R$ 10,00 nº 02 www.revistaideias.com.br
dezembro 2011
ano i
02 Renault
INVESTIMENTO DE
R$ 1,5 BILHÃO
eNtRevista
Para Beto Richa, o futuro começa agora
cimeNto
A expansão do setor e as novas instalações
agRoNegÓcio
As inovações tecnológicas e ambientais
pRé-sal
Da idade da soja à era do petróleo
02
Editorial FÁBIO CAMPANA
E
m poucos meses o Paraná recebeu mais investimentos privados internacionais que em toda a década anterior. O que explica esse fenômeno? Simples. Durante quase dez anos o Paraná foi tutelado por um governo esclerosado e esclerosante que se opôs ao desenvolvimento econômico por conta de visão estatólatra e nacionalista traduzida em gestos e discursos do populismo mais chinfrim. Foram anos de estagnação e desesperança. A verdade é que eram privilegiados interesses políticos pessoais do suserano e de grupos econômicos articulados no poder. Neste número de Ideias Economia, a retomada do crescimento. O Paraná voltou a disputar todos os empreendimentos, nacionais ou internacionais, que pretendam se instalar no Brasil. Para isso construiu o programa Paraná Competitivo que implicou em alterações nas políticas públicas estaduais para atração de investimentos. Resultado: o Paraná tem hoje o melhor ambiente de negócios no País. Neste momento, cerca de 60 grupos empresariais negociam com o Paraná a instalação ou ampliação de unidades industriais. Além da Renault, que oficializou o investimento de R$ 1,5 bilhão na planta instalada em São José dos Pinhais, o Paraná briga pela instalação da unidade da Foxconn, multinacional tailandesa de componentes eletrônicos. O grupo pretende investir US$ 12 bilhões (R$ 19 bilhões) em cinco anos no Brasil, com expectativa de gerar 100 mil empregos diretos. O empreendimento foi batizado de Cidade Inteligente. Os municípios do Norte do Estado – liderados por Londrina e Maringá – trabalham em conjunto para apresentar aos empresários asiáticos as potencialidades da região. E há os investimentos da indústria do pré-sal no Litoral. Somente na região do Pontal do Paraná há empreendimentos em fase de licenciamento ambiental que devem empregar cerca de 10 mil pessoas. O milagre é fácil de compreender. O programa Paraná Competitivo é o conjunto de medidas de in-
centivo ao setor produtivo, por meio da dilação de prazos para recolhimento do ICMS, investimentos para melhoria da infraestrutura e da capacitação profissional, para tornar o Estado atrativo para novos empreendimentos produtivos que gerem emprego, renda, riqueza e desenvolvimento sustentável em todo o estado. Até o momento, o Paraná Competitivo tem confirmados R$ 7,5 bilhões em novos investimentos, principalmente no setor industrial. Outros R$ 15 bilhões estão em negociação do o Governo do Paraná. Os anúncios de investimentos mais recentes no segmento automotivo foram da japonesa Sumitomo, que vai fabricar pneus em Fazenda Rio Grande; a norte-americana Paccar, que vai produzir caminhões DAF, em Ponta Grossa; e a Caterpillar vai produzir retroescavadeiras em Campo Largo. Todos esses investimentos em novas empresas ou na ampliação de empreendimentos significam mais que o crescimento do PIB paranaense. O reflexo mais importante e imediato está na geração de empregos. Para que se tenha uma ideia, entre janeiro a agosto de 2011, o Paraná registrou a criação de 123 mil empregos com carteira assinada. Mais importante, com nível salarial muito superior à média. É a nova visão da política econômica paranaense. Estimular o crescimento da economia para que todos os paranaenses sejam beneficiários. “Precisamos reduzir o assistencialismo e gerar mais empregos de qualidade. Estamos em negociação para que novas empresas venham para o Paraná e gerem muitas vagas de trabalho”, diz o governador Beto Richa. Contra as alegações mais variadas e nem sempre honestas, Richa garantiu ainda que as negociações com a Renault não comprometeram a arrecadação do Estado e que todo o processo foi feito com responsabilidade. “Agimos com austeridade. Podem ter certeza que todas as decisões foram tomadas com plena responsabilidade”, diz o governador, que desde já faz de seu governo um marco na história do Paraná, o da superação da opção pela pobreza pela opção pela prosperidade e bem estar de todos.
dezembro de 2011 |
3
Índice Para Beto, o futuro começa agora 08 Pedro Rocha uma boa parceria 11 Angela Kulaif Renault, investimento de R$ 1,5 bilhão 12 Fábio Campana A atração de investimentos no Paraná 15 Maria Arruda Mendonça O novo mapa de investimentos do Estado 16 Marianna Camargo Futuro veloz para o Paraná 18 Rogério Mendes Paraná disputou empreendimento com outros 4 Estados 20 Manoel Chagas A Renault e o salto industrial do Paraná 22 gilmar Mendes Lourenço 12
REVISTA
Publicação da Travessa dos Editores ISSN 1679-3501 Edição 02 – R$ 10,00 ideias@revistaideias.com.br revistaideias.com.br facebook.com/revistaideias twitter@revistaideias
Agência de Fomento 24 Beatriz Loyola Setor de bebidas cresce em Maringá 25 Rodrigo vasconcelos
EDITOR-CHEFE Fábio Campana
A cadeia produtiva de R$ 1,5 bilhão 26 Paulo Abreu
CHEFE DE REDAÇÃO Marianna Camargo
Refinaria verde 27 tereza Cristina de Oliveira
Fábrica de caminhões investe uS$ 200 milhões 29 Luiz Carlos Custódio
COLABORADORES Angela Kulaif, Baltazar dos Santos, Beatriz Loyola, Gilmar Mendes Lourenço, Lauro Ferro de Andrade, Luiz Carlos Custódio, Manoel Chagas, Maria Arruda Mendonça, Nina De Biase, Paulo Abreu, Pedro Rocha, Rodrigo Vasconcelos, Rogério Mendes, Tereza Cristina de Oliveira
Pontal do pré-sal: Da idade da soja à era do petróleo 30 Nina De Biase
CAPA Luigi Camargo
Do noroeste para a Noruega 28 Baltazar dos Santos
Os desafios do Mercosul Lauro Ferro de Andrade 30
ECONOMIA
33
FOTO DA CAPA Rodolfo Buhrer/ La Imagem / Renault PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO Katiane Cabral e Luigi Camargo
humor 34
16
PARA ANUNCIAR comercial@revistaideias.com.br PARA ASSINAR assinatura@revistaideias.com.br ONDE ENCONTRAR Banca do Batel Banca Boca Maldita Banca da Praça Espanha Fnac Shopping Barigui Revistaria do Maninho Revistaria Quiosque do Saber no Angeloni Banca Presentes Cotegipe no Mercado Municipal Livrarias Ghignone Banca Bom Jesus Revistaria Itália Banca Shopping Curitiba
Rua Desembargador Hugo Simas, 1570 CEP 80520-250 / CURITIBA PR Tel.: [41] 3079 9997 travessadoseditores.com.br
4
| dezembro de 2011
Neste natal presenteie com inteligência. Dê livros da Travessa. PROMOÇÃO ESPECIAL DE NATAL: 3 livros por R$ 50,00. Escolha entre quase 100 títulos disponíveis e reserve já os seus. Estoque limitado. Veja algumas sugestões:
A Árvore de Isaías Fábio Campana Crônica 160 páginas 13 x 21 cm
O velho e rude esporte bretão
Carlos Alberto Pessôa Futebol / crônicas 240 páginas 15 x 21 cm
O mundo não é redondo Antonio Cescatto Ficção 384 páginas 15 x 21 cm
Ultralyrics
Marcos Prado Poesia 192 páginas 24,5 x 25 cm Inclui CD
Arquitetura do movimento moderno em Curitiba
24 quadros
Salvador Gnoato Arquitetura 144 páginas 22 x 21 cm
Luciana Cristo Nívea Miyakawa História 168 páginas 22 x 21 cm
Em preto e branco, o início da televisão em Curitiba
Rubens Meister, Vida e Arquitetura Marcelo Sutil Salvador Gnoato Arquitetura 95 páginas 22 x 20,5 cm
Maria Luiza Gonçalves Baracho História 112 páginas 22 x 21 cm
Joaquim - Dalton Trevisan (en)contra o paranismo Luiz Claudio Soares de Oliveira História e Crítica 216 páginas 22 x 21 cm
Corpo Re-construção Ação Ritual Performance Fernanda Magalhães Arte / fotografia 288 páginas 17,5 x 23,3 cm
Ai
Fábio Campana Romance 182 páginas 15 x 21 cm
Modos & Modas
Carlos Alberto Pessôa Crônica 144 páginas 15 x 21 cm
Livro, o melhor presente. Para comprar ou conhecer outros títulos, entre em contato: 41 3079.9997 / comercial@travessadoseditores.com.br ou visite o site www.travessadoseditores.com.br
dezembro de 2011 |
5
Curtas perDeu o vIGor
oBSeSSÃo LeGiSferante
um setor que perdeu vigor de crescimento que demonstrava em 2010 foi o da construção civil. Em agosto do ano passado tinha empregado 48,5 mil trabalhadores, o que significava crescimento de 1,7% em relação ao mês anterior. O nível de emprego registrava elevação de 14,8%. Os analistas do setor têm uma explicação plausível. Acreditam que o setor consolidou um novo patamar e passa a ascender de forma mais gradual. Nos últimos 12 meses foram contratados foram contratados 223 mil trabalhadores com carteira assinada, aumento de 7,6%.
Pois, pois, o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), constatou que desde que a Constituição Brasileira foi promulgada, em outubro de 1988, já foram editadas 4,35 milhões de novas leis e normas federais, estaduais e municipais no país. Essa obsessão legisferante é notória e tem tudo a ver com nossas origens ibéricas e com o patrimonialismo brasileiro. Pasmem. Ao longo desses 23 anos, o impulso dos Legislativos e Executivos federal, estaduais e municipais criou, em média, 518 novas normas por dia para o cidadão cumprir. Se levados em conta apenas os dias úteis, são 776 por dia. Ora, pois, como diz Fernando Steinbruch, diretor do Instituo Brasileiro de Planejamento Tributário – IBPT, a legislação brasileira é “um desmedido emaranhado de assuntos que gera uma grande instabilidade e insegurança jurídica para os cidadãos e para as empresas”. Nossa Constituição completa 23 anos e já recebeu 73 emendas. Nos Estados Unidos, a Carta tem 224 anos e apenas 27 emendas.
irrecUPeráVeL 1 Se a capacidade de liberar verbas por meio de convênios nunca foi tão grande quanto nos últimos oito anos, o governo federal está longe da mesma eficiência na recuperação do dinheiro desviado por maus gestores públicos e organizações não governamentais. Desde 2003, a União ajuizou ações para cobrar R$ 67,9 bilhões desviados ou mal empregados. A cada R$ 100 que escorreram pelo ralo da corrupção, conseguiu reaver, de 2003 a 2010, na Justiça R$ 2,34. Os dados são da Advocacia Geral da União (AGU), órgão responsável pelas ações de cobrança. Um desempenho medíocre, fruto da morosidade dos tribunais e da omissão dos ministérios na análise das prestações de contas de entidades, prefeituras e estados conveniados.
resIsTÊnCIA nATIvA há dados que desmentem a sinistrose que passou a dominar o discurso de alguns fanáticos do Apocalipse, que anunciam a crise internacional a nos levar para o caos. A crise internacional ainda não afetou as fusões e aquisições no Brasil neste ano da graça de 2011. há 553 transações anunciadas até setembro. O volume é o mesmo de 2010. Setembro registrou 64 negócios. Em 2010 foram 62. Na comparação com 2007, ano que se tornou referência, houve alta de 6% no número de negócios.
6
| dezembro de 2011
irrecUPeráVeL 2 O grosso do dinheiro cobrado pela AGU é das chamadas transferências voluntárias, pactuadas por meio de convênios e instrumentos semelhantes. De lá para cá, sentenças judiciais garantiram devolução de R$ 1,5 bilhão, ou 2,34% do total. Desse montante, mais de 93% são de convênios. O caminho da recuperação é lento, a começar pelas providências elementares, a cargo dos órgãos federais responsáveis pela liberação.
Perda E o Paraná soube durante a assinatura do Protocolo de Intenções entre Beto Richa e Carlos Ghosn, para ampliação da Renault em São José dos Pinhais, que em 2008 a indústria decidiu fabricar seus automóveis Fluence em Córdoba, Argentina, pois Roberto Requião sequer recebeu os executivos que pretendiam mostrar os planos da montadora e os investimentos. Fez pouco caso e quem perdeu uma linha de montagem de um veículo com altíssimo valor agregado.
