Arms 2(69) 2013

Page 1

2(69).2013

S U M Á R I O INTERNACIONAL

CASA EDITORA

2 Cooperação entre a Rússia e o Brasil

DIRETOR GERAL Valeri Stolnikov

ENTREVISTA DO DIA

VICE-DIRETOR GERAL Ilia Kolikov Serguei Matveev

4 Carlos António da Rocha Paranhos

REDATOR CHEFE Mikhail Khondoshko VICE-REDATOR CHEFE REDATOR CHEFE “ARMS” Alexandre Buharov REDATORES Maxim Khrustaliov Kirill Iablotchkine Dmitri Sergueev DESEHNO Maria Marakulina Olga Khrissanova Timofei Babkine WEB-GERENTE Maxim Iurkov PRINT GERENTE Anton Patsovsky GERENTE DE MARKETING Olessia Lazareva Fotos:

Circulação: 5000 A Revista está registada no Comité para Imprensa da Federação da Rússia. Certifi cado № 016692 de 20.10.1997. Certifi cado № 77-15450 de 19.05.2003. Nenhum material desta edição pode ser reproduzido em qalquer forma sem autorização escrita da Casa Editora. Os autores são responsáveis pelo conteúdo dos seus artigos. A opinião do pessoal da Casa Editora pode não coincidir com a dos autores. Os autores da publicidade são responsáveis pelo seu conteúdo.

COMPANHIAS E TECNOLOGIAS 10 Basalto Russo

MERCADOS MILITARES 14 A evolução do mercado de armas do Brasil 18 Venezuela – maior consumidor do armamento russo

TECNOLOGIAS DE PONTA RUSSAS 24 Sistema de mísseis e artilharia antiaéreo “Pantsir–S1” 28 Sistema de mísseis antiaéros “Buk” 34 Izhmash hoje e amanhã

COMBATE PELO CÉU BRASILEIRO 38 Futuro da FAB: «Rafale» ou «Gripen»?

ARMS, 2013 ENDEREÇO

P.O. Box 77, Moscow, 125057, Russia Tel.: + 7 495 459-90-72 Fax.: + 7 495 459-90-42 E-mail: press@a4press.ru Estrada Leningradskoie, 58/10 Moscovo, 125057, Russia

EDITORIAL

COOPERAÇÃO INTERNACIONAL 46 GLONASS reinforça posições no Hemisfério Ocidental

Passaram voando dois anos e estamos da volta na esposição LAAD 2013 no Brasil. Este país atrai qualquer russo. Desde a infância lembramos palavras dum nosso protagonista literário, que sustentou que o Rio foi um “sonho cor-de-rosa da minha infância”. Sim, ouvimos sobre o Brasil desde primeiros anos da vida e na verdade sonhamos de ir parar, mergulhar no oceano infinito e seleste, na praia Copacabana de quatro kilometros seguidos de extensão, observar o pôr do Sol ou romper de dia, sentando na areia dourada, admirar a flora exuberante, sufocante e sempre florestente. Nós, na Rússia, claro, temos mais neve, menos verdura e mar quente. Porém, sem detalhas, eu concordo com a definição do Brasil como a Rússia tropical. A essência desta expressão não está nas particularidades da natureza deste país, mas nas caraterísticas naturais dos brasileiros, em que nós, os russos, são muito semelhantes. Ou eles parecem connosco. Gostamos de passar também uma ou outra hora com os amigos, falando e bebendo cerveja, sem dúvida, depois dum dia do trabalho difícil, adoramos a discutir qualquer detalhe da política internacional ou da moda, e determinar exatamente o que é precisa para a vitória da seleção no campeanato de futebol. Afinal, a sabedoria popular de que a gente não pode ser um treinador da seleção brasileira de futebol, porque neste país existem 197 milhões de pessoas que, sem dúvida, sabem a melhor maneira de jogar - embora seja atribuída aos brasileiros, é também aplicável aos russos. Não posso competir com o Ernesto Hemingway e não pretendo descrever o carnaval brasileiro. Mas eu sei com certeza que milhares dos russos amelharam e gastam dinheiro enorme, acumulam dívidas apenas para ir neste tempo ao Brasil, tentar dançar o samba juntos com os profissionais, divertir-se com imprudência, e depois a Quresma não lhes assusta nada. A gente neste país é particularmente jovial, e interação entre as pessoas é a coisa mais importante. Não é pela primeira vez que estou no Brasil, mas como antes sinto-me aqui levemente e sem constrangimento, mesmo que haja muito trabalho na exposição. Com certeza, vamos trabalhar na exposição, ter increvelmente muitos encontros, debater e discutir alguma coisa extraordinariamete importante, mas vamos também comunicar, rir, brincar como cada brasileiro conhece desde a infância. O Brasil, eu estou contente de ver você de novo! Alexandre Buharov, Redator Chefe


INTERNACIONAL

COOPERAÇÃO ENTRE A RÚSSIA E O BRASIL

O

tema da cooperação militar-técnica entre os dois países foi discutido durante as negociações de Dmitry Medvedev primeiro com a Presidente do Brasil Dilma Rousseff em 20 de fevereiro de 2013, e depois, mais especificamente numa conferência com os ministros do Governo. O aumento da circulação de mercadorias russo-brasileira até 10 mil milhões de dólares e a promoção de parceria estratégica dos dois países estiveram no centro das negociações. O Ministério da Defesa do Brasil confirmou o interesse para os sistemas de defesa antiaérea russos “Igla” e “Pantsir-S1”. Por sua vez, a Universidade Nacional do Brasil e a companhia “Sistemas Espaciais Russas” demonstraram como pode-se desenvolver a cooperação sem formalismo: num dos edifícios universitários acomodou-se uma estação do sistema GLONASS (Sistema de Navegação Global por Satélite), que assegurará a precisão de posicionamento no hemisfério austral. 2

ARMS Defence Technologies Review

O Serviço Federal de Cooperação Militar-Técnica da Federação Russa e Ministério da Defesa do Brasil assinaram a Declaração de Intenções sobre a cooperação na área de defesa antiaérea. Na primavera de 2013 ambás as instituições começam negociações sobre a conlusão dum contrato para a aquisição pelo Brasil de sistemas antimísseis e também desenvolvimento conjunto de novos tipos das armas, tendo em conta a participação de companhias brasileiras no processo produtivo. Anteriormente, o Chefe do EstadoMaior Conjunto José Carlos de Nardi assinalou que o seu país está interessado na aquisição de três baterias de defesa antiaérea “Pantsir-S1” e duas baterias do sistema portátil antimíssil “Igla”. A bateria de “Pantsir-S1” inclui seis veículos com radares e rampas de lançamento (alcance 15-20 km). O contrato é estimado em 1 mil milhões de dolares, sendo que, de acordo com o Sr. de Nardi, o Brasil recebe-

rá as tecnologias de produção destes sistemas e também construirá uma usina no seu território. Como se sabe, o Brasil e a Rússia mantiveram negociações sobre o fornecimento do sistema de defesa antimíssil “Tor-M2E” desde 2009, mas a transacção não foi concluida. Em 2006, os brasileiros compraram à Federação Rússa um lote de sistemas portáteis de defesa antimíssil “Igla-C1” no valor aproximado de 20 milhões de dolares, e o protocolo, que foi assinado pela parte brasileira, preve a possibilidade da produção autorizada destes sistemas no território do Brasil. Além disso, em 2008 o Brasil comprou 12 helicópteros Mi35M, mas no ano passado o fornecimento do segundo lote destes maquinas foi adiada. Uma das condições de lecitações de compra que o Brasil promove actualmente é a transferência das tecnologias de montagem do armamento e material. Particularmente, em 2009 o Brasil comprou à França


INTERNACIONAL aviões de caça Rafale com a possibilidade de montagem no território do Brasil. O Brasil está interessado no desenvolvimento da sua própria indústria de defesa, e portanto tem uma intenção para chegar a um acordo com a Rúsuia sobre o desenvolvimento conjuto de novas armas, e também sobre a participação de companhias brasileiras nos processos de produção com a transferência de tecnologias completa. Durante a visita ao Brasil o primeiro ministro russo sublinhou, que a Rússia “está pronta a abrir as tecnologias, mas isso deverá ser um processo mutuamente vantajoso”. Sobre o interesse deste país latinoamericano na produção das armas próprias deste tipo diz o seguinte: de acordo com a imprensa brasileira, quase todos os países da OTAN têm em seu arsenal sistemas de defesa antiaérea de médio alcance, mas nenhum Estado da América Latina tem tais sistemas. Os sistemas de mísseis atiaéreos russos dispõem de sistema de pontaria e acompanhiamento de alvos dos quais o Brasil precisa tanto. Numa entrevista à companhia de televisão Globo o comandante da 1ª Brigada de Artilharia Antiaérea Márcio Heise deu a conhecer que no programa da modernização da defesa antiaérea brasileira tinha sido planejado investir 2.354 mil milhões de reais. Há também informação de que até ao fim de 2023 os investimentos de capitais do Brasil na área militar serão de 859.4 mil milhões. A questão de compra dos sistemas de defesa antiaérea russos foi levantada em dezembro do ano passado durante a visita da Presidente Dilma Rousseff à Rússia. Paralelamente, a brasileira Embraer espera criar uma empresa conjunta com a participação de companhias russas para a produção do sistema portátil de defesa antimíssil “Igla-S”. A fonte próxima dos organizadores da visita do Primeiro-Ministro russo em fevereiro do ano corrente também informou que a Embraer discutiria as possibilidades da conclusão do contrato sobre a produção dum avião de passageiros de percurso médio para as necessidades da Rússia. O General Jose Carlos de Nardi expressou uma opinião que os sis-

temas de defesa aérea russos seriam fornecidos ao Brasil até o início dos Jogos Olímpicos. “Em termos de garantia de segurança nossa aflição principal não é o Campeonato Mundial de Futebol, que terá lugar numa cidade, mas precisamente os Jogos Olímpicos, que serão realizados nas diferentes regiões do nosso país”, declarou o General. Porém, como esclareceu-se, ausência no arsenal da defesa aérea do Brasil de sistemas de defesa antimíssil de médio alcance constitui um problema também em termos de garantia de segurança do Campeanato Mundial de Futebol em 2014, sobre que a FIFA espressou sua inqueitação. Falando sobre os termos do fornecimento dos sistemas de defesa aérea russos, o Chefe do Estado-Maior Conjunto do Brasil manifestou, que seria necessárioa mais tempo para aperfeiçoamento do contrato, e também para lançar a fabricação dos engenhos nas empresas russas. Ao mesmo tempo, o vice-presidente Michel Temer declarou, que seria necessário apenas resolver o assunto “de dinheiro”. Numa entrevista para a “Voz da Rússia” Celso Amorim por sua vez informou: “Há ainda muitos assuntos por resolver, tais como aspetos financeiros, problemas orçamentais e dificuldades, associadas à transferência de tecnologias”. Isso indica, que o Brasil não está com pressa a abrir portas para o

Kremlin, mas ao mesmo tempo quere receber tecnologias russas. Neste contexto é necessário mencionar, que o Brasil na sua aspiração de desenvolver a produção nacional retomou recentemente aquisições de armamento estrangeiro, porém formulando a transferência de tecnologias modernas como uma condição obrigatória. Depois da visita à Rússia da Presidente Rousseff e Ministro de Defesa Celso Amorim, uma delegação composta de representantes do Alto Comando Militar e empresários brasileiros visitou empresas russas para conhecer a produção e apresentar à Chefe de Estado um relatório detalhado sobre as características técnicas dos sistemas russos. Agora o Brasil conta com seis divisões de artilharia antiaérea, baseadas em diferentes regiões do país e armadas com sistemas de mísseis “Igla-S” (o alcance até 3 km), Periodistas brasileiros são unánimes, o assunto principal da cooperação bilateral militar é o do preço, que o Brasil está pronto a pagar. “Não faz nenhum sentido transferir tecnologias e perder dinheiro. Mas se se trata de empresas juntas que beneficiam tanto a Rússia, como o Brasil, se em resultado do uso conjunto das tecnologias todos nós recebemos algum dinheiro, isso é normal”, assinalou o PrimeiroMinistro russo.

Encontro do Primeiro-Ministro russo Dmitry Medvedev e a Presidente brasileira Dilma Rousseff

2(69).2013

3


ENTREVISTA DO DIA

CARLOS ANTONIO DA ROCHA PARANHOS EMBAIXADOR DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL JUNTO À FEDERAÇÃO DA RÚSSIA

O

Embaixador do Senhor ocupa a funBrasil CARLOS ção de Chefe da repreANTONIO DA sentação diplomática ROCHA PARANHOS brasileira na Rússia concede entrevista ao Redator-Chefe desde 2008. Portanto, qual é a sua da Revista “ARMS” opinião sobre a dinâmica do deAlexandre BUHAROV senvolvimento das relações entre a República Federativa do Brasil e a Federação Russa? As relações bilaterais entre Brasil e Rússia vivem momento especial. Nos últimos anos, o engajamento das mais altas autoridades nos dois países, das 4

ARMS Defence Technologies Review

respectivas burocracias estatais, comunidades empresariais e sociedades como um todo vêm possibilitando que se logre avançar com grande êxito no desafio de conferir concretude ao compromisso mútuo com o aprofundamento da Parceria Estratégica. Nesse período, as visitas e encontros bilaterais tornaram-se freqüentes, contribuindo para que se desenvolva a percepção, tanto no Brasil como na Rússia, de que a relação é mesmo estratégica, por se trata-

rem de dois dos principais atores das relações internacionais com grande coincidência de interesses no cenário contemporâneo. Apenas para mencionarmos encontros entre os mais altos mandatários ocorridos nos últimos anos, podemos recordar que, em novembro de 2008 ocorreu a primeira visita do Presidente Dmitri Medvedev ao Brasil; que em junho de 2009, o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva viajou a Ecaterimburgo para participar da 1ª


ENTREVISTA DO DIA Reunião de Cúpula do então BRIC; que em maio de 2010 o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva visitou oficialmente Moscou; que em maio de 2011, o Vice-Presidente Michel Temer visitou Moscou; que em março de 2012, a Presidenta Dilma Rousseff encontrou-se com o Presidente Dmitri Medvedev à margem da IV Cúpula dos BRICS, em Nova Delhi; que em junho de 2012, a Presidenta Rousseff e o Presidente Putin mantiveram encontro à margem da Reunião do G20, em Los Cabos no México; enquanto o atual Primeiro-Ministro Medvedev, reuniu-se com o Sr. Vice-Presidente Michel Temer também em junho de 2012, no Rio de Janeiro, à margem da Conferência Rio+20; que em dezembro de 2012, a Presidenta Dilma Rousseff realizou sua primeira visita oficial à Rússia; e que, o PrimeiroMinistro Dmitri Medvedev esteve no Brasil entre 19 e 21 de fevereiro último, por ocasião da VI CAN (Reunião da Comissão Brasileiro-Russa de Alto Nível de Cooperação). A agenda de cooperação desenvolvida, na esteira dos encontros de alto nível, possibilitou a assinatura de importantes acordos bilaterais. O amplo arco de temas desenvolvidos oferece a justa medida do grau de ambição para a Parceria Estratégica que se está logrando desenvolver, com resultados palpáveis para as duas sociedades. Foram assinados instrumentos, vinculando os dois países, em áreas como, entre outros, Cooperação Científica e Tecnológica; Cooperação no Campo do Uso da Energia Nuclear para Fins Pacíficos; Proteção Mútua de Tecnologia Associada à Cooperação na Exploração e Uso do Espaço Exterior para Fins Pacíficos; Proteção Mútua da Propriedade Intelectual e Outros Resultados da Atividade Intelectual Utilizados e Obtidos no Curso da Cooperação TécnicoMilitar Bilateral; Cooperação no Campo da Segurança Internacional da Informação e da Comunicação; Cooperação, Intercâmbio de Informação e Assistência Mútua no Âmbito do Sistema Geral de Preferências; Cooperação na Área de Modernização da Economia; Cooperação na Área de Empresas de Pequeno e Médio Porte; Acordo sobre Requerimentos Fitossanitários pa-

ra Trigo, proveniente da Federação da Rússia para a República Federativa do Brasil; Acordo sobre Cooperação em Defesa; Cooperação em Defesa Antiaérea; e Cooperação em Matéria de Governança e Legados Relativos à Organização de Jogos Olímpicos e Paraolímpicos e Copas do Mundo FIFA. Com a finalidade de conferir coordenação a essa ampla gama de iniciativas, foram também assinados o Plano de Ação da Parceria Estratégica e, mais recentemente, sua segunda versão, o Plano de Ação da Parceria Estratégica: Próximos Passos. Os encontros de alto nível e a ampla agenda desenvolvida não ocorreram em prejuízo, mas antes, reforçaram a concertação da atuação dos dois países em foros internacionais. Nesse período, assistiu-se à consolidação do agrupamento BRICS, bem como ao incremento da cooperação no âmbito do G-20. Brasil e Rússia compartilham do interesse na construção de uma ordem internacional mais justa e equilibrada, o que se fará, entre outras formas, pela reforma das instâncias decisórias internacionais. Nesse sentido, verifica-se grande coincidência nas aspirações e propostas dos dois países para a governança do mundo contemporâneo. Essa identificação de perspectivas se reflete, muitas vezes, em apoios mú-

Lavrov visitará o Brasil, onde terá reunião de trabalho e posteriormente jantar oferecido pelo Chanceler Antonio Patriota. Na ocasião, os Ministros terão oportunidade de passar em revista a agenda bilateral e temas da agenda internacional, como por exemplo questões que a Rússia terá tido a oportunidade de explorar em sua Presidência do Conselho de Segurança da ONU em março corrente. Outro compromisso já agendado é a visita da Presidenta Dilma Rousseff a São Petersburgo em setembro para participar do VIII Encontro de Cúpula dos Países do G20. A quota da Rússia no comércio exterior do Brasil é de 1,27% (conforme dados de Janeiro-Dezembro 2012). No citado período, a rotatividade comercial russo-brasileira totalizou $ 2,790 bilhões e a Rússia ocupou, em 2012, o 19º lugar na estrutura do comércio exterior brasileiro contra o 14º, em 2011. Diante dessa tendência decrescente do comércio bilateral, quais seriam as opções para se alterar este cenário? Primeiramente, é preciso esclarecer que há certa discrepância nos dados sobre o comércio bilateral entre o Brasil e a Rússia, em função de metodologias diferentes adotadas pelos órgãos competentes nos dois países.

