadas. O deputado observou que o recurso a material pré-fabricado é uma forma de construção usada em vários locais, e que tem como vantagens tornar a obra “mais rápida” e “ecológica”, para além de contribuir para a limpeza do estaleiro das obras. Recorde-se que o presidente do Conselho de Administração da sociedade, Peter

O

UTRA das empresas em foco na reunião da Comissão de Acompanhamento foi o Matadouro de Macau S.A., que regista um prejuízo acumulado de 21,6 milhões. Face a este número, os membros da comissão mostraram-se preocupados com a continuação da actividade do matadouro. Ainda assim, questionado se o encerramento do espaço devia ser feito este ano, Mak Soi Kun disse apenas que se no futuro houver ainda menos abates, o Matadouro “deve reflectir” sobre a situação financeira.

temporário dos moradores dos prédios intervencionados. Na reunião foi analisado também quem vai beneficiar com a renovação urbana, já que podem não ser os proprietários a viver nas fracções. Levantou-se assim o tema dos preços de arrendamento das casas. “Depois de concluída a renovação, as rendas vão ser mais altas porque o proprietário vai subir a renda. A Sociedade de Renovação Urbana explicou que, de momento, não há legislação pronta para essa situação, só pode perguntar a cada um dos moradores, casa a casa, se estão interessados em celebrar acordo”, disse Mak Soi Kun, alertando que “é um problema social muito complexo”.

MAK SOI KUN DEPUTADO

Lam, já tinha dito anteriormente que o bairro não iria envolver fundos do Governo. Agora, sabe-se também que o Banco da China em Macau não pediu garantias para o financiamento, por confiar que os projectos são “para o bem-estar da população”. O crédito concedido tem juros de

3,5 por cento. “O banco fez uma avaliação dos riscos com o seu capital, e com base nesse custo de construção do projecto a possibilidade dar prejuízo é reduzida, por isso foi-nos dito que não há necessidade de garantia bancária do Governo”, disse Mak Soi Kun. No geral, a sociedade teve receitas

Cabeça no cepo

Sustentabilidade do matadouro questionada

São vários os factores que põem em causa a sustentabilidade do espaço. O abate de cada cabeça de porco representa uma receita de 95,5 patacas: “quando

os animais são abatidos, o que se recebe de receita não consegue compensar as despesas”, disse Mak Soi Kun. O prejuízo verifica-se tanto com a carne de porco como a de vaca, e o presidente da comissão alertou ainda para as alterações nos hábitos alimentares. Para além disso, há poucos interessados em trabalhar no matadouro. Os deputados também chamaram a atenção para os valores salariais “relativamente baixos”, com

de 976,600 patacas, e despesas na ordem dos 2,4 milhões.

COMPLEXIDADE URBANA

Para além disso, a Macau Renovação Urbana está a tratar da “renovação de sete edifícios no bairro do Iao Hon”, e prevê-se a construção de 2495 fracções para alojamento

cada funcionário, que recebe em média 11,6 mil patacas. De acordo com a empresa, a razão prende-se com o facto de o trabalho durar apenas algumas horas.

FAZER CONTAS

“Os equipamentos estão obsoletos, envelhecidos, há necessidade de adquirir novos equipamentos e isso representa um custo acrescido. Quem vai pagar essas despesas? É questão que merece reflecção (...) Recebem menos de 100 patacas por cada cabeça de porco abatido e o valor do terreno não pode estar a valorizar-se continuamente para compensar

as suas contas”, observou Mak Soi Kun. Actualmente, a estrutura accionista do matadouro é composta em 60 por cento pelo Instituto para osAssuntos Municipais. Por outro lado, foi revelada uma grave falta de transparência do matadouro, nomeadamente quanto à composição accionista. “Colocámos essa questão. Disseram que tem a ver com o modelo de funcionamento já antiquado do matadouro, e nós alertámos para a necessidade de melhoria. Porque há necessidade de transparência e melhor servir a população”, observou o deputado. S.F.

Houve ainda referência às obras ilegais. “Onde vão depois viver arrendatários? Há também situações de casas nos terraços dos edifícios. Esse grupo de pessoas foi tido em consideração?”, questionou. A sociedade tem ainda em mãos o projecto no lote de terreno que chegou a estar destinado ao Pearl Horizon – no qual ainda “têm de ser definidos os custos para as habitações de alojamento temporário e habitação para troca”. Salomé Fernandes

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Fundação Macau Centro de Ciência com prejuízo de 165 milhões

“É importante reduzir os apoios da Fundação Macau ao Centro de Ciência”, declarou ontem Mak Soi Kun. O Centro teve receitas de 17,7 milhões e despesas no valor de 124,6 milhões, mas dado que houve investimento em obras o prejuízo ascendeu a 165 milhões. Para equilibrar as contas, a Fundação Macau apoiou financeiramente o centro. Os membros da Comissão de Acompanhamento manifestaram preocupação quanto à eventualidade de o centro não conseguir atingir os objectivos delineados, e sugeriram que sejam organizadas exposições sobre alta tecnologia.


política 5

quarta-feira 3.6.2020

Governo Central Expressadas condolências pela morte de Stanley Ho De acordo com a Xinhua, vários líderes afectos ao Governo Central expressaram condolências pela morte de Stanley Ho, ressalvando a sua contribuição para o desenvolvimento económico da China e o seu amor à pátria. A nota de pesar citada pela agência estatal sublinha que Stanley Ho sempre demonstrou amor à pátria, a Hong Kong e Macau

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e apoiava firmemente o princípio “Um País, Dois Sistemas”, a Lei Básica, e a governação de acordo com a lei pelo Chefe do Executivo da RAEM. É ainda sublinhado o seu contributo activo no desenvolvimento de actividades ligadas à caridade e à cultura, promovendo a estabilidade próspera e de longo prazo de Hong Kong e Macau.

SEMANA DA CULTURA CHINESA

Nove anos depois

Lei Chan U pede actualização de compensações por acidentes de trabalho

O

deputado Lei Chan U, ligado à Federação das Associações dos Operários de Macau, quer que o Executivo explique as razões das compensações por acidentes de trabalho mortais ou que causam incapacidade total estarem há nove anos sem serem aumentadas. O legislador recorda que em 2018 o Executivo se tinha comprometido a aumentar a compensação por morte de 1 milhão para 1,5 milhões de patacas, e a compensação por incapacidade total devido a acidentes de trabalho de 1,25 milhões para 1,8 milhões de patacas. Todavia, em 2020, os montantes permanecem inalterados, o valor da proposta desceu e Lei Chan U sublinha que há nove anos que não há alterações, apesar da inflação registada. “A lei [...] de alteração ao regime jurídico do seguro de acidentes de trabalho e doenças profissionais estipula que o montante pago aos empregados por morte ou incapacidade total relacionadas com acidentes de

trabalho deve ser analisado anualmente e ter em conta a inflação”, aponta o deputado. “Mas não há alterações há nove anos. Por isso pergunto: em que consiste este processo de revisão do montante? Em que altura do ano começa? E quando fica concluído?”, questiona Lei Chan U. No mesmo sentido, o deputado quer que lhe seja explicada a fórmula considerada pelas autoridades para chegar aos montantes

“Não há alterações há nove anos. Por isso pergunto: em que consiste este processo de revisão do montante? Em que altura do ano começa? E quando fica concluído?” LEI CHAN U DEPUTADO

apresentados. “Quais são as fórmulas de ajustamento ou mecanismos para estabelecer estes limites?”, pergunta. Revisão por baixo Apesar da promessa de 2018, Lei Chan U recorda ainda que em 2019, durante uma reunião do Conselho Permanente de Concertação Social, que as autoridades tinham apenas sugerido um aumento de 1 milhão para 1,08 milhões de patacas por acidentes que causam a morte, e de 1,25 milhões para 1,35 milhões por perda de capacidade total. “A população não percebe o cálculo dos aumentos. Em menos de um ano não só não foi aprovada uma subida do valor, como houve uma descida significativa dos montantes sugeridos, apesar da inflação até ter aumentado”, considerou. Segundo os dados oficiais da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) só nos primeiros três meses deste ano houve 5 vítimas mortais relacionadas com acidentes de trabalho. J.S.F.

中 國 文 化 週

15-19 de Junho Fundação Rui Cunha Av. da Praia Grande, 749


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3.6.2020 quarta-feira

Direcção dos Serviços de Finanças - Concurso Público nº 9/CP/DSF-DGP/2020 -

Objectivo: Prestação dos serviços da administração das partes comuns do condomínio e do estacionamento do Edifício Long Cheng geridos pela Direcção dos Serviços de Finanças Entidade adjudicante: Secretário para Economia e Finanças Entidade onde decorre o processo do concurso: Direcção dos Serviços de Finanças Prazo de adjudicação: Prevendo-se a partir de 01 de Agosto de 2020 a 31 de Outubro e 2022, com prazo de dois anos e três meses Prazo e local de entrega das propostas: Dia 23 de Junho de 2020, até às 12:00 horas Avenida da Praia Grande, n.ºs 575, 579 e 585, Edf. “Finanças”, Divisão de Administração e Conservação de Edifícios do Departamento de Gestão Patrimonial - 7º andar Visita ao local de trabalho: Dia 10 de Junho de 2020, às 11:00 horas Rua de Goa n.ºs 87 a 115, Edifício Long Cheng Data, hora e local de abertura do concurso: Dia 24 de Junho de 2020, às 10:00 horas Avenida da Praia Grande, n.ºs 575, 579, 585, Edf. Finanças – Sala de Reunião Caução Provisória: Valor: MOP $60.000,00 Modo de prestação: garantia bancária ou depósito em numerário: - Para prestação mediante garantia bancária deve apresentar documento conforme o modelo constante do ANEXO 3 do Programa do Concurso; - Para prestação através de depósito em numerário, deve ser solicitada a respectiva guia de depósito na Divisão de Administração e Conservação de Edifícios destes Serviços e, posteriormente, proceder ao depósito no banco indicado na guia. Consulta e compra do Programa do Concurso e do Caderno de Encargos: a) Durante o horário normal de expediente, na Divisão de Administração e Conservação de Edifícios (7º andar) do Edf. Finanças. Preço das cópias dos referidos documentos: MOP$50,00; ou por b) Transferência gratuita de ficheiros pela Internet na Home page da DSF (website: http://www.dsf.gov.mo) Critérios da adjudicação: A adjudicação deste concurso será efectuada através dos seguintes critérios e percentagens: a) Preço proposto – 50% b) Experiência do serviço de administração de imóveis (a partir de 2018 ao presente) – 30% c) Número dos trabalhadores (formação da empresa) – 10% d) Treino profissional proporcionado aos trabalhadores (a partir de 2018 ao presente) – 10% Nota: Em caso de encerramento destes serviços por motivos de tempestade ou outras causas de força maior, o termo do prazo de entrega das propostas, a data e a hora estabelecidas de abertura do concurso serão transferidos de acordo com os artigos nºs 5.4º e 6.2º do Programa do concurso. O Director dos Serviços Iong Kong Leong

