morar no
Poço da Draga
a melhoria habitacional como forma de resistência
IAGO ALBUQUERQUE BARROS TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO
FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZ UNIVERSIDADE DE FORTALEZA CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS - CCT CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO
morar no
Poço da Draga
a melhoria habitacional como forma de resistência
IAGO ALBUQUERQUE BARROS ORIENTAÇÃO Prof. Dr. Amando Candeira Costa Filho
Ficha catalográfica da obra elaborada pelo autor através do programa de geração automática da Biblioteca Central da Universidade de Fortaleza
Barros, Iago Albuquerque. Morar no Poço da Draga: A melhoria habitacional como forma de resistência / Iago Albuquerque Barros. - 2017 166 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) - Universidade de Fortaleza. Curso de Arquitetura e Urbanismo, Fortaleza, 2017. Orientação: Amando Candeira Costa. 1. Melhoria habitacional. 2. Requalificação urbana. 3. Favela. 4. Poço da Draga. 5. Reforma de casas. I. Costa, Amando Candeira. II. Título.
morar no
Poço da Draga
a melhoria habitacional como forma de resistência
BANCA EXAMINADORA
Prof. Dr. Amando Candeira Costa Filho ORIENTAÇÃO
Prof. M.e André Araújo Almeida
Prof. Dr. Luis Renato Bezerra pequeno
Fortaleza, 13 de junho de 2017
SU MÁ RIO 4
Agradecimentos CAPÍTULO 01 Reflexões iniciais CAPÍTULO 02 Morar na favela 2.1. Características e infraestrutura na favela 2.2. A importância da requalificação 2.3. Melhoria habitacional como forma de não reassentamento
CAPÍTULO 03 Morar no Poço da Draga 3.1. Breve histórico da comunidade 3.2. Poço da Draga na atualidade: Lutas e ameaças 3.3. A ineficácia da legislação 3.3.1. Zona de Orla – Trecho 03 3.3.2. Zona Especial de Projeto de Orla 3.3.3. Zona Especial de Interesse Social 3.3.4. Zona de Proteção ambiental
CAPÍTULO 04 Caracterização social e urbana do Poço da Draga 4.1. Socioeconômico 4.2. Equipamentos e serviços 4.3. Uso e ocupação do solo 4.4. Propriedade da terra e regularização fundiária 4.5. Sistema viário 4.6. Infraestrutura Urbana 4.7. Recursos naturais e aspectos bioclimáticos
CAPÍTULO 05 A escala edilícia e análise das habitações modelo
07 09 17 27 43 55
5.1. Materiais e técnicas construtivas 5.2. Breve diagnóstico das residências modelo. 5.2.1. Casa da dona Conceição. 5.2.2. Casa do Sérgio Rocha. 5.2.3. Casa da Isabel Lima. 5.2.4. Casa da dona Ivoneide. 5.2.5. Casa da dona Marlene. 5.2.6. Casa da Sílvia Helena.
CAPÍTULO 06 Projetos de referência 6.1. A casa de Vila Matilde 6.2. Interstícios urbanos da favela
CAPÍTULO 07 Estudo propositivo: Melhoria habitacional no Poço da Draga
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7.1. Inserção urbana da intervenção 7.2. Leitura do espaço 7.3. Conceito de intervenção 7.4. Estratégias de projeto 7.5. Proposta de melhoria habitacional. 7.6.Ensaio de densidade no Poço da Draga 7.7. Desenho urbano como extensão da casa.
CAPÍTULO 08 Considerações finais Bibliografia
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AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a minha família que mesmo de longe sempre esteve comigo me incentivando a seguir e acreditar nos meus sonhos. Aos meus amigos também arquitetos que fiz durante o curso, que compartilharam comigo as dores e alegria que o mundo acadêmico pode nos proporcionar. Aos meus amigos que tenho fora da faculdade, que sempre foram compreensivos com o meu desaparecimento durante momentos do curso e que também me apoiaram muito durante esse período. A todo corpo docente da Universidade de Fortaleza, em especial a três mestres que me inspiram a seguir a carreira de Arquiteto. O professor Amando Costa por suas orientações na reta final do curso, acreditando e estimulando meu potencial de projeto e pesquisa. A professora Amíria Brasil por me introduzir a temática das favelas e entender a importância de intervir nesses espaços. E também a professora Vládia Sobreira que me iniciou no universo da arquitetura com atividades extracurriculares de grande importância para minha formação acadêmica. Por fim a toda a comunidade do Poço da Draga, em especial aos moradores que abriram as portas das suas casas para que pudesse estudá-las. E ao Sérgio Rocha, morador e líder do movimento PROPOÇO que intermediou todo esse processo. Sem vocês, nada disso seria possível. Obrigado.
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CAPÍTULO 06
Reflexões iniciais
CAPÍTULO 07
Onde queremos morar?
CAPÍTULO 08
CAPÍTULO 05
CAPÍTULO 04
CAPÍTULO 03
CAPÍTULO 02
Disponível em: <http://www.emtempo.com.br/aet/wp-content/uploads/2014/11/Minha-casa.jpg > Acesso em: 16 maio. 2017.
CAPÍTULO 01
9 CAPÍTULO 01
REFLEXÕES INICIAIS As inquietações que deram embasamento para iniciar essa pesquisa, vieram durante participação no Projeto de Iniciação Científica coordenado pela Professora Amíria Brasil na Universidade de Fortaleza, durante o primeiro semestre de 2016. Cuja temática abordava discussões relacionadas a regulamentação das Zonas Especiais de Interesse Social na cidade de Fortaleza. Tendo como objeto principal de estudo a favela do Poço da Draga, onde em parceira com o movimento PROPOÇO1 podemos vivenciar ao longo dessa pesquisa, a sua luta para residir em seu âmbito original. A comunidade esta inserida na orla turística da capital cearense, e o privilégio de sua localização trouxe a essa região total atenção para investimentos do poder público e privado, concebendo equipamentos destinados a promoção do turismo na região de entorno da favela do Poço da Draga. A implantação desses, reforçam as ameaças à permanência da comunidade, devido à possibilidade de valorização fundiária e imobiliária. Recentemente, alterações propostas na Lei de uso e ocupação do Solo reforçam a sensação
de insegurança dos moradores da favela, visto que a área definida como ZEIS 1 do Poço da Draga não consta na atual proposta de zoneamento da LUOS2. Além de alterações na lei que regulamenta a construção do Aquário. Obra na qual intimida a comunidade devido sua grandiosidade, impedindo seu acesso direto a praia. Lugar de valor inestimável para seus moradores. Para PEQUENO (2008), entende-se como favela o assentamento composto por famílias de baixa renda, marcadas pela ocupação ilegal do solo, pelo adensamento e ocupação desordenada, pela carência de infraestrutura, pela dificuldade no acesso aos serviços e equipamentos sociais e pela insalubridade da moradia, relacionados a problemas sanitários e de desconforto ambiental. E foi durante esse período de pesquisa, visitando comunidade do Poço da Draga, que foi com esses problemas, citados a cima, comuns em área de favelas. Atentando-se a precariedade infraestrutural, relacionadas a pavimentação, saneamento e composição de suas habitações. Essa última, em sua maioria, apresenta problemas relacionados a insalubridade que dessa forma não permite a circulação dos ventos ou a permeabilidade
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O Movimento ProPoço é uma iniciativa independente, formada por moradores e entusiastas pela causa de pertencimento à comunidade do Poço da Draga. 2
A revisão da Lei de Uso e Ocupação do Solo ainda não foi aprovada, o projeto tramita na câmara legislativa de Fortaleza e levanta dúvidas quanto a questão da participação popular durante sua construção.
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CAPÍTULO 01 CAPÍTULO 02 CAPÍTULO 03 CAPÍTULO 04 CAPÍTULO 05
Reflexões sobre a temática de melhoria habitacional em áreas favelizadas, fizeram elaborar a questão que fundamentará esse trabalho: É possível produzir habitação de qualidade dentro de um espaço degradado, economicamente desfavorecido e ambientalmente fragilizado? Somente propor reformas das habitações é suficiente, ou devese unir a isso um desenho urbano bioclimático eficiente?
CAPÍTULO 08
A produção dessas habitações é vista como ‘‘carimbo’’3, que surge apenas para resolver o déficit quantitativo sem se preocupar com a participação dos beneficiários nesses processos ou se quer com a qualidade de vida de seus usuários. Esses empreendimentos que marcaram, em Fortaleza, a segunda metade
Talvez esse seja o momento de olhar a produção da habitação de interesse social em Fortaleza através de outra perspectiva, não somente a que vem sendo reproduzida, que não garante moradia de qualidade a esses moradores. Pensar na reforma habitacional como metodologia de intervenção em áreas de favela, pode sanar o sentimento de insegurança dessas comunidades quando as mesmas entrarem para as politicas de (re) urbanização do município.
CAPÍTULO 06
Conhecendo a realidade de Fortaleza a respeito do crescimento dessas áreas insalubres, segregadas dentro do nosso tecido urbano, vem o questionamento: O que está sendo feito reverter esses processos? Sabemos que a produção em massa de habitação de interesse social na capital, começou pós década de 1930, e desde então nunca ofereceu um produto de qualidade aos seus beneficiários. Localizado esses empreendimentos na periferia da cidade, em zonas marcadas pela falta de infraestrutura urbana e de serviços, dessa forma, o seu desenho já partia de um conceito segregador. Nem mesmo inovações nas tipologias habitacionais, com suas dimensões reduzidas dos compartimentos, a precariedade dos acabamentos, a densidade excessiva e a indefinição dos espaços livres que margeiam esses empreendimentos.
do século XX, pouco se difere do que acontece atualmente no maior programa de promoção habitacional da história, o Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV).
CAPÍTULO 07
solar. Prejudicando a saúde do edifício e consequentemente de seus usuários.
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A Expressão indica trabalho repetitivo. Sem variação tipológica da planta, sem qualquer estudo de implantação, ou de entorno. A produção dessa época parecia lançar os edifícios no terreno sem qualquer preocupação relativa as regras básicas de um projeto arquitetônico inteligente.
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OBJETIVOS A proposta elaborada vem para contribuir com a favela do Poço da draga, que a 110 anos luta pelo seu direito a cidade. Diante desse quadro, a pesquisa tem como objetivo geral a melhoria da condição de habitabilidade das moradias da comunidade, tendo em vista seu estado de degradação atual. Propondo, também, soluções de reintegração urbanística a fim de reverter o processo de segregação sofrido por seus moradores. O trabalho objetiva ainda, de forma mais específica: • Compreender os processos de segregação socioespacial e evolução urbana do Poço da Draga dentro da cidade de Fortaleza. Salientando seu histórico de resistência a partir da análise de autores que debatam o tema. • Analisar os diagnósticos urbanísticos existentes e legislações urbanas vigentes que garantem seu zoneamento especial, através de consulta a legislação do município e bibliografia que abordem o tema.
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• Identificar a problemática central dessa pesquisa, estabelecendo um diagnóstico consistente que represente a situação atual da comunidade, para que as mesmas se transforme em propostas sólidas nas etapas de projeto. • Levantar problemas nas habitações do Poço da draga, explorando técnicas construtivas a partir de estratégias bioclimáticas e de conforto ambiental para dentro da edificação. • Tratar a composição das habitações do Poço como unidade, ou seja, considerando o conjunto de casas como uma intervenção única, que beneficiem os moradores que receberão intervenções dentro de suas residências, e o mesmo se rebata ao seu vizinho. • Sistematizar conhecimentos adquiridos em projeto urbanístico, especificamente intervenções na escala humana, e aplicálos dentro da favela do Poço da Draga como forma de metodologia de projeto.
CAPÍTULO 01 CAPÍTULO 02 CAPÍTULO 03 CAPÍTULO 04 CAPÍTULO 05 CAPÍTULO 06
Na parte elaboração das propostas de intervenção, foram utilizados como elemento base os levantamentos feito nas casas, somadas as observações e necessidades impostas pelo seu morador durante as visitas. Contando também com a consulta de projetos de referência em sites, livros, revistas e outras publicações que ilustram projetos com desenho arquitetônico e urbanístico de qualidade.
CAPÍTULO 07
Os procedimentos de pesquisa seguiram, em maior parte, a partir da revisão bibliográfica. Avaliando artigos, livros, dissertações, teses e outras publicações que abordam a temática das favelas e sua inserção urbana, atentandose para a comunidade do Poço da Draga. Somadas a análise da legislação urbanística vigente (PDP, LUOS, COP) e a consulta dos diagnósticos existentes publicados por órgãos municipais (IPLANfor, HABITAfor, PLHISfor) que tratam da problemática de habitação em Fortaleza. Anexando a essas bibliografias, também, entrevistas realizadas com as lideranças e moradores da comunidade durante as pesquisas que deram início a esse trabalho final de graduação.
CAPÍTULO 08
MÉTODOS DE PESQUISA
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ESTRUTURA
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Reflexões iniciais
Morar na favela
Reflexões iniciais sobre a temática abordada acompanhado dos objetivos gerais, específicos e os métodos de pesquisa utilizados para a construção deste trabalho.
Parte do referencial teórico do trabalho, o capítulo caracteriza as favelas enfatizando a importância de requalificar urbanisticamente e arquitetonicamente esses espaços segregados na cidade.
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Considerações finais
Estudo propositivo de melhoria
Conclusões do processo de pesquisa, resultados obtidos e perspectivas para o futuro.
Reúne os esquemas, partidos e conceitos de intervenção para solucionar as problemáticas abordadas anteriormente. Unidas aos desenhos arquitetônico e urbanos propositivos para este trabalho.
CAPÍTULO 01
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Projetos de referência
A escala edilícia e habitações modelo
Traz dois projetos nacionais de diferentes escalas que foram essências na concepção do partido arquitetônico adotado na intervenção. O primeiro se restringe a escala da casa, e o na escala edilícia em relação com o meio urbano.
No primeiro momento analisa de maneira geral a situação e composição das habitações da comunidade, e em seguida reúne um diagnostico mais detalhado das habitações escolhidas para intervenção. Levando em conta seus materiais, técnicas construtivas e observações por parte de seus moradores.
CAPÍTULO 02
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CAPÍTULO 03
Conta com a caracterização social e urbana da comunidade, relacionados a temáticas que abordam desde questões ligadas a propriedade da terra, até temas mais complexos como a desigualdade social em relação a sua inserção urbana, a fim de expor ao leitor maior entendimento da problemática que esta pesquisa visa sanar.
CAPÍTULO 04
Conta de forma cronológica o processo de ocupação da comunidade do Poço da Draga que é objeto de estudo desse trabalho e sua luta para residir no local, somadas a análise da legislação vigente de deveria proteger e legitimar a comunidade como dona daquele espaço.
CAPÍTULO 05
Caracterização social e urbana do Poço da Draga
CAPÍTULO 06
Conhecendo o Poço da Draga
CAPÍTULO 07
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CAPÍTULO 08
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CAPÍTULO 07
A informalidade consolidada CAPÍTULO 06
CAPÍTULO 05
CAPÍTULO 04
Morar nas favelas
CAPÍTULO 08
CAPÍTULO 03
Disponível em <https://denisesetubal.files.wordpress.com/2009/10/paraisopolis_foto_de_tuca_vieira_livro _as_cidades_do_brasil.jpg> Acesso em: 16 maio. 2017
CAPÍTULO 02
CAPÍTULO 02
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CAPÍTULO 01
O pobre tem acesso à terra urbanizada? Esse questionamento inicia a discussão sobre esses espaços esquecidos que marcam o tecido urbano da cidade abordado nesse capítulo, as favelas. A distribuição de terra do Brasil, desde o seu princípio foi realizada de forma injusta, inicialmente quando o país virou república e as principais terras rurais4 e urbanas foram destinadas a população dominante da época até os dias atuais, que as terras urbanizadas pertencem quase que por totalidade ao setor imobiliário privado que atribui valor de mercado a terra. Dessa forma restando para o pobre ocupar os retalhos da cidade, na maioria das vezes localizadas em zonas esquecidas pelo poder público, ambientalmente fragilizadas e espacialmente segregadas. (BRASIL, 2016) A favela surge em resposta desse não acesso a terra , vinculadas as necessidade primordiais do cidadão, a de um teto e uma boa localização urbana. A desordem nesse processo de ocupação informal, e a não assistência por parte do governo, transformam esses espaços em locais insalubres, com ausência parcial ou total de infraestrutura básica (luz, esgoto, saneamento), equipamentos públicos de saúde, educação e de cultura. Fazendo questionar a habitabilidade dessas edificações que também sofrem com a falta de ventilação, insolação e acessibilidade urbana universal devido a alta densidade encontrada nesses espaços. (PIZZARO, 2014) As favelas são consideradas ‘’antiestéticas’’, e essa denominação por diversas vezes já resultaram em sua remoção para dar espaço ao crescimento da cidade dita formal. Realocando essa população para conjuntos habitacionais modernistas, e seu antigo território transformado em bairro com traçado ortogonal, formalizando tanto, que se torna um espaço impessoal. Diferindo dos cenários urbanos de convívio social de uma favela. Jacques (2001), acrescenta em seu texto ‘’a estética das favelas’’:
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Posteriormente urbanas.
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…os arquitetos da dita pósmodernidade passaram a intervir nas favelas existentes visando transformá-las em bairros, a lógica racional dos arquitetos e urbanistas ainda é prioritária e estes acabam por impor a sua própria estética que é quase sempre a da cidade dita formal. Ou seja, a favela deve se tornar um bairro formal para que uma melhor integração da favela ao resto da cidade se torne possível.’’ ( JACQUES, 2001.)
Talvez essa seja a maior problemática das favelas, a sua constante comparação com a cidade dita formal. Visto isso, o que se repete é a mesma política remoção desse tipo de ocupação e realocação ou remodelação nos ‘’padrões formais’’ de urbanizar a cidade. Alguns questionamentos parecem difíceis de responder, porque o tecido urbano tem que se padronizar? Porque tentam caracterizar as favelas como um lugar sujo, associandoos a criminalidade, pobreza e ignorância de seus habitantes, tentando os adequá-los ao desenho urbano moderno como tentativa de transformação desses cenários? Talvez seja a hora de entender como funcionam esses espaços e como o arquiteto e urbanista possa intervir nessas áreas sem que se baseiem em modelos preparados, pois cada favela tem a sua particularidade. Para clarificar essas ideias, primeiramente devemos entender quais são suas principais características e como se estrutura uma favela, abordados no tópico seguinte.
FIGURA 01 Ruas e becos da favela como principal loco de convívio social; Fonte: <Disponivel em: http://blogs.odia.ig.com.br/guia-das-comunidades/files/2013/10/guia-ed-14-41.jpg > Acesso em: 25 set. 2016.
CAPÍTULO 01 CAPÍTULO 02 CAPÍTULO 03 CAPÍTULO 04 CAPÍTULO 05
• Massa construída densa com máxima ocupação do solo, e gabarito predominante de dois e três pavimentos, raramente quatro ou mais;
CAPÍTULO 06
As favelas são caracterizadas por espaços desordenados, na maioria das vezes labirínticos, sendo o único ator de produção desses espaços o morador, que tanto constrói seu espaço quanto se apropria dele, seja ele privado ou público. A ideia que a favela oferece quem a experimenta sensorialmente
Pizarro (2014), em sua dissertação, qualifica 21 características principais dos assentamentos em situação de favela, para essa pesquisa, foram selecionadas as dez que melhor representam essas as tipologias dessas ocupações:
CAPÍTULO 07
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‘…a cidade dita informal é uma colcha de retalhos espontâneas, na qual os trapos vão sendo costuradas gradativa e livremente pelos próprios usuários do espaço.. A costura reflete as necessidades de seus usuários, é menos rigida, mais fluida e transitória, podendo ser redesenhadas ao longo do tempo…’’ (PIZARRO, 2014. p: 302)
é a de ser um grande espaço público, visto que a vida na favela acontece nas vielas e becos (na maioria das vezes único espaço livre disponível aos seus habitantes, Figura 01), podendo também essas vias ser extensão das casas, por exemplo, quando seus moradores a utilizarem como varada ao lazer e as conversas com seus vizinhos no final da tarde, ou até mesmo como área de serviço, estendendo suas roupas em um varal improvisado.
CAPÍTULO 08
2.1. CARACTERÍSTICAS E A INFRAESTRUTURA NA FAVELA
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•Edificações com blocos justapostos, muitas vezes, sem quaisquer recuos. Na totalidade dos casos não há reconhecimento legal da propriedade dessas habitações;
cerâmicos e pintura;
• Escadas e acessos externos independentes aos pavimentos superiores;
• Vielas e becos, estreitos ou largos, cobertos ou descobertos, com acesso a pedestres, motocicletas e, até mesmo, carros;
• Uso das lajes e varandas para funções cotidianas e de lazer, além de seu valor imobiliário e potencial como estoque de expansão; • Crescimento dinâmico, principalmente vertical; • Predomínio de atividades comerciais no nível térreo, como bares, salões de beleza, mercados e diversos; • Uso de alvenaria, reboco, revestimentos
• Predomínio de áreas impermeáveis e carência de vegetação domiciliar e urbana;
• Calçada como obstáculo urbano a livre circulação e a acessibilidade universal, podendo ser utilizada como reserva de expansão, em usos comerciais, por exemplo. Percebe-se que as características das favelas, em sua maioria, são consequência do seu crescimento rizomático e do processo de autoprodução do espaço, podendo essas tomar notáveis proporções dentro da cidade. E é nos grandes centros urbanos que se localizam as favelas mais densas, muito
FIGURA 02 Favela densa e longilínea em Mumbai, India. Fonte: <Disponível em: http://virusdaarte.net/wp-content/uploads/2013/03/darav.jpg> Acesso em: 25 set. 2016.
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"
A requalificação deve ser pensada como sobreposição de diferentes escalas de caracterização, proposição e intervenção, desde a macroescala infraestrutural e emergencial liderada pelo poder público, até as ações de microescala, conduzidas independentemente pelos próprios moradores ou por ONGs atuantes na comunidade." (PIZARRO, 2014. p: 270)
CAPÍTULO 01 CAPÍTULO 02 CAPÍTULO 03 CAPÍTULO 04 CAPÍTULO 05
Não se percebe a favela como espaço urbano com potencial de se desenvolver daquela forma que foi desenhada espontaneamente por seus moradores, há sempre a necessidade a quem intervem na favela de copiar o que o mercado imobiliário produz. O que deve ser feito, não é reurbanizar esses espaços, e sim requalificá-los. Potencializando a composição existente de suas habitações, espaços públicos, a fim de melhorar a habitabilidade da favela, consequentemente a vida de seus usuários. Pizarro (2014), reforça:
CAPÍTULO 06
Coincidentemente ou não, todas essas características aqui abordadas, parecem se repetir em todas as favelas, seja ela em Mumbai, ou em Fortaleza. Os problemas sempre serão os mesmos, somente mudam as escalas. Partindo desse diagnóstico sintetizado sobre essas ocupações informais, faz-se necessário modificar esses espaços, aplicando metodologias de intervenção que potencialize esses cenários, discutidas no capítulo seguinte desse trabalho.
O dicionário classifica urbanizar como ‘‘tornar(-se) urbano; civilizar(-se).’’ Dessa forma, conclui-se o processo de urbanizar uma favela a rebaixa como um espaço não urbano. Como se somente a cidade formal fizesse parte do meio urbanizado, e esse fosse o modelo é ideal a ser seguido, e dessa forma a favela tivesse o dever de seguir esse padrão para que faça parte da cidade, dotando esses espaços de infraestrutura urbana, garantindo acesso a serviços públicos básicos, pavimentação de vias e reparcelamento dos lotes conforme é produzido na cidade formal. (PIZARRO, 2014)
CAPÍTULO 07
No que se refere rede de água, energia e iluminação pública, muitas comunidades já possuem acesso a esses serviços, mesmo que não tenham a propriedade do seu imóvel. Quando não, somente resta ao seu morador, gerar seu próprio meio levar água encanada e energia elétrica para dentro da sua residência, processo popularmente conhecido como ‘‘gato’’, que maioria dos casos geram risco para seus usuários devido as restrições previstas por esses tipos de ligações, ignoradas por seus atores.
2.2. A IMPORTÂNCIA DA REQUALIFICAÇÃO URBANÍSTICA (URBANIZAÇÃO X REQUALIFICAÇÃO)
CAPÍTULO 08
Como relatado anteriormente, as favelas ocupam preferencialmente áreas ambientalmente fragilizadas, de solo pouco resistente e topografia acidentada. O que dificulta seu acesso à infraestrutura de esgotamento sanitário e pluvial, resultando em alagamentos nos períodos chuvosos e a falta de comunicação do esgoto doméstico com a rede coletora municipal. Moradores improvisam suas próprias fossas sépticas, despejando os dejetos nos recursos hídricos mais próximos, agravando a situação da insalubridade nesses locais.
O termo requalificação de favelas, melhor se adéqua ao no corpo desse trabalho, pois tem
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a ver com a melhoria da qualidade ambiental, urbana e social desses espaços, visualizando essa forma de ocupação informal como potencial para a elaboração das propostas.
2.3. A MELHORIA HABITACIONAL COMO FORMA DE NÃO REASSENTAMENTO DE FAVELAS Para que se entenda o processo de autoconstrução dentro das favelas, é necessário entender como esses moradores ocupam esses espaços. O pobre, sem acesso à terra, invade um terreno seja ele público ou privado para conquistar seu espaço na cidade, demarcando esse lote com materiais precários (madeira, barro e sobras de outros elementos) que ficarão ali como abrigo temporário. Esse seria o marco zero da sua casa, somente para que garantam o seu espaço, o que se segue adiante é um processo longilíneo que pode se estender por décadas de melhoria dessa habitação, trabalhando em sua expansão, melhorias estruturais e aperfeiçoamento de seus acabamentos. (JACQUES, 2001). A autora ainda classifica em seu texto essas habitações como elemento transitório permanente, que se amplia conforme as condições econômicas de seu proprietário:
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’O barraco evolui constantemente, até chegar à casa em alvenaria, mas, mesmo assim, a construção não acaba nunca, as casas estão constantemente em obras. Mesmo menos fragmentadas formalmente do que os barracos de madeira, as novas casas em alvenaria são fragmentárias pois se transformam de uma forma contínua. A construção é cotidiana,
continuamente inacabada. Uma arquitetura convencional, ou seja, uma arquitetura feita por arquitetos, tem um projeto, o projeto é feito antes da construção, e é o projeto que determina o seu fim, o ponto final para se acabar a construção.’’ (JAQUES, 2001. <Disponível em: www.vitruvius.com.br/arqtextos/ arq000/esp078.asp > Acesso em: 03 out. 2016) O morador construtor da favela não consegue pagar por um projeto convencional gerenciado por um profissional capacitado, tampouco tem acesso ao microcrédito ofertado por bancos que poderiam financiar essas construções. Resultando na autoprodução do seu espaço, no que se pode chamar de leitura pessoal das técnicas construtivas da cidade formal5. Essas habitações, na maioria dos casos, não são exemplos no que se refere a qualidade técnica. Sendo essas edificações caracterizadas pela precariedade das instalações e estruturas com a utilização inadequada de materiais, produzindo ambientes vedados, em muito dos casos sem qualquer fenestração, impedindo o acesso à iluminação e ventilação natural para o interior da casa (Figura 03). Causando desconforto térmico para seus usuários. O objetivo dessa pesquisa não é substituir essas habitações, mas reconhecer o potencial delas, sendo capaz de transformá-las melhorando suas condições ambientais, a fim de garantir qualidade de vida aos seus usuários. O Arquiteto e Urbanista ao propor projeto de melhoria habitacional nas favelas, devem visar continuidade do trabalho que o morador começou, levando em consideração o valor sentimental que aquela casa tem para ele, pois aquele bem, apesar de apresentar diversos problemas estruturais, cada tijolo ali presente conta a história do seu proprietário. Aquele espaço representa a sua resistência, a sua luta. Requalificar esse espaço, é prever a aceitação e apropriação da intervenção por parte do morador, diferente de quando
Plantas predominantemente ortogonais, de alvenaria estrutural, com sala, banheiro, quarto cozinha e área de serviço. O autoconstrutor da favela idealiza esse modelo de casa, e tenta reproduzir dessa maneira.