“O MAIS IMPORTANTE É QUE O BRASIL NÃO QUER SER MERO COMPRADOR DE PRODUTOS TERMINADOS E, POR ISSO, ATRIBUI GRANDE IMPORTÂNCIA À INCORPORAÇÃO DE TECNOLOGIAS. A RÚSSIA ENTENDE A POSIÇÃO DO BRASIL QUANTO À QUESTÃO TECNOLÓGICA” tuos. Exemplo recente é a reafirmação, pelo Presidente Vladimir Putin, do apoio da Rússia ao Brasil como um forte candidato a um assento permanente num Conselho de Segurança da ONU reformado. Há previsão de novos encontros bilaterais no futuro próximo. Em junho, por exemplo, o Chanceler Sergei

Segundo as estatísticas brasileiras, elaboradas pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, o fluxo comercial bilateral acumulado em 2012 foi de US$ 5,9 bilhões, com superávit de US$ 350 milhões para o Brasil. Esse total é em torno de 17% menor do que os resultados de 2(69).2013

5


ENTREVISTA DO DIA ro russo Mi-35. Atualmente, temos os projetos de aquisição do sistema antiaéreo Pantsir-S1, por exemplo. Ressalto, no entanto, que o Brasil não tem interesse em meramente adquirir produtos de defesa russos, e sim cooperar, elaborar projetos conjuntos e privilegiar trocas de tecnologias avançadas. Dessa forma aumentaremos não só o volume quanto o valor agregado da pauta comercial bilateral, sem prejuízo da continuidade das importantes trocas de produtos primários.

2011, quando se atingiu US$ 7,1 bilhões em trocas comerciais entre os dois países. A queda do ano passado se deu principalmente por questões fitossanitárias que dificultaram a exportação brasileira de carnes. Em paralelo, é preciso sublinhar que a Rússia desenvolve importante projeto de segurança alimentar e autosuficiência, algo que o Brasil respeita. Certamente, essa situação causa preocupação ao Governo do Brasil, mas temos confiança no potencial da parceria estratégica que temos, na amizade entre os dois povos e na complementaridade entre as duas economias. Citarei exemplos concretos nesse sentido. É sabido que o comércio BrasilRússia ainda é muito concentrado em produtos básicos. O Brasil vende sobretudo carnes e açúcar (90% do total), enquanto a Rússia nos exporta principalmente fertilizantes e combustíveis. Queremos agregar valor à pauta bilateral e o setor de defesa é justamente um dos que goza de maior potencial de desenvolvimento. Basta recordar que o Brasil adquiriu recentemente 12 unidades do helicópte6

ARMS Defence Technologies Review

O Chefe do Governo russo Dmitri Medvedev esteve no Brasil, em fevereiro último, em visita oficial, ocasião em que se encontrou com a Presidenta Dilma Rousseff. Quais serão as contribuições desse recente contato de alto nível para o relacionamento bilateral? A visita deu continuidade ao caminho trilhado pelas relações bilaterais nos últimos anos e em especial ao programa do Plano de Ação da Parceria Estratégica: Próximos Passos, assinado durante a também ainda recente visita de Estado da Presidenta Dilma Rousseff a Moscou, em dezembro de 2012. Importantes progressos foram, contudo, alcançados desta feita, e vale realizar um breve registro dos resultados mais concretos. Consciente de que o adensamento das relações postula novos desafios, os dois Governos reconheceram que ainda há importante caminho a ser percorrido para que o comércio bilateral alcance o seu pleno potencial. As trocas comerciais entre o Brasil e a Rússia atingem hoje cerca de US$ 5,9 bilhões e o objetivo é alcançar, em prazo relativamente curto, US$ 10 bilhões. Como observou o próprio Primeiro-Ministro Medvedev em entrevista a jornal brasileiro, o objetivo não é demasiadamente ambicioso, se consideramos que o intercâmbio comercial da Rússia com a China é hoje de cerca de US$ 100 bilhões. Ao lado dos projetos já em andamento, foram colocadas em marcha iniciativas nos setores de energia, infraestrutura, cooperação industrial e altas tecnologias. Há também uma atenção especial voltada às possibilidades de cooperação para a modernização dos parques industriais de ambos os países.

Os mandatários colocaram grande ênfase na identificação de novas oportunidades comerciais, a fim de diversificar as pautas de exportação e importação, ampliar a parcela de bens de alto valor agregado, e incentivar a aproximação entre empresários brasileiros e russos. Nesse sentido, destaque-se o trabalho, já em pleno andamento, desenvolvido pelos Conselhos Empresariais Rússia-Brasil e Brasil-Rússia e a realização do II Fórum Empresarial Brasil-Rússia, em Salvador, nos dias 18 e 19 de fevereiro do ano corrente. Outro aspecto fundamental para a dinamização do intercâmbio econômico entre os dois países é a estreita cooperação técnica entre o Banco Nacional de Desenvolvimento e Comércio Exterior (BNDES) e o Banco de Desenvolvimento e Atividade Econômica Exterior da Rússia (Vneshekonombank), com base em Memorando de Entendimento assinado em 2008. Esse acordo já permite a concessão de linhas de crédito em moeda local para financiamento de projetos de investimentos e incentivo às operações de exportação. Cumpre mencionar igualmente a certificação pelo governo Russo de dois modelos de aeronaves produzidos pela Embraer. Esse acordo abre caminho para que a empresa brasileira contribua para a atualização da frota de aeronaves regionais russa, pauta de comércio intensiva em tecnologia e de alto valor agregado. Como um dos resultados da visita do PM Medvedev, sobressai a formalização da parceria em torno do projeto Ciências sem Fronteiras. O Governo brasileiro pretende, através do programa, ampliar exponencialmente o intercâmbio internacional do acadêmico-científico no país, com o envio de 100 mil pós-graduandos ao exterior, no prazo de 4 anos. Nesse contexto, deseja-se conferir à academia russa especial destaque na implementação do Programa, com o envio de estudantes brasileiros à Rússia, bem como de pesquisadores russos ao Brasil. Também está previsto o estímulo ao setor privado com vistas a viabilizar estágios profissionalizantes. Nesse mesmo sentido, foi alcançado importante resultado na área de cooperação espacial, a inaugura-


ENTREVISTA DO DIA

ção de estação de referência de correção diferencial do sistema de localização GLONASS no Brasil. Na ocasião da visita do Primeiro-Ministro, foi assinado contrato entre a Fundação Universidade de Brasília e a "Corporação de Pesquisa Científica e Produção "Sistemas de Medição Precisa" (OAO NPK SPP)” para instalação, uso e pesquisa da Estação Óptica (EO), equipada com Estação de Medição Unidirecional (OWS) MS GLONASS – (Sazhen-TM-OWS) no Brasil. Outro tema relevante é o desenvolvimento de projetos de cooperação em áreas como nanotecnologia e usos pacíficos da energia nuclear. Nesse sentido, vale mencionar a recente visita do Embaixador Ulianov a Brasília, para participar da II Reunião do Diálogo sobre Desarmamento e Não-Proliferação. Na seqüência o Embaixador seguiu para o Rio de Janeiro, onde visitou a ABACC (Agência Brasileiro-Argentina de Contabilidade e Controle de Materiais Nucleares). A visita do PM Medvedev serviu ainda para o desenvolvimento de iniciativas em setores fundamentais para a pauta comercial bilateral. O Comitê Agrário Brasil-Rússia avan-

çou em temas como o intercâmbio de experiências em modelos produtivos integrados na indústria de carnes. O Brasil mantém a posição de principal fornecedor de carne à Rússia e concordou com a recente exigência da parte russa de produzir carne sem a utilização da substância ractopamina. Deve ser mencionada também o atendimento de antiga reivindicação russa de concessão de cota de 1 milhão de toneladas, que estarão isentas da tarifa de 10% cobrada aos países de fora do Mercosul sobre a importação do trigo. A cota terá validade de abril a julho do ano corrente. Em paralelo, autoridades russas na área agrícola comprometeram-se com a adoção de procedimentos fito-sanitários e administrativos que vão facilitar a importação da soja brasileira. Também na área de energia, avançou-se na parceria entre empresas de ambos os países para a exploração de petróleo e gás natural na Bacia do Rio Solimões no Brasil. As empresas russas estão sendo estimuladas a tomar parte em rodada de licitação de concessões para exploração de petróleo e gás, que irão ocorrer brevemente

em meu país e envolverão blocos de 9 Bacias Sedimentares brasileiras. Gostaria de mencionar, por fim, a cooperação em cultura e esporte, voltada à intensificação da parceria entre os dois países no contexto da realização dos Mundiais de Futebol da FIFA no Brasil, em 2014, e na Rússia, em 2018; dos XXII Jogos Olímpicos de Inverno em Sochi, em 2014, e dos XXXI Jogos Olímpicos de Verão no Rio de Janeiro, em 2016; da Universíade 2013 em Kazan; e da Copa das Confederações FIFA 2013. Na visita do Primeiro-Ministro Medvedev foi aprovado plano de ação Plano de Ação com vistas à implementação do Memorando de Entendimento sobre Cooperação em Matéria de Governança e Legados Relativos à Organização de Jogos Olímpicos e Para-olímpicos e Copas do Mundo FIFA. Esse acordo possibilitará a intensificação do intercâmbio de visitas de representantes de órgãos das respectivas administrações públicas, o que objetiva de promover trocas de informações, de experiências e de boas práticas nas áreas relativas à organização, preparação e realização de grandes eventos esportivos. 2(69).2013

7


ENTREVISTA DO DIA Sobre as relações na área técnico-militar, como o Senhor avalia os contatos entre o Brasil e a Rússia neste domínio? As relações entre o Brasil e a Rússia na área técnico-militar adquiriram maior importância na agenda bilateral a partir da criação de adidâncias militares junto às respectivas Embaixadas, o que ocorreu em 1995, no caso da Embaixada do Brasil em Moscou. Mas somente a partir de 1999, quando os dois países realizaram a primeira reunião da Subcomissão de Cooperação na Área Técnico-Militar, que se passou a verificar aumento significativo nos contatos entre representantes dos respectivos Ministérios da Defesa. Diante da importância desses contatos políticos para a construção da confiança, a avaliação dos interesses mútuos e a superação de eventuais obstáculos , em 2002, o então Ministro da Defesa do Brasil, Geraldo Quintão, visitou Moscou, ocasião em que foi assinado com a Rússia o “Memorandum de Entendimento sobre Cooperação na Área TécnicoMilitar”. Em abril de 2003, missão russa participou da quarta edição da feira latino-americana de exposições de tecnologias de defesa (“LAD/2003 – Latin America Defentech”, no Rio de Janeiro) e, em outubro de 2003, o então Ministro da Defesa russo, Serguei Ivanov, realizou visita ao Brasil. Desde então, Brasil e Rússia assinaram uma série de acordos bilaterais com o objetivo de criar o arcabouço jurídico necessário para o desenvolvimento de iniciativas que envolvam aquisição de equipamentos de uso militar, transferência tecnológica, uso de propriedade intelectual, treinamento militar e conhecimento das respectivas doutrinas militares. Dentre esses instrumentos bilaterais, recordo que na visita da Senhora Presidenta da República Dilma Rousseff à Rússia, em dezembro de 2012, foi assinado o “Acordo sobre Cooperação em Defesa” que estabelece marco jurídico para que os Ministérios da Defesa de ambos os países realizem diversas atividades como visitas mútuas, exercícios militares conjuntos e intercâmbio de instrutores e alunos de instituições militares, inclusive nas áreas 8

ARMS Defence Technologies Review

de medicina e cultura militar. O referido Acordo deverá funcionar como “acordo guarda-chuva” dos demais Acordos já assinados na área de defesa. Ações conjuntas na área técnico-militar estão, igualmente, previstas no Plano de Ação da Parceria Estratégica bilateral, adotado em 2010 e atualizado em 2012. Como um dos resultados da maior aproximação entre Brasil e Rússia na área técnico-militar, destaco a compra pelo Brasil de 12 helicópteros MI35, cuja entrega foi escalonada em 4 Lotes. A aquisição desses equipamentos russos foi emblemática, pois, as negociações desse contrato e os contatos mantidos entre especialistas de ambas as Forças Aéreas agregaram elementos de confiança na relação bilateral. Verificou-se também aumento dos contatos de representantes do Ministério da Defesa do Brasil e empresários brasileiros com as empresas russas relacionadas com o comércio de equipamentos de uso militar, como a “Rosoboronexport” e a “Russian Technologies”. Em 2012, por exemplo, esteve na Rússia delegação do Ministério da Defesa do Brasil com o objetivo de visitar a fábrica dos helicópteros. Posteriormente, também estiveram na Rússia comitivas do Ministério da Defesa para conhecer sistemas de defesa antiaérea. A cooperação com a Rússia em matéria de defesa oferece inegáveis oportunidades de parte a parte, tanto pelo objetivo de diversificar e ampliar a pauta comercial bilateral, quanto pelo potencial de complementaridade de interesses: de um lado, uma crescente capacidade de investimento brasileira, em contexto de redimensionamento de nosso aparato de defesa; de outro, o “know-how” de especialistas russos, ciosos por diversificação com parceiros duradouros e confiáveis, sobretudo se considerarmos a convergência política dos BRICS. Quais foram as impressões dos representantes do Alto Comando Militar do Brasil, que visitaram e planejam realizar novas visitas à Rússia, acerca da indústria militar russa? As visitas realizadas por representantes do Ministério da Defesa do Brasil contribuíram para que as auto-

ridades brasileiras adquirissem maior conhecimento do mercado fornecedor russo de equipamentos militares. Esse intercâmbio de especialistas é primordial para o fomento da confiança nos negócios. Além disso, em todas as visitas, militares brasileiros tiveram oportunidade de conhecer as fábricas e também de avaliar in loco a eficiência dos equipamentos russos. Em todas as ocasiões em que mantive contato com as delegações do Ministério da Defesa, foram-me transmitidas avaliações positivas sobre os mais diversos tipos de equipamentos militares. Como exemplo, os helicópteros russos são considerados robustos e adequados para uso em ambientes hostis, o que é de interesse para um país como o Brasil que, com o objetivo de explorar o petróleo em águas profundas na costa brasileira, necessita de equipamentos de vôo com maior autonomia que permita acesso a áreas distantes e remotas e, muitas vezes, em circunstâncias climáticas adversas. Avalia-se que os russos têm cumprido satisfatoriamente as etapas contratuais, nada ficando a dever, por exemplo, em relação a empreendimentos semelhantes efetuados entre o Brasil e países ocidentais. Outro ponto a ser ressaltado é a economicidade dos helicópteros, tanto pelos preços competitivos de mercado quanto para a manutenção desses equipamentos. Já tive a oportunidade também de receber essas avaliações positivas de empresários brasileiros que trabalham com helicópteros russos, como, por exemplo, a empresa Atlas Táxi Aéreo que já opera helicópteros russos de múltiplas funções de médio porte – modelo Mi-171A1 – e, em dezembro último, assinou contrato para a aquisição de novos equipamentos de transporte civil, modelo Ka-62. O mais importante é que o Brasil não quer ser mero comprador de produtos terminados e, por isso, atribui grande importância à incorporação de tecnologias. A Rússia entende a posição do Brasil quanto à questão tecnológica. O Brasil tem-se dedicado a aperfeiçoar a defesa nacional com a finalidade de combater possíveis desafios militares e paramilitares. Por


