Hoje Macau • 2010.09.30 #2220

Page 1

Creches | As promessas do governo que o vento levou e não deve trazer mais Página 11

A inflação vai subir. só os Funcionários públicos a vão acompanhar Página 12

tempo muito nublado min 25 max 31 humidade 55-90% câmbios euro 10.9 baht 0.26 yuan 1.20 pub

Agência Comercial Pico • 28721006

hojemacau Mop$10

pub

Director carlos morais josé • quinta-feira 30 de setembro de 2010 • ANO IX • Nº 2220

especial Luís Amorim | Três anos depois

A morte saiu à rua A dor continua Entrevista com Maria José Azevedo Análise o que se disse, escreveu e silenciou

Manifestação Marcha silenciosa pela verdade Páginas 2 a 5 e Editorial

Susana Chou

Afinal, o que é um líder? • P.6

China

Bolha imobiliária preocupa Pequim • P.6

1 de Outubro

O dia de todas as manifestações • P.7

Bolinha

Casa de Portugal ganha e convence • P.14

Opinião por Luís S. Cunha

Macau e Sinologia em Português • P.22

Fumo, logo existo

P.20


quinta-feira 30.9.2010 www.hojemacau.com

2

pub. O Consulado Geral da República de Angola Região Administrativa Especial de Macau felicita a República Popular da China pela passagem do seu 61º aniversário


especial Três anos depois, continua sem se saber quem matou Luís Amorim

O agente da Polícia de Segurança Pública (PSP) que encontrou o corpo não tomou as medidas exigidas por lei para preservar e proteger o local, como salienta o Procurador-Adjunto Vong Vai Va, no seu despacho de arquivamento da investigação, datado de 16 de Julho de 2009. No mesmo despacho, destacase que o agente da Polícia Judiciária que recebeu a comunicação formal da PSP sobre a detecção do cadáver também não procedeu a nenhuma das diligências obrigatórias por lei, nomeadamente solicitar a presença de elementos da Secção de Inspecção ao Local do Crime da PJ. Num procedimento que contraria as próprias regras internas da PSP e da PJ, os agentes removeram o corpo do local, antes da chegada do médico-legista e ordenaram a lavagem imediata da via, com agulhetas, removendo quaisquer indícios que pudessem ajudar a determinar com maior precisão

as circunstâncias em que ocorreu a morte. Este pormenor que foi destacado no processo interposto pelos pais do jovem, nos tribunais de Macau, pedindo autorização para que se procedesse a um segunda autópsia do corpo. Não obstante as falhas detectadas, o Procurador-Adjunto Vong Vai Va não ordenou a abertura de

Fracturas inexistentes As fracturas das costelas, nariz e maxilares de Luís Amorim, de acordo com a autópsia do Instituto Nacional de Medicina Legal, são típicas de “golpes manuais directos, como os usados em artes marciais” e “provocadas por traumatismos directos sucessivos”, possivelmente com a utilização de “instrumento ou instrumentos de natureza contundente ou perfuro-contundente”. O médico-legista do Hospital Conde S. Januário, por seu lado, descreveu, no seu relatório, fracturas inexistentes: os ossos malares bilaterais estavam em “integridade total”, salientam os médicos do INML, ao contrário do que afirmou o clínico de Macau, cuja conclusões foram confirmadas por dois colegas do continente que, a pedido do Ministério Público, se limitaram a analisar o documento, sem sequer examinar o corpo. De salientar que o médico-legista de Macau, Wong Kai Kit, que é, actualmente, professor de Medicina Forense no curso de Direito da Universidade de Macau, chegou ao ponto de colocar designações incorrectas, ao indicar determinados ossos do craneo. O relatório do INML salienta, aliás, ter “fortes dúvidas” quanto ao rigor do trabalho de Wong Kai Kit, que considera ter “profundas insuficiências e incorrecções”, denotando “superficialidade na actuação pericial”.

qualquer processo de inquérito, a fim de apurar responsabilidades e eventuais comportamentos negligentes por parte dos referidos agentes, limitando-se a reconhecer que “a investigação não foi perfeita”. O Procurador-Adjunto indicou que iria exigir “oportunamente” à PSP e à PJ “uma averiguação interna”, cujo objectivo seria apenas “me-

3

Leitura opostas

Há exactamente três anos, Luís Amorim, de 17 anos de idade, foi encontrado sem vida, debaixo de um viaduto que dá acesso à ponte Nobre de Carvalho. O caso foi arquivado pelo Ministério Público e os pais do jovem aguardam agora a resposta do MP a um pedido de reabertura do inquérito, depois de uma segunda autópsia, em Portugal, ter assinalado indícios de que Luís Amorim foi espancado até à morte. hojemacau@yahoo.com

www.hojemacau.com

não levaram a cabo qualquer averiguação interna, a fim de determinar as razões do insólito procedimento, por parte dos polícias em causa.

Autópsia de um crime Paulo Reis

quinta-feira 30.9.2010

lhorar as instruções de trabalho” daqueles polícias. Até agora, não houve qualquer confirmação oficial de que o Procurador-Adjunto Vong Vai Va tenha já encontrado o momento oportuno para avançar com a sua exigência. Os responsáveis pelo Corpo de Polícia Unitário, pela PSP e pela PJ,

Não obstante as críticas do despacho de Vong Vai Va, a Polícia Judiciária assumiu publicamente uma posição contrária, alegando em comunicado que não “existiu nenhuma situação de irregularidade” na sua actuação. O director da PJ, Wong Sio Chak, reforçou esta contradição com o Ministério Público, em declarações aos jornalistas, ao acusar os pais do jovem de estarem a mentir: “Os defeitos e as insuficiências (na investigação) apontados pela outra parte (pais de Luís Amorim) não correspondem à verdade”. Wong Sio Chak também discordou das conclusões do Procurador Vong Vai Va, ao acrescentar que a morte de Luís Amorim foi “um caso de suicídio, claramente comprovado pelas circunstâncias do local do crime (sic)” e pelo relatório do médicolegista. De recordar que, no despacho de arquivamento, Vong Vai Va diz não se ter apurado “se o jovem português se suicidou, morreu por acidente ou por homicídio”. Quanto às críticas do MP acerca de forma como procederam os agentes da PJ, desrespeitando as normas legais e os procedimentos internos da polícia, a porta-voz da PJ, em declarações ao Jornal Tribuna de Macau, afirmou que a direcção da PJ, depois de ler o despacho do MP, não estava certa de que as observações de Vong Vai Va, acima citadas, constavam do documento.

Marcha por Luís Amorim hoje no antigo BEX às 18:00

Silêncio pela verdade Uma “Marcha de Silêncio por Luís Amorim” é o que se pode ler na página da rede social Facebook denominada “Luis Amorim - Por Uma Causa Justa”. A ideia é levar a população do território a manifestar-se silenciosamente, passados exactamente três anos do seu falecimento. A marcha percorrerá a avenida entre o Centro Cultural, local onde Luís Amorim foi visto, pela última vez, com vida, e o ponto onde supostamente foi encontrado pela polícia, após alegadamente ter saltado da Ponte Nobre de Carvalho para se suicidar.

Esta página no Facebook foi aberta no final de Maio, com o objectivo de tentar que se faça “uma investigação condigna” da sua morte e que se apure a verdade. Durante a recente visita do Chefe do Executivo de Macau, Fernando Chui Sai On, a Portugal, o grupo incitou a que se fizesse um protesto junto às residências oficiais do Primeiro-ministro e Presidente da República, em São Bento e Belém, levando a que o assunto “Luís Amorim” ocupasse as páginas dos jornais e noticiários da televisão em língua chinesa do território.

Oh, pedaço de mim Oh, metade arrancada de mim Leva o vulto teu Que a saudade é o revés de um parto A saudade é arrumar o quarto Do filho que já morreu

Milton Nascimento


quinta-feira terça-feira 21.9.2010 30.9.2010 www.hojemacau.com

especial

4

Maria José Azevedo, mãe de Luís Amorim, desabafa

“Algo de muito poderoso os faz agir desta forma” Maria José Azevedo é a mãe de Luís Amorim. Foi ela que na madrugada do dia 30 de Setembro de 2007 recebeu a dolorosa notícia, da boca das autoridades macaenses, de que o seu filho se tinha suicidado. A partir daí abriu-se um mar negro que até agora não teve cobro. Em Portugal, Maria José, assim como o seu marido, José Amorim, temse multiplicado em esforços para não deixar morrer este caso, levando o seu testemunho por diversas vezes para a televisão. Mas, como há três anos, nada se sabe sobre a verdade dos factos. Nem sequer uma pequena luz sobre os acontecimentos que levaram a vida do seu filho prematuramente. São necessárias respostas. Mas sobretudo acção. Ou alguma vontade de querer saber o que está por detrás da morte de Luís Amorim. Em Macau, as autoridades competentes não se manifestam e aqueles que sabem não falam. É uma memória pesada que se leva até ao esquecimento. Seja como for a vida do Luís ninguém mais a traz. António Falcão

hojemacau@yahoo.com

Passaram-se três anos sobre a noite fatídica que levou a vida do seu filho. Acreditamos que o tempo nunca irá curar tamanha perda. Mas como olha agora para os factos ainda por revelar sobre a morte do Luís? Faz três anos que mataram o Luís. Ainda hoje os alarmes disparam sem aviso e sem piedade e eu choro com a saudade, tristeza, dor e raiva porque me roubaram um bem precioso, mataram o Luís, e as autoridades de Macau contribuem para a nossa destruição pelo comportamento inqualificável que têm tido ao longo destes longos três anos de suposta investigação. Não há tempo nem remédio que cure as feridas causadas que nos marcarão indelevelmente até ao fim das nossas vidas. Ao olhar para trás é como rebobinar o maior filme de terror de toda a minha vida. As autoridades de Macau que desde o primeiro momento ergueram

um mundo de silêncio e estupidez obstinada tudo fizeram para infirmar a tese de suicídio do Luís. Perante a resistência inconcebível e inexplicável para nós – porque éramos ingénuos – mergulhámos na maior e mais dolorosa luta das nossas vidas. Depois de peripécias e de comportamentos dignos de um livro de Kafka, conseguimos em Portugal o que nunca nos foi autorizado pelo Ministério Público de Macau – a realização de uma segunda autópsia em Portugal, que num país evoluído, civilizado e governado por gente de bem seria possível. Sei hoje que a carta rogatória para a realização da segunda autópsia nunca saiu da gaveta do Sr. Procurador Adjunto Vong Vai Va. Houve comportamentos intencionais desde o primeiro minuto – encobrir a morte do meu filho. Assumiram-nos como inimigos a abater e abandonaram-nos sem qualquer laivo de sentimentos, vergonha e respeito por eles próprios e por nós. Tudo fizeram para nos silenciar...

Sr. Procurador, para si só há um caminho a seguir – o da rectidão – só assim salvará a face e restituirá o bom nome e a dignidade das instituições de Macau envolvidas neste processo assim como do governo de Macau. Que forças diabólicas influenciam estes senhores? O que é que vale tanto assim? O que ganham eles? Quem os ensina a agir assim? Como é possível isto estar a acontecer? Como foi possível estas atitudes? Como é possível hoje o Ministério Público (MP) estar na posse de um relatório médico

e perícias médico-forenses que destroem pela base a tese que defenderam desde o início – suicídio - e resguardarem-se num silêncio cobarde e que diz tudo? Agora é tempo de assumirem que tudo correu mal desde o primeiro minuto, é tempo de assumir os factos. O Sr. Procu-

rador não pode ter a ousadia de contradizer ou pôr em causa um relatório médico e perícias médico-forenses científicas. Perderam-se também muitas provas e pistas importantes que ajudariam a solucionar este caso. As autoridades de Macau têm de olhar para os novos dados, e independentemente de todo o processo, fazer o seu trabalho, reconhecer formalmente que erraram, repor a verdade e fazer justiça. A verdade é que – o Luís foi selvaticamente assassinado - agora têm de se abrir a uma realidade que não pode ser negada. Não há a mínima possibilidade de contrariar o que foi investigado pela equipa médico-forense do Instituto de Medicina Legal de Portugal. Se todos os entraves que foram postos ao longo destes tês anos pelo governo de Macau não tiveram como intuito encobrir alguém, então agora é o momento de reconhecer os danos irreparáveis causados por este longo e desgastante processo. O Luís já não pode lutar. É nosso dever lutar por ele. Só assim ele terá a paz, dignidade e respeito que merece, e nós poderemos fazer o resto da caminhada, embora curvados perante o mundo. Sr. Procurador, para si só há um caminho a seguir – o da rectidão – só assim salvará a face e restituirá o bom nome e a dignidade das instituições de Macau envolvidas neste processo assim como do governo de Macau. Quando foi a última vez que viu o Luís? A última vez que vi o Luís foi no Sábado, ao fim da tarde, dia 29 de Setembro de 2007. Ia jantar fora, num restaurante da Barra, celebrar o aniversário de uma amiga, com um pequeno grupo de colegas da escola e depois iam para o Bex , de onde nunca mais regressou. Sentiu de imediato que o caso estava a ser encoberto pelas autoridades de Macau, a um nível superior? Tudo o que se passou nos dias seguintes foi um verdadeiro pesadelo, caos, confusão e incredulidade, pois o inconcebível aconteceu . Nós conhecíamos o Luís e independentemente de todas as teorias sobre a adolescência partilhávamos os seus sonhos e projectos de vida. Muito rapidamente pusemos de parte a hipótese de suicídio O primeiro momento de certeza de que algo de estranho


quinta-feira 30.9.2010 www.hojemacau.com

5 se passava foi de facto a forma como me comunicaram a morte do Luís quando me desloquei à Polícia Judiciária: “O seu filho era feliz? Suicidou-se. Atirou-se da ponte Nobre de Carvalho.” Os episódios que confirmaram as nossas suspeitas sucederamse em catadupa. Assim, após termos dito à PJ que o Luís tinha sido assassinado e que era preciso investigar, poucos dias depois o médico-legista do Hospital conde S. Januário escreveu na certidão de óbito do Luís como causa de morte: “Suicídio por salto em altura”. Foi assim que este senhor se atreveu a passar por cima do código deontológico de qualquer médico, não tendo ainda sequer feito a autópsia e ousando escrever a causa da morte e desrespeitou as normas da Organização Mundial de Saúde que Macau adoptou e que este médico conhece. Isto é no mínimo estranho, porque este médico ou é incompetente ou agiu sob coacção. Este senhor não deveria exercer medicina. Este médico foi alertado para o erro grave que cometeu e foi aconselhado a alterar para as formas legais o que tinha escrito, ao que respondeu que não mudaria nada. A partir daqui desenrolaram-se todos os episódios sórdidos e desumanos para nos desacreditar e vencer pelo cansaço e pelo embuste permanente. A quem aponta maiores responsabilidades na má condução do processo? É ao Ministério Público que aponto a responsabilidade de tudo o que aconteceu. É a entidade com a responsabilidade última de conduzir o caso dentro dos parâmetros da lei e da seriedade. O MP teve a responsabilidade de conduzir o processo e fê-lo de uma forma miserável, sem capacidade de análise sem querer de facto aprofundar a investigação sem querer confrontar todas as entidades envolvidas, sem desenvolver as mais básicas técnicas de investigação. A luta com o Ministério Público foi titânica, porque recusou sempre as diligências pedidas e que poderiam dar um rumo à investigação e ao apuramento da verdade. As poucas diligências conseguidas (que não passaram de meras farsas) foi através da pressão da comunicação social que teve um papel relevante porque trouxe o caso a terreiro Conseguiu nas semanas seguin-

Se todos os entraves que foram postos ao longo destes tês anos pelo governo de Macau não tiveram como intuito encobrir alguém, então agora é o momento de reconhecer os danos irreparáveis causados por este longo e desgastante processo.

tes alguma pequena informação. Ninguém lhe contou nada, os amigos do Luís, os professores? Falou com alguém a esse respeito, pedindo explicações? Falei com uma amiga do Luís que me contou todos os passos do Luís até deixar de o ver, e em que frisou a sua boa disposição e a partilha de projectos. Senti que um muro tinha sido levantado. O caso do Luís tornou-se tabu. Era uma ameaça ao bem estar emocional das pessoas. Na escola a Direcção entendeu por bem desde a primeira hora decretar o suicídio do Luís, encerrar o caso e não se falar mais do assunto, o que traumatizou os próprios amigos. Houve da parte dos professores uma atitude muito digna e correcta por atitudes que tiveram e pelo modo como encararam o caso. Sentiu que a comunidade portuguesa estava consigo? Sentiu que Macau a abandonou? Salvo raras excepções fomos completamente abandonados. Fomos confrontados com comportamentos que não esperávamos de todo, grande parte da comunidade preferiu esconder a cabeça na areia, o caso era demasiado sensível, pesado e dos outros. Também sei que o medo e a insegurança tornam as pessoas irracionais e podem conduzi-las a comportamentos aparentemente incompreensíveis e desumanos. Viu algum documento oficial sobre a morte do seu filho. Fotografias no local da “alegada” queda, provas dos médicos legistas, chegou a falar com o pessoal técnico envolvido na operação de investigação? Eu não mas o meu marido teve acesso ao processo e constatou que não existe nada sobre o local da queda, nem mesmo um relatório da PSP, dos médicos legistas apenas existe o relatório

da autópsia. Fomos chamados à PJ mais que uma vez, para sermos ouvidos e para a entrega dos pertences do Luís carteira, relógio telemóvel chaves. Sim falei com o inspector adjunto da PJ que me tratou de uma forma inqualificável. Estivemos presentes numa reunião de “charme” promovida pelo então subdirector da PJ, em que nos foi afirmado que tudo estava a ser feito para encontrar a verdade. Quando regressou a Portugal achou que tudo estava perdido? Que a verdade nunca viria ao de cima? Teve algum apoio das autoridades portuguesas? Não, foi o facto de a investigação ter sido arquivada em Macau que nos permitiu abrir uma acção aqui e finalmente conseguir a segunda autópsia. Não tivemos qualquer apoio das autoridades portuguesas, apenas pequenas referências ao caso em algumas situações como é do conhecimento público. Gostava de referir que após ter tido consciência do que de facto se tinha passado, o antigo cônsul Dr. Pedro Moitinho de Almeida mostrou grande empatia, ao contrário do actual que tem sido indelicado, pois nunca nos respondeu às missivas que lhe enviámos. Fez-se finalmente alguma luz com a segunda autópsia realizada em Portugal que não veio mais do que confirmar todas as suas suspeitas. Pode-nos falar um pouco sobre esse processo? O relatório fala por si e é inequívoco sobre o que aconteceu, o Luís foi barbaramente assassinado. Para o conseguir foi uma luta pois, como sabe, o Sr. Procurador Adjunto recusou a emissão de uma Carta Rogatória e mesmo depois do arquivamento e quando interpusemos o recurso hierárquico o MP voltou a dizer que não havia razão para a emissão da carta. Como não tínhamos qualquer dúvida, sobre o que se tinha passado, continuámos a luta através da acção aberta no tribunal de Gaia. Não vamos parar e mesmo que o MP não reabra a investigação,

