Hoje Macau 9 JUL 2020 # 4564

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HONG KONG | DÓLAR

INDEXAÇÃO EM CAUSA?

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RÓMULO SANTOS

GRANDE PLANO

MOP$10

QUINTA-FEIRA 9 DE JULHO DE 2020 • ANO XIX • Nº4564

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ

COMBUSTÍVEIS

GOVERNO ÀS ESCURAS

SIN FONG GARDEN

MACAU BOOK CARNIVAL

PÁGINA 7

EVENTOS

DOA A QUEM DOAR

PÁGINA 5

TODOS OS LIVROS

hojemacau

É o fim do caminho A ligação marítima entre Macau e o aeroporto de Hong Kong vai mesmo terminar na próxima quinta-feira, dia 16. Apesar das expectativas de que o prazo do corredor especial fosse prolongado, o Governo confirmou ontem a cessação do serviço. Quem precisar de se deslocar deve ‘‘planear bem as suas viagens’’, diz Lau Fong Chi dos Serviços de Turismo.

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PÁGINA 6

DESLIZES

ANTÓNIO CABRITA

DESILUSÕES

DUARTE DRUMOND BRAGA

ENSOPADO DE HUMANIZAÇÃO LUÍS CARMELO


2 grande plano

HONG KONG

9.7.2020 quinta-feira

RAJADA DE TIROS HIPÓTESE DE MINAR INDEXAÇÃO AO DÓLAR PONDERADA NA CASA BRANCA

Enquanto procuram formas de punir Pequim devido à aprovação da Lei da Segurança Nacional, conselheiros da Administração Trump ponderam atacar a indexação do dólar de Hong Kong à moeda norte-americana. De acordo com a agência Bloomberg, a ideia enfrenta oposição dentro da própria Casa Branca. O secretário das Finanças de Hong Kong afirmou que Pequim poderia fornecer dólares na eventualidade de sanções cambiais

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A Casa Branca a possibilidade de minar a indexação do Hong Kong dólar à moeda norte-americana está a ser considerada entre conselheiros como uma hipótese de resposta punitiva à aprovação da Lei da Segurança Nacional da região vizinha. A notícia avançada pela agência Bloomberg, que cita fontes anónimas familiarizadas com a matéria. Segundo a agência, a ideia de “atacar” a indexação do dólar de Hong Kong, através de limites à capacidade dos bancos da RAEHK na compra de dólares norte-americanos, foi uma hipótese discutida entre conselheiros do secretário de Estado Mike Pompeo. A hipótese, porém, não terá subido na hierarquia de oficiais da Casa Branca. As fontes ouvidas pela Bloomberg acrescentam mesmo que a ideia não terá grande popularidade, aliás, é uma proposta que terá forte oposição dentro da Administração devido à possibilidade de apenas atingir os bancos de Hong Kong, a

economia norte-americana e não Pequim. Aliás, na lista de possíveis acções, mais bem colocadas, está o cancelamento do tratado de extradição entre Hong Kong e os Estados Unidos e o fim da cooperação com as autoridades policiais da RAEHK. Tanto o departamento de Estado como do Tesouro norte-americanos recusaram comentar o assunto, enquanto o secretário das Finanças,

Na lista de possíveis retaliações, mais bem colocadas, está o cancelamento do tratado de extradição entre Hong Kong e os Estados Unidos e o fim da cooperação com as autoridades policiais da RAEHK

Paul Chan, pediu para as questões serem endereçadas para a Autoridade Monetária de Hong Kong que, por sua vez, não acrescentou comentários. Também o Banco Popular da China também não falou sobre o assunto. Porém, Paul Chan abordou no mês passado a hipótese da indexação da moeda da RAEHK ser atacada em declarações à estação de televisão estatal CCTV. O membro do Governo de Carrie Lam afirmou que na eventualidade da imposição de sanções de Washington, que interrompam o fluxo de dólares, o Banco Central chinês pode fornecer a moeda norte-americana ao sector bancário da RAEHK. Chan especificou ainda que a indexação ao dólar é suportada por cerca de 440 mil milhões da divisa estrangeira, mais de o dobro de todo o dinheiro em circulação em Hong Kong. O director da Autoridade Monetária da RAEHK, Eddie Yue, foi mais longe ao referir-se à recusa de acesso ao dólar norte-americano como “um cenário apocalíptico”, que iria “lançar ondas


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NOS PÉS

de choque nos mercados financeiros globais, incluindo nos Estados Unidos”. Em declarações à Bloomberg, o economista chefe para a Ásia do BBVA Hong Kong, Xia Le, categorizou a proposta como algo semelhante a uma “arma nuclear”, com riscos de separar completamente as relações económicas entre Estados Unidos e China, se fosse possível ser implementada. “É tecnicamente difícil de implementar e iria prejudicar muito os Estados Unidos”, completou o economista.

PROVA NO PUDIM

A moeda de Hong Kong está indexada ao dólar desde 1983, o que permite flutuação cambial num espectro de restrito, geralmente perto de 7,8 dólares de Hong Kong por cada dólar norte-americano. Os indicadores do mercado cambial, analisados pela agência noticiosa, reflectiam ontem pouco ou nenhum apetite de investidores para apostar no fim da indexação do dólar de Hong Kong, pelo menos ontem de manhã, com a moeda a valer 7,7501 dólares. Porém, a mera ideia de que minar a indexação do dólar de Hong Kong da moeda norte-americana tenha sido considerada, dá uma ideia sobre as discussões na Casa Branca. A Bloomberg refere que a sugestão surgiu no departamento de Estado, chefiado por Pompeo, que emergiu como a voz mais elevada nas críticas à decisão de Pequim de aprovar uma Lei da Segurança Nacional em Hong Kong. Fontes próximas da Casa Branca referiram à agência noticiosa que em relação a esta matéria a prioridade da Administração Trump é encontrar formas de punir os bancos de Hong Kong, em particular o HSBC. Aliás, neste aspecto, o próprio Mike Pompeo fez questão de criticar o CEO para o Pacífico Asiático do banco, Peter Wong, por ter assinado uma petição a apoiar “a decisão desastrosa de destruir a autonomia de Hong Kong”, referiu o secretário de Estado norte-americano. Num comunicado divulgado a 9 de Junho, Pompeo referiu que “a demonstração de fidelidade fez pouco para o HSBC merecer algum respeito de Pequim, que continua a usar os negócios na China como arma política

contra Londres”. A sucursal de Hong Kong do HSBC recusou comentar as declarações de Mike Pompeo. O HSBC está no meio da guerra entre as duas maiores potências mundiais. Quando no sábado, depois de assinar a petição de apoio à Lei da Segurança Nacional, Peter Wong partilhou a foto na conta de Weibo de HSBC, as reacções de Londres de Washington não se fizeram esperar. O banco que tem raízes firmadas na era colonial britânica na Ásia, com forte presença em Hong Kong, onde emite moeda, e em Xangai, também apostou em força no Interior da China e encontra-se numa posição frágil no jogo das sanções.

BRINCAR AOS COWBOYS

Se a ideia dos conselheiros de Mike Pompeo fosse para a frente, uma forma seria ordenar que o Tesouro norte-americano limitasse o acesso ao dólar a bancos chineses e de Hong Kong, o que levaria à subida exorbitante dos custos do financiamento, de acordo com Stephen Innes, director de estratégias de marketing da AxiCorp. Seria quase impensável que a China não retaliasse contra uma medida destas de Washington, atacando activos como títulos de tesouro e acções, o que poderia destabilizar todas as outras moedas indexadas ao dólar, especialmente dos países aliados dos Estados Unidos no Médio Oriente. “Isto levaria a uma instabilidade impensável no

“Isto levaria a uma instabilidade impensável no ecossistema financeiro global centrado em torno do dólar, gerando uma onda de vendas nos mercados accionistas. Um resultado aberrante para a Casa Branca, com as eleições presidenciais à porta, já em Novembro.” STEPHEN INNES AXICORP

ecossistema financeiro global centrado em torno do dólar, gerando uma onda de vendas nos mercados accionistas. Um resultado aberrante para a Casa Branca, com as eleições presidenciais à porta, já em Novembro”, escrever Stephen Innes em comunicado.

PRONTOS PARA TUDO

Apesar de ser pouco provável, o Governo de Hong Kong preparou a possibilidade de Washington accionar a opção nuclear, com a ajuda do Governo Central. Em declarações à Bloomberg TV, Paul Chan referiu que “não é necessário fazer qualquer revisão na ligação do sistema cambial”. “Estamos firmes na defesa do sistema financeiro e o país irá apoiar-nos na defesa do sistema cambial de Hong Kong”, acrescentou o secretário das Finanças do Executivo de Carrie Lam. A constante guerra entre Washington e Pequim tem mantido Hong Kong numa situação financeira intermitente, principalmente desde que Trump resolveu acabar com o estatuto especial que privilegiava a cidade. “Diria que Hong Kong e os Estados Unidos estão numa face de ajustamento do seu relacionamento”, referiu Chan em Junho, acrescentando acreditar ser possível “progredir e manter uma relação benéfica mutuamente”. Aliás, depois de um ano de caos nas ruas, e de crise económica devido às restrições impostas pela pandemia do novo coronavírus, o sistema financeiro de Hong Kong manteve uma relativa robustez, assim como a sua moeda. Também reflectida na pataca, que está indexada ao dólar de Hong Kong. Sem papas na língua, o antigo vice-director do departamento internacional de ligação do Partido Comunista Chinês, Zhou Li, disse que a China deveria preparar-se para uma escala de tensões económicas e lutar com os Estados Unidos para preparar o fim da relação entre o yuan e o dólar norte-americano. “Ao tirar vantagem da posição global de monopólio do dólar no sector financeiro, os Estados Unidos vão representar uma ameaça cada vez maior para o futuro desenvolvimento da China”, escreveu Zhou num artigo citado pelo South China Morning Post.


