ISSN 1680-7855
EAST WEST
PRÉMIO IDENTIDADE 2006 para Universidade de Macau e Luís de Guimarães Lobato Número 18 Fevereiro de 2007 Ilustração de Victor Hugo Marreiros
SEMINÁRIOS Lusofonia e Desporto Europa e Ásia China e África Timor
1º. ENCONTRO DE POETAS LUSÓFONOS E CHINESES
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Este número de Oriente/Ocidente teve o patrocínio da Fundação Jorge Álvares
ORIENTEOCIDENTE “newsletter” do IIM Instituto Internacional de Macau Número 18 Fevereiro de 2007
DESTAQUES
Editor Luís Sá Cunha Produção IIM Design Gráfico victor hugo design Impressão Tipografia Welfare Lda. Tiragem 1.500 exemplares Preço MOP 20.00/ 2.00
04 1º. ENCONTRO DE POETAS LUSÓFONOS E CHINESES 13 YAO JINGMING CONDECORADO PELO PRESIDENTE DA REPÚBLICA PORTUGUESA 03 SEMINÁRIO “LUSOFONIA, MEDIA E DESPORTO” 14 OS 1OS JOGOS DA LUSOFONIA
SEMINÁRIOS 16 16 17 17
REGIÕES E INOVAÇÃO NA EUROPA E ÁSIA MACAU E A COOPERAÇÃO CHINA-ÁFRICA DEBATE SOBRE TIMOR MESA REDONDA SOBRE O PATRIMÓNIO NA IDENTIDADE CULTURAL DE MACAU
VISITAS 18 VISITA OFICIAL DA ACADEMIA CHINESA DE CIÊNCIAS SOCIAIS A PORTUGAL 18 VISITA DO DEPUTADO JOSÉ CESÁRIO AO IIM
ACTIVIDADES DE VERÃO 20 PROGRAMA BILÍNGUE 20 “SUMMER TO GATHER” – CONHECER O MUNDO NO IIM
EXPOSIÇÕES 21 “UMA FLOR DE LÓTUS NA LUSOFONIA” – MOSTRA SOBRE MACAU EM S.PAULO 21 EXPOSIÇÃO “MACAU-PATRIMÓNIO MUNDIAL” EM FREMONT, CALIFÓRNIA
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© Ma Chi Son
PROTOCOLOS 22 PROTOCOLO PARA A PROMOÇÃO DO PATRIMÓNIO E CULTURA DE MACAU 22 PROTOCOLO COM A ASSOCIAÇÃO DOS MACAENSES (ADM) SOBRE O 24 DE JUNHO
NOSSOS SÓCIOS 22 JORGE RANGEL NA ACADEMIA PORTUGUESA DA HISTÓRIA E NA UNIVERSIDADE DE MACAU 23 MANUEL SILVÉRIO ASSUME PRESIDÊNCIA DA ACOLOP
COMUNIDADE MACAENSE 23 CERIMÓNIAS DE ENTREGA DO PRÉMIO IDENTIDADE 2006 24 HENRIQUE DE SENNA FERNANDES – DOUTOR “HONORIS CAUSA” 25 COZINHA MACAENSE NOS MENUS AMERICANOS 25 NOVA DIRECÇÃO DA CASA DE MACAU DO RIO DE JANEIRO
CULTURA E LUSOFONIA 25 REAL GABINETE DE LEITURA DO RIO DE JANEIRO - VISITAS ONLINE 26 EDIÇÃO DE “MACAU NO V IMPÉRIO” DE AGOSTINHO DA SILVA. 27 FILIPE DE SOUSA
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1º. Encontro de Poetas Lusófonos e Chineses Macau 2006
O “1º. Encontro de Poetas Lusófonos e Chineses – Macau 2006” teve lugar entre os dias 7 e 11 de Outubro, em Macau. Esta iniciativa, organizada pelo Instituto Internacional de Macau (IIM), pela Fundação Jorge Álvares e pelo Centro Nacional de Cultura, teve o apoio da Comissão Organizadora dos 1os. Jogos da Lusofonia, da Fundação Gulbenkian e da Fundação Macau – Centro UNESCO, tendo o encontro sido integrado no programa cultural dos Jogos. O objectivo e interesse dos organizadores centrou-se na promoção de um movimento cultural de diálogo entre a cultura chinesa e o universo da lusofonia, visando o alargamento de uma civilização do universal, e esperando a realização de outros Encontros no futuro. Assim, o campo do desporto foi acompanhado pela digressão cultural, e Macau distinguiu-se nesta acção de convocação da unidade lusófona e de intercâmbio sino-lusófono. O Encontro trouxe a Macau alguns dos mais destacados nomes do panorama poético da Lusofonia, naturais de Portugal, Brasil, Angola e Moçambique, nomeadamente Fernando Echevarría, Pedro Tamen, Gastão Cruz, Fernando Pinto do Amaral, Ana Luísa Amaral, Armando Silva Carvalho, Fernando Luís Sampaio, Ana Paula Tavares, e António Cícero, numa selecção do Centro Nacional de Cultura. Também o grupo chinês de poetas foi seleccionado, convocando a Macau nomes como Duo Duo, Duo Yu, Gu Xuer, Huang Lihai, Lan Lan, Lu Weiping, Shu Cai, Tian Yuan, Yan Li, Yin Lichuan, e Yu Xiang, vozes conhecidas, na China e no estrangeiro. A organização do Encontro contou com a importante colaboração do poeta e tradutor Yao Jingming, professor da Universidade de Macau. Um primeiro encontro entre os poetas lusófonos e chineses teve lugar na Gruta Camões, onde foi depositada uma coroa de flores. Idêntica cerimónia de homenagem decorreu junto à campa de Camilo Pessanha no Cemitério de São Miguel. Seguiu-se a sessão de abertura do programa oficial do Encontro, no auditório do IIM, onde foi apresentada a edição especial “Poetas e Poemas”, composta por uma selecção de poemas de cada um dos poetas participantes, em Português e Chinês, com tradução de Yao Jingming.
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Os painéis do Encontro contribuiram para um vasto e profundo intercâmbio sobre o panorama actual e os principais movimentos e tendências das poesias portuguesa e chinesa, reflectir sobre o fenómeno comum da “expulsão da poesia da cidade” e lançar caminhos para futuros encontros e intercâmbios. Do programa do Encontro constaram lançamentos e apresentações de edições, ofertas de livros, momentos de declamação e música chinesa, sessões de convívio, diálogo entre poetas visitantes e escritores chineses locais bem como com alunos da Escola Portuguesa de Macau.
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Alguns acontecimentos culturais enriqueceram o programa do Encontro. No dia 9, teve lugar o lançamento da terceira edição de “Lin Tchi Fá – Flor de Lótus”, livro de poemas da autoria de Maria Anna Acciaioli Tamagnini. Ocorreu também no dia 9 a abertura de uma exposição fotográfica dos poetas Yu Jian e Yao Jingming no Centro UNESCO. Durante todo o Encontro, esteve patente uma exposição de 24 “posters” no IIM, que constitui uma narrativa foto-bio-bibliográfica sobre Agostinho da Silva, organizada pelo Elos Clube de Macau que se associou também a um convívio. O Encontro terminou no dia 11, com uma recepção aos poetas e comitivas pelo Cônsul-Geral de Portugal, Dr. Pedro Moitinho de Almeida, na residência oficial. Durante a recepção na residência consular realizou-se a cerimónia pública de atribuição da condecoração Grau de Oficial da Ordem Militar de Santiago de Espada, destinada a distinguir o mérito nas letras, ciências e artes, concedida pelo Presidente da República Portuguesa ao poeta e tradutor Yao Jingming.
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Dois poemas
ZEITGEIST Fernando Pinto do Amaral Os meus contemporâneos falam muito e dizem: “Então é assim”, com o ar desenvolto de quem se alimenta do som da própria voz, quando começam a explicar longamente as actuais tendências das artes ou das letras ou das sociedades a pouco e pouco iguais umas às outras neste primeiro mundo em que nascemos, agora que o segundo deixou de existir e que o terceiro, mais guerra, menos fome, continua abstracto, em folclore distante.
