Revista D1ANTEIRA

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UMA REVISTA DO PROJETO GENEROSIDADE

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D1ANTEIRA NÃO É SÓ BUNDA

O sexismo na mídia esportiva ainda não deixou de ser uma ameaça às mulheres

ELAS SÃO SUPER!

Não é um pássaro, nem um avião!

Projeto VemSer

VENCEDORAS ALÉM DO PLACAR

MAIO 2015 ED.01

SEMPRE MÁGICA

Magic Paula nos encanta com sua entrevista exclusiva sobre o futuro dos atletas brasileiros

R$ 11,90



EDITORIAL

EM FRENTE!

D

ianteira significa a frente, a parte anterior, o ponto mais avançado, a vanguarda, o primeiro lugar. Desse modo, a revista Dianteira do Projeto Generosidade foi criada para antenar as pessoas sobre as questões sociais, dessa vez focando no mundo dos esportes. Abordando os obstáculos enfrentados por mulheres, traçamos a história de inserção da mulher às olimpíadas e perfis de atletas de renome, celebrando suas habilidades quase sobre-humanas. Também comentamos assuntos polêmicos como a adição de muçulmanas aos campeonatos esportivos, quebrando esteriótipos entre culturas, além de denunciamos a diferença de tratamento que a mulher sofre na mídia esportiva por causa do sexismo enraizado na sociedade desde os tempos antigos e que continua até hoje. Os obstáculos da mulher no mundo esportivo vão além de barreiras de pistas de corrida, e esta edição da revista serve como uma homenagem às grandes mulheres que venceram preconceitos e quebraram preceitos do lugar feminino na sociedade e em todo o globo. Boa leitura!

EXPEDIENTE Diretor Geral Fábio Silveira

Colaboração Vagner Godoi

Diretor de Arte Fábio Silveira

Redator Björk Guðmundsdóttir

Edição de Arte Sthefânia Mafalda

Produtor Gráfico Azealia Amanda Banks

Designer Izabella Perrella

Atendimento ao Leitor Britney Spears

Ilustração Clarissa Misiara

Webmaster Taylor Swift

Fotografia Onika Tanya Maraj

Revista Digital Demetria Devonne Lovato

Repórter Beyoncé Giselle Knowles

Gerente Selena Marie Gomez

05 | EDIÇÃO ESPECIAL OLIMPÍADAS

Revista D1ANTEIRA Junho 2015


ÍNDICE

08 12 18 06 | EDIÇÃO ESPECIAL OLIMPÍADAS

LINHA DO TEMPO As conquistas das mulheres no esporte através dos séculos

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ENTREVISTA Magic Paula nos conta sobre sua carreira e as Olímpiadas de 2016

CAPA O Projeto VemSer vem sendo atuante nas áreas de esporte, saúde e educação

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ARTIGO A participação de atletas muçulmanas nas Olímpiadas e eventos esportivos

CURIOSIDADES Conheça nossas super-atletas e seus incríveis super-poderes

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PARA REFLETIR Como a mídia esportiva retrara as atletas femininas em comparação aos homens



LINHA DO TEMPO

Rotulada de sexo frágil, a mulher ganhou um espaço especial na sociedade. Elas simplesmente invadiram tudo o que antes só os homens podiam utilizar

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P A R T I D A

MULHERES NO ESPORTE

Mary Queen of Scots foi a primeira jogadora de golfe da Escócia. Ela escandalizou o país poucos dias após o assassinato de seu querido, fofo e amado marido Lord Darnley.

2000 1995 Michelle Kwan ganha seu nono (oitavo em sucessão) título nacional de patinação artística e acaba conquistando o coração de todos.

Doris Haddock de 90 anos completa caminhada de 14 meses para defender a reforma do financiamento de sua nova campanha política.

2002 2005 No dia 5 de fevereiro, a lendária treinadora de basquete Pat Summit, da Faculdade do Tennessee marcou sua 1000 vitória na quadra.

