Hoje Macau 7 AGO 2020 #4585

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MOP$10

SEXTA-FEIRA 7 DE AGOSTO DE 2020 • ANO XIX • Nº 4585

OCDE

MACAU CUMPRIDOR

hojemacau

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ

PÁGINA 8

AUTOMOBILISMO

ÁVILA SOMA PÓDIOS

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PÁGINA 17

OPINIÃO

RACISTA SOU EU JOÃO ROMÃO

FLORES E SONAMBOLISMO GONÇALO M. TAVARES

Há 35 anos, Macau foi assombrado por uma série de acontecimentos macabros que marcaram a história criminal do território. Huang Zhiheng assassinou uma família de 10 pessoas num restaurante do Iao Hon. Viria a ser preso um ano depois, acabando por se suicidar na cadeia. O caso, que resultou num filme em Hong Kong, ganhou outra dimensão quando circulou a ideia de que o assassino teria feito char sio bao com os corpos desmembrados das vítimas, o que levou a população a evitar o pitéu durante uns tempos.

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GRANDE PLANO

VALÉRIO ROMÃO

RECAÍDA

ANTÓNIO DE CASTRO CAEIRO

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Carniceiro

HISTÓRIA DO UNIVERSO

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2 grande plano

7.8.2020 sexta-feira

CRIME

A MORTE COMO D Na noite de 4 de Agosto de 1985, um restaurante no Iao Hon foi palco de um dos mais macabros e violentos assassinatos em série da história criminal de Macau. Movido por uma dívida de jogo, Huang Zhiheng assassinou uma família inteira, 10 pessoas no total. O homicida viria a suicidar-se na prisão, deixando na memória de Macau uma mancha traumática e a lenda de que teria usado os corpos das vítimas para fazer char siu baos

A MAIS MACABRA SÉRIE DE ASSASSINATOS EM MACAU ACONTECEU HÁ 35 ANOS

URANTE algum tempo, em 1985, os residentes de Macau deixaram de comer os tradicionais char siu bao, os deliciosos pães cozidos ao vapor recheados com carne de porco. A razão para a súbita e selectiva dieta não podia ter contornos mais macabros. Na passada terça-feira, passaram 35 anos de um dos episódios mais negros da história criminal de Macau. Tudo começou quando Huang Zhiheng se deslocou, na noite de 4 de Agosto de 1985, à Casa de Pasto Pat Sin, no Iao Hon, para exigir o pagamento de uma dívida de jogo. No dia seguinte, ninguém da família Zheng, incluindo os proprietários do restaurante, estava vivo. No total, Huang assassinou 10 pessoas. Mas a história de violência deste homem não começou nessa noite. O homicida em série chegou a Macau na década de 1970, já com um passado negro. Segundo foi noticiado à altura da descoberta dos homicídios, Huang Zhiheng vivia em Hong Kong em 1973, quando se envolveu numa rixa com um indivíduo que, alegadamente, lhe deveria dinheiro. Estabelecendo já a reputação de credor irrascível, o homem terá assassinado o devedor. O facto é que o incidente terá levado Huang Zhiheng a fugir de Hong Kong para Guangzhou. Na capital da província vizinha, contraiu matrimónio com a filha do senhorio da casa que arrendava, apesar da falta de aprovação da família da noiva. Após repetidas e acesas discussões, o casal rumou a Macau. Reza a história que antes de entrar no território à altura administrado por portugueses, Huang terá queimado as pontas dos dedos para apagar as impressões digitais, mutilação justificada com o receio de ser ligado ao crime que o levou a deixar Hong Kong anos antes.

JOGOS E GOLPES

Chegado a Macau, Huang Zhiheng deixa-se absorver pelo corrupio do jogo, algo que infelizmente o conduziu até à família Zheng, que geria a malfadada Casa de Pasto Pat Sin. O restaurante era um sucesso, mas os lucros tinham um entrave: o apetite que os donos tinham pelo

jogo. Estavam lançadas as cartas para a tragédia, com o dono do restaurante, Zheng Ling e Huang Zhiheng a defrontarem-se em jogos de mahjong com apostas avultadas.

“Declaro solenemente que o meu suicídio não é por receio de enfrentar os meus pecados, mas por questões de saúde. Sofro de asma e não quero continuar a viver assim. Desta vez consegui. Alguém está prestes a morrer e as suas palavras são verdade.” HUANG ZHIHENG


grande plano 3

sexta-feira 7.8.2020

INGREDIENTE “Ontem de madrugada, Huang Zhiheng cometeu suicídio na prisão e foi encontrado com corte nos pulsos. A Polícia Judiciária revelou que ao lado do corpo estava uma lata de Coca-Cola cortada com sangue.” JORNAL TA KUNG PAO 5 DE DEZEMBRO DE 1986

Os valores concretos não chegaram a ser apurados, mas reza a história que os donos do restaurante acumularam dívidas na ordem dos 180 mil yuan. Face à exorbitante conta, terá ficado estabelecido que a família passaria a hipoteca do estabelecimento para o credor. A tragédia culminou na noite de 4 de Agosto de 1985, mais de um ano depois da aposta fatal, quando depois de encerrado o restaurante, Huang entrou enfurecido no estabelecimento a exigir o pagamento de uma parte da dívida. Huang Zhiheng viria mais tarde a acrescentar que não só a dívida nunca foi saldada, como os Zhengs se endividaram ainda mais, chegando o momento final aos 600 mil yuans.

A discussão com Zheng Lin subiu de tom até Huang exigir a propriedade da casa de pasto. Foi nessa altura que começou a violência, com o homicida a usar uma garrafa partida para ameaçar o filho do dono do restaurante e a obrigar o resto da família a amarrar-se. O rastilho final para os homicídios, segundo os órgãos de comunicação social à altura relataram, foi assumido pelo próprio autor. Um dos membros da família Zheng conseguiu desembaraçar-se das amarras, o que levou o homicida a apunhalar a vítima mortalmente no pescoço. Face à primeira morte, Huang terá prosseguido maquinalmente ao assassinato dos restantes oito membros da família, por estrangulamento ou golpes com a garrafa partida. A sede de sangue do homicida só seria saciada depois de atrair uma irmã de Zheng para o restaurante, que viria a ser a décima vítima mortal da noite.

TAKE-AWAY

Ao longo de oito agonizantes horas, os corpos foram desmembrados e decapitados e embrulhados em sacos de lixo que foram atirados para o mar e para contentores de lixo. Depois de recolher todo o dinheiro que estava no estabelecimento e de colocar um sinal na porta da casa de pasto a dizer que estaria fechada durante três dias, Huang decidiu passar o que restava da noite na casa da família, no 4º andar do Edifício Man Lei na Areia Preta. De manhã, foi acordado por um homem que se deslocou à casa dos Zhengs depois de tentar entregar

encomendas no restaurante. Huang justificou o encerramento do restaurante com uma visita familiar ao Interior da China. Quando a verdade veio ao de cima, surgiu o rumor de que o autor dos crimes terá confeccionado char siu baos com a carne das vítimas. Algo que não se chegou a provar, mas que matou o apetite local pela famosa iguaria. APolícia Judiciária publicou uma lista de fotografias com os membros da família desaparecida, pedindo informação à população quanto ao seu paradeiro.As vítimas eram Zheng Lin, o patriarca da família com mais de 50 anos, a esposa Cen Huiyi, de 42 anos, quatro filhas entre os 18 e os 9 anos e um filho também com 7 anos. Não escaparam à ira de Huang a sogra de Zheng Lin, de 70 anos, a sua irmã de 60 e um primo também na casa dos 60 anos. Mas, antes de ser apanhado, Huang ainda gozou um ano de liberdade. Até ser detido pelas autoridades, Macau foi assombrado pela descoberta de restos humanos.

O FIM DA LINHA

Passados quatro dias dos assassinatos, um nadador encontrou restos humanos numa praia. À primeira vista, as autoridades entenderam que a razão para a bizarra descoberta seria o tráfico humano ou ataques de tubarão, mas após a análise dos membros descobertos no Centro Hospitalar Conde de São Januário, os cortes precisos indicaram desmembramento. A investigação policial revelou que os restos mortais pertenciam a, pelo menos, quatro vítimas. As buscas por pessoas desaparecidas alargavam-se à medida que crescia o interesse dos órgãos de comunicação social e que eram encontrados mais pedaços de corpos. Mais de um ano depois, a 28 de Setembro de 1986, Huang Zhiheng foi finalmente preso. Depois da polícia ter identificado os corpos como pertencentes à família Zheng, as suspeitas caíram em cima de Huang, que havia tomado conta do restaurante e da casa da família, inclusive recebendo renda. Porém, uma pista foi determinante para destapar a terrível realidade. EmAbril de 1986, a polícia de Macau recebeu documentos das autoridades

congéneres de Guangzhou, entre elas missivas de um familiar Zheng a referir que a família tinha desaparecido e que um homem de apelido Huang havia tomado o lugar de proprietário do restaurante no Iao Hon.

Ao longo de oito agonizantes horas, os dez corpos foram desmembrados e decapitados e embrulhados em sacos de lixo que foram atirados para o mar e para contentores de lixo As suspeitas da PJ cresceram e levaram à descoberta de documentos pertencentes às vítimas, incluindo documentos de identificação, na posse do homicida. A Polícia Judiciária referiu que havia investigado mais de 20 pessoas, mas só um homem não deixou da esquadra da polícia, indicava um jornal à época. Antes disso, Huang Zhiheng tentou escapar de Macau, mas foi detido pelas autoridades quando se preparava para passar a fronteira. Os jornais da altura referem que cerca de duas semanas depois de ser preso, Huang Zhiheng fora severamente espancado na prisão e teve

HISTÓRIA POR CONTAR

E

m 1993, a história dos homicídios da Casa de Pasto Pat Sin chegou ao grande ecrã com o filme com produção de Hong Kong “The Untold Story”, realizado por Herman Yau. O filme alimentou o mito dos char siu baos feitos com carne das vítimas e contou com Anthony Wong a interpretar o papel do homicida. Wong viria mesmo a ganhar a distinção de melhor actor no 13º Festival de Cinema de Hong Kong. Apesar do conteúdo extramente violento, o filme acabou por render uns impressionantes 15,7 milhões de dólares de Hong Kong.

de ser transportado para o hospital para ser medicamente assistido.

CURTA ESTADIA EM COLOANE

No dia 5 de Dezembro de 1986, o Jornal Ta Kung Pao, de Hong Kong, noticiava a morte do homem a quem chamaram o carniceiro de Macau. “Ontem de madrugada, Huang Zhiheng cometeu suicídio na prisão e foi encontrado com corte nos pulsos. A Polícia Judiciária revelou que ao lado do corpo estava uma lata de Coca-Cola cortada com sangue”, escrevia, à época, o jornal. Esta não foi a primeira vez que homicida atentou contra a própria vida, depois de ter cortado o pulso esquerdo com um golpe que não foi suficientemente profundo. Huang Zhiheng acabava assim por escapar à justiça, sem nunca ter admitido a responsabilidade pela morte da família Zheng. Porém, depois de morrer, um colega de cela revelou às autoridades que Huang lhe teria confessado os crimes da Casa de Pasto Pat Sin. Uma coisa é certa, antes de morrer, Huang Zhiheng deixou uma carta que foi publicada nos jornais. Aí admitiu o homicídio de um homem de 32 anos em Hong Kong, por afogamento numa banheira, em 5 de Novembro de 1973. Mas nada em relação a Macau. “Declaro solenemente que o meu suicídio não é por receio de enfrentar os meus pecados, mas por questões de saúde. Sofro de asma e não quero continuar a viver assim. Desta vez consegui. Alguém está prestes a morrer e as suas palavras são verdade”, escreveu momentos antes do suicídio. “A minha maior dor é a fama não merecida que a minha mulher e a criança com 7 anos vão ter de passar. Fui em tempos uma pessoa má, há mais de 10 anos, mas a minha mulher é inocente, uma pessoa simples que não sabe nada”, lê-se na carta final. O Jornal Ta Kung Pao noticiou também que Huang terá dito a uma freira que não tinha ilusões de escapar à lei, mas que lhe pedira para tomar conta da sua família. João Luz com Nunu Wu info@hojemacau.com.mo


4 política

Sempre ao serviço

sessória. A duração normal do trabalho dos funcionários da Administração Pública de Macau são 36 horas semanais. A remuneração suplementar vai aplicar-se ao pessoal de investigação criminal da Polícia Judiciária, da carreira alfandegária dos Serviços de Alfândega, do Corpo de Bombeiros, do Corpo de Guardas Prisionais e dos quadros do Corpo de Polícia de Segurança Pública.

GCS

Covid-19 Testes passam a custar 120 patacas

A partir do dia 12 de Agosto a taxa para a realização de testes de ácido nucleico será reduzida para 120 patacas. Até lá, todos os exames realizados terão o custo da taxa actualmente aplicada, ou seja, 180 patacas. O comunicado, divulgado ontem pelo Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus, refere ainda

PSP há uma folga ao fim de três turnos e que o pessoal do Corpo de Bombeiros trabalha 24 horas, tem um dia de regime de disponibilidade e um de descanso. De acordo com Ho Ion Sang, o Governo analisou as práticas de países e regiões vizinhas e fez um mapa comparativo das horas de trabalho e regime de compensação. Concluiu-se que “nos outros países ou regiões há práticas semelhantes de compensação pecuniária e horas ou dias de descanso”, e que em Macau “a remuneração suplementar é relativamente melhor”.