Devolvam-me… Yan Li Devolvam-me Devolvam-me aquela porta sem fechadura Mesmo que já não ligue a nenhum quarto, devolvam-me Devolvam-me o galo que me acordava todas as manhãs mesmo que tenha sido comido, devolvam-me os ossos Devolvam-me o canto do pastor que soava na encosta da montanha mesmo que tenha sido gravado em cassete, devolvam-me a flauta Devolvam-me o espaço do amor mesmo que tenha sido poluído, quero ainda o direito à protecção do ambiente Devolvam-me a boa relação com os meus irmãos e as minhas irmãs mesmo que só tenha meio ano da vida, devolvam-me Devolvam-me todo o globo Mesmo que tenha sido dividido em mil países em cem milhões de aldeias ainda o quero.
Parece que está morta a metafísica e que a verdade adormeceu, sonâmbula, nos corredores vazios onde às escuras se vão cruzando alguns milhões de frases dos meus contemporâneos. Todavia, falam de tudo com o entusiasmo de quem lança “propostas” decisivas e percorre as “vertentes” de novos caminhos para a humanidade, enquanto saboreiam a cerveja sem álcool, o café sem cafeína e sobretudo o amor sem amor, para conservarem o equilíbrio físico e mental. Os meus contemporâneos dizem quase sempre que não são moralistas, e é por isso que forçam toda a gente, mesmo quem não quer, a ser livre, saudável e feliz: proíbem o tabaco e o açúcar e se por vezes sofrem, tomam comprimidos porque a alegria é uma questão de química e convém tê-la a horas certas, como o prazer vigiado por preservativos sentir que morrem cheios de saúde. Quando contemplo os meus contemporâneos Entre as conversas e os lugares da moda, “tropeço de ternura”, queria ser pelo menos tão ingénuo como eles, partilhar cada frémito dos lábios, a labareda vã das gargalhadas pela madrugada fora. No entanto, assedia-me a acédia de ficar assim, mais preguiçoso que um Oblomov à escala portuguesa – oh doce anestesia a invadir-me o corpo, a libertar-me desse feitiço a que se chama o “espírito do tempo”em que vivemos, sob escombros de um céu desmoronado em mil pequenos cacos ainda luminosos, virtuais estrelas que se apagam e acendem à flor de todos os écrans que os meus contemporâneos ligam e desligam cada dia que passa, nunca se esquecendo de carregar nas teclas necessárias para a operação “save” e assim alcançarem a eternidade.
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Duo Duo é uma voz incontornável da poesia chinesa da actualidade. Nasceu em Pequim em 1952 e foi uma das vozes mais representativas do famoso grupo de poetas Hoje. A partir de 1990 fixou-se na Holanda onde deu aulas de Língua e Cultura Chinesa. Tem várias obras publicadas em Chinês tais como Rios em Amsterdão (1999), Poemas de Duo Duo, para além de muitos poemas traduzidos para Inglês, Francês, Holandês e Português. Em 2002 voltou à China e actualmente é professor convidado na Universidade de Hainan.
Duo Yu, poeta, crítico e investigador, nasceu em 1973 na Província de Shandong e é licenciado em Literatura Chinesa pela Universidade Normal de Pequim. Actualmente, vive em Tianjin. Foi um dos fundadores do movimento vanguardista Xianbanshen, iniciado em 2000 e que exerceu marcante influência na moderna poesia chinesa. Publicou vários livros, de crónicas e de poesia, como Breve História de Dez Mil Indivíduos e A Morte dos Cidadãos, para além de organizar a grande compilação Sobre o Poente, Breve Esboço Sobre a China, sobre a história e cultura da China. Foi também coordenador da revista de poesia Presença e Política.
Gu Xuer, poetisa e escritora, licenciada pelo Instituto de Radiodifusão de Pequim, é membro da Associação dos Escritores de Guangdong e escritora convidada da Academia de Literatura de Guangdong. Publicou Poemas de Gu Xuer, Antologia de Poemas de Gu Xuer e Virar a Cara (romance). Está a preparar a publicação de Último Sacrifício dos Naxis pelo Amor. Actualmente é professora convidada na Universidade de Shenzhen. ORIENTEOCIDENTE 8
Huang Lihai, poeta e editor, nasceu em Zhanjiang, na Província de Guangdong em 1971. Licenciou-se pela Universidade de Pequim e presentemente é dramaturgo no Grupo de Dança e Canto de Cantão. Como editor, organizou e editou numerosas antologias de poesia chinesa ou de autores estrangeiros entre os quais se destaca Antologia de Eugénio de Andrade que teve um grande eco entre os poetas chineses. Ganhou vários prémios e está seleccionado em muitas antologias. Em 2005 publicou o livro de poesia Sei tão Pouco sobre o Destino.
Lan Lan, poetisa e ficcionista, nasceu em Yantai, na província Shandong, em 1967. Licenciada em Literatura Chinesa pela Universidade Henan em 1988, trabalhou como funcionária e redactora de revistas literárias. Actualmente trabalha na Academia de Literatura da Província de Henan. Começou a publicar poemas desde os catorze anos tendo várias obras já publicadas como Vida no Coração, Poemas de Lan Lan. Além de poesia, também escreve contos infantis e crónicas. Em 1996, ganhou o Anne Kao Poetry Prize. Em 2005 foi seleccionada como uma das dez melhores poetisas da China.
Lu Weiping, poeta, nasceu na Província de Hubei em 1965 e licenciou-se em Literatura Chinesa. Trabalhou sucessivamente como professor, gerente e actualmente é vice-presidente da Associação dos Escritores de Zhuhai e membro da Associação dos Escritores da China. Publicou três livros de poesia: Rato na Terra Natal e Os Ramos Inclinados para Baixo e Vida Terrestre.
Está representado em numerosas antologias e ganhou dezenas de prémios tanto nacionais como regionais.
Shu Cai, poeta e investigador, nasceu em Fenhua, na Província de Zhejiang, em 1965 e é licenciado em Língua e Cultura Francesa pela Universidade de Línguas Estrangeiras de Pequim. De 1990 a 1994 foi diplomata na Embaixada da China acreditada no Senegal. Em 2000 entrou no Instituto de Literatura Estrangeira pertencente à Academia das Ciências Sociais da China na qualidade do investigador da literatura francesa. Já publicou O Solitário (poesia, 1997) e Espreitar (crónica, 2000) e tem poemas traduzidos para Inglês, Francês, Espanhol, Italiano e Árabe. Tian Yuan, poeta e investigador, nasceu em 1965 em Luohe, na Província de Henan. Estudou no Japão no início da década de noventa sendo actualmente professor na Universidade de Tohoko e investigador na Universidade de Tóquio. Como poeta, publicou quatro livros de poesia e ganhou vários prémios na China, Taiwan e nos Estados Unidos. Em 2002, ganhou o Prémio do Primeiro Concurso Literário dos Estudantes Estrangeiros com um poema escrito em japonês. Publicou em japonês O Nascimento da Costa e vários ensaios. É coordenador da Antologia de Poetas Chineses da Nova Geração em versão japonesa. Além de poesia, também escreve novelas e contos em Japonês.
Yan Li, poeta e pinto, nasceu em Pequim em 1954 e é um dos fundadores do grupo de pintores vanguardistas Estrelas que teve uma grande
influência na década de oitenta. Em 1985 foi viver para os Estados Unidos onde criou a revista literária Uma Linha. Fez várias exposições de pintura na China, nos Estados Unidos e no Japão e foi convidado para ler poemas ou fazer palestras em numerosas universidade americanas. É autor de Talvez Este Poema Seja Bom (poesia, 1991), Produtor do Crepúsculo (poesia,1993), Poemas de Yan Li (poesia 1995), Volto para Casa com a Língua Materna (novela e conto, 1995) e Assisti ao Incidente de 11 de Novembro (romance, 2002).
