Jornal Arrocha 29 - Artes de Imperatriz

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Jornal

NOVEMBRO de 2016. Ano VIi. Número 29

Distribuição Gratuita - Venda Proibida

Arrocha

jornal-LABORATÓRIO do curso de comunicação social/jornalismo da ufma, campus de imperatriz

BEATRIZ FARIAS

MELHOR JORNAL LABORATÓRIO

ARTES DE

IMPERATRIZ Nossos artistas e suas inspirações Páginas 3, 4, 8 e 9

Teatro, literatura e cinema Páginas 10 ,15 e 16


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Arrocha

EDITORIAL

Jornal Arrocha. Ano VII. Número 29. Novembro de 2016. Publicação laboratorial interdis­ ciplinar do Curso de Comunicação Social/ Jornalismo da Universidade Federal do Maranhão (UFMA). As informações aqui contidas não representam a opinião da Univer­sidade.

CHARGE

público consumidor, é fortalecê-lo no seio de Imperatriz. As formas de fazer arte são muitas, porém as formas de incentivo, ainda são poucas. Assim, o campo artístico se torna restrito, não em relação aos artistas ou aos tipos de arte, que como já constatado, são muitos e variados. Mas, em relação ao público consumidor por não encontrar um espaço fortalecido e amplamente visível. Em contra partida, ao próprio incentivo financeiro, percebe-se um investimento tímido ou quase inexistente. Levantar a discussão de incentivo a arte em qualquer centro urbano, é vislumbrar perspectivas para o nascimento e o fortalecimento de novas expressões. Por isso, o Arrocha vem, nesta edição, apontar um referencial artístico de Imperatriz no intuito de fomentar as formas de arte na cidade.

POR CATHERINE MOURA

Arrocha: É uma expressão típica da região tocantina e também é um ritmo musical do Nordeste. Significa algo próximo ao popular desembucha. Mas lembra também “a rocha”, algo inabalável como o propósito ético desta publicação.

Reitora: Nair Portela Silva Coutinho | Diretor do Campus de Imperatriz - Daniel Duarte Costa Coordenador do Curso de Jornalismo - Carlos Alberto Claudino Silva. Professores: Leila Sousa (Laboratório de Jornalismo Impresso) e Jordana Fonseca (Laboratório de Programação Visual) e Miguel Angel Lomillos (Laboratório de Fotojornalismo). Monitoras de Programação Visual: Julie Paz, Suzete Gaia

Diagramação: Adriana da Silva e Silva, Aline da Silva Castro, Ariel Santos da Rocha, Daniel de Vasconcelos Paiva, Eugênia Barros da Silva Nascimento, Frida Bárbara Leite Medeiros, Gessiela Nascimento da Silva, Gilmar Carvalho Chaves, Ilberty de Oliveira Silva, Karla Cristina da Silva Rodrigues, Kellen Ayana Alves Ceretta, Leide Mayara Sousa Cruz, Lucas Vale Moreira, Luciana Sousa Bastos, Maiane Nascimento da Silva Maciel, Morgana Albuquerque Sousa, Nataly Alencar Trovão, Nayara Nascimento de Sousa, Neroilton Raimundo Araújo do Nascimento Júnior, Quezia da Silva Alencar, Ruan Jefferson Dias dos Santos, Sara Kalinne Mendes, Sarah Dantas do Rego Silva, Thayná da Silva Freire, Yasmin Maria Eunice Rocha Costa.

Reportagem: Barbara Fernandes, Beatriz Farias Elane Sousa, Erika Nogueira, Gustavo Araujo, Helene Santos, Hidalgo Nava, Jaysa Karla Gomes, Jorge Pereira, Lara Borralho, Leonardo de Castro Araújo. Letícia Holanda, Luziel Carvalho, Mariana de Paula Medeiros, Maron Ramos, Suzete Gaia. Fotos: Bárbara Leone, Beatriz Farias, Brigithy Canuto, Elane Sousa, Erika Nogueira, Even Grazielly, Gustavo Araujo, Lara Borralho, Leonardo de Castro Araujo, Máxima Santos, Letícia Holanda, Luziel Carvalho, Mariana de Paula Medeiros, Maron Ramos, Raquel Reis, Reginaldo Santos, Suzete Gaia.

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Abordar a expressão cultural é traçar um referencial artístico para a cidade de Imperatriz. O Arrocha desta edição mostra a versão da arte na cidade. Cada local possui formas diferentes de expressão artística. Arte é sinônimo de expressão cultural, e também uma extensão do artista. Pensar em arte neste centro urbano, não é apenas pensar no que é próprio dele, mas também, na arte que foi remodelada, ganhando características próprias do imperatrizense. Quando o artista faz arte, imprime nela sua personalidade e a do meio em que vive, bem como disse Rousseau “o homem é um produto do meio”. Aquilo que não cabe em si é externalizado em forma de versos, notas, cenas e movimentos. Nessa perspectiva, os leitores são convidados a mergulharem nas diversas formas de artes encontradas na cidade. Cinema, música, teatro, literatura de cordel, artesanato, mangá, grafite, escritores e obras, são apenas uma demonstração do campo artístico deste centro urbano, artes que ganharam uma (re) significação pela percepção de cada artista. Olhar para o campo da arte, seja pelo olhar do artista ou do

Ano VIi. Número 29 iMPERATRIZ, NOVEMBRO de 2016

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Contatos: Acesse o jornal em: www.imperatriznoticias.com.br Fone: (99) 3221-7625 Email: contato@imperatriznoticias.com.br


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rotina de dançarino Dançar é uma arte que alimenta e movimenta corpo e alma. Apesar de não ser tão reconhecida em Imperatriz, a dança é vista com muito amor e estima pelos bailarinos e bailarinas da cidade

Dança: arte em forma de passos e movimentos BEATRIZ FARIAS

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oncentração. Determinação. Equilíbrio. Essas três palavras definem fielmente um dançarino ou dançarina. Seja ballet, funk, dança de salão, e outras centenas de ritmos, todas possuem uma mesma característica: o movimento. A dança é um tipo de arte que permite a expressão corporal através de seus vários ritmos. O seu significado vai além da expressão artística. Ela é uma opção de lazer, e também um meio importante de se comunicar através dos movimentos corporais que expressam sentimentos diversos. A instrutora de pilates, Flávia Homobono Bezerra, de 42 anos, é proprietária da escola de Danças “Flávia Homobono” e está no mundo da dança desde os seus 10 anos de idade. Devido ao seu contato com a arte desde criança, há 12 anos fundou sua escola, onde instruía as aulas. Atualmente a proprietária dá aulas de pilates e estuda Educação Física. Segundo ela, para ser um bailarino ou bailarina, há algumas exigências: “É necessário dedicação e foco. Querer muito e gostar daquilo que faz. Para ser bailarino tem que ter pelo menos 10 anos de idade. Não precisa começar desde criancinha, como muitas pessoas pensam. As escolas profissionais exigem isso, de 10 a 11 anos de idade”, afirma. Ao ser perguntada sobre o mercado de dança em Imperatriz, a instrutora diz que nesse aspecto é fraco tanto para os donos de escolas quanto para os bailarinos. “O mercado de dança para bailarino é fraco. E o mercado para o empresário da dança também é fraco. A dança não é vista como educação, ela é vista como um hobbie. Então, levando em conta a crise do Brasil, ela deu uma baixa nesses dois últimos anos. Ela não é prioridade dentro da cartela de utilidades”, finaliza Flávia Homobono. “Quanto mais cedo inicia a prática do Ballet, melhor. Além da postura, flexibilidade e condicionamento físico, o Ballet

também trabalha a disciplina, algo muito importante a ser desenvolvido entre crianças, adolescentes e jovens”, é o que diz a estudante Thayane Marino, de 17 anos. A jovem é bailarina e estuda ballet desde criança.Começou a dançar com apenas 10 anos na escola, e hoje persiste em seu sonho na Escola de Danças Dançarte. E para quem ama a dança e quer seguir carreira, a jovem bailarina aconselha. “Meu conselho para uma pessoa que deseja estudar Ballet é investir na carreira de bailarina. Seja determinada e corra atrás de seu sonho, trabalhando duro, aproveitando todas as oportunidades que tiver pela frente. Sempre com amor e humildade”, finaliza. A bailarina Bárbara Nepomuceno, 23, esclarece que ser bailarino é um desafio diário que testa os limites corporais e psicológicos. “Bailarino também sofre com a busca eterna pela perfeição. Nunca achamos que estamos suficientemente bons ou preparados. São rotinas exaustivas de ensaio, de preparação física e de muito estudo para chegarmos pelo menos num nível que consideremos aceitável. É vencer a nós mesmos. O que nos leva a um outro segredo: bailarino precisa estudar. A sociedade parece desconhecer esse fato”, afirma. Segundo a bailarina, a dança significa vida, e, é capaz de moldar a personalidade de um modo que nenhuma outra influência faz. “A dança aumenta a autoestima, desenvolve a disciplina, possibilita a socialização e trabalha a criatividade. O ballet (ou a dança em geral) tem o condão de se enraizar no seu corpo, de modo que não há como existir um sem o outro”, conclui. A jornalista e bailarina Bruna Viveiros, de 23 anos, está na carreira da dança desde os 14 anos. Para o mundo da dança, essa idade já é muito avançada, mas esse fator não foi impecílio para o seu sonho. A jornalista cita as barreiras que o ballet enfrenta e fala ainda da força de

BEATRIZ FARIAS

“A dança aumenta a autoestima, desenvolve a disciplina, possibilita a socialização e trabalha a criatividade. O ballet (ou a dança em geral) tem o condão de se enraizar no seu corpo, de modo que não há como existir um sem o outro” vontade que um dançarino, ou quem gostaria de se tornar um, deveria ter. “A pessoa precisa ter muita persistência, muita dedicação e disciplina. São várias barreiras que vem no caminho, primeiramente a barreira financeira. Segundo, a cultural, das pessoas não conseguirem enxergar o ballet clássico da forma como ele deveria ser enxergado e não conseguirem valorizar. Terceiro, a barreira física, porque o nosso corpo tem inúmeras limitações que no ballet você não pode ter”, explica. Ainda segundo a jornalista, não dá para viver somente da dança em Imperatriz. De acordo com ela, muitas pessoas acham bonito esse tipo de arte, mas muitos não se dispõe a pagar para apreciá-la. “Bailarino não ganha bem e por isso a gente têm essa rotina maluca, de optar por uma segunda carreira. Tanto os grupos de dança, professores e bailarinos, não são bem pagos. A dança não é valorizada aqui”, declara. O estudante Thaymisom Gomes, de 23 anos, é graduando em Letras e apaixonado pelo ballet. Assim como Bruna, o bailarino começou um pouco tarde na dança. Seu primeiro contato com ela, foi aos 17 anos. “Ser bailarino, é tudo para mim. O meu melhor lado com certeza é a dança”, fala. O dançarino fala ainda do preconceito que sofreu no início de sua carreira e de como lidou com esse tipo de situação. “Sofri algumas piadas no início do balé, piadas do tipo: “Homem que faz balé?” “Sobe nas pontas BEATRIZ FARIAS

Bruna, 23,bailarina, afirma que a dança a ajudou na timidez e na forma de se expressar

do dedo”, “Onde a bailarina vai?”. Mas nunca fui de ligar muito para o preconceito, você tem que mostrar respeito e não cair nesses tipos de piada. Com o tempo, as pessoas foram entendendo o que realmente a dança significava para mim, e foram respeitando minhas escolhas”, afirma ele. Dança por amor - Tanto Bárbara, Bruna e Thaymisom, são integrantes do Grupo de Danças Pasárgada. A dançarina Bárbara, explica o porquê do nome dado ao grupo: “Fomos inspirados pelo poema “Vou-me embora pra Pasárgada” de Manuel Bandeira, um célebre poeta e crítico literário brasileiro. Para ele, Pasárgada é um lugar de refúgio. Pra nós, esse lugar é a dança”, afirma. Segundo ela, o grupo propõe a liberdade para um lugar melhor, mais humano, feliz e de sonhos alcançáveis, possibilitado somente por meio da dança e da cultura. “O grupo nos fez principalmente abrir nossos olhos para a intertextualidade que as artes podem ter entre si. É totalmente possível misturar poesia e dança, por exemplo. Mas ele só existe por causa dos laços de amizade e, sobretudo, de amor entre os integrantes (é por isso que a nossa logo é um bonecobailarino envolto por fitas, ou laços). O Pasárgada é o nosso sonho tomando forma. É o nosso grito de liberdade, nosso grito de amor, ressalta ela. Ainda de acordo com Bárbara, o grupo possui mais 5 integrantes especializados em dança clássica e moderna. “Além disso, a equipe também dispõe de um setor voltado

“Bailarino não ganha bem e por isso a gente têm essa rotina maluca, de optar por uma segunda carreira. Tanto os grupos de dança, professores e bailarinos, não são bem pagos. A dança não é valorizada aqui” Thaymisom, 23, bailarino, tatuou um dançarino cheio de laços em seu braço direito, representando a ligação com o grupo Pasárgada

para coreografar e dançar em eventos”, afirma. Thaymisom Gomes, ainda complementa a essência do grupo. Segundo ele, o que os motiva a dançar é o amor pela arte. “Pasárgada foi criado no mês de maio, mês das mães e de outras comemorações tão importantes. Criado para gerar amor, muito amor, como um amor de mãe. Desde o início sabíamos que era isso que queríamos transmitir com a nossa dança, e mostrar para todos o quanto ela é importante”, declara. Além de arte, saúde - A dança é um tipo de atividade física que varia de tipos e ritmos. O “fitdance”, é uma nova modalidade que está conquistando fortemente os amantes de músicas agitadas. A estudante Bruna Rodrigues, 21, afirma melhoria nas condições físicas a partir das aulas de fitdance. “Meu contato com a atividade física sempre foi pouco, somente aquelas aulas da escola e pronto. Agora, no ensino superior, o meu contato reduziu para zero, percebi que estava engordando demais. Ficava sem fôlego rápido e isso estava me prejudicando de certa forma. Por isso, decidi me matricular em uma academia em que oferece aulas de fitdance e eu estou amando. É algo novo na cidade, e resolvi fazer porque me identifiquei com o fitdance. É animado, prazeroso e você nem percebe as horas passando. Faz alguns meses que pratico e percebi que melhorou muito meu condicionamento físico e consequentemente minha saúde”, finaliza. Por todos esses aspectos, é necessário que todos se conscientizem da utilidade que a arte possui, seja na saúde mental e física, quanto no desenvolvimento do corpo. A dança possui um valor inestimável, vai muito além de uma técnica aprendida. É um mundo cheio de sentimentos, habilidades, harmonia e equilíbrio. Muito apreciada por alguns, e nem tanto valorizada por outros.


