Jornal Arrocha 09 - Esportes

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MARÇO de 2012. Ano iii. Número 9

Distribuição Gratuita - Venda Proibida

Arrocha

jornal LABORATÓRIO do curso de comunicação social/jornalismo da ufma, campus de imperatriz KELLEN ALMEIDA

Esportes

para uma vida melhor


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Arrocha CHARGE

EDITORIAL - Esporte libertador Difícil quem não concorde que a prática de esportes traz benefícios em vários aspectos. No campo da saúde, pesquisas científicas cada vez mais numerosas só confirmam resultados positivos. Na área social existem múltiplos relatos de ressocialização, como os de exdependentes de drogas. Nesta edição do Arrocha os acadêmicos do curso de Comunicação Social/Jornalismo da UFMA partiram novamente atrás de histórias de personagens do cotidiano que representam os benefícios do esporte. O leitor poderá conhecer melhor as dificuldades e superações de modalidades como handebol, futebol ou basquete, em Impe-

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JADIEL REIS

ratriz. Ou se conscientizar mais a respeito da necessidade de cobrar as autoridades para que sejam construídos espaços para a prática ampla das diversas atividades esportivas no município. A capoeira, artes marciais, as caminhadas e até mesmo o xadrez também são objeto das reportagens, sempre baseadas nas experiências das pessoas que vivenciam estas práticas esportivas na cidade. Boa leitura. Arrocha: É uma expressão típica da região tocantina e também é um ritmo musical do Nordeste. Significa algo próximo ao popular desembucha. Mas lembra também “a rocha”, algo inabalável como o propósito ético desta publicação.

Ensaio Fotográfico EVANDRO RAÍZIO

ELEN CRISTINA

KELLEN ALMEIDA

KALYNE FIGUEREDO

Expediente Jornal Arrocha. Ano III. Número 9. Março de 2012 Publicação laboratorial interdisciplinar do Curso de Comunicação Social/Jornalismo da Universidade Federal do Maranhão (UFMA). As informações aqui contidas não representam a opinião da Universidade. Reitor - Prof. Dr. Natalino Salgado | Diretor do Campus de Imperatriz - Prof. Dr. Marcelo Donizetti Chaves | Coordenadora do Curso de Jornalismo - Profa. M.. Roseane Arcanjo Pinheiro.

Professores: M. Alexandre Maciel (Jornalismo Impresso), M. Marco Antônio Gehlen (Programação Visual), M. Marcus Túlio Lavarda (Fotojornalismo). Revisão: Dr. Marcos Fábio Belo Matos. Reportagem: Cleber Simõe, Eva Fernandes, Kellen Almda, Evando Raízio, Hyana Reis, Thayse Barros, Maraina Campos, João de Deus, Leonardo Barros, Luan Lima, Luís Lima, Maria Felix, Pamella Bandeira, Rômulo Fernandes, Roseane Cardoso, Sara Ruth Andrade, Silas Chaves, Tayã Santana, Valdiane Costa, Walison

Diagramação: Adriano Ferreira da Silva, Amanda da Silva Oliveira, Antônio Carlos Santiago Freitas, Carlos Eduardo Nascimento Oliveira, Caroline Coelho Mateus, Cristina Santos da Costa, Danyllo Batista da Silva, Dayane Souza Silva, Denise de Sousa da Silva, Edynara Vieira da Silva, Evanilde Miranda de Souza, Heider Menezes de Sousa, Helene Santos Silva, Heliud Pereira dos Santos, Hilton Marcos Ferreira dos Santos, Janilene de Macedo Sousa, Jéssika Roberto Ribeiro, Júlio Oliveira Lima Filho, Karla Mendes Santos, Keylla Nazaré das Neves Silva, Larissa Leal de Sousa, Lineker Costa Silva, Luis Guilherme Barros, Mauro Oliveira Ribeiro, Millena

Marinho de Oliveira, Patricia Araújo, Pedro Barjonas Elias Lima, Priscila Sá da Silva, Raimundo Nonato Cardoso, Ramon André Cordeiro Cardoso, Rebeca de Andrade Avelar Silva, Silvanete Gomes de Sousa, Suzaira Bruzi Nogueira Oliveira Menezes, Ana Karla Rios.

Fotografia: Clarícia Dallo, Cleber Simões, Eles Cristina, Evando Raízio, Hyana Reis, Kalyne Figueiredo, Kellen Almeida, Leonardo Barros, Letícia Maciel, Luan Lima, Maria Almeida, Mariana Campos, Pamella Bandeira, Sara Ruth Andrade, Silas Chaves, Tayã Santana, Valdiane Costa, Walison Reis, Karla Carvalho (Tratamento de imagens).

Auxílio na diagramação: Max Dimes Contatos: www.imperatriznoticias.com.br | Fone: (99) 3221-7625 Email: contato@imperatriznoticias.com.br


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ressocialização Em Imperatriz, instituições utilizam o esporte como estratégia de recuperação da dignidade e inserção social para os detentos e dependentes de drogas químicas

Futebol como forma de retomar a vida EVANDO RAÍZIO

Roda de oração é hábito costumeiro na Comunidade Terapêutica Casa de Davi, centro de apoio que recupera usuários de drogas em Imperatriz. Lá, a prática do futebol não tem apenas como objetivo o gol, mas, sim, a desintoxicação e melhora dos relacionamentos EVANDO RAÍZIO

Times a postos ao centro do campo, a bola está prestes a rolar. As medidas não são oficiais e as traves já estão desgastadas pelo tempo. Antes do início do jogo, um momento de fé. A “protagonista”, a bola, fica ao centro, rodeada por mãos entrelaçadas de jogadores em oração. Tudo pronto. Apita o juiz, começa a partida. “Pelados” contra vestidos travam uma batalha empolgante dentro das quatro linhas. No entanto, o resultado é o que

menos importa. Por aqui, o futebol não é só mais um esporte coletivo, é também um vital instrumento na ressocialização de pessoas. Em Imperatriz, o esporte ajuda na recuperação da dignidade dos detentos e dependentes químicos. “Com o uso de atividades esportivas o resultado final se torna bem mais satisfatório”, revela Adivando Junior, fundador da Comunidade Terapêutica Casa de Davi, centro de apoio que recupera usuários de drogas na cidade. O método utilizado é a laborterapia, ocupação por meio

de atividades com as quais se sente afinidade. E como a “paixão nacional” é uma unanimidade, a “bolinha nos fins de tarde” se tornou indispensável na rotina do local. Segundo Adivando, o futebol também auxilia na desintoxicação do corpo, ocupa a mente e melhora o relacionamento entre os internados.

Esperança - Jorge Augusto tem 34 anos e está em fase final de trata-

Lecionar educação física envolve paixão JOÃO DE DEUS

Na partida de tênis de mesa que disputa com a campeã escolar do ano passado, de 12 anos, no fim do dia, o professor Joaquim Nazaré Rodrigues de Mendonça busca aprimorar fundamentos da atleta e dá referência aos mais atrasados na modalidade. O semblante de tranquilidade do professor, de 36 anos e 1,65 metro, que veste short de malha, camiseta e usa sandálias esportivas, contrasta com o vai e vem frenético da bolinha e as condições precárias do lugar. O que deveria ser apropriado para treinos é na verdade uma sala de aula desativada, sem ventilação e com apenas 25 metros quadrados pertencente ao anexo da escola municipal José de Alencar, no bairro Bacuri. Lá funcionam, espremidas, duas mesas de tênis velhas e até as raquetes e as bolas são emprestadas. Há estimativa que na cidade existam 80 profissionais de educação física dos quais 15 ainda atuam com

o registro do Conselho Regional de Educação Física (CREF). Os demais são formados ou integram o curso de licenciatura em educação física que, nas

“A grande maioria trabalha porque gosta, até porque muitos dos professores praticavam esportes na adolescência e a atividade se torna prazerosa. Mas apoio mesmo é pouco.”

contas de Nadya Brito, já lançou 200 novos profissionais no mercado nos últimos três anos.

Estrutura- A falta de condições de trabalho é comum aos professores de educação física da rede pública de ensino que, em sua maioria tem dois empregos e outras atividades. Na condição de monitor do Colégio Militar e do Programa Educacional de Resistência às Drogas (Proerd), Joaquim emprestou as raquetes e montou as duas mesas. Uma delas era da cantina da própria escola da PM, e a outra ele conseguiu arrumar com material do lixo. Elásticos são usados como redes de mentirinha no treino de vôlei. “A grande maioria trabalha porque gosta, até porque muitos dos professores praticavam esportes na adolescência e a atividade se torna prazerosa. Mas, apoio mesmo é pouco”, desabafou o professor. Ele teve de antecipar em uma hora o início dos treinos semanais de futebol para alunos da escola José de Alencar no campinho de várzea do Bacuri depois de perceber que vândalos quebravam garrafas de vidro para afugentar os estudantes-atletas.

mento. “Graças a Deus estou livre das drogas, considero este lugar uma faculdade que recupera caráter. O esporte me ajudou a melhorar em muita coisa”. No Maranhão, além de ser a segunda maior cidade do estado, Imperatriz ostenta esse mesmo título em população carcerária. Existem projetos sociais que utilizam o entretenimento esportivo almejando a reintegração e convívio social, como o Cristo Liberta. “O futebol trouxe mudanças. O relacionamento vem melhorando de forma gradativa.

