Ponderação sobre a ideia de modernidade: Andy Warhol – Marcel Duchamp – Jeff Koons

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MEGA – MESTRADO EM EXPRESSÃO GRÁFICA E AUDIOVISUAL

Arte e Estética dos Media Docente: Professor José Bidarra TAREFA 1 Ponderação sobre a ideia de modernidade: Andy Warhol – Marcel Duchamp – Jeff Koons

“Quando uma criatura humana desperta para um grande sonho e sobre ele lança toda a força de sua alma, todo o universo conspira a seu favor”. (GOETHE)

ILDA MARIA DE OLIVEIRA COSTA SILVÉRIO Aluna Nº 1303009 Novembro de 2013


Andy Warhol

Um dos principais expoentes da Pop Art : ANDY WARHOL.

“Arte Empresarial é uma coisa melhor de se fazer do que Arte Arte, porque Arte Arte não sustenta o espaço que ocupa, enquanto a Arte Empresarial sim. (Se a arte empresarial não sustentar o próprio espaço, ela vai à falência).” ANDY WARHOL

Este trabalho tem como objetivo a ponderação sobre a ideia de modernidade, cujo tema eu centro em ANDY WARHOL, considerado das maiores figuras do Movimento da POP ARTE. Através deste artista, eu tentarei transmitir os meus valores, apropriando-me de certa forma dos seus meios, valores e ideias. Como uma extensão das minhas próprias ideias, uma linguagem idiossincrática, já experimentada e transmitida por Andy, no Sec. XX. Um pequeno “ensaio”, quem sabe, um “treinamento” para futuros “escritos”, que se encontram na “gaveta” à espera da coragem e da “oportunidade” para lhes pegar. Procurar transmitir, refletindo de forma simbolicamente contextualizada, algumas das obras de Andy, numa linguagem “alegórica e simbólica”, criando um paralelo com o seu percurso de vida e desta forma ambígua contextualizá-la com a sua experiência pessoal e seus valores. Certas realidades só podem ser captadas através da emoção, do sentimento e da intuição. “Para que possas ter sucesso nos teus empreendimentos, segue sempre em primeiro lugar, o teu coração, a tua intuição e depois o teu instinto, e sê sempre tu próprio” (ZANTHOR_SLADE-Avatar da Revelação, de Helder Silvério, www.secondlife.com).


CAPITULO I

"In the future everyone will be famous for fifteen minutes". “Cansei de dizer que todos, no futuro, serão famosos por 15 minutos. Agora, meu novo aforismo é: em 15 minutos, todos serão famosos.” ANDY WARHOL

Nasceu em 6 de Agosto de 1928 em Pittsburgh Pensilvânia, nos E.U.A e morreu em 22 de Fevereiro de 1987 em Nova Iorque. Andrew Warhola (seu verdadeiro nome), cujos pais pais tinham vindo da Checoslováquia, e emigrado para os Estados Unidos durante a primeira guerra. Em 1945, com 17 anos, entrou no Instituto de Tecnologia de Carnegie, em Pittsburgh, que é hoje a Universidade Carnegie Mellon University, e formou-se em Design. Foi residir para Nova York no fim de 1949, tendo começado a trabalhar como ilustrador de importantes revistas, como a Vogue, Harper's Bazaar e o The New Yorker, fazendo também anúncios publicitários e displays para vitrines de lojas. Começando assim a sua carreira tendo sucesso como artista gráfico e ganhando diversos prémios como diretor de arte do Art Director's Club e do The American Institute of Graphic Arts.

Apresentou pela primeira vez o seu trabalho em 1952, na Hugo Galley onde exibiu quinze desenhos baseados na obra de Truman Capote. Estes trabalhos são mostrados em vários lugares durante a década de 50, incluindo o Museu de Arte Moderna, em 1956. Passando então a assinar o nome de Andy Warhol. “Comprar é muito mais americano que pensar e eu sou absolutamente americano. Na Europa e no Oriente, as pessoas gostam de comerciar – comprar e vender, vender e comprar; são basicamente mercadoras. Americanos não estão interessados em vender – na verdade, eles preferem jogar fora a vender. O que eles realmente pensam é em comprar – pessoas, dinheiro, países.” ANDY WARHOL


CAPITULO II

A década de 1960 marca um momento especial na sua carreira de artista, começando a apropriar-se dos motivos e conceitos da publicidade nos seus trabalhos, usando cores fortes e brilhantes e tintas acrílicas. Reinventa assim a Pop Arte com a reprodução mecânica e seus múltiplos motivos serigráficos, que são temas do quotidiano e de artigos de consumo (as reproduções das latas de sopas Campbell e a garrafa de Coca-Cola), rostos de figuras conhecidas ( Marilyn Monroe, Liz Taylor, Elvis Presley, Che Guevara, etc.) e símbolos da história da arte, como Mona Lisa. Estes temas eram reproduzidos em série com variações de cores. Ele desenvolvia a sua obra na área da serigrafia, da colagem e do uso de materiais descartáveis, uma novidade, em obras de arte.

