Jornal Matiz 01/2022

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M A T I Z S Ã O B O R J A E D I Ç Ã O 8 J U L H O / 2 0 2 2 L I G A F E M I N I N A D E C O M B A T E A O C Â N C E R D E S Ã O B O R J A A J U D A P A C I E N T E S A E N F R E N T A R E M A D O E N Ç A T E R R A D O S P R E S I D E N T E S : R I Q U E Z A C U L T U R A L

SUMÁRIO Liga Feminina de Combate ao Câncer de São Borja ajuda pacientes a enfrentar a doença Terra dos presidentes, riqueza cultural EXPEDIENTE Edição: Professora Dra. Vivian Belochio Diagramação: Maria Fleck e Larissa Vasconcelos Produção: Ana Isabel da Silva, Andressa da Cruz, Jorge Pacheco, Juliana Alves, Julianny Cardoso, Larissa Vasconcelos, Maria Fleck, Mariana Diel e Tuãne Araújo Componente Curricular: Produção Multiplataforma em Jornalismo II Foto de capa: JJ Betim JORNAL MATIZ I4 SÃO BORJA EDIÇÃO 8 JULHO 2022 13

Foi em 1977 que um grupo de mu heres de São Borja se mob izou para ajudar pessoas carentes que faziam tratamen o de câncer Sem qua quer suporte f nanceiro governamenta a L ga Fem nina de Combate ao Câncer conv dou os conterrâneos para um desaf o levan ar fundos para a udar na compra de reméd os al mentos, tens de hig ene, no pagamento de exames estada e transporte de pac entes de baixa renda para cidades que dispon bi izavam o tratamento da doença pelo SUS Apesar de o nome estar assoc ado a mu heres a institu ção, que é ndependente presta auxí o a todos os que se encontram no combate à doença se am homens mulheres cr anças ou dosos Um traba ho desenvolvido em várias c dades do estado desde a década de 1950 com a constitu ção da Liga Femin na de Combate ao Câncer no Rio Grande do Su que ntegra a Rede Fem nina Naciona de Combate ao Câncer Para uma das fundadoras e voluntár a há 27 anos Leocádia Fraga Paz, é grati icante poder a udar pessoas em s tuação de vu nerabi idade inc uindo a emoc onal que enfrentam a doença Leocád a comenta que a doença a inge tanto o pac ente quanto os fami iares “Uma fam l a quando sabe que o paciente é portador de câncer balança na preocupação, naque e pensamento da perda” expl ca Nesse sen ido, o traba ho da L ga como é carinhosamente chamada a organ zação é muito s gn f cativo E quando a doença é vivenc ada no círcu o de convivência da vo untár a ou por e a própr a o dese o de a udar o próx mo se potencial za Fo o caso de Leocádia ass m como de outras integrantes “Perd pessoas muito quer das Então é algo que eu me ident fico bastante” confessa A fundação

Liga Feminina de Combate ao Câncer de São Borja ajuda pacientes a enfrentar a doença Voluntariado e muito companherismo são o que movem mulheres são borjenses a ajudar pacientes com câncer

Por Ana Isabel da Silva, Julianny Cardoso, Mar a Fleck, Mariana Diel e Tuãne Araújo

A equ pe de vo untár os atualmente conta com cerca de 40 pessoas e atendem em média, 26 pac entes mensalmente Cássia Pere ra voluntár a e pres dente da Liga em 2018, conta que todo o dinheiro arrecadado é dest nado para a compra de med camentos e para custear estadia, tens de h g ene e a imentos para os pacientes e seus acompanhantes O fundo é levantado através de eventos como o tradicional “Chá Doce Arte e V da” que acontece em unho e o “Jantar dos Cozinhe ros” em sua 21ª edição no mês de agosto A ém d sso quando há alguma s tuação especia que requeira a captação de ma s verba, os vo untários promovem campanhas com a venda de produtos persona zados da Liga como camisetas, sombr nhas e cuias A equ pe também marca presença na c dade, em uma das maiores feiras agropecuár as do inter or do Rio Grande do Sul a Fenoeste comerc a izando lanches e bebidas o que ncrementa a arrecadação Nos dias atuais Evento "Chá Doce, Arte e V da" em 2022 Foto: JJ Bet m Estande de al mentação da Liga Jovem na Fenaoeste 2018 Foto Arqu vo da Liga

