JORNAL LABORATÓRIO
GOIÂNIA | PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS | 2016 / 1
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Especial / Bem Estar
EDIÇÃO NOTURNO
água que mata a sede também corre no rio Cuidar da água é essencial para dar continuidade à vida. O consumo desse bem natural pode trazer benefícios, mas também malefícios, quando a sua exploração provoca impactos ambientais. Entenda como a água faz bem para o nosso organismo, assim como quais são as consequências de sua utilização inadequada. Págs. 8 e 9
a necessidade e o consumo Atualmente os padrões de satisfação passam a ser ditados pelo consumo. Está cada vez mais difícil dizer não aos gastos que ultrapassam o necessário. Cuidado! Consumismo pode virar patologia e merece atenção. Pág. 6 Através do esporte, deficientes buscam uma melhor qualidade de vida, superando seus limites e conquistando cada vez mais seu espaço dentro da sociedade. Veja como o esporte é um dos caminhos para alcançar o bem estar. Pág. 10
a rua é nossa Afinal, o que são Parklets? Eles surgiram para ajudar ou atrapalhar na mobilidade urbana? Confira mais sobre esse assunto. Pág. 4 e 5
Prefeitura de Goiânia
vencendo barreiras
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OPINIÃO
Eliane Gonçalves é formada em Nutrição, com mestrado em Educação e doutorado em Ciências Sociais. Participou da formação de instrutores de Yoga entre 1983 e 1986
Satisfação para poucos? Diagramação: Thereza Sanvés
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á muitas formas de começar a escrever sobre um tema. Um deles é definindo-o, a partir de significados disponíveis na língua e na cultura. Nesta chave também podemos incluir definições daquilo que ele não é ou o seu oposto. Assim, começo pela primeira. Segundo os dicionários, bem estar seria o estado de satisfação plena das exigências do corpo e do espírito; sensação de conforto, segurança, tranquilidade. Pela definição, notamos que o sentido de bem estar remete ao indivíduo, portanto algo que cada um precisa batalhar por. Mas vivemos em grupos, em coletividades, em sociedade. Somos, por assim dizer, mutuamente dependentes do bem estar uns dos outros. Se a vida coletiva (social) vai bem, a porção de bem-estar individual já começa a ser facilitada. Mas se vai mal, o esforço de cada um pode não resultar na satisfação de suas necessidades como expresso no conceito. Ademais, partes do conceito podem não ser correspondentes, por exemplo, segurança e conforto, já que podemos nos sentir seguros e desconfortáveis ou confortáveis, mas inseguros. A vida social ajuda a entender o paradoxo. O contrário de bem estar é mal estar. Mal estar também pode ser compreendido social e individualmente. Se nos sentimos mal fisicamente como quando estamos doentes, dizemos que não estamos bem, mas quase nunca dizemos o mesmo se nos referimos ao
mundo à nossa volta. Freud, pai da psicanálise, escreveu em 1930 um texto, hoje canônico, intitulado “mal estar na civilização”, no qual discute as formas de vida e as maneiras pelas quais os seres humanos buscam encontrar a felicidade enquanto lidam com as coerções da vida em sociedade. Essas formas variam desde as substâncias intoxicantes, o sexo, os prazeres da vida simples até as religiões. Freud, um descrente, critica tanto as religiões que prometem a experiência de um “sentimento oceânico” quanto à ideia de segurança. Viver não é seguro e o prazer está de todo modo associado a riscos e incertezas. De que adianta uma vida segura e miserável do ponto de vista do prazer? Eis a questão. A ideia de bem estar, portanto, é paradoxal no mínimo, já que não vivemos numa bolha, dependemos uns dos outros e nossa cota de felicidade e segurança está constantemente ameaçada. Assim, dormir bem, alimentar-se bem, fazer exercícios, levar a sério os cuidados com a saúde etc., pode não ser suficiente se nas ruas a mobilidade é precária, se a violência nos espreita a qualquer canto, se o ar que respiramos é de péssima qualidade, se a água é contaminada, se há lixo sem destino, se não temos a quem amar, se não temos amigos e por aí vai. Para muita gente, a sensação de bem estar se relaciona com corresponder a expectativas, com agradar, mas não com ser leal aos
próprios propósitos. Está claro que uma vida assim não gera bem estar nem individual nem social, pois o ser que acomoda todas as expectativas sociais e as corresponde explodirá de estresse emocional a certa altura da vida. Para outros, consumir bens materiais e simbólicos (modas, marcas, lugares, relações, tudo que eleva o status) promove bem estar, porque traz junto admiração, poder. Alguns são frugais, minimalistas, precisam de pouco para se sentirem bem; outros são mais exigentes, gulosos, “maximalistas”. Parece que não há uma régua ou escalas muito precisas para medir bem estar individual, somos muito diversos em nossas “necessidades”. Mas, se não existimos indivíduos de um lado, sociedade de outro, o que fazer em relação ao bem estar? Não quero ser normativa. Cada qual deve se perguntar sobre como devemos proceder e agir para que cada um/a de nós possa desfrutar sua parcela de bem estar em mais segurança, sem que para isso restem apenas sacrifícios aos outros. Não há vida boa se não for vida justa. Se a justiça é uma abstração, algo como um ideal a ser perseguido, devemos lutar, seguindo a Amarya Sen, por uma vida mais justa, com equidade (todos têm o básico) e liberdade, algo que nomeamos como democracia social e econômica ou a igualdade possível. Com este “pano de fundo” nossos hábitos e modos de vida “saudáveis” tendem a se projetar para todos, abrindo caminho para que possamos fazer, realmente, escolhas.
CHARGE
EXPEDIENTE ADMINISTRAÇÃO SUPERIOR DA PUC GOIÁS: GRÃO-CHANCELER Dom Washington Cruz, CP REITOR Profº Wolmir Therezio Amado VICE-REITORA Profª Olga Izilda Ronchi PRÓ-REITORA DE GRADUAÇÃO Profª Sônia Margarida G. Sousa PRÓ-REITORA DE EXTENSÃO E APOIO ESTUDANTIL Profª Márcia de Alencar Santana PRÓ-REITORA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA Profª Milca Severino Pereira PRÓ-REITORA DE DES. INSTITUCIONAL Profª. Helenisa Maria Gomes de Oliveira Neto PRÓ-REITOR DE ADMINISTRAÇÃO Profº Daniel Rodrigues Barbosa PRÓ-REITOR DE COMUNICAÇÃO Profº Eduardo Rodrigues da Silva
PRÓ-REITOR DE SAÚDE Profº José Antonio Lôbo CHEFE DE GABINETE Profº Lorenzo Lago JORNAL IMPRESSÕES Direção da Escola de Comunicação: Profª Sabrina Moreira Coordenação do Curso de Jornalismo: Profº Antônio Carlos Cunha Professores: Antônio Carlos Cunha, Carolina Goos, Carolina Melo, Mariana Calaça, Rogério Borges, Salvio Juliano, Samuel Vaz Edição Geral: Profº Rogério Borges Projeto gráfico: Profº Salvio Juliano Reportagens: 3º período de Jornalismo Fotografias: 2º período de Jornalismo Edição e Diagramação: 5º período de Jornalismo Monitoria: Thereza Sanvés (8º Período) / Ingrid Cardoso (7º Período)
EDITORIAL A qualidade de vida motiva as ações cotidianas. Desde a formação acadêmica até a inclusão no mercado de tra- balho, as escolhas são direcionadas pelo sentimento de satisfação. Além das necessidades básicas, uma série de novas demandas se apresentam, norteadas por parâ- metros culturais e sociais. Mas, afinal de contas, o que é bem estar para você? Uma vida simples, ligada à nature- za, desacelerada do ritmo moderno? O conforto material, garantido pela vida incessante na cidade? O equilíbrio espiritual? O Impressões, nesta edição, propõe-se a pensar o bem estar na atual sociedade. Aproveite a leitura
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empresas
Ginástica laboral como prevenção O objetivo é combater doenças físicas e mentais, sintomas psicossomáticos e conflitos interpessoais
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oda atividade exercida em ambiente de trabalho tem o potencial de gerar problemas aos colaboradores da empresa, sejam físicos ou mentais. Cada trabalho tem a sua particularidade e requer os seus devidos cuidados. Pensando nisso, empresas goianas começaram a apostar na ginástica laboral durante o horário de trabalho, garantido assim a qualidade de vida do profissional. A atividade laboral é uma série de exercícios físicos praticados no ambiente de trabalho, que podem ser orientados pelos profissionais de Fisioterapia ou de Educação Física. A proposta é colocar o trabalhador em boas condições para a rotina diária da empresa. O professor de Educação Física, Rodrigo Gregório, explica que as atividades proporcionam benefícios no ambiente de trabalho, mas também nos horários de descanso dos funcionários e empregados. “Os benefícios da atividade laboral são enormes, inclusive refletem para que você se sinta melhor em casa, prevenindo ou aliviando alguma dor”. Wesley Pagnam, 22 anos, é funcionário de uma empresa de Telecomunicações e participa das atividades oferecidas na empresa. “A ginastica laboral me auxilia muito na função aqui no Call Center. Eu consegui corrigir a má postura e outros vícios que eu tinha em frente do computador”, afirma. O Serviço Social da Industria (Sesi), em parceria com empresas goianas, iniciou um projeto que leva as atividades laborais para os trabalhadores. Os exercícios são oferecidos por três meses em parceria com o Sesi, após esse período os empresários devem continuar com as atividades por conta própria. A promoção de um colaborador atento e assíduo são os objetivos que levam a valorização das atividades laborais pelos empresá-
>> Kayque Juliano e Lorena Melo rios. Para o gerente de Marketing e Relações do Mercado, Bruno Godinho, 30 anos, as empresas também se interessam pelo melhor rendimento da produção. “As instituições que investem em seus colaboradores por meio de programas de qualidade de vida, bem estar e saúde observam um rendimento também na produção”, afirma. Pesquisa realizada em 2011 pela mestre em Psicologia Social e do Trabalho, Ivone Felix, mostra que locais com falta ou baixa qualidade de vida no trabalho conduzem parte dos colaboradores a apresentarem algum tipo de doença mental, assim como estresse e o distresse, sintomas psicossomáticos e conflitos interpessoais. O distresse vem do resultado de um desequilíbrio existente entre as exigências e os recursos disponíveis que o colaborador tem, para fazer cumprir essas exigências.
