Hoje Macau 30 SET 2019 # 4382

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DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ

SEGUNDA-FEIRA 30 DE SETEMBRO DE 2019 • ANO XIX • Nº 4383

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A Via da Revolução

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A REVOLUÇÃO • CARLOS MORAIS JOSÉ

O Partido Comunista trouxe a China do arado à sonda espacial, da miséria ao espavento tecnológico. 70 anos depois o país conhece o período de maior desenvolvimento da sua História e vê-se na contingência de erradicar a pobreza. Pelo caminho, ficam milhões de mortos e ideias moribundas. A China, como sempre, faz-se... à chinesa

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O dia 1 de Outubro de 1949, Mao Zedong proclamou a fundação da República Popular da China, ao microfone de um estrado montado em frente à Porta da Paz Celestial, a entrada para a Cidade Proibida, na Praça da Paz Celestial, em Pequim. “Assim começa uma nova era na história da China. Nós, os quatrocentos e setenta e cinco milhões de chineses, finalmente levantámo-nos”, bradou o presidente. Pela praça acotovelavam-se mais de cem mil pessoas, ladeadas pela presença de edifícios imperiais e de delegações estrangeiras, que lembravam cruelmente os últimos 150 anos, nos quais a China, governada por uma administração imperial corrupta, se vira invadida e colonizada por potências estrangeiras, massacrada e dilacerada por várias guerras civis. O povo chinês retomava agora a sua nação e preparava-se para entrar numa nova era, cujos contornos, apesar de radicais na medida em que procuravam construir uma outra sociedade, não se encontravam ainda muito bem definidos. Pequim havia sido conquistada pelo Exército Vermelho em Janeiro de 1949 mas só em Março Mao Zedong visitou a capital, de forma discreta, pois o líder

do Partido Comunista Chinês (PCC) não se sentia seguro e temia a intervenção de espiões estrangeiros. Ainda assim, ali não permaneceu longo tempo, tendo-se retirado para as chamadas Montanhas Perfumadas, a sudoeste da capital, onde montou o seu quartel-general durante até Outubro. E foi aí que preparou, em idílico cenário, condicente com a sua alma de guerreiro-poeta, o que viria a ser, nos anos seguintes, a governação da China nos anos seguintes. Entretanto, Deng Xiaoping e outros generais derrotavam, um pouco por todo o país, os restos do exército do Kuomitang, dito nacionalista, que aos poucos se refugiava em Taiwan.

O FIM DE 150 ANOS DE HUMILHAÇÕES

Com a ascensão do PCC ao poder e o fim da guerra civil, encerrava-se um capítulo desgraçado da história chinesa, no qual o grande império perdera o seu rumo, tendo sido humilhado por várias potências europeias (como em meados do século XIX, pela Inglaterra que fomentou a Guerra do Ópio, obrigando os chineses a comprar a droga, e exigindo a posse da ilha de Hong Kong) e asiáticas (como o Japão, que invadiu a China, perpetrou inúmeros massacres e estabeleceu mesmo um reino fantoche na Manchúria, encabeçado por Puyi, o último imperador da dinastia Qing, extinta em 1911). Agora tratava-se levantar o país e o seu povo, de alimentar e alfabetizar as massas e construir as fundações de uma sociedade socialista. Se Mao Zedong tivesse falecido até 1955 seria por certo considerado, quase sem mácula, um dos maiores homens do século XX. No dia 1 de Outubro de 1949, Mao tinha 56 anos e passado uma vida plena de sacrifícios, vergada aos rigores da guerra. Enquanto comandante militar, o agora presidente da República Popular dormia com as suas tropas e comia com elas, conquistando assim a sua devoção. Foram anos e anos de má comida, maus sítios para dormir e apenas água fervida para beber. Foi por isso enorme a diferença quando, depois da fundação da República, ocupou a sua casa em Zhongnanhai, o espaço destinado aos dirigentes, paredes meias com a Cidade Proibida. Era uma ala de um palácio

Quatro revolucionários magníficos

Mao Zedong proclama a República Popular da China, no dia 1 de Outubro de 1949, na Praça Tiananmen

mandado construir pelo imperador Kangxi, o segundo da dinastia Qing, conhecida como o Pavilhão do Crisântemo Perfumado. Em seu redor, reinava uma absoluta paz, um intenso silêncio, arredado apenas pelos trinados dos pássaros e o rumorejar do vento nos bambus, em contraste com o bulício característico das ruas da capital. Terá sido neste local que Mao Zedong tomou grande parte das decisões fundamentais para o desenvolvimento da China, sob a bandeira e as directivas do PCC. Aqui recebia os membros do seu governo e representantes estrangeiros. Contudo, agora que a guerra tinha acabado, começava a tarefa gigantesca de reconstruir um país completamente estilhaçado, basicamente agrícola, longe de possuir a estrutura económico-social necessária à construção da utopia comunista. Talvez inspirado por grande imperadores, nomeadamente pelo homem que pela primeira vez unificou a China em 221 a.E.C., Qin

Huandi, Mao Zedong lançou o seu povo em grande trabalhos colectivos, estabelecendo metas produtivas e projectos de realização complicada. A verdade é que, em termos de economia e produção, as medidas do governo não pareciam estar a resultar. Em 1955, o Grande Salto em Frente e a campanha do aço revelaram-se um salto para o abismo, provocando o alastrar das fomes e causando a morte a muitos milhões de pessoas. Pelo fim dos anos 50, princípios de 60, grassava algum descontentamento entre as fileiras do PCC perante a ineficácia das medidas e dos projectos do Grande Timoneiro. Um dos que expressou a sua insatisfação foi Deng Xiaoping, incomodado com a catástrofe económica e alimentar que o país atravessava, também na medida em que compreendia que tais factos tornavam a China mais vulnerável às pressões externas do mundo ocidental que não via com bons olhos a revolução comunista. Mas Mao Zedong tinha outros planos. Ao sentir o poder escapar-lhe aos poucos,

Comunistas massacrados em Xangai, 1927

Zhu Enlai, Mao Zedong e Deng Xiaoping

GRANDES SALTOS PARA O ABISMO


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PERSISTENTE bem como a dissolução do seu próprio carisma, encetou o que viria a ser conhecido como Revolução Cultural. Mao atribuía as desgraças ocorridas aos burocratas e aos intelectuais, que ainda sofreriam de influências burguesas. Para ele, o poder devia ser entregue aos operários e aos estudantes, as verdadeiras forças revolucionárias. A revolução devia ir mais longe no apagar do passado e das doutrinas reaccionárias. A tradição confucionista, por exemplo, devia ser considerada algo pertencente ao antigo regime feudal e totalmente apagada. Neste sentido, o Estado e o Partido sobrepunham-se à família e aos valores de piedade filial.

O FASCÍNIO EUROPEU

Entretanto, na Europa as esquerdas encontravam-se decepcionadas como rumo da União Soviética. Surgia o primeiro euro-comunismo de Enrico Berlinguer, em Itália, e de George Marchais, em França. Dada a proximidade dos países além da Cortina de Ferro, era mais fácil aos europeus darem conta dos atrocidades e da inoperância dos regimes com influência soviética, nomeadamente devido ao excessivo peso do Estado e das suas burocracias. Por isso, a Revolução Cultural chinesa, observada à distância e através dos seus slogans, parecia a saída genial, possível e desejável para atenuar o poder centralizado dos burocratas, entendidos como uma nova classe dentro do estados socialistas. Mao Zedong tornou-se a grande referência da esquerda europeia que não alinhava com os partidos comunistas satélites da União Soviética, nem com a brandura das posição dos euro-comunistas. Era então comum ver nas manifestações, nomeadamente no Maio de 68, o “livrinho vermelho”, com as citações de Mao Zedong, ser empunhado como bandeira da revolução a haver e como farol para a aplicação de medidas revolucionárias. Na primeira metade dos anos 70, alguns intelectuais franceses de nomeada como Philippe Solers, Roland Barthes, Julia Kristeva, entre outros, visitaram a China, a convite do governo, para assistirem às maravilhas da Revolução Cultural. Foi-lhes explicado, entre outros aspectos, como fora destruída a ópera tradicional, repleta de

Liu Shaoqi agredido por Guardas Vermelhos

Se Mao Zedong tivesse falecido até 1955 seria por certo considerado, quase sem mácula, um dos maiores homens do século XX. No dia 1 de Outubro de 1949, Mao tinha 56 anos e passado uma vida plena de sacrifícios, vergada aos rigores da guerra “temas feudais e burgueses”, e substituída pela Nova Ópera, de feição revolucionária. O resultado não foi unânime. Se alguns se deixaram impressionar pelos “progressos sociais”, outros suspeitaram de um país onde todos se vestiam de igual e recitavam a mesma cartilha. A revista “Chine”, da Tel Quel, publicada em 1972, e os “Cadernos da China”, de Roland Barthes, são um bom exemplo desta ambiguidade e estranheza experimentada no confronto directo com a realidade da China da Revolução Cultural. Outro é o filme-documentário de Michelangelo Antonioni “Tchong-Kuo”, que não deixou o realizador italiano de boas relações com as autoridades de Pequim. Entretanto, desde 1966, ano em que foi lançada a Revolução Cultural, que dezenas de milhões de pessoas haviam sido perseguidas, humilhadas, deportadas para campos de trabalho e assassinadas. As crianças eram estimuladas a denunciar os pais, os subalternos a denunciar os seus superiores, aos Guardas Vermelhos, uma espécie de milícias populares que exerciam um poder violento localmente. Muitos professores, médicos, engenheiros, artistas, escritores foram despedidos, numa ânsia de afirmação do “saber revolucionário” como o único a considerar. Os excessos foram mais que muitos e atingiram limites que deixaram uma marca indelével na sociedade chinesa. Um deles — e talvez um dos mais significativos — passa pelo apagamento da memória colectiva de valores, hábitos e procedimentos. A Revolução Cultural, erigindo Mao e o PCC como as grandes referências, excluía, ao mesmo tempo, milénios de cultura chinesa, com as suas práticas tradicionais enraizadas. Há mesmo quem diga que, paradoxalmente, foi este apagamento das antigas práticas e valores, proporcionado pela Revolução Cultural, que permitiu a rápida instalação do capitalismo na China, a partir dos anos 80 do século passado. Entretanto, o poder do chamado Bando dos Quatro, os grandes mentores do regime, ia-se esboroando e atingiu o seu ocaso com a morte de Mao Zedong em 1976. Assistiu-

-se então à rápida ascensão de quantos se haviam oposto aos excessos maoístas e, apesar disso, sobrevivido. À frente de todos, estava Deng Xiaoping.

DENG, O ARQUITECTO INSACIÁVEL

Talvez ainda mais do que Mao Zedong, com certeza de forma mais discreta, Deng Xiaoping é o líder chinês mais importante da segunda metade do século XX, que lança o país no caminho da abertura, reformas e prosperidade. Nascido em 1904, numa aldeia poeirenta da província de Sichuan, em família relativamente abastada e cedo dando provas de rara inteligência, Deng viera para a cidade de Chonqing com apenas 12 anos, na companhia de um tio paterno, onde estudou sob a alçada de um velho revolucionário chamado Wu Yazhang, que preparava jovens chineses para programas de estudo em França. Na verdade, tratava-se de uma iniciação às actividades revolucionarias. Apesar das dificuldades que passou nesse período, a estada em França revelar-se-ia crucial para o jovem Deng. Paris fervilhava de actividades conspirativas e revolucionarias, numa Europa que conhecia a megalomania e a loucura de um primeiro pós-Guerra. Aí conheceu o que viria a ser o grande líder vietnamita Ho Chi Min e, sobretudo, Zhou En Lai, em cujo apartamento chegou a morar. Deng acabaria por aderir ao PCC, ainda em Paris, em 1925.

Deng Xiaoping: “não importa a cor do gato”

Talvez ainda mais do que Mao Zedong, com certeza de forma mais discreta, Deng Xiaoping é o líder chinês mais importante da segunda metade do século XX, que lança o país no caminho da abertura, reformas e prosperidade De regresso à China em 1926, Deng inicia uma longa carreira militar. Os comunistas viviam tempos difíceis, tremendamente abalados pelo massacre ocorrido em Xangai em 1927, por ordem de Chiang Kaishek. Também o PCC apresentava, na altura uma profunda divisão entre os que entendiam seguir os ditames soviéticos, emanados por Estaline, e outros que entendiam ser chinesa a solução para a China. Neste aspecto, Deng concordava com Mao: ambos consideravam que primeiro era fundamental conseguir o domínio dos campos e a boa vontade dos camponeses e só depois vinham as cidades. Só que era precisamente nas grandes cidades que estavam instalados os grandes dirigentes do partido, que tinham apoio financeiro e ideológico de Moscovo. E as ordens russas eram claras: primeiro havia que conquistar as cidades. Ora Deng sabia que este seria um erro fatal e continuou o seu trabalho na província. Fundamentalmente, tratava-se de ir pela província fora, pelas montanhas, pelas veredas de difícil acesso, politizar os camponeses e trazê-los para o combate. Em 1933, teve de responder a uma comissão de inquérito do partido. Não se tratava bem de responder mas de ouvir acusações e acabou por ser preso e exilado em Nancum, um lugar distante dos centros de decisão comunistas. Contudo, este seu primeiro exílio durou muito pouco tempo já que as tácticas dos comunistas apoiados por Moscovo conduziram o partido de derrota em derrota, até que em 1934 os militares que rodeavam Mao Zedong acharam que ra tempo de dizer basta. E disseram-no: na conferencia de Zunyi, em Janeiro de 1935, Mao foi eleito dirigente máximo do partido. Este momento marcou a primeira recuperação de Deng depois da sua primeira grande queda e o seu regresso às frentes de batalha. Aí revelou-se um grande senhor da guerra. Foi ele quem derrotou os mais importantes contingentes do Kuomitang, o que lhe valeu na altura os mais rasgados elogios de Mao, que o Continua na página seguinte


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destacou para a frente Oeste, onde obteve grandes sucessos militares. Em 1952, Mao mandou-o voltar a Pequim para ocupar um lugar de primeira linha: vice-primeiro-ministro, encarregado de questões administrativas e económicas. Em 1954, era eleito secretário-geral do partido. Seguiu-se um período de grande convulsão interna no PCC. A culpa era em grande parte de Maio Zedong, que veio a revelar-se um dirigente bastante fraco do ponto de vista estratégico-económico e mesmo ideológico. Obcecado com a luta de classes, lançou várias purgas para eliminar o que chamava de elementos “burgueses” no aparelho do partido e no Estado.