nós vamos continuar e procurar JUSTIÇA para o nosso querido Luís. Essa foi uma época em que ambos os responsáveis pelo governo de Macau e pelo governo português, alguns deles de visita ao território, manifestaram o seu apoio em relação a este caso. Crê neste momento que tudo isso foi apenas conversa fiada e que seguiu as normas do protocolo? Acha que Portugal poderia fazer mais? Pode fazer mais ainda? Claro que acredito que Portugal pode fazer mais, não conheço as regras de protocolo mas o assassínio de um cidadão português tem que estar acima de qualquer protocolo, na Europa a vida humana ainda tem valor. Na sua opinião o que faz com que o processo não seja reaberto, já que todos manifestaram preocupações evidentes sobre a matéria? Tem tido alguma informação do Ministério Público de Macau? Não temos qualquer informação, nem o nosso advogado. De facto gostávamos de perceber que forças tão importantes impedem que se reabra a investigação? O MP não está nada bem na fotografia mas, mesmo assim, nada faz e para nós é claro, algo de muito poderoso os faz agir desta forma. Num programa de televisão em Portugal referiu, creio, que tinha recebido uma carta anónima, informando-a de que “era a vez do Luís ir comprar

especial

droga”, e que tudo aconteceu depois disso. Acredita que o fio da meada possa estar aí? Tentou averiguar essa informação com mais pormenor? Eu não recebi nenhuma carta anónima. Eu soube por acidente que a mãe de um amigo do Luís, Filomena Pedro, comentou que a filha tinha recebido uma carta de uma amiga, que já estava em Portugal, em que fazia essa afirmação, o que me fez deslocar à Polícia Judiciária para mais uma pista a ser investigada... considero que numa investigação todas as especulações que surjam têm de ser investigadas. Não acredito que seja essa a razão, pelo que sei não era esse o caso e esse rumor não tem consistência. Entretanto houve outros que circularam na altura e aos quais a jornalista não se referiu. Desde aí tem tido algum contacto mais elucidativo com alguém que possa abrir alguma porta para a verdade? Não. O grupo de cidadãos que iniciou a página do Luís na rede social Facebook pretende fazer uma marcha silenciosa em memória do seu filho, como vê esse tipo de manifesto em Macau? Na sua opinião o que se pode fazer mais? Gostava de apelar a toda a comunidade para participar. Há três anos foi o Luís amanhã pode ser qualquer outro jovem. A comunidade não pode aceitar. Penso que a comunicação social tem o dever de informar e não deixar que o caso morra, tem que desmascarar o que se está a fazer, o encobrimento que continua hoje como à três anos. Que passos irão dar os pais do Luís para prosseguir com esta luta pela verdade? Sente que chegará um dia em que irá baixar os braços e desistir porque o caminho terminou? Será isso que as autoridades de Macau estão ‘a espera, que o caso caia no esquecimento? O nosso advogado, Dr. Pedro Redinha está a prepara as próximas acções em Macau. Aqui em Portugal também estamos a preparar acções e vamos recorrer para os tribunais internacionais também. Com já afirmei não consigo compreender as autoridades de Macau, mas penso que já deviam ter percebido que nós não vamos baixar os braços, não conseguimos fazer o luto que precisamos e esse só será possível quando obtivermos Justiça.


quinta-feira 30.9.2010 www.hojemacau.com

6

política

Susana Chou diz que a História deve ser respeitada

Kahon Chan

hojemacau@yahoo.com

A sua voz tem estado afiada e clara ao longo do último ano, mas na verdade, Susana Chou apenas deixou o mundo dos blogs ontem e discursou num evento público pela primeira vez desde que deixou o gabinete de presidente da Assembleia Legislativa (AL). Dirigindose a uma audiência jovem que participou num curso de iniciação à política, Chou disse que a competição, mas do que a nomeação para títulos importantes, era o que fazia de uma pessoa um líder e que só os grandes líderes procuravam rodear-se de talentos ainda maiores. E também concordou que as mudanças em Macau têm ocorrido a um ritmo muito lento, mas defendeu que a história devia ser respeitada e que o povo era fundamental para trazer a mudança. O evento foi organizado pela Federação de Juventude de Macau para ser um intercâmbio com a população jovem, uma comunidade com quem Susana Chou tem mantido um diálogo frequente através do seu blog. A democracia tem sido um tema raro no blog de Susana Chou e a legisladora veterana não se alongou muito quando lhe perguntaram como melhorar a composição

kahon chan

“O cargo não faz um líder”

dos deputados da AL. Na qualidade de uma dos responsáveis pela elaboração da Lei Básica e do Apêndice que especifica as eleições para a AL e para chefe do Executivo, Chou sublinhou que a história devia ser respeitada e que uma reforma apressada faria mal à sociedade, mas também observou que o futuro tinha sido considerado na altura da elaboração da Lei Básica e que uma avaliação dos regulamentos eleitorais no 11.º ano desde a transição era apropriada e necessária.

“Penso que os deputados, mesmo os nomeados pelo chefe do Executivo, podem servir o povo sem uma classificação. O problema é como um deputado desempenha a sua tarefa”, afirmou. “Claro, penso que a lei eleitoral poderia ser revista antes das próximas eleições, deveria ser. Mas não quero pressionar o Governo sobre como o fazer, porque não tenho qualquer proposta amadurecida para fazer neste momento.” Entre a plateia, houve

quem manifestasse desespero em relação à participação política. Chou partilhou o sentimento de que as mudanças eram muito lentas, mas notou haver uma situação subjectiva a ser levada em conta. “A sociedade está sempre a avançar e muitas coisas vão mudar, provavelmente não ao ritmo que desejaríamos, mas é impossível que permaneçam imutáveis. (...) Devemos acreditar os homens passem à acção. Se todos nos esforçarmos por facilitar [a causa], a socieda-

Pequim toma novas medidas para conter bolha imobiliária

Governos locais na mira O Governo Central revelou novas medidas a tomar contra o sobreaquecido mercado imobiliário, uma vez que as medidas anteriores lançadas a 17 de Abril não foram capazes de parar a escalada dos preços em toda a China, sobretudo nas cidades mais caras, desde finais de Agosto, após alguns meses de acalmia. Em resposta a uma declaração do Conselho de Estado para parar “determinadamente” o aumento excessivo dos preços imobiliários, Pequim impôs maiores restrições às hipotecas e à compra de casas. As medidas foram emitidas pelo Minis-

tério da Habitação e Desenvolvimento UrbanoRural, em conjunto com o Ministério da Terra e Recursos e o Ministério da Supervisão – sendo que este último não é responsável pela política imobiliária, mas esteve envolvido na elaboração das medidas, mostrando a firmeza da vontade dos altos responsáveis do Governo em pôr em prática a política de Pequim com medidas e orientações pormenorizadas. Quem não respeitar as novas regras terá de enfrentar inquéritos e consequentes acções disciplinares pela omissão. Ao contrário de medidas anteriores, a pressão

de irá avançar mais depressa com certeza. Também depende de vocês como essa mudança é feita. Ninguém pode parar a roda da história. Tenham fé.” A ex-presidente da AL lembrou haver um programa de formação política chamado “nutrição de líderes” e disse não concordar com a ideia. “Os líderes não podem ser alimentados [deliberadamente]. O teu ‘status’ não se torna superior quando és nomeado pelo chefe do Executivo para qualquer título

exercida por Pequim sobre os governos locais, financeiramente beneficiados de forma indirecta pelo frenesim imobiliário, é mais forte e mais clara na nova acção de contenção. Os bancos comerciais ficam impedidos de aprovar hipotecas a famílias que comprem um terceiro apartamento. O empréstimo à habitação para o primeiro apartamento apenas pode ser concedido a um máximo de 70 por cento do preço total, o que baixa para 50 por cento se se tratar do segundo apartamento. As outras medidas parecem ser mais abstractas, incluindo “ajustes” aos impostos colectados através de transacções imobiliárias, auditorias reforçadas a projectos claramente sobrevalorizados, aumento efectivo na oferta de terrenos para propósitos residenciais, aplicação rigorosa da lei contra actos desonestos entre agentes e promotores.

ou posição oficiais, nem isso te torna um líder. Os líderes estão sempre cercados por muitas pessoas e que tipo de líder é que não tem uma multidão à sua volta? Por isso, os líderes devem ser gerados pela concorrência porque o povo irá seguir e concordar com um líder voluntarioso no processo de competição. O Presidente Mao é um líder e o povo sempre lhe dá ouvidos, mesmo tendo sido a chamada para a Revolução Cultural. Qual é a utilidade de escolher um líder por nomeação?” Susana Chou disse ter ganhado muita da sua capacidade de liderança nos negócios, reconhecendo a importância de ouvir opiniões opostas com paciência extra, mesmo que sejam dolorosas de se ouvir, porque essas pessoas é que serão provavelmente os verdadeiros ajudantes. “Deves convencer o teu adversário a gostar de ti, à medida que revelas a tua filosofia e ideias a par de algumas soluções práticas. Serás bem sucedido quando ele reconheça e se submeta voluntariamente. Se calares alguém com a autoridade, ele continuará a discordar de ti no fundo do coração”, afirmou, incitando os jovens a abraçarem os talentos que fossem melhores do que eles próprios, para alcançarem grande sucesso, uma vez que ninguém é capaz de fazer tudo. No evento de intercâmbio, Susana Chou confessou que o seu sonho de criança era apanhar um autocarro, uma vez que ela nunca o tinha feito antes de completar oito anos, graças à prosperidade alcançada pelo seu pai, Chao Kuang-piu. A antiga presidente da AL aspirava então a uma vida mais brilhante fora da aura do seu pai – que hoje se vê reconhecido em Macau como “o pai de Susana Chou” – e reconhece um pouco de amargura no seu pai, que era muito conhecido antigamente. No final, revelou que um leitor do seu blog a tentou convencer a voltar para a AL porque escrever só não adiantava. Chou recusou a “oferta”. “Como me poderia sentar lá com esta idade? Vocês não vão ter nada se eu ocupar o lugar!”


Aniversário da implantação da República Popular da China cheio de festejos Macau vai marcar o 61º aniversário da implantação da República Popular da China e o Dia Nacional com uma série de actividades, que tem como pontapé de saída o içar da bandeira chinesa com o Chefe do Executivo, às 8h, na Praça de Lótus Dourado. A seguir, a comitiva oficial segue para a Torre de Macau para uma recepção com personalidades de diversos sectores da sociedade. Ainda pela manhã, há uma corrida para assinalar a data com 15 mil participantes, que receberão prémios de Fernando Chui Sai On. Há ainda um sarau desportivo, no Tap Seac, às 14h, em que o Governo irá desejar boa sorte aos representantes de Macau nos Jogos Asiáticos.

quinta-feira 30.9.2010 www.hojemacau.com

7

Quatro associações organizam manifestações pela cidade para o feriado de amanhã

Protestar até que a voz lhes doa Florinda Chan e Shuen Ka Hung são os principais alvos de quatro protestos marcados amanhã um pouco por toda a cidade. As associações pediram ao IACM para usar artérias principais, como as avenidas Almeida Ribeiro ou Horta e Costa. No entanto, a PSP cortou-lhes as asas e propôs-lhes um itinerário alternativo, que não congestione o feriado de ouro Vanessa Amaro

hojemacau@yahoo.com

As comemorações do dia da implantação da República Popular da China vão ser assinaladas em Macau de duas formas: a oficial, com Chui Sai On a encabeçar uma

Mais um almoço, mais uns copinhos de vinho e mais umas opiniões auscultadas para as próximas Linhas de Acção Governativa (LAG). O Chefe do Executivo, Fernando Chui Sai On, ofereceu ontem mais um almoço de luxo no hotel MGM, desta vez com 30 membros da Comissão Eleitoral do Chefe do Executivo do sector laboral, e voltou a ver o dedo apontado ao gasto excessivo para um simples encontro. Chan Kam Meng, director-geral da FAOM, classifica de “um verdadeiro desperdício” o tipo de refeição oferecida pelo Executivo, levando em conta que a conta é paga com o “dinheiro dos contribuintes”. Ao que o Hoje Macau apurou, cada refeição para grupo no principal salão de baile do MGM ronda as 500 patacas por pessoa.

agenda preenchida, e, do outro lado, mais de 2 mil manifestantes a entupirem as ruas da cidade com palavras de ordem contra as políticas de governação. O Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) recebeu a informação de que quatro associações sairiam às ruas manhã para protestar. Duas delas – a Associação de AutoSocorros de Operários de Macau e Associação de Activismo para a Democracia – uniram forças para uma acção conjunta, que visa atacar principalmente Florinda Chan, secretária para a Administração e Justiça. A dupla, à qual ainda se juntam outras pequenas associações de trabalhadores, pediu licença para utilizar as avenidas Almeida Ribeiro e da Praia Grande e a rua da Ribeira do Patane, num cortejo em marcha lenta de motociclos. Os representantes dos grupos falam em reunir mais de mil pessoas, que apontam ao dedo ao caso das sepulturas do cemitério de São Miguel Arcanjo, em que o nome de Florinda Chan foi envolvido. Também fazem parte do rol de queixas a instabilidade da

qualidade de vida e a falta de um calendário para a democratização do sistema político. O IACM encaminhou a proposta da manifestação à PSP, que invalidou o percurso proposto para a marcha lenta. Em comunicado ontem enviado à comunicação, as autoridades referem que já reuniram-se com os dirigentes das associações para lhes indicar que devem seguir antes pela Almirante Lacerda e Coronel Mesquita, passando pela Sidónio Pais até chegar ao Lago Nam Van, onde está planeada a entrega de uma petição na Sede do Governo. Ficou também imposta uma restrição em relação ao número de manifestantes que poderão aproximar-se da Sede do Governo: “não superior a cinco”, frisa a PSP. O pontapé de saída está marcado para as 13h30, a partir do Jardim Triangular da Areia Preta. A principal cara da Associação de Auto-Socorros de Operários de Macau, Cheong Weng Fat, saltou para as luzes da ribalta há mês e meio, quando foi detido por desobediência à ordem pública ao atirar ovos e fezes de cão contra fotografias de Florinda Chan no

Artérias a evitar no feriado

• Jardim Triangular • Estrada do Arco • Avenida do Coronel Mesquita • Avenida do Almirante Lacerda • Rua do Campo • Avenida Sidónio Paz • Lago Nam Van • Avenida de D. João IV • Avenida Doutor Mário Soares • Praça de Jorge Álvares, • Rotunda de S. João Bosco

Largo do Senado. O activista não quis adiantar que números guarda para a sua próxima actuação. Pela manhã, às 10h, a Associação da Força de Operários começa a sua manifestação contra a Direcção para os Assuntos Laborais (DSAL) também com o percurso inicial alterado. Os membros queriam passar pelas avenidas Almirante Lacerda e Horta Costa, entregarem uma carta na Sede do Governo e continuar com a festa até às 22h30 na praça do hotel Sintra. A PSP não autorizou a pas-

Chui Sai On volta a oferecer almoços às elites locais

Comer e beber para esquecer

sagem pela artéria do Mercado Vermelho e só dá o aval para que também no máximo cinco pessoas apareçam à porta do edifício cor-de-rosa. Os manifestantes podem, entretanto, passar pela rua do Campo e pela avenida dr. Mário Soares. Outra associação, a da Força do Povo, também convocou os interessados a concentrarem-se às 12h no Jardim Triangular e de lá seguir, por volta das 15h, para a Sede do Governo, passando pela zona do Mercado Vermelho. A PSP voltou a carregar no semáforo vermelho e desviou o protesto para longe da Horta e Costa. A PSP garante que os desvios fora do previsto serão tratados como “actividade ilegal” compromete-se a disponibilizar um “número adequado de agentes”, para organizar a ordem e o trânsito. “Chama-se atenção aos promotores e participantes da actividade para cumprirem as orientações e regulamentos emitidos pelos órgãos e serviços competentes, seguirem pelo itinerário proposto, bem como não incomodarem os outros utentes da via pública”, aponta a PSP.

