IGOR MACHADO PORTFOLIO ACADÊMICO ARQUITETURA E URBANISMO FAU - UFRJ / 2011.2 - 2016.2
Igor Machado
Rua Álvaro Chaves 28 Laranjeiras, Rio de Janeiro
● (21) 980.298.019 ● igormachado@ufrj.com ● igorarqurb.wixsite.com/portfolio
Perfil Nasci em Macaé em 1993 e moro no Rio de Janeiro desde 2011. Estudante de Arquitetura e Urbanismo, me interesso pelas questões contemporâneas do Habitar e do Urbanismo nas grandes cidades. Aprimorei meus estudos com um intercâmbio em Lisboa, projetando em vazios urbanos causados pela especulação imobiliária. Acredito que o Arquiteto tem o dever social de pensar uma cidade mais justa, livre e confortável para as pessoas, garantindo seu direito a elas, voltando seus esforços aos mais necessitados.
1
Experiência
Estagio na Gerencia de Zonas Olímpicas - Empresa Olimpica Municipal, EOM - 2013-2014 Funções: Criação de apresentações, acompanhamento de obras, mapeamento de problemas e prazos, criação de propostas alternativas, levantamento e produção de “as built”, compatibilização de projetos, organização, entre outros.
Educação
Cursando Arquitetura e Urbanismo na Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ - Início 2011 Intercâmbio Acadêmico na Universidade Técnica de Lisba, ULisboa, Portugal - 2014-2015
Conhecimento
Cursos
●●●●● ●●●●● ●●●●● ●●●●● ●●●●● ●●●●● ●●●●●
Autocad Revit
●●●●● ●●●●●
Rhinoceros Grasshopper
Photoshop InDesign Illustrator SketchUp Office
●●●●● ●●●●● ●●●●●
Inglês Francês Espanhol
Autocad Avançado pela Azimut Revit Básico pela Azimut Francês pelo CLAC - UFRJ Inglês pela Cultura Inglesa 2
ÍNDICE 5 // PARTICULA ABERTA
[2017]
13 // HOTEL E FLAT ENTRECAMPOS 17 Memorial Teórico
[2015] [2016]
25 // EDIFÍCIO QUARTRO
[2014]
29 // REFÚGIO
[2012]
4
Partícula Aberta
Av. Vicente de Carvalho 730 Vicente de Carvalho,Rio de Janeiro
● 112.000m²
Area Total
Produzido em conjunto com: Paula Bollentini Raphaela Fogaça
O projeto urbano consiste em uma colagem de projetos (Bouça, Siza. Casernes Sant Andreu, Solà-Morales. Hospital de Corrientes, Amancio Williams) com o objetivo de trazer transição de escalas e consturar o tecido urbano, assim, é trabalhado em cima de regras criadas para atingir certas liberdades e controlar o seu crescimento, permitindo inúmeras formas de ocupação. Por conta de seu status aberto, o projeto é apresentado em ensaios diferentes mara ilustrar as possibilidades, sendo assim, o trabalho desenvolvido para um passo antes, sendo evolutivo, em etapas, afim de alcançar certa indeterminação.
5
PRODUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCT
C21
C20
C19
C18
C17
C16
C15
C14
C13
C12
C11 C10 C9 C8 C7 C6 C5 C4C3C2C1 L1 L2
PRODUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCT
L3 L4 L5 L6 L7 L8 L9 L10 L11 L12 L13 L14 L15 L16
PRODUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCT
SISTEMA DE PARTÍCULAS
L17
PRODUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCT
ELEMENTOS FIXOS
ELEMENTOS VOLÁTEIS
6
REGRAS GERAIS
1_ As construções devem respeitar o perímetro da partícula
2_Numero de entre-partícular é igual ao número de partículas menos 1. (Nep=Np-1)
3_A cada 4 partículas aglutinadas, deve haver uma abertura.
7
REGAS NAS FITAS
4_Nas linhas 11 e 12 o mínimo de partículas aglutinadas é de 3
5_Avenida Partor Martin Luther King Jr. é deslocada para entre as L11 e L12. Nessa entre linha não pode haver construção.
6_ As linhas 11 e 12 devem gerar colunas. Essas colunas devem ser de número mínimo igual ao número de particulas aglutinadas menos 1.