Yin Lichuan, poetisa, ficcionista e realizadora de cinema. Nasceu em 1973 em Chongqing, na província de Sichuan e é licenciada pela Universidade de Pequim. Estudou em Paris e vive actualmente em Pequim. É considerada uma dos poetas mais importantes da poesia vanguardista da China sendo autora de várias obras, quer de poesia quer de ficção. Realizou um filme sobre a vida da mulher chinesa para além de alguns documentários. Yu Xiang, poetisa, nasceu na década de setenta sendo uma das poetisas mais representativas da actualidade. Ganhou o XI prémio de Poesia Rougang e traduziu para Chinês alguns poetas americanos. Vive em Jinan, capital da Província de Shandong.
Ana Luísa Amaral nasceu em Lisboa, a 5 de Abril de 1956. Vive, desde os nove anos, em Leça da Palmeira. Tem um doutoramento em Literatura Norte-Americana, sobre a poesia de Emily Dickinson e é Professora Associada na Faculdade de Letras do Porto. Tem publicações académicas (em Portugal e no estrangeiro) nas áreas de Literatura Inglesa, Literatura Norte-Americana, Literatura Comparada e Estudos Feministas. Co-organizou o Dicionário de Crítica Feminista (Afrontamento, 2005). A sua obra está representada em numerosas antologias portuguesas e estrangeiras, e traduzida para várias línguas, como Castelhano, Inglês, Francês, Árabe, Alemão Holandês, Russo, Húngaro, Búlgaro, Romeno, Polaco e Croata.
Ana Paula Tavares, nascida na Huíla, sul de Angola em 1952, é poetisa, historiadora e Mestre em Literaturas Africanas. Tem poesias dispersa em jornais e revistas de Angola, Brasil, Portugal, Alemanha, Suécia e Canadá e tem livros de poesia publicados em Angola (Ritos de Passagem) e em Portugal: O Lago da Lua, 2000; Dizes-me Coisas Amargas Como os Frutos, 2001, Prémio Mário António de poesia 2004 da Fundação Calouste Gulbenkian, e Ex-Votos, 2003. Os seus trabalhos em prosa incluem títulos como: O Sangue da Buganvília, A cabeça de Salomé, e Os olhos do Homem que chorava no Rio. Tem também trabalhos sobre História e Literatura Angolana.
António Cícero, poeta e ensaísta, nasceu no Rio de Janeiro em 1945. É autor
dos livros de poemas Guardar (Rio de Janeiro: Record, 1996, e Vila Nova de Famalicão: Quais, 2002) e A cidade e os livros (Rio de Janeiro: Record, 2002, e Vila Nova de Damalicão, 2006), do livro de filosofia O mundo desde o fim (Rio de Janeiro, Francisco Alves, 1995) e do livro de ensaios sobre poesia e arte Finalidades sem fim (São Paulo: Companhia das Letras, 2005). António Cícero é também compositor de inúmeras letras de música popular, tendo parceiros como Marina Lima, Adriana Calcanhotto, João Bosco e Caetano Veloso, entre outros. Seu poema Guardar está incluído na antologia Os cem melhores poemas brasileiros do século, organizada por Italo Moriconi (Objectiva, Rio, 2001).
Armando Silva Carvalho nasceu em Olho Marinho (Óbidos) em 1938. Licenciado em Direito pela Universidade de Lisboa, exerceu advocacia por pouco tempo, optando pelojornalismo, ensino, publicidade e tradução. Revelou-se como poeta em 1965 com Lírica consumível que ganhou o Prémio de Revelação da APE. Obras Publicadas incluem: Lisboas (2000) (Prémio Luís Miguel Nava); A Vigança de Maria de Noronha, Menção Honrosa do Prémio Cidade de Lisboa; O Homem que sabia a Mar (2001) (Prémio Fernando Namora). Está traduzido em Castelhano, Russo, Francês, Inglês, Alemão, Italiano e Neerlandês.
Fernando Echevarría nasceu a 26 de Fevereiro de 1929 em Cabezón de la Sal. Cursou Humanidades em Portugal, Filosofia e Teologia em Espanha. Exilado em Paris desde 1961, parte para Argel em fins de 1963, regressando
àquela cidade em meados de 66. Aí reside desde então. Obras publicadas, incluem: Sobre os Mortos – 1991 – Afrontamento/Poesia. Grande Prémio de poesia APE 1991; Uso de Penumbra – 1995. Afrontamento/Poesia. Prémio complementar Eça de Queirós.
Fernando Luís Sampaio nasceu em Moçambique, em 1960. Licenciou-se em Línguas e Literaturas Modernas pela Universidade de Lisboa. O seu primeiro livro de poemas, Conspirador Celeste (Lisboa, 1981), ganhou o Prémio Revelação de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores. Está traduzido em Espanhol, Francês, Italiano e Romeno. Obras publicadas incluem títulos como: Falsa Partida, Sólan, Hotel Pimodan e Escadas de Incêndio. Colabora em várias revistas e jornais.
Fernando Pinto do Amaral nasceu em Lisboa em 1960, frequentou a Faculdade de Medicina, mas abandonou o curso por falta de vocação, vindo a licenciar-se em Línguas e Literaturas Modernas, concluindo o Mestrado e o Doutoramento em Literatura Portuguesa. É Professor do Departamento de Literaturas Românicas da Faculdade de Letras de Lisboa. Publicou cinco livros de poesia – Acédia, Assírio & Alvim, 1990; A Escada de Jacob, Assírio & alvim, 1993; Às Cegas, Relógio d’Água, 1997; Poesia Reunida: 1990/2000 (incluindo o inédito A cinza do Último Cigarro), Dom Quixote, 2000, e Pena Suspensa, Dom Quixote, 2004; e traduziu integralmente As Flores do Mal, de Baudelaire e toda a poesia de Jorge Luís Borges. Pertence à direcção da Fundação Luís Miguel Nava e ao Conselho Editorial
da revista Relâmpago, assim como de várias outras publicações literárias.
Gastão Cruz nasceu em Faro, em 1941. Licenciou-se em Filosofia Germânica pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Desenvolveu intensa actividade crítica e ensaística, estando esse trabalho reunido no livro A Poesia Portuguesa Hoje (1973, reeditado em 1999). É um dos directores da Fundação Luís Miguel Nava e da revista de poesia Relâmpago, publicada pela mesma instituição. Dos seus livros, destacam-se títulos como Outro Nome (1956), As Aves (1969), Teoria da Fala (1972), Órgão de Luzes (1981), O Pianista (1984), As Leis do Caos (1990), As Pedras Negras (1995).
Pedro Tamen nasceu em Lisboa, em 1934 e estudou Direito na Universidade de Lisboa. Entre 1958 e 1975 foi director da Editora Moraes e depois, até 2000 (data em que se retirou da actividade profissional), administrador da Fundação Calouste Gulbenkian. Foi presidente do P.E.N. Clube Português (1987-90), membro da Direcção e presidente da Assembleia Geral da Associação Portuguesa de Escritores. Tem poemas traduzidos e publicados em Francês, Inglês, Espanhol, Italiano, Alemão, Neerlandês, Sueco, Húngaro, Romeno, Checo, Eslovaco, Búlgaro e Letão e tem desenvolvido uma intensa actividade de tradutor literário, obtendo em 1990 o Grande Prémio da Tradução. À sua poesia foram atribuídos o Prémio D. Dinis (1981), o Prémio da Crítica (1991), o Grande Prémio Inapa de Poesia (1991), o Prémio Nicola (1997), o Prémio da Imprensa e o Prémio do PEN Clube (2000). ORIENTEOCIDENTE 9
Casas de Ópio
Niu-Lang
Nos kakimonos, de papel pintado, Os dragões saltam, riem as carrancas, E entre as nuvens do fundo acobreado Os deuses montam em cegonhas brancas.
Pintava as sobrancelhas, já arqueadas, Com tinta negra e fina de Nanquim, E os seus braços, de veias azuladas, Enfeitava a pulseiras de marfim.
Sobre as lacas polidas, luzidias, Há figuras, marfim de alto-relevo, Finas silhuetas de mulheres esguias, Sorrindo aos deuses num profundo enlevo.