O 26° na fila Pois, pois, o Paraná é o 5º Estado que mais gera recursos para a União, mas é o 26º na hora de receber investimentos federais. O caráter discriminatório dessa situação fica evidente quando se considera a situação do Rio Grande do Sul, Estado que tem um perfil econômico e demográfico semelhante ao do Paraná, mas que é governado pelo PT. Os gaúchos estão em 10º entre os Estados que mais recebem recursos, com uma previsão de investimentos para 2012 de R$ 1,85 bilhão, enquanto que o Paraná deverá ficar com apenas R$ 720 milhões. Cada cidadão do Rio Grande do Sul receberá R$ 172,55 em verbas federais, enquanto que cada paranaense vai ter de se contentar com apenas R$ 68,55 dessas verbas. PREVISÃO DOS INVESTIMENTOS POR ESTADO DA LEI ORÇAMENTÁRIA DA UNIÃO PARA 2012 investimento por Unidade da habitante (r$) federação Roraima 465,85 Rondônia 378,62 Alagoas 243,41 Goiás 242,56 Mato Grosso 236,91 Tocantins 231,90 Amapá 220,75 Distrito Federal 197,88 Mato Grosso do Sul 189,75 rio Grande do Sul 172,55 Sergipe 163,38 Bahia 155,30 Rio Grande do Norte 140,03 Piauí 136,31 Minas Gerais 133,30 Santa Catarina 132,32 Pará 130,26 Paraíba 122,79 Amazonas 116,86 Acre 114,09 Ceará 105,94 Maranhão 95,50 Pernambuco 73,97 Rio de Janeiro 71,94 Espírito Santo 69,35 Paraná 68,55 São Paulo 26,71
informática em Londrina
Orlando Kissner / AENotícias
Guarapuava
Lupionópolis A pequena cidade do norte paranaense foi escolhida pela empresa paulista de alimentos Asteca Hinomoto para sediar seu novo investimento, utilizando-se do programa Paraná Competitivo. A empresa vai produzir massas alimentícias e condimentos na primeira etapa da implantação. Até o final do empreendimento serão contratados 600 funcionários.
divulgação
A mega distribuidora de produtos de informática, gerida pelo grupo de investimento IdeiasNet, instalará sua segunda filial no Paraná em Londrina e concentrará para todo o Brasil a logística de distribuição, resultando em faturamento de aproximados R$ 500 milhões de reais/ano. O grupo fatura mais de 1,2 bilhão de reais e possui até uma equipe de StockCar – a OfficerPro.
E a primeira cooperativa a utilizar-se do programa Paraná Competitivo foi a Agrária, localizada no distrito rural de Entre Rios em Guarapuava. O investimento servirá para produção de derivados de milho que ampliarão o portfolio da cooperativa para as produtoras de cerveja do Brasil e América Latina. Já em novembro houve uma reunião da diretoria da cooperativa na Bélgica com os dirigentes da Inbev (holding proprietária da AMBEV), quando os planos de expansão foram mostrados aos compradores preferenciais da Agrária.
Sumitomo
Gás natural
A empresa japonesa que produzirá pneus Dunlop, Falken e Goodyear em Fazenda Rio Grande já começou a terraplenagem do seu terreno onde construirá sua unidade fabril com 90 mil m2 em sua primeira etapa. Já em dezembro começará a distribuir os pneus que importará de sua fábrica no Japão, buscando um mercado inicial de 5% em todo o Brasil.
O governador Beto Richa e o diretor presidente da Compagas, Luciano Pizzatto, inauguraram no último dia 8 de dezembro, em Londrina, a primeira Unidade Autônoma de Gás Natural Canalizado (UAG) da cidade, que terá capacidade para operar cerca de 10 milhões de metros cúbicos por ano. A unidade é considerada fundamental para incentivar o desenvolvimento industrial do norte do Paraná. A Compagas adiantou o seu cronograma de investimentos a fim de concluir o empreendimento e atender o Programa Paraná Competitivo.
Apenas no papel Coisas nossas, muito nossas, diria Noel Rosa. Mais de um ano depois de sua criação, a estatal Pré-Sal Petróleo S.A existe apenas no papel. Falta um decreto da presidente Dilma Rousseff para definir a estrutura, número de empregados e estabelecer o custo para manter a companhia. Ela foi criada em 2 de agosto de 2010. Considerada prioritária por Lula, não parece ser tão prioritária neste governo, onde há quem considere que a nova empresa vai absorver que já são da Petrobrás e da Agência Nacional de Petróleo.
dezembro de 2011 |
7
eNtRevista
para beto, o futuro começa agora O novo ciclo de industrialização faz a produção no Estado crescer mais do que o triplo da média nacional PEDRO ROCHA
O Paraná Competitivo foi decisivo para a vinda da Renault e de outros investimentos já confirmados no Estado? O programa Paraná Competitivo foi muito relevante nas negociações. Mas a atração dos novos empreendimentos está associada a um conjunto de fatores inerentes a este novo momento vivido pelo Estado do Paraná. Disposição para o diálogo, segurança jurídica e projetos consistentes para a infraestrutura de transporte e a capacitação profissional estão entre eles. Sem o Paraná Competitivo não haveria como trazer tantas empresas, pois a guerra fiscal entre os estados ainda é uma realidade inexorável. Mas só com ele também não teríamos argumentos tão fortes para convencer os investidores de que o Paraná, hoje, é um dos melhores lugares da América Latina para novas oportunidades de negócios. O capital produtivo é extremamente seletivo nas suas escolhas, então era fundamental demonstrar a condição diferenciada e privilegiada do Estado. De tal forma que não ficássemos dependentes apenas de estímulos fiscais. É essencial, nesse processo, comprovar a competitividade da nossa economia e indicar que ela tem todas as condições de se tornar ainda mais competitiva já no médio prazo em face da concorrência internacional.
8
| dezembro de 2011
RODOLFO BuhRER
Ideias – O que significa concretamente o investimento da Renault no contexto da nova política de industrialização? Beto Richa – É praticamente um divisor de águas. Vai elevar a participação da Renault no mercado nacional dos atuais 5% para 8% até 2016, consolidando o Paraná como segundo mais importante pólo automotivo do País, além de gerar dois mil postos de trabalho. Sem dúvida é o início de um novo círculo virtuoso na economia paranaense.
z
A AtRAçãO DOS NOvOS EMPREENDiMENtOS EStá ASSOCiADA A uM CONJuNtO DE FAtORES iNERENtES AO NOvO MOMENtO viviDO PELO EStADO
Qual o balanço do programa até aqui, passados dez meses de gestão? Fechamos R$ 8 bilhões em investimentos, que vão gerar, ou já estão gerando, 12.500 empregos diretos. Além da Renault, tivemos Sumimoto (R$ 560 milhões, Fazenda Rio Grande), Cargill (R$ 350 milhões, Castro), Paccar/DAF (R$ 350 milhões, Ponta Grossa), Arauco (R$ 270 milhões, Jaguariaíva), Caterpillar (R$ 170 milhões, Campo Largo) e Potencial (R$ 90 milhões, Lapa), entre vários outros. Além dos protocolos já firmados, estamos em negociação com cerca de 60 empresas e grupos econômicos interessados em iniciar ou ampliar suas atividades aqui. É absolutamente seguro que várias dessas sondagens vão resultar na assinatura do protocolo de intenções, último passo para a confirmação do novo investimento.
dezembro de 2011 |
9
Arnaldo Alves / AENotÍcias
Ricardo Almeida / AENotícias
O governo fechou R$ 8 bilhões em investimentos, que vão gerar, ou já estão gerando, 12.500 empregos diretos
O senhor tem falado em novo ciclo de industrialização do Estado. Pode explicar melhor esta tendência? Entre janeiro e agosto deste ano a produção industrial paranaense teve um acréscimo de 4,8% em relação ao mesmo período do ano passado, de acordo com o IBGE, bem acima da média nacional, de 1,4%. Os novos investimentos, realizados ao longo deste ano, têm um período de maturação. Seus frutos começam a amadurecer entre 2012 e 2013. Pelos números já expostos, nosso salto de industrialização não é simplesmente uma convicção pessoal, mas uma realidade irreversível. Um ciclo duradouro, que elevará os padrões de qualidade de vida da população e que vai ampliar substancialmente a capacidade de investimento do Estado, na medida em que teremos um aumento da arrecadação tributária. A industrialização é compatível com nossa vocação agrícola? Totalmente compatível. São setores que se complementam e que interagem em favor do dinamismo econômico. Nosso propósito é ampliar o grau de agroindustrialização, agregando valor ao produto. Mas claro que isso não é um ato de vontade própria. É preciso conciliar a oferta com as demandas do mercado internacional. O agronegócio se mantém como o motor da economia paranaense. Mas a diversificação da economia e a sofisticação da indústria são necessárias para que não nos perpetuemos como vendedores de commodities. A instalação das novas indústrias vai permitir que diversifiquemos a produção, ampliando a cadeia
10
| dezembro de 2011
a diversificação da economia e a sofisticação da indústria são necessárias para que não nos perpetuemos como vendedores de commodities do setor automotivo, material de transporte, pneus, informática e outros segmentos. Uma crítica muito recorrente ao Paraná Competitivo e a programas de incentivos fiscais adotados por outros estados é que eles abusam na dilação do prazo de recolhimento de impostos, e até na isenção, prejudicando a arrecadação. Qual sua avaliação a respeito? Programas dessa natureza derivam de duas questões. Primeiro, a alta carga tributária do País, em
torno de 36%, que nos tira competitividade. Então os estados, para se tornarem atraentes, buscam alternativas. E segundo, a guerra fiscal. Os estados competem entre si na atração de investimentos. Esse quadro geral se agrava com distorções federativas, em que alguns estados são privilegiados pelos repasses e transferências federais, em prejuízo de outros estados. Vejo disposição na presidente Dilma de equacionar a questão. Mas uma coisa é certa: o Paraná Competitivo se revelou um instrumento de política industrial extremamente eficiente, alargando a atividade econômica e diversificando os parques industriais. Os ganhos fiscais para o Estado são substantivos. Abre-se no horizonte próximo uma perspectiva consistente de alterar o perfil social e econômico paranaense. A propósito das distorções federativas, qual a sua posição na questão do pré-sal? O pré-sal é riqueza nacional, precisa ser distribuída entre todos os estados e municípios brasileiros, com alguma compensação às regiões produtoras. É um direito do qual não abrimos mão. Mas não queremos e não vamos ficar dependentes desse recurso. Queremos a nossa parte como uma espécie de poupança extra para reinvesti-la em melhoria da educação, infraestrutura, ciência e tecnologia. Tendo a inovação e a sustentabilidade como nossos nortes principais. Vejo o futuro paranaense ancorado no fortalecimento do agronegócio, na diversificação industrial e na sofisticação da prestação de serviços ligados à alta tecnologia.
ANGELA KULAIF
uma boa parceria Investimento público, investimento privado e a parceria que pode levar ao desenvolvimento
N
ós somos as escolhas que fazemos. Isso vale para as pessoas e para as instituições, sejam elas públicas ou privadas. E vale também para os governos, escolhidos pelas pessoas nos regimes democráticos. Bom, mas o que isso tem a ver com os investimentos público e privado e com a qualidade da associação entre eles que pode levar ao desenvolvimento econômico e socioambiental? Tudo! A oportunidade de abordar o tema da parceria entre setor público e setor privado me veio quando comecei a pesquisar os orçamentos estaduais para 2012, os primeiros dos governos eleitos em 2010, e percebi que o assunto “investimento” é crucial para todos os Estados. É bem verdade que a capacidade de investimento do setor público em cada Estado dependerá em 2012 fortemente da herança – maldita ou bendita – dos governos que antecederam os atuais, mas é inegável também a importância do investimento que será realizado pela União. Tomando por base os dados disponíveis na página da Secretaria do Orçamento Federal (SOF) do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, dá para ver que as intenções de investimento do Governo Federal variam bastante. O Paraná e o Rio Grande do Sul, por exemplo, dois Estados com basicamente o mesmo tamanho em população – 10,4 e 10,7 milhões de habitantes em 2010, de acordo com o IBGE -, contam com estimativas de investimentos pela União de, respectivamente, R$ 721 milhões e R$ 1.852 milhões em 2012. Rio de Janeiro e Bahia, também dois Estados com tamanhos próximos em população – 16 milhões e 14 milhões, respectivamente – repetem a diferença, com investimentos previstos no orçamento da União de, respectivamente, R$ 1.159 milhões e R$ 2.189 milhões. Minas Gerais, com praticamente 20 milhões de habitantes, receberá investimentos de R$ 2.630 milhões e São Paulo, com 41 milhões de habitante, R$ 1.111 milhões. Existe uma “lógica do investimento público”. O investimento público, independentemente de
sua orientação política ou ideológica, deve ter por norte o desenvolvimento de toda a sociedade, a melhor distribuição da riqueza e a elevação da qualidade de vida das pessoas. Embora o critério populacional não tenha que ser necessariamente o parâmetro para a distribuição territorial de investimentos públicos, parece relevante que algum critério não discricionário ou simplesmente político - exista para justificar a distribuição dos recursos. O investimento privado é a outra ponta do eixo com o qual os Estados esperam contar para promover o desenvolvimento em seus territórios. O investimento público e o investimento privado são comandados por razões/condições
viStOS NA ESSÊNCiA, O iNvEStiMENtO PúBLiCO E O iNvEStiMENtO PRivADO APRESENtAM MuitO MAiS iNtERDEPENDÊNCiAS DO quE CONtRADiçÕES E A ASSOCiAçãO ENtRE AMBOS FAz tODO O SENtiDO
próprias para o cumprimento de suas funções e perseguem objetivos diferentes, mas será da composição dos dois que pode sair o melhor resultado para a sociedade. Vistos na essência, o investimento público e o investimento privado apresentam muito mais interdependências do que contradições e a associação entre ambos faz todo o sentido, na exata medida em que um depende do outro e tem a capacidade de criar sinergias que beneficiarão os dois, setor público e setor privado, em seus respectivos objetivos. Mas, como já disse alguém, o diabo mora nos detalhes, e a disputa (acirrada) pelo investimento privado pode levar o poder público a uma posição em que o equilíbrio do acordo realizado pode não ficar tão claro para a sociedade. No caso da nova planta da Nissan no Rio de Janeiro, anunciada no último 6 de outubro, por exemplo, a Assembleia Legislativa decidirá se autoriza o Estado do Rio a firmar contrato de financiamento com a Nissan até o limite de R$ 5,9 bilhões, com prazo de carência de 30 anos e taxa de juros de 1% ao ano para cada parcela liberada, em contrapartida do investimento de R$ 2,6 bilhões que será realizado pela empresa, com a expectativa de geração de 2 mil novos empregos diretos e indiretos. Do ponto de vista econômico, não é uma decisão fácil. De qualquer modo, instituições democráticas fortes, regulação adequada, transparência e instrumentos de controle do setor público são fundamentais para que a própria sociedade decida sobre os investimentos a serem realizados em seu benefício. Mas ainda assim restará o espaço para as escolhas, que estarão colocadas na prática das políticas de investimentos das empresas e dos governos e explicitarão os efetivos compromissos de ambos com a sociedade.
