DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ
HOJE MACAU
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AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006
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TERÇA-FEIRA 20 DE JUNHO DE 2017 • ANO XVI • Nº 3836
ELEIÇÕES
Agnes avança, Rui Leão não PÁGINA 5
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Surrealismo rex EVENTOS
OBRAS VIÁRIAS
DSAT passa a mandar PÁGINA 4
Que fazer com estes incêndios? h VALÉRIO ROMÃO
CHUI SAI ON EM XANGAI
Aprender, aprender, aprender sempre O Chefe do Executivo vai amanhã para Xangai com Lionel Leong. A ideia é aprender para diversificar. Com incidência na área financeira. GRANDE PLANO
2 GRANDE PLANO
O Chefe do Executivo visita amanhã Xangai, o grande centro financeiro chinês, levando na agenda a revisão do plano de cooperação bilateral. A comitiva da RAEM irá ainda celebrar os 75 anos da fundação do banco Tai Fung e testemunha a abertura da primeira sucursal em Xangai. O planeamento urbano será outro dos focos da visita “Macau tem uma escala urbana significativamente diferente de Xangai, por isso parece-me que não há ali grandes lições ou ilações a tirar.” MARIA JOSÉ DE FREITAS ARQUITECTA
VISITA CHUI SAI ON EM XANGAI PARA DISCUTIR COOPERAÇÃO BILATERAL
DO RENMINBI O centro financeiro de Xangai é uma das mais fortes representações da pujança económica da China nos dias de hoje. A cidade vive tempos de reversão de paradigma económico, desviando-se um pouco da meta de ser o grande hub da indústria dos serviços chineses, para voltar a apostar na industrialização como motor do comércio e crescimento económico. É neste contexto que Chui Sai On visita Xangai amanhã, acompanhado pelo secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, e pelo coordenador do Gabinete de Protocolo, Relações Públicas e Assuntos Exteriores, Fung Sio Weng. Os representantes de Macau pretendem avaliar a relação bilateral entre os dois territórios, assim como inaugurar a primeira sucursal do Banco Tai Fung em Xangai. O economista José Manuel Morgado considera que a metrópole financeira chinesa não aparece neste panorama isolada dos centros de decisão sitos em Pequim. Nesse sentido, importa entender que Macau, tal como Hong Kong, tem como contexto de desenvolvimento as políticas governativas e o plano quinquenal inseridos no plano da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau. Daí a importância do centro financeiro de Xangai, que traz novos horizontes económicos à RAEM, além do Delta do Rio das Pérolas. José Manuel Morgado é da opinião de que Macau, para tentar diversificar a economia, deve apostar na área financeira, além das áreas do turismo e das viagens para conferências de negócios. O economista realça a posição privilegiada que o território tem para servir de “plataforma de relacionamento entre a China e os países de expressão portuguesa para promover a internacionalização do renminbi”. Nomeadamente, o uso da moeda chinesa nas importações e exportações com países que falam a língua de Camões e a China.
TAI FUNG EM XANGAI
Outra das potencialidades em termos de parceria económica é a
possibilidade de, com a orientação de Pequim, Xangai contribuir para a diversificação económica de Macau no sector financeiro. Com esse objectivo em mira, a abertura da primeira sucursal do banco Tai Fung na metrópole chinesa pode ser um passo determinante. Essa é a perspectiva do economista que acha que “um banco de Macau com presença na
China pode promover mais os negócios chineses através de Macau”. A entrada em Xangai possibilita à banca do território o acesso a uma network financeira que permite ver além das principais fontes de rendimento tradicionais. “Macau é um mercado exíguo, que depende muitos do pilares económicos que são o jogo e o entretenimento”, explica José Manuel Morgado. O
economista acrescenta ainda que esta é uma oportunidade para “proporcionar à área do trading e às entidades financeiras uma rede mais vasta, com um campo de acção maior do que Macau”. Ou seja, a finança local acederia a um mercado com maiores potencialidades de promoção de novos produtos financeiros. Ultimamente, todo o panorama político e económico da região
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A PATACA `
apetências. “Se as empresas se quiserem desenvolver numa lógica de mercado de capitais dentro da China têm Xangai e Shenzhen, se estão numa lógica internacional têm Hong Kong para poderem evoluir”, explica José Manuel Morgado. No meio fica o segmento das pequenas e médias empresas, que podem ter em Macau um porto de abrigo, agora com uma ponte para o maior mercado financeiro chinês aberto pela nova sucursal do Tai Fung. No primeiro trimestre do ano passado, o sector industrial de Xangai caiu sete por cento, uma descida que representou um alerta para uma viragem de política económica. Apesar de ainda manter a retórica de aposta nos serviços no sentido de tornar Xangai no centro global da finança e de importação/ exportação de mercadorias, as autoridades forjam estratégias para rejuvenescer o tecido industrial da cidade. Chen Mingbo, que chefia a Comissão de Economia e Tecnologias de Informação de Xangai, referiu em conferência de imprensa que, “com coordenação eficiente, a indústria fabril ainda tem muito potencial de crescimento”. Esta pode ser uma oportunidade para o tecido empresarial e financeiro de Macau.
PLANOS NA URBE
do Delta do Rio das Pérolas é dominado pelo projecto de integração que é a Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau. Recentemente, o deputado Ho Ion Sang argumentou que a RAEM deveria tentar impor-se como o centro financeiro do lado oeste da Grande Baía, uma vez que o lado leste está dominado por Hong Kong e Shenzhen.
José Manuel Morgado não vê as coisas do mesmo prisma, considerando que Macau deveria olhar para esta questão “numa lógica de segmentação de mercado”. O economista é da opinião de que Macau não se deve posicionar de forma a “concorrer com os centros financeiros de Hong Kong, Shenzhen e Xangai, que já estão firmados”. Nessa perspecti-
va, seria muito mais lógico para Macau complementar e potenciar o negócio financeiro, e “ocupar um espaço segmentando de apoio às pequenas e médias empresas, mais do que às grandes empresas”.
PEQUENOS GRANDES
As grandes multinacionais já têm locais tradicionais intrinsecamente mais vocacionados para as suas
Outra das intenções da comitiva de Chui Sai On é conhecer o planeamento urbano de Xangai. Nesse sentido, a arquitecta Maria José de Freitas não vê grande utilidade neste ponto da visita. “Macau tem uma escala urbana significativamente diferente de Xangai, por isso parece-me que não há ali grandes lições ou ilações a tirar”, comenta. Numa perspectiva de planificação urbana, a única vantagem da visita à metrópole seria “pensar nos parâmetros que regulam os novos exercícios da prática urbana, que são muito parecidos em todo o lado”, explica. Esta análise pode ser proveitosa em termos de bem-estar social, educativo, cultural e de aproveitamento dos espaços verdes de forma a ser posta em prática nas zonas dos novos aterros de Macau. Estas lições seguem uma óptica de globalização, são “princípios genéricos de boas práticas urbanas provenientes de determinados consensos”, explica a arquitecta. Ou seja, são directrizes que resultam de “inputs interdisciplinares que não são assim tão diferenciados quer se esteja na Europa, ou na Ásia”. Maria José de Freitas acha que tem de se olhar para as características bem próprias do núcleo urbano local, antes de se tentar importar
“Macau pode ser plataforma de relacionamento entre a China e os países de expressão portuguesa para promover a internacionalização do renminbi.” “O território devia ocupar um espaço segmentando de apoio às pequenas e médias empresas, mais do que às grandes empresas.” JOSÉ MANUEL MORGADO ECONOMISTA conceitos exteriores. “No contexto do Delta do Rio das Pérolas, Macau tem especificidades resultantes da mistura entre o Oriente e o Ocidente, patente no seu traçado urbano e arquitectónico, que se vêm manifestando há quase 500 anos e que importa manter”, explica a arquitecta. Nessa óptica, para manter a fisionomia própria da cidade, existe um património que terá de ser preservado, que precisa de soluções e, “certamente, não é em Xangai que se irão encontrar”. No que toca ao planeamento de Macau, Maria José de Freitas considera que a preservação já é algo na agenda da cidade. Algo patente na forma como as grandes construções de casinos passaram para o Cotai, assim como as novas infra-estruturas administrativas que têm lugar reservado nos novos aterros. O problema é como resolver a interacção entre o velho centro da cidade e o que acontece no perímetro exterior. “O importante é a forma como todas essas situações se vão interligar e articular entre si, porque o novo não pode deixar de estar inter-relacionado com o centro e o centro também não pode perder a sua vitalidade”, explica a arquitecta. As características únicas de Macau, assim como a sua escala, tornam difícil encontrar no mundo urbes que lhe possam servir de referência. Xangai parece não fugir a essa regra. João Luz
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HOJE MACAU
POLÍTICA
IACM NEGADA FISCALIZAÇÃO EXCESSIVA DOS RESTAURANTES
José Tavares, presidente do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), respondeu a uma interpelação escrita do deputado Chan Meng Kam, tendo negado as acusações de que o Centro de Segurança Alimentar estaria a levar a cabo excessivas fiscalizações aos restaurantes. Sobre a necessidade de apresentação de facturas dos produtos importados, José Tavares referiu que “se os trabalhadores do Centro de Segurança Alimentar procederem à inspecção às nove horas da manhã, exigem aos estabelecimentos que prestem as facturas dos produtos já importados até aquele momento, e não todas as facturas de importação daquele dia, nem as que constam dos produtos ainda não recebidos”. Além disso, “o IACM tenciona enviar um portfólio com informações sobre segurança alimentar a esses estabelecimentos, inclusive conhecimentos necessários sobre as fases de conservação, confecção e fornecimento de comidas, o que lhes permitirá estarem a par dos requisitos que a segurança alimentar exige”, lê-se na resposta.
Obras viárias DSAT VAI DAR AUTORIZAÇÃO ANTES DO IACM
Mudança de paradigma Deputados debateram ontem a coordenação das obras viárias com o presidente do IACM. A Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego passa a autorizar antes de o IACM licenciar uma obra
E
RA um “modelo um pouco estranho” aquele que existia para coordenar todas as obras viárias. Chan Meng Kam, deputado que preside à Comissão de Acompanhamento para os Assuntos da Administração Pública, disse ontem que vai haver uma nova forma de coordenação de todas as obras que são feitas nas vias públicas. A Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) vai passar a autorizar a utilização da via pública para a realização
de uma obra viária, que só depois dessa autorização será licenciada pelo Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM). Até agora cabia ao IACM licenciar em primeiro lugar, sendo que, por vezes, a obra não se podia realizar porque a DSAT não a autorizava. Esta foi uma das conclusões do encontro de ontem entre os deputados que compõem a comissão de acompanhamento e José Tavares, presidente do IACM. Coube ao secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, mediar as relações entre os dois organismos, uma vez que, segundo Tavares, “houve dificuldades” no processo de licenciamento. Chan Meng Kam frisou que “com a DSAT a autorizar primeiro a obra, pode ser que as coisas corram melhor”. À margem do encontro, José Tavares defendeu que a maioria dos problemas apontados pelo último relatório do Comissariado da Auditoria (CA) já foram resolvidos. “Em 2014, o sistema [tecnológico, utilizado pelos fiscais para a fiscalização e coordenação das obras] não estava muito maduro, mas posso dizer que no ano passado houve grandes melhorias e agora o sistema está a funcionar perfeitamente.”
José Tavares garante que o objectivo do IACM é também reforçar o número de fiscais, já que, se em 1999 eram seis, hoje são apenas dez. “Estamos a tentar [reforçar o número de trabalhadores]. Houve uma contenção nos últimos dois anos no orçamento e esperamos que haja uma abertura num futuro próximo, porque a pressão é muita.”
A QUADRUPLICAR
O presidente do IACM mostrou também aos deputados a nova rea-
“Em 2014 o sistema [utilizado pelos fiscais para a fiscalização e coordenação das obras] não estava muito maduro, mas posso dizer que no ano passado houve grandes melhorias.” JOSÉ TAVARES PRESIDENTE DO IACM
lidade: na altura da transferência de administração havia um total de 671 licenciamentos de obra por ano, mas hoje há mais de 2500. “São quatro vezes mais o número de pedidos”, salientou. Quanto ao processo de investigação disciplinar dos quatro funcionários visados no relatório, ainda não há conclusões, nem existindo, porém, mais trabalhadores envolvidos, adiantou José Tavares. Segundo explicou Chan Meng Kam, a reunião de ontem foi o resultado de perguntas enviadas pelos deputados no passado dia 31 de Maio. “O IACM acha que existem alguns problemas na fiscalização e que há margem de melhoria, e já tentaram arranjar medidas para resolver os problemas”, explicou Chan Meng Kam. De acordo com a lei do ruído em vigor, as obras viárias só podem ser realizadas nos feriados e fins-de-semana caso o Chefe do Executivo autorize o procedimento através de despacho. O presidente da comissão adiantou que três trabalhos de construção foram autorizados neste contexto. Andreia Sofia Silva
andreia.silva@hojemacau.com.mo
MERCADO ABASTECEDOR ADMINISTRAÇÃO QUER MUDANÇAS NOS CONTRATOS
O Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) está a estudar a criação de uma “cessão antecipada do contrato de arrendamento” aquando da abertura do novo mercado abastecedor. Segundo uma resposta do presidente do IACM, José Tavares, à deputada Ella Lei, esta medida “aceleraria a entrada de novos operadores, incentivaria uma concorrência mais justa no sector e evitaria a desocupação ou abuso por parte das lojas”. O IACM pretende ainda definir novos modelos de gestão para o futuro mercado abastecedor. Além disso, o número de bancas no novo mercado deverá duplicar. “O Governo tomou em consideração, aquando da construção do novo mercado abastecedor, a duplicação do número de bancas, e espera que um grande número de operadores se sinta atraído e participe na comercialização do mercado”, lê-se na resposta de José Tavares.