8
Planta Térrea_Ensaio 1
9
Corte Transversal_Ensaio 1
Corte Longitudinal_Ensaio 1
10
PRODUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCT
PRODUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCT
PRODUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCT
Implantação_Ensaio 2
PRODUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCT PRODUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCT
PRODUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCT
PRODUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCT
Implantação_Ensaio 3
PRODUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCT
Implantação_Ensaio 4 11
Corte Longitudinal_Ensaio 2
Corte Transversal_Ensaio 2
Corte Longitudinal_Ensaio 3
Corte Transversal_Ensaio 3
Corte Longitudinal_Ensaio 4
Corte Transversal_Ensaio 4 12
Hotel e Flat Entrecampos
Av. Sacadura Cabral 42 Entrecampos, Lisboa. Portugal.
● 18.000m² ● 5.000m² ● 13.000m²
Area Total Area Construida Area Livre
O Entorno do projeto é caracterizado pelo encontro de diferentes malhas urbanas devido a expansão de lisboa para fora dos muros. Hoje o terreno é ocupado por um estacionamento, subutilizado e marca-se no seu entorno o Museu do Campo pequeno, a Linha de trem, estação Entrecampos e Av. da República. O Uso residencial é predominante na região, os prédios tem 5 pavimentos ao média com uso do térreo comercial. O Projeto propõe dois edicífios principais, um Hotel e um Flat, ligados entre si, além de uma uma grande praça com area livre, biblioteca e edificações que serviriam para diversas atividades.
13
Planta Térrea
14
Planta do pav. de acesso
Planta do pav. tipo 15
Corte Transversal
Corte Longitudinal
16
Memorial Teórico
Escrito em conjunto com: Aline Loura Paula Bollentini Rodrigo D’ávila Lohana Collares
1_INTRODUÇÃO Lisboa, Portugal, é uma cidade com mais de 800 anos de história. Por ela já viveram vários povos de diversas culturas e modos de construir, habitar e pensar diferentes. Hoje a cidade é uma miscelânea de camadas de linguagens arquitetônicas resultantes da sua constante reconstrução por fatos específicos de sua história, como conquistas, reconquistas, terremotos, incêndios, expansão e especulação imobiliária. Tomemos exemplos opostos e suas formas de construir da cidade: O primeiro, o centro histórico e seus bairros adjacentes, assinalados com a marca “1” no mapa [Ver Imagem 1]. Com caráter principalmente residencial, a mão de obra empregada nessas construções não era especializada, os construtores dominavam a técnica construtiva de forma geral, como o empilhamento dos tijolos, a abertura de portas e janelas e produção dos moldes, etc. Certamente existia uma hierarquia de trabalhadores e possivelmente uma de linha de produção no canteiro, coisa que é possível desde os tempos de Brunelescchi, porém mais tímida do que temos hoje em nossas construções. O segundo exemplo é da Exposição Internacional de Lisboa de 1998 (Expo’98), onde um bairro foi construído para a exposição, no limite da cidade, assinalado no mapa com a marca “2” [Ver Imagem 1]. Na construção dos pavilhões foram usadas técnicas muito diferentes das usuais da cidade, edifícios e estruturas metálicas, concreto protendido, cascas e lajes treliçadas, etc. Por conta disso, a necessidade era de mão de obra altamente especializada, maquinário avançado e também um alto grau de industrialização dos elementos produzidos, pondo um cenário de dualidade do método de construir na cidade, duas lógicas opostas que convivem lado a lado. Nesse cenário de extremos que se insere o projeto, entre bairros de duas lógicas opostas, entre campos diferentes de atuação na produção arquitetônica e sua construção. O projeto consiste em dois edifícios principais, um menor: residencial multifamiliar; e um maior: hotel. 17
Imagem 1
Imagem 2
Como o edifício do hotel é de caráter mais efêmero (pois não existem habitantes constantes) todo o seu ritmo é mais acelerado e menos enraizado. As pessoas passam por ele, ficam por curtos períodos, sem vínculo com o local nem com a edificação. Por isso foi adotado a estrutura pré-fabricada, que não tem grande interação entre os agentes envolvidos em sua produção na fabrica, seu processo é simultâneo, porém não necessariamente conectado entre essas partes, ou seja, cada operário exerce sua função específica que não necessariamente precisa que a outra função esteja acabada, e muitas vezes elas ocorrem ao mesmo tempo, sem influencia. Além disso, neste processo não existe possibilidade de acompanhamento por um futuro usuário, por