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De Macau para Praga

“Home Staycation” é a obra que artistas locais levam à quadrienal

AQuadrienal de Praga foi ontem inaugurada e decorre até 18 de Junho com um programa que inclui uma representação de Macau intitulada “Home Staycation”, uma criação dos cenógrafos Kaby Chan Ka In e Tcalu Teng Ka Man, a partir da experiência durante a pandemia de covid-19.

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Segundo o website do evento, a instalação “Home Staycation” é uma gaiola de grandes dimensões equipada com monitores que pretendem lembrar ao público os dias de confinamento. O projecto visa “explorar a forma como as pessoas lidaram com a experiência de ver o mundo a mudar de uma experiência corporal para outra virtual”, propondo “um espaço para o isolamento e a imaginação”.

Pretende-se também mostrar as mudanças de percepção em relação ao mundo que ocorreram em cada um de nós nos últimos três anos, ocorrendo uma “virtualização” dessa percepção graças aos avanços da tecnologia.

Esta instalação tem como curadora Mirabella Lao Chi Wai, tendo sido desenvolvida por uma equipa criativa composta por sete pessoas. A organização esteve a cargo da Associação de Gestão de Palco e Tecnologia [Stage Management and Technology Association].

Minutos e visões

De Portugal chega o projecto de Ângela Rocha, “Metade dos Minutos” e uma mostra de Rita Lopes Alves, dos Artistas Unidos.

A Quadrienal de Praga de ‘Design’ de Performance e Espaço existe desde 1967 e tem por objectivo “apresentar os melhores trabalhos de cenografia com uma ênfase na autossuficiência deste campo artístico”. No projecto “Metade dos minutos” a cenógrafa Ângela

Rocha criou um labirinto, que permite ao visitante explorar o tacto, sentido que nos últimos anos “está a ser esquecido”. Antes de se entrar, literalmente, no labirinto, há uma espécie de antecâmara que poderia ser um escritório ou um espaço de trabalho numa qualquer divisão, com uma cadeira, uma secretária e um candeeiro.

“Para avançarmos para um futuro tínhamos que analisar o presente. Por isso, era importante materializar, de alguma forma, esta ideia mais premente da saída da pandemia. Fez-me sentido que fosse uma textura mais agressiva e que criasse uma distância entre nós e os objetos. É um espaço que temos alguma relação com ele, mas que foi absorvido por esta textura criada por alfinetes. Que nos atrai, mas que sentimos que temos que mexer com algum cuidado”, explicou Ângela Rocha.

Algumas regras gerais

A primeira obra teórica e prática acerca da concepção e construção de jardins surgiu em 1634 pela mão de Ji Cheng e intitula-se 园冶Yuan Ye (Projectar Jardins). Ji Cheng adverte que, na concepção de jardins “há regras gerais mas não há uma fórmula fixa”. A regra implícita principal consiste em evitar a vulgaridade, 俗 su, e buscar a elegância e a sofisticação, 雅ya.

Três princípios condutores a ser respeitados eram a variedade, a diversidade e o contraste yinyang (claro e escuro, sombras e reflexos, grande e pequeno, duro e macio, etc.). Não obstante, na variedade deve subsistir uma ordem, ma ordem que não seja rígida mas confira uma consistência ao todo que não impede uma agradável imprevisibilidade. Trata-se de todo um jogo subtil de equilíbrios.

Os jardins devem evitar cansar o olhar, para tanto consistindo numa série de vistas e recantos o mais diferentes possível, embora interligados entre si de forma harmoniosa: pequenas florestas de bambú, pavilhões aquáticos, pontes, grutas, uma árvore envelhecida, uma aglomeração de rochas… O visitante de um jardim chinês, seja este grande ou pequeno, encontra-se num estado de permanente surpresa.

Era frequente incorporar harmoniosamente no jardim a paisagem já existente em redor jie jing 借景, ou seja, tomar de empréstimo uma paisagem. Causava-se assim a impressão de que o que se avistava ao longe fazia parte do jardim, magnificando-o, ainda que pudesse ser de pequenas dimensões.

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