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HOJE MACAU
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RECEITAS COFRES PÚBLICOS SEMPRE A ENCHER
A
S receitas públicas de Macau aumentaram 11,9 por cento até Maio, em termos anuais homólogos, em linha com o aumento da verba arrecadada com os impostos directos cobrados sobre a indústria do jogo, indicam dados oficiais. De acordo com dados provisórios publicados no site da Direcção dos Serviços de Finanças, a Administração de Macau fechou os primeiros cinco meses do ano com receitas totais de 44.784 milhões de patacas, valor que traduz uma execução de 49,3 por cento. Os impostos directos sobre o jogo – 35 por cento sobre as receitas brutas dos casinos – foram de 37,123 mil milhões de patacas, reflectindo um aumento de 12,4 por cento face ao mesmo período do ano passado e uma execução de 51,7 por cento em relação ao Orçamento autorizado para 2017. A importância do jogo reflecte-se no peso que detém no orçamento: 82,8 por cento nas receitas totais, 83,1 por cento nas correntes e 95,6 por cento nas derivadas dos impostos directos. Já as despesas cifraram-se em 20,997 mil milhões de patacas nos primeiros cinco meses do ano – menos 11 por cento em termos anuais homólogos –, estando cumpridas em 24,6 por cento. Nesta rubrica destacam-se os gastos ao abrigo do Plano de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração (PIDDA) que alcançaram 1,945 mil milhões de patacas, traduzindo um aumento de 88,4 por cento e uma execução de 12,8 por cento. Entre receitas e despesas, a Administração acumulava até Maio um saldo positivo de 23,787 mil milhões de patacas, valor que reflecte um aumento de 44,7 por cento face ao apurado nos primeiros cinco meses do ano passado. A almofada financeira excede em muito o previsto para todo o ano (5.567 milhões de patacas), com a taxa de execução a corresponder já a 427,2 por cento do orçamentado.
Eleições OBSERVATÓRIO CÍVICO DEU OS PRIMEIROS PASSOS PARA A CANDIDATURA
À terceira será de vez? Agnes Lam diz que tem condições para ser eleita, mas sabe também que a concorrência é muita. O Observatório Cívico está de regresso à luta das legislativas. Desta vez, Rui Leão não se candidata
A
académica e líder do movimento Energia Cívica submeteu ontem às autoridades 500 assinaturas para a formalização da comissão de candidatura às eleições legislativas de Setembro próximo. Agnes Lam recandidata-se pela terceira vez, depois da estreia em 2009 e de uma nova tentativa em 2013, igualmente sem sucesso. Agora, entende que reúne mais condições para ser eleita, mas reconhece que a concorrência é forte. “Por um lado, sinto que estou muito mais bem preparada do que há oito anos, quando me candidatei pela primeira vez”, comenta a professora universitária ao HM. “Ao longo dos anos, fui tendo a possibilidade de observar questões e de pensar como podem ser resolvidas. Sinto que tenho aquilo que preciso para trabalhar com os outros, para falar com as pessoas e motivá-las a votarem em mim.” No reverso da medalha está a concorrência, que este ano não só é forte, como se multiplicou, atendendo às várias listas que se
desdobraram em duas, na esperança de obterem melhores resultados. “É muito complicado porque este ano há mais listas e também é maior a proporção de eleitores recenseados com mais de 50 anos”, analisa a cabeça-de-lista do Observatório Cívico. “Não é a primeira vez que votam e será mais difícil chegar a essa fatia do eleitorado. Estarão mais motivados para as listas tradicionais”, reconhece Agnes Lam. Em 2013, o Observatório Cívico não foi além dos 5225 votos, ou seja, conquistou 3,75 por cento do eleitorado que participou
“É muito complicado porque este ano há mais listas e também é maior a proporção de eleitores recenseados com mais de 50 anos.” AGNES LAM CANDIDATA
activamente nas eleições. Foi um resultado aquém das expectativas, tendo em conta os números que Agnes Lam tinha obtido no sufrágio de estreia: em 2009, conseguiu 5329 votos, o que equivale a 3,76 por cento. Da experiência acumulada estes anos, a candidata destaca que continua a ter a sensação de que são necessárias “novas vozes” na política de Macau, “mais independentes e oriundas do meio profissional”. Além disso, detecta “alguns problemas novos” no território. Agnes Lam concede que, desta vez, “as expectativas são mais elevadas”. Apesar das dificuldades que antevê, espera que o eleitorado consiga ler as propostas do Observatório Cívico com um olhar diferente daquele que teve no passado, com certas ideias a serem acolhidas com cepticismo. “Fizemos alguma pesquisa e olhámos para as nossas propostas de há oito e de há quatro anos e fomos os primeiros a mostrar preocupação em relação a assuntos com os quais ninguém se importava na
altura”, vinca, dando como exemplo os direitos dos animais. O assunto viria a ser mais tarde alvo de legislação específica mas, aquando da apresentação das propostas de Lam, houve “um certo gozo” e os candidatos foram catalogados como estando “preocupados com cães e gatos”. “Não tivemos um assento da Assembleia Legislativa para podermos trabalhar no assunto, mas houve forças políticas que o fizeram”, sublinha a candidata. O mesmo aconteceu com a lei de combate à violência doméstica, uma ideia que teve o Observatório Cívico entre os seus primeiros defensores. “Havia pessoas que achavam que estávamos a ir longe de mais, que não era preciso pensarmos em certas questões. Mas, depois de todos estes anos, estas propostas mostraram ser boas para a sociedade, tinham um grande grau de viabilidade e, por isso, conseguimos colocá-las na agenda”, reforça Agnes Lam. A candidata espera, em Setembro, poder começar a contribuir de outra forma com propostas para Macau. Desta vez, da lista – cujos nomes ainda vão ser divulgados – não faz parte o arquitecto Rui Leão, que em 2013 fez parte do Observatório Cívico. Isabel Castro
isabelcorreiadecastro@gmail.com
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hoje macau terça-feira 20.6.2017
Anúncio 〔n.º 100/2017〕 Nos termos do n.º 2 do artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, são por esta via notificados, os seguintes mediadores imobiliários: N.o do processo 64/MI/2016
1.
2. 3.
Nome do mediador imobiliário FOMENTO PREDIAL SKY VISION LDA
N.º da licença
Acto ilegal
MI-10001489-6
Alteração verificada no contrato da sociedade comercial, nos estatutos e nos titulares dos órgãos sociais – não tendo sido comunicados tais factos, ao IH, no prazo legal a contar da data da ocorrência dos mesmos; (violação das disposições do n.º 2 do artigo 22.º da Lei n.º 16/2012, com a redacção dada pela Lei n.º 7/2014).
89/MI/2016
GLOBAL COME MACAU FOMENTO PREDIAL LDA
MI-10001588-6
93/MI/2016
COMPANHIA DE FOMENTO PREDIAL HOPEFULL (MACAU) LDA
MI-10001852-5
Assine-o TELEFONE 28752401 | FAX 28752405 E-MAIL info@hojemacau.com.mo
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De acordo com as Propostas n.os 0267/DLF/DFA/2016, 0335/DLF/DFA/2016 e 0355/DLF/DFA/2016, e com os factos constantes dos seus anexos, verificou-se que os mediadores imobiliários acima mencionados não comunicaram, no prazo legal, ao Instituto de Habitação, adiante designado por IH, a alteração do contrato da sociedade comercial, dos estatutos e dos titulares dos órgãos sociais. Os mediadores imobiliários acima mencionados foram notificados, por este Instituto, no dia 11 de Maio de 2017, por anúncio, da acusação, não tendo apresentado qualquer defesa escrita dentro do prazo. Tendo em conta que os respectivos actos constituem infracção à obrigação prevista na alínea 2) do artigo 22.º da Lei n.º 16/2012 (Lei da actividade de mediação imobiliária), alterada pela Lei n.º 7/2014, o presidente do IH no exercício da competência atribuída pelo n.º 2 do artigo 29.º da mesma lei, decidiu pela aplicação de uma multa de cinco mil patacas (MOP 5 000,00) a cada um dos mediadores imobiliários acima mencionados, nos termos do n.º 3 do artigo 31.º da mesma lei e do despacho exarado na Proposta n.º 0831/DAJ/2017, no dia 15 de Junho de 2017.
4.
Assim, os mediadores imobiliários acima mencionados devem dirigir-se ao IH, sito na Travessa Norte do Patane, n.º 102, Ilha Verde, Macau, para efectuarem o pagamento da multa, no prazo de 15 dias, a contar da data da publicação do presente anúncio, sob pena de cobrança coerciva através de processo de execução fiscal.
5.
Nos termos do artigo 149.º do Código do Procedimento Administrativo, cabe reclamação da decisão acima referida (sem efeito suspensivo) para o presidente do IH, no prazo de 15 dias, a contar da data da publicação do presente anúncio, ou/e, nos termos do artigo 25.º do Código do Processo Administrativo Contencioso, cabe recurso contencioso da decisão acima referida para o Tribunal Administrativo.
Instituto de Habitação, aos 15 de Junho de 2017
Rectificação da notificação edital (24/FGCL/2017) Nos de pedido: 000003/2017, 000382/2016, 000381/2016
Em conformidade com a deliberação do Conselho Administrativo deste Fundo em 21 de Abril de 2017, notifica-se o devedor dos números de pedido acima referidos, “Lei Seng Kai, proprietário da Hop Shing Engineering Co”, com sede na Avenida Padre Tomás Pereira nº 889, Taipa, Macau, da rectificação para $31 525,00 (trinta e uma mil, quinhentas e vinte e cinco patacas), referente ao montante total dos créditos pagos por este Fundo a três ex-trabalhadores (Kuok Kam Tim, Lei Kam Chun e Lam Iam Chi), em consequência dos juros de mora previstos na Lei n.º 10/2015 só se aplicarem a créditos laborais existentes depois de 1 de Janeiro de 2016. O devedor pode, durante as horas de expediente, deslocar-se à sede da DSAL, sita na Avenida do Dr. Francisco Vieira Machado nos 221 a 279, Edifício Advance Plaza, Macau, para consultar os processos. 9 de Junho de 2017
O Chefe da Divisão de Assuntos Jurídicos, Nip Wa Ieng
O Presidente do Conselho Administrativo do Fundo de Garantia de Créditos Laborais, Wong Chi Hong
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Ideias como cerejas Debate na Universidade de Ciência e Tecnologia sobre Grande Baía
É
o tema do momento e as contribuições chegam de todos os lados. Ontem, na Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (UCTM), realizou-se um seminário que juntou vários académicos, com diferentes perspectivas sobre o que devem ser a Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau e a participação da RAEM neste plano de integração regional. Pang Chuan, vice-reitor da UCTM, começou por apontar as dificuldades com que Macau lida, relacionadas com o facto de ser um território de pequenas dimensões e de ter uma economia com pouco significado no exterior. O jogo, recordou o académico, é a principal indústria e não pode ser exportada, pelo que fica confinada à cidade. Depois, existem ainda constrangimentos na atrac-
TIAGO ALCÂNTARA
Vários académicos estiveram ontem reunidos para darem o seu contributo para a recolha de opiniões sobre a participação de Macau no plano da Grande Baía. O território dificilmente terá um papel dominante na relação com Guangdong e Hong Kong, mas importa que o futuro não seja apenas a cooperação que já existe
as barreiras, nomeadamente aquelas que têm dificultado a entrada da população do interior da China, defende Ieong Tou Hong. Em relação ao planeamento da Grande Baía, o presidente da APEM diz que existe uma dificuldade em decidir uma cidade nuclear para o seu funcionamento, mas “Macau ainda não dispõe de capacidade para aguentar esta responsabilidade”.
deixou um alerta: “Caso contrário, a Grande Baía é só como se fosse a ideia antiga de cooperação entre Guangdong, Hong Kong e Macau”. Tong Kai Chon, presidente da Associação de Estudo de Economia Política de Macau, considera que a Grande Baía tem como principal objectivo o desenvolvimento de integração. No entanto, as duas regiões administrativas especiais e o interior da China deparam-se com várias dificuldades, que é preciso resolver usando um mecanismo intergovernamental. Por seu turno, Wang Chang Bin, professor do Centro Pedagógico e Científico na Área do Jogo, preferiu falar da produção de Macau. Uma vez mais, os casinos foram apontados como trazendo vantagens sobretudo para o território, tendo em conta que não dependem dos produtos do interior da China, nem dos de Macau. O docente sugere que os estabelecimentos de ensino superior coordenem em conjunto o desenvolvimento de produtos locais.
