Revista Be

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Edição 1 - Nov 2017 | R$ 14,90

PINK MONEY O poder de compra e a ascenção dos direitos da comunidade LGBT.

KARMA Mostra todo o seu processo de montação e posa para um mini editorial

ENTREVISTA

INCLUSÃO

TIMELINE

Duda Dello Russo, nos conta como é levar a arte Drag Queen como profissão.

Saiba quais são as grandes empresas que estão dando espaço para pessoas LGBT

Os grandes marcos e conquistas da comunidade LGBTQ+ ao longo dos anos


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AO LEITOR

EI, MANAS!

Bem vindxs ao mundo Be! Antes de qualquer coisa, nós da equipe Be gostaríamos de alertar algo muito importante: Você está prestes a entrar em um mundo totalmente colorido, cheio de garra, luta e amor! Nesta primeira edição especial da Revista PEGN + Be, decidimos abordar um tema que, infelizmente, ainda é um tabu para grande parte da sociedade brasileira: O universo LGBTQ+ (mas vamos mudar isso né bee?). Esta edição está recheada de novidades. Abordaremos desde a história das lutas Queer até novidades sobre o mercado LGBTQ+ no Brasil em 2017. Temos entrevista, idéias para o seu negócio e até um ensaio fotográfico com a Drag Youtuber Karma Kamiya! (fica...vai ter bolo!) Queremos que você relaxe, abra sua mente para novos horizontes e principalmente deixe os preconceitos de lado nesta leitura. À vocês, simpatizantes da comunidade LGBTQ+, nós esperamos que esta revista possa te informar, atualizar e apaixonar. Enquanto à vocês, queridxs manxs da comunidade, queremos que esta primeira edição possa lhes inspirar, guiar, e servir de apoio a todos os corações que embarcam nessa jornada conosco. Vocês são as estrelas por aqui! Nós somente mostramos isso ao mundo! Não flopem, amores! Equipe Be


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SUMÁRIO 8 16 18

REVISTA BE

SOCIAL

TOME ESSA HISTÓRIA A origem e os grandes marcos da parada LGBTQ+ no Brasil!

EDITORIAL Romel Pacheco DIGITAL

JOBS

VAI TER QUE ACEITAR

Grandes empresas que estão incluindo LGBTS no mercado de trabalho.

Giulia Ballem FOTOGRAFIA Giulia Ballem Romel Pacheco EDITOR DE

ENTREVISTA

DUDA DELLO RUSSO Conheça a Drag Queen que agita a noite paulistana e gera emprego para outras.

FOTOGRAFIA Romel Pacheco INFOGRÁFIA Desirée Costa STYLIST Kaio Martins VÍDEO Erick Firezac Desirée Costa Giulia Ballem Romel Pacheco ANIMAÇÃO Desirée Costa REDAÇÃO Desirée Costa

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PROJETO GRÁFICO PHOTOSHOOT

KARMA KAMIYA Confira o ensaio fotográfico e todo o processo de montação em nossa versão digital.

Desirée Costa Giulia Ballem Romel Pacheco

Não deixe de acessar nossa versão digital e tenha acesso a conteúdos exclusivos! bemagazine.com.br


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ERA UMA CASA MUITO ENGRAÇADA… CASA1, PROJETO DE CULTURA E CENTRO DE LGBT EM SÃO PAULO Militante das causas LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros) o jornalista Iran Giusti, de 27 anos, abriu as portas de seu apartamento em 2015 para para abrigar desconhecidos que foram expulsos de casa por causa da orientação sexual - sim, isso acontece. Como a demanda foi grande, ele teve a ideia de buscar uma casa para funcionar como um espaço de acolhimento. Giusti criou então a Casa 1, espaço que receberá LGBTs em situação de risco. Para que a ideia saia do papel, criou uma campanha de crowdfunding que pretende arrecadar, até o dia 30/11, cerca de R$ 84 mil reais para a manutenção anual de uma casa no centro de São Paulo. Até o momento, a campanha arrecadou R$ 39.855. A Casa 1 será também um centro cultural e um espaço de palestras, cursos e worshops, tanto para os moradores.

