DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ
MOP$10
SEGUNDA-FEIRA 5 DE JUNHO DE 2017 • ANO XVI • Nº 3825 PUB
AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006
hojemacau
DSSOPT
Chama o elevador PÁGINA 7
www.hojemacau.com.mo•facebook/hojemacau•twitter/hojemacau
Eu gosto é do Verão
O calor bate à porta e com ele chegam as patacas distribuídas pelo Governo. A partir de Julho e até 15 de Setembro, 6,82 milhões de patacas vão sair dos
cofres do Executivo em direcção às contas bancárias e caixas do correio de quase 700 mil residentes permanentes e não permanentes de Macau.
PARMAGIANINO, HOMEM COM LIVRO (PORMENOR)
CHEQUES PECUNIÁRIOS A CAMINHO
Recensão h FERNANDA GIL COSTA
TIANANMEN
Memórias caladas PÁGINA 12
CLIMA
MOMENTO PARA XI GRANDE PLANO
PÁGINA 5
BRUNO GASPAR
Cinema união EVENTOS
2 GRANDE PLANO
ANÁLISE SAÍDA AMERICANA DE ACORDO AMBIENTAL É OPORTUNIDADE PARA A CHINA
TEREMOS SEMPRE Enquanto Donald Trump retira os Estados Unidos do Acordo de Paris, Xi Jinping tem uma oportunidade única de liderar num dos tópicos que dominará o futuro do mundo. A China pode passar de maior poluidor para referência mundial na luta contra as alterações climáticas, ocupando o antigo papel dos norte-americanos
O
Acordo de Paris foi o culminar de mais de duas décadas de luta diplomática num assunto de vital importância para o futuro do planeta. Ainda assim, surgiu envolto em polémica por ser pouco ambicioso nas metas acordadas de cortes nas emissões de dióxido de carbono para a atmosfera. No final da semana passada, Donald Trump anunciou a saída do histórico acordo, ratificado por 148 países, incluindo a China e a Índia. Nos últimos anos os Estados Unidos têm conseguido reduzir as emissões de dióxido de carbono, apesar dos constantes ataques por parte de republicanos e lobistas de produtores de petróleo, principalmente através de políticas de iniciativa local e da descida do preço do gás natural. Neste aspecto importa esclarecer que o gás natural produz cerca de metade das emissões da queima de carvão, assim como acrescentar que Trump tem sido, desde a campanha eleitoral, um defensor da indústria do carvão, uma das formas mais poluentes de produção energética. Com a promessa de colocar os Estados Unidos primeiro, a persistência nas políticas isolacionistas por parte de Washington podem ter um efeito adverso ao pretendido, com a possibilidade das empresas exportadoras americanas serem vistas como poluidoras, o que pode representar um desastre de marketing. No entanto, o Presidente norte-americano no discurso em que anunciou a cisão rotulou o Acordo de Paris como uma forma da China, Índia e outros países, ganharem vantagens económicas sobre Washington. Aliás, Donald Trump há anos que reitera uma teoria de que o “aquecimento global é uma conspiração organizada pela China para tornar a indústria norte-americana menos competitiva”. Isto, apesar do consenso científico em torno do assunto. Em resposta à decisão de Washington, o primeiro-ministro chinês Li Keqiang reforçou que Pequim “se mantém fiel ao compromisso firmado”. Numa alfine-
“O aquecimento global é uma conspiração organizada pela China para tornar a indústria norte-americana menos competitiva.” DONALD TRUMP PRESIDENTE NORTE-AMERICANO
tada à Casa Branca, Li afirmou que “lutar contra as alterações climáticas é um consenso mundial, não é algo inventado pela China”. É de salientar que as declarações do representante chinês foram feitas à margem de um encontro em Berlim com a chanceler Angela Merkel.
VANTAGEM XI JINPING
Esta tomada de posição de Washington pode representar uma oportunidade para Pequim tomar a liderança política a lidar com uma das mais sérias ameaças à segurança do planeta. A assinatura do Acordo de Paris foi em parte possível graças à acção concertada dos Estados Unidos e da China, os dois maiores produtores mundiais de emissões de dióxido de carbono. Ainda assim, os chineses são responsáveis pelo dobro das emissões norte-americanas. No últimos anos, Pequim tem investido muito dinheiro em políticas amigas do ambiente, tendo estabelecido um investimento de 361 mil milhões de dólares em energias renováveis até 2020, isto com o objectivo de cortar as emissões de carbono entre 40 a 45 por cento até esse ano. É de salientar que o Presidente chinês firmou a defesa do Acordo de Paris, no início do ano, durante o Fórum Económico Mundial, apelando a uma cooperação internacional mais forte. Aliás, aquando da assinatura do acordo em questão, Barack Obama agradeceu a Xi Jinping a ajuda nas negociações. Em reacção à renún-
3 hoje macau segunda-feira 5.6.2017 www.hojemacau.com.mo
PARIS
“O papel da China, enquanto parceiro estratégico, tem assumido uma importância crescente.” ANGELA MERKEL CHANCELER ALEMÃ cia norte-americana, o antigo ocupante da Casa Branca considerou o postura da nova administração como uma desgraça internacional e o abdicar de liderança. Esta não é a primeira vez que os Estados Unidos voltam atrás num compromisso resultante de um processo que lideraram, o mesmo já havia acontecido em 1997 quando George W. Bush renunciou ao Acordo de Quioto. Mas Paris conseguiu o feito de reunir consenso mundial das principais potências, apesar de muitos críticos acharem as metas pouco ambiciosas. Como seria de esperar, a reacção dos aliados tradicionais de Washington não se fez esperar e a saída norte-americana do acordo que pode levar, por exemplo, a Europa a aproximar-se mais de Pequim em matérias de produção energética.
REACÇÃO MUNDIAL
Num encontro com o recém-eleito Presidente francês, Narendra Modi, primeiro-ministro indiano reiterou que o compromisso de Paris faz parte da “herança compartilhada do mundo”. Modi não só se mostrou intrépido na defesa do acordo, como garantiu que o seu país irá “mais longe” que os objectivos firmados no compromisso na luta contra o aquecimento global. A reacção indiana havia sido precedida por Emmanuel Macron, que reagiu de imediato à toma de posição de Donald Trump. O novo ocupante do Eliseu fez um apelo na sequência da saída norte-americana do Acordo de Paris que se tornou viral. Num vídeo que correu mundo, Macron lançou um desafio “a todos os cientistas, engenheiros, empreendedores e cidadãos responsáveis que ficaram desapontados com a decisão dos Estados Unidos”. A ideia é que esta mão-de-obra especializada pode encontrar na França “um segundo lar”. O francês garantiu que o seu país não vai desistir da luta e que se mantém confiante no sucesso do compromisso firmado em Paris. Macron afirmou que o mundo inteiro “partilha a mesma responsabilidade: tornar o planeta
bom outra vez”, numa alusão ao lema que elegeu Donald Trump “make America great again”. Em declarações à CNN, o comissário europeu que lida com os assuntos energéticos e climatéricos, Miguel Arias Cañete, expressou a aproximação de Bruxelas a Pequim. “Ninguém deveria ficar para trás, mas a UE e a China decidiram seguir em frente”, garantiu o comissário. Cañete adiantou ainda que há “uma cooperação de sucesso em assuntos como o comércio de emissões e tecnologias amigas do ambiente que está a dar frutos”. O responsável europeu, na sequência do anúncio da Casa Branca, afirmou que esta é a altura para “fortalecer laços” de forma a alcançar objectivos na luta contra o aquecimento global. O próprio presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker referiu que o vazio deixado na liderança das negociações pelas alterações climáticas “será preenchido, e os chineses estão numa posição privilegiada para se assumirem como líderes”. Juncker acrescentou que aquando da Cimeira do G7, na Sicília, foi explicado a Donald
Jean-Claude Juncker referiu que o vazio deixado na liderança das negociações pelas alterações climáticas “será preenchido, e os chineses estão numa posição privilegiada para se assumirem como líderes”
“Lutar contra as alterações climáticas é um consenso mundial, não é algo inventado pela China.” LI KEQIANG PRIMEIRO-MINISTRO CHINÊS Trump que não seria positivo o desaparecimento norte-americano do plano internacional. “Parece que essa tentativa não teve sucesso”, comentou o líder europeu. À margem do encontro com Li Keqiang, Angela Merkel reforçou a ideia de que “o papel da China, enquanto parceiro estratégico, tem assumido uma importância crescente”. As conversações entre os dois líderes não se ficaram pelas questões climatéricas, tendo sido também discutidos dossiers quentes como a crise da Coreia do Norte, direitos humanos e acordos comerciais. No ano passado, a China já era o principal parceiro comercial da Alemanha, com os negócios a atingir um volume de 170 mil milhões de euros. A chanceler alemã adjectivou este montante como “impressionante” e confirmou que “ambas as partes querem aumentar o comércio” entre os dois países. Merkel revelou que está previsto no futuro mais cooperação e negócios no sector dos automóveis, tecnologia de aviação, reciclagem e inteligência artificial. Um dos acordos já firmados aconteceu entre a alemã Daimler e a chinesa BAIC Motor Corporation, para a implementação de uma fábrica da Mercedes-Benz em Pequim que produzirá carros eléctricos. Enquanto os Estados Unidos se encerram em si próprios, a China aproveita a inoperância da Administração Trump para tomar o papel dianteiro no palco internacional. João Luz
info@hojemacau.com.mo
4 POLÍTICA
hoje macau segunda-feira 5.6.2017
O seguro não morreu de velho
Português PEREIRA COUTINHO DIZ QUE FALTA FORMAÇÃO
Cursos só para alguns O deputado José Pereira Coutinho alerta o Governo para a existência de poucos cursos de formação em português na Função Pública, bem como de cursos em língua chinesa. Estas formações são essenciais para subir na carreira, assegura o deputado TIAGO ALCÂNTARA
mações pelo serviço público de cada trabalhador e à notificação da abertura do concurso de acesso, os SAFP ainda não tinham organizado as exigidas acções de formação”, explicou Pereira Coutinho.
“Embora os funcionários se tenham inscrito para as acções de formação exigidas para o acesso, não conseguiram preencher o número necessário de horas, perdendo oportunidades para a promoção.” JOSÉ PEREIRA COUTINHO DEPUTADO
A
falta de cursos de formação parece ser um problema que afecta não só o sector privado, como também o sector público. Não são apenas os profissionais da área do urbanismo e da construção civil que sofrem com a falta deste tipo de acções, mas também os funcionários públicos. A questão é levantada numa interpelação escrita da autoria do deputado José Pereira Coutinho, que considera que o Governo organiza poucos cursos. O caso parece ser mais grave nas formações em língua portuguesa. “Quanto aos funcionários públicos que só dominam a língua portuguesa, o Governo deve organizar, pontualmente, acções de formação cuja língua
veicular seja o português, com vista a assegurar que os mesmos consigam completar as exigidas acções de formação e o necessário número de horas, para que tenham oportunidades de promoção”, escreveu. O também presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM) alerta ainda para o facto de muitos trabalhadores fazerem as suas inscrições e nunca conseguirem realizar os cursos de que necessitam para subir na carreira. “Alguns funcionários públicos que dominam apenas a língua portuguesa, ou seja, que não sabem muito bem, na fala e na escrita, a língua chinesa, [apontam que] é demasiado tardia a organização, por parte
dos Serviços de Administração e Função Pública (SAFP), das acções de formação cuja língua veicular é o português”, aponta. “Embora os referidos funcionários se tenham inscrito para as acções de formação exigidas para o acesso, não conseguiram preencher o número necessário de horas, perdendo oportunidades para a sua promoção”, acrescentou ainda José Pereira Coutinho.
