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˜ DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ
SEGUNDA-FEIRA 7 DE SETEMBRO DE 2020 • ANO XX • Nº4606
TIAGO ALCÂNTARA
SAÚDE
Passos em frente PÁGINAS 4-5
METRO LIGEIRO
Locais de saída PÁGINA 6
MOP$10
SHENZHEN
Português isolado PÁGINA 7
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hojemacau
Zona cinzenta O documento da consulta pública sobre o Plano Director para Macau, apresentado na semana passada, foi recebido com várias críticas pelos arquitectos locais. Demasiado genérico, alheio à identidade do território e sem calendário para apresentação de planos de pormenor, essenciais para a tomada de decisões sobre o desenvolvimento da cidade, são algumas das queixas deixadas pelos especialistas. GRANDE PLANO
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SILLY SEASON ANABELA CANAS
CORTESÃ E PINTORA PAULO MAIA E CARMO
PROCURADOR JOSÉ SIMÕES MORAIS
2 grande plano
7.9.2020 segunda-feira
VAGO E SEM URBANISMO
Três arquitectos analisaram o documento de consulta pública do futuro Plano Director e dizem ser muito vago face às necessidades reais do urbanismo de Macau. Miguel Campina e Maria José de Freitas alertam para a necessidade dos planos de pormenor, enquanto Dominic Choi lamenta que a divisão do território proposta pelo Governo não tenha em conta a identidade de Macau
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E o tecido urbano de Macau fosse um jogo, teria um número incontável de peças. Números populacionais e a sua base científica, as especificidades da cidade, os erros urbanísticos já cometidos e os interesses instalados seriam algumas das variáveis a ter em consideração. A ideia é deixada pelo arquitecto Miguel
Campina, que conversou com o HM depois de analisar o documento de consulta pública relativo ao Plano Director de Macau. “Mais uma vez somos confrontados com um documento que trata de aspectos genéricos e deixa para segundas núpcias a abordagem de aspectos específicos”, começou por dizer. “Não esperaria outra coisa que não
AS DÚVIDAS QUE PERMANECEM COM O PROJECTO DO PLANO DIRECTOR
fosse a importância dada à habitação, indústria e cultura, mas também é dito que isso vai ser objecto dos planos de pormenor, que estão todos por fazer. E não há um calendário”, acrescentou. Na sexta-feira foi tornado público o projecto do Plano Director, que trouxe novidades para o desenvolvimento urbanístico do território para as próximas duas décadas. O documento vislumbra o aumento populacional para 808 mil pessoas até 2040, contabilidade que Miguel Campina questiona. “É um número muito auspicioso. É irrelevante ser 808 ou 850 mil, não se percebe como é que chegam a estes números.” Está ainda previsto que os edifícios na zona do Lago Nam Van não podem ter mais do que 63 metros de altura, mas o arquitecto diz que isso não é suficiente para a preservação das características da zona. “É tudo muito vago. São necessários parâmetros fundamentais, tal como os índices de ocupação do solo, a área de utilização, a relação que existe com o número de habitantes e a área destinada a cada um deles em termos de rácios. Nada disso está definido e pede-se às pessoas que concordem com o óbvio.” No essencial, o conteúdo do documento que se encontra em consulta pública “é suficientemente vago para poder ser isto e muita coisa”. “A característica fundamental do que está a ser proposto
“Importa pensar o que haverá daqui a 20 anos que permita considerar que foi protegida uma certa identidade. Estou convencido que não vai restar nada.” MIGUEL CAMPINA ARQUITECTO
continua a ser o carácter fluído de tudo. Há um conjunto de linhas de força, mas ainda está por ganhar forma. Enquanto estamos nesta fase a falar de objectivos vamos ter de falar, na fase seguinte, de como chegar lá. E isso não está plasmado nesse documento”, frisou Miguel Campina. Maria José de Freitas concorda com o colega de profissão. “[O documento] fica aquém das expectativas e é muito genérico. Agora estão a subdividir o território da península e das ilhas em unidades operativas de planeamento e gestão (UOPG). E estas unidades estarão sujeitas a plano pormenor. Remete-se para estes planos uma indicação mais assertiva. Temos apenas um alinhar de intenções e lança-nos questões quanto à eficácia do que está a ser seguido.” Para a arquitecta, deveriam ser definidas, nesta fase, áreas prioritárias e formas como os planos pormenor vão ser desenvolvidos.
Caso contrário, “vamos ficar novamente num limbo”.
MANTER OS ERROS
Miguel Campina mostra-se ainda preocupado com o facto de o Plano Director não dar resposta a muitos dos erros cometidos no passado, como é o caso dos bloqueios na paisagem visual do Farol da Guia. “[O documento] diz que aquilo que for definido no Plano Director não pode pôr em causa o que está definido na legislação existente. Então para que querem o Plano se não podem pôr em causa o que está errado? O que vai nascer a seguir não será melhor do que já está feito.” O documento de consulta visa reestruturar melhor as zonas industriais e criar zonas comerciais, industriais, turísticas e de diversões. É também proposta a divisão do território em 18 UOPG. O arquitecto acredita que, dada a pequena dimensão do território, será muito difícil dividir o território desta forma. “É impossível definir um mapeamento de zonas que seja estanque. O que será possível e vantajoso é disciplinar essa relação. Vai ser difícil relocalizar interesses, há que fazer a gestão da mudança.” Maria José de Freitas lamenta que tudo o que está no projecto do Plano Director seja a continuação do que já existe. “Não traz nada de novo. Quanto às 18 UOPG, a única coisa a que se faz referência em relação ao Farol da Guia é o remeter
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IDENTIDADE para a regulamentação existente, para o despacho de 2008 e para a lei do planeamento urbanístico de 2013. Não se adianta mais nada.” No que diz respeito à cultura e ao património, a arquitecta lamenta que se faça uma mera referência à existência de uma cultura ocidental sem mencionar que essa cultura é também portuguesa. “Seria uma mais valia”, lamenta.
IMPORTA PENSAR LOCAL
Dominic Choi, arquitecto e presidente da associação Arquitectos Sem Fronteiras, lamenta que a divisão do território que é proposta não tenha em conta a essência de Macau. “A separação dessas áreas parece-me que nada tem a ver com a Macau actual. É uma perspectiva muito de fora, sem base na forma como Macau se desenvolveu e naquilo em que se tornou”, disse. O arquitecto questiona se os dirigentes querem que Macau seja como Singapura ou Hong Kong, ou se querem que se mantenha a identidade do território. “É importante olhar para as coisas segundo a nossa perspectiva.” Relativamente ao novo aterro que será construído para ligar a zona A dos novos aterros à zona nordeste de Macau, Dominic Choi considera que pode ser uma boa iniciativa, mas que não resolve tudo. “Parece-me que se está a criar uma nova panorâmica sobre Macau e não estamos a tentar resolver os problemas que existem actual-
“Parece-me que se está a criar uma nova panorâmica sobre Macau e não estamos a tentar resolver os problemas que existem actualmente.” DOMINIC CHOI ARQUITECTO
mente. O que será feito das zonas antigas e como será feita a ligação com este novo planeamento?”, questionou. Pergunta semelhante tem Miguel Campina. “Relativamente aos bairros antigos, o documento refere que se mantém a estrutura tal como ela existe, se possível. E se não for? O que poderá ser feito em alternativa? Deita-se tudo abaixo e constrói-se de novo? Não sabemos. Talvez a empresa criada para a renovação dos bairros [Macau Renovação Urbana SA] possa dizer o que pensa sobre isso.” O documento fala também da criação de “vários circuitos comerciais para dar apoio a novos ciclos industriais de alta tecnologia”. O
arquitecto diz não compreender como é que a diversificação industrial se vai concretizar. “É algo que ouvimos há muitos anos, mas não explicam como se faz, nem quando. Se a quantidade e qualidade de talentos continuar a ser a que tem sido a safra dos últimos anos, estamos muito mal servidos. Basta ver a forma como têm sido povoados os serviços públicos.”
O REGRESSO À PÁTRIA
Perante aquilo que leu, Dominic Choi teme que se perca a identidade de Macau. “Estamos mesmo a tentar implementar algo relacionado com o que é local ou aquilo que as pessoas querem em determinadas zonas? Macau tem esse problema, queremos pôr as coisas em determinados sítios, mas ignoramos como esse planeamento funciona, e se essa ligação faz sentido.” “Importa pensar o que haverá daqui a 20 anos que permita considerar que foi protegida uma certa identidade. Estou convencido que não vai restar nada”, rematou Miguel Campina. Maria José de Freitas fala mesmo que o projecto do Plano Director “veicula muito uma ideia de regresso à Pátria”.
“Deveriam ser definidas, nesta fase, áreas prioritárias e formas como os planos pormenor vão ser desenvolvidos. Caso contrário, vamos ficar novamente num limbo.” MARIA JOSÉ DE FREITAS ARQUITECTA
“É o núcleo que a China terá apontado há 500 anos para a sua relação com o mundo e que neste momento vai recolher à mater. É a inserção na Grande Baía. Mas depois temos em Macau o conceito de um lar feliz e ninguém percebe o que é.” Apesar de não concordar com a possível perda de identidade com a nova divisão do território em UOPG, Maria José de Freitas acredita que se poderia ter ido mais longe. “[As UOPG] são uma questão de eficácia administrativa. As zonas definidas na península coincidem com as oito zonas que já estavam definidas e isso consubstancia uma determinada tradição. Há sim falta de objectivos estratégicos que posicionem Macau na sua multiculturalidade e dentro desta faceta de relação da China com o mundo.” Miguel Campina fala num certo “exagero” na centralidade que as autoridades querem dar à
RAEM no projecto da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau. “O documento diz que Macau é uma cidade central no projecto, mas isso parece-me um pouco exagerado. Não vejo como é que isso vai acontecer. Se for no plano do jogo e do entretenimento, talvez, mas isso não chega para se ser o centro de alguma coisa”, concluiu. Ao Jornal do Cidadão, Manuel Iok Pui Ferreira, especialista em urbanismo, defendeu que o projecto carece de mecanismos de supervisão e de regulação. O responsável diz que é essencial assegurar a execução do futuro Plano Director, além de defender revisões periódicas ao documento. Segundo o mesmo jornal de língua chinesa, Lei Leong Wong, presidente da direcção da Associação Aliança do Povo de Instituição de Macau, acredita que o futuro Plano Director tem de estar coordenado com as mais de 30 leis e regulamentos relacionados com a área da renovação urbana, questionando se isso vai acontecer. Lei Leong Wong espera que o Governo possa divulgar mais informações para que a sociedade discuta o assunto, lembrando que a renovação urbana não depende apenas do Executivo e da Macau Renovação Urbana SA, mas também dos proprietários. Andreia Sofia Silva (com N.W.)
