Revista Element

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N1 NOVEMBRO 2017

ELEMENT: PROMOVENDO INTERSECÇÕES ENTRE DIFERENTES CONJUNTOS DA SOCIEDADE

MUNDO EM CRISE MIGRANTE X REFUGIADO entenda a diferença FREDERICK HUTSON empreendedor direto da prisão PURPLE DOOR CAFÉ uma história de café e pessoas ABRAÇO CULTURAL quebrando barreiras culturais



/EDITORIAL+EXPEDIENTE

EDI TORI AL

Nesta nova edição da revista PEGN apresentamos um olhar diferenciado sobre a relação entre empreendedorismo e aqueles que são muitas vezes invisíveis à sociedade. As razões para a construção de um negócio próprio são variadas. Muitos o têm como um sonho, outros possuem o dom do empreendedorismo. No caso do Chef Sam e Talal AlTinawi o negócio próprio veio da necessidade de adaptação e inserção cultural. Os dois são refugiados e encontraram na gastronomia uma boa oportunidade de recomeço. Saiba mais sobre suas histórias em nossa matéria de capa. A entrevista com ex presidiário que construiu seu próprio negócio de $3 milhões direto da prisão contém dicas de como construir seu próprio negócio. Frederick Hutson prova que uma ideia boa é boa em qualquer lugar. Descubra ainda mais sobre o mercado do empreendedorismo que visa integrar refugiados, ex presidiários e moradores de rua à sociedade na nossa seção. Esta é seguida pela explicação das diferenças entre refugiados e migrantes pela especialista, Fernanda Bezerril. Aproveite!

FERNANDA BEZERRIL KATHERIN BERGAMI MARIA LUIZA ROMANI THAIS NOVAES ORIENTAÇÃO: FÁBIO SILVEIRA, FÁBIO RANZANI, DANIEL GRIZANTE, VAGNER GODOI E HENRIQUE ALMEIDA Redação e correspondência: Rua Maranhão, 617, 2o andar, Higienópolis, São Paulo, SP Atendimento ao assinante www.editoraglobo.com.br

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NOVE

/SUMÁRIO

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EXISTE

revista ocas kmuflados migra flix estou refugiado abraço cultural urban stone

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MATÉRIA DE CAPA tem fuga. Nam atur autas Aquatus, ut qui optat premperum nos maios excest autatet minti alic tori doloratur aliti occum sectectianda quam id eicipsanda voloresti quam num que aute venti as inissin pratur?

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FREDERICK HUTSON como um encarcerado deu a volta por cima e construiu uma empresa de $3milhões direto da prisão.

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PURPLE DOOR CAFÉ

uma história de café e pessoas

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EXISTE-CULTURA

gastronomia cinema música

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DIFERENÇAS ENTRE MIGRANTES E REFUGIADOS por fulano


E

/EXISTE

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/EXISTE

ABRAÇO CULTURAL Já imaginou aprender diferentes línguas e culturas ao mesmo tempo em que ajuda alguém que esta tentando recomeçar a vida?

Abraço Cultural é um projeto social e escola de idiomas que oferece em São Paulo e no Rio de Janeiro aulas de inglês, espanhol, francês e árabe ministradas por professores refugiados, vindos de diferentes lugares, como Síria, Congo e Haiti. Tem refugiados como professores de Os principais objetivos são promover a troca de experiências, a geração de renda e a valorização pessoal e cultural de refugiados residentes no Brasil. Ao mesmo tempo, possibilitamos aos alunos o aprendizado de idiomas, a quebra de barreiras e a vivência de aspectos culturais de outros países.Iniciativa da plataforma Atados - que em 2014 juntou alguns voluntários para trabalhar com a causa do refúgio durante a 1ª Copa do Mundo dos Refugiados -, o projeto nasceu oficialmente em 2015 com o objetivo de ser uma forma de inserção no mer06

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cado de trabalho e geração de renda para os refugiados, além de facilitador da integração deles na cidade de São Paulo Depois de enfrentar o desafio de capacitar os refugiados.

cado de trabalho e geração de renda para os refugiados, além de facilitador da integração deles na cidade de São Paulo Depois de enfrentar o desafio de capacitar os refugiados que nunca tinham dado aulas de idioma – ainda que muitos deles falassem mais de três línguas -, e encontrar um lugar que recebesse o projeto, os cursos foram lançados e contaram com mais de 500 inscritos, apesar do esperado ser de menos de 50 alunos. Com o tempo, a escola foi ficando mais profissional e tem se mostrado cada vez mais completa e adequada às expectativas das pessoas que querem aprender um novo idioma ao mesmo tempo em que contam com o diferencial da troca de culturas e respeito ao diferente. Mais de 1.500 alunos já passaram pelo Abraço que capacitou mais de 70 professores, sendo


JVidel inimo est quiam fuga. Ut qui te illuptaqui delestiis sum hictatur aceatetur? Pudit, quatio mi, quam quis dolupta?