CÁLCULOS DE JUSTIÇA

que todos os inscritos que pretendam alterar a data de marcação devido à redução de preço devem fazê-lo e solicitar devolução do pagamento em excesso (caso já tenham pago a taxa). Quanto aos inscritos que ainda não pagaram, poderão fazer uma nova marcação antes do cancelamento do pedido original, não estando, neste caso, garantida a existência de vagas. As inscrições para as quotas definidas para o dia 12 de Agosto podem ser feitas a partir de hoje. Recorde-se que o primeiro teste a realizar por residentes de Macau ou trabalhadores não residentes é gratuito.

O pessoal do Corpo de Bombeiros, por exemplo, trabalha 48 horas por semana. Quanto à Polícia Judiciária, Ho Ion Sang

apontou variações. “Para um determinado caso específico, se calhar, precisam de mais tempo para investigação e o número de horas

Destaque: “Para um determinado caso específico, [na Polícia Judiciária] se calhar precisam de mais tempo para investigação e o número de horas de trabalho normalmente é mais elevado.” HO ION SANG DEPUTADO

de trabalho normalmente é mais elevado”. A proposta é justificada com dificuldades no cumprimento da forma de cálculo semanal da remuneração suplementar do Estatuto dos Trabalhadores da Administração Pública de Macau. Em causa está a especificidade do trabalho do pessoal das forças e serviços de Segurança. “Diferentes serviços têm características especificas”, descreveu o presidente da Comissão, explicando que na

Quando a duração do trabalho semanal não superar as 44 horas, o cálculo altera-se e tem por base uma média mensal. Divide-se o total de horas de trabalho mensal pelo número de dias úteis de trabalho nesse mês, e multiplica-se por cinco dias úteis de trabalho semanal. “Para haver mais justiça”, disse Ho Ion Sang. “Se isto for calculado com base na fórmula actual, alguns dos trabalhadores não conseguem receber essa remuneração suplementar. Então o Governo decidiu regulamentar esta matéria”, descreveu. Com a nova norma, a ideia passa por dar acesso à remuneração assessória aos trabalhadores que numa semana trabalham 36 horas e noutra mais de 44. O deputado frisou que não estão a acrescentar garantias, mas sim a “regularizar e regulamentar melhor esta matéria”. O montante vai ser definido pelo Chefe do Executivo. Salomé Fernandes

info@hojemacau.com.mo

DSSOPT PLANO DIRECTOR DE ACORDO COM LEI DO PATRIMÓNIO

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directora dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) defende que o projecto do Plano Director “respeita escrupulosamente” a Lei de Salvaguarda do Património Cultural e o Plano de Salvaguarda e Gestão do Centro Histórico de Macau, avançou ontem a TDM Rádio Macau. Em resposta a uma interpelação escrita de Sulu Sou, Chan Pou Ha descreve que o Plano Director tem como eixos a “salvaguarda da singularidade paisagística urbana de Macau, preservação do testemunho cultural do Centro Histórico de Macau e extensão das valências ‘Colina, Mar e Cidade’ na malha urbana”. Além disso, a responsável afirmou que se propôs a preservação de

ANTÓNIO FALCÃO

O

S trabalhadores das forças e serviços de segurança de Macau trabalham em média entre 45 e 46 horas semanais. Os dados do Governo foram divulgados ontem por Ho Ion Sang, presidente da 1ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa, no seguimento de uma reunião sobre a proposta de alteração à lei das remunerações acessórias das forças e serviços de segurança. O novo diploma estabelece que estes funcionários têm de trabalhar mais de 44 horas semanais para terem direito à remuneração as-

FORÇAS DE SEGURANÇA PESSOAL TRABALHA EM MÉDIA 45 HORAS SEMANAIS

RÓMULO SANTOS

Os trabalhadores das forças e serviços de segurança de Macau fazem mais horas de trabalho do que o normal, com a média a rondar 45 a 46 horas semanais. O deputado Ho Ion Sang defendeu que a alteração à lei sobre a remuneração assessória promove “mais justiça”

7.8.2020 sexta-feira

corredores e horizontes visuais com interesse paisagístico “que serviram de pedra basilar para a concretização do objetivo delineado no plano sustentável de ordenamento do território que consiste na salvaguarda do valor histórico e cultural de Macau”. Sulu Sou descreveu na sua interpelação que “o Farol da Guia sofre,

há anos, crises de conservação da sua paisagem, que continuam sem uma solução definitiva”, criticando a construção de edifícios altos na zona em redor e o impacto que isso vai ter no património. Face às críticas, Chan Pou Ha defende que o despacho de 2008 em que foram definidas as alturas máximas permitidas em cada zona nas imediações do Farol foi submetido para apreciação e recebeu o aval do Centro do Património Mundial. Sobre este despacho, Sulu Sou já tinha escrito que na sua elaboração “foi alvo de críticas da sociedade”, e que houve associações a pedir uma redução do limite de altura para 20,5 metros.


política 5

sexta-feira 7.8.2020

AL CHAN CHAK MO DIZ QUE PANDEMIA NÃO AFECTOU TRABALHOS

Passou ao lado

TURISMO EXCURSÕES NA ILHA DA MONTANHA EM PREPARAÇÃO

A 2.ª Comissão da Assembleia Legislativa reuniu-se ontem para finalizar o parecer sobre a Lei da Qualificação e Inscrição para o Exercício de Actividade dos Profissionais de Saúde, mas a ausência de algumas opiniões ditou o adiamento da assinatura do documento

GCS

HOJE MACAU

A

directora dos Serviços de Turismo (DST), Helena de Senna Fernandes, afirmou que se estão a preparar excursões à Ilha da Montanha para os residentes de Macau. A informação foi divulgada numa reunião com Leong Sun Iok e dirigentes do sector de turismo, comunicou o deputado. De acordo com a nota, as excursões vão ser lideradas por guias turísticos da RAEM. A iniciativa da DST de excursões locais “Vamos! Macau!” já contou com a participação de 110 mil residentes, e beneficiou mais de 400 guias turísticos. A maioria dos participantes tinha menos de 14 anos, ou acima dos 50. O deputado aponta que Helena de Senna Fernandes prevê que a abertura de escolas em Setembro limite o crescimento das excursões locais, lutando assim pela recuperação de vistos de turismo da China Continental e promovendo a oferta turística para atrair esses visitantes. Na reunião, Leong Sun Iok pediu o combate aos atrasos de pagamento dos salários de guias turísticos. A dirigente do sector, Wu Wai Fong, quer que as autoridades lancem mais medidas para apoiar os guias turísticos porque a iniciativa “Vamos! Macau!” acaba no fim de Setembro. Pediu ainda novos cursos para elevar o nível profissional dos guias.

A

PESAR da situação de pandemia e das limitações impostas para prevenção e controlo do contágio pela covid-19, o presidente da 2.ª Comissão da Assembleia Legislativa, Chan Chak Mo, considerou que os trabalhos que conduziu não foram afectados. A declarações foram prestadas ontem, no mesmo dia em que admitiu que o parecer da comissão sobre a Lei da Qualificação e Inscrição para o Exercício de Actividade dos Profissionais de Saúde vai ser revisto, após o deputado Chan Iek Lap se ter queixado

de que o documento não reflectia algumas das suas opiniões. “De certeza que com a covid-19 o desenrolar dos trabalhos não correreu da mesma maneira, até porque o Governo impôs certas medidas, que fizeram com que os representantes não pudessem vir à Assembleia Legislativa durante

algum tempo”, começou por reconhecer Chan Chak Mo. “Mas na qualidade de presidente da comissão não considero que tenha afectado os nossos trabalhos. A comissão a que presido tinha três diplomas para discutir e o trabalho está feito em dois diplomas. Só falta discutir esta lei e ainda temos

“A comissão a que presido tinha três diplomas para discutir e o trabalho está feito em dois diplomas. Só falta discutir esta lei e ainda temos tempo.”

tempo. Para mim não influenciou os trabalhos”, sustentou. No entanto, face às limitações impostas pela covid-19, a AL votou um prolongamento dos trabalhos por mais um mês. O órgão legislativo vai assim de férias a 15 de Setembro, quando normalmente costuma ir a 15 de Agosto, tal como consta no regimento, diploma que define os procedimentos internos.

QUEIXAS SOBRE O PARECER

No que diz respeito à Lei da Qualificação e Inscrição para o Exercício de Actividade dos Profissionais de Saúde, os deputados da 2.ª Comissão reuniram-se ontem para assinar o parecer com as conclusões da discussão na especialidade. No entanto, como o deputado e médico Chan Iek Lap se queixou de que algumas das suas opiniões não constavam no parecer a comissão optou por agendar mais uma reunião para se rever parte do documento. “O médico Chan pediu-nos para que mais opiniões fossem colocadas [...] Uma dessas opiniões é sobre a competência disciplinar do Conselho dos Profissionais de Saúde (CPS). Esse conselho pode instaurar processos disciplinares e emitir pareceres sobre se há punição ou arquivamento. Mas a decisão final é do director dos Serviços de Saúde”, explicou Chan Chak Mo. “Como esse assunto foi abordado numa reunião com o Governo o deputado quis que o assunto fosse mencionado no parecer”, acrescentou. Segundo a interpretação do Governo sobre este aspecto da lei, o CPS pode emitir um parecer, mas este não tem carácter vinculativo. O director dos Serviços de Saúde tem independência para contrariar um parecer. A comissão deverá assim voltar a reunir no espaço de duas semanas para assinar o parecer, que depois depois votado em Plenário, antes das férias de 15 de Setembro. João Santos Filipe

CHAN CHAK MO DEPUTADO

joaof@hojemacau.com.mo

DSAT LUCROS DA MTR NÃO DEVEM SER ENTENDIDOS COMO TAL

E

M resposta a uma interpelação escrita enviada por Agnes Lam, a Direcção dos Serviços para os assuntos de tráfego (DSAT) afirmou que os lucros obtidos pela sociedade que gere o metro ligeiro (MTR), não devem ser considerados como proveitos. Em vez disso, em resposta à deputada, o presidente da DSAT, Lam Hin San, aponta que esses “proveitos” devem ser considerados ”como o valor dos saldos re-

sultantes das despesas efectivas dos montantes de adjudicação” fixados entre o Governo e a MTR (Macau). ”Não deve ser entendido como lucro”, acrescenta. Também na resposta a Agnes Lam pode ler-se que existe uma divergência no entendimento quanto ao que é referido na interpelação sobre “um lado estar prejudicado e outro rentabilizado”. Recorde-se que, no seguimento da publicação do relatório anual

da Sociedade do Metro Ligeiro, a deputada pediu esclarecimentos ao Governo sobre o facto de a empresa ter obtido receitas líquidas de 262 milhões de patacas, quando o Governo já assumiu estar a ter prejuízos com a infraestrutura, a começar pelo valor da adjudicação da obra, fixado em 10,2 mil milhões de patacas. Já quanto ao pedido de divulgação dos detalhes do contrato de adjudicação assinado com a MTR, a DSAT revelou que

os montantes envolvem salários da operação do metro ligeiro e a prestação de serviços, como o ensaio e activação do sistema antes da entrada em funcionamento. Outros custos dizem respeito à formação de trabalhadores, operação do sistema nos primeiros cinco anos e a reparação e manutenção de comboios, sistemas de sinalização e infraestruturas. P.A.