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Podcast: i4 Utilidade Pública Reun ão Festiva da Liga para preparação do ano de 2019 Foto Arqu vo da L ga

Campanha “Prato Cheio” de 2018 nic at va do Sesc Matur dade At va que arrecadou 217 kg de a mentos para cestas bás cas Foto Acervo da L ga

Doações para a Liga Feminina de Combate ao Câncer de São Borja

E M

U M A C O R R

Há todo um cuidado no fornec mento das medicações, po s o pac ente oncológ co não pode fazer uso de qua quer substância “Já t vemos casos em que fam l ares ped am a go que não era específ co para o tratamento Então passamos a exp icar que a Liga é para ajudar pessoas carentes em tratamento contra o câncer com remédios prescritos pelo méd co”, alerta Cássia Nesse contexto a ent dade so ic ta a apresentação de laudo médico ou b ópsia bem como de documentos de dentif cação do paciente CPF e RG de comprovação da s tuação finance ra contracheque de salár o ou benef cios ass m como comprovação de domic l o contas de água, luz ou telefone A Liga também real za visitas às res dênc as para averiguação e acompanhamento Ao longo de sua atuação na cidade, f cou n tido que as necess dades vão a ém de med camentos “Alguns pac entes quando a gente visita percebe que não têm o que comer Ma têm uma caminha para dorm r Então são esses que, realmente, precisam ter pr or dade por exemp o na distribu ção de cestas básicas É o caso também dos que não contam com a assistênc a de nenhum fam l ar”, menc ona Cássia “Não adianta fazer um tratamento tomar med cação e não ter o al mento adequado” pondera Os mant mentos são obtidos por meio de doações vindas de empresas ent dades ou de pessoas que se dispon b l zam a a udar Um exemplo é o Serviço Socia do Comérc o (Sesc/São Borja) que se tornou um dos parceiros As campanhas do Grupo Maturidade At va são recorrentes e auxi iam para a montagem de cestas básicas

Se engana quem pensa que a rede de sol dariedade recebe ped dos apenas de pac entes Na verdade as abordagens acontecem de vár as mane ras, como re ata Cássia Às vezes, quem chega na L ga sol citando auxí io são sobr nhos f lhos côn uges e até mesmo v zinhos Para a ent dade os aços sangu neos com a pessoa que enfrenta o câncer não são, necessariamente, uma prerrogativa Na compos ção do t me que atende o públ co também existe um víncu o ormado pelo propósito O grupo acaba composto por pessoas das ma s var adas áreas, que se aproximam para contr bu r a uma causa em comum Fo o caso da enfermeira e vice diretora da Liga, Leda Ceni Ferre ra Perobe l “Sou vo untária da Liga já há bastante tempo Quando chegava outubro o pessoal d z a ‘As palestras são com a enferme ra Leda á do Centro Materno E ass m eu fu me aprox mando do grupo e in c ei o trabalho do Outubro Rosa”, recorda “A cada ano ma s campanhas ma s palestras ma s rodas de conversa A cada ano ma s envolv mento” comemora Para prestar o atendimento à comunidade há uma sa a, na reg ão centra da cidade, onde os voluntár os se organ zam na escala através de um grupo no Whatsapp Quando a guém prec sa de cu dados, os membros conversam entre s e def nem qua o ma s ndicado para atender de forma presencia e human zada A responsável pelo loca é a voluntár a Rubia dos Santos que se envolve no processo desde o primeiro contato até a entrega dos med camentos R o d a d e c o n v e r s a n o S e s c e m 2 0 1 8 E m p r i m e i r o p l a n o L e d a ( n o m e i o ) e C á s s i a ( a o l a d o ) F o t o : A r q u i v o d a L i g a E N T E O B

Cuidados e parcerias

Centro de Oncologia de São Borja contribui para o bem estar dos pacientes Leia mais sobre o assunto em nosso site

Para o paciente oncológico, remédios e comida estão entre os itens essenciais. Mas não se pode esquecer das necessidades que transcendem a questão material. “A necessidade afetiva psicossocial, por exemplo”, cita Leda. “Isso tudo, de uma forma ou de outra, a gente tenta oportunizar”, enfatiza Para tanto, a equipe é integrada por ps cólogas voluntárias. “Se vemos que a pessoa, naquele dia, está mais abalada e triste porque não é nada fácil, mesmo , encaminhamos a esse auxílio psicológico”, complementa Cássia.