O Chefe do Executivo começou a encontrar-se com “representantes” de vários sectores em Macau este mês, abrindo a “maratona” numa reunião com deputados da Assembleia Popular Nacional (APN) e membros da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CCPPC) a 9 de Setembro. Decorrido quase um mês, concluiu-se que nenhum dos encontros teve lugar em quaisquer instalações do Governo. A primeira reunião foi também realizada no hotel MGM, preparado com equipamento simples de conferência, enquanto a sala de reuniões do hotel Four Seasons e o salão de baile da Torre de Macau acolheram outras duas reuniões cada. O principal tema sobre a mesa – além das tuas taças de vinho – prendeu-se com

a política da importação da mão-de-obra. Os representantes laborais apresentaram ideias para o combate dos ilegais, a implantação do salário mínimo e uma melhor legislação laboral. A lei de controlo do tabagismo, agora em discussão na Assembleia Legislativa, também esteve em destaque, especialmente no que toca aos efeitos sobre os empregados dos casinos nas áreas de fumadores. Chui Sai On, ouviu as opiniões e sublinhou que as questões que mais preocupam o sector laboral relacionam-se com a vida quotidiana dos cidadãos. No seu discurso final, o Chefe do Executivo reiterou que o Governo vai assegurar os interesses de todos os trabalhadores e está empenhado em melhorar as condições de vida da população. V.A.


quinta-feira 30.9.2010 www.hojemacau.com

política

8

Juízes do TUI nomeados para Conselho da Reforma Jurídica Desde ontem e até ao dia 31 de Março de 2012, Chun Kin e Viriato Manuel Pinheiro de Lima integram o grupo de membros do Conselho Consultivo da Reforma Jurídica. A nomeação foi ontem publicada em Boletim Oficial, com assinatura do Chefe do Executivo, mas não consta nenhuma fundamentação para as escolhas dos juízes do Tribunal de Última Instância (TUI). O Conselho Consultivo da Reforma Jurídica é um serviço com a natureza de equipa de projecto, que visa proporcionar ao Governo uma coordenação eficaz no domínio da produção legislativa e da realização de consultas.

processo contra Shuen

Coutinho não perdoa DSAL

pub

Assine-o

Telefone 28752401 | Fax 28752405 | e-mail hojemacau@yahoo.com

www.hojemacau.com

hojemacau

O deputado José Pereira Coutinho apresentou ontem uma interpelação escrita ao Governo em que acusa a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) de agir contra empresas sem provas concretas de trabalhadores ilegais e pede um processo para apurar responsabilidades no caso do canal MASTV. “A DSAL tem trabalhado, na maioria das vezes, com base em cartas e denúncias anónimas contribuindo para o fomento da ‘bufaria’ no seio da Administração Pública, método pelo qual muitos, sob a capa do anonimato, aproveitam os recursos públicos para se vingarem muitas vezes de pessoas e empresas inocentes, sem que estas possam ter quaisquer meios de defesa e de contraditório”, denuncia o deputado. Pereira Coutinho utiliza como base uma questão que já vem de longe – a inspecção da DSAL à redacção da MASTV. Com base numa carta anónima de 27 de Julho de 2009, sete trabalhadores da DSAL e agentes PSP efectuaram uma rusga sem planeamento prévio à MASTV a 18 de Março deste ano, na procura de indícios de “trabalho ilegal”. A estação de televisão queixou-se ao Comissariado contra a Corrupção (CCAC), que, após investigação, concluiu que a DSAL agiu sem provas, mentiu à imprensa – apesar de o director da DSAL, Shuen Ka Hung, ter defendido que as acções inspectivas decorreram com base num sorteio entre várias empresas locais -, mostrou-se incompetente e deixou no ar dúvidas sobre um possível ataque à liberdade de imprensa. Na altura a deputada Kwan Tsui Hang defendeu que “os grupos de trabalho sempre exigiram do Governo que realizasse a patrulha sobre o emprego ilegal, mesmo na ausência de queixa apresentada. A investigação do CCAC parece ter confundido qual a agência que estava a vigiar” e considerou que DSAL “é incompetente na luta contra o emprego ilegal” mas defende que o seu único mecanismo é também desactivado pelas acusações do CCAC de abuso de autoridade. Certo é que, agora, o deputado José Pereira Coutinho voltou a chamar à mesa esta questão e pergunta: “Vai o Governo mandar instaurar um processo disciplinar para apuramento de responsabilidades pela inspecção efectuada à MASTV?”. Para o deputado é incompreensível como é que até hoje ainda não tenha sido instaurado um processo disciplinar. E lança mais acusações em forma de questões: “Será que na DSAL os processos disciplinares são instaurados quase sempre ao pessoal inferior e da linha da frente e os dirigentes não precisam de assumir as suas responsabilidades?” O membro da Assembleia Legislativa refere ainda que nas várias acções inspectivas feitas à MASTV, a DSAL agiu com imprudência e violou o princípio da boa Administração, “não adequando as referidas acções ao facto de se tratar de uma empresa televisiva”. “Que garantias poderá ter a Assembleia Legislativa por parte do Governo que este tipo de conduta não se irá repetir?”, deixa no ar.


Kim Jong-il consolida poder da família norte-coreana com o secretismo A mais importante reunião política organizada em Pyongyang em quase meio século, em local não revelado, durou apenas um dia, mas chegou para confirmar que o actual líder, Kim Jong-il, quer manter o poder dentro da sua família. Além de ter reeleito Kim Jong-il no cargo de secretário-geral do Partido dos Trabalhadores Coreanos (PTC), a conferência nacional do PTC realizada na terça-feira elegeu o seu filho mais novo, Kim Jong-un, para a vice-presidência da Comissão Militar do partido.

quinta-feira 30.9.2010 www.hojemacau.com

9

política

Apartamentos mais pequenos também atraem investidores

Dez medidas pouco convincentes Kahon Chan

hojemacau@yahoo.com

Uma agência imobiliária sediada em Hong Kong, especializada em transacções de altos valores, considera que as novas medidas propostas pelo Governo de Macau para conter a especulação imobiliária apenas criará um efeito “psicológico” a curto prazo entre os investidores mais pequenos. Os grandes investidores, pelo contrário, não deverão ser afectados. Até porque os apartamentos mais pequenos – uma das medidas propostas – são populares entre alguns investidores devido à boa procura local. No dia seguinte ao lançamento das medidas do Governo, as reacções continuam a ser, em geral, negativas. Fong Chi Keong, presidente da Associação de Construtores Civis e Empresas de Fomento Predial, espera uma subida dos preços num leilão aberto de terras, embora o Governo deva experimentar essa solução, em nome da transparência. O responsável disse que apartamentos a duas mil patacas por pé quadrado (21 460 patacas por metro quadrado) é um nível razoável e que as queixas persistentes das pessoas não são mais do que “gemer e chorar sem estar doente” por razões políticas. Mas também concorda que há especulação causada por investidores de Hong Kong. Io Hong Meng, presidente do conselho executivo da União Geral das Associações dos Moradores de Macau, descreveu as medidas como uma série de passos demasiado lentos com algumas acções essenciais postas de parte, como a restrição à revenda e limites de preços às terras leiloadas. “O efeito da licitação de um lote deveria ser reavaliado, já que os promotores também disseram à imprensa que o resultado do leilão podia puxar os preços ainda mais para cima. O Governo devia leiloar mais alguns lotes em simultâneo”, disse Io à Rádio Macau. Os ouvintes do programa aberto à intervenção telefónica do público ontem de manhã, assim como os internautas no fórum CyberCTM.com, partilharam opiniões semelhantes. Quando o secretário para os Transportes e Obras Públicas revelou anteontem os pormenores das

medidas, concordou que havia excessiva actividade especulativa no mercado imobiliário, e disse que o Governo estava verdadeiramente preocupado com os potenciais riscos para a economia. Mas a premissa já tinha sido questionada por uma agência imobiliária em Macau – Stanley Poon, gerente da Centaline (Macau) põe em causa a base de Lau Veng Seng, director-geral da Associação de Construtores Civis e Empresas de Fomento Predial de Macau, para julgar. Por exemplo, uma das abordagens de especulação imobiliária de alto risco é a revenda de um apartamento antes da conclusão do processo de transacção, em que o especulador apenas tem de pagar a primeira prestação, os juros e os impostos de aquisição do imóvel antes de proceder à sua revenda. A premissa: uma boa hipótese de econtrar um comprador desejoso de pagar um preço consideravelmente mais alto num período muito curto de tempo. A estatística de tais transacções é considerada um indicador da excessiva especulação no mercado (considerado saudável se for menos de três por cento de todos os negócios), mas

esses números não estão disponíveis em Macau. “O total das transacções aumentou bastante desde 2009, mas isso foi porque os números no ano passado foram baixos devido à crise financeira. Uma média mensal de cerca de duas mil transacções não é assim tanto. A especulação em Macau não é tão grave a ponto de tornar as casas incomportáveis”, afirmou Poon. Em relação às medidas, o responsável congratulou-se com a regulamentação proposta para a venda de apartamentos inacabados e a tão aguardada regulação aos agentes imobiliários, mas as medidas de curto prazo não lhe pareceram ser muito efectivas. “O custo mais alto da revenda implicaria um impacte psicológico de curto prazo nos investidores de menor capital, que podem hesitar, a menos que a propriedade seja mesmo muito boa.” O Governo poupou os apartamentos mais pequenos às medidas, assumindo que os grandes investidores preferiam os imóveis maiores, o que não é uma verdade absoluta no mercado. “Apartamentos de dimensões pequenas e médias são de grande interesse

local e o volume de transacções desses imóveis é alto, pelo que alguns investidores podem achar que essas propriedades escoam mais facilmente e o dinheiro retorna mais rápido, apesar de uma menor margem de lucro. O risco é relativamente mais baixo. Em contraste, os investidores têm de esperar mais tempo antes de revender ‘penthouses’ especiais e apartamentos de luxo.” Embora a Sands China esteja cada vez mais perto de conseguir a aprovação oficial para a venda de apartamentos no apart-hotel do Venetian, Stanley Poon disse que a Centaline não foi informada de qualquer actividade no mercado para a propriedade partilhada em regime de cooperativa. Terreno sem pretendente em Hong Kong

Pela primeira vez em 16 anos, nenhum promotor quis comprar um terreno apresentado a leilão em Hong Kong, mas o sector sublinha que o problema é do lote de terreno em si, e não do mercado ou da crescente pressão do Governo sobre a especulação. O terreno, localizado numa área sobretudo residencial na parte

Nordeste da Ilha de Hong Kong, mede 1804 metros quadrados e o comprador ficaria habilitado a construir uma área bruta total de 14 432 metros quadrados, ou o equivalente a cerca de 300 apartamentos T2. Apresentado a leilão com um preço inicial de 530 milhões de dólares de Hong Kong, o lote assistiu a cinco minutos de ausência de ofertas de promotores, pelo que as terras acabaram por continuar na posse do Governo – o que não acontecia desde 1994. De acordo com a RTHK, os principais promotores terão sugerido como explicação que o invulgar formato do pequeno lote, a localização pouco conveniente, a proximidade de uma encosta sujeita a um alto risco de deslizamento de terras e uma vista para um cemitério das proximidades terão sido factores que contribuiram para a falta de interesse, pelo que a licitação falhada não devia ser vista como um indicador de qualquer tendência de mercado. De facto, o outro lote levado a leilão na mesma ocasião foi arrematado por um promotor a um preço mais alto do que o esperado, mesmo estando o terreno localizado numa localidade-satélite nos Novos Territórios. Mas Ross Graham Martin, leiloeiro do Departamento de Terras de Hong Kong, exprimiu “surpresa” pela licitação falhada e recusou a teoria de que a encosta teria sido um factor proibitivo após o leilão. O responsável negou-se a especular acerca das razões que tornaram o terreno indesejado, e acrescentou que as previsões apontavam para que o lote acabasse por ser vendido por 900 milhões de dólares de Hong Kong. Além disso, um director regional da agência imobiliária Centaline disse à RTHK que o choque do leilão falhado tinha-se feito sentir instantaneamente pelo mercado, com vendedores em Chai Wan que esperavam resultados positivos a cortarem nos preços, em resposta. As receitas dos leilões de terras, que normalmente atingem dezenas de milhares de milhões de dólares de Hong Kong, têm sido consideradas ums fonte-chave de financiamento para o Governo local, permitindo a manutenção de impostos baixos e simples desde a governação britânica.


pub.

quinta-feira 30.9.2010 www.hojemacau.com

10

O Banco Nacional Ultramarino

felicita a República Popular da China pela passagem

do seu 61º aniversário

O Instituto para

os Assuntos e

Cívicos

Municipais

felicita a República Popular da China pela passagem

do seu 61º aniversário

www. iacm.gov.mo


sociedade

quinta-feira 30.9.2010 www.hojemacau.com

11

Governo prometeu aumentar no imediato vagas nas creches, mas solução não é fácil

Imediatamente de qual ano?

Aumentar o número de crianças por sala de 25 para 28 não está a ser uma tarefa fácil para o Governo, que prometeu criar 151 vagas nas creches imediatamente. O IAS ainda não sabe se será possível cumprir o número prometido, porque primeiro as instituições têm de confirmar as suas condições de espaço e recursos humanos. Vanessa Amaro

hojemacau@yahoo.com

Há crianças demais para poucas vagas na creche de Macau. Para contornar a curto prazo o problema, o Governo anunciou na semana passada um regulamento administrativo que irá elevar de 25 para 28 o número de crianças em cada sala. Feitas as contas, apareceriam já 151 novas vagas, mas o Instituto de Acção Social (IAS) esclarece que, afinal, isso não é bem assim. O IAS levou a cabo um estudo com as 32 creches existentes e concluiu que 16 delas teriam capacidade para aumentar o número de crianças. Os requisitos são ter dois metros quadrados para cada bebé – o que no total significa uma sala de 56 metros quadrados de área útil – e duas educadoras, a cumprir a proporção de uma para 14 crianças. No entanto, as creches consideradas aptas ainda não foram consultadas e não há prazo para tal. “Ainda não temos a lista definitiva das creches que vão ser abrangidas por esta alteração, porque vamos contactá-las para saber das suas reais condições”, informou ao Hoje Macau o IAS, sem querer adiantar prazos para a conclusão do estudo prático. “Não sabemos quando a relação das creches estará pronta.” Em causa não está apenas as salas de 56 metros quadrados, mas a contratação de mais recursos humanos, como explicou o IAS.

A responsável pela creche Obra das Mães, no NAPE, Jorgiana do Rosário, afirmou ao Hoje Macau que até ao momento não recebeu nenhuma instrução, nem foi contactada para saber da disponibilidade de proceder ao aumento. “Neste momento, temos 25 crianças em algumas salas, provavelmente temos área para o aumento, mas não fomos informados sobre nada do assunto”, apontou. Poucos recursos, os mesmos milagres

O porta-voz do Conselho Executivo, Leong Heng Teng, aquando do anúncio do regulamento administrativo, na semana passada, afirmou que o número de educadoras mantém-se inalterado: uma para cada 14 crianças, em vez da proporção de uma para 12 actualmente em vigor. Leong justifica que o Governo considera o aumento de crianças ligeiro, o que não provocaria complicações em relação à gestão das educadoras existentes. “É admissível”, apontou o porta-voz. O Governo utiliza o exemplo de Hong Kong para demonstrar que não é necessário investir na

contratação de mais auxiliares. “De acordo com a situação actual da região vizinha, a proporção dos trabalhadores em relação aos utentes de é uma para 15, rácio este que é semelhante ao de Macau”, apontou o Conselho Executivo na sua fundamentação. Na prática, ter 28 crianças numa mesma sala de aula não é uma tarefa simples. Isabel Marreiros, educadora de infância e directora da creche da Santa Casa da Misericórdia, considera a exigência de apenas duas pessoas a supervisionar 25 crianças “puxado” e considera que para três bebés extras, o ideal seriam quatro. “Duas educadoras para uma sala de 25 crianças já é puxado. Para 28, o número deveria ser três no mínimo. Quatro é aceitável. Até podíamos ter um campo de futebol cheio de crianças e só duas educadoras, se o Governo considerar isso bem...”, disse ao Hoje Macau. Na creche da Santa Casa, as salas com 22 bebés têm três responsáveis a olhar por eles. “Duas pessoas é muito complicado, porque são crianças de até três anos que requerem muita atenção.” Encontrar educadoras qua-

lificadas num passe de mágica também não será possível a curto prazo, aponta Isabel Marreiros. Falta pessoal e falta onde formar os recursos. “Em Macau não há suficiente gente especializada. Leva tempo a tratar da formação de auxiliares de educação. A questão das creches não dá para ser resolvida de um dia para o outro”, aponta. A tapar buracos

Em Dezembro de 2009, havia 3548 vagas nas creches, número que foi aumento este mês para 3858 – um acréscimo de 310. O Governo refere que todas as novas vagas foram ocupadas e que passou a existir listas de espera. O IAS teve então de rever o indicador da procura dos serviços das creches, passando-o de 21% para 30%. Com base nisso, prevê-se que em 2015 haverá mais 2742 crianças a precisar de creche. Entre este ano e ao longo do próximo, está prevista ainda uma ampliação das instalações existentes em sete creches, factor que traria mais 721 lugares. O IAS prevê ainda criar entre 2012 e 2015 mais quatro creches com capaci-

dade para abrigar 800 crianças. “Com a execução de todas essas medidas, prevê-se um aumento mínimo de 1800 vagas no período compreendido entre 2012 e 2015”, garante o Governo. Melinda Chan, deputada da Assembleia Legislativa, só aprova a alteração do número de crianças por sala se realmente for algo “temporário”. “É uma medida que está longe de resolver esse problema. Tem de haver mais planeamento, de forma que seja possível dar conta das necessidades reais. Novas creches devem começar a ser construídas de forma imediata”, afirmou ao Hoje Macau. Para se manter os requisitos mínimos de qualidade, a deputada considera que não deve ser apenas o Governo a indicar se a creche pode ou não receber mais crianças. “Cada instituição deve olhar para si mesma e avaliar se tem condições de manter o nível com os recursos físicos e humanos que tem. Mais urgente ainda é elevar as qualificações dos próprios educadores. E se houver novas creches construídas mas não houver pessoal para nelas trabalhar, no que ficamos?”, questiona Melinda.


quinta-feira 30.9.2010 www.hojemacau.com

sociedade

12

Trio de agiotas fica a ver navios Dois irmãos proprietários de um restaurante local e um trabalhador da construção civil foram esta semana detidos pela Polícia Judiciária, sob a acusação de crime organizado, privação de liberdade, danos corporais, coerção e ameaça. O trio emprestava dinheiro a frequentadores de casino, a cobrar juros entre os 10 e os 30% pagos a cada dez dias. O esquema, considerado apenas a ponta do icebergue de uma organização criminosa maior, foi descoberto depois da mulher de uma das vítimas ter denunciado que o marido estava sob ameaça do trio. Quando o grupo foi detido, tinha notas de crédito de outras dez vítimas, a maioria residente em Macau.

Inflação vai continuar a subir, mas função pública é a que menos se vai ressentir

Funcionários a salvo Vanessa Amaro

hojemacau@yahoo.com

Se acha o preço que paga pelo arroz, pelos legumes ou pelo leite elevado, espere ainda para queixarse nos próximos meses. O Governo pouco pode fazer para travar a inflação que aí vem – o grupo The Economist aponta para 3,1% este ano e 4,6% para 2011 -, mas com o aumento prometido aos trabalhadores da função pública, estes serão os únicos a sair ilesos. Economistas ouvidos pelo Hoje Macau acreditam que quando o aumento dos preços dos bens essenciais começar a sentir-se mais, a classe média será a primeira a retrair-se, com a exclusão dos funcionários públicos. Perante a revisão salarial para o próximo ano, haverá mais dinheiro na carteira, menos preocupações com a inflação, mas a possibilidade de um efeito perverso sobre os que não foram aumentados, especialmente os trabalhadores das pequenas e médias empresas (PMEs). “Com mais dinheiro a circular, aumenta também a procura, mesmo com os preços mais elevados que anteriormente. Os funcionários públicos ainda têm um peso considerável na sociedade. Se o consumo aumentar, a inflação segue a mesma tendência e é muito provável que ultrapasse os 3%, número aceitável, mas preocupante”, explica o economista Albano Martins. As PMEs não têm pedalada para seguir os aumentos do Governo, o que fará com os salários dos trabalhadores desse sector continuem estagnados, como ressalta o economista José Santos. “Os funcionários públicos estão safos, mas o resto da população, especialmente a que trabalha para as PMEs, vai ter mais dificuldade para sobreviver com o mesmo dinheiro de sempre.”

