CINEMA SURREALISTA LUIS BUÑUEL E “UN CHIEN ANDALOU”

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USP -UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE COMUNICAÇÕES E ARTES DEPARTAMENTO DE CINEMA, TELEVISÃO E RADIO

Disciplina:CTR0671 – MONTAGEM / EDIÇÃO I

Docente: Prof. Doutora CECÍLIA ANTAKLY DE MELLO

MONOGRAFIA

CINEMA SURREALISTA LUIS BUÑUEL E “UN CHIEN ANDALOU”

Discente: Ilda Silvério

Novembro 2011


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Trabalho realizado por: Ilda Maria de Oliveira Costa Silvério Aluna º. 7766668 Curso de Artes Visuais Departamento de Cinema, Televisão e Rádio ESCOLA DE COMUNICAÇÕES E ARTES UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO


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AGRADECIMENTOS

Convido Todos Os Habitantes Do Planeta Terra A Partilharem A Paz, O Respeito, A União, A Harmonia, A Vida, A Verdade E O Amor! …De Um Sonhador! 1

A todos que tiveram a coragem de serem eles próprios, viverem o seu presente, seguirem seu coração, a sua intuição e o seu instinto e assim colaborarem para um Mundo Melhor.

A todos, que ao longo dos tempos, contribuíram para que as Verdades fossem tornadas públicas e se tornassem, por isso do domínio do coletivo humano e parte da História.

A todos os meus Professores da Universidade do Algarve, que com a sua tutoria e partilha me ajudaram a encontrar ferramentas que auxiliam a minha criatividade e inspiração.

Aos responsáveis das Relações Internacionais da Universidade do Algarve que me selecionaram para o 1º lugar na candidatura à Bolsa Santander, permitindo-me estudar através deste convénio na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo.

Aos responsáveis das Relações Internacionais da Universidade de São Paulo, que sempre colaboraram para o meu melhor desempenho escolar e permanência na ECA-USP.

Aos professores que tive o privilégio de conhecer na Universidade de São Paulo, em particular à docente da Disciplina Montagem/ Edição Prof. Doutora Cecília Antakly de Mello, que me aconselhou a realização deste trabalho. 1 COSTA, Hélder António Faustino Silvério, Shalom-Um Sonho de Feliz Natal todos os dias e para sempre para todos neste Planeta com União, Harmonia e Amor, em 28/0172012: http://zanthor666slade.wordpress.com


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À família do Paulo Kronemberger que de forma tão gentil e amorosa me receberam em São Paulo, e em particular a sua esposa e viúva Doutora Sonia Regina Guimarães Kronemberger, por todo o suporte, carinho e compreensão que me dedica.

À minha querida colega e amiga Maia Lam dos Santos por toda a cumplicidade e apoio.

Ao meu amigo Aníbal da Piedade Mendonça que toma conta da minha casa, dos meus 4 cães (Francisco de Assis, Merlim, Ruth e Lillith) e dos meus gatos em Portugal, permitindo-me esta estadia no Brasil.

À minha família.

Ao meu esposo Hélder António Faustino Silvério Costa (13/06/1970 - 08/01/2008), que continua me inspirando com sua vida e exemplo de amor a realizar os meus/ nossos sonhos.

Aos meus filhos: Paulo Filipe Costa Antunes Rui Manuel Costa Antunes e sua esposa Maria Manuela Tiago.


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“Eu não gosto dos donos da verdade, sejam eles quem forem. Eles me entediam e me dão medo. Sou anti-fanático (fanaticamente).”

Luis Buñuel IN Meu Último Suspiro, p. 318


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Resumo

É complexo estabelecer um vínculo entre a vida e a obra do cineasta espanhol Luis Buñuel. A influência da religião católica na sua vida foi determinante. Uma abordagem mais profunda de ambas necessita de uma cuidadosa reflexão. Ao fazer este trabalho procuro somente contextualizar a minha análise ao filme “Un Chien Andalou” a partir de um ponto de vista estereotipado.

Palavras-chave: Buñuel. Cinema. Montagem Surrealismo. Andaluz.

RESUME

It is complex to establish a link between life and work of Spanish filmmaker Luis Buñuel. The influence of the Catholic religion in his life was decisive. A more profound both need careful consideration. By doing this work looks only contextualize my analysis to the film "Un Chien Andalou" from a viewpoint stereotyped.

Keywords: Buñuel. Cinema. Mounting Surrealism. Andaluz.


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Introdução

“Os filmes de uma nação refletem a mentalidade desta de uma maneira mais direta do que qualquer outro meio artístico (…). Primeiro, os filmes nunca são produto de um indivíduo (…) segundo porque os filmes são destinados às multidões anônimas (…). De processos mentais ocultos (…) Ao gravar o mundo visível – não importa se a realidade vigente com um universo imaginário – os filmes proporcionam a chave de processos mentais ocultos (…)” Siegfried Kracauer, teórico e crítico de cinema, Alemanha (1889-1966)