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CAPÍTULO 01 CAPÍTULO 02 CAPÍTULO 03 CAPÍTULO 04 CAPÍTULO 05
"
Os arquitetos e urbanistas no momento de urbanizar as favelas deveriam seguir os movimentos já começados pelos moradores, para em vez de se fixar os espaços criando enfadonhos bairros formais ordinários, se possa conservar o movimento existente, ou seja, a própria vida das favelas (que é quase sempre muito mais intensa e comunitária do que nos bairros formais)." (JAQUES, 2001. <Disponível em: www.vitruvius.com.br/arqtextos/ arq000/esp078.asp> Acesso em: 03 out. 2016)
Para intervir nessas habitações, o arquiteto também deve conhecer a realidade da comunidade, realizando visitas no local, levantamentos métricos das habitações e traçar o perfil da família que vai receber a intervenção. Junto a essa família elaborar as propostas de melhoria do espaço, na qual antes tinha sido construído por seu morador, agora terá a proposta do arquiteto, que tem como dever posterior elaborar os orçamentos e acompanhamento da obra. A fim de levar melhores condições da habitabilidade daquela casa com a utilização adequada dos materiais e adoção de técnicas construtivas compatíveis com seu contexto.
CAPÍTULO 06
são realocados para conjuntos habitacionais verticais. Jacques (2001), reforça como dever do arquiteto que intervem na favela:
CAPÍTULO 07
Casa de um único cômodo, sem qualquer abertura para o exterior; Fonte: Disponível em: < http://static.sensacionalista.com.br/wp-content/uploads/2016/07/selma-2.jpg>
CAPÍTULO 08
FIGURA 03
Para a concretização desses planos buscase parcerias com escritórios de arquiteto com assistência técnica gratuita, de
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responsabilidades federais, estaduais ou municipais. Encaixando essas intervenções nas políticas habitacionais do município ou criando estímulos ao microcrédito através de instituições financeiras privadas para garantir o acesso ao material necessário para conclusão da intervenção. O ideal é que o morador possa participar de todas as etapas do processo, desde seu levantamento, a decisão de projeto arquitetônico e até mesmo na sua construção, através do processo de mutirão.6 Foram selecionadas para esse capítulo dois projetos que trabalham com essas melhorias habitacionais, com pequenas intervenções que promovem a habitabilidade dessas edificações. O primeiro é o Projeto Reforma Mais (2010- 2011), em Fortaleza- CE, é um projeto idealizado pela ONG CEARAH Periferia que busca uma solução integrada para obras de melhoria habitacional de população de baixa renda. Facilitando o acesso ao microcrédito e a assistência técnica para reformas e melhorias através de parcerias entre Instituições Financeiras, Organizações Sociais e Empresas do setor de construção. A ONG atuou, nesse programa em diferentes comunidades de Fortaleza, propondo intervenções nas habitações dessas comunidades. Foram selecionadas para esse capítulo dois projetos que trabalham com essas melhorias habitacionais, com pequenas intervenções que promovem a habitabilidade dessas edificações. O primeiro é o Projeto Reforma Mais (2010- 2011), em Fortaleza- CE, é um projeto idealizado pela ONG CEARAH Periferia7 que busca uma solução integrada para obras de melhoria habitacional de
população de baixa renda. Facilitando o acesso ao microcrédito e a assistência técnica para reformas e melhorias através de parcerias entre Instituições Financeiras, Organizações Sociais e Empresas do setor de construção. A ONG atuou, nesse programa em diferentes comunidades de Fortaleza, propondo intervenções nas habitações dessas comunidades. Contudo, não foi possível ter acesso ao banco de dados da ONG e nenhum exemplar de casa reformada foi encontrada para ilustrar essa pesquisa. O segundo selecionado é o Programa Vivenda, atuante em São Paulo capital. Mudar a realidade do morador da favela, é o principal objetivo desse projeto, que há quase dois anos oferece a esses moradores, a oportunidade de reformar suas casas de forma rápida, barata e eficiente. O programa trabalha com microintervenções nessas residências, julgando o que for de primeira necessidade. Fernando Assad, explica em entrevista para a Revista Exame de Dezembro de 2015, que o programa se baseia-se na criação de Kits, sendo eles: Cozinha, banheiro, área de serviço, sala e quarto. Todos incluindo o planejamento e mão de obra qualificada para os reparos, prometendo a entrega em menos de 15 dias para o morador. Referente ao seu financiamento Assad, idealizador do programa, explica que os beneficiários podem financiar seu custo em até 15 vezes, através do microcrédito para famílias com renda superior a 1,5 salários-mínimos. Os que ganharem menos, também poderão participar do projeto, buscando ofertar as reformas subsidiadas em parceria com o instituto Azzi, no qual arca
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Plantas predominantemente ortogonais, de alvenaria estrutural, com sala, banheiro, quarto cozinha e área de serviço. O autoconstrutor da favela idealiza esse modelo de casa, e tenta reproduzir dessa maneira. 7
O Centro de Estudos, Articulação e Referência sobre Assentamentos Humanos – CEARAH Periferia, é uma organização não governamental na qual atua prioritariamente na cidade de Fortaleza, e na região metropolitana de Fortaleza – CE – Brasil. Tem por missão o fortalecimento do movimento popular urbano para uma intervenção propositiva no processo de desenvolvimento urbano integrado, sustentável e solidário. Tem por objetivos: contribuir com a produção e difusão do conhecimento e com o aperfeiçoamento de tecnologias sociais no contexto urbano; contribuir para democratização do planejamento urbano através da integração de políticas de desenvolvimento urbano, a partir de intervenção interdisciplinar e sensibilizar, informar, capacitar o movimento popular urbano para o exercício da cidadania com autonomia.
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As preocupações sobre essa temática parecem se concretizar em todas as favelas bem localizadas nos grandes centros urbanos, e não seria diferente para a favela do Poço da Draga, objeto de estudo dessa pesquisa, que entra em discussão nos tópicos seguintes.
FIGURA 04 Intervenções propostas pelo Programa vivenda. Fonte: < Disponível em: http://imguol.com/c/ noticias/2015/01/14/montagem-com-antes-e-depois-de-reformas-em-moradias -1421259710138_956x500.jpg>
CAPÍTULO 01 CAPÍTULO 02 CAPÍTULO 03
Esses e outros programas que trabalham com a melhoria habitacional na favela trabalham com o potencial construtivo da habitação, procuram sanar o deficit qualitativo dessas habitações, contribuindo para a satisfação do morador em relação a sua residência. Trabalham com a escala humana, diferente de programas habitacionais, como o PMCMV, que produz novas habitações em massa, destoante da escala que o morador da favela se acostumou a viver. Esses conjuntos habitacionais, na maioria dos casos não são bem-aceitos por seus usuários, pois estão adaptados com a maneira de residir na favela.
CAPÍTULO 04
O programa trabalha com intervenções minimalistas, mas com um potencial enorme de transformação daquele espaço (Figura 04), melhorando a qualidade ambiental do espaço construído.
Porque produzir novas habitações, que acarretam gastos com a compra de terrenos, materiais, mão de obra especializada e pagamento do lote desapropriado, quando pode-se requalificar essas habitações, potencializar seu uso, oferecendo dignidade ao seu morador? As remoções em áreas de favela, em muito dos casos, realizados em interesse do setor imobiliário privado, mais parecem preocupados com a posse da terra que a comunidade ocupa, do que em mudar a realidade dessas famílias vítimas da desigualdade social.
CAPÍTULO 05
com 90% dos custos, e os moradores pagam no máximo 10 parcelas de R$ 90, cita o autor.
CAPÍTULO 08
CAPÍTULO 07
CAPÍTULO 06
Acesso em: 05 out. 2016
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Acervo pessoal disponibilizado por Sérgio rocha.
CAPÍTULO 07
A favela que existe e resite CAPÍTULO 06
O POÇO DA DRAGA CAPÍTULO 05
CONHECENDO
CAPÍTULO 08
CAPÍTULO 04
CAPÍTULO 03
CAPÍTULO 02
CAPÍTULO 03
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CAPÍTULO 01
MORAR NO POÇO DA DRAGA Morar no Poço da Draga é conviver com as incertezas quanto a permanência no local devido a não propriedade fundiária da terra A comunidade se localiza no litoral da cidade de Fortaleza, sofreu, ao longo dos anos, diversas tentativas de expulsão devido às potencialidades da sua localização. As ameaças, desde o início, promoveram nos moradores o sentimento de resistência que se transformou em movimentos e organizações de luta pela sua moradia naquela localização. A favela em estudo não se diferencia das outras da capital cearense, há problemas relacionados a pavimentação, drenagem, técnicas construtivas e segregação socioespacial. (BARROS; BRASIL, MUNIZ, WEBER, ARAÚJO; SAMPAIO; LIMA=. 2016) Ao permear a comunidade é notório a precariedade de seus espaços livres e construídos, apesar de nas últimas décadas ter evoluído consideravelmente os aspectos construtivos de suas habitações, iniciadas por casas de um único cômodo, sem banheiro, predominantemente de madeira. Hoje essas residências se expandiram (algumas com mais de três pavimentos), com tijolos de barro e acabamento em reboco nas áreas externas e internas. Mas sem garantir a qualidade da infraestrutura da casa, pois apesar de utilizarem materiais adequados, em muitos dos casos, estão mal empregados. Faz-se necessário terminar o trabalho que o morador do Poço da Draga começou, potencializando a construção da sua casa. Garantir a melhoria habitacional e requalificar seu espaço urbano, é reconhecer seus 111 anos de luta e considerar a vontade de seus moradores permanecer no local, no espaço no qual eles reconhecem como lar. Para que se possa intervir na comunidade em estudo, primeiramente deve-se conhecer a sua história, desde sua formação até a
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realidade atual, entender questões ligadas a propriedade da terra até as características arquitetônicas e urbanísticas do espaço em que a comunidade ocupa, abordadas nos tópicos seguinte dessa pesquisa.
CAPÍTULO 01 CAPÍTULO 02 CAPÍTULO 03 CAPÍTULO 04 CAPÍTULO 05 CAPÍTULO 06 CAPÍTULO 07
Fonte: Acervo pessoal do autor.
CAPÍTULO 08
FIGURA 05 A e B da esquerda para direita respectivamente: Casa com três pavimentos com ausência de reboco externo em toda fachada; Casa com três pavimentos com reboco em todo seu perímetro.
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3.1 BREVE HISTÓRICO DA COMUNIDADE
Em 1879 com a instalação do ramal ferroviário da estrada Baturité – Fortaleza, foi necessário criar uma extensão da linha que conectava a estação no centro da cidade ao Porto existente. Fortalecendo a ocupação desse corredor férreo, que começa sendo atraída pelas atividades portuárias que ali aconteciam, fixando, essa população, as primeiras habitações no ao longo dessa linha. O acesso aquela terra era fácil, pois a zona não era de interesse imobiliário. Surgindo assim a comunidade do Poço da Draga na parte da cidade conhecida por Praia Formosa. De acordo com Almeida (2014, p.111) o nome se deu devido por volta de 1888, o engenheiro inglês Jonh Hawkshaw projeta um quebra-mar que por erro de execução, cria uma bacia de águas paradas que passou a ser denominada FIGURA 06
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Poço da Draga” pelo fato de haver uma “draga” que retirava as poças que se formavam, dado isso, a origem do nome da comunidade em estudo, que se fixou nessa região de porto. A região da Praia de Iracema sempre foi de muita importância para o desenvolvimento da cidade de Fortaleza, devido muitos anos abrigar o primeiro porto da capital. Esse tinha como propósito escoar essa produção vinda do interior, localizando-se nos limites da região central da cidade8. A figura 06 mostra como se dividia essa região antes de 1920. Até 1920 a Praia de Iracema era marcada pela presença do porto e de suas atividades a complementavam (galpões de armazenamento, alfândegas e secretarias que hoje possuem um valor ímpar para o patrimônio da cidade). A presença desses assentamentos estavam pontualizados por toda extensão de praia, ocupadas por pessoas pobres que trabalhavam como operários ou
Localização da comunidade em relação ao bairro; Fonte: (ALMEIDA, 2014). Editado pelo autor.
A delimitação atual do bairro da Praia de Iracema se chamava praia do peixe, mas a região do posso da draga, atravessando a Avenida Almirante Tamandaré, tinha uma pequena área demarcada chamada de Praia Formosa.
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As ocupações expulsas nesse processo de ‘’europeização’’ do litoral da capital, se deslocam para o Poço da draga, dessa forma aumentando o contingente populacional da comunidade, tornando notório a segregação socioespacial nesse espaço. Ao final da década de 1930, muda-se totalmente o cenário daquela região portuária. Aumenta o interesse para lazer e moradia e reduz a potencialidade econômica da área, decide-se então desativar o porto da praia de Iracema, que se muda para a orla leste da capital, na região do Mucuripe.
A dinamitização econômica da região na década de 1980, vira cenário para implantação de novos restaurantes e bares da boêmia Fortalezense da época, resultando no aumento do interesse privado pela área. O que causa insegurança por parte da comunidade, que pela primeira vez se organiza para reivindicar melhores condições de vida devido a extrema precariedade urbana que são obrigados a conviver, mas sem querer se desfazer de seu local de origem.
CAPÍTULO 01 CAPÍTULO 02 CAPÍTULO 03 CAPÍTULO 04 CAPÍTULO 05
Ao final desse período, os galpões da antiga área portuária foram cedidos a Indústria Naval do Ceará (INACE) no mesmo momento que foram instalados os galpões da Indústria Nacional de Algodão (CIDAO) aos arredores do Poço da Draga, trazendo novamente a dinâmica econômica para a região da praia de Iracema. Em paralelo a esses acontecimentos, algumas famílias que ocupavam a faixa de praia da comunidade tiveram que ser realocadas para o Conjunto palmeiras (12 quilômetros de distância) para dar lugar a esses empreendimentos. Sendo essa, oficialmente, a primeira intervenção urbanística da favela do Poço da Draga. (ALMEIDA, 2014)
CAPÍTULO 06
"
Nos anos de 1920 a antiga Praia do Peixe, até então ocupada por humildes pescadores, começou, [...], a ser ocupada por setores abastados, predominando casas de veraneio – aos poucos, a visão negativa acerca do mar/litoral ia mudando. [...] Com a presença da “gente endinheirada”, até o nome da pacata praia foi mudada, em 1929, para Praia de Iracema (exatamente no centenário do nascimento do escritor José de Alencar), uma denominação bem mais adequada às “boas pessoas” que agora frequentavam o local. (Ramon, Zero Hora e outros) e hotéis (Pacajus, Iracema, Plaza)." (BRUNO, FARIAS, 2012, p. 132. apud. Almeida. 2014)
As décadas que sucederam a desativação do porto, nada foi proposto como alternativa de reverter o processo de favelização da comunidade em estudo, seguindo esquecida pelas políticas urbanísticas da capital, consolidando a miséria e insalubridade do local que constantemente recebia novos moradores. (ALMEIDA, 2014; p. 104). A figura 07, de 1970, mostra como se caracterizava as ocupações da época.
CAPÍTULO 07
Nesse período, várias metrópoles pelo mundo, tiveram um rápido crescimento urbano fazendo com que os centros das capitais ficassem congestionados e confusos levando as elites locais a buscarem novas áreas. Fortaleza também passou por esse processo de expansão na década de 1920, quando sua burguesia construiu casas de veraneio de frente para o mar na “esquecida” Praia formosa. Nome qual nos anos seguinte muda para Praia de Iracema após um concurso que tinha como visão de futuro europeização do litoral cearense.
A desativação do porto contribuiu para décadas de esquecimento daquela zona, contribuindo diretamente para o adensamento do Poço da Draga. Visto que o cenário da época era o de migração da população miserável do interior fugidas da seca tentando buscar novas alternativas de sobrevivência na capital. Restando a esses retirantes procurar as áreas não assistidas pelo agente privado de produção imobiliária para iniciar a sua ocupação informal.
CAPÍTULO 08
outros serviços de menor qualificação em função do porto.
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FIGURA 07
Imagem aérea do Poço em 1970; Fonte: (ALMEIDA, 2010)
A partir de 1990, se intensificam as ameaças de remoção em virtude de projetos de requalificação da faixa turística, no qual incluíam pavimentação de vias e restauro de edifícios antigos, como o do Estoril, que apoiariam a implantação do maior equipamento cultural de Fortaleza, o Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura (CDMAC). Almeida (2014) relata que para viabilizar esses projetos, a prefeitura altera a legislação municipal colocando em risco não somente os assentamentos informais da região, mas tão como as edificações históricas existentes. Tornando possível a derrubada dessas construções, para dar local a prédios de até 16 pavimentos. Na primeira década do século atual, a promessa da chegada de novos equipamentos públicos na região da Praia de Iracema, ameaçaram mais uma vez a permanência da favela do Poço da Draga. Dentre eles o Centro Multifuncional de Eventos e Feiras do Ceará,
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em 2002 – não implementado- e o Acquario do Ceará, no qual já conta com parte da sua obra concluída, mas a autorização para sua conclusão ainda tramita na justiça. Consequentemente, as transformações propostas pelo poder público na Praia de Iracema, desperta o interesse privado, principalmente do setor imobiliário que intensificam a sensação de insegurança por parte dessa comunidade. Bernal (2004, pag. 167), explica que esse interesse é dado pela: • Vantagem de localização que o bairro proporciona (proximidade ao mar, áreas de lazer noturno e com os bairros Centro, Meireles e Aldeota); • Boa oferta de infraestrutura e serviços públicos e privados existentes; • Possibilidades de se gerar ganhos econômicos com a compra de imóveis na
CAPÍTULO 01 CAPÍTULO 02 CAPÍTULO 03
Ao compararmos as primeiras imagens áreas com as atuais (Figura 08), fica claro esses processos de transformação da Praia de Iracema, mesmo na época de ‘’abandono’’, se transformava, dessa vez com o aumento das ocupações informais que consolidaram a comunidade do Poço da Draga. O cenário perceptível hoje é o de bairro turístico, que a cada projeto implantado sufoca a comunidade dentro de seu terreno original.
CAPÍTULO 05
CAPÍTULO 04
Através pesquisa documental realizada até esse momento, percebe-se quão importante a região da Praia de Iracema foi, e continua sendo para a história de Fortaleza. Iniciadas com as atividades econômicas do primeiro porto da capital até a consolidação da potencialidade turística que marca essa área
nos dias atuais.
CAPÍTULO 06
região, seja pela valorização esperada a partir da evolução natural do mercado imobiliário ou das constantes intervenções urbanas, seja pela possibilidade de exploração de atividades turísticas.
CAPÍTULO 07
De cima para baixo, respectivamente: Vista aérea da região do Poço da Draga em 1930; Imagem aérea da base de dados da Google de 2014 da mesma região. Fonte: Acervo pessoal do Sérgio Rocha, disponibilizado para o autor.
CAPÍTULO 08
FIGURA 08
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3.2. POÇO DA DRAGA NA ATUALIDADE: LUTAS E AMEAÇAS Por se inserir no litoral da capital e próximo também ao centro histórico de Fortaleza, o Poço da Draga está situada em uma área de grande potencial turístico e cultural devido à proximidade de equipamentos significativos para Fortaleza, conforme mostra a figura 09. Essas intervenções foram implantados a partir de meados da década de 1990, buscando fortalecer a atividade turística que acontecia somente na Praia de Iracema e integrá-la com as atividades que aconteciam no centro. Além de atrair o turismo, a implantação desses projetos previam a dinamização econômica e remodelação urbanística da região. Os principais equipamentos propostos para aquela área foram eles: Centro de Arte e Cultura Dragão do Mar (CDMAC), o Centro Multifuncional de Eventos do Ceará (CMFEC), FIGURA 09
Mapa localizando essas intervenções.
Fonte: (BARROS. 2016)
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o Projeto Orla, e o Acquario do Ceará. Todos esses projetos têm em comum as ameaças de remoção parcial ou total da comunidade do Poço da Draga para diferentes pontos de Fortaleza, com a promessa de ganho de unidade residencial em H.I.S. Dessa forma, gerando insegurança aos seus moradores que a cada intervenção, sofrem com as incertezas de permanência na comunidade. A primeira ameaça ocorreu em 1995, na gestão do Prefeito Antônio Cambraia, foi elaborado uma proposta de remoção da comunidade e realocação a duas quadras através de uma ação consorciada com o setor privado. Previa também a implantação de um equipamento polivalente (saúde, ensino e promoção social) no lote que receberia a intervenção. Esse projeto habitacional (não coincidentemente), antecedeu a conclusão do CDMAC, pois a prefeitura previa um outro uso para a terra que a comunidade ocupava. Contudo a proposta nunca chegou a ser implementada.
CAPÍTULO 01 CAPÍTULO 02 CAPÍTULO 03 CAPÍTULO 04 CAPÍTULO 05
Após dois anos do início da gestão do PT em Fortaleza, em 2007, o órgão municipal HABITAfor, começa a elaborar disgnósticos dentro da comunidade para a promoção de programas de melhoria urbanística e construção de novas unidades habitacionais dentro do Poço da Draga. Financiados pelo fundo de habitação município, a intervenção contaria com a produção de H.I.S dentro da ZEIS do Poço da Draga além da pavimentação das vias de acesso aos lotes e a criação de um parque urbano dentro da zona de proteção ambiental.
CAPÍTULO 06
No período em que foi implantado, representou uma forte ameaça a permanência da comunidade. Contudo, sozinho este equipamento não foi capaz de dinamizar seus arredores e não provocou nenhum impacto direto na comunidade. Os moradores do Poço afirmam, que na época de sua inauguração buscou-se parcerias com a comunidade, e que aconteciam atividades e cursos no local voltada diretamente para a comunidade.
Em 2001, novamente, a implantação de outro grande projeto prevê a remoção da comunidade. O CMEFC previa a expulsão do Poço da Draga realocando-os para conjuntos habitacionais nas proximidades. Contudo, o projeto nunca chegou a ser discutido com a comunidade, nem mesmo foi implantado, a solução foi transferir o empreendimento para o setor sul da cidade.
CAPÍTULO 07
O projeto conta com salas cinemas, teatros, salas de exposição, planetários, pavilhões multiúso para eventos culturais e cafés, além de ser palco da vida noturna de Fortaleza devido à presença de diversos bares e boates. O CDMAC se tornou um ponto nodal das atividades turísticas, culturais e noturnas da capital cearense.
Com o tempo essa relação foi se estreitando, e atualmente o equipamento não desenvolve qualquer atividade específica voltada para o Poço da Draga, seu vizinho imediato. (ALMEIDA, 2014).
CAPÍTULO 08
O primeiro equipamento a ser construído, responsável pela construção da imagem turística de Fortaleza durante meados dos anos de 1990, foi o Centro Cultural Dragão do Mar de Arte e Cultura (CDMAC). Este, antes ocupados por galpões da marinha subutilizados, veio com a intenção de requalificar o seu entorno atraindo outras atividades para o local.
FIGURA 10 Implantação da proposta. Fonte: HABITAfor, apud. Almeida (2014).
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Porém, até 2011, não ouve qualquer avanço na implantação do projeto devido a falta de recursos por parte da prefeitura. Então muda-se o orgão gestor da intervenção, passando a entrar nas políticas do PAC 2. Contudo, o projeto demora a ser aprovado, e na mudança da gestão municipal, em 2013, o projeto de requalificação do Poço da Draga volta a ser arquivada. No ano seguinte, em 2012, foi instalada no edifício da antiga alfândega a Caixa Cultural que realiza exposições artísticas, shows, apresentações de teatro. Porém, apesar de localizado vizinho a comunidade, o edifício não dialoga com ela, só potencializa o processo de segregação da comunidade devido à presença de muros altos que escondem a comunidade do seu entorno. Por fim, o equipamento mais recente, ainda em construção (apesar de embargada até o presente momento) é o Acquário do Ceará, no qual sua implantação toma boa parte da faixa de praia que convive com a população do Poço da draga. Este, atualmente, é o que apresenta o maior conflito com a comunidade, pois desmerece a comunidade no planejamento da implantação do empreendimento. FIGURA 11
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O projeto tem uma escala faraônica, o gasto previsto é de 300 milhões de reais. Mesmo situado vizinho a comunidade, os gestores do complexo não preveem qualquer melhoria para a comunidade, nem mesmo projetos sociais que integrariam a seus moradores ao empreendimento. As maquetes divulgadas pelo escritório que concebeu o projeto exaltam as falácias de não remoção da comunidade, como é possível ver na imagem 11. O terreno em qual a comunidade ocupa, na maquete, é composto apenas pôr a sobreposição de árvores. É notória a inexistência das casa do Poço da Draga. O projeto do aquário continua tramitando sua aprovação na câmara, e a mais de um ano, as obras estão paradas. Gestores do projeto afirmam que 69% das obras já estão concluídas dessa forma não teria motivos para pará-las. Contudo, o Poço da Draga é uma ZEIS, e deveria ter seus direitos de permanecer naquele local. Não somente os projetos que consolidam no entorno da comunidade, a segrega do seu contexto, outras incertezas afrontam a permanência da comunidade. Até legislação que deveria auxiliar nesse processo, mas parece se moldar a produção capitalista do espaço.
Perspectiva externa do Acquário do Ceará. Fonte: Imagic Brasil, editadas pelo autor.
CAPÍTULO 01 CAPÍTULO 02 CAPÍTULO 03 CAPÍTULO 04 CAPÍTULO 05
FIGURA 12 Zoneamentos previstos pelo Plano diretor de 2009 para o Poço da Draga; Fonte: (FORTALEZA, 2009); Base de dados Google, editados pelo autor.
CAPÍTULO 06
O Poço da Draga atualmente pertence ao bairro Centro de Fortaleza, Ceará. Porém, até recentemente a comunidade se inseria na Praia de Iracema, bairro com o qual eles mais se identificam. O morador Sérgio Rocha, em entrevista, atribui essa mudança devido à comunidade estar situada em um bairro onde o valor da terra é muito alto onde moram pessoas das classes média e
A delimitação dos bairros que contém o Poço da Draga é só uma dentre outras medidas tomadas pelo poder público que segregam a comunidade do seu entorno. O plano diretor de 2009 prevê para essa região, macrozoneamentos e zoneamentos especiais, e na maioria dos casos, um sobreposto ao outro, como mostra a figura 12. Dentre eles, em ordem de escala, uma Zona de Orla, uma Zona Especial do Projeto de Orla, uma Zona Especial de Interesse Social refente a assentamentos precários e por último, uma Zona de Proteção Ambiental do tipo 1. Compreendidos de forma mais minuciosa nos subtópicos seguintes.
CAPÍTULO 07
3.3. LEGISLAÇÃO PERTINENTE
alta, somadas ao fato da localidade ter uma forte potencialidade turística. ‘’Mudar-se’’ para o Centro significa diminuir o valor da terra em que a comunidade ocupa.
CAPÍTULO 08
O tópico seguinte atentará as diretrizes dessa legislação em relação situação atual da comunidade. E para isso foi feito, de forma mais detalhada, um breve diagnóstico urbanístico e social da comunidade em estudo.
