Hoje Macau 31 JUL 2012 #2662

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PORTUGAL APROVA LEI

Recusar cuidados de saúde passa a ser um direito

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

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CENTRAIS

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MOP$10

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ • TERÇA-FEIRA 31 DE JULHO DE 2012 • ANO XI • Nº 2662

Ter para ler

TEMPO POUCO NUBLADO MIN 26 MAX 33 HUMIDADE 50-95% • CÂMBIOS EURO 9.6 BAHT 0.2 YUAN 1.2

APOIOS “ANTI-INFLAÇÃO”

Comissariado de Auditoria arrasa gestão da presença de Macau na Expo Xangai

De orelhas a arder Gastos acima do previsto, contas embrulhadas, falta de um relatório final sobre as finanças, violações da lei. Estes são apenas alguns dos “pecados”, na óptica do Comissariado de Auditoria, do Gabinete que preparou a participação de Macau na Expo Xangai. O pior é que a parte de leão dos 40 milhões não previstos foram gastos em “despesas com pessoal, aquisições de equipamentos e serviços e alojamento de pessoal em Xangai”. PÁGINA 3

Governo receptivo a doar mais cheques pecuniários PÁGINA 2

FAMÍLIAS PRECISAM DE ESPAÇO

Habitação económica de T1 pode vir a ser para alugar PÁGINA 4

ESTUDO DO POLITÉCNICO

Viciados em jogo são menos de metade desde 2007 PÁGINA 5

CHINESAS LOUCAS COM LUXO

Revistas de moda estão a abarrotar de publicidade PÁGINA 7


política

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terça-feira 31.7.2012

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Operários pediram apoio pecuniário extraordinário a Chui Sai On

“Podemos obter mais doações este ano” GONÇALO LOBO PINHEIRO

Kwan Tsui Hang, deputada e membro da federação que representa as associações dos operários, revelou que o Chefe do Executivo mostrou-se receptivo à ideia de doar mais cheques anti-inflação nos próximos meses

Cecília Lin

cecilia.lin@hojemacau.com.mo

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Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) reuniu com o Chefe do Executivo, Chui Sai On, para

falar de problemas sociais ligados ao emprego, trânsito, habitação e inflação. Em relação a este último ponto, o Governo mostrou-se receptivo a uma segunda ronda de apoios pecuniários à população. Depois do encontro,

Kwan Tsui Hang, deputada e membro da FAOM, confirmou que Chui Sai On mostrou uma “atitude positiva em fazer mais doações na segunda metade do ano, para aliviar os efeitos da inflação.” Recorde-se que, no âmbito do Plano de Comparticipação Pecuniária, o Executivo já entregou todos os cheques deste ano, sendo que cada residente permanente recebeu sete mil patacas, enquanto os não residentes tiveram direito a 4200.

“Chui Sai On disse que ia considerar a nossa opinião sobre o aumento da base do imposto para 18 mil patacas”, revelou Kwan Tsui Hang. Actualmente, só paga imposto profissional quem tem rendimentos superiores a 95 mil patacas anuais. A FAOM propôs ainda a Chui Sai On melhorias no

Outro dos assuntos também abordado foi o aumento dos valores salariais que servem de base ao cálculo do imposto profissional.

COMISSÃO DE REGISTO DOS AUDITORES E DOS CONTABILISTAS

Aviso

Faz-se público, em conformidade com deliberação da Comissão de Registo dos Auditores e dos Contabilistas, de 19 de Outubro de 2011, e nos termos do disposto no nº 1 do artigo 18º do Estatuto dos Auditores de Contas, aprovado pelo Decreto-Lei nº 71/99/M, de 1 de Novembro, no nº 1 do artigo 13º do Estatuto dos Contabilistas Registados, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 72/99/M, de 1 de Novembro, bem como do disposto no ponto 3) do artigo 1º do Regulamento da Comissão de Registo dos Auditores e dos Contabilistas, aprovado pelo Despacho do Chefe do Executivo nº 2/2005, de 17 de Janeiro, que nos dias 24 e 25 de Novembro e 1, 2 e 8 de Dezembro do corrente ano, irá realizar-se a prestação de provas para inscrição inicial e revalidação de registo como auditor de contas, contabilista registado e técnico de contas. 1.

Prazo, local e horário de inscrição Prazo de inscrição: De 24 de Julho a 6 de Agosto de 2012 Local de inscrição: Instalações da Comissão de Registo dos Auditores e dos Contabilistas, no 16.º andar do “Edifício Finanças”, sito na Avenida da Praia Grande, n.ºs 575,579 e 585. Horário de inscrição: De 2ª a 5ª feira: das 09h00 às 13h00; das 14h30 às 17h45 6ª feira: das 09h00 às 13h00; das 14h30 às 17h30

2.

Condições de candidatura Auditores de contas: Podem candidatar-se todas as pessoas maiores, residentes ou portadoras de qualquer título válido de permanência na Região Administrativa Especial de Macau, que reúnam os requisitos gerais para registo como Auditores de Contas nos termos do artigo 4º do Estatuto dos Auditores de Contas, aprovado pelo Decreto-Lei nº 71/99/M, de 1 de Novembro, e que, no caso de revalidação de registo, tenham cumprido o disposto no artigo 10º do mesmo Estatuto. Contabilista registado e técnico de contas: Podem candidatar-se todas as pessoas maiores, residentes ou portadoras de qualquer título válido de permanência na Região Administrativa Especial de Macau, que reúnam os requisitos gerais para registo como contabilistas registados ou técnicos de contas nos termos do artigo 4º do Estatuto dos Contabilistas, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 72/99/M, de 1 de Novembro, e que, no caso de revalidação de registo, tenham cumprido com o disposto no artigo 10º do mesmo Estatuto.

3.

Local de levantamento do boletim de inscrição O boletim de inscrição, os esclarecimentos relativos à prestação de provas, o regulamento das provas e as regras da prestação de provas relativas aos candidatos e conteúdo das provas podem ser obtidos no sítio da internet da Direcção dos Serviços de Finanças, no local relativo à CRAC (www.dsf.gov.mo) ou levantados nos seguintes locais: 1) Rés-do-chão do Edifício da Direcção dos Serviços de Finanças, sito na Avenida da Praia Grande n.ºs 575, 579 e 585; 2) Centro de Serviços da RAEM, Rua Nova de Areia Preta No.52; 3) Centro de Atendimento Taipa, Rua de Bragança, Nº 500, R/C, Taipa.

Em caso de dúvidas, agradecemos o contacto com a CRAC, durante as horas de expediente, através do telefone número 85990168 ou 85990139, ou através do e-mail crac@dsf.gov.mo. Direcção dos Serviços de Finanças, aos 17 de Julho de 2012. O Presidente da CRAC Iong Kong Leong

o Governo faça uma lei que preveja pesadas sanções para os empreiteiros que contratam trabalhadores de forma ilegal, usando o dinheiro para melhores alternativas.” A FAOM quer ainda mais apoios para o ensino superior e um melhor serviço de saúde.

“Estranho vermelho” protestou junto à sede do Governo

OLHAR PELOS ILEGAIS

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serviço público de autocarros e a revisão da política de dividendos a quem compra casa pela primeira vez. Debateu-se ainda a necessidade de abrandar a especulação imobiliária e abrir mais espaço à habitação económica e social. As condições dos trabalhadores ilegais não ficaram esquecidas. “Esperamos que

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Luta de rua contra os serviços de saúde

homem de 73 anos com vestes vermelhas, que há muito usa a praça do Leal Senado para fazer protestos, regressou às lutas de rua, desta vez por queixas contra os Serviços de Saúde de Macau (SSM). Por volta das 11 da manhã de ontem, Hoi Weng Chong esteve na sede do Governo para entregar uma carta à direcção dos SSM, a queixar-se de maus tratamentos no Hospital Conde de São Januário (HCSJ). Segundo o manifestante, o conteúdo da carta diz respeito a um caso ocorrido em Novembro de 2010, quando utilizou as ruas para pedir a atenção do primeiro-ministro chinês Wen Jiabao e foi interceptado pela policia. Daí, terá seguido para o hospital. “Não me deixaram comer nem ir à casa de banho durante 18 horas e isso foi mau para a minha saúde física e mental. Venho aqui reivindicar por causa da angústia física que passei, a perda de reputação, tempo de trabalho e saúde.” Aquele que é conhecido como o “estranho vermelho” aproveitou para mostrar a resposta de Vong Wai Wa, procurador-geral adjunto do Ministério Público (MP), sobre a

manifestação de 2010. O documento comprova que foram diagnosticados ao manifestante, no HCSJ, problemas emocionais e comportamentais, existindo a necessidade de internamento hospitalar. “Os médicos usaram meios para o prender à cama para se manter calmo, tendo ficado em observação até à manhã seguinte.”

GANHOU OS CASOS

O responsável do MP disse ainda no documento que a polícia propôs ao “estranho vermelho” não utilizar o Leal Senado para os protestos, tendo considerado

que o caso “é um conflito com o hospital, sendo aconselhado falar com os SSM ou com o HCSJ”. Por este motivo, Hoi Weng Chong deslocou-se ontem à sede do Executivo. Em Maio, o manifestante optou por parar os protestos, dado ter vencido os nove processos criminais e quatro civis, todos com ligação à policia e à MassMutual, empresa para a qual trabalhou e contra a qual se manifestou também. Hoi Weng Chong vive da ajuda social e ainda está a pensar na próxima acção de rua que vai realizar. - C.L.


terça-feira 31.7.2012

Erros de gestão deixaram os cofres da RAEM com menos 40 milhões de patacas do que o orçamento planeado Joana Freitas

joana.freitas@hojemacau.com.mo

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participação de Macau na Expo de Xangai está a ser marcada por lacunas na gestão financeira. A presença da RAEM no pavilhão do coelho – imagem que representou Macau – custou aos cofres do Governo mais 40 milhões de patacas do que o calculado. Tudo porque o Gabinete Preparatório para a Participação de Macau na Exposição Mundial de Xangai fez asneira nas contas. “Não estimou de forma integrada e científica as despesas globais nem preparou um relatório sobre os resultados financeiros globais, de forma a apresentar todas as despesas realizadas com a participação”, pode ler-se num relatório ontem divulgado pelo Comissariado da Auditoria (CA). Os responsáveis da auditoria frisam que a gestão financeira do gabinete foi deficiente, apesar de ter sido criado precisamente tendo como função essa gestão. O gabinete terá apresentado um único documento referente ao que esperava gastar com a participação da RAEM em Xangai, onde o orçamento contabilizava 320 milhões de patacas. Os cálculos para este montante basearam-se no total das despesas realizadas com a participação de Macau na Expo 98, em Lisboa, o que desde logo desagradou ao CA. “As despesas foram calculadas de forma pouco científica. Os fundamentos da estimativa da Expo de Lisboa não têm nenhuma relação directa com os recursos necessários à participação na Expo de Xangai e, por isso, o procedimento do Gabinete Preparatório foi pouco científico ao não calcular a estimativa com base nas despesas efectivas necessárias [a esta feira].”

DOIS PAVILHÕES

O CA admite que o gabinete já sabia que Macau iria contar com dois pavilhões, pelo

política

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Comissariado de Auditoria aponta falhas na gestão financeira da participação de Macau na Expo Xangai

“O Gabinete Preparatório não fez o que lhe competia” que deveria ter feito uma estimativa global mais alta. Mesmo que não fosse exacta. “Partindo desta estimativa global preliminar, à medida que as exigências e necessidades iam ficando cada vez mais concretas, o gabinete poderia proceder à revisão e introdução de ajustamentos, conduzindo a um orçamento mais pormenorizado que, apreciado superiormente, daria lugar ao programa orçamental definitivo.” Em Outubro de 2008, o gabinete informou que o orçamento global inicial totalizava 320 milhões de patacas – o custo para os projectos de construção e de exibição seriam de 200 milhões de patacas e para as despesas com actividades e operação os restantes 120 milhões de patacas. Contudo algo falhou nas contas. “As despesas com o funcionamento normal do gabinete, nomeadamente, com a aquisição de equipamentos do escritório em Macau, o vencimento do pessoal, os subsídios por deslocações em serviço e o alojamento do pessoal em Xangai não foram contabilizadas no orçamento do projecto, porque, segundo o Gabinete Preparatório, a soma era pouco significativa.”

realizou os trabalhos que lhe competiam.” As acusações dos responsáveis de auditoria não terminam por aqui. O CA diz mesmo que o gabinete violou a lei, porque não registou todos os bens que adquiriu, nem apontou os seus custos no inventário de bens móveis da RAEM, “conforme determinado na lei”. A diferença entre os valores inscritos no inventário dos bens móveis e os valores indicados na conta das despesas deveu-se ao facto de terem sido utilizados preços estimados pelos serviços alfandegários e não os custos de aquisição verdadeiros. “O gabinete não foi capaz de explicar a diferença de patacas existente entre o valor despendido com a aquisição dos bens e o valor dos bens registados no inventário e, também, não conseguiu, através do recurso a outros documentos ou meios, assegurar o registo completo do inventário. Consequentemente, o CA não pôde confirmar se o Gabinete Preparatório registou todos os bens móveis no inventário.”

CONCLUSÃO DEMOLIDORA

POUPANÇA E ENGANO

No final das contas dos seus quatro anos de actividade – de 2007 a 2011 –, o gabinete afirmou que, ao invés das 320 milhões inicialmente orçamentadas, tinha gasto apenas 224.867.676 patacas. Mas, segundo o relatório, a Direcção dos Serviços de Finanças recalculou os gastos, com base em elementos fornecidos pelo próprio gabinete, e encontrou um resultado diferente: as despesas somavam afinal 262.630.058 patacas. “A diferença foi de 37.762.381,94 patacas para mais”, frisa o relatório do CA. “A divergência resultou principalmente dos encargos administrativos e de funcio-

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Christiana Ieong, coordenadora do Gabinete Preparatório da Expo Xangai

namento das instalações do Gabinete Preparatório em Macau, que incluíam despesas com pessoal, aquisições de equipamentos e serviços e alojamento de pessoal em Xangai.” Ou seja, mais quase 40 milhões do que o estimado. “Até ao último dia do seu funcionamento, o Gabinete Preparatório apresentou um único documento para dar conta das despesas havidas com os dois pavilhões em Xangai até final de Dezembro de 2010, o qual era omisso quanto às despesas com o funciona-

mento. Como o relatório não incluiu a totalidade das despesas realizadas, o montante de despesas nele apresentado não reflectia o montante efectivamente realizado. Sem o montante final das despesas por item, o serviço competente ficava impossibilitado de conhecer as despesas.”

