SELIGA!

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OS EFEITOS DAS DROGAS:

Entenda melhor como a maconha e o crack agem no seu organismo.

www.seliga.com.br

DROGAS LEGALIZADAS:

Uso de àlcool e cigarro por jovens vêm crescendo a cada ano.

ESQUEMA COM O VAPOR:

Visita ao Paço municipal de SBC revela uma outra realidade da região.

Alternativa ou Fuga? Reveja seus conceitos sobre as drogas, saiba como escolher o seu caminho!

2012 I № 01

Seliga! 1


Irado!

2 Seliga!


Seliga! 3


Sumรกrio Irado!

10.

Drogas Legalizadas

12.

Curiosidades

14.

Aprendendo com os erros

16. Os Efeitos das drogas 4 Seliga!

6.

Esquema com o vapor

18.

Como falar com o filho sobre as drogas


Carta ao leitor

O adolescente

e o uso das drogas Nossa, sempre tem alguém por perto que tá envolvido com isso ou que conhece alguém que tá. Parada super complicada de falar . O problema é que tem gente que ignora e espera “ferrar” tudo pra discutir o tema. Também quando se fala que não deve, é meio careta também né? Daí , a galera jovem que está formulando a cabeça vai na onda dos coleguinhas, porque os amigos não oferecem este tipo de coisa. Mas nós falamos tudo! Sem tabu , e até criticando todos os pontos de vista, porque afinal, é a pessoa refletir e entender qual é o seu melhor caminho a seguir em frente para aprender e crescer na vida. Quando os pais nos procuram pedindo ajuda para um filho adolescente que está vivendo uma situação especial de uso de drogas, eles fazem um pedido para atendermos seu filho e não se sen-

tem incluídos nessa consulta ou nesse pedido de ajuda. Em geral o filho não está pedindo ajuda, nem acha o uso de drogas um problema. Na conversa com os pais, o adolescente argumenta que estes não sabem de nada, que maconha, por exemplo, não faz mal, não atrapalha, faz até bem à saúde sendo usada como remédio no tratamento do glaucoma, no tratamento da Aids, e outros argumentos veiculados na imprensa falada e escrita. Contra argumenta que o cigarro e a cerveja que o pai usa , faz mais mal à saúde que seu “baseado”. Tem convicção de que deixa de usar drogas quando quiser, pois não é dependente, e como prova de que não traz problemas para a saúde, usa o tempo que ele já faz uso, geralmente de dois a três anos, para justificar.

GRUPO SELIGA!: André K. Tanahara, Felipe Moreno Raphael Garcez, Naiani Mahler DIRETOR DE ARTE: André K. Tanahara DIRETORA DE REDAÇÃO: Naiani Mahler DESIGN: André K. Tanahara, Raphael Garcez COLABORADORES: Fábio Silveira, Sara Goldchmit, Lucas Massimo

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Canabis, popularmente conhecida como maconha, liamba, erva, marijuana, cânhamo, ganja ou ganza. O consumo humano da cânabis teve início no terceiro milênio a.C..Nos tempos modernos, a droga tem sido utilizada para fins recreativos, religiosos, ou para efeitos medicinais.

Outras drogas A maioria dos usuários de cocaína, anfetaminas, heroína e crack iniciaram o uso destas drogas pela maconha.

Os efeitos das

Drogas

Algumas drogas causam efeito devastadores e outros até benéficos. Entenda melhor como a maconha e o crack agem no seu organismo.

Ilustração: Naiani Mahler

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Coordenação O uso prolongado da maconha pode causar problemas na coordenação física.


A MACONHA

CAUSA:

BOCA

VERMILHIDÃO NOS

OLHOS

AUMENTO DO SECA

APETITE

Memória O uso da maconha afetar a memória e causar problemas de aprendizagem

Pulmões As pessoas que fumam maconha freqüentemente desenvolvem os mesmos problemas respiratórios que aquelas que fumam cigarros.