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3.3.1 ZONA DA ORLA TRECHO 3- (ZO) Por estar localizada em uma faixa turística da cidade o Plano Diretor a classifica como zona de orla da cidade. E devido suas características de solo, aspectos paisagísticos e sua função na estrutura urbana, prevê parâmetros específicos para uso e ocupação do solo. (Fortaleza, 2009). Os índices adotados pelo plano na ZO são semelhantes às de zonas onde se estimulam a ocupação. São parâmetros da ZO, Trecho III: I — índice de aproveitamento básico: 2,0; II — índice de aproveitamento
FIGURA 13
máximo: 2,0; III — índice de aproveitamento mínimo: 0,25; IV — taxa de permeabilidade: 25%; V — taxa de ocupação: 60%; VI — taxa de ocupação de subsolo: 60%; VII — altura máxima da edificação: 48m. (FORTALEZA, 2009) O estímulo na construção de grande porte nessa zona, sufoca essa parcela do litoral de Fortaleza, mesmo que seja adotado um gabarito médio, de aproximadamente 16 pavimentos, o que é visível na Praia de Iracema são grandes torres de empreendimentos do setor imobiliário privado com mais de 20 pavimentos, como é possível ver na figura 13.
Gabarito predominante na Zona de Orla, trecho 3 em Fortaleza. Fonte disponível em < http://www.imagens.acheiviagem.com.br/img/fortaleza-praia-de-iracema-126-G.jpg> Acesso em: 27 out. 2016.
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III — promover ações prioritárias de regularização fundiária nas áreas da União, através da celebração de convênio entre o Município e a Secretaria do Patrimônio da União (SPU) no sentido de garantir a segurança jurídica da posse e melhorar as condições de habitabilidade e de infraestrutura aos moradores dessas áreas. (Fortaleza, 2009. Grifo nosso.) Por se tratar de um zoneamento especial, a ZEPO não possui parâmetros urbanísticos definidos e o território onde está inserida, portanto, não deveria estar ocupado. Apesar dessa zona prever a regularização fundiária e melhoria da infraestrutura para o morador que ocupam essas áreas, nenhuma ação específica sobre essa temática foi realizada.
áreas destinadas prioritariamente à promoção da regularização urbanística e fundiária dos assentamentos habitacionais de baixa renda existente e consolidados e ao desenvolvimento de programas habitacionais de interesse social e de mercado popular nas áreas não edificadas, não utilizadas ou subutilizadas, estando sujeitas a critérios especiais de edificação, parcelamento, uso e ocupação do solo. (FORTALEZA, 2009, p. 16) O principal agente produtor do espaço na favela é o seu próprio morador, por isso
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CAPÍTULO 01 CAPÍTULO 02 CAPÍTULO 03
A ZEIS 1 de assentamentos precários fazem parte de um conjunto de outros dois zoneamentos especiais, a ZEIS 2 que trata de espacializar os conjuntos habitacionais consolidados e loteamentos clandestinos que estejam parcialmente urbanizados, destinando-as a regularização fundiária. E por último, a ZEIS 3, que mapeia terrenos vazios dentro da malha urbana consolidada, dotadas de infraestrutura, destinadas a promoção de habitação de interesse social. As três juntas, se caracterizam por ser:
CAPÍTULO 04
A zona se objetiva ainda, de forma mais específica:
CAPÍTULO 05
Esse zoneamento é o de maior importância para o Poço da Draga, enquanto assentamento precário do ponto de vista urbanístico e habitacional, onde seus moradores não possuem a propriedade do seu lote, portanto e ocupam informalmente a área. A ZEIS 1, em tese, tem prioridade acima de qualquer outro zoneamento previsto para a área, exceto o de cunho de proteção e/ou requalificação ambiental.
CAPÍTULO 06
A ZEPO está relacionada com a implementação do Projeto Orla9, segundo o Plano Diretor vigente, essa zona se objetiva na melhoria socioambiental da orla marítima de Fortaleza, reestruturando essas faixas de praia destinando-as ao lazer e a promoção do turismo na região. Além de propor a manutenção das atividades tradicionais locais e da diversidade biológica existente (FORTALEZA, 2009).
CAPÍTULO 07
3.3.3. ZONA ESPECIAL DE INTERESSE SOCIAL 1 (ZEIS1)
CAPÍTULO 08
3.3.2. ZONA ESPECIAL DE PROJETO DE ORLA (ZEPO)
O Projeto de Gestão Integrada da Orla Marítima – Projeto Orla, é uma iniciativa inovadora do Ministério do Meio Ambiente - MMA, por meio da Secretaria de Qualidade Ambiental nos Assentamentos Humanos, e da Secretaria do Patrimônio da União do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão – SPU/MPOG. O projeto busca aplicar as diretrizes gerais de ordenamento do uso e ocupação da Orla Marítima em escala nacional. (FORTALEZA, 2006).
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esse zoneamento especial não possuem parâmetros construtivos definidos. Somente é previsto para a área a promoção da regularização fundiária que elaboraria os parâmetros específicos para essa zona, tomando por base os parâmetros já existentes, resultado da autoconstrução do espaço. Além de propor melhorias na rede viária, de esgotamento e na habitabilidade das casas. Porém, sete anos após a consolidação do plano diretor que delimita o Poço da Draga como ZEIS 1, e ainda ser posta dentre as nove ZEIS prioritárias para a regularização fundiária em Fortaleza, nenhum avanço significativo trouxe a elaboração de um Plano Integrado de Regularização Fundiária (PIRF) a comunidade. Dessa forma, sem a propriedade da terra, o Poço da Draga continua vulnerável a remoção.
3.3.4. ZONA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL 1 (ZPA 1) A ZPA 1, atualmente, é o zoneamento que mais representa risco de remoção dentro da comunidade, segundo o Plano Diretor vigente, Zona de Proteção Ambiental (ZPA 1) se destina à preservação dos ecossistemas e dos recursos naturais pertencentes a cidade de Fortaleza. A zona também prevê um único parâmetro, 100% de taxa de permeabilidade, ou seja, a zona não pode ter qualquer ocupação, seja ela de cunho público ou privado. O PLHISfor, 2012, estima a presença de 78 imóveis localizados na ZPA do Poço da Draga, portanto, as ocupações desse trecho possuem respaldo legal para que sejam removidas. Porém especialistas afirmam que aquele curso d'água não tem nenhum valor ambiental para a cidade de Fortaleza, e acrescentam ainda que ali não é a Foz do Rio Pajeú como afirma o plano diretor, e sim, dentro do território da INACE. A pesquisadora Cecília Andrade em sua Dissertação de Mestrado complementa:
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"
…até mapas de meados do século passado apontam a foz do Pajeú centenas de metros mais a oeste em relação ao corpo d’água existente no Poço. Os mapas realizados após a canalização do riacho apontam sua presença dentro do terreno da INACE. Só a partir de 1992 é possível constatar que as bases cartográficas digitais apresentam esse pequeno riacho que passa a ser Zona de Proteção Ambiental na planta de 2009. No entanto, em nenhum das fontes o topônimo Pajeú é aplicado a esse elemento’’. (ANDRADE, 2016)
Olhando através de um panorama sobre essas legislações vigentes que mapeiam o Poço da Draga, conclui-se que nenhuma delas trouxe qualquer benefício a comunidade, A ZO e a ZEPO, prevê a melhoria do espaço urbano de sua área delimitada, mas nada atenta sobre a comunidade. Já a ZPA1 mais parece ter sido criada para o respaldo da remoção do Poço da Draga do que a proteção da foz de um riacho que se quer passa ali, e por último, a que maior representou um avanço na questão da propriedade fundiária da comunidade, a ZEIS 1, como dito anteriormente, sete anos após essa conquista, nenhum passo a frente foi tomado. Tem se discutido recentemente no cenário político a minuta da Lei de Uso e Ocupação do Solo (LUOS) e o plano estratégico intitulado como FORTALEZA 2040. Na primeira, que ainda está na câmara municipal para votação, aumenta os índices urbanísticos para estimular o adensamento em algumas zonas, inclusive algumas já bastantes consolidadas, e o segundo está relacionado a projetos de remodelação urbanísticas para fortaleza, através de perspectivas para o futuro. Porém um erro grave aconteceu na construção desses planos, ‘’esqueceram’’ da ZEIS 1 do Poço da Draga, e aumentaram os limites da ZPA 1, conforme ilustrado na figura 14. A omissão desse zoneamento nesses planos representariam um retrocesso a comunidade, na qual ficaria vulnerável a remoção.
CAPÍTULO 01 CAPÍTULO 02 CAPÍTULO 03 CAPÍTULO 05
CAPÍTULO 04
Com o diagnóstico e principais características da favela do Poço da Draga clarificados, a próxima etapa da pesquisa reduz-se a escala de análise para um detalhamento das casas que receberão as intervenções arquitetônicas do presente trabalho.
CAPÍTULO 06
Não somente a legislação existente representa riscos ao Poço da Draga, mas a própria intervenção do poder público em seu entorno e certamente o caráter especulativo que o setor imobiliário privado tem por aquela região. No capítulo seguinte, é possível acompanhar o histórico de lutas da comunidade em frente a consolidação do seu entorno.
CAPÍTULO 07
Mapa anexo da LUOS, sem a presença da ZEIS 1 do Poço da Draga contrapondo com a demarcação atual na imagem de satélite. Fonte: < Disponível em: https://eraumavezumrio.wordpress.com/2016/ 06/02/o-mapa-e-uma-imagem-que-produz-o-mundo-ii/> Acesso em: 27 out. 2016.
CAPÍTULO 08
FIGURA 14
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A cidade segregada CAPÍTULO 06
CAPÍTULO 05
Poço da Draga
CAPÍTULO 04
CAPÍTULO 03
social e urbana do
CAPÍTULO 07
Caracterização
CAPÍTULO 08
Acervo pessoal do autor.
CAPÍTULO 02
CAPÍTULO 04
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CAPÍTULO 01
Para a construção dessa etapa de caracterização da favela do Poço da Draga foram utilizados levantamentos bibliográficos e consulta a legislação urbanística vigente, além de dados recolhidos in loco pelo autor dessa pesquisa, enquanto voluntário de uma pesquisa censitária socioparticipativa entre parecia do movimento PROPOÇO e o projeto de pesquisa da UNIFOR que tratava sobre a implementação das ZEIS em Fortaleza. O produto final desse levantamento visava criar um diagnóstico social condizente com a realidade da comunidade, na qual não se reconhecia nos dados divulgados por meios oficiais. O tópico se dividirá na caracterização dos aspectos socioeconômicos, da promoção se serviços e equipamentos públicos, das questões relacionadas a propriedade da terra e regularização fundiária, da infraestrutura urbana, e por fim, de forma mais detalhada, da evolução arquitetônica e análise as habitações do Poço da Draga.
4.1. ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS A favela do Poço da draga está cercada de edificações que limitam seu crescimento horizontal, e por possui perímetro relativamente pequeno de aproximadamente 2 hectares e um total de 1.032 moradores (FORTALEZA, 2010a), agrava a questão da densidade da comunidade. Não restando outro sentido para a sua expansão a não ser vertical. Exemplo disso, é presença de casas de até 4 pavimentos dentro da comunidade. Em média, 90% do seu território ocupado por 242 imóveis com 257 famílias (FORTALEZA, 2010a), dessa forma, resultando em 4,26 pessoas por habitação. Na pesquisa realizada em campo, os números são diferentes, levantou-se um total de 1.138 moradores distribuídos em 340 imóveis divididos em 371 famílias, o que totaliza 3,38 habitantes por residência. A discrepância desses e de outros dados coletados durante a execução da pesquisa, geram alguns questionamentos
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sobre a veracidade dos dados oficiais, e até onde eles representam uma comunidade que corre risco de remoção. Apesar de não ser mérito desse trabalho abordar esses questionamentos, faz-se necessário ressaltar a importância desses levantamentos censitários participativos para diagnosticar de forma mais eficaz uma comunidade como o Poço da Draga. Mesmo até a presente data esses levantamentos não terem sido legalmente oficializados, muito dos dados coletados se farrão presentes nessa pesquisa. Mesmo que esteja se aproximando a comemoração dos 111 anos da comunidade do Poço da Draga, o Plano Local de Habitação de Interesse Social de Fortaleza, julga que a as primeiras ocupações na área ocorreram a partir de 1970, mesmo que os moradores mais antigos que habitam essa zona afirmem ocupar a mais de 70 anos aquele espaço, e ainda ressaltam a existência de moradias antecessoras a sua chegada no Poço da Draga. Nos indicadores socioeconômicos percebe-se que ainda é alto o índice de evasão escolar, dentre os moradores adultos. Somente 31% da população concluiu o ensino médio e apenas 3% possui ensino superior completo. Ao se tratar de crianças e adolescentes, quase sua totalidade está matriculada em alguma escola de ensino convencional ou profissionalizante. Os moradores, em entrevista, atribuem essa presença escolar por parte dos jovens da comunidade a localização do Poço da Draga, que possui em seu entorno uma variedade de creches, escolas de ensino fundamental, médio e técnico/profissionalizante. (BARROS, et al. 2016). No quesito renda, o valor ainda é baixo, há variação média de 0,5 - 3,0 salários-mínimos por família, padrão característicos de bairros periféricos ou assentamentos precários na cidade de Fortaleza. Já no que se refere a fonte dessa renda, quase metade da comunidade trabalha como autônomo, dentre eles, em sua maioria, com comércio de pequeno porte dentro da comunidade.
de distribuição de renda. Fonte: (BARROS, et al. 2016)
Analisando a Figura 16 A e B, fica notório que ainda é forte a relação que comunidade estabelece com a praia, mesmo após relatos de moradores que afirmam que esse contato vem diminuindo devido a ocupação do aquário em grande parte da sua faixa de praia.
A
B
CAPÍTULO 08
CAPÍTULO 07
CAPÍTULO 06
CAPÍTULO 05
A sua localização litorânea trouxe a comunidade não só essa relação de lazer e contemplação com o mar, mas também a prática de esportes náuticos e outras atividades físicas que acontecem a beira-mar. Essa relação é mais presente entre os jovens, segundo os levantamentos 56% deles estão ligados a prática de algum esporte. Esses são contemplados com diversos programas que incentivam a práticas, como é o caso do programa ‘‘ atitudes de atletas’’ que promove treinamento de triátlon entre eles. Além disso, em 2015, a gestão municipal construiu uma quadra e uma academia ao ar livre que potencializa ainda mais a relação da comunidade com o esporte.
CAPÍTULO 02
CAPÍTULO 01
FIGURA 15 A e B da esquerda para a direita respectivamente: Gráfico da fonte de renda da comunidade; Gráfico
CAPÍTULO 03
B
CAPÍTULO 04
A
FIGURA 16 A e B da esquerda para a direita respectivamente: Gráfico de relação da comunidade com a prática de esportes; Relação entre moradores que frequentam a praia ou não. Fonte: (BARROS, et al. 2016)
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4.2. EQUIPAMENTOS E SERVIÇOS PÚBLICOS A desproporcionalidade entre as dimensões de seu território e o número de casas existentes na comunidade, somadas a ausência de assistência pública, resultam na falta de equipamentos urbanos e sociais dentro do perímetro da comunidade. Dessa forma, faz necessário que o morador do Poço da Draga busque em outras localidades equipamentos que ofereçam acesso à saúde, cultura, educação e outros serviços importantes de seu cotidiano. Nem sempre esse foi o cenário vivenciado por seus moradores, a comunidade já contou importantes equipamentos no local em que hoje funciona o Pavilhão Atlântico. A título de contextualização histórica, esse equipamento foi ‘’herdado’’ pelo Poço da Draga após a desativação do primeiro porto da capital, o que antes era utilizado como ponto de apoio as embarcações que ancoravam nessa zona, passou por diferentes usos, até que em 1970, passa a ser palco da escola infantil carinhosamente lembrada por seus moradores mais antigos que lá tiveram sua primeira formação, como ‘’irmãzinhas’’10.(Figura 17) Com a desativação da escola, a comunidade continua utilizando da edificação como posto de saúde e em seguida como sede da AMOPODRA – Associação
de Moradores do Poço da Draga- até a tomada da posse por parte prefeitura para as reformas de requalificação da orla de Fortaleza. O espaço seria destinado a um café particular veiculado a promoção turismo na região, iniciado em meados de 2007, ocasionando comoção por parte de seus moradores que se identificavam com aquele espaço. A população lutou em frente a prefeitura para a (re)conquista de seu único centro cívico, e recuperou sua gerência logo após a decisão da prefeitura. (Almeida, 2014). Hoje, o pavilhão atlântico serve como apoio as atividades culturais, esportivas e comunitárias da comunidade. Aos finais de semana é possível ver crianças participando de leituras bíblicas, jogos de capoeira, dança, além de outras atividades promovidas pela própria comunidade e ONGs parceiras. Entretanto, a inexistência desses equipamentos dentro do perímetro da comunidade não significa que eles não os acessem. O Poço da Draga está localizado ao meio de dois bairros seculares na cidade de Fortaleza, o Centro e a Praia de Iracema, esses já possuem infraestrutura urbana e de serviços consolidadas, como mostra a figura 18, oferecendo acesso básico a tais direitos, como saúde, educação e transporte. É possível acessar esses todos esses equipamentos em um raio menor que 1 quilômetro partindo do centro da comunidade.
FIGURA 17 A e B da esquerda para direita respectivamente: Pavilhão atlântico na década de 1970, quando ainda funcionava com a escola das irmanzinhas, e Pavilhão atlântico atualmente após restauro da prefeitura. Fonte: Acervo pessoal Sérgio Rocha.
A
10
B
Nome arremete a as fundadoras do local, que se tratavam de duas freiras católicas na qual geriam e atuavam como professoras nessa escola.
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O mapa 01 mostra que uso industrial e residencial também marcam os limites entre o bairro do
FIGURA 18 Mapa de localização dos equipamentos públicos disponível no raio de 1km do centro da comunidade . Fonte: Base de dados Google, editadas pelo autor.
CAPÍTULO 01 CAPÍTULO 02 CAPÍTULO 03 CAPÍTULO 04 CAPÍTULO 05
Por se tratar de uma antiga zona portuária a favela do Poço da Draga e seu entorno ainda herdam diversos galpões que apoiavam essa atividade no início do século XX. Atualmente, essas edificações, conforme mapeamento realizado, predominantemente são utilizadas para fins comerciais ou turísticos, sendo o segundo agregado as atividades culturais que acontecem na região, diretamente ligadas a implantação do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura.
CAPÍTULO 06
É importante mencionar, de forma mais objetiva, que a proximidade não
4.3. USO E OCUPAÇÃO DO SOLO
CAPÍTULO 07
Na área da saúde a Santa Casa de Misericórdia e o Posto de Saúde Paulo Marcelo, distantes, respectivamente, 700 metros e 1 quilômetro da comunidade. O terminal de ônibus mais próximo se encontra a 950 metros da comunidade, na praça da estação, porém existe uma gama de paradas de ônibus próximos ao Poço da Draga que levam principalmente ao litoral leste, centro e litoral oeste da capital. E por último, uma diversidade de equipamentos culturais e de lazer, dentre eles o principal é o Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura (CDMAC), a poucos passos distantes da comunidade. Figura 26.
garante a inclusão dos moradores do Poço da Draga a esses equipamentos. Dessa forma, como relata seus moradores, pode faltar vagas em creches, em escolas e até leitos em hospitais, pois a comunidade tem que dividir esse espaço com toda a população dessa região da cidade de Fortaleza.
CAPÍTULO 08
Como situado na figura, com auxílio da ferramenta de medição do software Google Earth, a escola mais próxima à comunidade é a Escola de ensino infantil e fundamental Municipal, está situada na Rua dos tabajaras a menos de 100 metros do Poço da Draga. As de ensino médio e fundamental públicas mais próximas são a EEFM Clóvis Beviláqua e EEFM Justiniano de Serpa.
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Centro e da Praia de Iracema, mas parecem se diluir no potencial turístico que a zona tem em si. Potencial esse que supervaloriza suas terras, gerando o interesse do capital imobiliário privado investir na área que por consequência ameaça a permanência da comunidade em suas terras.
4.4. PROPRIEDADE DA TERRA E REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA O terreno em qual a comunidade ocupa é pertencente a marinha, patrimônio da união federal, por ser fruto de invasão os moradores não possuem a propriedade da terra. Apesar disso, alguns moradores afirmam possuir a Concessão do Direito Real de Uso (CDRU), que garante o direito de usar aquele lote, FIGURA 19
11
mas sem possuir a sua escritura, somente garante a concessão do uso para se utilizar daquela terra, sem ter o direito de vendê-la ou atribuir outro uso daquele imóvel que não seja para fins de moradia. Entretanto, durante as pesquisas não foi encontrado nenhum documento que comprove tal afirmação. (BARROS, et. al. 2016) O único documento que associa aquele imóvel ao seu usuário, encontrado na comunidade, foi o Registo Imobiliário Patrimonial (RIP), que segundo a Secretaria do Patrimônio da União (SPU), trata-se que um registro de ocupação de terras da união, perante o pagamento de uma taxa anual, na qual a comunidade é inseta11. O RIP, assim como CUEM, não garantem a propriedade fundiária do ocupante do imóvel. No mapa podemos observar a espacialização histórica do Poço, as casas mais antigas a norte do mapa, possuidoras do RIP, e a zona de ocupação mais recente ao centro e a leste da comunidade com menor presença do
Mapa de Residências que Possuem RIP. Fonte: (BARROS, et al. 2016)
A isenção acontece a partir da Lei nº 6190, de 20 de agosto de 2007. Que isenta qualquer ocupante em território de propriedade de união, desde que esse ocupe a área anterior a 27 de abril de 2006 e renda inferior ou igual a cinco salários-mínimos.
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...Arterial: caracterizada por interseções em nível, geralmente controladas por semáforo, com acessibilidade aos lotes lindeiros e às vias secundárias e locais, possibilitando o trânsito entre as regiões da cidade...Coletora: destinada a coletar e distribuir o trânsito que tenha necessidade de entrar ou sair das vias de trânsito rápido ou arteriais, possibilitando o trânsito dentro das regiões da cidade... Local: caracterizada por interseções em nível não semaforizadas, destinadas apenas ao acesso local ou a áreas restritas. ’’. (FORTALEZA, 2009)
O mapa 02 mostra que há somente uma única via principal e o restante são compostas por vielas. O que entre conversas com seus moradores, não considera ser um problema, pois a via que corta toda a comunidade, a Viaduto Moreira da Rocha, permite a circulação de veículos particulares ou de serviço público como policiamento, ambulância e coleta de lixo, e que as vielas somente são utilizadas pelos moradores no acesso à sua casa.
CAPÍTULO 01 CAPÍTULO 02 CAPÍTULO 03 CAPÍTULO 04 CAPÍTULO 05
A análise do sistema viário que compõe a favela do Poço da Draga foi dividida em duas escalas, a do entorno da comunidade até seu acesso, e do acesso as vias internas da comunidade. Para obtenção desses dados foram consultados as classificações viárias e mapeamentos disponíveis na Lei de Uso e Ocupação vigente no município que classifica por quatro tipologias, que são elas Expressas, Arterial, Coletora e Local:
Além das vias do Poço da Draga não serem pavimentadas, as mesmas são amorfas e sua caixa viária não segue uma dimensão única. Em vista disso, não há como classificar especificamente essas tipologias viárias internas, contudo, para melhor entendimento dessa problemática, as vias foram divididas em 2 tipos, que são eles: Via principal (caixa mais larga, capaz de receber fluxo de carros) e Vielas (somente de acesso pedonal com ou sem saída).
CAPÍTULO 06
4.5. SISTEMA VIÁRIO
Fora as arteriais, foi possível encontrar uma via coletora, a Rua Conde d’EU, não somente importante para o fluxo do bairro do Centro, mas também para a história de Fortaleza, pois faz parte das primeiras ruas projetadas na época da colonização da capital. Contudo, a tipologia mais encontrada no entorno da comunidade são as vias locais, que por serem vias de menor fluxo e de trânsito lento, garantem uma menor movimentação de carros na comunidade pois todos os seus acessos, os quarto mapeados, se dão por essas vias.
CAPÍTULO 07
No que se trata por regularização fundiária, não houve nenhum avanço, o Plano Integrado de Regularização Fundiária (PIRF) nunca chegou a ser estudado. Em 2012, uma chamada pública foi realizada convocando os moradores da comunidade para eleger o conselho gestor da ZEIS 1 do Poço da Draga, foram eleitos cinco representantes que auxiliariam nesse processo de regularização, com o acompanhamento e assinatura do representante da prefeitura. Esse fato ocorreu no final do mandato da Prefeita Luiziane Lins (PT), com a mudança do poder, esse processo foi arquivado e o conselho gestor nunca chegou a ser efetivado. (IPLANFOR, 2015).
O mapa 02 Considera 300 metros dos limites da comunidade para as análises, e foi possível observar a presença de duas importantes vias arteriais em seu entorno imediato a Avenida Pessoa Anta e a Avenida Presidente Castelo Branco, importantes eixos que ligam as zonas leste e oeste da capital Cearense.
CAPÍTULO 08
documento que registra seu imóvel perante a união devido a ocupação dessa zona ser mais recente que o restante do Poço da Draga.
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4.6. INFRAESTRUTURA URBANA
esse problema não somente o de saneamento ambiental, mas sim de saúde pública.
O Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (IPECE), classifica os bairros Centro e Praia de Iracema entre as 10 melhores localidades assistidas de infraestrutura urbana, apesar de o mesmo não se rebater a comunidade do Poço da Draga, que se insere entre elas. A ausência de saneamento básico e a falta de pavimentação adequada nas vias e becos desenham a comunidade. O Poço enfrenta problemas infraestruturais que variam de sua escala urbana até a escala edílica, seus moradores reclamam da poeira que o vento traz da rua de terra batida em direção as suas casas, além das incertezas de alagamentos geradas nos períodos chuvosos devido à ausência de um sistema de captação de águas pluviais. Outro problema visualizado durante as visitas no Poço da Draga é o esgoto percorrendo a céu aberto em alguns pontos da comunidade, ocasionadas pela falta de um sistema de esgotamento sanitário, principalmente nas ocupações mais próximas ao curso d'águas localizadas aos fundos da comunidade. Em entrevista, o morador Antônio Mathias, 43 anos, reclama do mau cheiro na porta de sua residência e atribui a
A matéria do Jornal O POVO de 20 de janeiro de 2013, enfatiza o problema do saneamento básico inexistente. Nesse artigo, Companhia de Água e Esgoto do Ceará (CAGECE), consultada para dar seu parecer em relação a oferta dos serviços de saneamento do Poço da Draga, afirma que o sistema não pode ser implantado sem um projeto de urbanização, adequando as vias às obras propostas. (LIMA, Apud ALMEIDA, 2014). Na escala da infraestrutura edilícia, a principal problemática a ser abordada é a falta de esgotamento sanitário e sua não conexão com a rede coletora municipal, o que leva aos seus moradores improvisar essas soluções. O censo de 2010 divulgado pelo IBGE exalta que 7% da comunidade tem acesso à rede municipal de esgoto, já o Habitafor entre 2011-2012 afirma que esse percentual é maior, no total de 18%. Porém, durante a pesquisa censitária, foi levantado que apenas 13% das casas do Poço da Draga possuem acesso a essa rede, e o restante foi concebido por seus próprios moradores. A figura 21 mostra a divisão desses sistemas entres as habitações do Poço, classificadas em: fossa séptica, despejo nos recursos hídricos existentes, acesso a rede municipal e outras soluções técnicas de manejo dos moradores.
FIGURA 20 A e B da esquerda para a direita respectivamente: Pavimentação em terra batida presente em todo sistema viário da comunidade; Curso d’agua poluido aos fundos da comunidade. Fonte: Acervo pessoal.
A
50
B
CAPÍTULO 01 CAPÍTULO 02
como é o caso do esgotamento, o percentual chega a 97% de acesso a esse tipo de serviço. Dados divulgados pelo Censo 2010 realizado pelo IBGE reforçam as os dados coletados na pesquisa, por outro lado o Habitafor, em 2012, afirma que somente 74% das habitações do poço da Draga possuem ligação com essa rede.