O kmuflados é um projeto social sem fins lucrativos que visa tirar os moradores de rua do anonimato e da invisibilidade. Sensibilizar a consciência social sobre a condição humana dos moradores de rua ao tornar suas histórias conhecidas, por meio de curtas metragens exibidos no blog e em redes sociais. Através disso, busca promover alguma reflexão nos espectadores a respeito de seus próprios posicionamentos diante dos moradores de rua. Aliado às iniciativas de sensibilização busca organizar meios de auxiliar os moradores de rua a sair da situação em que se encontram, buscando a sua reinserção social. Afim de ajudar as pessoas a começar uma nova vida, com todo o suporte necessário. Para que possamos ter mais força e trazer resultados na vida dos moradores de rua precisamos que nosso projeto seja relevante o suficiente para que mais Pessoas, Órgãos, Empresas, ONGs e Governo o conheçam e se interessem em nos ajudar. Divulgue o projeto aos seus amigos, conhecidos e pessoas que você acredita que podem ajudar. Convide para curtir nossa página no Facebook e compartilhe

HISTÓRIA EM FOTO

o nosso conteúdo. Também é bem vindo apoio para investimento em mídia e anúncios, assim como divulgação do projeto em outros meios de comunicação (TV, rádio, jornal,etc.) Os moradores de rua vivem em condições precárias de vida e necessitam de auxílio básico. Provemos para os kmuflados que estamos em contato comida, roupas, remédios e demais necessidades básicas que eles necessitem. Você pode nos ajudar com doações. Para que os moradores de rua consigam se reinserir na sociedade buscamos também apoio na realização de atividades sociais/culturais com eles. Assim eles sentem que tem alguém se importando com o seu bem estar, aumentam a sua autoestima e tem uma atividade diferente em meio a uma vida de sofrimento. Você pode ajudar com as suas próprias habilidades e sugerir atividades que possam os interessar. Os moradores de rua em geral são pessoas carentes que precisam de atenção e não tem muitos amigos para conversar. Você pode ajudar sendo mais uma pessoa que se importa com ele, conhecendo-o e tornando-se amigo dele. Podemos apresentá-lo para você! Acred-

cado de trabalho e geração de renda para os refugiados, além de facilitador da integração deles na cidade de São Paulo Depois de enfrentar o desafio de capacitar os refugiados.


/EXISTE

Apeliquod quos ullant. Omnis expedig niminit qui re vellectint anisqua sperae?

O Migraflix é uma organização não-governamental sem fins lucrativos criada em 2015 com o objetivo de integrar refugiados e imigrantes social e economicamente. Apostamos no conhecimento dessas pessoas e as ajudamos a colocar em prática projetos que geram renda, a fim de lhes possibilitar uma vida mais digna e autônoma em nosso país. Ao mesmo tempo, enriquecemos a cultura local com as peculiaridades e experiências que refugiados e imigrantes trazem de seus países de origem. Atualmente o Migraflix empodera mais de 100 refugiados e imigrantes de 26 países que moram em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Brasília. Desde sua criação, o Migraflix já alcançou mais de 110 mil bra

MIGRA FLIX “Respeitar a história de cada refugiado, sem preconceito de cor, raça, credo, nacionalidade ou gênero!””

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Em setembro de 2016 recebemos o prêmio Global Business and Interfaith Peace Award, da Fundação americana Religious Freedom & Business Foundation e do Pacto Global Nações Unidas, pelo trabalho desenvolvido em prol do diálogo intercultural e interreligioso. Atividades de empreendedorismo que geram renda a partir da troca da cultura imigrante com brasileiros em workshops de culinária, música, arte e dança, serviços de catering e palestras motivacionais Capacitação e inovação com projetos de alto impacto em parceria com Acnur e o setor privado como o Creatathon (em parceria com Google e Sebrae), Meu Amigo Refugiado (em parceria com NBS) e Global Minds (em parceria com LinkedIn e Parr).

cado de trabalho e geração de renda para os refugiados, além de facilitador da integração deles na cidade de São Paulo Depois de enfrentar o desafio de capacitar os refugiados.


ESTOU REFUGIADO

cado de trabalho e geração de renda para os refugiados, além de facilitador da integração deles na cidade de São Paulo Depois de enfrentar o desafio de capacitar os refugiados.

Já imaginou aprender diferentes línguas e culturas ao mesmo tempo em que ajuda alguém que esta tentando recomeçar a vida?

O Movimento Estou Refugiado nasceu da convicção de que a questão dos refugiados está envolta em uma densa nuvem de desinformação e preconceito. Éramos no início apenas duas pessoas – Gisela Rao e Luciana M G Capobianco – mas hoje já somos dezenas – e continuamos crescendo. Você está convidado a se juntar a nós para dar voz, visibilidade e dignidade a esse enorme contingente de pessoas – já são mais de 10 mil refugiados no Brasil, lembra? – que precisam muito do nosso apoio e da nossa compreensão. Ofertas de emprego. Temos trabalhando permanentemente junto às empresas para garantir oportunidades de trabalho para os refugiados que nos procuram. Enviamos e-mails e marcamos reuniões com os RHs de empresas. Máquina de Currículos. Estamos conversando com outras instituições, como museus e escolas, para realizar a ação em

suas dependências. Produção de conteúdos. Estamos realizando entrevistas com refugiados e fazendo pesquisas, escrevendo artigos e editando vídeos para montar uma biblioteca sobre o tema. É uma atividade importante e para a qual precisamos de ajuda imediata. Éramos no início apenas duas pessoas – Gisela Rao e Luciana M G Capobianco – mas hoje já somos dezenas – e continuamos crescendo. Você está convidado a se juntar a nós para dar voz, visibilidade e dignidade a esse enorme contingente de pessoas – já são mais de 10 mil refugiados no Brasil, lembra? – que precisam muito do nosso apoio e da nossa compreensão. Ofertas de emprego. Temos trabalhando permanentemente junto às empresas para garantir oportunidades de trabalho para os refugiados que nos procuram. Enviamos e-mails e marcamos reuniões com os RHs de empresas. Máquina d NOV/2017