Direcção dos Serviços de Finanças - Concurso Público nº 10/CP/DSF-DGP/2020 -

Objectivo: Prestação dos serviços de segurança das partes comuns do condomínio e do estacionamento do Edifício Long Cheng geridos pela Direcção dos Serviços de Finanças Entidade adjudicante: Secretário para Economia e Finanças Entidade onde decorre o processo do concurso: Direcção dos Serviços de Finanças Prazo de adjudicação: Prevendo-se a partir de 01 de Agosto de 2020 a 31 de Outubro e 2022, com prazo de dois anos e três meses Prazo e local de entrega das propostas: Dia 23 de Junho de 2020, até às 12:00 horas Avenida da Praia Grande, n.ºs 575, 579 e 585, Edf. “Finanças”, Divisão de Administração e Conservação de Edifícios do Departamento de Gestão Patrimonial - 7º andar Visita ao local de trabalho: Dia 10 de Junho de 2020, às 12:00 horas Rua de Goa n.ºs 87 a 115, Edifício Long Cheng Data, hora e local de abertura do concurso: Dia 24 de Junho de 2020, às 15:00 horas Avenida da Praia Grande, n.ºs 575, 579, 585, Edf. Finanças – Sala de Reunião Caução Provisória: Valor: MOP $60.000,00 Modo de prestação: garantia bancária ou depósito em numerário: - Para prestação mediante garantia bancária deve apresentar documento conforme o modelo constante do ANEXO 3 do Programa do Concurso; - Para prestação através de depósito em numerário, deve ser solicitada a respectiva guia de depósito na Divisão de Administração e Conservação de Edifícios destes Serviços e, posteriormente, proceder ao depósito no banco indicado na guia. Consulta e compra do Programa do Concurso e do Caderno de Encargos: a) Durante o horário normal de expediente, na Divisão de Administração e Conservação de Edifícios (7º andar) do Edf. Finanças. Preço das cópias dos referidos documentos: MOP$50,00; ou por b) Transferência gratuita de ficheiros pela Internet na Home p age da DSF (website: http://www.dsf.gov.mo) Critérios da adjudicação: A adjudicação deste concurso será efectuada através dos seguintes critérios e percentagens: a) Preço proposto – 50% b) Experiência do serviço de administração de imóveis (a partir de 2018 ao presente) – 30% c) Número dos trabalhadores (formação da empresa) – 10% d) Treino profissional proporcionado aos trabalhadores (a partir de 2018 ao presente) – 10% Nota: Em caso de encerramento destes serviços por motivos de tempestade ou outras causas de força maior, o termo do prazo de entrega das propostas, a data e a hora estabelecidas de abertura do concurso serão transferidos de acordo com os artigos nºs 5.4º e 6.2º do Programa do concurso. O Director dos Serviços Iong Kong Leong

NOTIFICAÇÃO EDITAL (Execução coactiva)

N.º 34/2020

Lai Kin Lon, Chefe do Departamento de Inspecção do Trabalho, manda que se proceda, nos termos do n.º 3 do artigo 9.º e do artigo 11.º do Regulamento Administrativo n.º 26/2008 - “Normas de funcionamento das acções inspectivas do trabalho”, conjugados com o n.º 2 do artigo 72.º e n.º 2 do artigo 136.º do Código do Procedimento Administrativo (CPA), aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, à notificação da transgressora do Auto de Notícia n.º AT- 197/2020/ DIT, “COMPANHIA DE ENGENHARIA PACIFIC TECHNICIAN LIMITADA”, (Registo de comercial n.º SO30714), para no prazo de 15 (quinze) dias, a contar do primeiro dia útil seguinte ao da publicação do presente notificação edital, proceder ao pagamento da multa aplicada no aludido auto, no valor de MOP$20.000,00 (vinte mil patacas), por prática das transgressões nos termos do artigo 77.º da Lei n.º 7/2008 – “Lei das relações de trabalho” e punidas nos termos da alínea 5) do n.º 3 do artigo 85.º da Lei n.º 7/2008 – “Lei das relações de trabalho”. Deve a transgressora efectuar ao pagamento da quantia em dívida aos trabalhadores DING YANZHEN, SHI YINGXUE, HO CHOU CHEONG e KUOK HONG PIO dentro do mesmo prazo, no valor total de MOP$60.666,80 (sessenta mil, seiscentos e sessenta e seis patacas e oitenta avos). Por outro lado, deve a transgressora apresentar ao DIT os comprovativos dos pagamentos acima referidos nos 5 (cinco) dias subsequentes ao do termo do prazo acima referido. A transgressora acima mencionada poderá, dentro das horas normais de expediente, levantar as cópias do Auto, a notificação, o mapa de apuramento da quantia em dívida aos referidos trabalhadores e as guias de depósito no Departamento de Inspecção do Trabalho, sita na Avenida do Dr. Francisco Vieira Machado, n.ºs 221-279, Edifício “Advance Plaza”, 1.º andar, Macau, sendo-lhe também facultada a consulta do processo n.º 2549/2019, mediante requerimento escrito. Decorridos os prazos acima referidos, a falta de apresentação dos documentos comprovativos dos pagamentos efectuados, implica a remessa por este DIT, nos termos legais, os respectivos documentos ao Juízo. Departamento de Inspecção do Trabalho, aos 28 de Maio de 2020. O Chefe do Departamento Lai Kin Lon


política 7

quarta-feira 3.6.2020

A medida foi anunciada na segunda-feira à noite por Ho Iat Seng, num encontro promovido pelo Gabinete de Ligação do Governo Central em Macau. No entanto, não foram revelados pormenores

SEGURANÇA NACIONAL GOVERNO VAI INTEGRAR MECANISMO COM REGIÕES VIZINHAS

Uma união regional

na vida diária e impulsos para o regresso à normalidade ao nível da economia e da sociedade. Outro aspecto apontado para o futuro, é a necessidade de Macau se envolver na Ilha da Montanha com uma maior integração no Interior. “A Zona de Reforço de Cooperação entre a Província de Guangdong e Macau em Hengqin, serve como primeiro passo na integração no desenvolvimento nacional, articulando as vantagens das duas regiões”, indico Ho.

M

ACAU vai integrar um mecanismo conjunto com as regiões vizinhas para proteger a Segurança do Estado. A revelação foi feita por Ho Iat Seng, Chefe do Executivo, na segunda-feira, num encontro organizado pelo Gabinete de Ligação dedicado a fazer o balanço da participação nas Duas Sessões da Assembleia Popular Nacional (APN) e da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CCPPC). “O Governo da RAEM continuará na elaboração de uma legislação, de um sistema de gestão e mecanismo de execução aperfeiçoado no âmbito da defesa da segurança nacional. Será ainda reforçada a promoção e sensibilização, recusando e impedindo de todos os actos que prejudiquem a segurança nacional”, foi indicado pelo Chefe do Executivo, de acordo com a nota de imprensa. “Ao mesmo tempo, será também reforçada a cooperação com as regiões vizinhas na criação de um mecanismo de prevenção e controlo conjunto, aumentando a consciência na prevenção de risco, da interferência externa e de influências negativas”, terá sido acrescentado. Em relação a este aspecto, não foram partilhados pormenores nem é explicado se serão criadas em Macau agências do Interior com esta função, como se especula neste momento que pode acontecer em Hong Kong. Sobre a Segurança Nacional, Ho Iat Seng apontou ainda que “é o pressuposto básico da sobrevivência e do desenvolvimento nacional” e que “a defesa da segurança nacional representa a principal essência da medida ‘Um País, Dois Sistemas”.

ELOGIOS DO NORTE

No que fiz respeito à resposta à pandemia da covid-19, o Executivo de Ho Iat Seng

João Santos Filipe

joaof@hojemacau.com.mo

TOCA A POUPAR

O

Chefe do Executivo alertou na segunda à noite para a necessidade de avançar com uma melhor gestão do orçamento e de fazer cortas na despesa pública, face às quebras nas receitas públicas relacionadas com a covid-19. Nos

“Será também reforçada a cooperação com as regiões vizinhas na criação de um mecanismo de prevenção e controlo conjunto [sobre a Segurança de Estado]” HO IAT SENG CHEFE DO EXECUTIVO

recebeu elogiou vindos de Pequim. “Os dirigentes do Governo Central reconheceram os trabalhos de prevenção e combate à epidemia realizados em Macau, mas salientaram que devemos continuar atentos à situação epidémica actual, manter a perseverança nos trabalhos de prevenção e controlo”, foi relatado. Por outro lado, foi pedido ao Governo que foque a recuperação da economia com ajudas às Pequenas e Médias Empresas (PME), garantia de emprego, estabilidade

SEGURADORAS PRAZO DE CONSERVAÇÃO DE DOCUMENTOS LEVANTA QUESTÕES

A

3ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL) quer saber porque é que o Governo decidiu prazos diferentes para a conservação de documentos distintos por parte das seguradoras. A questão foi levantada ontem pelos deputados que estão a analisar as alterações ao regime jurídico sobre a actividade das seguradoras e resseguradoras. Apesar de concordar com o alargamento dos prazos, previsto no novo texto de trabalho, onde consta que os documentos mais importantes têm de ser conserva-

dos pelas seguradoras durante 10 anos e outros, como contratos, durante cinco anos, a comissão questionou o Governo sobre a razão que fundamenta que “outros documentos” tenham de ser conservados apenas durante três anos. “A comissão concorda com isto, porque se o prazo de conservação é mais longo, então há mais garantias e protecção para os clientes, mas temos dúvidas sobre o seguinte: se (…) no código comercial está previsto um prazo de cinco anos, então porque é que o prazo de con-

servação de outros documentos é diferente?”, transmitiu Vong Hin Fai, que preside à comissão. Segundo o Governo, a determinação de conservação de outros documentos por três anos tem como objectivo “harmonizar o diploma com o disposto dos outros regimes do sector financeiro”, onde o prazo de conservação é também de três anos. Vong Hin Fai lembrou ainda que o regime actual obriga a que a conservação de outros documentos, que não os principais, por parte das seguradoras seja feita apenas durante um ano, acrescentando,

que após a reunião de ontem “O Governo não afasta a possibilidade de vir a ajustar as normas sobre os prazos no futuro”. Na reunião foi ainda referido que a comissão está de acordo com as alterações introduzidas na proposta de lei sobre as medidas de intervenção em caso de incumprimento financeiro das seguradoras e ainda quanto à possibilidade de recorrer a suportes electrónicos para conservar cópias dos documentos. P.A.

primeiros cinco meses do ano, as receitas dos casinos, a principal fonte de receitas do orçamento da RAEM, foram de 33 mil milhões de patacas, o que representou uma quebra de 73,7 por cento, de 125,7 mil milhões.

FALECIMENTO MARIA LAU CHAN A família enlutada de MARIA LAU CHAN, viúva de ISAAC AUGUSTO MONTEIRO, vem comunicar o falecimento da sua ente querida aos 82 anos, deixa filhas: Maria Rita J.C. Monteiro, Isabel A.M. Soares e Madalena A.M. Nascimento, genros, netos e bisnetos. No dia 3 de Junho de 2020 pelas 19:00 horas, será rezada uma missa pela sua alma na Casa Mortuária Diocesano. No dia seguinte, a 4 de Junho de 2020 pelas 10:00 horas, será realizado o funeral e uma missa na Casa Mortuária Diocesano, a que se seguirá a ida para o Cemitério da Nª Srª da Piedade. Antecipadamente se agradece a todos quantos queiram participar no piedoso acto.


