DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ
QUINTA-FEIRA 30 DE JULHO DE 2020 • ANO XIX • Nº 4579
MOP$10
AFA | EXPOSIÇÃO
VIDAS EFÉMERAS EVENTOS
hojemacau
AL | MACAUPORT
Ensaio sob a cegueira PÁGINA 5
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OPINIÃO
(DES)EQUILÍBRIO DA EXISTÊNCIA MANUEL DE ALMEIDA
COVID-19
Máscaras para 30 dias PÁGINA 6
h
ORTIGAS O COBREM
LUÍS CARMELO
EXÍLIOS & INSÍLIOS
PUB
ANTÓNIO CABRITA
Aprovado Os chumbos no primeiro ciclo vão acabar e os outros anos escolares passam a estar sujeitos a taxas de retenção. O novo Regulamento Administrativo entra em vigor no ano lectivo de 2021/22 e merece a aprovação geral de pais, professores e responsáveis dos estabelecimentos de ensino. GRANDE PLANO
2 grande plano
Para todos os gostos Estudos académicos não invalidam impacto pedagógico de chumbos
U
M pouco por todo o mundo a validade das reprovações no percurso escolar tem sido matéria de estudo académico e controvérsia. Qual o mérito dos chumbos e o seu impacto? Em Portugal, foram realizadas várias investigações, com as conclusões a caírem para os dois lados da questão, ou para lado nenhum, demonstrando que a matéria está longe de ser taxativa. O estudo com a conclusão mais dramática na panóplia de investigações analisadas pelo HM, foi conduzido numa universidade do Estado da Florida, nos Estados Unidos. O artigo compara a retenção de ano escolar a um dos eventos mais traumáticos da vida de uma criança, equivalente a perder um progenitor ou a ficar cego. Além dos pedidos para enumerar os eventos mais stressantes da vida de alunos do 1º, 3º e 6º ano, o estudo comparou o futuro dos que foram retidos e dos alunos que sempre foram aprovados, e concluiu que 93 por cento dos estudantes chumbados continuou a ter resultados escolares que reflectiram competências insuficientes sete anos após o ano da retenção. Além disso, os dados de investigadores da Florida Gulf Coast University apontam para a maior probabilidade de alunos de minorias étnicas e jovens oriundos de famílias desfavorecidas em termos socioeconómicos serem reprovados, em comparação com os seus pares caucasianos oriundos de famílias de classe média-alta. Um estudo publicado no Boletim Económico do Banco de Portugal, e comissariado pelo Conselho Nacional de Educação, alarga o espectro das razões além da origem e estatuto socioeconómico, para um fenómeno multidisciplinar, elencando “atributos individuais, de família e dos colegas”, como “importantes factores na explicação da repetência”.
A investigação pegou em dados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA), da OCDE, para analisar os índices de retenção na escola pública de Portugal. Os investigadores concluíram que “a repetência em níveis iniciais do ensino básico produz um impacto negativo no desempenho numa fase mais tardia, o que sugere que haverá vantagem em implementar práticas alternativas de apoio aos alunos nesses níveis”. Porém, o documento abre a porta à nuance, sem comprometimentos para um lado ou outro. Assim sendo, indica que “os efeitos de curto-prazo da repetência numa fase mais avançada do percurso escolar são, pelo contrário, positivos, embora de pequena dimensão, o que não parece questionar tal prática neste caso”.
POR OUTRO LADO
Um outro estudo, de 2018, da Universidade Nova de Lisboa destaca alguns aspectos positivos das reprovações, quando estatisticamente insignificantes, e efeitos negativos quando numericamente mais frequentes. “O impacto da retenção precoce não é estatisticamente significativo ou tem uma pequena magnitude positiva. Considerando os altos custos de manter os alunos na escola por mais um ano, o pequeno benefício obtido com a retenção sugere que a repetição é uma ferramenta ineficaz para lidar com o baixo desempenho nos estágios iniciais.” Além disso, o relatório da Universidade Nova conclui que os professores têm tendência para não reter alunos que já reprovaram em anos anteriores e que os rapazes têm maior propensão para chumbar do que as raparigas. Outros factores que aumentam a probabilidade de reprovação, são habilitações académicas da mãe do estudante que se resumem ao ensino básico e o aluno ser originário de um país lusófono.
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CHUMBOS
SATISFAZ PROFESSORES E RESPONSÁVEIS A FAVOR DE NOVAS REGRAS
Apesar da controvérsia, professores e responsáveis estão sintonizados quanto aos efeitos positivos do fim das reprovações no primeiro ciclo e da inclusão de taxas de retenção noutros anos escolares. A medida entra em vigor no ano lectivo 2021/2022
É
unânime entre professores e responsáveis de institutos de ensino de Macau. A medida que põe fim aos chumbos até à quarta classe e prevê taxas de retenção para outros anos escolares, tem, de um modo geral, efeitos benéficos para os alunos. Em causa está o regulamento administrativo anunciado na passada semana pela Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) que estabelece o sistema de avaliação do desempenho dos alunos da educação regular de Macau, interditando as reprovações no ensino básico, da primeira à quarta classe. Além disso, o regulamento que entra em vigor no ano lectivo 2021/2022, determina que a
taxa de retenção global não pode ser superior a 4 por cento no 5º e 6º ano e exceder 8 por cento no ensino secundário. Manuel Machado, presidente da Escola Portuguesa de Macau (EPM) revelou ao HM ser “100 por cento a favor” da introdução das novas medidas, até porque, por norma, os chumbos são sempre entendidos como “situações de excepção”. “Numa escola devemos trabalhar para que os alunos progridam de ano de escolaridade em ano de escolaridade. As retenções devem ser consideradas situações de excepção aplicáveis quando, juntamente com as famílias e os próprios alunos, se chega a conclusão que é vantajoso ficarem retidos mais um ano do que progredirem, isto
QUALIDADE SEM REFLEXO O
vice-presidente da Associação de Nova Juventude Chinesa de Macau entende que a baixa taxa de retenção não significa que os alunos aprovados dominem a matéria leccionada. Choi Hang Kit, que também faz parte do Conselho de Juventude, quer que o Governo reforce a cooperação com as escolas para oferecer apoio aos alunos e assegurar a qualidade do ensino no novo sistema.
falando apenas do 1º ciclo”, explicou. Apesar de admitir que é importante “não generalizar” e haver situações em que o chumbo é eventualmente “benéfico”, o responsável aponta que é sempre preciso ponderar bem todos os motivos dessa discussão. Contudo, Manuel Machado diz-se “a favor da progressão”. “Uma escola de sucesso é uma escola em que os alunos progridem, não é uma escola em que os alunos ficam retidos”, referiu. Sobre as taxas de retenção, Manuel Machado entende
que as percentagens de 4 e 8 por cento são “balizas” que servem “para não permitir que as escolas ultrapassem um determinado número de alunos retidos”. “Mas, quanto menos melhor”, rematou.
SALTO EM FRENTE
TambémAna Correia, directora da Faculdade de Psicologia e Ciências de Educação da Universidade de São José (USJ) considera a medida “muito necessária”. Sobretudo porque a abolição das reprovações nos primeiros anos de escolaridade já existe em muitos países e, em Macau,
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BASTANTE “havia uma grande ignorância e desconhecimento dos professores”, sobre os alunos com mais dificuldades na progressão da aprendizagem.
“Uma escola de sucesso é uma escola em que os alunos progridem, não é uma escola em que os alunos ficam retidos.” MANUEL MACHADO PRESIDENTE DA EPM
Para a também professora da USJ, o novo regulamento é bem-vindo, dado que a reprovação é um mecanismo de controlo que, a ocorrer, pode ser discriminatório e ter efeitos extremamente negativos para as crianças entre os 6 e os 10 anos. “Quando se trata da avaliação no final do ano, estamos a falar de uma faceta mais negra da avaliação digamos assim, que é a do controlo e da quantificação. Esta avaliação implica a exclusão de alunos que acabam, muitas vezes, por abandonar o percurso escolar e levar ao fracasso,
contribuindo para a estratificação social”, partilhou Ana Correia com o HM. “Faz sentido exercer este mecanismo
de discriminação e exclusão quando as crianças ainda estão numa fase inicial do seu percurso escolar?”, rematou.
EXPLICAÇÕES A PROFESSORES O
Governo deve dar cursos de formação a professores para os preparar para a implementação das novas regras que vão controlar o número de chumbos. Este é o pedido de Sun Cheng Cheong, presidente da Associação dos Educadores de Jovens de Macau, em declarações ao jornal Ou Mun, depois do anúncio do novo sistema de avaliação do desempenho dos alunos da educação. O dirigente mostrou-se preocupado com a eventualidade de faltarem medidas de adaptação ao novo sistema e com a falta de informação sobre o conteúdo do regulamento administrativo que estabeleceu as novas regras. No entender de Sun, os professores mais jovens podem não perceber completamente o que têm de fazer, em concreto, para implementar a avaliação formativa.