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Esculturas imperatrizenses Escultores de Imperatriz deixam sua arte por todo o Brasil. Existem várias esculturas espalhadas na cidade em locais estratégicos, representando a cultural regional ou uma figura representativa

A arte de esculpir JORGE PEREIRA

JORGE PEREIRA

A

terceira das artes clássicas, a escultura, tem como objetivo maior representar o corpo humano. Mas essa nobre arte não se restringe só à figura humana. Santos e divindades também são inspirações para a maioria dos escultores. Em Imperatriz, a arte passa despercebida nos olhares dos moradores. Um exemplo é estátua mais antiga da cidade, que fica localizada na Praça de Fátima. Lá está a imagem do Dom Frei Marcelino Sérgio Bícego. ”Passo aqui todo dia e não sabia quem era a pessoa da imagem”, disse o vendedor João Lucas. A imagem de Dom Marcelino foi esculpida em 1986 pelo artista italiano Luigi Dovera, que morava em São Luís e era amigo pessoal de Frei Marcelino. A estátua do Frei foi um pedido da liderança da igreja e foi feita na gestão do prefeito José de Ribamar Fiquene. ”Não foi fácil esculpir a imagem do Frei. Na época, a cidade não tinha o material que o escultor italiano achava apropriado para confecção da estátua e ela foi feita no cimento bruto”, afirmou a freira Ana Maria Pastorelli, que também escreveu um livro sobre a vida de Dom Marcelino. O primeiro escultor da cidade foi o piauiense de Campo Maior, Amadeu Rodrigues, que chegou em Imperatriz em 1970 e começou a esculpir suas primeiras obras embaixo de uma árvore. Rodrigues fez a maioria das esculturas da cidade, uma delas é a que fica na Praça Mané Garrincha. “Já reformei o Mané várias vezes, o povo

Esculturas localizadas em diferentes lugares em Imperatriz, representando a expressividade de cada artista

não respeita a imagem, era pra ter mais amor a arte”, disse Rodrigues. Ele conta ainda que fez esculturas para várias cidades da região e para outros estados como Ceará, Piauí e até Mato Grosso. Uma das maiores obras de Rodrigues foi produzida há 40 anos, pesa mais de 500 kg e foi feita para representar a força e o trabalho. A estátua fica em frente sua empresa e é um dos trabalhos que ele mais se orgulha. Nenhum de seus 7 filhos se interessaram pela arte de esculpir. O escultor tentou ensinar outras pessoas, mas também não houve interesse. Rodrigues não trabalha mais com esculturas, hoje aos 89 anos, não tem mais condições físicas por conta da idade avançada. No entanto, se orgulha por ter deixado sua marca em forma de arte por várias cidades brasileiras. Prêmio - A maior alegria do artista é o reconhecimento. Uma coisa

muito rara em se tratando da arte de esculpir. O escultor Lindomar Plácido, 38 anos, natural de São Pedro (PI), residente em Imperatriz desde os 5 anos, teve seu trabalho reconhecido nos anos 2000, quando foi premiado em uma Bienal na capital maranhense com a obra Sagrado Presépio. “É muito difícil esse reconhecimento, as pessoas não valorizam nosso trabalho, o governo deveria dar mais apoio, promover mais eventos para incentivar a arte de esculpir, se não tiver incentivo essa arte vai acabar”, relata com tristeza o artista.

“Deus me deu esse dom. Ninguém me ensinou, sou muito grato por poder expor minha arte para as pessoas”

Plácido é um escultor bastante requisitado. Já fez esculturas em todo o Brasil. Na capital do país, fez a imagem de Santo Antônio, com 6 metros de altura e mais de 1 tonelada, uma de suas maiores obras. Fez também esculturas na cidade do Rio de Janeiro, na Igreja da Divina Providência. O artista tem deixado sua arte em todo território nacional. “Deus me deu esse dom. Ninguém me ensinou, sou muito grato por poder expor minha arte para as pessoas”, afirma Plácido. O escultor fez sua primeira obra aos 15 anos de idade, por brincadeira, esculpindo na argila a imagem de Nossa Senhora. Desde então tomou como profissão a arte de esculpir. Na escultura de imagens utilizase diversos tipos de materiais como gesso, pedra, madeira, resinas sintéticas, aço, ferro e mármore. Em Imperatriz, as matérias primas mais usadas pelos escultores de imagens

são o cimento e o gesso, por se constituírem em materiais de fácil acesso e de baixo custo. Incentivo - A Fundação Cultural de Imperatriz, através do assessor de comunicação Antônio Fabrício, informa que já foi produzida uma bienal em artes plásticas na cidade, mas não especificamente com esculturas de concreto. Ele acrescenta que foi promovida uma oficina e exposição de esculturas em areia e que não tem nenhum projeto em relação a estátuas e semelhantes.

Cordel Imperatrizense: rimas que imortalizam a cidade MARON RAMOS

Vale a pena sim saber como foi essa verdade, voltou o nome de vila já com dez anos de idade. Os governos da província fizeram tudo de verdade. O padre ficou muito contente, muito orgulhoso e feliz porque o Imperador a chamou de Imperatriz, já era uma vila bem grande e pertencendo a São Luís”. O trecho citado, faz parte do Cordel “Imperatriz 159 Anos – Fazendo sua História” uma produção de Cicero Mendes de Sousa, 94 anos, todos vividos na cidade que aprendeu a amar a ponto de nunca querer se ausentar, o que possibilitou conhecer muito da história local. O senhor, que nunca estudou, diz ter vivido como se tivesse recebido um “dom divino”. “Nunca estudei, Deus me ensinou a ler e escrever”. Mesmo precisando trabalhar para sustentar a família, trabalho que realizou em 62 roças, também ajudou a conhecer mais da história da cidade, mais uma motivação para a produção do cordel, que também aprendeu sozinho a produzir. Hoje, mesmo com as complicações causadas pelo glaucoma, faz diariamente leituras da bíblia e dos cordéis que, em outro momento, a produção fazia parte do seu dia a dia. Tal como diz a Jornalista, Doutoranda em Comunicação Social e

mestre em Estudos da Mídia, Gisa Carvalho, que despertou o interesse pelo estudo do cordel ainda na graduação de Jornalismo na UFC, durante uma disciplina chamada “Realidade Regional em Comunicação”, a respeito da produção de cordéis, “o formato, segundo a historiografia oficial, é inspirado nos cordéis portugueses, que contavam histórias em prosa e eram apresentados pendurados em cordas (por isso o nome cordel). Mas atualmente sabemos que trata-se muito mais de um hibridismo que incorpora elementos de poesias de diversas culturas, não somente a portuguesa”. O formato conhecido hoje, no entanto, surge quando os editores compraram as máquinas para imprimir as poesias dos cantadores que já existiam. “No Brasil, mais especificamente no Nordeste, antes da chegada das máquinas impressoras com a Família real, em 1808, já havia a poesia oral”. A pesquisadora conta ainda que existe uma razão para a linguagem ter se popularizado no nordeste “No Nordeste teve uma popularidade maior porque é nessa região que já havia a poesia oral, a qual é base para a poesia impressa em folhetos”. Contemporaneidade - O cordel não é mais produzido apenas no sertão (aliás, nunca foi. O pioneiro da edição de cordéis, Leandro Gomes

de Barros, publicava no Recife). Quando o poeta vive nesses lugares, ele tende a falar sobre sua realidade. E muitos poetas vêm do sertão, trazem um saudosismo nos textos, tem muito mais a ver com uma questão histórica e folclorista, patrimonialista. Esses cordéis com temática sertaneja existem, mas não são os únicos. De acordo com Gisa, o cordel contemporâneo está atento às transformações da realidade sociocultural, dos recursos tecnológicos de comunicação. Então, ele não precisa ser renovado. Ele já está sendo. “E é o fato de estarem abertos às transformações sócio-históricas que impede que eles desapareçam. Se tentássemos engessar temáticas, formas, estruturas, tenderíamos a transformá-los em peças de museu”. A pesquisadora também conta que a linguagem já há muito tempo vem ganhando espaço em novas plataformas. “Em 2009 escrevi meu primeiro artigo sobre o cordel na Internet, tratando das possibilidades que os blogs ofereciam à poesia. Atualmente, além dos blogs que permanecem, há cordel no Facebook, no Instagram e em grupos de Whatsapp.” E ainda completa: “Não há uma possibilidade de renovação de temas, porque o cordel não ficou parado. Esses temas acompanham a historicidade. Estão em constante transformação, como toda mani-

festação cultural. Sobre os leitores de cordel, Gisa diz que depende de cada lugar. “Em Fortaleza, onde tenho mais proximidade, sei que quem compra folheto são turistas, pesquisadores, colecionadores, algumas vezes professores que utilizam a poesia em sala de aula. Pessoas curiosas quando se deparam com títulos em bancas e em feiras. Perfil de gênero, idade, classe social, profissão não temos”. Em imperatriz, os cordéis pro-

duzidos por Cícero Mendes eram distribuídos em bancas de revistas, mas também de forma gratuita para todos que o visitavam para ouvir algumas de suas histórias, o autor conta que os leitores mais fieis são aqueles que mais se parecem com ele “Na maioria dos casos, quem mais se interessava em ler eram antigos colegas, que conheci nas roças e que, assim como eu, gostavam de ler e lembrar daqueles tempos”. MARON RAMOS

A leitura como um produto do presente que oferece a possibilidade de conhecer o passado


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Artesanato O scrap abre um novo mercado voltado para a decoração em Imperatriz. Apresenta um artesanato luxuoso que utiliza como principal matéria prima, papéis decorados e muita criatividade

Feito à mão: da produção ao acabamento érika nogueira

Papéis,colas e tesouras ganham espaço no mercado e dão forma diferente a cada festa produzida, revelando um artesanato único e decorativo. érika nogueira

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ão há duvidas de que todo trabalho feito à mão sempre deixa uma marca especial. Possui um valor diferente pode até ser simples, mas é único. Prateleiras e vitrines cheias de cores vibrantes, mimos cheios de delicadeza. Cada peça exibe em sua forma o cuidado e atenção de seus criadores. Pedaços de tecidos e papéis decorados dão forma a cada item que compõe a vitrine. A ideia de juntar restos de papéis coloridos, cartões, cartinhas, e embalagens expressavam momentos marcantes, sendo estes guardados, colados em álbuns de famílias ou diários. Essa forma de guardar “memórias” existe há bastante tempo, porém está sendo aprimorada. A nova forma de artesanato revelase luxuosa e abre espaço para um novo mercado em Imperatriz. Cada região possui uma forma de contar história, e o artesanato é a mais forte. Bonecos feitos de barro, frutos, palha, garrafas pintadas à mão, são exemplos clássicos. Agora feitos de papel, desenhados por design e trabalhados por mãos atentas a cada detalhe. Thainara Santos têm apenas 25 anos, e está em seu segundo negócio. A proprietária conta que o artesanato não é apenas uma forma de se obter lucro, mas uma paixão que adquiriu em um quarto de hospital. Os dias eram longos naquela sala e Thainara passava o tempo fazendo que mais gostava: colagens. “Eu sempre aguardava ansiosamente o dia do artesanato, tinha dias que eu não conseguia nem andar, mas no dia do artesanato eu criava forças e ia, nem que fosse na cadeira de rodas” afirma. A proprietária da “Bendita Ideia”, conta que tinha um diário onde relatava toda sua rotina com colagens, itens e objetos de acordo com os acontecimentos, e assim saiu seu primeiro scrapbook. Com o passar do tempo, o hobbie levou a fazer outros álbuns. Sem perceber, ela já estava recebendo encomendas de amigos, então resolveu abrir a

própria loja.Cortadores, colas, papéis e tesouras agora fazem parte do dia a dia dela. Uma dobradura aqui, outra ali logo tem caixas, artigos para festas e decoração de ambientes. Antônia Soares e Antônio Carlos são proprietários da loja ABC designer e scrap. Os sócios contam que em um momento de desemprego, o casal decidiu abrir um escritório que trabalhasse com comunicação visual (banner, folder e etc.) de forma terceirizada. Em determinado momento surgiu um cliente solicitando um serviço que envolveria o scrap. Como o trabalho voltado para comunicação não ia bem, o casal decidiu aceitar a proposta, e conseguiram realizar alguns trabalhos mesmo sem o auxílio de máquinas de cortes. Foi neste contexto que a loja recebeu uma “cara nova”. Como os proprietários ainda não tinham conhecimento sobre o assunto começaram a produzir alguns personalizados grátis, com o intuito de divulgar o trabalho.