8 política

3.6.2020 quarta-feira

SEGURANÇA NACIONAL JASON CHAO DIZ QUE MACAU PODE TER A MESMA LEI DE HONG KONG

O secretário que explique

J

ASON Chao, activista ligado à Associação Novo Macau (ANM) a residir em Londres, considera que o Governo deve tornar claras as eventuais mudanças na lei de segurança nacional, em vigor em Macau desde 2009, na sequência do diploma que vai ser implementado em Hong Kong. “Essa proposta de lei tem novos elementos que visam criminalizar ou proibir as solicitações ou interferências de Governos estrangeiros. Parece que o Governo chinês vai criminalizar as ligações entre os activistas de Hong Kong e os políticos da Europa e dos Estados Unidos, e o Governo de Macau pode seguir esta linha”, referiu ontem numa conferência de imprensa online. Nesse sentido, Jason Chao recomenda que “se questione André Cheong [secretário para a Administração e Justiça] sobre aquilo que vai mudar na lei da segurança nacional de Macau”. Isto porque “o Governo de Macau vai seguir tudo aquilo que o Governo chinês decida implementar em Hong Kong no que diz respeito à lei da

TATIANA LAGES

Jason Chao defende que o secretário para a Administração e Justiça, André Cheong, deve clarificar eventuais alterações à lei da segurança nacional implementada em Macau à boleia da implementação do diploma em Hong Kong. O activista acredita que o Tribunal de Última Instância também vai rejeitar o recurso apresentado pela Associação Novo Macau

Jason Chao, activista ligado à Novo Macau “Parece que o Governo chinês vai criminalizar as ligações entre os activistas de Hong Kong e os políticos da Europa e dos Estados Unidos, e o Governo de Macau pode seguir esta linha.”

segurança nacional e transpor isso para a lei da segurança nacional de Macau e para o Código Penal”, frisou. Relativamente à decisão do Tribunal de Última Instância (TUI), que rejeitou o recurso apresentado pelos deputados Au Kam San e Ng Kuok Cheong sobre a proibição da vigília de Tiananmen, Jason Chao diz não estar surpreendido e espera o mesmo resultado para o recurso apresentado pela Associação Novo Macau, que pretendia realizar mini-vigílias em vários pontos do território.

O activista exige também que o Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) clarifique quais os critérios de aprovação de exposições nos espaços públicos. “Au Kam San disse que o IAM tinha explicado que as directrizes tinham sido revistas e que a exposição não podia acontecer por ter um teor político. Mas depois a história foi alterada e foi usado o novo coronavírus como uma desculpa. Parece que todas as exposições de teor político não são permitidas e é necessário questionar o PUB

IAM para clarificar as directrizes para a realização de exposições.” Questionado sobre o futuro dos direitos humanos em Macau, Jason Chao defendeu que “não podemos isolar Macau da política chinesa”. “O Governo chinês tem vindo a impor medidas restritivas em Hong Kong e podemos esperar que o Governo de Macau acompanhe de forma activa estes desenvolvimentos”, adiantou. Sobre o princípio “um país, dois sistemas”, Jason Chao diz que o mesmo “já chegou ao fim há algum tempo”, com o início em 2014.

OUTRAS RECOMENDAÇÕES

O activista falou aos media no âmbito da submissão do

AVISO Faz-se saber que em relação ao concurso público para « Empreitada de construção de habitação pública no lote B4 na Nova Zona A – Fundações e caves », publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau n.º 20, II Série, de 13 de Maio de 2020, foram prestados esclarecimentos, nos termos do artigo 2.2 do programa do concurso, e foi feita aclaração complementar conforme necessidades, pela entidade que realiza o concurso e juntos ao processo do concurso. Os referidos esclarecimentos e aclaração complementar encontram-se disponíveis para consulta, durante o horário de expediente, no Gabinete para o Desenvolvimento de Infra-estruturas, sito na Av. do Dr. Rodrigo Rodrigues, Edifício Nam Kwong, 10.º andar, Macau. Gabinete para o Desenvolvimento de Infra-estruturas, aos 27 de Maio de 2020. O Coordenador do Gabinete Lam Wai Hou

relatório sobre a situação dos direitos humanos em Macau à Organização das Nações Unidas (ONU), uma vez que a aplicação da Convenção Internacional dos Direitos Civis e Políticos será debatida entre os dias 29 de Junho e 24 de Julho. No documento, também assinado pelo Macau Research Group, a ANM aborda questões como a concessão de mais poderes para a Comissão das Forças de Segurança de Macau para a investigação da actuação policial e os critérios adoptados para a escolha dos juízes que irão julgar casos ligados à segurança do Estado. A ANM faz também referências às detenções ocorridas em 2019, depois de ter sido proibida uma manifestação contra o uso da força por parte da polícia nos protestos de Hong Kong. Pela primeira vez, outras associações submeteram relatórios à ONU, nomeadamente Gabriel Tong, director da Faculdade de Direito da Universidade de Macau, e a Federação da Juventude de Macau. Apesar de elogiar o documento de Gabriel Tong, por fazer algumas recomendações semelhantes à ANM, Jason Chao disse “esperar mais” por se tratar de um professor na área do Direito. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

Combustíveis Governo justifica preços Em resposta a uma interpelação escrita enviada por Ho Ion Sang, a Direcção dos Serviços de Economia (DSE) afirmou que a razão pela qual os preços dos combustíveis não registaram descidas na actual conjuntura económica, se deve ao facto de os custos fixos serem independentes do preço de importação. Isto, numa altura em que “o preço do petróleo chegou a descer cerca de 40 por barril”,

podia ler-se na interpelação de Ho Ion Sang. “A composição do preço de venda a retalho (...) inclui vários factores, nomeadamente custos operacionais como transporte, seguros, recursos humanos, manutenção de equipamentos, portanto, alguns custos fixos não são alterados de acordo com o preço da importação”, pode ler-se na resposta assinada por Tai Kin Ip, director da DSE.

MPAY AMCM DIZ QUE MACAU PASS PODE SER SANCIONADA

A

Autoridade Monetária de Macau (AMCM) ordenou à Macau Pass a entrega, nos termos da lei, de um relatório detalhado sobre os problemas registados na passada segunda-feira que impediram vários utilizadores de efectuar pagamentos através do sistema MPay. Isto, depois de um relatório preliminar já ter sido entregue pela empresa ontem de manhã. “Já demos instruções à MPAYpara nos entregar um relatório sobre este incidente. Com base no relatório, vamos decidir o que fazer. Temos que esperar pelo relatório para termos um entendimento mais adequado e só depois vamos tomar uma decisão”, apontou ontem Benjamin Chan, presidente da AMCM, à margem de uma reunião na Assembleia Legislativa e na qual participou. Contudo, apesar de uma decisão só vir a ser conhecida após “leitura detalhada do relatório”, Benjamin Chan não descarta, caso se verifique a violação de instruções ou regulamentos, a possibilidade do organismo incorrer “num processo de infracção administrativa”. Aos jornalistas, o presidente daAMCM referiu ainda que “a Macau Pass deve actuar para evitar a repetição de incidentes semelhantes no futuro”, acrescentando que o número de utilizadores afectados será revelado mais tarde. De acordo com a lei, a Macau Pass tem de entregar o primeiro relatório no prazo máximo de cinco dias e ainda um relatório geral de revisão, dentro de um mês. Recorde-se que o sistema registou falhas na passada segunda-feira, por volta da hora de almoço. Em comunicado, a Macau Pass disse que os problemas foram resolvidos em menos de uma hora, afastando a ideia de que o caso está relacionado com um ataque informático e justificando as falhas com a utilização excessiva dos cartões de consumo. P.A. e N.W.


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quarta-feira 3.6.2020

ENSINO ONLINE DSEJ PREPARA NOVA PLATAFORMA DIGITAL PARA PRÓXIMO ANO LECTIVO

ANIMA Dono agressor quer cão na associação

O homem de 55 anos que agrediu um cão de oito meses num terraço de um prédio situado na Rua da Ribeira do Patane, quer que o animal vá para a Sociedade Protectora dos Animais de Macau (ANIMA). A informação foi revelada ontem ao HM por Albano Martins, na sequência do presidente da ANIMA ter avançado no dia anterior, temer que o animal fosse devolvido ao dono. “Isto resolve a indefinição do IAM [Instituto para os Assuntos Municipais]”, afirmou Albano Martins. Recorde-se que o caso veio a lume após um vizinho do agressor ter registado os maus tratos em vídeo, fazendo com que, após a denúncia da ANIMA, o IAM tivesse levado o animal para o canil.

Contrabando Mais de 2.000 cartões SD em caixas de biscoitos

Um homem do Interior da China foi detido na alfândega de Gongbei por contrabandear 2.105 cartões SD dentro de caixas de biscoitos quando tentava entrar em Macau vindo de Zhuhai. Segundo o canal chinês da TDM Rádio Macau, a infracção foi detectada pela máquina de raio-x da alfândega, depois do homem ter alegado que apenas transportava biscoitos, tendo-se rejeitado inicialmente que trazia consigo bens passíveis de ser declarados.

MGM China Bowie substituído por dois presidentes

Com a saída de Grant Bowie da posição de CEO da MGM China, a empresa vai passar a ser dirigida por Hubert Wang, que passa a presidente e CEO, e Kenneth Feng, que será também é considerado presidente além de director da área financeira. A informação foi avançada ontem pelo portal GGR Asia e pela Macau News Agency, com base numa mensagem enviada por Pansy Ho, uma das principais accionistas da empresa aos empregados. “Hubert e Kenneth [...] vão responder-me directamente [...] Vou começar a passar mais tempo aqui [na MGM China] e a trabalhar mais perto deles e de vocês numa base diária”, escreveu Pansy Ho, na nota enviada aos trabalhadores.

Aprender com as lições

Depois de um ano lectivo em que as escolas tiveram de se adaptar rapidamente ao ensino online devido à pandemia da covid-19, a Direcção dos Serviços de Educação e Juventude está a preparar um campus digital para ser utilizado por toda a comunidade escolar no próximo ano lectivo, incluindo os alunos transfronteiriços

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Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) adiantou ao HM que está a preparar um campus digital para ser usado por escolas, professores, alunos e encarregados de educação no próximo ano lectivo de 2020/2021, a fim de modernizar o ensino à distância.

apoiando o desenvolvimento do ensino online nas escolas”.

EPM CUMPRIU

“Devido à situação epidémica e à eventual ocorrência de situações semelhantes no futuro, a DSEJ está a preparar uma plataforma para a construção de um campus inteligente, com o objectivo de entrada em funcionamento no ano lectivo de 2020/2021”, assegurou o organismo numa resposta escrita. Esta nova plataforma terá “recursos como a comunicação em larga escala e o ensino online através da utilização de programas de software mais comuns na sociedade”. A ideia é “reduzir as barreiras para os utilizadores, assegurando um bom uso por parte dos estudantes e encarregados de educação transfronteiriços”. Desta forma, “a plataforma irá fornecer recursos didácticos de qualidade aos docentes e alunos para apoiar o desenvolvimento da escola online”.

