cinema set.2022
Marte Um, de Gabriel Martins
(Brasil | 2022, 115’, DCP)
Não! Não olhe! (Nope), de Jordan Peele (EUA | 2022, 130’, DCP)
Um elefante desmemoriado que vai de celebridade da internet a suspeito de sequestro; um homem que escapa de uma seita religiosa que enriqueceu com atividades ilícitas; um mergulho em conversas e vasto material de arquivo na obra da cantora e compositora Alzira E; e uma experimentação poética em torno dos sentimentos de descompasso, desconforto. São esses os lançamentos de setembro no Cinema do IMS.
destaques de setembro 2022 [imagem da capa] Meia-lua para Margaret (Halbmond für Margaret), de Ute Aurand (Alemanha | 2004, 18’, 16 mm)
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Retrato de Ga (A Portrait of Ga), de Margaret Tait (Reino Unido | 1952, 5’, 16 mm para DCP)
Los Conductos, de Camilo Restrepo (Colômbia | 2020, 70’)
Se para Deivinho, um dos protagonistas de Marte Um, o céu é fonte de admiração e interesse, para os irmãos de Não! Não olhe!, é uma ameaça. Em setembro, o Cinema do IMS exibe em conjunto essa dupla de filmes que, cada um à sua maneira, reposiciona o espaço das famílias negras na história das imagens em movimento. Na Sessão Mutual Films, gestos radicais de intimidade de duas cineastas que se especializaram em “filmes-retratos”, ou breves e cuidadosos estudos poéticos de pessoas e lugares próximos a elas. Ute Aurand, uma das grandes expoentes contemporâneas do cinema experimental na Europa, vem ao Brasil pela primeira vez para apresentar dois programas de seus filmes em cópias 16 mm, formato original de produção, além de cópias restauradas de curtas da cineasta e poeta escocesa Margaret Tait.
16:20 Aquilo que eu nunca perdi (84’) 18:00 Marte Um + O mundo em cima de um avião (123’) 14:0027 Tromba Trem: o filme (94’) 15:45 Marte Um + O mundo em cima de um avião (123’) 18:00 Desterro (123’) 14:007 Los conductos (70’) 15:30 Não! Não olhe! (130’) 18:00 Marte Um + O mundo em cima de um avião (123’) 14:0014 Não! Não olhe! (130’) 16:30 Los conductos (70’) 18:00 Aquilo que eu nunca perdi (84’) 14:0021 Não! Não olhe! (130’) 16:20 Aquilo que eu nunca perdi (84’) 18:00 Marte Um + O mundo em cima de um avião (123’) 14:0028
Tromba Trem: o filme (94’) 15:45 Marte Um + O mundo em cima de um avião (123’) 18:00 Desterro (123’)
14:001 Los conductos (70’) 15:30 Não! Não olhe! (130’) 18:00 Marte Um + O mundo em cima de um avião (123’) 14:008 Não! Não olhe! (130’) 16:30 Los conductos (70’) 18:00 Aquilo que eu nunca perdi (84’) 14:0015 Não! Não olhe! (130’) 16:20 Aquilo que eu nunca perdi (84’) 18:00 Marte Um + O mundo em cima de um avião (123’) 14:0022 Tromba Trem: o filme (94’) 15:45 Marte Um + O mundo em cima de um avião (123’) 18:00 Desterro (123’) 14:0029 Tromba Trem: o filme (94’) 15:45 Marte Um + O mundo em cima de um avião (123’) 18:00 Desterro (123’)
Los conductos (70’) 15:30 Não! Não olhe! (130’) 18:00 Marte Um + O mundo em cima de um avião (123’) 14:0013 Não! Não olhe! 130’) 16:30 Los conductos (70’) 18:00 Aquilo que eu nunca perdi (84’) 14:0020 Não! Não olhe! 130)’
4 quarta quintaterça614:00
16:30 Los conductos (70’) 18:00 Aquilo que eu nunca perdi (84’) 14:0018 Aquilo que eu nunca perdi (84’)
Tromba Trem: o filme (94’) 15:45 Marte Um + O mundo em cima de um avião (123’) 18:00 Desterro (123’)
domingo414:00 Los conductos (70’) 15:30 Não! Não olhe! (130’)
17:45 Sessão Mutual Films [programa 3] Verde correndo com cavalos (86’) Sessão seguida de debate com Ute Aurand e Lucas Murari 14:0025 Tromba Trem: o filme (94’) 15:45 Marte Um + O mundo em cima de um avião (123’) 18:00 Desterro (123’)
5 sexta sábado
18:00 Marte Um + O mundo em cima de um avião (123’) 14:009 Não! Não olhe! (130’) 16:30 Los conductos (70’) 18:00 Aquilo que eu nunca perdi (84’) 14:0016 Não! Não olhe! (130’) 16:20 Aquilo que eu nunca perdi (84’) 18:00 Marte Um + O mundo em cima de um avião (123’) 14:0023 Tromba Trem: o filme (94’) 15:45 Marte Um + O mundo em cima de um avião (123’) 18:00 Desterro (123’) 14:0030 Tromba Trem: o filme (94’) 15:45 Marte Um + O mundo em cima de um avião (123’) 18:00 Desterro (123’)
18:00 Marte Um + O mundo em cima de um avião (123’) 14:0011 Não! Não olhe! (130’)
Programa sujeito a alterações. Eventuais mudanças serão informadas em ims.com.br.
