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Distribuição Gratuita - Venda Proibida
OUTUBRO de 2010. Ano I. Número 2
Arrocha
jornal COMUNITÁRIO do curso de comunicação social/jornalismo da ufma, campus de imperatriz
DOUGLAS AGUIAR
Reflexões urbanas
Fotografia premiada com a segunda colocação do “II Concurso de Fotografia” promovido pela Fundação Cultural da Prefeitura de Imperatriz: na sombra, o trabalhador ajuda na expansão da cidade que se desenvolve debaixo de um sol intenso
Imperatriz sofre com Cenas típicas de uma Transporte público falta de infraestrutura cidade em expansão disputa usuários Os ciclos de expansão populacional que marcaram a história de Imperatriz, desde a década de 1960, prejudicaram o adequado desenvolvimento da infraestrutura urbana. Apesar da existência de um Plano Diretor e de leis, como a de Uso do Solo, a cidade ainda sofre com problemas básicos, ora por omissão do poder público, ora por descaso da sociedade. Páginas 4, 5 e 12.
A concentração populacional em Imperatriz proporciona a visão de cenas típicas. Após a inauguração da rodovia BelémBrasília, a cidade fortaleceu sua vocação como polo comercial, embora tenha perdido boa parte do seu território, transformado em outros municípios. A estimativa do Censo 2010 é que hoje a população ultrapasse 240 mil habitantes. Páginas 3 e 10.
Os serviços de transporte público como mototáxis, táxislotação e ônibus disputam usuários, que exigem mais qualidade e segurança. Enquanto as empresas de ônibus se queixam das outras categorias, estas se organizam para garantir a legitimidade e ampliação das atividades. Em paralelo aos embates, Imperatriz convive com o crescimento da frota de veículos. Páginas 6 e 7.
RODRIGO REIS
LUISA CIRQUEIRA
LUANA BARROS
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CHARGE
EDITORIAL - Questões Urbanas Com vocação clara para o comércio e localização geográfica privilegiada, Imperatriz viu sua população crescer muitas vezes sem controle em meio século. Questões como o trânsito confuso, trocas comerciais marcadas pela informalidade, saneamento básico precário, transporte coletivo em conflito e desenvolvimento desigual dos bairros precisam ser equacionadas com urgência para que impactos, já visíveis, não continuem a afligir a lógica urbana. Um órgão de imprensa como o jornal comunitário Arrocha, totalmente produzido pelos acadêmicos do curso de Jornalismo da UFMA, tem o dever de expor essas questões, buscar respostas e possíveis soluções. Nesta edição, os acadêmicos,
coordenados de forma interdisciplinar pelos professores, investigaram as raízes dos problemas urbanos de Imperatriz e constataram que, sem organização popular, vontade política e respeito ao Plano Diretor, aprovado, mas em fase de questionamento judicial, fica difícil divisar um futuro confortável e próspero para o município. Conforme esperado, a primeira edição do Arrocha, sobre as águas, chamou atenção da população pela preocupação dos futuros jornalistas em tratar sempre de um tema único e importante para a cidade por vez, desdobrado em várias reportagens. Agora, refletindo sobre os aspectos urbanos, os acadêmicos mais uma vez abrem o espaço para que
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todos os setores responsáveis pelo bem estar da população possam se expressar. Anônimos e poder público, a comunidade e seus representantes, todos tem espaço semelhante nestas páginas, ampliadas de 8 na primeira edição para 12 nesta publicação. Mais uma vez, repete-se o lema que dá título ao jornal no seu sentido exato: Arrocha, Imperatriz! Ou seja, falem sem medo, que nós arrocharemos ou questionaremos os responsáveis. Isso é liberdade de imprensa.
JADIEL BARBOSA REIS
Arrocha: É uma expressão típica da região tocantina e também é um ritmo musical do Nordeste. Significa algo próximo ao popular desembucha. Mas lembra também “a rocha”, algo inabalável como o propósito ético desta publicação.
Ensaio Fotográfico DOUGLAS AGUIAR
CARLOS HENRIQUE
Fotografia premiada com a primeira colocação do “II Concurso de Fotografia” promovido pela Fundação Cultural da Prefeitura de Imperatriz
JORDANA BARROS
NÍCIA OLIVEIRA
Fotografia que recebeu menção honrosa no “II Concurso de Fotografia” promovido pela Fundação Cultural da Prefeitura de Imperatriz
Expediente Jornal Arrocha. Ano I. Número 2. Outubro de 2010 Publicação laboratorial interdisciplinar do Curso de Comunicação Social/Jornalismo da Universidade Federal do Maranhão (UFMA). As informações aqui contidas não representam a opinião da Universidade. Reitor - Prof. Dr. Natalino Salgado Filho | Diretor do Campus de Imperatriz - Prof. Dr. Jefferson Moreno | Coordenadora do Curso de Jornalismo - Prof. MSc. Roseane Arcanjo Pinheiro.
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Professores: MSc. Alexandre Maciel (Jornalismo Impresso), MSc. Marco Antônio Gehlen (Programação Visual), MSc. Marcus Túlio Lavarda (Fotojornalismo). Revisão: Dr. Marcos Fábio B. Matos e MSc. Letícia Cardoso. Reportagem: Adriana de Sá, Carine Ribeiro, Ayra Carvalho, Claudyo Jackson, Dailane Santana, Delma de Assunção, Dilmara Tavares, Diulia Sousa, Dyego Wilson, Ellyne Barbosa, Fernando Costa, Francisco Lima, Jadiel Reis, Jairo Moraes, João Batista Guimarães, Zé Luis Costa, Pedro Jader, Raildo Portela, Rayza Machado, Renata Fonseca, Ricardo Magno, Sabrina Chamorro e Wyviann Costa.
Diagramação: Adenilson S. de Oliveira, Adva A. Barros, Alan Milhomem, Alessandra F. da Rocha, Allana Cristina P. Marques, Ana Carla C. Rio, Azaías Lima Souza, Carla Kassis C. Farias, Chrystiane M. Sousa, Clésio M. Costa, Deijeane G. Morais, Eva F. de Souza, Fernando de Aquino Santos, Gilmara L. Teixeira, Gleiciane F. de Sousa, Grasiele G. da Silva, Hemerson P. da Silva, Jael M. de Sales, James P. Araújo, Jefferson de S. Moraes, Jessica Ruane S. Lima, Joaquim Nazaré R. de Mendonça, Kellyane B. de Sousa, Leonardo Varão, Letícia M. do Vale, Maria do Socorro F. de Castro, Mariana de S. Silva, Marta de O. Xavier, Mauricio A. Sousa, Max Dimes R. e Santos, Mirian G. de Oliveira, Mônica Brandão, Narcísio F. Cruz, Nilzeth A. Oliveira, Nubia Ângela C.
do Nascimento, Paula de Tarssia de S.Santos, Paulo Edson de M. Oliveira, Renata S. Costa, Ronie Petterson S. de Araújo, Rosana F. Barros, Roseane C.de Sousa, Simone M.Marinho, Thalyta O. Dias, Thuany Watina F. Silva, Wallikson Diniz B. dos Santos e Welbert de S. Queiroz. Fotografia: Adelaide S. Rodrigues, Adriana de Sá Sousa, André Wallyson F. da Silva, Ayra Carlane de O. Carvalho, Dailane S. Santana, Delma de Assunção Mota, Douglas Da S. Aguiar, Ellyne A. Barbosa, Fernando C. da Silva, Fernando Ralfer de J. Oliveira, Francisco L. de Almeida, Geovana C. Frasão, Gerusa Carla P. Cabral, Gizelle de J. Macedo, Isabella S. Plácido, Jadiel Barbosa Reis, Jenifer O. Pessoa, João Batista F.
Guimaraes, Joyce Theotônia Benigno Magalhaes, Lara de Paula Nascimento Oliveira, Larissa Fernanda Santana Rolim, Larissa Pereira Santos, Leide Silva Oliveira, Lierbeth da Silva Sa, Luana Barros Alves dos Santos, Luisa Maria M. Cirqueira, Maria José C. Vieira, Maria Talita N. Bessa Câmara, Marilia Otero de Alencar, Mario Clemilson A. da Silva, Nayane Cristina R. de Brito, Nícia de O. Santos, Pricila Aranha Gama, Raildo dos S. de Jesus, Raimundo Nonato de O. Pereira, Rayza M. de Morais, Renata R. da Fonseca, Rodrigo N. Reis, Thays Silva Assunção, Victor Aurélio Batista P. de Sousa, Vinicius L. Beserra, William Castro e Wyviann C. Silva. Contatos: www.imperatriznoticias.com.br | Fone: (99) 3221-7627 Email: contato@imperatriznoticias.com.br
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História Construção da estrada no final da década de 1950 fez com que a cidade se consolidasse como ponto comercial para muitos municípios do seu entorno GEOVANA FRASÃO
Belém-Brasília marca expansão de Imperatriz SABRINA CHAMORRO
A rodovia Belém-Brasília, com 2200 quilômetros de extensão, ao mesmo tempo em que integrou o país também dividiu não só o território de uma cidade, mas toda sua história. Imperatriz, na década de 1960, época em que foi inaugurada a estrada, vivenciou o maior surto de desenvolvimento. Do dia para a noite, o então pacato município recebeu pessoas de todas as partes do país e também mais casas e automóveis. Várias foram as consequências desse progresso desenfreado: o comércio e a pecuária se avolumaram e grandes usinas de beneficiamento se instalaram na cidade, que ganhou a fama de “capital do arroz”. Em 1960, Imperatriz tinha 39.169 habitantes, contando com os moradores de Montes Altos, e passou para 80.827 habitantes em 1970, já sem aquele distrito. Ou seja, mais do que dobrou a população da cidade em apenas uma década, mesmo com a perda de cerca de 10 mil pessoas e a redução do território. Na década de 1970, 64,1% dos moradores não eram naturais do município. Em 1980 esse quadro continuou praticamente o mesmo. De acordo com IBGE, o crescimento urbano no período de 19601970 foi de 313,9% e de 1960-1980, de 221,8%.