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gasolina importada para Macau custa 4,5 patacas por litro, mas quando chega às bombas de gasolina é vendida a mais de 10 patacas por litro. Como é que este preço é definido? O Governo não faz ideia, mesmo quando os preços sobem em contraciclo ao mercado internacional. A confissão foi feita, ontem, numa reunião com os deputados da Comissão de Acompanhamento para os Assuntos da Administração Pública da Assembleia Legislativa (AL). “Actualmente, o Governo não consegue fiscalizar os custos intermédios da gasolina. Sabemos que o custo de importação é de 4,5 patacas e que o preço na venda ao retalho é de 10 patacas. Mas, o Governo actualmente não tem qualquer forma de saber os custos intermédios”, afirmou Si Ka Lon, presidente da comissão, após a reunião com membros do Executivo. “Sabemos que depois da importação há vários custos, com armazenamento, transporte ou salários dos trabalhadores. Mas, até ser aprovada a nova Lei de Protecção dos Direitos e Interesses do Consumidor não há forma de saber esses custos. O Governo não nos consegue dizer os custos intermédios”, acrescentou. A Lei de

GASOLINA GOVERNO NÃO CONTROLA CUSTOS INTERMÉDIOS

Na sala de espera

Apesar do aumento do preço dos combustíveis em Abril, em contraciclo com o mercado internacional, os deputados ficaram sem qualquer explicação do Executivo

questionado sobre o monopólio da empresa Nam Kwong, que é accionista na empresa Macauport - Sociedade de Administração de Portos, S.A., que gere o porto de armazenamento em Ká Hó. Além disso, a Nam Kwong é igualmente uma das gasolineiras do sector. Si Ka Lon foi incapaz de esclarecer a pergunta, apesar de reconhecer que a empresa estatal chinesa é de facto uma das accionistas da Macauport. “A Nam Kwong é uma das accionistas, mas não sabemos a percentagem, nem quem são os outros accionistas e a participação do Governo”, indicou. No entanto, Si Ka Lon fez questão de frisar que desde que foi realizado o concurso em 2008 para a atribuição da gestão do espaço que a empresa nunca aumentou o preço de 0,32 avos por litro a cada 60 dias e de 50 avos por cada quilo de gás de botija.

“Sabemos que depois da importação há vários custos, com armazenamento, transporte ou salários dos trabalhadores. [...] O Governo não nos consegue dizer os custos intermédios.”

CONCORRÊNCIA NO GÁS

SI KA LON DEPUTADO

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deputado Si Ka Lon acredita que o mercado das botijas de gás tem concorrência, por ter 8 vendedores grossistas, importadores, e 21 retalhistas que vendem ao consumidor. O deputado fez ainda uma comparação dos preços praticados em Macau, de 15 patacas por quilograma, com o de outras regiões, nomeadamente Hong Kong, onde o preço é de 28 dólares por quilo, Singapura, com 16 patacas por quilo, e o Interior da China, onde o preço é de 7 yuan por quilo.

Protecção dos Direitos e Interesses do Consumidor está actualmente a ser debatida em sede de comissão na AL. Ainda de acordo com a informação avançada, há cinco gasolineiras em Macau e 21 postos de abastecimento. No entanto, as cinco marcas geraram polémica em Abril,

quando decidiram aumentar preços, numa altura de quebras no mercado internacional. A postura levou mesmo a um encontro com o Executivo, que segundo Si Ka Lon, se reflectiu numa quebra do preço no mês seguinte. Contudo, os deputados não falar com o Governo sobre a possibilidade de investigar as

gasolineiras sobre a concertação de preços. “Não discutimos isso, mas os preços são diferentes, os consumidores podem escolher o que acharem melhor”, opinou.

ACCIONISTAS DESCONHECIDOS

Em relação aos combustíveis, o presidente da comissão foi ainda

COMBUSTÍVEIS DSE GARANTE ESTABILIDADE DOS PREÇOS

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M resposta a uma interpelação escrita de Sulu Sou, o director da Direcção dos Serviços de Economia, Tai Kin Ip afirmou que a estabilidade do preço dos combustíveis está garantida por via da introdução de novos operadores no mercado e da manutenção de um ambiente negocial aberto. Além disso, avança a DSE, os preços dos produtos petrolíferos são inspeccionados pelo Grupo de Trabalho Interdepartamental para a Fiscalização dos Combustíveis. Recorde-se que na interpelação enviada por Sulu Sou no dia 18 de

Maio, o deputado pediu melhorias à concorrência no mercado de produtos petrolíferos e a monitorização dos preços, apontado que o Governo prometeu uma lei da concorrência leal. Na resposta assinada por Tai Kin Ip, o responsável lembra que, apesar de o actual regime legal não permitir obter informações sobre custo acatados pelas empresas do sector, na proposta da Lei de protecção dos direitos e interesses do consumidor, foi sugerido que o Conselho de Consumidores (CC) recolha esse tipo informações.

Desta forma, sempre que se verificar que os preços não são razoáveis, o CC poderá seleccionar todas as informações que considerar razoáveis “a fim de estabelecer políticas e medidas administrativas para manter o preço”. Acerca da extensão do contrato de concessão da Macauport, Sociedade de Administração de Portos, S.A. sobre exploração do porto Ká-Hó, a DSE referiu que a utilização do depósito pode ser oferecida aos operadores que tencionem entrar no mercado.. N.W. e P.A.

Afastada está a possibilidade de haver um limite nos preços: “Estamos num mercado livre e o Governo não pode determinar os preços. Há gasolineiras que vendem a gasolina mais cara, outras com descontos e promoções. As gasolineiras são livres de fazerem os preços que querem e as pessoas de escolherem”, reflectiu sobre a opinião do Executivo. João Santos Filipe

joaof@hojemacau.com.mo

Casinos Leong Sun Iok defende produção local de slot-machines e cartas O deputado Leong Sun Iok defendeu, em declarações ao jornal Ou Mun, que o território poderia apostar na produção de máquinas de slot-machines e de cartas de jogo, cuja importação cuja importação tem um valor aproximado de 100 milhões de patacas. O deputado entende que, com a produção local, poderia abrir-se um novo caminho para a indústria, tendo em conta que territórios vizinhos também apostam na abertura de casinos. Uma vez

que a pandemia causou enormes quebras na facturação dos casinos, menor fluxo de clientes e lay-off, Leong Sun Iok defende que este período é o ideal para apostar na formação dos trabalhadores do jogo. Segundo as estimativas do deputado, o sector do jogo dá emprego a cerca de 100 mil famílias do território.


6 coronavírus

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COVID-19 CORREDOR ESPECIAL ENTRE HONG KONG E MACAU SEM EXTENSÃO

Últimos lugares

Acaba na próxima semana a ligação especial de barco entre Macau e o aeroporto de Hong Kong, e não vai ser renovada. O médico Alvis Lo disse não ter informações suficientes para indicar que medidas vão ser aplicadas ao secretário para a Economia e Finanças na deslocação a Hong Kong para o funeral de Stanley Ho RÓMULO SANTOS

prazo do corredor especial com embarcações a fazerem a ligação entre Macau e o aeroporto de Hong Kong não vai ser estendido. “Não vai haver prolongação”, disse Lau Fong Chi, da Direcção dos Serviços de Turismo (DST), recomendando a quem precisa do serviço para “planear bem as suas viagens”. A política termina na quinta-feira da próxima semana. Estão registadas 1684 pessoas para chegar por esta via a Macau, das quais 1267 já voltaram ao território. Em sentido inverso, foram vendidos 1144 bilhetes do barco do terminal marítimo do Pac On para o aeroporto da região vizinha, tendo já saído 670. No dia, em que termina a medida especial, o último barco sai do aeroporto de Hong Kong às 23h, enquanto a última embarcação para sair de Macau é às 19h. “Os residentes de Macau devem aproveitar bem essa embarcação especial, assim como as pessoas retidas em Macau que querem regressar ao seu país”, disse Lau Fong Chi. Em alternativa a este mecanismo, a responsável disse que as pessoas podem optar por fazer mais escalas para chegarem por Macau por outras rotas que não inclua passagem por Hong Kong.

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ma empregada doméstica, que no final de Junho partiu de Macau para Manila, telefonou ao empregador na RAEM a indicar que testou positivo de covid-19 nas Filipinas. A família do empregador, constituída por quatro pessoas, bem como outras oito que partilhavam casa com a trabalhadora fizeram testes de ácido nucleico que deram negativo. De acordo com o médico Alvis Lo, os resultados negativos mostram que “a maior probabilidade é de ter sido infectada nas Filipinas”, afastando possíveis preocupação com o caso. No entanto, Leong Iek Hou, Coordenadora do Núcleo de Prevenção de Doenças Infecciosas e Vigilância da Doença indicou que “como medida de prevenção” essas oito pessoas serão sujeitas a observação médica.

pensa de algumas medidas em situações específicas, o que “não impede a aplicação de outras medidas, nomeadamente do teste de ácido nucleico ou percurso que fez dos dois lados”. A TDM Rádio Macau avançou que Hong Kong decidiu isentar os representantes do Governo de Macau que marquem presença na cerimónia.