andreia.silva@hojemacau.com.mo
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nova lei de Qualificação e Inscrição para o Exercício de Actividade dos Profissionais de Saúde foi aprovada pela Assembleia Legislativa na sexta-feira e vai entrar em vigor em Outubro do próximo ano. Apesar de a importância do diploma para criar um sector da saúde mais desenvolvido ter sido unânime, ouviram-se várias críticas à exclusão de algumas classes
“Foi um trabalho árduo e longo. Mas é uma lei que vai aperfeiçoar os padrões no sector e com maiores exigências para os profissionais.” CHAN IEK LAP DEPUTADO E MÉDICO
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“Um grande SAÚDE NOVO REGIME APROVADO AO FIM DE DOIS ANOS DE DISCUSSÃO
profissionais e à escolha da composição do Conselho Profissional de Saúde. Uma das situações mais discutidas está relacionada com as classes de profissionais de saúde criadas pela lei. Entre médicos, farmacêuticos, enfermeiros e dentistas, são quinze as novas classes de profissionais reconhecias. No entanto, houve vários deputados a mostrarem-se preocupados com a indefinição de outras classes. A primeira pessoa a levantar a questão foi a deputada ligada ao Operários de Macau, Ella Lei: “Reconheço que não é possível definir na lei todas as classes e que há sempre quem vá ficar de fora. Mas, se há profissões que não são abrangidas por este novo regime, como é que se vai proceder nos casos em que haja a violação de certos deveres profissionais. Como é que o Governo vai poder intervir?”, questionou a deputada. Na mesma linha, o deputado apoiado pela Novo Macau, Sulu Sou, levou ao hemiciclo a preocupação dos profissionais de medicina desportiva, que não estão abrangidos pelo diploma. “Há áreas em que as pessoas lidam com a saúde e que se considera que têm um estatuto profissional. Mas estas pessoas estão excluídas e preocupadas”, indicou o democrata. “Sentem que estão a trabalhar, mas que o seu
OM o novo Regime de Qualificação e Exercício da Profissão de Contabilista, que faz a fusão dos regimes legais para “auditores de contas” e “contabilistas registados”, deixa de ser utilizada a denominação auditor, na versão em português. No entanto, o parecer da 3.ª Comissão da Assembleia Legislativa, assinado na sexta-feira, mostra que houve auditores, cuja língua nativa é a portuguesa, a oporem-se à solução do Governo por considerarem que estão a ser despromovidos e categorizados de forma depreciativa.
GCS
Apesar da aprovação da nova lei, os deputados mostraram-se preocupados com as classes de profissionais de saúde que ficam fora do diploma, assim como com a constituição do Conselho dos Profissionais de Saúde
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estatuto não é reconhecido”, acrescentou. Já Agnes Lam, falou dos conselheiros psicológicos das escolas, que não fazem tratamentos clínicos, mas diagnosticam as crianças.
Face à possibilidade de existir uma desvalorização de certas profissões, a secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Ao Ieong U, fez questão de sublinhar que o Executivo respeita
A lei e a realidade
Título de contabilista é visto como pejorativo para auditores, mas vai ser aplicado
As queixas sobre a substituição do título “auditor” por contabilista foram apresentadas na consulta pública sobre o diploma e indicadas pelo parecer da AL. Na altura da consulta, apenas se falava da possibilidade do título auditor passar a ser definido como contabilista registado. “Ao ser a língua Portuguesa uma das línguas oficiais da RAEM, nunca é
demais esclarecer que a designação de contabilista, contabilista registado ou de contabilista praticante é pejorativa para quem já foi designado de auditor/revisor de contas”, pode ler-se numa das opiniões. Numa outra declaração, diz-se mesmo que o título implica uma despromoção: “os actuais auditores de contas vão ser despromovidos, com
o trabalho de todos. “Só porque alguns profissionais de saúde não estão na lei não significa que não reconheçamos o seu valor profissional e social. Só que tivemos de fazer uma lista
a adopção da designação ‘contabilistas registados”, consta na segunda opinião, segundo o parecer da AL. Apesar das queixas, o Governo insistiu em manter a palavra no documento legal, com a denominação “contabilista habilitado a exercer a profissão”, mas permite que nas operações comerciais se possa usar a palavra auditor. “O proponente [o Governo] optou por uma solução intermédia para equilibrar os diferentes interesses e solicitações em presença. Assim o termo em português [...] ficou estabelecido como ‘contabilista habilitado a
e levámos principalmente em linha de conta factores como os riscos para as pessoas tratadas e o número de profissionais que exercem. Por exemplo, os optometristas têm poucos riscos
exercer a profissão’”, é explicado no parecer. No entanto, houve uma cedência com a permissão de que “nas operações comerciais” seja feito o uso das designações portuguesas Auditor, Auditor de Contas, Sociedade de Auditores, Sociedade de Auditores de Contas e Sociedade de Auditoria. Apesar do compromisso, o Governo insistiu na utilização da designação contabilista no documento legal por considerar que o termo é mais aproximado da expressão utilizada na língua chinesa do que a palavra auditor. J.S.F.
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avanço” fissionais de saúde podem apresentar queixa às autoridades competentes. Com vários intervenientes, os artigos sobre as 15 classes de profissionais foram aprovados por unanimidade, sem que o Governo tivesse antes admitido a criação de um sistema de registo no futuro para as outras profissões. Uma promessa que a deputada das Mulheres, Wong Kit Cheng, afirmou esperar que seja cumprida, durante a declaração de voto: “Quanto aos profissionais excluídos, o Governo diz que vão ter um regime para se registarem. Mas não se sabe quando e como. Esperamos que para haver mais garantias para o sector e os utilizadores dos cuidados de saúde que o registo avance mesmo”, afirmou.
MOMENTO QUENTE
no que fazem, por isso não estão na lista”, explicou.
ERROS COBERTOS
Quanto à possibilidade de serem cometidos eventuais erros, a secretária-geral do
Conselho para os Assuntos Médicos, Leong Pui San recordou aos deputados que existe uma lei do erro médico para estas situações e que as pessoas que tiverem problemas com outros pro-
Além de exigir exames de admissão para as 15 profissões e ainda a realização de um estágio, a lei cria também o Conselho dos Profissionais de Saúde (CPS), um órgão supervisor que vai ter poderes para aplicar sanções aos profissionais que cometerem infracções. Contudo, a escolha da composição do organismo gerou críticas, pelo facto de o Governo ter recusado nomear profissionais do sector privado e ter remetido explicações para um regulamento administrativo. Leong Sun Iok, deputado ligado aos Operários, mostrou-se preocupado com a falta de representação e a possibilidade das diferentes associações não estarem representadas nos 23 membros. Face à preocupação, a secretária Ao Ieong U, fez questão de explicar que o conselho é um órgão da administração pública. “O CPS e um órgão administrativo. Não estamos a falar de um órgão consultivo, uma vez que neste caso tem poder para tomar decisões. Por isso, a escolha dos membros segue as orientações para os órgãos
FORÇAS DE SEGURANÇA TERMINADA DISCUSSÃO SOBRE REMUNERAÇÕES ACESSÓRIAS
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administrativos com funcionários públicos”, clarificou a secretária. “Mas vamos ouvir as opiniões dos profissionais, principalmente quando tivermos a discutir assuntos de cariz mais técnico”, assegurou.
A nova lei, que foi definida pela secretária como “um grande avanço para a sociedade” vai entrar em vigor a 31 de Outubro do próximo ano Por outro lado, a deputada Agnes Lam pediu para que fossem fornecidas mais informações sobre o método que conduziria à escolha dos membros, mas a questão acabou por não ser elaborada. Um desejo que foi também deixado por Ella Lei, que mostrou preocupação com a possibilidade de haver poucos profissionais do sector no CPS. “Espero que o Governo saiba captar profissionais do sector para o conselho”, desejou. Após dois anos na Assembleia Legislativa, a nova lei, que foi definida pela secretária como “um grande avanço para a sociedade” vai entrar em vigor a 31 de Outubro do próximo ano. Também o deputado Chan Iek Lap, eleito indirectamente pelo sector da saúde, elogiou o resultado da nova lei. “Foi um trabalho árduo e longo. Mas é uma lei que vai aperfeiçoar os padrões no sector e com maiores exigências para os profissionais, o que vai fazer com que haja um maior desenvolvimento no sector”, considerou. João Santos Filipe
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1.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa concluiu a discussão da lei que vai clarificar o pagamento das remunerações acessórias às forças de segurança, quando os trabalhadores cumprirem mais de 44 horas de trabalho por semana. De acordo com a proposta, que ainda tem de ser aprovada no Plenário, os agentes deixam de receber automaticamente o montante equivalente a 100 pontos da tabela indiciária (actualmente 9.100 patacas), sempre que cumprirem mais de 44 horas por semana. Como alternativa, passam a recebem em função da média das horas cumpridas, numa nova fórmula e com um valor definido pelo Chefe do Executivo. O Governo considera que esta opção faz com que os pagamentos sejam
feitos de forma mais racional. Um ponto de vista que teve o apoio dos deputados, segundo o parecer da 1.ª Comissão da AL, que considera que o facto do pagamento das horas extra ter em conta o tempo efectivo de trabalho resulta num maior equilíbrio para os agentes entre o horário e a remuneração. Por outro lado, os deputados consideraram que, caso não se fizessem estas alterações, poderiam registar-se situações em que alguns trabalhadores seriam prejudicados, porque apesar de contribuírem “para o trabalho [da Corporação]” não obtinham “uma remuneração adequada”. A proposta tem agora de ser votada na especialidade no Plenário, o que deverá acontecer antes de 15 de Setembro, altura em que a Assembleia Legislativa encerra para férias.