2015

Mo’ne Davis, de 13 anos, leva os Taney Dragons a uma vitória na Little League World Series com uma bola rápida de 70 mph.

08 | EDIÇÃO ESPECIAL OLIMPÍADAS

2014

A fabulosa, esmagadora, linda, poderosa, Serena Williams vence 78 de 82 partidas aos 31 anos de idade, arrasando com as branquelas.

Depois de perder o pé em um acidente de moto, Amy Winters com uma prótese continuou a correr maratonas e bater recordes.


1875 Annie Oakley bate seu futuro marido, campeão atirador Frank Butler, em uma competição de tiro e chocou a sociedade machista e sexista do século XIX, bem feito.

1987

A linda Billie Jean King derrota Bobby Riggs na partida de tênis chamada “Batalha dos Sexos”.

1943

1902 Como não havia possibilidade de uma competição feminina de patinação, Madge Syers entra no campeonato mundial masculino e conquista o segundo lugar.

The All American Girls’ Baseball League foi formada para encher estádios esvaziados pelos homens que foram à guerra morrer, e não fazem mais do que a obrigação..

1984 1973 A ginasta Larisa Latynina completa sua carreira com dezoito medalhas, mais do que qualquer outro atleta na história olímpica e mundial.

Picabo Street é a primeira mulher americana a ganhar o título da Copa do Mundo de esqui alpino.

2007 2008 Junko Tabei do Japão tornou-se a primeira e mais jovem mulher a atingir o cume do gigantesco Monte Everest aos 36 anos de idade.

2013

O torneio de tênis de Wimbledon anuncia que irá pagar as mulheres e aos homens igual prêmio em dinheiro para o primeiro tempo.

FONTE INFOPLEASE, CHRIS FRANTZ

A americana Nancy Lieberman torna-se a primeira mulher a jogar na liga de basquetebol masculino profissiona da Associação de Basquete Nacional.

2012 Mikaela Shiffrin é pessoa mais jovem a ganhar o ouro no slalom nos Jogos Olímpicos de Inverno de 2014, aos 18 aninhos de idade.

2010

Alex Morgan tornar-se a primeira jogadora da California Golden Bears a jogar numa equipe de futebol profissional dos Estados Unidos.

EDIÇÃO ESPECIAL OLIMPÍADAS | 09


ENTREVISTA

UM PASSE DE MĂ GICA A ex-jogadora Maria Paula Silva diz que falta projeto para preparar esportistas para a OlimpĂ­ada do Rio e conta por que fez terapia antes de se aposentar das quadras de basquete e do mundo Por Rodrigo Cardoso

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M

Maria Paula, 49 anos, prova que não precisa fazer mágica, como fazia dentro da quadra quando ser jogadora de basquete era a sua profissão, para fazer o esporte brasileiro se desenvolver. Ela, que controlando a bola de basquete ficou conhecida como Magic Paula, segunda maior pontuadora da seleção brasileira e integrante do Hall da Fama da modalidade, hoje, como gestora esportiva, toca um projeto financiado pela Petrobras que busca o crescimento de atletas de alto rendimento de olho em 2016. Como deverá ser o desempenho da nossa delegação nos Jogos de Londres? Paula - Menos atletas brasileiros irão à Olimpíada. Vamos manter ou diminuir o número de medalhas conquistadas em Pequim (15, no total). Não ficaria triste se isso ocorresse, caso estivéssemos preparando atletas para 2016. É uma seleção de jovens promessas porque não temos, hoje, uma geração de atletas para 2016. Foi empolgante para o brasileiro ver o País conquistar o direito de sediar uma Olimpíada. A gente só não viu – ou talvez eu não tenha conhecimento – se, paralelamente à construção do projeto de sediar a Olimpíada, o Brasil definiu o programa que irá adotar para gerir o esporte internamente até 2016, principalmente partindo dos órgãos governamentais. Porque, se vier algo de cima para baixo, todo mundo vai seguir. Considera o atleta brasileiro preparado para vencer? Paula - A gente sofre da síndrome de se menosprezar e maximizar o adversário. Os americanos têm até aula de autoestima. E a gente vai para a Olimpíada e pensa: “Cheguei aqui e isso é mais do que eu podia esperar.” Porque a gente chega à Olimpíada e vê os ginásios, piscinas bem melhores do que a gente vê aqui. Enquanto não conseguirmos dar essas condições ao atleta aqui, para que ele se sinta no mesmo patamar, vamos sempre depender de poucos que tenham um pouco mais de equilíbrio e falta equilíbrio emocional para a grande maioria. Por que isso acontece? Paula - Em 1996, voltamos de Atlanta de avião fretado, porque o presidente Fernando Henrique iria receber os medalhistas em Brasília. Foi curioso porque eu escutava o cara do atletismo dizendo “ganhei medalha, mas não sei se o patrocinador continuará comigo”, um outro dizendo que não tinha equipe para jogar, outro sem emprego. Gente, o atleta brasileiro não tem tranquilidade para se preparar para um evento como uma olimpíada!