ALERTA COM LARES

SECRETÁRIO EM INCERTEZA

A situação epidémica em Hong Kong foi um dos focos principais da habitual conferência da saúde dedicada ao acompanhamento da pandemia. “Sei que muitos cidadãos estão preocupados com o surto em Hong Kong. Será que isso pode ser uma incerteza para Macau?”, observou Alvis Lo. O médico procurou tranquilizar, explicando que “o fluxo de pessoas entre Hong Kong e Macau é muito baixo” e que quem chega do território vizinho tem de cumprir

OITO PARA QUARENTENA

Lau Fong Chi, DST “Os residentes de Macau devem aproveitar bem essa embarcação especial, assim como as pessoas retidas em Macau que querem regressar ao seu país.”

observação médica e fazer teste de ácido nucleico por duas vezes. “Essa medida de isolamento com o teste é muito útil”, declarou. Havia ontem 1362 pessoas

em quarentena nos hotéis designados. Desse universo, 1109 são residentes de Macau, 60 trabalhadores não residentes e 193 de outras nacionalidades.

Segurança Investigadores da Polícia Judiciária distinguidos Ao todo foram 14 os investigadores da Polícia Judiciária (PJ) distinguidos pelo gabinete do secretário para a Segurança, Wong Sio Chak. Destes, quatro receberam a menção de mérito excepcional devido aos trabalhos de prevenção relacionados com o novo tipo de coronavírus. No despacho publicado ontem em Boletim Oficial, Ma Wai Hou, investigador criminal principal desde 1999, foi distinguido pelo “desempenho notável” a liderar o trabalho de localização de pessoas que tiveram contacto próximo com os doentes, dando

um “grande contributo para impedir a propagação da epidemia na comunidade”. Também relacionado com o trabalho de prevenção epidémica foram distinguidos os investigadores Cheang Weng Kin, Cheng Long Wai e Lei Kin Cheong, que foram também promovidos. Os restantes investigadores mencionados no despacho foram distinguidos pelo desempenho de funções noutras áreas, nomeadamente no desmantelamento de redes de tráfico de droga, agiotagem e contribuições na defesa da cibersegurança de Macau.

Em relação à logística que o secretário para a Economia e Finanças terá de enfrentar por viajar hoje para Hong Kong, em representação do Governo

da RAEM nas cerimónias fúnebres de Stanley Ho, não foram avançados detalhes, tanto para a ida, como para o regresso a Macau. “Para um caso tão concreto temos de ter todas as informações. (...) Ainda não temos a certeza se o secretário vai ou não deslocar-se a Hong Kong ou quando. Não sabemos estes detalhes, [por isso] não podemos saber que medidas adoptar. Cada caso é um caso”, disse Alvis Lo. Em termos gerais, o médico tinha indicado que nas negociações entre Hong Kong e Macau se determinou a possibilidade de dis-

Noutro aspecto, o chefe do departamento de solidariedade do Instituto de Acção Social (IAS) garantiu que os trabalhadores de lares e asilos cumprem muitas medidas para higiene” e têm recebido formação para responder eficazmente aos desafios da pandemia. Choi Sio Um disse que vai ser destacado pessoal para visitar os lares e se conhecer melhor a sua situação. O responsável do IAS notou que os idosos são mais frágeis por terem um sistema imunitário mais fraco. “Nunca baixámos os braços, pelo contrário, temos vindo a prestar alto alerta quanto a isto”, acrescentou. Sobre a eventualidade de a situação em Macau se tornar semelhante à de Hong Kong, reconheceu que “a epidemia é imprevisível, qualquer coisa pode acontecer”, mas frisou que existe um plano e que há capacidade de tratamento. Salomé Fernandes

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Associação dos Conterrâneos de Jiangmen, ligada aos deputados Mak Soi Kun e Zheng Anting, foi ontem desafiada a reunir com a comissão de gestão de condomínio do edifício Sin Fong Garden, num encontro onde os media poderão estar presentes para “esclarecer todas as dúvidas da sociedade”. Em causa está a promessa de um donativo no valor de 100 milhões de patacas feita pela Associação dos Conterrâneos de Jiangmen em 2018 e que não chegou a ser cumprida. Os dirigentes afirmam agora que, devido à crise e outras mudanças socioeconómicas, não podem conceder o montante. Em 2018, a associação que se prestou ajudar os moradores do Sin Fong Garden afirmou que as 100 milhões de patacas eram um donativo, mas agora os seus dirigentes afirmaram que sempre se tratou de empréstimo. A comissão de gestão do condomínio do edifício Sin Fong Garden lembra que a associação “assumiu publicamente que os fundos estavam prontos a serem atribuídos”, sendo que “em 2018 foi assinado um acordo de doação de 60 por cento do montante para a reconstrução, em concordância com os pequenos proprietários”, lê-se na carta. Foi em 2012 que se verificou que o Sin Fong Garden estava em risco de queda, tendo-se gerado, nos meses seguintes, um impasse quanto à solução a adoptar para o prédio. A reconstrução acabou por ser a solução encontrada. “Depois do início das obras, a vossa associação afirmou que iria providenciar o financiamento de acordo com progresso do capital e das obras.Anossa comissão lamenta

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OM o objectivo de melhorar o design urbano e desenvolver novas visões para a Ilha Verde, os finalistas do curso de arquitectura da Universidade de São José (USJ) vão expor uma selecção de projectos até à próxima quarta-feira, sob o tema Green Link. A informação foi divulgada ontem pela USJ em comunicado. Patente na Galeria Kent Wong, no Campus da Ilha Verde da USJ, a exposição nasceu a partir de um trabalho de grupo que serviu para os alunos identificarem “os problemas e oportunidades do bairro de Ilha Verde” e redesenharem “o seu tecido urbano”, propondo um novo plano urbano e conceitos arquitectónicos inovadores que explorem

SIN FONG GARDEN PROPRIETÁRIOS QUEREM REUNIR COM ASSOCIAÇÃO DE CONTERRÂNEOS DE JIANGMEN

Convite para chá

A comissão de gestão de condomínio do edifício Sin Fong Garden quer reunir com a Associação de Conterrâneos de Jiangmen, ligada aos deputados Mak Soi Kun e Zheng Anting. Pedem-se explicações públicas sobre o facto de a associação alegar agora que não tem condições para financiar a reconstrução do edifício

Carta da comissão de condomínio do Sin Fong Garden “A nossa comissão lamenta que, até agora, a vossa associação apenas tenha pago 5.12 milhões de patacas. Se tinham problemas financeiros quando foi assinado o acordo para a doação, em 2018, poderia ter explicado a situação.”

Estudos do meio Finalistas de arquitectura da USJ com olhos postos na Ilha Verde

“um estilo de vida mais verde”. Com o objectivo de promover a igualdade

social e a qualidade do meio ambiente, segundo o comunicado da USJ, os projectos incluem

propostas variadas como conjuntos habitacionais, centros comunitários, hotéis, bibliotecas, museus e centros desportivos, procurando sempre expandir o espaço público através de práticas de design sustentável e a inclusão de uma “elevada percentagem de espaço verde em cada um dos edifícios propostos”. De acordo com Nuno Soares, coordenador interino do Departamento de Arquitectura da USJ e professor do projecto final de curso, citado no comunicado, o objectivo unificador dos projectos passou por “explorar criativamente a interacção com a natureza de forma a gerar conceitos arquitectónicos inovadores, capazes de dar uma contribuição significativa

para melhorar o contexto envolvente”.

TROCAR IDEIAS

Além da exposição Green Link estar patente até ao próximo dia 15 de Julho, o Departamento de Arquitectura da USJ revela ainda que haverá a hipótese de participar numa sessão de debate sobre o tema no sábado, dia 11 de Julho, entre as 16h e as 18h. O objectivo é possibilitar que os alunos partilhem conceitos e processos subjacentes aos seus projectos com a comunidade, ao mesmo tempo, que recebem feedback do público. A exposição inclui projectos de Frederick Tupaz Cabio, Isaac Ho, Ian Leong, Mamadú Seck, Phillia Hao Hsin Chiang, Travis Lai, Joana Wong Tsz Yin, Natalie Ho I Fu, Ida Lei e Vanda Chan. P.A.

que, até agora, a vossa associação apenas tenha pago 5.12 milhões de patacas. Se tinham problemas financeiros quando foi assinado o acordo para a doação, em 2018, poderiam ter explicado a situação que iríamos aceitar as justificações. Afinal de contas, este montante seria um donativo concedido com boa vontade e não poderíamos insistir”, adianta a mesma carta.

À ESPERA DE APROVAÇÃO

Ontem o deputado Zheng Anting não conseguiu dar certezas quanto à participação da Associação de Conterrâneos de Jiangmen na referida reunião, uma vez que o assunto está a ser discutido pela direcção. “Contactei pessoalmente com alguns proprietários nos últimos dias e entendo que não importa se se trata de um donativo ou de um empréstimo, pois existe uma discrepância entre a actual situação e a resolução esperada pelos proprietários. Esperamos poder comunicar plenamente com os proprietários sobre a solução.” O deputado lembrou que a associação já propôs duas alternativas para que as obras não fiquem paradas. “A pandemia e outros factores trouxeram um impacto provisório na reconstrução do edifício Sin Fong Garden, e tanto a associação como os proprietários querem uma resolução apropriada. Esperemos que o caso se resolva com sucesso e que o Sin Fong Garden seja reconstruído o mais depressa possível”, adiantou. Questionado se este caso pode ter impacto para os deputados nas próximas eleições legislativas, Zheng Anting não deu resposta concreta. “Esperamos poder resolver o caso”, disse apenas. Hoje Macau

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Habitação Preços subiram 0,7% entre Março e Maio

O índice global de preços da habitação entre Março e Maio deste ano foi de 264,7, representando um crescimento de 0,7 por cento em comparação com o período entre Fevereiro e Abril. Dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) mostram que a maior subida se deu na Taipa e em Coloane, com um índice de preços das habitações de 262,5, mais dois por cento, enquanto na península de Macau o aumento foi de 0,4 por cento para um índice de 265,2. Por sua vez, o índice de preços de habitações construídas (283,5) subiu 0,2 por cento. O valor dos edifícios construídos há cinco anos ou antes disso diminuiu 0,5 por cento. No entanto, os valores foram em sentido contrário para os edifícios com idades superiores. Nos que foram construídos entre 11 a 20 anos atrás, o índice de preços subiu 0,8 por cento. Já o índice de preços de habitações em construção (278,9) aumentou 0,3 por cento comparativamente ao período transacto.