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7.8.2020 sexta-feira

MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 330/AI/2020

MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 347/AI/2020

MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 471/AI/2020

MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 508/AI/2020

-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se o infractor HOI CHIO CHI, portador do Bilhete de Identidade de Residente Permanente da RAEM n.° 51355xx(x), que na sequência do Auto de Notícia n.° 104/DI-AI/2018 levantado pela DST a 28.05.2018, e por despacho da signatária de 29.07.2020, exarado no Relatório n.° 317/DI/2020, de 07.07.2020, nos termos do n.° 1 do artigo 10.° e do n.° 1 do artigo 15.°, ambos da Lei n.° 3/2010, lhe foi determinada a aplicação de uma multa de $200.000,00 (duzentas mil patacas) por controlar a fracção autónoma situada na Avenida da Amizade n.° 405, Edf. Seng Vo, 5.° andar B, Macau onde se prestava alojamento ilegal. -----O pagamento voluntário da multa deve ser efectuado no Departamento de Licenciamento e Inspecção destes Serviços, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, de acordo com o disposto no n.° 1 do artigo 16.° da Lei n.° 3/2010, findo o qual será cobrada coercivamente através da Repartição de Execuções Fiscais, nos termos do n.° 2 do artigo 16.° do mesmo diploma.-------------------------------------------------Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo conforme o disposto no artigo 20.° da Lei n.° 3/2010, a interpor no prazo de 30 dias, conforme o disposto na alínea a) do n.° 2 do artigo 25.° do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 110/99/M, de 13 de Dezembro.---------------------Desta decisão pode o infractor, querendo, reclamar para o autor do acto, no prazo de 15 dias, sem efeito suspensivo, conforme o disposto no n.° 1 do artigo 148.°, artigo 149.° e n.° 2 do artigo 150.°, todos do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 57/99/M, de 11 de Outubro.-----------------------------------------------------------------Há lugar à execução imediata da decisão caso esta não seja impugnada.-----------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau.------------------------------

-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se o infractor CHAN HENG CHEONG, portador do Bilhete de Identidade de Residente Permanente da RAEM n.° 12733xx(x), que na sequência do Auto de Notícia n.° 46/DI-AI/2018 levantado pela DST a 05.03.2018, e por despacho da signatária de 29.07.2020, exarado no Relatório n.° 340/DI/2020, de 07.07.2020, nos termos do n.° 1 do artigo 10.° e do n.° 1 do artigo 15.°, ambos da Lei n.° 3/2010, lhe foi determinada a aplicação de uma multa de $200.000,00 (duzentas mil patacas) por controlar a fracção autónoma situada na Praceta de Miramar n.° 11, Jardim San On, Bloco 1, 15.° andar E, Macau onde se prestava alojamento ilegal.--------O pagamento voluntário da multa deve ser efectuado no Departamento de Licenciamento e Inspecção destes Serviços, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, de acordo com o disposto no n.° 1 do artigo 16.° da Lei n.° 3/2010, findo o qual será cobrada coercivamente através da Repartição de Execuções Fiscais, nos termos do n.° 2 do artigo 16.° do mesmo diploma.-------------------------------------------------Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo conforme o disposto no artigo 20.° da Lei n.° 3/2010, a interpor no prazo de 60 dias, conforme o disposto na alínea b) do n.° 2 do artigo 25.° do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 110/99/M, de 13 de Dezembro.---------------------Desta decisão pode o infractor, querendo, reclamar para o autor do acto, no prazo de 15 dias, sem efeito suspensivo, conforme o disposto no n.° 1 do artigo 148.°, artigo 149.° e n.° 2 do artigo 150.°, todos do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 57/99/M, de 11 de Outubro.-----------------------------------------------------------------Há lugar à execução imediata da decisão caso esta não seja impugnada.-----------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau.------------------------------

-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se a infractora ZHANG, SHUIHUA, portadora do Salvo-Conduto de Residente da China Continental para Deslocação a Taiwan n.° L04754xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 66.1/DI-AI/2018, levantado pela DST a 31.03.2018, e por despacho da signatária de 31.03.2020, exarado no Relatório n.° 21/DI/2020, de 19.02.2020, em conformidade com o disposto no n.° 1 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010, lhe foi desencadeado procedimento sancionatório por suspeita de prestação de alojamento ilegal na fracção autónoma situada na Taipa, Rua de Seng Tou n.° 313, Urbanização da Nova Taipa - Fase I, Block 21, 9.° andar A.--------------------------No mesmo despacho foi determinado que deve, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, apresentar, querendo, a sua defesa por escrito, oferecendo nessa altura todos os meios de prova admitidos em direito, não sendo admitida a apresentação de defesa ou de provas fora do prazo conforme o disposto no n.° 2 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010.--------------------------------------------------------------A matéria apurada constitui infracção ao artigo 2.° da Lei n.° 3/2010, punível nos termos do n.° 1 do artigo 10.° do mesmo diploma.-----------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau.--------------------------------------------

-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se a infractora NGUYEN THI HANG, portadora do Passaporte da Vietnam n.° N1474xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 165/DI-AI/2018 levantado pela DST a 27.08.2018, e por despacho da signatária de 29.07.2020, exarado no Relatório n.° 517/DI/2020, de 08.07.2020, nos termos do n.° 1 do artigo 10.° e do n.° 1 do artigo 15.°, ambos da Lei n.° 3/2010, lhe foi determinada a aplicação de uma multa de $200.000,00 (duzentas mil patacas) por prestação de alojamento ilegal na fracção autónoma situada na Taipa, Rua de Viseu n.os 70 - 110, Nam Kuai, 7.° andar F.----------------------------------------------------------O pagamento voluntário da multa deve ser efectuado no Departamento de Licenciamento e Inspecção destes Serviços, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, de acordo com o disposto no n.° 1 do artigo 16.° da Lei n.° 3/2010, findo o qual será cobrada coercivamente através da Repartição de Execuções Fiscais, nos termos do n.° 2 do artigo 16.° do mesmo diploma.-----------------------------------------Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo conforme o disposto no artigo 20.° da Lei n.° 3/2010, a interpor no prazo de 60 dias, conforme o disposto na alínea b) do n.° 2 do artigo 25.° do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 110/99/M, de 13 de Dezembro.---------------------Desta decisão pode a infractora, querendo, reclamar para o autor do acto, no prazo de 15 dias, sem efeito suspensivo, conforme o disposto no n.° 1 do artigo 148.°, artigo 149.° e n.° 2 do artigo 150.°, todos do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 57/99/M, de 11 de Outubro.-----------------------------------------Há lugar à execução imediata da decisão caso esta não seja impugnada.-----------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau.------------------------------

-----Direcção dos Serviços de Turismo, aos 29 de Julho de 2020.

-----Direcção dos Serviços de Turismo, aos 29 de Julho de 2020.

A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes

A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes

MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 600/AI/2020

MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 601/AI/2020

-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se o infractor WONG CHI KIN, portador do Bilhete de Identidade de Residente Permanente da RAEM n.° 12509xx(x), que na sequência do Auto de Notícia n.° 152/DI-AI/2018 levantado pela DST a 30.07.2018, e por despacho da signatária de 29.07.2020, exarado no Relatório n.° 623/DI/2020, de 28.07.2020, nos termos do n.° 1 do artigo 10.° e do n.° 1 do artigo 15.°, ambos da Lei n.° 3/2010, lhe foi determinada a aplicação de uma multa de $200.000,00 (duzentas mil patacas) por controlar a fracção autónoma situada na Rua de Bruxelas n.° 93, Fu Tat Fa Yuen, 8.° andar AF, Macau onde se prestava alojamento ilegal.----------------------O pagamento voluntário da multa deve ser efectuado no Departamento de Licenciamento e Inspecção destes Serviços, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, de acordo com o disposto no n.° 1 do artigo 16.° da Lei n.° 3/2010, findo o qual será cobrada coercivamente através da Repartição de Execuções Fiscais, nos termos do n.° 2 do artigo 16.° do mesmo diploma.-------------------------------------------------Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo conforme o disposto no artigo 20.° da Lei n.° 3/2010, a interpor no prazo de 30 dias, conforme o disposto na alínea a) do n.° 2 do artigo 25.° do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 110/99/M, de 13 de Dezembro.---------------------Desta decisão pode o infractor, querendo, reclamar para o autor do acto, no prazo de 15 dias, sem efeito suspensivo, conforme o disposto no n.° 1 do artigo 148.°, artigo 149.° e n.° 2 do artigo 150.°, todos do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 57/99/M, de 11 de Outubro.-----------------------------------------------------------------Há lugar à execução imediata da decisão caso esta não seja impugnada.-----------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau.------------------------------

-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se a infractora LI, WANHUA, portadora do passaporte da RPC n.° ED2606xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 152.1/DI-AI/2018 levantado pela DST a 30.07.2018, e por despacho da signatária de 29.07.2020, exarado no Relatório n.° 624/DI/2020, de 28.07.2020, nos termos do n.° 1 do artigo 10.° e do n.° 1 do artigo 15.°, ambos da Lei n.° 3/2010, lhe foi determinada a aplicação de uma multa de $200.000,00 (duzentas mil patacas) por prestação de alojamento ilegal na fracção autónoma situada na Rua de Bruxelas n.° 93, Fu Tat Fa Yuen, 8.° andar AF, Macau.-------------O pagamento voluntário da multa deve ser efectuado no Departamento de Licenciamento e Inspecção destes Serviços, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, de acordo com o disposto no n.° 1 do artigo 16.° da Lei n.° 3/2010, findo o qual será cobrada coercivamente através da Repartição de Execuções Fiscais, nos termos do n.° 2 do artigo 16.° do mesmo diploma.-------------------------------------------------Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo conforme o disposto no artigo 20.° da Lei n.° 3/2010, a interpor no prazo de 60 dias, conforme o disposto na alínea b) do n.° 2 do artigo 25.° do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 110/99/M, de 13 de Dezembro.---------------------Desta decisão pode a infractora, querendo, reclamar para o autor do acto, no prazo de 15 dias, sem efeito suspensivo, conforme o disposto no n.° 1 do artigo 148.°, artigo 149.° e n.° 2 do artigo 150.°, todos do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 57/99/M, de 11 de Outubro.-------------------------------------------------------------Há lugar à execução imediata da decisão caso esta não seja impugnada.-----------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau.------------------------------

-----Direcção dos Serviços de Turismo, aos 29 de Julho de 2020.

-----Direcção dos Serviços de Turismo, aos 29 de Julho de 2020.

A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes

A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes

-----Direcção dos Serviços de Turismo, aos 28 de Julho de 2020. A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes

-----Direcção dos Serviços de Turismo, aos 29 de Julho de 2020. A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes


sociedade 7

sexta-feira 7.8.2020

HONG KONG PORTUGAL NÃO SUSPENDE, PARA JÁ, ACORDO DE EXTRADIÇÃO

TSI ANULADA RESCISÃO DE CONTRATO PARA ARRENDAR HABITAÇÃO SOCIAL

O

Tribunal de Segunda Instância (TSI) inverteu uma decisão tomada pelo Instituto da Habitação (IH) de rescindir um contrato de arrendamento de habitação social no edifício Fai Tat, comunicou o gabinete do presidente do Tribunal de Última Instância. Em causa, está um requerente de habitação social a quem em 2016 o IH tinha feito uma audiência escrita por ter um património líquido do agregado familiar acima do valor fixado por lei. O requerente explicou que um montante de 50.745 renminbis na sua conta bancária pertencia à sua irmã mais nova. Ainda assim, o organismo decidiu terminar a relação contratual. De seguida, o requerente recorreu para Tribunal Administrativo, e quando a decisão foi negativa avançou para o TSI. O TSI observou que o montante na conta não ultrapassa o limite se for provado que é da irmã. “Uma vez que é facto relevante a titularidade da quantia depositada, a Administração tem o dever de procurar a verdade do facto e averiguar se a quantia pertence à sua irmã mais nova, tal como disse o recorrente”, diz a nota. Frisando que a justificação do recorrente não devia ter sido negada de imediato, o tribunal defendeu ainda que “a maior parte dos residentes não tem bom conhecimento sobre as formalidades e funcionamento dos serviços públicos”. E como o caso está relacionado com a interpretação das regras de habitação pública “deve o serviço competente facilitar os residentes e tratá-los duma forma não burocrática”. Assim, o tribunal concluiu que o IH “não investigou suficientemente o caso” e violou o Código do Procedimento Administrativo.

À espera da União

O Ministério dos Negócios Estrangeiros não mostra intenções de suspender nesta fase o acordo de extradição assinado entre Portugal e Hong Kong em 2004, aguardando a avaliação da União Europeia sobre a lei de segurança nacional no território. No entanto, o partido político Iniciativa Liberal considera que essa suspensão deveria ser imediata, tendo entregue um pedido de resolução na Assembleia da República

A

O contrário da posição adoptada por vários países, Portugal não vai, para já, suspender o acordo de extradição de infractores em fuga que tem com Hong Kong desde 2004. Numa resposta enviada ao HM, o Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) não revelou intenção de suspender o acordo, tal como a TDM Rádio Macau já tinha noticiado esta quarta-feira. “Portugal continua a acompanhar atentamente os desenvolvimentos em Hong Kong, revendo-se nas posições veiculadas pela União Europeia (UE).” A resposta do MNE remete para a avaliação que será feita por parte

do Conselho da UE à implementação da lei da segurança nacional até final deste ano, solicitada a 28 de Julho. Esta análise irá focar-se “nos efeitos [da lei] sobre os direitos, liberdades, o ambiente de negócios em Hong Kong e o impacto de resposta da UE”. O Governo português refere ainda que a UE “atribui grande

O projecto de resolução do IL dá conta que “Portugal não pode aceitar ser cúmplice de violações ao Estado de Direito, sobretudo quando os direitos dos cidadãos portugueses naquela região não estão devidamente salvaguardados ao abrigo da nova lei”

Videovigilância Postes com câmaras vão ser melhorados As 300 câmaras de videovigilância da quinta fase do sistema “olhos no céu” vão ser instaladas também em postes que já têm câmaras. O comandante-geral dos Serviços de Polícia Unitários disse ontem que “para resolver algumas dificuldades” vão fazer-

importância à estabilidade e prosperidade de Hong Kong”, além de conferir “grande relevância à preservação do seu alto grau de autonomia em consonância com a Lei Básica e os princípios internacionais, bem como o respeito ao princípio ‘um país, dois sistemas’”.

-se “aperfeiçoamentos” a postes que já têm câmaras, electricidade e vias de internet. A quinta e sexta fases vão acrescentar 980 câmaras à cidade. O plano ainda não está definido, mas Leong Man Cheong disse ontem que vão ser instaladas em zonas novas, como

a Zona A dos Novos Aterros, a Zona C e alguns postes novos. O secretário para a Segurança reiterou ontem que as câmaras ajudam a identificar o percurso de criminosos, como furtos ou burlas, mas que há também casos de homicídio em que serviram de apoio.