SEM INFORMAÇÕES
Apesar de o chinês ser a língua falada pela maioria dos trabalhadores da Função Pública, a verdade é que os cursos neste idioma também parecem ser escassos. “Alguns funcionários públicos pediram ajuda junto do meu gabinete, apontando que, até à publicação das devidas infor-
Além disso, “os organismos de educação ou entidades de formação particulares, mas legalmente reconhecidos, bem como os ademais serviços públicos, também não proporcionaram tais acções de formação”. O deputado pretende, por isso, saber, se o Governo vai “assegurar a pontualidade da organização, por parte dos SAFP, das respectivas acções de formação”. Tudo para evitar que “casos deste género voltem a acontecer”. É ainda exigida uma investigação aos casos que levaram à perda de oportunidades de subida nas categorias profissionais. “Quanto aos casos em que alguns funcionários públicos perderam oportunidades para a sua promoção, devido ao facto dos SAFP não terem organizado, de forma pontual, as acções de formação, será que o Governo vai averiguar as razões que levaram à ocorrência de tais casos e divulgar os respectivos resultados?”, questionou o deputado. Andreia Sofia Silva
andreia.silva@hojemacau.com.mo
AMCM acusada de não prestar informações sobre erro médico
E
STÁ implementado, desde Fevereiro, o regime do seguro obrigatório de responsabilidade civil profissional dos prestadores de cuidados de saúde, mas os sectores da saúde e das companhias de seguros parecem continuar a ter muitas dúvidas sobre o funcionamento da nova legislação. O problema é levantado numa interpelação escrita assinada pelo deputado Leong Veng Chai, onde este acusa a Autoridade Monetária e Cambial de Macau (AMCM) de não prestar as devidas informações. “A AMCM não tomou uma postura profissional durante o processo preparativo para a vigência do novo regulamento referido”, escreveu o deputado. “A AMCM esteve sempre a adiar a divulgação dos detalhes desse regulamento”, disse ainda. Na prática, tal “levou a muitas preocupações para os dois sectores em causa”, uma vez que “as instituições médicas que precisam de renovar o seguro não sabem qual é o valor que devem comprar, e o sector dos seguros também não consegue disponibilizar a respectiva referência ao sector da saúde, pois não recebeu nenhuma informação concreta por parte da AMCM”. Perante essa situação, Leong Veng Chai considera que “os dois sectores têm-se sentido bastante desamparados”. O deputado faz ainda referência ao cancelamento de duas sessões de esclarecimento em cima da hora. “Segundo algumas pessoas do sector dos seguros, a AMCM devia ter realizado duas sessões de esclarecimento, mas só no período da manhã do próprio dia é que [a entidade] telefonou aos participantes para os informar sobre o cancelamento das conferências, tendo estes ficado muito embaraçados”, escreve. Leong Veng Chai alerta para a “incapacidade por parte da entidade pública responsável pelo assunto”, o que levou a “preocupações nos sectores dos seguros e da saúde, durante o período transitório, e a dificuldades na celebração dos contratos”. A.S.S.
5 POLÍTICA
hoje macau segunda-feira 5.6.2017
V
EM aí a nova fase de distribuição dos cheques do Governo, no âmbito do plano de comparticipação pecuniária, e começa já no próximo mês. Os valores mantém-se iguais aos do ano passado, sendo que os residentes permanentes recebem nove mil patacas, enquanto os residentes não permanentes continuam a receber 5400. A edição deste ano do plano foi apresentada em Conselho Executivo e, segundo informações anunciadas pelo porta-voz, Leong Heng Teng, o Governo vai ter uma despesa total de 6,82 milhões de patacas, um valor superior ao que foi gasto no ano passado: 5,94 milhões. A partir de Julho, quase 700 mil residentes, perma-
Cheques COMPARTICIPAÇÃO PECUNIÁRIA A PARTIR DE JULHO
Patacas de Verão
Os cheques entregues anualmente pelo Governo começam a ser distribuídos já no próximo mês de Julho, representando para os cofres públicos uma despesa de 6,8 milhões de patacas. Hoje há mais 116 mil residentes a beneficiar da política em relação a 2008, ano em que o programa arrancou nentes e não permanentes, começam a receber os seus cheques. A prioridade é dada aos beneficiários do subsídio para idosos e de outros subsídios, como o de invalidez. Estão também incluídas as pessoas que recebem bolsas de estudo atribuídas pelo Governo. Neste grupo prioritário entram também os funcioná-
rios públicos aposentados, as pessoas que recebem apoio financeiro do Instituto de Acção Social ou aqueles que pediram para receber o valor por transferência bancária. Durante o mês de Julho, todos os funcionários públicos vão também receber o seu • A partir de Julho, quase 700 mil residentes, permanentes e não permanentes, começam a receber os cheques. A prioridade é dada aos beneficiários do subsídio para idosos e de outros subsídios
cheque, seguindo-se, a partir do dia 10, a distribuição a quem nasceu no ano de 1954 ou antes, sendo depois feita a entrega por ordem crescente, consoante o ano do nascimento. A distribuição dos cheques acaba a 15 de Setembro.
MAIS RESIDENTES A RECEBER Dados apresentados na conferência de imprensa do
Conselho Executivo mostram que hoje há mais 116 mil residentes a receber este apoio em relação a 2008, ano que marcou o arranque do plano de comparticipação pecuniária. Tal aumento representa também um acréscimo dos gastos com esta medida, uma vez que o Governo gastou, em 2016, mais 3,1 milhões de patacas em relação a 2008. Leong Heng Teng não soube precisar quantos beneficiários desta medida residem no estrangeiro. Para que estes residentes continuem a receber o apoio, devem ter toda a documentação em ordem, mesmo que não vivam no território. Caso tal não seja possível, é permitido, através de atestado médico ou um documento “emitido por uma instituição de solidariedade social” comprovar “a situação actual de [os beneficiários] não poderem regressar a Macau para proceder à substituição dos antigos documentos de identificação por bilhetes de identidade de residente da RAEM, por se encontrarem permanentemente acamados, total ou parcialmente paralisados”.
CITES CRIADOS MODELOS
O
Governo concluiu também a elaboração do regulamento administrativo referente à lei de execução da Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies de Fauna e da Flora Selvagens Ameaçadas de Extinção (CITES). Na prática, o regulamento vem definir os procedimentos da emissão de certificados, os respectivos modelos e o regime especial de licença para quem for criador ou para quem comercializar espécies de fauna e flora abrangidos nesta lei. Caberá à Direcção dos Serviços da Economia (DSE) a coordenação de todos os pedidos e emissão de documentos no prazo de 30 dias. Segundo uma responsável da DSE, são poucas as pessoas que se dedicam ao negócio de viveiros ou que sejam criadores de espécies. “De acordo com o que temos conhecimento, há poucos casos. Talvez haja mais pessoas com viveiros, mas é possível que nem haja muitas pessoas com condições físicas para a criação de animais. Só depois da inscrição desses profissionais é que teremos números mais precisos”, apontou. O regulamento administrativo entra em vigor a 1 de Setembro deste ano, dia em que também entra em vigor a lei que regulamenta a CITES.
Andreia Sofia Silva
andreia.silva@hojemacau.com.mo
O
fórum sobre investimento em infra-estruturas que se realizou em Macau foi palco de acordo de construção para uma série de países, entre os quais sete projectos em Angola, Moçambique e Brasil. No final do 8.º Fórum Internacional sobre o Investimento e Construção de Infra-estruturas (IIICF, na sigla em inglês), o presidente do Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM), Jackson Chang, explicou que os projectos estão “relacionados com parques industriais multiusos, com serviços, agricultura, desenvolvimento de pontes e também reformulação
Fórum de grandes projectos Angola, Moçambique e Brasil entre os países com acordos
de sectores de centros históricos de várias cidades”. “Foram celebrados, ao todo, 24 contratos de negócios, acordos-quadro e memorandos de entendimento”, pelo que “os resultados alcançados foram satisfatórios”, afirmou Jackson Chang, na conferência de imprensa de encerramento do IIICF, que juntou, ao longo de dois dias, mais de 1700 participantes, entre os quais 57 quadros de nível ministerial, de um universo de 63 países e regiões.
Portugal fez-se representar pelos secretários de Estado da Indústria e da Internacionalização, João Vasconcelos e Jorge Oliveira, respectivamente.
PACOTES AMPLOS
“Testemunhamos a assinatura de grandes projectos”, disse, por seu turno, o presidente da Associação dos Construtores Civis Internacionais da China, a outra entidade co-organizadora, destacando que os acordos selados envolvem,
no total, um “valor recorde” de 12 mil milhões de dólares norte-americanos. Neste âmbito, Fang Qiuchen elencou “três projectos essenciais” no Gana, na Jamaica e em Angola, com o último a dizer respeito a um pólo de desenvolvimento turístico. “É um projecto muito grande. É um parque turístico em Cabo Ledo”, afirmou, descrevendo “um pacote muito alargado que inclui infra-estruturas, um parque industrial
e todos os aspectos de recreação, como hotéis, etc.”. Os restantes acordos envolvendo Angola dizem respeito à construção de parques industriais, de agricultura e de pescas e de uma área de restauração. Já o único projecto em Moçambique versa sobre a manutenção da ponte sobre o rio Save e a construção de uma nova na EN1, a única via que cruza o país de norte a sul; enquanto o memorando de entendimento relativo ao Brasil tem que ver com um projecto de engenharia. A próxima edição do fórum realiza-se a 7 e 8 de Junho do próximo ano.
6 PUBLICIDADE
hoje macau segunda-feira 5.6.2017
7 hoje macau segunda-feira 5.6.2017
SOCIEDADE
COMÉRCIO ON-LINE MACAU PRECISA DE CRESCER
M
ACAU deve investir mais no comércio electrónico. A ideia é deixada por Pang Chuan, membro do Conselho para o Desenvolvimento Económico que considera que os residentes estão a mudar os padrões de consumo. Para Pang Chuan são cada vez mais os consumidores do território que optam pelas compras on-line e de modo a manter competitividade, Macau deve investir no sector. O membro do Conselho para o Desenvolvimento Económico, em declarações ao jornal Ou Mun, afirma ainda que com o desenvolvimento do turismo, são várias as empresas de fora interessadas em investir na região. Para Pang Chuan o desen-
volvimento local vai continuar a ter cada vez mais interacções com as regiões vizinhas e, como tal, é fundamental que se mobilize dentro do sector do comércio electrónico de modo a manter essas relações. Por outro lado, o representante do Conselho considera que o desenvolvimento do comércio on-line pode ainda fortalecer o território enquanto plataforma entre o Continente e os países da língua portuguesa. De acordo com a mesma fonte, Pang Chuan não deixa de lamentar o progresso lento que tem sido feito neste sentido. Para resolver a situação, sugere que o Governo considere uma acção integrada que envolva os vários departamentos.
AMBIENTE RECOLHA DE MATERIAIS ELECTRÓNICOS ATÉ FINAL DO ANO
O
Governo vai, até ao final do ano, proceder a uma recolha de produtos electrónicos. A ideia foi deixada por Tam Vai Man, responsável pela Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA), em declarações ao Jornal do Cidadão. “No segundo semestre, a DSPA vai avançar com um plano de recolha de computadores, telemóveis e impressoras, a ser feito nas escolas departamentos públicos e instituições sem fins lucrativos”, disse Tam Vai Man. O objectivo é a sua reciclagem que pode ser feita através da transformação ou da reutilização. Para o efeito, o Governo pondera a entrega de alguns destes produtos a instituições de caridade e a pessoas financeiramente carenciadas. À mesma fonte, o director da DSPAsublinhou a sua satisfação no que respeita ao desenvolvimento do programa de recolha de pilhas que entrou em
acção no final do ano passado. “Actualmente existem mais de 400 postos de recolha de pilhas e de baterias e, no segundo semestre deste ano, vamos accionar mais postos, principalmente em empresas, edifícios residenciais, escolas e institutos de ensino superior”, disse. Questionado acerca do nova central de incineração, Tam Vai Man disse acreditar que a terceira fase, referente à construção do projecto, poderá estar pronta em 2021. “Estão terminados os trabalhos de design e segue-se a avaliação de impacto ambiental”, explicou o responsável. Por outro lado, o director da DSPA tentou tranquilizar a faixa da população que se mostra preocupada com a proximidade do projecto de habitação social de Wai Long, sendo que o director da DSPA garante que “estão a ser adoptados os padrões da União Europeia”.
Elevadores GOVERNO VAI LEGISLAR SOBRE A MATÉRIA
Sobe e desce mais seguro A Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes está a preparar a elaboração de uma lei que vai garantir a segurança dos elevadores e escadas rolantes. Actualmente existem algumas instruções, mas não têm poder vinculativo junto das empresas de manutenção
T
RÊS anos depois de ter lançado algumas normas para fiscalizar o funcionamento de escadas rolantes e elevadores, a Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) vai elaborar uma proposta de lei para garantir uma maior segurança do sector. Numa resposta enviada ao HM, a DSSOPT afirma que, “no intuito de melhor reforçar a fiscalização dos equipamentos de elevadores, estão a ser efectuados os trabalhos preparatórios da fase inicial respeitantes à elaboração do projecto de lei em causa”. A deputada Kwan Tsui Hang já tinha questionado o assunto através de algumas interpelações enviadas ao Governo, tendo exigido a elaboração de uma lei. “As instruções foram implementadas há quatro anos, todavia, por não terem nature-
za vinculativa, a sua inobservância não implica quaisquer sanções, nem a aplicação de quaisquer medidas coercivas, pelo que os efeitos nunca foram satisfatórios. Por que razão é que a Administração ainda não elaborou uma lei para tornar obrigatória a reparação e conservação periódica dos equipamentos de elevadores?”, interpelou em Abril. Citando dados relativos a Setembro do ano passado, a deputada lembrou que apenas sido requeridos os certificados
anuais de segurança relativos a 1200 equipamentos, quando a DSSOPT recebeu 5193 declarações de elevadores ou escadas rolantes. Tal representa 90 por cento dos equipamentos existentes no território.