O PROBLEMA DA DIFERENÇA
ção de recursos humanos qualificados vindos de fora. Mas Pang Chuan é do entendimento que os jovens locais não devem ficar em casa, sendo importante que procurem o seu espaço profissional na Grande Baía. Já Ieong Tou Hong, presidente da Associação Promotora da Economia de Macau (APEM), não vê que seja possível uma grande discussão em relação ao papel que a RAEM deverá
ter neste projecto regional, uma vez que o Governo Central já deixou claro o que pretende do território. “Macau deve posicionar-se como um centro de turismo e lazer, e uma plataforma de serviços para a cooperação comercial entre a China e os países de língua portuguesa”, recordou. Assim sendo, resta à cidade tornar-se mais aberta e cooperar plenamente com as regiões vizinhas, reduzindo
Lin Guang Zhi, director do Instituto para Pesquisa Social e Cultural da UCTM, entende que é preciso resolver, antes de mais, um problema de “fluxo”, resultante das barreiras causadas pelos diferentes regimes adoptados pelos vários actores da Grande Baía. “Se não há fluxo dentro da Grande Baía, como é que as coisas fluem para o exterior?”, questiona. Nesse sentido, Lin Guang Zhi quer que o Governo avance com novos regimes para acabar com os obstáculos. O académico não precisou que regimes são estes, mas
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Execução Ordinária nº
HM • 2ª VEZ • 20-6-17
HM • 2ª VEZ • 20-6-17
HM • 2ª VEZ • 20-6-17
ANÚNCIO
ANÚNCIO
ANÚNCIO
CV1-16-0223-CEO
1º Juízo Cível
Exequente: VENETIAN MACAU S.A., registada na Conservatória dos Registos Comercial e de Bens Móveis de Macau sob o n.º 15702, com sede em Macau, Estrada da Baía da Nossa Senhora da Esperança, The Venetian Macao Resort Hotel, Executive Offices, -L2, Taipa. Executada: HO PAI-HUI, de nacionalidade chinesa, portadora do Passaporte da República da China n.º 30527XXXX, com última residência conhecida em Taiwan, n.º 117, Ming-Te, 3rd RD, Chitu District Keelung, Taiwan, ora ausente em parte incerta. *** FAZ-SE SABER que pelo 1º Juízo Cível do Tribunal Judicial de Base de R.A.E.M., correm éditos de TRINTA DIAS, contados a partir da segunda e última publicação do respectivo anúncio, citando a Executada, supra identificada para, querendo, no prazo de VINTE DIAS, findo o dos éditos, deduzir oposição à execução acima indicada ou pagar ao exequente a dívida de capital e juros no montante de MOP471.771,96, a que acrescerão os juros que se forem vencendo à taxa de 18% ao ano, até efectivo e integral pagamento, as custas e condigna procuradoria ou, em alternativa, nomear bens à penhora suficientes para o pagamento da quantia exequenda sob pena de, não o fazendo, ser devolvido ao exequente o direito de nomeação, seguindo-se os demais termos até final. Tudo como melhor consta do requerimento inicial, cujo duplicado se encontra nesta secretaria à disposição do citando – artos. 695º. nº1, 696º. nos 1e 2 e 720º, todos do C.P.C. E ainda que é obrigatória a constituição de advogado caso seja deduzida oposição (art. 74. do C.P.C.).
Em RAEM, 06 de Junho de 2017
AUTOS DE INTERDIÇÃO
CV3-17-0023-CPE
3º Juízo Cível
REQUERENTE:O MINISTÉRIO PÚBLICO.----------------------REQUERIDA: GEORGINA DA SILVA CHIANG, feminino, residente no Complexo de Serviços de Apoio ao Cidadão Sénior “Pou Tai”, sito no Edifício de Serviços Sociais de Pou Tai, na Rua do Minho, na Taipa, Macau. ***** FAZ-SE SABER que, foi distribuída neste Tribunal, em 25 de Maio de 2017, uma Acção de Interdição, com o número acima indicado, em que é Requerida, GEORGINA DA SILVA CHIANG, feminino, residente no Complexo de Serviços de Apoio ao Cidadão Sénior “Pou Tai”, sito no Edifício de Serviços Sociais de Pou Tai, na Rua do Minho, na Taipa, Macau, para efeito de ser decretada a sua interdição por anomalia psíquica.-----------------------------------------Macau, 5 de Junho de 2017.
ACÇÃO ORDINÁRIA Processo nº. CV3-17-0031-CAO
3º. Juízo Cível
AUTORES: LEI MAN CHEONG e CHIO KENG IENG, casados entre si, no regime da comunhão de adquiridos, residentes em Macau, na Rua de Nossa Senhora do Amparo, n.os 5B-5CA .-------------------------RÉUS: HERDEIROS INCERTOS DE HO-CHONG e demais INTERESSANDOS INCERTOS.---------
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FAZ-SE SABER que, por este Juízo e Tribunal, correm éditos de TRINTA (30) DIAS, contados da segunda e última publicação dos respectivos anúncios, CITANDO os HERDEIROS INCERTOS DE HO-CHONG e demais INTERESSANDOS INCERTOS que se julguem com a qualidade de herdeiros ou sucessores, ou que se arroguem sobre qualquer direito sobre o prédio infra referido, para no prazo de TRINTA (30) DIAS, contestarem, querendo, a Acção Ordinária, acima identificada, conforme tudo melhor consta da petição inicial, cujos duplicados se encontram neste 3º Juízo Cível à sua disposição e que poderão ser levantados nesta secretaria, sob pena de não o fazendo no dito prazo, seguir o processo os ulteriores termos até final à sua revelia. Se não contestarem, não se consideram reconhecidos os factos articulados pelos Autores. Consigna-se que é obrigatória a constituição de advogado, no caso de quererem contestar.-------------Em síntese, os Autores pedem que a acção seja julgada procedente por provada e, consequentemente: a) Ser julgado eficaz o depósito da quantia referida nos artigos 15.º e 18.º da presente Petição Inicial, b) Ser declarado extinto, por remição obrigatória do foro, nos termos conjugados dos arts. 1512.º e 1516.º do Código Civil de 1966, aplicáveis ex vi do disposto no artigo 25.º do Decreto-Lei n.º 39/99/M, de 3 de Agosto, o domínio directo sobre o Prédio descrito na Conservatória do Registo Predial de Macau sob o n.º 9928, a fls. 299 do Livro B26, e registado a favor de HO-CHONG sob o n.º 1827, a fls. 101v do livro F4 da Conservatória do Registo Predial de Macau;--------------------------------------------------------------------------c) Consequentemente, deverá ser ordenado, nos termos do disposto no art. 14.º do Código do Registo Predial, o cancelamento do registo do domínio directo inscrito a favor de HO-CHONG sob o n.º 1827, a fls. 101v do livro F4 da Conservatória do Registo Predial de Macau, com respeito ao Prédio (n.º 9928), mediante o competente averbamento na mencionada Conservatória;--------------------------------------------------------------d) Por último, serem os Autores declarados titulares do direito de propriedade plena sobre o referido Prédio (n.º 9928), para todos os efeitos legais, e nomeadamente de registo.------------------------------------------Caso os citandos pretendam beneficiar do regime geral de apoio judiciário, deverão dirigir-se ao balcão de atendimento da Comissão de Apoio Judiciário, sito na Alameda Dr. Carlos D’ Assumpção, nº 398, Edf. CNAC, 6º andar, Macau, para apresentarem os seus pedidos, sendo que poderão pedir esclarecimentos através do telefone n.º 2853 3540 ou correio electrónico info@caj.gov.mo. --------------------------------------------------Para o efeito, terão de comunicar ao processo a apresentação do pedido àquela Comissão, para beneficiar da interrupção do prazo processual que estiver em curso, nos termos do n.º 1, do art.º 20.º, da Lei 13/2012, de 10 de Setembro. ------------------------------------------------------------------------------------------Macau, 02 de Junho de 2017 *****
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SOCIEDADE
TRANSMAC PROMETE AVALIAR CARREIRA 25
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operadora de autocarros Transmac diz que vai avaliar o funcionamento da carreira 25, mas não promete, para já, voltar a operar este percurso. A garantia foi deixada após um encontro com representantes da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM). Segundo um comunicado, “os dirigentes da Transmac prometeram voltar a avaliar novamente a carreira número 25 para dar uma resposta satisfatória aos cidadãos e aos visitantes”. Contudo, a Transmac alegou que a carreira do autocarro 25 “é repetitiva com a de outros autocarros, tendo isso encurtada até ao centro do Coloane”. Na visão daATFPM, “tal não corresponde à realidade, face às partidas distintas de Macau”. “Este encurtamento da carreira 25 causa incómodo a muitos trabalhadores que residem na zona de Hac-Sá, mas que trabalham ou frequentam escolas na zona próxima das Portas do Cerco”, aponta o mesmo comunicado, que revela que a ATFPM considera que os dados da Transmac não correspondem à realidade. “A transferência de autocarros não poupa tempo, bem pelo contrário, pois o tempo de espera de autocarro durante a transferência aumentou mais tempo para fazer os percursos de ida e volta”, pode ler-se. O mesmo comunicado aponta que a ATFPM já recebeu cerca de 600 queixas de residentes e moradores da zona, que se mostram descontentes sobre o fim da linha 25. A Transmac prometeu “o aperfeiçoamento [do funcionamento dos autocarros], atendendo aos problemas de trânsito de Macau”.
DSSOPT CONSTRUÇÕES EM NÚMERO IDÊNTICO AO ANO PASSADO
Estão em fase de projecto 208 empreendimentos habitacionais privados que deverão resultar em mais de 22 mil casas. Os dados relativos ao primeiro trimestre deste ano, fornecidos pela Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes, não revelam, no geral, grandes alterações quando comparados com os números do final do ano de 2016. Para a construção de habitação privada foram emitidas nove licenças que integram cerca de 500 fracções, e estão em fase de construção, ainda sem vistoria e com vistoria a decorrer, 96 empreendimentos que podem dar origem a 11.531 fracções. Quanto às unidades hoteleiras, os números mantémse, igualmente, sem grandes alterações. Estão em construção 17 empreendimentos hoteleiros com capacidade para mais de 5000 quartos e em fase de projecto estão 33, que somam um total de 7840 quartos.
Solidariedade ABERTA CONTA PARA APOIO A VÍTIMAS DE INCÊNDIO EM PORTUGAL
O que nós podemos fazer
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INDA não é possível fazer um balanço definitivo da tragédia do passado fim-de-semana na zona centro de Portugal, mas há desde já uma certeza: dezenas de habitantes das várias localidades atingidas pelo incêndio de grandes dimensões ficaram sem casa, sem bens de primeira necessidade e, muitos deles, sem forma de sustento. Em Portugal, rapidamente se criaram redes de apoio para as necessidades mais urgentes, com o Governo a ter dificuldades logísticas em gerir todos os bens que têm sido enviados para a zona afectada. Por cá, à distância, a Casa de Portugal em Macau (CPM) não quis deixar de dar o seu contributo e apelar à solidariedade dos residentes. Ontem, pela manhã, foi aberta uma conta no Banco Nacional Ultramarino que se destina a recolher apoios para as vítimas das chamas em Pedrógão Grande. “Já está aberta uma conta. Vamos começar a divulgá-la”, explicou ao HM Amélia António, presidente da
A Casa de Portugal abriu uma conta bancária específica de recolha de donativos para as vítimas do incêndio em Pedrógão Grande. No Consulado-Geral de Portugal, há um livro de condolências para assinar. O Chefe do Executivo enviou uma carta a Marcelo Rebelo de Sousa CPM. “Destina-se a auxiliar as vítimas, para aquilo que vier a revelar ser o mais importante.” O incêndio que deflagrou no sábado à noite (hora de Macau) no concelho de Pedrógão Grande, no distrito de Leiria, fez pelo menos 62 mortos e 62 feridos. À hora de fecho desta edição, continuava a ser impossível controlar as chamas, que se tinham alastrado para os distritos vizinhos de Castelo Branco e Coimbra.
pesar. Já ontem foi possível, durante a tarde, assinar um livro de condolências. Quem quiser juntar-se à iniciativa poderá fazê-lo também hoje, entre as 10h e as 16h30, dirigindo-se à representação diplomática. Tanto à presidente da CPM, como ao cônsul-geral de Portugal não chegaram informações sobre residentes portugueses no território naturais das zonas mais afectadas.
MANIFESTAR O PESAR
A CARTA DE CHUI SAI ON
Não há memória de um incêndio com tamanho número de vítimas mortais. A dimensão da tragédia levou o Governo a decretar três dias de luto nacional. Também o Consulado-Geral de Portugal em Macau se associou à manifestação de
Ao final da tarde de ontem, o Gabinete do Porta-voz do Governo enviou um comunicado às redacções em que explicava que o Chefe do Executivo transmitiu condolências ao Presidente da República de Portugal pelo incêndio de Pedrógão Grande.