16:00 Sessão Mutual Films [programa 2]: Onde eu estou é aqui: filmes de Margaret Tait (76’)
14:003 Los conductos (70’) 15:30 Não! Não olhe! (130’) 18:00 Marte Um + O mundo em cima de um avião (123’) 14:0010 Não! Não olhe! (130’) 16:30 Los conductos (70’) 18:00 Aquilo que eu nunca perdi (84’) 14:0017 Não! Não olhe! (130’) 17:00 Sessão Mutual Films [programa 1] Curtas de Ute Aurand (66’) Sessão comentada ao vivo pela diretora 14:0024
14:002 Los conductos (70’) 15:30 Não! Não olhe! (130’)
Retratos: filmes de Ute Aurand e Margaret Tait
A Sessão Mutual Films de setembro traz um diálogo entre os trabalhos de admiradoras mútuas e amigas. A cineasta alemã Ute Aurand – que já exibiu seus filmes em importantes festivais, como os de Berlim, Hong Kong, Mar del Plata, Nova York, Roterdã, Toronto e Viena – virá ao Brasil pela primeira vez para apresentar seus filmes em 16 mm e conversar com o público sobre seu método de trabalho. Entre as atividades que contarão com presença de Aurand, haverá uma sessão -homenagem de curtas-metragens recém-digitalizados da cineasta escocesa Margaret Tait, que se tornou uma importante referência para a obra da artista alemã. O texto original a seguir, sobre a relação entre Aurand e Tait, foi escrito por Sarah Neely, professora de cinema e cultura visual na Universidade de Glasgow, diretora da iniciativa Margaret Tait 100 (mt100.luxscotland.org.uk); e pesquisa dora das obras de Aurand e Tait. Aaron Cutler e Mariana Shellard (curadores da Sessão Mutual Films)
Ute Aurand Margaret Tait
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Eu te digo: estou tentando captar a quarta dimensão do instante-já que de tão fugidio não é mais porque agora tornou-se um novo instante-já que também não é mais. Cada coisa tem um instante em que ela é. Quero apos sar-me do é da coisa. Esses instantes que decorrem no ar que respiro: em fogos de artifício eles explodem silen ciosamente no espaço.
Clarice Lispector, Água viva (1973, p. 7)
Pulsantes, fragmentários e fugazes –os tons de pele rosada de uma série de imagens foscas que abrem o filme recente de Ute Aurand, Relances de uma visita a Orkney no verão de 1995 ( Glimpses from a Visit to Orkney in Summer 1995, 2020) são intermitentemente colocados em foco, revelando uma variedade de rosas, presumivelmente do jardim da cine asta e poetisa escocesa Margaret Tait (1918-1999). A câmera móvel se aproxima ou se distancia a cada movimento, em cada quadro, oferecendo uma nova perspetiva e talvez até a falsa promessa de sentir o perfume das flores. O filme mudo, encomendado para o centenário de Tait, é composto por imagens que foram filmadas quando Aurand visitou Tait em sua casa em Orkney, um arquipélago na costa nordeste da Escócia.
Quando Aurand visitou Tait em Orkney, um sentimento de admiração mútua já havia se estabelecido. Meu primeiro encontro com Aurand foi por meio do arquivo de Tait, quando eu estava fazendo pesquisa para um livro sobre ela.1 Enquanto eu examinava as muitas correspondências que documentaram a luta de Tait para buscar o apoio necessário para financiar e distribuir seu trabalho ao longo de sua vida, as cartas de Aurand se destacaram por sua genuína oferta de apoio e solidariedade. Na década de 1950, quando Tait retornou à Escócia após estudar cinema no Centro Sperimentale di Cinematografia, em Roma, sua expectativa era fazer filmes em grande escala –como Aurand descreveu em uma entrevista, não “como a poetisa solitária ou a artista solitária, mas como uma 1. NEELY, Sarah. Between Categories – The Films of Margaret Tait: Portraits, Poetry, Sound and Place. Oxford: Peter Lang, 2017. instantes que decorrem no ar por Sarah Neely
A cineasta e curadora alemã Aurand (que nasceu em 1957) conheceu o trabalho de Tait em 1992, quando o filme Hugh MacDiarmid: A Portrait (1964) foi exibido em Berlim como parte de um programa apresentado pela London Film-Makers’ Co-op. Após receber o incentivo de uma amiga que achava que o estilo pessoal e poético do cinema de Tait a interessaria, Aurand visitou a cooperativa para ver a coleção de filmes de Tait. Ela então retornou a Berlim com cópias da coleção, que usou para estudo pessoal, bem como para fins de exibição e distribuição mais ampla. Em 1994, como parte de uma série realizada no Arsenal – Institut für Film und Videokunst e.V. de filmes feitos por cineastas mulheres, Aurand montou um programa de filmes de Tait, que foi exibido primeiro em Berlim e depois em Hamburgo, Düsseldorf e Frankfurt. (Alguns anos depois, Aurand conseguiu adquirir cópias de seis dos filmes de Tait para o departamento de distribuição do Arsenal.)