ANGELA KULAIF é Economista e Consultora em Regulação Econômica dezembro de 2011 |
11
RepoRtagem
Renault, investimento de R$ 1,5 bilhão FÁBIO CAMPANA
O
Paraná retomou a confiança do capital produtivo internacional. Os grandes investimentos voltaram para esta área do planeta. Assim, quebra-se um longo período de estiagem provocado pela política estatólatra e nacionalista do governo anterior. O governador Beto Richa e o presidente
12
| dezembro de 2011
mundial do grupo Renault-Nissan, o brasileiro Carlos Ghosn, assinaram protocolo de intenções que oficializa o investimento de R$ 1,5 bilhão pela montadora francesa na planta instalada em São José dos Pinhais. O investimento foi enquadrado no programa de incentivo Paraná Competitivo e vai gerar 2.000 empregos diretos, sendo que metade dos trabalhadores passam a ser contratados imediatamente.
Do total programado para ser aplicado na unidade paranaense, R$ 500 milhões serão utilizados para a implantação de um centro de engenharia e desenvolvimento de produtos. O restante será aplicado na ampliação dos processos de produção. A companhia pretende elevar a produção de 280 mil para 380 mil veículos por ano. “O Paraná atrai um grande investimento internacional porque retomamos a confian-
divulgação
Na Renault, Richa reafirma nova política de desenvolvimento
Imagem aérea do Complexo Ayrton Senna, onde estão instaladas as fábricas da Renault do Brasil
O investimento foi enquadrado no programa de incentivo Paraná Competitivo e vai gerar 2.000 empregos diretos. metade será contratada imediatamente
ça do capital produtivo no nosso Estado”, disse o governador Beto Richa, destacando que cada emprego direto gerado na indústria pode criar outros seis postos de trabalho indiretos. Segundo ele, o investimento da Renault é importante porque tão relevante quanto o volume de empregos é a qualidade da mão-de-obra que será contratada. De acordo com Richa, a concretização do acordo é do interesse de todos os paranaenses e o projeto da montadora francesa trará benefícios para o conjunto do Estado. “Esta é mais uma demonstração do esforço que estamos fazendo para que o Paraná volte a ser respeitado, como exemplo de boas ações e práticas pioneiras”, afirmou. Beto Richa afirmou que o governo preocupou-se em criar um programa moderno, inovador e abrangente de atração de investimentos para atender a todas as regiões do Estado, principalmente as mais carentes. Em paralelo, o governo está investindo em projetos para melhoria de portos, aeropor-
Após assinar o protocolo de intenções com os executivos da montadora francesa, o governador Beto Richa visitou o complexo Ayrton Senna, conjunto de fábricas de veículos e motores da marca Renault localizado em São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba. Richa elogiou o crescimento e a consolidação da indústria no cenário mundial e disse que o governo estadual vai apoiar as empresas que acreditam no desenvolvimento do Paraná. “A Renault é uma grande montadora, que gera riquezas e empregos para nosso povo. Vivemos um novo momento, no qual o Estado passa a ser parceiro do setor produtivo”, afirmou o governador para cerca de sete mil funcionários. Beto Richa também conheceu a linha de produção do modelo Duster, novo utilitário esportivo que será fabricado pela unidade da Renault no Paraná. Acompanhado de Carlos Ghosn, presidente mundial do grupo, o governador disse que o Paraná tem como princípio a emancipação da população pela educação e formação profissional e que indústrias que geram empregos são bem-vindas. “Precisamos reduzir o assistencialismo e gerar mais empregos de qualidade. Estamos em negociação para que novas empresas venham para o Paraná e gerem muitas vagas de trabalho”, destacou ele. Richa garantiu ainda que as negociações com a Renault não comprometeram a arrecadação do Estado e que todo o processo foi feito com responsabilidade. “Agimos com austeridade. Podem ter certeza que todas as decisões foram tomadas com plena responsabilidade”, concluiu.
tos, rodovias e ferrovias. “Essa proposta tem atraído um grande número de indústrias e a Renault é o maior projeto até o momento”, declarou.
Potencial de crescimento O presidente do grupo Renault-Nissan, Carlos Ghosn, disse que a empresa está convencida do potencial de crescimento do mercado brasileiro, que é o segundo maior da marca no mundo, abaixo da França, e a planta paranaense vai desempenhar um importante papel na dezembro de 2011 |
13
Números do programa Paraná Competitivo (de janeiro a agosto de 2011) ...................................................................................................
R$ 7,5 bi
confirmados em novos investimentos ...................................................................................................
R$ 15 bi
em negociação com o Governo do Paraná
...................................................................................................
123 mil
empregos com carteira assinada
A decisão da renault foi tomada com base em um horizonte de 20 anos. nesse prazo o mercado brasileiro deve saltar de 250 veículos por mil habitantes para 550 veículos, semelhante ao atual mercado europeu
14
| dezembro de 2011
elevação das vendas da companhia. Segundo ele, as condições logísticas do Paraná, como o porto de Paranaguá, o acesso facilitado aos países do Mercosul e ao mercado consumidor nacional, a rede local de fornecedores, a mão de obra qualificada e a oferta de energia foram determinantes para a decisão de realizar novos investimentos da planta de São José dos Pinhais. “A Renault gera empregos e riqueza e quer ser bem tratada, coisa que não ocorreu nos últimos oito anos. Mas vejo no governador Beto Richa um amigo e ele, com sua equipe, deixaram bastante claros o interesse e o apoio que está sendo dado aos novos investimentos no estado”, afirmou Ghosn. O executivo minimizou os possíveis impactos da crise financeira que atinge a Comunidade Europeia no momento e também as medidas recentemente anunciadas pelo governo federal em relação ao aumento do Imposto sobre Produtos Industrializados. Ghosn disse que a decisão da Renault foi tomada com base em um horizonte de 20 anos e que as perspectivas apontam que nesse prazo o mercado brasileiro deve saltar de 250 veículos por mil habitantes para 550 veículos, semelhante ao mercado europeu atual.
A expansão da Renault O projeto da Renault está dentro da política de expansão da empresa, que espera alcançar 8% do mercado nacional de veículos até 2016 e aumentar a cobertura de mercado de 76% para 90%. Para isso a empresa vai lançar 13 novos modelos e aumentar a produção de 280 mil unidades por ano para 380 mil unidades de veículos de passeio e utilitários no Paraná. Será instalada uma nova linha de montagem, que eleva a produção de 40 para 60 veículos por hora. Também será criado um centro tecnológico de desenvolvimento de novos produtos, um centro de engenharia e treinamento e novas instalações logísticas. O secretário da Fazenda, Luiz Carlos Hauly, disse que a nova rodada de investimentos da Renault no Paraná consolida o parque automotivo estadual, o segundo do país em número de empresas. Ele explicou que para a concessão de incentivos à montadora o governo estudou toda a cadeia produtiva, a rede de fornecedores locais, o índice de paranização de peças, as importações, o desenvolvimento de produtos, tecnologias e a qualidade dos empregos gerados. “A partir dessa equação encontramos uma solução equilibrada entre os benefícios que o governo pode oferecer e o que o Paraná vai receber”, afirmou Hauly. “Encontramos um meio termo, prudente e dentro da respon-
sabilidade fiscal, que agradou as duas partes e vai garantir a permanência da empresa no Paraná por mais 20 anos”, disse o secretário. O município de Piraquara, vizinho de São José dos Pinhais, também será beneficiado com os novos investimentos da montadora, recebendo um centro de logística da empresa, que será instalado em uma área de 100 mil metros quadrados. “Este é um grande presente do governador Beto Richa para Piraquara. O centro de distribuição vai permitir um aumento da arrecadação e com isso podermos melhorar a qualidade de vida da população”, afirma o prefeito Gabriel Samaha.
Os incentivos oferecidos O programa Paraná Competitivo contempla uma série de medidas de incentivos ao setor produtivo, por meio da dilação de prazos para recolhimento do ICMS, investimentos para melhoria da infraestrutura e da capacitação profissional, para tornar o Estado atrativo para novos empreendimentos produtivos que gerem emprego, renda, riqueza e desenvolvimento sustentável em todo o estado. Até o momento, o Paraná Competitivo tem confirmados R$ 7,5 bilhões em novos investimentos, principalmente no setor industrial, dos quais a Renault é o maior, e outros R$ 15 bilhões estão em negociação com o Governo do Paraná. Os anúncios de investimentos mais recentes no segmento automotivo foram da japonesa Sumitomo, que vai fabricar pneus em Fazenda Rio Grande; a norte-americana Paccar, que vai produzir caminhões DAF, em Ponta Grossa; e a Caterpillar vai produzir retroescavadeiras em Campo Largo. A nova política de atração de empreendimentos do Paraná já mostra bons resultados. De janeiro a agosto de 2011, o estado registrou a criação de 123 mil empregos com carteira assinada. Um lugar estratégico Para a empresa, o Brasil é um país estratégico, porque representa o segundo maior mercado da Renault no mundo, abaixo apenas da França. Para 2013, a montadora espera vender 3 milhões de veículos, 400 mil a mais do que em 2010. O encontro teve a participação de toda a direção da Renault do Brasil, entre eles o presidente, Jean-Michel Jalinier; o vice-presidente, Alain Daniel Tissier; o vice-presidente financeiro, François Jean-Paul Marc David; e o diretor de relações institucionais da empresa, Antônio Calcanhoto. Participaram também os secretários de Estado da Fazenda, Luiz Carlos Hauly; da Indústria, Comércio e Assuntos do Mercosul, Ricardo Barros; do Planejamento, Cássio Taniguchi.
paRaNá competitivo
a atração de investimentos no paraná MARIA ARRUDA MENDONÇA
O
s dois investimentos mais recentes a se beneficiar do programa Paraná Competitivo – Supremo Cimentos e Votorantim Cimentos – são exemplos da qualidade dos empreendimentos que o governo do Paraná tem atraído para o Estado. Com eles, o número de empregos criados apenas pelas empresas que já firmaram acordo chega a 14 mil, espalhados pelas mais diferentes regiões do Estado. O grupo empresarial Margem Cia. de Mineração (Supremo Cimentos) está investindo R$ 340 milhões para implantar uma nova unidade industrial em Adrianópolis, município que possui um dos menores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do Estado. Serão gerados 650 empregos diretos e indiretos. O outro empreendimento é a ampliação da capacidade produtiva da unidade da Votorantim Cimentos S.A., localizada em Rio Branco do Sul, na Região Metropolitana de Curitiba. O investimento de R$ 625 milhões prevê a geração de 980 empregos diretos e indiretos.