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PORNOGRAFIA INFANTIL TRABALHADOR NÃO RESIDENTE DETIDO APÓS TENTAR PUBLICAR VÍDEO NO FACEBOOK

TRIBUNAL SEGUNDA INSTÂNCIA AGRAVA PENA DE AGIOTA

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Tribunal de Segunda Instância (TSI) decidiu agravar a pena de um homem que tinha sido condenado a sete meses de prisão, suspensa durante dois anos, pela prática de um crime de usura, além da proibição de entrar nos casinos. Em causa está um caso ocorrido em Dezembro de 2017, quando o homem condenado e um parceiro fizeram um empréstimo a um jogador nos casinos de Macau. Como parte do “contrato” sobre o valor emprestado, a vítima entregou igualmente o documento de identificação ao parceiro do homem condenado, no que foi encarado como uma garantia de que o montante emprestado e perdido posteriormente seria devolvido. No entanto, o caso acabou por chegar à Justiça e o Tribunal Judicial de Base considerou que apesar de o homem estar acusado da prática do crime de usura para jogo e do crime de exigência ou aceitação de documentos, não tinha ficado provado que este sabia que o seu parceiro tinha efectivamente recolhido o documento de identificação da vítima. A decisão não agradou ao Ministério Público que recorreu com o argumento que neste tipo de crimes a “apreensão de documento de identificação dos devedores para servir de garantia era uma situação frequente e previsível”. O TSI acabou por aceitar o recurso e agravou a pena que passou de sete meses de pena de prisão suspensa para 2 anos e 6 meses de prisão efectiva. Um dos aspectos que também contribuiu para que a pena passasse a efectiva foi o facto de o crime ter tido impacto na “imagem de Macau”, que tem como principal indústria o turismo e o jogo.

Gastroentrite Cinco pessoas intoxicadas após comer marisco

Cinco pessoas terão sido infectadas com gastroentrite depois de ingerir marisco frio temperado com picante de Sichuan. De acordo com informações divulgadas pelo canal chinês da TDM – Rádio Macau, o restaurante em questão situa-se na Rua da Praia do Manduco, sendo que o Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) procedeu à suspensão da venda dos alimentos suspeitos de provocar a intoxicação no estabelecimento em causa. De acordo com a mesma fonte, o IAM foi notificado pelos Serviços de Saúde de que os casos ocorreram em duas ocasiões, nos dias 4 e 5 de Julho, tendo os pacientes manifestado sintomas como dores abdominais, diarreia e vómitos.

Bloqueio digital

Um trabalhador não residente, de nacionalidade filipina, foi detido em Coloane após tentar publicar um vídeo no Facebook, cujo conteúdo mostra uma rapariga com menos de 14 anos a ter relações sexuais. O alerta foi dado à PJ pela Interpol, depois de verificado que o endereço IP era de Macau

Criminal, após a publicação do conteúdo ter sido bloqueada no domingo anterior, pelo sistema do Facebook. Assim que foi detectada a ocorrência, a plataforma sediada nos Estados Unidos da América fez queixa junto das autoridades locais, informando de seguida a Interpol, que um endereço de IP de Macau estava envolvido na divulgação de um vídeo relacionado com pornografia infantil. Após ter sido dado início à investigação a partir do endereço de IP fornecido pela Interpol, contou o porta-voz da PJ, o suspeito, um jardineiro de apelido Cadano, foi identificado e detido no próprio dia no seu local de trabalho, em Coloane. Já com o suspeito detido, a PJ procedeu à investigação dos dados armazenados no telemóvel, confirmando que a conta de Facebook em causa foi utilizada a partir do mesmo dispositivo.

OUTROS CONTEÚDOS

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M homem de 35 anos, filipino e trabalhador não residente (TNR) em Macau foi detido na terça-feira, no seguimento de uma tentativa falhada de publicar, no Facebook, um vídeo de índole pornográfica, cujos intervenientes incluem uma rapariga menor. O alerta foi transmitido à Polícia Judiciária (PJ) pela Interpol, após a publicação do vídeo ter sido interceptada e bloqueada pelo Facebook.

De acordo com informações reveladas ontem pela PJ em conferência de imprensa, o vídeo tem a duração de 2:26 minutos e, após análise, verificou-se que o seu conteúdo revela uma “rapariga com feições asiáticas”,

aparentemente com menos de 14 anos, a ter relações sexuais com um homem, nomeadamente “cópula e coito oral”. O caso chegou à PJ na terça-feira por via da Interpol, Organização Internacional de Polícia

“No telemóvel do suspeito ainda há mais de 20 vídeos relacionados com pornografia, mas por enquanto não temos a certeza se envolvem menores ou não.” POLÍCIA JUDICIÁRIA

Além do conteúdo relacionado com pornografia infantil que esteve na origem do caso, a PJ revelou ainda que, no telemóvel do suspeito, se encontram mais de 20 outros vídeos de índole pornográfica que estão a ser investigados. “No telemóvel do suspeito ainda há mais de 20 vídeos relacionados com pornografia mas, por enquanto, não temos a certeza se envolvem menores ou não”, referiu o porta-voz da PJ. Quanto ao vídeo em questão, o suspeito diz que o mesmo foi descarregado em 2018, negando, no entanto, alguma vez ter tentado a sua divulgação através da internet. A identidade da interveniente continua por apurar, nem tão pouco se sabe a sua nacionalidade, revelou a PJ. Após recolhidas as provas, o caso foi entregue ao Ministério Público, onde o suspeito vai responder pela prática de crimes relacionados com “Pornografia de Menor”, podendo ser punido com um pena de prisão de 1 a 5 anos. Em causa está o artigo do Código Penal que prevê a produção, distribuição, venda, importação, exportação ou difusão “a qualquer título ou por qualquer meio” ou aquisição e detenção para esses fins, de materiais relacionados com pornografia infantil. Pedro Arede

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quinta-feira 9.7.2020

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Por via incerta

Dois casos detectados de VIH pelo Centro de Transfusões de Sangue

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O ano passado foram detectados 66 casos de VIH e 10 de SIDA. A maioria das ocorrências foi descoberta por entidades médicas ou voluntários para exames, mas houve também fontes menos comuns: dois dos casos de VIH foram detectados pelo Centro de Transfusões de Sangue, e um outro na prisão. As informações do Centro de Prevenção e Controlo da Doenças disponibilizadas na página electrónica dos Serviços de Saúde revelam ainda que, no geral, cerca de 24 por cento dos casos de VIH e SIDA foram transmitidos por via desconhecida. As principais formas de transmissão de VIH foram por contacto homossexual (31 casos), heterossexual (11 casos) e bissexual (seis). Mas houve mais cenários de transmissão. Uma pessoa contraiu o vírus por via de drogas injectáveis, tratando-se de alguém que foi diagnosticado na China Continental em 2007 e migrou no ano passado para Macau.

Outros dois casos trataram-se de contacto com sangue, por transmissão através de equipamentos contaminados utilizados para tatuagem fora de Macau.

Na janela temporal entre Janeiro e Março deste ano foram detectados 14 casos de VIH/ SIDA As situações descobertas no ano passado dizem respeito a pessoas de um leque etário alargado. Só não houve casos de VIH na faixa igual ou inferior a 19 anos. De resto, foram detectados trinta casos entre os 20 e os 29 anos, e três acima dos 70. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, no final do ano passado havia 38 milhões de pessoas a viver com VIH no mundo, 67

por cento das quais tinham acesso a terapia retroviral.

14 CASOS EM 2020

Entre residentes locais e não residentes, na janela temporal entre Janeiro e Março deste ano, foram detectados 14 casos de VIH/SIDA, respeitantes a pessoas entre os 20 e os 39 anos, todas do sexo masculino. Registaram-se casos de transmissão por contacto homossexual, um por contacto heterossexual e outro bissexual. Foram descobertas situações de VIH e SIDA por entidades médicas, voluntários para exame e no estabelecimento prisional. Note-se que os Serviços de Saúde têm indicação de oito locais onde as pessoas podem fazer testes rápidos de HIV de forma gratuita. É também disponibilizado um canal de acesso rápido para consultas médicas destinadas a pessoas suspeitas de estarem infectadas com HIV/SIDA. Salomé Fernandes

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9.7.2020 quinta-feira

Festa das letras O Macau Book Carnival acontece todos os dias da semana entre 10 e 19 de Julho. Durante a semana o horário de funcionamento é entre as 11h e as 21h, enquanto que aos sábados e domingo a feira tem as portas abertas entre as 11h30 e as 21h30

MACAU BOOK CARNIVAL 23ª EDIÇÃO DA FEIRA DO LIVRO ARRANCA ESTA SEXTA-FEIRA

Começa esta sexta-feira mais uma edição do Macau Book Carnival, uma feira do livro organizada pela Associação de Promoção da Literacia de Macau. Com eventos para toda a família, além da venda de livros com desconto, a feira do livro recebe, no sábado, para uma conversa sobre o livro bilingue “Na Rua”, da editora Mandarina

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2 3 ª edição do Macau Book Carnival começa esta sexta-feira e, à semelhança dos anos anteriores, tem lugar no ginásio do Instituto Politécnico de Macau (IPM). Até ao dia 19 de Julho o público poderá não só usufruir de livros mais baratos como também ter acesso a espectáculos musicais e outras actividades para toda a família. Este sábado, dia 11, por volta das 15h30, tem lugar uma sessão de lançamento do livro bilingue “Na Rua”, lançado pela editora de livros infantis Mandarina. A sessão conta com a presença de Catarina Mesquita, fundadora da Mandarina, e o escritor Joe Tang. Ao HM, Imwa Chan, presidente da Associação de Promoção de Lite-

racia de Macau, explicou que a edição deste ano conta com a presença de 30 livrarias e editoras, que vão apresentar obras em chinês, inglês e português. A apresentação do livro “Na Rua” partiu de um convite da associação. “Esperamos que os leitores chineses que querem aprender português possam comprar o livro”, frisou. Imwa Chan assegura que, 22 anos depois, esta feira do livro tornou-se mais do que local onde se vendem livros com desconto. “Sinto-me encorajada com o facto de este não ser apenas um evento para vender livros com desconto, mas pode também ser uma plataforma para que livrarias, e escritores e leitores se possam reunir num só espaço e possam trocar impressões sobre o seu trabalho. Trata-se de uma plataforma

para promover a literatura de Macau, uma vez que o território é um lugar cheio de cultura e história, com uma grande ligação ao património.”