Desmembramento - Esse crescimento desordenado fez surgi-
rem novos povoados e aumentar a população de outros. Isso, além da falta de maior assistência por parte da administração municipal, levou algumas localidades a se destacarem e, assim, garantirem a elevação a municípios. A primeira foi a vila de Montes Altos, que em 1955 virou município e abocanhou uma área de 1.338 Km² do território imperatrizense. Em 1961, o povoado Gameleira virou João Lisboa, com 1.127 km². Açailândia foi pelo mesmo caminho em 1981, levando 5.806 km². Algum tempo depois, em 1997, seis municípios novos foram criados: Cidelândia, Governador Edison Lobão, Davinópolis, São Francisco do Brejão, Vila Nova dos Martírios e São Pedro da Água Branca, sendo que este último pegou território tanto de Imperatriz quanto de Açailândia. Com isso, Imperatriz passou a ter somente 1.368 km² de área total. Para o vereador e jornalista Edmilson Sanches, uma emancipação municipal é consequência de fatores como a população, a economia, o interesse político e, muitas vezes, falta de assistência aos distritos. Sendo assim, elas não podem ser planejadas e nem vistas negativamente. “Por mais que um prefeito de Imperatriz trabalhasse por um distrito, dificilmente o progresso se daria na mesma proporção em que ocorre com uma administração própria, próxima dos cidadãos, que devem observar, acompanhar, eleger e cobrar”.
Entrada da cidade de Imperatriz, via Belém-Brasília: ao longo das décadas vários municípios foram desmembrados, mas não afetaram expansão
Prova disso é o município de Açailândia, que após conquistar a sua autonomia tornou-se um dos mais importantes polos industriais do Maranhão.
Esse desmembramento de Imperatriz possui pontos positivos e negativos, segundo o vereador. Se a cidade ainda mantivesse a posse desses ex-povoados, haveria mais
área para o desenvolvimento de projetos rurais, em contrapartida, o crescimento geral dessa região sofreria uma grande desaceleração.
IBGE estima população superior a 240 mil no município Luisa Maria Cirqueira
pectativa é de que os dados sejam divulgados até dezembro, sendo apresentados gradativamente. Segundo o coordenador do IBGE na região, Wellinton Jorge, o Censo é realizado a cada 10 anos, resultando no retrato mais completo da população brasileira, uma vez que os questionários envolvem várias perguntas de importância para aplicação de políticas públicas pelo governo federal.
DYEGO WILSON
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estima que o Censo 2010 revele uma Imperatriz com mais de 240 mil habitantes. Em 2007, o número era de 236 mil. Na ocasião, a população ocupava uma área de 1.367,90 km², o que conferia ao município uma densidade demográfica de 167,9 habitantes por km². Até outubro de 2010, o Instituto já havia praticamente concluído o Censo na cidade e contabilizado 240.419 habitantes. De acordo com Viviane Lima de Freitas, agente censitária, no início da coleta era esperado um crescimento populacional acima da média, devido ao fato de o município estar situado em uma região caracterizada como polo de atração. Até outubro, as equipes do Censo 2010 percorreram as residências para a coleta de dados no município. Em Imperatriz, foram visitados aproximadamente 71 mil domicílios e as tarefas executadas com o auxílio de computadores de mão (pal-
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Expansão - “Imperatriz crescente,
Explosão populacional a partir da década de 1970 gerou problemas como a concentração das casas
mtops) que contêm os questionários da pesquisa, e também receptores de coordenadas geográficas (GPSs) e mapas digitais. A novidade do Censo 2010 é o
“questionário eletrônico”. Trata-se da primeira apuração totalmente informatizada e as respostas coletadas pelos recenseadores estão sendo enviadas via internet. A ex-
com as matizes do progresso, tens história imponente, pelo valor de teu sucesso”. O trecho do Hino de Imperatriz, composto pelo ex-prefeito José de Ribamar Fiquene, já anunciava o vultoso crescimento da cidade, que hoje ostenta os títulos de “Portal da Amazônia” e “Capital Brasileira da Energia”. A “pequena cidade”, como era conhecida, tornou-se, de forma desordenada, um aglomerado urbano. O desenvolvimento começou a partir da construção da rodovia Belém-Brasília e um dos fatores que contribuíram para comprovar esse
crescimento é a explosão populacional nos últimos 30 anos. Dados do IBGE revelam que, no período 1991 a 2000, a taxa de mortalidade infantil do município diminuiu 40,49%, passando de 74,73 em 1991 para 44,47 (a cada mil nascidos vivos) em 2000. A esperança de vida ao nascer cresceu 5,29 anos, passando de 59,09 anos em 1991 para 64,38 anos em 2000. Ainda não há previsões para 2010 quanto a esses dados. Segundo o professor de Geografia, José Carlos, na década de 1970 a cidade chegou a ser considerada a mais próspera do país, recebendo contingentes migratórios de diversos lugares do Brasil. Ele ressalta o elevado número de impactos ambientais causados por essa explosão populacional, entre eles a poluição das águas e do ar, além da erosão. “A cidade perdeu grandes áreas de florestas nativas e houve uma efetiva devastação do verde para a criação de novos setores industriais e novos bairros. Hoje é quase impossível ver matas nativas no município”, lamenta.
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DESCASO Norma estipula que “proprietários e inquilinos são responsáveis por conservar em perfeito estado de asseio seus quintais, pátios, prédios e terrenos”
Lei do Uso do Solo precisa de divulgação DOUGLAS AGUIAR
RICARDO MAGNO
Imperatriz é uma cidade com poucas avenidas e ruas estreitas. Com o “boom” verificado entre as décadas de 1960 a 1980, os serviços de edificação aumentaram, provocando o crescimento horizontal e o vertical do município. Surge daí a “necessidade de induzir a ocupação do solo de modo a conservar os recursos naturais e obter o desenvolvimento harmônico”, conforme menciona o artigo 11, inciso IV, do Plano Diretor Municipal. Com uma área de 1.367,901 km², a expansão desordenada da cidade gerou uma baixa densidade populacional, bairros com pouca infraestrutura além de inúmeros terrenos vagos. Somente em 2001 foi criado um Plano Diretor com o intuito de organizar o espaço do município. O artigo 17 desse documento instituiu: “Proprietários e inquilinos são responsáveis por conservar o perfeito estado de asseio de seus quintais, pátios, prédios e terrenos.” O artigo 18 explica que: “Os terrenos, bem como pátios e quintais situados dentro dos limites da cidade, devem ser mantidos livres de matos, água estagnada, lixo e quaisquer detritos que comprometam a saúde e segurança”. As penas cumulativas podem chegar a 632 reais. Contando com o auxílio de notificações pessoais, a imprensa e as denúncias da população, a fiscalização é feita pela Secretaria Municipal de Planejamento Urbano e Meio Ambiente (Sepluma), comandada por
Moradores da área ribeirinha convivem com o processo de erosão agravado pelo mau escoamento da água no solo e também pelo descaso com o lixo
Enéas Nunes Rocha. Ele cita que o dono do imóvel pode apenas cercar o terreno. Mas observa que na região central
da cidade é necessário que os terrenos sejam murados, evitando a ação de vândalos e contribuindo para a segurança pública.
Ele informa ainda que a maioria das pessoas notificadas na cidade passa a cumprir a legislação municipal.