Os preços vão continuar a galope este ano e durante o próximo. Previsões indicam que a taxa de inflação atingirá os 3% nos próximos meses, subindo para 4,6% em 2011. Economistas apontam que todos sentirão a pressão, mas, no fim das contas, os trabalhadores da Administração Pública sairão ilesos. Aumentos de salários, precisam-se para as pequenas e médias empresas preços quando a taxa de inflação atingisse os 3%. Francis Tam, secretário para a Economia e Finanças,

Poucas armas

Guarda-chuva atrasado

Controlar a inflação em Macau é uma missão impossível, já estudála para tomar medidas preventivas deveria ser uma obrigação do Governo. Segundo José Santos, é aí onde as autoridades locais estão a falhar. O Chefe do Executivo, Fernando Chui Sai On, disse em Maio que tomaria medidas para atenuar a pressão da subida dos

necessários em breve. “O que o Governo está a fazer não é correcto. Se tem possibilidades de já tomar medidas – como todos sabemos que tem – deveria pô-las em prática imediatamente. É como quando alguém sai de casa, percebe que vai chover, mas espera a chuva cair para ir a correr comprar um chapéu”, critica José Santos. Albano Martins compreende as dificuldades do Governo em prever uma taxa que está completamente à mercê de factores externos, como a cotação do dólar de Hong Kong e do yuan, e considera que a meta dos 3% para se agir já é válida. “Nunca houve a preocupação em definir um objectivo para a inflação. Esta é a primeira vez que há um compromisso do Governo de Macau para lidar de frente com a questão. Isso indica uma certa cautela e prudência.”

afirmou esta semana que os preços vão continuar a subir e que o Governo está a manter um olho na situação para adoptar os esforços

Em Julho, quando a inflação atingiu os 2,96%, o Governo apressou-se em rever os subsídios de alívio para a faixa mais carenciada da população. O Instituto de Acção Social (IAS) anunciou um pacote de apoios de 50 milhões de patacas, em que se incluíram reforços nos pagamentos de subsídio regular de que usufruem 5300 famílias e mais abonos para outros 1000 agregados familiares. No mês passado, a inflação abrandou ligeiramente e o mês de Agosto fechou com a taxa de 2,55%, queda que não baixou o estado de alerta. “A economia vai continuar a crescer, vai haver mais pressão sobre a procura e é muito provável que a inflação entre numa tendência rotineira de alta”, prevê Albano Martins. No entanto, atribuir subsídios pode não ser a melhor solução para manter o número na rédea. José Duarte aponta que se o Governo decidir atribuir benefícios para atenuar os efeitos da inflação de forma generalizada, ou aumen-

tar em demasia o seu valor para aqueles que já gozam de abonos, a tendência é uma inflação ainda mais alta. “Quanto mais dinheiro estiver a circular, mais subsídios forem pagos, maior será a inflação. Se for dada às pessoas mais capacidade de consumo, os preços dos produtos não vão diminuir. É a procura quem manda na regra”, justifica o especialista. Albano Martins concorda que quanto mais dinheiro o Governo atribuir directamente às famílias, mais perverso será o efeito geral no mercado de Macau. O que deveria então ser feito? Para o economista, subsidiar os bens essenciais pode ser a melhor saída perante à impossibilidade do Governo meter um travão à inflação. “É o que já acontece com a conta de electricidade. É atribuído um subsídio, fazendo com que o valor seja mais reduzido para o consumidor. Isso, no entanto, pressupõe que os produtos vão ficar artificialmente mais baratos. Assim que os subsídios forem retirados, não haverá forma de controlar os seus preços. O Governo não tem muitas hipóteses”, ressalta o economista. Yuan imparável

Ontem, a moeda atingiu o valor mais alto de sempre face ao dólar norte-americano, cotando-se em 6,6936 por 1 US$, uma valorização de 1,96% em cerca de três meses. O recorde ilustra a “flexibilidade” da política cambial anunciada em Junho pelo governo chinês, depois de persistentes críticas ocidentais à “artificial subavaliação” do yuan. Durante cerca de dois anos, o yuan esteve praticamente indexado ao dólar norte-americano, cuja cotação, entretanto, variou muito face ao euro e outras moedas. Antes da “flexibilidade anunciada em Junho, um dólar valia 6,8275 yuan, o que segundo a União Europeia e os Estados Unidos, os principais parceiros comerciais da China, ampliava a competitividade das exportações chinesas. Os especialistas prevêem que Macau continuará a sofrer as consequências do crescimento da moeda chinesa. “Temos uma grande dependência dos produtos chineses. Se o yuan está mais valorizado, isso quer dizer que os bens essenciais, como alimentos e bebidas, chegam-nos mais caros. Aliado com o forte crescimento da economia de Macau, com um maior poder de compra, a inflação vai disparar. Até agora a taxa esteve em roda-livre e como não foram tomadas medidas atempadas, todos nós sofreremos as consequências”, afirma José Santos.


Associações de trabalhadores querem ilegais detidos, mas Governo nega pedido

quinta-feira 30.9.2010

Um grupo de representantes de dez associações laborais manifestou-se esta semana ao Governo sobre a vontade de participarem em acções de detenção de trabalhadores ilegais. Os líderes associativos estiveram reunidos com Francis Tam, secretário para a Economia e Finanças, e com o director da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), Shuen Ka Hung, e pediram pulso mais firme no combate ao trabalho ilegal, nem que isso significasse a sua própria participação nas detenções. A DSAL informou que não tem poder para efectuar detenções e que essa tarefa é da responsabilidade da PSP.

Macau organiza colóquio da Língua Portuguesa em Abril de 2011

Unidos falaremos Macau organiza em Abril do próximo ano um colóquio da lusofonia em que estudiosos de diferentes países vão debater a língua portuguesa no mundo naquela que é já considerada um “centro de formação do português”. O anfitrião do evento é o Instituto Politécnico de Macau que, à semelhança de outras instituições de ensino superior na Ásia, tem registado um aumento do interesse pelo estudo do português, como

disse à Lusa Lurdes Escaleira, professora do Politécnico. “Tudo que tenha a ver com o ensino do português e com a tradução do portuguêschinês interessa ao governo de Macau e ao IPM também”, declarou. Esta é a razão, segundo a docente, porque a instituição de ensino de Macau decidiu apoiar a realização de um colóquio da Lusofonia, que decorrerá entre 18 e 22 de Abril.Aideia deste evento surgiu em Bragança no Colóquio

MIF espera mais participantes na edição deste ano

Investir e cooperar sempre

Gonçalo Lobo Pinheiro hojemacau@yahoo.com

O maior certame anual de carácter económico e comercial de Macau – a Feira Internacional de Macau (MIF) - vai já na 15ª edição e este ano tem como tema “Cooperação – Chave para Oportunidades de Negócios”, com data marcada entre os dias 21 e 24 de Outubro, no Venetian. O evento juntará no mesmo espaço empresas e empresários de todo o mundo, incluindo da própria China e dos países de língua portuguesa que possuem pavilhão próprio. Na apresentação à comunicação social, ontem, na Torre de Macau, o presidente do Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM), Jackson Chang, assumiu com satisfação que “o tamanho desta feira tem vindo a aumentar, estimando-se mais de 1400 tendas de exposição, o que corresponde a um aumento de 30% em relação ao ano passado”. A promoção do investimento e da cooperação será a pedra basilar da MIF este ano. “Pela primeira vez Pequim vai enviar uma delegação para participar nas exposições e conferências”, disse Chang justificando que a China é muito importante nessa relação. Além disso, o certame está recheado de novidades. A Ilha da Montanha, Zuhai e Hainão iram montar, pela primeira vez, pavilhões de projectos de investimento com o objectivo de tirar o máximo partido da feira e dar a conhecer e apresentar aos empresários e ao exterior o seu ambiente de investimento. Chang disse, igualmente, que “será montado um pavilhão de electrodomésticos de pequeno porte com mais de 70 empresas de várias localidades” de onde se destaca Jiangmen, Cantão, Zhongshan, Enping e outras regiões do Delta do Rio das Pérolas.

A promoção de indústrias criativas também não foi esquecida e como tal, a organização criou o pavilhão de indústria cultural criativa, destinado a profissionais de arte e cultura e a pessoas ligadas às indústrias criativas. “Seguindo a política do Governo de Macau, nomeadamente a promoção de indústrias criativas e culturais e o desenvolvimento da diversificação económica de Macau, foi criado o Pavilhão de Indústria Cultural Criativa, destinado a profissionais de arte e cultura e a pessoas ligadas às indústrias criativas, a fim de lhes dar oportunidade de expor os seus trabalhos e talentos”, acrescentou Jackson Chang. Paralelamente à MIF, vai decorrer o Festival de Moda de Macau 2010. Este certame, com os altos patrocínios do IPIM e do Centro de Produtividade e Transferência de Tecnologia de Macau, permite satisfazer a necessidade do mercado dos designers de moda de Macau. A feira alargou duas vezes mais as áreas de exposição em relação ao ano passado. Para Chang é premente “a partilha de experiências e competências”. O responsável confirmou que serão enriquecidos os conteúdos da Exposição Internacional das PME, incluindo o pavilhão das PME em Macau, pavilhão de equipamentos de fotografia e imagem digital e o pavilhão de Taiwan, que “este ano terá maior visibilidade”. Os dias do evento estão também reservados a vários fóruns e conferências, dos quais se destacam o “Fórum para o comércio e o investimento internacionais 2010”, a “Cimeira mundial de empresários chineses” e a “Conferência Pequim-Macau”. “Não estávamos à espera disto tudo. Este ano a MIF vai ser um sucesso e teremos mais gente a visitá-la”, concluiu Jackson Chang, a fazer um brinde com vinho tinto português.

Anual da Lusofonia que se realiza há nove anos na cidade transmontana e que, desde segunda-feira até sábado, volta a reunir linguistas e curiosos da língua portuguesa. O desafio de Malaca

Uma associação portuguesa que há dois anos faz a ligação entre Portugal e Malaca desafiou o governo português a oficializar um acordo diplomático que facilite a aproximação à comunidade que mantém o legado luso na Malásia. AAssociação Cultural Coração em Malaca gostaria de assinalar, em 2011, os 500 anos da chegada dos portugueses àquele porto do Sudeste asiático com a oficialização de um

www.hojemacau.com

13

acordo de cooperação, amizade e cultura entre Portugal e a Malásia. A presidente da associação, Luísa Timóteo, lamentou que, apesar de cinco séculos de história em comum, não exista aproximação institucional. Segundo disse, “cada vez que um membro da associação se desloca a Malaca tem de ir pedir um visto a Paris [França] porque não existe uma embaixada da Malásia em Portugal”, e vice-versa. Luísa Timóteo decidiu visitar a cidade quando esteve numa comissão portuguesa de cooperação com Timor-Leste e diz que ouviu os portugueses de Malaca queixaram-se de que “estavam abandonados”. “Eles fizeram-me imensas queixas: que estavam abandonados, já nem padre lá tinham e, naquele abandono, pediram-me que, quando chegasse a Portugal, desse um recado ao Governo: que eles ainda lá estavam e queriam

sociedade

ser sempre portugueses de Malaca”, contou. Regressada a Portugal, escreveu ao então Presidente da República Jorge Sampaio e com um grupo de amigos fundou, em Torres Vedras, a Associação Cultural Coração em Malaca, que no português arcaico local, o cristang, se diz “Korsang di Melaka”. A associação conta com 470 sócios e tem uma delegação em Kuala Lumpur. “Não deixar morrer esta nossa identidade é a nossa grande preocupação”, realça Luísa Timóteo. O Instituto Camões ofereceu uma bolsa de 500 euros a um dos membros, Cátia Candeias, uma jovem de 27 anos que há oito meses está a ensinar português moderno aos habitantes do bairro português de Malaca. A associação pretende também promover um intercâmbio de grupos de folclore, já que as danças são também uma das heranças que esta comunidade preserva.

pub

A Universidade de

Macau

felicita a

República Popular da China pela passagem

do seu 61º aniversário


quinta-feira 30.9.2010 www.hojemacau.com

14

pub.


pub.

quinta-feira 30.9.2010 www.hojemacau.com

15


quinta-feira 30.9.2010 www.hojemacau.com

16 16

Tender Notice for Hong Kong-Zhuhai-Macao Bridge Main Bridge Project Contractor’s All Risks and Third Party Liability Insurance Leading Insurer and Co-insurer(s) Selection Hong Kong-Zhuhai-Macao Bridge Authority (“Project Owner”) has decided to select, through open tender, the Leading Insurer and Co-insurer(s) for Contractor’s All Risks and Third Party Liability Insurance (CAR & TPL Insurance) of Hong Kong-Zhuhai-Macao Bridge Main Bridge Project (“The Project”). All insurers with due qualifications as specified herein are invited to submit their tender document in respect of CAR & TPL Insurance for the Project. I. Project Profile The Project stretches for about 29.6km, starting from the Boundary between Guangdong Province & Hong Kong Special Administration Region and ending at Zhuhai/Macao Boundary Artificial Island, includes a bridge section of 22.9km long, a 6.7km long immersed tube tunnel section and two artificial islands at both ends of the tunnel. The Project is expected to be put into operation by 31st December, 2016. II. Scope of Work The Leading Insurer and Co-insurer(s) shall be selected through open tender with respect to the provision of CAR & TPL insurance coverage and risk management service during the Project construction and maintenance period. III. Key Requirements for the Tenderer Tenderer to the Project must meet the criteria stated as below: 1. The Tenderer must be incorporated within the territory of People’s Republic of China, approved by China Insurance Regulatory Commission (CIRC) to conduct general insurance business and operate as an independent legal entity. 2. The minimum registered capital of the Tenderer must be no less than RMB1.5 billion (as by 31st December 2009). 3. The 2009 total written premium of the Tenderer must have exceeded RMB1 billion. 4. The Tenderer must have been in operation for more than 3 years (as by 31st December 2009). 5. The solvency margin of the Tenderer must be no less than 100% according to CIRC standard (as by 31st December 2009). 6. The Tenderer must have an existing branch in Guangdong Province. IV. Qualification Review A post-qualification review will be conducted for the tender. V. Instructions to Tenderer 1. A Consortium of Tenderers is not acceptable for the tender. 2. The Tenderer must submit tender document in the name of its Head Office. 3. The Tenderer must officially obtain the Tender Invitation Document from the Project Owner, and those failing to do so will be considered disqualified for the tender. 4. Any Tenderer, affiliated to Project Owner and/or Insurance Broker or having conflict of interests in the Project, shall be precluded from the tender. VI. Obtaining Tender Invitation 1. The Tenderer could obtain the Tender Invitation Document within the following period at the following address: Time: 9:00am - 11:30am, 14:30pm - 16:30pm, from 9th October, 2010 to 11th October, 2010 (Beijing Time, except Chinese Public Holidays) Address: Room 605, Eastern Gate of Jiuzhougang Plaza, No. 428 Qinglunan Road, Zhuhai City, Guangdong Province 2. The Tenderer must present the following documents:• Original copy of the Exclusive Letter of Authorization, signed & sealed by the legal representative of its Head Office. • The Confidentiality Agreement, signed & sealed by the legal representative (or the authorized person) of its Head Office. • Duplicates of the Business License of its Head Office. The template of the above referenced Exclusive Letter of Authorization and Confidentiality Agreement could be downloaded from the website of Hong Kong-Zhuhai-Macao Bridge Authority http://www.hzmb.org. VII. Submission of Tender Document The tender submission must be delivered to the following address at the specified time: Time: 9:00 am - 11:30 am (Beijing Time), 15th November, 2010 Address: Room 605, Eastern Gate of Jiuzhougang Plaza, No. 428 Qinglunan Road, Zhuhai City, Guangdong Province VIII. Contact Person of the Project Owner The Tenderer can contact the Project Owner through the following channel: Contact Person: Mr. Li Qiang, Finance Dept., Hong Kong-Zhuhai-Macao Bridge Authority Address: Room 605, Eastern Gate of Jiuzhougang Plaza, No. 428 Qinglunan Road, Zhuhai City, Guangdong Province Tel: 0756 - 3292181 Fax: 0756 - 3292000 E-mail: lq@hzmbo.com Project Owner: Hong Kong-Zhuhai-Macao Bridge Authority Insurance Broker: Marsh (Beijing) Insurance Brokers Co., Ltd.

A Santa Casa da Misericórdia felicita a

República Popular da China pela passagem do seu 61º aniversário


desporto

quinta-feira 30.9.2010 www.hojemacau.com

17 Basquetebol Benfica, cinco anos depois

O Benfica está de regresso às competições europeias de basquetebol. Para já, tem de ultrapassar uma qualificação de modo a ter acesso à fase regular da EuroChallenge, competição sob a égide da FIBA. O Ferro-ZNTU (Ucrânia) é o adversário dos bicampeões nacionais em duas mãos. “É uma equipa forte, que não conhecemos muito, mas conhecemos alguns jogadores ucranianos que jogam lá e sabemos que têm grande nível. Também têm quatro americanos muito fortes, portanto vai ser uma tarefa muito complicada, embora ache que temos condições”, disse Henrique Vieira em declarações à Benfica TV. Da última vez que a equipa da Luz esteve nestas andanças, em 2004/05, saiu vergada a 10 derrotas na EuroCup.

Automobilismo | ‘Superleague Formula by Sonangol’ está na Ásia

Porto e Sporting aceleram Sérgio Fonseca

hojemacau@yahoo.com

O novíssimo circuito de Ordos, na Mongólia Interior, recebe no próximo fim-de-semana a primeira das duas provas que a Superleague Formula by Sonangol quer organizar na China. A competição que junta o futebol ao automobilismo do mais alto nível e que oferece um prémio monetário de cerca de cinquenta milhões de Patacas, estreia-se fora da Europa num circuito desconhecido por todos e ainda em fase de acabamentos. O traçado do Ordos tem um perímetro de 3751 km ao longo do qual existem dezoito curvas e foi estreado na semana passado pelo Campeonato da China de Viaturas de Turismo

(CTCC), apesar da maioria das infra-estruturas da pista estarem por concluir. A estreia da categoria que reúne alguns dos mais importantes clubes de futebol do mundo no traçado chinês está agendada para a próxima sexta-feira para as sessões de treinos-livres, realizando-se a qualificação no sábado e as corridas no domingo. À semelhança dos restantes pilotos, a participação de Álvaro Parente, o jovem português que defende as cores do Futebol Clube do Porto, na prova chinesa será um enorme salto para o desconhecido, uma vez que o traçado situado no distrito de Kangbashi é uma novidade para todos. Porém, Álvaro Parente está confiante de que isso não será um problema. "Normalmente,

adapto-me bem a novos circuitos, portanto, não espero dificuldades nesse aspecto. Fica por saber se a equipa conseguirá as melhores afinações para este traçado. Apenas posso garantir que vou dar o meu melhor, como é costume, e tentar lutar um bom resultado de modo a esquecer todos os problemas das últimas provas", concluiu o português. Também presente em pista estará o Sporting Clube de Portugal. O clube leonino vai utilizar um quarto diferente piloto espanhol esta temporada. Adrián Vallés, que deu o título ao Liverpool em 2009, junta-se ao clube de Alvalade nas duas rondas chinesas. Depois de Borja Garcia, Andy Soucek e Celso Miguez, a equipa do sportinguista contará com os serviços do piloto

espanhol que passou pela GP2, venceu a Superleague Formula by Sonangol com o Liverpool em 2009 e tentou este ano, sem sucesso ingressar na Fórmula 1. Depois da viagem à Mongólia Interior, a competição segue, no fim-de-semana de 9 e 10 Outubro, para Pequim, onde deverá organizar uma corrida citadina em pleno coração da cidade olímpica. Contudo, esta corrida continua por confirmar oficialmente até que a FIA a aprove o traçado. O campeonato patrocinado pela petrolífera estatal angolana é actualmente liderado pelo RSC Anderlecht com 576 pontos, contra 562 do Tottenham Hotspur e 537 do FC Basel. O Futebol Clube do Porto é décimo classificado, estando três posições acima do rival Sporting.