ENTREVISTA DO DIA que o Brasil, como outros países, ao comprar armamentos estrangeiros, atribui importância especial à questão da transferência tecnológica? Tiveram ou não êxito estas iniciativas do Brasil? O Brasil está interessado em estabelecer cooperação de longo prazo, com base no princípio da transferência de tecnologia, no estabelecimento de parcerias industriais e em programas de formação e aprendizado. Nesse sentido, o Governo brasileiro tem priorizado projetos que prevejam o desenvolvimento conjunto de equipamentos de alta tecnologia, não apenas a transferência tecnológica. Como exemplo, recordo o Acordo entre o Brasil e a França para o desenvolvimento de submarino com propulsão nuclear que prevê a transferência de tecnologias de projeto e construção, o que permitirá à Marinha do Brasil abreviar as etapas de desenvolvimento da parte não-nuclear do submarino. A importância da transferência tecnológica também persiste no caso de compra de equipamentos, tendo em vista a necessidade de manutenção e reposição de peças. Esses serviços de pós-venda são essenciais para o prolongamento do tempo de utilização dos equipamentos e demandam acompanhamento de técnicos e especialistas dos fabricantes. Daí a reiterada solicitação das autoridades brasileiras em ter acesso irrestrito às informações dos equipamentos, de modo a agilizar e viabilizar a realização da manutenção dos equipamentos em território brasileiro e por técnicos brasileiros habilitados. Para o Brasil é importante o desenvolvimento conjunto de novas tecnologias e a compra do sistema de defesa antiaérea é emblemática, pois, está prevista a participação de empresas brasileiras no desenvolvimento de partes desse sistema. Durante a visita ao Brasil do Primeiro-Ministro Dmitri Medvedev, foi abordada a questão das futuras compras de material bélico russo. Foram mencionados, entre outros, sistemas anti-aéreos “Pantsir-S1”, mísseis anti-aéreos portáteis “Igla” e alguns outros. Segundo informações de que

dispomos, as negociações sobre a conclusão destes contratos deverão ser finalizar neste semestre. Qual é a situação neste momento? Esse tema tratado durante a visita do Primeiro-Ministro Medvedev ao Brasil é, de fato, desdobramento de entendimentos que já vem sendo mantidos entre autoridades do Ministério da Defesa do Brasil e fabricantes de equipamentos militares russos. Em outubro de 2012, comitiva do Exército brasileiro realizou visita à Rússia com o objetivo de discutir possibilidades de fabricação conjunta do Sistema “Igla-S” no Brasil e conhecer sistemas de defesa antiaérea como o “ANTEY 2500”, “Igla-S”, “Djiguit”, “Streletz” e “Pantcir–S 1”. É importante recordar que as Forças Armadas brasileiras utilizam, desde 1994, os mísseis portáteis russos IGLA e, portanto, é interessante para o Brasil aprofundar essa parceria. A Rússia não foi o único fornecedor de equipamento militar explorado pelo Ministério da Defesa do Brasil; no entanto, a avaliação positiva dessa visita contribuiu para que o tema fosse retomado pelo Ministro Celso Amorim em dezembro último, durante a visita presidencial à Rússia. Em janeiro último, comitiva de Generais chefiada pelo Chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas esteve na Rússia para avaliar e iniciar as negociações par a compra de sistema de defesa antiaérea. Durante a visita ao Brasil do Primeiro-Ministro Medvedev, foi realizada reunião da Subcomissão para Cooperação Técnico-Militar, em que foi confirmado o interesse brasileiro no desenvolvimento conjunto, com transferência de tecnologia efetiva e irrestrita, de baterias antiaéreas, com base nos sistemas russos Pantzir S1 e IGLA-S. Foi também criado Grupo de Trabalho do lado brasileiro que se dedicará a coordenar as medidas necessárias para a implantação de Sistema de Defesa Antiaérea. O próximo passo será o inicio da negociação contratual com o lado russo. Recordo que o reaparelhamento do sistema de defesa antiaéreo do Brasil é uma das prioridades da Estratégia Nacional de Defesa, que determina que o país adquira a ca-

pacidade de operar artilharia antiaérea de médio alcance. Atualmente, a artilharia antiaérea no Brasil já tem mais de 35 anos. Além da necessidade de modernizar o sistema de defesa antiaéreo no Brasil, ressalto que é pré-requisito dos Comitês internacionais da Copa do Mundo e das Olimpíadas, competições esportivas que serão sediadas pelo Brasil em 2014 e 2016, respectivamente, que o país-sede possua artilharia antiaérea de médio alcance. Diante desse cenário que o Governo brasileiro iniciou, em 2011, elaboração de estudo de viabilidade que indica os interesses nacionais e os requisitos necessários para a consecução desse projeto. Portanto, em termos financeiros, o Governo brasileiro já havia estimado previsão de investimentos nesse setor, mas a modalidade de financiamento e as formas de pagamento ainda estão sendo analisadas. Qual o mais importante resultado que possa ter a Feira LAAD 2013 tanto para o Brasil como para expositores estrangeiros? Sendo a maior feira de defesa e segurança da América Latina, a LAAD oferece oportunidade de maior representatividade do setor industrial de defesa não só do Brasil, mas também dos países da região. Como ponto de encontro de empresas nacionais e internacionais que desenvolvem projetos e equipamentos para diversos setores tecnológicos voltados para as áreas de defesa e segurança, a LAAD propicia a criação de dinâmica de negócios entre empresas nacionais e internacionais. No entanto, o evento não se esgota na compra e venda de equipamentos. Será oportunidade para que os participantes mantenham contatos com altas autoridades do governo, conheçam empresas fornecedoras e tenham acesso ao que de mais representativo existe em termos de equipamentos e serviços dos setores de defesa e segurança desenvolvidos por diversos países. Desejo sucesso ao evento, em particular aos expositores brasileiros que poderão demonstrar os avanços empreendidos pelo Brasil no desenvolvimento de equipamentos de alta tecnologia. 2(69).2013

9


COMPANHIAS E TECNOLOGIAS

BASALTO RUSSO

Vice-Chefe do Governo da FR e Membro da Comissão Militar-Industrial, Dmitri Rogozine (à esquerda), e Diretor-Geral da Embresa Estatal Unitária “Tecmash”, Serguei Russakov

10

ARMS Defence Technologies Review


COMPANHIAS E TECNOLOGIAS

О

conjunto industrial-científico “Bazalt” (em português – “Basalto”), a empresa bélica principal da Federação Russa especializada no fabrique e fornecimento de armas e munições para o Tropas Terrestres, Forças Aéreas e Marinha participa na IX Feira Internacional de Defesa e Segurança (LAAD Defence & Security 2013). O conjunto industrial-científico “Bazalt” apresenta as amostras de munições e as de material de guerra. O conjunto industrial-científico “Bazalt” é um centro principal que produz todos os tipos de bombas aéreas não-guiadas, obuses de várias destinnações de todos os tipos e calibres, bazookas antitanque e anti-subversivas, granadas de mão ofensivas e defensivas, bem como munições não letais. “Bazalt” é uma das empresas de defesa mais antigas na Rússia, cuja história iniciou em 1916. Actualmente SAA CIC “Bazalt” é o principal e o único elaborador da documentação técnica, detentor dos originais destes documentos e titular da propriedade intelectual de munições produzidas em série no interesse do Ministério da Defesa da Rússia. Entre eles:

■■ Forças Aéreas – bombas aéreas

não-guiadas de todos os tipos e calibres. ■■ Tropas Terrestres – bazookas para o combate corpo a corpo, granadas de mão, obuses de todos os tipos e calibres, projécteis de artilharia autopropulsionada (“Nona”, “Vena” etc.) ■■ Marinha de Guerra – lançagranadas anti-subversivos. Mais que 800 tipos de munições elaborados pelo “Bazalt” foram postos em serviço nas FA´s pelo Ministério da Defesa da Rússia. O conjunto industrial-científico “Bazalt” tem o direito a comercializar produção militar no mercado externo, particularmente, fornecer peças sobressalentes, grupos de máquinas, blocos, aparelhos e peças assessórias. Tambem pode vender produtos de caráter especial, de instrução ou de apoio. O director geral do CIC “Bazalt” é o Sr. Vladimir Anatolievich Porkhachiov. O CIC “Bazalt” faz parte do Consórcio industrial-científico “Tecnologias de construção de máquinas“ (SAA CIC “Tecmash”). Esta grande unidade industrial foi fundada em 2011 pela Corporação Estatal “Rostekhnologii” (Rostech).

Do Consórcio fazem parte dezenas de usinas e instituições científicas. A SAA CIC “Tecmash” é o gerente de empresas na área de fabrico de munições e de química especial, nomeadamente, os mundialmente conhecidos produtores de munições para tanques T-90, veículos de combate de infantaria BMP-3, obuses autopropulsados “Msta” e lança-foguetes múltiplos “Uragan” e “Smerch”, artilharia e aviação navais, morteiros, bazookas etc. As organizações do Consórcio são responsáveis por todas as fases de fabrique das armas – desde o conceito até ao produto final e seu fornecimento ao cliente. O Consórcio tem tambem direito a prorrogar o prazo de exploração do produto e garantir a sua reciclagem no caso de necessidade. A SAA CIC “Tecmash” pratica as suas atividades comerciais no exterior com a assistência do intermediário nacional – empresa “Rossoboronexport”. Entre os principais clientes figuram repúblicas da ex-URSS, países do Médio Oriente, Ásia Central, Suleste Asiático, África do Norte e América Latina – no total mais de 30 países..

2(69).2013

11




MERCADOS MILITARES

A EVOLUÇÃO DO MERCADO DE ARMAS DO BRASIL

P

ela primeira vez o Brasil ocupou em 2008 o segundo lugar no mundo entre os maiores importadores de armas referente ao volume de contratos de importação de armamentos e artigos militares fechados, arrecadando 12,743 bilhões de dólares de EUA ou seja 12,% de todos os contratos mundiais. De um modo geral, ao longo do período de 2004 a 2008 o Brasil ocupa o 7 lugar – 14,908 bilhões de dólares. O volume de obrigações contratuais para importação dos armamentos e artigos militares granjeadas pelo Brasil no ano de 2008 é um recorde absoluto para o país. Entretanto, é necessário ressal14

ARMS Defence Technologies Review

tar, que a tão alta posição ocupada pelo Brasil no ranking é temporária, e no futuro irá se mover para uma posição habitual, no final da primeira dezena. A maioria de obrigações contratuais do Brasil (mais de 95%) do ano de 2008 refere-se aos programas de longo prazo com a França. É um contrato de construção e com transferência de tecnologia (incluindo o apoia e assistência no projeto de construção de um submarino nuclear nacional) de 4 submarinos diesel-elétrico da classe "Scorpene" no valor de 9,45 bilhões de dólares. Outro contrato, no volume de 2,67 bilhões de dólares, é de fabricação no Brasil, com transferência de tecnologia, de 50 helicópteros

EC-725 Super Cougar. Além disso, foi concluído um contrato de fornecimento de dois eurocopteros AS-565 Panther para a Marinha Brasileira no volume de 50 milhões de dólares. Também, o Brasil é um grande exportador de armamento (ocupando em 2008 o 12° lugar pelo número de contratos de exportação de artigos militares e 21° ao longo do período de 2004 a 2008). O volume de contratos de exportação do Brasil no ano de 2008 foi de 902 milhões de dólares contra 90 milhões registrados no ano de 2007. O volume total de obrigações contratuais do Brasil ao longo do período de 2004 a 2008 foi de 1,27 bilhões de dólares.


MERCADOS MILITARES No ano de 2008 o Brasil conseguiu expandir o avião de treino EMB-314 "Super Tucano" logo para os mercados de vários países. Sendo que este avião tornou-se o principal item da exportação brasileira (carteira de encomendas) no ano de 2008. O maior contrato de fornecimento de aviões de treino EMB314 "Super Tucano" foi comemorado com o Equador – 24 aviões no valor de 261 milhões de dólares. A Força Aérea do Chile recebeu 12 aviões de treino EMB-314 "Super Tucano" no valor de 120 milhões de dólares (com uma opção de fornecimento de mais 8 a 12 aviões). Foi assinado um contrato de fornecimento de 8 aviões EMB-314 "Super Tucano" no valor de 94 milhões de dólares com a República Dominicana. A Guatemala fez uma encomenda de 6 aviões EMB-314 "Super Tucano" no valor de 60 milhões de dólares. Foi igualmente celebrado um contrato importante com a Índia no valor de 210 milhões para fornecimento de três aviões militares de transporte EMB-145 (como a plataforma para o Sistema de Alerta Aéreo Antecipado e de Controle). Com Paquistão foi feito um acordo no valor de 107 milhões de dólares para fornecimento de 100 mísseis de antirradar MAR-1. Formalmente na licitação de promitentes aviões de caças o Brasil escolheu o Rafale, mas até a data de hoje nada foi assinalado oficialmente. Provavelmente, podemos qualificar como perdas americanas os frustrados contratos com a Marinha Brasileira no ano de 2008, que foram, também, entregues para os franceses. Como é evidente, os Estados Unidos da América perderam os concursos públicos de adquisição dos sistemas de aviação realizados na Índia e no Brasil para os franceses. Mas o Rafale francês é muito mais caro comparando com qualquer avião de caça de quarta geração americano, ou pesados F-15 e F-18 Super Hornet, ou médio F-16. A preferência brasileira explica-se com a existência de extáveis ligações industriais e corruptas com a Dassault, além da disponibilidade de franceses de transpas-

sar a tecnologia para fabricação de Rafale nas instalações de Embraer. Quando existem as razões de ordem bélica, política, industrial ou tecnológica o fator de custo passa a ser secundário. Mesmo por isso, a escolha

do Brasil e da Índia, que pretendem criar uma indústria nacional aeronáutica, foi de aviões franceses, apesar de ser mais dispendiosos. Consecutivamente, o papel principal começa a desempenhar

2(69).2013

15


MERCADOS MILITARES a disponibilidade do exportador de passar a tecnologia e vender licenças. Atualmente, os mais notáveis importadores deste tipo são a República Popular da China, o Brasil e a Índia. Ultimamente, a Coreia do Sul e a Turquia, também, passam a adotar este modelo com rapidez. Em resultado disto, no respeitante ao volume de acordos de importação do armamento assinados nos últimos quatro anos (20082012) a segunda dezena de países passou a ser composta por seguintes países: a Argélia (6,694 bilhões de dólares), a China (6,6 bilhões de dólares), o Israel (5,63 bilhões de dólares), a Malásia (4.783 milhões de dólares), a Indonésia (4.483 milhões de dólares), a Turquia (4279 milhões de dólares), o Brasil (3.464 milhões de dólares), a Vietnã (3.419 milhões de dólares), o Kuwait (2872 milhões de dólares) e a Venezuela (2,841 bilhões de dólares). O orçamento da defesa do Brasil em 2012, segundo os dados do respetivo Ministério, foi de 63,7 bilhões de reais. Enquanto oito bilhões de reais deste montante foram destinados à adquisição do novo armamento e equipamento, que corresponde a um aumento de 18%, comparando com o ano de 2011. A tendência geral é seguinte: durante últimos 5 anos as despesas com a defesa dos países da América Latina e do Caribe aumentaram 2 vezes. A Rússia conseguiu reforçar sua posição neste mercado de armamentos, afastando os fornecedores tradicionais, tais como, os Estados Unidos da América, a França, a Itália e o Israel. Entre os primeiros cinco países da região, maiores compradores do armamento russo, figuram: a Venezuela, o Brasil, o México, o Peru e a Colômbia. No entanto, a análise da colaboração russo-brasileira na área técnico-militar confirma, que, apesar dos obstáculos, criados pelos Estados Unidos com fim de impedir a penetração da Rússia no mercado de armamento da América Latina, e, primeiramente, ao maior país da região, o Brasil, a colaboração russo-brasileira neste dimínio tem o futuro.

Alexandre BUHAROV 16

ARMS Defence Technologies Review


TECNOLOGIAS DE PONTA

2(69).2013

17


MERCADOS MILITARES

VENEZUELA –

А

mérica Latina nunca fazia parte do grupo de regiões de influência russa determinante. Este fato teve as consequências no sentido de cooperação técnico-militar, permanecendo a última no estado rudimentar. Permanecendo na sombra dos EUA, os países da América Latina compravam ao longo de todo o sáculo XX as armas de fabricação americana. A expanção de armas soviéticas tinha o caráter excepcional e foi limitado pelo grupo de países que permaneciam nas condições extremamente complicadas. Os fornecimentos de armas tinham neste caso o caráter não comercial. A presença soviética militar na América Latina tomou o seu início nos anos 1950-1960, quando Cuba pediu o apóio militar. Os fornecimentos de armas soviéticas ajudaram Cuba a rechaçar o ataque na Praia Giron. Estes for18

ARMS Defence Technologies Review

necimentos deram o início à construção do veículo militar capaz de agir fora de Cuba – basta recordar neste caso a participação ativa do Exército cubano nos conflitos militares nos territórias de países arficanos. O segundo país colaborante ativo com a União Soviética foi o Peru. O regime militar deste país, encabeçado pelo general Alvorado, que chegou ao poder em 1968 tomou o rumo à colaboração estreita com a União Soviética. Em 1968, o Peru sofreu um terramoto destrutivo e a União Soviética reagiu de modo rápido com a ajuda humanitária sendo esta transportada para o Peru por aviões militares estratégicos AН-22 “Antei”. As armas soviéticas foram aplicadas no Peru no combate contra os maoistas e contra os trotsquistas. O terceiro país na região (aliado da União Soviética e consumidor de ar-

mas soviéticas) deveria ser o Chile, mas os planos não chegaram a ser encarnados com a chegada do Augusto Pinochet ao poder. Finalmente, além da colaboração com Cuba e com o Peru a União Soviética tinha que satisfazer-se com a colaboração com a Nicarágua, onde o movimento de sandinistas chegou ao poder em 1979. A Venezuela foi o primeiro país na região com quem a Rússia conseguiu estabelecer as relações técnico-militares de caráter permanente após a descomposição da União Soviética. Por parte da Venezuela a referida decisão foi estipulada, como sempre, pelos motivos politicos, em particular pelo conflito de recém-falecido Hugo Chávez com os EUA. O resumo do referido conflito foi a cessação do fornecimento de armas para a Venezuela. Foi


MERCADOS MILITARES

MAIOR CONSUMIDOR DO ARMAMENTO RUSSO assim que a Rússia ocupou o lugar dos EUA nesta area. Atualmente, a Venezuela celebrou uma série de acordos com a Rússia no sentido de fornecimento de armas, treinamento do pessoal militar e organização de manutenção técnica para os produtos fornecidos. Espera-se que o valor total de fornecimento de armas para este país atingirá em breve os 10 milhões de dólares. É preciso notar que a política técnica e militar da Venezuela é bem ponderada. A nomenclatura de artigos fornecidos manifesta a vontade de Caracas de ter as Forças Armadas equilibradas, capazes de agir às ameaças “paramilitares” de maneira apropriada e em caso da necessidade poder resistir aos Exércitos estrangeiros (dos potenciais inimigos). E possível dizer que a contraposição militar com os EUA não faz parte de planos do Governo da Venezuela. Provavelmente, a Venezuela está aplicando os instrumentos políticos para evitar os conflitos com o líder global. “Devido às armas russas a Venezuela ganhou o poder militar que não o tinha durante os últimos 150 anos. Porém, precisamos de armas não para atacar. Somos um país pacífico, não precisamos de guerras. Queremos que terminem todas as guerras no mundo. Os militaristas não somos nós, mas sim os que nos ameaçam” – disse o ex-líder da Venezuela, usando da palavra na cerimónia da tomada de posse do novo Ministro da Defesa. O Ministro da Defesa, Henry Rangel Silva declarou: “Nós condeguimos garantir a nossa serurança no ár, no mar e na terra devido ao armamento russo, chinês e espanhol. As maiores dificuldades relacionadas com a expanção de armas russas na América Latina estão relacionadas com a distância entre os países latinoamericanos e a Federação Russa. Os pa-

íses latinoamericanas estão passando por certo receio acerca de questões de manutenção e reparação. A Rússia está trabalhando no sentido de resolver este problema. Mais um problema consiste em que estes países receiam que as iniciativas (na àrea militar) russas alvejam terceiras partes. A “Rossoboronexport” tem as representações permanentes no Brasil, Venezuela, Colúmbia, Cuba,

