Resumo da 4.ª Conferência de Lisboa "A Aceleração das Mudanças Globais e os impactos da pandemia"

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Debate

O

QUE PODEMOS FAZER PARA MELHORAR O ACESSO À INFORMAÇÃO DE QUALIDADE? COMO PODERÁ EVOLUIR O FENÓMENO DA INSTRUMENTALIZAÇÃO DO MEDO?

Adrian refere que temos a responsabilidade de entender as informações que possuímos. Aprender como ter uma postura crítica em relação aos meios de comunicação que recebemos, às informações que temos. Portanto, a alfabetização mediática é extremamente importante, é algo que precisa ser ensinado, é um caminho crítico. Há uma razão pela qual muitas instituições democráticas básicas dizem que a escola pública é importante para ter uma democracia que funcione bem, as pessoas não devem apenas ter acesso à informação, mas devem saber como usá-la. O outro aspeto é pensar nas estruturas que temos e nas quais a informação se move. A desregulação da internet tem pontos bons e maus; é bom, pois significa que vozes que, de outra forma, não seriam ouvidas, têm uma plataforma. Mas é extremamente importante que os governos forneçam ao público informações claras e apoiadas da maneira correta, pois também há muita informação errada a circular. Mia salienta que a atuação e a intervenção do político populista de hoje se baseia na manipulação de um medo que é tido como uma vulnerabilidade que não precisa de uma causa, precisa de um “quem”, precisa de um culpado. Pretendem converter a população em desenganados, que não procuram explicações, não procuram causas, procuram culpados, querem vingança. Há grandes partes da população mundial que não creem em

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Conferência de Lisboa – 4 _ 2020 Lisbon Conference – 4

funcionários do aparelho de justiça clássico, formal, oficial e, por isso, há vingadores que são eleitos democraticamente e estão autorizados, dispensam tribunais, dispensam processos judiciais. Os suspeitos serão os que pensam de forma diferente. Esta cruzada começa na própria linguagem, apresentando-se como pessoas de ação. QUAL É O PAPEL DA COMUNICAÇÃO SOCIAL NA DIFUSÃO DO MEDO? A ideia mais simples, refere Mia, é que aquilo que produz medo vende bem. É uma informação que é conduzida por razões de mercado, por razões de audiência, de fabricação de audiência. Toda uma lógica que não tem a ver com aquilo que seria a informação que os jornalistas desejariam produzir, sobretudo no caso de Moçambique. No caso da pandemia, por exemplo, seria muito fácil que os números absolutos que foram sendo apresentados, que dizem muito pouco, fossem apresentados num contexto, nas taxas, nas percentagens, colocados numa perspetiva relativa para que não produzissem tanto medo, produzissem consciência e não medo. COMO É QUE A TECNOLOGIA AO SERVIÇO DE REGIMES DITATORIAIS PODE, OU NÃO, ALTERAR O JOGO? Raquel salienta a aposta da China na inteligência artificial e os chamados ditadores digitais, ou seja, a utilização da tecnologia justamente para controlo da sua própria população. Mia acredita que a realidade em Moçambique é distinta. Os grandes medos que são politicamente criados são fundados em coisas muito mais sociais. Há medo das redes familiares, das negociações de influências e a criação de transições de poder que são

A ACELERAÇÃO DAS MUDANÇAS GLOBAIS THE ACCELERATION OF GLOBAL CHANGE


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