Sporting de. Braga novamente goleado na Liga dos Campeões

Shakthar pôs a nu fragilidades minhotas O Shakthar Donetsk venceu o Sp. Braga, na Pedreira, e praticamente acabou com as esperanças da equipa portuguesa em atingir os oitavos-de-final da Liga dos Campeões. Luiz Adriano, com dois golos, e Douglas Costa, com um na marcação de uma grande penalidade, foram os responsáveis para que o Shakhtar conseguisse a vitória que deixa

os bracarenses na última posição do grupo, a par do Partizan de Belgrado, com zero pontos. No topo, seguem o Arsenal e o Shakhtar, com seis pontos, distância muito difícil de recuperar para o Sp. Braga, que tem de jogar ainda em casa com o Arsenal e deslocar-se à Ucrânia. O Sp. Braga sentiu bastantes dificuldades para

contrariar o organizado meio-campo e a defesa do Shakhtar. Apesar disso, na primeira parte foi dos portugueses a melhor oportunidade, num lance em que Leandro Salino falhou por muito pouco um desvio para a baliza dos ucranianos. Ficaram ainda, durante este período, os jogadores e adeptos do Sp. Braga a protestar contra o árbitro,

reclamando duas grandes penalidades que ficaram por assinalar. Os jogadores do Shakhtar, por seu turno, souberam esperar pelo momento certo para concretizarem a superioridade que demonstravam na posse de bola e acabaram por chegar ao golo já na segunda metade do jogo. Reagiu, de imediato, o Sp. Braga que esteve perto

do golo, mas Matheus, num pontapé acrobático de bicicleta, não teve a sorte do seu lado. O mesmo Luiz Adriano fez o 2-0 aos 73 minutos, num lance semelhante. Já ao cair do pano, grande penalidade convertida por Douglas Costa a castigar falta do avançado Paulo César, estabeleceu o resultado final. Conclusão:uma desgraça.

Ciclismo Oliveira cheira o bronze

Nélson Oliveira, vice-campeão do Mundo de contrarrelógio Sub-23 em 2009 e medalha de bronze no Europeu deste ano, ficou fora das medalhas no Mundial de 2010, que decorre em Melbourne, na Austrália. O ciclista da Xacobeo, que foi o último a partir, ficou a escassos 3 segundos do bronze, ao realizar o 4.º melhor tempo, tendo feito ainda mais 27 segundos que o norte-americano Taylor Phinney, que conquistou o ouro sem grandes surpresas. Os restantes lugares do pódio foram para o australiano Luke Duerbridge (2.º), que fez mais 1 segundo nos 32 quilómetros, enquanto o 3.º posto pertenceu ao alemão Marcel Kittel, com mais 24 segundos.

Karaté Cascais acolhe Goju-Ryu

Portugal vai acolher o 1.º Campeonato do Mundo de karaté Goju-Ryu, evento que vai juntar mais de mil atletas de 46 países, entre 1 e 3 de Outubro, em Cascais. O campeonato, considerado o mais importante evento desportivo internacional do ano pelos praticantes de karaté de Okinawa, Japão, conta com o Alto Patrocínio do Presidente da República, Cavaco Silva. As provas vão decorrer no pavilhão do Dramático de Cascais. O estilo de karaté de Okinawa foi criado pelo Grande Mestre Chojun Miagi, que nasceu em 1888 em Naha e foi o principal discípulo de Kanryo Higaonna, que introduziu as artes marciais chinesas nas ilhas de Ryukiu.

Hóquei Portugal goleia Índia

A Selecção Nacional feminina de hóquei em patins goleou a Índia por 20-0, na terceira e última jornada da fase de grupos do Campeonato do Mundo que está a decorrer em Alcobendas, Espanha. Sofia Vicente, com seis golos, foi a melhor marcadora da equipa das “quinas”, que poderá ter a anfitriã Espanha como adversária nos quartos-de-final. Na primeira jornada, Portugal perdeu (2-4) com a Alemanha, tendo goleado 21-0 o México na segunda ronda.


quinta-feira 30.9.2010 www.hojemacau.com

o Hoje [r]ecomenda

18

[f]utilidades Su doku [ ] Cruzadas

HORIZONTAIS: 1 – Que tem grande extensão no sentido oposto ao do comprimento; os ramos ou a folhagem das plantas. 2 – Estrada que estabelece a ligação de um lugar para o outro; ter tonturas. 3 – Ósmio (s.q.); com asas; o primeiro algarismo da série dos números inteiros. 4 – Soberano de uma nação monárquica; nome da letra F. 5 – Repreensão (fam.); tudo o que é bom, justo, agradável e conforme à moral. 6 – Caixilho de madeira para os vãos das janelas, etc.; altar cristão; a parte da cozinha onde se acende o fogo. 7 – Género de formigas a que pertence a saúva; composição poética consagrada ao luto e á tristeza. 8 – Costume; contr. da prep. a com o art. def. o (pl.). 9 – Prep. que designa diferentes relações, como posse, matéria, lugar providência, etc.; sinal de giz que demarcava o princípio e o fim nas corridas de cavalos; batráquio anfíbio aquático, anuro, da família dos ranídeos. 10 – Que não tem caminho; acolá. 11 – Descarga eléctrica entre uma nuvem e o solo ou entre duas nuvens; nome do sétimo planeta do sistema solar, cuja órbita decorre entre a de Saturno e a de Neptuno e que possui cinco satélites.

VERTICAIS: 1 – Barrete doutoral; ajuntar. 2 – Campo de cereais; eia! (interj.). 3 – Avenida (abrev.); imóvel; observei. 4 – Esteiro de rio ou braço de mar, geralmente navegável e que se ramifica pela terra; apetite sexual dos animais em determinados períodos. 5 – Antigo navio comprido, de baixo bordo, a remos ou à vela, com dois ou três mastros; espécie de boi selvagem. 6 – Supressão de fonemas ou letras no princípio da palavra. 7 – Composição poética de assunto elevado e destinada ao canto; dispor por lotes. 8 – Curso de água, num lago ou no mar; fileira. 9 – O espaço aéreo; courela de terreno; índio (s.q.). 10 – Perigoso; que atingiu a maioridade legal. 11 – Qualquer instrumento de ataque ou defesa; rasoura.

Soluções do problema HORIZONTAIS: 1-LARGO. RAMA. 2-VIA. OIRAR. 3-ALADO. UM. 4-REI. EFE. 5-LAMIRE. BEM. 6-ARO. ARA. LAR. 7-ATA. ELEGIA. 8-USO. AOS. 9-DE. CRETA. RÃ. 10-INVIO. ALI. 11-RAIO. URANO. VERTICAIS: 1-BORLA. ADIR. 2-SEARA. ENA. 3-AV. IMOTO. VI. 4-RIA. CIO. 5-GALERA. URO. 6-AFERESE. 7-ODE. ALOTAR. 8-RIO. ALA. 9-AR. BELGA. 10-MAU. MAIOR. 11-ARMA. RASÃO.

REGRAS |

Insira algarismos nos quadrados de forma a que cada linha, coluna e caixa de 3X3 contenha os dígitos de 1 a 9 sem repetição solução do problema do dia anterior

«History of Modern»

O mote é lançado por um título que pode soar pretensioso mas é legítimo. Aos Orchestral Manoeuvres In The Dark, como a outros seus pares da falange de 80, é devida a responsabilidade de quilos de música que se ouviu na última década. Melhor ou pior, não é isso que está em causa. «History of Modern» consegue ser de una consistência admirável, recuperando os dias do vinil com a separação simbólica de duas faces do disco.

[ Te l e ] v i s ã o TDM 13:00 TDM News - Repetição 13:30 Jornal das 24h 14:30 RTPi DIRECTO 19:30 Olhos de Água 20:28 Acontecimentos Históricos 20:30 Telejornal 21:00 Jornal da Tarde da RTPi 22:10 Novela: O Clone 22:58 Acontecimentos Históricos 23:00 TDM News 23:35 Casas com História 23:50 Câmara Café 00:30 Telejornal (Repetição) 01:00 RTPi DIRECTO

www.macaucabletv.com

CINEMAX 42 12:00 A Kiss Before Dying 13:30 Ladies Night 15:00 The Valley Of Gwangi 16:45 Perfect Alibi 18:30 Not Of This World 20:00 Carlito’S Way 22:00 The Cowboy Way 23:45 Tmz 333 00:05 Against The Dark MGM 43 11:45 A Fistful of Dynamite 14:15 Watch it 16:00 The Resurrected 17:45 In the Heat of the Night 19:15 Crusoe 21:00 It Takes Two 22:30 In the Heat of the Night

INFORMAÇÃO TDM RTPi 82 14:00 Telejornal Madeira 14:30 Três Andamentos 15:00 Magazine Canadá Contacto 15:30 Gostos E Sabores 16:00 Notícias 17:00 O Preço Certo 17:45 O Olhar Da Serpente 18:30 Nós, Republicanos 19:00 Liberdade 21 20:00 Jornal Da Tarde 21:15 De Sol A Sol 21:45 Magazine Canadá Contacto 22:15 Portugal No Coração TVB PEARL 83 06:00 Bloomberg Rewind 07:30 NBC Nightly News 08:00 CCTV News – LIVE 08:30 ETV 10:30 Inside the Stock Exchange 11:00 Market Update 11:30 Inside the Stock Exchange 11:32 Market Update 12:00 Inside the Stock Exchange 12:02 Market Update 12:30 Inside the Stock Exchange 12:35 Market Update 13:00 CCTV News - LIVE 14:00 Market Update 14:40 Inside the Stock Exchange 14:43 Market Update 15:58 Inside the Stock Exchange 16:00 The Backyardigans 16:30 Garth & Bev 17:00 Kid Detectives 17:30 The Spectacular Spider-Man 18:00 Putonghua News 18:10 Putonghua Financial Bulletin 18:15 Putonghua Weather Report 18:20 Financial Report 18:30 FIFA Football World 19:00 Parenting 19:30 News At Seven-Thirty 19:50 Weather Report 19:55 Earth Live 20:00 Raymond Blanc’s Kitchen Secrets 20:30 Supernatural 21:30 Dolce Vita 22:00 Modern Family 22:30 Marketplace 22:35 Castle 23:30 World Market Update 23:35 News Roundup & Earth Live 23:50 One Minute On Gold 23:55 Heroes 00:50 Don’t Die Young 01:40 European Art At The MET 02:00 Bloomberg Television 05:00 TVBS News 05:30 CCTV News ESPN 30 13:00 AFC Champions League 2010 Suwon Samsung Bluewings vs. Seongnam Ilhwa 15:00 Open De France Feminin 16:00 PGA Europro Tour 18:00 Total Rugby 18:30 (Delay) Baseball Tonight International 19:00 Chang World of Football 19:30 (LIVE) Sportscenter Asia 20:00 Total Rugby 20:30 The Immortals 21:00 Players Lives 21:30 Total Rugby 22:00 Sportscenter Asia 22:30 Chang World of Football

DISCOVERY CHANNEL 50 13:00 Mythbusters - Is Yawning Contagious? 14:00 Changemakers Asia - Lifestyle 15:00 River Monsters: Killer Catfish 16:00 Man Made Marvels - Taipei 101 17:00 Dirty Jobs - Dirty Jobs Of The Big Apple 18:00 How It’s Made 19:00 Perfect Disaster - Fire Storm 20:00 How The Universe Works - Galaxies 21:00 Man Made Marvels: Highest Railway In The World 22:00 Construction Intervention - Guys And Dolls Billiards 23:00 Howe & Howe Tech - Personal Assault Lander 00:00 Man Made Marvels: Highest Railway In The World

(MCTV 40) Star Movies 21:00 race to witch mountain

23:00 16 Nations - Road To Qatar 23:30 Sportscenter Asia STAR SPORTS 31 13:00 Formula BMW 14:00 2007 Netball World Championship New Zealand vs. England 15:30 Sea Master Sailing Series 2010 16:00 Sports Max 2010/11 17:00 FA Classics FA Cup 2000/01 Final Arsenal vs. Liverpool 18:00 Golf Focus 2010 18:30 Glitch 19:00 AFC Champions League 2010 Suwon Samsung Bluewings vs. Seongnam Ilhwa 21:00 Game 21:30 (LIVE) Score Tonight 22:00 Fina Aquatics World 22:30 Ace 2010 23:00 FIA Wtcc 2010 - Inside Wtcc 23:30 Game STAR MOVIES 40 12:30 Crossing Over 14:30 Janky Promoters 16:10 The Hurricane 18:40 Vip Access 19:10 Dragonball: Evolution 21:00 Race To Witch Mountain 22:45 Pearl Harbor HBO 41 13:00 The International 14:55 Desert Bloom 16:40 Pontiac Moon 18:30 Funny People 21:00 You Don’T Mess With The Zohan 22:40 True Blood 23:45 The International

NATIONAL GEOGRAPHIC CHANNEL 51 13:00 ShowReal Asia: Faking China 14:00 Cruise Ship Diaries - Honeymoon Season 15:00 Riddles Of The Dead: Skeleton Lake S3 16:00 Monster Fish: Alligator Gar 17:00 Megastructures: The Impossible Build 18:00 Insects From Hell 19:00 Flood at Stavo Dam 11 20:00 ShowReal Asia: Faking China 21:00 Megastructures: Train Wreck 22:00 Megastructures: Millau Bridge 23:00 Megastructures: The Impossible Build ANIMAL PLANET 52 13:00 Whale Wars - Ladies First 14:00 Animal Planet Showcase: Dugong & Din 15:00 Great Ocean Adventures - Spinner Dolphins 16:00 Untamed & Uncut 17:00 Monsters Inside Me - Sleeper Cells 18:00 Almost Human With Jane Goodall 19:00 The Most Extreme - Gardeners 20:00 Whale Wars - Boiling Point 21:00 The Giant Sunfish 22:00 Untamed & Uncut - Cat-Tastrophes 23:00 Monsters Inside Me - Outbreak 00:00 Whale Wars - Boiling Point HISTORY CHANNEL 54 13:00 The Soviet Story 14:00 Barbarians Massacre 15:00 The Forest Of Death 16:00 Mega Ocean Conquest 17:00 Warrior Women 18:00 The Next Pompeii 19:00 Secret Holy Land 20:00 Breaking Point 21:00 Mega Jaws 22:00 Alien Harvest 23:00 Pawn Stars 00:00 Bloodiest Battle STAR WORLD 63 13:00 Everybody Loves Raymond 14:00 Britain’s Next Top Model 15:00 90210 16:00 Ugly Betty 17:00 Britain’s Next Top Model 18:00 How I Met Your Mother 18:30 iTunes Festival London 2010 19:30 Rules Of Engagement 20:00 Glee 21:00 Bachelorette 22:00 How I Met Your Mother 22:30 iTunes Festival London 2010 23:30 Glee

Informação Macau Cable TV


quinta-feira 30.9.2010 www.hojemacau.com

[O]bjectiva Cattelan

19 Raio [X] O primeiro beijo Maria Diná

L.O.V.E. de Maurizio Cattelan na praça da Bolsa de Milão

Para[ ]comer • Pérola 3/F, Sands, Largo de Monte Carlo, no.203 8983 82222888 3352 http://www.sands.com.mo • VINHA Alm Dr. Carlos d' Assumpção 393 r/c AC 2875 2599vinha@macau.ctm.net http://www.vinha.com.mo • FAT SIU LAU (SINCE 1903) Av.Dr.Sun Yat-Sen,Edf.Vista Magnifica Court Rua de Felicidade No.64, R/C Macau 2857 3585fsl1903@macau.ctm.net http://www.fatsiulau.com.mo

• Casa Carlos Bispo Medeiros 28D 2852 2027

• HAC SA PARK Hac Sa Park-Hac Sa Beach Coloane 2888 2297 http://www.yp.com.mo/hacsa

• António (TP) R, dos Negociantes 3 28999998

• SOL NASCENTE (TP) Av Dr Sun Yat Sen No.29-37 R/C 2883 6288 http://www.yp.com.mo/solnascente • TENIS CIVIL (LEON) Av.da República N°14 1° Macau 2830 1189 http://www.yp.com.mo/leon • Platão Trav. São Domingos No.3 2833 1818 reservation@plataomacau.com • Banza (Tp) Nam San Bl.5, GH 28821519

• Galo (Tp) Clérigos 45 2882 7318 http://www.yp.com.mo/domgalo • Riquexó Av Sid Pais 69 2856 5655

• Clube Militar Av Praia Grande 795 2871 4000 cmm@macau.ctm.net • Espaço Lisboa Lda (Col) Gaivotas 8 2888 2226 2888 1850 • Camilo Av Sir Anders Ljungsted 37 2882 5688

A Tasca do Luís

(Taipa) Rua Correia da Silva 57-59 R/C Tel. 2882 7636

• Dom Galo Vista Magnifica Court 2875 1383 domgalo@yp.com.mo http://www.yp.com.mo/domgalo • O Santos (TP) R. do Cunha 28827508 • Porto Exterior Ed Chong U 2870 3276 http://www.portoext.com.mo • Restaurante Fernando (Col) Praia Hác Sá 9 2888 2264

• Ó MANEL (Tp) Fernão M Pinto 90 2882 7571

• Litoral Restaurante Lda Alm Sérgio 261 2896 7878 2896 7996 http://www.yp.com.mo/litoral

• A PETISQUEIRA (TP) S João 15A 2882 5354

• Nga Tim Café (Col) Caetano 8 2888 2086

• O Porto Interior Alm Sérgio 259B 2896 7770 • A Lorcha Alm Sérgio 289 2831 3195

• Sawasdee Thai Av Sid Pais 43AE 2857 1963 • Aquamarine Thai Café (Tp) Jardm Nova Taipa bl 21 2883 0010 • Bangkok Pochana Ferrª Amaral 31 2856 1419 • Kruatheque Henrique Macedo 11-13 2835 3555 • Restaurante Thai Abreu Nunes 27E 2855 2255