MAIS FALHAS

O CA acusa ainda o gabinete de não ter adoptado medidas para efectuar todas as liquidações após o fim da Expo. “Com a sua extinção, deixou também

de existir o sujeito legal original dos actos, pelo que a subsequente intervenção da Direcção dos Serviços de Finanças (DSF) para concluir os trabalhos pendentes foi desnecessariamente dificultada com formalidades administrativas adicionais.” Com a extinção do gabinete, todos os assuntos pendentes, nomeadamente o pagamento de despesas, ficaram a cargo da DSF. Supostamente, o gabinete teria quatro meses e meio para proceder a esses trabalhos de liquidação. “O Gabinete Preparatório não

O comissariado aponta o dedo à forma de funcionamento do gabinete e tece duras críticas. “A equipa criada para preparar a participação do Governo da RAEM num evento internacional tem a obrigação de realizar os trabalhos que lhe são incumbidos de acordo com a calendarização e com os objectivos fixados. O gabinete era, por natureza, também uma equipa de projecto, com duração previsível de três anos e tinha por objectivo preparar, realizar e tratar todos os assuntos relacionados com a participação da RAEM na Expo de Xangai. Poderia ter exercido uma gestão financeira mais apropriada e adequada e devia ter também organizado e tratado adequadamente os trabalhos de orçamentação, de liquidação e de registo de bens móveis, pois, só assim, teria realizado de forma apropriada e completa o projecto, nos seus múltiplos aspectos.” O CA já enviou o relatório ao Chefe do Executivo. A Direcção dos Serviços de Economia já o leu e afirmou concordar com os comentários. Não se sabe ainda se vão ser imputadas responsabilidades.


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sociedade

terça-feira 31.7.2012

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Segunda vaga de habitações económicas de Seac Pai Van à venda apenas nos T2 e T3

Japonês suspeito no caso de homicídio de mulher em apartamento da Taipa

Afastada ligação a tríades

T1 podem ser alugados As fracções de menor dimensão, embora em maior número, ainda não serão vendidas. Instituto de Habitação diz que agregados das candidaturas precisam de mais espaço Rita Marques Ramos rita.ramos@hojemacau.com.mo

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EPOIS de anunciada a venda em Maio do edifício Koi Nga, foram ontem postas a venda mais 609 habitações económicas no edifício Ip Heng, em Seac Pai Van, na ilha de Coloane, para candidatos em lista de espera. O Instituto de Habitação (IH) anunciou antecipadamente a venda de apartamentos de tipologia 2 e 3, estando ainda a ser ponderado o objectivo final das 1.544 habitações T1. Segundo explicou o presidente do IH, Tam Kuong Man, os apartamentos de menor dimensão serão mais tarde disponibilizados porque este modelo não se adequa à primeira vaga de candidatos. “Devido às necessidades dos agregados familiares em lista de espera, as fracções T1 não vão ser distribuídas antecipadamente.” Os apartamentos de tipologia 1, que abundam na habitação social de Seac Pai Van, não estão por isso ainda à venda. Os pedidos destes apartamentos permanecem em análise para que o IH possa ter um conhecimento mais claro, segundo informa o presidente do IH. A venda será então equacionada. Garantindo que os interessados nesta tipologia de imobiliário já podem ser satisfeitos, Tam Vam admitiu porém alterar a sua função inicial para habitação social. “Se ninguém quiser esta tipologia, pode

haver alteração para habitação social. Mas depende da situação das habitações económicas.” Para os candidatos que preferiam uma habitação mais próxima da península de Macau, fica a garantia de que há ainda oito fracções de tipologia T1 no edifício do Lago, na Taipa, também posto à venda em fracções económicas no início do ano.

T2 DESDE 696 MIL

Serão distribuídas pelas famílias com candidatura aprovada 459 apartamentos T2 (entre 44,51 e 45,01 m2), cujo valor mínimo é de 696.500 patacas, e entregues outras 150 fracções T3 (entre 59,13 m2 e 59,69 m2), cujo valor mínimo estabelecido é de 924.800 patacas, nos 10 blocos pertencentes ao edifício Ip Heng. Ou seja, explica Tam Man, “o preço médio de venda da área útil será de 60.876 patacas por metro quadrado” nos apartamentos distribuídos pelos 26 andares do edifício. Os preços máximos dos apartamentos T2 podem chegar até às 904.200 patacas, enquanto os T3 chegam a um preço máximo de 1.181.100 patacas. A venda, tal

como admitida na lei de habitação económica, pode ser feita depois do prazo do ónus de inalienabilidade (16 anos), desde que paga uma compensação por quem a adquire ao IH. Os factores que determinaram os preços estão relacionados com “a capacidade de aquisição dos agregados familiares”, conta o presidente do IH, mas também se considerou a localização dos edifícios, em Coloane, bem como a sua estrutura global e ainda a área do projecto. O IH vai enviar hoje cartas aos seleccionados para que possam visitar as fracções modelos a partir de 14 Agosto, situadas no edifício de habitação social da Ilha Verde, e escolherem a casa da sua preferência. A escolha, informa Tam Man, será feita conforme “as suas disposições na lista” sendo que, no anúncio enviado, estarão explícitas as horas de visita. “Para ser mais seguro é melhor instalar as fracções modelo na Ilha Verde porque em Coloane ainda estão em obras.” Após o pagamento do valor da habitação, o IH vai dar conhecimento aos compradores uma data para tratar dos contratos de administração do edifício e receber as chaves. De acordo como o Chefe do Departamento de Assuntos de Habitação Pública, Cheang Sek Lam, há 672 apartamentos de tipologia 1 no edifício Ip Heng, sobrando 284 apartamentos T2 para pôr à venda, sendo que “ainda há 5.753 candidatos na lista de espera da habitação económica”.

Rua do Volong reabre com edifício em “perigo iminente de ruína”

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DSSOPT garante segurança

Rua do Volong voltou a abrir ao trânsito e à passagem de transeuntes neste sábado, depois de na quarta-feira à noite os Serviços de Obras Públicas terem feito uma vistoria ao edifício n.º 5 considerando-o em “perigo iminente de ruína” e, por isso, fechado a rua para salvaguardar a segurança dos residentes. Agora,

a DSSOPT garante que é seguro passar na rua. Como já antes tinha afirmado, a DSSOPT disse ontem ao Hoje Macau que vai proceder à “imediata demolição” do prédio - que começou ontem e se estenderá pelo prazo de um mês - já que representa um “grave perigo” público. Assim sendo, porquê reabrir a rua? A DSSOPT garantiu

que “foram já demolidos os componentes em perigo de queda”, depois de ter colocado andaimes para vedar toda a fachada do edifício, “com vista a assegurar a segurança dos transeuntes”. Por sua vez, a Polícia de Segurança Pública, que ficou de plantão entre quarta e sexta-feira, disse ao Hoje Macau que “a DSSOPT avaliou as

condições de segurança na rua e concluiu não haver perigo imediato”. A porta-voz avançou ainda que “a PSP procedeu de acordo com as directivas dos serviços de Obras Públicas”. As despesas sobre a demolição do património ficarão a cargo do seu proprietário, depois de concluído o trabalho pela DSSOPT. - R.M.R.

Joana Freitas

joana.freitas@hojemacau.com.mo

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Á há suspeito no caso da morte da mulher sino-japonesa, assassinada no início do mês, na Taipa. Segundo investigação da Polícia Judiciária (PJ), o autor do crime que deixou sem vida uma mulher com cerca de 30 anos, num apartamento na Rua de Tai Lin, é um japonês que seria, assumem as autoridades, namorado da vítima. A mulher foi morta entre os dias 5 e 7 de Julho, apesar do corpo ter sido descoberto apenas a 19. A vítima chegou a Macau acompanhada pelo suspeito, a 5, e dois dias depois o homem fugiu, tendo apanhado um voo para o Japão no Aeroporto Internacional de Macau. A PJ já contactou as autoridades nipónicas, a quem entregou provas e pediu para deter o suspeito. Este não foi ainda encontrado.

Se o homem poderá vir a ser julgado em Macau, a PJ não sabe se há acordo de extradição com o Japão nestes casos. “Depende da atitude do Japão. A PJ não pode confirmar se há, neste caso.”

ALGUMAS INCÓGNITAS

As autoridades de Macau não sabem o que poderá estar na origem do crime, mas descartam a possibilidade de haver relação com seitas ou crime organizado. “A PJ não tem qualquer informação para confirmar que isso tenha a ver com tríades.” As autoridades já se comprometeram a reforçar medidas para combater este tipo de criminalidade, mas ainda assim já se contabilizam três homicídios em apenas duas semanas. Outros dois corpos foram encontrados no Hotel Grand Lapa. A PJ diz que os crimes da Taipa e da unidade hoteleira nada têm a ver, mas a subida de assassinatos está a chamar a atenção, bem como a agressão a Kai Se Wai, no hotel Greek Mythology. A semana passada, uma reportagem da Reuteurs frisava que estes acontecimentos despertaram a curiosidade de “peritos da área de segurança” e “residentes de Macau”, que dizem que o recente surto de violência tem os casinos e as áreas VIP de jogo na origem. “Macau está a atravessar um período de instabilidade”, disse Steve Vickers, director-executivo da Steve Vickers & Associates de Hong Kong, uma agência de consultadoria para a segurança.

Jornalistas filmados em trabalho Durante toda a conferência de imprensa sobre o caso, os jornalistas foram continuamente filmados por um dos membros da PJ. Uns minutos após o fim da conferência de grupo, quatro jornalistas portugueses ficaram a sós com o porta-voz da PJ, de forma a esclarecer questões que pudessem ter ficado perdidas na tradução. Também aí, e com menos delicadeza, a câmara da PJ se encarregou – sem autorização – de filmar a cara de quem fazia perguntas, recolhendo imagem e som que permite identificar o repórter. Questionado sobre a acção – que não aconteceu pela primeira vez – a PJ diz ser um “processo normal” para captar o que diz o portavoz. Os jornalistas no local, que já anteriormente passaram pelo mesmo, sugeriram que, se é essa a intenção, que seja então apenas o porta-voz da PJ a ser filmado, uma vez que nenhum dos presentes – no exercício da sua profissão – deu autorização para ser filmado ou gravado. A PJ não se pronunciou sobre o assunto, mas curiosamente tem na sua sede avisos de que é proibida a recolha de imagem sem autorização, segundo a lei. Também um advogado do território confirmou ao Hoje Macau que a captação deste tipo de imagem é uma infracção.


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sociedade

IAS analisa estudo elaborado pelo Instituto Politécnico

Janelas do La Cité vão ser reparadas amanhã

terça-feira 31.7.2012

Em 2007, 6% da população estava viciada no jogo, mas no ano passado esse valor baixou para 2%. São números provisórios, avançados pelo estudo coordenado por Samuel Huang

Número de viciados em jogo diminuiu

Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

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OS últimos cinco ou seis anos, Macau tem vindo a estabelecer uma moldura básica para os casos de jogo patológico, que tem vindo a resultar. Um último estudo, feito por mim, indica que a prevalência do jogo patológico diminuiu.” Samuel Huang, docente especialista em jogo do Instituto Politécnico de Macau (IPM), afirma que ainda não há números exactos, mas os estudos sobre o tema são elucidativos. Garantiu que, em 2007, 6% da população da RAEM estava viciada no jogo, tendo esse número diminuído para “um pouco acima” dos 2% em 2011. Os dados pertencem a um estudo desenvolvido pelo centro de pesquisa sobre jogo do IPM, cujos resultados finais ainda não foram

divulgados. Para já, o trabalho foi submetido à análise do Instituto de Acção Social (IAS). Questionado sobre os trabalhos feitos até aqui pelo Executivo, a resposta é clara. “Temos de confirmar os esforços do Governo, da sociedade e dos operadores dos casinos, que têm tido resultados. Contudo, não são suficientes, nunca o são. Precisamos de ter ainda mais recursos para promover o jogo responsável, não só para ajudar os residentes locais como todos os jogadores, principalmen-

te os que vêem de Hong Kong e da China.”

AVALIAR PROGRAMAS

Tais declarações foram proferidas à margem da palestra de Robert Ladoucer, especialista em jogo responsável da Universidade Laval, do Quebéc, Canadá. Aos jornalistas, Ladoucer falou, sobretudo, na necessidade de avaliar todos os programas postos em prática. “Não podemos erradicar o problema. Não erradicámos nos Estados Unidos ou na Europa,

mas o que queremos é reduzir o número de pessoas que têm problemas com o jogo. O que sugiro é desenvolvermos programas em conjunto, e aqui a cultura é um ponto importante para o qual temos de olhar, e, sobretudo, avaliar. Se não os avaliarmos nunca saberemos se resultam ou não.” No auditório do IPM, Robert Ladoucer falou dos dez princípios-base que devem ser tomados para prevenir e tratar do vicio do jogo. Samuel Huang também deu algumas ideias do que ainda é preciso fazer. “Deve-se informar os jogadores acerca da natureza do jogo, porque sabemos que é um consumo de entretenimento e não uma oportunidade de especulação e investimento.” Além disso, para os jogadores regulares, tem de se analisar o orçamento gasto e quanto tempo este jogador está no casino. “É uma decisão individual. Mas deve ser algo informativo, para que os jogadores saibam os riscos e preveni-los.”

Túnel que liga Macau à Ilha da Montanha é da jurisdição de Macau. Mas só depois de terminado

Sob a batuta da China

Joana Freitas

joana.freitas@hojemacau.com.mo

ORAM ontem publicados em Boletim Oficial (BO), os limites do novo campus da Universidade de Macau na Ilha da Montanha. Datado de 14 de Julho, o despacho do Conselho de Estado da República Popular da China oficializa a distribuição de 1,0899 quilómetros quadrados a Macau, sendo que 0,0514 referem-se ao túnel subaquático que liga o campus e Coloane. O despacho não acrescenta mais terreno ao que já tinha sido atribuído em 2009, mas intitula-se como uma “resposta oficial” da RPC ao pedido tanto da Província de Guangdong como ao da

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RAEM sobre quais os limites do novo campus e o que abrangem. Curiosamente, a publicação surge cerca de oito dias depois de parte do túnel ter desabado, apesar da data da assinatura do despacho ser de 14 de Julho. Ao que o Hoje Macau conseguiu apurar, segun-

do o responsável do Gabinete de Infra-Estruturas (GDI), os novos limites continuam a não imputar responsabilidades ao território acerca do incidente da semana passada.