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/MUNDOEMCRISE

MUNDO EM TEXTO POR FERNANDA BEZERRIL FOTOGRAFIA/ILUSTRAÇÃO POR MALU ROMANI

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M CRISE A atual crise de refugiados é a maior desde a II Guerra Mundial em 1945. Porém, apesar de todo o sofrimento pelo qual as pessoas deslocadas passaram, algumas delas conseguem retomar a vida como empreendedores nos países de refúgio. NOV/2017

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O

/MUNDOEMCRISE

As três principais rotas do Mediterrâneo com destino à Europa

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mundo vive atualmente a mais grave crise de refugiados desde o fim da II Guerra Mundial, em 1945. São 65,6 milhões de pessoas que foram obrigadas a deixar seus lares, fugindo de guerras, conflitos internos, perseguições políticas e violações de direitos humanos. A maioria dos refugiados vem da África e do Oriente Médio. A Guerra da Síria é a maior responsável pelo crescimento neste atual fluxo. Desde 2011, o país enfrenta uma sangrenta guerra civil que parece longe de terminar. Estima-se que o conflito no país governado pelo ditador Bashar al-Assad já matou mais de 250 mil pessoas e provocou o deslocamento de outras 5,5 milhões, o que corresponde a um quinto da população do país. Depois dos sírios, os maiores grupos de migrantes, por nacionalidade, são formados por

afegãos (2,5 milhões), sudaneses do sul (1,4 milhão) e somalis (1 milhão). São países envolvidos em conflitos internos, que provocam fuga em massa de sua população. O continente europeu recebeu mais de um milhão de refugiados em 2015 e outros 400 mil em 2016. A principal porta de entrada no continente é a Grécia ou a Itália e, para chegar lá, muitos migrantes desafiam os mares revoltos do Mediterrâneo. A travessia é perigosa, feita em embarcações precárias, geralmente superlotadas. Segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM), mais de 5 mil deslocados morreram ou desapareceram durante as travessias no ano passado, número recorde. Para os que conseguem fazer a travessia e chegar ao próspero continente europeu, os problemas não terminam. O destino final dessa massagem a humana são os países menos afetados pela crise econômica que há anos ronda o Velho Continente, como Alemanha, Suécia e Áustria. Para chegar até lá, os migrantes precisam cruzar diversos países, onde nem sempre são bem recebidos. A resposta de muitos governos é carregada de racismo e xenofobia, com um discurso que defende medidas extremas, que vão de prisão à deportação dos migrantes. As travessias do Mediterrâneo em direção ao continente europeu são divididas em três


grandes rotas: A rota do Mediterrâneo central que parte da Líbia e tem como principal destino a Itália, notadamente a ilha de Lampedusa, próxima à costa africana; A rota do Mediterrâneo ocidental que também reúne refugiados africanos, que partem do Marrocos, Tunísia e Argélia e buscam desembarcar na costa da Espanha; A rota do Mediterrâneo oriental é aquela que faz a ligação entre a Turquia e a Grécia. Além das rotas pelo Mediterrâneo, vale ressaltar que uma parte reduzida dos migrantes chega por terra, atravessando a Turquia, muitas vezes a pé, até alcançar os territórios búlgaro ou grego. Muitas pessoas que se arriscam por essas rotas infelizmente acabam não sucedindo. Os casos de afogamento antes mesmo de atingir o local de destino não são poucos, além disso muitos são barrados ao chegar nas fronteiras. Ao contrário do que muitos possam pensar, a Europa não é o principal destino dos migrantes sírios. Segundo dados da Anistia Internacional, mais de 90% dos refugiados sírios estão concentrados em cinco países do Oriente Médio e África: Turquia, Líbano, Jordânia, Iraque e Egito. A Turquia já recebeu mais de 2 milhões de sírios, enquanto o Líbano, um país mais pobre e com um território cem vezes menor do que a Europa, acolheu mais de um milhão. Esse número, ressalve-se, é superior ao total de migrantes que ingressaram no continente europeu em 2015. Durante a crise dos refugiados, muitos termos que emergem no noticiário podem causar confusão. Por isso, é preciso fazer algumas distinções conceituais entre eles: o migrante é qualquer pessoa que muda de região ou país; o migrante econômico é a pessoa que muda

Migrantes vindos de países do Mediterrâneo com destino à Europa.

de região ou país, por vontade própria, para escapar da pobreza e em busca de melhores condições de vida; o refugiado é qualquer pessoa que muda de região ou país tentando fugir de guerras, conflitos internos, perseguição (política, étnica, religiosa etc.) e violação de direitos humanos; o solicitante de asilo é a pessoa que pediu proteção internacional e aguarda a concessão de status de refugiado. A distinção entre esses conceitos é muito importante do ponto de vista legal. Isso porque apenas os refugiados encontram acolhimento na Convenção das Nações Unidas sobre o Estatuto dos Refugiados, de 1951, e nas diretrizes da União Europeia para obtenção de asilo. Já quem deixa a pobreza em seu país para en-