DESDE O iNíCiO DO PROgRAMA FORAM CONFiRMADOS iNvEStiMENtOS DE R$ 9,5 bilhÕes E MAiS R$ 12 bilhÕes EStãO EM NEgOCiAçãO O programa Paraná Competitivo foi lançado em fevereiro deste ano, pelo governador Beto Richa. A ideia é provocar uma nova onda de industrialização, por meio da criação de ins-
trumentos de política pública para a atração e expansão dos investimentos no Estado. Já estão confirmados ou em processo de implantação investimentos que somam R$ 9,5 bilhões. Existe ainda a previsão de mais R$ 12 bilhões a serem aplicados por empresas que estão em processo de negociação com a Secretaria da Fazenda, num total de 70 empreendimentos. O programa concede incentivos fiscais como parcelamento do ICMS gerado pelo investimento, diferimento desse mesmo tributo da fatura de energia elétrica e gás natural. Além disso, prevê a qualificação e capacitação da mão de obra, infraestrutura, internacionalização, fomento, incentivos e crédito. O volume de novos negócios permite prever um novo ciclo de transformação do Paraná. O que inclui outros investimentos gerados pela cadeia produtiva ou para dar sustentabilidade ao novo nível de renda gerado pelos investimentos, tanto no comércio como em serviços e o aporte de recursos públicos em infraestrutura para atender a demanda da população.
expaNsão da votoRaNtim em Rio bRaNco do sul A unidade ampliada da votorantim deve entrar em operação no final de 2012, gerando 1 mil empregos diretos e indiretos, além de 1.500 postos de trabalho durante a construção. Serão construídos uma nova moagem e mais um forno. O investimento faz parte do plano de expansão da votorantim para atender a crescente procura por cimento em vários estados do Brasil. Além da unidade de Rio Branco do Sul, a empresa tem duas fábricas no Rio grande do Sul e uma em Santa Catarina. O diretor financeiro da empresa, Sidney Catania, destacou o bom diálogo com o governo e a importância do investimento para a consoli-
dação da empresa no cenário mundial. “O Paraná é autossuficiente na produção e consumo de cimento, mas agora começa a exportar. A unidade de Rio Branco do Sul já é a maior fábrica de cimento da América do Sul e agora passa a ser uma das maiores do mundo em produção”, disse Catania. A segurança jurídica e o cenário favorável aos negócios foram os fatores que o diretor enumerou como fundamentais para a consolidação do investimento no Paraná.
coNtRapaRtida O protocolo de intenção prevê algumas obras de infraestrutura a serem realizadas em conjunto entre o Estado e
a votorantim. A Copel irá fazer novos investimentos para garantir suprimento adicional de energia que sustente o funcionamento da planta ampliada. O governo negocia ainda com a empresa a duplicação da rodovia dos Minérios, no trecho de acesso à votorantim. “A empresa pretende ampliar a produção até 2012 e queremos que essa rodovia esteja duplicada até lá para suportar o grande fluxo de caminhões”, afirmou o secretário da indústria, Comércio e Assuntos do Mercosul do Paraná, Ricardo Barros. Ele ressaltou que o governo quer fomentar a industrialização do interior e que até o fim do ano deverão ser anunciados novos investimentos. dezembro de 2011 |
15
iNvestimeNto
o novo mapa de investimentos do estado MARIANNA CAMARGO
O
Paraná Competitivo foi criado para reinserir o Paraná na agenda dos investidores nacionais e internacionais. O programa contempla uma série de medidas por meio da dilação de prazos para recolhimento do ICMS, investimentos para melhoria da infraestrutura, comércio exterior, desburocratização e de capacitação profissional, para tornar o Estado atrativo
para novos empreendimentos produtivos que gerem emprego, renda, riqueza e desenvolvimento sustentável em todo o estado. Até o momento, o Paraná Competitivo tem confirmados R$ 7,5 bilhões em novos investimentos, principalmente no setor industrial, dos quais a Renault é o maior, e outros R$ 15 bilhões estão em negociação com o Governo do Paraná. Os anúncios de investimentos mais recentes no segmento automotivo foram da japonesa Sumitomo, que vai fabricar pneus em Fazenda
empResas Que Já defiNiRam a iNstalação ou ampliação das suas atividades techint Reativação da unidade para produção de plataforma de petróleo em Pontal do Paraná
arauco do brasil s.a. Ampliação da unidade em Jaguariaíva Renault Ampliação da fábrica em São José dos Pinhais caterpillar Nova unidade para a fabricação de máquinas em Campo Largo cargill Nova unidade para o processamento e beneficiamento de milho em Castro sumitomo Nova fábrica de pneus em Fazenda Rio grande
volvo Ampliação da fábrica na CiC para produção de ônibus masisa Ampliação da unidade fabricação de MDF em Ponta grossa paccar Nova indústria para a fabricação de caminhões em Ponta grossa
NegociaçÕes em aNdameNto paRa iNvestimeNtos de empResas dos seguiNtes setoRes • Montadoras leves e pesadas • MDF, papel e celulose • Pneus • TI 16
| dezembro de 2011
• Motocicletas • Vidros planos • Farmacêutica • Carnes e massas
• Biodiesel • Petróleo e gás • Reciclagem
Rio Grande; a norte-americana Paccar, que vai produzir caminhões DAF, em Ponta Grossa; e a Caterpillar vai produzir retroescavadeiras em Campo Largo. A nova política de atração de empreendimentos do Paraná já mostra bons resultados. De janeiro a agosto de 2011, o estado registrou a criação de 123 mil empregos com carteira assinada. O Paraná Competitivo foi criado para articular diferentes linhas de ação para tornar o Estado mais atraente ao setor produtivo. São cinco vertentes principais: política fiscal, qualificação de mão de obra, infraestrutura, internacionalização e desburocratização. “É um grande programa de governo que também leva em consideração as demandas e sugestões do setor produtivo. Temos boas parcerias com as Federações e Associações”, frisa o secretário da pasta Ricardo Barros. Barros afirmou que em menos de seis meses, o Paraná Competitivo já atraiu mais de R$ 2 bilhões em investimentos para o Estado. Entre eles estão a japonesa Sumitomo (pneus), a norte-americana Cargill (processamento de milho), a paranaense Potencial (biodiesel), a chilena Arauco (MDF e madeira) e a norte-americana Catterpillar (máquinas). Além disso, há cerca de 70 grupos empresariais em negociação com o Paraná, o que representa investimentos da ordem de R$ 12 bilhões.
iNteRioR O secretário Ricardo Barros afirma que o governo do Paraná trabalha pela distribuição dos investimentos industriais no interior do Estado. Segundo ele, com o Programa Paraná Competitivo já estão em vigor reduções tributárias e estão sendo estudadas novas medidas para direcionar a instalação de empreendimentos nacionais e internacionais para pequenas e médias cidades do interior. “Se continuarmos nessa lógica de hoje, de concentrar indústrias em poucas cidades, teremos metrópoles cada vez maiores, com gran-
des dificuldades e enormes custos para o poder público”, afirmou Barros. “Precisamos gerar empregos e renda no interior. E o governo Beto Richa está trabalhando com esse foco”, disse. O secretário detalhou as vertentes do Paraná Competitivo – fiscal, internacionalização, qualificação profissional, infraestrutura e desburocratização – e reafirmou o interesse do governo Beto Richa em trabalhar em conjunto com a iniciativa privada. “Hoje o Paraná possui um ótimo ambiente de negócios. Já anunciamos mais de R$ 2 bilhões em investimentos beneficiados com o Paraná Competitivo e estamos em negociação com cerca de 70 grupos empresariais que representam mais R$ 12 bilhões”, afirmou.
demaNda O bom ambiente de negócios no Estado também foi reforçado pelo secretário de Estado da Fazenda, Luiz Carlos Hauly. Segundo ele, havia uma demanda reprimida de investidores que agora recuperaram a confiança na administração estadual. “O empresário pode ter certeza de que terá segurança política e jurídica no Paraná, que os
compromissos serão cumpridos e o seu negócio será respeitado”, diz Hauly.
chiNa Uma delegação chinesa composta por representantes de empresas estatais e privadas dos ramos de telecomunicações, eletrônicos, tecnologia, reciclagem e engenharia veio ao Paraná em agosto para avaliar a realidade socioeconômica do Paraná, a política de incentivos fiscais, o programa Paraná Competitivo, oportunidades de negócios e investimentos no Estado. O chefe da delegação chinesa, Li Dongsheng, afirmou que os empresários estão procurando realizar negócios, investir no Estado e estabelecer cooperação mútua entre o Paraná e a China em diferentes áreas. A China é hoje o principal parceiro na balança comercial paranaense. Em 2010, o Paraná exportou US$ 2,276 bilhões ao país asiático, com a soja e outros grãos respondendo por 76% desse valor. Na outra ponta, a economia paranaense importou US$ 2,120 bilhões em produtos chineses, com eletrodomésticos e eletrônicos liderando a lista.
ESTADOS UNIDOS Paccar O projeto da multinacional prevê investimentos de US$ 200 milhões, com a geração de 500 novos empregos diretos na região dos Campos Gerais. Cargill Investimento de R$ 350 milhões em Castro, na unidade de processamento de milho para produção de soluções em amidos e adoçantes. Geração de 200 empregos diretos e início das operações em 2013. Aumento de 30% na capacidade de moagem de milho para a América do Sul.
EStãO EM vigOR REDuçÕES tRiButáRiAS E NOvAS MEDiDAS EStãO EM EStuDO PARA DiRECiONAR A iNStALAçãO DE EMPREENDiMENtOS NACiONAiS E iNtERNACiONAiS PARA O iNtERiOR
ALEMANHA
SUÉCIA
Supremo Cimento A alemã Supremo Cimento constrói uma unidade no município de Adrianópolis, no Vale do Ribeira, com mais R$ 290 milhões.
Volvo Investimento de R$ 200 milhões na ampliação da sua linha de produção.
Caterpillar Investimento de R$ 170 milhões em Campo Largo e geração de 1.000 postos de trabalho até 2013.
JAPÃO Sumitomo A Sumitomo, empresa japonesa, vai investir mais de R$ 500 milhões na fabricação de pneus em Fazenda Rio Grande.
CHILE
FRANÇA
ITÁLIA
Arauco do Brasil S.A. A chilena Arauco que vai ampliar a produção de placas de MDF em Jaguariaíva, com aporte de R$ 272 milhões.
Renault Investimento de R$ 1,5 bilhão na ampliação da fábrica em São José dos Pinhais, região metropolitana de Curitiba. Mais de 2 mil empregos diretos, que estima-se que possam gerar outros 12 mil indiretos.
Techint No litoral, a italiana Techint foi a primeira empresa a anunciar o início das atividades de fornecimento para a indústria do pré-sal. A empresa investe R$ 25 milhões na modernização da unidade em Pontal do Paraná para construir, de imediato, duas plataformas de extração de petróleo na costa paranaense.
Masisa Investimento de R$ 278 milhões para a expansão da linha de MDF em Ponta Grossa.
dezembro de 2011 |
17
cRescimeNto
futuro veloz para o paraná O Paraná se consolida como o segundo e mais moderno polo automotivo do Brasil ROGÉRIO MENDES
D
e fato sopram outros ventos no Paraná. Os sentimentos de desconfiança e receio que assombravam a iniciativa privada já não existem mais. Ficaram para trás junto com outros conflitos que brecavam o desenvolvimento do Estado. E mais, foram substituídos por confiança e otimismo. Desde janeiro de 2011, os empresários voltaram a encontrar no governo estadual um parceiro interessado em unir esforços para atrair empreendimentos que gerem renda e empregos.
18
| dezembro de 2011
O Paraná Competitivo, amplo programa que modernizou a política fiscal estadual, já confirmou R$ 7,5 bilhões em novos investimentos e outros R$ 15 bilhões em negociação. Valores que estabelecem o que os especialistas estão chamando de novo ciclo de industrialização do paraná. Nesses R$ 7,5 bilhões, destaca-se o bilionário investimento da montadora francesa Renault. No início de outubro a empresa confirmou o investimento de R$ 1,5 bilhão na ampliação de sua planta em São José dos Pinhais, região metropolitana de Curitiba.
A DESCONFiANçA E O RECEiO quE ASSOMBRAvAM A iNiCiAtivA PRivADA NãO ExiStEM MAiS
stock.xchng
timento da Renault é importante porque tão relevante quanto o volume de empregos é a qualidade da mão-de-obra que será contratada. “Esta é mais uma demonstração do esforço que estamos fazendo para que o Paraná volte a ser respeitado, como exemplo de boas ações e práticas pioneiras”, acrescentou Richa.