Ele conta que durante o andamento do projeto, a iniciativa contou com uma presença feminina muito forte - mulheres incríveis darão palestras e workshops na casa. A ideia é que a Casa 1 seja localizada na região central de São Paulo pela facilidade de mobilidade dos moradores da casa e pelo acesso ao público que se interessar pelas atividades. “O centro da cidade também necessita de atenção, e a ideia é que nossa programação contemple também os moradores locais”, comenta. De acordo com Iran, a casa terá uma gestão autossustentável, de maneira que as atividades irão custear a manutenção do imóvel. Você também pode contribuir para que que o projeto saia do papel fazendo sua contribuição. As doações podem ser feitas em valores diversos e, a partir de R$ 20, o valor investido dará direito a uma recompensa bacanuda quando a casa entrar em funcionamento.

Acolher é mais do que oferecer um teto, é também trazer oportunidades e socialização.”

IRAN GIUSTI Fundador do Casa 1


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POTE DE OURO NO FIM DO ARCO-ÍRIS PROJETO TRANSFORMA TALENTOS DE LGBTS EM NEGÓCIO

RUAN FELIX SCHNIDER Chef vegano do Mr. Carrot

Ser um chef vegano é andar na contra-mão do mundo. Você está propenso o tempo inteiro a receber um comentário ácido ou um olhar torto.

Ele é jovem, empreendedor, engajado no ativismo vegano que cativa pela boca e faz chegar ao coração a possibilidade de viver com alimentos exclusivamente veganos sem abrir mão do sabor, ele é o criador da Mr.Carrot, uma empresa de sucesso que está levando opções de refeições veganas até a casa de muitos cariocas, com um preço justo e acessível! O projeto Micro Rainbow Brasil é um curso de negócios que ajuda a transformar talentos em negócios, e é exclusivo para pessoas LGBT.


O Projeto Micro Rainbow Brasil, desenvolvido há três anos em parceria com o Grupo Arco-Íris e a Positive Planet Brasil, já atendeu 164 pessoas em situação de vulnerabilidade na região metropolitana do Rio.

O curso possui versões na Inglaterra e no Camboja. Aqui no Brasil teve início em 2015 e já atendeu 164 pessoas no Rio de Janeiro. Dessas, 81 se formaram no curso de empreendedorismo e 46 concluíram cursos de qualificação profissional nas áreas de gastronomia, hotelaria e moda. Com isso, 53 empreendedores LGBT abriram ou expandiram seus negócios. “Minha vida já começou a mudar desde o momento que pisei no projeto Micro Rainbow. Tive várias oportunidades abertas. Foi o projeto que mais fez coisas boas acontecerem na minha vida. O projeto ensina em oito semana como montar um plano de negócios. “Essa população é muito discriminada no mercado de trabalho, tanto no acesso, quanto na permanência. As pessoas LGBT de baixa renda sofrem ainda mais”, conta Lucas Paoli Itaborahy, representante

da ONG no Brasil. “O empreendedorismo é uma alternativa para as pessoas não terem que ficar dependendo desse mercado preconceito e estigmatizante”, afirma. Sediada em Londres, a Micro Rainbow Internacional é uma ONG pioneira no trabalho de inclusão socioeconômica de lésbicas, gays, bissexuais, trans e intersexuais, elaborando ferramentas, programas e rec omendações para ajudar esse público a sair da pobreza em partes do mundo.Ignatuite, ublic verebata rei scenti scerum ad revil vocum publium inatquis sum lostess iliciam habem ta L. De temus ciaelic avocae egil tuam consuliis, moves autelic apesse nos, etius estin tantis, trari int. Habis. Iferfex nonihic aequod in vivesigil vem hoste, silicam is, moves autelic apesse nos, etius Sunt desequi comnis dolorerro berro ium sent.