A DSEJ promete ainda “elaborar as orientações para os programas de aprendizagem domiciliária e promover ainda mais o desenvolvimento dos recursos pedagógicos das escolas,

A Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) adiantou ao HM que está a preparar um campus digital para ser usado por escolas, professores, alunos e encarregados de educação no próximo ano lectivo de 2020/2021

Relativamente à forma como a Escola Portuguesa de Macau (EPM) geriu o sistema de ensino online, a DSEJ assegura que as regras foram cumpridas. A EPM “disponibilizou aos alunos, a partir do dia 3 de Fevereiro, os conteúdos para o estudo em casa, algo que envolveu as diferentes disciplinas”. Afirma ainda a DSEJ que a plataforma Google Classroom teve uma taxa de utilização na ordem dos 99,5 por cento, enquanto que o email e outras plataformas de comunicação tiveram, respectivamente, 44,8 e 38 por cento de utilização. Já a plataforma Zoom teve uma taxa de utilização de 24 por cento. Além disso, “foram utilizados meios de comunicação visual ou áudio para apoiar as aulas online ou conversas entre professores e alunos, tal como o YouTube ou o Zoom”. Desta forma, a DSEJ entende que a EPM “implementou medidas de aprendizagem no domicílio e não forneceu informações através de uma única plataforma, tendo em conta a adaptação aos hábitos e condições de aprendizagem por parte de diferentes pais e alunos”. O HM contactou Miguel de Senna Fernandes, vice-presidente da Fundação da EPM, que garantiu que as críticas contidas na carta enviada pela Associação de Pais da EPM, relativamente ao funcionamento do ensino online, estão a ser acompanhadas e discutidas. O Ministério da Educação em Portugal não respondeu às perguntas colocadas. Andreia Sofia Silva

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NUCLEAR REGISTADA OCORRÊNCIA NA CENTRAL DE YANGJIANG

O

correu no passado dia 30 de Maio um acidente sem consequências graves na Central Nuclear de Yangjiang. No entanto, só ontem o incidente foi reportado pelo Gabinete da Comissão de Gestão de Emergência Nuclear da Província de Guangdong,

no âmbito do “Acordo de cooperação no âmbito da gestão de emergência de acidentes nucleares da Central Nuclear de Guangdong”, aos Serviços de Polícia Unitários. O incidente aconteceu na unidade 3 da central nuclear, quando esta se encontrava “em modo

de funcionamento normal e seguro”. Segundo um comunicado, “após a efectuação dos trabalhos de manutenção do sistema de tratamento de gases de escape localizado na oficina auxiliar conforme o planeado, o pessoal operacional notou uma pequena

fuga interna em uma das válvulas de isolamento da caixa de armazenamento”. Essa válvula foi isolada, tendo sido feitos trabalhos de reparação. As autoridades de Guangdong informaram que “a ocorrência não atingiu o nível de alarme do sistema de detecção de

radiação, não tendo causado impacto ao ambiente adjacente”. O mesmo comunicado dá conta que “o incidente não afectou o funcionamento, a segurança da central, a saúde do seu pessoal operacional, da população e do ambiente adjacente à central”.


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Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia (MAAT), em Lisboa, vai reabrir ao público a 10 de Junho com uma programação de cinco dias, e uma segunda entrada para o edifício, inserida num projecto expositivo sobre arquitetura. De acordo com a programação enviada à agência Lusa, o programa de reabertura - após um encerramento de mais de cinco meses - decorrerá entre 10 e 14 de Junho, com visitas guiadas a várias exposições, e conversas com curadores e artistas. O MAAT encerrou em Dezembro de 2019 depois de o edifício desenhado pela arquitectaAmanda Levete ter sido danificado pelo mau tempo, e contava reabrir a 27 de Março depois da reparação e obras de adaptação à nova programação deste ano, mas manteve-se fechado devido à pandemia de covid-19. As obras entretanto realizadas deram lugar a uma nova entrada para o museu, inserida na intervenção arquitectónica “Beeline”, comissariada ao estúdio SO - IL de Florian Idenburg e Jing Liu, baseado em Nova Iorque, nos Estados Unidos. A segunda entrada temporária virada para a cidade, foi adicionada à entrada original do lado do rio Tejo, e faz parte de um projecto de transformação programática sob a nova direcção de Beatrice Leanza, segundo o MAAT. O trabalho é acompanhado pela exposição “Currents - Temporary Architectures by SO - IL”, apresentada na rampa elíptica dentro do espaço central do museu, que mostra 12 projectos do estúdio realizados ao longo da última década e organizados em seis pares temáticos, com os temas que este estúdio tem explorado.

IC Discutidas medidas de resposta a desastres naturais

A presidência do Instituto Cultural (IC) reuniu no passado dia 26 de Maio para discutir as medidas de protecção de monumentos e espaços culturais em caso de ocorrência de desastres naturais causados por tufões ou chuvas mais fortes. Em Abril deste ano foi lançado o mecanismo de prevenção e resposta a desastres naturais, bem como um mecanismo de resposta a emergências para edifícios históricos abertos ao público, como templos e igrejas. Além disso, o IC promete realizar “a poda de árvores que estejam a precisar de manutenção junto aos templos e igrejas”, bem como a providenciar “quando necessário, bombas de drenagem e muretes de retenção de água para os templos e igrejas sitos em zonas baixas da cidade”.

FOTOS FILIPE FAÍSCA

LISBOA MAAT REABRE DIA 10

3.6.2020 quarta-feira

Aí vêm os Ou Mun MÚSICA PIXIES DE MACAU AO VIVO NO PALCO DO LMA SÁBADO ÀS 21H30

Nascidos da frustração de não poder ver a banda de Black Francis e Kim Deal ao vivo em Hong K da sua curta carreira no LMA, no próximo sábado. A interpretação dos clássicos dos Pixies vai es paixão à banda de Boston. O vocalista Nuno Gomes contou ao HM como nasceu o grupo

A

Í vêm os Ou Mun Pixels, a banda local de tributo aos imortais Pixies, acabadinha de se formar e com um concerto apenas na bagagem, rumo ao LMA para tocar no sábado os hinos imortais da banda de Black Francis e Kim Deal. A estrada até chegar à Coronel Mesquita começou com um desafio, entre cervejas no OTT, depois de uma má notícia: o cancelamento do concerto de Pixies em Hong Kong, que estava marcado para o passado dia 3 de Março. “Devido à porcaria do vírus, o concerto foi cancelado. Nesse mesmo dia, perguntei ao Marco se ainda tinha o baixo e disse-lhe que

devíamos trazer os Pixies a Macau”, conta Nuno Gomes, vocalista dos Ou Mun Pixels, banda que estava prestes a formar-se. “Estás maluco?” foi a questão com que o amigo respondeu. Nuno insistiu “nós vamos ser os Pixies”. Depois de desafiar Marco Man a tocar na viola-baixo as linhas de Kim Deal, ficou decidido começar uma banda de tributo aos autores de “Where is my mind”, “Debaser” e outros tantos hinos do rock alternativo do final dos 80/início dos 90. Tomava forma o embrião do que viriam a ser os Ou Mun Pixels. A acompanhar Nuno Gomes na voz e Marco Man no baixo, a banda conta com Daniel Ricardo e Pedro Lagar-

tinho nas guitarras, Lisa Wong na voz e João Kruss Gomes na bateria. Com um percurso que o levou a passar por várias bandas, Nuno Gomes começou a tocar baixo ao mesmo tempo que se apaixonava pelos Pixies. “Ia para o quarto e não saía de lá enquanto não tocasse o baixo de todas as músicas. Os

Pixies são algo que sempre esteve muito presente na minha vida, são a minha banda preferida.”

SAÍDA DO ESTÚDIO

Quando as versões dos Pixies ficaram maduras, à custa de treino, ensaios e horas a ouvir música, chegava a altura de passar para a partilha com

“Devido à porcaria do vírus, o concerto de Pixies foi cancelado. Nesse mesmo dia, perguntei ao Marco se ainda tinha o baixo e disse-lhe que devíamos trazer os Pixies a Macau”, conta Nuno Gomes, vocalista dos Ou Mun Pixels, banda que estava prestes a formar-se


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quarta-feira 3.6.2020

PUB

un Pixels

Kong, os Ou Mun Pixels dão o segundo concerto star a cargo de seis músicos locais, movidos pela o público. Mesmo a preparação trouxe muitos momentos de puro deleite musical. “Trabalhámos muito nos ensaios e foi um prazer voltar a ouvir Pixies com tanta intensidade. Preparei-me para chegar ao palco, seria incapaz de iniciar o concerto mal preparado”, conta Nuno Gomes. Depois de amadurecerem em privado, veio o primeiro concerto. O local para o baptismo de palco dos Ou Mun Pixels acabou por ser o The Roadhouse Macau, no passado dia 16 de Maio. Para tal, bastou filmar um ensaio da banda, com o trabalho audiovisual a cargo de Filipe Faísca. O gerente da casa no Broadway não teve dúvidas quando viu o ensaio

e convidou-os para tocar. A banda não quis nada em troca, além do jantar e bebidas, para encher o Roadhouse. Depois da recepção mais que positiva no primeiro concerto, os Ou Mun Pixels preparam-se para “dar um grande espectáculo da melhor interpretação possível de Pixies que conseguimos”, conta o vocalista. O concerto começa às 21h30 e a entrada custa 150 patacas, com direito a bebida grátis. O LMA que se prepare. João Luz

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3.6.2020 quarta-feira

A

S autoridades chinesas atrasaram mais de uma semana a publicação do genoma do novo coronavírus, após vários laboratórios públicos o terem descodificado, privando a OMS de informação essencial para combater a pandemia, noticiou ontem a Associated Press (AP). Uma investigação da agência de notícias norte-americana, baseada em documentos internos e dezenas de entrevistas, revela que, em Janeiro, enquanto a Organização Mundial da Saúde elogiava publicamente a China e a sua “resposta rápida” ao surto do novo coronavírus, os especialistas da agência das Nações Unidas para a saúde queixavam-se em privado da falta de informação partilhada por Pequim. O controlo rígido exercido pelas autoridades chinesas sobre a informação e a concorrência no sistema de saúde público chinês foram os principais responsáveis pelo atraso, segundo a investigação da AP. As autoridades de saúde só divulgaram o genoma depois de três laboratórios estatais o terem descodificado e após um desses laboratórios o ter publicado num portal de virologia, em 11 de Janeiro. A China demorou pelo menos mais duas semanas a fornecer à OMS os detalhes necessários, de acordo com gravações de várias reuniões internas, realizadas pela agência de saúde da ONU em Janeiro passado, numa altura em que o surto podia ter sido drasticamente reduzido. Embora a OMS continue a elogiar publicamente a China, as gravações obtidas pela AP revelam que o Governo chinês não compartilhou informações suficientes para avaliar os riscos do novo coronavírus, custando tempo valioso ao mundo. “Estamos actualmente num ponto em que nos entregam informação 15 minutos antes de ser transmitida na CCTV”, disse Gauden Galea, principal autoridade da OMS na China, referindo-se à televisão estatal da China, durante uma reunião.

ÀS ESCURAS

O Presidente dos EUA, Donald Trump, cortou os laços com a OMS, na sexta-feira passada, depois de criticar a agência por alegadamente estar em conluio com a China para esconder a gravidade da epidemia. O Presidente chinês, Xi Jinping, disse que a China sempre forneceu informações à OMS e ao mundo “do modo mais oportuno”. Embora a lei internacional obrigue os países a relatar informações à OMS que possam ter impacto na saúde pública mundial, a agência da ONU não possui poderes de execução, devendo antes contar com a cooperação dos Estados membros. A AP revela que a OMS foi em grande parte mantida no escuro pelas autoridades chinesas, que

AP PARTILHA DE MAPA GENÉTICO DO VÍRUS COM A OMS FOI RETARDADA

Respostas lentas

A Associated Press dá conta de que as autoridades de saúde chinesas só divulgaram o genoma do novo coronavírus mais de uma semana depois de este ter sido descodificado por três laboratórios do país forneceram apenas as informações mínimas necessárias. A agência tentou retratar a China da melhor forma possível, provavelmente numa tentativa de convencer o país a fornecer mais detalhes sobre o surto. As autoridades da OMS preocuparam-se em pressionar a China por mais informações sem ofenderem as autoridades ou prejudicarem os cientistas chineses. Michael Ryan, chefe de emergências da OMS, disse que a melhor forma de “proteger a China” seria através de uma análise independente, porque, caso contrário, a propagação do vírus entre as pessoas seria posta em questão e “outros países tomariam decisões em conformidade”.