• Afonso III Central 11A 2858 6272

• LA COMEDIE CHEZ VOUS Ed Zhu Kuan S/N G (Oppsite Cultural Centre) 2875 2021

• Bar Oporto Tv Praia 17 2859 4643 • Maria’s Comida Portuguesa Patane 8A 2823 3221

• LE BISTROT (Tp) Nova Taipa Garden Block 27, G/F 2884 37392884 3994

• Restaurante Pinocchio (Tp) Regedor 181-185 2882 7128 • Canal dos Patos Parque Municipal Sun Yat Seng 2822 8166

• CHURRASCÃO Nova Taipa Garden, Block 27 G/F, Taipa 2884 37392884 3994 • Yin Alª Dr Carlos d’Assumpção 33 2872 2735

resident evil Cineteatro | PUB

Sala 1 Resident evil afterlife [C] Um filme de: Paul W. S. Anderson Com: Milla Jovovich, Ali Larter, Wentworth Miller 14.30, 17.45, 19.30, 21.30 SALA1 devil [C] Um filme de: John Erick Dowdle Com: Chris Mesina, Geoffrey Arend 16.15

• Fogo Samba VENETIAN-Grand Canal Shoppes Apt 2412 2882 8499

[ ] Cinema

SALA 2 detective dee [C] (Japonês com legendas em inglês) Um filme de: Hark Tsui Com: Andy Lau, Carina Lau 14.30, 16.45, 19.15, 21.30

Sala 3 Wall street money never sleeps [C] Um filme de: Oliver Stone Com: Michael Douglas, Shia LaBeouf 14.30, 16.45, 19.15 SALA 3 devil [C] Um filme de: John Erick Dowdle Com: Chris Mesina, Geoffrey Arend 21.30

Bem sei que já devia ter esquecido, que devia ser apenas uma memória boa do passado, um pensamento longínquo... Mas hoje, não sei bem como nem porquê, acordei contigo no pensamento. Recordei a noite do primeiro beijo e não pude deixar de sorrir. A noite já ia longa nesse domingo mas os SMS não paravam. Exigiste uma mini-saia e um batom vermelho e eu saí de casa a correr sem pensar duas vezes. Sentia uma ânsia de te ver como se aquela troca de olhares alimentasse a minha fome de amor de paixão. Parei o meu carro junto ao teu e tua abriste um sorriso até às orelhas quando viste que cumpri o prometido e a indumentária e a maquilhagem estavam a rigor. Andámos horas à procura de uma discoteca e parecia que nenhum espaço nos queria receber. Depois entrámos naquela discoteca manhosa que os futebolistas sempre gostaram de frequentar. Tenho saudades da maneira como me olhavas então. Sentias um misto de curiosidade e desejo que não conseguias disfarçar. Estavas de tal modo embrenhado nas minhas palavras, nos meus gestos, no meu decote e nas minhas longas pernas que a mini-saia expunha que parecia que o mundo tinha parado. Nem quis acreditar quando vi as labaredas que dançavam agitadas saindo do teu casaco. Com o entusiasmo deixaste o casaco em cima de uma vela que tentava dar romantismo ao momento. Recordo o som das minhas gargalhadas e das tuas abafadas na música altíssima que saía das colunas. Dançámos agarrados, rimos, cruzámos olhares, demos as mãos... e beijámo-nos. De rompante abalroaste a minha boca com um cubo de gelo que saiu directamente da tua. E ali ficamos derretendo aquela pedra de água congelada como se nenhum de nós alguma vez tivesse beijado alguém. Exploramos a boca um do outro como se de uma gruta se tratasse e descobrimos que nos recantos mais escondidos o medo dava lugar a arrepios de prazer. Não queria, mas tenho saudades tuas.

[Maria Diná, uma solteirona de 30 anos, agarra-se às memórias antigas para acalmar o coração solitário]


quinta-feira 30.9.2010 www.hojemacau.com

20

cultura Um pequeno prazer Carlos Morais José “Alguns homens desejam muita terra e gado; outros amam com desespero o ouro; outros ainda fazem tudo por uísque e mulheres; mas, ao fim e ao cabo, o que um homem precisa é de um cigarro e de uma chávena de café” in Johnny Guitar, by Nicholas Ray

Exposição patente na Macau Creations até 30 de Novembro

O canto do cigarro Gonçalo Lobo Pinheiro hojemacau@yahoo.com

O arquitecto Carlos Marreiros apresentou, ontem, a sua exposição ‘Some Smoking Stories’, um conjunto de obras de arte que nos inebria a alma e nos leva para além de um simples travo de cigarro. Numa altura que Macau se prepara para aprovar a lei tabagista no sentido de restringir o acto de fumar em diversos locais, o arquitecto macaense assume o seu gosto pelo fumo e mostra a aliança entre a literatura de diversos autores e esse fumo, de um simples cigarro, ensaiando

diversas reflexões sobre o gosto de fumar. O caminho é percorrido a preceito. A deambulação pela galeria é feita de uma forma circular e dá vontade de ficar a contemplar cada obra na ânsia de descobrir o elo que as ligam uma após outra. É certo que estas nos causam uma confusão sensorial mas levando as coisas para o campo abstracto, porque é disso que se trata, as sensações são tantas e diversas que nos apetece ficar ali... parados, a fumar mais um cigarro. As obras, desenhadas num livro de contas e despesas diárias, expressam a paixão do autor e o

conhecimento profundo sobre a história do tabaco. Com linhas suaves e pinceladas livres, usa grandes contrastes e cores fortes. Não há hesitações. O desenho aparenta ter saído de uma só vez e sem recurso a rascunhos ou quaisquer outros ensaios prévios. Há alternância entre o rabisco, o desenho pintado, a escrita em português ou em inglês, ou simples caracteres chineses. Nos seus desenhos, a junção fumador/fumo é exorcizada na forma de um diálogo lírico e esta relação é tão íntima que os não fumadores não conseguem entendê-la. Os quadros mostram realida-

NEGOCIAÇÕES LUSO-CHINESAS DOS LIMITES TERRITORIAIS DE MACAU

Aquele querido Século XIX O Instituto Internacional de Macau e o Instituto do Oriente (ISCSP-Universidade Técnica de Lisboa) apresentam em Macau uma nova edição: Negociações e Acordos Luso-Chineses sobre os Limites de Macau no Século XIX. Contribuição para a compreensão dos actuais limites da RAEM da RPC, da autoria de António Vasconcelos de Saldanha, conhecido especialista das relações luso-chinesas, que em Macau foi presidente do Instituto Português do Oriente. Este livro -- por recurso a fontes, muitas delas inéditas, do Arquivo do MNE, do antigo Ministério das Colónias, em Lisboa, e dos

arquivos imperiais chineses – vem deitar uma luz reveladora sobre um período recente da história de Macau: a fixação definitiva dos limites territoriais de Macau na segunda metade do século XIX, hoje da actual RAEM. A obra – através do tratamento minucioso e sucessivo de 50 anos de disputas e negociações sobre os limites das Portas do Cerco, aldeia de Mongha, ilhas da Taipa, Coloane e Montanha, e sobretudo as águas territoriais de Macau – contribui decisivamente para colocar nos seus devidos termos a origem da parte territorial dos “poderes de administração” que Portugal devolveu à China em 1999.

des tão diferentes como as diversas colecções de cachimbos em “Pipes of Passion”, ou uma alusão à poesia de Camões em “LV Camões”, ou, ainda, em “Smoke on the Water” lembrando a eterna canção da banda britânica de rock Deep Purple. Sem dúvida, Carlos Marreiros é alguém que se apaixona pelo simples facto de fumar. A par da exposição, a Macau Creations criou uma linha de merchandising, com um rol de ofertas vasto que vai desde o crachá às t-shitrs e malas, baseada na obra que o director do Albergue da Santa Casa da Misericórdia criou. “Falta aqui um cigarro. Apetecia-me fumar um cigarro aqui mas não posso”, disse quando foi questionado sobre o que lhe passava pela cabeça entretanto. A inauguração da exposição ocorreu ontem na Macau Creations ao lado das Ruínas de São Paulo -, e estará patente até 30 de Novembro.

Segundo os editores, esta obra traz dois notáveis contributos: em primeiro lugar, vem colocar em causa a ideia estabelecida da imposição total da vontade portuguesa sobre uma administração chinesa incompetente e inerte, quando o que se nos depara é uma luta e uma negociação complexa, constante, tenaz e frequentemente paritária entre as autoridades portuguesas e chinesas. Em segundo lugar, reforça e confirma a ideia que o equilíbrio entre os dois países no que toca à existência de Macau na segunda metade do século XIX só se ficou a dever, não a um entendimento entre os dois governos centrais, mas à flexibilidade, capacidade negocial e pragmatismo dos governos regionais de Macau e de Cantão. A apresentação do livro terá lugar no próximo dia 4 de Outubro, pelas 18 horas, na sede do IIM e será feita pelo académico chinês Jin Guoping.

Os fumadores são hoje perseguidos um pouco por todo o mundo e Macau prepara-se para engrossar as fartas colunas dessa cruzada. Muito se fala sobre o tabaco, sobre os seus malefícios. Aparentemente, ninguém percebe exactamente a razão dos fumadores. Às vezes, os próprios também não. Qual afinal o gozo de fumar? E será esse gozo tão pleno que justifique a destruição da saúde e a quebra do poder físico? Fácil. O interesse do cigarro não imediatamente compreensível. O cigarro não provoca alucinações, não altera de modo significativo a percepção do mundo. Ao contrário do álcool, não causa euforia. Nada disso. O cigarro é apenas um pequeno prazer. Fumo quente a entrar nos pulmões e a compensar uma falta. Só isso, como se isso fosse pouco. E com esta diferença: é meu, só meu, ninguém, nada, interfere com essa relação. O cigarro é o prazer típico de uma sociedade individualista. Uma simples e pequena dose de prazer individual, solitária. O cigarro social foi uma invenção dos fabricantes. E isto tem uma enorme importância. Os homens da primeira metade do século XX entendiam isto e criaram a ideia de que um cigarro não se recusa a ninguém. Os condenados à morte que o digam. Raramente uma substância foi usada em momentos tão significativos como o tabaco. Algo nos corre mal na vida, estamos sozinhos... sozinhos não, sobra-nos o pequeno prazer, esse momento de recomposição de nós mesmos. Fumar é fumar cigarros. O resto são maneirismos de vária ordem e estética duvidosa. Os fumadores sabem reconhecer os seus cigarros. O gosto diferenciado que lhe proporcionam em certos momentos. Cigarros pensativos, cigarros raivosos, cigarros apaixonadamente partilhados, cigarros vagarosos, cigarros levemente inflamados. No momento em que deixar de fumar, terei mil histórias para contar. Passadas em milhares de sítios, por onde andou a minha fumegante imaginação. Talvez seja a única maneira de exorcizar a minha própria imagem, de cigarro na mão, independentemente da partida do mundo onde colocar o chapéu. Texto usado na exposição ‘Some Smoking Stories’


Hong Kong escolhe filme sobre defesa do património para os Oscares

quinta-feira 30.9.2010 www.hojemacau.com

‘Echoes of Rainbow’ venceu a corrida e será o cartão de visita de Hong Kong para tentar entrar na disputa dos Oscares no próximo ano. A película, que fala sobre a preservação histórica da zona da rua Wing Lee, em Sheung Wan, recebeu o Urso de Cristal do júri infantil do Festival de Cinema de Berlim e outros quatro prémios no Festival de Hong Kong. No próximo mês, a Academia de Cinema norte-americana irá exibir todos os filmes concorrentes antes de anunciar, até ao fim deste ano, os cinco nomeados para a categoria de Filme Estrangeiro. A produção de ‘Echoes of Rainbow’ está confiante que a película será nomeada, pelo sucesso de bilheteira e os prémios conquistados este ano.

21

Escavações romanas de Óbidos paradas há quatro anos

parte da cidade, que é uma coisa que tem impacto em termos culturais e turísticos”, queixa-se o arqueólogo Beleza Moreira.

Os trabalhos arqueológicos na cidade romana de Eburobrittium que se realizavam todos os verões, estão parados desde 2006, porque caducou um protocolo entre a Câmara de Óbidos e a Associação Nacional de Farmácias (ANF) ao abrigo do qual esta última - que também é proprietária do terreno financiava o projecto. As polémicas legislativas que têm envolvido o sector das farmácias levaram a que a ANF se tornasse menos generosa, como reconhece o seu secretário-geral, Paulo Duarte. “Deixámos de ter condições para manter isso. Antes olhávamos para estas questões culturais de uma forma diferente. O dia-a-dia das farmácias era

Onde fica Eburobrittium?

Não há dinheiro, não há arqueologia

pub

mais estável, mas, com esta revolução que houve no sector, tivemos de deixar de nos dedicar a estas coisas”, disse, em alusão à guerra entre o Governo e a ANF. A associação diz-se, porém, disponível para continuar a ceder o seu terreno, a fim de nele prosseguirem as escavações. Em 2001, quando foi assinado um protocolo entre a ANF e o município de Óbidos, então presidido pelo socialista Pereira Júnior, a primeira prometia financiar as escavações com 2500 contos por ano (cerca de 12.500 euros) e a autarquia respondia por toda a parte logística do projecto. Mas o protocolo caducou há quatro anos.

Há duas semanas, a câmara, agora liderado por Telmo Faria (PSD), reuniu com a ANF e o arqueólogo Beleza Moreira, responsável científico das escavações, para tentar relançar os traba-

lhos, na qual ficou decidido procurar também o apoio do Igespar e da Direcção Regional de Cultura de Lisboa e Vale do Tejo. “Continuamos sem escavações, não podemos ir à descoberta de

Eburobrittium é uma cidade romana referenciada por Plínio-o-Velho, escritor romano do século I, entre Leiria (Collipo) e Lisboa (Olisipo) e que foi descoberta em 1994 durante a construção da A8. No ano seguinte descobriu-se o Fórum e parte das termas, mas o que está à vista é apenas uma pequena parte da cidade. “Todos os anos tínhamos conseguido tirar partes da cidade a descoberto, mas sem as escavações não é possível”, acrescenta. A ANF possui terrenos em Óbidos porque pretende ali construir a Casa do Farmacêutico, um empreendimento originalmente

pensado com funções sociais, destinado aos associados seniores, mas que foi entretanto reavaliado para conter também uma vertente turística. A ideia é juntar uma casa de repouso, um estabelecimento hoteleiro, picadeiro, campo de golfe e também piscinas e spa, tendo em conta as águas termais que dali brotam (e que terão sido bem aproveitadas pelos romanos de Eburobrittium, segundo os vestígios de umas termas ali encontrados). “Não estamos propriamente a avançar, porque, à luz da política de medicamentos deste Governo, suspendemos o projecto”, explica Paulo Duarte. A associação procura agora um parceiro da área da saúde ou da hotelaria para ajudar a abrir o empreendimento ao exterior e dinamizar a componente do golfe, termas e turismo rural.


quinta-feira 30.9.2010 www.hojemacau.com

22

opinião

e dCarlos i t oMorais ri aJosél Três anos depois O nosso jornal assinala hoje uma data triste: três anos da morte de Luís Amorim, o jovem de dezassete anos que apareceu morto sob a Ponte Nobre de Carvalho, em Macau. As autoridades aventaram a tese de suicídio mas uma autópsia realizada no Instituto de Medicina Legal, em Portugal, basicamente condenou-a ao absurdo. No entanto, desde Junho deste ano que o Procurador da RAEM tem na sua secretária um pedido de reabertura do inquérito, precisamente baseado na nova autópsia, e nada mais do que silêncio se ouve dos lados do gabinete de Ho Chio Meng. Até quando? A dor dos pais, o bom nome de Luís Amorim e a preocupação de muita gente de Macau mereciam talvez mais atenção por parte das autoridades competentes, nem que fosse para limpar o nome da RAEM, manchado pelas autoridades que se revelaram incompetentes na apreciação do caso. Continuamos a aguardar, num doloroso silêncio, e sempre que referimos o caso é com a voz embargada entre o espanto e a revolta. Correm por Macau algumas versões sobre o que se passou. Fala-se de mensagens de telemóvel que a polícia terá ignorado, de alguém que terá abandonado o território, de outro alguém que terá agido naquela fatídica noite com a pressa necessária para apagar as provas que apontariam claramente para o assassínio. No Hoje Macau não somos cruzados, nem especulamos sobre o bom nome de ninguém. Nos limites do jornalismo, abstemo-nos de avançar com acusações ou suposições que poderiam trazer mais dano à verdade que todos desejamos que venha ao de cima. Não podemos, contudo, pactuar com o silêncio e deixar cair este caso no esquecimento. Continuaremos, por isso, a lembrá-lo até que o Procurador da RAEM resolva quebrar o seu silêncio e, de uma vez por todas, anuncie se vai ou não reabrir o inquérito. O tempo que passou parece ser um bom indicador. Com efeito, se não existissem novos indícios certamente que o caso já teria tido uma solução. Nada pode devolver a vida ao Luís Amorim. Mas a reposição da verdade sobre a morte de um jovem na flor da idade é um dever moral não apenas dos pais mas de toda a sociedade. Até que isto se resolva ninguém pode ter a consciência do dever cumprido.

Macau Sinologia para a Lusofonia vida institucional da terra, veio falar com clareza e rasgo: não só deixou o desenho das linhas teóricas como avançou logo com gestos e actos iniciadores da concretização dos projectos, com a convicção de quem sabe que está certo e em sintonia com as mais altas instâncias do poder. Basta-nos para acreditar. Para ele é claro e indiscutível que “o maior valor da existência e sobrevivência da região é o factor cultural, o seu legado histórico e cultural”, que, assim, “tem a responsabilidade de promover o intercâmbio luso-chinês”. Para estimular colaborações, Wu Zhiliang falou na procura de parcerias para a realização de iniciativas culturais em vários domínios, enfatizando a necessidade de promover a tradução e a edição de obras em Português e Chinês. Convém, e é a simples razão destas linhas, não deixar, porém, a concretização desejada à disparidade desorientada, convindo apontar igualmente alguns sinais à navegação, noutros termos, adiantar igualmente um esboço de estratégia para a acção, no respeito da espontaneidade das iniciativas concorrentes.