FOTO LATINSTOCK

O programa da Petrobras administrado pelo seu instituto acaba de completar um ano. Quais forma os resultados do programa nessa etapa? Paula - Ele foi feito, exclusivamente, para beneficiar o atleta. Não investe em confederações. Sempre ouvimos as coisas como “não tenho apoio, patrocínio, não consigo competir fora do Brasil”. O programa, então, foi concebido pensando em 2016, nos esportistas de alto rendimento, e beneficia cinco modalidades olímpicas historicamente sem divulgação: boxe, tae kwon do, levantamento de peso, remo e esgrima. Com o dinheiro da Petrobras, cerca de 15 milhões por ano, as confederações indicam o técnico e os atletas que irão participar do programa. E o meu instituto, o Passe de Mágica, faz a gestão e presta contas. Pagamos salários que vão de R$ 1.250 a R$ 3.100, plano de saúde, as viagens, as hospedagens, compramos material esportivo, tudo. As seleções apoiadas pelo programa participaram de 56 competições internacionais nesse primeiro ano do programa e visitaram 28 países, 44 cidades do mundo inteiro e olha como a situação está. Já pensou em treinar equipes de basquete? Paula - Não. Aos 36 anos, comecei a ter algumas reações que até então não tinha. Pensava: “Putz, vou ter de viajar para jogar. Tenho de treinar, mas que saco!” Lia muito sobre a transição de carreira dos atletas ao anunciar a aposentadoria. E eu via que tinha muito atleta que se perdia, bebia, se drogava. Eu não podia incorrer nesse erro. E decidi fazer terapia para entender esse processo. Fiz dois anos de terapia para me aposentar. Como iria encarar a vida depois de 20 anos fazendo sempre a mesma coisa? Outro processo: o tempo ia passar e as gerações não iriam me reconhecer mais. Eu tinha de matar a minha identidade como jogadora, mas não a minha história. Parei de jogar em 2000, mas só fui colocar em casa quadros com fotos minhas como jogadora faz três anos. Você acha que as mulheres ainda sofrem discriminação no esporte? Paula - O esporte é bem machista ainda. O nosso time de basquete feminino, quando chegou a Atlanta (1996) para a Olimpíada, teve de arranjar uma costureira brasileira para ajustar o uniforme, porque ele era o mesmo do masculino. Mas acho ridículo ver uma atleta se maquiando, passando batom para competir. Isso não irá fazê-la mais feminina. Pensar assim é retrógrado. Não é necessário que ela prove que é mulher no esporte, pelo amor de deus.