“COMUNISMO NÃO É POBREZA”

O primeiro choque relativamente entre os dois líderes ocorreu em 1960, por ocasião de uma grave crise económica na China. A indústria não funcionava, o comércio encontrava-se paralisado e tinha cessado a ajuda soviética. Pior: os alimentos escasseavam e o povo preparava-se para enfrentar a fome. Deng não esteve com meias medidas: mandou comprar seis milhões de toneladas de trigo no mercado mundial e pagou-as com o dinheiro dos delapidados cofres estatais. Mao espumou. Ainda por cima, o trigo fora pago com divisas estrangeiras. Tomou a medida como um passo atrás na direcção do capitalismo. Deng calmamente respondeu que “comunismo não é pobreza”. E não se ficou por aqui: em 1961, perante o comité central, sai-se com esta: “Qualquer ideia que tenha sido levada em frente e já não sirva, deve ser rectificada. Não importa quem a tenha criado”, numa clara referencia a Mao. E continuou com a célebre frse: “Não importa se o gato seja branco ou preto. Se apanhar o rato, é um gato.” Era demasiada a ousadia. Mao começou a referir, em público e em privado, que alguns membros do partido queriam fazer entrar o país na estrada do capitalismo. Sentia que o poder lhe escapava das mão e resolveu tomar medidas “totais”, como ele gostava. Foi o início da Revolução Cultural, à qual Deng não escapou. Desterrado com a sua mulher para a província de Jiangxi, com residência fixa, sem direito a comunicar com o exterior e sem qualquer espécie de salário. Quem sofreu mais severamente foi o seu filho mais velho, estudante da universidade de Pequim. Os Guardas vermelhos prenderam-no e torturaram-no para o obrigar a confessar a traição do pai. Deng Pufang afirma não se lembrar exactamente do sucedido mas, depois de ter sido brutal e sucessivamente espancado, acabou por ser atirado de uma janela e ficou inválido para toda a vida. Na aldeia onde nasceu, tudo o que se relacionava com os Deng foi destruído, incluindo os pertences de outros membros da família que há muito não sabiam dele. Com a morte do seu inimigo Lin Biao, em 1971, Deng escreveu a Mao, propondo-lhe regressar ao trabalho. Quem lhe respondeu foi Zhou Enlai, que nunca deixara de ser seu amigo, informando-o de que era necessária uma carta dirigida a Mao, uma autocrítica severa. Deng escreveu-a. Em 1973, tomava posse como vice-primeiro-ministro, ao lado de Zhou. Em 1975, Zhou Enlai apresentava um programa de modernização, sem referências ideológicas, contra a estagnação económica. Ali estava o projecto de Deng para uma nova

Zhu Rongji e Jiang Zemin: uma parceria estratégica para as reformas

China até ao ano 2000. Agora tudo se jogava na sucessão, quer de Mao quer de Zhou, ambos moribundos. O Bando dos Quatro e Jiang Qing, a mulher de Mao, reunia as suas forças e aguardava a hora fatal. As suas relações com Deng estavam completamente deterioradas. Ela chegou a insultá-lo em pleno Politburo, até que ele bateu com a mão na mesa, farto das suas gritos e imprecações. Voltou-lhe as costas e deixou-a a arengar sozinha. Entretanto, ia arranjando os apoios certos, nomeadamente entre os militares que o consideravam um deles. Um ano depois da morte de Mao, com o Bando dos Quatro na cadeia, Deng voltava ao poder e lançava as reformas que só duas décadas mais tarde se mostrariam consolidadas. A este pequeno homem, fumador inveterado e grande jogador de bridge, foi destinado o papel de arquitecto da China moderna, incluindo o princípio “um país, dois sistemas”, que contextualiza o regresso à Pátria de Hong Kong e Macau. A ele se deve a abertura económica, o estabelecimento da propriedade privada e da economia socialista de mercado, na qual se usufrui de liberdades económicas, sob a direcção do PCC. Sob a sua batuta, a China encetou o caminho da modernização e do crescimento que havia de a catapultar ao topo das potências mundiais, só ultrapassada pelos EUA.

ABERTURA SEM RETORNO

Hu Jintao e Wen Jiabao: um par de características complementares

Xi Jinping e Li Keqiang: os mentores da Nova Era

Claro que não se tratou de um caminho linear e sem sobressaltos. Toda a década de 80 assistiu, entre o arrancar das medidas reformistas, à existência de uma luta no interior do PCC entre os que eram pró-reformas e os que as temiam, na medida em que tal poderia significar o fim do controlo do partido. O cúmulo deste combate foi atingido em 1989, durante as manifestações da Praça Tiananmen, os acontecimentos que ensombraram a parte final do consulado de Deng. Face aos protestos, Deng chegou à conclusão que só a repressão poderia impedir o país de cair no caos. E para tanto não se importou de sacrificar o seu favorito Zhao Zyiang e de ordenar o avanço das tropas sobre os manifestantes. Muitos temeram, no pós-Tiananmen, pelo fim das reformas e na marcha-atrás da abertura da sociedade chinesa. Mas o impulso dado por Deng era, basicamente, imparável. Em 1992, num congresso crucial na medida em que pouco tempo passara e pouco fora esclarecido, o então presidente Jiang Zemin anuncia claramente dois aspectos: a continuação das reformas económicas e o reforço do papel do partido. Ou seja, para Jiang, não existe contradição entre uma economia de mercado e a planificação estatal. Ambas podem ocorrer em paralelo. A diferença é que, a partir de agora, as empresas estatais passam a estar inseridas no mercado e a jogar pelas suas regras, tecendo a sua sobrevivência aos sabor das leis económicas. Com Jiang Zemin e, sobretudo, com o primeiro-ministro Zhu Rongji, a China entra decisivamente no mundo capitalista e na economia de mercado, impondo reformas atrás de reformas, cujo resultado está à vista de todos. Em muito pouco tempo, a China obteve um crescimento exponencial, aumentou o seu PIB e as exportações de uma forma radical, nunca antes vista na História. Deslo-


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Guanzhou: de cidadedecadente a metrópole ultra-moderna

cando pessoas dos campos para as cidades, modernizando a agricultura, fomentando as indústrias e os serviços, o governo chinês levantou de forma considerável o nível de vida do povo e viu-se na posse de fluxos de capital inimagináveis umas décadas atrás. A China tornava-se num dos países mais poderosos do mundo, não apenas graças ao tamanho da sua população, aos meros números, mas sobretudo em aspectos económicos e militares. A Jiang Zemin e a Zhu Ronji sucederam Hu Jintao e Wen Jiabao, que prosseguiram no caminho das reformas e abertura económicas, solidificando o papel da China no panorama internacional. Agora membro da Organização Mundial de Comércio e de outras instituições internacionais de relevo, a China começa a desempenhar o papel de superpotência pelo modo como a sua influência se espalha pelo mundo.

E AGORA, PARA ONDE VAMOS, DR. XI?

Deng considerara que a eternização dos líderes no poder era contraproducente e

Em 1992, num congresso crucial na medida em que pouco tempo passara e pouco fora esclarecido, o então presidente Jiang Zemin anuncia claramente dois aspectos: a continuação das reformas económicas e o reforço do papel do partido

para o evitar introduzira na constituição uma regra segundo a qual o presidente poderia apenas cumprir dois mandatos, tendo obrigatoriamente de dar o poder a outros. Esta regra teve um efeito profundo na psicologia do PCC pois possibilitava a permanência da esperança para os que não se encontravam, num dado momento, no poder. No seio do partido, as facções alinhavam-se, como se de subpartidos internos se tratassem, no sentido de disputar as cadeiras de 10 em 10 anos. No entanto, com a subida ao poder de Xi Jinping esta regra foi alterada. A China tem agora um líder diferente dos que sucederam a Deng Xiaoping. Xi pretende uma maior centralização do poder, uma maior influência do PCC a todos os níveis da sociedade e identificou os dois pólos de conflito na China de hoje: segundo o presidente, hoje a grande contradição que urge resolver é o fosso crescente entre ricos e pobres, que o desenvolvimento capitalista proporcionou. Esta distância entre as pessoas, entre litoral e interior, é a causa de desarmonia no país e tem de ser debelada. Para levar a cabo a resolução deste problema, Xi encetou uma gigantesca campanha anti-corrupção e estabeleceu a meta de 2020 para erradicar a pobreza. Contudo, além de ter eliminado a limitação de mandatos, o que faz prever a sua continuação em 2023, Xi Jinping tem desenvolvido um estilo que lembra o culto pessoal que foi dedicado a Mao e que tanto horrorizara Deng. Mesmo a iconografia agora utilizada e as honras prestadas ao presidente evocam outros tempos, que muitos chineses julgavam ultrapassados e fazem temer pelo aumento da repressão, agora sustentada por uma tecnologia que faz

a distopia “1984” parecer uma brincadeira de crianças. Xi tem igualmente promovido medidas de alcance social de mérito duvidoso. Recentemente, está a ser introduzido na China um regime de crédito social que classifica as pessoas de acordo com o seu comportamento, estabelecendo castigos e recompensas, implicando limitações na obtenção de emprego, nas deslocações pelo país e ao estrangeiro. Agora tudo conta para a pontuação: o que se come, o que se lê, quanto se trabalha, como e quem se namora, etc., etc.; tudo é controlado e classificado, finalmente atribuídas as recompensas ou os castigos, ao modo dos legistas, a corrente filosófica chinesa que mais aposta na centralização do poder e na governação pelo exercício da lei. Por outro lado, nunca como com Xi Jinping a China foi reconhecida internacionalmente, muito por efeito da iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”, que faz do país uma referencia incontornável no xadrez da economia mundial. Xi é obviamente um

Apesar do desmembramento da URSS, em pleno processo de abertura na China, o PCC conseguiu manter o seu controlo da sociedade e permanece no poder, quando muito alvitraram como inevitável a sua queda. Na China, as coisas acontecem à maneira chinesa e não doutra

homem inteligente, filho de um herói da revolução, que gosta de citar a História e a Literatura nos seus numerosos discursos, que já constituem leitura obrigatória. Hoje fala-se no “Pensamento de Xi Jinping” como antes se falava no “Pensamento de Mao Zedong”, dele fazendo o guia para o que se chama de “Nova Era”, o momento de realização do povo chinês. “Nós somos os filhos do Dragão. Temos o cabelo negro e a pele amarela”, disse Xi Jinping, estimulando o nacionalismo chinês, que de momento substitui as delapidadas frases da ideologia comunista como cimento ideológico do povo. Apesar do desmembramento da União Soviética, em pleno processo de abertura na China, o PCC conseguiu manter o seu controlo da sociedade e permanece no poder, quando muito alvitraram como inevitável a sua queda. Na China, as coisas acontecem à maneira chinesa e não doutra. 70 anos depois do advento da República Popular — da “dinastia vermelha” como alguns gostam de chamar — a China recuperou o seu lugar cimeiro entre as nações, tirou o seu povo da miséria física e intelectual e tornou-se numa importante potência económica e militar. Tudo isto foi conseguido à custa de muitos sacrifícios, não apenas de um povo abnegado, mas também de uma terra que hoje se vê semi-destruída pelos excessos capitalistas que pouco quiseram saber da ecologia. Tudo isto implicou a morte de milhões de pessoas, lutas fratricidas pelo poder, recuos e avanços constantes. E, sobretudo, a ausência de um bem que os chineses praticamente nunca conheceram ao longo da sua milenar História e a que nós insistimos dar o singelo nome de “liberdade”.


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PCC PARTIDO EXIBE CONFIANÇA NO SEU MODELO

Xi Jinping e as contradições

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UANDO celebra sete décadas de governação, o Partido Comunista Chinês (PCC) continua a abdicar de reformas políticas e defende agora o seu "modelo" como solução para países em desenvolvimento, mas fragilidades persistem sob a capa autoritária, defendem analistas. O rápido desenvolvimento económico das últimas décadas e a forma como contornou a crise financeira global de 2008 injectaram redobrada confiança em Pequim de que o seu modelo constitui uma alternativa à democracia liberal. "A China oferece uma nova opção para países que desejam acelerar o seu desenvolvimento enquanto preservam a sua independência", defendeu o Presidente chinês, Xi Jinping, em 2017. Só nos últimos 20 anos, a riqueza per capita da China quadruplicou, num "milagre" sem precedentes na História moderna. Num esforço liderado pelo Estado, a China ameaça destronar os Estados Unidos da posição que mantêm há 70 anos como líderes em inovação científica e tecnológica. No entanto, o reforço do carácter totalitário do regime, sob a presidência de Xi, abriu um "precedente muito perigoso para o futuro", descreveu o sinólogo norte-americano David Shambaugh.

Deng Xiaoping, o arquitecto-chefe das reformas económicas que abriram a China ao mundo, procurou basear a tomada de decisão num processo de consultas, separar o Partido do Governo e descentralizar a autoridade pelas províncias e localidades, visando evitar os excessos maoistas que quase destruíram o país. Xi reverteu aquelas normas. Assombrado pela primavera árabe, que derrubou governos aparentemente invencíveis, e, sobretudo, pela implosão da decrépita União Soviética, em 1991, o Partido Comunista, sob a sua direcção, voltou nos últimos anos a penetrar na vida política, social e económica da China.

Xi lançou a mais ampla campanha anticorrupção na história da China comunista, resultando, até à data, na punição de mais de 1,5 milhão de funcionários, incluindo centenas de altos quadros e altas patentes do exército

"Proporcionalmente, o Partido Comunista Soviético tinha mais membros do que nós, mas ninguém foi homem o suficiente para se levantar e resistir", alertou Xi Jinping, nas vésperas de ascender ao poder. Desde então, o aparelho de segurança do regime passou a contar com cerca de 200 milhões de câmaras de vigilância, instaladas nas principais cidades do país, segundo dados oficiais, muitas dotadas de reconhecimento facial. Uma campanha contra dissidentes resultou já na detenção de 250 advogados ou activistas dos direitos humanos, segundo organizações não governamentais. O Partido estabeleceu também comités em 70% das empresas privadas e ‘joint ventures’. Dentro do PCC, Xi lançou a mais ampla campanha anticorrupção na história da China comunista, resultando, até à data, na punição de mais de 1,5 milhão de funcionários, incluindo centenas de altos quadros e altas patentes do exército, segundo o próprio partido. A campanha anticorrupção antecedeu uma concentração de poder sem paralelo nas últimas décadas.

O “CALCANHAR DE AQUILES”

Em 2017, Xi Jinping aboliu o limite de mandatos para o seu

cargo, criou um organismo com poder equivalente ao Executivo e Judicial - a Comissão Nacional de Supervisão -, para supervisionar a aplicação das suas políticas, e promoveu aliados a posições chave do regime. David Shambaugh não tem dúvidas: "Xi é um líder genuinamente duro, que exala convicção e confiança, mas essa firmeza esconde um sistema político e partidário extremamente frágil por dentro", argumenta. Para o sinólogo, o crescente caráter repressivo do regime e a emigração das elites económicas ilustram as fraquezas do sistema de partido único, corroído por clientelismo, corrupção e ausência de primado da lei. "Apesar das aparências, o sistema político da China está gravemente fracturado e ninguém o sabe melhor do que o próprio Partido Comunista", argumenta. "Xi Jinping espera que a repressão contra dissidentes e o combate à corrupção reforcem o domínio do Partido (…), mas o seu despotismo está a pressionar fortemente o sistema e a sociedade chinesa - e aproximá-la do ponto de ruptura", aponta. A visão do poder de Xi como um mecanismo opressivo foi, segundo o próprio, forjada durante a adolescência, passada no árido

e pobre noroeste chinês, seguindo um fluxo de jovens urbanos para as aldeias do interior para "aprenderem com os camponeses", parte de uma radical campanha de massas lançada por Mao Zedong. "As pessoas que têm pouca experiência com o poder, aqueles que estão longe dele, tendem a considerá-lo algo de misterioso e nobre", disse numa entrevista, publicada em 2000, quando era governador da província de Fujian. "Mas eu vejo além das coisas superficiais: o poder, as flores, a glória e os aplausos. Eu vejo centros de detenção e a volatilidade da natureza humana. Isso deu-me uma compreensão da política a um nível mais profundo", realçou. Mas será também esta desconfiança na afirmação e liberdade do indivíduo que continuará a levantar incógnitas sobre o futuro da República Popular da China, no ano em que ultrapassa em longevidade a antiga União Soviética. "Quando a empatia humana começar a sobrepor-se à autoridade ossificada, o fim do comunismo chinês terá realmente começado", conclui Shambaugh. João Pimenta Lusa


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UANDO se celebram sete décadas desde a fundação da República Popular da China, o Partido Comunista está a dobrar esforços para garantir que o desenvolvimento económico, principal fonte da sua legitimidade, alcança todo o país. No remoto noroeste da China, longe das prósperas províncias do litoral, o chinês Xinwang anda há cinco anos a construir estradas, caminhos-de-ferro, pontes e túneis em regiões montanhosas, personificando os esforços de Pequim para erradicar a pobreza no país. A nova estação de comboios de Xining, capital da província de Qinghai, foi a primeira obra em que trabalhou. Com uma população composta sobretudo por minorias étnicas, incluindo tibetanos, Qinghai é das províncias mais pobres e com menor densidade populacional da China, mas novas linhas ferroviárias de alta velocidade conectam agora a região às províncias vizinhas de Sichuan e Gansu. "Desde então, fiquei por aqui", conta Xinwang, 31 anos, à agência Lusa, enumerando as obras em que trabalhou a seguir: a linha ferroviária de alta velocidade entre as regiões de Gansu e Xinjiang ou uma autoestrada de 900 quilómetros que atravessa Qinghai de norte a sul. Algumas destas obras de conectividade contrariam regras económicas básicas das ligações ferroviárias de alta velocidade, inventadas para percorrer distâncias relativamente curtas e por corredores densamente povoados.