DO LADO DE LÁ

A parte do túnel subaquático que ruiu estaria do

lado da Ilha da Montanha e, apesar do dinheiro que financia a obra ser de Macau, pouco ou nada pode fazer a RAEM. O incidente ocorreu na jurisdição de Pequim e serão, por isso, as leis do continente que vão prevalecer no acompanhamento da situação. Estas leis, aliás, vão prevalecer durante toda a construção. “No período de construção do túnel, a responsabilidade será da China bem como as leis”, frisou o GDI. “Depois da abertura é que serão as leis de Macau.” Segundo o BO, o troço de drenagem pluvial do canal central da ilha, passar a estar situado fora do campus e é da jurisdição de Zhuhai.

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Durante o tufão Vicente, na semana passada, as janelas de alguns prédios na zona de Areia Preta foram danificadas pelos ventos, que chegaram a soprar a mais de 100 quilómetros por hora. La Cité, o prédio com mais janelas estragadas, já recebeu a promessa da companhia de gestão de imóveis de que todas as janelas serão reparadas até manhã. Na sexta-feira, os representes dos proprietários do La Cité tiveram uma reunião com a companhia de gestão de imóveis China Overseas Property Services Limited. As janelas das unidades afectadas já foram fechadas com madeira, mas os proprietários queixaram-se - como choveu durante alguns dias, a casa foi infiltrada pela água da chuva, tendo que ficar num hotel antes de acabar a obra de reparação das janelas. Por isso, requerem uma compensação. O empreiteiro disse que as janelas passaram todas por testes rigorosos. “O acidente foi causado por um tufão, pelo que não é problema da qualidade das janelas.” No entanto, não afirmou se ia compensar as perdas dos proprietários. - C.L.

Residentes de Macau investem cada vez mais em Hong Kong

Máximo histórico O

S resultados do “Inquérito à Carteira de Investimentos” revelam que, pela primeira vez desde 2002, os investimentos realizados por residentes, Governo da RAEM ou pessoas colectivas atingiram o maior resultado desde há dez anos. Contas feitas pela Autoridade Monetária de Macau (AMCM) e a Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), com base nos preços de mercado de Dezembro de 2011, mostram que os investimentos atingiram 168,7 mil milhões de patacas, um aumento de 32,3% face a 2010. Tais investimentos foram feitos em títulos emitidos por entidades não residentes e independentes. Hong Kong assume a liderança dos investimentos emitidos por entidades da RA-

EHK, cujos valores chegaram às 63,9 mil milhões de patacas, um aumento de 156,6%. Quanto à quota da carteira de investimentos emitidos por entidades da China, atingiu 35,5 mil milhões de patacas, um aumento de 34,2%. Já a quota de investimentos em títulos europeus reduziu-se em 9% em termos anuais, sendo que o valor de mercado também desceu 13,8%. O investimento dos residentes de Macau em títulos emitidos na Holanda, França e Alemanha registaram quedas na ordem dos 7,2%, 33,6% e 25%, respectivamente. Quanto à quota de investimentos em títulos dos Estados Unidos detidos por residentes da RAEM caiu 6,2% nos finais de 2011, mas o valor dos títulos no mercado subiu 2,8%, tendo alcançado 10,5 mil milhões de patacas.


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nacional

Assassino recebe pena de morte

Um assassino em série foi condenado à morte no sábado por ter morto 11 pessoas na Província de Yunnan, sudoeste da China, de acordo com o tribunal local. Zhang Yongming, de 57 anos, foi acusado de ter estrangulado 11 pessoas no distrito de Jinning no período entre Março de 2008 e Abril de 2012, segundo o veredicto do Tribunal Popular Intermediário de Kunming. O assassino desmembrou, queimou e enterrou as vítimas para eliminar provas e já tinha sido condenado em 1979 por outra acusação de assassínio. No entanto foi libertado em Setembro de 1997 depois da sua pena ter sido reduzida. Ao voltar a casa, o governo local forneceu a Zhang um pedaço de terra e uma pensão para subsistência, mas este continuou a cometer delitos, segundo a sentença. Zhang não mostrou arrependimento pelos crimes e recusou-se a pedir desculpas aos familiares das vítimas.

Segurança reforçada para congresso

A China “cuidará e consolidará” um cinturão de segurança em Pequim, antes do 18º Congresso Nacional do Partido Comunista da China (PCC) que será realizado na cidade, durante o qual a nova geração de líderes será eleita, anunciou o Ministério da Segurança Pública. O Ministério pediu na sextafeira que a polícia do país inicie a adopção de medidas gerais de gestão e controlo e aumente o patrulhamento para garantir a estabilidade. Numa teleconferência realizada pelo Ministério, o vice-ministro da Segurança Pública, Huang Ming, pediu que a polícia desenvolva esforços para resolver disputas, solucionar conflitos e responder aos principais pedidos. Huang também pediu que o comércio de armas seja eliminado da internet e que sejam realizadas campanhas da polícia contra crimes com armas de fogo, quadrilhas, sequestros de mulheres e crianças, pornografia e jogos.

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Desistência de projecto de campo de gás natural no Irão

China abandona investimento

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maior produtora de petróleo do país, a China National Petroleum (CNPC), desistiu de desenvolver o campo de gás de Pars do Sul, no Irão, após atrasos constantes no projecto, informou a agência de notícias persa Mehr este domingo. A empresa, que atrasou o projecto por mais de 1.130 dias, já retirou todos os seus trabalhadores da cidade portuária iraniana de Assaluyen, parte continental do campo de Pars do Sul no Golfo Pérsico, segundo a agência, citando o Ministério do Petróleo do Irão. Em 2009, Teerão assinou um contrato de cerca de 40 mil milhões de patacas com a CNPC para desenvolver o campo, após acusar a empresa francesa Total de atrasar o projecto. No ano passado, o governo alertou a CNPC que

cancelaria o contrato se os atrasos continuassem. O Irão tinha estimado anteriormente que o projecto resultaria na produção de 2 mil milhões de metros cúbicos de gás natural e de 70 barris de gás condensados por dia. O país convidou novas empresas, sobretudo asiáticas, para substituir as companhias ocidentais que recusaram comprometer-se com novos projectos de petróleo e gás devido às sanções ao programa nuclear iraniano.

Pescadores detidos na Rússia voltarão em breve

Os pescadores chineses detidos na Rússia estão a providenciar a obtenção de documentos de identidade e outros trâmites relacionados com o seu regresso ao país de origem, que poderá acontecer em breve. O anúncio foi feito esta segunda-feira pelo porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Hong Lei. Hong declarou que foram alcançados dois consensos de cooperação entre a China e a Rússia. Os dois países vão iniciar negociações sobre a quota de pesca distribuída pela Rússia à China, enquanto a China vai retribuir com subsídios financeiros. Deverá também ser estabelecido um mecanismo de cooperação de segurança para execução marítima a fim de evitar a repetição de casos de pesca ilegal.


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nacional

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Repletas de anúncios, revistas de moda conquistam chinesas

Sexto lugar em gastos com bens de luxo

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E olho no maior mercado consumidor do mundo, as marcas editoriais mais conhecidas no Ocidente despejam rios de dinheiro para anunciar no gigante asiático e levam as revistas a ter mais edições por mês, escreve este fim-de-semana o New York Times. Zena Hao, uma publicitária de 24 anos e ávida seguidora das tendências da moda, além de ser a orgulhosa dona de quatro bolsas Prada, tem uma nova paixão: as revistas de moda. Hao costuma comprar todas as edições da revista Vogue e da Harper’s Bazaar e estuda as fotos para se inspirar. “Antes de tirar o curso universitário, não as lia muito porque as fotos não eram muito boas. Mas agora, nos últimos três ou quatro anos, melhoraram bastante.” O entusiasmo de Hao com as revistas de moda repletas de publicidade de malas Louis Vuitton e de maquilhagens Chanel são uma boa fonte de receita para as editoras das revistas, com base em Nova Iorque. Embora as grandes marcas de moda não invistam muito em publicidade nas revistas nos Estados Unidos, estão a despejar enormes quantias de dinheiro para anunciar em revistas na China continental. Os editores dispostos a lidar com a censura, os relacionamentos com parceiros de negócios locais e o baixo nível de corrupção comum em muitas empresas chinesas estão até o momento a ser recompensados. No ano passado, os editores da revista Cosmopolitan na China começaram a dividir a publicação em duas revistas mensais, porque uma única edição era muito grossa para ser impressa. A revista Elle também já faz duas edições por mês, pois só uma chegava a ter 700 páginas. A revista Vogue acrescentou quatro edições para acompanhar a procura de publicidade. A empresa Hearst está a criar sacos plásticos e de pano para que as mulheres possam levar as pesadas revistas para casa mais facilmente.

PERÍODO MARAVILHOSO

“Até agora este ano parece que estamos a ter um crescimento muito bom”, disse Duncan Edwards, presidente e chefe executivo da empresa Hearst, que tem acordos com 22 revistas, incluindo a Elle e a Harper’s Bazaar, ambas publicadas na China. “Há uma enorme vontade por parte das leitoras daqui em obter informações sobre luxo e não há muitos outros lugares onde se possa obter esse tipo de informação a não ser em revistas de moda.”

ao lado de marcas internacionais como Gucci e Prada nas revistas femininas. Hao, que é filha de engenheiros, confessa que fica sempre ansiosa para adquirir os bens que encontra nas revistas. Ganha mais de 12 mil patacas por mês como publicitária e os negócios de planeamento de eventos do marido também estão a crescer. Embora a sua mãe só tenha uma bolsa Prada verdadeira, Hao continua a comprar várias, pois segundo ela, “para o trabalho é importante que tenha a mala verdadeira de marca”.

SEM CENSURA

Muitas das chinesas gastam muito mais do seu rendimento a comprar estas revistas e os produtos nelas apresentados do que as ocidentais. De acordo com um estudo realizado pela Bain & Co. em 2011, a China ficou em sexto lugar no mundo em gastos com

bens de luxo classificados por país. Louis Vuitton, Chanel e Gucci continuam a ser as marcas de luxo mais desejadas entre as chinesas. “Estamos a passar por um maravilhoso período em que um grande número de mulheres está a sair da pobreza e a entrar para a

classe média e alta”, disse Edwards. “Muitas destas mulheres estão a optar por gastar o seu dinheiro em bens de luxo.” Marcas locais com nomes praticamente desconhecidos fora da China, como Ochirly, Marisfrolg, EIN e Mo & Co também aparecem

Enquanto a China continua a ser o segundo maior mercado para iPads a seguir aos Estados Unidos, os executivos da revista temem que os leitores possam eventualmente migrar para as publicações digitais. Hao prefere a versão em papel. “As revistas são como livros. As pessoas querem a coisa real, não apenas algo para se ler no iPad. É diferente. Ler revistas mostra que se está a levar a moda a sério.” Claro que para os editores, que muitas vezes lucram com os acordos de licenciamento, os negócios na China também têm o seu preço. Edwards disse que devido ao facto de todas as revistas serem de propriedade do governo chinês, a Hearst tem relações com duas empresas locais que licenciam os nomes das revistas para editoras locais. Os editores reconhecem que este mercado pode desaparecer à medida que a economia chinesa desacelera. É especialmente vulnerável pois a indústria de revistas recebe uma percentagem geral de publicidade muito menor do que outros meios de comunicação, como a televisão, disse Edwards. Mas, enquanto os artigos sobre celebridades e tendências da moda não chamarem a atenção da censura, a indústria de revistas está a desfrutar dos lucros.

Crescimento da economia com sinal de estabilidade

Segundo dados divulgados recentemente pelo Banco Popular da China, banco central chinês, o ritmo de crescimento dos empréstimos para investimentos em activos fixos no país voltou a aumentar, indicando que o crescimento da economia chinesa está a mostrar sinais de estabilidade. As estatísticas apontam que os empréstimos concedidos para investimentos em activos fixos nos primeiros seis meses deste ano chegaram à casa dos cerca de MOP 24 biliões, um aumento de 10,3% em relação ao mesmo período do ano passado. O ritmo de crescimento aumentou em 0,4 pontos percentuais em relação aos resultados do trimestre passado. Para os analistas, a recuperação da concessão de empréstimos deve fornecer um forte apoio à estabilidade da economia chinesa. Um relatório publicado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) também indica que a economia chinesa está a concretizar uma desaceleração suave. Segundo a previsão do documento, a economia da China deve crescer 8% este ano.


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Sondagens revelam que apoio ao governo japonês atinge nível mais baixo em 11 meses de poder

IVA a subir, Noda a descer

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apoio ao governo do Japão atingiu o nível mais baixo desde que o primeiro-ministro, Yoshihiko Noda, chegou ao poder em Setembro de 2011, de acordo com resultados de sondagens divulgadas ontem pela imprensa. Segundo o diário Mainichi, apenas 23% da população apoia o Executivo de Noda, valor que traduz uma queda de cinco pontos percentuais face a Junho, enquanto que o económico Nikkei indica que o apoio é de 28%. Ou seja, também cinco pontos abaixo dos resultados da sondagem realizada em Junho. Ambos os jornais afirmam que por detrás da quebra está a divisão do partido governante, do qual

se separaram, este mês, mais de meia centena de deputados - formaram um novo grupo político devido a um desacordo face à polémica subida do IVA impulsionada por Noda. De acordo com o Mainichi, somente 9% apoia o Partido Democrático (PD), que chegou ao poder, em 2009, depois de arrasar numas eleições que acabaram com meio século de poder do actual partido da oposição, o Partido Liberal Democrata. O Nikkei, por seu turno, coloca a taxa de apoio ao PD no dobro, ou seja, nos 18%. O Japão, terceira economia mundial, tem sido palco de um constante desfile de primeiros-ministros nos últimos anos. Desde 2007, o cargo de chefia do gover-

no já foi ocupado por seis líderes distintos, três dos quais nos últimos três anos.