México, Peru e Uruguai, participa na maioria das exibições de armas e de material de guerra, realizadas na América Latina. Com certeza pode ser falado de uma união estratégica da Rússia com os países da América Latina em geral e com a Venezuela, em particular. Atualmente, a Rússia presta créditos para os países da América Latina com objetivo de estes adquirirem o equipa-

2(69).2013

19


MERCADOS MILITARES

mento militar russo. “Nos últimos três anos foram tomadas decisões sobre a conceição de créditos no valor de cerca de 7 bilhões de dólares” – disse o director geral da “Rossoboronexport” o Sr. Anatoly Issaikin numa entrevista ao jornal russo “Vedomosti” em Junho de 2012. Na América Latina o maior beneficiário destes créditos é a Venezuela. O valor destes créditos foi superior a quarto bilhões de dólares nos últimos quarto anos. Em 2006 foi levantada a questão da criação dum banco russo-venezuelano a fim de continuar a colaboração nas áreas do comércio de armas, entre outros assuntos. Em novembro de 2008, as partes assinaram o memorando sobre a organização do referido banco com o fundo estatuá-

20

ARMS Defence Technologies Review

rio de quarto bilhões de dólares. Em fevereiro de 2011, foi noticiado que a Venezuela transferiu a sua parte do fundo estatuário em montante de 400 milhões de dólares (dados não oficiais). Esta nova instituição financeira foi fundada na base do banco russo “Eurofinance Mosbank”. Por parte da Venezuela os acionistas foram o Banco del Tesoro venezuelano e a Petróleos da Venezuela. A distribuição do capital por partes: 51% de ações russas, 49% de ações venezuelanas. A Venezuela comprou tanques de combate T-72, lança-foguetes “Smerch” e mísseis da defesa costeira “Bal-E”. No ano passado o Governo da Venezuela aprovou a destinação de 156 milhões de dólares ao treino do

pessoal e à aquisição simuladores de mísseis teledirigidos C-3000BM “Antei-2500” e 9K37M2/9K317 “Buk-M2” da fabricação russa. A respetiva declaração foi feita pelo Ministro de Defesa nacional Generalde-Exército Henry Rangel Silva. Além de dois sistemas mencionados, a Venezuela comprou outros sistemas de mísseis teledirigidos de fabricação russa – 300 veículos 3Y-23/3OM-1-4 (de 23 milímetros), mais que um mil de complexos portáteis “Igla” e uma quantia de complexos móveis de mísseis C-125 “Pechora-2M”. As armas mencionados já se encontram no país, tendo sido distribuidos entre as unidades militares. Pequenas unidades da defesa antiaérea foram agrupadas em baterias de defesa antiaérea sendo estas subordinadas ao Comando da Defesa Antiaérea Aeroespacial Integral (CADAI) do Comando Estratégico Operacional (CEO) das Forças Armadas do país. Recentemente, foram formadas a 19ª e 39ª Baterias da Defesa Antiaérea, com a sede do commando em Caracas. A Venezuela junto com a Jordânia e o Egipto faz parte do trio dos maiores importadores de sistemas portáteis da defesa antiaérea (referente ao período de 2003-2010). Conforme aos dados não comprovados a Venezuela importou os referidos sistemas no valor de 300 milhões de dólares, durante o período de 2003 a 2010. A Rússia não é o único país que participa no processo de fornecimentos militares da Venezuela. O mesmo faz o seu vizinho e parceiro, a Belarus. A última é o país-coordenador do projeto de criação do sistema único da defesa antiaérea da Venezuela, o que promete os proveitos financeiros e económicos para o Minsk. A Belarus e Venezuela planejam realizar projetos comuns no futuro próximo no valor total de 5 bilhões de dólares, conforme declarações feitas pelo primeiro Vice-Premier da Belarus o Sr. Vladimir Semashko, ao comentar a visita de Alexander Lukashenko à Venezuela. Também o Sr. Semashko divulgou a lista das áreas de colaboração, evitando falar sobre a área militar. Entretanto, os temas militares tiveram uma grande importância nas relações entre a Belarus e a Venezuela a


MERCADOS MILITARES

partir da assinatura do memorando de entendimento. O referido documento foi fechado em 16 de setembro de 2006 em Havana na Cimeira do movimento dos não alinhados. Conforme várias fontes, representantes da Venezuela mostraram grande interesse por sistemas da defesa antiaérea de todos os níveis, a partir de complexos portáteis e canhões de pequeno calibre da defesa antiaérea até mísseis DAA da longo alcance. Porém, surgiu a questão organizar um comando integro destes sistemas. Uma vez que Hugo Chávez preferiu não colaborar com países ocidentais, oprou pela Belorus. Isto resultou num acordo de colaboração na articulação dum sistema único da defesa antiaérea, que foi assinado em Caracas em 8 de dezembro de 2007 no quadro da visita do Lukashenko à Venezuela. O acordo previa o apóio belorusso à Venezuela na criação do sistema único da defesa antiaérea e sistema nacional de guerra rádio-eletrónica na base num projeto científico (concretizado pela Comissão belorusso-venezuelana). Em janeiro de 2008, em vésperas da visita a Moscou, Hugo Chávez declarou que um dos objetivos principais desta foi a coordenação de pormenores do acordo de aquisição dum

sistema íntegro da defesa antiaérea. O sistema deveria integrar radares de deteção a larga distância e mísseis de alcance respectivo. A coordenação foi realizada com êxito. A Câmara de Representantes da Assembléia Nacional da Belarus ratificou o acordo de colaboração na criação do sistema íntegro da defesa antiaérea numa reunião fechada (conforme o pedido de Chávez) em 9 de abril de 2008. No quadro deste documento foi acorado que entidades da Venezuela assinariam contratos com entidades da Belarus e alguns outros Estados da aquisição de mercadorias e serviços conforme o projeto da criação do sis-

tema de defesa antiaérea e guerra rádio-eletrónica, concebido por peritos belorussos. Segundo expertos independentes, a par de empresas militares belorussas, na concretização deste projeto participarão igaulmente companhias russas, chineses e iraniánas. O acordo foi assinado por cinco anos e será prorrogado automaticamente para cada seguinte período quinquenal. Pouco depois da ratificação do documento, o então Chefe Adjunto do Estado-Maior General belorusso Petr Tikhonovsky prometeu que o sistema da defesa antiaérea e guerra rádio-eletrónica na Venezuela, que inclui o treino das tripulações e do pessoal

2(69).2013

21


MERCADOS MILITARES

de comando, será criado quase do zero durante seis anos. E isso permetirá a Belarus entrar no mercado de armas da América Latina. Passados poucos meses, em 16 Março de 2010 ao disrursar perante a Assembléia Nacional da Venezuela Alexander Lukashenko abordou o tema de defesa antiaérea. Ele, particularmente, prometeu ao seu colega venezuelano toda a colaboração na criação da “defesa sistémica do Estado”, que permitiria não recear qualquer inimigo, mesmo o mais poderoso. De acordo com peritos militares, defesa sistémica do Estado significa a organização na Venezuela dum con-

22

ARMS Defence Technologies Review

junto defensivo íntegro, que inclui a defesa antiaérea, meios da guerra rádio-eletrónica e resistência às armas de alta precisão, que pressupõe o uso, a título do “cérebro”, dum sistema automatizado de comando do tipo “Bor” que agora é o núcleo “intelligente” da defesa antiaérea da Belarus. No que se refere aos armamentos antimísseis, segundo alguns analistas, as empresas do conjunto militar-industrial belorusso em colaboração com a indústria de defesa russa, são capazes de se apresentar como fornecedores dos modernizados complexos de mísseis de curto alcance C-125 “Pechora”. Durante um período bastante longe

nas fontes abertas não existiram dados detalhados sobre a realização do protejto de criação do sistema íntegro da defesa antiaérea da Venezuela. Entretanto, há alguma informação. Recentemente, na mídia foi citado o Minístro da Defesa nacional da Venezuela Henri Ranjel Silva quem declarou a criação da “Base Pechora” perto do aeroporto internacional Josef Camejo em Las-Piedras (peninsual Paraguana). A base passou a ser o local de instalação da primeira bateria autopropulsionado “Pechora-2M”, fabricado pelo grupo financeiro-industrial belorusso-russo “Oboronitelnye sistemy” (“Sistemas da Defesa”). A tarefa principal da bateria é a defesa do maior conjunto refinário no país. Outras dez bases estão na fase de instalação no território do país no quadro da formação do Comando da Defesa Antiaérea Aeroespacial Integral CADAI. Em maio de 2011, o sistema de defesa antiaérea da Venezuela recebeu da Rússia mais de 10 sistemas de mísseis móveis de curto alcance C-125 “Pechora-2”, e também equipamento auxiliar, como os radares M2KT-8022-1S. A bateria integra até oito rampas de lançamento 5П73-2M com dois mísseis antiaéreas guiados cada, montados nos chassis MZKT-8021-020 todo-terreno, radar de guiamento SNR S-125-2М (com a antena UNV-2М e posto de controlo UNK-2М) com chassis MZKT-80211-020, veículos de transporte e de carga nos chassis “Ural-4320”, meios de fornecimento de eletricidade, manutenção e reparação. Assim, à Venezuela serão fornecidas pelo menos 11 engenhos SNP С-125-2М e 44 rampas de lançamento 5P73-2M. A compra dos sistemas de mísseis móveis de médio alcance “Buk-M2” (três divisões) e C-300BM de longo alcance (uma divisão) foi também aprovada em setembro de 2009, mas eles ainda não foram fornecidos. Segundo CADAI, o seu fornecimento esperava-se até o fim de 2012, porém isto não foi confirmado. Como resultado da compra e instalação de todos os sistemas de defesa antiaérea, previstos no projeto, todo o território da Venezuela será seguramente protegido. Além disso, segundo dados não verificados, em perspetiva Caracas pode oferecer aos seus vizinhos – Guiana e Colômbia – criar um sistema conjunto da defesa antiaérea.


MERCADOS MILITARES As Forças Armadas da Venezuela no quadro do crédito russo recente de 4 bilhões de dolares, prestado para o pagamento dos fornecimentos de armamentos e material de guerra receberão, particularmente, aviões de família “Su” e “Il”. Semelhante acordo foi fechado durante negociações, que tiveram lugar em Moscou em dezembro de 2011. Sabe-se também que há possibilidade de comprar uma nova lote de doze aviões de caça multifuncionais Su-30 MK2 que se juntarão aos anteriormente fornecidos 24 aviões. Além disso, a parte venezuelana monstrou o interesse pela compra de novos aviões de caça multifuncionais Su-35 e também aviões de transporte pesados Il-476. Segundo peritos, o volume total dos fornecimentos da Rússia à Venezuela em 2012 excedeu 2 bilhões de dólares. Existe uma opinião, que no tempo mais próximo o volume total de novos fornecimentos dos armamentos russos a este país pode atingir 5 bilhões de dolares. Espera-se também a continuação dos fornecimentos de tanques Т-72B1, veículos blindados de combate de infantaria BMP-3М e BTR-80А, obuses autopropulsionados 2С19 “Msta-С”, lança-foguetes BM-21 “Grad” de 122-mm, morteiros autopropulsionados “NonaSKV”, caminhões militares “Ural-4320”, “Ural-3206” e outr material de guerra. Durante o ano passado deveriam ser fornecidos doze lança-foguetes autopropulsionados 9К58 “Smerch”, e também iniciar-se os fornecimentos

de dez helicópteros de apoio de fogo Ми-28НЭ “Caçador Nocturno”, que a Venezuela comprou em abril de 2010. Segundo alguns dados, em 2012 foram planejados os fornecimentos de novos sistemas de mísseis da defesa antiaérea russos à Venezuela para o reforço do Comando Nacional de Defesa Antiaérea Aeroespacial. A Rússia e Belarus não são os únicos fornecedores da produção militar à Venezuela. Sabe-se que nos anos recentes a Venezuela comprou à China para a defesa antiaérea sistemas de radar de longa distância par a DAA – sete engenhos JLY-11 e três JY-1B, e também comprou equipamento, munição, coletes a prova de balas e capacetes no valor de 85 milhões de dólares. Nos próximos 10-20 anos, a América Latina segundo os volumes de compras dos armamentos russos cederá seriamente a países asiáticos. Se a cooperação com a Venezuela permanecer ao nível corrente as exportações militares russas nos países da região dificilmente excederá o indicador anual de 1-1.5 bilhões de dólares. Mesmo nos países amigáveis como Venezuela o material de guerra russo terá que competir com o da Europa Ocidental, porque até mesmo Chávez não está pronto a cortar laços com a Europa. Na perspetiva vai aumentar a concorrência do lado da China. Periodicamente a Rússia pode obter contratos para fornecimentos do número limitado dos sistemas de armamentos e material de guerra baratos para vários países de

região. Porém, os contratos de longo prazo para o fornecimento dos tipos caros são possíveis somente com a Venezuela e em perspetiva com o Brasil. A conclusão dos contratos importantes com o Brasil pode abrir vastas perspetivas para a cooperação com este gigante latinoamericano. Vale ressaltar que o Brasil está interessando nos fornecimentos de avião de caça russo de 5ª generação, que agora passa por testes. Por sua vez, a Rússia pode obter uma vantagem grande ao cooperar com a Embraer (Empresa Brasileira de Aeronáutica). O interesse de tal ou qual país latinoamericano na cooperação técnico-militar com a Rússia é determinado, antes de mais nada, por razões políticas – aspiração de reduzir a influência dos EUA. Para a Rússia este desenrolar dos acontecimentos é favorável em todos os sentidos. Em termos económicos aumentam as exportações de produtos de alta tecnologia, em termos estratégicos – fornecimentos de armas russas fortalecem o prestígio da Rússia na região. Em fim, em termos morais a cooperação militar com os países da América Latina não permite acusar a Rússia do apoio ao fundamentalismo islâmico e terrorismo que se pratica frequentemente em relação à assitência russa a vários países do Médio Oriente e Ásia Central.

Olguerd Truhan

2(69).2013

23


TECNOLOGIAS DE PONTA RUSSAS

SISTEMA DE MÍSSEIS E ARTILHARIA ANTIAÉREO “PANTSIR-S1” COMPOSIÇÃO MODULAR ADAPTADA A VÁRIAS CONDIÇÕES DE COMBATE A análise de conflitos militares recentes monstra que as armas principais nos ataques aéreos são as de alta precisão, e também zangões. Devido ao grande número de alvos aéreos e à densidade destes, os meios de defesa antiaérea precisam ter alta eficácia, grande reserva de munições sempre pronta para abrir fogo e a capacidade de completá-la com rapidez. 24

ARMS Defence Technologies Review


О

sistema de mísseis e artilharia antiaéreo “Pantsir-S1”, atualmente e no próximo futuro totalmente corresponde às exigências de combate com meios modernos de ataque aéreo, devido às particularidades da construção, tais como: ■■ equipamento antiaérea do tipo combinado, que permite criar a aérea totalmente batida até 20 quilômetros de distância e até 15 quilômetros de altitude; ■■ sistema radar/óptico de controle multifuncional à prova de interferências, funcionando nas faixas de ondas decimétricas, milimétricas e infravermelhas; ■■ regime automático de funcionamento; ■■ capacidade de fazer fogo em movimento e de curtas paragens; ■■ empo curto de reação (4-6 segundos) devido ao rastreamento automático de até 20 alvos, realizado pelo radar de detecção de alvos. Este tem a alta precisão de indicação de alvos (0.3º pelo azimute, 0.5º pelo ângulo de altitude e 60 metros pela distância), o que assegura uma deteção e aquisição de alvos pelo radar de rastreamento de alvos Esq. 1, A

TECNOLOGIAS DE PONTA RUSSAS multifuncional e o sistema óptico-eletrónico; ■■ capacidade de actuar autónomamente e enquadrado na bateria; ■■ ataque simultâneo contra quarto alvos no setor de ± 45 º pelo azimute e pelo ângulo de altitude. As altas características técnicas do “Pantsir-S1” asseguram a vantagem significativa às Tropas da Defesa Antiaérea, equipadas com estes engenhos, perante seus análogos de curto alcance estrangeiros. O sistema “Pantsir-S1” passou pela grande volume de testes no campo e confirmou seus altas desempenhas nas diferentes condições de aplicação táctica. Nas fotos (1-4) estão representados os resultados de tiros de mísseis e de canhões contra alvos terrestres e aéreos tanto na marcha como de breves paragens. A projeção dum sistema de defesa antiaérea que satisfaça requisitos de diversos clientes exigiu a solução de problemas científico-técnicos complicados, tais como: ■■ solução de tarefas de composição e construção a fim de assegurar o princípio modular do sistema; ■■ projeção de radar multifuncional novo que garanta a restreaEsq. 2, A

mento de alvos e míssil; ■■ resolução de problemas da in-

tegração do sistema informativo do “Pantsir-S1” no do cliente; ■■ projeção e a implementação de meios de identificação nacional amigo-inimigo levando em consideração os requisitos do cliente; ■■ criação do sistema de comando automático, que funciona 24 horas, em quaisquer condições atmosféricas, unificado quanto à aparelhagem, leva em consideração todos os ajustamentos específicos e modificações algorítmicos próprios acietáveis por cada cliente concreto; ■■ projeção e fabrico de munições, kit de peças sobressalente e instrumentos, bem como materiais didacticos unificados acietáveis por cada cliente concreto. O grande potencial científico da empresa permitiu resolver todo este conjunto de problemas, conceber e fabricar um sistema de mísseis e artilharia antiaéreo, que satisfaz as mais rebuscadas exigências técnico-táticas e que não tem análogos no estrangeiro. O conceito inovador do “Pantsir-S1”, assentado no princípio de composição modular, permitiu utilizar vários tipos de chassis, inEsq. 1 – Tiros de canhões A – Contra alvo terrestre B – Alvo abatido

Esq. 1, B

Esq. 2, B

Esq. 2 – Tiros de canhões A – Contra alvo aéreo B – Alvo abatido

2(69).2013

25


TECNOLOGIAS DE PONTA RUSSAS Esq. 3 – Tiros de mísseis

Esq. 3, A

Esq. 4, A

Esq. 3, B

Esq. 4, B

A – Contra alvo aéreo B – Alvo abatido

Esq. 4 – Tiros de canhões A – Contra alvo terrestre B – Alvo abatido

clusive de lagartas, e fabricar modificações estacionárias e de baseamento marítimo (por exemplo, para defender uma plataforma de petróleo, instalções administrativas, de improtância tática, militar etc.). O sistema pode ser montado também em plataformas ferroviárias, que permite integrá-lo facilmente nos programas existentes de assistência técnica, de treino e apoio logístico típicos do cliente concreto. Este princípio permite igualmente conceber modificações do sistema, conforme às condições geográficas e topográficas do cliente. Além disso, o princípio de composição modular possibilita modernizar o sistema com despesas mínimas, aumentando a sua eficácia em combate e, por conseguinte, amplia as possibilidades da sua comercialização. O radar multifuncional do “Pantsir-S1” acompanha três alvos e transmite sinais de comando a quatro mísseis antiaéreos guiados, fazendo frente a diversos alvos aéreos: aviões, helicópteros antes que estes aplicarem as suas armas, mísseis guiados e bombas de aviação de pequenas dimensões, bem como aeronáves de controle remoto. A grande resistência a interferências e, por conseguinte, a efi26

ARMS Defence Technologies Review

cácia em conbate, são garantidas devido ao sistema radar/óptico de controle polivalente e multifacetado, funcionando na faixa de ondas decimétricas, milimétricas e infravermelhas. As realidades do combate moberno apresentam exigências rigorosas as sistemas de mísseis e artinharia antiaéreos cujos meios electrónicos devem ser rigorosamente integrados no sistema único da defesa antiaérea do cliente. Essas exigências devem-se aos factores seguintes: ■■ apresentação uniformizada da localização dos alvos em todos os níveis e componetes do sistema da defesa antiaéreo; ■■ condições topográficas complicadas impõem distribuir de modo flexível os alvos tanto entre as peças de uma bateria, como entre os elementos do sistema íntegro da defesa antiaérea; ■■ proliferação contínua das arams de alta precisão e aeronáves de controle remoto, utilizados em ataques aéreos, impõe que uma peça isolada saiba actuar sem o uso do seu radar, recebendo toda a informação necessária das peças vizinhas ou de sistemas de radar externos.