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EDITAL Edital n.º Processo n.º Assunto
: 52/E-BC/2020 : 136/BC/2018/F : Início da audiência pela infracção às disposições do Regulamento de Segurança Contra Incêndios (RSCI) Local : Estrada Marginal do Hipódromo n.os 39-55, Rua Dois do Bairro Iao Hon n.º 2, Avenida da Longevidade n.os 7-15, EDF. Iau Tim (Fase 1 e Fase 2), Macau. Lai Weng Leong, Subdirector da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), no uso das competências delegadas pelo Despacho n.º 06/ SOTDIR/2020, publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) n.º 11, II Série, de 11 de Março de 2020, faz saber que fica notificado o dono das obras ou seu mandatário, bem como os utentes do local acima indicado, cujas identidades se desconhecem, do seguinte: 1. Na sequência da fiscalização realizada pela DSSOPT, apurou-se que no local acima indicado realizaram-se as seguintes obras não autorizadas: Local 1.1 Corredor comum entre o r/c e o compartimento de contadores de água e as casas de lixo.
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Obra
Infracção ao RSCI e motivo da demolição Infracção ao n.º 4 do artigo 10.º, obstrução do caminho de evacuação.
Construção de um compartimento com chapas metálicas, laje metálica, Portão de enrolar metálico, portão metálico, escadas metálicas e condutas de equipamentos plásticas no referido corredor comum. 1.2 Área junto às lugares Construção de um comparti- Infracção ao n.º 4 de estacionamento de mento com chapas metálicas, do artigo 10.º, obsveículo n.os 10 e 11 e cor- laje metálica, Portão de enro- trução do caminho redor comum entre o r/c lar metálico, portão metálico e de evacuação. escadas metálicas no referido e as casas de lixo. corredor comum. Sendo as escadas, corredores comuns e terraço do edifício considerados caminhos de evacuação, devem os mesmos conservar-se permanentemente desobstruídos e desimpedidos, de acordo com o disposto no n.º 4 do artigo 10.º do RSCI, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 24/95/M de 9 de Junho. As alterações introduzidas pelos infractores nos referidos espaços, descritas no ponto 1 do presente edital, contrariam a função desses espaços enquanto caminhos de evacuação e comprometem a segurança de pessoas e bens em caso de incêndio. Assim, as obras executadas não são susceptíveis de legalização pelo que a DSSOPT terá necessariamente de determinar a sua demolição a fim de ser reintegrada a legalidade urbanística violada. Nos termos do n.º 3 do artigo 87.º do RSCI, a infracção ao disposto no n.º 4 do artigo 10.º é sancionável com multa de $4 000,00 a $40 000,00 patacas. Além disso, de acordo com o n.º 4 do mesmo artigo, em caso de pejamento dos caminhos de evacuação, será solidariamente responsável a entidade que presta os serviços de administração e/ou de segurança do edifício. Considerando a matéria referida nos pontos 2 e 3 do presente edital, podem os interessados, querendo, pronunciar-se por escrito sobre a mesma e demais questões objecto do procedimento, no prazo de 10 (dez) dias contados a partir da data da publicação do presente edital, assim como requerer diligências complementares e oferecer os respectivos meios de prova, em conformidade com o disposto no n.º 1 do artigo 95.º do RSCI. O processo pode ser consultado durante as horas de expediente nas instalações da Divisão de Fiscalização do Departamento de Urbanização desta DSSOPT, situadas na Estrada de D. Maria II, n.º 33, 15.º andar, em Macau (telefones n.os 85977154 e 85977227).
RAEM, 01 de Setembro de 2020 Pela Directora de Serviços O Subdirector Lai Weng Leong
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METRO LIGEIRO MAIS DE 70 LOCAIS DEMITIRAM-SE ATÉ 21 DE AGOSTO
Curta metragem
Banca Depósitos de residentes caem 0,5%
Mais de 80 por cento dos trabalhadores do Metro Ligeiro são residentes, mas a Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego revelou que até 21 de Agosto quase 80 profissionais demitiram-se HOJE MACAU
Os depósitos dos residentes decresceram 0,5 por cento em Julho, relativamente ao mês anterior, tendo atingido 690,1 mil milhões de patacas. Os dados foram divulgados na sexta-feira pela Autoridade Monetária de Macau (AMCM). Em sentido contrário, os depósitos
de não residentes aumentaram 3,1 por cento, tendo atingido 324,8 mil milhões de patacas. De acordo com a AMCM, os resultados de Julho traduzem ainda um decréscimo de 0,3 por cento relativo à circulação monetária e de 11,5 por cento, nos depósitos à ordem. Quanto aos empréstimos internos do sector privado diminuíram 0,1 por cento relativamente a Junho, atingindo 539,7 mil milhões de patacas. Por outro lado, os empréstimos ao exterior cresceram 0,3 por cento, totalizando 664,7 mil milhões de patacas.
Cavalos Suspensa importação da Malásia Está suspensa a importação de cavalos da Malásia, ou que tenham passado pelo país. A decisão do Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) deveu-se a um surto de peste equina africana no estado de Terenganu, na Malásia. O IAM comunicou que recentemente
não houve importação para Macau de cavalos vindos das zonas afectadas. Todos os animais vivos importados ou em trânsito passam por quarentena obrigatória e são sujeitos a inspecção, podendo vir para Macau se tiverem aprovação na quarentena.
FSS Instalações em S. Lázaro reabrem hoje As instalações do Fundo de Segurança Social (FSS) na freguesia de São Lázaro vão reabrir em duas fases. A partir de hoje, os cidadãos podem-se deslocar às instalações na Rua Eduardo Marques para serviços como pagamento de contribuições ou pedidos de pensões ou subsídios. Os serviços do regime de previ-
dência central não obrigatório, tais como reclamações ou levantamento de verbas, continuam a funcionar no Posto de Atendimento Provisório no Tap Seac até ao final da semana. A partir de 14 de Setembro, o posto provisório fecha e todos os serviços serão prestados nas instalações na freguesia de São Lázaro. PUB
Aviso de pedido para junção de restos mortais em sepultura perpétua Eu, António Pedro do Rosário (譚志民), nos termos da alínea 3) do n.º 1 e dos n.ºs 2 e 3 do artigo 26.º-A do Regulamento Administrativo n.º 37/2003, alterado pelo Regulamento Administrativo n.º 22/2019, apresento um pedido da junção das cinzas de Joaquim Pedro do Rosário (譚若堅) na sepultura n.º SM-3-0078 do Cemitério de S. Miguel Arcanjo. O defunta cujos restos mortais se pretende juntar era neto do falecido já ali depositado, o primeiro inumado, Rosa Chiu (趙氏). Venho por este meio informar as pessoas indicadas no n.º 1 do artigo 26.º-A do Regulamento Administrativo acima referido de que podem apresentar objecção por escrito ao IAM no prazo de 30 dias, contados a partir da data da publicação do aviso. A objecção escrita deve ser entregue no escritório dos assuntos relativos a cemitérios da Divisão de Higiene Ambiental do IAM, sito no 3.º andar do Edifício Comercial Nam Tung, na Avenida da Praia Grande n.º 517. Se o IAM não tiver recebido objecção por escrito no prazo determinado, o pedido de junção pode ser autorizado. Aos 07 de Setembro de 2020 António Pedro do Rosário
O
Metro Ligeiro registou uma perda “significativa” de trabalhadores residentes. Até 21 de Agosto deste ano, 79 pediram demissão, de acordo com o director dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) em resposta a uma interpelação escrita. “Actualmente, o número total de trabalhadores é de 664, dos quais 499 (mais de 80 por cento) são trabalhadores locais e 115 são trabalhadores não residentes (TNR) que desempenham funções nucleares e de chefia nas áreas técnico-profissionais”, revelou Lam Hin San. O director da DSAT enumera entre as tarefas dos TNR funções de operação, gestão e reparação, para manter o bom funcionamento na operação inicial da linha da Taipa e transmitir conhecimentos profissionais e experiências aos trabalhadores locais. A deputada Ella Lei tinha apelado à sociedade responsável pela gestão do Metro Ligeiro para dar prioridade à formação de técnicos locais, com o objectivo de garantir a independência
e estabilidade da prestação de serviços, e garantir oportunidades de trabalho para os residentes. Todos os trabalhadores da Sociedade do Metro Ligeiro de Macau S.A. (MLM) são residentes. Já o contrato da prestação do serviço com a MTR (Macau) prioriza a contratação de mão-de-obra local. Estipula também a implementação de um plano para os residentes ocuparem os quadros da empresa operadora. Na resposta, a DSAT descreve que se deve “promover uma imagem positiva” do sistema do Metro Ligeiro, de forma a atrair mais trabalhadores para o sector,
A DSAT descreve que se deve “promover uma imagem positiva” do sistema do Metro Ligeiro, de forma a atrair mais trabalhadores para o sector
que criou empregos fora das habituais indústrias do turismo e jogo.
FORMAR PESSOAS
Para garantir a segurança, a DSAT convidou especialistas de Pequim, Hong Kong, Singapura e Estados Unidos da América para dar aulas e partilhar experiências. A ideia era aumentar o conhecimento profissional de residentes em termos operacionais, de segurança e gestão de emergência. Lam Hin San disse que depois da criação da MLM foram formados grupos de trabalhadores locais para “iniciar a coordenação técnica e organizar tarefas directamente com a equipa operacional da MTR (Macau)”. Além disso, o director observou que a MTR (Macau) tem dado formação profissional nas áreas da operação, reparação, prestação de serviços aos clientes, bem como procedimentos de tratamento e ensaios para responder a situações imprevistas. Salomé Fernandes
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DSAMA PEDIDA INTERVENÇÃO APÓS GOLFINHO MORTO DAR À COSTA
A
Direcção dos Serviços de Assuntos Marítimos e de Água (DSAMA) anunciou ter encontrado, no sábado, um golfinho branco chinês, sem vida, junto ao templo de Tam Kung, em Coloane. Este foi o quarto golfinho morto que deu à costa em Macau este ano, o que levou Sulu Sou a pedir ao Governo para incluir no Plano Director de Macau instruções
dedicadas à protecção da ecologia marítima. Segundo uma interpelação escrita enviada ontem pelo deputado, ao longo dos anos, nada foi feito nesse sentido, enquanto a prioridade do Governo é o “desenvolvimento dos novos aterros”. Sulu Sou pediu ainda que o Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) crie mecanismos para divulgar ao público
os resultados do relatório de investigação às causas da morte do golfinho. Além disso, tendo em conta que o número de exemplares da espécie tem diminuído nos últimos anos, Sulu Sou pretende ainda saber se o Governo planeia criar uma reserva natural dedicada à protecção dos golfinhos brancos chineses. As preocupações do deputado são agravadas pelo
desenvolvimento urbano acelerado, materializado na construção dos novos aterros, como o da zona C. “Existem actualmente mecanismos legais para avaliar o efeito negativo que as obras dos aterros estão a ter no ecossistema marinho (…), que prevejam a suspensão dos projectos, a partir de determinado grau de impacto?”, questionou o deputado. P.A.