EXPECTATIVA FALHADA

Nos quase 11 meses no poder, Noda já teve que enfrentar, além de reparos à sua controversa reforma fiscal para sanear as finanças públicas, o desafio da reconstrução das zonas afectadas pelo tsunami, bem como a polémica da paragem e posterior reactivação dos reactores nucleares na sequência do desastre de Fukushima. Também em queda está a produção industrial, que recuou 0,1% em Junho, face a Maio, caindo pelo terceiro mês consecutivo. O indicador ficou abaixo das previsões de analistas consultados pelo diário

Missão inspecciona central nuclear japonesa que resistiu ao tsunami

À procura do reforço da segurança de tsunami que arrasou a zona em Março de 2011. Os três reactores da central foram desactivados automaticamente quando ocorreu o desastre, ainda que, num primeiro momento, também tenha sido emitido um alerta por causa do impacto do tsunami nos sistemas de refrigeração.

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MA equipa da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) começou ontem a inspeccionar a central nuclear japonesa de Onagawa, situada numa das zonas afectadas pelo sismo e tsunami de 2011 e que resistiu ao desastre sem sofrer danos críticos. Cerca de 20 especialistas, liderados pelo responsável do centro de segurança sísmica internacional da AIEA, Sujit Samaddar, levará a cabo a inspecção das instalações

até ao próximo dia 11 de Agosto, segundo a agência Kyodo. Prevê-se que a equipa da AIEA reveja as actuais condições da central, paralisada desde o desastre, analise os dados das operações e entreviste os funcionários que participaram na estabilização da unidade após o tsunami. A central de Onagawa localiza-se a cerca de 150 quilómetros a norte da de Fukushima Daiichi, a qual sofreu graves danos na sequência do sismo seguido

PROTOCOLOS FUTUROS

A central sofreu também numerosas réplicas que sacudiram a zona nos meses posteriores, das quais uma, ocorrida no início de Abril, provocou infiltrações de água nos seus três reactores afectando, de forma temporária, a sua refrigeração. As conclusões da inspecção da AIEA em Onagawa vão ser partilhadas com os membros do organismo, de modo a que possam ser úteis na elaboração futura de protocolos de segurança.

económico Nikkei, que apontavam para uma subida de 1,6% em Junho, depois de, no mês anterior, a produção industrial ter sofrido uma quebra de 3,4%. As indústrias que mais contribuíram para o declínio da produção no mês passado foram as de equipamentos de transporte, maquinaria eléctrica e de ferro e aço. Já por produtos, verificou-se uma baixa na fabricação de veículos, maquinaria relacionada com semicondutores e componentes automóveis. A produção industrial, que mede o ritmo das fábricas japonesas, é considerada chave para antecipar a evolução da economia nipónica, altamente dependente do sector de manufactura.

Contabilizados 47 mortos em acidente no sul da Índia

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Incêndio em comboio

S autoridades indianas elevaram para 47 o número de mortos num incêndio que deflagrou ontem de madrugada, num comboio no sul da Índia. Segundo indicou B. Sridha, das autoridades locais, outros 28 passageiros foram hospitalizados com queimaduras. O incêndio teve origem num curto-circuito perto do serviço de uma carruagem do comboio – que estabelecia a ligação entre Nova Deli e Chennai –, disse, entretanto, Raj Shekhar, inspector de

polícia da localidade de Nellore, em declarações à agência noticiosa Efe. “Ainda não conseguimos recuperar os corpos, as equipas de resgate estão no local”, precisou o responsável. Uma das carruagens incendiou-se pouco depois do comboio ter abandonado Nellore, rumo ao extremo sul da Índia, tendo as chamas sido avistadas por um funcionário daquela estação à sua passagem. De acordo com a agência indiana IANS, na carruagem viajavam 72 pessoas, muitas das quais optaram por saltar

com o comboio em andamento para evitar a morte por asfixia. “Tive sorte de escapar a tempo dado que outros passageiros ficaram presos porque as portas estavam bloqueadas e o fumo alastrou-se rapidamente”, explicou um dos sobreviventes, identificado como Sudhir, à IANS. O incêndio, entretanto extinto, ocorreu quando o comboio se encontrava em Nellore, uma cidade a cerca de 500 quilómetros a sul de Hyderabad, no estado indiano de Andhra Pradesh.

Mitsubishi quase quadruplica lucros

A Mitsubishi Motors anunciou ontem que, entre Abril e Junho, - o primeiro trimestre fiscal no Japão - registou lucros líquidos de cerca de 2.000 milhões de patacas, mais 367% do que no período homólogo de 2011. O fabricante automóvel japonês, que atribuiu o crescimento dos lucros líquidos à venda de títulos de investimento, incluídos nos seus resultados como receitas extraordinárias, conseguiu, no mesmo período de 2011, lucros líquidos de cerca de 424 milhões de patacas. Além disso, entre Abril e Junho deste ano, a Mitsubishi Motors registou lucros operacionais de cerca de MOP 1,5 mil milhões, mais 22% em termos anuais, graças a medidas como a redução de custos, indicou a empresa num comunicado. Apesar dos bons resultados trimestrais, a Mitsubishi Motors reviu em baixa as suas previsões de lucros líquidos para o exercício fiscal de 2012 para cerca de MOPO 1,3 mil milhões.


reportagem

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Lei do Testamento Vital entra em vigor em Portugal a 16 de Agosto

O direito a morrer como se que

A Lei do Testamento Vital está claramente separada da eutanásia, segundo Frederico Rato. Na sua óptica, deveria era também abranger a doação de órgãos e o destino final do corpo de quem morre Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

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Lei do Testamento Vital entrará em vigor no próximo dia 16 de Agosto, prevendo que os cidadãos portugueses com mais de 18 anos possam escolher os seus cuidados de saúde em situações terminais. Macau poderia acolher bem esta lei, no contexto de pertença à China? Macau tem autonomia para legislar sobre todos os assuntos que entender,

Advogado acompanhou de perto a evolução do diploma. Defende que médicos estão s

“Podem aplicar a lei sem posições dramá

dentro do principio constitucional da Lei Básica, a competência está assegurada. O que me pergunto é: será uma prioridade na sociedade de Macau? Muito francamente creio que não é. Esta questão, sendo muito sensível a nível individual e colectivo, merece alguma reflexão e discussão pública. Quando a necessidade surgir, se calhar estaremos na altura certa para pensar nisso. Neste momento não me parece que haja necessidade. Desde o início que acompanhou a evolução da lei. Porquê o interesse por este tema? É uma sequela do direito à autonomia da pessoa humana e do doente, que não estava regulada e que se inseria no acervo dos direitos cívicos, republicanos e do cidadão, que é o direito à autonomia e à dignidade. Por essas razões man-

tive o interesse, e também porque houve alguma discussão, não só a nível nacional como internacional. Estas questões são muito sensíveis e podem entrar em condutas de natureza criminal, nomeadamente a eutanásia, o homicídio a pedido da vítima ou a ajuda ao suicídio. Todas estas matérias ligam-se com a lei, finalmente regulada. Ou seja, eutanásia e o Testamento Vital (TV) tornam-se coisas completamente distintas. As águas ficaram separadas. Essa Directiva Antecipada de Vontade (DAV), enquanto direito dos cidadãos portugueses, fica afastada face ao homicídio a pedido da vitima ou quanto à ajuda ao suicídio. Essas questões podem continuar a ser susceptíveis de discussão, mas a república já legislou sobre elas.

Falou de uma partidarização dos projectos aprovados até à versão final da lei. Que comentário faz às propostas apresentadas? O TV e a DAV são questões que levantam muitos problemas éticos e até religiosos, sobre os quais os diversos quadrantes partidários se colocam de maneira diferente. Para mim, a ética do estado democrático é a lei, nem mais nem menos. E para além disso, todas as questões ligadas à ética põem-se ao nível da consciência de cada cidadão e dos valores que cada um adopta. Enquanto cidadão, o que me interessa é a perspectiva legal e cívica, um campo altamente sensível, que se encontra regulado pelos órgãos próprios. A Comissão Nacional da Protecção de Dados defendeu o alargamento do TV a menores de 18 anos. Este ponto seria positivo?

Aí estou completamente de acordo com a lei. O TV é um instrumento que só pode ser utilizado por maiores de idade, não faz sentido ser de outra maneira. É um acto unilateral, eminentemente pessoal, mas não pode depender da vontade de uma pessoa que está incapacitada de a manifestar autonomamente, como um menor ou um incapaz. Como é que a comunidade médica em Portugal pode e deve lidar com a lei? Numa perspectiva estritamente profissional. Os funcionários de saúde, não apenas médicos, podem pura e simplesmente aplicar a lei, sem posições trágicas e dramáticas. De qualquer maneira é de louvar que a lei assegure aos profissionais de saúde o direito à objecção de consciência. Se tiverem algo que


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Gerou discussão social e partidária, mas está publicada em Diário da República. Diz que qualquer cidadão português, maior de 18 anos, pode escolher receber, ou não, cuidados de saúde em situações de doença grave ou suporte básico de vida Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

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salvaguardados

áticas”

possa de algum modo contrariar a sua consciência, quando são solicitados para o cumprimento do que o diploma dispõe, podem fazê-lo com uma conduta. Estão sempre salvaguardados. A lei em vigor em Agosto, mas ela própria indica, como obrigação legal, que tem de ser regulamentada até Fevereiro de 2013. Aí essa questão poderá ser objecto de uma melhor análise. O TV deveria abranger outros âmbitos, nomeadamente a gestão do património, como defende a Associação Portuguesa de Alzheimer? Quanto à gestão do património digo que não, enquanto jurista e cidadão. Há outros meios legais e jurídicos para os tratar, se calhar de uma forma mais detalhada e operacional. O que estranhei é que, na formulação final, o diploma não traga a questão

ANTÓNIO FALCÃO

OI em 2006 que a Associação Portuguesa de Bioética propôs ao Estado português a criação de uma lei que determinasse o direito dos cidadãos maiores de 18 anos a viver ou a morrer em situações terminais. A Lei do Testamento Vital, publicada em Diário da República a 16 de Julho, entra em vigor em Agosto e estabelece o regime das Directivas Antecipadas de Vontade (DAV). Através do chamado Testamento Vital (TV), a pessoa pode escolher quais os cuidados de saúde que pretende receber no futuro. Tais documentos, com um prazo de cinco anos, podendo ser renovados a qualquer momento pelo autor, vão passar a constar no Registo Nacional do Testamento Vital (RENTEV). O diploma afirma claramente que “uma pessoa maior de idade e capaz, que

não se encontre interdita por anomalia psíquica”, pode “manifestar antecipadamente a sua vontade consciente, livre e esclarecida, no que concerne aos cuidados de saúde que deseja receber, no caso de, por qualquer razão, se encontrar incapaz de expressar a sua vontade pessoal autonomamente”. No referido TV deverão constar as escolhas feitas caso os médicos necessitem de optar por manter as funções vitais do doente a funcionar. Assim, cada pessoa pode dizer, no seu TV, que não quer “ser submetido a tratamento de suporte artificial das funções vitais” ou “ser submetido a tratamento inútil no seu quadro clínico”. Pode ainda recusar “receber os cuidados paliativos (no âmbito) de uma intervenção global no sofrimento determinado por doença grave ou irreversível”. A lei em questão protege os funcionários de saúde

que, por qualquer motivo, não se sintam no direito de aplicar o TV, podendo alegar objecção de consciência.

LEI APROVADA EM SETEMBRO

Muitas associações portuguesas foram convidadas a emitir um parecer com opiniões, nomeadamente a Associação Portuguesa de Alzheimer (ver texto secundário). A lei viria a ser aprovada em Setembro de 2011, com a aprovação dos projectos de CDS-PP, PSD, PS e Bloco de Esquerda. Em Maio deste ano, Luís Lingnau da Silveira, presidente cessante da Comissão Nacional de Protecção de Dados, chegou a propor que o TV chegasse a menores de 18 anos, defendendo, como exemplo, que jovens com 16 anos teriam direito a exercer o direito de ter um TV. Tal ideia foi defendida com base na Convenção da ONU sobre os Direitos das Crianças.

da doação e recolha de órgãos, e do próprio destino do corpo, que pode ser destinado à investigação cientifica. Tanto a incineração como o enterro poderiam ser acompanhados de uma declaração da pessoa, a dizer se, na morte, gostaria de ter uma cerimónia religiosa ou não. O TV seria o sítio certo para definir essa questão, poderia ter ido mais longe. Com a lei publicada, qual a posição que Portugal assume face aos restantes países europeus? Tenho a ideia que em Espanha o TV está regulado há cerca de dez anos. Poder-se-á dizer que Portugal chega a estas questões um bocadinho atrasado em relação à Europa. Mas também se pode dizer que estas questões se põem em cada país quando se sente uma necessidade cívica, à luz de princípios constitucionais em vigor ou de uma situação que possa gerar opinião pública. Cada lei tem o seu tempo, não diria que está atrasada ou adiantada. Os países não têm todos de ter o mesmo ritmo.

Associação Portuguesa de Alzheimer também quer incluir outras matérias

“É necessário ir mais longe”

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tema é-lhe “especialmente querido”, talvez porque tenha a mãe a sofrer da doença de Alzheimer há algum tempo. O Hoje Macau falou, via email, com Maria do Rosário Zincke dos Reis, presidente da Associação Portuguesa de Alzheimer (APA), que “acolhe com entusiasmo a publicação da lei”. Contudo, a APA defende que faltam outros âmbitos no diploma. “É necessário ir bem mais longe no sentido de prever as decisões antecipadas de vontade em matérias respeitantes à gestão dos patrimónios, institucionalização e questões pessoais, como estilos de vida ou preferências pessoais.” No entanto, o diploma é visto

como um avanço importante. “Esta lei, ao consagrar as figuras do TV e do procurador para cuidados de saúde, quanto a decisões médicas, já é um passo em frente.” A presidente fala ainda da necessidade de diagnosticar os primeiros sinais de uma doença como o Alzheimer, salientando a importância que o TV pode ter para fins de investigação. “Muitos ensaios clínicos ficam comprometidos por não ser possível, sem capacidade do participante, obter um consentimento informado.” Considerando estar-se perante uma matéria “delicada”, Maria do Rosário defende mais debate em praça pública para os próximos meses.