Estão mais respeitosos uns com os outros, ficamos felizes com esses resultados”, revela Telma Ramos, vice-coordenadora do núcleo que trabalha com detentos na Central de Custódia de Presos de Justiça. Escolinhas de futebol também são alternativas de combate à marginalidade, aliando disciplina, respeito e esperança de futuro melhor. “Quero ser profissional, ajudar a minha família com o que eu mais gosto de fazer”, afirma Lourency do Nascimento, 14 anos, jovem promessa das categorias de base do JV Lideral.

Profissão enfrenta descaso JOÃO DE DEUS

Imagine a situação de ser professor de educação física e ser expulso junto com os atletas pelos “trombadinhas” de um campinho de várzea do Parque das Palmeiras. O fato aconteceu com Marivaldo Alves Ribeiro, que, aos 42 anos, está prestes a completar 20 de profissão. Ele é professor nas escolas municipais Tocantins e Daví Alves Silva em Imperatriz e Davinópolis, respectivamente, além de lecionar no Colégio Santa Luzia. Neste último estabelecimento de ensino, da rede particular, Marivaldo treina alunos do basquete em uma quadra polivalente, com farto material esportivo. Os alunos quase não faltam. As boas condições de trabalho são cobradas na rede privada porque as escolas usam o bom desempenho e conquistas em competições esportivas em campanhas publicitárias

para atrair novos alunos. Sem Plano de Cargos e Salários específico, o piso da categoria é o mesmo dos de sala de aula. O governo do Estado paga 1,6 mil reais para a carga horária de 20 horas aula enquanto o município remunera com um salário entre 800 e 900 reais. Na rede privada vai depender da quantidade de horas/aulas ministradas ou acordo com a direção. “Dizer que professor de educação física não faz nada é um mito criado por outros professores em função de a educação física estar fora da sala de aula e os professores darem a bola para os alunos dentro da escola, no pátio, na quadra. Mas pular, correr e saltar tem suas funções”, reagiu o professor Rafael Cardoso Fernandes, de 22 anos. Ele é formado em uma das primeiras turmas do curso superior em licenciatura em educação física por uma faculdade local.


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Histórico Religioso que deu nome ao estádio da cidade foi o precursor do futebol em Imperatriz e teve até autorização do bispo para trocar a batina pelo calção nos jogos

Frei Epifânio: gigante do esporte local LUAN LIMA

lUAN lIMA

Frei Epifânio D’Abadia veio da Itália a Imperatriz ainda jovem para realizar trabalhos missionários, mas seu nome ficou popular não só pelas ações paroquiais. Conhecedor de técnicas e apreciador do futebol foi ele um dos percussores do esporte na cidade. Presente em todas as partidas jogava na posição meiaesquerda com sua tradicional chuteira vermelha. Costumava praticar o esporte de batina e, com a licença especial do bispo, começou a jogar de calção. O frei não descansou até construir o primeiro campo de esportes da cidade. Foi tanta dedicação que o seu nome foi escolhido para denominar o único estádio de futebol de Imperatriz, inaugurado em 30 de janeiro de 1966. Formiga foi o nome do primeiro clube de futebol de Imperatriz, fundado em 1954, pelo jovem Renato Cortez Moreira. Anos depois, ele tornou-se prefeito de Imperatriz. Depois, o clube passou a se chamar Renner de Futebol e Esportes. Itapoan Martins Lima, ex-goleiro do Renner, lembra a dedicação do frei, que realizava partidas estrategicamente

tas clássicas entre esses dois times rivais, tendo as partidas conhecidas como “tocantriz”. A maior diferença de placar foi o confronto no Campeonato Maranhense de 24 de abril de 1988: Imperatriz 14, Tocantins 2. Inclusive, é a maior goleada do Campeonato Maranhense.

Trava língua- Nos anos 1960 e 1970,

Estádio era palco, no passado, das disputas clássicas entre os times rivais de futebol Tocantins e Imperatriz, sendo as partidas conhecidas como “tocantriz”

após o término das aulas de catequese, para fazer com que os alunos se interessarem em ir à igreja, tendo o futebol como incentivo. Frei Epifânio faleceu na década de 1970, deixando aos imperatrizenses as suas conquistas e a lembrança de sua

trajetória vitoriosa. O sepultamento foi acompanhado por uma enorme multidão, que levou o caixão nos ombros até o cemitério Campo da Saudade, onde está sepultado. Nos anos 1960 apareceram os dois primeiros times de fute-

bol profissional que mais duraram na história e que foram de grande importância: o Tocantins Esporte Clube e a Sociedade Atlética Imperatriz, que hoje é conhecido como Cavalo de Aço. O estádio Frei Epifânio D’Abadia era o palco das dispu-

o futebol de Imperatriz ficou marcado por duas figuras peculiares. Além do frei, um aficionado torcedor do Imperatriz também fez história: mestre Coelho. Ele era sapateiro e, nas tardes de domingo, transformava-se num “dândi”, de terno branco completado pela elegância do colete e os sapatos de verniz, devidamente brilhantes. Acompanhava os jogos, que na época, aconteciam na Praça Tiradentes, rodeando o campo de forma lenta ou correndo, conforme a emoção. “Tica, La catica, tumba, La catumba, rá.” Era um trava língua que só ele sabia o significado e ele só usava quando o “Imperatriz” fazia o gol. A sua alegria era tanta, que além de gritar a frase ao redor do campo, saía rolando no chão, para lá e para cá, como uma criança. O terno branco ficava em estado deplorável.

Cavalo de Aço tenta novos rumos em contato direto com a torcida CLARÍCIA DALLO rOSEANE cARDOSO

É segunda feira, 17h30, a rua está cheia, o estádio ainda está fechado. Homens e mulheres usando camisas brancas com vermelhas se reúnem na praça Mané Garrincha, para torcerem pelo Cavalo de Aço. As filas já estão formadas, os sócios torcedores já chegaram, os que vão comprar ingresso já estão com o dinheiro na mão. No meio da multidão, gritando, está Francisco, membro da torcida organizada Império Vermelho há sete anos. Nascido em Imperatriz, Francisco Lucivan Gomes, 30, é autônomo. Desde os seis anos vai aos jogos no Frei Epifânio. Com os outros membros da organizada ele diz acompanhar sempre o time. “Aqui no Frei Epifánio eu não falto a nenhum jogo, sempre viajo com os jogadores”. Presente nos treinos, ele aprova o trabalho da nova diretoria, comandada pelo fisioterapeuta Carlos Eduardo. Ele assumiu em janeiro de 2011, sendo o vereador Rildo Amaral o vice; Adriano Sousa como o diretor financeiro e outros membros formando a nova diretoria. Quando assumiram encontraram algumas dificuldades. “Traçamos um planejamento com as metas para ajudar o time, nada aqui era planejado”, explica Carlos Eduardo. Em pouco tempo lançaram projetos de ajuda ao time, como o Torcedor 10. Os torcedores se tornam sócios do clube pagando mensalmente R$ 10. Assim, tem direito a assistir aos jogos sem pagar. A torcida apoiou e faz parte do projeto.

Torcida do Cavalo de Aço vem participando de perto das decisões da nova diretoria, tendo opinado, por exemplo, a partir de enquetes, que os jogos acontecessem aos sábados e também nas segundas-feiras

Jogadores- A torcida, a mesma que lotou o Frei Epifánio no titulo de 2005, e na reinauguração em 2010 está voltando a frequentar o estádio. Segundo os jogadores isso é fruto da nova gestão, que reestruturou a Casa do Atleta, localizada na rua Rio Grande, bem no centro da cidade. Lá está Jarlison Lima de Moura, ou se preferirem, apenas Moura. Ele nos mostra que a casa dos jogadores oferece conforto e segurança. Alguns na sala brincam de play sta-

tion, outros, sentados na calçada, admiram a noite depois de mais um dia intenso de treino. Nascido em Porto Franco, o volante Moura, 28, está no Cavalo desde agosto de 2010. Joga futebol profissional há 11 anos, mas na infância não tinha sonho de ser jogador. “Tive uma boa atuação nos jogos escolares, fui convidado pra fazer os testes e estreei no América”. Iniciou sua carreira no América de Natal, ganhando um salário e meio. “Já joguei no Piauí, Rio Grande do Norte, Goiás, Santa

Catarina, Tocantins”. Ao final de mais um treino sentado à beira do banco de reservas, ele diz valer a pena ser jogador em Imperatriz. Entre os mais experientes, segundo o auxiliar técnico Edmar Pereira, está Daniel Oliveira das Neves, jogador profissional desde 2007. Não tinha sonho de ser jogador de futebol. “Jogava amador, trabalhei bastante e tive oportunidade de jogar no time profissional”. Com passagens por JV Lideral, Daniel diz não ser torcedor de nenhum time nacional

específico. Natural de Cidelândia, ele sempre esteve por Imperatriz e é estudante de Educação Física pela faculdade Unisulma. A torcida vem participando bem de perto das decisões da nova diretoria. Um exemplo são os jogos sediados aos sábados e segundas -feiras, por escolha deles mesmos, a partir de enquetes. A nova gestão ainda sofre com patrocínio e falta apoio da prefeitura, que cobra a cada jogo 10% da renda, sendo que para outros eventos amadores o estádio é cedido livremente.


