Hoje Macau 30 SET 2016 #3668

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DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ

SEXTA-FEIRA 30 DE SETEMBRO DE 2016 • ANO XVI • Nº 3668

MOP$10

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AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

AMBIENTE

Umac tem projecto inovador PÁGINA 9

LI KEQIANG ELOGIA PORTUGAL

RPC 67 ANOS

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Holandeses à vista A queda dos anjos JOSÉ SIMÕES MORAIS

ANABELA CANAS

OPINIÃO Cisão democrática A casa e o tempo PAUL CHAN WAI CHI

ISABEL CASTRO

DROGA

CHINA COM DUTERTE PUB

ÚLTIMA

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GRANDE PLANO

hojemacau DEMOCRATAS ADMITEM ELEIÇÕES DIRECTAS CONDICIONADAS

Passo em frente Ao contrário dos seus congéneres de Hong Kong, as forças pró-democracia de Macau admitem que ficariam satisfeitas se por aqui se realizassem

eleições directas para o Chefe do Executivo, ainda que os candidatos fossem submetidos à aprovação de Pequim.

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UM MUNDO A HAVER

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RPC 67 ANOS QUE CHINA É ESTA E QUE CHINA VEM AÍ?

GRANDE PLANO

Saída de uma guerra civil, a República Popular da China nascia em 1949 como um país onde só o socialismo imperava. Hoje, 67 anos depois, é a segunda potência mundial com um desenvolvimento económico invejável. Finalmente, transformou-se realmente num país que ocupa o centro do mundo

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Á 67 anos a China era aquele grande país em desenvolvimento na Ásia-Pacífico, como se fosse “um homem doente”, nas palavras de Wang Jianwei, docente de Ciência Política da Universidade de Macau (UM). Mao Zedong idealizou uma república socialista onde os intelectuais trabalhavam nos campos e tudo era feito no contexto do Grande Salto em Frente e da Revolução Cultural. Em 1979, com Deng Xiaoping e a abertura económica, tudo mudaria. A China começava então uma escalada para ser potência mundial, algo que conseguiu. Amanhã celebram-se os 67 anos da República Popular da China (RPC), hoje liderada por Xi Jinping, um Presidente diferente dos seus antecessores, e com uma economia que dá sinais de abrandar.

DO ZERO AO 100

“A China é hoje um país muito mais desenvolvido e também mais unificado. É o país mais influente no mundo; naquela altura a China não tinha grande coisa a dizer. É um país mais forte em termos económicos e militares”, disse ao HM Wang Jianwei. Apesar da economia estar agora a dar sinais de abrandamento, após crescimentos anuais de 10%, a verdade é que as reformas foram um milagre. “A China tem atingido todos os objectivos a que se tem proposto nestes 67 anos”, disse o académico

Arnaldo Gonçalves ao HM. “Está concluído o processo de abertura ao exterior e a economia chinesa tem-se desenvolvido a um ritmo veloz. Nos últimos anos tem havido alguma desaceleração, mas é normal, porque nestes processos de crescimento há sempre uma primeira parte mais acentuada e depois uma parte mais reduzida. As taxas de crescimento do PIB revelam que esse crescimento está numa segunda fase”, frisou ainda o especialista em Relações Internacionais. Arnaldo Gonçalves alerta para a existência de “estrangulamentos” económicos, os quais passam pela queda do investimento externo e interno. “Há um retraimento da parte dos investidores chineses na economia, o qual se tem acentuado nos últimos dois anos. A indústria chinesa, de bens essenciais, indústria pesada e de infra-estruturas precisa muito do investimento privado.”

CORRUPÇÃO, ESSA PRAGA

Uma das bandeiras de Xi Jinping tem sido o combate à corrupção e nunca, como agora, o país viu tantos líderes partidários serem presos e condenados. O caso Bo Xilai e da mulher Gu Kailai foi um dos mais mediáticos. “Já Hu Jintao (anterior presidente) pretendia acabar com a corrupção, mas a liderança de Xi Jinping tem tido uma determinação sem precedentes a este nível. Não penso que vá desistir. A questão é como a China pode

UM PAIS ´

construir um sistema que pode prevenir a corrupção”, defendeu Wang Jianwei. Jorge Morbey, historiador e docente da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST), alerta para o poder das elites políticas na China de hoje. “A corrupção é uma praga que penetra nos sistemas totalitários. Este esforço do presidente da RPC é no sentido de uma purificação do sistema. Até que ponto é que os equilíbrios existentes permitem a continuação ou inversão desta política anti-corrupção é algo que ainda não está claro que aconteça. Há o desejo de pôr fim à corrupção nas elites do Partido, mas a China é muito grande e não me parece que esteja antecipadamente garantida esta política de anti-corrupção.” Arnaldo Gonçalves alerta para a existência de um duplo sentido nesta política, já que esta poderá servir para limpar a imagem do Partido, mas também para afastar os inimigos. “Há uma continuidade da acção de Xi Jinping na consolidação do poder interno e na própria tentativa de prestigiar o Partido Comunista Chinês. Há sinais de situações contraditórias, em que é preciso saber se o projecto dele vem no seguimento de Deng Xiaoping e Hu Jintao, em que o PCC é responsável por este desenvolvimento, ou se pelo contrário ele vai fazer o reforço do poder pessoal contra os inimigos internos, e que a política anti-corrupção seja uma táctica para eliminar esses inimigos. Há uma divisão dos analistas nestas duas perspectivas mas teremos de ver próximos desenvolvimentos”, alertou.

UMA III GUERRA?

O conceito de “Um país, dois sistemas” vigora hoje e trouxe a coexistência dos sistemas socialis-

ta e capitalista. Mas Jorge Morbey alerta para a pedra no sapato que permanece por resolver. “A própria China acabou por desenvolver um sistema capitalista, embora não assumidamente, de forma a que hoje não sabemos se a evolução da China vai no sentido de uma de uma agudização do sistema comunista ou do aperfeiçoamento capitalista. Tanto mais que a questão de Taiwan continua sem uma solução política. Não será fácil encontrar aqui uma inversão do caminho daquilo que foi feito

em 1997 e 1999 com as questões de Hong Kong e Macau.” Olhando a nível internacional, Arnaldo Gonçalves não esquece as disputas no mar do sul da China e prevê mesmo a ocorrência de uma III Guerra Mundial. “Teremos de ver como a China se relaciona com os países da Ásia-Pacífico. Ao nível da defesa, o país tem uma relação


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NO MEIO

“A China tem atingido todos os objectivos a que se tem proposto nestes 67 anos. Está concluído o processo de abertura ao exterior e a economia chinesa tem-se desenvolvido a um ritmo veloz”

“Os EUA nunca autorizarão que a China leve por adiante o controlo de 80% daquela bolsa marítima. Assistiremos neste século a uma III Guerra Mundial que se vai travar no Pacífico pelo controlo dos mares.”

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ríspida com os EUA por causa do Mar do Sul da China. Os EUA nunca autorizarão que a China leve por adiante o controlo de 80% daquela bolsa marítima. Assistiremos neste século a uma III Guerra Mundial que se vai travar no Pacífico pelo controlo dos mares.”

QUE DIREITOS HUMANOS?

A nível interno do país, o mandato de Xi Jinping tem sido marcado pela prisão de vários advogados ligados aos Direitos Humanos e pela implementação de uma lei que restringe a acção das organizações não-governamentais (ONG). Para Arnaldo Gonçalves isto parte de uma visão muito própria do presidente. “Já percebemos o tipo de líder que ele é. É diferente de Deng Xiaoping ou Hu Jintao: é mais pró-activo, mais afirmativo, com uma visão própria do posicionamento das elites. É muito pouco sensível aos apelos ocidentais sobre os Direitos Humanos. Ele acha que o colectivo está acima da afirmação dos direitos individuais e tem uma visão muito restrita no que respeita [a esses direitos]”, concluiu. Arnaldo Gonçalves prevê algumas mudanças ao nível dos ministros, que compõem o Governo Central, já que dois membros do Politburo deverão sair devido à sua idade avançada. Na sua óptica, Xi Jinping e Li Keqiang deverão continuar a liderar o país até 2022. Até lá os objectivos, frisados no último Plano Quinquenal, é de que a economia possa crescer 6,5% ao ano e que toda a sociedade possa viver confortavelmente, apesar das desigualdades sociais causadas pelos rápido desenvolvimento. “A economia tem crescido 10% ao ano, mas não se pode continuar com esse crescimento para sempre. É normal uma desaceleração. O país tem sofrido vários desafios. Se o Governo conseguir manter um crescimento de 6,5% ao ano será bom, o país terá de apostar nas exportações, estimular a procura interna para mudar o modelo de desenvolvimento. Esses são os desafios mas não penso que a China não consiga manter um desenvolvimento estável”, rematou Wang Jianwei. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo


6 POLÍTICA

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Eleições DEMOCRATAS DA RAEM ACEITARIAM PRÉ-APROVAÇÃO DE CANDIDATOS

Directas e boas

Entre a hipótese de ser uma medida intermédia e a convicção de que não passa de uma miragem, a ideia de que Macau possa vir a ter um sistema de eleições directas, idêntico ao proposto para Hong Kong e aceitar uma lista de nomes aprovados por Pequim, não é totalmente recusada pelos pró-democratas locais

A

TIAGO ALCÂNTARA

possibilidade de Macau ter um sistema de eleição do Chefe do Executivo semelhante ao previsto no Livro Branco, que regula a política da vizinha Hong Kong, é vista pela ala pró-democrata da RAEM como um processo distante da realidade. Contudo, as figuras deste campo da política local dizem que poderia ser uma medida intermédia capaz de catapultar a região para a essência da democracia, começando pelo direito a uma participação activa na escolha do Chefe do Governo. Jason Chao, vice-presidente da Associação Novo Macau (ANM), considera que um sistema idêntico ao da RAEHK - em que o Chefe do Executivo pode ser eleito por sufrágio directo desde que os candidatos sejam previamente aprovados por Pequim - não é opção quando se fala em democracia. “Esta é a minha opinião pessoal e não enquanto dirigente associativo”, frisa enquanto adianta que “se falamos de sufrágio universal, devemos também ter direito a escolher o candidato”. Para o activista, o que se está a passar em Hong Kong é apenas uma forma de manipulação do próprio sistema. “A partir do momento em que a escolha dos

candidatos é condicionada à aprovação do Governo Central, já se está com limitações ao próprio conceito de democracia”, diz, acrescentando que tal confere, na prática, um carácter de farsa ao próprio processo eleitoral. No entanto, enquanto dirigente da ANM, Jason Chao afirma a necessidade de ter mais cautela e considerar o assunto como tópico de discussão. “Nesse caso, como entidade, temos que discutir os contornos e o que se poderia pensar enquanto planos para o futuro”, frisa.

A MEIO CAMINHO

“Uma medida intermédia e a ter em conta.” É a resposta de Scott Chiang, presidente da ANM, ao HM quando abordado por esta possibilidade. “De facto, estamos abertos a uma situação desse género, sendo que não é esse o nosso objectivo último”, diz, enquanto adianta que, no caso de existir aceitação de candidatos aprovados por Pequim, tal medida só faz sentido for pensada uma meta diferente e se for encarada enquanto uma situação de transição. Já o deputado Ng Kuok Cheong concebe a possibilidade do Chefe do Executivo de Macau poder vir a ser eleito como uma

espécie de “sonho”. Para o também pró-democrata, a situação actual de Macau é “muito estável e os poderes locais nunca vão permitir que os seus privilégios estejam, de alguma forma, limitados”. “As eleições não vão, com certeza, acontecer nem ser uma possibilidade a curto ou médio prazo.” No entanto, tendo em conta um horizonte temporal mais distante, a adopção de um sistema idêntico ao de Hong Kong poderá “um dia vir a fazer parte da organização da RAEM”, defende. “Claro que as pessoas deveriam ter direito a votar e a escolher em quem votar. O que podemos imaginar, ainda num futuro longínquo, é a possibilidade de poder um dia ter um sistema que permita aos residentes votarem nos escolhidos de Pequim.” Foi ontem assinalado em Hong Kong o segundo aniversário do movimento “Occupy Central”, que reuniu em 2015 milhares de manifestantes que se pronunciavam contra a limitação imposta por Pequim face aos candidatos às eleições para o cargo de Chefe do Governo da RAEHK. Sofia Mota

sofiamota.hojemacau@gmail.com

Um descer positivo

Receitas do Governo diminuem mas saldo mantém-se no verde

A

S receitas da Administração caíram 12,9% nos primeiros oito meses de 2016, mas as contas públicas continuam a apresentar um saldo positivo equivalente a mais de 17 mil milhões de patacas. De acordo com dados provisórios publicados no portal da Direcção dos Serviços de Finanças, a Administração arrecadou, até Agosto, receitas totais de 63.426 milhões de patacas. Os impostos directos sobre o jogo – 35% sobre as receitas brutas dos casinos – foram de 54.823 milhões de patacas, reflectindo uma diminuição de 11,8% face ao período homólogo de 2015. Na despesa verificou-se um aumento de 3,9% face aos primeiros oito meses de 2015, para 45.555 milhões de patacas – impulsionado por um crescimento de 4,7% nos gastos correntes –, com a taxa de execução a corresponder a 56,8% do orçamentado autorizado para 2016.