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SENTA QUE LÁ VEM HISTÓRIA A TRAJETÓRIA E AS CONQUISTAS DO MOVIMENTO LGBTQ AO LONGO DOS ANOS. A Parada do Orgulho LGBT de São Paulo é atualmente uma das maiores celebrações da diversidade do mundo. Sua existência é fruto de um movimento que começou, no Brasil, na década de 1970, com pequenas publicações alternativas, se reorganizou na década de 1980 em uma resposta à crise da Aids, e se tornou mais visível na década de 1990, abrindo espaço para conquistas de direitos. A realidade mostra, porém, que essas conquistas vieram a partir de decisões do Poder Judiciário ou Executivo, e não de novas legislações propostas e aprovadas pelo Congresso — reflexo de um país conservador, que ainda registra recordes de agressões contra pessoas LGBT. Abaixo, o Nexo detalha a trajetória dos movimentos e os avanços obtidos nas últimas décadas. O movimento pelos direitos de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais no Brasil começou a partir de reuniões em espaços sociais, como bares e clubes nos anos 1970, em plena ditadura (1964-1985).

Eram nesses espaços que publicações homossexuais circulavam. Elas serviram de referência numa fase inicial de organização. “Gueto era um nome que já usávamos para boates frequentadas por gays, lésbicas e travestis. Fazíamos panfletagem e buscávamos montar nossa pauta de reivindicação e apoio lá”, diz Alice Oliveira, militante lésbica. O primeiro jornal de temática homossexual com grandes tiragens e circulação nacional foi “O Lampião da Esquina”, fundado em 1978 como parte da imprensa alternativa da época. Ela se beneficiava do abrandamento da censura imposta pelo regime militar. A ideia da publicação era “dizer não ao gueto e, em consequência, sair dele”, conforme afirmava o editorial da primeira edição do veículo. O “Lampião” fazia oposição à ditadura e servia para denunciar abusos contra LGBTs, como a prisão arbitrária de lésbicas devido a sua orientação sexual em 1980, em São Paulo, no que foi apelidado de “Operação Sapatão” — algo que continuou a ocorrer com transexuais e travesti.

Centenas de milhares de pessoas se reúnem na Avenida Paulista, todo ano, em um evento que une diversão e exposição de temas caros a homossexuais, bissexuais, travestis e transexuais.

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O Projeto Micro Rainbow Brasil, desenvolvido há três anos em parceria com o Grupo Arco-Íris e a Positive

O Projeto Micro Rainbow Brasil, desenvolvido há três anos em parceria com o Grupo Arco-Íris e a Positive

70 A TRAJETÓRIA E AS CONQUISTAS DO MOVIMENTO Ele é jovem, empreendedor, engajado no ativismo vegano que cativa pela boca e faz chegar ao coração a possibilidade de viver com alimentos exclusivamente veganos sem abrir mão do sabor, ele é o criador da Mr.Carrot, uma empresa de sucesso que está levando opções de refeições veganas até a casa de muitos cariocas, com um preço justo e acessível!

O projeto Micro Rainbow Brasil é um curso de negócios que ajuda a transformar talentos em negócios, e é exclusivo para pessoas LGBT. O curso possui versões na Inglaterra e no Camboja. Aqui no Brasil teve início em 2015 e já atendeu 164 pessoas no Rio de Janeiro. Dessas, 81 se formaram no curso de empreendedorismo e 46 concluíram cursos de qualificação profissional nas áreas de gastronomia, hotelaria e moda. Com isso, 53 empreendedores LGBT abriram ou expandiram seus negócios. “Minha vida já começou a mudar desde o momento que pisei no projeto Micro Rainbow. Tive várias oportunidades abertas. Foi o projeto que mais fez coisas boas acontecerem na minha vida.


O Projeto Micro Rainbow Brasil, desenvolvido há três anos em parceria com o Grupo Arco-Íris e a Positive

90 O projeto ensina em oito semana como montar um plano de negócios. “Essa população é muito discriminada no mercado de trabalho, tanto no acesso, quanto na permanência. As pessoas LGBT de baixa renda sofrem ainda mais”,

A sociedade perturbava muito…não queriam que a gente ficasse na Central do Brasil. Não queria que a gente ficasse na Lapa. JOVANNA BABY Militante Travesti

O Projeto Micro Rainbow Brasil, desenvolvido há três anos em parceria com o Grupo Arco-Íris e a Positive pessoas em situação de vulnerabilidade na região metropolitana do Rio.