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amadores Longe dos grandes centros, onde o esporte é mais valorizado, os praticantes de futebol amador em Imperatriz reclamam de falta de apoio e de visibilidade

Um sonho de criança cada vez mais popular Leonardo BARROS

O que você quer se quando crescer? Muitos garotos têm o sonho de serem jogadores de futebol. Ismael Lopes acorda 6 horas da manhã, toma café e veste seu uniforme. Pega o ônibus de 6h30 e chega às 7h30 no trabalho, na área de empilhação em uma distribuidora de Imperatriz. Ele trabalha o dia inteiro em um serviço puxado, deixa o expediente às 18 horas, mas se transforma quando coloca a camisa do time. Sai o funcionário e entra em campo o craque. Ismael sempre foi uma promessa no futebol, pena que ficou só no sonho. Desde os oito anos, era perceptível o talento do garoto para o esporte. Magrelo e mais alto do que os meninos da sua idade, ele driblava bem e corria muito. Mas os anos se passaram e Ismael andou por vários times de base, como a Fiel Cavalina e o JV Lideral. O sonho de jogar no Flamengo, seu time do coração, persistia.

Mudanças- Com 17 anos surgiu uma oportunidade: ele foi parti-

cipar de uma peneira, (seleção de garotos) mas, como acredita Ismael, o processo é um jogo de cartas marcadas. O sonho foi adiado e hoje, com 22 anos, casado e pai de familia, Ismael joga no time da empresa que ele trabalha. Os dois salários mínimos que ganha não chegam nem perto dos milhões que ele sonhava. Por ironia ele conseguiu esse emprego graças ao futebol. O dono da distribuidora descobriu que ele era muito bom de bola e queria ele nessa equipe. Mas quem vê Ismael no uniforme da empresa não imagina o grande jogador que ele é. “Desde menino eu jogo futebol é algo que me faz bem. Eu fiz uma escolha entre o seguir o caminho errado e o caminho certo e optei pelo futebol”. Ismael destaca que muitos talentos da região não ganham espaço no futebol nacional e um dos motivos é que estamos longe dos grandes centros do futebol como o Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. “A mídia da região também dá pouca importância para o esporte. São poucas as pessoas que têm oportunidade de mostrar seu trabalho”.

Leonardo BARROS

Ismael Lopes prepara-se para bater uma falta na final do Torneio do Trabalhador: “Desde menino eu jogo futebol, é algo que me faz bem. Fiz uma escolha”

Futebol amador estimula competição e reúne amigos em “peladas” LEONARDO BARROS

A democracia reina na ”pelada” não existe um padrão de jogador. Adolescentes jogam com os senhores de mais idade. Tem os mais gordinhos, os magros, altos e baixos. Aqui ninguém se importa com padrões: o objetivo é se divertir. Os equipamentos são os mais simples. A bola custa R$ 50 e foi comprada no supermercado da esquina. Uns jogam de tênis e outros descalços mesmo.

Mas “pelada” é futebol amador? Esmeraldo Junior, presidente da Liga de Futebol Amador de Imperatriz define simplesmente essa modalidade como “o futebol que não é profissional”. Então, o peladeiro pode ser considerado jogador amador. Este praticante não recebe remuneração para jogar e normalmente tem outro trabalho. Só passa a ser considerado profissional quando ele recebe um salário,

conforme explica Esmeraldo Junior. “Mas está acontecendo algo interessante em Imperatriz: muitas empresas estão contratando seus empregados visando o Torneio do Trabalhador. Caso você jogue futebol, fica mais fácil para ser empregado nas empresas e isso é bom para a economia de Imperatriz”.

Peladinha - São 19 horas, um minuto de silencio. Ouve-se um apito. Vai começar o futebol em uma

quadra poliesportiva da periferia. Passados 15 segundos, Welamy Santos recebe a bola. Com habilidade ele a domina, dribla o zagueiro e manda a “bomba” de esquerda no canto direito do gol. O goleiro não viu nem para onde foi a bola. O garoto agradece o guardador da meta: “Valeu, goleiro. Você é dos nossos”. Na torcida, os comentários são os mais diversos: “Esse goleiro é uma tragédia”, grita um torcedor mais exaltado.

“Esse moleque é o cara, você viu esse gol? Lindo”. A partida acaba e entra outra “barreira” (outro time). Na arquibancada, os assuntos são os mais diversos. Desde o próprio futebol, passando por mulher, carro, tudo em um clima de descontração. Esse é um momento onde os jogadores parecem esquecer dos problemas do dia. “Eu jogo por prazer, aqui eu faço amizades, conheço pessoas e coloco o papo em dia”, comenta Welamy Santos.

Mercado de artigos esportivos se destaca na ecomomia imperatrizense TAYÃ SANTANA TAYÃ SANTANA

Horário de almoço, ambiente climatizado, leve, iluminado e calmo. Os produtos abrangem diversas modalidades esportivas, tanto as mais comuns como o futebol, até as menos populares no Brasil, como a sua versão americana. Já em outro local, as características são um pouco diferentes e mais simples. Pouca iluminação e ventilação, além de ser um ambiente bem mais tumultuado até mesmo por sua localização, em pleno centro comercial. Ambas as lojas trabalham com venda de artigos esportivos. A primeira citada, a Boa Forma, é um estabelecimento meio elitizado e vende produtos originais. A segunda é a Real Esportes, conhecida na cidade por comercializar produtos “genéricos” que dominam a vestimenta de vários imperatrizenses nas ruas. Os dois estabelecimentos sobrevivem há mais de uma década, mostrando que o ramo de artigos tanto originais ou não, resiste, e bem, no

Empresários que trabalham com o ramo da comercialização de artigos esportivos acreditam que, além de lucrativo, esse tipo de negócio é bastante prazeroso

meio econômico da cidade. Até por Imperatriz ter um time profissional e um dos estádios mais modernos da região. Algo nítido é a pouca presença de produtos do Cavalo de Aço nas diversas lojas de Imperatriz.

Preferências - Essas lojas oferecem produtos das mais variadas marcas e gostos esportivos. O vendedor Carlos Faustino, da Boa Forma, uma das maiores e mais famosas da cidade, explica o que é mais lu-

crativo nesse ramo comercial: “O que mais sai são tênis e calçados em geral, seguido pelas camisas dos clubes”. Artigos dos times cariocas e paulistas tomam boa parte do es-

paço oferecido. Times como o Flamengo, Corinthians e Vasco dominam as vendas e os estandes, com canecas, meias, camisetas, shorts, bolsas entre várias outras peças. Além disso, outro objeto bastante cobiçado são as bolas até pela necessidade de alimentar a “fome” de vários peladeiros espalhados por Imperatriz, que não são poucos. Algo bem curioso é que a maioria dos funcionários, principalmente os das menores lojas, em grande parte entram sem muita experiência e entendimento no campo esportivo, como diz Regina dos Santos: “Particularmente, comecei a entender sobre futebol e alguns outros esportes, a partir do momento que descolei esse emprego”. Fábio Diniz, gerente das duas maiores lojas da cidade, a Top Sport e Boa Forma, tem uma opinião pessoal sobre o que é lucrar bem com sua realização profissional, que era trabalhar com algo do ramo esportivo. “Além de lucrativo, é algo bastante prazeroso e bom de se trabalhar”.


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DESCASO Tanto para os esportistas quanto para a população em geral os espaços existentes que deveriam permitir a prática de diversas modalidades apresentam problemas CLEBER SIMÕES

Precariedade é visível em locais de prática de exercícios físicos CLEBER SIMÕES

De um total de oito espaços públicos só dentro do perímetro urbano de Imperatriz, como as praças: Brasil, Bíblia, Cultura, Fátima, Metereologia, União, Mané Garrincha e a Beira-Rio, destinados à prática de alguma atividade física, apenas dois oferecem alguma infraestrutura que, ainda assim, já foi das melhores. Tanto as praças Mané Garrincha, como a Beira Rio estão largadas ao vento. As duas encontram-se invisíveis aos olhos de quem deveria a resguardar: os moradores e os órgãos municipais. Hoje, a praça Mané Garrincha é um bom exemplo. Com uma quadra para o futebol, e uma para o vôlei de areia, ela conta com um espaço para as crianças. Mas são os praticantes da modalidade do skate que mais a utilizam. “Aqui é o único lugar que a gente tem para andar. O governo não cede nada, não apoia. Se você olhar aqui foi nós mesmos que construímos, entendeu?”, conta

Leonardo da Paz, 22 anos, conhecido por Carioca. O complexo Barjonas Lobão, o Fiqueninho, por um bom tempo serviu como espaço para competições de vôlei, basquete e futsal na quadra coberta. A área ao ar livre já foi equipada com obstáculos para a disputa do “bicicross”. Ultimamente o ginásio está servindo de abrigo para pneus velhos, contribuindo para a proliferação do mosquito da dengue. Segundo a Secretaria de Planejamento, os pneus serão incinerados no estado de Pernambuco. A prefeitura mantém no papel desde 2010 um projeto para a revitalização do complexo do Fiqueninho. O deputado federal Davi Alves Silva Junior conseguiu, na época, uma emenda para a liberação de 1,6 milhões de reais e que deveria ser aplicada na construção da Praça da Juventude. A estrutura seria composta de um campo de futebol society, quadras de vôlei de praia e poliesportiva coberta, pista de caminhada, teatro de arena, pista

Pista de skate da Mané Garrincha foi construída pelos próprios praticantes. “Aqui é o único lugar que a gente tem para andar. O governo não cede nada”

de skate, centro de convivência, pista para salto, além de área de exercício, tudo isso em uma área de 7,8 mil metros quadrados. O secretário municipal do Esporte, Joaquim Quirino Cruz, declarou, no entanto, ao jornal “Correio Popular”, que duas empresas desistiram do projeto devido a problemas burocráticos de liberação de verbas ocorridos durante a transição do governo do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva para Dilma Roussef.