A seguir, era os olhos que ensombrava, Alongando-os de um traço arroxeado, E os lábios, delicados, carminava, Sentada ao espelho, num coxim bordado.
Na sua luz mortiça, vão ardendo As lamparinas clássicas, chinesas. Nos cachimbos o ópio vai fervendo Ao contacto das lâmpadas acesas.
Dois pregos de oiro antigo seguravam Os seus negros cabelos, corredios, E os anéis de brilhantes faiscavam Nos seus dedos de opala, muito esguios.
Nas esteiras, em lânguido abandono, Adormecem já os fumadores. Vencidos pelo poder fatal do sono Esqueceram da vida os dissabores.
O sol, que ia baixando lentamente, Afogueava, num róseo colorido, As finíssimas pérolas do Oriente Pregadas no cetim do seu vestido.
Corpos que pelo ópio emagrecidos Se perdem nas cabaias de cetim. Contornos vagos, rostos abatidos Da cor da cera virgem, do marfim.
E, das brancas magnólias do jardim, Um aroma subia, estonteador, À pequenina alcova carmesim, Onde Niu-Lang vendia o seu amor.
ORIENTEOCIDENTE 10
Lançamento da 3ª Edição de
“Lin-Tchi-Fa – Flor de Lótus”
A 3ª edição de “Lin-Tchi-Fa – Flor de Lótus” de Maria Anna Acciaioli Tamagnini foi apresentada dia 9 de Outubro aos participantes do 1º Encontro de Poetas Lusófonos e Chineses numa sessão que contou com as intervenções do Embaixador José Manuel Duarte de Jesus e do Coronel Mariano Tamagnini Barbosa, filho da autora que durante os anos de 1920 viveu Macau. Além da colaboração que deu a jornais e revistas, tanto em prosa como em verso, Maria Anna Acciaioli Tamagnini viu os seus poemas orientais reunidos num volume publicado pela primeira vez em 1925, com o título “Lin Tchi Fá – Flor de Lótus” e o subtítulo “Poesias do Extremo Oriente”, que deixou de figurar nas reedições. A obra foi recebida com curiosidade e elevado apreço por jornais e críticos literários da época, até porque se tratava de um primeiro livro de temática extremo-oriental de uma poetisa portuguesa. Uma segunda edição foi lançada em 1991 integrando a colecção “Poetas de Macau” do Instituto Cultural de Macau. A presença do filho da poetisa, Coronel Mariano Alberto Tamagnini Barbosa, oficial reformado da Força Aérea Portuguesa e actual presidente do Conselho de Curadores da Fundação Casa de Macau, deu um ainda maior significado à sessão de lançamento, que decorreu no auditório do Instituto Internacional de Macau. Foi com palavras carregadas de emoção que Mariano Tamagnini Barbosa partilhou as suas vivências de Macau, sua terra querida, e expressou a sua satisfação por poder acompanhar tão de perto a apresentação da nova edição daquela obra. Por outro lado, a moldura humana que enquadrou aquela sessão não podia ter sido mais perfeita, já que na sala estavam os participantes no 1º. Encontro de Poetas Lusófonos e Chineses, que uma conjugação feliz de boas vontades permitiu que fosse realizado em Macau, complementando os 1os Jogos da Lusofonia. A receptividade foi tão positiva que alguns dos mais consagrados poetas da República Popular da China presentes propuseram, sem hesitação, que se fizesse a versão chinesa dos poemas, alguns dos quais foram declamados na ocasião. A terceira edição de “Lin Tchi Fa – Flor de Lótus” é edição da Editorial Tágide, de Lisboa, e teve o patrocínio da Fundação Jorge Álvares.
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Exposição Fotográfica de Yao Jingming e Yu Jian Teve lugar no dia 9 de de Outubro, no âmbito do programa do 1º. Encontro de Poetas Lusófonos e Chineses, a inauguração da exposição fotográfica dos poetas Yao Jingming e Yu Jian. O evento contou com a presença de distintos convidados, como o CônsulGeral de Portugal em Macau, Pedro Moitinho de Almeida, o Embaixador Duarte de Jesus, o Vice-Director do Comissariado dos Negócios Estrangeiros da RPC na RAEM, Huang Song Fu, e o representante do Conselho de Administração da Fundação Macau, Wu Zhiliang. Várias personalidades do mundo literário de Macau foram também convidadas a participar e a conhecer de perto os poetas chineses. A exposição foi organizada com a colaboração do Centro UNESCO e da Fundação Macau.
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Yao Jingming Condecorado pelo Presidente da República Portuguesa
Grau de Oficial da Ordem Militar de Santiago de Espada
No contexto do 1º. Encontro de Poetas Lusófonos e Chineses, e por ocasião da recepção oficial oferecida aos participantes pelo Cônsul-Geral de Portugal em Macau, Pedro Moitinho de Almeida, realizou-se a sessão pública de atribuição da condecoração Grau de Oficial da Ordem Militar de Santiago de Espada, atribuída pelo Presidente da República Portuguesa ao tradutor e poeta Yao Jingming pelos serviços prestados à língua e cultura portuguesas. Yao Jingming, que integrou também a comissão organizadora do Encontro coordenado por Luís Sá Cunha, nasceu em Pequim, em Janeiro de 1958 e é docente da Universidade de Macau deste Setembro de 1994. Licenciado em Língua e Cultura Portuguesas pelo Instituto de Línguas Estrangeiras de Pequim, fez o mestrado em Literatura Portuguesa na Universidade de Macau, doutorando-se depois em Literatura Comparada na Universidade de Fudan, Xangai. Cônsul-Geral de Portugal em Macau, Pedro Moitinho de Almeida com Yao Jingming
Traduziu a “História Concisa da Literatura Portuguesa”, de António José Saraiva, “A Cabaia”, de Deolinda Conceição, uma Antologia de Poesia Moderna de Portugal em colaboração com Sun Chen Gao, e livros de poesia de Eugénio de Andrade, Sophia de Mello Breyner e Alberto Estima de Oliveira. Publicou numerosos artigos e ensaios em revistas e jornais, bem como as seguintes obras: “Nas Asas do Vento Cego”,“Confluência”, em parceria com Jorge Arrimar, “Viagem por Momentos”, “A Noite Deita-se Comigo” e “Fragmentos: O Olhar de Henrique de Senna Fernandes”, em colaboração com Lúcia Lemos.
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Seminário Lusofonia, Media e Desporto Fruto do protocolo firmado em Dezembro de 2005 entre o Instituto Internacional de Macau (IIM) e a Associação Portuguesa de Imprensa (API), o seminário Lusofonia, Media e Desporto decorreu nos dias 5 e 6 de Outubro no IIM com o apoio da Comissão Organizadora dos 1ºs Jogos da Lusofonia. Integrado no programa de actividades culturais dos Jogos, o Seminário trouxe a Macau representantes de órgãos da imprensa desportiva dos Países de Língua Portuguesa, convocando também personalidades como o Secretário de Estado de Juventude e Desporto, Laurentino Dias, o Presidente do Comité Olímpico Português, Comandante Vicente Moura, ex-Secretário Geral do Comité Olímpico Português, David Sequerra, o ex-ministro José Luís Arnaut e o Presidente da API, João Palmeiro. Um dos pontos essenciais do debate foi a apresentação do “Estudo Independente sobre o Desporto Europeu”, pelo seu autor, José Luís Arnaut. O estudo, encomendado pela União Europeia, centra-se sobre questões de harmonização legislativa e resultou da iniciativa da presidência inglesa da UE. A versão portuguesa deste estudo foi apresentada pela primeira vez neste seminário.