RECEITAS NÃO COBREM DESENVOLVIMENTO

A receita anual da ligação entre Gansu e Xinjiang, que tem quase 1.800 quilómetros de extensão, por exemplo, nem sequer cobre os custos com eletricidade, segundo estimativas chinesas. Mas o Partido Comunista quer garantir que erradica a pobreza do país, quando se celebram sete décadas da sua governação, cuja promessa original foi garantir prosperidade para todos. Segundo dados oficiais, nos últimos seis anos, o país mais populoso do mundo, com cerca de 1.400 milhões de habitantes, retirou da pobreza 82,39 milhões de pessoas, reduzindo para 1,7% a população a viver com menos de 2.300 yuan anuais - a linha de pobreza estabelecida pelo Governo chinês. Longe do espetacular desenvolvimento económico que formou no litoral da China mega metrópoles, arranha-céus e uma classe média superior a 500 milhões de pessoas, o oeste da China permanece sobretudo pobre e vulnerável ao

ECONOMIA O SINUOSO CAMINHO DA PROSPERIDADE

Oeste menos selvagem separatismo, sobretudo nas regiões do Tibete e Xinjiang. O investimento massivo em infraestruturas tirou do isolamento várias comunidades, enquanto o projecto internacional lançado por Pequim "Uma Faixa, Uma Rota" tem reforçado as vias comerciais do oeste do país, com ligações ferroviárias e rodoviárias à Europa e Oceano Índico, cruzando Rússia e Ásia Central. No entanto, o terreno montanhoso, clima inóspito e diferenças culturais tornam difícil erradicar e manter as comunidades fora da pobreza.

DA CIVILIZAÇÃO

Para chegar a casa da família dos Chou, na povoação de Angsai, prefeitura autónoma tibetana de Yushu, é preciso percorrer quase 100 quilómetros por estreitas estradas de terra batida, entre curvas e contracurvas, e com

os pneus a roçar desfiladeiros. A habitação, que consiste num aglomerado de três contentores, surge inclinada, face ao terreno acidentado, dando uma sensação inicial de desequilíbrio. A vida decorre ali como há cem anos. As famílias passam o dia em tendas semelhantes aos 'yurts' mongóis: as mulheres, à volta do fogão, preparam refeições e chá de manteiga; os homens fumam e conversam durante horas a fio. Não há saneamento básico ou rede móvel. Dong, o filho mais novo dos

Chou, lembra à Lusa quando Angsai era uma terra "sem lei nem ordem": discussões ou disputas por terrenos acabavam frequentemente "à facada". Nos últimos anos, uma campanha contra o crime tornou a comunidade mais segura, conta. Um projecto de ecoturismo permite agora às famílias locais hospedarem turistas, atraídos pela vida selvagem e singular paisagem do planalto Qinghai - Tibete. A quatro mil metros de altitude, largas planícies pontuadas por lagos encerram-se entre montanhas.

Segundo dados oficiais, nos últimos seis anos, o país mais populoso do mundo, com cerca de1.400 milhões de habitantes, retirou da pobreza 82,39 milhões de pessoas,reduzindo para 1,7 a população a viver com menos de 2.300 yuan anuais - a linha de pobreza estabelecida pelo Governo chinês

Na natureza intacta, observam-se leopardos das neves, ursos pardos asiáticos, lobos ou linces. Mas a fé budista dos tibetanos, num país oficialmente ateísta e cujo pragmatismo e devoção ao dinheiro configuraram grande parte da sociedade, parece disputar a visão de "progresso" promovida por Pequim. A família dos Chou, por exemplo, tem quarenta iaques - os bovinos típicos da região dos Himalaias - mas grande parte dos lucros da criação dos animais remete para os matadouros e retalhistas. "A nossa fé não permite que matemos o animal", explica uma tibetana. "Muitas famílias criam iaques, mas vendem-nos por pouco dinheiro, para que outros os matem", diz. João Pimenta Lusa


70

10 china

anos

30.9.2019 segunda-feira

MACAU GOVERNO CONFIANTE NO FUTURO APESAR DE CONJUNTURA COMPLEXA

GCS

A respirar optimismo

F

CCPPC Wang Yang reforça forte apoio a Macau e Hong Kong

ERNANDO Chui Sai On considera que a situação actual coloca desafios, mas mostrou-se confiante que Macau vai passar ao lado dos problemas, no que diz respeito aos projectos em vigor. Foi esta uma das principais mensagens do discurso do Chefe do Executivo nas celebrações do 70.º aniversário da República Popular da China. “A actual conjuntura mundial é complexa e inconstante, traz desafios mas também oportunidades. Influenciada por factores externos, a economia de Macau enfrenta, este ano, uma pressão de declínio”, avisou. “Neste momento, o Governo está a acompanhar de perto as mudanças da situação económica, a antever os riscos económicos e a preparar-se activamente para, em tempo oportuno, lançar medidas de resposta. Temos confiança de que todos os projectos da RAEM continuarão a avançar de forma tranquila”, acrescentou. Ainda no que diz respeito ao futuro, Chui apontou dois caminhos que têm marcado também o seu discurso como Chefe do Executivo: a integração regional e a diversificação da economia.

“A

pátria-mãe será sempre um forte suporte de Hong Kong e Macau”, referiu Wang Yang, membro do Comité Permanente do Politburo do Partido Comunista da China e actual presidente da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês. A declaração foi feita no passado sábado no Grande Salão do Povo, em Pequim, na recepção a mais de 3.800 representantes de Macau, Hong Kong, Taiwan e das comunidades chinesas no exterior para as celebrações do Dia Nacional. Wang reforçou a ideia de implementar o princípio “Um País, Dois Sistemas” em estrito acordo com a Constituição, as leis básicas e as políticas levadas a cabo pelos governos das regiões administrativas especiais. Outros valores a ter em conta são a salvaguarda da soberania nacional, os interesses de segurança e desenvolvimento, assim como a manutenção da estabilidade e prosperidade a longo-prazo de Macau e Hong Kong. Ainda em relação às regiões administrativas especiais, Wang considerou que desde o retorno à pátria, os sistemas sociais originais foram respeitados e que “os compatriotas de Hong Kong e Macau gozam de direitos democráticos e liberdades sem precedentes e têm oportunidades e espaço para crescer”, segundo a Xinhua.

O Chefe do Executivo, Chui Sai On, acredita que “todos os projectos da RAEM” vão avançar de forma tranquila e apelou às forças locais que apoiem o futuro Governo de Ho Iat Seng e promovam o amor pela pátria

APOIO PATRIÓTICO

Chui Sai On falou também do desenvolvimento da nação e do futuro Governo da RAEM, que vai ser liderado por Ho Iat Seng, pedindo que a sociedade se mobilize no apoio a Ho e na promoção do nacionalismo. “Faço votos sinceros para que todos os sectores da sociedade de Macau continuem a apoiar o novo Governo e o Chefe do Executivo na execução das acções de governação”, apelou. “Espero, ainda, que continuem a promover a honrosa tradição do patriotismo e do amor a Macau, da tolerância, do auxílio mútuo e do espírito pragmático e empreendedor, e que, com um crescente sentido de responsabilidade e de missão, aproveitem a oportunidade do desenvolvimento nacional e se integrem, de forma activa, na conjuntura de desenvolvimento do país”, sublinhou. Já sobre o princípio Um País, Dois Sistemas, Chui Sai On afirmou que a receita do “preciosa e bem-sucedida experiência” se ficou a dever ao facto de sempre se ter “persistido na defesa do princípio ‘Um País’”. Chui Sai On, Chefe do Executivo “A actual conjuntura mundial é complexa e inconstante, traz desafios, mas também oportunidades. Influenciada por factores externos, a economia de Macau enfrenta, este ano, uma pressão de declínio.”

LAGO SAI VAN 300 JOVENS NO IÇAR DA BANDEIRA NACIONAL Três centenas de jovens de Macau participaram ontem na cerimónia do içar da bandeira nacional para celebrar o 70º Aniversário da Implantação da República Popular da China, realizada na Praça do Lago Sai Van. Os jovens, juntamente com Alexis Tam e outros convidados, formaram o número arábico “70”. Mok Chi Wai,

presidente da comissão organizadora do evento, afirmou que espera que, através de uma série de actividades para comemorar o Dia Nacional e o retorno de Macau à China, os jovens aprofundem o reconhecimento da pátria e o sentido de pertença, segundo informação da Rádio de Macau.

João Santos Filipe

joaof@hojemacau.com.mo

PEQUIM CHUI SAI ON NÃO REÚNE COM MINISTROS DO GOVERNO CENTRAL Chui Sai On, Chefe do Executivo, partiu ontem para Pequim onde participa nas comemorações oficiais do 70.º aniversário da implantação da República Popular da China. Está prevista a presença do Chefe do Executivo na parada militar e em outras actividades de cariz cultural,

mas não está agendada a realização de encontros com ministros do Governo Central, disse ontem aos jornalistas. “Desta vez o nosso gabinete não organizou nenhum encontro com os ministros em Pequim”, disse Chui Sai On. A visita termina quarta-feira. No que diz

respeito à colocação de bandeiras em vários locais do território, Chui Sai On adiantou que um maior número de bandeiras se deve à efeméride em causa. “Este ano temos posto mais bandeiras do que nos anos anteriores, por causa da comemoração do 70º aniversário.”


política 11

segunda-feira 30.9.2019

O

Governo não pode adiar mais o problema da habitação”. A frase é de Jorge Rangel e foi proferida esta sexta-feira na Universidade Católica Portuguesa, em Lisboa, no âmbito do colóquio “Portugal-China 20/20: Identidade, quotidiano e economia”. O presidente do Instituto Internacional de Macau (IIM) frisou que, se não for resolvido o problema da falta de habitação no território, Macau pode vir a registar os protestos que têm vindo a acontecer em Hong Kong. “Macau tem de ter habitação para a classe média, pois corremos o risco de, daqui a uns anos, termos milhares de pessoas a marchar nas ruas. Estamos a ser ameaçados por um problema que não está resolvido”, apontou. Jorge Rangel adiantou que, além dos pedidos de ordem política, os manifestantes de Hong Kong também defendem melhores condições de vida. “O que está a acontecer em Hong Kong, além das motivações políticas, é a situação desastrosa da habitação, que Macau não pode repetir”, frisou. O presidente do IIM disse também que as autoridades policiais do território vizinho não querem travar os protestos por não quererem enfrentar os problemas que levam milhares às ruas. "Cerca de dois milhões de pessoas desfilaram pelas ruas de Hong Kong e esse é

HABITAÇÃO JORGE RANGEL DEFENDE SOLUÇÃO PARA PROBLEMA EM MACAU

A questão de fundo

Jorge Rangel, presidente do Instituto Internacional de Macau, defendeu esta sexta-feira em Lisboa que o Governo da RAEM deve apresentar uma solução para a falta de habitação no território, sob pena de ocorrerem protestos semelhantes aos de Hong Kong daqui a uns anos

Jorge Rangel, presidente do Instituto Internacional de Macau “Macau tem de ter habitação para a classe média, pois corremos o risco de, daqui a uns anos, termos milhares de pessoas a marchar nas ruas. Estamos a ser ameaçados por um problema que não está resolvido.”

que é o problema, e não as 300 ou 400 mil pessoas que protestam. Se eu fosse habitante de Hong Kong exigiria imediatamente ao Governo para pararem com isso aos fins-de-semana ou então que se demitissem se não fossem capazes de enfrentar a situação. Não têm sido capazes

porque não querem resolver o problema. Isto não pode arrastar-se por mais tempo." Jorge Rangel assegura que não é o único a pensar assim. "Tenho falado com várias pessoas de Hong Kong, de vários sectores políticos, e todos eles questionam porque é que não se

ROBERTO CARNEIRO MACAU NÃO PODE ESTAR DEPENDENTE DO JOGO

O

presidente da Fundação da Escola Portuguesa de Macau (FEPM), Roberto Carneiro, defendeu esta sexta-feira que Macau “não pode estar dependente” do jogo e que tem de ter autonomia para se desenvolver noutras áreas, como as novas tecnologias. “Macau é a região com o maior pico de jogo no mundo, mas isto é passageiro, porque a China pode abrir jogo noutro lado, e Macau vai por aí abaixo. Macau não pode estar dependente dessa vontade chinesa, tem de ter vontade autónoma para se desenvolver nas novas tecno-

logias, com novas ‘start-ups’”, disse à Lusa o antigo ministro da Educação português. Nesse sentido, Roberto Carneiro vaticinou “um grande futuro” para a região administrada por Portugal durante vários séculos. Roberto Carneiro falou à margem da apresentação do livro “O Macaense”, em Lisboa, projecto que co-coordenou e que resultou de uma parceria entre a Fundação Macau e a Universidade Católica Portuguesa, através do seu Centro de Estudos dos Povos e Culturas de Expressão Portuguesa (CEPCEP).

resolve este problema. Falei com um líder estudantil que me disse não conhecer nenhuma das 300 ou 400 mil pessoas que protestam."

“CASA ARRUMADA” PARA HO

Jorge Rangel falava na mesa redonda “Portugal-China 20/20”, tendo falado do

papel governativo do Chefe do Executivo eleito, Ho Iat Seng, no contexto da integração regional e das relações entre os dois países. “O novo Chefe do Executivo entra com a casa arrumada e com uma experiência feita, tendo em conta que a China tem como prioridade

a plataforma. Macau é o único sítio na China que pode desempenhar esse papel”, frisou. O presidente do IIM disse ainda que o programa político de Ho Iat Seng tem o cuidado de estabelecer pontes ao nível da integração regional para o futuro de Macau. “Há uma percepção clara do que Macau pode fazer e do que falta fazer. No programa do Chefe do Executivo eleito diz que se vai articular o projecto da plataforma (entre a China e os países de língua portuguesa) e o projecto 'Uma Faixa, Uma Rota'. Já está escrito e ele (Ho Iat Seng) não deve ter escrito o seu programa sozinho e quer dar a Portugal condições para participar neste ponto”, apontou. No mesmo painel, o general Garcia Leandro, ex-governador de Macau, defendeu que o conceito de identidade macaense deveria ser alargado, pois é isso que diferencia o território no contexto do projecto “Uma Faixa, Uma Rota”. “Existe a questão da identidade, e se ficarmos reduzidos a uma concepção muito fundamentalista do macaense...trata-se de um conceito que deveria ser alargado. Macau tem uma identidade própria que não é Hong Kong. Haverá um futuro para Macau, mas teremos de ter capacidade para trabalhar com as autoridades chinesas para mostrar o quão diferente é Macau”, frisou. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

MEDIA CRITICADA PROMOÇÃO DA INDEPENDÊNCIA DE HONG KONG

O

presidente da União de Estudiosos de Macau, Ieong Wan Chong, defendeu que os meios de comunicação social locais não devem dar visibilidade a acções que promovam a independência de Hong Kong. O dirigente associativo, que pertenceu à Comissão da Lei Básica da RAEM, acrescentou que os média de Macau devem assumir como missão prioritária a mensagem de que a independência é contrária à história do país. Como tal, acções que promovam a independência de Hong Kong não devem ser “publicitadas” pela comunicação social de Macau, de acordo com o Jornal do Cidadão. Ieong Wan Chong expressou esta opinião à margem de uma palestra,

realizada no sábado, sobre o princípio “Um País, Dois Sistemas”, sem dar qualquer exemplo de promoção da independência na comunicação social de Macau. O dirigente destacou a capacidade do Governo da RAEM na prevenção de fenómenos desestabilizadores da harmonia social, e referiu acreditar que a sociedade civil não permitiria facilmente que ideais de independência se disseminem no território. Além disso, defendeu que é importante bloquear acções que visem a independência de forma a proteger o princípio “Um País, Dois Sistemas”, um “importante componente do socialismo com características chinesas”, frisou.


