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ABRIL DE 2016. ANO VII. NÚMERO 27
Arrocha
HIDALGO NAVA
JORNAL-LABORATÓRIO DO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL/JORNALISMO DA UFMA, CAMPUS DE IMPERATRIZ
Meio ambiente em alerta
Poluição afeta riachos urbanos
Pequenos gestos geram mudanças
Lixo representa problema crônico
Página 3
Página 14
Páginas 7, 8, 9
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EDITORIAL
Jornal Arrocha. Ano VII. Número 27. Março de 2016. Publicação laboratorial interdisciplinar do Curso de Comunicação Social/ Jornalismo da Universidade Federal do Maranhão (UFMA). As informações aqui contidas não representam a opinião da Universidade.
CHARGE
POR ESAÚ MORAES
a sensação de que as soluções para os problemas estão muito distantes, apenas nas mãos dos líderes mundiais e das grandes corporações. Porém, muito pode ser feito por cada um de nós, a conscientização acompanhada de ação tem o poder de provocar grandes mudanças. O objetivo desta edição do Arrocha é justamente o de mostrar a realidade do meio ambiente de nossa região e problemas que muitas vezes passam despercebidos pela maioria da população. No entanto, queremos mais que apenas conscientizar, queremos que ao ler cada uma de nossas reportagens, nossos leitores saibam que existem atitudes a serem tomadas, hábitos a serem adquiridos e autoridades a serem cobradas em nossa cidade para construção de um mundo melhor para todos nós e para as próximas gerações. Arrocha: É uma expressão típica da região tocantina e também é um ritmo musical do Nordeste. Significa algo próximo ao popular desembucha. Mas lembra também “a rocha”, algo inabalável como o propósito ético desta publicação.
Reitor: Nair Portela | Diretor do Campus de Imperatriz - Gabriel Araújo Leite | Coordenador do Curso de Jornalismo - Antonio Carlos Claudino. Professores: Leila Sousa (Laboratório de Jornalismo Impresso) e Yara Medeiros (Laboratório de Programação Visual) e Miguel Angel Lomillos (Laboratório de Fotojornalismo). Agradecimentos: ao professor Alexandre Maciel por motivar e dar dicas preciosas para a edição.
Diagramação: Beatriz Farias, Edeui de Oliveira, Erika Nogueira, Gustavo Araújo, Even Grazielly, Ilberty de Oliveira, Julie Anne dos Reis Paz, Junior Rodrigues, Lara Borralho, Leonardo Castro Araújo, Letícia Holanda, Luziel Costa Carvalho, Manoel Pereira Alencar, Mariana de Paula Medeiros de Sousa, Maron Ramos, Máxima Santos, Samanta Mesquita e Sanny Oliveira de Jesus. Monitoras de Programação Visual: Edmara Silva e Natália Catherine.
Reportagem: Artemisa Lopes, Brigithy Silva, Elvira Santana, Emerson Falcão, Isabel Lima, Jhonatha Santos, Juliana de Sá, Laura Zacca, Lícia Rodrigues, Lindiane Sousa, Maisa Oliveira, Raphael Assis, Raquel Reis, Reginaldo Santos e Sol Lopes. Fotos: Artemisa Lopes, Bárbara Fernandes, Caroline Duarte, Denise Falcão, Elvira Santana, Emerson Falcão, Helene Lavigne, Hidalgo Nava, Isabel Lima, Islene Lima, Jaysa Karla, Jhonatha Santos, Kelver Padilha, Laudecy Bilio, Lindiane Sousa, Lucas Andrade, Maísa Oliveira, Nilo Lima, Rafael Pestana, Ricardo Kadett, Solange Lopes e Valdecy Marques.
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Nunca se falou tanto sobre o meio ambiente. Termos como “sustentabilidade” e “aquecimento global” já começam a fazer parte de nossas conversas diárias. Os olhos do mundo finalmente começam a se voltar para a questão ambiental. A COP-21, Conferência do Clima da ONU, ocorrida no final de 2015, mostra que as lideranças mundiais finalmente começam a levar à sério o combate ao aumento da temperatura do planeta. O documento ali assinado por representantes de 195 países é um grande avanço em relação às conferências passadas, que pouco iam além de promessas vazias. Recentemente presenciamos o maior desastre natural da história de nosso país. O impacto total da tragédia de Mariana ainda está para ser revelado, porém, duas coisas estão claras: nossas autoridades são ineficazes em fiscalizar e grandes empresas negligenciam a segurança ambiental por não estarem dispostas a ceder um pouco dos bilhões que lucram de nossos recursos naturais. Apesar de muito bem-vinda, há um problema nessa conscientização ambiental dos dias de hoje. Existe
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DEGRADAÇÃO DAS ÁGUAS Pequenos riachos são as veias que alimentam um rio maior, em Imperatriz a poluição sistemática de esgotos e lixo despejados nos córregos urbanos geram efeito em cadeia que prejudica o rio Tocantins MAISA OLIVEIRA
Falta de cuidado com a conservação de córregos urbanos como o riacho Capivara, completamente poluído, é comum. A mesma situação se repete em outros três córregos que cortam a cidade de Imperatriz: Bacuri, Cacau e Riacho do Meio
Riachos sofrem com poluição e descaso MAISA OLIVEIRA
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era naquelas águas dos riachos Cacau e Bacuri, que, juntos, com meu pai, um pescador, pescávamos com redes e tarrafas as mais variadas espécies de peixes que povoavam nossos rios. Ladina [atualmente em completa extinção], curimatá, branquinha, sardinha, piau, traíra, pacu, piranha, mandubé, mandi, barbado, jaú e surubim, já não pescamos mais ali”, recita Domingos César em um de seus poemas do livro “Ecologicamente Pensando”, publicado com o intuito de alertar sobre os riscos que os riachos da cidade correm de desaparecerem. Em 1983, os córregos não serviam apenas como um dos afluentes para o rio Tocantins, mas também como ambiente para o banho, para as donas de casa lavarem roupas e também para a pesca de uma diversidade de espécies de peixes.Exemplos que manifestam o quanto a água era pura. Um estudo sobre o Riacho do Meio, feito por Daniela Sousa, ex-acadêmica da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), revela que no ano de 1958, com a construção da BR-010 durante o governo de Juscelino Kubitschek, a população aumentou e precisou construir casas nas margens dos riachos e se adaptar àquele ambiente para poder ficar mais perto do centro urbano. Segundo o ambientalista e diretor de Relações Públicas do Conselho Municipal de Meio Ambiente (COMMAM), Domingos César, a construção irregular de casas às margens dos córregos e o despejo de detritos são os maiores contribuintes para o desequilíbrio ambiental dessas regiões e ainda afirma que se assim continuar, o rio não poderá mais suprir a demanda da cidade. “Daqui a 50 anos, o rio Tocantins poderá se tornar um grande deserto”, alerta. Dona Maria José Mendes de Sousa é moradora da Rua Maranhão às margens do riacho Bacuri.
Casada e mãe de três filhos, a dona de casa revela que para pagar um aluguel menor, acabou trocando a Vila Lobão pela atual residência no bairro Bacuri, mas afirma que devido às enchentes só tem acumulado prejuízos. O último do qual lembra foi durante o período chuvoso que ocorreu no mês de fevereiro de 2014 na cidade de Imperatriz, quando as casas de sua família e de seus vizinhos ficaram alagadas. As intensas chuvas levaram não apenas os móveis de dona Maria, mas também seus sonhos. “Preciso enfrentar essa situação porque não tenho para onde ir. Não adianta eu contar essas coisas para você porque já me acostumei. Enquanto não estiver no que é meu, minha vida vai ser assim”. Os cinco riachos, Bacuri, Cacau, Santa Tereza, Capivara e Riacho do Meio, afluentes do Rio Tocantins, sofrem com a progressiva devastação dos recursos hídricos, principal causa da realidade vivida pelos cidadãos que residem às margens dos riachos. Para Domingos, os riachos servem como “veias” que alimentam o rio, pois a água da chuva é levada em direção a ele assim como o esgoto doméstico e industrial que é derramado dentro das águas. A opinião do ambientalista é compartilhada com a do especialista e professor de Recursos Hídricos da Universidade Estadual do Maranhão, (UEMA), Marcelo Silva, que realizou estudos sobre os impactos ambientais no rio Tocantins com base em análises físico-químicas dos organismos produzidos no leito dos rios. De acordo com os resultados que obteve, o assoreamento dos riachos é causado pela quantidade de lixo presente em seu interior. Ele é composto por bactérias e outros organismos que acabam contaminando o lençol freático. “O rio Tocantins tem uma grande quantidade de carga de água, por isso dilui rapidamente os sedimentos tóxicos que recebe dos riachos, Bacuri, Capivara e Cacau, por exem-
plo. Ótimo, mas por quanto tempo ele vai aguentar fazer isso? Imperatriz não trata seus esgotos da maneira adequada e talvez seja um problema não para daqui a 10 anos, mas para 50 anos. Isso porque as cidades vão crescer tanto, que a carga de resíduos irá aumentar e o Tocantins não vai conseguir suprir essa demanda.Outro grande fator que contribui para piorar o cenário é o desmatamento das matas ciliares às margens dos córregos. Ainda segundo Marcelo, os riachos possuem uma capacidade de autoregeneração, se o processo de poluição for parado a tempo, ele próprio tem a capacidade de se recuperar
Solução - “Todo corpo hídrico tem um poder de autodepuração. Poluição nada mais é do que excesso de nutriente. Se aquela carga de esgoto for anulada, mesmo que não se faça mais nada, só tire o esgoto dali, vai levar um bom tempo, mas ele vai se recuperar.”, explica o professor Marcelo Silva. Além de um processo de arborização nas margens dos riachos, a cultivação das áreas das nascentes iria acelerar e muito na recuperação. Imperatriz conta hoje, com a entidade Anjos do Rio, criada em 2000. Bosco Brito, presidente da ONG é amante do rio Tocantins
e defensor do meio ambiente. Ele conta que, cansado do descaso das autoridades ele mesmo encabeçou a iniciativa de limpeza e preservação das águas. A ONG trabalha com a conscientização e a limpeza do leito do rio e a preservação das nascentes dos riachos de Imperatriz. Bosco conta com algumas instituições para apoiar o projeto e faz um convite a todos aqueles que sentirem o desejo de lutar pela causa se juntar a equipe de voluntários do projeto. Para conhecer mais sobre o projeto Anjos do Rio acesse: www.facebook.com/projetoanjosdorio ou procure por João Bosco Brito. RICARDO KADETT
Mau cheiro, águas degradadas e lixo são recorrentes no riacho Bacuri. Local já foi utilizado para pesca e lazer e atualmente está tomado por poluição
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PLANTIO DE ÁRVORES Projeto de compensação ambiental, o Horto Florestal de Imperatriz, é desconhecido por parte da população. Gera prejuízos, sofre com o abandono e o impasse de responsabilidades na gestão
Horto Arara Azul sofre risco de extinção RAFAEL PESTANA
JULIANA DE SÁ
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rara azul, uma das espécies da fauna brasileira com maior risco de extinção dá nome ao Horto Florestal de Imperatriz. A reserva de 30 hectares de floresta fica localizada a 10 km da cidade que é conhecida como “Portal da Amazônia”. O Horto Arara Azul foi criado como forma de compensação pelos impactos ambientais da construção da Ferrovia Norte-Sul em 1997 e abandonado há mais de cinco anos pela Valec, empresa pública veiculada ao Ministério dos Transportes responsável pela construção e conservação da ferrovia e manutenção do horto. De acordo com dados da secretaria de Planejamento Urbano e Meio Ambiente de Imperatriz (Sepluma), o projeto inicial do horto oferecia área para readaptação de animais silvestres com o auxílio do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e de Recursos Naturais Renováveis (Ibama), além de cultivos de mudas de árvores nativas e espaço para visitação. “Ambiente ecologicamente sustentável é direito de todos”, afirma a ambientalista Lohana Medeiros, conforme está na Constituição Federal de 1988. Para ela, o local é ideal para estabelecer sintonia entre o crescimento urbano da região e a preocupação com a preservação da natureza. Por ser próximo da área urbana de Imperatriz, o local tem que fazer
Às margens da Ferrovia Norte-Sul, atualmente o horto está desativado. O local possui vigilância 24 horas e o acesso não é autorizado
parte do cotidiano das pessoas. “O horto tem que voltar a ser realidade, antes que o crescimento imobiliário invada seu território”, relata a ambientalista já preocupada com o aumento de casas nas proximidades do local.