Quando um trabalhador é exposto a um processo prolongado de tentativas de lidar com determinadas condições de distresse, sem sucesso, a situação pode desenvolver problemas no âmbito físico, social e psicológico. “No âmbito psicológico e social, a síndrome de burnout, que se caracteriza pelo estado depressivo, precedido de esgotamento físico e mental, se apresenta como epidemia organizacional que pode levar o colaborador à ansiedade e até mesmo ao suicídio. No âmbito físico, pode levar o colaborador a desenvolver doenças como a Lesão por Esforços Repetitivos (Ler), o Distúrbio Oesteomusculares Relacionadas ao Trabalho (Dort), a Lesão por Trabalho Cumulativo (LTC), doenças cardiovasculares, gastrointestinais, enxaquecas, dentre outras”, afirma a pesquisadora Ivone Felix.
Principais benefícios
* Prevenção das doenças profissionais; * Combate e prevenção do sedentarismo, estresse, depressão, ansiedade, etc; * Melhora da flexibilidade, força, coordenação, agilidade e resistência, promovendo maior mobilidade e melhor postura; * Promove a sensação de disposição e bem estar para a jornada de trabalho; * Reduz a sensação de fadiga no final da jornada; * Melhora a autoestima;
* Combate as tensões emocionais; * Melhora a atenção e concentração; * Favorece o relacionamento social e o trabalho em equipe; * Melhoria das relações interpessoais; * Reduz os gastos com afastamento e substituição de pessoal; * Diminui afastamentos médicos, acidentes e lesões; * Melhora a imagem da instituição junto aos empregados e à sociedade.
Foto: Raquel Lima
Texto: Evandro de Jesus e Kamila Michelle Edição: Kayque Juliano e Lorena Melo Diagramação: Ana Paula
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espaço urbano
Mais pessoas, menos carros Parklets ocupam espaços públicos de Goiânia e abrem o debate sobre a importância de reduzir a quantidade de carros nas ruas em 2012, antes de sermos chamado pela Bienal de Arquitetura”. A universitária Millena Cristine, 24, todos os dias utiliza o parklet da Ricarprojeto desenvolvido inicialmen- do Paranhos para encontrar seus amigos. te em São Francisco, Califórnia “Acabou se tornando um ponto de en(EUA), em 2010, vem ganhando contro antes de fazermos nossa corrida. espaço na cidade de Goiânia. Os parklets Sempre paramos aqui para descansar”, são áreas de convivência e lazer locali- conta. A administradora de empresas, Cazados nas vagas de estacionamentos das roline Bueno, 35, é totalmente a favor dos ruas. São uma extensão das calçadas, com projetos de mobilidade urbana que têm espaço para descanso e estacionamento ocupado Goiânia. De acordo com ela, a de bicicletas, o que incentivam usuários a população precisa seguir o exemplo de ouutilizar meios de transportes alternativos. tras cidades e utilizar melhor os espaços Em Goiânia, o primeiro parklet foi públicos. instalado em maio de 2015. Atualmente, Já o vendedor Ari Kamenach, 63, criexistem quatro desses espaços de convitica o projeto, pois alega que há vência na capital. De acordo com carros demais nas ruas e os o diretor de Turismo, Fernando parklets acabam compliGuimarães, da Agência Mu“Esse parklet acabou cando ainda mais o trânnicipal de Turismo, Eventos sito. Para ele, os meios e Lazer (Agetul), a ideia se tornando um alternativos devem ser surgiu do próprio prefeito incentivados, mas não ponto de encontro de Goiânia, Paulo Garcia, há como deixar o carao ver uma reportagem antes de corrermos” ro de lado. “Nem todo sobre o assunto ainda em mundo trabalha perto Millena Cristine, 2012. “O prefeito convidou de casa, vivemos numa ciusuária Lincoln Paiva, do Instituto dade quente e o empresário Mobilidade Verde, para que nos não está preparado para oferecer orientasse sobre a regulamentação em uma estrutura adequada a seus Goiânia. O projeto precisa do financia- funcio- nários para essa iniciativa”, diz. mento de empresas privadas. A empresa O ambientalista Lincoln Paiva, em enentra com a parte financeira e mão de trevista ao Caugo, disse que o debate é um obra e a prefeitura com a parte administrativa e a liberação de alvarás”. O ambientalista e presidente do Instituto Mobilidade Verde (IMV), Lincoln Paiva, em entrevista ao Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Goiás (Caugo) durante o evento Ocupa Goiânia, afirmou que a capital goiana foi a primeira do País a se interessar pelo projeto. “Goiânia, por incrível que pareça, foi a primeira cidade onde a gente falou sobre parklets. Eu dei uma entrevista a uma revista sobre o assunto e o prefeito Paulo Garcia leu, ligou pra gente, pediu pra gente vir aqui, isso Texto: Ingrid Cardoso e Gelcio Filho Edição e Diagramação: Gelcio Filho
Foto: Wildes Barbosa / Jornal O Popular
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Parklets e mobilidade urbana O que é um parklet?
É uma extensão da calçada, mini praça instalada no lugar de uma ou duas vagas de estacionamento nas vias públicas, e que funciona como um espaço público de lazer e convivência. O espaço pode conter bancos, mesas, floreiras, guarda-sóis, lixeiras, paraciclos, entre outros elementos que propiciam mais conforto e lazer aos usuários.
O que é mobilidade urbana?
O marco na questão da mobilidade urbana ocorreu em 2012, com a publicação da Lei Federal 12.581 (Lei da Mobilidade), que institui as diretrizes da política federal de mobilidade urbana. De acordo com essa lei, mobilidade urbana é a condição em que se realizam os deslocamentos de pessoas e cargas no espaço urbano. Fonte: Dossiê Mobilidade. Mobilidade Urbana e Qualidade de Vida. Erika Cristine Kneib.
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Projeto visa debate público
Parceria entre poder público e privado O diretor de Turismo da Agetul, Fernando Guimarães, explica que para viabilizar o projeto, a pessoa física ou jurídica interessada deve procurar Agetul para receber as orientações sobre a documentação necessária, que deve ser protocolada junto ao órgão.