Outro impulso deu também o PIDDA(Plano de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração): foram gastos 2.490 milhões de patacas – mais 23,5% em termos anuais homólogos. Pese embora o aumento, o PIDDA encontra-se executado em apenas 22,5% face ao orçamentado para todo o ano. Assim, entre receitas e despesas, a Administração de Macau acumulou um saldo positivo de 17,8 milhões de patacas, excedendo largamente o previsto para todo o ano (3,46 milhões de patacas), com a taxa de execução a atingir 515,1% do orçamentado, isto apesar da almofada financeira ter emagrecido 38,4% face aos primeiros oito meses do ano passado. A Administração encerrou 2015 com receitas totais de 109.778 milhões de patacas, um valor inferior ao de 2014 que representou a primeira queda em pelo menos cinco anos. LUSA/HM


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A

falta de uma lei que defenda o consumidor tem levado o Conselho de Consumidores (CC) a elaborar códigos de práticas para que, pelo menos, as lojas certificadas pelo organismo garantam o cumprimento dos direitos dos clientes. A partir de amanhã é o sector da Restauração quem tem de seguir novas regras, com instruções chegam que do novo código de práticas do CC e que passam, por exemplo, pela afixação de preços acessível ao cliente. Um comunicado do organismo indica que o Governo considera que o sector da Restauração precisa de se “aperfeiçoar em resposta às necessidades dos cidadãos e dos turistas”. Para estabelecer as novas regras foram ouvidos o Centro de Segurança Alimentar do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais, assessores do sector no Centro de Arbitragem de Conflitos de Consumo e Lojas Certificadas. “O Código de Práticas para o Sector de Restauração exige que as Lojas Certifi-

O preço certo

Restauração tem de seguir novas práticas a partir de 1 de Outubro

cadas deste sector cumpram como todo o rigor as legislações respeitantes à segurança alimentar e às operações de contagem, pesagem ou medição. Essas lojas devem mostrar claramente o resultado de cada medição ao consumidor, indicar, de forma clara e precisa, o

preço de todos os alimentos, serviços e taxas adicionais, assegurar que forneçam alimentos correspondentes aos descritos no menu e prestar apoio ao ambiente”, começa por indicar o CC. Actualmente, Macau conta com “cerca 120 estabelecimentos” de restauração que

são aderentes ao sistema de Lojas Certificadas, algo que não é suficiente para o CC, que insta quem ainda não aderiu a fazê-lo.

À ESPERA DA LEI

O objectivo do manual é assegurar o direito do consumidor à informação e à opção, por

exemplo obrigando a que a fixação de preços seja algo obrigatório, mas este não é o novo. Dados do CC informam que já foram feitos 17 manuais de boas práticas, que são apenas dedicados às lojas certificadas e que não são vinculativos. A razão pode estar no facto de, actualmente, o Governo ainda estar a criar a Lei de Protecção dos Direitos dos Consumidores. Prometida para o primeiro trimestre, esteve já “na última fas”e em Maio e iria

POLÍTICA entrar em processo legislativo em “breve”, segundo um vogal do CC. Mas há dois anos que a lei está a ser elaborada. Chan Hong Sang frisou que o novo diploma vai dar mais força ao Conselho da qual faz parte e que, neste momento, é apenas um órgão para receber queixas. A lei, dizia ainda o vogal em Maio, será uma ferramenta para combater o comércio desleal e de maior punição contra ilegalidades, que actualmente não existem em Macau, sendo que “a lei também garante os direitos do público à transparência, especialmente no processo de contrato, preço e aquisição”. O CC garante estar a levar a cabo a elaboração de mais códigos de boas práticas para lojas certificadas de outros sectores, para ajudar a que sejam protegidos os “legítimos direitos do consumidor”, ainda que estas lojas não sejam multadas caso haja problemas.

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ASSINADOS PROTOCOLOS COM PORTUGAL

O Parque Científico e Industrial de Medicina Tradicional Chinesa para a Cooperação Guangdong-Macau (GMTCM) assinou acordos de cooperação com a Direcção-geral de Alimentação e Veterinária de Portugal e a Associação Portuguesa de Suplementos Alimentares. O objectivo, segundo um comunicado, é estabelecer “uma plataforma para o intercâmbio e cooperação internacional na área de medicina tradicional”. Os acordos foram assinados no âmbito da realização de um seminário em Lisboa, com o apoio dos Serviços de Saúde e da Delegação Económica e Comercial de Macau em Lisboa.

A SANTA CASA DA MISERICÓRDIA ARMINDO DIAS FERREIRA MISSA DE 30º DIA / AGRADECIMENTO A família enlutada manda rezar uma missa de 30º dia, por sua alma, na Sé Catedral no dia 3 de Outubro de 2016, pelas 18:00 horas. Antecipadamente se agradece a todos quantos queiram participar no piedoso acto . 
A família enlutada de ARMINDO DIAS FERREIRA agradece a todos os familiares e amigos que apresentaram condolências e estiveram presentes nas cerimónias deste nosso ente querido.

Joana Freitas

Joana.freitas@hojemacau.com.mo

FELICITA A REPÚBLICA POPULAR DA CHINA PELA PASSAGEM DO SEU 67.º ANIVERSÁRIO


8 SOCIEDADE

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Offshore EMPRESA PERDE RECURSO NO TUI. NÃO CUMPRIU LEIS DE MACAU

Desorganizados q.b.

Governo sem progressos face ao Túnel da Taipa

U

outra sociedade – interpôs recurso de uma decisão de Francis Tam. O Secretário acusava a empresa de não ter cumprido o Decreto que permite a criação de offshore “por não dispor de contabilidade organizada”, e revogou a autorização de funcionamento da entidade, não identificada no processo, como instituição de serviços comerciais e auxiliares offshore. A companhia levou o caso ao Tribunal de Segunda Instância (TSI) para pedir a anulação do despacho do então Secretário para a EcoPUB

Anúncio 【N.º 201609-3】 Torna-se público que, nos termos do artigo 29.º do Regulamento Administrativo n.º 5/2014 (Regulamentação da Lei do planeamento urbanístico), a DSSOPT vai proceder-se à recolha de opiniões dos interessados e da população respeitantes aos projectos de Planta de Condições Urbanísticas (PCU) elaborados para as zonas não abrangidas por plano de pormenor mas inseridas nos lotes abaixo indicados:

Processo N.º: 89A214, Rua de Bragança nos 423-463, Rua de Chaves no 220 e Rua de Fat San no 137 (Escola Fong Chong da Taipa) – Taipa;

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Processo N.º: 91A226, Rua do Pagode no 38 – Macau;

Processo N.º: 2008A105, Terreno junto à Estrada da Baía de Nossa Senhora da Esperança e Avenida Marginal Flor de Lótus – Zona de Aterro entre Taipa e Coloane;

Processo N.º: 2009A026, Terreno junto à Avenida do Conselheiro Borja – Bairro Tamagnini Barbosa Blocos A, D e Complexo Municipal do Mercado de Tamagnini Barbosa – Macau;

Processo N.º: 2015A006, Terreno junto à Avenida Dr. Sun Yat-Sen (Parte Leste da Zona B dos Novos Aterros) – Macau;

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Processo N.º: 2016A027, Rua do Almirante Sérgio no 80 – Macau;

Processo N.º:2000A006, Terreno junto à Avenida de Sidónio Pais (Escola Secundária LusoChinese de Luís Gonzaga Gomes e Centro Desportivo da Vitória) – Macau;

Processo N.º: 2016A037, Rua da Alegria no 84 – Macau; Processo N.º: 2016A051, Terreno junto à Avenida Wai Long e Estrada da Ponta da Cabrita – Taipa.

Para efeitos de referência, os projectos de PCU para as zonas dos lotes supracitados que não estão abrangidas por plano de pormenor já estão disponíveis para consulta no Departamento de Planeamento Urbanístico, situado na Estrada de D. Maria II n.º 33, 19º andar, Macau, e encontram-se afixados na Rede de Informação de Planeamento Urbanístico desta Direcção de Serviços (http://urbanplanning. dssopt.gov.mo). O período de recolha de opiniões tem a duração de 15 dias e decorre entre 3 de Outubro de 2016 e 17 de Outubro de 2016. Caso os interessados e a população queiram apresentar as opiniões sobre os referidos projectos de PCU de zona do território não abrangida por plano de pormenor, deverão preencher o formulário O011,o qual pode ser descarregado nos websites http://urbanplanning.dssopt.gov.mo ou www.dssopt.gov.mo, ou levantado nesta Direcção de Serviços (Estrada de D. Maria II n.º 33, Macau), podendo submetê-lo no período de recolha de opiniões através dos seguintes meios:

Comparecendo pessoalmente: Estrada de D. Maria II n.º 33, Macau, durante o horário de expediente nos dias úteis

Correio: Estrada de D. Maria II n.º 33, Macau (o prazo limite de entrega é contado a partir da data de envio indicada no carimbo do correio)

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Fax: 2834 0019 Email: pcu@dssopt.gov.mo

Serão consideradas as opiniões respeitantes aos projectos de PCU de zona do território não abrangida por plano de pormenor elaborados para os lotes, quando forem apresentadas de acordo com as exigências acima indicadas. Para mais informações podem pesquisar o website http://urbanplanning. dssopt.gov.mo e para qualquer informação adicional queiram contactar o Centro de Contacto desta Direcção de Serviços (8590 3800). Macau, aos 29 de Setembro de 2016 O Director da DSSOPT, Li Canfeng

TIAGO ALCÂNTARA

A falta de elaboração de relatórios de contas e auditoria de uma offshore levou a que o antigo Secretário para a Economia e Finanças revogasse a autorização de funcionamento da empresa. Esta não gostou e recorreu, mas os tribunais superiores concordam com Francis Tam MA offshore constituída em Macau está impedida de continuar a funcionar por não cumprir as leis do território e a decisão, que tinha sido emitida pelo anterior Secretário para a Economia e Finanças, foi ontem finalmente oficializada devido a uma sentença do Tribunal de Última Instância (TUI). O caso remonta a 2011, quando a empresa – uma sociedade unipessoal detida por uma empresa de Hong Kong que é, por sua vez, indirectamente detida por

nomia e Finanças. Em Abril deste ano o tribunal negou provimento ao recurso, o que levou a empresa a recorrer ao TUI. A offshore acusava Tam de ter agido ao “abrigo de poderes discricionários, representando o acto recorrido uma violação dos princípios da prossecução do interesse público, da adequação e da proporcionalidade”. Mas nenhuma das instâncias concordou. “Um conjunto completo de demonstrações financeiras inclui um balanço; uma demonstração dos resultados; uma demonstração de alterações no capital próprio (...). É pacífico que uma instituição offshore que não elabore as demonstrações financeiras a que está obrigada, e que sucintamente descrevemos, não dispõe de contabilidade devidamente organizada”, pode ler-se no acórdão. O Tribunal entendeu que “era indiscutível que a recorrente não cumpriu o dever imposto [pela lei] e