1os Jogos da Lusofonia Oriundos de quatro continentes, os participantes nos 1 os Jogos da Lusofonia juntaram-se em Macau para o primeiro grande evento desportivo da Associação dos Comités Olímpicos de Língua Oficial Portuguesa (ACOLOP), constituída em meados de 2004 em Lisboa. Com início a 4 de Outubro, esta edição dos Jogos da Lusofonia foi a primeira grande manifestação desportiva da ACOLOP. Os primeiros jogos da Lusofonia reuniram em Macau um total de onze países e regiões onde se fala Português, e contaram com uma participação de cerca de 760 atletas oriundos de Macau, Portugal, Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Moçambique, TimorLeste, Índia (Goa) e Sri Lanka. Os Jogos envolveram as modalidades de futsal, futebol, basquetebol, ténis de mesa, taekwondo, atletismo, voleibol de recinto coberto e voleibol de praia. O Brasil, com um total de 57 medalhas, foi o país mais premiado nestes Jogos da Lusofonia, seguido de Portugal, com 51. O Sri Lanka, Moçambique e Cabo Verde também conseguiram medalhas de ouro. A terceira delegação mais premiada, porém, foi a de Macau, com um total de 14 medalhas de bronze. As próximas edições estão praticamente garantidas, já que Portugal assegurou a realização dos jogos em 2009 e a Índia e o Brasil candidataram-se para a terceira edição, em 2012.
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Regiões e Inovoção na Europa e Ásia
Macau e a Cooperação China-África
O Instituto Internacional de Macau e a Fundação Ásia-Europa co-organizaram a sessão “Knowledge Regions and Innovation in an era of Globalisation: Challenges and Opportunities for Europe and Asia”, apresentada pelo Dr. Miguel Santos Neves. A sessão, realizada no dia 29 de Setembro, integrou-se na 16ª “Asia Lecture Tours”, Programa de Diálogo de Culturas e Civilizações, Fundação de Ásia Europa. Na era da globalização, as sociedades e a comunidade internacional confrontam com as principais mudanças estruturais quando enfrentam a emergência da "sociedade conhecimento". A natureza do processo da criação e da difusão do conhecimento tem conduzido à emergência de economias locais e regionais, que se afirmam como áreas fundamentais para a interacção económica, política e social. Na comunidade internacional assistimos simultaneamente à formação de macroregiões e micro-regiões do “conhecimento”. Na Europa e na Ásia, testemunhamos uma intensificação de redes transnacionais, como a Catalunha, Baden-Wurttemberg, e Uusimaa na Europa e o triângulo de JohorSingapura, a região sul da China, e Osaka e Kyoto no Japão. Algumas das regiões de conhecimento desenvolveram mecanismos de promoção dos seus interesses através de uma “paradiplomacia” autónoma, que se tornou um dos pilares da sua competitividade na economia global. Miguel Santos Neves, doutorado pela “London School of Economics and Political Science” (LSE), University of London, é actualmente o Director do Programa Ásia no Instituto dos Estudos Estratégicos e Internacionais (IEEI) em Lisboa, onde coordena projectos de investigação em áreas diversas como as relações bilaterais da China-União Europeia, relações externas de Regiões Administrativas Especiais de Macau e Hong Kong, relações externas da União Europeia com Ásia, comunidades empresariais chinesas em Portugal e a segurança da Europa e do Sudeste Asiático
O seminário Cooperação China-África: a plataforma de Macau, iniciativa do Instituto do Oriente, ISCSP-UTL, realizou-se a 25 de Setembro no Instituto Internacional de Macau, com a intervenção dos Professores Doutores Narana Coissoró e Heitor Romana, e do Embaixador Duarte de Jesus. Feita uma breve exposição dos desenvolvimentos recentes no vector africano da política externa chinesa, foi contextualizado o “Fórum Macau” no relacionamento China-África. Foram também identificadas algumas consequências positivas e negativas que, na perspectiva dos países africanos de língua portuguesa, da União Europeia e EUA, acompanham o investimento diplomático, económico e comercial da China no continente africano. Na opinião dos oradores e de participantes como o Secretário Executivo Adjunto da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa), o Embaixador José Tadeu Soares, e o presidente do Conselho Empresarial da CPLP, o Dr. Francisco Mantero, Portugal carece de um posicionamento claro e estratégico que potencie as vantagens de que dispõe, comparativamente à China, no ambiente de negócios dos países africanos de língua portuguesa. No que se refere a uma eventual “dispersão” da CPLP face às oportunidades de desenvolvimento e assistência financeira oferecidas pela China, os participantes não creem que o “Fórum Macau” seja uma influência negativa para a Comunidade de Países Lusófonos. Surgiu, pelo contrário, a ideia de que se trata de um factor externo possivelmente positivo do ponto de vista identitário da Comunidade. O Fórum foi descrito como uma espécie de eixo para uma “cooperação multi-bilateral”, através do qual a China desenvolve o relacionamento bilateral com cada um dos países africanos de língua portuguesa, extremamente diversos quanto ao nível de desenvolvimento económico-social e dimensão geográfica. Esta sessão pública surgiu no contexto da segunda conferência inter-ministerial do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (FCECCPLP), na qual participou uma delegação do Instituto do Oriente, ISCSP-UTL. O Instituto do Oriente, departamento de investigação do ISCSP-UTL que em 2000 assinou um protocolo de cooperação com o IIM, encontra-se presentemente a desenvolver um projecto de investigação sobre Macau como plataforma económica entre a R.P.C. e os países africanos de lingua portuguesa, financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia. O referido projecto, coordenado pelo Professor Doutor Narana Coissoró, terá a duração de três anos (2005-2008) e tem como objectivo a caracterização de Macau como plataforma de conexão da China com os países africanos de lingua portuguesa, e seu enquadramento na diplomacia económica da R.P.C. em África.
ORIENTEOCIDENTE 16
Debate sobre TIMOR O Instituto Internacional de Macau (IIM) e o Fórum Luso-Asiático convidaram o público lusófono de Macau a participar num debate intitulado “Timor – Entre a Esperança e o Desespero”. O debate teve lugar dia 15 de Dezembro, no auditório do IIM, e teve como principais intervenientes Moisés Fernandes, Investigador Associado do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa e Arnaldo Gonçalves, Professor do Instituto Politécnico de Macau e presidente do Fórum Luso-Asiático. Moderou o debate o Presidente do IIM, Jorge Rangel. O referendo de 1999 consagrou a vontade esmagadora do povo timorense de ascender à independência. A reconstrução de Timor-Leste conduzida pela UNMISET a partir de Maio de 2005, foi apresentada como um dos sucessos de “nation-building” das Nações Unidas. A eclosão de nova onda de violência um ano depois levaria o Conselho de Segurança a estabelecer uma nova força de manutenção da paz, a UNMIT. Os cenários de violência, as fissuras nas forças armadas e na polícia, as contradições entre o partido maioritário, a FRETILIN e o Presidente Xanana Gusmão, têm mostrado alguma incapacidade da actual elite dirigente de governar o país e fazer funcionar o Estado de Direito.
que nem as Nações Unidas, nem Portugal, têm as condições financeiras e políticas necessárias para o fazer, e Timor se encontra dependente da ajuda externa, em especial para a manutenção da ordem interna e construção do Estado de Direito.
Como evitar que Timor-Leste se torne em mais um país “falhado” da comunidade internacional? Como enfrentar fragilidades de um Estado que depende de futuras receitas de exploração do petróleo no Mar de Timor para sobreviver? Foram estas as principais questões neste debate. Arnaldo Gonçalves apresentou uma perspectiva baseada nas teorias realistas das Relações Internacionais (real politik Hobbesiana). O orador acredita que actualmente Timor-Leste se apresenta cada vez mais como um país “falhado”, nomeadamente à luz da actual Doutrina de Política Externa Australiana, e que seria mais vantajoso para Timor e para a comunidade internacional se a Austrália assumisse a administração do país. Esta é, na sua perspectiva, a melhor alternativa já
O Professor Moisés da Silva Fernandes analisou a situação de Timor-Leste à luz dos interesses de Portugal e dos interesses expressos pelo povo Timorense. O investigador da Universidade de Lisboa acredita que uma maior intervenção de Portugal em Timor, no sentido da sua consolidação social, económica e política, é desejada por uma grande parte dos Timorenses e é do interesse de Portugal. Ambos os oradores concordaram que as receitas da exploração do Petróleo poderão ser decisivas para a consolidação do Estado, mas não encontram as condições políticas necessárias para uma correcta gestão e aplicação dos fundos. O risco de maior instabilidade política mantém-se, assim, consideravelmente alto. Entre as principais conclusões do debate esteve a ideia de que o futuro do desenvolvimento de Timor-Leste depende da procura de consensos entre a elite política Timorense e as principais potências intervenientes no país: Portugal, Austrália e Indonésia.