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segunda-feira 7.9.2020
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mãe de Tsz Lun Kok contratou um advogado no Interior da China para representar o filho, que tem dupla nacionalidade, detido desde 23 de Agosto em Shenzhen. De acordo com a Lusa, o mandatário não foi autorizado a falar com o jovem de 19 anos, que está acusado de travessia ilegal, após ter sido interceptado na embarcação em que seguia pela guarda costeira da província chinesa de Guangdong. “A polícia chinesa disse ao advogado que a investigação do caso não está concluída, e que [Kok] não tem o direito de ver um advogado”, contou à Lusa o advogado em Hong Kong, que pediu para não ser identificado. “Já são 12 dias em total isolamento”, acrescentou na sexta-feira, manifestando preocupação com o seu cliente. “Não consigo imaginar o que ele sente neste momento, ele só tem 19 anos”, recordou. A família não tem quaisquer notícias do jovem, natural de Hong Kong, que estudava Engenharia naquele território. “A mãe, que tem estado em contacto comigo, e o pai, estão muito preocupados. Como foi detido no mar, pode ter sido ferido, e ela não sabe [do filho]. Ele não pode sequer fazer um telefonema para falar com a família e não pode falar com o advogado [na China]”. Kok, que enfrenta acusações em Hong Kong relacionadas com os protestos pró-democracia no território, no ano passado, foi detido numa embarcação que teria como destino Taiwan. Jornais de Hong Kong relatam que advogados de outros detidos também terão sido impedidos de contactar os seus clientes. O jovem, cujo pai tem cidadania portuguesa, é “cidadão
DICJ Desmentida autorização do jogo online “Mark Six”
SHENZHEN PORTUGUÊS FICOU, PELO MENOS, 12 DIAS SEM FALAR COM FAMÍLIA OU ADVOGADO
Entregue à sua sorte
O estudante de Hong Kong com passaporte português e cartão de cidadão detido na China no dia 23 de Agosto foi impedido de contactar a família e o advogado, pelo menos, até sexta-feira. A polícia chinesa justificou a ausência de direito a representação legal com o facto de a investigação ainda não ter terminado
“Além de ter passaporte português, também tem cartão de cidadão português. Não se pode dizer que tinha um documento de viagem, ele é legal e tecnicamente cidadão português”, acrescentou o advogado, lamentando que o consulado também não disponha de informações sobre o jovem
português” de pleno direito, frisou o advogado, apesar de a China só reconhecer o passaporte enquanto documento de viagem não atributivo da nacionalidade. “Além de ter um passaporte português, também tem cartão de cidadão português”, frisou o advogado. “Não se pode dizer que ele tinha um documento de viagem,
A Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ) esclareceu que quaisquer casinos online que operem em nome de Macau, ou websites que aleguem a exploração do jogo “Macau Mark Six” são falsos e ilegais. Em comunicado, a DICJ descreveu como rumores a informação do início da exploração deste jogo por causa do impacto da epidemia. “O Governo da RAEM nunca autorizou a exploração de jogos online por qualquer casino ou concessionária de Macau, estando a Polícia Judiciária a investigar o assunto”, diz a nota. Assim, apelou aos cidadãos para estarem atentos a burlas através de jogo online.
ele é legal e tecnicamente um cidadão português”, acrescentou, lamentando que o consulado também não disponha de informações sobre o jovem.
CONTAS E TESOURA
O jovem é acusado de motim, por ter participado alegadamente numa manobra para desviar as atenções
da polícia que cercou as instalações do campus, com o objectivo de permitir a fuga de estudantes refugiados no seu interior. Kok, que estudava noutra universidade, e foi detido na área de Mong Kok, perto da PolyU, enfrenta ainda acusações de posse de “instrumentos passíveis de uso ilegal”, disse o advogado, precisando que, ao contrário
do que a polícia de Hong Kong afirmou na quinta-feira à Lusa, não está acusado de posse de armas. Por detrás desta acusação estará a posse de “pequenas contas de vidro” e de “um par de tesouras” de corte de metal, não tendo a acusação precisado de que forma poderiam ser usados, segundo o mandatário. O jovem deveria ser ouvido no tribunal de Tuen Mun, em Hong Kong, em 25 de Setembro, mas o advogado desconhece se a polícia chinesa o vai manter detido por travessia ilegal. Nesse caso, “o processo pode levar cerca de meio ano a oito meses, e se forem considerados culpados terão de cumprir pena na China”, disse o advogado, caso em que o seu cliente poderá estar “um ou dois anos” sem “poder regressar a casa”. O Consulado de Portugal em Macau e Hong Kong declarou na semana passada que devido ao não reconhecimento da dupla nacionalidade pela China a sua acção ficaria limitada a “ao domínio humanitário, procurando assegurar que o detido se encontra bem, que lhe seja dispensado um tratamento digno e que possa ser defendido por um advogado”.
IPM ABERTURA MARCADA POR DEMONSTRAÇÃO DE AMOR À PÁTRIA
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cerimónia de abertura do Instituto Politécnico de Macau (IPM) contou com a presença de 1100 novos alunos que estiveram reunidos na passada quinta-feira no Pavilhão Polidesportivo da instituição. De acordo com uma nota divulgada pelo IPM, a cerimónia teve início com o içar da bandeira e a “execução instrumental e vocal” do Hino Nacional. Participaram
na cerimónia os novos alunos dos cursos de licenciatura, mestrado e doutoramento provenientes de Macau, de outras regiões da Grande Baía e da China Continental, países de Língua Portuguesa e ainda do estrangeiro. “Foi muito emocionante a cena em que, em testemunho do pessoal docente e não docente do IPM, todos os novos alunos prestaram juramento de se integrarem
na grande família do IPM”, pode ler-se no comunicado. Na ocasião, o Presidente do Instituto Politécnico de Macau, Marcus Im Sio Kei referiu ainda que, a construção da Grande Baía acarreta “novas missões” para Macau e para os jovens estudantes, que devem “saber lidar da melhor forma com as adversidades e os desafios durante o processo de aprendizagem e de crescimento”. P.A.
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7.9.2020 segunda-feira
DEUTSCHE GRAMMOPHON PUBLICADA DISCOGRAFIA COMPLETA DA PIANISTA MARIA JOÃO PIRES
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editora Deutsche Grammophon reuniu os 38 álbuns gravados pela pianista Maria João Pires, para o seu catálogo, desde há 30 anos, e publica-os este mês, numa só caixa, segundo o plano de novidades da editora. “Maria João Pires - Complete Recordings on Deutsche Grammophon” está disponível desde sexta-feira, no ‘site’ da etiqueta alemã, que apresenta esta “edição limitada” como uma “celebração da carreira da grande Maria João Pires”. “A sua forma de tocar piano tem sido frequentemente descrita como mágica, cativante e profundamente
poética”, escreve a Deutsche Grammophon (DG), no destaque dado à nova edição, na página de abertura do seu ‘site’. Presente no catálogo da editora alemã desde 1989, Maria João Pires tem aqui algumas das mais premiadas gravações do seu percurso, como a integral dos “Nocturnos” de Chopin, com que obteve a primeira nomeação para os Prémios Grammy, em 1996, e as Sonatas n.ºs 16 e 21, de Schubert, que lhe deram a mais recente, em 2013, entre os finalistas de Melhor Intérprete a Solo. Foram feitas também para a DG, as “gravações
lendárias” dos concertos de Mozart e Schumann, com o maestro Claudio Abbado e as orquestras Filarmónica de Viena e de Câmara da Europa; do Concerto n.º 23 do compositor de Salzburgo, com a orquestra do Mozarteum e o maestro Frans Brüggene; e do 2.º Concerto de Chopin, com a Royal Philharmonic e Andre Previn. Nos 38 CD, todos eles com reprodução das capas originais, e nas mais de cem obras que preservam, interpretadas pela pianista, a maior parte diz respeito a recitais a solo e a compositores como Bach, Beethoven, Chopin, Mozart, Schubert e Schumann. Mas também há obras de Brahms, Cesar Franck, Debussy, Grieg, Ravel. Maria João Pires, a mais internacional e reputada das pianistas portuguesas, nasceu em Lisboa, a 23 de Julho de 1944. O seu percurso artístico remonta a finais dos anos 1940, quando se apresentou pela primeira vez em público, aos quatro anos. PUB
Com a pra
DANÇA STELLA & ARTISTS PROMOVE ESPECTÁCULOS
No próximo fim-de-semana, o Teatro da Caixa Preta no Edifício do Antigo Tribunal recebe três espectáculos de dança contemporânea promovidos pela companhia Stella & Artists. Segundo a mentora do projecto, Stella Ho, o objectivo passa por apostar na criatividade de novos dançarinos e coreógrafos locais, acostumados “apenas” a dançar
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c ompanhia de dança local Stella & Artists vai levar ao palco do Teatro da Caixa Preta, no Edifício do Antigo Tribunal, três espectáculos de dança contemporânea. As mostras, acontecem nos dias 12 e 13 de Setembro e são da responsabilidade de dançarinos e coreógrafos locais, assumindo-se como uma oportunidade para os novos talentos da área apresentarem criações inéditas e experimentais, desamarradas de estilos concretos. Apelidada de “Macau CDE Springboard”, a iniciativa em que se enquadra a mostra local do próximo fim-de semana é, segundo a mentora e directora
artística do projecto, Stella Ho, uma oportunidade “para os jovens dançarinos e coreógrafos locais poderem criar”. “Penso que estas iniciativas são importantes porque há falta deste tipo de oportunidades. O objectivo principal passa por deixar os dançarinos criar, porque eles normalmente estão ‘apenas’ dedicados a dançar e têm muito para dizer. Por isso, esta é uma boa plataforma para os deixar criar algo por si próprios, em vez de apenas dançarem”, disse ao HM. Para a edição deste ano da mostra local, a Stella & Artists convidou dois consultores criativos, Chan Yi En (Taiwan) e Daniel Yeung (Hong
Museus Xian Xinghai na lista nacional O museu dedicado ao compositor Xian Xinghai, nascido em Macau, passou a integrar a lista de monumentos nacionais dedicados à vitória contra o Japão na Segunda Guerra Mundial. A informação, citada na passada sexta-feira pela TDM-Rádio Macau, consta de uma lista com 80 monumentos e locais, divulgada pelo Conselho de Estado Chinês, por
ocasião das comemorações do 75º aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial. Xian Xinghai é o responsável pela criação de uma das músicas patrióticas mais famosas da China, a “Cantata do Rio Amarelo”, que viria a tornar-se num hino contra o invasor japonês. O museu dedicado a Xinghai situa-se na Rua de Francisco Xavier e abriu portas em Novembro de 2019.