Solos - Segundo o engenheiro agrônomo Armando Souza Costa, a topografia de Imperatriz apresenta predominância de relevo tabular, planaltos e chapadas com formação de serras. Os tipos de solos são o latossolo vermelho escuro (solos minerais profundos e bem drenados); as areias quartzosas (solos minerais, não hidromórficos de textura arenosa, pouco desenvolvido e com baixa fertilidade natural) e os solos litoicos (rasos, pouco evoluídos e de difícil decomposição). Com uma média pluviométrica anual de 1.400 mm, a cidade vem sofrendo constantes alagamentos devido ao processo de urbanização, ausência da rede de escoamento pluvial, redução da infiltração aquífera no solo e obstrução dos mecanismos de drenagem, causados pelo comum desrespeito ao Código de Postura. Nesse sentido, o inciso II do artigo 13 é claro ao avisar que: “A ninguém é lícito, sob qualquer pretexto, impedir ou dificultar o livre escoamento das águas pelos canos, valas, sarjetas ou canais de vias públicas, danificando ou obstruindo tais servidões”. Já o inciso II do artigo 15, é enfático ao proibir o escoamento de água servida da residência para as ruas da cidade. Sem aspectos fundamentais de planejamento, o traçado urbano se refletiu precário com ruas sem alinhamento e dimensões de lotes e quadras irregulares. A cidade foi crescendo com pouca infraestrutura.
Personagens históricas dão nome às principais ruas de Imperatriz ANA PULGATTI
possuir poucas avenidas amplas e largas. A Godofredo Viana, que é a É comum toda cidade home- terceira paralela ao rio Tocantins, nagear seus nomes mais importan- já foi chamada de rua da Boiada, tes. Em Imperatriz, autoridades mas em homenagem ao ex-chefe que tiveram grande importância do governo estadual que emanna cidade como políticos, escri- cipou a Vila de Imperatriz, a via tores, comerciantes e freis foram hoje tem o seu nome. homenageados em ruas que se cruA rua nominada em homenazam e receberam os seus nomes. É gem ao coronel Manoel Bandeira o caso de Simplício Moreira, Luis - um político e professor da cidaDomingues, Coriolano Milhomem, de nos seus tempos de vila - onde Coronel Maatualmente se noel Banconcentram deira, Sousa bares e resLima, Urbataurantes nono Santos e turnos, já foi a pioneira 15 Rua Godofredo Viana já foi chamada de de Novemrua do Quero chamada de rua da Boiada bro, agora e hoje é a poavenida Frei pular Getúlio Manoel ProVargas. cópio. Além Já a pondas avenidas te inaugurada Getúlio Varneste ano e gas e Dorgival Pinheiro de Sousa. que liga Imperatriz ao estado viHá 158 anos surgiu a Vila de zinho, o Tocantins, evoca o nome Imperatriz com uma única rua, do bispo Dom Affonso Felipe Gre84 casas ao longo do rio Tocan- gory, o primeiro a ocupar este cartins terminando em uma praça em go em Imperatriz. A ligação entre que foi construída a igreja matriz os estados tem atraído investiSanta Teresa D’Ávila. Hoje, a cida- mentos privados e trazido novas de tem característica e tamanho perspectivas de desenvolvimento de um centro regional, apesar de econômico e social.
CARINE RIBEIRO
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Quando surgiu, há 158 anos, a Vila de Imperatriz tinha uma única rua. Na foto, visão aérea da rua 15 de Novembro, uma das mais antigas da cidade
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DIFERENÇAS Contando com periferias e ocupações, Imperatriz reúne cerca de 80 bairros que oscilam entre o conforto e o descaso com as questões urbanas WILLIAM CASTRO
Contrastes entre bairros são comuns na cidade JAIRO MORAES
Imperatriz é a segunda maior cidade do Estado do Maranhão, com 43 bairros oficialmente registrados e com quase 80, contando com periferias e ocupações. Apesar de haver uma divisão mapeada destes locais, alguns moradores ainda têm dúvidas. Um exemplo disso é o bairro São José do Egito, que se encontra entre o Centro e o Bacuri, mas que se confunde com os dois, causando certo embaraço de identidade. A cidade possui alguns contrastes “bairrísticos”, relacionados às condições financeiras de seus moradores, levando a distintos modos de vida. O Jardim São Luís é um modesto bairro de classe média. Está situado em uma área bem arborizada que sombreia suas casas protegidas por cercas elétricas. Em suas ruas, em geral desertas, habitam a tranquilidade e o silêncio, cortado pelo canto dos pássaros que se alvoroçam nas árvores. Porém, nada é perfeito. “Não sei se
aqui é perigoso, mas, a escuridão das ruas, devido à falta de iluminação pública razoável, deixa o bairro meio tenebroso à noite”, afirma, descontente, o morador Renan Henrique, estudante de História. “As ruas, aqui, são completamente esburacadas e o esgoto passa por suas silhuetas”.
Condições financeiras dos moradores levam a distintos modos de vida O periférico bairro da Caema, localizado à beira do rio Tocantins, apresenta um contraste com tamanha tranquilidade, O batismo desse local se deu após a ocupação de muitas famílias em uma antiga sede abandonada da Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão (Caema). Formou-se, então, um extenso conglomerado de casas e bar-
racões por entre vielas e ruas no mais alto descuido. Não há saneamento básico e grande parte das crianças se diverte nos lixões que se aglomeram cada vez mais. A rústica paisagem do local, se olhada do rio, entra em contrastante choque com a beleza da Beira-Rio, que é nada menos do que o cartãopostal da cidade. Nos períodos chuvosos o rio enche, transborda e devora grande parte do bairro, expulsando muitos moradores. Outros ainda conseguem tirar algum proveito da situação. “A gente gosta de morar aqui. Quando alaga, pra gente é diversão, porque a gente passeia de canoa nas ruas do bairro, pescando e tirando onda”, afirma, sorrindo, o morador Raimundo Nonato Cunha Filho, mais conhecido como “Rande, o barbeirinho”. Apesar de todo esse agravante, pode-se notar uma união fraternal entre os moradores que estão sempre nas portas das casas, nos barzinhos e nas esquinas, batendo papo sobre tudo o que se possa imaginar.
No Jardim São Luís, entre a lama, buracos e belas casas, um retrato escancarado das diferenças
Garis sentem que desenvolvem trabalho “invisível” para a sociedade NAYANE CRISTINA ADRIANA DE SÁ
Para os trabalhadores, o serviço de coleta de lixo é uma verdadeira maratona diária, pois os garis passam horas correndo e às vezes são maltratados
A limpeza pública da cidade de Imperatriz é feita por pessoas “invisíveis” para maior parte da população. “A gente trabalha dia e noite pra sustentar a família. Não tivemos muita oportunidade pra estudar e trabalhar com dignidade. É um trabalho como outro qualquer. Não tenho vergonha de ser um gari, não”, desabafa, com um tom de revolta, o profissional José de Ribamar. Ele alega que às vezes as pessoas fingem que eles “não são ninguém’’. Para estes trabalhadores, o serviço é uma maratona. “Passamos horas correndo de um lado para o outro na cidade, recolhendo os lixos que ficam nas portas das casas, nas ruas. E às vezes ainda somos tratados mal quando chegamos em uma casa pedindo um copo de água”, relata outro profissional da limpeza pública municipal, João Henrique da Silva. Ele conta que muitas pessoas parecem ter nojo dos agentes que
atuam nas atividades de limpeza pública. A população percebe mais o resultado do trabalho de coleta e menos o ser humano por trás do serviço. Nos bairros mais afastados, os moradores estão insatisfeitos com a frequência em que o serviço ocorre, ao contrário daqueles que estão no Centro. “Nossos bairros às vezes caem até no esquecimento”, afirma Maria Raimunda, moradora do Ouro Verde. Sem o serviço de coleta, a população joga o lixo em terrenos baldios, o que deixa a cidade mais suja. No Centro, a história é diferente. “Cada rua tem o dia e horário certo para que a limpeza seja feita. Na minha mesmo, os caminhões de lixo passam no horário da noite”. É o que garante Antonia Roberta de Souza. Moradores entrevistados na região disseram que estão satisfeitos com a frequência da limpeza, pois a cada dois dias o lixo é recolhido das portas das casas.
Ribeirinhos podem passar por processo de desfavelização renata fonseca
A problemática das favelas é comum na maioria das grandes cidades e, em Imperatriz, não é diferente. Como em outros locais, aparenta ser uma realidade distante dos olhos da sociedade. São vários os pontos de favelização do município, mas o problema é mais acen-
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tuado na zona ribeirinha. O secretário de Planejamento Urbano e Meio Ambiente, Enéas Nunes Rocha, disse que para resolver este problema está em andamento um projeto de desfavelização do Bacuri, como forma de “desafogar” a população, dando uma condição de vida melhor para os ribeirinhos. Ainda segundo Enéas, esse é um
projeto que provém de recursos federais mapeados há alguns anos e está sendo executado. Quanto ao orçamento, conforme ressaltou o secretário, por enquanto Imperatriz ainda não tem recursos financeiros para a desfavelização. “Mas é um projeto que leva pelo menos uns 30 milhões de reais. Os beneficiados serão os moradores que re-
sidem próximo ao riacho Bacuri”. No entanto, o local para onde serão transferidos os ribeirinhos ainda é incerto. “Quando isso acontecer vai ser nas melhores condições para o futuro. A cidade vai se expandindo e terá condições logísticas para as pessoas morarem, trabalharem e ter facilidade de acesso”, assegura o secretário.