Animais sem abrigo – O Arara Azul oferecia estrutura para triagem e readaptação de animais da fauna local que eram encontrados em cativeiros como: aves, macacos,
jabutis, jaguatiricas e o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e de Recursos Naturais Renováveis (Ibama) os libertava em reservas do estado do Maranhão. “O horto é importante para melhor atuação do instituto aqui em Imperatriz”, relata a representante do Ibama na região Tocantina, Rosa Arruda. Atualmente o instituto não acolhe os animais nem em curto prazo. O abrigo que existia foi interditado pelo Ministério
Público porque era dentro da cidade e próximo a muitas residências. O Ibama envia para a sede em São Luís, todos os animais resgatados de cativeiros que precisam ser acompanhados por profissionais e readaptados a vida silvestre.
Futuro – Atualmente existe um diálogo entre a Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) e o munícipio de Imperatriz para
Arborização urbana: o verde que Imperatriz necessita EMERSON FALCÃO
A
inexistência de árvores é ocasionada em muito pelo crescimento vertical e expansão urbana que Imperatriz vem sofrendo nos últimos anos. Isso tem feito com que a pouca arborização existente, ainda seja suprimida em detrimento das grandes obras de infraestrutura e modernização que acontecem na cidade. Para sanar o problema, o poder executivo local, enviou à câmara municipal, em 2003, a lei número 1.068/2003, aprovada por unanimidade pelos vereadores. O documento tem por objetivo principal, disciplinar a proteção e ampliação da arborização na zona urbana do município de Imperatriz. Para o biólogo Dailson Coelho Abreu, o plano de arborização para Imperatriz, esbarra numa política ambiental ineficiente. “A primeira questão a ser discutida, é o planejamento urbano da cidade. Em Imperatriz, as árvores são tidas como obstáculos. Basta você ter como exemplo a rede elétrica. Aqui é muito comum a companhia energética cortar árvores. Por que na sua interpretação, atrapalham a distribuição de energia elétrica”. Afirma o biólogo.
Por outro lado, a Companhia Energética do Maranhão (CEMAR), afirma que, as supressões ocorrem somente quando há risco de interrupção no fornecimento de energia elétrica. A legislação ambiental vigente permite as podas e supressão para garantir a segurança do sistema elétrico, como dispõe o decreto nº 35.851, de 16 de julho de 1954: § 2, º, que institui a faixa da servidão e segurança do sistema, como informa a Assessoria jurídica e de comunicação da Cemar. Com o objetivo de cuidar da arborização nas vias e praças públicas da cidade, foi criado um departamento exclusivo, “o Verde Urbano”, ligado à secretaria Municipal do Planejamento Urbano
A população deve ser responsável em cuidar das árvores tanto quanto o poder público e Meio Ambiente (SEPLUMA). Para a coordenadora do departamento, Gilene Oliveira Araújo, as ações de arborização demandam parcerias. “Não adianta plantar árvores numa cidade como Imperatriz, sem que a população se sinta tão responsável
fazer do local um parque florestal, uma área verde acessível a todos. Para concretizar a iniciativa é necessário primeiramente a doação do terreno para a prefeitura ou universidade pois, as terras são de responsabilidade da Valec. “O maior interesse é que as pessoas, principalmente as crianças tenham mais contato com o verde e despertem o interesse pela conservação e proteção da natureza”, diz o professor de Agronomia da UEMA e um dos idealizadores do projeto, Paulo Henrique Catunda. A área tem pouco uso pela população, fazendo falta para as aulas práticas dos cursos de Engenharia Florestal, Agronomia, Biologia, Química e Veterinária do polo imperatrizense da UEMA, e também para as aulas de educação ambiental de crianças e jovens. Os 30 hectares poderiam ser utilizados para vivenciar o contato com a natureza. A intenção da universidade em conjunto com os órgãos públicos é que o Horto Florestal Arara Azul, quando for reativado seja referência no estado do Maranhão no que diz respeito a desenvolvimento, sustentabilidade e lazer. Em resposta ao caso, a Valec informou que está aguardando a chancela do Ibama para transferência da área para outra entidade e que irá informar a sociedade quando ocorrer. Sobre o horto estar desativado a empresa não deu mais informações.
EMERSON FALCÃO
Ainda são poucas as vias e espaços públicos na cidade de Imperatriz que dispõem de arborização, com isso a cidade se torna cada vez mais quente
em cuidar da árvore, quanto o poder público”, destaca Oliveira. Um bom exemplo de preservação de árvores é o que pode ser observado na Rua 15 de novembro, no centro de Imperatriz. Árvores que resistem ao desenvolvimento. Um verdadeiro contraste positivo na cidade. Para a dona de casa, Maria do Socorro, é um privilégio residir em meio à natureza. “ Me sinto feliz em ter árvores na porta da minha. Faz uma sombra gostosa ao longo do dia. Sem falar que corre um ventinho que alivia bastante o calor”, relata a moradora. Já para o microempresário Antônio Carlos, a falta de árvores
no setor comercial de Imperatriz é o reflexo da falta de política pública voltada para esta finalidade. “Como poderemos plantar árvores em calçadas tão estreitas? Inicialmente deveria haver a padronização das calçadas e ruas para só depois pensar na arborização das vias”, reclama o microempresário. Outro grande problema que se aproxima, é a retirada das árvores localizadas na BR 010, em todo perímetro urbano de Imperatriz. Tudo por conta da obra na travessia urbana da cidade. A obra visa melhorar a trafegabilidade em toda extensão da rodovia e construção de rotatória, viadutos
que facilitem a interligação dos bairros de Imperatriz. A remoção dessas árvores é prevista nos estudos de impacto ambiental, muito embora seja contestado pelo ministério público e pela sociedade civil organizada. Dentre as espécies mais comuns na extensão da rodovia, estão as mangueiras, amendoeiras, ingazeiras, ipês, barrigudas e até os recém-plantados oiti e nins. O caso merece uma atenção especial dos órgãos competentes, a fim de encontrar uma solução que cause o menor impacto ambiental possível a arborização da BR-010.
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SAÚDE Em outubro de 2015, o Maranhão foi recordista de focos de incêndio no país. Os moradores da região sul do estado conviveram por dois meses com fumaça densa, bastante prejudicial à saúde
Queimadas: prática cultural LINDIANE SOUSA
O
tempo aparentemente nublado, nos meses de outubro e novembro, não era sinal de chuva e, sim, um alerta visível das mudanças climáticas, adicionada ao incêndio que tomou uma área de 220 mil hectares da reserva indígena de Arariboia, que abriga o povo Guajajara e um grupo de índigenas isolados Awá-Guajá, no município de Arame, a noroeste do estado do Maranhão. Segundo o professor Luiz Carlos, doutor em Geografia da Universidade Estadual do Maranhão, a apresentação de fumaça no mês de outubro e novembro estava associada às queimadas, não só em Arariboia, mas também na aldeia Krikati e no povoado de Sítio Novo, em virtude de incêndios de outras regiões, até mesmo no Pará, no Tocantins e noroeste da região. Em outubro foram registrado 5.507 focos. Neste mês, o Estado foi o primeiro do ranking do INEP (Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais). Em outubro de 2014 foram 5.812 incêndios em todo território maranhense. Dados do INEP registraram, em 2015, 20,8 mil focos de queimadas, taxa acima da média histórica de 19,9 mil. Cleide Cardoso, diretora de departamento e licenciamento da Secretaria de Planejamento Urbano e Meio Ambiente (Sepluma) e professora de Biologia, explica
que “a poluição atmosférica tem a proporção de dano muito grande”, pois se dissipa em toda a atmosfera. "Embora não esteja acontecendo uma queimada aqui em Imperatriz, no entorno tem muita chácara, roça. Inclusive o município de Açailândia, que já tem uma concentração um pouco maior de siderúrgicas, tem como resultado a combustão e a emissão de poluentes, que não ficam concentrados só naquela região. A poluição pode se dissipar por toda atmosfera e de acordo com a corrente de vento, ela vai atingir outras regiões que ficam próximas". "A população tem a cultura antiga de usar a queimada no preparo da terra, para roça e pastagem, a combustão certamente é um dos fatores que agravam a qualidade do ar. Existe a necessidade de conscientização desses agricultores, sendo
“A poluição atmosférica tem proporção de dano muito grande”
LINDIANE SOUSA
Queimada praticada sem mensurar as consequências, deixa população vulnerável a adquirir problemas respiratórios muitas vezes graves
necessário realizar mais campanhas e projetos", informa Cleide Cardoso. O artigo 41 da Lei nº 9.605 de fevereiro de 1998, conhecida como Lei de Crimes Ambientais, prevê pena de reclusão de dois a quatro anos e multa para quem provoca incêndio em mata ou floresta. O parágrafo único do artigo prevê que, se o crime é culposo, a pena é de detenção de seis meses a um ano, por acarretar o extermínio de animais da fauna silvestre. “A fiscalização em Imperatriz é direcionada à própria indústria ou fábrica que tenha uma atividade proveniente de dispersão de gases poluentes. Nós averiguamos para manter um controle de emissão, como também prevenir possíveis impactos”, explica Cleide Cardoso. LINDIANE SOUSA
Hábito de queimar lixo e pastagens colabora para intensificar a poluição do ar. Crianças, idosos e pessoas alérgicas são os mais atingidos
Doenças no ar - "Outro período que é preciso ter cuidado com a poluição atmosférica é nos meses de julho, agosto, setembro e outubro, quando a umidade é muito baixa na região", explica o professor Luiz Carlos. O tempo seco e baixa umidade do ar fica mais propício a queimadas como também é extremamente danoso para saúde provocando mais calor. "Em relação à saúde, aumentam os problemas respiratórios, atingindo principalmente crianças, idosos e alérgicos", relata o professor Luiz Carlos. Sobre a saúde da população em períodos de muito calor e baixa umidade do ar, a clínica geral Hebe Gomes, do Hospital Infantil de Imperatriz, alerta para os danos que os poluentes causam nas vias respiratórias da população."Os poluentes aéreos afetam o sistema respiratório de várias maneiras. O principal é a irritabilidade que eles causam. Na respiração, você tem uma limpeza nasal. Como a quantidade de poluentes é muito grande, acaba que afeta o sistema respiratório e começa a causar uma irritabilidade Tem crianças mais suscetíveis, como é o caso dos asmáticos e prematuros." O senhor Sudário Pereira, 67 anos, possui renite alérgica e complementa o alerta feito pela médica. “Tem noites que não consigo dormir, ela se intensifica começo a respirar constantemente, acredito que a crise adicionada a média de poluição do ar é um dos fatores que provocam mais irritabilidade”. De acordo com Hebe Gomes, a mudança de um clima para outro já agrava o quadro do paciente com maior sensibilidade nas vias aéreas. No inverno o problema acontece em decorrência das pessoas se aglomerarem mais em ambientes fechados. Já no verão são consequências das elevadas queimadas que ocorrem na região. As queimadas na região de Imperatriz e em seu entorno acontecem principalmente no segundo semestre a partir de agosto. É mais comum a concentração ocorrer em agosto, setembro e outubro em virtude do fenômeno El Niño. Em 2015,
houve um veraneio maior. Dessa forma, o período se alargou. A vegetação ficou mais tempo seca. Com isso, os incêndios se estenderam, inclusive até o começo de dezembro.