A importância do projeto pode ser medida pela presença do presidente mundial da montadora, Carlos Ghosn, que veio especialmente ao Paraná para fazer o anúncio a uma plateia de empresários, jornalistas, sindicalistas e dirigentes estaduais e municipais. Ao lado do governador Beto Richa, Gohsn detalhou o projeto de ampliação da linha de produção, a fabricação de 13 novos modelos, a construção de um centro de engenharia e de desenvolvimento de produtos e a implantação de um centro de logística no município de Piraquara. Serão mais 2 mil empregos diretos, que estima-se que possam gerar outros 12 mil indiretos. “O Paraná atrai um grande investimento internacional porque retomamos a confiança do capital produtivo no nosso Estado”, disse o governador Beto Richa. Segundo ele, o inves-
Novo ciclo O citado novo ciclo de industrialização vem puxado principalmente pela indústria automobilística. Só neste ano o setor anunciou a japonesa Sumitomo, que vai fabricar pneus em Fazenda Rio Grande; a norte-americana Paccar, que vai produzir caminhões DAF, em Ponta Grossa; e a Caterpillar vai produzir retroescavadeiras em Campo Largo. São investimentos que consolidam o polo automotivo paranaense como o segundo mais importante em número de empresas e o mais moderno do país. “E há negociações em andamento com empresas europeias e asiáticas”, confirma o secretário da Indústria, Comércio e Assuntos do Mercosul, Ricardo Barros. Fala-se em avançadas conversas com as alemãs BMW e Volkswagen. Em um artigo o economista e presidente do Ipardes, Gilmar Mendes Lourenço, faz um histórico do processo de industrialização do Paraná e define o investimento da Renault como a “terceira onda de instalação da indústria automobilística no Paraná”. De acordo com Mendes Lourenço, o primeiro momento ocorreu na década de 70, quando Volvo, Bosch e New Holland se instalaram na Cidade Industrial de Curitiba. Tempos do crescimento brasileiro virtuoso. Do Brasil grande, com olhos para o crescimento do mercado interno e a substituição das importações. Mais recente – entre 1996 e 2000 – o ímpeto do ex-governador Jaime Lerner foi decisivo para atrair a Renault e junto com ela a Chrysler, Nissan, Volkswagen, Audi, que buscavam opções para o saturado eixo do sudeste brasileiro e fossem próximas de São Paulo e do Mercosul, e dotadas de excelência em infraestrutura e qualificação de mão de obra. Redescoberta do Estado “Essencialmente, o estágio atual evidencia a redescoberta do Estado, por parte dos empreendedores potenciais, depois de oito anos de absoluto desinteresse das instâncias públicas paranaenses em aprofundar a ampliação e diversificação do parque produtivo aqui operante, aspecto comprovado pelo relacionamento conflituoso com os agentes privados domésticos e externos, inclusive com o governo federal, com o qual, paradoxal-
De acordo com o IBGE, a produção industrial do Estado cresceu 4,8% entre janeiro e agosto de 2011, contra 1,4% da média nacional. É o 3º maior do País, atrás apenas do Espírito Santo e de Goiás mente, havia alinhamento político”, afirma o economista. Mendes Lourenço destaca ainda o fato de o investimento acontecer em meio ao flagrante agravamento da segunda etapa da crise financeira internacional, deflagrada em setembro de 2008, que inclusive sugeriria a revisão dos planos de médio e longo prazo das organizações e o bom momento do setor industrial paranaense. O acréscimo de 4,8% na produção industrial do Estado, constatado entre janeiro e agosto de 2011, de acordo com o IBGE – contra 1,4% da média nacional, sendo o 3º maior do País, atrás apenas do Espírito Santo (9,2%), em razão do boom do petróleo, gás e mineração, e de Goiás (5,0%), puxado pelo complexo químico-farmacêutico –, ancorado nas atividades de material de transporte, material elétrico e de comunicações, refino de petróleo e álcool e insumos da construção civil, comprova a marcha de diversificação do tecido manufatureiro regional. “Diante do exposto, parece lícito argumentar que o Paraná experimenta uma fase de restauração de uma vontade de construção dos alicerces para o planejamento do desenvolvimento de longo prazo e de criação ou revitalização dos mecanismos e instrumentos capazes de concretizá-la”, frisa Mendes Lourenço. dezembro de 2011 |
19
admiNistRação
paraná disputou empreendimento com outros 4 estados Relação conflituosa com governo anterior quase impediu investimento. Dedicação de Richa foi fundamental para a instalação no Estado
DivuLgAçãO
MANOEL CHAGAS
uem só teve conhecimento do anúncio da Renault nem imagina que o bilionário investimento por pouco não teve destino diferente. Outros quatro Estados estavam na disputa, e pesava contra o Paraná os oito anos de relação conflituosa com do governo de Roberto Requião com a empresa francesa. Requião destilava ódio e rancor contra as montadoras que foram trazidas na década de 90 por Jaime Lerner. “Tínhamos a certeza que iríamos investir no Brasil, mas não estava certo de que seria no Paraná”, afirmou Carlos Ghosn. Segundo
20
| dezembro de 2011
ele, pesava contra o Paraná os maus-tratos sofridos pela Renault durante o governo de Roberto Requião. “Não fomos bem tratados (pelo governo do Paraná) nos últimos oito anos. Nesse período, visitei a fábrica todos os anos e nunca encontrei o (ex) governador. Agora, vamos ficar queridos no Paraná”, salientou. O governador Beto Richa aproveitou a solenidade de assinatura do protocolo entre o Governo e a empresa para pedir publicamente desculpas à Renault. “Quero fazer aqui um gesto de desagravo pelos maus-tratos que a Renault sofreu e resgatar a confiança da empresa no governo paranaense”, disse.
“vivEMOS uM NOvO MOMENtO, NO quAL O EStADO PASSA A SER PARCEiRO DO SEtOR PRODutivO”, AFiRMOu RiChA
a ReNault
DivuLgAçãO
A Renault está no Brasil desde 1958 e desde 1996 mantém uma fábrica no Paraná, onde já investiu aproximadamente uS$ 2,5 bilhões e produziu mais de um milhão de veículos e dois milhões de motores. Até 2010, foram arrecadados pela unidade R$ 1,2 bilhão em iCMS. Atualmente a empresa produz 224 mil veículos de passeio, 59 mil veículos utilitários e 380 mil motores por ano em São José dos Pinhais, onde emprega atualmente 6.000 pessoas diretamente e gera 24 mil empregos indiretos na região metropolitana. Para a empresa, o Brasil é um país estratégico, porque representa o segundo maior mercado da Renault no mundo, abaixo apenas da França. Para 2013, a montadora espera vender 3 milhões de veículos, 400 mil a mais do que em 2010. A Renault deve produzir 13 novos modelos de veículos no Brasil até 2016, como parte do plano de expansão das operações da empresa, que quer elevar sua participação no mercado nacional de 6% para 8% nesse período. Segundo o presidente mundial da aliança Renault-Nissan, Carlos ghosn, a montadora tem planos de ampliar seu mix de produtos no país. O objetivo é chegar a 90%, afirmou o executivo brasileiro, em São José dos Pinhais (região metropolitana de Curitiba), ao confirmar o investimento de R$ 1,5 bilhão na expansão das operações no Paraná.
NúmeRos .......................................................................................................
us$ 2,5 bilhões já investidos
.......................................................................................................
1 milhão
de veículos produzidos .......................................................................................................
2 milhões de motores produzidos
.......................................................................................................
R$ 1,2 bilhão arrecadados em iCMS
.......................................................................................................
6 mil
empregos diretos .......................................................................................................
Aliás, o empenho e a dedicação de Richa nas negociações foram decisivos para a vinda da Renault ao Paraná. Richa conduziu pessoalmente as reuniões e fez questão de ir à sede da montadora na França para entregar em mãos as propostas do Estado. A meta da Renault é ampliar a participação no mercado brasileiro dos atuais 5,5% para 8% em 2016 e aumentar a cobertura de mercado de 76% para 90%. Para isso a empresa vai lançar 13 novos modelos e aumentar a produção de 280 mil unidades por ano para 380 mil unidades de veículos de passeio e utilitários no Paraná. Será instalada uma nova linha de montagem, que eleva a produção de 40 para 60 veículos por hora. O executivo também minimizou os possíveis impactos da crise financeira que atinge a Comunidade Europeia no momento e também as medidas recentemente anunciadas pelo governo federal em relação ao aumento do Imposto sobre Produtos Industrializados. Ghosn disse que a decisão da Renault foi tomada com base em um horizonte de 20 anos e que as perspectivas apontam que nesse prazo o mercado brasileiro deve saltar de 250 veículos por mil habitantes para 550 veículos, semelhante ao mercado europeu atual. “A Renault é uma grande montadora, que gera riquezas e empregos para nosso povo.
Vivemos um novo momento, no qual o Estado passa a ser parceiro do setor produtivo”, afirmou o governador Richa em visita para cerca de sete mil funcionários em visita à linha de produção em São José dos Pinhais.
beNefícios e paRaNiZação Junto aos benefícios fiscais de prorrogação de recolhimento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e de ICMS na importação, a Renault também se compromete a exportar e importar cerca de 90% dos seus veículos pelo Porto de Paranaguá – no ano passado, a empresa transferiu parte das importações de veículos para o porto de Vitória (ES). O secretário da Fazenda, Luiz Carlos Hauly, explicou a análise dos incentivos à montadora levou em conta toda a cadeia produtiva, a rede de fornecedores locais, o índice de paranização de peças, as importações, o desenvolvimento de produtos, tecnologias e a qualidade dos empregos gerados. “A partir dessa equação encontramos uma solução equilibrada entre os benefícios que o governo pode oferecer e o que o Paraná vai receber”, disse Hauly. “Encontramos um meio termo, prudente e dentro da responsabilidade fiscal, que agradou as duas partes e vai garantir a permanência da empresa no Paraná por mais 20 anos”, acrescentou o secretário.
24 mil
empregos indiretos
metas .......................................................................................................
Ampliar a participação no mercado
5,5
dos atuais % para % em 2016
8
.......................................................................................................
Aumentar a cobertura de mercado
76% para 90% Lançar 13 modelos até 2016 de
.......................................................................................................
.......................................................................................................
Aumentar a produção anual de veículos
280 mil unidades 380 mil unidades
de para
dezembro de 2011 |
21
iNdústRia
a Renault e o salto industrial do paraná GILMAR MENDES LOURENÇO
O A DECiSãO DA RENAuLt ExPRESSA uMA RADiCAL ALtERAçãO NO ARRANJO iNStituCiONAL ENtRE AtORES PúBLiCOS E PRivADOS iNtERESSADOS NO DESENvOLviMENtO DO PARANá
22
| dezembro de 2011
anúncio da realização de investimentos de R$ 1,5 bilhão na ampliação da capacidade do parque fabril da montadora francesa Renault, incluindo centro de engenharia de produtos, no município de São José dos Pinhais, e unidade de logística em Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), confirma o delineamento de uma terceira onda de instalação da indústria automobilística no Paraná. A primeira incursão aconteceu na segunda metade da década de 1970, com a atração da Volvo, New Holland e Robert Bosch para a Cidade Industrial de Curitiba (CIC), resultado da combinação de dois elementos virtuosos. De um lado, apareceu o movimento de transnacionalização do capital, em escala mundial, na direção da exploração dos mercados internos dos países do terceiro mundo, encorpados com o modelo de substituição de importações. De outro extremo, foi destacável o árduo esforço de pressão política feito pelo Estado junto à esfera federal, na busca da aprovação de projetos e da obtenção de recursos necessários à multiplicação das vantagens competitivas do Paraná para a conquista de empreendimentos estratégicos, em um ambiente de indução oficial à desconcentração geográfica da indústria brasileira. O segundo ciclo, ocorrido entre 1996 e 2000, foi marcado pela vinda de fábricas de automóveis e utilitários, e respectivos fornecedores mundiais, na esteira da estabilidade monetária, da abertura comercial e do regime automotivo especial, instituído pela União, em um ambiente de preferência dos investidores privados, por ocasião da definição da
localização das plantas, por macrorregiões situadas fora do eixo saturado do sudeste brasileiro, próximas de São Paulo e do Mercosul, e dotadas de excelência em infraestrutura e qualificação de mão de obra. A maturação plena desse processo pode ser constatada no decênio de 2000. Conforme estatísticas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a participação da indústria de transformação do Paraná na geração da renda setorial brasileira passou de 5,2% em 1996 para 7,3% em 2009, o que redundou na ocupação do quarto lugar no ranking nacional, desbancando o Rio Grande do Sul. Em igual intervalo, a contribuição da divisão de material de transporte para a formação do produto manufatureiro do Paraná subiu de 3,3% para 16,4%, assumindo o terceiro posto na indústria do Estado, ficando atrás apenas dos segmentos de petroquímica e alimentos, que, individualmente, respondem por cerca de 19% da renda agregada. Apenas em caráter de ilustração, a produção física da indústria paranaense cresceu 5,2% ao ano entre 2003 e 2010, contra 3,2% a.a. da média brasileira, sendo 32% da variação derivada do desempenho do complexo automotivo. Em direção análoga, o peso de materiais de transporte no valor total exportado pelo Paraná para o resto do mundo saltou de 4,7% em 1997 para 15,4% em 2010. Essencialmente, o estágio atual evidencia a redescoberta do Estado, por parte dos empreendedores potenciais, depois de oito anos de absoluto desinteresse das instâncias públicas paranaenses em aprofundar a ampliação e diversificação do parque produtivo aqui operante, aspecto comprovado pelo relacionamento conflituoso com os agentes privados domésticos e externos, inclusive com o governo federal, com o qual, paradoxalmente, havia alinhamento político. Assim, predominaram as ameaças de rompimento de contratos, ce-
lebrados em gestões anteriores, e o corte de incentivos fiscais oferecidos para a viabilização das negociações, em um clima de acirramento da guerra fiscal na federação brasileira. Nesse sentido, a decisão da Renault expressa uma radical alteração no arranjo institucional entre atores públicos e privados interessados no desenvolvimento do Paraná, caracterizado por uma atmosfera de permanente e transparente diálogo. Trata-se do maior investimento privado conhecido no Brasil em 2011, divulgado em meio ao flagrante agravamento da segunda etapa da crise financeira internacional, deflagrada em setembro de 2008, que inclusive sugeriria a revisão dos planos de médio e longo prazo das organizações. Com isso, a companhia deve ampliar a produção de 280 mil para 380 mil unidades por ano, gerar 2 mil postos de trabalho e elevar sua participação no mercado nacional dos 5% atuais para 8% em 2016. Para tanto, recebeu do governo estadual os incentivos previstos no Programa Paraná Competitivo, centrados na dilação de prazo de recolhimento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e na diminuição da tributação nas operações de importações. Em contrapartida, a empresa assumiu o compromisso de
realizar 90% das transações com o exterior por intermédio do Porto de Paranaguá. Mais que isso, a cifra da Renault integra um conjunto de aplicações já confirmadas que superaram R$ 7,5 bilhões, somente nos primeiros nove meses de 2011, com apreciável grau de sofisticação, particularmente nos segmentos de veículos e autopeças, eletroeletrônica, pneus, painéis de madeira, embalagens, informática, telecomunicações, transportes, química e fertilizantes, cimento, carnes e construção civil. O acréscimo de 4,8% na produção industrial do Estado, constatado entre janeiro e agosto de 2011, de acordo com o IBGE – contra 1,4% da média nacional, sendo o 3º maior do País, atrás apenas do Espírito Santo (9,2%), em razão do boom do petróleo, gás e mineração, e de Goiás (5%), puxado pelo complexo químico-farmacêutico –, ancorado nas atividades de material de transporte, material elétrico e de comunicações, refino de petróleo e álcool e insumos da construção civil, comprova a marcha de diversificação do tecido manufatureiro regional. Diante do exposto, parece lícito argumentar que o Paraná experimenta uma fase de restauração de uma vontade de construção dos alicerces para o planejamento do desenvolvimento de longo prazo e de criação ou revitalização dos mecanismos e instrumentos capazes de concretizá-la.