Uma miragem

que consiste em enviar ao Instituto de Promoção do Investimento de Macau o relatório e contas de cada exercício, acompanhado do correspondente relatório de auditoria. “Não o fez no prazo legal nem posteriormente, tendo sido sancionada por tal incumprimento. É evidente que uma entidade poderia ter elaborado o relatório e contas de um exercício mas não o ter enviado no prazo previsto, por esquecimento ou outra razão. Haveria violação de um dever, punível com multa, mas não falta de contabilidade organizada. Não era este o caso da recorrente. Esta não só não enviou o relatório e contas do exercício em questão, como o não elaborou.” O caso termina, assim, no TUI, já que a empresa não tem hipótese de recurso. Joana Freitas

Joana.freitas@hojemacau.com.mo

“N

ÃO há nenhum progresso.” Esta é a resposta do Gabinete para o Desenvolvimento de Infra-Estruturas (GDI) quando questionado sobre os avanços na obra do Túnel da Taipa, cujo prazo de conclusão estava previsto para 2013. O plano para desobstruir as artérias daquela zona continua a não passar do papel, depois de em 2009 o Governo ter apresentado uma proposta para aliviar o trânsito na zona da Taipa. Foi em Junho, quando apresentadas as Linhas Gerais do Planeamento para a Reforma e Desenvolvimento da Região do Delta do Rio das Pérolas, que o Executivo disse estar a proceder ao estudo do plano de abertura de um túnel no morro da Taipa Grande, no sentido de “proporcionar aos condutores de veículos que circulam entre a Península de Macau e as Ilhas passagens rápidas e aliviar a pressão do trânsito nas rodovias junto ao aeroporto e da Vila da Taipa”. A conclusão da obra estava prevista para 2013, numa articulação com o Terminal Marítimo do Pac On, também ele fon-

te de sucessivos atrasos e que tem agora data de inauguração prevista para Fevereiro de 2017. Se as questões de trânsito já existiam em 2009, com o desenvolvimento urbano e o aumento do fluxo de pessoas no território as coisas pioraram, como têm vindo a defender deputados. Recentemente, Chan Meng Kam frisou que com a aproximação da data da inauguração do Terminal Marítimo receia que o grande volume de turistas que poderão aceder ao território e o consequente aumento de veículos seja “um grande desafio para aquela zona da Taipa”. Foi neste sentido que o mesmo deputado dirigiu uma interpelação escrita ao Executivo onde questiona, face à ausência de informação sobre a referida obra, se o Governo já considerou algum plano de substituição da infra-estrutura ou se, por outro lado, está a tomar medidas no que respeita à avaliação do trânsito do local. O deputado relembrava ainda que o Governo pretenderia com a criação do Túnel Rodoviário da Colina de Taipa Grande estabelecer uma interligação directa entre os acessos marítimos, como por exemplo a Ponte de Amizade e o Cotai. Contudo, respostas a perguntas como em que fase se encontra a obra, se há nova previsão para a sua conclusão e as razões que levam ao seu atraso ficam sem resposta, bem como se existe um plano paralelo de desobstrução do trânsito naquela zona da cidade ou algum plano de substituição para a referida obra. Hoje Macau

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PONTE ENTRE ATERROS E ILHA ARTIFICIAL PODE CUSTAR 160 MILHÕES Os valores da empreitada para a concepção e construção da nova ponte que vai fazer a ligação entre a Ilha Artificial e a Zona A dos Novos Aterros Urbanos situam-se entre os 88 milhões e os 160,64 milhões de patacas. Foram nove as empresas candidatas à construção, sendo que uma delas foi admitida sob a condição de apresentar documentos que faltavam. O prazo de execução da obra é até dia 30 de Novembro de 2017 e prevê-se a criação de cem novos postos de trabalho. A artéria viária terá como ponto de partida o posto fronteiriço de Macau na ilha de Zhuhai e como ponto de chegada a zona leste da Zona A dos Novos Aterros Urbanos. Terá 140 metros de comprimento e quatro faixas de rodagem em dois sentidos.


9 SOCIEDADE

hoje macau sexta-feira 30.9.2016

TÁXIS MAIS DE 400 QUEIXAS DESDE O INÍCIO DO ANO

HOTEL 13 ESTÁ ATRASADO

Foram cerca de 400 as queixas que a Direcção dos Serviços dos Assuntos de Tráfego (DSAT) recebeu nos primeiros oito meses de 2016. A informação adiantada pelo canal de rádio da TDM, e citada pela Macau Business, adianta que as queixas incidiram sobretudo na recusa em transportar passageiros e a opção por rotas mais longas do que o necessário. A DSAT afirma ainda que tem aumentado as operações de fiscalização a este tipo de serviços, sendo que sugere a importância do apoio por parte da PSP para auxiliar nas operações.

F

OI um dos projectos de investigação vencedores dos Prémios de Ciência e Tecnologia de Macau 2016, atribuídos pelo Fundo de Ciências e Tecnologia (FDCT). O trabalho de Renata Toledo, Li Xue Qing, Lu QiHong e Hojae Shim, investigadores da Universidade de Macau (UM), visa a limpeza dos solos e água, para que daí se retirem os químicos e se possa posteriormente produzir energia renovável. O nome do projecto, que deverá estar concluído até final deste ano, intitula-se “Utilização de microrganismos para a degradação de águas subterrâneas e dos hidrocarbonetos de petróleo dos produtos orgânicos clorados, bem como a reutilização de águas residuais como fonte de energia renovável”. Uma das autoras explica ao HM a ideia por trás do projecto.

UM PROJECTO VISA PRODUZIR ENERGIA RENOVÁVEL A PARTIR DO SOLO E ÁGUA

Esperança no laboratório “A razão desta investigação reside no facto da intensa poluição dos recursos naturais, como a água, o solo ou o ar, devido a misturas de compostos orgânicos, incluindo derivados do petróleo e compostos clorados de carbono”, explicou ao HM Renata Toledo, química e uma das investigadoras. “O nosso laboratório desenvolve tecnologias biológicas e temos obtido resultados promissores ao reutilizar materiais considerados sem utilidade, como pneu, sílica ou gel”, acrescentou. Na opinião de Renata Toledo, este projecto tem potencialidade para ser implementado no território. “Pensamos que os resultados obtidos podem contribuir para a melhoria do meio ambiente em Macau. O projecto pode ser implementado aqui, pois existem mais de vinte GONÇALO LOBO PINHEIRO

Quatro investigadores da Universidade de Macau estão a desenvolver um projecto que visa a remoção de químicos do solo e água, para que daí possa ser produzida energia renovável. Os resultados “podem contribuir para a melhoria do meio ambiente em Macau”

O hotel “13” poderá abrir portas apenas no início do ano de 2017. A notícia é dada pela Macau Business e assinala mais um adiamento da inauguração do hotel “mais caro do mundo”. A abertura do complexo hoteleiro já esteve agendada para o final do Verão deste ano, tendo sido adiada para o quarto trimestre de 2016 e agora está prevista para o início de 2017. O “13” está orçamentado acima dos sete milhões de dólares por quarto.

lavandarias de lavagem a seco e postos de gasolina, os quais são fonte potenciais de contaminação por compostos clorados de carbono e derivados de petróleo. Além disso, o lixo orgânico gerado em Macau pode ser reaproveitado para a produção de biogás”, explicou.

SEGUIR A TENDÊNCIA

Tudo começou na cabeça de Hojae Shim, investigador principal do Laboratório de Biotecnologia Ambiental, da Faculdade de Ciências e Tecnologia da UM. A candidatura para o financiamento do FDCT foi feita em 2013, mas até finais do ano há mais etapas por concluir. “O nosso próximo passo é utilizar um reactor para investigar a eficiência da remoção dos poluentes em escala piloto. Este projecto premiado inclui também a

possibilidade de produzir bioenergia ao tratar desses efluentes industriais, o biodiesel, e lixo orgânico, de onde poderemos ter biogás.” Renata Toledo fala de uma tendência mundial para transformar os poluentes do dia-a-dia em energia, a qual Macau deve seguir. “Temos de reflectir sobre as possibilidades de gerar e produzir energia renovável no território. Não posso dizer quais seriam os entraves na aplicação deste projecto, mas gostaríamos de partilhar PUB

os nossos progressos tecnológicos com o Governo e entidades particulares”, afirmou. A investigadora, que possui um doutoramento em Química Analítica, disse ainda que é a hora de nos preocuparmos seriamente com a escassez de água e recursos. “Alguns estudos já têm mostrado que diferentes tipos de poluentes, incluindo compostos clorados de carbono e de derivados de petróleo, compostos farma-

cêuticos e produtos de higiene pessoal podem causar efeitos adversos em seres humanos e animais. É hora de pensamos seriamente como iremos lidar com a escassez hídrica e a provável reutilização das águas residuais. Tecnologias mais eficientes com o propósito de reutilizar a água para fins não potáveis têm sido alvo de constantes pesquisas para o uso sustentável e racional dos recursos hídricos”, concluiu. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo


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O INSTITUTO PARA OS ASSUNTOS CÍVICOS E MUNICIPAIS FELICITA A REPÚBLICA POPULAR DA CHINA PELA PASSAGEM DO SEU 67.º ANIVERSÁRIO


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CHINA

Cartão amarelo Homem mais rico da China diz que imobiliário é a “maior bolha da História”

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Portugal LI KEQIANG ENALTECE APROFUNDAMENTO DAS RELAÇÕES

Aproximar e diversificar

O

primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, enalteceu esta semana o aprofundamento das relações entre a China e Portugal e os “excelentes resultados” da cooperação entre as empresas dos dois países em terceiros mercados, nomeadamente na América Latina. Li esteve na segunda e terça-feira nos Açores, depois de ter realizado um périplo pelo continente americano, que incluiu visitas à sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque, ao Canadá e a Cuba. Durante a sua estada nos Açores, na ilha Terceira, Li reuniu com o ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva. Citado ontem pela agência oficial Xinhua, o responsável chinês elogiou os “resultados profícuos da cooperação pragmática entre os dois países em diversos sectores”, afirmando que espera que os dois lados continuem a colaborar em áreas como a energia, finanças e oceano. “A China encoraja as suas empresas a investir e a fazer negócios em Portugal” e

“dá as boas vindas às firmas portuguesas para que explorem o mercado chinês”, disse Li. “Ambos os países devem esforçar-se para criar um ambiente justo e favorável para os investidores externos”, acrescentou. A China tornou-se, nos últimos anos, um dos maiores investidores em Portugal, estimando-se em cerca de 10 mil milhões de euros o montante de capital introduzido na economia do país, desde 2012. “A China está disposta a reforçar os intercâmbios de alto nível, aprofundar a confiança política, aumentar o entendimento mútuo, aumentar a cooperação pragmática, estabelecer uma comunicação mais próxima entre os dois povos e diversificar a parceria estratégica global entre Portugal e China”, afirmou Li.

BASES NA MIRA?

Tratou-se da terceira visita de um responsável chinês aos Açores no espaço de cerca de quatro anos, reanimando o debate sobre o alegado interesse de Pequim nas instalações da Base das Lajes, onde os

Estados Unidos da América iniciaram um processo de redução da sua presença militar. Responsáveis dos dois países afirmaram, no entanto, que se tratou apenas de um “escala técnica”, que serviu também para preparar a visita do primeiro-ministro de Portugal, António Costa, à China, no próximo mês. Na quarta-feira, o congressista norte-americano Devin Nunes, que é luso-descendente, avisou o secretário da Defesa dos Estados Unidos que “é provável” que as instalações da Base das Lajes “acabem na posse do governo chinês”, disse uma fonte do Congresso. “Como muitos no Congresso avisaram no passado, vários altos-representantes chineses visitaram os Açores em anos recentes. Sei agora que a China enviou uma delegação de cerca de 20 representantes, todos fluentes em português, numa viagem de pesquisa que durou semanas e que culmina com a visita do primeiro-ministro, Li Keqiang”, disse Devin Nunes numa carta enviada a Ashton Carter na semana passada.