Queimadas, roças e pastagem - A intensificação das queimadas ocorre ainda por prática cultural, o professor Luiz Carlos explica como funciona o manejo tradicional chamada de roça do toco, pelos agricultores familiares. "Eles colocam fogo na broca e as cinzas servem de fertilizante natural. Eles plantam, e geralmente a colheita é relativamente boa. Em virtude disso, porém, no ano seguinte, se for usar o mesmo espaço, a produção cai bastante. Aí tem que ir pra outro lugar”, conta. Por isso o manejo tradicional traz um dano ambiental muito grande, por que cada ano áreas são ocupadas e a fertilidade dos solos exauridas. O período do ano em que as terras são deixadas sem semeadura para repousarem (pousio), tem duração de 15 a 20 anos até o porte de floresta.
“A população tem a cultura antiga de usar a queimada no preparo da terra. Existe a necessidade de conscientização desses agricultores e a realização de campanhas”
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SANEAMENTO Grande parte da população faz uso de esgotos clandestinos que poluem riachos e lençóis freáticos, ocasionando problemas de saúde. Em Imperatriz, a rede beneficia apenas 25% da população
Nos bairros de Imperatriz é comum encontrar saneamento inadequado que é responsável inclusive por doenças veiculadas pela água
População convive com rede irregular de esgoto RAQUEL REIS
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iariamente quando estou pescando, observo os esgotos caírem em diversos pontos do rio, vindo de ribeirinhos e dos edifícios. Observo que as pessoas não se preocupam com a poluição aquática, acredito que se esta situação continuar o rio logo vai acabar”. É o que relata, com tristeza, o senhor João Paulo da Silva Sousa, barqueiro e pescador há 25 anos no rio Tocantins. João de Sousa Reis, ex-trabalhador da antiga olaria da cidade, relembra os tempos em que os rios eram limpos.“Como eram belas as águas do riacho Bacuri, transparentes, nas quais era possível banhar, lavar roupa, e até mesmo pescar. Bons tempos que hoje ficam somente na memória. Tive a oportunidade de acompanhar esse
período do Bacuri durante os anos de 1975 a 1990”. Ele observou no decorrer dos anos que a situação dos riachos foi modificada devido a ação humana, trazendo poluição por meio de esgotos despejados nas águas. A poluição do riacho Bacuri, por exemplo, traz consequências sérias para o meio ambiente, ocasionadas pelo desmatamento e ocupação das margens pelas populações ribeirinhas que também lançam lixo e outros tipos de materiais contaminantes nas águas. De acordo com o professor doutor Robert Guimarães do IFMA (Instituto Federal do Maranhão), o riacho Bacuri se encontra contaminado e sem condições para o uso individual e coletivo, devido ao lançamento de esgoto doméstico in natura em toda a extensão urbana. O fato é agravado por indústrias locais que lançam o esgoto resultante dos
Pesca segue ameaçada RAPHAEL ASSIS
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uando eles forem querer cuidar disso aqui, vai ser tarde demais”, lamenta o pescador conhecido como “Seu Navon” ao mostrar os pontos em que os esgotos da cidade invadem as águas do rio Tocantins. Devido sua magnitude, o rio Tocantins resiste ao constante depósito de rejeitos que tem recebido no decorrer dos anos e ainda não teve o mesmo destino dos principais riachos que cortam a cidade como Bacuri, Capivara e Cacau, nos quais a atividade pesqueira já não é mais viável nos dias de hoje devido à poluição. Muitos pescadores reclamam que hoje é mais difícil encontrar peixes no rio do que era no passado. No entanto, a poluição não é a única ameaça à pesca na região. Um dos grandes vilões é a cons-
trução de hidrelétricas ao longo do rio. “O projeto que existe hoje para o rio Tocantins seria de dez centrais hidrelétricas e os lagos dessas centrais se interligariam. Nós passaríamos a não mais ter o rio Tocantins e sim os lagos Tocantins.”, alerta o biólogo e professor da UEMA, Marcelo Silva. Ele também explica que são necessários mecanismos que permitam a passagem dos peixes de piracema por essas hidrelétricas e que a maioria não oferece tais recursos. O uso de escadas está sendo testado, porém a eficiência ainda não foi comprovada. Na tentativa de solucionar o problema, existe o plano de capturar os peixes para que eles possam se reproduzir em cativeiro e depois retornarem ao rio. De acordo com o biólogo, isso apenas amenizaria a situação, porém não seria a saída ideal. “Algumas espécies, que seriam
processos produtivos diretamente nas águas dos rios e riachos de Imperatriz. De acordo com os dados levantados por Guimarães, apenas vinte por cento da população possui tratamento de esgoto. “A cidade de Imperatriz possui uma péssima cobertura na rede de esgotos, sendo que boa parte destes esgotos foi feito pela própria população, sem acompanhamento profissional, interligando o seu esgoto com a rede da Caema”, diz o professor. Através de propostas educativas e trabalhos de conscientização da população sobre o saneamento básico adequado, Guimarães acredita que a situação poderia ser amenizada. Segundo o professor, não existe preocupação das autoridades locais em relação ao esgoto, para que possam trabalhar em parceria com a Caema, fato que contribui
nativas [da região], gradualmente a sua população vai diminuindo até desaparecer e outras espécies vão se estabelecer e a gente não sabe como vai ficar a estrutura da comunidade quando isso acontecer. Os principais peixes pescados e consumidos aqui na região são de piracema, peixes que necessitam fazer um longo percurso para poder estimular a maturação de seus ovos e assim reproduzir”, explica o professor. Respeitar o período da piracema é de extrema importância para a preservação dos peixes. Além das dificuldades impostas pela presença de hidrelétricas, as espécies também enfrentam a inconsequência dos pescadores que infringem a lei que proíbe a pesca e comercialização desses peixes durante seu período de reprodução aqui na região. Apesar de toda a orientação dada pela Marinha sobre a estação da piracema e do salário mínimo que recebem para não pescarem durante o período de reprodução dos peixes, muitos pescadores ignoram a legislação e mantém nor-
para a falta de esgotos com a estrutura adequada na cidade. “O esgoto é um dos maiores causadores de doenças de veiculação hídrica no Brasil. O esgoto capitado antes de chegar na estação de tratamento, não possui uma boa cobertura, apresentando sérios problemas de manutenção”. Como boa parte da população de Imperatriz construiu seu esgoto, é possível notar a contaminação dos lençóis freáticos que causam doenças pela ingestão de água contaminada”, alerta Robert com base em pesquisas realizadas no município. Nos bairros de Imperatriz, a reclamação da população pela falta de saneamento e a existência de esgotos irregulares é constante. O mercadinho, por exemplo, é o maior e um dos mais antigos centros comerciais da cidade e enfrenta sérias dificuldades relacionadas ao saneamento básico. No local é possível encontrar produtos alimentícios ao lado de esgotos irregulares, ocasionando uma situação de insalubridade pública. “Sou vendedora de verduras e o esgoto passa na calçada, perto das mercadorias, porém estamos acostumados com a situação não temos prejuízos, pois clientes e vendedores acostumaram com a situação de insalubridade pública”, é o que comenta a senhora Maria Luiza Gomes Marinho, que trabalha no Mercadinho há 17 anos. A Caema há quatro décadas é a empresa responsável pela rede de tratamento de água e esgoto na cidade de Imperatriz. De acordo com o gerente regional, Denílson Freitas, a
empresa atende 25% do esgoto de Imperatriz. Os bairros beneficiados pelo serviço são: Centro, Nova Imperatriz, Avenida Industrial, Juçara, Itamar Guará, Parque Amazonas, Recanto Universitário, parte do bairro São José e Santa Inês. Em relação aos bairros não beneficiados, o gerente da Caema solicita que os moradores realizem as instalações de fossas sépticas, pois a empresa não tem como cobrir toda a cidade. “Na parte da cidade que não tem rede de esgoto, a população tem que fazer suas fossas sépticas, para poder coletar esse esgoto. Infelizmente, não temos como cobrir toda a cidade, isso é um problema que já tem quatro décadas. Não se resolve em um ano de gestão, o que não foi feito em quarenta anos. Isso é um problema que está sendo resolvido com o plano piloto para os bairros onde os trabalhos estão sendo feitos”, explica Denílson.
Questão de educação - Outro problema requecorrente em Imperatriz é o entupimento dos bueiros e o alagamento das vias no período chuvoso. O gerente da Caema alerta que a população precisa se conscientizar e não jogar lixo nas vias. “Água de chuva e outros líquidos não entopem bueiros, o que ocasiona essa situação é a falta de educação da população que na maioria das vezes não organiza o seu lixo e o mesmo entope os bueiros. Vem um representante da Caema, soluciona o problema depois vem outro morador, e joga lixo no local inadequado e entope o bueiro”, acredita Freitas. JAYSA KARLA
HELENE LAVIGNE
Esgoto a céu aberto divide espaço com o comércio de alimentos no tradicional Mercadinho
malmente suas atividades. “Basta subir um pouco o rio e você vê várias redes de arrasto. Rede de arrasto pega tudo quanto é peixe que está subindo para a piracema, para se reproduzir”, explica o pescador João Henrique. A falta de fiscalização agrava ainda mais a situação. “Três anos que pesco aqui no rio e só vi uma vez o Ibama fiscalizando”, conta o pescador. A alta demanda e a escassez de recursos e pessoal são as maiores dificuldades que o Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) de Imperatriz enfrenta para combater as infrações dos pescadores de forma mais efetiva. “Espero que haja uma reestruturação e um concurso o mais rápido possível”, desabafa a diretora executiva do Ibama de Imperatriz, Rosa Arruda. A piracema na região tem início em 1º de novembro e se estende até o último dia de fevereiro. Atualmente, o Ibama realiza apenas dois períodos de fiscalização, cerca de dez dias apenas, o que passa longe do ideal.
Para amenizar a situação, o órgão fecha parcerias com outras entidades como Marinha, Ibama dos estados vizinhos e a Polícia Estadual do Meio Ambiente de Tocantins, Naturatins.
Punição - De acordo com a legislação vigente, as multas aplicáveis aos infratores começam no valor de R$ 700 e podem chegar até a quantia de R$ 100 mil, além de R$ 20 por quilo de peixe apreendido.“Levamos em consideração a situação social do infrator na hora de estipular o valor da multa”, comenta Arruda. A possibilidade de pagar altas multas e até perder a licença para pescar parecem não intimidar os pescadores infratores. Basta fazer uma visita à tradicional “feirinha” para perceber isso. Peixes em período de reprodução como o mapará, avoador e piau atualmente são vendidos por cerca de dez reais o quilo. Se não houver progresso na conscientização dos pescadores e melhor estrutura para os órgãos fiscalizadores, o preço pela falta de peixes será incalculável.