Aos poucos o negócio começou a crescer, as encomendas aumentaram, tornando a ABC, em uma loja voltada apenas para produção de artesanatos usados em decorações de festas. A artesã conta que no Brasil o scrap é algo novo, não tão explorado como as outras partes do artesanato. “Nosso maior obstáculo é encontrar material (papéis e afins) para auxiliar na criação dos trabalhos”, afirma Antônia. Ela ainda conta que Imperatriz não está prepara para este mercado. Não só pelo fato de ainda não possuir matéria prima, mas também por conta da valorização. “O artesanato possui dificuldades de venda naturalmente por conta do valor, imagina só algo novo como o scrap. Existem poucas lojas na região que fornecem material de qualidade”, diz a proprietária. Os proprietários contam que dedicaram o trabalho da loja para personalizados de festas por que

viram a liberdade de criação em seus trabalhos além da confiança depositada por seus clientes. “ É muito bom ver que nossos clientes reconhecem o nosso trabalho, e ficam encantados ao receber suas encomendas”, diz Antônia. É bem provável que você conheça alguém que trabalhe com scrap. O que facilita este trabalho é o fato de que dá para aprender muitas técnicas, estudando em casa. Renata Pugaltti descobriu sua vocação pelos papéis, quando resolveu fazer a festa do filho. Ela produziu desde o convite até a lembrancinha. Devido as pesquisas em busca de material para a organização do aniversário, a artesã encontrou uma máquina que facilitaria alguns cortes mais delicados. A ferramenta possibilitou a microempresária a receber encomendas, e vender materiais para a produção do scrap. Foi neste contexto que surgiu a “bem lembrado”. A proprietária conta que muitas mães, noivas ou até mesmo namoradas, se apaixonam pela técnica. Elas buscam economizar ao fazer um presente ou uma festa, sabendo que há um sentimento diferente quando é você mesmo quem faz. O diferencial da “bem lembrado” não se encontra apenas na produção, mas ao trazer ferramentas que facilitem este trabalho. Além de contar com esses materiais, a proprietária oferece na loja oficinas, onde ensina passo a passo de como produzir álbuns, caixas, cartões e o que mais a criatividade permitir. Renata conta que a loja surgiu da carência do mercado. “Antes não se encontrava nada muito específico e minhas clientes buscavam em lojas on-line o que encontram na “Bem Lembrado”. Hoje temos variáveis como: ScrapFesta (para montagem de mimos e decoração de festa), ScrapDecor (para montagem de peças decorativas para casa como espelhos, quadros) e etc”. Aos poucos as produções de festas foram sendo deixadas de lado, cedendo lugar para prateleiras com papéis decorados e coloridos, carimbos, molduras, álbuns, flores, instrumentos para cortes e tantos outros materiais. A érika nogueira

loja torna-se pequena para tanta criatividade e cor. “Muitas de nossas clientes mantêm seus empregos, porém buscam a renda extra, outras inclusive, com o tempo, trocam o emprego fixo pelas encomendas. Mas há aquelas que buscam no Scrapbook uma forma de distração ou mesmo terapia”, afirma. Além das oficinas produzidas pelas artesãs da loja, há também professores de circuito nacional, na tentativa de trazer vertentes e técnicas diferentes que podem ser aprimoradas em conjunto. Já que o foco diferencial da loja é justamente as oficinas. “É um mix de técnicas abrangentes (sempre aplico técnicas onde a aluna pode criar inúmeras variações) e um bom bate-papo”, conta a proprietária. Foi em uma destas oficinas que Bianca Negreiros deu continuidade aos seus conhecimentos. Ela descobriu o scrap através de uma prima que já conhecia trabalhos artesanais. Neste período Bianca estava noiva e procurava algumas ideias para o casamento. Em suas pesquisas ela via oportunidade de aprender algumas técnicas, e foi neste contexto que Bianca decidiu ser artesã. “Eu vi alguns faces e sites que trabalham com scrap, gostei, e busquei conhecer melhor, foi onde conheci a “Bem lembrado”, e fui fazer um curso inicial para poder me aperfeiçoar e então trabalhar nessa área”, diz Bianca.Ela já está há um ano neste mercado, e conta que a parte mais difícil é saber administrar os gastos iniciais, para que não se compre coisas desnecessárias, então aconselha a fazer investimentos a partir do número de encomendas recebidas. “O trabalho personalizado, deve ser feito conforme a cliente quer. Gosto de ter um diálogo com a cliente, e assim poder fazer um trabalho conjunto, especial e único, dificilmente sai algum trabalho igual. É tudo muito exclusivo mesmo, cada peça é única”, afirma.“Bia”, como a artesã é conhecida, conta que sempre há produtos novos em seu ateliê, pois suas clientes estão à procura de exclusividade e já que o artesanato é um trabalho personalizado e único, tem sempre algo novo a acrescentar.“Imperatriz já tem muitas opções de lojas com muitas ferramentas que ajudam a fazer um trabalho bonito, e a tendência é só expandir cada vez mais”, diz a artesã.

Bianca oferece algumas dicas para quem está entrando no mercado assim como ela: 1. Ter as ferramentas básicas Régua, cola, tesoura, fita dupla face, fita banana, estilete e claro os papéis. 2. A artesã tem que ter em mente, com o que quer trabalhar: 3. Pesquisar Estar antenada e atualizada, e principalmente deixar a criatividade agir. Artesãs produzem caixas, convites, mimos e itens de decoração temáticos que constroem uma identidade para festas personalizadas em Imperatriz.


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LEONARDO ARAÚJO

EN SA IO JORGE PEREIRA

HELENE LAVIGNE

ÉRIKA NOGUEIRA


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Ano VIi. Número 29 iMPERATRIZ, NOVEMBRO de 2016

LARA BORRALHO

Arrocha

7 ELANE SOUSA

BEATRIZ FARIAS

MARON RAMOS

jordana fonseca

EN SA IO


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fotografia A arte de contar histórias sem palavras captando momentos coloridos que a vida revela em instantes congelados

Ano VIi. Número 29 iMPERATRIZ, NOVEMBRO de 2016

lara borralho

Fotografia: a poesia contada através do olhar lara borralho

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otografar é muito mais que o clique do obturador. Significa conseguir captar o que existe atrás do que se vê com os olhos, ver através de uma parede invisível. Cada fotografia tem o poder de recriar as emoções de quem é fotografado. Trata-se de uma parte a ser contada na história de uma pessoa sem precisar de palavras. Ser fiel ao momento e as emoções que estão sendo vividas. Um fotógrafo é muito mais que alguém com uma câmera na mão, é, acima de tudo, um contador de histórias. O imperatrizense Eudes Sousa, 40, conta o que o motivou a entrar na carreira fotográfica: “meu início de carreira não foi exatamente como fotógrafo, mas como “office boy” em um estúdio fotográfico na década de 1990. Mas com o passar do tempo fui me apegando com a arte de fotografar. Me apaixonei, fiz cursos e busquei conhecimentos da área, mesmo sendo difíceis informações na época. Mas com a expansão da profissão fui em busca fora do estado, através de cursos e congressos voltados para área. Hoje vivo e dependo dessa arte que amo muito”, explica. Ao ser perguntado qual perfil necessário de um fotógrafo, o ex-office boy cita três elementos essenciais: “mesmo que a atuação seja no segmento de moda, estúdio, jornalístico ou eventos sociais, o fotógrafo tem que ter compromisso, competência e ética. Independente da sua área de atuação”, afirma. O jornalista e fotógrafo Antônio Wagner Silva Aurélio, 28, define-se

como uma pessoa que preza os pequenos detalhes. As coisas simples da vida são as que mais o satisfazem. O primeiro contato com a fotografia foi por acaso, “antes de entrar no curso de comunicação social eu já brincava com as câmeras compactas. Quando entrei no curso, foi aí que realmente a paixão aflorou. Mas antes disso tudo, meu pai foi fotógrafo na adolescência. Talvez um gene dessa da criatividade, do amor pela fotografia fluiu”, conta. Reconhecido em Imperatriz por retratar o amor em seu trabalho, Aurélio, afirma que: “o fotógrafo tem que ter essência, não saber só as técnicas. Porque para isso qualquer um pode pegar um livro, ler e aprender. O segredo é ter amor para transformar em um momento registrado.” Inspirado por avós fotojornalistas, o diretor de fotografia, Jhonatha Pereira Santos, mais conhecido como “Jhonatha Conection”, 25, desde criança convive com as câmeras. Devido à familiarização em fotos documentais antes de adulto, o fotógrafo, apesar de fotografar casamentos e famílias, declara sua paixão: “a minha maior paixão é o fotojornalismo. O espontâneo.” No início, tomado pela insegurança, “Jhonatha Conection” conta que tinha receio em divulgar o seu trabalho por medo de críticas, dilema esse que foi superado com o incentivo de amigos, profissionais e as exigências do mercado. “Sempre tive muito problema com a questão de postar fotos. Falava que não, porque não queria receber críticas das pessoas. Não queria que o meu trabalho fosse comparado com o de ninguém.

E hoje entendo que é fundamental. O que dá certo pra mim hoje é publicar as fotos. A publicidade influencia naturalmente”, explica. Mercado fotográfico imperatrizense – Ainda segundo Antônio Wagner, o mercado fotográfico da cidade possui abrangência no quesito eventos. No entanto, se torna mais difícil para os iniciantes, mas para quem tem carreira fixa o negócio se torna satisfatório. “Tem muitos eventos na cidade, muitas festas, tudo tem e todos querem ser fotografados. É um mercado em ascensão”, explica. Eudes Sousa afirma que a cidade cresceu. “Comparado aos grandes centros tivemos um up-grade nesses os últimos 3 anos. Mas a atual situação econômica também afetou o mercado do seguimento, porém aguardamos melhorias.” Jhonatha Pereira conta que o segmento mais promissor da fotografia em Imperatriz é o casamento. “Pessoas casam a todo momento. Quando se conhece um casal, registra-se o namoro, o pré-casamento, o casamento, a gravidez e os filhos. Quando converso com algum cliente, já planejo um contato não só profissional, mas que a pessoa se apaixone pelo registro, isso sim é o melhor marketing”, finaliza. Os fotógrafos consideram que nunca se fotografou tanto. Com a popularização da foto digital e dos celulares com câmeras, a fotografia tornou-se muito mais acessível. Para se ter uma bela fotografia não é necessário ter o mais caro dos equipamentos, e sim a sensibilidade para tornar momentos inesquecíveis.

Eternizar momentos é o foco dos fotógrafos Eudes, Antônio e Jhonatha

A personalidade de um ambiente está nos pequenos detalhes elane sousa

O

s objetos decorativos compõem o interior de ambientes residenciais e comerciais. A decoração é a parte final de todo o projeto de elaboração e construção de um imóvel, etapa que confere harmonia e estética aos mais variados ambientes. Os objetos possuem duas características de mercado que estão diretamente relacionados

com a matéria prima. Nos objetos decorativos relacionados a matéria prima, encontra-se os provenientes de uma confecção mais industrial e, os provenientes de uma confecção artesanal reciclável, a este pode-se conferir ainda um caráter sustentável, uma vez que envolvem materiais que seriam descartados. O objeto de decoração pode ser considerado um pequeno detalhe, explica a designer de interiores Glei-

ciany Lima, mas ainda que mínimo, faz toda a diferença. “São esses pequenos objetos, que trazem a personalidade do cliente para o ambiente, eles podem ser tanto decorativos, mas também possuir um significado, estar relacionado a uma herança de família. Os objetos contribuem para a estética do ambiente no sentido de sofisticação, tornar ele mais harmônico”. Os elementos mais comuns utilizados em uma decoração são luelane sousa

Escritório do publicitário Rogério Benício, com objetos elaborados pelo artista plástico Railton Araújo, a principal matéria usada são objetos reciclados

minárias, vasos com ou sem flores, quadros e alguns pequenos mobiliários, todos esses elementos compõem bem a decoração e são bastante utilizados, afirma Gleiciany Lima. A designer explica que o toque sustentável na decoração está em alta e, além de alcançar o resultado esperado, de acordo com cada estilo, também contribui para a reutilização de materiais, que poderiam ser descartados na natureza, mas que nesse caso são reaproveitados para refazer novos objetos e compor novos ambientes. Para o artista plástico Railton Saulo Araújo, o inútil, ultrapassado e descartado pode ser mudado, “tudo se transforma”. Já dizia Frida Kahlo, homenageada pelo artista em sua primeira exposição, intitulada “Miss Rainha” em um shopping de Imperatriz “Nada é absoluto. Tudo muda, tudo se move, tudo gira, tudo voa e desaparece”. É assim que objetos como garrafas velhas, pratos quebrados e gavetas ganham nova releitura e transformam-se em objetos de decoração nas mãos do artista. As estampas que fazem parte do trabalho do artista são sempre vibrantes, as flores e os frutos fazem parte da arte, as peças mais trabalhadas são as garrafas, seu foco principal.

Sobre a aceitação do mercado regional em relação a arte, Araújo comenta “O artista nunca é respeitado, ninguém nunca dá valor a arte de ninguém”. Mas admite que seu trabalho está ganhando espaço e respaldo no mercado e ressalta, “minha pretensão é mostrar minha arte”. Assim, a arte ganha ao longo dos anos, novas formas e novos espaços de manifestação. Arte consciente - O biólogo Warckson Gleyvison Ferreira assinala que a produção de embalagens e produtos descartáveis aumentou significativamente desde a década de 1970, assim como a produção de lixo, principalmente nos países desenvolvidos. Para Ferreira, as vantagens do reaproveitamento de materiais descartados para elaboração de objetos de decoração, contribuem para o processo de preservação do meio ambiente e para a geração de riqueza. Destaca ainda o biólogo, que as práticas sustentáveis beneficiam uma via de mão dupla, ao passo que favorecem o ambiente no aspecto visível, com a remoção daquilo que torna o ambiente feio, e por outro lado as pessoas que estão em interação constante com o meio, são as principais beneficiadas com a prática.