O sistema cartográfico de mapas digitais permite planejar automaticamente ações de combate de modo eficaz, em função das condições geográficas e cartográficas concretas. Os problemas da proteção de informação transmitida contra as interferências tinham sido resolvidos com êxito. A distância de transmissão da informação aumenta até 20 quilômetros caso o posto do comando de cada peça tiver contacto com todos os pontos de comando, existentes no exército do cliente, o que é possível sem modificações algo sérias. O princípio de composição modular repercutiu-se não só nas particularidades de construção do sistema, mas também no seu software. É precisamente por isto que os parâmentros do “Pantsir-S1” podem ser facilmente adaptados ao sistema de identificação amigo-inimigo nacional para cada cliente. Portanto, o sistema de identificação amigo-inimigo nacional pode ser modernizado por encomenda. O sistema de comando automático, que funciona 24 horas, em quaisquer condições atmosféricas amplia significativamente a área de destruição, atenua o impacto psico-


TECNOLOGIAS DE PONTA RUSSAS física na tripulação, minimizando o b) destruição na trajetória fator humano em combate. descendente; Foram igualmente solucionadas c) destruição em resultado as tarefas específicas formuladas da colisão com a terra. pelos clientes concretos, a saber: Estas terefas foram soluciona■■ funcionamento do radar de de- das tanto modificando softwear coteção de alvos, menosprezando mo alterando a combinação de blosinais falsos gerados pelo relevo cos sem o aperfeiçoamento técnico destes. muito acidentado; A composição modular e uni■■ deteção de alvos sobre superfíformização de blocos possibilitacie plana dum mar ou deserto; ■■ escolha da frequência do func- ram adaptar o engenho ao sistema ionamento do sistema antiaéreo de manutenção técnica de chassis, em função do relevo do terreno aproveita o kit uniformizado, bem como organizar centros de manuque o cliente indicar; ■■ adaptação do engenho ao siste- tenção padonizados. O sistema do controlo incorpoma de identificação amigo-inrado permite manter cada peça de imigo nacional do cliente; ■■ delimitação rápida da área de combate “Pantsir-S1” e cada veícudeteção e acompanhamento de lo de manutenção técnica a um alalvos no mapa topográfico gra- to nível de prontidão de combate. ças ao uso do sistema de cartoA composição modular possibigrafia com mapas digitais; lida alterar a configuração do siste■■ integração no sistema de defesa ma e montá-lo em diferentes plaantiaérea do cliente com a possi- taformas ou usar a modificação esbilidade de modificar este siste- tacionária. ma segundo o modelo em que No esq. 5 estão mostradas as opse baseia o “Pantsir-S1”; ções de montagem do “Pantsir-S1”. ■■ diversificação de métodos seguO sistema pode ser montado em ros de destruição de mísseis an- veículos ligeiramente blindados e tiaéreos guiados conforme é in- usado como poderoso meio antiaédicado pelo cliente: reo aerotransportado, bem como nas a) destruição na trajetória as plataformas de rodas ou de lagartas, fazendo parte das grandes unidades cendente;

da defesa antiaérea da Força Aérea, Tropas Terrestres e Marinha. Atualmente e no futuro próximo as caraterísticas do sistema de mísseis e artilharia antiaéreo “Pantsir-S1” corresponderão inteiramente a todas as exigências do combate moderno. A justeza dos conceitos técnicos implementados no “Pantsir-S1”, hoje produzido em série, passou pelas provas dos testes promovidos pela Comissão Estatal, durante os quais se realizaram mais de 500 exercícios de tiro. Há já anos que “Pantsir-S1” participa na parada militar, dedicada ao Dia da Vitória, (9 de maio) na Praça Vermelha em Moscou e no Dia da Independência da República da Belarus, em Minsk. Além disso, o sistema “Pantsir-S1” tomar parte feiras de produtos militares, tais como IDEX, MAKS etc. Tanto hoje como no futuro visível o sistema de mísseis e artinharia antiaéreo “Pantsir-S1” contituará a ser um meio que garante a segurança do espaço aéreo, podendo rechaçar todos os tipos de ataques aéreos.

A.A. Zubarev A.A. Nikiforov

Opções de montagem

2(69).2013

27


TECNOLOGIAS DE PONTA RUSSAS

SISTEMA DE MÍSSEIS ANTIAÉROS “BUK”

O

primeiro avião inimigo (o avião de reconhecimento aéreo Martin RB-57D “Canberra” das Forças Aéreas do Taiuã (Ilha Formosa) foi abatido na altitude de 20600 metros em 7 de novembro de 1959 pelos chineses, que o fizeram por meio do sistema soviético de mísseis terra-ar C-75. Em 1960, no dia de feriado soviético, 1 de maio, o avião norte-americano de reconhecimento aéreo Lockhead U-2 pilotado por Garry Powers foi abatido perto da cidade de Sverdlovsk por meio do mesmo sistema de mísseis terra-ar. Em 27 de outubro de 1962, no período da crise das Caraíbas, foi abatido mais um U-2 norte-americano pilotado por major de Forças Aéreas dos Estados Unidos Rudolf Anderson. Entretanto, a época de vasta aplicação de sistema de mísseis terra28

ARMS Defence Technologies Review

-ar iniciou somente nos anos 60 do século passado. A experiência do Vietnã e Médio Oriente (onde os sistemas provaram ser armas temíveis capazes de dar réplica não só aos aviões de reconhecimento aéreo à grande altura, mas também aos de combate táticos) evidenciou que na defesa aérea, além de carateristicas gerais, uma grande importância teve a capacidade de mísseis de realizar as manobras tácticas e o nível de sua proteção. Este fato foi evidentemente manifestado em 1973 no Médio Oriente, onde o sistema do médio alcance soviético “Quadrado” (SA-6 Gainful) estreiou com êxito. O referido sistema foi uma modificação do sistema “Cubo”, concebido pelo Gabinete de Projeção OKB15 GKAT – repartição do Instituto de Pesquisas Científicas 17, actualmente Instituto de Pesquisas Científicas de Instrumentação V. V. Tikhomirov.

Naqueles tempos, os “Quadrados” destruiram na Síria 64 aviões de combate israelitos. O lança-mísseis SA-6 tinha sido fornecido para 25 paises e tinha sido utilizado com êxito em vários conflitos militares. A modificação posterior do “Cubo” resultou em lança-mísseis “Buk 9K37” de alta capacidade de manobra (SA11 Gagfly) com míssel mono estágio a combustivel sólido 3M38, capaz de atingir alvos aéreos distantes (de 3.5 a 30 metros), na faixa de altitudes entre 25 e 20000 metros. O lança-mísseis “Buk 9K37 foi elaborado pelo Instituto de Pesquisas Científicas de Instrumentação V. V. Tikhomirov Cumpre notar que atualmente a referida empresa é o líder russo na elaboração de radares de aviões. Os mais potentes aviões de caça como SU-27,SU-30,SU-35, T-50, e J-11estão equipados com radares desta empresa. O “Cubo” foi posto em serviço do


TECNOLOGIAS DE PONTA RUSSAS Exército Soviético em 1980 e passou a ser a arma básica das grandes unidades móveis da defesa antiaérea. Depois do “Buk” seguiu a sua modificação aperfeiçoada “Buk-M1”, que entrou em serviço do Exército Soviético em 1983. Em comparação com seu antecessor, este caracteriza-se por um maior raio de alcance (distância – de 3.5 a 35 quilómetros, altitude – de 15 a 22000 quilómetros) e maior probabilidade de abater alvos. Além disso, todos os blocos e mísseis do “Buk-M1”, podem ser substituidos pelos análogos do protótipo. Atualmente o “Buk” e o “Buk-M1” estão ao serviço de muitos paises, tanto das repúblicas da ex-URSS, nomeadamente a Bielorússia, Geórgia e Ucrânia, como de outros paises, entre eles Chipre e Sérbia. Paralelamente com os trabalhos de projeção do “Buk-M1” (considerados na altura como uma “pequena” modernização do “Buk”) a começou na União Soviética a modernização “grande” deste sistema, com vista a fazer frente a ameaças que pudessem surgir no futuro mais próximo. O modelo radicalmente modernizado do sistema de mísseis terra-ar recebeu o nome 9K317 “Buk-M2”. O titular da encomenda, as Tropas Terrestres da União Soviética, exigiu que fosse concebido um sistema antiaéreo, capaz de rechaçar ataques aéreos maciças, alvejando com mísseis mais de 20 metas simultaneamente. Para o efeito foi decidido dotar o lança-mísseis de radares com varredura e de regime intermitente de iluminação. Um vasto leque de aeronaves pilotados (tanto existentes como em fase de projeção) foram consideradas como os alvos potenciais para o “Buk-M1”, nomeadamente aviões dificilmente visíveis por radar, voando a várias altitudes e velocidades, aviões não pilotados de várias classes, mísseis balísticos táticos e maios de destuição aéreos guiados. Em 1984, a primeira ogiva autoguiada (OA) do novo míssel do sistema tinha sido transportado para o polígono de Emba (Cazaquistão). Em 1988, as provas do sistema de mísseis terra-ar culminaram com êxito: o objetivo de ampliação de distâncias e altitudes de alcance dos alvos foi atingido. Devido ao uso de radares com

varredura, uma instalação tem a capacidade de abater simultaneamente quarto alvos, diferentemente do “Buk-M1” capaz de destruir um só alvo. O novo sistema de mísseis terra-ar proporcionava mais informações aos operadores, era mais resistente a interferências e tinha outras vantagens em comparação com seus análogos estrangeiros daquela época. Além do míssel praticamente novo e rampa de lançamento autopropulsionada 9A317, dotado do sistema de radares com varredura capazes de atacar simultaneamente quarto alvos, o engenho foi equipado de um sistema novíssimo de processamento de informação – o radar de iluminação de alvos e guiamento de mísseis. A antena do radar montada também na plataforma autopropulsionada standard levanta-se à altitude de 21 metros por meio dum mastro telescópico, o que permite ampliar significativamente as potencialidades do sistema no combate contra aeronaves, helicópteros e de mísseis voando à pequena altitude. A distância do alcance de alvos voando a altitude extrememente baixa duplicou. Notese nehum outro sistema de mísseis terra-ar autopropulsionados possuia características do género. Em 1990, “Buk- M2” foi posto em serviço no Exército Soviético. Esperava-se que a sua produção em série devesse iniciar no mesmo ano. Contudo, na altura o país vivia uma grave crise política e económica o que levou a economia soviética à de-

cadência. Isto teve um impato negativo na indústria militar. O sistema “Buk-M2” não chegou de ser produzido em série naquela altura. A tarefa ficou ainda mais complicada após o desmoronamento da União Soviética e quebra da cooperação existente na indústira de guerra. Com o fim de poupar escassos meios financeiros destacados para a defesa, o projetista do sistema propôs ao Ministério da Defesa produzir um modelo do “Buk” “transitivo” e mais “barato”. Este modelo foi denominado “Buk-M1-2” representando uma sintese de projetos “Buk-M2” e “Buk-M1” que já estavam ao serviço no Exército. Em particular, o “Buk-M1-2” foi equipado com míssil antiaéreo do “Buk-M2”, projeto na altura ainda não finalizado. Em dezembro de 1992 foi emitida a Ordem do Presidente da Federação Rússa em relação à projeção do “Buk-M1-2”. Entre 1993 e 1996 o “Buk-M1” foi actualizado e acabado até atingir o nível do “Buk-M1-2”. Em 1998 o engenho modernizado entrou oficialmente ao serviço do Exército russo. Este sistema, uma vez projetado e posto em uso, garantiu a capacidade da defesa nos tempos complicados e possibilitou manter as Tropas da Defesa Antiaérea da Rússia a um nível adequado. Atualmente, conforme aos meios de comunicação social, cerca de 350 instalações “Buk-M1-2” constituem a base do sistema antiaéreo das Tropas Terrestres russas. Além disso, 2(69).2013

29


TECNOLOGIAS DE PONTA RUSSAS

20 engenhos “Buk-M1-2” foram fornecidos à Síria. Em 2005 foi celebrado um contrato prevendo o fornecimento do “Buk-M1-2” ao Egipto. Só passados quinze anos, em meados da década finda, com a mudança do sistema de financeamento de Forças Armadas tornou-se possivel retomar a produção do “Buk-M2” em série. Porém, no início do século XXI o sistema “Buk-M2”, projetado nos anos 80 do século XX tornou-se obsoleto em muitos aspeitos, sendo incapaz de satisfazer os requisistos cada vez maiores apresentados pelas tropas. Por isso surgiu a necessidade de “actualizar o complexo modernizado”, substiuindo os seus blocos básicos por outros mais modernos. Além do seu projectista principal – o Instituto de Pesquisas Cientáficas de Instrumentação V. V. Tikhomirov, também o produtor do “Buk-M2”, a usina mecánica de Ulianovsk, deu um contributo de peso no processo de modernização destes sistemas, Em particular, a referida fábrica assimilou a produção de radares com varredura. um grande trabalho foi realizado no âmbito de substituição de todos computadores antigos “Argon” produzidos em Chisinau (ho30

ARMS Defence Technologies Review

je, capital de um país independente) por meios digitais “Baguetes” mais eficazes, baratos, seguros e tecnologicamente mais rentáveis. Além disso, o sistema modernizado “Buk-M2” passou a ser dotado de: ■■ Sistema televisivo e termovisivo que permite detetar, trancar e acompanhar os alvos em regime automatico passivo não só de dia mas também de noite e nas condições atmosféricas adversas (o sistema novo substituiu o visor televisivo- óptico antigo). ■■ Sistema built in de contrlolo objetivo (fabricado na base de meios computorizados de ponta) – no lugar do antigo sistema de registo documental dos resultodos de funcionamento do engenho. ■■ Aparelhagem de processamento e apresentação automática da informação nos displays de cristais líquidos. ■■ Estações de rádio digitais modermas que asseguram a recepçãotransmissão tanto da informação verbal como de dados classificados de indicação e distribuição dos alvos. ■■ Postos de trabalho automatizados que são bem ergonómicos (em substituição dos antigos postos de trabalho com indicações de tubos electrónicos). Em 2005, no âmbito da Encomenda Estatal foi comprada uma série de elementos-chaves do lança-mísseis (plataforma autorpopulsionada, meios de comando etc.). Isto permitiu iniciar a formação da primeira divisão de mísseis antiaéreos “Buk-M2”. No mesmo tempo foi retomada a

projeção do “Buk-M2E” (modelo do “Buk-M2” destinado para a exploração que antigamente era conhecido como sistema de mísseis antiaéreos “Ural”). Foram emitidos uma resolução do Governo da Rússia e o Decreto do Presidente da Federação Russa, autorizando a exportação deste sistema. O engenho “Buk-M2E” foi apresentado pela primeira vez no salão internacional aero-espacial MAKS-2007 em Zhukovsky (Rússia). No mesmo ano foi celebrado o contrato com a Síria sobre o fornecimento deste sistema antiaéreo moderno. Em 2008 o lança-mísseis “Buk-M2” (“Buk-M2E”) começou a ser fabricado em série pela usina mecánica de Ulianovsk. Em 2007 foi celebrado o acordo de fornecimento de 20 ”Buk-M2E” para a Síria. Foi também fechado o acordo com a Venezuela referente ao fornecimento de uma instalação “Buk-M2E”. Conforme à clissificação da OTAN o “Buk-M2” recebeu o nome “SA-17” e a alcunha “Grizzly”. Os meios de combate do sistema antiaéreo 9K317 “Buk-M2” integra mísseis antiaéreos teleguiados 9M317, plataformas autopropulsionadas (PA) 9A317 com quarto mísseis cada e rampas de lançamento e carga (RLC) 9A316 com oito mísseis cada. Os meios de comando que fazem parte do sistema são compostos por: posto de comandante 9C510, radar de detecção do alvo 9C18M1-3 e radares de iluminação e direção de mísseis (RIDM) 9C36. Todos os meios de combate do complexo estão montados no chassis unificado de lagarta e estão parcialmente parcialmente protegidos pela armadura.