SÓ EXCLUSÃO
Segundo a resposta concedida pela DSSOPT, o ónus da responsabilidade está do lado das empresas que instalam e mantêm este tipo de equipamentos. “O proprietário dos equipamentos de elevadores é
“Para melhor reforçar a fiscalização dos equipamentos de elevadores, estão a ser efectuados os trabalhos preparatórios da fase inicial respeitantes à elaboração do projecto de lei em causa.” DIRECÇÃO DOS SERVIÇOS DE SOLOS OBRAS PÚBLICAS E TRANSPORTES
responsável por assegurar o seu bom funcionamento e as condições adequadas de segurança”, aponta o organismo dirigido por Li Canfeng. Caso não seja afixado o “certificado de inspecção anual de segurança de funcionamento”, ou não seja apresentada a declaração à DSSOPT sobre a realização das inspecções anuais, “o proprietário deve contactar a empresa de manutenção e reparação contratada para corrigir esta situação”. A criação deste regime, em 2013, implicou também a criação de uma base de dados sobre as empresas de manutenção e reparação que operam no território. Estas “estão sujeitas a supervisão administrativa”, sendo que, “em caso de infracção, o registo pode ser suspenso ou excluído”. Não há, no entanto, qualquer referência à aplicação de multas ou sanções mais graves. Andreia Sofia Silva
andreia.silva@hojemacau.com.mo
8 PUBLICIDADE
hoje macau segunda-feira 5.6.2017
MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 365/AI/2017
MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 382/AI/2017
-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se a infractora LUO HONGLAN, portadora do passaporte da RPC n.° G49551xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 59.2/DI-AI/2015, levantado pela DST a 18.05.2015, e por despacho da Directora dos Serviços de Turismo de 16.02.2017, exarado no Relatório n.° 95/DI/2017, de 23.01.2017, em conformidade com o disposto no n.° 1 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010, lhe foi desencadeado procedimento sancionatório por suspeita de prestação de alojamento ilegal na fracção autónoma situada na Rua de Berlim n.° 168, Edf. Seng Hoi Hou Teng, Bloco 3, 10.° andar K, Macau.----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------No mesmo despacho foi determinado, que deve, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, apresentar, querendo, a sua defesa por escrito, oferecendo nessa altura todos os meios de prova admitidos em direito não sendo admitida apresentação de defesa ou de provas fora do prazo conforme o disposto no n.° 2 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010.---------------------------------------------------------------------------------------A matéria apurada constitui infracção ao artigo 2.° da Lei n.° 3/2010, punível nos termos do n.° 1 do artigo 10.° do mesmo diploma.-------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau.----------------
-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se o infractor JIANG ZONG, portador do Passaporte da RPC n.° G33751xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 66.2/DI-AI/2015, levantado pela DST a 09.06.2015, e por despacho da Directora dos Serviços de Turismo de 29.03.2017, exarado no Relatório n.° 215/DI/2017, de 06. 03.2017, em conformidade com o disposto no n.° 1 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010, lhe foi desencadeado procedimento sancionatório, por suspeita de angariar pessoas com vista ao seu alojamento ilegal na fracção autónoma situada na Avenida Dr. Sun Yat Sen (Taipa) n.° 123, Edf. Treasure Garden, 22.° andar G, Taipa.-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------No mesmo despacho foi determinado, que deve, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, apresentar, querendo, a sua defesa por escrito, oferecendo nessa altura todos os meios de prova admitidos em direito não sendo admitida apresentação de defesa ou de provas fora do prazo conforme o disposto no n.° 2 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010.---------------------------------------------------------------------------------------A matéria apurada constitui infracção ao artigo 2.° da Lei n.° 3/2010, punível nos termos do n.° 2 do artigo 10.° do mesmo diploma.-------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau.----------------
-----Direcção dos Serviços de Turismo, aos 23 de Maio de 2017.
-----Direcção dos Serviços de Turismo, aos 23 de Maio de 2017. A Directora dos Serviços, Subst.ª, Tse Heng Sai
MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 374/AI/2017 -----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se o infractor AO SAI HOI, portador do Bilhete de Identidade de Residente Permanente da RAEM n.° 74246xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 72/DI-AI/2015, levantado pela DST a 26. 06.2015, e por despacho da Directora dos Serviços de Turismo de 17.03.2017, exarado no Relatório n.° 197/DI/2017, de 02.03.2017, em conformidade com o disposto no n.° 1 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010, lhe foi desencadeado procedimento sancionatório por suspeita de controlar a fracção autónoma situada na Rua Nova do Comercio n.° 28, Edf. Iao Kai, 3.° andar A, Macau onde se prestava alojamento ilegal.-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------No mesmo despacho foi determinado, que deve, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, apresentar, querendo, a sua defesa por escrito, oferecendo nessa altura todos os meios de prova admitidos em direito não sendo admitida apresentação de defesa ou de provas fora do prazo conforme o disposto no n.° 2 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010. --------------------------------------------------------------------------------------A matéria apurada constitui infracção ao artigo 2.° da Lei n.° 3/2010, punível nos termos do n.° 1 do artigo 10.° do mesmo diploma.-------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau.--------------------Direcção dos Serviços de Turismo, aos 23 de Maio de 2017. A Directora dos Serviços, Subst.ª, Tse Heng Sai
MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 380/AI/2017 -----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se a infractora YANG LIANHUA, portadora do Passaporte da RPC n.° E22049xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 60/DI-AI/2015, levantado pela DST a 19.05.2015, e por despacho da Directora dos Serviços de Turismo de 19.04.2017, exarado no Relatório n.° 227/DI/2017, de 17.03.2017, em conformidade com o disposto no n.° 1 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010, lhe foi desencadeado procedimento sancionatório por suspeita de prestação de alojamento ilegal na fracção autónoma situada na Baía da Praia Grande n.° S/N, Torre Lago Panoramico, 17.° andar G, Macau.--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------No mesmo despacho foi determinado, que deve, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, apresentar, querendo, a sua defesa por escrito, oferecendo nessa altura todos os meios de prova admitidos em direito não sendo admitida apresentação de defesa ou de provas fora do prazo conforme o disposto no n.° 2 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010.---------------------------------------------------------------------------------------A matéria apurada constitui infracção ao artigo 2.° da Lei n.° 3/2010, punível nos termos do n.° 1 do artigo 10.° do mesmo diploma.-------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau.--------------------Direcção dos Serviços de Turismo, aos 23 de Maio de 2017. A Directora dos Serviços, Subst.ª, Tse Heng Sai
MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 381/AI/2017 -----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se a infractora HU JING, portadora do Passaporte da RPC n.° E26237xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 26.1/DI-AI/2016, levantado pela DST a 26.02.2016, e por despacho da signatária de 13.04.2017, exarado no Relatório n.° 295/DI/2017, de 06.04.2017, em conformidade com o disposto no n.° 1 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010, lhe foi desencadeado procedimento sancionatório por suspeita de prestação de alojamento ilegal na fracção autónoma situada na Rua de Roma n.os 239-241, Jardim Hang Kei, Bloco 2, 11.° andar G.------------------------------------------------No mesmo despacho foi determinado, que deve, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, apresentar, querendo, a sua defesa por escrito, oferecendo nessa altura todos os meios de prova admitidos em direito não sendo admitida apresentação de defesa ou de provas fora do prazo conforme o disposto no n.° 2 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010.---------------------------------------------------------------------------------------A matéria apurada constitui infracção ao artigo 2.° da Lei n.° 3/2010, punível nos termos do n.° 1 do artigo 10.° do mesmo diploma.-------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau.--------------------Direcção dos Serviços de Turismo, aos 23 de Maio de 2017. A Directora dos Serviços, Subst.ª, Tse Heng Sai
A Directora dos Serviços, Subst.ª, Tse Heng Sai
Edital n.º Processo n.º Assunto Local
EDITAL
:20/E-OI/2017 :1470/OI/2007/F :Início de audiência pela infracção às disposições do Regulamento Geral da Construção Urbana (RGCU) :Avenida de Sidónio Pais n.º 35, Edf. Chang Tak, parte do terraço sobrejacente à fracção 5.º andar A (CRP: A4), Taipa.
Cheong Ion Man, subdirector da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), no uso das competências delegadas pelo Despacho n.º 12/ SOTDIR/2015, publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) n.º 38, II Série, de 23 de Setembro de 2015, faz saber que ficam notificados o dono da obra e o proprietário do local acima indicado, cujas identidades se desconhecem, do seguinte: 1. Na sequência da fiscalização realizada pela DSSOPT, apurou-se que no local acima indicado realizou-se a obra não autorizada abaixo indicada, a qual infringiu o disposto no n.º 1 do artigo 3.º do Decreto-Lei n.º 79/85/M (RGCU) de 21 de Agosto, alterado pela Lei n.º 6/99/M de 17 de Dezembro e pelo Regulamento Administrativo n.º 24/2009 de 3 de Agosto, pelo que a mesma é considerada ilegal: Obra das telhas cerâmicas na camada para isolamento térmico da 1.1 Renovação parte do terraço sobrejacente à fracção. 2. Nestas circunstâncias e nos termos dos artigos 52.º, 53.º e 65.º do RGCU, ordena aos infractores que procedam à demolição das obras ilegais referidas no ponto 1 e à
reposição das partes afectadas de acordo com o projecto aprovado por esta Direcção de Serviços ou que submetam o respectivo projecto de legalização, e informa que incorrem em infracção sancionável com multa de $1 000,00 a $20 000,00 patacas.
3. Nos termos dos artigos 93.º e 94.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, os interessados podem apresentar a sua defesa por escrito e as demais provas para se pronunciarem sobre as questões que constituem objecto do procedimento, bem como requerer diligências complementares, no prazo de 10 (dez) dias contados a partir da data da publicação do presente edital. 4. Assim, os interessados podem demolir as obras ilegais acima indicadas por sua iniciativa, contudo, devem apresentar nesta DSSOPT o pedido da respectiva demolição, cujos trabalhos só podem ser realizados depois da sua aprovação. A conclusão dos referidos trabalhos deverá ser comunicada à DSSOPT para efeitos de vistoria. 5. O processo pode ser consultado durante as horas de expediente nas instalações da Divisão de Fiscalização do Departamento de Urbanização desta DSSOPT, situadas na Estrada de D. Maria II, n.º 33, 15.º andar, em Macau (telefones n.os 85977154 e 85977227). RAEM, 29 de Maio de 2017 Pelo Director dos Serviços O Subdirector Cheong Ion Man
9 hoje macau segunda-feira 5.6.2017
SOCIEDADE
TIAGO ALCÂNTARA
MIF INSCRIÇÕES ATÉ 16 DE JUNHO
Abriram ontem as inscrições para o Pavilhão das Pequenas e Médias Empresas de Macau na 22.ª Feira Internacional de Macau (MIF) que terminam no dia 16. O Pavilhão das Pequenas e Médias Empresas de Macau terá cerca de 100 expositores, de onde se destaca a promoção de “produtos fabricados em Macau”, “produtos de marca de Macau” e “produtos distribuídos por agentes sediados em Macau”. De acordo com o comunicado enviado à comunicação social, serão alvo de preferência nesta edição, os produtos dos países de língua oficial portuguesa.
ACIDENTE PEDIDO MAIS RESPEITO PELAS REGRAS
• Cheong Sok Leng subdirectora do Centro da Política da Sabedoria Colectiva “Há pessoas que optam por se manter no mesmo escalão profissional ou por trabalhar a tempo parcial só para satisfazer os requisitos do Governo”
Q
UANDO se trata de habitação, Macau deve seguir o exemplo do Continente. A ideia foi deixada por Cheong Sok Leng, subdirectora do Centro da Política da Sabedoria Colectiva que considera que a solução para a especulação imobiliária no território passa por limitar a aquisição de fracções. Em declarações ao Jornal Ou Mun, Cheong Sok Leng, lamenta a inércia do Governo no que respeita a medidas efectivas capazes de controlar a especulação do mercado imobiliário. “São medidas leves demais e não contribuíram em nada para ajudar os jovens locais ou os residentes da classe média”, disse a responsável. A questão da habitação é, considera Cheong Sok Leng, fulcral para o desenvolvimento de qualquer sociedade, sendo que as dificuldades em adquirir casa que se sentem no território têm impactos em
Habitação SUGERIDA LIMITAÇÃO DE COMPRA DE FRACÇÕES
Casas inacessíveis A China Continental já o fez. Para controlar a especulação imobiliária limitou a compra de fracções. Cheong Sok Leng, subdirectora do Centro da Política da Sabedoria Colectiva acha que Macau deve seguir o exemplo. Em causa está a dificuldade da classe média em ter uma habitação e a opção de muitos em congelar a carreira para poder concorrer às casas do Governo várias frentes. Como exemplo, a responsável alerta: a situação interfere directamente quando se fala de ascensão profissional dos residentes.