PRESIDENTE ANGOLANO FELICITA HOMÓLOGO CHINÊS

O

Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, felicitou ontem o homólogo chinês, Xi Jinping, pelo aniversário da proclamação da República Popular da China, enfatizando os avanços do país e o seu impacto mundial. A mensagem refere igualmente o “desejo de fortalecer os laços de amizade e cooperação profícua e mutuamente vantajosa entre os dois países”. “Marcou o início de uma nova era de

progresso na China, enaltece os imensos avanços realizados pelo povo chinês em todos os níveis da vida nacional, cujo impacto se faz sentir hoje a nível global”, refere a mensagem, sobre o aniversário. A República Popular da China assinala dia 1 de Outubro os 67 anos sobre a sua proclamação, altura em que o Governo chinês reforça o papel de principal aliado e financiador de An-

gola. O governo de Angola recebeu da China, desde o final do ano passado, oito mil milhões de dólares em empréstimos para financiar projectos, o que vai elevar o rácio da dívida sobre o PIB para quase 60%. De acordo com a agência de notação financeira Fitch, que na sexta-feira desceu o ‘rating’ do país ainda mais em território de não investimento, “o Governo escolheu finan-

ciar o défice principalmente pelo aumento da dívida em vez de recorrer às almofadas orçamentais”. A subida do nível da dívida pública é uma consequência direta da descida dos preços do petróleo, a partir de meados de 2014, que afetou decisivamente a economia de Angola, que depende desta matéria-prima para financiar o desenvolvimento económico e as altas taxas de crescimento que registou na última década.

ANG Jianlin, o homem mais rico da China, disse na quarta-feira que o mercado imobiliário chinês é a “maior bolha da História”, numa altura em que os preços das habitações continuam a disparar nas principais cidades do país. Em entrevista à estação televisiva CNN, Wang lembrou que os preços do imobiliário continuam a subir nas grandes cidades chinesas, mas que estão em queda nas restantes, onde várias habitações continuam por vender. “Eu não vejo uma solução viável para este problema”, afirmou o fundador do grupo Wanda, que começou por se impor no sector imobiliário, mas que nos últimos anos passou a investir também no cinema e no turismo. “O Governo adoptou todo o tipo de medidas, mas nenhuma funcionou”, disse. O imobiliário é um sector chave para a economia chinesa, a segunda maior do mundo e o principal motor da recuperação global, mas que no último ano cresceu ao ritmo mais lento do último quarto de século. Segundo um relatório difundido este mês pelo Bank for International Settlements (BIS), entre Janeiro e Março, o desvio do rácio entre o crédito e o Produto Interno Bruto (PIB) do país atingiu 30,1%, o nível mais alto de sempre e bem acima dos 10%, o patamar que “acarreta riscos para o sistema bancário”.

O BIS alertou para os riscos iminentes no sistema bancário chinês, nos próximos três anos. A dívida da China tem aumentado à medida que Pequim tornou o crédito mais barato e acessível, num esforço para incentivar o crescimento económico. Analistas chineses e estrangeiros alertam, no entanto, que o rápido aumento da dívida e do crédito mal parado poderá resultar numa crise financeira. Wang disse não estar preocupado com um súbito abrandamento da economia chinesa, afirmando que “o problema é que a actividade económica ainda não recuperou”. “Se retirarmos os estímulos muito rápido, a economia deverá ressentir-se. Por isso, temos de esperar até que a actividade económica recupere. Só então podemos reduzir os estímulos e a dívida”, disse. O grupo Wanda está a negociar a compra da produtora Dick Clark Productions, a empresa que organiza os Globos de Ouro nos EUA, segundo um comunicado difundido pela empresa esta semana. O Wanda detém já a empresa norte-americana AMC Entertainment, proprietária da segunda maior cadeia de cinemas dos Estados Unidos. No início do ano, anunciou a compra da Legendary Entertainment, produtora de filmes como “Jurassic World” e “Godzilla”, por 3.500 milhões de dólares.


12 Música CLOCKENFLAP REGRESSA COM CHEMICAL BROTHERS, DIE ANTWOORD

EVENTOS

“Maquista Chapado” IIM relança publicidade de livros sobre identidade de Macau

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colecção de livros “Cidade Cristã”, lançada pelo Instituto Internacional de Macau (IIM), está a ser novamente divulgada pela instituição. O objectivo é divulgar a identidade de Macau com os três livros lançados em 2001 e que pretendem preservar a memória e a identidade do território sob três perspectivas diferentes: Macau de matriz portuguesa, Macau de referências ocidentais e Macau macaense. Rufino Ramos, director-geral do IIM, explica por que se decidiu recordar as obras: é que na altura que estes livros foram editados influenciaram o aparecimento de outras obras sobre Macau. “Havia muito pouca coisa sobre este assunto e as pessoas não tinham referências. Soube por exemplo de um livro de culinária lançado há pouco tempo por um luso descendente que tem por nome ‘Arroz Gordo’. Ora este é um prato típico de Macau. Quando as coisas são difundidas começam a dar mote para que mais coisas apareçam.” Os livros, que foram editados em 2001 durante o encontro das Comunidades Macaenses, são novamente motivo de conversa porque o IIM considera que nunca é demais divulgar a identidade e a importância da cultura de Macau. “O primeiro chama-se ‘Identidade Macaense’ e foi escrito pelo Coronel da Silva que foi funcionário dos correios e posso dizer que é um livro escrito com muito sentimento e que explica por palavras suas o que é ser macaense. É um conjunto de memórias que ficam registadas para o futuro.” “Macau somos nós”, o segundo exemplar, reúne

dezenas de testemunhos de macaenses que estão fora. “São os macaenses da diáspora. A sua grande maioria está, ou esteve, no Brasil, alguns já voltaram e outros entretanto morreram, mas fica o seu relato. As aventuras que viveram nessas terras e as saudades que deixaram em Macau”, diz. Este volume tem também fotografias “preciosas” na opinião de Rufino Ramos, por se tratarem de “registos particulares de cenas antigas que de outra forma não teríamos acesso e ficariam esquecidas”. Finalmente o último livro da colecção, que foi escrito por Miguel de Senna Fernandes, numa parceria com o linguista australiano e actual director da Universidade de São José e cujo nome é “Maquista Chapado”. Nele se encontram referências ao patuá, já que contém “um glossário de termos de patuá e respectiva tradução para português e ainda uma lista de alcunhas antigas cuja explicação, nalguns casos, é muito engraçada”, frisa Rufino Ramos. Todos os livros foram editados em língua portuguesa mas no caso do terceiro exemplar existe também uma versão em inglês, que não é contudo da responsabilidade do IIM. Os livros podem ser encomendados no Instituto ou nas livrarias locais. HM

CANTA PARA EM NOVEMBR Mais de um dezena de bandas vão subir aos palcos do Clockenflap este ano, num alinhamento que conta com nomes como os Chemical Brothers, Die Antwoord e Sigur Rós. A música reina durante três dias, num festival que se estende a todos os géneros

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA MAR • Ricardo Henriques, André Letria

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Se o nosso planeta tem mais mar que terra, então porque é que não se chama planeta Mar? Provavelmente já não vamos a tempo de mudar os dicionários e os livros de geografia, mas fica aqui a nossa homenagem a essa grande piscina tão importante para os portugueses, povo de marinheiros e comedores de bacalhau. Este atividário (atividades + abecedário) aviou-se no mar e dá-te palavras para mastigar e não deitar fora. Brinca com elas e com os seus significados, uma e outra vez, porque no mar há muito sal para provar, muitas lendas para contra e muitas vidas para descobrir, sejam de peixes ou piratas. É certo que há no Mar há mais palavras que marinheiros, mas o barco não podia trazer tudo. Partimos ao sabor do vento e regressámos com 206 definições e 80 actividades na rede. Diverte-te com elas. André Letria (Ilustrações) nasceu em Lisboa, em 1973. As suas ilustrações percorrem as páginas de livros e jornais desde 1992. Ganhou prémios como o Prémio Gulbenkian, em 2004, o Prémio Nacional de Ilustração, em 2000, ou um Award of Excellence for Illustration, atribuido pela Society for News Design (EUA). Há livros seus publicados em diversos países, como os EUA, Brasil, Espanha ou Itália.

O CLUBE DOS VIAJANTES IMAGINÁRIOS • Pierdomenico Baccalario

«Duas são as sentinelas que vigiam o mar, caprichosas, tremendas, de lanças a postos. Três os amigos que as podem enfrentar,mas a nenhum, cuidado, ofereçam os rostos.» De acordo com o primeiro manuscrito, Ulysses Moore é provavelmente não só um mestre de línguas, linguagens e códigos, mas também um físico mais genial que o próprio Albert Einstein. Ou se calhar é um mentiroso exímio!


13 E GEORGE CLINTON

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MIMO RO

DE ÁFRICA COM LOUCURA

SUNSET NO PACHA

O Clockenflap apresenta ainda os DieAntwoord. Directamente da África do Sul, os “freaks” da cena musical que junta o Rap e as ‘raves’sobem ao palco no segundo dia do evento. O bizarro duo toca pela primeira vez em Hong Kong, onde mostrará o que faz de melhor: a veneração e a paródia à contra-cultura

É já no dia 2, domingo, que o Pacha tem mais uma iniciativa de fim de tarde ao som de música e na companhia de uma bebida. “Sunset Sunday El Cielo” vai realizar-se no terraço do clube e conta com uma diversificada lista de DJ locais. A festa começa às 16 horas e dura até às 3 da manhã. Ryoma, residente local mas originário do Japão, Kangol e DJ Limes, de Portugal, Yugo, da Jugoslávia, Soulboy do Reino Unido e Sesh Wan, da Austrália animam a tarde com estilos que variam desde o chill step, ao swing passando pelos ritmos quentes da América Latina, música africana, funky, hip hop e clássicos. A entrada é livre.

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ainda hoje sobe ao palco com Mary J. Blige e Grandmaster Flash?

DA ÁSIA COM TALENTO

maior festival de música das redondezas está de volta a Hong Kong em Novembro. Este ano, o Clockenflap tem no alinhamento The Chemical Brothers, Die Antwoord e Sigur Rós, só para mencionar alguns. E o cartaz não está ainda fechado. Depois de um 2015 com “mais de 60 mil” festivaleiros, o Clockenflap promete mais música e arte no “Harbourfront” de Kowloon de 25 a 27 de Novembro, com bandas que vêm de todas as partes do mundo. A organização anunciou recentemente a presença dos The Chemical Brothers. A banda do Reino Unido, que já cá anda desde os anos 1980, sobe ao palco principal do festival no último dia, domingo. Com seis álbuns e duas dezenas de singles no topo das preferências, Tom Rowlands e Ed Simons chegam ao Clockenflap para aquele que será “o único concerto” da banda na Ásia. O duo de música electrónica, “reconhecido em todo o mundo por sets ao vivo de cortar a respiração”, promete uma “performance a não perder”, onde a música vai fazer-se acompanhar de imagens psicadélicas e um festival de luzes.

Die Antwoord

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Afrikaans. Com o quarto álbum a caminho e passados sete anos desde a sua estreia, Die Antwoord (“A Resposta”, em Português) afastam-se de tudo o que é comercial e comummente aceitável. “Misturam rap com rave, visuais especiais e letras afiadas, são o antídoto perfeito para o veneno que é o ‘mainstream’”, escrevem na apresentação da banda. Da Islândia chegam os Sigur Rós, que regressam a Hong Kong e trazem consigo novo material. Classificados como uma banda de “post-rock”, prometem aquela que será “a sua mais épica performance de sempre”.