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PLANEJAMENTO Falta do Plano de Resíduos Sólidos do município adia o fim do lixão em Imperatriz, a principal alegação da Sepluma é a inexistência de um terreno adequado para abrigar o aterro que é obrigatório por lei
Lei deve garantir gestão responsável de resíduos ELVIRA SANTANA
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ELVIRA SANTANA
odo dia ela faz tudo sempre igual. Acorda cedinho, prepara uma farta mesa de café da manhã e vai cuidar da higiene da casa. É assim a rotina da funcionária pública aposentada Altiva Diniz Silva, 65 anos. Segundo a aposentada, a limpeza do lar é uma prioridade, mas confessa nunca ter pensado no destino final do lixo que deposita na lixeira em frente a sua residência. “Sempre tive a ideia de que a limpeza é fundamental para nos mantermos saudáveis, mas nunca parei para pensar onde vai parar os sacos que o caminhão recolhe na minha porta”, afirma. De acordo com dados do estudo “Consumo Sustentável”, realizado em 2014 pela ONG WWF-Brasil, nos últimos dez anos o país sofreu um aumento populacional de 6% sendo que no mesmo período, o volume de lixo apresentou um crescimento de 29%. Mais que o dobro da população. O problema não está apenas no aumento da produção de lixo, mas no descarte inadequado. Segundo a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelp), de 78,6 milhões de toneladas produzidas no país em 2014, 29,6% foram enviados para locais inadequados. O IBGE apontou que em 2013, 66,5% dos municípios brasileiros ainda não possuíam um Plano de Resíduos Sólidos. O advogado especializado em Direito Ambiental que foi delegado na Comissão Maranhense de Meio Ambiente na IV Conferência Nacional de Meio Ambiente em 2013, com o tema “Resíduos Sólidos” em Brasília, Alberlan Raposo, informa que: “o plano está previsto na lei de n° 12.305/10 que institui a
Política Nacional de Resíduos Sólidos e impõe obrigações aos empresários, ao governo e aos cidadãos no gerenciamento dos resíduos produzidos em sua cidade. Mesmo com a prorrogação e a morosidade do poder público, a Lei dos Resíduos Sólidos é uma vitória significativa a favor do meio ambiente”. É o que esclarece Raposo, que afirma ainda acreditar que a lei vai contribuir para formação de uma sociedade mais consciente e com maior qualidade de vida. De acordo com o advogado, o Senado prorrogou o prazo para o cumprimento da lei para os anos de 2018 a 2021. “Contando de agora, temos cinco anos de prazo. Parece muito tempo, mas isso não impede que os municípios criem seus Planos de Gerenciamento, pois é somente através do plano que as cidades irão receber os recursos do Governo Federal, financiamentos e incentivos para serem aplicados na área de limpeza urbana e eliminação dos lixões que é o principal objetivo da lei”. No Maranhão, 97,7% das cidades não tem aterro sanitário. O município de Imperatriz se encontra dentro da lamentável estatística do estado. O dado é do relatório do Ministério Público Maranhense (MP-MA), por meio do Centro de Apoio Operacional de Meio Ambiente, Urbanismo Patrimônio Cultural (Caou-MA). Todo o lixo de 214 cidades maranhenses é descartado de maneira descontrolada. As acadêmicas do curso de Direito da Universidade Federal do Maranhão - Campus de Imperatriz, Weslaine de Oliveira Pereira e Raimara Guimarães da Silva, estão desenvolvendo um projeto de pesquisa através do Programa de Educação Tutorial (PET), com a temática “A Aplicação da Política de Resíduos Sólidos em Imperatriz”. De acordo com as estudantes, o objetivo do projeto é analisar as ações realizadas no município para a eliminação do lixão e o incentivo a coleta seletiva, seguindo as diretrizes estabelecidas na lei 12.305/10,
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Dos 78,6 milhões de toneladas de lixo produzidas no país em 2014, 29,6% foram para locais inadequados
que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos. Weslane Oliveira relata que o objetivo do projeto era chamar a atenção para conscientização do público acadêmico e da comunidade em geral sobre a aplicabilidade da lei de resíduos sólidos e também “pela necessidade emergencial de um Plano de Gerenciamento dos Resíduos de Imperatriz. A prefeitura tem agido apenas com ações pontuais, todas as empresas contratadas até agora não conseguiram realizar o plano. E os recursos só vão ser repassados se a cidade tiver o documento feito e aprovado”, completa a estudante. A pesquisa desenvolvida no PET aponta que as iniciativas ainda são pouco significativas, apenas ações educativas. “A Secretaria de Meio Ambiente intitula de projeto piloto a realização de seminários, palestras em escolas e o incentivo à coleta com a implantação de lixeiras de coleta seletiva nos órgãos públicos e nos shoppings da cidade, diz Guimarães. A ação mais concreta que o projeto encontrou segundo a pesquisa das estudantes da UFMA, é um incentivo à única associação de catadores de material reciclável de Imperatriz, a Ascamaris, disponibilizando um caminhão uma vez na semana, para recolher os materiais armazenados pelos associados em vários pontos da cidade para levar à sede da associação. A bióloga e coordenadora de Licenciamento Ambiental da Secretaria do Meio Ambiente de Imperatriz, Janaires Cazais, respondendo pelo órgão, afirma que o Plano de Resíduos Sólidos está sendo reformulado por uma equipe especializada do núcleo de projetos do município e foi repro-
vado por não atender aos requisitos previstos na Lei dos Resíduos Sólidos. Segundo a bióloga, um dos entraves para a realização do Plano é definir o local que vai abrigar o aterro sanitário, pois o terreno tem que atender a uma série de normas para que seja regulamentado. A estudante e pesquisadora do PET, Raimara Guimarães, atribui a falta do plano de resíduos sólidos no município ao descaso com temas relacionados ao meio ambiente. “O que percebemos é que falta interesse mesmo por parte do poder público. Infelizmente, os assuntos ligados ao meio ambiente ainda não têm tanta importância quanto à saúde e educação, sendo que ambos podem estar ligados diretamente.” No entanto, a estudante ressalta
“Nunca parei para pensar onde vai parar os sacos que o caminhão recolhe na minha porta” que a iniciativa do projeto realizado pelo PET, pode ter um papel social muito importante, conscientizando a todos e chamando a atenção das autoridades competentes.
FAÇA SUA PARTE
1 - Opte por comprar alimentos produzidos de forma orgânica em sua
região.
2 - Evite adquirir legumes, frios, carnes e embutidos em bandeja de isopor. 3 - Separe os resíduos secos dos orgânicos para não contaminar embala-
gens que podem ser recicladas ou reaproveitadas.
4 - Faça uma composteira para descartar os resíduos orgânicos e produzir
adubo.
5 - Monte uma horta vertical com vasos de legumes e temperos na sua janela ou jardim.
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HIDALGO NAVA
PRAZO ADIADO Lei de Resíduos Sólidos de 2010 institui a extinção dos lixões no Brasil. Documento menciona danos ao meio ambiente e à saúde humana como dengue, tétano, leptospirose e febre tifóide
Resíduos são jogados de qualquer forma no lixão juntamente com outros tipos de lixo, atraindo a presença de urubus, ratos, cães e outras espécies de animais. Catadores são os mais prejudicados, podendo se ferir e contrair doenças
Aterro sanitário sem data para ser construído SOL LOPES
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o local tem uma fumaça constante, um mau cheiro insuportável. Urubus e moscas por todos os lados.” Esta é a situação do lixão de Imperatriz relatada por Mariano Silva, 51 anos, que mora e trabalha no local há 10 anos. No Maranhão, 97,7% das cidades não tem aterro sanitário, o município de Imperatriz se encontra dentro da estatística. O dado é do relatório do Ministério Público Maranhense (MP – MA), por meio do Centro de Apoio Operacional de Meio Ambiente, Urbanismo e Patrimônio Cultural (CAOU- MA). “O lixão não está dentro das normas municipais, estaduais ou nacionais, muito menos das normas globais, tanto na estrutura, quanto na localização. A estrutura
está ruim, pois, é um local de fácil acesso tanto para pessoas quanto para animais. Não tem muros ou cercas. A cidade está crescendo e as pessoas estão tendo mais facilidade de adentrar o local”, afirma o professor doutor do curso de Biologia da UFMA, Marcelo Soares. A Lei de Resíduos Sólidos, 12.305/2010, institui a extinção dos lixões no Brasil. O documento cita os danos que esses locais causam ao meio ambiente, tais como: poluição do ar, poluição do solo e poluição das águas. De início, os estados brasileiros teriam até o ano de 2014 para criar aterros sanitários e depositar os resíduos nesses locais, de maneira correta de acordo com cada tipo de lixo. No entanto, a lei foi prorrogada e atualmente o prazo para a criação de locais apropriados para o depósito do lixo urbano é inicialmente o ano de 2018.
Eletrônicos têm descarte incorreto em Imperatriz REGINALDO SANTOS
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lixo eletrônico é um dos grandes vilões da atualidade e seu descarte de forma indevida pode causar a poluição do solo e dos lençóis freáticos. Diante do problema que afeta o mundo inteiro, é necessário conscientizar a população para amenizar os impactos causados ao meio ambiente e consequentemente à saúde humana. Como fazer isso? Uma das alternativas é através da reciclagem e do depósito adequado desse tipo específico de lixo. Eremilton Soares, microempresário, é proprietário de uma oficina eletrônica em Imperatriz e vende a dezesseis reais o quilo de placas eletrônicas extraídas de computadores e televisores velhos. “Tiramos algumas coisas que podem ser reaproveitadas dos televisores e eletrodomésticos, inclusive as placas. O que sobra jogamos no lixo comum”, diz Soares. Em se tratando de lixo eletrônico, a dúvida que paira na cabeça das pessoas é em relação a existência ou não de postos de coletas dos resíduos. Devido a falta de divulgação, as pessoas não têm o costume de separar de forma adequada os resíduos e acabam jogando o lixo eletrônico junto ao comum.
O funcionário público, Cristiano Marinho, guarda o primeiro notebook e um celular velho em casa por não saber onde fazer o depósito dos materiais. “Acredito que o acesso à informação sobre onde e como descartar esse tipo de material, assim como pontos de recebimento, devem começar a ser divulgados para a conscientização das pessoas para o descarte correto desse tipo de lixo”, esclarece. No Brasil, a lei 12.305/2010 institui a política de resíduos sólidos. Estão sujeitas a essa lei pessoas físicas, jurídicas, direito público, direito privado, responsáveis direta ou indiretamente pela geração de resíduos sólidos. O documento obriga as empresas a receberem de volta dos clientes os aparelhos eletrônicos e eletrodomésticos que não funcionam mais e posteriormente devolverem para os fabricantes ou importadores. Porém, no país, somente as empresas de grande porte fazem isso. Em Imperatriz, algumas empresas, recolhem apenas pilhas, baterias e celulares velhos, sendo a maioria de telefonia móvel. André Luís, gerente de uma rede de supermercados conhecida nacionalmente, com filial em Imperatriz. Afirma que faz o recolhimento de pilhas e baterias usadas, que posteriormente são recolhidas por uma
De acordo com Empresa de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelp), de 64 milhões de toneladas de lixo produzidas em um ano no Brasil, 37,5% foram enviados para locais inadequados. O lixo hospitalar é um resíduo especial despejado de maneira incorreta no lixão de Imperatriz. Segundo o professor Marcelo Soares, os resíduos são jogados de qualquer forma no lixão juntamente com outros tipos de lixo. Os catadores são os mais afetados. Podem se ferir e adquirir doenças, se contaminando e podendo contaminar pessoas e animais que lá residem. Maristela Sousa, 57 anos, trabalha há 25 anos no lixão e relata que no local os catadores trabalham sem o uso de Equipamentos de Proteção Individual. A falta dos equipamentos traz riscos à integridade pessoal dos trabalhadores, como riscos de contaminação e de adquirir alguma empresa especializada em reciclagem de lixo eletrônico, a E-cycle. “Não precisa preencher nenhum formulário de entrega e nenhum valor é cobrado por isso”, afirma. Cristy Handson, professor do curso de Especialização em Gestão de Resíduos e Fluentes Industriais da UEMA (Universidade Estadual do Maranhão), afirma que os resíduos são perigosos por conter substâncias tóxicas e químicas. Muitas delas em contato com o solo podem prejudicar ou dificultar a fertilidade. “A lei que rege a Política Nacional de Resíduos Sólidos tramitou por mais de 20 anos até que pudesse ser aprovada. O Brasil perdeu muito tempo na gestão de resíduos, tomou muito prejuízo, teve muitas áreas contaminadas por conta da má administração. Além de prejudicar a saúde humana”, disse o professor. Handson cita alguns males causados pelos metais presentes no lixo eletrônico, como o cádmio contido em baterias de celulares, que se acumula por exemplo nos rins, fígado e ossos, podendo levar a disfunções renais. O mercúrio é facilmente absorvido pelas vias respiratórias. Pode causar problemas nos pulmões, náuseas, diarréia e elevação da pressão arterial. O níquel pode causar irritação nos pulmões, bronquite crônica e reações alérgicas.