FIGURA 22 A e B da esquerda para a direita respectivamente: Gráfico de Abastecimento de Água do Poço da
4.7. RECURSOS NATURAIS E ASPECTOS BIOCLIMÁTICOS
A proximidade com o mar não somente garante a comunidade uma paisagem exuberante ao seu entorno, mas também traz recursos naturais importantes que potencializam o conforto térmico de seus espaços privados e
públicos. Os gráficos presentes no Mapa 03 , mostram que a predominância dos ventos vem a leste e sudeste, mas também sofre influência dos ventos ao norte vindas do oceano que margeia a comunidade. Sobre o acesso solar, tomando como exemplo a principal via da comunidade, as casas têm suas fachadas
CAPÍTULO 08
CAPÍTULO 07
CAPÍTULO 06
da Draga; Percentual de coleta púclica de lixo na comunidade. Fonte: (BARROS, et al. 2016)
CAPÍTULO 03
Nem todos dados relacionados a infraestrutura são negativos, os demais serviços tais como iluminação, abastecimento de água e coleta de lixo pública mostram-se promissores. Segundo o levantamento realizado em campo, chegam a toda a comunidade, visto que a implantação dessa infraestrutura não depende de um sistema viário consolidado
CAPÍTULO 04
Gráfico de Rede de Esgoto . Fonte: (BARROS, et al. 2016)
CAPÍTULO 05
FIGURA 21
51
principais a leste e a sul, o que conta como ponto positivo para o desempenho térmico das suas casas, que em sua maioria, possui suas outras fachadas geminadas aos seus vizinhos. Destacando que a posição leste ou sul são as que menos recebem influência solar. Contudo, nem todas as casas do Poço da Draga estão localizadas na Viaduto Moreira da Rocha, e sim nas vielas amorfas no miolo de suas quadras, que ou expõe demais a casa ao sol, ou as escondem deles, devido o gabarito de 2, até 3 pavimentos em vias com pouco menos de um metro de largura. Outra problemática presente são as barreiras físicas, galpões subutilizados e muros em todo seu entorno que além de escondera comunidade do seu contexto urbano, impede a completa circulação dos ventos em seu território. Referente aos recursos naturais existentes no Poço da Draga, apesar dos dados topográficos MAPA 01
52
coletados não serem precisos, é notório que a comunidade é muito plana, inexistindo caimento ou elevação de nível expressivo. Devido à proximidade com o mar, a vegetação característica é a de mangue, contudo, por causa do demasiado adensamento por parte dos seus moradores não restaram muitas áreas verdes disponíveis dentro do perímetro da comunidade, ocasionando na falta de permeabilidade. Problema esse notório em períodos de chuvosos, com o alagamento de algumas áreas da comunidade. Os dados exaltados até aqui, apesar de ainda terem margem para melhorar, se mostram evoluindo com o tempo. A comunidade aos poucos está se estruturando nas vertentes econômicas, sociais, de infraestrutura urbana e edilícia, a próxima etapa a ser desenvolvida consiste na análise das residências do Poço da Draga e sua evolução desde os primeiros registros da comunidade.
Sistema viário de entorno do Poço da Draga. Fonte: Banco de dados Google editado pelo autor.
Uso e ocupação do solo de entorno do Poço. Fonte: Banco de dados Google, editado pelo autor.
MAPA 03
Condiçoões bioclimáticas da área. Fonte: Banco de dados Google, editados pelo autor.
CAPÍTULO 08
CAPÍTULO 07
CAPÍTULO 06
CAPÍTULO 05
CAPÍTULO 04
CAPÍTULO 03
CAPÍTULO 02
CAPÍTULO 01
MAPA 02
53
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O morador como ator de produção do espaço
CAPÍTULO 07
CAPÍTULO 06
CAPÍTULO 05
CAPÍTULO 04
CAPÍTULO 03
A escala edilícia e habitações modelo
CAPÍTULO 08
Acervo pessoal disponibilizado por Sérgio rocha.
CAPÍTULO 02
CAPÍTULO 05
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CAPÍTULO 01
A ocupação do solo do Poço da Draga, quase por totalidade, é composto por residências unifamiliares e mistas com adaptação para comércio. Dados divulgados pelo HABITAfor, em 2013, mostram que dentre os 354 imóveis pertencentes ao Poço da Draga, 33 são de uso exclusivo para comércio e as 321 restantes para o uso residencial. A pesquisa ainda complementa que ¼ das edificações residenciais também são utilizadas como uso comercial. Diferindo dos dados levantados pelo autor em campo, onde constaram-se somente duas edificações na comunidade não eram destinadas para fins habitacionais12. Em relação a cohabitação, indicador social referente a presença de mais de uma família habitando a mesma unidade residencial, em dados divulgados pelo órgão de habitação da prefeitura, afirmam que 6.47% das edificações do Poço da Draga entram para esse mapeamento. Pouco menor do coletado
em campo, onde foi encontrado que 8,8% entravam nessa classificação. Dessa vez, de forma mais precisa pois a pesquisa classificou as coabitações pelo número de famílias, que no Poço variam de 2 até mais de 4 famílias por casa, conforme mostra figura 23. Referentes as tipologias construtivas, dados divulgados oficialmente pelo HABITAFOR afirmam que 92% das casas da comunidade são feitas de alvenaria, já na pesquisa censitária o número é maior, chega a mais de 95%. A pesquisa levantou dados mais expressivos sobre esse tema, dividindo-se entre alvenaria com reboco, sem reboco ou mista. Não foram encontradas casas com materiais precários para fins habitacionais como a madeira e taipa, reforçando a ideia que a comunidade vem evoluindo do ponto de vista urbano e arquitetônico.
FIGURA 23 Mapa do Número de Famílias por residência. Obs.: Acima de uma familia já se considera cohabitação - Fonte: (BARROS, et al. 2016).
12
No censo socioparticipativo não foi levantando o número de residências de uso misto na comunidade do poço da draga.
56
CAPÍTULO 01 CAPÍTULO 02
Para entender como se caracterizam as edificações do Poço da Draga, do ponto de vista arquitetônico e estrutural, no tópico seguinte, analisam se as técnicas construtivas e materiais mais utilizados que desenham as edificações da comunidade.
CAPÍTULO 03
A figura 25 e 26 na página seguinte, mostra que a evolução não foi só na composição de novos materiais, predominantemente mais modernos que agregam a habitabilidade da edificação, mas também evolui nas dimensões horizontais e verticais, que anteriormente só abrigavam um único cômodo.
CAPÍTULO 04
O que se encontra hoje no Poço da Draga são casas de alvenaria, em maior parte com reboco e revestimentos cerâmicos, com gabarito que variam de casa térreo a edificações com 3 pavimentos. Mas nem sempre a comunidade possuiu essa tipologia construtiva. Relatos fotográficos disponibilizados por Sérgio Rocha, lider do movimento PROPOÇO, ilustram a realidade do Poço da Draga em 1960. A situação ambiental na época era de maior precariedade com a inexistência de sistema de esgoto nas casas. Para construí-las eram utilizados materiais precários como madeira e barro além dos constantes problemas com inundação, podendo ser melhor visualizada na imagem abaixo com a elevação dessas casas em relação ao nível do solo.
CAPÍTULO 07
CAPÍTULO 06
CAPÍTULO 05
Mapa do Material das Casas. Fonte: (BARROS, et al. 2016)
CAPÍTULO 08
FIGURA 24
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FIGURA 25 Habitações do Poço da Draga em 1960. Fonte: Acervo disponibilizado por Sérgio Rocha.
FIGURA 26 Foto retirada em mesmo ângulo da imagem da década de 1960, no presente ano. Fonte: Acervo próprio do autor.
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Detalhe construtivo da fundação em baldrame. Fonte: <Disponível em: http://www.fkcomercio.com.br/baldrame1.gif> Acesso em: 03 nov. 2016.
CAPÍTULO 01 CAPÍTULO 02 CAPÍTULO 03 CAPÍTULO 04 CAPÍTULO 05
FIGURA 27
CAPÍTULO 06
Vale ressaltar que as técnicas empregadas na comunidade não são executadas unicamente pelo morador da casa, há também contratação de pedreiros e serventes, na maioria dos casos, dentro da própria comunidade
Nas Fundações a técnica mais utilizada é a do baldrame, pois é o tipo mais comum, consequente mais barato de garantir a sustentação de uma residência. A técnica consiste de uma viga, que pode ser de alvenaria de concreto simples ou armado construído diretamente no solo, inseridas dentro de uma pequena vala desenhadas no perímetro da residência. É indicada apenas edificações de pequeno porte e cargas leves, ideal para o uso residencial.
CAPÍTULO 07
Diferentes tipologias construtivas e a composição de diferentes materiais de revestimentos empregados nas habitações, são resultados da autoconstrução pelo morador do Poço da Draga. O morador construtor não segue uma regra, ou um projeto pré-definido tem como produto final sua residência, que na verdade nunca está finalizada, pois a sua casa está constantemente em ampliação ou em reparos estruturais e estéticos. Outra característica importante é a marca temporal entre materiais mais novos e mais antigos que foram modelando a casa ao longo do tempo.
que já estão habituados com a forma de construir no local. São conhecedores, não especialistas, do tipo de solo ali existente, e as técnicas que melhor se adaptam ao local. Para classificar, e entender como esses materiais e técnicas construtivas estão empregadas no Poço da Draga, as análises das habitações realizadas de uma forma mais ampla, foram subdividas em 5 temáticas, que são elas: Fundações; Estrutura (pilar, viga e laje); Vedações (paredes e cobertas); Revestimentos e Cobertas.
CAPÍTULO 08
5.1 MATERIAIS E TÉCNICAS CONSTRUTIVAS
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Essa técnica prevê a impermeabilização, com mantas ou aglomerantes especiais, em seu alicerce e primeiras duas fiadas de tijolos. A não execução dessa técnica pode trazer hidratação por capilaridade da alvenaria resultando em mofo e descolamento do reboco.
a mesma servirá como forma. O mesmo emprego de materiais servem para as vigas, vergas e contravergas, produzidas com formas de madeira no local da obra.
Os métodos mais encontrado no Poço da Draga em relação a estrutura, foi a alvenaria estrutural para casas térreas e o sistema convencional de pilar, lajes, vigas e amarrações para as habitações com mais de um pavimento.
Para as lajes, que podem ser convencionais de concreto armado ou de material pré-fabricado, como é o caso da laje treliçada. Esse sistema se caracterizam por vigotas apoiadas na própria alvenaria, preenchidas com tijolos cerâmicos, que após assentados recebem um capeamento de concreto para maior resistência da estrutura.
Os pilares são em concreto armado com vergalhões em aço, na maioria dos casos, enchidos após a execução da alvenaria, pois
Para as vedações, constatou-se na pesquisa mostrada anteriormente que 100% das casas do Poço da Draga possuem fechamento das
FIGURA 28 Imagens de satélite indicando a presença de telhas cerâmicas na vedação das habitações do Poço da Draga. Fonte: Banco de dados Google, editado pelo autor.
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Não há uma formalidade a ser seguida, cada casa monta sua própria combinação, na qual podem agregar uma ou mais técnicas dentre as citadas. Por último, as esquadrias, assim como os revestimentos da alvenaria, não seguem um modelo padronizado. Podem ser metálicos ou de madeira com a presença ou não de vidro. Em uma única habitação é possível ter mais de um elemento empregado, as estruturas em aço, em alguns casos, gradeiam as fenestrações como forma de proteção da casa. Ao contrário da construção convencional, o vão das esquadrias, em alguns casos serão definidos após a compra do material, não garantindo que seja adquirido todas as janelas e portas com as mesmas dimensões e materiais.
FIGURA 29 Alvenarias fora de prumo, instalações expostas e falta de reboco nas fachadas externas no Poço da Draga. Fonte: Acervo próprio do autor.
CAPÍTULO 01 CAPÍTULO 02 CAPÍTULO 03 CAPÍTULO 04
Referente aos revestimentos, internos e externos, como mostrado no item anterior, apenas 93,7% da comunidade possui reboco sobre a alvenaria. Não existe um padrão a ser seguido, geralmente há composição de materiais cerâmicos comerciais inteiros (ou em retalhos), reboco crú sobre alvenaria, tinta cal ou pva sobre alvenaria e a mais tradicional, pintura sobre reboco finalizado.
CAPÍTULO 05
Resultando em ambientes com excesso de umidade, alvenarias fora do prumo, rachaduras e outras patologias encontradas logo após a sua concepção. Por outro lado, a autoprodução do espaço, característico das favelas, faz com que cada casa tenha a sua particularidade, uma identidade construtiva que pode refletir a personalidade do seu morador. O que torna cada favela diferente visualmente de outra.
CAPÍTULO 06
Há também a sobreposição de outros materiais como as telhas translúcidas em policarbonato. Técnica utilizada para garantir iluminação em ambientes vedados sem a contato com o meio externo. Não foram encontradas, durantes as visitas, casas com telhamento composta por materiais precários para o uso habitacional como é o caso da telha em amianto.
CAPÍTULO 07
morador. Os materiais e técnicas empregados no Poço da Draga, nada diferem das construções tradicionais executadas pelos moradores da ‘’cidade formal’’. Porém nem sempre essas técnicas são corretamente executadas, por falta de conhecimentos específicos por parte de seu construtor, que se quer possui em mãos um projeto de arquitetura.
CAPÍTULO 08
paredes em alvenarias de tijolos cerâmicos furados, assentados com argamassa composta de cimento, areia e água. Já nas cobertas, com base nas visitas realizadas e análise das imagens de satélite, figura 28, é notória a predominância da estrutura convencional de telhas cerâmicas apoiadas em um sistema estrutural de madeiras compostas por linhas, caibros, terças e ripas.
A composição de materiais, disposição dos cômodos e técnicas construtivas são executadas a partir do imaginário do seu
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No caso do Poço da Draga, esse processo contínuo de transformação das habitações, resultou, para alguns moradores, alcançar o número de cômodos almejados e até o emprego de materiais modernos que garantem melhor habitabilidade da sua residência. Agora com essa primeira conquista realizada pela comunidade, faz necessário aplicar técnicas corretivas para potencializar a edificação construída por seu morador. Adequando as técnicas de ventilação, iluminação e sombreamento natural. Seguindo a lógica construtiva da favela, de constante ampliação e melhoria da edificação, em 10 anos, o cenário encontrado no Poço da Draga poderá ser diferente do visualizado atualmente. Apresentados um panorama sobre as habitações da comunidade, na próxima etapa, reduz-se as escalas de análise paras as casas que receberão a proposta de remodelação, a fim de entender como funciona essas residências e quais são suas prioridades de intervenção.
5.2 BREVE DIAGNOSTICO DAS RESIDÊNCIAS MODELO PARA A INTERVENÇÃO Os princípios básicos para uma moradia adequada, inseridas no clima de Fortaleza, se atentam por garantir ventilação e iluminação natural a todos os ambientes da casa, unidas a técnicas de sombreamento para que as fenestrações não fiquem totalmente expostas a radiação solar. Quando unidas corretamente as três técnicas, equilibra-se o calor produzido pelo corpo com o que se perde para o ambiente, logo usuário da edificação se sentirá mais confortável. (FROTA, 2001). Durantes as visitas em campo notaram-se a necessidade de intervir nessas residências, não somente para de garantir melhor habitabilidade dessas edificações, mas também para utilizar-se dessas readequações como
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forma de resistência da comunidade. Além de todas as legislações que deveriam proteger a comunidade, ter esse respaldo técnico para garantir a sua permanência no local. Visualizando a comunidade através de um panorama, é possível perceber que as patologias construtivas no Poço da Draga pouco diferem do que se encontram dentro de outros assentamentos precários. Essas patologias variam caso a caso, desde casas sem acesso à iluminação natural e ventilação que podem causar excesso de umidade interna devida a não troca de calor com o meio externo ou quando expostas demasiadamente a radiação solar, resultam em ambientes quentes e desconfortáveis. Entende-se que as peculiaridades das patologias diferem a cada residência, fazendo necessário estudar e propor soluções técnicas como resposta a essas problemáticas, analisando caso a caso, nas 341 residências espacializadas no Poço da Draga. Como não é possível em um único trabalho final de graduação levantar e desenhar propostas de ressignificação de todas essas edificações, para esta pesquisa, utilizaram-se seis residências como modelo para essas intervenções. As tipologias escolhidas foram divididas por sessões temáticas, que são elas: Uso do Solo; Gabarito e acesso ao lote. Na primeira temática foi selecionada uma residência que utiliza do uso misto (comércio + habitação) em sua casa e que fosse necessário de uma melhor adaptação desse comércio dentro da planta da sua casa. Em relação ao gabarito, a escolha foi objetiva, variando do gabarito mínimo ao máximo encontrado no Poço da Draga. Foram escolhidas três casas respectivamente uma térrea, outra com dois pavimentos e a última com três pavimentos. Por fim, em relação ao sistema viário as residências foram escolhidas através de seu acesso ao lote, sendo eles, respetivamente, uma localizada em beco, onde o acesso solar é barrado por suas edificações vizinhas e a
Para a abordagem aos moradores, foi mostrado um manual modelo disponível no site do laboratório de estudos da habitação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o escritório Morar de outras Maneiras (MOM). Que trata de um documento simplificado que levanta questões e proposições sobre reforma de habitações autoconstruídas em favelas. Para que o morador do Poço da Draga consiga visualizar o produto que esta pesquisa pretende alcançar, de entregar um manual com ideias para a melhoria habitacional do seu imóvel. Além das análises críticas de cunho pessoal observada e registradas pelo autor durante os levantamentos, referente as condições de habitabilidade da casa, através de uma conversa informal, tentaram-se levantar as indagações e percepções do morador em
A seguir, expõe-se a análise de cada casa levantada a partir das sessões temáticas abordadas, levando em conta ao conforto térmico, materiais e técnicas construtivas utilizadas.
CAPÍTULO 01 CAPÍTULO 02 CAPÍTULO 03 CAPÍTULO 04 CAPÍTULO 05
Uma intervenção urbanística e arquitetônica não deve ter só o traço do arquiteto, mas também os traços de seus moradores pois serão estes que irão se apropriar do espaço. Nesse contexto, o arquiteto somente aparece como propulsor de ideias, que auxiliam na assistência técnica e execução do projeto em questão.
CAPÍTULO 06
Os produtos que compõem os levantamentos foram coletados durante três visitas a comunidade acompanhada pelos líderes da comunidade Sérgio Rocha e Isabel Lima, sendo duas nos dois últimos sábados do mês de outubro e a terceira no dia 02 de novembro de 2016. Foram retiradas as medidas internas de todos os cômodos, altura das alvenarias, caimentos dos telhados e análise de materiais e sistemas construtivos. Tudo isso acompanhados de croquis esquemáticos que auxiliasse no entendimento da edificação, levantamentos fotográficos e de entrevistas aos seus moradores.
Dessa forma considerando o morador entrevistado como um cliente que contrata um profissional de arquitetura para a execução de um projeto de reforma, levando em considerações suas necessidades impostas e opiniões. Não como um arquiteto que chega com um projeto pronto e o executa sem atender o desejo de seus moradores.
CAPÍTULO 07
As escolhas dessa variedade de tipologias visam a criação de um maior número de soluções técnicas, visto que cada casa tipo possui uma problemática específica logo uma solução de projeto diferenciada de outro imóvel. Podendo dessa forma que as propostas adotadas sirvam para outras residências não levantadas que se encaixem no perfil da casa que recebeu a intervenção.
relação a sua habitação. O que mais incomoda em sua casa? Dentre os problemas indicados, quais seriam prioridades para melhorias? Essas e outras questões foram abordados aos moradores durante os levantamentos visando incluir a percepção do seu morador na intervenção.
CAPÍTULO 08
última escolhida que não fosse acessada nem pela rua principal quanto por becos, e seu acesso fosse dado a partir do acesso de outro lote.
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5.2.1. A CASA DA DONA MARIA DA CONCEIÇÃO
Dados de Ocupação:
Observações:
Área do lote: 52m² Dimensão lote: 7.25 (Ft.) / 8.35 (Fd.) Área construída: 52m² Taxa de permeabilidade: 0% Taxa de ocupação: 100% Recuos existentes: Não existe Perfil familiar: 3 pessoas
1. A casa é resultado da invasão de um galpão abandonado, e parte da sua estrutura ainda se encontra na residência.
Materiais e técnicas construtivas:
3. A iluminação e ventilação dos ambientes posteriores estão prejudicada pela ausência de fenestrações para o exterior.
Fundação: Baldrame Estrutura: Alvenaria estrutural Vedação Horizontal: Bloco de tijolo branco 25cm Vedação Superior: Telha colonial (cerâmico 10mm Revestimento Parede: Tinta cal sobre reboco Revestimento Piso: Cimento Queimado Esquadrias: Madeira maciça
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2. Os moradores não reclamam da falta de espaço, mas desejam melhor adaptação do comércio na distribuição interna.
4. As alvenarias de tijolos brancos com 25 cm de espessura, garantem o melhor conforto térmico da edificação.
FIGURA 30 Alvenaria que divide o quarto da adolescente do quarto de casal, no canto inferior esquerdo é possível ver a cortina que separa os dois ambientes. E acima, com um formato geométrico, a passagem de improvisada pelos moradores; Fonte: Acervo próprio do autor.
CAPÍTULO 01 CAPÍTULO 02 CAPÍTULO 03 CAPÍTULO 04 CAPÍTULO 05
A esquerda da sala, com aproximadamente 13m², o quarto da filha adolescente Vitória é o único cômodo da casa a possuir janelas. O layout é dividido por um guarda-roupa localizado no centro do compartimento, criando dois ambientes, de um lado um espaço para estudo com escrivaninha e prateleiras de livros, e do outro lado cama, espelho e objetos pessoais. Como citados anteriormente, a
CAPÍTULO 06
Porém, a ausência de forro e um pé direito alto, de aproximadamente 5 metros (piso a cumeeira), unidas as alvenarias de 25 cm feitas
O primeiro ambiente, a sala, divide espaço com o pequeno comércio e possui somente uma abertura, a porta de entrada. O layout corresponde a um rack de TV e poltronas da sala, misturados com mesas, cadeiras, expositor, refrigerador e prateleiras que reforçam o uso comercial da edificação. A iluminação natural vem da utilização de algumas telhas translúcidas na coberta, e a pouca ventilação que refresca o ambiente entra pela porta de acesso à rua.
CAPÍTULO 07
A casa possui aproximadamente 54m², anexo 05, divididas em 5 cômodos que são eles: Sala (na qual divide espaço com um pequeno comércio de salgados e bebidas); Quarto da adolescente; Quarto do casal; Cozinha americana e Banheiro. Não possuem recuos laterais, portanto não há abertura nessas fachadas, somente na fachada principal com uma janela e uma porta, e na fachada traseira através de cobogós pré-moldados em concreto. Agravando a problemática do o conforto térmico da edificação.
em tijolos brancos e barro, não melhoram, mas amenizam a ausência de fenestrações suficientes para troca de calor com o meio externo e circulação dos ventos naturais no interior do edifício.
CAPÍTULO 08
Dona Maria, apesar de não ser a proprietária da casa, reside ali com outras duas pessoas, seu marido Antônio Firmino e sua filha adolescente Victória. A residência é resultado da invasão de um galpão abandonado pela INACE, e ainda resguarda alguns elementos arquitetônicos herdados por essa estrutura do início do século XX, na qual foi parcelada e transformada em unidades habitacionais pelo proprietário da casa com seus vizinhos.
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presença da janela, garante melhor iluminação e ventilação natural do cômodo em relação ao restante da casa, porém a localização central do guarda-roupa dificulta que essa iluminação e ventilação vinda da janela penetre em outros ambientes da casa. O ambiente seguinte, o quarto do casal, se comunica diretamente com o quarto da adolescente através de um vão (sem porta) e aberturas improvisadas pelos moradores na tentativa de trazer melhor iluminação natural para dentro do ambiente. A locação de alguns cobogós em concreto localizados a 2,50 metros acima do nível do piso e a presença de telhas translúcidas reforçam essa iluminação natural, mas não garantem o mínimo previsto pelo Código de Obras vigente de Fortaleza que prever aberturas de 1/6 da área total do ambiente. O layout é bastante simplificado, compostos por uma cama de casal, pequeno armário e uma bicicleta ergométrica, sobrando bastante espaço nos 13m² em que o ambiente ocupa na casa.
Em seguida, com acesso direto ao quarto de casal, separados por uma esquadria de madeira, a cozinha americana é o maior ambiente da casa, com aproximadamente 15m², divididos por um balcão que separa a parte funcional da cozinha da parte de jantar. Três fatores condicionam para a melhor iluminação natural do local, a divisão com parede baixa no limite com a sala, a presença de telhas translúcidas e os cobogós localizados a 3,00 metros acima do nível do piso. Contudo, assim como no quarto do casal, a presença desses elementos não garante a eficiência lumínica desse ambiente. Por fim, o banheiro, que tem acesso somente pela cozinha, apesar de ser o ambiente que mais induz a umidade, não possui nenhum contato com o meio externo.. Resultado dessa problemática, mostrados na figura 31, são paredes mofadas, insalubres do ponto de vista arquitetônico. Além do uso de iluminação artificial mesmo durante o dia.
FIGURA 31 A e B da esquerda para a direita respectivamente: Único banheiro da casa, sem iluminação natural; Cozinha integrada com a sala de jantar, mesmo sem atender as normas técnicas percebe-se que possui boa qualidade de iluminação.
A
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B
A vedação superior é feita em telha cerâmica com 10mm de espessura, sustentadas a um sistema de sustentação em madeira maciça, compostos por tesouras, linhas, caibros, terças
Os revestimentos são resultados da composição de azulejos cerâmicos e tinta cal sobre reboco na cozinha e banheiro,
FIGURA 32
13
"O cimento queimado é uma das opções de acabamento mais utilizadas nas casas brasileiras. O custo é um dos principais fatores que o faz tão popular: visto que sua composição leva basicamente cimento e areia, está entre as alternativas mais baratas para pisos do mercado. Por sua flexibilidade e durabilidade, pelo aspecto final e pelas várias alternativas de cores e acabamentos. ’’ (FORTE, 2015). Disponível em: < http://casaeimoveis.uol.com. br/tire-suas-duvidas/arquitetura/como-e-feito-o-piso-de-cimento-queimado-a-manutencao-e-dificil.jhtm> Acesso em: 08 nov. 2016.
CAPÍTULO 08
CAPÍTULO 07
CAPÍTULO 06
CAPÍTULO 05
Estrutura da coberta existente, sistema de tesoura, linhas, caibros ripas e telhas cerâmicas. Anteriormente pertencente ao galpão invadido. Fonte: Acervo próprio do autor.
CAPÍTULO 01
Na parte estrutural, por se tratar de um único pavimento, a estratégia presente e a da alvenaria estrutural com a coberta apoiada sobre ela. Sobre a fundação, devido á idade da edificação, não foi possível identificar pelo autor ou por seus próprios moradores a técnica utilizada, mas acredita-se em fundação em baldrame.
CAPÍTULO 02
Como citado anteriormente, por se tratar por ocupação de um galpão antigo, a residência herdou muitos elementos dessa edificação. E algumas das soluções construtivas utilizadas datam do século passado, unidas a intervenções posteriores realizadas por seus moradores.
CAPÍTULO 03
e ripas. E as alvenarias, como relatadas no tópico anterior, são compostas por alvenarias de 25 cm feitas em tijolos brancos assentadas com material argiloso.