Apesar desta tomada de posição, o partido político português Iniciativa Liberal (IL) apresentou esta terça-feira, na Assembleia da República (AR), um projecto de resolução onde pede a “suspensão imediata” do referido acordo. No projecto, assinado pelo único deputado do IL com assento no parlamento, João Cotrim Figueiredo, lê-se que “com a aplicação desta nova lei [de segurança nacional] e com a extradição de pessoas suspeitas para a China, a independência judicial de Hong Kong deixa de existir”. O MNE não comentou esta iniciativa legislativa do IL.

CONTRA “ATROPELO DEMOCRÁTICO"

No projecto de resolução, o IL considera que “Portugal não pode aceitar tal atropelo democrático”, uma vez que, no país, “não se julgam cidadãos por crimes de ‘convicção política’ ou ‘liberdade de pensamento’, duas áreas que podem ser definidas como crimes no quadro da nova lei de segurança nacional aplicada pela China a Hong Kong”. O documento dá ainda conta que “Portugal não pode aceitar ser cúmplice de violações ao Estado de Direito, sobretudo quando os direitos dos cidadãos portugueses naquela região não estão devidamente salvaguardados ao abrigo da nova lei”. Para o IL, “Portugal deve seguir o caminho de países como Reino Unido, Alemanha, Canadá, Austrália, entre outros, cujos Governos já suspenderam os seus acordos de extradição com a região administrativa especial chinesa”. O HM tentou obter mais esclarecimentos junto do único deputado do IL, mas até ao fecho desta edição não foi possível estabelecer o contacto. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo


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7.8.2020 sexta-feira

BNU LUCROS DO 1.º SEMESTRE CAÍRAM 20% EM RELAÇÃO A 2019

O

ECONOMIA OCDE RECOMENDA MAIOR SUPERVISÃO DE CONTABILISTAS

Macau cumpre, mas com falhas

Um relatório da OCDE indica que Macau “cumpre em grande parte” as regras internacionais de troca de informações para efeitos fiscais, mas aponta falhas na supervisão de instituições e acesso a informações de contabilidade

O

último relatório do Fórum Global sobre Transparência e Troca de informações para Fins Fiscais da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico) dá nota positiva a Macau. O documento, lançado este ano, descreve que o território “cumpre em grande parte” as regras internacionais de pedidos de troca de dados. Apesar disso, são muitas as recomendações deixadas ao Governo. Uma delas é o reforço do sistema de supervisão de instituições e profissionais, como auditores e contabilistas,

que devem seguir directivas contra lavagem de dinheiro. Apesar de o organismo indicar que a regulação contra a lavagem de dinheiro evoluiu nos últimos anos, espera mais melhorias. Em causa estão “várias lacunas” na disponibilidade de informação sobre propriedade. Desde a última análise, feita em 2013, o desempenho de Macau nos critérios analisados foi semelhante. Uma das mudanças mais claras foi a disponibilidade de informações de contabilidade. Em vez “cumpridora”, Macau aparece agora como “cumpre em grande parte”.

Apesar de se concluir que no geral as leis e a forma como são postas na prática dão acesso a registos de contabilidade, “foram encontradas algumas deficiências”. É por isso que no relatório se recomenda à RAEM a adopção de sanções. O objectivo é os documentos serem mantidos por um mínimo de cinco anos e disponibilizados em casos de liquidação ou dissolução da empresa. Descreve-se que no caso de algumas entidades faltaram evidências de supervisão da implementação de regras de manutenção de informação. Não se sabe quantas empresas privadas nomearam

Covid-19 Chegadas de HK só com teste emitido nas últimas 24 horas Desde as seis horas do dia de hoje, é obrigatório a qualquer pessoa oriunda de Hong Kong apresentar resultado negativo do teste à covid-19 emitido nas últimas 24 horas. Quem não tiver o documento não poderá entrar na RAEM. O comunicado explica ainda que “as operadoras ou condutores de transportes de Hong Kong para Macau

devem recusar o embarque a quem não possua o certificado”. Não existem quaisquer alterações às medidas previstas para os indivíduos que tenham visitado Hong Kong nos 14 dias anteriores à sua entrada em Macau, nomeadamente serem submetidos a uma observação médica por 14 dias em locais designados pela autoridade sanitária.

um órgão de supervisão: “isto não pode ser considerado uma supervisão apropriada das obrigações em manter informação”. Por outro lado, entende-se que o acesso a informação sobre propriedade é “limitado”, pela falta de monitorização ou penalidades para quem não cumprir as obrigações comerciais, à excepção das entidades que pagam distribuições dos seus lucros ilíquidos.

TRAÇAR LIMITES

A OCDE descreve que o regime jurídico da troca de informações em matéria fiscal adoptada em 2017 “levanta algumas preocupações”. Uma delas é que passou a haver limitações para reunir informação sobre alguns anos fiscais. “Macau deve assegurar que a autoridade competente tem acesso a toda a informação disponível”. Ainda assim, é observado que em 2015 a Autoridade Monetária de Macau multou um banco em 500 mil patacas por ter violado a necessidade de guardar dados. São reconhecidos desenvolvimentos em áreas como a mudança ao Código Comercial, que eliminou as acções ao portador em 2015. No entanto, houve cenários que ficaram em aberto. Quando a decisão foi tomada, foi dado um ano a quem tinha acções ao portador para requerer a mudança dos títulos para acções registadas, ou passavam a considerar-se destruídas. No entanto, é possível pedir a anulação da destruição através de tribunal, e a lei não define o período em que isso pode ser feito. “Recomenda-se que Macau clarifique o limite temporal depois do qual os detentores de acções ao portador não podem reclamar direitos sobre as acções destruídas”, indica o relatório. Salomé Fernandes

info@hojemacau.com.mo

Banco Nacional Ultramarino (BNU) registou uma perda de 20 por cento nos lucros no primeiro semestre do ano, em comparação a igual período de 2019, devido ao impacto da pandemia do coronavírus na economia. Uma perda que o presidente do BNU admitiu, em declarações à Lusa, poder ser semelhante até ao final do ano, entre 15 e 20 por cento, em contraste com o crescimento de 25 por cento registado em 2019. A situação só pode melhorar com o regresso da emissão pela China de vistos individuais para Macau e, consequentemente, do mercado turístico de massas, que ajude os casinos e por arrasto a restante economia do território, sublinhou Carlos Álvares. Uma previsão mais optimista também só é possível com o aparecimento de uma vacina para a covid-19 que restaure a confiança das pessoas em viajar, salientou o responsável da instituição, do grupo Caixa Geral de Depósitos. No ano passado, os lucros do banco foram de 366,8 milhões de patacas, que correspondeu a um crescimento de 18 por cento em relação a igual período de 2018. Agora caíram para 253,9 milhões de patacas. Carlos Álvares salientou que o crédito e os depósitos cresceram enquanto as comissões ligadas aos cartões de crédito e seguros diminuíram, o que já era esperado neste cenário de crise. Já as comissões financeiras associadas à compra de acções em bolsa e ao investimento em fundos imobiliários subiram, acrescentou.

Seguradoras Governo inicia devolução das taxas de registo

As taxas de registo referentes ao ano de 2020, entretanto pagas pelos mediadores de seguros, vão começar a ser devolvidas. O anúncio foi feito ontem pela Autoridade Monetária de Macau (AMCM) onde refere que já começou a notificar via “SMS” os mediadores de seguros. As taxas serão devolvidas através de numerário, transferência bancária ou emissão de livrança. Os mediadores que não forem notificados até segunda-feira devem contactar a AMCM. A isenção do pagamento das taxas foi anunciada com o objectivo de aliviar o impacto da crise provocada pela covid-19.


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sexta-feira 7.8.2020

Burla Utilizadores perdem milhares online

A Polícia Judiciária (PJ) reportou ontem dois casos de utilizadores que acabaram por perder vários milhares de renminbis online, através de aplicações. O primeiro, diz respeito a uma mulher de 30 anos, funcionária de hotel, que não conseguiu reaver os 97 mil renminbis investidos após ter conhecido um homem online que ofereceu garantias de rentabilizar o dinheiro através do mercado bolsista. A segunda vítima, reportada pela PJ, é um homem de 20 anos que, após tentar trocar 18 mil dólares de Hong Kong por 16 mil renminbis online, acabou por nunca receber o montante resultante do câmbio, na sua conta de Alipay.

Contrabando Apreendidos bens no valor de 2,4 milhões de patacas Na noite de 3 de Agosto, os Serviços da Alfândega agiram em relação a uma loja de contrabando perto das Portas de Cerco. Encontraram mais de 2700 produtos de maquilhagem, 46 malas e 17 roupas de marcas famosas, num valor de cerca de 2,4 milhões de patacas, noticiou o jornal Ou Mun. Depois da investigação, o organismo descobriu que o responsável da loja recrutou ilegalmente uma pessoa de Hong Kong para trabalhar no local, e contratou trabalhadores não residentes (TNR) para fazerem entregas

de bens na China Continental. Os Serviços da Alfândega iniciaram um processo contra as nove pessoas suspeitas de envolvimento no caso. Segundo a Lei do Comércio Externo, a multa pode chegar às 50 mil patacas. Além disso, sete pessoas do grupo são suspeitas de violação da lei da contratação de TNR. Assim, o empregador pode ter de pagar uma multa entre dez mil a vinte mil patacas por cada trabalhador ilegal, enquanto cada não residente pode ficar sujeito ao pagamento de cinco a dez mil patacas.

JHO LOW POLÍCIA DA MALÁSIA ACUSA MACAU DE FALTA DE COOPERAÇÃO

JUSTIÇA ALEGADO MEMBRO DE TRÍADE VAI SER DEPORTADO PARA ZHUHAI

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AI Tong Sang, residente de Macau e alegado membro da tríade Gasosa, foi detido no Camboja e vai ser deportado para ser entregue às autoridades de Zhuhai. A notícia foi avançada ontem pelo jornal Apple Daily que avança que a detenção aconteceu no fim do mês passado. A publicação de Hong Kong, que cita fontes anónimas, faz a ligação entre a detenção do residente local e um empresário de Zhuhai, chamado Liang Jiarong. Este homem de negócios do Interior é acusado pelas autoridades do outro lado da fronteira de ter cometido vários crimes e terá sido alvo de uma operação em Zhuhai desencadeada a 23 de Julho. Liang enfrenta acusações por crimes de agressão e ocupação ilegal de terras aráveis. No âmbito da deportação, as autoridades do Interior acreditam ainda Lai Tong Sang, que estará ligada à empresa local LingFeng, alegadamente cúmplice em alguns das práticas ilegais. Por sua vez, o milionário Liang Jiarong tem 58 anos e está ligado à empresa Guangdong Shirong Zhaoye Co., Ltd., que se encontra registada na bolsa de Shenzhen. O magnata fez fortuna ao longo dos anos 1990, quando comprou vários terrenos em Zhuhai, que vendeu e arrendou com grandes lucros. O jornal de Hong Kong aponta que terá sido nessa altura que ambos se conheceram num casino de Macau. J.S.F.

Um disco riscado

Apesar do desmentido de Wong Sio Chak na semana passada, o Inspector-Geral da polícia da Malásia voltou a insistir que o fugitivo acusado de crimes financeiros, Jho Low, está escondido em Macau a conduzir os seus negócios livremente. As autoridades malaias pediram ainda que a polícia de Macau actue com responsabilidade

Bador acusou ainda as autoridades de Macau de “falta de cooperação”. Recorde-se que a recente tomada de posição do Governo de Macau vem no seguimento do Inspector-Geral da polícia da Malásia ter afirmado que Jho Low fez transacções durante a sua permanência em Macau e que os seus familiares estão a circular livremente em Hong Kong. Na resposta, Wong Sio Chak desmentiu as ocorrências, lembrando que já em 2018, o Governo de Macau esclareceu que o bilionário não se encontrava em Macau, após ter sido emitido um mandato internacional para a sua captura. “A Polícia da Malásia, contrariando as regras e as práticas no âmbito de cooperação policial internacional, divulgou unilateralmente que Lao XX [Jho Low] se encontra em Macau, informação que não corresponde à verdade”, segundo um comunicado do gabinete do secretário para a Segurança.

“Será que as autoridades de Macau não têm o instinto policial para nos ajudar?” ABDUL HAMID BADOR INSPECTOR-GERAL DA POLÍCIA DA MALÁSIA

“Em 2018, o sub-gabinete de Macau da Polícia Judiciária do Gabinete Central Nacional Chinês da Interpol recebeu um pedido das autoridades da Malásia, tendo dado resposta clara de que o referido indivíduo não se encontrava em Macau”, pode ler-se na mesma nota divulgada na semana passada.