Além disso, aponta a professora, quando um aluno reprova, no ano seguinte, estará mais desmotivado, dado que, não só perdeu o grupo de amigos e a auto-confiança, como será também “estigmatizado em relação aos outros e, inclusivamente, pela família, que decepcionou”. “Os efeitos psicológicos penalizam mais a criança do que ela passar de ano e manter o seu o grupo de amigos.Além disso, mesmo que a criança tenha fragilidades é obrigação do sistema e da escola encontrar recursos e estratégias para ajudar o aluno a crescer e a desenvolver-se”, acrescentou a académica. Ana Correia acredita que a medida vai contribuir para que as escolas se foquem mais nos mecanismos destinados a ajudar os alunos, podendo dar também início a uma nova forma de encarar a pedagogia e as estratégias de ensino. Ou seja, para além da dimensão académica, a professora acredita que o novo regulamento pode abrir portas para que no futuro seja dada atenção, por exemplo, ao desenvolvimento motor, pessoal e social da criança. “A medida só por si não significa que os alunos venham a saber mais, isto é apenas o princípio. Espero que as escolas façam o seu ‘trabalho de casa’, repensem a forma de ensinar e garantam que os
“Espero que as escolas façam o seu ‘trabalho de casa’, repensem a forma de ensinar e garantam que os alunos aprendem.” ANA CORREIA PROFESSORA USJ
alunos aprendem.Aavaliação não pode ter apenas como objectivo a parte académica tem de incluir outras dimensões, como o desenvolvimento motor, pessoal e social da criança”. A concretização desse objectivo está, na óptica da professora, dependente de cada escola, existindo ainda muito trabalho que “tem de ser feito ao nível da formação de professores”, já que “ainda há muito ensino tradicional em Macau centrado no professor”.
PAIS MAIS ACTIVOS
Sobre o maior envolvimento dos encarregados de educação previsto no novo regulamento, Filipe Regêncio Figueiredo, presidente da Associação de Pais da EPM, mostrou estar “bastante agradado”. “Há um avanço grande neste regulamento administrativo, que passa pela promoção da presença dos encarregados de educação em toda a avaliação. Não só na parte negativa de poder pedir que o filho chumbe, mas também no facto de prever que encarregados de educação colaborem com a escola na definição de elementos de avaliação”, partilhou Filipe Regêncio Figueiredo.
“Há um avanço grande neste regulamento administrativo.” FILIPE REGÊNCIO FIGUEIREDO PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO DE PAIS DA EPM
Já quanto ao fim dos chumbos e taxas de retenção, o responsável lembra que em Portugal “também há restrições” e que, no caso do primeiro ciclo, a lei “privilegia a estabilidade emocional em virtude da aprendizagem”. “Pondo-me a mim na posição de pai será sempre uma situação muito excepcional, porque acho que nenhum pai, por muita razão que a escola e os professores tenham em chumbar um aluno, gosta que o seu filho chumbe”, aponta. Admitindo não saber como a medida vai ser recebida pelos pais da EPM, Filipe Regêncio Figueiredo espera agora que, após adequar os regulamentos de avaliação à luz às novas regras, a escola partilhe com os encarregados de educação “para que se pronunciem”. Pedro Arede com A.S.S. info@hojemacau.com.mo
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30.7.2020 quinta-feira
A recuperação económica do território está envolta em incertezas, diz um relatório publicado pela Autoridade Monetária de Macau. Entre os factores de risco estão as tensões comerciais entre a China e os EUA e o desenvolvimento da epidemia
ECONOMIA AMCM ALERTA PARA RISCOS COMO A PANDEMIA E DISPUTAS COMERCIAIS
A teoria da incerteza RÓMULO SANTOS
É ainda defendido que há iniciativas dentro da Grande Baía que vão reforçar o papel do sector financeiro na diversificação. Em causa está a maior oferta de produtos para investimento e a capitalização da procura de serviços de investimento e gestão de riqueza transfronteiriços por residentes da região. “Espera-se, portanto, que o aumento gradual da participação do sector financeiro na economia geral leve Macau no caminho de crescimento mais estável”, conclui a AMCM.
‘AIR-BAG’ ECONÓMICO
O impacto da covid-19 sentiu-se a nível mundial. Como explica a AMCM, a pandemia e as medidas de contenção reduziram a procura por serviços e comodidades a nível mundial, “interromperam de forma séria a cadeia de suprimentos internacional” e levaram a economia global a sofrer “contrações fortes” nos primeiros três meses do ano.
A
PESAR da reabertura das economias de vários países e de se observarem sinais de recuperação, existem “imensas incertezas” associadas ao percurso da pandemia, como “o desenvolvimento de vacinas”. É o que indica a Autoridade Monetária de Macau (AMCM), na última “Revisão da Estabilidade Monetária e Financeira”. Para além disso, defende que as disputas comerciais entre a China e os EUA, bem como tensões geopolíticas “continuam a ser factores de risco que merecem atenção”. “A recuperação da economia de Macau está sujeita a incertezas consideráveis”, observa a AMCM, apesar de reconhecer que a pandemia foi “relativamente bem contida” nas cidades vizinhas da China Continental e que o regresso de mobilidade, mesmo que seja com limites, pode aliviar o impacto negativo nas actividades turísticas. O organismo diz ainda que o Governo da RAEM criou planos para revitalizar a indústria de viagens e facilitar a recuperação económica gradual, mas entende que a procura externa vai continuar sujeita a incertezas no segundo semestre do ano. No relatório prevê-se que a procura externa continue fraca, tendo em conta a expansão económica mais lenta do mercado de exportação e as medidas prologadas de contenção em várias partes do
“A rápida implementação de medidas de estímulo fiscal é essencial para impulsionar a economia durante e após a epidemia.” AMCM
mundo. De acordo com a AMCM, nuvem paira sobre as perspectivas económicas do território por causa do “novo escalar de tensões comerciais entre a China e os EUA” e “uma recuperação mais lenta do que se estimava da procura global”. Espera-se que as duas rondas de apoio lançadas pelo Governo e a procura reprimida estimulem o
consumo entre Julho e Dezembro. “Para além disso, o aumento do investimento público em projectos de infra-estrutura e construção vão mitigar a contração do investimento privado. Não obstante, espera-se que a economia de Macau registe uma contração de dois dígitos em 2020, face a um ambiente externo desafiante”.
Offshore Revogada autorização de funcionamento de 23 empresas Um despacho publicado ontem em Boletim Oficial revela que a Autoridade Monetária e Cambial de Macau revogou as autorizações de funcionamento de 23 empresas offshore entre Janeiro
e Junho deste ano. De acordo com o mesmo despacho, deixam de constar empresas na lista de instituições autorizadas a operar em regime offshore. Também não constam empresas na lista das
companhias autorizadas a transferir as suas firmas para o regime onshore. Recorde-se que em 2018 foi aprovada a lei que decreta o fim da actividade offshore em Macau até Janeiro do próximo ano.
A pandemia tornou evidente a importância da diversificação da economia para a resistência de Macau a choques externos e o relatório da AMCM tem algumas notas positivas nesse sentido. Explica-se que o processo de diversificação – de actividades voláteis para outras de crescimento mais estável – se tornou “mais atractivo”.
A margem que o contexto económico de Macau deu a minorar o impacto da pandemia não foi esquecido. De acordo com a AMCM, a reserva financeira permitiu amortecer choques externos e deu espaço para o lançamento de pacotes de estímulos fiscais a agregados familiares e empresas. Medidas tomadas enquanto o sector público da RAEM se manteve livre de dívidas, e os bancos a gerar lucros. “A rápida implementação de medidas de estímulo fiscal é essencial para impulsionar a economia durante e após a epidemia”, indica o organismo. E frisou o aumento do investimento do orçamento para projectos de infra-estrutura e construção para 13,7 mil milhões de patacas. Prevendo o aumento da taxa de desemprego, o relatório refere ainda assim que o volume de trabalhadores migrantes dá espaço para “ajustes políticos” e que “o Governo da RAEM tem uma posição clara para o fazer sempre que considerar apropriado, para preservar o emprego local”. Salomé Fernandes
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política 5
quinta-feira 30.7.2020
ACCIONISTA NETO VALENTE
O
advogado Neto Valente é accionista em duas filiais da empresa Macauport – Sociedade de Administração de Portos, com participações que totalizam 2 mil patacas. Na filial Macauport-Sociedade de Administração do Terminal de Contentores, Lda., Neto Valente tem uma participação de 0,0083 por cento que representam mil patacas. O mesmo sucede na filial Macauport Transportes Terrestres, Lda., em que a participação surge com um valor de mil patacas, ou seja, um por cento do capital social.
“A
S autoridades ainda não conseguiram dar informações sobre o número de agentes destacados, das pessoas interceptadas e das levadas para a esquadra”, diz Sulu Sou numa interpelação oral submetida à Assembleia Legislativa. O deputado questionou se as autoridades reconhecem que houve “violação de disposições legais” em relação aos eventos da noite de 4 de Junho. Além disso, quer que se clarifiquem as definições
MACAUPORT JOSÉ CHUI SAI PENG É PRESIDENTE DO CONSELHO FISCAL
Estava mesmo ali ao lado
Uma comissão da AL, presidida por Si Ka Lon, analisou no início do mês o preço dos combustíveis. Os deputados referiram não saber quem eram os accionistas da empresa gestora do porto de armazenamento. Afinal, o presidente do Conselho Fiscal da empresa é deputado nessa comissão com a possibilidade de a empresa estatal chinesa ter o monopólio do armazenamento dos combustíveis. No entanto, dados revelados ontem pelo Governo sobre as empresas com capitais públicos mostram que para ficarem conhecedores da estrutura da empresa, os deputados só tinham de perguntar a um dos membros da própria comissão: José Chui Sai Peng. Isto porque o deputado e primo de Chui Sai On, anterior Chefe do Executivo, é o presidente do Conselho Fiscal da sociedade em questão. Quanto à estrutura accionista da Macauport – Sociedade de Administração de Portos a informação disponibilizada através do portal do Gabinete para o Planeamento da Supervisão dos Activos Públicos mostra que a petrolífera estatal Nam Kwong tem uma
participação minoritária, com 12 por cento, o que representa 14,4 milhões de patacas. Também o ramo local da multinacional Shell tem acções na empresa que gere o porto de armazenamento em Ká Hó, com 1 milhão de patacas, ou 0,83 por cento.