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Crescente escassez de água na China pode afectar o seu crescimento

“Lutar pelas gotas de água ou morrer”

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crescente escassez de água na China pode afectar o seu crescimento e sua estabilidade. Está a enfraquecer o seu impulso como uma potência global que assume um papel activo na política internacional pela primeira vez na sua história milenar como um Estado unificado. Essa escassez pode vir a ser muito mais importante para o futuro da China que os escândalos e as lutas pelo poder dentro da liderança do Partido Comunista, que recentemente capturaram a atenção internacional. Nas palavras de Wang Shucheng, ex-ministro dos recursos hídricos: “Lutar por cada gota de água ou morrer: esse é o desafio que a China enfrenta”. Essas apreensões ganham urgência. “As restrições dos nossos recursos hídricos disponíveis tornam-se mais aparentes a cada dia”, disse Hui Siyi, vice-ministro dos recursos hídricos, em conferência de imprensa no início deste ano. “A situação é extremamente séria em diversas áreas. Com o desenvolvimento veloz, o uso da

água já ultrapassou o que os nossos recursos naturais podem suportar. Se não tomarmos medidas fortes e firmes, será difícil reverter a escassez que diariamente agrava a situação da água.” De acordo com o primeiro-ministro Wen Jiabao, a escassez de água ameaça a “sobrevivência da nação chinesa”.

poluído que é impróprio para qualquer uso, tanto para residências e indústrias quanto para agricultura. O Banco Mundial alerta sobre “consequências catastróficas para as gerações futuras” se não for alcançado um equilíbrio entre o uso e o fornecimento.

APENAS 6% DE ÁGUA DOCE

A escassez de água agora é global, mas pode ser mais crítica na China que em qualquer outro grande país. Com 97% da água do mundo contida nos oceanos salinos, o grosso da água doce é retido nas geleiras polares e das montanhas. Menos de um terço de toda a água doce é potencialmente acessível em aquíferos, lagos, rios e pântanos. Um novo estudo do McKinsey Global Institute (MGI) projecta que a demanda mundial de água quase duplicaria no meio século que começou em 1980, com 3,2 triliões de metros cúbicos para 6,3 triliões de metros cúbicos em 2030, com 65% desse crescimento impulsionado pela agricultura, 25% pela indústria e 10% pelo uso urbano. No entanto, salvo

Com 19% da população mundial, a China possui apenas 6% da água doce do planeta. Os problemas de água ali são profundos e complexos, com várias causas, incluindo: tarifas baixas, desperdício e uso excessivo; rápido esgotamento dos grandes reservatórios subterrâneos acumulados ao longo de milhares de anos; erosão, desmatamento e assoreamento dos rios; deterioração da infraestrutura de irrigação; poluição dos rios e lençóis freáticos por resíduos agrícolas, industriais e domésticos. Especialistas chineses dizem que a poluição é um problema tão grande quanto a disponibilidade física de água. Um terço da água que flui nos rios da China é tão

ESCASSEZ GLOBAL

adaptação radical e inovação, o MGI parece duvidar que esse nível projectado seja alcançado enquanto metade da população mundial em 2030 poderia estar a viver em regiões que sofrem com escassez de água. Escassez de água, perda de terras, redução e rápido envelhecimento da força de trabalho rural levantam muitas questões sobre a política oficial de autossuficiência alimentar. A China perdeu 6% da sua terra arável desde 1997 graças à erosão, urbanização, projectos industriais e de infraestrutura.

DEPENDÊNCIA DO BRASIL

A escassez de água na China está a tornar-se num veículo de dependência mútua com o Brasil, que atingiu uma escala nunca contemplada. A diminuição da capacidade chinesa de alimentar a sua população tende a aumentar a dependência com o Brasil como uma fonte de “água virtual” sob a forma de abastecimento de alimentos, enquanto o Brasil se tornou dependente das exportações para a China para sustentar a actividade

económica e equilibrar suas contas internacionais. Em 2004, o total das importações de “água virtual” feitas pela China foi de 78 biliões de metros cúbicos, o equivalente a 11% das necessidades de água para a sua agricultura doméstica, chegando a 108 biliões de metros cúbicos em 2008. Em 1995, os chineses produziram e consumiram 14 milhões de toneladas de soja. Em 2010, a China ainda estava a produzir 14 milhões de toneladas, mas consumiu 69 milhões, um quarto da oferta mundial. O Brasil exporta uma grande parte da soja necessária para sustentar o consumo de porcos na China (metade do total mundial) e um mercado de carne bovina que se tornou o terceiro maior do mundo ao longo de uma geração. As exportações para a China mudaram a estrutura da produção agrícola nas Américas, especialmente nos EUA, Brasil, Argentina e Bolívia. O comércio entre Brasil e China cresceu 50% anualmente desde 2006 e se multiplicou por dez desde 2002.


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Moradores da Ilha Verde querem regulamentação para oficinas que afectam o ambiente

Acidentes de risco para a população HOJE MACAU

Cecília Lin

cecilia.lin@hojemacau.com.mo

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S moradores da Ilha Verde exigem ao Governo que apresse urgentemente a regulamentação sobre a operação e emissão das licenças para os locais de reparação de veículos, em preparação há mais de 10 anos, a fim de melhorar o ambiente da zona. O vice-director da Associação de Beneficência e Assistência Mútua dos Moradores do Bairro da Ilha Verde (AAMMBIV) disse em conferência de imprensa que incidentes como o incêndio com resíduos de pilhas têm de ser evitados urgentemente. “Na Ilha Verde 40% da terra é privada, há muitos resíduos de carro, pilhas e pneus, que são detritos combustíveis de alto risco”, disse Chan Fong, alertando para o perigo público destas situações, sendo abundante da zona as garagens de reparação. “Agora, a Ilha Verde tem uma comunidade muito grande de habitação pública, se o Governo não resolver o problema dos detritos combustíveis, é muito perigoso para os moradores na Ilha Verde.” O responsável garante que, uma vez que o Plano de Ordenamento Urbanístico da Ilha Verde, criado em 2010, não abarca esta regulamentação, a proposta sobre a operação das oficinas tem de avançar sem demora para a Assembleia da República. “Queremos que os detritos combustíveis de alto risco fiquem fora das zonas urbanas, as autoridades têm de salvaguardar a segurança dos moradores e reduzir o risco de acidentes”, avançou ainda.

Já é possível ajudar a preservar o Lobo-Ibérico na internet

Criada plataforma de financiamento

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Á 25 anos em Mafra, uma associação que se dedica a dar abrigo aos lobos que não podem estar em meio selvagem está em risco de ficar desalojada. Este é uma das iniciativas que a partir de agora qualquer um pode ajudar através de uma nova plataforma portuguesa, a Naturfunding, que acolhe projectos de crowdfunding ligados a temas ambientais. O Centro de Recuperação do Lobo Ibérico (CRLI), situado no Gradil, concelho de Mafra, pode ter de “fazer as malas e sair”, declarou Francisco Fonseca, presidente do Grupo Lobo, associação para a conservação do Lobo-ibérico e do seu ecossistema.

O Centro está instalado em 17 hectares que até este ano tinham sido cedidos por um proprietário privado sem qualquer custo. Porém, o dono do terreno comunicou-lhes que a partir de agora terão de adquirir o espaço ou sair do local. Por isso, a nova plataforma de financiamento online Naturfunding, criada na semana passada, “surgiu no momento certo, à hora certa”, diz Francisco Fonseca. A associação já ia lançar uma campanha de financiamento nacional mas através desta plataforma pode aspirar ir mais longe. “A vantagem de esta campanha ocorrer na internet é que conseguimos envolver não só Portugal mas

também outros países. Cada vez, mais a conservação da natureza ultrapassa fronteiras”, sublinhou. A iniciativa vai estar disponível online até 28 de Setembro para alcançar a meta dos 206.134 euros necessários para a aquisição dos terrenos. Qualquer um pode fazer

doações desde 41 até 80 mil patacas, recebendo algo em contrapartida. Nesta campanha, as recompensas vão desde um email de agradecimento até duas semanas de exploração do habitat do lobo reconstituído em Mafra, acompanhado por um biólogo, no caso dos valores mais elevados. Neste momento, o CRLI acolhe oito espécimes, mas brevemente vai acolher mais um grupo de lobos vindos de um jardim zoológico britânico.

Quarenta detidos em operação contra tráfico de espécies selvagens

Quarenta pessoas foram detidas em quatro países da Ásia, no âmbito de uma vasta operação lançada pela Interpol para defender o tigre e outras espécies selvagens do tráfico ilegal, anunciou neste domingo a organização. A operação Prey - realizada no Butão, China, Índia e Nepal - visa proteger o tigre e outras espécies ameaçadas de extinção e alvo das redes criminosas por detrás do comércio ilegal de plantas e animais. Até ao momento, a operação já levou a “cerca de 40 detenções e à apreensão de peles de grandes felinos e outras partes do corpo, bem como de outras espécies, como cornos de rinoceronte, cavalos-marinhos, orquídeas e cactos de espécies protegidas ”, indica em comunicado a organização policial internacional, com sede em Lyon, França. “A gama de produtos recuperados mostra que os criminosos têm como alvo qualquer animal ou planta para daí retirar lucro, destruindo o nosso ambiente”, salienta David Higgins, responsável do programa da Interpol dedicado aos crimes contra o Ambiente. A operação, coordenada pela Interpol, permitiu uma parceria entre as forças policiais, as autoridades alfandegárias, as agências de Ambiente e as autoridades dos 13 países da Ásia onde ainda vivem tigres selvagens: Bangladesh, Butão, Camboja, China, Índia, Indonésia, Laos, Malásia, Birmânia, Nepal, Rússia, Tailândia e Vietname.


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cultura

terça-feira 31.7.2012

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Alunos do ensino superior de Macau vão a Lisboa

Aprender a falar português

V

INTE e oito alunos do ensino superior de Macau partem hoje para Portugal para participar, durante quatro semanas, num curso de verão de língua portuguesa. A “missão” é organizada pelo Gabinete de Apoio ao Ensino Superior (GAES) que, de acordo com um co-

municado, acredita que “a actividade vai permitir que os estudantes conheçam a História e a Cultura portuguesas, nos seus diferentes aspectos, travando conhecimento pessoalmente, com o estilo de vida e culturas locais” e incentivando, entre outros, “o gosto pela aprendizagem da língua”.

Este ano, o GAES realizou pela primeira vez a iniciativa “O Ser e saber da língua portuguesa - curso de verão, em Lisboa”, com duas fases para a aceitação das inscrições, tendo atraído, nas inscrições para a actividade, mais de mil estudantes. Dos inscritos, foram selecionados 100 para par-

ticiparem na primeira parte da actividade - o curso de formação básica para a aprendizagem da língua portuguesa - dos quais 50 são estudantes de Macau nas instituições de ensino superior do território, e os outros 50, em estabelecimentos de ensino superior do exterior. Findo o curso básico, com

meia centena de horas, foram escolhidos 14 alunos de cada um dos grupos de estudantes agora selecionados para participarem no curso de verão em Lisboa, explica o GAES. O curso é realizado pela Universidade de Lisboa.

Além de frequentarem o curso intensivo de língua portuguesa, os alunos vão participar em actividades extracurriculares, que incluem visitas a Lisboa, Guimarães, Aveiro, Coimbra, Lagos e Faro, entre outras cidades.

Gastronomia macaense quer ser Património Imaterial da China

Cada passo de sua vez A

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gastronomia macaense vai ser promovida junto das regiões chinesas na terceira feira da indústria da restauração chinesa, a realizar em Macau, presença que o presidente da Confraria considera “mais um passo” para a classificação de Património Imaterial da China. Para o presidente da Confraria da Gastronomia Macaense, a Exposição da Indústria de Restauração da China, (CCE, na sigla inglesa), a decorrer de 21 a 23 de Setembro, é um momento “muito importante para dar a conhecer a gastronomia macaense às pessoas que vêm do interior da China”, aproveitando o facto de estarem expostas várias regiões chinesas em Macau. “É a primeira vez que somos convidados, penso que precisamente por a gastronomia macaense ter sido nomeada Património Imaterial de Macau. (…) A nossa intenção é conseguir chegar a Património Imaterial da China, e posteriormente, da UNESCO, pelo que esta presença na feira é mais um passo

para atingir o objectivo”, disse à agência Lusa Luís Machado. A gastronomia macaense recebeu o título de Património Imaterial de Macau pelo Governo da Região no Dia do Património Cultural da China, a 9 de Junho último. Na ocasião, Luís Machado considerou importante apresentar uma candidatura ao Governo central chinês, trabalho a desenvolver “até ao final do ano”. Organizado pelo Ministério do Comércio da China e da Direção dos Serviços de Economia do Governo de Macau, o certame vai destacar as culturas alimentares do interior da China, Hong Kong, Macau e Taiwan, e apresentar equipamentos e produtos dos Países de Língua Portuguesa, refere uma nota informativa. As duas edições anteriores da CCE decorreram em Chengdu e Xi’an, nas províncias chinesas de Sichuan e Shaanxi, respectivamente, tendo no ano passado contado com 1.800 expositores numa área de 42.000 metros quadrados.

Madonna vaiada após concerto de 45 minutos em Paris Madonna quis fazer as pazes com o público francês com um concerto extra-digressão no Olympia mas o discurso político não foi suficiente para acalmar os fãs, zangados por terem pago bilhete para uma actuação de apenas 45 minutos. “Sei que irritei uma certa Marine Le Pen. Mas a minha intenção não é fazer inimigos mas promover a tolerância”, declarou a cantora no concerto de quinta-feira à noite no Olympia, em Paris, referindo-se à polémica com Marine Le Pen, a líder da direita francesa. Esta foi a primeira vez que Madonna actuou em França depois de a Frente Nacional ter anunciado a sua intenção de processar a artista por utilizar a imagem de Le

Pen juntamente com uma cruz suástica e uma foto de Hitler, no vídeo que, nesta digressão, costuma acompanhas a música ‘Nobody Knows Me’. O vídeo não foi utilizado nesta actuação.

