Revista Family inc.

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NOVEMBRO 2017

Nº 01

R$ 15,00

E AMIGOS , HERDEIROS, IRMÃOS IS PA DE ES AR LI MI FA EMPRESAS

TUDO EM FAMÍLIA CONHEÇA NOVOS MODELOS DE EMPRESAS FAMILIARES >>>>>>> P. 08 <<<<<<<<

CAFÉ CENTENÁRIO

ESTÚDIO MAQUINÁRIO

SUCESSÃO

PREPARE O RECOMEÇO

COMO HERDEIRO INOVOU A PRODUÇÃO DE CAFÉ >>>>>> P. 07 <<<<<

BATE PAPO COM OS SÓCIOS QUE ESCOLHERAM SER IRMÃOS >>>>>>>>> P. 14 <<<<<<<<<

5 PASSOS PARA ELA DAR CERTO >>> P. 16 <<<

FÁBIO MIZUMOTO REFLETE SOBRE HERDAR UMA EMPRESA >>>>>>>> P. 18 <<<<<<<<<



FAMILY INC #01

CARTA AO LEITOR

NOV.2017

FAMILY INC #01

FAMILY INC #01

Esperamos que você curta cada detalhe. Divirta-se!

CONTEÚDO ONLINE »IPAD

QUEM FAZ O QUÊ

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»/FAMILYINC.

FAMILY INC #01

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João Mateus Ida Editor de arte e motion graphics

Heitor Loureiro Editor de arte

Patricia Petri Editora de arte e redação

Rafael Gregório Editor digital/ videografismo

Rafael Miyamoto Editor digital/ tecnologia

FAMILY INC #01

Isabella Mazolini Ilustradora

FAMILY INC #01

WWW.FAMILY.INC

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O desafio desse semestre foi grande. Tivemos a missão de criar um projeto gráfico especial em parceria com a revista Pequenas Empresas e Grandes Negócios, da Editora Globo. O resultado foi esta revista que passa por suas mãos. Como o nome já diz, o tema central são os negócios de família. Durante nossa pesquisa, percebemos que uma empresa familiar é formada por pais, filhos, parentes e também por amigos. Empreendedores que escolhem amigos próximos como sócios acabam construindo um ambiente de trabalho mais intimista. Outro exemplo são os negócios que começam com a iniciativa de uma única pessoa e logo toda a família está envolvida. Nesta edição, você irá conhecer esses modelos e como nós imaginamos uma publicação que pode conversar com esse público – novos negócios de família e a atual geração de herdeiros – de um jeito inovador, fora da caixa, experimental, próximo da estrutura e da gestão das empresas contemporâneas.

FAMILY INC #01 - NOV.2017

CARTA AO LEITOR

BEM-VINDO


FAMILY INC #01

SUMÁRIO

NOV.2017

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ACESSE O CONTEÚDO DA FAMILY INC NO TABLET


FAMILY INC #01

PERFIL

PRIMEIRA

GERAÇÃO

LAB Evandro Fióti, irmão e sócio do rapper Emicida, conta sobre a trajetória da Lab, que agora pretende intensificar a troca entre a indústria da moda e as ruas

por Isabella Lessa

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Desde que começou a fazer seus primeiros shows, em 2009, Emicida abriu uma gravadora própria e uma marca de roupas. As camisetas, que no início eram vendidas em barraquinhas nas apresentações do rapper, passaram a receber tanta procura que camelôs começaram a piratear as peças. O boom mesmo veio depois da participação do artista no Coachella, em 2011: a partir dali, famosos e pessoas de fora do universo do hip-hop também vestiam Lab. E, nesta segunda-feira, 24, a marca irá lançar sua coleção na São Paulo Fashion Week. Mas Emicida nunca esteve sozinho nessa empreitada: seu irmão, Evandro Fióti, é seu empresário e comanda os negócios do selo Laboratório Fantasma, que abriga a Lab. Juntos, viram no merchandising uma oportunidade de gerar receita para o próprio empreendimento. “A gente nunca quis depender de outras marcas e de nenhuma força externa para poder discutir formatos e novos negócios”, conta Fióti. A dupla desenvolvia as modelagens com designers, mas desejavam adquirir DIVULGAÇÃO