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Não temos uma geração de atletas para 2016 EDIÇÃO ESPECIAL OLIMPÍADAS | 11


CAPA

vitória ALÉM placar DO

POR CLAUDIO NOGUEIRA

FOTO ANGÊLO DOS ANJOS

O projeto social VemSer tem como objetivo formar vencedoras no jogo da vida, através do desenvolvimento de projetos esportivose educacionais com jovens estudantes das redes pública e particular de ensino

12 | EDIÇÃO ESPECIAL OLIMPÍADAS



CAPA

T

Ter feito mais gols ou marcado mais pontos do que a equipe adversária ao final da partida: essa parece ser a única preocupação de dirigentes e o único objetivo de atletas no mundo do esporte profissional. Alcançar resultados é essencial, afinal, são eles que trazem patrocínios e, conseqüentemente, dinheiro para os cofres do clube e para os bolsos de atletas, e dirigentes e assim por diantes nós vamos e vamos. Essa realidade vem reforçando a noção de que fins são mais importantes do que meios. “Vencer não é tudo, é a única coisa”. A frase atribuída a Vince Lombardi, um conhecido técnico de futebol americano, resume uma mentalidade defendida por muitos no meio esportivo. Para se alcançar uma vitória, tudo é válido, até matar alguém do outro time. É preocupante perceber que a idéia do “vencer-a-qualquer-custo” está tão difundida que começa a invadir a 14 | EDIÇÃO ESPECIAL OLIMPÍADAS

prática esportiva de base. Acreditando ser esta a única forma de crescer profissionalmente, um número cada vez maior de técnicos de jovens atletas se rende à noção de que é necessário ganhar jogos sim. Ao adotarem a mentalidade do vencer-a-qualquer-custo, porém, acabam muitas vezes afastando do esporte jovens talentos, que não estão preparados para lidar com as pressões do esporte. No entando, elas se esquecem também daquele que deveria ser o objetivo mais nobre do trabalho de base: produzir jovens atletas que se tornarão vencedores não apenas no esporte, mas também, e principalmente, na vida. Como mostram pesquisas americanas, menos de três em cada cem jovens que praticam esportes durante sua infância e adolescência acabam por se tornar atletas profissionais. A grande maioria acaba seguindo outros rumos. Isto, porém,

não significa que a experiência no esporte não tenha sido importante para eles. Afinal, as lições aprendidas em campos, quadras e no convívio com companheiros e treinadores os acompanharão para o resto de suas vidas. campos, quadras e no convívio com companheiros e treinadores que os acompanharão para o resto de suas não tão eternas vidas.

Filosofia do projeto Aprender lições de vida e valores: valores estes que são os pilares fundamentais para a formação de trabalhadores honestos, líderes sensíveis, famílias fortes, pessoas corretas e bons pais. é o maior e mais importante dos benefícios trazidos pelo esporte para seus jovens praticantes. É exatamente com esta mentalidade de formação geral do indivíduo que pretendemos reforçar nas equipes por nós administradas. Pois queremos


que importa, e continuará importando, são os valores que aquelas jovens irão levar de sua prática esportiva e disciplinar. Acreditamos que o verdadeiro teste de caráter não se baseia no fato de sermos derrubados em algumas ocasiões, mas sim no número de vezes em que conseguimos nos levantar. E não há como saber se somos o tipo de pessoa que consegue se levantar se nunca formos derrubados. Proporcionar a jovens uma oportunidade de serem derrubados sem serem derrotados é uma das principais características do esporte de base. A existência de um ambiente positivo em torno de nossas atletas possibilitará que ser derrubada se torne uma grande vantagem, pois assim as jovens poderão se tornar o tipo de pessoa que volta a se a levantar.

Esporte & Psicologia

TEMPO Atletas refletem sobre o treino e discutem estratégias

que nossas atletas vençam não apenas nos jogos, mas também em suas vidas. Pois a vitória além do placar: formando vencedoras no jogo da vida. Cada partida, treino, encontro e cada momento decisivo proporciona às atletas uma oportunidade de aprender uma nova habilidade, atitude ou valor que irão reaparecer em sua vida futura. São essas as lições que serão levadas quando essas jovens se tornarem adultas, e é nelas que pretendemos investir. Afinal, as jovens atletas de nossas equipes em breve crescerão e, por mais estranho que possa parecer no momento decisivo de uma partida muito disputada, daqui a alguns anos realmente não fará tanta diferença quem venceu ou perdeu aquela partida em particular. O FOTO SHUTTER DOS ANJOS