Luís Sá Cunha O fim das palavras

A recorrente repetição do discurso é sempre sintoma da esterilização do verbo que, devendo enche-lo, apenas o incha. Falam pouco as gerações activas e realizadoras, falam muito, as estéreis. Como alguém disse, os portugueses ficaram desempregados depois de terem ido à Índia. Há séculos só falamos do passado, por isso Vasco Graça Moura nos dizia há anos que Portugal devia projectar-se ao futuro “sem utopias de retrovisor”. Durante vinte e cinco anos nos enfastiámos com o saturado discurso do encontro de culturas em Macau, tema obrigatório dos milhentos discursos ouvidos na terra que foi, de facto nos seus começos e durante dois séculos, o centro de acolhimento e distribuição dos agentes culturais que protagonizaram o maior fenómeno de compenetração cultural alguma vez realizado na História, no juízo de Joseph Needham, o maior sinólogo do século XX. E, no entanto, Macau sempre continuou ancorada à sua vocação e destino, no mesmo sítio, no encruzamento das mesmas inalteráveis coordenadas geográficas, animada das mesmas potencialidades. Na nossa vocação, carácter e destino como comunidades seremos sempre escravos da geopolítica. Sempre aguardaremos as “condições objectivas” favoráveis da passagem a acto das nossas potências, na linguagem aristotélica, como a nau envergada espera no porto a chegada dos ventos de favor. Cabe aos homens actualizar nos tempos transientes o que está em latência, renovar o mesmo de outras formas e modos. Eis que sopram já agora os ventos da renovação, Macau enfrentada ao seu destino intemporal. Uma estratégia

Há anos aguardávamos com alguma frustração e impaciência que, depois de plataforma de trocas comerciais da RPC com os países lusófonos, Macau se transformasse, simultaneamente, num verdadeiro e activo centro de intercâmbios culturais nos dois sentidos, em continuada e renovada concretização das suas potencialidades. A entrevista que o novo presidente da Fundação Macau deu à Lusa (e aqui publicada neste jornal) foi, em anos, a mais notável declaração pública de intenções e o mais claro e rasgado desígnio de estratégia cultural para Macau, na sua radiação para o exterior, a que pudemos assistir. Wu Zhiliang, historiador, com perfeito domínio do Português, profundo conhecedor de Macau, das suas constantes e vocações, acumulando larga experiência na

Um centro de sinologia

Para Wu Zhiliang, é claro e indiscutível que “o maior valor da existência e sobrevivência da região é o factor cultural, o seu legado histórico e cultural”, que, assim, “tem a responsabilidade de promover o intercâmbio luso-chinês”.

Falar em intercâmbio luso-chinês será falar, legitimamente e em primeiro lugar, na privilegiada relação entre a China e Portugal, forjada no longo convívio de séculos e ratificada nos tratados bilaterais. Mas hoje e cada vez mais, considerar a Língua é considerar o seu espaço, no caso o “ continente” da lusofonia. Força de razões históricas e afectivas, Macau tem uma específica motivação para o cultivo das relações com Portugal mas, como agente intermediário da RPC, o seu mapa de acção serão todas as geografias e comunidades onde as pessoas se conversem em Português. A lusofonia é um dos quatro ou cinco espaços linguístico-culturais em expansão e ascensão no mundo (de parelhas com a projecção político-económica), a RPC tem uma parceria estratégica com Portugal e tem na geopolítica global uma relação de complementaridade estratégica com o Brasil. Aspirando a transformarse na maior potência mundial, a China sabe que as relações internacionais de protagonismo têm que ir escorar-se na cultura, porque o comércio é uma guerra latente. A política é o universo dos acidentes, a cultura o universo das essências.


quinta-feira 30.9.2010 www.hojemacau.com

23 Desenhos de Carlos Marreiros

A China – a sua história e travesmestras da sua cultura e civilização – é grandemente desconhecida no mundo e muito especificamente nos espaços de língua portuguesa e também espanhola, o que, entre outras desvantagens, conduz à incompreensão de muitas das linguagens e atitudes usadas pelos dirigentes da RPC, sobretudo em situações sensíveis, confrontadas com mundividências ocidentais. Não há, ainda hoje, à semelhança do que têm as línguas inglesa e francesa, uma sinologia de língua portuguesa. A Espanha despertou há quinze anos para esta lacuna, com o governo de Madrid a orçamentar verbas nunca vistas a duas universidades para o rápido desenvolvimento dos estudos sobre a China. Hoje assistimos à invasão crescente das universidades norte-americanas por jovens estudantes chineses, à queda das línguas europeias nos currículos em favor do mandarim. Portugal teve a primeira sinologia do mundo, foi através de alguns portugueses que a Europa primeiro conheceu o grande e fascinante Império do Meio (Gaspar da Cruz, Frei José de Jesus Maria, Álvaro Semedo), Macau foi base importante e decisiva de toda o operação das trocas culturais Europa-China em Pequim. As emergências de testemunhos sinológicos em Português, ao longo dos séculos, por desgarradas e dispersivas, fruto de assomos individuais sem continuidade, não justificaram o poder falar-se de uma sinologia portuguesa, em contraste com outros povos europeus.Por intimação da

grande história, os portugueses viajaram e experimentaram mais e escreveram menos, os outros viveram menos e escreveram mais. Macau tem agora a oportunidade histórica de promover a recuperação do tempo perdido, porque reúne as condições históricas para se erigir como um centro de sinologia para a lusofonia. Um projecto destes teria aliás eficácia redobrada, com facilitada extensão para o universo da latinidade, dada a semelhança linguística e o aproveitamento dos trabalhos de base (estudos, interpretação, tradução, enquadramentos, etc.) e a realização de encontros e seminários de formação. Macau, de novo, reencontrar-se-ia com o seu destino de protagonista da globalização, reeditando em novos moldes o seu papel do Século XVI, quando também foi base das comunicações da China e do extremo oriente para a América do Sul.

superficialidade e demagogia, também, pelo meio. A China continua muito distante do mundo, o que permite os erros e equívocos e convida às adulterações. Assistimos recentemente, na imprensa mais divulgativa, à promoção do feng shui, sem cabal enquadramento explicativo das suas raízes e fundamentos, sem se alertar que é prática geomântica em abandono na China há muito (com rara excepção de Macau). Mas a China forneceu ao Brasil um contributo cultural decisivo para forjar a sua identidade imediatamente a seguir à proclamação da sua independência, instilando-se na sociedade, hábitos e práticas culturais que deram à nova nação uma componente oriental. É enorme e surpreendente a lista daqueles contributos. Atendendo às fortes relações que a China vem tendo com jovens nações, sobretudo em África, também em génese histórica de própria identidade, algumas já com forte presença migratória, como é o caso de Angola, é pertinente considerar-se a bondade do que atrás dissemos sobre a oportunidade do desenvolvimento de uma sinologia de língua portuguesa.

O jogo será uma diferença mas nunca um factor de identidade. É um expediente. Mas a componente lusófona, assim considerada e fundamentada, será indiscutivelmente uma das faces da personalidade de Macau e da imagem que projectará para o mundo

Cultura para a identidade

Vimos, há anos, a tentativa de vulgarização da medicina tradicional chinesa pelo mundo. As coisas andaram, muito à cúria de iniciativas individuais, com muita

Macau tem condições e potencialidades únicas para ser operadora de um grande movimento cultural com repercussões vastas no mundo, como centro de sinologia e de estudos sinológicos para o universo de língua portuguesa, instituindo aqui esses estudos sistematicamente, instituindo um curso superior de estudos lusófonos, apoiando projectos estratégicos editoriais orientados para aqueles objectivos, incentivando e apoiando outras associações da sociedade civil vocacionadas para a organização de serviços e iniciativas linguístico-culturais etc.. E Macau teria, com poucos custos, um gesto de grande magnetização do seu protagonismo neste campo, se centralizasse num só edifício na cidade vários serviços, instituições e representações vocacionados para a promoção dos intercâmbios com o universo lusófono, nos campos diplomático, comercial e cultural. Não há ainda em Macau representações consulares de todos os países lusófonos. Não temos dúvidas de que este gesto seria catalizador de novas participações e entusiasmos, definitiva achega para a transformação de Macau em centro eficaz de intercâmbios entre os mundos chinês e lusófono. O jogo será uma diferença mas nunca um factor de identidade. É um expediente. Mas a componente lusófona, assim considerada e fundamentada, será indiscutivelmente uma das faces da personalidade de Macau e da imagem que projectará para o mundo, tanto mais futura quanto radica na sua perene vocação.


quinta-feira 30.9.2010 www.hojemacau.com

opinião

24 per s pecti va s Jorge Rodrigues Simão

“Desperate to prove that “Created in China” can coexist with, or even supersede, “Made in China,” PRC legislators have turned to promoting cultural production in ways that are markedly different from the political orientation of the Cultural Revolution. Intensified rivalry among regions for trade and investment is a prominent feature of the new geography of work, and it is more and more institutionalized in the competition to host mega-events-none more monumental than the Olympics.” Nice Work If You Can Get It Andrew Ross

A 2 de Dezembro de 1949, na Quarta Sessão da Comissão do Governo Popular Central, foi declarada a celebração, desde 1 de Outubro de 1950, do “Dia Glorioso da Implantação da República Popular da China (RPC)”. A RPC comemora hoje o 61.º aniversário do seu estabelecimento. O primeiro-ministro chinês, durante a reunião de abertura da terceira sessão, da 11.ª Assembleia Nacional Popular (ANP), que se realizou, no Grande Palácio do Povo, em Pequim, apresentou, a 5 de Março, o relatório de trabalho do governo. Este relatório de trabalho, no seu formato, é uma mescla do discurso sobre o “Estado da União”, apresentado pelo presidente dos Estados Unidos, e da proposta de orçamento, no “Parlamento”, apresentada pelo primeiroministro, no Reino Unido. Aquando da sua apresentação, o primeiroministro chinês defendeu a ideia de que face à crise global sistémica, o ritmo de reacção da economia, continuava a ser deficiente, e que existiam riscos encobertos no sistema bancário, que impunham urgentemente, a diminuição em maior grau, das tendências especulativas, ligadas ao apogeu em termos de preços e ganhos do mercado imobiliário, quer no uso para fins residenciais, quer para fins comerciais. O primeiro-ministro teve de usar, e bem, de algumas estratégias psicológicas, para aquietar o desassossego presente, sobre uma possível bolha inflacionária, ou uma recuperação débil, daí ter afirmado aos três mil delegados presentes, que não deveriam tirar ilações, quanto à reacção económica face à crise, no sentido de ser interpretada, como uma melhoria definitiva da situação. Trata-se de uma visão realista, uma vez que a trajectória apontava para uma desaceleração no crescimento, aumento da inflação e do desemprego, e que posteriormente, os dados económicos vieram a confirmar. Defendeu ainda, que o esforço de todos os intervenientes económicos a nível interno, não tornava possível atingir um crescimento auto-sustentável, e para ser alcançado este ano, a meta de crescimento de 8 por cento do PIB, era necessário que o governo, protegesse uma política de controlo, no plano fiscal e no domínio monetário, ou seja, com o significado de que o plano aplicado desde Outubro de 2008, contava com um programa de incentivos de quase 600 mil milhões de dólares. A China ultrapassou a queda no cresci-

China, crise e glória

mento, no último trimestre de 2008 e início de 2009, e voltou a crescer, arrastando os bancos, todos estatais, e o crédito estrutural, o que contrastou com os Estados Unidos, União Europeia e Japão, em que os dois primeiros, tentam sair da crise sem grandes sucessos palpáveis, onde se pode vir a juntar o Japão, que saiu da recessão há pouco mais de um ano, dado que a 15 de Agosto, e segundo os dados divulgados pelo governo japonês, a economia do país cresceu 0,4 por cento, ao ritmo anual, e 0,1 por cento em relação ao trimestre anterior, o que representa um aumento moderado, em relação ao trimestre de Janeiro a Março, que foi de 4,4 por cento e 1,1 por cento, respectivamente. O primeiro-ministro chinês ao assinalar os riscos da recuperação, não deixou de frisar, que o país continuaria com as mesmas políticas monetárias e incentivadoras de carácter expansivo. Não obstante, acrescentou, que tudo seria feito, para evitar o perigo de reaquecimento da economia, e seriam se tal fosse necessário, aplicados rígidos controlos, sobre o investimento directo externo (IDE, em inglês FDI). A China erradamente considerada a fábrica do mundo, que comummente faz deslocar indústrias a nível global, por diversos factores, em que sobressai a mão-de-obra barata, que devia ter consequências, nos países desenvolvidos onde as empresas são deslocalizadas, e em que a sua demonstração prática, seria vivenciada, num desemprego persistente, que ainda não conseguiu encontrar soluções que o apazigúem, pese o esforço. A esse desemprego nos países desenvolvidos, teria como outra face da moeda, um emprego pleno e sustentado na China. Um relatório recente, dado a conhecer pelo governo chinês, indica que a população activa do país, é superior a mil milhões pessoas, mas só cerca, de setecentos e oitenta milhões estão empregados, o que significa, que a taxa de desemprego é superior a 22 por cento, sendo olimpicamente maior, que a de qualquer país desenvolvido, ou em desenvolvimento, de economia emergente,

fazendo ruir a tese da maravilha da globalização e do capitalismo neoliberal selvagem ou anárquico, retratado pelo Professor Milton Friedman, e referente ao modelo de Hong Kong, no seu livro “Freedom to Choose”, e cuja sua teoria monetarista, tem exercido profunda influência, no presidente da Reserva Federal dos Estados Unidos. O governo chinês reconheceu que a situação é extremamente séria, e pode ter consequências sociais imprevisíveis, dado que a sociedade é forte, e tem capacidade para actualmente a expressar. O partido comunista tem consciência de tal facto, pois foi, quem concedeu esse poder, em particular aos camponeses, no período da revolução. O partido comunista, sabiamente, tem apresentado à sociedade um projecto que passa por uma identidade nacional sólida, tendo por base a gesta da revolução, incluindo identidades locais e insertas numa área globalizada, nascida da aceitação do capitalismo, pelas migrações, pelas comunidades de chineses no exterior, e pela revolução digital. Quanto às migrações, sempre foi necessária uma autorização do governo para a deslocação do campo para as cidades, e que foi usada pelo governo para impedir a desertificação humana dos campos, ou êxodo rural, tendo em vista garantir a produção de alimentos, necessários ao consumo, do país mais populoso do mundo. A China com tal taxa de desemprego, agravado pela falta de protecção social, e acrescida da pressão gerada pela fatal atracção das cidades, sobre o campo pobre e com falta de emprego, faz elevar os riscos sociais exponencialmente. Daí que o governo têm intenções, de elevar a percentagem de autorizações de migração, do campo para as cidades, em cerca de 8 por cento, do total da população. Será difícil ou mesmo impossível, os novos migrantes, encontrarem emprego, indo juntarse aos desempregados crónicos existentes, e aos que perderam emprego por força do encerra-

mento ou diminuição de postos de trabalho, de empresas estrangeiras, privadas e estatais, por força da crise económico-financeira global, vivendo em existentes “bidonvilles”, das grandes cidades do litoral. A grande questão, é a de saber, se tal número de autorizações, são o bastante, para diminuir a pressão socioeconómica no campo. AChina, pode ver aumentada rapidamente a taxa de desemprego, pela diminuição do consumo dos Estados Unidos e União Europeia, para níveis superiores, que tudo aponta nessa direcção, ao desinvestimento, e fazer face à fuja de uma percentagem significativa de IDE, para países que oferecem melhores condições à produção, como o Vietname. A revolução comunista chinesa não finalizou. A sociedade reclama por mais direitos e poder. O partido comunista, inteligentemente, tem feito as reformas e satisfeitas as reclamações, com medidas que vêm do seu interior, e não resultam de pressões ou explosões sociais. O partido comunista irá continuar a responder a tais reptos, dado a revolução, ter constituído os alicerces das ligações entre o partido e a sociedade. Existe uma linguagem comum, de identidade, que liga a sociedade e o partido, e que são a razão compreensiva da homogeneidade e coesão do país. O Índice de Preços ao Consumidor (em inglês, CPI), segundo o Escritório Nacional de Estatística da China, revelou que em Agosto, se deu uma subida de 3,5 por cento, em comparação com mesmo mês do ano passado, traduzindo um aumento significativo, nos preços dos alimentos, sendo a maior subida desde Outubro de 2008. Em Julho, a inflação tinha subido 3,3 por cento. A desaceleração do Japão no segundo trimestre, devido à diminuição das exportações e consumo interno, e contrastada pela China, que continua o seu veloz crescimento, com vista a tornar-se, na segunda potência económica, a seguir aos Estados Unidos. O valor do PIB japonês no referido período, em termos nominais, foi inferior ao da China. A economia chinesa, cresceu no dito período, 10,3 por cento, e prevê encerrar o ano, com um aumento superior a 9 por cento, tendo em 2009, apresentado uma diferença em relação ao PIB japonês, de cerca de nove mil milhões de dólares. É de esperar, que a China, passe efectivamente a segunda potência económica mundial no final do ano, em virtude do Japão, fazer face a uma crise política, estar sujeito a medidas de incentivo económico, ter uma colossal dívida pública, igual a 200 por cento do PIB, e uma previsão de crescimento abaixo dos 3 por cento, no final do ano. A China apesar da enorme taxa de desemprego, diminuição do crescimento e subida da inflação, comemora o seu sexagésimo primeiro aniversário, com a excelente, única e maior de sempre Exposição Universal ecológica de Xangai, dedicada ao tema “Melhor Cidade, Melhor Vida”, e à previsão de se transformar na segunda maior economia do mundo.


quinta-feira 30.9.2010 www.hojemacau.com

25

opinião

a ch i n a a o l on g e João Carlos Barradas

Enquanto Kim Jong Il encena em Pyongyang a transferência dinástica de poderes para o seu filho mais novo, outra incógnita surge quanto à política de Pequim face à Coreia do Norte. O regime norte-coreano tornou-se uma complicação de monta para a China depois da primeira explosão nuclear de Pyongyang em Outubro de 2006 a que se seguiu segundo teste em Maio do ano passado. A China fornece cerca de 90 por cento da energia, perto de 80 por cento dos bens de consumo e quase metade dos artigos alimentares que a Coreia do Norte consume, é o principal suporte diplomático de Pyongyang e sustenta com créditos incobráveis um défice nas trocas comerciais bilaterais que supera os mil milhões de dólares. Até agora todas as advertências e críticas que vão surgindo esporadicamente na imprensa chinesa quanto à necessidade de uma reforma da falida economia norte-coreana têm caído em saco roto. Por óbvios motivos estratégicos Pequim não pode permitir o colapso do regime de Pyongyang, mas a capacidade chinesa para forçar concessões por parte da Coreia do Norte quanto ao seu programa nuclear militar tem sido deveras limitada no âmbito das conversações em que participam ainda a Rússia, o Japão, a Coreia do Sul e os Estados Unidos. A China tem assistido impotente aos mais recentes desvarios de Kim Jong Il. O comportamento errático e provocatório de Pyongyang atingiu um ponto deveras perigoso com o ataque à corveta sul-coreana Cheonan em Março e o fracasso de uma bizarra reforma monetária no final do ano passado lançou dúvidas sobre a sanidade mental do Grande Líder. Pequim face aos riscos acrescidos do processo de transmissão de poderes para Kim Jong UN poderá ter adoptado uma estratégia de intervenção avantajada na Coreia do Norte. O que aguarda confirmação são, assim, as notícias que começaram a circular este mês de que bancos e empresas chinesas estão prestes a assinar um acordo com uma recém-criada entidade de cooperação da Coreia do Norte: a Agência de Investimento Internacional Taepung. O montante aventado aponta para um pacote de investimentos chineses na ordem dos 10 mil milhões de dólares. A concretizarse esta injecção de capital seria equivalente a cerca de 70 por cento do Produto Interno Bruto da Coreia do Norte e implicaria a criação de empresas mistas e zonas económicas especiais. Há lógica nestas notícias que foram veicu-