Alto custo de reciclagem - O professor Cristy Handson afirma que o alto custo e a taxa de recuperação a nível financeiro dos resíduos eletrônicos, não é tão atrativo como é
doença. “Existem pessoas trabalhando e outras moram lá em barracos, feitos com papelões, lona e caixotes em situação bem precárias”. É o que informa Gildázio Gomes, 40 anos, que trabalha há anos na pesagem do lixo doméstico. De acordo com Janaires Cazais Correia, bióloga e coordenadora de Licenciamento Ambiental da Sepluma, ainda não há previsão para a construção do aterro sanitário em Imperatriz. “Dependemos da escolha de um local adequado, pois precisa ser observada a distância das áreas de mananciais. Os lençóis freáticos são superficiais demais. A estrutura do local dentro do plano de resíduos, deve ser de acordo com as leis e as normas pertinentes a esse tema, devem ser observados todos esses procedimentos legais que são estabelecidos para construção desse tipo de aterro”, informa a coordenadora.
Com a aplicação da lei de resíduos sólidos e a criação do aterro sanitário em Imperatriz, Janaires Correia afirma que coleta de lixo mudará totalmente. “Quando você coleta não vamos mais ter aqueles caminhões que pegam o lixo e jogam tudo junto. Quando vier a coleta seletiva que a população inteira esteja consciente da sua responsabilidade socioambiental, aí sim vai mudar.” Ela explica que a dinâmica do procedimento é cada bairro ter mais de um ponto de coleta desses resíduos selecionados. Os coletores receberão uma qualificação específica junto a Ascamaris (Associação dos Catadores de Materiais Recicláveis de Imperatriz) e à coordenadora do projeto Ivanice Cândido. “Eles aprenderão a produzir objetos a partir de materiais recicláveis como bijuterias, iluminarias e outros”, acredita Janaires.
DENISE FALCÃO
Eletroeletrônicos abrigam resíduos perigosos que podem gerar infertilidade dos solos e atingir a saúde
o dos plásticos, alumínio, cobre e ferro. “Hoje a nossa reciclagem está mais atrelada ao retorno financeiro e esses resíduos eletrônicos por mais que tenha uma legislação específica não têm muito efeito, por não ter um retorno financeiro maior.” Para quem busca pagar menos na conta de energia elétrica, existe o programa Ecocemar, que faz a troca de resíduos sólidos por bônus na fatura mensal. O projeto oferece descontos para quem entregar nos pontos de coleta baterias de carros e motos, além de outros tipos de resíduos sólidos.
Basta ir até o ponto de coleta que fica na BR 010, levando uma conta de luz, fazer o cadastro e pronto é só guardar os materiais e depois trocar por descontos na próxima conta.
ONDE DESCARTAR Supermercado Atacadão – Br 010 Azires Telecom Ltda ME (Oi) – Rua Rio Grande do Norte, 742, Centro. Lojas da operadora de telefonia móvel Tim – Avenida Getúlio Vargas e Dorgival Pinheiro de Sousa. Lojas da operadora de telefonia móvel Vivo – Avenida Getúlio Vargas - Centro.
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SUSTENTABILIDADE
Quando o lixo é sustento de vida Fonte de renda e oportunidade está nas mãos dos coletores de materiais recicláveis
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BRIGITHY SILVA
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brasileiro gera, em média, 1,062 quilo de lixo por dia, segundo pesquisas do panorama dos resíduos sólidos da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe). A coleta seletiva de lixo pode trazer diversos benefícios para o meio ambiente. Proporcionando saúde para os moradores da cidade e a preservação dos recursos ambientais necessários à conservação da fauna e da flora. Para a bióloga Janaires Corrêa, “é extremamente impactante. O meio ambiente não dá conta de absorver todo esse resíduo. Dessa forma, a poluição hídrica está aumentando trazendo sérios riscos para a fauna e flora dos ecossistemas aquáticos, sem falar na poluição de solo e ar. Se continuarmos assim não vai ter mais espaço. Por isso a importância de fazer acontecer a Política Nacional de Resíduos Sólidos”. Mais de 41% das 78,6 toneladas de resíduos sólidos gerados no país em 2014, tiveram os lixões e aterros controlados como destinação final. 78 milhões de brasileiros ou 38% da população não têm acesso ao serviço de
“O maior objetivo da Ascamari não é ganhar muito dinheiro. É aprender que esse material é nosso e que nós precisamos viver bem”
tratamento adequado. O que faz a cidade tomar outras medidas para a coleta dos resíduos. É através da Associação dos Catadores de Materiais Recicláveis de Imperatriz (Ascamari) que o lixo reutilizável como papéis, plásticos, metais e vidros, pode ter uma destinação correta. Para Janaires Corrêa “são os atores principais para tornar a coleta seletiva possível. Sem eles o ciclo da reciclagem não acontece”. Presidida por Antonio Teles, a Ascamari surgiu em 21 de abril de 2010 pelo projeto “Reciclando Vidas”, uma iniciativa dos catadores com apoio da Cáritas Brasileira. O objetivo era preservar o meio ambiente (solo, água e ar) e melhorar as condições sociais dos catadores e da população em geral. A ONG conta com cerca de 40 catadores cadastrados “O maior objetivo da Ascamari não é ganhar muito dinheiro, a gente sabe que é difícil. É aprender que esse material é nosso e que nós precisamos viver bem. E para viver bem precisa ter esses detalhes. Já estamos pensando em fazer uma oficina para recuperação de móveis dos materiais recolhidos”, salienta o presidente da Ascamari Antônio Teles. Muitas pessoas que estão sem emprego buscam na coleta seletiva uma oportunidade de trabalho. E as pessoas que já tem trabalho complementam a renda com a coleta seletiva de forma alternativa. Segundo a secretária da Ascamari, Maria Socorro Oliveira, a importância da ONG é grande devida ajuda prestada aos catadores. E tem como propósito manter os coletores unidos para que um dia possam formar um grande grupo e fundar uma indústria, mas isso é um projeto para os próximos 5 ou 10 anos. “A Ascamari tem como objetivo também recuperar as pessoas. Temos uma campanha contra a bebida alcoólica. Todo dia 13 de junho, fazemos uma reunião com 70 militantes em nível nacional.” Há ainda a fabricação de sabão no bairro São José. O sabão recolhido e outras vezes recebido de doações de empresas passa por um processo de reciclagem e vem se tornar renda para as coletoras desse local. “O óleo é um material
KELVER PADILHA
Alumínio é o material mais valioso no Brasil e leva entre 200 e 500 anos para se decompor
muito valioso para a fabricação de sabão, nós sabemos que tem outras utilidades, mas ainda não chegamos lá. Temos o objetivo de conscientizar a população para que não jogue nenhum tipo de material fora, pois todos têm o seu valor”, acentua Antônio Teles.
Coleta - A Ascamari tem uma parceria com a prefeitura da cidade e com empresas particulares para uma coleta seletiva de materiais. Essa coleta é dividida em pontos específicos (ver box) que facilitam o recolhimento para os coletores e para as pessoas que desejam contribuir com a ação. A bióloga Janaires Corrêa ressalta que a coleta seletiva é “essencial para a dinâmica dos ecossistemas. Quando se recicla estamos evitando uma quantidade enorme de materiais que iriam para o solo, água, sem falar nos gases que estariam sendo lançados na atmosfera”. É necessário que a população em geral tenha não apenas o conhecimento da iniciativa, mas que entenda a importância. Para que essa atividade aconteça de forma mais contundente é preciso que as pessoas contribuam. Separando os resíduos recicláveis e depositando nos locais adequados, ou seja, os pontos de coleta. Para Antônio Teles, uma maior contribuição por parte das pessoas aumentaria a renda dos catadores e a Ascamari teria como cuidar melhor dos seus sócios. O papelão é o material de menor valor de venda para os catadores, a procura é muito pequena e fica por volta dos R$ 0,07 centavos o quilo, podendo chegar à R$00,10 centavos. O de maior valor é o cobre, porém esse material é muito difícil de encontrar, na maioria das vezes fica na própria empresa. O quilo do cobre fica por volta dos R$11,00 reais. “Primeiro as pessoas têm que compreender por que reciclar e a sua importância dentro do processo de coleta seletiva e sabendo pra onde destinar seus resíduos. Tudo isso acontece através de campanhas educativas eficientes que verdadeiramente mude atitudes”, comenta Janaires. O lixo sem destinação correta que são aqueles jogados a céu aberto, nas ruas, calçadas, em terrenos abandonados e locais proibidos são responsáveis pela proliferação de doenças graves tais como: dengue e leishimaniose, transmitidas por mosquitos; toxoplasmose, transmitida por cães e gatos; leptospirose, peste bubônica e tifo murino, transmitidas por ratos e pulgas. Para as empresas que não estão contempladas no projeto da Ascamari, Janaires Corrêa enfatiza que “é preciso fazer acontecer a logística reversa. Associar-se a Ascamari para destinar seus resíduos e dessa forma a dinâmica acontece sem precisar chegar nos lixões”. O alumínio que leva entre 200 e 500 anos para se decompor na natureza, através da reciclagem, pode ter um reaproveitamento de quase
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Grande consumo de materiais recicláveis em uma residência pode ser o sustento de outra
100% reduzindo custos e retornando para as linhas de produção. O processo ainda ajuda a reduzir o uso de recursos naturais, diminuindo a quantidade de lixo e das despesas com coleta, aumentando a vida útil dos aterros. De acordo com um levantamento da Abrelpe, considerando metas previstas na Política Nacional de Resíduos Sólidos, o país precisa investir R$ 11,6 bilhões até 2031 na infraestrutura para universalizar a destinação final dos resíduos de forma adequada. Outros R$ 15,59 bilhões ao ano seriam necessários para custear a operação e manutenção das plantas que serão construídas. Tudo isso em decorrência do pouco investimento do Brasil em infraestrutura e saneamento que traz uma média de 2,2% do PIB ao ano. Dos municípios brasileiros 64,8% tem iniciativas de coleta seletiva. O aterro sanitário entra como peça chave para os catadores, pois ele só receberia os dejetos. E os materiais recicláveis poderiam ter a Ascamari como destino contribuindo como fonte de renda e melhoria de suas condições sociais.
Atenção especial - Existem ainda outros materiais que não podem
ser reciclados e que merecem um destino especial. Entre eles, temos pilhas e baterias que contaminam o solo, lâmpadas fluorescentes que soltam vapor contendo mercúrio (gás tóxico que contamina o ar), chumbo, entre outros. Estes materiais devem ser coletados separadamente. O descarte das pilhas deve ser feito enviando o material ao fabricante ou separando-o do lixo comum para facilitar a destinação correta [veja matéria ao lado]. Materiais hospitalares, como algodão, seringas, agulhas, luvas, sangue coagulado, órgãos e tecidos removidos, estão geralmente infectados com vírus e bactérias precisam ser incinerados. Sem uma destinação adequada, a população está sujeita a diversos tipos de doenças encontradas nos resíduos sólidos, tais como: febre tifóide que tem um tempo de vida no lixo entre 29-70 dias; tuberculose, cujo tempo está entre 150-180 dias; poliomelite, 20-70 dias; cólera, 1-13 dias de vida. “Se nós não mudarmos nossas atitudes de armazenar o nosso lixo adequadamente e colocar na porta no dia da coleta, a tendência é que essas doenças proliferarem cada dia mais”, ressalta Janaires.