Em 1968, Valerie Solanis, fundadora e sendo a única membro da Society for Cutting Up Men - Sociedade para castrar homens, invade o estúdio de Warhol e alveja-o. Andy Warhol recupera-se, após se submeter a uma cirurgia. Este acontecimento dá origem ao filme I shot Andy Warhol (Eu atirei em Andy Warhol), dirigido por Mary Harron, em 1996.

De meados de1960 em diante, Warhol torna-se um artista de multimédia e passa a desenvolver trabalhos em áreas como a Música e o Cinema, filmando, inicialmente, em 16 mm e mais tarde em super 8 mm. Seus Filmes Undergrounds são hoje clássicos do género, destacandose Chelsea Girls, Empire e Blow Job (1964). Filmes conceptuais, onde "nada acontece", utilizando uma camara parada que filma uma pessoa ou um prédio de dentro de uma janela e filmando durante muitas horas. Fez algumas experiências fotográficas em que retratava muitas pessoas famosas em Polaroid3.

Andy Warhol com Truman Capote.

The Velvet Underground


Na década de 1970, participou de performances e ajudou a agitar e difundir a cena do glitter rock originária de Londres, através do grupo de rock Velvet Underground. Dessa mesma vertente também participam, tanto em Londres, como em Nova York, David Bowie (fase Ziggy Stardust), Lou Reed , Iggy Pop, T. Rex, Kiss, New York Dolls (no Brasil, Secos e Molhados), em que elementos de androginia e ambiguidade sexual são ressaltados através do uso de cílios postiços, purpurinas, saltos altos, batons, lantejoulas, etc. enfatizando a decadência de padrões tradicionais de comportamento. Andy Warhol cria uma série de variações sobre o crânio humano (Skulls, 1976), variações figuras que incluem o rosto de Mao (1982), com uma dezena de variações em cores berrantes, Torso (1982), e dezenas de retratos de personalidades judaicas, que incluem Freud, Einstein, Kafka, Gershwin, Gertrude Stein e vários autoretratos. Publica o seu livro “A filosofia de Andy Warhol - de A a B e de volta ao A” e Popes: The Warhol Sixties, em conjunto com Pat Hackett (1982), realizando também a mostra “Retratos de judeus do Sec. XX, com os retratos de personagens de origem judaica e a retrospetiva Reversal Series. Em 1982 cria Andy Warhol's TV para a TV Cabo e Andy Warhol's Fifteen Minutes para MTV, em 1986. Nessa altura conhece um jovem artista com que estabelece laços de amizade: Jean-Michel Basquiat, um artista jovem e muito promissor que ele promove e ajuda a se firmar no universo das artes plásticas de Nova York, tanto quanto outros, como Francesco Clemente e Keith Hari.

Beethoven, Yellow Book

Andy Warhol e Michel Basquiat


Seus últimos trabalhos datam de 1986 com a série de pinturas intitulada The Last Supper6, baseados em Da Vinci procurando reviver o grande tema da pop art intitulado Ads que remetem aos trabalhos iniciais baseados nos apelos da publicidade e do consumo e nos objetos do quotidiano. Em Janeiro de 1987, internou-se no New York Hospital para exames e teve que submeter a uma cirurgia de vesícula, considerada rotineira. Durante o pós-operatório teve uma arritmia cardíaca e faleceu aos 59 anos de idade. Em 1994 foi inaugurado o The Andy Warhol Museum em Pittsburgh, Pensilvânia.7

CONCLUSÃO “Beleza não tem nada a ver com sexo. Beleza tem a ver com beleza e sexo tem a ver com sexo.” ANDY WARHOL

Andy Warhol pôs em causa as questões de autoria e de legitimação das obras artísticas. Para além da rutura conceptual que representa nas artes, posso englobar mais duas personalidades neste contexto, visto que encontro entre eles alguns paralelos:

Marcel Duchamp e Jeff Koons


ANDY WARHOL, MARCEL DUCHAMP E JEFF KOONS

Andy Warhol, Marcel Duchamp e Jeff Koons, em que os equiparo? Em primeiro lugar, por infringirem convenções, em segundo, por investirem na sua imagem e finalmente por terem profundidade intelectual.