A TRAVESSIA É PERIGOSA, FEITA EM EMBARCAÇÕES PRECÁRIAS

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/MUNDOEMCRISE Esse é o caso do chefe Sam, que nasceu em Yaounde no Camarões. É formado em engenharia eletrônica e no começo de sua juventude decidiu ganhar o mundo. Tomou um ônibus com destino a Europa, passou pela Nigéria, Mali, Bukina-faso, Niger e Tchade. Chegou a passar um grande sufoco atravessando o deserto do Sahara onde presenciou a morte de muita gente por falta de comida e de água, sobrevivendo com sua escassez durante 4 dias. Isso durou até conseguir ver a primeira cidade da Argélia. Recompôs suas energia e seguiu por dois dias até a fronteira com Marrocos, Magnia. Esta região surpreendeu com a crueldade propiciada pelos Tuaregs com o povo local. Com tanta crueldade, decidiu voltar até o Senegal. Em Dakar embarcou clandestinamente em um navio de carga até Rosário, na Argentina, e em seguida seguiu até Buenos Aires. Por nunca ter saído do Camarões, se surpreendeu muito com essa nova parte do mundo. Decidiu aí, após um pedido de extradição, estabelecer seu primeiro restaurante para divulgar a culinária e cultura africana. Ainda na Argentina tomou conhecimento do Carnaval Brasileiro e logo se direcionou para o Rio de Janeiro. No interior de São Paulo conheceu sua esposa e com ela foi para São Paulo onde estabeleceu o seu restaurante Mama África no Tatuapé.

Chef Sam abriu seu restaurante em 2016 no bairro do Tatuapé e faz quase tudo, atende os clientes, prepara a comida e divuga a casa nas mídias sociais.


DESEJO QUE TODO MUNDO VENHA AQUI COMER A COMIDA AFRICANA

Talal Al-Tinawi é engenheiro mecânico e tem 42 anos. Chegou ao Brasil em dezembro de 2013 acompanhado da esposa e dos filhos sem falar uma palavra em português.Foi obrigado a deixar o Em 2012 deixou Damasco, onde morava, e foi ao Líbano para tirar um certificado da língua inglesa. Ao chegar na fronteira da Síria foi confundido com um procurado das forças de segurança e preso por três meses e meio. Depois disso foi embora de seu país. “Durante esse tempo, minha família não sabia muito bem o que tinha acontecido comigo. Eles não tinham informações. Não sabiam se eu tinha morrido ou se ainda estava vivo. Na prisão, conheci uma pessoa que me falou: ‘Se você sair daqui é melhor deixar a Síria. Viaje para outro país antes que o governo te prenda de novo’.” Hoje é refugiado e mora na cidade de São Paulo. Ficou dez meses em Beirute, mas como não gostou da cidade procurou as embaixadas de outros países. Tentou obter vistos para a Alemanha, Suíça, Estados Unidos, Canadá. Todos o disseram que não poderia tirar visto

por ser sírio. Em novembro de 2013, ligou para o embaixador do Brasil. Não sabia muito sobre o país. “Para mim, Brasil era futebol, São Paulo, Rio de Janeiro, café e Amazonas. Isso não era só pra mim. Os sírios me falavam “não sei qual é a língua deles, não sei o que eles fazem”. Eu só pensava em deixar o Líbano.” Antes de ir para São Paulo pesquisou o telefone de uma mesquita e falou com uma pessoa que o recebeu no aeroporto. Ficou na casa dessa pessoa por três meses. Ela o ajudou a alugar um apartamento, a colocar as crianças na escola e a trabalhar na feira do Brás vendendo roupas. Durante esse período estudou português dentro da mesquita. No dia do aniversário de sua filha, fez uma festa com pratos típicos. Um de seus novos amigos brasileiros disse que sua comida era muito boa e o perguntou por que não vendia alguns pratos. Com ajuda desses amigos realizou uma campanha de arrecadação de fundos. Assim conseguiu R$ 71.405 para abrir o restaurante na Rua das Margaridas 59 Jardim das Acacias em São Paulo, onde serve especialidades sírias.

Em 2012, Talal Al-Tinawi foi confundido com um procurado das Forças Armadas. Ficou preso por três meses e depois disso foi embora do seu país. Hoje tem um restaurante de comida Síria em São Paulo.

EU SÓ QUERIA DEIXAR O LÍBANO

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/GOLDENBOY

GOL BOY

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E N T R E V I S T A F R E D E R I C K H U T S O N

LDEN

Frederick Hutson parecia ter tudo ao seu favor: tinha uma ficha limpa, criou alguns negócios, serviu na Força Aérea Americana, onde foi dispensado honoravelmente. No entanto, em 2007 sua vida virou de cima para baixo quando aos 24 anos foi pego traficando maconha com seus amigos levando-o a uma sentença de mais de quatro anos na prisão. Durante os 51 meses de sua sentença, Hutson percebeu que havia grandes ineficiências na forma dos encarcerados manterem contato com o lado de fora da prisão. A partir disso ele criou o Pigeonly, um serviço de compartilhamento de fotos que imprime fotos de um celular, computador ou tablet e as envia para qualquer prisão ao redor do mundo. O preço é acessível, 50 cents por foto e a entrega é grátis.