DO HIP HOP AO FUNK

Blood Orange (Reino Unido), Fat Freddy’s Drop (Nova Zelândia), George Clinton and Parliament Funkadelic (EUA), Mad Professor (SFSF). Entre sexta-feira e domingo, o Hip Hop, R&B, Soul e Funk estará nas mãos de representantes internacionais destes géneros musicais. É o caso de Blood Orange, que apresenta a mistura perfeita de R&B e electrónica. Sobe ao palco no sábado, depois de ter aparecido em 2004 e escrito músicas para bandas como os Florence and The Machine, Carly Rae Jepsen, Kylie Minogue e até Chemical Brothers. No mesmo dia é

CASAS-MUSEU DA TAIPA REABREM AMANHÃ

EVENTOS

As Casas-Museu da Taipa vão abrir ao público a partir de amanhã. Depois de terem sido fechadas em Agosto para obras de manutenção, que incluíram pintar paredes, reparação de janelas e a instalação de iluminação na área circundante, três das casas já estão prontas, bem como as salas de exposição, e já podem ser visitadas, com entrada livre. As obras de manutenção fizeram parte de um plano do Governo que visava “optimizar o ambiente envolvente das mesmas”. As CasasMuseu estão abertas ao público das 10h às 19h e encerram às segundas-feiras.

tempo para ver Fat Freddy’s Drop – numa combinação de Reggae, Dub, Blus e Jazz -, e o produtor de Dub-Reggae Mad Professor, que há mais de 35 anos faz novas adaptações a músicas de bandas como os Beastie Boys, Depeche Mode, Sade e Jamiroquai. Um dia antes sobe ao palco “o rei do Funk”: George Clinton, lenda que inspirou nomes de Michael Jackson a Red Hot CHilli Peppers, está no topo desde há 50 anos e continua, ainda hoje, a fazer todos dançar. Preparados para o senhor que PUB

Sem esquecer onde acontece, o Clockenflap compromete-se todos os anos a trazer a Kowloon as bandas asiáticas do momento e este ano não foi excepção. De Taiwan vem Cheer Chen e o seu folk melódico, prontos para subir ao palco no sábado, um dia antes do rock dos japoneses Sekai No Owari.ACoreia é representada pela banda indie Hyukoh e há espaço para bandas da casa: ...Huh?!, Juicyning, Fantastic Day, TFVSJS, Tux e CharmCharmChu.

LISTA QUE CONTINUA

Foals chegam pela primeira vez a Hong Kong depois de actuarem em festivais à volta do mundo, como o Coachella, para tocar no domingo. O último dia do festival recebe também Yo La Tengo (EUA), Crystal Castles, Sun Glitters, o “prodígio francês da electrónica” Fakear e os conterrâneos Birdy Nam Nam. A electrónica mantém um lugar de topo no Clockenflap com outros nomes como Ba-

dbadnotgood (sexta-feira), 65daysofstatics (sábado) e Rodhad. José González, Jimmy Edgar, Reonda e Pumarosa são outras das presenças, que partilham o festival com The Jolly Boys da Jamaica. Mas o Clockenflap não se faz só de música e este ano marcam presença novos performers com o já tradicional Club Minky. Da comédia ao circo e artes performativas, há diversidade para todos os gostos. “All Genius, All Idiot”, da trupe Svalbard, “Yeti’s Demon Dive Bar” e “Ichi” são alguns dos convidados, que partilham o espaço do festival com a instalação The Blind Robot, que dá a oportunidade aos humanos festivaleiros de conhecer um lado doce e emocional que não se espera de uma máquina. A segunda fase dos bilhetes já está à venda e permite a compra de ingressos a preços que vão desde 850 a 1620 dólares de Hong Kong. Estão disponíveis até 10 de Novembro, ficando mais caros depois. As portas do festival abrem às 17h00 do dia 25 de Novembro. Joana Freitas

Joana.freitas@hojemacau.com.mo


h ARTES, LETRAS E IDEIAS

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S

ÃO fases. Como as da lua. Que fazer quando chega esta estação que nos deixa de algum modo indecisos entre o sentido de queda, decadência e melancolia e o de colheita, harvest, outro nome para o mesmo tempo, como uma síntese do labor subterrâneo à consciência atravessando meses suaves e deparando-se com o desafio. Como, como conseguir manter a esperança do tempo que há-de voltar com os primeiros ventos suaves, prenúncio de mudança. Como, como conseguir esquecer o frio que falta atravessar e corrói a temperatura ainda quente de hoje. O que sobra de Verão todos os anos. Como, mas como resistir ao nocturno a instalar-se como um sem-fim de tempo morto. E pensar que tudo volta e há-de voltar sempre enquanto se fôr possibilidade de gente. Não é mau ser-se lunar. Dou comigo a apreciar madrugadas novas. De novo, só o apreciar. E novas são sempre. Não consigo desfitar por momentos o mistério maravilhoso de subsistir estação após estação numa que é fuga para a frente sempre à espera das melhores. Revirar a sensação pesada de não querer e lembrar que sempre volta a acontecer conseguir. E que os ritmos, como na música, alternam cheios e vazios, cheias e secas, frio e calor na pele. E que é bom. Mas gostava de ser sempre tempo bom. Mesmo eu. É pena. Sempre tempo bom de levar. E chegam estes dias e a queda. Das penas, dos cabelos das árvores. Também. E sabe-se o que vem por aí mas é tempo de colheitas. Não há que ser menor que o natural. Como a síntese do tempo bom no seu labor subterrâneo. E da terra. Também. Talvez a trégua nos sentidos a preparar o desafio. E vem. E vai. E volta o tempo bom. E pelo meio flores de inverno e árvores de folhagem perene. Deve fazer sentido. Como os dias. A lembrar como comecei a gostar das madrugadas. Talvez amanhã. A limpa transparência de tudo, ainda como antes as noites alongadas, algo entre os dias. Sim, é isso o algo indizível entre dias, a suspender o tempo num remanso que se sabe finito mas é bom fingir não ser.

Finito mas a parecer não. O ser. Limpo do sono bom ou mau. Atirado para o silêncio das cores ainda amodorradas em tons quase neutros. Tudo suave e antes de ser. Passada a impressão de já não ser. Nada sobra do dia que foi. Interrompido pelo esquecimento dos lençóis puxados com força sobre o rosto e o silêncio da noite, como o cair do pano. Sem palmas. Ruído já houve demais. A acelerar horas adentro. E numa pressa de acabar com o cansaço inadiável de um dia. Mesmo como os outros. Sinto-lhe o limite. Aprendi a dormir nele. E a levantar-me. Devagarinho. Para o dia em branco a alvorecer. Indefinido mas distinto de tudo antes, muito antes de tudo depois. Assim. Ainda. E é nesse ainda que me suspendo até um momento qualquer em que o dia se revelou, nítido como um animal a sair detrás de uma névoa. E não é possível ignorá-lo. Até à noite. Mas entretanto habita-se a forma da luz leve nas coisas como mais uma velatura sobre velatura sem massa e sem peso ainda. Sem urgência. Sem depois. Ainda. A cidade limpa, os olhos temporariamente tolhidos do sono, extraídos do esquecimento. Lentamente. Para um nada ainda possível. Antes que o verdadeiro colorido se instale numa paleta demasiado veemente. E dizer verdadeiro é como dizer aparente, irreprimível ou desnecessário. Seria bom um pouco mais mas resta o contraste a apaziguar. Com um silêncio entre notas musicais. Tão necessário como essas ao acontecer. Que é não sair do mesmo círculo, sítio, digo. E contudo não nos encontrarmos nunca no mesmo ponto do universo. Nada, nunca, igual. Outra ilusão como a de só o corpo envelhecer. Mas as ideias também. Algumas morrem até, afundadas na memória. Outras como botões de flor que caiem antes de chegar a abrir. E algumas, escassos instantes após uma passagem rápida pelo fundo dos olhos. E já não estão, como talvez nunca mais tenham estado. Resta por momentos uma perplexidade ante a memória de uma forma imprecisa que se teceu e desfez. Uma reverberação que o é em si e já sem forma. E adiante mesmo essa se distende

suavemente noutras percepções. Outras, ideias, são árvores de crescimento lento e imperceptível, de folha persistente ou caduca, mas que acompanham com o fôlego intemporal de viajantes de longo curso. Tanto de subterrâneo como de aéreo a adejar a favor das intempéries. Há de tudo na variedade incontável da natureza. E na sua verdade. Na sua persistência cíclica. Não lhe quero querer ficar atrás. Se não tiver que ser. Mas entretanto o Outono. Esta realidade temporal de apagamento. Ou de colheita como síntese. Mas, the fall. Em inglês com um sentido ímpar. E o uso. Cair no amar, cair no sono. Cair imparável em espaços amplos e conceptuais. Sem coordenadas. A queda. E o sem fundo abaixo. E “fall down”. Para baixo. Afinal. De algures. Que não sendo tempo nem espaço foi ascensão possível. Ou como retorno de aventuras e dinâmicas psíquicas em que nos aventuramos por imperativos de transcendência. Cair na realidade, na terra a que se pertence. Também. O território do meio, onde pertencem as árvores. E a queda dos anjos. Silenciosos por aí, antes, mas a trovejar no inverno. Nos intervalos das nuvens. Caiem despedidos. A afastá-las do caminho, quase se lhes vê os fios. Ou serão cabos eléctricos. E depois as asas enlameadas. Ou o que resta. As omoplatas, nas costas lisas, para encostar o ouvido. Cair no tempo zangado e invernoso. Zangado com o corpo. Um tempo que reclama e o zurze violentamente, cortante, uivante, de uma fúria em crescendo de irracionalidade. Como alguém a deixar-se levar por emoções. A carpir, a ondular com veemência uma dor de elementos em desarrumação. Às vezes, temo que o inverno nunca pare de crescer em fúria. Auto alimentada de si, como se pudesse não terminar. Mas de súbito, também nos invernos, depois de uma chuvada violenta e ventosa a perder o norte, tudo pára. E rompe o sol. Assim. Também somos assim. Feitos de desassossegos e reacções físicas, descargas eléctricas que trovejam no silêncio da mente. Mas vertem. Por vezes. No descompasso da respiração das

ANABELA CANAS

E depois o céu abre-se e caem os anjos


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de tudo e de nada

Anabela Canas

batidas cardíacas e do disparar da voz. Ondas. Elementos em fúria. Palavras. Mas ao contrário destes, que nunca se cansam e somente se reservam para outro crescendo e outra estação, em nós sobra, no esvair do desassossego, um outro. Um cansaço. Do difícil desalojar a alma das correntes do costume. A civilidade e a ética os sentimentos as contradições. Elementos em fúria, repito. Em choque. Mas há uma intensidade que nada deve ao silêncio do verão. O gotejar na folhagem quando serena a chuva. As cores reavivadas e como se a vencer a dificuldade da luz. A turbulência do mar e das marés. Os fios de água a abrir regos na terra, as nuvens bíblicas. Mesmo o assobiar do vento. Mesmo as chuvas a escorrer nos vidros. Aquelas que parecem tender a apagar a realidade da casa se persistirem. E tudo, de caminho. E o cinzento suave e suado de uma ténue tristeza de tudo, em que descansamos. Mas algo se preparou lentamente como as despensas dos pequenos bichos da terra. Para a travessia. Talvez para o contraste que impede a habituação. A indiferença. E tudo se renova numa generalidade sempre idêntica. Nunca igual. Excepto naquele momento de equilíbrio entre dias e noites que breve se desfaz. E sobrevém a face escura do ano. Na expectativa de uma outra estação que estará sempre num ponto qualquer do percurso dos anos. Como dos dias. E voltamos. Mais fortes ou mais frágeis. Muitas vezes renovados. Nunca mais jovens. Isso não. Mas há ainda o que nos distingue do natural. Poder acontecer tudo sem ordem nem ritmo regular. Fora de tempo e em qualquer momento. Ao contrário dos elementos. Uma chuva a cair para cima. Sem lógica nem predestinação. É bom, o humano. Não há nada de mal em ser lunar e entristecer ainda assim quando chega o Outono. Porque haveria…Como flores que fecham ao entardecer como podem. No seu sono de flores simples guiadas pela luz. Ser lunar na melancolia e solar à luz do dia. Por exemplo. Ou o contrário, porque de humanos, nos queixamos ser.