Património e Educação No âmbito da 5ª Conferência Internacional “Adult Education and Social Development”, o Instituto Internacional de Macau e a Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (Escola de Estudos Contínuos) co-organizaram, dia 3 de Agosto, uma Mesa-Redonda dedicada ao tema "The role of heritage in determining Macau´s cultural identity: an educational perspective". A sessão foi coordenada pelo Professor Doutor Jean-Louis Vignuda da Comissão Económica e Social das Nações Unidas para a ÁsiaPacífico (UNESCAP segundo a sigla inglesa), e teve como participantes peritos da rede APETIT (Asia-Pacific Education and Tourism Institutions in Tourism), da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau, do IIM, do Instituto de Estudos Europeus de Macau, do Instituto Inter-Universitário de Macau e do Instituto Cultural de Macau. Uma das principais conclusões da sessão foi a urgência da incorporação do ensino da história do património de Macau nas escolas e universidades locais, sendo este um factor fundamental na construção da identidade num Território em que mais de 60% da população tem origem nas regiões e províncias vizinhas. Os participantes apelaram ao Governo de Macau para que promova a educação da população e o seu sentido de pertença ao Território.
ORIENTEOCIDENTE 17
Visita oficial da Academia de Ciências Sociais a Portugal Uma delegação da Academia de Ciências Sociais da China (CASS) esteve em Portugal, em finais de Setembro, na primeira visita organizada a nível institucional. A visita permitiu abrir uma porta de comunicação entre as instituições portuguesas de investigação académica e as entidades chinesas. De acordo com o director-geral do Departamento de Pessoal e de Formação da CASS, Wang Suyue, que liderava a delegação, existe a possibilidade de a CASS vir a receber em breve, em Pequim, uma doutoranda portuguesa que deseje desenvolver trabalhos de investigação, bem como de enviar a Portugal um professor qualificado, em regime de intercâmbio docente. O programa foi co-organizado pelo Instituto Internacional de Macau e pelo Instituto Milénio de Macau contando com a colaboração do Instituto do Oriente, Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP). A delegação integrava ainda outros quatro elementos, sendo dois vice-directores de institutos de investigação, numa deslocação que inicialmente contava visitar apenas a França, Itália, Áustria e Grécia. Durante a estada em Portugal, a comitiva foi recebida pelo reitor da Universidade de Coimbra, Seabra Santos, com quem efectuou uma reunião de trabalho. Em Lisboa, encontrou-se com o reitor da Universidade Católica, Braga da Cruz, e com o director do Centro de Estudos dos Povos e Culturas de Expressão Portuguesa, Roberto Carneiro, para analisar várias formas de eventual cooperação, quer em termos de intercâmbio de docentes e de alunos, quer em projectos de investigação de interesse comum. Uma reunião mais alargada realizou-se no Instituto de Investigação Científica Tropical, com o professor Braga de Macedo, tendo-se analisado as possíveis áreas de investigação conjunta, tais como cultura e economia dos países e povos africanos. A delegação teve ainda oportunidade de se reunir com a Fundação Jorge Álvares e com elementos do Observatório da China e de realizar, no Centro Científico e Cultural de Macau, uma mesa redonda intitulada “A Administração de Instituições de Educação e Investigação na Europa e na China”, que reuniu a delegação com algumas instituições de ensino superior portuguesas. Recebeu a delegação em nome da Fundação Jorge Álvares o Eng.º Carlos Melancia, antigo Governador de Macau.
Visita do Deputado José Cesário ao IIM
ORIENTEOCIDENTE 18
A Direcção do Instituto Internacional de Macau recebeu em Dezembro a visita de José Cesário, deputado à Assembleia da República Portuguesa eleito pelas comunidades portuguesas residentes fora da Europa.
O Presidente do IIM, Jorge Rangel, expôs em linhas gerais as questões que têm merecido maior atenção da parte do Instituto, enaltecendo a atenção regular que o deputado dedica às comunidades portuguesas residentes na Ásia. O deputado português partilhou também a sua análise da situação em Timor-Leste, onde se deslocou recentemente.
ORIENTEOCIDENTE 19
Programa bilíngue Ensino de Mandarim e Inglês
De 17 de Julho a 25 de Agosto a Professora Xialing Duncan, professora experiente no ensino das línguas chinesa e inglesa a crianças, conduziu um programa especial de ensino de Mandarim e Inglês, para crianças, exercitando também o domínio básico de operações matemáticas. Cerca de 15 crianças de diferentes nacionalidades beneficiaram da experiência daquela educadora, através de métodos de ensino inovadores, utilizando sempre que possível a música, o teatro, e a pequena história, desenvolvidos pela própria ao longo da sua experiência. Esta foi uma actividade de Verão, muito útil pedagogicamente, organizada pelo Instituto Internacional de Macau.
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“Summer to gather” Conhecer o Mundo no IIM Durante o mês de Julho, 25 crianças dos 4 aos 10 anos de idade participaram no programa de actividades “Summer to Gather” desenvolvido em inglês no IIM em colaboração com educadoras experientes do grupo Brainstorming Creations, uma firma estabelecida em Macau e dedicada à organização de actividades ocupacionais didácticas relacionadas com as artes, expressão corporal e a protecção do ambiente. O grupo de crianças participantes, com diferentes raízes culturais e tendo o inglês como língua comum, desenvolveram diversas actividades, assistindo por exemplo a documentários e histórias infantis em “ecrã gigante”, explicando as diferenças culturais existentes em diferentes regiões do globo, e conhecendo melhor hábitos, costumes, tradições e músicas de outros povos, nos cinco continentes. As crianças puderam também realizar actividades de expressão corporal, como yoga, e encenar pequenas peças de teatro musical. Realizou-se ainda uma visita de estudo à companhia “Macau Water Company” onde o grupo assistiu a um peça de marionetas com o objectivo de chamar a atenção para a necessidade da protecção da água e respeito pelo equilíbrio ambiental.
“Uma Flor de Lótus na Lusofonia” mostra sobre Macau em São Paulo Esteve patente em Junho na cidade de Jundiaí, na região de São Paulo, Brasil, a exposição de fotografia “Macau - uma Flor de Lótus na Lusofonia”. A mostra, organizada pelo IIM com a colaboração do Instituto Camões em parceria com o Serviço Social da Indústria, aborda aspectos culturais, humanos e geográficos do território. Esta exposição, que é a primeira do género no Brasil, está a percorrer o Estado de São Paulo desde 2005, e, até 2008, irá passar por um total de 60 cidades brasileiras. Este é um contributo relevante do IIM para a divulgação de Macau, estando outra exposição, sobre o património de Macau, na América do Norte.
Macau Património Mundial em Fremont, California O Instituto Internacional de Macau deu mais uma vez a conhecer o património de Macau na Califórnia, desta vez nas instalações do futuro Centro Cultural de Macau (CCM), na cidade de Fremont. A exposição permitiu à comunidade local um olhar sobre as características únicas do centro histórico de Macau, e decorreu durante o Festival de Decorações Natalícias que atrai largas centenas de visitantes à Niles Boulevard, onde se localiza o Centro Cultural de Macau. A mostra fotográfica, intitulada “Macau – Património Mundial”, foi organizada em colaboração com a Direcção do Centro Cultural de Macau (CCM). A disponibilidade deste espaço permitiu não perder a oportunidade de divulgar e apresentar o Território, mesmo antes da renovação do edifício e abertura oficial do Centro. A organização local contou com a dedicação de Arthur Britto, ex-director da Casa de Macau USA, Robert Tam, Angela Pereira and Ernie Souza, bem como com a importante colaboração das autoridades municipais de Fremont, em especial da responsável pelo pelouro cultural, Margareth Thornberry. A exposição atraiu várias centenas de visitantes, a maioria dos quais tiveram, através desta mostra, o primeiro contacto com Macau. O catálogo com apresentação de Macau e das fotografias foi distribuído à entrada da Galeria de Exposições do CCM. Esta iniciativa surge no contexto de um plano de promoção do património e identidade de Macau no exterior, o qual beneficia da colaboração das Casas de Macau, com as quais o IIM celebrou protocolos de cooperação.