Pa estra para a unos e servidores do IFFar com o oncologista T ago Camíc a pelo Novembro Azul 2018 Foto A qu vo da Liga Trabalho de Consc entização na Esco a Sagrado Coração de Jesus para os a unos do Ens no Méd o Fo o: Arqu vo da L ga Parcer a com a farmác a São João durante a campanha de Outubro Rosa Fo o: Arqu vo da L ga Campanha de prevenção ao câncer de prós ata un amente dos aboratór o Biosu na qua foram d sponib zados 100 exames Fo o Arquivo da L ga A forma como os pacientes são tratados, ao buscarem a Liga, também faz a diferença. Marta Jane Belmonte Pazzini, de 68 anos, no combate a um câncer de mama faz questão de enaltecer a atenção recebida “Tudo é bom”, resume O auxílio da Liga, para ela, foi essencial após o impacto da descoberta da doença Segundo conta, depo s de anos com uma bolinha abaixo do seio, ao percebê la avermelhada e dolorida, decidiu investigar. O médico oncologista responsável pelo Centro de Oncologia de São Borja, Thiago Camícia, orientou buscar ajuda urídica para conseguir os medicamentos que possuem custos elevados. Foi então que a Liga começou a fazer parte de sua vida de Marta. “A Liga encaminhou tudo através de um advogado voluntário, que não cobrou pelo trabalho E todos os meses tem que fazer o pedido novamente, é uma novela Mas está dando tudo certo, já estou na segunda caixa”, conta Parcerias, al ás são destacadas pela equipe da entidade, como a do citado oncologista Thiago Camícia. “Ele veste a camiseta, já foi comigo a eventos da Liga, a gente divide as atividades e trabalha junto”, ressalta Leda

O tratamento oncológico pode chegar a valores muito expressivos. A quimioterapia via oral de Marta está em calculada em R$19,7 mil por caixa, que dura um mês. Nesse sentido, o auxílio jurídico, reivindicando do Estado a compra, é fundamental.

Sobre as

campanhas

Campanha de doação de cabelo para produção de perucas Foto: Arquivo da L ga

Cam nhada durante um Outubro Rosa rea izado pe a Liga Foto: JJ Bet m

A maioria das pessoas não tem informações básicas sobre o câncer. É o que observa a vice presidente da Liga. Para além de orientar sobre prevenção, Leda considera importante a troca de ideias com quem já enfrentou a doença. “Saber como que ela viveu essa situação, quem foi o apoio, quem foram as pessoas importantes, que a gente sabe que é a família, em muitos casos; mas é sempre bom ouvir”, descreve. A Liga promove campanhas de conscientização, como o Outubro Rosa e o Novembro Azul, com a realização de coletas para o exame preventivo e de mamografias, o ano todo. A procura pelo diagnóstico, conforme Leda, aumenta nesse período. Quanto ao câncer de mama, de acordo com Leocádia, uma das fundadoras da entidade, tem sido amplamente abordado e colhido bons resultados. “É um dos que mais tem alcançado a cura”, atesta

Camícia alerta que esse tipo está entre os dez de maior incidência em São Borja. "Alguns pacientes, às vezes, não procuram atendimento, ou começam com alguns nódulos ou caroços na região do pescoço e acabam postergando. Nem sempre esse tipo vai ter sintoma de imediato”, esclarece.