Foto: Prefeitura de Goiânia
dos principais propósitos dos parklets. Para Paiva, sentar num parklet é um ato político e automaticamente traz questionamentos como “mas olha, isso aqui pode? Mas está na rua? O que está acontecendo?”. Perguntas estas que as pessoas não discutem no dia a dia. “Essa é a discussão que a gente quer provocar, esse é o primeiro passo, a medida que as pessoas começam a perceber que elas podem se apropriar desse espaço, que esse espaço é delas, elas começam a olhar para outras questões”. Para ele, o debate sobre os problemas urbanos, inclusive sobre a segurança, terá impulso quando as pessoas, de fato, ocuparem a rua. Entretanto, o dossiê sobre mobilidade urbana, elaborado pela professora da Universidade Federal de Goiás (UFG), Erika Cristine Kneib, e publicado pela Revista UFG de julho de 2012, afirma que melhorar a mobilidade urbana não é tão simples, pois se faz necessária uma mudança no padrão cultural existente. A premissa básica, para essa mudança, de acordo com Erika Kneib, é a priorização e valorização dos modos coletivos e não motorizados de descolamento. “O modelo adotado hoje se baseia em garantir a fluidez e o espaço para os automóveis. E a sociedade tem arcado com altos custos por conta dessa opção”, afirma.
A prefeitura é responsável apenas pela regulamentação. Os custos de implantação, manutenção e retirada são de responsabilidade do interessado. Conforme explica o coordenador da equipe de Comunicação e Marketing da empresa que se interessou pela construção do primeiro parklet em Goiânia, Ademar Terto de Moura Júnior, a prefeitura lida com toda a parte legal, ou seja, a liberação do espaço para utilização, que seria de um a dois carros, a disponibilização da licença do local para um período de um ano com possibilidade de renovação para três anos. Em troca disso, toda a parte financeira, de construção, manutenção, mão-de-obra fica por parte da empresa. Para Ademar, o projeto é importante para as empresas porque ajuda a aproximar o público e moradores, além de valorizar o local. “Agregou muito à região, principalmente aqui na Ricardo Paranhos. Também ajudou por causa da existência de muitos locais de convivência social por aqui, como pista de corrida, o Parque Areião e áreas verdes. Para nós, é interessante estar próximo a essas atitudes com o público. Tivemos bons re-
sultados no lançamento e as pessoas realmente utilizam o espaço”, afirma. O diretor Técnico da Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC), que trabalha com a mobilidade urbana na cidade de Goiânia, Domingos Sávio Afonso, acredita que o projeto é importante para a implantação do cidadão no convívio urbano da cidade. “O objetivo da implantação dos parklets é exatamente inserir o cidadão na cena urbana, proporcionando a interatividade deste com o pedestre de maneira harmoniosa, confortável e ocupando espaços que antes eram destinados aos veículos”. Ele acredita que Goiânia está cada vez mais adquirindo o conceito de cidade sustentável e isso pode influenciar os goianos a terem hábitos sustentáveis. “Goiânia até o ano de 2012 não tinha um único quilômetro de ciclovia utilizado para deslocamentos pela cidade. Hoje, temos 5,7 km de ciclovia, 15 km de ciclofaixas utilizadas para lazer aos domingos. Estamos construindo o trecho cicloviário do corredor na avenida T-7 com uma extensão de 8,1km. Já foram implantados quatro unidades de parklets, nesse ano”.
7 DIRETRIZES PARA MELHORIA DA MOBILIDADE URBANA 1 Melhorar o transporte coletivo a partir da implantação de corredores preferenciais
2 Priorizar o pedestre 3 Garantir a infraestrutura para os ciclistas 4 Regular os estacionamentos
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Onde encontrar os parklets
5 Melhorar o trânsito 6 Implantar projetos estruturantes para transporte coletivo: O BRT – Bus Rapid Transit e o VLT – Veículo Leve sobre Trilhos
7 Planejar a mobilidade urbana
Fonte: Dossiê Mobilidade. Mobilidade Urbana e Qualidade de Vida. Erika Cristine Kneib.
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Praça Adélia Martins, na rua 137, Setor Marista
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Avenida 136, em frente ao edifício Executive Tower, Setor Marista
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Alameda Ricardo Paranhos, em frente ao Espaço EBM.
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Comportamento NECESSIDADE ou COMPULSÃO?
sequentemente, acarreta o sentimento de arrependimento, culpa, frustração, configura-se a psicopatologia chamada oniomania, mais conhecida como a doença dos endividados. Segundo o psicólogo, “a oniomania é como um vício, um transtorno do controle do impulso, que gera ansiedade, stress e é passivo de tratamento e intervenção clinica”. A pessoa que sofre com Para o sociólogo, Rogério Araújo, a oniomania não consegue controlar o impulso de publicidade é um mecanismo importan- comprar e, mesmo sem precisar de determinado te para despertar nos indivíduos desejos objeto, compra apenas pelo ato de adquiri-lo. e necessidades, que confundem sobre as Em casos mais extremos a pessoa nem mesmo reais necessidades. “Consumir envolve chega a utilizar o objeto comprado. “Há pessoas que tem cinco, dez cartões uma dimensão de distinção, ou seja, um de crédito, e está estourado em todos eles. se difere do outro porque consome uma No momento em que a pessoa mercadoria que o outro não pode está consumindo, pode sentir ter acesso”. uma espécie de bem estar, Valéria (nome fictício), “Há pessoas que mas depois ela vai ter o após perceber que o consuônus da culpa e da dimo se tornou um problema têm cinco, dez mensão das dívidas”, na gestão de sua vida ficartões de crédito, afirma o sociólogo Ronanceira, procurou ajuda gério Araújo. em um grupo de Devedores e está estourado As dívidas e o desAnônimos e hoje consegue em todos eles’’ controle financeiro são controlar a compulsão. “Eu um sinal de que o proconsumia por todos os motivos Rogério Araújo, blema deve ser enfrentado. que você pode imaginar: por orSociólogo “Entendi que precisava de gulho, para mostrar que eu podia, tratamento quando percebi que para comprar afeto. Eu tenho comnão conseguia sair da montanha russa de fapulsão pelo novo, e também comzer dívidas, sofrer para pagar, pagar e fazer pulsão alimentar. Gastava para tudo de novo. Vivia enlouquecida, triste e veaplacar algum sentimento de tristeza ou rifiquei que só reclamava da falta de dinheimesmo de alegria. Eu nunca soube esperar, queria tudo na hora e por motivos que ro”, lembra Valéria. A pessoa que é diagnosticada com onioeu ainda estou descobrindo”, conta. mania precisa primeiramente entender e aceitar essa condição para que um tratamento efetivo seja aplicado. “O tratamento é a psicoterapia, a mudança de hábitos e, para os casos mais graves, tratamento medicamentoso com Mas quando, de fato, o ato de consumir o acompanhamento de um psiquiatra”. deixa de gerar bem estar Não se atinge a efetiva cura, mas o equie se torna uma patologia? líbrio do quadro. “Esta doença não tem cura, Para o psicólogo, Marcetem recuperação. Eu sigo os ensinamentos dos lo Ribeiro Montefusco, Devedores Anônimos para manter a doença “é a partir do momento sob controle. Cada dia é um novo começo e se em que a pessoa não coneu me afastar do acompanhamento tudo pode segue resistir ao impulso voltar”, afirma Valéria, que enfrentou o tratade comprar, mesmo não mento da doença dos endividados. tendo a necessidade, traSegundo o psicólogo, Marcelo Montezendo prejuízo à vida fusco, “o equilíbrio depende de cada indivífinanceira, aos relacionaduo. Muitos nunca mais terão recaídas por mentos, emocionalmente terem a atitude correta diante do problema, e socialmente”. mudando hábitos, rotinas, se esquivando e Quando o conevitando os estímulos disparadores da comsumo passa a gerar pulsão, outros, no entanto, terão recaídas por endividamento e, connão se resguardarem.”
De um lado, a garantia das necessidades básicas; de outro, o consumo para o alívio de problemas pessoais Texto: Panmela Barros Edição:Emanuelle Ribeiro e Ronaldo Gomes Diagramação: Ronaldo Gomes
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onsumir água, alimentos saudáveis, vestuário, livros, saberes, vivências é ato natural e fundamental para a qualidade de vida. O problema se apresenta quando o consumo se torna uma compulsão, especialmente com o reforço das induções simbólicas geradas pela publicidade. Atualmente, os novos padrões de satisfação passam a ser ditados pelo consumo, como se ele determinasse o próprio status da cidadania e trouxesse o bem estar tão almejado. Segundo o sociólogo, Rogério Araújo, “consumir passa por uma noção de cidadania. As pessoas que tem acesso ao consumo se sentem cidadãs. E as pessoas que não consomem por questões financeiras se sentem excluídas do processo, na medida em que não podem ter acesso aos bens de consumo tão desejados”. Torna-se cada vez mais difícil dizer não ao consumo além do necessário. Os meios de comunicação não apenas facilitam como também influenciam. Publicidades criam necessidades, as promoções estimulam, os crediários ajudam por meio de parcelamentos a perder de vista. Há ainda a facilidade na entrega. O e-commerce.