conta da sua fabricação alheia ao local onde será inserido. A construção não está na frente dos olhos da população que irá usá-la e passar por ela, não nasce no local e é trazida parte a parte e montada em um ritmo acelerado (modo de construir da Expo’98). Já no bloco residencial onde existe o vínculo dos seus moradores ao lugar onde possivelmente viverão gerações, gera-se um lugar de permanência, que traz camadas de lembranças, onde os que vivem ali tem relações próximas entre si e com os do entorno. Foi usado a estrutura de concreto armado e fechamento em alvenaria, que é o método construtivo mais comum na região, onde não é preciso ter mão de obra qualificada, possibilitando os moradores de participarem na construção de suas próprias habitações e fazer modificações futuras nas mesmas. Esse modo de construir é mais lento, requer cooperação entre as partes e é produzida no local do edifício, criando ainda mais vínculo com o terreno, modo de construir histórico de Lisboa. A partir das fundamentações teórica das questões levantadas por Sérgio Ferro e Walter Gropius sobre os métodos de construção de arquitetura e suas implicações econômicas e sociais, o projeto selecionado “Hotel e Residencial entrecampos” em Lisboa é analisado segundo a adequação ao uso da frase “Método de construir próprio de uma determinada cultura” (ARGAN,1930-64) aplicada no uso do edifício. Essa abordagem da tectônica será apresentada em dois grupos: Habitação, Sérgio Ferro e a construção in loco e Hotel, Gropius e a construção industrializada. 18
1_DESENVOLVIMENTO Habitação, Sérgio Ferro e a construção In Loco Habitação é o nome dado ao espaço onde o ser humano se abriga, onde o indivíduo vive. É um espaço de permanência do homem, onde ele se cria e cresce para ser o ponto central da própria habitação, como um ciclo. O projeto apresenta seu bloco com programa residencial, usando uma técnica de construção comum a população da histórica Lisboa, o concreto in loco e vedações em alvenaria. A questão da habitação a ser levantada é sobre sua importância no panorama da cidade e na vida dos cidadãos, e como esse programa de papel tão importante deve ter um argumento igualmente central e forte em relação a tectônica de sua construção. É por isso que se busca em definições e estudos do filósofo alemão Martin Heidegger como dar o correto protagonismo ao ato de habitar e de construir a habitação. No texto de Sérgio Ferro, busca-se explicar a tectônica dessa parte do projeto, por seu foco nas relações pessoais dos trabalhadores e agentes da construção com o desenho arquitetônico e a gestão do canteiro de obras. Esse paralelo entre os autores tem como objetivo final a dissertação sobre todos os pontos importantes da realização de um programa tão central à cidade como a habitação: o programa, o desenho, a construção e a habitação “Parece que só é possível habitar o que se constrói. Este, o construir, tem aquele, o habitar, como meta. Mas nem todas as construções são habitações.” (HEIDEGGER, 1951)
O que Heidegger aponta como não habitações, são pontes, estádios, usinas elétricas, etc. Mas é possível fazer uma ligação com o que Sérgio Ferro defende em seu texto, onde o trabalhador operário, não constrói a habitação, ele participa de uma etapa, uma parte de um todo, onde o todo é o final, é a habitação. “O que diz então construir? A palavra do antigo alto-alemão usada para dizer construir, “buan”, significa habitar. Diz: permanecer, morar” (HEIDEGGER, 1951)
É ai que nasce o paradoxo de uma construção de habitações feita em técnicas de concreto armado in loco. O canteiro de obras, a construção sendo feita no local e pelas mãos dos próprios trabalhadores de forma manufatureira seria em si o habitar/construir de Heidegger em sua mais pura versão. Mas, como aponta Ferro, a divisão laboral e a repetição de pequenas ações desconectadas da execução como um todo faz com que o operário alienado, realiza apesar de todo seu potencial, uma ação idiotizada pela 19
segregação de tarefas e ordenação do desenho arquitetônico. “Quando se fala em habitar, representa-se costumeiramente um comportamento que o homem cumpre e realiza em meio a vários outros modos de comportamento. Trabalhamos aqui e habitamos ali. Não habitamos simplesmente. Isso soaria até mesmo como uma preguiça e ócio. Temos uma profissão, fazemos negócios, viajamos e, a meio do caminho, habitamos ora aqui, ora ali. Construir significa originariamente habitar.” (HEIDEGGER, 1951)