Kong), a quem foi atribuída a responsabilidade de orientar as criações dos dançarinos e coreógrafos participantes. Ao todo, o público poderá assistir a oito criações de dança contemporânea com temas e estilos distintos, incluindo reflexões sobre o dia a dia, a sociedade e o contexto actual, numa mistura “onde a dança procura explorar os limites da música, de objectos ou dos próprios corpos”. “Normalmente, as companhias de dança adoptam um estilo particular mas, neste caso, as criações vão debruçar-se sobre o que os artistas pensam sobre a sociedade de um ponto de vista muito experimental mas também, diria, mais ‘dançante’ do que é habitual na dança contemporânea”, sublinha Stella Ho.
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segunda-feira 7.9.2020
ata da casa
S DE TALENTOS LOCAIS
YOGA LOFT SEXTO ANIVERSÁRIO NO SÁBADO COM AULAS GRATUITAS E MÚSICA
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Associação Yoga Loft Macau celebra seis anos no próximo sábado, 19 de Setembro, com um dia de portas abertas para quem quiser experimentar aulas gratuitas. As celebrações começam às 10h com meditação e “Yoga Therapy”, seguida de aulas de “Ashtanga e Core Yoga”, às 11h, e “Yoga a pares para famílias” ao meio-dia. Esta última sessão é aberta a crianças com mais de 3 anos acompanhadas por um pai e a duas crianças desde que ambas tenham mais de 5 anos. As aulas da manhã vão estar a cargo da professora Rita Gonçalves. Já da parte da tarde, começam às 14h30 com uma sessão de “gong bath”, a cargo do professor Gil Araújo. Os participantes PUB
As criações podem ser vistas ao longo das duas sessões previstas para sábado, às 15h30 e 20h00 e da sessão prevista para as 15h30 de
“As criações vão debruçar-se sobre o que os artistas pensam sobre a sociedade de um ponto de vista muito experimental mas também, diria, mais ‘dançante’ do que é habitual na dança contemporânea” STELLA HO DIRECTORA ARTÍSTICA DA STELLA & ARTISTS
domingo. Os bilhetes têm o custo de 120 patacas.
CONTORNAR A PANDEMIA
Devido à crise provocada pela covid-19, os dois consultores criativos envolvidos na iniciativa apenas puderam orientar os dançarinos e coreógrafos de Macau, através de vídeo-conferência e a partir de Taiwan e Hong Kong. Além disso, dado que um dos coreógrafos participantes não conseguiu voltar para Macau, uma das criações será transmitida, em directo, para Taiwan, permitindo estabelecer comunicação directa com a audiência. Recorde-se que em Janeiro, a Stella & Artists promoveu uma mostra internacional de dança contemporânea em Macau, integrada na iniciativa
“Macau CDE Springboard”, que acontece anualmente em Macau desde 2013. Devido à pandemia, para já, apenas estão previstas no futuro mais duas mostras locais. Sobre a iniciativa, Stella Ho, ressalva que é “um importante
meio de mostrar o trabalho dos jovens dançarinos de Macau”, pois, nos últimos 10 anos, “este tipo de eventos de intercâmbio têm sido raros”. Pedro Arede
pedro.arede. hojemacau@gmail.com
deitam-se e submergem na experiência sonora meditativa proporcionada pelo uso de várias taças tibetanas e gongos. O dia de aniversário prossegue com uma sessão de “Pilates” às 16h com a professora Ilaria Palmieri e, passado uma hora, a professora Juliana Moreschi dirige uma aula de “Vinyasa Yoga”. Às 18h, é a vez da “Hot Yoga”, sessão a cargo da professora Cecília Leung. O dia termina em beleza, às 19h, com “Dança NIA”, numa sessão orientada pela professora Mia Thayer. As aulas serão leccionadas em inglês. Quem estiver interessado tem de fazer pré-registo, enviando uma mensagem para rita@yogaloftmacau. com, ou para o Facebook do Yoga Loft Macau. J.L.
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7.9.2020 segunda-feira
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HK DEZENAS DE DETIDOS EM PROTESTOS CONTRA LEI DE SEGURANÇA
Regresso às ruas
nacional, que pune com penas que podem chegar à prisão perpétua actos como a secessão ou conluio com forças estrangeiras, mergulhou Hong Kong num clima de agitação e gerou uma reação de protesto da comunidade internacional.
POLÍCIA EM FORÇA
VINCENT YU/AP PHOTO
polícia de Hong Kong deteve ontem cerca de 90 pessoas na sequência dos protestos contra a lei de segurança aprovada pela China para o território e contra o adiamento das eleições legislativas. No dia 31 de Julho, a Chefe do Executivo de Hong Kong, Carrie Lam, anunciou que as eleições legislativas seriam adiadas por um ano devido ao "risco extremo para a saúde" representado pela terceira vaga de infecções da covid-19, negando que a decisão tivesse motivações políticas, como alegavam os movimentos pró-democracia. Carrie Lam argumentou com os riscos levantados pela previsível aglomeração de eleitores e trabalhadores nas mesas de voto e a incapacidade dos residentes de Hong Kong no estrangeiro de viajarem para votar devido a exigências de quarentena. O adiamento das eleições legislativas foi o mais recente capítulo na história recente de convulsão política na antiga colónia britânica. A imposição por Pequim em Julho de 2019 de uma nova lei de segurança
Leung Kwok-hung, Raphael Wong Ho-ming e Figo Chan Ho-wun, membros da Liga Social Democrática, foram alguns activistas presos “por participarem numa marcha não autorizada”
Leung Kwok-hung, Raphael Wong Ho-ming e Figo Chan Ho-wun, membros da Liga Social Democrática, foram alguns activistas presos “por participarem numa marcha não autorizada", de acordo com a imprensa, que refere ainda a adesão pouco significativa aos protestos, marcados por uma forte presença da polícia, com cerca de 2.000 agentes mobilizados. Numa publicação no Facebook, a polícia reconhece que prendeu quase 90 pessoas por terem participado numa manifestação não autorizada. Em vários vídeos publicados nas redes sociais consegue perceber-se que os manifestantes exigiam a possibilidade de voto e gritaram que a corrupção atingiu a polícia. Os protestos concentraram-se nos bairros de Kowloon e Mong Kok.
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HIMALAIAS ÍNDIA E CHINA TROCAM ACUSAÇÕES PELO AUMENTO DA TENSÃO NA FRONTEIRA
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Índia e China trocaram sábado acusações pelo aumento das tensões sobre a disputa de fronteira nos Himalaias, um dia após uma reunião de alto nível entre os dois países desde um confronto sangrento em Junho, indica a agência AFP. Através de comunicados, o ministro da Defesa da Índia, Rajnath Singh, e seu homólogo, o general chinês Wei Fenghe, acusaram-se mutuamente pela crescente tensão da situação. Os dois responsáveis tinham estado reunidos em Moscovo na sexta-feira, à margem de uma reunião da Organização de Cooperação de Xangai. O ministro indiano revelou que manteve conversas "fran-
cas" com seu homólogo chinês sobre o conflito fronteiriço e as relações tensas entre os dois países, que são os mais populosos do mundo. Índia e China assistem desde Junho a um ressurgimento da tensão pela disputada fronteira nos Himalaias, após terem ocorrido confrontos sangrentos entre soldados. Este confronto de violência causou 20 mortos do lado indiano e um número indeterminado de vítimas nas fileiras chinesas. Nova Déli e Pequim culpam-se mutuamente por esses confrontos, tendo os exércitos dos dois países enviado dezenas de milhares de reforços para a região desde os incidentes de Junho.
Mongólia Interior Jornalista norte-americana detida e expulsa da região
Um jornal norte-americano revelou sexta-feira que uma jornalista sua foi detida e expulsa da região chinesa da Mongólia Interior quando cobria tensões em torno de uma nova directriz que reduz o uso da língua mongol nas escolas. Numa notícia difundida sexta-feira, o Los Angeles Times disse que a jornalista foi interrogada numa esquadra da polícia, agarrada pelo pescoço e empurrada para dentro de uma cela, onde ficou mais de quatro horas, antes de ser forçada a deixar a região. O relato surge no fim de uma reportagem que Su escreveu sobre protestos e greves às aulas que eclodiram na Mongólia Interior a semana passada, contra uma nova política de educação bilíngue que os manifestantes dizem ameaçar a língua mongol na região. A Mongólia Interior é uma região com 25 milhões de habitantes, que faz fronteira com a Mongólia.