TECNOLOGIAS DE PONTA RUSSAS O 9K317 pode usar dois tipos de peças de fogo. O primeiro tipo está representado por quarto seções de fogo autopropulsionados, cada um destas composta de uma PA e uma RLC. A peça de fogo deste tipo pode atacar simultaneamente até quarto alvos, sendo a altura de relevo inferior a dois metros. O segundo tipo da peça de fogo (no total são duas) inclui um radar 9C36 e duas RLC. Cada uma das peças de fogo do segundo tipo pode também atacar simultaneamente até quarto alvos, sendo a altura do relevo inferior a 20 metros. Em combate a PA ou o RIDM detectam, identificam e acompanham automaticamente os alvos; traçam a tragetória do voo do míssil, formulam a missão do ultimo, controlam o lançamento, iluminam o alvo, transmitem sinais de correção dos parámentos de voo do míssil teleguiado e analisam os resultados do tiro. A PA pode fazer fogo tanto integrado no sistema antiaéreo (neste caso a indicação dos alvos está a cargo do posto de comando) como autonomamente, operando na sua própria zona de responsabilidade indicada de antemão, o que aumenta consideravelmente a vitalidade do sistema em geral. O prazo de assumir o estado de combate em marcha para a peça de fogo do primeiro tipo é cinco minutos, o do segundo tipo (que leva mais tempo para o desdobramento) – de 10 a 15 minutos. O engenho pode mudar de posição com a aparelhagem em regime ativo. Neste caso o processo de nova entrada em combate levará 20 segundos. O míssil mono estágio 9M317 (peso de descolagem – 715 kg) foi concebido conforme o esquema áero-dinámica standard, possui uma asa (crista) de pequeno comprimento e um motor de dois regimes a combustível sólido. A zona de destruição do míssil é 50-60 km de distância e até 25 km de altitude e perímetro. O míssil possui o sistema de guiamento por inércia na fase activa da tragetória e a ogiva semi-activa autodirigível doppler 9E420. A seção de combate do míssil é do tipo central com a massa de 70 kg, o ráio da zona de destruição – 17 metros. A velocidade máxima no vôo – não inferior a 1230 m/s, a

sobrecarga – não superior a 24 g. Cumpre notar que o míssil 9M317 devidamente montado e equipado dispensa de testes e sintonizações ao longo de todo o período de garantia que é de dez anos. O radar 9A317. parte integrante da PA, diferentemente dos modelos mais antigos do “Buk”, está equipada da antena com a varredura electronica passiva, capaz de detetar alvos na faixa entre ± 45º (pelo azimute) e 70 º pelo ângulo de altitude. O engenho detecta simultaneamente 10 alvos e ataca 4 deles. Além do radar, a PA está equipada do sistema óptico-eletrónico na base de sensores termovisual e televisual. O período de reação da PA é cinco segundos. O seu peso é 35 toneladas, a tripulação – quarto pessoas. A RLC traz quatro mísseis situados nas rampas (em prontidão permanente ao uso, tal como os mísseis da PA) e outros quatro – nas plataformas de transporte (para os usar é preciso trasbordá-los para as rampas). O período de autocarregamento do mecanismo é 15 minutos. O período de carregamento da PA é 13 minutos O peso da RLC é 38 toneladas, a tripulação – quarto pessoas. O posto de comando do complexo 9C510 é capaz de controlar simultaneamente todas as 6 seções de combate que fazem parte do sistema

antiaéro. É capaz de acompanhar até 80 alsos e comunicar dados de indicação da meta para 36 deles. O período de reação é 2 segundos, a tripulação – 6 pessoas. O RIDM 9C36 também está equipado coma varredura electronica. A sua antena pode ser elevada na altitude de 22 metros por meio dum mastro especial. É capaz de fazer fogo contra alvos a altitudes baixas e extremamente baixas, nas zonas cobertas de mato, com relevo acidentado ou numa área urbana não densa. O RIDM é capaz de detetar alvos na faoxa de ± 45º (pelo azimute) e 70º pelo ângulo de altitude. A distância da deteção do aeronave com a superfíde eifcaz de dispersão (RCS – abreviatura inglesa) de 1-2 m² (semelhante RCS têm caças da geração “4+” caracterizados pela detectividade por radar reduzida, tais como F/A-18E/F, “Rafale”, EF2000 “Typhoon” ou JAS 39 “Vigen”) à altitude de 3000 metros é 120 quilómetros. A deteção do mesmo alvo à altitude extremamente baixa (1015 quilómetros) é 35 quilómetros. A área do acompanhamento do alvo é ± 60º (pelo azimute) e de -5º a +85º – pelo ângulo de altitude. O número de alvos simultaneamente acompanhados é 10, o número de alvos simultaneamente atacados – 4. O peso do RIDM é 36 toneladas. 2(69).2013

31


TECNOLOGIAS DE PONTA RUSSAS

O radar coerente pulso a pulso de visão panorâmica circular 9C18M1-3 funciona na faixa centimétrica e realiza o electroscan no plano vertical. O aparelho é destinado para monitorar o espaço aéreo e transmitir informações sobre os alvos através duma

32

ARMS Defence Technologies Review

linha codificada para o posto de comando 9C510 onde são processadas. O scan pelo azimute é mecánico, pelo ângulo de altitude – eletrónico. O radar realiza o monitoramento circular no plano horizontal e em 50º pelo ângulo de altitude. A distância da

deteção de alvos com RCS de 1-2 m² é 160 quilómetros com a frequência de repetição de 4.5-6.0 segundos. A sistema contra-interferências do radar 9C18M1-3 é automático, mudando instantaneamente a frequência dos impulsos e bloquendo os intervalos da distância. O peso total do radar com a plataforma autorpopulsionada é 30 toneladas, a tirulação – 3 pessoas. O prazo de passagem do estado de marcha para o da combate é inferior a 5 minutos. O fato que todos os elementos do engenho estão montados nas plataformas de lagartsa todo terreno merece uma atenção especial. A plataforma está protegido por uma couraça e assegura uma alta mobilidade táctica para o “Buk-M2” equivalente à qualquer outro material a lagartas. Estas são as caraterísticas que lhes dão vantagens em comparação com sistemas antiaéreos estrangeiros. O engenho 9K317 pode ser explorado em diversas condições climáticas (inclusive as tropicais) – para isto todas as máquinas estão equipadas de aparelhos de ár condicionado. Falando da mobilidade estratégica do “Buk-M2”, este pode ser transportado facilmente via ferrea, aérea (aviões Ил-76) e aqáutica. Cumpre assinalar é que as munições usadas pelo “Buk-M2” foram inicialmente concebidas como mísseis polivalentes. No sistema antiaéreo naval “Shtil” (projetado pela empresa “Altair”) podem ser usados os mísseis antiaéreos teleguidos 9M38M1 e 9M317. Estes são capazes de abater diversos alvos áero-dinâmicos (inclusive mísseis de cruzeiro antinavio voando na última fase do seu trajeto a uma altitude extremamente baixa a flor de água), bem como (se necessário) alvejar navios, lanchas e objetos costeiros do inimígo, visíveis para o radar. O sistema antiaéreo “Buk-M2” pode ser montado não só na plataforma de lagarta. Em 1990 terminaram os testes conjuntas do complexo modernizado “Buk-M2” na plataforma de rodas (o veículo ucraniano todo-terreno “KRAZ” e reboques produzidos em Cheliabinsk). O modelo rodoviário (o mais barato) distinguído por maior mobilidade nas áreas com uma rede de estradas


TECNOLOGIAS DE PONTA RUSSAS desenvolvida, foi destinado para a Defesa Antiaérea e não para as Tropas Terrestres. Conforme o plano do então Comandante-Chefe da Defesa Antiaérea I. M. Tretiak, o “Buk-M2” rebocado devia ser integrado no conjunto antiaéreo C-300IPM a fim de organizar um sistema unificado eficaz da defesa de regiões de grande importância (Moscou, Leninegrado e outras sedes políticas e económicas do país). Com o desmoronamento da União Soviética não estes planos não se concretizaram. Os trabalhos de projeção do “Buk-M2” sobre rodas foram contituados no século XXI. A modificação autopropulsionada sobre rodas do “Buk-M2” foi concebida em interesses de clients potenciais e fabricada usando a plataforma russa (produzida pela usina de Briansk). Esta modificação com rodas podem equipada também com tratores do tipo “Ural”. Pela primeira vez, o engenho 9K317E “Buk-M2E” na plataforma de rodas MZKT-6922 do fabrco bielorusso foi apresentado no salão áero-espacial MAKS-2011. Actualmente, está na fase de prospeção o “Buk-M3” modelo modernizado do “Buk-M2”.

Vladimir Iline CARATERÍSTICAS TÉCNICAS E TÁTICAS DO “BUK-M2” Àrea batida: Caças:

Míssil balístico tático:

distância 3-50 quilómetros

distância 15-20 quilómetros

altitude 10-25000 metros

altitude 2-16 quilómetros

Míssil de cruzeiro do tipo ALCM:

Míssil antiradar do tipo HARM:

distância na altitude de 30 metros – 20 quilómetros

distância 3-25 quilómetros

distância na altitude de 6000 metros – 26 quilómetros

altitude 10-15000 metros

Probabilidade de destruição do alvo por um míssil: caça em voo reto

0.90-0.95

míssil balístico tático

0.60-0.70

míssil de cruzeiro do tipo ALCM

0.70-0.80

míssil antiradar do tipo HARM

0.50-0.70

helicóptero

0.70-0.80

Ritmo do fogo

4 segundos

Prazo da reação

10 segundos

Prazo de entrada/saída da posição de combate

10 minutos

Longevidade

20 anos 2(69).2013

33


IZHMASH

TECNOLOGIAS DE PONTA RUSSAS

HOJE E AMANHÃ O

s peritos da Izmash podem falar longamente sobre as modernizações da arma automática Kalashnikov: alegando materiais modernos, tecnologias de ponta, bem como o facto de que a recusa da produção em cadéia abre novas e amplas pespectivas para a actualização da arma. No entanto, a tarefa mais premente do Ministério da Defesa consiste em garantir que o arsenar deste fuzil que se man-

34

ARMS Defence Technologies Review

tem nos armazens corresponda ás exigências actuais. Por conseguinte, a fábrica desenvolveu em 2012 métodos de modernização do AK-74 e apresentou ao Grupo de Trabalho Interdepartamental junto do Governo da FR quatro opções da modernização deste engenho. Na opção mais simples capaz de ser concretizada directamente nas tropas, o AK-74 será dotado de uma painel lateral e um pivô com trilhos Picatinni o que possibilitará instalar alças colimadores, ópti-

cas e óptico-electrónicas que possuem uma base amla do tipo “cauda de andorinha” . A troca do pivô possibilitará ainda instalar o iluminador a infra-vermelhos com o indicador de alvos laser, o telémetro e uma manivela dianteira. A opção mais complexa, capaz de ser realizada nas fábricas, prevê que o AK-74 será dotado de um fuste com trilhos Picatinni, manivela dobrável, coronha telescôpica, manivela ergonométrica tipo pistola, carregador com controlo visual da


TECNOLOGIAS DE PONTA RUSSAS reserva de cartuchos. A comissão decidiu realizar os testes do modelo com modificações radicais, pois este corresponde a todos os requisitos modernos e garante a alta qualidade da arma. Precisamente este modelo foi testado no Instituto Central de Pesquisa Científica da Maquinaria de Alta Precisão que devia preparar o seu relatório sobre as características do engenho. Paralelamente à modernização do AK-74, a Izhmash está levando a cabo trabalhos de desenvolvimento do Kalashnikov da quinta geração – AK-12. Os construtores conseguiram melhorar consideravelmente parâmetros do fuzil, adaptá-lo aos requisitos modernos, tendo conservado as características ímpar do Kalashnikov: simplicidade do desenho, altíssima segurança, resistência e baixo valor de produção. Uma das peculiaridades do novo fuzil é o princípio modular da sua construção: AK-12 representará um modelo padrão que servirá de base para mais de 20 modificações desta arma de uso tanto militar como paramilitar, adaptadas aos calibres 5,45x39 mm e 7,62x51 mm. Todos os trabalhos estão levados a cabo em cooperação com representantes dos departamentos de força, nomeadamente MINDEF, Ministério da Fazenda e tropas especiais. Ainda na fase do desenvolvimento o AK-12 suscitou grande interesse de compradores potenciais. Portanto, dentro em breve a Izhmash protifica-se apresenter novos modelos do uso paramilitar desenvolvidos com base no AK-12. O século XXI foi marcado pelo aparecimento da nova, quinta geração de armas da família “Kalashnikov". Trata-se dos AK da “série cem”. Foi desenvolvido um vasto gama de fuzis da série AK100 para as munições mais largamente usadas no mundo de calibres 7,62x39 mm, 5,45x39 mm e 5,56x45 mm. Inicialmente, foram desenvolvidas as versões AK-101 e AK-102 para a munição padronizada da OTAN de 5,56 mm. Em seguida, foram criados modelos melho-

Bizon 2-03

Bizon 2-01

Vityaz SN

AK-102 2(69).2013

35


TECNOLOGIAS DE PONTA RUSSAS rados para as munições de 7,62x39 mm, com des-ignação de AK-103 e AK-104 respectivamente. Os modelos AK-102 e AK-104 são versões encurtadas dos fuzis AK-101 e AK103, respectivamente. Além disso, foi desenvolvida uma outra versão encurtada da AK-74M que obteve a designação de AK-105. Muitos dos potenciais compradores do armamento, depois de terem analisado os resultados da operação "Tempestade no Deserto", operações antiterroristas no Afeganistão e operação "Liberdade Iraquiana", deram preferência ao fuzil AK, adaptada para o cartucho da OTAN 5,5x45 mm, apesar de antes terem tradicionalmente usado o M16A1. Entretanto, alguns outros clientes, ao contrário, mostraram-se conservadores e preferiram usar o antigo cartucho 7,62x39 mm. Em fevereiro último a delegação da Izhmash tomou parte da Feira internacional dos Armamentos e Material de Guerra “IDEX-2013” em Abu-Dhabi. Nesta exposição foi marcada pela estreia no estrangeiro de vários engenhos modernizados. Trata-se dos modelos mais modernos da chamada “série cem” – AK-101, AK102, AK-103, AK-104 e AK-107 com energonomia melhorada, trilhos Picatinni que possibilitam a insta-

36

ARMS Defence Technologies Review

lação de diversos acessórios modernos, por exemplo, alças ópticas e óptico-electrónicas ou indicador de alvos laser. A par disto, na Feira foram expostos a espingarda de franco-atirador SV-99, pistolas-metlralhadoras “Vitiaz-SN”, “Bizon” e AN-94, GP-98, bem como projécteis de artilharia teleguiados “Kotilov-2M” e “Krasnopol”. Entre as armas de caça a Izmash apresentou a espingarda “Saiga-12”, as armas da polícia contaram com o fuzil de pequeno calibra “Bi-7-2-KO”.

Graças ao emprego de novos materiais e soluções técnicas, a alta confiabilidade do modelo básico fica conservada e mesmo aumentada nas armas da nova geração. Portanto, nos momentos críticos as armas produzidas pela Izhmash nunca vão falhar. Assim sendo, no século XXI, as armas da marca “AK" continuarão a ser procuradas ainda por muito tempo.

Olguerd Truhan


2(69).2013

37


COMBATE PELO CÉU BRASILEIRO

FUTURO DA FAB:

«RAFALE» OU «GRIPEN»?

O

Brasil, sendo o quinto maior Estado do nosso planeta quanto ao seu território e número de habitantes (mais de 201 milhões, conforme estimativas para 2010), tradicionalmente segue uma política exterior de paz e desempenha um papel importante (ou mesmo papel-chave) no sistema de segurança coletiva e cooperação econômica da América do Sul. As despesas com a defesa representam cerca de 1,1% do PIB do Brasil. Numa retrospectiva histórica, a Força Aérea Brasileira (FAB) tradicionalmente tem sido voltada para combate às ameaças, tanto externas como internas. Partindo disso, foi constituído o parque de aero38

ARMS Defence Technologies Review

naves da FAB, a maior parte do qual está representada por aviões destinados para o controle dos enormes espaços fracamente povoados deste país, assim como para a participação nas operações de guerra de intensidade limitada, características para ações das forças policiais e antiterroristas. Além disso, para fazer frente a um inimigo externo, equipado com material aeronáutico e antiaéreo moderno, a FAB dispõe de 46 caças-bombardeiros Northrop F-5E/F-5F Tiger II produzidos na década de 1970, bem como de uma dezena de caças de interceptação mais modernos Dassault Mirage 2000, produzidos durante a década de 1980.