Este trabalho apresentado no contexto de projeto final da Disciplina de Montagem/ Edição I, ministrada pela docente Prof. Doutora Cecília Antakli de Mello, no Departamento de Cinema, Televisão e Rádio da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, Brasil, pretende ser uma proposta de abordagem ao filme “Un Chien Andalou”, do cineasta Luís Buñuel, uma obra inserida no Movimento do Cinema Surrealista. Para a execução deste trabalho foi necessária uma grande demanda de pesquisa na internet e em bibliografia pois já muito se disse, tanto acerca deste cineasta como da sua obra e pretendo trazer o tema com alguma criatividade e inspirada na minha vida pessoal e no meu trabalho que assim como Luís Buñuel pretendem ser uma mensagem para a humanidade, algo que pretendo legar com todo o meu trabalho artístico e tento expressar na elaboração dos meus mais diversos trabalhos artísticos. Necessitei de tempo de leitura, de visionamento de filmes e de acessar fontes bibliográficas que suprissem a necessidade que tinha, consultando vários autores permitindo-me assim absorver uma diversidade de percepções. A questão estética foi também uma preocupação analítica, o contexto histórico e as peculiaridades do trabalho de Buñuel. Vim para o Brasil na perspectiva de dar continuidade aos meus estudos de cinema, e assim este trabalho leva-me a uma pesquisa determinada e sem pretensões falsas, procurei compreender no contexto histórico, a vida e obra de Luís Buñuel.


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CapĂ­tulo I


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O cinema no início do século XX

” Num filme o que importa não é a realidade, mas o que dela possa extrair a imaginação.” Charles Chaplin, produtor/ comediante, Inglaterra (1889-1977)

No princípio do seculo XX o cinema inaugura uma Nova Era de imagens, embora ainda não tenha um código próprio e esteja misturado com outras formas culturais, (como os espetáculos de lanterna mágica, o teatro, os cartoons, as revistas ilustradas e os cartões postais),2 são uma continuação das projeções da lanterna mágica, dos panoramas, dioramas e dos brinquedos ópticos (traumatrópico, fenaquistiscópio e zootrópio) resultando de várias pesquisas na projeção de imagens em movimento e o aperfeiçoamento das técnicas fotográficas. Aos poucos este primeiro cinema se foi organizando na sua produção, distribuição e exibição, modificando-se até adquirir convenções de linguagem cinematográficas. Foram os irmãos Lumiére que construíram o aparelho que usava filme de 35 mm, baseado nas máquinas de costura e o fato de este invento ser mostrado ao público no Grand Café em Paris determinou o desenvolvimento do cinema nos primeiros anos, eram lugares onde as pessoas podiam beber, conversar, ler o jornal, assistir a espetáculos de artistas, etc. O modo de representação era a composição frontal, o posicionamento distante da câmera, planos abertos e cheios de detalhes, com muitas pessoas e várias ações simultâneas. Inicialmente os cineastas preocupavam-se com a filmagem num plano individual e gradualmente a montagem dos planos e a sua conexão foi-se desenvolvendo à medida que os filmes se tornavam mais longos.

2 Mascarello, Fernando, História do Cinema Mundial, em 28/01/2012: http://pt.scribd.com/doc/6978889/Fernando-Mascarello-Historia-Do-Cinema-Mundial


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3Inspirado no trabalho teatral de Eisenstein na década de 20, o cinema chama a atenção procurando espantar e maravilhar o espectador estruturando-se num sistema narrativo, apesar de haver panorâmicas, travellings e grandes planos, para os espectadores os filmes são espetáculos visuais e não uma forma de contar histórias. Os primeiros filmes que eram essencialmente documentais e de um só plano, de 5 a 10 minutos em fragmentos descontínuos, com narrativas simples, evoluem para ficção com múltiplos planos, enquadramento frontal, plano de conjunto, utilizando cada vez mais as narrativas com convenções cinematográficas, com cortes, colagens, rebobinamentos múltiplos da película para produzir várias impressões sobrepostas e o uso de máscaras. Os planos eram cheios de ação, de movimento, com perseguições, montagens de planos diferentes, descontínuos e resultava em encavalamentos temporais, elipses abruptas, inserções repetitivas de planos aproximados, de fusões entre planos, de planos subjetivos e alegóricos independentes do fluxo narrativo. O cinema aos poucos vai-se organizando e industrializando, especializando nas várias etapas de produção e exibição dos filmes transformando-se na primeira “mídia de massas” da história. Os filmes tornam-se mais compridos, contam histórias mais complexas, com mais planos, as primeiras longametragens começam a aparecer (generalizando-se após a Primeira Guerra Mundial). A produção dos filmes especializa-se, as convenções da linguagem fílmica vão-se apurando, vão-se estabelecendo os processos de autocensura e moralização na elaboração das histórias e dos formatos, estabelecendo preços, datas e salas de cinema para o lançamento de filmes. Desenvolvem-se as técnicas de filmagem, de iluminação, de enquadramento, da profundidade de campo, do plano americano, do primeiro plano, de montagem e aparecem as falas escritas. Experimentam-se formas de conectar planos: -A montagem alternada, a analítica e a de continuidade. Sendo que:

3 Mascarello, Fernando, História do Cinema Mundial, em 28/01/2012: http://pt.scribd.com/doc/6978889/Fernando-Mascarello-Historia-Do-Cinema-Mundial