Esses
Apenas algumas semanas antes de sua morte, em 1999, Tait expressou gratidão em uma carta a Aurand por “ter feito mais do que qualquer outra pessoa por meus filmes, exibindo-os, apresentando-os a novos públicos, até mesmo gerando receita para mim”.3 Durante a visita a Orkney, Tait mostrou a Aurand alguns de seus filmes que não haviam sido preservados pela cooperativa, bem como obras inacabadas, incluindo alguns rushes com papoulas, que Aurand a encorajou a desenvolver, no que se tornaria seu último filme, Garden Pieces (1999). Em Orkney, as duas também começaram a trabalhar em um projeto a partir de um esboço de 2. De uma entrevista com Aurand realizada em junho de 2011. 3. “Carta de Margaret Tait a Ute Aurand, 23.03.1999”. In: ORTEGA, Garbiñe (ed.). Cartas como filmes/Letters as Films. Pamplona: Punto de Vista/La Fabrica, 2021. Vale ressaltar que, na mesma carta, Tait também menciona o apoio do cineasta e curador Peter Todd, que vinha exibindo os filmes de Tait em Londres. roteiro que Tait havia escrito, chamado Video Poems for the 90s. Elas pegaram suas câmeras Bolexes e começaram a filmar. Como Aurand lembrou: “Nós não terminamos os filmes-poemas, mas foi um começo inesquecível… sem fim”. 4 O filme nunca foi concluído, embora as cineastas tenham tentado dar continui dade, compartilhando por correio novos trechos que filmavam. Os filmes, os programas, as cartas fazem parte de uma conversa, algo que o cineasta Peter Todd costuma chamar de “diálogo”. Também é provável que a aber tura e o imediatismo dos filmes de Aurand e Tait inspirem esse tipo de engajamento. Aurand relembrou que em suas primeiras experiências como cineasta se inspirou no estilo de filmagem de Jonas Mekas, que 4. Publicado originalmente em: NICOLSON, Anabel, TODD, Peter, AURAND, Ute e WOOD, Sarah. “Remembering Margaret Tait (1918-1999). Vertigo, v. 2, n. 7, 2004. Disponível em: www.closeupfilmcentre.com/vertigo_maga remembering-margaret-tait-1918-1999/.zine/volume-2-issue-7-autumn-winter-2004/ tem, segundo ela, uma qualidade que é ao mesmo tempo “íntima e privada [...] e fala com o mundo inteiro”.5 De forma similar, ela descreveu o ato de assistir ao filme The Stoas (1997), de Robert Beavers, e experimentar uma sensação de entrar em “um espaço além das imagens, onde se está inteiramente em si mesmo e simul taneamente no mundo. Onde já não se fala; onde se está simplesmente presente, recebendo integralmente o presente do filme.”6 Tait e Aurand frequentemente se referiam a seus filmes como presentes. Às vezes, são presentes para os amigos e parentes que as artistas estão filmando, mas também são presentes para o espectador – uma oferta. Essa generosidade de espírito é aparente em um estilo compartilhado de 5. AURAND, Ute. “How I Began to Film”. In: ORTEGA, Garbiñe e CRUZ, María Palacios. Meditaciones sobre el presente: Ute Aurand, Helga Fanderl, Jeannette Muñoz, Renate Sami. Navarra: Punto de Vista – Festival Internacional de Cine Documental, 2020. 6. Ibidem
cineasta”.8
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9 filmar, que é ao mesmo tempo voltado para dentro e para fora, e convida o espectador a se envolver totalmente no mundo que está sendo filmado a juntar-se às ci neastas na busca delas pelos instantes que decorrem no ar. Em uma carta ao marido de Tait, Alex Pirie, Aurand escreveu sobre “esses pequenos momentos que juntos criam um sentimento, um lugar de Empfindungen [sensações], esse algo invisível sem qualquer prova.”7 É o que também marcou o trabalho de Tait, algo que Pirie descreveu como uma “poesia da presença”.8 É um apelo para dar atenção aos momentos cotidianos que passam facilmente a cada respiração, mas que dentro de si contêm multidões – os “fogos de artifício” que Clarice Lispector descreve que “explodem silenciosamente no espaço”. É isso que está em jogo nos filmes de Aurand e Tait. 7. “Carta de Ute Aurand a Alex Pirie, março de 1996”. In: ORTEGA, Garbiñe (ed.). Op. cit. 8. De uma entrevista com Pirie em setembro de 2006.
Os filmes de Tait e Aurand têm muito em comum com os estilos de escrita de Tait e Lispector, por meio de seu compro misso de registrar a plenitude do instante que decorre no ar, de reconhecer a poesia no cotidiano e de valorizar o potencial dessa poesia de puxar para dentro e de dentro para fora. Em Relances de uma visita a Orkney no verão de 1995, alguns momentos da visita de Aurand à casa de Tait são oferecidos de forma expandida. As mudanças de foco e a edição em staccato enfatizam a natureza fugaz da experiência e home nageiam o filme de Marie Menken que é referenciado no título do filme, Relances do jardim (Glimpse of the Garden, 1957), mas também nos alertam para prestar atenção, concentrar, manter nossos olhos abertos e evitar perder as imagens, pois elas piscam rapidamente na tela. Aurand intercala os diferentes segmentos do filme com uma série de telas monocromáticas, Londres: LUX, 2020. Mais informações sobre o livro podem ser conferidas em inglês lux.org.uk/product/personae-margaret-tait/.aqui: que se dissolvem em uma variedade de cores. Esse dispositivo interrompe nossa capacidade de discernir o assunto que está sendo filmado e chama a atenção para a preciosidade do próprio material fílmico. Também fornece ao espectador uma sensação de como as memórias sãoPertoprocessadas.dodesfecho de Relances, final mente avistamos Margaret Tait. Embora na metade do filme tenhamos visto brevemente o que podem ser as mãos dela (primeiro escrevendo em um quadro -negro, depois virando as páginas de um livro), é apenas no final que vemos Tait em seu estúdio, sentada em uma mesa posta para o almoço, servindo uma xícara de chá – primeiro para sua visi tante e depois para ela mesma. Ela olha para a câmera, sorri, e então a tela fica preta –, um choque repentino, um vislumbre fugaz, um instante passageiro.
10A obra de Lispector foi trazida à minha atenção pela primeira vez após a publicação póstuma do livro experimental de não ficção de Tait, Personae, em 2020. Embora seja incerto se a cineasta e poetisa escocesa tenha conhecido o trabalho da célebre escritora ucrania na-brasileira, seus estilos de escrita, de vida, de fluxo de consciência às vezes têm semelhanças inquietantes. Tait escreveu a maior parte de Personae em 1959, mas o livro permaneceu inédito durante sua vida. Água viva, assim como Personae, dedica-se a proporcionar a experiência plena da vida cotidiana – toda a riqueza de detalhes, ordinários e extraordiná rios. Enquanto Lispector escreve sobre os fogos de artifício no instante, Tait escreve sobre seu compromisso com um tipo de poesia crua, semelhante à ideia de Federico García Lorca de “poesia de sangue”, de poesia que combina “o movimento do sol com o movimento de si mesmo”, de “espaço interestelar” e das “estrelas no sangue”.9 9. TAIT, Margaret. Personae . Ed. Sarah Neely.