12 política

SCMP / FELIX WONG

30.9.2019 segunda-feira

Estudo Secretário garante liberdade académica

Alexis Tam diz que não concorda com o estudo da instituição Scholars at risk, que concluiu que a liberdade académica em Macau e Hong Kong está ser cada vez mais restringida. “Não concordo, penso que não é verdade. Em Macau temos 10 instituições de ensino superior e todas têm a liberdade de fazer estudos. Não concordo com o comentário”, afirmou. “Eu nunca, mas nunca mesmo, interferi em qualquer estudo ou expressão. Eles têm a liberdade que quiserem”, acrescentou. O estudo apontava que a restrição se devia à acção do Governo Central, que estava a apertar o espaço para debate de ideias.

POLICIAMENTO ADVOGADO DE WINNIE HO IMPEDIDO DE ENTRAR NO TERRITÓRIO

Governo Chui Sai On recusa comentar nova composição governativa de Ho Iat Seng

Barrado e rotulado

Albert Ho diz que vinha à RAEM tratar de assuntos relacionados com a herança da irmã de Stanley Ho, mas foi impedido de entrar no território. Wong Sio Chak comparou a situação do pró-democrata com a dos criminosos que entram, mas nunca admitem que vêm praticar ilegalidades

A

LBERT Ho, advogado de Winnie Ho e político pró-democrata de Hong Kong, foi impedido de entrar em Macau na sexta-feira. O causídico afirmou que vinha à RAEM tratar das questões da herança da irmã de Stanley Ho, que morreu no ano passado. No entanto, o secretário para a Segurança respondeu que nunca se pode apenas ouvir um lado e fez o paralelismo com os criminosos que vêm a Macau, mas que nunca admitem que vêm praticar crimes. “Não sei qual é o motivo [da recusa], mas tem a ver com as informações que as autoridades receberam. [...] As pessoas que são recusadas nunca dizem que vêm prejudicar a ordem pública. Mas a polícia tem de ter em conta, prever e antecipar a situação concreta”, começou por explicar Wong Sio Chak, sobre a justificação de Albert Ho para vir à RAEM. “Por exemplo, há muitas pessoas que foram detidas, os clandestinos, e nunca dizem que vêm para jogar, mas

nós sabemos que vêm. Temos provas. Não podemos só ouvir o que as pessoas dizem porque ninguém vai dizer que vai praticar um crime”, acrescentou. Wong Sio Chak reconheceu só ter tido conhecimento da situação através da comunicação social, mas garantiu que as pessoas não são recusadas em Macau só pelo facto de terem estado nos protestos de Hong Kong. O secretário disse que o direito à manifestação

“Há muitas pessoas que foram detidas, os clandestinos, e nunca dizem que vêm para jogar, mas nós sabemos que vêm. Temos provas. Não podemos só ouvir o que as pessoas dizem.” WONG SIO CHAK SECRETÁRIO PARA A SEGURANÇA

é gozado tanto em Macau como em Hong Kong.

MÁ ALTURA

A notícia da proibição da entrada de Albert Ho foi avançada na sexta-feira à noite pela RTHK, emissora pública de Hong Kong, e o ex-presidente do Partido Democrático da RAEHK disse que a decisão era “obviamente política”. Ho terá viajado para Macau de ferry com mais duas pessoas e terá afirmado às autoridades que estava em Macau para se encontrar com colegas de profissão. O objectivo passava por discutir questões pendentes relacionadas com a herança da irmã de Stanley Ho, Winnie Ho, que morreu em Junho do ano passado. No entanto, as autoridades recusaram aceder ao pedido de Albert Ho e justificaram que o advogado é uma “ameaça à segurança” da RAEM. “Eu não sei como posso ser uma ameaça à segurança. Trata-se obviamente de uma decisão política. Agora, se é uma decisão razoável... Cabe às pessoas avaliarem”, defendeu o pró-democrata.

O causídico avançou também a hipótese da proibição de entrada se ter ficado a dever à proximidade do 1 de Outubro, data em que se celebra a ascensão do Partido Comunista chinês ao poder. Porém, Albert Ho notou igualmente que a última visita a Macau tinha acontecido num dia próximo do 4 de Junho, data da ocorrência em 1989 do massacre de Tiananmen. João Santos Filipe

joaof@hojemacau.com.mo

AMBIENTE “SEGURO”

W

ong Sio Chak foi questionado sobre se estão garantidas as condições de segurança para uma eventual visita de Xi Jinping em Dezembro, para a celebração dos 20 anos da RAEM. Por enquanto, Wong diz que o ambiente é seguro. “Temos de garantir a segurança em Macau. É esse o nosso dever e obrigação. Estamos empenhados nesse objectivo. Até agora achamos que o ambiente é seguro”, respondeu.

O Chefe do Executivo, Chui Sai On, recusou comentar ontem a nova composição do Governo a ser liderado por Ho Iat Seng, Chefe do Executivo eleito a 25 de Agosto. “Não estou apto a responder a esta pergunta”, disse apenas aos jornalistas. Citado por um comunicado oficial, Chui Sai On adiantou, contudo, que este ano “marca uma mudança de Governo na RAEM, pelo que espera que todos os sectores da sociedade continuem a demonstrar o seu apoio agora ao novo Governo e ao próximo Chefe do Executivo na execução das acções governativas”. Chui Sai On disse ainda que Macau é um bom exemplo da implementação da política “Um País, Dois Sistemas”, e que deve ser seguido “o caminho de promoção da honrosa tradição do patriotismo e do amor a Macau, da tolerância, do auxílio mútuo e do espírito pragmático e empreendedor”.

Desporto Alexis Tam garante subsídios à Associação de Futebol

O secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, recusou a ideia de haver um corte dos subsídios da Associação de Futebol de Macau, depois da instituição ter recusado participar nos encontros, primeiro, com o Sri Lanka e, depois, com Hong Kong. “Queremos e desejamos que as associações expliquem às pessoas claramente como funcionam”, disse Alexis Tam. “Agora, em relação aos subsídios [...] não podemos interferir nas acções da associação. São essas as regras definidas pela FIFA”, sustentou. O secretário frisou ainda que o desporto local tem evoluído e que Macau tem cada vez melhores resultados e mais medalhas. Ao mesmo tempo, mostrou-se optimista na capacidade de formação de atletas locais, principalmente para o futuro.


sociedade 13

segunda-feira 30.9.2019

Grande Baía Viagens de helicóptero em teste

Está em fase de testes a primeira rota de helicóptero entre Guangzhou e as duas regiões administrativas especiais, Macau e Hong Kong, sem que, para já, haja data para a inauguração de uma rota regular. O primeiro voo-teste entre Guangzhou e Macau foi realizado, com sucesso, na passada sexta-feira e teve a duração de 30 minutos, de acordo com o jornal Ou Mun. O objectivo é criar um corredor aéreo entre Guangzhou, Hong Kong e Macau, que no futuro poderá transferir passageiros para outras áreas da província de Guangdong, além de reforçar o contacto entre as três regiões, realizando os propósitos do projecto regional da Grande Baía. Com vista a fornecer serviços de transporte transfronteiriço de passageiros, voos charter, transporte de carga, entre outros serviços, as autoridades de Guangzhou ponderam a construção de uma base para a indústria da aviação, com aeroporto, centro comercial “duty free” e uma área de formação.

Desemprego Taxa entre Julho e Agosto manteve-se em 1,8%

Entre Junho e Agosto a taxa de desemprego foi de 1,8 por cento, enquanto a taxa de desemprego dos residentes fixou-se nos 2,4 por cento, mantendo os níveis registados entre Maio a Julho, de acordo com dados dos Serviços de Estatística e Censos. A taxa de subemprego desceu 0,1 pontos percentuais para 0,4. No período em análise, a população activa totalizou 394.400 pessoas com uma a taxa de actividade de 70,3 por cento. Salienta-se que a população empregada se fixou em 387.300 pessoas, ou seja, mais 200, em comparação com o período precedente e que o número de residentes empregados atingiu 281.600 pessoas, menos 100. A população desempregada era composta por 7.100 indivíduos, mais 100, face ao período passado. O número de desempregados à procura do primeiro emprego representou 19,3 por cento do total da população desempregada, ou seja, mais 4,1 pontos percentuais, dado que os novos graduados entraram no mercado de trabalho.

Lionel Leong frisou o facto de empresas de Angola já terem manifestado interesse em comercializar diamantes em Macau, após a aplicação do novo regime

DIAMANTES REGRAS COMERCIAIS PARA VALORIZAR RELAÇÕES SINO-LUSÓFONAS

A lapidar amizades

As novas regras para a comercialização internacional de diamantes entram em vigor amanhã. Segundo o Governo, a regulamentação vai valorizar o papel de Macau como plataforma sino-lusófona

A

MANHÃ entra em vigor a lei que vai regulamentar a comercialização de diamantes, mais concretamente a adesão ao sistema de certificação do Processo Kimberley, criado em 2003, que procura determinar a origem de diamantes. O sistema procura evitar a transação dos chamados “diamantes de sangue”, das pedras preciosas oriundas de áreas de conflitos. “A implementação do Sistema de Kimberley irá facilitar a maior valoriza-

ção das funções de Macau como plataforma sino-lusófona, aproveitando-se as redes criadas no Interior da China, em combinação com os recursos de matérias-primas de pedras preciosas dos Países de Língua Portuguesa”, sublinhou a Direcção dos Serviços de Economia de Macau, numa antecipação à entrada em vigor da regulamentação. Com esta medida, pretende-se “desenvolver o comércio de diamantes em bruto e a indústria de joalharia, promovendo (…) a reconversão da indústria de

Macau” e conferindo “alto valor acrescentado”. Por outro lado, espera-se que contribua “para o desenvolvimento da diversificação adequada da economia de Macau”. Um argumento que é reforçado por recentes declarações do secretário para a Economia e Finanças sobre o interesse num dos países lusófonos, Angola, que em 2018 ficou entre os cinco maiores países produtores de diamante do mundo. Lionel Leong frisou o facto de empresas de An-

gola já terem manifestado interesse em comercializar diamantes em Macau, após a aplicação do novo regime.

CENTRO COMERCIAL

O mesmo responsável visitou este ano, na Bélgica, o Centro Mundial de Diamantes de Antuérpia, onde são comercializados 80 por cento dos diamantes em bruto a nível mundial, após a qual as autoridades anunciaram a intenção de se reforçar a cooperação com aquele país para se desenvolver a indústria dos diamantes.

“Para o exercício das actividades de importação, exportação, trânsito, compra, venda ou transporte de diamantes em bruto” em Macau, “os operadores económicos têm de ser titulares de licença de operação emitida pela Direcção dos Serviços de Economia [DSE]”, têm explicado as autoridades ao longo de todo o processo. Em cada operação de importação, exportação e trânsito de diamantes em bruto os operadores também têm de pedir a respectiva licença junto da DSE e, em caso de exportação, o respectivo certificado. O processo de certificação Kimberley consiste num sistema de supervisão e controlo do comércio de importação e exportação de diamantes em bruto, elaborado em cumprimento de uma resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas, data de 2003 e integra actualmente 82 países.

TRANSPORTES RAIMUNDO DO ROSÁRIO FALA DE MENOR FLUXO NOS TERMINAIS MARÍTIMOS

O

secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, admitiu ontem que os terminais marítimos de Macau e do Pac On têm vindo a perder passageiros desde a abertura da nova ponte Hong Kong-

-Zhuhai-Macau. “Temos vindo a perder passageiros no terminal de Macau e do Pac On desde a abertura da nova ponte. Vamos tentar fazer o melhor que podemos, as pessoas preferem viajar de camioneta. Se o número de Raimundo do

Rosário recusou ainda falar do recurso apresentado em tribunal pela empresa ligada à construção do parque de materiais e oficinas do metro ligeiro, nomeadamente no que diz respeito ao valor de indemnização exigido. “Há

uma acção de indemnização relativa ao parque de materiais e oficinas, mas isso está a seguir os seus trâmites. Não me vou pronunciar sobre acções que estão em curso.” O secretário também nada disse sobre os novos

contratos dos autocarros, cujo prazo termina a 31 de Outubro e cujas discussões se prolongam há cerca de um ano. “Tenho consciência que falta um mês para o fim dos contratos dos autocarros. Também

estou limitado de tempo, mas enquanto não estiver tomada uma decisão não vou dizer mais nada. Não pode ser até Dezembro, porque o contrato acaba a 31 de Outubro. Teremos de tomar uma decisão até lá.”


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30.9.2019 segunda-feira


segunda-feira 30.9.2019

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16 ENTREVISTA

MENDO CASTRO HENRIQUES LÍDER DO NÓS! CIDADÃOS

Não fosse a revisão da lei eleitoral para a Assembleia Legislativa, que proibiu deputados do hemiciclo de participarem em outros actos eleitorais, José Pereira Coutinho seria novamente candidato às eleições legislativas em Portugal pelo partido Nós! Cidadãos, pelo Círculo Fora da Europa. Mendo Castro Henriques, líder do partido e professor de filosofia política na Universidade Católica Portuguesa, defende o estabelecimento de uma cidadania lusófona O Nós! Cidadãos escolheu, para estas eleições, o nome de Renato Manuel Epifânio para encabeçar a lista pelo Círculo Fora da Europa. Porquê esta escolha? O Nós! Cidadãos é a força política que em Portugal vai conseguir que a sociedade civil faça parte da representação dos portugueses. E assim muitos dos nossos candidatos e membros da comissão de honra são pessoas que não são políticos profissionais, mas que têm reconhecido mérito nas suas áreas é o caso de Henrique Neto ou José Roquette, entre outros. Recebemos apoios de muitas personalidades que sabem que os destinos de Portugal têm de passar pela sociedade civil. Em todos os círculos eleitorais procurámos ir buscar pessoas que tenham esse estatuto. Especificamente porquê a escolha de Renato Manuel Epifanio? Ele tem imensa experiência porque não é um político profissional e, portanto, não tem os seus vícios. É muito conhecido no mundo lusófono porque é presidente do Movimento Internacional Lusófono (MIL), que em cada país é dirigido de forma autónoma. Já esteve mais do que uma vez em Macau e tem um programa de promoção da língua portuguesa e dos laços de

afecto e de interesses, no sentido de ter como grande objectivo o estabelecimento de uma cidadania lusófona a prazo. Em 2015 José Pereira Coutinho foi candidato por este círculo. Desta vez poderia ter ido buscar outro nome à comunidade macaense, mas não o fez. A estratégia mudou? O que acontece é que a RAEM mudou o estatuto dos seus deputados e como sabe o facto de Pereira Coutinho ser deputado à Assembleia Legislativa impede-o de ser candidato a qualquer outro cargo parlamentar, nomeadamente em Portugal. E foi essa a impossibilidade. Mantemos as melhores relações com o nosso amigo José Pereira Coutinho, mas foi a República Popular da China, ou melhor, o Governo da RAEM, que o impediu de se candidatar. Então Pereira Coutinho seria novamente candidato se não fosse a revisão da lei. Com certeza que sim. Que balanço faz dessa participação de José Pereira Coutinho? Chamou a atenção para um partido que, na altura, tinha acabado de se formar?