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4-A Montagem Alternada ou Paralela, constituída por diferentes cenas simultâneas, com intenção de mostrar que se trata de ações que acontecem ao mesmo tempo para criar suspense, tendo a montagem em contiguidade, planos subjetivos, contracampos, concordâncias de entradas e saídas de quadro. -A Montagem Analítica, fracionando a cena em vários enquadramentos diferentes, fazendo a montagem de planos gerais com planos aproximados ou de detalhe, tornando claro ao espectador os pormenores que não podem ser vistos nos planos gerais, usados para criar impacto emocional em momentos decisivos da narração. -A Montagem de Continuidade, transitando para um espaço próximo ou ao lado, para transmitir a ideia de uma cena que acontece em local próximo ou ao lado do plano anterior, por exemplo: os planos subjetivos, os contraplanos, podendo manter uma direção constante de movimento, para melhor se perceber a deslocação dos personagens na cena, obedecendo a regras de continuidade de direção, o plano subjetivo transmitindo a continuidade do olhar, mostrando o que o personagem estava vendo, ou um corte quando o personagem atravessa uma porta e no plano seguinte vemos o outro espaço do ponto de vista oposto.

A transição para as longametragens foi gradual e liderada pelos filmes europeus, codificou as técnicas cinematográficas, tornando-se na mídia mais importante do século XX.

4 Mascarello, Fernando, História do Cinema Mundial, em 28/01/2012: http://pt.scribd.com/doc/6978889/Fernando-Mascarello-Historia-Do-Cinema-Mundial


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CapĂ­tulo II


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Cinema Expressionista Alemão “Somos muito injustos com Deus. Nem sequer Lhe permitimos pecar.” “A ideia de suicídio é uma grande consolação: ajuda a suportar muitas noites más.” Friedrich Wilhelm Nietzsche, filósofo, Alemanha (1844-1900)

Após a Primeira Guerra Mundial aparece um cinema expressionista alemão, valorizando as experiências emocionais e a emancipação individual contra os cânones clássicos, onde prevalecia a filosofia de Nietzsche, o inconsciente de Freud, as causas nacionais, as manifestações políticas contra o capitalismo, as teorias de Baudelaire, as pesquisas sobre a mecânica quântica de Albert Einstein, a influência das artes plásticas (Expressionismo) com a libertação das cores e das formas, a ligação com o gótico, os efeitos dramáticos de luz e sombra, etc. A influência do cinema dinamarquês, sempre marcado pelo uso da paisagem realista como elemento poético e dramático foi fundamental para a constituição do cinema expressionista. A partir de então vários escritores começaram a adaptar as suas obras para o cinema e a escrever roteiros e criando assim o “filme de autor”. A fotografia juntamente com a cenografia foi ganhando cada vez mais importância servindo para criar ambientes expressivos e românticos e dramas fantásticos. A estrutura narrativa era construída com ambiguidade, encorajando todo o tipo de especulações e dificultando qualquer tentativa de explicação. Os usos de letreiros narrativos ou explicativos tornaram-se desnecessários ou eram integrados na narrativa visual. O declínio deste movimento começa a partir de 1924 coincidindo com um breve período de estabilidade política e econômica, em favor de uma nova escola conhecida por Nova Objetividade, mais sóbria e realista, ligada à política de esquerda revolucionária, e a Revolução Conservadora, um movimento que se opunha ao individualismo e ao materialismo propondo um sistema social que seria uma das principais bases ideológicas do nazismo.


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O cinema Impressionista Francês “Estes temas atormentam-me e perseguem-me. Estas referências devem encontrar no espectador uma compreensão mais profunda. Cada um tem uma coisa em si ou uma história que acredita que está morta e que os fantasmas do ecran tenham se apressado a ressuscitar.“ Louis Delluc, realizador e crítico, inventor do termo “Cineasta”, França (1890-1924)

Ao mesmo tempo outro movimento menos conhecido se desenvolveu, o chamado Impressionismo Francês, que preconizou um cinema autoral, que englobou um trabalho importante da câmera associado a uma montagem rítmica acelerada. Este movimento francês é historicamente e esteticamente importante pois desenvolveu uma cultura cinematográfica em França, onde se salientam alguns dos pioneiros da reflexão estética cinematográfica, insurgindo-se contra as normas do cinema da época e apoiando o experimentalismo de alguns cineastas, desenvolvendo-se uma produção semi-independente, pois que em troca dos direitos de exibição e de distribuição dos filmes emprestavam os estúdios e a aparelhagem técnica, o que permitiu que alguns cineastas abrissem as suas próprias companhias, permitindo que o cinema de vanguarda estivesse mais ao alcance do público. Esta mudança permitiu o desenvolvimento de uma mudança cultural que reconheceu oficialmente o cinema nos meios artísticos. E o interesse pela abertura de salas de cinema. O intuito pela legitimação conduziu à descoberta de seus meios próprios e também ao aperfeiçoamento técnico vindo a encarecer a execução dos filmes que dependiam de um grande conjunto de pessoas, nos mais variados cargos começando a dar-se grande importância ao ato criador do profissional. Então é importante que o diretor assine o roteiro do próprio filme proporcionando-lhe a liberdade de improvisar e alterar as cenas durante as filmagens que agora transmitem mais afeto, poesia, mistério e são mais musicais que dramáticas. Os

impressionistas

interessam-se

pelo

trabalho

da

câmera

(sobreimpressões,

sobrexposições, fora de foco, distorções), pela montagem rítmica acelerada (justapondo planos curtos), pela iluminação, a valorização do mundo natural, o tratamento do espaço (o enquadramento, a profundidade de campo e o ponto de vista) trabalhando a materialidade subjetiva da imagem.