Julho Verde é o mês da conscientização do câncer de pescoço e cabeça. Mesmo que não comentado com tanta frequência o câncer eng oba os tumores que at ngem a cavidade nasa , seios da face, boca laringe e faringe e é mais comum do que se imagina Em nossa matér a sobre a campanha do Julho Verde apresentamos os s ntomas, as possíveis causas e qua s são os públ cos ma s ating dos, além de mostrar como a cidade de São Borja trata de seus pacientes Não deixe de confer r

Cam nhada durante um Outubro Rosa rea izado pe a Liga em 2018 Foto: Arquivo da L ga

É importante deixar o alerta sobre a campanha do Julho Verde, mês da conscientização do câncer de pescoço e cabeça, ainda pouco divulgado. Tiago

Evento Chá Doce Arte e V da" em 2022 Fo o JJ Bet m SENTIMENTOS e HISTÓRIAS

Em comum, além da vontade de ajudar o próximo, é inevitável aos voluntários um sentimento: o medo de perder algum paciente. “Eu sempre tive muito medo de perder as pessoas que eu gostava. Quando eu entrei na Liga eu disse ‘prefiro ficar mais de longe’, porque eu tinha medo de me apegar e o paciente falecer”, confidencia Cássia. Com o tempo, foi compreendendo melhor a relação entre a doença, o tratamento e a qualidade de vida dos pacientes assistidos pela equipe da Liga.

“Sempre chegam novos pacientes, e isso não queríamos que acontecesse. Queríamos que um dia acabasse, mas infelizmente o câncer ainda existe”, reflete. “Teve o caso de um senhor bem idoso, que infelizmente acabou falecendo. No velório, todas estávamos muito tristes. A esposa veio nos agradecer e disse que o período em que ele fez o tratamento apesar das dores, foi uma época muito feliz na vida dele. Lembro dela dizer que no dia que íamos visita lo, ele acordava feliz, fazia questão de levantar, tomar banho para nos receber, e nos esperava sempre com um chá de capim limão, que tirava da hortinha dele. Toda vez que bebo este chá, lembro com muito carinho do amigo que a Liga me oportunizou conhecer e ajudar”, recorda As histórias são diversas, evocando emoções Leocádia relembra o caso de um paciente de 13 anos, diagnosticado com câncer no fêmur que após o tratamento, se curou. Hoje com 40 anos, ele tem um conjunto musical e vive normalmente. Para elas, esses casos dão forças para prosseguirem com o trabalho voluntário Os interessados em se vo untariar devem deixar um pedido na L ga Basta nformar qual a disponib lidade de tempo e de que forma dese a a udar O voluntar ado pode acontecer por meio de atend mento pelo WhatsApp de vis tas ou da part c pação em pro etos, como explica Leda “É uma grande teia, em que todos se a udam É só colocar no grupo, e alguém vai”, comemora A sala da Liga fica em anexo à Secretaria de Saúde do Mun c pio, na rua Coronel Lago, 1822 Os atendimentos ocorrem terças e qu ntas das 9h às 12h A nstituição está sem telefone fixo no momento Saiba como ser um parceiro

Toda a cidade tem sua história, muitas delas estão guardadas em registros, obras, peças e acervos históricos de valor inestimável. Muitas vezes, esses materiais ficam guardados em Museus, mas qual é o estado dessas obras? Como elas são conservadas? Como elas são catalogadas? E, principalmente, como elas chegam ao público? São Borja é um município de mais de 60 mil habitantes e possui uma importância histórica e cultural invejável. O município tem, desde 1626, relações com culturas e história, como a Redução do Tape 1626, que resultou na travessia do Padre Roque Gonzáles na fronteira, fundando, então, a Província do Tape, dando início ao grande projeto da Companhia de Jesus, que objetivava a catequização dos povos originários. Essa visão, embora possa ser contestada hoje em dia, ajudou a solidificar a presença europeia na região, juntamente com a Fundação Jesuítica, ocorrida em 1682. O município possui uma série de museus relacionados à sua história, sendo os dois principais e mais conhecidos da cidade os museus relacionados aos ex presidentes Getúlio Vargas e João Goulart, que nasceram na terra que hoje é conhecida como Terra dos Presidentes. A presença das duas figuras públicas ainda são visíveis nos dias de hoje, através das casas em que viveram e que passaram por revitalizações e sofreram algumas mudanças com o passar dos anos.