Sem dúvida, para o Estado com território de 8513877 km² e que deseja se posicionar como líder regional (e, por conseguinte, como um dos líderes mundiais) a fraqueza destas forças é francamente assustadora. Cabe notar que, pelos vistos, os altos dirigentes brasileiros estão cientes da desproporção entre o status econômico, cultural e político do seu país e a capacidade real das Forças Armadas Nacionais (antes de tudo, do seu ramo mais dinâmico – a FAB), cujo potencial bélico é inferior não somente ao das grandes potências mundiais, como também de uma série de Estados regionais. Deve-se lembrar que com a elevação do status do Estado os seus interesses se tornam mais globais, sen-


COMBATE PELO CÉU BRASILEIRO do por sua vez alterada a natureza das ameaças externas que adquirem um caráter mais diversificado e menos previsível. A modernização do parque da aviação de caça, atualmente em curso no Brasil, evidentemente é uma medida temporária, capaz de diminuir a gravidade do problema apenas parcialmente e por um curto período histórico. Por isso, o Ministério da Defesa do Brasil pretende realizar uma modernização mais radical da sua aviação de caça, reequipando-a com sistemas aeronáuticos da última geração. O Projeto ganhou o nome de F-X2. Nos termos deste Programa está prevista a compra de 36 caças multifuncionais de geração 4+, sendo prevista a entrega da primeira aeronave à FAB por volta do ano de 2015. Assim sendo, não se exclui um aumento ulterior do número de aviões encomendados até 120 aeronaves. O modelo concreto da aeronave deverá ser apurado no processo da licitação internacional, estando entre os finalistas os caças Dassault Rafale (França), Boeing F/A-18E/F Super Hornet (EUA) e Saab JAS 39 Gripen NG (Suécia). Em 2009, o então presidente do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva anunciou a vitória do caça Rafale. Porém, logo a seguir esta decisão foi cancelada (como sendo tomada sem observação dos procedimentos necessários), e, em janeiro de 2011, a nova presidente do país, Dilma Vana Rousseff, comunicou que os resultados da licitação serão anunciados mais tarde (por motivos de ordem financeira). Entretanto, os finalistas da licitação ficaram os mesmos. Cabe salientar que, se inicialmente a maioria dos peritos internacionais consideravam que o líder da licitação brasileira era o caça Dassault Rafale, na nova realidade econômica, as perspectivas do Gripen NG sueco se apresentam mais prometedoras. Ambos os caças concorrentes são altamente manobráveis, de velocidade supersônica moderada (Mach =1.8-2.0). Os caças foram desenvolvidos praticamente na mesma época (o primeiro vôo do Rafale teve lugar em 1986 e, em 2004, a aeronave

entrou em serviço nas unidades da FA. O desenvolvimento do Gripen levou menos tempo, nomeadamente, de 1988 a 1997). O nível tecnológico da fabricação de ambas as aeronaves não apresenta muita diferença (convencionalmente corresponde à geração 4+), tendo estas o desenho aerodinâmico parecido – «tailless» com canards. SAAB JAS 39 GRIPEN E/F O JAS 39 Gripen monomotor monoplace é da classe de caças leves. Os seus análogos estrangeiros são o caça multifuncional leve chinês Chengdu FC-1 Xiaolong, o indiano HAL Tejas (LCA) e o sul-coreano KAI A-50. Costuma-se considerar que o custo das aeronaves da mesma geração é diretamente proporcional ao seu peso. Por isso, a vantagem deveras importante do compac-

– um montante ainda maior. Uma aeronave pequena tem menor custo de operação. Em 2012, a empresa Saab anunciou que o custo por hora voada (CPFH) do Gripen é apenas de 4700 dólares. A título de comparação, este índice para o mais numeroso caça da FA dos EUA F-16 é de 7000 dólares. O custo por hora voada dos outros caças ocidentais de geração 4 e 4+ (inclusive do Rafale) é ainda mais alto. Entretanto, cabe notar que o Gripen de nova geração (conhecido como Gripen NG – Next Generation) que efetivamente interessa os brasileiros, atualmente ainda não existe. Na realidade, é uma aeronave a ser desenvolvida. O Gripen NG, atualmente disponível e reiteradamente exibido nas feiras de aviação internacionais, pode ser considerado (apesar do otimismo dos suecos) apenas um demonstrador de tecno-

to caça sueco é seu custo relativamente baixo. O peso vazio do caça Gripen С produzido em série é de 6800 kg e o peso de decolagem máximo é de 14000 kg. A aquisição pelo Brasil de 36 aeronaves JAS 39 é avaliado em 6,0 bilhões de dólares. Segundo estimativas, a compra do mesmo número de aviões F/A-18E/F Super Hornet, irá custar ao orçamento brasileiro 7,7 bilhões de dólares, e de caças Rafale

logia, um "conceito" que tem pela frente um longo e bastante dispendioso caminho a percorrer até vir a ser um caça produzido em série. Segundo a ministra da Defesa do Reino da Suécia, Karin Enstroem, o MD deste país planeja adquirir um lote de 60 caças Saab JAS 39 Gripen de nova geração (Gripen NG). Os suecos esperam que, se o desenvolvimento do Projeto técnico deste caça na configuração de série for

Rafale manobrando no ar

2(69).2013

39


COMBATE PELO CÉU BRASILEIRO

Gripen em pleno voo

Embaixo e nas outras fotos – várias modificações do Rafale

40

iniciado em 2013, as primeiras aeronaves desta modificação (depois de ensaios integrais) vão equipar a Força Aérea Real Sueca apenas no segundo trimestre de 2018, e a disponibilidade operacional total será obtida em 2023. O fornecimento de todas as 60 aeronaves prevê-se concluir no ano distante de 2027. Havia notícias que, em 11 de dezembro de 2012, o Parlamento sueco aprovou por maioria de votos o Plano de aquisição de "40-60 caças Gripen de nova geração". Assim sendo, o orçamento total do programa deve cifrar-se em 90 bilhões de coroas suecas (cerca de 14 bilhões de dólares). O referido montante integra os custos de operação e manutenção técnica das aeronaves Gripen NG até 2042.

ARMS Defence Technologies Review

Entretanto, os parlamentares suecos formularam uma condição importante, conforme a qual, até 2014, o governo devia assinar contratos de exportação de, pelo menos, 20 novos caças JAS 39. Caso contrário, o Programa Gripen NG pode ser congelado. O único país capaz de celebrar um Contrato de aquisição de caças JAS 39 no prazo indicado é a Suíça. Desta feita, a própria existência da aeronave Gripen NG (inclusive na FA sueca) e, talvez, a futura estrutura da FAB vão depender da decisão definitiva da Suíça. O contrato com a Suíça que está sendo preparado prevê o fornecimento a este país de 22 caças Gripen de nova geração. Este lote de caças pode custar 1,82 bilhões de euros, ou seja, 44% menos do valor total inicialmente apresentado pela Saab. Em 20 de janeiro de 2013, o Conselho Federal da Suíça dirigiu ao governo do país a Proposta oficial de compra ao abrigo do «Programa de armamento-2012» de 22 caças JAS 39. Pelos vistos, as novas aeronaves vão substituir na Força Aérea suíça os caças norte-americanos de segunda geração F-5E Tiger II. Junto com 33 aeronaves de quarta geração F/A18С/D Hornet, os caças Gripen de-

vem garantir a defesa antiaérea da república alpina. Segundo o Ministério da Defesa suíço, o caça Gripen E (aeronave produzida em série com base em avião experimental Gripen NG), atende mais plenamente aos requisitos da FA deste país, sendo igualmente preferível a outras variantes (Rafale, EF2000) por motivos de ordem financeira. Além disso, tendo em conta o início do fornecimento dos caças JAS 39E, a Suíça está considerando a possibilidade de leasing, a partir de 2016, de oito caças JAS 39C e três aviões de treinamento JAS 39D da FA sueca. É mais um indício de que a produção em série do JAS 39E, todavia, não deve ser esperada num futuro mais ou menos próximo. No início de 2012, a FA sueca teve em serviço ativo 134 caças JAS 39 Gripen A/B (50 JAS 39A, 13 JAS 39B, 60 JAS 39C e 11 JAS 39D). Ao todo foram produzidos 264 aviões deste tipo. No que se refere à distribuição de encomendas entre as versões monoplace e biplace (Gripen F) do futuro caça, em novembro de 2012, os representantes da FA sueca afirmavam que o desenvolvimento e a fabricação de aeronaves biplace Gripen F serão economicamente


COMBATE PELO CÉU BRASILEIRO viáveis, caso a encomenda mínima de caças monoplace Gripen E fosse de 60 aeronaves. Ao discursar na conferência em Londres, o tenente-coronel da FA da Suécia Rickard Jester Nystrom declarou que o desenvolvimento da modificação do Gripen F era dificultada pela necessidade de alocação de meios financeiros adicionais para o projeto da cabine traseira, bem como por despesas adicionais com a formação do pessoal que seriam necessárias, caso a FA fosse equipada de avião de combate biplace. Apesar de todos os problemas, a Saab encara o futuro com otimismo. Em setembro de 2012, a empresa declarou que havia razões bastantes para esperar que nos próximos dez anos fosse possível vender cerca de 300 caças JAS 39 Gripen de nova geração. Segundo o representante desta companhia Eddy de la Motte, se for celebrado o volume planejado de contratos de exportação, a quota da Saab no mercado internacional de caças é capaz de chegar a 10%. Portanto, a empresa sueca planeja fazer com que o Gripen NG se torne líder mundial entre os caças monomotor multifuncionais leves. Segundo de la Motte, numa perspectiva de longo prazo, não se pode excluir o desenvolvimento da versão embarcada do caça Gripen, voltada exclusivamente para exportação (a pequena Suécia não tem, nem planeja ter seus próprios porta-aviões). No que se refere a particularidades técnicas dos caças Gripen C/D e Gripen E/F, cabe dar um destaque especial ao caça experimental (de demonstração) Gripen Demo. Este «demonstrador», segundo afirma Eddy de la Motte, durante os últimos 18 meses (até o final de 2012), completou um total de 150 horas de vôo, (inclusive na Índia e na GrãBretanha). Cabe notar que a Saab iniciou as pesquisas na área de configuração técnica das futuras versões do caça Gripen ainda no princípio do século XXI. Em junho 2005, a empresa decidiu reequipar o caça biplace de treinamento e combate JAS 39B produzido em série, visando obter uma aeronave de vôos de demonstração

Gripen Demo, destinada para a procura de soluções técnicas de ponta que possam ser aproveitadas nas versões de aeronave disponíveis e no futuro caça Gripen NG. Ao tomar esta decisão, os especialistas da Saab audazmente (e, segundo constou, de modo bem justificado) achavam que o Gripen de nova geração iria aproximar-se, quanto à sua capacidade operacional, do caça norte-americano de quinta geração Lockheed Martin F-35A "Lightning II", tendo,

tou quase 40% graças ao aproveitamento dos espaços nas seções de raíz de asa. Isto permitiu elevar o alcance máximo (sem REVO) até 2200 km. Todos estes aperfeiçoamentos resultaram no crescimento do peso de decolagem máximo do Gripen Demo quase até 16000 kg (contra 14000 kg do JAS 39C/D). Para a instalação do radar embarcado avançado (BRLS) com antena do tipo matriz faseada foi necessário aumentar um tanto as dimensões da parte de nariz da fuselagem. A se-

no entanto, os custos de compra e de operação substancialmente mais baixos. Em 27 de maio de 2008, no aeródromo da fábrica da Saab na cidade de Linköping a aeronave de demonstração levantou seu primeiro vôo. Em comparação com o caça produzido em série, a sua construção integrava cerca de 3500 novas peças, conjuntos e sistemas. O turbofan com pós-combustão (TRDDF) Volvo Aero RM12 (versão do motor General Electric F404 com empuxo de 8220 kgf) foi substituído por turbina General Electric F414G de empuxo aumentado em 20% (os TRDDF semelhantes equipam os caças norte-americanos de geração 4+ F/A18E/F). Esteve previsto que, sendo equipada do novo motor, aeronave seria capaz de realizar vôo de cruzeiro (sem pós-combustão) à velocidade supersônica (Mach = 1,1). A capacidade dos tanques de combustível internos do Gripen Demo aumen-

ção central igualmente foi alargada para a instalação do motor F414G. Devido a um maior consumo de ar do novo motor, ficou aumentada a seção dos dutos de ar. Além disso, foram reforçadas as pernas do trem de aterragem, sendo proporcionada a capacidade de decolagem com duas bombas guiadas GBU-10 de 907 kg transportadas externamente nos pontos duros sob a fuselagem. No salão aeronáutico de Farnborough (Grã-Bretanha, julho de 2012) foi demonstrado pela primeira vez o caça experimental Gripen com radar Selex Galileo ES-05 Raven, dotado da antena AESA (Active Electronically Scanned Array). A antena de varredura eletrônica ativa é provida do sistema mecânico de "acionamento" que proporciona a cobertura em azimute até +/-100 graus. Para comparação, os ângulos de varredura de outros radares embarcados com antena do tipo matriz faseada são de +/2(69).2013

41


COMBATE PELO CÉU BRASILEIRO

60-70 graus, com exceção do sistema radar de varredura eletrônica russo N035 «Irbis» (Su-35) com ângulos de varredura de +/-120 graus igualmente provido do «acionamento» mecânico da antena fixa do tipo matriz faseada. Em 16 de junho de 2012, o novo radar sueco foi instalado no laboratório voador JAS 39 «39-7» na fábrica da Saab em Linköping. É este radar que servirá de base para o sistema de controle de armas do Gripen E/F. Os ensaios em vôo do JAS 39 «39-7» com AESA deviam ser iniciados em setembro de 2012. O evento devia contar com a participação de pilotos suíços. Além do radar embarcado com AESA, na aeronave Gripen E/F em série devem ser implementadas todas as inovações em célula, demonstradas no Gripen Demo. Além disso, no novo caça prevê-se implementar: ■■ Novo ambiente de informação e controle da cabine da tripulação baseado no uso de monitores LCD full color; ■■ Sistema de rastreamento e pontaria infravermelho Selex Skyward-G; ■■ Sistema de alerta de laser (LWR); ■■ Sistema de Alerta de Aproximação de Mísseis aperfeiçoado (MAWS), desenvolvido pela empresa mista da África do Sul e da Suécia "Saab Astronix", sediada na RAS. O novo sistema baseia-se no MAW-300, instalado, em particular, nos caças russos Su-30MKM fornecidos à Malásia; ■■ Sistema de meios de comunicação aperfeiçoado; ■■ Sistema modernizado de meios de ataque aéreo. Entre novas capacidades dos 42

ARMS Defence Technologies Review

aviônicos embarcados do Gripen E/F voltadas para garantia da segurança de vôo cabe dar destaque à implementação dos regimes de vôo à baixa altura. Para tal, o caça deve ser dotado do Sistema de Alerta de Proximidade do Solo (GPWS), Sistema de prevenção de colisão com o solo (GCAS) e Sistema de Terrain Avoidance (TA), sendo a informação indispensável fornecida por radar embarcado (BRLS). No futuro, prevê-se equipar o Gripen de novo Sistema de Alerta de Aproximação de Mísseis (MAWS) de banda dupla, operando nas faixas infravermelha e ultravioleta. Todas estas inovações estão (ou serão) testadas no laboratório voador (LV) JAS 39 «39-7». Em 2013, a Saab planeja iniciar a integração do radar Selex Galileo ES-05 dotado da antena AESA com o futuro míssil de alcance aumentado (110 km) MBDA Meteor. No início de 2014, planeja-se integrar este míssil no sistema de armamento do caça Gripen E/F. Ademais, o Gripen E/F será equipado com mísseis de médio alcance “ar – ar” AIM-120C e MICA, míssil de curto alcance “ar – ar” IRIS-T, bombas inteligentes com autoguiamento por laser semi-ativo, mísseis anti-navio RBS-15, além de outras armas guiadas. Entretanto, as características de decolagem e pouso únicas são a maior vantagem do JAS 39 sobre outros caças de geração 4 e 4+. Desde início, a aeronave era desenvolvida para operar fora da sede, de pistas de comprimento não superior a 800 metros e de largura de 15 metros apenas (por exemplo, a partir de trechos não destruídos das estradas).

Hoje, só se pode conjeturar as características do caça Gripen E/F produzido em série, porém, é evidente que estas não serão muito diferentes das performances da aeronave de demonstração Gripen Demo. Cabe notar que, ao contrário do caça francês Rafale, hoje, o Gripen tem um "histórico de exportação" excelente, sendo promovido energicamente e com êxito no mercado aeronáutico mundial. Em 1999, a República da África do Sul celebrou o contrato de fornecimento de 26 aeronaves Gripen C/D. Atualmente, a Força Aérea deste país está operando dez caças Gripen C e oito Gripen D e já foram encomendados mais nove caças Gripen D. A Tailândia planeja adquirir 12 caças Gripen (seis aeronaves a serem fornecidos em 2012 e outras seis – em 2013). Segundo estimativas, este país precisa de um total de 40 aeronaves deste tipo. Eddy de la Motte diz que, conforme se espera na Suécia, os outros compradores potenciais do Gripem na região asiática do Pacífico são Malásia, Filipinas e Indonésia e, dentro de "um par de anos", é possível que o Vietnam também fique interessado na compra do caça sueco. Atualmente, a Hungria tem 12 caças JAS 39C e dois aviões de treinamento JAS 39D (adquiridos em leasing à Suécia). Estão sendo realizadas negociações com a República Checa que, em 2012, tomou uma decisão de princípio sobre a prorrogação do contrato de leasing dos seus «Gripen» no período posterior a 2015 (hoje, este país opera 12 caças JAS 39С e dois aviões de treinamento JAS 39D). Está sendo estudada a questão de venda destas aeronaves à Bulgária, Romênia, Eslováquia e Croácia. Além disso, está sendo considerada a possibilidade de promoção do Gripen E/F na Dinamarca e nos Países Baixos (embora os dois países sejam participantes do Programa F-35). No salão aeronáutico de Farnborough foi oficialmente anunciada a decisão da empresa Saab e do governo da República da África do Sul sobre a inauguração na Base Aérea da FA da RAS (Overberg) do Centro internacional de formação e


COMBATE PELO CÉU BRASILEIRO treinamento do emprego operacional dos caças do tipo JAS 39 – GEWS (Gripen Fighter Weapons School). A preparação dos pilotos será voltada para operação da futura versão multifuncional do Gripen E/F. O programa de vôos de instrução será combinado com um curso teórico aprofundado. Os primeiros alunos (seis ou sete pessoas) devem chegar ao Centro em outubro de 2013. Segundo Magnus Levis-Ollson, chefe da filial da Saab na RAS e ex-piloto de ensaio desta companhia, "o curso de formação de dois meses será alterado anualmente. Porém, este curso não será uma réplica dos exercícios de treinamento norte-americanos do tipo Red Flag quando simultaneamente estão sendo treinados até 20 cenários diferentes; o Programa será focado em um dos elementos chave do emprego operacional, reconhecimento à baixa altura, emprego do canhão ou ataques aéreos à grande distância". Anualmente, no Centro GEWS serão formadas duas equipes integrando de 6 a 20 pilotos cada. A RAS (a FA da qual, conforme foi dio anteriormente, dispõe do parque de aeronaves Gripen), foi escolhida para a instalação do Centro de instrução graças às particularidades do clima deste país que oferecem

excelentes condições para a formação de pilotos durante o ano inteiro. Ademais, na África do Sul é possível um emprego mais largo que na Europa dos equipamentos de guerra eletrônica (EW), bem como há possibilidade de envolvimento no processo de formação de pilotos das unidades do Exército sul-africano equipadas com mísseis antiaéreos. O Centro terá salas de aula, de simuladores, edifícios residenciais, além de outras instalações necessárias. Ademais, o GEWS deve estar situado ao lado de uma Base Aérea da FA sul-africana operando em re-

gime normal. Na criação do Centro participam a companhia Saab e várias empresas da indústria aeronáutica da África do Sul. Atualmente, a reciclagem profissional dos pilotos do JAS 39 é efetuada na Base Aérea de Ronneby, Suécia onde estão sendo treinados os pilotos da Suécia, República Checa, Hungria e RAS. Os representantes da Tailândia participam na qualidade de observadores. Desde 1999, a versão biplace do Gripen é operada na Escola de pilotos de ensaio da Grã-Bretanha (British Empire Test Pilot School) para

Performances dos caças Rafale e Gripen NG Tipo de aeronave

Rafale

Gripen NG

Envergadura de asa, m

10.80

8.40

Comprimento da aeronave, m

15.27

14.10 (sem tubo pitot)

Altura da aeronave, m

5.34

4.50

Superfície da asa, m2

45.70

25.50

Peso da aeronave vazia, kg

10460

7100

Peso de decolagem normal, kg

16500

11200

Peso de decolagem máximo, kg

24500

16000

Peso do combustível nos tanques internos, kg

4700

3300

Peso do combustível em tanques externos, kg

7500

6000

Carga de armas, kg

6000

-

Mach máx.