CARREIRA ESTAGNADA
De acordo com a subdirectora do Centro da Política
da Sabedoria Colectiva, há mesmo quem opte por não querer subir na carreira para conseguir ter acesso a uma casa. Desta forma, afirma, “as pessoas podem ter a possibilidade de se candidatar à habitação pública na medida em que apresentam menos
rendimentos. “Há pessoas que optam por se manter no mesmo escalão profissional ou por trabalhar a tempo parcial só para satisfazer os requisitos do Governo”, afirmou Cheong Sok Leng. A responsável considera ainda que a tomada
de medidas efectivas é urgente e o exemplo dado pelo Continente pode ser um caminho a seguir pelo Governo do território. Na China Continental, e face ao aumento excessivo do preço da habitação, a aquisição de imobiliário passou a ser limitada. Paralelamente, Cheong Sok Leng sugere que o Executivo avance com estratégias de desenvolvimento de habitação pública e privada. Para o efeito, o Governo deve proceder ao planeamento dos terrenos de modo a ter em conta as diferentes classes sociais e as suas possibilidades para que o mercado imobiliário possa, diz, “voltar à normalidade”.
Uma mulher de sessenta e quatro anos foi atropelada, no sábado, na Avenida Marginal do Lam Mau enquanto atravessava uma passadeira. A vítima sofreu ferimentos na cabeça e nos braços tendo recorrido a tratamento hospitalar. A Associação de Mútuo Auxílio dos Moradores do Patane alerta, com o acidente, para a obrigação de se respeitar as normas rodoviárias. Lok Nam Tak, director da associação , em declarações ao Jornal Ou Mun, salientou ainda a necessidade de aumentar a sinalização nas estradas e de melhoria das passagens para peões.
TRÂNSITO NOVAS NORMAS A 1 DE JULHO
O encurtamento da periodicidade da inspecção obrigatória dos veículos entra em vigor no próximo dia 1 de Julho. Com a medida, os automóveis ligeiros e motociclos ficam sujeitos à inspecção anual obrigatória após terem completado oito anos. Já os ciclomotores terão de respeitar a medida, a partir dos cinco anos. Com a obrigatoriedade da inspecção, os motociclos e ciclomotores destinados ao uso comercial passam também a ser sujeitos a esta acção. De acordo com a Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego, “a nova disposição visa controlar a emissão dos gases de escape, promover a manutenção periódica dos veículos e aumentar a segurança dos veículos em circulação.”
´ 10
BRUNO GASPAR
EVENTOS
“O cinema não é uma coisa morta por cá” RESPONSÁVEL PELO CINANTROP FILM FEST
Bruno Gaspar está a dar a volta ao mundo com a Lusofonia na bagagem. É o mentor do festival de cinema etnográfico Cinantrop que decorre em Portugal. Nesta edição, o evento dá destaque a Macau e à China. O território é, desde o ano passado, o seu “quartel-general” enquanto percorre a Ásia O Cinantrop Film Fest é um festival exclusivamente dedicado ao cinema etnográfico. Como é que nasceu? O Cinantrop Film Fest nasceu em 2013. É um projecto pessoal criado com a intenção de unir os povos. A ideia é preservar e divulgar o património material e imaterial. O projecto começou na Alta Estremadura, em Portugal. Apesar de ter nascido em Paris, foi ali que cresci. Por outro lado, a
ideia apareceu quando, ainda miúdo, assisti a umas projecções dedicadas ao realizador António Campos, um cineasta independente com contributos fundamentais quando se fala em cinema etnográfico. A partir daí, fiquei com um interesse muito grande pelo seu trabalho. É também em homenagem a António Campos que o prémio vencedor do Cinantrop tem o mesmo nome. O festival decorre em cinco museus da Alta Estremadura. O objectivo é que haja filmes em simultâneo em vários sítios durante uma semana e, desta forma, levar o cinema a quem muitas vezes não tem acesso a ele. Se calhar seria mais fácil fazer outro tipo e festival, de ficção ou de cinema de animação. São áreas com as quais as pessoas estão mais familiarizadas e de consumo mais fácil. Mas quero apostar nesta linha e é para continuar. Além das projecções nos museus da região centro de Portugal, o festival já tem também projecções em Lisboa e estou ainda a preparar um DVD com os filmes premiados nas várias edições. Não tem sido fácil porque muitas vezes tenho de ser eu a custear as despesas.
Ainda relativamente ao legado de António Campos e dada a sua importância no cinema etnográfico, faz parte dos planos do festival trazer sua obra a Macau. Estou a tentar fazer os contactos para isso. Não tem sido fácil trabalhar com entidades públicas. Uma outra dificuldade que tenho sentido, é a de atingir um dos grandes objectivos do Cinantrop: a digitalização das películas deste realizador que, de alguma forma, é o responsável pela existência do festival. Esta digitalização tem dois objectivos: manter a obra viva porque o original em película tende a degradar-se com o tempo, e poder levar o seu trabalho a vários sítios. Gostava de a trazer também a Macau. Espero que com isso possa despertar o interesse pela temáticas do festival, e pela identidade dos povos.
“Macau parece-me o ponto mais importante quando se fala de Lusofonia na Ásia.”
Porquê a opção por dedicar a presente edição do festival a Macau e ao Continente?
À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA CHORIRO • Ungulani Ba Ka Khosa
Decidi incluir Macau e China nesta edição porque estou a tentar criar uma rede lusófona, de cariz cultural e falada em português entre todos os continentes. Um vez que estou em Macau e a par da minha outra actividade, em que estou a dar a volta ao mundo e sou cronista de viagens, Macau parece-me o ponto mais importante quando se fala de Lusofonia na Ásia. Tem a relação histórica que tem com Portugal e é para mim uma pedra angular de divulgação e de descoberta do mundo lusófono. Macau é também o meu quartel general que me permite chegar a outros países na Ásia. Como agora estou neste projecto de uma longa viagem de volta ao mundo, trago comigo uma mala em que tenho poesia de escritores de língua portuguesa que quero ver traduzidas para chinês mas tenho também os filmes que passam no Cinantrop. A viagem está a ser uma oportunidade de os divulgar. Já
Ungulani, munido de um saber histórico e etnográfico notável, parte para um relato emotivo e orgulhoso, elegia de um tempo feliz e formador da identidade moçambicana moderna. Os seus personagens, o rei Nhabezi, aliás Luís António Gregódio, os seus conselheiros, os seus guerreiros, as suas mulheres são personagens complexos e sensíveis que nos apaixonam, com o seu saber ancestral, no momento em que se entrechocam as fortes culturas nativas com o colonialismo mercantil que já desponta. Lá ao fundo, vemos passar Livingstone.
mostrei os filmes em aldeias que nunca viram Portugal, o Brasil ou S. Tomé e Príncipe. Já consegui ter apresentações no Japão, na Malásia e nas Filipinas. Estive recentemente na China, na Universidade Internacional de Xangai e espero continuar a conseguir passar pela universidades chinesas onde se aprende a língua portuguesa para criar uma troca de conhecimento linguístico e não só. Como é que conheceu o cinema feito por cá? Comecei a pesquisar. Fui batendo a várias portas e estando atento aos festivais que vão decorrendo no território. Depois acabei por me ir cruzando com realizadores
de cá, sobretudo portugueses. O cinema feito em Macau surpreendeu-me. Porquê? Há capital humano com qualidade para poder desenvolver o cinema e Macau só tem mesmo é de continuar o caminho que está a seguir. O cinema não é uma coisa morta por cá e é bom que seja tratado como uma bandeira de atracção e de desenvolvimento do território. Como é que seleccionou os filmes que vão ser apresentados? Quais os critérios? A selecção, por uma questão de barreira linguística, deu prioridade ao trabalho já feito sob orientação portuguesa.
RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • MAIL@LIVRARIAPORTUGUESA.NET
O LIVRO DAS REFEIÇÕES EM FAMÍLIA, JAMIE OLIVER’S FOOD TUBE • Kerryann Dunlop
Estes são os primeiros títulos de uma coleção de livros de cozinha que aliam a beleza ao espírito prático inspirados nos incríveis cozinheiros, chefs e artesãos que colaboram no canal de Jamie Oliver «Food Tube», no You Tube. Aí podemos encontrar vídeos exclusivos todas as semanas, com dicas, truques e métodos que vão transformar a maneira como cozinhamos.
11 hoje macau segunda-feira 5.6.2017
EVENTOS
HOJE NA CHÁVENA Paula Bicho
Naturopata e Fitoterapeuta • obichodabotica@gmail.com
Pilosela Nome botânico: Pilosella officinarum Vaill. Sinonímia científica: Hieracium pilosella L. Família: Asteraceae (Compositae). Nomes populares: ORELHA-DE-LEBRE; PILOSELA-DAS-BOTICAS; PILOSELA-DAS-FARMÁCIAS.
Para isso recorri não só à Casa de Portugal mas a realizadores que falam português e que já têm trabalho feito. Não nos podemos esquecer que estamos muito longe de Portugal. Existem diferenças culturais que, considero, são também a vertente mais bonita e mais rica do que é apresentado. Nesta primeira fase de aproximação também decidi que a selecção de filmes deveria ser consequência de um olhar de alguém que não é nem Chinês nem de Macau, de alguém que olha para as tradições de cá como algo novo e que quer mostrar esse tipo de olhar. É esta novidade que é mostrada depois em Portugal. Como é que acha que estes filmes vão ser recebidos? Penso que vão ser muito bem recebidos. Tenho consciência que o Cinantropo é um projecto que está a ganhar público. É um projecto contínuo e transversal. Não envolve apenas as projecções de cinema. Tenho tentado envolver escolas e a chegar a um público mais novo. Tento também ter vários realizadores, motivar aqueles que normalmente
estão mais virados para a ficção para tentarem abordar o documentário. Peço-lhes para pegarem nas câmaras e irem buscar histórias e costumes da realidade, especificamente de uma realidade mais etnográfica e antropológica. Este desafio tem começado a dar frutos e há cada vez mais público sensibilizado para esta temática. Mas o mais importante é o que o Cinantrop passe a representar um legado cultural para futuras gerações. Também aqui, Macau ocupa um lugar fulcral e, no que respeita à Lusofonia, reúne todas as condições e características para ser um centro nevrálgico neste projecto. O território
“Decidi que a selecção de filmes deveria ser consequência de um olhar de alguém que não é nem Chinês nem de Macau.”