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“Para mim, o filme é muito sobre a falência de estruturas e sobre a insistência numa ideia de olhar e de narrativa. Estamos vivendo num mundo em que pessoas que nunca conseguiram se dizer ou se representar vão começando a conquistar esse lugar e, nesse momento, sinto necessidade de desconstruir o status quo da ideia de normali dade, do casal branco hetero intelectualizado. Vejo um desejo do filme de olhar justamente para essa repetição, para essa classe média que faz a manu tenção de algo decadente, cujo desejo é não falar sobre isso e não questionar, para não perder seu chão, que foi conquistado por gerações e gera ções anteriores de pessoas que mantiveram o status quo. Com certeza há uma relação com Os dias com ele, no sentido do que é público e do que é privado, porque as práticas do privado são públi cas e representam a manutenção de uma política e de uma sociedade sempre voltada para o que é uma estrutura familiar. O que representa essa ideia de família que, através de um discurso emotivo, mantém tantas opressões, usando ideias de pro teção e [Citaçõesgarantia?”retiradas do material de imprensa do filme.]
Em cartaz
Desterro Maria Clara Escobar | Brasil, Argentina, Portugal | 2020, 123’, DCP (Embaúba Filmes)
Uma casa está em chamas. Todas as casas. Uma viagem resulta em várias viagens, e essa é sem regresso. Muitas mulheres falam. Contam suas histórias. A perda, a morte e a luta por ser, ao lado dosEmoutros.entrevista à pesquisadora e jornalista Carol Almeida, a diretora Maria Clara Escobar, de Os dias com ele (2013), lançado também pela coleção DVD IMS, declara: “Desterro para mim sempre foi um sentimento. Uma atmosfera a ser construída no filme. Acho até difícil de alguma forma expli car ele em sinopses, porque o filme não é sobre a linha narrativa dele. Sempre foi sobre criar uma atmosfera e filmar esses corpos em desencontro, desconforto e desencaixe com o que eles são propostos a ser. Acho que existe uma forma de se pensar como as coisas são e como deveriam ser. É impossível ser um corpo igual ao que sempre se esperou que ele fosse. A própria existência é des compassada. O filme é muito pensado para gerar esse sentimento de desterro e tentar apontar caminhos para o que seria uma possibilidade de existência, que não é algo fixo. Não poderia, por tanto, ser um corpo fixo. Desterro é esse embate, essa falha.”
Ingressos: terça, quarta e quinta: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia); sexta, sábado, domingo e feriados: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia).
Aquilo que eu nunca perdi Marina Thomé | Brasil | 2021, 84’, DCP (Descoloniza Filmes) Nascida no interior do Mato Grosso do Sul, Alzira E começou a carreira musical com seus irmãos, Tetê e Geraldo Espíndola, até emigrar para São Paulo nos anos 1980, onde construiu uma sólida carreira como compositora e intérprete, com parceiros como Itamar Assumpção e Ney Matogrosso. Hoje, aos 65 anos, Alzira lidera uma banda de rock. Ingressos: terça, quarta e quinta: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia); sexta, sábado, domingo e feriados: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia).
‘Pai’. Pinky disse que o mataria se lhe fosse dada a oportunidade.”“OrelatodePinky
A realização do filme, no qual Pinky desempe nha seu próprio papel, permitiu-lhe, portanto, criar um novo arranjo com os acontecimentos que ele viveu e aqueles que ele desejava. Dessa forma, o filme foi um gatilho para a própria catarse de Pinky.
Ingressos: terça, quarta e quinta: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia); sexta, sábado, domingo e feriados: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia).
Los Conductos colocou Pinky em um caminho de autorreflexão que continuou muito depois do filme ter [Citaçãoterminado.”extraída de: www.olhardistrib.com.br/ filme-los-conductos/]
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Marte Um Gabriel Martins | Brasil | 2022, 115’, DCP (Embaúba Filmes)
Pinky está em fuga, recém-liberto das garras de uma seita religiosa. Ele encontra abrigo e trabalho numa fábrica de camisas. Enquanto tenta reconstruir sua vida, memórias violentas lhe assombram e clamam por“Conhecivingança.Pinky
Os Martins são sonhadores, otimistas e levam a vida às margens de uma grande cidade brasileira depois da decepção da eleição de um presidente de extrema direita. Uma família negra de classe média baixa, eles sentem a tensão da nova realidade. Tércia, a mãe, revê seu mundo depois de um encontro inesperado que faz com que ela suspeite ter sido amaldiçoada. Seu marido, Wellington, coloca todas suas esperanças em fazer do filho caçula um jogador de futebol. Deivinho acompanha relutante a ambição do pai, pois sonha em estudar astrofísica e colonizar Marte. Enquanto isso, Eunice, a filha mais velha, se apaixona por uma jovem de espírito livre, e se questiona se não está na hora de sair de casa.
sobre sua vida deixou uma profunda impressão em mim. Fiquei tocado pela sua admissão de fraqueza, pela história de seu despertar e pelo orgulho que sentia em saber que agora estava livre. Mas, mais do que isso, fiquei perturbado com a relação que alguém tão gen til e introvertido poderia ter com a violência. [...]
em 2013 quando estava pre parando meu curta-metragem Like Shadows Growing as the Sun Goes Down, no qual ele aca bou desempenhando um papel”, comenta Camilo Restrepo. “Nessa época, Pinky estava traba lhando meio período em uma gráfica de camisetas e fazendo malabarismos em encruzilhadas na cidade de Medellín. Rapidamente nos tornamos amigos. Ele confidenciou sua história em mim. Alguns meses antes, ele havia escapado de uma seita religiosa em que havia estado por oito anos. Ele odiava a pessoa que dirigia a seita, sob cuja influência ele havia vivido: um homem que fez com que todos os membros da seita o chamassem de
Marte Um é a estreia na direção solo de Gabriel Martins em longa-metragem e foi financiado pelo primeiro e, até agora, último edital afirmativo do Brasil, que, em 2016, contemplou três longas -metragens produzidos ou dirigidos por pessoas Los Conductos Camilo Restrepo | Colômbia | 2020, 70’, DCP (Olhar Medellín,Distribuição)Colômbia.