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A montagem Soviética “Eu sou um cine-olho. Eu sou um construtor. Eu te coloquei num espaço extraordinário que não existia até este momento. Nesse espaço tem doze paredes que eu registrei em diversas partes do mundo. Justapondo a visão dessas paredes e alguns detalhes consegui dispô-las numa ordem que te agrada e edifiquei, da forma adequada, sobre os intervalos, uma cine-frase que é, justamente, esse espaço.” Dziga Vertov, cineasta, Rússia (1896-1954)

Entretanto na Rússia, desenvolveu-se um novo sistema de montagem, que viria a conhecer-se como a Montagem Soviética e que viria a assombrar o mundo. Devido à guerra, todo o sistema de estúdio foi destruído, permitindo uma radical reinvenção cinematográfica e assim a abertura à experimentação e o seu florescimento artístico, criando uma nova relação entre a arte e a vida, tendo o realismo socialista marcado o fim das vanguardas e vindo a revolucionar o cinema para sempre. O Futurismo Italiano apelava à vida moderna, e esta superação do passado era muito importante para a Rússia, estes novos valores permitiram as condições necessárias para que o Suprematismo com Malevitch aparecesse com suas obras abstratas e que preconizava a concretização pictórica da razão intuitiva e o caminho do verdadeiro realismo, exprimindo uma vontade de refazer o mundo e acabar com a alienação humana, dando também origem ao Construtivismo que rompia com o figurativismo e com a própria pintura, com suas obras tridimensionais, tomando os materiais do mundo como objeto da sua ação e uma reflexão sobre a arte como trabalho na construção de experiências acompanhadas de uma pesquisa sobre os elementos formais das composições. Este é o caminho que também foi feito pelos cineastas, que defendiam também um cinema autoral, sistematizando novas experiências, tais como: “O efeito Kulechov” (o mesmo plano de um ator, justaposto primeiro a um prato, depois à porta e depois a imagens de uma cena amorosa), “A geografia criativa”, com a decupagem segundo os cânones do cinema americano, (o eixo, a continuidade do movimento, campo e contracampo) que permitiam a elipse e a abstração do tempo real e “O corpo cinematográfico”, propondo envolver o espectador numa


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narração vertiginosa, que o arrebatasse. Construindo o seu cinema com uma montagem de choque, sem continuidade, abordando o cinema como uma linguagem que podia ser manipulada racionalmente e estabelecendo a montagem como o princípio da construção cinematográfica. Eisenstein desenvolve a teoria de Cinema Intelectual, pretendendo provocar uma identificação psicológica com o espectador (caricaturas, objetos, motivos, montagem metafórica -justaposição de planos de massacre com a morte de um animal, pontuação -a quebra de um prato marca uma explosão, vermes na carne podre para simbolizar a morte de um padre, a multiplicação dos planos), com a montagem intelectual, o cine-punho, a montagem de atrações que reúne a reflexão conceitual, a explosão de energia das massas, a equação de engenharia e o impulso surrealista continua experimentando novas formas de realizar a síntese cinematográfica. Entre emoção e razão, passado e presente e a ciência e a revolução, ele sistematiza uma escala de métodos de montagem, a Montagem Intelectual, apropriando-se de uma linguagem musical: -A Montagem Métrica (a relação entre o tamanho dos planos justapostos); -A Montagem Rítmica (movimento dentro do quadro que impulsiona o movimento da montagem de um quadro a outro conduzindo o olho do espectador); -A Montagem Tonai (baseiando-se no tom emocional dominante dos fragmentos ou a qualidade expressiva que impregna os planos); -A Montagem Atonal (todos os elementos expressivos dos dois planos com a mesma força).

Vertov, cineasta, documentarista e jornalista, o grande precursor do cinema direto, na sua versão de Cinema Verdade, baseava-se num princípio de filmagem e num método de montagem, segundo o “cine-olho”, sem qualquer encenação, com inversões temporais da projeção, aceleração, congelamento e camara lenta da imagem, sobreposições, animações e justaposições infinitesimais – de até um fotograma, choque de angulações, intensas variações rítmicas, fotomontagens dinâmicas, sobrepondo planos. Tendo ele experimentado na década de 1920 imensos recursos de montagem.


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O Surrealismo O Surrealismo desenvolve-se como movimento de vanguarda por volta de 1930. Baseia-se na crença de que existe uma realidade superior, à qual se chega por associações de coisas aparentemente desconexas, pelos processos oníricos,


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LUÍS BUÑUEL Cineasta Espanhol - com carreira na Espanha, México e França.