A China demorou pelo menos mais duas semanas a fornecer à OMS os detalhes necessários, de acordo com gravações de várias reuniões internas, realizadas pela agência de saúde da ONU

Desde o momento em que o vírus foi descodificado, em 2 de Janeiro, até a OMS declarar uma emergência global, em 30 de Janeiro passado, o surto cresceu entre 100 e 200 vezes, segundo dados do Centro Chinês de Controlo e Prevenção de Doenças. A OMS e as autoridades referidas pela AP recusaram-se a responder às questões feitas pela agência sem terem acesso às gravações ou transcrições das reuniões gravadas, que a AP não forneceu para proteger as suas fontes. “A nossa liderança e equipa trabalharam dia e noite ... para apoiar e compartilhar informações com todos os Estados membros”, disse a OMS numa declaração.

ATRASOS FATAIS

Nos últimos meses, a China defendeu repetidamente as suas acções e muitos outros países - incluindo os Estados Unidos - responderam ao vírus com atrasos ainda mais longos de semanas e até meses.

No final de Dezembro, os médicos diagnosticaram uma nova doença misteriosa num grupo de pacientes e enviaram amostras para laboratórios comerciais. Em 27 de Dezembro, uma empresa, a Vision Medicals, reuniu a maior parte do genoma de um novo vírus com semelhanças com a pneumonia atípica, ou SARS, que atingiu o país entre 2002 e 2003. Eles alertaram as autoridades de Wuhan, que, dias depois, emitiram avisos internos alertando sobre uma pneumonia incomum. Mas, quando se tratou de compartilhar o genoma com o mundo,

Desde o momento em que o vírus foi descodificado, em 2 de Janeiro, até a OMS declarar uma emergência global, em 30 de Janeiro passado, o surto cresceu entre 100 e 200 vezes, segundo dados do Centro Chinês de Controlo e Prevenção de Doenças

a principal autoridade médica da China, a Comissão Nacional de Saúde, emitiu um aviso confidencial a proibir os laboratórios de publicar informação sobre o vírus sem autorização. Os funcionários da Comissão disseram mais tarde que a ordem visou impedir qualquer libertação acidental do patógeno até então desconhecido e garantir resultados consistentes, dando a quatro laboratórios estatais o vírus para descodificação. Em 5 de Janeiro, dois laboratórios do Governo sequenciaram o vírus, e outro laboratório em Xangai também o descodificou. O CDC chinês elevou o seu nível de emergência para o segundo nível mais alto, mas não tinha autoridade para alertar o público. Casos suspeitos começaram a surgir na região. Na Tailândia, funcionários do aeroporto afastaram uma mulher que viajava de Wuhan com o nariz entupido, dor de garganta e febre. Cientistas da Universidade de Chulalongkorn apuraram que ela estava infectada com um novo coronavírus, mas não possuíam uma sequência da China para confirmar. As autoridades da OMS queixaram-se em reuniões internas de que a China atrasou o fornecimento de informações cruciais sobre o surto, apesar de cumprir tecnicamente com as suas obrigações sob o direito internacional. Ryan, chefe de emergências da OMS, disse que estava na altura de “mudar de direcção” e pressionar por mais informações. “O perigo é que, apesar das nossas boas intenções (…) haverá muitos dedos apontados à OMS se algo acontecer”, admitiu. Em 20 de Janeiro, as autoridades chinesas alertaram que o vírus se transmitia entre pessoas. A OMS enviou então uma pequena equipa dos seus escritórios na Ásia para Wuhan, a cidade chinesa de onde o vírus é originário. O comité de emergência de especialistas independentes da OMS reuniu por duas vezes naquela semana e optou por não recomendar que se decretasse estado de emergência. A preocupação da agência levou a uma viagem incomum a Pequim pelo diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, e pelos principais cientistas. No final da viagem de Tedros, a OMS convocou outra reunião, declarando finalmente uma emergência global em 30 de Janeiro. Tedros agradeceu profundamente à China, recusando-se a mencionar qualquer frustração anterior da OMS. “Deveríamos realmente expressar o nosso respeito e gratidão à China pelo que está a fazer”, disse. “Já fez coisas incríveis para limitar a transmissão do vírus para outros países”, assegurou. Lusa


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quarta-feira 3.6.2020

Tumultos Carrie Lam acusa EUA de “dois pesos e duas medidas”

A chefe do Governo de Hong Kong acusou ontem os EUA de terem “dois pesos e duas medidas” na resposta aos tumultos no país e alertou que eventuais restrições a Hong Kong só vão causar danos a Washington. Carrie Lam disse na terça-feira que Washington daria ‘um tiro no pé’, denunciando a resposta do Governo de Donald Trump aos tumultos nos Estados Unidos contra a brutalidade policial, o racismo e a desigualdade social. “Vimos com mais clareza nas últimas semanas os dois pesos e duas medidas que estão a ser aplicados”, disse Lam aos jornalistas. “Você sabe que existem tumultos nos Estados Unidos e vemos como os governos locais reagiram. Já com Hong Kong, quando temos tumultos semelhantes, vemos a posição que eles adoptaram”, argumentou a governante.

Vantagens aéreas UE denuncia apoios às companhias chinesas

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Câmara de Comércio da União Europeia na China acusou ontem as companhias aéreas chinesas de terem beneficiado de apoios estatais injustos para a concorrência externa, incluindo subsídios. O surto da covid-19 paralisou o tráfego aéreo internacional na China, tendo o país limitado no final de Março as conexões com o resto do mundo a um voo por semana e por país por companhia aérea, ou seja, aproximadamente 1 por cento das ligações aéreas vigentes até à data. ACâmara de Comércio Europeia denunciou agora os subsídios pagos por certas cidades chinesas a serem servidas pelas companhias aéreas que fazem voos de e para a Europa, às custas da lógica económica. Apenas as ligações entre a Europa e as cidades de Xangai e Pequim são lucrativas neste momento, segundo a Câmara de Comércio. No entanto, as linhas secundárias, com destino a cidades como Shenzhen, Xian, Nanjing ou Hangzhou, levam a um desvio dos voos que corre o risco de baixar os

preços das ligações para Pequim e Xangai, denunciou o relatório. “O sistema chinês oferece às suas companhias aéreas uma vantagem injusta para permitir que elas ganhem rapidamente quota no mercado mundial”, acusou a Câmara de Comércio. “Esses voos só podem operar graças aos subsídios consideráveis disponibilizados pelas autoridades locais na China”, lê-se na mesma nota.

DÁ-ME ESPAÇO

O sector aéreo europeu também se sente em desvantagem pelos “procedimentos para a alocação de direitos de aterragem, que favorecem sempre as companhias aéreas chinesas”, segundo o estudo. Em causa estão os períodos de maior trânsito na partida e chegada de voos em Pequim e Xangai. Isto é limitado pelo facto de o controlo de tráfego aéreo chinês exigir um atraso de dois ou três minutos entre cada partida e chegada, em vez de 30 segundos, como na maioria dos principais aeroportos do mundo, de acordo com o relatório, que destaca os frequentes atrasos nos aeroportos do país asiático.

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DIRECÇÃO DOS SERVIÇOS DE TURISMO ANÚNCIO Faz público que, de acordo com o Despacho de 21 de Maio de 2020 da Ex.ma Senhora Secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, encontra se aberto, pelo Fundo de Turismo, o concurso público “Serviços de organização do Festival de Luz de Macau 2020”. Desde a data da publicação do presente anúncio, nos dias úteis e durante o horário normal de expediente, os interessados podem examinar o Processo do Concurso na Direcção dos Serviços de Turismo, sita em Macau, na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção, n.os 335-341, Edifício “Hotline”, 12.o andar, e ser levantadas cópias, incluindo o Programa do Concurso, o Caderno de Encargos, os anexos e demais documentos suplementares, mediante o pagamento de duzentas patacas (MOP200,00); ou ainda consultar o website da Direcção dos Serviços de Turismo: http://industry.macaotourism.gov.mo , e fazer “download” do mesmo. A Sessão de esclarecimento será realizada no Auditório da Direcção dos Serviços de Turismo, sito em Macau, na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção, n.os 335-341, Edifício “Hotline”, 14.o andar pelas 11:00 horas do dia 29 de Maio de 2020. Os pedidos de esclarecimento devem ser feitos por escrita e apresentados até ao dia 5 de Junho de 2020 pelas 17:30 horas na área dos Avisos Públicos do website da Indústria Turística de Macau (http://industry.macaotourism.gov.mo), as respectivas respostas também serão publicadas no mesmo website. O preço total proposto: Sem limite máximo da prestação. Critérios de adjudicação e factores de ponderação: Critérios de adjudicação Factores de ponderação Preço 30% Criatividade e design 30% - Descrição do evento e design dos percursos - Conteúdo e organização do programa Ø Das instalações luminosas Ø Jogos interactivos Ø Dos espectáculos de vídeo “Mapping” Ø “Website” do evento Ø Cerimónia de abertura - Novas técnicas para a realização dos espectáculos - Qualificação profissional da equipa criativa Plano de trabalho 30% - Planta dos locais e desenho das instalações - Informações sobre os equipamentos e planta de instalação - Informações sobre elementos de decoração e respectivo design - Plano de trabalho e plano de construção - Plano de protecção ambiental - Plano de gestão de controle de ciruculação de pessoas Experiência do concorrente 10% - Prestação de serviço de realização de actividades semelhantes dos serviços públicos de Macau - Prestação de serviço de realização de actividades semelhantes do sector privado em Macau Os concorrentes deverão apresentar as propostas na Direcção dos Serviços de Turismo, sita em Macau, na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção, n.os 335-341, Edifício “Hotline”, 12.o andar, durante o horário normal de expediente e até às 17:00 horas do dia 23 de Junho de 2020, devendo as mesmas ser redigidas numa das línguas oficiais da RAEM, prestar a caução provisória de MOP401.400,00 (quatrocentas e uma mil e quatrocentas patacas), mediante: 1) depósito em numerário à ordem do Fundo de Turismo no Banco Nacional Ultramarino de Macau 2) garantia bancária 3) depósito nesta Direcção dos Serviços em numerário, em ordem de caixa ou em cheque visado, emitidos à ordem do Fundo de Turismo 4) por transferência bancária na conta do Fundo do Turismo do Banco Nacional Ultramarino de Macau. O acto público do concurso será realizado no Auditório da Direcção dos Serviços de Turismo, sito em Macau, na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção, n.os 335-341, Edifício “Hotline”, 14.o andar pelas 10:00 horas do dia 24 de Junho de 2020. Os representantes legais dos concorrentes deverão estar presentes no acto público de abertura das propostas para efeitos de apresentação de eventuais reclamações e/ou para esclarecimento de eventuais dúvidas dos documentos apresentados a concurso, nos termos do artigo 27.o do Decreto-Lei n.o 63/85/M, de 6 de Julho. Os representantes legais dos concorrentes poderão fazer-se representar por procurador devendo, neste caso, o procurador apresentar procuração notarial conferindo-lhe poderes para o acto público do concurso. Em caso de encerramento destes Serviços por causa de tempestade ou por motivo de força maior, o termo do prazo de entrega das propostas, a data e hora de sessão de esclarecimento e de abertura das propostas serão adiados para o primeiro dia útil imediatamente seguinte, à mesma hora. Direcção dos Serviços de Turismo, aos 22 de Maio de 2020. A Directora Maria Helena de Senna Fernandes

Câmara de Comércio da UE na China “O sistema chinês oferece às suas companhias aéreas uma vantagem injusta para permitir que elas ganhem rapidamente quota no mercado mundial.”