Reformas - A Beira-Rio, cartão postal da cidade, também é um lugar que a população utiliza para o lazer, mas, principalmente, para a prática de atividade física. De fato, a realidade foi bem diferente há um certo tempo . Construída pelo governo do Estado em 1996, até então, nunca mais passou por uma reforma. A última resumiu-se à despoluição das duas lagoas. A assessoria da prefeitura

abriu a licitação para a contratação da empresa especializada em serviços de engenharia para a elaboração do projeto de revitalização da área. “Já está bom uma reformazinha, nestas laterais que a erosão está avançando”, diz Cleide Lemos, 47 anos, secretária que frequenta o lugar três vezes na semana para caminhar. O projeto já está pronto, esperando o período chuvoso passar para começarem as obras de infraestrutura daquela região.

Prefeitura promete novas obras para compensar carência nos esportes SILAS CHAVES

Para resolver a precariedade dos espaços esportivos em Imperatriz, prefeitura promete três praças da juventude, inclusive neste local SILAS CHAVES

Vinte anos depois da promulgação da Lei Orgânica do Município de Imperatriz, o cidadão não dispõe de um local adequado para a prática esportiva diversificada. O texto determina no art. 179, apoiado na Constituição Brasileira, a construção de “ginásios de desportos e lazer e quadras esportivas em pontos estratégicos acompanhando o crescimento do município”. O que está disponível hoje é uma quadra poliesportiva na Praça União que, construída há menos de seis anos,

mostra sinais inequívocos de deterioração. A avenida Beira-Rio dispõe apenas de uma perigosa pista de caminhada. O usuário tem de dividir o espaço com veículos que circulam pelo local e alguns aparelhos de musculação em franco processo de decomposição. Já o Complexo Desportivo Barjonas Lobão, popularmente chamado de Fiqueninho, localizado no bairro Nova Imperatriz, está em ruínas: ginásio e pista de atletismo destruídos. O complexo abriga apenas a sede da Secretaria de Juventude e Esportes do Município (SJE).

SILAS CHAVES

Parede externa do ginásio Fiqueninho é exemplo do estado de completo abandono e destruição do espaço público para esportes

“A prefeitura tem devido muito à população em relação às políticas públicas de esporte, principalmente por negligenciar a infraestrutura”. A declaração é do vereador Rildo de Oliveira Amaral, que conhece bem o valor do esporte para a formação cidadã do indivíduo. Nascido em um bairro pobre de Imperatriz, ao praticar atividades esportivas em uma escola privada, com bolsa de estudos, deu novo rumo para a sua vida. “As pessoas do meu bairro que se envolveram com o esporte, não usaram drogas”.

Promessas - Informações fornecidas pelo assessor técnico da SJE, Ciro Rodrigues, e confirmadas pelo vereador Rildo, dão conta que continuam aguardando processo de licitação depois de problemas com liberação de verbas as prometidas três Praças da Juventude. Os complexos prometem elementos para a prática de várias modalidades desportivas, beneficiando a população dos bairros da Vilinha, Planalto e Nova Imperatriz, este último no local do atual “Fiqueninho”. Segundo Rodrigues, a praça a ser construída no Fiqueninho, obra que

aguarda novas licitações para começar em 2012, pelo menos no projeto promete ser a maior Praça da Juventude da região tocantina. Apesar da carência de infraestrutura a SJE organiza, por meio da Secretaria Municipal de Esporte e Lazer, anualmente, uma série de eventos que envolvem a comunidade: Passeio Ciclístico, Copa de Futsal de Imperatriz e os Jogos Escolares, entre outros. Destes, o maior evento são os Jogos Escolares, que envolvem não só a rede municipal de ensino, mas também a estadual e a particular, com cerca de nove mil participantes.


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superação Time do Centro de Assistência Profissionalizante ao Amputado e Deficiente de Imperatriz (Cenapa) é o único profissional em todo Maranhão

Guerreiros do basquete sobre rodas PAMELLA BANDEIRA

O basquete em rodas surgiu por volta de 1946 nos EUA. No Brasil, ele foi introduzido em 1948, por Sérgio Seraphin Del Grande e Robson Sampaio. Em Imperatriz, já vem sendo praticado há cinco anos, trazido por João Batista Santos. Ele aprendeu as técnicas depois de ter passado pelo Hospital Sarah Kubitschek, na unidade destinada ao atendimento de vítimas de politraumatismos e problemas locomotores, enquanto tentava sua reabilitação. Hoje, o time profissional do Centro de Assistência Profissionalizante ao Amputado e Deficiente de Imperatriz (Cenapa) é o único na cidade e o segundo do Maranhão. A equipe tem 15 pessoas: 12 jogadores, técnico, auxiliar e o montador das cadeiras. Os atletas têm, em média, entre 24 a 43 anos.

Segundo o vice-presidente do time, Marcos André, a seleção é aberta a qualquer pessoa, seja qual for a idade, sexo ou grau de deficiência física. As regras são quase as mesmas do time convencional, como a dimensão da quadra e a altura de cesta. Desde sua formação, a equipe treina nos mesmos lugares, às segundas, terças e quintas na quadra da Praça Mané Garrincha. E aos sábados, quando não há atividade esportiva, na quadra da faculdade Unisulma. Às vezes, quando chove e não tem como treinar, alugam a quadra da Escola Santa Luzia. A equipe de basquete do Cenapa é mantida com a contribuição da prefeitura de Imperatriz, que doa e paga a manutenção das cadeiras. Cada pneu pode custar mais de 150 reais. O poder público também cede uma sala no Estádio Frei Epifânio D’Abadia para guar-

dar as cadeiras de rodas, o material usado nos treinos, e o ônibus adaptado. Além disso, empresários e voluntários também colaboram para a sua preservação. Como José Augusto, ex-jogador de basquete e atualmente, empresário do ramo da sorveteria. Ele dedica boa parte do seu tempo ao trabalho filantrópico, que é treinar os atletas há pouco mais de um ano, e justifica o seu pagamento. “O time tem uma força de vontade muito grande. Eles são guerreiros. A gente vê as pessoas reclamando da vida por pouca coisa, e eles não têm como se locomover e estão aí, jogando”, ressalta, em meio à entrevista e à atenção aos novatos. “Não desista não, pega a bola lá...Vá pelo meio. Tenha paciência, é assim mesmo”, incentivava-os constantemente.

PAMELLA BANDEIRA

Atletas do time do Cenapa contam com o apoio financeiro da prefeitura, empresários e de voluntários

Atletas acreditam que esporte para especiais estimula convívio social PAMELLA BANDEIRA

Alguns dos atletas do time profissional do Centro de Assistência Profissionalizante ao Amputado e Deficiente de Imperatriz (Cenapa) têm paralisia infantil. Outros sofreram acidente no trabalho, caíram de moto, de árvores ou ficaram paraplégicos por causa de bala perdida. Para adaptá-los ao esporte, cada cadeira é moldada de acordo com o grau de lesão física desses atletas. João Batista é um dos que está desde o início, e conta que suas maiores motivações para estar nas quadras são a descontração e

sair da rotina. “Esporte é vida. É saúde”, acredita o veterano. Edilson Vieira, 30 anos, está no esporte há quase cinco anos. Trabalha e teve uma das pernas amputadas. Diz que não foi difícil trocar os campos de futebol para amputados em Goiás (GO) pelas quadras de basquete em Imperatriz. Incentivado por um amigo da Igreja, sobre basquete em rodas, viu ali, uma nova oportunidade de voltar a jogar, e apesar da diferença de modalidade “a adaptação foi rápida”. E adverte: “Independente das limitações temos uma vida normal”. Fã de Michael Jordan (astro do basquete

convencional norte-americano), tenta se espelhar no ídolo, e com um sorriso largo no rosto e brilho nos olhos de quem um dia sonha em poder chegar perto das façanhas do mestre, diz empolgado: “O cara nasceu com o dom. O que ele faz com a bola a gente fica impressionado”. Já o novato, Vilmar Leite Pereira, 30 anos, está no time há quase seis meses, entrou por meio de outro jogador. Nunca tinha praticado esporte na vida. Só depois de ter sofrido acidente no trabalho e ficar paraplégico, e com o apoio da família, é que resolveu entrar no basquete. Segundo ele, o

esporte melhorou bastante o seu convívio com outras pessoas fora das quadras. Meio tímido, revela: “O basquete hoje, é tudo na minha vida. É o único que me proporciona se locomover e se movimentar melhor”. E no fim do treino, a equipe se desloca da praça Mané Garrincha até o estádio Frei Epifânio D’Abadia do outro lado da rua. Lá, trocam suas cadeiras de rodas, alguns por muletas, outros por motos Biz adaptadas. Partem para as suas casas com a certeza de que no basquete melhoram a sua autoconfiança e aceleram seus processos de inclusão social.