pode ser visto como uma espécie de capital do cinema etnográfico da Ásia. A programação do festival integra também uma série de trabalhos de João Pimenta que está em Pequim. Porquê esta escolha? O trabalho do João Pimenta foi uma descoberta fruto da pesquisa que fui fazendo. Aqui já se funde o trabalho do jornalista com o trabalho do filme na sua dimensão documental tendo em conta interesses e conteúdos etnográficos. É uma parte da programação que está mais virada para o Continente e que considero fundamental no sentido de desmistificar uma série de preconceitos relativos a este país. Quero também ajudar a fazer compreender esta China actual. Há ainda algum preconceito por parte do ocidente em relação à China e muita gente ainda pensa que se trata de um país subdesenvolvido. Sofia Margarida Mota
sofiamota.hojemacau@gmail.com
Pequena erva acaule, a Pilosela apresenta folhas oblongas, pubescentes, verde-pálido na página superior e acinzentadas na inferior, formando uma roseta basal em cujo centro cresce um pedúnculo floral viloso e sem folhas; as flores são amarelas, liguladas, reunidas em capítulos solitários, e os frutos são aquénios coroados de sedosos papilhos cinzentos-esbranquiçados. A planta pode alcançar 20 ou 30 cm de altura, formando, frequentemente, tapetes aveludados em pastagens secas e solos arenosos ou pedregosos de zonas montanhosas. É nativa da Europa, excepto região mediterrânica, e regiões temperadas da Ásia, tendo-se naturalizado na costa atlântica da América do Norte. Usada como planta medicinal desde a Idade Média – não é referida nos textos antigos –, a Pilosela é mencionada no século XII num documento de Santa Hildegarda, abadessa beneditina alemã. Mais tarde, o naturalista K’Eogh sintetiza, no seu Herbário Irlandês (1735), as suas virtudes medicinais: «benéfica para a expectoração com sangue, todos os tipos de fluxo, tosses, úlceras pulmonares, da boca e dos olhos e zona». Em fitoterapia são usadas as partes aéreas ou a planta inteira, de preferência fresca, já que seca perde as suas propriedades. Composição Diferentes grupos de compostos polifenólicos: ácidos fenólicos (cafeico, clorogénico), cumarinas (umbeliferona em forma heterosídica, presente sobretudo nas folhas), flavonóides (isoetina, heterósidos da apigenina e da luteolina) e elevado teor em taninos; contém ainda ésteres de álcoois triterpénicos com ácidos gordos, e manganésio, mucilagens, resina e óleo essencial. A raiz é rica em inulina. Sabor amargo. Acção terapêutica Com propriedades diuréticas e depurativas, a Pilosela aumenta o volume de urina e a eliminação de cloretos, ácido úrico e ureia, e desinflama os rins. É recomendada na albuminúria, níveis elevados no sangue de ureia, ácido úrico e outros compostos azotados não proteicos (hiperazotemia), nefrose, insuficiência renal e ascite; está igualmente indicada
nos estados em que se requeira um aumento da diurese, como nas afecções genitourinárias (cistite, ureterite, uretrite, pielonefrite, diminuição da produção de urina, cálculos no tracto urinário), edemas, gota, hipertensão, excesso de peso acompanhado de retenção de líquidos e afecções da próstata. Antiespasmódica, esta erva relaxa os músculos dos brônquios, estimula o reflexo da tosse e diminui a produção de expectoração, sendo usada na tosse, inclusive na crónica com expectoração acumulada, tosse convulsa, gripe, bronquite e asma. Com acção adstringente e anti-hemorrágica, pode aliviar a tosse acompanhada de sangue (hemoptise), sendo também útil na diarreia e disenteria detendo as defecações sanguinolentas, e nas menstruações excessivas que auxilia a normalizar. Reduz os níveis de colesterol sanguíneo, estando ainda indicado na arteriosclerose. Outras propriedades Com actividade bactericida, a Pilosela actua selectivamente contra a Brucella abortus e Brucella melitensis, bactérias causadoras da brucelose ou febre de Malta no gado e em humanos, respectivamente. Tradicionalmente usada no tratamento desta patologia, reduz a febre e a sudação características, além de combater o agente causador; deve ser tomada a planta fresca durante vários meses. Em veterinária também se usou a umbeliferona, o princípio activo antibiótico. Curiosamente, o gado alimentado nas pastagens onde abunda esta planta não padece de brucelose. Como tomar Uso interno: • Infusão da planta fresca: 1 colher de chá por chávena de água fervente. Tomar 3 a 5 chávenas por dia. Nas afecções respiratórias pode adoçar-se com mel. • Pode ainda ser tomada, em ampolas, xarope, solução oral, tintura, cápsulas e comprimidos, em simples ou fórmulas, como diurético e depurativo, no emagrecimento, celulite e má circulação. Precauções Não se encontram descritas contra-indicações, nem efeitos adversos ou toxicidade para as doses terapêuticas. No entanto, devido à actividade diurética, a sua administração em caso de hipertensão, cardiopatias ou insuficiência renal moderada ou grave deve ser sob acompanhamento de um profissional. Não se encontram descritas interacções com medicamentos. Em caso de dúvida, consulte o seu profissional de saúde.
12 hoje macau segunda-feira 5.6.2017
ECONOMIA BANCO DA CHINA ABRE SUCURSAL EM ANGOLA
O Banco Comercial da China (BOC na sigla inglesa) inicia terça-feira as suas operações em Angola, depois de ser inaugurado, esta segunda-feira, para actuar como um banco de investimento, antes de aderir ao mercado de retalho, em 2018, informa o Jornal de Angola. O BOC anunciou que a sua operação angolana recebe a denominação de Banco da China Limitada - Sucursal de Luanda. O documento revela previsões das operações do segundo semestre, consagradas à captação de clientes corporativos em Julho e Julho. Em Agosto e Setembro, inicia transacções em moeda nacional (débito e crédito, viabilização e análise de carteira crédito em kwanzas) e nos três últimos meses do ano começa operações sobre o estrangeiro em euros e dólares. O BOC afirma que se vai reger “estritamente de acordo com as normas angolanas” e que as transacções, controlo cambial, crédito, operações e contabilidade seguem as regras angolanas e o mais alto padrão internacional.
DAVID CHEN
CHINA
DETENÇÕES ARBITRÁRIAS CRITICADAS EM TAIWAN
N
UMEROSAS organizações de defesa dos direitos humanos de Taiwan e destacados dissidentes chineses denunciaram sábado as detenções arbitrárias na China, quando se cumpre o 28.º aniversário do massacre de Tiananmen. Numa vigília em memória das vítimas do massacre foi assinalada a detenção recente de um activista de Taiwan na China, Lee Ming-che, acusado pelas autoridades de subversão. Falando aos jornalistas, Wuer Kaixi, um dos mais conhecidos líderes estudantis dos protestos de Tiananmen pediu ao Governo de Taiwan para que não seja “tão ingénuo” nos seus contactos com Pequim e que acorde para ver a verdadeira natureza do regime comunista. O caso de Lee Ming-che, detido logo após ter entrado na China vindo de
Macau e que “apenas é culpado de defender os direitos humanos em Taiwan e de informar os chineses sobre a experiência democrática de Taiwan”, deveria servir para “abrir os olhos” à ilha e ao mundo, disse Wuer. Amaioria dos grupos destaca o agravamento da situação dos direitos humanos na China, ao ponto de prejudicar os direitos dos cidadãos de Taiwan que viajam ou vivem naquele país, disse o secretário-geral daAssociação para os Direitos Humanos de Taiwan, Chiu E-Ling. “Exigimos a libertação imediata de Lee”, adiantou Chiu. Em comunicado, os organizadores da vigília indicam que o Governo chinês “intensificou a vigilância e opressão dos seus cidadãos, para reprimir o desenvolvimento da sociedade civil chinesa e manter o seu regime autocrático”.
Wuer Kaixi
Tiananmen CENSURA E EDUCAÇÃO CAUSAM “AMNÉSIA” SOBRE MASSACRE
Como apagar a memória
O
chinês Jiahao nasceu em 1989, o ano em que a sangrenta repressão do movimento de Tiananmen abalou a China, mas foi só quase três décadas depois, quando estudava nos EUA, que descobriu o que se passou. “Só então entendi porque punham as pessoas uma expressão que era um misto de curiosidade e cautela, quando me perguntavam o que eu achava do 4 de Junho”, lembra Jiahao à agência Lusa. Iniciado por estudantes da Universidade de Pequim, o movimento pró-democracia da Praça Tiananmen foi esmagado pelo exército na noite de 3 para 4 de Junho de 1989, quando os tanques do exército foram enviados para pôr fim a sete semanas de protestos. O número exacto de pessoas mortas continua a ser segredo de Estado, mas as “Mães de Tiananmen”, associação não-governamental constituída por mulheres que perderam os filhos naquela altura, já identificaram mais de 200. Natural de Pequim e fluente em inglês, Jiahao teve que pesquisar no Google - motor de busca bloqueado na China-, para saber do que se tratava, ilustrando o sucesso do Governo
chinês em censurar qualquer informação relativa ao episódio. “A China tem sido notavelmente bem-sucedida em eliminar a memória” da repressão de há 28 anos, diz Louisa Lim, investigadora que escreveu um livro sobre o movimento. A autora do “The People’s Republic of Amnesia: Tiananmen Revisited”, publicado em 2014, diz mesmo ter ficado “chocada com o nível de ignorância sobre as mortes dos estudantes chineses em 1989”. Desde que o Presidente chinês, Xi Jinping, ascendeu ao poder, em 2013, passaram a existir “movimentações no sentido de prevenir actos de homenagem privados”, como a “detenção de pessoas que se reúnem à porta fechada”, em memória das vítimas, conta a académica ligada à Universidade de Michigan. Nem o ‘boom’ do número de cibernautas no país - são já
cerca de 730 milhões - parece abalar a censura, que tem conseguido controlar a informação difundida na rede. Por outro lado, a educação patriótica promovida após o massacre desviou também a atenção das novas gerações chinesas para as preocupações económicas, em detrimento das políticas. Muitos jovens chineses têm hoje outras prioridades, “mais tangíveis”, como “encontrar emprego ou comprar uma casa”, conta Lim.
OUTROS VALORES
Desde 1989, a economia chinesa cresceu, em média, quase 10% ao ano, o triplo da média global. A China é hoje a segunda maior economia do mundo e principal potência comercial do planeta, tendo-se convertido numa potência capaz de disputar a liderança global com os EUA. Chen Xi, 28 anos e gestor de compras num hospital de
“Se apelares aos estudantes de hoje para se unirem em torno de uma causa, duvido que tenham o mesmo voluntarismo. As pessoas tornaram-se apáticas.” CHENG YUNHUI JOVEM NATURAL DE PEQUIM
Pequim, diz que Tiananmen “pertence à geração dos seus pais.” “A política não me interessa muito”, aponta. “Aquilo que sei é através de conversas entre os meus pais, que de vez em quando comentam o que se passou”. As autoridades defendem que a acção do Governo, em 1989, foi necessária para abrir caminho ao crescimento económico, e que se o exército não interviesse, “a China mergulharia no caos”, como aconteceu em outros países socialistas. Louisa diz que se trata de “uma justificação retrospectiva da repressão”, que se tornou numa “corrente dominante na China”, até porque “as pessoas podem ver que as suas vidas são melhores do que a que os seus pais e avôs tiveram”. O uso da força, contudo, foi “claramente uma movimentação política, com o intuito de enviar a mensagem de que movimentos coordenados não seriam tolerados”, defende. E a julgar pelas declarações de Cheng Yunhui, jovem natural de Pequim, o massacre parece ter surtido o efeito desejado. “Se apelares aos estudantes de hoje para se unirem em torno de uma causa, duvido que tenham o mesmo voluntarismo”, diz. “As pessoas tornaram-se apáticas”. João Pimenta (Lusa)
13 hoje macau segunda-feira 5.6.2017
O
secretário da Defesa norte-americano, Jim Mattis, alertou sábado para o acelerado desenvolvimento do programa de armamento da Coreia do Norte, que representa “uma ameaça para todos” e que é encarado pelos Estados Unidos como “um claro perigo”. Em declarações numa conferência sobre segurança internacional em Singapura, Mattis disse que a administração Trump se sente encorajada pelo compromisso renovado da China em trabalhar com os Estados Unidos para impedir o desenvolvimento de armas nucleares pela Coreia do Norte.
O perigo que vem do Norte
Programa nuclear de Pyongyang é “uma ameaça para todos”, diz Jim Mattis
PUB
EDITAL Edital n.º Processos n.os Assunto Local
:56/E-BC/2017 :1139/BC/2011/F e 637/BC/2011/F :Início de audiência pela infracção às disposições do Regulamento de Segurança Contra Incêndios (RSCI) :Avenida de Sidónio Pais n.º 35, Edf. Chang Tak, partes do terraço sobrejacentes às fracções 5.º andar A (CRP: A4), 5.º andar B (CRP: B4) e 5.º andar C (CRP: C4), Macau Avenida de Sidónio Pais n.º 35, Edf. Chang Tak, escadas comuns, Macau
Cheong Ion Man, subdirector da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), no uso das competências delegadas pelo Despacho n.º 12/SOTDIR/2015, publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) n.º 38, II Série, de 23 de Setembro de 2015, faz saber que ficam notificados os donos das obras e os proprietários dos locais acima indicados, cujas identidades se desconhecem, do seguinte: 1.
“Em termos de segurança nacional, os Estados Unidos consideram que a ameaça da Coreia do Norte é um perigo claro e presente”
Processo n.º 1139/BC/2011/F. Local: Avenida de Sidónio Pais n.º 35, Edf. Chang Tak, partes do terraço sobrejacentes às fracções 5.º andar A (CRP: A4), 5.º andar B (CRP: B4) e 5.º andar C (CRP: C4), Macau Na sequência da fiscalização realizada pela DSSOPT, apurou-se que nos locais acima indicados realizaram-se as seguintes obras não autorizadas: Infracção ao RSCI e motivo da demolição
Obra 1.1 1.2 1.3 1.4
JIM MATTIS SECRETÁRIO DA DEFESA NORTE-AMERICANO 2.