CRIME MAIOR

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Inspector-Geral da polícia da Malásia, Abdul Hamid Bador, voltou ontem a insistir que Jho Low, empresário acusado de estar envolvido num esquema que desviou 4,5 mil milhões de dólares norte-americanos do Estado malaio, está escondido em Macau. A insistência chega

praticamente uma semana depois de o secretário para a segurança Wong Sio Chak ter desmentido a presença de Low no território. De acordo com declarações do Inspector-Geral da polícia da Malásia à agência France-Presse (AFP), citadas pelo Malay Mail, Jho Low “está praticamente a conduzir de forma livre os seus

negócios a partir de Macau”, deixando um novo apelo: “Queremos que as autoridades locais e a polícia de Macau ajam com responsabilidade. Será que as autoridades de Macau não têm o instinto policial para nos ajudar?”. Garantindo que as autoridades malaias “não vão descansar enquanto não for feita justiça”,Abdul Hamid

Jho Low, cujo nome real Low Taek Jho está em fuga desde 2017, e é procurado por um crime de desfalque de fundos públicos no valor de 4,5 mil milhões de dólares norte-americanos, que envolve a companhia 1Malaysia Development Berhad (1MBD). O escândalo ligado ao desvio de um fundo soberano culminou no final de Julho numa sentença de 12 anos de prisão para o ex-primeiro-ministro da Malásia Najib Razak, dois anos depois de provocar a queda do seu Governo. Pedro Arede

pedro.arede.hojemacau@gmail.com


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sexta-feira 7.8.2020

O tema deste concurso era “Love in the Time of Coronavirus” [O amor em tempos de coronavirus] e tinha como principal objectivo “encorajar os estudantes a expressar os seus sentimentos de preocupação relativamente à pandemia”

Amor em tempos de cólera COVID-19 ESCOLHIDOS OS VENCEDORES DE CONCURSO QUE VISA COMBATER O VÍRUS ATRAVÉS DA ARTE

Estão escolhidos os vencedores do concurso “Calling Macau Students to Fight Vírus with Art”, promovido pela Associação de Cultura e Arte Chinesa e apoiado pela Sociedade de Jogos de Macau. No total participaram 1,489 estudantes de 52 escolas primárias e secundárias, números que revelam, para a organização, “a determinação dos estudantes de lutar contra a doença em conjunto com a sociedade”

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concurso “Calling Macau Students to Fight Virus with Art”, criado para levar os alunos de Macau a expressarem a sua luta contra o novo coronavirus, já tem os seus vencedores escolhidos. A iniciativa, organizada pela Associação de Cultura e Arte Chinesa de Macau e apoiada pela Sociedade de Jogos de Macau (SJM) recebeu um total de 1,489 projectos artísticos candidatos, feitos por alunos de 52 escolas primárias e secundárias. Segundo um comunicado, “a impressionante resposta teve como significado a determinação dos estudantes em lutarem contra a doença em conjunto com a sociedade”. O júri seleccionou um total de 216 trabalhos. Liao U Hei, da escola Fu Luen, venceu na categoria

“Chinese Calligraphy – Primary Junior”, enquanto que na categoria “Chinese Calligraphy – Primary Senior” venceu o aluno Leong Wai I, da escola Hou Kong. Na categoria “Chinese Calligraphy – Secondary Junior” o estudante Leong Hio Cheng, da escola Hou Kong, arrecadou o primeiro prémio. Ainda na categoria “Chinese Calligraphy – Secondary Senior”, Ng Weng Lam, também da escola Hou Kong, obteve a primeira classificação. Relativamente à categoria “Painting – Primary Junior”, Leong Sam Ut, também da escola Hou Kong, arrecadou o primeiro prémio. O concurso tinha ainda mais duas categorias na área da pintura. Em todas as categorias do concurso foram atribuídos o segundo e terceiro prémios, tendo sido também concedidas 20 menções honrosas.

Os alunos vencedores foram contemplados com um prémio pecuniário que poderão usar na compra de livros, além de receberem o respectivo certificado. O tema deste concurso era “Love in the Time of Coronavirus” [O amor em tempos de coronavírus] e tinha como principal objectivo “encorajar os estudantes a expressar os seus sentimentos de preocupação relativamente à pandemia, contribuindo para os esforços concertados da sociedade na luta contra a doença”. Além disso, o concurso pretendia, “ao mesmo tempo, promover a cultura chinesa e a criatividade nas artes no seio das gerações mais jovens”.

“ATITUDE POSITIVA”

Ambrose So, presidente da Associação de Cultura e Arte Chinesa de Macau e CEO

da SJM, disse estar “impressionado” com o elevado número de projectos artísticos apresentados a concurso. “Agradecemos sinceramente a participação das escolas - directores, professores e estudantes - por fazer desta actividade um sucesso frutífero neste período desafiante. Conseguimos compreender a preocupação por parte dos jovens relativamente a esta pandemia global através dos seus trabalhos”, disse, citado pelo mesmo comunicado.

Daisy Ho, presidente-executiva da SJM, afirmou que os trabalhos apresentados pelos alunos “não apenas reflectem as suas técnicas e criatividade mas também revelam uma atitude positiva no combate à doença”. “A SJM está muito satisfeita por poder colaborar com a Associação de Cultura e Arte Chinesa de Macau nesta actividade e poder permitir aos estudantes partilharem as suas mensagens de amor junto da comunidade através

da caligrafia e pintura”, frisou a empresária, filha do falecido magnata Stanley Ho. Devido à pandemia, não é possível realizar a cerimónia de entrega de prémios, cuja data será anunciada posteriormente. No júri deste concurso participaram veteranos de caligrafia chinesa ou profissionais do meio artístico, tal como Ung Si Meng, Lai Ieng, Lok Hei, Kuan Kun Cheong, Li Tak Seng, Chan Heng Sang, Ho Loi Seng, Ieong Keang Sang and Fok Chi Chiu.

Teatro D. Pedro V Concerto de saxofone este sábado A Associação de Directores de Bandas de Macau promove, este sábado, um recital de saxofone no Teatro D.Pedro V pelas 20h. O espectáculo será protagonizado pelo músico Derek Lee e tem como convidados os pianistas Cecilia

Long I Ian e Hugo Loi Hon Cheong. O preço dos bilhetes é de 80 patacas. O espectáculo conta com o apoio do Instituto Cultural, da Fundação Oriente e da Associação dos Proprietários do Teatro Dom Pedro V.


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Governo chinês vai enviar uma equipa de médicos e equipamento para o Líbano, após a explosão do porto que fez mais de 5.000 feridos e pelo menos 137 mortos, anunciou ontem o Ministério dos Negócios Estrangeiros. O porta-voz do ministério, Wang Wenbin, disse que o Presidente chinês, Xi Jinping, enviou uma mensagem de condolências ao presidente do Líbano, Michel Aoun, após a explosão. “Como um país amigo do Líbano, a China está disposta a continuar a prestar assistência, dentro das suas capacidades, para o Líbano superar as dificuldades”, disse Wang, em conferência de imprensa. A China é um grande cliente do petróleo e gás do Médio Oriente e, nos últimos anos, tentou aumentar a sua influência na região, como alternativa aos EUA e à Europa. O país asiático contribui também com soldados para operações de manutenção da paz das Nações Unidas no sul do Líbano. Duas fortes explosões sucessivas sacudiram Beirute na terça-feira, causando, pelo menos 137 mortos e mais de 5.000 feridos, segundo o último balanço feito pelas autoridades libanesas. Até 300.000 pessoas terão ficado sem casa devido às explosões, segundo o governador da capital do Líbano, MarwanAbboud.As violentas explosões deverão ter tido origem em materiais explosivos confiscados e armazenados há vários anos no porto da capital libanesa. O primeiro-ministro libanês, Hassan Diab, revelou que cerca de 2.750 toneladas de nitrato de amónio estavam armazenadas no depósito do porto de Beirute que explodiu.

7.8.2020 sexta-feira

BEIRUTE / EXPLOSÕES PEQUIM ENVIA EQUIPA DE MÉDICOS

Ser solidário

Wang Wenbin, MNE chinês “Como um país amigo do Líbano, a China está disposta a continuar a prestar assistência, dentro das suas capacidades, para o Líbano superar as dificuldades.”

HONG KONG ACTIVISTAS ACUSADOS DE PARTICIPAREM EM VIGÍLIA PROIBIDA

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INTE e cinco ativistas pró-democracia foram ontem indiciados por participarem, em Junho, na vigília anual em Hong Kong contra a repressão em Tiananmen em 1989, que tinha sido oficialmente proibida devido aos riscos associados com a pandemia de covid-19. Entre eles estão várias figuras do movimento, como Joshua Wong, o magnata da imprensa Jimmy Lai e líderes da Aliança de Apoio aos Movimentos Democráticos e Patrióticos da China, que organiza a vigília desde 1990. A acusação é a de “participarem conscientemente num comício não autorizado”.

Lee Cheuk-yan, presidente da Aliança, foi indiciado por ter organizado a vigília a 4 de Junho, em Victoria Park. Essa vigília atrai geralmente multidões e é a única celebração que visa denunciar a repressão em Tiananmen na China. Porém, as autoridades da ex-colónia britânica proibiram-na em Junho, pela primeira vez em 30 anos, acreditando que esse encontro realizado durante uma pandemia constituía “uma grande ameaça à vida e à saúde do público”. Os 25 activistas foram convocados para comparecer perante a justiça a 15 de Setembro.

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JUSTIÇA ZHANG YUHUAN LIBERTADO DEPOIS DE SER CONDENADO INJUSTAMENTE HÁ 27 ANOS

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justiça chinesa libertou um homem injustamente condenado por homicídio, ao fim de passar 27 anos na prisão, num caso que envolveu acusações de tortura pela polícia, segundo a agência noticiosa oficial Xinhua. ZhangYuhuan, de 52 anos, foi preso pelo homicídio de dois meninos, em 1993, mas sempre alegou que a sua confissão foi extraída sob tortura. Depois de 27 anos atrás das grades, um tribunal no leste da China libertou-o na terça-feira, argumentando

que não há evidências suficientes. “Depois de analisar o caso, concluímos que não há evidências directas para apoiar a condenação”, afirmou o Tribunal Popular de Jiangxi, em comunicado. “Declaramos Zhang inocente”, acrescentou. Zhang é o preso no corredor da morte chinês que passou mais tempo na prisão, segundo a Xinhua. O homem foi condenado à morte em 1995, antes de a sua sentença ser comutada para prisão perpétua dois anos

depois. Após vários recursos sem êxito, o tribunal da província de Jiangxi finalmente ordenou um novo julgamento, em Março de 2019. O tribunal concluiu então que é impossível provar que sacos e cordas encontrados na cena do crime e usadas no duplo assassinato tenham ligação com o acusado. O advogado de Zhang, Wang Fei, anunciou que o seu cliente vai reclamar uma compensação e processar “aqueles que cometeram esta negação da justiça”.

Tribunal Cidadão canadiano condenado à morte por tráfico de droga Um terceiro cidadão do Canadá foi ontem condenado à pena de morte na China por produção e tráfico de drogas, anunciou um tribunal do sul do país, numa altura de tensão diplomática entre Otava e Pequim. O cidadão canadiano, identificado em mandarim como Xu Weihong, foi julgado em primeira instância por “produção de drogas”, segundo o Tribunal Intermédio de Cantão. O porta-voz da diplomacia chinesa, Wang Wenbin, enfatizou à imprensa que o caso “não deve ter consequências para as relações entre a China e o Canadá”.


região 13

HIROSHIMA ANIVERSÁRIO MARCADO POR APELOS AO FIM DAS ARMAS NUCLEARES

Em nome da vida

Após 75 anos do lançamento da primeira bomba atómica, o Japão continua sem assinar o Tratado de Proibição de Armas Nucleares, aprovado em 2017 na ONU. O presidente da Câmara de Hiroshima criticou ontem o primeiro-ministro, Shinzo Abe, por manter o país fora da iniciativa trumentos críticos para eliminar as armas nucleares”. “Agora, mais do que nunca, os líderes mundiais devem reforçar a sua determinação para que este quadro legal funcione eficazmente”, insistiu, perante as cerca de 800 pessoas, um décimo dos participantes que assistiram no ano passado à cerimónia, que desta vez teve de ser reduzida devido ao risco de propagação da covid-19.