Na carta enviada a Marcelo Rebelo de Sousa, Chui Sai On transmitiu, em seu nome e em nome do Governo da RAEM, “os sentimentos do profundo pesar pelo devastador incêndio que atingiu as florestas em volta de Pedrógão Grande, com graves consequências humanas”. O líder do Executivo endereçou ainda “as mais sentidas condolências às vítimas e às suas famílias”, e expressou “a solidariedade a todos os envolvidos nesta tragédia, e igualmente a todos aqueles que, no terreno e em circunstâncias críticas, continuam a combater este terrível incêndio”. 9014444997 Número da conta do BNU Isabel Castro (com Sofia Mota) info@hojemacau.com.mo
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LMA HOJE HÁ ROCK DO CONTINENTE
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STA noite, o 11º andar do número 50 da Coronel Mesquita vai-se encher de música independente. O som vem de uma das mais emblemáticas bandas da China Continental, os P.K.14. De acordo com a apresentação do evento, os P.K.14 “ocupam um espaço na música chinesa que pode ser análogo ao dos Talking Heads ou dos Television na década de 70”. À boa maneira do rock, os convidados do LMA são ainda uma das bandas que não segue tendências “da moda”, sendo que, ainda assim, são inspiração às formações mais recentes em Pequim. Os P.K.14 já contam com 20 anos de carreira. Nasceram em 1997 na cidade de Nanjing e, em Maio de 1999, fizeram a primeira parte do concerto dos suecos “The (International) Noise Conspiracy” em Xangai. O sucesso não tardou e, em 2001, lançaram o álbum “Upstairs, Turn Left”. Desde então, o nome P.K.14 consta do topo da lista das bandas chinesas mais relevantes e influentes na cena musical independente. A banda é composta pelo vocalista e produtor Yang Haisong, na guitarra está Xu Bo, e Shi Xudong e Jonathan Leijonhufvud estão no baixo e na bateria, respectivamente. Os P.K.14 já contam com cinco álbuns, o último feito em 2013. Apesar de cantarem exclusivamente em mandarim, os melómanos não deixam de aplaudir os P.K.14 “pela profundidade das letras e pela criação de um bonito caos pós-punk”. Prova disso é o aparecimento da banda em muitas compilações internacionais dedicadas ao rock alternativo. S.M.M.
A exposição que está patente no Clube Militar até sábado será, talvez, a primeira a mostrar obras de pintores surrealistas portugueses, incluindo as de Cruzeiro Seixas. José Duarte, ligado à Associação para a Promoção das Actividades Culturais, gostava de fazer uma exposição só com as obras de um dos fundadores do surrealismo português
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ACAU cruzou-se na vida do pintor Cruzeiro Seixas antes dos 30 anos, quando teve de cumprir o serviço militar obrigatório. Décadas depois, este pedaço de terra a Oriente volta a cruzar-se na sua vida, ainda que à distância. Aos 96 anos, Cruzeiro Seixas expõe pela primeira vez obras suas em Macau.
HOJE MACAU
Surrealismo OBRAS DE CRUZEIRO SEIXAS PELA PRIMEIRA VEZ EM MACAU
EVENTOS
O CULTO DO
O pintor, considerado um dos nomes mais sonantes do surrealismo português ainda vivo, após a morte de Mário Cesariny, vive hoje na Casa do Artista, mas não conseguimos estabelecer contacto telefónico para falar do facto de ter, pela primeira vez, quadros seus e serigrafias expostas numa sala do Clube Militar.
À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA CORRUPÇÃO • C. J. Sansom
O ataque a França levado a cabo por Henrique VIII não correu conforme esperado e agora uma enorme frota de navios de guerra franceses está estacionada no Canal da Mancha preparada para a revanche. Enquanto a armada inglesa se organiza em Portsmouth, o reino procura recrutar homens para formar o maior exército de sempre. É neste ambiente conflituoso que o serjeant Shardlake receberá um pedido de ajuda da rainha Catherine Parr, para investigar o estranho suicídio do filho de uma antiga criada e a petição que este havia requerido contra a família Hobbey, para quem trabalhara como precetor.
José Duarte, ligado à Associação para a Promoção das Actividades Culturais (APAC), fez-nos a visita guiada. O também economista, apaixonado pela arte e pelo surrealismo, falou das dificuldades que foi obter toda a obra do artista, já parcialmente dispersa, ainda que a grande maioria do espólio tenha sido entregue pelo
próprio autor à Fundação Cupertino Miranda. “As obras de Cruzeiro Seixas não aparecem assim muito no mercado. Algumas serigrafias vão aparecendo, obras originais nem tanto, e é mais difícil. Julgo que conseguimos fazer aqui uma exposição que é interessante e equilibrada, e tem significado na sua apresentação”, referiu.
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ALEMANHA ENSANGUENTADA • Aquilino Ribeiro
Dois anos depois de terminar a Primeira Grande Guerra, Aquilino revisitou a Alemanha (país em que vivera por uns meses em 1912, em Berlim e em Parchin, e em que casara, em 1913, com Grete Tiedemann, de Meclemburgo, que conhecera na Sorbonne). Dessa viagem deixou um diário, mais tarde publicado sob o título de “Alemanha Ensanguentada” (1935). Neste texto, são visíveis as contradições e as hesitações num país saído de uma guerra havia dois anos, com difícil aceitação do acordado em Versalhes, assim como se evidencia a capacidade de perscrutar o ser humano, que Aquilino detinha, num exercício de leitura de rostos, de gestos, de tempos.
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DO IMAGINARIO ´
em geral, também está representado”, referiu o mentor da exposição.
O HOMEM EM ÁFRICA
Mas nem só de Cruzeiro Seixas se faz esta iniciativa. José Duarte destaca os nomes de Alfredo Luz e João Paulo como símbolos de uma geração contemporânea de surrealistas. “Esta é uma exposição com três artistas que, embora com estilos muito diferentes, facilmente identificamos os seus quadros, porque
têm um estilo muito marcado. Todos eles são influenciados pelo surrealismo, mas é uma interpretação que é discutível”, disse José Duarte. Cruzeiro Seixas esteve nos primórdios do movimento surrealista, e estão patentes obras que datam dos anos 70 e 80. Alfredo Luz e João Paulo são mais contemporâneos, com
“BE COOL” FIM-DE-SEMANA DE ALERTA CONTRA ESTUPEFACIENTES
diferentes traços e interpretações, mas a génese é a mesma. “Temos obras de Cruzeiro Seixas centradas em seres fantásticos, num mundo que está para lá do real, e temos Alfredo Luz e João Paulo, que são obras diferentes, mais figurativas, representando cenas do quotidiano. Julgo que este mundo de Cruzeiro Seixas, do fantástico e do surrealismo
A Praça da Amizade vai ser o palco da próxima actividade do projecto “Be Cool”, da Associação de Reabilitação de Toxicodependentes de Macau. Com data marcada para o próximo domingo, com a iniciativa pretende-se alertar a população para as questões ligadas ao consumo e tráfico de estupefacientes. Celebrado no Dia Internacional contra o Uso e Tráfico Ilícito de Drogas, a organização quer “aproximar as diferentes comunidades que vivem em Macau para a tomada de consciência de que o abuso de drogas é um problema que afecta muitas famílias, independentemente do género, religião, etnia ou estatuto social”. Do programa consta a realização de jogos, apresentação de espectáculos de dança e quiosques de venda de vários produtos.
Serão duas montanhas que falam uma com a outra com as cabeças, ou são duas montanhas que ganharam inteligência? A obra “Montes Comunicantes”, de Alfredo Luz, leva a muitas interpretações. Nascido em 1951, o pintor português tem, no Clube Militar, “obras que têm que ver com o quotidiano, encontros, viagens”, tendo, todas elas, “uma dimensão do fantástico”, conta José Duarte. Não foi fácil obter o espólio que está patente no Clube Militar até ao próximo dia 24. Foram feitos muitos contactos junto de galerias e de coleccionadores a título individual. No caso de João Paulo, pintor nascido em Arganil em 1928, já falecido, foi a viúva que concedeu grande parte das suas obras. Os quadros expostos mostram, na visão de José Duarte, o percurso do homem como artista. “Vemos que há cinco fases distintas na evolução dele como pintor. Penso que a presença dele em África teve muita influência. Há também o fantástico, mas inspirado em situações do real. Estas são obras do espólio da sua viúva, e por isso é que foi possível ter uma exposição desta dimensão com a obra original. Vemos aqui uma evolução do artista nos temas e na forma de se exprimir.” Apesar de pertencerem a gerações diferentes, os três pintores formaram-se na António Arroio, em Lisboa.
MUITAS VISITAS
A exposição faz parte do programa de comemorações do 10 de Junho, que foi intitulado “Mês de Portugal” e tem sido um sucesso. “Os primeiros dias tiveram uma grande afluência. Sem contar com o dia de abertura, nos primeiros quatro dias tivemos cerca
EVENTOS
de 500 pessoas. No pior dia de chuva ainda conseguimos ter 40 pessoas, o que acho extraordinário. Quando se faz um esforço destes espera-se que tenha algum impacto, mas espera-se que as pessoas venham e gostem de ver.” Margarida Saraiva, investigadora e fundadora da organização cultural BABEL, não destaca apenas o facto desta ser, talvez, a primeira exposição surrealista em Macau, mas lembra a importância que tem na divulgação da arte portuguesa. “Considero que é fundamental esta iniciativa. É um passo muito grande em termos de afirmação da presença portuguesa em Macau e vem na mesma linha de afirmação de uma presença cultural portuguesa em Macau que se quer cada vez mais forte”, afirma.
“As obras de Cruzeiro Seixas não aparecem assim muito no mercado. Julgo que conseguimos fazer aqui uma exposição que é interessante e equilibrada.” JOSÉ DUARTE ASSOCIAÇÃO PARA A PROMOÇÃO DAS ACTIVIDADES CULTURAIS Como um apaixonado pelo surrealismo, José Duarte não quer ficar por aqui. “Teria muito gosto de fazer uma exposição só de Cruzeiro Seixas ou só do surrealismo português em Macau, mas esse é um projecto mais arriscado, que necessita de mais tempo. São obras mais dispersas, mais difíceis de obter.” O responsável da APAC considera que é preciso recordar e divulgar mais não só o surrealismo, como outros géneros de arte portuguesa. “Não diria que o surrealismo português está esquecido. Aqui onde nós vivemos se calhar há um esforço que deve ser feito em prol da divulgação da arte portuguesa, não só do surrealismo.”
HONG KONG FORMAÇÃO NAS ARTES DE PALCO
Andreia Sofia Silva
andreia.silva@hojemacau.com.mo
A segunda edição de “What Is Stage: Dynamics of Seeing” vai, este ano, ter uma dupla perspectiva. Com o foco na obra do cenógrafo holandês Jan Versweyveld, em destaque vão estar 11 películas relativas ao seu trabalho. Os filmes serão divididos em três sessões, sendo que após as duas primeiras terá lugar a segunda parte do programa: a concretização de um espaço de discussão. De acordo com a organização, a iniciativa é dirigida aos profissionais de teatro, aos estudantes de artes performativas e àqueles que apresentem conhecimentos básicos no que respeita a design de palco. “What Is Stage: Dynamics of Seeing” decorre entre 29 de Julho e 12 de Agosto na Academia de Artes Performativas de Hong Kong.
12 CHINA
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ONG’s UE DEVE SUSPENDER DIÁLOGO COM A CHINA SOBRE DIREITOS HUMANOS
progresso chinês nos Direitos Humanos, incluindo “a libertação de individuais, detidos, presos ou desaparecidos, pelo exercício pacífico dos seus direitos básicos, incluindo criticar o Governo chinês”.
À espera de melhores dias
A
União Europeia “deve cancelar” o diálogo sobre direitos humanos que tem marcado com a China e “suspender” este intercâmbio, “até que traga genuínas melhorias” ao país asiático nesta área, apelaram ontem várias organizações não-governamentais. Em comunicado, sete ONG, incluindo a Amnistia Internacional e a Human Rights Watch, lembram que a União Europeia (UE) se comprometeu a “colocar todo o seu peso na defesa da liberdade, democracia e direitos humanos em todo o mundo”. No entanto, não tem demonstrado intenção de travar a corrente de abusos dos Direitos Humanos na China, referem. As organizações lembram que Bruxelas não apelou à libertação de presos políticos, durante a cimeira UE-China, no início de Junho, ou celebrou o aniversário do Massacre da Praça de Tiananmen, em 4 de Junho.
“A UE não devia prejudicar a sua própria credibilidade, mas antes redireccionar os seus esforços no sentido de trazer mudanças credíveis na China”, acrescenta.
DA INUTILIDADE
O próximo diálogo UE-China na área dos Direitos Humanos está marcado para os dias 22 e 23 de Junho, em Bruxelas.