Terra dos presidentes,

PorLarissaVasconceloseJorgePacheco

Casa memorial João Goulart Foto: Larissa Vasconcelos Museu Getúlio Vargas Foto: Larissa Vasconcelos Para conferir mais sobre o caso de depredação à estatua de João Goulart scaneie o QR Code ao lado.

riqueza cultural

Museu Getúlio Vargas

O museu foi projetado pelo Dr. Luthero Sarmanho Vargas e fundado em 17 de fevereiro de 1982. Em 2005, o museu passou por um processo de reforma e, nos fundos do terreno da casa, foi feita uma nova edificação para abrigar a reserva técnica, arquivos, setores de consulta e pesquisa. Além disso, no ano de 2015, a responsabilidade para com os museus passou para a prefeitura de São Borja, mais especificamente para a Secretaria de Cultura, que oferece a manutenção dos museus e já tem orçamento reservado para todas as atividades de gestão necessárias. Em seu acervo atual, é possível encontrar os mais variados itens, como fotos de família, objetos pessoais, roupas, documentos, objetos utilizados enquanto Getúlio foi presidente, itens distribuídos durante a campanha, entre outros. Todos os visitantes assinam um livro de registro ao deixarem o museu e é possível notar a variedade de cidades e estados que constam nas assinaturas. Entre os visitantes, há quem venha de várias cidades do Rio Grande do Sul e também do restante Brasil, interessados em conhecer as raízes de Getúlio.

Busto de Getúlio Vargas Foto: Larissa Vasconcelos

Museu Getúlio Vargas Foto: Larissa Vasconcelos Museu Getúlio Vargas Foto Larissa Vasconcelos Depois da pandemia, foram instaladas estátuas dos presidentes em frente aos seus respectivos museus. Carvalho conta que as estátuas aumentaram o interesse do público nas visitações. “Não é estranho, eu que tiro plantão aqui no museu, ver pessoas conversando com a estátua do presidente ali. Esses dias tinha um cara cantando ali para ele, já vi uma pessoa chorando do lado dele. Então, existe um carinho histórico das pessoas com as figuras públicas políticas da nossa cidade. No caso, até esse resgate histórico que têm os presidentes para a história do Brasil”. Os eventos que mais movimentam os museus são a “Primavera dos museus” e a “Semana dos museus”. Nesses eventos, as comunidades acadêmicas são envolvidas em atividades como palestras e concursos que buscam alcançar os visitantes.

O responsável pelo museu Getúlio Vargas, Álvaro Roque de Carvalho, conta que os finais de semana tendem a ser os mais movimentados e, dependendo da semana, podem ser contabilizadas centenas de visitantes. Entretanto, quem mais visita são turistas, os são borjenses adultos são menos assíduos. Além desses visitantes, ocorrem também as visitações agendadas de escolas do município, que incentivam nos pequenos o resgate da história da cidade. Carvalho explica que “a história local está inserida na nossa plataforma educacional. Então, é bem corriqueiro, pontuais as visitas das crianças das escolas de São Borja. Toda semana, uma escola traz crianças. Ontem, por exemplo, estiveram 60 crianças aqui, duas turmas de 30 crianças e hoje já esteve mais uma turma, da escola Getúlio Vargas, visitando o museu. Então, a visita aos museus é um protocolo obrigatório do currículo escolar das crianças de São Borja”.

Outra atividade que pode ser realizada nos museus de São Borja são as apresentações de músicas ao vivo. Após a extinção da banda municipal, os músicos foram realocados para os museus. Ao todo, são cinco músicos: três no museu João Goulart e dois no museu Getúlio Vargas, tocando na parte da manhã. Carvalho comenta que “se criou um projeto chamado música nos museus, que nada mais é que, quando os turistas vêm nos visitar, eles estão tocando e criam uma atmosfera, um ambiente mais acolhedor para os turistas”.

No museu João Goulart, é possível encontrar também aulas de flauta doce para as crianças, com o professor Cecílio Guimarães. Todas as aulas são gratuitas.