um olhar mais profundo de conceito e estilo. Foi então que, em 2013, por meio de uma amiga, Fióti conseguiu o contato de Pimenta para fazer uma parceria. O desfile contará com as parcerias de Reebok – o rapper Rael, que integra o portfólio de artistas do Laboratório Fantasma, é embaixador da marca no Brasil – e Natura, Ainda na segunda, 24, a Lab irá lançar uma campanha de imagens que contam com a participação de Seu Jorge, Karol Conka, entre outras personalidades. No mês que vem, estreia o clipe de Mandume, com Emicida trajando peças da coleção. Algumas peças já estão em pré-venda no site e todas as peças chegam às lojas em 7 de novembro. A ligação entre moda e hip-hop é antiga, sobretudo nos EUA. No Brasil, porém, a representatividade de marcas que vieram genuinamente do movimento ainda é restrita. “Essa foi a coisa mais interessante e importante. Sempre vimos marcas que tentam se aproximar do segmento urbano mas não tinham propriedade para isso. Com peças de R$ 69 a R$ 360, a marca quer preservar o público que a popularizou. “As pessoas que usam nossa roupa sabem a história por trás. Sabem que viemos da periferia e, através do empreendedorismo conseguimos chegar a um evento como a SPFW. Quando compram nosso produto, compram nossa história”, comenta Fióti.

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FAMILY INC #01

DIVÃ DO EMPREENDEDOR

FILHOS NÃO ENTENDEM O NEGÓCIO E ASSUMEM A EMPRESA DA FAMÍLIA Criar uma holding familiar e fazer um acordo com o sócio para acabar com a dívida pode ser uma saída por Marcos Zekcer

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PRIMEIRA GERAÇÃO “Eu e meu irmão herdamos uma empresa de nosso pai. A empresa é uma “Eu e meu irmão herdamos uma emindústria de calçados, com 13 anos presa de nosso pai. A empresa é uma de vida. Não nos apaixonamos pelo indústria de calçados, com 13 anos negócio e não aprendemos nada com de vida. Não nos apaixonamos pelo o meu pai, por isso a má gestão desde negócio e não aprendemos nada com que a empresa passou para as nossas o meu pai, por isso a má gestão desde mãos. Resumindo: estamos tentanque a empresa passou para as nossas do salvar o negócio. Estamos com mãos. Resumindo: estamos tentanuma dúvida sobre uma proposta de do salvar o negócio. Estamos com sociedade que surgiu. Seria uma saída uma dúvida sobre uma proposta de para as dívidas, mas por outro lado sociedade que surgiu. Seria uma saída uma pessoa estranha na empresa. A para as dívidas, mas por outro lado vantagem é que a pessoa é apaixonauma pessoa estranha na empresa. A díssima pelo negócio. E tem dinheiro. vantagem é que a pessoa é apaixonaSerá melhor aceitar essa sociedade díssima pelo negócio. E tem dinheiro. ou buscar ajuda profissional para nos Será melhor aceitar essa sociedade auxiliar na retomada da empresa?” ou buscar ajuda profissional para nos auxiliar na retomada da empresa?” CLAUDIA LARA FERREIRA MOISES

Respondendo à sua pergunta, eu criaria uma holding familiar, faria o acordo com o sócio para acabar com a dívida e profissionalizaria a empresa operacional (indústria de calçados). Explico: O que mais preocupa neste caso é o fato de vocês não entenderem do negócio (e talvez por isso pensem que não gostam). Misturar negócios com família e ainda contrair dívidas também são grandes problemas, pois pode haver conflitos desnecessários que, além de distanciar a família, refletirão em ingerências na empresa. Seu relato não explica exatamente qual é o problema da empresa, mas entendo que o ramo é promissor e não necessite de alta tecnologia para se manter, o que por si só é um indicativo de grandes chances de dar certo. Eu criaria a holding familiar para separar família e negócio. Holding familiar é uma nova empresa, composta pelos membros da família que deterá as ações. Um advogado ou um contador pode te auxiliar a criar essa estrutura. Profissionalizar a empresa o ­ peracional­é contratar profissionais que poderão auxiliar

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MIYAMOTO

a empresa de forma que dê lucro, e então distribuir dividendos para os sócios (sua holding e outra empresa que tiver sociedade). Importante frisar que se você partir para esse lado, deverá deixar os profissionais trabalharem com muita liberdade e criar um Conselho de Administração para medir o negócio. Tentar interferir na empresa depois de profissionalizá-la é reverter o processo. Nesse meio tempo, acho importante fazer cursos de administração e finanças para entender o que é um negócio e investiria tempo de pesquisa e “marketing” no seu nicho para diversificar os seus negócios e tentar ajudar a holding com planejamentos estratégicos. Por fim, acredito que as duas principais características que guiem o empreendedor para sucesso sejam: a coragem e a perseverança. Boa sorte, e bom trabalho.