Aquele encontro conta, porém, com uma “participação governamental de baixo nível” do lado da China e “está desde o início comprometido com a falta de objectivos claros de progresso, vulnerabilidade à pressão chinesa e exclusão de vozes chinesas independentes”, apontam as organizações.
“Como resultado, o diálogo deteriorou-se progressivamente até um exercício cujo propósito é sobretudo assegurar mais uma ronda de diálogos, e não trazer alterações significativas na China”, afirma. A mesma nota lembra que as sete organizações de defesa dos Direitos Humanos têm feito ao longo da
última década “várias recomendações” sobre como o diálogo pode ser melhorado, mas que “poucas foram aceites”. “A UE devia suspender o diálogo, ao invés de proceder com um encontro de baixo nível e inútil”, referem. E apelam ainda a que os países europeus estabeleçam metas claras para o
“Em vez de um encontro que visa promover os Direitos Humanos, o diálogo ChinaUE tornou-se um álibi para os líderes europeus evitarem questões delicadas em outras discussões de alto nível” COMUNICADO DE SETE ONG’S “Em vez de um encontro que visa promover os Direitos Humanos, o diálogo China-UE tornou-se um álibi para os líderes europeus evitarem questões delicadas em outras discussões de alto nível”, aponta.
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Os bons parceiros
Maior cooperação com Brasil nos sectores fiscal e financeiro
EDITAL Notificação da decisão final relativa à reparação de prédio em mau estado de conservação Edital n.º :25/E-AR/2017 Processo n.º : 16/AR/2009/F Local : Rua do Bispo Medeiros n.º 2, Edf. Iau Yan, Macau.
Cheong Ion Man, subdirector da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), no uso das competências delegadas pelo Despacho n.º 03/SOTDIR/2017, publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) n.º 13, II Série, de 29 de Março de 2017, faz saber que ficam notificados os condóminos e inquilinos ou demais ocupantes do prédio acima indicado, do seguinte: Em conformidade com o Auto de Vistoria da Comissão de Vistoria constante no processo a decorrer nesta Direcção de Serviços, as paredes exteriores do prédio acima indicado encontram-se em mau estado de conservação e carecem de reparação, pelo que, nos termos do n.º 2 do artigo 54.º do Decreto-Lei n.º 79/85/M (Regulamento Geral da Construção Urbana) de 21 de Agosto, ficam os interessados notificados da decisão final relativa à sua reparação. No uso das competências delegadas pela alínea 12) do n.º 2 do Despacho n.º 11/SOTDIR/2016, publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) n.º 21, II Série, de 25 de Maio de 2016, o Chefe do Departamento de Urbanização da DSSOPT, Lai Weng Leong, homologou o Auto de Vistoria acima indicado através de despacho de 6 de Setembro de 2016. De acordo com os artigos 93.º e 94.º do Código do Procedimento Administrativo (CPA), aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, foi realizada, no seguimento de notificação por edital publicado nos jornais em língua chinesa e em língua portuguesa de 13 de Setembro de 2016, a audiência escrita dos interessados, mas não foram carreados para o procedimento elementos ou argumentos de facto e de direito que pudessem conduzir à alteração do sentido da decisão de ordenar a reparação das paredes exteriores do prédio acima indicado. Nos termos do n.º 2 do artigo 54.º do RGCU e por despacho de 05 de Junho de 2017, ordena aos interessados que procedam, no prazo de 60 dias contados a partir da data da publicação do presente edital, à sua reparação. Para o efeito, de acordo com as disposições do RGCU, os interessados deverão apresentar nestes Serviços o Pedido da Aprovação de Projecto (de Alteração) da Obra de Reparação / Conservação, no prazo de 10 dias contados a partir da data da publicação do presente edital. O impresso do respectivo pedido está disponível na página electrónica da DSSOPT. Findo o prazo acima referido, caso os interessados não tenham dado cumprimento à respectiva ordem, esta Direcção de Serviços aplicar-lhes-á a multa prevista nos artigos 66.º e 67.º do RGCU. Na falta de pagamento voluntário da despesa, nos termos do n.º 1 do artigo 142.º do CPA, proceder-se-á à cobrança coerciva da quantia em dívida pela Repartição das Execuções Fiscais da Direcção dos Serviços de Finanças. Nos termos do n.º 1 do artigo 59.º do RGCU e das competências delegadas pelos n.os 1 e 4 da Ordem Executiva n.º 113/2014, publicada no Boletim Oficial da RAEM, Número Extraordinário, I Série, de 20 de Dezembro de 2014, da decisão do presente edital cabe recurso hierárquico necessário para o Secretário para os Transportes e Obras Públicas, a interpor no prazo de 15 dias contados a partir da data da publicação do presente edital. RAEM, 05 de Junho de 2017
Pelo Director dos Serviços O Subdirector Cheong Ion Man
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S vice-ministros das Finanças do Brasil e China concordaram no domingo, em Xangai, aprofundar a cooperação nos sectores fiscal e financeiro, informou ontem a agência noticiosa oficial chinesa Xinhua. O encontro decorreu na véspera dos ministros das Finanças e governadores dos bancos centrais do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, o bloco de países emergentes designado BRICS, se reunirem. Marcello Estevão, vice-ministro da Fazenda brasileiro, e o seu homólogo chinês, Shi Yaobin, “celebraram acordos” em questões de “política macroeconómica, reformas estruturais e cooperação no âmbito do G20 e do BRICS”, escreve a agência. Os dois responsáveis abordaram ainda a cooperação nos sectores financeiro, investimento e política fiscal, acrescenta. “A China está disposta a aprofundar a coordenação nas políticas macroeconómicas com o Brasil para melhorar
a governação global e procurar maior potencial nos investimentos bilaterais”, afirmou Shi Yaobin, citado pela Xinhua. A China é o primeiro parceiro comercial do Brasil e o seu maior investidor externo. Os dois países fazem ainda parte do G20 e do BRICS. Marcelo Estevão afirmou que os dois países têm “muito potencial” para cooperarem, acrescentando que como mercados emergentes e membros do BRICS, as duas nações contribuíram para a economia mundial.
ESTRATÉGIA CONJUNTA
Em Pequim, os ministros dos Negócios Estrangeiros do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul discutiram as alterações climáticas, o comércio e o terrorismo, visando alinhar posições em assuntos chave, numa altura em que o Presidente norte-americano, Donald Trump, retirou os Estados Unidos de acordos multilaterais como o acordo de Paris para o clima e o Acordo de Associação Transpacífico (TPP).
O ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, afirmou que, no próximo ano, a China planeia ter uma cooperação mais abrangente em áreas como o comércio e investimento, com os países do BRICS. No conjunto, aqueles países compõem quase 40% da população mundial e 20% da economia global. Todos os cinco países são membros do G20, apesar de as suas perspectivas económicas se terem deteriorado, sobretudo no Brasil, África do Sul e Rússia. O ministro dos Negócios Estrangeiros de África do Sul, Maite Nkoana-Mashabane, apontou as alterações climáticas como uma questão principal. “Existe um clima e para as futuras gerações devemos empregar todos os esforços ao nosso dispor para reverter os efeitos das alterações climáticas”, disse. Nkoana-Mashabane apontou ainda a necessidade em unir esforços para combater o terrorismo. Os líderes dos cinco países vão reunir-se, em Setembro, na cidade chinesa de Xiamen.
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REGIÃO
PYONGYANG ACUSA EUA DE APREENDER MALA DIPLOMÁTICA
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Coreia do Norte acusou no domingo as autoridades norte-americanas de terem agredido diplomatas norte-coreanos no aeroporto John F. Kennedy, em Nova Iorque, e confiscado a mala diplomática que eles transportavam. Segundo o ministério dos Negócios Estrangeiros norte-coreano, citado pela agência oficial KCNA, funcionários norte-americanos confiscaram a mala diplomática de diplomatas que se preparavam para regressar a Pyongyang depois de assistirem a uma conferência em Nova Iorque. Pyongyang pediu a Washington explicações sobre o incidente, que classificou como “uma provocação”, de acordo com a mesma fonte. “Como os diplomatas estavam a oferecer forte resistência, foi-lhes confiscada a mala diplomática
recorrendo a violência física”, afirmou o MNE norte-coreano. A delegação da Coreia do Norte encontrava-se em Nova Iorque para assistir à conferência dos países signatários da Convenção sobre os Direitos das Pessoas Deficientes, indicou a KCNA. O MNE norte-coreano pediu à comunidade internacional para considerar “seriamente” outro local que não Nova Iorque para organizar conferências internacionais de primeiro plano. A Coreia do Norte, que tem um balanço negro em matéria de direitos humanos, está isolada na cena internacional devido às suas ambições nucleares. O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou que fará da resolução dos problemas da península coreana uma questão prioritária do seu mandato.
Kang Kyung-wha
SEUL PEDE APOIO DA ONU PARA RESOLVER CRISE NA COREIA DO NORTE
BIRMÂNIA RECUPERADA CAIXA NEGRA DE AVIÃO QUE SE DESPENHOU
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QUIPAS de resgate birmanesas recuperaram a caixa negra do avião militar que se despenhou há 12 dias, no mar de Andamão, com mais de uma centena de pessoas a bordo, noticiou ontem a imprensa estatal. Os dispositivos de gravação de dados de voo e de voz do ‘cockpit’foram encontrados na cauda da aeronave, segundo o diário Global New Light of Myanmar. O fragmento do avião foi retirado da água no domingo, com a ajuda de bolsas de ar depois de ter sido localizado na passada quinta-feira, a aproximadamente 35 metros de profundidade, por ter ficado preso nas redes de um pesqueiro.
As autoridades resgataram, até ao momento, 92 corpos. A bordo do avião seguiam 90 passageiros, entre militares e familiares dos soldados, e 14 tripulantes. O aparelho, um Y-8F200 de fabrico chinês, descolou no dia 7 de Junho da cidade de Myeik com destino a Rangum e desapareceu do radar depois de sobrevoar a cidade de Dawei, a cerca de cem quilómetros do aeroporto de partida. As operações de busca pelos desaparecidos prosseguem, mas têm sido dificultadas pelas intensas chuvas e forte ondulação na zona, provocadas pelas monções.
Mãozinha de Guterres
A
nova ministra dos Negócios Estrangeiros da Coreia do Sul, Kang Kyung-wha, pediu, no domingo, ao secretário-geral da ONU um forte apoio por parte do órgão para que se alcance a desnuclearização do regime norte-coreano. Kang Kyung-wha falou ao telefone com António Guterres no domingo, logo depois de ser oficialmente designada para o cargo pelo Presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, segundo informou ontem a diplomacia sul-coreana em comunicado. A nova ministra dos Negócios Estrangeiros garantiu a Guterres que a Coreia do Sul vai continuar a trabalhar com as Nações Unidas para resolver a crise que o programa nuclear e de mísseis
da Coreia do Norte gera, e para “melhorar a situação dos direitos humanos no hermético país”, tendo-lhe solicitado um forte apoio neste domínio, indica a mesma nota oficial. Por seu lado, o secretário-geral da ONU comprometeu-se a apoiar as metas de Seul e expressou o desejo de que as relações entre o organismo internacional e a
Coreia do Sul continuem a crescer “com base na extensa experiência que Kang teve nas Nações Unidas”.
COM CURRÍCULO
Kang, a primeira mulher a chefiar a diplomacia na Coreia do Sul, começou a trabalhar na missão sul-coreana na ONU em 2001. Em 2007 foi nomeada Alta-comissária adjunta dos
A nova ministra dos Negócios Estrangeiros garantiu a Guterres que a Coreia do Sul vai continuar a trabalhar com as Nações Unidas para resolver a crise que o programa nuclear e de mísseis da Coreia do Norte gera, e para “melhorar a situação dos direitos humanos no hermético país”,
Direitos Humanos da ONU e em 2013 subsecretária-geral para os Assuntos Humanitários antes de se tornar, no mesmo ano, assessora especial para assuntos políticos do próprio diplomata português. Kang foi designada para o cargo de ministra dos Negócios Estrangeiros da Coreia do Sul no final de Maio, mas a sua nomeação oficial atrasou-se devido às fortes objecções por parte da oposição. Apesar de o parlamento não ter poder para vetar a sua designação, os blocos da oposição teceram duras críticas a Kang nomeadamente por, no passado, ter alegadamente falsificado a sua morada para que a sua filha pudesse frequentar uma determinada escola, e supostamente ter fugido a impostos.