Eventos esportivos se consolidam com calendário fixo em Imperatriz LETÍCIA MACIEL RÔMULO fERNANDES

Domingo, 1° de maio de 2011, 50° BIS, 7 da manhã. Enquanto boa parte da cidade dorme, poucos estão nas ruas. Além destes, um grupo de 150 homens e mulheres em posição de largada, vestindo camisas amarelas, bermuda e tênis, fixam o olhar atento para a avenida Bernardo Sayão. Ao som do apito, o grupo de corredores dá início à XIX Corrida Aberta do Trabalhador, percorrendo sete quilômetros, até a unidade do Sesi, na rua Aquiles Lisboa. Os três primeiros lugares receberam prêmios em dinheiro. A Corrida Aberta do Trabalhador é um dos eventos esportivos de Imperatriz. O considerável número de participantes mostra a vontade do esportista local em participar. A cidade apresenta variedade de eventos de esporte, como o Passeio Ciclístico, Copa Futsal, 3° Triátlon, Campeonato de Kart entre outros. Todas sempre contam com extenso número de participantes. “Os Jogos Escolares Imperatrizenses (JEIs) são um dos maiores eventos esportivos do país em questão de participação, com sete mil inscritos’’, informa José Hércio, professor de educação física e superintendente de Espor-

tes pela Educação. “O futebol amador tem 60 equipes, o futsal tem até mais. Temos que limitar a participação, que é algo muito extenso. A quantidade de participantes é imensa”.

Automobilismo- O kart de Imperatriz também se coloca como referência nacional. Em outubro de 2011, a cidade sediou o maior evento do kartismo brasileiro, sendo pela primeira vez realizado na região Nordeste: a Copa Brasil Kart. “A realização da Copa Brasil Kart coroou todos os nossos esforços nesses 24 anos”, acredita o presidente e fundador da Federação de Automobilismo do Estado do Maranhão (Faem), Giovanni Guerra. Em 1987, Giovanni organizou o primeiro evento da categoria na cidade, ocorrido na praça Tiradentes, sob os olhares curiosos dos passantes. Desde então, a trajetória do kart avança a alta velocidade. O Open de Kart teve a presença de 22 pilotos de cinco cidades e três estados. Eventos esportivos como o de kart trazem grande benefício para a cidade. “A Copa Brasil Kart foi nosso objetivo. Recebemos 150 pilotos e aproximadamente 800 pessoas. As famílias deixaram R$ 2 milhões que serão usufruídos por toda a so-

Copa Brasil de Kart, realizada em Imperatriz no ano passado, reuniu 22 pilotos de cinco cidades e três estados, movimentando cerca de R$ 2 milhões

ciedade”.

Inadequação - Apesar de todos os benefícios que os eventos de esporte trazem para a cidade, Imperatriz não está suficientemente adequada para realizá-los, na opinião de

Giovanni Guerra. “Há pouco hotéis para os competidores, o translado tinha que ser trabalhado assim como a recepção do aeroporto, logística do hotel, informativos sobre a cidade”. José Hércio menciona o espaço

físico como um ponto a ser observado. “Imperatriz sempre esteve no mapa dos eventos de esporte. Mas, dependemos exclusivamente do espaço de terceiros. O maior que temos é o Fiqueninho, com capacidade para três mil pessoas”.


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ginga Além de aprender mais sobre as suas raízes culturais, praticantes de capoeira têm benefícios com musculatura, flexibilidade e sistemas respiratórios e cardíaco

Capoeira ajuda a aliar cultura e saúde SARA RUTH andrade

SARA RUTH andrade

Berimbau, atabaque e pandeiro são os principais instrumentos usados em uma roda de capoeira, expressão cultural brasileira que mistura elementos culturais. Seu entendimento se divide em partes: você pode tratar a capoeira como esporte, cultura, folclore, luta ou dança. Robert Francisco Sousa Cruz, tem 36 anos e, destes, 24 são dedicados à capoeira. Conhecido como Piabão, fez da expressão cultural a sua profissão. Há 15 anos, conheceu a capoeira por meio de um amigo apelidado Maisena e depois de um tempo decidiu largar o trabalho e viver só dela. Hoje é instrutor do grupo Abadá – Capoeira de Imperatriz, Associação Brasileira de Apoio e Desenvolvimento da Arte Capoeira. Tem 10 anos de corda roxa, dá aula em várias escolas da rede particular na cidade e também desenvolve trabalhos sociais com a capoeira. Diz que, se manter financeiramente com essa modalidade esportiva não é difícil e pretende que vários alunos seus sigam esse caminho, porque além de dar para ganhar “uma grana boa” você está “divulgando e valorizando a sua cultura”.

Benefícios - Na saúde, a capoeira é importante, pois o praticante tra-

Praticantes da capoeira acreditam que a luta proporciona uma “cabeça mais tranquila”, além de incentivar o contato com pessoas de vários níveis sociais

balha tudo: a musculatura a flexibilidade, os sistemas respiratório e cardíaco, adquire raciocínio rápido ganha preparação física. Mas Robert orienta sempre o interessado a fazer uma avaliação médica antes para saber se pode ou não praticar. “Têm várias fundamentações para você se tornar um profissional de capoeira. Pode ser um historiador, um profissional folclórico, um

professor de maculelê”. No entanto, segundo recomenda Piabão, a pessoa precisa buscar sempre o aperfeiçoamento. Como ele, que fez vários cursos profissionalizantes. “Não me vejo sem a capoeira. É igual ao que mestre Sabina fala: está entrelaçada na minha alma”. Piabão acredita que a capoeira é um veículo de transmissão do conhecimento.

Thundercats - Lion Junior de Oliveira Maia, 34 anos, zootecnista, teve o seu primeiro contato com a capoeira há mais de 12 anos, em Imperatriz. É um aluno iniciante, sua corda é laranja por não ter dado continuidade aos treinamentos. Agora decidiu voltar e treinar. “Cada vez você tem que começar do zero. Não pretendo parar mais. Quem sabe até o final do ano eu

consigo me graduar, vamos ver”. Seu nome de batismo na capoeira ficou Lion, pois já é uma alcunha diferente, o chefe dos Thundercats, antigo desenho animado. . “A capoeira sempre me trouxe coisas boas, porque mantém o seu corpo mais estável. Você fica com a cabeça mais tranquila e evita que fique pensando em outras coisas que possam te atrapalhar. Ela dá um rumo certo”. Lion destaca que outro benefício é que o praticante tem contato com pessoas de vários níveis sociais, repassando algum conhecimento e adquirindo também, portanto, constituindo uma espécie de família. “Eu já estou também com uma certa idade e isso faz um bem danado para saúde, permite você estar longe de drogas e de coisas que vão te atrasar”. Clebson Queiroz da Silva, o “Monstro”, 35 anos, 16 de capoeira, é autônomo, treina apenas por esporte e diz que a prática representa uma filosofia de vida que ajuda a superar seus limites. É um aluno graduado, e a sua corda tem duas cores: verde e roxa. Está, portanto, passando por um período de transformação de um nível menor para um nível maior. Toca todos os instrumentos da capoeira. “O capoeirista completo tem que deter o conhecimento da parte histórica da capoeira. Não é só aquele que dá pernada e pirueta”.

Artes marciais ganham cada vez mais adeptos em Imperatriz FOTOS: WALISON REIS WALISON REIS

É nas segundas, quartas e sextas-feiras das 19 até as 22 horas que o professor Ricardo Batista Bento, um carioca de 38 anos, moreno claro, forte, de cabelos escuros e de olhos verdes, ensina para um grupo de 15 pessoas o jiu jitsu. Ele explica que é um esporte de muito contato corporal, que visa derrotar o seu oponente usando menos força e mais técnicas. Por isso, o raciocino é a arma e uma pessoa fraca pode derrotar outra forte. Tudo se inicia com um alongamento em cima de um tatame de cor azul que está desbotando. O exercício demora quase uma hora e meia. Não há tempo para descanso, só para ir tomar um pouco de água. Depois de ensinar o novo golpe de jiu jitsu, o professor pede para os alunos fazerem, em dupla, o que ele havia ensinado. Mas, uma dupla a cada vez. Os dois alunos ficam em pé no tatame executando alguns movimentos de vai e vem, esperando o momento propício para atacar. De repente, os dois se atracam segurando o quimono do outro. De tanto fazerem movimentos de força eles caem segurando os respectivos pescoços. Logo em seguida rolam pelo tatame, os pés de um dos oponentes se envolve na cintura do outro na tentativa de imobilizá-lo. De tão cansados eles param por alguns segundos de fazer os movimentos bruscos e ficam se mirando como estivessem pensando em alguma es-

tratégia para derrotar o oponente. José Renato Anjo, um administrador de 28 anos, diz que buscou essa prática esportiva para o seu condicionamento físico, pois está acima do peso e com problemas respiratórios e procurava também um esporte que lhe ensinasse defesa pessoal. Praticando jiu jitsu há alguns meses, José Renato Anjo diz que está muito satisfeito com os resultados adquiridos. Modalidades - O karatê-DO, outra arte marcial que desperta a atenção em Imperatriz, significa “o caminho das mãos vazias”, ou seja, uma luta sem nenhum tipo de instrumento. É o tipo de esporte que Antonio Dilain Alves ensina desde 1995, em uma academia na cidade Imperatriz. Segundo ele, o karatê-DO é uma prática que se aprende com a repetição dos golpes e, por isso, requer muita concentração, disciplina e coordenação motora. Flavia Baião Bento, representante comercial, explica que colocou o seu filho Lucas, de seis anos de idade para fazer o karatê-DO em razão da disciplina do equilíbrio e do fator da superação individual que o karatê proporciona. Resultados esses que Flavia Baião Bento, garante que já são vistos no desempenho do seu filho na escola. “Conter o espírito de agressão” é um dos lemas do karatê – DO que o professor Antonio Dilain Alves, 37 anos, trabalha com os seus alunos para que a prática do karatê-DO não seja usada como agressão e, sim, como uma atividade esportiva.