Patologia social
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vícios
Os motivos para começar e as dificuldade em parar Dados da OMS apontam que os jovens são os mais prejudicados pela dependência Texto: Stefanny Alves Edição: Luiz Henrique Martins e Izabella Crystinna Moura Diagramação: Kayque Juliano
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ente e corpo saudáveis garantem qualidade de vida, mas este equilíbrio pode ser interrompi- filhos reclamavam”, lembra. Motivada do por um fator: o vício. Esta é a situação pelos filhos, enfrentou a abstinência sem de milhões de brasileiros dependentes de tratamento ou ajuda profissional, o que, álcool e cigarro. Segundo a Pesquisa Na- segundo ela, tornou o processo mais docional de Saúde (PNS), realizada pelo Ins- loroso e traumático. “Não consigo mais tituto Brasileiro de Geografia e Estatística chegar perto de pessoas que fumam. É (IBGE), em 2013, 24% dos brasileiros aci- como se o cheiro estivesse no suor e isso ma dos 18 anos costumam consumir bebime deixa muito enjoada”. da alcóolica uma vez por semana. A pesquisa revelou também Em Goiás, esse índice chega a que o número de homens 25,4%. Os dados também fumantes é maior do que “Era só eu apontam que o percentuo de mulheres. Normalacender um al de adultos fumantes no mente o primeiro conPaís chega a 14,7%, sentato ocorre em idade cigarro e as do 12,7% de fumantes escolar. O auxiliar de pessoas me diários. sulfatagem, Lucas FerMais comum entre os nandes, 21 anos, afirma olhavam torto“ moradores da área rural que a adolescência foi o Maria José (17,4%) do que da região período da curiosidade em Aposentada urbana (14,6%), o consumo do relação ao cigarro. “Comecei tabaco muitas vezes começa na ina fumar aos 14 anos por influência fância. A aposentada Maria José Alves de da música, ao ver os vocalistas de Jesus, 60 anos, teve seu primeiro contato b a n - das fumando em shows e vídeos”. com o tabaco aos 12 anos, quando ainda O jovem, que não fuma há três meses, já morava no interior de Goiás. Incentivada havia tentado parar antes, mas sofreu repor parentes e vizinhos, começou a fumar caídas e se recusa a receber qualquer tipo diariamente e o vício se estendeu até a sua de tratamento. vida adulta. Em Goiânia, o tratamento contra o taQuando completou 54 anos de idade, bagismo é realizado pela Secretaria Municom a saúde debilitada, Maria José resol- cipal de Saúde (SMS) nos postos de saúdes veu parar de fumar. “Era só eu acender da cidade. Profissionais da área da saúde um cigarro que as pessoas me olhavam se reúnem com grupos formados por pestorto e saíam perto de mim, o cheiro fica- soas interessadas em parar de fumar, para va grudado em minhas roupas, até meus iniciar o tratamento.
Riscos do álcool De acordo com o Relatório Global sobre Álcool e Saúde da Organização Mundial da Saúde (OMS), divulgado em 2014, cerca de 3,3 milhões de mortes são causadas, por ano, devido ao uso nocivo do álcool no mundo. No Brasil, cerca de 63% dos índices de cirrose hepática registrados estão associadas ao álcool, além de 18% dos acidentes de trânsito entre homens e mulheres em 2012. Os Centros de Apoio Psicossocial (CAPS) da Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia são responsáveis por oferecer tratamento e acompanhamento aos dependentes de álcool e outras drogas. A gestora Maria Vanusa de Araújo, do CAPS da região Noroeste, destaca a importância do acompanhamento médico e assistencial. “Além do tratamento para o paciente, que é acolhido em nossa unidade por uma ampla equipe composta por médicos, psicólogos e assistentes sociais, é oferecido também acompanhamento aos familiares do usuário”. Como o objetivo de ampliar o atendimento na unidade, a partir do próximo ano o CAPS Noroeste passa a atender 24h por dia. Adolescentes expostos a membros da família que fumam e bebem têm maior tendência a repetirem o comportamento, o que independe de influência genética. O grupo de convívio é um fator de risco para o início do consumo de álcool e tabaco. “Comecei a beber por volta dos 13 anos, socialmente”, diz Carlos Henrique, 23 anos. Por estética e motivos de saúde, o profissional da área da Educação Física, que não bebe desde 2012, optou por uma mudança de rotina que incluiu a namorada e os alunos. “A iniciativa foi minha, mas um incentiva ao outro, e incentivo meus alunos também”, afirma.
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O consumo inadequado de água favorece infecções e desequilibra os processos fisiológicos Texto: Maysa Alves e Bianca Sales Edição: Maysa Alves e Bianca Sales Diagramação: Maysa Alves
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consumo de água é essencial para a manutenção da saúde e do bom funcionamento do corpo humano. Mas a ingestão do líquido nem sempre é prioridade ao longo de um dia corrido na cidade. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), uma perda de 10% de água no organismo pode gerar distúrbios graves, e acima de 20% pode acarretar a morte. “A falta de água no organismo provoca a desidratação, altera o trânsito intestinal e favorece os processos infecciosos, principalmente nas vias respiratórias”, afirma o médico Stenio Antônio, que ainda destaca que o Centro-Oeste é a região mais seca do País. A ingestão insuficiente de água durante o dia e o excesso de proteína provocaram cálculo renal, a popular “pedra nos rins”, no jornalista Graciliano Cândido, de 28 anos. Ele precisou fazer três cirurgias e aprendeu a lição. Hoje, o jornalista chega a consumir três litros por dia. A OMS recomenta a ingestão de no mínimo dois litros, o que equivale a oito copos durante um dia. A quantidade de água existente no organismo humano varia em função da idade, do sexo e da quantidade de tecido adiposo. Entre outras funções, o líquido é fundamental para os processos fisiológicos de digestão, absorção e excreção. Além de ajudar a regular a temperatura corporal e a manutenção da homeostase, ou seja, a capacidade de regulação do ambiente interno do corpo. O especialista em Homeopatia, pósgraduado em Ortomolecular e Nutrologia Esportiva, Ícaro Alcântara, ressalta que “cerca de 23% dos ossos, 70% do organismo, 77% seu cérebro e 92% do sangue são compostos por água”. Pensando no benefício que água leva para o corpo humano, o homeopata criou um aplicativo para aparelhos móveis com a finalidade de auxiliar o usuário a consumir 200 ml
de água de hora em hora, mesmo não tendo sede, a fim de prevenir doenças. O aplicativo já foi baixado por 100 mil pessoas.
>>Atividade Física A eliminação de água pelo corpo ocorre através da respiração, do suor e da urina. Durante a intensa prática de atividades físicas, o corpo tende a eliminar uma maior quantidade de líquido, sendo fundamental a preocupação com a hidratação, alerta o professor de Educação Física, Vinicius Braga. “O ideal para a atividade de intensidade moderada seria a ingestão de cerca de 600 ml de água gelada antes da atividade, em pequenos goles. Ou em maior quantidade de 15 em 15 minutos e após o treino. Devemos ter cuidado para não ingerir água em excesso para evitar dores de cabeça e náuseas durante as atividades˜, afirma o professor. Segundo a fisioterapeuta dermatofuncional, Marcella Lopes Garcia, a ingestão correta da água melhora a circulação sanguínea, aperfeiçoa a irrigação das células, evita a perda do colágeno, e funciona como aliada na batalha contra o aparecimento de celulite, linhas de expressão e rugas. “Com a ausência da água, a pele pode sofrer inflamações, favorecendo o contato da dermatite e psoríase, além de sofrer a desidratação”, explica.
MITOS X VERDADES Tomar água gelada queima calorias? VERDADE: Quando ingere o líquido gelado o corpo trabalha para aquecê-lo. A temperatura do corpo humano é cerca de 36º C e para queimar calorias a água gelada deve estar em torno de 4º C.