STANLEY TROUTMAN

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IROSHIMA assinalou ontem o 75.º aniversário do bombardeamento atómico da cidade japonesa, com o autarca da cidade a criticar o Governo Japonês por se recusar a assinar o tratado de proibição de armas nucleares. O apelo foi feito pelo presidente da Câmara de Hiroshima, Kazumi Matsui, a cerca de 800 pessoas reunidas no Parque da Paz da cidade, entre as quais o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, e sobreviventes do ataque nuclear contra a cidade a 6 de Agosto de 1945. Há 75 anos, em Hiroshima, às 8:15, hora local, era lançada a primeira bomba atómica em cenário de Guerra, pelo bombardeiro norte-americano Enola Gay. A bomba tinha o nome de código “Little Boy”, três metros de comprimento, 71 cm de largura e uma potência equivalente a 13 quilotoneladas de TNT, provocando a morte a 140.000 pessoas. Três dias depois, os Estados Unidos lançaram, a 9 de Agosto de 1945, uma segunda bomba atómica sobre Nagasaki, à capitulação do

CONVERSAS EVASIVAS

Japão e ao fim da Segunda Guerra Mundial. “Apelo ao Governo japonês para que atenda ao apelo do Hibakusha [pessoas afectadas pela explosão] para assinar, ratificar e tornar-se parte do Tratado de Proibição de Armas Nucleares”, disse o presidente da câmara. O tratado foi aprovado na ONU a 7 de Julho de 2017 por 122 estados membros, mas para que entre em vigor precisa de ser ratificado por

pelo menos 50 nações, e até agora apenas 40 o fizeram. O Japão, tal como as potências nucleares, ficou de fora desta iniciativa, que adere ao Tratado de Não-Proliferação Nuclear, que restringe a posse de armas atómicas e que entrou em vigor há meio século após ter sido assinado pela grande maioria das nações do mundo, incluindo o Japão. Estes dois tratados, sublinhou o autarca, são “ins-

O presidente da câmara de Hiroshima falou após a apresentação de oferendas de flores num memorial relativa à tragédia a que se seguiu um momento de silêncio enquanto um sino tocava, na mesma hora em que a bomba caiu sobre Hiroshima. Numa mensagem posterior, o primeiro-ministro japonês evitou qualquer conversa sobre o Tratado de Proibição de Armas Nucleares, mas disse que o seu país lutará “com tenacidade” para alcançar um mundo livre de armas nucleares. No domingo será a vez de se assinalar o 75.º aniversário Nagasaki.

AP

sexta-feira 7.8.2020

ÍNDIA / COVID-19 RECORDE DIÁRIO DE MORTES NO DIA EM QUE GOA BATE MÁXIMO DE INFECTADOS

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Índia bateu na quarta-feira o recorde diário de mortes por covid-19, com 904 óbitos, no mesmo dia em que o estado de Goa, um dos menos afectados, contabilizou o maior número de infecções, 348 casos. Segundo o Ministério da Saúde indiano, o país diagnosticou mais 56.282 infecções com o novo coronavírus nas últimas 24 horas, com o total desde o início da pandemia perto de atingir os 2 milhões, além de 40.699 mortes. Destas, 20 mil ocorreram nos últimos 30 dias. Maharashtra, Tamil Nadu e Andhra Pradesh são os estados indianos mais atingidos pela pandemia. Goa, um dos estados indianos menos afectados, registou nas últimas 24 horas um novo máximo de 348 novas infecções e quatro mortes, elevando o total desde o início da pandemia para 7.422 casos e 64 mortos, no mesmo dia em que médicos locais alertaram para o elevado número de óbitos na antiga colónia portuguesa. O responsável do departamento de Goa da Associação Médica Indiana

(IMA, na sigla em inglês), Samuel Arawattigi, manifestou ontem preocupação com o aumento das mortes na antiga colónia portuguesa, que atribuiu à falta de especialistas e de equipamento médico no hospital de Margão, de acordo com um comunicado da IMA, citado pelo jornal em língua inglesa Navhind Times. Um estudo da Universidade de Stanford divulgado esta semana também colocou Goa entre os piores dez estados na Índia a notificar casos de covid-19. A análise dos investigadores, a que a Lusa teve acesso, avaliou a qualidade dos dados recolhidos e dos mecanismos de notificação de casos de covid-19 em 29 estados indianos, em parâmetros como acessibilidade e disponibilidade dos dados e respeito pela privacidade da informação recolhida. Goa registou uma pontuação total de 0,21, numa avaliação de 0 (fraco) a 1 (bom), ficando ligeiramente abaixo da média, de 0,26, numa lista em que o estado mais bem classificado é Karnakata, com 0,61.

TOYOTA LUCRO TRIMESTRAL DA TOYOTA CAI 74%

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lucro da construtora de automóveis japonesa Toyota caiu 74 por cento no último trimestre, face ao mesmo período do ano passado, devido à queda para metade da venda de carros causada pela pandemia de covid-19, anunciou ontem a empresa. Segundo a construtora, a Toyota registou um lucro de 1,2 mil milhões de euros no período Abril-Junho deste ano. No mesmo trimestre do ano passado, a empresa tinha registado um lucro de 4,9 mil

milhões de euros. As vendas trimestrais caíram 40 por cento para 36,7 mil milhões de euros, quase inteiramente devido às consequências da pandemia, que obrigou a confinamentos, interrupções na produção e nas vendas, explicou a empresa. Todas as construtoras de automóveis foram gravemente prejudicadas pela pandemia de covid-19, mas a Toyota conseguiu manter lucros no trimestre, o que a empresa justifica com “a resiliência do fabricante no compacto

Corolla, do híbrido Prius e dos modelos de luxo Lexus”. Os rivais japoneses, a Honda e a Nissan, assim como a norte-americana General Motors, apresentaram todos prejuízos no último trimestre. AToyota planeia obter um lucro de 5,8 mil milhões de euros no ano fiscal até março de 2021, uma queda de 64 por cento em relação ao ano fiscal passado. Segundo a Toyota, as vendas irão gradualmente voltar a níveis quase normais até ao final deste ano.

MANUEL FRANCISCO DE JESUS FALECIMENTO A família de MANUEL FRANCISCO DE JESUS cumpre o doloroso dever de informar que o seu ente querido faleceu no dia 4 de Agosto, em Macau. Deixa viúva Alda, filhos Manuel, Florita, José Manuel, António e Julieta, noras Veronica e Diana, genros Vitor e Fernando, netos e bisnetos. A missa de corpo presente vai realizar-se na Casa Diocesana no dia 8 de Agosto, pelas 19:30 horas. No dia seguinte, 9 de Agosto pelas 11:30 horas, realizar-se-á a missa na Casa Diocesana, seguida do enterro no Cemitério de S. Miguel Arcanjo.A Missa de Sétimo Dia realiza-se na Sé Catedral, dia 10 de Agosto, segunda-feira, às 18 horas. A família enlutada agradece antecipadamente a todos pelas condolências e a todos quantos se queiram associar aos piedosos actos.


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7.8.2020 sexta-feira

De mim não falo mais :não quero nada.

entre oriente e ocidente

FICÇÃO, ENSAIO, POESIA, FRAGMENTO, DIÁRIO

Gonçalo M. Tavares

Flores e sonambulismo

1. A MULHER QUE SE LEVANTA DE NOITE

Montava-se a maquineta, como era conhecida, improvisando ligações e aproveitando material de utensílios fora de circulação. Os cintos de segurança de um automóvel que tinha sofrido um acidente terrível – o carro caíra por um penhasco abaixo e o casal, que acabara de saber que a mulher estava grávida, morreu, - do automóvel pouco restou, então, mas esses cintos de segurança, que mesmo no meio da tragédia haviam feito o seu trabalho, estando ainda funcionais, haviam sido arrancados e transplantados, por assim dizer, para a cama de Margarida, que era sonâmbula desde os cinquenta anos, mas agora, com oitenta e seis, se tornara muitíssimo perigosa para si própria nessas deambulações nocturnas inconscientes. Não fora fácil, mas os três filhos, depois de discutirem, concordaram que era a única solução. E assim prendiam todas as noites a mãe com esse cinto de segurança – mecanismo que, sem o saberem, já era manipulado e dominado por completo, mesmo durante o sono, pela velha Margarida que, sonâmbula, fazia primeiro um acto de Houdini modesto, desapertando os dois – eram dois – cintos de segurança – primeiro o que rodeava os braços, depois o que lhe segurava os pés, e lá avançava depois ela para as suas diatribes errantes pela noite da casa. Quando voltava à cama, sempre a dormir, deitava-se, dobrava-se a custo e fechava o cinto que lhe segurava as pernas, depois o 2º cinto de segurança, o que lhe ficava ao nível do peito, e ali ficava, então, adormecendo, já tranquila, depois de um pequeno passeio inconsciente. Mesmo sendo visíveis muitos objectos fora do sitio, uma outra vez partidos, os filhos não compreendiam nada, e culpavam um animal que pudesse ter entrado por ali, pela casa deserta.

2. A SEITA

ILUSTRAÇÃO ANA JACINTO NUNES

Era uma seita de adolescentes, mas seita sim. Pelo menos era essa a palavra que eles utilizavam, numa espécie de reuniões secretas, realizadas em pé, no meio de recreio, reuniões que duravam por vezes não mais do que uns segundos. Andavam, depois, por toda a aldeia, a pares - porque um vigiava e o outro actuava e limpava a aldeia de flores. Era uma seita contra as flores. Tudo homens, aliás: rapazes de dez, onze, doze e um com catorze. Uma seita que só aceitava novos membros que jurassem que não deixariam viva nenhuma flor com que se cruzassem. De dia, quando ninguém estava por perto; ou à noite, em bando, eles actuavam – e já eram conhecidos. Quase não havia flores na aldeia. Apenas algumas dentro de certas casas. E mesmo essas estavam como que debaixo de uma ameaça, uma ameaça estúpida, inconsequente, sem sentido algum, uma ameaça de um grupo de adolescentes, de uma seita, como eles se designavam, que certamente se extinguiria, de forma natural, quando os miúdos crescessem e com o seu crescimento deixassem as flores em paz.


ARTES, LETRAS E IDEIAS 15

sexta-feira 7.8.2020

ofício dos ossos Valério Romão

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ODER-SE-IA dizer que nascemos entubados, porque este pequeno passeio a que damos o nome de vida, a nível cósmico, não chega a ser um piscar de olhos. Para complicar mais, nascemos nus – em todos os sentidos. Ao contrário dos bichos que legam aprendizagem por via da hereditariedade, o humano aparece no mundo absolutamente desprovido de qualquer competência. É puro acontecimento de curiosidade. Essa plasticidade primordial é na verdade a sua grande vantagem evolutiva e, e simultaneamente, um dos focos fundamentais de ansiedade do sujeito, pois quanto mais história da espécie vai ficando para trás, mais há para aprender e o dispositivo pelo qual se dá essa aprendizagem é basicamente o mesmo há milénios. O cérebro não acompanha em termos evolutivos a sedimentação acumulativa do saber. É como escavar uma mina cada vez maior com a mesma colher com que se começou a fazer um buraco na terra. A sobrevivência da espécie tal como a conhecemos implica a sobrevivência de um grande número de indivíduos e dos suportes de conhecimento adquiridos ao longo dos séculos. Acaso um cataclismo varresse o planeta e levasse com ele, para além da maior parte da humanidade, tudo quanto esta se socorre para não estar constantemente a reinventar a roda, outra espécie de humano surgiria, condenado – como está desde sempre – a resolver progressivamente a natureza que o rodeia. Desta feita, sem

Um segundo na história do universo consulta aos manuais. Todo o básico da física, biologia, química e restantes áreas do saber teriam de ser redescobertos. A notícia feliz – a haver uma –, é que o conhecimento – pelo menos científico – parece ser unívoco e as suas conquistas parecem resistir ao tempo. Para os gregos antigos, o humano é uma criatura que caminha de costas para o futuro com os olhos postos no passado. Criatura às arrecuas, condenado a desconhecer o sítio para onde caminha e impedido de voltar para trás nos seus passos. E ainda as-

sim, mal-grado a sua aparente insignificância na ordem geral das coisas, cada sujeito comporta em si a possibilidade de mudar tudo. O conhecimento é a tentativa e erro de muitos consagrado no acerto de um. Formiguinhas laboriosas, cada uma com a sua pequena colher, procurando fendas nas rochas para se abrigarem. Cada descoberta individual beneficia toda a humanidade. Do mesmo modo, cada descoberta individual pode condená-la. Temos a responsabilidade de proteger o nosso património de adquiridos.

Temos a responsabilidade de proteger o nosso património de adquiridos. De cuidar do edifício que começou a ser construído muito antes de nascermos e que continuará a ser edificado muito depois de já termos desaparecido

De cuidar do edifício que começou a ser construído muito antes de nascermos e que continuará a ser edificado muito depois de já termos desaparecido. E essa responsabilidade não se limita a preservar o conhecimento e as suas formas de transmissão do olvido mas também – e cada vez mais – dos ataques do achismo pandémico que o século XXI tem vindo a revelar. Não, a terra não é plana. As vacinas não provocam autismo. Não há nenhuma conspiração mundial que se interesse por tudo quanto fazes e dizes. Nos últimos cem anos temos estado a assistir a dois movimentos inteiramente distintos: por um lado, a indústria do entretenimento de massas tem vindo a promover uma imbecilização crescente nos conteúdos que produz. Por outra parte, o conhecimento científico tornou-se tão complexo e especializado que para se falar sobre determinado assunto com propriedade é necessária uma precisão subatómica e uma vida dedicada a áreas cada vez mais reduzidas e precisas em âmbito. Essas duas culturas totalmente distintas chocam quotidianamente. Não são aldeias vizinhas, são continentes distintos com linguagens mutualmente ininteligíveis. Os efeitos desses choques sentem-se de forma cada vez mais profunda, seja nas políticas de saúde ou energéticas, seja no modo como as pessoas se arriscam a contrariar tudo quanto não compreendem, confundido uma pueril revolta adolescente com um acto de liberdade. A humanidade, quando não acha perigos com que se entreter, inventa-os. E este, ao contrário do meteorito possível ou do desastre climático, está em cada um de nós.