Milhões para os Kim ladas a partir de Pequim. A China, pesando as suas opções, pode bem ter decidido investir em força na Coreia do Norte para forçar pelo menos as grandes linhas de uma reforma económica que permita a sobrevivência do regime, contenha o seu comportamento agressivo e leve a algumas concessões na questão nuclear. O EMBARAÇO DE NOVA DELHI

Deve ser grande o gaúdio em Pequim com as agruras da Índia. Os meios de comunicação social indianos são, aliás, os primeiros a destacar o embaraço e vergonha nacionais provocados pela desordem que rodeia os Jogos da Commonwealth que abrem este domingo em Nova Delhi. É a primeira vez que a Índia organiza os Jogos, que tiveram o seu primeiro avatar como British Empire Games em 1930, e os custos, sobre os quais ninguém se entende, estabelecem um recorde. Em 2003, quando foi atribuida à Índia a organização dos Jogos, o governo indiano estimou em 500 milhões de dólares os custos de construção e modernização de infraestruturas desportivas, acessos, fornecimentos de água e energia. Pelas últimas contas esta factura chegou aos 4,6 mil milhões de dólares. A construção de um novo terminal no aeroporto internacional Indira Ghandi orçou, por sua vez, em 2,7 mil milhões de dólares. A décima nona edição dos Jogos está já marcada por casos de corrupção (16 projectos de construção no montante de 508 milhões de dólares estão sob investigação), incompetência crassa, desorganização, deficiências e atrasos na edificação e recuperação de centros desportivos e instalações de acolhimento aos atletas e à comunicação social, e um rol de

desacertos que obrigaram à intervenção de emergência do primeiro-ministro Manmohan Sing para salvar a honra da casa. Um inquérito do Hindustan Times relevava, entretanto, que 68 por cento dos habitantes de Nova Delhi sentia “vergonha” pelo que está a acontecer, enquanto 17 por cento se mostrava “indiferente” e 15 por cento de optimistas a toda a prova diziam ter “orgulho” na organização dos Jogos. O que irá acontecer entre 3 e 14 de Outubro na capital indiana é uma incógnita, mas o facto da Lloyd's ter recusado segurar empresas envolvidas na venda de bilhetes, merchandising, ou direitos de transmissão televisiva e radiofónica no caso de cancelamento, adiamentos, atrasos ou incidentes durante os Jogos não augura nada de bom. A Lloyd's alegou falta de informação sobre riscos de segurança e qualidade das infraestruturas e acabou por ter de ser o governo indiano a garantir os seguros aumentando em mais 200 milhões a 250 milhões de dólares os custos imparáveis da organização dos Jogos que rondam os 10 mil milhões de dólares. Descontando os riscos sanitários (este ano foram registados oficialmente 400 casos de dengue), o fiasco da venda de bilhetes (cerca de 200 mil contra uma previsão inicial de 1,7 milhões) e os temores de atentados as 71 selecções presentes nestes Jogos competem em Nova Delhi com o coração na boca. Os custos da publicidade negativa que rodeia os Jogos de Nova Delhi não estão contabilizados, mas a imagem da Índia leva um rombo colossal. A boa educação obriga e têm rareado os comentários na comunicação social estatal chinesa sobre as desgraças do rival asiático, mas a comparação entre as Olímpiadas de Pequim e os Jogos de Nova Delhi cedo ou

tarde fará o seu caminho. Ofuscando o embaraço do vizinho foram, portanto, outros acontecimentos maiores a merecer destaque nos media oficiais: a visita de Dmitri Medvedev a Pequim e a inauguração do primeiro oleoduto sino-russo que fornecerá à China 300 mil barris/dia de petróleo russo, o conflito com o Japão sobre as ilhas Diaoyu/Sensuku e os diferendos comerciais e monetários com os Estados Unidos que irão agravar-se à medida que se aproximam as eleições de Novembro para o Congresso de Washington. O NOBEL DA PAZ DE LIU XIABAO Pode acontecer é que Pequim esteja prestes a passar por um embaraço que supere noutro plano as agruras de Nova Delhi. As pressões e ameaças da China contra a Noruega e a União Europeia, advertindo para as consequências negativas que teria a eventual atribuição do Prémio Nobel da Paz ao dissidente Liu Xiabao, estão a ser muitos mal recebidas e arriscam ter o efeito contrário ao desejado por Pequim. Geir Lundestad, director do Instituto Nobel Norueguês e secretário-permanente do Comité Nobel Norueguês, revelou esta semana que o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros chinês Gu Ying o advertiu no Verão em Oslo contra a atribuição do Nobel da Paz a Liu. Liu Xiabao, detido desde Dezembro 2008 pelos seus apelos subversivos à democratização da China, condenado no dia de Natal de 2009 a onze anos de prisão, é, efectivamente, um sério candidato ao Nobel da Paz. Três figuras gradas da resistência democrática na Checoslováquia comunista – o antigo presidente checo Vaclav Havel, o bispo de Praga Vaclav Maly e a activista dos direitos humanos Dana Nemcova – apelaram publicamente à atribuição do Nobel da Paz a Liu Xiabao num artigo publicado a 20 de Setembro no The New York Times/ International Herald Tribune. Após as ameaças à porta fechada, a resposta pública chegou pelo porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros. Jiang Yu declarou peremptório em Pequim que Liu violara a lei e que as suas acções eram “totalmente contrárias aos propósitos do Prémio Nobel da Paz”. Depois do Dalai Lama, premiado no fatídico ano de 1989, a China arrisca contar com mais uma pedra no sapato. A bola de neve das críticas à pressões chinesas começou a rolar e só se saberá se Pequim escapará ao pior quando a 8 de Outubro for anunciada em Oslo a decisão dos cinco membros do Comité Nobel eleitos pelo Parlamento norueguês.

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José editor Paulo Reis Redacção António Falcão; Gonçalo Lobo Pinheiro; Kahon Chan; Rodrigo de Matos; Vanessa Amaro Colaboradores Carlos Picassinos; João Carlos Barradas; José Manuel Simões; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Rui Cascais; Sérgio Fonseca Colunistas Arnaldo Gonçalves; Boi Luxo; Correia Marques; Gilberto Lopes; Hélder Fernando; João Miguel Barros; Jorge Rodrigues Simão; José I. Duarte; Marinho de Bastos; Paul Chan Wai Chi; Pedro Correia Cartoonista Steph Grafismo Paulo Borges; Catarina Lau Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia António Falcão; António Mil-Homens; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Laurentina Silva (hojemacau@gmail.com) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Av. Dr. Rodrigo Rodrigues nº 600 E, Centro Comercial First Nacional, 14º andar, Sala 1407 – Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail hojemacau@yahoo.com Sítio www.hojemacau.com


quinta-feira 30.9.2010 www.hojemacau.com

opinião

26 t r a ves s a da s ver da des Paulo Reis

Quantas divisões tem o cônsul? Em 1935, o ditador soviético Joseph Stalin proferiu uma das suas mais conhecidas frases, ao questionar quantas divisões tinha o Papa – isto, numa conversa com Pierre Laval, político francês que foi primeiro-ministro antes da Segunda Guerra Mundial e um destacado colaboracionista, quando os nazis invadiram o seu país. Muitos anos depois, já Stalin tinha morrido, os seus sucessores tiveram oportunidade de avaliar quantas eram as "divisões" do Papa, ao assistirem ao derrube do regime comunista na Polónia, num levantamento popular que teve na Igreja o seu principal suporte. Foi o início da queda de um castelo de cartas que mudou a ordem mundial. O episódio histórico pouco tem a ver com o título desta crónica, tirando apenas o tom irónico. Lembrei-me da expressão de Stalin quando, há alguns dias, olhei para a residência do cônsul de Portugal em Macau, ao deambular pela Praia Grande. Fez-me alguma impressão olhar para aquele belo edifício, o antigo Hotel Bela Vista, em cuja varanda passei alguns dos mais agradáveis fins de tarde da minha vida, com um ar sombrio e escuro, sem sinal de vida. Às tantas, dei comigo a pensar quantas divisões teria a residência do nosso cônsul e se ele não se sentiria algo solitário, naquele

cartoon por Steff

Aquele edifício, na minha opinião, não devia ser apenas a residência do nosso cônsul em Macau. Devia ser também a sede da Casa de Portugal, aproveitando-se algumas das suas enormes divisões e aquele belo terraço para ali se ter um ponto de encontro da comunidade portuguesa local enorme casarão. É verdade que, de vez em quando, o vetusto mas bem conservado edifício se anima, com recepções e exposições, e até com as raras visitas meteóricas de governantes e políticos de Lisboa, que por aqui passam como gatos em telhado de zinco quente, dando tanta atenção à comunidade portuguesa local como um cão dá às

videiras, sempre que atravessa uma vinha vindimada. Aquele edifício, na minha opinião, não devia ser apenas a residência do nosso cônsul em Macau. Devia ser também a sede da Casa de Portugal, aproveitando-se algumas das suas enormes divisões e aquele belo terraço para ali se ter um ponto de encontro da comunidade portuguesa local - um misto do café de bairro, ali ao virar a esquina e onde se vai tomar a bica depois do jantar e discutir o último Benfica-Sporting, do clube recreativo e cultural lá da aldeia, onde a ban-

Os três Kim da coreia do norte

da de música local ensaia, de salão de baile do quartel de bombeiros, que é aproveitado para as festas dos santos populares. É uma das coisas que faz falta – para além de animar a malta... - à comunidade portuguesa de Macau. Um ponto de encontro, onde se poderia ter um pequeno restaurante com uma magnífica esplanada e que, sendo aberto ao público, sem dúvida iria atrair muitas pessoas que não fazem parte da nossa comunidade. Turistas então, nem se fala. A sobrevivência de uma comunidade minoritária como a nossa, depende muito da sua coesão, da sua união, embora com isto não pretenda defender uma ortodoxia tipo "cegetêpê", a tese do "unidos venceremos", da unanimidade que só pode ser imposta por mão de ferro e que esmaga toda a diversidade de opiniões. Algo que, aliás, já foi sugerido por uma figura de relevo da nossa comunidade, ao estimular publicamente, em 2001, a "caça" àqueles dos que tentavam desestabilizar a harmonia local, apelando a que esses "desestabilizadores" fossem "isolados e indentificados". Com que objectivo, a referida personalidade não o revelou, nessa sua famosa entrevista à TDM, entre finais de Fevereiro e princípios de Março de 2000. No entanto, queremos acreditar que não seria para lhes dar um tiro na nuca. Outro aspecto que é fundamental para a sobrevivência da comunidade portuguesa de Macau e evitar que se dilua completamente é a manutenção dos nossos principais traços culturais, enquanto comunidade. Para isso não chega o pastel de nata "criado" pelo Andrew, o antigo gerente do saudoso "Green Parrot". Nem é suficiente o pastel de bacalhau e o Esporão Reserva tinto de 2007 servido nas recepções oferecidas pelo nosso cônsul em Macau. Um desses traços é, sem dúvida, a língua portuguesa. Que sirva de exemplo o chamado "Portuguese Settlement" de Malaca, onde ainda hoje se fala o "papiá kristang", embora os holandeses tenham expulsado de lá os portugueses em 1641. No entanto, na difícil tarefa de preservar a nossa língua, podemos contar apenas conosco. Esqueçamos Lisboa e quejandos. E mesmo entre nós, membros da comunidade portuguesa nascida ou radicada em Macau, é triste vermos como elementos destacados da comunidade, que até têm funções de destaque em instituições vocacionadas para o ensino em língua portuguesa, optem por educar os seus filhos – o futuro da nossa comunidade – fora da língua de Camões, de Adé dos Santos Ferreira e de Henrique Senna Fernandes. Casa de ferreiro, espeto de pau.


pub.

quinta-feira 30.9.2010 www.hojemacau.com

27


quinta-feira 30.9.2010 www.hojemacau.com

Casa de Portugal vence e segue para a segunda fase

Muito Porto, pouca uva Marco Carvalho

hojemacau@yahoo.com

O sete da Casa do Futebol Clube do Porto em Macau despediu-se ontem da edição de 2010 do Campeonato da 1ª Divisão da Bolinha com uma ingrata derrota frente ao Grupo Desportivo Artilheiros, num encontro em que os dragões do território não só foram melhores, como também beneficiaram das oportunidades melhor conseguidas. No desafio, pouco mais estava em jogo que o bom nome das equipas; afastados das primeiras posições do grupo, tanto o FCP como o Pau Peng procuravam remediar uma má temporada com uma saída airosa da competição e o conjunto azul e branco até esteve perto de conseguir despedir-se da prova de cabeça erguida, mas uma recta final catastrófica deitou tudo a perder. Os dragões entraram em campo motivados e rapidamente assumiram as despesas ofensivas no encontro, mas só aos cinco minutos conseguiram criar celeuma no último reduto dos Artilheiros. Kwok Siu Tin, o melhor dos jogadores do Porto, tirou dois adversários do caminho e rematou forte para uma defesa apertada do guarda-redes do Pau Peng. pub

O antigo jogador do Hoi Fan voltou a estar em evidência pouco depois, ao cobrar com rigor milimétrico um pontapé de canto, levantando a bola para o segundo poste e para a cabeça de João Ramos. O centro campista angolano cabeceou sem oposição, mas a tentativa falhou o enquadramento com o último reduto do artilheiros. À passagem do quarto de hora, o brasileiro Tavares fez erguer o público que se deslocou ao complexo desportivo D. Bosco, respondendo com um remate acrobático de primeira a um cruzamento do paraguaio Jorge Galeano. A tentativa do camisola 20 do FCP saiu ao lado da baliza do Pau Peng. A partida acabou por seguir para intervalo com o nulo a pautar o andamento do marcador, mas com os dragões a justificarem já um resultado diferente. O conjunto azul e branco não necessitou de aguardar muito para conseguir finalmente desfazer o enguiço e inaugurar a seu favor o marcador. O golo do FCP foi apontado aos 28 minutos por Kwok Siu Tin, na sequência de uma boa jogada de entendimento com o paraguaio Galeano. A movimentação nasceu, de resto, nos pés do antigo jogador do Hoi Fan, que ganha a posse de bola ao meio-campo e trocou o

esférico com Galeano, antes de fulminar o guarda-redes do Pau Peng em plena área adversária. Três minutos depois, o Porto voltou a estar a centímetros do golo, no rescaldo de um mau alívio do guarda-redes da formação adversária. A perder pela margem mínima, o sete dos Artilheiros começou a partir do minuto 30 a reivindicar uma maior margem de manobra e aos 34 minutos consegue chegar pela primeira vez com perigo ao último reduto azul e branco. Seis minutos depois, o Pau Peng repôs o equílibrio no marcador, na sequência de uma jogada em que a defensiva portista ficou alegoricamente a ver navios; o golo, apontado por Lau Ting Sun, surge como o fruto merecido da insistência do ataque do Pau Peng e da incapacidade da defesa azul e branca para afastar a bola. Desorientado, Bruno Capitulé, nada pode fazer para evitar o empate. O mesmo não sucedeu, no entanto, no lance que resultou no segundo golo dos Artilheiros, aos 49 minutos. Pouco seguro entre os postes, Capitulé deixouse tomar pelo nervosismo e numa saída desnecessária rasteirou um dos homens

do ataque do Pau Peng. O árbitro da partida não teve duvidas quanto às intenções do guarda-redes e assinalou grande penalidade. Chamado a cobrar, Lau Ting Sun não falhou premiando a perseverança dos Artilheiros com uma vitória tonificante, mas imerecida. Bem melhor que o FCP esteve o organismo autónomo de futebol da Casa de Portugal em Macau. Aformação orientada por Pelé derrotou o Hong Nam por cinco bolas a duas e carimbou a passagem à segunda fase do Campeonato da 2ª Divisão da Bolinha. A Casa de Portugal regressou assim às vitórias, duas semanas depois de ter perdido o segundo encontro disputado na competição. O deslize frente ao Man Kan colocou o conjunto orientado por Pelé em risco de falhar a passagem à segunda fase da prova e para evitar surpresas no embate com o Hong Nam o jogador-treinador da Casa de Portugal reforçou a equipa com o artilheiro de sempre. Hélder Ricardo, que pediu a Pelé para não participar nas andanças da “Bolinha”, de forma a poder concentrar esforços no hóquei em patins e no Mundial-B que se avizinha, acabou por ser a arma secreta da Casa de Portugal no encontro de ontem e o jovem avança-

do – melhor marcador da última edição da Liga Júnior – não deixou créditos por mãos alheias marcando um golo e fazendo a assistência para outros três. Quatro minutos depois, as perspectivas turvaram-se mais ainda para o lado da CP, com o Hong Nam a marcar o segundo. A formação orientada por Pelé acabou por conseguir encetar uma reacção válida e aos 22 minutos o próprio jogador-treinador coroou com um golo uma belíssima iniciativa pessoal. Na segunda parte, o rumo do encontro teve um único sentido, o da baliza do Hong Nam. Aos vinte e nove minutos, Pelé repõe o equilíbrio no marcador, com o seu segundo golo da noite e cinco minutos depois voltou a fazer o gosto ao pé. Pela primeira vez a vencer, a CP não tardou a reforçar a vantagem e aos trinta e seis, Pelé voltou a facturar, apontando o seu quarto golo. Um minuto depois, e já com Pelé fora das quatro linhas, Hélder Ricardo deixou a sua marca no encontro, encerrando a marcha do marcador. O triunfo frente ao Hong Nam empurrou a CP para a segunda fase do campeonato, mas Pelé recusa-se a traçar prognósticos sobre o que a equipa poderá ou não fazer daqui para a frente. Sem prometer nada, diz que gostava de ver a equipa entre as quatro mais fores do segundo escalão: “Se eu tivesse a equipa na máxima força, não teria problemas em afirmar como nosso objectivo os quatro primeiros lugares e a subida de divisão. O problema é que para alimentar estas perspectivas era preciso que pudéssemos contar com o Hélder e nós não podemos”, remata o técnico.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.