00… conta Lucas Paoli Itaborahy, representante da ONG no Brasil. “O empreendedorismo é uma alternativa para as pessoas não terem que ficar dependendo desse mercado preconceito e estigmatizante”, afirma. Sediada em Londres, a Micro Rainbow Internacional é uma ONG pioneira no trabalho de inclusão socioeconômica de lésbicas, gays, bissexuais, trans e intersexuais, elaborando ferramentas, programas e rec omendações para ajudar esse público a sair da pobreza em partes do mundo. Ignatuite, ublic verebata rei scenti scerum ad revil vocum publium inatquis sum lostess iliciam habem ta L. De temus ciaelic avocae egil tuam consuliis, moves autelic apesse.Habis. Iferfex nonihic aequod in vivesigil.

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O movimento LGBT começou a ganhar também visibilidade massiva nas ruas na década de 1990. Em 1995, a Associação Internacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Trans e Intersex realizou a sua 17ª conferência no Rio, que terminou com uma pequena marcha na praia de Copacabana. Em 1996, um ato na praça Roosevelt, em São Paulo, reuniu cerca de 500 pessoas reivindicando direitos LGBT. A partir daquele ato, coletivos LGBT começaram a planejar a primeira parada LGBT do país, que aconteceu em 1997 na avenida Paulista, em São Paulo. Ela teve entre 500 e 2.000 pessoas. Hoje a parada é um dos maiores eventos da capital paulista, reunindo um público maior do que o de cidades. Apesar de haver projetos de lei garantindo esses direitos desde a década de 1990 em tramitação no Congresso, tanto a união

civil estável quanto o casamento entre homossexuais foram concessões do Judiciário. A união civil estável entre pessoas do mesmo sexo foi reconhecida em 2011 pelo Supremo Tribunal Federal. O Conselho Nacional de Justiça permitiu o casamento civil entre homossexuais, assim como a conversão de uniões estáveis homoafetivas em casamentos civis. O processo de redesignação sexual do fenótipo masculino para o feminino foi autorizado pelo Conselho Federal de Medicina. Desde 2008, passou a ser oferecido pelo SUS. Em 2010, o processo de redesignação do fenótipo feminino para o masculino também foi aprovado pelo conselho e passou a ser oferecido pela rede pública. A espera na fila pode durar, no entanto, mais de 20 anos, e apenas uma fração de trans homens e mulheres e travestis.


O que nos interessa é destruir a imagem padrão que se faz do homossexual.

O movimento LGBT começou a ganhar também visibilidade massiva nas ruas na década de 1990. Em 1995, a Associação Internacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Trans e Intersex realizou a sua 17ª conferência no Rio, que terminou com uma pequena marcha na praia de Copacabana. Em 1996, um ato na praça Roosevelt, em São Paulo, reuniu cerca de 500 pessoas reivindicando direitos LGBT. A partir daquele ato, coletivos LGBT começaram a planejar a primeira parada LGBT do país, que aconteceu em 1997 na avenida Paulista, em São Paulo. Ela teve entre 500 e 2.000 pessoas. Hoje a parada é um dos maiores eventos da capital paulista, reunindo um público maior do que o de cidades inteiras.

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18mil Grupo LGBTQ+ Existem mais de

207,7

isso equivale a

8,7%

milhões de habitantes

60mil

de toda a população brasileira

casais gays no Brasil

90% 61% 33% 41% A comunidade LGBTQ+ movimenta

R$ 150bi

A homofobia custa aproximadamente

U$ 450bi /ano*

/ano

para a economia brasileira *baseado em produtividade, turnover e processos judiciais.

no mercado brasileiro

CONFIANÇA PARA ASSUMIR A HOMOSSEXUALIDADE NO TRABALHO

H

37%

M

31% Todos

Maioria

13% 12% 64% Alguns

20%

13% 12% Pessoas de confiança

18% 28% Ninguém


NADA CONTRA, MAS... Afirmam terem sofrido discriminação no trabalho por sua orientação sexual e/ou identidade de gênero.

De travestis estão se prostituindo por não terem encontrado emprego, mesmo com ótimos currículos.

Dos funcionários LGBT no Brasil, optam por esconder a sua sexualidade de gestores e colegas.