segunda-feira 7.9.2020
Deixem-me livre por um momento em qualquer parte
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ILLY é como me sinto sempre, neste ter que ser sazonal. Pressionada e questionada e sem cromos de viagem para trocar. Este ano, em tudo diferente, parece o lado b num disco de vinil. Mais difícil, mais discreto, mas com detalhes notáveis. O ar mais limpo, mais cantos de pássaros e mais turistas ausentes. Este compulsivo mergulhar num padrão encaixado à força, como num parêntesis de novidade, descanso e liberdade, sem efeito na frase no ano inteiro. Paradigma, paradigma perdido. Repetidamente. Esta estação de ser verão e ser o tempo bom, que se espera há uma vida ciclicamente e de que se teme o fim, no inegável pessimismo, a partir ainda do dia anterior ao início. E sempre. Nesta saudade prévia do que ainda não partiu. Gostar do silêncio da rua no centro da cidade e que por momentos, repetidos e nítidos, às quatro da tarde, lembra as cinco da manhã, num esquecimento de azáfama útil e a lembrar domingos de manhã noutras estações. Ir contra o trânsito dos dias e estar no casulo da casa da manhã e da noite, quando todos se agitam na euforia de tornar útil a liberdade condicional. É o calor. Dilata os sólidos e acelera as partículas. Há uma vibração de ansiedade, uma agitação e um precisar de espaço de novidade outra. Que vida sazonal. Que desejos firmados num tempo a acabar e a vir com outro tempo e temperatura. Como camadas de pele, de roupas, de vida. Sempre virada a sul, quando para norte aponta a estrela que guia. Há pessoas que nascem viradas a sul. Talvez sem um norte fácil. Sem visibilidade para lá do horizonte. Talvez de costas viradas para uma estrela que não se define. Pequeno ponto de luz, que dá o rumo mas não o caminho. Há uma semelhança fonética como permeabilidade de sentido. Sulista o que nasce ao sul. O lado mais quente e luxuriante, mais árido, mais amplo. Solista o que toca um instrumento a solo. O palco vazio, as luzes apontadas, ou um vão de janela nocturna. Sem maestro. Ou se destaca num conjunto e improvisa um voo. Um dia confundi as palavras por ilusão de sonoridade e senti como um dedo apontando firme. Mas nada mais do que camadas de sentidos sobre um fundo de ramificações em rosa dos ventos. Serão os solistas aqueles que não conseguem reconhecer um norte maestro ou também sulistas, como aqueles que viram costas a um norte estranho. E rumam, sempre à casa inicial e à nostalgia do útero materno. Um rumo a norte e voltar atrás, na estrela. Uma geografia íntima que leva a sul. Silly, silly season. Não sei se quem nasceu no verão tem este reencontro cíclico
Silly season RHONDA SMITH
Cartografias Anabela Canas
com a primeira experiência do mundo quando este se abriu, como renascer ou voltar a casa em harmonia com o habitat conhecido. A primeira impressão do mundo exterior, para sempre marcada pelas boas vindas do tempo bom. É o
que sinto. Uma saudade anual deste tempo e desta temperatura. Desde que se abriu os olhos pela primeira vez e se sentiu a pele, a casa da pele. Tudo o mais, intervalos e desadaptação. Territórios inóspitos, agrestes ao corpo. À alma.
Aqui estou. Na estação e fora de estação. Depois disto, se diz rentrée. Já aí. Porque se esteve fora de tudo. Mas parece que, afinal, euforia é voltar, retomar reiniciar. A vida social, a temporada de ópera, sei lá. Se esquecermos a pandemia
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Uma espera do verão. Que tudo acalentada e mesmo antes de chegar já se adivinha uma saudade de ter que o ver partir. Apontada a sul por determinismo afectivo de quem nasce no verão, como uma nudez púdica a fugir do frio. Como uma incompletude térmica das camadas cutâneas. Como um apelo de tambores nas florestas escondidas a desconhecido sul. Desconhecido sul. Desconhecido norte. Caminho. Ou somos todos sulistas. Nascidos de um cadinho quente. A quem o frio retrai e torna mais sós. Solistas nesse chamamento íntimo, aos dias melhores. Mas porquê estação fútil, a do tempo bom? A de slow news ou the dog days of summer. Se a justiça e o parlamento se retiram em longas e síncronas férias, nada se passa no país. Sobram frivolidades. Porque se não há política não há consciência nem problemas e se não há tribunais não há justiça. Enquanto isso, o país a arder. As pessoas e o mundo nas dificuldades de sempre. Umas sem férias e outras sem emprego. E um tempo que parece esvaziado das coisas importantes que são sempre notícia. Mas mais irresolutas, ainda. É estranho. As causas e os amores em férias, a terra a morrer devagar e, como as pessoas, de maus tratos. Coisas de sempre, nem silly, nem agora nem nunca. Quando a justiça em férias anda a monte, o que sobra? Tudo muito fru fru, não fosse a pandemia. Um intervalo de país. A entrar em parêntesis até Setembro. Ou seja, um mundo de coisas em que pensar e em que ninguém quer pensar. Quando percorre a todos o apelo de ser o que não se é, ir onde não se está. A euforia da fuga. Dos calções e dos chinelos havaianas – eu sei que não concorda em género mas é isso. E em férias de alguém, chego inadvertidamente à varanda e ali a uns centímetros, no prédio ao lado, de varanda contígua, o vizinho do alojamento local, em cuecas, debruçado para a rua a apanhar fresco. Silly season, a dele. Que me brinda com o inestético espectáculo, que poupa aos seus vizinhos das outras estações. Aqui estou. Na estação e fora de estação. Depois disto, se diz rentrée. Já aí. Porque se esteve fora de tudo. Mas parece que, afinal, euforia é voltar, retomar reiniciar. A vida social, a temporada de ópera, sei lá. Se esquecermos a pandemia. Esta que é estação silly para alguns, para mim simplesmente estação. De estar. Ter férias e viajar a acompanhar o tempo bom. Isso sonho, nas outras estações. Fugir do frio. Mas quando todos saem e resta este silêncio bom na cidade, é talvez a estação de me ver a fazer castelos na areia sem sair de casa.
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7.9.2020 segunda-feira
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A Inolvidável Cortesã, Poeta e Pintora Dong Xiaowan Paulo Maia e Carmo texto e ilustração
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ONG Bai sabia aos dezassete anos que tinha que ficar com aquele literato que a visitara duas semanas depois da morte da mãe. Ele era Mao Xiang (1611-1693) de Rugao (Jiangsu) e fazia parte do círculo de amigos do influente pintor e crítico Dong Qichang e ainda terá hesitado em tomar aquela cortesã que conhecera nas casas de prazer de Qinhuai (Nanquim) como concubina. Três vezes ele recusou, alegando preocupações com a proteção de seu pai naqueles tempos incertos em que a dinastia Ming começava a desfazer-se. Mas no inesquecível começo da sua história diz-se que ela não aceitou o «não» e o perseguiu numa embarcação durante vinte e sete dias subindo um rio. Mao acabou por ceder depois da intervenção financeira do eminente literato Qian Qianyi que pagou uma dívida que ela tinha e que colocava a sua vida em perigo. Viveram juntos durante nove anos, suficientes para a formação da lenda daquela que seria uma das mais famosas cortesãs, poeta, pintora e escritora do tempo com o nome que, na habitual heteronímia, mudaria para Dong Xiaowan (1624-1651). Mao recordaria o primeiro encontro de maneira impressionante: «Sua face resplandecia levemente anunciando o início da Primavera, seus olhos ainda ligeiramente inebriados vagueavam e demoravam-se. Fascinante e bela, era clara como o jade branco. Tinha uma graça simples e natural e estava demasiado languida para trocar uma palavra comigo.» De modo
característico, ele iria expressar a sua admiração não tanto pela beleza física dela ou sequer pelos talentos artísticos, que ele conheceria depois, mas sobretudo pelas suas qualidades morais. Do mesmo modo que os autores Yu Hai, Zhang Jingqi e Ye Yanlan na dinastia Qing que iriam descrever o grupo das «Oito beldades de Qinhuai» de que Dong Xiaowan faria parte, realçaram as virtudes morais de notórias cortesãs. Yu Zhiding (1647-1709) um reconhecido pintor da Academia imperial de Kangxi fez aquele que seria o mais icónico retrato póstumo de Dong Xiaowan, conhecido como «Pequena figuração da mulher Qinglian», outro dos seus nomes alternativos, que a mostra sozinha sob uma ameixoeira. Era apenas um de vários retratos que fariam dela um motivo para evocar uma sedutora era perdida. Dessa série de pinturas faria parte o de Yu Ming (1884-1935) intitulado «Dong Xiaowan na sua cama, doente» no Metmuseum (rolo vertical, tinta e cor sobre seda,80,6 x 43,5 cm). Das suas próprias pinturas avulta uma particular sensibilidade no olhar sobre as flores e as aves. Mao Xiang recordá-la-ia num pequeno livro de memórias em que falava da mulher do «eremitério das ameixoeiras sombrias», para sempre magoado após a sua doença súbita e morte inesperada aos vinte e sete anos. Nesse final inesquecível as águas do seu jardim Shuihui corriam ao contrário, agora era ele que perseguiria a sua sombra para sempre, em vão.
ARTES, LETRAS E IDEIAS 13
segunda-feira 7.9.2020
Procurador dos Negócios Sínicos por nomeação régia José Simões Morais
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Governador de Macau Isidoro Francisco de Guimarães (1851-1863) em 19 de Novembro de 1852 definia as funções do Procurador da Cidade, <perante o qual eram tratados todos os negócios chineses>, mas as suas resoluções ficavam dependentes da final confirmação do Governador, a quem pertencia a última palavra, sendo ambos os únicos com autoridade para neles interferir. A escolha do Procurador era feita ainda na pessoa de um Vereador da Câmara. Desde 1851, do porto de Macau, via Hong Kong, partiam trabalhadores chineses para a América e apesar das medidas legislativas tomadas “para corrigir abusos ocorridos tanto no recrutamento como durante a viagem, assim como no país de destino, onde muitas vezes ficavam como escravos”, segundo Beatriz Basto da Silva, a 12/9/1853 “foram dadas providências, por portaria provincial, sobre a emigração dos cules, a fim de evitar os abusos dos engajadores.” No entanto, só em Novembro de 1855 por portaria o Governador regulou essa emigração, que tinha de ser contratada localmente, e a ligou à Procuratura dos Negócios Sínicos. Macau a partir de 1856 e até 1874 beneficiou do preponderante negócio desse tráfico. Em 1862, ainda o mesmo Governador Guimarães reorganizou o tribunal da Procuratura, dando-lhe um formulário e concedendo-lhe o direito de apelação para o Conselho do Governo em questões cíveis. No entanto, o Procurador continuava a fazer parte da vereação municipal, sendo eleito anualmente com os outros vereadores, o que era uma anomalia, porque, dependendo nas atribuições políticas e administrativas do Governador, este não podia demiti-lo sem dissolver a Câmara. A Procuratura estava anexa à Secretária do Governo, que tinha a verdadeira responsabilidade e a obrigava à vigilância directa do multiplicado expediente dessa repartição. “Não era este – e demais sabia o governo, - um estado de coisas que fosse conveniente demorar, porque, se é verdade que puderam evitar-se os maus resultados, - os mais graves ao menos, - da extrema acumulação de deveres em funcionários irresponsáveis, também é certo que a dilação desta forma de tutela será o olvido das menos escusadas garantias dos governados e dos mais essenciais princípios de administração”, segundo o Relatório da
Comissão para regular as atribuições do tribunal da Procuratura.