CAPÍTULO 04
5.2.1.1 SOLUÇÕES CONSTRUTIVAS
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nos cômodos restantes e fachada principal, apenas utilizou-se da técnica de tinta cal colorida sobre reboco. Referente ao piso da casa, a técnica encontrada foi a do cimento queimado vermelho13, característico da casa de sertão dos séculos XIX e XX. Por último, as esquadrias são os elementos que mais chamam atenção, devido seu material e as suas dimensões, com 1,10 m de vão. As esquadrias, assim como outros elementos da casa são herdados do galpão. Contudo a divisão entre os dois quartos, e a separação sala-cozinha não possuem esquadrias, o único elemento que divide esses ambientes são cortinas de tecido, que tiram a privacidade de seus usuários.
5.2.1.2. CONSIDERAÇÕES Quando comparadas as outras casas visitadas na comunidade do Poço da Draga, a casa que a Dona Maria reside sai em vantagem, devido a amplidão dos seus cômodos e fenestrações que permitem, mesmo que não adequadamente, o acesso solar e ventilação natural. O maior problema relatado, além do desconforto térmico, por seus moradores, atenta a má incorporação do comércio na residência, pois falta espaço para essa atividade dentro da casa. Tornando-se perceptível ao visualizar o layout desse ambiente no qual divide espaço com a sala de estar da casa. Além de tirar a privacidade de quem utiliza a cozinha ou o banheiro que fica de frente a esse cômodo, que eventualmente, nos fins de tarde, recebem clientes que permanecem no local. Contudo, reforça-se mais uma vez como prioridade de adequação das normas de conforto ambiental da escala edilícia a casa da Maria Conceição, adequando essas soluções arquitetônicas a melhor distribuição interna dos ambientes, garantindo dessa forma melhor habitabilidade e privacidade dos habitantes dessa residência.
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1. A casa é resultado da invasão de um galpão abandonado, e parte da sua estrutura ainda se encontra na residência.
Materiais e técnicas construtivas:
3. A iluminação e ventilação dos ambientes posteriores estão prejudicada pela ausência de fenestrações para o exterior.
Fundação: Baldrame Estrutura: Alvenaria estrutural Vedação Horizontal: Bloco de tijolo branco 25cm Vedação Superior: Telha colonial (cerâmico 10mm Revestimento Parede: Tinta cal sobre reboco Revestimento Piso: Cimento Queimado Esquadrias: Madeira maciça
2. Os moradores não reclamam da falta de espaço, mas desejam melhor adaptação do comércio na distribuição interna.
4. As alvenarias de tijolos brancos com 25 cm de espessura, garantem o melhor conforto térmico da edificação.
CAPÍTULO 06
Área do lote: 52m² Dimensão lote: 7.25 (Ft.) / 8.35 (Fd.) Área constuida: 52m² Taxa de permeabilidade: 0% Taxa de ocupação: 100% Recuos existentes: Não existe Perfil familiar: 3 pessoas
CAPÍTULO 07
Observações:
CAPÍTULO 08
Dados de Ocupação:
CAPÍTULO 05
CAPÍTULO 04
CAPÍTULO 03
CAPÍTULO 02
CAPÍTULO 01
5.2.2 A CASA DO SÉRGIO ROCHA
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A casa do Sérgio Rocha, líder do movimento PROPOÇO, divide sua casa com outros 3 ocupantes, sua mãe, irmã e sobrinho. A ocupação é de aproximadamente 66m² em um lote de 104m². O restante faz parte do recuo de fundo da propriedade. Localizada na Rua viaduto Moreira da rocha, com uma caixa viária média de 5 metros. A maior via do dentro do perímetro do Poço da Draga. Consequentemente, é a que mais está exposta a insolação e interferência dos ventos. Que não somente refresca as habitações, mas levam também com eles poeira e sedimentos da rua não pavimentada da comunidade. O imóvel em questão está 25 cm abaixo do nível do leito carroçável externo, e somente possui abertura para o exterior na fachada frontal (leste), por meio de cobogós cerâmicos e a porta de acesso. E na fachada oeste, por meio de uma única porta. Consequência dessa ausência de aberturas para o exterior, somadas ao telhado baixo que irradia calor para dentro da casa (3,00 metros
no ponto mais alto), são ambientes quentes, úmidos e enclausurados. Que causam sensações de desconforto para seus usuários. O primeiro ambiente que acessa a casa, a varanda, com aproximadamente 8 metros quadrados, não chega a ser um espaço convidativo. Seu layout é confuso, composto apenas por uma mesa de jantar, e a iluminação e ventilação são comprometidas pela quantidade de fenestrações na parede. Logo em seguida, separadas por uma porta, a sala, assim como os quartos ambientes posteriores, não possui nenhuma janela ou abertura na alvenaria que permita a troca de calor com o meio externo. Agravando a questão do desconforto térmico. Seu layout é simples, composto por sofá, televisão, rack e prateleiras. E é por meio de um vão, sem portas que o espaço se divide com o quarto do sobrinho, da irmã e a mãe de Sérgio, que dormem nesse mesmo compartimento qual faz parte da passagem que liga a sala a cozinha. O layout é composto por um berço, uma cama de solteiro, uma
FIGURA 33 Relação da casa do Sérgio Rocha (a direita) com a rua Viaduto Moreira da rocha. Fonte: Acervo próprio, A casa é dividida em sete compartimentos, que são eles: Varanda; Sala; Quarto do João Marcelo, da Dona Geralda e Sílvia; Quarto do Sérgio; Banheiro; Cozinha; Área de serviço com quintal.
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CAPÍTULO 01 CAPÍTULO 02 CAPÍTULO 03 CAPÍTULO 04 CAPÍTULO 05
FIGURA 34 Vista interna da sala, sem fenestrações, mesmo durante o período da manhã é necessário a utilização de iluminação artificial. Fonte: Acervo próprio.
CAPÍTULO 06
Vizinho ao quarto do Sérgio encontra-se o banheiro, com 4,20m², sobrando espaço em seu layout convencional (chuveiro, aparelho sanitário e pia). Contudo a umidade do local é agravada pela falta de janelas e seu pé direito reduzido.
CAPÍTULO 07
Adiante, seguindo o corredor que liga a cozinha, a sua direita, surge o quarto do Sérgio, com somente 6m². Tem por divisão interna a existência de uma cama de casal, e um pequeno guarda-roupa. O quarto conta ainda com uma porta, mas não possui forramento, nem mesmo a alvenaria toca ao teto, atrapalhando a acústica do ambiente.
Adiante, a cozinha, contata o meio externo através de uma porta que abre para a área de serviço. Apesar dessa fenestração, não entra iluminação e ventilação suficiente para garantir a qualidade térmica do espaço. O cômoda. E o espaço, apesar de ser o maior da casa, com 9m² é bastante apertado para layout é composto por fogão, geladeira, mesa, pia, armários e prateleiras, dispostas nas quatro alvenarias que delimitam o ambiente, mas sem atrapalhar no funcionamento do espaço. Por último a área de serviço, protegidas por uma coberta cerâmica, faz limite com o quintal extenso, com 13 metros de fundo, onde a Dona Geralda utiliza para plantar ervas e árvores frutíferas.
CAPÍTULO 08
cômoda. E o espaço, apesar de ser o maior da casa, com 9m² é bastante apertado para acomodar 3 pessoas.
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A
B
FIGURA 35 A e B da esquerda para a direita respectivamente: Vista interna do banheiro; Vista interna da cozinha. Fonte: Acervo próprio.
5.2.2.1. SOLUÇÕES CONSTRUTIVAS Apesar de a casa existir desde meados do século XX, atualmente, a casa já recebeu intervenções executadas por seus moradores, que previam a incorporação de matérias modernos a sua construção. A sua fundação estrutural é feita com baldrames cavados no solo, técnica mais utilizadas pelos moradores do Poço da Draga. E a sustentação da casa é feita por alvenaria estrutural amarradas a cintas de concreto, devido sua tipologia arquitetônica térrea. As vedações horizontais, feitas por blocos cerâmicos de tijolo de 9 centímetros, seladas com argamassa de cimento. E as vedações do
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plano superior, como relatado anteriormente, é feita de telha cerâmica de 10mm, sustentadas por um sistema inclinado de madeira compostos de linhas, terças, caibros e ripas, moduladas pelo tamanho da peça cerâmica. Referente aos revestimentos, notou a presença da técnica de pintura em tinta cal pigmentada sobre reboco pronto. E nas áreas molhadas, piso, banheiro e cozinha, a presença do revestimento cerâmico comercial (azulejo branco 40x40cm). Por último, as esquadrias (portas), quando existentes, são feitas de madeira compensada. Com exceção da porta que dá acesso à via externa, que é feita com mosaico de aço fundido. A única janela existente na verdade é um
CAPÍTULO 01
B
5.2.2.2 CONSIDERAÇÕES A problemática que merece prioridade para as intervenções propostas, com certeza, é o controle da temperatura interna. O pé direito no ponto mais alto possui três metros, e no ponto mais baixo 2,75. Bem abaixo da média que esse sistema construtivo prever, visto que a telha cerâmica irradia muito calor nas proximidades de sua superfície. Unindo essa problemática a ausência de janelas que contatem o exterior, cria-se ambientes enclausurados, sem iluminação natural e causando desconforto térmico aos seus usuários. Durante a visita técnica observou esse calor excessivo dos ambientes,
notou-se também, que mesmo durante o dia, era necessário ligar a iluminação artificial em todos os ambientes, para obter uma qualidade lumínica ideal para utilizar o espaço. É necessário abrir mais o edifício ao exterior, permitir essas trocas de atmosferas, captar luz e ventilação natural para dentro do edifício. Os proprietários pautaram algumas modificações que julgam necessárias como: Subir o pé direito e organizar o layout da cozinha, pois, segundos eles, foi concebida na posição errada e atrapalha a funcionalidade. Afirmaram também que não tinha necessidade de expandir a casa, já que a irmã do Sérgio e seu sobrinho estão de mudança para outro Bairro de Fortaleza. Restando na casa somente ele e sua mãe. Mas relataram também a necessidade de criação de um jardim externo, nos fundos da casa, como um deck, para o lazer dos fins de semana.
CAPÍTULO 06
cobogó, na fachada principal da casa, feita com blocos pré-moldados de concreto.
CAPÍTULO 07
Vista interna da circulação. Fonte: Acervo próprio.
CAPÍTULO 08
FIGURA 36 A e B da esquerda para a direita, respectivamente: Vista externa da fachada principal da edificação;
CAPÍTULO 05
CAPÍTULO 04
CAPÍTULO 03
CAPÍTULO 02
A
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5.2.3 A CASA DA IZABEL LIMA
Dados de Ocupação:
Observações:
Área do lote: 45m² Dimensão lote: 3.3m (Ft.) / 15.40(Fd.) Área construída: 90m² Taxa de permeabilidade: 0% Taxa de ocupação: 100% Recuos existentes: 0,75m (Fd.) Caixa da via de acesso 5.50m Perfil familiar: 2 pessoas
1. Banheiros, quarto 01 e o quarto do casal sem acesso ao meio externo. Escuros e quentes.
Materiais e técnicas construtivas: Fundação: Baldrame Estrutura: Pilar, viga e laje em concreto armado Vedação Horizontal: Bloco de tijolo cerâmico 9cm. Vedação Superior: Telha colonial (cerâmico 10mm) Revestimento Parede: Azulejo cerâmico até 1,20m do nível do piso, e tinta acrílica PVA. Revestimento Piso: Azulejo cerâmico Esquadrias: PVC sanfonado e aço fundido
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2. Escada com inclinação excessiva e sem guarda-corpo 3. Seus moradores ressaltam que não gostam de alvenarias na divisão interna. Planta Livre. Exaltam também a necessidade de um 3º pavimento para a criação de uma laje recreativa para churrasco e reunião nos fins de semana.
FIGURA 37 A e B da esquerda para a direta, respectivamente: Vista superior da sala de estar/jantar; Vista externa da cozinha. Fonte: Acervo próprio.
A
B
CAPÍTULO 01 CAPÍTULO 02 CAPÍTULO 03 CAPÍTULO 04
O térreo, como dito anteriormente, é composto por três ambientes que são eles, respectivamente em ordem: Sala estar/jantar;
CAPÍTULO 05
Não possui nenhum recuo nas laterais, e fica de frente a rua de maior caixa viária a Viaduto Moreira da Rocha. A casa é geminada
CAPÍTULO 06
Totalizando 90m² de área construída, se somadas os dois pavimentos, a casa em estudo se divide por cinco cômodos no pavimento térreo e seis no pavimento superior. E ocupa 100% da área do lote. A casa até possui uma área de serviço, aberta para o exterior, com 1,5m², porém não se configura permeável devido a impermeabilização com revestimento cerâmico.
Devido as aberturas existentes na fachada frontal, de fundo e a iluminação vindas da escada somadas a escolha de não separar alguns ambientes por alvenaria, o primeiro pavimento tem uma boa distribuição da iluminação natural. Já no segundo pavimento esse processo se reverte, as aberturas são reduzidas, e alguns ambientes enclausurados, sem qualquer contato com o meio externo. Causando desconforto térmico aos seus usuários quando unidas essa vedação interna a exposição solar das fachadas externas.
CAPÍTULO 07
com edificações vizinhas no pavimento térreo, mas no pavimento superior, possui suas quatro fachadas totalmente expostas a radiação solar.
CAPÍTULO 08
A casa na qual Izabel e seu marido Júnior Lima habitam, foi herdada após o falecimento da sua mãe. A família da proprietária da casa, estão entre os primeiros moradores a chegar na área, o que levou a Izabel escolher representar a comunidade, e atualmente é a líder representativa do Poço da Draga.
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Cozinha e Banheiro. A sala de estar é o primeiro ambiente da casa, faz parte de um grande vão que engloba também a sala jantar e escada de acesso ao pavimento superior. Seu layout é simplificado, compostos por um rack de televisão, poltronas, estante de livros e mesa de jantar com oito lugares. Não possui divisão física entre um ambiente e outro, sendo apenas delimitada pela disposição do seu layout. A cozinha, em seguida, separada da sala por um grande vão, é iluminada pela área de serviço descoberta que circunda o seu perímetro. Sua área de aproximadamente 9m² é ocupada eletrodomésticos em geral, pias e armários e não trazem nenhuma inovação na disposição desses mobiliários.
O último ambiente desse pavimento é o banheiro, separadas da cozinha através de uma esquadria em PVC. É totalmente revestida por materiais cerâmicos, mas não possui nenhuma outra fenestração que não seja a porta, agravando o desconforto térmico a quem utiliza esse cômodo. No segundo pavimento, a divisão interna acontece em 6 cômodos, que são eles: Quarto de hóspedes; Banheiro, Hall da escada; um quarto, utilizado como closet; O quarto do Casal; E um outro quarto que tem tipologia para abrigar uma varanda. O único banheiro deste pavimento é muito pequeno e não possui nenhuma janela, resultando em um ambiente muito quente e escuro. Possui revestimentos de piso a teto,
FIGURA 38 A e B da esquerda para a direta, respectivamente: Vista da circulação interna dos quartos; Vista interna do quarto 01. Fonte: Acervo próprio.
A
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B
Por último, as esquadrias. As portas praticamente inexistem, somente a porta da entrada, feita de aço fundido, e as dos banheiros do tipo sanfonada em PVA. Os ambientes restantes são separados apenas por vãos aberto na alvenaria. Já as janelas, quando existentes, são feitas de vidro translúcido envolvidas por estrutura em alumínio.
5.2.3.1. SOLUÇÕES CONSTRUTIVAS. O imóvel da líder comunitária Izabel Lima, incorpora materiais contemporâneos em sua construção, mesmo tratando-se de uma casa antiga. As fundações que formam a base da casa, são feitas em baldrame cavado a 40cm abaixo do nível do solo, preenchidas com blocos de concreto pré-moldado. Já o sistema que sustenta o primeiro pavimento da casa é o tradicional de pilar, viga e laje de concreto moldados no local, com adição de vergalhões de 9mm, para criação da estrutura armada, que reforça esse conjunto.
CAPÍTULO 01 CAPÍTULO 02 CAPÍTULO 03 CAPÍTULO 04
Estes ambientes, apesar de amplos, são muito escuros devido à ausência de aberturas nas alvenarias somadas ao calor excessivo irradiado por essas paredes que passa todo período da manhã e tarde expostas ao sol. Vale ressaltar que somente o quarto do meio é utilizado pelo casal, o primeiro funciona como closet, e o terceiro utilizado como depósito.
CAPÍTULO 05
Seguindo a diante, os três quartos dispostos seguidamente um atrás do outro, interligados diretamente por vãos sem esquadrias, também não possuem vedação no plano superior, prejudicando a acústica do pavimento.
Presente em todos os ambientes, o revestimento cerâmico, está fixado no seu perímetro do nível do chão a 1,20m acima. O restante é revestido com tinta acrílica PVA pigmentada, com exceção da cozinha e dos banheiros que tem seu piso e paredes 100% revestidas com o material cerâmico.
CAPÍTULO 06
Separados por um vão, sem esquadrias, o hall da escada é iluminado pela presença de telhas translucidadas na coberta e cobogós em concreto na parede da escada. O ambiente possui no layout interno apenas um móvel em compensado de madeira, não permite a entrada é vedada a entrada de ventilação natural.
As vedações do plano superior, no pavimento térreo, são feitas pela laje em concreto armado que sustenta o piso posterior. E a ausência de forro, garante um pé direito de 2,78m para esses ambientes. No primeiro pavimento, o fechamento é feito com telha colonial, apoiados em um sistema inclinado em madeiras compostas de linhas, caibros, terças e ripas, garantindo um pé direito (piso a cumeeira) de aproximadamente 4,20 metros.
CAPÍTULO 07
Em seguida, o quarto de hóspedes, recebe como layout uma cama de solteiro e um guarda-roupa. Tem acesso ao exterior através de uma janela, que apesar de não garantir a adequação do vão a 1/6 proporcional a área do piso, permite essa troca de atmosferas com o meio externo.
Blocos cerâmicos de 9cm de espessura, revestem toda a envoltória da casa. Essas alvenarias estão assentadas com argamassa (cimento industrial, água e areia), e aparentemente não apresenta nenhuma patologia relacionada a rachaduras ou envergamento dessa estrutura.
CAPÍTULO 08
e mesmo com 1,2m² de área, possui todos equipamentos básicos de um banheiro, aparelho sanitário, chuveiro e pia.
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A
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FIGURA 39 A e B da esquerda para a direta, respectivamente: Laje volterrana aparente sobre o banheiro do piso superior; Coberta do 1º pavimento. Fonte: Acervo próprio.
5.2.3.2. CONSIDERAÇÕES Longe de estar em condições inapropriadas para uso, a casa da Izabel Lima possui infraestrutura adequada para as condições mínimas de habitabilidade, o pavimento térreo, durante as visitas se pode notar melhor distribuição de iluminação e ventilação que o pavimento superior, até mesmo na organização do layout e incorporação de materiais de revestimentos. O pavimento superior foi o que mais apresentou problemas, pelo calor excessivo nos ambientes unida com a falta de entrada de luz natural, criando ambientes escuros e quentes, desconfortáveis para quem o utiliza. Fazendo necessário, nesse piso, o uso de
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novas aberturas para permitir o edifício respirar, atentando a questão da proteção da radiação solar a qual o pavimento está exposto. Contudo, os moradores não somente atentam para a questão do desconforto térmico do pavimento superior. Apesar de seus 90m², abrigados apenas pelo casal, Isabel expõe suas vontades de construir um terceiro pavimento na casa, com uma planta livre, sem paredes divisórias, criando um espaço de lazer para os fins de semanas, para fazer churrasco, reunindo familiares amigos. Valorizando as visuais do entorno, já que possui a praia a poucos metros de casa. Também foi imposto pela proprietária da casa a criação de um espaço publico dentro de seu lote, mas especificamente que uma parte da sua casa fosse aberta ao público
CAPÍTULO 01
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CAPÍTULO 06
pra criação de uma biblioteca infantil comunitária. Demanda antiga do Poço da Draga, que Izabel deseja adotar, mas sem que perca a privacidade do interior da sua casa. A casa da Isabel não seria prioritária para uma intervenção nas habitações do Poço da Draga, mas ainda existe margem para melhora adaptação dos seus espaços em função do bem-estar de seus moradores. Além de ser um modelo para a adaptação da ‘’laje recreativa’’ dentro da unidade habitacional, e da relação do espaço público/ privado que a residência pode estabelecer.
CAPÍTULO 07
das paredes; Vista interna da escada com revestimentos de piso cerâmico e textura em tinta cal branca. Fonte: Acervo próprio.
CAPÍTULO 08
FIGURA 40 A e B da esquerda para a direta, respectivamente: Composição, no piso térreo, nos revestimentos
CAPÍTULO 05
CAPÍTULO 04
CAPÍTULO 03
CAPÍTULO 02
A
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5.2.4. A CASA DA DONA IVONEIDE (TRÊS PAVIMENTOS)
Dados de Ocupação:
Observações:
Área do lote: 51.30m² Dimensão lote: 3.65 (Ft.) / 14.05 (Fd.) Área construída: 121m² Taxa de permeabilidade: 0% Taxa de ocupação: 250% Recuos existentes: Não existe Perfil familiar: 4 pessoas
1. Todos os cômodos possuem aberturas que garantem a troca de calor com o meio externo.
Materiais e técnicas construtivas:
3. Falta recuo de fundo que garantam maior iluminação e ventilação dos ambientes localizados a fundo da casa.
Fundação: Baldrame Estrutura: Alvenaria estrutural Vedação Horizontal: Bloco de tijolo cerâmico 9cm. Vedação Superior: Telha colonial (cerâmico 10mm) Revestimento Parede:Misto (Cerâmica, tinta PVC, tinta cal) Revestimento Piso: Piso cerâmico Esquadrias: Madeira maciça e metal
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2. Os moradores gostam da quantidade de cômodos existentes, mas reclamam da dimensão reduzida de alguns deles.
4. No último pavimento, destinado a sala de edição de vídeo, seus moradores desejam mais inovação em sua distribuição.
A quantidade de materiais espalhados pelo quarto, não permitem que a criança o utilize
FIGURA 41 Vista externa da fachada da casa da Ivoneide, ao seu lado esquerdo é possível observar a presença do ‘’beco do seu louro’’. Fonte: Acervo próprio.
CAPÍTULO 01 CAPÍTULO 02 CAPÍTULO 03 CAPÍTULO 04 CAPÍTULO 05
O primeiro ambiente, a sala de estar/jantar, possui janela alta basculante que abrem para o beco, a iluminação durante o dia é agradável.
Adiante, um corredor de 0,85m de largura, acessa o quarto de Jonas. O ambiente é reduzido, sem forramento e de alvenarias baixas na qual não tocam a laje superior. O que melhora a questão da iluminação nesse espaço que não possui janelas.
CAPÍTULO 06
Todos os ambientes, com exceção dos dois banheiros localizados no pavimento térreo, possuem abertura de janelas que contatam o meio externo. O primeiro pavimento tem 3,05 metros de pé direito e é composto por seis cômodos, entre eles: Sala de estar/jantar; Cozinha americana; Lavabo; Quarto do Jonas e a suíte da Dona Ivoneide.
A cozinha vem em seguida, separadas da sala por um balcão com tampo de granito, com área aproximada de 6m². Seu layout não se diferencia de uma cozinha comum, com pia, geladeira, fogão e armários, iluminados naturalmente por janelas basculantes na fachada sul. Contudo, essas aberturas não permitem a total passagem dos ventos naturais para o pavimento.
CAPÍTULO 07
Localizada na rua principal Viaduto Moreira da Rocha, esquina com um beco que a comunidade denomina como ‘’ Beco do seu Lôro’’ de 2,35 metros de caixa viária. Essas duas fachadas livres, estimula a presença de aberturas nos cômodos, que além de receber iluminação e ventilação natural, são bastante espaçosas. Garantindo comodidade a seus habitantes.
Seu layout é composto por uma mesa de jantar de 8 lugares, sofá e rack de televisão. E É por esse cômodo que acessa a escada que leva para o segundo pavimento, e por debaixo dessa escada, também por acesso à sala de estar, que se encontra o lavabo. Revestido por materiais cerâmicos, mas por ser geminada com o vizinho, não possui janelas.
CAPÍTULO 08
Habitada por 5 pessoas da mesma família, a casa da Dona Ivoneide ocupa todo seu lote de aproximadamente 44m². Compostas por três pavimentos, o imóvel possui 114m² de área construída.
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como deveria, tendo Jonas, como única opção dividir o quarto com sua mãe Ivoneide. O quarto da dona da casa, marca o limite de fundo da casa. Agregado ao espaço, se encontra também um pequeno closet e um banheiro comum. O layout é simples, possui uma cama de solteiro, cômodas e guardaroupa. Assim como o restante do pavimento, é iluminada e ventilada pela presença de janelas basculantes a 1,60m acima do nível do piso voltadas ao beco que passa ao lado da casa. Subindo as escadas e indo para o segundo pavimento, em ordem sequencial de trás para frente, compõe-se de: Uma área de serviço, Suíte do Anchieta; Hall de chegada da escada e Suíte da Djeyne. O pavimento intermediário da casa da Dona Ivoneide, possui abertura em todos os ambientes, atendendo as normas previstas no Código de Obras e Posturas vigente de Fortaleza. Contudo, as 4 fachadas desse pavimento estão expostas a radiação solar, e nenhuma das aberturas preveem a proteção a penetração desses raios.
A área de serviço é o ambiente mais arejado da casa, com grandes aberturas laterais que permitem a ventilação cruzada. Além tornar possível a vista de todo entorno do Poço da Draga lá de cima. O cômodo não possui nenhum revestimento nas alvenarias, ficando a vista todos os blocos cerâmicos de tijolos que moldam o ambiente. O layout reduzido, distribuídos em uma área de 14m², é composto de uma máquina de lavar, um tanque e alguns materiais espalhados pelo piso. Essa área do imóvel é bem iluminada e ventilada, agradável para permanência. Em seguida, o quarto do Anchieta, filho mais velho da Dona Ivoneide, ocupa uma área aproximada de 6m². Seu layout é composto basicamente de uma cama de casal e possui acesso exclusivo a um banheiro de 2 metros quadrados. O quarto apesar de um pouco apertado, possui janela que permite a entrada de iluminação e ventilação no cômodo, contudo, a ausência de proteção a essa exposição excessiva gera desconforto térmico a seus usuários. O
último
compartimento
do
segundo
FIGURA 42 Vista interna da cozinha americana da casa da Ivoneide. Fonte: Acervo próprio.
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A
B
CAPÍTULO 01 CAPÍTULO 02 CAPÍTULO 03 CAPÍTULO 04
FIGURA 43 A e B da esquerda para a direta, respectivamente: Imagem a lavanderia sem revestimentos sobre as alvenarias; Vista externa do quarto da Djeyne. Fonte: Acervo próprio.
CAPÍTULO 05
Além das funções citadas a cima, esse espaço tem um valor especial para os filhos mais velhos da Dona Ivoneide que trabalham na área de audiovisual, e utilizam o espaço para a produção das suas fotos e filmagens.
CAPÍTULO 06
O dormitório da Djeyne comporta também a única escada que leva para o terceiro e último pavimento. O terceiro piso da casa, somente ocupa pouco além de 60% da área total do lote, e assim como a área de serviço, não possui revestimentos
O pavimento distribui-se em um único cômodo, utilizado como biblioteca, área de descanso e festas de fim de semana. O layout é simplificado com a presença de estantes de livros, mesas e cadeiras. A iluminação do ambiente acontece através das aberturas diretas, peitoris, sem esquadrias para o exterior. E a partir da utilização de cobogós de concreto nas alvenarias de fundo que permitem também a ventilação cruzada do pavimento.
CAPÍTULO 07
O cômodo é bastante espaçoso e ventilado, porém a alvenaria que comporta a janela está virada para leste, ficando exposta a radiação solar por todo o período da manhã. E a não proteção solar dessa esquadria aumenta a temperatura interna do ambiente.
nas alvenarias de blocos cerâmicos.