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/GOLDENBOY Diga-nos como foi ser condenado a quatro anos de prisão depois de ter um registro tão limpo? FREDREICK Eu era tão ingênuo, porque quando fui ao tribunal achei que não seria nada sendo que eu não tinha um recorde anterior e achava que não seria um grande problema. Quando ouvi a sentença, fiquei chocado mesmo que a sentença tenha sido relativamente curta para o que a maioria das pessoas tem na prisão federal na prisão. Eu acho que o tempo médio para federal é entre 5-10, então eu tinha um pouco menos de 5 anos. Naquele momento, eu nem conseguia pensar na ideia de ficar na prisão por tanto tempo. Eu não podia imaginar o que era estar em algum lugar longe de sua família, longe de todos que você conhece, você entra neste ambiente e você sabe que não pode sair por um certo período de tempo. Mesmo hoje, nem sei o que vou fazer nos próximos cinco anos . O que você fez durante a prisão para se manter a par de todos os avanços e tendências tecnológicas no mundo dos negócios? FREDREICK Eu li tudo o que tinha disponível no momento. Sempre que eu pudesse punha minhas mãos em uma revista da Inc. ou na revista Entrepreneur, Enterprise. A seção de tecnologia do Wall Street Journal foi muito útil; sempre falando sobre empresas que estavam fazendo coisas e muitas vezes falaram sobre empresas que estavam mais adiante e não apenas startups. Então, todas as coisas que eu comecei a ler, mesmo que eu estivesse na margem, consegui entender o meu cérebro de uma certa maneira e me permitiu realmente ver o que era possível através da tecnologia e o que poderia ser feito através do software. A partir daí, comecei a pensar sobre quais problemas eu poderia resolver. A tarefas mais fáceis foram um problema que eu estava vivenciando pessoalmente durante esse período. Então, pensei: “Bem, os problemas que estou enfrentando agora são todos baseados em comunicação e as coisas simplesmente são ineficientes.” Isso é o que a tecnologia faz; Isso ajuda a tornar as coisas mais eficientes. Então, por que não aproveitar isso e criar algo que possa automatizar processos em um ambiente onde tudo normalmente é feito manualmente? Como seus potenciais investidores olharam seus antecedentes quando você estava arrecadando sua primeira rodada de financiamento? FREDREICK Eu ingressei no acelerador NewME e uma coisa que era diferente nele era que você estava em torno de empreendedores parecidos com você. Era um ambiente diferente. Uma das coisas que falamos muito é que as mesmas coisas que podem contar contra você em um ecossistema onde a maioria das pessoas não entende seus antecedentes ou os problemas que você quer resolver porque reflete suas experiências de vida, torna-se também sua força. O fato de eu ir para a prisão, me fez a melhor pessoa para construir o negócio que eu estava construindo porque eu tinha um nível de entendimento que ninguém mais teria porque ninguém teria a minha experiência.


“OS DOIS DIAS MAIS IMPORTANTES DA SUA VIDA SÃO O DIA EM QUE VOCÊ NASCEU E O DIA EM QUE DESCOBRE O PORQUÊ.”

O que você acha que o separa das muitas outras startups incapazes de arrecadar fundos ou construir um negócio lucrativo? FREDREICK Eu acho que a única coisa que me separa dos outros é que eu construo algo para resolver um problema real; Não fiz um problema. Muitas vezes o que eu vejo as pessoas fazem é que eles têm essa idéia que será legal - e não há nada de errado com isso, há um lugar no mundo para essas coisas. No entanto, a maneira mais rápida de construir um negócio viável é resolver um problema real para as pessoas. Quando você resolve um problema real para as pessoas, eles terão prazer em pagá-lo por isso, e isso é tudo o que fizemos. Desde as primeiras duas semanas de lançamento, geramos mais ou menos US $ 13.000. Isso foi apenas porque criamos um produto que resolveu um ponto de dor real para as pessoas, por isso não era difícil conseguir que as pessoas comprassem a ideia. Não havia fumaça e espelhos, havia um problema claro que reconhecemos, e nós tivemos uma solução muito clara, e isso só funcionou. Eu acho que os empresários que mais se afastarem de fazer coisas que são apenas “legais” ou “divertidas” e olharem em torno dos problemas que encontraram em sua vida cotidiana ou dentro de sua comunidade e criarem um produto para abordar isso, então eu acho que você vai ver um negócio muito mais viável que entrará trilha para ser rentável.