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MÚSICA

As dificuldades e o cenário autoral de Imperatriz Compositores lutam diariamente para garantir um espaço e mostrar suas composições. Viver da própria música é superar o desafio de não morrer no tempo e ser esquecido LUZIEL CARVALHO

LUZIEL CARVALHO

A

composição condensa o resultado de uma educação musical. É um ato de nutrir as experiências sonoras e estéticas, corporificando-as na música. É construir sentidos, revelando influências, imagens e conexões capazes de atingir quem ouve. O ato de criar para um compositor, ultrapassa o campo da sonoridade, assim como a cultura musical, que não se dá somente pela influência da música, é também advinda de toda a interação que se tem com o mundo, portanto, multidirecional. O rito de um compositor é estar diante de um papel em branco, onde o princípio que antecede o som e a composição, é o silêncio. Algumas vezes o compositor se vê diante de um caos sonoro e poético, cabendo a ele lapidá-lo e organizá-lo, até materializar-se como música - a quebra do silêncio. O compositor é um indivíduo “obsessivo” pela experiência de criação e pelo ato de criar, sem essa paixão essa arte não sobrevive. Para Tony Gambel, 27, anos, cantor e compositor de MPB, nascido em Montes Altos, o ato de compor está ligado ao fato de responder à provocação gerada pela cultura musical que temos, tudo isso faz com que o compositor também sinta a necessidade de intervir no mundo através da música, e dialogar com a realidade mostrando o resultado dessa educação musical, conectando-as com outras experiências de vida. Do amor à indignação. “Eu ficava admirado com caras como Raul, Renato Russo, Gessinger, entre outros. Têm letras e canções geniais que acabaram me educando. Bom, então se eu estou sendo educado por essas pessoas, eu tenho que mostrar, o que eu colhi disso. Mostrar no que está resultando essa minha educação musical. Mas o que acabou desencadeando a minha vontade de compor, foi a indignação política. ” Para Wesley Lucas, o Mensageiro, 22, cantor e compositor de Rap, compor é um processo de resgate e construção criativa da própria vida, de desvelamentos existenciais nas mais variadas dimensões humanas, onde a própria vida é transformada em arte, trazendo consigo um potencial transformador, seja enfatizando dor, alegria, crítica ou problematização social. A música exige que lidemos com toda a riqueza artística que podermos colocar nela. “Tudo que eu fiz até hoje no rap, sempre foi baseado em muita verdade. Compor é construir de forma honesta aquilo que você acredita. Música é um meio de transformação. Se for somente para entreter, eu abandono o game. O rap me trouxe uma visão de mundo, fez eu me aceitar como eu sou, não preciso sentir ódio de mim, nem odiar os meus semelhantes pelas diferenças. Compor expressa para mim essa luta diária.” Em algum momento da vida, a desistência da música fora pensada e até aceita por ambos, felizmente por alguns instantes apenas nesse caso. Logo o lado criativo da arte lhes gritou pungente, não se pode esmagá-lo. Se você decide ser compositor, voltar atrás ou desistir

Mensageiro MC e Tony Gambel são parte da nova geração de compositores de Imperatriz. Cantam suas realidades e se conectam ao público através das suas músicas.

não é opcional, mesmo que você se silencie, esta parte da alma fica viva e pulsante se você construiu esse talento. E dói, seja em quem for, substituí-lo pela frustração. Lidar com a vontade de desistir sempre foi uma constante e algo comum a todas as pessoas. Gambel quase desistiu de tudo por falta de apoio, trabalhou cerca de cinco anos afastado da arte. E Lucas, quase fora levado a abandonar tudo por causa da depressão, também desestimulado do cenário que o cercava. Quando o público vê isso de perto, consegue perceber que talentos como esses são ignorados e silenciados sem outra alternativa. Ao se aproximar dessa realidade pode-se reconhecer exatamente de que forma ajudar. Eis aqui exemplos de força. Dois compositores que lutam para levar ao público aquilo que fazem. Não se trata de fama, se trata dos motivos pelos quais se faz música. Esse é o ponto onde muitas vezes a falta de sensibilidade dificulta a compreensão de que um artista não pode ser dissociado de sua arte, nem mesmo afastado dela, porque esse caminho lhe mutila a alma. Por mais que as pessoas considerem simples, e as condições pareçam ter melhorado para quem é artista, são poucos os que têm o prazer de viver de música, sem dividir-se em outras atividades para seu sustento. A desvalorização e a falta de reconhecimento produzem um efeito de desgaste, de queda no esquecimento e desistência por parte de quem compõe em muitos casos. Ser artista ainda é difícil. Colocar um violão nas

costas e viver disso, é complicado explicar até para a própria família. O cenário autoral da cidade - Em Imperatriz, há ainda pouco espaço para se ouvir uma banda ou um artista solo tocar música autoral, o que de certa forma atrofia esse cenário. A sensação de estar ouvindo música nos bares da cidade por vezes emite a impressão de que é muito mais fácil se divertir com o que é demasiadamente conhecido ou clichê, mas claro, existem exceções. Há certa resistência ao autoral, que quando não causa espanto, produz aquela sensação de estar tocando sozinho. Isso parece demonstrar um afastamento da cidade com o seu universo musical local. A tendência é o interesse somente pela história de quem faz sucesso. Para Gambel e Lucas, a vida do compositor em Imperatriz é bastante complicada uma vez que o espaço para um feedback da música autoral é breve. Em muitos casos, para o músico, a sua canção autoral aparece sem muito destaque ou brilho no intervalo entre covers. Em algumas circunstâncias completamente sem ligação e semelhança com aquilo que o músico faz no seu trabalho cover, isso dificulta a conexão com os ouvintes quando o trabalho como compositor é apresentado. O público que ouve os covers talvez não seja o mesmo, que ouviria as músicas autorais daquele artista em virtude dessa discrepância na linha sonora. Com isso, não se quer dizer que um contratante de shows e músicos, não deva

trabalhar de acordo com a linha de eventos que atende ao seu público. Mas sim, que incorpore a importância do autoral e busque formas para também fortalecer as músicas desses artistas locais. Gambel e Lucas, o Mensageiro, continuam a fazer música. São de uma nova geração de artistas da cidade que não desistiram porque acreditam no que fazem.

Seguido a isso, várias pessoas que admiram ambos não deixaram faltar apoio ou força nos momentos difíceis em todo esse trajeto que ainda percorrem. O público, precisa entender que todo artista precisa de apoio, reconhecimento e condições para continuar seu trabalho. Na composição, pulsa o coração de quem faz música de forma verdadeira.

Papel, caneta e coração

O personagem que eu inventei

Mas lembra lá daquele show que o mano me falou, que eu escrevia o que ele vivia e o que ele sentia, e ele, não tinha forças para poder dizer pro mundo. Mas eu representava com o microfone os bons. Entendeu irmão! Porque isso aqui ó, é papel caneta e coração. E só os meus vão sentir aquilo que eu estou sentindo. Eu tive que ser mais forte que os meus problemas. (Mensageiro MC)

“Me fascina teu jeito espontâneo de falar cantando os efeitos da vida, me fascina nunca admitir ter perdido a tal juventude. Me entristece agora em saber, que o silêncio se opôs ao caráter do tal personagem que eu inventei. (Tony Gambel)


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TEATRO Além dos palcos, há muitas histórias e dificuldades para quem trabalha no teatro. Porém, apesar de todas as dificuldades, o amor pela vida nos palcos - e fora deles - fala bem mais alto

Quando os artistas entram em cena

BÁRBARA FERNANDES

Merda” é o termo usado no teatro para desejar boa sorte ao ator antes da apresentação. Uma das explicações é que na França do século XIX, quando o público chegava aos teatros em carruagens ou a cavalo, os arredores do local ficavam sujos com as fezes desses animais, além do odor insuportável. Isso significava que muita gente havia comparecido para assistir à apresentação. Em Imperatriz, antes das apresentações, as companhias de teatro também fazem esse ritual. As companhias de teatro mais populares da cidade são Artback, Cia. Ceb de Teatro, Okazajo e Reivent’arte, entre outras, algumas ativas e outras com atividades em pausa. O professor e diretor de teatro, Lucas Alves, atua profissionalmente há 15 anos e relembra o primeiro contato com os palcos. “O teatro entrou na minha vida quando cursava o ensino fundamental na minha cidade natal, Cássia, em Minas Gerais. O teatro criou em mim uma nova forma de ver o mundo e de lidar com minhas angústias e medos”. A Cia ArteCeb foi idealizada por Lucas Alves. Ele explica que foi uma forma de aproximar adolescentes do teatro: “a companhia foi criada pra promover a cultura teatral para alunos do ensino médio e despertar na cidade um outro olhar para as artes cênicas”. Hoje a companhia conta com 20 participantes e é cíclica, ou seja, todo ano os participantes mudam, de acordo com os alunos da escola.

O professor diz que tenta mostrar aos alunos que o mundo criado no teatro não é diferente do mundo deles. “O que muda é a coragem de enfrentar personagens diferentes do eu deles”. Para Alves, estar numa escola particular facilita na montagem, divulgação e produção das apresentações. “Para ser mais valorizado em Imperatriz, o poder público e empresários deveriam investir em produções, daqui e de fora, pois só se percebe o nascer de uma tradição quando a

"Sonho com um teatro pronto para receber espetáculos de todo o Brasil e que nele possam acontecer aulas para o público carente". Lucas Alves, professor de teatro. sociedade vê e se entende como parte dela”, explica. O diretor conta que sonha em ver Imperatriz com um grande teatro, “sonho com um teatro pronto para receber espetáculos de todo o Brasil e que nele possam acontecer aulas para o público carente”. O ator e professor de teatro, Domingos de Almeida, que está nos palcos desde 2008, relata: “iniciei na minha cidade, em Alto Alegre do Pindaré, sempre gostei de apresentar meus trabalhos em forma de apresentação teatral, e foi

Sinal Fechado: os malabares estão nas ruas de Imperatriz HELENE LAVIGNE

T

em gente que chega, olha, elogia e vai embora. Ninguém é obrigado a pagar pela apresentação, mas quem quer, pode também dar um trocado. É a recompensa por esses instantes em que muitas pessoas esquecem dos compromissos para embarcar em algo que encanta os olhos, o malabarismo de rua. Manipular objetos com criatividade, concentração, sincronismo e perigo. O malabarismo é uma arte em que o homem tem domínio dos objetos e do seu próprio corpo. Como afirma o malabarista Cleiton Viana, através da arte, o físico e o mental são exercitados. Segundo ele, o malabarismo ajuda muito na coordenação motora . Viana conta que a preparação e os treinamentos são diários, tanto em grupo como individualmente. “O malabares precisa de muito treino e prática, pois você pode acabar enferrujando”. O malabarismo é uma atividade antiga que vem percorrendo a história do circo em todo o mundo. Há um sério compromisso e dedicação dos malabaristas em proporcionar o melhor da arte para a sociedade, onde o trabalho se confunde com o lazer. E os praticantes fazem questão de deixar claro que não se trata de pedir esmolas “é uma troca de arte, lazer e cultura”, finaliza o malabarista. A professora de língua portugue-

sa Dayane Pereira, conta que acha muito bonito o trabalho de malabares na cidade de Imperatriz, mas que se entristece ao perceber que os artistas de rua tem seu trabalho marginalizado, colocado a margem do que é considerado aceitável “A sociedade encara como pessoas que não querem trabalhar, mas eu vejo de outra forma”, afirma. A professora enfatiza que Imperatriz é muito carente desse tipo de trabalho de rua e que isso enriqueceria ainda mais a cultura da cidade, porque “é uma forma de mostrar, reproduzir a vida, e sentimentos”. A prática dos malabares chamou a atenção do jovem estudante Fausto Ricardo Silva Sousa, que no trabalho de conclusão de curso fará uma abordagem etnográfica sobre o movimento do malabarismo de rua em Imperatriz. O TCC transitará entre a Sociologia e a Antropologia e explicará sobre o estranhamento do que é comum. O estudante pretende explicar o malabarismo do geral para o específico e todo o conteúdo que gira ao redor dessa prática, como apropriação do espaço e o que levou essas pessoas a formarem um grupo. Ele enfatiza que a pesquisa é importante para o meio acadêmico, porque ela vai ajudar a reconhecer o que está disfarçado dentro da sociedade. É um modo conhecer o outro e observá-lo como potencial “porque a gente olha ou não percebe ou então finge que não vê. O olhar é preconceitu-

aí que começou essa aproximação e afinidade com teatro”, relembra. O ator também foi professor de teatro em uma escola estadual da cidade, a partir daí surgiu a companhia Reinvent’arte, em 2013. Ele explica que esse nome surgiu após a reflexão com os alunos sobre uma nova forma de fazer teatro. “A arte deve ter um compromisso social, e eu vejo que algumas companhias não têm esse compromisso, além de explorar estereótipos e reforçar preconceitos, eles não tem o compromisso de fazer da arte um instrumento de mudança social”, diz. Almeida lembra que era muito tímido antes de começar a atuar. “O teatro veio para retirar essa timidez que me limitava de fazer muita coisa. Depois do teatro também criei um entendimento melhor da sociedade, do que precisa ser melhorado”. Teatro em Imperatriz - O teatro surgiu na cidade como forma de catequização, segundo a jornalista e pesquisadora Kalyne Cunha: ”por volta de 1915 as irmãs capuchinhas Antonia e Idelma Moreira usavam as peças teatrais como forma de ensinar a religião para crianças naquela época”, conta. Nos festejos do Bom Jesus e de São Sebastião, acontecia uma espécie de romaria. “Esses festejos tinham vários traços que remetem ao teatro primitivo”, explica. O teatro tal como se conhece hoje surgiu na década de 70. “Havia um grupo de pessoas que procuram um local que pudesse comportar as mais diferentes artes, então começaram a se reunir no terreno que hoje é a UFMA, tempos depois oso. De certo que são grupos menores que existem e precisam ser evidenciados, pois mostram a identidade e as pluralidades de nossa cidade”, afirma. Durante a pesquisa com seu orientador, o doutor em Ciências Sociais, Jesus Marmanillo, houve o questionamento: Porque Imperatriz tem malabares de rua? O surgimento deles não é por acaso, existe uma relação com a importância e o porte da cidade. Além disso, Fausto Ricardo, diz que há uma relação com o grupo, o meio e