ANOS DE DESAFIOS

Imwa Chan assegurou ao HM que organizar uma feira do livro como esta nos últimos 22 anos não foi fácil. A maior dificuldade prendeu-se com a falta de uma localização específica. “Lembro-me que houve um ano em que tivemos de organizar esta feira num centro comercial, um espaço muito pobre para este tipo de eventos. Temos de ter um parceiro a longo prazo para que possamos ter uma localização permanente, e felizmente que o IPM nos apoiou.” “Quando o semestre termina o ginásio fica disponível para o nosso

evento. Finalmente conseguimos obter uma localização permanente e um calendário regular para organizar a nossa feira do livro, o que corresponde às expectativas dos leitores locais”, acrescentou. A ideia para a organização do Macau Book Carnival surgiu graças à presença regular de Iwma Chan na feira do livro que todos os anos se organiza em Hong Kong. “Há 20 anos achei que havia a necessidade de organizar uma feira do livro em Macau no período das férias para os leitores. Sempre visitei a feira do livro anual em Hong Kong e pensei que necessitávamos de um evento semelhante em Macau, mesmo que tenhamos uma população mais pequena em relação a Hong Kong”, explicou ao HM.

Desde então que a adesão ao evento tem sido positiva, uma vez que, segundo Imwa Chan, o ano passado estiveram presentes na feira cerca de 5.000 pessoas. O evento conta com o apoio da Fundação Macau e do Instituto Cultural. O Instituto Português do Oriente (IPOR) tem sido uma presença habitual no evento mas este ano, alegando falta de recursos humanos, a entidade não estará representada. O Macau Book Carnival acontece todos os dias da semana entre 10 e 19 de Julho. Durante a semana o horário de funcionamento é entre as 11h e as 21h, enquanto que aos sábados e domingo a feira tem as portas abertas entre as 11h30 e as 21h30. Andreia Sofia Silva

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quinta-feira 9.7.2020

Pintura Obras inéditas de Nikias Skapinakis no Porto

Obras inéditas de Nikias Skapinakis vão ser expostas pela Galeria Fernando Santos, no Porto, a partir desta quinta-feira, dia em que será lançado um livro de Bernardo Pinto de Almeida sobre o tema da paisagem na obra do artista. A sessão de apresentação do livro «Nikias Skapinakis - paisagens [landscapes]”, de Bernardo Pinto de Almeida, numa edição conjunta com a Documenta, terá início pelas 18:30. Na mesma altura, será inaugurada uma exposição com sete obras inéditas do artista, da série abstrata monocromática intitulada “Descontinuando”. De ascendência grega, Skapinakis nasceu em Lisboa, em 1931, frequentou o curso de arquitectura, que abandonaria para se dedicar totalmente à pintura. Além da pintura a óleo, como actividade dominante, dedicou-se à litografia, serigrafia e ilustração de livros. Entre outras obras, ilustrou “Quando os Lobos Uivam”, de Aquilino Ribeiro (Livraria Bertrand, 1958), e “Andamento Holandês”, de Vitorino Nemésio (Imprensa Nacional, 1983). PUB

ORQUESTRA DE MACAU BEETHOVEN E OUTROS CONCERTOS PARA O VERÃO

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Instituto Cultural (IC) promove, este mês um ciclo de concertos com a Orquestra de Macau (OM), intitulado “Episódios de Verão”, que terá entrada gratuita. Desta forma o público poderá começar a levantar os bilhetes já a partir de sexta-feira, 10. O ciclo será composto por quatro concertos que incluem sinfonias clássicas, música de câmara e concertos para jovens. O concerto “Expresso Clássico - De Volta à Diversão” decorre no dia 18 de Julho no Teatro D. Pedro V às 11h, estando inserido no Programa Audiência Jovem da OM. “Sob a batuta de Francis Kan, maestro assistente da OM, aficcionados da música de todas as idades serão levados numa jornada ao paraíso da música clássica de uma maneira intrigante e interactiva, desfrutando de momentos agradáveis com as famílias”, explica o IC em comunicado. No dia 25 de Julho tem lugar, no grande auditório do Centro Cultural de Macau

(CCM), o concerto “Beethoven Sinfonia N.º 3”, dirigido pelo maestro da OM Lu Jia. O espectáculo terá início às 20h e promete apresentar a famosa Sinfonia N.º 3 de Beethoven. A 7 de Agosto a OM apresenta o concerto “Beethoven: um serão de música de câmara”, no Teatro Dom Pedro V, pelas 20:00 horas. O concerto inclui duas composições de câmara de Beethoven, o Quarteto de Cordas em Si bemol Maior, Nº 6 e o Quinteto para Piano e Sopros em Mi bemol Maior, Op. 16 , bem como o Quarteto para Fagote em Sol menor, Op. 73, N.º 3 do compositor francês do final do século XVIII, François Devienne. Sob a batuta de Francis Kan, maestro assistente da OM, a Orquestra apresenta o concerto “Um Encontro de Beethoven e Haydn”, no dia 13 de Agosto, no Grande Auditório do Centro Cultural, pelas 20:00 horas, cujo programa inclui a última sinfonia de Haydn, a Sinfonia N.º 104 “Londres” e a Sinfonia N.º 1 de Beethoven.


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NUCLEAR CHINA REITERA QUE NÃO PARTICIPARÁ NO DIÁLOGO ESTADOS UNIDOS/RÚSSIA PARA REDUZIR ARSENAL

Uma questão de quantidade

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China reiterou ontem que não entrará nas negociações entre os Estados Unidos e a Rússia para um novo acordo que limite a quantidade de armas nucleares, e acusou Washington de "constituir uma ameaça". Pequim alegou que tem muito menos armas atómicas do que aqueles dois países e que, portanto, não deve participar de qualquer negociação multilateral para controlo de armas. "Não é realista para a China integrar essas negociações, face à grande lacuna que existe", disse o director-geral do Departamento de Controlo de Armas do ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Fu Cong, em conferência de imprensa. "De acordo com as nossas estimativas, os Estados Uni-

dos têm cerca de 6.000 ogivas nucleares, 20 vezes o número das ogivas que a China tem. A diferença é muito grande, em quantidade e sofisticação", defendeu. "Dizer que a China constitui uma ameaça não tem lógica nenhuma", disse. O responsável considerou mesmo "uma piada" os Estados Unidos pedirem a Pequim para participar das negociações. "Trata-se de um pretexto para culpar os outros, para abandonar tratados e livrarem-se de todas as restrições", assegurou. "Isto não significa que a China queira sair do processo de desnuclearização", ressalvou Fu, acrescentando que a sua posição é "entendida e apoiada por Moscovo". Fu admitiu que a China está a desenvolver mísseis de médio alcance, mas que

estes estão no seu território, ao contrário dos Estados Unidos, que os colocam "na porta das traseiras de outros países". "Washington está constantemente a expandir e a atualizar os seus arsenais nucleares e sistemas de defesa, seja no espaço ou nas proximidades da China. Estamos muito preocupados com essa expansão, incluindo no Mar do Sul da China. Consideramos que se trata de uma ameaça", disse. O responsável lembrou que a China "adopta sempre a política de dissuasão mínima, e de não agredir primeiro", mas que não significa que o país não deva modernizar os seus sistemas de defesa.

OS DONOS DAS ARMAS

Os Estados Unidos anunciaram novos contactos com a Rússia, em Junho passado, PUB

para renegociar o mais recente acordo de controlo de armas nucleares em vigor entre as duas potências, embora insistisse em incluir a China no processo. Moscovo prefere falar em "negociações multilaterais", o que significaria também incluir a França e o Reino Unido, as outras duas declaradas potências nucleares. A próxima reunião, a ser realizada novamente na capital austríaca, depende dos progressos realizados pelas delegações a nível técnico nas próximas se-

“De acordo com as nossas estimativas, os Estados Unidos têm cerca de 6.000 ogivas nucleares, 20 vezes o número das ogivas que a China tem. A diferença é muito grande, em quantidade e sofisticação.” FU CONG MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS DA CHINA

manas. Actualmente, os Estados Unidos e a Rússia controlam 90 por cento de todas as armas nucleares que existem no planeta. O novo START, sigla em inglês para Tratado de Redução de Armas Estraté-

gicas, que foi assinado em 2010, limita o número de armas nucleares estratégicas, para um máximo de 1.550 ogivas nucleares e 700 sistemas balísticos para cada uma das duas potências, na terra, mar ou ar.