Com todas estas questões em mente, estabelecemos três regras básicas que deverão nortear o trabalho das equipes coordenadas pela VemSer Esporte & Psicologia: E quanto a vencer?, você pode estar se perguntando. Como resposta, propomos outra pergunta: existe melhor receita para conquistar vitórias do que ter prazer no que se está fazendo e ter determinação para alcançar seus objetivos? Cremos que não. Dessa forma, através da união entre o esporte e da Psicologia, e contando com uma orientação sempre positiva em direção à conquista de objetivos, esperamos, juntos, alcançar muitas vitórias: dentro e fora de quadra! Com este intuito, a VemSer desenvolve e coordena projetos esportivo e educacionais envolvendo estudantes de escolas das redes pública e particular de ensino, bem como presta consultoria, treina profissionais para atuar junto a atletas e equipes esportivas e promove cursos e palestras sobre diversos temas ligados às suas futuras áreas de atuação. Logo, o projeto está aberto para todas as meninas.

Visão, Missão, Valores e OBJETIVOS Visão da VemSer Ser reconhecida por sua seriedade e pela qualidade de sua atuação nas áreas do esporte, da saúde e da educação.

Missão da VemSer Formar vencedores no jogo da vida, através do desenvolvimento de projetos esportivos/educacionais com jovens estudantes das redes pública e particular.

Crenças e valores da VemSer 1. Trabalhar em equipe; 2. Respeitar as diferenças; 3. Jamais desistir dos sonhos; 4. Qualidade, seriedade e diferença; 5. Acreditar na responsabilidade social.

Objetivos 1. O estabelecimento de parcerias com escolas da rede municipal e/ou estadual de ensino, com o intuito de: a) oferecer a jovens de camadas menos favorecidas da população a oportunidade de participar de atividades e/ou equipes esportivas; b) reduzir o índice de evasão escolar, através da exigência de que as jovens freqüentem a escola e apresentem bom desempenho acadêmico; 2. Oferecer a jovens um ambiente esportivo que lhes dê a possibilidade de aprender novas habilidades e desenvolver seu caráter e educação; 3. A realização de um trabalho de acompanhamento psicológico e acadêmico com crianças e adolescentes em situação de risco social e mental; 4. A formação e preparação de atletas e equipes esportivas para a disputa de torneios e competições regionais, estaduais e/ou nacionais; 5. O recrutamento e treinamento de profissionais, visando à formação de multiplicadores de sua metodologia de trabalho e ensino em diversas áreas.

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ARTIGO

ATLETAS MUÇULMANAS OLÍMPICAS Arábia Saudita, Brunei e Catar autorizaram pela primeira vez na história a participação feminina na maior competição esportiva mundial

A

lém de ser a edição com o maior número de mulheres competindo, os Jogos Olímpicos de Londres quebraram outra escrita da história esportiva. Pela primeira vez, três países de cultura islâmica autorizaram atletas do sexo feminino a participar da competição. Na Arábia Saudita, por exemplo, mulheres são proibidas de praticar qualquer tipo de esporte. Foi preciso uma longa negociação entre o governo e o Comite Olímpico Internacional (COI) para que houvesse a presença feminina na delegação do país. A escolhida foi a judoca Wodjan Shaherkani, de apenas 16 anos. Apesar de ter sido derrotada já na primeira luta, contra a porto-riquenha Melissa Mojica, a saudita foi ovacionada pelo público. Ela havia acabado de fazer história. “Estava com muito medo por causa do enorme público e perdi 16 | EDIÇÃO ESPECIAL OLIMPÍADAS

porque foi minha primeira vez. Fiquei feliz e orgulhosa por representar meu país, foi a oportunidade de uma vida. Espero que seja o início de uma nova era”, disse, timidamente, Shaherkani.