Busca do equilíbrio e superação individual são alguns dos benefícios do karate-DO para as crianças . Significado da modalidade é “o caminho das mãos vazias”

Jiu Jitsu é um esporte de muito contato corporal, que visa derrotar o seu oponente usando menos força e mais técnica. Por isso, a grande arma é o raciocínio


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EnTREvIsTA José Hércio de Sousa (Secretaria Municipal de Esportes e Lazer)

“Imperatriz merece novo espaço esportivo” Nascido em uma família de dentistas, José Hércio de Souza seguiu uma carreira diferente do esperado e se tornou um esportista. Formado em Educação Fisica, viveu muitas alegrias dentro da piscina, onde foi

nadador, e também em quadra. E proporcionou felicidade a muitos jovens do qual foi treinador. As dificuldades foram inúmeras e ele ainda as vive, hoje não mais em quadra, mas na vida pública, auxiliando na gestão da

Secretaria de Esportes de Imperatriz. Ele reconhece que na cidade o incentivo ao esporte por parte da população e do governo é pouco, o que acaba desestimulando muitos jovens a seguir a carreira esportiva. Mas, acredita

que com esforço e dedicação é possível viver do esporte. Em entrevista ao Arrocha, José Hércio, entre outros assuntos, fala a respeito da política para a área em Imperatriz, a vida de esportista e a inclusão de especiais

nos esportes. Esta entrevista foi concedida em 2011, antes da criação da Secretaria Municipal de Esportes e Lazer, assumida, em 2012, pelo empresário e desportista Joaquim Quirino Cruz. HYANA reis

“O esporte, para mim, foi tudo. Atividade física no esporte foi minha vida e Imperatriz foi minha madrasta, a qual eu defendo com unhas e dentes” MARIA FELIX HYANA reis

Você acredita que é possível viver de esportes em Imperatriz? E quais são os melhores exemplos no que se refere aos atletas? Sim. muitas pessoas vivem do esporte, inclusive eu, mas nesse ramo de profissionalismo é muito precário. O Maranhão, nessa área profissional é pouco apoiado. Eu tenho 29 anos em Imperatriz e até hoje eu não vi um time de Imperatriz decolar, porque a própria região não tem o hábito. Por aí não se vê gente no estádio, o que você vê são alguns ‘’gatos pingados’’ assistindo ao Campeonato Maranhense. Quando não há um incentivo do governo o pessoal não vai ao estádio, não tem o hábito.

Qual o fundamento da educação física nas escolas ? Imperatriz está passando por um processo de mudança devido, realmente, ao conhecimento cientifico da educação física, que é uma disciplina voltada para a área de saúde. Então há o conhecimento de sistema cardiovascular, muscular, do corpo e também na parte de iniciação esportiva, com o conhecimento de todas as modalidades.

Existem escolas que não possuem quadra esportiva, ou times. Como essas escolas fazem para participar dos jogos escolares? Esse é um grande problema que nós enfrentamos tanto na escola municipal como na estadual. Os espaços físicos para a parte desportiva nas escolas são totalmen-

te precários. Inclusive há espaços que estão sendo tomados, como por exemplo, a quadra do Dorgival Pinheiro, que foi desmanchada pra fazer um prédio que nada tem a ver com prática da educação física. A própria escola ficou sem espaço.

“Muitas pessoas vivem do esporte, inclusive eu, mas nesse ramo de profissionalismo é muito precário. O Maranhão, nessa área profissional é pouco apoiado”

Qual o espaço ideal para práticas de esporte aqui em Imperatriz? Hoje, em nível nacional, como lei Federal, tem que haver um espaço do tamanho adequado, satisfatório, inclusive com cobertura. Hoje em dia há lei, mas a lei não sai do papel. Imperatriz não tem uma quadra coberta para a prática esportiva a não ser as particulares. Então da rede publica estadual e municipal tem o Amaral Raposo, que é um espaço muito pequeno onde só se pode praticar o vôlei, porque a quadra de basquete não tem mais.

Como você se sente ao ver o Ginásio de Esportes Fiqueninho degradado? Grandes eventos houve no Fi-

queninho. Agora está assim nesse estado, no qual não é da nossa gestão é de gestões anteriores. As consequências se agravaram, mas existe um projeto que vai transformar esse espaço. Por enquanto está no papel, mas eu estou acompanhando de perto, estamos aguardando pra começar a obra. Vai ter quadras,pista de atletismo, piscina olímpica. O caminho está meio andado, só falta uma ação para a comunidade sentir de perto.

A prática de esporte em Imperatriz pode deixar um legado para os estudantes que quiserem seguir carreira esportiva? Isso é uma incógnita, porque não se sabe o dia de amanhã. Quem hoje trabalha com esporte, apesar de trancos e barrancos e das dificuldades que encontra, ainda consegue formar alguns adeptos em nível nacional, como aquele menino da natação, que é o 2° no ranking brasileiro em 100 metros borboletas e é daqui de Imperatriz. Ele tem de 16 pra 17 anos e saiu de Imperatriz, devido ao empenho e trabalho.

Só existe uma universidade que possui o curso de educação fisica, privada. Existe algum projeto que disponibilize oportunidade para quem queira cursar educação física? Só tem o curso, e todo ano ele joga 80 pessoas no mercado de trabalho, mas a prefeitura vem bancando uma turma de educação física para todos os professores que eram profissionais da área no município. A prefeitura está investindo e pagando a faculdade inte-

gral, são 42 alunos. Eles tinham um conhecimento técnico das modalidades, hoje eles têm o conhecimento do corpo humano, o que é o sistema aeróbico, articulação, músculos, o que é uma lesão, inclusive até primeiros socorros.

E os alunos que desejam seguir carreira, mas não tem condição de pagar uma universidade particular? O governo mesmo não tem nem pretensão de abrir uma faculdade federal ou estadual de educação física. Há pretensão de outra faculdade de curso superior, também particular.

A prefeitura apóia esportes radicais? Sobre estas modalidades estamos recebendo um projeto, só que é pedido um custo muito alto, em torno de R$ 60 à R$ 70 mil. A di-

“Imperatriz está passando por um processo de mudança devido ao conhecimento cientifico realmente da educação física, que é uma disciplina voltada para a área de saúde.”

vulgação desses campeonatos não é tão grande. Um investimento deste porte por esse valor é uma despesa para poder abranger nove

mil pessoas, ou seja, são poucos adeptos e com isto estará jogando dinheiro público fora, o resultado é muito pouco.

Também são poucos os adeptos ao esporte com deficiência física. Existem políticas públicas relacionadas ou direcionadas a eles? São poucas, mas existem. Inclusive as cadeiras para basquete foram doadas pela prefeitura, e são cadeiras oficiais de jogos, profissionais de 80 mil reais. Também são fornecidos os técnicos para o treinamento e os jogos dessa modalidade ocorrem na praça Mané Garrincha. Então há apoio, sim, para os adeptos portadores de deficiência.

Recentemente um jogador de vôlei foi hostilizado pela torcida adversária por ser homossexual. A questão é um tabu no esporte? Não para nós de Imperatriz, nunca tivemos este tipo de preconceito. Mas pode ter, porque vivemos em um país preconceituoso, nós brasileiros, somos preconceituosos.

O que o esporte representa pra você ? O esporte foi a minha vida. Foi dentro do esporte que eu criei meus meninos, tenho meus bens e vivo tranquilo e, graças a Deus,tenho meu emprego e o esporte, pra mim, foi tudo. Atividade física no esporte foi minha vida e Imperatriz foi minha madrasta, a qual eu defendo com unhas e dentes. Não sou daqui, mas foi nela que eu consegui desempenhar minha função e criar minha família.


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Movimentar estrategicamente as peças sobre o tabuleiro aumenta a capacidade de concentração e ajuda até a lidar com a paciência e ser menos impulsivo

No tabuleiro do xadrez, muito raciocínio FOTOS: KELLEN ALMEIDA valdiane costa

Na sala climatizada, silêncio e concentração. As 10 mesas estavam cobertas com um tecido verde e eram compostas por apenas duas cadeiras. Sobre cada uma, descansava um tabuleiro com 32 peças nomeadas de rei, rainha, bispo, cavalo, torre e peão, denunciando o motivo principal do encontro: o xadrez. Os tabuleiros nas cores azuis e brancas dão leveza ao jogo, normalmente visto em cores sisudas e pouco alegres. As peças são de plástico e aí sim, com tonalidades mais sóbrias, o preto e o branco. Os relógios, também sobrepostos nas mesas, são usados para marcar não apenas o tempo das partidas, mas contam os minutos das jogadas individuais. “Atenção senhores”, diz o árbitro, para comunicar que é hora de dar início ao jogo. Os 12 enxadristas são informados sobre quem serão seus parceiros nessa primeira partida. Em seguida, sentam-se e, ao ouvir do árbitro que já podem iniciar o jogo, apertam, sob o tabuleiro, a mão do adversário. A partir desse momento, o silêncio só é quebrado pela pressão no pino do relógio iniciando ou finalizando uma jogada. Esse é o cenário de mais um torneio realizado pela liga de xadrez de Imperatriz. E assim, quando há competição, são horas e horas de partidas. Tudo só acaba quando um dos participantes manifesta o famoso, “xeque mate”. Ou quando ouve o triste sussurro do colega, dizendo “abandono”. Na pior das hipóteses, caso ninguém chegue à vitória, o “empate”, em consenso, é a melhor saída.