14 negras. O filme estreou na edição deste ano do Festival de Sundance, maior evento do cinema independente norte-americano.
“Filmamos em novembro, dezembro de 2018, então este filme é um retrato de como eu e acho que muitas pessoas estavam se sentindo em rela ção a raça, sonhos, política e decepção com tudo o que estava acontecendo no Brasil. [...] Tudo isso estava na minha mente, mas eu não poderia fazer um filme que fosse uma espécie de plano de vin gança contra esta eleição, porque ele foi eleito de forma justa. Sim, houve fake news, como houve com Trump, mas as pessoas o elegeram demo craticamente. Portanto, não há um problema apenas com Bolsonaro, mas com um país – quão polarizados nos tornamos, como não temos dis cussões maduras sobre política. Este é um filme sobre diferenças entre gerações também. Como o pai vai se relacionar com a filha? O jovem verá o mundo como seu pai o vê ou encontrará seu pró prio caminho?” Marte Um será exibido junto com o curta-metra gem O mundo em cima de um avião, de Rayanna Maria, produzido no contexto das ações do cole tivo Coquevídeo para o programa IMS Convida. Por ocasião do lançamento do filme de Gabriel Martins, será exibido também seu longa ante rior, No coração do mundo, em codireção com Maurílio Martins. [A íntegra da entrevista, em inglês, está disponível em: Ingressos:bit.ly/imsmarteum]terça,quarta e quinta: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia); sexta, sábado, domingo e feriados: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia). Não! Não olhe! Nope Jordan Peele | EUA | 2022, 130’, DCP (Universal UmaPictures)dupla de irmãos, interpretada por Keke Palmer e Daniel Kaluuya, vivem em uma ravina solitária no interior da Califórnia. Após a morte súbita de seu pai, os dois herdam um rancho de cavalos voltado para produções de cinema e TV. Eles acreditam que a partida do pai pode estar relacionada a uma série de eventos estranhos vindos do céu. Os protagonistas do terceiro longa-metragem de Jordan Peele, diretor de Corra! e Nós, acredi tam ser herdeiros do jóquei que figura em uma série de fotografias de Eadweard Muybridge, que constituem um dos marcos fundamentais do surgimento da imagem em movimento. Em entrevista ao portal Empire, Peele diz: “O aspecto da his tória afro-americana a que o filme se endereça é, acima de tudo, a espetacularização das pes soas negras, bem como o nosso apagamento, pela indústria, por muitas frentes. Acredito que,
“Tudo começou com a imagem de um garoto olhando para o céu e segurando uma bola de fute bol”, conta o diretor em entrevista ao portal Screen Daily. “Talvez tivesse algo a ver com o Brasil per dendo de 7 a 1 pra Alemanha nas semifinais da Copa do Mundo de 2014, em Belo Horizonte. Esse foi um grande momento, porque também estáva mos passando por muitas lutas no cenário político. O Brasil tem sido uma enorme bagunça desde então e antes também, então se trata de futebol, política e sonhos. Eu decidi fazer esse filme sobre o que significa para esse garoto sonhar com algo tão grande, algo tão distante dele.”
O mundo em cima de um avião Adryan Lucas, Rayanna Maria | Brasil | 2020, 8’, DCP (acervo IMS)
A primeira viagem de Adryan num avião: desde que recebeu uma câmera de filmar até a ida para o espaço. Um filme autointitulado “ficcionalizinho”, realizado por Adryan Lucas, de 10 anos, com a colaboração de sua amiga Emily e pequenas aparições de sua mãe, da avó e do avô. O mundo em cima de um avião será exibido junto ao longa-metragem Marte Um, dirigido por Gabriel Martins, em cartaz no Cinema do IMS.
Tromba Trem: o filme Zé Brandão | Brasil | 2022, 94’, DCP (Vitrine Filmes)
Gajah é um elefante sem memória que viaja no Tromba Trem acompanhado dos amigos Duda, uma inocente tamanduá vegetariana, e um grupo de cupins. Do dia para a noite, o elefante se torna uma celebridade da internet e se afasta dos velhos companheiros de viagem.
15 de muitas maneiras, esse filme é uma resposta para a sequência de Muybridge, que foi a primeira série de fotografias postas em ordem sequencial para criar uma imagem em movimento, que era um homem negro andando a cavalo. Nós sabe mos quem é Eadweard Muybridge, o homem que criou a sequência, mas nós não sabemos quem é esse homem a cavalo. Ele é a primeira estrela de cinema, o primeiro treinador de animais, o pri meiro dublê de todos os tempos, e ninguém sabe quem ele é! Esse apagamento é parte do que os protagonistas desse filme estão tentando corrigir. Eles estão tentando reivindicar seu lugar de direito como parte do espetáculo. E o que o filme tam bém aborda é a natureza tóxica da atenção e as armadilhas do vício humano em espetáculo.” [Citação retirada de: bit.ly/imsnope]
Ingressos: terça, quarta e quinta: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia); sexta, sábado, domingo e feriados: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia).