Olimpíadas de Londres Para competir, a atleta usou um hijab (véu) adaptado, como exige a tradição islâmica. Além de Shaherkani, Sarah Attar, competidora dos 800m, também representa a Arábia Saudita em Londres. hetelemena. Já Maziah Mahusin veio de Brunei, país do Sudeste asiático que segue à risca as tradições islâmicas, inclusive com investigação rigorosa no cumprimento dos costumes religiosos. Mahusin correu as séries

dos 400 metros, e conseguiu bater o recorde de seu país nesta sexta-feira (03). Além disso, ela foi a porta-bandeira da delegação bruneana, que tem apenas três membros. Diante dos 80 mil espectadores do Estádio Olímpico, Mahusin terminou na sexta posição, longe dos melhores tempos. Para a atleta, o mais importante é inspirar outras mulheres de seu país. “Recebi muitas mensagens. Querem ser como eu e participar dos Jogos Olímpicos um dia. É uma honra para mim”, acrescentou, admitindo já ter na cabeça uma próxima participação nos Jogos Olímpicos do Rio. Do Catar, quatro mulheres fazem parte da delegação enviada a Londres. A nadadora Nada Arkaji, a velocista Noor al-Malki, a mesatenista Aya Magdy e a atiradora Bahiya Hamad, que foi porta-bandeira do país na abertura da edição 2012 das Olimpíadas. Atleta dos 100m rasos, Noor Hussain al Malki não conseguiu terminar sua prova na sexta. Já nos primeiros passos, ela sentiu uma fisgada na parte posterior da coxa e precisou ser retirada da disputa. Arrasada, a catariana foi consolada pelo público presente. Deixou a pista sob aplausos e, mesmo decepcionada, representando uma nova era para as nossas queridas atletas islâmicas que vem conquista um grande papel tanto nos Jogos Olímpicos, quanto outros eventos esportivos.

DESTAQUES

Bahiya Al Hamad

Noor al-Malki

Bahiya Al Hamad

Foi nomeada pelo Comitê Olímpico do Qatar (QOC) como Melhor Atleta Feminina do ano.

Al-Malki é uma das quatro mulheres que estão competindo para o Qatar, em Londres.

Foi nomeada pelo Comitê Olímpico do Qatar (QOC) como Melhor Atleta Feminina do ano.

FOTO ONIKA MARAJ



CURIOSIDADES

SUPER-MULHERES Nossas atletas brasileiras mostram que não é preciso ter super poderes para poder voar, super velocidade ou super força para ser uma verdadeira heroína

MARTA MARAVILHA Nome Verdadeiro Marta Vieira da Silva

Idade 29 anos

Super poder Super-chute

reconhecimentos Marta já foi escolhida como melhor futebolista do mundo por cinco vezes consecutivas, um recorde entre mulheres e homens. Foi considerada pela Revista Época um dos 100 brasileiros mais influentes do ano de 2009, além de já ter sido comparada com Pelé.

SUPER-MAURREN Nome Verdadeiro Maurren Magi

Idade 38 anos

Super poder Super-pulo

reconhecimentos Maurren foi campeã olímpica no salto em distâncias dos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008. Em Pan-Americanos, conquistou três medalhas de ouro, em Winnipeg-1999, Rio de Janeiro-2007 e Guadalajara-2011, além de diversas outras medalhas.

18 | EDIÇÃO ESPECIAL OLIMPÍADAS


KELLERCLOPE Nome Verdadeiro Fernanda Keller

Idade 51 anos

Super poder Resistência

reconhecimentos Única atleta a participar por 22 anos consecutivos do Campeonato Mundial de Ironman, ela terminou 14 vezes entre as 10 melhores competidoras do mundo. Fernanda faz parte do Guiness Book e já recebeu o Prêmio Forbes de Mulher Mais Influente do Esporte.