Vantagens - “O xadrez é como a vida, cheio de decisões”, define Kerlson Lima. Ele engrossa o coral dos benefícios acrescentando, ainda, que foi graças ao

xadrez que conquistou novas amizades e aprendeu a ser menos impulsivo nas atitudes. Como todo esporte, o xadrez também tem seus benefícios: aumento da capacidade de concentração, raciocínio mais rápido, são frases que se ouve com frequência e sem titubear dos praticantes desse esporte. O enxadrista Francisco Messias levou tão a sério sua paixão que mantém atualizado o blog da liga de xadrez imperatrisense. Além disso, ele e mais alguns outros amigos enxadristas organizam torneios, onde contam com apoio de eventuais patrocinadores, “mas a maior parte do dinheiro sai do nosso bolso mesmo”. Meio sem jeito, Oziel Lavor diz que começou tarde a jogar xadrez, mas que já ensina os dois filhos a manipularem as peças. Ele conta orgulhoso que o filho menor já sabe reconhecer peças como o cavalo. “Espero que eles gostem de xadrez naturalmente”. É assim que o enxadrista monta a sua estratégia na vida para conseguir despertar nos descendentes o interesse pelo esporte no futuro. Nem mesmo a distância de quase 100 quilômetros que separa Imperatriz de Buriti do Tocantins são empecilhos para o escrivão de polícia, Nilton Silva, ir se reunir com os amigos. “Quando jogo o xadrez, esqueço dos problemas, me desligo de tudo e penso só na partida. Praticar o xadrez me ajuda no trabalho, às vezes venho duas vezes por semana”. No Brasil, a modalidade não é popular. Daí vem à reclamação de outro Francisco, mas dessa vez Francisco Araújo, também dos divulgadores e apaixonados pelo xadrez. “Sempre tentamos ensinar o xadrez nas escolas públicas, mesmo doando todo o material e disponibilizando ensinar gratuitamente, encontramos barreiras, mas continuaremos tentando”.

Tabuleiros nas cores azul e branco dão leveza ao jogo, normalmente visto em cores sisudas e pouco alegres. Relógios ajudam a contar tempo geral e individual

Prática de esportes ajuda a aumentar grau de confiança em si mesmo KELLEN ALMEIDA

Além de melhorar o desempenho do corpo, exercitar-se também contribui para o aumento da autoestima. Porem, é importante não se esquecer do aquecimento KELLEN ALMEIDA

A prática regular de exercícios aumenta o grau de confiança do indivíduo, além de contribuir para o melhoramento da capacidade mental e combater o envelhecimento, a depressão, as doenças crônicas e

o colesterol e melhorar os ossos, o sono, stress e a ansiedade. Riscos que acompanham diariamente a rotina do ser humano. “Sofria de problemas na coluna e artrose e graças aos exercícios que pratico na hidroginástica melhorei 100%”, conta a dona de casa Maria

Marieta, 76 anos, que frequenta três vezes por semana aula de hidroginástica há oito anos. Afirma ainda, que, além de seguir a dieta recomendada pelo médico, tem plena consciência dos benefícios que essas atividades proporcionam e também por que ama exercitar-se.

O especialista em fisiologia do exercício e personal trainner de grupos especiais, Ângelo Santos, 42, é professor de hidroginástica há 13 anos e explica que as atividades praticadas na água facilitam a execução dos movimentos que são mais difíceis de ser realizados no solo. Tudo por conta flutuação e absorção de impactos, que é reduzida em torno de 20% do peso total da pessoa, quando feitos na água. O professor relata, ainda, que a hidroginástica é uma atividade que pode ser praticada por todas as idades e sexo, porém, ainda há certa resistência por parte de homens e por pessoas mais jovens. “99,9% dos alunos são mulheres e com mais idade, pois, as pessoas associam a hidroginástica como uma atividade direcionada para idosos, mas não é bem assim, todos podem e deveriam praticá-la”, explica Ângelo. “É necessário alongar-se antes, para um pré-aquecimento, durante e depois de qualquer exercício físico, porém, de forma correta”, orienta o professor. O alongamento é muito importante por que prepara o corpo para o exercício, e este, feito incorretamente pode romper ligamentos, implicando no êxito dos resultados

das atividades realizadas. Existem várias formas de escapar do sedentarismo. Por isso as pessoas têm a opção de escolher o esporte que tenham mais afinidade. “Tem gente que não gosta de fazer musculação e prefere fazer caminhada, outras optam pela ‘hidro’ em vez de outro esporte mais ‘puxado’”, afirma o especialista.

Autoestima- Além de melhorar o desempenho do corpo, exercitarse é também contribuir para o aumento a autoestima. É o que afirma dona Maria Raimunda, 68 anos, que é amante do esporte e pratica musculação todos os dias, há exatos dez anos. “Quando pratico exercícios me sinto renovada, assim como se renova uma linda manhã”. Dona, como também é chamada, enfrenta uma rotina de viagens constantes. Mesmo assim, não dá lugar ao sedentarismo. “Quando chego em outra cidade, procuro logo uma academia de ginástica. Elas funcionam como uma espécie de muletas para mim. Quando não vou malhar sinto dores no corpo”, relata Maria Raimunda, enquanto pedala com todo gás em cima de uma bicicleta ergométrica.


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empenho Atleta imperatrizense tem poucas possibilidades de visibilidade nacional, dependendo da sorte das “peneiras” e conta raramente com apoio dos poderes públicos

Mesmo sem apoio, vôlei é destaque nacional valdiane costa

vôlei. Altura e talento não serão problemas. Mas essa ainda não é sua decisão final. Em Imperatriz não há muitas chances na área, somente se o atleta for descoberto pelas “peneiras”, oportunidade de serem escalados para a seleção. Também há certo desinteresse por parte do governo do Estado, já que, recentemente, foi cortada a Bolsa Atleta (remuneração de 1 salário). Esse é um dos muitos motivos que levam atletas promissores a desistir da carreira no vôlei.

Desestímulo - Andreh Moura é um

Voleibol também é uma forma de integração de crianças de várias escolas. A partir das técnicas do jogo os jovens aprendem a trabalhar melhor em equipe THAYSE BARROS

Começa o treino, os atletas correm ao redor da quadra, em passos apressados, balançando as mãos, em duplas. Logo em seguida deitam no chão, fazem flexões. Pequenos na idade, gigantes na altura, como todo

atleta de vôlei deve ser. Em Imperatriz, o vôlei é um dos esportes mais populares em escolas, onde são descobertos grandes atletas, que muitas vezes são escalados para seleção maranhense. Gleydson Rogério Simões é um exemplo desses jovens gigantes: com

apenas 17 anos e seus 1,91 metro, já é considerado um excelente levantador. Estuda na escola Rui Barbosa, e desde dos 10 anos, joga vôlei. “Quando vi os mais velhos treinando, achei bonito e interessante, então resolvi entrar pro time”. Acredita que o esporte seja sua paixão, e pretende seguir a carreira de

exemplo de “atleta aposentado”. Aos 14 anos, partiu do basquete para o vôlei, por incentivo dos amigos da escola. “Todos da minha sala praticavam vôlei, acabei entrando, gostei e vi que poderia ir mais além”. Sua carreira no esporte durou quatro anos, sendo o primeiro na escola Santa Luzia. Depois, conquistou uma bolsa de estudos na escola Rui Barbosa, onde passou seus últimos três anos como meio de rede. Nesse período viajou para vários estados como atleta, entre eles, Salvador, Goiânia, São Luis e Rio de Janeiro. Assim que concluiu o ensino médio, fez alguns testes para times de vôlei, mas não passou pela sua altura, pois tem 1,79. Falta de tempo, faculdade e trabalho e fato de não ter como conciliar com o esporte foram os motivos para deixar o vôlei.

Conquistas - O voleibol também é uma forma de integração de crianças, de várias escolas, por meio do esporte. Como por exemplo, o projeto Festvôlei, do professor e coordenador de Esportes da escola Santa Luzia, Ubiracy Campos. Esse projeto avalia o ensino de vôlei das escolas participantes, que são: Colégio Santa Luzia, Colégio Delta, Colégio Dom Bosco e Escola Peniel. A partir das técnicas do jogo as crianças de 8 a 12 anos aprendem a trabalhar em equipe. O crucial é que haja uma transição saudável do esporte de participação para competição. É importante destacar as conquistas que o vôlei obteve em Imperatriz, com o time da escola Rui Barbosa, comandado pelo técnico Getúlio Ferreira de Melo Júnior. A equipe foi reconhecida como a melhor do Maranhão no ano de 2007, e venceu, em nível nacional, as Olimpíadas Escolares de 2008, evento sediado em Poços de Caldas, Minas Gerais. Tanto que a delegação do time foi recebida na Câmara dos Vereadores de Imperatriz, e reconhecida como bicampeã, na categoria infantil. O maior desejo do técnico Getulio Ferreira, é que o vôlei de Imperatriz, tantas vezes campeão nacional, tenha o reconhecimento e o apoio da prefeitura e da Assembleia Legislativa, assim como o time de futebol, Cavalo de Aço.