Ingressos: terça, quarta e quinta: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia); sexta, sábado, domingo e feriados: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia).
Mas o estrelato dura pouco, pois ele acaba se tornando o principal suspeito de uma série de desaparecimentos misteriosos.
IMS Convida Lançado pelo Instituto Moreira Salles em abril de 2020 como resposta aos danos causados na produção das artes pela pandemia, o Programa Convida comissionou mais de 150 projetos de artistas e de coletivos, apresentados no site e nas redes sociais do IMS. Desde a reabertura das salas de cinema do IMS Rio e IMS Paulista, alguns dos filmes em cartaz são acompanhados por um curta-metragem produzido no âmbito do programa. Seja por aproximação, contraste ou complementaridade, convidamos os filmes a Todasconversar.asobras produzidas estão disponíveis na página ims.com.br/convida.
16 Sessão Mutual Films Retratos: filmes de Ute Aurand e Margaret Tait
A sessão conta com os seguintes filmes, que passarão em exibição única em cada cidade em seu formato original de 16 mm. Quatro dos filmes são sonoros, e dois (De ponta-cabeça nos galhos e Meia-lua para Margaret), silenciosos. Aurand vai conversar com o público entre a projeção de cada filme.
Programa 1 Curtas de Ute Aurand Ute Aurand | Alemanha | 1980-2021, 66’ (com comentários da artista), 16 mm (cópias do acervo da artista) A artista alemã Ute Aurand estará presente em São Paulo e no Rio de Janeiro para fazer uma sessão comentada de seis de seus mais de 40 filmes. A seleção visa a apresentar um panorama do trabalho dela, desde seu primeiro filme realizado no início da década de 1980, quando estudava cinema na universidade – até o mais recente, que estreou no ano passado. As projeções em 16 mm serão intercaladas por falas de Aurand sobre seu método de trabalho e sua relação com as pessoas registradas em seus filmes-retratos ao longo dos anos. As cineastas Maria Lang e Renate Sami, a escritora e professora Lisa Tamaru e os próprios pais da diretora são algumas das figuras que aparecem sorrindo diante de sua câmera com qualidades lúdicas e, por vezes, melancólicas. Também presente no programa, na forma de uma homenagem em um dos filmes, está a cineasta escocesa Margaret Tait, uma fonte de inspiração para Aurand e uma artista cujo trabalho ela divulgou de diversas formas. Aurand começou a fazer cinema seguindo os exemplos impressionistas e poéticos de cineastas da vanguarda norte-americana, como Jonas Mekas e Marie Menken, e logo desenvolveu seu próprio estilo, que é ao mesmo tempo modesto e rigoroso em seu gentil olhar humano. Os filmes de Aurand que passarão no IMS contêm retratos, imagens de família, experiências banais, porém que refletem o valor absoluto da vida. Eles são registros majestosos de uma vida comum que expressam uma relação apaziguadora entre o ser humano e seu entorno, descrevendo momentos idílicos que ocupam um espaço de tempo de mais de quatro décadas. O método particular de edição dos filmes, no qual cor tes rápidos são entremeados por uma breve luz ofuscante, cria um dinamismo incomum entre pai sagens distintas e diferentes posicionamentos da visão subjetiva da artista no espaço. Aurand leva nossos olhos a dançarem com a imagem, nos envolvendo na impressão de que a própria vida é um breve sopro, um estouro fugaz e passageiro.
A Sessão Mutual Films de setembro traz filmes de artistas que foram colaboradoras e amigas. A cineasta e curadora berlinense Ute Aurand (que nasceu em 1957), uma das maiores expoentes contemporâneas do cinema experimental na Europa, virá ao Brasil pela primeira vez para apresentar dois programas de seus filmes (todos em suas estreias brasileiras) no formato original em 16 mm. Ela também apresentará um programa de curtas da cineasta e poeta escocesa Margaret Tait (1918-1999) – cujo processo de trabalho Aurand conheceu de forma profunda na década de 1990 –, em novas cópias digitais de alta resolução que passaram em festivais e cinematecas ao redor do mundo nos últimos anos em homenagem ao centenário de Tait. Aurand e Tait se especializaram em “filmes-retratos”, ou breves e cuidadosos estudos poéticos de pessoas e lugares próximos a elas. As artistas celebram o aqui e agora em obras pessoais que, enquanto captam instantes, representam um lapso temporal de anos de preparo. Os filmes enfatizam uma inseparabilidade entre o viver e o registrar, convidando os espectadores a compartilhar experiências efêmeras, porém intensas, em um gesto radical de intimidade. Os programas de filmes no Rio de Janeiro e em São Paulo incluem uma sessão comentada dos curtas de Aurand, na qual a diretora conversará com a plateia sobre seu método e sua visão de cinema. A curadoria e a produção da sessão são de Aaron Cutler e Mariana Shellard. Ingressos: R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia).
17 Maria e o mundo (Maria und die Welt) Ute Aurand | Alemanha | 1995, 15’, 16 mm Profundamente envolvida numa conversa silenciosa (Schweigend ins Gespräch vertieft) Ute Aurand | Alemanha | 1980, 8’, 16 mm Lisa (Lisa) Ute Aurand | Alemanha | 2017, 4’, 16 mm Renate (Renate) Ute Aurand | Alemanha | 2021, 6’, 16 mm De ponta-cabeça nos galhos (Kopfüber im Geäst) Ute Aurand | Alemanha | 2009, 15’, 16 mm Meia-lua para Margaret (Halbmond für Margaret) Ute Aurand | Alemanha | 2004, 18’, 16 mm
Ela também escreveu contos e livros de poesia, tendo autores como Federico García Lorca e Hugh MacDiarmid como importantes referências. Os fil mes chamados por ela de “filmes-poemas” são estruturados de forma lírica e breve, e expressam a beleza e o sublime de momentos fugidios.