A definição de habitar sendo uma ação, como aponta Heidegger, é seu principal argumento para mostra que construir é habitar. Ou seja, o momento do canteiro, analisado tão a fundo por Ferro, é o momento de ápice do indivíduo que habita os edifícios na cidade, o indivíduo urbano. Ele constrói, logo habita. Ele ocupa um espaço na cidade e ali deixa sua própria imagem em forma de ações. “O que caracteriza [...] a divisão manufatureira do trabalho? Que o trabalhador parcial não produz mercadoria. Só o produto comum dos trabalhadores parciais transforma-se em mercadoria” (MARX apud FERRO 1976)
Ferro usa de citações de Marx para levantar a questão da divisão do trabalho. O principal ator do momento da construção, do momento de ação dentro de um canteiro de obras, é o operário. Um indivíduo que está submisso a ordens e desenhos para a elaboração de uma parte de um todo, a qual ele (operário) não tem compreensão absoluta. “Assim, se não contarmos as exceções de evidências primárias do que há que fazer, o próprio trabalhador deixa que seja encoberta de promovida obscuridade a significação para o conjunto de atos que exerce.” (FERRO, 1976)
Nesse trecho, Ferro demonstra a submissão do trabalhador ao desenho arquitetônico. O autor salienta que, em alguns exemplos, o desenho não passa de uma ferramenta de controle e supressão da força laboral já que, são casos onde a própria força em si conseguiria executar tais obras, sendo tão simplórias, pois as técnicas de construção não seriam fortemente mecanizadas nem tão especializadas. O desenho arquitetônico, atuando como soberano e ditador das atividades de cada agente num canteiro de obras, atua como um objeto de exclusão intencional segunda Ferro, suas consequências são programadas para esse fim. Passando ao canteiro, o autor disserta sobre as divisões em etapas e áreas de atuação independentes entre si em uma obra. Apoderando-se das teorias de Marx, ele diz que o canteiro funciona como exemplo para a aplicação da mais-valia e da alienação dos trabalhos, da construção de um objeto arquitetônico. 20
“ [...] a totalização do trabalhador coletivo é função particular, função do mestre. É dele que partem as ligações entre as equipes - e cada equipe só de sua cobertura abrangente recebe a substância que a mantém.” (FERRO, 1976)
Mas apesar de fatos fortes sobre a divisão laboral no processo de construção, algo já enraizado na cultura de construir, Ferro finaliza com argumentos que demonstram a importância do individuo que opera o maquinário, o individuo que constrói. O operário pode ser submisso ao desenho e alienado a uma específica e repetitiva etapa de construção, mas ele é o que Ferro chama de meio de produção que opera o maquinário. O mestre de obras coordena as atividades a partir de ordens lidas em planos e interpretadas por ele mesmo. Tais ordens vêm dos projetistas e cargos acima, que dita os resultados finais a distância. Mas é essa distância que faz perder a força desse poder soberano sobre o operário. Ele como o braço final das atividades e de função particular em um trabalho coletivo, vai ter impacto direto no objeto que move todas as teorias levantadas, o objeto arquitetônico: “O rosto frio do maquinário não pode iludir lá onde os meios de produção são de carne.” (FERRO, 1976) Hotel, Gropius e a construção industrializada O hotel é um habitar temporário e transitório que atende a uma grande variedade de usuários que se apropriam do mesmo espaço de maneiras diferentes, de acordo com as suas necessidades. Sendo assim, o local deve ser dinâmico, de rápida manutenção e adaptação. Sua tectônica deve atender a tal dinamismo, urgência e necessidade de concretude, e a produção industrial em larga escala de edificações vem sendo uma boa alternativa. Ela permite a construção de forma mais eficaz e rápida de partes iguais, que podem ser combinadas formando um todo dinâmico. Apropriando-se da teoria levantada por Walter Gropius, onde ele defende que as habitações não seriam fabricadas mais no canteiro de obra, mas dentro de fábricas especiais em partes isoladas passíveis de montagem. Essa defesa poderia ser aplicada a edificação do hotel, programa arquitetônico característico pela repetição e unidades iguais. Gropius defende que a modernização e a industrialização afeta a quase a totalidade de produtos consumidos pelas pessoas. Portanto define, assim como Ferro em seu texto, a construção como um produto arquitetônico. Gropius, comparando-o com outros produtos industrializados e Ferro comparando a divisão laboral no canteiro como uma linha de montagem em uma fábrica.