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tonalidades António de Castro Caeiro

7.8.2020 sexta-feira

Recaída

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S distúrbios que admitem uma possibilidade crónica de recaída estão bem caracterizados. As actividades que estão associadas a tais distúrbios são preferidas a qualquer outra actividade. Tais actividades persistem a despeito das péssimas consequências. Qualquer adicção é assim. No limite, quem está agarrado a uma substância intoxicante prefere as actividades que a promovem e estão ligadas ao seu consumo do que qualquer outra actividade mesmo que no passado lhe tenha dado um grande prazer ou em si tenha um grande valor existencial. Um consumidor de heroína ou crack vai dar-se com outros consumidores e fazer o que eles fazem para arranjarem o produto, em vez de estar com a sua família de origem ou a família que criaram, vão dedicar-se de manhã à noite a tentar arranjar droga, antecipar o próximo transe ou a ressacar a pedrada em vez de trabalhar, praticar desporto, fazer o que quer que se possa fazer no dia a dia. Por outro lado, persistirá em levar a cabo o conjunto de actividades ligadas ao consumo, mesmo sabendo que põe a saúde e em última análise a vida em perigo. Mas o que é a recaída? A recaída é a incapacidade de parar de tomar substâncias adictivas para sempre: drogas, álcool, nicotina. Note-se que é possível a abstinência e até por períodos longos de tempo. É até possível que um a adicto nunca mais volte a usar a sua substância de eleição do momento em que suspende a toma até ao final da vida. Mas a recaída é uma possibilidade que existe na vida de uma pessoa propensa ou talvez como se deva dizer com a doença da adicção. E mais. Quanto mais tiver passado tempo desde que deixou de consumir mais iminente está o tempo da recaída. Devemos olhar para a estatística como para uma possibilidade não como para uma realidade que vai fatidicamente acontecer. Como possibilidade dá que pensar. E faz sentido. Logo a seguir à abstinência, o consumidor está num momento revolucionário, está a lidar com várias dimensões da sua vida completamente novas. Provavelmente, está num ambiente diferente do da sua casa. Está numa clínica de desintoxicação. Tem uma agenda própria, com toma de ansiolíticos e se calhar anti-depressivos. Tudo é novo para ele. Tem terapia ocupacional. O corpo regenera e sente energias que nunca tinha sentido. Mas

o quotidiano há-de instalar-se e com o quotidiano, virão ocasiões que farão criar situações propícias para a recaída. Tudo o que estiver ligado a stress e ansiedade mas também a prazer e euforia, na verdade, qualquer ocasião de alteração percepcionada relativamente ao estado normal será propícia à recaída. Vem uma vontade enorme de beber um shot da bebida de eleição, dar um cheiro, um shot, tomar um compri-

O amor por uma substância é a loucura, nem sequer é estúpido. É suicida

do, dar uma passa, seja o que for. Esta vontade não é uma escolha. Vem como uma vontade que dá ao consumidor e é avassaladora, incontrolável. Contudo, o que se passa a seguir é feito sob hipnose ou resulta da sua vontade? É sob o estado hipnótico e contra a sua vontade que vai ao ATM para levantar dinheiro? Se não tiver dinheiro, vai pedir dinheiro aos seus amigos e familiares como? Para roubar tem de tomar medidas, fazer escolhas. Tem de ir a sítios, executar tarefas. Depois, se não arranjar dinheiro, tem de vender os bens que roubou. Tem em todo o caso de levar o dinheiro ao locar onde compra droga ou fazer vir o dealer até si. Só no fim vai para um ambiente da sua escolha onde se sente em segurança para cheirar ou injectar-se. O alcoólico tem

a tarefa mais facilitada, porque pode ter tudo em casa. Ainda que se estiver sob medicação, terá de esperar alguns dias para beber sem mal estar. Mas a ânsia, a vontade tremenda, de consumir, ficar bêbedo ou pedrado não é uma escolha. E não tem que ver com prazer. Há uma diferença fundamental entre prazer e necessidade. Querer fumar um cigarro, para inalar a nicotina, é uma vontade desesperante e não tem que ver com prazer. Há prazer associado ao alívio sem dúvida, mas haverá mais prazer ou alívio? Na psicologia da adicção, a recaída é uma inevitabilidade como possibilidade. O facto de uma pessoa recair efectivamente não é uma inevitabilidade. É difícil de saber se alguém terá o seu sistema, a sua existência, a vida do ponto de vista biológico, cerebral, somática, mental tão limpa como a tinha quando não tinha causado danos. Não se sabe se os danos são irreversíveis. Sabe-se, contudo, que a continuação é o estado de morbidez permanente e o lento suicídio. Mesmo com o risco da recaída, não há outra possibilidade. Não é perdido por um, perdido por mil. A abstinência, a sobriedade, é a única possibilidade de regeneração do cérebro e assim do círculo vicioso que se criou para si próprio, em que o sentido da existência é a expectativa de uma subida do prazer, de uma ida às alturas, da euforia, mas só para uma queda inevitável. Quanto mais alta é a subida, de mais alto é a queda. Sobe-se e desce-se muitas vezes, mas nunca se chega sequer à normalidade em que as pessoas normais se encontram. Está-se mesmo lá em baixo, com uma fasquia baixíssima, sem saber se haverá outro dia. O amor por uma substância é a loucura, nem sequer é estúpido. É suicida.


desporto 17

sexta-feira 7.8.2020

Liga chinesa Shanghai SIPG perde os primeiros pontos

O Shanghai SIPG, equipa treinada pelo português Vítor Pereira, perdeu ontem os primeiros pontos na Superliga chinesa de futebol, ao empatar 1-1 na visita ao Qingdao Huanghai, num jogo em que ficou reduzida a 10 jogadores. O resultado final do jogo da terceira jornada resultou da conversão de duas grandes penalidades, para o Qingdao Huanghai aos 71 minutos, por Wang Dong, e para o Shanghai SIPG aos 88, pelo internacional brasileiro Óscar. A equipa de Vítor Pereira tinha ficado reduzida a 10 unidades devido à expulsão de Wei Zhen, aos 65 minutos. O empate deixou a equipa no segundo lugar do Grupo B da Liga chinesa, agora a dois pontos do Beijing Guoan, que também ontem venceu por 3-1 na visita ao Tianjin Teda e soma nove pontos, com três vitórias nas jornadas disputadas.

AT. MADRID DIEGO COSTA VAI "DAR A VIDA" PARA GANHAR A 'CHAMPIONS'

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futebolista Diego Costa prometeu ontem “dar a vida” em Lisboa para conquistar para o Atlético de Madrid o título de campeão da Europa, que lhe fugiu no Estádio da Luz na dramática final de 2014. “Vamos dar as nossas vidas para conquistar o título. Espero que este ano seja a nossa vez e possamos dar essa alegria aos adeptos, porque, mais do que nós, eles merecem. Ficaria muito feliz em ganhar por eles, pois há muito tempo é um sonho que têm. Nós também temos, mas eles merecem mais do que nós”, sintetizou o internacional espanhol de origem brasileira. O atleta, que saiu lesionado aos nove minutos na final que os ‘colchoneros’ perderam, no prolongamento, por 4-1 frente ao Real Madrid - que aos 90+3 perdia por 1-0 –, defende que o seu clube tem “os melhores adeptos do mundo” e que, com eles nas bancadas, seria “muito mais fácil” atingir o objectivo. Com a competição já em regime concentrado em Lisboa, a partir dos quartos de final, o avançado recorda que não vai ser fácil a luta com os alemães do Leipzig na corrida às ‘meias’, em 13 de Agosto no Estádio de Alvalade, que recebe a prova a ‘meias’ com a Luz. “Não podemos tirar a ilusão aos adeptos por tudo o que têm sentido há muito tempo, pela final que tivemos, na qual não lhes pudemos dar o título. As pessoas estão empolgadas, mas também precisam de saber que temos um adversário muito difícil. E se passarmos, vamos defrontar outra equipa muito difícil (Paris Saint Germain ou Atalanta). Depois, se chegarmos à final, vai tocar-nos outra formação muito, muito difícil”, serenou.

AUTOMOBILISMO RODOLFO ÁVILA SOMA MAIS UM PÓDIO EM ZHUZHOU

O ás do asfalto

Após quatro das oito provas do CTCC que estão a ser disputadas no Circuito Internacional de Zhuzhou, o piloto de Macau está no quarto lugar do campeonato. Ávila viu também ontem confirmada a participação no TCR China

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ODOLFO Ávila (VW Lamando) subiu ontem ao lugar mais baixo do pódio na primeira das duas corridas que se disputaram no Circuito Internacional de Zhuzhou, a contar para o Campeonato da China de Carros de Turismo (CTCC). Na segunda prova, o piloto de Macau não foi além do sétimo lugar, depois de ter arrancado de sexto e queixou-se de problemas com os pneus. “A primeira corrida correu como esperávamos e é sempre muito positivo ter uma presença constante nos lugares do pódio. Na segunda corrida, voltei a ter os mesmos problemas de ontem, com os pneus a terem uma queda

de performance muito grande nas últimas cinco voltas”, afirmou Ávila, em comunicado, no final da prova. “Contudo, um dos meus companheiros de equipa venceu a corrida, o que é um sinal positivo e significa que estamos no bom caminho”, acrescentou. Após quatro corridas, que se disputaram nos últimos dois dias, Ávila está no quarto lugar com 43,5 pontos. Em primeiro encontra-se o experiente David Zhu (BAIC), com 48,5 pontos,

seguido por Martin Cao (KIA) e Dong Dong (VM Lamando). Hoje é dia de “descanso” no que diz respeito a corridas, mas o piloto tem duas sessões de qualificação que definem a ordem de partida para as quatro corridas de amanhã e domingo, que também são disputado no Circuito Internacional de Zhuzhou.

NO TCR CHINA

Além da participação no CTCC, Rodolfo Ávila vai aproveitar

“A primeira corrida correu como esperávamos e é sempre muito positivo ter uma presença constante nos lugares do pódio.” RODOLFO ÁVILA PILOTO

FÓRMULA 1 BOTTAS CONFIRMADO NA MERCEDES EM 2021

A

Mercedes-AMG anunciou o prolongamento do contrato com Valtteri Bottas até 2021, “pelo menos”. O finlandês de 30 anos cumpre a oitava temporada na Fórmula 1 e ingressou na escuderia alemã em 2017, como substituto de Nico Rosberg, que abandonou a equipa e a competição após a vitória no Mundial de 2016. Bottas terminava contrato com a Mercedes-AMG no

final do Mundial de 2020, a exemplo do que acontece com Lewis Hamilton. “Estou muito feliz por permanecer na equipa com que venci quatro títulos de construtores consecutivos. Agradeço o apoio e a confiança e sinto-me honrado e orgulhoso por poder continuar a representar esta escuderia”, disse o finlandês. Na Fórmula 1, entre os quatro anos com a Williams

e as quatro temporadas com a Mercedes, Bottas, após a estreia na Austrália-2013, com a escuderia britânica, soma 143 grandes prémios, oito vitórias, 48 pódios e 12 'pole positions'. O finlandês acabou o Mundial de 2019 em 2.º, precisamente a posição que ocupa no campeonato de 2020, com 58 pontos, menos 30 do que Hamilton, depois de realizadas apenas quatro corridas.

o fim-de-semana para correr igualmente no Campeonato da China de Carros de Turismo (TCR China). O piloto de Macau conduzir o MG6 da MG XPower Team nas seis jornadas duplas do campeonato. A primeira ronda é no Circuito Internacional de Zhuzhou, onde Ávila se encontra também a correr no CTCC, o que significa que nos próximos dois dias vai somar oito corridas. Já anteriormente, o piloto havia tripulado o MG6, mas só ontem teve a oportunidade de testar pela primeira vez o carro para a nova época. “Obviamente que este não é um cenário ideal, mas depois de tantos adiamentos e interrogações, só estar aqui, pronto a participar nas primeiras corridas do ano, já me deixa bastante feliz”, reconheceu sobre a participação no TCR China. “Conheço bem ambos os carros, as equipas e também o circuito, portanto sinto-me capaz de enfrentar o desafio que temos pela frente. Vivemos tempos especiais e este será com certeza um evento especial”, considerou. João Santos Filipe

joaof@hojemacau.com.mo


18 (f)ultilidades

7.8.2020 sexta-feira

TEMPO AGUACEIROS OCASIONAIS MIN 25 MAX 32 HUM 75-90% • EURO 9.44 BAHT 0.25 YUAN 1.14 ´

AGORA OU NUNCA

S U D O K U 56 3 4 5 2

3 5 58 1 7 4 6 2 2 5

SUMIKKOGURASHI:GOOD TO BE IN THE CORNER [A] FALADO EM CANTONÊS LEGENDADA EM CHINÊS Um filme de: Mankyu 14.30, 16.00, 17.30, 19.30, 21.00 SALA 2

FALADO EM JAPONESE

1 4 2

1 7 4 3 6 5 2 6

C I N E M A

SALA 1

BEYOND THE DREAM [C]

5 2 6 5 4 3 7 1

57 4 7

2 1 5 6 3 7 3 4 4

5 7 3

7 3 2 7 1 6 4 5 5

4 6 3 5 2 1 7

6 4 7 4 2 1 2 5 3

SOLUÇÃO DO PROBLEMA 55

55

1

PROBLEMA 56

2 5

Cineteatro

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6 3 2 2 1 5 3 4 7 7 6 1 5 2 3 4 5 6 www. hojemacau. 1 7 4 com.mo 58

O director do África CDC disse ontem que ainda existe uma “janela de oportunidade” para vencer a pandemia em África, que se aproxima do milhão de casos, mas onde a maioria dos países regista menos de 5 mil. “Ainda temos uma janela de oportunidade para, como continente, vencer

LEGENDADA EM CHINÊS E INGLES Um filme de: Chow Kwun-wai Com: Terrance Lau, Cecilia Choi 14.30, 16.45, 19.15, 21.30 SALA 3

DREAMBUILDERS [A] FALADO EM CANTONÊS LEGENDADA EM CHINÊS Um filme de: Kim Hagen Jensen, Tonni Zinck 14.30, 16.30, 19.00, 21.15

a pandemia porque 36 dos 55 estados-membros [da União Africana] ainda registam menos de 5 mil casos de covid-19”, disse John Nkengasong. “Se fizermos um conjunto de coisas correctamente, agressivamente e consistentementetemosboashipótesesdederrotarestapandemia”,acrescentou.