Em contrapartida, Manoel Coelho do Nascimento, morador ribeirinho, afirma que o modo como essas casas foram construídas ali deveria ter sido mais bem planejado. “Vivo aqui há muito tempo. Meu sonho era poder morar numa casa mais bem estruturada. Não importa que seja aqui na beira do rio”.
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coletivos Enquanto população reclama da desorganização dos horários e de poucas linhas, empresários se queixam de estrutura das ruas e da concorrência ilegal
Empresas de ônibus rebatem reclamações LEIDE OLIVEIRA
Tarifa cara, ruas estreitas, trânsito desordenado, paradas de ônibus sem estrutura e local definido são algumas das principais queixas dos usuários de transporte coletivo em Imperatriz. Empresas culpam poder público e política de gratuidade Rayza Machado
Sol escaldante, pouca sombra e um aglomerado de pessoas à expectativa de “pegar um coletivo”. Fato diário nas improvisadas paradas de ônibus de Imperatriz. Preço alto para longo tempo de espera, pouco conforto dos veículos, desorganização e lentidão na rota. A tarifa de transporte coletivo da cidade, R$ 2,30, equipara-se à das grandes capitais, perdendo somente para Florianópolis, onde a passagem custa em torno de R$ 2,80. O município conta com duas viações: a Branca do Leste (VBL) e a Aparecida. O gerente de transporte da VBL, Carlos Antônio de Souza, relata que a empresa possui 76 veículos, sendo acrescentados 15 ônibus novos, grandes e acessíveis para deficientes, obesos, idosos e
gestantes. No entanto, tais veículos não podem ser totalmente implantados para o tráfego por problemas no trânsito e infraestrutura. “A utilização dos microônibus é em função da deficiência das vias. Imperatriz possui ruas muito estreitas e trânsito desordenado. Um dos motivos do elevado preço da passagem”, explica o gerente. Ele acrescenta que há diversas categorias isentas de pagamento, tais como, agentes de saúde e estudantes em geral, que só pagam meia passagem e não são subsidiadas pela prefeitura. Ao contrário de outras cidades maiores, que, além de subsídio, contam com trânsito e vias melhores, resultando em menores tarifas. O gerente e proprietário da empresa Aparecida, Anderson Mateus Picoli, contabiliza 39 ônibus e qua-
tro microônibus. Argumenta que não pode aumentar sua frota sem passageiros suficientes. Por isso, “os microônibus rodam nas linhas que não têm capacidade financeira
Empresas de ônibus culpam táxis-lotação e vans pelo preço alto das tarifas
atrasa. Acho que deveria ter mais ônibus para o bairro onde moro”, reivindica a estudante Andressa Almeida Silva, moradora do bairro Centro Novo. Mateus Picoli afirma que o preço da passagem é alto “porque existe táxi de lotação, mototáxi, van e muita gente que não paga”. Dessa maneira, a falta de usuários é compensada na tarifa. Por conta disso, ele afirma que se continuar assim, a passagem ficará tão cara a ponto de inviabilizar o ônibus coletivo.
Tarifa - Sabe-se também que o de manter um ônibus grande”. Em consequência, os estudantes reclamam da desorganização nos horários. “Às vezes chego atrasada na escola porque o ônibus
preço é escolhido por meio de uma planilha de custos apresentada aos poderes executivo e legislativo do município, os quais irão analisála para definir a tarifa. Procedimento que engloba fatores como
pavimentação, concorrência com outras categorias de transporte e demanda de passageiros. Imperatriz é a única cidade do estado que tem o transporte coletivo totalmente licitado, segundo informa Mateus Picoli. Ao contrário de outras classes, licenciadas para se deslocar apenas de seu “ponto fixo” ao destino do passageiro. “E não rodar pela cidade fazendo lotação. Isso não existe na lei. Seria legalizar o ilegal”. Ao passo que os passageiros reclamam das empresas, estas se queixam de outras categorias e aguardam resolução da prefeitura. Enquanto isso, o chefe da Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes, José de Ribamar Alves Soares, demonstra esperança. “Estamos trabalhando para amenizar essas problemáticas”.
Aumento da frota de veículos causa problemas no trânsito da cidade
LARISSA ROLIM
Fernando Costa
Carros buzinam; cavalos tentam galopar amarrados por uma carroça; motos brigam por espaço; ônibus correm contra o tempo; muita fumaça e confusão em ruas estreitas. As vias estão lotadas. Está cada vez mais difícil circular nas ruas do centro da cidade e, em alguns casos, nos próprios bairros. “O trânsito de Imperatriz está cruel, no centro principalmente, tem muito congestionamento”, afirma o mototaxista Reinaldo Cardoso Campos. Segundo o Departamento Estadual de Trânsito do Maranhão (Detran), são 73.899 veículos registrados na segunda maior cidade do Maranhão e a tendência é aumentar. Dados do Detran revelam que Imperatriz é a cidade com maior
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número de veículos por pessoa, com uma proporção média de um veículo para cada 3,76 habitantes. O secretário de Trânsito e Transportes de Imperatriz, José de Ribamar Alves Soares, diz que esses números são preocupantes: “Isso naturalmente cria embaraços, porque a cidade não foi preparada para essa explosão em quantidade de veículos”. Ele afirma que a situação se torna mais grave com a presença de aproximadamente 15 mil veículos flutuantes, aqueles de cidades vizinhas que transitam diariamente por Imperatriz, inflando ainda mais o trânsito local. De janeiro a agosto de 2010, foram constatadas pouco mais de 11 mil notificações de trânsito na cidade. No ano de 2009, o total foi de 16,8 mil. Temendo uma situação mais
caótica, a Secretaria de Trânsito e Transportes (Setran) de Imperatriz vem realizando cursos de educação para o trânsito direcionados aos profissionais que trabalham com o transporte urbano. Outra medida tomada pela Setran para melhorar o tráfego foi o reordenamento de algumas ruas para que as mais sobrecarregadas tenham maior fluidez. Já sem o capacete e ao lado da moto amarela, Reinaldo Cardoso disse que participou do curso e destaca as vantagens: “O curso da Setran melhorou 70% a educação de quem participou. É uma pena que foram só quatro dias de treinamento”. Ele defende que a formação deveria ser aberta a todos os motoristas que se interessassem porque ainda falta muita educação nas ruas da cidade de Imperatriz.
Imperatriz tem mais de 80 mil veículos nas ruas, uma das principais causas da confusão no trânsito
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condução Disputa acirrada por passageiros envolve taxistas, táxi-lotação, mototaxistas registrados e clandestinos, além das empresas de ônibus
Serviços de transporte público em conflito LUANA BARROS Francisco Lima
Imperatriz vive hoje uma briga acirrada no transporte público, envolvendo os serviços de táxi-lotação, mototáxi e as empresas de ônibus. Em meio a tanta confusão, os usuários do transporte público são os maiores prejudicados. No Brasil, em alguns estados o serviço de táxi-lotação já é regulamentado. Os taxistas que trabalham desta forma na cidade contam com uma associação de cerca de 110 filiados que atuam no centro e nos bairros do grande Santa Rita. O presidente da entidade, Francisco de Sousa Silva, disse que para o serviço não parar foi preciso impetrar uma ação contra a prefeitura, coibindo-a de barrar o transporte de lotação. “O serviço de lotação tem que ser regulamentado, para que somente assim as autoridades possam exigir uma cobrança maior”, complementou o presidente. Os taxistas exigem das autoridades providências mantendo um número de veículos que assegure o transporte individual de passageiros, fixando tarifas e outras normais legais. Dessa forma, evitariam atritos entre o serviço de transporte individual (táxi) e o transporte coletivo (ônibus). Para isso, a associação pretende cobrar da prefeitura a regulamentação do serviço. Francisco informou, ainda, que não tem intenção de con-
Taxistas que trabalham com o serviço de lotação reivindicam a regulamentação da atividade, concordam com fiscalização e contam até com uma associação que reúne cerca de 110 filiados
frontar as empresas de transporte coletivo. Entretanto, almejam um acréscimo no preço da passagem de 25% a 30% acima do ônibus.
Já a população que depende do transporte público em Imperatriz diz ser favorável a esse tipo de serviço. “Acho que a população deve
cobrar das autoridades junto com os taxistas, a devida regulamentação”, relata a usuária Alzenir Vicente Alves de Sousa, residente no bair-
ro Santa Rita. Ela diz apoiar tanto o serviço do táxi-lotação quanto o aumento do número de mototaxistas na cidade.