LEGADO DE STANLEY HO
Apesar das dúvidas na Assembleia Legislativa, a maior accionista da Macauport é uma empresa com o nome Marban Corporation, registada no paraíso fiscal das Bahamas. A Marban tem uma participação de 55 por cento, que equivale a 66,2 milhões de patacas. Contudo, o facto de o conselho de administração, mesa assembleia geral e comissão executiva serem dominados pelas filhas de Stanley Ho, Pansy e Daisy, além da pre-
Em câmara lenta
Sulu Sou acusa dirigentes da polícia de “falta de inteligência política”
de reunião, manifestação e desfile, de forma a “evitar suspeitas de abuso do conceito de ‘reunião ilegal’ para reprimir o mero exercício dos direitos de petição, à crítica e de liberdade de expressão por parte dos residentes”. “Os dirigentes da Polícia têm falta de inteligência
GONÇALO LOBO PINHEIRO
A
Comissão de Acompanhamento para os Assuntos da Administração Pública reuniu-se no passado dia 9 de Julho para analisar o preço dos combustíveis. No final, na conferência de imprensa, Si Ka Lon, disse que não conhecia os accionista da Macauport – Sociedade de Administração de Portos, S.A., empresa que gere o porto de armazenamento em Ká Hó. “A Nam Kwong é uma das accionistas, mas não sabemos a percentagem, nem quem são os outros accionistas e a participação do Governo”, respondeu o presidente da comissão da Assembleia Legislativa, quando confrontado
política e distorcem a lei que salvaguarda os direitos fundamentais dos residentes para reprimir esses direitos, chegando mesmo a interpretar erradamente a decisão do tribunal que visa garantir o direito de reunião e de manifestação. Originaram um ‘desastre’ difícil de resolver e empurraram os agentes da
José Chui Sai Peng
sença de Ambrose So, histórico aliado do magnata, apontam para um controlo por parte dos descendentes do Rei do Jogo. A participação do Governo da RAEM é de 31,8 por cento, no valor
linha da frente para resolverem as disputas com os cidadãos”, aponta. Na interpelação, Sulu Sou quer saber se o Governo reconhece dualidade de critérios no tratamento de reuniões e manifestações, e eventos de grande envergadura. Dá como exemplos a exposição do festival da flor de lótus, as regatas de barcos-dragão e os simulacros de tufão. E questiona se há uma tendência para aumentar a não permissão de reuniões e manifestações.
de 38,2 milhões de patacas. O Executivo está representado na companhia pelo ex-director dos Serviços de Protecção Ambiental, Vai Hoi Ieong.
O deputado declara que a população questiona a força das autoridades e os critérios usados na aplicação da lei, e argumenta que o “incidente infeliz” na noite de 4 de Junho se deveu ao erro da proibição “de forma radical de uma reunião pacífica sobre a qual o organizador estava disposto a negociar melhor arranjo”. Recordou ainda a alegação inicial da polícia de que o evento de apoio à lei da segurança nacional em Hong Kong se tratava apenas de um desfile. A iniciativa
João Santos Filipe
joaof@hojemacau.com.mo
decorreu no dia seguinte aquele em que habitualmente se realizava a vigília em memória do massacre de Tiananmen, e acabou por ser denunciado pela polícia. Uma decisão que Sulu Sou atribui às críticas do público. No entender do pró-democracia, as autoridades não cumprem ainda plenamente os deveres de apoio dos direitos humanos aos cidadãos. S.F.
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RÓMULO SANTOS
30.7.2020 quinta-feira
AACM Drones proibidos durante passeios de helicóptero
COVID-19 DISTRIBUIÇÃO DE MÁSCARAS PASSA A SER FEITA PARA 30 DIAS
Ajustes de época
A nova ronda de venda de máscaras arranca já amanhã. Um trabalhador de Macau foi detectado como infectado em Hong Kong, onde se encontra, e as autoridades acreditam que o contágio aconteceu na RAEHK
O
programa de venda de máscaras passa a ser feito para períodos de 30 dias, ao invés dos actuais 10 dias. A alteração foi revelada ontem, pelo médico Alvis Lo, durante a conferência dos Serviços de Saúde (SSM) sobre a pandemia, e arranca com o período de vendas que tem início amanhã. “O período da venda passa de 10 dias para 30 dias, ou seja, o período para a compra vai ser entre 31 de Julho e 29 de Agosto. Cada pessoa vai poder adquirir 30 máscaras pelo preço de 24 patacas”, afirmou Alvis Lo. “As 19 vendas anteriores correram bem, por isso decidimos alargar o período para 30 dias e garantimos que todas as
pessoas vão ter acesso à compra de máscaras”, acrescentou. Por sua vez, a coordenadora do Núcleo de Prevenção e Doenças Infecciosas e Vigilância da Doença, Leong Iek Hou, apelou à população para não correr às farmácias e apontou que a nova medida permite evitar concentração de pessoas nos postos de venda. “As pessoas já estão muito familiarizadas com este sistema de
venda, por isso para evitarmos as deslocações a cada 10 dias e o aglomerado de pessoas vamos aumentar o período de venda”, justificou. Quanto às máscaras para crianças com idades entre os 5 e os 8 anos, os pais vão poder optar por três modalidades: 30 máscaras para criança; 15 para criança e 15 para adulto; ou ainda 30 máscaras de adulto. Já para as crianças mais novas, com idades
“As pessoas já estão muito familiarizadas com este sistema de venda, por isso para evitarmos as deslocações a cada 10 dias e o aglomerado de pessoas vamos aumentar o período de venda.”
entre os 3 e 4 anos, a compra pode ser de 15 máscaras de crianças e 15 de adulto ou 30 para adulto. Os 84 postos de venda não sofrem alterações.
TRABALHADOR INFECTADO
Ainda em relação à pandemia, as autoridades foram informadas pela congénere de Hong Kong que um trabalhador de Macau ficou infectado quando foi visitar a família à RAEHK. O homem de 62 anos, que é decorador de interiores, saiu da RAEM a 11 de Julho com um teste de ácido nucleico negativo, que tinha sido realizado no dia anterior. Contudo, no dia 17 de Julho, já em Hong Kong, acabou por ser confirmado como infectado. Posteriormente, também a mulher e o filho foram confirmados como infectados. As autoridades de Macau acreditam que a infecção aconteceu em Hong Kong, no contacto com familiares. Uma versão igualmente assumida na RAEHK, contou ontem a médica Leong Iek Hou. A mulher trabalhou num restaurante de Hong Kong, onde foram identificados vários casos comunitários na região vizinha. João Santos Filipe
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LEONG IEK HOU MÉDICA
HOTELARIA OCUPAÇÃO CAIU 77,6 PONTOS PERCENTUAIS EM JUNHO
A
ocupação hoteleira em Macau fixou-se em 12,3 por cento em Junho e 27,2 por cento no primeiro semestre, menos 77,6 e 63,9 pontos percentuais, respectivamente, comparando com os períodos homólogos de 2019, informaram ontem as autoridades. No primeiro semestre de 2020, segundo a Direcção dos Serviços de Estatística
e Censos (DSEC), “os hotéis e pensões hospedaram 1.830.000 indivíduos, menos 73,5 por cento, face ao idêntico semestre de 2019, enquanto o período médio de permanência dos hóspedes correspondeu a 1,7 noites, mais 0,2 noites”. Já no mês de Junho, “os hotéis e pensões hospedaram 134.000 indivíduos, menos 88 por cento”, detalharam as autoridades.
Os hotéis de cinco estrelas foram os que registaram o maior impacto face à ausência de turistas devido à pandemia da covid-19: menos 84,7 pontos percentuais no mês de Junho, ficando
apenas com uma taxa de ocupação de 5,5 por cento. Devido às restrições fronteiriças ainda em vigor, os números de hóspedes da China (67 mil) e de Hong Kong (11 mil) desceram mais de 90 por cento, em termos anuais, acrescentou a DSEC em comunicado. No mês de Junho, explicou a DSEC, “não se registou nenhum visitante em excur-
sões no território, devido à manutenção das medidas de quarentena à entrada”. “No primeiro semestre de 2020 o número de visitantes em excursões totalizou 253.000, menos 94,9 por cento, face ao semestre homólogo de 2019”, concluiu. Em 2019, mais de 14 milhões de pessoas ficaram alojadas nos hotéis e pensões de Macau.
A Autoridade de Aviação Civil de Macau (AACM) informou ontem que passa a estar proibida a utilização de drones “em algumas zonas de Macau” durante os passeios turísticos de helicóptero, “a fim de garantir que os passeios decorrem num ambiente seguro”. A proibição de utilização vigora entre as 14h e as 18h, entre quarta-feira e domingo, a partir desta sexta-feira e até ao dia 30 de Agosto. As viagens de helicóptero fazem parte da iniciativa da Direcção dos Serviços de Turismo intitulada “Vamos! Macau” e decorrem essencialmente nas zonas da Taipa e Coloane. O não cumprimento da regra decretada pela AACM incorre numa multa que pode ir de 2 a 20 mil patacas.