UM FILME HOJE Um filme do israelita Dror Zahavi sobre a humanidade e, ao mesmo tempo, a falta dela. Em pleno holocausto, o empresário alemão Berthold Beitz consegue salvar centenas de judeus na Polónia, mas na Alemanha do pós-guerra vive atormentado por muitos fantasmas. Ao mesmo tempo, recusa-se a receber uma distinção que Israel decidiu conceder-lhe por ajudar judeus a fugir de Hitler. Em 1973, Beitz, que preside à Krupp, gigante industrial alemão do aço, tem de lidar com a difícil situação financeira da empresa e contrata Golo Mann, filho do famoso autor Thomas Mann, para escrever a biografia do fundador da Krupp. Contudo, o reavivar de memórias e o processo de entrevista para o livro tornam-se num confronto para Beitz. Andreia Sofia Silva

DAS GEHEIMNIS DER FREIHEIT | DROR ZAHAVI

5 4 1 7 3 6 7 4 6 5 BEYOND 2 THE1DREAM 4 2 5 3 Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores João Luz; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; João Santos Filipe; Pedro Arede; Salomé Fernandes 7 1 4 6 Colaboradores Anabela Canas; António Cabrita; António de Castro Caeiro; António Falcão; Ana Jacinto Nunes; Amélia Vieira; Duarte Drumond Braga; Emanuel Cameira; Gisela Casimiro; Gonçalo Lobo Pinheiro; Gonçalo M.Tavares; João Paulo Cotrim; José Drummond; José Navarro de Andrade; José Simões Morais; Luis Carmelo; Michel Reis; Nuno Miguel Guedes; Paulo José 1 Paulo 7 Maia3e Carmo;2Rita Taborda Duarte; Rosa Coutinho Cabral; Rui Cascais; Rui Filipe Torres; Sérgio Fonseca; Valério Romão Colunistas António Conceição Júnior; David Chan; Miranda; João Romão; Jorge Rodrigues Simão; Olavo Rasquinho; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Tânia dos Santos Grafismo Paulo Borges, Rómulo Santos Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare 2 3 6 5 Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo


opinião 19

sexta-feira 7.8.2020

confeitaria

JOÃO ROMÃO

V

IVO num país onde se apreciam os transportes públicos, claramente preferidos em relação ao automóvel nas deslocações quotidianas nas grandes cidades: não é coisa de pobre, é uma questão de racionalidade do urbanismo, da ecologia e da qualidade de vida. Naturalmente, além da inevitável bicicleta, também utilizo estes transportes: um comboio convencional e um “monorail” quase diariamente e autocarros muito ocasionalmente. Também é natural que os veículos estejam frequentemente cheios em zonas urbanas, ainda que a ocupação tenha, felizmente, diminuído bastante nos tempos em que as vivências em espaços públicos são manifestamente afectadas pela presença do covid-19 - ou pelo menos pela ominipresença de um mais que justificado e generalizado medo. O que é menos “natural”, tendo em conta a quantidade de gente que usa estas formas de transporte, é que raramente alguém se sente ao meu lado. Não deixa de ser bastante conveniente e simpático nos tempos que correm, mas sempre causa algum “desconforto”, para dizer o mínimo, em tempos de convivências “normais”, ou pelo menos não afectadas pelo temor de contágios potencialmente mortíferos. Não é coisa minha e já mais de uma vez encontrei textos com descrições semelhantes escritos por pessoas estrangeiras a viver no Japão – o “síndroma do lugar vazio”, como lhe chamou um desses cronistas do ciberespaço. Poderá haver diferentes causas, explicações e motivações para o fenómeno, mas na generalidade dos casos este manifesto ostracismo só é ultrapassado com pessoas que me conhecem – amizades, colegas ou alunas que ocasionalmente coincidam comigo num transporte público. Outra peculiaridade japonesa tem a ver com a utilização de um alfabeto (o chamado “katakana”) exclusivamente utilizado para a adaptação de palavras com origem em línguas estrangeira – normalmente o inglês, ou na realidade o americano, já que é dos Estados Unidos que chegam os grandes impactos culturais, económicos ou políticos. A utilização deste alfabeto implica algumas curiosas mutações, já que há regras que têm que ser mantidas, por exemplo em relação aos sons. Uma delas, com efeitos muito significativos, é que as palavras terminam sempre com o som de uma vogal (com excepção do som “m”). Aliás, mesmo as sílabas no interior das palavras têm que terminar com sons de vogais. Uma das muitíssimas palavras que sofre pesadas mutações neste contexto é a palavra “half” (metade, em inglês), que na adaptação ao “katakana” se torna “ha-fu”,

Racista sou eu

com um “a” vagamente prolongado e um “fu” final que lhe dá um toque quase insuspeito de se querer dizer “half”. Vem isto a propósito de ter rapidamente reparado que a minha filha, recentemente nascida no Japão, com mãe japonesa, e certamente portadora de enorme graciosidade, era carinhosamente tratada na maternidade onde nasceu como “ha-fu”, a expressão que, vim a saber agora, é generalizadamente utilizada para designar descendentes de uma pessoa japonesa e de uma pessoa estrangeira. Por ser tão graciosa rapidamente se tornou bastante popular entre o pessoal do hospital, mas ainda assim é “ha-fu”, meia-pessoa, portanto, designação com a qual terá que viver enquanto cá estiver e para a qual teremos certamente as nossas estratégias de defesa e contra-ataque rápido, sempre que for caso disso. Vêm estes casos sintomáticos de um certo racismo estrutural e estruturante, não violento nas suas manifestações imediatas mas não necessariamente inóquo nas suas consequências pessoais, sociais ou políticas, a propósito da vaga racista que tem crescido um pouco por todo o lado, auto-legitimada pela representatividade institucional de movimentos abertamente xenófobos e/ou fascistas, como podemos testemunhar também em Portugal. Pela parte que me toca, não é de agora, que estou no lado da minoria, que o assunto me preocupa: já nos anos 90, numa das minhas primeiras crónicas na imprensa comercial, tinha escrito sobre racismo após o assassinato de Alcino Monteiro. Volto ao tema após o bárbaro assassinato racista do Bruno Candé:

este racismo manso e sonso com que vivemos quotidianamente não deixa de ser discriminatório todos os dias, mesmo se a violência extrema de um assassinato ocorra raramente. Está tudo lá, contra os que são menos e estão na posição mais débil. O mínimo que a decência nos exige perante a discriminação sistemática é usar a nossa posição de privilégio para estar ao lado e defender quem é atacado e discriminado. Foi por isso que cedo me juntei a grupos como o SOS-Racismo, lá vão uns 30 anos, e por este lado destas trincheiras vou ficando, que o mundo ainda não está para esta trégua. Nada disto me impede, infelizmente, de usar também conceitos e formulações racistas. Continua a ser para mim um exercício sistemático contrariar as ideias e o contexto da sociedade em que fui educado - e em que o racismo e as inerentes discriminações estão profundamente enraizadas, estruturando em grande medida a forma como olhamos para

Este racismo manso e sonso com que vivemos quotidianamente não deixa de ser discriminatório todos os dias, mesmo se a violência extrema de um assassinato ocorra raramente. Está tudo lá, contra os que são menos e estão na posição mais débil

outras pessoas ou sociedades: os franceses que são pretensiosos, os ingleses que são snobs, os espanhóis que não são de fiar, uns bêbados, os russos, umas putas, as russas e as brasileiras, uns gandulos, os marroquinos ou mesmo os alentejanos e até eu próprio, algarvio. Um saco de porrada para todas as ocasiões, os pretos. Não é só em anedotas que se traduzem todos os estereótipos e preconceitos com que olhamos para pessoas, de formas só aparentemente inofensivas: isto estrutura, de facto, formas de discriminação. Contrariar essas formas de violência no meu próprio pensamento continua a ser uma tarefa que tomo como essencial para poder olhar o outro como a pessoa que é e não como o rótulo que lhe foi colado. Há uma educação e uma sociedade profundamente racistas que nos deram a todos estas formas de olhar de cima para baixo sobre toda a diferença. Reparo, entretanto, na quantidade enorme de pessoas que na imprensa ou nos ciberespaços da vida contemporânea garantem que não são racistas, enquanto discutem acaloradamente se o seu país é ou não racista. Uma discussão estéril e inconsequente, evidentemente, que atira para longe o olhar que devia ficar perto: em vez dessa imprecisa generalização de “o país”, talvez fosse mais produtivo cada pessoa olhar para si própria, como o racismo estrutura tão frequentemente o seu próprio olhar e como procurar que esse olhar tantas vezes preconceituoso e redutor não se traduza em discriminações e formas de violência sobre as outras pessoas.


A simplicidade de carácter é o resultado natural de profundo raciocínio. William Hazlitt

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Cai o pano Morreu a actriz e encenadora portuguesa Fernanda Lapa

A

actriz e encenadora Fernanda Lapa morreu ontem, aos 77 anos, em Cascais, onde estava hospitalizada, anunciou a Escola de Mulheres, companhia que dirigiu desde a sua fundação, em 1995. “É com profundo pesar e imensa tristeza que a Escola de Mulheres comunica a morte de Fernanda Lapa, directora artística desta companhia desde a sua fundação, em 1995”, pode ler-se no comunicado. “Actriz, Encenadora, Directora Artística da Escola de Mulheres e uma eterna apaixonada pelo Teatro. Desde cedo que Fernanda Lapa soube que o Teatro seria a sua vida. Começou a encenar muito nova, num meio dominado por homens e tem um vasto currículo nos palcos, na televisão e no cinema”, recorda a companhia. O seu percurso artístico iniciou-se no T.A.U.L. (Teatro dos Alunos Universitários de Lisboa) em 1962. Fernanda Lapa foi fundadora da Casa da Comédia, onde se estreou como actriz, sob a direcção de Fernando Amado, na peça de Almada Negreiros “Deseja-se Mulher”, em 1963. É com essa mesma peça que se estreia como encenadora, também na Casa da Comédia, em 1972.

Em 1979 obtém uma bolsa da Secretaria de Estado da Cultura, que a levou a frequentar a Escola Superior de Encenação de Varsóvia, onde se diplomou em Encenação. Autora da mensagem do Dia Mundial do Teatro deste ano, a convite da Sociedade Portuguesa de Autores, Lapa defendeu que se exija um plano de desenvolvimento teatral com futuro e que se aposte na força do teatro para as transformações que a actualidade exige. “Viva o teatro, os seus agentes e o seu público”, escreveu a actriz, encenadora e directora da Escola de Mulheres, num texto em que explicava por que motivo se escolhe ser dramaturgo. Várias vezes premiada, Fernanda Lapa coordenou as comemorações do centenário de Bernardo Santareno, que se assinala este ano, de quem a Escola de Mulheres vai levar ao palco, em Novembro, a obra “O Punho”, com versão cénica da actriz e encenadora. “Em 2020, Fernanda Lapa quis voltar a celebrar o Autor e o seu carinho enorme pelos marginalizados, categoria em que ele próprio se inseria. Cumprindo a sua vontade, a Escola de Mulheres estreará a 19 de Novembro a versão cénica de Fernanda Lapa da obra”, é referido.

Beirute UE vai ajudar com 33 milhões de euros

A União Europeia (UE) vai enviar 33 milhões de euros de ajuda de emergência para o Líbano, para além de equipas e meios técnicos, na sequência das explosões no porto de Beirute, na terça-feira, anunciou ontem a Comissão Europeia. Além da verba, prometida pela presidente

do executivo comunitário, Ursula von der Leyen, numa conversa telefónica com o primeiro-ministro libanês, Hassan Diab, a UE colocou à disposição de Beirute equipas especializadas na detecção química, biológica, radiológica e nuclear e um navio militar com capacidade de helicóptero para evacuação médica, e equipamento médico e de protecção. Duas fortes explosões sucessivas sacudiram Beirute na terça-feira, causando, pelo menos 137 mortos e mais de 5.000 feridos, segundo o último balanço feito pelas autoridades libanesas.

PALAVRA DO DIA

sexta-feira 7.8.2020


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