Mototaxistas clandestinos enfrentam críticas dos regulamentados e cobram mais vagas Assim como o táxi-lotação, outra questão vem dando o que falar nos últimos anos. É a disputa entre os mototaxistas regulamentados e os clandestinos, que vai de agressões verbais a ameaças de mortes. Para alguns profissionais regulamentados, o
serviço de mototáxi clandestino está com os dias contados. Eles alegam que o serviço tem sido usado simplesmente como uma fachada para várias práticas de crimes. Os mototaxistas prestadores do serviço de forma clan-
destina criaram uma associação localizada na vila Lobão e presidida por Gilvan da Silva. O presidente disse que a entidade conta hoje com 100 mototaxistas ativos e mais 60 inativos, aqueles que não contribuem. Gilvan cobra da prefeitura mais
vagas, alegando que a demanda de usuários é bastante para todas as classes. Ele contou que a Ouvidoria do município prometeu abrir um edital de licitação para criação de mais 100 vagas. Em relação à conduta dos mototaxistas, o
presidente deixou bem claro que todos, ao se associarem, comprovaram, além de residência fixa na cidade, os seus antecedentes criminais. Portanto, afirma que, se existe algum mototaxista infringente, não pertence à associação. (Francisco Lima)
Ruas importantes passam por processo de reordenamento urbano MARCO GEHLEN Dilmara Tavares
Avenida Bernardo Sayão, desde maio, passou a ser de mão única e a rua Santa Teresa, que fica em paralelo, está servindo para escoar o trânsito
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A Secretaria de Trânsito e Transportes de Imperatriz (Setran) decidiu tomar algumas medidas no sentido de desafogar o trânsito da cidade e tentar minimizar, a curto prazo, os problemas frequentemente observados. Uma das soluções encontradas foi o reordenamento de algumas ruas, entre elas, as ruas Pernambuco, Alagoas, Henrique Dias, Beta, Rio de Janeiro, Bahia e Gonçalves Dias. Além da avenida Bernardo Sayão, que passou a ter sentido único depois de reforma da rua Santa Teresa. Para o mototaxista Raimundo Ferreira, a mudança da via é uma medida que gera um alívio provisório: “Vai ser bom, mas vai melhorar em um lugar e piorar em outro. A melhora praticamente vai ser somente no Centro, que
vai estar mais desafogado”. Segundo o secretário de Trânsito, José de Ribamar Alves Soares, a alteração no tráfego da avenida Bernardo Sayão gerou reclamações por parte da população e dos empresários da área. Os comerciantes argumentaram que a mudança afetaria o movimento do comércio. Diante da situação, a secretaria resolveu fazer um estudo e chegou à conclusão de que “todas as ruas comerciais dos grandes centros são de mão única”. O secretário acredita que outras medidas deverão ser tomadas a longo prazo. “Daqui a cinco anos o número de veículos tende a dobrar e teremos que pensar novas medidas, como construção de elevados e viadutos, aberturas de ruas, rodízios de placas e campanhas de incentivo ao uso do transporte público”.
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inclusão Além da carência de veículos urbanos adaptados para o transporte de portadores de necessidades especiais, Imperatriz tem também calçadas irregulares GERUSA CARLA
Acessibilidade ainda é rara em Imperatriz Delma Assunção
Apesar de a Lei Municipal 10.098, aprovada em dezembro de 2000, prometer a eliminação de qualquer obstáculo que impeça o deslocamento das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, em Imperatriz esta ainda é uma questão problemática. Nem sempre os locais públicos são adequados às necessidades dos idosos, cadeirantes e deficientes visuais, que sofrem com a situação. Entretanto, algumas iniciativas já podem ser observadas. A empresa de ônibus coletivo Viação Branca do Leste (VBL) disponibiliza um veículo adaptado, exclusivo para transportar gratuitamente pessoas com necessidades especiais ou mobilidade reduzida. Regivan Ribeiro dos Santos, motorista, argumenta ter o maior prazer em ajudar essas pessoas.
Existem 15 ônibus adaptados para portadores de necessidades especiais, segundo informa o secretário da empresa, Carlos Antonio de Souza. O usuário Alberto da Silva Costa defende que outras viações “deveriam colocar carros não só adaptados nas linhas, mas também para buscar nas casas”. Já a Viação Nossa Senhora Aparecida conta apenas com dois ônibus desse tipo. “Temos um para João Lisboa e outro para Governador Edson Lobão. A previsão é de vir mais coletivos já com esse preparo, para carregar essas pessoas”, revela o auxiliar de tráfego da empresa, Valdenei Feitosa dos Santos. Diane da Silva Lourenço tem um irmão cadeirante e depende dos transportes para ir à escola. “Minha mãe foi levar meu irmão na escola e pediu para o ônibus parar. Então o motorista falou que não iria parar, porque o ônibus não transportava cadeirante”.
Apesar das empresas de ônibus disponibilizarem 17 veículos adaptados para cadeirantes, frota ainda é insuficiente para atender aos usuários
Consciência - Calçadas com níveis irregulares em muitos locais e repletas de barracas de vendedores ambulantes e feirantes também atrapalham o trânsito de pessoas. “Tem que melhorar a educação do povo, tem muito lixo na rua. As pessoas usam a calçada para colocar suas barracas e o nível está
totalmente errado tanto para os cadeirantes quanto para as pessoas que andam nas ruas”, reclama Divino Silva de Moura. “É, andar nessas calçadas é um sobe e desce”, concorda o idoso Genésio Batista. Para a diretora da escola Governador Archer e da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais
(Apae), Maria de Oliveira, a lei “caducou”. “Poucas instituições como escolas, igrejas, prédios públicos e ônibus são adaptáveis para essas pessoas. De certa forma, é preciso que as políticas públicas vejam com mais carinho esse lado. Só assim pode melhorar essa questão”, avalia.
Mesmo com a ponte sobre o rio Tocantins, fluxo da balsa continua ANDRÉ WALLYSON
Após a inauguração da ponte, o serviço de transporte de carros, caminhões e pessoas sobre o rio Tocantins sofreu uma queda de 80% no seu fluxo, o que causou impactos diretos, principalmente, no comércio informal da balsa e no cais do porto Wyviann Costa
Mesmo após a inauguração da ponte sobre o rio Tocantins, a balsa controlada pela empresa Pipes continua seu trabalho, ainda que com o movimento bem menor. “Após a inauguração da ponte, o nosso movimento diminuiu em 80% no fluxo de carros, caminhões e pessoas. A previsão é de que a balsa permaneça, já que é de interesse da empresa”, relata o gerente da Pipes na cidade, Francisco de Sousa Lopes, conhecido como Dino.
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Em 1975, instalou-se em Imperatriz o serviço de transportes fluvial, a balsa, que veio para interligar os estados do Maranhão e do Tocantins, para melhor escoamento da produção. E assim foi durante anos até que, em 2007, começou a ser construída a ponte sobre o rio Tocantins. Logo após a inauguração da obra, a Pipes anunciou que sairia do município, mas, antes, fariam um teste deixando a balsa por mais um tempo. Passados alguns dias da inauguração da ponte Dom Afon-
so Felipe Gregori, o fluxo nos cais diminuiu, causando assim um prejuízo enorme para os comerciantes tanto do lado do Maranhão quanto do Tocantins.
Mudanças - “Antes, aqui era o porto da balsa, agora é o porto da bala¨, afirma o comerciante Francisco de Assis, que mantém um comércio informal há 10 anos na rua Luis Domingues. “Assim que a ponte foi inaugurada, a polícia saiu e os donos de vans ficaram no lugar do posto policial”, informou o co-
merciante Orlando Matos da Silva. Quem atravessa a ponte não vê policiamento logo que sai do Maranhão. No entanto, do lado do Tocantins, há um posto policial. Para o vanzeiro Franks Coelho, 26 anos, não houve uma interferência muito grande, pois, como eles são do Tocantins, as pessoas acabam passando pela balsa de qualquer forma. Dois municípios ficaram de fora do trajeto da Ponte: Bela Vista e Grota do Meio. Por isso, ainda usam balsa, conforme afirma a
estudante Anita Soares Ferreira. “É melhor, fica mais fácil do que dar uma volta toda”. Os vanzeiros garantem que a balsa de transporte de cargas ainda não parou. Eles ainda passam por lá, levando, inclusive, passageiros. Um fato relevante destacado pelos comerciantes moradores do cais do porto é: se eles tiverem que vender suas casas o preço vai ser bem menor do que era antes da ponte inaugurar. Caso bem diferente dos loteamentos que ficam bem próximos às margens da ponte.
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entrevista: adalberto franklin Em entrevista concedida ao Jornal Arrocha, o escritor e historiador imperatrizense Adalberto Franklin explica a polêmica criada em torno do Plano Diretor
“Plano Diretor da cidade foi votado e é lei” O Plano Diretor é um planejamento para até 30 anos, que contempla estudos técnicos especializados para demarcação das áreas de expansão industrial, residencial e proteção ambiental. Em entrevista concedi-
da ao Jornal Arrocha, o historiador e escritor imperatrizense, Adalberto Franklin, explica a polêmica criada em torno do embargo do Plano Diretor do Município (LC 02/2004).