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h

Início da dinastia Ming e os holandeses “N

O século XIV, o vasto império chinês encontrava-se convulsionado por inúmeras revoltas, motivadas pela dissoluta existência que levava devasso Sân-Tái (Shun Di, 1333-1368), último imperador mongol da dinastia Un (Yuan)”, segundo Luís Gonzaga Gomes. A dinastia mongol governava a China e discriminava o povo Han a tal ponto que este, já na miséria, se revoltou. Essa revolta iniciou-se no dia 15 do oitavo mês lunar de 1355, com uma mensagem no interior dos bolos lunares tradicionalmente trocados entre as pessoas a incentivar os han a pegarem em armas contra os invasores nómadas mongóis. A história da revolta dos camponeses contra a opressão dos imperadores mongóis da dinastia Yuan chegou-nos aos ouvidos em Bozhou, na província de Anhui. Os mongóis encontravam-se com problemas desde 1328, devido a não terem regras para a sucessão dos khan (em português can ou cão), estando a corte Yuan em lutas internas. Mobilizando a população descontente, em 1351, Liu Futong conseguiu ocupar o Sul da província de Henan e o Norte de Anhui com um grande grupo de rebeldes, que usavam bandeiras vermelhas e turbantes da mesma cor. Em 1352, Zhu Yuanzhang (1328-1398) alistou-se nesse movimento, conhecido pelos Turbantes Vermelhos, que foi vencendo os exércitos do Imperador Shun, tendo em 1355 criado um governo em Bozhou. Liu Futong (1321-1363) proclamou a nova dinastia Song em Bozhou e coroou o filho de Han Shantong (seu primeiro companheiro de luta que tinha sido capturado e morto), Han Liner como Pequeno Rei da Luz. O movimento, que contou com a ajuda da sociedade secreta daoísta do Lótus Branco, aumentou e alastrou-se tendo, depois de muitas peripécias, conquistado todo o Norte da China.

MENSAGEM DENTRO DO BOLO LUNAR

Zhu Yuanzhang, nascido em 1328 de uma família Han de camponeses, teve como primeiro nome Chongba. Ficou órfão ainda jovem, devido à peste que lhe levou toda a família e para sua sobrevivência, entrou no templo de Huangjue, onde se tornou monge

budista. Como eram muitos a recorrer a esse estratagema, havendo pouco alimento no templo, teve que o abandonar. Vagueou alguns anos e, em 1352, juntou-se à revolta contra a dinastia Yuan, entrando no grupo chefiado por Guo Zixing. Este, vendo as qualidades e bravura de Zhu Yuanzhang, casou-o com a sua filha adoptiva, Ma. Combatiam a Norte do Rio Yangzté e após ocuparem Hezhou (Hexian, em Anhui) em 1355, Guo Zixing morreu. Como Zhu não quis ficar sobre as ordens de outros chefes, criou um grupo de guerreiros e foi combater os mongóis para Sudeste. É dessa altura a História do Bolo Lunar, que conta ter Zhu Yuanzhang um plano para atacar a dinastia Yuan e com a finalidade de informar todos os que com ele estavam nessa luta, já que os espiões mongóis se encontravam por todo o lado, escreveu alguns papéis com a mensagem dos pormenores do plano. Escondendo-as dentro dos bolos lunares, depois enviou-os aos seus homens.

Ao mesmo tempo que espalhava pela cidade servir o bolo para prevenir desgraças, passou a palavra para que quem apoiasse o movimento, dependurasse lanternas às portas de suas casas. Tudo isso ocorreu sem que os mongóis desconfiassem já que não sabiam ler chinês e a festividade era muito antiga. Quando os chineses comeram os bolos e leram as mensagens, mobilizaram-se e derrotaram os mongóis em Yingtian (Nanjing), conquistando-a em 1356 e toda a área circundante, onde fizeram a sua base. Nos doze anos seguintes prosseguiu-se a luta contra a dinastia Yuan pelo resto da China. Bozhou caiu nas mãos dos mongóis em 1359 e Han Liner acompanhado por Lui Futong fugiram para Anfeng. Entretanto as divergências entre os chefes dos revoltosos levaram a que muitos deles procurassem, ao longo do Changjiang, criar reinos independentes. Após a morte em combate de Lui Futong em 1363, Zhu Yuanzhang foi ajudar Han Liner e colocou-o em

Chuizhou, ainda como Rei Song. Já em 1366, Zhu convidou o Rei Song para se estabelecer em Yingtian (nome que pouco depois passou para Nanjing), mas na travessia do Changjiang (Rio Yangtzé), aconteceu o naufrágio do barco que o transportava e assim morreu Han Liner. Logo Zhu Yuanzhang, mandou construir muralhas em torno da cidade, só terminada em 1386, altura em que as fronteiras dos Han deixaram de ser ameaçadas pelos mongóis.

FUNDAÇÃO DA DINASTIA MING

Em 1368, Zhu Yuanzhang ascendeu ao trono em Yingtian, mudando-lhe o nome para Nanjing, onde fez a sua capital e fundou a dinastia Ming (13681644), tornando-se imperador com o nome de Hong Wu (1368-1398). De salientar que Ming significa brilhante e este imperador, após a morte, ficou com o nome de Tai Zu. “Desde a fundação da Dinastia Ming (1268-1644), que a grande preocupação era a defesa contra qualquer tentati-


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José Simões morais

va restauradora da dinastia derrubada, a Yuan. Por esta razão, toda a defesa militar chinesa se concentrou no Norte, nas fronteiras com os Mongóis”, segundo referem Jin Guo Ping e Wu Zhiliang. “A partir de finais do século XIV, nota-se uma evolução nestas actividades piratas, que parecem estar agora sobretudo ligadas às lutas que opunham o fundador dos Ming aos seus rivais. Alguns dos adversários de Hongwu, refugiados nas ilhas nipónicas, associam-se aí a piratas japoneses. Entre eles encontravam-se, talvez, antigos partidários de Fang Guozhen (13191374), personagem misteriosa que tanto combateu os ocupantes mongóis como os movimentos de resistência e que incluíra nas suas tropas contrabandistas e piratas das costas do Zhejiang”, segundo Jacques Grenet. Já Gonzaga Gomes refere: “De entre os inúmeros cabecilhas de rebeliões, celebrizou-se um famigerado pirata de nome Fóng-Kuók-Tchân (Fang Guozhen) que, conforme o valor das peitas que lhe eram oferecidas, ora se submetia a um chefe mais poderoso ora tomava o partido de outro, quando não agia por sua própria conta, sendo campo principal das suas terríveis proezas as riquíssimas regiões da costa meridional da China”. E Jacques Grenet refere: “A ameaça

A frota de Cornelius Houtman

faz-se sentir portanto desde o início da dinastia (Ming) e é dessa época que datam as primeiras medidas de defesa: formação de uma esquadra, unificação do comando naval, fortificação das costas do Shandong, do Jiangsu e do Zhejiang. Graças a estas disposições, à actividade diplomática dos Ming no Japão e ao seu domínio dos mares, os ataques dos piratas parecem ter-se reduzido ao longo das últimas décadas do século XV”. Já no século seguinte, Qi Jiguang (1528-1587) foi um estratega ao serviço da dinastia Ming com serviços reconhecidos contra a pirataria japonesa nas regiões costeiras de Zhejiang e Fujian.

INGLESES NO PACÍFICO

Segundo o Padre Manuel Teixeira, que foi buscar a informação a K.R. Andrew, diz que “em Maio de 1585 foram capturados vários navios ingleses nos portos espanhóis e confiscada a carga. Ergueu-se na Inglaterra um clamor dos comerciantes pedindo reparação. A 7 de Julho, o Governo instruiu o Almirantado para examinar estas relações e passou cartas de represália aos que provassem ter sofrido perdas. Estas cartas davam licença aos prejudicados para armar navios e capturar os navios espanhóis no mar. No verão de 1585, uma hoste de aventureiros – private men-of-war or mere pirates entre os quais Sir Francis Drake – lançou-se à caça de espanhóis. De 1589 a 1591, mais de 200 navios se empregaram nesta pirataria”. Mas, já desde 1579, circulavam em águas das Molucas e Java a soldo da Rainha Isabel I (1558-1603), os corsários ingleses, Francis Drake e Thomas Cavendish, como refere Beatriz Basto da Silva e prosseguindo pela sua Cronologia, em 1592 “o inglês James Lancaster ataca navios portugueses na carreira de Malaca” e em 1596, “A rainha Isabel I de Inglaterra tenta alcançar negociações com o Imperador da China. Escreve-lhe uma carta que não chega ao destino”. A última do ramo dos Tudors, Isabel I (1533-1603), filha de Henrique VIII e Ana Bolena, apoiou as revoltas das Províncias Unidas contra a Espanha, que tinham começado lideradas por Guilherme de Orange em 1558. A independência dos Países Baixos foi declarada em 26 de Julho de 1581, mas só reconhecida depois da Guerra dos Oitenta Anos (1568-1648). De lembrar que a Armada Invencível foi derrotada em 1588, sendo a esquadra confiada a Álvaro de Bazán, marquês de Santa Cruz mas, devido ao seu falecimento, substituiu-o o inexperiente em coisas do mar duque de Medina Sidonia, in-

formação de Joseph Walker na Historia de España, onde refere ainda ter Francis Drake saqueado as costas do Chile e Peru, assim como Cádis.

A VOC NO PACÍFICO

Em 1579 é formada a República das Províncias Unidas, criada por um grupo de sete províncias, entre elas os Países Baixos (Holanda e Zelândia), que se tornou independente de Espanha. O holandês Cornelius Houtman vai a Lisboa em 1592 para recolher informações sobre as viagens marítimas portuguesas à Índia. Em 1594, um grupo de nove mercadores de Amsterdão decide unir-se e formar uma Compa-

“No século XVII o Império holandês vai seguir o mesmo modelo, pela ocupação dos entrepostos anteriormente dominados pelos portugueses. Mas os holandeses criaram formas inovadoras, como as grandes companhias comerciais, concedendo à iniciativa privada um papel que, em Portugal, a Coroa desempenhava preferencialmente.”

nhia de Navegação, a Van Verre. Com quatro barcos e 249 tripulantes, no ano seguinte meteram-se no Atlântico para chegar ao Oceano Índico, usando a rota encontrada em 1488 pelos portugueses. Levaram dois anos até regressar, tendo morrido dois terços da tripulação e o apuro feito com a venda dos produtos trazidos deu apenas para pagar o investimento feito. Não fosse o êxito de terem navegado até ao Oceano Índico e a viagem teria sido um fracasso, mas com a rota da Índia aberta, logo foram criadas pelos mercadores holandeses novas companhias que se aventuraram a enviar barcos para a Ásia. “De 1598 a 1603 saíram treze frotas com destino às Índias. Muitas sofreram naufrágios desastrosos. As que conseguiram retornar tiveram lucros que alcançaram até 265%”, segundo Mauro em Expansão Europeia (1600-1870). Foi grande o sucesso e a fortuna imensa. Os Holandeses estabeleceram-se em 1598 no Oriente e no ano seguinte apareceram na costa de Macau. Já os ingleses, vendo-se a ficar para trás, criaram em 1600 a Companhia Inglesa das Índias Orientais. Passados dois anos apareceu a Companhia Holandesa das Índias Orientais (VOC - Vereenigde Oost-Indische Compagnie), Companhia Unida da Índia Oriental que data de 20 de Março de 1602, mas só em 1618 a sede passou para Batávia, como refere B. Basto da Silva. A VOC foi criada após terminada as gestões feitas por Oldenbarneveld e a fusão das diferentes companhias numa única, pois estas “eram concorrentes na compra de produtos na Ásia e na sua venda, na Europa”, segundo refere o brasileiro Mauro. E, terminando com António Manuel Hespanha, no livro Panorama da História Institucional e Jurídica de Macau: “No século XVII o Império holandês vai seguir o mesmo modelo, pela ocupação dos entrepostos anteriormente dominados pelos portugueses. Mas os holandeses criaram formas inovadoras, como as grandes companhias comerciais (Companhia das Índias Orientais, 1602; Companhia das Índias Ocidentais, 1621), concedendo à iniciativa privada um papel que, em Portugal, a Coroa desempenhava preferencialmente por si”. A Companhia Holandesa das Índias Orientais (VOC), com sede em Amesterdão, onde em 1609 é criado o Banco de Amesterdão para apoiar o comércio colonial, criou o conceito actual de acções quando em 1610 dividiu o seu capital em quotas iguais e transferíveis em Bolsa. O seu objectivo era o de excluir os competidores europeus e substituí-los nas rotas comerciais pelos três oceanos.


18 (F)UTILIDADES

hoje macau sexta-feira 30.9.2016

?

TEMPO PERÍODOS DE CHUVA MIN 21 MAX 26 HUM 55-85% • EURO 8.95 BAHT 0.22 YUAN 1.19

O QUE FAZER ESTA SEMANA Hoje ESPECTÁCULO DE ACROBACIA “THE LEGENDARY SWORDSMAN” Fórum de Macau, 20h00

AQUI HÁ GATO

COMO ASSIM?