A China bloqueou as novas e mais severas sanções contra Pyongyang que os Estados Unido propuseram ao Conselho de Segurança da ONU. Ainda assim, o Conselho de segurança votou unanimemente para adicionar 15 indivíduos e quatro entidades ligadas ao programa nuclear e de mísseis norte-coreano à ‘lista negra’ de sanções da ONU. “O contínuo desenvolvimento, pela Coreia do Norte, de armas nucleares e meios para as lançar não é novo, mas o regime acelerou o ritmo e alargou âmbito dos seus esforços”, disse, aludindo aos vários testes de dispositivos nucleares e mísseis que o regime de Kimg Jong-un tem levado a cabo. “Apesar de o regime da Coreia do Norte ter um longo historial de homicídio de di-
Construção de um compartimento com guardas metálicas, cobertura metálica, paredes em alvenaria de tijolo e janelas de vidro na parte do terraço sobrejacente à fracção 5.º andar A (CRP: A4). Construção de um compartimento com cobertura metálica, guardas metálicas, paredes em alvenaria de tijolo e janelas de vidro na parte do terraço sobrejacente à fracção 5.º andar B (CRP: B4). Construção de um compartimento com guardas metálicas, cobertura metálica, paredes em alvenaria de tijolo e janelas de vidro na parte do terraço sobrejacente à fracção 5.º andar C (CRP: C4). Construção de um compartimento com cobertura metálica e chapas metálicas na parte do terraço sobrejacente à fracção 5.º andar C (CRP: C4).
2.1 2.2
3.
com críticas ao que chamou de desrespeito de Pequim pela lei internacional devido à sua “indiscutível militarização” de ilhas artificiais em zonas disputadas no Mar do Sul da China. “Não podemos e não vamos aceitar mudanças unilaterais e coercivas ao ‘status quo’” no Mar do Sul da China, disse.
JAPÃO CIDADE EVACUADA EM EXERCÍCIO DE PREVENÇÃO DE ATAQUE
Uma cidade no oeste do Japão conduziu um exercício de evacuação numa altura de crescentes receios de que um míssil balístico da Coreia do Norte possa atingir solo japonês. Mais de 280 residentes e crianças de Abu, uma pequena localidade com cerca de 3.400 pessoas na costa noroeste do Japão refugiaram-se ontem em edifícios escolares depois de soarem sirenes de altifalantes que os alertaram para a possível aproximação de um míssil e queda de destroços. O exercício seguiu-se a três testes consecutivos de testes de mísseis. Na semana passada, um míssil caiu no mar dentro da zona económica japonesa.
Obs.1 Obs.1 Obs.1 Obs.1
Obs.1: Infracção ao n.º 4 do artigo 10.º, obstrução do caminho de evacuação. Processo n.º 637/BC/2011/F. Local: Avenida de Sidónio Pais n.º 35, Edf. Chang Tak, escadas comuns, Macau Na sequência da fiscalização realizada pela DSSOPT, apurou-se que no local acima indicado realizaramse as seguintes obras não autorizadas: Obra
plomatas, sequestros, morte de marinheiros, e actividade criminosa, o seu programa de armas nucleares é uma ameaça para todos. Em termos de segurança nacional, os Estados Unidos consideram que a ameaça da Coreia do Norte é um perigo claro e presente”, afirmou Mattis. No seu discurso, Mattis equilibrou os elogios à China
REGIÃO
Construção de um compartimento com portão metálico e gradeamento metálico nas escadas comuns entre o r/c e o 2.º andar do edifício. Construção de um compartimento com portão metálico e gradeamento metálico nas escadas comuns entre os 4.º e 5.º andares do edifício.
Infracção ao RSCI e motivo da demolição Obs.1 Obs.1
Obs.1: Infracção ao n.º 4 do artigo 10.º, obstrução do caminho de evacuação. Sendo as escadas, corredores comuns e terraço do edifício considerados caminhos de evacuação, devem os mesmos conservar-se permanentemente desobstruídos e desimpedidos, de acordo com o disposto no n.º 4 do artigo 10.º do RSCI, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 24/95/M, de 9 de Junho. As alterações introduzidas pelos infractores nos referidos espaços, descritas nos pontos 1 e 2 do presente edital, contrariam a função desses espaços enquanto caminhos de evacuação e comprometem a segurança de pessoas e bens em caso de incêndio. Assim, as obras executadas não são susceptíveis de legalização pelo que a DSSOPT terá necessariamente de determinar a sua demolição a fim de ser reintegrada a legalidade urbanística violada.
4.
Nos termos do n.º 3 do artigo 87.º do RSCI, a infracção ao disposto no n.º 4 do artigo 10.º é sancionável com multa de $4 000,00 a $40 000,00 patacas. Além disso, de acordo com o n.º 4 do mesmo artigo, em caso de pejamento dos caminhos de evacuação, será solidariamente responsável a entidade que presta os serviços de administração e/ou de segurança do edifício.
5.
Considerando a matéria referida nos pontos 3 e 4 do presente edital, podem os interessados, querendo, pronunciar-se por escrito sobre a mesma e demais questões objecto do procedimento, no prazo de 5 (cinco) dias contados a partir da data da publicação do presente edital, podendo requerer diligências complementares e oferecer os respectivos meios de prova, em conformidade com o disposto no n.º 1 do artigo 95.º do RSCI.
6.
O processo pode ser consultado durante as horas de expediente nas instalações da Divisão de Fiscalização do Departamento de Urbanização desta DSSOPT, situadas na Estrada de D. Maria II, n.º 33, 15.º andar, em Macau (telefones n.os 85977154 e 85977227).
RAEM, 29 de Maio de 2017
Pelo Director dos Serviços O Subdirector Cheong Ion Man
h ARTES, LETRAS E IDEIAS
14
Arquivo das Confissões. Bernardo Vasques e a Inveja
Recensão e Estudo breve
N
ÃO é propriamente uma novidade ver o romance contemporâneo português envolvido de novo com a História em torno de alguns dos seus mais conhecidos agentes e motivos, assim celebrando a ‘controlada’ ficção de que falava Agustina na conhecida e oportuna definição de História. O retorno a Camões (à figura histórica, no caso que nos interessa) parece merecer particular destaque, já que surge inesperadamente em dois romances publicados entre o final de 2016 e o princípio de 2017. Na verdade, é o autor de Os Lusíadas, acompanhado dos mistérios que a sua lenda continuamente projecta, ainda mais adensada pelos raros esclarecimentos documentais, que vem ao encontro do obscuro mundo do início do século XXI sem aparentemente estranhar o deslocado terreno ou sentir qualquer constrangimento. É o caso de Arquivo das Confissões. Bernardo Vasques e a Inveja, de Carlos Morais José (lançado em Lisboa em Outubro de 2016), publicado em Macau no mesmo ano, e de Os Naufrágios de Camões, de Mário Cláudio (lançado em Fevereiro de 2017). Ocupamo-nos aqui do primeiro caso por ser o autor pessoa pública em Macau – o jornalista Carlos Morais José igualmente reconhecido como autor de extensa obra própria, sobretudo lírica, com firmado nome literário não só em Macau, onde normalmente exerce a sua multifacetada actividade e vive há mais de 26 anos. Merece ressalva o facto de justamente esta sua última obra ser um romance sobre a história de Macau e ter sido motivo de um convite para o festival “Correntes d’ Escrita” (edição de 2017), que deixou o autor surpreendido (como o próprio confessa), embora nos pareça mais do que justo e natural. Na verdade, Macau e a sua população, as suas letras em várias línguas e os seus autores multifacetados (infelizmente bastante ignorados) não parecem chamar habitualmente a atenção de Lisboa. Ao falar da sua obra, Morais José remete precisamente para o que chama com oportunidade
uma “escrita de exílio”, sublinhando o centralismo da literatura portuguesa tantas vezes alheada da diáspora que por todos os cantos do mundo continua a imprimir-se em saudável variedade de tons e nuances linguísticas, embora se considere satisfeito com o chamamento à Póvoa de Varzim: “Mais por Macau do que por mim”, afirma. E acrescenta a seguir: “Esta cidade é, em si mesma e na sua mitologia literária, praticamente inesgotável e há ainda muito por descobrir e explorar.” (Hoje Macau, 15/12/2016) A ideia de ter existido em Macau - a Cidade do Nome de Deus, um arquivo de confissões, compilado e guardado pelos jesuítas para efeitos de estudo e reflexão dos membros da ordem sobre a sua especial comunidade de pecadores, no auge do período de evangelização do Oriente, parece ao mesmo tempo apelativamente herética e incautamente remota. Logo, perfeita como argumento de ficção e motivo de envolvimento com a História. Assim, na “Advertência ao leitor” esclarece-se a propósito: “A história que se segue não pretende rigor histórico ou justeza, na descrição de factos, hábitos ou comportamentos de antanho. As datas referidas e os intervenientes querem-se, obviamente, tão ficcionais quanto a realidade”. Sendo, pois, o ponto de partida do romance um assumido desafio a todo o propósito ‘sensatamente’ realista, a sua organização retoma as melhores tradições do género da narrativa enquadrada - gavetas de histórias que se abrem e esvaziam a partir de outras, articuladas em móveis geometrias de eventos misteriosos, de segredos e tesouros perdidos, dando origem à variedade das vozes e ‘fantasmas’ que lenta e intencionalmente desenrolam um imbricado novelo que só uma arquitectura onírica sustenta: um padre inglês protestante recebe por mero acaso um secreto legado, perdido e de origem desconhecida, cedendo a voz, na recepção do inesperado tesouro, a um padre católico irlandês em trânsito entre mundos
que, por sua vez, lê (ou cita) um jesuíta português, que ouve e regista em confissão um estranho, patético bandido e navegante português de neo-pícaro recorte, o qual durante uma viagem teve e gulosamente aproveitou a oportunidade de se apropriar pelo roubo de nem mais nem menos do que uma obra desconhecida e auto-biográfica de Luís de Camões. As Mil e uma Noites e os Canterbury Tales, para deixar dois exemplos conhecidos e replicados em imensas variantes, são na sua estrutura longínquos modelos do género da narrativa que desafia o tempo (a morte) – uma luta travestida na busca de segredo intangível, que ainda recentemente orientou também obras tão notáveis como O Nome da Rosa, de Umberto Eco. Note-se ainda que o tema igualmente dominante do roubo de autoria, ligado à inveja, norteou há poucos decénios uma obra tão famosa como Amadeus de Peter Shaffer (1979), na origem do filme de Milos Forman (1984) com o mesmo título. E que a mesma ideia, embora disfarçada de roubo de identidade (não será a mesma coisa, tratando-se de Camões?) surja igualmente na já referida obra de Mário Cláudio só revela que uma coincidência pode ser auspiciosa. Signo também de pós-modernismo e dos diálogos e cruzamentos acrónicos que o mesmo promove, a mais ou menos velada exibição do parentesco literário da obra não é um propósito em Carlos Morais José, cujo romance sobre a inveja (pela via pérfida de Bernardo Vasques) vai muito além da recepção parodística dos clássicos e da propagação criativa da lenda romântico /nacionalista de Camões. Dois registos são fundamentais nesta obra: primeiro, o da literatura de viagem que colhe na tradição vastíssima do género (pícaro, aventura, viagem iniciática); segundo, o da reflexão filosófica que invade a perspectiva através da voz do narrador principal. O romance sobre a história de Bernardo Vasques é por isso em primeiro lugar um romance de viagens, tradição
bem vincada na literatura portuguesa por textos maiores como Peregrinação e História Trágico-Marítima, com a qual a obra de Morais José intermitentemente dialoga. A viagem é o espaço da narrativa dentro e fora do relato do herói. Todas as personagens estão em viagem (viagem por mar, deambulação por impérios) o que explica o afastamento ou ausência de figuras femininas. Além disso, só a viagem que decorre no presente, a do padre inglês, está escorada por eventos com substância narrativa; as outras, a do padre irlandês e a de Bernardo Vasques são relatos escritos/ lidos e pertencem ao tempo passado da história, embora a viagem também seja nelas um elemento agregador, tendo ainda em comum o facto de os narradores/ contadores desaparecerem logo depois do relato, acentuando o ambiente rarefeito e a atmosfera onírica da história enquadrada Para além da viagem e das múltiplas portas por ela abertas à tradição do género, o romance é igualmente uma reflexão filosófica, sempre que a voz principal da narrativa, a do padre inglês que encontra nas docas de Singapura o padre irlandês que abandonou a vida sóbria, conduz o relato; sobre ele avisa o estalajadeiro: “o vinho, por vezes, cai-lhe mal; a aguardente, pior; não ligueis ao que ele vos disse”...159 - o que acontece no início e no fim - já que a história central é a confissão de fim de vida de Bernardo Vasques, com os seus muitos episódios entre o pícaro e o deslumbrado delírio. Essa voz, que se adensa no entendimento do humano e da sua pequenez, origem da Inveja, raiz do pecado e do mal em sentido bíblico, e que no grafismo do texto é assinalada pelo cursivo, constitui a interpelação ao leitor que se aproxima do livro para ler além da paródia e da referência, a caminho de um simbolismo iluminador. A única viagem verdadeira no tempo presente da história é afinal a que se faz entre Singapura e Macau, entre o império inglês e o império português, em vésperas do incêndio do Colégio de S. Paulo, a primeira universidade
15 hoje macau segunda-feira 5.6.2017 PARMAGIANINO, HOMEM COM LIVRO
Fernanda Gil Costa
católica da Ásia. Essa viagem está por isso cheia de sentido iniciático já que o protestante encontra em Macau os jesuítas acossados pelos ventos de fim de ciclo que o iminente desaparecimento do colégio sublinha de forma inevitável. Ficará apenas a ruína assombrada de um destino por cumprir e que a neurótica aventura de BV só vem acentuar e questionar. O seu relato é afinal a voz do poeta maldito que transporta em si, já que Bernardo – o ventríloquo, sintomaticamente desaparece antes da bênção e do perdão final, coada no poema decorado (por amor, não por inveja – uma vez que a inveja é esse sentimento dúplice próximo por vezes da ‘ironia romântica’ (a tal que define a definitiva imperfeição e corresponde ao desejo de absoluto) sobre a qual afirma o impotente (embora convencido) narrador: “talvez só Deus saiba como julgar a inveja”..., 157). “O Mal infecta-me como os versos do poeta infectavam Bernardo Vasques” (164) - é nesta frase que se pode encontrar, em nosso entender, a palavra passe da obra, a sua trave mestra. O mal é a outra face do bem, produto da negação (a inveja benigna é afinal negação produtiva da insatisfação em tudo, da aceitação da miséria moral e da insuficiência do esforço), sonho obscuro e polémico que encontramos na arte desde que Goethe criou um inesquecível Mefistófeles mundano, que com Deus, através de singular aposta (e por intermédio do homem – Fausto), no humano plasmou o desejo de mais-querer, a porfia e o esforço de conhecimento e acção (streben, diz-se em alemão), que é afinal a medida transcendente em que a verdadeira, exigente dimensão humana modernamente se reconhece, pelo menos desde o Renascimento. Arquivo das Confissões. Bernardo Vasques ou a Inveja é um livro feliz, que se lê em duas noites pelo tom jocoso e pela frescura do assunto e que além disso traz aquele sabor a vinho antigo que torna a leitura deliciosa e faz regressar em busca dos ecos e das alusões, um frutuoso exercício de pós-modernismo literário.