“Se não tirarmos uma lição da história, ela ira repetir-se. Então, da próxima vez que quiserem apontar o dedo a alguém, culpando-o pelos problemas na vossa vida, terão que apontar para vocês mesmos”, afirmou a cantora. “O inimigo não está lá fora. O inimigo está dentro de nós”, disse Madonna, logo no início do concerto, lembrando que a França sempre foi um exemplo na defesa das liberdades cívicas: “Antes do movimento dos direitos cívicos nos Estados Unidos, os artistas afro-americanos não estavam autorizados a se apresentarem em muitas salas da América (...) mas a França abriu-lhes os braços”, disse, lembrando Josephine Baler ou Charlie Parker.


terça-feira 31.7.2012

A

judoca Telma Monteiro era uma mulher desiludida após ser derrotada na primeira ronda das eliminatórias de judo nos Jogos Olímpicos de Londres e pediu o apoio dos portugueses na hora da derrota. “Vou fazer o meu tempo de luto e seguir em frente. Ainda tenho muito a dar a Portugal”, disse a judoca do Benfica, em declarações à RTP. “Dei muito a Portugal, os portugueses sempre me apoiaram muito e espero que também me apoiem agora”, pediu a atleta, que foi eliminada pela americana Marti Malloy no prolongamento: depois de um empate nos primeiros cinco minutos, a americana conseguiu um “yuko” a 41 segundos do “golden score” (um tempo-extra de três minutos). “Estive no meu melhor. Infelizmente a americana foi melhor do que eu naquele momento. Gostava que tivesse terminado de outra maneira. Gostava de ter dado uma alegria aos portugueses, que merecem”, acrescentou Telma Monteiro, afirmando-se de consciência tranquila. “Quem me conhece sabe que me dedico de corpo e alma. Estou de consciência tranquila, pelo que fiz não só hoje mas ao longo dos anos. Não me arrependo de nada”, garantiu a atleta, de 26 anos, que realizou em Londres a sua pior

desporto

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Jogos Olímpicos Telma Monteiro eliminada precocemente

“Vou fazer o meu luto e seguir em frente” participação olímpica, depois dos nonos lugares em Atenas 2004 e Pequim 208. “Há quatro anos também não correu bem e depois fui vice-campeã mundial duas vezes e campeã europeia”, lembrou, para explicar como vai outra vez tentar regressar aos seus melhores resultados. “Isto é um ciclo que termina, um

ciclo espectacular. Infelizmente, o último dia do ciclo não foi o melhor. Foi um ciclo de muitas vitórias, muitas alegrias. Agora, é um tempo de reflexão, tal como fiz a seguir a Pequim. Não me vou abater. O que não me mata torna-me mais forte e nos próximos quatro anos vou dar tudo e voltar às vitórias”, finalizou, citada pela Lusa.

Após eliminação, João Pina pensa nos Jogos...do Rio

Polícia perdeu as chaves de Wembley

polícia britânica envolveu-se num enorme embaraço por causa de umas chaves perdidas. Não eram umas chaves quaisquer: eram do Estádio de Wembley, palco de vários jogos do torneio de futebol durante os Jogos Olímpicos de Londres. As fechaduras de Wembley tiveram mesmo de ser mudadas. Segundo explica a Scotland Yard, tudo aconteceu a 24 de julho, numa inspecção de rotina levada a cabo pela polícia em Wembley. “Na manhã de 24 de julho agentes da operação de policiamento olímpica reportaram que tinham desaparecido chaves de segurança internas, por eles usadas na vistoria”, disse

a Scoltand Yard num comunciado. “Estiveram agentes ao local para ajudar numa busca pelos artigos perdidos, mas nada foi encontrado”, prossegue a polícia britânica, garantindo que não está a encarar o assunto como um problema de segurança: “Não há qualquer problema de segurança em relação ao estádio, porque foram imediatamente tomadas medidas para manter seguras todas as áreas chave do recinto.” “Eram chaves interiores, as fechaduras foram mudadas e a segurança não foi comprometida”, reforçou por sua vez um porta-voz da organização ao jornal Guardian. Wembley recebeu no domingo o

encontro entre a Grã Bretanha e os Emiratos Árabes Unidos. A equipa britânica, que se apresenta pela primeira vez nos Jogos Olímpicos com uma Selecção conjunta, venceu por 3-1, num jogo em que Ryan Giggs,

com 38 anos e 243 dias, se tornou no jogador mais velho de sempre a jogar o torneio olímpico de futebol. O veterano galês do Manchester United celebrou a ocasião ao marcar o primeiro golo da Team GB.

Witsel a caminho do Real Madrid

XEL Witsel está a um pequeno passo de tornar-se reforço do Real Madrid. As conversações entre o Benfica e o clube espanhol estão numa fase adiantada e falta acertar apenas alguns detalhes para o anúncio da maior transferência de sempre dos encarnados.

O internacional holandês Robin Van Persie, do Arsenal, aceita o convite do Manchester United, isto caso o clube inglês esteja disposto a oferecer um salário semelhante ao de Wayne Rooney, ou seja, cerca de 2,8 milhões de patacas por semana. De acordo com a imprensa inglesa, o Arsenal “apenas” oferece cerca de 166 mil euros por semana a Van Persie para renovar o contrato pelos “gunners”, mas o avançado, de 28 anos, pretende um contrato milionário e assinar por um clube que ganhe títulos regularmente.

Depois da venda de Di María aos merengues, em 2010, numa operação que rendeu 330 milhões de patacas aos cofres da Luz, incluindo os prémios de desempenho do extremo argentino, o Benfica pode receber 400 milhões pelo médio belga, valor da cláusula de rescisão.

Agger perto de assinar pelo Barcelona

Depois de fracassada a contratação de Javi Martínez, o Barcelona estará perto de assegurar a contratação do dinamarquês Daniel Agger. Segundo a imprensa inglesa, o negócio entre o clube catalão e o Liverpool está praticamente fechado, devendo-se cifrar em torno dos 150 milhões de patacas, que podem chegar aos 200 através de objectivos. O nome do defesa central de 27 anos chegou a ser associado ao Real Madrid neste defeso, mas o destino do atleta deverá ser o Camp Nou, onde disputará a titularidade com Piqué, Puyol e Mascherano.

Paulo Machado na mira do Marselha

Jogador belga pode render ao Benfica 400 milhões de patacas

A

Van Persie quer ganhar tanto como Rooney

Foi fugaz a participação de João Pina nos Jogos Olímpicos de Londres, mas o judoca português já perspectiva a presença no Rio de Janeiro em 2016. “Sinto-me muito bem a fazer competição, gosto de trabalhar, gosto de treinar e gosto muito de ouvir o hino nacional”, garantiu o atleta de 31 anos. O judoca não escondeu, no entanto, a frustração com a eliminação de ontem na segunda eliminatória da prova de menos 73 quilos, frente ao ucraniano V. Soroka. “Tentei dar a volta mas só tinha trinta segundos. Procurei que ele ganhasse mais algum castigo para virar o combate”, confessou João Pina.

JO Insólito no estádio londrino; fechaduras tiveram de ser mudadas

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Foi chegar, ver, vencer e... partir. Witsel só fica um ano na Luz. Contratado pelo Benfica ao Standard Liège, há um ano, por 65 milhões de patacas, o médio belga, de 23 anos, foi uma das principais figuras do Benfica na última época, acabando no topo dos jogadores

mais utilizados por Jorge Jesus, somando 49 jogos e 3913 minutos. Com as exibições, o médio não apenas conquistou o coração dos adeptos encarnados como também despertou a cobiça de grandes clubes europeus, como Manchester United, Chelsea e, claro, o Real Madrid.

Paulo Machado, médio-centro que faz parte dos quadros de Toulouse (França), é um dos alvos do Marselha para a nova época. O internacional português está a ser equacionado para reforçar a equipa gaulesa que vai apostar forte para ser campeã. Em declarações ao Blogolo, o empresário do jogador, Leonel da Silva, dá conta do interesse de vários clubes no jogador. “Não existem ainda contactos, mas o Marselha seria um clube muito bom, tendo em conta que se trata de um jogador que deixa sempre tudo em campo. Além de França, também fomos contactados por clubes da Rússia, Ucrânia e Itália”, disse o agente do internacional luso.


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EDITAL Edital nº: 82/E/2012 Processo nº: 709/BC/2010/F Assunto: Notificação do despacho de embargo e início do procedimento de audiência pela infracção às respectivas disposições do Regulamento de Segurança Contra Incêndios (RSCI) Local: Beco do Padre António Roliz nº 2-A, Edf. Hou Son, fracção 2º andar C, Macau. Chan Pou Ha, Subdirectora da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), no uso das competências delegadas pela alínea 7) do nº 1 do Despacho nº 09/SOTDIR/2009, publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM), nº 16, II Série, de 22 de Abril de 2009, faz saber por este meio aos donos da obra – Sr. Kuok Chan Weng e Sra. Wan Sao Ngan ou seu mandatário, ao encarregado da obra, aos técnico responsável pela obra e executores da obra existente no local acima indicado, cujas identidades se desconhecem, o seguinte: 1.

Em 13/06/2012, o agente de fiscalização desta DSSOPT deslocou-se ao local acima indicado e verificou a realização de obra sem licença cuja descrição e situação é a seguinte: Obra

Situação da obra

Infracção ao RSCI e motivo da demolição

1.1

Instalação de port���������������� ão de correr���� metálico na fachada do edifício junto à varanda da fracção.

Em curso

Infracção ao nº 12 do artigo 8º, obstrução do acesso aos pontos de penetração no edifício.

1.2

Instalação de gradeamento metálico na fachada do edifício junto à janela do quarto da fracção.

Em curso

Infracção ao nº 12 do artigo 8º, obstrução do acesso aos pontos de penetração no edifício.

2.

Nestas circunstâncias e em cumprimento do disposto no nº 3 do artigo 88º do RSCI, aprovado pelo Decreto-Lei nº 24/95/M, de 9 de Junho, o agente de fiscalização ordenou a imediata suspensão da execução da obra.

3.

Nos termos do nº 1 do artigo 88º do RSCI e no uso das competências delegadas pela alínea 7) do nº 1 do Despacho nº 09/SOTDIR/2009, publicado no Boletim Oficial da RAEM, nº 16, II Série, de 22 de Abril de 2009, por meu despacho de 24/07/2012, exarado sobre a informação nº 3611/ DURDEP/2012 de 18/06/2012, confirmei a suspensão de trabalhos.

4.

O despacho de embargo acima indicado só pode ser levantado depois de cessar o motivo que o determinou, em conformidade com o preceituado no nº 9 do artigo 88º do RSCI.

5.

A continuação dos trabalhos depois do embargo, notificado pelo presente edital, sujeita os donos, responsáveis e executores da obra (quer sejam empreiteiros ou tarefeiros) às penas do crime de desobediência qualificada, nos termos do nº 6 do artigo 88º do RSCI.

6.

Sendo a janela e a varanda acima referidas são consideradas como ponto de penetração para realização de operações de salvamento de pessoas e de combate a incêndios, não pode a mesma ser dificultada com elementos fixos (gaiolas, grelhagens, etc.), de acordo com o disposto no nº 12 do artigo 8º. As alterações introduzidas pelo infractor nos referidos espaços, descritas no ponto 1 do presente edital, contrariam a função desses espaços enquanto ponto(s) de penetração no edifício e comprometem a segurança de pessoas e bens em caso de incêndio. Assim, a obra executada não é susceptível de legalização pelo que terá necessariamente de ser determinada pela DSSOPT a sua demolição a fim de ser reintegrada a legalidade urbanística violada.

7.

Nos termos do no 7 do artigo 87o do RSCI, a infracção ao disposto no no 12 do artigo 8o, é sancionável com multa de $2 000,00 a $20 000,00 patacas.

8.

Considerando a matéria referida nos pontos 6 e 7 do presente edital, podem os interessados, querendo, pronunciar-se por escrito sobre a mesma e demais questões objecto do procedimento, no prazo de 5 (cinco) dias contados a partir da data de publicação do presente edital, podendo requerer diligências complementares e oferecer os respectivos meios de prova, em conformidade com o disposto no nº 1 do artigo 95º do RSCI.

9.

O processo pode ser consultado durante as horas de expediente nas instalações da Divisão de Fiscalização do Departamento de Urbanização desta DSSOPT, situadas na Estrada de D. Maria II, n.o 33, 15.º andar, Macau (telefones nos 85977154 e 85977227).

10. Nos termos do artigo 97º do RSCI e das competências delegadas pelos nos 1 e 4 da Ordem Executiva nº 124/2009, publicada no Boletim Oficial da RAEM, Número Extraordinário, I Série, de 20 de Dezembro de 2009, da decisão referida no ponto 3 do presente edital cabe recurso hierárquico necessário para o Secretário para os Transportes e Obras Públicas, a interpor no prazo de 8 (oito) dias contados a partir da data de publicação do presente edital. 11. O recurso referido no número anterior não tem efeito suspensivo, devendo por isso a obra manter-se embargada. Aos 24 de Julho de 2012 A Subdirectora dos Serviços

Engª Chan Pou Ha

terça-feira 31.7.2012


terça-feira 31.7.2012

[ ] Cinema SALA 1

THE DARK NIGHT RISES [B]

Um filme de: Christopher Nolan Com: Christian Bale, Anne Hathaway, Gary Oldman, Liam Neeson 14.15, 18.45, 21.30

DORAEMON NOBITA AND THE ISLAND OF MIRACLES ANIMAL ADVENTURE [A] FALADO EM CANTONENSE Um filme de: Kôzô Kusuba 17.00

futilidades

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Cineteatro | PUB ONE PIECE X TORIKO [3D] [A] Um filme de: Hiroyuki Sato 18.00

ICE AGE 4: CONTINENTAL DRIFT [3D] [A] FALADO EM CANTONENSE Um filme de: Steve Martino, Mike Thurrneier 16.15, 21.30 SALA 3

THE PIRATES! BAND OF MISFITS [3D] [A]

SALA 2

DORAEMON NOBITA AND THE ISLAND OF MIRACLES ANIMAL ADVENTURE [A] FALADO EM CANTONENSE Um filme de: Kôzô Kusuba 14.15, 19.30

FALADO EM CANTONENSE Um filme de: Peter Lord 14.15, 17:45, 19.30

Aqui há gato

STEP UP: REVOLUTION [3D] [B] Um filme de: Jon Chu Com: Kathryn McCormick, Ryan Guzman 16.00, 21.30

VERTICAIS: 1-Cercear; Gostar muito (fig.). 2-Lavrar com arado ou charrua; Mulher de mau génio (fig.). 3-Sociedade Anónima (sigla); Animal microscópico gerador da sarna e de alegrias; Tálio (s.q.). 4-Anel; Cabo do navio, cujos extremos estão fixos. 5-Naquele lugar; Ruim. 6-Obsevei; Produz som; Porco. 7-Avance; Interjeição que traduz chamamento. 8-Alguma; Larga cinta de seda usada pelos Japoneses. 9-Graceja; Finório; Antemeridiano (abrev.). 10-Correi velozmente; Fosso para defesa de fortificações. 11-Submeter à acção directa do fogo em seco, ou ao calor do forno; Fugir (gír.).