ALIMENTOS RESTRINGIDAS IMPORTAÇÕES DE CARNE

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EQUIM suspendeu as importações de carne oriunda de várias empresas, face aos surtos de covid-19 registados entre funcionários de matadouros em diferentes países, numa medida que, por enquanto, não afectou Portugal. Desde meados de Junho, Pequim suspendeu as importações de carne de porco, aves e bovina oriunda de matadouros de 14 países, incluindo o Brasil, Estados Unidos ou Alemanha. Fonte diplomática portuguesa ligada ao processo disse à agência Lusa que a medida, "por enquanto, não afectou os produtores portugueses", mas admitiu que "há potencial para isso, caso se registem casos de covid-19 em estabelecimentos". As autoridades chinesas autorizaram, desde o final do ano passado, os matadouros portugueses Maporal, ICM Pork e Montalva a exportar para o país. A Federação Portuguesa

das Associações de Suinicultores previa que as exportações de carne suína nacional para a China atingissem este ano 200 milhões de euros. Surtos de covid-19 em matadouros em todo o mundo intensificarem as preocupações da China de que alimentos importados possam transmitir a doença. A Organização Mundial da Saúde e vários governos insistiram que não há evidências de transmissão do novo coronavírus por alimentos ou embalagens, mas as autoridades chinesas argumentaram que havia "boas hipóteses" de que o vírus possa permanecer vivo num recipiente congelado. Os consumidores chineses enfrentam assim um novo aumento nos preços da carne, depois de dois anos de forte inflação, devido a uma peste suína que matou milhões de porcos no país.


quinta-feira 9.7.2020

O dia roda o dorso e mostra as queimaduras

diario de prospero António Cabrita

Deslizes civilizacionais

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forma trivial como Bolsonaro nomeia ministros tornou-se tão deslustrosa que hoje ninguém arrisca “credibilizar” a pasta da Cultura. O que já fora comentado, ironicamente, por Drummond de Andrade, numa crónica. É no livro De Notícias e Não-notícias faz-se a Crônica, num precioso microconto: « — Esse vai ser ministro, sentenciou o pai, logo que o garoto nasceu. — E você, com esse ordenado micho de servente, tem lá poder pra fazer nosso filho ministro?, duvidou a mãe.» No baptizado, ao enunciar o nome do filho, o personagem de Drummond proclamou: «— Ministro. — Como?, estranhou o padre. — Ministro, sim senhor, teimou o pai, irredutível. A mulher ainda tentou corrigir: — Tonzinho, não foi Antônio de Fátima que a gente combinou?». Melhor, é impossível. O que era afinal a civilização democrático-liberal? A elegância, a leveza, a dignidade que nos eram consentidas no fluxo do quotidiano e o sentimento de que as instituições funcionavam capazmente (i.é, sujeitas a erros e acertos periódicos) na regulação social; tendo como base valores éticos que protegiam um sentimento de pertença comum. O que se conseguiu à custa da clivagem entre narrativas civilizacionais ou até de guerras e obrigou a novas formas de gerir o conflito e as mediações humanas, tendo mudado inclusive o estatuto das ficções, crescentemento palco de simulações das dinâmicas sociais. Isso mexeu com as próprias formas criativas, deu-lhes pano de fundo, mercados, complexidade, subtileza - refinou-lhe os processos. Vou dar um exemplo extraído de um filme que se encontra no Youtube. Trata-se de Youngs Lions, de Edward Dmytryk, de 1959; conta a história de três tipos: um tenente alemão gradualmente céptico com a razão da guerra e dois americanos que vão servir no exército a contragosto (um cantor da Broadway e um rapaz pobre de origem judaica). O enredo entrecruza os variados pontos de vista acerca do conflito e os elos humanos que nutrem os dois lados da batalha. Marlon Brando é Cristhian, da Baviera, instrutor de esqui, que será um tenente do exército incomodado com a nazificação do espírito alemão. Mandado para Paris, enfiaram-no na Gestapo, com cujos métodos discorda, e pede uma licença ao seu capitão para ir a Berlim. Este, que vê nele um bom militar a quem só falta obedecer sem se interrogar, pede-lhe que entregue uma mantilha de renda preta que comprou à sua mulher e lhe “transmita o seu afecto e como pensa nela constantemente”.

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Cristhian faz a visita à esposa do capitão. Esta, de uma beleza e sensualidade ímpares, está de saída (vai encontrar-se com um general), mas sugere que a aguarde “pois quer falar com ele sobre o capitão”. Ele fica por deferência, dir-se-ia que o seu gesto se entroniza na aprendizagem da obediência que o capitão lhe quer incutir. Ela volta de madrugada e acorda-o com suavidade. Ele quer compor-se, julga-se numa postura imprópria em casa alheia, mas ela mete-o à vontade e inverte os papéis,

perguntando-lhe “se ele não lhe oferece uma bebida”. Depois, en passant, ele queixa-se de não ser soldado e de ter sido posto na polícia (nesta fala abre-se uma ética) e ela confia-lhe que pode mexer os cordéis para o transferirem. Como? Ela, despindo-se, insinua, “com esforço...”. Cristhian compreende que é uma questão de troca de “esforços” e, fiel à transmissão de afecto que lhe pediram que fizesse, satisfá-la sexualmente com uma obediência cega ao acto.

Trump, que ridiculamente se diz o novo guardião do Cristo Redentor, ao “nacionalizar” as vacinas para o Covid-19 esvazia com isso os valores cristãos que protegiam a validade de uma pertença comum. A contradição não lhe importa, Trump, num lance de poder travestido de nacionalismo espera ter corrompido a vontade dos votos. Assim começam os fascismos

O jogo destes matizes subtende uma ironia subtil, feroz, inteligentíssima: a cena vale o filme. À frente, uma segunda cena entre os dois dá-nos a chave do “ethos” de Cristhian. Fim da guerra. Cristhian, que vira o capitão em péssimo estado no hospital, volta a visitar-lhe a esposa. A casa está arruinada e a rua derruida, sob efeito dos bombardeios. Ela fala-lhe friamente da morte do marido, que entretanto se suicidou. Não se mostra alterada e atira-se de novo a ele. Ante as suas reticências, ela pede-lhe para ser “realista”. Cristhian percebe: o que antes se lhe afigurava uma marca de liberdade afinal não passa de um expediente de sobrevivência a todo o transe – mete-lhe agora repulsa a beleza dela, afinal um signo do degradado vaivém dos afectos com que o sistema corrompeu o espírito alemão e lhe ditou a crueldade. A corrupção, percebe aí Cristhian, começa na forma como cedemos aos apetites, lhes obedecemos - paradoxal caminho da derrota. Rejeita-a, e nesse gesto repele a sua anterior cumplicidade com a abjecção. Nas duas cenas, através das peripécias da intimidade, transparece o arco e o declínio de uma postura civilizacional e por isso são magníficas – embora sejam ideias de argumento que Dmytryk se limita a ilustrar. Contudo, para se conseguir esta complexidade das personagens, esta filigrana que oferece vários níveis de leitura para as situações dramáticas e o implícito que abre chaves no jogo psicológico foi preciso uma tradição narrativa que levou séculos a apurar-se e que supunha um modo fecundo de relacionamento com o que seja a inteligência e o modus operandi da criativa ociosidade burguesa. O que está colocado em causa nesta época sombria. Estamos de novo na temperatura civilizacional de onde emerge a mediocridade e a confusão de valores que levou Cristhian a equivocar-se em todas as escolhas políticas. Como acontece ciclicamente, acomodamo-nos à patética fase de exibição narcísica em que não nos rala ficarmos mais tolos, egoístas, e naufragados na iliteracia. Escuda-nos a ilusão de que tudo tem um preço: primeiro efeito do triunfo niilista. A vaga anti-intelectual que sacode os orgãos de comunicação ajusta-se. Trump, que ridiculamente se diz o novo guardião do Cristo Redentor, ao “nacionalizar” as vacinas para o Covid-19 esvazia com isso os valores cristãos que protegiam a validade de uma pertença comum. A contradição não lhe importa, Trump, num lance de poder travestido de nacionalismo espera ter corrompido a vontade dos votos. Assim começam os fascismos.


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crónico oriente Duarte Drumond Braga

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M 1894, ainda a bordo do navio que o conduzia a Macau, Camilo Pessanha começou a escrever cartas ao pai e ao colega e amigo Alberto Osório de Castro. Trazem as descrições primeiras daquela cidade, bem como da travessia até lá. Mostram um registo pitoresco, embebido de leituras de Pierre Loti, um famoso autor do exotismo francês e dos crisântemos floridos que hoje já ninguém lê. É o registo do iniciante, do recém-chegado, vibrando a qualquer lastro de exotismo e não o Pessanha que nos habituámos a conhecer, ponderado estudioso das coisas da China e com muito poucas cedências ao fascinado discurso do exótico oriental, que tantas vítimas fez até hoje. É de supor que as leituras orientalistas (Loti e outros franceses) fazem parte da bagagem da sua travessia para o “pálido Oriente – pálido e rútilo” (Correspondência, p. 120 da edição de 2012, de Daniel Pires), expressão com forte olor francês a chineserias e japoneserias retirada de uma carta a Osório de Castro. E o mais importante é que estas primeiras cartas assinalam já um vivo

9.7.2020 quinta-feira

Bíblicas desilusões interesse pela China e, mais importante ainda, um programa de escrita logo desde a arribação, como o desta, enviada a seu pai desde Macau: “Quase já estou animado a escrever sobre coisas do Oriente” (Correspondência, p. 228). Mas o primeiro sinal desse confronto com o Oriente tem um nome concreto, chama-se desilusão, e chega mesmo antes de o poeta chegar à China. Passado o estreito de Malaca, logo se queixa ao pai acerca do mundo que se lhe apresenta para lá da Europa. É, na verdade, tópico habitual da literatura: o velho Oriente revelando-se como desilusão, quando confrontado com o

livro, isto é, a autoridade europeia com que viaja debaixo do braço, que prepara, explica e dispõe o Oriente. É o ponto da viagem no qual se desilude com Adem, cidade-porto junto ao Mar Vermelho, na primeira travessia para Macau: “Não vi coisa alguma do que dizia um artigo que eu li de António Enes: nem chins, nem turcos, nem índios, nem gregos… nem ingleses” (p. 219). O poeta confronta a sua visão com a descrição de António José Enes, um político ultramarino invocado como autoridade (desmentida) em assuntos do Oriente. Seria porventura um artigo aconselhando o viajante português