2.0

1.8

Velocidade máxima junto ao solo, km/h

1390

1320

Velocidade ascensional máxima, m/s

305

-

17000

17000

Alcance operacional sem tanques externos, km

2100

2200

Alcance máximo com tanques externos (6600 l), km

3700

4070

9

9

Teto prático, m

Fator de carga máximo

2(69).2013

43


COMBATE PELO CÉU BRASILEIRO treinamento de alunos – pilotos e engenheiros de ensaio. Todos os vôos são efetuados na base de ensaios em vôo da Saab em Linköping sob a supervisão da Força Aérea sueca. O chefe da representação regional da Saab na América do Sul Frederik Gustafson, acha que a vitória do Gripen E/F na licitação brasileira vai abrir novas perspectivas de promoção deste caça em outros países latino-americanos. Segundo

(Rafale C/D) francesa, em 2004 e 2006, respectivamente. Em setembro de 2012, as Forças Armadas francesas tiveram em serviço ativo 111 caças Rafale (inclusive 31 caças embarcados Rafale M). Lembremos que o parque de caças Gripen da FA sueca integra 134 aeronaves. Porém, apesar das grandes esperanças dos franceses, durante um longo período de tempo a promoção deste caça no mercado aero-

ele, pode-se esperar que nos próximos cinco anos haja certo progresso neste sentido.

náutico internacional, não foi marcada por um êxito algo significativo. Neste contexto, em dezembro de 2011, o então ministro da Defesa francês Gérard Longuet declarou que a produção das aeronaves seria totalmente congelada, depois do cumprimento integral pela Dassault da encomenda de 180 caças paga pelo MD francês, caso não houvesse contratos de exportação do Rafale. Entretanto, em 31 de janeiro de 2012, o Rafale foi declarado vencedor da licitação MMRCA (Medium Multirole Combat Aircraft) que previa fornecimento de 126 caças multifuncionais para a Força Aérea da Índia. Portanto, a Índia veio a ser o primeiro país (além da própria França) que decidiu adquirir caças Rafale. Porém, embora a França fosse declarada vencedora da licitação MMRCA (outro finalista da

DASSAULT RAFALE O principal concorrente do Gripen E/F no mercado brasileiro, o caça Dassault Rafale, é uma das aeronaves de combate mais frequentemente discutidas na mídia internacional nos últimos decênios. Á semelhança do Gripen, o caça foi desenvolvido contrariamente à opinião generalizada de que um país europeu, mesmo que ostente o título de "grande", é incapaz de desenvolver e produzir sozinho um avião de combate moderno. O protótipo de avião levantou seu primeiro vôo em 4 de julho de 1986. Os caças deste tipo foram incorporados pela Marinha de Guerra (Rafale M) e pela Força Aérea 44

ARMS Defence Technologies Review

qual era mais um caça europeu – Eurofighter EF2000 Typhoon), até hoje, por razões de vária ordem, a Dassault não tem contrato de fornecimento assinado (por isso, as perspectivas reais de compra pela Índia dos caças Rafale são postas em dúvida). Os Emirados Árabes Unidos são um outro comprador potencial do caça Rafale (podendo ser adquiridas 60 aeronaves). Em 5 de Setembro de 2012, no aeródromo da fábrica da Dassault na cidade de Mérignac, levantou seu primeiro vôo o caça Rafale produzido em série (versão básica), equipado do radar embarcado com AESA Thales RBE2. A aeronave, construída para a FA francesa, é da nova série “F3”. Em fevereiro de 2012, a companhia Thales forneceu primeiro radar embarcado RBE2 AESA produzido em série, que equipa o caça Rafale, para a fábrica da Dassault em Mérignac. Anteriormente, a Thales fabricou três protótipos do radar RBE2 AESA, ensaiados em laboratórios voadores desenvolvidos com base em aeronaves Dassault Mystere XX e Dassault Mirage 2000B, assim como no caça Rafale M, especialmente equipado para os ensaios do novo radar. A vantagem do novo radar, entre outras, é seu alcance de detecção e aquisição de alvos aéreos aumentado em 50% que permite o emprego sem restrições por Rafale F3 do novo míssil de alcance aumentado MBDA Meteor, dotado do motor ramjet (alcance máximo do míssil é de 110 km). Todavia, o diâmetro máximo da seção do cone de nariz radiotransparente do Rafale (550 mm), segundo os peritos, é insuficiente para obter, mesmo com o emprego da AESA, o alcance de detecção de alvo, correspondente aos alcances obtidos nos caças F-15, F/A-18E/F ou EF2000 dotados de radares com AESA (i.e., de 160–190 km contra um alvo com RCS de 3 m2). Aliás, o compartimento de radar da aeronave JAS 39 tem quase as mesmas dimensões. Portanto, pode-se supor que o alcance de detecção mútua dos caças comparados (RCS mínima dos quais no plano direcional, segundo os dados abertos, é de 2-3


COMBATE PELO CÉU BRASILEIRO m2) seja, mais ou menos, igual, cifrando-se em 120-140 km. Ademais, os aviônicos embarcados do caça Rafale da série F3 integram o Sistema de Alerta de Aproximação de Mísseis por infravermelho MBDA DDM-NG de varredura onidirecional (ensaios em vôo do DDM-NG a bordo do LV foram iniciados em 2010) e o Sistema optrônico de varredura frontal modificado Thales/Sagem OSF-IT. A escassez de informação não permite comparar o desempenho do sistema optrônico francês com o do Sistema Selex Skyward-G, previsto a ser instalado no JAS 39 modernizado. Continua sendo aperfeiçoado o pod de localização de alvos e pontaria Damocles do caça Rafale. A versão modernizada deste sistema, o Damocles XF, é, segundo afirmam os representantes da Thales, "o melhor entre os sistemas do mesmo tipo no mundo". Tendo as mesmas dimensões e peso que o seu antecessor (280 kg), o Damocles XF é mais eficiente em curtas e médias distâncias e tem o mesmo desempenho a grandes distâncias. Ademais, o sistema adquiriu nova qualidade, i.e., a capacidade de transmissão das imagens dos alvos para outras plataformas aéreas ou terrestres. O Sistema informativo instalado no caça Rafale Block F3 deve proporcionar ao piloto a informação onidirecional. O uso do radar embarcado com antena do tipo AESA para o vôo automático em regime de Terrain Avoidance (TA), segundo afirmam os franceses, possibilita o vôo do caça modernizado sobre o terreno relativamente plano à velocidade de até 1000 km/h à altura da ordem de 20 metros. Convém notar que inicialmente (em 1999) a altura mínima de vôo do Rafale neste regime era de 150 m. À medida do aprimoramento do sistema embarcado, a altura mínima ficou diminuída até 90 metros sobre a terra e até 30 m sobre o mar (2002). Atualmente, estão sendo realizados trabalhos com vista a diminuir estes valores até 30 e 15 m, respectivamente. Ao mesmo tempo, o Rafale continua sendo aperfeiçoado como plataforma. Em 2009, foi tomada a de-

cisão sobre o desenvolvimento do novo motor M88-Eco (M88-3) com empuxo de 9000 kgf que deve garantir à aeronave uma maior razão potência/peso (com peso de decolagem normal, equivalente a 1,091,10 contra a atual de 0,97) e, consequentemente, alta performance do caça, "capaz de atender a todos os requisitos de potenciais compradores", segundo afirmam os representantes da Dassault. O uso dos motores de maior empuxo no futuro permitirá aumentar o peso de decolagem máximo do caça até 27000 kg (sendo respectivamente aumentados a carga de armas embarcada e o alcance, graças à instalação dos tanques de combustível externos). A comparação de performance dos caças Rafale e Gripen NG permite chegar à conclusão de que a aeronave francesa (na atual configuração) um tanto supera o caça em razão potência/peso (0.97 contra 0.89 com peso de decolagem normal), mas tem a carga sobre a asa um pouco maior (390 e 360 kgf/ m2, respectivamente). Porém, estas diferenças não são tão significativas para poderem garantir uma notável superioridade de um ou outro caça em combate aéreo moderno. Porém, o caça francês, pelos vistos, tem melhores características de aceleração e maior razão de subida inicial que o Gripen NG. Ademais, o caça bimotor Rafale é dotado de um «arsenal» de mísseis mais potente e o seu peso de decolagem é 1,5 vezes maior. Todos estes fatores são capazes de garantir a superioridade da aeronave francesa em missões da DAA. As características de alcance de ambos os caças são, mais ou menos, iguais. Isto se deve à eficiência de combustível quase idêntica dos dois caças (0.45-0.46), sendo parecidos os seus níveis de perfeição aerodinâmica e muito próximas as características dos motores (embora seja possível que o turbofan com pós-combustão General Electric F414G, mais moderno e econômico, proporcione certa vantagem à aeronave sueca). O aspecto econômico da licitação é um tema a parte. As informações disponíveis são escas-

sas. Todavia, sabe-se que as propostas de offset da França (caso o Brasil decida comprar os seus caças Rafale) incluem a aquisição para a FA francesa de 10 aviões de transporte militares médios/aviões-tanque Embraer KC-390. Como resposta norte-americana a este desafio francês pode vir a ser a compra para a Marinha de Guerra dos EUA de 100 aviões de treinamento Embraer Super Tukano, se o Brasil, por sua vez, der preferência aos caças Boeing F/A-18E/F Super Hornet. De um modo geral, as aeronaves propostas ao Brasil pela Suécia e França, são, mais ou menos, equivalentes. O caça francês supera um tanto o seu concorrente quanto a performance e tem o armamento embarcado mais potente (tanto de ataque ao solo como da classe “ar – ar”), enquanto o caça sueco tem melhores características de operação, é capaz de operar das pistas curtas e seu custo é notavelmente mais baixo. Portanto, a decisão final cabe ao governo brasileiro.

Vladimir Iline

2(69).2013

45


COOPERAÇÃO INTERNACIONAL

GLONASS

REINFORÇA POSIÇÕES NO HEMISFÉRIO OCIDENTAL

Gennadiy Raikunov Diretor Geral dos Sistemas Espaciais Russos

O Brasil passou a ser o primeiro país ocidental com qual as negociações sobre a abertura duma estação do sistema de correção diferencial e monitoramento GLONASS levaram a um resultado específico. A abertura da estação de correção em Brasilia é um evento muito sério, porque o sistema de correção diferencial e monitoramento (SCDM), que reune tais estações, constitui uma parte de GLONASS, que não é menos importante do que 24 veículos espaciais. Devido à natureza dos sistemas de navegação por satélite, nenhum, o mais perfeito receptor GPS não pode independemente identificar sua localização com uma precisão de ± 5-15 metros em planta, e esta precisão vai mudar sempre de acordo com a geométria de localização dos satélites no espaço, condições atmosféricas e com muitos outros fatores. Na maioria dos casos, tão precisão do posicionamento será insuficiente mesmo para a navegação. Estação do sistema de correção diferencial e monitoramento GLONASS em Brasília

46

ARMS Defence Technologies Review

U

ma das soluções que aumenta a precisão de posicionamento dos sistemas GPS e GLONASS na superfície ou espaço terrestrial, é o sistema de correção diferencial de satélite que proporciona dados de monitoramento de uma área determinada, transmitidos a partir dum satélite geoestacionário. Até agora há três sistemas de satélites do género, que transmitem um sinal diferencial de acesso livre, denominados SBAS – Space Based Augmentation System. Trata-se do sistema WAAS (Wide Area Augmentation System) para o território da América de Norte, sistema EGNOS (European

Geostationary Navigation Overlay Services) para o território da Europa, e sistema MSAS para o território de Japão e alguns países da Ásia Sudeste. O funcionamento do sistema do serviço diferencial de ampla área pode ser representada no modo seguinte. Estções básicas de monitoramento de sistema (RIMS) identificam coordenas de cada satélite da correção diferencial, e também realizam rastreamento contínuo de todos os satélites NAVSTAR e GLONASS. Seguidamente, as estações RIMS transmitem a informação acumulada nas estações de controlo do sistema (MCC). Nas estações MCC formam-se correções


ENTREVISTA DO DIA

2(69).2013

47


COOPERAÇÃO INTERNACIONAL

A estação na Antártida

48

diferenciais e ocorre o cálculo da precisão de sinais dos sistemas de navegação, recebidos por todas as estações de monitoramento e erros de posicionamento devido à influência da atmosfera. Depois as correções calculadas são transmitidas para as estações de navegação da transferência de dados, uniformemente distribuidas na área de cobertura. As estações são usadas para formular a informação de navegação e controlar satélites geoestacionários. Em seguida as correções transmitem-se aos satélites geoestacionários e passam a ser disponível para utentes de receptores GPS-GLONASS na frequência L1 GPS com a modulação e codificação segundo o padrão do GPS-sinal. Os sinais são gratuítos e recebem-se quase por cada GPS receptores, inclusive receptores codificados (de navegação).

ARMS Defence Technologies Review

Estes sistemas aumentam a precisão de posicionamento até ±1-5 metros em plano, que é suficiente para os objetivos de navegação. As estações russas SCDM enquanto nos pontos certos, recebem sinais de satélites e, comparando-os com seus próprios dados, descobrem divergências. Em seguida, a informação é transmitida para o centro de SCDM em Moscow, e dali aos dispositivos de utentes, completando desta maneira sinais de satélites. Como resultado utentes dos navegadores, celulares e outros dispositivos recebem sinais de navegação mais precisos. É planejado, que o erro depois de uso de SCDM não excederá um metro. Porém, para o efeito o sistema SCDM deverá incluir cerca de 40 estações, e agora há apenas 19, inclusive a recém-aberta estação brasileira. O sistema GPS tem mais de centena de tais estações. Foi ainda na etapa inicial que projetistas da GLONASS traçaram a localização aproximada das estações de correção. Todavia, até recentemente as estações foram instaladas apenas no território da Rússia, CEI e na Antártida – em território neutro. Desta maneira, foram cobertas hemisférios norte e leste, enquanto o cobrimento de SCDM no hemisfério austral foi insuficiente, e o hemisfério ocidental não tive nenhuma estação do sistema. por fim, em 19 de fevereiro a primeira estação no hemisfério ocidental, localizada na universidade da capital brasileira, foi posta em funcionamento. A estação representa uma antena e dois servidores. Os servidores estão num quarto pequeno – os Sistemas Espaciais Russos (SER) alugam este local da Universidade de Brasília. A estação é automática, não precisa dum pessoal, e o seu apoio téctico está a cargo de peritos da universidade. As negociações sobre a instalação das estações SCDM em diferentes países estão realizandas durante vários anos. Embora acordos de princípios fossem concluídos com Índia, Espanha, Indonésia e Cuba, até agora uma estação

abriu-se apenas em Brasilia. As restantes estações SCDM deverão abrir-se em 2014-2015. Alem disso, mais uma estação vai abrir no sul do Brasil – há um acordo de princípio sobre isto com a parte brasileira. As negociações com os norte-americanos sobre a instalação duma estação na Alasca estão próximas da conclusão, como também com a Indonesia e outros países. No entanto, há risco que a concretização demorará: o rápido lançamento da estação em Brasilia é em grande parte o mérito do escritório brasileiro da Agência Federal Espacial (Roskosmos) que envidou grandes esforços a este respeito. Devido ao trabalho do escritório, desde o momento de assinatura do programa de cooperação na área de uso e desenvolvimento de GLONASS entre Roskosmos e Agência Espacial Brasileira até o lançamento da estação apenas passaram apenas seis meses. Além do Brasil, Roskosmos tem escritório similar só na República Popular de China, mas a China desenvolve o seu próprio sistema da navegação por satélite BeiDou e é pouco provável que tem grande desejo de ajudar GLONASS a aumentar a precisão do seu sinal. Em outros países as negociações podem levar anos. Não é nenhum segreado que GLONASS, alem de uso civil, tem também a aplicação exclusivamente militar. Assim, quanto maior for a precisão, tanto mais segura será a capacidade defensiva do país. É possivel que também por isso os países do hemisfério ocidental não estão com pressa para autorizar a instalação das estações russas. Na verdade, em termos de sinais civis, GLONASS e GPS já cooperam, em vez de competir: as estações de correção recebem sinais de todos os satélites, tanto de GLONASS como de GPS; alem disso, nos navegadores dos utentes (por exemplo, em iPhone) ambos os sistemas são usados com maior frequência, aumentando a precisão da leitura.

Olguerd Truhan


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.