Objetos distribuidos drante a campanha de Getúlio Vargas Foto: Larissa VasconcelosOrat´roio da casa memorial João Goulart Foto Larissa Vasconcelos

Livros de João Goulart Foto: Larissa Vasconcelos

Porta retrato de Getúlio Vargas Foto: Larissa Vasconcelos

Outro lugar de incentivo ao conhecimento da história é a casa memorial João Goulart, que também possui parceria com as escolas do município para a visitação dos estudantes. A casa de Jango foi construída em 1927 e restaurada no ano 2006. Em seu acervo atual, assim como no na casa de Getúlio, é possível encontrar fotos de família, objetos pessoais, roupas, documentos, itens distribuídos durante a campanha de Jango, entre outros. O museu tem se tornado um dos assuntos mais comentados da cidade, mas não pela história do ex-presidente. A estátua de Jango já foi vandalizada duas vezes esse ano. Nos dois casos, conseguiram identificar as pessoas envolvidas na depredação e restaurar a estátua. Os casos de vandalismo seguem os trâmites legais de justiça. Apesar destes casos envolvendo depredação, a Casa Memorial João Goulart recebe vários visitantes de fora da cidade. A encarregada das visitações, Sabrina Rathe, conta que a maioria dos visitantes vem de outros estados para conhecer a história do ex-presidente. Os responsáveis pelo museu, Naja Rosane Padilha e Claudio Lucio Krieger, explicam que a divulgação se dá mais através dos projetos como “Semana dos museus" e “Primavera dos museus”, que contam com os ciclos de palestras e atividades.

Casa memorial João Goulart

Casa memorial João Goulart Foto: Larissa Vasconcelos

Museu Aparício Silva Rillo e Museu da Estância

O Museu Aparício Silva Rillo, além de guardar um acervo único de obras centenárias, conta, também, com obras de artistas da região que expõem suas artes em períodos sazonais no local. O intuito é divulgar o trabalho desses artistas, além de apresentá los para um novo público, que, muitas vezes, desconhece o trabalho dos artistas da região. O museu, neste ano, teve mais de mil visitantes dos mais variados estados do Brasil, todos dispostos a conhecer um pouco da história de São Borja. Aparicio Silva Rillo foto Jorge Pacheco

Além desses dois museus, os mais conhecidos e procurados da cidade, São Borja tem outros dois. São eles o Museu Aparício Silva Rillo e o Museu da Estância. Ambos contam com um acervo de obras jesuíticas único na região.

Museu

Museu Aparicio Silva R llo foto Jorge Pacheco Museu Aparic o Silva Rillo foto Jorge Pacheco

Com a vacinação foi possivél avançar no retorno a normalidade. Além da visitações aos museus o retorno dos eventos em São Borja são parte das atividades dos São borjeenses. Para conferir a matéria sobre o retorno de eventos como a Fenaoeste scaneie o QR Code ao lado.

Segundo a pesquisadora e historiadora, Alessandra Da Silva, “a cidade de São Borja possui um ‘poder’ histórico e arqueológico sem precedentes. Apenas a época das reduções Jesuíticas já fazem de São Borja um canteiro arqueológico significativo para todo o Brasil e a evolução disso com Jango, Getúlio e tantos outros nomes que saíram daqui apenas confirmam a importância desse território. Para mim, a cidade deveria ser considerada patrimônio histórico.”. Alessandra salienta, ainda, que tais fatos históricos ainda são muito mal explorados pela própria população, que desconhece a história da cidade. Desde Andresito Artigas até Brizola, São Borja possui uma extrema significância para a região.

Para conferir o trabalho da Nathalia scaneie o QR Code abaixo

Museusemredes

Uma integração muito forte é, sem dúvida, entre a comunidade acadêmica de São Borja e os museus. A ex aluna da Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA), Nathalia Lopes, buscou essa integração em seu projeto de mestrado, os “Museus em redes”. O projeto trabalhou com três museus da cidade de São Borja e três de Uruguaiana. Em São Borja, foram escolhidos o museu Getúlio Vargas, a Casa Memorial João Goulart e o museu Apparício Silva Rillo. A ideia era a criação de uma franquia de jornalismo a respeito dos jornais da fronteira oeste, contendo site, jornal, boletins para rádio, facebook e canal no YouTube. Nathalia conta que foi um desafio trabalhar com a comunidade são-borjense, que infelizmente não abraçou a ideia. “O objetivo inicial do projeto era levar o museu para as pessoas mais afastadas do centro da cidade. Eu queria popularizar que o museu é algo público. Isso que eu acho interessante, sabe? Levar as escolas, as pessoas… que as pessoas possam tomar posse desses lugares, porque esses lugares são delas”, conta Nathalia.

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