Das empresas no Brasil não contratariam LGBTS para cargos de chefia.

HOMOFOBIA NO AMBIENTE DE TRABALHO

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H

60

30 40 Sem homofobia

90 80

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30

50

40 Homofobia ocasional

50 Homofobia frequente

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IGUALITÁRIO E SEM PRECONCEITOS GRANDES EMPRESAS PROMOVENDO UM AMBIENTE IGUALITÁRIO E LIVRE DE PRECONCEITOS Grandes empresas dos mais variados setores da economia se reuniram para discutir boas práticas na promoção dos direitos LGBT. A reunião faz parte da agenda de trabalho do Fórum de Empresas e Direitos LGBT, para envolver empresas em torno do compromisso com o respeito e com a promoção dos direitos humanos. Hoje, com a constante demanda por aceitação, inclusão e sensibilidade, essa realidade está com os dias contados. Grandes empresas, como IBM, Facebook, Apple e

Starbucks já se tornaram referência global em ações e iniciativas que incluam lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais em suas equipes e cargos de chefia.E o motivo de tanto engajamento é inspirador: muito mais do que retorno financeiro, essas empresas querem uma sociedade mais justa e igualitária. “O que buscamos é construir um espaço em conjunto, oferecendo as mesmas oportunidades a todos. O retorno financeiro, se vier, é apenas uma consequência”, explica Adriana

Ferreira, diretora de diversidade e inovação da IBM no Brasil. E mesmo assim o dinheiro vem. Uma pesquisa divulgada recentemente pela revista Management Science comprovou que as companhias que incluem os LGBT em sua estrutura apresentam um aumento de 8% nos registros de patentes. Segundo os pesquisadores, que entrevistaram mais de 5.000 empresários nos Estados Unidos, trazem características relacionadas à criatividade, mente aberta e disposição maior de assumir riscos.


DIREITOS LGBTQ+ NAS EMPRESAS O DIÁLOGO SOBRE OS DIREITOS HOMOSSEXUAIS TEM CAUSADO EFEITO POSITIVO E TRANSFORMADOR

REINALDO BULGARELLI

Idealizador do Projeto

Ouvir o que cada uma tem a dizer sobre diversidade e lidar cada vez mais com o respeito e o direito do outro é a palavra-chave do encontro. Em apenas três anos, o Fórum conta com o apoio da ONU e grandes empresas como a Microsoft Brasil, Facebook, Bloomberg e IBM viram na iniciativa a importância de falar sobre diversidade no ambiente de trabalho. “Hoje contamos com a participação de mais de 200 grandes corporações e 35 signatárias da Carta de Adesão ao Fórum e aos seus 10 Compromissos”, disse o idealizador Reinaldo Bulgarelli. Todas as corporações presentes acreditam que as questões da

diversidade possuem um fator econômico decisivo e são importantes para o desenvolvimento e inovação das empresas, pois afetam diretamente na produtividade, criatividade, autoestima dos funcionários, bem como no clima. 30% das corporações que estão na lista das “150 Melhores Empresas para Trabalhar em 2015” não respeitam os direitos de casais homossexuais no acesso a benefícios concedidos a casais heterossexuais. Em entrevista concedida para a ViaG, Bulgarelli diz que o Brasil precisa melhorar a legislação para avançar nos direitos do segmento, colocar em prática discussões de gênero.

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DUDA DELLO RUSSO RUSSO CONHEÇA A DRAG QUE REFORMULOU A BOATE BECO 203 E GERA EMPREGO PARA OUTRAS DRAG QUEENS