Handebol luta contra carência de recursos e material humano MARIANA CAMPOS

MARIANA CAMPOS

A prática de handebol em Imperatriz, em especial nas escolas públicas, enfrenta profundas dificuldades, como a falta de material e a estrutura física precária das quadras. Luis Wanderley, que trabalha há três anos como voluntário na escola estadual Graça Aranha, treinando o time de handebol, ressalta a questão da falta de apoio e de patrocínios para os uniformes e ajuda de custo para as competições inter-municipais. Assim, as competições se resumem ao próprio município, nos jogos escolares, interclasses e campeonatos organizados pelas escolas particulares. Algumas vezes o time consegue patrocínios de empresas, mas nunca é de 100%. Na maioria das vezes, para que os alunos não precisem tirar do próprio bolso é necessário patrocínio de duas ou três empresas. Com registro no Conselho Regional de Educação Física (CREF5), Luis Wanderley trabalha na área desde 1997, quando foi convidado por um professor para ser seu auxiliar. No ano seguinte foi indicado para trabalhar no Complexo Educacional de Ensino Fundamental e Médio Amaral Raposo na função de auxiliar de uma outra professora. Assumiu, então, a modalidade de handebol, que exerce até hoje. Alguns dos alunos de Luis Wanderley já ganharam bolsas para estudar em escolas particulares graças ao bom desempenho na modalidade. O time já compe-

Competições e handebol se resumem às iniciativas do próprio município. Algumas vezes os times conseguem patrocínios de empresas, mas precisam do apoio de pelo menos três para não arcar com todos prejuízos

tiu em vários estados vizinhos da região, como Ceará, Pará, Piauí e Tocantins e trouxe títulos tanto individuais como coletivos de melhores jogadores.

Material humano - Luis ainda afirma que o necessário para se

formar um time de handebol é o material humano, ou seja, pessoas que realmente estejam interessadas na prática do esporte. Os times que estão começando agora, também sofrem as dificuldades para se montar uma equipe de handebol. O professor de Educação Física da Escola Militar,

Emerson, 25, explica que 2011 foi o primeiro ano que a escola formou um time e participou dos Jogos Escolares. Segundo ele, a escola dá total apoio à prática de esportes. O uniforme usado pelos alunos foi fornecido pela instituição. Ele afirma que a escola tem bolas suficientes para os treinos,

porém a estrutura nos estabelecimentos públicos é bem mais precária. Falta um incentivo das empresas, patrocínios e apoio. O principal problema enfrentado na escola é o horário dos treinos, pois são realizados logo após as aulas, o que dificulta a questão de horário suficiente.


Jornal

12

Arrocha

Ano IiI. Número 9 iMPERATRIZ, março de 2012

representação Daiana Fernandes, há seis anos participando de maratonas e veteranos como Juarez Barbosa, Áurea Ferreira e Elcí Rodrigues são orgulhos nacionais da cidade FOTOS: ELEN CRISTINA

Atletismo imperatrizense traz marca de campeões

Prova do Dia do Trabalhador evidencia a força dos corredores de Imperatriz. Alguns deles já tiveram participações importantes na maratona de São Silvestre LUIS LIMA

Corpo franzino, 1,65 de altura, 45 quilos e 26 anos de idade. Essa é Daiana Fernandes Alves, a “mulher bala”, como é chamada, pois atinge 20 quilômetros por hora. A estudante é considerada a nova promessa do atletismo de Imperatriz. Há apenas seis anos no esporte, Daiana conquistou a medalha de bronze na primeira competição em nível nacional que disputou, os 1,5 mil metros rasos nos Jogos Universitários Brasileiros realizados em novembro do ano passado, no estado de Santa Catarina. Foi a única medalha do

Maranhão no atletismo nesses jogos. A despesa com alimentação, calçados e suplementação chega a 1,5 mil reais por mês. Em cada prova a atleta embolsa entre 200 reais e 2 mil reais dependendo da distância ou do estado em que ocorre o evento. Short preto, tênis desbotado e o inseparável boné para se proteger do sol forte da manhã de domingo, Dia do Trabalhador. É assim que Luis Carlos Lima Costa se prepara para mais uma corrida. Na noite que antecede às provas mal consegue dormir. “Não durmo direito pensando nos adversários, na estratégia

que terei que fazer porque senão fico para trás e os caras vão embora né?” Luis Carlos é um veterano das pistas. Aos 56 anos de idade, 53 quilos, 1,60 metro, tem fôlego de menino e uma experiência invejável: já participou de cinco São Silvestres. Consagrados- Mas não dá pra falar do atletismo em Imperatriz sem citar o ex-corredor Juarez Barbosa e Elcí Rodrigues, 1,55 metros. Elcí despontou para o esporte aos 13 anos de idade e já disputou oito provas da São Silvestre. Obteve a melhor colocação em 2006, quando ficou no 22º lugar. Disputou também a

Despesa com alimentação, calçados e suplementação pode chegar a 1,5 mil por mês para profissionais

meia-maratona do Rio de Janeiro em 2008, obtendo a 42ª colocação e concorrendo com atletas de 23 países. Outro motivo de orgulho para Imperatriz é Áurea Ferreira Barros Silva, 73 anos e 69 quilos. Mesmo com diabetes e bronquite, ela não se entrega e é um exemplo de vitalidade. Além de correr, pratica natação e pasmem, é faixa amarela de capoeira. Nesta prova que ela vai disputar chega ao local da largada sem esquecer a vaidade, o batom e os brincos lhe dão um ar jovial. Veste um macaquinho colorido, usa óculos com três graus e tênis nas cores branca e amarela.

Enquanto não é dada a largada ela me faz uma revelação, entre risos, quase ao pé do ouvido: “Tô com vontade de ganhar de umas duas que tem aqui, só que sou a mais velha. Com fé em Deus eu vou vencer, hoje não tô muito com a bola toda, dei febre, gripei, mas vou participar e quero me colocar bem”. Ela já disputou cinco provas da São Silvestre e, em uma delas, ficou entre as 30 melhores, deixando para trás cerca de três mil concorrentes. Também já disputou duas vezes a meia maratona do Rio de Janeiro e foi campeã em provas disputadas em São Luís e Belém do Pará.

Prazer de uma boa caminhada reflete na saúde do corpo e do coração EVA FERNANDES

Ao cair da tarde, quando o sol dá os últimos suspiros em perfeita harmonia com a brisa que envolve as margens do rio Tocantins, Raimunda Martins Silva, a dona Raimundinha, uma jovem senhora de 59 anos, torcedora do Vasco, faz caminhada na avenida Beira Rio, um dos principais cartões postais da cidade de Imperatriz. Com traje bem descolado, short colado e blusa bem alargada, tiara no cabelo sempre bem pranchado é assim que ela caminha há mais de oito anos, todos os dias. Nas tardes em que o Vasco ou o Real Madri jogam Raimundinha fica dividida entre fazer caminhada e assistir ao jogo. Quem esperar por ela vai ouvir uma frase bem animada: “Vem assistir também”, convida, com um olhar animado e controle da TV nas mãos. E continua a assistir. Mas no final do jogo ela cumpre sua rotina de bem estar, como ela mesma prefere dizer. E quando perguntada sobre seus admiradores a entrevistada, sem falsas modéstias,

sorri e diz: “Nunca arrumei nada, mas fiz muita amizade. Mas só não arrumei nada por que não quis. Nossa, como eu tinha admiradores”, lembra, entre gargalhadas. De fato, a simpatia de Raimundinha não passa despercebida. Luis Silva, um jovem senhor de 77 anos faz caminhada há mais de seis. “Ela é muito simpática. Passou por mim e falou. De todas as pessoas que já passaram por mim, ela foi a única que falou comigo”. Um pique sempre animado, acelerado. Acompanhá-la pode não ser uma tarefa muito simples. Viúva, mãe de quatro filhos, conta que caminhar foi, a princípio, uma receita médica. “Mas hoje caminho porque gosto. No início caminhava por que meu médico recomendava. Agora venho só pro meu bem”. Para seu bem? “Sim, para meu bem estar”, diz, cautelosamente, com um avantajado sorriso. Raimundinha conta que quando seu marido morreu, passou um ano sem caminhar. “Senti muito a falta dele, tudo de ruim aconteceu comigo quando ele morreu. Mas fa-

MARIA ALMEIDA

Muitos começam a praticar a caminhada por recomendações médicas e gostam tanto que se apaixonam pelo esporte, bom para a saúde e fazer amizades

zer caminhada me ajudou muito a melhorar, hoje me sinto bem, tenho muitos amigos”. Rotina - Em outro horário, mas não menos importante, antes que o sol volte a brilhar, dois personagens com interesses semelhantes à Dona Raimundinha entram em cena: Maria José, 58 anos e Francisco Barbosa, 63. Casados há 39 anos e 11 meses, há 10 fazem caminhada juntos na avenida Beira Rio. E todos

os dias, às 5h30 da manhã, saem de casa para caminhar. Seu Francisco é o primeiro acordar, faz meia hora de exercício, esquenta o leite e, em seguida, acorda a esposa para mais uma rotina. Conta que o interesse por caminhar surgiu a partir das recomendações do médico que o tratava de um sério problema de saúde. “Eu tinha problema de coluna, bico de papagaio sentia muitas dores. Então meu

médico me disse pra fazer caminhada. Assim que comecei perdi peso, não sinto mais dores na coluna, a caminhada pra mim é um remédio e é muito boa pra circulação”. Dona Maria diz que além de perder peso, aliviar o stress e melhorar a circulação sanguínea, caminhar é uma maneira de fazer novas amizades. “Quando faço caminhada fico mais calma, mais disposta e minha circulação melhora”.


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