O que é sucesso para você? Como isso mudou com o passar dos anos? FREDREICK O sucesso para mim hoje é a liberdade. Quando eu digo liberdade, é estar em uma posição onde você pode fazer as coisas que você quer fazer. Eu acho que isso é único para cada pessoa, mas para mim, é ter a capacidade de levantar todas as manhãs e trabalhar em algo que eu escolhi trabalhar e não estou fazendo um trabalho somente para ganhar a vida. Qual é a sua visão a longo prazo para o Pigeonly? FREDERICK Um dos meus mentores que estava na prisão comigo - o nome dele é Cameron Lewis - uma das coisas que ele sempre me disse foi: ‘Frederick, se você quer ser bem-sucedido, construa o que vai ser normal dentro de cinco anos, mas construa-o hoje.’ Então, estamos olhando para coisas que realmente estão à frente da curva para o nosso grupo demográfico. Queremos trazer algo que pensamos que será comum em 5-10 anos e construí-lo hoje. Se você tivesse a opção agora de voltar o tempo a um cenário onde você não vai para a prisão, porém você não manterá o conhecimento atual que você tem hoje, você faria isso? FREDERICKAbsolutamente não! No entanto, eu não recomendaria que as pessoas tomassem o mesmo caminho. Mas uma das grandes coisas que aconteceu enquanto eu estava lá foi que quando você está em um ambiente onde você não tem distrações, onde você está sozinho com seus pensamentos, você tem um nível de crescimento que eu acho que você não obteria fora da prisão na mesma quantidade de tempo. Então, quando você realmente pode aprender qual é sua força, quando você realmente aprende quem você é e em que você. é bom e quando isso acontece em um ritmo muito rápido. NOV 2017

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/PURPLEDOOR

CAFÉ E PESSOAS

Com o staff formado inteiramente por moradores de rua adolescentes e jovens adultos procurando mudar de vida, o café Purple Door oferece a esses jovens uma chance de aprender um novo ofÍcio e dar a volta por cima na vida.

“C

omunidade” é um termo frequentemente oferecido quando se discute cafeterias e suas aspirações. Na maioria das vezes, as lojas usam esta palavra como meio de transmitir algo que estão tentando criar - uma atmosfera ou vibração que é tão acolhedora para os clientes regulares quanto para os novos (com a esperança de que eles também se tornem regulares). Mas há um senso mais amplo de “comunidade”, não definido por muros de café ou patrocínio a qualquer estabelecimento particular que se refere a uma população maior, às pessoas e aos lugares que nos rodeiam. É nesse sentido maior que o café Purple Door em Denver opera. Funcionando inteiramente por adolescentes e jovens adultos sem-teto que procuram abandonar esse estilo de vida, o Purple Door oferece aos jovens em risco a chance de aprender um novo ofício e fazer uma mudança positiva em suas vidas. Os trabalhos podem durar entre seis e 12 meses. Os funcionários devem seguir em frente nesse ponto. A idéia, de acordo com o co-diretor Mark Smesrud, é que a equipe da Purple Door quer ajudar seus empregados a obter emprego e dar a outros jovens uma chance.

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Inaugurado em abril de 2013 no bairro histórico de Five Points, o Purple Door é um projeto de Madison Chandler e Mark Smesrud, dois dos três diretores atuais do programa. “Purple Door surgiu na faculdade quando Madison e eu internamos com Dry Bones Denver, um programa que existe para construir relacionamentos com os muitos ‘street kids’ aqui na cidade”, diz Smesrud. “Dry Bones há muito sonhava em empregar seus amigos do centro da cidade para ajudá-los a sair da rua. Madison pegou esse sonho em 2010 e ela me convenceu a mudar aqui em 2012. “Queremos que cada pessoa viva o melhor e mais saudável estilo de vida possível. Estamos juntos nessa jornada “, disse Smesrud. O diretor executivo de Dry Bones Denver, Matt Wallace, disse que um lugar como Purple Door é necessário. Seu grupo estava tendo problemas para encontrar emprego para a juventude com quem eles trabalhavam. Ele disse que eles às vezes conseguiam um amigo para tentar dar


“Purple Door surgiu na faculdade quando Madison e eu internamos com Dry Bones Denver, um programa que existe para construir relacionamentos com os muitos ‘street kids’ aqui na cidade” - Mark Smesrud


/PURPLEDOOR uma chance a alguém, mas então essa pessoa muitas vezes não estava pronta para se destacar no local de trabalho e não aparecia, e assim era demitida. “Muitos jovens não conseguiram ficar em um emprego por mais de alguns dias. É uma experiência que muda a vida para as cinco ou seis pessoas que o Purple Door é capaz de empregar a cada ano “, disse Wallace. A Purple Door é uma empresa de responsabilidade limitada sob a organização sem fins lucrativos Belay Enterprises, que administra outras empresas que empregam pessoas sem residência ou ex-condenados. O objetivo é fazer da Purple Door sua própria organização sem fins lucrativos. Dry Bones não tem afiliação direta, mas recomenda que os jovens se candidatem a vagas de emprego quando disponíveis.

NÃO SOMOS SOMENTE UM NEGÓCIO, NÃO SOMOS SOMENTE UM CAFÉ. SOMOS UMA FAMÍLIA

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Smesrud e Chandler se reúnem com seus funcionários individualmente a cada semana. Em uma reunião, eles falam sobre o desempenho do trabalho e as coisas que podem melhorar. Em um segundo, eles discutem objetivos de vida com a pessoa e ajudam-os a obter o que precisam, como uma carteira de motorista. Eles empregam três a cinco pessoas de cada vez e têm um gerente do bar do café. Eles esperam crescer no próximo ano. “O objetivo é continuar a criar mais empregos sem sacrificar a qualidade do treinamento. Nossa filosofia em treinamento é estabelecer grandes expectativas “, disse Smesrud. Ele acrescentou que o mais importante para os trabalhadores é reconhecer seu próprio valor. Smesrud e Chandler planejam acompanhar a cada seis meses ou mais as pessoas que se formaram no programa. Chandler disse que seus grupos sabem que estão fazendo muito bem para as pessoas que estão empregando, e também estão recebendo muito em troca. “Recebemos tanto quanto os funcionários recebem”, disse ele. “Trabalhar com crianças de rua e pessoas que passaram por tanta coisa me ajudou a entender mais sobre mim mesmo”. Eles oferecem café de primeira qualidade de dois dos melhores torradores da cidade, dos Torres de café Corvus e dos Roasters de café Sweet Bloom de Andy Sprenger. Eles têm a maquinaria - uma black de dois grupos La Marzocco GB5 e