PROCURADOR DEIXA VEREAÇÃO MUNICIPAL
Como o Procurador fazia parte da vereação municipal, sendo eleito anualmente com os outros vereadores, o Governador não o podia demitir sem dissolver a Câmara e daí aparecer a tão esperada reforma no decreto de 5 de Julho de 1865. Reforma que urgia adoptar e a única alteração imediata por ele ordenada foi separar da Câmara a Procuratura e dar ao Procurador da Cidade, [na altura José Bernardo Goularte], o nome de Procurador dos Negócios Sínicos, constituindo-o funcionário do Estado. Determinava que a nomeação desse funcionário fosse feita dentre os elegíveis para vereadores, sobre proposta do Governador de Macau, então José Rodrigues Coelho do Amaral (1863-66). Nomeado a 7/4/1863, tomara posse a 22 de Junho desse ano e viera para Macau simultaneamente como ministro plenipotenciário de Portugal nos reinos da China, Japão e Sião. Nessa qualidade chegou a Tianjin a 20-5-1864 para ratificar o Tratado de Daxiyangguo de 13 de Agosto de 1862, assinado pelo então Governador de Macau Isidoro Guimarães e composto por 54 artigos a fixar as bases das relações de amizade e comércio entre a China e Portugal, onde o estatuto de Macau como Território Português era reconhecido. Mas o Imperador opunha-se ao artigo 9.º do Tratado pelo qual os dignitários chineses enviados a Macau só gozavam dos mesmos atri-
butos que os cônsules de outras nações e visto Macau não poder deixar de ser considerado como território chinês, pretendia acrescentar a cláusula do estabelecimento de uma sua alfândega em Macau, retirada pelo Governador Ferreira do Amaral. A 17 de Junho de 1864, data combinada para a troca dos documentos de ratificação, os dignitários chineses não o fizeram, pois os portugueses não quiseram discutir o artigo 9.º sem antes haver a troca dos documentos. Coelho do Amaral, ao escutar os mandarins, disparou, <se Macau é território chinês, então ide e conquistai-o>. Dois dias depois regressou a Macau.
PROCURADOR RÉGIO
Desde finais de 1864 aumentava diariamente a população chinesa de Macau e o seu porto estava convertido no centro de uma intensa emigração, adquirindo assim a Procuratura uma grande importância pelos inúmeros pleitos ali tratados. O maior número de habitantes levou a afeiçoar terrenos para construções, conquistados ao mar ou utilizando os baldios, onde durante séculos povoaram sepulturas. “Pelo mesmo tempo o governo desta colónia teve por mais próprio da civilização portuguesa e da dignidade do nosso domínio abandonar a prática, até aí seguida, de serem entregues às autoridades do território vizinho todos chineses que, em Macau, se tornavam culpados de algum crime; os quais passaram desde então a ser julgados na Procuratura, segundo as nossas leis. É fácil de ver quanto estes
Só em 1866, o Procurador dos Negócios Sínicos passou a ser de nomeação régia e coube o cargo a António Feliciano Marques Pereira, que o exerceu ainda no ano seguinte. Nascera em Lisboa em 1839 e com vinte anos partiu para Macau
dois factos agravaram os encargos do tribunal que nos ocupa. Ao tempo que se lhe multiplicavam os administrados, recebia ele dobrada jurisdição, e as causas de vida e honra acresciam às de propriedade e haveres.” Relatório da Comissão. Com a Procuratura separada do Senado, por decreto de 5 de Julho de 1865, e o Procurador escolhido por o Governador, iniciava-se a tão esperada reforma. <Deve a comissão reconhecer que foram grandemente benéficos os resultados que logo se tiraram deste singelo, mas essencial, princípio. A prática da eleição anual do Procurador (além de todos os inconvenientes de incompatibilidade absoluta com as funções que a este magistrado eram cometidas), posto que recaísse amiudadas vezes em cidadãos extremamente dignos, colocava-os, pela falta de permanência e de afectiva responsabilidade, desligados em certo modo da repartição de que eram chefes, e afastava-lhes insensivelmente a autoridade e o empenho de efectuarem os seus projectos de melhoria, para que também lhes não sobrava o tempo do seu exercício. A nova origem do Procurador, identificando o mais com os gravíssimos deveres que lhe incumbem, obrigou-o a maior conhecimento e responsabilidade da marcha geral da sua repartição, porque lhe determinou em mais subido grau a expediência e método no serviço>, palavras da Comissão no Relatório de 1867. Só em 1866, o Procurador dos Negócios Sínicos passou a ser de nomeação régia e coube o cargo a António Feliciano Marques Pereira, que o exerceu ainda no ano seguinte. Nascera em Lisboa em 1839 e com vinte anos partiu para Macau, onde veio a falecer em 1881 (ou em Bombaim). Nomeado em 1862 secretário da missão diplomática portuguesa às cortes de Pequim, Sião e Japão, exerceu também o cargo de superintendente da emigração chinesa e foi jornalista e escritor. Sendo um dos fundadores do semanário Ta-ssi-yang-kuo, foi entre 1863 e 1866 seu director.
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Um filme de: Josh Boone Com: Maisic Williams, Anya Taylor-Joy, Charlie Heaton, Alice Braga 14.30, 17.00, 19.30, 21.15 SALA 3
importantes do Brasil, expondo a ineficiência de política e prevenção e de combate a degradação ambiental no país. A região
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sofre este ano uma das piores secas em décadas, problema agravado pela ineficiência das autoridades em controlar o fogo,
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geralmente provocado pela acção humana, que se espalha rapidamente e chega a áreas de difícil acesso.
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6COREANO4 1 5 3 7 2 9 FALADO EM18 LEGENDADO EM CHINÊS/INGLÊS 9Yeon Sang-ho 03 2 8 54 31 4 6 Um filme de: 9 Com: Gang Dong-won, Lee Jung-hyun [C] 8419.15,721.30 9 6 06UNHINGED 50 de:1Derrick 4 14.30, 16.45, Um filme Borte Com: Russel Crowe 3MUTANTS 1 7[B] 41 2 14.30, 8 16.30,019.00, 21.15 THE NEW 75 0 25 5 38 13 94 66 8 4 90 6 04 7 2 31 1 7 87 4 96 6 0 54 3 1 39 8 22 91 46 73 0 5 6 3 73 8 1 99 2 20 5 0 1 48 67 8 7 3 6 7 8 SALA 1
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Incêndios de grandes proporções já destruíram pelo menos de 10 por cento do Pantanal este ano, um dos biomas mais
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1 8 2 6 3 7 0 4 5 0 7 P.D. 3 é5um4spin-off 6 9 da2série 8 Chicago Chicago Fire, que acompanha 4 9 8 7 0 1 3 5 6o departamento da polícia encarre5 6 0 1 9 8 2 3 4 gue pelo 21.º distrito da cidade 2 1 5 Através 3 6 das 4 operações 7 9 0 americana. do9departamento de “informação”, 4 7 2 1 0 8 6 3 liderado por Hank Voight (inter6 2 por 9 Jason 8 5Beghe), 3 1 a0série 7 pretado destaca-se pela forma como faz um 8 0 4 9 7 5 6 1 2 retrato da relação entre polícias e os 3 5 1 em0 que 8 todos 2 4os dias 7 os 9 criminosos, 7 3 opostos 6 4 se2 ajudam. 9 5 Outros 8 1 campos dos pontos altos desta série é a forma como mostra que nem todas as22 investigações são “limpas” que muitas 5 9vezes 6 vale 0 4tudo7 para 1 atrasar 3 8 a chegada de um advogado antes do 8 1 2 9 5João6Santos 4 0Filipe 7 interrogatório...
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CHICAGO P.D. | DICK WOLF | 2014-PRESENTE
7 0 8 2 3 1 2 5 7 1 4 8 6 3 4 5 6 9 0 3 4 7 8 6 3 2 9 5 1 0 6 9 2 7 1 PENINSULA 5 3 0 7 1 8 5 6 4 2 9 8 4 5 0 7 9 2 3 4 5 9 0 8 7 6 1 0 3 4 8 6 2 1 6 0 2 7 9 3 8 4 5 Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos 1 Colaboradores 2 9 3Anabela 4 Canas; 0 António Cabrita; António 7 Morais 2 José 1 Editores 3 João 6 Luz; 4 José5C. Mendes 9 Redacção 0 8 Andreia Sofia Silva; João Santos Filipe; Pedro Arede; Salomé Fernandes de Castro Caeiro; António Falcão; Ana Jacinto Nunes; Amélia Vieira; Duarte Drumond Braga; Emanuel Cameira; Gisela Casimiro; Cotrim;4José Drummond; 3 Gonçalo 6 Lobo 7 Pinheiro; 5 2Gonçalo 8M.Tavares;JoãoPaulo9 5 8 José 0 Navarro 1 de2Andrade; 6 José3Simões 7 Morais;LuisCarmelo;MichelReis;NunoMiguelGuedes;PauloJoséMiranda; Paulo Maia e Carmo; Rita Taborda Duarte; Rosa Coutinho Cabral; Rui Cascais; Rui Filipe Torres; Sérgio Fonseca; Valério Romão Colunistas António Conceição Júnior; André Namora; David 9 Chan; 1 João0Romão; 6 Jorge 5 Rodrigues 4 Simão; Olavo Rasquinho; 0 8Paul9 4 Chi;1Paula3Bicho;7Tânia2dos Santos 5 Grafismo 6 Paulo Borges, Rómulo Santos Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Chan Wai Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare 2 Morada 8 Calçada 3 1deSanto 9 Agostinho, 7 n.º19,CentroComercial 6 5Nam3Yue,6.º7andar2A,Macau 8 Telefone 0 128752401 9 Fax428752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo
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opinião 15
segunda-feira 7.9.2020
ai, portugal, portugal
ANDRÉ NAMORA
T
A loucura da pandemia
ODOS nós sabemos que o vírus covid-19 já provocou os maiores prejuízos humanos e materiais em todo o mundo. A pandemia generalizou-se e tudo indica que só Macau e a Nova Zelândia se portaram bem. No Brasil e nos Estados Unidos da América, as lideranças presidenciais loucas têm provocado uma desgraça infame e criminosa, não fossem Bolsonaro e Trump dois seres execráveis de tendência mafiosa. Em Portugal, o vírus ou a incompetência dos governantes, não tem conseguido sarar a ferida e todos os dias morrem pessoas e os infectados são às centenas. Com uma agravante: escondem muito o número de infectados quando os especialistas sabem que o número verdadeiro de cidadãos doentes deverá ser o triplo do que tem sido anunciado pelas autoridades da Saúde. Do confinamento em estado de emergência passou-se à abertura das portas de restaurantes, centros comerciais e até os cafés de bairro, onde os clientes querem lá saber da máscara. Permitiu-se a realização de corridas de toiros com as praças completamente esgotadas, praias a abarrotar de gente ultrapassando-se o limite permitido, as ruas das cidades algarvias cheias de ingleses e alemães sem cumprirem qualquer distanciamento social, transportes públicos sem distanciamento social, cadeias onde o que se passa no interior é um constante segredo dos deuses e a missa-peregrinação em Fátima onde dezenas de fiéis encontravam-se sem máscara. A mesma Fátima multimilionária que surpreendentemente acaba de anunciar que vai despedir 100 trabalhadores com a desculpa esfarrapada que é devido à redução das esmolas, quando o seu santuário recolheu mais de 100 milhões de euros durante uma década. No entanto, arranjou-se um bode expiatório: a Festa do Avante! Um evento partidário que tem anos de militância e não só. Milhares de não-comunistas sempre frequentaram a Quinta da Atalaia para ouvir música, comprar livros, escutar debates culturais, beber e comer uns petiscos únicos e ouvir o velhote secretário-geral Jerónimo de Sousa, que ninguém sabe como é que aguenta com tanto comício e tanta viagem pelo país fora. A Festa do Avante!, que teve lugar no passado fim de semana, cumpriu todas as regras emanadas da Direcção-Geral de Saúde. Os organizadores fizeram um esforço enorme para que o distanciamento social fosse uma realidade, todos os visitantes usaram máscara, mas a loucura da pandemia fez cair o
Carmo e a Trindade em cima do PCP. Não sou comunista e fui duas ou três vezes à Festa do Avante!, mas deu para ver que o fascismo continua bem vivo em Portugal. Até nas estações de televisão se notou uma tendência discriminatória para com a festa dos comunistas, chegando a SIC - a mesma estação que ia a Macau buscar milhões de patacas durante a administração portuguesa – ao despautério de abrir um noticiário principal com uma capa falsa do “The New York Times” a dizer mal da festa comunista. Em todos os noticiários lá vinha a entrevista de rua, que todos nós sabemos como se manipula a opinião pública para o lado que se quer, com a ladainha anti-Festa do Avante! As reportagens salientavam que a festa podia ser o caos e que iria ser o pandemónio. Era a infecção nacional, milhares de infectados
A Festa da Avante! lá foi avante e nada de especial aconteceu que prejudicasse a população portuguesa. Os visitantes divertiram-se, ouviram boa música com os Xutos & Pontapés, comeram e beberam muito, escutaram as palavras do velhote Jerónimo e foram à sua vida a pensar... ‘porque será que existe tanto ódio pelos comunistas?