O QUE FAZER?

PREZADA CLAUDIA,


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NEW TECH

PRIMEIRA GERAÇÃO

NEW TECH

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NOVO CAFÉ CENTENÁRIO

NEGÓCIO VERDE Uma das principais apostas de Marcelo foi a adoção de práticas sustentáveis, como o manejo integrados de pragas e doenças. Outra medida adotada na fazenda é a reciclagem da água empregada no processamento do café. Além disso, Marcelo usa a própria luz do sol para secar os grãos. Para completar, a Fazenda São Paulo ainda realiza o monitoramento e manejo das espécies animais e vegetais ameaçadas de extinção que ficam no seu entorno.

Herdeiro de família com longa tradição inovou ao adotar técnicas ecológicas

por Patricia Petri

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PATRICIA PETRI

Empresário mineiro Marcelo Montanari nasceu em uma família com uma tradição centenária no cultivo de café. Com toda essa experiência acumulada, Marcelo poderia simplesmente ter seguido os passos do pai e do avô, mas ele decidiu inovar. Em 2008, juntou suas economias e adquiriu terras no município de Patrocínio, na região do Cerrado Mineiro, onde fundou a Fazenda São Paulo e começou a produzir utilizando práticas sustentáveis e modernas ferramentas de gestão. A empreitada deu tão certo que fez de Marcelo um dos ganhadores da edição 2015 do Prêmio de Competitividade para Micro e Pequenas Empresas, oferecido pelo Sebrae. “Sou da quarta geração de produtores na minha família, e muita coisa mudou desde a época do meu bisavô. Antes você trabalhava apenas para produzir. Hoje o foco está no cliente e no que ele quer, e resolvi apostar em qualidade e sustentabilidade.”, explica Marcelo. Baseado nessas convicções, ele passou a visitar e receber clientes, e percebeu a necessidade de adotar modelos modernos de gestão, investir em maquinário e em capacitações periódicas de seus funcionários.

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FAMILY INC #01

CAPA

TUDO EM FAMÍLIA

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TUDO EM 8

ACESSE 5 DICAS DE COMO GERIR UMA EMPRESA FAMILIAR


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CAPA

TUDO EM FAMÍLIA

FAMÍLIA por Claudio Ricardo

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PATRICIA PETRI

Afeto e criatividade unem pais, filhos, irmãos e amigos em novos modelos de negócios.

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CAPA

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Sócias, mãe e filha criam acessórios multicoloridos e sustentáveis

As empresas familiares são a maioria quando falamos em pequenos empreendedores. Os pequenos negócios acabam sendo frutos de relações muito próximas entre familiares e também amigos, que se juntam para abrir um negócio e acabam criando um ambiente familiar dentro da empresa e se apertam os laços pessoas fora dali. Conheça a história da artesã paranaense que juntou toda a família para sua produção de bijuterias. E saiba como funciona o Estúdio Maquinário, criado na faculdade por três amigos, que hoje passam todos os momentos juntos, até em festas de família, como natal e casamentos, e que provavelmente vão passar a empresa para os seus filhos.

SEMPRE TIVE DIFICULDADE DE ME ADAPTAR ÀS REGRAS DO MERCADO. DESEJAVA MAIS LIBERDADE, SOBRETUDO CRIATIVA,“ DIZ KÁTIA

FOTOS ARQUIVO PESSOAL

etada do que eles chamam de “loja-morada”. O espaço, além de lar dos Fagundes, ainda é onde são realizadas as vendas dos acessórios e também palco para apresentações musicais e teatrais. Kauê, o caçula, ajuda na produção das peças criadas pela mãe. “Digo que é uma cooperativa de filhos. Tem ainda a minha filha Moahra, que mesmo morando longe, sempre ajuda nas inspirações dos acessórios. Além disso, temos a Janaína, companheira do Kauê, e o Lucas, companheiro da Tainah, que ajudam na loja, nas programações, em tudo”, detalha a artesã. A empresa surgiu do desejo de mudança, em 2009. Kátia diz que sempre criou acessórios e roupas para os três filhos. Quando eles já estavam adultos, quis realizar a vontade de ter o próprio negócio e trabalhar naquilo que acredita. “Sempre tive dificuldade de me adaptar às regras do mercado. Desejava mais liberdade,