tRAtA-SE DO maioR iNvestimeNto pRivado coNhecido No bRasil em 2011, DivuLgADO EM MEiO AO FLAgRANtE AgRAvAMENtO DA SEguNDA EtAPA DA CRiSE FiNANCEiRA iNtERNACiONAL
as oNdas de iNdustRialiZação do paRaNá oNdas / peRíodo
empResas / setoRes
motivaçÕes
1ª onda
2ª onda
3ª onda
Segunda metade da década de 1970
Entre 1996 e 2000
2011 (momento atual)
volvo, New holland e Bosch
Fábricas de automóveis e utilitários e respectivos fornecedores mundiais
Montadoras leves e pesadas, ti, MDF, Papel e celulose, Pneus, Motocicletas, vidros planos, Farmacêutica, Carnes e massas, Biodiesel, Petróleo e gás, Reciclagem
• transnacionalização do capital na direção dos mercados internos dos países do terceiro mundo; • Pressão política feita pelo Estado junto à esfera federal, na busca da aprovação de projetos e da obtenção de recursos; • indução oficial à desconcentração geográfica da indústria brasileira.
• Estabilidade monetária, abertura comercial e regime automotivo especial; • Ambiente de preferência dos investidores privados por macrorregiões próximas de São Paulo e do Mercosul, e dotadas de excelência em infraestrutura e qualificação de mão de obra.
• Redescoberta do Estado pelos empreendedores potenciais ao constatarem o interesse do poder público paranaense na ampliação e diversificação do parque produtivo estadual; • Incentivos previstos no Programa Paraná Competitivo.
dezembro de 2011 |
23
micRo e peQueNa empResa
agência de fomento BEATRIZ LOYOLA
A
Agência de Fomento do Paraná obteve um feito bastante raro: foi destaque em dois quesitos no ranking da Revista Amanhã, de Porto Alegre (RS) – maior liquidez e menor endividamento. Com foco principal no financiamento aos municípios, a agência começa a abrir espaço para micro e pequenas empresas, que representam 99% das empresas formais no Estado. De acordo com o diretor-presidente da instituição, Juraci Barbosa Sobrinho, novos produtos serão criados para oferecer taxas mais favoráveis às pequenas. “Vamos conceder subsídios através do Fundo de Desenvolvimento Econômico e do tesouro estadual”, disse ele à Revista Amanhã. “Precisamos acreditar no empreendedor”, diz Juraci. Uma das novidades é a criação do “Banco do Empreendedor”, como ele chama a rede de agentes de crédito que a Fomento quer espalhar por todos os 399 municípios do Paraná ao longo dos próximos quatro anos. O trabalho será feito de modo articulado com CDLs e outras entidades empresariais e comunitárias das regiões, que funcionarão como “agentes de crédito”. Nos primeiros meses deste ano, o Programa de Microcrédito mantido pela Agência de Fomento Paraná concedeu empréstimos a 450 empresas ou agricultores. Esse volume é 50% superior ao mesmo período do ano passado. A ideia é ultrapassar os 2,5 mil projetos até o final do ano. O Programa de Microcrédito do Paraná é modelo para diversos Estados e tem taxas baixíssimas de inadimplência — 2,7%, contra uma média de 4,5% nos programas nacionais do gênero. Hoje, o programa está presente em 160 municípios e o governo estadual está estimulando outras prefeituras a aderirem ao sistema. Ao lado do crédito, a instituição trabalha em conjunto com o Sebrae e com a Secretaria do Trabalho para capacitar os tomadores de empréstimos e treinamento para operacionalizar
24
| dezembro de 2011
A AgÊNCiA COMEçA A ABRiR ESPAçO PARA AS MiCRO E PEquENAS EMPRESAS, quE REPRESENtAM 99% das empResas foRmais No estado o programa nos municípios. O processo de obtenção de crédito é bastante simplificado; são exigidos apenas os documentos pessoais, no caso de pessoa física, e os documentos básicos no caso de empresas. O crédito é liberado num prazo entre 10 e 15 dias, dependendo da agilidade do cliente. O programa está aberto a todos os setores da economia, da agricultura e pequenas indústrias à área de comércio e serviços. Em cada projeto, empreendedores com renda bruta anual de até R$ 360 mil podem obter financiamentos de até R$ 10.000,00. O pagamento pode ser feito em até 24 meses, com juros de 0,95% ao mês (mais IOF - Imposto sobre Operações Financeiras). Essa taxa é cerca de cinco vezes menor que a média dos juros de financiamentos para crédito pessoal. Toda a documentação e os procedimentos estão disponíveis no endereço eletrônico da Agência de Fomento Paraná S.A.: www.afpr. pr.gov.br. (Banco Social).
a agÊNcia .......................................................................................................
450
empréstimos concedidos a empresas ou agricultores .......................................................................................................
2,5 mil
projetos até o final do ano .......................................................................................................
2,7%
taxa de inadimplência (média nacional é de 4,5%) .......................................................................................................
160
municípios atendidos pelo programa .......................................................................................................
10 a 15 dias prazo para liberação o crédito
.......................................................................................................
R$ 360 mil
renda bruta por empreendedor .......................................................................................................
R$ 10 mil limite de financiamento
.......................................................................................................
24 meses
limite para pagamento do financiamento
bebidas
setor de bebidas cresce em maringá RODRIGO VASCONCELOS
O
exemplo desta empresa, outras estão nos procurando. Negociamos incentivos com 70 grupos empresariais, com previsão de investimentos de mais R$ 12 bilhões”, afirmou o governador. “Até agora, já temos confirmados investimentos de R$ 9 bilhões”, completou. O termo de enquadramento foi assinado por Richa, pelo secretário-chefe da Casa Civil, Durval Amaral; pelo secretário da Indústria, Comércio e Assuntos do Mercosul, Ricardo Barros, e pelo presidente do conselho de acionistas da Spaipa, Daniel Sledge Herbert, em evento na sede da fábrica. O governador também assinou o termo que concede a licença ambiental para a ampliação da unidade.
fábRica A Spaipa, franqueada da Coca-Cola para o Paraná e interior de São Paulo, investe na ampliação da unidade de Maringá para ele-
AEN
governador Beto Richa assinou no dia 7 de dezembro, em Maringá, região Noroeste, um protocolo que inclui um investimento de R$ 150 milhões da Spaipa – Indústria Brasileira de Bebidas no programa de incentivos Paraná Competitivo. A empresa está ampliando a fábrica que mantém no município. Com o aumento da capacidade de produção, a unidade vai gerar 100 novos empregos diretos e 400 indiretos. “É um sólido investimento, resultado do ambiente favorável que construímos, da estabilidade política, respeito jurídico e diálogo franco e aberto com investidores e com população”, disse Richa. Ele afirmou que o governo estadual abriu dezenas de negociações com empresas interessadas em investir no Paraná neste ano. “A
A Spaipa investe na ampliação da unidade de Maringá para elevar a capacidade de produção para 780 milhões de litros produzidos por ano
NEgOCiAMOS iNCENtivOS COM 70 gRupos empResaRiais, COM PREviSãO DE iNvEStiMENtOS DE MAiS R$ 12 bilhÕes. Já EStãO CONFiRMADOS iNvEStiMENtOS DE R$ 9 bilhÕes var a capacidade de produção de 29,4 milhões para 65,4 milhões litros de bebida por mês, o que equivale a 780 milhões de litros produzidos por ano. “Nos sentimos seguros em contar com o Governo do Paraná como parceiro. Nesta unidade o aumento da capacidade de produção será de 122%”, disse Herbert. Do investimento total de R$ 150 milhões, R$ 73 milhões serão destinados para obras na fábrica e R$ 77 milhões para a compra de equipamentos. Com a ampliação das instalações e da produção, a fábrica de Maringá cria uma nova linha de envase de refrigerantes e passa a compor o quadro das 10 maiores fábricas da Coca-Cola do país. A inauguração da área que será ampliada está prevista para o 1º semestre de 2012. dezembro de 2011 |
25
agRoNegÓcio
a cadeia produtiva de R$ 1,5 bilhão PAULO ABREU
O PARANá PRODuz quASE 500 mil toNeladas DE FéCuLA POR ANO, O quE CORRESPONDE A 71% da pRodução NacioNal 26
| dezembro de 2011
fazer parte da lista dos produtos beneficiados. Por fim, um terceiro incentivo foi a prorrogação até dezembro de 2012 do benefício já existente de 3,5% de crédito presumido para os demais derivados de mandioca. Pasquini confirma que as medidas dão competitividade ao setor. “Vamos responder aos incentivos com a ampliação da produção e a geração de renda e empregos principalmente no Noroeste do Paraná. Foi preciso um governador que entendesse nossa importância e viesse até Paranavaí ouvir as reivindicações dos produtores. Foram mais de 8 anos de espera por uma reunião de trabalho, tendo o governador Beto Richa como nosso parceiro”, destaca. Apesar de tradicionalmente mais usada na culinária do Nordeste brasileiro, o Paraná é o segundo maior produtor de mandioca no Brasil; fica atrás apenas do Pará. Compreendendo a produtividade da indústria paranaense, o governador Beto Richa disse que os produtores e industriais de mandioca precisam e terão atenção do Governo estadual. “Trata-se de um setor econômico importante que será muito valorizado pela nossa administração, tanto com
infraestrutura para escoamento da produção como no amparo tecnológico”, afirmou. Com apoio do governo, mais cinco indústrias de fécula de mandioca estão se instalando no Paraná, que se somam às 36 já existentes, que elaboram 71% da produção brasileira, com quase meio milhão de toneladas. Outras cerca de 200 empresas paranaenses produzem farinha de mandioca nas regiões Noroeste e Oeste do Estado, mais propícias ao cultivo da raiz, sem contar dezenas de pequenos produtores artesanais que fabricam a tradicional farinha no Litoral do Paraná. Os principais usos do produto concentram-se nas indústrias de papel e papelão, atacadistas, massas, biscoitos e panificação, frigoríficos, indústrias químicas e têxteis, entre outras. Indústrias já estabelecidas também planejam a retomada de investimentos, também buscando a diversificação da produção. A Yoki, com sede em São Paulo e unidades no Paraná, vai investir R$ 20 milhões em suas instalações em Paranavaí e a Amalfi, diversificará seus produtos com atuação também com o milho, em São Lourenço, distrito rural que localiza-se em Cianorte.