Água demais pode fazer mal? VERDADE: Tomar mais de cinco li tros por hora, pode fazer mal ao organismo do ser humano. Em pessoas saudáveis, os rins filtram em média 800 a 1000 ml de água em uma hora.
Beberágua durante a refeição atrapalha digestão? MITO. O consumo de água durante as refeições não interfere na digestão. Não existe embasamento científico para justificar essa afirmação.
A água com gás hidrata menos que a natural? MITO: Não existem estudos que corroborem esta afirmação. A água com gás e sem gás tem a mesma capacidade de hidratação.
Foto: Raul Luchese
Um líquido valioso
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Entrevista / Rosane Gama
‘A crise hídrica poderia ser prevenida’ Durante o período de seca em Goiás, em 2015, especialmente entre os meses de julho a setembro, regiões periféricas de Goiânia e cidades do interior, como Senador Canedo e Goiás Velho, enfrentaram a falta do abastecimento de água em residências e comércios. Entre as consequências, a estiagem deixou baixo o nível da água dos rios da região. A geógrafa e diretora técnica da Hidrologia e Planejamento Ambiental (Hidrogoiás), Rosane Gama, fala ao Impressões sobre a crise hídrica no País e em Goiás e alerta: “Somente quando estivermos morrendo de sede e fome, é que saberemos o valor que a água tem.” Como a crise da falta de água observada em diferentes regiões do País pode ser prevenida? A crise hídrica vivida nos dias atuais poderia ser prevenida caso tivéssemos os investimentos necessários sendo priorizados. Existem grandes estudiosos brasileiros, inclusive, que previram essa crise, e os técnicos da Agência Nacional de Águas (ANA) também já comentavam essa situação, antes mesmo da sua instalação em grande parte das nossas regiões brasileiras.
ça, até chegar às nossas torneiras. Pois que fique bem claro, pagamos pelo nosso consumo e não pelo bombeamento da água bruta. Recentes tragédias ambientais impactaram os recursos hídricos no Brasil, como elas acontecem?
A principal tragédia ambiental que impacta os recursos hídricos no Brasil é o crescimento desordenado e sem planejamento das cidades brasileiras. Com esse crescimento, aumenta o escoamento de lixo para os rios que cortam esComo a crise hídrica reflete no Estasas cidades, aumenta o volume de esgodo de Goiás? to que é jogado “in natura” nos rios, pois a grande maioria São diversos fatores das cidades brasileiras não envolvidos nessa crise, conta com tratamento “As tragédias como, por exemplo, a de esgoto doméstico hídricas nunca falta de planejamento e industrial, e as que por parte dos órgãos possuem não tratam vêm sozinhas, estaduais que detêm 100% das suas cargas, trazem consigo o poder de gestão e isso é uma tragédia desses recursos, o diária para os recursos consequências desperdício nas aduhídricos e para a sua que afetam toras de distribuição biodiversidade. (se perde muita água outras áreas.” potável pelo meio do caAs tragédias refletem minho), a falta de conscienquais consequências? tização por parte das diversas classes de usuários, principalmente As tragédias hídricas nunca vêm os usuários urbanos, que não sabem, ou não sozinhas, trazem consigo consequências que querem saber, o trabalho que é realizado afetam outras áreas governamentais, como a para a proteção dos cursos d’ água, o mon- saúde pública, que por si só, já é uma tragédia tante de dinheiro e mão-de-obra envolvida, no nosso país. Somente quando estivermos enfim, pensam que esse é um recurso que é morrendo de sede e fome, é que saberemos o captado na natureza, e que nos é dado de gra- valor que a água tem.
VOCÊ SABIA?
Mariana A cidade de Mariana é sede do maior desastre ambiental do Brasil. Com o sistema de abastecimento afetado pela poluição do rio Doce, a água potável virou item de luxo. Em 5 de novembro, o município mineiro foi atingido pela destruição da barragem do Fundão, da mineradora Samarco. Segunda a geógrafa Rosane Gama, a tragédia ocorrida pode afetar a vida marinha por mais de um século. Há pesquisadores que chegam a dizer em três séculos.
Emagrecimento
O consumo de água é fundamental para ajudar no emagrecimento. Os alimentos ricos em água têm poucas calorias. Melancia e rabanete ajudam a desinchar o corpo, diminuem o apetite e tomate cru também faz parte desse procedimento.
pH
A água tem um percentual Hidrogeniônico (pH) ideal para o consumo humano. O ideal é consumir água alcalina, pH superior a 7 (neutro). Já a água ácida tem o pH abaixo de 7.
10 Impressões [2016 | 1] superação
Para-atletas rompem seus limites, ganham autoestima e reconhecimento em competições internacionais Texto: Lorrayne Alves Rodrigues Edição: Frederico Coelho, Ivana Muniz e Wanessa Rúbio Diagramação: Lucas Alves Cunha
te melhora a condição cardiovascular, o sistema cardiorrespiratório, melhora a resistência, agilidade, a coordenação motora”, afirma. Outra atleta goiana que vem se desBrasil é reconhecido como tacando é Jane Rodrigues. Ela teve pouma potência no paradespor- liomielite com três anos de idade e, em to mundial. Isto, em grande 2003, foi convidada pela Associação dos parte, devido ao resultado do último Deficientes Físicos do Estado de Goiás Pan Americano realizado em 2015 em (Adfego) a praticar esportes. Começou Toronto, no Canadá, quando o País com o tênis de mesa e, na modalidade, foi conquistou um total de 257 medalhas. medalha de ouro nos Jogos Parapan-ameAlém do destaque em competições e ricanos de 2011, no México, de 2009, na Venezuela, e em 2007 no Brasil. torneios, a inclusão de deficientes Conquistou o título de camfísicos no esporte vem promobrasileira por 11 vezes, vendo benefícios à saúde e à “O esporte está peã além de ter sido eleita três autoestima. “É comprovado vezes a melhor atleta das no centro da que o esporte traz benefíAméricas. cios à saúde física e mental, minha vida ” Com a prática esporalém de melhorar a qualitiva, Jane descobriu hadade de vida das pessoas que Jane Rodrigues, bilidades que jamais imasofrem algum tipo de deficiatleta ginava ter. “Hoje sou atleta ência”, afirma o educador físico, profissional, então o esporte Thiago Nunes. O atleta goiano paraolímpico, Jor- a l é m de ser uma paixão, um prazer, celey Moreira, lesionou a coluna após também é meu trabalho. Conheci meu sofrer um disparo de arma de fogo. Ca- esposo no esporte e minha filha pratica deirante, pratica tênis de mesa e possui também. O esporte está no centro da miuma coleção com mais de 60 medalhas nha vida”, afirma. Hoje, Jane Rodrigues pratica tiro com de competições. Participou dos jogos Parapan-americano no Rio de Janeiro em arco e já coleciona vitórias. Conquistou 2007, na Venezuela em 2009 e o Parapan duas medalhas de ouro no Arizona Cup e de Toronto. “O esporte sem dúvida pro- foi medalha de ouro em 2015 no Campeomove a melhora da qualidade em minha nato Internacional Indoor (Mica). De forvida e esse é o motivo maior para eu estar ma inédita, ganhou a medalha de ouro praticando não só o tênis de mesa, mas nos Jogos Parapan-americanos outros esportes que são fundamentais ao em 2015. Atualmente, a atleta ocupa o 2º lugar do ranking meu condicionamento físico”. A falta do exercício físico pode oca- brasileiro olímpico e o 1º sionar lesões por causa da locomoção, lugar no ranking brasino caso dos cadeirantes, depressão, ex- leiro paralímpico. O preconceito cesso de peso, má circulação sanguínea, sono, alterações no humor, alerta o edu- é outra barreira cador físico, Thiago Nunes. “O espor- enfrentada por
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Local acolhedor Em Goiânia, a Associação dos Deficientes Físicos do Estado de Goiás (ADFEGO) surgiu em 1981 com a iniciativa de um grupo de deficientes físicos que se reuniam no Estádio Olímpico em Goiânia. O objetivo era o de inserir os deficientes na sociedade, dando apoio na busca de empregos e ajudando nas atividades físicas. Atualmente a Adfego conta com mais de sete mil associados, não possui fins lucrativos e conta com a ajuda do governo Estadual. Os principais serviços da associação ocorrem por meio de assistência social, conclusão do ensino fundamental e médio, clínica de fisioterapia, ortopedia e neurologia, psicologia e fonoaudiologia. A entidade também oferece modalidades de esportes olímpicos, e atua para a inclusão dos deficientes no mercado de trabalho.