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Resumo biográfico «El resto del tiempo, soledad, ensoñación, un vaso de agua o un café, el aperitivo dos veces al día, un recuerdo que me sorprende, una imagen que me visita, y luego una cosa lleva a la otra, y ya es de noche.” 5 Luis Buñuel

Este é um resumo da biografia de Luis Buñuel, são alguns apontamentos retirados de seu livro ”Meu último suspiro” (1982) onde narra as relações entre a vida e a obra do espanhol Luis Buñuel (1900-1983), diretor de obras-primas. 6 Com a ajuda do roteirista Jean-Claude Carrière, que deu forma ao texto, Buñuel relembra – muitas vezes com altas doses de humor – detalhes das suas produções, a começar por “Um Cão Andaluz”, primeiro filme surrealista, feito em parceria com Salvador Dalí, passando por “Os esquecidos” e “Nazarin”, rodados no largo período em que viveu no México. Em outro capítulo, trata da guerra civil espanhola (1936-1939), no qual fala de sua simpatia pelas ideias comunistas. Dono de uma personalidade forte e complexa, boêmio e apaixonado por boxe e pelos prazeres da vida, Buñuel revela sem pudores passagens polêmicas, como o afastamento do amigo Garcia Lorca e as brigas – incluindo um quase enforcamento – com Gala, mulher de Dalí. A edição tem nova tradução, de André Telles, e, além da seleção de imagens feita pessoalmente por Buñuel durante as conversas com Carrière, traz também fotos de seu acervo pessoal, cedidas por seu filho Juan Luis. Carrière compõe um mosaico das memórias do cineasta espanhol.

5 Página oficial do Centenário de Luís Buñuel, em 28/01/ 2012: http://www.luisbunuel.org/biogra/biograf.html 6 Buñuel, LUIS, Meu último suspiro, tradução André Telles. São Paulo, Cosac Naify, 2009


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Espanha, Paris, EUA e México são os cenários em que se passa esta existência brilhante e acidentada, com vaivéns montados de forma simples e fluente, que não dispensa o humor negro nem a crítica de um narrador anarco-surrealista. Depois de muitas peripécias, Buñuel, surdo e quase cego, se afasta do mundo turbulento da política e do espetáculo e dá vazão à sua enraizada raiva contra o consumo fútil, a ciência e a tecnologia, que de acordo com ele, ameaçam o mundo.

Luis Buñuel Portolés, nasceu em 22 de Fevereiro de 1900 em Calanda, Teruel, Espanha, com oito anos assiste a um filme de Marquês de Sade, no cinema Farrucini de Saragoça, descobrindo assim o seu amor pelo cinema. Em 1915 após ter sido expulso do colégio do Salvador, que era de Jesuítas, ele matriculase no Instituto de Saragoça, após o que se instala numa residência de estudantes e lá mora até 1925. Aqui ele se torna amigo de José Moreno Villa, Eduardo Marquina, Juan Ramón Jiménez, Frederico Garcia Lorca e Salvador Dali. Participa em peças de teatro, também escreve alguns textos literários, contos e poemas onde se nota uma grande influência de Rámon Gomez de la Serna. Por esta altura prepara um livro que reunia vários textos com o titulo “LE CHIEN ANDALOU” (Um cão andaluz). Em 1924 licencia-se em História na Faculdade de Filosofia e Letras de Madrid, neste ano Dali pinta um retrato seu. Muda-se para Paris onde reside até 1929, aqui conhece aquela que viria a ser a sua esposa, Jeanne Rucar. Aproxima-se do grupo surrealista parisiense de Breton e inscreve-se na Academia de Cinema, intensificando o seu interesse pelo visionamento de filmes, vendo habitualmente 3 filmes por dia. O diretor de cinema francês Jean Epstein colocou-o como seu ajudante de direção e foi ator em pequenos papéis, familiarizando-se com o oficio cinematográfico, o que lhe permitiu conhecer bons profissionais e atores que viriam a colaborar com ele em UM CÃO ANDALUZ e outros seus filmes. 7 Escreveu crítica de cinema e arte em várias revistas, envolveu-se com o teatro, tendo escrito com José Bello “Hamlet em 1927” que foi a primeira obra surrealista do teatro espanhol e escreveu também vários roteiros para cinema.

7 Enciclopédia Encydia, Luís Buñuel, em 28/01/2008: http://pt.encydia.com/es/Luis_Bu%C3%B1uel


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Em 1929 Luis Buñuel em estreita colaboração com Salvador Dali ultimaram um roteiro de um filme cujo projeto se intitulou sucessivamente: -“O Marista na Ballesta”, ”É Perigoso Assomar ao Interior” e em definitivo o nome de “UM CÃO ANDALUZ“. Este filme começou a rodar em 2 de Abril, com um orçamento de 25 000 pesetas, contribuídas pela mãe de Buñuel, tendo-se estreado em 6 de Julho no Studio dês Ursulines, um cinema-clube parisiense, alcançando um sucesso