PONTOS DE COLETA DE MATERIAIS Caema - Francisco Gomes (Chico) Endereço: Rua Antônio de Morais, 60, Bairro da Caema – atrás do prédio da Caema. Planalto - Maria do Socorro Oliveira Endereço: Rua Dom Marcelino, 91. Conjunto Planalto II – Raimunda Em frente à igreja Assembleia de Deus Congregação Luz São José - Neuziedna Souza, (99) 9174-4557 Endereço: Rua São José, 04, São José – Entre as ruas 07 e 08, próximo à igreja Assembleia de Deus Congregação Deus Forte Vila Cafeteira - Antônio Teles Endereço: Rua Duque de Caxias, 125, Vila Cafeteira – esquina com Rua Carolina Vila Fiquene - José Ferreira (Zezinho), (99) 9169-4912 Endereço: Avenida Cacalzinho, s/n, Recanto Universitário Vila Fiquene – Prédio da Ascamari.
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ARTEMISA LOPES
ANIMAIS NAS RUAS De acordo com a lei 9.605/98, abandono ou maus-tratos de animais é crime e pode acarretar em multa e detenção. Em Imperatriz, mil animais vivem em condições de risco
Imperatriz abriga 25 mil cães e 15 mil gatos, tanto na zona urbana como na zona rural, e grande parte desses animais estão abandonados nas ruas e na maioria das vezes feridos e doentes. E há como salvá-los do abandono e descaso
É crescente o número de animais abandonados ARTEMISA LOPES
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ão é de hoje que se ouve falar que cães e gatos costumam ser os melhores amigos do ser humano. Segundo o IBGE, cerca de 50% dos lares brasileiros possuem cães, e outros 20% optam por gatos. Porém, estima-se que mais de 30 milhões de animais encontram-se em situação de abandono no Brasil. Abandono ou maus-tratos a animais é crime, previsto na lei 9.605/98, podendo acarretar em detenção e multa. Cães, gatos e até mesmo animais exóticos, nos dias de hoje, estão tomando o gosto populacional, chegando até mesmo
a tomar o lugar das crianças pela preferência. Os animais representam uma parte vital do meio ambiente e merecem ser respeitados como tal. Porém, enquanto muitos recebem amor e carinho, outros esperam a chance de serem notados. “Nosso trabalho é 100% voluntário. Nós nos compadecemos da situação dos animais”. A fala é de Cleomar Lima Silva, voluntária há cerca de um ano no Grupo de Proteção aos Animais de Imperatriz (GPAI). A ONG conta com uma página no Facebook, com mais de cinco mil curtidas. A rede social é um meio de divulgação do trabalho grupo. Cleomar Silva esclarece ainda que os animais resgatados são VALDECY MARQUES
Cerca de 450 cavalos são retirados das ruas de Imperatriz por ano e 10% são doados para zona rural
levados para as casas dos próprios voluntários e, muitas vezes, acabam sendo adotados de vez. Eles também recebem atendimento veterinário antes de serem colocados para a adoção. “Eu cuido de sete gatos e um cachorro. Nós damos ração e até temos parceria com um supermercado local, que conhece a nossa causa e nos ajuda”, diz. O grupo também realiza feiras e bazares para a arrecadação de recursos para castração dos animais. Sônia Maria de Sousa, presidente do GPAI desde sua formação, há um ano, conta que foram arrecadados quatro mil reais na última feira, realizada em maio de 2015, para a castração de gatos. No total, foram 100 felinos; dentre eles 70 fêmeas e 30 machos.
Melhor amigo? - Segundo Sônia Sousa, inicialmente o grupo apenas contava com troca de mensagens através do Whatsapp para encontrar os animais. Ao todo, o grupo contém 60 voluntários, sendo 10 ativos. Além disso, a ONG possui uma conta bancária, onde as pessoas podem oferecer doações. Há dificuldades para realizar o trabalho e ao mesmo tempo que é gratificante, é desgastante. “Nós vemos a necessidade deles [os animais]. Somos protetores independentes. Nós cuidamos, medicamos e eles são castrados. Cada um faz o que pode”. Paulo Henrique Soares e Silva, veterinário há 22 anos e coordenador do Centro de Zoonoses de Imperatriz desde 2000, conta que recebe ligações da população para resgatar os animais. “Muitas vezes, eles são deixados nas avenidas e acabam indo parar em algum lugar amplo, como colégios, por exemplo”, explica. Segundo ele, Imperatriz conta com 25 mil cães e 15 mil gatos domiciliares, tanto na zona urbana quanto rural. Com base nesses números, estima-se que de dois a três por cento, habitam as ruas da cidade, cerca de mil animais.
A veterinária Clenia Maria dos Santos é colaboradora da causa GPAI e diz que já cuidou de animais vindos das ruas em diversas situações, inclusive paraplégicos, e que já castrou mais de três mil gatos. Para ela, é praticamente impossível não se sensibilizar e alerta para o risco das doenças, como a leishmaniose. “Aqui os animais chegam mais doentes do que machucados. Vejo animais correndo todo o tipo de riscos”, esclarece. Paulo ainda conta que resgata cerca de 1.500 animais ao ano. Desses, 1.200 são doentes, que,
“Os animais representam uma parte vital do meio ambiente e merecem ser respeitados” muitas vezes, acabam morrendo; e 300 são de rua. E ainda retira cerca de 450 cavalos das ruas. Os cavalos são outro grande problema na cidade, que conta com dois mil animais. Eles são, motivo de acidentes na Avenida Pedro Neiva de Santana, que liga Imperatriz ao município de João Lisboa, e é um local de tráfego intenso. Os cavalos, segundo o médico veterinário, não chegam a representar o abandono, mas sim o descaso, muitas vezes de carroceiros. “Eles são soltos pelos donos para comerem e acabam indo para a pista, surpreendendo os motoristas”. Cerca de 90% dos cavalos são retirados das ruas pelo Centro de Zoonoses, e 10% deles acabam sendo doados para moradores da zona rural, onde poderão ter mais utilidade. “Não faz sentido entregar um cavalo para alguém que mora na zona urbana de Imperatriz. Principalmente porque ele pode voltar para as ruas”, declara.
Quando um cavalo é capturado o dono tem até oito dias para contatálos. “O dono vem até aqui e paga uma taxa de R$ 65,00 para liberar o animal. Caso contrário, nós o selecionamos para doação”. Além disso, ele adverte o cuidado que a população precisa ter com as inúmeras doenças trazidas pelos animais, como a popular “raiva”. “Cães e gatos podem transmitir a raiva e a sarna, como também a leptospirose. Além disso, existe a toxoplasmose, mais comum em gatos. Também existe a “larva mirglans”, que todos conhecem como bicho geográfico”, cita. Não é só de tristezas e desapontamentos a situação dos animais abandonados em Imperatriz. Para o veterinário, nem tudo está de fato perdido. Paulo Henrique garante que está bastante acostumado a ver o sofrimento dos animais. É importante que haja pessoas dispostas a trazer esperança e que se deixem levar pelo olhar acolhedor de um animal. “Basta que cada um de nós mude o jeito como trata os animais. Adotar um animal de rua e incitar essa conduta pode ser a solução”, aconselha.
Viu algum animal abandonado, doente ou ferido? Ligue para o Centro de Zoonoses de Itz (Celular: 9 96312604) Endereço: R. Barão do Rio Branco, 10 - Entroncamento, Imperatriz - MA, 65900-970 Gostaria de ser voluntário no GPAI? Entre em contato com Maria Regina pelo Whatsapp ou ligue 99 - 98113-1283 Quer ajudar o grupo GPAI com uma doação? Deposite qualquer quantia nesta conta: GPAI - Agência: 3151 Operação: 003 Conta corrente: 2532-6 Banco Caixa Econômica Federal CNPJ / GPAI: 22274800000133
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ENTREVISTA BÁRBARA FERNANDES
Donos da mudança LÍCIA RODRIGUES
“C
ada um faça sua parte”, quem nunca ouviu? Em entrevista, a bióloga e professora do Instituto Federal do Maranhão (IFMA), Rubeny Brígida Albado, ressaltou a importância da mudança partir da população. Afinal, nada mais lógico que a conscientização começar da base. Rubeny Albado tornou-se especialista em educação ambiental, planejamento educacional, participou do Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos (PREJA). Completou 35 anos de carreira na área de ciências biológicas, participou de grandes conferências no país, dentre elas, a Rio +20. A professora acredita que para cuidar do meio ambiente, não é necessário apenas grandes ações. Uma pessoa que resolve limpar seu quintal, plantar uma árvore e ter a consciência dos cuidados com o meio em que vive, é capaz de promover mudanças profundas e ajudar a ter uma cidade “naturalmente linda” e com doenças controladas. Imperatriz está seguindo um crescimento horizontal ou vertical? Quais os problemas? Vertical. Ficou determinado a partir da Rio + 20 que todos os condomínios devem ser verticalizados, pois é sabido que a população está crescendo muito. Quando ela aumenta, precisa-se de espaço para se acomodar. Com isso, nossa litosfera (solo), não está tendo mais área de descanso e respiração, estão sendo todas invadidas por moradias. E outra parte está sendo trabalhada para a agricultura e agropecuária. Então nossos biomas não estão tendo mais condições de se desenvolverem como o planeta precisa. Isso é prejudicial e já estamos tendo a consequência, no caso, o aquecimento global. Isso cria um isolamento de área climatizada. Hoje nós temos que recorrer a profissionais que estudaram e sabem os recursos de como deixarem essas áreas ventiladas, distanciados um dos outros permitindo a ventilação, e não esquecer da arborização. Hoje estamos vendo um novo tipo de arborização nos próprios prédios.