Margaret Tait | Escócia | 1951-1976, 76’, 16 mm para DCP (LUX) Uma poça d’água. A roda de um carro. Um prédio em construção, tijolo sobre tijolo. Um castelo de cartas sendo construído em stop motion Prédios e mais prédios em construção. A noite se aproxima, caminhando na beira da praia. DANGER [PERIGO]. Água. Fogo. Gelo. Um pássaro. Ouvimos o pássaro quadros para a frente, sobre a imagem do fogo. Palavras aparecem em stop motion Música vai e vem. Uma carta sendo escrita. Brincadeiras na neve. Lua. “Um começo, um fim.” As imagens listadas acima vêm do filme Onde eu estou é aqui (1964), um retrato plá cido e melodioso da cidade de Edimburgo. Ele é um dos filmes mais renomados de Margaret Tait (1918-1999), uma artista pouco conhecida em vida, mas que hoje é tida como uma pioneira do cinema poético realizado no Reino Unido. O filme, como a maioria de seus trabalhos cinematográ ficos, foi rodado pela própria Tait em sua Escócia natal – muitas vezes ao redor de sua casa, na ilha de Orkney. “Eu não estou, de fato, interessada em ‘registrar para a posteridade’”, ela falou em uma entrevista transmitida pelo Channel Four em 1983.1 “Isto é um valor acidental ou incidental que meus filmes podem ter, e não o seu propósito. Eu faço meus filmes para audiências que estão presentes no momento – para uma resposta no 1. Citado no livro Subjects and Sequences: A Margaret Tait Reader (2004, ed. Peter Todd e Benjamin Cook). momento... No meu uso da linguagem cinemato gráfica, eu mostro coisas desse tipo – às vezes –, e se eu as uso, gosto de que elas tenham preci são; porém, mais em função da reverberação do que do registro.”
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Tait estudou medicina na Universidade de Edimburgo e trabalhou com o Royal Army Medical Corps na Ásia durante a Segunda Guerra Mundial. Porém, ela chegou a sentir que “era neces sário fazer algo mais do que apenas trazer as pessoas de volta à saúde corporal”,2 e resol veu cursar cinema na década de 1950 no Centro Sperimentale di Cinematografia, em Roma. Entre este momento e o final de sua vida, Tait fez mais de 30 filmes, a maioria deles nos formatos de curta e média-metragem (a única exceção foi Blue Black Permanent, de 1992, o primeiro longa-metra gem de ficção feito por uma diretora na Escócia).
O programa que passará no IMS conta com seis desses filmes, apresentados em ordem cronoló gica e em novas cópias digitais de alta resolução preparadas pela distribuidora britânica LUX, a partir de materiais em 16 mm. Ele começa com dois filmes-retratos, o primeiro de pessoas que Tait conheceu durante seus estudos na Itália (entre elas, o diretor argentino Fernando Birri), e o segundo, de sua mãe, após voltar para a Escócia. Onde eu estou é aqui é seguido por três filmes
2. Ibidem. mais curtos que oferecem impressões de momen tos no tempo, com explorações ousadas de paisagens, cores, texturas de seu ambiente e sons cristalinos que remetem a processos de reflexão e andança.Acuradoria do programa foi feita por Sarah Neely e Matt Lloyd em 2018 em homenagem ao centenário de Tait. Três esboços de retratos é um filme mudo, enquanto os outros filmes do pro grama são sonoros. A cineasta alemã Ute Aurand vai apresentar a primeira exibição do programa no IMS Paulista e sua exibição única no IMS Rio.
Onde eu estou é aqui: Filmes de Margaret Tait
Tait | Reino Unido | 1974, 4’, 16 mm para DCP Arremate (Tailpiece)
Margaret Tait | Reino Unido | 1976, 10’, 16 mm para DCP
Margaret Tait | Reino Unido | 1964, 35’, 16 mm para DCP
Margaret Tait | Reino Unido | 1974, 12’, 16 mm para DCP Retrato de Ga (A Portrait of Ga)
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Três esboços de retratos (Three Portrait Sketches)
Margaret Tait | Reino Unido/Itália | 1951, 10’, 16 mm para DCP Onde eu estou é aqui (Where I Am Is Here)
Poemas de cores (Colour Poems)
Margaret Tait | Reino Unido | 1952, 5’, 16 mm para DCP Aéreo (Aerial Margaret)
Como descreve Aurand, o filme é um “conjunto de observações e encontros breves, filmados entre 1999 e 2018, em casa e em viagem, com amigos e a sós. Gestos íntimos despertam a minha atenção: o 94º aniversário de Jón, Sofia dançando, James e Robert transportando o proje tor de 16 mm, neve em Cape Cod, Detel [sua irmã artista] no estúdio dela, o casamento de Sabrina e Franz, uma visita a Detroit. Vemos as mesmas pes soas em idades diferentes. Por vezes, alguém fala. Outras vezes, há música ou silêncio.”3
3. Frase original (em português de Portugal): www. doclisboa.org/2019/filmes/rushing-green-with-horses/.
Relances de uma visita a Orkney no verão de 1995 (Glimpses from a Visit to Orkney in Summer 1995)
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Ute Aurand | Alemanha | 2019, 82’, 16 mm
Ute Aurand | Alemanha/Reino Unido | 2020, 4’, 16 mm
Verde correndo com cavalos (Rasendes Grün mit Pferden)
Verde correndo com cavalos estreou em 2019 no Festival Internacional de Cinema de Berlim, na mostra Forum Expanded, e tem viajado o mundo desde então. Ele terá sua estreia brasileira no IMS, em seu formato original de 16 mm, com a pre sença de Aurand para apresentar as sessões. Será exibido com um curta-metragem mudo recente de Aurand, Relances de uma visita a Orkney no verão de 1995, que foi comissionado pelo projeto Margaret Tait 100 junto a curtas de outros nove artistas e cineastas em homenagem à diretora Margaret Tait.