16
h
hoje macau segunda-feira 5.6.2017
Paulo Maia e Carmo tradução e ilustração
ZHANG YANYUAN «Lidai Ming Hua Ji»
Relação das Pinturas Notáveis Através da História Em Jiangnan1 (Jiangsu e Anhui2) o solo é húmido sem poeira e as pessoas com talentos artísticos são inumeráveis. Os registos dos três Wu (districtos em Jiangsu) estão repletos de nomes de homens famosos. Wang Xizhi e Gu Kaizhi foram os maiores mestres de caligrafia e pintura desde os tempos mais recuados. No Huainanzi3 está escrito: «Os povos de Song são hábeis em pintura, os povos de Wu em misturar as cores.» Não será esta uma verdade? Os amadores de pintura devem preparar centenas de rolos de papel xuan esfregando cera neles para poderem ser utilizados na produção de cópias.
1 - Os dois caracteres «jiang» e «nan» traduzidos à letra significam, respectivamente «rio» e «sul», designando um fértil e próspero território histórico, situado a sul do grande rio Changjiang, também designado no Ocidente por Yangtzé ou rio Azul. 2 - Jiangsu e Anhui são as duas Províncias situadas mais a oriente, junto à costa, onde desemboca o rio Changjiang. A ligação da Província de Anhui, nome composto a partir dos dois primeiros caracteres do nome de duas cidades, Anqing e Huizhou, também conhecida por Wan a partir do Estado histórico do mesmo nome que existiu nesse local bem como da montanha e do rio que conservam essa designação, à pintura é significativa. Aqui estão algumas cidades que dão o nome a alguns dos materiais mais valorizados na pintura: o papel xuan de Xuanzhou (actual Xuancheng) e a tinta Hui, considerada das melhores para a
pintura e a caligrafia, de Huizhou (actual Huangshan.) Também neste território se produzia a famosa pedra de tinta, que se usa para tinteiro, de She (na antiga prefeitura de Huizhou durante os Tang quando se começou a produzir a tinta) na actual prefeitura de Wuyuan da Província de Jiangxi, a sul de Anhui. 3 - O Huainanzi, o Livro dos Sábios de Huainan, recolha em vinte e um capítulos da dinastia Han, datado do séc. II a. C., tal como o Zhuangzi (c. séc. IV a. C.), Han Feizi (falecido em 233 a. C.) ou Zhang Heng (78-139 a. D.), com outros primeiros textos do Daoísmo, contém referências explícitas à pintura, como é o caso. São livros que serão constantemente citados e não apenas por essas alusões, mas no quadro geral da compreensão sobre o que é a pintura, que por isso nunca está desligada de uma legitimação filosófica, sempre reiterada.
17 hoje macau segunda-feira 5.6.2017
TEMPO
?
AGUACEIROS
O QUE FAZER ESTA SEMANA Diariamente
MIN
27
MAX
32
HUM
70-95%
•
EURO
9.05
BAHT
EXPOSIÇÃO | “TENTATIVE NOTEBOOK - WORKS BY RUI RASQUINHO” Art for All Society, Jardim das Artes | Até 14/06 EXPOSIÇÃO “AMOR POR MACAU” DE LEE KUNG KIM Museu de Arte de Macau | Até 9/7 EXPOSIÇÃO “CONSTELLATION” DE NICOLAS DELAROCHE Galeria do Tap Seac | Até 08/10
O CARTOON STEPH
SOLUÇÃO DO PROBLEMA 49
PROBLEMA 50
UM DISCO HOJE
SUDOKU
DE
C I N E M A
YUAN
1.17
GATO ESCALDADO
EXPOSIÇÃO DE DANIEL VICENTE FLORES Albergue SCM | Até 4/6
Cineteatro
0.23 AQUI HÁ GATO
FAM – EXPOSIÇÃO “A ARTE DE ZHANG DAQIAN” Museu de Arte de Macau | Até 5/8
EXPOSIÇÃO “DESTROÇOS” DE VHILS Oficinas Navais, nº. 1 Até 31/11
(F)UTILIDADES
Venha a água fria, se tiver de vir esse vil líquido, que a aversão nunca foi por questões de temperatura. Que sopre o mais árctico dos ventos entre os prédios de Macau, trazendo uma renovada Idade do Gelo ao pavimento que hoje derrete, aos corpos que se quedam por camas suadas, aos cigarros que queimam quem os segura. Que irrompam velhas carcaças de mamutes das profundezas e que extingam o velho forno que arde perpétuo abaixo da superfície. Tudo embacia, tudo evapora e transpira perante a febre de um mundo que se liquefaz. Todos somos água e sal, como um infinito Mar Morto de seres que se fundem nas calçadas. Estes dias são para os amantes que sôfregos não querem saber de temperaturas acima das virilhas. São dias para fritar ovos na calçada e pulmões a cada inspiração. São dias pirómanos de visibilidade embaciada, de corpos dilatados, de inchaços e de uma existência peganhenta, que cola a outras existências numa solidariedade não requerida. Estes são os primeiros calores de uma descida a um ciclo térmico de Dante e Milton, e todos aqueles que escreverem o Inferno. São dias de Marraquexe e alucinações no deserto com Burroughs e Cossery. São dias de inúteis preces a temperaturas assassinas, enquanto que a lassidão do gato aumenta. Pu Yi
“VIRA LATA NA VIA LÁCTEA” | TOM ZÉ
O brasileiro Tom Zé é seco e doce. Crítico e cínico tem, neste álbum, mais um exemplo de canções que brincam com a realidade, sem deixar de ter um toque de azedume. As palavras que se ouvem em “Vira Lata na Via Láctea” são para ouvir com atenção. São ricas, com rimas improvisadas e inventadas. Um samba diferente em alguns temas e em outros melodias pouco definidas mas não menos bonitas. Sofia Margarida Mota
WONDER WOMAN SALA 1
WONDER WOMAN [B] Fime de: Patty Jenkins Com: Chris Pine, Connie Nielsen, Robin Wright, Danny Huston 14.30, 16.45, 19.15, 21.30 SALA 2
GET OUT [C] Fime de: Jordan Peele Com: Daniel Kaluuya,
Allison Williams, Bradley Whitford 14.30, 16.30, 19.30, 21.30 SALA 3
BAYWATCH [C] Fime de: Seth Gordon Com: Dwayne Johnson, Zac Efron, Alexandra Daddario 14.30, 16.45, 19.15, 21.30
www. hojemacau. com.mo
Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Isabel Castro; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Sofia Margarida Mota Colaboradores António Cabrita; Anabela Canas; Amélia Vieira; António Falcão; António Graça de Abreu; Gonçalo Lobo Pinheiro; João Paulo Cotrim; João Maria Pegado; José Drummond; José Simões Morais; Julie O’Yang; Manuel Afonso Costa; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Paulo José Miranda; Paulo Maia e Carmo; Rui Cascais; Rui Filipe Torres; Sérgio Fonseca; Valério Romão Colunistas António Conceição Júnior; André Ritchie; David Chan; Fa Seong; Fernando Eloy; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Rui Flores; Tânia dos Santos Cartoonista Steph Grafismo Paulo Borges, Rómulo Santos Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo
18 OPINIÃO
hoje macau segunda-feira 5.6.2017
a canhota FA SEONG 花想
NIGHTHAWKS, EDWARD, HOPPER, 1942
Estamos a viver “juntos”?
E
NTRE os 640 mil habitantes de Macau, além de residentes locais, vivem quase 180 mil trabalhadores-não-residentes (TNR). Este número abrange pessoas das mais variadas proveniências, com destaque para a maioria que vem do interior da China. Os restantes chegam das Filipinas, da Indonésia, do Vietname, entre outros lugares. Entretanto, quando se usa o termo “nós, pessoas de Macau” estão abrangidos esses não-locais? Neste território é fácil encontrarmos TNR quase todos os dias, são empregadas domésticas, seguranças, empregados de mesa, trabalhadores de construção. Todas posições tipicamente consideradas de classes baixas. No entanto, entre eles quem sabe se não haverá licenciados, profissionais de áreas que são normalmente ocupadas pela classe média ou alta. Pessoas com baixos vencimentos nos seus países de origem e que escolheram Macau apenas com o objectivo de ter vencimento superior, mesmo empregados em trabalhos aborrecidos. Apesar da contribuição para muitos sectores económicos de Macau, damos sempre
prioridade a “nós cidadãos”, “nós residentes”, procuramos, a toda a força, proteger os direitos dos trabalhadores-residentes, em privilegiarmos os locais. Mas alguém pensa em proteger os também habitantes de Macau desprovidos da qualidade jurídica que a residência confere? O mais absurdo é que por cá existem pessoas que pagam apenas uns poucos milhares de patacas à sua empregada doméstica mas querem um controlo digno de escravidão. Obrigam-na a dormir em casa deles, não a deixam sair, não a deixam fazer amigos, especialmente, para amigos que se possam converter em namorados e futuros pais dos filhos das empregadas. Os patrões têm o poder sobre as empregadas e exercem-no de forma a que estas façam tudo o que lhes é exigido, e devem
Eles também são humanos, são adultos como nós, também têm direito a viver normalmente, também fazem parte da sociedade de Macau, estamos ligados mas, por vezes, nós ignoramos essa ligação
fazê-lo bem, sob pena de serem facilmente substituídas. Esta é uma situação que se espelha na grande procura de empregadas domésticas das Filipinas, e de outros países, em Macau. Esta circunstância coloca as empregadas numa posição frágil, não podendo queixar-se de maus tratos, tendo de aguentar o sofrimento sem reclamar. Eles também são humanos, são adultos como nós, também têm direito a viver normalmente, também fazem parte da sociedade de Macau, estamos ligados mas, por vezes, nós ignoramos essa ligação. Não entendemos porque é que os TNR dos países Sudeste da Ásia se juntam sempre no Lago Nam Van para conversar, cantar e dançar, apenas nos focamos no barulho que podem fazer. Não percebemos que eles estão longe de casa e da família, que precisam de fazer amigos, que precisam de rir e relaxar, tal e qual como nós. Neste pequeno território vivemos em conjunto, mas parece que não existe um ponto de intersecção entre os dois lados. Os TNR continuam a fazer as suas actividades sem a participação dos locais, e quando nós realizamos as nossas actividades, parece que não os temos em consideração. Vale a pena repensar estas relações, avaliar se se podem manter assim, ou se podem avançar para outro patamar.