Reprodução A maconha pode afetar os hormônios dos homens e das mulheres. Os jovens podem ter uma puberdade tardia e as jovens podem sofrer mudanças no seu ciclo menstrual Seliga! 7


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Crack é uma droga, geralmente fumada, feita a partir da mistura de pasta de cocaína com bicarbonato de sódio. É uma forma impura de cocaína e não um sub-produto. O nome deriva do verbo “to crack”, que, em inglês, significa quebrar, devido aos pequenos estalidos produzidos pelos cristais (as pedras) ao serem queimados.

O primeiro trago Ao ser tragada, a droga vai direto aos pulmões.

2 PREJUÍZO COGNITIVO

O pulmão O órgão, ricamente vasculizarizado, absorve a substância instantaneamente.

Há casos de pacientes com seis meses de dependência que apresentavam QI 100, dentro da média. Um ano depois, o QI havia abaixado para 80.

PULMÕES

Dependentes ficam vulneráveis a doenças como pneumonia e tuberculose.

OSSOS E MÚSCULOS

O uso crônico da droga pode levar à degenarção irreversível dos músculos esqueléticos, chamada rabdomiólise.

CORAÇÃO

O uso crônico da droga pode levar à degenarção irreversível dos músculos esqueléticos, chamada rabdomiólise. 8 Seliga!

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Corrente sanguínea

O crack é absorvido pela corrente sanguínea e em 15 segundos chega ao cerebro.


O EFEITO DO

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CRACK

DURA EM MÉDIA

segundos

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No cerebro

O crack inunda o cerebro com dopamina, neurotransmissor responsável as sensações de prazer.

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Fique ligado!

Drogas

Legalizadas

Dados mostram que o consumo de àlcool e cigarro por adolescentes vêm crescendo a cada ano. Por: Naiani Mahler

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e acordo com o último Levantamento Nacional sobre o Uso de Drogas, realizado em 2004 pelo Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid) e pela Secretaria Nacional Antidrogas (Senad), o consumo de álcool por adolescentes de 12 a 17 anos já atinge 54% dos entrevistados e desses, 7% já apresentam dependência. Ainda, entre jovens de 18 a 24 anos, 78% já fizeram uso da substância e 19% deles são dependentes. Estes dados representam um grande aumento em relação ao levantamento anterior, realizado em 2001, no qual apenas 5% dos adolescentes pesquisados preenchiam os cri-

térios para dependência do álcool. Segundo recente estudo divulgado pela Organização das Nações Unidas (ONU), em comparação com os países da América Latina, o Brasil aparece em terceiro lugar com 48% dos adolescentes que admitiram o consumo de álcool. A pesquisa foi feita com estudantes do ensino médio e incluiu 347.771 meninos e meninas, de 14 a 17 anos, do Brasil, da Argentina, da Bolívia, do Chile, do Equador, do Peru, do Uruguai, da Colômbia e do Paraguai. Os dados são ainda mais alarmantes, porque o levantamento do Cebrid, mostrou que a idade de início do consumo fica em torno dos 12 anos. “E, sabe-se, que o uso precoce de álcool aumen-

“Uma série de fatores colabora para que o álcool seja a primeira droga de escolha entre os jovens. Primeiro, é legalizada e conta com grande publicidade na mídia.”

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Assim como o álcool, o cigarro é outra droga que afeta dramaticamente os jovens brasileiros, não somente meninos mas também meninas, e este número só vem crescendo.

ta o risco de alcoolismo em idade adulta”, alerta o psiquiatra Arthur Guerra, doutor no assunto e fundador do Grupo Interdisciplinar de Estudos de Álcool e Drogas, da Universidade de São Paulo (Grea-USP). De acordo com dados do livro Sóbrio Vença a Dependência do Álcool e Mantenha a Dignidade (Ed. Nova Era), “os jovens que começam a beber antes dos 15 anos são muito mais propensos a desenvolver dependência alcoólica do que aqueles que começam a beber aos 21 anos”. Uma série de fatores colabora para que o álcool seja a primeira droga de escolha entre os jovens. Primeiro, é legalizada e conta com grande publicidade na mídia. Em adição, apesar de ser proibida para menores de 18 anos, é muitas vezes consumida abertamente em casa e acaba tendo seu consumo incentivado pelos próprios pais. “A lei brasileira é bastante moderna em vários aspectos. Porém, a cultura de permissividade em relação ao álcool - tanto no ambiente doméstico quanto fora dele - é favorável ao consumo precoce”, Além disso, as companhias produtoras de bebidas têm como alvo o consumidor jovem, e toda a propaganda gera uma cultura em que o consumo de álcool está associado à jovialidade, juventude, esportividade e praia. Este é um apelo muito forte ao adolescente, afirma o psiquiatra Flávio Pechansky, do Centro de Pesquisa em Álcool e Drogas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

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Irado!