CAPÍTULO 08
pavimento, é o quarto da Djeyne, maior dormitório da casa, com aproximadamente 14m². Assim como o quarto ao lado, possui um banheiro integrado ao espaço, e sua divisão de layout interna é composta por cama de casal, guarda-roupas, armários e televisão.
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A
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FIGURA 44 A e B da esquerda para a direta, respectivamente: Vista interna do terceiro pavimento; Vista externa da varanda. Fonte: Acervo próprio
5.2.4.1. SOLUÇÕES CONSTRUTIVAS
As vedações horizontais, paredes, são compostas por blocos cerâmicos furados de 9cm. E assentadas por argamassa de cimento.
Por se tratar de uma edificação de 3 pavimentos, a casa da Ivoneide, requer sistemas construtivos mais modernos e consequentemente melhores executados para que possa garantir a seguridade estrutural do imóvel.
Já a respeito das vedações do plano vertical, no primeiro pavimento, sem a presença de forro falso, acontece por uma laje volterrana que sustenta o pavimento superior. No andar acima, é divido entre a laje que sustenta o terceiro pavimento e a outra metade pelo sistema de telhado colonial revestidas pelo material cerâmico de 10mm, sustentadas pela estrutura de madeira convencional.
O sistema que sustenta a base da casa é composto por baldrames escavados no solo, preenchidos com blocos de concreto prémoldado, unidas a um sistema de pilares e vigas em concretos moldados no local, e laje volterrana preenchidas com tijolos cerâmicos para a sustentação do piso.
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No último pavimento, o material utilizado para a vedação é também a telha cerâmica sustentadas por um sistema de madeiras maciças compostas por linhas, caibros, terças
CAPÍTULO 01 CAPÍTULO 02 CAPÍTULO 03
Por fim, as esquadrias. Que durante a visita técnica foram observadas cinco tipologias que são elas: Vão sem qualquer vedação, abertas para passagem; Portas em PVC; Esquadrias em madeira maciça; Esquadrias em vidro com caixilho de alumínio e cobogós retangulares em concreto.
CAPÍTULO 06
CAPÍTULO 05
CAPÍTULO 04
A maior parte dos cômodos possuem revestimentos sobre a alvenaria, com exceção da área de serviço e o terceiro pavimento. A técnica utilizada para esses acabamentos foram a tinta cal pigmentada sobre reboco.
se que na casa da Dona Ivoneide, também se utiliza da composição de diversos materiais, seja no piso, nas paredes ou no teto. A variação de cores, formas e texturas, desenham o imóvel.
CAPÍTULO 07
e ripas, moduladas conforme o tamanho da peça cerâmica.
CAPÍTULO 08
FIGURA 45 Esquadria em cobogó de concreto no terceiro pavimento. Fonte: Acervo próprio.
Assim como as outras casas visitadas, notou-
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5.2.4.2. CONSIDERAÇÕES. Não resta duvidas que a casa da Dona Ivoneide possui espaço suficiente para abrigar confortavelmente os 5 membros de sua família. O imóvel não possui muitas patologias aparentes, e é somente nos dois banheiros do pavimento térreo que a situação se agrava, devido à ausência de ventilação desses ambientes, ocasionando excesso de umidade nas paredes. Ainda no pavimento térreo, a ideia que o espaço ainda está muito confinado é reforçado por sua proprietária, que opina que naquele piso deveria haver uma área de serviço que abrisse mais seu imóvel a respiração. Trazendo maior ventilação e iluminação para dentro do edifício. Técnicas de proteção solar para as fachadas leste, norte e sul, onde se localizam todas as fenestrações da casa, também são necessárias para garantir melhores condições conforto térmico em seus ambientes. A casa da Ivoneide é destaque na comunidade devido seu gabarito e trabalho paisagístico da sua fachada. Apesar de não apresentar condições precárias de habitabilidade, novas técnicas construtivas podem ser aliadas no processo de potencializar a casa.
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1. Por possuir 6 moradores dentro de 32m², há necessidade de expansão da residência para melhor acomodação.
Materiais e técnicas construtivas: Fundação: Baldrame Estrutura: Alvenaria estrutural Vedação Horizontal: Bloco de tijolo cerâmico 9cm Vedação Superior: Telha colonial (cerâmico 10mm) Revestimento Parede: Tinta cal sobre reboco Revestimento Piso: Cimento Queimado Esquadrias: Madeira maciça
2. Somente existe iluminação e ventilação natural em um único ambiente, a varanda de acesso a casa. 3. O banheiro, além de muito pequeno, e sem portas, deixa os ambientes a sua volta úmido devido a falta de exaustão. 4. As alvenarias de tijolos foram mal executadas, apresentando diversas patologias construtivas na casa.
CAPÍTULO 06
Área do lote: 32m² Dimensão lote: 3.60 (Ft.) / 10.60 (Fd.) Área construída: 32m² Taxa de permeabilidade: 0% Taxa de ocupação: 100% Recuos existentes: Não existe Perfil familiar: 6 pessoas
CAPÍTULO 07
Observações:
CAPÍTULO 08
Dados de Ocupação:
CAPÍTULO 05
CAPÍTULO 04
CAPÍTULO 03
CAPÍTULO 02
CAPÍTULO 01
5.2.5 A CASA DA DONA MARLENE
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A residência em estudo possui uma taxa de ocupação de 100% em um lote de 38m², apesar de seu tamanho reduzido, seis pessoas da mesma família habitam a casa. Dentre eles dois adultos e quatro crianças. A casa da dona Marlene, foi a que maior demonstrou condições precárias de habitabilidade durante as visitas realizas, não somente pela proporção entre área e número de habitantes, mas também pela umidade e mal cheiro exalados pelas paredes que o não acesso solar traz a edificação. A casa se situa em frente ao beco do trilho, com aproximadamente 2,75 metros de caixa viária, e sem pavimentação definida. O único contato com o meio externo acontece na fachada frontal através de uma pequena janela e uma porta, o que agrava a questão da salubridade unindo essa problemática ao pé direito de 3,25 (piso a cumeeira) relativamente baixo quando se trata de telha colonial sem forramento. A divisão da planta está fracionada em cinco cômodos, todos com mais de uma função,
com exceção do banheiro. São eles: Varanda que também é utilizada para dar espaço a cozinha; um quarto que se divide com a sala; um segundo quarto; um terceiro quarto que funcionam como depósito e por fim, o banheiro. Vale ressaltar que com exceção da varanda, nenhum outro ambiente tem contato direto com o meio externo. O primeiro ambiente, a varanda, que marca a divisão do exterior ao interior da casa funciona também a cozinha da casa. Tudo isso em um espaço de aproximadamente 6 metros quadrados. O espaço é ventilado e iluminado, apesar de ser apertado e as alvenarias com falhas aparentes no reboco. O layout é simplificado, composto por uma pia de lavar louça, uma geladeira e um pequeno armário para a guarda de materiais. Em seguida, através de uma porta e um vão de acesso da varanda, encontra-se o quarto que divide espaço com a sala. O seu layout ocupa uma área de aproximadamente 9,5m², e é composto basicamente de uma cama de solteiro, uma mesa em plástico
FIGURA 46 A e B da esquerda para a direta, respectivamente:Vista externa da cozinha,Vista interna do quarto/sala. Fonte: Acervo próprio.
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FIGURA 47 A e B da esquerda para a direta, respectivamente: Vista externa da cozinha, Vista interna do quarto/sala. Fonte: Acervo próprio.
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Logo em seguida vem o quarto ambiente, este cômodo ocupa uma área de pouco mais de seis metros quadrados, e possui tipologia de uma suíte (quarto + banheiro), apesar de conter o fogão da casa e ao depósito de materiais em geral. Assim como o quarto que o antecede,
Por último, o banheiro, o ambiente de piores condições higiênicas da edificação. Ocupando uma área menor que 2m², este cômodo não possui forramento, sequer porta que garanta a privacidade do espaço. Está elevado 60 centímetros em relação ao nível do piso , com uma fossa séptica embutida abaixo do ambiente. Dessa forma exala mau cheiro e umidade ao restante da casa, causando desconforto térmico aos seus usuários, mais uma vez ocasionados pelo não acesso ao meio externo.
CAPÍTULO 06
O terceiro ambiente, ocupa uma área de 8m², porém, apesar de ser um quarto, não possui nenhuma cama em seu layout, somente dois guarda-roupas, e um pequeno espaço no qual cabe uma única rede. O quarto não possui nenhum contato com o meio externo, se quer a presença de telha translúcida, resultando em um ambiente enclausurado, desconfortável termicamente e visualmente, devido à ausência de iluminação natural.
Devido ao confinamento do ambiente, não há a troca da atmosfera interna com a externa, dessa forma a água evaporada pelo banheiro continua no cômodo, causando mal-estar a quem permanece nesse espaço.
CAPÍTULO 07
A ventilação e iluminação do ambiente se dá de forma indireta, através das aberturas que dividem este cômodo da varanda.
este ambiente não possui contato direto com o meio externo, contudo um agravante, que piora as condições de habitabilidade e higiene do cômodo, a umidade em excesso nas paredes devido à proximidade com o banheiro.
CAPÍTULO 08
que funciona com rack da televisão e um guarda-roupa em compensado de madeira. O espaço restante destina-se a montagem de redes durante a noite.
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5.2.5.1. SOLUÇÕES CONSTRUTIVAS A casa da Dona Marlene é resultado da composição de diferentes materiais e técnicas construtivas, mal-empregadas na edificação. A Alvenaria que reveste o edifício é feita em tijolo cerâmico com 9cm de espessura assentada com argamassa de cimento, material relativamente contemporâneo, quando comparadas as outras casas da comunidade, mais antigas, que utilizam técnicas construtivas de meados do século XX. Essa técnica construtiva, quando não corretamente executada, pode gerar diferentes patologias para o edifício. Na casa em estudo, é possível observar paredes fora de prumo, com rachaduras e algumas peças quebradas, expostas, ficando sujeita ao acúmulo de sujeira e insetos.
amarradas por cintas de concreto. Nas fundações, percebeu a presença da técnica de baldrame, cavados diretamente no solo e apoiados por blocos de concreto. Por último, para a execução das vergas e contravergas foram utilizados blocos de madeira maciças engastadas na alvenaria. Os revestimentos presentes sobre as vedações horizontais variam entre tinta cal pigmentada sobre reboco e tinta cal sobre tijolo cru. Nem mesmo no banheiro há presença de revestimentos cerâmicos. O piso que é composto por vários desníveis e irregularidade de assentamento, é feito com a técnica do cimento queimado pigmentado. Por fim, as esquadrias, quando existentes, são feitas em madeiras maciças gradeadas por telas em aço fundido.
O telhado é feito de telha cerâmica de 10mm com estruturação em madeira. Enquanto normalmente, essa técnica de vedação prever uma inclinação média que varia de 25% a 35%, na residência da Dona Maria, esse número é menor, com pouco mais de 20%. Que sobrecarrega essa estrutura em períodos chuvosos. As estruturas de sustentação da casa são identificadas como alvenaria estrutural, FIGURA 48 A e B da esquerda para a direta, respectivamente: Solução de coberta em telha colonial; Alvenaria em tijolo cerâmico. Fonte: Acervo próprio.
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Praticar a melhoria habitacional, no caso da casa da Dona Marlene, é também garantir dignidade de moradia e saúde de seus ocupantes.
CAPÍTULO 01 CAPÍTULO 05
Outro ponto observado é o desconforto térmico, em todos os ambientes com exceção da varanda. Ambientes mal iluminados e ventilados, enclausurados sem qualquer
CAPÍTULO 02
Os moradores frisaram a ideia de construir um segundo pavimento na casa, com novos quartos e um banheiro extra, pois o existente, além de pequeno, não possui as condições higiênicas mínimas necessárias para uso.
Dessa forma fazendo necessário a abertura da casa para o exterior, rasgos no teto, criação de jardins internos e áreas permeáveis no lote, na qual permita ao edifício respirar. Unindo essas técnicas a expansão da casa, para melhor acomodar essa família que vive confinada em um espaço reduzido, agravadas pelas condições de insalubridade dos ambientes internos.
CAPÍTULO 03
A principal patologia da casa, segundo seus moradores, é a falta de espaço. seis moradores abrigam a residência, e seu lote de 38m² não consegue acomodar confortavelmente todas essas pessoas.
contato com o meio externo. Nos dois últimos cômodos a sensação de mal-estar é agravada pela umidade das paredes e odor emitido pelo banheiro que ali se encontra.
CAPÍTULO 04
5.2.5.2. CONSIDERAÇÕES
CAPÍTULO 08
CAPÍTULO 07
CAPÍTULO 06
FIGURA 49 Vista externa da fachada principal. Fonte: Acerto próprio.
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5.2.6 A CASA DA DONA SILVIA HELENA
Dados de Ocupação:
Observações:
Área do lote: 98m² Dimensão lote: 9.00m (Ft.) / 12.00(Fd.) Área construída: 43.50m² Taxa de permeabilidade: 66 % Recuos existentes: 3.00m (Ft.); 0.50(Lt); 4.00 (Ft); 0.90 (Fd) Caixa da via de acesso: 1.20m Perfil familiar: 6 pessoas
1. Banheiro sem janelas e sem revestimentos
Materiais e técnicas construtivas: Fundação: Baldrame Estrutura: Alvenaria estrutural Vedação Horizontal: Bloco de tijolo cerâmico 9cm. Revestimento Parede: Tinta cal sobre reboco, Tinta cal sobre tijolo e tijolo sem revestimento. Revestimento Piso: Cimento queimado pigmentado. Esquadrias: Madeira maciça
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2. Pé direito baixo agrava a propagação da radiação solar 3. Há necessidade de expandir a casa devido o número de habitantes na casa, mas o terreno disponível livre ao seu lado não é de propriedade da família. Fazendo necessário uma expansão vertical. 4. Seus moradores em entrevistam colocam o desejo de expansão do edifício e adequação dos materiais construtivos que estão apresentando maiores patologias.
A divisão interna acontece em quatro compartimentos, que são eles: Sala (também utilizada como dormitório) ; Quarto; Cozinha e banheiro. A sala, com aproximadamente 14 metros quadrados, é o maior ambiente da casa. Dar espaço ao rack da televisão, poltronas e duas camas de solteiro. O cômodo é bastante iluminado e ventilado, devido à presença de uma porta tipo estábulo e duas janelas distribuídas na fachada frontal e lateral.
Por fim, o banheiro é o compartimento em piores condições na casa, não somente pela ausência de janelas, mas também pela falta de revestimento cerâmico no local e não conter um sistema de descarga no aparelho sanitário. Agravados pela questão do desconforto térmico e umidade que excede em suas paredes.
CAPÍTULO 01 CAPÍTULO 02
Adiante, também acessadas pelo corredor, chega a cozinha com 6,80m², é um pouco mais escura que os outros ambientes da casa, devido seu recuo de fundo possuir somente 90 centímetros. Seu layout é composto de geladeira, fogão, pia, mesa de quatro lugares e máquina de lavar roupas. E apesar de confinado, o compartimento não apresenta patologias mais graves.
CAPÍTULO 03
Mesmo sem acesso direto pelas ruas e becos do Poço da Draga, e barradas fisicamente pelas edificações que ficam a sua frente, a casa da Silvia é bastante luz e ventilação natural devido seus recuos generosos. E possui abertura em todos os cômodos, com exceção do banheiro.
CAPÍTULO 04
Em seguida, ligadas por um corredor de 1,34 metros de largura, o único quarto da casa possui área aproximada de 8,30m². Seu layout é desorganizado, composto de um pequeno guarda-roupa e uma cama de casal. O reboco das paredes é cru, sem revestimentos e a presença de uma janela garante a entrada de luz e vento dentro do cômodo.
CAPÍTULO 05
Diferentemente das outras casas visitadas, a casa da Dona Sílvia, possui um único pavimento, e as quarto fachadas livres para o exterior. Com seis habitantes, o imóvel ocupa aproximadamente 38m² em um grande lote, de acesso exclusivo por um beco. Lote qual faz parte do quintal cedido por seu vizinho para a construção da casa.
CAPÍTULO 08
CAPÍTULO 07
CAPÍTULO 06
FIGURA 50 Vista externa da casa da Dona Silvia Helena. Fonte: Acervo próprio.
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FIGURA 51
Vista interna da sala/dormitório. Fonte: Acervo próprio.
FIGURA 52 A e B da esquerda para a direta, respectivamente: Vista interna cozinha; do banheiro (sem revestimentos). Fonte: Acervo próprio.
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Vista interna
tijolo cerâmico, Vista externa da fachada sem revestimento. Fonte: Acervo próprio.
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CAPÍTULO 01 CAPÍTULO 02 CAPÍTULO 03 CAPÍTULO 04
FIGURA 53 A e B da esquerda para a direta, respectivamente: Encontro da alvenaria em tijolo branco com a de
CAPÍTULO 05
Por último, as esquadrias quando existentes são feitas em madeira maciça, sem a aplicação da técnica do verniz.
CAPÍTULO 06
Fundações em baldrames cavados no diretamente no solo e alvenaria estrutural compõe a sustentação da casa, unidas a cintas de amarração em concreto. Nas vedações do plano horizontal foram identificados dois materiais, o tijolo cerâmico comum de 9 centímetros e blocos de tijolo maciço branco de 8 centímetros.
Os revestimentos das alvenarias, são uma composição de 3 técnicas, tinta cal sobre reboco finalizado; Reboco crú com cimento aparente e somente o tijolo sem qualquer revestimento. Referente ao piso da casa a técnica encontrada foi a de cimento queimado, sem contar com qualquer revestimento cerâmico no imóvel.
CAPÍTULO 07
A forma da casa não traz nenhuma inovação, trata-se de uma planta baixa quadrada, com volumetria simples, coroadas por um telhado inclinado em um só sentido. E devido ser uma construção mais recente, incorpora-se a residência tecnologias construtivas mais modernas.
Referente ao plano superior, as vedações estão compostas de um sistema de telhas cerâmicas apoiadas em uma estrutura em madeira composta por linhas, caibros terças e ripas.
CAPÍTULO 08
5.2.5.1. SOLUÇÕES CONSTRUTIVAS
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5.2.6.2. CONSIDERAÇÕES As temáticas que merecem atenção na intervenção a ser elaborada na casa da Dona Silvia Helena, se volta a questão de expansão da casa devido à quantidade de moradores que habitam. E também a adequação dos materiais construtivos e revestimentos, principalmente das áreas molhadas, cozinha e banheiro. Aumentar o gabarito da casa em sua intervenção é uma vontade da sua proprietária, na qual relatou durante a visita que vem juntando dinheiro para realizar essa reforma no ano seguinte que data essa pesquisa. Construir um novo pavimento, além de garantir maior conforto para seus usuários que sofrem com a falta de espaço, daria maior visibilidade a casa que se esconde aos fundos de outros lotes.
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arthur-casas-vila-matilde_7.jpg> Acesso em 16 maio. 2017.
Disponível em <http://s2.glbimg.com/2aQgKYjpw4dhQESNLS69vbv8lDw=/smart/e.glbimg.com/og/ed/f/original/2015/11/04/colunas-
CAPÍTULO 07
A melhoria habitacional como metodologia de intervenção CAPÍTULO 06
CAPÍTULO 05
Projetos de referência
CAPÍTULO 08
CAPÍTULO 04
CAPÍTULO 03
CAPÍTULO 02
CAPÍTULO 06
99
CAPÍTULO 01
Como ilustrado no capítulo anterior, durante os levantamentos das casas, foi possível observar que a maioria dos problemas encontrados estão relacionados com a inadequação das técnicas de conforto ambiental dentro das residências. Calor ou umidade excessivas dentro dos ambientes internos eram os principais fatores que traziam insalubridade ou a inabitabilidade desses espaços, mesmo que estivessem ocupados. A metodologia de intervenção dessa pequisa, na fase de projeto, vai ser considerado não cada casa como unidade, e sim em conjunto, todos as amostragens escolhidas para análise serão conectadas umas as outras agregando os espaços públicos propostos com os espaços privados internos das casas. Os espaços livres disponíveis para o morador da favela como extensão das suas casas, aproveitando e potencializando os becos existentes para a intervenção. Para isso, desenvolve-se diretrizes projetivas baseadas nas expostas por PIZARRO (2014) em sua dissertação de mestrado, que são elas: • Permeabilizar a massa construída em diferentes escalas, tornando a massa urbana mais permeável a ventilação natural é mais fácil equilibrar as temperaturas externas e internas. • Equilibrar sombreamento e exposição solar, pois a penetração dos raios solares é importante para que não se criem ambientes insalubres como os encontrados nos levantamentos, ao mesmo tempo não pode deixar totalmente exposto ao calor visto que a irradiação em Fortaleza é muito alta. Para isso se torne possível serão estudadas as cartas solares de todas as casas para que se possa elaborar propostas específicas para cada fachada conforme a necessidade de rasgá-la para o exterior ou sombreá-las. • Buscar a interação do espaço público com o espaço privado, potencializando os becos, vielas, lajes e varandas que estejam na intervenção. Unindo elas as propostas de melhoria habitacional das casas. Sempre
100
buscando integras as escalas públicas e privadas com a utilização me materiais mais transparentes nas fachadas como cobogós e brises. Agregando a essas casas, lajes compartilhadas, biovaletas, mobiliários urbano, horta e outros bens que possam não exclusivamente do proprietário da casa mas como todos os moradores da favela. Lembrando que essas três diretrizes são apenas norteadoras para o planejamento do projeto a ser proposto, pois outras metodologias projetivas poderão ser aplicadas conforme o andamento do projeto. Para tornar possível dimensionar o alcance dessa pesquisa foram selecionados dois estudos de caso que retratam bem as diretrizes a cima relatadas.
6.1 A CASA VILA MATILDE
TERRA E TUMA ARQUITETOS ASSOCIADOS, 2015 Dona Dalva, proprietária da casa, residia a décadas no bairro de Vila Matilde na Zona Leste de São Paulo. Vizinhança na qual pensara em deixar devido as má condições infraestruturais e de insalubridade que sua casa se encontrava. Durante anos juntou dinheiro para a compra de um pequeno apartamento distante de todos seus amigos e familiares, seus vizinhos no bairro, até que o seu filho procurou o escritório TERRA E TUMA ARQUITETOS ASSOCIADOS, para elaborar uma proposta de melhoria habitacional da casa da sua mãe usando os recursos que seriam utilizados para a compra do apartamento, um montante total de 150 mil reais. Os arquitetos responsáveis pela execução do projeto encontraram dificuldades que iam além do orçamento restrito para a reforma, o tempo. Visto que a dona da casa não poderia passar muito tempo morando de aluguel enquanto a obra acontecia. Dessa forma, além de um projeto barato, os arquitetos teriam também com a rápida execução da obra.
CAPÍTULO 01 CAPÍTULO 02 CAPÍTULO 03
FIGURA 55 Planta do pavimento térreo (cima) e planta do pavimento superior casa Vila Matilde. Fonte: Disponível em <http://www.archdaily.com.br/br/776950/casa-vila-matilde-terra-e-tuma-arquitetos>. Acesso em: 12 dez. 2015.
A casa, implantada em um lote de aproximadamente 105m², e depois da reforma, tem a disposição de seus ambientes posta de forma simples e funcional. Consiste por garagem, sala de estar/jantar, lavabo, cozinha, lavanderia e uma suíte no pavimento térreo,
e uma outra suíte e terraço no pavimento superior. Unidas a um pátio central aberto que conecta os dois pavimentos, que não somente cumpre a função de iluminar e ventilar os ambientes internos, mas também como uma extensão da cozinha e área de serviço.
CAPÍTULO 08
CAPÍTULO 07
CAPÍTULO 06
CAPÍTULO 05
<http://www.archdaily.com.br/br/776950/casa-vila-matilde-terra-e-tuma-arquitetos>. Acesso em: 12 dez. 2015.
CAPÍTULO 04
FIGURA 54 Antes e depois da Casa Vila Matilde. Fonte: Disponível em
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Para as estruturas e vedações da casa, foram escolhidas as técnicas de alvenaria estrutural compostas por blocos de concreto e lajes pré fabricadas em concreto armado.O uso do concreto diminui a necessidade de reboco, visto que as peças já veem lisas de fábrica, diminuindo o custo final da obra. A simplicidade da intervenção encanta quem a observa, a aparência brutalista dos blocos de concreto são amenizados pelas na composição deles com grandes esquadrias em vidro que vão de piso a teto, trazendo o projeto uma sensação de leveza. Dessa forma, o projeto da casa da Dona Dalva mostra que o baixo recurso para sua execução não impede que um resultado final de qualidade. Que é possível desenhar boas soluções arquitetônicas utilizando-se de materiais de baixo custo e de fácil acesso no mercado.
6.2. INTERSTÍCIOS E INTERFACES URBANOS DE PARAISÓPOLIS EDUARDO PIZZARO, 2014
O projeto selecionado para o estudo de caso é referente aos tópicos abordado na dissertação de mestrado do Arquiteto Eduardo Pizarro, pela FAU-USP. Trata-se de um estudo propositivo sobre os interstícios urbanos na favela de Paraisópolis em São Paulo. A dissertação aborda de maneira geral de como é possível unir o traço do arquiteto que intervirá na favela com o morador autoconstrutor que já consolidou o seu espaço. O Objetivo específico de sua pesquisa são os espaços públicos da favela, mas ao longo
FIGURA 56 Planta do pavimento térreo (cima) e planta do pavimento superior casa Vila Matilde. Fonte: Disponível em <http://www.archdaily.com.br/br/776950/casa-vila-matilde-terra-e-tuma-arquitetos>. Acesso em: 12 dez. 2015.
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CAPÍTULO 01 CAPÍTULO 02 CAPÍTULO 03 CAPÍTULO 04 CAPÍTULO 05
Fonte: Disponível em <http://www.archdaily.com.br/br/776950/casa-vila-matilde-terra-e-tuma-arquitetos>. Acesso em: 12 dez. 2015.
CAPÍTULO 06
FIGURA 57 Planta do pavimento térreo (cima) e planta do pavimento superior casa Vila Matilde.
CAPÍTULO 07
O autor não elabora propostas específicas para as duas residências selecionadas, visto que o a escolha acontece pela análise ambiental de ambas as casas, uma localizada em uma rua larga da favela, com total exposição ao sol, e a outra em um beco muito estreito que impossibilita a permeabilidade solar na edificação.
As proposições elaboradas são feitas de forma utópica na favela, como um conjunto de casas em uma quadra fosse uma única unidade residencial unidas por espaços semipúblicos ou completamente públicos construído junto a suas casas. Como se aquela unidade residencial tivesse influencia direta no desenho urbano proposto na favela, por exemplo, criação de lajes livres conectadas umas as outras formando praças suspensas compostas de mobiliário urbano disponível para os moradores, aquisição de massas verdes dentro desses espaços semipúblicos que fazem sombras nas ruas e outras casas ou aquisição de iluminação pública nas fachadas e balanços que sobressaem as vias para garantir melhor visibilidade sem que perca espaço na caixa viária para implantação das mesmas.
CAPÍTULO 08
da execução, o autor relata a necessidade de estudar as os espaços privados também, devido a forte ligação que algumas residências mantém com seu entorno imediato e como ela influência o desenho da favela, dessa forma, no quinto capítulo da dissertação Pizarro, escolhe duas casas, uma localizada em uma rua comum de Paraisópolis e a outra em um beco localizada no miolo da mesma quadra objetivando caracterizar ambientalmente, fisicamente e socialmente os espaços internos das residências de Paraisópolis.