Duchamp travestido de Rose Sélavy. Foto de Man Ray, 1921.

Andy Warhol travestido em auto-retrato, em obra de 1980

Jeff Koons e sua ex-esposa, a atriz Ilona Staller


Marcel Duchamp criou o objecto ready-made com o famoso mictório, chamado "Fonte", no qual o que artista utilizou um objecto do quotidiano, em vez de o construir. A inquietação que se vinha instalando na esfera artística em seguimento da invenção da fotografia, viu o seu auge. Então em 1917, “Fontain” parecia que tinha reduzido toda uma cultura visual de séculos a um urinol. O ready-made surgiu de um impulso humorístico e converteu-se progressivamente em pura ironia. O autor insere assim, num outro contexto, um objecto mundano, no âmbito do artístico. Os ready-mades de Duchamp foram pioneiros, potenciaram uma expansão do campo artístico para novas práticas. E iniciaram uma nova etapa nas artes plásticas, que punha em causa qualquer comportamento tradicional criativo. A partir dele abre-se a revisão, absoluta e necessária, não só do conteúdo e significação do objecto, mas também do próprio comportamento do criador1

Andy Warhol usou uma ideia similar ao se "apropriar" de fotos de revistas, por exemplo, tornando-os seus, eles eram assim imagens ready-made. Ele impôs a sua própria interpretação, alterando a cor e o desenho nas fotos ao passo que Duchamp fez poucas ou nenhumas alterações ao seu ready-mades.

Jeff Koons, usou várias ideias e materiais para construir as suas obras, seus trabalhos possuem o conceito de kitsch, pois ele transforma o que é kitsch em obras de arte. Os seus trabalhos possuem diversas características relacionadas com a arte Pós-Moderna: A Autoria, porque não é ele que faz suas obras, pois tem uma equipa encarregada do trabalho, tal como Andy Warhol tinha. Inspira-se no quotidiano das pessoas para questioná-lo e discuti-lo. Apresenta novos critérios e valores de qualidade, questionando os paradigmas, os dogmas e os valores impostos pelo mercado de arte, através de uma subtil ironia (em relação aos padrões de beleza) presentes em seus trabalhos. Alguns dos seus trabalhos são feitos com a colaboração do público. Usa espaços não convencionais. Nos seus trabalhos com contexto sexual, ele é o artista e o personagem.

Fonte, 1917, Marcel Duchamp

Banana de Andy Warhol

Hulk Elvis III, Jeff Koons


BIBLIOGRAFIA “Sempre gosto de trabalhar com restos, fazer as coisas de restos. É um procedimento econômico e engraçado.” ANDY WARHOL

ALBERRO, Alexander/STIMSON, Blake (eds.). Conceptual art: a critical anthology. Cambridge, Massachusetts: the MIT Press, 2000. BAQUÉ, Dominique. La fotografía plástica. Barcelona: Gustavo Gili, 2003. BONITO OLIVA, A. La transvanguardia italiana. Milano, Politi, 1981 COTON, Charlotte. The photograph as contemporary art. London: Thames & Hudson, 2004 CRIMP, Douglas. Sobre as ruinas do museu. São Paulo: Martins Fontes, 2005. DANTO, Arthur C. Después del fin del arte. El arte contemporáneo y el linde de la historia. Barcelona: Paidós, 1999. DANTO, Arthur. A transfiguração do lugar comum. São Paulo: Cosacnaify, 2005. FERREIRA, Glória/COTRIM, Cecilia (orgs.). Escritos de artistas. Anos 60/70. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editora, 2006. MARCHAN, S. Del arte objetual al arte de concepto. Madrid, Alberto Corazon, 1972. SMITH, E. Lucie. Movements in art since, 1945. London, Thames & Hudson. 1969. Idem, Art in the Seventies. Ithaca. Cornell University Press 1980. WALLIS, Brian (ed.). Art after modernism: rethinking representation. New York: The New Museum of Contemporarary Art WARHOL, Andy, A Filosofia de Andy Warhol – de A a B e de volta ao A, autoria de José Rubens, Editora Cobogo

Somos cegos. Cegos que podem ver, mas não vêem! Por quanto sofrimento precisamos passar Para que consigamos “abrir” os olhos E ver? (ILDA SILVERIO)


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