Curiosidades Edição: Raphael Garcez

Verdades sobre a maconha

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Verdades sobre a maconha: o usuário pode partir para drogas mais pesadas, a fumaça está associada ao aparecimento de bronquites, fumar durante a gravidez traz problemas para a criança, pacientes de esquizofrenia que fumam podem ter crises mais fortes e o fumo pode provocar perturbações hormonais nas mulheres. Os riscos de pessoas que consomem maconha por mais de cinco anos serem vítimas de alucinações é duas vezes maior; e o de delírios, quatro vezes mais elevado.

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Desde 1922 A venda de cocaína nos morros cariocas foi descrita pelo escritor Orestes Barbosa na crônica A Favela, de… 1922! No ano seguinte, em 1923, o sambista Sinhô chamou a atenção para o risco do vício: “Mais que a flor purpurina é o vício arrogante de tomar cocaína. Quando estou cabisbaixa chorando sentida, bem entristecida, é que o vício da vida deixa a alma perdida. Sou capaz de roubar, mesmo estrangular, para o vício afogar.”

Drogas para o bem Segundo os cientistas, algumas drogas não-legalizadas podem, sim, ser usadas para fins medicinais. A cocaína, por exemplo, já foi largamente utilizada como anestésico. A maconha é usada em muitas partes do mundo para tratar glaucoma, esclerose múltipla, náuseas e dores de pacientes em tratamento com quimioterapia.

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“To crack” O crack é uma droga produzida a partír da mistura de cocaína com bicarbonato de sódio. O nome vem de “to crack” que, em inglês, significa “quebrar” (imita o som das pedras queimando no cachimbo). Vendido em pequenas pedrinhas, o crack é uma droga de efeito rápido e altamente viciante. Os efeitos são euforia, bem-estar e alucinações. É uma das drogas mais associadas ao aumento da criminalidade.

5 Heroína

A abstinência da heroína é uma das mais perigosas. Na falta dela, o coração dispara, sujeitando o dependente a um ataque cardíaco. O corpo torna-se incapaz de regular a temperatura, fazendo com que o usuário transpire em excesso e tenha calafrios. Os outros efeitos são diminuição da libido, cólicas e diarréias.

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Embelezador Na prática todo mundo já conhece este efeito. É só beber algumas cervejas para que as mulheres pareçam muito mais bonitas... Até o porre passar. Pesquisadores da Manchester University afirmaram que o efeito embelezador causado pelo consumo de cerveja não tem como único fator a quantidade de bebida ingerida. Variáveis adicionais devem ser incluídas, tais como a luz no bar ou boate, a visibilidade que o bebedor tem do local, bem como a quantidade de fumaça existente no ambiente. A distância entre as pessoas também entra nos cálculos.

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Cão rastreador

A empresa de segurança Chilport UK oferece um serviço um tanto incomum para pais norte-americanos e britânicos preocupados com o que seus filhos andam fazendo: cães que ajudam a rastrear drogas no quarto dos filhos. O serviço provocou grande polêmica no Reino Unido, principalmente pelo fato de que ela não só procura as drogas como também aciona a polícia.

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Papo Reto!

Aprendendo com os

erros

Vinícius Freitas Souto de 19 anos

usou drogas pela primeira vez aos 11 anos e agora conta a sua trajetória e dificuldades para sair do vício. Por: Naiani Mahler

?

Você usou por curiosidade, porque queria conhecer ou por rebeldia?

A primeira vez foi por total curiosidade, eu achei que eu era o “fodão”, que não existia essa de “vício” não!