Ele também opina a respeito dos melhores caminhos para o futuro econômico da cidade, que, na sua concepção, deve investir para se tornar um polo universitário. MARÍLIA OTERO
Cláudyo Jackson Jadiel Reis Pedro Jader
Antes de 1960, a rua 15 de Novembro era totalmente arborizada, com mangueiras e um canteiro central, segundo fotos da época. Um prefeito decidiu que aquilo era feio e mandou derrubar todas as árvores. Nós sofremos de um mal muito grande. No entanto, o município não dispõe de um projeto de arborização. Às vezes é algum prefeito ou um secretário que decide arborizar um trecho e depois abandona o plano. Não há nada que seja perene. O Plano Diretor é um planejamento para 10, 20 ou 30 anos, que contempla estudos técnicos especializados para demarcação das áreas, expansão industrial, residencial e proteção ambiental. Algumas estão sendo destruídas,
vo principal é capitalizar-se. O projeto Celmar é um exemplo claro da estratégia dessas empresas, em que se montou uma grande monocultura de eucalipto para gerar carvão para as siderúrgicas. Isso é um crime e o governo é quem financia.
O ex-prefeito Jomar Fernandes contesta na justiça o embargo do Plano Diretor, afirmando ter atendido todos os requisitos na época. Quem tem razão? Há motivação política? Quando o então prefeito Ildon O projeto de lei 4729/09, aprovado reMarques assumiu, ele agiu de forcentemente no Senado, cria em Imperama partidária nessa questão, entre triz a Zona de Processamento de Exporoutras, contestando tudo o que fez tação (ZPEs), como medida de estímulo seu antecessor. Entretanto, os propara a economia da região. Além disso, motores que acataram a denúncia essas ZPEs são áreas criadas para instaagiram de forma muito simplória, lação de indústrias, com incentivos fisporque não investigaram o caso. Se cais e cambiais e tratamento aduaneiro buscarmos os arquivos de jornais e diferenciado. Como a Política de Desendas emissoras de televisão da época, volvimento Econômico do Plano Diretor constata-se que foram cumpridos topode ajudar nesse processo? dos os pré-requisitos. Eu ouço isso há 20 Inclusive houve a puanos e não implantou-se blicização de todos os até hoje. Porém, creio que atos e o lançamento essas ZPEs não vão mudar na Associação Comer- “Hoje o que predomina no mundo e dinamiza a dinâmica de Imperatriz. cial. Era uma coisa tão Pode ajudar, contribuir, as cidades são os o setores de serviços, simples de se fazer...O mas há que se regulamenprincipalmente os de gerenciamento, Ministério Público Estar que tipo de indústria tadual é culpado. O vai se instalar aqui. As intelectuais e técnico-profissionais.” Plano Diretor foi votacidades que mais se desdo na Câmara, sanciotacam hoje no Brasil e no nado e é Lei. Isso que mundo não são cidades está acontecendo é um industriais. A questão da absurdo, pois há uma demora muito principalmente as que margeiam o indústria nos dias atuais está em segrande. A situação não se resolve faz Rio Tocantins. gundo plano. Hoje o que predomina cinco anos e só quem se prejudica é no mundo e dinamiza as cidades são Imperatriz. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agro- os o setores de serviços, principalpecuária (Embrapa) divulgou que apenas mente os de gerenciamento, intelecSe considerarmos a aplicabilidade da Lei 20% de todo o Maranhão está disponível tuais e técnico-profissionais. Complementar 02/04, que dispõe sobre para uso econômico do solo. O Plano DiImperatriz tem a possibilidaas diretrizes físico-ambientais, o municí- retor dispõe de normas gerais de zonea- de de se tornar um grande polo edupio deve criar uma política de drenagem mento, parcelamento, uso e ocupação do cacional, o que é mais importante e combate a inundações. Esse problema solo. Isso é possível? economicamente do que um distrito tem uma solução viável, levando-se em O município já tem Lei de Par- industrial. Investir na criação de um conta as novas práticas de engenharia celamento, Uso do Solo e Código de grande polo de saúde é mais imporambiental? Postura há muito tempo. A questão tante do que atrair indústrias. Um Creio que existem três proble- é que isso tinha que ser publicado exemplo claro dessa nova visão é a mas graves. Imperatriz é uma cidade como livro, a fim de que a popula- cidade de São Paulo, onde a produque cresceu muito rapidamente en- ção tivesse conhecimento e pudesse ção industrial não representa 20% tre 1960 e 1980. Talvez 10 vezes em fiscalizar. O Estado já fez um estu- do Produto Interno Bruto (PIB). Em 20 anos. Não há recurso para infra- do de zoneamento e temos alguns Nova Iorque, nos Estados Unidos, estrutura que consiga acompanhar problemas em algumas regiões. Às não representa 12% do PIB. As granum crescimento dessa magnitude. O vezes a gente percebe que não há des cidades gerenciam, ou seja, não município deve receber recursos fe- seriedade na aplicação dessa legisla- apenas fabricam. Elas têm inteligênderais, visto que o Estado não tem ção. O próprio Estado faz porque é cia para processar o controle admicondições e também não investiu obrigatório. Imperatriz é uma cida- nistrativo do país ou região. na área ao longo do tempo. Mas a de predominantemente urbana, com Caema é quem detém a A construção da Usina Hiconcessão de serviços drelétrica de Estreito, a na área saneamento, consolidação do polo unide esgoto e das dreversitário e a construção “Todo mundo bate palma, a imprensa nagens fluviais, sendo de shoppings centers dibate palma, o governo bate palma para sua responsabilidade namizam a economia e auos serviços desta natumentam as perspectivas de implantação de uma indústria que só vai reza e a aplicabilidade desenvolvimento para os destruir a cidade na questão ambiental” das drenagens. A falta próximos anos. Como o Plade conservação do que no Diretor contribui para ainda existe também é regularização fundiária e um problema. O potenquais os instrumentos que cial de drenagem da cidade é grande apenas 5% da população que vive em a prefeitura pode dispor para coibir as e não está sendo utilizado adequa- área rural. Mas mesmo assim nós te- especulações? damente. O serviço de limpeza das mos áreas que são degradadas e poA questão do crescimento da galerias de esgotos da área central é dem ser usadas de outra forma. Só construção civil, do setor imobiliáinexiste. Eu defendo que a conces- que o que se vê é o apoio do governo rio, é consequência também da essão deveria ser cassada pela Câmara a grandes empreendimentos que de- tabilidade da economia brasileira. Municipal, logo que não correspon- vastam e impedem a multiplicidade O município tem uma defasagem de aos anseios da comunidade. de culturas. Todo mundo bate pal- muito grande no setor habitacional. ma, a imprensa bate palma, o gover- Como a cidade não cresceu muito em Em que sentido a arborização da cidade no bate palma para implantação de termos populacionais nos últimos contribui para a qualidade de vida da uma indústria que só vai destruir a 20 anos, percebe-se que há uma forpopulação? cidade na questão ambiental, que é a te migração de pessoas que viviam Em Imperatriz há questões instalação de uma empresa produto- de aluguéis para a casa própria. históricas em relação à arborização. ra de papel e celulose, onde o objetiEsses grandes projetos econô-
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Escritor e historiador Adalberto Franklin: “Cidade tem que atentar para a Lei de Uso do Solo”
micos que estão se desenvolvendo na região podem atrair mais pessoas para Imperatriz, aumentando a população. Contudo, verificamos que estimativas da última pesquisa populacional do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontaram um decréscimo populacional. Isso significa que Imperatriz está se estruturando nessa questão. A acessibilidade de financiamentos habitacionais do governo federal, a estabilidade econômica e o aumento da renda das pessoas de classe média contribuiu para melhoria de vida das pessoas. Isso é favorável para
Imperatriz e impulsiona a economia, sendo fator primordial para o fenômeno da verticalização observada. Essa é uma tendência para os próximos 10 anos. O que a cidade tem que atentar é, principalmente, para as autorizações para a construção, uso e ocupação do solo para esses empreendimentos, dando prioridade às áreas de preservação ambiental e não deixando que se misturem setores comercial, industrial com o habitacional, pois esse é um problema sério para o futuro. Esses cuidados de gerenciamento e da projeção da cidade são necessários.