Com certeza. Boa parte da vida política convencional faz-se de imagem e neste caso à imagem juntou-se a enorme substância e coragem política de José Pereira Coutinho. Ele foi um elemento muito importante para promover a nossa imagem, tanto assim que impugnámos as eleições de 2015 devido a irregularidades que se cometeram por entidades portuguesas no envio de boletins de voto para a RAEM, prejudicando claramente (o acto eleitoral). Ele seria um vencedor se não tivessem existido essas irregularidades. Estamos muito gratos e continuamos com os melhores contactos, mas a lei eleitoral impede-o de ser candidato.

HOJE MACAU

“Somos um movimento

Lamenta que isso tenha acontecido? Em plena campanha o presidente do hemiciclo disse tratar-se de uma questão diplomática, várias vozes apontaram para a existência de uma incompatibilidade. Na sua opinião, nunca se colocou essa questão. Não, e aquilo que fez a RAEM é contra a tendência global, e contra a própria tendência de Macau, que é afirmar a sua natureza dual de ser uma parte da China, mas ser uma parte da cultura lusófona no Oriente. Portanto, os macaenses entendem muito bem que só tem a ganhar nessa sua pertença lusófona. Há aqui uma disparidade entre aquilo que o Governo da RAEM pensa e o que pensa a sua população que quer ter horizontes cosmopolitas e globais.

“Neste momento temos um programa político que pretende chamar a sociedade civil e mesmo em Macau ele terá ecos porque temos um conjunto de medidas inovadoras.” Na altura houve queixas de que Pereira Coutinho teria promovido o recenseamento junto da ATFPM dizendo que era obrigatório. O que tem a dizer sobre isso? Houve um momento em que outros partidos receavam mesmo perder e

é natural que recorram a elementos infundados. Aliás, como curiosidade, chegou a ser anunciada, no domingo das eleições, a vitória do candidato do Nós! Cidadãos. Sabe bem que há determinadas forças políticas que em situação de desespero lançam mão a tudo. Mas neste momento temos um programa político que pretende chamar a sociedade civil e mesmo em Macau ele terá ecos porque temos um conjunto de medidas inovadoras. Sobre o eleitorado de Macau, é específico porque há muitos portadores do passaporte português que não dominam a língua e que

estão até alheados do sistema político. Como é que se pode chamar mais esses eleitores para as eleições em Portugal? Sim, muito bom, temos explicações feitas pela doutora Rita Santos de como se deve votar e vamos continuar a usar essas ferramentas. Faz falta uma representatividade de luso-descendentes no parlamento português? Claro que faz. O que choca é que neste momento o número de recenseados fora da Europa subiu para cerca de um milhão e 200 mil pessoas fora do território de Portugal continental e continuam a ser representados por apenas


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de movimentos cívicos” política em Portugal, mas não tem nenhum presidente da câmara. O Nós! Cidadãos é uma força pequena, mas tem. Nós somos um movimento de movimentos cívicos.

dois deputados. Continuamos a ver pouco esforço a chamar as comunidades a votar e naturalmente que a abstenção é muito alta. Achamos que o número de deputados poderia ser maior e acompanhado de um grande esforço de cativar os luso-descendentes, que não é feito por este Governo. Os Governos, não apenas este, mas os Governos do PS e PSD tratam o Círculo Fora da Europa como uma coutada política, e como apanharam um grande choque em 2015 com a possibilidade de haver uma força independente, a coutada está ainda mais fechada. Foi a grande surpresa das últimas legislativas.

Do ponto de vista de Macau não tenho dúvidas, mas o Nós! Cidadãos já fez entretanto caminho. Elegemos muitos autarcas e um presidente da câmara. O Bloco de Esquerda é uma grande força

“Macau não tem de ficar de fora (da cidadania lusófona). A dupla pertença seria muito útil para os macaenses e para facilitar a sua circulação.”

Voltamos ao vosso programa. Defendem um futuro sistema de voto electrónico, tem sido debatido por vários governos e há muito que se adia essa questão. Para o Nós! Cidadãos como é que este sistema deveria ser implementado? Vivemos no século XXI, da era digital e da informação. Quando se chega aos sistemas eleitorais vemos que há ainda um problema com a utilização do voto electrónico porque põe-se a questão de quem é que guarda os guardas, quem fiscaliza? Mesmo os EUA, com óptimos sistemas digitais, não adoptaram o sistema de voto electrónico. O que pomos no nosso programa é que tem de se ponderar, não oferecemos já uma solução. O que dizemos é que vai ser inevitável no futuro, e temos connosco alguns dos nomes da inteligência artificial e da robótica em Portugal que consideram as várias tecnologias existentes, nomeadamente a chamada tecnologia block chain, que permite as moedas virtuais. Digamos que é um sistema de validação mútua em que todos se fiscalizam a todos. Mas de acordo com os nossos especialistas não chega, esse sistema ainda pode ser viciado. Eles estão a trabalhar em conjugação com os computadores quânticos, uma área que está a crescer muito depressa, mas não tanto. No futuro podem haver sistemas de alta fiscalização mútua, e achamos que pode ser o futuro do voto electrónico. Mas essa é apenas uma das medidas para contrariar a abstenção. Que outras apresentam? Queremos considerar a votação em dois dias, sábado e domingo. Isso não iria aumentar o orçamento? Sim, de uma forma relativa. Tudo tem uma relação de custo-benefício, talvez mais seis ou sete milhões de euros, mas esse montante para chamar mais 10 ou 15 por cento da população para a decisão democrática seria um benefício extraordinário face a um custo muito pequeno.

“Mantemos as melhores relações com o nosso amigo José Pereira Coutinho, mas foi a República Popular da China, ou melhor, o Governo da RAEM, que o impediu de se candidatar.” Propõem o reforço da CPLP e um reconhecimento do estatuto de cidadania lusófona. Como se iria processar na prática? Esse é o horizonte. As nossas ideias têm a ver com ideias de Fernando Pessoa e Agostinho da Silva, e agora com o MIL e outras forças de Brasil, Angola e Macau achamos que vivemos num mundo em que as pessoas devem ter mais do que uma cidadania. Têm a cidadania nacional e devem ter um conjunto de direitos e deveres nos outros espaços onde vivem. Sabemos que há países como Cabo Verde que são muito a favor disso, há outros países lusófonos que ainda têm de fazer melhorias no seu estatuto para se chegar a uma cidadania comum. Na prática seria difícil implementar, mas achamos que não se deve desistir do objectivo, pois ajudará todos os regimes dos países lusófonos a evoluir e a convergir no sentido de uma economia de mercado, direitos humanos e da representação parlamentar. Falar de uma cidadania lusófona é afastar o espectro das ditaduras e dos regimes autoritários. Macau é membro associado da CPLP e está dependente da China para implementar quaisquer mudanças a este nível. Poder-se-ia implementar esta cidadania? Macau não tem de ficar de fora. A dupla pertença seria muito útil para os macaenses e para facilitar a sua circulação. Sabemos o carinho que uma boa da população de Macau tem por Portugal, mas sabemos que num mundo em que devemos abrir mais fronteiras do que construir muros, o que se deve é insistir com a China, que tendo criado as regiões administrativas especiais, tem todo o interesse em usar esses territórios como válvulas de escape para a sua realidade e abrir mais.

No vosso programa defendem também o acompanhamento das comunidades portuguesas na União Europeia (UE), através de redes associativas e apoios aos media. E fora da UE? Também queremos seguir essa estratégia. Evidentemente que há o Conselho das Comunidades Portuguesas. Mas o que acontece é que é mais fácil desenvolver essa proximidade na Europa porque boa parte dos migrantes portugueses da Europa são temporários e sazonais, e precisam de mais apoio. Depois outra coisa são as comunidades que estão mais estabilizadas e são menos frágeis. Em relação à comunidade portuguesa em Macau, quais são os problemas mais prementes para o Nós! Cidadãos? A manutenção da língua portuguesa, do direito local? Nesses dois aspectos que referiu tem-se feito esforços positivos. O que o Nós! Cidadãos não vê tanto é o aproveitamento do que se poderia chamar de vantagens competitivas de Macau, para poder ser uma espécie de plataforma giratória dos interesses portugueses no oriente e ao mesmo tempo de interface dos interesses da China. Talvez esteja na altura do investimento em Macau ser mais tecnológico, para não deixar Macau tão dependente de uma espécie de mono-industria, do turismo e do lazer, e a prazo usar recursos portugueses e chineses. Temos técnicos extraordinários e a China também, por exemplo na área do digital, da robótica. Considera que o caminho feito pelo investimento português deveria ser feito de outra maneira? Deve ter vários caminhos. Uma coisa é o desenvolvimento hoteleiro, imobiliário, do turismo, e outra coisa é o século XXI, da informação. As indústrias digitais deveriam estar à frente ao nível do investimento, com sinergias com empresas chinesas e os bons técnicos portuguesas. Nesse sentido, deveria haver mais livros técnicos bilingues para facilitar a aproximação dessas indústrias. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo


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A SANTA CASA DA MISERICÓRDIA FELICITA A REPÚBLICA POPULAR DA CHINA PELA PASSAGEM DO SEU 70.º ANIVERSÁRIO

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“O Macaense” publica uma entrevista de Henrique de Senna Fernande publicada no Diário de Notícias em 1987, quando a transição já estava à espreita. José Sales Marques escreve sobre a ligação entre a comunidade macaense e a Grande Baía

Cartão de identidade COLÓQUIO LIVRO “O MACAENSE” SERÁ APRESENTADO EM MACAU EM MEADOS DO PRÓXIMO ANO

Lançado na sexta-feira na Universidade Católica Portuguesa, o livro “O Macaense: Identidade, Cultura e Quotidiano” deverá ter nova apresentação em Macau no início do próximo ano. A obra apresenta inúmeras reflexões sobre o que é ser macaense e recorda uma entrevista concedida por Henrique de Senna Fernandes ao Diário de Notícias

O

LHAR para dentro, pensar a identidade por quem a detém e por quem a sente. É este o propósito do livro “O Macaense: Identidade, Cultura e Quotidiano”, lançado na passada sexta-feira na Universidade Católica Portuguesa (UCP) e coordenado por nomes como Roberto Carneiro, presidente da Fundação Escola Portuguesa de Macau (FEPM), Jorge Rangel, Fernando Chau e José Manuel Simões, da Universidade de São José. Ao HM, Fernando Chau confessou que a obra deverá ser lançada em Macau no início do próximo ano, tendo como objectivo uma diferenciação do olhar sobre o que é ser macaense. “A ideia base (da edição do livro) partiu do Roberto Carneiro. Já há muitos estudos e livros publicados sobre esta temática, mas a questão da identidade vai mudando. A ideia era obter testemunhos daqueles que tiveram uma experiência com Macau.” “Quisemos adicionar mais uns pontos que podem ser interessantes à questão da identidade macaense. Espero que possa contribuir para um melhor entendimento da identidade e para um diálogo. A identidade é uma coisa em evolução”, acrescentou um dos coordenadores da obra. O presidente da FEPM explicou que o objectivo da obra passa por "divulgar e investigar o que é o macaense". "É uma espécie de mistura entre português e chinês,

mas que deu origem a algo autónomo, a uma comunidade autónoma", afirmou. "É uma hibridação entre duas culturas que gera uma terceira cultura, que não tem a ver com sangue, não tem a ver com uma coisa biológica, tem a ver com culturas que estão abertas uma à outra", continuou.

TRABALHO ACADÉMICO

“O Macaense” volta a publicar uma entrevista de Henrique de Senna Fernandes concedida à historiadora Tereza Sena e publicada no Diário de Notícias em 1987, quando a transição já estava à espreita. José Sales Marques escreve sobre a ligação entre a comunidade macaense e a Grande Baía, enquanto que Marisa Gaspar escreve sobre os macaenses em Portugal, entre outros contributos. A obra, que ao longo de 286 páginas compila análises de 22 autores, é resultado de um trabalho que durou uma década e que "teve vários arranques falsos", mas que acabou por avançar e foi finalizada "em tempo recorde". O antigo ministro da Educação referiu que este é "um livro académico" e que está aberto a mais investigação. "Há poucas coisas de fundo sobre o que é ser macaense. Este livro dá profundidade ao que é ser macaense no mundo, o seu papel no futuro", detalhou. Fernando Ilharco, actual presidente do Centro de Estudos dos Povos e Culturas de Expressão Portuguesa da UCP, considerou

que a obra "tenta reflectir à volta da experiência portuguesa de 500 anos em Macau", ao mesmo tempo que procura "identificar esta presença na figura do macaense, que é uma figura híbrida entre o português e o chinês". "Parece-me que é uma obra que pode contribuir para afirmar o relacionamento e a natureza da cultura e da diáspora portuguesa", reforçou o responsável do CEPCEP. Para o presidente do centro de estudos, a transformação de Macau num jogador-chave na região "depende muito da China". "Há um quadro de grande desenvolvimento de Macau, porque Macau é importante para o desenvolvimento da China, é importante na globalização da China, é importante no 'interface' com o mundo de língua portuguesa", contou. Fernando Ilharco apontou que este projeto "é algo de natural". "O centro de estudos mais antigo da Universidade Católica é o CEPCEP, por isso este projecto é algo de natural. Passados 20 anos da saída de Portugal da Ásia, passados 20 anos da passagem da soberania de Macau para a China, fazemos um balanço de um mundo global", referiu. "É um projecto que é um marco, mas numa linha de investigação de cultura e povos portugueses na Ásia e no Extremo Oriente que nós pretendemos continuar a alimentar e a explorar", concluiu. Andreia Sofia Silva (com Lusa) andreia.silva@hojemacau.com.mo

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ANÚNCIO [N.º 77/2019] Para os devidos efeitos vimos por este meio notificar o candidato de habitação económica abaixo indicado, nos termos do n.º 2 do artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro: Nome

N.º do Boletim de candidatura

NG CHI WAI

82201338237

Dado que o candidato acima indicado foi seleccionado na lista com a ordenação, nos termos do artigo 26.º da Lei n.º 10/2011 (Lei da habitação económica), alterada pela Lei n.º 11/2015, é necessário realizar-se a apreciação substancial, pelo que este Instituto informou o candidato acima indicado, através de ofício, para se dirigir pessoalmente ao Instituto de Habitação (IH) às horas fixada no respectivo ofício, para apresentar os originais dos documentos comprovativos, no sentido de efectuar a verificação das informações declaradas no boletim de candidatura, porém, o ofício não foi recebido e foi devolvido. Assim, o candidato acima indicado deve dirigir-se pessoalmente ao IH Rua do Laboratório nº. 39, Edifício Cheng Chong, D R/C, Macau, antes do dia 29 de Outubro de 2019, para apresentar os originais dos documentos comprovativos, no sentido de efectuar a verificação das informações declaradas no boletim de candidatura. Nos termos da alínea 2) do n.º 1 do artigo 28.º da lei acima indicada, caso verifique que o candidato não apresente os documentos indicados, dentro do prazo fixado, o adquirente seleccionado será excluído do concurso. Para mais informações poderá dirigir-se pessoalmente ao IH, nas horas de expediente ou consultar através do telefone n.o 2859 4875. Instituto de Habitação, aos 23 de Setembro de 2019 A Presidente, substª. KUOC VAI HAN