?

O que você já consumiu?

Comecei com maconha, depois fui para drogas mais pesadas como cocaína. Crack eu usei uma vez mas não continuei porque fui internado.

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?

E quantas vezes você esteve internado?

?

Três vezes, em clínicas diferentes. Eu parei de estudar. Agora estou no primeiro colegial. Todos meu colegas já estão na faculdade. Também faço um curso técnico de mecânica industrial.

?

Bom, quanto se está internado a família pode ir visitar uma vez por semana, geralmente nos fim de semana e pode ligar nos horários estabelecidos pelas clínicas. Porém, eu acho que antes da clínica tem e deve, conversar com os pais ou “pessoas cabeça” que estão próximas (conversar com o amigo drogado não adianta), dialogar, tentar explicar da melhor forma.

Então, basicamente você saiu dessa por sua força de vontade?

Sim, sim! Saí porque eu quis. Comecei a ver que estava perdendo tudo que me restava, e eu nunca tive muita coisa, não no financeiro, digo amor de família. Daí eu quis melhorar, foi onde eu procurei ajuda e hoje graças a Deus estou tranquilo. Não quero mais saber de drogas.

?

A... adianta para quem quer o tratamento, porque para quem não quer, quando sai volta a consumir. Isso acontece principalmente quando a família obriga a pessoa a ir contra sua vontade, faz com que a pessoa fique mais revoltada, com maior tendência de quando sair fazer coisa errada. Ela tem que querer!

?

Hoje em dia é meio moda né? É normal ouvir falar que a turma se junta e fuma um baseado.

Isso aí é normal. Ontem mesmo fui em uma festa e estava cheio de adolescentes , até crianças consumindo e eu me vi neles, que estavam começando a usar “numa boa”. Acho a maior besteira. No começo é ilusório, a gente acha que é tudo diversão, que não tá nem aí com nada e quando vê já é tarde de mais! E eu acho sim, que se começa na maconha e nas “drogas legalizadas”, daí passa-se para as drogas mais pesadas.

No seu caso como foi?

Bom, meus dois pais são vivos mais fui criado pela minha avó. A família não tem só que orientar porque acha que : “a, tá na época, vamos falar pra pessoa não usar isso”, ela tem que estar presente desde sempre. Saber o que está acontecendo sem ficar em cima, com aquela pressão, proibindo tudo. Às vezes, isso instiga a pessoa a fazer exatamente o errado. Mais é lógico também, que a pessoa tem que ter responsabilidade, saber dizer o “não” e se divertir numa boa. No meu caso eu tive muito amor de vó. Eu acredito também nas drogas como ciência (dependência) e pelo lado religioso. Acho que quando você usa drogas, é como se tivesse um espírito obssessivo e malígno te influênciando, e geralmente a turma que você anda nesses meios estão cheias. Só vai piorando, é um círculo fechado. Já aconteceu comigo, de fazer coisas que eu não me lembrava depois por besteira, como agressão e roubo. A droga em si tem coisas do mal perto.

E as clínicas, como funcionam? Você acha que adianta?

?

Como funcionam as clínicas? Caso alguém queira tratamento por exemplo, como conversar com os pais sobre isso?

?

Hoje em dia, o que te ajuda a não recair?

Com certeza a força de vontade, principalmente quando eu me dou conta de onde eu vim, do que eu passei, do que eu era e do que eu estou sendo agora, que melhorei muito em todos sentidos e tendo sempre, fé em Deus!

?

Para finalizar, daqui em diante qual é o seu sonho de vida?

Cursar uma faculdade, ter um bom trabalho e assim um futuro melhor!

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Neura!