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frete Comerciantes, carroceiros e caminhoneiros denunciam desordem na logística de carga e descarga em um dos setores mais movimentados do comércio
Mercadinho: onde posso estacionar? JOYCE MAGALHÃES
Dailane Santana
Em frente ao Sesi, começo minha jornada pelo Mercadinho. O que procuro logo avisto: uns aglomerados pelas esquinas, outros em filas pelos acostamentos das calçadas e o mais inusitado: em frente a alguns armazéns. Essa é a rotina de quem faz carga, descarga e frete de mercadorias no local. A concorrência faz as carroças pararem à espera de clientes e o medo de trabalhar à noite leva os caminhoneiros a estacionar em frente aos depósitos, congestionando o trânsito e ocupando as calçadas. Prestar atenção na regulamentação das placas de trânsito é quase impossível. Umas estão cobertas por guardas-chuvas dos feirantes e outras, praticamente apagadas pelo tempo. No estacionamento das carroças a reclamação ouvida foi a de que eles perderam suas vagas. A placa está lá e indica que eles podem estacionar, mas os veículos automotivos não respeitam e ocupam o espaço. Todas essas confusões os obrigam a deixar as carroças em parte da rua, o que faz o trânsito muitas vezes ficar lento ou até parar. Os carroceiros são acusados de imprudentes e ouvem gritos e xingamentos de quem passa de carro pelo local. De acordo com a Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes de Imperatriz (Setran), todos os condutores de tração animal têm que fazer um curso de direção defensiva, primeiros socorros e legislação. Após o fim do treinamento, que aconteceu em janeiro,
Placas de trânsito que precisam de renovação e desrespeito com relação aos locais certos para estacionar são os principais problemas da região
a primeira turma de carroceiros recebeu a carteira de identificação de condutor e a partir daí foram convocados para realizar o emplacamento das carroças e a expedição dos alvarás.
Desordem - Antonio Figueiredo é carroceiro e está no ramo de
frete há 15 anos. Ele garantiu estar regularizado de acordo com a Setran. Participou do curso e está com sua carroça emplacada e com a licença em mãos, trabalhando de acordo com a lei. No entanto, denunciou que no Mercadinho não há fiscalização. “Antes o local onde nós estacionávamos era
Quase 90% do comércio é varejista
AYRA CARVALHO
Diulia Sousa
Não só por ser a segunda maior cidade do estado, mas também por fatores fundamentais, como sua localização, Imperatriz é uma forte potência econômica.O PIB chegou no ano de 2007 à casa do 1,4 bilhão, registrando aumento de cerca de 15% ao ano e com possibilidade de crescimento devido ao grande número de investimentos que a cidade vem recebendo. O município possui quase seis mil empresas devidamente cadastradas e cerca de 40 mil pessoas empregadas formando, assim, a camada economicamente ativa. Esta população é quem permite a sustentabilidade da economia das pequenas, médias e grandes lojas e empresas locais. Pesquisa desenvolvida pela Associação Comercial e Industrial de Imperatriz (ACII) informa que atualmente o setor logístico é composto 75% por micro e pequenas empresas. O comércio e a prestação de serviços somam 80% destes dados, incluindo empresas de médio e grande portes, segundo destaca o consultor da entidade, Eduardo Soares. Porém, na exportação, a cidade está com a balança comercial negativa.
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marcado e em um espaço bem maior”. Hoje, eles se baseiam por uma linha imaginária, além de terem o espaço de estacionamento reduzido. Outro fator importante são os caminhões de carga que também não estacionam em locais devidos. Jayme Henrique é comer-
Menino vende salgado nas ruas e sonha ser policial Ayra Carvalho
Comércios formal e informal convivem no maior centro comercial da cidade: o Calçadão
Na economia, destacam-se o centro de compras conhecido como Calçadão, e o popular Mercadinho, pois 87,3% do comércio de Imperatriz é varejista e 12,7%, atacadista, conforme os dados da pesquisa relatados por Eduardo Soares. Entre estes setores, os que mais geram lucros em uma escala gradativa são artigos de armarinho, vestimenta e calçados, seguidos de carros, autopeças e reparação de veículos. Em terceiro lugar, vem ganhando mais vi-
sibilidade o setor da construção civil. Os últimos ítens da lista são os produtos alimentícios, as bebidas e o fumo. Para dar apoio logístico, a cidade conta com uma unidade do Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e Pequenas Empresas (Sebrae). A subgerente Márcia Maria Martins afirma que a missão da entidade é incentivar a elaboração de projetos e fazer de tudo para que os negócios de seus clientes prosperem, contribuindo com o desenvolvimento econômico.
ciante e recebe mercadorias de fora duas vezes por semana. Ele disse que os horários de descargas não são fixos, mas geralmente acontecem de 5 às 10 horas. No Mercadinho não existe placa de sinalização e os próprios comerciantes é que fazem os horários. Jayme só concorda com uma sinalização durante o dia. À noite não há como fazer, pois as descargas e as normas seriam desrespeitadas, até porque os trabalhadores não querem ficar neste período e têm medo de assalto. A Setran informa que será contratado um engenheiro para fazer um estudo da área do Mercadinho e dos principais pontos críticos da cidade, para melhorar o fluxo do trânsito. Também existe um projeto em tramitação nas comissões técnicas da Câmara de Vereadores de Imperatriz, que, se aprovado, vai demarcar e disciplinar os horários indicados nas placas do setor Mercadinho. Outra forma de frete muito comum no Mercadinho são os carrinhos de mão. Eles cobram cerca de 2 a 5 reais por corrida e são essenciais para quem abusa na hora de comprar. Mas, não queira que eles levem suas compras a qualquer canto da cidade, pois quanto mais andam mais cobram. José da Silva tem um frete de carrinho de mão e mantém alguns clientes fixos. “Os fretes geralmente já são em especial para algum cliente, mas perdemos corridas pelo fato de alguns donos de armazém já terem seus próprios entregadores trabalhando na cidade.”
Humildade, bom-humor e força de vontade são características marcantes do menino de apenas 10 anos, que tem como ofício vender salgados na rua. T. B. A., nascido em Imperatriz, estuda o 5º ano do ensino fundamental em uma escola cujo nome ele não recorda. Tem pele clara, estatura média, é bastante curioso e sua brincadeira preferida é soltar pipa. De família simples, T.B.A. diz que vende salgados para manter suas próprias despesas e todo o dinheiro fica para ele mesmo. O trabalho é dividido com sua mãe e um irmão de apenas 11 anos. O pai conserta fogões e a mãe faz os salgados que são vendidos na porta de casa. T.B.A. estuda no turno matutino e trabalha nas ruas à tarde e o seu irmão faz o inverso. À noite, os dois vendem em uma peixaria na Beira-Rio. O salgado custa um real e eles
chegam a vender até 80 reais em alguns dias. Apesar do trabalho, T.B.A. se julga um garoto como qualquer outro. À noite, chega cedo em casa, pois além de ser perigoso ficar na rua, ele tem que estudar e fazer suas tarefas da escola. Mas apesar de tanto esforço, diz que fica de recuperação todos os anos e sua pior matéria é justamente matemática. Muito empolgado, o pequeno vendedor conta que já comprou uma bicicleta com seu próprio dinheiro. Como um bom negociante, o menino faz fiado apenas para seus amigos e, se por um acaso alguém se esquecer de pagar, ele faz a cobrança na casa da pessoa. Já levou muito calote ao longo desse um ano e meio de trabalho. O trabalhador honesto e que honra com seus compromissos tem o sonho de ser policial, embora seu pai queira que se torne advogado.
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MORADIA Com característica de polo universitário, Imperatriz atrai pessoas de outras regiões que buscam moradias com preços em conta e perto das faculdades
Condomínios aquecem mercado de imóveis GIZELLE MACEDO João Batista Guimarães
A partir do início desta década, com a implantação das faculdades particulares e a consequente oferta de novos cursos de nível superior, Imperatriz viu crescer uma nova modalidade de mercado, os condomínios residenciais. Construídos perto dessas instituições, atendem à demanda de moradia provisória, principalmente aos alunos provenientes de outras regiões, como o Sudeste do Pará e o Norte do Tocantins. A demanda por novos empreendimentos de pequeno e médio portes nas regiões próximas às faculdades chega a surpreender. Nas imediações da Faculdade de Imperatriz (Facimp), localizada no Residencial JK, o número de condomínios construídos e que servem de moradia aos alunos supera 10, sendo que pelo menos outros cinco estão em fase de construção. Basta observar mais atentamente nas proximidades da Fest, Fama, UFMA, UEMA e Unisulma para encontrar dezenas de outros condomínios que servem de moradia aos acadêmicos. Para o professor e economista Edgar Oliveira Santos, vice-diretor da Facimp, este tipo de negócio é rentável tanto para os proprietários quanto para os alunos e está dando certo porque em Imperatriz ainda não foram ampliadas as chamadas “repúblicas”, organizações sem fins lucrativos destinadas a albergar estudantes que vêm de outras cidades. “Os alunos chegam a Impe-
Forma preferida dos universitários, que costumam dividir o aluguel, os condomínos geralmente oferecem um ou dois quartos. Morar em uma quitinete, por exemplo, custa em média 400 reais
ratriz e como não conseguem encontrar locais para morarem oferecidos pela instituição, juntam-se com outros acadêmicos e alugam uma quitinete próximo aos locais onde vão estudar. Pelo fato de os estudos durarem apenas quatro anos, não há a necessidade de fixarem residência própria em Imperatriz”, afirmou Edgar Oliveira.