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Protocolo para a promoção do Património e da Cultura de Macau
Protocolo com a Associação dos Macaenses sobre o 24 de Junho
Tendo em conta os objectivos de divulgação do dialecto macaense e a preservação da cultura gastronómica de Macau, o Instituto Internacional de Macau, a Associação Promotora da Instrução dos Macaenses, a Associação dos Macaenses, a Associação dos Aponsentados, Reformados e Pensionistas de Macau, o Clube de Macau, a Santa Casa da Misericórdia de Macau, o Doci Papiáçám di Macau e o Círculo dos Amigos da Cultura de Macau, assinaram dia 13 de Outubro, na presença do Chefe do Executivo da RAEM, um protocolo de cooperação no âmbito da cooperação educativa, cultural, recreativa e juvenil.
Por ocasião do 10º aniversário das comemorações da Associação dos Macaenses (ADM), o Instituto Internacional de Macau (IIM) e aquela Associação assinaram um protocolo de cooperação com o intuito de promover e co-organizar o programa anual de comemorações do dia 24 de Junho, dia da cidade de Macau e também dia de São João. A Associação Promotora da Instrução dos Macaenses (APIM), a Associação dos Aposentados, Reformados e Pensionistas de Macau (APOMAC) e a Casa de Portugal são também entidades signatárias deste acordo.
As iniciativas resultantes desta protocolo incluirão a formação dos jovens macaenses sobre cultura de Macau, em especial no que respeita ao dialecto macaense, o patuá, e à gastronomia macaense. Neste contexto foi criado um movimento promotor da candidatura do patuá a Património Universal Intangível.
Jorge Rangel na Academia Portuguesa da História e na Universidade de Macau Por deliberação da Assembleia de Académicos de Número, o Presidente do Instituto Internacional de Macau, Jorge A. H. Rangel, foi eleito Académico da Academia Portuguesa da História. Jorge Rangel é também Presidente da Direcção Central da Sociedade Histórica da Independência de Portugal, cargo para que foi eleito em Fevereiro do ano passado. A Academia Portuguesa da História tem sede no Palácio dos Lilases, em Lisboa, e dedicase a estudos e investigação histórica, congregando destacadas personalidades ligadas a esta área académica, sendo seu presidente Joaquim Veríssimo Serrão, professor catedrático jubilado da Universidade de Lisboa. Jorge Rangel foi também recentemente nomeado pelo Chefe do Executivo da RAEM para integrar a nova Assembleia da Universidade de Macau, criada nos termos dos novos estatutos desta instituição de ensino superior, que entraram em vigor no início do presente ano lectivo. Este órgão é presidido pelo Chefe do Executivo da RAEM, na sua qualidade de Chanceler da Universidade. ORIENTEOCIDENTE 22
Manuel Silvério assume presidência da ACOLOP
Cerimónias de entrega do Prémio Identidade 2006
O primeiro vice-presidente do Comité Olímpico de Macau, Manuel Silvério, foi eleito a 12 de Outurbo para o cargo de presidente dos Comités Olímpicos de Língua Oficial Portuguesa (ACOLOP), substituindo o Comandante Vicente Moura que o propôs como sucessor. O mandato terá início em Janeiro de 2007 e termina a 31 de Dezembro de 2009. Quanto aos objectivos do mandato, o novo presidente da ACOLOP aponta como metas a implementação de mecanismos que diminuam as diferenças entre os comités olímpicos integrados na Associação. Por outro lado Manuel Silvério pretende promover a oficialização do português como língua de trabalho no seio do Comité Olímpico Internacional e da Associação dos Comités Olímpicos Africanos. Um dos principais desafios da ACOLOP e dos Jogos da Lusofonia será a integração de mais países nos jogos, para o que será fundamental a definição de critérios concretos. A participação de comunidades lusófonas na próxima edição dos Jogos será também um ponto importante na agenda de Manuel Silvério, que aconselha essas comunidades a demonstrar o seu interesse, sempre através dos comités olímpicos nacionais dos locais onde residem. A participação de cada comunidade dependerá do seu próprio dinamismo.
Após o anúncio da atribuição, em Junho último, do Prémio Identidade 2006 à Universidade de Macau, teve lugar nos primeiros dias de Dezembro a cerimónia de entrega do referido prémio aos dirigentes da Universidade. O Reitor Iu Vai Pan, acompanhado dos restantes membros do Senado da Universidade, recebeu das mãos do Presidente do IIM, Jorge Rangel, a peça de cristal trabalhado cujo design simboliza, através de uma impressão digital de grandes dimensões, o contributo único da acção da Universidade, permitindo ao longo das últimas décadas que Macau seja governado pelas suas gentes, reforçando a identidade de Macau e valorizando cultural e intelectualmente a comunidade.
O Prémio Identidade 2006 foi atribuído “exaequo” ao Prof. Eng.º Luís de Guimarães Lobato, membro fundador da Casa de Macau de Portugal, ex-presidente do Conselho de Curadores da Fundação Casa de Macau e actualmente presidente honorário desta Fundação. A cerimónia de entrega do prémio foi realizada em Novembro naquela Casa de Macau, tendo o presidente do IIM feito o elogio do homenageado na presença de muitos associados, convidados e amigos. Luís de Guimarães Lobato foi administrador da Fundação Calouste Gulbenkian e vicepresidente da Câmara Municipal de Lisboa, além de muitos outros cargos políticos e privados, sendo apontado como “cidadão exemplar com altos serviços prestados a Macau e a Portugal”.
Manuel Silvério, sócio fundador do IIM, presidiu às Comissões Organizadoras dos 1os Jogos da Lusofonia, e dos 4os Jogos da Ásia Oriental, sendo também presidente da Comissão Organizadora dos Jogos Asiáticos em Recinto Coberto, a realizar em Macau em 2007.
ORIENTEOCIDENTE 23
Doutoramento “Honoris Causa” a Henrique de Senna Fernandes
Por ocasião da cerimónia de início do ano lectivo de 2006/07 do Instituto Inter-Universitário de Macau (IIUM), que decorreu na Sé Catedral de Macau, foi atribuído a Henrique de Senna Fernandes o grau de Doutor em Letras “Honoris Causa” pelo IIUM e Universidade Católica Portuguesa. O Reitor do IIUM, Ruben de Freitas Cabral, lembrou que Henrique de Senna Fernandes é “incontestavelmente reconhecido como uma das mais prestigiadas figuras de Macau”, um “intérprete por excelência dos anseios da comunidade macaense, tendo deixado também uma memória indelével em várias gerações de alunos de Macau”. Foi sobretudo como romancista que o nome de Henrique de Senna Fernandes se tornou consagrado, sendo autor de importantes obras em que se destacam “Nam Van, Contos de Macau”, “Amor e Dedinhos de Pé”, “Trança Feiticeira” e “Mong Há”. O IIM e a Fundação Jorge Álvares publicaram em 2004 uma fotobiografia de Henrique de Senna Fernandes, da autoria de Lúcia Lemos e Yao Jingming. O escritor é presença habitual nas sessões culturais organizadas pelo IIM e foi orador, sempre muito escutado e apreciado, em “serões macaenses” realizados pelo Instituto.
ORIENTEOCIDENTE 24
Gastronomia macaense nos menus americanos A cadeia norte-americana de restaurantes de comida chinesa P.F.Chang’s China Bristo, com cerca de 200 restaurantes em 30 estados dos EUA, irá introduzir comida macaense nos seus menus em 2007.
Um grupo de chefes da empresa virá até Macau nos primeiros meses de 2007 para aprender os segredos da cozinha macaense que será posteriormente introduzida em 150 restaurantes por um período de 6 meses numa promoção a ter início em Setembro de 2007. Durante uma visita a Macau, o director de Operações Culinárias da P.F. urgiu as pessoas de Macau a manterem viva a arte culinária única do Território. “A arquitectura poderá desaparecer um dia, mas a cultura gastronómica é eterna”, sublinhou Roberto de Angelis. O IIM é um dos organismos fundadores da recém-instituída Confraria da Gastronomia Macaense.