que provocariam a mudança de atitude da Inglaterra relativamente aos seus cidadãos que viessem de férias a Portugal. Até o Presidente da República deu a sua “bicada” na festa. Os comerciantes e alguns moradores do Seixal chegaram pateticamente a encerrar as portas das lojas, cafés e restaurantes, a realizar uma marcha automóvel contra a realização da festa e a abandonar a localidade com receio do contágio dos comunistas pintados de um “vírus” que até devia ser de cor vermelha... Tudo em Portugal parece paranoico com a existência da covid-19 sem que os governantes não tenham a coragem de assumir que muitas das mortes nos lares foi por culpa dos maus gestores, para não lhes chamar outro nome, principalmente dos lares da Santa Casa da Misericórdia. Muito dinheiro é manobrado por esses gestores, mas os lares e centros de dia estavam porcos - salientaram as auditorias -, estavam sem condições de apoio aos utentes, casas de banho que mais pareciam pocilgas e até limpezas e desinfecções que não eram realizadas há anos. A Festa da Avante! lá foi avante e nada de especial aconteceu que prejudicasse a população portuguesa. Os visitantes divertiram-se, ouviram boa música com os Xutos & Pontapés, comeram e beberam muito, escutaram as palavras do velhote Jerónimo e foram à sua vida a pensar... ‘porque será que existe tanto ódio pelos comunistas?...’, porque, afinal, os comunistas não comem criancinhas...
*Texto escrito com a ANTIGA GRAFIA
Muitas vezes uma cidade inteira pagou por um homem mau.
Covid Falso teste positivo
Tufão Haishen Japão pede retirada de quase 6 milhões de pessoas
Na sexta-feira, um teste de ácido nucleico apresentou suspeitas de resultado positivo devido à mistura de amostras. O Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus comunicou que o laboratório de saúde pública dos Serviços de Saúde (SS) fez uma segunda análise e verificou que o resultado era negativo. Para verificar uma vez mais o resultado, os SS recolheram amostras novas das cinco pessoas envolvidas. A colheita foi feita na Urgência Especial do Centro Hospitalar Conde de São Januário e o resultado também foi negativo.
A
Igreja Papa diz que o rumor é uma praga maior que a covid-19
O
Papa Francisco alertou ontem que o rumor é uma “praga pior que a covid” que visa dividir a Igreja Católica. O Papa desviou-se do texto que tinha preparado para reforçar as suas queixas sobre os frequentes rumores dentro das comunidades da igreja e até mesmo dentro da burocracia do Vaticano. Francisco não adiantou pormenres sobre o assunto durante a sua bênção semanal, ontem, no Vaticano, mas alertou que o diabo é o “maior intriguista” que tenta dividir a igreja com as suas mentiras. “Por favor, irmãos e irmãs, vamos tentar não criar mexericos”, disse Francisco, observando que “o rumor é uma praga pior do que a covid”. “Vamos fazer um grande esforço” nesse sentido, acrescentou. Estes comentários surgiram quando o Papa referiu uma passagem do Evangelho sobre a necessidade de corrigir os outros, em particular quando eles fazem algo errado. A hierarquia católica tem confiado nessa “correcção fraternal” entre padres e bispos para os redimir quando cometem erros e infracções sem os divulgar publicamente. Sobreviventes de abuso sexual no seio na Igreja Católica denunciaram que essa forma de reprimenda privada permitiu que o abuso infestasse a igreja, permitindo que padres predadores sexuais e os superiores, que encobriram a situação, escapassem da punição.
Participantes na reunião [com a DSEJ] terão sugerido várias “soluções viáveis” que permitem manter os princípios de saúde e prevenção de epidemia se as crianças forem à escola
Soluções a caminho Plano para crianças até três anos voltarem à escola será anunciado em breve
A
D irecção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) vai anunciar esta semana um plano para as crianças com menos de três anos começarem a ir escola. Em comunicado, o organismo explica que na manhã de sábado se encontrou com organizações e associações que prestam serviços de educação para discutir a abertura das escolas. Os participantes na reunião terão sugerido várias “soluções viáveis” que permitem manter os princípios de saúde e a prevenção de epidemia se as crianças forem à escola. Numa nota de imprensa, a Associação Geral das Mulheres mostrou-se satisfeita por ver
que a DSEJ está a planear o regresso das crianças à escola. A associação sugeriu que o Governo ofereça protectores faciais de plástico às crianças com menos de três anos em substituição de máscaras e defendeu que sejam os familiares a decidir se as crianças regressam, ou não, à escola. Para aquelas que ficam em casa, a associação pede que o Governo forneça instruções de ensino e continue a permitir que as creches disponibilizem medidas cordiais.
MEDIDAS DE PROTECÇÃO
A vice-presidente da Associação, Loi I Weng indicou que a Escola da Associação Geral das Mulheres de Macau precisa de
criar planos para as crianças que regressam mais tarde, pedindo orientações concretas da DSEJ. A responsável acrescentou que a escola já cumpriu as orientações de prevenção da pandemia da DSEJ antes da abertura. Deu como exemplos, o reforço da desinfecção, instalação de divisórias a separar as mesas dos alunos e o cumprimento de uma distância superior a um metro entre eles na hora de dormir a sesta. Por sua vez, a deputada Wong Kit Cheng afirmou que as creches da associação já ofereceram medidas cordiais a 107 crianças. Apontou que os familiares estão preocupados com o impacto do regresso tardio à escola, nomeadamente na aprendizagem e na relação com os colegas. S.F. e N.W.
Atletismo Maratona Internacional de Macau vai correr-se a 6 de Dezembro O Instituto do Desporto (ID) comunicou que a “Galaxy Entertainment Maratona Internacional de Macau 2020” se volta a realizar este ano, no dia 6 de Dezembro. As inscrições abrem no fim de semana. A maratona, que começa às 6h00, volta
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segunda-feira 7.9.2020
PALAVRA DO DIA
Hesíodo
a passar pela ponte Governador Nobre de Carvalho, pelo edifício histórico do templo de A-Má e pela ponte de Sai Van. As vagas são limitadas a um total de 12 mil participantes, divididos entre a maratona (1.400), meia maratona (4.800)
e mini-maratona (5.800). O evento é organizado pelo ID e a Associação Geral de Atletismo de Macau. O prémio para o primeiro lugar na maratona é de 40.000 dólares americanos, e na meia maratona de 3.500 dólares.
S autoridades japonesas apelaram onteem à retirada de quase seis milhões de pessoas do sudoeste do país face à aproximação do tufão Haishen, que já cancelou centenas de voos e levou à emissão de um alerta de inundação. Mais de 1,5 milhões de pessoas foram obrigadas a sair das cidades de Okinawa, Nagasaki, Kagoshima, Miyazaki e Kumamoto. No entanto, as autoridades nipónicas já aconselharam mais 5,6 milhões de pessoas a procurar abrigo, segundo dados avançados pela emissora pública NHK. Com o alerta dado pelas autoridades, alguns cidadãos já optaram por instalar-se em hotéis, levando à ocupação integral de muitos estabelecimentos da região. Mais de 500 voos foram cancelados ontem no Japão devido ao avanço do tufão Haishen em direção ao sudoeste do arquipélago, causando ainda suspensões na rede ferroviária da região que vão permanecer na segunda-feira. A maioria dos voos afectados partiam ou dirigiam-se para a ilha de Kyushu e para a província de Okinawa, informou a emissora pública NHK. Estas são as duas regiões sob a influência da tempestade desde o dia anterior. Haishen, o 10.º tufão da estação no Pacífico, é classificado como “muito forte” pela Agência Meteorológica Japonesa (JMA), que, embora tenha dito que a tempestade enfraqueceu à medida que avançava, pode ainda ser o pior a atingir o arquipélago em décadas. As autoridades meteorológicas advertiram que são esperados ventos recordes, com rajadas superiores a 250 quilómetros por hora, chuvas torrenciais e ondulação ciclónica na região de Kyushu.