O documento destaca ainda que 70 por cento do espaço aéreo chinês é reservado à força aérea, reduzindo os corredores aéreos da aviação civil. “Precisamos de disponibilizar mais espaço aéreo para a aviação civil ou, pelo menos, dar mais acesso ao espaço militar quando não estiver em uso”, afirmaram os europeus. No final, “se a situação

persistir, as companhias aéreas europeias não serão capazes de manter a sua participação de mercado actual, e ainda menos aumentá-la, e há um risco real de ver o sector aéreo europeu marginalizado a nível global”, alertou a Câmara.


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Xunzi

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Amigo é uma grande tarefa

Contra os Doze Mestres

A nossa idade, há quem ornamente doutrinas perversas e embeleze ensinamentos vis que perturbam e desordenam o mundo. Os seus argumentos exagerados, distorcidos e excessivamente subtis lançam a confusão entre todos sob o Céu, que deixam de saber onde residem bem e mal, ordem e desordem. Alguns destes homens dão rédea solta às suas disposições inatas e natureza. São licenciosos e arrogantes, comportando-se como bestas. São incapazes de suscitar a harmonia com a forma apropriada ou de criar regras exaustivas. Contudo, conseguem citar exemplos para manter as suas opiniões e são capazes de dar ordem uma suficientemente racional às suas explicações de modo a ludibriar e confundir as massas ingénuas. Entre eles contam-se Tuo Xiao e Wei Mou. Alguns destes homens resistem às suas disposições inatas e natureza. Fazem tudo para considerar benéfico o desviante. Com impropriedade, consideram supremo distinguirem-se dos outros. São incapazes de coordenar as grandes massas ou de tornar claras as grandes divisões da sociedade. Contudo, conseguem citar exemplos para manter as suas opiniões e são capazes de dar uma ordem suficientemente racional às suas explicações de modo a ludibriar e confundir as massas ingénuas. Entre eles contam-se Chen Zhong e Shi Qiu. Alguns destes homens não compreendem a forma própria de unificar o mundo e estabelecer estados e famílias. Louvam os resultados concretos e a utilidade, e louvam a frugalidade e contenção. Mas desdenham estatutos e classes e, por isso, são incapazes de aceitas distinções e diferenças, ou discernir entre senhores e ministros. Contudo, conseguem citar exemplos para manter as suas opiniões e são capazes de dar uma ordem suficientemente racional às suas explicações de modo

Elementos de ética, visões do Caminho PARTE I

a ludibriar e confundir as massas ingénuas. Entre eles contam-se Mo Di e Song Xing. Alguns destes homens exaltam a lei, mas não seguem qualquer modelo. Desprezam o cultivo próprio e apreciam a inovação. Em cima, conseguem que os seus superiores lhes dêem ouvidos; em baixo, reúnem seguidores entre o vulgo. Falam todo o dia com boa forma e elegância, mas, se repetidamente investigarmos e analisarmos as suas palavras, estas revelam-se excêntricas e sem fundamento, sendo inúteis para rectificar o estado ou estabelecer as divisões sociais apropriadas. Contudo, conseguem citar exemplos para manter as suas opiniões e são capazes de dar uma ordem suficientemente racional às suas explicações de modo a ludibriar e confundir as massas ingénuas. Entre eles contam-se Shen Dao e Tian Pian. Alguns destes homens não tomam os antigos reis por modelo, nem consideram de valor ritual e yi [justiça]. Gostam de dominar estranhos argumentos e jogar com expressões incomuns. Investigam as coisas com extrema acuidade, mas sem qualquer intenção benéfica, e debatem as coisas sem obter quaisquer resultados úteis. Metem-se em muita coisa, mas pouco conseguem e não podem servir de fio unificador para a boa ordem. Contudo, conseguem citar exemplos para manter as suas opiniões e são capazes de dar uma ordem suficientemente racional às suas explicações de modo a ludibriar e confundir as massas ingénuas. Entre eles contam-se Hui Shi e Deng Xi. Alguns destes homens só de modo grosseiro tomam por modelo os antigos reis e não compreendem o seu sistema geral. Porém, são muitos os seus talentos e grandiosas as suas intenções. O que viram e ouviram é vasto e acidental e criam nova doutrina a partir do antigo passado, chamando-lhe as Cinco Condutas. Esta doutrina

é extremamente desviante e não está de acordo com as categorias apropriadas das coisas. É lamacenta e falha de argumentos adequados. É esotérica e falha de explicação adequada. Porém, embelezam suas frases e tratam essa doutrina com respeito deferente, dizendo, “Estas são deveras as palavras das antigas pessoas exemplares’. Nisto, Zisi lidera o canto e Meng Ke o acompanha. Os estúpidos ru [eruditos] desta idade vulgar palram todos sobre isto sem saber o erro que estão cometendo. Consequentemente, aceitam essa doutrina e a transmitem, julgando que nisso consiste o legado de Confúcio e Zigong às gerações posteriores. Tal é o crime de Zisi e Meng Ke.2 1 - Os “doze mestres” são Tuo Xiao, Wei Mou, Cheng Zhong, Sho qiu, Mo Di (Mozi), Song Xing, Shen Dao, Tian Pian, Hui Shi, Deng Xi, Zisi e Meng Ke (Mencius). Aqui, Xunzi agrupa-os em seis “doutrinas” e critica-os em sucessão. Nada se sabe de Tuo Xiao e pouco se sabe Wei Wou (tornando impossível discernir por que o critica Xunzi). Chen Zhong é outro nome de Tian Zhong. Nenhum trabalho de Song Xing sobreviveu, a não ser referências no Xunzi e outros textos. O pensamento de Shen Dao sobrevive apenas em fragmentos. Segundo Xunzi, este preocupava-se mais com a governação segundo a lei do que com a governação pelo ritual e virtude. De Tian Pian sabe-se apenas que era um retórico muito persuasivo. 2 - Zisi era o neto de Confúcio e, supostamente, o autor do famoso texto confucionista Zhongyong (“A Doutrina do Meio”). Meng Ke é o nome completo de Mencius. As Cinco Condutas não surgem em qualquer trabalho a eles atribuído. Porém, com base em textos chineses recentemente desenterrados, parece provável que as Cinco Condutas sejam ren [humanidade], yi [justiça], ritual, sabedoria e sageza. Ainda assim, continua a ser incerta a razão pela qual Xunzi considera isto condenável, dado ele próprio esposar, de uma forma ou outra, os mesmos valores. No entanto, dado o seu ataque a Mencius – por defender que a natureza humana é boa –, talvez haja algo nas Cinco Condutas que implique serem estas inatas, o que terá despoletado a crítica de Xunzi. Este tema aguarda ainda a devida investigação académica.

Tradução de Rui Cascais Xunzi (荀子, Mestre Xun; de seu nome Xun Kuang, 荀況) viveu no século III Antes da Era Comum (circa 310 ACE - 238 ACE). Filósofo confucionista, é considerado, juntamente com o próprio Confúcio e Mencius, como o terceiro expoente mais importante daquela corrente fundadora do pensamento e ética chineses. Todavia, como vários autores assinalam, Xunzi só muito recentemente obteve o devido reconhecimento no contexto do pensamento chinês, o que talvez se deva à sua rejeição da perspectiva de Mencius relativamente aos ensinamentos e doutrina de Mestre Kong. A versão agora apresentada baseia-se na tradução de Eric L. Hutton publicada pela Princeton University Press em 2016.


ARTES, LETRAS E IDEIAS 15

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Diário de um editor João Paulo Cotrim www.torpor.abysmo.pt

SANTA BÁRBARA, LISBOA, DOMINGO, 31 MAIO Só a incauta diletância de flâneur explica esta aventura, para a qual arrastei o Teófilo [Duarte], e com o ele o João [Silva] e o Cláudio [Fernandes]. Não se sai incólume do cerco sanitário, sobretudo se o aríete for esta «Torpor -- passos de voluptuosa dança na travagem brusca», que há horas se completou com a sexta entrega, a da morte e do medo, ainda que não apenas. Logo cedo no pastoso cinza dos dias, os poetas próximos me acendiam versos. Esfreguei os olhos e dei-me conta que a noite constante se iluminava com pequenos palcos, páginas, onde se reconhecia gente, criadores a refazer mundo. Ora, apesar de se terem constituído memória do mundo, as redes são voláteis e instáveis, pelo que me veio à boca a vontade de recolher-caçar e dar a ler. O papel do editor é encontrar nexos, pescar no caos os peixe-chama do sentido. Não se procurou planeamento algum, e só tarde se lançaram desafios, suscitados por vontades ou palavras inscritas na espuma. Na arrumação estabeleceram-se nexos, alguns ainda por detectar, como convém. Abrimos com punhado de artigos que dizem do que se encontrará depois desenvolvido (autobiografia, casa, cidade, paisagem, morte). Depois a comporta abriu-se, vieram águas, ventos e até fogos. Guardo para mim que algumas vozes nasceram nestes palimpsestos e outras regressaram com potência de barítono. Há experiências para acompanhar e imagens às quais regressar. Mantenho-me fixado na do Manuel [San Payo] que vi surgir, conversada em caixas de mensagens (algures na página). Aprendamos, pois, a olhar o tempo. Segue-se versão em pdf, onde a relação entre os fragmentos surgirá mais integrada. Na versão online só os alinhamentos oferecem a unidade possível, resgatando a soma da mera antologia. Deu ainda para perceber que algumas das ideias são específicas das plataformas e falta-lhes o ar fora delas. Depois a ânsia. Na incessante e agora? esconde-se a ânsia do papel. Um dia de cada vez!, respondo com o mote caduco. Ainda que pense que, se lição há a extrair tal dente cariado, é que podemos viver os dias todos num. Só precisamos esticar o hoje. PALHAVÃ, LISBOA, QUARTA, 20 MAIO Longe do sofá onde tenho morado fui acompanhando a contagem decrescente para a primeira entrega, a que fará as vezes de editorial, com arte e pensamento e política e inquietação, até música e palavra dita ou sussurrada. O nervoso miudinho no online não se compara ao papel, que a emenda é possível e a errata dinâmica. Continuo com saudades de uma redacção em fecho, quando do caos

Linhas cruzadas panto. Durante a pegajosa crise, a alegria foi abrindo o correio sentimental. Foi com o pão de ló da Carla, as madalenas do Luís e da Sandra, o cabaz de verdes do João e da Paula, as cerejas da Maggie e do Nuno, os ovos e mais verduras da Ingrid, o pão e mais cerejas do Paulo. Sem nenhum risco de exagero, por causa da balança do António. Os adjectivos foram inventados para pôr cor nisto, vejam onde e podem ser trocados: elegantes, memoráveis, luxuriante, suculentas, saborosos, robusto e belas, tão moderna que comunica.