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o ofício dos ossos
ARTES, LETRAS E IDEIAS
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Que faremos quando tudo arde? REMBRANDT, O BOI ESQUARTEJADO
A
TÉ agora, 62 mortos. É possível que sejam mais, consequência de um dos piores incêndios de que há memória. Que fazemos? O governo diz que a culpa é do calor e da trovoada seca. A oposição diz que a culpa é do governo e da péssima gestão dos recursos disponíveis. O governo diz que a culpa é das péssimas decisões que a oposição tomou quando era governo. A oposição, por sua vez, garante ter feito sempre mais enquanto governo do que o governo actual. O governo assegura não somente ter feito mais nas suas anteriores encarnações enquanto governo como afiança ter sido mais exigente, enquanto oposição, com a oposição quando esta foi governo. A oposição indigna-se com a genealogia da culpa como meio de aproveitamento político. O governo apela ao recato num momento de consternação nacional e está chocado com a forma como a oposição desrespeita o pedido de silêncio. Entretanto, que fazemos? O presidente da liga dos bombeiros diz que “quando a natureza está zangada, é muito difícil de contrariar”. A PJ garante ter identificado a árvore suspeita pela deflagração das chamas. O tudólogo Marques Mendes faz saber que assistiu a tragédia de forma tranquila, em casa. Ficamos sem saber se temos de sacrificar uns cordeiros para apaziguar a natureza zangada, se empreendemos uma verificação maciça do cadastro criminal das árvores portuguesas ou se seremos algum dia capazes de dar um uso a Marques Mendes para além de soporífero nacional que, embora lhe sendo muito adequado o papel, não lhe faz jus às enormes potencialidades que todos lhe reconhecem. A Judite de Sousa, numa tentativa de desanuviar o pesar nacional, faz um remake do sketch dos Monty Python onde estes entrevistam três pessoas mortas sobre a vida depois da morte. A coisa não corre bem e milhares de pessoas justamente indignadas partilham indignadíssimas um screenshot onde esta aparece ao lado de um cadáver. A coisa não corre bem e outros tantos milhares indignam-se com o despudor da Judite de Sousa e com aqueles que partilharam a imagem. A
Valério Romão
Marcelo Rebelo de Sousa tornou-se o ursinho de peluche de todos os portugueses, o objecto de segurança no qual a pátria se refugia quando se ouve rosnar por debaixo da cama
onda de indignação cresce até rebentar, mansa, num gif de um gatinho a comer uma banana que algum distraído postou. Os portugueses, solidários, acorrem aos bombeiros com mantimentos. A ministra da administração interna, até aí conhecida unicamente por tirar o secretário de estado do caminho para a selfie televisiva com o presidente da república, diz os portugueses para pararem, que já não há arrumação para tanta generosidade. Entretanto, o presidente da república diz que não se poderia ter feito mais antes mesmo de saber cabalmente o que aconteceu e o que foi feito. Marcelo Rebelo de Sousa tornou-se o ursinho de peluche de todos os portugueses, o objecto de segurança no qual a pátria se refugia quando se ouve rosnar por debaixo da cama. Do anterior presidente, diz-se que o deveriam ter tirado do formol comatoso antes de o colocarem em funções. Deste, que se poderá dizer? Chegará naturalmente ao fim do segundo mandato como companheiro preferido das fotos de perfil do Facebook e, a querer, não lhe faltará trabalho como sol dos Teletubbies. Três dias de luto. Tenho a certeza de que se encomendarão estudos e pareceres a comissões especializadas sobre o que aconteceu e como evitálo. Como sempre se fez. Entretanto, as caixinhas de comentários dos jornais estão atafulhadas de especialistas instantâneos em incêndios. Toda a gente tem qualquer coisa a dizer sobre tudo, o que naturalmente ocorre nas sociedades em que o valor do conhecimento é inversamente proporcional à quantidade de opiniões produzidas. No fundo, somos todos o Trump na cimeira da NATO, a ministra da administração interna ao lado do presidente da república num directo: aparecer, já há muito, tornouse sinónimo de ser. Cumprimentos do Andy Warhol. Entretanto, que fazemos? Transferimos dinheiro mediante chamadas telefónicas em que dez dos sessenta cêntimos ficam retidos para proveito privado e o IVA para proveito do estado (que é, claramente, o de todos nós, bem assegurado). Nada de novo. Resta-nos chorar os nossos mortos e esperar que arrefeça.
15 hoje macau terça-feira 20.6.2017
máquina lírica
Paulo José Miranda
Equívocos de juízo acerca dos escritores H
OJE vivemos num mundo em que queremos que os escritores sejam excelentes cidadãos e aceitamos que os políticos sejam maus cidadãos. Quantas pessoas se escandalizam ao saberem, ou verem, que o escritor ou poeta que tanto admiravam, é um bêbado em público? Como se isso não fosse natural. Quantos escritores e poetas ao longo dos tempos não eram bêbados? Fernando Pessoa, Charles Bukowski, James Joyce, Tenesse Williams, Dylan Thomas, Ernst Hemingway, Edgar Alan Poe, Serguei Iessienin, Camões, Li Bai... Por isso, tem de se traçar uma linha entre o escritor e a pessoa. Podemos evidentemente não querer privar com um escritor bêbado, mas não devemos deixar que esse comportamento vá influenciar a leitura dos seus livros. Provavelmente seria pesaroso para muitos privar com Dylan Thomas ou James Joyce, pelas histórias que se contam, mas não deixamos de ler os seus livros por causa disso, mesmo que fôssemos seus contemporâneos. Não me parece uma condição necessária a um escritor, a sobriedade, contrariamente a um político. E se em relação à bebida estamos conversados, pois talvez todos concordem com o que aqui foi escrito, ainda que possam depois não o praticar, a verdade é que em relação às posições políticas dos escritores a concordância fica muito mais difícil. Conheço pessoas que não lêem ou não valorizam um poeta ou um escritor, apenas porque ele é politicamente de direita. Como se ser de direita fosse equivalente a escrever mal! Como se tantos e tantos bons escritores e poetas ao longo dos tempo não tivessem posições de direita nas suas vidas! O grande dramaturgo norueguês Hentik Ibsen dizia, algo controversamente, que o escritor é por natureza um animal conservador no modo como conduz a sua vida e revolucionário no modo como escreve. Talvez se estivesse a ver a si mesmo, mas no fundo o que ele está também a dizer é que um escritor deve ser julgado pelo que escreve e não pela vida que leva. E por falar em norueguês, temos
Sem dúvida, um escritor é um humano. E deve ser julgado como humano na sua praxis e como escritor na sua actividade. Aqueles a quem devemos julgar pelas suas acções são os políticos, pois esses têm o dever de ser exemplos um dos maiores escritores do século XX, que era não apenas de direita, mas de direita reaccionária, Knut Hamsun. Contrariamente ao professor Georg Steiner, que é judeu e separa completamente o trabalho intelectual de um autor do cidadão que esse autor foi, o professor Harold Bloom não o consegue fazer, invocando o que esses cidadãos fizeram de mal ao povo judeu, não conseguindo claramente separar o escritor do cidadão. Por isso vemos fora do seu Cânone Ocidental, autores como Kunt Hamsun, Pirandello ou Céline. Mas numa livraria de Telaviv encontrei livros de Céline, mostrando-me que a nação judaica consegue fazer essa separação.
Por outro lado, hoje, se um escritor tem a ingenuidade de dizer numa rede social que é de direita, erguer-se-ão vozes, que em breve se multiplicarão em milhares, a acusá-lo de fascista, acrescentando que não irão ler mais livro nenhum dele (caso o tenham feito antes). E o mesmo acontecerá se um escritor escrever no seu mural de Facebook: eu sou comunista. De um lado e do outro formam-se fileiras de exércitos de opiniões, acusando a escrita deles. Conheço quem não leia José Saramago por ele ter sido comunista a vida toda. E conheço quem o leia apenas porque ele foi comunista a vida toda. Qualquer um
destes leitores está errado. Pois se José Saramago ao escrever não fosse muito maior do que era enquanto cidadão, não valaria a pena lê-lo. Qualquer grande escritor é muito maior a escrever do que é enquanto pessoa. É precisamente por isso que ele é um grande escritor: porque escreve acima daquilo que é como cidadão. E este equívoco estende-se a muitas facetas das nossas vidas. Por vezes, ao se falar de futebol, oiço alguém a criticar o jogador Cristiano Ronaldo por ele ser vaidoso ou por outras idiossincrasias da sua personalidade. Ora, aquilo que deve interessar na apreciação de um jogador de futebol é o seu desempenho entre as quatro linhas do relvado. Fora das quatro linhas, o Cristiano Ronaldo interessa-me apenas na medida em que também me interessa um habitante distante das Maldivas, isto é, espero que não sofra. Esta crescente confusão entre a excelência de uma actividade e a cidadania tem vindo a aumentar com as chamadas redes sociais. Estas, como promotoras de opiniões que são, tendem a julgar as actividades das pessoas pelo comportamento delas. E isto acontece, porque as pessoas naturalmente querem falar, querem fazer-se ouvir, e também porque é mais fácil julgar alguém a cair de bêbado ou uma frase que escreve no Facebook do que ler os livros que ele escreveu. Sem dúvida, um escritor é um humano. E deve ser julgado como humano na sua praxis e como escritor na sua actividade. Aqueles a quem devemos julgar pelas suas acções são os políticos, pois esses têm o dever de ser exemplos. Evidentemente, não falo da vida privada, falo da vida pública. Um político deve ser exemplar. Não um escritor, um cantor, um cineasta ou um jogador de futebol. Devemos exigir decência a Donald Trump, a Vladimir Putin, a Marcelo Rebelo de Sousa, e julgá-los por isso, e não a Bukowski, Iessienin ou Pessoa (ainda que, como cidadão, qualquer um deles deva ser julgado pela sua cidadania ou falta dela).
16 DESPORTO
hoje macau terça-feira 20.6.2017
LIGA DE ELITE
Tetra à vista TATIANA LAGES
B
E N F I C A 2 vs 0 CPK. Muita expectativa para o jogo de sábado para saber se tínhamos um líder diferente a duas jornadas do fim em relação aos últimos dois anos(hà três anos era o Sporting o líder perdendo a liderança na última jornada),mas o Benfica quis voltar ao seu habitat e numa exibição com menos brilho do que costuma fazer mas com muita vontade em recuperar o que era seu durante a maioria do campeonato. O jogo não foi muito espectacular, muita bola pelo ar, ramente se viu uma jogada com mais do que três passes seguidos e pouca construção de jogo a partir das linhas recuadas, muito por culpa do tempo que se fez sentir, chuva intensa praticamente todo o jogo. Ambas equipas apostavam num futebol directo e na recuperação das segundas bolas para começar a construir a partir no meio campo ofensivo. O CPK foi o primeiro adaptar-se às condições do campo e o primeiro a criar perigo com ambas as jogadas serem de contra-ataque aproveitando algum desnorteio dos encarnados na sua transição defensiva. Entretanto esta forma de jogar do CPK, não iria resultar por muito tempo, primeiro porque iriam desgastar fisicamente com tantos ataques rápidos, segundo, quando o Benfica acertou a sua transição e começou a recuperar o seu meio campo e esta linha já não era ultrapassada com facilidade, o seu melhor jogador começou a ficar sem bola para jogar visto estar sozinho na frente de ataque e sem ele para temporizar a meio campo e deixar a linha defensiva respirar os encarnados começaram a tomar conta do meio campo ofensivo não deixando os pupilos de Inácio Hui sair do seu meio campo defensivo. Entretanto para os encarnados as melhor ocasiões só vinham de bola parada e foi nessa situação, aos 45 minutos, após uma jogada do campo de treino a partir de um lançamento de linha lateral e uma deliciosa assistência de Leonel Fernandes, Marco
ANTEVISÃO da jornada por João Maria Pegado
JOGADOR DA JORNADA • CUCO #10 ( BENFICA ) Intransponível, muito da subida de rendimento do Benfica se deve a ele. A partir do momento em que conseguiu anular as transições ofensivas do CPK os encarnados começaram a ganhar o jogo. Num terreno muito difícil nunca parou de trabalhar defensivamente em prol do grupo.
demonstrou mais vontade e risco na procura da vitória.
RESTANTES JOGOS
Monte Carlo 5 Vs 1 Policia. Os canarinhos não tinham outra opção se queriam continuar a sonhar com o título tinham que ganhar e fizeram-no em grande estilo com uma goleada à formação da Policia que continua acima da linha de água mas agora tem o LaiChi e Sub23 a um e dois pontos respectivamente. Ambas as equipas defrontaram-se LaiChi 3 Vs 0 Development Team, com o destaque do jogo a vir já no final quando as duas equipas se evolveram em cenas pouco dignas de um jogo de futebol, com vários socos a e pontapés a serem trocados entre as equipas e elementos técnicos.Com esta vitória o Lai Chi, praticamente condenado à descida desde o início da competição, pode novamente sonhar com a permanência. Meireles fazia o golo que dava a liderança ao Benfica ao intervalo. Na segunda parte havia duas situações possíveis para alterar o jogo uma para cada uma das equipas. Ou o Benfica marcava cedo e o jogo estava garantido e mais golos até poderiam surgir e formar um resultado como o da primeira volta, ou o CPK alterava a sua maneira de jogar recuando o Patriota mais para uma zona onde tivesse mais bola e influência de jogo, tirando um dos centrais estrangeiros e colocando o Vinicius Aiko. Nada disto aconteceu o que deixou um jogo
com emoção até ao fim com o Benfica mais perigoso mas sem conseguir controlar o jogo, fazendo o CPK sonhar com o empate que era tudo que precisava. Foi preciso esperar pelo último minuto para o Benfica resolver o jogo após uma grande penalidade convertida por Leonel Fernandes. Estava feito o resultado e Benfica volta para a liderança e deixa o CPK na 3ª posição a dois pontos. Jogo muito difícil para as duas equipas onde deixaram tudo em campo para saírem com a vitória mas o Benfica
CHUVA DE GOLOS
Destaque para estes dois últimos jogos aqui relatados Sporting 2 Vs 2 Kei Lun, excelente resultado dos leões do território com um bis de Iuri Capelo contra a equipa de Josi Cler que tem estado muito no campeonato mas desta vez não conseguiu ainda garantir o quarto lugar. Quanto ao Sporting de Macau precisa de dois pontos nos próximos dois jogos para garantir a permanência. No outro jogo Ka I 3 Vs 3 Cheng Fung. Mais um excelente jogo mas que hipoteca fortemente o sonho das duas equipas ainda chegarem ao quarta posição.