Macau Pass Cobranças de comissões podem chegar a 14 milhões
A Macau Pass tem autorização do Governo para cobrar uma comissão de 0,5 por cento nas transacções com o cartão de consumo na segunda fase, que envolve um montante de 5 mil patacas por residente. Este aspecto foi confirmado ontem por Lei Wai Nong, secretário para a Economia e Finanças, de acordo com as declarações citadas pela imprensa em língua chinesa. No mesmo depoimento, Lei afirmou ter esperança de que o custo extra seja suportado pelos vendedores, em vez dos consumidores. Segundo os dados do Governo, até 1 de Maio tinham sido levantados cerca de 576 mil cartões de consumo, que vão permitir um consumo de 5.000 patacas, num total de 2,8 mil milhões de patacas. Se todo este montante for utilizado, a Macau Pass vai receber 14,4 milhões de patacas.
Zhongshan Retirada isenção de quarentena a um homem
As autoridades de Zhongshan anularam a isenção do cumprimento de quarentena de 14 dias a um homem por este ter viajado para outra província chinesa sem autorização. Segundo o jornal Ou Mun, o homem, de apelido Lo, voltou para Zhongshan a partir de Macau no dia18 de Julho, mas viajou para a província de Guanxi para visitar alguns familiares. No dia 23 de Julho, Lo regressou, também de comboio, para o sul de Guangzhou e viajou depois de carro até Zhongshan.
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quinta-feira 30.7.2020
TAIPA PEDIDA MAIOR RAPIDEZ NO DESENVOLVIMENTO DE TERRENOS
L CEM Dúvidas sobre preços esclarecidas por via telefónica
Nos últimos dias surgiram várias queixas online contra a Companhia de Electricidade de Macau (CEM) em que eram questionados os preços praticados, por ser considerado que estava a haver cobrança excessiva. Face a estas queixas, e em resposta ao jornal Cidadão, a CEM afirmou que está atenta à polémica, mas que apenas foi contactada directamente por poucos clientes. Em relação às dúvidas sobre o método de cálculo do consumo, a empresa explicou que a estimativa com base no valor de consumo anual é a última solução, quando não se consegue entrar nos apartamentos ou contactar com os donos das fracções. Já em declarações ao Macau Concealers, a CEM indicou que o consumo electrónico geral caiu nos últimos meses, mas que o aumento do gasto de algumas famílias se deve ao facto de passarem mais tempo em casa.
EONG Hong Sai, presidente da direcção da Associação Promotora para o Desenvolvimento da Comunidade da Taipa, defendeu que o Governo deve incentivar os concessionários dos terrenos situados na zona norte da Taipa a desenvolver os mesmos. Segundo o jornal Ou Mun, o mesmo responsável lembrou que, nos últimos anos, o Conselho do Planeamento Urba-
nístico tem vindo a aprovar projectos para vários lotes de terreno, mas a maioria das obras não teve qualquer desenvolvimento. Desta forma, Leong Hong Sai exige explicações ao Governo pelo atraso no aproveitamento dos terrenos. Em 2013 o Governo apresentou uma proposta de actualização relativa ao Plano de Ordenamento Urbanístico da Zona Norte da Taipa, com o objec-
tivo de incentivar os concessionários a desenvolver os terrenos. No entanto, apenas foram concluídos os projectos de habitação pública do Edifício do Lago e Edifício Iat Seng. Leong Hong Sai defende que, além de incentivar ao avanço nas obras, o Governo tem a responsabilidade de supervisionar a limpeza e manutenção dos estaleiros de construção civil.
CRIME AUTORIDADES DA MALÁSIA DIZEM QUE JHO LOW ESTÁ EM MACAU
Destino de fuga
O Inspector-Geral da polícia da Malásia, Tan Sri Abdul Hamid Bador, disse que Jho Low está em Macau e que os seus familiares estão em Hong Kong
MEMÓRIAS RECENTES
Não é a primeira vez que é apontada a presença de Jho Low em Macau. Em 2018, as autoridades da Malásia disseram que o fugitivo estava no território. Posteriormente, informaram ter recebido informações de Macau em como Jho Low já teria saído do território, uma posição tomada depois de Macau ter desmentido as informações. A Polícia Judiciária chegou a emitir um comunicado a lamentar a postura da congénere malaia.
UM António José de Freitas no Conselho da Universidade até 2023
O Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, assinou um despacho, publicado ontem em Boletim Oficial (BO), que dá conta da nomeação dos membros do Conselho da Universidade de Macau (UM), a partir do dia 1 de Agosto e até 31 de Julho de 2023. A novidade é a nomeação de António José de Freitas, provedor da Santa Casa da Misericórdia de Macau, e António Chui, dirigente da Associação Industrial de Macau. O ex-deputado Dominic Sio e o director-executivo do Banco Nacional Ultramarino, Tou Kei San, também passam a fazer parte do Conselho da UM. De saída deste órgão estão nomes como Wong Chong Fat, Stanley Au, Leong Heng Teng, Eric Yeung e Choi Koon Shum. Peter Lam mantém-se como presidente do Conselho, sendo apoiado na vice-presidência por Lei Pui Lam e Patrick Huen Wing Ming. Nomes como Anabela Ritchie, Frederico Ma, Vong Hin Fai, Chui Sai Peng, entre outros, mantêm-se como membros do Conselho.
entrou em Macau depois de ter sido localizado na Tailândia, tendo fugido para a RAEM depois do anúncio dos resultados das eleições gerais. Além da alegada compra de propriedades no território, terá tentado adquirir outras em Chipre, e terão sido detectadas propriedades dele e da família em Kuala Lumpur e Penang. Jho Low está em fuga há vários anos, e é procurado por um crime de desfalque de fundos públicos, que envolve a companhia 1Malaysia Development Berhad (1MBD). Um caso denunciado em 2015.
O Malay Mail noticiou que o Inspector-Geral disse que o fugitivo entrou em Macau depois de ter sido localizado na Tailândia, tendo fugido para a RAEM depois do anúncio dos resultados das eleições gerais
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UDO aponta para que o fugitivo acusado de crimes financeiros Low Taek Jho esteja escondido em Macau. A informação foi avançada ontem por órgãos de comunicação social da Malásia, com base em dados prestados pelas autoridades do país.
De acordo com o jornal local The Star, o Inspector-Geral da polícia da Malásia, Tan SriAbdul Hamid Bador, disse que Low Taek Jho – mais conhecido por Jho Low – fez transacções durante a sua permanência no território. E garantiu que “estão a ser feitos todos os esforços para o localizar e trazer à justiça”. Hamid acrescentou
ainda que os familiares de Jho Low se estão a mover livremente em Hong Kong. As autoridades do país do Sudeste Asiático estarão a trabalhar silenciosamente para recuperar os fundos bem como para levar Jho Low de regresso à Malásia. O Malay Mail noticiou que o Inspector-Geral disse que o fugitivo
Na semana passada, a BBC noticiou que a Goldman Sachs, acusada na Malásia de ter induzido em erro investidores quando ajudou a angariar dinheiro para o fundo de desenvolvimento, chegou a um acordo de 3,9 mil milhões de dólares com o Governo da Malásia pelo seu papel no esquema de corrupção.
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AFA YVES ÉTIENNE SONOLET APRESENTA TRABALHO SOBRE A EFEMERIDADE DA VIDA
“Evitamos pensar sobre a morte’’
“I’ll Be Gone, You’ll Be Gone - Works by Yves Étienne Sonolet” é o nome da nova exposição do artista francês radicado em Macau, que será inaugurada esta sexta-feira no Tak Chun Macau Art Garden, espaço da AFA (Art for All Society). Os trabalhos, que vão da fotografia à instalação de vídeo, retratam as relações humanas e a efemeridade da existência
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V E S Étienne Sonolet, artista francês radicado em Macau desde 2008, está de regresso às exposições pela mão da AFA - Art for All Society. A exposição “I’ll Be Gone, You’ll Be Gone - Works by Yves Étienne Sonolet” é inaugurada esta sexta-feira, pelas 18h30, no espaço Tak Chun Macau Art Garden e conta com curadoria de Alice Kok. Desta vez, o artista resolveu abordar a complexidade das relações humanas e a ideia de que somos, afinal, mortais, e que vivemos demasiado no presente, sem pensar no amanhã. A exposição tem como base a obra “A Invenção do Quotidiano”, de Michel de Certeau. Ao HM, Yves Étienne Sonolet confessa que a ideia por detrás do título da exposição constitui, desde logo, uma “contradição entre duas coisas que podem ser opostas”. Isto porque “há uma ideia que nos remete para a morte, mas ao mesmo tempo existe a ideia de que as pessoas não se preocupam com o futuro e vivemos como se não houvesse amanhã”. “É a ideia de que aquilo que fazemos não importa verdadeiramente, porque na altura os problemas irão desaparecer. Há um sentimento de indiferença em relação às coisas do dia-a-dia”, frisou o artista, que procurou trazer para esta exposição uma diversidade de trabalhos. “Tentei reunir alguns trabalhos que fazem um diálogo entre si, há fotografia, instalação de vídeo e alguma interactividade entre os vídeos”. Para o artista, “I’ll Be Gone, You’ll Be Gone” é, sobretudo, uma mostra “sobre relações entre pessoas”, e um dos trabalhos que espelha isso é “Possible Paths”, filmado junto às Ruínas de São Paulo vazias, ou seja, em tempos de pandemia. “Não é normal ir lá num dia de semana e não ver ninguém, então filmei [no local] nesta altura, mas sempre a partir do mesmo ângulo. Fiz depois um filme a usar essas imagens, recriando uma multidão com as imagens capturadas das pessoas.” Com esta exposição, Yves Étienne Sonolet quer que “os trabalhos falem entre si”, sempre com uma mensagem relativa à forma como as pessoas se representam e posicionam no seu mundo. “Não é uma exposição de pintura apenas, mas é mais um conjunto de coisas que estão rela-
Não quero que pensem exactamente como eu, mas que tentem encontrar um equilíbrio. Quero proporcionar uma espécie de janela através da qual as pessoas possam olhar e, a partir das suas próprias experiências, possam tirar um significado”, concluiu. Nas palavras da curadora Alice Kok, o artista francês é alguém com uma variedade de interesses que passam pela sociologia, política, tecnologia, arte ou cultura. “Yves tem um incrível talento para a imaginação e para o humor, com base nas coisas das quais retira prazer através da ‘apropriação’ de objectos aborrecidos do quotidiano, tal como transformar maços de cigarros vazios numa máquina de karaoke”, numa referência à obra “Until the End of Time”. Andreia Sofia Silva
andreia.silva@hojemacau.com.mo
Museus Visitas guiadas regressam em Agosto
Yves Étienne Sonolet, artista “Quero proporcionar uma espécie de janela através da qual as pessoas possam olhar e, a partir das suas próprias experiências, possam tirar um significado.”
cionadas. O que acho interessante é essa relação, são representações artísticas diferentes e há algo de interactivo nisso”, frisou.