“Nós temos que dar graças a Deus pelo rio Tocantins, mas ele está gritando” Existe um código de preservação ambiental específico para a cidade? Existe. Nós temos a lei 850, o código de postura municipal, ele é embasado e assegurado nas leis ambientais. Fala sobre resíduos sólidos, respeito, como devemos agir, sobre os mananciais, riachos, a lei da poluição sonora, visual. Temos até a lei que está esquecida e tem que voltar a se fazer presente, ser pautada novamente, na mesa do nosso secretário de meio ambiente, que é a acessibilidade. Tem um órgão aqui que eu admiro e que funciona, que é a promotoria do meio ambiente. No entanto, precisa-se de um meio de comunicação para se fazer conhecido esse código. Cabe a nós também
enquanto alunos, profissionais, cidadãos, não esquecermos de cuidar do meio ambiente, mas assumir uma posição de responsabilidade. Creio que estamos aqui para cumprir uma missão, e se não tiver esse ambiente com essa qualidade, como vamos cumprir? Inclusive de cobrar o que lá está escrito. É nosso código de postura! Quais os projetos desenvolvidos até agora? De que forma a população pode ajudar? Estamos com um projeto de recuperar a mata ciliar do riacho Capivara, mas encontramos muitos obstáculos. No final da rua Ceará com a Floriano, fizemos uma limpeza e o plantio no local, mas logo acima não pudemos, porque tem uma construção bem na margem que nos impede de atuar. É uma margem! As autoridades precisam ver este caso. Fiquei muito triste por que foi um trabalho que envolvemos a comunidade próxima. Cinco dias depois da nossa atuação, me passaram uma mensagem com imagens de carroceiros que estavam novamente jogando resíduos da construção civil onde tínhamos feito o serviço. As nossas mudas que ali plantamos, ficaram sufocadas com o lixo que eles retornaram. Pegam os resíduos com as pessoas os quais os contratam, para retirarem os resíduos das suas portas, não sendo responsáveis a tal ponto para verem onde vai ser lançado. Querem que retirem da porta deles, mas não estão vendo qual o destino exato que vai ser lançado aquele resíduo que ele gerou. Ou seja, solucionam o problema da porta deles, mas acabam gerando outro problema, que é contaminar a margem dos nossos riachos, um lugar indevido. Você considera válida a política de compensação ambiental? Desde que ela seja feita sem querer beneficiar algo ou alguém e pisar em cima das leis. Eu creio que é necessária essas compensações, por que não podemos evitar o crescimento. Há questionamentos com relação a Suzano. Sem sombra de dúvidas ela impacta, diz que não, mas sabemos que ela trouxe grande impactação para Imperatriz. Agora, qual a compensação? Chegou para cidade? Você disse que empresas, como a Suzano, causavam grande impacto na cidade. Que impactos são esses? Primeiro, o social. Segundo, os car-
Professora e pesquisadora Rubeny Albado fala sobre problemas ambientais e de como a população pode contribuir para uma cidade melhor
ros pesados que acabam com a pavimentação das nossas vias. Terceiro, a contaminação do nosso rio. Eles falam que não há contaminação, mas não deixam a gente entrar pra olhar. Quarto, eucalipto é monocultura, e isso é prejudicial para natureza, exaure o solo e reduz a biodiversidade. Sem dizer das famílias que eles retiraram. É preciso acompanhá-las, saber quais projetos a empresa está executando em prol do desenvolvimento ambiental e social. Não conhecemos os projetos. Quais as consequências do assoreamento nas lagoas de nossa cidade? São várias as consequências. Primeiro, vai agredir a reprodução de peixes, mata grande parte da biodiversidade dos riachos, modifica a paisagem e etc. Hoje temos isso causado pelo desmatamento da mata ciliar. Há necessidade das nossas autoridades reverem e terem projetos para essa recuperação, se não quiser, o MMA tem verba para esses projetos. Basta a gente arregaçar as mangas e querer fazer valer, quando estamos numa função dessas. Você perguntou as consequências, mas vou até falar o que causa também. A extração de areia, está causando um grande desequilíbrio. Nossa água está escassa. Nós temos que dar graças a Deus pelo rio Tocantins, mas ele está gritando. Há poluição demasiada. Volto a dizer, educação ambiental tem que ser trabalhada em todas as áreas, nas empresas e de uma forma mais contundente nas escolas. E a Sepluma deve fazer parceria com a educação, nas três esferas (municipal, estadual e federal), quem vai ganhar é a população. É possível recuperar hoje as nascentes dos riachos? Quais seriam as possibilidades? É possível sim, porque não estão totalmente perdidos. Agora, deve ser feito projetos específicos de recuperação e revitalização das margens, cercar as margens, começando desde a área rural, onde nasce, até onde desemboca no rio Tocantins. Ou seja, cercar as margens, recuperar a mata ciliar, e retirar todo esgoto que é jorrado dentro deles. Mas para isso tem que haver políticas de educação ambiental, é essencial este setor agir. Neste caso, teria que trabalhar primeiro a sensibilização dos moradores, tentando mudar o seu comportamento em prol da saúde dos riachos. Quais os tipos de árvores adequa-
das para a revitalização dos riachos? Primeiro se faz uma pesquisa para saber quais as árvores nativas – o recomendável é colocar elas. Mas tem as consideradas comuns, como a pata de vaca, o ipê e outras. É necessário que seja feito esse estudo específico bem pormenorizado para ambos permanecerem na sua própria natureza. Cada área é um processo, o mais importante é fazer junto da comunidade. Nós temos a Lei Federal11.445/07 de saneamento básico, que proíbe o lançamento de esgotos nos riachos e nos rios, mas que infelizmente não é cumprida.
“Creio que estamos aqui para cumprir uma missão, e se não tiver esse ambiente com essa qualidade, como vamos cumprir?”
timento com o ambiente. Com os recursos para moradia, no caso o PAC [Programa de Aceleração do Crescimento], recolocaria eles em suas casas e imediatamente derrubaria toda aquela área construída na orla dos riachos e recuperasse como uma área de APP [Área de Preservação Permanente], como devidamente tem que ser. Deveria ser área de proteção e de responsabilidade da Marinha. Se neste momento você tivesse a oportunidade de falar para toda a cidade a respeito do assunto aqui abordado, o que você diria? Cada um fazer sua parte. Existe uma frase que diz assim: “haja local pensando no global”. Para nossa cidade eu diria assim: “se cada um de nós cumpríssemos com a nossa responsabilidade, limpando o nosso terreiro, o nosso quintal, a frente da nossa casa, plantando uma árvore, nós estaríamos numa cidade de beleza naturalmente linda, essa cidade seria uma das mais limpas, e nós não teríamos nenhum problema de dengue, não iríamos perder para o mosquito Aedes aegypti que está crescendo seu potencial. Hoje trazendo uma Chikungunya, Zika vírus. O que é isso? Perdendo pra um inseto? Isso mostra o quanto estamos despreparados”. Não devemos cobrar só do poder público, mas cobrar de si mesmo. Vamos cuidar da nossa cidade, ela merece.
EMPRESA EXPLICA PROCEDIMENTOS E para o processo de arborização urbana? Para a arborização urbana é diferente. Analisa-se a espessura da calçada, a rede elétrica, ou seja, cada rua também tem suas especificidades. A árvore não deve ser do tipo que produz frutos grandes, o sistema radicular (raízes) deve ser profundo para não prejudicar as calçadas, e várias outras características necessárias. De que forma a cidade poderia ser reestruturada para que favorecesse e privilegiasse os espaços naturais? Seria a canalização dos riachos? A retirada dos ribeirinhos das orlas? Sem sombra de dúvidas, tem que ter políticas sociais para a retirada dos ribeirinhos. Todo ano é a mesma coisa. É questão de calamidade pública, retiram eles e eles retornam. Tem que ser uma política séria, de auxílio aos ribeirinhos, e comprome-
A Suzano afirma que, por meio de sua Estação de Tratamento de Efluentes (ETE), faz o tratamento da água que é utilizada em seu processo e devolvida ao rio Tocantins, e reforça que um efluente de fábrica de papel e celulose não emite metais ou quaisquer substâncias em concentrações tóxicas. Sobre as áreas de plantio de eucalipto, a empresa explica que sua política de compra de terras prioriza áreas não ocupadas por comunidades, sendo a maioria delas subutilizadas e ou de pastagem. Sobre a operação de transporte, a empresa informou que possui todas as autorizações especiais de transportes para a veiculação nas vias, emitidas pelo DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) e que trabalha em conjunto com o poder público na identificação das vias de acesso à fábrica e que possui uma equipe técnica específica de infraestrutura para manutenção destas. A empresa dispõe também de um programa de visitas aberto ao público, além de um canal de comunicação com a comunidade, o Suzano Responde.
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BARULHO Carro de som, motos, pedestres: esse cenário é repleto de ruídos no centro da cidade em um dia comum. Sons que em excesso podem levar a problemas de saúde e por isso são controlados por lei JHONATHA SANTOS
Use seu telefone para aferir o som Seu smartphone ou tablet pode ser uma ferramenta de medição dos decibéis. Aplicativos para plataformas Adroid e iOS estão disponíveis gratuitamente e garantem essa funcionalidade. Testamos o “Decibelímetro: Sound Meter”, disponibilizado para usuários Android na Google Play, e também o “Decibel Ultra”, para usuários iOS. Ambos aplicativos cumprem o que prometem, a medição através do microfone do próprio aparelho, sem a necessidade de qualquer outro acessório. Tudo que você precisa é entrar na sua loja de aplicativos diretamente do seu aparelho, baixar e começar a usar. Apesar do aplicativo estar disponível em inglês, são bem simplificados e intuitivos e não detectamos dificuldades na utilização que possibilita qualquer pessoa aproveitar essa ferramenta.
Poluição sonora vai além do incômodo auditivo do som alto de carros e caixas de som, o barulho pode causar danos não só aos ouvidos
POLUIÇÃO SONORA: no último volume JHONATHA SANTOS
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odo barulho que causa perturbação ou incômodo pode ser considerado poluição sonora. A percepção e noção do que é o ruído, pode variar de pessoa para pessoa, mas o organismo tem limites físicos para suportá-lo. Problemas de saúde como pressão alta, insônia e surdez podem ser provocados pela exposição ao barulho em excesso, além de perda da qualidade de vida e bem estar. O direito coletivo ao silêncio é assegurado em lei e muitas vezes é desrespeitado. Quando se fala em meio ambiente, a poluição sonora geralmente é esquecida, pois o foco sempre se volta para o ar, rios e solo. O que poucos sabem é que a poluição vai muito além de um barulho “chato”. Com mais intensidade, a poluição sonora gera muitos problemas e conflitos. A
Lei nº 126/1977, Lei do Silêncio que estabelece restrições objetivas para a geração de ruídos durante dia e noite, em especial no caso de bares e casas noturnas, ainda é pouco obedecida. A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera que para não causar prejuízos à saúde do corpo, o som deve ficar em até 50db (decibéis - unidade de medida do som). Ultrapassando essa margem, os efeitos negativos começam a aparecer a curto ou longo prazo. Ou seja, alguns problemas podem levar anos até serem notados, mas ocorrem. Casos - “Começa na quinta e vai durante todo fim de semana. Não tem quem aguente o barulho. Pensamos em pegar assinaturas para poder fechar”, relata Marcelo Amorim morador da Avenida Imperatriz, no bairro São José. Os moradores questionam a localização indevida de uma casa de show que fica próximo a residências e
desrespeita a lei do silêncio constantemente. Mas não são somente bares ou casas de shows que ultrapassam os limites no volume. Igrejas também recebem reclamações por parte de vizinhos por conta da constância no abuso do volume em suas reuniões. Chico da Banca, morador do Bacuri, desabafa: “próximo a minha casa têm duas igrejas que fazem muito barulho, perturbam muito no fim de semana, que para eles só acaba na segunda”. Chico trabalha o dia inteiro em uma banca que fica localizada na Praça de Fátima e afirma que não sente incômodo com o ruído do dia-a-dia do centro comercial. “Sem esse barulho o mercado não funciona, esse barulho é atrativo para as vendas.” No Calçadão, a Secretaria de Planejamento Urbano e Meio Ambiente(Sepulma) estipula uma taxa mensal para a utilização de caixas de som como meio publiciJHONATHA SANTOS
tário para os lojistas. Leide Daiana Dias, gerente de loja, explica que “pagamos uma taxa durante todo o ano para poder usar o som na porta da loja, só que eles têm um aparelho que mede o volume, e aí eles vem e marcam lá no som como deve ficar para não ser poluição sonora”. A gerente também relata que até o presente momento não teve nenhum problema de saúde, e que não há registros de problemas de trabalho com algum funcionário, em virtude da utilização do som. Para reduzir o número de reclamações relacionadas ao problema e garantir o direito de todos previsto em lei, a promotoria disponibilizou no segundo semestre de 2014 à Prefeitura de Imperatriz, através de recursos adquiridos por multas impostas, um total de 14 decibelímetros (aparelhos responsáveis pela medição do som), em pleno funcionamento e de última geração que são devidamente calibrados para uma correta medição, controle e fiscalização dos agentes poluentes. Toda ação é realizada pela Sepluma, em conjunto com a Polícia Militar do município.