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Onde e como surgiu a Drag Duda Dello Russo? Olha, veja bem… alguns realites fazem isso. Fazem mesmo. Mas a gente não faz. Honestamente. Nao fazemos isso. A GENTE TEM DRAG QUEENS NO PROGRAMA! (risos). Nao precisamos manipular nada por causa disso. Nao precisamos criar um personagem. Elas já vêm com um personagem. Quais eram as suas expectativas no começo da sua carreira profissional? Sendo bem sincera. A verdade é que… Phelipe, Phelipe… Eu sei que realities fazem isso. Confia em mim. É a verdade. Mas nós não fazemos. Estamos lidando com drags queens que têm drama o suficiente. Nós não precisamos fazer roteiros por isso. Quando isto deixou de ser apenas um personagem e se tornou o seu meio de trabalho? Exatamente. Vem naturalmente. Confia em mim. Nao precisamos roteirizar. Às vezes o roteiro e a história já está lá. Se você vê o show, não importa qual seja a queen… (RuPaul cai na risada) … Você vê claras evidências desse comportamento durante o programa. Quais foram as suas maiores dificuldades quando você começou a sua carreira profissional? Não, olha, é que eu sei que essa acusação vem sendo feita várias e várias vezes. É uma forma que

Comecei tudo como uma brincadeira e atualmente drag se tornou minha principal fonte de renda.

as pessoas que fazem essas acusações arrumam de se desculpar pelo ego [que possuem]. Essas acusações vêm sendo feitas desde o começo. Essas pessoas estão tentando mudar o foco e se livrar do comportamento que elas possuem. Qual é o investimento inicial necssário para se tornar uma drag atuante no mercado? Não é que eu fico com raiva. Eu fico desapontada. Porque parte do significado de ser drag queen é um comentário social sobre a vida. Drags sempre serão um comentário social. Então você tem que conhecer a sua história, entender de onde a gente vem para poder seguir em frente. Não só para gays, mas para a sociedade em geral. Para todas as pessoas. É preciso conhecer sua historia. Senão a gente não segue adiante. Como são as oportunidades de trabalho? Hmmm… Olha… Eu não tenho mais ídolos atualmente. Quando eu era criança, eu olhava para algumas estrelas e as tomava como caminho e direção. Mas, na minha idade, nesse momento em que estou, você começa a perceber que não precisa mais da direção. O caminho que eu faço vem do meu coração, que é musica, amor, dança, risada, bondade… Esses são meus ídolos agora. Existe muita concorrência? Olha, Gaga foi fantástica. Ela é uma apoiadora de drag queens. Ela é uma própria drag queen e ela foi fantástica. Eu não sei se a gente consegue algo melhor que isso. Ela é um doce e muito amável. Olha, Phelipe, eu preciso ir agora porque nosso tempo acabou. Tenho outro jornalista na linha. Atualmente, o programa exibe nos EUA a sua nona temporada, que tem participações de Lady Gaga, Kesha e Lisa Kudrow. A décima temporada da série já foi confirmada pela VH1. Para esta temporada, RuPaul traz de volta

os juízes Carson Kressley (Queer Eye, How to Look Good Naked), Ross Mathews (The Tonight Show, Chelsea Lately) e Michelle Visage (The RuPaul Show, Celebrity Big Brother), que serão acompanhados por jurados convidados como Nicole Richie, Gigi Hadid, Marc Jacobs, Chanel Iman e Vivica A. Fox. Como você se sente podendo dar oportunidade de trabalho para outras drags? Vivemos numa experiência global rodeada de mídias sociais, os assuntos tomam proporção mundial muito rápido. Isso é animador. Pessoas que moram em cidades pequenas e em lugares remotos conseguem assistir ao programa. Elas conseguem se conectar com outros indivíduos e criar uma tribo nova. O que você espera para o futuro da cultura drag? A grande revolução que eu vi nas drags foi a audiência, as pessoas realmente entenderem o que é ser drag. Ser drag é lembrar que não devemos levar a vida muito a sério, temos que nos divertir. Imaginem um mundo com todas as cores de uma caixa de giz de cera. É isso. O que você espera para o futuro da cultura drag? Eu fiquei muito lisonjeada com o convite de estar fazendo essa parceria, porque além de ser uma porta voz dessa juventude aí, que está crescendo com outra mentalidade, é sempre bom a gente frisar que a proteção é importante. Além de tudo, a camisinha não previne só gravidez. Muitos nos questionaram sobre isso, precisamos nos proteger contra as DSTs. Os índices de Aids crescem todos os dias, e é muito alarmante. Eu já perdi parentes para a doença e isso não é legal. Então, eu fiquei muito feliz de estar trazendo essa parceria para o clipe. É uma mensagem válida e importante.o clipe. É uma mensagem válida e importante.