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ELEIÇÕES JOSHUA WONG CONCORRE AO CONSELHO DISTRITAL EM NOVEMBRO

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activista pró-democracia de Hong Kong Joshua Wong anunciou ontem que vai concorrer nas eleições do conselho distrital em Novembro e avisou que qualquer tentativa de desqualificá-lo apenas estimulará mais apoio aos protestos pró-democracia. O anúncio aconteceu antes da manifestação marcada para ontem, para assinalar o quinto aniversário do ‘mo-

vimento dos chapéus-de-chuvas amarelos’, quando várias ruas da cidade foram ocupadas por 79 dias pelos manifestantes que exigiam eleições livres, onde o activista alcançou fama como líder da juventude. Joshua Wong, de 22 anos, disse que vai concorrer nas eleições do conselho distrital em Novembro e que a votação é crucial para enviar uma mensagem a

Pequim de que o povo está mais determinado do que nunca para vencer a batalha por mais direitos. “Há cinco anos dissemos que voltávamos e agora estamos de volta com uma determinação ainda mais forte”, disse em conferência de imprensa, adiantando que “a batalha a travar é a batalha pela nossa casa e pela nossa pátria” O activista, que tem sido repetidamente preso por causa da organização de manifestações consideradas ilegais, adiantou estar ciente de que pode ser desqualificado, até porque membros do partido Demosisto, que co-fundou em 2016, foram desqualificados no passado na corrida a cargos porque, segundo o activista, defendiam a autodeterminação. “Se eles me desqualificarem, isso gerará cada vez mais força ... eles pagarão o preço”, ameaçou o activista que saiu da prisão no início deste mês depois de pagar a fiança. PUB

ANÚNCIO 【N.º 76/2019】 Para os devidos efeitos, vimos por este meio notificar o adquirente seleccionado da lista com a ordenação dos candidatos abaixa mencionada:

Nome LEI KUOK KUN

N.º do Boletim de candidatura 82201312029

Tendo em conta que, após a apreciação substancial, preenche os requisitos de candidatura à compra da fracção, nos termos do artigo 27.º da Lei n.º 10/2011 (Lei da habitação económica), alterada pela Lei n.º 11/2015, o adquirente seleccionado acima mencionado deve dirigir pessoalmente à recepção no lado curto do Instituto de Habitação (IH), sito no Rua do Laboratório nº. 39, Edifício Cheng Chong, D R/C, Macau, no dia 21 de Outubro de 2019, às 10 H 00, para escolher uma fracção, de entre as fracções disponíveis, devendo apresentar os originais dos documentos de identificação da Região Administrativa Especial de Macau de todos os elementos do agregado familiar indicado no boletim de candidatura. Deverá comparecer 30 minutos antes da hora da escolha da fracção acima indicada para tomar conhecimento sobre a situação das fracções disponíveis e tratamento das formalidades. O procedimento para a conclusão da escolha da fracção tem uma duração de 30 minutos, a contar da hora da escolha da fracção acima indicada [IH continua o trabalho de escolha das fracções pelos candidatos do período seguinte (caso existam) 15 minutos a contar da hora da escolha da fracção acima indicada]. Caso não consiga proceder à escolha da fracção e concluir o procedimento em 30 minutos, IH irá suspender o procedimento de escolha da fracção. Caso aconteça a suspensão do procedimento de escolha da fracção acima referida, a adquirente seleccionada acima mencionado deverá, no mesmo dia durante a hora de expediente, escolher a fracção e concluir todo o procedimento de escolha da fracção. De acordo com os termos do n.º 1 do artigo 27.º e da alínea 4) do n.º 1 do artigo 28.º da lei acima mencionada, caso o adquirente seleccionado não compareça na escolha das fracções, na data e horas fixadas, sem motivo justificado, ou, comparecendo, não escolha qualquer fracção disponível, a adquirente seleccionado será excluído do concurso. No momento da escolha da fracção, IH deve verificar, de novo, os dados do agregado familiar e, caso os respectivos dados se tenham alterado e tal afecte os requisitos para a aquisição de fracções ou a ordem nos grupos prioritários, IH irá suspender, de imediato, o procedimento de escolha da fracção. (Para mais informações, por favor, consulte a《Escolha de fracção de habitação económica – Observações para compradores》). De modo a permitir um melhor conhecimento das informações sobre as fracções de habitação económica em venda, o adquirente seleccionado pode dirigir-se à delegação do IH, sito no Rua do Laboratório nº. 39, Edifício Cheng Chong, D R/C, Macau, durante as horas de expediente, para obter o anúncio de abertura do concurso geral para aquisição de habitação económica, o catálogo com a descrição das fracções para venda, a tabela de preços das fracções disponíveis e informação relativa à《Escolha de fracções de habitação económica – Observações para compradores》. Em caso de dúvidas, pode dirigir-se ao IH, durante as horas de expediente, ou ligar para o telefone n.º 2859 4875. Para mais informações sobre as situações das fracções disponíveis e sobre as informações do IH, pode consultar a página electrónica do IH (http://www.ihm.gov.mo). Instituto de Habitação, aos 23 de Setembro de 2019. A Presidente, substª. KUOC VAI HAN

HK MANIFESTAÇÕES NÃO AUTORIZADAS REÚNEM DEZENAS DE MILHARES

Regresso ao caos Mais um fim-de-semana, mais um dia de confrontos nas ruas da antiga colónia britânica. De um lado, manifestantes armados com coktails molotov a vandalizar a estação de metro de Wan Chai e a destruir anúncios alusivos ao aniversário da RPC. Do outro, a polícia a dispersar a multidão com canhões de água azul, gás lacrimogéneo e spray pimenta. Os distúrbios prometem regressar dentro de momentos...

D

EZENAS de milhares de pessoas participaram ontem, pelo segundo dia consecutivo, em manifestações não autorizadas em Hong Kong, marcadas por confrontos com a polícia, que utilizou canhões de água azul para identificar os manifestantes, gás lacrimogéneo, cargas e detenções. A polícia foi obrigada a dispersar uma manifestação não autorizada pelas autoridades, recorrendo a gás lacrimogéneo, canhões com água colorida de azul para identificar os manifestantes, spray de pimenta, cargas e detenções, para além de balas de borracha, com os manifestantes a responderem com ‘cocktails molotov’, queima de barreiras e arremesso de tijolos. De acordo com o South China Morning Post,

quatro polícias tiveram de disparar munições reais para o ar para afastar os manifestantes que os tentavam atacar, em confrontos que acontecem pelo 17.º domingo consecutivo e a dois dias da comemoração do Dia Nacional da China, que assinala os 70 anos da República Popular da China. Às 20:30 havia ainda centenas de pessoas nas ruas e foi emitido um novo aviso de utilização de gás lacrimogéneo para quem não saísse da zona de Hennessy Road, havendo um esquadrão de intervenção e veículos policiais a cerca de 100 metros, e foi exibido um cartaz vermelho onde se lê ‘Parem de avançar ou usaremos a força’.

POR TODO O LADO

A manifestação de ontem, que não foi autorizada pelas autoridades, tinha

como mote assinalar o ‘Dia Mundial contra a Tirania’, e começou às 14:30, registando dezenas de milhares de participantes que saíram à rua vestidos de negro, a cor tradicional que tem pautado os protestos que se intensificaram há cerca de três meses em oposição à lei da extradição. Durante o dia, foram convocadas manifestações em cerca de 60 cidades mundiais, entre as quais Taipé, para mostrar solidariedade com as reivindicações dos habitantes de Hong Kong. Durante o dia, a polícia fechou uma igreja na zona de Wan Chai que servia de refúgio para os manifestantes, e a maioria das lojas de Causeway Bay, uma das zonas mais turísticas e movimentadas de Hong Kong, mantinha as portas fechadas e as persianas corridas, antecipando violência nas ruas. Alguns manifestantes violentos vandalizaram várias estações de metro, chegando a lançar ‘cocktails molotov’para dentro da estação central de Wan Chai e destruíram vários cartazes que assinalavam a celebração dos 70 anos da República Popular da China.

LISTA DE EXIGÊNCIAS

Hong Kong enfrenta, há mais de três meses, a mais grave crise política desde a sua entrega à China, em 1997, com acções e manifestações quase diárias exigindo reformas democráticas, como eleições livres, e um inquérito independente à alegada violência policial. O Governo de Hong Kong anunciou a retirada formal das emendas à polémica lei da extradição que esteve na base da contestação social desde o início de Junho. Contudo, os manifestantes continuam a exigir que o Governo responda a quatro outras reivindicações: a libertação dos manifestantes detidos, que as ações dos protestos não sejam identificadas como motins, um inquérito independente à violência policial e, finalmente, a demissão da chefe de Governo e consequente eleição por sufrágio universal para este cargo e para o Conselho Legislativo, o parlamento de Hong Kong.


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segunda-feira 30.9.2019

As contas do tombo

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Lucros da indústria caem 1,7% entre Janeiro e Agosto

Anúncio 【74/2019】

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S lucros da indústria na China registaram uma queda homóloga de 1,7 por cento, nos primeiros oito meses do ano, acompanhando a tendência de outros indicadores económicos do país, face às disputas comerciais com Washington e ao abrandamento económico. Segundo o Gabinete Nacional de Estatísticas (GNE) chinês, os lucros durante aquele período ascenderam a 4,02 mil milhões de yuans. Em Agosto, os lucros das firmas industriais caíram 2 por cento, em relação ao mesmo mês de 2018, e após terem subido 2,6 por cento no mês anterior, em termos homólogos. Para este indicador, as estatísticas chinesas consideram apenas empresas industriais com receitas anuais superiores a 20 milhões de yuan.

Nos termos do n.º 2 do artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, são por esta via notificados os proprietários das fracções de habitação económica, constantes da tabela anexa: Os proprietários das fracções constantes da tabela anexa, colocaram diversos objectos em zonas comuns e este acto viola alegadamente o disposto na alínea c) do n.º 2 do artigo 16.º do Decreto-Lei n.º 41/95/M, de 21 de Agosto, pelo que pode ser aplicada multa de quinhentas patacas (MOP500), nos termos da alínea b) do n.º 1 do artigo 18.º do referido decreto-lei. De acordo com o disposto no n.º 1 do artigo 19.º do decreto-lei acima referido, os proprietários das fracções constantes da tabela anexa, devem apresentar a sua defesa, por escrito, bem como todas as provas testemunhais, materiais, documentais ou demais provas que sejam favoráveis à sua defesa, no prazo de 10 dias, a contar da data da publicação do presente anúncio. Caso não seja apresentada defesa no prazo estipulado ou o fundamento da mesma não seja admitido por este Instituto, de acordo com o processo de aplicação de multas a que se refere o artigo 19.º do supramencionado decreto-lei, os proprietários das fracções constantes da tabela anexa estão sujeitos à aplicação da sanção prevista na alínea b) do n.º 1 do artigo 18.º do referido decreto-lei, sendo a multa a aplicar de quinhentas patacas (MOP500). Além disso, nos termos do n.º 3 do artigo 18.º do decreto-lei acima mencionado, caso após a aplicação de sanção, a respectiva situação de violação não seja integralmente rectificada, a multa é calculada diariamente, sendo o seu valor de quinhentas patacas(MOP500)e é aplicada até à cessação da situação de violação em causa. Caso queira consultar o respectivo processo, poderá, durante as horas de expediente, dirigir-se ao Instituto de Habitação, sito na Estrada do Canal dos Patos, n.º 220, Edifício Cheng Chong, r/c L, Macau, ou contactar o Sr. Sio, através do n.o de telefone: 2859 4875 (ext. 751). Instituto de Habitação, aos 23 de Setembro de 2019.

Entre os 41 sectores analisados, 28 registaram um aumento dos lucros, incluindo maquinaria e equipamentos eléctricos ou produção e fornecimento de electricidade. Os 13 restantes registaram lucros menores do que o alcançado nos primeiros oito meses de 2018, com quedas significativas nas indústrias de processamento de petróleo, carvão e outros combustíveis e fundição e laminação de metais ferruginosos.

ABRANDAMENTO CONTÍNUO

O GNE também divulgou ontem o rácio de endividamento em relação aos activos das empresas, que se situou em 56,8 por cento, sem alterações face ao mês anterior, mas 0,5 por cento menos em termos homólogos. A economia chinesa cresceu 6,2%, no trimestre anterior, o ritmo mais lento em quase três décadas, e o

primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, admitiu já que vai ser “muito difícil” que a economia da China continue a crescer 6 por cento ou mais, devido à sua dimensão e ao “aumento do proteccionismo e do unilateralismo”. Analistas prevêem que a economia chinesa registe um declínio acentuado, reflectindo as disputas comerciais com os Estados Unidos.Aascensão ao poder de Donald Trump nos EUA ditou o espoletar de uma guerra comercial, com os dois países a aumentarem as taxas alfandegárias sobre centenas de milhões de dólares de produtos de cada um. A liderança norte-americana teme perder o domínio industrial global, à medida que Pequim tenta transformar as firmas estatais do país em importantes actores em sectores de alto valor agregado, como inteligência artificial, energia renovável, robótica e carros eléctricos.

Acidente Pelo menos 36 mortos em colisão de autocarro em Jiangsu Pelo menos 36 pessoas morreram e outras 36 ficaram feridas no sábado devido a uma colisão entre um autocarro e um camião pesado no leste da China, informou ontem a agência de notícias estatal Xinhua. O

autocarro, que transportava 69 pessoas, embateu no camião numa via rápida na província de Jiangsu, ao norte de Xangai. Segundo os primeiros elementos da investigação, o acidente foi causado por um pneu furado,

informou a Xinhua. Os acidentes de viação continuam a ser uma ocorrência comum na China devido a más leis de tráfego rodoviário. Os últimos números de segurança rodoviária, em 2015, registaram 58.000 mortos.