SOLUÇÕES DO PROBLEMA

Sudoku [ ] Cruzadas

HORIZONTAIS: 1-Aldeola; Trajecto sinuoso. 2-Irritar; Miadelas. 3-Sadia; Azeitona (poet.); Campeão. 4-Pedra de altar; Minha (ant.). 5-Cabelo branco; Catedral. 6-Parte da perna dianteira das reses; Jibóia: Parte em que se amuram as velas do navio. 7-Zombar; Atmosfera. 8-Cada uma das peças de uma corrente; Ovário dos peixes. 9-Compreende o sentido de; Recinto murado e descoberto, anexo a um edifício; Avenida (abrev.). 10-Macaco do Brasil; Rebuçado (bras.). 11-Afligir; Desgastar friccionando.

[Tele]visão TDM 13:00 13:30 14:45 18:30 19:35 20:30 21:00 21:30 22:10 23:00 23:30 00:00 00:30

17:45 19:25 21:00 22:45

TDM News - Repetição Jornal das 24h RTPi DIRECTO TDM Desporto (Repetição) Resistirei Telejornal TDM Entrevista Linha da Frente Aquarela do Brasil TDM News Príncipes do Nada Telejornal (Repetição) RTPi DIRECTO

The Double U2 - From The Sky Down The Switch Into The Sun

41 - HBO 12:00 Octopussy 14:05 True Grit 15:50 Barbershop 2 17:35 Secondhand Lions 19:20 Hbo Central 19:45 A View To A Kill 22:00 Tomorrow Never Dies 00:00 True Blood INFORMAÇÃO TDM

RTPi 82 14:00 Telejornal Madeira 14:30 Pedras Que Falam 15:00 Sal na Língua 15:30 Cenas do Casamento - SIC 16:00 Bom Dia Portugal 17:00 Decisão Final 18:00 Vingança 18:45 Novas Direcções 19:00 Matar Por Amor 20:00 Jornal da Tarde 21:15 Ler +, Ler Melhor 21:30 O Preço Certo 22:15 Verão Total - Silves 30 - ESPN 13:00 14:00 15:00 20:00 20:30

42 - Cinemax 12:30 Single White Female 14:15 Dragonheart 16:00 The Ambushers 18:05 The Flash 20:05 Berry Gordy’S The Last Dragon 22:00 Hunt To Kill 23:30 Spartacus: Vengeance 00:25 Wild Things

London 2012 Olympic Games Daily Highlights London 2012 Olympic Games Onc Highlights Day 2 (LIVE) London 2012 Olympic Games Live Day 3 (LIVE) Primetime Update (Sea) - Day 3 (LIVE) London 2012 Olympic Games Live Day 3

31 - STAR Sports 13:00 London 2012 Olympic Games Daily Highlights 15:00 London 2012 Olympic Games Onc Highlights Day 3 15:55 (LIVE) London 2012 Olympic Games Live Day 4 40 - FOX Movies 12:25 Good Neighbours 14:05 Predators 15:55 Knight & Day

40 - ESPN 13:00 London 2012 Olympic Games Daily Highlights

HORIZONTAIS: 1-Aldeola; Trajecto sinuoso. 2-Irritar; Miadelas. 3-Sadia; Azeitona (poet.); Campeão. 4-Pedra de altar; Minha (ant.). 5-Cabelo branco; Catedral. 6-Parte da perna dianteira das reses; Jibóia: Parte em que se amuram as velas do navio. 7-Zombar; Atmosfera. 8-Cada uma das peças de uma corrente; Ovário dos peixes. 9-Compreende o sentido de; Recinto murado e descoberto, anexo a um edifício; Avenida (abrev.). 10-Macaco do Brasil; Rebuçado (bras.). 11-Afligir; Desgastar friccionando. VERTICAIS: 1-Cercear; Gostar muito (fig.). 2-Lavrar com arado ou charrua; Mulher de mau génio (fig.). 3-Sociedade Anónima (sigla); Animal microscópico gerador da sarna e de alegrias; Tálio (s.q.). 4-Anel; Cabo do navio, cujos extremos estão fixos. 5-Naquele lugar; Ruim. 6-Obsevei; Produz som; Porco. 7-Avance; Interjeição que traduz chamamento. 8-Alguma; Larga cinta de seda usada pelos Japoneses. 9-Graceja; Finório; Antemeridiano (abrev.). 10-Correi velozmente; Fosso para defesa de fortificações. 11-Submeter à acção directa do fogo em seco, ou ao calor do forno; Fugir (gír.).

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA DIÁRIO DE UM FUMADOR • David Sedaris

REGRAS |

Insira algarismos nos quadrados de forma a que cada linha, coluna e caixa de 3X3 contenha os dígitos de 1 a 9 sem repetição SOLUÇÃO DO PROBLEMA DO DIA ANTERIOR

O que faz de David Sedaris o homem mais divertido do mundo? Bom, como muitos de nós, tem um quotidiano cheio de pequenas bizarrias e acontecimentos cómicos; mas, no caso dele, o bizarro torna-se cada vez mais bizarro e o cómico chega ao puro absurdo. Quer saber como é que o homem mais divertido do mundo passa os seus dias? Bom, já fez um estágio numa morgue, já teve a sua casa de campo invadida por pássaros, já andou de táxi com um condutor obcecado por sexo fetichista, já ofereceu um esqueleto (verdadeiro) como presente de anos, já fez corridas de natação com uma mulher com síndrome de Down… Depois de tudo isto, que experiência bizarra e inaudita lhe faltava enfrentar? Apenas uma; uma das experiências mais traumáticas e marcantes que alguém pode alguma vez enfrentar: deixar de fumar…

DE CAMA EM CAMA • Catherine Townsend

«Desfruto de todos os segundos dos meus encontros sexuais: os bons, os maus e os bizarros. A maior parte das minhas relações sérias começou com encontros casuais fortuitos.» A autora fala das suas aventuras sexuais de uma forma honesta, sexy e divertida. RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • MAIL@LIVRARIAPORTUGUESA.NET

VENCER, VENCER, VENCER Os Jogos Olímpicos estão aí. Como nos anteriores, China a já ganhou bastantes medalhas de ouro o que a torna nos primeiros dias da competição no país mais medalhado. Seja como for, desta vez, não estou muito contente como antigamente. Tenho usado o meu entusiasmo todo no trabalho, por isso a felicidade de vitória da minha Pátria já não me causa grande felicidade. Ouvi as notícias recentes da manifestação contra a educação nacional em Hong Kong. Deixame em reflexão. O sentimento de felicidade quando vejo a China a ganhar nos Jogos Olímpicos contrasta com a tristeza da educação nacional. Mas nem tudo me deixa feliz nas Olimpíadas. Parece que só o primeiro lugar é que faz sentido para a China. Só querem a perfeição, a superioridade, tudo a todo o custo. Tudo porque o país gasta rios de dinheiro em treino? Bom, admito que os Jogos Olímpicos é um grande evento, o maior à escala global. Consegue reunir o mundo, parar guerras, acabar momentaneamente com racismos e xenofobias... e dar um sorriso. Mas por outro lado também é um evento no qual ocorrem casos de dopagem, de escândalos, de tristezas e de derrotas. Porque sou tão negativista? Gostei de ver na cerimónia de abertura das Olimpíadas o que foi a História da Inglaterra. Foi um espectáculo simples e bonito. Mostrou a verdadeira história, dos camponeses, da Revolução Industrial, da música, do cinema. Não seria tão bom que a China ensinasse a verdadeira História do país, de forma correcta e concisa, sem enganar ninguém. As novas gerações agradecem... Miau!

Pu Yi


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opinião

terça-feira 31.7.2012

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Helder Fernando

à flor da pele

Dia Mundial do Orgasmo I Foi bastante cinéfila a abertura dos Jogos Olímpicos em Londres, mas sem deixar marcas inesquecíveis como em realizações anteriores - Seoul, Barcelona, Atenas, Pequim ou mesmo em Atlanta, apesar das polémicas de vária ordem.Quanto a Macau, continuamos esperando a vez. Melhor dizendo: a razão geoestratégica, comercial, política, desportiva e, por ventura, outras, para também participar. Tendo o seu próprio CODM (Comité Olímpico de Macau) há 25 anos, credenciado junto do OCA (Conselho Olímpico da Ásia) e junto da ACOLOP (Associação dos Comités Olímpicos de Língua Oficial Portuguesa), falta a adesão ao COI (Comité Olímpico Internacional. Alguns que levaram anos a lutar pela participação de Macau nos Jogos Olímpicos, morreram sem ver esse sonho realizado. Outros, como Manuel Silvério, são a viva reserva da memória, da luta e do prestígio alcançados com tantas realizações de grande nível. A região não pára de organizar, com eficácia reconhecida internacionalmente, acontecimentos desportivos alguns deles à escala mundial. A região vizinha de Hong Kong, que desde 1950 possui o seu Comi-

cartoon por Steff

té Olímpico, tem participado em todos os Jogos Olímpicos de Verão desde 1952 e já obteve algumas medalhas. E desde 2002 que participa nos Jogos Olímpicos de Inverno. Inclusivamente, como todos nos lembramos, em 2008 Hong Kong foi sede das Olimpíadas de Pequim na modalidade de hipismo. Falta a RAEM desfilar e participar como Macau-China. Faltam vontades. II O conhecido homem de negócios David Chow, sempre que é possível a mostrar o seu dinamismo interno e internacional digno de atenção e registo, agora, promete dar outra vida à chamada Doca dos

Pescadores. Um espaço muito nobre e infraestruturado - onde, por exemplo, se deviam realizar, com todas as condições necessárias, as Festas da Lusofonia. Anuncia-se ali, mudança radical e um investimento de muitos milhares de milhões. Falta o aval oficial. Bem vindo. Também do mundo dos negócios e ex-presidente da Assembleia Legislativa, Susana Chou, reformada da política activa, se calhar por isso mesmo continua activa no seu blog a que chama Bloco de Notas. Desta vez considera que “em muitos assuntos de carácter público os representantes oficiais usam sempre, como critério, opiniões subjectivas como critério, não consultam, não investigam, são pouco transparentes (...) alguns directores actuam para benefício próprio e só depois pensam nos interessados, na população”. Cá para mim, suponho que para o estimado leitor, estas afirmações parecem graves. Provavelmente andamos enganados, é tudo uma questão de perspectiva. III O tufão que a gente chamou de Vicente, veio mostrar as fragilidades antigas com as quais continua a erguer-se atabalhoadamente a região. Todos os jornais em várias

NATAÇÃO

O conhecido homem de negócios David Chow, sempre que é possível a mostrar o seu dinamismo interno e internacional digno de atenção e registo, agora, promete dar outra vida à chamada Doca dos Pescadores. Um espaço muito nobre e infraestruturado - onde, por exemplo, se deviam realizar, com todas as condições necessárias, as Festas da Lusofonia línguas já pormenorizaram sobre isto, estão publicadas, inclusive nas redes sociais da internet, milhares de fotos tristemente exemplificativas. Até apartamentos vendidos a 8, 9 10 e mais milhões, apresentados ao ingénuo como “de luxo”, desfazem-se como baralhos de cartas na primeira ventania forte. Nada se calcula, nada se previne, autoriza-se incompreensivelmente esta péssima qualidade. Faz-se tudo à pressa, para se dizer que se fez mais uma espampanância que deu lucro a alguém, que se negociou mais isto e aquilo que rendeu fortunas a mais aqueles, que se iluminou aqui e ali para que uns quantos mostrassem, como rabo do novo riquismo, mais brilho nos automóveis de luxo em corridas desenfreadas e impunes pelo território. Na essência, a média de qualidade é muito má, continua sendo muito má, sem escrúpulos, sem fiscalização, sem segurança, sem respeito, sem o mínimo afecto verdadeiro por Macau. Manda quem pode e quem pode não é chamado a emendar procedimentos. Um dia as casas caem. Depois, ano após ano, volta o aparentemente caricato das definições (políticas, administrativas?) sobre a colocação de sinais de aviso de tufão. Gostaria de assistir a um debate entre especialistas. IV Completam-se 5 anos que Fidel Castro que passou de romântico mas objectivo revolucionário a ditador - caiu e saiu do poder. Cuba começa a respirar melhor. Entre outras situações, falta a libertação de pesos políticos, falta terminar com boicotes. V Hoje, terça, 31 de Julho, celebra-se o Dia Mundial do Orgasmo. Humano, penso. Orgasmo psicológico, físico, poético? Se calhar todos. Todos os orgasmos, todos os êxtases, os procurados e os alcançados, os desejados e os retraídos. Os influxos e os refluxos. Celebremos, pois, com proteções. Pelo menos enquanto não desatarem a cobrar taxas nada excitantes.


terça-feira 31.7.2012

opinião

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Pedro Correia

QUARTA, 25 Em 1950, recém-conforta-

do com a celebração do seu 70º aniversário entre manifestações de culto de personalidade dignas do tempo dos czares, Estaline escreveu estas palavras: “O marxismo é a ciência que contém as leis do desenvolvimento da sociedade. É a ciência da vitória do socialismo em todos os países.” Palavras que foram acolhidas por muitos intelectuais daquele tempo como se proclamassem uma verdade absoluta. E não faltou mesmo quem garantisse o carácter “científico” da doutrina estalinista. A idolatria pelo sanguinário ditador não conhecia limites - e contagiou inúmeros vultos da cultura, de Aragon a Picasso, de Éluard a Neruda, de Brecht a Jorge Amado. A estupidez humana não tem limites.

QUINTA, 26 Tempo de liberdade con-

dicionada: enchemos a boca com “direitos” proclamatórios mas vivemos rodeados de “correctores”. Reparo agora mesmo: tenho um telemóvel que me “corrige” as palavras. Estou proibido de escrever face, uma das palavras mais bonitas da língua portuguesa. O “corrector” emenda-a automaticamente para facebook. Algo que não tenho nem tenciono vir a ter. Volto à face, o aparelho volta a impor-me o “face” norte-americano. Não por acaso, o vocábulo já anda a ser pronunciado “feice”, entre nós, um pouco por todo o lado. Liberdade condicionada: avança aos poucos, pé ante pé, e vai-nos cercando no dia a dia. Toma cautela com o que escreves. Há sempre um “corrector” para te emendar a prosa.