DIVULGAÇÃO

Companhia ArteCeb de Teatro apresenta o espetáculo Reformatório de Palhaços, no Ferreira Gullar

eles começam a cogitar a ideia de construir o primeiro teatro de Imperatriz”, conta a jornalista. No mesmo período chegou em Imperatriz o teatrólogo e primeiro diretor de teatro da cidade, Pedro Hanaye, que com a ajuda da comunidade, construiu o primeiro teatro da cidade. “Em 1977, ele constrói o PRITI, Prince Teatro de Imperatriz. A partir daí, surgem os primeiros grupos de teatro da cidade”, explica a pesquisadora. Teatro Ferreira Gullar - Após constantes manifestações, em novembro de 1988, o teatro é inaugurado, em Imperatriz. Mas só em 1995, o teatro é reformado, adquirindo características mais técnicas, como coxia, sonorização, assentos, etc. O nome do teatro foi escolhido através de uma votação entre João do Vale e Ferreira Gullar, e a chapa

vencedora foi a de José Ferreira, o Ferreira Gullar. Com o estilo de palco italiano, ou seja, os espectadores assistem as apresentações de frente, o teatro imperatrizense tem capacidade para 166 pessoas sentadas, o que para Kalyne Cunha é pouco. “O artista precisa fazer duas ou três sessões para comportar o público, isso cansa o artista. Na época que foi feito era o suficiente, mas hoje já não é o bastante, para melhorar ele deveria ser ampliado”. O Ferreira Gullar pertence a Associação Artística de Imperatriz, a Assarti. A equipe de reportagem entrou em contato com o presidente da associação, Francisco Rego, o Chico do Teatro, porém não obteve respostas sobre o funcionamento e futuros projetos para o local. REGINALDO SANTOS

“Geralmente essa prática é mais observada em metrópoles e além disso, a cidade tem um bom crescimento econômico e a mentalidade das pessoas acompanham esse ritmo”, o desenvolvimento da própria cidade. “Isso mostra que Imperatriz chegou a um porte que ela consegue abarcar esses movimentos plurais”, finaliza. O Professor Dr. Jesus Marmanillo ressalta que o malabarismo em Imperatriz é algo novo e chama a atenção por ser uma característica de grande centros urbanos. “Geralmente essa prática é mais observada em metrópoles e além disso, a cidade tem um bom crescimento econômico e a mentalidade das pessoas acompanham esse ritmo”, afirma. Com o intuito de produzir informações, o trabalho propõe uma visibilidade da arte e o entendimento da própria cidade através dos malabares.

O artista parece não ter dificuldade em praticar os malabares com apenas uma mão


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entrevista Artista imperatrizense conta um pouco da sua carreira e obra no cenário artístico de Imperatriz e das influências que recebeu dos artistas locais como Zeca Tocantins e das quebradeiras de coco

“Nossa identidade cultural é a miscigenação” ARQUIVO PESSOAL

GUSTAVO ARAÚJO

A

natureza está sempre presente nos versos que formam sua poesia. O jeito de falar dos “Seus Zés” e “Donas Marias” é o que dá beleza aos textos. Aliás, em Lília Diniz, a fala é sempre uma complementação dos movimentos das mãos e dos braços enquanto conversa com alguém, e não o contrário. O olhar, procurando algo no vazio, na verdade procura palavras que expressem os sentimentos vividos entre os coqueirais. Em suas veias, como escreveu em um de seus poemas, não correm sangue vermelho, nem azul. Mas leite e puro azeite de coco babaçu. De família humilde, teve um primeiro contato com a arte através da literatura de cordel. O forte da nossa entrevistada dessa edição do Arrocha, é misturar arte e memória de maneira leve e simples, mas que cumpre a missão maior da arte, de tocar, provocar e emocionar o outro. Em uma de suas canções, canta que seus pais quebram coco para viver e que hoje em dia, ela canta o coco para sobreviver. Formada em Educação Artística/Teatro pela Universidade de Brasília, a maranhense Lília Diniz é também atriz, produtora cultural, dramaturga, cantora, poetiza e declarada imperatrizense por amor. Lília, em entrevista para o Arrocha faz uma análise da arte em Imperatriz e conta um pouco da sua trajetória como artista popular aqui na cidade, e fora dela é claro. Lília, seus estudos e produções estão voltados para cultura popular. Como e quando se deu conta que essa era a vertente artística que queria seguir? Bom, para começar, aprendi a ler lendo cordel. Pois bem, tempos mais tarde, comecei escrevendo para o teatro no Movimento Escambo Teatral de Rua lá no Rio Grande do Norte - período que morei fora do Maranhão – fazendo teatro de rua. E só escrevia diálogos rimados, então, me dei conta. Naquele momento fiquei incomodada e me perguntando o porquê. Fui buscar lá na gavetinha da memória, na infância, e encontrei a resposta: se o meu primeiro contato com a escrita foi por meio da rima, com a literatura de cordel, então era completamente normal que viesse dessa forma. Percebi que não tinha nenhum problema com isso. Escrevi quatro textos para o teatro, se não me falha a memória, e todos são rimados. Não necessariamente uma métrica que possa ser considerada como cordel, mas rimado estão caindo no esquecimento. Então é provável que seja nessa transição que me dei conta do que eu estava escrevendo fazia as pessoas se veem, se enxergarem e se deliciarem com esse linguajar. Imperatriz lhe acolheu quando tinha apenas sete anos. Quais e como as influências artísticas populares imperatrizenses da época formaram o que você é hoje? Naquela ocasião viemos para Imperatriz numa situação bem complicada. Meus pais, trabalhadores rurais, moravam em uma região de conflitos com

Ir. Juliana missionária franciscana em Imperatriz onono on non non nonn non n n non non n on non non nonon n noon non nononoonn Lília Diniz se apresentando em Brasília, onde teve maior parte da sua formação intelectual. É lá que desenvolveu seu primeiro livro e poemas

indígenas na cidade Barra do Corda e morávamos no povoado Alto Alegre - que não existe mais, foi devolvida para os índios. Meus pais já com oito filhos, vieram para cá numa época que a cidade passava por toda a influência da serra pelada, do ciclo do ouro, depois do ciclo de desmatamento da floresta amazônica e assassinatos nos campos. Nesse tempo eu não tinha os olhos abertos para isso, eu tinha apenas sete anos. Na época pude conhecer algumas expressões artísticas como, Zé Cláudio trazendo no repertório Zé Geraldo, Geraldo Vandré, Neném Bragança, mas ainda não me chamava muita atenção. Casei com 15 anos, saí de Imperatriz grávida da minha segunda filha para morar no Rio Grande do Norte. Quando cheguei lá que pude perceber a força cultural do Maranhão que me acompanhava, em especial na questão da culinária e da poesia popular dos repentistas. Quando voltei em 93, já com essa bagagem do teatro de rua, aí sim comecei a estabelecer vínculos com o Zeca Tocantins, com a Jô e Neném Bragança. Estava com vinte anos quando me aproximei dessas figuras, que dialogavam bastante com as coisas que no momento estava fazendo, que era o teatro de rua. Foi o teatro que me trouxe essa consciência, da valorização da nossa cultura através das diversas manifestações, a música, a poesia, a culinária, etc.

“Se a gente pensar nessa miscigenação talvez o que fique claro para nós é que a nossa identidade cultural é a miscigenação.” E quem passa a ser referência para você quando retorna? O Zeca Tocantins, a partir de um determinado momento da

minha vida, passou a ser uma referência na parte da composição, da interpretação, do jeito de cantar que é só dele, essa coisa da marca única que o Zeca tem enquanto intérprete, compositor e artista que ele é. Passa a ser referência para mim a quebradeira de coco dona Querubina, a dona Francisca do Lindô. Passam a ser referências as pessoas que trabalham diretamente com as nossas identidades. Eu gosto muito dessa palavra no plural uma vez que nós estamos em uma região bem miscigenada. Então, temos aí, marcas de vários povos e estados, com muita coisa bonita para ser revelada e aproveitada por nós e que infelizmente não temos políticas públicas que deem conta de dar suporte para essa galera que está produzindo com muito esforço, com muita dedicação pessoal. Falando em identidades, certa vez em entrevista num programa de TV, você afirmou que em duzentos anos a cidade teria uma identidade cultural bem mais definida e nítida do que é hoje. Arriscaria dizer quais poderiam estar trilhando esse caminho de nitidez? É interessante você resgatar essa entrevista. Pensando melhor, duzentos anos é muito pouco para a história da humanidade, muito pouco mesmo. Mas de qualquer maneira eu acho que talvez em nossas mentes daqui a esse tempo esteja mais clara a questão da conceituação de identidade cultural, porque a gente fica numa inquietação querendo definir se isso ou aquilo é da baixada, ou de não sei onde. Como eu falei anteriormente, se a gente pensar nessa miscigenação talvez o que fique claro para nós é que a nossa identidade cultural é a miscigenação. E se passarmos a ter políticas públicas mais claras que valorizem essas culturas advindas de outros estados e que a partir do momento que chegam na cidade elas ganharem elementos característicos da cidade, só tem a fixar mais ainda

essa nitidez. O Okazajo, que é um grupo de teatro de Imperatriz que atua dentro de uma categorização de patifaria, trabalham o humor numa linguagem que traz as personagens da cidade e da região. Talvez em duzentos anos, a gente pode ter mais claro para nós que a nossa força, nossa potencialidade, nossa beleza está na diversidade dessa identidade nos elementos que a compõem.

“Mas o que tu vê de poesia? Num trabalho duro como esse? É que a gente traz a poesia justamente para amenizar a dureza da labuta, da peleja que é a vida dessas mulheres.” Mudando de assunto, em seus poemas os rios aparecem discretamente vez ou outra. Qual sua relação poética com o rio Tocantins? Descobri o rio Tocantins, tinha dez anos de idade. Quando eu o conheci existia um zelo, um cuidado por parte dos meus pais, em especial a minha mãe, de não permitir que fôssemos ao rio com frequência, com medo da gente morrer afogado. Então, já adulta, depois desse meu retorno do RN é que eu comecei a abrir os olhos e vê-lo com outro olhar, dentro de uma compreensão mais ampla, de quem olha para o rio e vê que existem muitas vidas dependentes dele, para além do peixe, dos animais que povoam essas águas. Zeca Tocantins diz que vivemos de costa para o rio, a cidade cresceu de costa para o rio. Então, esse crescimento de costa faz com que não valorizemos tanto quanto ele precise ser valorizado, respeitado, amado e cuidado. Então minha relação com o rio é de respeito, uma relação amorosa,

uma relação de reverência, acho que essa é a palavra que pode definir melhor a sensação que eu tenho por essa magnífica manifestação de generosidade, de bondade da natureza ou de Deus se a gente assim quiser chamar. Ele aprece realmente em diversos poemas meus e às vezes até de maneira camuflada, mas aparece mesmo. É essa relação de reverência, de quem olha para o rio e se curva, de quem olha para o rio e se vê tão pequeno, tão incapaz. Em sua obra é marcante a presença de “palavreados” que gerações mais novas certamente terão dificuldade de entender. Como foi o processo de pesquisa da língua “nordestinês”? De onde surgiu essa inspiração/necessidade? Quando comecei a escrever o Livro “Miolo de Pote”, as palavras, adjetivos e algumas expressões vinham naturalmente. Então naquele momento eu não tinha preocupação em estar procurando a palavra mais adequada dentro do nosso linguajar, ou dentro do nosso palavreado que pudesse substituir pelo português mais acadêmico. Foi algo bem natural no início. Quando percebi que estava ficando interessante pensei: bom, então eu posso me aproveitar disso que está vindo com naturalidade. Vou ter um pouco mais de cuidado e observar como posso alterar essas palavras. Por exemplo, tem um poema curtinho que fala assim: Naufrago nos açudes dos teus beijos, pesco estrelas no céu da tua boca. Esse poema está no “Miolo de Pote”. No primeiro momento quando veio, dizia: naufrago no oceano dos teus beijos. Refleti que na minha realidade não tem oceano, tem açude, tem a cacimba, tem o rio, aí sim, eu de maneira consciente, troquei a palavra oceano pelo açude. E aconteceu, depois em alguns poemas, que eu quis realmente ficar mais atenta, ao que dentro do nosso universo linguístico ficaria melhor, mais regionalizado. Há um palavreado tipicamente imperatrizense? Eu acho que tem sim. Umas expressões bem daqui mesmo, como, “agora benhaí”. Isso se deve em função da nossa mistura com o mineiro, com o goiano, com o nordestino mais lá de Pernambuco, do Pará, então acho que tudo agrega e contribui para que a gente possa ter nosso jeito de falar. A relação com o babaçu é nítida em sua obra. Existiria Lília Diniz sem o coco? Por que? O babaçu aparece na minha vida muito como referência da minha mãe, tem até um dizer das quebradeiras de coco contando que o babaçu é pai e mãe da gente. Eu acho que essa simbologia também diz muito para mim, no sentindo em que relaciono a palmeira como a provedora de alimento, de sustento para essas mulheres. E acabo personificando as mulheres na figura da minha mãe. Uma vez uma amiga me falou assim: mas o que tu vê de poesia? Num trabalho duro como esse? É que a gente traz a poesia justamente para amenizar a dureza da labuta, da peleja que é a vida dessas mulheres.