“...você pode entrar no Purple Door, tomar um cappuccino muito bem feito, sentar em uma de suas confortáveis cadeiras de veludo cor mostarda para fazer um pouco de trabalho ou sair com um amigo e deixar o local completamente satisfeito com sua experiência. ”

três moedores Mazzer Major para o programa de café expresso e um cobre Mahlkönig EK 43 ancorando sua barra de fabricação manual focada em Chemex. Eles têm os modernos elementos de design do café - paredes de tijolos expostas, lâmpadas Edison e acessórios recuperados que chegam através de suportes de costura Singer reutilizados como bases para as mesas do Purple Door. Eles ainda têm um menu experimental de bebidas de verão, um conceito que ganha popularidade em lojas especializadas em todo o país. Em suma, você pode entrar no Purple Door, obter um cappuccino muito bem feito, sentar em uma de suas confortáveis cadeiras de veludo cor mostarda para fazer um pouco de trabalho ou sair com um amigo e deixar completamente satisfeito com sua experiência. Trabalhando no dia em que visitei o café foi Katie Koehler, o terceiro diretor do Purple Door e Joe. Joe tem 20 anos e passou a maior parte dos últimos 14 anos vivendo na rua. Ele passou por drogas toda a sua vida e lutou com o vício até abril do ano passado, quando ele decidiu ficar sóbrio. Ele tem sido um barista no Purple Door desde setembro e agora é um líder em turnos e é responsável pelo pedido de café e pela manutenção da loja. “Ele recebe café”, diz Smesrud. Joe é o contrato prototípico da Purple Door. Ele é um indivíduo motivado - como evidenciado por sua escolaridade, secundário

completo- que precisava de uma chance de sucesso, uma chance que o Purple Door o deu. Ele já terminou seu primeiro semestre na faculdade com um de 4,0 e quer entrar na torrefação. Dado seu foco orientado para as pessoas, sera provável o Purple Door afrouxar na preparação e a qualidade do café. No entanto, isso não acontece. Para Smesrud e Chandler, é mais do que apenas um amor de café que os levou ao mundo do café especializado. “[Ser um café de especialidade] cria a capacidade de ensinar uma habilidade comercializável na atual indústria do café. Ele ensina a atenção aos detalhes e a fazer as coisas bem e com boa intenção, o que se aplica a qualquer setor que os nossos funcionários entrem depois de trabalhar aqui “, afirma Smesrud. “E é onde está a cena do café de Denver; As lojas de especialidades estão melhorando hoje em Denver, então é simplesmente um movimento de negócios melhor “. Além do óbvio benefício que o Purple Door está fazendo para a sua comunidade, sua mera existência fala com uma tendência ascendente no mundo do café especializado; O papel de barista passou gradualmente do trabalho a tempo parcial para a carreira de boa-fé. A percepção do barista está se transformando em um artesão. NOV 2017

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/EXISTE

FATIADOS DISCOS

A Fatiado Discos e Cervejas Especiais, é um espaço diferenciado, que começou como uma loja de vinil numa pequena garagem na rua Havaí, mas que teve de migrar para a Alfonso Bovero para poder receber todos que amam o lugar. A loja de discos de vinil que une música e gastronomia, realiza, todas as terças-feiras o Jantar dos Refugiados, cujo objetivo é dar boas-vindas aos refugiados sírios e palestinos e integrá-los à sociedade. O encontro vai das 19h às 22h e tem entrada livre. Durante as noite, os visitantes podem degustar as cervejas, garimpar os discos e comer os pratos, que agradam de veganos a carnívoros. São servidos quitutes como shawarma, churrasco tradicional sírio; sanduíche vegano de faláfel, acompanhado de salada e molho tahine, além de saj (esfiha grande) e zattar.

Terças feiras: 19h às 22h Av. Prof. Alfonso Bovero, 382 - Sumaré, São Paulo

ALJANIAH

O produtor de cervejas artesanais, Hassan Zarif decidiu transformar as reuniões da militância palestina realizadas em sua casa, em um empreendimento que vem conquistando um espaço interessante em um dos centros nervosos de São Paulo. Em um espaço razoavelmente grande no centro da cidade onde funcionou uma casa noturna de sucesso nos anos 80: a La Bohéme, hoje da lugar ao Al Janiah. Inaugurado em janeiro deste ano por Hassan, filho de imigrantes palestinos refugiados em São Paulo, o local se diferencia dos demais pelo aspecto mais badalado e menos familiar. Além dos pratos e bebidas típicas, o local pretende integrar os vários palestinos que vivem na cidade aos paulistanos em geral. Para isso, o ambiente conta com apresentações musicais e uma decoração especial.