103
Por fim, o autor propõe soluções arquitetônicas simplificadas, fácil de ser executadas com materiais encontrados na maioria das casas da favela, entre eles cerâmicos ou em concreto, para garantir melhor conforto térmico dessas edificações e enalteceriam a criação desses espaços semipúblicos construído como extensão da sua casa na favela.
FIGURA 58 Planta do pavimento térreo (cima) e planta do pavimento superior casa Vila Matilde. Fonte: Disponível em <http://www.archdaily.com.br/br/776950/casa-vila-matilde-terra-e-tuma-arquitetos>. Acesso em: 12 dez. 2015.
FIGURA 59 Planta do pavimento térreo (cima) e planta do pavimento superior casa Vila Matilde. Fonte: Disponível em <http://www.archdaily.com.br/br/776950/casa-vila-matilde-terra-e-tuma-arquitetos>. Acesso em: 12 dez. 2015.
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CAPÍTULO 01 CAPÍTULO 02 CAPÍTULO 03 CAPÍTULO 04 CAPÍTULO 05 CAPÍTULO 06 CAPÍTULO 07
Fonte: Disponível em <http://www.archdaily.com.br/br/776950/casa-vila-matilde-terra-e-tuma-arquitetos>. Acesso em: 12 dez. 2015.
CAPÍTULO 08
FIGURA 60 Planta do pavimento térreo (cima) e planta do pavimento superior casa Vila Matilde.
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Perspectiva elaborada pelo autor na fase inicial de concepção do projeto.
A casa que queremos
CAPÍTULO 07
CAPÍTULO 06
CAPÍTULO 05
CAPÍTULO 04
Estudo propositivo de melhoria habitacional
CAPÍTULO 08
CAPÍTULO 03
CAPÍTULO 07
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CAPÍTULO 02
CAPÍTULO 01
O conteúdo presente neste capítulo, trata de ilustrar as propostas para a melhoria habitacional das residências estudadas durante a pesquisa. A ideia aqui desenhada é resultado da necessidade imposta por seus moradores durante a fase de levantamento em campo, potencializadas com as propostas do autor. Dessa forma o projeto visa continuar o trabalho que o seu morador começou, tendo o arquiteto a função nesse diálogo apenas de ser o propulsor de ideias que consolidarão essas melhorias.
7.1. INSERÇÃO URBANA DA INTERVENÇÃO
Como referência para a construção desses modelos, foram considerados os estudos em conforto ambiental publicados pelo LABEEE da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), o manual de Conforto térmico escrito pela arquiteta Anésia Barros Frota. Além dos projetos realizados pelo Laboratório de habitação ‘‘ Morar de outras maneiras’’ da universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) somados a análises dos projetos de referência apresentados no capítulo anterior.
A comunidade de poço da draga está localizada no litoral oeste da cidade de Fortaleza, na região turística da capital. Sua localidade não somente tem valor turístico mas também histórico para a cidade pois foi ali que se consolidou a primeira região portuária de Fortaleza, conforme discorre o capítulo 3.
O projeto tem como objetivo específico a melhoria do espaço edificado no Poço da Draga, propondo reformas a essas residências e em seguida sugerindo novos arranjos com os modelos obtidos. E que essas reformas se rebatam para outras habitações com perfis parecidos para que a intervenção possa atingir toda a comunidade. A metodologia utilizada prioriza inicialmente a remodelação da casa, em seguida como esse edifício ira comunicar com o seu meio urbano, e por último o desenho urbano onde a proposta estará inserida. O projeto também agrega em sua metodologia um ensaio que recria um foco de densidade dentro do Poço da Draga com as remodelações propostas nas casas estudadas, que serão melhor discutidas nos tópicos seguintes. Por fim, a proposta a seguir visa alcançar as expectativas de seus moradores, que agora não somente permanecerão no Poço da Draga, como viverão na casa que sempre sonharam, a sua.
108
Apesar de os capítulos anteriores já localizarem a comunidade dentro da malha urbana de fortaleza, para essa etapa, faz necessário reforçar sua localidade e demarcar a área de intervenção que a proposta deste trabalho está implantada, mesmo que essa delimitação esteja feita de maneira utópica no trabalho.
E vale ressaltar que importantes equipamentos públicos e empreendimentos privados estão locados no entorno imediato da comunidade. Dentre eles, O Centro Dragão de Arte e Cultura (CDMAC), a Caixa Cultural, O pavilhão atlântico e a Indústria Naval do Ceará (INACE). Saindo da escala da inserção urbana e trazendo a atenção para a escala do projeto, foi selecionado um único espaço da comunidade para realizar as melhorias, mais especificamente no setor mais a norte da comunidade, na rua viaduto moreira da rocha. Conforme mostra as imagens ao lado.
Legenda Área de intervenção
VISTA AÉREA DO POÇO DA DRAGA
7.2. LEITURA DO ESPAÇO
1
As visitas em campo foram essenciais para a concepção do partido do projeto, pois durante esse período foi possível perceber, no Poço da Draga, diferentes problemas nas esferas urbanas, sociais e arquitetônicas comum em áreas de favela, que as propostas adotadas visam sanar. Dentre eles as desigualdades sociais sofridas pelos moradores da cidade informal em resposta do não acesso à terra urbanizada, os problemas ambientais e sanitários, os problemas infraestruturais das casas da favela e a insalubridade de seus ambientes internos
2
Contudo, como justificativa para implantação das reformas propostas, foi considerado como prioritário sanar as seguintes problemáticas: 1.Alta densidade da favela: A forma como as casas foram consolidadas por seus moradores criam focos de densidade impermeáveis que prejudicam a circulação dos ventos e acesso solar a essas casas 2.Indisponibilidade de terrenos vazios dentro da comunidade:
rojeção coberta
A ausência de terrenos livres para a construção de novas habitações dentro da área estabelecida como ZEIS 1 do Poço da Draga somadas a inexistência de lotes em seu entorno imediato destinado a essa produção de habitação social, que deveriam estar nos mapeamentos de ZEIS3. 3.Falta de conhecimento técnico por parte do morador construtor:
1 3
A falta de entendimento técnico por parte do morador construtor, na maioria dos casos, podem criar ambientes internos inseguros estruturalmente ou ineficientes do ponto de vista do conforto ambiental, dessa forma prejudicando o funcionamento do edifício em relação aos seus usuários.
Legenda Estar/jantar Casa do Sérgio Casa da Silvia H. Quarto Cozinha Casa da Ivoneide Varanda Casa da Marlene Banheiro Área pm. Casa da Conceição Edificações vizinhas 1. Jardim de da chuva Casa Izabel Habitações do Poço 2. Fechamento em cobogó cerâmico 3. Esquadria pivotante em vidro
Vias circunvizinhas Vias do Poço Área de intervenção
110
3
5.Ocupação nos passeios: 5
Não somente a ocupação dos passeios mas também a inexistência deles, fazendo com o que os pedestres dividam seu espaço com os carros, desfavorecendo a circulação pedonal dentro da comunidade 6.Edifícios circunvizinhos que segregam a comunidade:
CAPÍTULO 01 CAPÍTULO 07 CAPÍTULO 08
6
CAPÍTULO 06
CAPÍTULO 05
Não somente pelo falo de o Poço da Draga ser escondido por seus vizinhos, mas também por esses muros impedirem a completa permeabilidade dos ventos dentro da comunidade.
CAPÍTULO 02
A ausência de áreas permeáveis na comunidade, unidas a ausência de infraestrutura de recolhimento da água da chuva, provocam alagamentos em períodos chuvosos.
CAPÍTULO 03
4.Porosidade da Favela:
CAPÍTULO 04
4
111
7.3 CONCEITO INTERVENÇÃO
DA
Como principal metodologia de projeto nas residências considera-se o que anteriormente foi construído por seu morador, potencializando de forma a garantir melhor iluminação e ventilação dos ambientes internos do edifício. Buscando ao máximo preservar a estrutura existente, até como forma de baratear o processo, mas sem abrir mão da qualidade arquitetônica que a intervenção visa alcançar.
Volume original
Em seguida, os volumes remodelados se juntarão uns aos outros cercados por espaços públicos e privados que funcionarão como extensão da sua casa e ao mesmo tempo potencializará o meio urbano do Poço da draga. Dessa forma criando um único bloco simulando a alta densidade das favelas, interconectadas por vielas existentes que foram potencializadas na comunidade.
Pú bli
co
Pr iva d
o
1º Passo: Remodelar volume original
2º Passo: O volume remodelado se junta com outras habitações reformadas. Unidas entre espaços públicos e privados.
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CAPÍTULO 01 CAPÍTULO 02 CAPÍTULO 03 CAPÍTULO 04 CAPÍTULO 05 CAPÍTULO 06 CAPÍTULO 07 CAPÍTULO 08
3º Passo: As casas remodeladas se unem como um único bloco aproveitando vielas existentes na favela
113
7.4 ESTRATÉGIAS DE PROJETO
1
Como é possível perceber no capítulo 6, os problemas estruturais e os que se relacionam com a insalubridade interna, se repetem em todos os casos levantados. Uns com situação mais grave do que as de seus vizinhos, requerendo maior intervenção no espaço construído pelo seu morador. E mesmo que considere cada casa selecionada um caso específico, estratégias gerais de projeto foram selecionados a fim de nortear o processo de definição do desenho arquitetônico e urbano. E são eles: 1. Composição de esquadrias que rasgam as alvenarias: Esquadrias projetadas conforme o detalhamento na página 140 não somente abre o edifício para o exterior mas também compõem as fachadas, com a diversidade de materiais e texturas encontradas nesses elementos.
2
2. Ventilação cruzada: Foi priorizado a técnica de ventilação cruzada na maioria dos ambientes projetados para que esses possam ter uma troca de calor com o meio externo mais rápida e eficiente. 3. Infraestrutura verde: Para dentro das casas foram desenhados jardins de chuvas para que aumente a permeabilidade do solo, e ao mesmo tempo que parte dessas águas sejam reaproveitadas pelos seus moradores. Já no desenho urbano, foram projetadas biovaletas que recolhem o caimento da água da chuva, que serão levadas para o recurso hídrico mais próximo, unidas a paginações de piso permeáveis que também participarão nesse processo
114
3
CAPÍTULO 06
Dados de ocupação das casas estudadas. Elaborada pelo autor do Projeto.
CAPÍTULO 07
TABELA 01
CAPÍTULO 08
7.5 PERFIL DAS CASAS INTERVIDAS
CAPÍTULO 05
CAPÍTULO 04
CAPÍTULO 03
4
CAPÍTULO 01
O tratamento dos telhados é essencial para a qualidade térmica dos ambientes internos da casa, pois são eles que recebem as maiores cargas de radiação solar no edifício além da capacidade de sombrea-lo. Tendo em vista isso, os beirais presentes nas estruturas de
telha colonial foram ampliados variando entre 1,20 a 1,50 metros de extensão e outras medidas como subir gabarito do pavimento e criar cobertas desencontradas abertas para o exterior afim de criar sistemas passivos de exaustão, foram projetadas visando maior eficiência energética do edifício.
CAPÍTULO 02
4. Tratamento nos telhados:
115
7.5.1 REFORMA DA CASA DA DONA MARIA CONCEIÇÃO As diretrizes projetivas empregadas na casa da Conceição consiste em redistribuir a planta interna, para melhor adaptação do comércio existente e abrir novos vazios dentro da residência. Não há necessidades de se expandir, mas faz necessário abrir mais as alvenarias para o exterior a fim de captar mais iluminação e ventilação natural nos ambientes internos.
ambientes internos, foram elevadas as alvenarias, criando dois blocos com alturas desencontradas a fim garantir a formação de um bolsão de ar quente que se acumulará em cima desses cômodos que serão empurrados para fora pelo vento que entrará pelos rasgos projetados no topo das alvenarias com a utilização de cobogós e esquadrias basculantes, que dessa forma conterá o calor excessivo dentro da casa.
Agrupou-se a função do comércio a cozinha, que troca de lugar com a sala para ter relação direta com o meio externo. Garantindo assim maior privacidade de seus usuários, já que todos ambientes internos da casa, desta vez, abrem para a sala que possui acesso independente. O único banheiro da casa também muda de lugar, para ficar mais próximo a entrada dos quartos, e esse é dividido em duas partes, para que possa ser usado por até duas pessoas ao mesmo tempo. A primeira parte só com bancada com a pia e a segunda com o sanitário e o chuveiro.
Por fim, com o intuito de permitir maior troca de calor com meio externo, novas aberturas foram desenhadas na fachada, com diferentes composições de cobogós e esquadrias que mesclam materiais translúcidos como o vidro, com as proteções móveis em madeiras, conforme mostra o detalhamento presente na página 140. Para controlar a radiação solar dentro dos
116
Volu me
Reforma
E para aumentar a massa permeável da casa, e ao mesmo tempo melhor distribuição da iluminação dos ambientes internos, criouse um jardim central entre os dois quartos existentes. Retirando a antiga estrutura que abria um cômodo ao outro por meio de rasgos na parede.
orig inal
rir Ab Com ércio
CAPÍTULO 04
CAPÍTULO 03
CAPÍTULO 02
CAPÍTULO 01
N
Legenda: Demolir Construir
CAPÍTULO 05
Corte
Planta de demolição Projeção coberta
N
1
Acesso
3
Legenda Estar/jantar Cozinha Banheiro
Quarto Varanda Área pm.
1. Jardim de chuva 2. Fechamento em cobogó cerâmico 3. Esquadria pivotante em vidro
Planta Baixa
0
1
CAPÍTULO 08
2
CAPÍTULO 07
CAPÍTULO 06
Acesso
2m
117
PERSPECTIVAS 1
2 3
4 Legenda
tiva Banheiro
1. Forro de gesso acartonado 2. Parede de tijolo de conc. sem reboco 3. Alvenaria sobre reboco 4. Espelho cinza 5. Piso cerâmico antiderrapante
Legend
5
Perspectiva Banheiro 1 2 3
4
5 Legenda
Perspectiva sala
118
1. Forro/ muxarabi em madeira 2. Forro de gesso acartonadado 3. Bloco de tijolo cerâmico sem reboco 4. Reboco pintado sobre alvenaria 5. Piso em cimento queimado pigmentado.
1. Forro d 2. Parede 3. Alvena 4. Espelh 5. Piso ce
Legenda 1. Verga em concreto 2. Contraverga em concreto 3. Cinta de amarração 4. Esq. em vidro e madeira
5. Telhado colonial (i= 30%) 6. Bloco canaleta 7. Forro em gesso acartonado 8. Esquadria alta em vidro
Nível 5.80
5
6
Nível 4.30 1
2
3 7 4 8
Cozinha
Hall circul.
Baneheiro
Nível zero
0
0,50
1m
fim, em estrutura colonial, o telhado 7.5.2 REFORMA DA Por utilizado é simples. Sem diferenças de níveis CASA DA SILVIA mas com aberturas em seu fechamento que permitem a penetração do ar frio, que HELENA empurrará a massa de ar quente acumulada na A metodologia de intervenção da casa da Sílvia Helena consiste em ampliar a casa com a adição de um novo pavimento, para melhor abrigar os seus seis moradores. Devido a Possuir as quatro fachadas livres, durante os levantamentos foi notório que a casa possuía maior incidência de ventos dentro da casa, e menores problemas de umidade interna quando postas em comparação as outras casas estudadas. Contudo ainda foi necessário adaptar melhor aptar
estrutura, garantindo assim menor radiação do calor dentro da edificação.
No pavimento térreo foi demolido o quarto existente para dar lugar a circulação vertical e a ampliação da sala. No local onde existia o corredor que ligava a sala a cozinha foi criado um banheiro social, e essa conexão entre os dois ambientes acontece de forma direta. Por fim, no lugar do banheiro cria-se uma área de serviço aberta ao exterior. No pavimento superior, que antes da reforma proposta não existia, localizam se os 3 quartos sendo duas suítes, e um pequeno hall que liga os ambientes. O pavimento não apresenta grandes inovações são compostas com de materiais simples, mas com tratamento das fachadas que favorecem o bem-estar de seus usuários, com as técnicas de sombreamento e captação dos ventos para o interior dos cômodos.
As esquadrias seguem com o modelo detalhado anteriormente, a de abrir o edifício pro exterior e ao mesmo tempo protegê-lo a entrada excessiva de calor dentro da casa.
Corte longitudinal
120
e orig
Reforma
A laje volterrana que divide os dois pavimentos, foi estendida para a criação uma marquise que reforçam a proteção solar das fachadas e ao mesmo tempo servem parra colocar jardineiras que irão compor as visuais da casa.
Volu m
inal
são
an Exp
CAPÍTULO 01 CAPÍTULO 02
Legenda:
CAPÍTULO 03
N
CAPÍTULO 04
1 Corte
CAPÍTULO 05
N
2
N
Acesso
Corte
CAPÍTULO 07
Projeção marquise
CAPÍTULO 06
1º Pavimento
Legenda Estar/jantar Cozinha Banheiro
Pav. Térreo
0
1
2m
CAPÍTULO 08
Planta de demolição
Demolir Construir
Área de Serviço Área permeável 1. Marquise jardim Quarto 2. Guarda corpo metálico Varanda
121
PERSPECTIVAS
1 2
3
4 5
Perspectiva quarto Legenda 1. Esquadria retrátil em madeira 4. Textura sobre alvenaria 5. Piso cerâmico rejuntado 2. Cobogó cerâmico 3. Marquise/jardineira
122
Nível + 8.30
5
1 2 3 4 5 6 7 8
6
Detalhe 1
1
7 2
3 4
Quart0
Quart0
Dt. 1
Nível + 3.00
Legenda
8
Cozinha
Hall
Sala
Nível zero
1. Esquadria pivotante 2. Alvenaria em tj. cermico 3. Laje volterrana 4. Cinta de amarração 5. Telhado colonial (i= 30%) 6. Forrro est. muxarabi 7. Esquadria em vidro/mad. 8. Brise pré moldado conc. 1. Tijolo cerâmico 2. Argamassa colante 3. Vaso de planta 4. Grampo metálico 5. Bloco cerâmico 6. Vigota em concreto 7. Concreto armado 8. Revestimento sobre tj.
0
0,75
1,5m
7.5.3 REFORMA DA CASA DA DONA MARLENE. Devido seu precário estado de conservação, não foi possível aproveitar a sua estrutura existente, com exceção da sua fachada, que recebeu novas esquadrias. O conceito de intervenção da casa foi expandir devido à quantidade de moradores ocupando 32m² de área construída e ampliar os vazios internos que possibilitam a entrada de iluminação e ventilação natural.
da dona Marlene, dará espaço a área de lazer privativo da casa da Izabel, por isso a ausência de fechamento com telha colonial nesse pavimento. Será utilizado nessa laje somente a impermeabilização sobre camadas de mantas de isolamento térmico que amenizará a irradiação do calor nos ambientes internos.
Assim como a casa do Sérgio, o pavimento térreo da casa da dona Marlene foi divido em dois blocos ligados por uma passarela suspensa em um jardim interno central. Ambos os blocos possuem a adição de um pavimento superior a fim de garantir a área necessária para que seus 6 moradores possam viver confortavelmente. No primeiro bloco, no pavimento térreo, encontra-se a sala que conta com um lavabo e a escada que dá acesso ao pavimento superior onde estão locadas a área de serviço e a suíte com a adição de uma varanda, que serve tanto como extensão do quarto quanto de proteção solar para esse ambiente. No segundo bloco, no pavimento térreo a cozinha, e no pavimento superior, os dois quartos das crianças que terão acesso através da passarela localizada na área de serviço do primeiro bloco. Foi priorizado nesse pavimento a ventilação cruzada dos quartos, com a adoção de grandes esquadrias e brises nas fachadas posicionadas para a rua
Corte longitudinal
A laje da ampliação do segundo bloco da casa
124
al
Reforma
O vazio interno funcionará como expansão dos ambientes do pavimento térreo, mas também terão a função com os jardins de chuva, coletar a água pluvial em uma cisterna no pavimento térreo que poderá ser utilizada para regar plantas ou no esgotamento sanitário.
Volume orig in
Expansão
ir
r Ab
Legenda
Acesso
Corte
Corte
Demolir Construir
N
CAPÍTULO 01 CAPÍTULO 06
CAPÍTULO 05
Estar/jantar Cozinha Banheiro Área permeável Quarto Varanda Área de Serviço 1. Passarela metálica 2. Brise em PVC 0
1
CAPÍTULO 04
Legenda:
CAPÍTULO 03
CAPÍTULO 02
N
2m
CAPÍTULO 07
1
CAPÍTULO 08
2
4
1º Pavimento
Pav. Térreo
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PERSPECTIVAS
1 2 3
4
5
Perspectiva jardim central Legenda 1. Bloco em concreto sem reboco 2. Cinta de amarração em concreto 3. Caixilho de correr em madeira
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4. Jardineira suspensa 5. Parede em tijolo maciço
1
Legenda 1. cobogó cerâmico 2. Guardacorpo metálico 3. Laje volterrana 4. Alvenaria de tj. cerâmico 1. Apoio telhado 2. Bloco canaleta em concrt.
5. Esquadria em vidro temp. 6. Escada helicoidal 7. Bloco premoldado vazado 8. Esquadria em vidro e mad. 3. Tijolo cerâmico 4. Argamassa colante
2 3 4
-Laje casa da Izabel-
Nível + 6.00
1 Detalhe 1
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3
Quarto
Nível + 3.00
Quarto
6 7
4
Sala
Vazio
Cozinha
0
0,5
1m
7.5.4 REFORMA DA CASA DA IVONEIDE Dentre as casas selecionadas, a cada da Dona Ivoneide foi a que sofreu menor alteração, e devido sua área construída em relação ao número de moradores a casa não necessita de ampliação. E o conceito de intervenção adotado visa criar um recuo de fundo de 4 metros que será doado para a criação de uma horta comunitária na comunidade, e essa retirada ser recompensada no último pavimento da edificação. No pavimento térreo, foram retirados os dois quartos dos fundos para dar local a horta comunitária, e nos cômodos restantes, nada foi alterado. Com exceção da cozinha que foi ampliada, e novas esquadrias que abrem o edifício para o exterior foram incorporadas.
volu m
Reforma
e ori
Corte
gina
l
Acesso
N
1
No primeiro pavimento, as demolições aconteceram também aos fundos do pavimento, no cômodo que se destinava a ser a área de serviço da casa e na escada que ligava ao pavimento seguinte. O segundo quarto foi ampliado e uma nova escada helicoidal no ponto mediano do pavimento surge para conectar os pavimentos. Por fim, o último pavimento foi ampliado para abrigar a sala de edição de vídeo que agora conta com novas esquadrias e jardim suspenso, um banheiro compartilhado e o dois quartos para os filhos que trabalham na produção de filmes dentro e fora da comunidade O sistema adotado para o fechamento dos telhados, é parecido com o que foi adotado na casa da conceição. Com a diferença de níveis e aberturas cruzadas que auxiliam na expulsão da massa de ar quente da edificação. A proteção solar também é reforçada pelas esquadrias móveis e com extensão das marquises nas fachadas.
Corte longitudinal
2
Pav. Térreo
128
CAPÍTULO 01
Pú
r( bri
o)
c bli
CAPÍTULO 03
Corte
Corte
CAPÍTULO 02
A
2º Pavimento 0
Legenda Estar/jantar Cozinha Banheiro Área permeável
Quarto Varanda Edição de Vídeo
1
2m CAPÍTULO 08
1º Pavimento
CAPÍTULO 07
CAPÍTULO 06
CAPÍTULO 05
CAPÍTULO 04
N
1. Banheiro localizado por baixo da escada 2. Horta urbana
129
PERSPECTIVAS
1 2 3 4
5
Legenda 1. Laje em concreto armado 2. Forramento em ripa mad. 3. Pilar em concreto pintado 4. Guarda corpo metálico Perspectiva circ. vertical 5. Degrau metálico vazado
130
6
Nível + 11.40
1
7 Nível + 10.40
2
3
4
5 1
2
6
Dt. 1
7
8
Quarto
Vídeo
Quarto
8
Nível + 6.00
Detalhe 1
3
4 Legenda
Hall
Quarto
Quarto
5
Sala
Cozinha
Quarto
Nível + 3.00
1. Cobogó cerâmico 2. Jardim suspenso 3. Escada helicoidal metálic. 4. Esq. em vidro e madeira 5. Jardim vertical 6. Telhado colonial (i=30%) 7. Apoio vazado em madeira 8. Alvenaria de tj. cerâmico 1. Tijolo cerâmico 2. Verga em concreto 3. Caixilho metálico 4. Esq. retrátil em madeira 5. Vidro temperado 6. Trilho metálico 7. Peitoril em granito 8. Contraverga
0
0,75
1,5m
7.5.5 REFORMA CASA DA IZABEL
DA
Possuindo somente dois ocupantes, a casa da Isabel Lima, líder representativa da comunidade, recebeu grandes transformações na intervenção proposta. O conceito de intervenção, acontece a partir da necessidade imposta por moradores que desejam a criação de um novo pavimento para a dar lugar a uma laje recreativa para o lazer de fim de semana, e também acoplar a planta uma biblioteca infantil aberta ao público, que segundo a sua proprietária já é uma demanda antiga da comunidade. No pavimento térreo, a porta de entrada é a biblioteca comunitária. Em seguida uma pequena sala de jantar junto com a escada helicoidal que liga os três pavimentos da edificação. A cozinha foi mantida da sua planta original, somente foram adotadas maiores aberturas para aumentar a iluminação do ambiente.
do casal e o de hóspedes. O quarto demolido agora dará espaço a uma sala de TV com um jardim interno central que acompanha os outros pavimentos da edificação No último pavimento, criado nessa intervenção, surge um pequeno Hall que acessa a laje recreativa, e um segundo quarto de hóspedes com banheiro. Para apoiar o funcionamento desse espaço de lazer foram projetados espaços para mesas com churrasqueira, bancada, horta, jardineiras, e um espaço para acoplar uma piscina desmontável. Jardins suspensos formam criados no vazio interno, para evitar a reflexão dos raios solares para dentro da edificação, e algumas marquises foram criadas entre pavimentos com esse mesmo intuito. Referente a coberta, criaram-se dois blocos com um único caimento do telhado, voltando a maior alvenaria para a fachada que mais recebem ventos. Separadas por um vazio interno e uma laje jardim. Corte Corte
Já no primeiro pavimento, que antes contava com três quartos, agora só possuem dois a suíte
1 12 2 3 3
Legenda Legenda Estar/jantar
Quarto Cozinha Varanda Estar/jantar Quarto Banheiro Hall de entrada Cozinha Varanda Área permeável Banheiro Hall de entrada Área permeável 1. Laje jardim com vegetação arbustiva Áreajardim para locação de piscina desmontável 1.2.Laje com vegetação arbustiva 3. Área Área para Destinada a mesas e churrasqueira 2. locação de piscina desmontável 4. Biblioteca infantil pública 3. Área Destinada a mesas e churrasqueira 4. Biblioteca infantil pública
Corte longitudinal
132
0 0
1 1
2m 2m
2º Pavimento 2º Pavimento
CAPÍTULO 01
al
Expa
nsão
Púb
lico
CAPÍTULO 08
CAPÍTULO 07
CAPÍTULO 06
Acesso Acesso
CAPÍTULO 03
igin
CAPÍTULO 04
Reforma
e or
CAPÍTULO 05
Volu m
CAPÍTULO 02
Corte Corte
Corte Corte
N N
4 4
1º Pavimento 1º Pavimento
Pavimento térreo Pavimento térreo
Perspectiva interna
133
1 Legenda 1.Viga em Concreto 2. Textura rústica sob. alvenaria 3. Banco em madeira embutido 4. Piso em placas de concreto 1. Corda
Perpectiva biblioteca infantil 5
6
1
2
3 7
4
134
5. Prateleiras perfuradas na alven. 6. Estante de livros 7. Balanço iluminado (ver detalhe) 2. Assento em madeira 3. Iluminação embutida
2 3 Detalhe balanço iluminado
Legenda 1. Estrutura em telhado colonial 2. Cinta de amarração 3. Brise em PVC 4. Marquise/Jardineira
Nível + 11.20
5. Cobogó cerâmico 6. Esquadria em vidro e madeira 7. Laje volterrana 8. Estrura da biblioteca
1
1. Chapim em concreto 2. Viga de borda 3. Jardineira suspensa 4. Viga premoldada
2
1
3
Nível + 11.20
4 Detalhe 01 3
5
4 Quarto hosp.
W.C
Nível + 6. 00
Quarto hosp.