Diariamente EXPOSIÇÃO “O ARAUTO DOS TEMPOS: O POETA F. HUA-LIN” Academia Jao Tsung-I (até 13/11) EXPOSIÇÃO DE PINTURA “INSPIRAÇÃO INOVADORA”, DE MAK KUONG WENG Jardim Lou Lim Iok (até 16/10) EXPOSIÇÃO COLECTIVA DE ARTISTAS DE MACAU IACM (até 30/10)

EXPOSIÇÃO “MEMÓRIAS DO TEMPO” Macau e Lusofonia afro-asiática em postais fotográficos Arquivo de Macau (até 4/12)

O CARTOON STEPH DE

ESCULTURA “LIGAÇÃO COM ÁGUA” DE YANG XIAOHUA Museu de Arte de Macau (até 01/2017) EXPOSIÇÃO “O PINTOR VIAJANTE NA COSTA SUL DA CHINA” DE AUGUSTE BORGET Museu de Arte de Macau (até 9/10) EXPOSIÇÃO “EDGAR DEGAS – FIGURES IN MOTION” MGM Macau (até 20/11) EXPOSIÇÃO “PREGAS E DOBRAS 3” DE NOËL DOLLA Galeria Tap Seac (até 09/10) SOLUÇÃO DO PROBLEMA 90

C I N E M A

Cineteatro

PROBLEMA 91

UMA SÉRIE HOJE

SUDOKU

EXPOSIÇÃO “ROSTOS DE UMA CIDADE – DUAS GERAÇÕES/ QUATRO ARTISTAS” Museu de Arte de Macau (até 23/10)

Como é que é possível o nosso Governo levar a cabo consultas públicas para saber se deve ou não cobrar sacos plásticos? Como assim? Como é que, em vez de tomar uma decisão mais do que necessária e urgente, vai esperar dois anos ou mais para implementar uma política só para saber se as pessoas se importam ou não de pagar estas malditas fontes de poluição? Como assim? Não me levem a mal. Eu até concordo com que haja consultas públicas para determinados assuntos e tal, mas há coisas que um Governo tem de decidir: por exemplo, perceber se as pessoas concordam com um mamarracho a ser construído ao pé de património acho que é positivo. Mas há muitas coisas em que a população não deveria ter voto na matéria. Insto o Governo a parar de ser tão “transparente” para uns casos e a esconder tantas outras coisas importantes. A sério que vamos perder anos a fio para fazer consultas, analisar opiniões e fazer leis que implementem o pagamento de sacos plásticos? E isto porque, vá lá, o pessoal ainda concorda. Então e se não concordassem, o Governo não ia tentar acabar com o flagelo que é o desperdício de sacos que não são reciclados e não se degradam em menos de 500 anos? Pu Yi

“MOTIVE” (BRAD VAN ARRAGON)

Todos os crimes têm um motivo e descobri-los é o trabalho da equipa de investigadores liderada por Angie Flynn, uma agente com uma personalidade forte e bem caricata. A serie canadiana “Motive” segue desde o início a vítima e o assassino, numa forma diferente ao que estamos habituados a ver. Sabendo desde logo quem fez o quê a quem, resta-lhe ficar na expectativa de perceber porque é que o crime aconteceu. Joana Freitas MISS PEREGRINE’S HOME FOR PECULIAR CHILDREN SALA 1

MISS PEREGRINE’S HOME FOR PECULIAR CHILDREN [B] Filme de: Tim Burton Com: Eva Green, Samuel L.Jackson, Judi Dench, Asa Butterfield 14.30, 16.45, 19.15, 21.30 SALA 2

DEEP WATER HORIZON [B] Filme de: Peter Berg Com: Mark Wahlberg, Kurt Russel, John Malkovich, Kate Hudson 14.30, 16.30, 19.30, 21.30

SALA 3

STORKS [A] FALADO EM CANTONÊS Filme de: Nicholas Stoller, Doug Sweetland 14.30, 16.15, 19.45

STORKS [A][3D] FALADO EM CANTONÊS Filme de: Nicholas Stoller, Doug Sweetland 18.00

BLAIR WITCH [C] Filme de: Adam Wingard Com: James Allen McCune, Brandon Scott, Callie Hernandez 21.30

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Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Angela Ka; Andreia Sofia Silva; Sofia Mota Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Gonçalo Lobo Pinheiro; José Drummond; José Simões Morais; Julie O’Yang; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Paulo José Miranda; Rui Cascais; Sérgio Fonseca Colunistas António Conceição Júnior; André Ritchie; David Chan; Fernando Eloy; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Rui Flores; Tânia dos Santos Cartoonista Steph Grafismo Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo


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PERFIL

NATACHA FIDALGO, LOCUTORA

A

voz de Natacha Fidalgo não será estranha ao público de Macau. É ela que ocupa as tardes de sábado com o programa “Dois Dedos de Música” da Rádio Macau. Mas a cara por detrás da voz é iluminada por um sorriso que não significa facilidades na vida, mas antes uma força que lhe é intrínseca. Esta menina da rádio está em Macau há cinco anos, mas a história é diferente da maior parte dos portugueses que vieram para a RAEM. “A minha história é tipo filipina”, ilustra ao recordar a sua chegada ao território. A mãe de dois filhos (na altura com quatro e três anos) foi apanhada pela crise em terras lusas tendo deixado a família para trás. “Não era uma questão de opção, não havia alternativa se não pegar nas malas e ir em busca de sustento. Vim literalmente sem nada, aflita”, afirma com uma expressão que não esconde a forte memória. O que lhe terá valido foi o bom acolhimento por parte de um casal amigo com quem viveu os primeiros meses. O início não foi fácil, já que Natacha “não tinha nada e passava os dias a bater de porta em porta”. Com formação em Recursos Humanos, mas com experiências de trabalho em várias áreas, “o que viesse à rede era peixe”. Chegou no início de Junho para apanhar o final do ano escolar e tentar a sua sorte enquanto professora de Inglês. “Foi muito

A menina da rádio complicado”, recorda, enquanto fala das tentativas sucessivas e a distância dos filhos. O que fez “não foi um acto de coragem, foi sim um acto de desespero porque era a única alternativa”. Ao mesmo tempo que lembra as saudades, Natacha Fidalgo conta uma história que não esquecerá e que acompanha a altura em que arranjou emprego e voltou a ter a prole perto de si. “Fui a uma sapataria para comprar uns sapatos e consegui sair de lá com dois pares, um para cada um dos meus filhos. Lembro-me que, quando dei por mim, já na rua, as lágrimas abundavam por ter conseguido voltar a ter para as necessidades fundamentais, sem ter que decidir o que era mais urgente, estava feliz.” Tinha arranjado emprego enquanto professora de Inglês numa escola chinesa e já “podia pôr o miúdo na bola e a menina no teatro”. “Há muita gente que fala muito mal disto (Macau), mas eu não tenho nada que o fazer. Quando cheguei bati muitas vezes com a cara nas portas mas, agora, devo tudo a Macau”, afirma ao mesmo tempo que expressa que não entende o facto de outros cá estarem sem vontade. “Tenho um trabalho digno, tenho os meus filhos e faço o que gosto. Em Portugal, aos 35 anos, não me davam emprego por ser ‘velha’ e aqui senti que continuava a ter valor para ser digna

e poder trabalhar. Estarei sempre grata por isso a Macau.”

“PORTUGUESES TENHO EM PORTUGAL”

A vida tem continuado e os projectos alargado. Até ao ano passado dava aulas de Inglês na escola chinesa de matriz cristã. Este ano mudou de rumo: está numa pequena escola chinesa de matriz confuciana e esta experiência com a comunidade local de origem chinesa só tem trazido “mais valias à vida”. Quando refere que é professora, as pessoas presumem de imediato que está na Escola Portuguesa de Macau, ao que Natacha Fidalgo responde prontamente que “portugueses há em Portugal”, não lhe fazendo sentido que estar numa comunidade sem a entender, sendo este tipo de experiência fundamental. Por outro lado, no ensino chinês, o professor é respeitado e a própria metodologia está a mudar. Não é contratada para “despejar e mais nada, as coisas estão a mudar e cada vez mais, dentro de alguns limites, uma das exigências que se fazem é mesmo que, por entre os conteúdos curriculares se ensinem estratégias de pensamento e de capacidade crítica por um lado, e por outro que se desenvolva a criatividade nas crianças. “Na comunidade chinesa não é fácil, mas é muito desafiante fazer parte desta mudança”, frisa.

PARA ALÉM DA RÁDIO

Não contente em ser apenas a menina da rádio, mete-se em todo o tipo de projectos,

desde a educação ambiental à sensibilização para a pobreza e a implementação de acções de solidariedade. São várias as áreas em que investe o seu tempo. “As pessoas têm que fazer aquilo que gostam”, avança Natacha Fidalgo. Quando se fala na rádio relembra a “garota de 16 anos que animava uma pequena rádio pirata”. Com o passar do tempo, em Macau, quis encontrar este amor antigo. “Não podia ser nada a sério porque não tenho formação e ninguém me aceitaria com um currículo cuja experiência era na adolescência em rádio pirata”, ilustra com uma gargalhada. “Para um programa de autor até podia dar”, confessou. Por gostar de pessoas e considerar que “todos são especiais” criou o “Dois Dedos de Música”, onde convida para cada edição alguém que fica encarregue de fazer a playlist do programa. “Com a música as pessoas ‘despem-se’ e acabamos por ficar a conhecer uma centelha da alma de cada um enquanto passamos uma boa tarde de sábado”, explica. Por outro lado, diz, esta é uma oportunidade para todos experimentarem “a magia da rádio”, da qual gosta tanto. Sofia Mota

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20 OPINIÃO

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contramão

ALFRED HITCHCOCK, PSYCHO

Da casa a caminho do tempo

G

OSTO de casas velhas. Gosto de casas velhas porque nas paredes das casas velhas está a memória do que desconheço. As casas velhas guardam silenciosamente nascimentos e mortes, beijos proibidos e abraços consentidos, jantares de mulheres e homens elegantes, velórios de lágrimas e carpideiras, homens a fumar nos jardins e donzelas perdidas em amores interditos. As casas velhas são o passado das cidades e o passado das pessoas: são o outro tempo colectivo que, nas vinte e quatro horas dos nossos dias, pouco importa. Gosto ainda de casas velhas por razões de natureza arquitectónica. As casas velhas de que gosto são bonitas, mais bonitas do que a maioria das casas novas. Em Macau, as casas velhas são as mais bonitas de todas, porque são as únicas em que se respira, as únicas com portadas que protegem do calor, as únicas de paredes grossas, capazes de preservarem sussurros. Porque gosto de casas velhas, não gosto de casas a cair de podre. Pouco tempo depois de ter chegado a Macau, percorria diariamente parte da cidade a pé, logo de madrugada, às vezes ainda de noite. No caminho de casa ao trabalho, passava por duas casas velhas abandonadas, quase mortas. Duas casas velhas fechadas sem pretexto, sem desculpa, sem qualquer justificação. Casas mais bonitas do que to-

das as outras em redor. Mas fechadas, sem sequer se poder adivinhar a cor do outro lado das paredes. Uns anos mais tarde, uma das casas foi reconstruída: uma reconstrução mal-amanhada. As portadas de madeira foram substituídas por estruturas de alumínio e o chão, que imagino de madeira nobre, deu lugar a um pavimento em linóleo, uma coisa com um ar barato e vulgar. A casa velha, cor-de-rosa, manteve-se cor-de-rosa, apesar da mudança de tonalidade, e passou a ser o centro de tuberculose da cidade. Ainda hoje é cor-de-rosa, com um aspecto duvidoso. A outra casa velha do meu caminho diário – a minha favorita – continuou a cair de podre. Durante alguns anos deixei de a ver todos os dias mas, sempre que por ela passava, pensava nas madrugadas, às vezes ainda sem luz, em que matei o tédio dos passos com as histórias que jamais me contaram sobre ela. E o futuro que imaginei que pudesse ter. Há coisa de um mês, as alterações dos meus percursos diários levaram-me, de novo, a estas duas casas. Na casa velha esquecida, comecei a perceber alguma agitação. Janelas

A casa verde de Macau vai ter um destino que não é aquele que quero, mas isso não interessa: vai ter um futuro para poder continuar a ser parte de um outro tempo colectivo

abertas, portas abertas, sinais de uma possível nova vida, que se veio a confirmar: a casa verde está a ser reconstruída e sabe-se já que não vai ter janelas com caixilhos de alumínio. A casa verde a caminho da Guia é do Governo e vai acolher uma fundação. Não são os planos que tinha para ela, naquelas madrugadas de recém-chegada, ainda a lembrar-me de todas as casas velhas da cidade onde vivia, uma cidade em que o património é tão comum que as pessoas trabalham dentro dele, jantam dentro dele e bebem copos dentro dele – e com ele. A casa verde de Macau vai ter um destino que não é aquele que quero, mas isso não interessa: vai ter um futuro para poder continuar a ser parte de um outro tempo colectivo. Era isto que gostava que acontecesse com o resto da cidade que está à espera: levante-se a cabeça e veja-se, bem no centro de Macau, a quantidade de edifícios que pedem ajuda, num lamento já muito perto do chão. São prédios sem o interesse da casa verde a caminho da Guia, mas são pedaços de outras vidas, que deviam ser mantidos. E depois temos o antigo tribunal, que não está a cair de podre, mas que corre o risco do desespero de quem espera por aquilo que lhe prometeram, sem que nada aconteça, depressa e bem. Que não se ausculte mais, que não se esclareça mais. Que se faça: de acordo com as leis, de acordo com o bom senso, de forma transparente, com algum gosto, de preferência muito, sem esquemas que envolvam amigos, tios e padrinhos. Que se faça, já, depressa, antes que o velho morra de inseguro e o outro tempo colectivo, aquele em que raramente pensamos, deixe de ter qualquer significado.