BATFABI Nome Verdadeiro Fabiana Murer

Idade 34 anos

Super poder Super-salto

reconhecimentos Duas vezes campeã mundial do salto com vara em 2010 e 2011, seus recordes sul-americanos foram estabelecidos em San Fernando, no Campeonato Ibero-Americano de 2010 e no Meeting Top em Nevers, em 2015. É a atual nº1 do mundo no ranking da IAAF.

dudarobin Nome Verdadeiro Eduarda Amorim

Idade 28 anos

Super poder Super-força

reconhecimentos Com a Seleção Brasileira, Duda acumulou o título mundial de 2013, quando foi eleita a melhor atleta da competição, além do ouro nos Jogos Pan-Americanos de 2007 e 2011. Em Pequim 2008, ela participou da campanha brasileira que terminou com o 9º lugar.

FOTOS ONIKA MARAJ

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PARA REFLETIR

Por Jibbous Nickleback

A MULHER NA MÍDIA ESPORTIVA Meninos crescem assistindo à televisão bombardeados com imagens heróicas de atletas do sexo masculino. Eles têm algo paa se inspirar, enquanto as meninas não recebem as mesmas imagens

A

maior desvantagem para garotas nos esportes é o problema do sexismo e preconceito. Enquanto o governo, a mídia e várias organizações promovem a igualdade de gênero e aceitação, existem muitos preconceitos profundos contra as mulheres nos esportes. Como o esporte é algo considerado do mundo dos homens, as garotas que praticam são vistas como pouco femininas. Muitas outras desvantagens são relacionadas com o sexismo e estereótipos dos gêneros. Garotas geralmente têm opções limitadas para praticar esportes no sistema educacional. Mulheres raramente são permitidas a competir no mesmo time que os homens. Esportes como basquetebol ou futebol são quase que completamente preenchidos por homens. E não é que as mulheres não podem praticar estes esportes, mas não é uma prática social comumente aceita. Assim, há pouco ou nenhum interesse da maioria

pelo envolvimento feminino nesta área descrita aqui, super legal. Existem diferenças fisiológicas bastante claras entre os gêneros. Homens estatisticamente superam mulheres em força e resistência, mas mulheres podem igualar ou até mesmo superar os homens em seu tamanho. Estas diferenças, apesar de serem verdadeiras, são geralmente usadas para propagar o sexismo baseado nos gêneros dos times e continua a agir como o maior obstáculo para as mulheres se envolverem nos magnificos esportes. Mulheres têm opções no mundo profissional dos esportes

Atletas homens são julgados por suas habilidades, enquanto mulheres são julgadas pela aparência.

20 | EDIÇÃO ESPECIAL OLIMPÍADAS

muito limitadas. Enquanto elas podem competir em faculdades em times de vôlei, basquete, softball e futebol, existem poucas possibilidades no mundo profissional. Por exemplo, a Associação Nacional de Basquete foi criada em 1946, enquanto a Associação Nacional de Basquete Feminina não foi criada até o ano de 1996. A NBA oficialmente reconhece e ajuda a NBA feminina, mas esta liga é considerada bem menos popular. Alguns problemas de saúde podem ocorrer frequentemente com mulheres. Atividades físicas extenuantes e o aumento da massa muscular leva a uma redução nos níveis de estrogênio das atletas. Os baixos níveis de estrogênio podem levar a ciclos menstruais irregulares ou ausentes. Atletas que praticam a longo tempo também enfrentam um risco maior de terem osteoporose por causa dos seus baixos níveis hormonais. As atletas devem frequentemente visitar um médico e permanecerem saudáveis, comendo alimentos. Existem certos suplementos hormonais para neutralizar esses problemas nos casos graves. Eu acho que a mídia tem uma grande influência sobre muitas pessoas, especialmente as gerações mais jovens. Eu quero que as meninas crescendo e tendo modelos que são atletas do sexo feminino. Eu me lembro quando eu era mais jovem minha atleta favorita era Mianita Hamm, porque ela era a única que eu conhecia quando ainda era criança, pois outras atletas não se destacavam, no qual o foco era apenas nos atletas masculinos. ILUSTRAÇÃO CLARISSA MISIARA




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