O Chefe da Divisão de Assuntos Jurídicos, Nip Wa Ieng N.º de Ordem

N.º do processo

Fracção

3

Edf. Lok Fu Garden (Lok Man House), 8.º andar AJ Edf. Tong Wa San Chun, Bloco 1, 7.º 275/ADH-HE/2018 andar B 482/ADM-HE/2018 Edf. Wa Mau San Chun, r/c AB

4

507/ADM-HE/2018

1 2

24/ ADH-HE/2018

Edf. Jardim Nam Ou, r/c L

6 7

Vai Choi Garden do Fai Chi Kei, r/c AE 562/ADM-HE/2018 e AF 25/ADM-HE/2019 Edf. Sun Star Plaza, Bloco 3, 3.º andar E 29/ADM-HE/2019 Edf. Sun Star Plaza, Bloco 3, 25.º andar B

8

30/ADM-HE/2019 Edf. Sun Star Plaza, Bloco 3, 21.º andar F

9

125/ADM-HE/2019

5

10 11 12 13 14 15 16 17

Proprietário LEONG CHI SAM LEI LAI MENG/ HO WAI HONG AO IEONG SON CHENG SOU IENG PONG/ LEONG SIO PENG AO IAT TIM/ TAM SAN LIN U OI WAN CHIANG IENG WAN CHEANG KAM IAO/FONG LOK WO

Edf. Lok Fu Garden (Lok Tin House), 3.º SIN WA HEI/AO IEONG MAN I andar AQ 135/ADM-HE/2019 Edf. Son Lim Garden, r/c D AO CHOI LIN 137/ADM-HE/2019 Edf. Son Lim Garden, r/c H HU BAZI/OU HUILIAN 144/ADM-HE/2019 Edf. San Lok, Centro Comercial, r/c D LAO HAO KUN/ CHAN WUT LENG CHEONG PEDRO SIO KOI/ MAK 145/ADM-HE/2019 Edf. San Lok, Centro Comercial, r/c G WAN HOU Edf. San Lok, Centro Comercial, 1.º 162/ADM-HE/2019 CHIU IU KAM/ CHAN KAI FONG andar G 163/ ADMEdf. San Lok, Centro Comercial, 1.º IEONG WAI MAN/LEI CHAN LAM/ HE/2019 andar J LEI CHAN U/ LEI HIO TONG Edf. San Lok, Centro Comercial, 1.º 164/ADM-HE/2019 CHIU IU KAM/ CHAN KAI FONG andar H Edf. San Lok, Centro Comercial, 1.º HO MENG HONG/ LEONG MIO 165/ADM-HE/2019 andar R FONG

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180/ADM-HE/2019

19

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192/ADM-HE/2019

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194/ADM-HE/2019

Edf. San Lok, Centro Comercial, 2.º andar G Edf. San Lok, Centro Comercial, 2.º andar W Edf. San Lok, Centro Comercial, 2.º andar X Edf. San Lok, Centro Comercial, 2.º andar N Edf. San Lok, Centro Comercial, 2.º andar B Edf. San Lok, Centro Comercial, 2.º andar H Edf. Lai Va San Chun, Bloco 2, 8.º andar E Edf. San Lok, Centro Comercial, r/c M

SOCIEDADE DE GESTÃO WHITE HORSE STREET,LIMITADA SOCIEDADE DE GESTÃO WHITE HORSE STREET,LIMITADA SOCIEDADE DE GESTÃO WHITE HORSE STREET,LIMITADA TOU HENG KEONG/ TAM UN I SOCIEDADE DE GESTÃO WHITE HORSE STREET,LIMITADA SOCIEDADE DE GESTÃO WHITE HORSE STREET,LIMITADA CHONG POU SENG LI KIN TAI


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30.9.2019 segunda-feira

o sono e o cansaco subiram-me à boca ´

Possibilidades do Pincel do General Li

Paulo Maia e Carmo texto e ilustração

S

HEN Hao, cerca do ano 1650, ao descrever a separação da pintura nas suas duas escolas principais faz o seguinte comentário: «A escola do Norte começa com Li Sixun cujo estilo era talentoso e vigoroso. Movia poderosamente o pincel, com firmeza (…) Mas gradualmente a escola mergulhou em “maravilhas” e a sua sucessão cobriu-se de poeira.» Era uma apreciação comum aos literatos que escreveram sobre a história da pintura, desde pelo menos Dong Qichang (1555-1636) que, de modo característico, afirmava que «nem necessitava de ser estudado» e no entanto o aponta como um modelo a seguir no que respeita à pintura de rochas. Embora já em Jing Hao, na primeira metade do século X, se notasse alguma ambiguidade crítica a propósito da pintura de Li Sixun, alguém que «manifestava princípios penetrantes e um vasto pensamento e cujo pincel é notável mas apesar de toda a sua habilidade e elegância, é deploravelmente fraco no que se refere ao uso da tinta.» Mas a recepção da pintura de Li Sixun, também conhecido como General Li, foi grande e inspiradora ainda durante a dinastia Tang. Du Fu (712-770) escreveu num poema: «No palácio Ling Yan, os frescos representando os ministros meritórios iam-se esvaindo; veio o pincel do General Li e trouxe-os de novo à vida.» Li Sixun (651-718) nascera em Tianshui (Gansu) no seio de uma família aristocrática, aparentada com o fundador da dinastia Tang e no decurso da sua vida

ao serviço do império alcançaria o posto de prefeito de Yizhou, feito duque de Pengguo e chegaria a general da Guarda Imperial. Mas seria na arte e não na guerra que o seu nome seria conhecido, embora das suas obras hoje, presumivelmente só existam cópias. Como aquela que se conserva no Museu do Palácio Nacional, em Taipé, «Barcos de pesca e moradia à beira da água» (101,9 x 54,7 cm, tinta e cores sobre seda) onde é reconhecível a aparência decorativa das pinturas da dinastia Tang, com recurso à tinta verde e azul, mas em que a audácia da composição assentando numa diagonal em direcção a um horizonte ausente marca um tempo histórico em que se produz uma mudança. De acordo com Zhang Yanyuan (c.815-c.877), ao contrário do trabalho habitual dos mais famosos pintores da dinastia Tang e anteriores, cuja actividade se focava na pintura minuciosa de murais, com enfâse na execução das figuras, agora estas vão diminuindo e as montanhas e as águas vão ocupando maioritariamente o espaço pintado, Li Sixun será dos primeiros a desenvolver a pintura shanshui, que traduzimos imperfeitamente por «paisagem». Pintores de dinastias posteriores prefeririam seguir o exemplo do seu contemporâneo Wang Wei (699-759), o poeta inspirado cujas palavras sugeriam pinturas e as pinturas eram como poemas, mas em certos movimentos do pincel de Li Sixun também já se pressentia a inquietação do espírito a tactear o mistério.


ARTES, LETRAS E IDEIAS 23

segunda-feira 30.9.2019

José Simões Morais

A

PÓS a morte de D. João III em 1557, o neto D. Sebastião (1554-1580) tornou-se Rei de Portugal, mas devido à sua menor idade ficou a avó D. Catarina de Áustria (1507-1578) como regente de 1557 a 1562 e em 1568, considerado maior, passou a exercer o poder. Nascido em Lisboa a 20 de Janeiro de 1554 do casamento de D. João, filho do Rei, e D. Joana de Áustria (filha de Carlos V), D. Sebastião subiu ao trono a 11 de Junho de 1557. No ano seguinte, Constantino de Bragança, filho de D. Jaime, IV Duque de Bragança, partia para a Índia como Vice-Rei, exercendo o cargo até 1561. No Porto de Amacau desde 1558 encontrava-se o mercador Diogo Pereira como Capitão de terra nomeado pela população, substituído na governação pelo Capitão da Viagem ao Japão enquanto este aqui permanecia; todos sob a dependência do Vice-Rei da Índia. No ano de 1558 foi o algarvio Leonel de Sousa quem como Capitão-mor da Nau do Trato realizou a viagem ao Japão na companhia de um navio de Guilherme Pereira. Em Hiraldo os negócios foram excepcionais, levando-o mais tarde a desabafar do enfado de ser rico, pelos 50 mil cruzados do lucro alcançado, segundo Rui Manuel Loureiro, que refere, naufragou no meio do golfão da China entre portos chineses quando já seguia a caminho de Malaca, mas conseguiu salvar-se e em 1560 estava na Índia. Ainda em 1558 o Bispado de Goa foi elevado à categoria de Arcebispado, sendo criados dois bispados sufragâneos, o de Cochim e o de Malaca, onde até 1575 ficou integrado Macau. Diogo Pereira desde os anos 40 do século XVI comercializava pelo mar do Sul da China. “A sua experiência e espírito de liderança gera o clã Pereira que, não muito mais tarde, opera em Macau”, segundo Jorge dos Santos Alves e Beatriz Basto da Silva complementa, no período de 1550 a 1564, “sensivelmente, o poder português em Macau é alvo de uma luta ‘civil’ entre moradores e mercadores, sendo que a ‘família-empresa’, como lhe chama L. F. Barreto, de Diogo Pereira se encarrega de organizar o sistema de pagamento alfandegário que Guangdong aceita. É a família Pereira que aproveita o assentamento de Leonel de Sousa e o faz evoluir no quadro do triângulo mercantil Ocidente-China-Japão.” Reinava na China a Dinastia Ming com o Imperador Jiajing (1522-1566). O estabelecimento dos comerciantes portugueses em Macau e a grande actividade dos missionários pelo Oriente levou a ser relembrada a importância de se realizar uma nova embaixada à China. Na memória restava a frustrada terceira tentativa de embaixada régia, demandada então pelo padre Francisco Xavier e a expensas de Diogo Pereira, mas desfeita em 1552 pelo Governador de Malaca. Já os objectivos do jesuíta Belchior Barreto em 1555,

Diogo Pereira ou Gil de Góis Embaixador à China

de libertar portugueses presos em Cantão (dez mil em 1561, segundo Amaro Pereira), permaneceram quando em 1558/59 uma nova embaixada à China foi preparada com redobrado cuidado para não haver as confusões que perturbaram o desenlace de todas as anteriores.

DIOGO PEREIRA CAPITÃO-MOR

O Vice-Rei da Índia Francisco Coutinho (1561-64), 3º Conde de Redondo, nas instruções que do reino levava para a Índia constava a de mandar Diogo Pereira por Embaixador e Capitão da China, com o presente necessário à embaixada pela qual trazia de Portugal algumas peças de muita estima. Enviada para tentar regularizar as relações luso-chinesas, a comitiva deveria incluir padres jesuítas pois pretendia-se conseguir autorização para a Companhia de Jesus entrar na China.

Chegado a Goa em Setembro de 1561, o Vice-Rei verificou estar Diogo Pereira na China e na monção seguinte, em Abril pelo navio de D. Pedro da Guerra, onde seguiam com destino ao Japão os padres jesuítas, Luís Fróis e João Baptista del Monte, mandou-lhe a nomeação, por dois anos até 1564, para como Capitão de Terra governar a povoação em lugar dos Capitães-mores da viagem ao Japão. Devia preparar terreno à embaixada e acautelar desordens como as ocorridas com Simão Peres de Andrade, pelas quais as duas primeiras embaixadas portuguesas à China fracassaram. De Malaca saíram a 8 de Julho e entraram em Macau a 24 de Agosto de 1562, dia de S. Bartolomeu, sendo recebidos por Diogo Pereira, a exercer já funções de capitão-mor de Macau, escolhido pelo povo por gozar de muita

A mercê régia logo entregue a Diogo Pereira dava-lhe a escolha de ser embaixador à China, ou ficar em Macau com o cargo de capitão-de-terra, independente do capitão-mor da viagem. Escolheu governar Macau, que em 1562 tinha 800 a 900 portugueses moradores

confiança e popularidade. [Posto abolido por decreto real de 1563, mas aí se manteve até 1587]. A ele se deve a organização e transformação rápida da povoação numa cidade e “os chineses seguiam com alguma perplexidade este crescimento, dentro dos limites do seu território, o que, de certo, explica o ‘irregular tratamento’ - ora generoso, ora de suspeição - para com os portugueses”, segundo Tien-Tsê Chang, que refere, Macau em 1563 contava “com 900 pessoas, sem incluir as crianças. Para lá destes residentes, havia vários milhares de estrangeiros comerciantes, criados e escravos (de Malaca, da Índia e de África).”

EMBAIXADOR GIL DE GÓIS

Por Despacho Real, Gil de Góis partiu de Goa a 27 de Abril de 1563 para Macau na nau de Diogo Pereira, seu cunhado, e além do presente para o Imperador levava a função de ele ou Diogo Pereira, se este quisesse, ir como embaixador à China; ordenava nessa embaixada seguirem padres da Companhia de Jesus para pela quarta vez se tentar introduzir o catolicismo no Celeste Império, depois das tentativas de Francisco Xavier, Belchior Nunes Barreto e Luís de Fróis. De Goa seguiram com Gil de Góis, João de Escobar, escrivão da embaixada régia e os padres Francisco Perez (15141583) e Manuel Teixeira (1536-1590). Em Malaca a 13 de Junho, voltaram ao mar a 8 de Julho já na companhia do irmão André Pinto (1538-1588). A 29 de Julho de 1563, no porto de Amacau foram recebidos por Diogo Pereira, o irmão Guilherme e um grande número de moradores. A mercê régia logo entregue a Diogo Pereira dava-lhe a escolha de ser embaixador à China, ou ficar em Macau com o cargo de capitão-de-terra, independente do capitão-mor da viagem. Escolheu governar Macau, que em 1562 tinha 800 a 900 portugueses moradores e problemas a exigir juiz permanente, segundo Beatriz Basto da Silva, que refere, com o “cargo de capitão-de-terra, o primeiro tipo de governo autónomo de Macau, Diogo Pereira, seu inicial ocupante (a 23-VIII-1562), continuou em exercício até 1587. As relações económicas com a China e com a Carreira das Índias passavam por este ofício que punha os lucros das viagens ao serviço da política.” Assim Gil de Góis ficou Embaixador, sendo “Iniciadas imediatamente as diligências para a apresentação da embaixada, naturalmente junto dos Mandarins grandes de Cantão, e do vice-rei, vieram a Macau várias autoridades chinesas para examinar os presentes e retiraram-se satisfeitos e peitados, prometendo encaminhar o assunto favoravelmente para Pequim”, segundo Gonçalo Mesquitela, “A aceitação da embaixada, e do presente em cerimonial próprio em Pequim, tomava o valor do reconhecimento oficial das relações com o país ofertante.” Importante era manter a paciência durante a espera da permissão.


24 (f)utilidades BRUMA

?

SECA

O QUE FAZER ESTA SEMANA Diariamente EXPOSIÇÃO 26 | “O VAGABUNDO”

Casas da Taipa – Exterior | Até 6/10

MIN

4 2 3 6 9 1 5 0 8 7 5 0 | “JARDIM 8 4DAS2DELÍCIAS 6 7 9 3 1 EXPOSIÇÃO TERRENAS” Wynn Macau | Até 6/10 9 7 5 2 8 0 1 3 6 4 1 3 7 8 4 5 9 6 0 2 EXPOSIÇÃO | “CONTEMPLAÇÃO DA BONDADETERNA” 0 de6Arte1de Macau 9 7| Até36/10 2 8 4 5 Museu 6 9 4 7 1 8 0 5 2 3 EXPOSIÇÃO | “QUIETUDE E CLARIDADE: OBRAS 0DA COLECÇÃO 5 3 2 4 1DE NANJING” 9 6 DE7 CHEN8ZHIFO DO MUSEU MAM 3 | Até417 /11 2 1 0 9 6 7 5 8 2 5 9 3 6 7 8 4 1 0 EXPOSIÇÃO | “HOT FLOWS – PEARL RIVER 8 ARTS 1 RETROSPECTIVE” 6 0 5 4 3 2 7 9 DELTA Armazém do Boi | Até 13 de Outubro

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0 1 7

3

novo balanço que aponta para mais de 150 feridos. O anterior balanço apontava para 18 mortos e mais de 100 feridos.