Aqui Camilo junta-se a outros viajantes ilustres da desilusão, como Goethe, Chateaubriand, Nerval ou Twain. O problema é que o Oriente moderno já não se parece nada com os textos, bíblicos e outros, como no caso daqueles turistas do Próximo Oriente a que podemos juntar o poeta da Clepsydra

sobre o que iria encontrar em viagem para Leste, e como se comportar diante de bizarrias e barbaridades. Aqui Camilo junta-se a outros viajantes ilustres da desilusão, como Goethe, Chateaubriand, Nerval ou Twain. O problema é que o Oriente moderno já não se parece nada com os textos, bíblicos e outros, como no caso daqueles turistas do Próximo Oriente a que podemos juntar o poeta da Clepsydra. O desencanto é porém mais um sinal do conhecimento superficial, e Camilo não é um turista na China, apenas nestas paragens. A China está certamente para além de qualquer encanto ou desencanto europeu, mas esta breve passagem pelo tema romântico da desilusão é importante como o momento em que a mente se prepara para conhecer o que está por detrás dos textos e criar novos textos que possam mentir de outra forma. Uma forma, digamos, mais sofisticada. Afinal, quarenta anos passados em Macau permitem mentir muito e melhor, ainda que sobre o celeste império dê para mentir apenas em prosa, que o verso, com China ou sem China, é sempre verdadeiro.


ARTES, LETRAS E IDEIAS 17

quinta-feira 9.7.2020

retrovisor Luís Carmelo

Ensopado de humanização

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O poeta holandês Remco Campert perdi todos os livros que tinha, mas ficou-me na cabeça a frase de uma entrevista. À pergunta idiota “Quando é que escreve?”, respondeu “Escrevo quando sinto que não pertenço”. Nessa altura, eu vivia em verdadeira ponte aérea. Lembro-me que ia embarcar para longe e atentei aos quadros electrónicos. Os números digitais estavam sempre a transformar-se noutros números. Os destinos que apareciam logo desapareciam. Pescoços levantados e nervosos a comutar paixões. Eu já sabia que um aeroporto a nada pertence, não se localiza em lado nenhum, nem propõe uma geografia própria. Todos os aeroportos tendem a ser iguais, nivelando expectativas e longos corredores de vidro para destemperar as angústias. Se a alteração das pulsações começou por definir a lanterna mágica e depois o cinema, hoje os aeroportos ocuparam-lhe essa posição. Em tempos que já lá vão, cada catedral era um aeroporto. No entanto, tal como acontece nos nossos tempos, ninguém tinha a consciência disso. Por exemplo, no ano 1000 não existia a consciência do ano 1000. Para registar uma data, recorria-se a referências tais como um reinado, um pontificado, a governação de um bispo, ou um ciclo de cobranças (com incidência, por exemplo, no imposto fundiário herdado da fiscalidade romana). Um diploma redigido na cidade de Paris, no ano de 998, foi datado do seguinte modo: “13ª das calendas de Maio, indicção II, 10º ano do reinado de Roberto”. O ano 1000 não pertencia, portanto, às pessoas que viveram nessa época. Com excepção de alguns membros da igreja que sabiam ler, ninguém fazia a mínima ideia da data que corria. Essa ignorância generalizada explicou a indiferença na altura pelo (que para nós hoje é o) ano mil. Além de que não era comum, nesse tempo, pensar os anos sob a forma de algarismos e ainda menos com uma base comum. A duração ri-se do modo como o acto de contar não passa de uma urgência para crianças a correrem atrás umas das outras, desarvoradas, sem direcção certa, aos gritos e felizes por se sentirem e saberem eternas. Há épocas a que não se regressa. Há épocas a que nunca pertenceremos. Tinha toda a razão Remco Campert. Talvez fosse por causa do arrojo de Campert que Clarice Lispector gritou deste modo no outro lado do Atlântico: “Quero o material das coisas. A huma-

nidade está ensopada de humanização, como se fosse preciso; e essa falsa humanização impede o homem e impede a sua humanidade. Existe uma coisa que é mais ampla, mais surda, mais funda, menos boa, menos ruim, menos bonita.”. Essa coisa ensopada é o que nos faz correr sem ter a consciência da corrida. Pertencer por pertencer. A história inventou-nos o ano mil e outros cômputos digitais que nos garantem certas certezas. Por sua vez, os aeroportos e muitos outros interfaces que trans-

Essa coisa ensopada é o que nos faz correr sem ter a consciência da corrida. Pertencer por pertencer

piram sofregamente na rede - sempre, sempre em viagem - inventaram-nos a inocência da geografia, mas continuam a atirar sobre nós as mesmas certezas (ainda que sob a forma de estilhaços em toada de zapping). O facto é que todos os dias é possível rever os mesmos vultos a rezar na mesma direcção. Reproduzem passos, percorrem alamedas ou algoritmos e recompõem as escadarias do acastelado. Reduplicam rostos nos teclados, agitam polegares e escancaram os longos vazios que destilam em ecrãs que se perdem dentro de outros tantos ecrãs. E a linguagem que usam é a dos aeroportos: igual a si mesma, redonda, por vezes ofensiva e bastante parecida, aliás, com um papel de embrulho untado pela gordura dos hamburgers. Se eu fosse publicitário começava agora mesmo um “brain storming”

com frases nuas e curtas do género “Repetir é sufocar”, “Acreditar é pavimentar o ar” ou “Não pertencer é procurar o ar”. Era preciso que as vogais abertas à O’Neill se vendessem ao preço do ouro, pois o petróleo está a descer nas cotações. Assim houvesse tempo para poder depois gozar dos rendimentos da campanha. Até porque o tempo somos nós e não o ano mil que explode na mostarda das fábulas mundanas. Na minha opinião de publicitário virtual, o poeta Remco Campert ficou para sempre em loop a repetir a frase - “Escrevo quando sinto que não pertenço” - nas ondas hertzianas da rádio “Hilversum Vier”, hoje baptizadas, ao que sei, pelas ondas digitais da “NPO Radio 4”. Afinal o que mais custa é comutar as paixões. Lispector, Clarice. A paixão segundo G.H. Rio de Janeiro, Rocco, 2009 (or. 1964), pp. 158.


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THE LAST FULL MEASURE [C] Um filme de: Tod Robinson Com: Sebastian Stan, William Hurt, Christopher Plummer 14.30, 21.30

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A CHOO [C] FALADO EM PUTONGHUA LEGENDADA EM CHINÊS E INGLÊS Um filme de: Kevin Ko & Peter Tsi Com: Kai Ko, Ariel Lin, Ta-Lu Wang 16.45, 19.30

7

2 3 5

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5

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FALADO EM FRANCÊS LEGENDADA EM CHINÊS E INGLÊS Um filme de: Eric Lartigau Com: Alain Chabat,, Doona Bae, Blanche Gardin 19.15

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BEYOND THE DREAM [C] Um filme de: Chow Kwun-wai Com: Terence Lau, Cecilia Choi 14.30, 2130

3 1 6 1 6 5

SALA 2

FUKUSHIMA 50 [B]

Um filme de: Casey Affleck Com: Anna Pniowsky, Casey Affleck, Tom Bawer, Elisabeth Moss 14.30, 17.00, 21.30

FALADO EM JAPONÊS LEGENDADA EM CHINÊS E INGLÊS Um filme de: Setsuro Wakamatsu Com: Koichi Sato, Ken Watanabe 16.45, 19.00

1

9.01

BAHT

0.25

YUAN

1.13

está enganada. A “Casa do Lixo” são mesmo os dois terrenos recuperados pelo Executivo na zona de Nam Van e a poucos passos de distância da AL, que estão a ser ocupados com lixo...

5

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UM LIVRO HOJE

# LAMHERE [B]

A LENTIDÃO | MILAN KUNDERA | 1995

Entrelaçando diferentes linhas temporais e duas histórias de sedução separadas por mais de 200 anos, onde o próprio se inclui a dada altura, Kundera aborda a forma como a velocidade está presente nas sociedades modernas. O vínculo secreto existente, não só entre a lentidão e a memória, mas também a velocidade e o esquecimento, dão o mote para estabelecer ligações entre o desejo contemporâneo de esquecer e a vontade de nos entregarmos à velocidade dos dias. Por outras, palavras, não é por acaso que desaceleramos o passo quando temos a sensação de nos termos esquecido de alguma coisa, nem que andamos mais rápido quando queremos esquecer algo que nos perturba. Recordar exige tempo. Pedro Arede

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SALA 3

LIGHT OF MY LIFE [C]

EURO

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C I N E M A

SOLUÇÃO DO PROBLEMA 34

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PROBLEMA 35

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A comunidade local critica a Assembleia Legislativa com a expressão “Casa do Lixo”. No entanto, esta fotografia tirada na manhã de ontem mostra que a população