CLASSIFICAÇÃO
J
V
E
D
GM
GS
DIF
P
BENFICA C.P.K. 15 13 2 1 71 6 65 41 MONTE CARLO 15 13 1 2 60 20 40 40 C.P.K. 15 13 0 3 45 14 31 39 KEI LUN 15 7 3 6 42 30 12 24 CHING FUNG 15 5 8 3 31 30 1 23 TAK CHUN KA I
15
5
3
8
25
38
-13
18
SPORTING 15 3 4 9 13 41 -28 13 POLICIA 15 2 4 10 10 37 -27 10 LAI CHI 16 2 3 11 15 56 -41 9 DEVELOPMENT 15 2 2 12 15 55 40 8
17 hoje macau terça-feira 20.6.2017
TEMPO
?
TROVOADAS
O QUE FAZER ESTA SEMANA Hoje
CONCERTO P.K. 14 Live Music Association | 21h30
Amanhã
MIN
24
MAX
29
HUM
80-98%
•
EURO
8.71
BAHT
SATURDAY NIGHT JAZZ - MACAU AND HK JAZZ FRIENDS CONCERT Fundação Rui Cunha | 21h às 23h
Domingo
BOK PLUS Terra Coffee House | 19h30 às 22h30 (evento inserido no festival de teatro BOK)
O CARTOON STEPH
EXPOSIÇÃO “25+10” DE RODRIGO DE MATOS Consulado de Portugal | Até 30/06 EXPOSIÇÃO “COLOUR/SHAPE/LOVE” DE JOAQUIM FRANCO Macau Art Garden | Até 16/07 EXPOSIÇÃO “NOCTURNO” DE FILIPE DORES Albergue SCM | Até 09/07 EXPOSIÇÃO “CONTELLATION” DE NICOLAS DELAROCHE Galeria do Tap Seac | Até 08/10 EXPOSIÇÃO “O MAR” DE ANA MARIA PESSANHA Casa Garden | Até 31/08 EXPOSIÇÃO “A ARTE DE ZHANG DAQIAN” Museu de Arte de Macau | Até 5/8
SOLUÇÃO DO PROBLEMA 60
EXPOSIÇÃO “AMOR POR MACAU” DE LEE KUNG KIM Museu de Arte de Macau | Até 9/7
UM FILME HOJE
EXPOSIÇÃO “DESTROÇOS” DE VHILS Oficinas Navais, nº. 1 | Até 31/11 EXPOSIÇÃO “AS MUDANÇAS DE HENGQIN” Armazém do Boi | Até 16/07
Cineteatro
PROBLEMA 61
C I N E M A
SUDOKU
DE
CICLO DE CINEMA SOBRE REALIZAÇÃO NO FEMININO Cinemateca Paixão | Até 9/07
YUAN
1.14
ABATE DE DUAS RODAS
Sábado
Diariamente
0.23 AQUI HÁ GATO
IV CICLO DE CINEMA CRED-DM - SISTEMA PRISONAL “PAPILLON” Casa Garden | 19h30 às 21h30
MACAU JAZZ SUNDAY SESSIONS Live Music Association | a partir das 21h
(F)UTILIDADES
Está a fechar a época de caça aos motociclos. Numa tentativa de tornar o ar um pouco mais respirável, quem de direito decidiu incentivar o abate das mais poluentes motas que circulam nas ruas de Macau. O incentivo não se fez com palavras encorajadoras, ou discursos do género “vá lá, tu és capaz de usar um veículo mais amigo do ambiente, acredito em ti”. Não, o encorajamento foi por intermédio da distribuição de patacas, o estímulo mais eficaz à face da terra. Macau é interessante e multifacetada no que toca aos seus muito selectivos holocaustos. Abatem-se aves de capoeira para que os humanos não sejam abatidos por vírus, dizimam-se motociclos sem qualquer tipo de pudor para dar descanso aos pulmões. Abatem-se cães abandonados que ultrapassam o tempo de estadia no canil, abatem-se galgos e cavalos que perderam a velocidade que os tornava em entretenimento. Abate-se muito, em quantidades industriais, com grau de sofisticação e, por vezes, com bons motivos para isso. Até ver, não parece existir uma associação de defesa dos motociclos com motores a dois tempos que levante a voz contra a barbárie das duas rodas. Portanto, que as sucatas cemiteriais se encham de velhas carcaças que vomitam fuligem e decibéis. . Pu Yi
HUMAN | YANN ARTHUS-BERTRAND
“Human” é um estalo de realidade. Três volumes de filme que alternam entre testemunhos e imagens. As entrevistas, pelas temáticas e actores reais, mostram o que de mais simples, profundo, inocente e mesmo sádico existe nisto de se ser humano. As imagens são de um planeta, hora habitado, ora destruído, mas sempre brutal. Uma mistura perfeita para quando precisamos de recordar quem somos e onde estamos. Sofia Margarida Mota
THE MUMMY SALA 1
THE MUMMY [2D][C] Fime de: Alex Kurtzman Com: Tome Cruise, Sofia Boutella, Annabelle Wallis, Jake Johnson 14.30, 16.30, 19.30, 21.30 SALA 2
RESIDENT EVIL: VENDETTA [C] FALADO EM INGLÊS LEGENDADO EM CHINÊS
Fime de: Takanori Tsujimoto 14.30, 16.30, 19.30, 21.30 SALA 3
WHO KILLED COCK ROBIN [C] FALADO EM PUTONGHUA LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Fime de: Cheng Wei-hao Com: Hsu Wei-Ning, Ko Chia-Yen, Christopher Lee Meng Soon 14.30, 16.30, 19.30, 21.30
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18 OPINIÃO
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macau visto de hong kong
VINCENZO CAMUCCINI, LA MORTE DI CESARE
Más práticas públicas
DAVID CHAN
N
O passado dia 14, o South China Morning Post de Hong Kong fez notícia das declarações de Adam Kwok Kai-fai, filho do magnata Thomas Kwok Ping-kwong. Thomas Kwok, proprietário do império Hong Kong Sun Hung Kai Properties, viu recentemente o seu recurso recusado pelo Tribunal e terá de cumprir os cinco anos de prisão a que foi condenado. O filho Adam prestou declarações à saída do Tribunal, afirmando que o pai não é corrupto nem é culpado das acusações de instigação a más prácticas em exercício de cargo público e insistiu que só é culpado de falta de cuidado e de ingenuidade. Thomas Kwok foi preso em 2014, acusado de conspiração e de indução a más prácticas no exercício de cargo público. Foram também sentenciados por cumplicidade Rafael Hui Si-yan, antigo nº 2 de Hong Kong, Thomas Chan Kui-yuen, ex-colaborador de Sun Hung Kai, e Francis Hung-sang, corretor da bolsa. O Tribunal de Recurso recusou os quatro apelos. O magnata, ex-co-Presidente da Sun Hung Kai, ofereceu a Rafael Hui, através dos outros dois réus, 8,5 milhões de HK dólares, pouco antes deste ter assumido funções como Secretário Chefe, em 2005. Os advogados de acusação viram nesta entrega de dinheiro uma forma de Thomas Kwok comprar favorecimentos para os seus negócios a um alto representante do Governo. No entanto, o advogado de defesa argumentou que Rafael Hui nunca favoreceu a Sun Hung Kai Properties, apesar de ter aceitado o dinheiro.
Adam Kwok avançou ainda que respeita o Tribunal, mas que acredita que o júri falhou por apenas ter tido em conta as provas da entrega de dinheiro e não ter considerado o facto de posteriormente não ter havido qualquer acto que indicasse corrupção. “Dissemos-lhe que declarasse o dinheiro, mas quando soubemos que não o fez ficámos sem palavras.” Agora, vejamos o que se passou no Tribunal. Os réus foram julgados à luz da lei que condena as más práticas no exercício de cargo público e o suborno. O objectivo dos actos de corrupção é a criação de influência imprópria ou a garantia de posições vantajosas. Existe um vasto leque de actos e omissões que a lei considera indicadores destas más práticas. A essência deste tipo de crime é o abuso da confiança do público. Hui era Secretário Chefe do Governo de Hong Kong. Fazendo parte do Conselho do Executivo, tinha acesso a informação confidencial sobre matérias nas quais a Sun Hung Kai tinha interesses substanciais. Na posição de membro do Governo estava sujeito às normas de conduta e de regulação de conflito de interesses. Enquanto Secretário Chefe, Hui recebeu 8,5 milhões de HK dólares para pagamento de favorecimento. Este negócio é claramente corrupto. Almejava obter a preferência de Hui em relação aos negócios das outras partes envolvidas. Este tipo de actuação está em clara contradição com os deveres de Secretário
Este caso veio provar que o suborno de servidores do Estado é um crime grave e que todas as partes envolvidas serão castigadas
Chefe e significa um abuso grave das prerrogativas do cargo e da confiança do público. O facto de o pagamento ter sido feito imediatamente antes de Hui ter assumido o cargo não quer dizer que os actos de abuso tenham sido cometidos nessa altura. O pagamento foi feito para vir a assegurar um favorecimento continuado dos empreendimentos Sun Hung Kai após a tomada de posse. O “pacto de sangue” estabelecido com este pagamento é o suficiente para estabelecer a existência de crime de más prácticas no exercício de cargo público. Os recursos foram por isso indeferidos. Este caso demonstra claramente uma situação de crime de más práticas no exercício de cargo público cometido por um alto funcionário governamental e os seus cúmplices. Não foi necessário ter havido uma acção de favorecimento comprovada, bastou ter-se estabelecido o elo de comprometimento para se provar o crime. Aqui a questão relevante foi o abuso da confiança do público. A questão do abuso da confiança do público é vital. Este critério pode ser aplicado a todos as acções desenvolvidas pelos servidores do Estado, independentemente dos benefícios que tenham atribuído a outrem. Em alguns casos, os favorecimentos são muito difíceis de provar. Se a lei mencionar “favorecimento efectivo”, a saber, a presença de dinheiro terá de ser provada para que exista crime, e negligenciar as atitudes de favorecimento, pode ser criada uma “falha de segurança”. Se os servidores do Estado puderem receber dinheiro em troca de favores, é fácil imaginar o que virá a acontecer à nossa sociedade. Este caso veio provar que o suborno de servidores do Estado é um crime grave e que todas as partes envolvidas serão castigadas. Na altura em que este artigo foi escrito, ficou a saber-se que os réus terão de suportar as custas do processo de recurso, que deverão montar aos 4 milhões de HK dólares.