quem possui algum tipo de deficiência. As vitórias nas competições contribuem para a superação do problema. “O esporte faz com que os deficientes, superem melhor seus limites, porque toda vez que vencem um obstáculo é como estivessem vencendo aquele próprio preconceito”, ressalta Thiago. >> Jane Rodrigues, atleta
Confederação Brasileira de Tênis de Mesa
Deficientes físicos se destacam no esporte
Reeducação Alimentar
[2016 | 1] Impressões
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mal e isso estava afetava seu casamento. “Por estar acima do peso já estava me sentindo doente, me sentia fatigada ao fazer diversas atividades e meu marido estava pegando bastante no meu pé pela a minha aparência. Ele não estava gostando muito do que via e, sempre quando íamos sair, eu dava desculpas, pois nenhuma roupa ficava boa, estava com vergonha do meu corpo”. A especialista Nayane Talita afirma que é comum as pessoas se sentirem culpadas. enlatados e embutidos. Aumentei o con- “Nos meus atendimentos clínicos, percebo sumo de frutas e legumes, passei a con- que algumas características são frequentes, sumir integrais”, relembra a blogueira. vergonha, angústia, autodesvalorizaSem recursos financeiros, Adriana ção, dificuldade em estabelecer nunca procurou a ajuda de um autoconfiança e de se ex“Minhas refeições nutricionista. “Acompanho pressar emocionalmente”. estes profissionais nas redes Ela explica que o psicóloeram rápidas, sociais e pego as dicas que go no processo de reedurefeições prontas postam”. cação alimentar ajuda o e doces. Quando paciente a estabelecer uma nova relação com Tratamento percebi, estava acima a comida. “No processo do peso”. psicoterapêutico, o paA psicóloga Nayane Talita Adriana Elias, ciente irá distinguir o que é explica que além da má alimenblogueira fome do que é dificuldade para tação, há os fatores psicológicos que lidar com alguma problemática em levam ao sobrepeso. “Muitas pessoas lisua vida.” dam de forma inadequada com os problemas Se- gundo a psicóloga, não é possível que se apresentam ao longo de suas vidas. O comportamento alimentar desajustado é um prever a duração de um tratamento de pessoas que lutam contra o peso. “Assim como o exemplo de uma dessas inadequações”. Para a nutricionista, Mônica de Jesus, tratamento para qualquer demanda psicolóentre os fatores que contribuem para o ga- gica, o fluxo e a finalização dependerão das nho de peso está a genética. Ela afirma que respostas terapêuticas de cada paciente.” Ela a maioria das pessoas que procuram ajuda ressalta ainda que outros fatores, não somenpara a perda de peso se encontram entre a te psicológicos, podem interagir na determinação do sobrepeso, como as disfunções faixa etária de 14 e 35 anos. Dalyla Caetano lembra que, quando es- endócrinas e metabólicas, além de fatores tava acima do peso, constantemente se sentia ambientais e sociais.
Perder para ganhar
Vergonha, autodesvalorização e sentimento de culpa são problemas de quem está acima do peso Texto: Henrique de Castro e Aldeliza Alves Edição: Ana Paula Vieria; Rosania Alves Freitas e Suzany Marques Diagramação: Letícia Fonseca Bastos
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e acordo com uma pesquisa realizada pela Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico, em 2012, do Ministério da Saúde, 51% da população brasileira está acima do peso. Em Goiânia, o índice é de 49%, sendo que 14% dos goianienses sofrem de obesidade. O relatório mostra ainda que o sedentarismo e a má alimentação são os principais fatores que geram o peso em excesso. Segundo a nutricionista, Mônica de Jesus, para manter o peso ideal é necessária a aquisição de novos hábitos de vida. “O indivíduo deve manter uma reeducação alimentar, de preferência aliada com a atividade física”. Ela pontua a necessidade do acompanhamento profissional. A blogueira fitness Adriana Elias Lopes emagreceu 22 quilos em três anos. Devido ao alto consumo de embutidos, enlatados, fast foods, Adriana chegou a engordar 11 kg em um ano. “Eu iniciei minha reeducação alimentar em Portugal. Naquela época, minhas refeições eram rápidas, refeições prontas e doces. Quando percebi, estava acima do peso”. A psicóloga e especialista em Análise Comportamental Clínica, Nayane Talita Gobato, relata que a maior alegação entre seus pacientes que não conseguem perder peso é a falta de tempo para se alimentar corretamente. “A falta de tempo para o preparo de alimentos saudáveis, dificuldade de acesso a uma alimentação balanceada e indisposição para a prática de atividade física são argumentos que também fazem parte dos relatos”, afirma. Adriana Elias começou diminuindo o sal e cortando o açúcar. “Retirei todos os
Ajuda profissional
A estudante de Administração, Dalyla Caetano, quando resolveu emagrecer, procurou um nutricionista. “Com a consulta, minha cabeça mudou e senti bastante segurança. A reeducação alimentar não é um bicho de sete cabeças”. Segundo a estudante, o desafio nada mais é do que aprender a comer correto e moderadamente. Conforme os resultados foram aparecendo, Dalyla foi se sentindo mais motivada. “Quando percebi que estava conseguindo e não estava sofrendo tanto, foi me dando mais ânimo. De acordo com Mônica de Jesus, a reeducação alimentar contribui para a preservação da saúde geral do paciente. “A reeducação propicia reduzir o percentual
de gordura, diminui a possibilidade de possíveis problemas cardíacos e promove a regulação hormonal. Ela também melhora os valores nutricionais da dieta do indivíduo. O principal fundamento desta melhora é buscar qualidade de vida, ajudando na prevenção de doenças”, diz. Dalyla iniciou a reeducação há menos de um ano e já perdeu 19 kg. “Cheguei a 78kg e hoje alcancei 59kg. Em nove meses, consegui eliminar 19kg. Meu médico disse que o peso ideal para minha altura, de 1,54 m, seria em média 53kg. Nessa fase de quase finalização, sinto mais dificuldades para perder peso, acho que devido ao corpo ter se acostumado com a nova rotina. Mas, com paciência, chego lá”.
12 Impressões [2016 | 1] práticas alternativas
Em busca do autoconhecimento Meditação da Lua Cheia, a céu aberto, reúne adeptos em vários lugares do mundo, incluindo Goiânia os parques da cidade. Segundo os organizadores, a lua tem efeitos sobre as marés e sobre toda a água do planeta, assim ela também atua corpo humano, que é composto por cerca de 70% de água. significado da palavra meditação Ganhando adeptos a cada mês, o evento vem do latim meditare, ‘voltar-se agrada pessoas de todos os estilos de vida, para o centro’, que corresponde à que buscam um momento de autoconheciprática criada pelos orientais. O método de mento e reflexão. Para Ana Paula Vieirespirar e concentrar é bem simples, ra, 31 anos, projetista do Serviço mas tem o potencial de promoSocial da Indústria (Sesi) de “Não existe ver o relaxamento muscular, a a meditação trouxe receita para aprender Goiânia, diminuição da pressão artebenefícios, especialmente rial e do estresse. a meditar ou ter por possibilitar o alívio de Segundo o psicólogo e sua rotina. “Sou mãe, traconcentração, na professor da Universidade verdade o maior desafio balho fora e, com tantos de São Paulo (USP), Ruafazeres, a rotina sempre está na respiração” bens de Aguiar Maciel, em gera stress, desgastes menAna Luiza, depoimento ao Usp Online, tais e físicos”, afirma. A mevoluntária praticantes de meditação há ditação não se limita ao evento. quatro anos ou mais reduzem em Ela afirma que sempre que tem mais de 70% a ida ao sistema de saúde e um tempinho utiliza as técnicas para meem mais de 80% a ida ao sistema de saúde lhorar o cansaço do dia a dia. mental. A meditação é o foco do PrograOs encontros são auxiliados por volunma de Redução do Estresse no Centro de tários. É o caso de Ana Luiza Sábio EstreSaúde Geraldo de Paula Souza, da Usp. la, 23 anos, que explica que a pratica da A popularização da prática foi possível meditação é um ato presente em sua vida, com a sua chegada ao Ocidente, após a chega a meditar duas vezes por dia. Ela invasão do Tibete pela China, em 1950, era agitada e hiperativa, hoje se considera que ocasionou a dispersão de mais de 100 mais concentrada. “Diante dos benefícios mil refugiados tibetanos pelo mundo e, procuro me aperfeiçoar e fazer cursos de consequentemente, a aculturação da meditação. Com a propagação, começam a surgir expansões, como a meditação da lua cheia, que teve início nos anos 90 na cidade de Bangalore, Índia, pelo líder humanitário, mestre espiritual e embaixador da paz, Sri Sri Ravi Shankar. Realizada a céu aberto, em vários lugares do mundo, reúne de cinco a dez mil pessoas. No Brasil, mais de 30 cidades, entre elas Goiânia, organizam o evento, promovido pelo grupo Arte de Viver. Os encontros são realizados todo mês no período da lua cheia, sempre em locais abertos, como Texto: Criscia Tayanah Barbosa Edição e Diagramação: Jacqueline Gomes e Larissa Domingos
Foto: Thalita Melo
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aprimoramento, contribuindo assim para melhor auxiliar os praticantes”. Ter um momento tranquilo e escapar da correria do dia-a-dia, promover uma pausa para se conhecer e refletir, ou apenas querer se desligar do mundo à volta por alguns instantes. Seja qual for o objetivo, todos podem participar dessa experiência, afirma Ana Luiza. “Não existe receita para aprender a meditar, na verdade, o maior desafio está na respiração. Por isso ensino aos participantes como respirar com qualidade para que eles não se dispersem”. Segundo Alexandre Lopes, 31 anos, instrutor nacional da Arte de Viver, não existe contraindicações. “A minha primeira experiência com a meditação da lua cheia foi bem profunda. Eu morava em Bangalore, na Índia, fui convidado a participar e acabei me tornando um representante da prática”, afirma. Em Goiânia, o evento é realizado no Parque Flamboyant, Jardim Goiás, uma vez ao mês. As datas são divulgadas no site Arte de Viver. Sempre aberto aos já experientes e aos novos adeptos. Aos interessados, Sri Sri Ravi Shankar, em uma de suas citações resume: “A meditação é o ato delicado de não fazer nada, deixar ir e ser quem você é”.