21
“Assim como hoje em dia 90% da população nem mais pensa em encomendar sapatos sob medida, limitando-se a usar produtos em série, …, no futuro cada indivíduo poderá encomendar no depósito a sua moradia adequada”. (GROPIUS, 1925. p.191)
A visão de um resultado arquitetônico como produto industrializado é interessante quando se aborda um edifício onde suas unidades vão ser alugadas,, sendo a estadia do indivíduo provisória. Caracteriza-se a comercialização do espaço, onde visa-se o lucro, e o que importa é a rapidez de entrega da edificação, o aproveitamento máximo de espaço por unidades e a fácil adaptação a uma gama de diferentes indivíduos (padronização). Segundo Walter Gropius, o problema da construção habitacional não foi até agora compreendido como uma combinação social, econômica, técnica e formal e por consequência não há um método eficiente e rápido de qualidade para sua produção em larga escala. Como, para ele, “a habitação humana é uma questão de necessidade das massas” (GROPIUS, 1925), faz-se necessário um método e administração em grande escala que se adapte às “exigências espirituais” do indivíduo que habita. O autor levanta a questão da problemática da habitação. Da crise vivida pelo homem moderno, onde a população mundial cresce em alta velocidade, e as técnicas de construção devem acompanhar esse ritmo para atender ao crescimento da procura por moradia. No caso do projeto analisado, tem-se um programa diferente do habitacional, aplica-se o conceito de Gropius a um hotel. Na abordagem de um edifício que abriga um complexo hoteleiro, também existe a procura alta por unidades de pernoite, ainda mais em uma cidade turística como Lisboa. Essa procura cria a situação de mercado inflado, onde quanto mais se produzir, mais se venderá. Por isso que a tectônica do pré-fabricado se aplica. Uma construção rápida e eficaz, que irá atender a procura do mercado exigente. No que Gropius argumenta para a questão habitacional, seria preciso que o tema fosse abordado sob o ângulo econômico organizacional, técnico e formal combinados interdependemente. Sendo assim, a produção industrial em larga escala de módulos pré-fabricados para habitações fixas e temporárias traria, a longo prazo, muitas vantagens graças a construção a seco. “(...) a construção a seco, (…), removeria as transtornantes alterações das partes da construção devido à umidade e a perda de tempo que o velho processo aquoso de construção acarreta.” (GROPIUS, 1925)
É essa montagem das partes individuais pré-fabricadas que seria a grande questão de eficácia e rápida produção, que ocorreria no próprio canteiro de obra, por meio de montagem, como se fossem peças de máquina. O impacto no local seria o mínimo, necessitando somente a preparação do terreno onde se pousariam as peças. Ainda seriam evitados problemas de encaixes desajustados por causa das medidas inexatas 22
Além disso, ocorreria uma redução nos custos, permitindo a construção de quartos de qualidade e mais acessíveis ao consumidor, com preços mais fixos e prazos mais curtos. “A ‘beleza’ será garantida por materiais bem trabalhados e uma edificação clara e simples, e não por ingredientes, - sob a forma de enfeites e perfis - mais ou menos estéticos, não condicionados pela obra e pelo material.” (GROPIUS, 1925)
O autor entra então em defesa do ponto de vista artístico. A violação das necessidades individuais não seria um problema com tal uniformização, tendo em vista que o alvo não seria a produção de casas inteiras mas sim de componentes padronizados que permitissem diferentes combinações (nesse caso os quartos seriam os componentes) e consequentemente, diversos tipos de diversos tamanhos mantendo a individualidade e criatividade. Ele defende que a “uniformização de elementos terá como consequência saudável o caráter harmonioso das novas casas” (GROPIUS, 1925) mas salienta que a aplicação de um sistema unificado de fabricação de casas deveria ser um esforço conjunto de vários especialistas do campo de construção nas cidades.
2_CONCLUSÃO Após esta profunda análise de tectônicas opostas, pode-se concluir que ambos os argumentos são válidos, pois atendem ao que lhe é proposto. Enquanto a construção in loco defende o poder do individuo construtor no ato da construção efetuando uma ação definitiva que vai marcar a cidade, a industrialização da construção defende o desmembramento desse processo, usando argumentos de velocidade, praticidade e dinamismo posicionando a construção molhada como um processo mais lento. Porém, mesmo mais lenta, essa apropriação do “construir caracteriza o habitar” justifica a escolha para o bloco residencial, enquanto no hotel, esse processo mais impessoal e rápido permite o dinamismo e fluidez que tal edificação o exige. Um fato relevante é que em ambos os casos pode-se observar um afastamento do Arquiteto do canteiro de obra, onde ele deixa de ser o artesão responsável por todo o saber, desde as fases iniciais do projeto até às técnicas construtivas. Agora, cada funcionário vira “especialista” em determinada etapa e, sendo assim, cabe ao arquiteto orquestrar a feitura da obra através do desenho de forma independente a tectônica adotada. “(...) a industrialização, mesmo tendo tido um desenvolvimento muito rápido nos últimos decênios, não constitui uma inovação radical dos processos produtivos, já que também na arquitetura do passado é possível encontrar sua premissa”. (ARGAN, 1930-64. p. 93).