SEXTA, 27 Detesto deixar um livro a meio. Quase tanto como detesto começar a ver um filme já depois do seu início. Lembro-me, ainda hoje, como há quase 30 anos deixei por ver o célebre Andrei Rubliov, de Andrei Tarkovsky, que passava apenas naquela noite em sessão especial numa das salas do saudoso cinema Quarteto, em Lisboa. Estava num grupo de três pessoas em que se integrava alguém com irremediável vocação para o atraso. Por azar, era a mesma pessoa que na véspera se havia encarregado de comprar os bilhetes para a sessão, esgotadíssima no dia da projecção. Quando chegou enfim, já a fita rodava há uns bons dez minutos: na sala escura, o ecrã iluminava-se com imagens a preto e branco para mim incompreensíveis. Confesso que ainda tentei entender o que se passava no ecrã, mas sem sucesso: mal conseguia captar o enredo e cedo me convenci de que - como sucede em tantas obras-primas do cinema - Citizen Kane, de Orson Welles, 2001 Odisseia no Espaço, de Stanley Kubrick, e Psico, de Alfred Hitchcock, por exemplo - aqueles minutos iniciais que tinham sido perdidos prejudicavam a visão integral do filme. Ao intervalo, pretextando já não sei

Mas só é fácil em teoria. Não sei se convosco acontece o mesmo: há livros que se fecham para nunca voltarem a ser abertos. Pelos mais diversos motivos. Ou porque nos entediaram fatalmente ou porque prometiam algo que afinal não eram capazes de oferecer ou porque alguém pegou neles e nunca mais os devolveu ou simplesmente porque se intrometeram outras obras literárias, muito mais apelativas, roubando o lugar que à partida pertencia às primeiras o quê, ausentei-me - e até hoje, por algum motivo, nunca consegui ver Andrei Rubliov. Tem-me sucedido algo semelhante com muitos livros: deixo-os a meio. Havendo uma diferença assinalável: é bastante mais fácil retomar a leitura. Basta pegar neles e abri-los, não é necessário nenhum aparelho para o efeito e mito menos esperar por algum ciclo especial da Cinemateca que se lembre enfim de mostrar aos cinéfilos portugueses como eram os filmes produzidos na defunta União Soviética. Mas só é fácil em teoria. Não sei se convosco acontece o mesmo: há livros que se fecham para nunca voltarem a ser abertos. Pelos mais diversos motivos. Ou porque nos entediaram fatalmente ou porque prometiam algo que afinal não eram capazes de oferecer ou porque alguém pegou neles e nunca mais os devolveu ou simplesmente porque se intrometeram outras obras literárias, muito mais apelativas, roubando o lugar que à partida pertencia às primeiras. Cada caso é um caso. Mas é destes pequenos caprichos do destino, destes encontros e desencontros com as obras mais diversas, que se vai fazendo também o nosso percurso enquanto leitores - tantas vezes marcado por felizes ou desditosos acasos. E - não esqueçamos - há ainda aqueles

livros que têm precisamente a vocação de serem lidos vagarosamente, duas páginas hoje, três páginas depois de amanhã. Sem pressas, sem promessas antecipadas de alguma vez chegarmos a conhecê-los por inteiro. De tudo isto se faz a leitura. E é também por isto que ler é tão bom afinal.

SÁBADO, 28 O primeiro livro que me

lembro de ter deixado a meio foi um daqueles de que mais gostei. Custa a crer, bem sei, mas eu já explico. Há livros que devemos ler na idade própria - nem cedo de mais nem tarde de mais. Nunca compreendi aqueles pais que se apressam a proporcionar aos filhos, ainda muito novos, literatura “adulta” para “amadurecerem” com maior rapidez. Também me faz alguma impressão ver adultos mergulhados numa espécie de infância retardada, deliciando-se com a leitura das histórias do Tio Patinhas. Nada melhor do que tudo ocorrer no tempo certo. Parafraseando o outro, a propósito de algo bem diferente, eu fui um miúdo do meu tempo. Devorei as aventuras dos Cinco e dos Sete, era fanático de banda desenhada e não perdia uma série do bom velho Oeste na televisão (Bonanza, O Maioral, Os Monroe, Shenandoah, High Chaparral). E não perdia

19

caderno diário também uma só obra de dois autores muito lá de casa: Jack London e Júlio Verne. Associo sempre muitas tardes da minha infância aos livros do aventureiro norte-americano, com as magníficas capas multicoloridas da editora Civilização, e do respeitável burguês de Nantes, que pôs várias gerações de jovens a percorrer o globo sem saírem das quatro paredes do quarto. Apreciava particularmente o Verne editado pela Bertrand no início dos anos 70, com uma estampa antiga emoldurada por um grafismo moderno. Nunca soube quem era o autor destas capas: julgo que tal referência não constava da ficha técnica. Mas presto-lhe hoje homenagem. Este é um dos segredos editoriais para consolidar uma legião de leitores fiéis. E, claro, havia a sedução da própria escrita de Verne - didáctica sem nunca ser maçadora, capaz como poucas de nos prender a atenção no fim de cada capítulo, abrindo o apetite para o capítulo seguinte - técnica herdada dos melhores textos folhetinescos, relíquia de um tempo em que o jornalismo era indissociável da literatura. Li vários livros dessa colecção: cada um deles era uma espécie de tesouro íntimo para um garoto como eu, então à descoberta do fascínio da literatura. Tenho ainda muitas dessas obras: AVolta ao Mundo em 80 Dias, O Náufrago do Cynthia, O Bilhete de Lotaria nº 9672, Viagem ao Centro da Terra, A Carteira do Repórter, Os Filhos do Capitão Grant, O Farol do Cabo do Mundo, Matias Sandorf. Mas a Bertrand editava por vezes algumas destas obras, um pouco mais extensas, em dois volumes. Eu ignorava tal facto até ler, absolutamente empolgado, o primeiro volume d’ A Mulher do Capitão Branican: chegando ao fim, li o aviso de que a continuação viria noutro tomo da mesma obra. Corri à procura dela: estava esgotada. Só muitos anos depois, já quase esquecido do empolgamento juvenil, adquiri esse outrora ansiado segundo volume. Mas - como seria de esperar - o fascínio perdera-se. Aconteceu-me o mesmo com as 20 Mil Léguas Submarinas. Com a diferença de que este foi um romance que me atraiu ainda mais. Não tenho a menor dúvida em classificar o capitão Nemo entre as grandes figuras de sempre da literatura mundial. Recordo as ementas minuciosas das refeições a bordo do submarino e a atmosfera claustrofóbica daquelas cenas. E não esqueço a aura de mistério que envolvia Nemo. Cheguei ao fim do primeiro volume: a mesada não chegava para o segundo. Quando chegou, já não havia o livro. Nem no mês seguinte, nem no ano imediato. Nunca li a segunda parte das 20 Mil Léguas Submarinas. Talvez com receio de que a magia se perdesse para sempre, como sucedeu com A Mulher do Capitão Branican. Assim permaneceu intacta.

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Nuno G. Pereira; Gonçalo Lobo Pinheiro Redacção Andreia Sofia Silva; Cecilia Lin; Joana Freitas; José C. Mendes; Rita Marques Ramos Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Fernando Eloy; Hugo Pinto; José Simões Morais; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Arnaldo Gonçalves; Boi Luxo; Carlos M. Cordeiro; Correia Marques; David Chan; Gonçalo Alvim; Helder Fernando; Jorge Rodrigues Simão; José Pereira Coutinho, Marinho de Bastos; Paul Chan Wai Chi; Pedro Correia; Peng Zhonglian; Vanessa Amaro Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia António Falcão, Gonçalo Lobo Pinheiro; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo


terça-feira 31.7.2012

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Criada petição a pedir relvados sintéticos em Macau

Por um melhor futebol Mais vítimas de acidentes de trabalho De acordo com as informações das companhias seguradoras de Macau junto da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), em 2011, houve 5.900 vítimas de acidentes de trabalho, sendo 4.255 trabalhadores residentes e 1.645 trabalhadores não residentes. Face a 2010, o número total de vítimas de acidentes de trabalho registou um aumento de 0,4%. A taxa de sinistralidade por cada mil vítimas de acidentes de trabalho foi de 18,0‰, traduzindo uma diminuição de 0,7 pontos de permilagem quando comparada com a de 2010. Relativamente às consequências dos acidentes de trabalho, 10 pessoas morreram, 4 sofreram incapacidade permanente de trabalho e 5.886 sofreram incapacidade temporária de trabalho. Quanto às causas, 22,9% do total dos acidentes deveu-se a “esforços excessivos ou movimentos falsos”, 20,9% a “queda de pessoas” e 17,5% a “ficar entalado num ou entre objectos”.

Macau Educação Moral sem referência do PCC

A disciplina de Educação Moral e Cívica em Macau vai incluir referências ao estatuto internacional da China e estrutura política do país, mas não às políticas do Partido Comunista Chinês (PCC), garantiu à Lusa a Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ). Esta é uma das disciplinas que está a ser alvo de uma reforma curricular e que a DSEJ gostaria de implementar no ano lectivo de 2013/14. Quanto ao PCC, a resposta da DSEJ é clara: “não se vai falar concretamente das política do partido, mas do sistema político da China, da estrutura política” do país. Os serviços indicam que a disciplina passará a contar com sete áreas de aprendizagem: “Eu e Família, Eu e a Escola, Eu e a Sociedade, Eu e a Nação, Eu e o Mundo e Eu e o Ambiente”. Vai procurar-se que os alunos “compreendam a função dos órgãos de comunicação social e o que é a liberdade de imprensa”, enquanto na área “Eu e a Nação”, serão desenvolvidas temáticas como “a relação entre Macau e o interior da China, o estatuto internacional da China e as suas influências no mundo, a par das etnias, a História, tradições e crenças” do país. Em Hong Kong, o Governo vai introduzir a Educação Moral e Nacional nas escolas primárias e secundárias, alegando pretender fomentar um sentimento de identidade entre os jovens locais, mas a medida está a causar polémica, com pais, professores e até a Igreja Católica contra a nova disciplina.

Gonçalo Lobo Pinheiro glp@hojemacau.com.mo

E

STÁ disponível online uma petição, que pretende ver reunida 3.000 assinaturas, a pedir relvados sintéticos para Macau. O requerimento destina-se ao Instituto de Desporto (ID) e foi criado por António Conceição Júnior, como cidadão e presidente do Sporting, “na sequência na sequência de uma notícia que o Hoje Macau”, relacionada com a reunião dos clubes com a Associação de Futebol de Macau (AFM). “Desejo que a petição seja supra clubística”, referiu Conceição Júnior. No documento virtual pode ler-se: “Os abaixo assinados, jogadores de futebol, dirigentes de clubes, treinadores e entusiastas, respeitosamente solicitam às PUB

autoridades competentes que tomem as necessárias decisões no sentido de substituir o relvado natural dos três únicos estádios de Macau e Taipa por relvados sintéticos de última geração.” Instado a comentar sobre o que o levou a criar a petição, António Conceição Júnior apenas referiu que “numa cidade superlotada, sem esperança de espaços novos, a única solução para um mínimo de qualidade de prática desportiva ao nível das infraestruturas é a adopção de relvados sintéticos”.

VONTADES QUE VÊM DE LONGE

A pretensão não é nova. O Sporting Clube de Macau já tinha dado essas indicações à AFM quando esta reuniu com os clubes secundários na semana passada. Aliás, na altura, a AFM

garantiu aos clubes que já tinha feito o pedido de relvado sintético ao ID “há três anos”, pedido que o ID na pessoa do seu vice-presidente, José Tavares, disse desconhecer. Em declarações ao Hoje Macau, Tavares disse que “formalmente nunca nos foi pedido qualquer relvado sintético por parte da AFM.” Para o cidadão António Conceição Júnior a colocação de relvados sintéticos “permitirá a utilização intensiva sem quaisquer estragos para o relvado e menor número de lesões para os jogadores”. “O desejo, numa cidade tão rica como Macau, é ver que sejam oferecidos os melhores pisos que sirvam de palco físico para o verdadeiro desenvolvimento do futebol do território.” Ao fecho desta edição o requerimento contava já com 49 assinaturas.

ed i t or i a l Carlos Morais José

JUDITE E HOLOFERNES O comportamento da Polícia

Judiciária durante a conferência de imprensa que ontem convocou é, no mínimo, incompreensível e, no limite, mal educado. Como o leitor pode constatar na notícia que publicamos na página 4, um elemento da PJ dedicou-se a filmar os jornalistas presentes, sem pejo nem discrição, de uma forma ostensiva. A desculpa é de mau pagador: se queriam registar o evento por que razão apontaram a câmara para os jornalistas que, durante a execução do seu trabalho, têm uma coisa que se chama direito à imagem? Urge que a Comissão de Vigilância das Forças de Segurança, presidida por Leonel Alves, emita recomendações no sentido de evitar este tipo de situação, sempre desagradável para todos.Afinal, em causa poderá estar a existência ou não de coacção e intimidação dos jornalistas. É que uma coisa é fotografar os polícias durante o seu trabalho, porque estes são agentes da autoridade armados e o seu comportamento deve pautar-se por um rígido código de conduta e ser escrutinado pelos cidadãos. Já os jornalistas não se incluem neste grupo nem exercem qualquer actividade que possa ser considerada perigosa, repressiva ou o seu comportamento é merecedor de escrutínio público através de imagens recolhidas no exercício da sua profissão. São estas atitudes que deixam mal o Governo da RAEM, sobretudo quando extravasam as fronteiras. Qual o verdadeiro objectivo desta recolha de imagens? Levantam-se dúvidas. Será que têm o direito de as adquirir? As dúvidas adensam-se. Que “filme” pretendem produzir, qual o destino das imagens e dos sons? Poder-se-á, legitimamente, temer o pior. Na verdade, não quero acreditar que a PJ tenha más intenções. Trata-se talvez de uma questão de formação das Forças de Segurança em geral, algo que temos insistido com veemência e que o respectivo Secretário parece não concordar. Seja como for, as boas intenções não chegam, nem desculpam. Trata-se aqui de uma questão sensível porque os jornalistas são o elo entre a população e o poder, um elo frágil, relativamente desprotegido e que não pode nem deve ser ameaçado, intimidado ou filmado sob pena de não estarmos a cumprir um dos requisitos fundamentais da RAEM: a plena liberdade de imprensa, que inclui a recolha de informação sem pressões evidentes. O trabalho de um jornalista não é fácil em nenhum lugar do mundo. Mas de uma coisa podem todos ficar certos: nós não dormimos na forma e não nos cortarão facilmente a cabeça.


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