8 2 3 9 1 3 7 1 47 4 5 0 5 0 6 5 6 8 3 4 17 21 92 1 5 4 5 6 2 8 09 0 73 7 9 14 61 06 30 3 2 85 2 3 7 0 5 9 6 4 8 5 6 48 4 9 02 0 7 1 06 30 73 87 18 51 95 49 4 3 7 1 2 4 5 8 6 09 14 01 90 79 37 23 82 68 6 9 2 8 2 5 0 6 31 3 7 SOLUÇÃO DO PROBLEMA 33

35

0 2 4

8

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UM DISCO HOJE

4 1 4 3 6 97 29 2 05 0 0 5 78 7 23 2 91 9 64 9 7 0 2 5 64 6 8 3 7Antes dos the Bad Seeds, 2 18Cave 6 40 da4 93 9 Nick 51 foi 65vocalista bomba post-punk The Bir4 6Party, 9 8já3bem 1 7 0 2 6thday 18 7 acompanhado por Mick Harvey, 5 3 47 04 80 8 9 16 21 Rowland Howard e Barry 6 1 82 O8 derradeiro 1Adamson. 34 03 70 7 95 disco da banda, “Junkyard”, 3 conta 2 96com9a participa1 5 8 74 7 que ção Lane, 8 5de9 Anita 5 20 2 seria 37 a3 1 46 semente para outras bandas 7 0 14 91 9 Crime 6 5 82 8 como 0importantes, and the City Solution e These Immortal Souls. Na minha opinião, as faixas mais marcantes do disco, e às quais retorno sempre, são “Dead Joe”, “Big-Jesus-Trash-Can” e “Release the Bats”. Para ouvir com o volume no máximo. João Luz

6 9 7 8 1 3 2 0 5 4 8 6 1 7 5 2 9 0 4 3

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6 6 70 87 2 2 93 9 1 1 4 3 85 8 4 0 9 56 7 1 02 69 6 5 3 3 2 8 4 4 17 1 8 8 05 60

PROBLEMA 34

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8 59 04 6 2 12 5 65 7 21 40 3

7 15 0 59 1 6 03 2 64 8

2 1 67 45 83 28 10 74 6 9

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43 16 0 79 8 4 07 1 65 32

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52 45 9 6 7 3 4 0 38 91

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19 08 67 2 3 5 1 56 20 74

S U D O K U

TEMPO

30.9.2019 segunda-feira

03 30 6 74 8 2 41 7 59 25

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5 4 28 32 59 70 96 03 1 7

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4 82 39 8 07 41 5 56 73 0

9 8 3 1 40 34 2 5 7 6

6 7 5 0 4 3 8 9 2 1

1 0 6 3 4 9 8 5 2 7

Vamos todos morrer de política. Ao longo da minha vida experimentei décadas bem diversas em termos de intensidade ideológica. Anos 1980: bicefalia na divisão do poder pelo bloco central, enquanto as FP 25 de Abril espalhavam o terror com espasmos violentos, como uma ressaca revolucionária que descamba em banditismo. Anos 1990: vazio ideológico, torpor sem ideias e paz neoliberal durante a gestação do ogre. Anos 2000: o ogre nasce e escava um intransponível fosso entre ricos e pobres, que se agiganta até à hecatombe económica de 2007. Anos 2010: o mundo está dividido em primarismos, onde a razão, sentido histórico e o conhecimento não têm lugar. Oscilamos entre períodos híper-ideológicos e dormência. Hoje em dia tudo é política. O que comemos, quem e como amamos, quem são os nossos amigos, com que valores vemos o outro, tudo é politizado ao máximo. Há quem veja marxismo numa tijela de muesli e fascismo numa porta de casa de banho. Até a ciência foi politizada. Se está frio a ciência é uma ferramenta do marxismo climático, se está calor a ciência é uma emanação protofascista. Isto é incomportável, não se aguenta, é primário, bronco. Não é complicado para mim refastelar-me confortavelmente em niilismo, esse spa filosófico, e assistir ao apocalipse burgesso. De quando em vez mexo no lodo para lhe medir a temperatura, arrependo-me logo e regresso à contemplação das chamas. João Luz

THE BIRTHDAY PARTY | JUNKYARD

AD ASTRA SALA 1

IT CHAPTER TWO [C]

Um filme de: James Gray Com: Brad Pitt, Tommy Lee Jones, Ruth Negga 14.30, 16.45, 19.15, 21.30

Um filme de: Andy Muschietti Com: James McAvoy, Jessica Chastain, Bill Hader, Isaiah Mustafa 16.15, 21.00

AD ASTRA [B]

SALA 2

THE FATAL RAID [C]

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Um filme de: Jacky Lee Com: Patrick Tam, Michael Tong, Jade Leung, Jeana Ho 14.30, 19.15

Um filme de:Gurinder Chadha Com: Viveik Kalra, Kulvinder Gbir, Meera Ganatra, Nell Williams 14.30, 16.45, 19.15, 21.30

BLINDED BY THE LIGHT [B]

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Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editor João Luz; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; João Santos Filipe; Juana Ng Cen; Colaboradores Amélia Vieira; António Cabrita; António Castro Caeiro; António Falcão; Gisela Casimiro; Gonçalo Lobo Pinheiro; João Paulo Cotrim; José Drummond; José Navarro de Andrade; José Simões Morais; Luis Carmelo; Michel Reis; Nuno Miguel Guedes; Paulo José Miranda; Paulo Maia e Carmo; Rita Taborda Duarte; Rui Cascais; Rui Filipe Torres; Sérgio Fonseca; Valério Romão Colunistas António Conceição Júnior; David Chan; João Romão; Jorge Rodrigues Simão; Olavo Rasquinho; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Tânia dos Santos Cartoonista Steph Grafismo Paulo Borges, Rómulo Santos Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo


opinião 25

segunda-feira 30.9.2019

reencarnações JOÃO LUZ

A

SSIM que vi o vídeo do discurso na Cimeira da Acção Climática em Nova Iorque, tornou-se evidente que Greta Thunberg se transformaria no vilão palpável que a “equipa” que nega a realidade científica precisava para sair do vago bicho-papão do George Soros, o aglutinador de todas as conspirações da paranoia conservadora. A raiva e emotividade do discurso, o dedo em riste que aponta à vergonha, o tom de profundo e insolente desdém aos poderes que lideram o mundo, são os ingredientes para diabolizar a mensageira, depois de poluída a mensagem com propaganda. O ataque do status quo aos jovens que o confrontam é coisa que vem de longe, faz parte de uma torpe tradição de velhadas que, por um lado, se queixam de falta de acção cívica da juventude, mas depressa vociferam impropérios senis quando essa juventude ousa contradizê-los. Recordo as manifestações de estudantes a favor de controlo de armas nos Estados Unidos depois do massacre numa escola secundária de Parkland, na Florida. Os sobreviventes do derrame de sangue lançaram uma campanha de protestos contra a

Greta Thunberg

apatia da classe política comprada pelo lobby do armamento. Esses alunos, apesar do trauma recente e do eco dos tiros ainda se escutar nos corredores da escola onde estudam, foram vilipendiados na comunicação social por políticos e afins. Em particular, Emma Gonzalez (é sempre mais fácil ofender uma mulher numa situação destas), uma corajosa jovem de cabelo rapado que ousou apontar o dedo às gerações mais velhas e à elite política. Uma representante do NRA (National Riffle Associatition) chamou-lhe lésbica neonazi (Emma, apesar da descendência hispânica), a direita multiplicou-se nas conspirações habituais (nunca houve tiroteio e os sobreviventes são actores pagos por... George Soros), multiplicaram-se imagens falsificadas da jovem a rasgar a constituição norte-americana. Um congressista que muitas vezes defendeu a supremacia branca, Steve King, acusou a jovem de ser uma fã de Fidel Castro e da ditadura cubana por usar um pin com a bandeira de Cuba. Claro que a máquina de destruição de reputações, que não tem

É uma loucura dar validade a discursos que professam a supremacia de quem defende o ambiente, face aos blocos de poder que desde sempre colocam o lucro à frente da salvaguarda do planeta

pudor em atacar crianças e adolescentes, se está nas tintas para o facto de a família de Gonzalez ter fugido do regime de Castro. Além disso, a bandeira usada pela jovem é um símbolo para exilados anti-Castro. Mas a realidade não é chamada para as campanhas de assassinato de caracter, nem interessa à ignóbil guerrilha geracional de adultos que insultam os mais novos. Greta Thunberg está a sofrer um ataque do mesmo género. Nos dias que correm é o alvo preferencial dos memes falsos que se transformam em “notícias”. Mas analisemos por um momento a demência política da diabolização desta corajosa jovem. Em primeiro lugar, por transmitir a ideia de urgência perante algo que a comunidade científica é unânime, é apelidada de alarmista. Esclarecimento: comunidade científica e ciência são realidades que existem no âmbito do método científico, onde teorias são comprovadas ou destruídas em experiências e estudos submetidos a revisão de pares. Ciência não é uma realidade que viva exclusivamente de vídeos de Youtube, partilhas no Whatsapp, memes virais de Facebook, nem opiniões pagas por câmaras de comércio. Essas são as armas da anti-ciência. Segundo lugar: “é maluca, já viram bem os olhos dela?!”. Epá, tenham vergonha na cara. Estamos mesmo a querer bater no fundo em termos éticos. Greta podia fazer aquele discurso a sorrir, vestida de pantera cor-de-rosa, com imagens do Matrix a passar no fundo, que a mensagem que transmite continuaria a ser cientificamente sólida e real.

Terceiro lugar: Greta é uma pobrezinha influenciada pelo poderoso lobby da ecologia. Vamos todos rir desta ironia orwelliana de primeiro grau. Coitadinha da enfraquecida e pobre indústria petrolífera, que só consegue fazer guerras onde e sempre que lhe interessa, que tem cronicamente os governos mais poderosos do mundo no seu bolso e que é só a mais lucrativa indústria do mundo. Pobre indústria automóvel, frágil lobby do sector energético, que nada pode fazer perante o poder da eólicas, dos cientistas que se esmifram por uma bolsa, pelos activistas ambientais que, sem saberem, são os donos disto tudo. Há muita gente que vive num mundo alternativo, onde os que mandam são vistos como escravos e os marginalizados são na realidade os invisíveis mestres. A polarização política justifica tudo. É uma loucura dar validade ao discurso que professa a supremacia de quem defende o ambiente, face aos blocos de poder que desde sempre colocam o lucro à frente da salvaguarda do planeta. Para uma próxima crónica prometo endereçar os ignorantes argumentos que comparam a coragem de Galileu em destronar uma teoria “científica” dominante, protegida pela violência do Vaticano, e a ciência moderna. A internet, que vende a ideia de que todos podem ser especialistas em tudo, é a mais poderosa ferramenta para a estupidificação da humanidade e a massificação da perfídia. E, por favor, tenham vergonha na cara quando ponderarem atacar pessoalmente uma criança ou adolescente que vos chama à razão.


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30.9.2019 segunda-feira

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segunda-feira 30.9.2019

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Não há nada melhor que uma vida sem matrimónio. Horácio

MI JIAN RESULTADOS DE INVESTIGAÇÃO DO CCAC EM OUTUBRO

AIRBUS CHINA NEGA ALEGAÇÕES DE ATAQUES INFORMÁTICOS

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Comissariado contra a Corrupção (CCAC) deverá divulgar já em Outubro os resultados da investigação feita a alegadas irregularidades cometidas na Direcção dos Serviços de Estudo de Políticas e Desenvolvimento Regional (DSEPDR), liderada por Mi Jian. Ontem, André Cheong, comissário, prometeu que “no próximo mês vamos dar os resultados” de um processo que teve início com o envio de uma carta assinada por um trabalhador anónimo da DSEPDR. Sobre a investigação feita a Jaime Carion, ex-director dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes,André Cheong disse não existirem informações adicionais. “Há meses fizemos um encontro com os media, e tudo o que podíamos dizer já foi dito, não temos mais nada a acrescentar”, disse o comissário, sem esclarecer se já foi ou não detectado o paradeiro de Jaime Carion. O CCAC prossegue com as análises aos casos da Viva Macau e Lei de Terras. No que diz respeito ao novo Governo, André Cheong acredita que o organismo vai continuar a trabalhar nos mesmos moldes. “Não vão haver grandes mudanças. O trabalho do CCAC não tem a ver com uma questão de estilo, mas com a pessoa que lidera. Temos de seguir a lei e combater a corrupção.”

Jogo DICJ esclarece que instrução só inclui dados pessoais

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Paulo Martins Chan, director dos Serviços de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ) garantiu que a nova instrução relativa às operações dos casinos visa apenas a protecção dos dados pessoais relacionados com essas mesmas operações e não as informações ligadas às apostas. “Não sei se houve um mau-entendimento na tradução. São os dados relacionados com o jogo, mas os dados pessoais. A ideia não é (limitar a partilha) dos dados relacionados com as operações de jogo. Se forem dados gerais do jogo há outras legislações que regulam, mas aqui estamos a falar dos dados pessoais do jogo”, disse. O director da DICJ garantiu que o sector não reagiu de forma negativa e que a nova instrução também visa a protecção ao nível das apostas por telefone. “Emitimos a instrução no sentido de manter o desenvolvimento saudável do nosso sector. Não houve reacção dos operadores e junkets, acho que eles compreenderam. Vamos observar (a aplicação da instrução) e fazer pequenos ajustamentos, caso seja necessário.”

segunda-feira 30.9.2019

PALAVRA DO DIA

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Clínica de risco Governo avisa que não tolera utilização de vacinas fora de prazo

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secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, garantiu ontem que o Governo vai continuar a inspeccionar as clínicas privadas de forma rigorosa, após ter sido detectado o caso de uma clínica que administrou vacinas expiradas a um bebé. O caso foi detectado no dia 25 de Setembro e envolve o Centro Médico de Diagnóstico e Tratamento de Macau, localizado na Avenida da Praia Grande. “Houve um caso de uma vacina fora de prazo que foi administrada. Nós temos leis para actuar nestas situações e não vamos permitir a utilização de vacinas fora de prazo”, afirmou Alexis Tam. “Aliás, por lei, eles nem podem guardar as vacinas, muito menos administrar vacinas expiradas. É tudo ilegal”, acrescentou. Ainda de acordo com o secretário, a questão da saúde é “muito importante” para o Governo, que age dentro das orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS) e executa regularmente acções de inspecção. Também por isso, Alexis Tam deixou uma

garantia: “sempre que detectamos irregularidades agimos imediatamente”, frisou. Foi no sábado à noite que os Serviços de Saúde (SSM) revelaram o caso de uma clínica que tinha administrado num bebé com um mês de idade uma vacina expirada. O acto valeu uma condenação do Governo: “Os Serviços de Saúde condenam de forma veemente o incumprimento da lei e alerta que estes actos individuais prejudicam a saúde das crianças e podem diminuir a barreira imunológica”, foi anunciado.

“Por lei, eles nem podem guardar as vacinas, muito menos administrar vacinas expiradas. É tudo ilegal” ALEXIS TAM SECRETÁRIO PARA OS ASSUNTOS SOCIAIS E CULTURA

O facto de a vacina estar expirada não foi o único problema identificado. Segundo a investigação, as instruções da

OMS também não terão sido respeitadas porque a vacina combinada de 6 em 1 é para crianças com seis semanas. Porém, o bebé tinha acabado de completar um mês quando foi vacinado.

PROTECÇÃO ENFRAQUECIDA

De acordo com o comunicado de sábado dos SSM, a administração de vacinas expiradas leva a uma redução da eficácia destes produtos, mas dificilmente terá “efeitos secundários graves de imediato”. Contudo, foi igualmente explicado que a prática pode enganar as pessoas, o que levará a que não seja tomadas outras medidas de precaução. “Esta suposição [de falsa protecção] pode aumentar o risco de contrair doenças infecciosas e causar grandes danos às barreiras imunológicas das vacinas, criadas para proteger as pessoas e a população”, apontou o Governo. Logo no sábado à noite, os SSM apelaram aos médicos para denunciarem este tipo de situações e explicaram que os envolvidos podem ser punidos com multas ou mesmo suspensão da licença da profissão. João Santos Filipe

joaof@hojemacau.com.mo

Governo chinês rejeitou sexta-feira as alegações de que piratas informáticos chineses tenham realizado operações de espionagem industrial a empresas subcontratadas da fabricante europeia Airbus ao longo dos últimos doze meses. “Posso garantir que a China é um forte defensor da segurança da rede e opõe-se firmemente a qualquer forma de ataque informático”, afirmou o porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Geng Shuang. A agência France-Presse noticiou na quinta-feira que quatro grandes ataques atingiram empresas subcontratadas da fabricante europeia. Os subempreiteiros em causa são o grupo francês de consultoria tecnológica Expleo, o fabricante britânico de motores Rolls Royce e outras duas empresas francesas. As fontes anónimas citadas pela AFP disseram suspeitar que os piratas informáticos, um grupo com o nome de código APT10, actuaram ao serviço da China. “Houve recentemente vários relatos de ataques cibernéticos e, sem qualquer evidência, há quem esteja a tentar sujar a imagem da China”, acusou o porta-voz. “Isto não é profissional nem responsável”, disse. Segundo as fontes citadas pela AFP, os piratas informáticos tinham como alvo documentos de certificação técnica, um procedimento formal que garante que os vários elementos de uma aeronave atendem aos requisitos de segurança. A China tenta desenvolver há vários anos o seu primeiro avião de passageiros de dimensão média, o C919, mas até agora sem sucesso.


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