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AFETO E CRIATIVIDADE Trabalhar e morar com a família em um sobrado no bairro da Campina, em Belém, foi a escolha de vida de Kátia Fagundes, 53 anos. Cercada pelos filhos, a artesã paraense conta que faz do afeto o motor da criatividade que dá forma a anéis, colares, pulseiras, bolsas, brincos, entre outros itens coloridos e sustentáveis. Ao seu lado, Tainah, a primogênita, ocupa-se da administração dos negócios, comunicação e da programação de shows e apresentações que compõe a atmosfera acolhedora e multifac-

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TUDO EM FAMÍLIA

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sobretudo criativa, de poder experimentar, dar asas à imaginação. Então surgiu a Da Tribu”, explica. Tempos depois, a empresa tornou-se a própria casa da família. Entre os elementos que forjam as criações de Kátia, sementes de frutos, madeira, fibras e látex coletado por ribeirinhos em seringais da Amazônia. A parceria com extrativistas de Cotijuba e Mosqueiro, ilhas que circundam Belém, fortalece a identidade paraense das criações da artesã. O compromisso de fortalecer uma cadeia produtiva sustentável, voltada para a economia criativa, já resultou em três prêmios nacionais para a família empreendedora, que atualmente conta com 15 pontos de distribuição dos acessórios pelo Brasil.

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DIGO QUE É UMA COOPERATIVA DE FILHOS. TEM AINDA A MINHA FILHA MOAHRA, QUE SEMPRE AJUDA NAS INSPIRAÇÕES DOS ACESSÓRIOS.” FALA KÁTIA

Tainah, Kauê, Kátia e Moahra: mãe e filhos que compartilham sonhos e talentos na empresa familiar

LAÇOS ATADOS O Estúdio Maquinário começou com um projeto de conclusão de curso, durante a faculdade de design da ESPM. Cindy Nakashima, Thiago Reginato e Bruno Scodele se juntaram para criar um modelo de empresa de design e não se separaram depois disso. Hoje, com cinco anos, o estúdio possui uma cartela de ­clientes importantes. “Na verdade a gente não foi muito bem no tcc. Os professores queriam que o projeto fi-

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Cindy, Bruno e Thiago mostram seus trabalhos (acima) e juntos com a equipe do Estúdio Maquinário (ao lado)

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casse mais redondo”, comenta Reginato, mas isso não impediu o trio de seguir em frente com a ideia. Assim, os três acabaram formando o novo modelo de negócio de família, aquele criado por amigos. As afinidades de uma família de parentes de sangue segue a mesma dinâmica nos relacionamentos de amizade. Então é natural que esses laços se estendam para o ambiente do trabalho. Tudo começou quando a Cindy e o Reginato começaram a fazer estágio obrigatório juntos. “Não gostava muito do Thiago no começo, porque ele era muito chato, sempre estava me pentelhando”, brinca Cindy. Mas logo descobriram que trabalhavam bem nos mesmos projetos. O Bruno que teve a ideia de fazer o trabalho sobre uma agência de design. Convidou o Thiago e ele fez questão de chamar a Cindy, já que tinham trabalhos em conjunto.

TUDO EM FAMÍLIA

SOCIEDADE É UM CASAMENTO. ÀS VEZES DÁ UMA DESGASTADA. PROBLEMAS FAZEM PARTE E É BOM QUE ELES EXISTAM PARA SEREM SUPERADOS.” COMENTA REGINATO

ARQUIVO PESSOAL

“Na hora de criar um estúdio de design, o Bruno já pensou que ele seria a pessoa mais focada nos números e programação. Também precisávamos de alguém mais comunicativo, então pensamos no Reginato. E por último, teria que ter alguém mais focado na parte visual, aí eu entrei nessa parte.”, conta Cindy. A parceria deu certo e hoje o Estúdio Maquinário tem 5 anos. “Como somos uma equipe multidisciplinar, estamos sempre alinhados, isso que importa”, diz Bruno. “Sociedade é um casamento. Às vezes dá uma desgastada.Problemas fazem parte e é bom que eles existam para serem superados”, diz Reginato.