MORTE VS VIDA
Ao expor trabalhos que reflectem sobre as relações humanas, Yves Étienne Sonolet assume pertencer a esta efemeridade. “Considero-me parte de tudo isto. Estamos apenas a evitar pensar sobre a morte. Esta é a grande preocupação, pois todos
sabemos que vamos morrer. Nesse sentido temos muitas formas de nos distrairmos, pode ser uma das razões [pelas quais vivemos como se não houvesse amanhã]. Não faz sentido pensar em tudo com muita antecedência.” O artista fala de uma outra obra, intitulada “Until the End of Time”, onde surge uma pessoa, sozinha, a cantar a música “Love me Tender” de Elvis Presley. “A pessoa canta sozinha e é algo que sabemos que vai
acontecer. Há [na exposição] algum sentido de humor também, espero.” Parte da exposição começou a ser pensada antes do surgimento da pandemia da covid-19, e apenas dois trabalhos foram feitos já em tempos de confinamento. Agora, o artista espera que as pessoas consigam estabelecer alguma ligação às obras que vão ver. “Há uma ideia de que a arte não é apenas para nós, mas também serve para mostrar algo às pessoas.
O Instituto Cultural (IC) anunciou ontem que, a partir do dia 1 de Agosto, sábado, serão retomadas as visitas guiadas aos espaços museológicos como o Museu de Macau, o Museu de Arte de Macau, as Casas da Taipa, o Museu da História da Taipa e Coloane e o Museu Memorial de Xian Xinghai. Relativamente ao Museu das Ofertas sobre a Transferência de Soberania de Macau, serão organizadas apenas visitas guiadas em grupos organizados. O número de participantes nas visitas guiadas para o público será limitado a um máximo de 10, enquanto as visitas guiadas de grupos serão limitadas a 15 ou 20 participantes. A programação das visitas guiadas para o público e o método de reserva para as visitas guiadas em grupo permanecem inalteradas. A fim de garantir a segurança de todos os participantes, devido à pandemia da covid-19, o IC reforçou a limpeza e desinfecção de todas as instalações, sendo obrigatório o uso de máscara e a medição da temperatura corporal.
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30.7.2020 quinta-feira
Embora a previsão para 2020 represente a menor taxa de crescimento desde 1976, a expansão de 7,9 por cento em 2021 seria a maior desde 2012, depois de em 2011 a economia da China ter crescido 9,6 por cento
BM ECONOMIA AUMENTA 1,6% ESTE ANO E 7,9% EM 2021
Crescer em tempo de crise Apesar dos riscos inerentes ao desenvolvimento da crise pandémica e das tensões entre a China e os Estados Unidos, as previsões do Banco Mundial apontam para um crescimento económico no país em 2021 de quase 8 por cento só ultrapassado pelos números de 2012
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economia da China vai crescer 1,6 por cento este ano, a taxa mais baixa desde 1976, devido ao impacto da pandemia da covid-19, mas expandirá 7,9 por cento em 2021, segundo as projecções
actualizadas do Banco Mundial (BM) ontem divulgadas. Embora a previsão para 2020 represente a menor taxa de crescimento desde 1976, a expansão de 7,9 por cento em 2021 seria a maior desde 2012, depois de em 2011 a economia da China
ter crescido 9,6 por cento. A taxa de crescimento do Produto Interno Bruto é medida em termos homólogos. A previsão do Banco Mundial não difere muito das mais recentes estimativas feitas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), PUB
que prevê um avanço menor em 2020, de 1 por cento, mas maior para o ano seguinte, alcançando os 8,2 por cento. O Banco Mundial considerou que as condições económicas “mudaram dramaticamente” desde o início da pandemia, visto que o impacto da covid-19 e as medidas adoptadas para conter o surto “provocaram um choque combinado na procura e na oferta”. “Embora as restrições na oferta tenham diminuído, a fraca procura interna e externa continua a travar o ritmo da recuperação [económica], apesar das medidas adoptadas”, afirmou a agência. O Banco Mundial advertiu que o crescimento dos rendimentos das famílias e a taxa de eliminação da pobreza vão desacelerar na China, prevendo-se entre 8 a 20 milhões a menos de pessoas que vão sair da pobreza extrema no país este ano. “Embora os riscos sejam excepcionalmente altos, com boas políticas, eles podem ser parcialmente reduzidos”, explicou o director do Banco Mundial na China, Martin Raiser. Pequim deve apostar em reorientar a economia para um crescimento “mais inclusivo, sustentável e verde”, porque a pandemia “expôs profundamente as fraquezas económicas, sociais e ambientais” do país. “A recuperação oferece uma oportunidade para acelerar o progresso em direção a essas metas”, disse o representante da instituição no país asiático.
RISCOS E LACUNAS
O Banco Mundial considerou o desenvolvimento do surto da covid-19 e as tensões da China com os seus parceiros comerciais, especialmente os Estados Unidos, como os dois principais desafios para a economia chinesa. A possibilidade de uma recessão prolongada em todo o mundo é outro risco. A entidade pede a Pequim que mantenha as suas políticas monetárias e financeiras flexíveis para “garantir liquidez” na economia. O economista-chefe do Banco Mundial para a China, Sebastian Eckardt, destacou a “necessidade de fechar a lacuna na segurança social do país para apoiar os trabalhadores e as famílias afectadas, além de minimizar a fraqueza persistente no consumo doméstico”.
BAII XI JINPING INCENTIVA AO DESENVOLVIMENTO DO BANCO ASIÁTICO DE INVESTIMENTO
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Presidente chinês pediu na terça-feira que o Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura (BAII) seja uma nova plataforma que promova o desenvolvimento de todos os seus membros e facilite a construção de uma comunidade com um futuro compartilhado para a humanidade, indicou a Xinhua. Xi Jinping fez estas declarações por vídeo-conferência na cerimónia de abertura da 5ª reunião anual do banco multilateral de desenvolvimento. O BAII, proposto por Xi JInping no final de 2013, foi lançado oficial-
mente em Janeiro de 2016. “A iniciativa foi projectada para desenvolver a infraestrutura e a conectividade na Ásia e aprofundar a cooperação regional para o desenvolvimento compartilhado”, disse o Presidente chinês. Dos 57 membros fundadores aos actuais 102 membros, que abrangem seis continentes da Ásia, Europa, África, América do Norte, América do Sul e Oceania, o BAII cresceu de força em força e forneceu quase 20 mil milhões de dólares para investimentos em infraestrutura aos seus membros.
HONG KONG RETALIAÇÃO DA UNIÃO EUROPEIA CONDENADA
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China condenou ontem as medidas adoptadas pela União Europeia (UE) em resposta à nova lei de segurança nacional imposta por Pequim a Hong Kong. Na terça-feira, a UE decidiu limitar as exportações de equipamentos utilizáveis para a vigilância e aplicação da lei em Hong Kong, como medida punitiva contra as intenções de Pequim. Os 27 países também concordaram em apoiar a população da ex-colónia britânica, facilitando a sua viagem para a Europa, através da concessão de vistos, bolsas de estudo e intercâmbios académicos. Em resposta, Pequim rejeitou ontem que a UE procure “interferir” nos seus assuntos internos. “As medidas da UE violam os padrões básicos do di-
reito internacional”, disse Wang Wenbin, porta-voz da diplomacia chinesa, acrescentando que o seu Governo irá apresentar protestos formais contra a comunidade europeia. A acção da UE foi tomada após a imposição, em 30 de Junho, da lei de segurança nacional em Hong Kong, que tem sido alvo de duras contestações internas e críticas da comunidade internacional.
Diplomacia Pequim diz que vai responder “firme” e “racionalmente” aos EUA
O ministro dos Negócios Estrangeiros da China disse ontem que o país responderá “firme” e “racionalmente” aos ataques dos Estados Unidos, e instou o mundo a opor-se a “qualquer acto unilateral ou hegemónico” de Washington. Durante uma conversa por telefone com o homólogo francês, Jean-Yves Le Drian, Wang Yi disse que os EUA “abandonaram o mínimo de bom senso” nas relações bilaterais e “violaram os princípios mais básicos das relações internacionais”, apontando o dedo à actual administração norte-americana, liderada pelo Presidente Donald Trump. “Tolerar um agressor não manterá ninguém seguro, mas fará apenas com que este se comporte de maneira mais ousada e aja pior”, disse Wang, citado pela agência noticiosa oficial Xinhua.