23
Se o arquiteto se limitar a escolher seus elementos dentre as séries já produzidas pela indústria, de modo que seu processo de concepção e construção se reduza, na prática, a um processo de montagem, a sua faculdade inventiva não ficará por isso irremediavelmente comprometida? Porém seriam essas as formas adequadas de se determinar a tectônica? E quanto aos fatores sociais, políticos, econômicos e regionais? Determinar um modo de construir baseado apenas em defesas teóricas que desconsideram alguns desses fatores talvez seja um equívoco. “Nada de socialmente útil, nada que tenha um significado e um valor universais, pode ser feito através
de aparatos que funcionem com vistas às finalidades particulares da especulação: e assim como já o industrial design, nas suas expressões mais justas e rigorosas, se colocou como processo de reforma e planejamento da indústria pela finalidade especulativa, assim a industrialização da arquitetura, operando através da metodologia do design, não mais poderá de modo algum servir à especulação imobiliária, mas alcançará um valor estético ou universal apenas quando se realizar no plano da mais ampla e concreta socialidade.” (ARGAN, 1930-64).
Portanto, talvez a postura conclusiva do teórico Picon, seja a mais coerente para a resposta de tal questão. É evidente que o arquiteto detentor de tal escolha, deve abandonar a postura indiferente às questões econômicas, sociais e históricas da tectônica. Para que, assim, se possa tomar decisões conscientes sobre onde, o que, como e com o que se deve construir e até mesmo quando não construir. “O verdadeiro problema do cenário atual da arquitetura, nem é, na minha opinião, sua possível desmaterialização, e sim a ausência de uma agenda sócio politica bem definida, cada vez mais necessária.” (PICON, 2004, p.218).
Portanto, com essas novas possibilidades, surge, também, a nova responsabilidade do arquiteto de encontrar uma definição sobre o potencial que é projetar no presente, com as novas ferramentas tecnológicas e a industrialização da construção possibilita ir além da restrita capacidade humana. Porém, sem nunca se esquecer da responsabilidade de atender as pessoas no seu contexto social, cultural, político e econômico de forma combinada e coerente, pois, a construção nada mais é do que um abrigo para quem o habita.
24
Edifício Quartro
Rua Gov. Irineu Bornhausen Laranjeiras, Rio de Janeiro. Brasil
● 1070m² ● 500m² ● 640m²
Area Total Area Construida Area Livre
O projeto de residencia estudantil se propõe a deixar o máximo de espaço possível no térreo para uso público aonde se encontra áreas de uso institucional, restaurante, auditório e uma biblioteca. A curva tem o objetivo de dar leveza e movimento ao percurso proposto, se destacando e compondo harmonia com o entorno. Em sua praça aberta, os desenhos de piso tem como objetivo enfatizar linhas de força do edifício, assim como guiar quem passa por ela.
25
Planta Térrea
26
Planta do segundo pavimento
Planta Tipo
27
Corte Transversal
Corte Longitudinal
28
Refúgio
Ilha do Bom Jesus Fundão, Rio de Janeiro. Brasil
● 590m² ● 60m² ● 530m²
Area Total Area Construida Area Livre
O Projeto se localiza em meio a densa arborização, num terreno de grande declive, com vista direta para baia de guanabara e próximo a uma igreja do sec. 18. O objetivo era criar um refúgio para uma pessoa, com caratér instrospectivo e com forte ligação com a natureza. Assim, o grau de intimidade da casa é divida em dois espaços, o intímo e o super intimo, por uma perna de espaço livre, que se inicia em uma fogueira no térreo, e termina em uma varanda, suspensa, para poder contemplar a vista. A casa tembém possui painés giratórios que poder fecha-la totalmente, reservando seu caráter de refúgio.
29
Planta Térrea
30
Corte Longitudinal
Corte Transversal
31