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Ano VIi. Número 29 iMPERATRIZ, NOVEMBRO de 2016

Literatura Dentre as artes tradicionais: música, dança, pintura, escultura, teatro, literatura e cinema, eles escolheram a que mais tem a ver com sua personalidade, a sexta arte, representada por palavras

Histórias escritas por ilustres desconhecidos MARIANA DE PAULA MEDEIROS

MARIANA DE PAULA MEDEIROS

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screver para muitas pessoas não é uma tarefa tão simples. Há quem diga que não gosta e só o faz quando precisa, para uma redação de vestibular, por exemplo. Quem vê dessa forma, costuma associar o hábito da escrita com a prática estudantil e por isso, muitas vezes não se interessa em ler ou escrever. Há quem considere a escrita uma prática restrita a pessoas com um nível intelectual elevado, como se para escrever, precisasse ser alguém renomado e, por isso, não se aventuram a tentar. Mas há, também, os que escrevem porque precisam, porque veem a escrita como arte e encontram nela uma forma de expressão. Expressão de sentimentos, expressão de pensamentos, expressão do que se é e do que gostaria de ser, expressão do ser. Escritores, não famosos (ainda), mas, escritores. Porque utilizam o trabalho para produzir algo que gostam, a habilidadecom as palavras para criar e dedicam algum tempo à leitura.Sobretudo, porque seu tempo livre é para a escrita. Nilo Monteiro da Silva, 49 anos, trabalha como carteiro, umaprofissão queatualmente não se limita à entrega de cartas. Um carteiro entrega às pessoas inúmeros objetos, qualquer coisa que possa ser enviada pelo correio. Silva, como a profissão que tem, passeia pela própria capacidade de alcance no quesito variedade. Ele faz contos, faz músicas, faz poemas, faz poesias. Escreve, cria. É escritor. A temática das criações? "Escrevo sobre o dia-a-dia das pessoas, as histórias que me contam, as experiências de vida. Gosto de escrever sobre a cidade também sabe? Gosto de coisas

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rias sempre têm esses elementos. Quando tenho uma ideia procuro estruturá-la certinho para então, escrevê-la” confessa. Existem variadas ramificações do gênero fanfiction. Um tipo de história que antes era restrita à criação de um enredo em cima do que já existia, hoje possui tantas subdivisões que pra um escritor que não goste tanto do gênero talvez não seja tão prazeroso assim se aventurar na área. Serêjo deixa claro que não é o seu caso: “É uma dádiva dar vida aos personagens, só um escritor sabe como é bom dar vida a um pedaço de papel” enfatiza.

“Todo escritor sabe que para escrever bem, antes de mais nada, é preciso ler muito, tanto para gramática, quanto sobre o seu tema favorito” Ler e escrever, escrever e ler deve ser um exercício diário para quem quer se tornar um(a) escritor(a) profissional ou por hobbie. regionais, das coisas simples da vida", declara Silva. Apenas há 6 anos isso passou a ser algo presente na sua rotina, apesar de ter começado a escrever lá pelos 18 anos. Na época que iniciou essa jornada, por volta dos anos 1980 e influenciado pelas letras do rock brasileiro, Silva escrevia canções de protesto. “Com o passar do tempo, a gente vai mudando.No começo escrevia mais músicas de protesto, de rock. Mas dei um tempo de compor, passei muito tempo no exército, conheci o Erasmo Dibel lá, fomos amigos”, conta. Além de Dibel, Silva conversa-

va com Neném Bragança e Carlinhos Veloz, outros grandes nomes de música regional. Talvez essas conversas contribuíram para as mudanças de tom dos escritos de Silva, que hoje prefere contemplar a beleza de Imperatriz e a simplicidade do cotidiano das pessoas que vivem no município. Como em sua poesia, batizada com o nome da cidade, que diz em um trecho “Nasce o sol de manhãzinha, despertando os encantos da princesinha do Tocantins”, uma alusão à forma que a cidade ficou conhecida em alguns lugarespor causa do rio que corre por ela. Mesmo com a vasta bagagem, Silva não possui grandes pretensões, não mostra para muitas pessoas o que produz. Seu maior plano quanto à escrita é um compilado de suas criações, uma ideia que está em amadurecimento. “Nunca procurei publicar. Eu tenho um projeto de que quando completar 100 escritos, entre contos e poesias, vou fazer um livro”, revela. FanFiction– As fan fictionspassaram a serproduzidas no Brasilem alta escala há poucos anos se comparado ao período do seu surgimento. Apesar de sua prática ter iniciado por volta dos anos 1970 nos Estados Unidos, no Brasil elas ganharam notoriedade após o lançamento do livro seguido do filme Harry Potter e A Pedra Filosofal. Ainda assim, muitas pessoas não sabem

do que se trata. O site Wikipédia define como “Uma narrativa ficcional, escrita e divulgada por fãs em blogs, sites e outras plataformas pertencentes ao ciberespaço, que parte da apropriação de personagens e enredos provenientes de produtos midiáticos como filmes, séries, quadrinhos, videogames, etc., sem que haja a intenção de ferir os direitos autorais ou de ter obtenção de lucros”.

“É uma dádiva dar vida aos personagens, só um escritor sabe como é bom dar vida a um pedaço de papel” Artemisa Lopes da Silva Serêjo, estudante de Jornalismo, produz fanfics e publica as histórias no site Nyah!Fanfiction, conhecido nacionalmente por apreciadores desse universo. A estudante considera que a leitura é tão importante quanto a prática para que consiga produzir boas histórias, por isso as fanfics são boas ferramentas de treinamento “Todo escritor sabe que para escrever bem, antes de mais nada, é preciso ler muito, tanto para gramática, quanto sobre o seu tema favorito” assinala Serêjo. O mundo fictício é a base do texto em questão, existem muitos leitores em Imperatriz do gênero. Basta observar ao redor, escolas, praças, lanchonetes, há sempre algum adolescente com um livro sobre fantasia, não é tão difícil encontrar pessoas que leem. Mas para escrever Serêjo destaca que épreciso ter amore alguma organização “Fantasia é um universo que me fascina. Gosto muito do sobrenatural e do mistério, suspense e terror.Minhas histó-

Nesse sentido, outra escritora que se dá muito bem é Laura Glapinski Zacca, também estudante de Jornalismo, natural de Goiânia - GO, mora em Imperatriz há 12 anos. A estudante já publicou um texto como colunista no site Potterish, o maior espaço brasileiro de conteúdo sobre o universo de Harry Potter, reconhecido pela própria autora dos livros e maior inspiração, J.K Rowling. Zacca escrevia poesia aos treze anos, embora não levasse muito a sério, mas de lá já apontava suas preferências: por amar a mitologia grega, a primeira poesia que fez chama-se “A mortalidade da fênix”. Apenas com 17 anos foi que passou a se dedicar de verdade.“Estava me preparando para o ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio),veio uma história na minha cabeça, escrevi e mostrei para meu professor de redação. Ele achou muito legal, depois mostrei pra turma e então continuei escrevendo” relembra Zacca. A jovem escritora atualmente está envolvida em um projeto de literatura em RPG (Role Playing Games), que é um jogo de literatura compartilhada onde os participantes ao mesmo tempo em que disputam, criam uma história para os seus personagens dentro de um mesmo enredo. Sua personagem é Kim que tem o poder, entre outros, da imortalidade,a capacidadede resurgir das cinzas, como a mitológica fênix. Com toda essa imaginação, Zacca não se deslumbra com a possibilidade de ser conhecida Brasil afora. Pelo contrário, demonstra ter a coesão que normalmente se encontra em uma pessoa com mais idade que ela ao afirmar “Eu quero ser escritora reconhecida, mas é uma coisa que pode não acontecer, não dá pra ficar sonhando com isso, então espero apenas que eu esteja escrevendo certo paraque os leitores entendam o que eu estou tentando expor” finaliza.


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Expressão artística Quebrando barreiras do preconceito, a tatuagem ganha espaço entre os imperatrizenses transformando os desenhos em simbolos que representam sigularidade e personalidade

Tatuagem: expressão particular de sensações LEONARDO ARAÚJO

Com a evolução das máquinas elétricas e técnicas, os tatuadores adquiriam status passando a serem reconhecidos pela sociedade como artistas. LEONARDO ARAÚJO

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ebeldia, personalidade, História. Essas podem ser uma das poucas palavras que definem o significado da tatuagem. Entendida como uma linguagem artística expressiva onde a pele se transforma em tela desenhada por linhas, formas, cores que transmitem paixões, superstições e singularidade. A palavra tatuagem vem do inglês

“tattoo” e tem origem com o capitão inglês James Cook (1728), que escreveu em seu diário a expressão “tattow”, som feito durante a execução dos desenhos, na qual se utilizavam ossos finos como agulhas que eram batidos com uma espécie de martelinho de madeira para introduzir a tinta sob a pele. Antes marginalizada, símbolo de detentos e facções, com o passar do tempo a técnica em tatuar começou a se modernizar fazendo com que os desenhos feitos na pele

ganhassem espaço na sociedade passando a ser considerada como um movimento artístico. Personalidade - Coruja, nota musical, estetoscópio, frase bíblica e um anjo. É por meio dos desenhos gravados em seu corpo que estudante Raylane Silva, 21, busca demonstrar sua personalidade através das tatuagens. O gosto musical principalmente por piano e violão, fizeram com que aos 18 anos a nuca fosse a

região escolhida para expressar uma de suas paixões, “A nota musical (Pausa e Colcheia) representa a música, sempre gostei de piano e violão, e às vezes arrisco cantar alguma coisa”. A pele assume o lugar do papel, cores variadas assim como os desenhos fazem com que as tatuagens ganhem significados como espécie de amuletos que transmitem sabedoria, força, coragem e determinação. “Carrego na pele aquilo que me faz bem, aquilo que me lembra algo bom. É uma expressão, um sinal que foi trazido da alma para a pele! “ relata a estudante. Identidade - Lá vem o tatuado! É assim que o professor Diego Lopes, 34 é conhecido pelos alunos nos corredores da Universidade Estadual do Piauí. Procurando representar elementos que considera símbolos de sua cultura, as tatuagens na grafia japonesa feitas na época dos seus 17 anos deram lugar a desenhos que expõem sua identidade. “Já fiz sete tatuagens. Duas eu cobri por uma coruja para representar a sabedoria porque tatuei o que era a moda na minha época de adolescente”, relata Lopes que possui ainda o grafismo indígena, representando a pureza do povo, e a arara azul, símbolo da fauna brasileira. O receio pela opinião dos pais quando adolescente, se transformou em liberdade, bem mais confortável em relação à exposição, até porque já possui tatuagens bem grandes que nem sempre dá para esconder. O professor universitário acredita que seus desenhos causam aproximação dos alunos, mas a

mesma liberdade em algumas situações profissionais ainda esbarra nas barreiras do preconceito. “A galera é mais descolada e desarmada de preconceitos. Mas claro que algumas situações profissionais eu me resguardo”, conta o professor, que atualmente ministra aulas no Curso de Formação de Oficiais da Polícia Militar do Piauí, instituição na qual não se sente à vontade de demonstrar suas tatuagens. Arte de tatuar - Foi através da habilidade em desenhar que o ex-eletricista se tornou tatuador. Dono de um estúdio de tatuagem em Imperatriz, Jeferson Silva, 26, viu no hobby que aprendeu com o amigo, a oportunidade de se tornar profissional. “Aprendi a tatuar quando morava em Osasco - São Paulo, em um estúdio de um amigo meu. Sempre fui fascinado por desenhos e como eu tinha talento para desenhar, ele perguntou se eu tinha interesse, respondi que sim”. Como cobaias, peles sintéticas, porcos e voluntários receberam os primeiros rabiscos do aprendiz que hoje desenha desde tatuagens básicas a mais avançadas em 3D. A clientela é variada, jovens, adultos e idosos desejam se tatuar seja por arte, memória, autoestima, diferenciação, oposição, diversão, liberdade do corpo, ou simplesmente porque sim. Apaixonado pelo que faz e pelo desejo de tornar o mundo mais bonito através dos seus desenhos é assim que Jeferson Silva atende cada cliente com simpatia, bom humor e pela oportunidade de poder fazer arte, já que, segundo ele, viver de tatuagem ultimamente só está dando para pagar as contas.

Cultura hip hop ganha espaço no cenário cultural Imperatrizense HIDALGO NAVA

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movimento que nasceu nos guetos norte-americanos, com intuito de diminuir a violência entre os jovens e acabar com as brigas de gangues, hoje é conhecido mundialmente com seus quatro elementos, que são eles: O Mc, O Dj, O B.boy e o Grafiteiro. Cada um dos componentes tem sua importância dentro da cultura. E em Imperatriz, vem ganhando mais espaço nos últimos anos, atraindo mais adeptos. Hoje já é possível ver grupos de hip hop dividindo palcos com outros gêneros musicais, coisa que não acontecia alguns anos atrás. De acordo com Denis Marinho, que está no movimento há mais de doze anos, a cultura hip hop tem buscado seu espaço no cenário cultural de Imperatriz. “Nós sofremos muito no começo, para tentar colocar a cultura dentro da cidade, em um contexto de ser reconhecida como cultura, como música, como arte em si. Hoje a gente já consegue ver o cantor de rap, que é o Mc, cantando até no aniversário da cidade”, afirma o Mc. O cantor e compositor que é conhecido como “Mc Profeta”, foi o representante da CUFA - Central Única das Favelas- em Imperatriz, no ano de 2012. Ele faz questão de lembrar que antes dele já existiam outros engajados na mesma luta. “ Eu já estou há mais doze anos, mas antes de mim já existiam outras pessoas que

também estavam na mesma luta como: “Mc Pregador”, Marcos Fly, Dj Bronks dentre outros”, diz o Mc. Em relação aos componentes do movimento, o Mc explica quais são os papeis do Dj e do próprio Mc que é seu caso. De acordo com o “Mc Profeta”, o Dj é o responsável pelo ritmo e batida, através das fusões musicais, juntando o jazz, o reggae entre outros, mostrando atitude e utilizando toda a técnica e criatividade, com objetivo de despertar e prender a atenção do público durante um evento . Já no caso do Mc, que é o mestre de cerimônia, enquanto o Dj faz as mixagens e solta batidas, ele vai improvisando as rimas e cantando de acordo com o ritmo tocado, muitas das vezes, mencionando temas relacionados a desigualdade social e experiências vividas, além de críticas ao sistema.