Verde correndo com cavalos Ute Aurand | Alemanha/Inglaterra | 2019-2020, 86’, 16 Emmm2015, a cineasta alemã Ute Aurand começou a trabalhar na edição do que se tornou seu primeiro longa-metragem. Ela mergulhou em seus arquivos fílmicos e revisitou um total de seis horas de material gravado em 16 mm para criar o romântico Verde correndo com cavalos. Da janela de um trem em movimento, observamos um gramado verde onde correm duas pessoas a cavalo, intercalando com árvores ora de folhagem verde, ora de flores brancas. Conforme a proximidade dos objetos, vemos apenas um borrão colorido ou, ao longe, formas bem definidas. O filme desenvolve um movimento de aproximação e distanciamento das imagens registradas, o que passa a sensação de uma valsa de lembranças. Vemos crianças crescerem, tornarem-se adultos e tornarem-se pais, vemos adultos envelhecerem. Vemos protagonistas de diversos outros filmes de Aurand e momentos domésticos com o cineasta norte-americano Robert Beavers – uma presença importante na vida e no trabalho da artista desde a década de 1990. Esses personagens vêm e vão, e, quando nos esquecemos de alguém, logo este alguém retorna para relembrarmos de sua presença, em momentos que saboreiam simultaneamente o passado e o presente.
Sarah Neely (escritora convidada): Sarah Neely é professora de cinema e cultura visual na Universidade de Glasgow, na Escócia. Suas publicações incluem Between Categories: The Films of Margaret Tait – Portraits, Poetry, Sound and Place (Peter Lang, 2016) e, como editora, Margaret Tait: Poems, Stories and Writings (Carcanet, 2012) e Personae, de Margaret Tait (LUX, 2020). Entre 2018 e 2019, ela foi a diretora do projeto Margaret Tait 100 (mt100.luxscotland. org.uk/), um programa de eventos que, ao longo de um ano, celebrou o centenário do nascimento da cineasta e poetisa Margaret Tait. Ute Aurand (cineasta convidada): Ute Aurand nasceu em 1957 em Frankfurt/Main, na Alemanha, e cresceu em Berlim. Entre 1979 e 1985, ela estudou cinema na Deutsche Film und Fernsehakademie Berlin (DFFB). Produz seus próprios filmes desde 1985. Também trabalha como curadora de cinema desde 1990, inclusive de exibições inéditas na Alemanha de filmes experimentais dirigidos por mulheres. Mais informações sobre seu trabalho podem ser conferidas no site www.uteaurand.de/.
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112 - Alto Gávea - Rodoviária (via Túnel Rebouças) 538 – Rocinha - Botafogo 539 – Rocinha - Leme Ônibus executivo Praça Mauá - Gávea. Sessão Mutual Films
Programa sujeito a alterações. Acompanhe nossa programação em cinema.ims.com.br e TroncalpassamAsfacebook.com/cinemaims.seguinteslinhasdeônibusemfrenteaoIMSRio:5-AltoGávea-Central (via Praia de Botafogo)
Kleber Mendonça Filho Programadora de cinema Marcia Vaz Programador adjunto de cinema
Thiago Gallego Projeção Adriano Brito e Edmar Santos Legendagem eletrônica Pilha Tradução Revista de Cinema IMS Produção de textos e edição Thiago Gallego e Marcia Vaz Diagramação Marcela Souza e Taiane Brito Revisão Flávio Cintra do Amaral
Apoio Curadoria de cinema
Devolução de ingressos Em casos de cancelamento de sessões por problemas técnicos ou por falta de energia elétrica, os ingressos serão devolvidos. A devolução de entradas adquiridas pelo ingresso.com será feita pelo site Sessões para escolas e agendamento de cabines pelo telefone (21) 3284 7400 ou pelo e-mail imsrj@ims.com.br.
Descoloniza Filmes, Embaúba, Olhar Distribuição, Universal Pictures do Brasil e Vitrine Filmes. Agradecemos a Gabriel Martins, Adryan Lucas, Rayanna Maria, coletivo Coquevídeo, Alice Lea, Carolina Garcia de Carvalho, Erika Balsom, Garbiñe Ortega, Lucas Murari, Pedro Neves, Sarah Neely, Sérgio Allisson, Ute Aurand, Yara Castanheira.
Meia-entrada Com apresentação de documentos comprobatórios para professores da rede pública municipal, estudantes, menores de 21 anos, portadores de Identidade Jovem, maiores de 60 anos, pessoas que vivem com HIV e aposentados por invalidez. Cliente Itaú: desconto para o titular ao comprar o ingresso com o cartão Itaú (crédito ou débito).
Venda de ingressos Ingressos à venda na bilheteria, para sessões do mesmo dia. Vendas antecipadas no site ingresso.com. Ingressos e senhas sujeitos à lotação da sala (113 lugares).
22 Os filmes de setembro O programa do mês tem o apoio da Mutual Films e das distribuidoras
Aquilo que eu nunca perdi, de Marina Thomé (Brasil 84’, DCP)
| 2021,
Tromba Trem: o filme, Zé Brandão (Brasil | 2022 | 94’ | DCP) Rua Marquês de São Vicente 476 CEP 22451-040 Gávea Rio de Janeiro 21 3284 imsrj@ims.com.br7400ims.com.br/institutomoreirasalles@imoreirasalles@imoreirasalles/imoreirasalles Visitação Terça a sexta, das 12h às 18h Sábado, domingo e feriados (exceto segundas) das 10h às 18h Entrada gratuita. Mais informações: ims.com.br