Lei do Silêncio - De acordo com a Lei do Silêncio é permitido no período diurno em áreas residenciais, som com volume de até 55 decibéis (dBA) e no período noturno até 45 dBA. Esse índice varia de acordo com a região do município (veja box). Dados do censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatís-
ticas (IBGE), em 2010, mostram que Imperatriz possuía 234.547 mil habitantes e hoje ultrapassa a casa dos 250.000. Juntamente com o crescimento populacional, o comércio também avançou. O trânsito se tornou mais caótico, as construções verticais cada vez mais ganhando seu espaço, novas casas de show, bares, etc. Queixas de barulho excessivo em bares, igrejas, som automotivo e som alto na residência de vizinhos são as mais frequentes recebidas pela Promotoria de Meio Ambiente de Imperatriz. Para atuação da Promotoria em juízo, é preciso uma ação que se enquadreem interesse coletivo, onde não só uma pessoa é beneficiada, mas um grupo. Quando são casos específicos e isolados, a promotoria recomenda que o prejudicado procure um advogado para defender seus direitos, em uma ação individual A poluição sonora se enquadra como crime ambiental quando afeta a saúde de seres humanos e animais. Portanto, existe pena prevista para os poluidores, uma ação civil de indenização por perdas e danos. De acordo com o promotor de meio ambiente em Imperatriz, Jadilson Siqueira, para denunciar o abuso sonoro, o prejudicado deve entrar em contato com o número 190 e acionar a Polícia Militar. “Para que as medidas legais e cabíveis sejam tomadas, a pessoa deve ligar e denunciar, pois, o policial está orientado, nos cursos que nós fizemos, a comparecer no local e prestar o serviço solicitado”.
Índices de poluição sonora Os índices de poluição sonora aceitáveis estão determinados de acordo com a zona e horário segundo as normas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) (n.º 10.151). Conforme as zonas, os níveis de decibéis máximos permitidos nos períodos diurnos e noturnos, são os seguintes: Zona de hospitais Diurno: 45 | Noturno: 40 Zona Residencial Urbano Diurno: 55 | Noturno: 50 Centro da cidade (negócios, comércio, administração) Diurno: 65 | Noturno: 60 Grande ferramenta para atrair consumidores, os locutores com caixas de som em portas de lojas devem seguir legislação específica e pagar taxa
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PRÁTICAS INDIVIDUAIS Moradores de Imperatriz apostam em práticas para o cuidado com o meio ambiente. Deixar o carro na garagem, fornecer carona para colegas ou reaproveitar materiais são algumas das alternativas
Atitudes sustentáveis a favor de uma vida melhor ISABEL LIMA
ISABEL LIMA
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Fernanda Barros exibe o hall da casa, decorado com paletes e outras peças reaproveitadas
anhã normal de segunda-feira em Imperatriz, pouco antes das sete horas da manhã, já é possível ver a concentração de carros nos principais cruzamentos da cidade, enquanto as pessoas se deslocam para os seus compromissos. Nesse horário, a jovem Beatriz Sousa, 18 anos, se dirige para a escola, mas não vai a pé ou de carro: ela faz todo o trajeto utilizando um skate, fiel companheiro. “Não tenho muito tempo para ir à praça [Mané Garrincha] praticar, então uso o skate como meio de transporte mesmo, para não ficar parada”, afirma. Em outro ponto da cidade, Eduardo Nery, 25 anos, percorre o caminho até a UFMA – Universidade Federal do Maranhão – Campus Bom Jesus, parando na casa de colegas para irem juntos até a universidade: ele faz parte de um grupo de caronas. Eduardo e Beatriz podem se juntar à Jesus Marmanillo, 36 anos, professor universitário, que percorre todos os dias o trajeto do trabalho para casa pedalando, prática que assegura ter iniciado de forma quase imperceptível. “Começou como um lazer infantil, quando ganhei a primeira bicicleta, e depois percebi que podia usar como meio de transporte”, afirma. O que os três têm em comum é a forma de reinventar o transporte dentro da cidade, já que atualmente a frota de Imperatriz é composta por aproximadamente de 134 mil veículos, entre carros, motos e meios de transporte maiores, como caminhões e ônibus, conforme o Departamento Trânsito do Maranhão (Detran), divulgou em janeiro de 2016. Além dos dados registrados, por ser um polo econômico e universitário, o munícipio agrega ainda mais transportes
Falta de informação é a principal causa dos problemas ambientais de Imperatriz Laura Zacca
“O
problema é que as pessoas não entendem que qualquer lixo jogado nas ruas, nos riachos, nos esgotos vai desaguar no rio”, afirma Domingos César, ambientalista e diretor de Relações Públicas do Conselho Municipal de Meio Ambiente (Commam). Em Imperatriz, a falta de consciência ambiental é a principal causa para a inexistência de um ambiente ecologicamente saudável. Um rio sujo, lixo nas ruas, esgotos a céu aberto são alguns dos problemas visíveis no cotidiano. “O ambiente ecológico de Imperatriz é o mais difícil possível. O problema é que o povo de Imperatriz não tem consciência ambiental, se tivesse não estaria nessa situação. A prefeitura tem feito a sua parte”, assevera, Domingos César. Os vestígios de uma sociedade pouco ecológica são visíveis quando deparamos com o maior ponto turístico da cidade, a Beira-Rio, com papéis, plásticos, comidas e outros detrimentos espalhados pelas ruas e calçadas da mesma. A proprietária da Peixaria da Tia, na Beira-Rio,
Elisabeth Taveira, que se mudou de Grajaú para Imperatriz em 1978, quando questionada sobre a água do rio Tocantins declara: “Não é limpa. Para consumo é preciso ferver a água e filtrar”. Sobre a Beira-Rio ela opina: “Para mim a Beira-Rio é um ambiente familiar, mas não a considero limpa”. A situação mais evidente de degradação ambiental encontra-se no rio Tocantins, que conforme garante Domingos César, está completamente contaminado: “O rio é cortado por cinco grandes riachos: o Cacau, Riacho do Meio, Bacuri, Santa Teresa e o Capivara, e todos eles são desrespeitados. Jogam tudo que não presta dentro dos riachos e em função disso em épocas de chuva eles enchem e alagam a cidade”. De acordo com o ambientalista, a preservação dos recursos naturais depende de cada cidadão que sabendo de sua responsabilidade deve colaborar para que as próximas gerações possam usufruir dos mesmos benefícios. A reciclagem, um fator importante para a preservação de recursos naturais e a carência de informações sobre o tema é visível
quando se interroga moradores da cidade. Gênisis dos Santos Lemos explica que não recicla o lixo “por falta de hábito e orientação”. Enquanto que, o farmacêutico Gabriel Mota confessa: “Não reciclo o lixo, pois não há postos de reciclagem em Imperatriz, não há alternativas”. Entretanto, o que poucos sabem é que a implementação de postos de reciclagem em Imperatriz já começou, como informou o diretor de Relações Públicas da Commam: “A prefeitura já possui um projeto de lixo seletivo na cidade em parceria com a Ascamari (Associação de Catadores de Matérias Recicláveis de Imperatriz), que já está trazendo resultados”, denominado “Reciclando Vidas”. Quando apontado sobre os maiores problemas ambientais de Imperatriz, Domingos César cita: “Jogar lixo nas ruas e nos riachos, derrubar as matas ciliares e a falta de esgotos encanados”. Se cada cidadão sabendo de sua responsabilidade de preservar o ambiente contribuísse a situação agravante de Imperatriz seria amenizada. É preciso mais pessoas como a dona de casa Alcione Almeida que
de circulação diária, tanto comercial, quanto de passeio. E os usuários dos meios alternativos afirmam que os transportes não deixam a desejar no quesito tempo de deslocamento, Marmanillo conta que em horário de pico utiliza o mesmo tempo de um carro no caminho para casa. “No horário de pico, gasto o mesmo que alguém que vai de carro, já que não pego engarrafamento. E também posso vivenciar a cidade de outra maneira, diferente de quem vai fechadinho atrás dos vidros ou capacetes”. Para Sousa, os benefícios são outros: os problemas respiratórios desapareceram com a prática do skate como transporte alternativo. “Antes de começar a andar tinha muitos problemas, mas hoje não. Quando deixo por muito tempo, os problemas voltam”, comenta.
Ressignificando conceitos - Fernanda Barros, 38 anos, mora em uma casa com sofá, rack para televisão, duas mesas, uma delas com tampo de vidro, suporte para pratos, xícaras e outro para panelas, duas estantes e diversos bibelôs de decoração. O que há de diferente na casa de Fernanda? Tudo é produzido com material reciclado. Mesas, sofá e estantes de paletes, pufes recheados de papel, peças de decoração feitas de garrafas de vidro e plástico. Oriunda de uma família de artesãos, Barros teve a ideia de decorar o casamento com paletes e caixotes de madeira. “Comecei a procurar esses materiais que seriam descartados para decorar minha festa. Depois do casamento, eu juntei todo o material na minha casa e comecei a criar a mobília e o material de decoração”, conta. Já para Vanusa Lima, 46 anos, o olhar para as grandes construções é sempre diferente. Enquanto a ciopta por não jogar sujeira nas ruas. “Procuro sempre manter o lixo em uma sacolinha na bolsa e o descartar quando chegar em casa”. O ambientalista, ainda argumenta que a solução para que a população tenha consciência ambiental é “promover a educação ambiental nas escolas com as crianças”. Sobre educação ambiental, está sendo realizado um Projeto de lei do Senado, nº 221 que busca: “incluir como objetivo fundamental da educação ambiental o estímulo a ações que promovam o uso sustentável dos recursos naturais e a educação ambiental como disciplina específica
dade cresce, ela observa o lixo das obras, em busca de latas de tinta para aumentar sua “horta urbana”. Lima exibe com satisfação uma variedade de plantas, composta por mais de 10 ervas comestíveis e algumas ornamentais. Boa parte de seus cultivos está alojada em latas de tintas, pneus, cestas velhas de bicicletas e até um vaso sanitário que iria para o lixo. Tudo recheado com um composto orgânico, produzido em casa: uma mistura de adubo animal, terra e cascas de alimentos. “Tenho uma rotina muito corrida, mas sempre encontro tempo para dedicar às plantas. Como viajo bastante, por vezes passo alguns dias longe, tensa. Mas quando retorno para casa e posso cuidar, é como uma terapia. Sempre tem alguma para fazer, mudar ou trocar de vaso, se não, pinto as latas para as próximas plantas, mexo na compostagem”, expõe.
Seu carro é sustentável? Atualmente os veículos, principalmente os carros, já contam com sistemas de queima de combustíveis que liberam menos poluentes. Os carros mais antigos, ainda com carburador, costumam poluir 10 vezes mais. Para saber se seu veículo é amigo do meio ambiente, o “Nota Verde” do Ibama, um programa desenvolvido para analisar o nível de emissão de poluentes pelos automóveis, disponibiliza um banco de dados com 828 variações de modelos de carros no Brasil. Consulte no site: ibama.gov.br/servicosonline/ctf/publico/sel_marca_modelo_rvep.phh
no Ensino Fundamental e Médio”. Além da educação ambiental nas escolas outra opção para sensibilizar a população segundo Domingos César: “É um maior esclarecimento na mídia conscientizando as pessoas e se isso não funcionar a Secretaria de Meio Ambiente deveria então punir”. A carência de informação contribui para a falta de conscientização ambiental da população local e o desdobramento da atual condição ecológica de Imperatriz. Para que essa situação melhore “é necessário que haja a ação conjunta dos órgãos responsáveis e da população”, opina o ambientalista. LAUDECY BILIO
Lixo nas ruas é um dos problemas ambientais visíveis no cotidiano da população de Imperatriz