nascia pontuação. Aqui estamos em contínuo nos três. Deixem correr o sangue! SANTA BÁRBARA, LISBOA, QUARTA, 21 MAIO Para não termos a veleidade de arder, voltámos ter uma inundação. Não tão grave como a voz ao telefone anunciava, mas ainda assim lá se perderam mais umas centenas de livros. Que importa? De qualquer modo estavam já enterrados no esquecimento do habitual. Ao contrário dos apoios, a edição de livros é a fundo perdido. SANTA BÁRBARA, LISBOA, SEXTA, 22 MAIO Desconfinei sem sair de casa: fui à Prova Oral, do Alvim (https://www.rtp.pt/play/ p260/e474129/prova-oral). Não sei se passei. (Ainda não me tinha visto neste espelho-ecrã da nova normalidade, cada um falando a fingir que estamos fora, rádio com imagem à superfície, por aí fora.) Para variar, rebaldaria de liceu, mas deu para tomar nota da confusão instalada à volta do livro. SANTA BÁRBARA, LISBOA, TERÇA, 5 MAIO O Adérito [Fidalgo] avisa por mensagem que a Mimosa [do Camões] vai fechar de vez. Nada assinala melhor o fim de qualquer coisa, talvez um ciclo, um modo de estar, do que este símbolo a arder. Até o furor das obras de renovação, arrasando

com estrondo o que nem por sombras era antigo, parece ser afirmação. Muita conversa, projecto, ideia, disparate, verso, livro, grito, toque, luz, dúvida, encontro e zanga, ameaça ou beijo, sustos, espantos, perdas e ganhos, deves e e haveres se ergueram por ali, no vai-vem entre a mesa e o passeio. Foi considerada, em certa polémica, a sede da abysmo, com isso tentando menorizar quem editámos, como se colocar coração e cabeça no lugar do estômago fosse desprezível. Ali foi, sim, a sede de uma certa sede, a festa pela certa que incomodou tanto alguns vigilantes e outros bem pensantes, sem esquecer muito comissário, coordenador, programador, director, que se arrepia com a vida fora dos gabinetes. Alguém há-de conservar a memória das noites de leitura em homenagem ao Herberto, então e na hora da sua morte. Ou quando nos despedimos de um dos nossos que partia e assustámos ministro que julgou e enfrentar manife operária, e talvez fosse. Há-de haver fotografias dos parcos prémios que nos atingiram expostos sob a vigilância hierática das garrafas de Bushmills. Alguém que tenha o segredo do âmbar que o conserve, pois não sei fazê-lo, não domino o mister da memória. Dito isto, nenhum abalo se regista na natureza quando a cobra muda de pele. SANTA BÁRBARA, LISBOA, QUINTA, 7 MAIO Prazer igual não há. Receber correio, sobretudo livros, desdobra os dias em es-

SANTA BÁRBARA, LISBOA, QUINTA, 8 MAIO Malhas que a rede tece. Um dos grandes professores que me moldaram, o João [Nogueira da Costa] trabalha o tempo com detalhes de escultor. Desencantou uma nota em papel onde se registava o acompanhamento partilhado das voltas de Luandino por Lisboa. Por mais que procure, até em territórios de Alice, não encontro aquele puto. Na encruzilhada de então escolheu rumo, como de costume em contra conselho, que deu em nada. Enfim, talvez o puto aquele acabe por reaparecer para dizer que os caminhos se fazem cruzando os assinalados, os aplanados, os celebrados. SANTA BÁRBARA, LISBOA, SÁBADO, 9 MAIO Raro é lembrar os sonhos. Já agora, nem os pesadelos. Posso até ser acusado de confundir tudo. Jamais serei exacto surrealista, nem que me apeteça ou os bonzos permitam. Estranho, portanto, esta recordação da noite passada a vaguear por entre altas e magras figuras, esculturais mas no modo marcado de Giacometti, nenhuma minúscula a habitar caixas de fósforos, mas a arder no passo adiante, a refazerem-se para além das marcas dos dedos, hesitando entre ser rosto que marcha ou corpo que sustenta o céu de uma cabeça. Não me limitava a andar. Havia trocado mensagens com a Isabel [Abreu] pelo que ela me apareceu a dar uma peça, e a repetir que era muito importante não a largar nunca, a esculpir as palavras no ar com as suas mãos giacométticas, giacométricas. Atravessei o que havia para atravessar, talvez um ciclo, um modo de estar, o deserto ou rua. E assim fiz com a ansiedade indispensável sem saber se cheguei a algum lugar que não fosse a madrugada do acordar. Recordo a pequena peça, talvez continue a segurá-la noite dentro, não possuo o talento para lhe capturar a estranheza, de formas geométricas desalinhadas mas ainda assim pacificadas, irritantemente nórdicas. Talvez a memória seja ela mesma a obra.


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Divina Comédia Nuno Miguel Guedes

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Á passa da meia-noite em Lisboa. Um céu limpo, uma temperatura a rondar os 30º C no preciso momento em que vos escrevo. Que bonito, viva a vida, viva o clima, viva Portugal! Deixem-me então falar de morte e de perda. Esperaríeis outra coisa deste refilão perene e ainda por cima que considera o clima até aos 21ºc um valor civilizacional? Espero que não. Ainda assim e para quem tenha esperança que eu mude de ideias, favor enviar donativos para o fundo não-governamental Façam Do Guedes Um Optimista Sem Limites e Sem Ar Condicionado. Agradeço mas não prometo resultados. A perda então, se me dão licença. Estes últimos dias vivi a infelicidade de ter alguém a partir e sentir a profunda

3.6.2020 quarta-feira

Da orfandade

impotência a que estes tempos nos obrigam. Percebi, faca no osso. Um ente querido, irmã preferida do meu Pai, decidiu partir, calmamente e sem surpresas. Mas são sempre os vivos, os vivos. Eu sei o suficiente de canções para vos garantir em coro com o senhor Berman, que fez questão de expressar no seu testamento musical: « All the suffering gets done by the ones we leave behind». Mais truísmos, senhor cronista? Pois chamam-lhe

Deixem-me dizer adeus, deixem-me ser órfão de coração inteiro. Só assim voltarei à vida

truísmos por várias razões e nenhuma delas é por ser mentira. De maneira que a estranheza é maior. Podemos habituar-nos, até mesmo estar preparados para a morte, o que nem sequer é o meu caso. Mas ninguém está preparado para a ausência da despedida, a impossibilidade física de acenar a quem amamos. Entendam: vi-me obrigado a procurar coroas de flores e outros aparatos fúnebres através deste modo virtual pelo qual muitos me lêem. Não consegui nem nunca conseguirei sossegar um Pai octogenário que não compreende nem quer compreender estes tempos. E eu percebo porque sou e serei assim e mesmo sem pandemias esta necessidade é eterna. A perda, amigos. Isto sim, a orfandade... órfãos de quê? Eu digo o que acho:

de afectos, do toque. A família não chega. Na verdade a perda atinge-nos de todas as formas: amigos, amores, lembranças, civilizações, modos de estar. Eu próprio construí a minha visão do mundo com a perda como centro (e mais exactamente através das maneiras de a evitar ou atenuar) e agora mesmo, ao reler esta frase, acho-a desnecessária e quase vaidosa. Mas é verdadeira. Ao refugiar-me como de costume no que li e acredito, não posso ajudar ninguém. Algures nesta noite quente o meu Pai ainda chora, órfão que ficou. E o que me angustia é que eu sei que o dia chegará em que o mesmo me irá acontecer, se nada interromper a naturalidade da vida ou da morte. Mas deixem-me dizer adeus, deixem-me ser órfão de coração inteiro. Só assim voltarei à vida.


desporto 17

quarta-feira 3.6.2020

GP MACAU CORRIDA DA GUIA VOLTA A SER INTERESSANTE PARA FILIPE SOUZA

Em várias frentes

A pandemia da covid-19 deixará certamente as suas marcas no que resta, ou no que está para vir, da temporada de 2020 das várias competições de automobilismo. Apesar de tudo, Filipe Souza está confiante de que terá uma segunda metade do ano bastante preenchida

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piloto macaense foi um dos dois pilotos do território que subiu ao degrau mais alto do pódio na 66ª edição do Grande Prémio de Macau, venceu a sua categoria na Taça de Carros de Turismo de Macau. Depois de ter conseguido cumprir o seu objectivo em 2019, o experiente piloto de carros de Turismo já tem confirmada a participação no campeonato TCR China. “Vou fazer o TCR China. O ano passado fiz duas provas deste campeonato, uma em Zhuhai e outra em Xangai, mas desta vez quero competir em todas as corridas”, contou Souza ao HM. “Também conto em participar no Campeonato de Endurance da China e no Grande Prémio de Macau.” O campeão da categoria TCR dos Pan Delta Super Racing Festival do Circuito Internacional de Zhuhai, em 2019, vai alinhar no TCR China com um Audi RS3 LMS TCR, carro que conhece bem da pretérita temporada, da equipa TA Motorsport. A competição da China Interior será composta por seis eventos este ano, arrancando no fim-de-semana de 18 e 19 de Julho em Zhuzhou. Ao mesmo tempo, Souza terá um novo desafio pela frente, participando pela primeira vez no Campeonato de Endurance da China (CEC).

“É a mesma equipa mas com um carro diferente, neste caso um Volkswagen Golf da categoria TCR”, explicou Souza. “Trata-se de um novo piloto da China que me convidou a competir com ele, para ajudá-lo a conseguir melhores resultados, para além de fazer ‘coaching’ ao longo da temporada”.

TURISMO ATRAI

Com a Taça do Mundo FIA de Carros de Turismo (WTCR) afastada do Circuito da Guia, faltando apenas a confirmação do novo calendário pela federação internacional, a prova de carros de Turismo mais relevante do Sudeste Asiático voltará a ser novamente atractiva para os pilotos locais, como Souza, que anteriormente estavam praticamente arredados à partida das posições cimeiras. Isto, para além da questão dos custos da par-

“Vou fazer o TCR China. O ano passado fiz duas provas deste campeonato, uma em Zhuhai e outra em Xangai, mas desta vez quero competir em todas as corridas.” FILIPE SOUZA PILOTO

ticipação, que agora serão certamente mais baixos, algo positivo numa época em que os patrocínios vão escassear. No início do ano Souza planeava regressar à Taça de Carros de Turismo de Macau, onde alcançou o objectivo de vencer a categoria para viaturas com motorizações de 1950cc ou Superior, mas desta vez para tentar alcançar o triunfo à geral. Contudo, “dada a nova situação, agora estou a pensar em voltar à Corrida da Guia. Se fizerem uma corrida de TCRs só para pilotos asiáticos, então existirão mais possibilidades para mim”. O piloto da RAEM reconhece que o facto dos pilotos mundiais ficarem este ano muito provavelmente de fora da prova “é bom para os pilotos de Macau, mas por outro lado o Grande Prémio vai ficar um bocadinho mais fraco, o que é uma pena”. Como o TCR China prepara-se para terminar no último fim-de-semana de Outubro, Souza poderá conduzir o mesmo Audi RS3 LMS TCR no Grande Prémio de Macau em Novembro.

HIPÓTESES LOCAIS

Uma vez mais, Souza preparava-se para disputar as provas organizadas pela Associação Geral Automóvel de Macau China (AAMC), que servem também de apuramento para os pilotos locais para o Grande Prémio. Contudo, estas poderão não

se realizar este ano, ou pelo menos não nos mesmos moldes que até aqui se disputavam. Se a AAMC avançar com estas corridas de preparação, então, se houver disponibilidade de PUB

calendário, Souza estará na grelha de partida. “Na minha opinião é importante ter estas provas de qualificação, mas agora com a situação actual talvez seja melhor cancelar as qualificações. Ouvi dizer que

a AAMC vai fazer umas corridas no circuito de Zhuzhou para nos preparar o Grande Prémio. Se assim for, também irei. Temos que voltar a competir para estarmos em forma”, concluiu.