“Esquema com o

vapor”

Visita ao Paço municipal de São Bernardo do Campo - SP traz a reflexão com o convívio de alguns frequentadores e usuários de drogas, revelando uma outra realidade da região. Por: Felipe Moreno

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om nossa pesquisa de campo no Paço municipal de São Bernardo do Campo notamos que todos ali presentes sentem-se marginalizados de alguma forma e parece-me que estar em grupo os faz amenizar esse sentimento criando uma identidade através do hábito de consumir drogas e da linguagem, utilizam-se de gírias próprias de quem utiliza drogas para identificar-se e poder falar sobre o assunto sem ser discriminados por quem não usa, gírias como: vapor o sujeito que serve a droga e olheiro os sujeitos que vigiam o local, para muitos o consumo da drogas é quase um ritual que os fazem afirmar a identidade do grupo, todos ali se sentem excluídos ainda que alguns não percebam ou mesmo neguem esse fato como forma de defesa ao ego, a repressão social é uma realidade que os atingem, mas a pior faceta dessa repressão esta na família, que ao que parece em todas as vezes é uma peça chave para incitar a busca pelas drogas no jovem, por não se sentir aceito ou para evitar presenciar o desentendimento familiar, seja

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como for ao que parece é unânime que entre os jovens que recorrem as drogas todos tenham severos problemas familiares e façam das drogas uma fuga da realidade, uma vez que enquanto esta sob efeito desta não se sente oprimido pela realidade por conta da sensação de prazer momentânea que estas substancias oferecem, como uma válvula de escape. Nossa entrevista feita com Carol, uma jovem de vinte e um anos nos mostra de perto como é a experiência com as drogas do ponto de vista do usuário. É usuária de álcool desde pequena, aos onze anos enfrentou coma alcoólico, aos doze anos experimentou maconha, cocaína aos quinze, aos dezenove anos o crack, mas este não levou adiante. Carol alega sempre ter tido problemas familiares, seu pai é alcoólatra e desde pequena evitava ficar em casa para não presenciar os desentendimentos dos pais, suas amizades sempre foram pessoas marginalizadas, como usuários de droga, prostitutas, travestis e criminosos. Sempre via os outros como viciado, nunca a si própria, após freqüentar


“O caso de Carol não é o único a apresentar essas condições diante do uso das drogas, ao que parece todos os usuários possuem problemas familiares, e buscam na droga um asilo, que acaba assumindo o caráter de fuga da realidade, e como forma de compensação do desconforto causado pelos problemas a droga lhes oferecem momentos de prazer mas por um auto preço. No mundo das drogas ou como é mais comumente chamado no submundo eles se reúnem por afinidade, e o que caracteriza essa afinidade é a marginalização social, mas quando perguntamos para eles como se vêm dentro do contexto da drogadição é notável o preconceito com a sua própria pessoa .“

o N.A. (Narcóticos Anônimos) passou a entender que ela também é uma viciada, mas ainda hoje mesmo depois de ter sido instruída não reconhece a dimensão do problema que passa, alega que já parou de usar e não é mais viciada por ter ficado duas semanas sem usar, pois dessa maneira ela evita reconhecer a realidade em que se encontra, o consumo de Carol diante de outros usuários é de maneira geral consideravelmente menor e isso faz com que ela não reconheça seu problema comparando-se sempre com quem usa mais, no entanto quando enfrenta um problema maior em sua vida a droga passa a ser uma fuga ainda mais atraente, chegou a usar grandes quantidades diárias e não conseguir fazer outra coisa a não ser pensar nisso. O desespero de Carol pela droga era tão grande que quando não tinha dinheiro recorria a prostituição para obter a droga. Assim como Carol, os usuários tem a tendência de não se vêem como viciados, e também não têm conhecimento dos efeitos que os componentes químicos das drogas causam em

seus organismos, fazem o uso da droga como sendo algo ritualístico que começa bem antes do uso, quando sentem a necessidade do vício e começam a planejar como obterão a substância, a emoção causada pela droga não é só a causada pelo químico, mas também na adrenalina causada pelo medo de serem pegos na mentira contada para seus familiares, medo dos traficantes e da polícia e essa adrenalina os alimenta, o perigo é estimulante tanto quanto a droga, muitas vezes a adrenalina é tão grande que o usuário passa mal quando está na boca, chegando ao ponto de sentir fortes dores de cabeça e vomitar, diria que inconscientemente eles buscam a morte nessas situações, sente, medo de todos e ao mesmo tempo de ninguém, apelando assim para uma fuga mais drástica da realidade, uma que os afastasse permanentemente de todos os problemas. Depois longe do perigo oferecido pela boca, vem a recompensa, o momento tão esperado: o uso, o alívio e depois a “viagem”.