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CASA DO LIXO 7

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LIGHT OF MY LIFE

www. hojemacau. com.mo

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores João Luz; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; João Santos Filipe; Pedro Arede; Salomé Fernandes Colaboradores Anabela Canas; António Cabrita; António de Castro Caeiro; António Falcão; Ana Jacinto Nunes; Amélia Vieira; Duarte Drumond Braga; Emanuel Cameira; Gisela Casimiro; Gonçalo Lobo Pinheiro; Gonçalo M.Tavares; João Paulo Cotrim; José Drummond; José Navarro de Andrade; José Simões Morais; Luis Carmelo; Michel Reis; Nuno Miguel Guedes; Paulo José Miranda; Paulo Maia e Carmo; Rita Taborda Duarte; Rosa Coutinho Cabral; Rui Cascais; Rui Filipe Torres; Sérgio Fonseca; Valério Romão Colunistas António Conceição Júnior; David Chan; João Romão; Jorge Rodrigues Simão; Olavo Rasquinho; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Tânia dos Santos Grafismo Paulo Borges, Rómulo Santos Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo


opinião 19

quinta-feira 9.7.2020

MANUEL DE ALMEIDA (texto e ilustração)

Solilóquio mudo

Sim, na minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem das grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite Clarice Lispector (1920 – 1977)

H

Á uma melancolia guardada nos olhos da população. Incomoda-me ver as pessoas de olhos baixos –excluídas da vida. Sou um leitor de olhares. Ensinou-me uma voz amiga. Não há estímulos, sensações, não se vive, estamos soterrados. Há um grande desassossego. Não falam deles – trocam palavras, não ideias - falam do Outro. Falam das desilusões do Outro, das obsessões do Outro, dos seus pensamentos, dos seus erros. Não é o seu conhecimento que eleva a sua opinião, é a sua ignorância. Não sabem gerar pensamento ou estimular o debate de ideias. Não são eles é o Outro. E quem é o Outro? É conciliador e dialogante, mas falta-lhe decisão, determinação e coragem – não se rende e nunca desiste. “O Homem não é mais do que a série dos seus actos” – como afirmava o filósofo alemão Georg Hegel (1770 – 1831). A Arte de desconversar é mesmo um fim em si – é

uma arte! Criticam por o burro ir ligeiro e eles a pé. Surpreendem-me através da ocultação de conversas, ligadas ao imaginário do Outro, produzindo um jogo de tensão e reflexão entre o visível e o invisível. Mas todas essas conversas combinam uma boa dose de paixão, amor e obsessão. Existe o medo de dizer uma mentira, não a verdade. Não há inocência nas conversas, há sobrevivência. Vivemos de apontamentos. Bisbilhotice e má língua criticam uns, outros falam em difamação e vingança. E, em lugar da distância, descobrimos a proximidade. Aceitam a plácida contrariedade e a crença nas virtudes da modéstia. São almas dedicadas a ser governadas pela vida alheia. A crise que vivemos não explica tudo. Explica as falhas humanas, as ambições, todas as assimetrias, comportamentos, maldades, erros. Faltou

O destino pode ser rumo, mas também fado - palavras obedientes -, não gostamos de coisas que nos fazem sofrer, precisamos de nos perder para nos encontrar. Vivemos muito à superfície, precisamos de uma vida que decline o medo, o silêncio

capacidade para prevenir e remediar – não remendar – a crise. Os governos mundiais, fora raras excepções, são metáforas da crise. Gosto desta gente, queixa-se tão pouco, mas há gritos nas trevas – a rua quando espreita assusta, o medo e a solidão, começaram a fazer parte do nosso alfabeto, os dias ganham cor, ainda guardamos memórias de luz e sombra. Há um crítico(ar) da erosão, um simples precalço não um fim. Sobre a solidão, “não é estar só é o estar vazio”. Há um texto lindíssimo de Rainer Maria Rilke (1875 – 1926) que diz o seguinte: “Devemos permanecer silenciosos e solitários e pacientes para acolher em nós a graça de uma hora que a muitos não chega a revelar-se, porque neles há demasiado rumor e uma escassa ordem. Tudo depende afinal, de aprender a ligar-se àquilo que é grande, àquilo que vivemos apenas no coração e que nada pode turbar. Se nestes momentos de grande recolhimento e elevação comprendemos que a vida está naquilo que, palpitante e solene, se move em nós e nos deslumbra com lágrimas que brotam do profundo mais luminoso, então a modesta confusão que nos circunda ainda, o ordinário e o turbulento que corre não poderão já fazer-nos desanimar”. O destino pode ser rumo, mas também fado - palavras obedientes -, não gostamos de coisas que nos fazem sofrer, precisamos de nos perder para nos encontrar. Vivemos muito à superfície, precisamos de uma vida que decline o medo, o silêncio – como dizia o poeta Cristovam Pavia “só há uma saída pelo fundo”.


A simplicidade de carácter é o resultado natural de profundo raciocínio. William Hazlitt

PALAVRA DO DIA

quinta-feira 9.7.2020

PESTE NEGRA RÚSSIA TOMA MEDIDAS NA FRONTEIRA

A

S autoridades da República da Buriácia, parte integrante da Federação Russa e que faz fronteira com a Mongólia, redobraram ontem as medidas sanitárias após os casos de peste bubónica detectados no país vizinho. "Um plano com medidas profiláticas e antiepidémicas foi lançado para impedir a chegada do estrangeiro e a propagação da peste", anunciou o Comité de Defesa do Consumidor da República da Federação da Rússia num comunicado. As autoridades estão a controlar aleatoriamente a população de roedores para detectar a bactéria ‘yernisia pestis’, que causa a doença. Segundo a Defesa do Consumidor, as medidas preventivas adoptadas na Buriácia devem-se à sua proximidade com a Mongólia, onde há focos naturais de peste e onde foram registados nos últimos dias, de acordo com várias fontes, pelo menos três casos. Vários casos de peste bubónica foram relatados nos últimos dias na China. As autoridades da Buriácia disseram que o risco de a praga entrar em território russo a partir da Mongólia ou da China é "mínimo", devido ao encerramento das fronteiras e outras medidas de saúde tomadas no país para combater a pandemia de covid-19, doença causada pelo novo coronavírus. Segundo dados oficiais, até ontem foram registados 700.792 casos positivos do novo coronavírus na Rússia, com um total de 10.667 óbitos. Moscovo, com mais de 12 milhões de habitantes, acumula um total de 226.954 casos e 4.027 mortes por covid-19 e, embora seja a principal fonte de infecção no país, por duas semanas o número de infecções diárias caiu drasticamente na capital e permanece abaixo de 700.

Troca de represálias China restringe emissão de vistos a autoridades dos Estados Unidos em retaliação

A

C hina vai restringir a emissão de vistos a autoridades dos Estados Unidos, depois de sanções impostas por Washington devido às restrições no acesso ao Tibete, foi ontem anunciado. "A China decidiu restringir a concessão de vistos a autoridades norte-americanas que se comportarem mal em relação ao Tibete", disse o porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros da China Zhao Lijian.

As autoridades norte-americanas anunciaram na terça-feira que restringirão a emissão de vistos a autoridades chinesas que impeçam a entrada de estrangeiros nas regiões tibetanas da República Popular da China. "Lamentavelmente, Pequim continua a obstruir sistematicamente o acesso de diplomatas e outras autoridades norte-americanas, jornalistas e turistas à região autónoma do Tibete, bem como a outras zonas tibetanas", justificou o secretário de Estado norte-americano, Mike

GCS

INÊS CHAN NO HOJE MACAU

Pompeo. "As autoridades da República Popular da China e outros cidadãos [chineses] têm muito mais acesso aos Estados Unidos", afirmou Pompeo, em comunicado. "A China opõe-se firmemente a estas medidas", disse o porta-voz, apontando que a "interferência" nos assuntos domésticos chineses é "inaceitável". Zhao garantiu que o Tibete está "aberto" a visitantes estrangeiros e recebe milhares de turistas internacionais todos os

anos, incluindo, no ano passado, o embaixador dos EUA em Pequim, Terry Branstad. Estas represálias mútuas ocorrem num momento de deterioração da relação bilateral sino-americana. Nos últimos anos, Washington passou a definir a China como a sua "principal ameaça", apostando numa estratégia de contenção das ambições chinesas, que resultou já numa guerra comercial e tecnológica e em disputas por influência no leste da Ásia.

Stanley Ho Cônsul na comissão do funeral O cônsul de Portugal em Macau e Hong Kong, Paulo Cunha Alves, faz parte da lista com mais de 100 membros que integram a comissão do funeral de Stanley Ho. A informação foi confirmada pelo próprio ao HM, que não vai estar presente nas cerimónias fúnebres em Hong Kong,

que começaram ontem, apenas para a família, e se prologam até amanhã, sendo que desde hoje os eventos já são abertos público. No que diz respeito a Macau, a família já mostrou a intenção de organizar uma cerimónia fúnebre na Torre de Macau aberta ao público, mas a data ainda não está definida.

Futebol Daniel Carriço regressa a Whuhan e vai cumprir quarentena antes de treinar

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• A directora do Gabinete de Comunicação Social Inês Chan e a sua equipa estiveram ontem no jornal Hoje Macau onde trocaram impressões sobre a actual situação da imprensa na RAEM com os editores João Luz e José C. Mendes

O futebolista português Daniel Carriço regressou ontem à China, onde vai cumprir duas semanas de quarentena antes de se juntar ao plantel do Wuhan Zall, equipa da região em que surgiu o surto de covid-19. O clube da Superliga chinesa publicou na rede social Weibo uma foto do defesa internacional português após ter aterrado em Xangai. O Wuhan Zall confirmou que Daniel Carriço vai cumprir 14 dias em isolamento e sob observação antes de se juntar ao resto do plantel do

clube, que está a preparar o regresso à competição. Carriço, de 31 anos, assinou pelo Wuhan Zall em Fevereiro último, depois de sete temporadas no Sevilha, tendo, na altura, integrado o estágio de pré-temporada da equipa em Espanha, onde ficou retida devido à pandemia. O arranque da temporada de 2020 da Superliga chinesa está previsto para 25 de Julho, após um hiato de quatro meses devido à pandemia de covid-19, que obrigou à adopção de um formato mais curto.


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