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ASSISTA AO VÍDEO DA ENTREVISTA

BATE E VOLTA

Estúdio Maquinário conta como é trabalhar com amigos e como funciona o ambiente de trabalho mais intimista por Rafael Gregório

DIVULGAÇÃO

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O Estúdio Maquinário começou com um projeto de faculdade e tem 5 anos de existência. Ele é um exemplo de como o ambiente familiar se manifesta em empresas criadas por amigos. Afinal, sociedade é igual casamento, como irá comentar um dos sócios durante a entrevista a baixo. Cindy, Reginato e Bruno falam das dificuldades, benefíciso e dinâmica de trabalho. Também contam o que cada um enxergou no outro na hora de aceitar uma parceria de trabalho. Eles formam uma equipe multidisciplinar e isso fez toda a diferença.

»»COMO É TRABALHAR COM OS

SEUS AMIGOS? Cindy: É poder expor a minha opinião, dar ideias diferentes e criar projetos com pessoas bacanas. Não ser apenas uma executora de tarefas. Bruno: A gente meio que se sente em casa. O ambiente é bastante familiar. São tipo dois irmãos mesmo. Eles são mais família. Reginato: Existe uma amizade muito forte, principalmente com a Cindy, que conheço a mais tempo. Uma relação de irmão mesmo, tipo amor e ódio. Somos bem alinhados. O clima familiar reina

SEGUNDA GERAÇÃO

IRMÃOS POR ESCOLHA

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aqui. As vezes temos que equilibrar isso para não ficar informal demais.

»»COMO

DESCOBRIU QUE TINHA AFINIDADE COM ELES? Cindy: No começo a gente não tinha amizade, só se via na faculdade. Até que no quarto semestre eu comecei a fazer um estágio obrigatório com o Reginato. Aí a gente descobriu que trabalhamos bem juntos. Não gostava muito dele no começo, porque ele sempre estava me pentelhando, risos. Bruno: Foi durante a faculdade. Tivemos uma convivência bem intensa nos


FAMILY INC #01

BATE E VOLTA

SEGUNDA GERAÇÃO

ARQUIVO PESSOAL

THIAGO REGINATO, 27 anos

Calígrafo

»»ÀS VEZES OCORRE PROBLE-

MAS DE CONVIVÊNCIA? Cindy: Eu basicamente brigo com o Reginato todo dia. Mas a gente releva as besteiras, as brincadeiras e trabalhamos bem.

Bruno: Problemas de convivência fazem parte. Às vezes a gente discorda, discuti, mas tudo isso sempre faz parte do ­processo. Reginato: São fases. Sociedade é um casamento. Às vezes dá uma desgastada. É natural. Problema faz parte e é bom que eles existam para serem ­superados. Trazem aprendizados.

»»COMO É A FEITA A DIVISÃO

DO TRABALHO? Cindy: Na hora de criar um estúdio de design, o Bruno já pensou que ele seria a pessoa mais focada nos números

BRUNO SCODELE, 29 anos

Programador

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projetos do último semestre do curso. Foi super tranquilo trabalhar com eles. Reginato: Fiquei mais próximo da Cindy no design lab, estágio da faculdade. Com o Bruno decidimos fazer o trabalho de tcc. Ele sugeriu a ideia de criar um estúdio. Eu falei que ia, mas que tínhamos que chamar a Cindy.

CINDY NAKASHIMA, 27 anos

Ilustradora

e programação. Também precisávamos de alguém mais comunicativo, então pensamos no Reginato. E por último teria que ter alguém mais focado na parte visual, ai eu entrei nessa parte. Bruno: O que importa é estar todo mundo alinhado. Somos uma equipe multidiciplinar, que se completa. Reginato: Fico na parte de atendimento, do comercial, mas não deixo de criar. Temos diferentes talentos, especialidade e tentamos juntar isso de uma forma complementar. Temos duas linhas, a estratégica e específica e equilibramos as duas nos projetos.

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16 Familiares da PwC Reino Unido.

por Sian Steele, líder da prática de Empresas

A geração atual pode garantir que a próxima tenha a máxima chance de sucesso

Caso os integrantes da próxima geração escolham participar da sucessão, é bom ter em mãos um planejamento detalhado de carreira e desenvolvimento, feito com antecedência.