19 hoje macau segunda-feira 5.6.2017
OPINIÃO
ANTÓNIO SARAIVA
Multas e mais multas Não há muito um responsável policial afirmava na TV que o número de multas nos parquímetros era muito elevado. E concluía que tal se deve às multas serem muito baixas. Isto é, a possibilidade de os condutores não terem acordado a tempo – nem ao domingo há descanso, há que pôr as moedinhas logo a partir das 9 horas da manhã - se terem esquecido de pôr moedas, ou estarem em reuniões ou outras actividades que não puderam interromper – é simplesmente descartado como uma “não existência”. Como os cidadãos são, tanto quanto possível, cumpridores, há que “aproveitar” as horas em que, por esquecimento ou preguiça, será mais provável colher os cidadãos em falta... por exemplo às 9h e 10 m da manhã, ou às 9 horas da noite... ou certas situações – por exemplo quando os carros vão a entrar para os parques de estacionamento... Às 2 horas da manhã da noite de Natal andava um Polícia a multar junto ao Parque Central da Taipa!!!
RETRATO DE LICURGOS, O LEGISLADOR DE ESPARTA, MERRY JOSEPH BLONDEL, 1828 (PORMENOR)
Pó... Pópó... Pópó... Pó...
Back to basics Temos de voltar ao “básico” - e assim enunciar a noção fundamental, a nunca perder de vista - as leis são para FACILITAR A VIDA AOS CIDADÃOS, e não para lhes impor cargas desnecessárias. Assim - para que servem as proibições de estacionamento? Para encher os cofres do Governo não será, porque este de tal não precisa. As proibições servem para: a) Manter a fluidez do trânsito, impedindo que as ruas, ou as saídas de garagens sejam bloqueadas por veículos; b) Possibilitar uma rotação dos lugares de estacionamento, uma vez que estes são escassos e não é justo que alguns os utilizem em permanência, impedindo os demais de estacionarem. c) Manter livres os passeios, de forma a assegurar a passagem de peões, carrinhos de bebé, cadeiras de rodas, etc. Circular e parar Mas o manter a fluidez do trânsito é apenas metade do problema - se os cidadãos têm carro é para o utilizarem – para irem tratar de negócios, transportarem materiais, levarem ou buscarem os filhos à escola (ou às “actividades”), fazer compras, ir ao Hospital…etc. Isto é, e em resumo: CIRCULAR É TÃO IMPORTANTE (ou “é indissociável” de) QUANTO PARAR. Ora este segundo aspecto parece estar ausente das preocupações dos nossos responsáveis pelo trânsito. Nenhuma escola tem um local para deixar as crianças – junto à porta há traços amarelos contínuos que impedem a simples paragem. Que fazer se quisermos deixar ou buscar uma criança à Escola Portuguesa?? Entrar para a lista dos prevaricadores?? E a lista dos locais onde só se pode estacionar ilegalmente não se limita às Es-
colas – os supermercados, os Centros de Saúde, as lojas de materiais de construção, etc., não têm local de estacionamento – quando muito um simples traço amarelo interrompido. Mas quem deixe o carro por momentos para acompanhar um doente ao Centro de Saúde, ou para ajudar a mulher a trazer os sacos até ao carro está sujeito a uma multa. Não se trata de suposições, mas de situações concretas que me sucederam. No caso do Centro de Saúde bem pude mostrar ao Polícia o papel da Consulta – mas em vão. A “Marca Amarela” Este desconhecimento da realidade, aliado a certa falta de preparação, é evidenciado pela proliferação das linhas amarelas. Como a lei, em meu entender, é para ser cumprida, um traço amarelo só se justifica em vias estreitas, ou muito movimentadas - situações em que a paragem de veículos
causaria problemas graves à fluidez do trânsito. Mas a “marca amarela” chegou a ruas onde um veículo pode estar parado meia hora sem causar o menor problema de trânsito, o que evidencia bem a ligeireza/falta de critério com que foi colocada. A “marca amarela” chegou até a vias sem saída, como nos Jardins de Lisboa, ou os parques de estacionamento! como no caso do parque junto ao Parque de Seac Pai Wan!. Assim vêem-se não poucas vezes cidadãos a correrem esbaforidos para o carro para evitar multas, o que, convenhamos, os põe numa situação pouco digna, mais própria de crianças que de homens ou mulheres. Duas sugestões Com todo este arrazoado pode o leitor pensar que sou um anarquista militante. Nada mais longe da verdade (bom, como bom português tenho sempre uma costela anarquista…). Mas tenho de afirmar que,
Temos de voltar ao “básico” - e assim enunciar a noção fundamental, a nunca perder de vista - as leis são para FACILITAR A VIDA AOS CIDADÃOS, e não para lhes impor cargas desnecessárias
das muito numerosas multas que levei não considero mais que três ou quatro “justas”. E para demonstrar que não estou apenas esbracejando - propus inclusive à Direcção de Assuntos de Tráfego que fossem criados “estacionamentos de curta duração” (máximo de 30 minutos e uma pataca por cada dez minutos). E complementando esta ideia poderiam os serviços de tráfego rever as linhas amarelas contínuas e substituírem-nas por linhas tracejadas, sempre que as contínuas não fossem absolutamente necessárias; e os polícias passariam a deixar um aviso nos carros estacionados nestes locais e voltariam ao fim de 10-15 minutos, só então multando as viaturas. Também no espírito de não dificultar demasiado a vida aos cidadãos, não se colocariam imobilizadores (trancas) nos veículos estacionados em parquímetros (os imobilizadores de veículos podem traduzir-se em prejuízos graves para os condutores/proprietários desses veículos); quando muito haveria nova multa passadas duas horas. Por vezes tenho a sensação que se quer tornar Macau uma cidade “perfeita” sem lixos e sem conflitos (assunto que mereceria outro artigo). Mas, como já ensina o Taoísmo, quanto mais leis mais imperfeições.
“ MANILA ATACANTE ESTAVA ENDIVIDADO
O
homemqueatacou um complexo turístico com casino em Manila, causando a morte de 37 pessoas, era um jogador altamente endividado, concluiu a polícia filipina. O chefe da polícia de Manila, Oscar Albayalde, disse que a família do homem confirmou a sua identidade: Jessie Carlos, de 43 anos, casado, com três filhos e antigo funcionário das Finanças. As revelações confirmam que “este não foi um acto de terrorismo”, disse Albayalde numa conferência de imprensa. “Este incidente está confinado aos actos de um só homem como sempre dissemos”, sublinhou.
As autoridades negaram repetidamente que se tratasse de um caso de terrorismo, apesar de o ataque ao Resorts World Manila ter sido reivindicado pelo Estado Islâmico. Albayalde disse que o homem tinha vendido os seus pertences para suportar os hábitos de jogo, incluindo um veículo. A sua família estava tão preocupada que tinha pedido aos casinos na capital filipina para o banir. Jessie Carlos pegou fogo a uma sala do casino e roubou fichas de jogo. Pelo menos 37 pessoas morreram, a maioria por inalação de fumo. O homem fugiu depois para um hotel adjacente, onde a polícia diz que se suicidou.
MUNDIAL SUB-20 PORTUGAL ELIMINADO PELO URUGUAI
PUB
A selecção portuguesa de futebol foi ontem eliminada do Mundial de sub-20, ao perder nos quartos de final frente ao Uruguai no desempate nas grandes penalidades, por 5-4, após o empate 2-2 no tempo regulamentar e no prolongamento. O guarda-redes uruguaio Mele defendeu os penáltis de Pêpê, José Gomes e André Ribeiro, tendo o defesa central Bueno convertido o remate decisivo, depois de Amaral e Vinã também terem desperdiçado castigos máximos. No tempo regulamentar, Portugal esteve duas vezes em vantagem, com golos de Xande Silva, no primeiro minuto, e Diogo Gonçalves, aos 41 minutos, enquanto a selecção sul-americana empatou, por Bueno, aos 16, e Valverde, aos 46, na conversão de uma grande penalidade. O Uruguai, finalista vencido em 1997 e 2013, vai disputar uma vaga na final frente à Venezuela, que eliminou os Estados Unidos, ao vencer por 2-1 no prolongamento, após um ‘nulo’ no tempo regulamentar.
segunda-feira 5.6.2017
Já ninguém sabe o destino/do cachimbo com que inventava/paraísos e princesas/ ou sereias/com seus cantos/músicas e campos de liliáceas” Pedro da Silveira
ISRAEL ACUSADO DE CONTROLAR CISJORDÂNIA E GAZA PELA REPRESSÃO
A
Ciclo virtuoso Secretário de Estado das Comunidades destaca “orgulho de ser português”
J
OSÉ Luís Carneiro destacou ontem “o optimismo que envolve o país” e o “orgulho de todos os que vibram com o sucesso de Portugal”, numa mensagem divulgada a propósito do 10 de Junho. “Neste 10 de Junho de 2017, cujas cerimónias oficiais têm epicentro nas cidades do Porto, São Paulo e Rio de Janeiro, celebra-se também uma época de optimismo que envolve o país e reforça o orgulho de todos os que vibram com o sucesso de Portugal”, refere José Luís Carneiro, na mensagem dirigida às comunidades portuguesas. O secretário de Estado dá como exemplos deste “início de ciclo virtuoso que o país está a viver” a vitória da selecção de futebol no Euro 2016, a eleição de António Guterres para Secretário-Geral das Nações Unidas, a vitória de Salvador Sobral no Festival da Eurovisão, a eleição das cidades portuguesas nos rankings do Turismo e o posicionamento cimeiro das universidades nacionais
nos ‘rankings’ mundiais de excelência no ensino, na investigação e na ciência. José Luís Carneiro sublinha também, a nível político, a saída de Portugal do procedimento por défice excessivo, com a obtenção, em 2016, de um valor do défice orçamental de 2% do PIB, o crescimento de 2,8% registado no primeiro trimestre deste ano e a redução da taxa de desemprego.
METAS ALCANÇADAS
Na mensagem, o secretário de Estado destaca também alguns objectivos atingidos em matérias relacionadas com as comunidades portuguesas, como a entrada em funcionamento do ato único de inscrição consular em Barcelona, prevendo o Governante que esta mudança nos serviços consulares seja alargada até 2019 à grande parte da rede externa do Ministério dos Negócios Estrangeiros. José Luís Carneiro sublinha também a aprovação em Conselho de Ministros do recenseamento automático que
“representa o reconhecimento de um direito fundamental àqueles que, todos os dias, afirmam Portugal no mundo, garantindo-lhes as mesmas condições no recenseamento que estão asseguradas aos portugueses em território nacional, tornando-o automático e vinculado à morada do Cartão do Cidadão”. O secretário de Estado dá conta ainda conta da aprovação do decreto-lei que altera o regulamento nacionalidade portuguesa, a entrada em funcionamento do “Espaço do Cidadão” em Paris e em São Paulo, a aplicação do “Registo Viajante” que dá maior garantia de apoio e protecção consular aos portugueses em mobilidade e a criação da plataforma de ensino da língua portuguesa à distância denominada “Português Mais Perto”. “Neste 10 de Junho que celebra o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas há novas razões para reforçar o orgulho de sempre”, refere ainda José Luís Carneiro na mensagem.
organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch (HRW) acusou ontem Israel de “controlar” a Cisjordânia e Gaza “através da repressão, da discriminação institucionalizada e abusos sistemáticos dos direitos da população palestina”. A acusação da HRW consta de uma nota intitulada “50 anos de abusos de ocupação”, na véspera do aniversário do começo da Guerra dos Seis Dias, que deu início à ocupação dos territórios palestinos, na qual assegurou que existem “pelo menos cinco principais violações da lei internacional de direitos humanos e de direito humanitário que caracterizam a ocupação”. Entre estas constam os “homicídios ilegais, a deslocação forçada, a detenção abusiva, o encerramento na Faixa de Gaza e outras restrições injustificadas sobre o movimento e o desenvolvimento de assentamentos, além de políticas discriminatórias de acompanhamento que prejudicam os palestinos”, assinala a HRW em comunicado. “Israel mantém hoje um arraigado sistema de discriminação institucionalizada contra os palestinos no território ocupado, uma repressão que se estende para além das razões de segurança”, aponta a directora da HRW para o Médio Oriente, Sarah Leah Whitson, que destaca que em meio século poucos palestinos escaparam aos graves abusos dos seus direitos”. Na nota, a organização de direitos humanos aponta ainda grupos palestinos armados “que também violaram o direito internacional humanitário, cometendo ataques letais contra civis e lançando milhares de foguetes”.