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quinta-feira 30.7.2020
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Covid a disparar Casos na Índia aumentam mais de meio milhão em 12 dias
REUTERS
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Índia registou mais de meio milhão de casos de covid-19 em 12 dias, ultrapassando a barreira de 1,5 milhões de infectados, o que coloca o país como o terceiro mais afectado no mundo, foi ontem anunciado. Os dados divulgados ontem pelo Ministério da Saúde e Bem-Estar da Família da Índia referem ter sido detectados 12.459 novos casos de infecção pelo novo coronavírus só nas últimas 24 horas, elevando o número total de infectados para 1.531.669. Do total de infectados, 34.193 pessoas já morreram, 768 das quais nas últimas 24 horas. Com uma curva de infecção ainda fora de controlo, o segundo país mais populoso do mundo com cerca de 1,3 mil milhões de habitantes -, detectou mais de meio milhão de casos desde 17 de Julho, altura em que a Índia já ultrapassava um milhão de infectados. O país multiplicou ainda por quase seis o número de infecções registadas desde o início de Junho, quando o Governo decidiu começar a levantar as restrições do confinamento. O Governo indiano sublinha, no entanto, a baixa taxa de mortalidade, que ronda 15 vítimas por milhão de habitantes, e destaca a
O país multiplicou ainda por quase seis o número de infecções registadas desde o início de Junho, quando o Governo decidiu começar a levantar as restrições do confinamento
taxa de recuperação de 64,5 por cento, com mais de 988.000 doentes já curados, e a sua estratégia de testes. Segundo dados do Conselho de Pesquisa Médica da Índia, foram realizados 17,7 milhões de testes até agora e estão a ser feitos mais de 400.000 por dia. Embora algumas regiões tenham voltado a impor confinamentos parciais, como a cidade oriental de Calcutá, o Governo central ainda não se pronunciou. O Executivo terá, no entanto, de se pronunciar ainda esta semana, já que a fase dois de ‘desconfinamento’ termina em 31 de Julho. Até lá, o Governo terá de decidir se deve continuar a reduzir as restrições - que nesta fase afectam apenas as actividades que concentram um grande número de pessoas, como teatros, ginásios ou o metropolitano - ou voltar a impô-las a partir de Agosto. A região indiana mais afectada pela pandemia é o oeste de Maharashtra, com 391.440 casos e 14.165 mortes, com incidência especial nos bairros mais pobres da capital local, que é também a capital financeira do país: Bombaim. Nesses bairros de lata, conhecidos como ‘slums’, 57 por cento da população foi exposta ao coronavírus, segundo dados da primeira
fase de um estudo realizado pelas autoridades locais. A maior incidência nos ‘slums’ “pode dever-se à densidade populacional e ao facto de os habitantes terem menos acesso a medidas de higiene e partilharem várias instalações, como por exemplo as casas de banho”, explicou um dos investigadores do estudo, Sandeep Juneja.
NO PÓDIO
Um outro estudo indicou, na semana passada, que, em Nova Deli, o segundo território mais afectado pela pandemia na Índia, com 132.275 casos e 3.881 mortes, 23,48 por cento dos seus quase 18 milhões de habitantes foram expostos ao coronavírus. A pandemia de covid-19 já provocou mais de 654 mil mortos e infectou mais de 16,5 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP. A Índia é o terceiro país do mundo em número de infectados, depois dos Estados Unidos (com 149.085 mortos e quase 4,3 milhões de infectados) e do Brasil (88.539 mortos e mais de 2,4 milhões de infectados).
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retrovisor Luís Carmelo
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30.7.2020 quinta-feira
No vale dos afectos, ninguém está seguro
Que o resto ortigas o cobrem
ARX, Darwin e Freud descobriram, cada um a seu modo, que a história era uma mentira. Causaram, por isso mesmo, atordoamentos a muitas gerações. Nos nossos dias, estes curiosíssimos prodígios já são raros ou mesmo inexistentes. Ninguém hoje verdadeiramente se incomoda com as vertigens que nos ligam ao passado, nem com os sonhos que projectariam as cores do arco-íris nas telas do futuro. Vivemos tempos paródicos que levam muito boa gente a crer que a contaminação pandémica é coisa de fábula noctívaga e que a Europa, uma das últimas utopias, se tornou no vulcão siciliano de que Júlio Verne se esqueceu em casa. Ao contrário da minha gata, a internet não sabe falar, mas se falasse talvez nos confidenciasse que a história é de facto uma mentira pegada, coisa de ‘stand-up’. Tratá-la-ia por larva, o que em biologia corresponde ao estágio imaturo pré-embrionário de um animal que ainda não atingiu a sua maturação sexual. Nos tempos em que vivemos, mentir deixou de ser um problema. Acabámos de chegar à maturação celestial. Trump fê-lo três mil vezes no ano passado, segundo a CNN. Mente tão avidamente que a mentira deixou de ter sentido. Todos sabemos que a mentira atrai dimensões de actor, não é verdade? Searle caracterizou na mentira uma coexistência entre a dimensão da fraude e a dimensão de uma encenação em que não transparece qualquer intenção de enganar. O dizer-verdadeiro é, em última análise, um fazer-crer ou, se se preferir, um pacto como aquele de quem lê ficção e exige do lado do escritor verosimilhança. Tal como os delírios de Derrida deram a ver em Histoire du mensonge, é praticamente impossível provar que alguém mente, mesmo que seja óbvio que não tenha dito a verdade. Torna-se sempre plausível alegar múltiplas alternativas entre o que foi dito, o que haveria a dizer, o que se quereria dizer, os efeitos do que se terá dito, o contexto do parece ter sido dito, a intenção inicial, a objecção intermédia, o furação da véspera, o mal-estar intestinal, etc, etc. Moral da história: a retórica do dia-a-dia é um jogo de damas sem tabus, nem tabuleiro. Pondo de lado estas considerações próprias de quem anda de jacto privado no Atlântico à procura de deus, convém, no entanto, referir que a verdade adoe-
ceu. Estará mesmo em coma, segundo as autoridades sanitárias. Pessoas inteligentes como o senhor Foucault já o tinham previsto há mais de quatro décadas. Vejamos: a verdade centra-se em discursos legitimadores, porque necessita constantemente de bases, sejam elas institucionais, científicas ou tão-só de sujeitos que ainda consigam defender que a terra não é plana; submete-se à incitação dos mil poderes que vincam as sociedades com dentes cerrados; depende das escalas de difusão e de consumo (veja-se o caso da publicidade pós-‘lateral thinking’), para além de ser veiculada através de máquinas sociais que ninguém controla ao modo dos carrinhos de choque. A rematar, segue-se a apoteose final: a verdade passou a respirar a bordo de um mundo onde o sentido (ou a sua ausência) passou a ter muito mais força do que ela própria, coitada. Num território que se veja ao espelho como livre, ou seja, que não caiba em cabecinhas como as de um Erdogan ou de um Putin, a verdade viverá inevitavelmente num mexido aquário de posições e de possibilidades cruzadas. A contaminação andará sempre por ali exposta ao virar da esquina. Isto de ser livre tem o seu preço e o seu peso, já se sabe. De qualquer maneira, tal como Hannah Arendt deixou escrito, convenhamos que as mentiras foram sempre consideradas como “ferramentas para o estado e para os estadistas”, ainda que, “quanto mais bem sucedido for um mentiroso, maior será a probabilidade de que acabe por ser vítima das suas próprias invenções”. Não iria tão longe, pois o meu optimismo é muitíssimo mais reservado. Talvez a palavra final de Fernando Pessoa aclare este mistério que tanto nos atiça a urgência de mentir: “Se tudo o que há é mentira,/ É mentira tudo o que há./ De nada nada se tira,/ A nada nada se dá.” (...) “Mais vale é o mais valer,/ Que o resto ortigas o cobrem/ E só se cumpra o dever/ Para que as palavras sobrem.”.
JOSÉ M. RODRIGUES
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Ao contrário da minha gata, a internet não sabe falar, mas se falasse talvez nos confidenciasse que a história é de facto uma mentira pegada, coisa de ‘stand-up’. Tratála-ia por larva, o que em biologia corresponde ao estágio imaturo pré-embrionário de um animal que ainda não atingiu a sua maturação sexual
Obras referidas nesta crónica: Arendt, H. Verdade e Política. Relógio d´Água, Lisboa, 1998. Derrida, J. Histoire du mensonge : Prolégomènes, Galilée, Paris, 2012. Foucault M. Microfísica do poder, Graal, S. Paulo, 1979. Pessoa, F. Poesias Inéditas (1930-1935). Ática, Lisboa, 1955. Searle, John R. Intencionalidade. Um ensaio da filosofia da mente. Relógio d´Água, Lisboa, 1999.