enorme entre os intelectuais franceses,

permanecendo em exibição durante nove meses consecutivos no Studio 28. Sendo projetado com um enorme sucesso no Studio dês Urselines, Studio 28 e no cinema Royalty de Madrid. Sua vida se alterna entre Paris e Espanha, casando-se em 1934. Trabalha para a Warner Brothers em Madrid, para o governo espanhol republicano como coordenador de propaganda e como encarregado da programação cinematográfica do pavilhão espanhol na Exposição Internacional de Paris em 1937. Em 1938 viaja para os Estados Unidos, sendo aí contratado como conselheiro e chefe de montagem de películas no MOMA, a Warner Brothers contrata-o como diretor de dublagem em Hollywood e escreve alguns roteiros para cinema. Em 1946 vai para o México, onde obtêm a nacionalidade mexicana realizando e dirigindo vários filmes, escrevendo roteiros, participando como jurado em vários festivais internacionais de cinema de Cannes e recebendo vários prêmios. Passa algum tempo em França e em Espanha onde escreve, realiza vários trabalhos cinematográficos, é ator e recebe vários prêmios antes de voltar novamente para o México onde vem a falecer em 29 de Julho de 1983. Curiosidades: *Le Chien Andalou” na gíria da residência dos estudantes de Saragoça "perros andaluces", era o nome pelo qual eram designados os estudantes oriundos da Andaluzia. *A educação nos Jesuítas deixou-lhe um enorme sentido de disciplina, de responsabilidade e de pontualidade. Até o fim dos seus dias deitava-se sempre às nove horas da noite e levantava-se às cinco da manhã. Era um fanático da pontualidade e tinha hábitos austeros, quase monásticos, como andar descalço ou submeter-se ao frio. *Nas suas memórias afirma que homem que não bebesse e não fumasse só podia ser um mau caráter.


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Cabeça de Luís Buñuel, obra do escultor Iñaki, no Centro Buñuel Calanda.


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Seu pensamento

“Yo soy ateo, gracias a Dios” Luís Buñuel

8 Luís Buñuel veio de uma família burguesa e católica, muito religiosa, estudou e viveu a disciplina religiosa, mas poder-se-ia argumentar que parte de seu trabalho tem como objetivo, mudar a sociedade em que vivemos e que atualmente se baseia na religião, na família e na ordem estabelecida, que impõe uma moral e um comportamento social, da qual nem sequer a burguesia que sustenta o poder, é livre. Teve uma vida sem dificuldades financeiras e uma infância feliz, mas a sua consciência levava-o a pensar no que ele chamava a Idade Média (os princípios do século XX e suas misérias), isto é, as injustiças, que refletiu em “Abismos de Paixão”, “Nazarín”, “Ele”, “A Morte no Jardim”, etc. Ainda muito novo conheceu a morte de perto, quando um camponês de seu povo foi assassinado por outro com uma faca. Já tinha visto como as aves de rapina devoravam um burro morto e, assim, quando teve ocasião, comprou um burro morto para poder ver repetida a cena. Gostava de refletir a visão pessimista e cruel da vida. No entanto, ele era pacífico e sempre esteve obcecado com sua própria morte. Sua irmã Conchita costumava recordar que de pequena tinha acompanhado a seu irmão Luís a visitar cemitérios e este se estendia nas mesas das autópsias. Luís gostava de assistir aos enterros de seu povo, assim o enterro que tem lugar em “Abismos de Paixão” era um reflexo das lembranças de sua juventude, segundo confessou ele mesmo. 8 Enciclopédia Encydia, Luís Buñuel, em 28/01/2008: http://pt.encydia.com/es/Luis_Bu%C3%B1uel


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Aos catorze anos começam suas dúvidas sobre a religião, principalmente a respeito da ressurreição da carne, do julgamento final, do inferno e do diabo. Tinha muito presente a possibilidade da destruição da terra, pensava nas guerras e na bomba atômica. Segundo ele mesmo disse, era ateu, “graças a Deus". Quis livrar-se das normas e princípios da sociedade que em herança lhe tinha deixado todo um sistema de proibições e de repressões. Tinha uma grande coleção de armas. Sua primeira pistola teve-a às escondidas aos catorze anos, ainda que bastante antes já brincasse com a de seu pai. Durante toda a sua vida, Buñuel foi um rebelde, até o último momento lutou contra si mesmo. Seu interior ditava-lhe umas normas sobre a morte, a fé, o sexo... que a sua consciência não podia aceitar. Esta dualidade marcou-o desde a sua infância, para sempre. Ele nunca gostou da ordem estabelecida. Desde pequeno que ele foi um rebelde (resistia a levar o uniforme para o colégio), mas ao mesmo tempo, e como se disse, ele levou uma vida muito ordenada. Não gostava da religião nem do exército; mas sempre falou bem de sua estadia com os Jesuítas e do serviço militar. Gostava da pontualidade, de se vestir bem, de ir cedo para a cama e de madrugar. A visão de Buñuel chocava com a realidade. Ele rompeu barreiras lutando a favor da liberdade. Afirmava que nem a liberdade nem a justiça existiam. “O Fantasma da Liberdade” reflecte seu pensamento. Viveu nos anos da repressão sexual, e quis realizar um filme pornográfico, mas desistiu. Assistiu a orgias, mas sempre foi fiel a sua esposa. O tema do sexo foi tratado em muitos dos seus filmes: “A jovem”, “Esse Escuro Objeto do Desejo”... mas em sua casa era um puritano. A atriz mexicana Lília Prado mencionou à revista SOMOS que durante a rodagem de “Abismos de Paixão” (1953), durante um intervalo para almoçar, entrou no refeitório em traje de banho com uma bata transparente e que Buñuel ficou furioso.