Visitas Online ao Real Gabinete Português de Leitura O “site” do Real Gabinete Português de Leitura, www.realgabinete.com.br tem registado um importante número de visitas online, oriundas dos cinco continentes. As últimas estatísticas recebidas pelo IIM, que assinou um protocolo de cooperação com esta distinta instituição brasileira, indicam um número de visitas mensais na ordem dos cinco mil visitantes, significando uma média diária aproximada de 160 visitantes por dia. É também este um motivo de satisfação para todos os que acompanhamos o trabalho fundamental do Real Gabinete em prol da difusão da Cultura Portuguesa em todas as suas manifestações.
Nova Direcção na Casa de Macau do Rio de Janeiro Na sequência do ultimo acto eleitoral da Assembleia Geral da Casa de Macau no Rio de Janeiro, em Setembro de 2006, uma nova equipa directiva tomou posse, sob a presidência de Pedro Paulo de Almeida. Assim, Agostinho Eduardo Carion é agora vice-presidente, sendo Mariana Carreira Nolasco da Silva, Secretária geral, Augusto Ferreira da Costa Pina, director financeiro, Pedro Marcelo Nolasco da Silva, director cultural, Ana Cristina da Gama Pina, directora social e desportiva, e João Pedro Nolasco da Silva, director do património. O IIM, que firmou um protocolo de cooperação com a Casa de Macau do Rio de Janeiro, saúda os novos órgãos directivos desta distinta instituição e deseja sucesso à nova equipa dirigente. Idênticas saudações vão para as demais Casas de Macau e outras organizações congéneres que, em várias partes do mundo, vão realizando actividades em prol de Macau, assumindo-se como verdadeiras extensões deste território. Agora integradas no Conselho das Comunidades Macaenses, oxalá elas possam receber mais apoios para cumprirem cabalmente a missão que em boa hora aceitaram. ORIENTEOCIDENTE 25
Ilustração de Victor Hugo Marreiros
Macau no
V
Império
No ano em que é comemorado o 100º aniversário do nascimento de Agostinho da Silva, o Elos Clube de Macau deu à estampa um texto do mestre, sobre a situação e contributo de Macau para a construção de uma pátria lusófona, que Agostinho da Silva enviara para publicação numa edição especial da Revista de Cultura do Instituto Cultural dedicada às relações históricas Macau/Brasil. O Presidente do Elos Clube de Macau, Luís Sá Cunha, apresenta o texto de Agostinho da Silva e o seu perfil humano e espiritual. A edição tem concepção gráfica de Victor Hugo Marreiors, e é extraordinariamente enriquecida com ilustrações suas. O IIM colabora com o Elos Clube de Macau na promoção de diversas acções integradas nas celebrações do centenário de Agostinho da Silva.
ORIENTEOCIDENTE 26
Filipe de Sousa Filipe de Sousa nasceu em Lourenço Marques, Moçambique, no ano de 1927. Deixou-nos há poucos meses e legou acima de tudo o exemplo e testemundo de que honrar a vida é antes de mais partilhar o que melhor somos. Compositor e investigador, o Maestro Filipe de Sousa iniciou os seus estudos musicais em Lourenço Marques quando era ainda criança, prosseguindo-os posteriormente no Conservatório Nacional de Lisboa, onde concluiu o curso superior de piano, com Abreu Mota, e o curso de composição, com Jorge Croner de Vasconcelos. Simultaneamente licenciou-se em Filologia Clássica na Faculdade de Letras de Lisboa. Graças a uma bolsa de estudo do governo de Moçambique, prosseguiu a sua formação na Alemanha e na Áustria, centrando-se na direcção de orquestra e diplomando-se em 1957 na Staatsakademie de Viena, com Hans Swarowsky. Estudou ainda em Munique, com Mennerich e F. Lehmann, e em Hilversum, com Alberto Wolf. Para além da sua actividade como pianista e como maestro, Filipe de Sousa dedicou-se à investigação, divulgação e edição do património musical português.
Repartida por vários géneros musicais, a produção de Filipe de Sousa confere especial relevância à voz, sendo a poesia a principal fonte de inspiração para as suas criações musicais. A maior parte das suas obras apoia-se numa criteriosa selecção literária (Camilo Pessanha, Fernando Pessoa, Garcia Lorca, Éluard, Rilke, Langston Hughes, etc.) e numa especial sensibilidade musical na apreensão do discurso poético, apoiada por texturas pianísticas ou orquestrais bastante elaboradas. O catálogo de Filipe de Sousa vocal inclui, entre outras obras, “Two Negro Poems” (1948), Dois Poemas de Canto Jondo (1951), para voz e orquestra; Cinco Odes de Ricardo Reis (1952), para voz e orquestra; “Entwurfe aus Zwei Winterabenden” (1956), para voz, duas trompas e orquestra de cordas sem violinos; “Quatre Poèmes d’Amour” (1965-70), para voz e piano, e Três Sonetos Ingleses de Fernando Pessoa (1985), também para voz e piano. No âmbito da música instrumental destacam-se obras como a “Sinfonietta” (1951), a Suite de Danças (1956), o Quinteto de Sopros (1957), “Caleidoscópio” (1981), para violino e fita magnética, a Suite para viola (1985), “Quatro Hakai” (1998), para violoncelo e as duas Sonatinas para piano compostas nos anos 50.
Para sempre, fica-nos dele a imagem da sua fisionomia bondosa, da expressão ingénua do humor, do sentido aristocrático da vida e da Arte. A Música, sobretudo, foi a nau que tantas vezes o trouxe a Macau. Na sua paixão por Macau suspeitámos sempre um misterioso fascínio pelas subtis atmosferas desta terra, pela diluída presença de um Portugal mítico aqui simbolicamente implantado no busto do poeta na Gruta de Camões. Com Simão Barreto, com o Padre Áureo de Castro, com a Academia de Música S.Pio X, também com David de Almeida e Charter de Almeida, foram inúmeras as vezes em que as artes os convocaram ao convívio connosco nesta Terra do Nome de Deus. Por isso sempre, aqui, o lembraremos e emolduramos a sua memória. Filipe de Sousa doou a sua propriedade, em Alcainça, assim como a sua biblioteca e as suas obras de arte, à Fundação Jorge Álvares.
ORIENTEOCIDENTE 27
Edições do ELOS CLUBE DE MACAU Colecção VOZES DA LÍNGUA Poemas com ilustração de Carlos Marreiros 33cm x 30cm, Litografia, 2006 50 $Mop cada 1. Templo da Barra Eugénio de Andrade 2 Balança Eugénio de Andrade 3 Jardim Lou Lim Ieoc Eugénio de Andrade 4 San Gabriel Camilo Pessanha 5 Poema …cahir da água Camilo Pessanha Desconto de 20% na compra de 3 litografias e de 30% na compra das 5 litografias
Colecção LUSOFONIA Postais com temas da Lusofonia Design e ilustração de Victor Marreiros 21cm x 15cm, Litografia, 2005 10 $Mop cada 1 2 3
Pa tudo genti genti di Lusofonia ung-a abraço di Macau A minha Pátria é a Língua Portuguesa Macau uma Flôr de Lótus na Lusofonia
T-Shirt com a mensagem em patuá: “Pa tudo genti genti di Lusofonia ung-a abraço di Macau”, com ilustração de Victor Marreiros 70 $Mop
AGOSTINHO DA SILVA POETA À SOLTA Ideia de Luís Sá Cunha e ilustração de Victor Hugo Marreiros Litografia, (70cm x 70cm), 2006 Edição do Elos Clube de Macau para comemorar o centenário do nascimento de Agostinho da Silva 50 $Mop
ELOS CLUBE DE MACAU Beco das Verdades, nº 4, 2 Esq. Macau Elosclubedemacau@yahoo.com Contactar a Direcção via Telefone 28 751 727 Fax 28 751 797