ARTES, LETRAS E IDEIAS 13
quinta-feira 30.7.2020
diário de Próspero
Exílios & Insílios
JOSEF KOLDELKA
António Cabrita
26/07/20
«Quem escreve está no exílio da escritura; é lá a sua pátria, onde não é profeta», cunhou Blanchot em L’Écriture du désastre. Eu sublinharia: onde precisamente não é profeta. Pelo que exilados seremos todos, desde que comandados pelo devaneio e por esse incessante ofuscamento de uma cicatriz na luz. Há vezes que dolorosa, de outras encontrando uma fraternidade na fuga. Talvez seja isto a escrita: uma fraternidade na fuga. Mas há exílios e exílios. Também o Ovídio, exilado em Tomis (na foz do Danúbio), encontrava um remédio para o seu mal-estar no sonambulismo da escrita. Trôpega, havia perdido o seu auditório e os Getas, junto dos quais estava exilado, não o compreendiam; ao cabo de uns anos sentiu que lhe encalhava o navio na língua, perdia a linguagem, secando-se-lhe a veia poética. Os seus poucos correspondentes suspeitavam que ele exagerava nas suas lamúrias. Quando se está longe e isolado, é difícil explicar que a distância amplifica o silêncio e vai tornando irreais, migratórios, até os espaços fisicos onde exercitamos a nossa ausência. A terra estrangeira, perguntava-se Robert Bolano, é ela uma realidade objectiva, geográfica, ou é antes de mais uma construção mental em movimento perpétuo? E no entanto, soube-o Segalen como ninguém, a nossa personalidade alimenta-se de tudo o que é o seu antípoda: «É pela Diferença, e no seio do Diverso que se exalta a existência». É bem verdade, e senti que isso actuou em mim como um anzol que foi ao fundo de mim repescar a maiêutica. Contudo, que cansaço. Neste meu afastamento intermitente tive o tempo e a oportunidade de ler textos magníficos sobre o exílio, o ensaio de Linda Lê, as observações de Edward
Said, os Diários de Gombrowicz, o texto laminar de Joseph Brodsky, donde tiro este excerto certeiro: «(...) se há algo de bom no exílio, é o facto de ensinar a humildade (...) o exílio é a lição suprema dessa virtude. E isso é especialmente precioso para um escritor porque lhe dá a perspectiva mais ampla possível. “E avanças em humanidade”, como disse Keats. Perder-se na humanidade, na multidão – multidão? – entre bilhões; tornar-se uma agulha naquele famoso palheiro – mas uma agulha que é procurada por alguém: é disso que se trata quando falamos de exílio. (...) Mede-te não por teus pares escritores, mas pela infinidade humana: é quase tão terrível quanto a inumana. É a partir daí que deves falar e não a partir da tua inveja ou ambição.» Chegaram-me estas notas por causa do livro que descobri hoje que o meu amigo Nazir Can havia lançado no Brasil sobre a literatura moçambicana e que se chama: O campo literário moçambicano: tradução do espaço e formas de insílio (Kapulana, 2020). Fiquei preso ao substantivo «insílio», cujo significado me instigava e resolvi averiguar, tendo descoberto que ganhou a armadura de um conceito muito explorado nos ensaios do sul-americano Mario Benedetti para identificar “a condição dos cidadãos que foram forçados por poderes coactivos a adotar uma atitude passiva e uma semi-impotência que os destitui de
sua autonomia moral e de sua iniciativa psicológica”. Para ter chamado a palavra à capa é porque Nazir encontrou em muitos textos essa característica, ao ponto de a desenvolver como chave e parece-me ser um achado para traduzir o indisfarçável mal-estar de grande parte da intelectualidade moçambicana, tal como aliás “a curiosa nostalgia do exílio em plena pátria” (Benedetti), muito presente no impasse que muito para além do Covid se faz sentir no quotidiano do país. Nós não nos libertamos de um hábito atirando-o pela janela: é preciso fazê-lo descer a escada, degrau por degrau, dizia Mark Twain - e poderíamos citar um hábito como o medo. Sem o ter lido, conhecendo-lhe a inteligência e a capacidade de análise suspeito que este livro estará para Moçambique como Labirinto da Saudade, de Eduardo Lourenço, esteve para Portugal, e espero que o livro se possa comprar em Maputo.
27/07/2000
A caixa com livros estava na varanda. Abria-a e o livro que estava por cima era A Festa de Babete, de Karen Blixen. Estava o frescor que acaricia as têmporas e lhes dá a agudez da atenção. Resolvi ler finalmente a História Imortal, por causa do Orson Welles (filme que nunca vi). Fui ao guarda-fato vestir um blusão
Sentei-me na varanda a ler a pequena novela. Foi como visitar uma casa mobilada com biombos que o vento vai trocando de lugar. Depois disto só um iogurte de cerejas, coisa impossível de arranjar por estas bandas. Absolutamente devastador...
e sentei-me na varanda a ler a pequena novela. Foi como visitar uma casa mobilada com biombos que o vento vai trocando de lugar. Depois disto só um iogurte de cerejas, coisa impossível de arranjar por estas bandas. Absolutamente devastador...
28/07/20
A cultura de massas é o resultado de uma arte combinatória de tudo o que já foi assimilado. As belíssimas orquestrações das canções dos Beatles ou do Elton John, em termos de linguagem da música, mais não fazem do que usar os padrões musicais conquistados pelos movimentos musicais do século XIX. Tiveram sucesso popular, depois de um século de acomodação a essa sensibilidade musical. Parecem agora simples: houve uma educação do gosto e da sensibilidade. Quem lembra hoje as resistências suscitadas pelas dissonâncias que o jazz introduzia na música? Isto em si é normal. Grave é que para um filho da cultura de massas não exista o mundo antes de si, a memória da tradição cultural, e o presente não passe do pomar onde supostamente colhe os lucros. Daí que um destituído como Bolsonaro consiga ser presidente e possa dizer sem ser imediatamente electrocutado por raio divino que criar uma lei de combate às fake news é uma tentativa de limitar a liberdade de expressão, por não entender que a liberdade não existe em abstracto e está irmanada com a responsabilidade. Não é sequer perversão ou maldade, ele não entende mesmo. Esta incapacidade de discernimento é comum a quem teve uma exclusiva educação ancorada nos “valores” da sociedade de massas, onde até o capital se converteu, antes de mais, “numa estética mercantilizada” que fez naufragar tudo numa terrível, irrevogável, indistinção.
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30.7.2020 quinta-feira
TEMPO PERÍODOS DE TROVOADA MIN 27 MAX 32 HUM 70-95% • EURO 9.37 BAHT 0.25 YUAN 1.13 ´
MATAR PARA DESTRUIR
Pelo menos 212 defensores do ambiente foram assassinados em 2019, um novo recorde, segundo a ONG britânica Global Witness. “No momento em que precisamos de proteger particularmente o planeta
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C I N E M A
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SUMIKKOGURASHI:GOOD TO BE IN THE CORNER [A] FALADO EM CANTONÊS LEGENDADA EM CHINÊS Um filme de: Mankyu 14.30, 16.00, 17.30, 19.30, 21.00 SALA 3
BEYOND THE DREAM [C]
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SOLUÇÃO DO PROBLEMA 49
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Cineteatro
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contra indústrias destrutivas e emissoras de CO2, os homicídios de defensores do ambiente ou de terras [indígenas] nunca foram tão numerosos” observou a ONG. Em causa está a morte de líderes indígenas, guardas
Um filme de: Chow Kwun-wai Com: Terrance Lau, Cecilia Choi 21.30
florestais responsáveis pela protecção da natureza ou activistas comuns que lutam contra o desmatamento, envolvidos no combate às práticas em minas ou em oposição a projetos agroindustriais.
UMA SÉRIE HOJE
STREET FOOD: ASIA | DAVID GELB (2019)
SALA
DREAMBUILDERS [A] FALADO EM CANTONÊS LEGENDADA EM CHINÊS Um filme de: Kim Hagen Jensen, Tonni Zinck 14.30, 16.30, 19.15
Mais do que um guia onde bem comer em alguns dos locais mais recônditos do continente asiático, “Street food: Asia” é um mosaico de histórias de vida, sabores e receitas que nascem do quotidiano da rua. De Osaka (Japão) a Chiayi (Taiwan), passando por Ho Chi Minh (Vietnam) ou Banguecoque (Tailândia) há sonhos e desalentos de comer à mão ou servidos em taças gastas pelo tempo, capazes de abrir o apetite mesmo depois de almoço. Disponível na plataforma Netflix. Pedro Arede
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opinião 15
quinta-feira 30.7.2020
MANUEL DE ALMEIDA
Texto & Ilustração
D
O (des)equílibrio da existência
ESVALORIZAMOS valores – existimos –, há chantagem em vez de princípios, há vassalagem no lugar de dignidade e o mais preocupante é que o debate público está centrado “em pontos específicos, mais formais do que substanciais, mais conjunturais do que estruturais”. Continuamos sem uma estratégia, um esforço intelectual, um código de existência, ou seja, já não somos capazes de produzir sons de ruído. “Não há tempo para desesperar, o desespero é para os privilegiados”- segundo James Baldwin (1924 – 1987) – há uma obstrução do passado. Problemas existem: políticos, sociais, económicos, jurídicos, culturais, laborais, mas nós longe das obsessões por quimeras “empoeiradas” e, sem vontade de um entendimento colectivo de aventura e compromisso, aprendemos a lição – recapitulação da matéria da lição anterior -, sentamo-nos como bons alunos, que sempre fomos, a aprender – de que se deve evitar encenações -, só o palco principal é para os actores. Não se trocam argumentos, atiram-se farpas – fruto dos agasalhos das tertúlias, existe (?), do calor da discussão, ruído (?), dos injustiçados da razão, calúnias (?), das movimentações ocultas, pecado (?) opinião objectiva, idealismo (?), decisões concretas, emoção - “Não procuro esconder nada; o tempo vê, escuta e revela tudo”. A reflexão íntima? As conversas nunca deveriam ser desperdiçadas. Onde estão aquelas “desfechadas” e duras falas? Devemos exercitar a emoção. Carregamos paciência. Ultrapassamos facilmente escolhas, curiosidades, destinos, pesadelos, ímpetos, represálias, até à meta final, esperança. A esperança desobstrui os problemas. É próprio das pessoas que entram na velhice contemplar a vida passada, com interesse, e olhar o futuro como uma “desforra” do interesse – é um balanço da “caixa” da vida, o débito e o crédito -, virtudes antigas, novas exigências. A curiosidade da vida – mudanças, contradições, polémicas -, traz consigo vitórias
e derrotas. A vivência é difícil e complexa, talvez não estejamos destinados a procurar, apenas a encontrar – possuímos uma qualidade abstracta. O nosso atraso é mais cultural – existência sem destino -, do que material, somos almas dilaceradas pela dúvida, ouvimos as liturgias do poder (uma combinação perfeita entre sagrado e profano), condenámos mas não existimos -, vivemos num mundo de sombras e de ambiguidades. Ajoelhamo-nos ao poder. Temos voz nos bastidores.