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Odiava dizer ou escutar uma má palavra. Era uma contradição ao seu cinema surrealista. Era, em verdadeiro modo, uma pessoa humana, um anarquista, mas em sua casa respirava-se disciplina, não permitindo às mulheres assistir às reuniões de homens. O livro de memórias de Jeanne Ruccar chama-se “Memórias de Uma Mulher Sem Piano” porque Buñuel, sem perguntar a ninguém, presenteou o piano de sua esposa a um amigo que lhe trouxe três garrafas de vinho… Não foi nacionalista, mas sentia falta de Espanha e da terra da sua infância, nacionalizouse mexicano por pragmatismo. Já tinha estado a ponto de nacionalizar-se nos Estados Unidos uns anos antes. Não gostava de viajar, mas desfrutava ao visitar os lugares que lhe traziam boas lembranças. Ficou a viver no México. Se sempre lhe tinha obcecado a morte, nos últimos cinco anos de sua vida, surdo, com pouca visão, deixou de ver cinema, televisão e mal apanhava um livro, com exceção da “Velhice” de Simone de Beauvoir, que lia e relia. Pensava na sua morte e no fim do mundo, brincava com os demais a respeito da sua velhice. Com ajuda do seu amigo Jean-Claude Carrière, que durante mais de 18 anos reuniu material de entrevistas e conversas nos intervalos das filmagens, escreveu “Mon Dernier Soupir” (Meu último suspiro). Já o título reflete a obcecação que tinha nos últimos momentos de sua vida, apesar de não lhe querer dar importância, ele pensava… Como era ateu, pensava em reunir-se no dia da sua morte com todos seus amigos ateus e se confessar. Para ele, ser brincalhão era uma forma de demonstrar que estava na contramão da ordem. Este livro de memórias inspiraria o filme documental dirigido por Javier Espada e Gaizka Urresti e intitulado “O Último Guião” que protagonizam Jean-Claude Carrière e Juan Luís Buñuel, percorrendo os lugares nos quais decorreu a vida de Buñuel: Calanda, Saragoça, Madrid, Toledo, Paris, Nova Iorque, Los Angeles e México. Quis que todas suas obras fossem queimadas. Faleceu de uma insuficiência cardíaca, hepática e renal provocada por um câncer. Suas últimas palavras foram para sua esposa: “Agora sim que morro”, não teve nenhuma cerimónia religiosa e atualmente desconhece-se onde se encontram as suas cinzas. Neste mesmo ano foi nomeado Doutor Honoris Causa pela Universidade de Saragoça.


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UN CHIEN ANDALOU


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UN CHIEN ANDALOU

Título original: Un Chien Andalou Ano: 1929 País: França Duração: 16 min. Gênero: Surrealismo puro Diretor: Luis Buñuel Trilha Sonora: Richard Wagner Roteiro: Luis Buñuel e Salvador Dali Elenco: Simone Mareuil, Pierre Batcheff, Luis Buñuel, Robert Hommet, Fano Messan, Salvador Dalí, Jaime Miravilles SINOPSE: Um homem afia a sua navalha e corta o globo acular de uma mulher. Um jovem ciclista que passa pela rua cai e a mulher sai para ajudá-lo. Na casa da mulher se vê a mão cortada do ciclista cheia de formigas. A mulher aparece na rua vestida como um homem e empunhando na mão um bastão, faz com que um carro a atropele. Na habitação o ciclista começa a acariciar o peito da mulher e ela foge.


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Análise do filme

Este filme de Luis Buñuel é um marco do surrealismo no cinema e é considerado um dos filmes mais chocantes, surpreendentes e revolucionários da história do cinema É um das curta-metragens mais famosas de todos os tempos com apenas 16 minutos, Luis Buñuel estreou-se em Direção sem a preocupação narrativa e disposto a apresentar a sua concepção surrealista de arte cinematográfica na companhia do amigo Salvador Dalí, que participou da elaboração do roteiro e também foi ator no filme. Foi rodado em cerca de 15 dias, ficando com 16 minutos de duração. (Na versão musicada de 1960 ficou com 21,26 minutos). Foi exibido pela primeira vez em Paris, para uma platéia de intelectuais, entre eles o poeta André Breton autor dos “Manifestos do Surrealismo” ( documento que juntei anexo a este trabalho), ao som de “A Cavalgada das Valquírias” de Richard Wagner e de um tango argentino, executados num gramofone. No final da projeção, o jovem Buñuel foi aclamado pelos presentes, contrariando as expectativas dele que com medo da reação do público, tinha levado pedras nos bolsos, para revidar uma possível agressão da platéia. A boa recepção inicial, não evitou que o Buñuel tivesse problemas. As cenas estranhas e eróticas causaram um grande escândalo no público francês em 1929. A sua casa foi alvo de ataques de grupos de pessoas conservadoras, que tentaram impedir a exibição do filme. Saiu em DVD em 2005, em edição conjunta com “A idade do ouro” (“L’Age d’Or”), também realizado pela dupla, em 1930. Sempre que vi este filme ele me impressionou pela negativa e só agora com a elaboração deste trabalho, o que por esse motivo, constituiu um desafio para mim, pude realmente compreender o verdadeiro sentido e significado. Tive necessidade de ver o filme muitas vezes e tentar dar algum sentido às imagens, apesar de me identificar muito com o surrealismo, foi algo elaborado para a minha mente. Não me foi possível avaliar o filme de acordo com os meus padrões habituais. Mas chama-me a atenção a sua concepção artística, o absurdo de suas situações e, por ser uma introdução ao universo surrealista no cinema. O filme é curto e não é


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cansativo. Este filme vai para lá da lógica a que estou habituada a observar nos diversos filmes que visualizo, e é um filme no âmbito psicológico, onírico e metafórico. Com este trabalho pude saber a razão do título do filme e também compreender melhor a história do cinema, em particular do cinema surrealista.