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“AS VIDAS NEGRAS IMPORTAM”

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O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, comentou ontem que a morte de George Floyd provocou choque na Europa, tal como nos Estados Unidos, e adotou também o ‘slogan’ antirracismo das manifestações, ao afirmar que “as vidas negras importam”. “Nós aqui na Europa,

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tal como as pessoas nos Estados Unidos, estamos chocados e estupefactos com a morte de George Floyd”, afro-americano morto durante uma operação policial em Minneapolis, disse o Alto Representante da União Europeia para a Política Externa

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DIGIMON ADVENTURE LAST EVOLUTION KIZUNA [A]

Um filme de: Tomohisa Taguchi 14.30, 17.00, 19.30, 21.30 SALA 2

C I N E M A 5 1 6 3 2 4 7

MY HERO ACADEMIA: HEROES RISING [B] FALADO EM JAPONESE LEGENDADA EM CHINÊS E INGLÊS Um filme de: Kenji Nagasaki

SOLUÇÃO DO PROBLEMA 9

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PROBLEMA 10

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14.30, 16.30, 19.00, 21.15 SALA 3

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BRAHMS: THE BOY II [C] Um filme de: William Brent Bell Com: Katie Holmes, Christopher Convery, Owain Yeoman, Ralph Ineson 14.30, 16.30, 19.30, 21.30

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THE PEANUT BUTTER FALCON [C] Um filme de: Tyler Nilson, Michael Schwartz Com: Shia LaBeouf, Dakota Johnson Zack Gottsagen 16.45, 21.15

UM LIVRO HOJE Para além de “A Filosofia na Alcova”, Donatien Alphonse de Sade tem como marco incontornável na sua carreira, e vida pessoal, “Justine ou Os Infortúnios da Virtude”. A narrativa desenrola-se com os prelúdios da Revolução Francesa em pano de fundo e centra-se no julgamento de uma jovem, Justine, que conhece uma série de infortúnios no caminho para a emancipação. Apesar de não ser a obra mais obscena de Marquês de Sade, a sua publicação, apesar de anónima, levou a que Napoleão Bonaparte ordenasse a prisão do autor. Donatien Alphonse de Sade cumpriu 13 anos de prisão na Bastilha e o poder judicial ordenou a destruição de todas as cópias. Um livro maldito nascido do génio literário de um dos mais infames mestre das letras. Imprescindível na biblioteca de qualquer libertino que se preze. João Luz

JUSTINE OU OS INFORTÚNIOS DA VIRTUDE | MARQUÊS DE SADE

7 6 1 2 4 3 2 1 6 THE5PEANUT BUTTER 3 FALCON 4 2 7 6 5 Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores João Luz; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; João Santos Filipe; Pedro Arede; Salomé Fernandes 1 2 4 7 Colaboradores Anabela Canas; António Cabrita; António de Castro Caeiro; António Falcão; Ana Jacinto Nunes; Amélia Vieira; Duarte Drumond Braga; Emanuel Cameira; Gisela Casimiro; Gonçalo Lobo Pinheiro; Gonçalo M.Tavares; João Paulo Cotrim; José Drummond; José Navarro de Andrade; José Simões Morais; Luis Carmelo; Michel Reis; Nuno Miguel Guedes; Paulo José 5 Paulo1Maia7 Miranda; e Carmo;3 Rita Taborda Duarte; Rosa Coutinho Cabral; Rui Cascais; Rui Filipe Torres; Sérgio Fonseca; Valério Romão Colunistas António Conceição Júnior; David Chan; João Romão; Jorge Rodrigues Simão; Olavo Rasquinho; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Tânia dos Santos Grafismo Paulo Borges, Rómulo Santos Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; 3 Lusa;4GCS;Xinhua 5 Secretária 6 deredacçãoePublicidadeMadalenadaSilva(publicidade@hojemacau.com.mo)AssistentedemarketingVincentVongImpressãoTipografiaWelfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo


opinião 19

quarta-feira 3.6.2020

sexanálise

TÂNIA DOS SANTOS

O sexo importa-se com o apocalipse

O

mundo está estranho e confuso. A minha tentativa de articular qualquer conteúdo esta semana virá da confusão dos sucessivos eventos da última semana, e dos últimos meses. O mês do orgulho LGBTQI+ começou agora em Junho. A celebração de uma história de reivindicação e resistência ecoa todos os anos, em muitas partes do planeta. Um lembrete que a transgressão e contestação dos limites das forças normativas são necessárias se queremos ver alguma mudança no mundo. Na mesma altura em que outras vozes dissidentes, contemporâneas, são ecoadas num país norte-americano em particular. Fala-se em racismo estrutural, ou formas de preconceito estrutural, como nunca se falou. O mal do mundo não acontece pelas mãos das pessoas más. A discriminação não é um acto único, psicopata ou desviante, mas o resultado de uma estrutura, de relações sociais e instituições que permitem que as pessoas façam muita parvoíce – como já estamos fartos de assistir. Somos também obrigados a reflectir sobre a globalização de uns problemas, e não de outros. As redes sociais estão cheias de conteúdos de uma particular geografia, e não de outras. Talvez uns contextos estejam mais preparados para discutir coisas difíceis, e outros ainda não. Ninguém ignora o que está a acontecer, mas não sei até que ponto se olha e se analisa o estado do mundo com cuidado, e à forma como contribuímos para isso. O sexo podia não estar metido nesta confusão de conceitos, mas é o lugar que melhor habita. Talvez porque o sexo desde cedo quebrou as amarras conservadoras e inflexíveis. A intimidade, o sexo e a auto-determinação não vivem num vácuo. O espaço das relações raciais dos diferentes tons de melanina não é um só nó por desembaraçar. É um nó de uma malha complexa, histórica, ligada a muitos outros nós de desigualdade. Uma terapeuta sexual, a Lauren Fogel Mersy, retoma o conceito de interseccionalidade, um conceito chave para perceber o emaranhado da malha, com a clareza que raramente consigo ter. Como ela diz na sua página social: “sabem o que faz decrescer a nossa líbido? Opressão sistémica, racismo, e trauma racial”. Não podemos perceber o que acontece à nossa volta sem tentar juntar várias peças de um puzzle, e perceber o seu encaixe e desencaixe. Esta é uma forma, como muitas, de mostrar que o sexo se importa com o apocalipse. O apocalipse é entendido aqui como um suposto estado de disrupção e de potencial transformador. Quem me conhece sabe que gosto de

olhar para o sexo como centro gravitacional que integra o íntimo e o social. Não desperdiço a oportunidade de reforçar esse argumento em alturas de crise: em pandemia, que nos obriga

Viro-me sempre para a mesma questão: como vemos o sexo dentro e fora de tensões sociais? E como é que, através dele, podemos olhar as malhas indissociáveis de sistemas de opressão? Como é que através da lente analítica do sexo podemos pensar a mudança e a libertação?

a uma reorganização de vivências e rotinas, ou num qualquer outro estado de conflito socio-político. Viro-me sempre para a mesma questão: como vemos o sexo dentro e fora de tensões sociais? E como é que, através dele, podemos olhar as malhas indissociáveis de sistemas de opressão? Como é que através da lente analítica do sexo podemos pensar a mudança e a libertação? Raramente nos mostramos confusos como o mundo, mas é um estado legitimo. Frequentemente esquecemos de dar espaço à transição, e deixarmo-nos no meio de um antes e um depois que ainda não percebemos como é que se irá concretizar. Nesse processo de apocalipse, o sexo não pode ser um escape – como experiência sensorial, única – mas servir a consciencialização que aquilo que carregamos é tanto nosso como do mundo.


De nada vale possuir uma coisa sem desfrutá-la.

Esopo

Porco Preço desce 5,2% na sexta-feira

A Companhia Nam Kwong e a companhia Nam Yue prometem reduzir 5,2 por cento dos preços de venda de carne de porco, já a partir da próxima sexta-feira. De acordo com o canal chinês da TDM - Rádio Macau, a decisão vem no seguimento de um encontro entre o Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) e as duas companhias, onde se sublinhou a importância da expansão de fornecedores externos de porcos vivos e o ajuste dos preços para permitir que a população tenha acesso à carne. De acordo com a mesma fonte, os representantes das duas empresas indicaram ainda que nos últimos dias , os preços de venda de porco vivo registaram oscilações nas regiões vizinhas, pelo que, a cooperação entre a Nam Kwong e Nam Yue, juntamente com as medidas de estabilização dos preços levadas a cabo pelo Governo, vão permitir diminuir os preços na próxima sexta-feira.

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Alta despistagem Wuhan com quase 10 milhões de testes em meio mês

A

cidade chinesa de Wuhan, onde foram detectados os primeiros casos de covid-19, realizou 10 milhões de testes de despistagem da doença, informaram ontem as autoridades locais. Segundo a Comissão Municipal de Saúde de Wuhan, entre 14 de Maio e 1 de Junho, foram realizados 9,89 milhões de testes de ácido nucleico, depois de alguns casos terem sido detectados no mês passado, ao fim de várias semanas sem novos casos.A intenção das autoridades locais é estimar o número de casos assintomáticos antes do retorno à normalidade em Wuhan, que a partir de Abril começou a reabrir fábricas, empresas e escolas, após quase onze semanas de restrito confinamento. Segundo o jornal oficial Global Times, as

autoridades de saúde da cidade detectaram 300 pessoas infectadas, mas que não tinham sintomas, e que foram então colo-

cadas sob observação. Wuhan gastou aproximadamente 900 milhões de yuans na execução dos testes, um custo que o

PALAVRA DO DIA

governo da cidade arcará na totalidade, explicou o funcionário local Hu Yabo, em declarações ao jornal Global Times. Antes desta campanha, a cidade realizou mais de três milhões de testes. Wuhan, capital da província central de Hubei, tem cerca de onze milhões de habitantes. Embora o objectivo inicial fosse testar toda a população, as autoridades recomendaram não os realizar em crianças com menos de seis anos, e foi dada prioridade às comunidades residenciais onde os surtos ocorreram anteriormente, bem como a “edifícios antigos e densamente povoados”, de acordo com a agência noticiosa oficial Xinhua. Desde Março passado, a China testemunhou uma queda considerável na transmissão de novos casos do vírus, depois de medidas drásticas de prevenção, que incluíram o encerramento de cidades inteiras.

quarta-feira 3.6.2020

Vales de saúde Pedida inclusão dos exames de ácido nucleico

O vice-presidente da Aliança do Povo de Instituição de Macau, Daniel Chan, quer que o montante de 600 patacas do vale de saúde possa ser gasto na realização do teste de ácido nucleico. Segundo o jornal Ou Mun, Daniel Chan considera que a possibilidade de utilizar este apoio para cobrir as despesas do teste de despistagem da covid-19 iria “diminuir a pressão económica da população” e evitaria que os residentes de Macau se desloquem a Zhuhai, onde o exame é mais barato. De acordo com a mesma fonte, o vice-presidente da Aliança do Povo sugere ainda que o Governo prolongue o prazo de utilização dos vales de saúde, para que os residentes que se encontram no exterior e não conseguem voltar a Macau, não sejam excluídos. O chamado “Programa Especial de Comparticipação nos Cuidados de Saúde Especial” entrou em vigor na passada segunda-feira.


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