“Desde sempre eu gostei de artes e vi no grafite algo com o qual me identifiquei e através dele expresso todos os meus tipos de sentimentos”. Ainda de acordo com o Mc, além do improviso de rimas, ele também tem a função de animar a festa e coordenar as batalhas, tanto de Mc’s

que é quando um desafia o outro para uma batalha de rimas, quanto as batalhas de B.boy’s, tudo com intuito de fazer as pessoas se divertirem. “O Mc é o responsável por comandar a festa mesmo, ou seja, ser o verdadeiro mestre de cerimônia. A figura do Mc já surgiu dentro dos bailes mesmo”, relata o Mc. Já sobre os B.boy’s, o eletricista predial José de Arimatéia, que é B.boy acerca de dezesseis anos, fala sobre qual o papel de mais esse elemento da cultura hip hop. De acordo com “B.boy Ari”, como é chamado, os B.boys representam o movimento através da dança, da expressão corporal. Quando o movimento surgiu, o objetivo era diminuir a violência entre os jovens, a ideia era ao invés deles brigarem com armas, disputassem nas batalhas de B.boy’s, individualmente ou em grupos, onde cada um poderia mostrar toda sua arte e técnica e ninguém ficaria machucado. E assim os B.boys foram ganhando o mundo junto com a cultura. “Então é isso, o B. boy é exatamente a representação da cultura através da dança. Onde você vê um B.boy dançando, alguém vai dizer ali está tendo um evento hip hop”, afirma o B.boy. O Grafite é outro elemento que faz parte da cultura hip hop, e está relacionado à parte gráfica do movimento. E quando um evento está acontecendo e o Dj solta as batidas, o Mc improvisa as rimas e o B.boy

ARQUIVO: DENIS MARINHO

O movimento hip hop vem rompendo barreiras em busca de espaço em Imperatriz.

demonstra a expressão corporal, o grafiteiro expressa a arte através do grafite. Ruben Augusto, que é pintor residencial de profissão e grafiteiro de paixão, fala que cada um tem sua forma de se expressar, de mostrar os sentimentos e se envolver com o hip hop, e como ele sempre gostou de arte, diz que viu no grafite uma forma de demonstrar todo seu dom artístico. “Rubão Grafiteiro” como é conhecido na cidade, fala que muitas vezes chega em um evento com algumas ideias na cabeça e ao ouvir a batida da música e a animação do público, começa a colocá-las em prática e o que era apenas uma simples parede,

se transforma em uma obra de arte. Segundo Rubão, algumas pessoas podem até chamar de pichação, mas ele não dá importância, o que vale é saber que ali está a expressão de um sentimento. “Desde sempre eu gostei de artes e vi no grafite algo com o qual me identifiquei e através dele expresso todos os meus tipos de sentimentos”, relata. E assim segue a cultura hip hop, conquistando espaço por meio da luta de pessoas simples e comuns, mas, que não medem esforços para alcançar os objetivos. E desta forma, continuar colocando a cultura cada vez mais em evidência no cenário de Imperatriz.


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diversidade cultural A paixão pela cultura japonesa estimula fãs na produção de eventos temáticos que estão incentivando a leitura de mangás. Os eventos despertaram o interesse de empresários locais que abriram os olhos para esse público

Uma leitura diferente: Mangá JAYSA KARLA GOMES

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á ouviu falar em mangá? Sabe o que é? Mangás são histórias em quadrinhos japoneses. Diferente dos gibis, a leitura é feita de trás para frente e da direita para a esquerda. Apesar dos primeiros quadrinhos serem datados no século XI, o primeiro encadernado com história e desenhos em sequência foi lançado em 1814, pelo pintor Katsuhika Hokusai, e desde então esse tipo de quadrinho passou a ser chamado de mangá. A leitura do mangá aumentou no fim da Segunda Guerra Mundial. Nessa época, surgiu o “deus e pai do mangá”, Osamu Tezuka, o criador dos traços mais marcantes e conhecidos do mangá, que são os olhos grandes e expressivos. Tezuka tem seu nome em um prêmio cultural para o melhor mangá do ano, seja ele de série ou volume único. Os mangás se tornam animes ou animês, que são desenhos animados baseados nos quadrinhos, mas com uma observação, nem todo mangá se torna anime e há animês que dão origem aos mangás. Exemplos de mangás que se tornaram anime: Dragon Ball Z, Naruto e outros. Mobile Suit Gundam ou Kidou Senshi Gundam é um anime que deu origem a um mangá com o mesmo nome. O primeiro quadrinho japonês a chegar ao Brasil, foi Lobo Solitário, em 1988, adaptado para a leitura ocidental. Com o sucesso dos animes Dragon Ball Z e Cavaleiros do Zodíaco, no final dos anos 90 e começo de 2000, vieram os mangás conforme o modelo padrão. No Brasil, houve tentativas de produção de quadrinhos no estilo japonês, que são o Mangá Tropical e Holy Avenger, que se mantiveram no mercado com mais ou menos 40 edições. O mestre dos quadrinhos no Brasil, Maurício de Souza, tinha um projeto com Tezuka, no qual iriam reunir personagens em um filme. Com a

morte do “pai do mangá”, o projeto foi interrompido, porém, há pouco tempo, Maurício de Souza pediu à produtora de Tezuka para continuar com o projeto e foi autorizado. Em Imperatriz, Ives Castro, um estudante de 18 anos, lançou o próprio mangá aos 15. O amante de livros e quadrinhos se inspirou nas histórias medievais para escrever “Única Guerra”. “Eu gosto muito de história medieval e ele se passa nesse ambiente. A história do mangá se volta ao redor do personagem Shun. Ele tem o destino de acabar com a guerra que está acontecendo. É difícil explicar, só lendo para saber.” Para o estudante, o mangá tem a arte de retratar histórias em que o leitor pode se espelhar. “É uma forma de você contar uma história para tocar as pessoas, criando personagens, onde a pessoa possa se espelhar.” Fã de Tite Kubo, que escreve Bleach, um dos mangás e animes que faz muito sucesso, sonha em trabalhar em uma grande empresa no Japão e com a continuação e sucesso de seu projeto. “Eu sempre quis trabalhar na Shonen Jump, que é a empresa que distribui mangás lá no Japão. E é meu sonho até hoje, chegar lá um dia e produzir um mangá. Ver ele na revista, ver que ele um dia pode se transformar num filme ou num anime”. Wallace Bernardino Junior, acadêmico de Direito, teve o primeiro contato com mangá aos dois anos de idade. Hoje, aos 24, a leitura não é a mesma, já que agora acompanha as histórias através de sites especializados. Para o estudante, hoje os quadrinhos estão mais acessíveis que antes. “Hoje estão bem mais acessíveis. Antigamente era muito raro. Na própria banca de revistas, pouco se via uma sessão de mangá. Certo que devido ao formato, ao frete, ele fica um pouco mais caro que a revista comum.” Um evento multicultural - O AnimaCon é um dos maiores eventos temáticos

JORDANA FONSECA

Em 1988, foi lançado no Brasil o primeiro mangá, Lobo Solitário, e desde então a leitura desse tipo de quadrinho tem conquistado fãs de todas as idades.

que engloba filmes, seriados, animes, mangás e outros. Nele há gincanas, palestras, disputas de jogos, concurso de cosplay, que é se vestir conforme algum personagem preferido. Jader Moreira, 30 anos, promotor de eventos, é um dos organizadores. “Aquela questão de morar em cidade pequena e gostar de ver desenhos, naquele tempo você não tinha acesso à internet e era TV aberta, tinha que esperar o dia todo para assistir. Aí quando vim para Imperatriz tive a oportunidade de desenvolver o projeto e de ser bem aceito”, conta. Para o promotor de eventos, o AnimaCon é uma forma de valorizar a arte do mangá e outros. Através dele, a cultura alternativa tem se fortalecido, pois os empresários estão trazendo produtos e livros

para o público que participa desse festival. “Tudo que é cultura tem que ser valorizado. Eu sou muito fã de animes, hoje eu acompanho o Naruto. Sou fã de uma saga chamada Harry Potter, que hoje é uma das maiores franquias de cinema. As lojas de games e as livrarias estão entendendo a necessidade desse público e trazendo produtos.” Cristina Moreira, estudante de 19 anos, começou a fazer cosplay quando iniciou a ter eventos como AnimaCon e AnimaSul, em Imperatriz. Ela já se fantasiou com cinco personagens de mangá, anime e jogos. Para ela, esse tipo de festival tem crescido na cidade. “Os eventos estão crescendo aqui em Imperatriz. Na primeira vez que fui a um evento não fiz cosplay, até então, não existia muitos

Gêneros de mangá Mergulhando nesse vasto mundo dos quadrinhos, conheça mais sobre alguns gêneros de mangás. Descubra qual estilo você mais gosta e tenha uma boa leitura! Kodomo - São os mangás voltados para o público infantil. Nele há histórias cômicas e com lições de moral e ensinamentos. Anpanman, Tonari no Totoro ou Meu Amigo Totoro e Hamtaro, são exemplos desse gênero. Shounen - É o tipo mais conhecido no Brasil e no mundo. Esse é um gênero voltado para o público infanto-juvenil masculino. Seu traço é mais detalhado, forte, atrativo. Dragon Ball Z, Cavaleiros do Zodíaco, Samurai X, Naruto e outros são alguns exemplos desse segmento, que contém aventura, comédia e alguns até esporte, como Slam Dunk e Kuroko no Basket. Shoujo - É o estilo voltado para o público infanto-juvenil feminino. Diferente do Shounen, o Shoujo possui traços mais leves e claros. Podendo até ter aventura, comédia, mas o romance é o ponto forte nesse segmento que possui como destaques, Sakura Card Captors, Sailor Moon, Nana.

Hentai (Seijin) - No Brasil e outros lugares do Ocidente, os mangás eróticos ficaram conhecidos como Hentai. Porém, no Japão esse estilo é conhecido como Seijin. As histórias contadas nesse gênero são de temas variados, podendo ir da comédia ao terror e para todos os gostos, todos envolvendo sexo. Os mais conhecidos no Brasil são Love Junkies, Angel (conhecido como Japinhas Safadinhas). Ecchi - O Ecchi é um dos elementos usados em obras com a maior parte de meninos. Contém pitadas de erotismo para criar situações cômicas e também é chamado de fan service ou fanservice, no qual fãs criam imagens ou textos baseados em personagens favoritos. Love Hina, Blade, Highschool of the Dead e outros, pertencem a esse gênero. Yaoi - É uma vertente do shoujo, por isso é voltado para as garotas, apesar de alcançar também o público gay masculino. Seus textos envolvem comédia, drama, porém sua forte característica são os relacionamentos amorosos com protagonistas do mesmo sexo, nesse caso, os homens, também conhecidos como “bishonens” (rapazes belos e afeminados). Os mais conhecidos são Loveless e Gravitation.

Yuri - Possui basicamente as mesmas características que o Yaoi, porém sua diferença é a relação homo afetiva entre mulheres. Esse gênero é publicado tanto em mangás masculino quanto o feminino. Exemplo disso é o mangá Citrus. Gekigá - Para diferenciar dos quadrinhos voltados para o público infanto-juvenil, esse gênero surgiu em 1950. É um gênero voltado para o público adulto, por isso seu tema é mais denso, seu traço é mais pesado. O termo que denomina esse gênero faz oposição ao mangá. Uma referência desse estilo é Golgo 13. Seinen - É uma versão atualizada do Gekigá, que surgiu em 1970, permanecendo com temas adultos e pesados. Exemplos: Lobo Solitário, Vagabond, Akira. Josei - É um estilo equivalente ao Seinen ou Gekigá para o público feminino. Nele há histórias que relatam sobre cotidiano e romance para mulheres adultas. Diferente do Shoujo, Josei é mais realista, explora mais a sexualidade, sem que seja vulgar. Honey and Clover e Paradise Kiss são alguns títulos desse gênero.

cosplayers, e fiquei encantada. Mas aí, no segundo evento eu participei e, desde então, muitas pessoas que conheço que não eram cosplayers, já começaram também. É uma programação que a pessoa faz mais pela diversão.” Por ser um evento que envolve todas as idades, há um sonho de que ele cresça. “A expectativa é que o AnimaCon cresça e se torne um evento de referência norte e nordeste e de referência nacional” afirma Jader Moreira. Imperatriz está em pleno desenvolvimento, na qual apresenta estrutura para receber evento de porte nacional como, Comic Con Experience, promovendo a interação entre autores de livros, artistas, diretores, divulgando filmes, séries e afins.