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Terça: 18h à 00h Quarta e quinta: 18h à 0h30 Sexta e sábado: 18h às 2h Rua Álvaro de Carvalho, 190,Centro


MÍDIA Devido à decisão de Trump sobre suspender o programa de refugiados e impedir pessoas de certos países de viajarem aos Estados Unidos, pessoas se juntaram em diversos tipos de protestos para reconhecer a humanidade dos refugiados e imigrantes ao redor do mundo. De parte da plataforma Spotify, foi criada uma playlist de 20 canções de grandes artistas que em certo ponto, foram todos refugiados. A lista inclui alguns artistas cujo status de refugiado seja menos conhecido. A cantora e compositora Regina Spektor por exemplo, é uma refugiada da União Soviética, sua família imigrou para os Estados Unidos em 1989. Rita Ora, hoje apresentadora do “Americ’s next top model” nasceu em Kosovo e foi para o Reino Unido há quase 25 anos atrás. O cantor britânico MIKA é originalmente de Beirut no Líbano, e recentemente trabalhou com U.N. Agência de Refugiados para ajudar refugiados sírios.

“Num mundo que acolhe os refugiados, se tem música que muda o mundo por artistas como estes”

INSIDE WORLD’S TOUGHEST PRISONS

UMA BOA MENTIRA EDMS COREMED

A série da Netflix que nos apresenta a realidade das prisões mais pesadas e brutais do mundo. Cada episódio mostra prisões diferentes ao redor do mundo, não apenas os prisioneiros são perigosos, mas as medidas para manter a ordem também são brutais. Uma série para comover e mostrar o horror que é a realidade desses encarcerados e dos funcionários que encaram o perigo dia a dia, uma vez que para documentar a rotina desses lugares, os responsáveis pelo documentário

O filme inicia com uma explanação da situação política do Sudão, o qual depois será chamado de Sudão do Sul. Em 1983, o país se encontrava em meio a uma guerra civil motivada por questões religiosas e pela busca de recursos minerais. Em 1987, milhares de crianças iniciaram uma jornada pela África Subsaariana, em direção à Etiópia e depois para o Quênia, em busca de refúgio. Essas crianças ficaram conhecidas como “garotos perdidos do Sudão”. A guerra foi responsável pela

SLAM NEIGHBORNUM Dois americanos dirigem-se deliberadamente ao limite da guerra, a apenas 11 quilômetros da fronteira da Síria, para viver entre 80 mil refugiados desabrigados no campo de refugiados de Za’atari na Jordânia. Como

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/MIGRANTEOUREFUGIADO

MIGRAN TE X REFUGIADO? POR FERNANDA

BEZERRIL

A principal diferença entre refugiados e imigrantes está no motivo pelo qual essas pessoas se deslocam de um lugar para o outro. Enquanto os refugiados precisam de ajuda por motivos de guerra ou perseguição em seus países de origem, os migrantes geralmente saem por vontade própria, para buscar melhores condições de vida. A Convenção de 1951, convocada pela ONU para estabelecerquem eram os refugiados e quais os seus direitos legais, assim define: “o termo ‘refugiado’ se aplicará a qualquer pessoa que temendo ser perseguida por motivos de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opiniões políticas, se encontra fora do país de sua nacionalidade e que não pode ou, em virtude desse temor, não quer valer-se da proteção desse país”. Os refugiados devem respeitar a legislação e as autoridades do país de destino, e podem usufruir dos mesmos direitos e da mesma assistência básica que qualquer outro estrangeiro que resida legalmente no país. Os migrantes podem deixar os seus países em busca de melhores condições econômicas, para reencontrar familiares ou por questões naturais, como é o caso das pessoas que fogem do processo de desertificação da região do Sahel (norte da África). Mas não precisam necessariamente sair de um país para o outro: mudar de cidade ou estado já é considerado um movimento migratório. Assim como os refugiados, possuem direitos e deveres, diferentes em cada caso. Os migrantes, por exemplo, devem conseguir se sustentar durante o tempo de permanência no local. Muitos países preferem tratar qualquer 26

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pessoa estrangeira que chegue para ficar como migrante, já que as pessoas enquadradas nessa categoria podem ser deportadas caso não possuam os documentos legais. O mesmo não pode ser feito com refugiados. “Migração” é comumente compreendida implicando um processo voluntário; por exemplo, alguém que cruza uma fronteira em busca de melhores oportunidades econômicas. Este não é o caso de refugiados, que não podem retornar às suas casas em segurança e, consequentemente, têm direito a proteções específicas no escopo do direito internacional. Desfocar os termos “refugiados” e “migrantes” tira atenção da proteção legal específica que os refugiados necessitam, como proteção contra o refoulement e contra ser penalizado por cruzar fronteiras para buscar segurança sem autorização. Não há nada ilegal em procurar refúgio – pelo contrário, é um direito humano universal. Portanto, misturar os conceitos de “refugiados” e “migrantes” pode enfraquecer o apoio a refugiados e ao refúgio institucionalizado em um momento em que mais refugiados precisam de tal proteção. Nós precisamos tratar todos os seres humanos com respeito e dignidade. Nós precisamos garantir que os direitos humanos dos migrantes sejam respeitados. Ao mesmo tempo, nós também precisamos fornecer uma resposta legal e operacional apropriada aos refugiados, por conta de sua situação difícil e para evitar que se diluam as responsabilidades estatais direcionadas a eles.




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