W.C
Nível + 3.00
cozinha
W.C
Dt. 1
2
7
W.C
suíte principal
8 Biblioteca comunitária
Vazio
Hall escada
0
1
1,5m
135
7.5.6 REFORMA DA CASA DO SÉRGIO ROCHA Como diretrizes gerais de intervenção, a casa que possui maior lote entre as levantadas, procurou abrir espaços vazios a fim de criar respiradouros dentro da casa que parece ser enclausurada devido sua retilineidade e pé direito muito baixo. Além dos vazios internos, a casa foi recuada 5 metros para trás, a fim de potencializar os passeios que não exitem na comunidade criando novos espaços livres de contemplação e circulação pedonal dentro da comunidade
de esquadrias sem proteção solar Importante mencionar que parte do fechamento superior da casa do Sérgio Rocha dará lugar a expansão da casa Marlene, e ao redor dessa expansão se criará uma laje jardim com o intuito de evitar a reflexão do calor da coberta da casa do Sérgio para a sua vizinha. Essa união de casas se mostrará de forma mais detalhada no sexto tópico deste mesmo capítulo.
Devido ao recuo dado na casa, todos seus ambientes, com exceção da cozinha mudaram de lugar. E a residência agora se divide em dois blocos, o primeiro conta com uma sala e um banheiro social, e o segundo bloco com a cozinha, quartos e banheiro compartilhado. O vazio central, divide esses dois blocos, e funcionam não somente como respiradouro e área permeável da casa, mas também como extensão das atividades que ocorrem dos dois ambientes que estão em seus limites, a cozinha e a sala. No fundo da casa, os moradores que enfatizaram a vontade da criação de um espaço de lazer privativo, para receber amigos e familiares nos fins de semana. E para essa área foi projetado um jardim/horta, uma churrasqueira, bancada, e um chuveiro grande para apoiar as atividades que acontecerão nesse espaço. Prateleiras de iluminação foram postas na entrada principal da casa a fim de trazer maior potencial lumínico ao ambiente. Esse sistema funciona a partir da criação de uma janela no topo da alvenaria que tem como base uma prateleira que pode ser de concreto ou que outro material que absorva calor, e quando os raios solares incidem nessa base eles refletem para o interior do edifício mas com uma radiação menor que um sistema convencional
Corte longitudinal
136
Volume original
Privado rir
Ab
Público
Acesso
N
Corte
3
0
2
Legenda
Legenda Estar/jantar Cozinha Banheiro
1
2m
Quarto Varanda Área permeável
1.Área destinada para mesas e churrasqueira. 2. Horta privada 3. Jardim de chuva
1. Cinta de amarração 2. Bancada em granito 3. Esquadria de correr 4. Telhado colonial (i=30%)
5. Alvenaria em tijolo cerâm. 6. Esquadria pivotante 7. Prateleira de iluminação 8. Esquadria em madeira
1. Solo fértil 2. Camada de palha seca 3. Canaleta de drenagem
4. Argamassa de regulariz. 5. Manta asfáltica 6. Laje em concreto
1 Planta Baixa 1 2 3 4 5 6
Detalhe 1
4
Nível + 5. 30
5
-Laje Marlene- Dt. 1
6 7
1
Nível + 3.20
8 3
2
Quintal
Serv.
Quarto
W.C
Quarto
Cozinha
Jardim
Sala
Público
Nível zero
137
1
2
2
1 3 2
3 4
4 5
3
5 4 5 Legenda
Perspectiva cozinha
1. Rodateto em madeira 4. Bancada em granito polido Perspectiva cozinha 2. Cinta de amarração em concreto 5. Móveis em mdf naval Legenda 3. Forramento em madeira 1. Rodateto em madeira 4. Bancada em granito polido 2. Cinta de amarração em concreto 5. Móveis em mdf naval Perspectiva casa da conceição 3. Forramento em madeira Perspectiva cozinha
Legenda
1. Rodateto em madeira 4. Bancada em granito polido 2. Cinta de amarração em concreto 5. Móveis em mdf naval 3. Forramento em madeira
1 2
3 4 5
Perspectiva quintal
Legenda 1. Madeiramento de telhado col. 2. Forramento em madeira 3. Horta vertical
CORTE LONGITUDINAL
138
4. Jardim suspenso 5. Pedra cariri
Legenda 1. Madeiramento telhado colonial 2. Esquadria/shaft pivoltante 3. Viga biapoiada 4. Caixa d’agua de fibra 1. Composição de areia 2. Assento em madeira
5. Cobogó cerâmico cru 6. Forro muxarabi em madeira 7. Esquadria em vidro e madeira 8. Divisória em alvenaria de tj. 3. Contrapiso em contrapiso 4. Manta de de impermeabilização
1
2
3
5
4
6
7 8
Detalhe 1
1
2 3
4
5
Detalhe 01
Detalhe o2
Ampliação muxarabi
139
DETALHAMENTOS DAS ESQUADRIAS
como o vidro, com esquadrias em madeira, fixas e móveis, com cobogós cerâmicos crú.
As esquadrias adotadas no projeto compõem que fachadas das casas reforma, são grandes, muitas cobrem vão inteiros, com o objetivo de captar maior iluminação e ventilação e ao mesmo tempo sombrear essas aberturas. Para isso foram misturados materais transparentes
4
1 2
3 Esquadria 01 (2,50 x 2,80)
Esquadria 02 (2,10 x 2,50)
Esquadria 03 (2,10 x 2,10)
5 6
Esquadria 04 (2,10 x 2,60)
Esquadria 05 (2,80 x 3,20)
Esquadria 06 (1,90 x 2,10)
7 Cobogó 2
8 Esquadria 07 (2,10 x 2,60)
DETALHAMENTO DE MATERIAIS E TÉCNICAS CONSTRUTÍVAS UTILIZADAS NAS REFORMAS
Cobogó 1
Cobogó 3
Legenda 1. Caixilho em alumínio 5. Esquadria pivotante em vidro 2. Esquadria retrátil em madeira 6. Brise vertical fixo 3. Ripa de madeira fixa (brise) 7. Cobogó cerâmico crú 4. Vidro temperado 15 mm 8. Caixilho em madeira
140
Esquema de encaixe das casas Volumedas proposto Esquema de encaixe casas
Legenda
Casa da Ivoniede Casa da Izabel Volume proposto Casa daEsquema Marlene de encaixe casas Casa dadas Conceição Legenda Casa da Silvia H. Casa do Sérgio Casa da Izabel Casa da Marlene Casa do Sérgio
Legenda Legenda
Casa da Ivoniede Casa da Conceição Casa da Silvia H.
Volume proposto Volume proposto
Casa da Izabel Casa Casa da da Izabel Marlene Casa da Marlene Casa do Sérgio Casa do Sérgio
Casa da Ivoniede Casa Casa da da Ivoniede Conceição Volume proposto Casa da Conceição Casa da Silvia H. Casa da Silvia H.
Casa da Izabel Casa da Marlene
Casa da Ivoniede Casa da Conceição
Legenda
CAPÍTULO 01 CAPÍTULO 02 CAPÍTULO 03 CAPÍTULO 04 CAPÍTULO 05
o’’ ’’ o’’ ‘’lôr‘’lôro ‘’lôr o do do o do BecBeco via ia Bec silvia l v i sa s a sil sa o ca cas o ca BecBeco Bec
Esquema de encaixe das casas
CAPÍTULO 06
Esquema de encaixe das casas
CAPÍTULO 07
Do outro lado, as outras casas que receberão a intervenção, separadas por uma viela pedonal que é resultado da soma da caixa viária do ‘‘ Beco do Loro’’ que passa ao lado da casa da Ivoneide, com o beco que acessa a casa da Dona Sílvia. Conforme mostra o esquema de intervenção ao lado.
o’’ o’’ ‘’lôr ‘’lôr o do o do Bec silviaBec silvia casa co casa Be
Com isso, para que não perde-se a ideia de
A casa da dona Marlene sobrepõe sua ampliação na laje da casa do Sérgio que tem parte do seu lote doado para ampliar o espaço público da comunidade. Já a casa da Izabel lima, se sobrepõe a casa da dona Marlene, e ao mesmo uma biblioteca infantil publica é instalada no seu terreno.
o Bec
Inicialmente a proposta do trabalho era a de pegar de 5 a 10 casas na comunidade que fossem vizinhas umas as outras, para que trabalhasse as casas que receberiam a intervenção não como casas separadas e sim como um conjunto que se comunica entre si e ao mesmo tempo com o meio urbano onde se insere. Só que durante as fases de levantamento não foi possível, pois nem todos os moradores de um setor específico da comunidade aceitavam que o autor entrasse em suas casas para realizar o levantamento
trabalhar as casas da comunidade como conjunto, neste trabalho, foi realizado uma simulação desse acontecimento.
CAPÍTULO 08
7.6 ENSAIO DE DENSIDADE NO POÇO DA DRAGA
141
PERSPECTIVA GERAL Esta imagem mostra o funcionamento da intervenção e a interlocução que ela tem com os espaços públicos que serão melhores detalhadas no tópico seguinte. A união dessas residências simulam o processo de expansão das favelas, que constroem a suas casas umas sobre as outras, num infinito processo de ampliação do espaço edificado.
142
FACHADA GERAL Para a composição das fachadas foi escolhido materiais já existentes no Poço da Draga, mesclando elementos crus como o tijolo cerâmico, celular ou em concreto, com acabamentos de reboco em diferentes texturas. Conforme mostra a legenda do desenho. A adoção desses materiais sem reboco, permite que a composição da fachada pode ser alterada a gosto do seu morador, potencializando singularidade da casa.
PERSPECTIVA GERAL
144
Nível +11.20
1
Nível +6.00 Nível +5.10
3 4 Nível +3.00
5
0 Legenda 1. Telhado colonial (i=30%) 2. Edificações vizinhas 3. Jardineira suspensa 4.. Esquadria em vidro e madeira 5. Biovaleta
2
Bloco de tijolo em conc. aparente
Bloco de tijolo em conc. celular aparente
Concreto aparente
Textura lilás sobre reboco
Bloco de tijolo cerâmico aparente
Tinta sobre tijolo cerâm. sem reboco.
Vidro laminado
Textura branca sobre reboco
4m
145
CORTE GERAL No desenho do corte percebe-se que os sistemas estruturais das casas se unem uns aos outros criando a ideia que as casas pertencem a um só bloco. Fortalencendo as relações que os moradores das casas intervidas terão com a de seus vizinhos.
FACHADA GERAL
146
Nível +11.20
1
2 Nível +6.00
3 Nível +3.00
4
0
2
4m
Legenda 1. Telhado colonial em vista 3. Brises em PVC 4. Jardim interno 2. Terraço privado
Casa da Izabel Casa da Marlene
Casa do Sérgio Casa da Ivoneide
Casa da conceição Casa da Silvia
147
ALCANCE DA PROPOSTA NA COMUNIDADE DO POÇO DA DRAGA Durante a construção dos desenhos que detalham as edificações a serem remodeladas, foi realizado uma perspectiva interna de um cômodo diferente de cada casa. Por exemplo: Na casa do Sérgio desenhou-se o quintal, na casa da Marlene o vazio central, na casa da Conceição a cozinha e assim por diante. O intuito desses desenhos não foi só mostrar uma vista tridimensional desses espaços, mas simular aqui, nesse tópico, que essas reformas não pretendem atingir somente essas seis casas selecionadas, mas que essas melhorias podem se rebater a outras residências de gabaritos e distribuição interna da planta dentro da comunidade, ou quem sabe até para outras favelas.
CORTE GERAL
148
Quarto
Banheiro
Quarto
Cozinha
Escada
Sala
Quarto
Privado
Público-privado
Tipologia 2
Quarto Quarto Sala
Quarto Quarto Cozinha
Tipologia 3
Cozinha Sala Quarto
Tipologia 4
Quarto Quarto Quintal Cozinha
Escada
Quarto Quarto Cozinha
Escada
Quintal
Escada
Tipologia 1
Sala
Tipologia 5
149
7.7 DESENHO URBANO COMO EXTENSÃO DA CASA O recorte utilizado para essa etapa da intervenção foi o da rua principal da comunidade, a Viaduto moreira da Rocha e da nova viela projetada na comunidade. Como dito anteriormente, as plantas das casas se comunicam com o meio urbano onde estão inseridas, seja na criação de janelas que abrem para esses espaços ou para a criação de espaços de uso comunitário dentro de seus lotes. Para potencializar esses espaços foi necessário a adoração de novos sistemas de urbanos para coleta das águas pluviais criando uma rede de biovaletas conectadas ao coletor central, que filtrará essa água para que seja direcionada para o recurso hídrico mais próximo. A paginação de piso escolhida, além de trazer maior dinâmica para o espaço público, com a demarcação dos limites de circulação, possui um coeficiente de absorção das águas para que também possa ser coletada. Para a escolha da vegetação, devido ao espaço reduzido da caixa viária optou-se por vegetações de pequeno porte que não ultrapassem os 5 metros de copa. E também foi levado em consideração adotar plantas regionais de fácil adaptação no solo da comunidade, e são elas Pau-Branco, Pitia e Coco Babão. Mobiliários e outros elementos de sombreamentos também se encontram espalhados pela intervenção, que será melhor detalhada nos subtópicos seguintes.
ALCANCE DA PROPOSTA
150
Legenda
N
Vizinho Vizinho
Vizinho
Vizinho
Corte 02
Vizinho
Vizinho
Pedra miracema Vermelha (30x15)
Placa drenante Cinza (30x50)
Composição de P. Mir. e concret.
Placa drenante Cinza (50x50)
Composição de P. Mir. e concret.
Pedra miracema rosa
Cobertura vegetal Placa drenante Cinza (20x50)
6
Vizinho 2
3
2 Árvore Pau-Branco (pequeno porte)
Corte 3
6
Vizinho
Paginação em fibra rígida
Árvore Pitia (pequeno porte)
1 1
conc. permeável bege claro(50x20)
4
Árvore Coco babão (pequeno porte)
Vizinho
Corte 01
5
3 4
Rua Viaduto Moreira da Rocha
Legenda 1. Pátio central 2. Horta 3. Biovaleta 1. Casa da Izabel 2. Casa da Marlene 3. Casa do Sérgio
4. Balizador 5. Elemento de sombra 6. Jardim de chuva 4. Casa da Ivoneide 5. Casa da Conceição 6. Casa da Silvia H.
5 0
2
4m
151
CORTE 01 (VIA PRINCIPAL)
1
1
Passeio Passeio 1,20 1,20
IMPLANTAÇÃO GERAL
Leito Leito carroçável Biovaleta carroçável Biovaleta 3,00 3,00 1,50 1,50 7,70 7,70
3
4
Secção
3
Planta
2
Planta
Secção
Dt. 01Dt. 01
2
4
Passeio Passeio 2,20 2,20
cortecorte 01 01
152
5
14 i= 2%
i= 2%
10 11 12 13
10 11 12 13
Detalhe 01 (Biovaleta) Detalhe 01 (Biovaleta) Legenda Legenda
1. Contenção em concreto 1. Contenção em concreto 2. Fiação pública enterrada 2. Fiação pública enterrada
3. Coletor de águas pluv. intermediário. 3. Coletor de águas pluv. intermediário. 4. Coletor pluvial conectado ao c. municipal 4. Coletor pluvial conectado ao c. municipal
de areia 1. Bloco premoldado em conc. permeável 2. Camada de fina areia fina 1. Bloco premoldado em conc. permeável2. Camada 4. Camada em brita 3. Camada de pó de brita 4. Camada em graduada brita graduada 3. Camada de pó de brita 6. Solo6.fértil organicos 5. Terreno natural Solo com fértilcompostos com compostos organicos 5. Terreno natural 8. Camada em areia grossa 7. Tubo de recolhimento de 100 mm 8. Camada em areia grossa 7. Tubo de recolhimento de 100 mm 10. Camada em areia 9. Camada em brita 10. Camada em fina areia fina 9. Camada em solta brita solta 12. Bloco premoldado em conc. permeável 11. Camada em areia fina 12. Bloco premoldado em conc. permeável 11. Camada em areia fina 14. Contenção em concreto moldado 13. Solo compactado 14. Contenção em concreto moldado 13. Solo compactado
CAPÍTULO 01 CAPÍTULO 02 CAPÍTULO 03 CAPÍTULO 04 CAPÍTULO 06
5
14
CAPÍTULO 07
1 2 3 4
6 7 86 97 8 9
CAPÍTULO 08
1 2 3 4
i= 2% i= 2%
CAPÍTULO 05
Para esclarecer melhor a intervenção aqui Os muros a esquerda, já que possivelmente posta, vale ressaltar que no trecho onde a não serão demolidos, foi agregado a intervenção está locada atualmente só possui proposta. Foram repaginados com a criação Parade esclarecer melhor intervenção aqui posta, vale ressaltar que no trecho onde onde ae jardins Para esclarecer melhor aa intervenção aquide posta, vale ressaltar que no trecho a 6,40 caixa viária, e apara implantação elementos de sombreamento intervenção está locada atualmente só possui 6,40 de caixa viária, e para a implantação intervenção atualmente só possui 6,40 deque caixa viária, e para a implantação dessa via, teria queestá ser locada utilizado pelo menos suspensos amenizam o calor durante o dessa via, teria que ser utilizado pelo menos 1,30 de terreno da antiga indústria de algodão via, queindústria ser utilizado pelo menos 1,30 de dentro terrenoda da comunidade. antiga indústria de algodão 1,30 dedessa terreno dateria antiga de algodão percurso E também a frente da comunidade. Que poderia ser doado por seus proprietários com o benefício de de a frente da comunidade. Que poderia ser doado por seus proprietários com o benefício a frente da comunidade. Que poderia ser viraram mural para artistas locais exporem flexibilização parâmetros urbanísticos para sua futuras obras noatravés local, ou mesmo com com flexibilização dos parâmetros urbanísticos paraarte futuras obras no local, ou até mesmo doado por seusdos proprietários com o benefício urbana doaté grafite a desapropriação de parte desse terreno já que o mesmo não cumpre com a sua função a desapropriação de parte urbanísticos desse terreno já que o mesmo não cumpre com a sua função de flexibilização dos parâmetros social na cidade. social na cidade. para futuras obras no local, ou até mesmo As biovaletas ( detalhe 01) aderidas ao projeto, com a desapropriação de parte desse terreno funcionam para filtrar e coletar toda a água sem pavimentação a Viaduto Moreira da Rocha agora possui paginação sem pavimentação a Viaduto Moreira da Rocha paginação jáAntes que oAntes mesmo não cumpredefinida, com definida, a sua função pluvial que escorre noagora meiopossui urbano durante para a circulação diferenciada entre carros e pedestres separadas por biovaletas com para a circulação diferenciada entre carrosoeperíodo pedestres por biovaletas com social na cidade. deseparadas chuva. Esse sistema funciona barreiras vegetais. Mesmo que separadas por cores, tudo foi posto no mesmo nível para barreiras vegetais. Mesmo que separadas por cores, tudo foi posto no mesmo nível para quando a inclinação da via escorre para essas priorizar a circulação de pedestres dentro da comunidade. priorizar a circulação de pedestres dentro valetas, da comunidade. Antes sem pavimentação definida, a Viaduto que funcionará como a boca de lobo Moreira da Rocha agora possui paginação do sistema convencional de coleta de águas Os muros a esquerda, já quejápossivelmente serão demolidos, foi agregado a proposta. muros a esquerda, que possivelmente nãoruas. serão demolidos, foi agregado a proposta. para aOs circulação diferenciada entre carrosnãodas Esse conjunto se diferencia por Foram repaginados com a criação de elementos de sombreamento e jardins suspensos que que Foram separadas repaginados com a criação de elementos sombreamento e jardins e pedestres por biovaletas com contardecom três camadas para suspensos a filtragem amenizam o caloroMesmo durante o percurso dentro dadessa comunidade. E também viraram muralabaixo, amenizam calor durante o percurso da comunidade. E também viraram mural barreiras vegetais. que separadas pordentro água, como mostra o esquema para artistas locais exporem sua arte urbana através do grafite. locais sua arte urbana através doa um grafite. cores, para tudo artistas foi posto no exporem mesmo nível para sobrepostas sistema de canos que ligarão priorizar a circulação de pedestres dentro da esse escoamento com o coletor central. comunidade.
153
CORTE 02 (VIELA)
3
1
4
Planta
Secção
2
Passeio 2,00
Biovaleta 1,50 4,50
Passeio 1,00
Corte 02
154
CAPÍTULO 01 CAPÍTULO 02
recebem o caimento de água da rua e sim das calhas dos telhados das casas. E neste projeto, a água recolhida por esse sistema tem a função de voltar para a cisterna da casa que poderá ser utilizada para regar plantas, lavar calçadas e utilizada no esgotamento sanitário.
CAPÍTULO 03
Para tornar o percurso nessa viela mais interativo, foi previsto a adoção de jardins verticais, painéis com arte urbana e parede de escalada para as crianças acessarem os telhados jardim projetados nas casas do Poço da Draga. Os jardins de chuva ( corte 03) se assemelham com as biovaletas, a diferença é que não
Corte 02 (Jd. de chuva) Legenda 3. Paginação em fibra perfurada 1. Paginação em concreto permeável 2. Coletor pluvial conectado ao c. municípal 4.. Biovaleta (ver detalhamento) 1. Coletor ligado a calha da casa 3. Ladrão 5. Brita graduada
CAPÍTULO 08
2 3 4 5 6
CAPÍTULO 07
CAPÍTULO 06
CAPÍTULO 05
1
CAPÍTULO 04
Designada apenas para o acesso pedonal, a viela projetada possui dois passeios de caixas diferentes um com 1,50 e outro com 1,00. Ambos possuem a mesma função, somente com paginação diferente, separadas por uma biovaleta com adição de árvores de pequeno porte.
2. Camada vegetal 4. Solo fértil com compostos orgânicos 6. Coletor pluvial
155
MOBILIÁRIO URBANO Os mobiliários projetados procuram ocupar pouco espaço no meio urbano devido ao porte da comunidade, por isso foram adotados mobiliários retráteis ou desmontáveis para serem utilizados apenas quando necessário. Já os que ficarão fixo no espaço, foram acoplados a eles outras funções, como a de iluminação noturna da comunidade.
1
2 3
4
Detalhamento banco fixo
5 Perspectiva banco fixo
Composição banco desmontável
Banco desmontável
156
CAPÍTULO 01
8 9
Legenda
Banco retátil em madeira
1. Capeamento em madeira ripada 2. Apoio em concreto moldado 3. Lâmpada t5 branca 4. Iluminação led embutida no piso 5. Vigota em concreto 6. Jardineira suspensa 7. Pergolado em madeira 8. Caixa em alumínio 9. Material refletor 10. Dobradiça metálica
CAPÍTULO 08
Balizador iluminado
CAPÍTULO 07
CAPÍTULO 06
10
CAPÍTULO 03
CAPÍTULO 02
Elemento de sombra
CAPÍTULO 04
7
CAPÍTULO 05
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FOTOMONTAGEM COMPARATIVA DA INTERVENÇÃO
FIGURA 61
Acima: Vista atual da Rua Viaduto Moreira da Rocha; Abaixo: Fotomontagem da via com as intervenções propostas. Fonte: Acervo pessoal do autor.
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CAPÍTULO 08
CAPÍTULO 07
CAPÍTULO 06
CAPÍTULO 05
CAPÍTULO 04
CAPÍTULO 03
CAPÍTULO 02
CAPÍTULO 01
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Fotomontagem comparativa da casa da Dona Marlene, antes e depois da reforma. Elaborada pelo autor
Considerações
Depois que a reforma termina
CAPÍTULO 07
CAPÍTULO 06
finais
CAPÍTULO 08
CAPÍTULO 05
CAPÍTULO 04
CAPÍTULO 03
CAPÍTULO 02
CAPÍTULO 08
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CAPÍTULO 01
Considerações Finais Onde vou morar? O que vai acontecer com minha casa? Um conjunto habitacional será construído? Dentro ou fora do terreno original da comunidade? São essas as incertezas do morador da favela quando se veem dentro das politicas de reurbanização do município. Levantando a questão posta no subtítulo das considerações iniciais desse trabalho, ‘‘onde queremos morar’’, o capítulo no qual encerra esse ciclo, tenta esclarecer essas questões postas diante dessa problemática. Essas politicas de reurbanização desconsideram o que foi construído na favela, e mais parecem está interessadas no terreno em qual a comunidade ocupa ou em ‘’padronizar’’ o tecido urbano, do que em melhorar as condições habitabilidade daquela favela. Por outro lado entende-se que as construções na favela, na maioria dos casos, são edificações insalubres que prejudicam a saúde dos seus moradores e do meio urbano onde vivem, e sim, necessitam ser assistidas pelas políticas habitacionais do município. Contudo a resposta para sanar esse problema não é demolir e construir uma nova em outro lugar, dessa forma o executor da obra desmereceria anos de luta daquele morador pelo seu espaço na cidade, e as conquistas que fez ao longo do tempo de expansão e melhoria da sua morada. Apesar deste trabalho não ainda não alcançar esse mérito, entende-se que a reforma da casa é um instrumento essencial para a regularização fundiária de uma comunidade
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que ainda não possui a propriedade da terra como é o caso do Poço da Draga. E os índices atingidos após a reforma, apesar de ainda não retratar fielmente a necessidade da comunidade, já que somente foram estudas seis residências, podem ser consideradas um ensaio para esse passo. É notório índices que alcançados, mostrados na tabela ao lado, são maiores que os da situação atual da casa, principalmente nos que se relacionam a massa construída do lote. O que abre um questionamento em relação de até onde a alta densidade das favelas são um problema para seus moradores e para a cidade que os acercam. Que pode ser melhor esclarecidas quando posta a frente da proposta aqui desenhada, já que foi criado um modelo superadensado, eficiente no ponto arquitetônico e bioclimático devido as metologias de projeto adotadas. Outro ponto nodal deste trabalho foi entender a importância de intervir nesses espaços de dentro para fora, ou seja, primeiramente se reforma a casa, e depois procura uma forma de interarticular seus limites com os espaços públicos a sua volta. Pois o ambiente residencial na favela não é limite do que se define espaço publico e sim parte dele. Por fim, reforçando o contexto desse capítulo, essa pesquisa ilustra que sim, o espaço construído da favela tem seu valor e ele deve ser levado em consideração para qualquer intervenção neste espaço.
CAPÍTULO 01 CAPÍTULO 02 CAPÍTULO 03 CAPÍTULO 04 CAPÍTULO 05 CAPÍTULO 06 CAPÍTULO 07 CAPÍTULO 08
TABELA 02 Dados de ocupação após melhorias propostas. Fonte: Elaborada pelo autor do Projeto.
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[…] Pode-se dizer que a favela é mais cidade que a própria cidade em que vivemos. Grande é a oportunidade de que este território informal, uma vez requalificado, venha a constituir um modelo a ser seguido pela dita cidade formal, oferecendo respostas a busca de melhores condições ambientais, urbanas e sociais.” Eduardo Pizarro Trecho retirado do capitulo final da sua dissertação de mestrado publicada em 2014
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morar no
Poço da
Draga a melhoria habitacional como forma de resistência