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Escritores e obras Para compreender a história e a longa evolução da literatura na cidade, é indispensável conhecer aqueles que fazem dela uma grande arte: os escritores e obras imperatrizenses

Literatura Imperatrizense, muito prazer! LETICIA HOLANDA

Livros que representam a literatura regional imperatrizense. Alguns estão disponiveis na Academia Imperatrizense de Letras: contos, poesias, novelas, romances, crônicas, filosofias, históricos da cidade e muito mais. Leticia Holanda

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apel, caneta, lápis ou computador. São com esses utensílios que os 185 escritores de Imperatriz produzem ou já produziram as mais de 457 obras frutos da cidade. Escritores que traçaram seus caminhos no percurso da leitura e da escrita, por uma única razão, a paixão pela literatura própria de Imperatriz. Com uma literatura tão diversificada e produções em grande escala, além de obras recheadas de regionalismo, Imperatriz vem se destacando como a cidade que produz obras literárias de grande significado para o estado do Maranhão. Contos, crônicas, romances, novelas, poesias, filosofias, fatos pitorescos e históricos da cidade, dão destaque para os gêneros encontrados nas obras dos escritores Imperatrizenses. Entrelinhas - Extrovertido, olhos claros, voz alta e livro na mão. Características de um contador de história, que veio da roça para cidade para ganhar

o mundo das letras. Livaldo Fregona, com 17 livros publicados, casado, pai de duas filhas, microempresário e membro da Academia Imperatrizense de Letras (AIL), deixa claro que a escrita faz parte de sua vida, apesar de suas obras ainda serem desconhecidas por uma parte da população de Imperatriz. Fregona, como muitos escritores, despertou o amor pela escrita e literatura aos 15 anos, por meio da rotina de escrever cartas para familiares e amigos. A partir daí, foi aprendendo e se aperfeiçoando na arte da escrita literária. Com uma escrita voltada para as prosas e crônicas, Fregona começou a ganhar visibilidade na cidade através de suas obras como: “Menino da Roça”, um livro de 255 páginas que retrata boa parte de sua infância e juventude na roça; “A Fama e a verdade de José Bonfim”, que mostra depoimentos do homem que sempre foi considerado o pistoleiro mais temido do País; “O Caçador” um escrito de 221 páginas que narra alguns acontecimentos do tempo em que

caçar era apenas um esporte; e o mais procurado pelos leitores, “Siriano”, que retrata a vida real de um menino de rua da cidade de Imperatriz. Escritos literários com um estilo diferenciado, fugindo do tradicional, o então Francisco Aldebaran, revela nos livros, traços de um novo jeito literário encontrado em Imperatriz. “A literatura de Imperatriz segue um patrão de regionalismo bem enraizado. Quando decidi fazer algo diferenciado, causou e ainda causa estranheza das minhas obras, por parte dos leitores imperatrizenses”. Aldebaran com três livros publicados, funcionário público, formado em letras e especialista em literatura Inglesa, revela que seus livros derivam de uma literatura bem inquietante, gótica e polêmica. “Meus livros envolvem sexualidade e psicanálise pelo viés literário. Com intenção de fazer uma literatura que cause espanto e inquieta Com intenção de fazer uma literatura que cause espanto e inquietação”.Ex colunista do jornal “O Progresso” e “Correio Popular”, LETICIA HOLANDA

Aldebaran, conta que a trajetória de suas obras sempre foram identificadas pelos leitores como sendo lítero filosófica. Foi através dessa literatura voltada para o realismo fantástico, horror e sexualidade, que foram escritos os livros: “Calâmitas, A odisseia da luxúria”, que descreve uma trama de um amor não correspondido, que acontece em Lisboa e se estende ao Maranhão, surgindo temas inquietantes, tais como repressão social e religiosa, bruxaria, traição e orgias. “O Mistério da Tarântula” revela um conjunto de contos poéticos, trazendo temáticas no aspecto da sedução sombria, psicanálise e filosofia. E o mais novo trabalho do escritor, que se chama “Antologia do Descrêdo”, uma seleção de contos pós-apocalípticos que retratam a crueza das cenas de deboche, a violência dos ataques a todos os princípios da moral e da fé, fundamentada na mente humana. Entre outros escritos como “O Poder da Vontade”, “O Drama de uma Mulher Indecisa na Alcova” e “A Casa dos Sete Ventos”. Francisco Aldebaran revela: “fui criado e preparado desde a minha infância para o mundo dos livros e da literatura. Tenho a escrita como uma possibilidade de ter liberdade de me expressar”. Inspiração - “Poesia é vida! foi acreditando nisso que me lancei, um dia, às águas dos versos e estrofes, que me levaram a conhecer o meu íntimo e o mundo”. Contista, poeta, jornalista e professor da Universi-

dade Federal do Maranhão (UFMA), Marcos Fábio Belo Matos, com 18 obras escritas, deixa registrado que é um apaixonado pela leitura e escrita, fazendo disso sua trajetória de vida. Marcos Fábio revela um estilo bem minimalista de escrever, trazendo na escrita o mínimo de palavras e o máximo possível de conteúdo, carregado de ironias e uma boa pitada de humor. “Escrevo para expressar aquilo que eu gostaria de fazer, viver, ou não, por meio dos personagens”. Como escritor, a atuação veio nos campos da poesia, crônica, novela e, principalmente, do conto. São eles: “Anonimato”, uma coleção de poesias, lançado em 1990; “O Homem que Derreteu e Outros Contos”, publicado em 1997; “Crônicas de Menino”, que revela memórias de sua infância e adolescência, publicado em 2006. Além da obra de maior significação para o autor, “Cotidiano Cinza”, composta por contos que retratam de forma irônica, lírica e inquiridora, alguns pequenos lances do cotidiano, lançado em 2014. Nessa caminhada da escrita, foram publicados neste ano, mais duas obras do escritor, “Contos Cáusticos” e “O 18º Andar”- novela. Para o incentivador da literatura Imperatrizense, Fregona, a produção literária do município precisa ser fomentada para atingir novos públicos e sair do anonimato. “O povo de Imperatriz precisa conhecer e valorizar as raízes literárias da cidade”.

Conheça alguns escritores de Imperatriz e suas obras Lourival Serejo - “O Pescador De Memórias” Natalia Mendes - “Imperatriz A Terra Da Pistolagem” Adalberto Franklin - “Breve História De Imperatriz” Gilmar Pereira - “Canção Para Dormir E Outros Contos Para Viver”. Weliton Carvalho - “Pés No Chão, Cabeça Nas Nuvens”. Francisco Lima - “Introdução ao Pensamento Sociológico” Nayane Brito - “Ondas da Memória A Primeira Rádio Imperatriz” Zeca Tocantins - “O outro lado da ponte” Agostinho Noleto - “O Portal Da Amazônia Kelbilim” Ita Portugal - “Homens, mulheres, amores”. Edmilson Sanches - “Poemas De Amor E Carne” Tasso de Assunção - “Contos Do Aprendizado” Trajano Neto - “A Pedra E Outros Poemas” Lilia Diniz - “Sertanejares” Livaldo Fregona, 77, escritor, despertou seu amor pela escrita aos 15 anos. Ao longo da carreira, publicou 17 obras literárias.


Jornal

16

Arrocha

Ano VIi. Número 29 iMPERATRIZ, NOVEMBRO de 2016

NA TELONA O cinema em Imperatriz passou por diversas fases, do cinema de rua às salas dos shoppings centers. Na cidade, destaca-se ainda, a produção local alternativa, principalmente de documentários..

“Uma câmera na mão e uma ideia na cabeça” Suzete Gaia

Não importa a idade, o cinema encanta todas as gerações com histórias e roteiros envolventes para todos os gostos e estilos. Suzete Gaia

Uma câmera na mão e uma ideia na cabeça”. É a partir dessa premissa que surgem muitos documentários e filmes. A máxima é do gênio e cineasta Glauber Rocha, roteirista de filmes com temáticas políticas e um grande nome do cinema brasileiro. O primeiro passo para o cinema foi dado em 1895, pelos irmãos Augusto e Louis Lumière com o “cinematógrafo” e a primeira projeção pública do invento realizada no Grand Café, em Boulevard des Capucines em Paris. O cinema nacional tem início no Brasil somente a partir da década de 1930, com as famosas “chanchadas” (filmes em que predomina um humor ingênuo, burlesco, de caráter popular). Porém, é na década de 1960 com temáticas sociais, o “Cinema Novo” e com a primeira premiação de um filme nacional com a Palma de Ouro do Festival de Cinema de Cannes, “O Pagador de Promessa” (1962), escrito e dirigido por Anselmo Duarte, que o cinema nacional começa a se desenvolver, principalmente depois do surgimento de novos cineastas como Glauber Rocha, diretor do filme “Deus e o Diabo na Terra do Sol” (1964) e Nelson Pereira dos Santos, com “Rio, 40 graus” (1955) e “Vidas Secas” (1963). O professor Dr. Marcos Fábio, escreveu um livro que é resultado de uma dissertação de mestrado, no qual é analisada a atividade de cinema nos primeiros dez anos no Maranhão, sobre a perspectiva histórica. O livro “...E O CINEMA INVADIU A ATHENAS: um estudo sobre o cinema ambulante em São Luís - 1898 a 1909”, está centrado na capital, pois na época, o estado resumia-se a São Luís. O professor possui ainda, um livro que é o resultado da sua tese de doutorado que será publicado mais à frente na qual é feita uma análise do discurso do cinema datado da mesma época. Em Imperatriz, o único registro encontrado sobre o cinema local é um documentário produzido em

2013, por Príscila Gama e Marizé Vieira. A produção “Memórias Afetivas do Cinema em Imperatriz”, foi um produto apresentado no final do Curso de Comunicação Social da Universidade Federal do Maranhão - UFMA. O documentário traz depoimentos de pessoas que vivenciaram o surgimento das primeiras salas de cinema na cidade, no final da década de 1950. A cidade chegou a ter três salas de projeção, o “Cine Muiraquitã”, “Fides” e o “Cine Marabá”. A primeira casa de cinema construída foi o “Cine Muiraquitã”, fundada por Manoel Ribeiro, mas que logo passou a administração do local para Lourenço Avelino, “Seu Leó”. A jornalista Príscila Gama conta que no início como eram apenas duas salas de cinema em Imperatriz, isso acabou influenciando de forma bastante expressiva nos relacionamentos pessoais. “Na época o cinema era praticamente o único meio de entretenimento. A cidade estava em expansão, tinha poucas ruas abertas e tinha duas casas de cinema. Primeiramente o “Muiraquitã” e o “Cine Fides”. A relação das pessoas com o cinema era muito próxima. Tudo girava em torno do cinema”. Por ser uma cidade que tem crescido exponencialmente e por ser a segunda maior do estado, hoje Imperatriz tem se desenvolvido também em relação a produção de filmes e documentários. Para Luaran Lins, 30 anos, advogado e radialista, a produção cinematográfica em Imperatriz vem crescendo muito, seja na criação de filmes, documentários ou comerciais, entre outros. “O mercado tem se mostrado aberto, o diferencial não é ter muito recurso. Tem muita gente produzindo cinema com uma DSLR - um tipo de câmera que usa um espelho pra mostrar a imagem que será capturada pelo visor - e a qualidade é muito boa. Tendo uma boa ilha de edição, uma boa equipe e principalmente criatividade, você produz um bom filme”. Luaran Lins, produziu dois

filmes em Imperatriz. O “Renúncia” (2011) foi produzido utilizando apenas uma câmera e teve todas as cenas gravadas na cidade, porém o “Renascer” (2014) teve uma produção mais elaborada. Os dois longas apresentam uma temática voltada para o público cristão. Tais filmes chegaram a ser premiados no Festival Nacional de Cinema, na categoria de maquiagem e figurino.

“Toda cidade, toda cultura, toda civilização, precisa de memórias e o audiovisual, o cinema, tem um grande poder de fazer esse trabalho de preservação da memória...”

Ademais, Imperatriz dispõe de produções de documentários independentes, tendo como exemplo “De Costas Pra Rua”. Produzido por Luan Lima e Claricia Dallo, o curta discorre, a partir da narrativa de três irmãs, sobre as quatro bocas, restaurante ao ar livre e o consumo da panelada, comida típica de Imperatriz no local. O jornalista e documentarista Antônio Fabrício, 31 anos, fala da importância de tratar da cidade nas produções de audiovisual. De acordo com ele, “toda cidade, toda cultura, toda civilização, precisa de memórias e o audiovisual, o cinema, tem um grande poder de fazer esse trabalho de preservação da memória. Mas não só a memória com o que já passou, mas a memória lidando com temas que você precisa abordar hoje, para poder fazer alguma diferença, fazer uma participação social nessa perspectiva de cidadania. E quando a gente faz esse registro hoje de temas relacionados a nossa cidade, a gente está deixando para o futuro a memória de como o tema foi retratado”. O jornalista realiza produções independentes e trabalha com um grupo de atuação de cinema experimental, “Núcleo Imperatrizense de Cinema Experimental”. Antônio Fabrício participou da produção dos curtas “Memórias Afetivas do Cinema em Imperatriz” e “De Costas Pra Rua”, ele possui também outras produções que retratam o cotidiano da cidade como:“3 reais” (2005), “Camelo” (2011) e “S.O.S Bairro da Caema” (2012). O cinema é considerado a sétima arte, expressão proposta por Ricciotto Canudo, em 1911, por acreditar que o cinema seria uma arte “síntese”, uma arte que harmonizava com todas as outras artes. Julielli Soares, 22 anos, jornalista, fala da produção audiovisual como arte. Para ela “o documentário seria a arte de representar a vida, ele se propõe a mostrar a realidade e ainda sim, deixa a licença poética para que o diretor escolha a maneira como vai abordar, mas não esquecendo

de que utiliza elementos da realidade para então representar o mundo em que vivemos”. Segundo Antônio Fabrício, “o cinema é uma arte, apesar de ser dentro do contexto histórico a mais nova arte e ter surgido dentro de uma lógica de indústria cultural de reprodução. Ela é uma arte e meio de comunicação e é arte porque possibilita quem produz explorar conceitos artísticos de imagem, som, música, teatralidade e várias outras manifestações artísticas”.

“O cinema é uma arte, apesar de ser dentro do contexto histórico a mais nova arte e ter surgido dentro de uma lógica de indústria cultural de reprodução.”

Diferente da década de 1950, onde Imperatriz contava com três salas de cinema, uma vez que o público frequentava, assiduamente, por diversão e entretenimento, visto que, na época a cidade estava vivendo um processo de construção da Belém-Brasília e de intenso desenvolvimento. Hoje, os cinemas da cidade estão voltados para o mercado e não com a mesma efervescência de anos atrás. Muito disso se deve ao crescimento demográfico da cidade e a evolução cinematográfica. Atualmente a cidade conta com dois cinemas os quais apresentam três salas de projeções cada um. Porém, as salas funcionam nos dois maiores shoppings, “Tocantins Shopping” com o “Cine Star” e o “Imperial Shopping” com o “Cine System”. No que diz respeito a inovação, eles possuem qualidade de som e imagem com tecnologia 2D, 3D e salas climatizadas. Suzete Gaia

Ao logo do tempo, com o desenvolvimento e surgimento de várias inovações, o cinema tem se tornado ainda mais atrativo.


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