ARNALDO ALvES / AENOtíCiAS
P
ara devolver competitividade ao setor da mandioca, o governo Beto Richa concedeu incentivos fiscais para toda a cadeia produtiva paranaense, que já começa a reagir de forma positiva. Responsável por um faturamento anual de R$ 1,5 bilhão e cerca de 84 mil empregos, o setor deve abocanhar, já no próximo ano, fatia de 80% do mercado nacional, recuperando os 10% que havia perdido nos últimos anos. A importância econômica da mandioca paranaense é ressaltada pelo presidente do Sindicato das Indústrias da Mandioca do Paraná, João Eduardo Pasquini, e reflete o entusiasmo readquirido pelo setor, que estava em desvantagem por causa de benefícios financeiros e fiscais concedidos unilateralmente por alguns Estados brasileiros. Uma das medidas adotadas pela Secretaria da Fazenda reduziu de 12% para 3,5% o ICMS a ser recolhido por empresas que produzem fécula e farinha. O crédito presumido na venda de produtos derivados da mandioca (amidos, xarope, fécula e farinha temperada de mandioca) para outros Estados brasileiros foi aumentado de 60% para 70% e o polvilho doce passou a
O governador Beto Richa anunciou três incentivos fiscais para tornar as indústrias de mandioca mais competitivas
agRoNegÓcio
Unidade da Cargill em Castro deve entrar em operação em 2013 TEREZA CRISTINA DE OLIVEIRA
A
implantação da nova unidade Cargill em Castro, anunciada em agosto pelo governador Beto Richa ao lado da comunidade dos Campos Gerais, significa um investimento de R$ 350 milhões e geração de 200 empregos diretos e outros 600 indiretos. Funcionando como uma verdadeira ‘refinaria de combustível verde’ oriunda do milho, tem como ‘efeito colateral’ da Cargill um imã de atração industrial na região: outras cinco indústrias devem se instalar ao seu redor, como acontece em outras unidades da empresa mundial. “Uma indústria deste porte provoca um efeito cascata intenso em todo o Paraná”, diz o Secretário da Fazenda e deputado federal, Luiz Carlos Hauly, para explicar que não apenas a cadeia produtiva do agronegócio envolvida na operação se beneficia com o aumento das atividades; toda uma rede de serviços e outros empreendimentos gravitam em torno de uma indústria desse porte, provocando “um ciclo virtuoso dos mais importantes para o desenvolvimento econômico de toda região. A partir desta unidade poderemos investir pesado na química fina em nosso Estado”. O complexo industrial, programado para entrar em operação em 2013, vai processar milho para produção de soluções em amidos e adoçantes, significando 30% a mais na capacidade de moagem de milho da empresa em todas as unidades que mantém na América do Sul. Beneficiado pelo programa Paraná Competitivo, o empreendimento se soma a uma lista de novas empresas que representam atualmente mais de R$ 7 bilhões em investimentos no Paraná, além de outros R$ 15 bilhões em negociação. A iniciativa da Cargill está alinhada com o es-
forço da atual gestão para ampliar o horizonte da agroindústria, gerar inovação tecnológica e fortalecer o processo de industrialização em todo o Paraná. Para o governador Beto Richa “a atração de novas empresas no Paraná, incluindo multinacionais, demonstram a mudança de postura do governo do Estado, que está aberto ao diálogo e ao entendimento com a iniciativa privada, interessado em trazer riquezas para todas as regiões e garantir que o Paraná volte a ser uma terra de oportunidades”.
seguNda plaNta No muNdo A Cargill escolheu Castro para sediar a indústria, após analisar três eixos de produção do milho: Londrina a Maringá, Cascavel a Guarapuava e Palmeira a Arapoti, sempre levando em conta a posição geográfica, infraestrutura rodoviária, aérea e ferroviária, fácil acesso às regiões do Estado, incluindo a capital e os portos de Antonina e Paranaguá. Ainda analisou-se o uso de tecnologia de ponta em sua produção agrícola, com oferta de mão de obra qualificada. Os Campos Gerais, onde fica Castro, é das maiores áreas produtoras de milho do Paraná, que por sua vez é o maior produtor nacional do cereal com previsão de colheita na safra 2011/12 de 7,3 milhões de toneladas. De acordo com o presidente da Cargill, Marcelo Martins, este investimento é a segunda maior operação da empresa em todo o mundo, inferior apenas à unidade de Blair (Nebraska, EUA). A Cargill representa também uma alternativa de agregação de valor ao milho paranaense, ainda muito exportado in natura, pois outras empresas consumidoras dos produtos desta unidade participarão da construção do parque fabril de Castro, principalmente na área quí-
BOBPittMAN / CA
Refinaria verde
O investimento na unidade de Castro é a segunda maior operação da empresa em no mundo, inferior apenas à unidade de Blair (Nebraska, EuA) – foto acima – e contará com soluções inovadoras e sustentáveis no uso de energia
A PREviSãO iNiCiAL é PROCESSAR 800 toNeladas DE MiLhO AO DiA, MAS COM POtENCiAL PARA ChEgAR A 3.200 toNeladas AO DiA E PRODuziR SOLuçÕES EM AMiDOS E ADOçANtES mica. A previsão inicial da empresa é processar 800 toneladas de milho ao dia, mas ela terá potencial para chegar a 3.200 toneladas/dia. E irá produzir soluções em amidos e adoçantes para uso industrial em produtos lácteos, balas, confeitos, bebidas, pães e na indústria de papel e papelão, além de nutrição animal. A fábrica paranaense terá soluções inovadoras e sustentáveis no uso de energia, produzida a partir de biomassa de madeira produzida na região, com reduzido gasto tanto de energia quanto de água. dezembro de 2011 |
27
iNovação
do noroeste para a Noruega BALTAZAR DOS SANTOS
P
“O PARANá é O úNiCO EStADO DA FEDERAçãO quE PODERiA SE tORNAR uM PAíS DO PONtO DE viStA DE ABAStECiMENtO” RiCARDO AuDi
JuLiO CESAR SOuzA
portador), pela abundância da produção e pelos recursos naturais fantásticos”, diz, citando ainda o parque industrial e agroindustrial, portos para escoar a produção e sua fronteira com o Mercosul e influência macroregional com São Paulo e Mato Grosso do Sul, no Noroeste paranaense.
AEROSuL
elas mãos de Ricardo Audi, o rejeito produzido pela cana-de-açúcar transforma-se em ouro: o único bicarbonato de sódio verde do mundo, reconhecido pela ONU e certificado para comercializar créditos de carbono já que a produção é feita a partir do sequestro de CO2 emitido pela Usina Coopcana (Cooperativa Agrícola Regional de Produtores de Cana), sediada em Paraíso do Norte. O processo foi desenvolvido pelo empreendedor há seis anos e a empresa foi batizada de Raudi, a partir de seu próprio nome, e já contabiliza a exportação do produto ‘Made in Paraná’ para a Noruega e já pretende abrir mercado na Argentina, além de abastecer o mercado brasileiro da indústria alimentícia, onde estão seus maiores clientes. Ricardo Audi veio de São Paulo atraído pela cadeia produtiva paranaense do álcool e açúcar e utilizando dos incentivos fiscais do governo Beto Richa, se entusiasmou: “o Paraná é o único Estado da federação brasileira que poderia se tornar um país do ponto de vista de abastecimento: possui produção de todo o tipo de grãos (milho, trigo, soja), carnes (bovina, suína, aves), energia renovável (hídrica, biomassa, etanol, biodiesel e insolação para painéis solares)”, enumera. “O Paraná se diferencia e se destaca dos demais Estados por sua condição de produtor (ex-
vista aérea da Raudi, no município de São Carlos do ivaí
28
| dezembro de 2011
Mas a Raudi Indústria e Comércio Ltda não se contentou com a produção de bicarbonato de sódio a partir de gás carbônico (CO2). Sediada no município de São Carlos do Ivaí, entre as cidades pólo de Paranavaí e Maringá, desenvolveu também fruto de pesquisas próprias, outra inovação em nível mundial aproveitando um subproduto do bicarbonato: está produzindo cloreto de amônio (NH4Cl), que tem 25% de nitrogênio, e se constitui em adubo capaz de substituir a ureia. Como todos os produtos de Audi, sempre com vantagens extras: é mais barato e ambientalmente correto. Para aproveitar os sub-produtos da indústria sucroalcooleira para produzir sais químicos, a Raudi desenvolveu tecnologias próprias, patenteadas, o que permite agregar valor de forma econômica e, o que é ainda mais importante, ambientalmente sustentável. A partir de sua planta industrial, a empresa fornece ao mercado bicarbonato de sódio para os segmentos de nutrição animal, alimentício e técnico, provando assim que eficiência produtiva e respeito ao meio ambiente podem andar juntos.
automotiva
fábrica de caminhões investe us$ 200 milhões LUIZ CARLOS CUSTÓDIO atender as nossas expectativas em relação à mão de obra e por estar localizada próxima aos nossos fornecedores”, disse o presidente da Paccar Brasil, Marco Antonio Davila. A atração de investimentos do setor automotivo está na agenda prioritária do Paraná. O secretário da Indústria, Comércio e Assuntos do Mercosul, Ricardo Barros, por exemplo, esteve no Salão Internacional do Transporte (Fenatran), em São Paulo, em setembro, prospectando novos negócios do setor. A feira é o principal evento brasileiro e uma das cinco maiores do mundo na área de produtos e serviços destinados aos transportadores de cargas e operadores logísticos. Barros aproveitou a visita para fazer contato com dirigentes de montadoras e apresentar o Paraná como local para receber investimentos. “O Governo do Paraná busca atrair empreendimentos que gerem renda e emprego para a população. Estamos trabalhando para consolidar o polo automotivo paranaense, que é hoje o segundo e o mais moderno do País ”, disse o secretário. Barros visitou estandes e conversou com diversos dirigentes de montadoras, entre as
DivuLgAçãO
O
grupo norte-americano Paccar vai instalar em Ponta Grossa, um dos maiores entroncamentos rodoviários do Brasil, uma fábrica de caminhões. O projeto da multinacional prevê investimentos de US$ 200 milhões, com a geração de 500 novos empregos diretos. “Estamos trazendo para o Estado a quarta maior indústria de caminhões do mundo. Na esteira deste investimento podemos atrair outras indústrias da cadeia de fornecedores”, disse o governador Beto Richa. “O Estado vive um grande momento com condições favoráveis de desenvolvimento da economia e diálogo com os municípios”, completou. A primeira planta paranaense da multinacional norte-americana será construída em uma área de 500 hectares às margens da PR 151, entre os municípios de Ponta Grossa e Carambeí. O grupo projeta iniciar as operações em abril de 2013, com a montagem de caminhões nos modelos LF, CF e XF, da marca DAF. “Escolhemos o Paraná e Ponta Grossa por
A MuLtiNACiONAL SERá CONStRuíDA EM uMA áREA DE 500 hectaRes ÀS MARgENS DA PR 151, ENtRE PONtA gROSSA E CARAMBEí quais a Renault, Volvo e Paccar, que já confirmaram investimentos no Paraná; Volkswagen e Sinotruk, que estão em negociações com o governo; e Noma Truck e International Truck (Navstar). “Temos hoje no Paraná um dos melhores ambientes para negócios no Brasil, baseado em uma economia forte, um povo trabalhador e um governo parceiro da iniciativa privada”, afirmou o secretário aos dirigentes. A Volvo, primeira indústria de caminhões a se instalar no Estado, na década de 1970, também anunciou neste ano um investimento de R$ 210 milhões na ampliação da fábrica em Curitiba, com a construção de cerca de 300 mil metros quadrados de novas alas. Os investimentos devem gerar cerca de dois mil novos empregos. A planta prevê uma fábrica de ônibus híbridos com motores elétrico/biodiesel, uma fábrica de câmbio, fábrica de cabines de caminhão, além de novas alas administrativas e um espaço para atendimento ao cliente. São obras que serão construídas no terreno da empresa até dezembro de 2012. dezembro de 2011 |
29
pRé-sal
pontal do pré-sal: da idade da soja à era do petróleo NINA DE BIASE
E
m 1996 uma guerra sacudiu os estados brasileiros, quando a primeira onda de montadoras de automóveis redescobriu o país. Com visão de futuro, o Paraná deixou São Paulo e Rio de Janeiro para trás e conquistou as fábricas da Renault e da Audi, além de centenas de fornecedores agregados, transformando nosso estado em um dos mais modernos polos automotivos do país. Foi a “guerra fiscal”. Quem ousou, levou. Com a descoberta de petróleo no pré-sal, sua regulamentação e leilão dos poços para exploração, uma nova guerra pela atração dos investimentos está em curso. Nada menos do que 10% do PIB brasileiro vem da indústria do petróleo. Em um estado onde a soja domina o cenário econômico e portuário, o volume de investimentos relacionados ao ouro negro choca. Uma simples bobina para acondicionar cabos de exploração submarina de alta bitola custa a bagatela de R$ 3 milhões. Uma só bobina.
olhaNdo o pRé-sal de camaRote O Paraná goza de posição geográfica privilegiada para prover logística, serviços, mão de obra e produtos à indústria petrolífera, estando equidistante das bacias de exploração tanto quanto Rio de Janeiro e São Paulo, e com condições reais de tomar parte ativa na conquista deste quinhão ao invés de apenas aguardar o recebimento dos royalties devidos. Enquanto os demais estados brasileiros se esforçam para atrair investimentos marcando presença nas principais feiras do setor, como a Rio Oil & Gas, e incentivando o diálogo entre os principais atores, o Paraná virou nos últimos oito anos as costas para seu litoral, ignorando 30
| dezembro de 2011
não só seu povo como a valiosa oportunidade econômica ali emergindo ao alcance das mãos. Pinçando apenas dois índices, uma consulta aos dados do IPARDES mostra que o município mais estratégico e com o maior potencial de ser ator principal dos investimentos do pré-sal no Estado – Pontal do Paraná – tem a absurda taxa de 19% de desemprego. E enquanto o PIB per capita de Curitiba é da ordem de R$ 23.696,00 o de Pontal do Paraná estagnou em R$ 10.562,00.