>> Meditacao no Parque Flamboyant
[2016 | 1] Impressões
qualidade de vida
Dormir bem traz benefícios
Fortalecendo o corpo, treinando a mente Pilates, yoga, tai chi chuan estão entre práticas que geram interesse em quem foge das academias
explica o professor e mestre Nestor Pereira Texto: Geraldo Henrique Júnior Edição: Lucas Alves Cunha e Gabriel D’Alexandria Mota, de 74 anos, dedicado ao estudo da Yoga Kaivalaydhama, de origem indiana. Diagramação: Thereza Sanvés Contribuindo para o lado terapêutico, dudia das pessoas vem se tornando rante a yoga, o professor utiliza técnicas cada vez mais atribulado e ace- de meditação e sons de mantras para uma lerado. Trânsito, horários, exi- melhor comunhão entre o corpo e o espagências, comprometimentos e obrigações ço. “Por meio dessas expressões é possível permeiam a agenda diária. A falta de um alcançar paz e harmonia”, afirma. Oriunda também das terras orientais, momento de relaxamento do corpo traz o Tai Chi Chuan é um outro importansedentarismo e os indesejáveis quilinhos a te método, que vem se popularizando. A mais. Mas não são todos que conseguem prática utiliza o conhecimento chinês de seguir a rotina frenética das academias. práticas e princípios medicinais, além de Há os que preferem trabalhar o corpo e, exercícios corporais e arte marcial. O insao mesmo tempo, relaxar a mente. Pilatrutor da linha tradicional Yang de Tai tes, Yoga e Tai Chi Chuan estão entre as Chi, Geraldo Alves Teixeira Júnior, de 31 atividades que aliam o preparo do corpo anos, explica que um dos seus principais e da mente. diferenciais é a atividade de baixo impacA fisioterapeuta, Renata Barreto Lauto. Ele salienta que o Tai Chi adequa “a ro, de 45 anos, percebe a aumento do inprática ao praticante, podendo ser feita teresse pela prática do Pilates. A modalidade foi criada por Joseph Pilates, que por todas as idades”. Por meio dos seus nasceu com problemas respiratórios e bus- movimentos e controle da respiração abcou exercícios que o ajudassem a alcançar dominal é possível alcançar calma e cona tonificação muscular, a boa postura, a centração, trabalhando pontos físicos e diminuição da irritabilidade, elevação da mentais, explica o instrutor. Para uma vida balanceada a busca é autoestima e controle da respiração. Entre diária. De acordo com Laura Gomes de suas pacientes, Karla Mayra Vasconcelos Oliveira, psicóloga comportamental, para Lopes está grávida e sente os benefícios da se alcançar uma mudança de comportaatividade. “É super indicado para todas as mento é necessário reavaliar a rotina, a idades, tanto para homens quanto mulhealimentação, a prática de exercício e a res”, afirma. mudança de pensamentos. “Procurar estar Por sua vez, a prática do Yoga ajuda no em situações que realmente trazem bem combate à depressão, ansiedade, esgotaestar na nossa rotina ajuda. Apesar da mento físico, estresse e falta de autoestima, falta de tempo, pode-se começar com as pequenas coisas, como, por exemplo, ter tempo para conversar com as pessoas ou ter momentos em família”, afirma.
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O sono é um fenômeno natural indispensável à vida. Uma boa noite de sono é fundamental para a reposição energética do indivíduo, ainda assim, a sociedade atual propicia o descontrole do horário do descanso. “O padrão de vida atual tem prejudicado o sono e a saúde. Hoje as pessoas acordam muito tarde, dormem poucas horas por noite, o que ocasiona stress, cansaço e baixo rendimento no trabalho e nos estudos”, explica a neurologista Fabiana Gonçalves. Ganho de peso, sonolência e dores de cabeça estão entre as consequências de uma noite mal dormida. Caso o problema se torne rotineiro, os problemas podem se complicar com o desequilíbrio do organismo. O ideal é uma noite de seis a oito horas de sono. “Em longo prazo, a insônia gera forte cansaço, desânimo, contribui para o surgimento ou piora de quadros depressivos, alterações importantes na concentração e memorização, ansiedade, entre outros”, afirma a especialista. É importante destacar que a qualidade do sono é superior à quantidade de horas dormidas. O indivíduo pode dormir 8h e acordar cansado, irritado. “Ele não aprofundou os estágios do sono, não tendo sido reparador”, diz a neurologista. O fato de compensar a noite mal dormida, dormindo durante o dia, não é o mais recomendado, pois o sono diurno não traz os mesmos benefícios do sono noturno. Não é difícil encontrar quem reclame das noites mal dormidas. A estudante e auxiliar administrativo, Denise Gomes, faz parte desse grupo. As noites têm sido pequenas. “Como eu trabalho e estudo, sou obrigada a dormir tarde e acordo muito cedo. Diariamente durmo em torno de 3h a 4 h, isso prejudica muito no meu dia-a-dia. Fico cansada, sonolenta e às vezes não consigo assimilar as coisas”, afirma. Já motorista, Valdimar Cândido, afirma que, apesar de trabalhar o dia todo no trânsito da capital, consegue dormir de 10 a 11 horas por dia. Valdimar confirma os benefícios de uma boa noite de sono. “Ajuda muito na minha rotina. Sinto-me descansado, menos estressado e desenvolvo bem meu trabalho”. Se a insônia passar de três meses é necessário procurar um especialista para que seja diagnosticado o tipo de insônia e a partir daí iniciar o tratamento adequado. Para dormir bem é indispensável uma alimentação saudável, evitar excesso de cafeína e álcool, fazer atividades físicas regulares, procurar sempre dormir e acordar no mesmo horário, explica a neurologias Fabiana Gonçalves.
Projeto Yoga no parque
A Secretaria Municipal de Esporte e Lazer é responsável pelo Projeto Yôga no Parque. As aulas gratuitas de Yôga e Swásthya Yôga são gratuitas no Parque Flamboyant e Vaca Brava e ocorrem todos os domingos às 10h.
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O Veiga Valle escola de artes ministrava até ano passado aulas gratuitas de yoga para a população, mas por falta de processos seletivos para contratação de novos professores, a modalidade foi suspensa.