Poderíamos ter aproveitado este hiato temporal, para arrumar o que esta(va) desarrumado, até porque o destino tem que ser uma ambição, não uma fatalidade
Poderíamos ter aproveitado este hiato temporal, para arrumar o que esta(va) desarrumado, até porque o destino tem que ser uma ambição, não uma fatalidade. “Não conseguimos reconhecer uma derrota ou o mérito de uma vitória alheia”. Procuramos o estatuto de “Ter”, esquecemos o “Ser” e, à nascença, abandonamos o “Estar”. Muitas histórias, muitos acontecimentos, – fomos perdulários no bem comunitário (relação/ confronto), mas mantivemos fidelidade à palavra - os “restos” do passado. Ouve uma paragem no tempo entre o antes e o depois – o chamado “passo em branco”. Na continuidade da “Novidade (1999)”, aceitamos os “factos” com tremor e temor. Soubemos desconstruir o guião social. Fomos interlocutores entre saber e poder. O discurso oficial apostava na franqueza e excluía a intimidade – sem querer quebrar os laços. A palavra no tempo. É nobre, a desconfiança saudável. A memória, a cultura,
o conhecimento. Existe – é um fardo pesado —, mentalmente o sentido físico do pesadelo. Porquê? Não soubemos fazer convenientemente o “Luto” e isso deixa marcas futuras. Como sabem existem diversos estágios de um luto. Primeiro, a negação; depois, a raiva; a seguir, a resignação; e finalmente, a aceitação Não nos deixaram ouro, incenso e mirra – levaram na bagagem -, deixaram-nos na “praia”, onde a terra acaba e o mar começa. Aboliram antes de partir o pensamento absoluto do debate e a diabolização do pensamento crítico, ganhámos uma pobreza desenganada, a ironia – foram as prendas, dos rostos ausentes. Existimos fruto da prudência... Não há “reinos” de oposição, desamor, conflitos ou angústia. Este texto é pura ficção, qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência. Não esperem palmas – já não há público na plateia...
O homem prudente não diz tudo quanto pensa, mas pensa tudo quanto diz. Aristóteles
Está a desenvolver-se uma “vasta área de baixa pressão” no Mar do Sul da China que vai afectar nos próximos dias a costa de Guangdong. De acordo com os Serviços Meteorológicos e Geofísicos, a partir de hoje o tempo em Macau passará de pouco nublado e quente para muito nublado e com aguaceiros e trovoadas. O mau tempo vai manter-se na próxima semana.
A
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quinta-feira 30.7.2020
Meteorologia Mau tempo para os próximos dias
COVID-19 MUST COM VACINA QUE TEM BOA REPOSTA EM ANIMAIS Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST) anunciou ontem que o projecto que lidera sobre o desenvolvimento de uma vacina para a covid-19 induziu “uma potente resposta funcional de anticorpos” em animais. De acordo com comunicado, o professor Zhang Kang da Faculdade de Medicina da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau lidera uma equipa de investigação conjunta com instituições da China continental e de Hong Kong. O estudo, publicado ontem na revista académica Nature, segundo a MUST, aponta ter conseguido “induzir uma potente resposta funcional de anticorpos nos ratos, coelhos e primatas não humanos imunizados logo ao sétimo ou 14.º dias após uma injecção de dose única”. “O nosso pensamento inicial ao conceber a nossa vacina em Janeiro de 2020 foi o de utilizar a menor parte da proteína S [proteína Spike], de modo a produzir o melhor efeito vacinal, mas com o menor potencial de efeitos secundários, tais como uma complicação de melhoramento anticorpo dependente do corpo, por isso fizemos cuidadosamente várias vacinas candidatas e testámos cada uma delas, e concluímos que a RBD é a melhor candidata”, indicou o líder da equipa. “Em retrospectiva, isso parece óbvio agora, mas em Janeiro de 2020, quando todos os outros estavam a avançar com a produção de vacinas, foi uma decisão difícil. Estamos agora satisfeitos por não nos termos apressado e tomado a decisão certa antes de avançarmos”, acrescentou. No comunicado, a universidade detalhou existirem mais de cem vacinas da covid-19 em desenvolvimento no mundo, mas que “estão a enfrentar desafios árduos em termos de eficácia, efeitos secundários e produção”. No estudo, observou a MUST, ficou demonstrado que “as vacinas recombinantes contra a região da proteína Spike RBD podem induzir eficazmente uma resposta imunitária potente no organismo com um bom perfil de segurança”.
PALAVRA DO DIA
Pandemia Menor consumo leva a maior satisfação dos consumidores
Roda dos milhões Universidades privadas lideram apoios da Fundação Macau no 2º trimestre
A
S entidades gestoras das universidades privadas do território continuam a liderar a lista dos apoios recebidos da Fundação Macau (FM). A lista relativa aos subsídios atribuídos no segundo trimestre deste ano, publicada ontem em Boletim Oficial (BO), revela que a Fundação da Universidade de Ciências e Tecnologia de Macau (MUST) foi a entidade que mais recebeu, com a atribuição de cerca de 42 milhões de patacas por parte da FM. Esse dinheiro destinou-se ao plano anual da MUST para o ano lectivo de 2020/2021 e ao Hospital Universitário da MUST. Em segundo lugar surge a Fundação da Universidade Cidade de Macau, que recebeu da FM 36 milhões para custear “despesas com actividades académicas, equipamentos, apoios escolares e o plano de subsídio a estudantes do ano lectivo de 2019/2020”. Já a Fundação Católica de Ensino Superior Universitário,
que gere a Universidade de São José (USJ), recebeu da FM 15,2 milhões de patacas “para o plano de actividades da USJ no ano lectivo de 2019/2020”.
OUTROS APOIOS
Ainda na área do ensino, destaque para os 4,5 milhões de patacas atribuídos à Fundação da Escola Portuguesa de Macau (FEPM) para o plano anual da escola do ano lectivo de 2019/2020. A FM apoiou também, no 2º trimestre, outras entidades de matriz portugue-
42 milhões de patacas atribuídos à Fundação da Universidade de Ciências e Tecnologia de Macau pela FM
sa, como é o caso da Casa de Portugal em Macau, com 5,2 milhões de patacas, destinadas a custear o plano de actividades deste ano. Já a Associação dos Macaenses recebeu 1,15 milhões para o mesmo fim. Destaque ainda para os 4,2 milhões de patacas atribuídos à União das Associações dos Proprietários de Estabelecimentos de Restauração e Bebidas de Macau, presidida pelo deputado Chan Chak Mo, para a organização do 20º Festival da Gastronomia de Macau. Por sua vez, a União Geral das Associações dos Moradores de Macau foi também uma das entidades que mais dinheiro recebeu, um total de 19,5 milhões, para custear as actividades da associação, das 26 filiais e dos seis centros de serviços sociais em funcionamento. A entidade Obra das Mães foi contemplada com seis milhões de patacas para financiar as actividades sociais da associação e sete entidades subordinadas. A.S.S.
A Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST, na sigla inglesa) publicou o mais recente índice de satisfação dos consumidores, que revela uma subida nas áreas do retalho e restauração. Relativamente ao índice de satisfação nas compras o índice é de 71,3 pontos, uma subida de 7,9 por cento face a 2019, enquanto que o índice de satisfação sobre consumo nos restaurantes foi de 69,4 pontos, mais 3,6 por cento em relação ao ano passado. Li Yan Che, académico da UCTM responsável pelo índice de satisfação dos consumidores, adiantou que houve um menor consumo de bens e serviços fora de casa devido à pandemia, o que levou ao aumento dos valores do índice. Cerca de 48 por cento dos entrevistados reduziram as despesas durante a pandemia, enquanto que 69,1 por cento dizem estar satisfeitos com a medida do cartão de consumo implementada pelo Governo. O índice foi feito com base em inquéritos online preenchidos por 421 residentes entre o período de 1 e 21 de Julho.
Estudo Marca Benfica mantém-se entre as 50 mais valiosas do mundo
A marca do Benfica mantém-se entre as 50 mais valiosas do mundo, apesar de ter sofrido uma queda de 21 por cento, ocupando o 46.º lugar na tabela em 2020, segundo o estudo ontem divulgado pela Brand Finance. O Benfica é o único clube português entre os 50 primeiros do ‘ranking’, num ano em que a sua marca caiu seis posições, estando neste momento avaliada em 114 milhões, depois de em 2019 ter ocupado a 40.ª posição. Num curto texto dedicado ao clube ‘encarnado, a Brand Finance considera que o Benfica é um dos clubes europeus com “a fábrica de talentos mais profícua”, destacando também a participação nos últimos 10 anos na Liga dos Campeões e a média de 50.000 adeptos habitualmente presentes nos jogos em casa, que se traduzem numa “enorme vantagem para os rivais domésticos”.