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Fica a dica!

Como e quando falar com os filhos sobre as drogas Por: Mariza Helena Machado

E

m primeiro lugar deve haver abertura no relacionamento, quanto mais próximo os pais estiverem de seus filhos, menor será a chance deles cederem às pressões do grupo. Proximidade significa conhecer seu filho, seus amigos e suas famílias, os lugares que frequentam e seus professores. Não é reprimir ou desconfiar. É criar vínculos, respeitar a liberdade e estabelecer limites. Contudo, os pais são o “modelo” dos filhos. Logo, suas palavras e conselhos devem estar condizentes com a sua conduta e atitudes. Um pai que toma uma cervejinha para “relaxar” depois de um dia estafante ou uma mãe que toma um calmante para “dormir” melhor ou ficar mais “tranquila”, indiretamente estão ensinando aos filhos que existem “fórmulas” mais simples de “resolver” problemas. Em segundo lugar, para orientar é preciso ter “conhecimento de causa”, ou seja, conhecer sobre drogas. Quais existem? Como se usa? Que efeitos provocam? Não adianta inventar dados fictícios ou histórias cheias de moralismos, coações e preconceitos. Falar sem

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conhecimento de causa mostra sua ignorância acerca do assunto e, com certeza, eles não vão procurar um ignorante para orientação. Muitos pais erram ao descreverem as drogas simplesmente como algo terrível e que se deve manter distância. Esquecem ou desconhecem que as drogas potencializam o efeito da dopamina, uma substância produzida pelo cérebro e que é responsável pelo prazer que sentimos. Daí o risco de “experimentar”, “gostar” e “desacreditar” nas informações recebidas pelos pais. Muitas das sensações descritas pelos jovens, sob efeito de drogas, vão de ruins até sensações maravilhosas. É bom, portanto, falar também sobre os benefícios imediatos e sobre a dependência química, no caso dos mais velhos. Não existe uma idade específica para se falar sobre o tema. Crianças pequenas, de 4 ou 5 anos já sabem identificar “bêbados” na rua e questionamentos nessa hora abrem portas para se iniciar uma orientação, não esquecendo de usar uma linguagem clara e simples, de acordo com cada faixa etária e assunto abordado. Evite informações em demasia, com riqueza de detalhes ou informações muito específicas. Bem como, informar de menos, dar esclarecimentos falsos, pouco explicados ou exagerados. Dar muita informação para os mais jovens pode gerar confusão e não entendimento da mensagem, da mesma forma, informar demais os pré-adolescentes pode estimular à curiosidade induzindo-os ao uso. Deve-se alertar, e não somente

dizer o que fazer sem explicar as razões. Conversas de pais com filhos não acontecem de uma hora para outra e nem devem ser pontuais sobre algum assunto pré-determinado. O assunto drogas deve estar incluído nos diversos temas que os pais abordam diariamente com os filhos a partir dos seus questionamentos, de acordo com as suas curiosidades, necessidades e cada fase do seu desenvolvimento. Elas surgem naturalmente, ou pela situação ou pela curiosidade, e devem permear o processo de educação. E, finalmente, a “conversa” deve ser “diálogo”. Procure ouvir seu filho e suas opiniões. Dê a ele oportunidade para questionar e tempo para que processe as informações. Encoraje-o a falar e ceda à tentação de discordar de tudo ou ser o centro do conhecimento. Quando não souber algo, seja honesta, revele seu desconhecimento e diga que vai procurar a resposta. Não esqueça que seu filho pode conhecer sobre o assunto mais do que você, pois, na verdade, as drogas estão presentes muito mais no ambiente dele no que no seu. Informação faz parte da educação. Cabe aos pais mostrar aos filhos as opções que lhe serão apresentadas no decorrer de suas vidas, e que a vida plena, feliz e produtiva dependerá das escolhas que serão feitas, dos caminhos que serão percorridos e dos valores que foram incorporados com o tempo.



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