14 Impressões [2016 | 1] solidariedade
Semear amor, colher gratidão
Respaldado pela ciência, o famoso ditado “dar é melhor que receber” nunca esteve tão em alta Texto: Maysa Martins e Patrícia Borges Edição e Diagramação: Fábio João de Jesus e Willian de Araújo Correa
que contam no final de tudo. Doamos nossa alegria a quem precisa e isso nos traz paz”, diz a jornalista Janda Nayara Costa, 21 anos, que é também coordenadora da equipe. Foi com essa finalidade que o Medicócemar ao próximo como a ti mesmo”, gas surgiu há 15 anos, formado por duas joesta foi a definição de Maria Helena vens amigas – uma estudante de fisioterapia Pereira de Sousa, 45 anos, estudan- e outra de psicologia –, a partir de uma visita te de Filosofia, para a palavra solidariedade. ao Hospital Araújo Jorge. Doando seu tempo, O ato de doar é comumente mencionado nos carinho e compaixão, os voluntários do grupo livros de filosofia e disseminado pela maioria marcam presença na ala pediátrica do hosdas religiões. É quase unânime a percepção de pital há 12 anos, fazendo visitas para adultos que a doação faz bem tanto para quem recebe apenas em datas comemorativas. quanto para quem concede. Nos últimos três anos, eles também vem Do ponto de vista da psicologia, há uma fazendo visitas na Unidade de Terapia predisposição, tanto na nossa espécie Intesiva (UTI), emergência e como em outras, a ajudar e proSUS do hospital. Apesar >>Medicócegas teger indivíduos mais necesdo ambiente muitas vesitados. Segundo a psicózes triste de um hosloga, Andrea Machado pital, os MedicóFlorêncio, o senticegas acreditam mento de bem estar transformar a gerado quando praenergia do loticamos uma boa cal até para os ação é explicável. funcionários, “Existe uma teoria, que, ao se sendentro da psicolotirem mais alegia cognitiva, que gres, refletem comprova que quanna resposta do do somos altruístas a tratamento aos atividade pré-frontal do pacientes. cérebro é aumentada, geA dona de casa rando uma satisfação”. Mércia Tainã Barros FerHá os que enxergam o exerreira, 36 anos, sente o bem que cício do altruísmo como algo nato ao o grupo proporciona. “A gente acaba ser humano. Um exemplo é o Grupo Medi- se sentindo importante, é bom saber que exiscócegas. Com todo o equipamento para ve- tem pessoas que abdicam do seu tempo livre rificar os níveis de alegria, o grupo de “dou- para nos alegrar.” A mesma satisfação é pertores” com trajes coloridos promove uma ceptível nos pacientes. Ronielson Silva Alves consulta diferente aos pacientes da pediatria Junior, 13 anos, filho de Mércia, diz que sente do Hospital Araújo Jorge, em Goiânia. “Do- melhoras em seu emocional quando recebe as ações materiais são feitas sim, mas são as visitas. “Gosto muito de cantar com o grupo, pequenas atitudes e demonstrações de afeto me faz sentir mais feliz e especial”.
“A
Instituições filantrópicas A Vila São Bento Cottolengo, em Trindade, na região metropolitana de Goiânia, é uma instituição sem fins lucrativos que se direciona a doação de serviços sociais. A instituição sobrevive com o auxílio das igrejas da região e de doações. Fundada em 11 de fevereiro de 1951, pelo Padre Gabriel Vilela, atualmente está habilitada como centro especializado em reabilitação física, auditiva e intelectual. “Não é necessário ir para outro país para se fazer algo útil”, afirma Maria Helena de Damasceno, 40 anos, doadora da Vila. A entidade tem como missão promover a vida com qualidade para a pessoa com deficiência e em situação de vulnerabilidade social, como expressão da ação evangelizadora da igreja católica. “Fazer o bem sem olhar a quem, é algo que está ficando cada vez mais escasso nos dias atuais. Nós ajudamos porque gostamos. Não esperamos nada em troca”, afirma a irmã Márcia Simões Rocha, diretora administrativa da Vila.
“São as pequenas atitudes e demonstrações de afeto que contam no final de tudo.” Janda Nayara, voluntária
[2016 | 1] Impressões
cultura
Psicodrama
a terapia da vivência Vivenciar problemas cotidianos no palco contribui para a superação de traumas, frustrações e ansiedades Texto: Ketlen Lomazzi Edição: Clarissa Márcia Silva, Isadora Lessa, Andrá Luis de Paiva Diagramação: Ivana Muniz
o interesse em enfrentar a timidez e lidar com o medo que sentia das pessoas. “Eu imaginei que o teatro seria uma terapia justamente para mudar esse meu lado tímido, vergonhoso. Assim como para me ajudar a lidar com esse medo das pessoo lidar com desequilíbrios psico- as, de estar entre elas, a lidar com o senlógicos ou mesmo com as pressões timento e o pensamento de que elas não sociais próprias da sociedade atu- gostam de mim”. Carolina relata que as al, as pessoas vêm buscando espaços para melhorias foram visíveis, e hoje consegue extravasar sentimentos e emoções. O tease relacionar melhor com as pessoas. tro como terapia pode ser uma opO ator e diretor da Cia ção interessante. O psicodrama, Oops de teatro, João Bosco como é conhecido, trabalha “O psicodrama me Amaral, explica como é com a dramatização de situpossível compreender o ajudou a entender ações do cotidiano, através emocional, e transpor de técnicas que visam benebarreiras físicas, usando melhor o que eu ficiar o bem estar psicológio teatro como terapia. sou.” co da pessoa. “No teatro a gente busca A técnica teve início aininclusive o entendimento Leticia Ribeiro, da no sec. XIX, pelo médico da emoção, e dispõe um aluna romeno Jacob Levy Moreno. A pouco da questão psicológiideia era que as pessoas encenasca, até que se consiga aprender a sem a própria vida, compartilhando aslidar com as emoções de uma masim suas histórias e conflitos, com isto neira mais palpável, já que as emoções tendo a oportunidade de refletir, e en- são tratadas como algo abstrato, muito frentar seus dramas. distante da gente”, diz. Os pacientes, que praticam o psicodrama, buscam uma forma de lidar com as frustrações, ansiedades e com os fantasmas pessoais. A aluna Letícia Evellyn Ribeiro, 20 anos, afirma que a prática >> Grupo de ajudou a aceitar a si mesma. “O psicodrapsicodrama em ma me ajudou a entender melhor o que eu terapia sou e a querer aceitar isso. Quando se nasce pra ser artista, tudo é diferente, somos mais sensíveis, vemos o mundo muitas vezes mais colorido e intrigante”. O teatro como terapia possibilita a busca do autoconhecimento, iniciando então a experiência do processo da cura. Isso não foi diferente com a paciente Carolina Staciarini Silva, 20 anos, que tinha Foto: André Luis de Paiva
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Diferença do teatro Segundo o psicodramatista, Nilton Inácio do Nascimento, quando se trata de interação teatral com a terapia, existem divisões. “Temos que fazer um ponto de divisão. Na verdade, o psicodrama não é teatro. Embora use elementos do teatro, o psicodrama não é teatro”, afirma. A principal diferença é que o psicodrama não tem um texto de dramaturgia, um roteiro. “O teatro tem o texto, as pessoas decoram, leem, tem dramaturgo que escreve. Já o psicodrama não tem isso, a pessoa encena a própria vida, o próprio sofrimento”, diz Nilton. Para colocar em prática o psicodrama, são desenvolvidas peças teatrais improvisadas, em que os “atores” exteriorizam seus sentimentos a partir da história narrada por um dos participantes, na hora, sem qualquer ensaio. Uma das regras é que os participantes não conversem entre si, antes ou durante a encenação. Cada um interpreta levando em consideração sua história e vivência, sempre com espontaneidade. “Eles constroem a história, resgatando cenas do cotidiano. Com isso, acabam trazendo suas próprias experiências”, explica Nilton. Mas tanto o teatro quanto o psicodrama promovem mudanças comportamentais, ressalta.
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16 Impressões [2016 | 1] ensaio
Da hortinha à mesa... Texto: Edmar Lazaro Borges Edição e diagramação: Gelcio Filho e Izabella Cristina
Um pequeno espaço um quintal, um terraço, uma varanda. É o sabor do tempo, da vida, do alimento, que nutre. Uma hortinha orgânica, fruteiras, sementes, raízes. É a terra que devolve quem o bem sabe ele cultivar. Faz-se bem ao corpo, à sombra das frutíferas, alimenta-se o espírito, ao som dos passarinhos. O dia... ah, ele se torna mais fresco e aromático...