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KA MI YA A DRAG YOUTUBER QUE VEM CAUSADO UM GRANDE IMPACTO NA INTERNET MOSTROU TODO SEU PROCESSO DE MONTAÇÃO E POSOU PARA NOSSAS LENTES

FOTOS: GIULIA BALLEM

ASSISTENTE: DESIRÉE COSTA BELEZA: ROMEL PACHECO STYLING: KAIO MARTINS


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VEJA TODO O PROCESO E MAIS FOTOS NA VERSÃO DIGITAL!

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DRIBLANDO A HOMOFOBIA SOCIALIZAÇÃO LGBTQ+ NOS ESPORTES

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Em junho deste ano, a Fifa anunciou que os juízes dos jogos da Copa das Confederações poderiam interromper partidas nas quais torcedores tivessem atitudes racistas ou homofóbicas. Na Grã-Bretanha, em fevereiro, foi publicado um relatório do comitê de cultura, mídia e esporte do Parlamento que defende a “tolerância zero” no combate à homofobia no esporte. No Brasil, é comum ouvir torcidas de futebol berrar “bicha” ou “viado” a plenos pulmões quando um jogador do time adversário bate um tiro de meta. Em julho, levaram o clube Paysandu a ser denunciado pelo STJD pela homofobia de uma das torcidas organizadas do time, a Terror Bicolor. Os exemplos são inúmeros e a síntese é clara: no esporte, a discriminação também é uma velha conhecida das pessoas LGBT e há um imenso caminho a ser percorrido se quisermos mudar isso.

No entanto, a prática esportiva não é e nunca foi só para homens héteros e cisgêneros. E, se depender de iniciativas como o grupo Unicorns Brazil, de São Paulo. Fundado há dois anos, o grupo tem uma intenção bastante simples: unir qualquer pessoa LGBT que tenha interesse em praticar futebol, corrida ou fazer treino funcional. Começou com um time para jogarem bola. Hoje eles movimentam em torno de 150 pessoas nas atividades. As páginas nas redes sociais e o rápido espalhamento das postagens fez o time atrair cada vez mais interessados. Inclusive por mulheres heterossexuais que se sentem desconfortáveis com a ideia de treinar com homens héteros. Homens gays são a grande maioria do grupo hoje, mas também há lésbicas e as portas estão abertas para transgêneros ao contrário.

O futebol tem um ambiente extremamente machista. Não só contra homossexuais, mas contra mulheres e quaisquer outras pessoas que não sejam homens héteros.

ORLANDO CRUZ

Primeiro Boxeador a se assumir Gay

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PERSONAGEM GAY EM SÉRIE DA DISNEY UMA MENSAGEM PODEROSA DE INCLUSÃO E RESPEITO PELA HUMANIDADE “Andi Mack é uma série sobre jovens descobrindo quem eles são e todos envolvidos na produção tomaram cuidado para ter certeza que o episódio será apropriado para todas as idade, e para que ele passasse uma mensagem poderosa de inclusão e respeito pela humanidade”. A Disney já mostrou personagens gays, mas é a primeira vez o canal irá contar a descoberta da identidade sexual em uma série infantil. Em março, a série de

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animação Star contra as Forças do Mal foi a primeira da emissora a apresentar um beijo entre duas pessoas do mesmo gênero. No capítulo Just Friends (Apenas amigos), Marco assiste ao show de uma boyband quando, de repente, vários casais começam a se beijar - incluindo um par formado por dois meninos.Antes, personagens gays apareceram em alguns programas do canal, como um casal de homens em Gravity Falls: Um Verão de

Mistérios e um de mulheres na série de ação Boa Sorte, Charlie!. Para apresentar a história da maneira mais adequada, os criadores de Andi Mack falaram com várias associações LGBTQ, como a Aliança Gay e Lésbica contra a Difamação (GLAAD, na sigla em inglês).“Andi Mack está refletindo as vidas e as experiências vividas por muitos jovens LGBTQ em todo o país”, disse Sarah Kate Ellis, presidenta e CEO da GLAAD.


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