Para ele, a economia feita quando dois ou mais acadêmicos dividem aluguel é razoável, já que o preço do imóvel nestas áreas ainda não é tão alto. “Uma quitinete com dois quartos sai em média por 400 reais. Quando é pago por apenas uma pessoa o custo é alto, mas quando se divide esse valor entre três ou quatro se torna mais
fácil de administrar as despesas”. A acadêmica Dinay Oliveira de Carvalho mora em Jacundá (PA) e, ao ser aprovada no curso de Farmácia da Facimp, teve que aprender um novo estilo de vida, dividindo uma quitinete com mais duas amigas. Ela confessou que no início tudo foi muito difícil, mas acredita que, com o tempo, a
adaptação vai se tornando natural. “Preferimos alugar em um condomínio por ficar mais próximo à faculdade. Isso facilita muito a nossa vida, porque não precisamos pegar coletivo. Fazemos muitas amizades com pessoas de outras cidades e que vivem na mesma situação que a nossa”.
PAC promete estações de esgoto e reurbanização na cidade TALITA BESSA
esgoto, uma escola com 10 salas de aula, um centro comunitário, As obras do Programa de um posto de saúde e outro poliAceleração do Crescimento (PAC) cial. Também estão em andamento em Imperatriz totalizam um com- a implementação da rede de esgopromisso de investimento de 17 to, urbanização do riacho Bacuri, milhões de reais. O trabalho envol- esgotamento na Cafeteira e reguve a participação de cerca de 250 larização fundiária. trabalhadores, entre engenheiros, O engenheiro também expliarquitetos, carpinteiros, mestres cou como é procedida a escolha de obra, pedreiros dos locais onde e auxiliares. serão investiLocalizado dos os recursos em uma área de “Estou muito feliz com a do PAC. “Os es257 mil metros nova casa. Minha filha paços escolhiquadrados, o Redos para recejá até escolheu o seu canto Universiberem as obras tário é uma das quarto”, conta Williany fazem parte das principais obras Zonas Especiais Sales, uma das mães e deve abrigar as de Interesse Sofamílias que hoje beneficiadas. cial (Zeis). São vivem em situaáreas de assenção de risco em tamentos habicasebres à beira tacionais com do trecho Riacho Bacuri, situado população de baixa renda”. entre a Belém-Brasília e a BeiraEsses pontos são escolhidos Rio. de acordo com o projeto do goverSegundo coordenador de no federal, onde haja possibilidaEngenharia da Unidade Executo- de de urbanização e regularização ra Local (UEL), órgão responsável fundiária, conforme explicou o pelo cumprimento do PAC em Im- engenheiro. Em Imperatriz exisperatriz, Demosthenes Lima, as tem várias áreas assim, como as obras estão indo “muito bem”, já vilas Cafeteira e Fiquene, o Parque com mais de 35% do serviço com- Alvorada, Vilinha e Ouro Verde, pleto. Estão em construção 1,2 mil todas na lista do governo para recasas, três estações elevatórias de ceber os benefícios do PAC. Raildo Portela
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Casas do PAC em fase de acabamento no setor universitário, nas imediações da Vila Fiquene, devem abrigar famílias que vivem em situação de risco
No Centro de Referência do Grande Cafeteira, que trabalha diretamente com os beneficiados, o ambiente é de muito trabalho e confiança de que todas as obras vão ser concluídas no tempo cer-
to. Williany Sales, que é uma das muitas mães beneficiadas, diz que no início ficou intrigada e com medo, devido a tantas promessas, mas depois se traquilizou. “Estou muito feliz com a nova casa.
Minha filha já até escolheu o seu quarto”. Williany ainda diz que a casa veio em boa hora, porque a sua antiga residência não oferecia a segurança necessária para sua família.
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Jornal
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Arrocha
Ano I. Número 2 iMPERATRIZ, OUTUBRO de 2010
RAIMUNDO NONATO
RAIMUNDO NONATO
Praça de Fátima reúne religiosos, hippies, ambulantes, artistas de rua, taxistas e costuma abrigar manifestações políticas
Praça Brasil tem intensa movimentação de usuários de ônibus e alunos, além de incentivar conversas sobre diversos assuntos
Praças centrais: cotidiano e personagens Zé Luís Costa
As duas praças principais de Imperatriz, a de Fátima e a Brasil, andam de mãos dadas com a história da cidade. Cada uma com sua peculiaridade, mas ainda assim semelhantes em alguns aspectos, como as passeatas políticas que, de acordo com o momento, se iniciam na praça Brasil e finalizam na frente da catedral de Fátima. Há cerca de 30 anos esta última era um espaço do terreno da paróquia de Fátima, como fica claro nas conversas com os taxistas veteranos. “Desde que entrei na
vida de taxista, aqui neste ponto, uns 12 anos atrás sei que ela fazia parte do terreno da igreja. Hoje ela está sob a responsabilidade do poder público municipal”, afirma Paulo Sérgio, 40 anos. Niltão, 19 anos, trabalha há cinco em uma das lanchonetes da praça e reclama da pouca arborização. “Aqui tem poucas árvores. E ainda assim resolveram cortar, algumas dessas que ficavam aqui próximo ao lanche”. Enquanto conversamos, um personagem se destaca nas mesas das lanchonetes que se localizam quase no canto da praça com a igreja, divididas apenas por
uma viela. É o desenhista de rua Willian, que está fazendo o rosto de Bob Marley, já conhecido pelos regueiros, hippies e adeptos de uma vida alternativa na cidade, também ocupantes do espaço. As árvores que ficam sobre alguns bancos proporcionam sombras, que servem para o descanso no horário de almoço dos trabalhadores do comércio vizinho à praça. “Todos os dias quando dá certo eu venho repousar do almoço aqui”, diz timidamente a comerciária Viviane Laís Oliveira, de 19 anos. Em seu repouso, ela espera ansiosa a hora de encerrar o ex-
pediente do sábado, que para ela será às duas da tarde.
Cotidiano - Na praça Brasil, que tem como companhia o colégio Mourão Rangel, é pouca a movimentação em um sábado. Apenas aqueles que estão sofrendo com o sol no ponto de ônibus, sem um mínimo de conforto, permanecem no local. No meio de semana, em uma quarta, por exemplo, ela conta com a agitação dos alunos da escola, fazendo raiva a Geraldo Tavares. Taxista de 45 anos, que há 15 trabalha no ponto da praça Brasil, ele faz de tudo para zelar
uma ingazeira no meio da praça. “Eles querem ingá. Mas eu já disse para eles que ainda não estão maduros e para não derrubar”. As poucas sombras estão no ponto de táxi e na banca de revista de Edivaldo Gomes, onde o ônibus faz o retorno pela avenida Getúlio Vargas para chegar à rua Luís Domingues e seguir em direção ao viaduto. Edivaldo, com três anos vendendo revistas ali, fala pouco, demonstra desconfiança às minhas perguntas, mas reclama da escuridão durante a noite e da falta de segurança. Logo ele que fica com a banca aberta muitas vezes até as 22h30.
Falta de saneamento básico e pavimentação aflige principais bairros ELLYNE BARBOSA
população. O saneamento básico, a pavimentação e o fornecimento de Os vetores para o crescimen- água apresentam deficiências. to de uma cidade estão relacionados Segundo o morador do bairro diretamente com ações na infraes- Parque Tocantins, Givaldo Monteiro, trutura, saneamento básico e habi- o problema da falta de esgoto persistação. Hoje, Imperatriz está acom- te há mais de dez anos, sem falar nas panhando um surto demográfico, ruas que, no período chuvoso, ficam que pode ser percebido por todos os intrafegáveis. O secretário de Placantos. nejamento Urbano e Meio AmbienSe antes o município crescia te, Enéas Nunes Rocha, disse que o apenas de forma problema da falta horizontal, caude pavimentação sando grandes das ruas seria soludistâncias, baircionado logo após ros com pouca a época das chuvas O problema da falta infraestrutura, mais fortes. de esgoto persiste há além de inúmeJá em relação ros terrenos vaà iluminação públianos e ruas ficam gos, agora o que ca, vários bairros intrafegáveis se vê é sua exda cidade deixam no período chuvoso pansão vertical, muito a desejar. urbanizando as Nos mais distanáreas vazias da tes, como é o caso cidade. do Santa Inês, a No sensituação em alguns tido de João Lisboa, por exemplo, locais é preocupante, pois há ausênas construções de condomínios cia deste serviço em vários pontos. são feitas com uma visão moder- Em contraposição, neste mesmo na, lembrando a aparência de obras bairro, ao redor dos novos condodeste tipo nas grandes cidades. No mínios mais luxuosos, a iluminação entanto, embora Imperatriz viva o é de excelente qualidade. sabor do progresso, por outro lado Mesmo diante desta constataa desordem tomou proporções bem ção, o secretário Enéas Rocha afirma mais relevantes. Nos bairros da pe- que a iluminação pública de Imperiferia, e porque não dizer do cen- ratriz é bastante satisfatória. Ele tro, a falta de infraestrutura vem garante que os serviços são feitos causando grandes desconfortos à regularmente. Ellyne Barbosa
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Em relação à infraestrutura básica, muitos bairros de Imperatriz deixam a desejar. Na foto, o flagrante de uma rua totalmente intransitável
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