NADA MENOS DO quE 10% do pib BRASiLEiRO vEM DA iNDúStRiA DO PEtRÓLEO uma JaNela paRa o céu Onde pessimistas enxergam índices desoladores, empreendedores enxergam uma janela de oportunidades com números impactantes: capacidade de gerar 92 mil empregos; indústrias faturando R$ 2,9 bilhões ao ano; investimentos da ordem de R$ 6,3 bilhões, e a possibilidade de recolher mais de R$ 1,1 bilhão em tributos anualmente. Os poços do pré-sal começarão a produzir petróleo em 2018. Esta janela de oportunidades só vai até 2015, pois se quisermos atrair fornecedoras petrolíferas, elas precisam de no mínimo três anos para construir seus parques
industriais e de outros três anos para tornarem-se produtivas a tempo. Pontal do Paraná tem menos de um ano para se preparar para recebê-las. Duas delas já estão encarando sérios revezes em seus cronogramas de implantação. São a italiana Techint e a norueguesa Subsea 7, esta última que recentemente teve sua licença prévia emitida pelo IAP – Instituto Ambiental do Paraná – suspensa. Ambas seriam implantadas em Pontal do Paraná, localizado em espaço naturalmente favorável devido às suas características geográficas e de calado. Além do benefício econômico, o empreendimento do Porto Pontal e de todas as empresas que ali se instalarem contempla um vasto pacote de benefícios e retorno social, econômico e ambiental para a cidade de Pontal do Paraná. Serão empresas modernas com tecnologia limpa sem geração de efluentes industriais; estruturas de atracação suspensas por pilares que não interferem na hidrodinâmica global; construção de escolas profissionalizantes e de ensino regular, creche e posto de saúde para os funcionários, familiares e a comunidade; amplo programa de treinamento, suporte, resgate e preservação do ecossistema do entorno; programas de sustentabilidade direcionados às comunidades de pescadores e indígenas, além da criação de uma RPPN – Reserva Permanente de Proteção Natural nas enormes áreas que não serão utilizadas no projeto. Para o deputado estadual Ney Leprevost, trata-se da maior oportunidade econômica e de desenvolvimento que o Litoral – e o Paraná – já teve nos últimos anos. Buscando a parceria e o diálogo, o parlamentar propôs a criação de uma Comissão Mista para que os interesses econômicos e de desenvolvimen-
iChiRO guERRA/PR
A Plataforma P-56 foi construĂda num estaleiro em Angra dos Reis, no sul do estado do Rio de Janeiro dezembro de 2011 |
31
DivuLgAçãO
Rio de Janeiro são paulo
iNvestimeNtos
R$ 6,3 bilhões Complexo Portuário
Complexo industrial
28%
57%
paraná
Retroporto
15%
santa catarina
fatuRameNto
R$ 2,9 bi / ano Complexo Portuário
Complexo industrial
44%
44%
Retroporto
12%
RecolhimeNto de tRibutos
R$ 1,1 bi / ano Municipais Federais
4%
70%
Estaduais
26%
geRação de empRegos
92 mil indiretos
80%
32
| dezembro de 2011
Diretos
20%
to sustentável e ambientalmente corretos do Litoral do Paraná sejam discutidos. Participariam representantes do Governo do Estado e do Poder Legislativo. “O Ministério das Minas e Energia e o Ministério do Meio Ambiente passaram, há poucos anos, por uma rodada de diálogos que resultou em total reformulação de seus processos para viabilizar a exploração do petróleo do pré-sal. Não existe mais óleo fácil de ser encontrado no planeta e o Brasil soube dialogar interna e externamente com seus parceiros até encontrar a solução que alie crescimento sustentável com respeito e preservação do meio ambiente. O Paraná conta hoje novamente com um governo aberto ao diálogo, que alcança o tamanho da oportunidade que se abre em seu litoral e tem a agilidade necessária para recuperar o tempo em que ficou estagnado”, argumenta Leprevost. Para Ricardo Bueno Salcedo, Diretor do grupo paranaense JCR, proprietário do Porto Pontal, a oportunidade de dialogar com o Governo do Estado, é uma chance que há muito não se vê: “Durante anos o Paraná não inspirou a credibilidade e a segurança indispensáveis para atrair grandes investimentos. Desde que assumiu, o Governador Beto Richa já mudou a face do Estado dialogando com investidores, trazendo novas indústrias e, agora, pode mudar também a face do Litoral atraindo a poderosa indústria petrolífera. O empresariado aprecia e precisa desta credi-
bilidade, de garantias, diálogo, espírito de parceria e regras claras”, ressalta o executivo, que detalhou um dos empreendimentos. O complexo logístico industrial portuário do Porto Pontal servirá de base para indústrias de diferentes setores “para-petrolíferos”: • naval, de empresas de tecnologia mecânica e elétrica: válvulas, bombas, compressores, geradores, transformadores, motores, turbinas, guindastes e guinchos. • engenharia: projetos e serviços de engenharia, além de construção e montagem. • outros setores: terminais especializados, armazenagem e operadores logísticos; distribuição de combustíveis; serviços de reparos naval; telecomunicações e energia, e empresas de navegação. A conclusão fica por conta do deputado federal Eduardo Sciarra, acostumado a negociar grandes investimentos para o Estado e para quem a conta é fácil: “com a viabilização de Porto Pontal, o impacto projetado para 2014 sobre a economia de Pontal do Paraná será de +1.365% em seu PIB, de +143% em suas receitas municipais e de +171% sobre a população economicamente ocupada e produtiva. Ao Paraná, o aumento será de +1,8% do PIB e de iguais 1,8% a mais na arrecadação estadual. São números que falam por si e o governo está disposto a ouvir”. Mas, onde mesmo é este eldorado negro? Em Pontal do Paraná, cidade que pode tirar o Paraná da idade da soja e trazê-lo para a era do petróleo. Que o digam as cidades de Macaé e Campos dos Goytacazes, no Rio de Janeiro.
meRcosul
os desafios do mercosul LAURO FERRO DE ANDRADE
O
espaço de negócios do Mercosul é fundamental para o destino do Paraná. Não há como projetar planos de expansão econômica e de crescimento de nosso parque industrial sem considerar esse universo. O economista Gustavo Franco vê mudanças importantes desde os movimentos que as economias do Brasil e da Argentina fizeram na direção da abertura comercial e financeira nos últimos anos criaram nova realidade. Ele percebe que quando Brasil e Argentina eram economias fechadas e não havia interesse na região por parte do mercado internacional de capitais. Os eventos de um país não afetavam o vizinho. Agora é diferente. Muito diferente. Do lado comercial, os volumes cresceram bem mais que a média do comércio com outras regiões, e durante muito tempo. Não apenas cresceu a parcela do comércio intra-bloco sobre o total, como o comércio cresceu muito em áreas onde o produto é “comercializável” apenas na região, ou seja, produtos que dificilmente podem ser redirecionados para outras partes do mundo na eventualidade do mercado regional se fechar, como por exemplo, os automóveis argentinos exportados para cá. O exemplo oposto é o do petróleo, o qual pode ser vendido em qualquer parte. Há também um tanto de “desvio de comércio”. Os parceiros menores do bloco compraram coisas de nós que possivelmente comprariam melhor de outros países fora do bloco. Não obstante, há investimento direto cruzado de certo vulto, e diversos casos de grupos organizados regionalmente. Do lado financeiro, basta ter em conta que Brasil e Argentina têm déficits em conta corrente, ambos estão se encontrando a todo momento em “road shows”, e a correlação
entre os “spreads” que cada um paga no mercado internacional deve ser próxima de um. Mas quais são exatamente as implicações desse novo estado de coisas? Basta imaginar que se os argentinos tiverem de passar por alguma ruptura em suas políticas econômicas nos próximos meses será muito difícil argumentar que não foi causada pela nossa desvalorização; e será para nós uma outra crise que vai nos atrapalhar a vida durante um bom tempo, e cuja defesa poderá prejudicar a vizinhança novamente e gerar um processo cumulativo de fechamento recíproco.
A CRiSE DO BLOCO SÓ vAi tERMiNAR COM ALguMA iNOvAçãO DA COORDENAçãO MACROECONÔMiCA A interdependência significa contaminação imediata, para o bem ou para o mal. Toda ação vai gerar uma reação. Quando é para o bem, os países parecem entrar num jogo de soma positiva, e avançam na integração. Quando é para o mal, o jogo é de soma negativa, e pode levar ao desastre. Pode ser, mas não necessariamente deve ocorrer. Não custa lembrar que a região que mais teve problemas ao longo desse século com a interdependência, e dentro da qual tentou-se de tudo para levar vantagem em cima do vizinho, vai entrar no próximo século com uma moeda comum. A lição europeia é sim-
ples: interdependência requer coordenação, pois é preciso evitar o conflito, que é sempre um jogo de perdedores. Uma outra lição europeia é que não é necessariamente verdadeiro que a coordenação tenha de levar à integração monetária. Pelo contrário, a percepção do processo europeu é que a melhor parte do processo já ficou para trás: a chamada “convergência”, que foi um extraordinário e inédito exercício de coordenação, que teve efeitos tremendamente positivos para todos os países. Já os benefícios da moeda única em si, não se tem tanta clareza ainda quais são e quais serão. Possivelmente não existirão, mas o que se fez para chegar a ela foi tremendamente positivo. Nesse terreno, o processo é mais importante que o fim. Tanto Brasil quanto Argentina desdenharam o tema da coordenação macroeconômica. Os brasileiros porque achavam que era um truque argentino para permitir que eles escapassem de seu “currency board”, impressão que foi apenas reforçada pelo “factóide” criado em torno da moeda única pelos argentinos. E os argentinos porque pareciam mais preocupados em criar fatos que aumentassem a robustez do seu “currency board”, quem sabe encorajando o Brasil a caminhar por aí. Como resultado disso, o sub-grupo de coordenação macroeconômica no Mercosul não andou absolutamente nada. E as conversas em níveis mais altos também não. Hoje elas talvez ocorram por conta de um terceiro, o FMI, que está em ambos os países fornecendo “âncoras”. Não basta apenas esperar que o bom senso da diplomacia, e das lideranças políticas, apague os incêndios comerciais que forem aparecendo, e os focos vão certamente se multiplicar. A crise do bloco só vai terminar mesmo com alguma inovação no terreno da coordenação macroeconômica que não tenha, por favor, nada que ver com moeda comum. dezembro de 2011 |
33
humoR
34
| dezembro de 2011
Você decide? Quem lê Ideias, sim. Em Curitiba, 20 mil pessoas leem a revista Ideias e decidem o destino da cidade. Seja uma delas: assine e decida. IDEIAS é a revista mensal que acompanha a vida paranaense em todos os seus aspectos — político, econômico e cultural — com grandes reportagens que antecipam o noticiário dos demais veículos locais, inclusive os diários.
Desconto de
IDEIAS é formadora de opinião na região. Sua tiragem é de 18 mil exemplares e vai às bancas sempre no primeiro domingo do mês. A revista circula há nove anos, desde maio de 2003. Além da edição normal, IDEIAS publica edições especializadas em economia e negócios no Estado, com a mesma tiragem e distribuição. IDEIAS reúne um time de primeira linha. Jaime Lerner, Dalton Trevisan, Fábio Campana, Jussara Voss, Marianna Camargo, Luiz Geraldo Mazza, Paola De Orte, Luiz Fernando Pereira, Carlos Alberto Pessôa, Isabela França, Luiz Carlos Zanoni e Rogerio Distefano. As revelações do jornalismo paranaense produzem reportagens, entrevistas e demais conteúdos. E mais: coluna social de Isabela França, inovadora e em sintonia com a contemporaneidade — um dos destaques da revista. IDEIAS também abre espaço para ficção, humor, charge, ensaios fotográficos e crônicas.
PERFIL DOS LEITORES Classe
A
Sexo
para assinatura de 1 ano (12 edições)
R$ 90,00 Ganhe as 06 edições anteriores + 1 ano de Ideias Economia
Desconto de Cargo
76%
B
para assinatura de 2 anos (24 edições)
87% Classe A 13% Classe B
65% homens 35% mulheres
76% têm função diretiva (Paraná Pesquisas)
R$ 120,00 Ganhe as 06 edições anteriores + 2 anos de Ideias Economia
Promoção válida até 31 de dezembro de 2011 ou enquanto houver edições em estoque.
Leia para saber
ASSINE
Para assinar: 41 3079.9997 / assinatura@revistaideias.com.br
para saber sempre revistaideias.com.br
O novo modelo da Renault educa, protege, transforma e preserva.
Mudar a direção pode mudar tudo.
A Renault aceitou o compromisso de construir uma sociedade sustentável e justa, com projetos como este, a Escola Árvore dos Sapatos, em São José dos Pinhais/PR, que oferece possibilidades de desenvolvimento para mais de 230 crianças.
www.renault.com.br/institutorenault
Mude a direção