Artes e Mídia

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Artes e Mídia "artes e mídia no mundo contemporâneo" Desenvolvimento de um texto descrevendo um projeto de investigação e coleta de material sobre o tema: "artes e mídia no mundo contemporâneo" Ilda Silvério 06-01-2014


Projeto Artes e Mí dia

Da cultura das mídias à cibercultura: o advento do pós-humano*

Está se tornando lugar comum afirmar que as novas tecnologias da informação e comunicação estão mudando não apenas as formas do entretenimento e do lazer, mas potencialmente todas as esferas da sociedade: o trabalho (robótica e tecnologias para escritórios), gerenciamento político, atividades militares e policiais (a guerra eletrônica), consumo (transferência de fundos eletrônicos), comunicação e educação (aprendizagem a distância), enfim, estão mudando toda a cultura em geral. Para Robins e Webster (1999, p. 111), se as forças do capital corporativista e os interesses políticos forem bem sucedidos na introdução sistemática dessas novas tecnologias – da robótica aos bancos de dados, da internet aos jogos de realidade virtual, então a a vida social será transformada em quase todos os seus aspectos. O desenvolvimento estratégico das tecnologias da informática e comunicação terá, então, reverberações por toda a estrutura social das sociedades capitalistas avançadas. Por volta do início dos anos 80, começaram a se intensificar cada vez mais os casamentos e misturas entre linguagens e meios, misturas essas que funcionam como um multiplicador de mídias. Estas produzem mensagens híbridas como se pode encontrar, por exemplo, nos suplementos literários ou culturais especializados de jornais e revistas, nas revistas de cultura, no radiojornal, telejornal, etc. Ao mesmo tempo, novas sementes começaram a brotar no campo das mídias com o surgimento de equipamentos e dispositivos que possibilitaram o aparecimen to de uma cultura do disponível e do transitório: fotocopiadoras, videocassetes e aparelhos para gravação de vídeos, equipamentos do tipo walkman e walktalk, acompanhados de uma remarcável indústria de videoclips e videogames, juntamente com a expansiva indústria de filmes em vídeo para serem alugados nas videolocadoras, tudo isso culminando no surgimento da TV a cabo.


Essas tecnologias, equipamentos e as linguagens criadas para circularem neles têm como principal característica propiciar a escolha e consumo individualizados, em oposição ao consumo massivo. “Em resumo, a nova mídia determina uma audiência segmentada, diferenciada que, embora maciça em termos de números, já não é uma audiência de massa em termos de simultaneidade e uniformidade da mensagem recebida. A nova mídia não é mais mídia de massa no sentido tradicional do envio de um número limitado de mensagens a uma audiência homogênea de massa. Devido à multiplicação de mensagens e fontes, a própria audiência torna-se mais seletiva. A audiência visada tende a escolher suas mensagens, assim aprofundando sua segmentação, intensificando o relacionamento individual entre o emissor e o receptor”. *SANTAELLA, Lúcia, Da cultura das mídias à cibercultura: o advento do pós-humano, artigo in TECNOLOGIAS DO IMAGINÁRIO, Revista FAMECOS • Porto Alegre • nº 22 • dezembro 2003 • quadrimestral

O processo criativo A sinergia homem-máquina*

Com o aproveitamento cada vez mais frequente da tecnologia eletrônica, sobrevem uma proliferação de novos meios, responsáveis por modificações na vida do homem e no campo artístico. A instantaneidade e a velocidade atingem a formas de criação, e as funções de memória, automação e transporte passam a ser incorporadas às técnicas de produção de imagens. À disposição do artista encontra-se uma potente infra-estrutura, com a qual ele mantém uma relação sinérgica no intuito de concretizar as imagens eletrônicas. O operador aparece como o responsável pela intenção criadora, enquanto da máquina deriva o automatismo pelo qual se organizam as rotinas previamente estabelecidas que se abrem numa infinidade de possibilidades a explorar.


Dessa relação de simbiose, surge a proposta de “uma máquina criativa” que segundo Bense, é descrita conforme três diferentes componentes: o primeiro é o programa que proporciona o critério estético para diferentes tipos de informação; o segundo é o computador que processa a informação; e o terceiro são as operações de sistema, responsáveis pelo controle dos dois elementos anteriores (Bense apudTijus, 1988:168). Este sistema criativo que decorre das relações entre pensamento, técnica e linguagem, é responsável pela criação de imagens características do período pós-industrial. Nos processos criativos com estes meios, a qualidade é evidenciada como compromisso estabelecido entre a subjetividade daquele que inventa e as regras sintáticas inerentes aos programas por ele utilizados. Estas tecnologias, ao participarem deste tipo de criação, instituem-se como forma de expressão, manifestada pelo diálogo entre a materialidade do meio e o insight criativo. * PLAZA J. e TAVARES Monica, Processos criativos com os meios eletrônicos, Editora Hucitec, São Paulo, pág. 63, 1998

Os processos criativos com os meios eletrônicos*

As novas manifestações plásticas são reflexo do que foi idealizado pelo artista em conjunto com o seu meio produtivo e, cada vez mais, consubstanciadas na troca com o receptor, constituindo-se como produto de uma síntese qualitativa entre sujeitos e objetos e evidenciando processos de comunicação. Deste modo, a interatividade, as novas formas de reprodutibilidade e de re-criação abrem amplos horizontes de pesquisa na dialética entre a produção e a recepção. Assim no momento em que a criação alcança “incontestavelmente” universo tão almejado da recepção, surgem novas formas artísticas. Nelas a dinâmica da criação instaura-se na intenção de possibilitar ao espectador interferir no fluxo da obra, modificando-lhe a estrutura ou até participando junto com o “artista” dos atos de transformação ou mesmo de criação.