ISABEL CASTRO

isabelcorrreiadecastro@gmail.com


21 hoje macau sexta-feira 30.9.2016

um grito no deserto

Cisão na Frente Democrática: verdades e mentiras

A

eleição para a 6ª Assembleia Legislativa de Macau terá lugar em 2017, mas um dos semanários de Hong Kong já lhe dá destaque na última edição, num artigo intitulado “Contagem decrescente para as eleições de Macau”. Dos 33 assentos da Assembleia Legislativa 14 resultam de voto directo, o que representa menos de metade. Sendo os restantes deputados indigitados e eleitos indirectamente, a função reguladora da Assembleia não se poderá cumprir em pleno. Mas, mesmo assim, por que é que ainda há quem invista tanto do seu tempo e do seu dinheiro para se candidatar a estas eleições? Para falar francamente; porque as vantagens que daí advêm superam os prejuízos. Já se sabe que nas eleições directas cada pessoa tem direito a um voto, mas certos grupos recorrem a pequenos favores – jantares oferecidos, presentes, viagens, etc. – para seduzir os eleitores. Numa cidade onde as autoridades não são capazes de travar a corrupção e o suborno durante os processos eleitorais, a Assembleia Legislativa pode facilmente vir a tornar-se num paraíso para os ricos e poderosos. Os eleitores que vendem o seu voto em troca de alguns favores, são responsáveis por transformar a “Assembleia Legislativa” naquilo que em chinês é designado por “Assembleia da Lixeira”. Para que os processos eleitorais sejam justos e transparentes, todos os cidadãos qualificados têm de se recensear e todos os eleitores devem votar em consciência. Só desta forma David vencerá Golias. No presente quadro político, as pessoas que se batem pela democracia, especialmente os mais jovens, sofrem as mais variadas pressões. Na peça do semanário de Hong Kong aparecem algumas questões que precisam de ser clarificadas. Primeira questão a salientar: os membros dos Conselhos Directivo e Executivo da Associação de Novo Macau são eleitos pelos seus pares de forma directa. Por vezes alguns filiados poderão ficar descontentes com o resultado das eleições, mas isso não é razão suficiente para apresentarem a sua demissão. O semanário também não tem o direito de usar a expressão “conquista de poder” para se referir ao processo eleitoral interno da Associação. A demissão de alguns membros pode ser causada por diferenças de

GAME OF THRONES

PAUL CHAN WAI CHI

opinião e por motivos pessoais. Mas esta não é a altura para entrarmos em mais detalhes. A expressão mais adequada seria “companheiros que seguem caminhos diferentes”. “Cindir” é um termo unilateral. Embora o artigo do semanário seja tendencioso, mostra claramente que as tensões aumentam à medida que as eleições se aproximam. O sector empresarial e as associações irão dar tudo por tudo para obter uma vitória esmagadora em 2017, como demonstraram nas recentes jogadas desestabilizadoras, e a “fragmentação” da Frente Democrática não deixa de ser um assunto preocupante. Para preservar as novas forças da Frente Demo-

Numa cidade onde as autoridades não são capazes de travar a corrupção e o suborno durante os processos eleitorais, a Assembleia Legislativa pode facilmente vir a tornar-se num paraíso para os ricos e poderosos

crática é necessário que todos os envolvidos se esforcem para encontrar uma solução. Pessoalmente, acredito que nas próximas eleições os candidatos da mesma frente não irão atirar “lama” uns aos outros, a menos que existam factos graves que não possam ser desmentidos nem ocultados. Nas eleições anteriores para a Assembleia Legislativa, a Associação de Novo Macau agrupou os seus membros numa candidatura única. Os diferentes grupos sobreviveram a inúmeros casos de difamação porque os eleitores não são cegos e, como reza o ditado chinês, “uma pessoa íntegra passa nos testes mais severos”. Não existe necessidade de nos preocuparmos. No tempo em que fui Presidente do Conselho Executivo daAssociação de Novo Macau, exortei repetidamente os membros que pretendiam envolver-se mais profundamente na vida política a respeitarem o código de ética, a prestarem atenção às suas acções, a evitarem erros e a manterem-se fiéis aos seus juramentos. Ainda falta um ano para as eleições e estão muitas variáveis em jogo, e os eleitores são uma das mais determinantes. Por isso, os cidadãos devem recensear-se desde já para virem a participar num processo eleitoral justo e democrático. Ex-deputado e membro da Associação Novo Macau Democrático

OPINIÃO


22 PUBLICIDADE

hoje macau sexta-feira 30.9.2016


23 hoje macau sexta-feira 30.9.2016

PUBLICIDADE


Devasso/meu próprio/espaço/de água/feito/no deserto/do corpo/invento/ encontro/rio/onde/me deito”

Alberto Eduardo Estima de Oliveira

sexta-feira 30.9.2016

CASAL DETIDO POR BLOQUEAR DESCOLAGEM DE AVIÃO

Os membros de um casal chinês, que invadiu a pista do Aeroporto Internacional de Pequim, forçando o atraso de um avião, foram punidos com cinco dias de detenção. O voo CA1519, que liga Pequim e Xangai, descolou com um atraso de 20 minutos, depois do casal ter bloqueado a pista, alegando que perdeu o voo devido a não ter sido informado da hora de embarque. O casal rejeitou os apelos da tripulação para sair da pista e acabou por ser levado pela polícia.

DETIDO SUSPEITO DA MORTE DE 16 PESSOAS

As autoridades chinesas anunciaram ontem a detenção de um suspeito de ter assassinado 16 pessoas, membros de cinco famílias diferentes, numa zona rural da província de Yunnan, no sudoeste da China. A detenção ocorreu em Kunming, a capital de Yunnan, segundo a imprensa estatal, que cita as autoridades locais, sem dizer a identidade do homem ou o motivo do alegado crime. Entre os 16 mortos, encontrados em seis casas diferentes na aldeia de Yema, uma área remota a 200 quilómetros de Kunming, estão três crianças. A polícia foi alertada durante a madrugada de ontem, tendo accionado uma operação de grande escala, por toda a província, que resultou até agora numa detenção.

SINGAPURA ADOLESCENTE INCITA AO ÓDIO RELIGIOSO

Um tribunal de Singapura condenou o ‘blogger’ Amos Yee, de 17 anos, a um mês e meio de prisão por incitar ao ódio religioso na internet, uma sentença condenada pela organização Human Rights Watch (HRW). Yee, que também tem de pagar uma multa de 2.000 dólares de Singapura, declarou-se culpado pela publicação de várias mensagens no Facebook e no Youtube contra o cristianismo e o islão, segundo o jornal Straits Times. O procurador-adjunto Hon Yi afirmou que o adolescente, que já fora condenado por injúrias no ano passado, atacou “cinicamente” os sentimentos religiosos para ganhar atenção e acrescentou que, apesar de jovem, é suficientemente maduro para ser responsável pelos seus actos. Contudo, a sentença mereceu críticas por parte da HRW, com a organização de defesa dos direitos humanos a considerar que viola o direito de expressão. “Ao julgar Amos Yee pelos seus comentários – independentemente de quão escandalosos possam parecer –, Singapura persegue uma estratégia que viola claramente o direito de expressão”.

Filipinas CHINA APOIA A CAMPANHA ANTIDROGA DE DUTERTE

Amor com amor se paga

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China expressou ontem o seu apoio à campanha antidroga lançada pelo Presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, apesar das críticas feitas pelos Estados Unidos da América e União Europeia (UE), devido ao elevado número de mortos. “A China entende e apoia as políticas lançadas pelo novo Governo de Duterte, gostaríamos de trabalhar

em conjunto nesse aspecto”, destacou o porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros, Geng Shuang, em conferência de imprensa. Geng explicou que “as drogas são inimigas de toda a humanidade e é uma responsabilidade compartida de todos os países lutar contra delitos relacionados”. “A China está decidida a fazê-lo: a nossa vontade é forte, as nossas políticas

Pirelli na pista

Yokohama perde exclusivo de pneus do GP

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Conselho Mundial da Federação Internacional do Automóvel (FIA) comunicou na madrugada de quarta-feira que a Pirelli será o fornecedor exclusivo de pneus da Taça do Mundo FIA de Fórmula 3. O construtor italiano de pneus irá ocupar o lugar até aqui da Yokohama que desde a primeira edição, em 1983, assumia esse papel. A Pirelli, que fornece em exclusivo os pneus para a Fórmula 1, não tem na sua gama de pneus um exemplar para a Fórmula 3, apesar de fornecer as “borrachas” que equipam os monolugares dos campeonatos GP2 e GP3 Series.APirelli terá levado a melhor nesta adjudicação sobre a Yokohama e sobre a sul-coreana Kumho, dois construtores com maior experiência na Fórmula 3. Dado que as equipas e pilotos de Fórmula 3 não tiveram qualquer contacto com estes pneus até hoje, o comportamento destes po-

derá ser um factor decisivo em termos de resultados na tarde do dia 19 de Novembro. Para além da Fórmula 3, a Pirelli também manteve a exclusividade da Taça do Mundo FIA de GT, mas no caso dos carros de Grande Turismos a empresa milanesa tem um vasto historial. A empresa transalpina é fornecedora oficial de pneus das Blancpain GT Series, a maior competição da especialidade na Europa e que é gerida pela empresa SRO Motorsports Group, que este ano assume uma vez mais o papel de relações com os concorrentes na prova de GT da RAEM. Em Março de 2015, a Pirelli foi vendida à China National Chemical Corp (ChemChina) por 7,7 mil milhões de euros. Desde ai o quinto maior fabricante de pneus do mundo tem reforçado a sua presença em termos desportivos no continente asiático, particularmente na República Popular da China. S.F.

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são claras e os nossos resultados notáveis”, acrescentou. As críticas à campanha antidroga das Filipinas já geraram fortes reacções da parte de Duterte, que recentemente afirmou que não se importava com as preocupações demonstradas pelo Parlamento Europeu quanto aos direitos humanos no país. O líder filipino, que planeia visitar a China em Outubro, expressou por várias vezes a sua vontade

de formar um “bloco” junto com a China e Rússia, face à influência dos EUA na região Ásia Pacífico. A aproximação de Manila a Pequim representa uma alteração de forças no leste asiático, depois de as relações entre os dois países se terem deteriorado nos últimos anos, face à disputa pela soberania das ilhas Spratly, em que Washington apoiou as Filipinas, o seu aliado tradicional na região.


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