Análise de alguns planos

Para uma melhor compreensão da montagem do filme eu analizei os planos cinematográficos dos primeiros minutos do filme.

51’ -Plano detalhe lateral, aparece um uma mão esquerda, em primeiro plano com um relógio de pulso, segurando uma pedra abrasiva onde afia uma navalha de barba, apoiando a pedra na maçaneta de uma porta, envidraçada 55’ -Primeiro plano de ¾ do rosto de um homem com um cigarro aceso no canto direito da boca; 1”00’ -Plano detalhe das mãos afiando a navalha (a mesma cena inicial); 1”05’ testa o fio da navalha na unha do dedo polegar esquerdo; 1”06’ -Primeiro plano de ¾ do rosto de um homem com um cigarro aceso no canto direito da boca; 1”08’ -Plano americano lateral, do homem ao lado da porta envidraçada enquadrada por cortinados e reposteiros, observando a navalha e saíndo pela porta 1”16’ -Contraplano médio frontal, feito no exterior de uma varanda com plantas, onde o homem sai pela porta, indo apoiar as mãos no varandim; 1”25’ -Plano detalhe de ¾ do homem, com o cigarro aceso no canto direito da boca olhando o céu; 1”27’ -Plano médio da lua e de nuvens passando pelo centro da tela; 1”30’ -Primeiro plano de ¾ do homem olhando para cima;


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1”34’ -Grande plano frontal do rosto de uma mulher, sentada ao lado do homem que se posiciona ao seu lado segurando seu rosto e abrindo seu olho esquerdo com a mão esquerda e iniciando o movimento de passar a navalha pelo centro do olho dela; 1”38’ -Plano médio da lua e de 3 nuvens passando pela tela; 1”40’ -Plano detalhe da navalha cortando o centro do olho de um animal; 1”45’ -Legenda: “Huit ans après”; 1”48’ -Plano de conjunto de uma rua da cidade, onde se enquadra um ciclista vestido de forma estranha (com um tecido branco, em forma de saia à volta da cabeça, outro nos ombros e outro à cintura) num plano traseiro, pedalando; 1”54’ -Plano medio frontal a 3/4 do homem pedalando pela rua; 1”56 -Fusão do plano anterior para plano americano frontal com o personagem pedalando; 1”59 -Plano geral da rua com camara subjetiva do personagem; 2”03’ -Plano americano frontal do ciclista, com traveling; 2”07’ -Plano geral da rua com camara subjetiva do ciclista; 2”08’-Fusão do plano anterior com o plano americano traseiro do ciclista, onde a paisagem faz fade-out em contraste com o ciclista; 2”15’ -Fade-in no plano de conjunto da rua com fusão do plano americano traseiro do ciclista. 2”22’ -Plano americano frontal do ciclista; 2”25’ -Plano detalhe da caixa que o ciclista transporta e fade-out.


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Referências Bibliográficas:

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OLIVEIRA, Roberto Acioli de, A Religião no Cinema de Luis Buñuel, Desenredos, Uma Revista de Cultura e Literatura, em 29/01/2012 : http://www.desenredos.com.br/6art_acioli_176.html OLIVEIRA, Roberto Acioli de, Luis Buñuel, Incurável Indiscreto, em 27/01/2012: http://www.ufscar.br/rua/site/?p=3915 http://www.roteirodecinema.com.br/manuais.htm RUIZ, Adilson. Buñuel, um Cineasta no Exílio. In: CAÑIZAL, Eduardo Peñuela (org.). Um Jato na Contramão: Buñuel no México. São Paulo: Editora Perspectiva, 1993. SILVA, Wilson H. da. O Espelho de Susana. In: CAÑIZAL, Eduardo Peñuela (org.). Um Jato na Contramão: Buñuel no México. São Paulo: Editora Perspectiva, 1993. TAVARES, Bráulio. O Anjo Exterminador. Rio de Janeiro: Rocco, 2002. TESSON, Charles. Luis Buñuel. Paris: Éditions de l’Étoile/Cahiers du Cinema, 1995.

Vídeo de uma entrevista dada por Buñuel: http://www.youtube.com/watch?v=qi3d03KaVw8 Biografia de Luis Buñuel, com fotos, em 30/01/2012: http://www.luisbunuel.org/biogra/biograf.html Download do Filme UN CHIEN ANDALOU, em AVI, HD (720p): http://www.luisbunuel.org/filmo/1928/1928.html UN CHIEN ANDALOU, Ficha Técnica: http://www.luisbunuel.org/filmo/video/video.html


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