Torna-se fundamental que a prática artística inerente às novas tecnologias faça sobressair a qualidade a partir da quantidade. *TAVARES, Monica Os processos criativos com os meios eletrônicos. Intercom - Revista Brasileira de Ciências da Comunicação, América do Norte, 19, jun. 2012. Disponível em: http://portcom.intercom.org.br/revistas/index.php/revistaintercom/article/view/917/820

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Acesso em: 06 Jan. 2014.

Arte telemática: dos intercâmbios pontuais aos ambientes virtuais multiusuário*

As artes, as ciências e as técnicas entretêm relações de interdependência que possibilitam que as invenções ou mutações tecnológicas façam emergir novas formas artísticas. Se a tecnologia, com seus avanços, não inventa necessariamente novidades, ela transforma as condições de produção, modificando assim o seu status. As tecnologias do fim/começo de nosso século, particularmente as relacionadas à eletrônica e à informática, abriram novas possibilidades. As telecomunicações se tornaram indissociáveis dos sistemas informáticos, viabilizando uma marca distintiva da nossa sociedade atual: a comunicação a distância. É preciso se render à evidência: as “máquinas de comunicação” modificam nossos modos tradicionais de comunicação e suas formas de leitura e de apresentação, constituindose em um dos componentes de um novo olhar possível sobre o homem e seu cotidiano e estabelecendo, desta maneira, outras relações e outras necessidades. As experimentações artísticas com as novas mídias digitais acentuam-se e multiplicam-se nestes dois últimos decênios com a utilização, pelos artistas, de diversas formas de produção, distribuição e intercâmbio, possibilidade ampliada com a recente introdução da web. Vários artistas vêm desenvolvendo projetos nesses domínios, que continuam a ser um campo frutuoso para experiências artísticas e representam um dos novos desafios para a arte contemporânea.


*PRADO, Gilbertto, Arte telemática: dos intercâmbios pontuais aos ambientes virtuais multiusuário / Apresentação Arlindo Machado, Julio Plaza — São Paulo: Itaú Cultural, 2003. 128 p. : fotos p&b color. – (Rumos Itaú Cultural Transmídia). Pag. 20. Disponível em: http://poeticasdigitais.files.wordpress.com/2009/09/2003arte_telematica_dos_intercambios_pontuais_aos.pdf . Acesso em: 06 Jan. 2014.

A mídia como reordenamento da arte*

" Sabemos que arte é um processo em permanente mutação. Arte era uma coisa para os arquitetos egípcios, outra para os calígrafos chineses, outra para os pintores bizantinos, outra para os músicos barrocos e outra para os cineastas russos do período revolucionário. Nesse sentido, não é preciso muito esforço para perceber que o mundo das mídias, com sua ruidosa irrupção no século XX, tem afetado substancialmente o conceito e a prática da arte, transformando a criação artística no interior da sociedade midiática numa discussão bastante complexa. Basta considerar o fato de que, em meios despontados no século XX, como o cinema por exemplo, os produtos da criação artística e da produção midiática não são mais tão fáceis de serem distinguidos com clareza. Ainda hoje, em certos meios intelectuais, há uma controvérsia sobre se o cinema seria uma arte ou um meio de comunicação de massa. Ora, ele é as duas coisas ao mesmo tempo, se não for ainda outras mais. Já houve um tempo em que se podia distinguir com total clareza entre uma cultura elevada, densa, secular e sublimada e, de outro lado, uma sub-cultura dita “de massa”, banalizada, efêmera e rebaixada ao nível da compreensão e da sensibilidade do mais rude dos mortais. Se em tempos heróicos, como aqueles da escola de Frankfurt por exemplo, a distinção entre um bom e um mau objeto de reflexão era simplesmente axiomática, nestes nossos tempos de ressaca da chamada “pósmodernidade”, a cisão entre os vários níveis de cultura não parece tão cristalina. Em nossa época, o universo da cultura se mostra muito mais híbrido e turbulento do que o foi em qualquer outra época.


*MACHADO, Arlindo, Arte e mídia: Aproximações e distinções, artigo publicado na revista e-compós - Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação, http://www.compos.org.br/e-compos. Disponível em: http://www.compos.org.br/seer/index.php/e-compos/article/viewFile/15/16 . Acesso em: 06 Jan. 2014.

Artes e média no mundo contemporâneo

“Podemos afirmar que existe uma tendência global para comunicar visualmente através de tecnologias de comunicações que permitem a interactividade dos sistemas multimédia e fomentam a criatividade individual.” “Na era da comunicação e do conhecimento o clássico receptor passivo da comunicação tornou-se, finalmente, um interlocutor capaz de expressar uma opinião crítica sobre o que vê, de seleccionar o que quer ver e de criar os seus próprios conteúdos, conforme está demonstrado nos mais diversos blogs e em sites Web como o YouTube ou o Flickr.” “A Web desafia o utilizador a envolver-se activamente nos processos, permite experimentar diversos percursos, obriga a distinguir o que é importante do que é secundário, convida a criar e sintetizar material a partir de várias fontes e estimula a formulação de questões novas.” BIDARRA, José. Aprendizagem multimédia interactiva, In Miranda, Guilhermina Lobato "Ensino Online e Aprendizagem Multimédia". Lisboa: Relógio d'Água, 2009. ISBN 978-989641-141-1. p. 352-382. Disponível em: https://repositorioaberto.uab.pt/bitstream/10400.2/1778/1/ModelosAMI_Bidarra.pdf . Pag. 1 e 2. Acesso em: 06 Jan. 2014.


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