PLANEJAMENTO

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CINCO PASSOS

Faça de tudo para que eles não encarem essa expectativa como uma obrigação e para que tenham a chance de fazer uma escolha livre sobre seu próprio futuro.

OPORTUNIDADE, NÃO OBRIGAÇÃO

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CINCO FORMAS COMO A GERAÇÃO ATUAL PODE APOIAR A PRÓXIMA

ISABELLA MAZOLINI

FAMILY INC #01 TERCEIRA GERAÇÃO


Quando a próxima geração assumir o controle, demonstre apoio contínuo. Faça proveito das orientações e as lições que aprendeu com as gerações passadas. Porém esteja atento, há uma linha tênue entre sempre estar à disposição para ajudar e continuar no comando.

COMPREENSÃO

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Muitos dos jovens tem interesse em criar novos empreendimentos. São ótimos incentivos para explorar novas ideias e adquirir habilidades essenciais. Há a chance desse novo negócio se tornar o futuro da empresa familiar.

CONSTRUÇÃO DE ALGO PRÓPRIO

CINCO PASSOS

A geração mais velha costuma gerenciar essa questão, usando sua experiência e o “peso” da idade. Se a sua empresa familiar ainda não tiver avançado em relação à governança familiar, você pode assumir essa tarefa.

GOVERNANÇA

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FAMILY INC #01 TERCEIRA GERAÇÃO

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PREPARE A EMPRESA FAMILIAR PARA

UM RECOMEÇO

FAMILY INC #01

FABIO MIZUMOTO

Sucessão do negócio deve ser planejada desde cedo por Fabio Mizumoto

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O tempo passa implacável para todos, sem negociar nada com ninguém. Este ano está indo embora para quem cumpriu todas as suas resoluções de Ano Novo e também para aqueles que estão deixando algumas ou todas elas para o próximo ano. E por falar em despedida... Você está pronto para se despedir de um gestor, um sócio e um familiar? Bem, se são queridos, você com certeza não está pronto. Os amigos vão embora e nos deixam com saudades das boas conversas, dos ensinamentos, das intermináveis e repetidas estórias. Se o gestor sai da empresa, ainda ficam os desafios de substituir suas habilidades e competências. Se um sócio vai embora, resta a dúvida sobre como será a caminhada sozinho ou com os sócios que ficaram. Se um familiar falece, quem fica vive o luto e o lamento pelo o que deixou de ser dito ou ouvido.

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MIYAMOTO

TERCEIRA GERAÇÃO

Como ficam aqueles que perdem, ao mesmo tempo, o gestor, sócio e familiar? A despedida já é dolorosa em si, mas se não houve o preparo de um sucessor nos negócios, quem fica terá que enfrentar o luto junto com a sensação de impotência por ter de fazer algo que desconhece. Nesse turbilhão de sentimentos, quem fica pode passar da incompreensão e chegar até a sentir raiva pela condição de despreparo para os negócios. Surpreendentemente, poucas famílias se propõe a planejar e a se preparar para a despedida. São inúmeras as desculpas para evitar o assunto: “tenho saúde e muito tempo pela frente”; “isto é complicado, deixa que o tempo resolve”; “precisamos ver isto, quem sabe no ano que vem”; “meus filhos ainda são muito pequenos” – a lista é quase interminável. Seria possível imaginar a despedida da perspectiva de quem se foi? Pais que deixam filhos brigando pela partilha dos bens ou na disputa por cargos e poder. Famílias que assumem negócios sem conhecimento sobre seus direitos e deveres naempresa. Negócios de alto potencial sendo vendidos a qualquer preço, justamente pela fala de conhecimento de quem acabou com a empresa nas mãos. Isto tudo pode ser diferente. Basta preparo e planejamento, sem a espera de que o outra pessoa aparecerá para resolver tudo. É preciso reconhecer que podemos nos tornar indisponíveis independente de idade e saúde. Não podemos esperar o tempo para resolver essa questão. É necessário haver engajamento entre todas as gerações.

A DESPEDIDA JÁ É DOLOROSA, QUEM FICA TERÁ QUE ENFRENTAR O LUTO COM A SENSAÇÃO DE IMPOTÊNCIA POR FAZER ALGO QUE DESCONHECE.




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