Professor Associado do IPM • Consultor Jurídico da Associação para a Promoção do Jazz em Macau • legalpublicationsreaders@yahoo.com.hk • http://blog.xuite.net/legalpublications/hkblog
19 hoje macau terça-feira 20.6.2017
OPINIÃO
sexanálise
TÂNIA DOS SANTOS
GUSTAV KLIMT, THE BRIDE
Q
UANDO um casal já tem muitos anos de convivência, o sexo vai sofrendo algumas alterações. Se no início da relação o sexo é gozado durante horas e com frequência, quando uma relação já tem uns anos, é normal que a frequência sexual se reduza. São nestes momentos que comuns mortais tendem a debruçar-se acerca do segredo para um relacionamento duradouro e uma vida sexual feliz. Há livros, filmes e conversas que tentam auxiliar na (re) descoberta do sexo quando o casamento já tem mais do que 30 anos. A reflexão pode ser geracional, social, relacional ou familiar: há várias formas de olharmos este caleidoscópio dos relacionamentos duradouros e do sexo. Podem pensar no envelhecimento, e na tendência de se julgar que o sexo deve ser gozado por um grupo etário somente. Podem pensar nas dinâmicas familiares e na vinda de uma criança, que afecta o estilo de vida e a disponibilidade para nos sentirmos sexy e querermos mais e bom sexo. A Esther Perel, no seu livro que se intitula ‘Mating in Captivity’ – versão Brasileira ‘Sexo no Cativeiro’/versão Portuguesa ‘Amor e Desejo na Relação Conjugal’ – tenta ir mais além ao explorar o paradoxo do amor e do sexo. A proposta vai contra a forma que normalmente achamos que o amor e o sexo se relacionam. O amor e o sexo não são necessariamente duas faces da mesma moeda, são duas necessidades relacionais, sim, que apesar de estarem interligadas, precisam de um equilíbrio que tem que ser trabalhado – como um malabarista. Se o amor vive da intimidade e da familiaridade, o sexo vive da descoberta, do entusiasmo e do imprevisível. A proposta para manter um relacionamento saudável é de manter vivo o paradoxo de que a intimidade e a paixão não são resolúveis, e que fazem parte de uma aventura que tem que ser abraçada. Aviso-vos de antemão que o erotismo e a intimidade não conseguem sobreviver com base em ‘prescrições’. Ou seja: a razão pela qual não é possível arranjar soluções fáceis e práticas para o paradoxo intimidade/erotismo é porque nem uma, nem outra, pode ser facilmente resolvida. A intimidade não se desenvolve porque se tem uma conversa sobre isso, nem o erotismo é fabricado. Não que queira desvalorizar o nossos esforços de manter uma relação íntima e erótica, porque eles são válidos (e.g. fazer jantares românticos semanais, falar sobre fantasias sexuais e tentar concretizá-las, etc.), mas um relacionamento é feito a dois, com as
Sexo a longo-prazo
O amor e o sexo não são necessariamente duas faces da mesma moeda, são duas necessidades relacionais, sim, que apesar de estarem interligadas, precisam de um equilíbrio que tem que ser trabalhado – como um malabarista nossas emoções, desejos e dificuldades, que complica a dinâmica. O que precisamos de ter em mente é que a aventura tem que ser tida como uma aventura, e não como um problema a ser eficazmente resolvido. Isto sugere que o modus operandi de qualquer relacionamento é exactamente este – tentar lidar/articular ideias e desejos totalmente opostos. Mas a Esther, no livro supracitado, sugere uma forma de abordar a questão. Visto que temos dois valores em conflito, a familiaridade/intimidade versus o desconhecido/
excitante, ela sugere que por mais próximos que nos sintamos com o nosso parceiro, temos que manter algo (um estado de ser) que também seja só nosso. O casal não pode ser uma amalgama sobreposta e única. Em culturas mais individualizadas, diz a Esther, é preciso criar limites do ‘nós’, do ‘eu’ e do ‘tu’ para que o casal funcione. O que é que isto quer dizer na prática é muito mais complexo do que isso, mas é assim explicado no abstracto: para que o sexo e os sentimentos eróticos ainda estejam a ‘bombar’ após 30 anos de convivência é
preciso manter um estado descomplicado individual, para além do casal. Assim o sexo é alimentado pelo nosso sentido de mistério/individualidade e melhorado pela nossa proximidade como casal. Não consigo fazer justiça aos conceitos e ideias explorados pela Esther Perel em tão curto espaço de escrita, mas queria convidar o leitor a reflectir sobre esta dinâmica da relação conjugal e a procurar maior teorização acerca do que somos como pessoas e como parelha (ou família poliamorosa, como quiserem). A sujeita também tem muitas palestras online para melhor reflectir acerca do relacionamento – e de que formas podemos redefini-lo e entendê-lo. Mas também sugiro cautela, porque quando opinamos sobre determinado tópico, fazemo-lo com base num registo/ referência sócio-cultural que não se aplica a todos. Mas no que toca ao amor e ao prazer do sexo, do que custa reflectir?
“ PEDRÓGÃO GRANDE CHUI SAI ON EXPRESSA SOLIDARIEDADE O chefe do Governo de Macau, Fernando Chui Sai On, enviou uma carta ao Presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, endereçando condolências pelo devastador incêndio que atingiu Pedrógão Grande, fazendo 62 mortos. “Neste momento de dor, consternação e luto, venho, em nome do Governo da Região Administrativa Especial de Macau e de meu próprio, transmitir a vossa excelência e ao povo português, os sentimentos do nosso profundo pesar pelo devastador incêndio que atingiu as florestas em volta de Pedrógão Grande, com graves consequências humanas”, refere a missiva, reproduzida integralmente numa nota oficial ontem divulgada. Chui Sai On endereça também “as mais sentidas condolências às vítimas e às suas famílias” e manifesta solidariedade para com “todos os envolvidos nesta tragédia” e para com “todos aqueles que, no terreno e em circunstâncias críticas, continuam a combater este terrível incêndio”. “Acredito que sob a sua liderança, senhor Presidente, o povo português conseguirá enfrentar este momento particularmente duro e ultrapassar esta situação dramática”, conclui o chefe do executivo. Os incêndios que deflagraram no sábado em Pedrógão Grande e que alastraram a outros municípios do distrito de Leiria fizeram 62 mortos e 62 feridos.
EUA ABATEM AVIÃO SÍRIO
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A coligação liderada pelos Estados Unidos abateu este domingo um avião de guerra sírio que estava a participar numa missão contra o autoproclamado Estado Islâmico na cidade de Raqqa, na Síria. O Exército norte-americano garante que se tratou de um ataque autodefensivo, mas o governo de Bashar al-Assad adverte que o incidente vai ter “repercussões perigosas” no combate ao terrorismo. As forças militares norteamericanas explicam que o incidente terá ocorrido depois de o governo sírio ter largado bombas sobre uma zona ocupada pelas Forças Democráticas da Síria (FDS), apoiadas pelo Ocidente. O exército sírio considera o abate do avião como uma “agressão flagrante” e que “revela as más intenções dos Estados Unidos ao lidar com o combate ao terrorismo”. O Governo acrescenta que o incidente não passará impune e irá dar uma resposta ao sucedido. Também a Rússia já se expressou contra o abate do avião de guerra sírio pelos Estados Unidos. A administração do presidente russo, Vladimir Putin, lamenta a falta de coordenação entre as forças russas e norte-americanas e ameaça responder na mesma moeda e derrubar os aviões de guerra norteamericanos a operar na Síria.
ou no discreto calor que visitam/na pequena estátua de Sakyamuni/sento-me, entre elas/o som das oito patas no soalho do coração.” Rui Cascais Parada
Habitação Preço do metro quadrado subiu quase 50%
Negócio para alguns
O
preço médio do metro quadrado das casas em Macau atingiu 114.463 patacas em Maio, traduzindo um aumento de 37.260 patacas no intervalo de um ano, indicam dados oficiais da Direção dos Serviços de Finanças. O aumento do preço médio do metro quadrado não travou as transacções, cujo número subiu de 1036 para 1610. Das três áreas de Macau, a ilha da Taipa era a mais cara, com o preço médio do metro quadrado a fixar-se em 132.516 patacas, seguindo-se a ilha de Coloane (107.468 patacas), indicam os mesmos dados respeitantes às transacções de imóveis destinados a habitação que foram declaradas para liquidação do imposto de selo. Com o preço médio do metro quadrado mais baixo
(95.312 patacas), a península de Macau foi onde se registou o maior número de fracções transaccionadas em Maio (915 contra 784 em Maio de 2016), seguindo-se a ilha da Taipa (669 contra 219) e Coloane (com 26 contra 33). Trata-se da primeira vez desde o início do ano que o preço médio do metro quadrado de fracções autónomas destinadas a habitação em Macau (no território em geral, isto é sem ser por zonas) galga a barreira das 100.000 patacas. A última vez que tal sucedeu foi em Dezembro de 2016, mês em que atingiu 103.805 patacas. Segundo dados dos Serviços de Finanças, cujos registos disponíveis no ‘site’ vão até Janeiro de 2010, o preço médio do metro quadrado das casas (que incluem em edifícios construídos e em construção) de Maio (114.463 patacas) é
apenas superado pelo valor respeitante a Abril de 2014 (131.584 patacas). No entanto, os Serviços de Finanças fazem uma ressalva relativamente aos dados de Abril de 2014, indicando, numa nota explicativa, que houve um aumento do preço médio nesse mês por terem sido colocados então à venda imóveis com valores mais elevados. Só para se ter uma ideia, em Maio de 2012, o preço médio do metro quadrado das fracções autónomas destinadas à habitação correspondia a 53.107 patacas, o que significa que, no espaço de cinco anos, mais do que duplicou. Os elevados preços praticados no mercado imobiliário (tanto na aquisição como no arrendamento) figuram como um dos principais motivos de descontentamento da classe média de Macau.
A pista da descentralização Timor-Lorosae inaugura aeroporto em Suai
O
Governo timorense inaugura hoje, terça-feira, o novo aeroporto de Suai, a 138 quilómetros sudoeste de Díli, uma infra-estrutura que terá um custo total de 93,4 milhões de dólares mas que abre ainda sem voos regulares. Fonte do Ministério das Obras Públicas, Transportes e Telecomunicações, o aeroporto de Suai só será utilizado, para já, para voos pontuais charter, para evacuações médicas ou recorrendo ao único avião timorense, o Twin Otter de 19 lugares da RegiãoAdministrativa Especial de Oecusse-Ambeno (RAEOA). Na prática, Suai passa assim a ter o melhor aeroporto do país, como resultado da aposta que o Governo tem vindo a fazer no que identifica como “pólos de desenvolvimento” fora da capital. Neste caso, o aeroporto, que começou a ser construído em 2014, insere-se no mais amplo projecto Tasi Mane, de desen-
volvimento de toda a costa sul do país. Este projecto inclui a construção da Base de Apoio de Suai -, zonas logísticas, residenciais e industriais - a refinaria de Betano, uma unidade de processamento de Gás Natural Liquefeito (GNL), um porto, a auto-estrada Suai-Beaçu e o gasoduto até ao campo Greater Sunrise, no Mar de Timor. Um total de 15 empresas e consórcios de vários países, incluindo Portugal, apresentaram-se ao concurso lançado no inicio de 2013, tendo o Governo entregue a obra inicialmente no
valor de 67,69 milhões de dólares à Indonésia PT Waskita Karya (Persero). Em Julho de 2013, o valor do contrato foi aumentado em 19 milhões de dólares tendo na preparação do Orçamento do Estado para 2016 o Governo actualizado o custo total do projecto para 93,7 milhões de dólares. O projecto inclui o alargamento e reforço da pista do aeroporto para 1.500 metros de comprimento e 30 de largura, zonas de protecção e de estacionamento, sistema de drenagem e estruturas de segurança do perímetro. Sistemas de controlo e de apoio à navegação, torre de controlo, estação de meteorologia e o que será, para já, o melhor terminal do país, fazem ainda parte do projecto que, segundo a petrolífera nacional timorense, a Timor Gap, “permitirá aumentar os serviços de passageiros e carga para a indústria petrolífera”.
terça-feira 20.6.2017
FMI ELOGIA ABENOMICS
O Fundo Monetário Internacional (FMI) reviu em alta as políticas económicas adotadas pelo primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, para estimular o crescimento económico e manter os números do desemprego em baixa, considerando o ‘Abenomics’ um sucesso. O Japão desfrutou nos últimos anos do crescimento sustentável mais longo da década e conseguiu reduzir o desemprego para apenas 2,8%. Segundo avança o jornal britânico ‘Financial Times’, o número dois do FMI, David Lipton, garante que o fundo monetário está “confortável com a posição atual da política monetária e fiscal” implementada por Shinzo Abe no Japão. “O importante é que se mantenha a abordagem que foi estabelecida até agora e acompanhála com uma agenda estrutural e fiscal”. Para assegurar a continuação do “sucesso” da nova estrutura da política monetária do Banco do Japão, o FMI pede a Shinzo Abe que retire os estímulos fiscais e estreite ainda mais a política monetária se os riscos para a economia se intensificarem, dado o risco de choques externos perante um consumo interno fraco. David Lipton sublinha, no entanto, que se pode considerar “a ‘Abenomics’ como um conjunto de reformas bem sucedido e que deve continuar porque trouxe sucesso”.
HERMÍNIO LOUREIRO DETIDO
O ex-presidente da Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis e da Liga de Futebol Profissional, Hermínio Loureiro, e o actual presidente da mesma autarquia, Isidro Figueiredo, foram detidos esta segunda-feira por suspeitas de corrupção activa e passiva, tráfico de influências, prevaricação e peculato. A detenção aconteceu no seguimento de 31 buscas realizadas pela Polícia Judiciária do Porto a cinco Câmaras Municipais e a cinco clubes de futebol. No total, sete pessoas foram detidas por suspeitas de corrupção activa, no âmbito da operação “Ajuste Secreto”, dirigida pelo Ministério Público de Santa Maria da Feira. “A Polícia Judiciária, através da Directoria do Norte, no âmbito de inquérito titulado pelo Ministério Público – DIAP de Aveiro, Secção de Santa Maria da Feira, deteve sete pessoas pela presumível autoria de crimes de corrupção ativa e passiva, prevaricação, peculato e tráfico de influência”, refere a Polícia Judiciária (PJ) em comunicado. “A investigação permitiu até ao momento a obtenção de fortes indícios da existência de relações privilegiadas entre os suspeitos que, ao longo do último ano, têm visado a realização de diversas obras em diferentes localidades, manipulando as regras de contratação pública”.