O Performativo e a Performatividade de Gênero em Judith Butler

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JUDITH

BUTLER O PERFORMATIVO E A PERFORMATIVIDADE DE GÊNERO HUMBERTO SOUZA – PPGTE/UTFPR Ilustração: John Jay Cabuay


SUMÁRIO

01

JUDITH BUTLER Biografia resumida. Influências. Obras.

02

O PERFORMATIVO O conceito. A apropriação de Butler.

03

SUJEITOS DO SEXO/GÊNERO/DESEJO Sujeitos. Sexo/gênero/desejo. Metafísica da Substância.


JUDITH

BUTLER

Fonte:: Google 2017

▪ Nasceu em 1956 ▪ Filósofa pós-estruturalista estadunidense ▪ Doutora em Filosofia, pela Yale University; Profa. de Retórica e Literatura Comparada, Universidade da Califórnia, em Berkeley; Desde 2006, Hannah Arendt Professor no European Graduate School, na Suíça. ▪ Gender Trouble (1990) ▪ Temas atuais: violência ética/estatal, precariedade, performatividade, filosofia judaica





COMEÇANDO... “Since I was sixteen, being a lesbian is what I’ve been” (BUTLER, 1993, p 310-311)

“o que realmente me parece estar faltando, e o que eu gostaria de ver e ouvir retornar, é uma reflexão sobre a própria estrutura do discurso” (BUTLER, 2011, p. 14)

“A distinção entre expressão e performatividade é crucial” (BUTLER, 2015, p. 243)


PERFORMATIVIDADE DA “VIRADA LINGUÍSTICA” À “VIRADA PRAGMÁTICA” - Nos séculos XIX e XX ocorre a “Virada Linguística” (a concepção de linguagem é de representação do mundo) - Final do século XX ocorre a “Virada Pragmática” (a concepção de linguagem muda para ação no mundo) - Destacam-se John Langshaw Austin e Ludwig Wittgenstein - Wittgenstein elabora o conceito de “jogos de linguagem” - Austin, a Teoria dos Atos de Fala (performativo)


PERFORMATIVIDADE “Por muito tempo os filósofos assumiram que a função de uma ‘declaração’ só poderia ser ‘descrever’ um estado de coisas, ou ‘declarar algum fato’, o que deveria fazer de modo verdadeiro ou falso. Gramáticos, de fato, têm apontado regularmente que nem todas as ‘sentenças’ são (usadas para fazer) declarações: há, tradicionalmente, além de declarações (‘dos gramáticos’) também perguntas e exclamações, e sentenças expressando ordens ou desejos ou concessões. Sem dúvida, os filósofos não têm intenção de negar isso, apesar do uso constante de ‘sentença’ como ‘declaração’”. (AUSTIN, 1975, p. 1-2, tradução nossa).


PERFORMATIVIDADE

CONSTATIVO “É menina!” “É menino!”

PERFORMATIVO



PERFORMATIVIDADE “Dizer que o gênero é performativo significa dizer que ele possui uma determinada expressão e manifestação; que seu ‘aparecimento' é muitas vezes confundido com um signo de sua verdade interna ou inerente. O gênero está condicionado por normas obrigatórias que o fazem definir-se em um sentido ou outro (geralmente dentro de um marco binário) e, portanto, a reprodução do gênero é sempre uma negociação de poder. Finalmente, não há gênero sem reprodução de normas que coloquem em risco o cumprimento ou não cumprimento dessas normas” (BUTLER, 2009, p. 322, tradução nossa).


PERFORMATIVIDADE confundido “O gênero é a estilização repetida do corpo, um conjunto de atos repetidos no interior de uma estrutura reguladora altamente rígida, a qual se cristaliza no tempo para produzir a aparência de uma substância, de uma classe natural de ser” (BUTLER, 2015, p. 69).


PERFORMATIVIDADE “Estes atos, gestos e atuações, entendidos em termos gerais, são performativos, no sentido de que a essência ou identidade que por outro lado pretendem expressar são fabricações manufaturadas e sustentadas por signos corpóreos e outros meios discursivos” (BUTLER, 2015, p. 235).

“A distinção entre expressão e performatividade é crucial” (BUTLER, 2015, p. 243).


PERFORMATIVIDADE condicionado “Entrar nas práticas repetitivas desse terreno de significação não é uma escolha, pois o ‘eu’ que poderia entrar está dentro delas desde sempre: não há possibilidade de ação ou reação fora das práticas discursivas que dão a esses termos a inteligibilidade que eles têm” (BUTLER, 2015, p. 255).


PERFORMATIVIDADE negociação “Obviamente, a tarefa política não é recusar a política representacional – como se pudéssemos fazê-lo. As estruturas jurídicas da linguagem e da política constituem o campo contemporâneo do poder” (BUTLER, 2015, p. 23).


PERFORMATIVIDADE negociação “Significativamente, essa descrição [de Kristeva] da experiência lésbica é feita de fora para dentro, e nos diz mais sobre as fantasias produzidas por uma cultura heterossexual amedrontada, para se defender de suas próprias possibilidades homossexuais, do que sobre a própria experiência lésbica” (BUTLER, 2015, p. 154).


PERFORMATIVIDADE negociação “a reprodução das normas de gênero na vida ordinária é sempre, de alguma forma, uma negociação com as formas de poder que condicionam aqueles cujas vidas serão mais agradáveis de se viver e aqueles que serão menos, se não completamente insuportáveis [...] Se o que ‘eu’ quero só se produz em relação com o que se quer de mim, então a ideia de ‘meu próprio’ desejo é inapropriada. Eu estou, em meu desejo, negociando o que se quis de mim” (BUTLER, 2009, p. 333, tradução nossa).


PERFORMATIVIDADE risco “é somente no interior das práticas de significação repetitiva que se torna possível a subversão da identidade” (BUTLER, 2015, p. 250).

“Para participar na política, para ser parte da ação combinada e coletiva, não se pode apenas reivindicar a igualdade, mas também atuar e pedi-la em termos de igualdade” (BUTLER, 2009, p. 328, tradução nossa).


“Ao imitar o gênero a drag revela implicitamente a estrutura imitativa do próprio gênero – assim como sua contingência” (BUTLER, 2015, p. 237) Fonte:: Google 2017


REFERÊNCIAS AUSTIN, John Langshaw. How to do things with words. 2. ed. Cambridge: Harvard University Press, 1975

BUTLER, J. Precarious life: the power of mourning and violence. London: Verso, 2004. ______. Performatividad, precariedad y políticas sexuales. Revista de Antropología Iberoamericana, Madrid, v. 4, n. 3, p. 321-336, 2009. Disponível em: <http://www.aibr.org/OJ/index.php/aibr/article/view/78/81>. Acesso em: 25/04/2017.

______. Rethinking Vulnerability and Resistance. Seminário <https://youtu.be/IkLS0xMo-ZM>. Acesso em: 25/04/2017.

Queer,

2015b.

Disponível

em:

______. Imitation and Gender Insubordination. In: ABELOVE, H; BARALE, M; HALPERIN, D. The Lesbian and Gay Studies Reader. New York/London: Routledge, 1993.

______. Vida Precária. Revista Contemporânea, São Carlos, v. 1, n. 1, 2011 ______. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Tradução de Renato Aguiar. 8. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2015.


OBRIGADO! hu.souza@gmail.com


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